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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE MODAL DA ESTRUTURA DE UMA TORRE EÓLICA ONSHORE


SEGUNDO O MÉTODO DO VENTO SINTÉTICO

Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da


Universidade de São Paulo para obtenção do título de
Graduação em Engenharia

Giovane Tesser Messias


Leonardo Monteiro Lopes

Orientador: Dr. Carlos Eduardo Nigro Mazzilli

São Paulo
2021
AGRADECIMENTOS

Os autores do presente trabalho agradecem:

● Ao professor Dr. Carlos Eduardo Nigro Mazzilli, que nos orientou neste trabalho,
por sua paciência e disponibilidade;

● Ao doutorando Breno Ayres Pereira Mendes, pela gentileza de fornecer todos os


dados necessários, ferramentas de cálculo, discussões e dicas;

● Às famílias de todos os integrantes do grupo, pelo carinho e apoio de sempre;


RESUMO

No trabalho a seguir, foi realizado um estudo de caso para uma torre eólica
onshore, cuja estrutura externa é composta de aço estrutural EN10025 S235, e os esforços
externos nela compreendem os carregamentos dinâmicos provenientes da ação do vento.
Para a análise da estrutura foi realizada uma discretização da torre em 12
elementos com 13 nós, sendo que todos eles apresentam o mesmo comprimento. Foi
adotado um modelo de análise unidimensional, sendo usado o eixo vertical da torre eólica
como variável principal para as expressões de cálculo.
A seção transversal da torre metálica é do tipo não prismática, ou seja, o diâmetro
do topo da torre é menor do que o diâmetro da sua base, dessa forma a área, a densidade
linear e o momento de inércia da torre variam ao longo de sua altura, por isso o cálculo é
feito de forma matricial.
A excitação causada pelo vento foi obtida através do método de vento sintético,
elaborado por Mário Franco, em seu trabalho “Direct Along-wind Dynamic Analysis of
Tall Structures”, de 1993. Este método apresenta carregamentos e excitações ocasionadas
pelo vento, através da determinação de harmônicos que se correlacionam com o espectro
de vento.
O princípio dos trabalhos virtuais (P.T.V) foi utilizado na geração da matriz de
flexibilidade da estrutura, sendo essa última invertida, de modo a obter a matriz global de
rigidez da estrutura. A matriz global de massa da estrutura foi obtida com a redução e
simplificação da matriz local de massa para um elemento com 6 graus de liberdade,
transformando-a em uma matriz 2x2 e acoplando-as à matriz global.
O método da superposição modal foi utilizado no processo de diagonalização
das matrizes globais de massa, rigidez e amortecimento, de modo a tornar o sistema de
vibração harmônica possível de ser resolvido sem o uso de modelos numéricos mais
complexos ou sofisticados, sendo auxiliado por um sistema de amortecimento de
Rayleigh para a geração da matriz diagonalizada de amortecimento.
Por fim, foram realizadas verificações em Estado Limite Último (ELU) e Estado
Limite de Serviço (ELS), de forma a determinar se a estrutura da torre está segura para
os carregamentos nela aplicados.
ABSTRACT

In the following work, a case study was carried out for an onshore wind tower,
whose external structure is composed of structural steel EN10025 S235, and the external
efforts in it comprise the dynamic loadings from the action of the wind.
For the analysis of the structure, a discretization of the tower was performed in 12
elements with 13 nodes, all of which have the same length. A one-dimensional analysis
model was adopted, using the vertical axis of the wind tower as the main variable for the
calculation expressions.
The cross section of the metallic tower is of the non-prismatic type, that is, the
diameter of the top of the tower is smaller than the diameter of its base, thus the area,
linear density and moment of inertia of the tower vary over its height, so the calculation
is done in a matrix way.
The excitation caused by the wind was obtained through the synthetic wind
method, elaborated by Mário Franco, in his work “Direct Along-wind Dynamic Analysis
of Tall Structures”, from 1993. This method presents loads and excitations caused by the
wind, through the determination of harmonics that correlate with the wind spectrum.
The principle of virtual works (PVW) was used in the generation of the structure's
flexibility matrix, the latter being inverted, in order to obtain the global structure's
stiffness matrix. The global mass matrix of the structure was obtained by reducing and
simplifying the local mass matrix to an element with 6 degrees of freedom, transforming
it into a 2x2 matrix and coupling them to the global matrix.
The modal superposition method was used in the diagonalization process of the
global mass, stiffness and damping matrices, in order to make the harmonic vibration
system possible to be solved without the use of more complex or sophisticated numerical
models, being aided by a Rayleigh damping system for the generation of the diagonalized
damping matrix.
Finally, checks were carried out in the Ultimate Limit State (ULS) and
Servicability Limit State (SLS), in order to determine if the tower structure is safe for the
loads applied to it.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS E METODOLOGIA...................................................................................................... 3
3. MODELO ESTRUTURAL ADOTADO .............................................................................................. 5
4. SISTEMA DE VIBRAÇÃO HARMÔNICA LIVRE NÃO-AMORTECIDA ................................................11
4.1 MATRIZ DE RIGIDEZ [K]................................................................................................................... 12
4.2 MATRIZ DE MASSA [M] .................................................................................................................. 14
4.3 MATRIZ [A] .................................................................................................................................. 19
4.4 AUTOVETORES E AUTOVALORES (FREQUÊNCIAS NATURAIS DA ESTRUTURA) .............................................. 20
5. MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO MODAL PARA ANÁLISE DAS VIBRAÇÕES LIVRES OU FORÇADAS ....22
5.1 SISTEMAS NÃO AMORTECIDOS .......................................................................................................... 22
5.2 SISTEMAS COM AMORTECIMENTO DE RAYLEIGH ................................................................................... 25
6. ANÁLISE DAS VIBRAÇÕES FORÇADAS PELO VENTO ....................................................................27
6.1. MÉTODO DO VENTO SINTÉTICO ........................................................................................................ 27
6.2. ESFORÇOS PERMANENTES E FLUTUANTES ........................................................................................... 35
6.3. GERAÇÃO DE MOMENTOS FLETORES NA TORRE ................................................................................... 37
7. VERIFICAÇÃO DE ESTADO LIMITE ÚLTIMO (ELU) ........................................................................40
7.1. TENSÃO CISALHANTE PARA SEÇÃO NÃO PRISMÁTICA ............................................................................. 41
7.2. ESFORÇO NORMAL PARA A FLEXÃO NORMAL COMPOSTA ...................................................................... 45
7.3. ESTADO DUPLO DE TENSÃO E CÍRCULO DE MOHR ................................................................................ 45
7.4. CRITÉRIO DE RESISTÊNCIA DE TRESCA ................................................................................................. 48
8. VERIFICAÇÃO DE ESTADO LIMITE DE SERVIÇO (ELS) ...................................................................49
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................51
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................52
1. INTRODUÇÃO

Na análise e dimensionamento de estruturas da Engenharia Civil, torna-se cada


vez mais relevante o estudo do comportamento destas sob solicitações variáveis com o
tempo, determinadas como ações dinâmicas, tais quais as vibrações decorrentes de
esforços de componentes mecânicos, ventos, sismos, explosões e choques.
Este trabalho busca realizar um estudo de caso para uma torre eólica onshore,
exemplificada nas Figuras 1.1 e 1.2, cuja estrutura é composta de aço estrutural EN10025
S235, e os esforços solicitantes nela compreendem os carregamentos dinâmicos
provenientes da ação do vento.
Foi realizada uma análise de como essa estrutura se comporta dinamicamente em
um regime harmônico forçado, sendo os carregamentos provenientes do vento os
responsáveis pela ocorrência de vibrações aleatórias na estrutura.
A excitação causada pelo vento foi obtida por meio do método do vento sintético,
proposto por Franco (1993), em seu trabalho “Direct Along-wind Dynamic Analysis of
Tall Structures”. Este método contempla carregamentos e excitações ocasionadas pelo
vento, por meio da determinação de harmônicos que se correlacionam com o espectro de
vento.
Por fim, foram realizadas verificações em Estado Limite Último (ELU) e Estado
Limite de Serviço (ELS), de forma a determinar se a estrutura da torre está segura para
os carregamentos nela aplicados.

1
Figura 1.1 - Foto de uma torre eólica - https://www.structuremag.org/?p=357

Figura 1.2 - Elementos principais que compõem uma torre eólica onshore -
https://www.researchgate.net/figure/Main-parts-of-an-onshore-wind-turbine-system_fig2_322686039

2
2. OBJETIVOS E METODOLOGIA

O objetivo geral deste trabalho é realizar um estudo de caso para uma torre eólica
onshore, cuja estrutura é composta de aço estrutural EN10025 S235, e os esforços
solicitantes consideram os carregamentos dinâmicos provenientes da ação do vento. Esse
tipo de torre foi escolhido porque ela é um tipo muito comum de estrutura presente em
aerogeradores instalados nos principais parques eólicos do mundo.
Como objetivos específicos, relacionam-se:

• Estudar os aspectos da análise dinâmica estrutural das torres metálicas


usualmente empregadas na geração de energia elétrica em parques eólicos;

• Estudar os efeitos dinâmicos dos diferentes modos de vibração presentes na


estrutura da torre quando ela é solicitada por um carregamento externo de vento,
determinando assim os carregamentos aplicados ao longo de sua extensão;

• Analisar os esforços máximos existentes para a estrutura da torre eólica a partir


do carregamento dinâmico do vento nela aplicado para cada diferença de fase, dessa
forma determinando a envoltória de esforços presentes na seção de sua base e verificando
se no Estado Limite Último (ELU) ela não apresenta problemas de dimensionamento;

• Analisar os deslocamentos máximos existentes para a estrutura da torre eólica


em cada modo de vibração, determinando dessa forma a envoltório de deslocamentos
presentes na torre e verificando se ela está aceitável mediante a norma específica
(atendimento ao Estado Limite de Serviço, ELS).

