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br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA

HISTOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto; Ildemberg Amorim.

TECIDO SANGUÍNEO

O sangue é um fluido viscoso, levemente alcalino (pH=


7,4) cuja cor varia de vermelho brilhante a vermelho escuro, e
que corresponde a aproximadamente 7% do peso do corpo. O
volume total do sangue em um adulto normal é de cerca de 5L,
e ele circula por todo corpo, dentro dos limites do sistema
circulatório.
O sangue é um tecido conjuntivo especializado
composto por elementos figurados – hemácias (glóbulos
vermelhos ou eritrócitos), glóbulos brancos (leucócitos) e
plaquetas em suspensão em um componente fluido (matriz
extra celular) denominado plasma.

OBS¹: O plasma é um fluido amarelado no qual estão suspensos ou dissolvidos células, plaquetas, compostos
orgânicos e eletrólitos. Quando alguns componentes orgânicos ou inorgânicos saem do plasma, integrando-se em um
coágulo, o fluido restante é denominado soro (cor amarelo-palha). Ou seja, o plasma possui fibrinogênio (composto
que atua na formação da rede de fibrina). Já o soro é fluido restante (sem fibrina).

CARACTERÍSTICAS
 Fluido viscoso
 Origem mesodérmica
 Correspondendo a aproximadamente 7% do peso corporal
 Cor variando de vermelho brilhante (arterial) a vermelho escuro (venoso)
 Pouco mais denso que a água (1,060)
 Sabor salgado e cheiro sui generis
 pH ligeiramente alcalino (7,35 a 7,45)

FUNÇÕES
 Transportar gases e alimentos de que necessita as células do organismo.
 Receber dessas células os produtos do metabolismo e transportá-los para serem excretados.
 Distribuir os produtos das glândulas de secreção interna.
 Transportar eletrólitos.
 Auxiliar o equilíbrio acidobásico, da temperatura e osmótico do organismo.
 Contribuir para defesa do organismo.

PLASMA
O plasma é uma solução aquosa contendo componentes de pequeno e de elevado peso molecular, que
correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas correspondem a 7% e os sais inorgânicos a 0,9%,
sendo o restante formado por compostos orgânicos diversos, tais como: aminoácidos, vitaminas, hormônios e
glicose.
 Água (90%)
 Proteínas (9%)
 Outros compostos orgânicos
 Sais inorgânicas
 Íons
 Nutrientes (aminoácidos, lipídios e glicídios)
 Compostos nitrogenadas
 Gases

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PROTEÍNAS DO PLASMA
 Albumina: maior proteína do corpo responsável por manter a pressão osmótica coloidal e transporta alguns
metabólitos insolúveis.
 Globulina (α e β): transportam íons metálicos, lipídios ligados a proteínas e vitaminas lipossolúveis.
 Globulina γ: anticorpos da defesa imunológica.
 Proteínas da Coagulação (protrombina e fibrinogênio): formação de filamentos de fibrina.
 Proteínas do Complemento (C1 a C9): destruição de micro-organismos e inicio da inflamação.
 Lipoproteínas do Plasma (quilomícrons, VLDL e LDL)
o Quilomícrons: gorduras associadas a proteínas que desse modo são absorvidas pelo intestino e enviados
para o fígado.
o VLDL: lipoproteína de densidade muito baixa. Tira triglicerídios do fígado para os vasos.
o LDL: lipoproteína de baixa densidade. Tira colesterol do fígado para os vasos.
o HDL: lipoproteínas de alta densidade. Tira colesterol e trigliceridios dos vasos para serem metabolizados no
fígado.

