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Sumário

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3
CONCEITO .................................................................................................................. 4
POVO SURDO ............................................................................................................. 4
COMUNIDADE SURDA ............................................................................................. 4
QUEM SÃO OS SURDOS? ......................................................................................... 5
DEFICIENTE AUDITIVO ........................................................................................... 5
SURDO - MUDO ......................................................................................................... 5
OS SINAIS DE PERDA AUDITIVA ......................................................................... 5
BEBÊ ........................................................................................................................... 5
CRIANÇA .................................................................................................................... 5
ADULTO E IDOSO ..................................................................................................... 6
PERDA AUDITIVA ..................................................................................................... 6
AUDIOMETRIA .......................................................................................................... 6
APARELHO AUDITIVO ........................................................................................... 7
O QUE É UM APARELHO AUDITIVO? ................................................................... 7
DESCRIÇÃO GERAL .................................................................................................. 8
COMO FUNCIONA O APARELHO AUDITIVO? ..................................................... 9
TECNOLOGIA DAS SOLUÇÕES AUDITIVAS ...................................................... 10
DESENVOLVIMENTO DO APARELHO AUDITIVO.............................................. 11
MOLDE ...................................................................................................................... 11
TUBO ......................................................................................................................... 12
APARELHO BRASILEIRO ....................................................................................... 12
IMPLANTE COCLEAR .......................................................................................... 13
FUNCIONAMENTO DO IMPLANTE COCLEAR .................................................... 13
MODELOS DE IMPLANTE COCLEAR .................................................................. 14
SELEÇÃO DE CANDIDATOS AO USO DO I.C....................................................... 15
CUIDADOS APÓS O IMPLANTE COCLEAR .......................................................... 16
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ......................................................... 19
IDADE ANTIGA........................................................................................................ 20
IDADE MÉDIA .......................................................................................................... 21
IDADE CONTEMPORÂNEA .................................................................................... 23
O CONFLITO DO CONGRESSO DE MILÃO 1880 .................................................. 26
LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ..................................................... 31
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 ................................................................ 31
FATORES VISUAIS .................................................................................................. 32
FATORES GESTUAIS ............................................................................................... 32
DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE PORTUGUÊS E LIBRAS.................................... 33
INTÉRPRETE E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................. 33
PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA SURDA ............................ 34
CULTURA DOS SURDOS ...................................................................................... 35
PARÂMETROS ........................................................................................................ 36
EXEMPLO DOS PARÂMETROS .............................................................................. 38
SIGNWRITING ........................................................................................................ 39
ALFABETO EM SIGNWRITING .............................................................................. 39
NÚMEROS EM SIGNWRITING ............................................................................... 40

1
ESTUDO DA LIBRAS .............................................................................................. 41

ALFABETO MANUAL ............................................................................................. 42


NUMERAÇÕES ......................................................................................................... 43
SAUDAÇÕES E DESPEDIDAS ................................................................................ 44
CALENDÁRIO .......................................................................................................... 46
COR ........................................................................................................................... 48
DESCRIÇÃO FÍSICA ................................................................................................ 49
FAMÍLIA ................................................................................................................... 50
MEIOS DE TRANSPORTES ..................................................................................... 53
CIDADES DE BRASÍLIA .......................................................................................... 55
ALIMENTOS ............................................................................................................. 59
BEBIDAS ................................................................................................................... 65
ANIMAIS ................................................................................................................... 67
VERBO I .................................................................................................................... 71
VERBO II ................................................................................................................... 74
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 81

2
APRESENTAÇÃO

Antigamente as Línguas de Sinais eram usadas apenas pelas Comunidades Surdas,


restrita, mas hoje têm sido de interesse de Familiares, Educadores, Linguistas,
Profissionais Liberais, e Entidades Religiosas, Estudantes, e, enfim, podemos concluir
que a demanda de estudiosos humanitários sobre o assunto LIBRAS é o indicador de
um universo mais crescente. A partir das explanações iniciais do curso os alunos estarão
estabelecendo relações com um mundo novo: “O Mundo dos Surdos”, mundo este,
profundo e rico de simplicidade e graciosidade.

O material e as aulas se constituem em etapas de aprendizagem, informações


interessantes, atividades, dinâmicas e curiosidades além de dados históricos que
marcaram o início da língua de sinais no Brasil e no mundo.

Sejam bem vindos!

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CONCEITO

O povo surdo é grupo de sujeitos surdos que tem costumes, história, tradições em
comuns, ou seja, constrói sua concepção de mundo através da visão.

A comunidade surda, não é só de surdos, tem sujeitos ouvintes junto, que são família,
intérpretes, professores, amigos e outros que participam e compartilham os mesmos
interesses em comuns em um determinado localização que podem ser as associação de
surdos, federações de surdos, igrejas e outros.

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Quem são os Surdos?

São aquelas pessoas que utilizam a comunicação como principal meio de conhecer o
mundo em substituição à audição e à fala.
A maioria das pessoas surdas, no contato com outros surdos, desenvolve a Língua de
Sinais.
Existem surdos que por imposição familiar ou opção pessoal preferem utilizar a língua
oral (falada).

Deficiência Auditiva

Termo técnico usado na área de saúde e, algumas vezes, em textos legais. Refere-se a
uma perda sensorial auditiva. Não designa o grupo cultural dos surdos.

Surdo-Mudo

Provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo, e infelizmente


ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente
televisão, jornais e rádio.

OS SINAIS DE PERDA AUDITIVA

Bebê

 Não acorda com barulhos fortes, como porta batendo;


 Não vira a cabeça quando é chamado.

Criança

 Não forma frases simples por volta dos dois anos;


 Aumenta volume do aparelho de som e da TV;
 Não consegue localizar de onde vem o som;
 Busca contato visual para se comunicar;
 Tem dificuldades no aprendizado;
 Tem desatenção ou falta de concentração;
 Escreve ou fala trocando fonemas.

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Adulto e idoso

 Dificuldade de entender o que é dito;


 Escuta TV e rádio em volume muito alto;
 Apresenta secreção no ouvido;
 Relata barulho ou zumbido no ouvido;
 Isolamento;
 Fala muito alto.

Perda Auditiva

É na maioria das vezes tratada com sucesso usando-se aparelhos auditivos, e pode
resultar de:

 Doenças como caxumba, meningite, esclerose múltipla ou doença de Ménière;


 Utilização de certos remédios como aspirina, cisplatina, quinina ou os
antibióticos estreptomicina e gentamicina;
 Sua mãe contrair rubéola durante a gravidez;
 Baixo peso no nascimento;
 Genética;
 Ferimentos na cabeça ou orelha.

É o exame que avalia a audição das pessoas. Quando detecta qualquer anormalidade
auditiva permite medir o seu grau e tipo de alteração. Este exame é feito com o paciente
dentro de uma cabina acústica, visando isolá-lo do ruído ambiental e utiliza
equipamento chamado audiômetro.

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GRAUS DE PERDA AUDITIVA

APARELHO AUDITIVO

Um aparelho auditivo tem como finalidade ajudar as pessoas com uma perda auditiva a
perceber os sons. Atualmente, graças ao desenvolvimento da tecnologia digital e a um
design bastante avançado, é hoje possível encontrar aparelhos auditivos tão pequenos
que podem ser colocados no fundo do canal auditivo – sem prejuízo da reprodução
sonora, a qual é tão clara e cristalina, como a dos melhores reprodutores sonoros
modernos. Os aparelhos auditivos melhoram a compreensão da fala em várias situações
e dão suporte às muitas funções do sistema auditivo humano como localização sonora,
compreensão, etc.

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DESCRIÇÃO GERAL

Mini-Rite
Extremamente atrativo pelo seu tamanho imperceptível.

RITE
Ligeiramente maior que o mini, mas ainda quase
perceptível.

BTE
Um dos mais tradicionais.

