Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unum argumentum
Ennzo Moura Silverio Ribeiro
ennzomoura2017@usp.br
Pressupostos
RES ALIQUID NOME
coisa algo Exposição/Apresentação
ESSERE EXISTIRE
DEFINIÇÃO
ser existir
Necessariamente positiva,
Ad secundum dicendum quod forte ille qui audit hoc Em segundo lugar, porque diz-se que desse nome
nomen Deus, non intelligit significari aliquid quo ‘Deus’, aquele que ouve com firmeza, seu significado
maius cogitari non possit, cum quidam crediderint não intelige que é algo que maior não pode pensar
Deum esse corpus. Dato etiam quod quilibet (aliquid quo maius cogitari non possit), porque
intelligat hoc nomine Deus significari hoc quod alguns certos corpos creram que assim Deus é. Dá-se,
dicitur, scilicet illud quo maius cogitari non potest; pois, que qualquer um que pense esse nome ‘Deus’
non tamen propter hoc sequitur quod intelligat id signifique isso que é dito, ou seja, aquilo que maior
quod significatur per nomen, esse in rerum natura; não pode ser pensado; contudo, por causa disso não
sed in apprehensione intellectus tantum. Nec potest se segue que pense-se este significado do nome que
argui quod sit in re, nisi daretur quod sit in re aliquid esteja, naturalmente, na coisa; porém, tão somente
quo maius cogitari non potest, quod non est datum a na apreensão do intelecto. Nem se pode argumentar
ponentibus Deum non esse. que está na coisa, senão dar-se-á que foi na coisa um
algo que maior não se pode pensar: porque não é
Iª q. 2 a. 1 ad 2
estabelecido que Deus não é.
A Prova de Descartes: Quinta meditação (§7-8)
§7: Agora, se do simples fato de que posso tirar de meu pensamento a ideia de alguma coisa, segue-se que tudo o
que reconheço clara e distintamente pertencer a esta coisa pertence-lhe de fato, não posso tirar disso um
argumento e uma prova argumentativa da existência de Deus? É certo que não encontro menos em mim sua
ideia, ou seja, a ideia de um ser soberanamente perfeito, do que a de qualquer figura ou de qualquer número que
seja. E não conheço menos clara e distintamente que uma existência atual e eterna pertencem à sua natureza do
que conheço que tudo o que posso demonstrar de alguma figura ou de algum número pertencem realmente à
natureza dessa figura ou desse número. E, portanto, ainda que tudo o que concluí nas meditações precedentes
não fosse verdade, a existência de Deus deve passar em meu espírito ao menos por tão certa quanto estimei até
aqui todas as verdades das matemáticas, que só dizem respeito aos números e às figuras; se bem que, na verdade,
isso de início não pareça inteiramente manifesto, mas se afigure ter alguma aparência de sofisma. Pois, tendo-me
acostumado em todas as outras coisas a fazer distinção entre a existência e a essência, persuado-me facilmente
de que a existência pode ser separada da essência de Deus e que, assim, pode-se conceber Deus como não
existindo atualmente. Mas, não obstante, quando penso nisso com mais atenção, vejo manifestamente que a
existência não pode ser mais separada da essência de Deus do que, da essência de um triângulo retilíneo, a
grandeza de seus três ângulos iguais a dois retos, ou então da ideia de uma montanha, a ideia de um vale; de
sorte que não há menos repugnância em conceber um Deus (ou seja, um ser soberanamente perfeito) ao qual
falte a existência (ou seja, ao qual falte alguma perfeição) do que em conceber uma montanha que não tenha
vale.
A Prova de Descartes: Quinta meditação (§7-8)
§8: Mas, ainda que de fato eu não possa conceber um Deus sem existência, não mais do que uma
montanha sem vale, todavia, como do simples fato de eu conceber uma montanha com vale não se
segue que haja alguma montanha no mundo, assim também, embora eu conceba Deus com a
existência, parece que por isso não se segue que haja algum Deus que exista; pois meu pensamento
não impõe necessidade nenhuma às coisas; e como só depende de mim imaginar um cavalo alado,
ainda que não haja nenhum que tenha asas, assim eu talvez pudesse atribuir a existência a Deus, ainda
que não houvesse nenhum Deus que existisse. Muito pelo contrário, aqui é que há um sofisma oculto
sob a aparência dessa objeção: pois, do fato de eu não poder conceber uma montanha sem vale, não se
segue que haja no mundo alguma montanha, nem algum vale, mas somente que a montanha e o vale,
quer existam, quer não existam, não podem de forma alguma se separar um do outro; ao passo que, do
simples fato de eu não poder conceber Deus sem existência, segue-se que a existência é inseparável
dele, e portanto que ele existe verdadeiramente; não que meu pensamento possa fazer que isso seja
assim e que imponha às coisas alguma necessidade; mas, ao contrário, porque a necessidade da própria
coisa, a saber, da existência de Deus, determina meu pensamento a concebê-lo dessa forma. Pois não
está em minha liberdade conceber um Deus sem existência (ou seja, um ser soberanamente perfeito
sem uma soberana perfeição), como tenho a liberdade de imaginar um cavalo sem asas ou com asas.
Bibliografia
Alameda, J. Obras completas de San Anselmo, edición bilingue, v. I. BAC: 1952, Madrid.
Alameda, J. Obras completas de San Anselmo, edición bilingue, v. II. BAC: 1953, Madrid.
Barth, Karl. S. Anselme: Fides quaerens intellectum La preuve de l'existence de Dieu. Tradução de Jean Corrèze, Labor et Fides: 1985,
Genève.
Corbin, M; Galonnier, A. e Ravinel, R. de. L'oeuvre d'Anselme de Cantorbéry, v II. Cerf: 1987, Paris.
Descartes, René. Meditações Metafísicas. Editora Folha de São Paulo: 2015, São Paulo.
Gilson, Étienne. Sens et Nature de l'argument de saint Anselme. Archives d'histoire doctrinale et littéraire du moyen age: 1934, Paris.
Gilbert, Paul S.J.. Le Proslogion de S. Anselme: Silence de Dieu et joie de l'homme. Editrice Pontificia Università Gregoriana: 1990, Roma.
Schmitt, Franciscus Salesius. S Anselmi Cantuariensis Archiepiscopi Opera Omnia TOMUS PRIMUS. Stuttgart-Bad Cannstatt: 1984.
Schmitt, Franciscus Salesius. S Anselmi Cantuariensis Archiepiscopi Opera Omnia TOMUS SECUNDUS. Stuttgart-Bad Cannstatt: 1984.