O desenvolvimento deste trabalho foi embasado em bibliografia técnica e


científica, recorrendo-se, em especial, ao método do vento sintético, proposto por Mário
Franco, para a análise dos carregamentos e excitações ocasionados pelo vento, por meio
da determinação de harmônicos que se correlacionam com o espectro do vento.
O teorema dos esforços virtuais (TEV) foi utilizado na geração da matriz de
flexibilidade da estrutura, sendo essa última invertida de modo a obter a matriz reduzida
de rigidez da estrutura. A matriz global reduzida de massa da estrutura foi obtida a partir
da condensação estática da matriz de massa no sistema local para um elemento com 6
graus de liberdade, transformando-a em uma matriz 2x2 ao considerar apenas os graus de

3
liberdade referentes aos deslocamentos transversais, com o posterior espalhamento desta
matriz condensada para obtenção da matriz de massa global reduzida.
O método da superposição modal foi utilizado no processo de diagonalização das
matrizes globais de massa, rigidez e amortecimento, de modo a tornar o sistema de
vibração harmônica possível de ser resolvido sem o uso de modelos numéricos mais
complexos ou sofisticados. Utilizou-se a hipótese de amortecimento de Rayleigh para a
análise dinâmica.
Por fim, foi utilizado o critério de resistência de Tresca para verificação do Estado
Limite Último em estado duplo de tensão, sendo este adequado para estruturas compostas
por materiais dúcteis como o aço estrutural EN10025 S235.

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3. MODELO ESTRUTURAL ADOTADO

Para a análise da estrutura foi realizada uma discretização da torre com um


determinado número de nós e elementos, de forma que todos eles apresentam o mesmo
comprimento. Será adotado um modelo de análise unidimensional, sendo os
deslocamentos nodais transversais (eixo Z, Figura 3.1) da torre eólica tomados como as
coordenadas generalizadas.
Um aspecto importante das torres eólicas onshore, cuja estrutura é metálica, é que
elas apresentam uma seção transversal não prismática, ou seja, o diâmetro do topo da
torre é menor do que o diâmetro da sua base; dessa forma a área, a densidade linear e o
momento de inércia desse tipo de torre variam ao longo de sua altura. Isso será levado em
conta na análise matricial, considerando a variação das propriedades de cada elemento
discretizado da estrutura.
Definiu-se o modelo discretizado com 13 nós e 12 graus de liberdade (Figura 3.1),
pois apenas o deslocamento horizontal no eixo Z foi considerado. As matrizes globais
reduzidas de massa e de rigidez são, obviamente, simétricas.

Dimensão Valor [m]


Diâmetro externo da base da torre (ext,base) 4,500
Diâmetro interno da base da torre (int,base) 4,462
Diâmetro externo do topo da torre (ext,topo) 3,800
Diâmetro interno do topo da torre (int,topo) 3,762
Espessura da seção delgada 0,019
Tabela 3-1: Características das seções transversais da base, do topo e espessura da seção delgada.

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Figura 3.1 - Características do modelo estrutural adotado.

Característica Dimensão Unidade


Potência Nominal 1.500 kW
Diâmetro do Rotor 70,5 m
Classe de Vento IEC II -----------
Área Varrida 3.904 m²
Área Específica 2,61 m²
Número de Lâminas 3 -----------
Controle de Potência Pitch -----------
Data de Comissionamento 1998 -----------
Massa da Nacele 49 toneladas
Massa da Turbina Eólica 28 toneladas
Velocidade Mínima do Rotor 11 rad/min
Velocidade Máxima do Rotor 22,2 rad/min
Velocidade Nominal do Vento 13 m/s
Tabela 3-2: Dados gerais fornecidos pelo fabricante para a turbina modelo GE 1.5s 1500 kW.

A base da torre é considerada engastada no bloco de fundação, e a massa


correspondente ao conjunto turbina+nacele foi concentrada na extremidade superior da
torre. Como pode-se observar na Tabela 3-2, essa massa concentrada é igual a 77
toneladas e a área de sua face, necessária para o cálculo da ação do vento no topo da torre,
para o caso estudado, é igual a 22,50 m².

6
A torre de sustentação tem 90 metros de altura e é feita de aço estrutural EN10025
S235, de fyk de 225 MPa, módulo de Young de 207 GPa e densidade de 7.850 kg/m³. A
taxa de amortecimento adotada para esta estrutura é de 0,8% para os dois primeiros modos
de vibração, sendo este valor usual para as estruturas metálicas. As características do
modelo encontram-se resumidos na Tabela 3-3.

Elementos (n) 12 -
E 207 GPa
h 90 m
h/n 7,50 m
ρ 7850 kg/m³
fyk 225 Mpa
ext,base 4,5 m
ext,topo 3,8 m
1 0,8% -
2 0,8% -
Massa da Turbina 77000 kg
Área exposta da nacele 22,5 m²
Tabela 3-3: Características do modelo estrutural adotado.

Nó ext [m] int [m] A [m²] I [m4]


0 4,500 4,462 0,2675 0,6713
1 4,442 4,404 0,2640 0,6455
2 4,383 4,345 0,2605 0,6203
3 4,325 4,287 0,2570 0,5957
4 4,267 4,229 0,2535 0,5718
5 4,208 4,170 0,2501 0,5486
6 4,150 4,112 0,2466 0,5260
7 4,092 4,054 0,2431 0,5040
8 4,033 3,995 0,2396 0,4827
9 3,975 3,937 0,2361 0,4619
10 3,917 3,879 0,2327 0,4418
11 3,858 3,820 0,2292 0,4223
12 3,800 3,762 0,2257 0,4033
Tabela 3-4: Variação de área e momento de inércia ao longo da altura da torre.

É importante ressaltar que nessa análise foram estabelecidas algumas premissas


de simplificação para o estudo dos esforços dinâmicos, que podem diferenciar os
resultados obtidos em teoria para os valores registrados em análise posterior na estrutura
real, são elas:

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● O vento sempre irá afetar a estrutura em apenas uma direção, sendo ela
a direção cuja área exposta do conjunto turbina+nacele seja a maior, dessa forma
conduzindo a um cálculo mais conservador na análise de ELU;

● Os esforços decorrentes de rotação e torção das hélices que compõem a


turbina da torre serão desprezados, já que eles não são significativos em comparação com
os esforços diretos advindos do vento e do peso próprio da estrutura;

● A análise será realizada supondo a estrutura indeformada, construída


perfeitamente com os parâmetros de projeto, sem qualquer tipo de desgaste ao longo de
sua extensão ou imprecisões e erros gerados durante sua execução;

● Embora exista uma distância entre o centro de gravidade da base da torre


e o centro de gravidade do conjunto torre+nacele, essa excentricidade será desprezada
neste trabalho por simplificação;

● É assumido, de acordo com os critérios de projeto, que as solicitações


mais significativas de momentos fletores na estrutura da torre estão localizadas na seção
correspondente à sua base (x= 0); dessa forma, essa será a única seção onde será realizada
uma análise do tipo ELU;

● A análise de ELS será realizada para o topo da torre, seguindo critérios de


deslocamento máximo indicados no Eurocode 3;

● As análises realizadas serão do tipo ELU e ELS, entretanto, nesta


oportunidade, não será feita a análise de segunda ordem e nem da flambagem, sendo essas
verificações realizadas posteriormente;

Tendo exposto todas essas premissas, nas Figuras 3.2, 3.3 e 3.4 estão ilustrados o
modelo geométrico, o modelo estrutural do primeiro elemento e o modelo estrutural
seccionado no plano que contém seu eixo vertical, cujas representações gráficas estão
expressas de forma poligonal, devido à limitação do SketchUp:

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Figura 3.2 - Modelo geométrico adotado.

Figura 3.3 - Modelo do primeiro elemento, corte no plano de cota 7,5 m.

9
Figura 3.4 - Modelo estrutural seccionado ao longo do eixo vertical.

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4. SISTEMA DE VIBRAÇÃO HARMÔNICA LIVRE NÃO-AMORTECIDA

Para a análise de sistemas dinâmicos, deve-se inicialmente calcular as frequências


naturais da estrutura. A princípio, considera-se a estrutura sob vibrações livres não
amortecidas, sendo empregada a equação (1).

[𝐾]{𝑢} + [𝑀]{𝑢̈ } = {0} (1)

É possível exprimir {u} e {ü} pela sua solução geral

{𝑢} = {û𝑖 }𝑐𝑜𝑠⁡(𝜔𝑡 − 𝜃) (2)

{ü} = −𝜔2 {û̈𝑖 }𝑐𝑜𝑠⁡(𝜔𝑡 − 𝜃) (3)

Com (2) e (3) em (1), simplificando:

([𝐾] − 𝜔2 [𝑀]){𝑢̂} = {0} (4)

Como {û} = 0 caracteriza uma solução trivial, então o determinante do termo


[K] - ω²[M] deve ser igual a zero para a existência de soluções não triviais. Substituindo
ω² por λ, multiplicando as parcelas pela inversa de [M], e sendo:

𝐴 = [𝑀]−1 [𝐾] (5)

pode-se visualizar o clássico problema de autovalores:

𝑑𝑒𝑡⁡([𝑀]−1 [𝐾] − 𝜔2 [𝑀]−1 [𝑀]) ⁡ = 0 (6)

|𝐴 − 𝜆𝐼| = 0 (7)

Calculando-se os autovalores e autovetores, estes são respectivamente as


frequências ao quadrado e os vetores que representam os 12 primeiros modos de vibração
da estrutura da torre eólica.