ITE
Opção de intra-auricular.

CIC
Indicado para perdas suaves.

O aparelho auditivo ajuda o ouvido a perceber os sons, amplificá-los e transmiti-los


através do ouvido. Existem modelos retroauriculares e intracanais. Os retroauriculares
podem ser do tipo BTE com molde ou com um adaptador fino; ou do tipo RITE
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(receiver in the ear), com o receptor externo, próximo á membrana timpânica. Esse
último modelo tem sido o mais utilizado devido ao seu alto desempenho em amplificar
os sons da fala e em não ocasionar o chamado "efeito de oclusão" que é tão comum em
aparelhos intracanais.

Um aparelho auditivo convencional é constituído pelas seguintes partes:

1. Um microfone que capta os sons e os transforma em sinais elétricos.


2. Um amplificador que aumenta o volume sonoro.
3. Um alto-falante (em aparelho auditivo chamado um telefone), que volta a transformar
os sinais elétricos em sons.
4. Um molde que assegura que o aparelho auditivo assente bem no canal auditivo, por
onde os sons são transferidos para o tímpano (aparelhos do tipo retroauricular).
5. Um tubo de plástico que conduz o som do aparelho auditivo para o molde (aparelhos
do tipo retroauricular).

Já os mais modernos possuem um circuito integrado com um chip de alta velocidade de


processamento de som onde, por meio de combinações binárias, ajustes automáticos vão
sendo experimentados pelo usuário.

Existem os seguintes tipos de processamento de som:

Analógico
* Nos aparelhos analógicos, o som é processado como um sinal elétrico por um
microfone. Seria como fazer uma fotocópia: o som é registrado e você terá uma visão
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global. Mas o processo real é como recopiar uma fotocópia - que só pode ser feito até
certo ponto, porque ela provoca uma deterioração da impressão original.

Digital
* Em um aparelho auditivo digital o sinal acústico é transformado em dígitos (0, 1),
processado, e depois reconvertido em um sinal analógico sonoro para o usuário. Um
sinal digital pode ser repetido indefinidamente, sem afetar a qualidade geral. É como
fazer cópias de uma imagem digitalizada: cada exemplar é uma duplicação perfeita do
original.

Comunicação sem fio – Wireless


* A plataforma RISE Oticon representa uma mudança no paradigma na indústria de
aparelhos auditivos. Ela oferece conectividade sem fio e rápido processamento do som
entre os dois aparelhos auditivos. Com a RISE os dois aparelhos auditivos se
comunicam e realizam o processamento binaural, permitindo-lhes trabalhar como um
processador único. Esse comportamento, como acontece com o cérebro, fornece uma
perspectiva sonora mais autêntica. Além disso, a RISE permite que as pessoas se
conectem a diversos dispositivos eletrônicos com Bluetooth, através da tecnologia
EarStream como celulares, MP3, etc.

Tecnologia Híbrida ou Digitalmente Programável


* Os aparelhos auditivos com esta tecnologia utilizam amplificação analógica e
programação digital. Isso significa que o som é processado da mesma forma que o sinal
entra no aparelho (função analógica), mas as características serão ajustadas e
programadas via software no computador (função digital). Essa programação fica
armazenada numa memória digital contida no aparelho, e poderá ser reprogramada
sempre que necessário. Essa possibilidade de programação resulta em maior precisão
dos ajustes, quando comparada à tecnologia analógica, oferecendo aos usuários um
melhor desempenho.

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MOLDE

É importante que o molde esteja colocado corretamente e seja feito de forma a assentar
da maneira mais conveniente no ouvido do usuário, em parte para evitar dores e
incômodos quando o molde estiver em uso, e em parte para obter a melhor função do
aparelho auditivo. Uma forma apropriada do molde contribui para eliminar o
fenômeno da realimentação acústica (assobios) e um canal de ventilação aberto pode
reduzir a sensação de ter o ouvido “entupido” ou se estar a falar “dentro de uma pipa”.
Um molde que não assenta bem ou que aperta porque está mal colocado, pode levar a
uma má utilização do aparelho. Se o usuário não for capaz de colocar o molde
corretamente, necessita de ajuda.
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O Molde deve ser trocado anualmente em caso de adultos e de seis em seis meses em
caso de crianças.

TUBO

É importante que o tubo que liga o aparelho retro-auricular ao molde tenha um


comprimento correto e que esteja limpo, inteiro e flexível. Se o tubo estiver curto o
utilizador terá uma sensação de esticamento desagradável no molde e o aparelho
assobia; se o tubo estiver demasiado comprido, a colocação do aparelho pode ser difícil.
O tubo também pode ter um cotovelo que impeça o som de sair. Tanto o molde como o
tubo deverá estar ambos limpos.
O Tubo deve ser trocado de três em três meses ou quando estiver ressecado.

APARELHO BRASILEIRO

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desenvolveram


o Manaus, um aparelho auditivo bem mais barato e que tem uma configuração que
prolonga o tempo de uso da bateria. A expectativa é que o aparelho chegue ao mercado
e reduza custos na saúde pública [1].
Esse aparelho é, apenas, um amplificador. Atende bem áqueles que buscam uma
solução para amplificar os sons, porém não apresentam condições para pagar por
recursos que promovem conforto e melhor inteligibilidade da fala.
Hoje, existem empresas que montam o aparelho que o cliente deseja; com todos os
recursos necessários para sua adaptação. O importante é procurar por quem tem um
grande portfólio.

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IMPLANTE COCLEAR

O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido


como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes,
permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser
decodificado pelo córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do
Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o
implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais
remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade
de perceber o som. Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante
coclear.

FUNCIONAMENTO DO IMPLANTE COCLEAR

O implante coclear consiste em dois tipos de componentes, interno e externo. Para


melhor compreensão será descrito separadamente.

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Componente Interno:

O componente interno é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e é


composto por uma antena interna com um imã, um receptor estimulador e um cabo com
filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino e flexível.

Componente Externo:

O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de


fala, uma antena transmissora e dois cabos. A sensação auditiva ocorre em frações de
segundos. Todo o processo inicia-se no momento em que o microfone presente no
componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o processador de fala, por
meio de um cabo. O processador de fala seleciona e codifica os elementos da fala, que
serão reenviados pelos cabos para a antena transmissora (um anel recoberto de plástico,
com cerca de 3 mm de diâmetro) onde será analisado e codificado em impulsos
elétricos. Por meio de radiofrequência, as informações são transmitidas através da pele
(transcutaneamente), as quais serão captadas pelo receptor estimulador interno, que está
sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip” que converte os códigos em sinais
eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares específicos,
programados separadamente para transmitir sinais elétricos, que variam em intensidade
e frequência, para fibras nervosas específicas nas várias regiões da cóclea. Após a
interpretação da informação no cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de
experimentar sensação de audição.
Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibilidades de
percepção dos sons.

MODELOS DE IMPLANTE COCLEAR

Entre os implantes cocleares multicanais de gerações mais avançadas utilizados nos


principais centros internacionais dedicados ao tratamento da surdez estão: Nucleus 24,
desenvolvido na Austrália pela Cochlear Corporation; Combi 40+, desenvolvido na
Áustria pela Med-EL; e Clarion, desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced
Bionics. Os modelos diferem entre o número e configuração dos eletrodos,
disponibilidade de telemetria e telemetria de respostas neurais (NRT), localização do
microfone externo, design e tecnologia do processador de fala, estratégia de
comunicação de fala, número e tipos de estimulação e sistema de programação.
A Cochlear Corporation iniciou-se no mercado com o modelo Nucleus 22.
Posteriormente, foram lançados os modelos Nucleus 24, Nucleus 24 M, Nucleus 24K,
Nucleus 24 Contour e recentemente o Nucleus 3. Com os avanços tecnológicos, foi
possível a miniaturização do processador de fala, como o uso do processador de fala
modelos ESPrint e ESPrint 3G (retroauricular) .

