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Cartilha de redação: por que não mil??

Cartilha contendo redações da edição Enem 2020, análise de


algumas redações e mais um bônus com repertórios e redações autorais ao
final. O tema de redação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio –
ENEM – de 2020 (realizado no início de 2021) foi “O estigma associado
às doenças mentais na sociedade brasileira”. Para Baixar esse livro basta
acessar o QR code abaixo1

Download do E-book

Rodrigo Bartz prof_rodrigo_bartz

Se quiser citar esse material: BARTZ, Rodrigo. Cartilha de redação: por


que não mil?? 2021.

Muito obrigado a todos que ajudaram esse projeto a tomar forma e foram
parceiros de alguma forma. Do fundo do meu coração, obrigado mesmo!!

1
O Livro pode ser encontrado também nesse link:
https://drive.google.com/drive/folders/1r2vtMNjhDS8lCMk0fZPRbOODm7OIYrK0?usp=sharin
g

2
Apresentação

E aí galerinha; beleza?
Bem, vou me apresentar. Meu nome é Rodrigo Bartz. Sou professor formado
em Letras (com habilitação em Língua Espanhola), fiz mestrado em Letras e no
momento estou cursando doutorado. Sempre tive a vontade de democratizar o
conhecimento, divulgar as provas, os vestibulares e vi essa possibilidade real com o
“surgimento” das redes sociais. Faço isso já no meu Instagram e no Youtube2. Claro,
nada muito profissional, mas feito com carinho, até porque tive que aprender muito
o que eram as redes, como funcionava uma educação digital. Acho, na verdade, que
todos os professores passaram por isso (se ainda não passaram vão passar), adaptar-
se aos novos tempos. Esse livro surge com essa “vibe”, divulgar a Prova do Enem –
que é, para muitos alunos, a única porta de entrada ao ensino superior – e divulgar a
redação, uma área importante e que, geralmente, não é trabalhada, de forma devida,
até mesmo pelo tempo e burocracia, na escola. Esse e-book é pra galera que estuda,
fica revisando horas e horas e tenta encontrar um material com uma linguagem mais
acessível, não como costumo ver na academia, um ótimo material, porém distante
demais da linguagem e entendimento dos alunos.
Nesse e-book3 você vai encontrar o espelho da redação, o texto digitado, as
notas em cada competência e algumas análises – nada aprofundado – somente com
intuito de que possam visualizar melhor como funciona a avaliação da Redação
modelo Enem e entender um pouco mais a nota atribuída a alguns alunos. Além
disso, ao final, você também ganhará um presente: além das análises, alguns
repertórios Bônus que podem ser usados na sua redação. Clicando no link abaixo,
você terá acesso as notas dos participantes por competência, pois queremos, assim,
que o processo seja transparente a todos, sem restar dúvidas.
https://drive.google.com/drive/folders/1u_B3g3kvSOcCgVbivhTnlLp_MlCI0Lr2
?usp=sharing
Esse livro, dessa forma, surge com esse objetivo, divulgar o esforço de vários
alunos, de vários lugares do Rio Grande do Sul e, inclusive, do Brasil. Aqui, não

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https://www.youtube.com/channel/UCk4DyJF1p4GaDlgC26RhsZw
3
Esse material será distribuído gratuitamente e sob hipótese nenhuma poderá ser revendido, ou, por
ele, cobrado qualquer valor monetário. Caso queiram utilizar essa cartilha, citem os créditos. Ela
ficará disponível online em pdf e, caso achem melhor, pode ser ainda impressa.

3
quero fazer julgamento em relação à nota, quero sim analisar e mostrar que todos
têm seu caminho e nada é melhor que o tempo, o tempo cura tudo: o tempo, só ele.
Assim, surgiu essa ideia, disponibilizar para alunos, professores, curiosos, um
material que agrupasse várias redações para análise – leitura em sala de aula,
tentando entender como funcionam as competências relacionadas à nota de redação
modelo Enem. Esse material foi construído a várias mãos: alunos, principalmente a
Letícia Muller, (que ajudaram a divulgar, digitaram suas redações), ex-alunos e eu.
Espero que gostem e que ele possa ser útil a todos: seja como material didático, seja
como incentivo, seja como exemplo e modelo. É sempre um prazer compartilhar e
realizar esses projetos!! Muito obrigado a todos os alunos que dispuseram seu tempo
para enviar as redações. Obrigadão mesmo! Tmj !!

Professor Rodrigo Bartz

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Sumário
Tema de Redação Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade
brasileira” .................................................................................................................................... 7
Espelho: Redação Amanda Carvalho dos Santos Leonardi .................................................. 8
Redação digitada......................................................................................................................... 9
Espelho: Ana Luize Peiter ....................................................................................................... 10
Redação digitada....................................................................................................................... 11
Espelho: Redação Andrielly Menger da Silva ...................................................................... 12
Redação digitada....................................................................................................................... 13
Espelho: Redação Bruna Eduarda Hochscheidt ................................................................... 15
Redação digitada....................................................................................................................... 16
Espelho: Redação Danielle de Lima Lindner ....................................................................... 17
Redação digitada....................................................................................................................... 18
Espelho: Redação Eduarda Tomm ......................................................................................... 19
Redação digitada....................................................................................................................... 20
Espelho: Redação Emanuely Schena da Silva ....................................................................... 22
Redação digitada....................................................................................................................... 23
Espelho: Redação Érika Roseli Pereira ................................................................................. 24
Redação digitada....................................................................................................................... 25
Espelho: Redação Isadora Pereira Saul ................................................................................. 26
Redação digitada....................................................................................................................... 27
Espelho: Redação Ísis Peglow ................................................................................................ 28
Redação digitada....................................................................................................................... 29
Espelho: Redação João Guilherme Simon ............................................................................ 31
Redação digitada....................................................................................................................... 32
Espelho: Redação Juliana Bispo dos Santos ......................................................................... 33
Redação digitada....................................................................................................................... 34
Espelho: Redação Larissa de Quadros Bohn ........................................................................ 35
Redação digitada....................................................................................................................... 36
Espelho: Redação Leandro Rauber Pires .............................................................................. 37
Redação digitada....................................................................................................................... 38
Espelho: Redação Leticia Aparecida Muller ........................................................................ 39
Redação digitada....................................................................................................................... 40
Espelho: Redação Livia Nicolay Ferrari ............................................................................... 41
Redação digitada....................................................................................................................... 42
Espelho: Redação Natália Garcia .......................................................................................... 44

5
Redação digitada....................................................................................................................... 45
Espelho: Redação Pamela de Avila da Costa ....................................................................... 46
Redação digitada....................................................................................................................... 47
Espelho: Redação Rafaela Porto Domingues ....................................................................... 48
Redação digitada....................................................................................................................... 49
Espelho: Redação Vitória Luiza Stockey Erhardt ................................................................ 50
Redação digitada....................................................................................................................... 51
O Processo de avaliação ......................................................................................................... 52
Você sabe como se dá esse processo?................................................................................... 52
Análises ..................................................................................................................................... 55
Redação 1 .............................................................................................................................. 55
Redação 2 .............................................................................................................................. 62
Redação 3 .............................................................................................................................. 65
Bônus ......................................................................................................................................... 71
É repertório que vocês querem? Então, aí está!! .......................................................... 71
Introduções baseadas em obras ........................................................................................... 72
Introdução baseada no romance “O amor nos tempos do cólera” de Gabriel García
Márquez ................................................................................................................................ 72
Introdução baseada no livro de contos “Dançar tango em Porto Alegre” de Sergio
Faraco .................................................................................................................................... 74
Introdução baseada na obra “O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil”
de Darcy Ribeiro .................................................................................................................. 76
Introdução baseada na crônica publicada em 1983 por Isaac Asimov .................... 78
Introdução baseada no romance “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar ................ 79
Introdução baseada no Romance “Quarenta dias” de Maria Valéria Rezende ..... 81
Texto completo baseado na obra “Apocalípticos e integrados” de Umberto Eco ....... 83
Texto completo acerca do tema: “Os desafios relacionados ao analfabetismo no
Brasil” ........................................................................................................................................ 85
Aqui, disponibilizo 2 textos autorais acerca do tema de redação Enem 2019: “A
democratização do acesso ao cinema no Brasil” ............................................................... 87

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Tema de Redação Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na
sociedade brasileira”

Foto: reprodução Inep

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Espelho: Redação Amanda Carvalho dos Santos Leonardi

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Amanda Carvalho dos Santos Leonardi - Nota 920
C1=160 C2=200 C3=160 C4=200 C5=200

O problema que envolve as doenças mentais vai muito além do transtorno em


si: envolve o preconceito, a ignorância e o desconhecimento. O estigma associado essas
doenças assombra milhões de brasileiros e é causado principalmente pela falta de
informação e debate acerca do assunto.
Transtornos como ansiedade e depressão, por serem relativamente novos, são
chamados de “doenças do século 21” e, por isso, muitas pessoas tendem a considerá-los
“frescura” ou “coisa de louco”. Assim, criou-se o estigma de que quem sofre com tais
doenças é insano ou doente, o que faz com que quem sofre tenha medo e vergonha
de pedir ajuda, reduzindo a rede de apoio e gerando um ciclo vicioso. Além do mais,
o preconceito está diretamente ligado à falta de informação, visto que esses transtornos
são poucos discutidos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o
Brasil é o país mais depressivo da América Latina, atingindo cerca de 5.6% da
população, enquanto a média mundial é de 4,4%. Não é ilógico relacionar o
agravamento de um quadro depressivo, por exemplo, com o preconceito e com a
desinformação.
Ademais, as redes sociais têm total influência sobre a saúde mental das pessoas.
Zygmund Bauman afirma que as redes sociais são o mal do século. E de fato, no
Instagram e no Facebook, a vida dos outros é perfeita: famílias felizes, carreiras
satisfatórias, corpos sarados e saúde mental intacta. Ninguém revela as tristezas, as
decepções e as falhas. Ao invés de utilizar a internet como meio de propagação de
informação, a sociedade a transforma em uma competição, contribuindo com a ideia
de que quem tem alguma doença psíquica é louco, enquanto, na realidade, é mais
comum do que se imagina.
Portanto, é papel do Ministério da Saúde, juntamente com a Organização
Mundial da Saúde, divulgar estudos sobre transtornos psicológicos por meio de
plataformas midiáticas, a fim de espalhar conhecimento sobre as enfermidades e
quebrar o estigma criado, tornando, assim, uma sociedade mais saudável e
proporcionando maior rede de apoio à quem sofre com transtornos. Além disso, cabe
também ao Ministério da Saúde oferecer tratamentos acessíveis aos enfermos, para,
assim, impedir o agravamento dos casos e alcançar uma melhora na saúde da
população brasileira.

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Espelho: Ana Luize Peiter

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Ana Luize Peiter – @ana.peiter – Venâncio Aires, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

A Segunda Geração do Romantismo brasileiro, no século XIX, costumava


abordar, abertamente, em suas obras temas como depressão, tristeza e morte.
Hoje, entretanto, na mesma sociedade, esses assuntos são evitados, visto que há um
significativo estigma a respeito das doenças mentais. Isso se deve à falta de
informação e à mídia que dita padrões de felicidade.
De início, urge reconhecer a desinformação dos indivíduos quanto a
seriedade das doenças mentais, posto que tais patologias são consideradas sem
importância ou, até mesmo, frescura por grande parte dos brasileiros. Contudo,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 11,5 milhões de pessoas
sofrem com a depressão-estado de apatia emocional- no Brasil, demonstrando que
apesar de ser vista como frescura, afeta inúmeros seres sociais. Dessa maneira, ao
classificar, por falta de conhecimento, sofredores psíquicos de forma estereotipada,
a população contribui com o aumento dos preconceitos com os transtornos mentais.
Além disso, é válido ressaltar o papel da mídia como precursor de padrões,
uma vez que em tal meio apresentam-se apenas os aspectos positivos da vida,
fazendo com que se crie a falsa visão de que não existem problemas no cotidiano
humano. Nesse sentido, tal problemática liga-se ao conceito de Sociedade do
Espetáculo, em que o homem age de modo a mostrar somente a perfeição nos
meios sociais. Sendo assim, as redes midiáticas influenciam o estigma com doenças
mentais, dado que demonstrar as mazelas não é aceito.
Portanto, faz-se necessário mudanças em como a sociedade enxerga as
patologias psíquicas. Para isso, o Ministério da Saúde, responsável pelo bem estar
social, deve investir em campanhas televisivas que afirmem o quão sério é um
transtorno mental, por meio de falas de especialistas, como psicólogos, e uso
intensivo de exemplificações em casos reais, tendo a finalidade de tornar a
população informada. Ademais, é preciso que Secretarias de Cultura realizem
palestras sobre as funções dos meios midiáticos de forma a alertar sobre seus perigos.
Só dessa forma, o Brasil destruíra o estigma associado às doenças psicológicas.

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Espelho: Redação Andrielly Menger da Silva

Foto: reprodução Inep

12
Redação digitada
Andrielly Menger, Taquari, RS – Nota 940
C1=160 C2=180 C3=200 C4=200 C5=200

Na Constituição de 1988 consta que é dever do Estado promover medidas a


fim de garantir saúde à população. No entanto, essa garantia na prática é
deturpada ao analisar o estigma acerca das doenças mentais na sociedade
brasileira, posto que a maioria dos cidadãos não compreende a gravidade das
patologias psíquicas. Essa falta de conscientização ocorre em virtude da carência
de informações do assunto na mídia ou em ambientes escolares. Ademais, no
contexto contemporâneo é normal que um indivíduo passe por algum distúrbio
mental ao longo da vida; todavia, ainda existe um enorme preconceito sobre essa
temática devido um ideal de felicidade construído.
No Brasil hodierno existe uma grande falta de entendimento acerca dos
transtornos mentais e isso resulta na piora de pacientes. Nessa perspectiva, nota-se
que uma boa parcela da sociedade vê tais distúrbios como um exagero ou
"frescura"; sendo assim, acha que simples pensamentos positivos poderiam controlar
a problemática. Essa ideologia acontece devido as patologias psíquicas não se
manifestarem através de problemas físicos visíveis a todos. Outrossim, a falta de
informações relacionadas ao assunto na mídia prejudica o diagnóstico dessas
hostilidades pelo indivíduo, pois muitos cidadãos não sabem diferenciar um
sentimento normal de um transtorno. Em função do exposto, é visível que as
premissas constitucionais associadas à saúde não estão sendo cumpridas pelo
Estado.
Outrossim, é imperativo postular que na sociedade contemporânea é
extremamente normal um indivíduo desenvolver um transtorno mental em
alguma fase da vida, sendo mais comum depressão ou ansiedade. Segundo dados
da OMS, mais de 11,5 milhões de brasileiros tem depressão. Contudo, o preconceito
e intolerância acerca dessas patologias ainda é muito presente mesmo elas sendo
muito comuns no contexto brasileiro. Essa falta de compreensão é devido um ideal
de felicidade criado no país, em que se um cidadão tem saúde, dinheiro e família
não há motivos para se sentir deprimido ou ansioso. No entanto, é preciso o
entendimento de que esses sofrimentos psíquicos não precisam de uma razão
aparente e afetam as pessoas independentemente da sua condição social.

