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DOI: 10.4025/reveducfis.v21i5.

9254

ARTIGOS DE OPINIÃO

PESQUISA NA ÁREA DE COMPORTAMENTO MOTOR: MODELOS TEÓRICOS,


MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO, INSTRUMENTOS DE ANÁLISE, DESAFIOS,
TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS

RESEARCH IN THE AREA OF MOTOR BEHAVIOR: THEORETICAL MODELS, RESEARCH


METHODS, INSTRUMENTS OF ANALYSIS, CHALLENGES, TRENDS AND PERSPECTIVES

Go Tani ∗
**
Cássio de Miranda Meira Júnior
***
Herbert Ugrinowitsch
***
Rodolfo Novellino Benda
****
Suzete Chiviacowsky
*****
Umberto César Corrêa

RESUMO
O objetivo deste artigo foi apresentar um panorama geral da área de Comportamento Motor - sua trajetória histórica,
tendências e perspectivas de investigação - com a preocupação de delinear um quadro organizado do seu desenvolvimento,
tanto no domínio teórico quanto de experimentação. Espera-se que esse quadro possa contribuir para a construção de uma
base de conhecimentos àqueles que têm a intenção de se especializar como pesquisadores na área e também para aqueles que
pretendem utilizar esses conhecimentos na intervenção profissional.
Palavras-chave: Comportamento motor. Aprendizagem motora. Controle motor. Desenvolvimento motor.

INTRODUÇÃO crescimento nessas três décadas de existência


tem sido muito expressivo, o que é comprovado,
A área de Comportamento Motor (CoM) entre outras realizações, pela implantação de
tem uma história de mais de um século de laboratórios e grupos de estudo em várias
pesquisas, mas no Brasil essa sua trajetória é instituições de Ensino Superior, pela ampla
ainda relativamente curta, tendo-se iniciado
presença como disciplina tanto no ensino de
praticamente no começo da década de 1980,
graduação como de pós-graduação, pelo número
com o retorno de alguns pesquisadores que
significativo de dissertações e teses defendidas,
foram ao Exterior para se especializar na área,
pela inserção internacional de sua produção
entre eles Jefferson Tadeu Canfield, Ana Maria
Pellegrini, Go Tani e Ricardo Demétrio de científica e pela criação da sua própria
Souza Petersen. Apesar desse início sociedade e veículo de publicação -
relativamente tardio no nosso meio, o seu respectivamente, Sociedade Brasileira de


Professor Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo, Bolsista de Produtividade em Pesquisa
do CNPq - Nível 1A.
**
Professor Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo.
***
Professor Doutor da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, Bolsista de Produtividade
em Pesquisa do CNPq - Nível 2.
****
Professora Doutora da Universidade Federal de Pelotas.
*****
Professor Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo, Bolsista de Produtividade em Pesquisa do
CNPq - Nível 1D.

R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 329-380, 3. trim. 2010


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Comportamento Motor e Brazilian Journal of que as influenciam. As mudanças que ocorrem


Motor Behavior. Não seria exagerado afirmar no comportamento motor de um indivíduo ao
que, entre as várias subáreas de investigação da longo do seu ciclo de vida têm sido, por sua vez,
Educação Física e Esporte no país, CoM objeto de investigação do DM (TANI, 2005b).
representa, certamente, uma das mais ativas, É importante ressaltar que os problemas
dinâmicas e produtivas. Por exemplo, dos 71 abordados por esses três campos de investigação
bolsistas atuais de Produtividade em Pesquisa do estão profundamente inter-relacionados. Isso
CNPq, oito têm envolvimento com a área não poderia ser diferente, pois a aprendizagem,
(11,3%). o controle e o desenvolvimento, como
O objetivo deste artigo é apresentar um fenômenos, são muito difíceis de separar. A
panorama geral da área de CoM - sua trajetória aprendizagem implica, em última análise, uma
histórica, tendências e perspectivas de melhoria no controle de movimento e é também
investigação - com a preocupação de delinear uma mudança de comportamento que deve estar
um quadro organizado do seu desenvolvimento, devidamente contextualizada num processo mais
tanto no domínio teórico quanto no de longo, denominado desenvolvimento. Dessa
experimentação. Espera-se que esse quadro forma, é fundamental, especialmente quando se
possa contribuir para a construção de uma base pensa na intervenção, a compreensão de que,
de conhecimentos para os que têm a intenção de apesar de AM, CM e DM terem identidades
se especializar como pesquisadores na área e próprias como campos de investigação, os
também para quem pretenda utilizar esses fenômenos por eles estudados devem ser vistos
conhecimentos na intervenção profissional. É como fortemente associados e interdependentes
oportuno, porém, esclarecer que não é objetivo (TANI, 2005b).
deste texto fazer uma revisão detalhada de cada Os estudos em CoM podem ser realizados
um dos tópicos que compõem a agenda de em diferentes níveis de análise, desde o mais
investigações da área. Na realidade já existem microscópico - por exemplo, o bioquímico - até
na literatura contribuições recentes que, em o mais macroscópico - por exemplo, o
maior ou menor grau, fizeram esse trabalho sociológico. Os níveis de análise devem ser
(CATTUZZO; TANI, 2009; CORRÊA, 2008b; vistos como diferentes "lupas" para se observar
MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, e estudar um dado fenômeno (TANI, 2006).
2010; TANI, 2005a). Quando se aproxima a lupa, faz-se uma análise
A área de CoM é constituída de três campos mais microscópica e, quando se afasta, uma
de investigação - Aprendizagem Motora (AM), análise mais macroscópica. Essa estratégia de
Controle Motor (CM) e Desenvolvimento Motor investigação baseia-se num importante princípio
(DM) - e congrega, atualmente, pesquisadores que não pode ser esquecido: os níveis de
de diferentes formações e atuações profissionais, descrição são irredutíveis, mas os
o que tornou as suas atividades de pesquisa um conhecimentos adquiridos pelos estudos em
empreendimento eminentemente diferentes níveis de análise podem ser
multidisciplinar, com a utilização de conceitos, complementares (PATTEE, 1978, 1982); ou
metodologias e tecnologias de áreas como a seja, pode-se pensar que os conhecimentos num
Neurofisiologia, a Neurociência Cognitiva, a nível de análise ao menos preparam o terreno
Psicologia Experimental, a Bioengenharia, a que possibilita estudos no nível imediatamente
Educação Física e outras. superior. Por exemplo, os conhecimentos
Historicamente, cada um desses campos tem produzidos pelos estudos neurofisiológicos
se debruçado sobre problemas relativamente preparam o terreno para estudos na
específicos de investigação. Os mecanismos Neurociência Cognitiva e os conhecimentos por
responsáveis pela produção do movimento têm estes gerados preparam o terreno para estudos
sido abordados pelo CM e a AM tem procurado comportamentais, e assim sucessivamente.
desvendar os mecanismos e processos Acredita-se que o conjunto desses
subjacentes às mudanças no comportamento conhecimentos gerados em diferentes níveis de
motor que resultam da prática (processo de análise permite uma visão mais abrangente do
aquisição de habilidades motoras) e os fatores fenômeno estudado (TANI, 2005b, 2006).

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 331

A maioria dos estudos em AM e DM tem fenômeno e a aplicação desses conhecimentos


sido realizada num nível de análise denominado na intervenção constitui um eterno desafio para
de comportamental, mas observa-se uma pesquisadores que conduzem pesquisas básicas
tendência cada vez mais acentuada de estando vinculados a áreas de conhecimento de
investigações que integram esse nível com o natureza aplicada ou profissionalizante. É o que
neurofisiológico, o que já ocorre em CM há sucede, por exemplo, com os pesquisadores da
mais tempo. No plano metodológico, é cada vez área de Medicina que fazem pesquisa básica de
mais comum e intensa a integração entre CoM, biologia celular e com os pesquisadores da
Neurofisiologia e Biomecânica. O nível Engenharia Química que fazem pesquisa básica
comportamental é um nível intermediário de de novos materiais. Nesse cenário de reflexões,
análise, em que se focalizam o movimento a área de CoM, que se caracteriza como uma
observável e os fatores que afetam a qualidade área de pesquisa básica, apesar de avanços e
de sua execução, o que envolve a identificação conquistas inegáveis já experimentados,
das variáveis que determinam a precisão do defronta-se ainda com alguns dilemas, conflitos
movimento ou o padrão de ação. Por esse e desafios (TANI, 1992, 2001, 2006) que
motivo, pensa-se que os conhecimentos emanam da própria indefinição da identidade da
adquiridos por pesquisas nesse nível de análise Educação Física e Esporte como áreas de
guardam maior correspondência com os conhecimento (TANI, 1996). Certamente, a
conhecimentos utilizados na intervenção solução para esses problemas só virá com o
profissional, porque é exatamente observando o próprio amadurecimento da área como um todo,
comportamento motor das pessoas que os mediante amplas reflexões e discussões acerca
profissionais fazem a avaliação e a prescrição da sua base epistemológica (para maiores
dos movimentos. detalhes acerca desse tema, ver, por exemplo,
Em tese, os conhecimentos sobre os TANI, 1988, 1989, 1996, 1998).
fenômenos de aprendizagem motora, controle Feitos esses esclarecimentos introdutórios,
motor e desenvolvimento motor produzidos em será realizada a seguir uma breve síntese dos
CoM têm um potencial de contribuição em todas desdobramentos teóricos e metodológicos em
as áreas de intervenção profissional em que CoM, abordando-se os principais problemas de
existe a preocupação com a recuperação e investigação, os tipos e os métodos de pesquisa,
melhoria da qualidade de movimento das além dos instrumentos de análise historicamente
pessoas (por exemplo, educação física escolar, desenvolvidos pela área. Em seguida serão
educação física não escolar, educação física apresentados os principais desafios e
adaptada, esporte de rendimento, além de áreas perspectivas de investigação em cada um dos
correlatas da Educação Física como a campos que compõem a área, respectivamente,
Fisioterapia e a Terapia Ocupacional). Todavia, AM, CM e DM.
cabe esclarecer que esses conhecimentos não
indicam, evidentemente, como deve ser a MODELOS TEÓRICOS
intervenção. Eles podem sim representar
importantes subsídios para uma tomada de Nas últimas três décadas a área de CoM tem
decisão mais coerente e consistente acerca dos sido dominada por duas teorias ou perspectivas
projetos, programas e procedimentos de teóricas diferentes, chamadas por Meijer e Roth
intervenção (para maiores detalhes, vejam-se, (1988), entre outras denominações, de
por exemplo, TANI, 2006, 2008; TANI; perspectiva dos sistemas motores (teoria
CORRÊA, 2004; TANI et al., 2004); mais motora) e perspectiva dos sistemas de ação
especificamente, eles podem contribuir (teoria da ação). Enquanto a primeira dá ênfase
fornecendo uma estrutura para interpretar ao sistema nervoso central (SNC) no controle
comportamentos, uma orientação para ação, dos movimentos, utilizando alguma forma de
novas ideias e hipóteses operacionais para a representação na memória - por exemplo, o
intervenção. programa motor - a fim de fornecer a base para a
Essa relação entre a produção de organização e execução de ações motoras, a
conhecimentos científicos acerca de um segunda atribui mais importância às informações

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especificadas pelo ambiente, mediante interação modelo são identificados cinco mecanismos
dinâmica dessa informação com o próprio corpo. responsáveis pela execução do movimento, além
Evidentemente, as duas perspectivas de circuitos de feedback, interligados pelo fluxo
teóricas perseguem o mesmo objetivo, ou seja, de informações.
tentam explicar como são aprendidos e De acordo com o modelo, os órgãos dos
executados os movimentos bem coordenados e sentidos são responsáveis por transformar os
organizados espacial e temporalmente, diferentes estímulos, na forma de energias
considerando os numerosos graus de liberdade a físicas, em algo que possa ser transmitido
serem controlados e as condições ambientais em através do sistema nervoso humano, ou seja,
constante mudança; porém se diferenciam impulsos nervosos. Esse mecanismo tem
radicalmente na importância que atribuem ao também a função de codificar as informações
tipo de informação mais utilizado no controle de contidas no estímulo em forma de variações nos
movimentos, aquele proveniente de padrões espaciais e temporais dos impulsos
componentes centrais ou do meio ambiente. nervosos. Esses impulsos nervosos são então
transmitidos, por vias aferentes, até o SNC, onde
Teoria motora são processados. Quando esses impulsos
A teoria motora, que tem como base a nervosos começam a ser interpretados, inicia-se
perspectiva representacional aplicada ao a percepção. O mecanismo de percepção é
comportamento motor, surgiu no início do responsável por discriminar, identificar e
século XX. Ela assume que o movimento é classificar as informações contidas nos impulsos
controlado de forma top-down ou prescritiva, em nervosos e enviar o produto dessa operação ao
que os músculos desempenham um papel de mecanismo de decisão e, ao mesmo tempo, ao
“servomecanismos” do SNC e os movimentos sistema de memória, para serem armazenadas e
são realizados pela utilização de representações utilizadas na predição de situações futuras. O
de padrões de movimento encontrados no mecanismo de decisão, com base nas
cérebro (GLENCROSS; WHITING; informações recebidas pelo mecanismo
ABERNETHY, 1994). O homem é visto, nessa perceptivo, é responsável pela escolha do plano
perspectiva, como um sistema complexo que motor mais adequado aos objetivos pretendidos,
processa informações, ou seja, que recebe, levando em conta as demandas do ambiente. Tal
armazena, transforma e transmite informações escolha é informada ao mecanismo efetor, que
para poder perceber, pensar, decidir e agir. Essa tem como função detalhar o plano, isto é,
abordagem de processamento de informações, organizar de forma hierárquica (do geral para o
quando aplicada ao estudo do comportamento específico) e sequencial (ordem correta) os
motor humano, deu origem a importantes teorias componentes do plano motor. Esse processo
motoras de controle e aprendizagem, entre as implica a transformação do plano motor em
quais se destacam, por exemplo, a de Adams programa motor, denominado na literatura de
(1971) e Schmidt (1975). programação motora, que resulta na geração dos
A abordagem de processamento de comandos motores. Os comandos motores são
informações pode ser considerada como uma enviados ao sistema muscular num padrão
forma de interpretação da maneira como o ser espacial e temporal adequado, quando acontece
humano interage com o meio ambiente o movimento propriamente dito. Nesse
(SCHMIDT, 1988a). Uma importante aplicação momento, os músculos estão sob o controle dos
dessa abordagem teórica no estudo do comandos motores e, após um tempo
comportamento motor humano foi concretizada correspondente ao tempo de reação, informações
por Marteniuk (1976), quando propôs o seu produzidas pelo próprio movimento começam a
modelo de performance humana. O indivíduo ser enviadas de volta aos mecanismos,
deve realizar um número de operações mentais informando sobre a sua execução para
para que possa executar uma habilidade motora - possibilitar o processo de detecção e correção
utilizar informações que se encontram dos erros de execução.
disponíveis no ambiente, armazená-las na Informações relacionadas ao movimento,
memória e processá-las de várias formas. Nesse recebidas pelo executante durante ou após sua

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realização, são denominadas de feedback. Com andar (KEELE, 1982). Em relação às condições
base nessas informações, o indivíduo avalia o ou situações em que as tarefas são
seu movimento, ou seja, detecta as diferenças desempenhadas, pode-se dizer que quanto menor
entre o seu desempenho real e o desempenho o nível de atenção e de precisão requerido pela
esperado (erro), e por meio de novo tarefa, mais a habilidade poderá ser controlada
processamento decide quais mudanças devem por programas motores, com menor auxílio de
ser feitas ainda durante o movimento, para feedback periférico. O mesmo acontece em
corrigir o erro cometido e alcançar a meta relação ao nível de aprendizagem da habilidade,
estabelecida. Muitas vezes o alcance da meta em que o programa motor é mais utilizado nos
demanda a repetição desse processo em níveis mais avançados (SCHMIDT, 1980).
sucessivas tentativas, em que um novo plano O conceito de programa motor
motor é elaborado, executado e avaliado até se originalmente proposto por Keele (1968) foi
atingirem performances bem-sucedidas. Esse interpretado de diferentes formas, e essas
processo gradual de redução do erro é diferenças levaram a um desenvolvimento
denominado de aprendizagem motora. posterior muito distinto (para maiores detalhes
O conceito de programa motor refere-se, desse desenvolvimento, TANI, 2000b, 2005d).
primariamente, a uma estrutura de memória em Por exemplo, a sua interpretação como uma
forma de representação sequencial dos entidade central capaz de especificar todos os
componentes que é fundamental na execução de detalhes do movimento foi fortemente criticada
habilidades motoras. As habilidades motoras em pelos proponentes da teoria da ação (REED,
geral envolvem uma série complexa de 1982), sendo usada como um importante ponto
movimentos e o executante habilidoso difere do de partida para a polarização entre essa teoria e
não habilidoso principalmente na capacidade de a teoria motora. Como foi mencionado, a
coordenar movimentos sucessivos de forma existência do programa motor e a sua utilidade
suave e ordenada. O executante que ainda não prática são negadas pela teoria da ação
adquiriu a habilidade realiza um movimento, (KUGLER; KELSO; TURVEY, 1980, 1982).
avalia seu resultado, realiza outro movimento, Não obstante, a interpretação do programa
reavalia e assim por diante, sendo a sua motor como uma alternativa teórica à explicação
performance bastante irregular. Quando do controle de movimentos via feedback
finalmente a habilidade é adquirida, a sequência sensorial, especialmente em razão da sua
de movimentos torna-se armazenada no sistema limitação no que se refere ao tempo de
de memória, de forma a poder ser executada sem processamento, possibilitou uma melhor
correção constante (KEELE; SUMMERS, elaboração desse conceito, com a incorporação
1976). Essa estrutura de memória, chamada por de novas ideias e evidências empíricas. Como
Keele (1968, p. 387) de programa motor, foi consequência, o conceito de programa motor
definida como uma série de comandos continua a desempenhar um papel fundamental
musculares que são estruturados antes que uma na área de CoM, especialmente no estudo da
sequência de movimentos seja iniciada e fazem natureza de representações cognitivas da
com que ela possa ser executada sem influência sequência de movimentos executados para
do feedback periférico. atingir ações direcionadas à meta (KEELE;
Existem algumas habilidades e situações em COHEN; IVRY, 1990; REQUIN, 1992;
que o programa motor é mais empregado. SUMMERS; ANSON, 2009; WRIGHT, 1990).
Podem ser assim consideradas aquelas Na realidade, houve uma mudança de ênfase na
habilidades de duração muito curta (menos de conceituação de programa motor. Se,
200 m), em que o feedback, apesar de presente, inicialmente, o programa motor era concebido
não pode ser utilizado para modificar o como um conjunto de comandos musculares
movimento durante a sua execução (SCHMIDT, específicos, agora é visto mais como uma
1980). Também são consideradas como representação central que possibilita, de alguma
habilidades controladas centralmente aquelas forma, a organização da sequência de
que não exigem um controle refinado, as quais movimentos anteriormente à sua execução
possuem um forte componente inato, como o (KEELE, 1981; ROSENBAUM, 1985). O