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Nucleus® 24 Contour ESprint 3G Sprint Nucleus®

A Med-EL inseriu-se no mercado com o modelo C 40 e em função dos avanços


tecnológicos, estão disponíveis atualmente os modelos C40 S, C40+, também
permitindo o uso de dispositivos externos retroauriculares.

Med-EL®Combi 40+ Med-EL® Tempo + Med-EL® Tempo +

E a Advanced Bionics iniciou com o modelo Bipolar Enhaced, posteriormente foi


lançado o modelo Hifocus e com avanços tecnológicos lançaram o modelo HiRes 90K.

HiRes 90K Platinum HiRes Auria

SELEÇÃO DE CANDIDATOS AO USO DO I.C.

Com a evolução tecnológica, os implantes cocleares atuais já são considerados de 3ª


geração. Com isso, são considerados candidatos ao uso do dispositivo de Implante
Coclear, crianças a partir dos 12 meses de idade e adultos que apresentam deficiência
auditiva neurossensorial bilateral de grau severo e profundo e que não obtiveram
benefícios com o uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual.
A avaliação dos pacientes candidatos ao Implante Coclear é realizada por meio de uma
equipe interdisciplinar, composta por médicos otologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e
outros.
No entanto, os resultados variam de individuo para individuo, em função de uma série
de fatores, entre eles, memória auditiva, estado da cóclea, motivação e dedicação e
programas educacionais e/ou de reabilitação.

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Candidatos que poderão apresentar um melhor benefício com o uso do implante
coclear:

Adultos:

Idade acima de 18 anos, com deficiência auditiva neurossensorial pós - lingual


bilateral severa ou profunda;
Que não se beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou
seja, apresentarem escores inferiores a 40% em testes de reconhecimento de sentenças
do dia a dia;
Tempo de surdez ser inferior a metade da idade do candidato (em deficiências
auditivas progressivas não há limite de tempo);
Deficiência auditiva pré-lingual tem benefício limitado e só é indicado em pacientes
com fluência da linguagem oral e com compreensão desta limitação;
Apresentarem adequação psicológica e motivação para o uso do Implante Coclear.

Crianças:

idade até 17 anos, com deficiência auditiva neurossensorial bilateral severa ou


profunda;
preferencialmente indica-se o Implante Coclear em deficiência auditiva pré-lingual
até os 6 anos de idade. Salienta-se que a idade ideal é a partir de 1 ano;
adaptação prévia de AASI e (re)habilitação auditiva intensiva para verificar se há
benefício deste dispositivo principalmente nas deficiências auditivas severas;
apresentarem incapacidade de reconhecimento de palavras em "conjunto aberto";
serem provenientes de famílias adequadas e motivadas para o uso do Implante
Coclear;

CUIDADOS APÓS O IMPLANTE COCLEAR

Cuidados necessários para obter o funcionamento adequado do Implante Coclear,


relacionadas aos aspectos ambientais:

Radiação Eletromagnética (monitores de televisão e computadores em


funcionamento, forno de micro-ondas em funcionamento)

Os usuários de Implante Coclear devem evitar a aproximação direta a monitores de


televisão, computadores e forno de microondas quando os mesmos encontram-se em
funcionamento, uma vez que a radiação eletromagnética presente nestes equipamentos
pode ser capaz de alterar a função do circuito eletrônico do Implante Coclear e
ocasionar alteração na qualidade do som e falha no envio da estimulação.

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Sistema de Vigilância (lojas, supermercados e grandes magazines)

No momento em que os usuários de Implante Coclear passam com o dispositivo em


funcionamento entre as barras de sistemas de Vigilância Eletrônica, presentes na grande
maioria de lojas e supermercados, pode ocorrer uma sensação sonora distorcida. É
aconselhável que o usuário desligue o processador de fala no momento em que ocorre a
aproximação do sistema. É pouco provável que o Implante Coclear dispare o alarme
presente nos sistemas de vigilância eletrônica.

Sistema de Detenção de Metais (bancos, aeroportos, etc.)

Os materiais presentes no IC são capazes de ativar o sistema de detectores de metais.


Assim sendo, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do Implante Coclear
fornecida pelo fabricante e entregue após a cirurgia.

Voos Aéreos

Como solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador de fala do


Implante Coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves.

Eletricidade Estática

A eletricidade estática é definida como o acúmulo de carga elétrica em uma pessoa ou


objeto, capaz de criar um campo magnético. Níveis elevados de eletricidade estática
podem danificar dispositivos eletrônicos, inclusive o Implante Coclear.
Os Implantes Cocleares apresentam um circuito protetor contra este tipo de eletricidade,
oferecendo um alto grau de proteção. No entanto alguns cuidados devem ser tomados:
Colocação de tela protetora para o monitor do computador
Retirar o processador de fala no momento em que as crianças usuárias de Implante
Coclear estão em contato com piscina de bolinha e escorregador de plástico.

Ultrassom

A utilização de ultrasom terapêutico está contra-indicada (proibida) em regiões


próximas ao Implante Coclear. O ultrasom diagnóstico não oferece riscos aos usuários
de Implante Coclear. No entanto, para a realização de qualquer procedimento que não
seja considerado de rotina, é aconselhável que o usuário ou seus familiares, entrem em
contato com a equipe do Programa de Implante Coclear.

Raios-X

As doses de radiação utilizada na radiologia médica não oferecem riscos aos usuários de
Implante Coclear. No entanto, durante o procedimento, o componente externo do
dispositivo deve permanecer desligado.

Luz Ultravioleta

A utilização de luz ultravioleta em clínicas odontológicas e camas solares não oferecem


riscos aos usuários de Implante Coclear.
Bisturi Elétrico ou Eletrocautério

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A utilização de bisturi elétrico ou eletrocautério em cirurgias está proibida em usuários
de Implante Coclear. Para maiores informações, é aconselhável que o cirurgião entre em
contato com a equipe de Implante Coclear.

Ressonância Magnética

Está proibido aos usuários de Implante Coclear tanto a realização da ressonância


magnética, bem como a entrada em salas em que este procedimento é realizado.
Em indivíduos usuários do sistema Nucleus 24, em situações em que se faz de extrema
necessidade a realização deste procedimento, existe a possibilidade de remoção do
magneto interno por meio de uma pequena cirurgia.

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

O ser surdo está presente como sinal e marca de


uma diferença, de uma cultura e de uma alteridade
que não equivale à dos ouvintes.
Autor desconhecido

Iniciaremos esta unidade mencionando algumas versões históricas de surdos oficiais


registrados em muitos livros. Os fatos listados no cronograma abaixo seguem na
seqüência em cinco grandes períodos: Pré-História, Idade Antiga ou Antiguidade, Idade
Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Esperamos que venham a convir para que todos possam analisar os seus estudos com
antecedência já com um conhecimento prévio dos assuntos a serem abordados.
Cito alguns trechos interessantes do artigo produzido pela autora Nascimento (acesso
20/09/2006), segundo ela, um professor surdo da França, Berthier escreveu que:

“Inicia a história na antiguidade, relatando as


conhecidas atrocidades realizadas contra os surdos
pelos espartanos, que condenavam a criança a
sofrer a mesma morte reservada ao retardado ou ao
deformado: “A infortunada criança era
prontamente asfixiada ou tinha sua garganta
cortada ou era lançada de um precipício para
dentro das ondas”. Era uma traição poupar uma
criatura de quem a nação nada poderia esperar"
(BERTHIER, 1984, p.165)

As narrativas das experiências de vida de sujeitos surdos mostram que não existem só as
versões de professores ouvintes, abades, médicos, políticos e outros. Nas comunidades
surdas, a associação dos surdos é um dos lugares mais propícios para dar „voz‟ a essas
novas fontes!
Este cronograma é extração de várias partes de muitas publicações sobre a história dos
surdos, isto não quer dizer que toda a história é verictica ou não, para isto há uma
grande necessidade de uma pesquisa mais profunda para comprovar cada fato histórico
registrado, assim como afirma Berthier:

