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Química Geral e

Orgânica
Prof.ª Renata Joaquim Ferraz Bianco

2012
1 Edição
a
Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:
Prof.ª Renata Joaquim Ferraz Bianco

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

547
B578q Bianco, Renata Joaquim Ferraz
Química geral e orgânica / Renata Joaquim Ferraz Bianco.
Indaial : Uniasselvi, 2012.

221. p.: il
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830- 549-9

1. Química orgânica. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci


II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, neste momento você está iniciando o estudo da
disciplina de Química Geral e Orgânica, que tem como objetivo específico
construir de maneira eficiente conhecimentos gerais, teóricos e práticos de
química em sua totalidade, bem como associar sua importância e aplicação
em outras áreas e disciplinas.

Minha meta, como professora, é através deste Caderno de Estudos


despertar seu interesse pela disciplina e pela pesquisa científica, preparando-
o(a) para uma formação profissional promissora e concreta.

A química é a ciência que estuda a composição, interação e


transformação da matéria. Desta forma, sua aplicação é muito vasta, não há
um segmento em que ela não se encontre. Podemos citar a química têxtil,
de alimentos, farmacêutica, metalúrgica, nanotecnologia entre outras. Seu
conhecimento é de extrema importância para o desenvolvimento científico e
tecnológico da sociedade como um todo.

Atualmente, um dos maiores desafios da química é melhorar a


qualidade de vida das pessoas com a síntese de novos produtos de forma
sustentável, ou seja, com o foco no setor: econômico, social e ecológico.

Assim, com o intuito de criar um conhecimento básico sobre essa


ciência tão fascinante, os estudos de Química Geral e Orgânica, neste caderno,
serão divididos em três unidades.

Na Unidade 1, estudaremos a estrutura atômica que aborda as


unidades fundamentais da matéria. Primeiramente, faremos um estudo
sobre a definição de matéria, do átomo e dos modelos atômicos. Estudaremos
a Tabela Periódica que dispõe de forma organizada os elementos químicos
e suas propriedades periódicas e aperiódicas. Em seguida, conheceremos a
formação das moléculas através das ligações químicas. Com esses estudos,
você será capaz de identificar a química em seu cotidiano.

Na segunda unidade, iremos conhecer as funções inorgânicas da


química. Essa unidade mostrará as características químicas dos produtos
que utilizamos em nosso dia a dia, afinal as funções inorgânicas englobam os
ácidos, as bases ou hidróxidos, os sais e os óxidos.

A Unidade 3 contempla a Química Orgânica, que é a parte da química


que estuda os compostos do elemento Carbono. Através dessa unidade,
você conhecerá milhares de produtos naturais e sintéticos que nos rodeiam,

III
bem como a ocorrência, a produção e as aplicações em nosso cotidiano das
funções orgânicas. Conheceremos os benefícios e malefícios dos compostos
orgânicos ao meio ambiente e aos seres humanos.

Com os conteúdos desse caderno, Caro acadêmico, você terá


conhecimentos básicos de química, suficientes para aplicá-los em sua vida
e no meio em que vive. Torne-se um profissional consciente em relação
aos produtos e às atividades que desenvolve, sempre focado no futuro da
humanidade.

Bons estudos!

Prof.a Renata Joaquim Ferraz Bianco

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ESTRUTURA ATÔMICA............................................................................................. 1

TÓPICO 1 – MODELOS ATÔMICOS.................................................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 MODELOS ATÔMICOS...................................................................................................................... 6
2.1 MODELO ATÔMICO DE JOHN DALTON.................................................................................. 7
2.2 MODELO ATÔMICO DE JOSEPH JOHN THOMSON.............................................................. 8
2.3 MODELO ATÔMICO DE ERNEST RUTHERFORD................................................................... 9
2.4 MODELO ATÔMICO DE NIELS BOHR – TEORIA ATÔMICA ATUAL................................. 10
3 MATÉRIA................................................................................................................................................ 13
3.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DA MATÉRIA............................................................... 13
3.2 ELEMENTO QUÍMICO................................................................................................................... 16
3.2.1 Íons............................................................................................................................................. 19
4 SEMELHANÇAS ATÔMICAS............................................................................................................ 20
4.1 ISÓTOPOS.......................................................................................................................................... 21
4.2 ISÓBAROS......................................................................................................................................... 22
4.3 ISÓTONOS......................................................................................................................................... 23
4.4 ISOELETRÔNICOS.......................................................................................................................... 23
5 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS............................................. 25
5.1 DIAGRAMA DE LINUS PAULING............................................................................................... 26
5.2 NÚMEROS QUÂNTICOS............................................................................................................... 28
5.2.1 Número quântico principal (n).............................................................................................. 28
5.2.2 Número quântico secundário (ℓ) ou azimutal..................................................................... 29
5.2.2.1 Orbitais atômicos.................................................................................................................. 29
5.2.2.2 Número quântico magnético (mℓ)...................................................................................... 30
5.2.2.3 Número quântico de Spin (ms)........................................................................................... 30
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 33
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 36
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 38

TÓPICO 2 – TABELA PERIÓDICA....................................................................................................... 41


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 41
2 ORGANIZAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS NA TABELA...................... 43
2.1 PERÍODOS DA TABELA PERIÓDICA . ....................................................................................... 47
2.2 FAMÍLIAS OU GRUPOS................................................................................................................. 48
2.3 METAIS, SEMIMETAIS E NÃO METAIS...................................................................................... 51
2.4 CLASSIFICAÇÕES PERIÓDICAS E APERIÓDICAS.................................................................. 52
2.5 CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA E A CAMADA DE VALÊNCIA........................................ 59
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 62

TÓPICO 3 – LIGAÇÕES QUÍMICAS................................................................................................... 65


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 65
2 AS LIGAÇÕES QUÍMICAS................................................................................................................. 66

VII
2.1 A REGRA DO OCTETO................................................................................................................. 66
3 LIGAÇÕES IÔNICAS......................................................................................................................... 68
3.1 CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS IÔNICOS................................................................ 71
4 LIGAÇÕES COVALENTES OU MOLECULARES....................................................................... 72
4.1 LIGAÇÃO COVALENTE COORDENADA DATIVA............................................................... 74
4.2 LIGAÇÃO METÁLICA.................................................................................................................. 76
4.3 COMPOSTOS METÁLICOS E AS LIGAS METÁLICAS.......................................................... 77
5 GEOMETRIA E POLARIDADE DAS MOLÉCULAS.................................................................. 79
6 FORÇAS INTERMOLECULARES................................................................................................... 84
6.1 FORÇAS DE VAN DER WAALS.................................................................................................. 85
6.2 DIPOLO-DIPOLO OU DIPOLO INSTANTÂNEO.................................................................... 85
6.3 PONTES DE HIDROGÊNIO OU LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO.......................................... 86
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 88
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 93
PRÁTICA – PROPRIEDADES DO SABÃO...................................................................................... 95

UNIDADE 2 – FUNÇÕES INORGÂNICAS...................................................................................... 99

TÓPICO 1 – ÁCIDOS............................................................................................................................. 101


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 101
2 NOX: NÚMERO DE OXIDAÇÃO ................................................................................................... 101
3 ÁCIDOS................................................................................................................................................. 106
3.1 DEFINIÇÃO SEGUNDO ARRHENIUS...................................................................................... 107
3.2 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................... 108
3.3 QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS DIFERENTES . .................................................. 108
3.3.1 Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis.................................................................. 109
3.3.2 Quanto à presença de oxigênio............................................................................................ 109
3.3.3 Quanto à força........................................................................................................................ 109
3.4 NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS.............................................................................................. 111
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 113
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 118

TÓPICO 2 – BASES OU HIDRÓXIDOS............................................................................................ 121


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 121
2 DEFINIÇÃO, SEGUNDO ARRHENIUS......................................................................................... 122
3 CLASSIFICAÇÃO DAS BASES OU HIDRÓXIDOS................................................................... 123
3.1 QUANTO AO NÚMERO DE HIDROXILAS (OH-1).................................................................. 123
3.2 QUANTO À SOLUBILIDADE EM ÁGUA................................................................................. 123
3.3 QUANTO À FORÇA...................................................................................................................... 123
4 NOMENCLATURA DAS BASES OU HIDRÓXIDOS................................................................. 124
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 126

TÓPICO 3 – SAIS.................................................................................................................................... 127


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 127
2 DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS SAIS................................................................................... 127
3 REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO................................................................................................... 127
3.1 REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO TOTAL E PARCIAL......................................................... 127
4 NOMENCLATURA DOS SAIS......................................................................................................... 129

VIII
5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS SAIS................................................................................ 130
6 SAIS DUPLOS OU MISTOS............................................................................................................. 131
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 132
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 133

TÓPICO 4 – ÓXIDOS............................................................................................................................. 135


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 135
2 DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS ÓXIDOS............................................................................ 135
3 CLASSIFICAÇÃO................................................................................................................................ 136
3.1 ÓXIDOS BÁSICOS.......................................................................................................................... 136
3.1.1 Óxidos ácidos ou anidridos.................................................................................................. 137
3.2 NOMENCLATURA DOS ÓXIDOS.............................................................................................. 137
3.3 ÓXIDOS ANFÓTEROS.................................................................................................................. 138
3.4 ÓXIDOS INDIFERENTES OU NEUTROS.................................................................................. 138
3.5 ÓXIDOS DUPLOS, MISTOS OU SALINOS................................................................................ 139
3.6 PERÓXIDOS.................................................................................................................................... 139
3.7 POLIÓXIDOS OU SUPERÓXIDOS.............................................................................................. 140
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 142

UNIDADE 3 – QUÍMICA ORGÂNICA............................................................................................. 145

TÓPICO 1 – QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO CARBONO............................................ 147


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 147
2 PROPRIEDADES DO CARBONO................................................................................................... 147
3 TIPOS DE LIGAÇÕES........................................................................................................................ 149
4 CLASSIFICAÇÕES DOS CARBONOS........................................................................................... 150
5 FÓRMULAS MOLECULARES E ESTRUTURAIS........................................................................ 152
6 CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS..................................................................... 152
7 NOMENCLATURA DAS CADEIAS CARBÔNICAS.................................................................. 157
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 160
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 163

TÓPICO 2 – PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS............................................ 167


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 167
2 GEOMETRIA E POLARIDADE....................................................................................................... 167
3 FORÇAS INTERMOLECULARES................................................................................................... 168
4 DIPOLO INDUZIDO-DIPOLO INDUZIDO................................................................................. 169
5 DIPOLO PERMANENTE-DIPOLO PERMANENTE................................................................... 170
6 LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO OU PONTES DE HIDROGÊNIO........................................... 171
7 PONTO DE FUSÃO (PF) E PONTO DE EBULIÇÃO (PE)........................................................... 172
8 SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS................................................................. 173
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 177

TÓPICO 3 – FUNÇÕES ORGÂNICAS – OS HIDROCARBONETOS........................................ 179


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 179
2 HIDROCARBONETOS...................................................................................................................... 179
2.1 ALCANOS....................................................................................................................................... 179
2.2 ALCENOS........................................................................................................................................ 180

IX
2.3 ALCADIENOS................................................................................................................................. 180
2.4 ALCINOS......................................................................................................................................... 181
2.5 CICLANOS...................................................................................................................................... 181
2.6 CICLENOS....................................................................................................................................... 182
3 COMPOSTOS AROMÁTICOS........................................................................................................ 182
4 FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS..................................................................................... 184
4.1 ALCOÓIS......................................................................................................................................... 184
4.2 ENÓIS............................................................................................................................................... 187
4.3 ALDEÍDOS....................................................................................................................................... 187
4.4 CETONAS........................................................................................................................................ 189
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 190
4.5 ÉTERES............................................................................................................................................. 191
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 192
4.6 ÉSTERES........................................................................................................................................... 193
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 196
4.7 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS............................................................................................................. 196
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 198
4.8 FENÓIS............................................................................................................................................. 200
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 202
5 FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS............................................................................... 203
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 211
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 214
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 219

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 221

X
UNIDADE 1

ESTRUTURA ATÔMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você estará apto(a) a:

• reconhecer os modelos atômicos, as unidades fundamentais da matéria;

• identificar a organização atual dos elementos químicos periodicamente;

• realizar a configuração eletrônica e identificar o número de elétrons


da camada de valência dos elementos químicos e os quatro números
quânticos;

• compreender a estabilidade química dos elementos através da Regra do


Octeto e suas exceções;

• definir e realizar os três tipos de ligações químicas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontrará
atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.

TÓPICO 1 – MODELOS ATÔMICOS

TÓPICO 2 – TABELA PERIÓDICA

TÓPICO 3 – LIGAÇÕES QUÍMICAS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

MODELOS ATÔMICOS

1 INTRODUÇÃO
A química está presente em todos os momentos de nossas vidas, mesmo
que, muitas vezes, não nos damos conta disso. Nossas roupas, por exemplo,
podem ter origem natural ou artificial, como: lã, algodão, seda, náilon, couro, que
são obtidos através de reações químicas industriais ou de ocorrência natural.

Muitas pessoas fazem mau uso da definição da química, relacionando-a


com produtos tóxicos, carcinogênicos e causadores de vários impactos ambientais.
De certa forma, muitas dessas informações possuem fundamento, porém nem
todas são verdadeiras, afinal, não podemos nos esquecer dos medicamentos, dos
bactericidas, dos alimentos e entre outros, que nos trazem muitos benefícios.

Atualmente, fala-se muito em sustentabilidade e este é um dos desafios da


indústria química. Criar produtos em geral que facilitem e aumentem a qualidade
de vida de forma sustentável, ou seja, que este desenvolvimento se apoie nos três
pilares da sustentabilidade: a preocupação com o meio social, o meio econômico
e o meio ambiente.

Podemos citar o desastre ambiental que ocorreu em 2011, ao norte da capital


de Tóquio, após o terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter, que causou um
tsunami e o vazamento de radiação do Reator Daiichi 1, gerando tremores de um
derretimento nuclear.

Desde os ataques com bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki,


em 1945, que causaram mais de 200 mil mortes, esta foi a primeira vez que o
Japão confrontou uma ameaça significativa de radiação. Autoridades afirmam
que os níveis de radiação em Fukushima estavam elevados antes da explosão.
Num dado momento, a usina liberava a cada hora a quantidade de radiação
que uma pessoa normalmente absorve do ambiente em um ano.

Notícias informaram que os reatores japoneses são melhores protegidos


do que os de Chernobyl, local que ocorreu o pior acidente nuclear civil da
história onde mais de 30 bombeiros foram mortos na explosão, milhares de
pessoas adoeceram e morreram devido à radiação.

3
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

O governo do Japão avisou aos agentes de inspeção nuclear da ONU


(Organização das Nações Unidas) que distribuíram iodo às pessoas que moram
perto das usinas nucleares afetadas pelo terremoto em 11/04/11.

O elemento químico Iodo ajuda na proteção da tireoide, no caso de


exposição radioativa em um acidente nuclear. Após o desastre de Chernobyl,
milhares de casos de câncer de tireoide foram registrados em crianças e
adolescentes, expostas no momento do acidente. Mais casos são esperados.
FONTE: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/887878-acidente-nuclear-no-japao-e-pior-na-
escala-desde-tchernobil.shtml>. Acesso em: 20 jan. 2012.

A química é uma ciência experimental, por isso seu estudo e aplicação


é indispensável para o desenvolvimento científico e tecnológico. A tecnologia,
por exemplo, apresenta os conhecimentos de forma aplicada. Antigamente, o
homem já a aplicava sem ter noção, como: na fabricação de cerveja, vinho e ligas
metálicas. Hoje, a tecnologia é encontrada na produção industrial e, muitas vezes,
sem domínio dos princípios envolvidos.

Desde os primórdios, o homem tentava entender a origem da vida, a


relação entre o homem e o seu meio e as transformações ocorridas na natureza.
Povos da antiguidade criaram mitos e lendas sobre deuses e figuras sobrenaturais.
Com isso, explicavam a origem do mundo, do fogo, da água, dos alimentos etc.

Foi na Grécia, no século V a.C, que surgiram as primeiras tentativas de se


entender os fenômenos da natureza, desvinculadas de forças sobrenaturais ou
religiosas.

Empédocles, um filósofo grego, idealizou a explicação da constituição


da matéria. Para ele a matéria era constituída por quatro elementos primários: o
fogo, o ar, a água e a terra. Tais elementos sofriam constantes mudanças, porém,
eram indestrutíveis.

Em seguida, Aristóteles divulgou sua ideia de que esses quatro elementos


poderiam ser diferenciados através de suas propriedades:

• A terra seria fria e seca.


• A água seria fria e úmida.
• O fogo seria quente e seco.
• O ar seria quente e úmido.

4
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

FIGURA 1 – OS QUATRO ELEMENTOS VITAIS: TERRA, ÁGUA, AR E FOGO

FONTE: <http://www.clubedotaro.com.br/site/n43_4_simb_quatro.asp>.
Acesso em: 18 jan. 2012.

Assim, uma substância poderia ser transformada na outra, apenas


alterando suas propriedades. Ex.: a chuva era resultado do resfriamento do ar
quente e úmido.

No entanto, por volta de 400 a.C., os filósofos Leucipo e Demócrito


divulgaram que a matéria seria formada por pequenas partículas indivisíveis que
seriam: os átomos.

FIGURA 2 – SELO EM HOMENAGEM A DEMÓCRITO

FONTE: <http://oatomodedemocrito.blogspot.com/2010/09/pre-socraticos-democrito.html>.
Acesso em: 2 jan. 2012.

5
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

A alquimia foi muito importante para o desenvolvimento da química.


Os alquimistas criaram equipamentos de laboratório e desenvolveram várias
metodologias para a obtenção de metais, na produção de papiros, sabões e de
funções inorgânicas como: o ácido sulfúrico, o ácido nítrico, o hidróxido de
sódio e o hidróxido de potássio.
FONTE: <www.voni.leao.nom.br/ifro/unidade-1.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2012.

CHYMIA = fundir, moldar. Origem grega.


KHEMEIA = terra ou país. Origem egípcia.

Atualmente, com o avanço da tecnologia, podemos comparar os químicos


com os antigos alquimistas.

QUADRO 1 – TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA EM PRODUTOS

MATÉRIA-PRIMA PRODUTO
Areia Transistores, chips.
Petróleo Plásticos, pesticidas, detergentes etc.
Sal Alvejantes, desinfetantes.
Gás de lixo (metano) Diamantes.

FONTE: Usberco; Salvador (2006)

2 MODELOS ATÔMICOS
Caro acadêmico, como vimos, o interesse pela composição da matéria é
antigo. Foi nos séculos XVIII e XIX, que os cientistas definiram teorias para explicar
a constituição microscópica da matéria. A partir dos estudos das transformações
da matéria conseguiu-se entender, a nível macroscópico, principalmente com o
uso da balança para mensuração das massas.

Com estes estudos, os químicos conseguiram explicar as razões das


combinações entre os elementos químicos na formação de novos compostos.

UNI

Antonie Laurent – Lavoisier (1743 – 1794) é considerado como o fundador da


Química Moderna, pois iniciou trabalhos com o uso da balança em seus estudos científicos.

6
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Esta


famosa frase é uma lei que foi enunciada por Lavoisier em meados de 1775,
definida como a Lei da Conservação das Massas.

Como vimos anteriormente, no século V a.C., Demócrito e Leucipo, ambos
filósofos gregos, acreditavam que a matéria era constituída por pequenas partículas
indivisíveis, os átomos. Porém, em 1808, John Dalton, retornou essa ideia através
de sua teoria atômica, sugerindo que os átomos eram esferas maciças (rígidas) e
indivisíveis. No final do século passado, muitos cientistas desenvolveram vários
experimentos para demonstrar que os átomos são constituídos por partículas ainda
menores, subatômicas. (USBERCO; SALVADOR, 2006).

Modelo é uma forma de se representar a realidade. Neste sentido, muitos


estudiosos resolveram demonstrar a constituição de um átomo. Modelo atômico
é uma representação gráfica que procura explicar, de maneira científica, os
fenômenos relacionados à composição da matéria e suas formas. Um modelo
atômico tem como função explicar a estrutura microscópica da matéria.

2.1 MODELO ATÔMICO DE JOHN DALTON


O cientista inglês John Dalton (1766 – 1844) propôs em meados de 1800,
o modelo conhecido como Teoria Atômica de Dalton:

1 A matéria é constituída por pequenas partículas esféricas maciças e


indivisíveis, denominadas átomos.

2 Elemento químico é a junção de átomos com a mesma massa, tamanho e as


mesmas propriedades.

3 Elementos químicos diferentes possuem propriedades diferentes, tais como


tamanho e massa.

4 A combinação de átomos de elementos diferentes, forma substâncias


diferentes.

5 Durante uma reação química os átomos não são criados, nem destruídos,
são reorganizados, formando novas substâncias.
FONTE: <http://www.alunosonline.com.br/quimica/constituicao-materia.html>. Acesso em: 6
mar. 2012.

John Dalton ficou conhecido como: “O Pai da Teoria Atômica” e o seu


modelo ficou conhecido conforme a figura a seguir:

7
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO MODELO ATÔMICO DE DALTON – “BOLA DE BILHAR”

FONTE: <www.grupoescolar.com/.../modelo_atomico2.GIF>. Acesso em: 20 jan. 2012.

2.2 MODELO ATÔMICO DE JOSEPH JOHN THOMSON


Joseph John Thomson (1856-1940), no final de 1800, conseguiu demonstrar
que o átomo não era divisível, utilizando uma aparelhagem denominada tubo
de raios catódicos. Com base nas evidências deste experimento, Joseph John
Thomson concluiu que:

• Os raios eram partículas (corpúsculos) menores que os átomos.

• Os raios apresentavam carga elétrica negativa, denominados elétrons.

• O átomo era uma esfera maciça, positiva incrustada de elétrons (carga negativa),
de modo que a carga total fosse nula.

Em sua totalidade, o átomo seria eletricamente neutro.

DICAS

Para obter maiores informações sobre o experimento de Joseph John


Thomson com o Tubo de Raios Catódicos, leia o livro indicado a seguir: USBERCO, João;
SALVADOR, Edgar. Química. 5. ed. v. único. São Paulo: Saraiva, 2006.

8
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

O modelo atômico de Joseph John Thomson ficou conhecido conforme a figura


a seguir:

FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DO MODELO ATÔMICO DE THOMSON – “PUDIM DE PASSAS”

FONTE: <fisicacampusararangua.blogspot.com/2010/04/mo...>. Acesso em: 20 jan. 2012.

2.3 MODELO ATÔMICO DE ERNEST RUTHERFORD


Ernest Rutherford (1871 – 1937) em 1904, ao realizar um experimento
com gás hidrogênio (H2) detectou a presença de partículas com cargas elétricas
positivas ainda menores, as quais ele denominou prótons (p).

A massa de um próton é aproximadamente 1836 vezes maior que a de um


elétron. Em 1911, Ernest Rutherford contribui para um significativo avanço na
estrutura do átomo.

Ele propôs que o átomo seria constituído no centro, por um núcleo positivo
que continha a massa e os nêutrons do átomo. A região fora do núcleo, chamada
de eletrosfera, deveria ser ocupada pelos elétrons de carga negativa, orbitando ao
redor do núcleo.

Os nêutrons (n) foram descobertos em 1932 por Chadwick, durante suas


experiências radioativas. Essas partículas apresentam massa próxima à dos
prótons, porém são nulas, ou seja, não apresentam carga elétrica.

Este modelo lembrava um sistema solar, conhecido como modelo


planetário, representado na figura a seguir.

9
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 5 – MODELO PLANETÁRIO

FONTE: <www.racionalismo-cristao.org.br/gazeta/divers...>. Acesso em: 5 mar. 2012.

DICAS

Saiba mais sobre a experiência de Ernest Rutherford utilizando material


radioativo e uma finíssima lâmina de ouro para verificar se os átomos eram maciços. Leia
o livro indicado a seguir: REIS, Martha. Completamente Química: Química Geral. São Paulo:
FDT, 2001.

2.4 MODELO ATÔMICO DE NIELS BOHR – TEORIA


ATÔMICA ATUAL

Após Ernest Rutherford, muitos cientistas aproveitaram os conhecimentos


já adquiridos e progrediram, focando seus estudos na distribuição dos elétrons na
eletrosfera. Robert Bunsen, por volta de 1855, verificou que alguns metais como
sódio, cobre, potássio etc., emitiam luz colorida diferente quando aquecidos em
chama.

Veja o exemplo no quadro a seguir:

QUADRO 2 – EXEMPLOS DE EMISSÃO DE LUZ COLORIDA


ELEMENTO Na (sódio) Sr (estrôncio) K (potássio) Pb (chumbo)
COLORAÇÃO
amarelo aranja violeta azul
DA CHAMA

FONTE: A autora

10
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

FIGURA 6 – EMISSÃO DE LUZES COLORIDAS

FONTE: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bico_de_Bunsen>. Acesso em: 20 jan. 2012.

As cores vibrantes dos fogos de artifício, também chamados de foguetes


pirotécnicos, são produzidas através de diversos elementos químicos.

Em homenagem a Robert Bunsen, o equipamento utilizado em laboratório


químico para emitir chama recebeu o nome: Bico de Bunsen, conforme a figura
a seguir.

FIGURA 7 – BICO DE BUNSEN

FONTE: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/combustao-bico-bunsen.htm>.
Acesso em: 25 jan. 2012.

11
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Niels Bohr (1885 – 1962) desenvolveu um modelo atômico partindo dos


seguintes postulados:

1 Os elétrons movimentam-se em órbitas circulares ao redor do núcleo do átomo.

2 Cada órbita possui energia constante, estacionária. Os elétrons que estiverem


nas órbitas mais afastadas do núcleo serão mais energéticos.

3 Absorvendo certa quantidade de energia o elétron salta para uma órbita mais
energética. Voltando à sua órbita original, perde a mesma quantidade de
energia, na forma de luz (ondas eletromagnéticas).

4 O núcleo é positivo e as órbitas são regiões específicas disponíveis para


acomodar os elétrons, de carga negativa, as chamadas camadas eletrônicas ou
níveis de energia.

5 Cada camada eletrônica ou nível de energia foi representado por uma letra: K,
L, M, N, O, P e Q, recebendo um número quântico principal (n): 1, 2, 3, 4, 5, 6
e 7, respectivamente.

Cada camada eletrônica ou nível de energia comporta um número máximo


de elétrons, conforme a figura a seguir:

FIGURA 8 – ESQUEMA FIGURATIVO DO ÁTOMO DE BOHR

FONTE: <http://aprendendoquimicaonline.blogspot.com/2011/03/o-estudo-do-atomo.html>.
Acesso em: 20 jan. 2012.

Obs.: A camada eletrônica ou nível de energia mais afastada do núcleo é a


mais energética e recebe o nome de Camada de Valência.

12
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

3 MATÉRIA
A Química é a ciência que estuda a composição, as interações e as
transformações da matéria. A composição química de um material se refere aos
elementos químicos que nele estão presentes, ou seja, que o constituem.

A matéria é definida como tudo que possui massa, volume e ocupa lugar
no espaço. Se olharmos ao nosso redor perceberemos que estamos cercados de
matéria, como: árvores, carros, ar, alimentos, água etc. No entanto, devemos
ter o cuidado para não confundir energia com matéria. Energia não pode ser
considerada como matéria, pois não ocupa lugar no espaço. Existem vários tipos
de energia, como: solar, elétrica, cinética, sonora, mecânica etc., sendo assim,
energia é uma transformação, realização de trabalho.

A impenetrabilidade é uma propriedade da matéria, onde dois corpos


não podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar. Desta forma, confirma-
se a exclusão de energia como matéria, afinal a luz solar é capaz de atravessar
os vidros de portas e janelas. A energia térmica é capaz de penetrar e aquecer
utensílios metálicos, entre outros.

Toda matéria é formada por átomos, estes que são definidos como as
menores partículas que constituem a matéria. Ao se definir a composição de um
material ou substâncias, consegue-se identificar quais ou átomos que a formam,
ou seja, quais os elementos químicos que estão presentes.

Exemplo: a água do mar é composta, principalmente por sais, como:


cloreto de sódio (NaCl), gases dissolvidos como o nitrogênio (N2), oxigênio (O2)
e dióxido de carbono (CO2), macronutrientes como fósforo (P) e enxofre (S), íons
de magnésio (Mg+2), potássio (K+1), cálcio (Ca+2) e sulfato (SO4)-2.

3.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DA MATÉRIA


Em nosso cotidiano, podemos perceber a presença de vários materiais
nos três estados físicos da matéria: SÓLIDO, LÍQUIDO OU GASOSO. Nos três
estados físicos, cada substância possui uma identidade específica que é apontada
pelas suas propriedades físico-químicas.

Em relação às propriedades físicas, podemos citar alguns exemplos,


além dos estados sólido, líquido e gasoso que podem ser modificados através da
variação de:

- temperatura;

- a densidade que é a relação entre a massa e o volume da substância;

- a ductibilidade que é a capacidade de formar fios, a maleabilidade que é a

13
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

capacidade de formar lâminas, (ductibilidade e maleabilidade são propriedades


reconhecidas na maioria dos metais);

- pontos de fusão, pontos de ebulição e a viscosidade que está relacionada com


o escoamento das substâncias.

• Ponto de fusão (PF): é a temperatura na qual um material passa do estado


sólido para o estado líquido. Este processo é chamado de fusão.

• Ponto de ebulição (PE): é a temperatura na qual um material passa do estado


líquido para o estado gasoso. Este processo é chamado de ebulição.

ATENCAO

Caro acadêmico, a densidade é uma propriedade física das substâncias, onde


massa e volume são inversamente proporcionais. Exemplo: uma tonelada de pena tem um
volume muito superior a uma tonelada de chumbo, porém a pena tem densidade inferior a
do chumbo. Logo, quanto maior o volume, menor a densidade.

Com relação às propriedades químicas, podemos citar:

• a polaridade que explica a solubilidade das substâncias umas com as outras;

• a reatividade química;

• a acidez e a basicidade as quais são definidas pelo pH (potencial hidrogeniônico);

• o caráter eletrolítico ou não eletrolítico;

• os compostos inorgânicos (reino mineral);

• os compostos orgânicos (compostos do elemento carbono);


a capacidade oxidante e redutora.

14
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

NOTA

Substâncias iônicas quando dissolvidas em água são ótimas condutoras


de eletricidade, por isso, são chamadas de eletrolíticas. Já as substâncias covalentes ou
moleculares não são boas condutoras de eletricidade, portanto são chamadas de não
eletrolíticas.

Portanto, a matéria é dividida em substâncias e misturas. Segue no quadro


as subdivisões das mesmas.

QUADRO 3 – SUBSTÂNCIAS E MISTURAS

É formada por um mesmo


SUBSTÂNCIA ELEMENTAR EX: He, Al, Fe etc.
elemento químico.
Não pode ser separada,
SUBSTÂNCIA PURA pois apresenta composição EX: H2O, O2, CO2 etc.
constante.
É formada por átomos do
SUBSTÂNCIA SIMPLES EX: O3, N2, Cl2 etc.
mesmo elemento químico.
É formada por átomos de
SUBSTÂNCIA COMPOSTA EX: Ca(OH)2, SO3, Al2(SO4)3 etc.
elementos químicos diferentes.
É a junção de duas ou mais
substâncias, simples ou
EX: H2O + NaCl, H2O + CO2,
MISTURA compostas. Podem ser
O2 + N2 etc.
classificadas como misturas
homogêneas ou heterogêneas.
Apresenta apenas uma fase, um EX: H2O + açúcar, Misturas de
HOMOGÊNEA
aspecto visual. gases, ligas metálicas etc.
Apresenta duas ou mais fases, EX: H2O + óleo, EX: H2O + pedra
HETEROGÊNEA
dois ou mais aspectos visuais. + CO2 etc.

FONTE: A autora

UNI

Caro acadêmico, quando falamos em sistemas homogêneos ou monofásicos


estamos nos relacionando a apenas um aspecto visual, uma fase líquida, oleosa, sólida
ou gasosa, separadamente. Já os sistemas heterogêneos podem ser bifásicos, trifásicos,
tetrafásicos etc. e apresentam duas ou mais fases: líquida, sólida, oleosa ou gasosa ao mesmo
tempo.

15
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 9 – SISTEMAS HOMOGÊNEOS

FONTE: <http://sardinhablog.blogspot.com/2008/11/solues-de-qumica.html>. Acesso em: 28


jan. 2012.

Para finalizar este conteúdo veremos: As Partículas Fundamentais da


Matéria: prótons, elétrons e nêutrons.

• Prótons: são partículas positivas representadas por: p+

• Elétrons: são partículas negativas representadas por: e-

• Nêutrons: são partículas neutras, ou seja, não apresentam carga positiva ou


negativa e são representadas por: n.

3.2 ELEMENTO QUÍMICO


A junção de vários átomos iguais, ou seja, que apresentam o mesmo
número atômico (Z) é chamado de: elemento químico.

O número atômico (Z) é a característica mais importante de um elemento


químico, pois ele indica o número de prótons (p) e o número de elétrons (e-) do
elemento.

Logo, em um elemento químico: Z = p = e-

Traduzindo, número atômico é igual ao número de prótons e número de


elétrons.

Todo elemento químico é representado por um símbolo, seguindo a


padronização da IUPAC (UNIÃO INTERNACIONAL DE QUÍMICA PURA E
APLICADA), onde a primeira letra do elemento químico deve ser maiúscula

16
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

e a segunda letra, se houver, deve ser minúscula. Em relação à nomenclatura


dos elementos químicos, esta origina do latim. Veja no quadro a seguir, alguns
exemplos:

QUADRO 4 – ELEMENTO QUÍMICO: SÍMBOLOS E NOMENCLATURAS

NOMENCLATURA
ELEMENTO SÍMBOLO
(LATIM)
Antimônio Sb Stibium
Chumbo Pb Plumbum
Cobre Cu Cuprum
Enxofre S Sulfur
Escândio Sc Scandium
Estanho Sn Stannum
Estrôncio Sr Strontium
Fósforo P Phosphorus
Itérbio Yb Ytterbium
Ítrio Y Yttrium
Mercúrio Hg Hydrargyrus
Ouro Au Aurum
Potássio K Kalium
Prata Ag Argentum
Sódio Na Natrium
Tungstênio W Wolfram

FONTE: A autora

Todo elemento apresenta um número atômico (Z), um número de massa


atômica (A) e um número de nêutrons (n). Para verificar estas informações,
basta consultar uma Tabela Periódica, contudo o número de nêutrons deve ser
calculado através da fórmula a seguir:

n=A–Z

Lembrando:

n = número de nêutrons
A = número de massa atômica
Z = número atômico

Exemplo: 17 Cl 35,5 n = A – Z ------ n = 35,5 – 17 ------ n = 18,5


Assim, o valor de massa atômica é a soma do número atômico com o
número de nêutrons.

A=Z+n

17
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

UNI

Caro acadêmico, repare em sua Tabela Periódica que o valor da massa atômica
sempre será maior que o valor do número atômico e por convenção é colocada sobre o
elemento químico e o número atômico é colocado sob o elemento químico, conforme o
exemplo anterior do elemento cloro (Cl).

ALOTROPIA

É a capacidade apresentada por um mesmo elemento químico em formar


duas ou mais substâncias simples diferentes, que são chamadas de variedades
alotrópicas do elemento. Essas variedades alotrópicas podem ser diferenciadas pela
atomicidade e/ou estrutura. Veja no quadro a seguir, alguns exemplos de alótropos
(átomos que apresentam variedades alotrópicas) encontrados na natureza.