11
4.1 Matriz de Rigidez [K]

A matriz de rigidez global reduzida da estrutura é calculada por meio da inversão


da matriz de flexibilidade, sendo que essa última é obtida por meio do Teorema dos
Esforços Virtuais (TEV), igualando os trabalhos virtuais complementares internos e
externos.
De acordo com o TEV, para um problema de estrutura engastada submetida a um
único carregamento virtual 𝑃̅𝑗 = 1, que dá origem a um diagrama de momentos virtuais
̅𝑗 , sendo 𝛿𝑗𝑖 o deslocamento do ponto de aplicação do carregamento 𝑃̅𝑗 quando se aplica
𝑀
um carregamento real 𝑃̅𝑖 = 1, temos que:

𝑊𝑒𝑥𝑡 = 𝑃̅𝑗 × 𝛿𝑗𝑖 = 𝛿𝑗𝑖 (8)

̅𝑗 𝑑𝜑𝑖
𝑊𝑖𝑛𝑡 = ∫ 𝑀 (9)
𝐿

̅𝑖
𝑀
sendo 𝑑𝜑𝑖 = ̅𝑖 refere-se ao momento fletor associado ao
𝑑𝑠, onde 𝑀
𝐸∗𝐽

carregamento unitário 𝑃̅𝑖 ; logo o termo genérico da matriz de flexibilidade 𝛿𝑗𝑖


decorre imediatamente:

̅𝑗 𝑀
𝑀 ̅𝑖
𝑊𝑒𝑥𝑡 = 𝑊𝑖𝑛𝑡 ⁡ ⇒ ⁡ 𝛿𝑗𝑖 = ∫ 𝑑𝑠 (10)
𝐿 𝐸𝐽

Dessa forma, podemos montar a matriz de flexibilidade, apresentada na Figura


4.1.

12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1 1,02E-09 2,56E-09 4,10E-09 5,64E-09 7,18E-09 8,72E-09 1,03E-08 1,18E-08 1,33E-08 1,49E-08 1,64E-08 1,79E-08

2 2,56E-09 8,26E-09 1,45E-08 2,07E-08 2,70E-08 3,32E-08 3,94E-08 4,57E-08 5,19E-08 5,82E-08 6,44E-08 7,06E-08

3 4,10E-09 1,45E-08 2,82E-08 4,24E-08 5,66E-08 7,08E-08 8,51E-08 9,93E-08 1,14E-07 1,28E-07 1,42E-07 1,56E-07

4 5,64E-09 2,07E-08 4,24E-08 6,74E-08 9,31E-08 1,19E-07 1,44E-07 1,70E-07 1,96E-07 2,21E-07 2,47E-07 2,73E-07

5 7,18E-09 2,70E-08 5,66E-08 9,31E-08 1,33E-07 1,74E-07 2,14E-07 2,55E-07 2,96E-07 3,36E-07 3,77E-07 4,17E-07

6 8,72E-09 3,32E-08 7,08E-08 1,19E-07 1,74E-07 2,32E-07 2,92E-07 3,51E-07 4,10E-07 4,70E-07 5,29E-07 5,88E-07

7 1,03E-08 3,94E-08 8,51E-08 1,44E-07 2,14E-07 2,92E-07 3,73E-07 4,55E-07 5,37E-07 6,19E-07 7,00E-07 7,82E-07

8 1,18E-08 4,57E-08 9,93E-08 1,70E-07 2,55E-07 3,51E-07 4,55E-07 5,63E-07 6,71E-07 7,80E-07 8,88E-07 9,97E-07

9 1,33E-08 5,19E-08 1,14E-07 1,96E-07 2,96E-07 4,10E-07 5,37E-07 6,71E-07 8,10E-07 9,49E-07 1,09E-06 1,23E-06

10 1,49E-08 5,82E-08 1,28E-07 2,21E-07 3,36E-07 4,70E-07 6,19E-07 7,80E-07 9,49E-07 1,12E-06 1,30E-06 1,47E-06

11 1,64E-08 6,44E-08 1,42E-07 2,47E-07 3,77E-07 5,29E-07 7,00E-07 8,88E-07 1,09E-06 1,30E-06 1,51E-06 1,73E-06

12 1,79E-08 7,06E-08 1,56E-07 2,73E-07 4,17E-07 5,88E-07 7,82E-07 9,97E-07 1,23E-06 1,47E-06 1,73E-06 1,98E-06

Figura 4.1 - Matriz de Flexibilidade [F] para a estrutura discretizada da torre eólica. Valores em m - Elaborado pelos
autores.

Tendo-se a matriz de flexibilidade da estrutura, a matriz de rigidez global [K]


pode ser obtida realizando a operação de inversão da matriz de flexibilidade:

[𝐾] ⁡ = ⁡ [𝐹]−1⁡ ⁡⁡ ⇒ ⁡⁡⁡ [𝐹] × [𝐹]−1 = [𝐼] (11)

Temos, por fim, a matriz de rigidez global [K] para a estrutura da torre eólica,
representada na Figura 4.2.

13
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1 6,0E+09 -3,7E+09 1,5E+09 -3,8E+08 1,0E+08 -2,5E+07 5,3E+06 8,4E+05 -3,5E+06 3,4E+06 -1,4E+06 2,1E+05

2 -3,7E+09 4,5E+09 -3,2E+09 1,3E+09 -3,4E+08 8,9E+07 -2,2E+07 1,1E+06 6,9E+06 -7,1E+06 3,0E+06 -4,1E+05

3 1,5E+09 -3,2E+09 4,2E+09 -3,1E+09 1,3E+09 -3,3E+08 8,6E+07 -1,8E+07 -4,7E+06 8,1E+06 -3,2E+06 2,4E+05

4 -3,8E+08 1,3E+09 -3,1E+09 4,0E+09 -2,9E+09 1,2E+09 -3,2E+08 8,4E+07 -1,7E+07 7,6E+05 -7,1E+05 7,6E+05

5 1,0E+08 -3,4E+08 1,3E+09 -2,9E+09 3,9E+09 -2,8E+09 1,2E+09 -3,1E+08 8,3E+07 -2,3E+07 8,1E+06 -2,2E+06

6 -2,5E+07 8,9E+07 -3,3E+08 1,2E+09 -2,8E+09 3,7E+09 -2,7E+09 1,1E+09 -3,0E+08 7,9E+07 -2,1E+07 4,0E+06

7 5,3E+06 -2,2E+07 8,6E+07 -3,2E+08 1,2E+09 -2,7E+09 3,6E+09 -2,6E+09 1,1E+09 -2,7E+08 6,2E+07 -8,8E+06

8 8,4E+05 1,1E+06 -1,8E+07 8,4E+07 -3,1E+08 1,1E+09 -2,6E+09 3,4E+09 -2,5E+09 9,9E+08 -2,3E+08 3,3E+07

9 -3,5E+06 6,9E+06 -4,7E+06 -1,7E+07 8,3E+07 -3,0E+08 1,1E+09 -2,5E+09 3,2E+09 -2,3E+09 8,7E+08 -1,4E+08

10 3,4E+06 -7,1E+06 8,1E+06 7,6E+05 -2,3E+07 7,9E+07 -2,7E+08 9,9E+08 -2,3E+09 3,0E+09 -2,0E+09 5,4E+08

11 -1,4E+06 3,0E+06 -3,2E+06 -7,1E+05 8,1E+06 -2,1E+07 6,2E+07 -2,3E+08 8,7E+08 -2,0E+09 2,1E+09 -7,6E+08

12 2,1E+05 -4,1E+05 2,4E+05 7,6E+05 -2,2E+06 4,0E+06 -8,8E+06 3,3E+07 -1,4E+08 5,4E+08 -7,6E+08 3,4E+08

Figura 4.2 - Matriz de Rigidez Global [K] para a estrutura discretizada da torre eólica. Valores em kN/m - Elaborado
pelos autores.

4.2 Matriz de Massa [M]

A matriz de massa [𝑀] da estrutura é gerada a partir da montagem da matriz de


massa local (Figura 4.3), condensada estaticamente, para cada elemento da estrutura
discretizada, sendo posteriormente feito o espalhamento. Foi utilizado como base uma
matriz de massa para elementos com 6 graus de liberdade (Figura 4.4):

Figura 4.3- Matriz de massa no sistema local para cada elemento discretizado com 6 graus de liberdade - Elaborado
pelos autores.

14
onde:
A = Área da seção transversal média para o elemento discretizado da torre eólica;
𝜌 = 78,5 KN/m³, peso específico do aço estrutural;
l = 7,5 m, comprimento de cada elemento discretizado da torre eólica;

Figura 4.4 - Graus de liberdade no sistema local para cada elemento discretizado do modelo estrutural da torre -
Elaborado pelos autores.

Como em nosso problema cada elemento discretizado da torre eólica possui


apenas 2 graus de liberdade, utilizamos uma forma condensada da matriz de massa,
fazendo uso do método de escalonamento de sistemas lineares e admitindo a não
existência de carregamento axial e torque para cada elemento discretizado (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Sistema para condensação estática da matriz de massa para um elemento discretizado com 2 graus de
liberdade.

Resolvendo esse sistema, obtemos que a2, a3, a5 e a6 são iguais a zero e sobra o
seguinte sistema de equações para um sistema com dois graus de liberdade:

28𝑎2 + 7𝑎5 = 𝑓2 28 7 𝑎2 𝑓
{ ⟹⁡[ ] [𝑎 ] = [ 2 ] (12)
7𝑎2 + 28𝑎5 = 𝑓5 7 28 5 𝑓5

15
Entretanto, os vetores da matriz não estão normalizados em relação ao cálculo
global de massa, dessa forma precisamos fazer a operação de normalização da soma da
matriz:

(28 + 7 + 7 + 28) × y = 420⁡ ⇒ ⁡⁡y⁡ = 6 (13)

𝜌𝐴𝑙 28 7 𝜌𝐴𝑙 168 42


×𝑦×[ ] ⁡ = 420⁡ ⇒ ⁡ [ ]⁡ (14)
420 7 28 420 42 168

Ao fim do processo temos a seguinte matriz de massa condensada para cada


elemento discretizado:

𝜌𝐴𝑙 168 42
𝑚⁡ = [ ]⁡ (15)
420 42 168

A matriz de massa local para cada elemento é também montada na matriz de


massa global, gerando a matriz [𝑀] da estrutura da torre. A massa do conjunto
turbina+nacele é adicionada no elemento da matriz correspondente ao nó do topo da torre
eólica, fazendo com que seja a região com maior concentração de massa.
Multiplicando-se a matriz de área transversal média (Figura 4.6) pela densidade
do aço 𝜌, obtemos a matriz de densidade linear [𝜇] (Figura 4.7).