“Até esse ponto sua narrativa da história dos


surdos não apresenta nenhuma novidade, mas ao
iniciar o relato da educação dos surdos a partir da
idade moderna, nos surpreende com a afirmação de
que é um erro considerar Pedro Ponce de León
(1520 - 1584) o primeiro professor de surdos”.
“Ainda tratando de professores espanhóis, Berthier
nos revela sua indignação ao ver Juan Pablo Bonet

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(1579-1629), autor do livro "Arte para enseñar a
hablar a los mudos", creditar a si a descoberta de
como ensinar o surdo a falar. Segundo Berthier, tal
crédito poderia ser reivindicado por seu rival
Ramirez de Carrion, que era surdo congênito e teve
sucesso, no julgamento dos críticos de seu tempo,
em um experimento com Emmanuel Philibert, o
príncipe surdo de Carignan. “Seu livro, publicado
nove anos depois do de Bonet, recebeu o título
Maravillas de naturaleza, em que se contienen dos
mil secretos de cosas naturales, 1629”.
(BERTHIER, 1984, p. 170)”.

IDADE ANTIGA

Bíblia: Um surdo e mudo foi curado por Jesus Cristo. (Marcos, 7: 31-37);
Na China e Roma não perdoavam os surdos porque achava que eram pessoas
castigadas ou enfeitiçadas, os surdos eram lançados pelo mar. Só se salvavam aqueles
que do rio conseguiam sobreviver e também faziam os surdos de escravos.
Na Grécia, os surdos eram considerados inválidos e muito incômodos para a sociedade,
por isto eram condenados à morte.
Para Egito e Pérsia, os surdos eram considerados como criaturas privilegiadas, enviados
dos deuses, porque acreditavam que eles comunicavam em segredo com os deuses.

20
IDADE MÉDIA

Não davam tratamento digno aos surdos, colocava-os em imensa fogueira. Os surdos
eram sujeitos estranhos e objetos de curiosidades da sociedade.
Aos surdos eram proibido receberem a comunhão porque eram incapazes de confessar
seus pecados, também haviam decretos bíblicos contra o casamento de duas pessoas
surdas só sendo permitido aqueles que recebiam favor do Papa.
Também existiam leis que proibiam os surdos de receberem heranças, de votar e enfim,
de todos os direitos como cidadãos.

530

Os monges beneditinos, na Itália, empregavam uma forma de sinais para comunicar


entre eles, a fim de não violar o rígido votos de silêncio.

1500

Girolamo Cardano (1501-1576) era médico filósofo que reconhecia a habilidade do


surdo para a razão, afirmava que “...a surdez e mudez não é o impedimento para
desenvolver a aprendizagem e o meio melhor dos surdos de aprender é através da
escrita... e que era um crime não instruir um surdo-mudo.” Ele utilizava a língua de
sinais e escrita com os surdos.
O monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1510-1584), na Espanha, estabeleceu a
primeira escola para surdos em um monastério de Valladolid, inicialmente ensinava
latim, grego e italiano, conceitos de física e astronomia aos dois irmãos surdos,
Francisco e Pedro Velasco, membros de uma importante família de aristocratas
espanhóis; Francisco conquistou o direito de receber a herança como marquês de
Berlanger e Pedro se tornou padre com a permissão do Papa. Ponce de Leon usava
como metodologia a dactilologia, escrita e oralização. Mais tarde ele criou escola para
professores de surdos. Porém ele não publicou nada em sua vida e depois de sua morte o
seu método caiu no esquecimento porque a tradição na época era de guardar segredos
sobre os métodos de educação de surdos.
Nesta época, só os surdos que conseguiam falar tinham direito à herança.
21
Fray de Melchor Yebra, de Madrid, escreveu livro chamado “Refugium Infirmorum”
,que descreve e ilustra o alfabeto manual da época. 1613
Na Espanha, Juan Pablo Bonet (1579-1623) iniciou a educação com outro membro
surdo da família Velasco, Dom Luís, através de sinais, treinamento da fala e o uso de
alfabeto dactilologia, teve tanto sucesso que foi nomeado pelo rei Henrique IV como
“Marquês de Frenzo”.
O Juan Pablo Bonet publicou o primeiro livro sobre a educação de surdos em que
expunha o seu método oral, “Reduccion de las letras y arte para enseñar a hablar a los
mudos” no ano de 1620 em Madrid, Espanha. Bonet defendia também o ensino precoce
de alfabeto manual aos surdos.

1644

John Bulwer (1614-1684) publicou “Chirologia e Natural Language of the Hand”, onde
preconiza a utilização de alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial, idéia
defendida pelo George Dalgarno anos mais tarde.
John Bulwer acreditava que a língua de sinais era universal e seus elementos
constituídos icônicos.

1648

John Bulwer publicou “Philocopus”, onde afirmava que a língua de sinais era capaz de
expressar os mesmos conceitos que a língua oral

1700

Johan Conrad Ammon (1669-1724), médico suíço desenvolveu e publicou método


pedagógico da fala e da leitura labial: “Surdus Laquens”.

1741

Jacob Rodrigues Pereire (1715-1780),foi provavelmente o primeiro professor de surdos


na França, oralizou a sua irmã surda e utilizou o ensino de fala e de exercícios auditivos
com os surdos. A Academia Francesa de Ciências reconheceu o grande progresso
alcançado por Pereire: “Não tem nenhuma dificuldade em admitir que a arte de leitura
labial com suas reconhecidas limitações, (...) será de grande utilidade para os outros
surdos-mudos da mesma classe, (...) assim como o alfabeto manual que o Pereira
utiliza”.

1755

Samuel Heinicke (1729-1790) o “Pai do Método Alemão” – Oralismo puro – iniciou as


bases da filosofia oralista, onde um grande valor era atribuído somente à fala, em
Alemanha.
Samuel Heinicke publicou uma obra “Observações sobre os Mudos e sobre a Palavra”.
Em ano de 1778 o Samuel Heinicke fundou a primeira escola de oralismo puro em
Leipzig, inicialmente a sua escola tinha 9 alunos surdos. Em carta escrita à L’Epée, o
Heinicke narra: “meus alunos são ensinados por meio de um processo fácil e lento de
fala em sua língua pátria e língua estrangeira através da voz clara e com distintas
entonações para a habitações e compreensão
Uma pessoa muito conhecida na história de educação dos surdos, o abade Charles
Michel de L’Epée (1712-1789) conheceu duas irmãs gêmeas surdas que se
comunicavam através de gestos, iniciou e manteve contato com os surdos carentes e
22
humildes que perambulavam pela cidade de Paris, procurando aprender seu meio de
comunicação e levar a efeito os primeiros estudos sérios sobre a língua de sinais.
Procurou instruir os surdos em sua própria casa, com as combinações de língua de sinais
e gramática francesa sinalizada denominado de “Sinais métodicos”. L’Epée recebeu
muita crítica pelo seu trabalho, principalmente dos educadores oralistas, entre eles, o
Samuel Heinicke.
Todo o trabalho de abade L’Epée com os surdos dependia dos recursos financeiros das
famílias dos surdos e das ajudas de caridades da sociedade.
Abade Charles Michel de L’Epée fundou a primeira escola pública para os surdos
“Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris” e treinou inúmeros professores para
surdos.
O abade Charles Michel de L’Epée publicou sobre o ensino dos surdos e mudos por
meio de sinais metódicos: “A verdadeira maneira de instruir os surdos-mudos”, o abade
colocou as regras sintáticas e também o alfabeto manual inventado pelo Pablo Bonnet e
esta obra foi mais tarde completada com a teoria pelo abade Roch-Ambroise Sicard.