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Portanto, é indubitavelmente necessário a criação de soluções para
desconstruir o estigma associado a transtornos mentais no Brasil. Cabe ao Ministério
da Saúde desenvolver uma campainha com o fito de informar os brasileiros acerca
dos distúrbios mentais. Essa iniciativa deve ser realizada através de palestras nas
instituições de educação e promover conhecimento. Desse modo, os indivíduos
entenderão a gravidade dessa problemática. É preciso que o Governo - responsável
por garantir os direitos - promova um projeto focado em eliminar os preconceitos
sobre tais patologias por meio de propagandas na mídia - TV, jornal e internet.
Sendo assim, a Constituição de 1988 será legitimada e a saúde mental da população
estará melhor.

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Espelho: Redação Bruna Eduarda Hochscheidt

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Bruna Eduarda Hochscheidt – @bruna_uiri – Venâncio Aires, RS – Nota 980
C1=200 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

A série “O Alienista” retrata o pensamento antigo de que os indivíduos com


algum transtorno mental estavam alienados da realidade, sendo uma condição
irreparável. Essa teoria, apesar de já contrariada permanece no pensamento social, já
que os estigmas associados às doenças mentais estão presentes na atualidade. Dessa
forma, faz-se necessário discutir sobre o desconhecimento e o papel da internet,
intensificadores da problemática no país.
Primeiramente, os cidadãos não possuem conhecimentos consolidados sobre as
doenças mentais. Consoante ao filósofo Platão, muita informação não significa muito
conhecimento. Diante disso, infere-se que apesar de possuírem informações em todo
lugar e a qualquer momento, os indivíduos não consolidam o conhecimento pois não
pensam sobre ela de forma crítica. Por esse motivo, pessoas, por ignorância,
desacreditam de tais doenças, ou, ainda, praticam bulliyng com os doentes, reforçando
o estigma.
Além disso, a internet corrobora com a estigmatização daqueles mentalmente
doentes. Segundo o sociólogo Han em sua obra “Sociedade do Cansaço”, as redes sociais
prezam pelo compartilhamento de uma vida “perfeita”, dispensando demais
sentimentos e ações humanas consideradas negativas. Com isso, os indivíduos
estigmatizados não sentem-se parte da comunidade, fazendo inclusive desencadear
outros problemas mentais. Consequentemente, as pessoas mentalmente saudáveis não
entendem a realidade dos demais, pois essa não é habitualmente mostrada no
ambiente virtual.
Portanto, para que os indivíduos com doenças mentais sejam menos
estigmatizados, ações precisam ser tomadas. Para isso, é necessário que o Governo,
especialmente o Ministério da Saúde, leve informações referentes às doenças mentais
à população, por meio de vídeos provocativos, que serão divulgados na TV e nas redes
sociais, para que os cidadãos adquiram o conhecimento necessário. Além disso, cabe
aos usuários das redes sociais, principalmente o Instagram – por ser uma das mais
utilizadas pelo público em questão – conscientizarem-se sobre as consequências de suas
ações, a partir a sinceridade ao mostrar a realidade de seu dia-a-dia, visando acabar
com a sonhada vida “perfeita”. Dessa maneira, os mentalmente doentes se sentirão
parte da comunidade e não serão mais taxados de forma injusta como debilitados.

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Espelho: Redação Danielle de Lima Lindner

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Danielle de Lima Lindner – @daniellellin – Panambi, RS – Nota 780
C1=140 C2=160 C3=160 C4=140 C5=180

A série “13 reasons why”, conta a história de uma jovem que sofria de
depressão mas não era levada a sério por seus amigos, por esse motivo, ela é levada
ao suicídio. Não distante da ficção, na atual sociedade brasileira, casos como esse
são recorrentes devido ao grande preconceito em relação á doenças mentais. Esse
preconceito é gerado pela falta de informação sobre esse mal, levando cada vez
mais pessoas a terem suas vidas afetadas e busquem uma realidade perfeita, a
qual não existe.
Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas não é
o que acontece na área da saúde mental. Os casos de depressão só crescem no
Brasil, levando as pessoas a abandonarem seus empregos e vidas sociais. Isso se dá
por não saberem onde buscar ajuda ou não saberem a relevância do problema.
Além disso, os indivíduos também são levados a buscar uma vida perfeita,
a qual é apresentada de diversas formas nas redes sociais. As mídias estão lotadas
de vidas e corpos perfeitos, os quais não são reais, mas ainda assim extremamente
desejados, principalmente pelas mulheres. Por esse motivo, em oito pessoas
afetadas pela depressão, cinco, são mulheres.
Dessa forma, devem ser apresentadas mais informações sobre essas
doenças. Através de campanhas realizadas pelo Ministério da saúde, em escolas,
seriam levadas palestras sobre o tema aos jovens, para que desde cedo adquiram
conhecimento sobre o assunto. Assim, busca-se acabar com o preconceito
relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.

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Espelho: Redação Eduarda Tomm

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Eduarda Tessele Tomm – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

No livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, escrito por Lima Barreto, é


narrada a história de um patriota que, devido às suas atitudes extremistas, foi
internado em um manicômio. Durante a narrativa, é exposto o drama dos
indivíduos portadores de transtornos mentais, que são destratados pelos demais.
Infelizmente, a realidade prova-se semelhante à ficção, posto que permanece o
estigma associado às doenças mentais no Brasil. Tal designação pejorativa é notória
tanto pelo preconceito destinado à população que possui transtornos mentais
quanto pelo precário atendimento que ela recebe.
Primeiramente, o tratamento preconceituoso destinado à parcela
populacional detentora de doenças mentais revela o estigma que foi associado a
essa minoria. Acerca disso, é pertinente a noção de coesão social, proposta pelo
filósofo Émille Durkheim. De acordo com seu pensamento, os indivíduos fora do
padrão dominante são excluídos do coletivo. Nessa lógica, pessoas com transtornos
mentais, por não corresponderem ao estereótipo desejado, ou seja, de um indivíduo
saudável, foram designados como inferiores e, por consequência, escanteadas da
comunidade. Tal tratamento errôneo corrobora, cada vez mais, a desunião social,
por negar o tratamento digno e a inclusão a esses cidadãos. Dessa forma, é
indubitável que enquanto prevalecer esse estigma na sociedade, uma nação unida
será utopia.
Ademais, o atendimento precário destonado às pessoas que sofrem com
alguma doença psiquiátrica demonstra o estigma associado a elas. Acerca disso, a
OMS divulgou o dado de que quase doze milhões de brasileiros possuem depressão,
essa conclusão deveria ser motivo de alarde governamental. Entretanto, ao
observar a precariedade dos hospitais e o carente atendimento psiquiátrico
destinado aos indivíduos que possuem transtornos mentais, é perceptível a
negligência governamental, posto que não são tomadas medidas para reverter esse
cenário. Desse modo, é indiscutível que o tratamento desinteressado, por parte do
Estado, em relação à população detentora de doenças mentais revela a presença
de um estigma, que desconsidera esses cidadãos como participantes ativos da

20
sociedade, e, por conseguinte, nega a eles seu direito de assistência hospitalar
devida.
Portanto, as escolas – instituições formadoras de opiniões – devem, por meio
de palestras e debates, educar os estudantes em relação ao estigma que possuem
associado às doenças mentais e auxiliá-los a desconstruir essa ideia, a fim de
possibilitar a inclusão dos indivíduos com doenças psiquiátricas na sociedade, visto
que, por conta do preconceito coletivo, eles tendem a ser excluídos. Além disso, o
governo, sob figura do ministério da saúde, deve reformar os hospitais e contratar
profissionais psiquiátras, com a finalidade de atender devidamente os cidadãos
portadores de transtornos mentais.

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Espelho: Redação Emanuely Schena da Silva

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Emanuély Schena da Silva – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 620
C1=120 C2=180 C3=120 C4=120 C5=80

Conforme garantido nos direitos universais, todo indivíduo deve ter acesso a
saúde de forma democrática, incluindo também a saúde mental da população, o que
não compactua com a atual situação do Brasil. Somos um dos países com maior
concentração de indivíduos com doênças mentais como a depressão. Vejamos alguns
pontos no decorrer do texto.
No Brasil temos uma grande taxa de pessoas com doenças e transtornos
mentais, que da mesma forma sofrem com o preconceito cultural enraizado que taxa
muitos destes como invalidos, e até mesmo como alguém que quer obter vantagens.
Normalmente se espera uma atitude governamental para combater esta
situação que infelizmente assola o país, porém, ano passado fora aberta a proposta de
acabar com programas que visam a saúde e o cuidado mental pelo nosso Sistema
Único de Saúde, dificultando o acesso democrático que deveria ser garantido a todos.
Com todo esse descaso do governo, preconceito, dificuldades e limitações, surge o medo
de serem ainda mais estigmatizados pelas demais tribos sociais.
Analisando esse contexto creio que o silêncio não nos levará a qualquer lugar.
Devemos cobrar nossos direitos, quebrar tabus, e nunca deixar que silênciem quem
precisa em prol de uma ilusória sociedade sem defeitos, mas que cobre os olhos para
quem mais necessita.

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Espelho: Redação Érika Roseli Pereira

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Erika Roseli Pereira – @erikaroseli_pereira – Montenegro, RS – Nota 900
C1=160 C2=180 C3=160 C4=200 C5=200

No conto "O alienista" do renomado escritor brasileiro Machado de Assis,


narra-se a história de um médico psiquiatra que interna em seu hospital quase
todos os habitantes da cidade, pois acredita que eles sofrem de loucura. No fim, o
próprio doutor se interna por duvidar de sua sanidade mental. Não distante da
ficção, o estigma associado às doenças mentais é algo recorrente no Brasil, seja pela
frustração frente à problemas, seja pela errônea mentalidade familiar.
Em primeiro lugar, vale destacar que o desânimo causado por situações
indesejadas no dia a dia é um fator que influencia na saúde mental das pessoas.
Exemplo disso, temos na literatura a Segunda Geração Romântica, que tinha como
característica a glamourização da morte e de aspectos depressivos. Logo,
concluímos que semelhante ao que ocorre nos livros, ocorre na realidade.
Ademais, o preconceito familiar em relação à pessoa com depressão é uma
mazela social, visto que dificulta a busca de ajuda pelo indivíduo. Muitos pais, por
ignorância, não levam a sério o bem estar mental dos filhos e isso induz os menores
ao isolamento. Mesmo havendo muitas Instituições que oferecem apoio, como por
exemplo, o CVV (Centro de Valorização da Vida), ainda assim, quase 12 milhões de
pessoas sofrem de depressão no Brasil.
Portanto, medidas devem ser tomadas para amenizar tal problemática,
pois somente com a quebra de preconceitos e ações governamentais pode-se
inverter esse cenário. Cabe ao Ministério da Educação promover palestras com
psicólogas nas escolas, com o intuito de conscientizar as famílias dos alunos a
identificar os sintomas de depressão, tais como mudança de hábitos, para que
possam conversar com os filhos e procurar ajuda. Dessa forma, a discriminação
referente à doenças mentais será combatida e a sociedade passará a ter um
comportamento diferente ao do médico descrito na obra machadina.

25
Espelho: Redação Isadora Pereira Saul

Foto: reprodução Inep

26
Redação digitada
Isadora Pereira Saul – @isapsaul14 – Santa Maria, RS – Nota 920
C1=180 C2=200 C3=180 C4=200 C5=160

O filósofo Nietzsche criou uma teoria de revisão dos valores pré-estabelecidos


pela sociedade, essa percepção desencadeou o Niilismo, em que o principal
questionamento é: “Se tudo está errado, por que continuar vivendo? ”, tal
pensamento levou diversas pessoas à depressão. Hodiernamente, assim como a
depressão, outras doenças também afetam uma grande parcela da população
brasileira devido o estigma associado à saúde mental. Esse preconceito é percebido
em redes sociais, sendo que as mulheres são as que mais sofrem.
Em primeira análise, o não estabelecimento de regras efetivas no ambiente
virtual acarreta no uso abusivo da linguagem sob o pretexto de liberdade de
expressão. Dessa forma, pessoas que muitas vezes conviveram com situações
traumáticas durante a infância, como é mostrado no filme norte-americano
“Coringa” que o personagem principal desenvolve problemas mentais após uma
infância turbulenta, negam seus traumas e tornam-se preconceituosos com relação
à saúde mental. Esse tipo de atitude além de não ajudar a recuperação pessoal,
influencia na piora de outras pessoas em busca de ajuda.
Em segunda análise, a OMS divulgou dados em 2017 eu mais de 7 milhões
de mulheres brasileiras sofrem de depressão, um número bem alto se comparado
aos 4 milhões de homens com a mesma doença. Essa diferença decorre da pressão
estabelecida sobre o gênero feminino para trabalhar, cuidar da casa e dos filhos,
não restando tempo para lazer e cuidado psicológico. Sendo assim, a pressão torna-
se tão grande e o apoio tão inexistente que, para muitas, não resta outra situação
a não ser a aceitação da situação e uma vida infeliz.
Dessarte, é visível que a situação brasileira com relação à saúde mental está
se agravando. Ademais, é imprescindível a ação do Ministério da Saúde
proporcionando palestras e panfletos sobre a importância do cuidado mental para
que se torne parte do cotidiano populacional, além de oferecer ajuda psicológica
gratuita para aqueles que precisarem de apoio. Assim, a população brasileira será
psicologicamente mais saudável e se quiser, poderá questionar os valores pré-
estabelecidos pela sociedade como Nietsche propôs, porém sem estrar em colapso.

