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KELY SEIXAS AZEVEDO DOURADO

TÉCNICAS E ANÁLISES MORFOLÓGICAS DE PEÇAS


ANATÔMICAS

IRECÊ/BA

2021
INTRODUÇÃO

O preparo adequado de esqueletos ósseos e tecidos biológicos, atrelado a sua


conservação, é uma prática que vem sendo utilizada desde os primórdios da
civilização, dada inicialmente por um caráter de cunho religioso, ela passou a ser
elaborada academicamente como objeto de estudo e é uma técnica de grande
relevância, pois a partir disto é possível a obtenção de peças de maior qualidade,
visto que, são objetos de estudo e aplicabilidade técnico-científicas no uso didático
das mesmas. E existem, portanto, diferentes tipos de métodos utilizados para
obtenção de melhores resultados, dentre elas o uso de formal tem sido preconizado,
pelos efeitos adversos causados pelo produto, riscos de intoxicação e um ambiente
desagradável para manipulação, sendo utilizado essa técnica, principalmente, por
ser, financeiramente, a mais vantajosa. Lembrando que, diversos produtos químicos
são utilizados para a maceração de esqueletos, por isso é preciso escolher o produto
que melhor se adapte às condições de cada laboratório, ao custo, ao tempo de
preparo e à facilidade de clareamento, ademais outros métodos são utilizados nessa
prática, como a criodesidratação, glicerinação, injeção de látex e injeção de vinilite,
seguido de corrosão.

TÉCNICAS UTILIZADAS

A conservação tem como objetivo preservar de maneira mais próxima possível a


morfologia e características das peças como são nos animais vivos, tais como,
consistência, coloração e flexibilidade, leveza e manuseio harmônicos. Quanto a
variedade de técnicas anatômicas, temos inúmeras maneiras de executar uma
determinada técnica, alterando algumas etapas da metodologia, como algum detalhe
diferente no procedimento, substituição, redução ou acrescentando alguns materiais
utilizados nos diversos procedimentos específicos.

➢ Solução formol

A técnica utilizada com esse tipo de conservação, por muitos autores é descrita por

ser negativa, dado que o conservante desenvolve efeitos destrutivos em pequenos


detalhes quanto ao DNA, bem como sua morfologia. Outros fatores são também

descritos como irritação das mucosas, predisposição cancerígena, e contaminação


do meio ambiente, também desencadeia uma grande irritação a garganta, pulmões,
nariz e até mesmo ao entrar em contato com a pele. Isso traz uma limitação
considerável no estudo da anatomia, sendo um fator de desestímulo aos
estudantes, professores e até mesmo aos funcionários de laboratório. Geralmente
anterior a sua utilização, as peças passam por um processo de dissecação, lavagem
em água corrente e escoamento (por 1h) para a retirada do excesso de água. E
imersas em solução formol a 10%.

➢ Glicerinação

Essa técnica se caracteriza pela desidratação celular, ação antisséptica e fungicida,


atuando contra bactérias (exceto as formas esporuladas), por outro lado esse
procedimento não altera a composição iônica das células o que mantem sua
integridade celular e não compromete a redução antigênica nos tecidos. A glicerina
passou a ser utilizada devido à sua ação fungicida e bactericida, deixando também a
coloração que ela dá as peças mais próximas do real, maior leveza devido a
desidratação que a técnica causa, longo período de conservação e possibilita fácil
visualização e identificação de estruturas detalhadas. O procedimento é feito com
peças previamente lavadas, caso estas estejam sob conservação de formol são
deixadas em água pura durante 48 horas e secadas a sombra para retirada do
produto. Logo em seguida são submersas ao peroxido de hidrogênio a 10% por um
período de dois dias num recipiente fechado, seguindo o mesmo procedimento
(secadas a sombra naturalmente). É utilizado ainda a imersão em álcool absoluto a
99% (recipiente fechado). É importante ressaltar que a permanência no álcool faz
com que as peças fiquem desidratadas quase por completo, processo essencial para
o sucesso da técnica. Seguidamente as peças são retiradas do álcool para
finalização da técnica, secadas novamente a sombra e colocadas sob imersão da
glicerina P.A. durante um período de 2 meses, a glicerina tem função de hidratar as
peças que foram submersas ao álcool e trazer de volta a cor que foi removida pelo
peróxido de hidrogênio, agindo como um reparador dos danos causados pelas
substâncias anteriores e são colocadas em um escorredor para retirar o excesso do
produto.
➢ Vinil seguido de corrosão

Para confecção das peças e utilização desta técnica são utilizadas peças frescas, e
lavadas são colocadas em álcool a 80% durante um dia, posterior a isso utiliza-se o
acetato de vinila em pó, diluído por acetona P.A, logo em seguida a solução
transparente é corada e aplicada no órgão preferencial, após esse procedimento as
peças são colocadas submersas em água durante 24 horas para solidificação do vinil
aplicado, e colocados em recipientes plásticos com ácido clorídrico P.A. durante 12
horas. São então analisadas para confirmar que estão completamente secas e
finalmente pintadas e envernizadas.

➢ Criodesidratação

Como o próprio nome já diz, a técnica de criodesidratação consiste em desidratar


as peças para serem utilizadas em sala de aula, essa técnica fora empregada a
fim de reduzir os problemas causados pela utilização em formol, pois
independente da concentração é uma solução extremamente desagradável. A
retração dos tecidos é uma consequência comum desta técnica, no entanto não
compromete o sucesso de seus resultados, sem contar que, deixam as estruturas
mais leves mesmo sem utilizar soluções fixadoras. São feitas aplicações de ar
dentro dos órgãos com bombas manuais, e refrigerados a 8º graus célsius, são
feitas repetições de congelamento e descongelamento de acordo a necessidade
do procedimento e inflando ar novamente para, mantê-los cheios.

➢ Injeção de látex

Para essa técnica utiliza-se o látex natural borracha siliconada, uma grande
vantagem é o fato de os vasos não serem alterados quanto sua espessura, não
causando retração ou dilatação, pois a substância bem adaptada percorre todo o
sistema circulatório de maneira a substituir o sangue. O látex é o material mais
conhecido e aceito para essa técnica, podendo ser sintético, natural ou neoprene,
sendo adquirido na sua cor natural branca e podendo ser pigmentado de qualquer
cor. O látex é corado da cor preferencial e coado para retirar qualquer granulo ou
dejeto que possa provocar entupimento das estruturas, logo em seguida são
dissecadas as estruturas desejadas e é feita a aplicação, pode-se utilizar ácido
acético glacial para coagulação do material, é adequado que se espere durante
um período de 24 horas para melhor fixação e coagulação do material.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As variadas técnicas de conservação de peças anatômicas, são procedimentos


adotados afim de agregar valor educativo e didáticos ao ensino acadêmico destas
estruturas, e a escolha do método adequado, associando-o ao custo benefício,
segurança, qualidade e harmonização do procedimento tanto de preparação
quanto de finalização, e uso dos materiais, conferem uma problemática a ser bem
avaliada e tecnicamente escolhida, uma vez que, o sucesso do aprendizado
depende desses fatores e utilização da técnica necessária.
REFERENCIAS

https://uenf.br/posgraduacao/ciencia-animal/wp-
content/uploads/sites/5/2018/09/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Mariana-
Zofoli.pdf https://www.scielo.br/j/pvb/a/f49ZRzzsdZ7SsGC88g34vvc/?
format=pdf&lang=pt
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2014b/AGRARIAS/estudo
%20comparativo.pdf

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