QUADRO 5 – EXEMPLOS DE ALÓTROPOS (ÁTOMOS QUE APRESENTAM VARIEDADES


ALOTRÓPICAS) ENCONTRADOS NA NATUREZA

Elemento Formas Alotrópicas Características


- Conduz corrente elétrica;
Grafite (Cn)
- ponto de fusão de 3000ᵒC.
- Estrutura Rígida;
Carbono
Diamante (Cn) - não conduz corrente elétrica;
- transforma-se em grafite a 1900ᵒC.
Fulereno (C60) - Substância Sintética.
Oxigênio (O2) - Inodoro, incolor, substância vital.

Oxigênio - Tem cheiro característico e é levemente azulado. É


Ozônio (O3) o gás formador da estratosfera e impede que os raios
ultravioleta atinjam a superfície terrestre.
- Mais estável a temperatura ambiente, transforma-se na
Rômbico (S8)
monoclínica acima de 95,6ᵒC.
Enxofre - Funde-se reversivelmente a 119ᵒC, porém o aquecimento
Monoclínico (S8) progressivo conduz a formação de um líquido viscoso,
contendo longas cadeias de enxofre.
- É mais estável, menos volátil e tóxico que o branco e, é
Vermelho (Pn)
usado para fabricação de palitos de fósforo.
- Extremamente tóxico e inflamável, é encontrado sob duas
Fósforo formas, alfa e beta, com uma temperatura de transição de
-3,8ᵒC. Exposto a luz solar ou calor (300ᵒC), se transforma
Branco (P4)
em fósforo vermelho com despreendimento de calor.
- Tem aplicações militares em bombas incendiárias e
bombas de efeito moral.

FONTE: <http://www.gsmfans.com.br/index.php?topic=79513.0>. Acesso em: 28 jan. 2012.

18
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

DICAS

Para saber mais sobre as variedades alotrópicas, leia o livro indicado a seguir.
CANTO, E.L do; PERUZZO, T. Química na abordagem do cotidiano. 3. ed. São Paulo: Moderna,
2007.

3.2.1 Íons
Os elementos químicos apresentam a tendência de perder ou ganhar
elétrons para se estabilizar quimicamente, ou seja, alcançar os oito elétrons na
camada de valência, tal estabilidade é explicada pela regra do octeto. Quando
um elemento químico perde ou ganha elétrons ele se torna uma espécie química
carregada eletricamente chamada de íon.

REGRA DO OCTETO: os gases nobres, elementos da Família 8A ou


grupo zero da Tabela Periódica, são elementos estáveis, pois já apresentam a
camada de valência completa com oito elétrons, com exceção do gás hélio que é
estável com dois elétrons na camada de valência, que é explicado pela regra do
dueto. Por este motivo, os gases nobres não perdem ou ganham elétrons.

Os íons são espécies químicas carregadas eletricamente. Íons carregados


com carga positiva são chamados de cátions e íons carregados com carga negativa
são chamados de ânions.

• CÁTIONS: são íons que doam (perdem) elétrons, desta forma adquirem carga
positiva.

Exemplo: Na+1, Ca+2, Al+3 etc.

• ÂNIONS: são íons que ganham (recebem) elétrons, desta forma adquirem
carga negativa.

Exemplo: N-3, O-2, F-1 etc.

Exercício resolvido 1:

Um átomo de cloro (Cl) apresenta número atômico (Z) igual a 17 e número


de massa atômica (A) igual a 35,5.

Determine o número de prótons, nêutrons e elétrons que constituem esse


átomo.

19
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Resolução:

Sabendo que para um átomo neutro (elemento químico) o número atômico


(Z) é igual ao número de prótons e ao número de elétrons, temos:

Z = 17 ⇒ p = 17 e e- = 17

O número de massa atômica (A) é dado pela soma do número atômico e


número de nêutrons:

A=Z+n
Logo: 35,5 = 17 + n ⇒ n = 18,5

Exercício resolvido 2:

Certo cátion trivalente (+3) contém 10 elétrons e 14 nêutrons. Determine o


seu número atômico e o seu número de massa atômica.

Resolução:
O cátion trivalente pode ser representado por X3+, que contém: ⇒ 10
elétrons e 14 nêutrons, logo, por ser um cátion trivalente significa que ele doou
três elétrons e assim o seu número atômico (Z) é igual a treze.

13
X3+ ⇒ 13 – 3 = 10.

Lembre-se: a perda ou ganho de elétrons ocorre sempre no número


atômico da espécie química.

Como a massa atômica A = Z + n:

A = 13 + 14 = 27

4 SEMELHANÇAS ATÔMICAS
No início do século XX, experiências realizadas por Soddy e outros
cientistas com elementos radioativos mostraram evidências de que um
elemento químico pode ser constituído por uma mistura de vários átomos
com o mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa. Esses
átomos foram chamados por Soddy de isótopos. A diferença no número de
massa é produzida pelas diferentes quantidades de nêutrons existentes em
cada isótopo. (USBERCO; SALVADOR, 1999).
FONTE: <bento.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/2009558290143tcc_bruna.pdf>. Acesso em: 8
mar. 2012.

20
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

Outros átomos com semelhanças atômicas também são estudados como


os: isóbaros, isótonos e isoeletrônicos.

NOTA

Radioisótopo é um isótopo que emite radiação. Os radioisótopos podem ser


aplicados na medicina no diagnóstico de muitas doenças e problemas fisiológicos, permitindo
sua identificação para um futuro tratamento.

Confira, no quadro a seguir, alguns exemplos.

QUADRO 6 – APLICAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS NA MEDICINA

RADIOISÓTOPOS APLICAÇÃO
F (Flúor)
18
Mapeamento ósseo.
Tc (Tecnécio)
99
Mapeamento do coração, fígado,
rins, cérebro.
I131 (Iodo) Mapeamento da tireoide.
Cr (Cromo)
51
Mapeamento das hemácias.

FONTE: A autora

4.1 ISÓTOPOS
São átomos de um mesmo elemento químico que apresentam o mesmo
número atômico (Z) e diferentes números de massa de massa atômica (A).

O magnésio, por exemplo, é um elemento químico que ocorre na natureza


na forma de três isótopos.

12Mg24 12Mg25 12 Mg26

Note que os três isótopos apresentam número atômico igual a doze, ou


seja, apresentam doze prótons e doze elétrons, porém, os números de massas
atômicas são diferentes. Assim, como o número de nêutrons difere para os três,
sendo: n = A –Z

12 Mg24 24 – 12 = 12 nêutrons
12Mg 25 – 12 = 13 nêutrons
25

12 Mg26
26 – 12 = 14 nêutrons

21
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

A maioria dos elementos químicos é encontrada na natureza na forma de


mistura isotópica, ou seja, com um ou mais isótopos. Os isótopos apresentam-se
em porcentagens diferentes, os mais estáveis são aqueles que ocorrem com maior
frequência, que é representada por porcentagem.

Por exemplo, o hidrogênio, é o único elemento químico que os seus


isótopos apresentam nomes diferentes. Confira no quadro a seguir.

QUADRO 7 – ISÓTOPOS DO HIDROGÊNIO

OCORRÊNCIA
ISÓTOPO NOMENCLATURA
(aproximada)

1
H1 Prótio, hidrogênio comum, leve. 99,985%

1
H2 Deutério. 0,015%

1
H3 Trítio, Tricédio, Tritério. 10-7%

FONTE: A autora

OBS.: O 1H3 (Trítio) é um radioisótopo.

UNI

Na Tabela Periódica, você encontrará os números atômicos e de massa dos


elementos químicos. O valor da massa é determinado através da média ponderada das
massas atômicas dos isótopos dos elementos químicos.

4.2 ISÓBAROS
São átomos que apresentam o mesmo número de massa atômica (A) e
diferente número atômico (Z), logo, pertencem a elementos químicos diferentes.
Na Tabela Periódica, encontram-se vários elementos químicos com o mesmo
valor de massa atômica.

Exemplo: 18 Ar40 (Argônio) e 20 Ca40 (Cálcio)

Note que os dois isóbaros apresentam número de massa atômica igual a


quarenta, porém, os números atômicos, 18 e 20, respectivamente, são diferentes,
assim como os números de nêutrons, sendo: n = A –Z

18
Ar40 40 -18 = 22 nêutrons
20
Ca40 40 - 20 = 20 nêutrons
22
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

4.3 ISÓTONOS
São átomos de diferentes elementos químicos com números atômicos (Z)
e números de massas atômicas (A) diferentes, porém, com mesmo número de
nêutrons, sendo: n = A –Z

Exemplo: 7N14 14 – 7 = 7 nêutrons


6
C13 13 – 6 = 7 nêutrons

4.4 ISOELETRÔNICOS
São espécies químicas diferentes que apresentam o mesmo número de
elétrons. Tais espécies englobam os íons, cátions e ânions, e os elementos químicos.

Ex: 13 Al+3 -> Z = 13, como é um cátion trivalente (+3) perde três elétrons e
finaliza com 10 elétrons.

O-2 -> Z = 8, como é um ânion bivalente (-2) ganha dois elétrons e finaliza
8
com 10 elétrons.

Portanto, o Al+3 e o O-2 são isoeletrônicos, pois no final apresentam o


mesmo número de elétrons. Lembre-se de que a perda ou ganho de elétrons
sempre ocorre com número atômico (Z) da espécie química.

Veja outro exemplo:

20
Ca+2 -> Z = 20, como é um cátion bivalente (+2) perde dois elétrons e
finaliza com 18 elétrons.

17
Cl-1 -> Z = 17, como é um ânion monovalente (-1) ganha um elétron e
finaliza com 18 elétrons.

Logo, o Ca+2 e o Cl-1 são isoeletrônicos, pois no final apresentam o mesmo


número de elétrons, que neste caso é igual a 18.

Exercício Resolvido 1:

São dados três átomos A, B e C. Sabe-se que:

• A tem 21 prótons, B tem número de massa 43 e C tem número atômico 22.

• A e B são isótopos, B e C são isóbaros e A e C são isótonos.

Qual é o número de massa do átomo A?

23
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Resolução:

21
Ax y
B43 22
Cz

A e B são isótopos ⇒ y = 21
B e C são isóbaros ⇒ z = 43

A e C são isótonos, então:


x – 21 = z – 22
x – 21 = 43 - 22
x – 21 = 21
x = 42

O número de massa de A é 42.


FONTE: Sardella; Falcone ( 2004, p. 75)

Exercício Resolvido 2:

Considere as representações:

3x + 32
R11x + 15 5x – 8
S12x – 2 4x + 10
T10x + 35

Sabendo que R e S são isótopos, determine os números atômicos (Z) e os


números de massa (A) de R, S e T.

Resolução:

Como sabemos que R e S são isótopos, temos:

3x + 32 = 5x – 8
40 = 2x
20 = x
Substituindo o x nas representações, teremos:

92
R235 S238
92 90
T 235

24
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

DICAS

Caro acadêmico, é de grande valia que você aprimore seus conhecimentos e


contextualize com o seu cotidiano. Sugerimos que você acesse as trilhas de aprendizagem
no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) em nosso site: <www.nead.com.br>, lá você
encontrará vários materiais como fóruns, enquetes, objetos de aprendizagem etc., que
servirão de suporte para complementar o seu aprendizado.

5 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS


Linus Carl Pauling é reconhecido como um dos principais químicos
do século XX. Estudou química quântica e bioquímica e também é reconhecido
como cristalógrafo, biólogo molecular e pesquisador médico. Iniciou a
aplicação da Mecânica Quântica em Química e, em 1954, foi galardoado com
o prêmio Nobel de Química pelo seu trabalho relativo à natureza das ligações
químicas.

Linus Carl Pauling é referenciado devido à sua intervenção e perícia em


campos diversos como a Química Inorgânica, Química Orgânica, Metalurgia,
Imunologia, Anestesiologia, Psicologia e Radioatividade.

Recebeu o prêmio Nobel da Paz de 1962, pelo seu movimento


contra os testes nucleares e é o único a ter recebido dois Prêmios Nobel não
compartilhados. Após sua carreira científica, advogou o uso em maiores
concentrações, na alimentação, de vitamina C e outros nutrientes. Ampliou
seus estudos nesta área com objetivo a definir Medicina Ortomolecular, que
ainda é vista como método não ortodoxo pela Medicina convencional.
FONTE: Adaptado de: <http://www.fnquimica.net/t33-biografias-linus-pauling>. Acesso em: 8
mar. 2012.

25
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 10 – LINUS PAULING (1901 – 1994

FONTE: <http://polisoquimica.blogspot.com/2010/11/linus-pauling.html>. Acesso em: 23 fev.


2012.

5.1 DIAGRAMA DE LINUS PAULING


Linus Pauling desenvolveu um diagrama para o preenchimento da
elestrosfera pelos elétrons de um átomo em ordem crescente de energia, em níveis
e em subníveis de energia.

Cada camada eletrônica ou nível de energia apresenta um número


quântico principal (n), que é o valor numérico que se localiza antes do subnível
de energia. Confira no quadro a seguir.

QUADRO 8 – NÚMEROS QUÂNTICOS PRINCIPAIS

Camadas eletrônicas ou Níveis de energia K L M N O P Q


Número Quântico Principal (n) 1 2 3 4 5 6 7

FONTE: A autora

Exemplo: 1s2  1 = número quântico principal = camada eletrônica ou nível de


energia = K
s = subnível.

As camadas eletrônicas ou níveis de energia (K, L, M, N, O, P e Q) são


subdivididas em quatro subníveis de energia, s, p, d e f. Cada subnível de energia
comporta um número máximo de elétrons, que é representado sobre o subnível
de energia. Confira na figura a seguir o Diagrama de Linus Pauling.

26
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

FIGURA 11 – DIAGRAMA DE LINUS PAULING

K = 1s2

L = 2 s2 2P6

M = 3 s2 3 P6 3d10

N = 4 s2 4 P6 4 d10 4f14

O = 5 s2 5 P6 5 d10 5 f14

P = 6 s2 6 P6 6 d10

Q = 7 s2 7 P6 kbjr

FONTE: <http://elixirforexistence.blogspot.com/2009/06/diagrama-de-linus-pauling.html>.
Acesso em: 24 fev. 2012.

UNI

Caro acadêmico, caso seja necessário volte ao assunto sobre o modelo atômico
de Niels Bohr para relembrar as camadas ou níveis de energia.

Para realizar uma distribuição eletrônica deve-se usar o número atômico


(Z) do átomo e respeitar a ordem do diagrama de Linus Pauling. Para isso, basta
seguir as setas de cima para baixo na diagonal. A soma dos elétrons dos subníveis
deve ser igual ao valor do número atômico do átomo. No final, deve-se indicar a
Camada de Valência, ou seja, a camada ou nível com o maior número quântico
principal. Veja o exemplo a seguir:

Exemplo: Ba56 - 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2

Neste caso, a Camada de Valência é 6s2, pois apresenta o maior número


quântico principal, que neste caso é 6, assim:

6s2  6 = número quântico principal = camada ou nível P


s = subnível

27
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

5.2 NÚMEROS QUÂNTICOS


Foi a partir dos NÚMEROS QUÂNTICOS que se conseguiu definir de
forma excelente a localização dos átomos na eletrosfera. São quatro os números
quânticos:

- o Número Quântico Principal (n);

- o Número Quântico Secundário (ℓ) (ou azimutal);

- o Número Quântico Magnético (ml) e;

- o Número Quântico Spin (ms ou s).

5.2.1 Número quântico principal (n)


Como já vimos, o número quântico principal indica a camada eletrônica
ou nível de energia. Esse número indica a distância do elétron em relação ao
núcleo, caracteriza a energia do elétron e nos informa o seu nível energético,
lembrando que o número quântico principal assume valores de 1 a 7 e que quanto
mais afastada do núcleo mais energética é a camada. Veja no quadro a seguir.

Segundo o modelo atômico de Sommerfeld, uma mesma camada


eletrônica era composta por orbitais de diferentes excentricidades, isso nos faz
deduzir que numa mesma camada eletrônica ou nível de energia pode existir
mais de um elétron.

O número máximo de elétrons que uma camada comporta é calculado


pela equação de Rydberg (cientista sueco Johannes Robert Rydberg). Onde n é o
número quântico principal.

Número máximo de elétrons na camada = 2 n2

Confira no Quadro 9, o número máximo de elétrons em cada camada


eletrônica ou nível de energia.

QUADRO 9 – NÚMERO MÁXIMO DE ELÉTRONS EM CADA CAMADA ELETRÔNICA


OU NÍVEL DE ENERGIA

Camada eletrônica ou Nível de energia. K L M N O P Q


Número quântico Principal (n). 1 2 3 4 5 6 7
Número máximo de elétrons nas camadas
2 8 18 32 32 18 8
eletrônicas ou níveis de energia.

FONTE: A autora

28
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

UNI

Na prática, só se utiliza a equação de Rydberg, até a quarta camada eletrônica,


“N”, que apresenta o número quântico, n= 4. A partir da quinta camada eletrônica, “O”, o
número máximo de elétrons não corresponde ao que se verifica na teoria.

5.2.2 Número quântico secundário (ℓ) ou azimutal


Conforme estudamos anteriormente, cada camada eletrônica ou nível
de energia é subdividida em subníveis de energia, s, p, d e f, e cada subnível é
representado por um número quântico secundário (ℓ), 0, 1, 2 e 3 respectivamente.

Logo, cada subnível de energia recebe um número quântico secundário


(ℓ) e ainda, comporta um número máximo de elétrons.

QUADRO 10 – NÚMERO QUÂNTICO SECUNDÁRIO E NÚMERO MÁXIMO DE ELÉTRONS NOS


SUBNÍVEIS DE ENERGIA

Subníveis s P d F
N° Máx. de elétrons 2 elétrons 6 elétrons 10 elétrons 14 elétrons
N° quântico secundário 0 1 2 3

FONTE: A autora

5.2.2.1 Orbitais atômicos


Orbital atômico é o local mais provável de se encontrar os elétrons de um
átomo. O orbital atômico é representado por um “quadradinho”.

Cada subnível de energia possui um número de orbital, que será sempre


a metade do número de elétrons que o subnível comporta. Cada orbital possui
um número quântico magnético (ml) que se encontra abaixo do mesmo. Veja na
figura a seguir, a quantidade de orbitais que cada subnível de energia comporta
e a representação dos orbitais (“quadradinhos”).

29
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 12 – QUANTIDADE E REPRESENTAÇÃO DE ORBITAIS

subnível s: 1 orbital.
subnível p: 3 orbitais.
subnível d: 5 orbitais.
subnível f: 7 orbitais.
FONTE: <professorandrebarbosa.blogspot.com/2011/03/cp...>. Acesso em: 22 fev. 2012.

5.2.2.2 Número quântico magnético (mℓ)


O número quântico magnético está relacionado com a região de maior
probabilidade de se encontrar um elétron, chamada de orbital. Como cada orbital
comporta no máximo dois elétrons, estes são associados aos subníveis de energia,
e devido a isso, apresentam valores variados, -mℓ, à esquerda do zero e +mℓ, à
direita do zero. Cada subnível de energia pode apresentar um ou mais orbitais.

5.2.2.3 Número quântico de Spin (ms)


O número quântico de spin indica a rotação do elétron dentro do orbital.
Esse número quântico diferencia os elétrons de um mesmo orbital. Conforme o
princípio de exclusão de Pauling, cada orbital comporta no máximo dois elétrons
de rotações contrárias. Os elétrons são representados por Spins (setas).

Note na figura 13, que o orbital do subnível s, está preenchido com dois
elétrons, representados pelos spins.

Obs.: Tanto o número quântico magnético quanto o número de spin, são


definidos através do elétron de diferenciação ou diferenciador, que é o último
elétron (spin) distribuído nos orbitais.

FIGURA 13 – SUBNÍVEIS DE ENERGIA E SEUS ORBITAIS ATÔMICOS

sub-nível orbitais

s spins

FONTE: <www.escolainterativa.com.br/.../img/quim01.jpg>. Acesso em: 23 fev. 2012.

30
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

Número quântico de spin (ms): para cima ↑ = +1/2

Número quântico de spin (ms) para baixo ↓ = -1/2

• Regra de Hund: os orbitais devem ser preenchidos primeiramente com todos os


spins para cima e depois se necessário para baixo. Confira na figura a seguir que
o elétron de diferenciação ou diferenciador se encontra no primeiro orbital, que
foi o último elétron (spin) distribuído.

FIGURA 14 – PREENCHIMENTOS DOS ORBITAIS ATRAVÉS DOS SPINS

FONTE: <img193.imageshack.us/img193/2124/figura.png>. Acesso em: 25 fev. 2012.

UNI

Caro acadêmico, os orbitais completos com dois elétrons são chamados de


emparelhados ou completos, com um elétron é chamado de desemparelhado ou incompleto
e sem elétron, vazio.

Para se definir os quatros números quânticos deve-se utilizar o subnível


mais energético que se encontra no final da distribuição eletrônica. São eles:
número quântico principal (n), número quântico secundário (ℓ) ou azimutal,
número quântico magnético e número quântico de spin (ms).

A figura a seguir demonstra a configuração completa dos quatro números


quânticos que acabamos de estudar.

31
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 15 – NÚMEROS QUÂNTICOS

NÚMEROS QUÂNTICOS
Nível Principal (n) n = 1,2,3,4,5,6,7
Subnível Secundário (ℓ) ℓ=0→s ℓ=1→p ℓ=2→d ℓ=3→f

Orbital Magnético (m ou mℓ) □ □□□ □□□□□ □□□□□□□


m= 0 -1 0 +1 -2 -1 0 +1 +2 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3
1 1
Rotação do e- Spin (s ou ms) +
2 2
FONTE: <pessoal.educacional.com.br/up/50280001/.../EstruturaAtomica(1).ppt>. Acesso em: 23
fev. 2012.

32
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

ENERGIA NUCLEAR: PERIGO PARA O AMBIENTE OU SOLUÇÃO


PARA O AQUECIMENTO GLOBAL?

Cláudio J. A. Mota, Nilton Rosenbach Jr., Bianca Peres Pinto

A estrutura atômica se assemelha ao sistema solar, onde temos o Sol, o


maior astro do sistema, e os planetas girando ao seu redor. O átomo é formado
por um núcleo, que concentra praticamente toda a sua massa, e elétrons que
orbitam ao seu redor. Grande parte da Química não envolve o núcleo atômico,
mas apenas os elétrons, responsáveis pelas ligações entre os átomos. O núcleo
é composto por partículas subatômicas (Figura 47). O número de prótons
caracteriza um determinado elemento químico. Por exemplo, o hidrogênio (H)
possui apenas um próton e é o elemento mais simples da natureza. Já o carbono
(C) se caracteriza por possuir seis prótons e o oxigênio (O), oito.

FIGURA 47 – ESTRUTURA DO NÚCLEO ATÔMICO COM PRÓTONS E NÊUTRONS

A massa do átomo é função do número de prótons e de nêutrons no


núcleo. Um elemento químico como o urânio (U) pode ter número diferente de
nêutrons no seu núcleo. É o que chamamos de isótopos. Por exemplo, hoje em dia
é comum a datação de fósseis e objetos antigos com a técnica do carbono 14. A
idade de muitas múmias do antigo Egito, assim como de fósseis de dinossauros,
pode ser determinada com boa exatidão por esta técnica. Mas o que é carbono
14 e como ele está ligado à energia nuclear? O átomo de carbono pode existir na
natureza com diferentes composições do seu núcleo.

A forma mais abundante, o carbono 12 (12C) possui 6 prótons e 6 nêutrons.


Entretanto, é possível haver átomos de carbono com 5, 7 e até 8 nêutrons,
chamados isótopos. O número de prótons não muda, pois ele caracteriza o
elemento químico, mas o número de nêutrons pode variar. O átomo de carbono
que possui 6 prótons e 8 nêutrons é o carbono 14 (14C) e é instável. Um nêutron
do núcleo atômico se transforma em um próton, formando o átomo de nitrogênio,
33
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

liberando radiação. Isto mesmo, o carbono 14 é um isótopo radiativo do carbono


e sua decomposição ocorre num ritmo bem conhecido. Assim, a determinação da
quantidade de carbono 14 em um fóssil permite estabelecer sua idade.

As reações nucleares foram importantes no nascimento do universo,


dando origem a todos os elementos químicos encontrados na natureza. Quase
todos os elementos possuem isótopos radiativos que, em geral, estão em pequenas
proporções. Entretanto, alguns elementos mais pesados, com maior número de
prótons e nêutrons, são naturalmente radiativos. Isto ocorre porque seu núcleo é
instável e tende a se decompor num ritmo conhecido para formar elementos mais
leves. O urânio é um desses elementos. Assim, minerais e compostos de urânio
emitem mais radiação que a encontrada na natureza (Figura 48).

FIGURA 48 – ESQUEMATIZAÇÃO DE UM PROCESSO NUCLEAR, COM A DESINTEGRAÇÃO DO


NÚCLEO DO ELEMENTO 1 PARA FORMAR UM ELEMENTO 2, ELÉTRONS, RADIAÇÃO E ENERGIA

As reações nucleares envolvem a transformação de massa em energia,


segundo a equação de Einstein, E = mc2, onde c é a velocidade da luz (300.000
Km/s). O valor c2 é muito grande e, portanto, qualquer minúscula variação de
massa importa na liberação de uma quantidade enorme de energia. O Sol e todas
as estrelas são gigantescos reatores nucleares, explicando a imensa quantidade
de energia que fornecem. Na Terra, as usinas nucleares transformam a energia
do núcleo atômico do urânio em eletricidade. Os núcleos desse átomo, sob certas
condições, se partem formando átomos menores num processo conhecido como
fissão nuclear, desprendendo imensas quantidades de energia. Em tempos de
aquecimento global, devido ao uso de combustíveis fósseis, muitas pessoas
defendem a utilização da energia nuclear, pois ela não produz nenhuma
emissão de gases causadores do efeito estufa, que retêm o calor do Sol na
atmosfera. Entretanto, a energia nuclear gera resíduos radiativos, que podem
ser extremamente nocivos ao homem e à natureza, e precisam ser armazenados
34
TÓPICO 1 | MODELOS ATÔMICOS

em local seguro por muitos anos. Há também o risco de acidentes nessas usinas,
com liberação de material radiativo para a atmosfera. Um grave acidente ocorreu
na usina de Chernobyl, na antiga União Soviética, onde houve uma explosão
do reator nuclear liberando grande quantidade de radiação para o ambiente,
causando a morte de inúmeras pessoas devido aos efeitos nocivos da radiação.

O homem possui tecnologia para domar o átomo e utilizar, de forma


segura, a energia nele contido. A energia nuclear é e continuará sendo utilizada
pelo homem para satisfazer suas necessidades. Porém, não se pode esperar que
ela resolva toda a questão energética e climática do planeta. O uso racional do
átomo pode ajudar na diminuição do aquecimento global, mas a massificação das
usinas nucleares pode trazer mais riscos ao meio ambiente, que soluções para o
clima do planeta.

FONTE: Mota, Rosenbach Jr. e Pinto (2010, p. 94-98). Disponível em: <http://www.quimica.seed.
pr.gov.br/arquivos/File/AIQ_2011/quimica_energia.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2012.

35
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:

• Toda matéria apresenta massa, volume e ocupa um lugar no espaço.

• A matéria pode ser classificada como uma substância pura ou mistura.

• Uma substância pode ser definida como elementar formada apenas por um
elemento e uma mistura pode ser classificada como homogênea (uma fase e
um aspecto visual) ou heterogênea (duas ou mais fases e dois ou mais aspectos
visuais).

• Todas as substâncias são definidas por suas propriedades físicas e químicas.

• Os átomos são definidos como as menores partículas que constituem a matéria.


Apresentam um núcleo positivo onde estão situados os prótons e nêutrons e
uma eletrosfera onde estão situados os elétrons.

• O número atômico (Z) é a característica mais importante de um elemento


químico, pois é igual ao número de prótons (p) e elétrons (e-) do mesmo.

• A massa atômica (A) é resultante da soma do número atômico (Z) com o


número de nêutrons (n) é o número de massa (A).

• Isótopos são átomos de mesmo elemento químico, possuem o mesmo número


atômico (Z), porém apresentam números de massas atômicas (A) diferentes.

• Isóbaros são átomos que apresentam o mesmo número de massa atômica (A),
porém apresentam números atômicos (Z) diferentes.

• Isótonos são átomos com o mesmo número de nêutrons (n), porém apresentam
diferentes números atômicos (Z) e números de massas atômicas (A).

• Íons são espécies químicas carregadas eletricamente. Cátions são espécies


carregadas positivamente e por isso doam elétrons. Ânions são espécies
carregadas negativamente e por isso recebem elétrons.

• Para os íons, cátions e ânions, o número atômico (Z) é igual ao número de


prótons (p), porém, é diferente do número de elétrons (e-).

• Isoeletrônicos são espécies químicas que apresentam o mesmo número de


elétrons.

36
• Segundo a teoria atômica atual, representada pelo modelo atômico de Niels
Bohr, as camadas eletrônicas ou níveis de energia são representadas pelas
letras e numeradas pelos números quânticos principais, respectivamente por,
K, L, M, N, O, P e Q, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.

• As camadas eletrônicas são divididas em quatro subníveis de energia: (s, p,


d e f) e cada subnível de energia apresenta um número de orbitais, 1, 3, 5 e 7,
respectivamente.

• A distribuição eletrônica é realizada através do Diagrama de Linus Pauling,


distribuindo-se o número de elétrons de um átomo, seguindo a ordem crescente
de energia em níveis e subníveis, até que a somatória dos números de elétrons
dos subníveis seja igual ao número de elétrons do átomo.

• Os números quânticos determinam a posição exata do elétron dentro do orbital.

• Número quântico principal (n) – determina a camada eletrônica ou nível de


energia em que se encontra o elétron.

• Número quântico secundário (ℓ) ou azimutal – determina o subnível de energia


em que se encontra o elétron.

• Número quântico magnético (mℓ) – determina o orbital em que está localizado


o elétron.

• Número quântico spin (ms) – determina a rotação do elétron localizado no


orbital.

37
AUTOATIVIDADE

1 O titânio já foi conhecido como o “metal maravilha” devido às suas qualidades.


É mais resistente à corrosão que o aço inoxidável, suas ligas metálicas são
empregadas na indústria aeronáutica, em próteses e em implantes dentários.
A produção mundial anual de titânio é cerca de 10 milhões de toneladas e as
principais reservas estão no Canadá e na Austrália. Sobre o Titânio (Z=22),
determine:

a) A configuração eletrônica dos elétrons.


b) O número de elétrons em cada camada (nível).

2 Faça a distribuição eletrônica dos seguintes elementos:

a) Na (Z=11) b) Br (Z=35) c) K (Z=19)

3 Faça a distribuição eletrônica dos seguintes ânions:

a) I- (Z=53) b) Cl- (Z=17) c) P3- (Z=15)

4 Faça a distribuição eletrônica dos seguintes cátions, considerando que os


elétrons serão retirados do subnível mais energético da última camada.

a) Rb+ (Z=37) b) Sr+2 (Z=38) c) B3+ (Z=5)

5 Calcule o número atômico e o número de massa de um átomo que apresenta


30 nêutrons e 26 prótons.

6 Temos os seguintes átomos: 20A40 B40


18 20
C42 20
D44 E38
18

a) quais são isótopos?


b) quais são isóbaros?
c) quais são isótonos?

7 Para o elemento Ouro, representado 79


AU197, pede-se:

a) o número atômico;
b) o número de massa;
c) o número de prótons;
d) o número de elétrons;
e) o número de nêutrons.

38
8 Qual o número máximo de elétrons podem apresentar as camadas eletrônicas
ou níveis de energia abaixo:

a) n=2 b) n=4 c) n=6

9 Indique o número quântico secundário dos subníveis de energia a seguir.

a) f b) p c) d d) s

10 Quantos elétrons possui o átomo de enxofre na camada de valência?

11 Um átomo possui Z = 24 e A = 52. Calcule o número de prótons, elétrons e


nêutrons existentes nesse átomo.

12 Um átomo neutro possui 28 elétrons e número de massa 59. Determine-lhe


o número de nêutrons e o número atômico.

13 Dois átomos X e Y possuem o mesmo número de massa. Sabendo que o nº


atômico de X é 64 e que o átomo Y possui 60 prótons e 94 nêutrons em seu
núcleo, calcule o nº de nêutrons do átomo X.

14 Um átomo M possui Z = 17 e número de massa igual ao do átomo N, que


apresenta 18 prótons e 19 nêutrons em seu núcleo. Calcule o número de
nêutrons existentes no núcleo do átomo M.

15 O elemento 20A42 é isótopo de B, que tem 20 nêutrons. B é isóbaro do


elemento C. Sabendo-se que C tem 18 prótons, diga:

a) o número atômico dos três elementos;


b) número de massa e número de nêutrons dos três elementos;
c) qual é isótono de C.

16 Qual o número atômico de um átomo que apresenta, no último nível, os


seguintes números quânticos: n = 5 L = 2 m = -1 ms = -1/2
Convenção: o primeiro elétron a ocupar um orbital possui spin igual a +1/2.

17 A camada de valência de um átomo possui a configuração eletrônica 4s24p3.


Qual o número atômico desse elemento?

18 Para um elemento genérico X de número atômico 34, faça o que se


pede:

a) Utilizando o Diagrama de Linus Pauling, realize a distribuição


eletrônica.
b) Indique os quatro números quânticos (n, ℓ, m ℓ e ms) para o último elétron
distribuído.

39
c) Quantos orbitais desemparelhados existem no elemento neutro?
d) Realize a distribuição eletrônica para o íon 34X2+

19 Os átomos K e L são isóbaros e apresentam as seguintes características:

10 + x
K 5x 11 + x
L 4x + 8

Determine os números atômicos e os números de massa de K e L.

20 São dadas as seguintes informações relativas aos átomos A, B e C:

a) A é isóbaro de B e isótono de C.
b) B tem número atômico 56, número de massa 137 e é isótopo de C.
c) O número de massa de C é 138.

Qual o número atômico de A?

40
UNIDADE 1
TÓPICO 2

TABELA PERIÓDICA

1 INTRODUÇÃO
Sempre foi preocupação dos cientistas organizar os resultados obtidos
experimentalmente de tal maneira que: semelhanças, diferenças e tendências se
tornassem mais evidentes. Isto facilitaria previsões a partir de conhecimentos
anteriores.

Um dos recursos mais usados na Química para atingir essa finalidade


é a Tabela Periódica. As primeiras tabelas foram propostas no início do século
XIX, porém, apresentavam mais erros do que acertos.

Foi somente em 1869 que surgiu uma tabela que atendia às necessidades
dos químicos e que se tornou a base da Tabela Periódica atual. Foi proposta
por Dimitri Ivanovitch Mendeleev (1834 – 1907) e organizava os elementos em
linhas horizontais, os períodos ou séries, e em linhas verticais, os grupos ou
famílias.

À medida que percorremos um período, as propriedades físicas


variam regularmente, uniformemente. Num grupo, os elementos apresentam
propriedades químicas semelhantes. Esquematicamente:

Períodos – regularidade na variação das propriedades físicas


Grupos: semelhanças das propriedades químicas
(USBERCO; SALVADOR, 1998, p. 78)

FONTE: <www.agracadaquimica.com.br/quimica/arealegal/slides/147.pps>.Acesso em: 7 mar.


2012.

Caro acadêmico, você conhece todas as informações que a Tabela Periódica


oferece sobre os elementos químicos? Aprofunde os conhecimentos sobre o
histórico desta ferramenta indispensável, para o entendimento desta disciplina tão
fascinante que é a química.