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conceito de programa de ação em vez de programa e são responsáveis pela variabilidade


programa motor tem sido proposto como mais de ações motoras (SCHMIDT, 1980, 1985).
adequado para expressar essa nova interpretação A característica generalizada do programa
(TANI, 2005d). motor é entendida como uma solução aos
Persistem, todavia, importantes problemas problemas de armazenamento e novidade no
de organização e controle de movimentos que o controle motor, mas existem também indicações
conceito de programa motor é incapaz de de alguns problemas e limitações, como a
solucionar. Um dos principais desafios tem sido ambiguidade relativa à definição dos limites
a questão da variabilidade presente nas ações para identificar uma classe de movimentos
habilidosas, que resulta no problema de (SUMMERS, 1989) e a incapacidade para
armazenamento e de novidade na execução de explicar a gênese dos programas motores
ações motoras. O conceito de programa motor, generalizados (BRINKER et al., 1985). Além
que enfatiza a execução de movimentos na disso, assumindo-se que os valores dos
ausência de feedback, implica a existência de um parâmetros são adicionados a posteriori para
programa separado para cada movimento completar o programa selecionado, surge o
executado. Considerando-se o vasto número de problema relacionado à maneira como os
movimentos que o ser humano é capaz de parâmetros são decididos e fica aberta a questão
executar, é compreensível que o conceito é da necessidade ou não de outro tipo de programa
restrito para responder adequadamente aos para realizar essas decisões. Naturalmente, isso
problemas básicos de controle motor provoca o problema de regressão infinita.
anteriormente mencionados. Apesar dessas limitações, o conceito de
Uma tentativa para solucionar esses programa motor generalizado continua a ser um
problemas tem sido a ideia de programa motor dos pilares da teoria motora, recebendo a
generalizado proposta no contexto da teoria de atenção de muitos pesquisadores, especialmente
esquema (SCHMIDT, 1975). Basicamente, o daqueles que conduzem pesquisas em nível
programa motor generalizado é uma neurofisiológico de análise.
representação abstrata de uma classe de
movimentos que requer um padrão comum de Teoria da ação
movimento. As variações, dentro da classe de A teoria da ação aplicada ao comportamento
movimentos, são produzidas pela aplicação de motor surgiu no início da década de 1980,
certos parâmetros ao programa motor assumindo, entre outros conceitos, que o
generalizado, antes da sua execução. Esses movimento é controlado de forma bottom-up, já
parâmetros são fornecidos por uma estrutura de que, ao contrário da teoria motora, dá mais
memória chamada memória de lembrança, que é importância às informações especificadas pelo
uma regra desenvolvida pelas experiências ambiente, por meio da interação dinâmica dessa
passadas na aplicação dos programas informação com o próprio corpo.
(SHAPIRO; SCHMIDT, 1982). De forma geral, essa abordagem surgiu
De acordo com a visão de programa motor como uma crítica à ênfase excessiva aos
generalizado, a consistência do movimento é aspectos cognitivos na organização e execução
possível devido a alguns aspectos invariantes de movimentos dada pela teoria motora, a qual
que são representados no programa. O timing colocava em segundo plano as características e
relativo, o sequenciamento e a força relativa têm propriedades inerentes ao sistema efetor físico
sido identificados como aspectos que (não confundir com o mecanismo efetor no
permanecem inalterados ao longo das tentativas. modelo de Marteniuk). Também importante é o
Por outro lado, o tempo de movimento, a força fato de a abordagem anterior não fornecer uma
total e a seleção de músculos têm sido propostos resposta satisfatória ao problema da
como parâmetros que são adicionados ao coordenação ou do controle dos graus de
programa motor generalizado para atender às liberdade, levantado por Bernstein (1967), na
demandas específicas da tarefa, dando uma execução de movimentos (TANI, 2005b).
configuração única a cada padrão de movimento. A teoria da ação nasceu da união de várias
Os parâmetros não são representados no ideias e proposições, como a de Bernstein

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(1967) sobre a coordenação de movimentos, a de autorreunião muscular de estruturas


Gibson (1979) sobre a percepção direta e a coordenativas formadas de forma heterárquica.
aplicação dos conceitos da termodinâmica do Summers (1998) aponta que uma
não equilíbrio para a auto-organização dos divergência entre os principais proponentes da
sistemas biológicos proposta principalmente por teoria da ação quanto à relação entre a
Kugler (1986) e Kugler e Turvey (1988), e a dos percepção e a ação levou ao surgimento de três
conceitos de sinergética referentes à formação perspectivas relacionadas, mas distintas:
de padrões em sistemas complexos (HAKEN; percepção direta, termodinâmica do não
KELSO; BUNZ, 1985; SCHÖNER; KELSO, equilíbrio e sistemas dinâmicos.
1988a, 1988b). A abordagem da percepção direta tem como
Essa teoria diferencia-se amplamente da base o trabalho de Gibson (1979), ao tentar
teoria motora em relação a aspectos tanto explicar o comportamento motor sem se apoiar
filosóficos e conceituais quanto metodológicos, em estruturas como a memória ou em estruturas
e, apesar de muito debate ter sido realizado na que envolvam representações simbólicas, como
área (ABERNETHY; SPARROW, 1992; o programa motor. São considerados conceitos
MEIJER; ROTH, 1988; SUMMERS, 1992, fundamentais o de “invariantes” e o de
1998; BARREIROS; GODINHO; affordances. Invariantes referem-se a
CHIVIACOWSKY, 1997), ainda não se sabe se propriedades de alta ordem do arranjo ótico que
essa divergência será resolvida pela emergência se mantêm constantes durante as mudanças
de uma das abordagens como dominante associadas com o observador, com o ambiente
(ABERNETHY; SPARROW, 1992; BEEK; ou com ambos; no entanto, essas invariantes não
MEIJER, 1988) ou pela reconciliação entre as são percebidas diretamente, o que se percebe são
duas (DAVIDS; HANDFORD; WILLIANS, as affordances de objetos e eventos ao nosso
1994; GLENCROSS; WHITING; redor. As affordances representam as
ABERNETHY, 1994; SUMMERS, 1992; TANI, possibilidades para ação no ambiente (GIBSON,
2005b). 1979), portanto não são uma propriedade do
A essência da teoria da ação é que o sistema organismo nem do ambiente, mas refletem a
tem como base princípios de auto-organização interação entre capacidades particulares de um
que restringem ou impõem possibilidades e organismo e as propriedades particulares do
impossibilidades nas respostas de movimento, ambiente/objeto em questão. Como as
sem a necessidade de intermediação por parte de affordances podem ser diretamente percebidas,
representações no SNC. Para Abernethy e não existe a necessidade de representações
Sparrow (1992), a teoria da ação fundamenta-se armazenadas. Com respeito à aprendizagem, a
no entendimento de que a cinemática do questão crucial para os proponentes da
movimento não está representada centralmente perspectiva da percepção direta tem sido a
(na forma de programa motor, plano, esquema, identificação dos invariantes de alta ordem
ou qualquer outra forma abstrata), mas sim, é disponíveis no fluxo perceptivo (ótico, acústico)
uma propriedade emergente da dinâmica dos que atuam como informação para a coordenação
sistemas motores básicos, que deve ser de movimentos em unidades relacionadas às
dimensões do organismo que percebe, sendo que
compreendida quanto às propriedades físicas de
a maior parte dos estudos está preocupada com a
grupos musculares funcionais envolvidos em
visão (SUMMERS, 1998).
uma ação particular. Da mesma forma,
A abordagem da termodinâmica do não
Glencross, Whiting e Abernethy (1994) colocam
equilíbrio procura aplicar conceitos ou
que, ao invés de cognitivamente representadas e princípios da termodinâmica ao estudo do
prescritas em um plano de ação organizado de controle de movimentos (KUGLER; TURVEY,
forma hierárquica, como na teoria motora, as 1987) e foi motivada pela tentativa de responder
propriedades elementares do movimento à famosa questão apontada por Bernstein (1967)
emergem como uma consequência das dinâmicas de como os vários graus de liberdade do corpo
subjacentes ao sistema, sendo o controle motor podem ser regulados sistematicamente em
considerado como resultado da dinâmica e contextos variados por meio de um sistema

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executivo, intervindo de forma mínima. Para criadas, mantidas e dissolvidas - à coordenação


resolver o problema dos graus de liberdade, os de movimentos (KELSO, 1995). Essa linha de
pesquisadores introduziram o conceito de pesquisa, inicialmente desenvolvida por Haken,
acoplamento muscular ou estrutura Kelso, Schöner e colegas (HAKEN, 1991;
coordenativa. A estrutura coordenativa refere-se SCHÖNER; KELSO, 1988a, 1988b), tem por
a um grupo de músculos, frequentemente objetivo modelar matematicamente a
envolvendo ou atravessando várias articulações, estabilidade e a perda de estabilidade, fenômeno
que são restringidos para agir como uma unidade denominado de transição de fase, evidente na
funcional única (TULLER; TURVEY; FITCH, formação de padrões em sistemas de
1982). movimento, e, assim como as outras
O conceito de auto-organização ou perspectivas, fazê-lo sem utilizar o conceito de
emergência de ordem aparece para tratar do representação ou programa na explicação do
problema de como a ordem nos sistemas comportamento motor. Essa perspectiva tem
complexos pode ser alcançada sem a influência focado o fenômeno de transições de fase como
de um agente externo (KUGLER; TURVEY, um aspecto-chave para compreender o
1988). Kugler, Kelso e Turvey (1980) movimento coordenado. Segundo Kelso (1995),
propuseram que os sistemas biológicos podem as transições de fase referem-se a situações em
ser modulados como máquinas termodinâmicas que o comportamento do sistema muda
e as estruturas coordenativas como estruturas qualitativamente e representa a forma mais
dissipativas longe do equilíbrio. Sistemas simples de auto-organização conhecida em
termodinâmicos trocam energia com o ambiente Física. Mediante experimentos com a
e manifestam auto-organização espaçotemporal. coordenação bimanual, o autor comprovou a
Nessa abordagem, a formação de padrão ocorre existência dos seguintes comportamentos: a
espontaneamente quando um ou mais presença de apenas duas fases relativas ou
parâmetros de controle mudam e guiam o atratores estáveis entre as mãos ("in-phase" e
sistema através de seus vários estados estáveis, "anti-phase"), a presença de transição de um
sendo que tal emergência de ordem também não atrator para outro numa frequência cíclica crítica
requer representação simbólica (BEEK; PEPER; e a existência de apenas um atrator estável após
VAN WIERINGEN, 1992). A aprendizagem de a transição, fornecendo um forte suporte para a
movimentos colocada por esta abordagem é aplicação da dinâmica não linear ao
vista, de acordo com Newell (1991), como um comportamento motor humano. Assim, um
processo de procura pela solução motora ótima problema central da abordagem é como
para realizar a tarefa em questão. O processo de identificar as variáveis-chaves da coordenação,
prática é visto como a repetição da solução de definidas como o ordenamento funcional entre
um problema motor ao invés da repetição de componentes que interagem no espaço e no
uma determinada solução para o problema. É tempo, e as suas dinâmicas, na forma de regras
considerada como a coordenação do ambiente que governam a estabilidade e a mudança nos
perceptivo com o ambiente da ação de uma padrões de coordenação (KELSO, 1999).
forma consistente com as restrições da tarefa. Com relação à aprendizagem, a abordagem
Segundo o autor, um ambiente de ação dos sistemas dinâmicos considera-a, de forma
enriquecido possui várias formas de geral, como mudanças na dinâmica da
coordenação que podem fornecer soluções coordenação, ou seja, como mudanças
estáveis às restrições da tarefa. A premissa persistentes no comportamento da coordenação
colocada é que variáveis globais em nível em direção a um padrão a ser aprendido
macro, com poucos graus de liberdade, acabam (SCHÖNER; ZANONE; KELSO, 1992). Os
por organizar os muitos graus de liberdade em pesquisadores distinguem entre dinâmica
nível micro na realização da ação. intrínseca, a qual se refere aos padrões de
Já a perspectiva dos sistemas dinâmicos está movimento existentes, e dinâmica extrínseca,
preocupada com a aplicação dos conceitos e que são os padrões de movimento a serem
ferramentas da dinâmica não linear e da aprendidos. Segundo Kelso (1995), a
sinergética - área que trata como as sinergias são informação a ser aprendida deve ser estruturada

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 337

em relação às restrições já existentes, as quais al., 2009), a atenção (MONNO et al., 1999;
podem ser identificadas e medidas, e a WUYTS et al.; 1996), a instrução (LEE;
aprendizagem pode tomar a forma de BLANDIN; PROTEAU, 1996), assim como a
instabilidades ou de transições de fase, identificação dos processos cognitivos
dependendo da relação entre o que é para ser relacionados com a intenção, que possuem como
aprendido e as tendências de coordenação já função a manutenção de padrões de coordenação
existentes no organismo. O autor ainda coloca dentro de regiões de instabilidade (BYBLOW et
que os mecanismos hipotéticos que governam a al., 1999; SUMMERS et al., 1998;
aprendizagem são a competição e a cooperação, TEMPRADO, 1999).
as quais determinam essencialmente os Há algum tempo, Summers (1998)
resultados comportamentais a qualquer ponto no identificou como problemática a contínua
tempo. Os mecanismos competitivos operam negação de alguns investigadores da teoria da
quando requerimentos extrínsecos não ação acerca da existência de alguma forma de
coincidem com um estado estável das dinâmicas representação no controle de movimentos. O
do padrão corrente; no entanto, quando estes autor considera importante estudar a mudança,
coincidem, processos cooperativos parecem seja aprendizagem ou desenvolvimento,
dominar o processo. Para avaliar a incorporando fatores como motivação, memória,
aprendizagem, Schöner, Zanone e Kelso (1992) atenção e estratégias cognitivas dentro da teoria.
propõem que devem ser monitoradas as Também coloca que a teoria da ação ainda não
propriedades dinâmicas do padrão de fornece uma alternativa completa para substituir
coordenação, particularmente a sua estabilidade a abordagem cognitiva ou de processamento de
temporal. Mudanças na estabilidade podem ser informações. Segundo o autor, as duas
um indicativo da aprendizagem, mesmo quando abordagens possuem diferentes objetivos,
nenhuma mudança no desempenho pode ser conceitos, métodos e resultados esperados,
detectada. portanto é duvidosa a possibilidade de tentar
distinguir empiricamente entre as duas. Sua
Futuros desdobramentos visão do controle motor é a de um sistema de
Apesar de a teoria da ação ser recente, vários níveis, que incorpora um sistema cognitivo
algumas críticas começam a ser colocadas, de nível superior, responsável pelo planejamento,
principalmente no que se refere a sua posição representação e controle estratégico da ação, e um
concernente ao processamento de informações e sistema dinâmico de nível inferior, responsável
ao programa motor. Pesquisadores como Wulf et pela execução do movimento (SUMMERS, 1992).
al.; (1999) exemplificam fenômenos da A noção de controle distribuído também é
aprendizagem motora que dificilmente podem enfatizada pelo autor, ao sugerir que o controle é
ser explicados pela teoria da ação, que nega a trocado de um nível para outro, dependendo de
representação como parte integrante do fatores como demandas da tarefa, restrições
comportamento motor, como, por exemplo, ambientais e intenção do sujeito.
métodos de prática mental e de observação, Tal noção também é bem fundamentada no
manipulações da prática que resultam em estudo de Keele, Cohen e Ivry (1990), segundo
reversões no desempenho entre as fases de cuja proposta os planos ou programas que guiam
aquisição e retenção, casos encontrados nos as ações podem ser considerados hierárquicos e
estudos sobre frequência de feedback e modulares. Glencross, Whiting e Abernethy
interferência contextual, assim como em (1994) também sugerem que a aprendizagem e o
manipulações experimentais com base na controle motor envolvem um sistema de nível
intenção dos sujeitos, caso de pesquisas sobre inferior, dirigido dinamicamente, integrado a um
aprendizagem com autocontrole, estabelecimento sistema superior organizado cognitivamente.
de metas, etc. Não existe dúvida, na visão dos autores, de que
De fato, começaram a aparecer vários quando se fala em controle e aprendizagem
estudos experimentais na teoria da ação, que motora se está lidando com processos
envolvem fatores cognitivos como a utilização computacionais complexos, nos quais a carga
de feedback (SWINNEN et al., 1997; HUET et computacional coloca sérias restrições

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338 Tani et al.

operacionais sobre o sistema. As propriedades automatização podem ser caracterizadas como


dinâmicas e de auto-organização inerentes ao de equilíbrio.
sistema reduzem essa carga computacional, de No modelo de processo adaptativo, a
forma que seria contraproducente considerar um aprendizagem é considerada contínua, com um
sem o outro. Os autores enfatizam a necessidade aumento crescente de complexidade, em que
de compreender as propriedades emergentes, duas fases são propostas: a de estabilização e a
assim como a arquitetura cognitiva do sistema de adaptação (TANI, 1982). Na fase de
como um todo, a fim de fornecer uma descrição estabilização ocorre um aumento da consistência
adequada do desempenho e da aprendizagem de devido à eliminação do erro mediante feedback
habilidades motoras. Mais importante ainda negativo. A partir de uma inconsistência e falta
seria tentar compreender como esses dois níveis de coordenação iniciais, os movimentos tornam-
de organização interagem e que níveis de se, com a prática, consistentes e coordenados,
interação estão mais implicados nos diferentes atingindo uma padronização espaçotemporal.
estágios do processo de aprendizagem. Quando há uma estabilização funcional, assume-
Mais recentemente, Summers e Anson se que uma estrutura é formada (formação de
(2009), ao revisarem a literatura atual sobre o padrão).
conceito de programa motor, ressaltam que este Na fase de adaptação, o sistema se ajusta às
se encontra bem-estabelecido. Para os autores, o perturbações tanto do ambiente quanto do
programa motor alcançou um status de entidade próprio sistema. A adaptação pode ser
fisiológica com localização específica no paramétrica se utilizar da flexibilidade da
cérebro humano, estando envolvido diretamente estrutura, mantendo-a intacta. No caso de a
na produção de muitas, se não de todas as ações perturbação ultrapassar os limites da estrutura,
habilidosas. Se por um lado o construto de uma há a necessidade de reorganização da própria
representação central sob a ideia geral de um estrutura, o que poderá resultar na formação de
programa motor ainda não foi negada, por outro novas estruturas em um nível superior de
lado ainda não se observa uma noção de complexidade, denominada adaptação estrutural.
representação abstrata de modo a acomodar Uma terceira forma de adaptação, a auto-
problemas recorrentes como o da novidade e o organizacional, diz respeito à emergência de
do armazenamento. uma estrutura completamente nova diante de
O modelo de processo adaptativo (TANI, perturbação de grande magnitude, em que é
2005c) tem sido proposto como uma visão que estabelecido um padrão de interação totalmente
contempla aspectos importantes das duas diferente entre os componentes (TANI, 1995).
teorias, contribuindo, principalmente, para o No modelo de processo adaptativo
entendimento do processo de aprendizagem de considera-se a desordem como fonte
habilidades motoras. Como um sistema aberto, o organizadora, pois a formação de novas
ser humano, em constante interação com o meio estruturas implica uma desestabilização para
ambiente, realiza uma permanente troca de posterior estabilização. Observa-se, assim, um
matéria-energia e informação. Por estar em ciclo contínuo de instabilidade-estabilidade, no
interação, possíveis mudanças no ambiente qual o ser humano continua a aprender uma
poderão afetar diretamente o comportamento habilidade que já domina, em direção a estados
humano, o que implica na necessidade de uma crescentemente complexos (CATTUZZO,
resposta adequada, ou seja, a adaptabilidade. 2007).
Com base nessa premissa, não se compreende a Nessa perspectiva, novas questões são
automatização como fase final da aquisição de suscitadas, por exemplo: a) a adaptação
habilidades motoras. A automatização resulta da pressupõe estabilização do sistema? ; b) a
aquisição e manutenção de uma estrutura, o que estrutura - um programa de ação - é organizada
implica diminuição do erro por meio de hierarquicamente? ; c) a variabilidade, um dos
feedback negativo visando à consistência e fatores de instabilidade, pode refletir
precisão. Por se fundamentar em processos flexibilidade do sistema? ; d) qual o tipo de
homeostáticos (redução da discrepância), teorias prática que melhor promove a aquisição de
de aprendizagem que culminam com a estruturas flexíveis? ; e) seria a liberdade na

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 339

escolha de ações um importante fator na microestrutura apresentar-se-iam desordenadas.