16
Figura 4.6 - Matriz de área transversal média considerada para cada combinação de nós. Valores em m².

Figura 4.7 - Matriz de Densidade Linear [𝜇]. Valores em kg/m.

Espalhando-se a matriz de massa local para cada elemento na matriz de massa


global, obtemos um resultado parcial da matriz de massa global, ou matriz de massa
auxiliar [𝑀𝑎𝑢𝑥 ] (Figura 4.8). Multiplicando [𝑀𝑎𝑢𝑥 ] pelo termo 𝜌𝐴𝑙/420 isolado e

17
adicionando ao último elemento a massa do conjunto turbina+nacele, obtemos a matriz
de massa global [𝑀] (Figura 4.9).

Figura 4.8 - Matriz de massa auxiliar [𝑀𝑎𝑢𝑥 ]. Valores adimensionais.

Figura 4.9 - Matriz de massa global [𝑀]. Valores em kg.

18
4.3 Matriz [A]

Multiplicando-se a matriz inversa de massa global (Figura 4.10) com a matriz de


rigidez global da estrutura obtemos a matriz [A] (Figura 4.11):

[M] × [M]−1 = ⁡ [I] ⁡⁡ ⇒ ⁡⁡ [A] ⁡ = ⁡ [M]−1 × ⁡ [K] (16)

Figura 4.10 - Matriz inversa de massa global [M]-1. Valores em kg-1.

Figura 4.11 - Matriz [A]. Valores em rad-2s-2.


19
4.4 Autovetores e Autovalores (Frequências Naturais da Estrutura)

As frequências naturais da estrutura (Tabela 4-1) correspondem aos autovalores


( = 2) extraídos a partir da matriz [A]; essas frequências são dos respectivos 12
primeiros modos de vibração da estrutura da torre analisada. As frequências, em Hertz,
dos modos de vibração são obtidas através da seguinte expressão:

𝜔 √𝜆 (17)
𝑓= =
2𝜋 2𝜋

Modo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
² 3,05 223 2289 10249 3,2E4 7,8E4 1,7E5 8,3E5 5,8E5 9,2E5 1,3E6 1,7E6
f [Hz] 0,278 2,38 7,62 16,1 28,3 44,5 65,4 91,0 121 152 182 206
Tabela 4-1: Autovetores de [A], ², em rad²/s², e frequências naturais para cada modo de vibração da estrutura.

A matriz [Φ] (Figura 4.12) corresponde ao conjunto solução de autovetores da


matriz [A] e cada coluna é proporcional aos deslocamentos de cada modo de vibração, e
cada linha indica a contribuição de cada modo de vibrar par o deslocamento de um dos
nós da estrutura. Já a matriz [Φ]𝑇 (Figura 4.13) corresponde à sua matriz transposta.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1 4,63E-03 2,67E-02 7,44E-02 1,37E-01 2,08E-01 2,76E-01 3,35E-01 3,74E-01 3,86E-01 3,62E-01 3,00E-01 2,43E-01

2 1,83E-02 9,55E-02 2,32E-01 3,54E-01 4,13E-01 3,78E-01 2,48E-01 5,20E-02 -1,56E-01 -3,11E-01 -3,60E-01 -3,48E-01

3 4,09E-02 1,88E-01 3,77E-01 4,15E-01 2,47E-01 -5,02E-02 -3,14E-01 -3,88E-01 -2,28E-01 6,50E-02 2,99E-01 4,06E-01

4 7,19E-02 2,86E-01 4,34E-01 2,30E-01 -1,71E-01 -3,98E-01 -2,30E-01 1,67E-01 3,93E-01 2,25E-01 -1,45E-01 -4,22E-01

5 1,11E-01 3,72E-01 3,65E-01 -1,02E-01 -4,04E-01 -1,19E-01 3,39E-01 3,00E-01 -1,79E-01 -3,89E-01 -5,36E-02 4,02E-01

6 1,58E-01 4,29E-01 1,81E-01 -3,67E-01 -1,91E-01 3,58E-01 2,03E-01 -3,52E-01 -2,10E-01 3,40E-01 2,41E-01 -3,58E-01

7 2,11E-01 4,46E-01 -6,44E-02 -3,83E-01 2,44E-01 2,67E-01 -3,71E-01 -8,53E-02 4,12E-01 -1,08E-01 -3,75E-01 2,99E-01

8 2,72E-01 4,14E-01 -2,88E-01 -1,30E-01 4,12E-01 -2,64E-01 -1,56E-01 4,15E-01 -2,46E-01 -1,83E-01 4,29E-01 -2,34E-01

9 3,38E-01 3,32E-01 -4,10E-01 2,22E-01 1,09E-01 -3,70E-01 4,05E-01 -1,93E-01 -1,39E-01 3,91E-01 -4,02E-01 1,69E-01

10 4,09E-01 2,01E-01 -3,78E-01 4,19E-01 -3,28E-01 1,41E-01 8,62E-02 -2,90E-01 4,14E-01 -4,23E-01 3,07E-01 -1,09E-01

11 4,85E-01 3,06E-02 -1,91E-01 3,03E-01 -3,80E-01 4,22E-01 -4,30E-01 4,05E-01 -3,51E-01 2,70E-01 -1,66E-01 5,32E-02

12 5,66E-01 -1,67E-01 1,02E-01 -7,08E-02 5,27E-02 -4,04E-02 3,12E-02 -2,39E-02 1,77E-02 -1,22E-02 6,92E-03 -2,11E-03

Figura 4.12 - Matriz de autovetores [Ф] obtidos a partir da matriz [A]. Valores adimensionais.

20
Figura 4.13 - Matriz [Ф]T. Valores adimensionais.

Também é obtido o gráfico de modos de vibração da estrutura, sendo mostrados


na Figura 4.14 apenas os 3 primeiros modos de vibração, pois esses são os que possuem
os deslocamentos mais significativos para a estrutura da torre.

Figura 4.14 - Representação dos 3 primeiros modos de vibração da estrutura.

21
5. MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO MODAL PARA ANÁLISE DAS
VIBRAÇÕES LIVRES OU FORÇADAS

5.1 Sistemas não amortecidos

O Método da Superposição Modal é baseado no fato de que a vibração de uma


estrutura linear qualquer pode ser escrita como a superposição de vários modos
fundamentais de vibração. Estes modos podem ser obtidos de uma análise modal da
estrutura, problema que é dado por:

[K] × {φ} ⁡ = ⁡ ω2 × [M] × {φ} (18)

onde ω são as frequências de vibração e {φ} são os modos de vibração. Os modos de


vibração e as frequências de vibração podem então ser obtidos, resolvendo-se o problema
de autovalores e autovetores generalizados dado pela equação definida anteriormente,
conforme discutido na seção anterior.
A solução será então dada por n pares (𝜔𝑖 , {𝜑𝑖 }), onde n é a ordem das matrizes
de massa e de rigidez e é igual ao número de graus de liberdade do problema.
Define-se então uma matriz [Φ] cujas colunas são compostas pelos vetores φi

[Φ] ⁡ = ⁡ [{φ1 }, {φ2 }, … , {φ𝑛 }] (19)

e uma matriz diagonal [Ω²] que contém os autovalores ωi² em sua diagonal:

𝜔12
[Ω²] = [ ⋱ ] (20)
𝜔𝑛2

As 𝑛 soluções para o problema podem então ser escritas como:

[K] × [Φ] = ⁡ [M] × [Φ] × [Ω²] (21)

22
Os autovetores podem ser normalizados, de forma que sejam [M]-ortonormais,
então:

[Φ]𝑇 × [M] × [Φ] ⁡ = ⁡ [I] (22)

Pré-multiplicando a equação do problema geral por [𝛷]𝑇 obtém-se:

[Φ]𝑇 × [K] × [Φ] ⁡ = ⁡ [Ω²] (23)

Nota-se que a pré-multiplicação das matrizes de rigidez e de massa por [𝛷]𝑇 mais
a pós-multiplicação por Φ define na verdade uma transformação de coordenadas dada
pela matriz Φ. Além disso, esta transformação faz com que as matrizes de rigidez e de
massa sejam transformadas em matrizes diagonais.
Aplicando-se então esta transformação à equação de sistemas não amortecidos
sob vibração forçada, obtém-se:

[Φ]𝑇 × [K] × [Φ] × {Y} + [Φ]𝑇 × [M] × [Φ] × {Ÿ} = {𝑅} (24)

onde {𝑌} são os deslocamentos no novo sistema de coordenadas:

{Y} ⁡ = ⁡ [Φ]𝑇 × {u} (25)

{𝑌̈} representa as acelerações no novo sistema de coordenadas:

{Ÿ} ⁡ = ⁡ [Φ]𝑇 × {ü } (26)

e {𝑅} é o vetor de forças no novo sistema de coordenadas:

{𝑅} = ⁡ [Φ]𝑇 × {F} (27)

Substituindo-se as matrizes diagonalizadas de [𝐾] e [𝑀] na equação geral para


sistemas não amortecidos sob vibração forçada, obtém-se:

23
[Ω2 ] × {Y} + {Ÿ} = {𝑅} (28)

As condições iniciais para a equação definida são obtidas a partir dos valores da
equação de definição de {Y} e da [M]-ortonormalidade de [Φ], o que resulta em:

{Yo ⁡} = ⁡ [Φ]𝑇 × M × {uo } (29)

{Ÿo } ⁡ = ⁡ [Φ]𝑇 × M × {ü o } (30)

Porém, como a matriz [Ω2 ] é diagonal, o sistema de equações dado pela equação
definida anteriormente se reduz a n equações independentes da forma:

ω2𝑖 × ⁡ Y𝑖 ⁡ + ⁡ Ÿ𝑖 ⁡ = ⁡ R 𝑖 ,⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡𝑖⁡ = ⁡1, 2, . . , 𝑛 (31)

Aplicando-se este resultado ao sistema de equações da torre eólica, as matrizes


[K] e [M] serão então diagonalizadas, resultando nas matrizes [K]* (Figura 5.1) e [M]*
(Figura 5.2), respectivamente.