41
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

• Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) foi considerado o fundador da química


moderna. Lançou os alicerces da Química como ciência sujeita a regras e
princípios racionais, a exemplo de outras disciplinas. Baseado em dados de
trabalhos experimentais, definiu a matéria através da presença de um peso
determinado, noção que aperfeiçoou paralelamente a um aprimoramento
da balança. Também, descobriu a composição da água e enunciou a lei da
conservação da massa nas reações químicas, essencial na História da Química,
definindo os elementos químicos como substâncias que não podem ser
decompostas pela ação de processos químicos e são divididos em dois grupos;
os elementos metálicos e não metálicos.

• Johann Wolfgang Döbereiner, em 1829 observou que grupos de três


elementos com propriedades químicas muito semelhantes, mostravam que
a média do peso atômico dos elementos era aproximadamente igual à média
aritmética dos pesos atômicos dos elementos externos. Döbereiner também
desenvolveu tríades com elementos de propriedades químicas semelhantes,
onde os elementos tinham pesos atômicos muito próximos. Mais tarde,
constatou-se a formação de grupos de quatro elementos com características
semelhantes, como o, flúor, cloro, bromo e iodo.
FONTE: <www.conteudoglobal.com/...periodica/index.asp?...periodicas_eleme...>. Acesso em: 7
mar. 2012.

• Robert Wilhelm Bunsen (1811-1899), inventor do bico de gás (bico de Bunsen),


verificou que quando um elemento químico era colocado sobre a chama, o
mesmo emitia cores. Bunsen tinha um colaborador, Gustav Robert Kirchhoff
(1824-1887), que já havia formulado as leis que governam as voltagens e
correntes em circuitos elétricos. Em 1856, Kirchhoff propôs que as cores
seriam distinguidas com maior eficência, se passadas através de um prisma
(espectrofotômetro), na frente de um conjunto de lentes e identificaram que
cada elemento químico gerava uma série de linhas diferentes. O neônio (Ne),
por exemplo, apresentava linhas no vermelho, o sódio (Na) marcava linhas no
amarelo e o mercúrio (Hg) no verde e no amarelo.
FONTE: <http://astro.if.ufrgs.br/rad/espec/espec.htm>. Acesso em: 7 mar. 2012.

• Stanislao Cannizzaro fundou, na Universidade de Roma, o primeiro


laboratório de química moderna e estabeleceu a diferença entre peso atômico
e peso molecular, demonstrando assim a possibilidade de deduzir os pesos
atômicos dos elementos a partir dos pesos moleculares dos seus compostos.
Em 1891, recebeu a Medalha Copley da Royal Society, por reconhecimento de
suas importantes contribuições para o desenvolvimento da teoria atômica.
FONTE: <http://allchemy.iq.usp.br/metabolizando/beta/01/cannizza.htm>. Acesso em: 7 mar.
2012.

42
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

• John Alexander Reina Newlands (1837 —1898) foi um químico


industrial, atuou como químico chefe em uma usina de açúcar e
escreveu um tratado sobre o açúcar. Em 1863, ordenou os elementos
químicos conforme propriedades semelhantes, em 11 grupos, nos
quais, os elementos semelhantes possuíam massas em uma relação
de multiplicidade 8. Esta era a “Lei das Oitavas” que mostrava uma
certa periodicidade. L. Meyer e D. Mendeleev, em 1869, com seus
trabalhos independentes estabeleceram a 1ª Lei Periódica que diz:
“As propriedades físicas e químicas dos elementos se repetiam de
maneira periódica em função da ordem crescente de suas massas
atômicas”. D. Mendeleev aceitou pequenas inversões na ordem da
massa atômica, privilegiando o arranjo em função das propriedades
dos elementos. Além disso, percebeu que seriam descobertos novos
elementos, os quais ocupariam os espaços vazios (indicados por *)
da tabela. O conhecimento de que as propriedades de um elemento
são intermediárias em relação àquelas do elemento anterior e
posterior na tabela, permitiu que Mendeleev fizesse previsões,
com grande sucesso, sobre as propriedades dos elementos ainda
não conhecidos. Essa tabela foi utilizada até 1913, quando Henry
Moseley verificou que as propriedades dos elementos estavam
relacionadas a seus números atômicos. (USBERCO; SALVADOR,
1998, p. 79).

• Henry Moseley publicou a Tabela Periódica atual em 1913, baseada na 2ª Lei


Periódica, que enuncia: “As propriedades físico-químicas dos elementos são
funções periódicas de seus números atômicos (Z)”. A tabela de Henry Moseley
possui sete períodos ou linhas horizontais e dezoito famílias ou grupos, colunas
verticais. O número do período indica o número de camadas eletrônicas ou
níveis de energia ocupados pelo elemento. O número das famílias do grupo
A da Tabela Periódica indica número de elétrons na camada de valência dos
elementos químicos pertencentes a esse grupo.

2 ORGANIZAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS


NA TABELA
A Tabela Periódica atual é constituída por dezoito famílias. Cada
família contém elementos com propriedades químicas semelhantes, devido ao
fato de apresentarem o mesmo número de elétrons na camada de valência.
Na Família 1A, por exemplo, todos os elementos apresentam um elétron na
camada de valência.
FONTE: <www.profquim.com.br/images/file/Tabela%20Periódica.ppt>. Acesso em: 7 mar. 2012.

Atualmente, 118 elementos químicos estão organizados na Tabela


Periódica em ordem crescente de seus números atômicos (Z). Confira na Figura
16 a seguir, a estrutura da tabela periódica.

43
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 16 – ESTRUTURA DA TABELA PERIÓDICA


Família (ou grupo)

← 1ᵒ período (ou série)


← 2ᵒ período (ou série)
← 3ᵒ período (ou série)
← 4ᵒ período (ou série)
← 5ᵒ período (ou série)
← 6ᵒ período (ou série)
← 7ᵒ período (ou série)

← Série dos Lantanideos

← Série dos Actinideos

FONTE: <www.maristas.org.br/colegios/assuncao/.../tabela_periodica.ppt>.
Acesso em: 12 fev. 2012.

A Tabela Periódica traz várias informações sobre os elementos químicos,


como: massa atômica ou peso atômico, número atômico, estado físico entre outras.

UNI

Caro acadêmico, verifique na figura a seguir, a representação de uma legenda


presente numa Tabela Periódica, onde estão as informações citadas acima.

Exemplo:

FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO DE UMA LEGENDA PRESENTE NUMA TABELA PERIÓDICA

100794 Peso Atômico


Número 1

H
Atômico
Símbolo Químico

Hidrogênio Nome do Elemento

FONTE: <tabelaperiodicaclc.blogspot.com/>. Acesso em: 12 fev. 2012.

44
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

Note que a massa atômica ou peso atômico apresenta valor maior que o
número atômico!

UNI

Aproveite para verificar na tabela de íons da figura a seguir as espécies químicas


com nox positivo (carga positiva), que são os cátions e doam elétrons, e os com nox negativo
(carga negativa), que são os ânions e ganham elétrons.

Exemplo:

FIGURA 18 – TABELA DE ÍONS

TABELA DE ÂNIONS TABELA DE CÁTIONS

HALOGÊNIOS MONOVALENTES

F- Fluoreto Li+ Lítio


Cl - Cloreto Na+ Sódio
Br - Brometo K+ Potássio
I- Iodeto Rb+ Rubídio
ClO - Hipoclorito Cs+ Césio
ClO₂ - Clorito Fr+ Frâncio
ClO₃ - Clorato Ag+ Prata
ClO₄ - Perclorato Cu+ Cobre
BrO - Hipobromito Au+ Ouro
BrO₃ - Bromato NH₄+ Amônio
IO - Hipoiodito
IO₃ - Iodato
IO₄ - Periodato BIVALENTES

CARBONO Be2⁺ Berílio


Mg2⁺ Magnésio
Ca2⁺ Cálcio
CN - Cianeto Sr2⁺ Estrôncio
CNO - Cianato Ba2⁺ Bário
CNS - Tiocianato Ra2⁺ Rádio
C₂H₃O₂- Acetato Zn2⁺ Zinco
CO₃ 2- Carbonato Cd2⁺ Cádmio
HCO - Formiato Cu2⁺ Cobre II (cúprico)
C₂O₄2 - Oxalato Hg2⁺ Mercúrio II(mercúrico)
[Fe(CN)₆ ] ³- Ferricianeto Fe2⁺ Ferro II (ferroso)
[Fe(CN)₆ ] 4- Ferrocianeto Co2⁺ Cobalto II (cobaltoso)
C4- Carbeto/Metaneto Ni2⁺ Níquel II (niqueloso)
C₂2 - Carbeto/Acetileto Cr2⁺ Cr2+ Cromo II (cromoso)
Mn2⁺ Manganês II (manganoso)
Sn2⁺ Estanho II (estanoso)
Pb2⁺ Chumbo II (plumboso)
Ti2⁺ Titânio II ( titanoso)
Pt2⁺ Platina II (platinoso)

45
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

NITROGÊNIO TRIVALENTES

NO₂- Nitrito Al3+ Alumínio


NO₃- Nitrato Bi3+ Bismuto
N₃- Azoteto/Azida Au3+ Ouro III (áurico)
N 3- Nitreto Fe3+ Ferro III (férrico)
Co3+ Cobalto III (cobáltico)
FÓSFORO Ni3+ Níquel III (niquélico)
Cr3+ Cromo III (crômico)

PO₃- Metafosfato
H₂PO ₂- Hipofosfito TETRAVALENTES
HPO₃ 2- Fosfito
PO₄ 3- Ortofosfato Sn4+ Estanho IV (estânico)
P3- Fosfeto Pb4+ Chumbo IV (plúmbico)
P₂O₇ 4- Pirofosfato Ti4+ Titânio IV (titânico)
P₂O 4- Hipofosfato Pt4+ Platina IV (platínico)
Mn4+ Manganês IV (mangânico)
ENXOFRE

S 2- Sulfeto
SO₄ 2- Sulfato
SO₃ 2- Sulfito
S₂O₃ 2- Tiossulfato
S₂O₄ 2- Hipossulfito
S₂O₈ 2- Persulfato
S₄O₆ 2- Tetrationato

OUTROS ÂNIONS

MnO₄ - Permanganato
MnO₄ 2- Manganato
MnO₃ 2- Manganito
OH - Hidróxido
H- Hidreto
O 2- Óxido
CrO₄ 2- Cromato
Cr₂O₇ 2- Dicromato
AsO₃ 3- Arsenito
AsO₄ 3- Arsenato
BO₃ 3- Borato
B₄O₇ 2- Tetraborato

FONTE: < http://dequi.eel.usp.br/domingos/tabelapdf.pdf >. Acesso em: 18 jun. 19.

Na Tabela Periódica, os elementos foram classificados, segundo suas


propriedades físicas e químicas, agrupando-se em metais, não metais, semimetais,
gases nobres ou grupo zero e Hidrogênio.

46
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

FIGURA 19 – DIVISÃO DA TABELA PERIÓDICA


18
1
2 13 14 15 16 17

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

GRUPO DO NITROGÊNIO

GASES NOBRES
Alcalinos - TERROSOS Metais

GRUPO DO CARBONO
GRUPO DO BORO
Metais Alcalinos

CALCOGÊNIOS

HALOGÊNIOS
ELEMENTOS
DE TRANSIÇÃO

ELEMENTOS REPRESENTATIVOS

FONTE: <www.maristas.org.br/colegios/assuncao/.../tabela_periodica.ppt>. Acesso em: 12 fev.


2012.

ELEMENTOS ARTIFICIAIS: os elementos químicos que apresentam


número atômico superior a 92 são artificiais, isto é, foram sintetizados em
laboratório químico através de pesquisas nucleares. Com exceção dos elementos
Promécio com número atômico igual a 43 e Tecnécio com número atômico igual
a 61.

Dos cento e dezoito elementos químicos reconhecidos, os elementos


artificiais classificam-se em:

• Cisurânicos: recebem esse nome (cis = “aquém de”) porque apresentam


número atômico inferior a 92, o do elemento urânio. São os seguintes: tecnécio
(Tc), ástato (At), frâncio (Fr) e promécio (Pm).

• Transurânicos: recebem esse nome (trans = “além de”) porque apresentam


número atômico superior a 92, ou seja, que se se encontram depois do Urânio.

2.1 PERÍODOS DA TABELA PERIÓDICA


A Tabela Periódica possui sete períodos ou séries que são as linhas
horizontais, numeradas de 1 a 7, através dos números quânticos principais, que
representam as sete camadas eletrônicas ou níveis de energia, K, L, M, N, O, P e
Q, respectivamente.

47
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Confira no quadro a seguir.

QUADRO 11 – PERÍODOS DA TABELA PERIÓDICA

Período – Camada – N°
Formação
quântico principal
1° - K – 1 2 elementos. H e He
2° - K, L – 2 8 elementos. Li ao Ne
3° - K, L, M – 3 8 elementos. Na ao Ar
4° - K, L, M, N – 4 18 elementos. K ao Kr
5° - K, L, M, N, O – 5 18 elementos. Rb ao Xe
6° - K, L, M, N, O, P – 6 32 elementos. Cs ao Rn. Inclui a série dos lantanídeos
7° - K,L,M,N.,O,P,Q – 7 Em aberto = Inicia no Fr. Inclui a série dos actinídeos

FONTE: A autora

Lembre-se de que as séries dos lantanídeos e actinídeos pertencem ao


sexto e sétimo período respectivamente.

Após a realização de uma distribuição eletrônica, defini-se como camada


de valência aquela que apresentar o maior número quântico principal e você
pode utilizá-lo também para definir o período que o elemento se encontra na
Tabela Periódica.

Exemplo: camada de valência do K (potássio) = 4s1, o 4 indica que o potássio


está no quarto período da Tabela Periódica, ou seja, na quarta linha horizontal.

2.2 FAMÍLIAS OU GRUPOS


As dezoito famílias estão dispostas em linhas verticais que são divididas
em dois grupos, o grupo A que são as colunas verticais mais altas e o grupo B
que são as colunas verticais mais baixas e centrais da Tabela Periódica.

Os elementos químicos presentes nas famílias do grupo A são chamados


de elementos representativos, do grupo B são chamados metais de transição e as
séries dos lantanídeos e actinídeos são chamados de metais de transição interna.
Todas as famílias recebem uma classificação diferenciada por cores, conforme
representado na figura a seguir:

48
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

FIGURA 20 – CLASSIFICAÇÃO DIFERENCIADA POR CORES

1A 8A
H He
2A 3A 4A 5A 6A 7A
Li Be B C N O F Ne

Na Mg Al Si P S Cl Ar
3B 4B 5B 6B 7B 8B 8B 8B 1B 2B
K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn ga Ge As Se Br Kr

Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe

Cs Ba * Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn

Fr Ra ** Rf Db Sg Bh Hs Mt Ds Rg Cp Uut Uuq Uup Uuh Uus Uuo

Série dos Lantanídeos


La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

Série dos Actinídeos


Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr

Metais Alcalinos Outros Metais

Metais Alcalinos Terrosos Semi-metais

Metais de Transição Não-metais

Lantanídeos Halogênios

Actinídeos Gases Nobres

FONTE: <www.guiadacarreira.com.br/wp-content/uploads/...>. Acesso em: 12 fev 2012.

Traduzindo a Figura 19, temos:

• Família 1A – Metais Alcalinos: Li, Na, K, Rb, Cs, Fr

• Família 2A – Metais Alcalino-terrosos: Be, Mg, Ca, Ba, Sr, Ra

• Família 3A – Família do boro: B, Al, Ga, In, Ti

• Família 4A – Família do carbono: C, Si, Ge, Sn, Pb

• Família 5A – Família do nitrogênio: N, P, As, Sb, Bi

• Família 6A – Calcogênios: O, S, Se, Te, Po

49
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

• Família 7A – Halogênios: F, Cl, Br, I, At

• Família 8A ou grupo Zero - Gases Nobres: HE, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn

UNI

Caro acadêmico, lembre-se: a Tabela Periódica é uma ferramenta de apoio para


as aulas de Química, por isso não se preocupe em decorá-la, basta saber usá-la.

DICAS

Adquira uma Tabela Periódica atualizada e aprenda a utilizá-la na prática. Livrarias


e papelarias comercializam esse material didático. Para aprofundar seus conhecimentos neste
assunto consulte o seguinte livro: CHANG, Raymond. Química Geral: conceitos essenciais. 4.
ed. Porto Alegre, Mcgraw Hill , Artmed 2010.

Nas famílias do grupo B, temos:

• “Metais de Transição: não apresentam o seu elétron de diferenciação (último


elétron distribuído) na última camada. Isso faz com que suas propriedades
sofram alterações, sendo mais comum a semelhança dentro do período que
dentro da família”. (SARDELLA, 1998, p. 122).

Apresentam o elétron de diferenciação no penúltimo nível, em orbital “d”.

Exemplo: 28Ni → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d8 - Elemento de transição,
pois o elétron de diferenciação (último elétron distribuído) está no orbital d.

A soma do número de elétrons dos subníveis “s” e “d” indica o número


do grupo que pertence o elemento. No caso acima, 4s2 3d8 -> 2 + 8 = 10 e isso
indica que o elemento níquel se encontra no grupo 10 B.

Nos grupos, cuja soma dos subníveis “s” e “d” é igual a 8, 9 ou 10, os
elementos químicos de tais grupos apresentam propriedades muito semelhantes
e são agrupados em uma tríade: grupo 8 B. Confira em sua Tabela Periódica!

50
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

• Metais de Transição Interna: se encontram nas duas séries abaixo da Tabela


Periódica, ou seja, nos 6° e 7°, respectivamente. Apresentam o elétron de
diferenciação no antepenúltimo nível, no orbital “f”.

Exemplo: 57La → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 6s2 4f1 -
Elemento de Transição Interna, pois o último elétron está em orbital f.

- Série dos Lantanídeos: Lantânio (Z = 57) ao Lutécio ( Z = 71).


- Série dos Actinídeos: Actínio (Z = 89) ao Laurêncio (Z = 103).

GASES NOBRES: são os elementos pertencentes à Família 8A ou Grupo Zero da


Tabela Periódica. São considerados gases inertes, pois não reagem quimicamente
com outros elementos químicos, sendo encontrados livremente na natureza na
forma mais simples de moléculas monoatômicas. Além disso, os gases nobres
são elementos estáveis, pois apresentam a camada de valência completa com
oito elétrons, com exceção do gás hélio que é estável com dois elétrons na última
camada. Desta forma, estes elementos não doam, não ganham elétrons e não
realizam ligações com outros elementos.

• HIDROGÊNIO: o hidrogênio é o elemento químico existente de forma


mais simples. Ele é composto apenas por um próton e um elétron. Possui
número atômico igual a um, sua massa molecular é igual a 1,008 g.mol-1 e
seu símbolo é "H". O hidrogênio não possui um "local definido" na Tabela
Periódica. Normalmente, ele é colocado acima da Família 1A, chamada grupo
dos metais alcalinos. Tal fato ocorre devido à sua configuração eletrônica
apresentar na camada de valência ns1, ou seja, um elétron na camada de
valência, característica específica dos elementos desta família. Outras
vertentes apontam a posição ideal do hidrogênio acima dos halogênios,
elementos químicos presentes na Família 7A, Tabela Periódica.
FONTE: Adaptado de: <http://www.quiprocura.net/elementos/hidrogenio.htm>. Acesso em: 12
mar. 2012.

O hidrogênio é o elemento químico mais abundante no Universo. Estima-


se que 75% da massa universal é formada por átomos de hidrogênio. No nosso
planeta, sua abundância não é tão representativa assim. Ele constitui apenas 0,9%
da massa do planeta Terra.

2.3 METAIS, SEMIMETAIS E NÃO METAIS


• METAIS: ocupam cerca de 80% da Tabela Periódica. São sólidos em temperatura
ambiente com exceção do mercúrio (Hg), que é o único metal líquido. São
bons condutores de calor e eletricidade, são maleáveis (capacidade de formar
lâminas), apresentam ductibilidade (capacidade de formar fios), tenacidade
(resistência à tração) e brilho metálico.

51
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

São cátions, ou seja, possuem a capacidade de doar elétrons e geralmente


apresentam 1, 2 ou 3 elétrons na camada de valência (última camada).

• NÃO METAIS: representam cerca de 10% da Tabela Periódica, porém são os


mais abundantes na natureza (C, Si, O, N e H). Não há um estado físico definido.
Os sólidos são formados por: Carbono (C), fósforo (P), enxofre (S), selênio (Se)
e iodo (I). Líquido: Bromo (Br). Gases: Nitrogênio (N), oxigênio (O), flúor (F),
cloro (Cl) e nitrogênio (N). Não apresentam brilho, não conduzem calor nem
eletricidade e são utilizados na produção de pólvora e pneus.

São ânions, ou seja, apresentam a necessidade de ganhar elétrons e


geralmente apresentam 5, 6 ou 7 elétrons na camada de valência (última camada).

• SEMIMETAIS: estes elementos apresentam características intermediárias


entre os metais e os não metais.

ATENCAO

Para saber mais sobre os elementos químicos adquira uma tabela periódica
atualizada.

2.4 CLASSIFICAÇÕES PERIÓDICAS E APERIÓDICAS


A Tabela Periódica pode fornecer relações entre as propriedades dos
elementos e suas estruturas atômicas. Essas propriedades dividem-se em:
periódicas e aperiódicas.

1. PROPRIEDADES PERIÓDICAS

As propriedades periódicas são aquelas que, na medida em que os


números atômicos aumentam, assumem valores semelhantes para intervalos
regulares, ou seja, se repetem nos períodos.

O número de elétrons na camada de valência é um exemplo.

a) Raio atômico: o tamanho do átomo

“O tamanho do átomo é uma característica de difícil determinação, pois


a eletrosfera de um átomo não tem fronteira definida”. (USBERCO; SALVADO,
1998, p. 87). Para comparar o tamanho dos átomos, devemos levar em consideração
dois fatores:

52
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

• O número de níveis ou camadas eletrônicas: quanto maior o número de


camadas eletrônicas ou níveis de energia, maior o raio atômico (tamanho) do
átomo.

• O número de níveis ou camadas eletrônicas: quanto maior o número de


camadas eletrônicas ou níveis de energia, maior o raio atômico (tamanho) do
átomo.

• Número de prótons (carga nuclear): quanto maior o número de prótons que o


átomo apresenta, maior é atração sobre seus elétrons e menor é o tamanho do
átomo.

Simplificando:

• O raio atômico (tamanho do átomo) cresce nas famílias da Tabela Periódica, de


cima para baixo, devido ao número de camadas eletrônicas.

• O raio atômico (tamanho do átomo) cresce nos períodos da Tabela Periódica, da


direita para a esquerda, devido ao decrescimento do número de prótons, que
decresce a atração sobre os elétrons. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica,
observando a figura a seguir.

FIGURA 21 – VARIAÇÃO DO RAIO ATÔMICO NA TABELA PERIÓDICA

Raio Atômico

FONTE: <http://tudoquimica.atspace.com/pg3.htm>. Acesso em: 12 fev. 2012.

b) Energia de Ionização ou Potencial de Ionização

“É a energia necessária para remover um ou mais elétrons de um átomo


isolado no estado gasoso”. (USBERCO; SALVADO, 1998, p. 88). Quando isso
ocorre há formação de novas espécies químicas (íons) carregadas positivamente,
chamada de cátions.

Genericamente podemos exemplificar:

X0(gasoso) + energia  X+(gasoso) + elétron (e-)

53
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Quanto maior o tamanho do átomo, menor a energia necessária para


remover esses elétrons, ou seja, menor será a energia de ionização.

Simplificando:

A energia de ionização ou potencial de ionização cresce de forma inversa


ao raio atômico.

• A energia de ionização ou potencial de ionização cresce nas famílias da Tabela


Periódica, de baixo para cima.

• A energia de ionização ou potencial de ionização cresce nos períodos da Tabela


Periódica, da esquerda para a direita. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica,
observando a figura a seguir.

FIGURA 22 – VARIAÇÃO DA ENERGIA DE IONIZAÇÃO NA TABELA PERIÓDICA

Energia de Ionização

FONTE: <http://www.reocities.com/Area51/Hollow/9495/propried.htm>.
Acesso em: 12 fev. 2012.

c) Afinidade Eletrônica ou Eletroafinidade

“É a energia liberada quando um átomo isolado, no estado gasoso,


“captura” um elétron”. (USBERCO; SALVADO, 1998, p. 89). Quando isso ocorre
há formação de novas espécies químicas (íons) carregadas negativamente,
chamada de ânions.

Genericamente podemos exemplificar:

X0(gasoso) + elétron (e-)  X- (gasoso) + energia

No geral, quanto menor o tamanho do átomo (raio atômico), maior a


afinidade eletrônica.

• A afinidade eletrônica ou eletroafinidade cresce nas famílias da Tabela


Periódica, de baixo para cima.

54
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

• A afinidade eletrônica ou eletroafinidade cresce nos períodos da Tabela


Periódica, da esquerda para a direita. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica,
observando a Figura 23.

OBS: Os gases nobres não apresentam afinidade eletrônica ou


eletroafinidade.

FIGURA 23 – VARIAÇÃO DA AFINIDADE ELETRÔNICA OU ELETROAFINIDADE NA TABELA


PERIÓDICA

Afinidade Eletrônica

FONTE: <http://cursopetrobras.blogspot.com/2009/11/propriedades-periodicas.html>. Acesso


em: 12 fev. 2012.

d) Eletronegatividade

“É a força de atração exercida sobre os elétrons de uma ligação”.


(USBERCO; SALVADO, 1998, p. 89).

A eletronegatividade dos elementos químicos é relativa. Quanto menor o


tamanho do átomo e maior a sua carga nuclear, maior a sua eletronegatividade.

O flúor com número atômico igual a nove e eletronegatividade igual a


quatro, por exemplo, é o elemento mais eletronegativo da Tabela Periódica.

OBS.: confira na legenda de sua Tabela Periódica a localização do valor da


eletronegatividade nos elementos químicos.

Simplificando, a ordem da variação da eletronegatividade na Tabela


Periódica segue à da afinidade eletrônica ou eletroafinidade.

• A eletronegatividade cresce nas famílias da Tabela Periódica, de baixo para


cima.

• A eletronegatividade cresce nos períodos da Tabela Periódica, da esquerda


para a direita. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica, seguindo a Figura 24.

OBS.: Os gases nobres não apresentam eletronegatividade.

55
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 24 – VARIAÇÃO DA ELETRONEGATIVIDADE NA TABELA PERIÓDICA

Eletronegatividade

FONTE: <http://cursopetrobras.blogspot.com/2009/11/propriedades-periodicas.html>. Acesso


em: 12 fev. 2012.

e) Eletropositividade

É a tendência de doar ou repelir elétrons, ou seja, segue um comportamento


nos elementos químicos, oposto ao da eletronegatividade.

Simplificando:

• A eletropositividade cresce nas famílias da Tabela Periódica, de cima para


baixo.

• A eletropositividade cresce nos períodos da Tabela Periódica, da direita para a


esquerda. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica, observando a Figura 25.

FIGURA 25 – VARIAÇÃO DA ELETROPOSITIVIDADE NA TABELA PERIÓDICA

Eletronegatividade

FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/prorpriedades-periodicas-dos-elementos-
quimicos/propriedades-periodicas-dos-elementos-2.php>. Acesso em: 12 fev. 2012.

f) Densidade

Densidade (d) ou massa específica é a relação entre a massa (m) e o


volume (V) de um corpo.

56
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

m
d=
V
Simplificando:

• A densidade cresce nas famílias da Tabela Periódica, de cima para baixo.

• A densidade cresce nos períodos da Tabela Periódica, das extremidades para o


centro. Veja esta ordem em sua Tabela Periódica, na figura a seguir.

OBS.: Os elementos de maior densidade estão situados na parte central e inferior


da tabela, sendo o Ósmio (Os) o elemento mais denso (22,6g.ml -) e o Irídio (Ir)
(22,5g.ml -).

FIGURA 26 – VARIAÇÃO DA DENSIDADE NA TABELA PERIÓDICA

Densidade

FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/prorpriedades-periodicas-dos-elementos-
quimicos/propriedades-periodicas-dos-elementos-2.php>. Acesso em: 12 fev. 2012.

g) Ponto de Fusão (PF) e Ponto de Ebulição (PE)

Na química, ponto de fusão (PF) é a temperatura em que um sólido passa


para o estado líquido, a uma determinada pressão. E ponto de ebulição (PE) é a
temperatura em que um líquido passa para o estado gasoso, a uma determinada
pressão.

Simplificando:

• Na Família 1A, os elementos de maiores PF e PE estão situados na parte


superior da tabela, sendo que essa variação ocorre também com os elementos
da Família 2A. Nas demais famílias, os elementos com maiores PF e PE estão
situados, geralmente na parte inferior.

• Num mesmo período, de maneira geral o PF e PE crescem das extremidades


para o centro da tabela.
57
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

• Entre os metais, o Tungstênio (W) é o que apresenta maior ponto de fusão: 3 410 oC.

• “O Carbono (C), por formar estruturas com grande número de átomos,


apresenta ponto de fusão (3550°C) e ponto de ebulição (4800°C)”. (USBERCO;
SALVADO, 1998, p. 90).

FIGURA 27 – CRESCIMENTO DOS PONTOS DE FUSÃO E EBULIÇÃO NAS FAMÍLIAS E PERÍODOS

FONTE: <http://www.alunosonline.com.br/quimica/ponto-fusao-ponto-ebulicao.html>. Acesso


em: 12 fev. 2012.

2. PROPRIEDADES APERIÓDICAS

Propriedades aperiódicas são aquelas cujos valores numéricos variam


(aumentam ou diminuem) à medida que o número atômico aumenta. Entre elas,
podemos citar:

• Massa atômica: aumenta à medida que o número atômico aumenta. Vide figura 27.

• Calor específico: caracteriza uma substância (em determinado estado físico).


Diminui à medida que o número atômico aumenta. Confira na legenda de
sua Tabela Periódica a localização do valor do calor específico nos elementos
químicos.

58
TÓPICO 2 | TABELA PERIÓDICA

FIGURA 28 – CRESCIMENTO DAS MASSAS ATÔMICAS EM FUNÇÃO DOS NÚMEROS ATÔMICOS


MA

FONTE: <http://www.profpc.com.br/Classifica%C3%A7%C3%A3o_peri%C3%B3dica.htm>. Acesso


em: 12 fev. 2012.

2.5 CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA E A CAMADA


DE VALÊNCIA
O número de elétrons na camada de valência, de um elemento
representativo ou típico (famílias do grupo A), indica o número da família desse
elemento.

Simplificando, temos:

• Metais Alcalinos – Família 1A: apresentam um elétron na camada de valência


no orbital “s”. Configuração eletrônica genérica final “ns1 “. São eles: Li, Na, K,
Rb, Cs e Fr.

• Metais Alcalinos Terrosos – Família 2A: apresentam dois elétrons na camada


de valência no orbital “s”. Configuração eletrônica genérica final “ns2 ”. São
eles: Be, Mg, Ca, Sr, Ba e Ra.

• Família do Boro – 3A: apresentam três elétrons na camada de valência.


Configuração genérica final “ns2np1 “. São eles: B, Al, Ga, In e Tℓ.

• Família do Carbono - 4A: apresentam quatro elétrons na camada de valência.


Configuração genérica final “ns2np2 “. São eles: C, Si, Ge, Sn e Pb.

• Família do Nitrogênio - 5A: apresentam cinco elétrons na camada de valência.


Configuração eletrônica genérica final “ns2np3 “. São eles: N, P, As, Sb e Bi.

• Família dos Calcogênios - 6A: apresentam seis elétrons na camada de valência.


Configuração eletrônica genérica final “ns2np4 “. São eles: O, S, Se, Te e Po.

59
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

• Família dos Halogênios – 7A: apresentam sete elétrons na camada de valência.


Configuração eletrônica genérica final “ns2np5 “. São eles: F, Cl, Br, I e At.

• Família dos Gases Nobres ou Grupo Zero: apresentam oito elétrons na camada
de valência. Configuração eletrônica genérica final “ns2np6 “. São eles: He, Ne,
Ar, Kr, Xe e Rn.

E
IMPORTANT

Caro acadêmico, é importante que você memorize o grupo A (representativos)


e o número de elétrons em suas camadas de valência, pois tais conhecimentos serão
necessários para os conteúdos posteriores.

60
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• A Tabela Periódica possui sete períodos ou séries que são as linhas horizontais
e dezoito famílias ou grupos que são as colunas verticais da Tabela Periódica.

• As propriedades físico-químicas dos elementos são função periódica (crescem


e decrescem) conforme seus números atômicos (Z).

• A quantidade de períodos ou séries indica a quantidade de camadas eletrônicas


ou níveis de energia. O número de elétrons presentes na camada de valência é
igual ao número da família do grupo A da Tabela Periódica.

• Os elementos químicos estão divididos conforme suas propriedades em:


metais, não metais, semimetais e gases nobres.

• Metais alcalinos são os elementos pertencentes ao grupo 1A.

• Metais alcalinos terrosos são os elementos pertencentes ao grupo 2A.

• Família do boro são os elementos pertencentes ao grupo 3A.

• Família do carbono são os elementos pertencentes ao grupo 4A.

• Família do nitrogênio são os elementos pertencentes ao grupo 5A.

• Calcogênios são os elementos pertencentes ao grupo 6A.

• Halogênios estão os elementos pertencentes ao grupo 7A.

• Gases nobres (inertes) ou grupo zero são os elementos pertencentes ao grupo


8A.

• A tabela apresenta propriedades periódicas e aperiódicas.

• Diferenciar as propriedades periódicas e aperiódicas.

61
AUTOATIVIDADE

1 Quantos períodos ou séries e quantas famílias ou grupos constituem a tabela


periódica?

2 Identifique o elemento químico que se encontra na Família 3A e no 3°


período.

3 Atualmente, quantos elementos químicos estão presentes na tabela


periódica?

4 Associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Metais alcalinos. ( ) Coluna 0.


II- Metais alcalino-terrosos. ( ) Coluna 6A.
III- Calcogênios. ( ) Coluna 7A.
IV- Halogênios. ( ) Coluna 2A.
V- Gases nobres. ( ) Coluna 1A.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – II – III – IV – I.
b) ( ) V – III – IV – II – I.
c) ( ) I – IV – III – II – V.
d) ( ) IV – III – II – V – I.

5 Assinale a sentença CORRETA:

a) ( ) Rb é um metal alcalino.
b) ( ) Pd é um halogênio.
c) ( ) F é um gás nobre.
d) ( ) Xe é um metal de transição.
e) ( ) Sr pertence à família do boro.

6 Localize na tabela periódica o elemento químico de Z= 15 e assinale a(s)


alternativa(s) verdadeira(s).

a) ( ) Carbono.
b) ( ) Seu símbolo é P.
c) ( ) Pertence ao grupo 5A.
d) ( ) No estado fundamental a sua configuração é: 1s2 2s2 3s2 2p6 4s2.

62
7 Procure na tabela periódica e indique a classificação dos elementos abaixo
em típico, de transição ou transição interna:

a) Ca
b) Mn
c) As
d) Ce

8 Realize a distribuição eletrônica, indique o número de elétrons


na camada de valência dos elementos abaixo e diga a qual
famílias eles pertencem.

a) Rb -
b) O-
c) Mn -
d) Br-

63
64
UNIDADE 1
TÓPICO 3

LIGAÇÕES QUÍMICAS

1 INTRODUÇÃO
Na natureza, são raros os elementos químicos que se encontram de forma
isolada. Na verdade, os únicos elementos que formam substâncias elementares
são os elementos He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rn, pertecentes à Família 8A ou grupo zero
da Tabela Periódica. Os Gases Nobres (Família 8A) são estáveis, pois apresentam
oito elétrons na camada de valência, com exceção do gás hélio (He) que é estável
com dois elétrons na camada de valência e são pouco reativos, pois não necessitam
realizar ligações químicas com outros elementos.