aquisição de estruturas flexíveis? ; f) fatores Com a prática, a macroestrutura tornar-se-ia
relacionados com a desordem, como incerteza e ordenada, enquanto a microestrutura
aleatoriedade, são fontes de ordem no processo permaneceria desordenada, garantindo a
adaptativo? flexibilidade que permitiria a adaptação às
É possível que uma excessiva ênfase na condições de execução. A macroestrutura
consistência leve o sistema a uma organização emergiria a partir da interação dos componentes,
rígida, reduzindo a sua capacidade de adaptar-se e à medida que se tornasse bem-definida,
a novas situações, pois a adaptação pressupõe passaria a restringir a microestrutura, não a
flexibilidade do sistema (CORRÊA; TANI, controlando, mas condicionando-a (TANI, 1995,
2005; TANI, 1982, 2005c). Por outro lado, 2000b, 2005d). A microestrutura seria
considerando que a adaptação implica a simultaneamente causa e efeito da
reorganização de estruturas existentes, supõe-se macroestrutura (TANI, 2000b).
que não há como reorganizar uma estrutura que A variabilidade tem sido tradicionalmente
ainda não foi formada, isto é, a adaptação entendida como ruído no sistema, isto é, algo
pressupõe estabilização do sistema (TANI, que traz prejuízo para a estabilidade do sistema.
1995, 2005c; UGRINOWITSCH, 2003; No modelo do processo adaptativo, esse fator de
UGRINOWITSCH; TANI, 2005). instabilidade, considerando o estado de
Uma característica marcante das habilidades organização do sistema, pode ser o ponto de
motoras diz respeito à presença de consistência e partida para a formação de uma nova estrutura,
flexibilidade simultaneamente (BARTLETT, ou seja, a desordem organizadora (BENDA,
1932). Como uma representação central poderia 2001; BENDA et al., 2000; BENDA; TANI,
ser organizada de forma a contemplar essas duas 2005; TANI, 2000b).
características aparentemente contraditórias? A formação de estrutura na aquisição de
Uma possível proposição seria a noção de um habilidades motoras implica, evidentemente, a
programa de ação organizado hierarquicamente prática. Considerando-se que a flexibilidade é
(TANI, 2000b, 2005d). Quando uma habilidade uma importante característica dessa estrutura
motora é aprendida, assume-se que um programa para efeito de adaptação, fatores relacionados a
de ação é formado. Uma mesma estrutura se desordem - como incerteza (MEIRA JÚNIOR,
responsabilizaria tanto pela consistência quanto 2005), aleatoriedade (CORRÊA, 2001;
pela flexibilidade. Este programa seria PAROLI, 2004) e liberdade na escolha de ações
organizado de forma hierárquica, com uma (BASTOS, 2007; WALTER, 2007) - podem ser
estrutura macro, responsável pela consistência vistos, na prática, como construtivo, ou seja,
(relacionada à ordem) e uma estrutura micro como fontes de ordem.
responsável pela flexibilidade (relacionada à Enfim, o modelo do processo adaptativo
desordem). Mas o que realmente compõe a aponta que alguns dos pressupostos da teoria
macro e a microestrutura? A microestrutura motora podem ser reinterpretados e apresentados
refere-se aos componentes e a macroestrutura ao num enfoque fundamentado em uma visão que
padrão que emerge a partir da interação dos também contempla a teoria da ação. Os
componentes. Consistência diz respeito à desdobramentos da controvérsia teoria motora
invariância e flexibilidade àquilo que pode ser versus teoria da ação (MEIJER; ROTH, 1988)
variado. Assim, os aspectos invariantes, como mostram a prevalência do debate entre
sequenciamento, força relativa e tempo relativo presença/ausência de representação central,
(SCHMIDT, 1977, 1982a, 1982b, 1988a; consequência das diferenças entre distintas
SHAPIRO; SCHMIDT, 1982), são medidas que abordagens na psicologia (cognitiva x
refletiriam a macroestrutura, e os aspectos ecológica), bem como a necessidade da adoção
variáveis (tempo total, força total, grupamento de background teórico para a compreensão de
muscular), as medidas que refletiriam a sistemas adaptativos complexos (GELL-MANN,
microestrutura. 1997; HOLLAND, 1992, 1997). O modelo do
Nos primeiros contatos com a habilidade a processo adaptativo apresenta uma proposta
ser aprendida, tanto a macro quanto a fundamentada numa visão de sistemas

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340 Tani et al.

dinâmicos adaptativos, ao mesmo tempo em que dizer: tudo o que tinha de ser descrito no
incorpora a noção de representação central mais desenvolvimento motor já o foi, agora é preciso
abstrata, e deste modo constitui uma alternativa explicar como essas mudanças ocorrem. Sem
a esse embate dicotômico entre teoria motora e dúvida, os estudos descritivos clássicos
teoria da ação. oferecem um rico conjunto de dados que
possibilitam especular acerca dos mecanismos e
processos envolvidos no desenvolvimento
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO motor, mas quando se considera que esses
estudos foram conduzidos com base na hipótese
Abordagem descritiva e explicativa
maturacional (GESELL, 1929), que dava pouca
É amplamente reconhecido que a descrição importância ao contexto, pode-se questionar até
de fenômenos é um processo fundamental em que ponto essas descrições são robustas. O
ciência, pois fornece a base para sua comportamento apresentado não é uma função
compreensão e explicação. Estudos descritivos do ambiente, mas se molda às suas
são muito comuns na área de CoM. Por características. Assim, variações na sequência de
exemplo, em DM, a utilização desse método desenvolvimento que no passado foram
pode ser vista em estudos como os de Roberton atribuídas à velocidade particular da maturação
(1982), Seefeldt e Haubenstriker (1982), podem também resultar de variações específicas
Roberton e Konzack (2001), Oliveira (1997), do contexto em que o indivíduo age. Não se trata
Oliveira e Manoel (2002), Langendorfer (1990), de abolir a ideia de sequência, mas de considerar
Thelen (1995), Vaillancourt, Sosnoff e Newell que a sua direção e as suas fases estão
(2004), Vaillancourt e Newell (2002, 2003), condicionadas ao histórico de interações que se
entre tantos outros. Relativamente à CM, são estabelecem em diferentes níveis (GOTTLIEB,
ilustrativos os estudos de Ajiboye e Weir 1992; LEWONTIN, 1997): no nível interno do
(2009), Altenmuller e Jabusch (2009), Barela, indivíduo (gene-gene, gene-célula, célula-célula,
Stolf e Duarte (2006), Barela e Duarte (2008), célula-órgão, órgão-órgão) e no nível externo
Braun et al. (2007), Burke e Barnes (2006), (indivíduo-indivíduo, indivíduo-grupo, grupo-
Busichio et al., (2004), Lamontagne, Malouin, grupo).
Richards (2001), Rosecrance, Giuliani (1991), Considerando-se a infinidade de variáveis
Schneck, Henderson (1990), Williams, Fisher, orgânicas e do contexto e, igualmente, o número
Tritschler (1983). Na AM exemplos de estudos astronômico de interações daí resultante, pode
podem ser vistos, por exemplo, em Schöner, parecer uma tarefa quixotesca e imponderável
Zanone e Kelso (1992), Zanone, Kelso (1991, mapear o universo de variáveis intervenientes
1997), Vereijken et al. (1992), Vereijken, nos processos de aprendizagem, controle e
Whiting e Beek, (1992), Vereijken et al. (1997), desenvolvimento motor, mas não é por isso que
Liu, Mayer-Kress, Newell (2006), Newell, se deixará de realizar pesquisas.
Vaillancourt (2001), Newell, Liu e Mayer-Kress
(2001). Todos esses estudos procuram responder Abordagem integrada: comportamental,
à pergunta “o que” acontece no comportamento neurofisiológica e biomecânica
motor em uma situação específica, sem se A execução de ações motoras envolve
preocupar com o “como” nem o “porquê” desse atividades como estabelecimento de metas,
comportamento. Nem por isso deixam de ser tomadas de decisão, processos de organização e
importantes, visto que quando não existem controle de respostas que finalmente resultam
informações suficientes para manipular uma num movimento desejado. Para um melhor
variável independente e buscar uma relação entendimento de todo esse processo, uma
causal, isto é, explicação, a descrição é o estratégia metodológica utilizada é o estudo da
procedimento recomendado. ação motora em diferentes níveis de análise, de
Cumpre, por outro lado, manter-se atento forma integrada: o comportamental, o
para o fato de que a distinção entre descrição e neurofisiológico e o biomecânico. Ela possibilita
explicação é tênue em se tratando de estudo do a compreensão do comportamento observável
comportamento motor. Por exemplo, poder-se-ia quanto a fatores que afetam a qualidade de sua

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 341

execução, bem como das ações elétricas que (1995) e de Rugy, Reik e Carson (2006) são
ocorrem no grupo de células, ou seja, estruturas outros exemplos. A Cross Correlation é um
neurais e suas interações funcionais que método que avalia com que grau de similaridade
possibilitam o surgimento do comportamento duas séries de valores podem ser quantificadas.
motor e dos efeitos de variáveis físicas e Exemplos podem ser identificados no estudo de
mecânicas na execução de movimentos. Holdefer e Miller (2009), que calculou a
A abordagem integrada é uma tendência similaridade entre a descarga e a atividade
recente, mas muito forte em pesquisas de CoM, muscular pelo cálculo entre a taxa de descarga e
principalment em razão dos avanços nas técnicas a EMG corrigida. Outro exemplo é o estudo de
de observação e análise em Neurociência e na Alibiglou et al. (2009), o qual, a partir do
instrumentação em Biomecânica. Em CM, conhecimento de que o estado sensório-motor de
trabalhos como o de Cauraugh, Summers (2005), um membro pode influenciar o outro, investigou
Decety, Ingvar (1990), Hiraga et al., (2009), a contribuição do padrão intermembros para
Kagerer et al., (2003), Meesen et al., (2006) e modificar os padrões de ativação muscular em
Vasil'eva (2007) podem ser vistos como relação às fases.
ilustrativos dessa tendência, da mesma forma
como os trabalhos de Carey, Bhatt e Nagpal Abordagem centrada no processo e no produto
(2005), Ljubisavljevic (2006), Luu, Tucker e A abordagem centrada no processo e no
Stripling (2007), Mitra et al., (2005), Schiltz et produto se apresenta de forma peculiar em cada
al., (2001), Shepherd (2001), Sidorov (1991), campo de investigação. Em DM, a abordagem
Vasil'eva (2007), Walker et al.; (2002) em AM. centrada no produto refere-se, por exemplo, à
Em DM, exemplos ilustrativos de trabalhos que análise das características do estágio alcançado
utilizaram essa abordagem metodológica são os (padrão maduro) numa determinada habilidade,
de Frolov et al., (1991), Fujiyama, (2009), Piek, e também dos resultados do desempenho motor
Gasson e Summers (2008), Walker et al.; (RARICK, 1982) - por exemplo, os ganhos na
(2003), entre outros. velocidade de corrida, na distância com que uma
De posse dos dados obtidos mediante o uso bola é arremessada, na altura obtida num salto,
dessa análise integrada em diferentes níveis e, na precisão (acertos e erros ou magnitude do
consequentemente, com a utilização de erro) de um arremesso ao alvo.
diferentes instrumentos de análise, o desafio que A abordagem centrada no processo implica
se coloca é como utilizá-los para responder à o estudo das mudanças nos estágios de
pergunta do estudo mantendo-se a coerência desenvolvimento dessa habilidade desde o
interna com o referencial teórico utilizado. Os inicial até o maduro. Podem-se citar como
estudos realizados na abordagem dinâmica exemplo as mudanças no padrão de movimento
utilizam ferramentas estatísticas não lineares, (RARICK, 1982), como aquelas que ocorrem
como a Approximate Entropy, a Relative Phase nos componentes do arremessar: preparação
e a Cross-Correlation (STERGIOU, 2004). para o arremesso, ação do úmero, ação do
Exemplos de estudos que utilizaram a antebraço, ação do tronco e ação dos pés
Approximate Entropy são os de Slifkin e Newell (ROBERTON, 1982). Esse tipo de descrição é
(1998, 1999). Eles buscaram investigar a denominado de qualitativo e pode ser
estrutura da variabilidade no comportamento, e complementado, ou mesmo ampliado, com o
para isso utilizaram uma tarefa de força registro de variáveis cinemáticas como
isométrica, pois para o cálculo dessa medida é velocidade angular do punho durante o
necessário um grande número de observações. arremesso, trajetória espaçotemporal de
A Relative Phase é um instrumento muito articulação do punho, ombro e quadril, entre
utilizado na Teoria da Ação, pois permite outras (OLIVEIRA; MANOEL, 2002).
investigar mudanças de estados e os fatores que Na abordagem orientada ao produto em DM
podem influenciá-los. Por exemplo, o estudo de o que importa é o tipo de pergunta: “O que está
Haken, Kelso e Bunz (1985) foi um dos mudando?” e “Quando está mudando?”.
pioneiros que impulsionaram a abordagem Connolly (1970) afirma que essas questões
dinâmica. Estudos de Wallenstein e Kelso foram as que mais preocuparam os

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342 Tani et al.

pesquisadores no período de 1930 a 1960. Esse todo um processo interno que ocorre no SNC. O
autor vai além e aponta que a questão “como processo interno, por não ser diretamente
ocorre a mudança?” deveria ser central no observável, é frequentemente desconsiderado ou
estudo do desenvolvimento motor. Um estudo negligenciado, dando origem a visões
que buscasse responder à questão “como” distorcidas e parciais do comportamento motor
caracterizaria uma abordagem orientada ao humano.
processo e possibilitaria uma explicação do
desenvolvimento. Abordagem transversal e longitudinal
Em AM, por sua vez, a abordagem centrada Como estudos em DM envolvem investigar
no produto implica a análise das características as mudanças no comportamento ao longo do
do comportamento habilidoso (produto final) e a tempo, dois delineamentos de pesquisa têm sido
abordagem centrada no processo, a análise do utilizados: a) estudos longitudinais, em que o
processo de aquisição da habilidade, desde o mesmo sujeito é acompanhado e avaliado em
iniciante até o habilidoso. Evidentemente, do diferentes momentos; b) estudos transversais,
ponto de vista metodológico, a abordagem em que diferentes sujeitos de diferentes faixas
centrada no processo demanda uma análise mais etárias são avaliados em um mesmo momento
demorada e um tratamento de dados muito mais (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2005).
numerosos. É por esse motivo que muitos Se por um lado, em estudos longitudinais há
estudos buscam compreender o processo maior fidedignidade, menor efeito de diferenças
mediante a análise do produto acabado. São individuais e características que envolvem o
estudos que analisam o produto final da contexto de cada sujeito voluntário, por outro
aprendizagem, ou seja, um comportamento lado, em estudos transversais, o estudo pode ser
altamente habilidoso, e a partir daí pretendem concluído mais rapidamente, com menor risco
inferirr o processo de aquisição. Apesar de o uso de perda amostral. Uma opção entre eles
dessa abordagem ser inevitável em determinadas dependerá fundamentalmente do problema que
circunstâncias, é importante reconhecer que os se queira investigar, considerando-se as
resultados obtidos necessitam ser analisados vantagens e desvantagens anteriormente
com o devido cuidado, especialmente no que se apresentadas; porém um estudo longitudinal,
refere a sua generalização numa situação real, apesar de mais trabalhoso, permite mais
visto que a aplicação dos conhecimentos confiabilidade.
produzidos mediante esse processo não Essa dicotomia entre estudos longitudinais e
possibilita a reprodução do produto. A título de transversais não é exclusiva do DM. Ela se
ilustração, a eventual análise das habilidades de encontra em diversos temas de estudo do
Pelé não produziriam conhecimentos que, ao
desenvolvimento humano, tais como inteligência
serem aplicados, possibilitassem a reprodução
e funções mentais em adultos e crianças,
de novos “Pelés”. O estudo do processo pelo
doenças cardíacas e lesões cerebrais, e
qual Pelé foi adquirindo e aperfeiçoando suas
comportamento psicossocial (RICE, 1995). Em
habilidades certamente produziria
conhecimentos mais ricos para essa finalidade. DM, vários estudos foram conduzidos com o
Por fim, em CM, a abordagem centrada no objetivo de verificar as mudanças em
produto implica a análise do comportamento crescimento físico e alguns deles com foco nos
observável (movimento), enquanto a abordagem padrões fundamentais de movimento
centrada no processo procura estudar os (GALLAHUE; OZMUN, 1998). Apesar de
processos internos responsáveis pela produção exigir uma decisão do pesquisador, há ainda
desse movimento. Na realidade, o uma terceira possibilidade de delineamento, a
comportamento motor humano envolve uma translongitudinal, em que o acompanhamento de
ação efetora que resulta num deslocamento do um sujeito não envolve um longo período de
corpo ou dos membros num determinado padrão tempo, mas algum período de tempo com outros
espacial e temporal (movimento), portanto é sujeitos de outras faixas etárias que também são
algo observável e mensurável; mas, essa ação acompanhados. Esse delineamento minimiza o
efetora nada mais é do que um produto final de custo de tempo presente em estudos

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 343

longitudinais, como também minimiza os efeitos Particularmente na área do CoM, tanto a


das diferenças individuais. seleção como a dimensão da amostra são pontos
de preocupação dos pesquisadores.
Abordagem centrada no grupo e no indivíduo Normalmente, estudos de CM contam com a
Estudos em CoM podem seguir duas participação de poucos sujeitos, porém
abordagens: a centrada no grupo e a centrada no empregam instrumentação sofisticada, que exige
indivíduo. A abordagem centrada no indivíduo muito esforço de análise de captação, filtragem e
teve sua origem em meados dos anos 1800, nos organização de dados. As medidas (geralmente é
estudos em Psicologia, Fisiologia e Psiquiatria utilizado um conjunto de variáveis) tendem a ser
(STERGIOU, 2004), com o seu ponto forte nos de processo e de captação “on line”, o que
estudos de aprendizagem realizados por Pavlov justifica amostras pequenas. Outro fator que
(1928). Nessa abordagem são feitas diversas justifica a utilização de um número amostral
medições, que podem ser resultantes de pequeno é a fidedignidade das variáveis
diferentes condições experimentais. Quando os dependentes utilizadas. Uma característica, nos
estudos são replicados fornecem dicas para a estudos de CM, é a facilidade de se obter
formulação de afirmações generalizáveis. Foi amostra, pois os sujeitos podem participar de
em virtude desse tipo de estudo que Pearson diferentes experimentos, visto que o que se
desenvolveu a ideia de correlação. Essa busca é entender o efeito de diferentes variáveis
abordagem propõe que, ao invés de testar dez em uma tarefa específica ou ainda como
pessoas 100 vezes, é possível testar uma única acontece o controle de ações motoras em
pessoa mil vezes. Em outras palavras, ela diferentes tarefas.
enfatiza a necessidade de utilizar medidas O sujeito da pesquisa de CM tende a
repetidas. Posteriormente, Skinner (1966) comparecer apenas uma vez no ambiente de
enfatizou a necessidade de utilizar uma coleta e permanece lá por muito tempo. Estudos
abordagem centrada no grupo e buscar uma que investigam mudanças ao longo do tempo
distribuição normal agrupada ao redor de uma (aprendizagem motora e desenvolvimento
média (STERGIOU, 2004). Um ponto forte motor), por sua vez, empregam intervalos entre
dessa abordagem é que a variabilidade entre as medições - na maior parte das vezes com
indivíduos ou o erro pode ser dispersa se o medidas de produto - e tendem a possuir
grupo observado for grande o suficiente. amostras maiores. Outro fator que exige um
Essas diferentes abordagens têm número amostral maior é que existem estudos
implicações diretas na robustez dos resultados conduzidos com habilidades do dia-a-dia, os
obtidos, assim como na qualidade e pertinência quais revelam uma maior dificuldade de utilizar
das questões formuladas e dos procedimentos medidas com fidedignidade similar àquelas
metodológicos adotados para resolvê-las utilizadas em laboratório. Outro ponto é que,
(GODINHO et al., 2000). A questão da salvo raras exceções, o sujeito da pesquisa em
abordagem centrada no grupo e no indivíduo AM e DM comparece ao ambiente de coleta
insere-se na temática de um aspecto várias vezes, porque entre as medições existem
metodológico crucial que afeta diretamente a períodos de não prática - por exemplo, entre o
validade dos resultados: a característica da final da fase de aquisição e os testes de retenção
amostra. Esse assunto é de grande importância, e transferência. Pode-se dizer que a pesquisa de
porque está inserido num valor científico básico, CM tende a ser mais centrada no indivíduo e a
qual seja, o da generalização. A título de pesquisa de AM e DM mais centrada no grupo,
exemplo, é possível obter resultados divergentes embora ambas valorizem a generalização,
de dois estudos com procedimentos idênticos, objetivando a criação de valores de referência da
mas com dimensões amostrais diferentes. Assim, amostra para a população escolhida.
fica claro que a questão da constituição da Outra diferença entre os campos de
amostra é um ponto importante a ser investigação é que as pesquisas em CoM
considerado na definição metodológica de raramente lançam mão de procedimento de
qualquer trabalho. seleção aleatória da amostra. Thomas, Nelson e
Silverman (2005) ilustram bem esse problema