1760

Thomas Braidwood abre a primeira escola para surdos na Inglaterra, ele ensinava aos
surdos os significados das palavras e sua pronúncia, valorizando a leitura orofacial.

23
IDADE CONTEMPORÂNEA

1789

Abade Charles Michel de L’Epée morre. Na ocasião de sua morte, ele já tinha fundado
21 escolas para surdos na França e na Europa.
Jean marc Itard, Estados Unidos, afirmava que o surdo podia ser treinado para ouvir
palavras.A partir daí, surgem novos estudos sobre o treinamento auditivo e a leitura
labial. O método oral passa a ser mais divulgado e aceito.

1821- 1885

Aparecem as primeiras escolas especiais para América Latina.

1835

Total aceitação da American Sign Language (Língua de Sianis Americana) na


educação de surdos nos E.U.A.

1846

Alexander Melville Bell, professor de surdos, o pai do célebre inventor de telefone


Alexander Grahan Bell, inventou um código de símbolos chamado “Fala vísivel” ou
“Linguagem vísivel”, sistema que utilizava desenhos dos lábios, garganta, língua,
dentes e palato, para que os surdos repitam os movimentos e os sons indicados pelo
professor.

1851

16% dos professores de escolas públicas americanas para surdos são surdos;

24
1855

Eduardo Huet, professor surdo com experiência de mestrado e cursos em Paris, chega
ao Brasil sob beneplácido do imperador D.Pedro II, com a intenção de abrir uma escola
para pessoas surdas.

1857

Foi fundada a primeira escola para surdos no Rio de Janeiro – Brasil, o “Imperial
Instituto dos Surdos-Mudos”,hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos”– INES,
criada pela Lei nº 939 (ou 839?) no dia 26 de setembro. Foi nesta escola que surgiu, da
mistura da língua de sinais francesa com os sistemas já usados pelos surdos de várias
regiões do Brasil, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
Dezembro do mesmo ano, o Eduardo Huet apresentou ao grupo de pessoas na presença
do imperador D.Pedro II os resultados de seu trabalho causando boa impressão.

1864

Foi fundado a primeira universidade nacional para surdos “Universidade Gallaudet” em


Washington – Estados Unidos, um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo
filho do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).

1868

Após a inspeção governamental, o INES foi considerado um asilo de surdos, então o dr.
Manoel Magalhães foi demitido e o sr. Tobias Leite assumiu a direção.
Entre os anos 1870 e 1890, o Alexander Grahan Bell publicou vários artigos criticando
casamentos entre pessoas surdas, a cultura surda e as escolas residenciais para surdos,
alegando que são os fatores o isolamento dos surdos com a sociedade. Ele era contra a
língua de sinais argumentando que a mesma não propiciava o desenvolvimento
intelectual dos surdos.

1870

O número de dos professores de escolas públicas americanas para aumenta para


42,5%.
Na maior parte das escolas na Rússia utilizam o método “oral puro”.

1875

Um ex-aluno do INES, Flausino José da Gama, aos 18 anos, publicou “Iconografia dos
Signaes dos Surdos-Mudos”, o primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil.

25
11 de setembro de 1880 votação
Língua de sinais X Oralismo

 Duelos polêmicos: língua de sinais X oralismo


 Turbulência séria na educação de surdos
 Os sujeitos surdos ficaram subjugados ás práticas ouvintistas
 Total 164 votos
 160 votos contra língua de sinais
 4 votos a favor língua de sinais
 56 eram oralistas franceses
 66 eram oralistas italianos
 Grã Bretanha e Estados Unidos a favor de Língua de Sinais
 Sujeitos surdos excluídos da votação

Esta história dos surdos é uma decepção, simplesmente reinvocando e reescrevendo a


dominação e a exclusão que têm mais freqüentemente sido conhecidas como os
“marcadores” da experiência histórica das pessoas surdas (Wrigley, 1996). Nenhuma
outra ocorrência na história da educação de surdos teve um grande impacto nas vidas e
na educação dos povos surdos. Houve a tentativa de fazer da língua de sinais em
extinção.
Em 6 até 11 de setembro de 1880, houve um congresso internacional de educadores
surdos em cidade de Milão na Itália. Neste congresso, foi feita uma votação proibindo
oficialmente a língua dos sinais na educação de surdos.
Este congresso foi organizado, patrocinado e conduzido por muitos especialistas
ouvintistas, todos defensores do oralismo puro. Do total de 164 delegados, 56 eram
oralistas franceses e 66 eram oralistas italianos; assim, havia 74% de oralistas da França
e da Itália. Alexander Grahan Bell teve grande influência neste congresso.
Os únicos países contra a proibição eram os Estados Unidos e Grã-Bretanha, havia
professores surdos também, mas as suas „vozes‟ não foram ouvidas e excluídas de seus
direitos de votarem.

26
Vejam as seguintes oito definições que foram declaradas e votadas durante o
Congresso, que mudou drasticamente toda a história de surdos.

Definição 1

Considerando em exceção de preferência de sinais do que de fala ao integrar o surdo-


mudo à sociedade, e em dar-lhe um conhecimento melhor da língua,
Declara:
Que o método oral deve ser preferido do que a de língua de sinais para o ensino e na
educação dos surdos-mudos.
160 votação a favor e 4 contra em 7/9/1880.

Definição 2

Considerando que o uso simultâneo da fala e de língua de sinais tem a desvantagem de


prejudicar a fala, a leitura labial e a precisão das ideais.
Declara:
Que o método oral puro deve ser preferido.
150 votações a favor e 16 contra em 9/9/1880.

Definição 3

Considerando que um grande número de surdos-mudos não estão recebendo os


benefícios da educação, e que esta circunstância é devida à ineficácia das famílias e das
instituições.
Recomenda: que os governos tomem as medidas necessárias para que todos os surdos-
mudos possam receber educação.
Votação a favor unanimemente em 10/9/1880.

Definição 4

Considerando-se que o ensino ao surdo oralizado pelo Método Oral Puro deve se
assemelhar tanto quanto possível ao ensino daqueles que ouvem e falam. Declara:

a) Que o meio mais natural e mais eficaz através do qual o surdo oralizado pode adquirir
o conhecimento da língua é o método “intuitivo”, o qual consiste em expressar-se
primeiramente pela fala, e em seguida através da escrita, os objetos e os fatos que são
colocados diante dos olhos dos alunos.

b) Que no período inicial, ou maternal, o surdo-mudo deve ser conduzido à observação


de formas gramaticais por meio de exemplos e de exercícios práticos, e no segundo
período ele deve receber auxílio para deduzir as regras gramaticais a partir dos
exemplos, expressadas com o máximo de simplicidade e clareza.

c) Que os livros, escritos com palavras e em formas linguísticas familiares aos alunos,
estejam sempre acessíveis.
Aprovado em 11/09/1880.

Definição 5

Considerando-se a carência de livros elementares o suficiente para auxiliar no


desenvolvimento gradual e progressivo da língua,
Recomenda:
27
Que os professores do sistema oral devem se dedicar à publicação de obras especiais
sobre o assunto.
Aprovado em 11/09/1880.

Definição 6

Considerando-se os resultados obtidos por meio de várias pesquisas realizadas a


respeito de surdos-mudos de todas as idades e condições que haviam se evadido da
escola há muito tempo, e que quando tinham de responder a perguntas sobre diversos
assuntos, responderam corretamente, com clareza de articulação suficiente e
conseguiram ler os lábios de seus interlocutores com grande facilidade.
Declara:

a) Que os surdos-mudos ensinados pelo método oral puro não se esquecem, após ter
deixado a escola, os conhecimentos que lá adquiriram, mas os desenvolvem
continuamente através das conversações e da leitura, quando estas são facilitadas.

b) Que em sua conversação com pessoas ouvintes, os surdos-mudos fazem uso


exclusivo da fala.

c) Que a fala e a leitura labial, muito longe de terem sido abandonadas, são
desenvolvidas através de prática.
Aprovado em 11/09/1880..