Os demais elementos químicos tendem a se ligar uns com os outros em


busca da estabilidade química, ou seja, adquirir os oito elétrons na camada de
valência, semelhante aos gases nobres. As ligações químicas são responsáveis
pelas centenas de compostos presentes em nosso dia a dia. Dependendo do tipo
das ligações e da geometria molecular formam-se materiais gasosos, líquidos ou
sólidos, dependendo da força dessas ligações, das interações entre as moléculas.

Atualmente, cento e dezoito elementos são conhecidos, o que gera um


número, milhões de vezes maior de compostos e materiais que são sintetizados
(fabricados) a partir destes.

Sabe-se que as propriedades físico–químicas de uma substância dependem


do tipo de ligação química que a originou e da sua geometria molecular, ou seja,
sua estrutura, seu arranjo espacial.

Muitas vezes nos perguntamos: como funciona a atração eletromagnética


de um imã? Como uma lagartixa consegue andar pelas paredes? Todos esses
fatos são explicados pelas forças de atração e no contrário, as forças de repulsão.

Na verdade, a ocorrência de interação ou não entre as substâncias vai


depender da afinidade química entre elas. No geral, sabemos que polos contrários
se atraem e polos iguais se repelem. A paixão, por exemplo, entre duas pessoas pode
ocorrer devido ao cheiro, que acaba os atraindo mesmo que inconscientemente.
As afinidades em comum levam às amizades, ligações interpessoais e, às vezes,
por algum motivo, essas ligações são rompidas, quebradas. As ligações podem
ser entendidas de diversas formas.

65
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Na química, podemos observar, frequentemente, a formação de novas


substâncias, devido às ligações químicas, que ocorrem como resultado de forças
de atração elétrica.

2 AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
“Ligação química é o nome dado às formas de associação existente entre
os átomos”. (COVRE, 2001, p. 109). Raramente, encontraremos substâncias cuja
unidade elementar seja o átomo isolado. Os únicos exemplos são os gases nobres:
hélio, neônio, argônio, criptôneo, xenônio e radônio. Os demais átomos sempre
são encontrados de forma associada a outros átomos.

Qualquer fenômeno químico ocorre na eletrosfera (local onde se


encontram os elétrons) do átomo. As ligações químicas, por exemplo, acontecem
devido às interações entre as eletrosferas dos átomos ligantes. E por qual motivo
isso acontece? Se observarmos os gases nobres, que já são estáveis, perceberemos
que esses elementos possuem uma característica típica em relação às suas
configurações eletrônicas e o número de elétrons na camada de valência.

Resumindo, os gases nobres apresentam duas características fundamentais:


são estáveis quimicamente e apresentam a última camada completa com oito
elétrons (no caso do hélio, dois elétrons).

Com exceção do grupo 8A, os outros átomos apresentam a capacidade


de se combinarem. O modo pelo qual os elétrons permanecem unidos está
relacionado com a estrutura eletrônica de cada átomo participante do composto,
ou seja, do número de elétrons presente na camada de valência. Toda substância
é formada a partir de proporções bem definidas entre os átomos. “ENERGIA DE
LIGAÇÃO” é a força que mantém os átomos unidos uns aos outros.

2.1 A REGRA DO OCTETO


Os elementos químicos tendem a se ligar uns com os outros, doando,
ganhando ou compartilhando elétrons em busca da estabilidade química. O
objetivo das ligações químicas é adquirir oito elétrons na camada de valência,
semelhante aos gases nobres que já possuem o octeto completo.

TEORIA DO OCTETO: os elementos químicos tendem a se ligar, doando ou


ganhando elétrons em busca da estabilidade química.

OBS.: para o gás nobre hélio (He) a regra leva o nome de Teoria do Dueto, pois
assim como esse elemento, outros também podem se estabilizar apenas com dois
elétrons na camada de valência, afinal, toda regra tem sua exceção.

66
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

• Valência: é o que determina o número de ligações que o átomo necessita fazer.


A valência é justamente a quantidade de elétrons que o átomo precisa doar
ou receber para estabilizar a sua última camada com oito elétrons, semelhante
aos gases nobres. Verificando o número de elétrons na camada de valência do
átomo, conseguimos definir sua tendência a se tornar um cátion, com valência
positiva, ou um ânion, com valência negativa. Mais uma vez a Tabela Periódica
pode nos auxiliar, neste caso o número das famílias do grupo A (elementos
representativos) indica o número de elétrons na camada de valência.

Por exemplo:

O lítio (Li) está na Família 1A, logo, há um elétron em sua camada de


valência e por isso é considerado um cátion monovalente; o oxigênio (O) está
na Família 6A, logo, há seis elétrons em sua camada de valência e por isso é
considerado um ânion bivalente; o nitrogênio (N) está na Família 5A, logo, há
cinco elétrons em sua camada de valência e por isso é considerado um ânion
trivalente; e assim por diante.

• Eletrovalência: é o valor da valência (carga elétrica) seguida do respectivo


sinal. Os cátions por perder elétrons apresentam eletrovalência positiva e os
ânions por ganhar elétrons apresentam eletrovalência negativa.

No Quadro 12, segue a tendência que os elementos químicos das famílias


dos elementos típicos ou representativos (grupo A) apresentam em ganhar ou
perder elétrons da camada de valência para se estabilizar.

QUADRO 12 – ELETROVALÊNCIA DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS DA TABELA PERIÓDICA

Famílias do Grupo A Família Família Família Família Família Família Família


1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A
Nº elétrons na 1 2 3 4 5 6 7
Camada de Valência elétron elétrons elétrons elétrons elétrons elétrons elétrons
Eletrovalência +1 +2 +3 +4 / -4 -3 -2 -1

FONTE: A autora

Analisando o Quadro 12, podemos notar que os elementos das Famílias


1A, 2A e 3A apresentam a tendência em perder elétrons, tornando-se assim
cátions. Os elementos das Famílias 5A, 6A e 7A apresentam a tendência em ganhar
elétrons, tornando-se assim ânions. Já os elementos da Família 4A podem doar ou
receber elétrons para se estabilizar, tal fato irá depender dos outros átomos com
quem eles irão se ligar.

Em relação aos elementos do grupo B, metais de transição e transição-


interna, devemos lembrar que todos apresentam carga positiva, pois são metais
e apresentam a tendência de perder elétrons para se estabilizar. Ainda, como
citado anteriormente, nem todos os elementos se estabilizam, conforme a regra
do octeto.
67
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

Existe a chamada Pseudo configuração eletrônica de um gás nobre a


qual não possui nenhuma semelhança com a configuração de um gás nobre, que
apresenta oito elétrons na camada de valência.

Alguns elementos de transição, após a ligação, não apresentam nem a


configuração do gás nobre nem a pseudoconfiguração. Como exemplo, podemos
citar as espécies catiônicas Fe+2 e Fe+3.

UNI

Caro acadêmico, confira na tabela de cátions esses dois íons. Aproveite para
realizar suas distribuições eletrônicas e verifique os números de elétrons nas respectivas
camadas de valência.

3 LIGAÇÕES IÔNICAS
• “Ligação iônica ou eletrovalente é aquela que se estabelece por meio da
transferência definitiva de elétrons entre átomos”. (COVRE, 2001, p. 110).

Este tipo de ligação ocorre entre um elemento metálico e um elemento não


metálico por transferência de elétrons. Os metais são catiônicos por isso doam seus
elétrons da camada de valência para os não metais, que são aniônicos e, por isso
recebem esses elétrons, ambos com o intuito de se estabilizar. Essa transferência
de elétrons pode ser representada através da Notação de Lewis.

• Notação de Lewis ou Fórmula eletrônica: é a representação dos elétrons da


camada de valência ao redor do átomo. Tais elétrons podem ser representados
por pontos (.) ou (x). Confira nas Figuras 28 e 29, a seguir.

• Fórmula molecular: é a representação final do número de elementos utilizados


na ligação. Coloca-se em primeiro lugar o cátion (metal) e em seguida o ânion
(não metal).

NOTA

Note a seguir a junção entre a fórmula molecular, os íons formados e a notação


de Lewis.

68
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

ÍONS FORMADOS FÓRMULA MOLECULAR


Ca+2 2Cℓ-1 CaCℓ2

FÓRMULA DE LEWIS
●●
Ca ●● ●Cℓ●●
●●

Note que foi necessário dois íons Cℓ-1 para estabilizar o íon Ca+2, formar o
composto CaCℓ2 e que as cargas dos íons desceram de forma invertida.

Observação:

1. Quando as valências (cargas) apresentam valores diferentes, a valência de um


indica a quantidade do outro elemento.
K .................. + 1

1º)
K2O
O .................. - 2

Ca ................ + 2

2º)
Ca3P2
P.................... - 3

2. Ao montar a fórmula molecular, colocamos os elementos em ordem crescente


de eletronegatividade. No caso específico de ligação iônica, metal (cátion) à
esquerda, não metal (ânion) à direita.

3. Os números colocados junto aos símbolos indicam a quantidade de átomos


(atomicidade) na referida fórmula molecular, são denominados índices e
devem permanecer na parte inferior dos elementos.

Exemplo 1:

Caro acadêmico, note que na figura a seguir, os elétrons da camada de


valência estão ao redor dos átomos (Notação de Lewis), mostrando que o elétron
do cátion metálico é transferido para o ânion não metálico. Ou seja, o Na (sódio)
apresenta apenas um elétron na camada de valência (Família 1A) para ser doado,
por isso é nomeado como cátion (carga positiva) monovalente. Já o cloro (Cl)

69
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

recebe a nomeação de ânion (carga negativa) monovalente, pois só precisa


receber um elétron para se estabilizar, afinal apresenta sete elétrons na camada
de valência (Família 7A).

FIGURA 29 – REPRESENTAÇÃO DA LIGAÇÃO IÔNICA DO NaCl ATRAVÉS DA NOTAÇÃO DE LEWIS

●● ●●
Na ● ●Cl● Na+ -
●Cl ●
●● ●●
FONTE: <infoescola.com>. Acesso em: 12 fev. 2012.

UNI

A fórmula molecular é então: NaCl. Foi necessário apenas um átomo de sódio


(Na) para estabilizar um átomo de cloro (Cl). Note que o cátion permanece à frente do ânion.

Exemplo 2:

Repare mais uma vez, na figura a seguir, que os elétrons da camada de


valência estão ao redor dos átomos (Notação de Lewis), mostrando que o elétron
do cátion metálico é transferido para o ânion não metálico. Ou seja, o Al (alumínio)
apresenta três elétrons na camada de valência (Família 3A) para ser doado, por
isso é nomeado como cátion (carga positiva) trivalente. Já o flúor (F) recebe a
nomeação de ânion (carga negativa) monovalente, pois só precisa receber um
elétron para se estabilizar, afinal apresenta sete elétrons na camada de valência
(Família 7A).

FIGURA 30 - REPRESENTAÇÃO DA LIGAÇÃO IÔNICA DO ALF3 ATRAVÉS DA NOTAÇÃO DE LEWIS

Al F

F
FONTE: <quimicamusicaefirula.com>. Acesso em: 12 fev. 2012.

70
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

UNI

A fórmula molecular é então: AlF3. Foram necessários três átomos de alumínio


(Al) para estabilizar um átomo de flúor (F). Note que o cátion permanece à frente do ânion.

Observação:

A ligação iônica ocorre entre um elemento metálico com outro elemento


não metálico, onde a diferença de eletronegatividade é igual ou superior a 1,7.

ATENCAO

Eletronegatividade é a capacidade que um átomo apresenta em atrair elétrons


para si. Consulte sua Tabela Periódica e verifique os valores de eletronegatividade dos
elementos químicos, bem como sua ordem de crescimento nos períodos da esquerda para
a direita e nas famílias de baixo para cima.

3.1 CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS IÔNICOS


1. Em geral, os compostos iônicos são sólidos, devido à grande força de atração
entre os íons, e desta forma, a estrutura é compacta, apresentando forma e
volume constante.

2. Apresentam estrutura cristalina muito rígida, isto é, os íons não possuem


mobilidade se distribuindo alternadamente, formando poliedros regulares que
são denominados retículos cristalinos e sua forma depende do tamanho e das
cargas dos íons.

3. Possuem altos pontos (temperaturas) de fusão (PF) e ebulição (PE).

4. No estado sólido, não conduzem corrente elétrica. Porém, quando dissociado


em água ou no estado líquido são bons condutores de corrente elétrica.

71
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

4 LIGAÇÕES COVALENTES OU MOLECULARES


“Os não metais e o hidrogênio (H) apresentam alta eletronegatividade
(capacidade em atrair elétrons). A ligação entre seus átomos, estabelecida para
alcançarem a estabilidade, é chamada de ligação covalente ou molecular”.
(COVRE, 2001, p. 115).

• Ligação covalente é aquela que envolve um par eletrônico que é compartilhado


pelos dois átomos.

A.xB A ----- B

Um elemento químico pode efetuar uma ou mais ligações covalentes,


dependendo do número de elétrons disponíveis em sua camada de valência para
formar outros pares de elétrons e do número de elétrons que deve compartilhar
para se tornar estável. Cada compartilhamento de elétrons, ou seja, cada ligação
covalente, realizada é representada por um traço (-----). Este tipo de ligação
apresentará a fórmula eletrônica ou notação de Lewis, a fórmula estrutural e
finalmente a fórmula molecular. No caso da fórmula estrutural, o número de
ligações realizadas (elétrons compartilhados) será representado por tantos traços,
ou seja, o número de traços equivale ao número de ligações efetivadas.

a. LIGAÇÃO COVALENTE OU MOLECULAR

Ocorrência da ligação covalente ou molecular: este tipo de ligação


ocorre entre um elemento não metálico com outro não metálico, hidrogênio com
hidrogênio e hidrogênio com um elemento não metálico por compartilhamento
de elétrons, com diferença de eletronegatividade inferior a 1,7.

As ligações covalentes ou moleculares podem ser classificadas como:

• Simples: representada por um traço e chamada de sigma (σ).

• Dupla: representada por dois traços e chamada de pi, formada por uma sigma (σ)
e uma pi (π).
• Tripla: representada por três traços e formada por uma pi (π), uma sigma (σ) e
uma pi (π).

Confira na figura a seguir os tipos de ligações covalentes ou moleculares e


suas respectivas representações. Lembrando que cada traço significa uma ligação
covalente ou molecular realizada.

72
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 31 – TIPOS DE LIGAÇÕES COVALENTES

Ligação Simples σ
σ
Ligação Dupla
π
π
Ligação Tripla σ
π
FONTE: <agracadaquimica.com.br>. Acesso em: 12 fev. 2012.

Resumindo:

 As ligações covalentes ou moleculares só são realizadas através dos elétrons da


camada de valência dos átomos (última camada).

 Um par de elétrons compartilhado é formado por um elétron de cada átomo e


assim respectivamente.

 Para atingir a estabilidade química conforme a regra do octeto, o átomo pode


formar até três pares de elétrons compartilhados.

• Veja a seguir, o exemplo de compartilhamento de um par de elétrons e suas


respectivas fórmulas:

Notação de Lewis ou Fórmula eletrônica: H. xH


Fórmula estrutural: H ------- H
Fórmula Molecular: H2

Neste exemplo, pode-se verificar o compartilhamento de apenas dois


elétrons, um elétron de cada átomo, formando-se assim uma ligação covalente
simples ou sigma (σ), representada por um traço.

Em outros casos, pode-se verificar o compartilhamento de quatro elétrons


(dois elétrons de cada átomo), e assim, há formação de uma ligação dupla ou pi (π).
Um exemplo, é a formação da molécula do gás oxigênio (O=O), como o oxigênio
pertence a Família 6A da Tabela Periódica apresenta seis elétrons na camada de
valência e para se estabilizar necessita realizar duas ligações covalentes.

Enfim, quando são compartilhados seis elétrons (três de cada átomo) há


formação de ligação tripla (pi (π), sigma(σ) e pi (π)). Um exemplo é o que ocorre
com a formação do gás nitrogênio (N2). Como o nitrogênio pertence à Família 5A
da Tabela Periódica, precisa realizar três ligações para se estabilizar, conforme a
regra do octeto: (N≡N).

73
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

4.1 LIGAÇÃO COVALENTE COORDENADA DATIVA


Existe um outro tipo de ligação covalente entre átomos de elementos
(iguais ou diferentes) de alta eletronegatividade. Esse tipo de ligação recebe o
nome de ligação covalente coordenada dativa ou ligação covalente coordenada
ou dativa, que ocorre quando o par eletrônico compartilhado é formado por
elétrons de apenas um dos átomos participantes.

A ligação coordenada dativa é representada por uma flecha () que parte
do átomo que contribuiu com o par eletrônico para aquele que o está
utilizando. Na fórmula estrutural da substância existem tantas flechas
quantas ligações dativas forem realizadas. (COVRE, 2001, p. 115).

Quando ocorre uma ligação coordenada dativa?

Caro acadêmico, este é um caso especial de ligação covalente, onde só


realizará a ligação coordenada dativa o elemento que já tenha realizado suas
ligações, ou seja, já está estável (octeto completo, ou seja, oito elétrons na camada
de valência), e que apresente pelo menos um par de elétrons para compartilhar
com o elemento que ainda não realizou suas ligações.

Confira a figura a seguir. Este exemplo apresenta a fórmula estrutural


do HClO3 (Ácido clórico) onde ocorrem duas ligações covalentes simples (entre
o hidrogênio e o oxigênio) e duas coordenadas dativas (entre o cloro e os outros
dois oxigênios), que são representadas por flechas. O cloro (Família 7A da Tabela
Periódica) se estabilizou fazendo uma ligação covalente simples com o oxigênio.
Como esse elemento apresenta sete elétrons na camada de valência após sua
estabilização, ainda apresenta pares de elétrons sobrando, por isso, pode realizar
duas ligações coordenadas dativas com os outros oxigênios que necessitam desses
pares de elétrons para se estabilizar.

FIGURA 32 – REPRESENTAÇÃO DAS LIGAÇÕES COVALENTES SIMPLES E COORDENADAS


DATIVAS ATRAVÉS DA FÓRMULA ESTRUTURAL DO HClO3

H – O – Cl → O

O
FONTE: <reocities.com>. Acesso em: 12 fev. 2012.

Já na figura a seguir, podemos observar a formação do dióxido de enxofre


(SO2). Repare que o enxofre (S) realiza uma dupla ligação com o oxigênio da direita
(afinal ambos são da Família 6A da Tabela Periódica, apresentam seis elétrons
na camada de valência e necessitam realizar duas ligações para se estabilizar) e
após sua estabilização com os pares de elétrons sobrantes, realiza uma ligação
coordenada dativa com oxigênio da esquerda.

74
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 33 – REPRESENTAÇÃO DA LIGAÇÃO COVALENTE DUPLA (Pi) E COORDENADA DATIVA


ATRAVÉS DA FÓRMULA ESTRUTURAL DO SO2

O S O
FONTE: <amantesdaquimica.blogspot.com>. Acesso em: 20 fev. 2012.

UNI

Note que a figura acima apresenta a Notação de Lewis (fórmula eletrônica) do


SO2.

FIGURA 34 – FÓRMULA ESTRUTURAL DO SO2

O←S=O
FONTE: <qieducacao.com>. Acesso em: 20 fev. 2012.

UNI

Note que a figura acima, apresenta a fórmula estrutural do SO2, finalizando com
uma ligação coordenada dativa (à esquerda) e uma dupla ligação.

• CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS COVALENTES

1. São compostos moleculares, ou seja, realizam ligações covalentes.

2. As ligações covalentes são mais fracas que a dos compostos iônicos.

3. Apresentam baixos pontos de ebulição (PE) e fusão (PF).

4. Podem apresentar-se nos três estados físicos, predominando nos estados


líquidos e gasosos.

5. Geralmente são insolúveis em água (apolares).

75
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

6. Não conduzem a corrente elétrica, quando em água podem apresentar baixa


condução (apolares).

• COMPOSTOS IÔNICOS x MOLECULARES

“Moléculas são as unidades elementares das substâncias que exibem


apenas ligações covalentes ou moleculares”. (COVRE, 2001, p. 115).

Exemplos: molécula do gás carbônico (CO2), O = C = O

Gás sulfúrico O=S SO3

Um composto é considerado iônico desde que possua pelo menos uma


única ligação iônica (mesmo apresentando várias ligações covalentes, normais
ou dativas).

Exemplos: O cloreto de sódio: Na+Cl-
O nitrato de sódio: (NaNO3)
O sulfato de sódio: (Na2SO4)

“Nas ligações iônicas formam-se íons e aglomerados iônicos; nesse caso


há formação de moléculas”. (COVRE, 2001, p. 117).

4.2 LIGAÇÃO METÁLICA


“Ligação metálica é aquela realizada entre átomos e cátions de metais cujos
elétrons mais externos migram do átomo para o cátion e vice-versa”. (COVRE,
2001, p. 120).

Caro acadêmico, como o próprio nome diz este tipo de ligação química
ocorre entre metais. Os metais apresentam várias características, como boa
condutividade de calor e eletricidade, maleabilidade, ductibilidade, tenacidade
são sólidos à temperatura ambiente (25°C), com exceção do mercúrio (Hg) que é
o único metal líquido e são doadores de elétrons, ou seja, são catiônicos.

Este tipo de ligação é conhecido como “mar de elétrons” ou “nuvem de


elétrons”. Veja a figura a seguir.

76
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 35 – REPRESENTAÇÃO DA LIGAÇÃO METÁLICA – “MAR DE ELÉTRONS”

Ligação Metálica

Átomos com cargas positivas


(bolinhas grandes), rodeados de
elétrons livres (bolinhas pequenas).
FONTE: <portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovir>. Acesso em: 20 fev. 2012.

As ligações metálicas não apresentam fórmula eletrônica e fórmula


estrutural, pois dependem do conhecimento específico dos retículos cristalinos
que as formam. Os metais em sua maioria são representados por seus símbolos,
sem valores de atomicidade (quantidade de átomos), que é muito grande e
indeterminada.

4.3 COMPOSTOS METÁLICOS E AS LIGAS METÁLICAS


Os metais apresentam propriedades bastantes características, devido ao
resultado do movimento dos elétrons em torno dos íons positivos (cátions):

1. São ótimos condutores de calor e eletricidade.

2. São dúcteis (capacidade de formar fios).

3. São maleáveis (capacidade de formar lâminas).

4. São tenazes (resistentes à tração e choques).

5. Apresentam altos pontos de fusão e ebulição.

6. Apresentam altos valores de densidade.

7. Apresentam brilho.

77
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

8. São doadores de elétrons, cátions (eletropositivos).

9. São sólidos à temperatura ambiente (25°C), com exceção do mercúrio (Hg) que
é o único metal líquido.

• LIGAS METÁLICAS

Uma liga metálica é a mistura de dois ou mais metais ou de metais com


ametais, cujo componente principal é um metal. Porém, raramente um metal
possui todas as qualidades necessárias para determinada aplicação.

Por isso, o objetivo de uma liga metálica é de melhorar as propriedades


físico-químicas do material resultante e se possível diminuir o custo. As ligações
metálicas justificam a ocorrência das ligas metálicas, pois estão presentes nelas.

UNI

Você sabia que usamos várias ligas metálicas em nosso dia a dia? O aço
inoxidável (ferro, carbono e cromo) e o bronze (cobre e estanho) são alguns exemplos.

Veremos mais alguns no quadro a seguir.

QUADRO 13 – LIGAS METÁLICAS E SUAS APLICAÇÕES


Nome comercial Composição Aplicação
Ouro 18 quilates Au (75%) e Ag, Cu (25%) Joias e ornamentos.
Amálgama Hg (50%), Ag (35%) e Sn (15%) Obturações odontológicas.
Solda comum Pb (67%) e Sn (33%) Solda elétrica.
Níquel-crômio Ni (60%), Cr (15%) e Fe (25%) Fios de resistência elétrica.
Duralumínio Aℓ (95%) e Cu, Mg, Mn (5%) Peças de automóveis e aviões.
Latão Cu (70%) e Zn (30%) Latões, parafusos, válvulas e bijuterias.
Aço comum Fe e C (0,1% a 1,5%) Peças, estruturas e fios.
Ouro branco Au (90%) e Pd (10%) Joias e ornamentos.

FONTE: A autora

78
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

UNI

Caro acadêmico, para aprofundar seu conhecimento sobre as ligações químicas,


leia o livro indicado a seguir: CHANG, Raymond. Química Geral: conceitos essenciais. 4. ed.
Porto Alegre: Mcgraw Hill, Artmed 2010.

5 GEOMETRIA E POLARIDADE DAS MOLÉCULAS


“Pelo estudo das ligações químicas e dos átomos presentes na estrutura,
pode-se identificar a forma geométrica das moléculas. Existe um especial interesse
em se conhecer a geometria das moléculas que tem entre dois e cinco átomos”.
(COVRE, 2001, p. 132).

• Geometria molecular

É a forma de como os átomos estão distribuídos espacialmente em


uma molécula. Podendo assumir várias formas geométricas, dependendo dos
átomos que a compõem. As geometrias moleculares mais estudadas são linear,
angular, trigonal plana, piramidal e tetraédrica.
FONTE: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090914184824AAH 9c4y>.
Acesso em: 13 mar. 2012.

1. Geometria linear: formada por dois elementos ou por três elementos sem sobra
de pares de elétrons no átomo central. Com ângulo de ligação igual a 180º.

FIGURA 36 – GEOMETRIA LINEAR

O C
Exemplos: CO2 O O = O O2

FONTE: <googleimagens.com.br>. Acesso em: 20 fev. 2012.

2. Geometria angular: formada por três elementos e há sobras de pares de elétrons


no átomo central, como ângulo de ligação igual a 105º.

Exemplo: H2O

79
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 37 – GEOMETRIA ANGULAR

H H
105ᵒ
FONTE: <www.googleimagens.com.br>. Acesso em: 20 fev. 2012.

3. Geometria Trigonal Plana: formada por quatro elementos e não há sobra de


pares de elétrons no átomo central com ângulo de ligação igual a 120ᵒ.

Exemplo: BH3

120ᵒ
B

H H
FONTE: <googleimagens.com.br>. Acesso em: 20 fev. 2012.

4. Geometria Piramidal: formada por quatro elementos e há sobra de pares de


elétrons no átomo central com ângulo de ligação igual a 107º.

Exemplo: NH3

FIGURA 39 – EXEMPLO: NH3

FONTE: <http://twixar.me/HNQn>. Acesso em: 20 fev. 2012.

80
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

5. Geometria Tetraédrica: formada por cinco elementos e não há sobra de pares


de elétrons no átomo central com ângulo de ligação igual a 109, 25º.

Exemplo: CH4

H H

C
H C H
H H
H 109,5◦
H
FONTE: <http://twixar.me/wcQn>. Acesso em: 17 jun. 19.

POLARIDADE

Entre dois átomos, A e B, que estabelecem ligação covalente, o par eletrônico


pertencerá simultaneamente aos dois átomos ligantes; porém, dependendo da
eletronegatividade, um átomo poderá atraí-lo com maior intensidade que outro.

“Polaridade da ligação é o resultado da diferença entre as


eletronegatividades dos átomos que estão ligados”. (COVRE, 2001, p. 135).

Lembre-se de que eletronegatividade é a capacidade que um átomo tem


de atrair elétrons de outro átomo, quando os dois realizam uma ligação química.

• Ligação covalente polar: formada por elementos diferentes, ou seja, há


diferença de eletronegatividade e formação de cargas parciais δ+ e δ-, pois
podemos identificar polos elétricos opostos.

• Quanto maior a diferença de eletronegatividade, maior a polaridade da


ligação.

Ex.: HCl

Hδ+Clδ-
• Ligação covalente apolar: formada por elementos iguais, ou seja, não há
diferença de eletronegatividade, ou essa é muito pequena ou igual a zero. Se
os elementos são iguais, os valores de eletronegatividade também são, logo,
a ligação é apolar.

Ex.: H2

81
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

UNI

Não se esqueça de consultar os valores de eletronegatividade dos elementos


químicos em sua Tabela Periódica.

POLARIDADE MOLECULAR

Para verificarmos se uma molécula é polar ou apolar devemos utilizar o


vetor µ (momento dipolar) que apresenta as seguintes características:

• Sentido: do átomo menos eletronegativo para o mais eletronegativo.

• Módulo: é a diferença entre a eletronegatividade dos átomos.

Quando os vetores forem para o mesmo sentido o µ ≠ 0 e a molécula será


polar.

Quando os vetores forem para sentidos opostos o µ = 0 e a molécula será


apolar.

Veja os exemplos na figura a seguir.

FIGURA 41 – LIGAÇÃO POLAR – LIGAÇÃO APOLAR


Ligação polar

µ
H Cl = 3,0 - 2,1 = 0,9
2,1 3,0

C µ O = 3,5 - 2,5 = 1,0


2,5 3,5
Ligação apolar

Cl µ=0 Cl = 3,0 - 3,0 =0


3,0 3,0

FONTE: <http://alfaconnection.net/pag_avsf/mol0202.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012.

• A Polaridade e a solubilidade

A solubilidade de uma substância em outra depende diretamente da


polaridade de suas moléculas.

82
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

Regra de solubilidade

“Semelhante dissolve semelhante”

Ou seja:

Polar Polar
Apolar Apolar

• Substâncias polares dissolvem substâncias polares.


• Substâncias apolares dissolvem substâncias apolares.

O KCl (polar) dissolve-se em H2O (polar), mas não se dissolve em C6H6


(apolar).
O CH4 (apolar) dissolve-se em C6H6 (apolar), mas não se dissolve em H2O
(polar).

POLARIDADE E A GEOMETRIA MOLECULAR

“A polaridade de uma molécula depende da polaridade das ligações


estabelecidas entre os átomos constituintes e da sua geometria”. (COVRE, 2001,
p. 138).

Veja na figura a seguir.

FIGURA 42 – GEOMETRIA X POLARIDADE


Pares
de e- ao Geometria e Representação
F.M. Polaridade Hibridização Exemplos
redor do Ângulo geomátrica
AC
AX2 Não Linear – 180o X–A–X Apolar sp CO₂, BeH₂
••
Angular A
AX2 Sim Polar sp3 H₂O, H₂S
variável X X
X
Triagonal BF₃, SO₃,
AX3 Não A Apolar sp²
Plana – 120o BCℓ₃
X X
••
A
Paramidal
AX3 Sim X X Polar sp³ NH₃, PH₃
Variável
X
X
Tetraédrica – A
AX4 Não Apolar sp³ CH₄, SiCℓ₅
109o28' X X
X

83
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

X
Bipirâmide X
PCℓ₅,
AX5 Não Trigonal – 90o e A X Apolar sp³d
MoCℓ₅
120o X
X
X
X X
AX5 Não Octaédrica – 90o A Apolar sp³d² SF₆
X X
X

FONTE: <http://twixar.me/1sQn>. Acesso em: 17 jun. 19.

6 FORÇAS INTERMOLECULARES
“Força intermolecular é o nome dado à atração existente entre unidades
elementares”. (COVRE, 2001, p. 141).

São forças de interações entre moléculas. As forças intermoleculares


justificam a presença dos estados físicos das substâncias: estado sólido, estado
líquido e estado gasoso, o que nos faz concluir que, entre as moléculas, existem
forças de atração de diferentes intensidades.

As forças intermoleculares interferem diretamente nas temperaturas de


fusão (PF) e nas temperaturas de ebulição (PE) de uma substância.

Quanto mais intensa for a força de atração entre as moléculas, mais difícil
será em separá-las, ou seja, será necessário fornecer muita energia para que tal
separação ocorra, o que justifica as altas temperaturas de fusão e ebulição.

NOTA

Ligações intermoleculares fortes x altas temperaturas de fusão e ebulição.

Uma substância no estado sólido apresenta altas forças de atração entre


suas moléculas em relação ao estado líquido. No estado gasoso, as forças de
atração entre as moléculas são muito baixas, ou quase nulas.

As forças intermoleculares se dividem em dois tipos: Forças de Van der


Waals e Ligação de hidrogênio ou Pontes de hidrogênio.

84
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

• FORÇAS DE VAN DER WAALS

São interações fracas e são classificadas em: Dipolo-Dipolo e Dipolo-


Instantâneo - Dipolo Induzido (ou Forças de London).

6.1 FORÇAS DE VAN DER WAALS


As Forças de Van der Walls ocorrem entre moléculas polares. A formação
do dipolo se dá através da diferença de eletronegatividade entre os ligantes: o
polo da extremidade negativa de uma molécula atrai o polo da extremidade
positiva da molécula vizinha.

Exemplo:

FIGURA 43 – EXEMPLO: ÁCIDO CLORÍDRICO (HCℓ)

FONTE: Usberco; Salvador (1999, p. 240)

Esse tipo de interação também ocorre nas ligações iônicas, porém com
uma intensidade bem menor. Na Figura 43, temos o exemplo do HCℓ, a uma
temperatura de - 84oC , onde já se consegue quebrar as ligações das moléculas
do ácido clorídrico no estado líquido e, assim, pode ocorrer a passagem para o
estado gasoso.

6.2 DIPOLO-DIPOLO OU DIPOLO INSTANTÂNEO


São forças de atração que ocorrem em moléculas apolares no estado sólido
ou líquido.

A nuvem de elétrons nas moléculas apolares é contínua, não aparecendo


cargas elétricas. Essa nuvem pode ser deformada por alguma ação externa, como
a elevação da pressão e o abaixamento da temperatura, o que ocasiona uma
distribuição desigual de cargas e o aparecimento de um dipolo.

O dipolo instantâneo induz a polarização da molécula vizinha, resultando


em uma fraca atração entre elas.

Veja o exemplo das moléculas de O2, na figura a seguir.

85
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 44 – EXEMPLO DAS MOLÉCULAS de O2

δ0 δ0
O O

FONTE: Usberco; Salvador (1999, p. 240)

Com o oxigênio em estado líquido, as forças de atração entre as moléculas


de O2 são tão fracas que a - 183oC já se consegue quebrar essas ligações, e o
oxigênio passa para o estado gasoso.

6.3 PONTES DE HIDROGÊNIO OU LIGAÇÕES


DE HIDROGÊNIO
“Ponte de hidrogênio ou ligação de hidrogênio é o nome dado à força de
atração existente entre dipolos permanentes quando o hidrogênio está ligado a
átomos de alta eletronegatividade e pequenos, ou seja, FLÚOR, OXIGÊNIO E
NITROGÊNIO”. (COVRE, 2001, p. 142).

As Pontes de hidrogênio ou ligações de hidrogênio se encaixam a um


caso particular de interação dipolo-dipolo, em que o dipolo formado é muito
intenso. Esse fenômeno ocorre quando a diferença de eletronegatividade entre
os elementos ligantes é muito alta. Esse tipo de interação ocorre em moléculas
polares.

Exemplos: Moléculas de ácido fluorídrico, água, amônia e metanol.