Figura 5.1 - Matriz [K*], correspondente à matriz de rigidez diagonalizada da estrutura. Valores em kN/m.

24
Figura 5.2 - Matriz [M*], correspondente à matriz de massa global

5.2 Sistemas com amortecimento de Rayleigh

Após a definição das matrizes de rigidez [K]* e massa [M]* da estrutura, e as


frequências naturais, é possível determinar sua matriz de amortecimento [C]* (Figura
5.3). A solução mais prática para este tipo de problema trata da definição dos coeficientes
de Rayleigh, que levam em conta os parâmetros físicos e geométricos da estrutura, massa
e rigidez.
Foram escolhidas as duas menores frequências da estrutura e imposto que suas
respectivas taxas de amortecimento ξ sejam de 0,8%.

𝜔−1 𝜔1 𝑎0 𝜉
[ 1−1 ] {𝑎 } = 2 { 1 } (32)
𝜔2 𝜔2 1 𝜉2

0,572267 1,747436 𝑎0 0,016


[ ] {𝑎 } = { } (33)
0,066946 14,93751 1 0,016

𝑎0 0,025031
{𝑎 } = { } (34)
1 0,000959

Com 𝑎0 e⁡𝑎1 definidos em (34), vem:

[𝐶]∗ = 𝑎0 × [𝑀]∗ + 𝑎1 × [𝐾]∗ (35)


25
Figura 5.3 - Matriz [C*], correspondente à matriz de amortecimento diagonalizada do sistema de amortecimento de
Rayleigh.

26
6. ANÁLISE DAS VIBRAÇÕES FORÇADAS PELO VENTO

Tendo sido definida a matriz de amortecimento, passa-se à análise das vibrações


forçadas cuja força de excitação é gerada pelo vento incidente na estrutura da torre eólica.
Utilizando as matrizes diagonalizadas de massa [M]*, rigidez [K]* e amortecimento [C]*,
temos então a seguinte equação:

[𝑀]∗ {𝑌̈} + [𝐶]∗ {𝑌̇} + [𝐾]∗ {𝑌} = {𝑅∗ } (36)

Para se determinar {𝑅} e {𝑅∗ }, que são supostos harmônicos atuantes sobre a
estrutura, será utilizado o método do vento sintético, utilizando o espectro de frequência
do vento.

6.1. Método do Vento Sintético

Os esforços do vento foram determinados a partir do Método do Vento Sintético,


proposto por Franco (1993), em seu trabalho “Direct Along-wind Dynamic Analysis of
Tall Structures”. Este método apresenta carregamentos e excitações ocasionadas pelo
vento, por meio da determinação de harmônicos que se correlacionam com o espectro de
vento. Nesse método, os esforços do vento são divididos em uma parcela estática (ou
média) e uma parcela flutuante.
A pressão estática ou média é aquela que sempre está atuando na torre e é expressa
por:

2 (37)
𝑝̅ = 0,613 × 𝑣600

onde 𝑝̅ é a pressão estática ou média, em N/m² e 𝑣600 é a velocidade das rajadas de vento
com medições de velocidades durante 600 segundos, em m/s.
Dessa forma, considerando-se uma área 𝐴 de projeção vertical de influência do
ponto considerado e o coeficiente de arrasto 𝐶𝑎 , podemos então calcular a força resultante
nesse ponto:

27
2 (38)
𝐹𝑒 = 𝐶𝑎 × 𝐴 × 𝑝̅ = ⁡ 𝐶𝑎 × 𝐴 × (0,613𝑣600 )

A outra parcela é a pressão flutuante, que varia em função do tempo e da rajada


de pico do vento. Para obter sua expressão, deve-se calcular a velocidade básica de projeto
do vento, fazendo uso da norma NBR 6123. Nesse trabalho serão consideradas durações
de 600s para a determinação da pressão média e 3s para a determinação da pressão de
pico. Os fatores 𝑆1 e 𝑆3 serão iguais a 1,0, o fator 𝑆2 será de categoria IV e a velocidade
básica do vento 𝑉0 será igual a 50 m/s.
A norma NBR 6123 define o valor da velocidade característica do vento 𝑉𝑘 como
sendo:

𝑉𝑘 = 𝑉0 𝑆1 𝑆2 𝑆3 (39)

Definidos os valores de 𝑆1 e 𝑆3 , o fator 𝑆2 será calculado a partir da expressão:

𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏𝐹𝑟 ( ) (40)
10

onde 𝑏, 𝑝 e 𝐹𝑟 são fatores obtidos na Tabela 21 do anexo A da NBR 6123 e valem,


respectivamente, 0,71, 0,23 e 0,69 para o vento estático (600 segundos) e 0,86, 0,12 e
1,00 para o vento de pico (3 segundos) e 𝑧 é a altura acima do nível geral do terreno.
Dessa forma, obtemos as seguintes expressões para as velocidades de rajadas de 3s e
600s:

𝑧 𝑝
𝑣3 (𝑧) = 𝑏 × 𝑉0 × ( ) (41)
10
𝑧 𝑝
𝑣600 (𝑧) = 0,69 × 𝑏 × 𝑉0 × ( ) (42)
10

Em seguida, deve-se obter o espectro de potência, que define o carregamento de


vento ao longo do tempo de análise, ou seja, ao longo de 600s. Para obtenção do espectro
de potência 𝑆(𝑓), Franco (1993) propôs uma formulação utilizando o espectro de
Davenport, representado pela equação:

28
2⁡𝑋12 2
𝑣600
𝑆(𝑓) = (43)
3(1 + 𝑋12 )4⁄3 𝑓

com:

1200𝑓
𝑋1 = (44)
𝑣600

onde 𝑓 é a frequência das rajadas e 𝑋1 é proporcional à relação entre a frequência da


rajada e a velocidade média do vento para um intervalo de 10 minutos.
Na etapa seguinte ocorre a decomposição do espectro de potência, o qual é
utilizado para obter a componente flutuante do vento. A parcela 𝑝´(𝑡) é a parcela flutuante
da componente do vento segundo o espectro de Davenport

2𝜋
𝑝´(𝑡) ≅ ∑𝑚
𝑘=1 𝐶𝑘 cos( 𝑡 − 𝜃𝑘 ) (45)
𝑇𝑅 𝑟𝑘

onde os valores de 𝐶𝑘 são determinados pela integração do espectro de potência nos


intervalos de frequência dos harmônicos m, escolhidos de forma que seus períodos
abranjam uniformemente o intervalo de tempo de interesse (de cerca de 0,5s até 600s), a
fim de capturar os efeitos dos modos superiores:

𝑓𝑎𝑘
𝐶𝑘 = ⁡ √2 ∫ 𝑆𝑝 (𝑓) 𝑑𝑓 (46)
𝑓𝑝𝑘

com:

𝑟𝑘
𝑓𝑎𝑘 = (𝑘−0,5−𝑅)
(47)
2
𝑟𝑘 (48)
𝑓𝑝𝑘 =
2(𝑘+0,5−𝑅)
𝑟𝑘 = 2𝑘−𝑅 (49)

29
onde k é o número do harmônico, 𝑆𝑝 é o espectro de potência do vento, 𝑅 é a frequência
correspondente do harmônico escolhido que tenha uma frequência ressonante com a
estrutura, 𝑇𝑅 é o período relacionado ao harmônico ressonante, 𝑟𝑘 é a razão entre o período
de harmônico k e o período do harmônico ressonante. O ângulo de fase do harmônico 𝜃𝑘
é indeterminado e as funções harmônicas agem com qualquer combinação desses ângulos,
enfatizando a natureza aleatória do processo. Após definidos os harmônicos de forças
flutuantes, são elaboradas as séries temporais, que são compostas pelo somatório de
forças flutuantes.
A correlação espacial de velocidades é descrita em função da distância vertical
entre o centro da rajada e um ponto da estrutura Δz e a frequência da rajada 𝑓𝑘 e pode ser
representada pela função correlação de banda estreita 𝑐𝑜ℎ(∆𝑧, 𝑓𝑘 ), a partir da qual se
deriva o conceito de comprimento vertical efetivo da rajada, aproximando a curva
exponencial dupla do coeficiente de correlação por uma rajada perfeitamente
correlacionada (𝑐𝑜ℎ = 1) de largura Δz0k igual a 𝑉̅(10) ⁄7𝑓𝑘 :

−7∆𝑧𝑓𝑘
𝑐𝑜ℎ(∆𝑧, 𝑓𝑘 ) = 𝑒𝑥𝑝 ( ) (50)
𝑉̅(10)

Figura 6.1 - Representação gráfica da distribuição vertical do coeficiente de correlação e aproximações de


correlação perfeita e triangular.

Neste trabalho, o centro de rajada foi definido como sendo no topo da torre, já que
julgamos que seria o caso mais solicitado por causa da área exposta da nacele nesse ponto.
Com os valores de comprimento vertical de rajada para cada harmônico, podemos
calcular a extensão vertical de seu efeito na estrutura e, em seguida calcular a correlação
vertical para cada nó que se encontra dentro da faixa de atuação do harmônico
correspondente.

30
Partindo, portanto, da frequência do primeiro modo natural de vibração da
estrutura (0,2781 Hz), obtemos seu período e as frequências e períodos dos outros
harmônicos, multiplicando ou dividindo o período do harmônico ressonante por um fator
2. Dessa forma, obtemos os valores de 𝐶𝑘 para cada harmônico.
A decomposição da parcela flutuante do vento 𝑝’ resulta em m funções de
amplitude 𝐶𝑘 , de forma que a soma total desses coeficientes deva ser igual a 1. É possível
observar na Tabela 6-1 que a soma dos valores calculados por meio da integral do espectro
de potência 𝐶𝑘 não resulta na unidade. Para induzir esse resultado, utilizamos os valores
relativos 𝐶𝑘 (%).
Segundo Franco (1993), a contribuição da componente ressonante (harmônico 4)
é superestimada por um fator de ordem 2, fazendo-se necessário realizar um novo ajuste,
dividindo-se pela metade o 𝐶𝑘 da componente ressonante. Para que a soma dos
coeficientes continue sendo igual a 1, a diferença é igualmente dividida entre os
harmônicos vizinhos ao ressonante.