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344 Tani et al.

afirmando que “às vezes é um milagre ter um particular, desprezam as diferenças individuais,
voluntário!”, e complementam que é necessário uma vez que exigem requisitos básicos
que a amostra seja boa o suficiente para os centrados no grupo, tais como, a eliminação de
objetivos da pesquisa. Na maior parte das vezes, “outliers” (indivíduo que se afasta
o pesquisador justifica post hoc que a amostra significativamente da média do grupo), a
representa algum grupo maior. Esse é um igualdade de variâncias e a normalidade da
procedimento aceitável, mas não é equivalente à distribuição dos dados.
seleção aleatória, que permite a suposição de Por outro lado, novas técnicas estatísticas
que a amostra não difere da população nas centradas no percurso individual têm sido
variáveis analisadas e em outras variáveis não utilizadas. Por exemplo, Maia et al., (2007)
analisadas que podem interferir nos resultados. sugerem que as análises devem ir mais longe do
O importante é ter um princípio de amostragem que a simples análise de médias, e propõe a
com boa base teórica, que permitirá utilização de técnicas de tracking, que permitem
minimamente generalizações para a população um escrutínio da estabilidade e da mudança em
da qual a amostra foi retirada. A declaração dados longitudinais e podem ser uma alternativa
conclusiva mais provável acerca dos resultados para a análise conjunta do grupo e do indivíduo.
nesse caso é afirmar que os achados são Tracking é um termo genérico que pretende
“plausíveis” na população. descrever um padrão regular de mudança num
Ainda quanto à seleção da amostra, conjunto de padrões que se alteram no tempo; a
Barreiros, Carita e Godinho (2001) reforçam a ideia genérica de seu conteúdo é a tendência de
ideia de que a sua escolha tem enorme um indivíduo ou conjunto de indivíduos a
importância e deve merecer atenção cuidadosa e permanecer num determinado curso ou canal de
criteriosa em estudos de CoM, especialmente de mudança, o que reflete estabilidade no seu
AM. Eles colocam em cheque a integridade dos padrão de mudança.
resultados quando os indivíduos da pesquisa O estudo do tracking é relevante, na medida
carregam experiências que podem enviesar o em que permite atribuir significado àquilo que é
percurso individual e dos grupos experimentais. ou não estável nos indivíduos em função do
Sugerem, por isso, o controle desses aspectos, tempo - no caso da AM e do DM, em razão das
uma vez que nem todos aprendem da mesma medidas repetidas (tentativas) ao longo do
maneira. Eles também chamam a atenção para o tempo. Vale ressaltar que estabilidade não
cuidado com o nível inicial de desempenho na significa ausência de mudança, salvo quando o
tarefa, que pode ser uma variável interveniente valor das médias ou os valores de cada sujeito
importante. Os pesquisadores resolvem esse não se alteram significativamente no tempo. Em
problema com a homogeneização dos grupos AM, o tracking pode ser utilizado para verificar
experimentais com base em valores de tendência a magnitude e o padrão de resposta de grupos de
central, igualdade de variâncias ou resultados de indivíduos submetidos a tratamentos distintos ou
pré-testes. O encaminhamento sugerido pelos avaliar condições distintas de aquisição em
autores acerca dessa temática envolve testes de retenção e transferência. A análise do
contemplar a diferenciação inicial entre tracking é normalmente centrada na definição da
indivíduos e entre grupos com soluções posição relativa dos indivíduos, baseada no
experimentais e estatísticas que incorporem a cálculo do K de Cohen, que leva em
diferença e centrar a análise não no percurso dos consideração medidas de posição. O principal
grupos, mas nos percursos individuais dos conceito subjacente à análise é o de canalização,
aprendizes. que ocorre quando as medidas repetidas no
Tal encaminhamento traz à tona a discussão tempo de uma variável (por exemplo, o erro) de
sobre as técnicas estatísticas que refletem um dado indivíduo permanecem entre um par de
abordagens centradas no indivíduo e no grupo. percentis adjacentes (por exemplo, P1-P33; P33-
A Estatística tem sido uma área que tenta P66; P66-P100), ou não se desviam mais do que
acomodar em seu seio técnicas centradas no um determinado centil maior para o canal
indivíduo. As análises de variância, campeãs de contíguo. A mudança de canal de desempenho
popularidade na ciência e na área de CoM em acontece sempre que a alteração das medidas

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 345

repetidas no tempo implique uma transição para comportamentais são geralmente nomotéticas e
canais não adjacentes - por exemplo, passar do as ciências clínicas são ideográficas. Para
canal P1-P33 para o canal P33-P66. O K de profissionais que trabalham na linha
Cohen estipula a presença de tracking se os predominantemente ideográfica, o interesse na
indivíduos tenderem a permanecer no mesmo ciência está em como ela pode ajudá-los nas
canal (track) da distribuição. O valor do K é intervenções junto aos indivíduos. Isso por vezes
diretamente proporcional ao número de vezes ocorre em AM, CM e DM, mas a grande maioria
em que o valor de desempenho permanece no dos pesquisadores procura leis que expliquem o
canal. Como se trata de uma estatística não comportamento motor. O indivíduo é
paramétrica, não há qualquer exigência acerca considerado apenas como um exemplo da
da normalidade da distribuição. Os valores de K expressão de uma teoria. Talvez uma saída para
têm as seguintes interpretações: K≥0,75: acomodar as ideias de Kerlinger (1980) seria
excelente; 0,75<K≤0,40: de moderado a bom; combinar as duas abordagens para que o
K<0,40: ruim (MAIA et al., 2002). paradoxo indivíduo-grupo possa ser superado.
Denomina-se de normativa a orientação Por exemplo, na área de CoM, as curvas de
voltada ao indivíduo médio. Essa orientação desempenho individuais e de grupos poderiam
reforça os pressupostos da ciência clássica, cumprir essa função. Curvas de desempenho são
porque visa à formulação de normas gerais, representações gráficas dos níveis de
enfatizando a generalidade e a abstração. Uma desempenho motor ao longo do tempo, e têm-se
alternativa a essa orientação é a voltada ao constituído como meios de organização de dados
indivíduo particular, denominada diferencial, bastante populares na análise do processo de
centrada nas diferenças individuais. Se aprendizagem motora. Elas são originárias de
pensarmos que a performance motora é o valores registrados em todas as tentativas e
resultado de uma complexa relação entre muitas traçadas a partir de médias ou a partir de valores
variáveis influenciadas por diferenças absolutos obtidos em tentativas consecutivas ou
individuais, que variam de pessoa para pessoa, blocos consecutivos de tentativas. Assim, as
fica fácil optar por essa orientação mais curvas podem ser usadas para ilustrar a evolução
individual. Hoje em dia há uma forte tendência de um indivíduo ou de grupos de indivíduos: as
de voltar a atenção às necessidades do curvas individuais mostram irregularidades,
períodos de estabilidade e deterioração da
indivíduo. Em ciência, o cerne dos estudos em
resposta; as curvas de grupos atenuam e
diferenças individuais é o estudo da variância e
mascaram as variações individuais, mas
de como são evidentes as diferenças entre os
representam bem o comportamento das médias
indivíduos; mas isso não exclui o registro das
de grupos experimentais (GODINHO;
tendências centrais, porque talvez a principal
BARREIROS; CORREIA, 1997; MAGILL,
questão em diferenças individuais seja a 2000).
confrontação das diferenças entre indivíduos
com as diferenças que os indivíduos manifestam
ao longo do tempo ou em situações diferentes INSTRUMENTOS DE ANÁLISE
(GODINHO, 2004; KERLINGER, 1980).
Segundo Kerlinger (1980), na ciência Os movimentos podem ser medidos e
clássica, grupal por natureza, há falta de analisados de diferentes formas. Uma das mais
preocupação com o indivíduo. A formalidade de comuns em CoM é a quantificação da extensão
uma equação, por exemplo, não considera a em que um dado movimento alcançou o objetivo
individualidade dos sujeitos da pesquisa, pois é pretendido (SCHMIDT, 1999) - por exemplo, se
uma expressão média, uma abstração dos dados o movimento teve sucesso em acertar um alvo
originais, de cada indivíduo. O autor ilustra o ou se ele foi realizado no tempo correto. Essas
problema com duas abordagens: a nomotética e medidas estão geralmente relacionadas a alguma
a ideográfica. Em poucas palavras, a primeira meta a ser alcançada no meio ambiente externo
estabelece leis universais e a segunda descreve ou ao padrão de movimento.
individualmente. Embora não seja consenso, A análise do padrão de movimento envolve
Kerlinger (1980) afirma que as ciências variáveis como velocidade, deslocamento,

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346 Tani et al.

ângulo e aceleração, e a do resultado do avaliação qualitativa do padrão de movimento é


movimento no meio ambiente inclui, por feita por categorização e exige a utilização de
exemplo, número de erros, número de tentativas estatística não paramétrica. Tais procedimentos
bem-sucedidas, tempo para realizar um podem dificultar a detecção das diferenças.
movimento completo, tempo dentro ou fora do Além disso, garantir a objetividade e
alvo, distância percorrida, entre outras. fidedignidade das medidas, mesmo quando é
Com a intensificação da interação com a tomado todo o cuidado no controle intra e
Biomecânica, o estudo de habilidades motoras interavaliadores proposto por Thomas, Nelson e
tem sido facilitado pela utilização de técnicas de Silverman (2005), não tem sido uma tarefa
análise de movimento que permitem investigar a simples. Esses questionamentos levaram à busca
relação entre o padrão de movimento e o de novos instrumentos que permitissem a
desempenho, a emergência de padrões motores e avaliação do padrão de movimento de forma
as estratégias de controle utilizadas durante a quantitativa. Atualmente se emprega uma ampla
execução de ações habilidosas. gama de instrumentos de análise biomecânica, a
fim de estudar variados aspectos dos padrões de
Análise descritiva dos padrões de movimento movimento, entre os quais podemos citar o
A análise descritiva dos padrões de Optotreck, Simi-Motion, dentre outros.
movimento, quando relacionada mais
Análise comportamental do resultado do
especificamente ao estudo do desenvolvimento
movimento
motor, tem suas origens nos trabalhos de
Roberton (1982) e também na proposta de A análise comportamental dos resultados do
Gallahue (1982) de criar uma forma de ajudar os movimento inclui como variável dependente, por
professores de Educação Física a avaliarem o exemplo, o número de erros ou o número de
nível de desenvolvimento motor dos alunos. tentativas bem-sucedidas de realizar um
Nessas análises, a avaliação é feita mediante movimento, o tempo para completar um
uma lista de checagem em que o observador movimento, o tempo dentro ou fora do alvo, a
relaciona o movimento executado a critérios de distância percorrida, o número de acertos, entre
desempenho, sendo a moda do comportamento outras.
observado usado como o nível de As medidas mais utilizadas são os erros
desenvolvimento dos avaliados. absoluto, constante e variável (SCHMIDT,
Apesar de a lista de checagem proposta por 1999). O erro absoluto refere-se a uma medida
Gallahue (1982) não ter sido concebida para da precisão global no desempenho, ou seja, ao
finalidade de pesquisa, ela passou a ser utilizada desvio ou à diferença entre o resultado
também para esse fim. Alguns exemplos podem alcançado na execução de cada tentativa em
ser encontrados na investigação do nível de relação ao objetivo buscado, sem considerar a
desenvolvimento de habilidades fundamentais direção do erro. O erro constante diz respeito ao
de crianças (FERREIRA et al., 2006). mesmo valor do erro absoluto, porém nele
Posteriormente, passou também a ser utilizada considera-se a direção do erro, ou seja, ele mede
em pesquisas de aprendizagem motora, em que a tendência do erro para uma ou outra direção.
são eleitos experts na tarefa a ser estudada e uma Já o erro variável mede a inconsistência do
lista de checagem é elaborada. Essa lista é desempenho, ou seja, a dispersão de cada
validada (MEIRA JÚNIOR, 2003) e usada para execução em relação à meta da tarefa. Nos
verificar as mudanças no padrão de movimento experimentos, os resultados são analisados
ocorridas durante o processo de aprendizagem. normalmente em blocos de tentativas, os quais
A análise do padrão de movimento constitui, podem variar, por exemplo, em três, cinco, dez
muitas vezes, uma importante medida ou mesmo 15 tentativas. Isso significa que cada
complementar às medidas de desempenho medida apresentada é a média do erro absoluto,
(BRUZI et al., 2006). constante ou variável daquele bloco de
Não obstante, têm sido apontadas algumas tentativas realizado.
limitações em relação a esses procedimentos e A utilização da média, bem como do número
técnicas de análise qualitativa. Essa forma de de tentativas por bloco, varia entre os diferentes

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 347

campos do CoM. Por exemplo, um estudo de especiais, LEDs ou mesmo fita adesiva, a fim de
CM que investiga a lateralidade utiliza poucas analisar e calcular as medidas cinemáticas.
tentativas e, em alguns casos, pode até ser feita a De acordo com Amadio e Serrão (2007), a
análise tentativa a tentativa. Por outro lado, partir das variáveis trajetória e decurso de tempo
existem estudos com maior número de tentativas gasto para executar o movimento, observam-se
(particularmente em AM), em que uma análise indicadores cinemáticos de importância
tentativa a tentativa inviabilizaria detectar estrutural para a avaliação do rendimento
qualquer diferença, porque o número de graus de esportivo, como, por exemplo, variações lineares
liberdade do teste estatístico subiria e angulares de posição, velocidades lineares e
enormemente. angulares, velocidade do centro de gravidade,
Outras variáveis dependentes de dos segmentos e das articulações, determinação
desempenho também podem ser utilizadas, as das variações da aceleração do movimento,
quais são específicas à tarefa utilizada. Por tempo de reação e tempo de movimento, entre
exemplo, em uma tarefa de lançamento a um outras variáveis a serem selecionadas conforme
alvo, não somente a pontuação atingida no alvo os propósitos da análise e as necessidades
serve de variável dependente, mas também a indicadas.
distância de cada lançamento em relação ao Outros equipamentos utilizados para a
centro do alvo também pode ser uma medida de análise cinemática são, por exemplo, os
desempenho (MARINHO, 2009). Contudo, goniômetros, os velocímetros e os
apesar de nos permitir fazer inferências sobre o acelerômetros, cujas vantagens consistem na
controle da ação motora, ou ainda das mudanças disponibilidade quase simultânea e direta dos
decorrentes da aprendizagem ou do resultados de medição. Esses métodos podem ser
desenvolvimento, a análise do desempenho não aplicados, portanto, durante o treinamento
fornece informações sobre o padrão de técnico baseado no princípio de informação
movimento em si executado para atingir a meta objetiva complementar, que viabiliza um
estabelecida. Para responder essa questão, feedback simultâneo na aprendizagem e no
técnicas de análise de movimento utilizadas nos aperfeiçoamento da técnica de movimento.
estudos de Biomecânica passaram a fazer parte Estudos recentes têm utilizado métodos de
de muitos estudos em CoM. análise cinemática em suas observações de
movimento, na maioria das vezes em conjunto
Análise cinemática do movimento com outros tipos de análise. Stoquart,
A cinemática consiste na análise de Detrembleur e Lejeune (2008) estudaram o
parâmetros que descrevem as variações de padrão da marcha em esteira com o objetivo de
posição de um objeto (deslocamento), sua fornecer valores cinéticos, cinemáticos, e
velocidade e as variações na sua velocidade eletromiográficos referentes à marcha estendida
(aceleração), sem levar em conta a força ou a em esteira, com múltiplos passos, mediante
massa (MAGILL, 2000). Na análise cinemática gravação constante do movimento em sujeitos
do movimento humano, a medida de jovens saudáveis. O estudo forneceu valores de
deslocamento consiste na posição espacial de referência no andar normal e patológico em
um membro ou articulação durante o intervalo esteira, o que proporciona comparações
de tempo do movimento. A medida de minuciosas entre sujeitos.
velocidade se refere à taxa de variação da Mais especificamente relacionado à
posição do membro em função do tempo, ou aprendizagem motora, o estudo de Vereijken et
seja, à rapidez com que essa posição varia. Já a al.; (1992) foi um dos primeiros a utilizar a
aceleração descreve a variação da velocidade análise cinemática com o objetivo de demonstrar
durante o movimento. as modificações no controle dos graus de
Essas medidas são obtidas, principalmente, liberdade (BERNSTEIN, 1967) do movimento
por meio de gravações de imagens do de “slalom” do esqui. Os autores analisaram a
movimento, as quais são analisadas em amplitude e a frequência dos movimentos da
momento posterior. Normalmente, segmentos plataforma, além de relações tridimensionais
corporais são marcados por placas refletoras entre os ângulos corporais (articulações),

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utilizando análises ângulo-ângulo. A partir desse durante a fase de apoio do movimento,


estudo, um número cada vez maior de pesquisas considerando-se a sua ação tridimensional
tem sido realizado com o uso dessa análise, (componente vertical, anteroposterior e médio-
sendo um exemplo típico aquela realizada por lateral). Mais especificamente, a plataforma
Konczak, Vander Velden e Jaeger (2009) sobre quantifica a variação dinâmica da força de
a aprendizagem motora relacionada a tocar reação do solo durante a fase de contato entre
violino. corpos, na qual ocorre a transferência dessas
Essas análises cinemáticas envolvem um forças externas para o corpo, determinando
sofisticado instrumental tecnológico, que inclui alterações nas condições do movimento. Por
câmeras de alta velocidade (no geral, pelo meio dessas medidas, parâmetros são gerados e
menos 200Hz) e diversos programas assumem a indicação do controle e coordenação
computacionais. Tais aparatos possibilitam de movimento, equilíbrio, etc.
entender melhor como as variáveis cinemáticas Ainda, a interpretação das componentes
mudam após um período de prática ortogonais da força permite o entendimento das
(SHEMMELL et al., 2005), ou ainda como a condições do movimento estudado, que
manipulação de alguma variável (ex. distância a respondem por funções de transferência de
que uma bola deve ser rebatida) influencia as forças às estruturas do aparelho locomotor,
variáveis cinemáticas (CALJOUW; VAN DER técnicas de estabilidade do apoio, ou ainda
KAMP; SAVELSBERGH, 2006). Outros alterações no padrão técnico que identificam
estudos ainda verificam como a variabilidade de possíveis disfunções no comportamento motor
medidas cinemáticas (ex. velocidade do quadril, durante a fase de contato do pé com o solo
da perna, do pé), ou ainda a relação entre os (AMADIO; SERRÃO, 2007).
ângulos de duas articulações, mudam ao longo Estudos recentes utilizam medidas cinéticas
do processo de aprendizagem, quando é para investigar diferentes fatores. Alguns
utilizada, por exemplo, a tarefa de chutar uma exemplos são a investigação de como ocorre a
bola de futebol (CHOW et al., 2007). As adaptação a perturbações no movimento de
variáveis dependentes obtidas são utilizadas para tração do tronco quando existe o aumento da
avaliar mudanças ou formas de controle do resistência (VAN DER BURG et al.; 2005), os
movimento, tanto para inferir uma estrutura efeitos da magnitude e posição da adição de
interna que controla a ação como para mostrar massa na dinâmica da extensão da perna (VAN
que o controle é dinâmico e não existe uma SOEST; PEPER; SELLES, 2004a), na
representação mental para controlar as ações coordenação entre membros (VAN SOEST;
realizadas. PEPER; SELLES, 2004b) e no controle postural
(GODOI; BARELA, 2008).
Análise cinética do movimento Também existem estudos que combinam as
O estudo das forças aplicadas ao movimento variáveis de desempenho, cinemáticas e
é chamado de análise cinética ou dinâmica cinéticas. Esses estudos são importantes por
(AMADIO; SERRÃO, 2007). A cinética trata a terem diferentes níveis de análise, o que pode
força como causa do movimento, enquanto a ser assumido como o princípio da
cinemática descreve os movimentos sem se complementaridade nas medidas, que fornece
preocupar com suas causas (MAGILL, 2000). maiores informações sobre a organização da
No estudo do desempenho de habilidades ação. Um exemplo dessa classe de estudos é o
motoras destacam-se a força de reação do solo, de Timmann et al. (2006), que investigou como
as forças de reação das articulações, força a informação sobre uma perturbação externa em
muscular, resistência viscosa, força elástica e um momento próximo influencia a cinemática e
força inercial, além das rotações de segmentos as respostas musculares em uma tarefa de
do corpo em torno dos eixos das articulações preensão.
(MAGILL, 2000).
Outras análises
A medição é normalmente realizada por
plataformas de força, as quais fornecem a força Entre outras medidas encontradas nos
de reação do solo na superfície de contato estudos em CoM é possível citar a