δ+ molécula de HF δ- moléculas de água


H O
δ+ F F δ+ F δ+ δ- H+ H+
δ- δ- δ δ
H δ H
-
H O O
F- H H H δ- H+
ligações de hidrogênio δ δ+
δ
+
δ + δ
O-
δ
H H
δ+ δ+
ligações de hidrogênio

86
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

ligações de hidrogênio δ-
N
H+ H
δ- δ H+ δ+ ligações de hidrogênio
δ δ+
N H O δ-
H+ H+ CH3
δ H+ δ CH3
δ O H O δ-
δ - H+ δ +
δ
δ- N H CH3
N
H moléculas de metanol
H H H δ+
δ+ H+ δ+ δ+
δ
molécula de amônia

A intensidade das pontes de hidrogênio é muito maior que a força de Van


der Waals, pois para a água passar do estado líquido para o estado gasoso, ou
seja, evaporar, necessita-se de 100oC, o que é uma temperatura muito elevada.
• A influência das forças intermoleculares aos pontos de ebulição

Quanto mais intensa for a força intermolecular, maior será a energia


necessária para separar as moléculas, ou seja, maior será as temperaturas de
fusão e ebulição.
Veja a seguir, a ordem de crescimento das forças intermoleculares:

Forças de Van der Waals → Dipolo - Instantâneo → Pontes de Hidrogênio

São dois os fatores que influenciam na temperatura de ebulição de uma


substância: o tamanho e a geometria da molécula.

• Tamanho da molécula

Quanto maior o tamanho da molécula mais fácil a ocorrência de distorções


da nuvem eletrônica; em consequência, mais fácil será a formação de polos. Logo,
à medida que o tamanho da molécula aumenta (aumento da massa molecular),
aumenta também a temperatura de ebulição.

O tamanho da molécula e a temperatura de ebulição são diretamente


proporcionais.

87
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

LEITURA COMPLEMENTAR

BIOCOMBUSTÍVEIS: A ENERGIA QUE SE RENOVA

Claudio J. A. Mota
Nilton Rosenbach Jr.
Bianca Peres Pinto

A demanda por energia vem aumentando rapidamente, em função do


crescimento da população e suas necessidades tecnológicas. No século passado,
os combustíveis fósseis, entre o carvão, o petróleo e o gás natural, dominaram o
cenário energético e devem continuar a ter papel fundamental, pelo menos nesta
primeira metade do século XXI. A Figura 19 mostra a oferta de energia primária
no Brasil em 2007.

FIGURA 19 – OFERTA DE ENERGIA PRIMÁRIA NO BRASIL EM 2007

Nuclear 2% Biomassa 31%


Carvão Mineral 6%

Gás Natural 9%

Hidráulica e Petróleo e derivados 37%


Eletricidade 15%

FONTE: Adaptado de: Química nova, v. 32, p. 757-767, 2009.

A categoria de renováveis é composta por biomassa, geotérmica,


eólica (ventos), solar e hidrelétrica. A composição química da biomassa tem,
primordialmente, elementos como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio,
estando o enxofre em menores proporções. Esses elementos estão ligados para
formarem açúcares ou carboidratos, lipídeos ou gorduras e proteínas, os três
principais ingredientes da vida. São fontes de biomassa os restos de madeira,
colheita, plantas, alimentos, animais e algas. Essa matéria pode ser transformada
em combustíveis sólidos, líquidos e gasosos.

No Brasil, a energia proveniente da biomassa já ocupa uma parcela


considerável da matriz energética. Quando comparada com os dados mundiais
para utilização de energia, nota-se uma participação expressiva de nosso país em
relação aos demais países do mundo, no que tange ao uso de energias renováveis.
O uso primordial de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), desde o
século XIX, colocou inúmeras toneladas de gás carbônico, ou CO2, na atmosfera.

88
TÓPICO 3 | LIGAÇÕES QUÍMICAS

Ao longo dos anos, a concentração desse gás na atmosfera vem aumentando


gradativamente, associada à industrialização e ao consumo energético. O CO2 é o
gás que causa o chamado efeito estufa. Ou seja, a radiação solar que chega à Terra
entra na atmosfera, é absorvida pelo CO2 e provoca o aumento da temperatura
(Figura 20).

A Figura 21 mostra como os níveis de CO2 na atmosfera e a temperatura


estão relacionados. Nota-se que, desde o advento da revolução industrial no
século XVIII e o crescente consumo de carvão, petróleo e gás natural, os níveis
de gás carbônico na atmosfera não pararam de crescer, afetando a temperatura
média que já se elevou em quase 1°C. Pode parecer pouco, mas isso já provoca
mudanças climáticas consideráveis, com chuvas mais intensas e frequentes em
determinadas regiões e o aumento do nível dos mares. Percebe-se, ainda, que o
aumento tem sido mais acentuado a partir da década de 1950, com o pós-guerra,
quando o mundo vivenciou uma era de progresso e desenvolvimento que se
estende aos dias atuais.

Hoje, muitos cientistas e políticos admitem um aumento de até 2°C na


temperatura média da atmosfera até o final deste século. Um aumento mais
acentuado poderá trazer consequências devastadoras para o planeta.

FIGURA 20 – VISÃO ESQUEMÁTICA DO EFEITO ESTUFA

A. A radiação solar atravessa B. Alguma radiação solar é C. Parte da radiação infravermelha


a atmosfera. A maior parte refletida pela Terra e atmosfera, (calor) é refletida pela superfície
da radiação é absorvida pela de volta ao espaço. da Terra, mas não regressa
superfície terrestre e aquece-a. ao espaço, pois é refletida
de novo e absorvida pela
camada de gases estufa que
envolve o planeta. O efeito é
o aquecimento da superfície
terrestre e da atmosfera.

89
UNIDADE 1 | ESTRUTURA ATÔMICA

FIGURA 21 – RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE CO2 E TEMPERATURA DA ATMOSFERA

Essas questões têm dominado os debates sobre o futuro do planeta e é certo


que não poderemos continuar aumentando indiscriminadamente a concentração
de CO2 na atmosfera. O aquecimento global pode ocasionar a elevação do nível
do mar, inundando regiões e cidades costeiras. O Brasil seria bastante afetado,
pois possui um vasto litoral, com inúmeras praias e cidades. Não existe apenas
uma solução para o problema, mas inúmeras.

Nesse contexto, os biocombustíveis aparecem como uma solução de curto


prazo para minimizar os efeitos da emissão de gás carbônico na atmosfera.

Do ponto de vista estratégico, a produção dos biocombustíveis é uma


alternativa interessante, pois podem ser fabricados em diferentes regiões e a
partir de diferentes matérias-primas. Do ponto de vista ambiental é positivo, pois
as emissões de CO2 são praticamente anuladas quando a biomassa volta a crescer,
realizando a fotossíntese. O etanol, o biodiesel, o biogás e o carvão vegetal são
exemplos de biocombustíveis.

FONTE: Mota; Rosenbach Jr.; Pinto (2010, p. 49-54)

90
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:

• Ligações químicas são interações que ocorrem entre os átomos devido à força
de atração existentes.

• Os átomos apresentam a tendência de perder ou ganhar elétrons em busca da


estabilidade química, ou seja, obter os oito elétrons na camada de valência.

• Existem três tipos de ligações químicas: ligação iônica, covalente ou molecular


e metálica.

• Ligação iônica ocorre por transferência de elétrons, entre um metal e um não


metal, onde a diferença de eletronegatividade é igual ou superior a 1,7.

• A ligação covalente ou molecular ocorre por compartilhamento de elétrons


entre não metal com não metal, hidrogênio com não metal e hidrogênio com
hidrogênio, com diferença de eletronegatividade inferior a 1,7.

• A ligação covalente coordenada dativa é um caso particular de ligação covalente


ou molecular.

• A ligação covalente molecular pode ser classificada como: simples, dupla ou


tripla.

• As ligações covalentes podem ser polares ou apolares.

• A solubilidade de uma substância está ligada diretamente a polaridade de suas


moléculas.

• O princípio de solubilidade: “Semelhante dissolve Semelhante”.

• A polaridade da ligação depende da diferença de eletronegatividade entre os


átomos, assim como a polaridade de uma molécula depende de sua geometria.

• Eletronegatividade é a capacidade que um átomo tem de atrair elétrons de


outro átomo quando os dois formam uma ligação química.

• As ligações metálicas ocorrem entre metais e são conhecidas como “nuvem de


elétrons” ou “mar de elétrons”.

• As ligas metálicas são junções de dois ou mais metais podendo ainda, conter
um não metal, com o intuito de melhorar suas propriedades.

91
• As forças intermoleculares se dividem em: Força de Van der Walls, Dipolo-
Dipolo ou Dipolo Induzido e Pontes de Hidrogênio.

• Quanto mais intensa a força intermolecular, maior a temperatura de fusão e


ebulição.

92
AUTOATIVIDADE

1 A junção dos íons Ca2+ e O2- formará a substância a seguir.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) CaO.
b) ( ) Ca2O2.
c) ( ) CaO2.
d) ( ) Ca2O.

2 Confira as distribuições eletrônicas dos átomos neutros X e Y:

A: 1s2 2s2 2p6 3s1


B: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

Escreva a fórmula molecular do composto.

3 Monte a fórmula molecular formada pela junção dos íons a seguir:

a) Al3+ e Cl-
b) Ca2+ e I-
c) Li+ e F-
d) Na+ e O2-

4 Apresente a fórmula eletrônica e a fórmula estrutural do composto


molecular: CH2Cl2.

5 Dois elementos, A e B, apresentam valores de números atômicos


20 e 17 respectivamente. A fórmula molecular e o tipo de ligação
do composto formado são:

Assinale alternativa CORRETA:


a) ( ) AB2 ligação covalente.
b) ( ) A2B ligação iônica.
c) ( ) AB2 ligação iônica.
d) ( ) A2B ligação covalente.
e) ( ) A2B2 ligação iônica.

6 Justifique por que o íon cloreto (Cl-) é mais estável que o átomo de cloro.

7 Temos dois elementos químicos, W e Z, com números atômicos iguais a 11


e 35, respectivamente.

a) Realize as configurações eletrônicas dos dois elementos e diga a que grupo


da tabela periódica pertence cada um dos elementos.

93
b) Monte a fórmula dos compostos, indique que tipo de ligação eles realizaram
e justifique sua resposta.

8 Represente a fórmula do composto resultante da união de um elemento da


Família 2A, e outro, da Família 6A.

9 Através da fórmula molecular X2Y3 indique quantos elétrons na camada de


valência estão presentes no X e no Y.

10 Monte as fórmulas eletrônica e estrutural dos seguintes compostos:

a) Br2
b) C2H6
c) H2SO4
d) SO2

ATENCAO

Agora você desenvolverá uma atividade laboratorial da disciplina de Química


Geral e Orgânica, retirada do Manual de Atividades Laboratoriais e didático-pedagógicas de
Ciências Biológicas.

94
PRÁTICA – PROPRIEDADES DO SABÃO

ATENCAO

Esta prática usa o sabão produzido na prática “Fabricação de Sabão".

1 INTRODUÇÃO

A água por si só não consegue remover certos tipos de sujeira, como, por
exemplo, restos de óleo. Isso acontece porque as moléculas de água são polares
e as de óleo, apoiares. O sabão exerce um papel importantíssimo na limpeza
porque consegue interagir tanto com substâncias polares quanto com substâncias
apolares. Isso pode ser entendido analisando a figura a seguir da estrutura do
sabão.

FIGURA 1 – Estrutura do sabão, capacidade de eliminação de óleo em água.

O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C
O-Na+

Cadeia Extremidade
apolar polar

Capaz de interagir Capaz de interagir


com a gordura com a água
FONTE: Peruzzo, 2003.

A cadeia apolar de um sabão é hidrófoba (possui aversão pela água) e que


a extremidade polar é hidrófila (possui afinidade pela água). Quando lavamos
um prato sujo de óleo, utilizando um sabão ou detergente dissolvido em água,
formam-se as micelas. As micelas são agregados de ânions moleculares rodeados
por cátions. Nesses agregados as cadeias longas apolares dos ânions estão
direcionadas para dentro e as extremidades polares para fora, interagindo com a
água.

95
FIGURA 1 – Micela: Gota de óleo rodeada por moléculas de sabão

O
O
H
H H H O
H
H
O H
H
H O
H
H
O H
H O

H H

O
H
H
H
H O
O H
H H
O O
H
H

FONTE: Filha, 1999.

Portanto, os sabões agem não apenas em sistemas de gases dispersos em


líquidos (espuma), mas também em sistemas de dois materiais que normalmente não
se dissolvem um no outro (duas fases distintas), causando a formação de emulsões.

UNI

É importante destacar que o conteúdo desta prática relaciona-se com outras


disciplinas e áreas afins: química geral, física, meio ambiente entre outras.

2 OBJETIVOS

Este experimento tem como objetivo verificar algumas propriedades do


sabão produzido anteriormente: Propriedades emulsificantes e alcalinidade.

3 MATERIAIS

• Sabão produzido na prática “Fabricação de Sabão”;

• Tubos de ensaio ;

• Suporte para tubos de ensaio ;

• Papel indicador.
96
4 PROCEDIMENTO

Verificação das propriedades emulsificantes e alcalinidade do sabão.


Propriedades emulsificantes: Agitar 5 gotas de óleo mineral num tubo de ensaio
contendo 5 mL de água. Observe a formação temporária de uma emulsão água-
óleo. Repetir o mesmo teste, adicionando um pequeno pedaço do seu sabão antes
de agitar. Verificar o que ocorre em cada experimento e fazer anotações. Para a
alcalinidade. Usar o tubo do teste anterior, testando com papel indicador. Anotar
o pH.

5 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Ao finalizar a prática o acadêmico deve adquirir competências para


responder os seguintes questionamentos:

1) Qual foi o pH obtido? Que impactos ambientais o despejo de sabões com o pH


semelhantes aos obtidos no experimento podem provocar?

2) Quanto mais espuma um sabão produz melhor ele é? Responda essa pergunta
tendo como base os conhecimentos teóricos do sabão e seu funcionamento;

3) Porque a água não elimina manchas de gordura?

4) Pesquise e responda: O que são águas duras? Porque em águas duras os sabões
não funcionam tão bem?

REFERÊNCIAS

PERUZZO, F. M; CANTO, E. L. Reação de Saponificação: Sabões e


Detergentes. Química na abordagem do cotidiano. 2003. Disponível em: <http://
quimicasemsegredos.com/documents/Teoria/Saboes-e-Detergentes.pdf>. Acesso
em: 12 de abril de 2012.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Preparação do sabão. Disponível em:


<http://www.cdcc.sc.usp.br/quimica/experimentos/sabao.html>. Acesso em: 12
de abril de 2012.

FILHA et. al. Avaliação da qualidade de detergentes a partir do volume de


espuma formado. Química Nova na Escola. N. 09, maio de 1999. Disponível
em: <http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc09/exper2.pdf> Acesso em: 12 de
abril de 2012.

97
ATENCAO

Esta prática foi retirada da obra:


BIANCO, R. J. F. Prática - Propriedades do sabão. IN: GIRARDI, Carla Giovana et al. Manual
de atividades laboratoriais e didático-pedagógicas de ciências biológicas. Indaial: Grupo
UNIASSELVI, 2012. p. 163-165.

98
UNIDADE 2

FUNÇÕES INORGÂNICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto(a) para:

• identificar as quatro funções inorgânicas;

• reconhecer os grupos funcionais pertencentes à química inorgânica;

• realizar a nomenclatura dos compostos inorgânicos, conforme as regras


da IUPAC (União de Química Pura e Aplicada);

• diferenciar as propriedades das funções inorgânicas;

• identificar a ocorrência dos compostos inorgânicos em nosso cotidiano.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 2 está dividida em quatro tópicos e, ao final desses tópicos, você
encontrará atividades que contribuirão para a compreensão e fixação dos
conteúdos.

TÓPICO 1 – ÁCIDOS

TÓPICO 2 – BASES OU HIDRÓXIDOS

TÓPICO 3 – SAIS

TÓPICO 4 – ÓXIDOS

99
100
UNIDADE 2
TÓPICO 1

ÁCIDOS

1 INTRODUÇÃO
Função Química é um conjunto de substâncias com propriedades
químicas funcionais semelhantes. Iremos estudar quatro importantes funções
inorgânicas: os ácidos, as bases ou hidróxidos, os sais e os óxidos.
FONTE: Adaptado de: <https://sites.google.com/site/profpedrofarias/home/funcoes-
inorganicas>. Acesso em: 14 mar. 2014.

É de suma importância, no estudo de qualquer função inorgânica,


conhecer a sua formulação, ou seja, a sua composição molecular. O conhecimento
do número de oxidação (nox) das espécies químicas é indispensável para tal
formação.

2 NOX: NÚMERO DE OXIDAÇÃO


O nox (número de oxidação) é a carga positiva ou negativa que um átomo
apresenta ao realizar uma ligação química, iônica, por exemplo. No geral, nox é o
valor da carga de uma espécie química.

Exemplo:

1º) No composto NaCl.

O sódio (Na) está presente na família 1A da tabela periódica e por isso se


estabiliza formando um cátion monovalente, como nox = +1 (Na+) e o cloro que
pertence à família 7A se estabiliza formando um ânion monovalente, com nox = -1
(Cl-).

Assim, a fórmula molecular é:

NaCl

Logo, as cargas ou nox (números de oxidação) desses íons se anulam, pois


possuem valores iguais e sinais contrários.

101
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

• DETERMINAÇÃO DO NOX (NÚMERO DE OXIDAÇÃO)

Algumas regras podem ser utilizadas para facilitar a determinar o número


de oxidação.

1°- Toda substância simples apresenta número de oxidação (nox) igual a


ZERO.

Exemplos:

QUADRO 14 – NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX) DAS SUBSTÂNCIAS SIMPLES

Átomo Substância Simples NOX


Hidrogênio H2 zero
Oxigênio O 2, O 3 zero
Cloro Cl2 zero
Ferro Fe zero

FONTE: A autora

2° - Em relação aos elementos do grupo A (elementos representativos) da


tabela periódica, podemos verificar os números de oxidação, conforme o quadro
a seguir.

QUADRO 15 – NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX) DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS DA


TABELA PERIÓDICA

Famílias grupo A 1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A
+4
Nox +1 +2 +3 -3 -2 -1
-4

FONTE: A autora

OBS.: O nox do hidrogênio (H+) normalmente é +1, podendo em alguns casos apresentar
nox = -1.

Note no Quadro 15 que até a Família 3A, os números de oxidação são


positivos (cátions) e a partir da Família 5A, os números de oxidação são negativos
(ânions). Já na família 4A o número de oxidação pode ser positivo ou negativo,
isso depende da composição molecular da substância formada, porém geralmente
o nox usado é o positivo.

102
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

UNI

Caro acadêmico, consulte em sua tabela periódica, na parte posterior, a tabela


de cátions e ânions, lá você encontrará íons com nox fixo e íons com nox variável.

3° - Nas fórmulas moleculares (moléculas), a soma dos números de


oxidação de todos os átomos deve ser igual a zero.

Exemplo:
Determine o nox de todos os átomos formadores do ácido nítrico (HNO3).

Fórmula H N O3
Cada átomo +1 ? -2
+1 +5 -6

Para que a soma de todos os nox seja igual a zero, o Nitrogênio (N) deve
apresentar NOX = +5

​ bserve que ao somarmos os valores dos nox positivos tem-se +1 + +5 = +6.


O
Como se tem TRES átomos de oxigênio multiplicamos: 3 x -2 = -6.

Assim +6 -6 = 0. Logo, a soma das cargas positivas e negativas se anulam.

UNI

Quando a fórmula molecular apresentar três elementos, teremos que encontrar


um valor de nox para o elemento central (do meio) de tal forma que as cargas (nox) positivas
sejam iguais a carga negativa, para que no final as cargas sejam zeradas.

4º No caso de íons oxigenados, a soma das cargas (nox) deve ser igualada
a carga do íon, para que no final a soma total seja nula.

Exemplo: Cr2O7 -2
Neste caso, teremos que determinar o nox do cromo (Cr) para que a soma
total das cargas (nox) seja nula. Como o Cr2O7 -2 é um íon a soma das cargas será
igual a sua carga, - 2. Assim:

103
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

Cr2 x O7 -2

Cr2 x O7 -2 ------- 2x – 14 = -2 ------ x = +6

Na química uma das maiores preocupações é a de verificar todas


as características químicas e físicas das substâncias existentes na natureza.
Caracterizando quimicamente uma substância, conseguimos diferenciá-la, como
exemplo, podemos citar as substâncias eletrolíticas, que conduzem corrente
elétrica e as substâncias não eletrolíticas, que não conduzem corrente elétrica.

A verificação de condução elétrica de uma substância deve ser realizada


em soluções aquosas, ou seja, deve-se dissolver a substância em água.

• IONIZAÇÃO E DISSOCIAÇÃO

A palavra ionização se refere aos íons, cátions e ânions, já as palavras


dissociação significa a separação, dissipação. Quando dissolvemos compostos
iônicos (formados por um metal (cátion) e um não metal (ânion)) em água, como
o sal de cozinha (NaCl), teremos uma solução eletrolítica, ou seja, que conduz
corrente elétrica devido às diferenças de cargas (polos contrários se atraem).

Exemplo: água do mar, rica em sais minerais, cátions como Na+1, K+1, Ca+2
e ânions como Cl-1, NO3-1.

Já nos compostos moleculares, que não apresentam metais em sua


composição, ou seja, não apresentam íons, a condução de corrente elétrica é
muito baixa, ainda somente, quando dissolvidos em água. A solução que não
conduz corrente elétrica é chamada de solução não eletrolítica.

Exemplo: açúcar em água.

Quando compostos iônicos são dissolvidos (misturados) em água, ocorre


um fenômeno chamado de dissociação iônica ou dissociação eletrolítica, onde
o cátion se dissocia (se separa) do ânion. Note no exemplo a seguir, que o sal,
cloreto de potássio, se dissociou.

Exemplo:

água
K+Cℓ- (s) K+ (aq) + Cℓ-(aq)

Em relação às substâncias moleculares, não podemos garantir a ocorrência


da dissociação.

Os ácidos, por exemplo, são substâncias que quando dissolvidas em água,


sofrem o processo da ionização, gerando como único cátion o íon hidrônio ou
hidroxônio (H3O+).
104
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

Verifique a seguir, como ocorre a ionização do ácido bromídrico, gerando


uma solução eletrolítica, ou seja, que conduz corrente elétrica:

HBr + H2O H 3O + + Br-


Cátion hidroxônio ânion brometo (ânion)

São esses íons formados através da dissociação, os responsáveis pela


condução de corrente elétrica.

O cientista Svante August Arrhenius estabeleceu conceitos sobre os ácidos


e bases ou hidróxidos (funções inorgânicas) e também sobre o grau de ionização
(α).

• GRAU DE IONIZAÇÃO (α)

O grau de ionização é calculado para medir a “força” da ionização ou


dissociação iônica. A força dos ácidos, por exemplo, pode ser determinada através
do grau de ionização.

O cálculo do grau de ionização é realizado através da relação entre o


número total de moléculas ionizadas (final) e o número total de moléculas
dissolvidas (inicial), no final multiplica-se o resultado por cem, para se ter a
relação em porcentagem. Conforme representado a seguir:

Número total de moléculas ionizadas


α = ----------------------------------------------------------
Número total de moléculas dissolvidas

Exemplo 1: 100 moléculas de ácido clorídrico (HCℓ) foram misturadas em


água, e 92 moléculas se ionizaram (H+ e Cℓ-).

Para medirmos o grau de ionização faremos:

92
α = ⇒ 0,92 x 100 = 92% de ionização.
100
Exemplo 2: 100 moléculas de ácido fluorídrico (HF) foram dissolvidas em
água e apenas 8 moléculas se ionizaram (H+ e F-).

Logo: α = 8 ⇒ 0,08 x 100 = 8%


100
Dependendo do grau de ionização, os eletrólitos podem ser classificados em:

Eletrólito forte: quando o α ≥ 50%.


Eletrólito moderado: quando o α variar de 5% ≤ α < 50%.
Eletrólito fraco: quando o α < 5%.

105
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

3 ÁCIDOS
As funções inorgânicas são compostas com propriedades químicas
semelhantes, que pertencem à parte da química inorgânica, ou seja, dos
compostos minerais. Diferente da química orgânica, na qual as suas funções
orgânicas são compostos derivados do elemento carbono.

Nas funções inorgânicas, as substâncias apresentam grupos funcionais em


comum. Por exemplo, os ácidos apresentam um único cátion, o H+1, e as bases ou
hidróxidos apresentam um único ânion, a hidroxila OH-1. É através da presença
destes grupos funcionais que poderemos caracterizar as funções inorgânicas.

Caro acadêmico, são quatro as funções químicas inorgânicas que iremos


estudar: os ácidos, as bases ou hidróxidos, os sais e os óxidos.

• Ácidos

“Ácido é toda substância que, ao ser dissolvida em água, sofre ionização


e apresenta como único tipo de íon positivo o cátion hidrogênio (H+1)”. (COVRE,
2011 p. 151).

Exemplo: HNO3 ----------- H+1 e NO3-1

UNI

Note que os ácidos apresentam como primeiro elemento na fórmula molecular,


o único cátion o H+, seguido de um ânion qualquer. Para verificar a carga do ânion (nox),
consulte sua tabela de cátions e ânions.

Os ácidos são substâncias que, no geral apresentam sabor azedo, como


no vinagre (ácido acético), na laranja, limão, abacaxi (ácido cítrico), na uva (ácido
tartárico), na vitamina C (ácido ascórbico). São corrosivos aos metais e apresentam
baixos valores de pH.

pH = Potencial hidrogeniônico, ou seja, é uma medida de acidez. Quanto


menor o valor do pH, mais ácida é a substância.

106
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

FIGURA 45 – ESCALA DE pH

0 7 14
Soluções ácidas Soluções básicas

Soluções
neutras
FONTE: <jcpaiva.net>. Acesso em: 14 mar. 2012.

Na Figura 45 podemos notar a ordem crescente de pH. De zero a 6,9


temos valores pH ácidos. Acima de sete temos valores de pH básicos ou alcalinos.
Repare que, quanto menor o valor do pH, mais ácida será a substância e quanto
maior o valor de pH, mais alcalina ou básica será a substância. No sete, encontra-
se o valor de pH neutro.

Exemplo: em um refrigerante, a base de cola apresenta pH = 2,5 o que o


torna muito ácido e agressivo ao nosso estômago, que já produz o ácido clorídrico,
e auxilia na reação de digestão.

3.1 DEFINIÇÃO SEGUNDO ARRHENIUS


Os ácidos são compostos moleculares, que sofrem ionização quando
misturados em água, gerando como único íon positivo o H3O+ (íon hidrônio ou
hidroxônio).

“Ionização é o nome dado ao processo pelo qual a água forma íons que
não existiam”. (COVRE, 2011, p. 151).

Exemplo: reação de ionização do ácido clorídrico (HCl), repare que o


hidrogênio do ácido se separa do ânion Cl- e se liga aos dois hidrogênios da água,
formando assim, o íon hidrônio ou hidroxônio H3O+.

HCl(l) + H2O(l) H3O+(aq) + Cl-(aq)

ÍON HIDRÔNIO
OU
HIDROXÔNIO.

107
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

A ionização ocorre em etapas, o que depende do número de hidrogênios


ionizáveis, ou seja, se o ácido apresenta um hidrogênio ionizável à ionização
ocorrerá em uma única etapa. Se apresentar três hidrogênios ionizáveis a ionização
ocorrerá em três etapas. E ainda, o número de hidrogênios ionizáveis indicará o
número de íons H3O+ formados.

Exemplo: H2SO4 + H2O ------------- H3O+ + HSO4 1ª etapa – saída do 1º hidrogênio


HSO4 + H2O ------------- H3O+ + SO4 2ª etapa – saída do 2º hidrogênio
2 H3O+ + SO4 -2

OBSERVAÇÃO: ocorreu a formação de dois íons hidrônios ou hidroxônios


(2 H3O ), justamente porque o ácido sulfúrico (H2SO4) possui dois hidrogênios
+

ionizáveis.

Construção da fórmula molecular de um ácido


ONDE: H = H+
Formulação Geral = H x A x = NOX de A

não oxigenado
A = ânion { oxigenado

OBS.: o número de hidrogênios do ácido deriva da carga (nox) do ânion.


Basta fazer a inversão de cargas de cima para baixo na diagonal.

Exemplos:

Ácido bromídrico: HBr H+ Br -1

Ácido bórico: H3BO3 H+ (BO3)3-

Repare que no ácido bromídrico as cargas se anulam, pois têm o mesmo


valor, porém, com sinais contrários. Já no ácido bórico, a carga do ânion (BO3)3- ,
desceu na diagonal, formando três hidrogênios.

3.2 CLASSIFICAÇÃO
Os ácidos podem ser classificados através de alguns critérios citados a seguir.

3.3 QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS DIFERENTES


• Binários: são ácidos que apresentam dois elementos diferentes em sua fórmula
molecular.
Exemplo: HI (ácido iodídrico).

108
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

• Ternários: são ácidos que apresentam três elementos diferentes em sua fórmula
molecular.
Exemplo: HCN (ácido cianídrico).

• Quaternários: são ácidos que apresentam quatro elementos diferentes em sua


fórmula molecular.
Exemplo: HSCN (ácido tiocianídrico).

3.3.1 Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis


• Monoácidos: são ácidos que apresentam apenas 1 hidrogênio ionizável em sua fórmula
molecular.
Exemplo: HNO2 (ácido nitroso); H3PO2 (ácido hipofosforoso, este ácido é uma
exceção, pois ioniza apenas um hidrogênio em água).

• Diácidos: são ácidos que apresentam 2 hidrogênios ionizáveis em sua fórmula


molecular.
Exemplo: H2SO3 (ácido sulfuroso), H3PO3 (ácido fosforoso, este ácido é uma
exceção, pois ioniza apenas dois hidrogênios em água).

• Triácidos: são ácidos que apresentam 3 hidrogênios ionizáveis em sua fórmula


molecular.
Exemplo: H3BO3 (ácido brômico); H3PO4 (ácido fosfórico).

• Tetrácidos: são ácidos que apresentam 4 hidrogênios ionizáveis em sua fórmula


molecular.
Exemplo: H4SiO4 (ácido silícico)

3.3.2 Quanto à presença de oxigênio


• Hidrácidos: ácidos que não possuem oxigênio na molécula.
Exemplo: HF (ácido fluorídrico).

• Oxiácidos: ácidos que possuem oxigênio na molécula.


Exemplo: H2SO4 (ácido sulfúrico).

3.3.3 Quanto à força


A força dos ácidos está relacionada com o grau de ionização (α). Assunto
visto anteriormente.

No geral, seguimos a regra descrita a seguir, porém a maneira de se


determinar a força dos hidrácidos difere dos oxiácidos:

109
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

• Ácidos Fortes: α > 50%


• Ácidos Moderados: 5% ≤ α ≤ 50%
• Ácidos Fracos: α < 5%

FORÇA DOS OXIÁCIDOS

Para determinar a força dos oxiácidos, usaremos a fórmula Y- X, onde:


Y = número de oxigênios e X = número de hidrogênios.

Quando:

Y – X = 3 - oxiácido muito forte


Y – X = 2 – oxiácido forte
Y – X = 1 – oxiácido moderado
Y – X = 0 – oxiácido fraco

Exemplo: H3PO4 ----- Y – X ---- 4 – 3 = 1 ---- oxiácido moderado

UNI

• O ácido cianídrico (HCN) apresenta um α = 0,008%, que o classifica como


fraco, contudo quando o seu gás é inalado, causa a morte em pouco tempo.
É um ácido muito usado nas câmaras de gás aplicadas à pena de morte.

• O ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta um α = 61%, que o classifica como um ácido forte,
porém é extremamente corrosivo.

• O ácido sulfídrico (H2S) apresenta um α = 0,08%, que o classifica como fraco, porém o seu
gás libera um odor desagradável (“ovo podre”), que pode ser sentido nos esgotos, pois é
um produto formado, a partir da decomposição da matéria orgânica. A inalação do ácido
sulfídrico na forma de gás pode levar à morte de forma tão rápida quanto o ácido cianídrico.

FORÇA DOS HIDRÁCIDOS

Devido aos valores do grau de ionização (α), a definição das forças dos
hidrácidos pode assim ser resumida:

a) Hidrácidos fortes: HCl, HBr e HI.


b) Hidrácido moderado: HF.
c) Hidrácidos fracos: os demais HCN, HSCN, H2S etc.

110
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

3.4 NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS


a) Nomenclatura dos hidrácidos

Caro acadêmico, para nomear os hidrácidos, basta seguir a regra:

Ácido + nome do ânion + a terminação: ídrico

Exemplo: HBr – Ácido + brometo + terminação: ídrico =


Ácido bromídrico.

H2S – Ácido + sulfeto + terminação: idríco =


Ácido Sulfídrico

UNI

Note que na nomenclatura todos os hidrácidos apresentam a terminação: ídrico.

b) Nomenclatura dos oxiácidos

Caro acadêmico, para nomear os oxiácidos, basta seguir a regra:

Ácido + nome do ânion + a terminação: ico para o maior ânion


+ a terminação: oso para o menor ânion

Exemplo: H2SO4 – Ácido + sulfato + a terminação: ico = Ácido sulfúrico.

H2SO3 – Ácido + sulfito+ a terminação: oso = Ácido sulfuroso.

Para definir o maior e o menor ânion, deve-se observar o número de


oxigênios. O maior ânion é aquele que apresenta um número maior de oxigênios
em sua composição. Logo, o ânion menor é aquele que apresenta um número
menor de oxigênios em sua composição.

UNI

Caro acadêmico, consulte sua tabela de ânions para verificar os ânions e suas
variações, quanto ao número de oxigênios.

111
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

Ainda em relação à nomenclatura, caso o nome do ânion iniciar com o


prefixo “Per” o sufixo será: ico. Caso iniciar com o prefixo “Hipo”, o sufixo será:
oso.

Exemplo: HClO4 – Ácido perclorato – Ácido perclórico.


HClO – Ácido hipoclorito – Ácido hipocloroso.

OBS.: Quando o ânion for fixo, ou seja, não apresentar variação, quanto
ao número de oxigênios, usa-se a terminação ico.

Exemplos:

H2CO3 - Ácido Carbônico


H3BO3 - Ácido Bórico

DICAS

Verifique a terminação dos nomes dos ânions em sua tabela e saiba qual a
terminação utilizar na nomenclatura do respectivo ácido.

Terminação nome Terminação nome


dos ânios dos ácidos

ato .................................................................................................................................................... ico


ito ........................................................................................................................................................ oso
eto ............................................................................................................................................................. ídrico

112
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

LEITURA COMPLEMENTAR

PERFUMES

Ivana Correa Ramos Leal


José Celestino Barros
Leandro Soter de Mariz Miranda

Não é de hoje que as fragrâncias despertam interesse do homem. Os


perfumes vêm fascinando a humanidade há milhares de anos. A data da origem
da utilização de fragrâncias pelo ser humano é difícil de determinar, mas
alguns pesquisadores dizem que pode estar associada à descoberta do fogo e,
possivelmente, possuía cunho religioso. É possível que, a partir da descoberta
do fogo, tenhamos começado a realizar oferendas aos deuses com a queima de
folhas secas, as quais possivelmente exalavam odores agradáveis. Com o passar
do tempo, essa prática passou a ser utilizada por sacerdotes em rituais religiosos.
A própria origem da palavra perfume está associada a essa atividade, uma vez
que deriva do latim per (de origem) fumare (fumaça).

O século XVI foi marcado por explorações e desbravamentos sem qualquer


precedente na história do nosso planeta. Vasco da Gama, Cristovão Colombo,
Pedro Álvares Cabral e Fernão de Magalhães são grandes exemplos desses
desbravadores. Com suas expedições foram os responsáveis por trazer, das terras
desbravadas para os grandes centros europeus, novos aromas e fragrâncias.
Alavancaram o interesse da burguesia europeia e subsidiaram os alquimistas,
com ingredientes para novas receitas.