ELEMENTOS FIGURADOS DO SANGUE

HEMÁCIAS / GLÓBULOS VERMELHOS / ERITRÓCITOS


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São as células mais numerosas do sangue (H: 5x10 M: 4,5x10 mm ) sendo responsáveis pelo transporte de
oxigênio e CO2 para e dos tecidos do corpo. São células anucleadas de formato bicôncavo (nos humanos) que contém
grande quantidade de hemoglobina, proteína transportadora de O2. Com esse formato, a hemácia normal proporciona
grande superfície em relação ao volume, o que facilita as trocas de gases.
A hemácia tem um tempo médio de vida de 120 dias, sendo destruída por macrófagos existentes no baço,
medula óssea e fígado. A idade da hemácia é estimada pela presença de grupos de oligossacarídeos em sua superfície.
Apesar das células precursoras das hemácias
dentro da medula óssea serem nucleadas, durante seu
desenvolvimento e maturação, as células precursoras
das hemácias expelem não somente o seu núcleo, mas
também todas as suas organelas, ates de caírem na
circulação.
As hemácias possuem enzimas solúveis no
citosol, como a anidrase carbônica que facilita a
formação de ácido carbônico (H2CO3) a partir de CO2 e
água. Este ácido dissocia-se formando bicarbonato e
hidrogênio. É sobre a forma de bicarbonato que a maior
parte do CO2 é transportada para os pulmões onde será
exalado.
A capacidade do bicarbonato de cruzar a
membrana celular das hemácias é medida pela proteína
integral de membrana banda 3, um transportador
acoplado de ânions que troca o bicarbonato intracelular
-
por Cl extracelular, evitando uma maior acidez celular.
Esta troca é denominada deslocamento do cloreto.

HEMOGLOBINA
É uma proteína grande composta por quatro cadeias polipeptídicas (, ,  e ) ligadas covalentemente a quatro
grupos heme (contém o Fe). VR: H: 15 g /100 ml e M: 13,5 g / 100 ml.
A principal hemoglobina no feto, hemoglobina fetal (HbF) (100%) é constituída por duas cadeias  e duas  é
substituída logo após o nascimento pela hemoglobina do adulto (HbA). Há dois tipos normais de hemoglobina do
adulto: a HbA1 (2,2) (96%), e a forma mais rara: HbA2(2,2) (2%), e 2% restante para o HbF (hemoglobinas fetais
que não são substituídas por nenhuma HbA).

OBS: Hemoglobinas anormais: HbS, HbC, HbD e HbE.


OBS: A anemia pode ser caracterizada por falta de hemoglobina ao invés de falta de hemácias.

Talassemia: são marcadas por uma síntese reduzida de uma ou mais cadeias da hemoglobina. Na -
talassemia, a síntese das cadeias  estão reduzidas. Na forma homozigótica dessa doença, mais
frequentemente entre pessoas originadas do mediterrâneo, a HbA está ausente e altos níveis de HbF
permanecem após o nascimento. A presença de HbC e HbS podem causar este quadro.

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Anemia Falciforme: resulta na mutação pontual de um único lócus da cadeia , formando a hemoglobina
anormal HbS. Essa hemoglobina, em baixas [O2], muda de forma e produz hemácias de formas anormais,
menos flexíveis e mais frágeis, com maior tendência para hemólise do que as células normais. É
predominantemente nas populações negras.

HEMATÓCRITO
Exame que verifica a quantidade de hemácias por cada milímetro cúbico de sangue.
 Anemia: pode estar relacionada a uma diminuição do número de hemácias, causando uma deficiência no
transporte de O2.
 Policitemia: aumento no numero de hemácias, tendo como consequência uma diminuição da fluidez do sangue
(queda de fluxo nos vasos).

OBS: O hematócrito pode registrar uma baixa no número de hemácias em relação ao normal e pode não estar
relacionado a um quadro de anemia. Isto pode estar associado a pacientes que recebem infusão de grandes
quantidades de soro durante uma internação, aumento o volume plasmático do sangue em relação aos níveis normais.
OBS: Para habitantes de grandes altitudes, o hematócrito normal apresenta níveis maiores de hemácias em relação a
indivíduos que habitam em baixar altitudes.

OBS: Classificação Etiopatogênica da Anemia:


1 – Por deficiência de produção de eritrócitos. Ex.: Carência de Fe, aplasia medular, leucemias agudas e
crônicas, mieloma, carcinoma, hipertireoidismo.
2 - Por excesso de destruição de eritrócitos. Ex.: Anemia sideroblástica, defeitos de membrana, HPN, traumas
mecânicos, infecções.
3 – Por perdas de sangue. Ex.: Hemorragias agudas e as crônicas.