27
Espelho: Redação Ísis Peglow

Foto: reprodução Inep

28
Redação digitada
Ísis Peglow – @Isis_pgw – São Lourenço do Sul, RS – Nota 960
C1=160 C2=200 C3=200 C4=200 C5=200

De acordo com o renomado filósofo Bauman, criador da teoria


“Modernidade Líquida”, estamos situados em um contexto de liquidez – rapidez –
mundana, em que, na maioria das vezes, sentimentos são “deixados de lado”. Sob
a luz de tal perspectiva, nota-se que tal linha de pensamento não foge de nosso
cenário tupiniquim, já que há um forte estigma associado às doenças mentais no
Brasil, causado não só pela negligência governamental, mas também pela ausência
do Componente Curricular “Mente Saudável” nas escolas.
Em primeira análise, é imperioso pontuar que a negligência governamental
permite que tal preconceito, relacionado às doenças mentais, se faça presente na
sociedade brasileira. Thomas Hobbes, filósofo inglês, defendia o chamado “Contrato
Social”, no qual cabia ao Estado ordenar e, destarte, suprir as necessidades básicas
da nação. Sob essa ótica, vê-se que a atual política do Brasil ainda “segue”, por um
lado, tal postulado “hobbesiano”, uma vez que somos orientados pelo Governo.
Entretanto, por outro lado, é evidente que tal poderio nacional ausenta-se em
oferecer-nos nossas prioridades, principalmente, no que tange ao estigma associado
às “doenças da mente”, porque não há programas estatais que visem alertar-nos
quanto as consequências e malefícios da Depressão – uma das maiores doenças
psicológicas do mundo –, por exemplo, o que corrobora a permanência dos
chamados “estigmas sociais” – meros “desconhecimentos” acerca das coisas. Dessa
forma, é evidente que movimentos sociais devem ressaltar o papel do Estado, para
que o preconceito ante tais doenças seja evitado.
Em segunda análise, faz-se mister considerar que a ausência do Componente
Curricular “Mente Saudável”, nas escolas brasileiras, também é um fator que
implica no estigma ante as doenças mentais. Assim, segundo o político sul-africano
Nelson Mandela, a educação é a única arma capaz de alterar o mundo. Nessa linha
de raciocínio, aulas baseadas em tais doenças psicológicas – como a Ansiedade que,
segundo dados do G1, infelizmente, já atinge 18 milhões de indivíduos verde-
amarelos – podem permitir que “pré-concepções”, realizadas por indivíduos que,
muitas vezes, desconhecem dos “espectros” da mente, não venham a ocorrer. Dessa
maneira, observa-se que, com a falta do Componente “Mente Saudável” na grade

29
curricular dos colégios, informações acerca da psique humana não são dadas,
repercutindo no desconhecimento e, por consequência, no estigma associado às
doenças de cunho mental.
Portanto, medidas devem ser tomadas com o intuito de garantir que o
estigma associado às doenças mentais, na sociedade brasileira, não mais aconteça.
Para tal, é necessário que movimentos sociais – instituições sem fins lucrativos –
ressaltem, por meio de campanhas, o dever do Governo de ordenar, realmente, a
nação, com a finalidade de promover a adoção de programas governamentais que
alertem-nos quanto às consequências causadas por tais doenças, fazendo com que
os estigmas sejam, aos poucos, “removidos” de nossa conjuntura atual. Além disso,
é fundamental que os colégios adotem o Componente Curricular “Mente
Saudável”, para que crianças e jovens não mais vivam em um mundo líquido:
marcado pelo descaso.

30
Espelho: Redação João Guilherme Simon

Foto: reprodução Inep

31
Redação digitada
João Guilherme Simon – @simonjhon_02 – Venâncio Aires, RS – Nota 960
C1=160 C2=200 C3=200 C4=200 C5=200

O estigma associado às doenças mentais na sociedade é uma chaga social bastante


latente na atualidade. Na Grécia Antiga, pessoas que nasciam com doenças mentais ou
adqueriam-nas ao longo de suas vidas, eram descartadas da sociedade por se acreditar
que não possuíssem mais condições de contribuir socialmente. Sob essa ótica, constata-se
que no Brasil, assim como na antiguidade, pessoas portadoras de doenças mentais sofrem
com desemprego em virtude do preconceito, bem como com a indiferença governamental
em relação à saúde mental da população brasileira.
Em primeiro lugar, percebe-se que grande parcela da população que possuem
alguma fragilidade em sua saúde mental se encontram desempregada por conta da
cultura proveniente da Grécia Antiga que se encontra difundida entre a população,
gerando um enorme preconceito em virtude de sua condição mental. Conforme o
sociólogo Karl Marx, em um mundo capitalista, o ser humano é capaz de agir de modo
que suas ações ultrapassem os limites éticos e morais da sociedade na busca pelo lucro.
Tendo isso em vista, constata-se que os donos de empresas desrespeitam o direito à vaga
de trabalho dessas pessoas com debilidade pelo fato de gerarem tanto lucro quanto
pessoas sãs.
Deve-se salientar, além disso, a indiferença governamental com relação à saúde
mental da população, facilmente perceptível pela ausência de debates e propagandas a
respeito do assunto. Sob esse viés, é possível estabelecer relação com os pensamentos de
Hannah Arendt a respeito da banalidade do mal ao observar o descaso com que as
autoridades públicas tratam um problema que afeta milhões de brasileiros. Através dessa
análise, é possível perceber que uma significativa parcela da população se encontra
desamparada no que diz respeito ao auxílio na manutenção de sua saúde mental em
virtude da pouca importância dada à essa pauta.
Portanto, cabe ao Ministério do Trabalho, órgão responsável por assegurar os
direitos trabalhistas de cada indivíduo, promover palestras e propagandas na TV aberta
com membros do próprio Ministério, por meio do apoio de governos estaduais e da
iniciativa privada, no intuito de informar a população acerca de seus direitos trabalhistas.
Ademais, fica a cargo do Ministério da Saúde, desenvolver palestras com diversos
profissionais da saúde em locais públicos, com o auxílio financeiro da iniciativa privada,
para que todas as pessoas tenham conhecimento dos procedimentos a serem tomados no
tratamento de doenças mentais. Só dessa forma reduziremos o estigma associado às
doenças mentais na sociedade brasileira.

32
Espelho: Redação Juliana Bispo dos Santos

Foto: reprodução Inep

33
Redação digitada
Juliana Bispo do Santos – @juliana_jub – Salvador, BA – Nota 940
C1=180 C2=200 C3=180 C4=180 C5=200

De acordo com a Constituição Federal brasileira de 1988, é dever do Estado fornecer


os princípios básicos e inalienáveis aos individues de maneira igualitária. No entanto, ao
perceber o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira, constate-se que
o ideal da Carta Magna não é respeitado. Isso se deve, em muito, pela omissão dos
governantes e pelo preconceito social. Desse modo, cabe analisar esse fenômeno em meio
à sociedade.
Diante desse cenário, convém observar a maneira em que a negligência
governamental influencia diretamente, na saúde dos indivíduos. Acerca disso, conforme
Thomas Hobbes, a função do Estado é garantir o bem-estar social. Entretanto, ao perceber
o mínimo investimento do governo voltado ao tratamento mental e à inserção de mais
profissionais adequados a trabalhar a psique humana, nota-se uma deturpação no ideal
de Hobbes. Em virtude disso, cresce o número de pessoas afetada por inúmeros transtornos
mentais.
Além disso, é significativo o preconceito da sociedade para com as pessoas que
expressam estar com alguma doença mental. Nesse sentido, consoante ao pensamento
socrático, os erros são consequências da ignorância. Contudo, embora trate-se de um ideal
de séculos atrás, a afirmação mostra-se validada até os dias de hoje, uma vez que pela
ausência de informação dos indivíduos vistos como "normais", ao ver outra pessoa dizer
que está ou até mesmo acha que está com algum transtorno mental, como depressão, eles
observam como se não fosse nada, ou é até mesmo invenção. Faz-se imprescindível, logo,
a dissolução dessa conjuntura.
Portanto, urge que medidas sejam tomadas para alterar esse cenário. Sugere-se,
então, que o Ministério da Saúde, órgão responsável pelos cuidados que envolvem a
integridade física e mental, deve realizar investimentos em hospitais, com a
disponibilização de tratamento das variadas doenças mentais e inserir mais médicos
especializados na área, por meio da destinação de uma maior parcela de impostos, com o
fito de garantir melhores condições de vida. Ademais, o Governo Federal, como instância
máxima de administração executiva, deve realizar palestras nas comunidades e divulgar
nas mídias televisivas, acerca das diversas doenças mentais, por meio de profissionais que
trabalham com a psique humana, como psicológos, a fim de manter a população
informada sobre o problema. Assim, aos poucos, o Brasil se transformará em um país
democrático socialmente, e o ideal da Carta Magna será respeitado.

34
Espelho: Redação Larissa de Quadros Bohn

Foto: reprodução Inep

35
Redação digitada
Larissa de Quadros Bohn - @lari_qb – Venâncio Aires, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

Com os avanços da Terceira Revolução Industrial no século XX, aumentou o


número de pessoas que têm acesso as redes sociais, local que possui uma farta diversidade
de informações relevantes. No entanto, percebe-se que, no Brasil, essas notícias estão
promovendo o estigma associado às doenças mentais. Dessa forma, para amenizar tal
problemática, é necessário refletir sobre as tentativas de encaixar-se em um padrão
perfeito, bem como o excesso de trabalho, fatores intensificadores do problema.
Primeiramente, percebe-se que indivíduos estão tentando desempenhar um papel
de validação de uma vida perfeita, distante dos sentimentos reais. De acordo com a teoria
filosófica “O que é o belo?”, cidadãos realizam juízos de valor estético, na qual definem se
algo é bom, ruim, bonito, feio ou agradável. Sob essa ótica, nota-se que pessoas sofrem
diariamente frustrações quando olham fotos em redes sociais e fazem comparações
estéticas com a própria aparência, de modo a tentar se encaixar em um padrão de vida
perfeita fora da realidade. Por conseguinte, a falta de limite faz com que o indivíduo tente
o suicídio, por conta de estar doente mentalmente e não conseguir alcançar o objetivo que
deseja.
Outrossim, vale ressaltar sobre a subordinação as longas jornadas de trabalho.
Nesse sentido, na série "Grey 's Anatomy”, é mostrado o médico Dlucca após uma semana
tentando descobrir a cura da doença de uma paciente, sem descançar, começa a
desenvolver sintomas de ansiedade com agressividade. Nesse contexto, observa-se que na
realidade o capitalismo exige muitas horas de trabalho dos cidadãos, dessa maneira
aumentando a frustação das pessoas de ter inúmeras atividades complexas para realizar
no prazo determinado e ainda exigindo ser melhor que o dos outros. Em consequência,
desencadeando problemas psicológicos, causados pela ansiedade e a depressão.
Verifica-se, portanto, que medidas devem atuar sobre o estigma associado às
doenças mentais. Sendo assim, cabe às mídias de TV e rádio desenvolver propagandas de
auto-ajuda, expecificamente em canais influentes, por meio de imagens para as pessoas
refletirem sobre cada indivíduo ser diferente do outro, com o intuito de diminuir o número
de cidadãos que realizar comparações e não ocorrer suicídio. Ainda, o Ministério da Saúde
deve determinar uma quantidade de horas de trabalho, por intermédio de fiscalizar a
saúde mental das pessoas dentro das fábricas conforme a jornada de trabalho, a fim de
equilibrar o emprego e o lazer para descansar. Assim, teremos indivíduos mentamente
saudáveis, que compreenderão que ninguém perfeito, mas diferentes.

36
Espelho: Redação Leandro Rauber Pires

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Leandro Rauber Pires – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 640
C1=120 C2=160 C3=120 C4=120 C5=120

Infelizmente em nosso País ainda é presente o estigma as doenças mentais.


Portanto seja devido à falta de ação do Poder Público, seja devido a sociedade ser
orientada a dar valor apenas à aparência, o tema mereçe ser discutido.
No seu livro Modernidade Liquida o filósofo Zygmund Baumann reflete
como as relações interpessoais tornaram-se superficiais devido à modernidade.
Atualmente isso reflete-se por meio das controversas vidas apresentadas nas redes
sociais e exaltação de músicas em que seu conteudo resume-se em auto-promoção
e dos bens adquiridos como por exemplo o funk ‘’ostentação’’. Tudo isso salienta e
reverbera a falta de empatia com os alheios, causando mais isolamento, alienação
e preconceito.
Ainda conforme a Constituição Federal é dever do Estado garantir a saúde
dos brasileiros. Algo que não ocorre em sua plenitude com muitos que são afastados
de seus empregos por suas desordens neurológicas. É sabido que há cerca de 20
anos não surgem novos antidepressivos, que há casos de depressão não responsiva
à medicação atual e que somente o uso de fármacos não é suficiente para reabilitar
o indivíduo ao trabalho, família e sociedade, causando situações vexatórias devido
a falta de tratamento adequado.
Compete ao Governo Federal maior investimento em pesquisas de novas
medicações para tratamento de desordens mentais, além de novas terapias em
conjunto com universidades de psicologia. Por meio de incentivos fiscais à empresas
que mantiverem o salário e beneficios de funcionários afastados para tratamento.
As ONG’s em parceria com lideres comunitários, campanhas midiaticas nos
principais veículos de comunicação mitigando sofismas.

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Espelho: Redação Leticia Aparecida Muller

Foto: reprodução Inep

39
Redação digitada
Leticia Muller – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

De acordo com o filósofo John Stuart Mill, o ser humano é soberano sobre si mesmo
e sua mente. No entanto, hodiernamente, percebe-se que essa premissa está equivocada,
tendo em vista que a sociedade tupiniquim sofre com problemas relacionados à saúde
mental. Dessa maneira, tem-se o estigma associado as doenças mentais no país, na qual a
negligência governamental com a questão colabora para o seu agravamento, passando,
assim, a afetar outro setor do corpo social, a economia. Assim, hão de ser analisados tais
fatores, para que se possa minimizá-los de forma eficaz.
Em primeiro plano, é imperioso pontuar a pouca afetividade governamental em
deter os estigmas dessas doenças. Consoante a isso, segundo o filosofo contratualista John
Locke, há uma quebra no contrato social, pois o Estado é negligente em um direito
constitucional básico, a saúde. Nesse contexto, a falta de medidas para cuidar de indivíduos
com doenças mentais, faz com que as taxas de tais patologias na população sejam
exorbitantes no Brasil, tornando-o o país que mais sofre com problemas na saúde metal
na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde. Logo, é substancial a
alteração desse quadro que fere os direitos da nação.
Outrossim, é imperativo ressaltar que esse cenário estigmatizado das doenças
mentais reflete negativamente na economia tupiniquim. Nesse ínterim, de acordo com o
filósofo alemão Niklas Luhmann, a sociedade é composta por sistemas interligados,
demonstrando a importância de todos os setores estarem em pleno funcionamento, o que
não ocorre coma existência de um grande número de pessoas com patologias mentais.
Nessa conjuntura, conforme dados da OMS, a depressão é uma das maiores causas de
afastamento do trabalho, haja vista que o estigma existente sobre a doença muitas vezes
impede o indivíduo de buscar ajuda, fazendo com que seu quadro se agrave, impedindo-
o de realizar tarefas em seu emprego. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa
postura que atinge economicamente o Brasil.
Portanto, urge a necessidade de combater os estigmas associados às doenças
mentais na sociedade brasileira. Para tanto, o Governo Federal, através do Ministério da
Saúde, deve investir mais na saúde pública, para desenvolver medidas de apoio e
tratamento aos doentes mentais, tornando possível o acompanhamento da evolução de
seus casos, com a participação de uma equipe multidisciplinar, por meio da realocação de
verbas ao setor, fazendo com que haja a diminuição nos casos dessas patologias, o que
refletirá positivamente na economia brasileira. Quiçá, assim, tal hiato reverter-se-á, e o
contrato social proposto por Locke deixará de ser violado.