Nesse período, surgiram os primeiros livros sobre perfumaria. A


industrialização dos aromas e perfumes parece datar do século XIX, capitaneada
pela indústria britânica Crown Fragrances (em português, Fragrâncias da Coroa).
Indústrias de toda a Europa expandiram seus negócios globalmente, levando à
massa o que antes apenas a classe alta tinha acesso. Esse cenário conduziu às
revoluções de comportamento e moda, observadas no século XX. Decifrar a
composição de um perfume não é uma tarefa fácil. Um perfume é constituído de
uma mistura extremamente complexa de substâncias orgânicas, mistura essa que
denominamos fragrância. As fragrâncias podem ser de origem vegetal, animal
ou até mesmo de origem sintética. Aquelas obtidas de origem vegetal podem ser
extraídas tanto das flores quanto de árvores e arbustos.

Atualmente, a classificação geral das fragrâncias engloba 14 diferentes


tipos, basicamente, segundo a sua volatilidade e características olfativas: Cítrica
> Lavanda > Ervas > Aldeídica > Verde > Fruta > Floral >Especiarias > Madeira >
Couro > Animal > Almíscar > Âmbar > Baunilha. Um perfume não é composto
apenas de uma fragrância, podendo conter várias delas. A fragrância final de um
perfume é dividida em notas: superior (cabeça), do meio (coração) e de fundo
(fixação). A nota superior é composta por fragrâncias mais voláteis, presentes

113
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

no perfume e que evaporam rapidamente, constituindo o odor que primeiro


percebemos.

A nota do meio é composta por fragrâncias que constituem o verdadeiro


cheiro (tema) do perfume, que perdura na pele por várias horas. A nota de
fundo é composta por fragrâncias menos voláteis, constituídas por moléculas
mais pesadas, também conhecidas como fixadores e que dão corpo ao perfume.
A classificação das fragrâncias, segundo sua volatilidade e nota encontra-se na
Figura 10:

FIGURA 10 – CLASSIFICAÇÃO DAS FRAGRÂNCIAS SEGUNDO A SUA VOLATILIDADE E NOTA


AROMÁTICA

FONTE: Adaptada da referência de Dias e Cols, 1996

A combinação entre o tipo de pele e o perfume é de extrema importância.


Pessoas com peles mais oleosas são capazes de permanecer perfumadas por mais
tempo, com uma única aplicação de perfume. Isso ocorre em função de sua maior
capacidade em fixar as substâncias presentes no perfume.

No Brasil, o produto que conhecemos como perfume não é perfume


propriamente dito, e sim água de toalete, a qual apresenta apenas 4% de essência
em sua composição, enquanto o produto que é conhecido como perfume
apresenta até 15% de essência (Tabela 5). Em função das altas temperaturas e
taxas de transpiração em regiões tropicais como o Brasil, a utilização deles não é
recomendada.

114
TÓPICO 1 | ÁCIDOS

Ao longo dos anos, diferentes tecnologias para a extração de fragrâncias de


fontes naturais foram desenvolvidas. A técnica a ser empregada depende da matriz
de onde se deve extrair a substância odorífera, e também de suas propriedades.
Por exemplo, se uma substância odorífera é sensível ao calor (termolábil), não
podem ser empregadas técnicas extrativas que fazem uso de altas temperaturas.
Cabe destacar que, dependendo da região geográfica, época do ano e método com
que uma mesma fragrância é obtida, produtos com características diferentes são
obtidos. As técnicas mais utilizadas para a obtenção (extração) das fragrâncias
podem ser divididas em dois grandes grupos: destilação e extração.

A destilação é um modo de separação, baseado no fenômeno de equilíbrio


líquido-vapor de misturas. Simplificadamente, quando diferentes substâncias
formam uma mistura homogênea líquido-líquido, a destilação pode ser um
método adequado para purificá-las: basta que tenham pontos de ebulição,
razoavelmente diferentes entre si. De modo simplificado, uma aparelhagem básica
de destilação encontra-se na Figura 11. Ela é constituída de um recipiente (balão
de destilação), que contém a substância a ser destilada. Esse recipiente é aquecido
e as substâncias, que entram na fase vapor, são conduzidas até o condensador,
onde são resfriadas, para então serem coletadas no balão de recolhimento.

FIGURA 11 – APARELHAGEM BÁSICA DE DESTILAÇÃO

As técnicas de destilação empregadas para a obtenção de fragrâncias são:


destilação a seco (dry distillation) e destilação por arraste a vapor (steam distillation).
A destilação a seco envolve usualmente altas temperaturas e é por isso utilizada,
principalmente, para as fragrâncias de baixa volatilidade e resistentes ao calor.

115
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

Normalmente, cascas de árvores são os materiais utilizados como fonte de


substância odorífica nesse tipo de destilação, uma vez que as altas temperaturas
são necessárias para a volatilização de seus componentes. Na destilação por
arraste a vapor, a água é adicionada ao sistema de destilação, sendo essa aquecida
até o seu ponto de ebulição. O vapor d’água, assim gerado entra em contato com o
material a ser extraído, que é então arrastado pelo vapor. No final, o óleo arrastado
pelo vapor d’água é separado, uma vez que esses não se misturam. Umas das
principais fragrâncias obtidas através de arraste a vapor é o óleo essencial de
lavanda.

O processo de extração por solvente é uma técnica que utilizamos


diariamente. Dentre elas destacamos: a decocção, a infusão, a percolação e a
maceração. Essa técnica é parecida com o processo de cozimento de alimentos ou
o de preparo de alguns tipos de chás, que consiste em aquecer o material vegetal
em contato com o solvente (no caso do cozimento e do chá, o solvente é a água).

Após a ebulição por certo período de tempo, o material é resfriado e


separado do solvente que contém, agora, as substâncias odoríficas de interesse
dissolvidas. É exatamente como o chá-mate feito em casa, em que colocamos a erva
para ferver com a água e que ao final é filtrado, estando pronto para ser bebido.
Quando o fizer novamente, observe como o aroma da erva seca é transferido para
a bebida. A técnica de infusão assemelha-se ao processo de preparo do popular
cafezinho e chás em saquinhos, onde o solvente, já aquecido, é colocado em
contato com o material a ser extraído. É o processo utilizado, por exemplo, para o
preparo do chimarrão pela população da região sul do Brasil.

Percolação, nesse método, o solvente frio passa (percola) pelo material


que contém as substâncias a serem extraídas. O produto final de um processo
de percolação é conhecido como percolato. Outro processo importante é o de
maceração.

Esse processo consiste, simplesmente, em colocar em contato o material,


que possui as substâncias a serem extraídas, e o líquido extrator. É o mesmo
utilizado quando, em casa, adicionamos azeite à pimenta e deixamos curtindo
(macerando). Nesse processo, o azeite funciona como líquido extrator.

Em função das características físico-químicas das substâncias presentes


nos óleos essenciais, a água não é o solvente adequado, uma vez que as substâncias
a serem extraídas não são solúveis nela. Na maioria dos casos, para a extração
de substâncias odoríferas, são utilizados solventes orgânicos de baixo ponto
de ebulição (para facilitar a sua remoção no final do processo), como o éter de
petróleo. A técnica de extração conhecida como enfleurage será discutida mais à
frente.

FONTE: Leal; Barros; Miranda (2012). Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/54140142/9/


Feromonios-de-vertebrados>. Acesso em: 20 fev. 2012.

116
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você aprendeu que:

• Os ácidos são compostos moleculares que possuem um único cátion, H+.

• Os ácidos sofrem ionização em água, gerando um único íon positivo, o H3O+.

• Os ácidos são classificados quanto ao número de elementos diferentes em


binários, ternários e quaternários.

• Os ácidos são classificados quanto ao número de hidrogênios ionizáveis em:


monoácidos, diácidos, triácidos e tetrácidos.

• Os ácidos são classificados quanto à presença ou ausência de oxigênio em:


hidrácidos ou oxiácidos.

• Os ácidos são classificados quanto à força, devido ao grau de ionização, em:


fracos, moderados ou fortes.

• Os hidrácidos recebem nomenclaturas distintas à dos oxiácidos.

117
AUTOATIVIDADE

Caro acadêmico, coloque em prática e fixe tudo que você aprendeu


sobre os ácidos, fazendo os exercícios a seguir.

1 Realize a nomenclatura dos ácidos a seguir:

a) HF
b) HNO3
c) H3PO4
d) H2S

2 Monte a fórmula molecular dos seguintes ácidos:

a) ácido tiocianídrico:
b) ácido sulfuroso:
c) ácido clórico:

3 Usando os ânions a seguir, monte a fórmula molecular dos futuros ácidos:

a) NO3-
b) ClO4 -
c) BO33-
d) S2-
e) SbO43-
f) SiO44-

4 Em relação à força, classifique os ácidos a seguir.

HF (α = 8%), HCl (α = 92%), HCN ( α = 0,008%), H2SO4 (α = 61%) e H3PO4


(α = 27%).

5 Observe os ácidos oxigenados a seguir e classifique-os quanto à força.

a) H3PO4
b) HCℓO4
c) HNO2
d) HCℓO3
e) H3AsO4

118
6 Complete o quadro a seguir.

Presença de
Fórmula Nº de H+ Força
oxigênio
HI
H2SO3
HCN
HClO4
H2S
H4SiO4
H3BO3

7 O ácido clorídrico (HCℓ)) consiste no gás cloreto de hidrogênio, que é


bastante solúvel, dissolvido em água. O estômago secreta esse ácido para
auxiliar na digestão dos alimentos. Quando impuro, é vendido no comércio
com o nome de ácido muriático, sendo usado principalmente na limpeza de
pisos e de superfícies metálicas antes do processo da soldagem. Na extração
do petróleo, o ácido clorídrico é introduzido no bolsão rochoso, dissolvendo
uma parte das rochas e facilitando o fluxo do petróleo até a superfície.
Algumas vezes, esse procedimento pode ajudar a tornar o poço de petróleo
mais rentável. Como esse ácido é classificado com relação ao número de
hidrogênios ionizáveis, quanto à presença de oxigênio e força?

8 O sulfato de hidrogênio (H2SO4) é um líquido incolor, oleoso


e solúvel em água, formado da solução aquosa denominada
de ácido sulfúrico. Esse ácido é muito importante em todos
os setores da química e, por isso, é fabricado em grandes
quantidades. Um dos indicadores do desenvolvimento econômico de um
país é o consumo desse ácido. Ele é usado, por exemplo, na fabricação de
fertilizantes, velas, explosivos, corantes e baterias de automóveis. Quando
concentrado é um poderoso oxidante e desidratante: açúcares, algodão,
papel, madeira e tecidos podem ser destruídos por sua ação desidratante.
Como esse ácido é classificado com relação ao número de hidrogênios
ionizáveis, quanto à presença de oxigênio e força?

119
120
UNIDADE 2 TÓPICO 2

BASES OU HIDRÓXIDOS

1 INTRODUÇÃO
As bases ou hidróxidos são funções inorgânicas que apresentam pH
básico ou alcalino, ou seja, na escala de pH possuem valores acima de oito, são
corrosivas e apresentam sabor adstringente ou cáustico, como as bananas verdes,
caqui, caju. Ao tato, as bases ou hidróxidos são escorregadias, ensaboadas.

As bases são formadas por um cátion qualquer menos o H+, e o único


ânion monovalente, a hidroxila ou hidróxido (OH-).

Os metais alcalinos, (1A), metais alcalinos terrosos (2A) e os outros metais


da tabela periódica, como os metais de transição (grupo B) aparecem como
os cátions das bases ou hidróxidos, ou seja, o primeiro elemento da fórmula
molecular.

Para montar a fórmula molecular de uma base ou hidróxido, basta colocar


a carga (nox) do cátion após a hidroxila (OH-), obedecendo à mesma regra já
utilizada para os ácidos: a soma total das cargas deve ser nula.

Exemplo: Na+1 -----------NaOH,

Ca+2 ------------------Ca (OH)2,

Al+3 ------------ Al (OH)3 ,


Pb+4 ----------- Pb (OH)4 etc.

UNI

Observe que quando a fórmula molecular terminar com OH-, o composto é


uma base ou hidróxido!

121
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

INDICADORES ÁCIDO/BASE

São substâncias que apresentam a capacidade de mudar de cor em


presença de meio ácido ou básico. A fenolftaleína, por exemplo, é um indicador
que em meio ácido permanece incolor e em meio básico ou alcalino, apresenta
coloração vermelha, rósea ou violácea.

A maioria dos indicadores usados em laboratório é artificial, porém


alguns são encontrados na natureza, como o tornassol, que é extraído
de certos liquens. No nosso dia a dia, encontramos esses indicadores
presentes em várias espécies: no repolho roxo, na beterraba, nas
pétalas de rosas vermelhas, no chá-mate, nas amoras etc., sendo que
sua extração é bastante fácil. A maceração de uma folha de repolho
roxo, seguida de sua diluição com água, permite obter uma solução
roxa que mudará de cor tanto na presença de um ácido como na de
uma base. (USBERCO; SALVADOR, 1999, p. 146).

QUADRO 16 – PRINCIPAIS INDICADORES ÁCIDO/BASE

Indicador Ácido Base


Tornassol Róseo Azul
Fenolftaleína Incolor Vermelho
Alaranjado de metila Vermelho Amarelo
Azul de bromotimol Amarelo Azul

FONTE: A autora

2 DEFINIÇÃO, SEGUNDO ARRHENIUS


As Bases ou hidróxidos são compostos iônicos, que quando em água
sofrem dissociação iônica, produzindo um único íon negativo monovalente o
OH- (hidroxila ou hidróxido).

• A dissociação iônica ocorre quando uma base ou hidróxido entra em contato


com a água e ocorre a separação dos íons, os cátions e os ânions.

Exemplo:
Ca (OH)2(s) + H2O(l) Ca+2(aq) + 2OH-

Dissociação do cátion
Ca+2 e do ânion 2 OH-.

122
TÓPICO 2 | BASES OU HIDRÓXIDOS

3 CLASSIFICAÇÃO DAS BASES OU HIDRÓXIDOS

3.1 QUANTO AO NÚMERO DE HIDROXILAS (OH-1)


• Monobases: apresentam apenas uma hidroxila em sua fórmula molecular.
Exemplo: NaOH, LiOH, KOH.

• Dibases: apresentam duas hidroxilas em sua fórmula molecular.


Exemplo: Ca(OH)2,, Mg (OH)2, Fe(OH)2 .

• Tribases: apresentam três hidroxilas em sua fórmula molecular.


Exemplo: B(OH)3 , Al(OH)3 .

• Tetrabases: apresentam quatro hidroxilas em sua fórmula molecular.


Exemplo: Pb(OH)4 .

3.2 QUANTO À SOLUBILIDADE EM ÁGUA


• As bases ou hidróxidos solúveis em água são: o hidróxido de amônio
(NH4OH), hidróxidos de metais alcalinos (Família 1A).
Exemplo: RbOH.

• Pouco solúveis em água são: os hidróxidos dos metais alcalinos-terrosos


(Família 2A), com exceção do Mg.
Exemplo: Ba(OH)2.

• Insolúveis em água são: os hidróxidos de outros metais, Família 3A e metais


de transição (famílias do grupo B).
Exemplo: Pb(OH)2.

3.3 QUANTO À FORÇA


Caro acadêmico, a força das bases está relacionada ao grau de dissociação
iônica (α), que é a separação do cátion e ânion em água. Porém, utiliza-se uma
regra prática para definir essa classificação.

• Bases fortes: formadas por cátions das famílias dos metais alcalinos (Família
1A) e metais alcalinos terrosos (Família 2A).
Exemplo: NaOH, KOH, Ca(OH)2 e Ba(OH)2.

• Bases fracas: as demais e o hidróxido de amônio.


Exemplo: Al (OH)3 Fe(OH)2 e NH4OH.

123
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

4 NOMENCLATURA DAS BASES OU HIDRÓXIDOS


Quando o cátion, primeiro elemento, apresentar nox (carga) fixa a regra de
nomenclatura é:

Hidróxido de ......………………………
Nome do cátion

Exemplos:
LiOH - Hidróxido de lítio
NaOH - Hidróxido de sódio
NH3OH - Hidróxido de amônia

Quando o cátion, primeiro elemento, apresentar nox (carga) variável, usa-


se a terminação ico para o maior (carga maior) e oso para o menor (carga menor).
E ainda, indica-se a numeração do nox (carga) em algarismos romanos.

Exemplo: CuOH – Hidróxido Cuproso ou de Cu I


Cu (OH)2 – Hidróxido Cúprico ou de Cu II

Observação: aos ácidos que possuem sabor azedo, a maior parte é solúvel
em água, são moleculares e só conduzem corrente elétrica em solução aquosa, as
bases, apresentam sabor cáustico ou adstringente (banana verde), a maior parte
é insolúvel em água, são iônicas ou moleculares e conduzem corrente elétrica em
água e no estado fundido.

Ao juntarmos um ácido e uma base ocorrerá uma reação de neutralização,


também chamada de reação de salinificação, que irá gerar como produtos um sal
e água. Os sais são as próximas funções inorgânicas que iremos estudar.

124
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As bases ou hidróxidos são compostos que ao se dissociarem em água, fornecem


o único ânion monovalente, hidroxila ou hidróxido (OH-).

• As bases podem ser classificadas quanto ao número de hidroxilas: em


monobases, dibases, tribases ou tetrabases.

• Algumas bases podem ser solúveis em água, pouco solúveis ou insolúveis.

• As bases podem ser classificadas em: fortes ou fracas.

• Os indicadores ácido-base são usados para identificar o pH ácido ou básico de


uma solução.

125
AUTOATIVIDADE

1 Dê a nomenclatura para as seguintes bases:

a) Ca (OH)2
b) Fe(HO)3
c) Mn(OH)2

2 Monte as fórmulas moleculares das bases a seguir.

a) Hidróxido de alumínio
b) Hidróxido de rubídio
c) hidróxido de magnésio

3 Usando os cátions a seguir, monte as fórmulas moleculares e


nomeie as respectivas bases:

a) Fe+3
b) Au+
c) Sn4+
d) Li+1

4 Complete o quadro a seguir.

Solubilidade
Fórmula Nº de OH- Força
em água
Au(OH)3
NH4OH
Zn(OH)2
Al(OH)3
RbOH
Fe(OH)2
AgOH

126
UNIDADE 2 TÓPICO 3

SAIS

1 INTRODUÇÃO
Os sais são funções inorgânicas (compostos), muito frequentes em nosso
dia a dia. Eles podem ser encontrados nos alimentos, pela função de realçar o
sabor, como conservantes e ainda, como um dos ingredientes fundamentais de
vários produtos, tais como, em xampus, pastas dentais etc. O bicarbonato de
sódio (NaHCO3), por exemplo, é um sal muito utilizado em limpezas dentárias.

2 DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS SAIS


Os sais são compostos iônicos formados com um cátion qualquer, menos
o hidrogênio (H+), e por um ânion qualquer, menos a hidroxila (OH-). Lembre-se:
para montar a fórmula molecular deve-se descer, no sentido inverso, as cargas
do cátion e do ânion. Quando as cargas forem iguais (mesmo valor), porém, de
sinais contrários, elas se anulam.

Exemplo: Na+1 + Cl-1  NaCl


Ca2+ + (NO3)-1  Ca(NO3)2
Ca2+ + (PO4)-3  Ca3(PO4)2

3 REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO
Os sais são gerados a partir da reação de neutralização entre um ácido e
uma base, que formará como produto, um sal e água. As reações de neutralização
ou salinificação podem ser: neutralização total ou neutralização parcial.

3.1 REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO TOTAL E PARCIAL


Quando o número de hidrogênio (H+) do ácido for igual ao número de
hidroxilas (OH-) da base gera-se um sal normal ou neutro, neste caso temos uma
reação de neutralização total. Quando o número de hidrogênio (H+) do ácido for
superior ao número de hidroxilas (OH-) da base o sal será ácido ou hidrogenossal.
Se o número de hidroxila (OH-) da base for superior ao número de hidrogênio
(H+) do ácido, o sal será básico ou alcalino, também chamado de hidroxissal,
nesses casos temos reações de neutralização parcial.
127
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

Veja na figura a seguir, a reação de neutralização entre o ácido clorídrico e


o hidróxido de sódio. Como o número de hidrogênio do ácido é igual ao número
de hidroxila da base, temos uma reação de neutralização total, assim, forma-se
um sal normal ou neutro, nesse caso, o cloreto de sódio, conhecido como sal de
cozinha e água.

FIGURA 46 – REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO ENTRE O ÁCIDO CLORÍDRICO E O HIDRÓXIDO


DE SÓDIO

HCl + NaOH → NaCl + H2O


Sal normal ou neutro

FONTE: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 25 fev. 2012.

Outros exemplos: na Figura 47 formou-se um sal básico ou alcalino


(hidroxissal), pois o número de hidroxilas da base é três vezes maior que o número
de hidrogênios do ácido. Já na Figura 48, como o número de hidrogênios do ácido
é duas vezes maior que o número de hidroxilas da base, formou-se um sal ácido
(hidrogenossal). Nos dois exemplos a seguir, temos reações de neutralização
parcial.

FIGURA 47 – REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO PARCIAL – SAL BÁSICO OU HIDRÓXISSAL

HCl + Al (OH3) Al (OH)2Cl + H2O



sal básico

nome do ânion prefixo + básico de nome do cátion

ou

prefixo + hidroxi nome do ânion de nome do cátion

FONTE: <sofi.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2012.

128
TÓPICO 3 | SAIS

FIGURA 48 – REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO PARCIAL – SAL ÁCIDO OU HIDROGENOSSAL

H2SO4 + NaOH NaHSO4 + H2O



sal ácido

nome do ânion prefixo + ácido de nome do cátion

ou

prefixo + hidrogeno nome do ânion de nome do cátion

FONTE: <sofi.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2102.

4 NOMENCLATURA DOS SAIS


Para realizarmos a nomenclatura dos sais normais ou neutros, com nox
do cátion fixo, devemos utilizar a seguinte regra:

Nome do ânion + Nome do cátion

Exemplo: KCl – Cloreto de potássio


CaNO3 – Nitrato de cálcio
Na3PO4 - Fosfato de sódio

Observação: caso o cátion tenha carga (nox) variável, usa-se sufixo


(terminação) ico para o maior e o sufixo (terminação) oso para o menor. E ainda,
indica-se o valor do nox (carga) em algarismos romanos. Para verificar a variação
do nox dos cátions, basta consultar sua tabela de cátions e ânions.

Exemplo: CuCl - Cloreto cuproso ou de Cu I


CuCl2 - Cloreto cúprico ou de Cu II

• Nomenclatura dos sais ácidos (hidrogenossais)

Para realizar a nomenclatura dos sais ácidos (hidrogenossais) mantemos a


regra geral:

Nome do ânion + Nome do cátion, porém adiciona-se o infixo ácido ou


hidrogeno à nomenclatura.

Exemplo: NaH2PO4 - Ortofosfato diácido de sódio ou


Di-hidrogeno-ortofosfato de sódio

Observação: o prefixo “di” foi utilizado para indicar a quantidade de


hidrogênios na fórmula molecular do sal, que nesse caso são dois.

129
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

• Nomenclatura dos sais básicos ou alcalinos (hidroxissais)

Para realizar a nomenclatura dos sais básicos (hidroxissais) mantemos a


regra geral:

Nome do ânion + Nome do cátion, porém adiciona-se o infixo básico ou


hidróxi à nomenclatura.

Exemplo: Al(OH)Cl2 - Cloreto monobásico de alumínio


Monohidróxi cloreto de alumínio.

Observação: o prefixo “mono” foi utilizado para indicar a quantidade de


hidroxilas na fórmula molecular do sal, que nesse caso é apenas uma.

5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS SAIS


Os sais em sua maioria são: sólidos, cristalinos, com sabor “salgado” e
apresentam altos pontos de fusão e ebulição.

São compostos iônicos, ou seja, formados por íons, cátions e ânions, e,


desta, forma conduzem corrente elétrica quando em solução aquosa.

Os sais são também podem ser classificados em solúveis ou insolúveis em


água, conforme sua composição molecular. Veja no quadro a seguir, a solubilidade
dos sais em água formados pelos cátions e ânions.

QUADRO 17 - SOLUBILIDADE DOS SAIS

Ânions Solúveis Sais formados insolúveis


Nitratos (NO3 ) -

Acetatos (CH3 –COO-)


Cloretos (Cℓ-) AgCℓ, PbCℓ2, Hg2Cℓ2
Brometos (Br-) AgBr, PbBr2.Hg2Br2
Iodetos (I-) AgI, PbI2, Hg2I2, BiI2
Sulfatos (SO ) 4
2-
CaSO4, SrSO4, BaSO4, PbSO4
Sais de metais alcalinos (1A) e amônio (NH4)
Cátions Solúveis
Metais alcalinos (1A), alcalinos-terrosos (2A)
Sulfetos (S2-)
e amônio (NH4)
Metais alcalinos (1A), alcalinos-terrosos (2A)
Hidróxidos (OH-)
e amônio (NH4)
Carbonatos (CO32-) Metais alcalinos (1A) e amônio (NH4)
Fosfatos (PO4 ) 3-
Metais alcalinos (1A) e amônio (NH4)
Sais não citados Metais alcalinos (1A) e amônio (NH4)

FONTE: A autora

130
TÓPICO 3 | SAIS

• SAIS HIDRATADOS

Certos sais sofrem o processo de cristalização em presença de água, esta


que é definida como água de cristalização ou água de hidratação. Os sais que
cristalizam são chamados de sais hidratados ou hidratos e são nomeados em
relação ao número de moléculas de hidratação (água).

Exemplo:
CuSO4. 5 H2O - Sulfato Cúprico ou de cobre II penta-hidratado.

Observação: repare que a nomenclatura do sal carrega a quantidade de


moléculas de água de hidratação, que neste caso, são cinco.

6 SAIS DUPLOS OU MISTOS


São sais que apresentam em sua composição molecular dois cátions ou
dois ânions.

Exemplos:
KNaSO4 = Sulfato duplo de sódio e potássio ou sulfato de sódio e potássio.

Observação: neste caso, temos um sal duplo ou misto quanto aos cátions,
o sódio e o potássio.

CaBrCl = Cloreto brometo de cálcio.

Observação: neste caso, temos um sal duplo ou misto quanto aos ânions,
o cloreto e o brometo.

131
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:

• Sais são compostos iônicos formados por um cátion qualquer, menos o


hidrogênio, e por um ânion qualquer, menos a hidroxila.

• Os sais podem ser classificados em normais ou neutros, ácidos (hidrogenossais),


básicos (hiroxissais) e sais duplos.

• As reações de neutralização total dão origem a um sal normal ou neutro.

• Os sais normais ou neutros recebem nomenclatura específica.

• As reações de neutralização parcial dão origem a um sal ácido (hidrogenossal)


ou um sal básico ou alcalino (hidroxissal).

• Os sais ácidos (hidrogenossal) ou básicos (hidroxissais) recebem nomenclatura


específica.

• Os sais duplos podem ser classificados: duplo pelo cátion ou duplo pelo ânion.

132
AUTOATIVIDADE

1 Dê a nomenclatura para os seguintes sais:

a) Na2CO3
b) LiCl
c) MgCl2
d) RbNO3
e) K2 SO3

2 Escreva as estruturas dos seguintes sais:

a) Iodeto de potássio.
b) Nitrato de sódio.
c) Brometo de amônio.

3 Monte as reações de neutralização a seguir.

a) LiOH + H2SO4 →
b) Ba(OH)2 + HCℓ →
c) Bi(OH)3 + H2CO3 →

4 Monte a fórmula molecular dos respectivos sais formados.

a) Na+ e SO42-
b) Ba2+ e NO2-
c) Aℓ3+ e CO32-
d) Cu2+ e BO33-
e) Pb4+ e Cl-

133
134
UNIDADE 2
TÓPICO 4

ÓXIDOS

1 INTRODUÇÃO
Os óxidos são compostos químicos (funções inorgânicas) que nos rodeiam
diariamente. Muitos dos gases poluentes, liberados pela queima de combustíveis
fósseis, são óxidos, como por exemplo, o dióxido de carbono – CO2 (gás carbônico),
o monóxido de carbono – CO, o dióxido de enxofre – SO2 etc. A composição de
muitos materiais também apresentam óxidos, como na areia a presença de óxido
de silício – SiO, na oxidação dos metais o óxido ferroso (ferrugem), assim como,
na formação da crosta terrestre, das rochas e de outros planetas.

2 DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS ÓXIDOS


• Óxidos

São compostos binários, ou seja, apresentam apenas dois elementos em


sua composição molecular, onde o oxigênio (O-2) é sempre o segundo elemento
e o mais eletronegativo.

Composição: 1° elemento com o valor de seu nox (carga) + o oxigênio O-2

A regra da “inversão de cargas” é a mesma para a montagem da fórmula


molecular de qualquer função inorgânica, como vimos nos tópicos anteriores.
A carga (nox) do primeiro elemento desce, depois do segundo elemento e, a
carga (nox) do segundo elemento desce depois do primeiro elemento. Veja nos
exemplos a seguir:

Al+3 O-2  Al2O3

Na+1 O-2  Na2O

Quando os valores das cargas (nox) dos dois elementos forem iguais e de
sinais opostos, elas se anulam.

Exemplo: Ca+2 O-2  CaO


Ba+2 O-2  BaO

135
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

Quando os valores das cargas (nox) forem múltiplos deve-se recorrer ao


método da “simplificação” para se obter os menores índices possíveis. Índices
são os valores que indicam a quantidade de átomos dos elementos na fórmula
molecular, que também é chamado de atomicidade. Veja nos exemplos a seguir:

C+4 O-2  C2O4  divide-se tudo por 2  CO2

Pb+4 O-2  Pb2O4  divide-se tudo por 2  PbO2

3 CLASSIFICAÇÃO
Os óxidos podem ser classificados por vários critérios que veremos a
seguir. Inicialmente, podemos classificá-los quanto ao número de oxigênios
presentes em sua composição molecular.

a) Monóxidos: apresentam apenas um oxigênio em sua composição molecular.


Exemplo: CO.

b) Dióxidos: apresentam dois oxigênios em sua composição molecular.


Exemplo: CO2.

c) Trióxidos: apresentam três oxigênios em sua composição molecular.


Exemplo: Al2O3.

3.1 ÓXIDOS BÁSICOS


São óxidos que reagem com um ácido formando sal e água ou reagem
com água, produzindo uma base ou hidróxido.

Exemplos:

Li2O + H2O 2 LiOH


Li2O + 2HBr 2 LiBr + H2O

Os óxidos básicos são compostos por metais alcalinos (família 1A), metais
alcalinos terrosos (Família 2A) e por elementos com número de oxidação (+1; +2
ou +3). São compostos iônicos, sólidos que apresentam o único ânion, o oxigênio
(O2-), com elevados pontos de fusão e de ebulição. Os óxidos dos metais alcalinos
(Família 1A e nox = +1) são solúveis em água, os demais são pouco solúveis.

136
TÓPICO 4 | ÓXIDOS

3.1.1 Óxidos ácidos ou anidridos


São óxidos que reagem com uma base ou hidróxido, produzindo sal e
água ou reagem com água, produzindo um ácido.

Exemplos:

SO3 + H2O H2SO4


SO3 + 2 KOH K2SO4 + H2O

Os óxidos ácidos são formados geralmente, por gases, elementos não


metálicos ou por elementos metálicos com número de oxidação (carga) elevados.

Exemplos: Cr2O3 , Mn2O3 , Mn2CrO4 etc.

3.2 NOMENCLATURA DOS ÓXIDOS


Para realizarmos a nomenclatura dos óxidos, devemos ter em mãos, a
tabela de cátions e ânions e seguir as regras citadas a seguir.

Óxido + nome do elemento (quando este apresentar carga (nox) fixa)

Exemplos:

CaO – Óxido de cálcio


Li2O – Óxido de lítio
CO - Óxido de carbono ou monóxido de carbono
Al2O3 – Óxido de alumínio ou trióxido de alumínio

Note que em alguns casos, podemos usar a classificação quanto ao número


de oxigênios na própria nomenclatura.

Caso o elemento (que antecipa o oxigênio) apresentar carga (nox) variável,


usa-se a terminação ico para o maior e oso para o menor. E ainda, indica-se a
numeração da carga (nox) em algarismos romanos. Veja os exemplos a seguir:

Exemplo: PbO - Óxido Plumboso ou de Pb II


PbO2 - Óxido Plúmbico ou de Pb IV

Fe2O3 - Óxido Férrico ou de Fe III


FeO - Óxido Ferroso ou de Fe II

CuO - Óxido Cúprico ou de Cu II


Cu2O - Óxido Cuproso ou de Cu I

137
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

UNI

Caro acadêmico, perceba que o número que está depois do oxigênio, ou seja, o
índice ou atomicidade é exatamente o valor da carga (nox) do primeiro elemento.

3.3 ÓXIDOS ANFÓTEROS


São os óxidos que podem se comportar como óxidos básicos ou como
óxidos ácidos.

Os óxidos anfóteros, geralmente apresentam-se na forma sólida, são


compostos moleculares e insolúveis em água.

Para identificar os óxidos anfóteros, basta atentar em sua composição


molecular.

Podem ser formados por:

• Metais de zinco, alumínio, estanho e chumbo conforme os exemplos abaixo,


respectivamente:
ZnO, Al2O3 , SnO , SnO2 , PbO e PbO2

• Semimetais de arsênio e antimônio, conforme os exemplos a seguir,


respectivamente:

• As2O3 e As2O5 , Sb2O3 e Sb2O5

Exemplos:

ZnO + 2 HCl ZnCl2 + H2O


óxido básico

2 NaOH + ZnO Na2ZnO2 + H2O


óxido ácido

3.4 ÓXIDOS INDIFERENTES OU NEUTROS


São óxidos que não reagem com água, nem com ácidos e nem com bases.
Não apresentam caráter ácido, nem caráter básico. São compostos gasosos,
moleculares e são formados por não metais. São óxidos indiferentes ou neutros:

138
TÓPICO 4 | ÓXIDOS

CO (monóxido de carbono), N2O (monóxido de nitroso) e


NO (monóxido nítrico).

3.5 ÓXIDOS DUPLOS, MISTOS OU SALINOS


São óxidos formados, a partir de dois outros óxidos, do mesmo elemento
químico.

Exemplos: Fe3O4 = FeO + Fe2O3


Pb3O4 = 2 PbO + PbO2

São óxidos iônicos, metálicos e se apresentam no estado sólido.

3.6 PERÓXIDOS
São óxidos que reagem com a água ou com ácidos diluídos, produzindo o
peróxido de hidrogênio, conhecido como “água oxigenada” (H2O2).

Exemplos:

Na2O2 + 2 H2O 2 NaOH + H2O2


Na2O2 + H2SO4 Na2SO4 + H2O2

A nomenclatura segue as mesmas regras dos óxidos, porém utiliza-se


como primeiro substantivo, a palavra PERÓXIDO.

Exemplo: Na2O2 - Peróxido de sódio


H2O2 - Peróxido de hidrogênio

Os peróxidos mais encontrados são:

• Peróxido de hidrogênio: H2O2 (quando em solução aquosa chama-se “Água


Oxigenada”).

• Peróxidos dos metais alcalinos (1A): Na2O2, K2O2 (peróxido de potássio) etc.

• Peróxidos dos metais alcalinos terrosos (2A): BaO2 (peróxido de bário).

O H2O2 (água oxigenada) é um composto líquido molecular (hidrogênio


com o não metal oxigênio); os demais peróxidos são compostos sólidos iônicos,
onde encontramos o ânion O22-, de fórmula estrutural - O - O -. O Nox (carga) do
oxigênio nos peróxidos é -1, justamente para zerar a soma de todas as cargas da
molécula, como estudamos em unidades anteriores.