ERITROGRAMA
Exames que correlacionam os níveis de hemácias, hemoglobina e o próprio hematócrito.
 Fatores demográficos que afetam os parâmetros hematológicos:
 Sexo
 Idade
 Origem étnica
 Localização geográfica

 Fatores biológicos e influências externas que afetam os parâmetros hematológicos:


 Gravidez
 Menstruação
 Menopausa
 Exercício
 Tabagismo
 Ingestão de álcool

TIPOS SANGUÍNEOS
 Sistema ABO
– Tipo A: antígeno A; anticorpo anti-B
– Tipo B: antígeno B; anticorpo anti-A
– Tipo O: sem antígeno; anticorpo anti-A e B
– Tipo AB: antígenos A e B; sem anticorpos
 Sistema RH
– Rh (+) contém antígeno denominado fator Rh
– Rh (-) não contém antígeno denominado fator Rh
 Doador universal: Tipo O (-)
Receptor universal: Tipo AB (+)

Eritroblastose Fetal (Doença Hemofílica do Recém Nascido): quando uma mulher, Rh-, grávida, dá a luz ao
seu primeiro filho, Rh+, é provável que uma quantidade suficiente de sangue do filho penetre na circulação
materna, induzindo a formação de anticorpo anti-Rh. Durante uma gravidez subsequente, com um feto Rh+,
estes anticorpos atacam as hemácias do feto, causando a eritroblastose fetal, que pode ser fatal para o recém-
nascido.

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ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS ERITRÓCITOS


 Anisocitose: quando a hemácia altera o seu tamanho normal.
o Microcitose: a hemácia tem seu tamanho reduzido devido a deficiências de Fe ou parasitose.
o Macrocitose (megaloblástica): a hemácia tem seu tamanho aumentando devido a fatores como gravidez,
deficiência de vitamina B12, deficiência de ácido fólico.
 Hemácias em Alvo: quando há uma falta de componentes celulares fundamentais à hemácia. Neste caso, a
hemoglobina aumenta no centro e na periferia da hemácia, deixando uma faixa entre essas duas regiões com
uma coloração clara, dando um aspecto de “alvo”.
 Acantócitos: eritrócitos que apresentam projeções protoplasmáticas que fornecem um aspecto espinhoso às
células.
 Hipocromia: é a redução da coloração dos eritrócitos (aumento da palidez central das hemácias) devido à
deficiência de Hb.

LEUCÓCITOS / GLÓBULOS BRANCOS


São glóbulos brancos classificados em duas categorias principais:
 Granulócitos: possuem grânulos citoplasmáticos específicos. São: neutrófilos, eosinófilos e basófilos.
 Agranulócitos: não possui grânulos específicos. São: linfócitos e monócitos.

Ao contrário das hemácias, os leucócitos não agem na corrente sanguínea, mas usam-na como um meio de
transporte de uma região do corpo para outra. Realizam diapedese.
A leucocitose é o aumento exacerbado no número de leucócitos, e ocorre em processos infecciosos ou em
casos de leucemia (com uma produção de leucócitos anormais). A leucopenia é uma redução deste numero devido a
infecções virais (viroses), estresse, menopausa, etc.

NEUTRÓFILOS
Constituem a maioria da população dos glóbulos brancos. Eles são fagócitos ávidos, destruindo bactérias que
invadem os espaços do tecido conjuntivo. São polimorfonucleares, com núcleos formados de 2 a 5 lóbulos (mais
frequentemente, 3 lóbulos) ligados entre si por pontes de cromatina.
O citoplasma do neutrófilo apresenta granulações de três tipos:
 Grânulos específicos: contém várias enzimas e agentes farmacológicos, que auxiliam o neutrófilo a exercer suas
funções antimicrobianas.
 Grânulos Azurófilos: são lisossomos contendo hidrolases ácidas, mieloperoxidase e agentes antibacterianos.
 Grânulos Terciários: contém gelatinase e catepsinas assim como glicoproteínas inseridas no plasmalema.

OBS: Presença do corpúsculo de Barr nos neutrófilos de fêmeas.

EOSINÓFILOS
São muito menos numerosos do que os neutrófilos. Fagocitam complexos antígeno-anticorpo e matam parasitos
invasores. Os grânulos específicos dos eosinófilos são lisossomos (que se coram com eosina) que contém enzimas
típicas dos lisossomos.