Definição 7

Considerando-se que o ensino de surdos-mudos através da fala tem exigências


peculiares; considerando-se também que a experiência dos professores de surdos-
mudos é quase unânime.
Declara:
Que a idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre oito e dez
anos.
Que o período letivo deve ter ao menos sete anos; mas preferencialmente oito anos.
Que nenhum professor pode ensinar um grupo de mais de dez crianças no método oral
puro.
Aprovado em 11/09/1880.

Definição 8

Considerando-se que a aplicação do método oral puro nas instituições onde ele ainda
não esta em pleno funcionamento, deve ser - para evitar um fracasso do contrário
inevitável - prudente, gradual, progressiva.
Recomenda:
Que os alunos com ingresso recente nas escolas devem formar um grupo em si, onde o
ensino poderia ser ministrado através da fala.
Que estes alunos devem absolutamente ser separados de outros alunos que tiveram
defasagem no ensino através da fala, e cuja educação será finalizada através de sinais.
Que um novo grupo oralizado seja estabelecido todos os anos, e que todos os alunos
antigos que foram ensinados por sinais terminem sua educação.
Aprovado em 11/09/1880.
Obviamente vocês já perceberam que a causa do oralismo puro já era vitoriosa, por
causa do número de presentes de sujeitos ouvintistas; assim demonstrou-se que o triunfo
do oralismo puro já estava determinado antes mesmo de o congresso iniciar.
28
O que aconteceu depois?

Após o congresso, a maioria dos países adotou rapidamente o método oral nas escolas
para surdos, proibindo oficialmente a língua de sinais, decaiu muito o número de surdos
envolvidos na educação de surdos. Em 1960, nos Estados Unidos, eram somente 12%
os professores surdos como o resto do mundo.
Em conseqüência disto, a qualidade da educação dos surdos diminuiu e as crianças
surdas saíam das escolas com qualificações inferiores e habilidades sociais limitadas.
Ali começou uma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o seu direito
lingüístico cultural, as associações dos surdos se uniram mais, os povos surdos que
lutam para evitar a extinção das suas línguas de sinais.

Entre 1902-1912

Comercialização dos primeiros aparelhos de surdez.

1933

Em São Paulo funda o Instituto Santa Terezinha e atende a demanda feminina;

1974

Valerie Sutton cria o Sign Writing (Escrita de Sinais). A Dinamarca foi primeira
nação de registras um sistema de escrita de Língua de Sinais.

1987

Foi fundada a FENEIS– Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos , no


Rio de Janeiro – Brasil, sendo que a mesma foi reestruturada da antiga ex-FENEIDA.
A FENEIS conquistou a sua sede própria no dia 8 de janeiro de 1993, Rio de Janeiro -
Brasil.

1991

LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo de Minas Gerais, lei nº 10.397


de 10 de janeiro de 1991.

1994

Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo-


Brasil.

1997

Closed Caption (acesso à exibição de legenda na televisão) foi iniciado pela primeira
vez no Brasil, na emissora Rede Globo, o Jornal Nacional, em mês de setembro.

2006

Iniciou Letras/libras com 9 pólos


29
2008

Iniciou Letras/libras com 15 pólos

2011

Manifestação dos Surdos em Brasília contra o MEC


Os militantes e educadores Surdos de vários estados do Brasil que atuam na área da
surdez se reunirão nos dias 19 e 20 de maio de corrente ano em Brasília para realizar
uma manifestação contra o MEC, a fim de exigirem atenção e atendimento aos pedidos
através da Comunidade Surda e mostrarem indignação com a ideia da Inclusão Escolar
que vem sendo forte nas mídias. O que preocupa a Comunidade surda é o possível
fechamento do INES, que é atualmente o centro de referência para a Educação de
Surdos e a Escola de Surdos mais antiga. Por isso que os Surdos se revoltaram e vão
juntar todas as forças para manter esta instituição mais respeitada.

2012

Libras faz 10 anos e integra política de inclusão do MEC.

Ensino especial e escolas bilíngues para surdos são incluídos em metas do Plano
Nacional de Educação.
Durante as manifestações do aniversário de 10 anos da Lei de Libras, os surdos
voltaram à Câmara Federal no dia 29 de maio. Nesse dia, o Deputado Vanhoni
apresentou a proposta elaborada com a participação da Feneis para a Estratégia 4.6, que
determina a universalização para alunos surdos de 0 (zero) a 17 (desessete) anos da
educação bilíngue, com Libras como primeira língua e Português escrito como segunda
língua, em escolas bilíngues, classes bilíngues e classes “comuns” da chamada rede
regular de ensino, conforme o art. 22 do Decreto 5626/2005 e os artigos 24 e 30 da
Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e,


como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com
essa comunidade. Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às
línguas orais, como gramática semântica, pragmática sintaxe e outros elementos,
preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental
linguístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de
uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. Foi
na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a
ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística,
pesquisa com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da
Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o
aprendizado da língua oral como segunda língua para os surdos.
Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma
organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da
mesma maneira que as línguas faladas. A Língua de Sinais apresenta, por ser uma
língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de
comunicação natural é aquela para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se
em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra
idade.
30
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras Providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira


de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual motora, com
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de
utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores
de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do
ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a
modalidade escrita da língua portuguesa.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza

31
FATORES VISUAIS:

Atenção Visual:
Este é um fator fundamental para o aprendizado da Língua de Sinais: Enfoque: mãos,
braços, expressão facial, olhos, cabeça.

Discriminação Visual:

Sinais aparentemente idênticos diferenciando apenas em dois aspectos.


Exemplo: modificação facial e modificação no movimento.

Memória Visual:

Fundamental para a recordação de séries de vocabulário e as orações em Língua


Brasileira de Sinais.

FATORES GESTUAIS:

Expressão Corporal

Desinibição, descobrimento do corpo, consciência do espaço e segurança no processo


de aprendizagem.

Expressão Facial

Elemento fundamental na estrutura da Língua Brasileira de Sinais.

Motricidade Digital e Manual

Habilidade que precisa de muita dedicação. Os gestos e o alfabeto precisam ser


praticados constantemente.

Percepção e Uso do Espaço

O aluno precisa ter uma grande percepção para que faça o sinal no espaço correto.
Exemplo: CÈU, SOL, TRABALHAR, LARANJA, etc.

32
DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE PORTUGUÊS E LIBRAS

INTÉRPRETE E SUA IMPORTÂNCIA

O intérprete é a pessoa que interpreta de uma Língua (língua fonte) para outra (língua
alvo) o que foi dito. O intérprete de Língua de Sinais é pessoa que interpreta de
uma dada língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma
determinada língua de sinais. É o profissional que domina a língua de sinais e a língua
falada do país e que é qualificado para dese mpenhar a função de intérprete.

No Brasil, o intérprete deve dominar a língua brasileira de sinais e língua portuguesa.


Ele também pode dominar outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais
americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-versa (por
exemplo, conferências internacionais). Além do domínio das línguas envolvidas no
33
processo de tradução e interpretação, o profissional precisa ter qualificação para atuar
como tal.

Isso significa ter domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de
tradução e interpretação. O profissional intérprete também deve ter formação específica
na área de sua atuação (por exemplo, a área da educação).

Realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa


observando os seguintes preceitos éticos:

a) Confiabilidade (sigilo profissional);


b) Imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões
próprias);
c) Discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a
atuação);
d) Distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são
separados);
e) Fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a
informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o
objeto da interpretação é passar o que realmente foi dito).

PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA SURDA

 A forma mais adequada para estabelecer a comunicação com pessoas surdas é


por meio da língua de sinais, sua língua natural, que utiliza o canal gestual-
visual, o que facilita a interação. No entanto, quando isso não for possível, há
algumas dicas que podem ajudar neste processo:

 Utilize diferentes formas de linguagem – gestos naturais, dramatização,


apontações, entre outros;

 Não é necessário gritar ou exagerar na articulação, seja natural;

 Use as expressões faciais para demonstrar dúvidas, questionamento, surpresa


entre outros sentimentos e emoções;

 Tenha calma se você não entender o que uma pessoa surda está querendo dizer,
se necessário peça a ela para repetir ou escrever;

 Ao abordar uma pessoa surda toque delicadamente seu ombro para ter a sua
atenção, ou coloque-se dentro do campo visual do surdo e sinalize para chama-
lo, não adianta chamar ou gritar, se ela estiver de costas;
 Fale sempre de frente, pausadamente e, sempre que possível, dê pistas visuais
sobre a mensagem (gestos, apontamentos, etc.).

34
CULTURA DOS SURDOS

Na cultura dos ouvintes, existe a Língua Portuguesa que contribui para o


desenvolvimento da compreensão, comunicação e pensamento através de programa de
TV, teatro, música, novela, carnaval, rádio, filme, discoteca, telefone, etc.
Na cultura surda, existe a Libras e o acesso ao mundo da comunicação é pequeno. O que
contribui para o desenvolvimento da pessoa surda é: jornal, filme com legenda,
intérprete, micro com internet, TDD, e Pager.
As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e
diversificado, estas comunidades possuem diferenças regionais em relação a hábitos
alimentares, vestuários, situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geram
também variações linguísticas regionais.
As escolas são fatores de integração ou desintegração das comunidades surdas e
dependendo da metodologia adotada, se uma escola rejeita a Libras e quer transformar a
criança surda em ouvinte deficiente, esta criança não vai conhecer sua comunidade e
não aprenderá a sua língua.
Várias escolas em cidades ou estados que não possuem contato com uma Associação de
Surdos, trabalham ainda somente com a metodologia oralista e as crianças surdas
desenvolvem um dialeto entre elas para uma comunicação mínima e estas ficam
totalmente desintegradas da cultura surda, sendo consideradas, apenas como deficientes
auditivas.
Devido à tradição oralista, há surdos que só querem falar, usando sempre o Português,
como também muitos surdos que não dominam bem a Libras e usam o Bimodalismo, ou
seja, falam português enquanto sinalizam, como os ouvintes, quando começam a
aprender alguma língua de sinais.
Há comunidades que possuem mais sinais em relação a outras que utilizam a
datilologia, ou um mesmo sinal para conceitos diferentes.
Ainda não há estudos da cultura surda, mas convivendo um pouco, pode-se perceber
diferenças. As pessoas surdas preferem um relacionamento mais íntimo com outra
pessoa surda.
Suas piadas envolvem a problemática da incompreensão da surdez pelo ouvinte, e
geralmente abordam temas como o “português”, que não percebem bem, ou uma
tentativa de “dar uma de esperto”, mas no final se dá mal; seu teatro já começa a
abordar questões de relacionamento, educação e visão de mundo próprio, de universo do
surdo.
O Surdo, do seu silêncio, tem um modo próprio de olhar o mundo, em que as pessoas
têm expressões faciais e corporais. Como fala com as mãos, evita usá-las
desnecessariamente e quando as usa, possui uma agilidade e leveza que dificilmente um
ouvinte poderá alcançar.
A crise na educação dos surdos continua prejudicando o acesso da população surda às
informações sociais. Os surdos continuam utilizando a língua de sinais nas comunidades
– as associações –, pois o preconceito contra a língua de sinais ainda não despareceu de
todo.
As escolas e os profissionais continuam a usar a metodologia oral e os surdos sofrem
com a não aceitação da filosofia “Bilinguismo”.
A cultura surda é muito recente, tem pouco mais de cem anos e somente agora começa o
interesse em se registrar, através de filmes, a narrativa pessoal de surdos idosos para se
conhecer um pouco sua história.
Não é fácil entrar para o mundo do surdo, assim como não é fácil entrar no mundo do
ouvinte. São dois países diferentes, cada um com uma linguagem própria. Para que um
não seja estrangeiro no mundo do outro, é necessário que se aceitem mutuamente, e se
respeitem como pessoas dignas.
35
Geralmente, os pais ficam preocupados com a audição de seu filho, esquecendo o seu
valor positivo como uma pessoa humana. É preciso que os pais estejam conscientes para
aceitá-lo como ele é, e então resolverem todos os problemas de comunicação. Devem
aceitar sua própria língua de sinais que não pode ser considerada imprópria dentro da
educação, pois é reflexo de vivência, não podendo receber nenhuma espécie de
bloqueio.

PARÂMETROS

1 - Configuração de mãos Em que as mãos tomam as diversas formas na realização


de sinais. De acordo com a autora, são 64 configurações de mãos na Língua Brasileira
de Sinais; (BRITO, 1995).

2 - Ponto de articulação É o “espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio


corpo, onde os sinais são articulados. Existe dois tipos, os que articulam no espaço
neutro diante do corpo e os que se aproximam de uma determinada região do corpo,
como a cabeça, a cintura e os ombros”; (BRITO, 1995).

Exemplo:
36
Praia,
Empregada,
Ouvir,
Avisar,
Acostumar.

3 – Movimento É “quando há movimento que as mãos descrevem no espaço ou sobre


o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares em várias direções e
posições”; (BRITO, 1995).

Exemplo:
Domingo,
Amigo.
Sem movimento:
Triste,
Parar.

4 – Orientação “É a direção da palma da mão durante o sinal: voltada para cima,


para baixo, para o corpo, para frente, para a esquerda ou para a direita. Pode haver
mudança na orientação durante a execução do movimento”; (BRITO, 1995).

Exemplo:
Montanha, Baixo.

5 – Expressão (facial/corporal) Podem expressar as diferenças entre sentenças


afirmativas, interrogativas, exclamativas e negativas; (BRITO, 1995).

EXEMPLO DOS PARÂMETROS

37
SIGNWRITING

Signwriting (escrita gestual, ou escrita de sinais) é um sistema de escrita das línguas


gestuais (no Brasil, línguas de sinais). Signwriting expressa os movimentos as forma
das mãos, as marcas não manuais e os pontos de articulação. Foi desenvolvida em 1974
por Valerie Sutton, uma dançarina, que havia, dois anos antes, desenvolvido a
DanceWriting. Foi, então, na Dinamarca registada a primeira página de uma longa
história: a criação de um sistema de escrita de línguas gestuais. Conforme os registos
feitos pela Valerie Sutton na homepage do SignWriting, em 1974, a Universidade de
Copenhaga solicitou a Sutton que registasse os gestos gravados em vídeo. As primeiras
formas foram inspiradas no sistema escrito de danças.

Embora não tenha sido o primeiro sistema de escrita para línguas gestuais, a
Signwriting foi a primeira que conseguiu representar adequadamente as expressões
faciais e as nuances de postura do gestuante, ou a incluir informações como, por
exemplo, se a frase é longa ou curta. É o único sistema que é usado em base regular, por
exemplo, para publicar informações universitárias em ASL (American Sign Language).

Em 1977, o Dr. Judy Shepard-Kegl organizou o primeiro workshop sobre SignWriting


para a Sociedade de Lingüística de New England, nos Estados Unidos. Nesse ano, o
primeiro grupo de surdos adultos a aprender o sistema foi um grupo do Teatro Nacional
de Surdos, em Connecticut. A primeira história escrita em SignWriting publicada foi:
"Goldilocks and the three bears". Em 1978, as primeiras aulas em vídeo foram editadas.
Em 1979, Valerie Sutton trabalhou com uma equipa do Instituto Técnico Nacional para
Surdos, em Rochester, prestando assistência na elaboração de uma série de panfletos,
chamados The Techinical Signs Manual, que usaram ilustrações em SignWriting.

