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ESCOLA DE FORMAÇÃO ECLESIÁSTICA

HOMILÉTICA

Aula 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PREGAÇÃO

INTRODUÇÃO

HOMILÉTICA: É a ciência que estuda os princípios fundamentais do discurso em público,


aplicados na proclamação do evangelho. Este termo surgiu durante o Iluminismo, entre os
séculos XVII e XVIII, quando as principais doutrinas teológicas receberam nomes gregos,
como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica.
As disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica e exegese que se
complementam.
HOMILETIKE – (Grego) ensino em tom familiar
HOMILIA – (do verbo homileo ) Pregação cristã, nos lares em forma de conversa.
PREGAÇÃO Ato de pregar a palavra de Deus.
Pregador (aquele que prega), vem do latim, “prae” e “dicare” anunciar, publicar. Apalavra
grega correspondente a pregador é “Keryx”, arauto, isto é, aquele que tem uma mensagem
(Kerygma) do reino de Deus, uma boa notícia, uma boa-nova – evangelho, “evangelion”.

DEUS, A PALAVRA E O MINISTRO.

Deus

Pregador Ouvinte/comunidade
Os pregadores dirigiram-se, á Deus e transmite ao ouvinte a mensagem levando-o a Deus.

Baseando-se em três passagens da vida de Pedro o pregador deve ser:


1 – Aquele que esteve com Jesus - Atos 4:13
2 – Aquele que fala como Jesus – Mateus 26:73
3 – Aquele que fala de Jesus – Atos 40:10
A proclamação do evangelho é trazer as Boas Novas da Salvação. Apresentar ao público
Jesus Cristo, seus ensinamentos e seu propósito, para isso, é preciso que o mensageiro tenha
uma identificação completa com Cristo. Conhecer a Cristo de forma especial é além de ser
convertido Ter certeza de uma chamada (missão) específica para o ministério da palavra o que
só é possível a aquele que “esteve com Jesus”.

"A homilética constitui a coroa da pregação ministerial" (Bushnell) "Nos seminários


teológicos da atualidade a cadeira de homilética é o ponto para onde devem convergir as
demais disciplinas e onde a matéria do curso se transforma em poder para o serviço no reino
de Deus" (Loetscher - Princeton). A homilética pertence à divisão da teologia pragmática, que
também se denomina de prática ou pastoral.
Definição de Retórica: É a arte de falar em público. O termo, retórica vem do grego
"rhetoriké", que se deriva de "rhétor", e, finalmente, do verbo "rhéo", que significa correr,
fluir, falar.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PREGAÇÃO

Origem da homilética - Homiléo : "falar", "conversar". Palavra adotada no séc.XVII. Como


Ciência, arte e técnica. A arte é aprendida pelo - Estudo, observação e experiência, assim
sendo o cumprimento de um dom; A técnica é desenvolvida pelo exercício contínuo e
diário, sendo que é preciso ter em mente que o aperfeiçoamento também deve ser uma busca
contínua, pois, sempre existirá novas formas de apresentação da mesma técnica. Enfim é uma
bênção divina.
Os perigos que devem ser evitados no estudo da homilética são (1) O perigo da
artificialidade, ou seja se preocupar em demasia com a parte acadêmica O dando assim uma
ênfase demasiada às regras e à parte técnica (negligenciar o lado espiritual ( 2) O perigo de
fazer do sermão um fim e não um meio. A homilía deve ser utilizada para apresentar,
destacar, e dar primazia a pessoa de Cristo e do plano da salvação. Ela, então não pode
chamar á atenção para sí mesma, pios é apenas um meio que o pregador se utiliza para
destacar a pessoa de Cristo e a sua obra. - Os princípios não mudam, as regras sim. -
Razões para o estudo da homilética Seriedade da tarefa; ( glorificar a Deus, salvar vidas e
edificar a igreja) Ausência de boa pregação hoje; Reconhecimento da limitação pessoal; A
abundância de boas conversas nos púlpitos; Mordomia dos dons espirituais. 2 Tm 1.16
Adaptabilidade à audiência. 1 Co 9.18-25 Exemplo de bons pregadores. At 2.17 Péssimos
exemplos de pregadores. 1 Co 14.8 Preencher as necessidades humanas.

Desculpas para não estudar homilética


 Sucesso na pregação. Alguns acreditam inocentemente em todos os parabéns que
recebem.
 O falso conceito do chamado de Deus e dos dons espirituais: "Deus irá colocar as
palavras na minha boca ".
 Simples falta de conhecimento.
 Preguiça.
 Desprezo pelo mecânico. Pode as coisas espirituais ser analisadas, dissecadas,
entendidas, polidas e pregadas?
 Falta de prioridade.