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Espelho: Redação Livia Nicolay Ferrari

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Livia Nicolay Ferrari – @livia_nicolay – Vera Cruz, RS – Nota 920
C1=160 C2=200 C3=180 C4=180 C5=200

Promulgada pela ONU em 1948, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos garante a todos os indivíduos o direito à saúde e ao bem-estar social. No
entanto, na atual sociedade brasileira, diversos fatores sociais interferem na saúde
dos indivíduos, devido à persistência de estigmas associados às doenças mentais que
podem atingir todas as faixas etárias da população. Nesse contexto, pode-se
ressaltar que tanto o fenômeno das redes sociais quanto a negligência social são
problemas que contribuem para a formação desses estigmas e vão ao oposto dos
direitos estabelecidos na Carta Magna.
A priori, a sociedade atual é influenciada pelo avanço tecnológico,
principalmente, das redes sociais. Nesse viés, o Fetichismo de Mercadoria imposto
por Karl Max retrata a existência de indivíduos que prezam pelo consumismo, ou
seja, uma população em série e um consumo em massa que molda o
comportamento das pessoas e os padrões vigentes. Tal teoria não se distância do
atual contexto social, uma vez que o presente sistema capitalista permitiu que as
relações pessoais criassem rumos diferentes, o que facilitou o desenvolvimento de
estigmas sobre os relacionamentos e os padrões vigentes da vida perfeita, dentre
eles, a depressão e o descontrole das emoções, associados às doenças mentais do
século. Dessa forma, as redes sociais possibilitaram o surgimento de um dos maiores
estigmas que compromete a saúde mental dos brasileiros.
Ademais, pode-se destacar como outro problema a negligência social
brasileira. Nessa perspectiva, o Princípio da Responsabilidade de Hans Jonas
afirmava: “aja de tal modo que tua ação não implique negativamente o futuro
das próximas gerações”. Tal afirmação é questionada na sociedade quando o
assunto é a intensificação de marcas deixadas na saúde mental dos indivíduos,
como o persistente preconceito contra diferentes culturas, pensamentos e grupos
sociais, o que causa a exclusão de uma parcela da população e auxilia para a
formação de doenças mentais, como transtornos, depressão e ansiedade sobre essa
repressão associada aos estigmas sociais. Dessa maneira, a negligência social,
mantida pelas ações negativas, continuará sendo um estigma contra quem lida
com doenças mentais se não solucionado.

42
Portanto, é necessário que haja iniciativa do governo – órgão responsável
pelo bem-estar social – juntamente com a mídia em promover a conscientização
da população sobre os presentes estigmas na sociedade, por meio de propagandas
e anúncios na TV e redes, a fim de ampliar o conhecimento sobre o assunto e
informar sobre como lidar com as doenças mentais. Além disso, cabe às escolas em
produzir palestras e debates aos alunos, por meio do auxílio de profissionais da
saúde, a fim de coordenar as famílias em como lidar e superar esse problema. Assim,
será possível combater os estigmas associados às doenças mentais na sociedade
brasileira.

43
Espelho: Redação Natália Garcia

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Natália Garcia - @httpsliah – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 900
C1=160 C2=200 C3=160 C4=180 C5=200

Promulgada em 1948 pela ONU, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos assegura à todos o direito à saúde e ao bem-estar. No entanto,
infelizmente, no Brasil o estigma associado às doenças mentais tornou-se um
problema, tanto pela negligência governamental quanto pela falta de
conscientização popular.
Em primeiro lugar, é válido ressaltar o descaso do governo com saúde
pública no Brasil. Segundo Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”,
as leis somente são asseguradas no papel e não chegam de fato ao acesso da
população. Não distante dessa ficção, é notável o alto número de brasileiros com
algum tipo de doença mental, sendo mais de 10 milhões somente com depressão.
Desse modo, faz-se urgente ações para reverter tal mazela.
Em segundo lugar, é de valor salientar a importância de conscientizar a
população sobre os perigos das doenças mentais. Nesse viés, o livro “Quem é você,
Alasca?” do escritor John Green, retrata o cotidiano de Alasca, uma adolescente que
sofre inúmeros abusos psicológicos por parte de colegas e professores. Exemplo disso,
é o Brasil estar liderando o ranking de país com mais pessoas depressivas da
América Latina. Dessa maneira, tal problema necessita de urgente solução.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar tal problemática.
Para tanto, o Governo- instituto assegurador dos direitos- deve conscientizar a
população, por meio de palestras sobre transtornos mentais, com profissionais da
área de psicologia. Com intuito de tornar a sociedade consciente da importância
da saúde mental, a fim de diminuir os números de casos de pessoas com depressão
e outros problemas mentais.

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Espelho: Redação Pamela de Avila da Costa

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Pamela de Avila da Costa – @pamelaadacosta – Santana do Livramento,
RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=200 C4=180 C5=200

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948,


assegura que todo cidadão deve ser tratado e reconhecido como pessoa, perante a
sociedade. Contrariamente a isso, no Brasil, pessoas com doenças mentais são
consideradas inferiores, devido às condições neurológicas que apresentam. Esse
preconceito está ligado à violência simbólica, bem como à exclusão social, às quais
acabam por propagar estigmas com relação às pessoas com doenças mentais.
Em primeira análise, cabe ressaltarmos o preconceito simbólico infringido a
pessoas que apresentam doenças neurológicas. Para tanto, o sociólogo francês
Pierre Bourdieu cunha o termo violência simbólica, o qual define que relações
hierárquicas oprimem os cidadãos considerados inferiores. Tal conceito delega a
essas pessoas lugares de menor prestígio no campo social, rotulando-as como
ineficientes e subalternas. Essa mazela social deveria ser tratada com mais rigor por
agentes públicos.
Em segunda análise, a exclusão social de pessoas com doenças mentais no
país dificulta sua interação social. Conforme esta realidade, o sociólogo A.
Schweitzer define que “a tragédia é aquilo que morre dentro de um homem
enquanto ele ainda está vivo”. Com relação à isso, a falta de humanidade presente
na sociedade ao priorizar vagas de emprego a cidadãos considerados capazes
mentalmente, revela a incapacidade estatal e social em cumprirem o propósito da
Declaração Universal.
Portanto, algumas medidas podem ser efetivadas para a melhoria desse
cenário. Cabe ao poder público, através do Ministério da Educação, disseminar
campanhas conscientizadoras nos canais televisivos, a fim de que estas estimulem o
tratamento digno a pessoas com doenças mentais na sociedade. Ainda, cabe às
empresas privadas restabelecerem suas normas e pressupostos quanto à
contratação de pessoal. Desse modo, será possível perpetuar uma considerável
mudança no imaginário coletivo.

47
Espelho: Redação Rafaela Porto Domingues

Foto: reprodução Inep

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Redação digitada
Rafaela Porto Domingues – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 880
C1=160 C2=180 C3=180 C4=180 C5180

A Declaração Universal de Direitos Humanos, promulgada pela ONU em


1948, garante a todos o direito à saúde e ao lazer. Contudo, esse privilégio não é
assegurado plenamente a população brasileira, fortalecendo um estigma associado
às doenças mentais. Dessa maneira, aponta-se como potencializadores a
negligência socio-cultural com a saúde mental e o descaso governamental.
Em primeira análise, a sociedade brasileira está sendo cada vez mais
afetada por doenças mentais. Segundo a OMS, o Brasil é o país com mais casos de
depressão da América Latina. Contudo, essa crescente problemática não ganha a
devida atenção, uma vez que existe um preconceito cultural com doenças mentais.
Por consequência, o paciente não procura ajuda profissional e com isso o estigma
se fortalece.
Além disso, os centros psiquiátricos públicos são precários ou não existem em
algumas regiões do país, demonstrando a negligência governamental com essa
área da saúde. Análogo a realidade, na obra de Gilberto Dimenstrain, Cidadão de
Papel descreve uma sociedade na qual as leis são apenas escritas, mas não
colocadas em prática. Desse modo, grande parte da população não tem acesso à
serviços de saúde psicológica o que potencializa a não procura de ajuda profissional
e o adoecimento da sociedade.
Portanto, é indiscutível que medidas precisam ser todas para resolver tal
problemática. Diante disso, o Governo deve criar e manter unidades de saúde
mental, por meio de melhor distribuição de verbas, para que o direito da
população brasileira seja plenamente garantido. Ademais, o Ministério da Saúde e
as Grandes Mídias – responsáveis por disseminar informação a população – devem
propagar a importância do cuidado mental, por meio de campanhas verbais, para
que o povo entenda a importância do cuidado verbal. Assim, o privilégio garantido
pela Declaração Universal de Direito Humanos será de uso popular.

49
Espelho: Redação Vitória Luiza Stockey Erhardt

Foto: reprodução Inep

50
Redação digitada
Vitória Luiza Stockey Erhardt – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 980
C1=200 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

Promulgada pela ONU em 1948, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos garante a todos os indivíduos direito à saúde e bem estar social.
Contrariamente a isso, o estigma associado às doenças mentais fazem parte da vida
da população por causa da negligência governamental e do preconceito.
Diante desse viés, o descaso do governo por assuntos como esse, tornam o
tratamento dessas doenças precário. Por ser o país com mais diagnósticos de
depressão da América Latina, segundo a OMS, o Brasil deveria agir como exemplo.
Infelizmente, cerca de 12 milhões de brasileiros já possuem depressão e esse número
cresce demasiadamente todos os anos pelo pouco informação obtida, e pelo ideal
de felicidade demonstrado nas mídias sociais. Os estímulos para a procura de
profissionais destas áreas ainda são precários, não minimizando marcas deixadas
pelas doenças. Dessa forma, seria possível obter a diminuição de casos de doenças.
Ademais, há um enorme tabu que assombra assuntos ligados ao psicológico
das pessoas. No conto “O Alienista”, de Machado de Assis, todas as pessoas da cidade
eram tratadas e internadas como sendo loucas, trazendo para a realidade, ainda
é perceptível que indivíduos que possuem saúde mental debilitada, sã tratados
como loucos. Lamentavelmente, a população que sofre com as doenças se
distanciam de seus sentimentos e demonstram sua dor rotulada, o que leva a um
distanciamento social, podendo leva-los a aumentar os sintomas. Dessa maneira,
medidas são necessárias para reduzir essa disparidade social imposta por pessoas
que se sentem melhores que outras debilitadas.
Portanto, a negligência governamental e os preconceitos impostos pela
sociedade, ampliam as marcas deixadas pelas doenças mentais. Assim, é necessário
que o Ministério da Saúde, forneça mais profissionais, como psicólogos, psiquiatras
e terapeutas, por meio do SUS, único sistema de saúde gratuito do mundo, para
que a sociedade brasileira tenha mais acesso a essa área e para obter o diagnóstico
mais cedo e também para possuírem tratamento eficaz.

51
O Processo de avaliação

Você sabe como se dá esse processo? Se sabe, meus parabéns.


Aos que ainda não sabem, vamos iniciar.
“O texto produzido por você será avaliado por, pelo menos, dois
professores, de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída
pelo outro”4. Isso quer dizer que os corretores não terão contato um com o
outro; eles não se conhecem, não são amigos, não vão a baladas juntos, etc.,
etc..
Então, qualquer cidadão brasileiro, ou naturalizado poderá corrigir as
redações?
Não, calme!
Antes de iniciar o processo na íntegra, “mãos às redações”, todos os
corretores passam por cursos de capacitação e por uma espécie de
“calibragem”, ou seja, algumas correções são, diríamos, apenas para “regular
a mão”, acostumar-se com o processo, além de, obrigatoriamente, terem
formação na área de letras.
Entendido até aqui? Beleza. Tá, mas e se um corretor atribuir nota
1000 e outro 500, eles somam e dividem por dois (o que não daria uma nota
tão ruim assim, considerando a média brasileira)?
Não, calme!
No processo de avaliação há um item que é chamado de discrepância,
isto é, desigual, diferente. Assim, “Considera-se discrepância quando as notas
atribuídas pelos avaliadores - diferirem, no total, por mais de 100 pontos; ou
obtiverem diferença superior a 80 pontos em qualquer uma das
competências”5. Dessa forma, a nota de ambos avaliadores deve estar
alinhada, semelhante. Tá, mas e se o avaliador bater o pé e não dar o braço a
torcer; sou desclassificado?
Não, calme!

4 Diretoria de avaliação da Educação Básica - REDAÇÃO NO ENEM 2017, CARTILHA DO


PARTICIPANTE, p. 8.
5 Diretoria de avaliação da Educação Básica - REDAÇÃO NO ENEM 2017, CARTILHA DO

PARTICIPANTE, p. 8.

52
Se ainda persistir esse “problema”, um terceiro avaliador irá avaliar
sozinho a sua redação. Então, acontecerá a soma das 2 notas mais
semelhantes e a divisão por 2. Por exemplo, se o primeiro avaliador atribuiu
a nota 800 e o segundo 480, a redação vai a um terceiro avaliador. Esse
avaliador (o terceiro) atribuiu 760. Ufa; chegou-se a um consenso. A soma
será: 800 + 760 ÷ 2 = 780. Essa será sua nota final na redação: 780. Entendeu?

Ah, desconsidere os números, mas preste atenção na mensagem.


Tá e se ainda continuar a diferença, mesmo passando por um terceiro
corretor? Somam e dividem minha nota por 3?
Não, calme!
Se ainda continuar a diferença, os avaliadores não têm o que fazer
mesmo. Brincadeirinha!!
Caso, por ventura, ainda continue a discrepância (adorei essa palavra)
sua redação será avaliada por uma banca presencial, especializada, apostólica

romana, que atribuirá sua nota final.

