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Crimes em Espécie - do Homicídio ao Vilipêndio

Pedro Pedreiro amanheceu esperando o trem. O trem que Pedro esperou nunca chegava
à estação, contudo. Já com pressa e precisando ir ao trabalho, Pedro resolveu pegar seu
próprio veículo que estava estacionado na garagem da sua casa a poucos metros da
estação. Já atabalhoado, Pedro deu partida no motor e saiu rapidamente de ré. Todavia,
sem perceber Pedro acabou atingindo o muro de uma casa vizinha. O estrago foi grande.
Mas Pedro preferiu ligar para o seu chefe e dizer que iria resolver essa situação antes de
poder tratar qualquer outra pendência. O chefe entendeu e autorizou Pedro a ir para o
trabalho só depois de solucionar esse acidente. Ocorre que o dono da casa atingida era o
Sr. Barba Azul, sujeito amargurado e que só resmungava da vida, difícil! Barba Azul
não perdoou Pedro e pediu o comparecimento de uma viatura policial ao local. Ele
queria que agentes lavrassem um boletim de ocorrência contra Pedro, informando o
crime que ele cometeu.
Considerando que Pedro não teve vontade dirigida para atingir o patrimônio do Sr.
Barba Azul, embora fosse previsível, por qual crime que Pedro deverá responder? Por
qual motivo?

Pedro deverá responder nos termos de especifica tipicidade do


Código Penal que é designado como crime de dano, que se limita ao domínio da
esfera patrimonial. O “crime de reparação de danos” no artigo 163 da Lei Penal é
o conteúdo do art. 163:
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Pena: 01 a 06 meses, ou multa.

Quando conversamos sobre o tema DESTRUIR, estamos nos


referindo ao ato de extinguir ou eliminar.

Por outro lado, se falarmos em INUTILIZAR, estamos nos


referindo a deixar uma coisa sem utilidade, não servindo mais para aquilo ao qual
foi criada inicialmente.

DETERIORAR, a deterioração consiste em arruinar a coisa sem


que esse "dano" termine com isso.

Além disso, vale ressaltar que a indenização por danos só pode


ser feita de forma deliberada, não havendo estipulação sobre a forma do culpado.
Lembre-se de que Pedro é culpado, mas inocente, considerando
que o crime está previsto no artigo 163 do Código Penal onde não é admitido a
modalidade culposa. Logicamente, isto decorre de um fato atípico, ou seja, o
Pedro não cometeu ilícitos, no máximo pode responder no âmbito cível, porque
está obrigado a reparar o dano, dano esse ao património privado , pois o bem
danificado não é seu.

Jurisprudencia:
STJ. Sexta Turma. "Para a configuração do crime de dano,
imprescindível o animus nocendi, ou seja, o dolo específico de
causar prejuízo ao dono da coisa" (HC 48.284/MS Relator: Min.
Hélio Quaglia Barbosa. Data do julgamento: 21/02/2006).

BIBLIOGRAFIA:
CUNHA, Rogério Sanches. Direito penal – parte especial, v. 3. São Paulo: RT, 2008.
JESUS, Damásio E. Direito penal, v. 2, 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1991.
Código penal anotado, 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
JURISPRUDÊNCIA CATARINENSE, v. 9. Edição especial em DVD. Florianópolis: TJSC,
2008.

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