BASÓFILOS
São semelhantes aos mastócitos (células do tecido conjuntivo que liberam heparina e histamina nas reações de
hipersensibilidade imediata) apesar de terem origens diferentes. O citoplasma é carregado de grânulos maiores do que o
dos outros granulócitos, os quais muitas vezes obscurecem o núcleo.
Os basófilos liberam agentes farmacológicos que iniciam, mantém e controlam o processo inflamatório. Seus
grânulos contêm histamina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos, e heparina, que é responsável pela
metacromasia do granulo.

LINFÓCITOS
Os linfócitos são agranulócitos e formam a segunda maior população de glóbulos brancos do sangue.
Dependendo das moléculas localizadas em sua superfície, podem ser separados em dois tipos principais: linfócitos B e
T.
Os linfócitos B (já saem maduras da medula óssea) são responsáveis pelo sistema imunológico, mediado pelos
fluidos corporais (resposta humoral). Enquanto os linfócitos T (devem passar pelo timo para sofrerem maturação) são
responsáveis pelo sistema imunológico mediado por células (resposta celular). Depois de estimulados por um antígeno
especifico os linfócitos B e T ativam-se, proliferam-se e diferenciam-se em duas subpopulações:
 Células da memória: não participam da resposta imunológica, mas permanecem como um clone pronto para
montar uma resposta contra exposições futuras a um determinado antígeno.
 Células efetoras (executoras e nulas): podem ser classificadas em B e T.
 As células efetoras B se diferenciam em plasmócitos que produzem anticorpos contra antígenos.

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 Já as células efetoras T se diferenciam em céulas citotoxicas T (LTc)- CD8 (exterminadoras), que


entram em contato físico e matam as células estranhas ou as alteradas por virus; e as células
auxiliares T (LTh) – CD4 , responsáveis pelo início e desenvolvimento da maioria das respostas
imunológicas humorais ou celulares.
 As células nulas são compostas por duas populações distintas: células tronco (circulantes, que dão
origem a todos os elementos figurados do sangue) e as células natural killer (matam algumas células
estranhas e as alteradas por vírus, sem a influencia do timo ou de linfócitos T).

MONÓCITOS
Maiores células circulantes do sangue e migram para os espaços do tecido conjuntivo onde são denominados de
macrófagos. Células de núcleo ovoide, em forma de rim ou ferradura, geralmente excêntrico.
Ao se converterem em macrófagos, fagocitam material e partículas indesejáveis, produzem citocinas necessárias
para respostas inflamatórias e imunológicas e apresentam epítopos a linfócitos T.

OBS: Leucograma pode ser Absoluto (contagem quantitativa) e Relativo (porcentagem).

OBS: Propriedades dos leucócitos.


 Fagocitose: função pela qual certas células animais (amebas, fagócitos) absorvem partículas,
micróbios, englobando-os por pseudópodes, a fim de digeri-los.
 Quimiotaxia: reação de células ou de organismos a estímulos químicos , gerando um tipo de
guia até o local onde a célula é necessária .
 Movimento Ameboide: projeções de psudópodes semelhantes aos da ameba.
 Diapedese: passagem de glóbulos brancos através das paredes (fenestrações) de vasos
capilares.

PLAQUETAS
São pequenos fragmentos celulares anucleados (mas contém organelas), discoides, derivados dos
megacariócitos da medula óssea. Duram aproximadamente 14 dias. Valores de referência: 250.000 a 400.000 / mm3.
A trombocitopenia é caracterizada por uma diminuição abrupta do numero de plaquetas, como o que ocorre em
pacientes com lúpus ou na dengue hemorrágica. A trombocitose é o aumento no numero de plaquetas.
Em caso de lesões, as plaquetas atuam limitando a hemorragia ao revestimento endotelial do vaso sanguíneo
através da formação da rede de fibrina.
Os grânulos das plaquetas estão enquadrados:
  - grânulos: enzimas lisossômicas, fator IV plaquetário, PDGF, fibrinogênio, fator V da coagulação sanguínea
  - grânulos: serotonina, cálcio, ATP e ADP
 Lisossomos
 Peroxissomos

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HEMOSTASIA
É o processo de prevenir a perda de sangue pelos vasos
intactos e de parar o sangramento de vasos rompidos. Se dá no
seguinte processo:
1. Vasoconstrição.
2. Agregação de plaquetas.
3. Coagulação sanguínea

Após a ocorrência do ferimento, as plaquetas secretam


++
tromboplastina e Ca plasmático, os quais ativam a protrombina,
++
dando origem a trombina, a qual, junto ao Ca plasmático
transformam o fibrinogênio (também presente no plasma) em uma
complexa rede de fibrina, gerando um coágulo responsável pela
hemostasia.