38
Na década de 1980, Sutton apresentou um trabalho, no Simpósio Nacional em Pesquisa
e Ensino da Língua de Sinais, intitulado Uma "Forma de analisar a ASL e qualquer
outra língua gestual sem passar pela tradução da língua alada". Depois disso,
SignWriting começou desenvolver-se cada vez mais. De um sistema escrito à
mão,passou a um sistema possível de ser escrito no computador.
Através do computador, a SignWriting começou a tornar-se muito mais popular nos
Estados Unidos. O sistema evoluiu ao longo dos anos, não mais tendo a forma como foi
criado, em 1974.

ALFABETO EM SIGNWRITING

NÚMEROS EM SIGNWRITING

39
40
Estudo
da
Libras

41
ALFABETO MANUAL

NUMERAÇÕES
42
NÚMEROS PARA SE REFERIR À QUANTIDADE

Exemplo: quantidade de canetas na mesa, quantidade de pessoas presentes, quantidade


de ônibus, etc.

NÚMEROS REPRESENTATIVOS DE CÓDIGO

Exemplo: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da


conta no banco, etc.

43
SAUDAÇÕES E DESPEDIDAS

NOME SINAL

QUEM É OBRIGAD@ DE NADA

BOM DIA

BOA TARDE

44
BOA NOITE

OI TUDO BEM

TCHAU COM LICENÇA DESCULPA

HOJE AGORA

45
ONTEM ANTEONTEM

ANO MÊS MANHÃ

TARDE NOITE MADRUGADA

CALENDÁRIO / SEMANA

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA

46
QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO

CALENDÁRIO / MÊS

M-A-R-Ç-O
(SOLETRAR)

JANEIRO FEVEREIRO

M-A-I-O
(SOLETRAR)

ABRIL

JUNHO JULHO

47
AGOSTO SETEMBRO

OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

COR

VERMELHO AMARELO VERDE

BRANCO ROSA CINZA

48
LARANJA ROXO VINHO

DESCRIÇÃO FÍSICA

ALEGRE TRISTE

ALT@ BAIX@ GORD@

MAGR@ FEI@

49
BONIT@

FAMÍLIA

PAI

PADRASTO

MÃE

50
MADRASTA

FILH@ IRM@ CAÇULA

IRM@ MAIS VELH@ TI@

SOBRINH@ VOVÔ (Ó) NET@

51
SOGR@ CUNHAD@ NORA

NOIV@ CASAD@ SOLTEIR@

SEPARAD@

DIVORCIAD@

52
PRIM@ BEBÊ

JOVEM ADULTO

COMPANHEIR@ AMANTE VIUV@

MEIOS DE TRANSPORTES

AVIÃO HELICOPTERO BICICLETA

53
LOTAÇÃO CARRO CAMINHÃO

TAXI MOTO

BARCO ÔNIBUS

METRÔ

54
CIDADES DE BRASÍLIA

ÁGUAS CLARAS

BRAZLÂNDIA CRUZEIRO CANDANGOLÂNDIA

CEILÂNDIA GAMA PARK WAY

GUARÁ I

55
GUARÁ II

NÚCLEO BANDEIRANTE PLANALTINA

SÃO SEBASTIÃO PARANOÁ

W3 NORTE

56
W3 + S – U – L (SOLETRAR)

SANTA MARIA TAGUATINGA SAMAMBAIA

RIACHO FUNDO I

SOBRADINHO RIACHO FUNDO II

57
PLANO PILOTO RECANTO DAS EMAS

VICENTE PIRES VILA PLANALTO

LAGO NORTE SUDOESTE

LAGO + S – U – L (SOLETRAR)

58
ALIMENTOS

ALFACE

ABACATE AÇÚCAR

ABACAXI ARROZ

59
BANANA BATATA

CARNE BOVINA

CAJU FRANGO

LARANJA FARINHA

60
FEIJÃO PORCO

CEBOLA

GELATINA MAÇÃ MAMÃO

LIMÃO ÓLEO

61
CHOCOLATE MANGA

MACARRÃO

PERA QUEIJO

MANDIOCA

62
MELÃO

OVOS

PÃO

PEIXE

63
MORANGO

SAL BISCOITO

UVA

CENOURA

64
MELANCIA

PIZZA

SALGADINHO

BEBIDAS

BEBIDAS

65
CAFÉ ÁGUA

CERVEJA COCO

PINGA

REFRIGERANTE VINHO

66
CHÁ

BEBIDA ENERGETICA

SUCO

ANIMAIS

MACACO LEÃO

67
MORCEGO ELEFANTE COBRA/ SERPENTE

CACHORRO GATO

PASSÁRO PATO ESCORPIÃO

ARANHA TARTARUGA CAVALO

68
RATO GIRAFA

BOI/ VACA PORCO

GALINHA

PEIXE

69
VERBO I

ACEITAR ENCONTRAR/ ACHAR

PARECER ACREDITAR/ CONFIAR

AGUENTAR AJUDAR ACOSTUMAR

70
ARREPENDER BRINCAR APRENDER

ATRASAR AVISAR COMBINAR

CONHECER PERGUNTAR CONTINUAR

CONVERSAR DAR/ ENTREGAR PARAR

71
FALAR ATRAPALHAR

ESPERAR COMPRAR

FAZER CHEGAR

ENSINAR

72
ESCOLHER

GRITAR TENTAR/ EXPERIMENTAR

LER MUDAR

EXPLICAR

73
VERBO II

VERBO II

ABRIR ACONSELHAR

APRESENTAR AMAR

BEBER ANDAR

74
CAIR CANTAR

CHAMAR CASTIGAR

CONCORDAR COPIAR

CUIDAR DANÇAR

75
DESPREZAR ENTENDER

ESQUECER ESTUDAR

ESTAR/ FICAR GOSTAR

OU
FALTAR MOSTRAR

76
IR

MANDAR

OBEDECER

PENSAR PAGAR

77
NASCER RESPONDER

PERDOAR RECEBER

PRECISAR SABER

SAIR

78
VENDER PROCURAR

VIAJAR SORRIR

VISITAR TREINAR

VOLTAR VIVER

79
USAR QUERER SENTIR

TER PREOCUPAR

80
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

A Educação do deficiente auditivo: Reabilitação Escolaridade? São Paulo, Pontifícia


Universidade Católica de São Paulo. Mimeo. Dissertação de Mestrado em Distúrbio da
Comunicação.

Anais do VII Encontro Nacional da ANPOLL. Vol 2 - Lingüística. Goiânia. pp. 713-
723

Aquisição do parâmetro Configuração de mão na língua brasileira dos sinais (Libras):


estudo sobre quatro crianças surdas, filhas de pais surdos. Dissertação de Mestrado em
Letras. Porto Alegre: PUCRS

Atos de fala: O pedido em língua brasileira de sinais. Dissertação de Mestrado em


Lingüística. Rio de Janeiro: UFRJ

BERENEZ, N. (1993). Deixis ad referencial Practice: A View from Two Sign Language

BRITO, Lucinda Ferreira.

FARIAS, Carla Valéria e Souza (1995).

FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S.

FERREIRA BRITO, L & LANGEVIN, R. (1994).

HOEMANN, Harry W. e Oates, Eugenio.

KARNOPP, Lodenir Becker (1994).

Libras em Contexto: curso básico, livro do professor instrutor – Brasília: Programa


Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.

Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Linguagem de Sinais do Brasil. Porto Alegre: Centro de Educacional para Deficientes


Auditivos. 1983.

Negação em uma Língua de Sinais Brasileira. Revista Delta, Vol. 10, no 2: 309-327,
PUC/SP, São Paulo

Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ,
Departamento de Linguística e Filologia, 1995.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker.

81

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