Os problemas da homilética
 Falta de preparo adequado do pregador;
 Unidade corporal na prédica;
 Vivência real do pregador na fé cristã;
 Aplicação prática às necessidades existentes na igreja; equilíbrio na seleção dos
textos bíblicos;
 Prioridade da mensagem na liturgia; um bom planejamento ministerial; interesse dos
ouvintes.

Metas básicas no estudo da homilética Os ministros precisam aprender os princípios básicos


da pregação a fim de preparar sermões bíblicos efetivamente. Aprender os princípios da
interpretação bíblica. Aprender como usar o AT e o NT como forças dinâmicas para sermões
criativos. Aprender as inspiradoras lições sobre a vida, ministério e ensino dos grandes
pregadores e seus sermões. Aprender os princípios da
entrega dos sermões. Aprender estilos de pregações. Entender e pregar sobre os grandes temas
do momento.
Ferramentas para o estudo da Homilética A Bíblia em várias versões e comentadas;
Concordâncias Bíblicas (se possível no original) Dicionários (português, teológico etc.)
Comentários Bíblicos.
As fontes para o estudo da Homilética. Sermões da Palavra de Deus; Sermões que ouvimos;
Sermões publicados; Livros e artigos sobre homilética e história da pregação; Vida dos
grandes pregadores; As críticas construtivas de amigos; Nossa própria autocrítica.
Disciplinas relacionadas Exegese e Hermenêutica; Oratória e Retórica.

Aplicações da eloquência:

1) Convencer - elemento intelectual;


2) Agradar - elemento sentimental;
3) Persuadir - elemento volitivo. "A ideia suscita o sentimento e o sentimento move a
vontade".
As divisões da Retórica:
a) Literária;
b) Jurídica;
c) Sagrada (homilética).
Relação entre retórica e homilética:
A retórica é o gênero; a homilética é a espécie. A homilética, como diz Burt, é superior a
retórica pelo fim que tem em vista; mas pela sua natureza e método, como diz Vinet, está
subordinado à retórica de que faz parte.
Discurso e Sermão: O sermão se distingue de qualquer outro discurso pela natureza de seu
conteúdo e pelo propósito que tem em mira. Segundo Phelps: "O sermão é um discurso
popular sobre uma verdade religiosa contida nas Escrituras e elaborada convenientemente,
com o propósito de levar as pessoas à persuasão". A homilética não tem como finalidade
comunicar dons oratórios ao estudante, mas aperfeiçoar os dons que ele já possui a fim de que
possa usá-lo com eficiência. Se uma pessoa prega bem sem homilética, melhor ainda pregará
com ela. A homilética não foi criada artificialmente, mas consiste na fixação das leis da
natureza, no que se refere a eloquência e de acordo com suas manifestações na pessoa dos
grandes pregadores. Portanto, não pode ser contrária à natureza. Obedecer aos preceitos da
homilética é obedecer à natureza de que ela se deriva.
Necessidade da Homilética: É um erro depender exclusivamente do auxílio divino e
cair na indolência, evitando todo estudo, esforço e trabalho. A promessa contida no evangelho
de Mateus, cap. 10, versículos de 18 a 20, se refere a uma situação diferente daquela que se
encontra o ministro, que tem a obrigação de pregar regularmente em,
uma igreja, e que para isso dispõe de preparo, livros e tempo. O sermão que mais
seguramente poderá contar com a bênção de Deus, disse alguém, é aquele que maior trabalho
houver custado ao pregador. "É um engano supor que as pessoas não percebam o valor de um
sermão bem composto e ordenado: elas sentem o efeito disso, embora não saibam como
explicá-lo" (Dean Howson).