OBS: um hemograma completo consiste na mensuração de todos os elementos figurados do sangue, através de
exames como: Eritrograma, Leucograma e Plaquetograma.

HAMATOPOIESE
O tempo de vida limitado das células do sangue exige sua renovação constante, a fim de manter constante a
população de células circundantes. A hematopoese (hemocitopoiese) é o processo responsável pela formação de
células a partir de outras células precursoras existentes na medula óssea. Ela pode ocorrer tanto no período pré-natal
quanto no pós-natal.

MEDULA ÓSSEA
A cavidade da medula dos ossos longos e dos interstícios entre as trabéculas dos ossos esponjosos abriga um
tecido macio, gelatinoso, altamente vascularizado e muito rico em células, denominado medula óssea. Ela está isolada
do osso pelo endósteo e constitui cerca de 5% do peso total do corpo.
A medula óssea é a principal responsável pela formação de células do sangue (hematopoese) e por sua entrada
na circulação sanguínea. A medula óssea também cria um microambiente favorável para grande parte do processo de
maturação dos Linfócitos B e para maturação inicial dos Linfócitos T (que será completa no timo).
O suprimento vascular da medula óssea provém das artérias nutrícias que perfuram a diáfise dos ossos. Os
vasos que penetram no osso cortical distribuem-se pelos canais de Havers e de Volkmann irrigando o osso compacto.

HEMATOPOIESE PRÉ-NATAL
No processo de formação das células do sangue na vida intrauterina, a hematopoese está dividida em quatro
fases:
 Fase Mesoblastica: duas semanas após a concepção, começa a formação de células no sangue no
mesoderma do saco vitelino (ilhotas sanguíneas). As células da periferia destas ilhotas formam a parede do vaso
e as células restantes tornam-se eritroblastos, que se diferenciam em eritrócitos nucleados.
 Fase Hepática: os eritrócitos, em torno da 6ª semana de gestação, ainda são nucleados, e os leucócitos
aparecem por volta da 8ª semana.
 Fase Esplênica: tem inicio durante o 2º trimestre e ambas as fases (a esplênica e a hepática) persistem até o
fim da gestação.
 Fase Mieloide: no fim do 2º trimestre, a hematopoese se inicia da medula óssea. Com o desenvolvimento do
sistema esquelético, a medula óssea assume um papel crescente na formação das células do sangue.

HEMATOPOIESE PÓS-NATAL
Todas as células do sangue têm um tempo de vida finito. Por isso, elas precisam ser continuamente repostas.
Esta reposição é função da hematopoese e começa com uma população comum de células-tronco localizadas na
medula óssea. Durante a hematopoese, as células-tronco passam por múltiplas divisões celulares e se diferenciam
passando por vários estágios intermediários até darem origem às células do sangue maduras.
As células-tronco são as células menos diferenciadas responsáveis pela formação dos elementos figurados do
sangue; as células-tronco dão origem às células progenitoras cuja progênie são as células precursoras.
 Todas as células do sangue originam-se das células-tronco hematopoéticas pluripotentes (CTHP).
 Depois de sucessivas divisões celulares, originam-se mais CTHPs e dois tipos de células-tronco
hematopoéticas multipotentes (CTHM): a unidade formadora de colônias do baço (CFU-S) – antecessoras
das linhagens de células mieloides (hemácias, granulócitos, monócitos e plaquetas) – e a unidade formadora
de colônia-linfócito (CFU-Ly) – antecessoras das linhagens de células linfoides (linfócitos T e linfócitos B).
Estas unidades formarão as células progenitoras.
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 As células progenitoras são unipotentes (estão comprometidas a formação de uma única linhagem celular) e
têm uma capacidade limitada de auto-renovação.
 As células precursoras originam-se das células progenitoras e não tem capacidade de auto-renovação. Com o
avanço da maturação e diferenciação celular, células sucessivas tornam-se menores, os nucléolos
desaparecem, a malha da cromatina fica mais densa, e as características citoplasmáticas aproximam-se mais de
células maduras. Estas células passam por uma série de divisões e diferenciações até se transformarem em
uma célula madura.