H Tk [s] fk [Hz] X1 f.S(f)/u*² Ck Ck (%) Ck* (%) z0k z0k/dh


1 0,449 2,225 78,678 0,218 0,660 5,45 5,45 2,2 0
2 0,899 1,112 39,339 0,346 0,831 6,87 6,87 4,4 1
3 1,798 0,556 19,669 0,547 1,046 8,64 11,35 8,9 1
4 3,596 0,278 9,835 0,860 1,311 10,83 5,41 17,7 2
5 7,191 0,139 4,917 1,311 1,619 13,37 16,08 35,4 5
6 14,383 0,070 2,459 1,790 1,892 15,63 15,63 70,9 9
7 28,765 0,035 1,229 1,771 1,882 15,54 15,54 141,8 19
8 57,531 0,017 0,615 0,986 1,404 11,60 11,60 283,5 38
9 115,061 0,009 0,307 0,335 0,819 6,76 6,76 567,1 76
10 230,122 0,004 0,154 0,092 0,428 3,53 3,53 1134,2 151
11 460,244 0,002 0,077 0,023 0,216 1,79 1,79 2268,3 302
Tabela 6-1: Espectro de potência reduzido, coeficientes Ck e comprimento de rajada para cada harmônico.

31
i z (m) H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11
0 0,0 0,37 0,68 0,84 0,92 0,96
1 7,5 0,42 0,71 0,85 0,93 0,96
2 15,0 0,47 0,74 0,87 0,93 0,97
3 22,5 0,05 0,52 0,76 0,88 0,94 0,97
4 30,0 0,15 0,58 0,79 0,89 0,95 0,97
5 37,5 0,26 0,63 0,81 0,91 0,95 0,98
6 45,0 0,37 0,68 0,84 0,92 0,96 0,98
7 52,5 0,47 0,74 0,87 0,93 0,97 0,98
8 60,0 0,15 0,58 0,79 0,89 0,95 0,97 0,99
9 67,5 0,37 0,68 0,84 0,92 0,96 0,98 0,99
10 75,0 0,15 0,58 0,79 0,89 0,95 0,97 0,99 0,99
11 82,5 0,15 0,58 0,79 0,89 0,95 0,97 0,99 0,99 1,00
12 90,0 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Tabela 6-2: Coeficientes de correlação de banda estreita.

Espectro de Potência Reduzido


2,000

1,800

1,600

1,400

1,200
f.S(f)/v600²

1,000
0,278; 0,860
0,800

0,600

0,400

0,200

0,000
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000
f (Hz)

Figura 6.2 - Espectro de potência reduzido do vento flutuante.

Como podemos observar na Tabela 6-1, os comprimentos verticais efetivos das


rajadas variam de 2,22 m até 2.286,35 m, aproximadamente 302 vezes o comprimento do
elemento (dh = 7,5 m). Dessa forma, os harmônicos de frequência mais alta irão aplicar
forças apenas na parte superior da estrutura, enquanto os harmônicos de frequências mais

32
baixas irão atuar em toda a extensão vertical da torre. Este fenômeno pode ser observado
através das correlações de banda estreita expressas na Tabela 6-2.
Por fim, as forças aplicadas em cada nó 𝐹𝑓𝑙𝑢𝑡 são determinadas multiplicando-se
os harmônicos de força 𝑄 pelas respectivas áreas de abrangência 𝐴 e coeficientes de
arrasto 𝐶𝑎 :

𝐹𝑓𝑙𝑢𝑡 = ⁡ 𝐶𝑎 𝑄𝐴 (51)

onde:

𝑄 = ⁡ 𝑞𝑓 𝑃 (52)

2𝜋
𝑃 = ⁡cos⁡( 𝑡 − 𝜃𝑘 ) (53)
𝑇𝑅 2𝑘−𝑅

2 2 (54)
𝑞𝑓 = ⁡0,613⁡(𝑣𝑝𝑖𝑐𝑜 − 𝑣𝑚é𝑑𝑖𝑎 )

Dessa forma, podemos então calcular os vetores {𝑅} (Tabela 6-3) que contém os
esforços máximos de cada harmônico na estrutura, ou seja, a amplitude dos esforços
causados por cada harmônico. Em seguida obtemos os vetores {𝑅 ∗ } (Tabela 6-4) através
da multiplicação [φ]T{𝑅 ∗ }.

i z (m) H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11


1 7,5 0 0 0 0 0 0 1948 2465 1732 982 516
2 15,0 0 0 0 0 0 0 2373 2765 1902 1070 560
3 22,5 0 0 0 0 0 250 2724 2955 1992 1112 580
4 30,0 0 0 0 0 0 813 3039 3099 2049 1134 590
5 37,5 0 0 0 0 0 1379 3330 3214 2087 1147 594
6 45,0 0 0 0 0 0 1937 3602 3312 2113 1152 595
7 52,5 0 0 0 0 0 2484 3858 3396 2130 1153 593
8 60,0 0 0 0 0 826 3015 4099 3468 2142 1151 590
9 67,5 0 0 0 0 1942 3529 4326 3532 2148 1146 586
10 75,0 0 0 0 272 3030 4025 4541 3588 2150 1139 580
11 82,5 0 0 561 1006 4083 4502 4742 3637 2149 1131 574
12 90,0 2233 2813 4649 2218 6588 6403 6369 4751 2770 1448 733
Tabela 6-3: Vetores {𝑅} para cada harmônico. Valores em N.

33
i z (m) H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11
1 7,5 1263 1591 2902 1854 7829 10518 12472 10058 6083 3238 1652
2 15,0 -374 -471 -761 -286 618 5028 9292 8551 5457 2976 1537
3 22,5 227 286 366 -69 -2287 -2903 -270 821 777 484 265
4 30,0 -158 -199 -159 262 2364 1476 3114 3015 1959 1077 558
5 37,5 118 148 32 -354 -1645 -1463 -347 258 301 197 110
6 45,0 -90 -114 49 373 945 957 1707 1675 1094 602 312
7 52,5 70 88 -96 -340 -630 -755 -219 157 185 121 67
8 60,0 -53 -67 116 276 588 635 1025 1023 672 371 193
9 67,5 40 50 -115 -202 -537 -402 -93 139 141 90 49
10 75,0 -27 -34 95 130 352 318 565 583 387 215 112
11 82,5 15 19 -61 -68 -129 -172 21 134 113 68 37
12 90,0 -5 -6 20 19 9 42 194 233 162 91 48
Tabela 6-4: Vetores {𝑅∗ } para cada harmônico. Valores em N.

34
6.2. Esforços Permanentes e Flutuantes

Após a realização do procedimento para a obtenção das excitações causadas pelo


vento a partir do método do vento sintético, foi obtido um carregamento quase estático,
que atuará frequentemente sobre a estrutura, e uma pressão flutuante, que é a diferença
entre o carregamento estático e o de rajada.
Obtemos o momento fletor total atuante na estrutura somando o momento fletor
causado pelo carregamento quase estático àquele causado pelo carregamento flutuante,
ponderado pelo respectivo coeficiente de amplificação dinâmica.
Observando-se o elevado grau de amortecimento para modos superiores, iremos
considerar apenas os 4 primeiros modos. Dessa forma, iremos determinar, para esses
modos, as respectivas taxas de amortecimento 𝜉𝑖 , as relações 𝛽𝑖 entre as frequências de
excitação ̅̅̅
𝜔𝑖 e as frequências naturais 𝜔𝑖 assim como seus coeficientes de amplificação
dinâmica 𝐷𝑖 abaixo definidos e expostos nas Tabelas 6-5, 6-6 e 6-7.

𝑐𝑖∗
𝜉𝑖 = ⁡ (55)
2𝑀𝑖∗ 𝜔𝑖

̅̅̅𝑖
𝜔
𝛽𝑖 = ⁡ (56)
𝜔𝑖

1
𝐷𝑖 = ⁡
(57)
√(1 − 𝛽𝑖2 )2 + (2𝜉𝑖 𝛽𝑖2 )2

35
Modo f [hz]  [rad/s] T [s] 
1 0,278 1,747 3,596 0,0080
2 2,377 14,938 0,421 0,0080
3 7,615 47,847 0,131 0,0232
4 16,113 101,238 0,062 0,0487
5 28,255 177,531 0,035 0,0852
6 44,530 279,791 0,022 0,1342
7 65,383 410,811 0,015 0,1970
8 90,981 571,648 0,011 0,2741
9 120,703 758,400 0,008 0,3636
10 152,417 957,667 0,007 0,4592
11 181,934 1143,128 0,005 0,5481
12 205,824 1293,232 0,005 0,6201
Tabela 6-5: Taxas de amortecimento para cada modo de vibração.

H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11
̅
𝝎 13,979 6,990 3,495 1,747 0,874 0,437 0,218 0,109 0,055 0,027 0,014
 8,0000 4,0000 2,0000 1,0000 0,5000 0,2500 0,1250 0,0625 0,0313 0,0156 0,0078
 0,9359 0,4679 0,2340 0,1170 0,0585 0,0292 0,0146 0,0073 0,0037 0,0018 0,0009
 0,2922 0,1461 0,0730 0,0365 0,0183 0,0091 0,0046 0,0023 0,0011 0,0006 0,0003
 0,1381 0,0690 0,0345 0,0173 0,0086 0,0043 0,0022 0,0011 0,0005 0,0003 0,0001
Tabela 6-6: Coeficientes  para cada harmônico.

H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11
D1 0,0159 0,0667 0,3333 62,5000 1,3333 1,0667 1,0159 1,0039 1,0010 1,0002 1,0001
D2 7,9964 1,2803 1,0579 1,0139 1,0034 1,0009 1,0002 1,0001 1,0000 1,0000 1,0000
D3 1,0932 1,0218 1,0054 1,0013 1,0003 1,0001 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000
D4 1,0193 1,0048 1,0012 1,0003 1,0001 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000
Tabela 6-7: Coeficientes de amplificação dinâmica.