139
UNIDADE 2 | FUNÇÕES INORGÂNICAS

3.7 POLIÓXIDOS OU SUPERÓXIDOS


São óxidos que reagem com a água ou com ácidos diluídos, produzindo
peróxido de hidrogênio, “Água oxigenada” (H2O2) e oxigênio.

Exemplos:
K2O4 ou KO2 - Polióxido de potássio
K2O4 + 2 H2O 2 KOH + H2O2 + O2
K2O4 + H2SO4 K2SO4 + H2O2 + O2

Os polióxidos são compostos sólidos iônicos, formados pelos cátions de


metais alcalinos (família 1A) ou de metais alcalinos terrosos (2A) e pelo ânion
polióxido (O42- ). O NOX (carga) do oxigênio nos polióxidos é - ½ justamente
para zerar a soma de todas as cargas da molécula, como estudamos em unidades
anteriores.

UNI

Caro acadêmico, repare que nos produtos das reações acima representadas,
há a ocorrência de setas para cima, isso indica a liberação de gás, que neste caso é o gás de
oxigênio (O2).

140
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:

• Óxidos são compostos binários que possuem o oxigênio como o elemento mais
eletronegativo.

• Os óxidos são classificados em: óxidos ácidos, óxidos básicos, óxidos


indiferentes, óxidos anfóteros, óxidos duplos, peróxidos e polióxidos.

• Nomenclatura dos óxidos deve seguir a regra: óxido + nome do elemento que
antecipa o oxigênio (quando este apresentar nox fixo).

• Caso o elemento (que antecipa o oxigênio) apresentar carga (nox) variável, usa-
se em sua nomenclatura a terminação ico para o maior e oso para o menor. E
ainda, indica-se a numeração da carga (nox) em algarismos romanos.

141
AUTOATIVIDADE

1 Quais são os compostos que compõem as funções inorgânicas?

2 Realize a nomenclatura dos óxidos a seguir:

a) Li2O
b) Ag2O
c) PbO
d) Fe2O3

3 Monte as fórmulas moleculares para os seguintes óxidos:

a) Óxido plúmbico.
b) Óxido auroso.
c) Óxido de cálcio.
d) Óxido cúprico.

4 Associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Sal ( ) Al2O3
II- Base ( ) H3PO4
III- Óxido ( ) K2SO4
IV- Ácido ( ) NH3OH

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – III – IV – II.
b) ( ) III – II – I – IV.
c) ( ) III – IV – I – II.
d) ( ) II – IV – I – III.

5 Indique a função química a que pertence cada uma dessas substâncias:

a) Hidróxido de potássio.
b) Ácido clorídrico.
c) Monóxido de cálcio.

6 Alguns óxidos gasosos, como o dióxido de enxofre, o


monóxido de carbono e o dióxido de nitrogênio, são altamente
tóxicos ao meio ambiente. O dióxido de enxofre provoca desde
espasmos passageiros dos músculos lisos dos bronquíolos até
inflamações graves nas mucosas. O dióxido de nitrogênio, além de irritar
olhos e mucosas em geral, pode provocar enfisema pulmonar. O monóxido
de carbono combina-se com a hemoglobina, produzindo asfixia.

142
A respeito desses três óxidos, classifique V para as sentenças verdadeiras e
F para as falsas, justificando sua resposta:

( ) O dióxido de enxofre, ao reagir com a água, origina ácido sulfuroso.


( ) O CO, por ser um óxido neutro ou indiferente, não reage nem mesmo
com o oxigênio.
( ) A reação do NO2 com a água pode ser representada por: 2 NO2 + H2O →
HNO3 + HNO2

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – V – F.

7 Os principais óxidos poluentes do ar nos grandes centros urbanos são: o


gás sulfuroso (SO2) e o monóxido de carbono (CO). O SO2 é proveniente das
indústrias que queimam combustíveis fósseis (carvão e petróleo). Já o CO
provém da combustão incompleta da gasolina em veículos automotivos
desregulados. Sabendo-se que o SO2 (causador da chuva ácida) e o CO
(causador da inibição respiratória) são óxidos, quais são suas classificações,
respectivamente?

8 Escreva as equações das reações de óxido de potássio com a água e de


trióxido de enxofre com a água, classifique os óxidos e escreva a reação dos
dois produtos formados nas reações dos dois óxidos com a água.

143
144
UNIDADE 3

QUÍMICA ORGÂNICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você estará apto a:

• caracterizar o elemento carbono;

• definir a Química Orgânica;

• diferenciar compostos inorgânicos de compostos orgânicos;

• reconhecer os tipos de ligações nas cadeias carbônicas;

• classificar as cadeias carbônicas;

• identificar os hidrocarbonetos;

• reconhecer as funções químicas oxigenadas e nitrogenadas;

• identificar a nomenclatura dos compostos orgânicos conforme as normas


da IUPAC (União de Química Pura e Aplicada);

• relacionar as forças intermoleculares com os pontos de fusão e pontos de


ebulição dos compostos orgânicos;

• conhecer a ocorrência, a produção e as aplicações em nosso cotidiano dos


compostos orgânicos;

• reconhecer os benefícios e malefícios dos compostos orgânicos ao meio


ambiente e aos seres humanos.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 3 está dividida em três tópicos e, no final, você encontrará
atividades que contribuirão para a compreensão e fixação dos conteúdos.

TÓPICO 1 – QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO CARBONO

TÓPICO 2 – PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS

TÓPICO 3 – FUNÇÕES ORGÂNICAS – OS HIDROCARBONETOS

145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 1

QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO


CARBONO
1 INTRODUÇÃO
A Química Orgânica é a parte da química que estuda os compostos do
carbono. Já a química inorgânica estuda os compostos de outros elementos e
os compostos de transição do carbono, ou seja, a química inorgânica estuda os
compostos do reino mineral.
FONTE: Adaptado de: <http://hilariomoura.wordpress.com/aulas/quimica-organica/historico-
quimica-organica/>. Acesso em: 15 mar. 2012.

A Química Orgânica pode ser observada em diversas atividades de nosso


cotidiano, como, por exemplo:

• Em nossa alimentação à base de frutas, verduras, grãos, carnes, legumes,


cereais etc.

• Na indústria farmacêutica, com a fabricação de milhares de medicamentos.

• Os inúmeros defensivos agrícolas (pesticidas, herbicidas, raticidas,


nematicidas, inseticidas etc.).

Atualmente, a Química Orgânica é indispensável para a vida dos seres


humanos, o que nos torna dependentes de sua produção e evolução tecnológica.

O nosso corpo, nossas roupas, produtos de higiene pessoal, produtos


de limpeza,maquiagem etc. possuem vários compostos orgânicos em sua
constituição.

2 PROPRIEDADES DO CARBONO
O carbono é um elemento químico, representado pelo símbolo “C”, que se
encontra na Família 4A da tabela periódica (elementos representativos), apresenta
quatro elétrons na camada de valência e é tetravalente, ou seja, tem a capacidade
de realizar quatro ligações covalentes. Além da capacidade, o carbono necessita
realizar quatro ligações para se estabilizar quimicamente, conforme foi estudado
na regra do octeto. Na figura a seguir, temos a representação do carbono realizando
quatro ligações simples.

147
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

FIGURA 49 – REPRESENTAÇÃO DO CARBONO REALIZANDO QUATRO LIGAÇÕES SIMPLES

FONTE: <luizclaudionovaes.sites.uol.com.br/orgcad1.gif>. Acesso em: 25 fev. 2012.

O carbono também tem a capacidade de se ligar com outros átomos de


carbono e outros átomos diferentes, formando as cadeias carbônicas.

As cadeias carbônicas podem ser classificadas em: abertas (acíclicas) ou


fechadas (cíclicas, alicíclicas), normais ou ramificadas, saturadas ou insaturadas,
homogêneas, heterogêneas e aromáticas.

UNI

Cadeia carbônica: é uma sequência de carbonos ligados entre si, podendo haver
outros átomos de elementos diferentes. O elemento hidrogênio, “H” por realizar apenas uma
ligação (monovalente), serve muitas vezes, para completar as ligações do carbono e de
outros elementos.

Os compostos orgânicos são formados, fundamentalmente, pelos


elementos: C, H, O, e N, denominados organógenos.

148
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

3 TIPOS DE LIGAÇÕES
Por ser um átomo tetravalente, o carbono tem a capacidade de realizar
quatro ligações covalentes diferentes. As ligações realizadas pelo carbono podem
ser:

• Ligação simples ou sigma (σ): é representada por um traço e equivale a uma


ligação, ou seja o carbono pode realizar até quatro ligações do tipo simples ou
sigma . Quando um átomo de carbono apresentar as quatro ligações do tipo
sigma, sua geometria será tetraédrica e apresentará hibridação ou hibridização
do tipo sp3. Repare que nos exemplos a seguir, temos dois átomos de carbono,
ligando-se (etano) e suas ligações estão apenas representadas. Já na segunda
situação temos três átomos de carbono, ligando-se entre si e suas ligações são
completadas com átomos de hidrogênio.

Exemplos:

H H H

C C H C C C H

H H H
propano

Observação: Geometria é a representação espacial da molécula. Hibridação


ou hibridização é a mistura dos orbitais s e p.

• Ligação dupla ou pi (π): é representada por dois traços e equivale a duas


ligações, ou seja o carbono pode realizar até duas ligações do tipo dupla.
Quando um átomo de carbono apresentar duas ligações do tipo sigma e uma
dupla ligação, sua geometria será trigonal plana e apresentará hibridação ou
hibridização do tipo sp2. Perceba que os hidrogênios estão ligados aos átomos
de carbono, justamente para completar as quatro ligações necessárias.

Exemplo: (C2H4 – eteno).


H H

C C C O C N C C

H H
eteno

149
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

• Ligação tripla: é representada por três traços, formada por duas ligações do
tipo pi e ligação do tipo sigma e equivale a três ligações, ou seja o carbono pode
realizar uma ligação do tipo simples ou sigma e uma ligação tripla . Quando um
átomo de carbono apresentar uma ligação do tipo sigma e uma tripla ligação,
sua geometria será linear e apresentará hibridação ou hibridização do tipo sp.
Perceba que os hidrogênios estão ligados aos átomos de carbono, justamente
para completar as quatro ligações necessárias.

Exemplo: (C2H2 – etino).

C C C N H C C H
etino

• A hibridação ou hibridização do tipo sp e a geometria linear também podem


ocorrer quando um átomo de carbono apresentar duas ligações duplas
(representadas por dois traços).

Exemplo: (CO2 – dióxido de carbono).

C O O

Nas cadeias carbônicas, muitas vezes, o carbono está ligado com elementos
eletropositivos como o hidrogênio e elementos eletronegativos. Os elementos
químicos, carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio são os mais frequentes nos
compostos orgânico (cadeias carbônicas) e por isso são chamados de elementos
organógenos, ou seja, elementos formadores de compostos orgânicos. Outros
elementos como enxofre, fósforo, e os halogênios (Família 7A): flúor, cloro, bromo,
iodo e alguns elementos metálicos, como ferro, magnésio, também podem estar
presentes em cadeias carbônicas.

4 CLASSIFICAÇÕES DOS CARBONOS


Ao observarmos a estrutura de uma cadeia carbônica, muitas vezes
notaremos que um átomo de carbono poderá estar ligado a dois outros átomos
de carbono, a três e até a quatro outros átomos de carbono. Assim, podemos
classificar cada carbono, justamente em razão a quantos outros átomos de carbono
esse está ligado.

1. Carbono primário: está ligado somente a um átomo de carbono.

2. Carbono secundário: está ligado a dois átomos de carbono.

3. Carbono terciário: está ligado a três átomos de carbono.

4. Carbono quaternário: está ligado a quatro átomos de carbono.

150
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

Veja a classificação de cada carbono que compõe a dada cadeia carbônica,


no exemplo a seguir:

FIGURA 50 – CLASSIFICAÇÃO DOS CARBONOS LIGADOS ENTRE SI

CH3 CH3
Primário
Secundário
CH3 C CH CH2 CH3 Terciário
Quarternário

CH3
FONTE: <http://www.infoescola.com/quimica-organica/carbono-primario-secundario-terciario-
e-quaternario/>. Acesso em: 25 fev. 2012.

Repare que os carbonos grifados em vermelho (CH3) são primários, ou


seja, cada um deles está ligado a apenas um átomo de carbono. O carbono grifado
em azul (CH2) é secundário, pois está ligado a dois outros átomos de carbono. O
carbono grifado em verde (CH) é terciário, pois está ligado a três outros átomos
de carbono. E finalmente, o carbono grifado em amarelo é quaternário, pois está
ligado a outros quatro átomos de carbono.

Na figura a seguir, confira mais um exemplo das classificações dos


carbonos:

FIGURA 51 – EXEMPLO DAS CLASSIFICAÇÕES DOS CARBONOS

quarternário

CH3 primário
CH3
CH3 C

CH CH3
CH3 CH2

terciário secundário

FONTE: <http://www.brasilescola.com/quimica/classificacao-carbono.htm>. Acesso em: 15 mar.


2012.

151
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

5 FÓRMULAS MOLECULARES E ESTRUTURAIS


Conforme citado anteriormente, os compostos carbônicos apresentam
geometrias e essas, podem ser verificadas através da fórmula estrutural de uma
molécula, que mostra justamente a disposição espacial dos átomos que estão
ligados e os tipos de ligações que estão realizando.

Numa linguagem mais simples, a fórmula estrutural é o “esqueleto”


da molécula (composto ou cadeia carbônica). Já a fórmula molecular é a
representação simplificada (condensada) dos átomos que estão ligados entre si e
suas atomicidades (quantidades).

Para montar uma fórmula estrutural deve-se obedecer à geometria


molecular, que é específica para cada composto e como estudamos anteriormente,
também depende dos tipos de ligações que os átomos de carbono estão realizando.

Para montar uma fórmula molecular deve-se obedecer à seguinte ordem:

1° o símbolo do elemento carbono;


2° o símbolo do elemento hidrogênio e, posteriormente os símbolos de outros
organógenos que podem estar presentes.

Atente para os três exemplos na figura a seguir, as fórmulas estruturais


do composto 1, 2 e 3, cujas fórmulas moleculares são respectivamente: C4H10,
C3H6O e C2H4.

FIGURA 52 – FÓRMULAS ESTRUTURAIS

H H H H O H H

H–C– C– C–C–H C C C
H3C CH3
H H H H H H
1 2 3

FONTE: <google.imagens>. Acesso em: 15 mar. 2012.

6 CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS


As cadeias carbônicas podem ser classificadas através de diversos critérios,
como: a composição molecular, tipos de ligação etc. Tais critérios de classificação
das cadeias carbônicas serão reconhecidos agora.

1. Cadeias fechadas, cíclicas ou alicíclicas: são cadeias carbônicas que não


apresentam carbonos primários, pois a disposição dos átomos de carbono
(e outros átomos) fecham um “ciclo”, um desenho geométrico. São cadeias
cíclicas, porém não aromáticas, essas que veremos a seguir.

152
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

2. Cadeias abertas ou acíclicas: são cadeias carbônicas, não fechadas e, por isso,
apresentam carbonos primários, secundários, terciários e quaternários. Não
fecham um “ciclo” ou desenho geométrico. São lineares.

3. Cadeias homogêneas: são cadeias carbônicas formadas apenas por carbono e


hidrogênio, ou seja, não apresentam heteroátomos.

4. Cadeias heterogêneas: são cadeias carbônicas que apresentam pelo menos um


heteroátomo dentro da cadeia, ou seja, ligado no mínimo a outros dois átomos
de carbono. Se o heteroátomo estiver ligado a apenas um átomo de carbono,
ou seja, se não estiver dentro da cadeia (entre os carbonos), isso significa que
esse heteroátomo está para fora da cadeia e assim, ela não é considerada como
heterogênea.

Obs.: Heteroátomos: são elementos químicos diferentes de carbono e hidrogênio,


como oxigênio, nitrogênio, enxofre, halogênios (Família 7A) etc.

5. Cadeias normais: são cadeias carbônicas que apresentam apenas carbonos


primários e secundários. São cadeias retas, lineares e sem ramificação.

6. Cadeias ramificadas: são cadeias carbônicas que apresentam carbonos terciários


e quaternários, ou seja, apresentam pelo menos uma ramificação (um radical).
Quando a cadeia for ramificada deve-se definir: a cadeia principal, que é a
parte da cadeia que apresenta a maior sequência (maior número) de átomos
de carbonos ligados entre si; e a ramificação que é a menor parte da cadeia
(menor número de átomos de carbonos ligados entre si), ou seja, é a parte que
“sobrou” da cadeia principal.

Obs.: Heteroátomo não é considerado ramificação. Ramificação é formada


apenas por átomos de carbono e hidrogênio.

7. Cadeias saturadas: são cadeias carbônicas que só apresentam ligações simples


(sigma) entre os átomos de carbono, ou seja, dentro da cadeia.

8. Cadeias insaturadas: são cadeias carbônicas que apresentam pelo menos uma
dupla ou tripla ligação entre os átomos de carbono, ou seja, dentro da cadeia.
Caso a insaturação (dupla ou tripla ligação) não estiver no mínimo entre dois
átomos de carbono, essa cadeia não será considerada como insaturada, pois a
insaturação está para fora da cadeia principal.

9. Cadeias aromáticas: são cadeias cíclicas (fechadas) que apresentam no mínimo


seis átomos de carbono ligados entre si e três duplas ligações alternadas dentro
do anel aromático ou anel benzênico, que são representadas por um núcleo
aromático ou núcleo benzênico. O núcleo aromático ou benzênico representa
as três duplas ligações sofrendo ressonância dentro do anel aromático,
ou seja, essas insaturações giram dentro do anel mudando de posições de
forma alternada (uma dupla, uma simples, uma dupla, uma simples, uma

153
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

dupla e uma simples). O representante das cadeias carbônicas aromáticas é o


BENZENO (C6H6), formado por seis átomos de carbono ligados entre si e três
duplas ligações alternadas dentro do anel aromático.

FIGURA 53 – ANEL AROMÁTICO - BENZENO

Benzeno – C6H6

FONTE: <Googleimagens.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2012.

A figura a seguir, apresenta as três representações estruturais do Benzeno.

FONTE 54 – REPRESENTAÇÕES ESTRUTURAIS DE BENZENO

H H

H H

H
FONTE: <Googleimagens.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2012.

9.1 As cadeias aromáticas podem ser:

• Mononucleadas: apresentam apenas um anel aromático ou benzênico.

FIGURA 55 – EXEMPLOS: TOLUENO

CH3

FONTE: <Googleimagens.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2012.

154
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

• Polinucleadas: apresentam dois ou mais anéis aromáticos ou benzênicos ligados


entre si.

FIGURA 56 – EXEMPLOS: NAFTALENO

FONTE: <Googleimagens.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2012.

As cadeias polinucleadas ainda são subdivididas em:

• Condensadas: os anéis aromáticos estão ligados diretamente entre si.

FIGURA 57 – EXEMPLO DE ANÉIS AROMÁTICOS

FONTE: <Googleiamgens.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2012.

• Isoladas: os anéis aromáticos estão ligados de forma isolada, ou seja, entre uma
ou mais ligações.

FIGURA 58 – EXEMPLO DE ANÉIS AROMÁTICOS

FONTE: <Googleiamgens.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2012.

155
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

UNI

Caro acadêmico, para classificar uma cadeia carbônica, deve-se levar em


consideração todos os nove critérios estudados acima, pois uma mesma cadeia carbônica
vai apresentar cada uma dessas classificações. Veja alguns exemplos a seguir.

FIGURA 59 – CADEIA ACÍCLICA OU ABERTA, NORMAL, SATURADA E HOMOGÊNEA

H H H H H H
H–C–C–C–C– C– C–H
H H H H H H
FONTE: <www.brasilescola.com/.../cadeisa%20saturada.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2012.

FIGURA 60 – CADEIA CÍCLICA OU FECHADA, NORMAL, INSATURADA E HOMOGÊNEA

CH2

H2C CH

CH
FONTE: <www.brasilescola.com/upload/e/cicloalceno(1).jpg>. Acesso em: 26 fev. 2012.

FIGURA 61 – CADEIAS ACÍCLICAS OU ABERTAS, RAMIFICADAS, SATURADAS E HOMOGÊNEAS

Cadeia Cadeia
principal principal

CH3 – CH2 – CH2 – CH – CH3 CH3 – CH2 – CH – CH3


Ramificação
CH2 CH3

CH3 Ramificação

FONTE: <www.google. imagens>. Acesso em: 26 fev. 2012.

156
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

FIGURA 62 – CADEIA CÍCLICA OU FECHADA, NORMAL, INSATURADA E HETEROGÊNEA

C C

C C

O
FONTE: <www.google.imagens>. Acesso em: 26 fev. 2012.

FIGURA 63 – AROMÁTICA MONONUCLEADA

Benzeno – C6H6

FONTE: <profs.ccems.pt/.../Hidrocarbonetos_aromticos.htm>. Acesso em: 26 fev. 2012.

7 NOMENCLATURA DAS CADEIAS CARBÔNICAS


A criação da nomenclatura oficial dos compostos orgânicos iniciou
em 1892, em um congresso internacional em Genebra e depois de inúmeras
reuniões, surgiu a nomenclatura IUPAC (União Internacional de Química
Pura e Aplicada).
FONTE: Adaptado de: <http://www.dignow.org/post/grandes-nomes-da-ci%C3%AAncia-wallace-
carothers-2156072-33816.html>. Acesso em: 26 fev. 2012.

“A nomenclatura oficial visa uniformizar os critérios para se nomear


um composto orgânico. Desse modo, para cada um dos milhões de compostos
resulta um nome, construído de forma racional, que permite ter uma ideia de
sua estrutura”. (COVRE, 2001, p. 469).

UNI

Além da nomenclatura oficial da IUPAC, outros tipos de nomenclaturas


também podem ser usadas, como a nomenclatura usual, por exemplo.

157
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

• Regras da Nomenclatura dos Compostos Orgânicos:

PREFIXO + INFIXO + SUFIXO

Prefixo: indica a quantidade de átomos de carbono pertencentes à cadeia


principal. Confira no quadro a seguir.

QUADRO 18 – PREFIXOS QUANTO AO NÚMERO DE CARBONOS PRESENTES NA MOLÉCULA

1 Carbono = met 6 Carbonos = hex 11 Carbonos = undec


2 Carbonos = et 7 Carbonos = hept 12 Carbonos = dodec
3 Carbonos = prop 8 Carbonos = oct 13 Carbonos = tridec
4 Carbonos = but 9 Carbonos = non 15 Carbonos = pentadec
5 Carbonos = pent 10 Carbonos = dec 20 Carbonos = eicos

FONTE: A autora

Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos de carbonos pertencentes à cadeia


principal. Confira no quadro a seguir.

QUADRO 19 – INFIXOS QUANTO AO TIPO DE LIGAÇÕES PRESENTES NA MOLÉCULA

Somente ligações simples (sigma) = an Apresenta duas duplas ligações = dien


Pelo menos uma dupla ligação = en            Apresenta três duplas ligações = trien
Pelo menos uma tripla ligação = in Apresenta duas triplas ligações = diin

FONTE: A autora

OBS.: Radicais (ramificações) apresentam sufixo: il

Exemplo: metil, etil, propil etc.

Sufixo: indica a função química do composto orgânico:

Hidrocarboneto= no
Álcool= ol
Aldeído= al
Cetona= ona
Ácido carboxílico= oico
Amina= amina
Amida = amida
Éter= óxi

158
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

Confira alguns exemplos:

a) CH4

Fórmula: CH4
Função orgânica: Hidrocarboneto (sufixo “o”)
Nomenclatura: Metano

b) H3C – CH = CH2

Fórmula molecular: C3H8


Função orgânica: Hidrocarboneto (sufixo “o”)
Nomenclatura: 1 - Propeno

c) CH3 – C ≡ C – CH3

Fórmula molecular: C4H6


Função orgânica: Hidrocarboneto (sufixo ‘o”)
Nomenclatura: 2- butino

Obs.: No Tópico 2, estudaremos as Funções Orgânicas.

159
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

LEITURA COMPLEMENTAR

PETROQUÍMICA: O PETRÓLEO A SERVIÇO DA SOCIEDADE MODERNA

A indústria do petróleo modificou o modo de vida da sociedade moderna,


trazendo bem-estar, conforto e novos materiais, como os plásticos. A chamada
petroquímica originou-se a partir do aproveitamento de frações do petróleo
com pouca qualidade para uso como combustível. A nafta, uma gasolina de pior
qualidade para queima em motores, é a matéria-prima principal para produção
de plásticos. O processamento químico da nafta gera moléculas pequenas,
contendo entre dois e oito átomos de carbono em média, a partir da qual são
gerados inúmeros produtos. Entre eles estão os polímeros (macromoléculas),
popularmente conhecidos como plásticos, que são moldados para se tornarem
utensílios domésticos, fibras para confecção de roupas, peças para automóveis,
materiais de construção, espumas e inúmeros artigos utilizados no dia a dia
(Figura 17). Os plásticos revolucionaram o século XX, permitindo que um maior
número de pessoas tivesse acesso a roupas, móveis, automóveis e utensílios
diversos.

FIGURA 17 – ALGUNS UTENSÍLIOS FEITOS DE MATERIAL PLÁSTICO

A indústria petroquímica pode ser dividida em três segmentos ou estágios


(Figura 18). O primeiro é onde a nafta derivada do petróleo é transformada
quimicamente em moléculas, como: eteno, propeno, benzeno e tolueno, entre
outros produtos. Estes compostos são a base para formação de diversas substâncias
produzidas no segundo estágio, ou segunda geração da petroquímica. Assim, o
eteno sofre uma reação onde suas moléculas combinam-se entre si para formar
o polietileno (o outro nome como o eteno é conhecido é etileno, daí o uso da
palavra polietileno). O propeno também pode sofrer o mesmo tipo de reação para
formar o polipropileno (propileno é outro nome do propeno).

Esses plásticos são transformados em utensílios e materiais diversos no


terceiro segmento ou terceira geração da indústria petroquímica. O polipropileno,
por exemplo, pode ser moldado na forma de potes que são utilizados diariamente
por inúmeras famílias para armazenamento de alimentos, podendo ir diretamente

160
TÓPICO 1 | QUÍMICA ORGÂNICA - O ELEMENTO

do freezer ao forno de micro-ondas. Ele também é muito utilizado na indústria


automobilística para a confecção de partes do automóvel, em substituição ao
metal. O polietileno é utilizado na confecção de sacolas plásticas usadas em
inúmeras situações do dia a dia.

FIGURA 18 – A CADEIA PETROQUÍMICA

Insumos 1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração Mercado

Extração Refino Craqueamento Polimerização Transformação Consumo


Petóleo Gás de Refinaria Eteno Polipropileno Filmes Embalagens
Gás GLP Propeno Polietileno Frascos Eletrodomésticos
NAFTA Buteno EVA Peças injetadas Peças automobilísticas
Gasolina Butadieno Ráfina Sacaria
Diesel Benzeno Termoformagem Potes e Tampas
Óleo combustível Tolueno
Xileno

Atualmente, muitas pessoas condenam o uso maciço de plásticos


alegando que a natureza leva muitos anos para decompô-los, o que causa um
grande problema ambiental. Certamente, a grande utilização dos plásticos em
diversos setores da sociedade moderna se deve, justamente, à sua durabilidade e
estabilidade química. Porém, os principais plásticos utilizados atualmente podem
ser reciclados, minimizando os efeitos danosos para o meio ambiente. Talvez falte
um pouco mais de esclarecimento e conscientização da necessidade de reciclagem
de produtos plásticos. Da próxima vez que utilizar uma garrafa PET (sigla de um
polímero chamado polietileno-tereftalato) ou utilizar uma sacola plástica pense
nisto e procure um posto de reciclagem. Se não houver em seu bairro ou cidade,
cobre das autoridades locais alguma providência nesse sentido.

A Química não foi feita para poluir o ambiente, mas para criar soluções e
melhorar a qualidade de vida da população.

FONTE: Mota; Rosenbach Jr.; Pinto. Química e energia: transformando moléculas em


desenvolvimento. Disponível em: <webeduc.mec.gov.br/portaldoprofessor/quimica/sbq/.../
searchtext.xm...>. Acesso em: 26 fev. 2012.

161
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Química Orgânica é a parte da química que estuda os compostos de carbono.

• O carbono é um elemento químico que está localizado na Família 4A da Tabela


Periódica.

• O carbono é tetravalente, ou seja, apresenta a capacidade de realizar quatro


ligações covalentes devido aos seus quatro elétrons da camada de valência.

• Organógenos são elementos químicos formadores dos compostos orgânicos,


são eles: C, H, O e N.

• As ligações realizadas pelo carbono podem ser: ligações simples, duplas e


triplas.

• Os carbonos podem se classificados em primários, secundários terciários ou


quaternários.

• Cadeia carbônica é uma sequência de átomos de carbono ligados entre si


podendo apresentar heteroátomos.

• As cadeias carbônicas podem ser classificadas como: acíclicas ou abertas,


cíclicas ou fechadas, aromáticas, homogêneas ou heterogêneas, normais ou
ramificadas, saturadas ou insaturadas.

• A nomenclatura dos compostos orgânicos difere para cada composto e segue


as regras estabelecidas pela IUPAC.

• A nomenclatura oficial de um composto orgânico apresenta a seguinte


composição: prefixo, infixo e sufixo.

• Prefixo indica a quantidade de átomos de carbonos presentes na cadeia


carbônica principal.

• Infixo indica o tipo de ligações presentes entre os átomos de carbono na cadeia


principal.

• Sufixo indica a função orgânica a que o composto pertence.

162
AUTOATIVIDADE

1 Complete com átomos de hidrogênio as ligações dos carbonos presentes nas


cadeias carbônicas a seguir:

a) C – C – C
b) C = C – C
c) C ≡ C - C = C
d) C – C – Br

2 Classifique os carbonos numerados nos compostos a seguir em: primário,


secundário, terciário e quaternário.
10
1C C 1 4
4 5 7 9 C C C C
2C C C C C C 5 6
C C
3C C C C 2 3
6 8 11

3 A Química Orgânica é definida como a parte da química que estuda os


compostos.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Compostos extraídos do reino animal.
b) ( ) Compostos constituídos do elemento hidrogênio.
c) ( ) Compostos constituídos do elemento carbono.
d) ( ) Compostos extraídos da natureza.

4 O butanoato de etila é aplicado, na indústria de alimentos, como aromatizante


artificial de rum e apresenta a seguinte fórmula estrutural:

CH3CH2CH2COCH2CH3

O carbono ligado aos átomos de oxigênios é classificado, como:

a) ( ) Primário.
b) ( ) Secundário.
c) ( ) Terciário.
d) ( ) Quaternário.

163
5 Classifique as seguintes cadeias carbônicas em: acíclicas ou cíclicas; normais
ou ramificadas; saturadas ou insaturadas; homogêneas ou heterogêneas.

a) CH2 CHCH2CH2NH2

b) CH3CH2OH

c) CH3CH2OCH2CH3

d) HC CH

HC CH
O

6 A cadeia carbônica, do composto representado a seguir, apresenta:

Assinale a alternativa CORRETA: CH3


a) ( ) Cadeia carbônica insaturada.
b) ( ) Somente carbonos primários. H3C C CH3
c) ( ) Um carbono quaternário.
d) ( ) Três carbonos primários e um terciário. NH2

7 A cafeína, um estimulante bastante comum no café, chá, guaraná etc., tem


a seguinte fórmula estrutural:

O CH3
A fórmula molecular da cafeína é:
H3C N
Assinale a alternativa CORRETA: N
a) ( ) C5H9N4O2. N
b) ( ) C6H10N4O2. O N
c) ( ) C6H9N4O2.
d) ( ) C3H9N4O2. CH3
e) ( ) C8H10N4O2.

8 Quantos átomos de carbono primário há na fórmula a seguir?

CH3 – CH2 – CH3

a) ( ) 1. c) ( ) 3.
b) ( ) 2. d) ( ) 4.

164
9 O composto a seguir CH2 = CH – CH2 – CH3 apresenta uma
cadeia carbônica que pode ser classificada como:

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Aberta, normal, homogênea e insaturada.
b) ( ) Aberta, normal, heterogênea e saturada.
c) ( ) Aberta, ramificada, homogênea e insaturada. .
d) ( ) Aberta, normal, homogênea e saturada.

10 A cadeia carbônica a seguir

CH3 – CH2 – C = O é classificada como:



Br

a) ( ) Acíclica e saturada.
b) ( ) Ramificada e homogênea.
c) ( ) Insaturada e heterogênea.
d) ( ) Insaturada e homogênea.

165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 2

PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS


ORGÂNICOS
1 INTRODUÇÃO
Os compostos orgânicos apresentam características e comportamentos
específicos que os diferem dos demais compostos da química inorgânica. As
propriedades físico-químicas das substâncias são particularidades, por exemplo,
de cada substância.

As propriedades físicas dos compostos orgânicos dependem,


exclusivamente, dos seguintes fatores: polaridade das moléculas, forças
intermoleculares, massa molar ou molecular, ponto de ebulição e solubilidade.

2 GEOMETRIA E POLARIDADE
No Tópico 3 da Unidade 1 do atual Caderno de Estudos, os assuntos
geometria e polaridade das moléculas foi muito bem explanado. Volte a essa
parte do caderno e retome tais conceitos que são de suma importância para
caracterizarmos os compostos orgânicos.

Segue um resumo para que você, Caro acadêmico, possa se situar na


busca desse assunto, visto anteriormente:

• Geometria molecular

É a forma de como os átomos estão distribuídos espacialmente em


uma molécula, podendo assumir várias formas geométricas, dependendo
dos átomos que a compõem. As geometrias moleculares mais estudadas são:
linear, angular, trigonal plana, piramidal e tetraédrica.
FONTE: <http://ntevaiaescolaestadualazevedofernandes.blogspot.com/2009_04_01_archive.
html>. Acesso em: 3 fev. 2012.

167
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

• “Polaridade da ligação é o resultado da diferença entre as eletronegatividades


dos átomos que estão ligados”. (COVRE, 2001, p. 135).

• Ligação covalente polar: formada por elementos diferentes, ou seja, há


diferença de eletronegatividade e formação de cargas parciais δ+ e δ-, pois
podemos identificar polos elétricos opostos.

• Quanto maior a diferença de eletronegatividade, maior a polaridade da


ligação.

• Ligação covalente apolar: formada por elementos iguais, ou seja, não há


diferença de eletronegatividade, ou essa é muito pequena ou igual a zero. Se
os elementos são iguais, os valores de eletronegatividade também são, logo,
a ligação é apolar.

UNI

Não se esqueça de consultar os valores de eletronegatividade dos elementos


químicos em sua tabela periódica.

POLARIDADE MOLECULAR

Para verificarmos se uma molécula é polar ou apolar devemos utilizar o


vetor µ (momento dipolar) que apresenta as seguintes características:

• Sentido: do átomo menos eletronegativo para o mais eletronegativo.


• Módulo: é a diferença entre a eletronegatividade dos átomos.

Quando os vetores forem para o mesmo sentido o µ ≠ 0 e a molécula será


polar.

Quando os vetores forem para sentidos opostos o µ = 0 e a molécula será


apolar.

3 FORÇAS INTERMOLECULARES
Os compostos orgânicos sendo, de modo geral, moleculares apresentam
pontos de fusão e de ebulição baixos. Isso justifica a predominância na
Química Orgânica de compostos gasosos e líquidos: os sólidos existentes
são, em grande parte, facilmente fusíveis. A parafina, uma mistura de
hidrocarbonetos, é facilmente fusível. (COVRE, 2001, p. 461).