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 349

eletromiografia (EMG), a análise de imagem perguntas fundamentais (LATASH, 1993): a)


cerebral e a eletroencefalografia (EEG). A EMG quais são as variáveis usadas pelo sistema
tem sido utilizada, por exemplo, para detectar nervoso central para controlar os movimentos
fatores que estão relacionados à variabilidade na voluntários; b) como essas variáveis interagem
produção de força (TRACY; MEHOUDAR; com os reflexos musculares; e c) como essas
ORTEGA, 2007), o comportamento da variáveis são traduzidas em padrões motores
variabilidade ou ainda as estratégias utilizadas periféricos.
para manter o equilíbrio (BARELA et al. 2009). A elucidação desses mecanismos é
As medidas de EEG são utilizadas para explicar importante não apenas para CM em si, mas
qual área e qual tipo de onda cerebral são também para a AM, visto que, em última
responsáveis pela execução de diferentes tarefas. análise, o que muda com a aprendizagem motora
Em outras palavras, existe uma aproximação é a forma de controlar os movimentos. As
cada vez maior entre os estudos de CoM, teorias de aprendizagem motora são usualmente
Neurofisiologia e Biomecânica na busca de construídas com base em teorias de controle
explicações sobre os processos subjacentes à motor (SCHMIDT; FITZPATRICK, 1996).
aquisição e controle das ações motoras. A ideia de uma estrutura interna responsável
pelo controle de movimentos (uma espécie de
programa) teve início com Lashley (1951) na
CONTROLE MOTOR: DESAFIOS E
discussão do problema da ordem seriada (serial
PERSPECTIVAS
order) na execução de ações motoras. No
Os estudos sobre o controle motor humano entanto, a teorização sobre uma forma de
ganharam força após o artigo de Pew (1970), controle central na execução de ações motoras
que mostrou a importância de conhecer os ganhou força de fato com a proposição do
processos subjacentes à execução de ações conceito de programa motor feita por Keele
motoras. Desde então têm recebido atenção cada (1968), e posteriormente, de programa motor
vez maior dos pesquisadores em CoM, tendo, generalizado, feita por Schmidt (1975), como já
em determinado momento, inibido as pesquisas foi mencionado. Por longo tempo, esses
em outros campos de investigação, conceitos dominaram a agenda de discussões em
especialmente em AM. Atualmente, os estudos CM, mas o resgate do questionamento de
são realizados numa perspectiva eminentemente Bernstein (1967) sobre “como é possível
interdisciplinar. Em recente congresso controlar centralmente todos dos graus de
organizado pela Sociedade Internacional de liberdade do corpo, considerando ainda a
Controle Motor (Progress in Motor Control VII variabilidade existente no contexto e no sistema
– Marseille, França), a própria Sociedade neuromotor?” e a proposição de Gibson (1966)
procurou localizar o Controle Motor na interface de que não é necessário um controle central,
da Neurociência, Cinesiologia, Neurofisiologia, pois as informações necessárias para executar as
Psicologia, Biomecânica, Ciências Clínicas e ações já estão disponíveis no ambiente,
Robótica. introduziram uma nova abordagem em CM,
Como campo de investigação, o CM está particularmente a partir do texto seminal de
preocupado em compreender como os Turvey (1977). Com isso, iniciou-se o embate
movimentos são coordenados e regulados e acerca da existência e necessidade ou não de
quais as estruturas neurais responsáveis por uma representação central para controlar ações
esses mecanismos e processos (TANI, 2005b). motoras que ficou mais conhecido como a
Para Fischman (2007), os estudos em CM têm controvérsia entre a Teoria Motora e a Teoria da
ênfase nas estruturas e funções do sistema Ação (ABERNETHY; SPARROW, 1992;
neuromotor, tais como o sistema nervoso central MEIJER; ROTH, 1988).
e periférico, proprioceptores, entre outros. Nesses quase 20 anos que se passaram desde
Ainda, CM pode ser visto como o estudo da a instalação da controvérsia, novos métodos de
postura e do movimento, e dos mecanismos que investigação foram propostos, utilizando-se de
os envolvem (ROSE, 1997). Para atingir esses ferramentas da Física e da Matemática como
objetivos, os estudos devem responder a três também das Neurociências, e o panorama atual é

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350 Tani et al.

bastante promissor para o surgimento de novas 1995; REQUIN, 1990, 1992; ROSENBAUM;
ideias. Em uma análise das direções assumidas JORGENSEN, 1992; SCHMIDT, 1988b;
pelos representantes da Teoria Motora e Teoria WADMAN et al.; 1979). A proposta original de
da Ação, Turvey e Fonseca (2008) avaliam que programa motor (KEELE, 1968) sofreu
há atualmente quatro diferentes linhas de modificações e, atualmente, os pesquisadores
pensamento que explicam como um movimento adeptos da existência de um programa estão
é controlado. mais preocupados em testar ações motoras que
Na primeira linha, originária no século XIX, facilitam a identificação de algum tipo de
é feita uma analogia humana entre o sistema programa para controlá-la do que em explicar
executivo, que funcionaria como uma biblioteca qual “a estrutura” desse programa. O outro
das ações motoras, com controles precisos sobre grupo, de pesquisadores que seguem o
todas as possibilidades de unidades fisiológicas referencial da Teoria da Ação, continua a
que poderiam ser realizadas. Essa linha é investigar como os padrões motores emergem e
inspirada na neuroanatomia. quais as variáveis que podem influenciar esse
Na segunda há um acoplamento entre a processo, seja da percepção direta seja do
computação de Turing e a mecânica newtoniana, sistema dinâmico (vejam-se, por exemplo, entre
na qual o envolvimento explícito da computação pesquisadores brasileiros, BARELA; JEKA;
de Turing top-down diminui, o mesmo CLARK, 1999; BARELA; JEKA; CLARK,
acontecendo com o explícito envolvimento dos 2003; BARELA et al, 2000; BARELA et al,
mecanismos newtonianos bottom-up. Essa linha 2009; MAUERBERG-DE CASTRO; ADRIAN,
é inspirada na robótica. 1995; MORAES; LOPES; BARELA, 2009,
Na terceira linha há uma influência mútua OLIVEIRA; SHIM, 2008; PEROTTI et al.,
de três sistemas dinâmicos: o sistema nervoso, o 2007; RODRIGUES; VICKERS; WILLIAMS,
corpo e o ambiente, que descentraliza a 2002; RODRIGUES et al., 2006; DENARDI;
responsabilidade pelo controle da ação. A FERRACIOLI; RODRIGUES, 2008).
personificação do sistema nervoso é feita Nas duas abordagens, diferentes tarefas e
explicitamente (dinâmica neural-corpo), como variáveis dependentes têm sido utilizadas na
mutualismo do sistema nervoso (dinâmica busca do suporte empírico, porém algumas
neural-ambiente) e corpo (dinâmica corpo- tarefas têm oferecido apoio para ambas. Por
ambiente) no ambiente da tarefa. Essa linha é exemplo, em tarefas de interceptação, Tresilian
inspirada na auto-organização. e Lonergan (2002), Tresilian e Plooy (2006a,
Na quarta linha há uma distribuição sobre o 2006b), Marinovic, Plooy e Tresilian (2009) têm
sistema animal-ambiente, e não algo encontrado resultados que dão suporte à
especificamente no animal ou no ambiente, no proposta de que movimentos rápidos são
qual ambos, animal e ambiente, são programados. Para isso os autores manipularam
coparticipantes. Os movimentos executados são o tamanho, a velocidade ou o time window
intrinsecamente funcionais, e não (janela temporal pela qual o alvo a ser
intrinsecamente mecânicos e somente interceptado pode ser visualizado). Outra
extrinsecamente ou secundariamente funcionais. estratégia utilizada foi a de incluir mudanças na
Em outras palavras, os movimentos e posturas tarefa com diferentes lapsos de tempo antes de
são controlados e coordenados para ações executá-la (posição do alvo, estímulo auditivo,
específicas baseadas na percepção das etc.). Os resultados mostraram que quando esse
affordances. Essa linha é inspirada nas tempo era menor que 200ms não havia
realidades ecológicas. possibilidade de ajustes, ou seja, de reprogramar
O embate ainda continua sem uma solução o movimento iniciado. Contudo, em estudos com
definitiva, com o foco principal da discórdia na tarefas de rebater uma bola lançada, a qual
noção de representação central. Mais poderia ter mudança de velocidade do
recentemente, pesquisadores da Teoria Motora lançamento ou ainda do alvo em que a bola seria
têm apresentado uma série de estudos que rebatida, os resultados mostraram que os
sugerem a presença de um planejamento ou movimentos são organizados em função de
representação interna (INGEN SCHENAU et al., mudanças no fluxo óptico, e não por

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 351

programação (CALJOUW; VAN DER KAMP; Desenvolvimento motor: desafios e perspectivas


SAVELSBERGH, 2004a, 2004b, 2006). Tais Um dos campos de investigação em que a
resultados mostram que ainda é necessária uma visão que se tem do fenômeno a ser estudado
melhor escolha da tarefa para testar qual das exerce grande influência na teorização é DM.
abordagens explica melhor o controle de ações Existem duas concepções do fenômeno
motoras. fundamentadas na relação entre maturação e
Outro ponto importante a se destacar é a experiência: uma dicotômica - maturação versus
busca de novos instrumentais que permitam a experiência - e uma integrativa - maturação e
testagem, tanto na Teoria Motora quanto na experiência. As perspectivas teóricas orientadas
Teoria da Ação. Um bom exemplo são os à dicotomia conferem maior valor a um desses
estudos com fundamentação na Neurociência, dois fatores; as perspectivas integrativas, por sua
que apresentam evidências para o que tem sido vez, não consideram um fator mais importante
denominado de “modelo interno”. Apesar de que o outro.
essa expressão ainda não ter um uso consensual, A tarefa de escrever sobre desafios e
pois pode significar ao mesmo tempo uma rede perspectivas futuras é difícil e arriscada,
de circuitos e comandos motores presente correndo-se o risco de cair na autoarmadilha
previamente à execução de determinado criada por nós mesmos. Pela revisão de artigos e
movimento, comandos motores encaminhados livros dos principais pesquisadores da área é
como preparação para o movimento resultando possível adiantar que o enfoque no estudo do
em feedforward, ou mesmo ativação de áreas fenômeno desenvolvimento motor já mudou
encefálicas comuns para os mesmos daquele pensamento alicerçado numa visão
movimentos, essa linha de pesquisa é clássica de ciência, adquirido ao longo de
promissora. É preciso, no entanto, ter maior séculos em que as áreas de conhecimento
clareza e distinção ao utilizar o termo “modelo diferenciaram-se e especializaram-se
interno”, caso contrário arrisca-se a confundir (valorizando a ordem e a causalidade), para um
diferentes níveis de operação no sistema nervoso pensamento sistêmico - iniciado há algumas
humano. décadas e baseado na ideia de
O controle de ações motoras também tem multidisciplinaridade e complementaridade - que
sido investigado em relação ao tipo de estuda processos complexos, mutáveis e
informação utilizado na sua realização: emergentes resultantes de ordem, desordem e
feedforward - antes de iniciar a ação e feedback auto-organização.
- após o movimento ter sido iniciado. Os estudos Para abordar os desafios e as perspectivas
têm empregado um delineamento em que se no estudo do desenvolvimento motor, serão
requer adaptação a alguma perturbação e os apresentadas inicialmente as diferentes correntes
resultados têm mostrado que ela pode ocorrer teóricas para posteriormente se tomar posição.
via informação feedforward (KAREGER; Será defendida uma perspectiva integrativa,
CONTRERAS-VIDAL; STELMACH, 1997; orientada a uma visão dinâmica do fenômeno,
WITNEY; WOLPERT, 2003); entretanto, cuja tese principal é que o processo de
quando a perturbação ocorre após o início do desenvolvimento motor se desenrola de maneira
movimento é necessário utilizar a informação sistêmica, emergindo as mudanças da interação
feedback disponível (RICHTER et al., 2004), de vários componentes - o ambiente, a tarefa e o
indicando que, pelo menos para adaptação a organismo. Essa perspectiva opera com a
perturbações imprevisíveis, ambos os tipos de coexistência de características, em tese,
informação podem ser utilizados para atingir a dicotômicas e paradoxais (permanência e
meta da ação. A utilização desses dois tipos de mudança, estabilidade e instabilidade, rigidez e
informação pode mostrar que existe uma flexibilidade, consistência e variabilidade,
interação entre modelos de controle, de forma ordem e desordem) para abordar um mesmo
que nenhuma das duas abordagens consegue, fenômeno.
sozinha, explicar o controle da diversidade de
ações motoras que o ser humano é capaz de O fenômeno
executar.

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352 Tani et al.

O desenvolvimento motor tem sido definido produto, ou seja, considerar como referência o
como mudanças no comportamento motor que estado final de desenvolvimento (por exemplo,
ocorrem desde a concepção até a morte. Essas os padrões maduros de habilidades motoras
mudanças se dariam na direção de movimentos básicas de andar, saltar, arremessar, quicar,
inicialmente desordenados e inconsistentes para rebater, correr, ou os padrões culturalmente
movimentos ordenados e consistentes configurados de atletas de alto nível).
(HAYWOOD, 1993; KUGLER, 1986), do geral O período corrente, denominado de
para o específico e do simples para o complexo orientado ao processo, iniciado ainda na década
(GALLAHUE; OZMUN, 1998; TANI et al., 1970, pode ser caracterizado como um período
1988). Essas definições privilegiam “o que de diversidade de perspectivas, notadamente a
muda”, pois são descritivas. Em relação a Teoria Motora e a Teoria da Ação. Nesse
definições explicativas, o desenvolvimento período, a preocupação maior tem residido na
motor encerraria mudanças no comportamento compreensão dos mecanismos de controle motor
resultantes de modificações internas moduladas para entender as mudanças no desenvolvimento
pela maturação (GESELL, 1929). A inclusão do (como muda), por exemplo, a organização da
fator experiência como promotor de mudanças resposta motora (atenção, memória, feedback) e
aconteceu na década de 1970, quando estudos e o acoplamento percepção-ação (percepção
debates levaram esse fator ambiental a juntar-se direta, affordances).
com o fator maturacional. A partir de 1980 É importante ressaltar que, embora o
pode-se perceber a “guinada” em DM: o desenvolvimento motor implique mudança, a
fenômeno passou a não ser mais exclusivamente representação mais comum desse processo
enfoca a estabilidade do comportamento (por
atribuído a algo prescrito nos genes, mas
exemplo, sequências de desenvolvimento ou
construído da interação de inúmeros fatores,
descrição dos estágios inicial, elementar e
entre eles os genes.
maduro). A identificação de sequências de
Costuma-se dizer que DM é rico em dados,
desenvolvimento motor tem a virtude de
mas pobre em explicações. De fato, explicar um
sintetizar os conhecimentos acumulados acerca
fenômeno complexo de um sistema aberto não é do que muda e de quando muda no
uma tarefa fácil. As perspectivas tradicionais comportamento motor. Além disso, ela estimula
tentaram explicar o fenômeno, mas recaíram em a formulação de problemas e hipóteses sobre as
estratégias reducionistas de argumentação, visto mudanças e pode ser utilizada como referência
que atribuíram a um fenômeno complexo uma tanto para a elaboração de currículos como para
única causa, maturação ou experiência. Essa a identificação e avaliação de estados de
corrente tradicional de DM pode ser dividida em desenvolvimento motor dos indivíduos ao longo
três períodos históricos (CLARK; WHITALL, do ciclo de vida (MANOEL, 1994, 2005; TANI
1989): a) período precursor, do séc. XVIII até a et al., 1988). A sequência de desenvolvimento
década de 1930, marcado pela observação baseia-se num importante princípio, qual seja,
detalhada do comportamento de bebês e crianças que sistemas vivos tendem a se organizar em
e pela instituição da dicotomia maturação x estados estáveis; todavia, para que ocorra o
experiência; b) período maturacional, de 1930 desenvolvimento (mudança), é preciso passar
até o fim da II Guerra Mundial, em que a por estados instáveis para alcançar novos
maturação foi vista como a causa primária do estados estáveis. Daí se depreende que a
comportamento e se considerava que as instabilidade é um aspecto importante a ser
mudanças no desenvolvimento motor eram considerado no desenvolvimento, por exemplo,
universais; c) período normativo-descritivo, do quando a criança demonstra um estado dual de
fim da II Guerra Mundial até a década de 1970, estabilidade/instabilidade, apresentando tanto
em que o foco era o fenômeno em si e os uma gama de comportamentos estáveis como
pesquisadores tinham por objetivos descrever comportamentos instáveis no padrão de
mudanças no comportamento de crianças e movimento.
adolescentes, associar o desenvolvimento motor
a mudanças antropométricas e enfatizar o Perspectivas teóricas e desafios de investigação