FATORES HEMATOPOÉTICOS DE CRESCIMENTO (FATORES ESTIMULADORES DE COLÔNIAS)


A hematopoese é regulada por numerosos fatores de crescimento produzidos por vários tipos celulares. Cada
fator age sobre células tronco, células progenitoras e células precursoras específicas, geralmente induzindo mitose ou
diferenciação rápidas, ou ambas.
 Interleucinas (IL-1, IL-3, IL-6): fatores de crescimento que estimulam a proliferação das células tronco
pluripotentes e multipotentes, mantendo, desse modo, sua população.
 Fator estimulador de colônia-granulócito (G-CSF) e Eritropoetina: citocinas adicionais responsáveis pela
mobilização e diferenciação de células tronco em células progenitoras unipotentes. A eritropoetina (produzida
nos rins e hepatócitos é responsável por ativar células da linhagem eritrócita.
 Trombopoetina: estimula a produção de plaquetas.
 Fator da Célula-tronco (Fator Steel): age sobre as células-tronco pluripotentes, multipotentes e unipotentes, e
é produzido por células do estroma da medula óssea. Na vida pós-natal, o fator da células-tronco é crucial para a
hematopoese na medula óssea.
 GM-CSF: promove a mitose e a diferenciação das CFU-GM (unidade formadora de colônias granulócito-
monócito); produzido pelas células T e células endoteliais.
 M-CSF: promove a mitose e diferenciação das CFU-M (unidade formadora de colônias monócitos); produzido
pelos macrófagos e células endoteliais.

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ERITROPOESE: HEMATOPOESE DA SÉRIE VERMELHA


A eritropoese (formação de glóbulos vermelhos) está sob o controle de várias citocinas, particularmente, o fator
steel, interleucina-3, interleucina-9 e eritropoetina.
Quando o nível de glóbulos vermelhos circulantes está baixa, o rim produz uma alta concentração de eritropoetina, que
na presença dessas outras citocinas, induz a CFU-S (unidade formadora de colônias-baço, as antecessoras da linhagem
das células mieloides) a se diferenciar em BFU-E (unidade formadora de surtos – eritrócito, primeira célula progenitora
dos eritrócitos). Estas células passam por um “surto” de mitoses para formar a CFU-E (unidade formadora de colônias –
eritrócito).
A partir daí, ocorre a formação das células precursoras das hemácias até a sua maturação final:
CFU-S  BFU-E  CFU-E  Proeritroblasto  eritroblasto basófilo  Eritroblasto policromatófilo  eritroblasto
ortocromático  Reticulócito  Eritrócito.

GRAUNULOCITOPOESE e MONOCITOPOESE: HEMATOPOESE DA SÉRIE BRANCA


A granulocitopoese (formação de granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos) está sob influencia de várias
citocinas, especialmente a G-CSF e a GM-CSF, bem como a TNF-. Os monócitos, por sua vez, partilham suas células
bipotentes (CFU-GM) com os neutrófilos.
 Granulócitos: CFU-S  CFU-E, Ba, GM  mieloblasto  promielócito  mielócito  metamielócito 
bastonete  segmentado  Eosinófilo, basófilo ou neutrófilo.
 Agranulócitos: CFU-S  CFU-GM  monoblasto  promonócito  monócito
CFU-Ly  linfoblasto  prolinfócito  linfócito
SÉRIE PLAQUETÁRIA
A formação das plaquetas está sob o controle da trombopoetina, que induz o desenvolvimento e a proliferação
de células gigantes denominadas megacarioblastos.

CFU-S  CFU-Meg  Megacarioblasto  Megacariócito basófilo  Megacariócito acidófilo  Plaquetas

OBS: Tecido Hematopoetico


 Tecido mieloide (medula óssea): eritrócitos, plaquetas, medula óssea.
 Tecido Linfoide (baço, timo, gânglios e nódulos linfáticos): linfócitos B e linfócitos T.

OBS: A avaliação clínica da função medular ou hemopoiese se dá principalmente através do:


 Exame de sangue periférico  hemograma
 Estudo citológico  mielograma
 Estudo histológico  biópsia da medula óssea

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