A avaliação, propriamente dita, segundo o próprio Inep:

A prova de redação exigirá de você a produção de um texto em prosa, do


tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica,
cultural ou política. Os aspectos a serem avaliados relacionam-se às
competências que devem ter sido desenvolvidas durante os anos de
escolaridade. Nessa redação, você deverá defender uma tese – uma opinião
a respeito do tema proposto –, apoiada em argumentos consistentes,
estruturados com coerência e coesão, formando uma unidade textual. Seu
texto deverá ser redigido de acordo com a modalidade escrita formal da
língua portuguesa. Você também deverá elaborar uma proposta de
intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do
texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos6 (A redação no
Enem 2020, p. 7)

COMO A REDAÇÃO SERÁ AVALIADA POR COMPETÊNCIA?

6BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A


redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020. In:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_
basica/a_redacao_do_enem_2020_-_cartilha_do_participante.pdf. Acesso em 28 de Jul de
2021.

53
Os dois professores avaliarão seu desempenho de acordo com os
critérios a seguir:
Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da
língua portuguesa.
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos
das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação.
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos.

54
Análises

Bem, nessa parte do livro vou fazer a análise de algumas redações e


explicar, de forma rápida, a nota nas respectivas competências. Digo rápida
por que não vou analisar detalhe por detalhe, apenas analisar algumas partes
e tentar explicar o motivo dessa redação ter recebido determinada nota nas
respectivas competências.

Redação 1

A primeira redação vai ser da Danielle, da cidade de Panambi, RS, que


obteve a nota de 780 na redação. Vamos lá! Na competência 1 a Danielle ficou
com a nota de 140. O que significa que um dos avaliadores deu 160 e o outro
120 pontos, o que somado dá 280 e dividido por 2 fica 140:

A Competência 1 avalia se o participante domina a modalidade escrita


formal da língua [...] Além disso, o domínio da modalidade escrita formal
será observado na adequação do seu texto em relação tanto às regras
gramaticais quanto à fluidez da leitura, que pode ser prejudicada ou
beneficiada pela construção sintática7 (A redação no Enem 2020, p. 13)

Ou seja, nessa competência além da acentuação, ortografia, uso de


hífen, regência, concordância, etc., é avaliado também a construção dos seus
períodos, respeitando a sintaxe da norma culta, complexidade da construção
dos períodos e inversões sintáticas.
A redação da Danielle tem alguns problemas de uso da vírgula, como:
“A série “13 reasons why”, conta a história de uma jovem” quando há uma
vírgula separando o sujeito (A série) e seu verbo (conta). Ou a falta da vírgula
antes da adversativa, “mas”, como: “que sofria de depressão mas não era
levada a sério”.

7BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A


redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020. In:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_
basica/a_redacao_do_enem_2020_-_cartilha_do_participante.pdf. Acesso em 28 de Jul de
2021.

55
Outra questão, logo na introdução, é o uso de uma crase equivocada:
“devido ao grande preconceito em relação á doenças mentais.”. Aqui, há 2
erros relacionados ao uso do acento indicativo de crase. O primeiro é a posição
do acento, uma vez que a crase é um sinal de acentuação gráfico “ao contrário”
– à – e a Danielle coloca como se fosse um acento normal. Ademais, a crase só
usa singular com singular e plural com plural. Por exemplo: em relação à
doença (correto), em relação às doenças (correto), em relação à doenças
(errado), pois “à” está no singular e “doenças” no plural. Sempre falo uma
frase para ajudar: “A crase é na moral, singular com singular e plural com
plural”.
Outro problema está justamente na complexidade dos períodos
construídos pela Danielle. Os períodos, em sua maioria, são construídos de
forma simples (na ordem direta) com sujeito, verbo e complementos e sem
muitas inversões sintáticas. Essas questões explicam a nota de 140 pontos.
Uma redação para ser avaliada no nível 3 (120 pontos) deve ter uma estrutura
sintática regular e apenas alguns desvios e no nível 4 (160 pontos), estrutura
sintática boa e poucos desvios. Então, só nessa pequena análise já percebemos
que a Danielle tem uma estrutura sintática regular (pela simplicidade de
construção e pelos equívocos, como o uso da vírgula), e alguns desvios. Então,
caso ela ficasse com a nota de 120 na competência 1 estaria tudo ok. Quanto
aos desvios o Inep afirma o seguinte:

• convenções da escrita: acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de


letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica (translineação);
• gramaticais: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal,
pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase;
• escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é,
ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade;
• escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as
palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e são apropriadas
ao contexto em que aparecem. (A redação no Enem 2020, p. 14)

A competência 2 é relacionada à compreensão da proposta e ao uso de


repertório sociocultural. Referindo-se ao repertório o Inep afirma o seguinte:
“a presença de repertório sociocultural, que se configura como uma
informação, um fato, uma citação ou uma experiência vivida que, de alguma
forma, contribui como argumento para a discussão proposta” (A redação no

56
Enem 2020, p. 18). Ou seja, é trazer algo que contribua para a sua
argumentação. Nessa competência a Danielle ficou com 160, não houve
diferença entre os avaliadores. Aqui, significa que há uma abordagem
completa do tema, que há 3 partes (introdução, desenvolvimento e conclusão)
e nenhuma embrionária e há repertórios. Em uma explicação rápida,
embrionária ocorre quando uma das partes do texto (introdução,
desenvolvimento e conclusão) apresenta marcas de outras tipologias textuais
e não dissertativo-argumentativo. Quanto ao uso produtivo do repertório
observa-se se o participante – aqui no caso a Danielle – não copia muitas
partes do texto motivador e, se não há muitas cópias, verifica-se se esses
repertórios são legítimos (reconhecidos pela academia) e – se legítimos – se
são pertinentes, ou seja, se estão associados ao menos um dos elementos do
tema. Então, caso o repertório seja legítimo e pertinente, verifica-se se ele é
usado de forma produtiva. Produtivo é o uso que o participante faz dessa
citação ou desse dado – se ele ajuda o participante a aprofundar a
argumentação e se está vinculado à hierarquia argumentativa realizada pelo
participante.
Na redação da Danielle, no seu desenvolvimento 1, falta algum
repertório, ou conceito, para deixar as afirmações feitas mais concretas. Ela
inicia com uma afirmação: “Quando se trata de saúde, informações devem ser
espalhadas, mas não é o que acontece na área da saúde mental.”. A Danielle
afirma que, em relação à saúde, as informações devem ser espalhadas, mas
que isso não acontece no Brasil. Em seguida, levando em consideração que
isso seria um tópico do seu D18, ela deveria ter colocado algo
hierarquicamente, de forma argumentativa, que aprofundasse essa questão
da falha em espalhar informações. Entretanto os dois outros períodos: “Os
casos de depressão só crescem no Brasil, levando as pessoas a abandonarem
seus empregos e vidas sociais. Isso se dá por não saberem onde buscar ajuda
ou não saberem a relevância do problema”; afirmam que os casos crescem e
as pessoas, doentes, abandonam os empregos, uma vez que não sabem os
locais de apoio, tampouco a relevância do problema. Fica visível que há uma

8 Desenvolvimento 1.

57
falta de encaixe nas afirmações e algo mais concreto que, inclusive, havia no
texto motivador III da proposta de Redação do Enem 2020. Ela poderia ter
utilizado esses dados e ligado mais essas partes.
Por exemplo, como poderíamos reformular o parágrafo:
“Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas não
é o que acontece na área da saúde mental. Esse fato leva os casos de depressão
a crescem no Brasil, levando as pessoas, inclusive, a abandonarem empregos
e vidas sociais. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
corroboram essa questão, uma vez que tais apontamentos afirmam que a
depressão é a segunda maior causa de afastamento do trabalho e é a
enfermidade mais incapacitante do planeta. Isso se dá, principalmente, pelos
indivíduos atingidos não conhecerem, de fato, locais de apoio e nem a
relevância desse grave problema”.
Perceberam como as partes ficaram mais “ligadas” e o dado, retirado
do texto motivador III, dá mais concretude, transformando esse repertório em
produtivo, o que foi a falha da Danielle.
A competência 3 é o maior problema dos alunos brasileiros. A maioria
perde ponto nesse quesito. A Danielle ficou com 160 nessa competência, isto
é, os dois corretores atribuíram a mesma nota. Resumindo essa competência,
ela está ligada ao projeto de texto. É fazer um rascunho, ter uma tese e
argumentos na introdução que serão defendidos no desenvolvimento e que
haverá uma tentativa de resolução desse problema na intervenção. Segundo
o Inep:

A inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores:


• seleção de argumentos;
• relação de sentido entre as partes do texto;
• progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando
que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são, pouco a
pouco, apresentadas de forma organizada, em uma ordem lógica;
• desenvolvimento dos argumentos, com a explicitação da relevância das
ideias apresentadas para a defesa do ponto de vista definido. (A redação
no Enem 2020, p. 21)9

9BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A


redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020. In:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_

58
Assim, espera-se que esse projeto de texto fique perceptível pela
organização estratégica dos argumentos presentes no texto. O participante
deve verificar se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são
pertinentes para a defesa do ponto de vista. Nesse sentido, o que está na
introdução deve ser aprofundado e deve ficar visível que o participante
“pensou” antes de escrever. Nesse quesito a Danielle tem alguns problemas.
Logo na introdução, um dos argumentos não fica bem claro: o segundo, quando
ela cita somente: “Esse preconceito é gerado pela falta de informação sobre
esse mal, levando cada vez mais pessoas a terem suas vidas afetadas e
busquem uma realidade perfeita, a qual não existe.”. No seu D210, a Danielle
vai abordar as redes sócias que dão uma impressão de vida perfeita. No
entanto, no período subsequente, ela fica “andando em círculos”, visto que
repete novamente que as mídias (que ela não define quais são) estão lotadas
de perfeição e, em seguida, afirma que as mulheres são as que mais desejam
essa perfeição, não obstante somente no final do parágrafo há um dado de que
as mulheres são as mais afetadas por esse problema, todavia não há a fonte
desse dado, o que deixa claro que a Danielle não teve uma boa estratégia e
isso fica visível pelo desenvolvimento da linha argumentativa da redação.
A competência 4 avalia o conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação. Nesse quesito a Danielle
obteve a nota de 140 pontos, o que, como afirmamos anteriormente, significa
que um dos avaliadores atribuiu 120 pontos e o outro 160.
Essa competência exige que o participante utilize pelo menos 2
operadores argumentativos no início dos parágrafos – e a Danielle faz isso.
Inicia o D2 com “Além disso” e a conclusão com “Dessa forma” e até aí tudo
bem. Não obstante, além disso, a competência 4 exige que as frases e os
parágrafos tenham uma relação entre si, uma sequenciação, tenham
coerência e coesão. Segundo o Inep:

basica/a_redacao_do_enem_2020_-_cartilha_do_participante.pdf. Acesso em 28 de Jul de


2021.
10 Desenvolvimento 2.

59
Essa articulação é feita mobilizando-se recursos coesivos, em especial
operadores argumentativos, que são os principais termos responsáveis
pelas relações semânticas construídas ao longo do texto dissertativo-
argumentativo, por exemplo, relações de igualdade, de adversidade, de
causa-consequência, de conclusão etc. Certas preposições, conjunções,
alguns advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do
texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e
parágrafos, além de pronomes e expressões referenciais, conforme
explicaremos adiante, no item “referenciação”. Cada parágrafo será
composto por um ou mais períodos também articulados; cada ideia nova
precisa estabelecer relação com as anteriores. (A redação no Enem 2020,
p. 23)11

Na redação da Danielle há alguns problemas. Vamos analisar o D1:


“Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas não é o
que acontece na área da saúde mental. Os casos de depressão só crescem no
Brasil”. Perceberam como o segundo período está desconectado, parece que foi
colocado e não tem ligação nenhuma com o tópico do parágrafo. A Danielle
inicia com “Os casos de depressão só crescem no brasil...” não deixando clara
uma ligação com o período anterior. Ademais, há a repetição da conjunção
“mas” em vários momentos da redação, assim como de outros termos. A
redação não deixa explícita uma relação coesiva.
A competência 5 avalia a formulação da intervenção. A intervenção é
quando o participante elabora uma proposta de resolução ao problema
apresentado na redação. A elaboração da proposta de intervenção exige 5
elementos. 1 = O que deve ser feito? 2 = Quem vai fazer? 3 = Como vai ser
feito? 4 = Qual a finalidade? 5 = Detalhamento de um dos 4 elementos
anteriores. Nessa competência, a redação da Danielle obteve 180 pontos, o
que significa que um dos avaliadores atribuiu 200 pontos e o outro 160. Então,
vamos analisar a intervenção da redação da Danielle. A Danielle afirma que
devem ser apresentadas mais informações por campanhas realizadas pelo
Ministério da Saúde. Aqui, já há 1 = O que fazer (apresentar mais
informações); 2 = Quem vai fazer (O Ministério da Saúde) e 3 = Como (Através
de campanhas em escolas). Há uma finalidade 4 “para que desde cedo

11BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


A redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020. In:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_
basica/a_redacao_do_enem_2020_-_cartilha_do_participante.pdf. Acesso em 28 de Jul de
2021.

60
adquiram conhecimento sobre o assunto” e há um detalhamento 5 (seriam
levadas palestras sobre o tema aos jovens). E a Danielle termina como uma
“frase de bolo”, o final feliz: “Assim, busca-se acabar com o preconceito
relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.”. Aqui, há outro deslize,
entretanto, relacionado à competência 1. No trecho: “relacionado à saúde
mental” há uma crase que está faltando. Voltando à análise da competência
5, nesse quesito, um dos corretores foi um pouco rígido demais, uma vez que
há os 5 elementos, considerando que não há um detalhamento bom ou ruim,
ou há ou não há detalhamento, talvez a própria construção sintática pode ter
atrapalhado a fluidez da leitura do avaliador, o que prejudicou a nota
relacionada à competência 5 da redação da Danielle.

Danielle de Lima Lindner – @daniellellin – Panambi, RS – Nota 780


C1=140 C2=160 C3=160 C4=140 C5=180

A série “13 reasons why”, conta a história de uma jovem que sofria de
depressão mas não era levada a sério por seus amigos, por esse motivo, ela é
levada ao suicídio. Não distante da ficção, na atual sociedade brasileira, casos
como esse são recorrentes devido ao grande preconceito em relação á doenças
mentais. Esse preconceito é gerado pela falta de informação sobre esse mal,
levando cada vez mais pessoas a terem suas vidas afetadas e busquem uma
realidade perfeita, a qual não existe.
Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas
não é o que acontece na área da saúde mental. Os casos de depressão só
crescem no Brasil, levando as pessoas a abandonarem seus empregos e vidas
sociais. Isso se dá por não saberem onde buscar ajuda ou não saberem a
relevância do problema.
Além disso, os indivíduos também são levados a buscar uma vida
perfeita, a qual é apresentada de diversas formas nas redes sociais. As mídias
estão lotadas de vidas e corpos perfeitos, os quais não são reais, mas ainda
assim extremamente desejados, principalmente pelas mulheres. Por esse
motivo, em oito pessoas afetadas pela depressão, cinco, são mulheres.