Em seguida, determina-se a defasagem 𝜃𝑖 (Tabela 6-8) e o deslocamento


amplificado (Tabela 6-9). Estes definem-se por:

2𝜉𝑖 𝛽𝑖
𝜃𝑖 = ⁡𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 ( ) (58)
1 − 𝛽𝑖2

𝑅𝑖∗
𝜌𝑖 = ⁡ ∗ × 𝐷𝑖 (59)
𝐾𝑖

36
Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4
H1 3,139561 0,120025 0,014823 0,013700
H2 3,137326 0,009586 0,006927 0,006752
H3 3,130926 0,003960 0,003408 0,003364
H4 1,570796 0,001898 0,001697 0,001680
H5 0,010666 0,000939 0,000848 0,000840
H6 0,004267 0,000468 0,000424 0,000420
H7 0,002032 0,000234 0,000212 0,000210
H8 0,001004 0,000117 0,000106 0,000105
H9 0,000500 0,000058 0,000053 0,000052
H10 0,000250 0,000029 0,000026 0,000026
H11 0,000125 0,000015 0,000013 0,000013
Tabela 6-8: Defasagem [rad].

Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4


H1 0,00000358 0,00003588 -0,00000016 0,00000004
H2 0,00011282 0,00004309 -0,00000110 0,00000028
H3 0,00382048 -0,00011006 0,00000685 -0,00000114
H4 0,90229146 -0,00013286 0,00000859 -0,00000143
H5 0,03510556 -0,00021250 0,00001098 -0,00000114
H6 0,01794704 -0,00007964 -0,00000206 0,00000188
H7 0,07216766 0,00017191 -0,00006861 0,00001697
H8 0,09581789 0,00139927 -0,00008709 0,00001059
H9 0,11328786 0,00258602 -0,00000810 0,00002236
H10 0,09129773 0,00237986 0,00002464 0,00002165
H11 0,05520595 0,00151867 0,00002331 0,00001407
Tabela 6-9: Deslocamento amplificado [m].

6.3. Geração de Momentos Fletores na Torre

Para finalmente determinar o momento máximo ao qual a estrutura estará


submetida, é importante determinar o fator 𝑀𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟,𝑖 :

𝑀𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟,𝑖 = [𝑍]𝑇 × [𝐾] × [𝜙𝑖 ] (60)

Porém, este fator deve ser multiplicado pelo resultado 𝑌𝑖 (𝑡), que é o deslocamento
real dado por:

37
𝑌𝑖 (𝑡) = ∑ 𝜌𝑖𝑗 𝑠𝑖𝑛 (𝜔 ̅ )
̅𝑖 𝑡 − 𝜃𝑖𝑗 (61)

Foram considerados apenas os modos 1 a 3 (Tabela 6-10), por apresentarem os


resultados (deslocamentos) mais expressivos:

Modos 1 2 3
Fator M 1,87E+07 1,52E+08 4,38E+08
Tabela 6-10: Fator M para os três primeiros modos de vibração.

Com a soma do momento flutuante com o momento estático, determina-se o maior


momento ao qual a base está submetida.

𝑀𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑀𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟,𝑖 × 𝑌𝑖 (62)

𝑀𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑀𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑀𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 ⁡ (63)

O gráfico na Figura 6.3 apresenta os momentos na base, aos quais a estrutura está
sujeita em função do tempo, com ângulos de fase nulos.

Figura 6.3 - Momentos fletores estático e total na base da torre, em kNm, para ângulos de fase nulos.

O gráfico na Figura 6.4 apresenta os momentos na base (engastamento) aos quais


a estrutura está sujeita em função do tempo, com ângulos de fase aleatórios.

38
Figura 6.4 - Momentos fletores estático e total na base da torre, kNm, para ângulos de fase aleatórios.

O histograma na Figura 6.5 apresenta a distribuição de máximos para


combinações de harmônicos com ângulos de fase aleatórios.

Figura 6.5 - Histograma e densidade acumulada para momentos fletores máximos na base da torre.

39
7. VERIFICAÇÃO DE ESTADO LIMITE ÚLTIMO (ELU)

Para executar a análise de Estado Limite Último (ELU) na seção da base da torre
será considerado um valor de Momento Fletor Máximo que corresponde a 95% de
probabilidade de não ser superado para uma distribuição normal ao longo do tempo.
Para o caso da torre eólica estudada o valor do momento fletor de
dimensionamento equivale a 47.800 KNm e é obtido a partir da densidade acumulada do
histograma obtido (Figura 7.1).

Figura 7.1 - Obtenção do momento fletor característico através do histograma.

Temos então os seguintes dados para o cálculo de tensão normal devido a


ocorrência de flexão normal composta e a tensão de cisalhamento para seção não
prismática da torre eólica:

𝑁 𝑀𝑦
𝜎𝑛 (𝑧) = ⁡ + 𝑧 (64)
𝐴 𝐼𝑦

1 𝑁′𝐴′ 𝑁𝐴′𝐴∗ 𝑉𝑀𝑠∗ 𝑀𝑦 𝐼𝑦′ 𝑀𝑠∗


𝜏(𝑥) = (⁡ )×( − + − ) (65)
2𝑒 𝐴 𝐴 𝐼𝑦 𝐼𝑦2

40
onde todos os termos variam ao longo da altura da torre, exceto a espessura e da seção
delgada que é constante e vale 19 mm. 𝑀𝑦 é o momento fletor segundo o eixo y (atua no
plano xz); 𝑀𝑠∗ é o momento estático da área A* em relação ao eixo central de inércia y; 𝑉
é o esforço cortante; 𝐴 é a área da seção transversal; 𝐴∗ é a área seção transversal que
sofre tensão normal de compressão; 𝐼𝑦 é o momento de inércia em relação ao eixo y; 𝑁 é
a força normal e z representa a distância de um dado ponto da seção transversal até o eixo
y. O uso do apóstrofo indica a derivada em relação ao eixo x (d/dx).

7.1. Tensão Cisalhante para Seção não Prismática

A área da seção da torre varia ao longo de sua altura, sendo maior na região da
base e menor em seu topo, de forma que podemos expressá-la da seguinte maneira:

𝐴(𝑥) = 𝜋 × [(𝑅𝑒 (𝑥))2 − (𝑅𝑖 (𝑥))2 ] (66)

𝐴(𝑥) = 𝜋 × [(𝑅𝑒 (𝑥))2 − (𝑅𝑒 (𝑥) − 𝑒)²] (67)

onde:
𝑅𝑒 (𝑥) = Raio externo da seção transversal em função de x;
𝑅𝑖 (𝑥)= Raio interno da seção transversal em função de x;
e = 0,019 metros é a espessura da seção delgada;
Utilizando os valores do raio externo da seção da base 𝑅𝑏 e do raio externo da
seção do topo 𝑅𝑡 , e da altura da torre 𝐻, podemos escrever a seguinte expressão para o
raio externo em qualquer ponto ao longo da altura da torre:

(𝑅𝑏 ⁡ − ⁡ 𝑅𝑡 )
𝑅𝑒 (𝑥) = 𝑅𝑏 − 𝑥 (68)
𝐻

𝑅𝑖 (𝑥) = 𝑅𝑒 (𝑥) − 𝑒 (69)

Dessa forma, temos a seguinte expressão para a área da torre, em metros


quadrados:

41
A(x) = 0,267472 − 0,0004486823x (70)

A′ (x) = 0,0004486823 (71)

De forma análoga podemos expressar o momento de inércia da seção em função


do raio externo da mesma forma que fizemos com a área da seção:

𝐼𝑦 (𝑥) = (𝜋⁄4) × ⁡ [(𝑅𝑒(𝑥))4 − (𝑅𝑖(𝑥))4 ] (72)

𝐼𝑦 ≃ 0,671 − 3,496 × 10−3 𝑥 + 6,067 × 10−6 𝑥 2 − 3,511 × 10−9 𝑥 3 (73)

Iy′ ≃ −3,496 × 10−3 + 12,13 × 10−6 x − 10,533 × ⁡10−9 x 2 (74)

Para o cálculo da carga normal de compressão N(x)⁡ atuante na seção da torre, são
considerados o peso do conjunto turbina+nacele Pt+n , sendo igual a 770 KN, atuante no
topo da torre e o peso da estrutura da torre, distribuído ao longo de seu comprimento;
dessa forma temos a seguinte expressão:

N(x) ⁡ = ⁡ −(Pt+n + ρ × Vol(x)) (75)

onde 𝑉𝑜𝑙(𝑥) é o volume de aço a partir da seção x considerada, e é calculado por meio
da subtração de dois troncos de cone. O peso desse volume de aço é encontrado
multiplicando-se o volume por seu peso específico 𝜌, que vale 78,5 KN/m³.

