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09 - Tecido Sanguíneo
09 - Tecido Sanguíneo
HISTOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto; Ildemberg Amorim.
TECIDO SANGUÍNEO
OBS¹: O plasma é um fluido amarelado no qual estão suspensos ou dissolvidos células, plaquetas, compostos
orgânicos e eletrólitos. Quando alguns componentes orgânicos ou inorgânicos saem do plasma, integrando-se em um
coágulo, o fluido restante é denominado soro (cor amarelo-palha). Ou seja, o plasma possui fibrinogênio (composto
que atua na formação da rede de fibrina). Já o soro é fluido restante (sem fibrina).
CARACTERÍSTICAS
Fluido viscoso
Origem mesodérmica
Correspondendo a aproximadamente 7% do peso corporal
Cor variando de vermelho brilhante (arterial) a vermelho escuro (venoso)
Pouco mais denso que a água (1,060)
Sabor salgado e cheiro sui generis
pH ligeiramente alcalino (7,35 a 7,45)
FUNÇÕES
Transportar gases e alimentos de que necessita as células do organismo.
Receber dessas células os produtos do metabolismo e transportá-los para serem excretados.
Distribuir os produtos das glândulas de secreção interna.
Transportar eletrólitos.
Auxiliar o equilíbrio acidobásico, da temperatura e osmótico do organismo.
Contribuir para defesa do organismo.
PLASMA
O plasma é uma solução aquosa contendo componentes de pequeno e de elevado peso molecular, que
correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas correspondem a 7% e os sais inorgânicos a 0,9%,
sendo o restante formado por compostos orgânicos diversos, tais como: aminoácidos, vitaminas, hormônios e
glicose.
Água (90%)
Proteínas (9%)
Outros compostos orgânicos
Sais inorgânicas
Íons
Nutrientes (aminoácidos, lipídios e glicídios)
Compostos nitrogenadas
Gases
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PROTEÍNAS DO PLASMA
Albumina: maior proteína do corpo responsável por manter a pressão osmótica coloidal e transporta alguns
metabólitos insolúveis.
Globulina (α e β): transportam íons metálicos, lipídios ligados a proteínas e vitaminas lipossolúveis.
Globulina γ: anticorpos da defesa imunológica.
Proteínas da Coagulação (protrombina e fibrinogênio): formação de filamentos de fibrina.
Proteínas do Complemento (C1 a C9): destruição de micro-organismos e inicio da inflamação.
Lipoproteínas do Plasma (quilomícrons, VLDL e LDL)
o Quilomícrons: gorduras associadas a proteínas que desse modo são absorvidas pelo intestino e enviados
para o fígado.
o VLDL: lipoproteína de densidade muito baixa. Tira triglicerídios do fígado para os vasos.
o LDL: lipoproteína de baixa densidade. Tira colesterol do fígado para os vasos.
o HDL: lipoproteínas de alta densidade. Tira colesterol e trigliceridios dos vasos para serem metabolizados no
fígado.
HEMOGLOBINA
É uma proteína grande composta por quatro cadeias polipeptídicas (, , e ) ligadas covalentemente a quatro
grupos heme (contém o Fe). VR: H: 15 g /100 ml e M: 13,5 g / 100 ml.
A principal hemoglobina no feto, hemoglobina fetal (HbF) (100%) é constituída por duas cadeias e duas é
substituída logo após o nascimento pela hemoglobina do adulto (HbA). Há dois tipos normais de hemoglobina do
adulto: a HbA1 (2,2) (96%), e a forma mais rara: HbA2(2,2) (2%), e 2% restante para o HbF (hemoglobinas fetais
que não são substituídas por nenhuma HbA).
Talassemia: são marcadas por uma síntese reduzida de uma ou mais cadeias da hemoglobina. Na -
talassemia, a síntese das cadeias estão reduzidas. Na forma homozigótica dessa doença, mais
frequentemente entre pessoas originadas do mediterrâneo, a HbA está ausente e altos níveis de HbF
permanecem após o nascimento. A presença de HbC e HbS podem causar este quadro.
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Anemia Falciforme: resulta na mutação pontual de um único lócus da cadeia , formando a hemoglobina
anormal HbS. Essa hemoglobina, em baixas [O2], muda de forma e produz hemácias de formas anormais,
menos flexíveis e mais frágeis, com maior tendência para hemólise do que as células normais. É
predominantemente nas populações negras.
HEMATÓCRITO
Exame que verifica a quantidade de hemácias por cada milímetro cúbico de sangue.
Anemia: pode estar relacionada a uma diminuição do número de hemácias, causando uma deficiência no
transporte de O2.
Policitemia: aumento no numero de hemácias, tendo como consequência uma diminuição da fluidez do sangue
(queda de fluxo nos vasos).
OBS: O hematócrito pode registrar uma baixa no número de hemácias em relação ao normal e pode não estar
relacionado a um quadro de anemia. Isto pode estar associado a pacientes que recebem infusão de grandes
quantidades de soro durante uma internação, aumento o volume plasmático do sangue em relação aos níveis normais.