61
Dessa forma, devem ser apresentadas mais informações sobre essas
doenças. Através de campanhas realizadas pelo Ministério da saúde, em
escolas, seriam levadas palestras sobre o tema aos jovens, para que desde cedo
adquiram conhecimento sobre o assunto. Assim, busca-se acabar com o
preconceito relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.

Redação 2

A segunda redação analisada vai ser da Bruna, da cidade de Venâncio


Aires, RS, que obteve a note de 980. A Bruna gabaritou todas as competências,
apenas teve um desconto na competência 3, em que um dos avaliadores
atribuiu a nota 200 e o outro atribuiu 160. Essas redações, na linguagem dos
alunos, ganham o título de 1000 indireto, uma vez que para um dos
avaliadores essa redação foi nota 1000.
Então, vamos analisar alguns aspectos da redação da Bruna! A
competência 1 está muito boa, embora notamos alguns problemas. Logo na
introdução, há um problema relacionado ao uso da vírgula. No trecho: “Essa
teoria, apesar de já contrariada permanece no pensamento social, já que os
estigmas associados às doenças mentais estão presentes na atualidade”,
percebemos que a participante – talvez por desatenção – esqueceu uma
vírgula. Ela intercala algo no período, perceba; “Essa teoria, apesar de já
contrariada, permanece no pensamento social...”, pois “Essa teoria” é o sujeito
do verbo “permanece”, portanto deveria haver outra vírgula depois de
“contrariada”. No entanto, são pouquíssimos desvios e há uma complexidade
na construção dos períodos, por isso, ela demonstra um excelente domínio da
modalidade formal da Língua Portuguesa.
Em relação à competência 2, o texto está bem estruturado, com
introdução em que é apresentado o tema, a tese e os argumentos que serão
aprofundados no desenvolvimento. Os desenvolvimentos trazem bons
repertórios e justificativas. Perceba como ela utilizou no D1 um filósofo:
“Primeiramente, os cidadãos não possuem conhecimentos consolidados sobre
as doenças mentais. Consoante ao filósofo Platão, muita informação não

62
significa muito conhecimento. Diante disso, infere-se que apesar de possuírem
informações em todo lugar e a qualquer momento, os indivíduos não
consolidam o conhecimento pois não pensam sobre ela de forma crítica”. A
Bruna cita o filósofo Platão, e logo em seguida liga o próximo período com o
elemento coesivo “Diante disso” e continua desenvolvendo que apesar de
muitas informações (que era seu argumento 1, lá na introdução) elas não são
traduzidas em informações em pensamento crítico, ou seja, seu repertório é
legítimo, pertinente e produtivo.
A competência 3 foi a que gerou desconto na nota da Bruna. Acredito
que o D2 tenha sido o grande problema da redação da Bruna para os
avaliadores. Vamos analisá-lo: “Além disso, a internet corrobora com a
estigmatização daqueles mentalmente doentes. Segundo o sociólogo Han em
sua obra “Sociedade do Cansaço”, as redes sociais prezam pelo
compartilhamento de uma vida “perfeita”, dispensando demais sentimentos e
ações humanas consideradas negativas. Com isso, os indivíduos
estigmatizados não sentem-se parte da comunidade, fazendo inclusive
desencadear outros problemas mentais. Consequentemente, as pessoas
mentalmente saudáveis não entendem a realidade dos demais, pois essa não
é habitualmente mostrada no ambiente virtual”.
A Bruna na sua introdução afirma – no seu argumento 2 – que vai
discutir sobre o papel da internet. No tópico do seu D2 ela coloca que a
internet corrobora com a estigmatização dos que sofrem com doenças mentais.
Como repertório, no segundo período do D2, a Bruna cita o filósofo Chul Han
e sua obra “Sociedade do cansaço”, para corroborar com seu argumento de que
as redes sociais compartilham uma vida perfeita e somente valorizam a
perfeição. No seu terceiro período ela afirma que os indivíduos estigmatizados
não se sentem parte da comunidade, no entanto ela não explica quem são
esses estigmatizados. Logo depois, ela afirma que isso faz com que esses
indivíduos desencadeiem outros problemas mentais, não obstante ela ainda
não abordou nenhum problema nesse parágrafo. E, então, ela conclui o seu
parágrafo afirmando que as pessoas saudáveis mentalmente não entendem a
realidade dos que têm algum problema de saúde mental, pois essa realidade

63
não é mostrada nas redes. Esse último período destoa um pouco do restante,
parece estar mais ligado ao D1, no qual a Bruna discute a falta de informação.
Todavia, a proposta da Bruna na introdução era aprofundar o papel da
internet e não é isso que ela desenvolve exatamente.
Quanto à coesão, avaliada na competência 4, observa-se, nessa redação,
um repertório diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há
articulação tanto entre os parágrafos (“Primeiramente”, “Além disso”) quanto
entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo (como “Essa teoria”, “já que” e
“Dessa forma”, no 1º parágrafo; “Consoante”, “Diante disso” e “tais doenças”,
no 2º parágrafo; “Com isso” e “pois”, no 3º parágrafo; e “Para isso” e “Dessa
maneira”, no 4º parágrafo).
Por fim, a participante elabora proposta de intervenção muito boa:
concreta, detalhada, articulada à discussão desenvolvida no texto e que
respeita os direitos humanos. A Bruna gabarita a competência 5 também,
uma vez que reforça o papel do Ministério da Saúde em divulgar nas diversas
mídias informações sobre as doenças mentais. Além disso, sugere que as redes
sociais conscientizem os usuários sobre o mundo “real” e “virtual”.

Bruna Eduarda Hochscheidt – @bruna_uiri – Venâncio Aires, RS –


Nota 980
C1=200 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200

A série “O Alienista” retrata o pensamento antigo de que os indivíduos


com algum transtorno mental estavam alienados da realidade, sendo uma
condição irreparável. Essa teoria, apesar de já contrariada permanece no
pensamento social, já que os estigmas associados às doenças mentais estão
presentes na atualidade. Dessa forma, faz-se necessário discutir sobre o
desconhecimento e o papel da internet, intensificadores da problemática no
país.
Primeiramente, os cidadãos não possuem conhecimentos consolidados
sobre as doenças mentais. Consoante ao filósofo Platão, muita informação não
significa muito conhecimento. Diante disso, infere-se que apesar de possuírem

64
informações em todo lugar e a qualquer momento, os indivíduos não
consolidam o conhecimento pois não pensam sobre ela de forma crítica. Por
esse motivo, pessoas, por ignorância, desacreditam de tais doenças, ou, ainda,
praticam bulliyng com os doentes, reforçando o estigma.
Além disso, a internet corrobora com a estigmatização daqueles
mentalmente doentes. Segundo o sociólogo Han em sua obra “Sociedade do
Cansaço”, as redes sociais prezam pelo compartilhamento de uma vida
“perfeita”, dispensando demais sentimentos e ações humanas consideradas
negativas. Com isso, os indivíduos estigmatizados não sentem-se parte da
comunidade, fazendo inclusive desencadear outros problemas mentais.
Consequentemente, as pessoas mentalmente saudáveis não entendem a
realidade dos demais, pois essa não é habitualmente mostrada no ambiente
virtual.
Portanto, para que os indivíduos com doenças mentais sejam menos
estigmatizados, ações precisam ser tomadas. Para isso, é necessário que o
Governo, especialmente o Ministério da Saúde, leve informações referentes às
doenças mentais à população, por meio de vídeos provocativos, que serão
divulgados na TV e nas redes sociais, para que os cidadãos adquiram o
conhecimento necessário. Além disso, cabe aos usuários das redes sociais,
principalmente o Instagram – por ser uma das mais utilizadas pelo público
em questão – conscientizarem-se sobre as consequências de suas ações, a
partir a sinceridade ao mostrar a realidade de seu dia-a-dia, visando acabar
com a sonhada vida “perfeita”. Dessa maneira, os mentalmente doentes se
sentirão parte da comunidade e não serão mais taxados de forma injusta como
debilitados.

Redação 3

A terceira redação avaliada será a da Eduarda, da cidade de Santa


Cruz do Sul, que obteve a nota de 940. Na competência 1 a redação da
Eduarda ficou com 160, isto é, os 2 avaliadores chegaram ao mesmo veredito.
Então, vamos avaliar quais os deslizes cometidos pela Eduarda.

65
No seu D1, temos um problema quanto à regência. Vamos analisar o
trecho: “Tal tratamento errôneo corrobora, cada vez mais, a desunião social,
...”. Nesse trecho o verbo “corrobora” pede em sua regência uma preposição o
“com”, ou seja, “Tal tratamento errôneo corrobora, cada vez mais, com a
desunião social”, uma vez que quem corrobora, corrobora com alguma coisa.
Ainda no seu D1, há outro problema relacionado à concordância
nominal. No trecho: “Nessa lógica, pessoas com transtornos mentais, por não
corresponderem ao estereótipo desejado, ou seja, de um indivíduo saudável,
foram designados como...” – o sujeito é “pessoas com transtornos mentais” e o
predicado “foram designados”, essa concordância deveria ser “pessoas com
transtornos mentais foram designadas”, pois pessoas está no feminino. No
mesmo parágrafo, no D1, há outro problema relacionado ao uso da vírgula.
No último período: “Dessa forma, é indubitável que enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia” – deveria haver uma
vírgula antes da conjunção temporal “enquanto”, visto que há uma oração
subordinada adverbial temporal intercalada. Então, o período estaria correto
dessa maneira: “Dessa forma, é indubitável que, enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia”.
Na conclusão da redação da Eduarda há um deslize relacionado à
acentuação na palavra “psiquiátra”, já que “psiquiatra” não leva acento, pois
é uma paroxítona terminada em “a”. Dessa forma, percebemos, nessa pequena
análise, sem ser exaustiva, como afirmamos no início, que a Eduarda tem
pequenos problemas relacionados à norma culta: os desvios. E a sua
construção sintática está boa, há uma fluidez do texto, não obstante a maioria
dos períodos, embora tenhamos intercalações, é construída de forma direta,
simples.
Já na competência 3, a Eduarda obteve a nota de 180 pontos, o que
significa que um dos avaliadores atribuiu a nota 160 e o outro 200. Então,
vamos analisar o que pode ter gerado esse desconto por um dos corretores. Na
introdução a Eduarda apresenta dois argumentos que serão desenvolvidos. O
argumento 1 é o preconceito destinado à população com transtornos mentais
e o argumento 2 o precário atendimento.

66
No seu D1, o qual deveria aprofundar a discussão relacionada ao
preconceito, talvez, tenha “fugido” um pouco desse debate. No tópico desse
parágrafo a Eduarda afirma que há um tratamento preconceituoso, o qual
revela o estigma a essa minoria. Em um segundo período traz a discussão de
Émille Durkheim, a coesão social, afirmando, logo em seguida, que indivíduos
fora do padrão, os doentes mentais, são excluídos e não têm tratamento digno
e, portanto, são “escanteados”. Aqui, há um problema de entendimento acerca
de um conceito, dado que o D1 aborda muito mais a questão da exclusão e
pouco sobre o preconceito ou estigmas ligados a essa população que possui
transtorno mentais. Situação essa que justifica a nota de 160 pontos de 1 dos
avaliadores.
A competência 2 está muito boa. A Eduarda apresenta introdução em
que inicia a discussão do tema, desenvolvimento com justificativas e uma
conclusão que termina a discussão e dá uma possível solução ao problema,
demonstrando excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.
Ademais, o tema é apresentado de forma completa. A Eduarda, na sua
redação, usa de forma produtiva o repertório sociocultural, legítimo e
pertinente ao tema também. Na introdução utiliza a obra “Triste fim de
Policarpo Quaresma”, escrita por Lima Barreto, a fim de contextualizar o
assunto e no D1 utiliza um conceito do filósofo Émille Durkheim e no D2
utiliza dados da OMS, os quais estavam em um dos textos motivadores da
proposta de redação, mostrando o grande número de pessoas afetadas por
doenças mentais e, mesmo com esse alto número, o descaso do governo.
Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório
diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto
entre os parágrafos (“Primeiramente”, “Ademais”, “Portanto”) quanto entre
as ideias dentro de um mesmo parágrafo (como “posto que” e “Tal designação”,
no 1º parágrafo; “Nessa lógica” e “Acerca disso”, no 2º parágrafo; “Entretanto”
e “Desse modo”, no 3º parágrafo; e “Além disso” e “a fim de”, no 4º parágrafo).
Enfim, a Eduarda elabora a proposta de intervenção muito concreta,
detalhada e relacionada à discussão realizada na sua redação

67
Eduarda Tessele Tomm – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
No livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, escrito por Lima Barreto,
é narrada a história de um patriota que, devido às suas atitudes extremistas,
foi internado em um manicômio. Durante a narrativa, é exposto o drama dos
indivíduos portadores de transtornos mentais, que são destratados pelos
demais. Infelizmente, a realidade prova-se semelhante à ficção, posto que
permanece o estigma associado às doenças mentais no Brasil. Tal designação
pejorativa é notória tanto pelo preconceito destinado à população que possui
transtornos mentais quanto pelo precário atendimento que ela recebe.
Primeiramente, o tratamento preconceituoso destinado à parcela
populacional detentora de doenças mentais revela o estigma que foi associado
a essa minoria. Acerca disso, é pertinente a noção de coesão social, proposta
pelo filósofo Émille Durkheim. De acordo com seu pensamento, os indivíduos
fora do padrão dominante são excluídos do coletivo. Nessa lógica, pessoas com
transtornos mentais, por não corresponderem ao estereótipo desejado, ou seja,
de um indivíduo saudável, foram designados como inferiores e, por
consequência, escanteadas da comunidade. Tal tratamento errôneo corrobora,
cada vez mais, a desunião social, por negar o tratamento digno e a inclusão a
esses cidadãos. Dessa forma, é indubitável que enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia.
Ademais, o atendimento precário destinado às pessoas que sofrem com
alguma doença psiquiátrica demonstra o estigma associado a elas. Acerca
disso, a OMS divulgou o dado de que quase doze milhões de brasileiros
possuem depressão, essa conclusão deveria ser motivo de alarde
governamental. Entretanto, ao observar a precariedade dos hospitais e o
carente atendimento psiquiátrico destinado aos indivíduos que possuem
transtornos mentais, é perceptível a negligência governamental, posto que
não são tomadas medidas para reverter esse cenário. Desse modo, é
indiscutível que o tratamento desinteressado, por parte do Estado, em relação
à população detentora de doenças mentais revela a presença de um estigma,

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que desconsidera esses cidadãos como participantes ativos da sociedade, e,
por conseguinte, nega a eles seu direito de assistência hospitalar devida.
Portanto, as escolas – instituições formadoras de opiniões – devem, por
meio de palestras e debates, educar os estudantes em relação ao estigma que
possuem associado às doenças mentais e auxiliá-los a desconstruir essa ideia,
a fim de possibilitar a inclusão dos indivíduos com doenças psiquiátricas na
sociedade, visto que, por conta do preconceito coletivo, eles tendem a ser
excluídos. Além disso, o governo, sob figura do ministério da saúde, deve
reformar os hospitais e contratar profissionais psiquiátras, com a finalidade
de atender devidamente os cidadãos portadores de transtornos mentais.