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 353

Algumas perspectivas de desenvolvimento interpretação é extremamente perigosa, porque


humano foram e têm sido fonte de influência seria aceito intervir em ações com a criança
para o delineamento de qualquer pesquisa, como visando à aceleração do desenvolvimento dela,
também para a própria forma de intervenção do isto é, exigir cada vez mais cedo da criança as
profissional, principalmente na infância e na mesmas competências e exigências de um
adolescência. As principais perspectivas adulto.
identificadas são: a pré-formacionista, a pré- A perspectiva ambientalista (MANOEL,
determinista, a ambientalista, a da recapitulação 1998), em contraponto à pré-formacionista,
e a dinâmica. Essas perspectivas delimitam a entende que o aspecto ambiental é responsável
compreensão sobre o que é desenvolvimento pelo estado final de desenvolvimento e que os
humano e quais são os aspectos por ele aspectos genéticos em nada contribuem para
responsáveis. Agem assim como paradigmas esse processo. Ao nascer, a criança é
científicos, porém em um nível de análise mais considerada uma tábula rasa, que nada traz
microscópico, e não no sentido original, isto é, consigo. O processo de desenvolvimento irá
num nível macroscópico de metateorias de esculpir na “madeira lisa” o adulto que esta
ciência, como proposto por Kuhn (1991). Dessa criança se tornará. Assim, somente o ambiente
forma, as diferentes concepções compreendem o (físico e sociocultural) será responsável por
desenvolvimento de modo próprio, em que a determinar o estado final. Essa perspectiva
forma como a criança é vista praticamente sofreu influência da corrente da psicologia
define como ela será estimulada, exigida, enfim, behaviorista (GARDNER, 1995), a qual assume
como os profissionais que lidam com a infância que a resposta observada depende do modo de
irão intervir. manipulação dos estímulos. Um comportamento
A perspectiva pré-formacionista observável só acontece em função de um
(MANOEL, 1998) entende que o estímulo presente no ambiente. Dessa maneira,
desenvolvimento é definido pelos genes e que as estabelece-se um valor ao tipo e forma de
características do ambiente em nada interferem estimulação que o ambiente exerce. O indivíduo
no curso do desenvolvimento. Pelos aspectos não se desenvolve fora de um contexto, seja este
genéticos, a criança recebe um “pacote” com físico (características da região em que vive) ou
todas as informações necessárias para suprir as sociocultural (características dos grupos sociais,
suas demandas da vida adulta. O próprio termo costumes e tradição de um povo). Um exemplo
desenvolvimento parece derivar, utilizado para ilustrar e justificar essa
etimologicamente, dessa perspectiva pré- perspectiva é o caso registrado de duas crianças
formacionista. Quando se analisa o termo encontradas numa floresta que parecem ter
desenvolver, ou antes, seu antônimo envolver, sobrevivido por terem sido criadas por uma
entende-se “trazer para dentro algo que está matilha de lobos (MATURANA; VARELA,
fora”. Com efeito, desenvolver sugere, em 1995). As duas crianças, com idade aproximada
oposição, “levar para fora algo que está dentro”, de 5 e 8 anos, respectivamente, apresentavam
num sentido de desenrolar (BUENO, 1976; comportamento característico de lobos. A
LEWONTIN, 1997). Esse sentido reflete a locomoção acontecia por quadrupedia, a
premissa básica da perspectiva pré- comunicação ocorria por urros e ruivos e a
formacionista de que o desenvolvimento é alimentação era carnívora, com a boca sempre
determinado geneticamente, de modo que indo ao alimento. Se houvesse uma influência
gradativamente são expostas aquelas genética na forma proposta pela perspectiva pré-
características que já estão presentes formacionista essas crianças deveriam
internamente (nos genes), porém ainda locomover-se em bipedia, falar, alimentar-se não
adormecidas. A partir dessa visão, foi assumida somente de carne e levar o alimento até a boca.
a ideia de que a criança é um adulto em Nesse caso, o contexto social da matilha de
miniatura, visto que a única diferença entre o lobos determinou um comportamento distinto
adulto e a criança seria que o adulto já revela as daquele esperado em seres humanos. Seguindo
características que ainda estão à espera de serem na história das duas meninas, quando elas foram
expostas na criança, mas que ela já possui. Essa levadas para um mosteiro, a mais nova não

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354 Tani et al.

conseguiu se adaptar à vida no ambiente novo. A Quando essa preocupação se torna exagerada,
criança mais velha começou a apresentar um estabelecem-se momentos específicos para que
pouco do comportamento esperado pelo ser se passe por cada etapa, o que pode resultar em
humano, mas, da mesma forma que a irmã mais entender o processo de desenvolvimento como
nova, também não conseguiu se adaptar ao novo uma redução à apresentação do comportamento
ambiente e veio a falecer. esperado. Com efeito, o que decorre dessa
De fato, uma opção entre as perspectivas interpretação é o estabelecimento de rótulos que
pré-formacionista ou ambientalista levaria a nem sempre são indicadores de normalidade.
abandonar preceitos presentes em cada uma das Muito é comentado sobre os possíveis prejuízos
perspectivas que parecem importantes. Por um de aprender a andar antes de apresentar o
lado, a perspectiva pré-formacionista despreza o comportamento de engatinhar. Na verdade, não
contexto ambiental, o que não parece razoável, se têm indícios de que esta inversão anormal
porque é visível a influência do meio no nosso (estatisticamente falando-se) seja indicador de
comportamento - por exemplo, o papel exercido patologia. Nem toda criança que apresenta um
pelos pais na escolha da profissão do filho, ou comportamento fora daquele esperado o fez por
mesmo o próprio processo educacional. Por mau funcionamento do organismo; ou seja,
outro lado, os efeitos de determinadas diferença não significa doença. Este argumento
características genéticas podem estabelecer a parece ser suficiente para a rejeição desta
adaptabilidade do ser humano; alguns perspectiva.
comportamentos é possível que o ser humano Uma quarta visão é a da recapitulação
apresente, outros não. Como o exemplo já citado (MICHEL; MOORE, 1995), segundo a qual a
das meninas criadas pelos lobos, pode-se série de mudanças - ordenadas e previsíveis -
argumentar que elas somente sobreviveram nas observada no desenvolvimento é reflexo das
condições oferecidas pela “sociedade dos lobos” mudanças progressivas no passado filogenético
por causa de suas características genéticas - por do embrião, que durante seu desenvolvimento
exemplo, seres humanos são capazes de percorre de forma abreviada todas as mudanças
locomover-se em quadrupedia ou mesmo evolucionárias pelas quais seus ancestrais
apresentar uma alimentação carnívora. Resta passaram. A mesma visão foi ampliada para o
então recusar tanto a perspectiva pré- desenvolvimento ao longo do ciclo de vida.
formacionista como a ambientalista, pois ambas É razoável assumir que tanto aspectos
são limitadas para explicar o fenômeno do genéticos como aspectos ambientais são
desenvolvimento humano. importantes para o desenvolvimento humano.
Uma terceira perspectiva, a pré-determinista Dentre as perspectivas apresentadas, apenas a
(MANOEL, 1998), já considera que tanto pré-determinista considera que ambos os
aspectos genéticos quanto aspectos ambientais aspectos participam do processo, mesmo assim
estão presentes no desenvolvimento humano, de uma maneira ainda tímida, no caso dos
porém se observa uma hierarquia: enquanto os aspectos ambientais. A perspectiva dinâmica
aspectos genéticos são considerados essenciais, inicia-se a partir de uma nova tendência no
o ambiente pode exercer alguma influência. estudo do desenvolvimento, passando da
Nessa perspectiva, os aspectos genéticos são preocupação em descrever o comportamento
responsáveis pela direção e sequência e os para a o interesse em explicar por que este
aspectos ambientais influenciam a velocidade do comportamento muda, isto é, a pergunta
desenvolvimento. Direção e sequência são principal deixa de ser “o que muda?” e passa a
variáveis consideradas mais importantes que a ser “por que muda?” (CLARK; WHITALL,
velocidade, visto que uma alteração, por 1989). Nesse contexto, Connolly (1986) propõe
exemplo, na sequência, levaria a uma o rompimento da dicotomia existente entre a
interpretação de algum problema no influência dos aspectos genéticos e a dos
desenvolvimento. Por isso uma das aspectos ambientais, visto que não há como dar
preocupações tem sido evitar “queimar” etapas, maior valor a apenas um - ou estabelecer uma
que seria passar por determinada etapa de hierarquia - porque o desenvolvimento humano
desenvolvimento sem passar pela etapa anterior. resulta de ambos - os eventos externos e os

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 355

programas genéticos estão unidos em um processo de desenvolvimento não é preciso, mas


processo comum. A emergência de fenótipos probabilístico, pois cada indivíduo apresenta
não deve ser pensada como originada das uma relação pessoa-ambiente distinta. Por sua
interações entre genes e ambiente, ou entre o vez, “isto não significa que o desenvolvimento
organismo e sua experiência, porque isso se torna um processo aleatório, onde nunca se
implica uma separação, confundindo a sabe o que vai acontecer”. É preciso lembrar
interpretação (BENDA; UGRINOWITSCH, que, mesmo considerando-se que as pessoas são
1999). Sobre esse tema em especial, Fonseca et diferentes entre si, elas apresentam também
al., (2007, p. 6) acrescentam que “abandonar o muita similaridade. A estrutura
dualismo significa assumir o mutualismo anatomofisiológica do ser humano já é uma
(impossibilidade de separação) entre animal- restrição que nos leva a uma limitação de
ambiente e entre percepção-ação”. Em síntese, comportamento (BARELA, 1997, 1999;
“a distinção entre organismo e meio é difícil de THELEN; FISHER, 1982; THELEN; SMITH,
manter, dada a complementaridade e 1994). Assim sendo, os comportamentos
mutualidade entre corpo e meio ambiente” observados na sequência de desenvolvimento
(BARREIROS; KREBS, 2007, p. 16). A motor parecem estar adequados à estrutura física
compreensão desse processo como algo das crianças.
integrado envolve entender o desenvolvimento Outra característica da perspectiva dinâmica
não da pessoa, mas da interação pessoa- que contribui para uma melhor explanação do
ambiente-tarefa (NEWELL, 1986), como num processo de desenvolvimento motor é o
sistema desenvolvimentista (BARELA, 1997; princípio da equifinalidade, que representa a
MANOEL, 1998, 2000). Essa interação competência de sistemas de conseguir atingir um
representa a dinâmica do processo de mesmo objetivo por diferentes meios
desenvolvimento, em que quando componentes (BERTALANFFY, 1977). Isto significa que o
interagem, “podem surgir características ser humano, nesse caso, pode buscar atingir sua
inteiramente novas que os componentes em meta por meio de vários padrões de movimento
separado não possuíam” (MANOEL, 1998, p. (assim como podemos chegar a nosso destino
119), isto é, comportamentos não previstos a numa cidade grande e caótica por variadas rotas
partir dos elementos isolados. Em suma, no o que não significa chegar mais rapidamente ou
desenvolvimento humano um mais um não é gastar menos combustível). Por exemplo,
igual a dois: 1 + 1 ≠ 2 (WEISS, 1967). Assim, quando se inicia o deslocamento por
pela perspectiva dinâmica, os comportamentos quadrupedia, o qual contribui para a exploração
resultantes do processo de desenvolvimento não do ambiente ao seu redor, uma criança que não
estão previamente estabelecidos, aguardando segue um padrão da forma esperada não
apenas o momento - definido por um “relógio necessariamente é um possível problema. Há a
despertador” biológico - para sua apresentação. possibilidade de a criança optar por um padrão
Pelo contrário, esses comportamentos emergem que, para ela, tenha maior efetividade. Todavia,
como consequência da interação entre os como ressaltado anteriormente, por restrições do
elementos constituintes desse sistema organismo da pessoa, do objetivo da tarefa e do
desenvolvimentista, sem que o padrão de próprio ambiente, um determinado padrão de
movimento, por exemplo, esteja pronto a priori. movimento emerge e torna-se comum em
Nesse contexto, como então explicar a diferentes pessoas. Apesar de diferenças
sequência de desenvolvimento motor? Por que individuais, há certa estabilidade na execução
praticamente todas as crianças apresentam desses movimentos. Ainda, o próprio ser
comportamentos de andar, correr, saltar numa humano opta por aquelas ações que apresentam
sequência comum? Um modo de responder a economia. Mesmo considerando que as pessoas
essas perguntas talvez seja uma metáfora têm condições de saltar, correr, saltar num pé só,
apresentada por Lewontin (1997): não se espera saltitar, engatinhar, dentre outros padrões,
que um filhote de leão se torne uma zebra quando elas se deslocam no seu cotidiano fazem
adulta, entretanto não se encontram dois leões uso, na grande maioria das vezes, do andar, ou
iguais. Como coloca Manoel (1998, p. 124), o seja, a maioria das pessoas apresenta aquele

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356 Tani et al.

padrão que é mais confortável, efetivo, tratamento experimental, três estudaram a


econômico. É também em virtude dessa correlação entre o DM e outros fatores presentes
característica que surge a sequência de no ciclo de vida, dois indicaram predição de
desenvolvimento motor: as ações mais desempenho futuro com base em diagnóstico
confiáveis e efetivas em função das alterações motor e um investigou o comportamento de
que ocorrem no organismo ao longo do tempo. bebês. Quando a busca foi realizada por palavra-
No nosso entender, a perspectiva dinâmica chave (desenvolvimento motor), também na base
parece oferecer um instrumental mais Scopus, 331 estudos foram encontrados, dos
interessante, porque a interpretação dos quais 142 investigaram populações atípicas, 54
fenômenos observados no cotidiano sob sua diagnosticaram desenvolvimento motor em
ótica é mais abrangente, de forma a explicar um crianças, 42 estabeleceram alguma relação de
conjunto maior de eventos. Dentro desse causa-efeito com algum tipo de intervenção, 17
contexto, alguns desafios de investigação podem caracterizaram algum tipo de tratamento clínico,
ser apontados, mas antes se apresentará uma 15 investigaram desenvolvimento em modelo
análise das tendências atuais de pesquisa, com o animal, 11 pesquisaram as funções neurais,
intuito de melhor contextualizar esses desafios. quatro avaliaram o período pré-natal, três
Estudos sobre desenvolvimento motor realizaram acompanhamento longitudinal, outros
seguindo a perspectiva de sistemas dinâmicos, três estabeleceram correlação entre o
com vista a buscar explanações sobre o processo desenvolvimento motor e outros fatores
de desenvolvimento (vejam-se, por exemplo, presentes no ciclo de vida, dois investigaram
entre pesquisadores brasileiros, RINALDI; bebês, outros dois estabeleceram relação com a
POLASTRI; BARELA, 2009; PRIOLI et al., robótica e um estudo realizou diagnóstico com
2006; TOLEDO; RINALDI; BARELA, 2006; jovens. Outros 35 estudos não apresentaram
PRIOLI; FREITAS; BARELA, 2005), relação clara com DM.
constituem um avanço significativo em relação Ao analisar os trabalhos apresentados sobre
às descrições antes concebidas como suficientes desenvolvimento motor no tradicional congresso
para conhecer esse fenômeno. da NASPSPA (Sociedade Norte Americana de
Clark e Oliveira (2006) propuseram que Psicologia do Esporte e Atividade Física) dos
atualmente um novo período se aproxima, qual anos de 2008 e 2009, encontrou-se um total de
seja a era da Neurociência aplicada ao DM. 77 estudos, distribuídos da seguinte forma: 41
Nesse período, dois eixos se destacarão: o diagnósticos de desenvolvimento motor com
estudo das funções cerebrais de crianças típicas crianças, 25 sobre populações atípicas, nove
e atípicas (mediante avanço tecnológico de com algum tipo de intervenção em delineamento
métodos não invasivos) e o uso da modelação experimental clássico (com utilização de pré e
computacional para compreender o pós-teste), um investigando comportamento
desenvolvimento, especialmente em crianças; motor com bebês e outro com idosos.
porém, a análise de estudos recentes na área No Brasil, um levantamento sobre os grupos
mostra que 4essa “nova” era vislumbrada pelos de pesquisa cadastrados no CNPq em que o
referidos autores parece ainda estar por vir. desenvolvimento motor é uma das temáticas de
No tocante a publicações, numa busca na investigação declaradas encontrou-se um total
base de dados Scopus, encontrou-se nos anos de de 46 grupos registrados; no entanto, numa
2008 e 2009 um total de 44 artigos com a avaliação mais detalhada, descobriu-se que onze
expressão “desenvolvimento motor” contida no desses grupos não estão diretamente
título. De diversos periódicos e áreas de relacionados ao DM, pois se referem a outras
conhecimento (Ciências do Esporte, Medicina, temáticas (Biomecânica, Pedagogia do Esporte,
Reabilitação, Psicologia, Educação), nessas Psicologia do Esporte e Neurociências).
publicações, 17 artigos tiveram como objeto de Ademais, dos 35 grupos restantes, apenas 18 têm
investigação populações atípicas, 14 realizaram participado efetivamente de eventos científicos
diagnósticos de DM com crianças, sete da área com publicação de seus estudos. Esses
realizaram algum tipo de intervenção (motora, grupos estão localizados em apenas seis estados
nutricional, social) com um período de

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 357

brasileiros, cinco deles nas regiões Sul e pensar em programas bem-elaborados de


Sudeste. Educação Física/Esporte, no que concerne a
Nos congressos realizados no Brasil na área objetivos e conteúdos. A partir do momento em
de CoM a partir de 1998, Pellegrini et al. (2006) que DM busca explicar como esse fenômeno
demonstraram que foram apresentados, entre ocorre, tomando como referência uma
1998 e 2006, cerca de 130 estudos de DM. Em perspectiva dinâmica, há um afastamento desses
2008, no IV Congresso Brasileiro de CoM, problemas práticos. É importante destacar que,
foram apresentados 52 estudos de DM, segundo essa perspectiva, não há predominância
distribuídos em 20 pesquisas sobre populações absoluta de fatores genéticos ou ambientais, mas
atípicas, 14 diagnósticos de desenvolvimento sim, da interação de ambos. Alguns estudos têm
motor com crianças, dez trabalhos com alguma demonstrado essa relação, concluindo que o
intervenção, quatro estudos com idosos, três estado final depende tanto de características
com bebês e um estudo sobre predição de internas ao organismo quanto de influências do
desempenho futuro com base em diagnóstico. meio (MANOEL, 1998, 2000, 2005, MANOEL;
Em geral, observa-se forte tendência de OLIVEIRA, 2000; MATOSO et al., 2005;
entender o processo de desenvolvimento com NEWELL, 1986; OLIVEIRA; MANOEL, 2002,
base no estudo de populações atípicas (vejam-se, 2005; THELEN, 1995; THELEN; FISHER,
por exemplo, entre pesquisadores brasileiros, 1982; WHITALL, 1995). Nessa perspectiva, o
CAETANO et al., 2009; CHRISTOFOLETTI et desenvolvimento motor é um processo
al., 2008; OLIVEIRA et al., 2006; POLASTRI; complexo, em que não há como isolar seus
BARELA, 2005; VELDE et al.; 2003; VITÓRIO elementos componentes, tal como destaca Lewin
et al.; 2009). Se por um lado esse perfil pode ser (1994) ao tratar de sistemas complexos. Da
justificado pelo fato de que, ao conhecer um mesma fortma, não há como assumir relações de
determinado déficit e seu respectivo efeito no causa-efeito, em que um fator seja responsável
comportamento motor, pode-se melhor conhecer por determinado comportamento. O
o processo de desenvolvimento motor, por outro comportamento final observado é resultante da
o perfil do estudo de populações atípicas interação de todos os aspectos envolvidos.
também pode ser explicado pelo aumento de Mesmo que a Educação Física (escolar ou não
pesquisadores advindos de áreas relacionadas à escolar) seja de boa qualidade (o que nem
reabilitação (FONSECA et al., 2001), em que sempre acontece), essa atividade parece não ser
tais populações caracterizam seus próprios a única responsável pelo desenvolvimento, isto
pacientes para intervenção profissional. é, persiste a dúvida se aulas formais de
No tocante aos desafios, o primeiro deles é a Educação Física e Esporte influenciam de forma
relação entre desenvolvimento motor e decisiva esse processo ou se, independentemente
programas de Educação Física e Esporte. Talvez da participação nessas aulas, o desenvolvimento
seja necessário ter mais clareza sobre qual é ocorreria da mesma forma ou até melhor. Por
exatamente o comportamento esperado em cada enquanto, essa questão continua em aberto.
etapa do ciclo de vida, de modo a estabelecer Uma maior precisão na mensuração das
que tipo de atividade motora planejar ou que variáveis críticas de desenvolvimento motor
ambiente preparar. Por exemplo, se por um lado também poderia ser apontada como outro
é esperado que crianças de sete anos de idade desafio. A melhora na instrumentação de análise
apresentem padrões fundamentais de movimento guarda relação íntima com a tecnologia, que
em estágio maduro (GALLAHUE; OZMUN, nesse ponto é uma importante aliada. Áreas
1998; TANI et al., 1988), por outro, os estudos como Biomecânica, Neurociências e Estatística
não se apoiam nesta faixa etária como aquela em podem contribuir diretamente para uma melhor
que os padrões fundamentais de movimento já se compreensão do fenômeno. Por exemplo, ao
apresentam como os de adultos diagnosticar o desenvolvimento de padrões
(LANGENDORFER, 1987; OLIVEIRA, 2006; fundamentais de movimento, eventualmente se
ROBERTON, 1982, 1989; ULRICH, 1985). conclui que as crianças não se apresentaram no
Conforme a expectativa do nível de nível esperado. Uma explicação plausível sugere
desenvolvimento a ser atingido, é possível que o ritmo de desenvolvimento, aliado às