(H − x)π
Volext (x) = [(R 𝑒 (x)2 + R 𝑒 (x)R 𝑒 (90) + R 𝑒 (90)2 ] (76)
3

(H − x)π
Volint (x) ⁡ = ⁡ [(R 𝑖 (x)2 + R 𝑖 (x)R 𝑖 (90) + R 𝑖 (90)2 ] (77)
3

Subtraindo eq.(77) da eq.(76), temos:

42
𝑉𝑜𝑙(𝑥) ⁡ = ⁡22,1923 − 0,267459𝑥 + 0,0002322𝑥 2⁡ (78)

Temos, por fim, a seguinte expressão para a carga normal de compressão e sua
derivada em x:

𝑁(𝑥) ⁡ = ⁡ −2512,09555 + 20,99553𝑥 − 0,0182277𝑥 2 (79)

𝑁 ′ (𝑥) = 20,99553 − 0,0364554𝑥 (80)

O cálculo da área que possui esforços de compressão A* na base da seção da torre


é realizado determinando-se primeiramente a posição da linha neutra na seção da base da
torre (Figura 7.2):

𝑁0 𝑀𝑦,0
𝜎𝑛 (0) = ⁡ + 𝑧 =0 (81)
𝐴0 𝐼𝑦,0 𝐿𝑁

−2512,1 47800
⁡ + 𝑧 =0 (82)
0,267472 0,671 𝐿𝑁

𝑧𝐿𝑁 ⁡ = 0,131886735⁡𝑚 = 13,189⁡𝑐𝑚 (83)

43
Figura 7.2: Posição da linha neutra na seção transversal da base.

Dessa forma:

𝐴∗ (𝑥 = 0) = 0,13876⁡𝑚2 (84)

𝑀𝑠∗ (𝑥 = 0) = 0,19042465⁡𝑚³ (85)

Substituindo-se as equações (69), (70), (73), (74), (79), (82), (84) e (86) na
equação (66), com x igual a 0, temos que a tensão de cisalhamento na linha neutra vale:

𝜏0,𝐿𝑁 = 6059,23⁡ 𝑘𝑁⁄𝑚2 = 6,05923⁡𝑀𝑃𝑎 (86)

44
7.2. Esforço Normal para a Flexão Normal Composta

Tendo calculado todas as variáveis envolvidas no cálculo dos esforços normais na


seção transversal da base da torre, para encontrar o valor da tensão de compressão no
ponto mais afastado da linha neutra, basta substituir (71), (75) e (81) em (65) com 𝑀𝑦,0
igual a 47800 kNm, x igual a 0 e z igual a -2,25 m:

𝑁0 𝑀𝑦,0
𝜎𝑛,𝑚á𝑥 = 𝜎𝑛 (0) = ⁡ + 𝑧 (87)
𝐴0 𝐼𝑦,0

−2512,1 47800
𝜎𝑛,𝑚á𝑥 = ⁡ − 2,25 (88)
0,267472 0,671

𝜎𝑛,𝑚á𝑥 = −169.675,17⁡ 𝑘𝑁⁄𝑚2 = −169,675⁡𝑀𝑃𝑎 (89)

7.3. Estado Duplo de Tensão e Círculo de Mohr

Realizando uma análise do estado duplo de tensão, utilizando o círculo de Mohr,


descobrimos a tensão normal máxima incidente no elemento mais solicitado por
compressão na seção transversal da base da torre:

𝜎𝑛,𝑚á𝑥
𝜎𝑚𝑒𝑑 = = −84,84⁡𝑀𝑃𝑎 (90)
2

𝜎𝑛,𝑚á𝑥 − 0 2 (91)
𝜎1 = 𝜎𝑚𝑒𝑑 + √( ) + 𝜏𝑧=−2,25 2 = 0⁡𝑀𝑃𝑎
2

𝜎𝑛,𝑚á𝑥 − 0 2 (92)
𝜎2 = 𝜎𝑚𝑒𝑑 − √( ) + 𝜏𝑧=−2,25 2 = −169,675⁡𝑀𝑃𝑎
2

𝜎𝑛,𝑚á𝑥 − 0 2 (93)
𝜏𝑚á𝑥 = √( ) + 𝜏𝑧=−2,25 2 = 84,84⁡𝑀𝑃𝑎
2

45
2𝜏𝑧=−2,25
𝑡𝑔(2𝜃) = = 0⁡⁡𝑟𝑎𝑑 = 0° (94)
𝜎𝑛,0 − 0

Dessa forma, com todos os valores necessários podemos plotar o círculo de


Mohr para o ponto mais solicitado por compressão na base da torre (Figura 7.3):

med -84,802 Mpa


1 0 MPa
2 -169,675 MPa
máx 84,80 MPa
 0° sentido horário
 45° sentido anti-horário
Tabela 7-1 - Valores para plotagem do círculo de Mohr.

Figura 7.3 - Círculo de Mohr para o ponto mais solicitado por tensões de compressão na base da torre.

Realizando a mesma análise do estado duplo de tensão, desta vez para o ponto
mais solicitado por tensões de cisalhamento, por onde passa a linha neutra.

46
med 0 Mpa
1 6,06 MPa
2 -6,06 MPa
máx 6,06 MPa
 45° sentido anti-horário
 0° sentido horário
Tabela 7-2 - Valores para plotagem do círculo de Mohr.

Figura 7.4 - Círculo de Mohr para o ponto mais solicitado por tensões de cisalhamento na base da torre.

47
7.4. Critério de Resistência de Tresca

Para o estado plano de tensão, podemos reescrever o critério de Tresca como:

|𝜎1 − 𝜎2 | < 𝜎𝑒 ⁡ = ⁡ |√⁡(𝜎𝑛 (𝑥)2 ) + (4𝜏(𝑥)2 )| < 𝜎𝑒 (95)

Para o caso das tensões atuantes na base da seção da torre, que corresponde ao
estado mais crítico de tensão, podemos reescrever a expressão da seguinte forma:

|𝜎𝑛,0 | < 𝜎𝑒 (96)

onde:

𝜎𝑒,𝑑 = 225/1,15 = 195,65 MPa, tensão de escoamento do aço estrutural EN10025


S235, minorado por 1,15;

𝜎𝑛,0 = -169,603 MPa, esforços normais na seção transversal da base da torre;

Como a tensão máxima no ponto mais solicitado na seção da base apresenta um


valor menor do que a tensão de escoamento do aço estrutural que constitui a torre, pode-
se concluir que a estrutura da torre eólica apresenta resistência suficiente frente aos
esforços solicitantes do vento para uma velocidade básica de 50m/s.
Para o critério de Estado Limite Último (ELU), a torre eólica não apresenta
problemas de dimensionamento ou de segurança estrutural para as premissas desta
análise.

48
8. VERIFICAÇÃO DE ESTADO LIMITE DE SERVIÇO (ELS)

Verificando os deslocamentos máximos ao longo da altura da torre, não existe na


norma brasileira um valor limite de deslocamento para torres eólicas, então como
referência para essa análise será utilizado o Eurocode 3, parte 3-2, já que ele é considerado
como padrão no projeto de torres eólicas. Para estruturas metálicas, a norma define
deslocamento máximo para o estado limite de utilização por meio da seguinte equação:

𝛿𝑚á𝑥 ⁡ = ⁡𝐻/50 (97)

onde⁡𝐻⁡ = ⁡90𝑚, é a altura total da torre. Para esse caso temos que o deslocamento
horizontal máximo equivale a:

𝛿𝑚á𝑥 ⁡ = (90⁡𝑚)/50⁡ = ⁡1,80⁡𝑚 (98)

Realizando uma análise dos deslocamentos para cada nó da estrutura e somando


os deslocamentos obtidos para os três primeiros modos de vibração, obtém-se a seguinte
relação de deslocamentos totais:

nó x [m] Modo 1 Modo 2 Modo 3 Deslocamento total [m]


1 7,5 0,005 0,027 0,074 0,106
2 15,0 0,018 0,095 0,232 0,345
3 22,5 0,041 0,188 0,377 0,606
4 30,0 0,072 0,286 0,434 0,792
5 37,5 0,111 0,372 0,365 0,848
6 45,0 0,158 0,429 0,181 0,768
7 52,5 0,211 0,446 -0,064 0,593
8 60,0 0,272 0,414 -0,288 0,398
9 67,5 0,338 0,332 -0,410 0,260
10 75,0 0,409 0,201 -0,378 0,232
11 82,5 0,485 0,031 -0,191 0,325
12 90,0 0,566 -0,167 0,102 0,500
Tabela 8-1: Deslocamentos, em m, para os 3 primeiros modos e deslocamento total de cada nó.

Temos que o maior deslocamento nodal registrado na torre eólica é igual a 0,848
metros, no nó 5, portanto:

𝛿⁡ = 0,848𝑚 (99)

𝛿 = 0,848⁡𝑚 < 𝛿𝑚á𝑥 = 1,80𝑚 (100)

49
Como o maior deslocamento registrado na torre eólica é menor do que o
deslocamento máximo admissível para a estrutura, dessa forma pode-se concluir que para
o critério de Estado Limite de Serviço (ELS), a torre eólica não apresenta problemas de
dimensionamento ou de segurança estrutural.

50
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as análises realizadas de ELU e ELS, a estrutura da torre não


apresenta problemas de segurança estrutural ou deslocamento excessivo ao longo de toda
a sua extensão, no entanto devido às dimensões da torre (90 metros de altura e 4,5 metros
de diâmetro na base) a sua esbeltez é muito alta, dessa forma, também é necessário
realizar uma análise de segunda ordem e verificação da ocorrência do fenômeno de
flambagem, já que a massa concentrada no topo da torre é bastante considerável (77
toneladas, o que se fará na sequência deste projeto.
Ao longo do trabalho, a principal dificuldade enfrentada foi a identificação dos
modos mais significativos para o cálculo dos momentos fletores na base da torre e nos
deslocamentos ao longo da seção transversal. Isso ocorre devido à natureza aleatória do
vento inserida no método do vento sintético, já que nem sempre os primeiros modos de
vibração foram os mais significativos em alguns testes iniciais.
Acerca do método do vento sintético, utilizado na geração dos esforços
solicitantes na estrutura, ele é muito bom na simulação do comportamento do vento em
relação ao registrado do perfil real do vento, mas ele é bastante dependente do grau de
discretização da estrutura adotado e do modo de vibração considerado para cada cálculo
dos esforços solicitantes decorrentes da ação do vento.
Dessa forma, caso seja necessário aumentar a precisão do método do vento
sintético em relação ao perfil do vento real, pode ser necessário aumentar o grau de
discretização da estrutura ou considerar no cálculo dos esforços mais modos de vibração
da estrutura, ao invés de apenas os três primeiros que foram utilizados no estudo de caso
presente neste trabalho.
Outra dificuldade enfrentada durante o projeto foi no cálculo das tensões para a
seção não prismática da torre, por causa disso foi necessário caracterizar suas dimensões
em função da altura da torre e derivar as expressões para obter o esforço de cisalhamento
máximo existente na base da estrutura.
Resultados iniciais foram alcançados ao fim da análise preliminar, mas esses
dados podem não estarem bem refinados ou não serem realmente significativos quando
comparados com os que serão futuramente obtidos na análise final.

51
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Mapeamento da cadeia produtiva da indústria eólica no Brasil. Brasília, 2014.

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