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Ou ainda:
Gradualmente foi se revelando para mim o que toda grande filosofia foi
até o momento: a confissão pessoal de seu autor, uma espécie de memórias
involuntárias e inadvertidas; e também se tornou claro que as intenções
morais (ou imorais) de toda filosofia constituíram sempre o germe a partir
do qual cresceu a planta inteira (JGB/BM 6, KSA 5.19-21).
Por mais gratos que sejamos ao espírito objetivo [...] deve-se, afinal, ter
cautela também com a própria gratidão, e refrear o exagero com que ul-
timamente a renúncia e despersonalização do espírito é celebrada, como
quase um fim em si, como redenção e transfiguração [...] O homem objetivo,
gratos a Deus, Diabo, ovelha e verme que haja em nós, curiosos ao ponto
do vício, investigadores a ponto de ser cruéis, com dedos impetuosos para
o intangível, com dentes e estômagos para o mais indigesto, prontos para
todo ofício que exija perspicácia e sentidos agudos, prontos para todo o ris-
co, graças a um excesso de ‘livre arbítrio’, com almas de frente e de fundo,
das quais não se vêem facilmente os últimos propósitos, com fachadas e
bastidores que ninguém percorreria até o fim, escondidos sob o manto da
luz, conquistadores, mesmo que pareçamos herdeiros e esbanjadores, cole-
cionadores e arrumadores da manhã até a noite, avarentos de nossa rique-
za e nossas gavetas abarrotadas, parcimoniosos no aprender e esquecer,
inventivos em esquemas, às vezes orgulhosos de tábuas de categorias, às
vezes pedantes, às vezes corujas do trabalho mesmo em pleno dia; quando
necessário, até mesmo espantalhos – e atualmente isso é necessário: na
medida em que somos os amigos natos, jurados e ciumentos da solidão, de
nossa mais profunda, mais solar e mais noturna solidão—tal espécie de
homens somos nós, nós, espíritos livres! E também vocês seriam algo assim,
vocês que surgem? Vocês, novos filósofos? (JGB/BM 44, KSA 5.60-3).
referências bibliográficas