Requisitos Essenciais do Sermão

Os requisitos essenciais do sermão se dividem em dois grupos: os que são comuns a todos os
discursos, a saber - ponto, unidade, ordem e movimento; e os que são peculiares ao sermão, a
saber - fidelidade textual, tom evangélico e elemento didático. Os Requisitos do Sermão como
discurso: Ponto: é o termo técnico para designar o assunto do sermão. Todo sermão deve girar
em torno dessa ideia principal e central, procurando sempre dar-lhe ênfase e destaque. Esse
ponto de referência determina uma gravitação de todas as partes para um determinado centro.
Unidade: consiste na relação das partes com o ponto. A unidade, disse Dabney, "é tão
necessária à forma como à beleza". Para que o sermão tenha unidade, necessário é que tenha
um só assunto e um só propósito, e também que o pregador evite qualquer espécie de
digressão. A unidade se consegue mediante a subordinação das ideias secundárias a uma ideia
geral. Ordem: a ordem, considerada a primeira lei do céu, consiste na relação das partes entre
si: "bons pensamentos podem ocorrer a qualquer pessoa; o que geralmente falta é a arte de
organiza-los convenientemente". Assegura Schaff que "a disposição natural, clara, lógica, é
em si, meio sermão". Vinet por sua vez diz que, "o discurso mal disposto é obscuro, e o que é
obscuro é fraco". A associação de ideais: Princípio básico da memória constitui um recurso
de que se utiliza o pregador para estabelecer uma boa ordem em seu sermão, podendo assim
retê-lo e reproduzi-lo mais facilmente. Leis da associação Simultaneidade (tempo)
Continuidade (lugar) Semelhança (analogia) Antítese (contraste) Causalidade (relação de
causa e efeito) Movimento: o movimento se relaciona com a elocução. É o que comunica ao
discurso vivacidade, entusiasmo e beleza. É o segredo da eloquência. O movimento depende
da boa disposição da matéria, o que dará coerência ao desenvolvimento do sermão, evitando
que ele sofra qualquer solução de continuidade. Para que haja no sermão o necessário
movimento convém estudar cuidadosamente as transições ou ligações entre as suas diversas
partes. As transições devem ser apropriadas, lógicas e naturais.
Requisitos peculiares do sermão (1) Fidelidade textual: este requisito decorre da própria
missão do pregador, que é pregar a palavra de Deus. Para esse fim, deve ele fazer uma boa
exegese do trecho bíblico que vai servir de base do sermão, e nunca se desviar do texto assim
interpretado. Isso dará unidade ao seu sermão, e também variedade à sua prédica, visto que,
nas Escrituras, não existe uma passagem inteiramente idêntica a outra passagem. (2) Elemento
didático: Este requisito também se relaciona com a missão do pregador, porquanto Cristo
mesmo ordenou aos seus discípulos: "ide, pois, ensinai todas as nações". Não quer dizer,
porém, que devemos reduzir o sermão unicamente ao ensino ou a uma simples aula, visto que
ele, por sua natureza e propósito, apresenta características que lhe são próprias. Entretanto, o
pregador tem sempre a obrigação de ensinar. Para ensinar é preciso saber, e para saber é
preciso estudar. Portanto, a preparação de sermões exige estudo e preparação. Isto é, 90 % de
transpiração e 10 % de unção, sendo que o contrário deve ser verdadeiro na
elocução(pregação) do sermão: 90 % de unção (oração e dependência de Deus) e 10 % de
capacitação própria. (3) Tom evangélico: é o que diferencia um sermão de qualquer outro
discurso, estabelecendo nítida distinção entre eloquência sagrada e secular. Algumas
condições devem ser levadas em conta: a) a espiritualidade do pregador; b) o propósito que
tem em vista; c) o assunto que trata, incluindo o modo de considerá-lo e a matéria empregada
em sua ampliação. (4) O Texto todo sermão deve basear-se em um texto bíblico, pelas
seguintes razões: 1. Porque a missão do ministro do evangelho é pregar a Palavra de Deus; 2.
Porque é das sagradas Escrituras que o ministro deriva sua autoridade para falar às suas
plateias; 3. Porque é uma exigência imposta pelo conceito homilético do sermão: "não é o
sermão que determina o texto, mas o texto que determina o sermão" (Vinet).
Valor do texto: o texto das Escrituras dá ao sermão autoridade, unidade e variedade: a)
autoridade por ser a palavra de Deus; b) unidade, por ser um só texto; c) variedade, por ser um
texto diferente dos demais textos. Preceitos para a escolha do texto: a) Deve ser texto da
Bíblia; b) Deve ser a palavra de Deus (isto porque existem textos que expressam o caráter, a
vontade ou o pensamento de Deus, visto que na Bíblia, também encontramos a palavra do
homem e mesmo de Satanás; c) Deve ser usado com o sentido e contexto que se encontra nas
Escrituras, isto é, para que não se anule os dois primeiros preceitos, por isso o pregador não
deve atribuir ao texto uma interpretação de acordo com a sua preferência, mas segundo os
princípios da verdadeira exegese bíblica; d) Deve ser um texto de sentido claro: não se
recomenda, por exemplo, que se pregue sobre passagens que vão dar inúmeras interpretações.
Exemplo: 1 Pe. 3:19 (aos espíritos em prisão); e) Deve ser um texto isento de qualquer
inconveniente: segundo Burt existem textos que não são apropriados para servirem de base
para o sermão. Exemplo: 2 Pe. 2:22 (cão e a porca). Uma boa sugestão: em referência à
escolha do texto, sugerimos ao pregador os seguintes recursos: a) Que faça uma lista de textos
bíblicos e de assuntos a que poderá recorrer nas ocasiões de necessidade; b) Que procure
corresponder às condições e exigências de seu auditório, tendo consciência do seu contexto;
c) Que ore a Deus, buscando orientação a fim de que seja acertada a sua escolha. Embora é
preciso dizer que mesmo os txtos mais difíceis de se pregar não podem ser menosprezados,
pois, o pregador precisa estar pronto para pregar toda a Bíblia. Aconselha-se que os textos mis
difíceis sejam utilizados com prudência sabendo qual auditório estará presente..

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