OBS: Para habitantes de grandes altitudes, o hematócrito normal apresenta níveis maiores de hemácias em relação a
indivíduos que habitam em baixar altitudes.
ERITROGRAMA
Exames que correlacionam os níveis de hemácias, hemoglobina e o próprio hematócrito.
Fatores demográficos que afetam os parâmetros hematológicos:
Sexo
Idade
Origem étnica
Localização geográfica
TIPOS SANGUÍNEOS
Sistema ABO
– Tipo A: antígeno A; anticorpo anti-B
– Tipo B: antígeno B; anticorpo anti-A
– Tipo O: sem antígeno; anticorpo anti-A e B
– Tipo AB: antígenos A e B; sem anticorpos
Sistema RH
– Rh (+) contém antígeno denominado fator Rh
– Rh (-) não contém antígeno denominado fator Rh
Doador universal: Tipo O (-)
Receptor universal: Tipo AB (+)
Eritroblastose Fetal (Doença Hemofílica do Recém Nascido): quando uma mulher, Rh-, grávida, dá a luz ao
seu primeiro filho, Rh+, é provável que uma quantidade suficiente de sangue do filho penetre na circulação
materna, induzindo a formação de anticorpo anti-Rh. Durante uma gravidez subsequente, com um feto Rh+,
estes anticorpos atacam as hemácias do feto, causando a eritroblastose fetal, que pode ser fatal para o recém-
nascido.
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Ao contrário das hemácias, os leucócitos não agem na corrente sanguínea, mas usam-na como um meio de
transporte de uma região do corpo para outra. Realizam diapedese.
A leucocitose é o aumento exacerbado no número de leucócitos, e ocorre em processos infecciosos ou em
casos de leucemia (com uma produção de leucócitos anormais). A leucopenia é uma redução deste numero devido a
infecções virais (viroses), estresse, menopausa, etc.
NEUTRÓFILOS
Constituem a maioria da população dos glóbulos brancos. Eles são fagócitos ávidos, destruindo bactérias que
invadem os espaços do tecido conjuntivo. São polimorfonucleares, com núcleos formados de 2 a 5 lóbulos (mais
frequentemente, 3 lóbulos) ligados entre si por pontes de cromatina.
O citoplasma do neutrófilo apresenta granulações de três tipos:
Grânulos específicos: contém várias enzimas e agentes farmacológicos, que auxiliam o neutrófilo a exercer suas
funções antimicrobianas.
Grânulos Azurófilos: são lisossomos contendo hidrolases ácidas, mieloperoxidase e agentes antibacterianos.
Grânulos Terciários: contém gelatinase e catepsinas assim como glicoproteínas inseridas no plasmalema.
EOSINÓFILOS
São muito menos numerosos do que os neutrófilos. Fagocitam complexos antígeno-anticorpo e matam parasitos
invasores. Os grânulos específicos dos eosinófilos são lisossomos (que se coram com eosina) que contém enzimas
típicas dos lisossomos.
BASÓFILOS
São semelhantes aos mastócitos (células do tecido conjuntivo que liberam heparina e histamina nas reações de
hipersensibilidade imediata) apesar de terem origens diferentes. O citoplasma é carregado de grânulos maiores do que o
dos outros granulócitos, os quais muitas vezes obscurecem o núcleo.
Os basófilos liberam agentes farmacológicos que iniciam, mantém e controlam o processo inflamatório. Seus
grânulos contêm histamina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos, e heparina, que é responsável pela
metacromasia do granulo.
LINFÓCITOS
Os linfócitos são agranulócitos e formam a segunda maior população de glóbulos brancos do sangue.
Dependendo das moléculas localizadas em sua superfície, podem ser separados em dois tipos principais: linfócitos B e
T.
Os linfócitos B (já saem maduras da medula óssea) são responsáveis pelo sistema imunológico, mediado pelos
fluidos corporais (resposta humoral). Enquanto os linfócitos T (devem passar pelo timo para sofrerem maturação) são
responsáveis pelo sistema imunológico mediado por células (resposta celular). Depois de estimulados por um antígeno
especifico os linfócitos B e T ativam-se, proliferam-se e diferenciam-se em duas subpopulações:
Células da memória: não participam da resposta imunológica, mas permanecem como um clone pronto para
montar uma resposta contra exposições futuras a um determinado antígeno.
Células efetoras (executoras e nulas): podem ser classificadas em B e T.
As células efetoras B se diferenciam em plasmócitos que produzem anticorpos contra antígenos.
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MONÓCITOS
Maiores células circulantes do sangue e migram para os espaços do tecido conjuntivo onde são denominados de
macrófagos. Células de núcleo ovoide, em forma de rim ou ferradura, geralmente excêntrico.
Ao se converterem em macrófagos, fagocitam material e partículas indesejáveis, produzem citocinas necessárias
para respostas inflamatórias e imunológicas e apresentam epítopos a linfócitos T.
PLAQUETAS
São pequenos fragmentos celulares anucleados (mas contém organelas), discoides, derivados dos
megacariócitos da medula óssea. Duram aproximadamente 14 dias. Valores de referência: 250.000 a 400.000 / mm3.
