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XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

Comparação das diferentes fórmulas de obtenção da vazão para


vertedouros retangulares sem contrações
Carlos Eduardo Silveira Biacchi
Aluno de Engenharia Civil
Centro Universitário Ritter dos Reis
carlossbiacchi@gmail.com

Felipe Caldeira Godoy


Aluno de Engenharia Civil
Centro Universitário Ritter dos Reis
felipegodoy93@hotmail.com

Lucas Goldenberg Py
Aluno de Engenharia Civil
Centro Universitário Ritter dos Reis
lucasgpy@gmail.com

Orientação: Prof. José Antônio Colvara de Oliveira - UniRitter

Resumo: Este trabalho é fruto de um desafio lançado pelo professor da disciplina de Hidráulica,
do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Uniritter. Trata-se de uma pesquisa
realizada no laboratório de Hidráulica do Centro Universitário, com a finalidade de interpor um
estudo comparativo entre três das mais utilizadas equações de cálculo de vazões em vertedouros
retangulares sem contrações laterais, mantendo-se constante a declividade zero do canal. Para
tanto valemo-nos da Fórmula de Francis, a mais simples das três, uma vez que se trata de uma
simplificação das relações existentes única e exclusivamente entre a largura do canal e a altura
de água acima da crista. Trata-se de uma fórmula comumente utilizada para obter-se vazão em
canais de todos os portes. Outra fórmula utilizada foi aquela denominada de Fórmula da
Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos, a qual utiliza em sua parametrização, além
daqueles utilizados na Fórmula de Francis, também a altura do vertedor. O detalhe é que esta é
uma fórmula mais complexa, que envolve um número maior de termos em sua constituição. O
mesmo se pode dizer também da terceira fórmula utilizada, nomeada como Fórmula de Bazin.

XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação


SEPesq – 19 a 23 de outubro de 2015
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1 Introdução

Os vertedores são utilizados como estruturas hidráulicas, que, conforme Baptista


(2003), destinam-se a descarga das águas excedentes dos reservatórios, de maneira a que
tal movimento se realize sem provocar qualquer abalo quer na estrutura da própria
barragem, quer nas estruturas de jusante.
Conhecidos também pelos nomes de vertedores ou, notadamente em Portugal,
descarregador, estas estruturas se constituem em uma "obstrução colocada
transversalmente sobre o leito do canal, que o fluido é obrigado a transpor para que o
escoamento possa continuar a ser assegurado." (OLIVEIRA, 2012, p.454).

2 A pesquisa

A terminologia utilizada pela Hidráulica para designar os principais elementos


geométricos e morfológicos do vertedor, encontra-se registrada na Figura 1, à seguir.

Figura 1: Terminologia utilizada nos vertedores

Fonte: Azevedo Netto (1998)

Entre as facilidades que um vertedor oferece para o calculista, está a


possibilidade de, com relativa facilidade, apresentar elementos que simplificam
notadamente o cálculo da vazão, o que se dá, principalmente, pela amostragem do nível H
de água sobre a crista e, em síntese, pela própria altura do vertedor.
Realizamos a experiência para a obtenção dos dados em uma bancada de
simulação de canal de escoamento, no Laboratório de Hidráulica, do Curso de Engenharia
Civil, do Centro UniRitter. Esta bancada, conforme se pode ver pela Figura 2, possui uma
extensão útil, total de 3000 mm e largura de 100 mm, contando com uma bomba centrifuga
que retira a água de um reservatório inferior, principal e a impulsiona para um reservatório
no mesmo nível do canal, fazendo com que a água atrevesse o mesmo. Como ao final do
canal a água retorna para o reservatório principal, temos um ciclo ininterrupto no sistema,
simulando as condições de fluxo num canal.

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Figura 2: Bancada de canais do Laboratório de Hidráulica

Fonte: Foto obtida pelas autores, durante a experiência.