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experiências das crianças, conduziu à caracteriza o comportamento e leva o indivíduo


emergência mais tardia de tal comportamento. a um dado resultado, ou seja, em mecanismos e
Ao buscar explicações para tal fato, questiona-se agentes que causam mudanças na produção de
se outros aspectos que não foram considerados movimentos, no porquê e como o
na análise, como estilo de vida, tipo de moradia comportamento muda ao longo do tempo.
e níveis de atividades diárias, poderiam interferir O aperfeiçoamento de sequências de
no processo. Para tanto, seria necessário dispor desenvolvimento motor - por exemplo, que
não somente de instrumentais mais precisos de refletissem a existência de estados de
mensuração, mas também de potentes organização motora distintos - é também um dos
ferramentas estatísticas para integrar grandes desafios para DM. Manoel e Connolly
informações relevantes de um sistema (1997) propuseram dois modos de descrição
complexo. essenciais para caracterizar o processo de
Outro “calcanhar de Aquiles” em DM, o desenvolvimento motor: o modo dinâmico e o
qual precisa ser melhor “protegido”, é que a modo simbólico. No primeiro, as partes
maioria das pesquisas realizadas utiliza interagem de forma autônoma, sem a
habilidades motoras filogeneticamente necessidade de uma prescrição de ordem
determinadas. Avançar para a explicação de superior que governe suas ações; no segundo, há
habilidades ontogeneticamente determinadas o estabelecimento de níveis de controle com um
seria um passo importante no sentido de maior controlador (nível superior) e um controlado
generalização do escopo de habilidades. Nesse (nível inferior). A prescrição ocorre no sentido
caso, as fronteiras entre as diferentes áreas do de delimitar a ação dos elementos no nível
CoM estariam ameaçadas, pois ao se questionar inferior. É nesse sentido que se diz que o nível
como novas habilidades são adquiridas, surgiria superior condiciona, mas não determina o
um overlap do DM com a AM. Por vezes somos comportamento individual dos elementos. Para
desafiados a responder à seguinte questão: existe Manoel e Connolly (1997), o desenvolvimento
mesmo esse fenômeno desenvolvimento, ou motor compreenderia uma relação complementar
estamos tratando de aprendizagens ao longo do entre os modos de descrição dinâmico e
ciclo de vida? Uma das vantagens da perspectiva simbólico. O simbólico emerge do modo
dinâmica é que ela transcende a dissociação dinâmico, o qual, por sua vez, passa a ser
entre desenvolvimento e aprendizagem motora. influenciado pelo simbólico. Por exemplo,
É difícil dissociar esses dois fenômenos quando movimentos pré-natais (movimentos fetais) e
se pretende entender mudanças que ocorrem em pós-natais (movimentos reativos e espontâneos)
sistemas abertos, que buscam estados mais são resultantes da dinâmica do sistema
complexos mediante interação com o ambiente. (interação dinâmica de suas partes). Uma vez
Outro desafio é o aperfeiçoamento de que o bebê percebe as consequências da
teorias. Uma tendência que parece ser comum execução de movimentos espontâneos, começa a
em estudos atuais refere-se à adoção da estabelecer-se em seu sistema nervoso uma
orientação ao processo, e não ao produto. relação meio-fim que “catalisa” a sua intenção.
Pesquisas orientadas ao produto privilegiam Assim, o bebê intencionalmente busca efetuar
comparações entre estados anteriores e estados esses movimentos novamente. A partir desse
posteriores, ou seja, enfatizam o resultado do momento, os movimentos originalmente
comportamento, o padrão de movimento que espontâneos são condicionados por um nível
caracteriza o comportamento, o que e quando superior, o da intencionalidade. Manoel e
muda no eixo temporal de vida de um indivíduo. Connolly (1997) propõem que a interação entre
Pesquisas atuais em DM têm interesse primário os modos dinâmico e simbólico está na raiz do
no processo, isto é, nas transições e aumento da complexidade motora.
transformações entre estados anteriores e Outro desafio, apontado por Manoel (2005),
estados posteriores nos padrões de é diferenciar um estado de organização do outro
comportamento motor (CONNOLLY; e o que caracteriza a transição entre eles. Alguns
DALGLEISH, 1993). Em outras palavras, o foco estudos já ousaram nesse sentido (WIMMERS et
atual reside no padrão de movimento que al.; 1998a; WIMMERS et al.; 1998b), lançando

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 359

mão da Teoria da Catástrofe (THOM, 1975) prática. Há outros ainda, como a investigação
para identificar períodos de estagnação, dos possíveis efeitos dessas variações no curso
transição e de novidade comportamental. do desenvolvimento. A manipulação de
Dentro dessa sugestão de aprofundamento elementos da tarefa pode engendrar mudanças
teórico, a perspectiva dinâmica permite qualitativas no comportamento, a permanência
acomodar diferentes níveis de análise, como o das mudanças, a resistência à alteração da tarefa,
biológico, o psicológico, o social e o cultural. bem como pode indicar a natureza e o grau de
Esse é outro grande desafio, já que integrar os estabilidade do comportamento. Posto dessa
diferentes tipos de conhecimento repousa num forma, o estudo do impacto que as variações nas
problema mais fundamental apontado características da tarefa exercem sobre o
originariamente por Bohr (1995): o da comportamento reveste-se de uma relevância
complementaridade, isto é, modos de descrição teórica. Ele pode revelar elementos com
incompatíveis acabam por atuar de forma potencial para desencadear mudanças
complementar para explicar o mesmo fenômeno. qualitativas no padrão de movimento.
Pattee (1973, 1987) tem reforçado a necessidade Finalmente, a aplicação da análise
de se aplicar o princípio da complementaridade desenvolvimentista pode, ainda, permitir uma
no estudo de sistemas complexos e, em avaliação mais realista do estado de
particular, no estudo das ações motoras (Pattee, desenvolvimento motor de indivíduos, como foi
1982). A considerar que uma das características argumentado por Davis e Burton (1991) e Ulrich
do desenvolvimento motor é o surgimento de (1988) no âmbito da Educação Física Adaptada,
soluções originais, talvez essa integração seja bem como por Manoel e Oliveira (2000) na
uma solução original para o problema da análise de padrões fundamentais de movimento.
complementaridade. Outro ponto que merece atenção como
No domínio metodológico, como foi desafio diz respeito à combinação das duas
discutido, pode parecer uma tarefa abordagens: processo e produto. O cruzamento
aparentemente impossível mapear o universo de entre as mudanças que acontecem como
variáveis intervenientes no processo de resultado do desempenho (produto) e aquelas
desenvolvimento - variáveis orgânicas e do que acontecem no padrão de movimento
contexto e, igualmente, o número astronômico (processo) permite um mapeamento dos aspectos
de interações daí resultante. Uma estratégia para que atuam na organização do sistema de ação e
identificar como algumas dessas variáveis se têm impacto no desenvolvimento. Por exemplo,
correlacionam relativamente ao estado de Di Rocco, Clark e Philips (1987) usam as duas
desenvolvimento motor do indivíduo pode ser a orientações para analisar o padrão fundamental
análise desenvolvimentista da tarefa. Herkowitz de saltar em crianças portadoras de deficiência
(1978) propõe essa análise para tarefas mental e crianças normais, quais sejam, o padrão
consideradas básicas e comuns ao de saltar e a distância alcançada. Embora as
desenvolvimento da criança, como andar, crianças portadoras de deficiência mental
receber, chutar, correr, quicar, entre outras. tenham mostrado um padrão de coordenação
Desta forma é possível verificar em que similar ao das crianças normais, houve
dimensão cada componente da tarefa pode diferenças significativas na distância do salto,
variar. O conhecimento que nos falta é o com saltos maiores das crianças normais em
impacto que essas variações teriam na relação às crianças portadoras de deficiência
organização da resposta motora. Ainda hoje, o mental. Di Rocco, Clark e Philips (1987)
profissional que busca intervir no sugerem uma diferença na parametrização do
desenvolvimento da criança não possui critérios padrão de movimento, indicando ainda um
para estruturar a tarefa; só lhe resta a intuição desenvolvimento mais lento do controle motor.
para escalonar as variáveis da tarefa com o Para finalizar, o DM atravessou um período
propósito de facilitá-la ou dificultá-la com poucos avanços teóricos, mas agora pode-se
(ROBERTON, 1989). Logo, a exploração dos vislumbrar um modo original de abordar o
efeitos da manipulação de componentes da fenômeno, com base numa perspectiva
tarefa enseja um grande potencial de aplicação dinâmica. A comunidade de pesquisadores da

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360 Tani et al.

área parece estar se acostumando com essa nova quase um século, pela abordagem cognitiva de
forma de pensar, sistêmica, integrativa, processamento de informações.
complexa, em que é mais focalizada a Conforme foi discutido, a abordagem de
compreensão de um fenômeno multifatorial, e processamento de informações centra as suas
não unifatorial, atribuído à maturação ou à preocupações de pesquisa nos processos internos
experiência, como durante muito tempo ocorreu. (SNC) que resultam no movimento, juntamente
Essa nova forma de pensar inova em relação ao com o desenvolvimento de procedimentos e
que era apenas descrição de sequências com métodos para poder desvendá-los. Nessa
explicações simplistas, para desaguar em abordagem foram popularizados estudos para
experimentos elegantemente desenhados de investigar temas como seleção da resposta e a
modo a sustentar forte arcabouço teórico. programação do movimento, inferidas a partir de
uma observação cuidadosa do comportamento
motor do indivíduo. Baseada nessa abordagem, a
APRENDIZAGEM MOTORA: DESAFIOS E AM experimentou em suas pesquisas uma
PERSPECTIVAS transição da orientação à tarefa ou produto, com
foco primariamente nos efeitos de variáveis no
A aprendizagem é uma parte do
desempenho de certas tarefas motoras, para a
comportamento humano muito importante para a orientação ao processo, com atenção nos
sua existência. É difícil imaginar como o ser processos mentais ou neurais subjacentes à
humano estaria se não pudesse tirar proveito da produção do movimento (PEW, 1970). Nessa
prática e da experiência nas quais se encontra perspectiva, entre outros assuntos, procurou-se
constantemente engajado. A aprendizagem compreender como informações relativas ao
motora, como fenômeno, é definida como um movimento eram codificadas e armazenadas,
conjunto de processos, associados com a prática como ações eram representadas na memória e
ou experiência, que levam às mudanças como a informação acerca dos erros era
relativamente duradouras na capacidade de se processada de forma que a aprendizagem
movimentar (SCHMIDT, 1988b). pudesse ocorrer. Tudo isso possibilitou a
Um dos principais objetivos da AM é proposição de teorias de aprendizagem motora
procurar compreender quais são e como atuam como as de Adams (1971) e de Schmidt (1975),
as variáveis relacionadas à otimização do gerando um grande e renovado interesse no
processo de aquisição de habilidades motoras.
estudo de habilidades motoras.
Historicamente, três períodos característicos de Mais recentemente, acrescentado a esses
investigação podem ser identificados (ADAMS, três períodos destacados por Adams (1987), um
1987): a) o período inicial, que vai de 1880 a novo período se iniciou, especificamente a partir
1940 e no qual, a partir dos estudos pioneiros da década de 1980, em que a abordagem de
realizados na Psicologia, observa-se uma quebra processamento de informações sofre o ataque de
subsequente da visão tradicional de uma nova abordagem, denominada
comportamento, frequentemente relacionada genericamente de ecológica ou da ação,
com a "introspecção", incluindo autoavaliações conforme já recorrentemente discutido no
de sensações que não eram observáveis, para presente texto; no entanto, passadas três décadas
conduzir estudos numa abordagem mais objetiva de pesquisas, há um consenso de que essa
e sistemática sobre as habilidades motoras; b) o abordagem ainda não produziu na AM os
período médio, de 1940 a 1970, em que fatores avanços que esperavam os seus proponentes e
que influenciam a aquisição de habilidades
seguidores, ao contrário do que ocorreu com CM
motoras com ênfase no produto eram as
e DM, em que interessantes resultados foram e
principais preocupações e os estudos tiveram têm sido alcançados.
influência direta das demandas das guerras e da
indústria, influenciando e direcionando Temas atuais de investigação
fortemente as pesquisas realizadas; c) o período
presente, de 1970 em diante, em que houve a As pesquisas sobre aprendizagem motora
troca definitiva da orientação estímulo-resposta têm sido publicadas atualmente em inúmeros
(behaviorismo), a qual teve forte apoio durante periódicos de diferentes níveis de análise. Basta

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 361

um simples acesso à Internet para se verificar a para uma análise crítica de seus fundamentos
quantidade de artigos e de periódicos existentes. (FISCHMAN; CHRISTINA; ANSON, 2008).
Foge ao escopo deste artigo, evidentemente, Dentro dessa díade, perguntas têm sido
uma revisão detalhada das publicações em todos feitas em relação à interferência na
os possíveis periódicos, mesmo porque caberia aprendizagem de tarefas complexas.
um artigo exclusivamente para essa finalidade. Especificamente, os efeitos da interferência na
Em se tratando de perspectivas atuais, foram memória têm sido revisitados em relação à
revisadas as principais publicações sobre ordem de aprendizagens, ou seja, efeitos pró- e
aprendizagem motora, selecionadas de acordo retroativos de diferentes sequências complexas
com um critério adotado na própria literatura (PANZER; WILDE; SHEA, 2006) e de tarefas
(BARELA; CORRÊA; PELLEGRINI, 1993; similares (PANZER; SHEA, 2008). Outro fator
CORRÊA, 2008b; FISCHMAN, 2007; de interferência na memória, o esquecimento,
NEWELL, 2007; TANI, 2006; THOMAS, tem sido investigado, mas como uma variável
2006), ou seja, periódicos reconhecidamente dependente (TALLET; KOSTRUBIEC;
identificados como tradicionais e de impacto no ZANONE, 2008). O problema nesses estudos
situa-se no papel da estabilidade na dinâmica de
desenvolvimento histórico da AM, num período
aprendizagem, memorização e esquecimento.
correspondente aos últimos cinco anos. Isto
Por fim, a robustez da memorização (retenção)
resultou na definição de uma amostra
em relação à quantidade de execuções e quanto
constituída de quatro periódicos internacionais:
ao tempo também tem sido um foco interessante
Journal of Motor Behavior, Human Moviment
de estudo (FAIRBROTHER; SHEA, 2005).
Science, Research Quarterly for Exercise and
Outro desafio em AM remete ao
Sport e Perceptual and Motor Skills - e dois
entendimento da influência de processos de
nacionais - Revista Brasileira de Educação
atenção na aquisição de habilidades motoras.
Física e Esporte (antiga Revista Paulista de
Esse desafio refere-se à compreensão do tipo de
Educação Física) e o Brazilian Journal of Motor
informação capaz de direcionar a atenção do
Behavior. Este último, apesar de recente, foi
aprendiz (dica) e do aspecto da tarefa a que a
considerado em virtude de sua especificidade.
atenção deve ser direcionada (WULF, 2007,
A revisão das publicações possibilitou o
2008; WULF; SU, 2007; FORD, HODGES;
agrupamento dos artigos de acordo com os
WILLIAMS, 2005; LAUFER, 2008; LORSON;
temas investigados, obtendo-se como primeira
GOODWAY, 2007). A maioria dos estudos tem
constatação o fato de os temas atuais serem, na
monstrado que focar a atenção a aspectos
verdade, aqueles considerados tradicionais na
AM, embora as hipóteses explicativas para os externos ao invés de aspectos internos (do
fenômenos observados tenham se renovado. Os próprio corpo) tem resultado em melhor
principais grupos temáticos identificados são: aprendizagem de uma ampla gama de
memória e complexidade da tarefa, atenção, habilidades motoras em diferentes populações.
processo de aprendizagem, prática, feedback, Em menor quantidade de estudos, mas não de
modelação e correlatos neurais e doenças. menor valor, a atenção tem sido investigada no
É possível dizer que memória e que se refere aos níveis de controle - controlado
complexidade da tarefa formam uma díade de e automático (BEBKO et al., 2005). Também no
desafios para o entendimento da aprendizagem tocante ao controle, pesquisadores têm
motora, portanto podem ser colocadas em perguntado sobre os correlatos neurais da
perspectiva conjunta de investigação. Embora atenção (ZENTGRAF et al.; 2009).
perguntas estejam sendo feitas a partir de cada Além de aspectos internos, há também uma
uma delas, observa-se uma relação de forte tendência de investigação sobre o que
dependência entre ambas. As proposições de muda com a aprendizagem motora e como muda
Franklin Henry (HENRY, 1959; HENRY; em relação a aspectos observáveis do
ROGERS, 1960), por exemplo, acerca da comportamento, por exemplo, como a
relação entre processos de memória e coordenação articular, a variabilidade
complexidade da tarefa, têm sido revisitadas comportamental e as adaptações espaciais e
temporais ocorrem em virtude da prática e

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362 Tani et al.