A trombocitopenia é caracterizada por uma diminuição abrupta do numero de plaquetas, como o que ocorre em
pacientes com lúpus ou na dengue hemorrágica. A trombocitose é o aumento no numero de plaquetas.
Em caso de lesões, as plaquetas atuam limitando a hemorragia ao revestimento endotelial do vaso sanguíneo
através da formação da rede de fibrina.
Os grânulos das plaquetas estão enquadrados:
- grânulos: enzimas lisossômicas, fator IV plaquetário, PDGF, fibrinogênio, fator V da coagulação sanguínea
- grânulos: serotonina, cálcio, ATP e ADP
Lisossomos
Peroxissomos
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HEMOSTASIA
É o processo de prevenir a perda de sangue pelos vasos
intactos e de parar o sangramento de vasos rompidos. Se dá no
seguinte processo:
1. Vasoconstrição.
2. Agregação de plaquetas.
3. Coagulação sanguínea
OBS: um hemograma completo consiste na mensuração de todos os elementos figurados do sangue, através de
exames como: Eritrograma, Leucograma e Plaquetograma.
HAMATOPOIESE
O tempo de vida limitado das células do sangue exige sua renovação constante, a fim de manter constante a
população de células circundantes. A hematopoese (hemocitopoiese) é o processo responsável pela formação de
células a partir de outras células precursoras existentes na medula óssea. Ela pode ocorrer tanto no período pré-natal
quanto no pós-natal.
MEDULA ÓSSEA
A cavidade da medula dos ossos longos e dos interstícios entre as trabéculas dos ossos esponjosos abriga um
tecido macio, gelatinoso, altamente vascularizado e muito rico em células, denominado medula óssea. Ela está isolada
do osso pelo endósteo e constitui cerca de 5% do peso total do corpo.
A medula óssea é a principal responsável pela formação de células do sangue (hematopoese) e por sua entrada
na circulação sanguínea. A medula óssea também cria um microambiente favorável para grande parte do processo de
maturação dos Linfócitos B e para maturação inicial dos Linfócitos T (que será completa no timo).
O suprimento vascular da medula óssea provém das artérias nutrícias que perfuram a diáfise dos ossos. Os
vasos que penetram no osso cortical distribuem-se pelos canais de Havers e de Volkmann irrigando o osso compacto.
HEMATOPOIESE PRÉ-NATAL
No processo de formação das células do sangue na vida intrauterina, a hematopoese está dividida em quatro
fases:
Fase Mesoblastica: duas semanas após a concepção, começa a formação de células no sangue no
mesoderma do saco vitelino (ilhotas sanguíneas). As células da periferia destas ilhotas formam a parede do vaso
e as células restantes tornam-se eritroblastos, que se diferenciam em eritrócitos nucleados.
Fase Hepática: os eritrócitos, em torno da 6ª semana de gestação, ainda são nucleados, e os leucócitos
aparecem por volta da 8ª semana.
Fase Esplênica: tem inicio durante o 2º trimestre e ambas as fases (a esplênica e a hepática) persistem até o
fim da gestação.
Fase Mieloide: no fim do 2º trimestre, a hematopoese se inicia da medula óssea. Com o desenvolvimento do
sistema esquelético, a medula óssea assume um papel crescente na formação das células do sangue.
HEMATOPOIESE PÓS-NATAL
Todas as células do sangue têm um tempo de vida finito. Por isso, elas precisam ser continuamente repostas.
Esta reposição é função da hematopoese e começa com uma população comum de células-tronco localizadas na
medula óssea. Durante a hematopoese, as células-tronco passam por múltiplas divisões celulares e se diferenciam
passando por vários estágios intermediários até darem origem às células do sangue maduras.
As células-tronco são as células menos diferenciadas responsáveis pela formação dos elementos figurados do
sangue; as células-tronco dão origem às células progenitoras cuja progênie são as células precursoras.
Todas as células do sangue originam-se das células-tronco hematopoéticas pluripotentes (CTHP).
Depois de sucessivas divisões celulares, originam-se mais CTHPs e dois tipos de células-tronco
hematopoéticas multipotentes (CTHM): a unidade formadora de colônias do baço (CFU-S) – antecessoras
das linhagens de células mieloides (hemácias, granulócitos, monócitos e plaquetas) – e a unidade formadora
de colônia-linfócito (CFU-Ly) – antecessoras das linhagens de células linfoides (linfócitos T e linfócitos B).
Estas unidades formarão as células progenitoras.
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As células progenitoras são unipotentes (estão comprometidas a formação de uma única linhagem celular) e
têm uma capacidade limitada de auto-renovação.
As células precursoras originam-se das células progenitoras e não tem capacidade de auto-renovação. Com o
avanço da maturação e diferenciação celular, células sucessivas tornam-se menores, os nucléolos
desaparecem, a malha da cromatina fica mais densa, e as características citoplasmáticas aproximam-se mais de
células maduras. Estas células passam por uma série de divisões e diferenciações até se transformarem em
uma célula madura.
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