Durante a realização da experiência o fluxo de água foi mantido constante (bomba


em funcionamento e registro 100% aberto). O vertedouro, de 15 cm de altura (p) foi
instalado exatamente no centro da bancada, na posição 1500 mm. A altura da coluna
d’água foi medida a uma distancia de aproximadamente 30 cm na horizontal antes de a
água chegar no vertedouro e teve um valor de 21,4 centímetros. Para a obtenção da altura
de água acima da crista do vertedor (H), parâmetro fundamental para utilização das
fórmulas de vazão, foi feita a subtração da altura da coluna d’água pela altura do
vertedouro, que é de 15 cm, se encontrando o valor de 6,4 cm. Este foi o dado pelo qual se
basearam todos os cálculos realizados.
O objetivo do trabalho é calcular a vazão (Q) do canal a partir dos dados
levantados em laboratório, usando e comparando os três tipos de métodos propostos em
aula, os quais são: Método de Bazin, Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos, e por
seguinte, o Método de Francis.
Sabemos que, segundo White (2011), os métodos de Francis e Bazin exigem que
certos critérios sejam atingidos para serem válidos, conforme abaixo: Conforme abaixo:

p
- Francis: Q  1,838.L.H 3 / 2 - para ser válido:  3,5
H

- Bazin: para ser válido - 0,08 < h < 0,50 m , 0,20 < P < 2,0 m

0,003   H  
2

1  0,55  .L 2 g H 2
3
- Bazin: Q   0,405 
 H 
  H  p  
- sendo - 0,08 < H < 0,50 m , 0,20 < P < 2,0 m

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- Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos:


   H  
2
 1,816
Q  1,816  
  1  0,5 
   L.H 3 2
 1000 H  1,6    H  p  

3 Resultados

Pode se observar, depois de realizados os cálculos que, usando-se as formulas


da Sociedade Suíça de Engenheiro e Arquitetos e a de Francis, que a diferença entre os
dois resultados foi muito pequena. Já aplicando Bazin o resultado encontrado para vazão do
canal foi superior aos demais, tendo-se uma diferença não muito grande em relação com os
outros. Os cálculos a seguir demonstram a informação acima.

- Francis:
Q  1,838.L.H 3 / 2
Q  1,838.0,1.0,0643 / 2

Q  2,97 *10 m³ / s

- Bazin:
0,003   H  
2

1  0,55  .L 2 g H 2
3
Q   0,405 
 H 
  H  p  
0,003   0,064  
2
 3
Q   0,405   1  0,55  .0,1 2.9,81.0,064 2
 0,064   0,064  0,15  
Q  0,452 *1,049 * 0,01
Q  3,53 *10 3 m³ / s

- Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos:


   H  
2
 1,816
Q  1,816    1  0,5    L.H 3 2
 1000 H  1,6    H  p  

   0,064  
2
 1,816
Q  1,816    1  0,5    0,15.0,0643 2
 1000.0,064  1,6    0,064  p  

Q  1,843 *1,044 *1,62.10  ³
Q  3,11*10 3 m³ / s

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Com isto podemos depreender que a diferença percentual entre as vazões (Q)
adotando se a Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos como a formula correta, sendo
a de Bazin: 19% maior e a da Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos: 5% maior, o
que se pode visualizar, na figura abaixo.

Figura 3: Comparação Bazin, SSEA e Francis

Fonte: Elaborado pelos autores, com base na pesquisa realizada.

4 Conclusões

Assim, pudemos deduzir que as formulas de Bazin e Francis são mais


apropriadas para o calculo exato de vazões desde que seus fatores limitadores sejam
respeitados, caso contrario os resultados ficam muito distorcidos como pode se analisar no
gráfico apresentado no trabalho. A formulação proposta pela Sociedade Suíça de
Engenheiros e Arquitetos e a fórmula de Bazin são destinadas ao calculo da vazão de
grandes represas pois as mesmas levam em consideração mais fatores do que a fórmula de
Francis. As fórmulas matemáticas que levam mais fatores em considerações (complexas)
possuem uma precisão maior por utilizar um número maior de parâmetros e não se utilizar
de aproximação matemática, mas o uso dessas formulas também deve respeitar os seus
fatores limitantes. Afirma-se isto, uma vez que, se assim não fosse, teríamos resultados
distantes da realidade. O que se conclui é que, antes mesmo de se começar os cálculos

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deve se comparar os dados obtidos em testes com os fatores limitadores da formula, para
assim se escolher a formula mais adequada para o calculo do vertedouro em questão.

Referências

AZEVEDO NETTO, José Martiniano de. Manual de Hidráulica. São Paulo: Blücher,
1998.
BAPTISTA, Marcio Benedito e COELHO, Márcia Maria Lara Pinto. Fundamentos de
Engenharia Hidráulica. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
OLIVEIRA, Luis Adriano e LOPES, António Gameiro. Mecânica dos Fluidos. Lisboa:
Lidel, 2012.
WHITE, Frank M. Mecânica dos Fluidos. Porto Alegre: AMGH, 2011.

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