experiência (HASSON; CALDWELL; VAN SPITTLE; MORRIS, 2007; STOTER et al.,


EMMERIK, 2008; MAZYN et al., 2007; 2008).
POOLTON; MASTERS; MAXWELL, 2005; Um aspecto importante, que tem sido foco
SCHOLLHORN et al., 2009; STRATTON et al., de atenção em estudos recentes é o efeito do
2007; TEULIER; DELIGNIERES, 2007; feedback extrínseco autocontrolado
TEULIER; NOURRIT; DELIGNIERES, 2006) (CHIVIACOWSKY; WULF, 2005;
e, ainda, como tais mudanças acontecem em CHIVIACOWSKY; MEDEIROS; KAEFER,
relação às diferentes populações (YAN; 2007; CHIVIACOWSKY et al., 2008a;
RODRIGUEZ; THOMAS, 2005). CHIVIACOWSKY et al., 2008c,
Os principais desafios relativos à prática CHIVIACOWSKY et al., 2008b; HARTMAN,
dizem respeito à sua variabilidade, sendo que na 2007; HUET et al., 2009), no qual o aprendiz
maioria dos estudos as perguntas remetem à tem controle e decide as tentativas de prática em
compreensão dos efeitos da interferência que o receberá. O conjunto dos resultados
contextual. A estrutura da variabilidade de permite apontar que a prática com fornecimento
prática tem sido estudada em relação a aspectos de feedback controlado pelo aprendiz parece ser
como: a) utilização de informações de diferentes
mais efetiva, comparativamente ao fornecimento
fontes, tipos e frequências (COHEN;
de feedback controlado por uma fonte externa.
BLOOMBERG; MULAVARA, 2005; HAN;
Outros aspectos não menos importantes
SHEA, 2008; ROLLER et al., 2009;
acerca do feedback extrínseco, que também têm
TERTULIANO et al., 2008); b) aprendizagem
sido alvo de investigação, são as características
implícita (SEKIYA, 2006); c) quantidade de
prática (CORRÊA et al., 2007; CORRÊA et al., dos aprendizes (HURLEY; LEE, 2006,
2006; d) grau de generalização dos efeitos em CHIVIACOWSKY et al., 2009a), o conteúdo e a
relação ao tempo (durabilidade), à qualidade da informação do feedback (ATCHY-
especificidade e características da tarefa e dos DALAMA, et al., 2005; FORD; HODGES;
aprendizes (BRADY, 2008; CHOI et al., 2008; WILLIAMS, 2007; MARCHAL CRESPO;
DOUVIS, 2005; HEITMAN et al., 2005; REINKENSMEYER, 2008; HOLDERBAUM;
JABUSCH et al., 2009; JONES; FRENCH, GUIMARÃES; PETERSEN, 2009), a
2007; MEIRA JÚNIOR; TANI, 2003; quantidade e a distribuição do fornecimento de
MEMMERT, 2006; PEREZ; MEIRA JÚNIOR; feedback (ANDERSON et al., 2005;
TANI, 2005; RUSSEL; NEWELL, 2007a; BARROCAL et al., 2006; CORRÊA et al.,
SILVA et al., 2006; SIMON, 2007; SIMON; 2005; ISHIKURA, 2005, 2007; MASLOVAT et
LEE; CULLEN, 2008; VERA; ALVAREZ; al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009; PALHARES
MEDINA, 2008; ZETOU et al.; 2007; WILDE; et al., 2006), o fornecimento após tentativas
MAGNUSON; SHEA, 2005; WRIGHT; eficientes e ineficientes de prática
MAGNUSON; BLACK, 2005) e e) correlatos (CHIVIACOWSKY; WULF, 2005;
neurais da interferência contextual (LIN et al., CHIVIACOWSKY et al., 2007,
2008; LIN et al., 2009). CHIVIACOWSKY et al., 2009b) e as funções
Outros desafios relativos à prática referem- em testes de aprendizagem (RUSSELL;
se à compreensão dos efeitos do grau de NEWELL, 2007b).
liberdade na escolha de ações do aprendiz Em relação à aprendizagem por observação,
(BASTOS et al, 2007; GRANADOS; WULF, a compreensão dos efeitos do autocontrole na
2007; KEETCH; LEE, 2007), da segmentação aprendizagem motora tem se constituído
ou não da tarefa, isto é, da prática das partes e também em um interessante desafio
do todo (HANSEN; TREMBLAY; ELLIOTT, (BARZOUKA; BERGELES;
2005; VERWEY; ABRAHAMSE; JIMENEZ, HATZIHARISTOS, 2007; WULF; RAUPACH;
2009), da distribuição temporal das tentativas PFEIFFER, 2005). Além disso, pesquisadores
(GARCIA et al., 2008) e da prática mental e/ou têm especulado sobre aspectos como quantidade
imaginação (BROUZIYNE; MOLINARO, 2005, e distribuição temporal das observações
FONTANI et al., 2007, GOLOMER et al., 2008; (BADETS; BLANDIN, 2005; HAGUENAUER
et al., 2005), aspectos observados que afetam a

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 363

aprendizagem e as formas dessa observação movimento a ser executado são parcialmente


(ASHFORD; BENNETT; DAVIDS, 2006; independentes, por exemplo, no arremesso do
BRESLIN et al, 2005; BRESLIN et al, 2006; basquetebol, no lançamento de flechas em alvos
BADETS, et al., 2006, BLACK et al., 2005), ou mesmo na tacada do golfe; em outras
tipo de modelo (KERNODLE, MCKETHAN; habilidades, a meta a ser alcançada é a eficiência
RABINOWITZ, 2008; WANG; HART, 2005) e do próprio padrão de movimento, como no caso
eficácia da modelação em comparação com da dança e da ginástica artística. Não obstante,
outros tipos de informação (HAYES et al., 2006; provavelmente por dificuldade no domínio da
HAGUENAUER et al., 2005). medição, ainda são poucos os estudos que se
Finalmente, identificar os correlatos neurais preocuparam em verificar se existe correlação
relativos a mecanismos e processos associados à entre os efeitos dos fatores que afetam a
aprendizagem motora como um todo ou a fatores aprendizagem motora em relação ao alcance da
específicos como prática, atenção e meta ambiental e o padrão de movimento
especificidade da tarefa tem sido foco de empregado. Os novos tipos de análise descritos
preocupação em várias pesquisas (HAYASHI; no item anterior deste artigo podem auxiliar no
SHIMURA; KASAI, 2005, 2006; LIN et al., ataque a esse particular desafio.
2008; LIN et al., 2009; SHEMMELL et al., Outro desafio importante refere-se ao tipo
2007; ZENTGRAF et al.; 2009). Esses aspectos de tarefa utilizado nos estudos. Na maioria das
têm também sido investigados em relação à pesquisas realizadas, tarefas simples produzidas
aprendizagem de pessoas portadoras de em laboratório têm sido empregadas. Existe a
necessidades especiais como, por exemplo, necessidade de mais pesquisas com tarefas mais
transtorno no desenvolvimento da coordenação, complexas, especialmente do mundo real.
apraxia e dislexia (ALLOWAY; WARN, 2008; Também merece destaque o desafio de
BALLARD; ROBIN, 2007; DE KLEINE; explorar a interação dos mecanismos e processos
VERWEY, 2009). subjacentes com os fatores que afetam a
aprendizagem motora, considerando os
Desafios e perspectivas diferentes estágios de desenvolvimento motor,
os níveis diferenciados de experiência e as
A leitura dos grupos temáticos
diferentes fases da aprendizagem em que se
anteriormente discutidos permite visualizar duas
encontra o aprendiz.
direções no que se refere aos desafios de
A segunda direção em que os desafios para
investigação: a) estudos que utilizam o
o estudo do fenômeno aprendizagem motora
paradigma clássico, de forma semelhante à
estão colocados, tanto no que se refere aos
maioria dos estudos anteriormente mencionados;
processos subjacentes quanto a fatores que o
e b) estudos que modificam a forma de observar
o mesmo fenômeno utilizando um novo afetam, tem como pano de fundo o paradigma
paradigma, ou seja, um pano de fundo diferente das Ciências da Complexidade. Tal paradigma
do hegemonicamente praticado. trata da organização e desenvolvimento de
Na perspectiva da primeira direção, observa- sistemas abertos, complexos, com capacidades
se que o conhecimento gerado até o momento de auto-organização, como foi visto
ainda não explorou suficientemente a ampla anteriormente. Exemplos de sua aplicação à área
variedade de fatores que podem afetar o de CoM podem ser visualizados nos estudos de
processo de aquisição de habilidades motoras, Kelso (1995), abordando questões relacionadas
carecendo, principalmente, de estudos de ao controle motor, nos estudos de Thelen e
interação entre as variáveis pesquisadas, Smith (1994) relacionados ao desenvolvimento
geralmente presentes de forma conjunta em motor, assim como nos estudos de Tani (2005a)
situações do mundo real. Ainda, sabe-se que na sobre o processo adaptativo na aquisição de
maioria das tarefas do mundo real é preciso habilidades motoras, cujas principais ideias e
preocupar-se tanto com o sucesso no alcance da proposições foram expostas no início deste
meta ambiental quanto com a utilização de um artigo.
padrão adequado de movimento. Em alguns É de conhecimento geral que teorias,
casos a meta a ser alcançada e o padrão de modelos e paradigmas são construídos e

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364 Tani et al.

utilizados de acordo com a necessidade de são incorporados e integrados com base na ideia
melhor compreender e explicar diferentes de sistemas adaptativos complexos; c) o uso
fenômenos. Apesar disso, por um longo período compartilhado de técnicas e tecnologias comuns,
de tempo, não somente em AM, mas em CoM por exemplo, da Biomecânica e Neurofisiologia,
como um todo, os modelos e teorias foram não somente para descrever e analisar padrões
usados muitas vezes como uma “camisa de de movimento, mas também para compreender
força”, com o intuito de excluir ou até mesmo estruturas internas abstratas.
rebaixar abordagens e modelos concorrentes. Dentro dessas perspectivas destacam-se
No nosso entender, foi o que ocorreu em nosso alguns desafios, como, por exemplo, a
meio no caso do embate entre a Teoria da Ação identificação dos correlatos neurais dos
e a Teoria Motora. As posições radicais dos mecanismos e processos associados à
proponentes da Teoria da Ação na sua crítica à aprendizagem motora, assim como dos fatores
Teoria Motora (por exemplo, REED, 1982) que os afetam, como a prática, a atenção e a
foram incorporadas e utilizadas pelos seguidores especificidade da tarefa, os quais já têm sido
conterrâneos para tentar passar a ideia de que a foco de preocupação em várias pesquisas
Teoria Motora era ultrapassada, portanto, de (HAYASHI; SHIMURA; KASAI, 2005, 2006;
segunda categoria. Para demonstrar o equívoco LIN et al., 2008; LIN et al., 2009; SHEMMELL
dessa postura, algumas mudanças de orientação et al., 2007; ZENTGRAF et al.; 2009). Trata-se
ocorridas já no final do século passado são de estudos que utilizam, entre outras
altamente didáticos, como aquela entre a tecnologias, a ressonância magnética e a
aceitação da “ditadura” do modelo para uma estimulação magnética transcraniana na
postura que faz a devida apreciação crítica do identificação e explicação de estruturas neurais
poder explanatório do modelo e a utilização de ou de bases neurofisiológicas dos efeitos de
abordagens híbridas, com instrumentação variáveis de aprendizagem já conhecidos
interdisciplinar. Essas mudanças ocorreram comportamentalmente. A título de ilustração,
como consequência, justamente, das denúncias pode-se citar o estudo de Zentgraf et al.; (2009),
sobre a errônea utilização de modelos e teorias que mostrou que com a utilização do foco
como ideologias e modismos, ou seja, sobre sua externo de atenção há alta ativação
escolha e utilização negligenciando-se as somatosensorial no córtex motor em comparação
limitações inerentes a qualquer abordagem para com a utilização do foco interno. Já Lin, Fischer,
explicar fenômenos complexos, como é o Wu, Ko, Lee e Winstein (2009) utilizaram a
processo de aquisição de habilidades motoras estimulação magnética transcraniana como fonte
(LEE, 1998; SCHMIDT, 2003; WALTER; LEE; de perturbação do processamento de
STERNARD, 1998). informações para investigar os efeitos das
Três principais perspectivas resultantes práticas aleatória e por blocos na aprendizagem
desses acontecimentos podem ser apontadas: a) de tarefas motoras específicas. Eles mostraram
a mudança de orientação da aceitação da que tal perturbação foi mais prejudicial à
“ditadura” do modelo para uma postura mais aprendizagem de tarefas com demandas
crítica e reflexiva do seu poder explanatório, temporais sob prática aleatória do que com a
tendo-se em conta que é o tema ou problema de prática por blocos, e também que isso não
investigação que clama por uma abordagem ocorreu com a aprendizagem de tarefas com
mais apropriada, e não a sua escolha a priori exigências espaciais.
(tomem-se como exemplos os casos dos desafios Estes últimos achados apontam também para
já descritos dos estudos sobre a memória, a um aspecto intrigante na área de CoM
complexidade da tarefa e o processo de igualmente presente na investigação de outros
aprendizagem, nos quais se verificam temas, que é a questão da especificidade da
pesquisadores de ambas as abordagens) b) a tarefa. Os desafios encontram-se na necessidade
utilização de abordagens alternativas a essas de cuidados a serem tomados nas interpretações
duas já tradicionais, como, por exemplo, aquela dos achados, visto que, se por um lado a
do processo adaptativo em aprendizagem utilização de técnicas como ressonância
motora, em que conteúdos das duas abordagens transcraniana magnética e aquelas da

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Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas 365

Biomecânica tem possibilitado, respectivamente, aleatoriedade, variabilidade) pode causar


acesso a estruturas neurais e medidas precisas de instabilidade no sistema, mas ao mesmo tempo
desempenho, por outro, ela tem ocorrido levar o sistema a se organizar de forma mais
estritamente em estudos com tarefas simples e robusta, fazendo dela uma fonte de ordem.
com pouca validade ecológica (BEKKERING; Torna-se, destarte, importante investigar
NEGGERS, 2002). O fato de a especificidade da questões relacionadas a quando e quanto de
tarefa se constituir como um dos aspectos desordem (perturbação) inserir, durante o
críticos a serem considerados nas pesquisas em processo de aprendizagem, para que ela possa se
CoM tem um componente histórico, pois boa constituir em elemento que detone o processo de
parte dos modelos e teorias de controle e levar o sistema a estados mais elevados de
aprendizagem motora propostos foi construída complexidade.
com base nela (BARROS, 2006). Finalmente, pode ser apontado como um
Outro desafio importante, verificado em grande desafio o estudo da aprendizagem
alguns temas de investigação antes revisados, autocontrolada, ou seja, explorar a capacidade
diz respeito à necessidade de entendimento da que os seres humanos têm de aprender por conta
aprendizagem motora a partir das características própria, também denominada de
dos aprendizes. Na verdade, esse é um aspecto autoaprendizagem motora (CORRÊA;
que propicia grande interação entre AM e DM. WALTER, 2009). A perspectiva nesse caso está
A perspectiva seria entender a aprendizagem de em entender a aprendizagem de habilidades
habilidades motoras considerando-se a fase de motoras quando o aprendiz tem o controle sobre
desenvolvimento motor, o nível de experiência, determinados aspectos da sua prática. Supõe-se
a fase de aprendizagem, o traço da que sujeitos expostos a contextos
personalidade, entre outras características dos autocontrolados de aprendizagem engajam-se
aprendizes. Esses aspectos deveriam também ser mais ativa e construtivamente em processos de
cada vez mais valorizados e enfatizados em geração de ordem, melhor adaptando seus
relação à aprendizagem de pessoas portadoras de comportamentos às necessidades do processo
certas doenças/deficiências como, por exemplo, cognitivo e motivacional da aprendizagem em
que eles se encontram envolvidos.
transtorno no desenvolvimento da coordenação,
doença de Parkinson, apraxia e dislexia
(ALLOWAY; WARN, 2008; BALLARD; CONSIDERAÇÕES FINAIS
ROBIN, 2007; DE KLEINE; VERWEY, 2009).
Entender o papel de fatores relacionados à A área de CoM já enfrentou várias
desordem na aprendizagem de habilidades “batalhas” teóricas, o que de certa forma ressalta
motoras constitui outro interessante desafio. o seu dinamismo. Na década de 70 do século
Essa perspectiva pressupõe uma concepção passado tivemos a oportunidade de testemunhar
sistêmica de aprendiz e de aprendizagem, muito um embate entre duas teorias de controle motor
evidenciada na abordagem do processo e aprendizagem motora: a de circuito aberto e a
adaptativo (TANI, 2005c). O fato de o aprendiz de circuito fechado. Esse embate centralista-
ser um sistema aberto implica a capacidade de periferalista, como é conhecido na literatura, foi
lidar com instabilidades, ruídos e incertezas para solucionado pelo reconhecimento de que
alcançar estados mais elevados de organização. diferenças entre tarefas estudadas, mais do que
Um dos desafios a considerar é investigar o de posições teóricas em si, poderiam explicar
papel desses fatores relacionados à desordem na melhor os resultados discrepantes obtidos por
aprendizagem motora. Alguns passos estudos experimentais (ABERNETHY;
importantes têm sido dados nessa direção, como SPARROW, 1992; BEEK; MEIJER, 1988).
demonstram os estudos sobre a frequência Desse modo, a confrontação teórica foi resolvida
reduzida de feedback extrínseco e a prática sob pela aceitação de uma visão integrada, em que
condições de alta variabilidade ou interferência assunções apoiando posições distintas foram
contextual (CHIVIACOWSKY, 2005; apropriadamente acomodadas.
CORRÊA; TANI, 2005). Resultados têm A partir da década de 1980 testemunha-se
mostrado que a falta de informação (incerteza, uma nova polarização de abordagens teóricas, a

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366 Tani et al.

qual se tornou conhecida como a “controvérsia ontogeneticamente definidas. A Teoria Motora


entre a teoria motora e a da ação” (MEIJER; tem, portanto, muita contribuição a dar nesse
ROTH, 1988); mas dessa vez o quadro parece particular. Achados recentes em estudos
ser bem diferente em comparação com aquele do neurofisiológicos vêm corroborar essa tendência
embate entre as visões centralista e periferalista (vejam-se, por exemplo, GRAFTON;
(TANI, 2005b). Nesse caso, a divergência estava HAMILTON, 2007; SHADMEHR; MUSSA-
nas possíveis explicações sobre os mecanismos IVALDI, 1994; TANJI; SHIMA; MUSHIAKE,
de controle motor e aprendizagem, mas o quadro 2007), ao acumular evidências acerca da
teórico geral por trás das duas teorias era o representação de ações no cérebro. A par desses
mesmo, ou seja, a teoria de processamento de desdobramentos envolvendo as duas abordagens
informações. Na controvérsia entre a Teoria teóricas, a possibilidade de uma “terceira via” -
Motora e Teoria da Ação, a divergência está processo adaptativo - foi também apresentada e
exatamente nesse quadro teórico de fundo, em discutida.
que residem diferenças filosóficas nítidas. Diante desse estado da arte, uma interessante
Não existe ainda uma tendência definitiva no estratégia investigativa parece ser a de observar
desdobramento desse confronto teórico - com muito cuidado e carinho o fenômeno em
reconciliação, integração ou capitulação - mas questão, utilizando-se da mais adequada e
reconhece-se que, se comparadas com os estágios sofisticada ferramenta de análise, para depois
iniciais da controvérsia, algumas mudanças já escolher a melhor abordagem teórica para
aconteceram. Nas fases iniciais, as diferenças entre interpretar e explicar os resultados obtidos. Nesse
as duas teorias pareciam muito claras em razão da empreendimento, uma abordagem metodológica
radicalização das posições, o que é um traço integrativa envolvendo estudos em nível
característico desses estágios na batalha teórica; comportamental, neurofisiológico e biomecânico
mas com a evolução das discussões e a realização de análise parece se constituir em importante chave
de estudos empíricos, algumas diferenças para o sucesso.
originalmente apontadas tornaram-se menos claras, Para finalizar, o objetivo deste artigo foi
apesar da permanência de diferenças filosóficas. apresentar um panorama geral da área de CoM,
Esses aspectos foram devidamente discutidos no com a intenção de delinear um quadro organizado
texto. do seu desenvolvimento, tanto no domínio teórico
Existe um reconhecimento de que a Teoria da quanto no de experimentação, e traçar algumas
Ação trouxe interessantes avanços na compreensão perspectivas de pesquisa procurando identificar
dos fenômenos de controle e de desenvolvimento problemas e desafios de investigação que, no nosso
motor, especialmente em movimentos rítmicos entender, merecem estudos profundos e
filogeneticamente determinados, mas pouca sistemáticos. O resultado é um quadro altamente
contribuição efetiva na elucidação do fenômeno de estimulante e intelectualmente desafiador, que
aprendizagem. Tudo indica que sem a noção de convida mais pessoas a se engajarem na área. De
representação é difícil teorizar sobre aprendizagem, uma coisa estamos certos: há espaço para muita
especialmente de tarefas complexas gente lançar mão da criatividade e se “divertir”.

RESEARCH IN THE AREA OF MOTOR BEHAVIOR: THEORETICAL MODELS, RESEARCH METHODS,


INSTRUMENTS OF ANALYSIS, CHALLENGES, TRENDS AND PERSPECTIVES

ABSTRACT
The objective of this article was to present a general panorama of the area of Motor Behavior - its historical trajectory, trends
and perspectives of research - with the intention to delineate an organized framework of its development both in the
theoretical and methodological domain. It is expected that this framework may contribute to the construction of a knowledge
base for those who want to specialize as a researcher in the area and to apply that knowledge in the professional intervention.
Keywords: Motor behavior. Motor learning. Motor control. Motor development.

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Endereço para correspondência: Go Tani. Universidade de São Paulo. Escola de Educação Física e Esporte. Av. Prof.
Mello Moraes, 65, Butantã, CEP 05508-950, São Paulo-SP, Brasil
E-mail: gotani@usp.br

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