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Bônus

É repertório que vocês querem? Então, aí está!!

Aqui, vou disponibilizar a todos vocês repertórios e algumas


partes que vocês podem usar, reformular, criticar, enfim, é uma
forma de mostrar maneiras de usar vários repertórios na redação.

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Introduções baseadas em obras

Introdução baseada no romance “O amor nos tempos do cólera” de Gabriel


García Márquez

O romance do escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez


(Prêmio Nobel de literatura), O Amor nos Tempos do Cólera, desenrola-se no
período de transição do século XIX para o século XX.
O enredo relata a história de Fermina Daza, filha do comerciante
Lorenzo Daza, que vive um romance com Fiorentino Ariza. Ao descobrir os
vestígios desse amor, o pai de Fermina decide separar de vez o casal de
adolescentes fazendo com que sua filha se case com o doutor Juvenal Urbino,
médico respeitado e bastante admirado na região por ser uma das únicas
autoridades locais empenhadas na luta contra a proliferação da cólera, em
epidemia na época, que acaba quase dizimando toda a cidade.
Com o coração em ruínas, o apaixonado Fiorentino teve de tocar sua
vida, mas sem nunca deixar de alimentar o amor não correspondido, de certa
forma, que sentia por Fermina Daza. A partir dali e pelos próximos cinquenta
e um anos, todos os seus esforços seriam a fim de reconquistá-la, até
conseguir, finalmente, viver ao lado do seu grande amor.

Introdução 1
Introdução baseada no tema: “O combate às doenças epidêmicas no
Brasil”
Na obra “Amor nos tempos do cólera”, romance do escritor colombiano
Gabriel García Márquez, além da paixão interrompida entre os personagens
principais, é retratada a destruição de uma cidade a qual sofre com a
proliferação de cólera. Embora seja uma obra ficcional, o romance apresenta
– de forma verossímil – o que uma epidemia é capaz de causar,
principalmente, quando fora de controle. Metáforas à parte, tal situação se
assemelha ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na história do livro,
com estratégias de combate ineficientes, doenças epidêmicas – como a dengue
– alastram-se por todo território, o que afeta a sociedade não só em questões

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relacionadas à qualidade de vida, mas também ao alto gasto de dinheiro
público para o tratamento dessas enfermidades.

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Introdução baseada no livro de contos “Dançar tango em Porto Alegre” de
Sergio Faraco

Pois, bem. O livro abordado é um dos meus de cabeceira. A primeira


vez que li, quase tive um surto de psicose – exagero meu – mas tem contos
dessa coletânea que me deixaram sem fôlego.
A obra é de um escritor gaúcho Sergio Faraco e se intitula Dançar
Tango em Porto Alegre, 1998. Dançar Tango em Porto Alegre tem em seu
interior 18 contos divididos e 3 partes temáticas. A primeira trará contos
relacionados à fronteira do Rio Grande do Sul, local de nascimento do autor.
Na segunda, os enredos girarão em torno da adolescência. E na terceira, e
última parte, o autor trará, principalmente, contos urbanos.
Nos contos regionais, relacionados à fronteira do estado, a temática
principal vai ser a honra, a família e as tradições do homem do campo, além
dos atravessadores, que contrabandeavam produtos da Argentina – país
vizinho – através da fronteira molhada (Rio Uruguai). Na segunda parte,
aparecerão meninos tristes pela falta de amor paterno, alguns descobrindo a
sexualidade (mas tudo de forma metafórica) e outros tomando conhecimento
da vida na cidade. Na última parte, o autor nos surpreende com personagens
solitários, no limiar entre o ser ou não ser, fazer ou não fazer, geralmente
apáticos, adultos residentes na cidade com dificuldades de adaptação ao
espaço urbano, solidão e desemprego. Ademais, podemos ver relações
efêmeras, crises existências. Todos os contos exigem uma leitura muito
atenta, uma vez que pequenos detalhes fazem toda diferença. Aqui, parece
haver uma crítica a essa tradição gaúcha. Esse homem chora, sente-se mal,
tem dúvidas é piedoso, enfim, aborda-se o humano, que mesmo sendo gaúcho
é, antes de tudo, humano.
Um dos melhores contos que já li na minha vida está nesse livro, mais
exatamente na primeira parte e tem como título “Guapear com Frangos”.
Guapear, nesse contexto, tem o sentido de brigar, pelear e os frangos, na
verdade, são corvos esperando o prato do dia. Já o reli mais de 10 vezes e
nunca me canso. Não vou dar mais detalhes, nem em relação ao conto, nem
ao livro para não ser estraga prazeres; Beleza? Aconselho muito a leitura,

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pois nessa obra encontrarão argumentos para várias das angústias e dúvidas
humanas.

Introdução 2
Introdução baseada no tema: “O consumo exagerado de álcool no
Brasil”
Em um dos contos da obra “Dançar tango em Porto Alegre”, do escritor
gaúcho Sérgio Faraco, intitulado “Dois Guaxos”, o narrador retrata a história
de Maninho e sua irmã Ana. No enredo, o pai dos personagens – com
problemas de alcoolismo – aposta a própria filha em um jogo de cartas, um
dos motivos que fazem Maninho ir embora de sua casa. Não distante da ficção,
é possível perceber que no Brasil o problema do consumo exagerado de álcool
– o que gera dependência – também destrói muitas famílias e aniquila vidas.
Diante disso, é imprescindível discutir as causa e consequências desse grave
problema social, assim como alternativas que inibam o consumo excessivo de
bebidas alcoólicas em terras tupiniquins.

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Introdução baseada na obra “O povo brasileiro – a formação e o sentido do
Brasil” de Darcy Ribeiro

Darcy Ribeiro (1922-1997), antropólogo, é autor de uma das obras mais


importantes para se compreender a formação étnica e cultural do povo
brasileiro: O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil, editado em
1995.
Fruto de mais de 30 anos de pesquisa e escrita, a obra ficou pronta na
década de 90 e, além de abordar, aprofunda a formação étnica, social e
econômica da sociedade brasileira. Há três matrizes básicas para a formação
do povo brasileiro consoante Ribeiro: a indígena (primeiros habitantes do
brasil), a europeia (com os colonizadores) e a negra (com a escravidão). Na
obra, Ribeiro quis responder às perguntas: “quem somos nós brasileiros?” e
“por que o Brasil não deu certo?”. Para Ribeiro o Brasil teve uma violenta
mistura de raças e a histórica e alarmante diferença social é um trabalho
imposto pela relação das várias etnias que constituíram nosso país. Além
disso, Darcy Ribeiro tem várias frases geniais que, ademais de fazer refletir
imensamente, podem ser citadas em redações como:
“Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de
quem me venceu. ” E "A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um
projeto."

Introdução 3
Introdução baseada no tema: “Os desafios relacionados ao acesso à
educação de qualidade no Brasil”
A obra “O povo brasileiro” do antropólogo Darcy Ribeiro – a qual trata
das matrizes culturais e mecanismos de formação étnica e cultural da
sociedade tupiniquim – tem como norte uma pergunta: “Por que o Brasil não
deu certo?”. Dentre algumas respostas possíveis, destaca-se a concentração de
riquezas nas mãos de poucos. Embora a obra tenha sido terminada na década
de 90, o questionamento feito por Ribeiro ainda parece distante de uma
resolução. Tal fato é evidenciado na questão referente ao acesso à educação
de qualidade, tendo em vista que, apesar de constar esse direito na

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constituição, a ineficiência do Estado, associada ao sucateamento do ensino
público, faz com que essas lacunas socioeconômicas se alarguem ainda mais.

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Introdução baseada na crônica publicada em 1983 por Isaac Asimov

Em 31 de dezembro de 1983, o escritor de ficção científica Isaac Asimov


fez mais do que apenas resoluções de Ano Novo.
Em 31 de dezembro de 1983, Asimov, escritor norte americano,
publicou um texto no jornal The Star of Canada, no qual fez previsões sobre
como seria o mundo em 35 anos, ou seja, em 2019. Asimov (1920-1992)
escolheu esse ano inspirado no escritor George Orwell, que publicou, em 1949,
seu famoso romance 1984. Em seu livro, Orwell imaginou como seria o mundo
35 anos depois. O texto de Asimov faz previsões em três áreas: guerra nuclear,
informatização e exploração espacial, dentre muitos outros temas. Asimov
começa dizendo ter receio de um possível confronto entre a então União
Soviética e os Estados Unidos, mas pressupõe que não haveria, em 2019, uma
guerra nuclear entre as duas potências - mesmo reconhecendo que isso "não é
necessariamente uma suposição segura".

Introdução 4
Introdução baseada no tema: “Os impactos da revolução tecnológica no
mercado de trabalho brasileiro”
Em dezembro de 1983, o escritor de ficção científica Isaac Asimov
redatou uma crônica – inspirado em George Orwell que publicou em 1949 seu
famoso romance “1984” – em que fazia algumas previsões de como estaria a
humanidade em 35 anos, ou seja, em 2019. Em um de seus apontamentos,
afirmou que uma das evoluções seria no mundo do trabalho, quando robôs
substituiriam a mão de obra humana. Embora seja uma obra de ficção, e
muitas previsões de Asimov tenham dado errado, os impactos da revolução
tecnológica no mercado de trabalho Brasileiro são visíveis e devastadores.
Nesse sentido, torna-se pertinente analisar as causas e consequências dessa
mazela, assim com soluções, a fim de coibi-las.

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Introdução baseada no romance “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar

Lavoura Arcaica, obra de Raduan Nassar, traz uma narrativa pesada,


cheia de confusões; protestos. O personagem André se vê diferente de todos e
cheio de pressões resolve fugir de casa.
A obra se constitui numa trama de costumes de uma família e na fuga
de André, um adolescente que sempre fora criado na fazenda sob um duro
modelo educativo passado por seu pai, o chefe do modelo familiar. Tal fuga de
casa pode ser entendida pelo grande amor que André sentia por Ana, sua
própria irmã. Paixão esta que nunca poderia ser compreendida.
A reação de Pedro, seu irmão mais velho, foi a de ir até a pensão em
que André estava e tentar trazê-lo de volta para sua casa na fazenda, pois sua
mãe o esperava com ansiedade, sofria bastante com o filho longe. Suas irmãs
apenas rezavam para sua volta, cumpriam as ordens do pai e da mãe, e esta
última apenas cumpria com suas funções de dona de casa.
André acaba voltando para casa, mas suas ideias não batiam com as
dos pais que não entendiam o que se passava com o filho. E ele não aceitava
a situação de amar a irmã e nada poder fazer.
No dia seguinte à chegada de André, foi preparada uma festa por seu
pai. E assim como iniciou a obra, sua irmã Ana dança sensualmente para ele.
Foi nesta festa que o pai percebeu o que realmente se passava com os irmãos.
Desesperado o pai sofre um ataque de tristeza e fúria e acaba decapitando a
própria filha.

Introdução 5
Introdução baseada no tema: “As novas constituições familiares e as
transformações na sociedade brasileira”
Na obra “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar – escritor
contemporâneo brasileiro – o personagem André, o protagonista, é a
constituição imprecisa do ser humano. Apaixonado incestuosamente pela
irmã Ana, demonstra que na família mais tradicional também há
contradições. Contemporaneamente, de forma análoga ao premiado romance,

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evidenciando essas imperfeitas transgressões, as novas constituições
familiares representam um avanço, não como reflexo da eterna sociedade
conservadora brasileira, mas sim como forma de rompimento de padrões
retrógrados e desumanos.

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Introdução baseada no Romance “Quarenta dias” de Maria Valéria Rezende

A obra “Quarenta dias”, de Maria Valéria Rezende, retrata a história


de Alice. Alice, personagem principal do romance, é uma professora
aposentada que sai da Paraíba e se muda para o Rio Grande do Sul por
pressão da filha.
O tom confessional da narrativa é propício para o sentimento de
empatia. Em um caderno velho, com a Barbie na capa, Alice despeja suas
memórias, especialmente as mais recentes, desde a mudança a contragosto
para o Sul.
Alice criou a filha sozinha depois que o marido desapareceu – ao que
tudo indica no romance – vítima da violência da ditadura. Não foram poucos
os sacrifícios da mãe, não obstante o maior deles ainda estava por vir.
Norinha, sua filha, casou-se com um gaúcho e se fixou em Porto Alegre.
Quando decide engravidar, não o faz sem antes comunicar Alice e propor,
quase que exigindo, que a mãe se mude para o Sul para ajudá-la com a criação
do neto.
Em um primeiro momento, a professora nega veementemente a
proposta. Mesmo que a filha não enxergasse nenhum valor na rotina da mãe
e se achasse no direito de dar novos sentidos a sua existência, Alice sabia que
seu lugar era na Paraíba e que sua vida não havia acabado simplesmente
porque ela estava aposentada e vivendo sozinha.
Depois de muita chantagem emocional e joguinhos psicológicos, a mãe
aceita abdicar de sua independência e se submeter aos caprichos da filha. As
metáforas a partir do descaso com os pertences de Alice durante a mudança
expressam perfeitamente a perda gradual da identidade da personagem. Na
nova casa, o estranhamento só aumenta. Como era de se esperar, o repentino
cuidado exagerado da filha dura pouco e não demora muito para que Alice
passe os dias sem receber uma visita. Norinha tinha seus assuntos e uma vida
para gerenciar, ao contrário da mãe cuja única perspectiva, supunha a filha,
era a espera tranquila pelo fim da vida.

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Alice soma, aos desgostos diários do “exílio”, o arrependimento por ter
se colocado naquela situação e explode quando a filha toma mais uma decisão
egoísta e incoerente. Começa, então, a saga dos “Quarenta dias” que dá título
ao romance e que é o tema predominante no diário improvisado da
personagem Alice.

Introdução 6
Introdução baseada no tema: “Os desafios de envelhecer no Brasil”
Na obra “Quarenta dias”, escrita por Maria Valéria Rezende, há um
enredo extremamente rico, em que a personagem Alice, por ser idosa, sofre as
consequências inerentes a essa fase. Fase essa quando, na maioria das vezes,
esse público perde a dignidade e a capacidade de escolha, por exemplo, dentre
outros problemas e abusos. Tal enredo, além de expor um grave entrave – de
forma metafórica – recorrente da população anciã, revela também os grandes
desafios os quais enfrentam os idosos na sociedade brasileira. Nesse sentido,
torna-se visível que tanto o preconceito relacionado a esse público quanto a
falta de políticas públicas de amparo são óbices que agravam ainda mais essa
mazela.

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Texto completo baseado na obra “Apocalípticos e integrados” de Umberto Eco

Apocalípticos e Integrados foram conceitos genéricos e polêmicos criados


por Umberto Eco no início da década de 1970, os quais marcaram as discussões
sobre a indústria cultural e a cultura de massa.
De um lado, o grupo (integrados) que via nas tecnologias uma perspectiva
de melhoria social, com a renovação da cultura e de suas práticas. No extremo
oposto, (apocalípticos) aqueles que viam na tecnologia um instrumento de
manipulação e autoritarismo, vinculando-a ao domínio de algumas poucas
empresas, detentoras majoritárias das informações existentes no mundo. Esse
domínio resultaria em uma situação crítica da sociedade, a qual seria incapaz de
rever seus valores e retomar seu movimento natural libertário.
Umberto Eco apontava erros dos dois lados. Eco finalizou sua análise com
sugestões de estudos, como a evolução das mídias, seu impacto e influência e, por
fim, como os valores sociais são afetados, alterados ou criados por força da mídia
de massa.
Enfim, essa obra é uma leitura obrigatória para quem quer estudar e
entender a questão da cultura de massa na era tecnológica. Um livro que é um
verdadeiro marco no fenômeno em tela, tornando-se o seu título uma chave de
uso corrente na definição dos dilemas desta nova cultura.

Tema: Os impactos dos influenciadores digitais na formação dos jovens


Na obra “Apocalípticos e integrados”, do filósofo italiano Umberco Eco,
há uma abordagem acerca daqueles que rechaçam as redes sociais (os
apocalípticos) e daqueles que acreditam haver nelas aspectos positivos (os
integrados). Na sociedade contemporânea – diferentemente da realidade dos
apocalípticos – não há mais como negar o impacto gerado pela mídia de massa,
e dos influenciadores digitais, na formação, principalmente, dos jovens
brasileiros, o que, de certa forma, altera cânones tanto em aspectos
educacionais quanto em aspectos relacionados ao consumo.
Em primeiro lugar, torna-se importante destacar as mudanças
ocorridas na forma de aprendizagem do público jovem. Tal cenário corrobora
a ideia da pensadora Vera Maria Candau, a qual afirma que o sistema

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educacional está no século XXI, mas preso ao século XIX e não oferece
propostas significativas para os discentes hodiernos. Nesse sentido, observa-
se uma insuficiência de conteúdos relacionados à aproximação do indivíduo
com a formação prática e métodos mais inovadores, fruto de uma educação
tecnicista e pouco voltada à realidade da maioria dos alunos. Dessa forma,
com aulas, muitas vezes, focadas na memorização teórica, o sistema
educacional vigente pouco estimula o estudante a interagir e a aprofundar os
conteúdos, o que faz ele buscar essa inovação nas redes sociais – seguindo as
orientações dos influenciadores digitais, das diversas plataformas, o que
constitui um entrave, uma vez que isso impacta, muitas vezes, diretamente
na sua formação como cidadão.
Além disso, outro ponto relevante é a forte interferência dos
influenciadores digitais na maneira de consumir da sociedade
contemporânea. Corroborando esse fato, segundo pesquisa realizada pela
Youpix – empresa do mercado de criadores de conteúdo – quase 70% dos
jovens já utilizaram influenciadores para conhecer melhor algum produto ou
marca. Isso deixa explícito que os influenciadores das redes têm um impacto
direto nas decisões de grande parte da população, sobretudo no público até 40
anos de idade. Logo, tal questão necessita mais atenção em espacial dos
órgãos governamentais.
Portanto, são imprescindíveis medidas para resolver tais demandas.
Para tanto, é necessário que o Ministério da Educação, em parcerias com as
Secretarias Estaduais e Municipais, realize uma reformulação do currículo –
por meio da informatização das escolas e formação dos docentes – com
especialistas mostrando maneiras dinâmicas de acolher os alunos e interagir
mais com eles nas redes sociais – a fim de que os alunos reconheçam os
professores como formadores de opinião também. Além do mais, é necessário
que o Governo Federal faça uma parceria com influenciadores digitais, para
que haja um impacto positivo e consciente na maneira de consumir da
sociedade hodierna.

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Texto completo acerca do tema: “Os desafios relacionados ao analfabetismo
no Brasil”

Na obra “Vidas Secas”, clássico da literatura brasileira, escrito por


Graciliano Ramos, o Personagem Fabiano sofre exclusão social por ser
analfabeto. Em uma das passagens do romance, ele, inclusive, é preso por não
saber se expressar corretamente em uma conversa com o Guarda Amarelo.
Não distante da ficção, contemporaneamente, no Brasil, ainda há muitos
Fabianos, uma vez que os índices referentes ao analfabetismo são altos e
atrelados, principalmente, a questões étnicas e raciais. Dito isso, percebe-se
que tal problemática é fruto, provavelmente, da negligência governamental
frente ao problema e de uma herança histórica tupiniquim.
Em primeira análise, cabe salientar a falta de políticas públicas por
parte do Governo no combate ao analfabetismo. Segundo a Constituição
Federal, promulgada em 1988, é direito do cidadão e dever do Estado fornecer
acesso a uma educação de qualidade. No entanto, levando em consideração o
contexto atual, percebemos que essa cláusula pétrea não está sendo cumprida
a rigor, visto que não há investimentos concretos em programas como o EJA
(educação de jovens e adultos) e, ainda, vivenciamos um sucateamento da
educação pública, com salários de professores atrasados e falta de aparatos
tecnológicos, por exemplo, para incluir os discentes na sociedade.
Consequência disso, é o aumento da desigualdade, bem como a falta de
capacitação profissional.
Além disso, torna-se evidente que tal mazela – do analfabetismo – é
descendência direta de uma errônea cultura histórica. Sempre existiram em
nosso país, algumas regiões menos favorecidas, entre elas podemos citar a
Nordeste – solo em que se passa o enredo de “Vidas Secas” – ademais, a
questão étnica e racial é outro fator preponderante, dado que fomos o último
país da América a abolir a escravidão. Seguindo essa linha de raciocínio,
podemos citar os dados do IBGE, os quais mostram que os maiores índices de
analfabetismo não só estão presentes em sua maioria, quase 60%, na região
nordeste, mas também que pretos e pardos ocupam visível fatia desse infeliz
ranking. Dessa forma, são necessárias medidas para resolver o impasse.

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Portanto, são necessárias ações que consigam combater o
analfabetismo no Brasil. Para tanto, é dever do Governo Federal, juntamente
às Secretarias de Educação estaduais, promover parcerias público-privadas,
por meio do desconto de imposto a essas empresas, repassando tais verbais à
educação pública na compra de aparatos tecnológicos, como computadores,
data shows, além de um incentivo maior a programas já existentes, por
exemplo, o EJA, a fim de que esses estudantes sejam inseridos de fato na
sociedade e tenham suas habilidades aprimoradas quanto ao mercado de
trabalho. Ainda cabe às escolas e à mídia alertar a população sobre os
processos históricos, com intuito de evidenciar e sanar assuntos relacionados
a desigualdades regionais e raciais. Assim, será possível que realidades como
a de Fabiano fiquem somente nas belíssimas páginas da literatura verde-
amarelo.

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Aqui, disponibilizo 2 textos autorais acerca do tema de redação Enem 2019:
“A democratização do acesso ao cinema no Brasil”

Texto I
A Constituição Federal, promulgada em 1988, no processo de
redemocratização, garante, em seu artigo 6º, no que concerne aos direitos
sociais, acesso à cultura e ao lazer. Contrariamente a isso, hodiernamente,
percebemos uma ruptura nesse quesito, visto que muitos cidadãos não têm
esse direito na prática, como, por exemplo, amplo acesso ao cinema. Sob tal
ótica, essa mazela desrespeita princípios básicos estabelecidos na carta
magna brasileira e, dessa forma, necessita ser debatida e ter um olhar mais
crítico de enfrentamento.
Em primeiro plano, cabe ressaltar que, segundo Schopenhauer, filósofo
alemão do século XIX, o ser humano avalia o mundo por intermédio do seu
campo de visão. Nesse aspecto, acreditamos que a grande maioria da
população tem a possibilidade de frequentar salas de cinema, dado que,
corroborando o pensamento supracitado, tendemos a analisar a realidade
alheia, por meio da nossa realidade, o que fica comprovado se tratar de uma
falácia, uma vez que 83 % da população brasileira não frequenta o
representante da sétima arte, conforme pesquisa veiculada pelo site meio e
mensagem. Logo, práticas que visem a divisão de renda e o acesso à cultura
num geral, dentre elas o cinema, precisam ser pensadas, para que cláusulas
pétreas sejam cumpridas a rigor.
Em segundo plano, mesmo com a ascensão dos canais de streaming,
como Netflix, a democratização do acesso a filmes não é total. Nesse sentido,
fica claro que, embora vivemos na sociedade digital, na era da internet, o
acesso ainda assim é restrito, isso porque, segundo o IBGE, pouco mais de
60% da população tem acesso a tal bem. Além disso, a magia presente nas
salas de cinema é inigualável, uma vez que a grande tela encanta e hipnotiza,
como ocorrido em meados do século passado, quando Charlin Chaplin, mestre
máximo do cinema mudo, chocou o mundo mostrando os problemas advindos
da revolução industrial e emocionou retratando o amor e as dificuldades das

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classes periféricas em “Luzes da cidade”. Dessa maneira, a democratização do
acesso ao cinema é medida que se impõe com urgência.
Depreende-se, portanto, que ações necessitam ser pensadas para
concretizar a democratização do acesso ao cinema no Brasil. Dessa forma, o
Ministério da Fazenda – responsável por gerir as finanças públicas, por meio
de parcerias público-privadas –, deve beneficiar empresas, em troca de
isenções fiscais, que patrocinem filmes brasileiros, reformulando e
fortalecendo a já existente lei Roanet, acordando com essas empresas a
exibição dessas narrativas cinematográficas em escolas públicas abertas a
toda comunidade. Outrossim, o Governo, juntamente ao Ministério das
cidades, deve agilizar a construção de teatros e cinemas públicos, mediante
planos de planejamento e crescimento urbano responsável, com intuito de
fazer valer nossas leis constitucionais e democratizar o acesso à arte no Brasil.
Assim, poder-se-á viver em país justo, harmônico e que democratiza, a todo
corpo social, a magia criada pelos irmãos Lumière.

Texto II
No final do século XIX, em uma pequena sala de cinema, os irmãos
Lumière, reconhecidos pela invenção da sétima arte, chocaram a plateia em
uma pequena exibição. A primeira cena retratada na grande tela, simulava a
chegada de um trem e a verossimilhança foi tanta que grande parte do público
correu com medo de ser atropelado pelos vagões. Não obstante, hoje, no Brasil,
poucos cidadãos têm a oportunidade de sentir a mesma emoção supracitada,
visto que, conforme pesquisa veiculada no site meio e mensagem, 83% da
sociedade brasileira não frequenta o cinema seja pelo pouco número de salas
presentes em nosso território, seja pela falta de espaços públicos destinados à
arte.
Primeiramente, cabe destacar, que, de acordo com a Ancine (agência
nacional de cinema) estamos bem aquém na questão referente ao número de
salas por habitante. Nesse âmbito, cabe trazer à baila as discussões de Niklas
Luhmann, sociólogo alemão apontado como um dos principais autores das
teorias sociais do século XX, o qual afirma que a sociedade é composta por

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sistemas interligados, ou seja, todas as partes devem trabalhar em harmonia.
Na questão referente à democratização do acesso ao cinema não é diferente,
entretanto áreas periféricas e regiões como Norte e Nordeste – historicamente
esquecidas – são prejudicadas, pois não têm acesso à cultura, mesmo essa
questão sendo um artigo, logo um direito, constante na Constituição Federal.
Dessa maneira, políticas públicas devem ser pensadas para a resolução dessa
problemática.
Outrossim, é dever do Estado garantir direito e acesso à cultura e ao
lazer ao corpo social. Nesse sentido, segundo John Locke, no que concerne à
democratização do acesso ao cinema no Brasil, há uma quebra do contrato
social, dado que o Estado falha ao não oferecer espaços públicos, gratuitos à
comunidade num geral, ou seja, há o ferimento de um direito que é de
responsabilidade estatal. Tal questão fica clara ao apontar que temos apenas
pouco mais de duas mil salas em todo território verde amarelo, o que,
considerando o número de habitantes, é ínfimo se comparado a outras nações
e até mesmo ao Brasil de 40 anos atrás. Tal fato, consequentemente, além de
elitizar o acesso ao cinema, fere um direito garantido.
Depreende-se, portanto, que medidas necessitam ser concretizadas
para democratizar o acesso ao cinema no país. Dessa forma, cabe ao
Ministério da Fazenda, juntamente a ONGs, com trabalhos realizados em
zonas periféricas, realizar exibições de filmes abertos a toda comunidade, por
meio do repasse de verbas e reformulação das prioridades, a fim de que
comunidades prejudicadas historicamente possam ter contato com a magia
das narrativas cinematográficas. Ademais, o Ministério das Cidades,
juntamente com as secretarias municipais e estaduais, deve construir, por
intermédio de parcerias público-privadas, reformulando e fortalecendo a já
existente lei Roanet, salas de cinema públicas com auxílio de empresas, as
quais terão abatimento no imposto de renda, mediante comprovação de
doação, com o fito de que pessoas carentes possam conhecer e frequentar salas
de cinema gratuitamente. Assim, talvez, poder-se-á sentir, aqui em solo
tupiniquim, a magia do cinema presenciada pelos franceses no final do século
XIX.

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