168
TÓPICO 2 | PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS

A existência dos três estados físicos da matéria é explicada pelas forças


intermoleculares, que está diretamente relacionada com o grau de atração entre as
moléculas. Em substâncias iônicas há uma forte atração entre os átomos, devido
à diferença de eletronegatividade existente entre um metal e um não metal. Nos
compostos moleculares essas interações já são explicadas de maneira diferente.
Uma substância no estado sólido, por exemplo, apresenta forte atração entre suas
moléculas, pois quase não há movimentação das mesmas. No estado líquido, a
força de atração é um pouco menor e já há certo grau de movimentação entre
as moléculas. Já no estado gasoso, não há força de atração entre as moléculas,
essas se encontram em movimento frenético, o que justifica a fraca interação
intermolecular.

Para que ocorram as mudanças de estado físico dos compostos, há a


necessidade de fornecimento de energia, que é proporcional ao grau de intensidade
das forças intermoleculares. Por exemplo, os líquidos voláteis evaporam
facilmente em temperatura ambiente, ou seja, sem a necessidade de aquecimento
enérgico, como o éter, o álcool, a acetona etc. O que justifica essa volatilidade é
que as forças intermoleculares dessas substâncias são pouco intensas, e assim as
mesmas, apresentarão baixos pontos de ebulição.

Podemos comparar os pontos de ebulição da água e do éter, no nível do


mar, e pressão de 1 atm:

ÁGUA = 100 ºC
ÉTER = 34,6 ºC

Isso significa que as forças intermoleculares presentes nas moléculas de


água são muito intensas, e por esse motivo, a água necessita de um alto ponto de
ebulição para mudar de estado físico (líquido para gasoso), ou seja, para quebrar
essas interações entre suas moléculas.

A seguir, estudaremos as três forças intermoleculares existentes:

1. Dipolo induzido-dipolo induzido.


2. Dipolo permanente-dipolo permanente (ou dipolo-dipolo).
3. Ligações de Hidrogênio ou Pontes de hidrogênio.

4 DIPOLO INDUZIDO-DIPOLO INDUZIDO


Esses tipos de interações moleculares estão presentes em substâncias
formadas por moléculas apolares, embora possam ocorrer em outros tipos
de moléculas; porém, em moléculas apolares só ocorrem interações dipolo
induzido-dipolo induzido. No estado sólido e líquido, devido à atração das
moléculas (aproximação), ocorrem deformações nas suas nuvens eletrônicas
(pares de elétrons das ligações covalentes), originando assim, polos.

169
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

FIGURA 64 – FORÇAS INTERMOLECULARES: DIPOLO INDUZIDO – DIPOLO INDUZIDO

FONTE: Usberco; Salvador (1999, p. 240)

Os hidrocarbonetos são os mais comuns compostos orgânicos que


apresentam esse tipo de interação.

Exemplos de moléculas apolares, que apresentam interações dipolo


induzido-dipolo induzido.

Gás hidrogênio (H2) Cloro (Cl2) Dióxido de carbono (CO2)


H–H Cl – Cl O=C=O

Tetracloreto de carbono (CCℓ4) Gás metano (CH4) Gás etano (C2H6)


Cℓ H H H
│ │ │ │
Cℓ − C − Cℓ H – C – H H–C–C–H
│ │ │ │
Cℓ H H H

5 DIPOLO PERMANENTE-DIPOLO PERMANENTE


Essas forças intermoleculares, também podem ser chamadas de dipolo-
dipolo, e ocorrem em moléculas polares entre os polos permanentes presentes
nesse tipo de moléculas. Atente para a interação existente no ácido clorídrico
(HCℓ) sólido ou líquido, representada na figura a seguir:

FIGURA 65 – FORÇAS INTERMOLECULARES: DIPOLO – DIPOLO

FONTE: Usberco; Salvador (1999, p. 240)

A maioria das funções orgânicas que estudaremos no próximo tópico


apresentam interações do tipo dipolo-dipolo. A seguir alguns exemplos:

170
TÓPICO 2 | PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS

• Aldeídos → CHO
O

• Cetonas → R – C – R1

• Haletos orgânicos → R – X

• Éter → R – O – R1

6 LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO OU PONTES DE


HIDROGÊNIO
As ligações de hidrogênio ou pontes de hidrogênio exemplificam um caso
extremo da interação dipolo-dipolo, por ser a força intermolecular mais intensa.
Esse tipo de força intermolecular ocorre geralmente nas moléculas que apresentam
átomos de hidrogênio ligados a átomos altamente eletronegativos: flúor, oxigênio
e nitrogênio (FON), originando polos acentuados, ou seja, moléculas altamente
polares. Por ser a interação molecular mais intensa, as moléculas que estão contidas
nesse grupo apresentam elevados pontos de ebulição, já que para haver a ruptura
dessas fortes interações é necessário um alto fornecimento de energia.

H F,O,N
Ligado a

A seguir estão representadas as ligações de hidrogênio ou pontes de


hidrogênio existentes entre as moléculas de ácido fluorídrico, água, amônia e
metanol.
δ+ molécula de HF δ- moléculas de água
H O
δ+ F- F δ+ F δ+ δ- H+ H+
δ δ
H δ δ-H δ H
-
O O
F- H H H δ- H+
ligações de hidrogênio δ δ+
δ +
δ + δ
O-
δ
H H
δ+ δ+
ligações de hidrogênio δ- ligações de hidrogênio
N
H+ H
δ- δ H+ δ+ ligações de hidrogênio
N δ δ+
H+ H+ CH3 H O δ-
δ H+ δ
δ O H O δ- CH3
δ- H+
δ δ+
δ- N H CH3
N
H+
H H H δ moléculas de metanol
δ+ H+ δ+ δ+
δ
molécula de amônia
171
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

As ligações de hidrogênio ou pontes de hidrogênio estão presentes em


algumas funções orgânicas, tais como:

• Alcoóis (R – OH).

• Ácidos carboxílicos (R – COOH).

• Aminas primárias (R – NH2).

7 PONTO DE FUSÃO (PF) E PONTO DE EBULIÇÃO (PE)


Tanto o ponto de fusão (PF) como o ponto de ebulição (PE) são
propriedades físicas dependentes das forças intermoleculares e do tamanho das
moléculas, que são fatores que podem influenciar na mudança de estado físico
dos compostos orgânicos.

Quanto maior o tamanho das moléculas, maior será o seu peso molecular
e a sua superfície, propiciando maiores interações com moléculas vizinhas, o que
acarreta uma elevação no seu ponto de ebulição.

Simplificando:

Quanto maior o tamanho da molécula, maior será o seu ponto de ebulição


e vice-versa.

Considerando as forças intermoleculares e o tamanho das moléculas,


temos as seguintes relações:

• Para moléculas com tamanhos muito próximos:

Quanto maior for a intensidade das forças intermoleculares, maior será seu
ponto de ebulição (PE).

Para que possamos estabelecer esta relação, devemos considerar a ordem


crescente de intensidade das interações:

DIPOLO - INDUZIDO < DIPOLO- PERMANENTE < LIGAÇÕES DE


HIDROGÊNIO

Ordem Crescente de Intensidade

Para moléculas que apresentam o mesmo tipo de interação:

172
TÓPICO 2 | PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS

UNI

Quanto maior for o tamanho da molécula, maior será o seu ponto de ebulição.

RELAÇÃO ENTRE A POLARIDADE E PONTO DE EBULIÇÃO DOS COMPOSTOS


ORGÂNICOS

Os hidrocarbonetos, geralmente são moléculas simétricas e apolares.


Contudo, a substituição de átomos de hidrogênio origina novas moléculas
assimétricas, gerando uma polarização na estrutura resultante. Assim, os compostos
pertencentes a outras funções orgânicas, diferentes dos hidrocarbonetos, são
polares.

A partir dessas definições, podemos concluir, comparando moléculas de
tamanhos aproximadamente iguais:

1º) Por apresentarem forças intermoleculares menos intensas (dipolo induzido-


dipolo induzido), os hidrocarbonetos devem apresentar pontos de ebulição
menores que os das outras funções orgânicas.

2º) Por apresentarem forças intermoleculares mais intensas (ligações de


hidrogênio ou pontes de hidrogênio), os alcoóis, ácidos carboxílicos e aminas
devem apresentar pontos de ebulição maiores que os das outras funções
orgânicas.

8 SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS


A solubilidade de qualquer substância está diretamente relacionada com
a sua polaridade. Nos compostos orgânicos, a solubilidade também depende das
forças intermoleculares existentes. Assim, substâncias que apresentam o mesmo
tipo de interação são miscíveis entre si, ou seja, tendem a solubilizar. No geral,
temos:

“Semelhante dissolve semelhante”

• Substâncias apolares tendem a se dissolver em solventes apolares.

• Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes polares.

A água é mais importante dos solventes polares e, por isso, é considerada


como o solvente universal.

173
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

O álcool comum (etanol ou álcool etílico) é um dos solventes polares


orgânicos mais conhecido. É comercializado, facilmente em farmácias e
supermercados, quanto nos postos de combustíveis, misturado em certa
porcentagem de água, formando uma mistura homogênea (álcool hidratado).
Tal fato ocorre, porque o álcool é considerado como uma substância orgânica
polar devido à presença do grupo funcional OH- (hidroxila ou hidróxido), que
é a parte polar da molécula orgânica apolar, que realizará a interação ligação de
hidrogênio ou ponte de hidrogênio, tornando o álcool solúvel em água.

No entanto, na medida em que aumenta a cadeia carbônica do álcool, a sua


solubilidade em água diminui. Isso porque os alcoóis apresentam em sua estrutura
uma parte polar e outra apolar.

Nos alcoóis, que apresentam quatro ou mais carbonos em sua estrutura,


começa a ocorrer um aumento da parte apolar, o que acarreta uma diminuição da
sua solubilidade em água e, assim, aumenta a solubilidade em solventes apolares
(gasolina, óleos etc.).

Assim como os alcoóis, outras substâncias que podem ser solúveis tanto em
água quanto em solventes apolares, por apresentarem em sua estrutura uma parte
polar e outra apolar. Dentre essas substâncias, podemos citar as mais conhecidas
que são os sabões e os detergentes, o que justifica a ação desengordurante em
água dos mesmos. A seguir ambos estão genericamente representados:

FIGURA 66 – POLARIDADE X SOLUBILIDADE

FONTE: Usberco; Salvador (1999, p. 247)

NOTA

Hidrofóbica = não apresenta afinidade com a água (insolúvel), ou seja, apolar.

Hidrófila = apresenta afinidade com a água (solúvel), ou seja, polar.

174
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• As propriedades físicas dos compostos orgânicos dependem, exclusivamente,


dos seguintes fatores: polaridade das moléculas, forças intermoleculares,
massa molar ou molecular, ponto de ebulição e solubilidade.

• Geometria molecular é a forma de como os átomos estão distribuídos


espacialmente em uma molécula.

• Ligação covalente polar é formada por elementos diferentes, ou seja, há


diferença de eletronegatividade entre os elementos ligantes.

• Quanto maior a diferença de eletronegatividade, maior a polaridade da ligação.

• Ligação covalente apolar é formada por elementos iguais, ou seja, não há


diferença de eletronegatividade entre os elementos ligantes.

• Se os elementos são iguais, os valores de eletronegatividade também são, logo,


a ligação é apolar.

• Para verificarmos se uma molécula é polar ou apolar devemos utilizar o vetor


µ (momento dipolar).

• Quando os vetores forem para o mesmo sentido o µ ≠ 0 e a molécula será


polar.

• Quando os vetores forem para sentidos opostos o µ = 0 e a molécula será


apolar.

• Os compostos orgânicos sendo, de modo geral, moleculares apresentam pontos


de fusão e de ebulição baixos.

• A existência dos três estados físicos da matéria é explicada pelas forças


intermoleculares, que está diretamente relacionada com o grau de atração
entre as moléculas.

• Dipolo induzido-dipolo induzido: esses tipos de interações moleculares estão


presentes em substâncias formadas por moléculas apolares, embora possam
ocorrer em outros tipos de moléculas; porém, em moléculas apolares só
ocorrem interações dipolo induzido-dipolo induzido.

175
• Dipolo-dipolo, e ocorrem em moléculas polares entre os polos permanentes
presentes nesse tipo de moléculas.

• As ligações de hidrogênio ou pontes de hidrogênio exemplificam um caso


extremo da interação dipolo-dipolo, por ser a força intermolecular mais
intensa. Esse tipo de força intermolecular ocorre geralmente nas moléculas que
apresentam átomos de hidrogênio ligados a átomos altamente eletronegativos:
flúor, oxigênio e nitrogênio (FON).

• Substâncias apolares tendem a se dissolver em solventes apolares.

• Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes polares.

176
AUTOATIVIDADE

1 Defina a polaridade das moléculas a seguir:

a) H2O
b) CH4
c) NH3
d) CCl4
e) CH2F2

2 É de conhecimento que a maioria dos compostos orgânicos são apolares,


logo, insolúveis em água. Os alcoóis são compostos orgânicos solúveis em
água. Explique essa afirmação.

3 Defina as três forças intermoleculares estudadas e coloque-as


em ordem crescente de intensidade.

4 Em relação aos compostos que apresentam o mesmo peso molecular, qual


seria o melhor critério para diferenciar os respectivos pontos de ebulição?

177
178
UNIDADE 3
TÓPICO 3

FUNÇÕES ORGÂNICAS –
OS HIDROCARBONETOS
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o “Chemical Abstracts”, publicação que resume e
classifica a literatura química, existem mais de 19 milhões de compostos orgânicos
conhecidos. Cada um desses compostos apresenta propriedades físicas únicas,
como ponto de fusão e ponto de ebulição, e sua própria reatividade. (MCMURRY,
2005).

Com o passar dos anos, os químicos adquiriram experiências o suficiente


para classificar os compostos orgânicos em famílias ou grupos, conforme suas
características estruturais e reatividade química semelhante. Neste tópico,
estudaremos os hidrocarbonetos, as funções orgânicas oxigenadas e as funções
orgânicas nitrogenadas.

2 HIDROCARBONETOS
São compostos orgânicos (cadeias carbônicas) que só apresentam átomos de
carbono e hidrogênio. A aplicação desses compostos é muito vasta, principalmente
em combustíveis derivados do petróleo como a gasolina e gás natural. Os
hidrocarbonetos são classificados em:

2.1 ALCANOS
São hidrocarbonetos de cadeias abertas ou acíclicas saturados, logo
só apresentam ligações simples (sigma) entre os átomos de carbono. Podem
apresentar cadeias, normais ou ramificadas. Veja na figura a seguir, alguns
exemplos de estruturas dos alcanos.

179
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

FIGURA 67 – ESTRUTURAS DOS ALCANOS

Nome do alcano Fórmula Molecular Fórmula de estrutura Modelo Molecular


H

Metano CH₄ H C H

H
H H

Etano C₂H₆ H C C H

H H
H H H
Propano C₃H₈ H C C C H

H H H
H H H H

Butano C₄H10 H C C C C H

H H H H

FONTE: <cfq9.wikispaces.com/.../33496127/alcanos.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2012.

2.2 ALCENOS
São hidrocarbonetos de cadeias abertas ou acíclicas, insaturados que
apresentam pelo menos uma ligação dupla entre os átomos de carbono. Podem
apresentar cadeias, normais ou ramificadas. Veja na figura a seguir, alguns
exemplos de estruturas dos alcenos.

FIGURA 68 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DOS ALCENOS

CH3
H2C CH2 H2C CH CH3 H2C C CH3
- eteno - propeno - 2-metil propeno
- etileno - aleno

FONTE: <reocities.com/Vienna/choir/9201/alcenos.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

2.3 ALCADIENOS
São hidrocarbonetos de cadeias abertas ou acíclicas insaturados, que
apresentam duas ligações duplas entre os átomos de carbono. Podem apresentar
cadeias normais ou ramificadas. Veja na figura a seguir, alguns exemplos de
estruturas dos alcadienos.

180
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

FIGURA 69 – ALCADIENO: 1,3- BUTADIENO

H H

C C H
H C C

H H
FONTE: <www.brasilescola.com/upload/e/alcadieno.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

2.4 ALCINOS
São hidrocarbonetos de cadeias abertas ou acíclicas, insaturados que
apresentam pelo menos uma ligação tripla entre os átomos de carbono. Podem
apresentar cadeias normais ou ramificadas.

Veja na figura a seguir, alguns exemplos de estruturas dos alcinos.

FIGURA 70 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DOS ALCINOS

5 4 3 2 1
CH3 CH2 C C CH3 2-pentino

1 2 3 4 5 6
CH3 C C CH2 CH2 CH3 2-hexino

FONTE: <bp.blogspot.com/.../cadeia_principal9.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2012.

2.5 CICLANOS
São hidrocarbonetos, saturados de cadeia cíclica ou fechada que só
apresentam ligações simples (sigmas) entre os átomos de carbono. Podem
apresentar cadeias normais ou ramificadas. Veja na figura a seguir, alguns
exemplos de estruturas dos ciclanos.

181
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

FIGURA 71 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DOS CICLANOS: CICLOBUTANO

CH2

H2C CH2

CH2
FONTE: <www.mspc.eng.br/quim2/im01/org_0100.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

2.6 CICLENOS
São hidrocarbonetos insaturados, de cadeia cíclica ou fechada que
apresentam pelo menos uma ligação dupla entre os átomos de carbono. Podem
apresentar cadeias normais ou ramificadas. Veja na figura a seguir, alguns
exemplos de estruturas dos ciclenos.

FIGURA 72 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DOS CICLENOS: CICLOPROPENO

CH2 C3H4
Fórmula
Molecular
1)
O
HC CH ou
Fórmulas estruturais

FONTE: <www.profpc.com.br/hidroc24.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

3 COMPOSTOS AROMÁTICOS
Os hidrocarbonetos aromáticos compõem um tipo singular de
hidrocarbonetos insaturados. O termo aromático se deve aos odores pronunciados
que a maioria desses compostos apresenta. O benzeno é o hidrocarboneto aromático
mais simples que existe e é o representante da química orgânica aromática. O
benzeno é uma molécula cíclica (fechada) formada por seis átomos de carbono
e seis átomos de hidrogênio, C6H6, chamado anel aromático ou anel benzênico.

182
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

NOTA

Anel aromático ou anel benzênico é formado por seis átomos de carbonos


com três duplas ligações alternadas (uma ligação simples, uma ligação dupla, uma ligação
simples e uma ligação dupla, e assim por diante) dentro do anel. Essas três duplas ligações
geralmente são representadas por um núcleo aromático. Essa alternância circular das três
duplas ligações dentro do anel aromático é chamada de ressonância. Veja nas Figuras 73 e
74, as representações estruturais do benzeno.

FIGURA 73 – ANEL AROMÁTICO

Benzeno – C6H6

FONTE: <profs.ccems.pt/.../Hidrocarbonetos_aromticos.htm>. Acesso em: 28 fev. 2012.

FIGURA 74 – NÚCLEO AROMÁTICO

FONTE: <www.qmc.ufsc.br/.../veneno/veneno_benzeno.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

• Principais compostos aromáticos:

FIGURA 75 – PRINCIPAIS COMPOSTOS AROMÁTICOS

- benzeno - fenil benzeno - naftaleno - antraceno - fenantreno


- difenilo

CH3 CH3 CH3 – CH – CH3 CH = CH2

H3C CH3
H3C
- metil benzeno - 1,2-dimetil benzeno - 1,4-dimetil benzeno - isopropil benzeno - vinil benzeno
- tolueno - orto-dimetil benzeno - para-dimetil benzeno - cumeno - estireno
- 2-metil tolueno - 4-metil tolueno

FONTE: <Google imagens>. Acesso em: 28 fev. 2012.

183
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

4 FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS


São compostos orgânicos oxigenados, devido à presença do elemento
oxigênio em suas moléculas. Dividem-se em: alcoóis, enóis, fenóis, aldeídos,
cetonas, ácidos carboxílicos e seus derivados, tais como: os ésteres e éteres.

4.1 ALCOÓIS
Geralmente, são associados a bebidas alcoólicas, no entanto, contemplam
inúmeros outros compostos. São funções orgânicas que apresentam como grupo
funcional a hidroxila (OH-) ligada a um carbono saturado.

FIGURA 76 – EXEMPLO: ETANOL OU ÁLCOOL ETÍLICO

H H

H C C O H

H H
FONTE: <2.bp.blogspot.com/.../s1600/etanol.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2012.

• Nomenclatura

Conforme regra da nomenclatura oficial IUPAC (União Internacional de
Química Pura e Aplicada), os alcoóis normais são nomeados com o prefixo do
número de carbonos, infixo da saturação da cadeia e com o sufixo ol.

1. A numeração da cadeia principal inicia-se no grupo funcional ou mais próximo


possível do mesmo.

2. A nomenclatura do álcool deve iniciar com a numeração e nome do (s) radical


(s) + o nome da cadeia principal que contém o grupo funcional, escrevendo-os
em ordem alfabética.

Exemplos:
CH3-CH2-OH1 - etanol)
CH3-CH2-CH2-OH (1 - propanol)

A nomenclatura usual (IUPAC) pode ser realizada da seguinte forma:


Álcool + o prefixo do número de carbonos (como radical) + infixo da saturação da
cadeia + sufixo ico.

184
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

Exemplos:

CH3OH CH3CH2OH HOCH2CH2OH


álcool metílico álcool etílico etileno glicol
(1,2-etanodiol)

CH3
CH2OH
CH3COH

CH3
álcool terc-butílico álcool benzílico
(2-metil-propanol) (fenilmetanol)
• Classificação dos alcoóis quanto ao número de hidroxilas

Os alcoóis podem ser classificados quanto ao número de hidroxilas (OH)


presentes na cadeia carbônica, como:

1. Monoalcoóis: apresentam apenas uma hidroxila (OH) na cadeia carbônica.

Exemplos:

3 2 1
CH3OH CH3CH2OH CH3CHCH2OH
álcool metílico álcool etílico
CH3
2-metil-propanol

2. Polialcoóis: apresentam duas ou mais hidroxilas (OH) na cadeia carbônica.


Também podem ser chamados de dialcoóis, no caso de três hidroxilas, trialcoóis
no caso de três hidroxilas e assim por diante.

Exemplos:

HOCH2CH2OH OH OH
etileno glicol
(1,2-etanodiol) CH2CHCH2

OH
glicerina
(propan 1,2,3-triol)

185
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

• Classificação dos alcoóis quanto ao carbono da hidroxila

1. Alcoóis primários: possuem a hidroxila (OH) ligada a um carbono primário.

Exemplos:

H
CH3OH CH3CH2CH2OH
R C OH metanol propanol

2. Alcoóis secundários: possuem a hidroxila (OH) ligada a um carbono secundário.

Exemplos:

H OH OH
R C OH CH3CHCH2OH3
2-butanol
R ciclopentanol

3. Alcoóis terciários: possuem a hidroxila (OH) ligada a um carbono terciário.

Exemplos:

H CH3 OH

R C OH CH3COH H2C C CH3

R CH3 H2C CH2


2-metil-propanol 1-metilciclo1-butanol

• Ocorrência e aplicações

Os alcoóis apresentam diversas aplicações industriais e farmacêuticas.


Antigamente o metanol era preparado através da combustão da madeira seca, e
por isso era conhecido como álcool da madeira. Atualmente, cerca de 1,7 bilhões
de galões de metanol são produzidos por ano nos Estados Unidos. O metanol é
tóxico, podendo causar cegueira pela ingestão ou inalação e até mesmo a morte.
É usado como solvente e como matéria-prima na fabricação de ácido acético
(CH3CO2H), formaldeído (HCHO), e do aditivo de gasolina éter terc-butílico e
metílico. Também empregado como combustível de aviões e em carros de corrida.

O etanol ou álcool etílico foi um dos primeiros compostos orgânicos a ser


preparado e purificado. Devido à sua solubilidade em água, dissolve-se no sangue
espalhando-se por todo organismo. Sua ingestão, em pequenas quantidades,
causam uma sensação de euforia. Em altas quantidades, ele afeta o sistema

186
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

nervoso, diminuindo as funções cerebrais, os reflexos e capacidade de raciocínio.


Seu uso abusivo pode levar ao coma alcoólico e até a morte. Mesmo tendo efeito
depressivo, o etanol em pequenas doses pode agir como um estimulante.

Devido à presença do grupo hidroxila – OH, os alcoóis formam ligações


de hidrogênio entre si e também com a água tornando-os assim, miscíveis neste
solvente.

4.2 ENÓIS
São compostos que apresentam como grupo funcional a hidroxila (OH-)
ligada a um carbono insaturado por dupla ligação, que não seja um composto
aromático.

Exemplo:

FIGURA 77 – PROPENOL

C3H C CH2

OH
FONTE: <www.reinaldoribela.pro.br/.../image176.gif>. Acesso em: 28 fev. 2012.

4.3 ALDEÍDOS
São compostos que apresentam o grupo funcional carbonila (C=O) ligada
a um hidrogênio (CHO).

Exemplo:

FIGURA 78 – ETANAL OU ETANALDEÍDO

H
O
H C C
H
H
FONTE: <www.quimicalizando.com/.../06/acetaldeido.png>. Acesso em: 28 fev. 2012.

187
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

• Nomenclatura

Os aldeídos recebem a nomenclatura seguindo as regras quanto ao


número de carbono (prefixo), quanto à saturação da cadeia (infixo) e com o sufixo
(terminação): al.

A cadeia principal deve conter o grupo funcional (CHO) e a numeração


desta deve iniciar no carbono desse grupo. Quando houver ramificação, deve-se
iniciar a nomenclatura do aldeído, indicando a numeração e o nome do radical,
seguido do nome da cadeia principal que contém o grupo funcional.

Exemplos:

O O O O

CH3CH CH3CH2CH CH3CHCH2CH CH3CHCH2CH


etanal propanal
(acetaldeído) (propionaldeído) CH3 Br
3-metilbutanal 3-bromobutanal

Nos aldeídos cíclicos, em que o grupo funcional (CHO) está ligado a um


anel, o sufixo carbaldeído também é usado. Veja nos exemplos a seguir:

CHO CHO

ciclo-hexanocarbaldeído 2-naftalenocarbaldeído

CH
CH3CH2CH2CHO H2C═CHCHO CH3CH2CH2CH2CHO
butiraldeído acroleína valeraldeído
(butanal) propenal pentanal
benzaldeído
(benzenocarbaldeído)

• Ocorrência e aplicações

Os aldeídos e as cetonas estão entre os produtos mais abundantes na


natureza e na indústria química. Na natureza, aldeídos ou cetonas são essenciais
para a existência de alguns organismos vivos. O grupo carbonila é encontrado em
inúmeros carboidratos, incluindo a glicose e a frutose.

Industrialmente, aldeídos mais simples e cetonas são produzidos em


grande volume para uso como solventes e como matéria-prima para vários outros
produtos. O metanol ou formaldeído (HCHO) é muito usado em materiais isolantes
em construções e resinas adesivas de materiais feitos de madeira e aglomerados.

188
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

O formaldeído, em meio aquoso, a 40%, é conhecido como formol, usado como


desinfetante e na conservação de peças anatômicas. O etanol é aplicado na síntese
de compostos orgânicos, no preparo de resinas, em inseticidas (DDT) e também
na fabricação de espelhos comuns. O etanal é o composto responsável pela dor
de cabeça (ressaca) causada pela ingestão de bebidas alcoólicas. Os aldeídos são
utilizados como desinfetantes, na fabricação de plásticos e medicamentos.

Devido ao grupo funcional carbonila, os aldeídos são compostos polares.


Assim, são solúveis em água, pois formam ligações de hidrogênio.

4.4 CETONAS
São compostos que apresentam o grupo funcional carbonila (C=O) entre
dois grupos orgânicos.

FIGURA 79 – EXEMPLO: PROPANONA OU ACETONA

H H

H C C C H

H O H
FONTE: <cfq9.wikispaces.com/file/view/formula-estrutu...>. Acesso em: 28 fev. 2012.

A nomenclatura das cetonas é realizada, substituindo-se o sufixo o dos


hidrocarbonetos correspondentes por ona. A numeração da cadeia principal deve
iniciar no grupo funcional ou mais próximo a ele.

Nas cetonas cíclicas (fechadas), a numeração deve iniciar no carbono


do grupo funcional carbonila. No caso da presença de ramificação, inicia-se a
nomenclatura com a numeração e nome do radical seguido da cadeia principal.

Veja os exemplos a seguir:

O
O 1
6 2
1 5 3
5 2 4
4 3 Cl
ciclo-pentanona 3-cloro-ciclo-hexanona

189
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

A propanona (cetona mais importante) apresenta vasta aplicação como


solvente de esmaltes, vernizes, tintas, na perfumaria e na extração de óleos
vegetais.

As cetonas também são polares e são mais solúveis em água do que os


aldeídos, sendo solúveis também em alcoóis, éter, benzeno etc.

AUTOATIVIDADE

• Alcoóis, Aldeídos e Cetonas

1 Dê a nomenclatura (IUPAC) para os compostos orgânicos a seguir:

a)
O b) CH3 O

CH3CH2CH2CH2CH CH3CHCHCH2CH

CH3

c)
O d) CH3

CH3CCHCH2CH3 O

CH3
CH3
2 Escreva as fórmulas estruturais para os compostos indicados a seguir:

a) 2-metilbutanal:
b) 3-etilpentan-2-ona:
c) 3-etil-ciclohexanona:
d) feniletanal:

3 Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

(I) Aldeído ( ) CH3COCH2CH3


(II) Cetona ( ) CH3CHO
( ) CH3CH2CH2CHO
( ) CH3COCH2CH2CH2CH3

4 Qual a fórmula molecular do Pentanal, também conhecido como valeraldeído?

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) C5H10O2
b) ( ) C5H10O

190
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

c) ( ) C4H8O2
d) ( ) C4H8O

5 Indique a fórmula molecular da acetona, cujo nome oficial – IUPAC – é
propanona.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) C4H8O
b) ( ) C2H6O
c) ( ) C3H8O
d) ( ) C3H6O

4.5 ÉTERES
São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional:

FIGURA 80 – GRUPO FUNCIONAL: ÉTER

O
R R'
FONTE: Disponível em:<static.infoescola.com/.../2010/06/eter.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2012.

Esse grupo funcional é constituído por dois grupos orgânicos (carbônicos)


ligados ao mesmo átomo de oxigênio. Tais os grupos orgânicos (R) podem ser
alquila, arila ou vinila e o átomo de oxigênio pode fazer parte de uma cadeia
linear ou de um anel.

• Nomenclatura

Há duas formas de nomenclatura aceitas pela IUPAC.

1. Éter + grupo menor + grupo maior + sufixo: ico.

2. Grupo menor + oxi + grupo maior.

Exemplos:

CH3 OCH3

CH3CH2OCH2CH3 CH3CHCH2CH2CH2OCH3
etoxietano metoxi-4-metilpentano metoxibenzeno
(éter dietílico) (éter metil-4-metilpentílico) (éter metilfenílico)
(anisol)

191
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

C OH 2 3 CH3
CH3CH2OCH3 1
4
O CCH3
metoxietano
(éter metiletílico) CH3
4-terc-butoxi-1-ciclo-hexeno
OCH3
ácido p-metoxibenzóico

• Ocorrência e aplicações

O dietiléter ou éter comum, vendido em farmácias, começou a ser usado,


como anestésico por inalação. Devido aos efeitos colaterais, pós-anestesia,
foi sendo substituído por outros anestésicos hospitalares, como o halotano
(CF3CHBrCl), composto que não é inflamável.

Os éteres são usados como solventes laboratoriais, e como matéria-prima


na síntese de muitos compostos orgânicos. Devido à sua toxicidade devem ser
manuseados com segurança.

Atualmente, o éter comum é muito aplicado como solvente apolar, em


laboratórios e nas indústrias químicas, principalmente na extração de óleos,
gorduras, essências, perfumes etc.

AUTOATIVIDADE

• Éteres

1 Monte a fórmula estrutural para os seguintes éteres:

a) Metoximetano.
b) 2-etoxibutano.
c) 3-isopropoxipentano.

2 O composto representado pela fórmula CH3CH2OCH2CH3 foi muito


empregado com qual finalidade?

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Adoçante.
b) ( ) Aditivo alimentar.
c) ( ) Anestésico.
d) ( ) Conservante alimentar.

192
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

4.6 ÉSTERES
Os ésteres são compostos orgânicos, carbonílicos, derivados dos ácidos
carboxílicos que possuem grupo funcional (R-COO-R), em que R pode ser grupo
alquilas (carbônicos) iguais e/ou diferentes:
O

C
R OR'
FONTE: <portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovir...>. Acesso em: 27 fev. 2012.

FIGURA 81 – EXEMPLO: ETANOATO DE METILA

O
CH3 C
O CH3
FONTE: <www.profpc.com.br/2002-31-133-18-i002B.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2012.

Os ésteres cíclicos ou fechados são chamados de lactonas.

δ - valerolactona
(lactona)

• Nomenclatura

Os ésteres recebem nomenclatura inicialmente identificando-se o grupo


alquila ligado ao oxigênio (à esquerda) e depois o grupo correspondente ao ácido
carboxílico (à direita), substituindo-se o sufixo ico por ato. Quando houver a
presença de ramificação, inicia-se a numeração e nomenclatura do radical, seguido
da cadeia principal que possui o grupo funcional.

Exemplos:

O O O
3 2 1
CH3COCH3CH3 CH3CHCH2COCH3 CH3CO
etanoato de etila
(acetato de etila) CH3 etanoato de fenila
3-metilbutanoato de metila (acetato de fenila)

193
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

O O O O

HCOCH2CH3 CH3CH2CH2COCH2CH3 CH3OCCH2COCH3


metanoato de etila butanoato de etila malonato de dimetila
(acetato de etila)

COC(CH3)3

terc-butilciclo-hexano-carboxilato

• Ocorrência e aplicações

Os ésteres são encontrados em larga escala na natureza, geralmente,


são líquidos de odor agradável, responsáveis pela fragrância de flores e frutas,
e são utilizados na fabricação de sabores artificiais na indústria alimentícia. O
butanoato de metila, por exemplo, é encontrado no óleo de abacaxi, o acetato de
isopentila é um dos constituintes do óleo de banana etc.

Muitos aromatizantes artificiais de baixo custo são usados em balas,


bolachas e refrigerantes. O metanoato de etila, por exemplo, é a essência artificial
de rum e do xarope de groselha.

Curiosidade: ésteres artificiais adicionados em alimentos são chamados


de flavorizantes, pois conferem odor e sabor aos mesmos.

Muitos ésteres como os acetatos de etila e butila são utilizados como


solventes industriais, principalmente na fabricação de vernizes. Alguns ésteres
de altos pontos de ebulição (como o ftalato dibutílico) são empregados, como:
agentes amaciantes (plastificantes) para resinas e plásticos, para evitar que se
tornem quebradiços.

O tereftalato de polietileno é um polímero (poliésteres), vendido com


os nomes: dácron, teryleno e mylar. Empregado na fabricação de malhas,
mangueiras contra incêndios e em tecidos especiais para substituir pedaços de
vasos sanguíneos danificados.

A associação de ésteres está presente também em gorduras animais e em


muitas moléculas biologicamente importantes.

194
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

O O O

– C – O – CH2 – CH2 – O – C – – C – O – CH2 – CH2 – O

n
Tereftalato de polietileno ou PET n = várias moléculas
(dácron, teryleno ou mylar)
(poliéster)

Os ésteres apresentam uma relativa polaridade, principalmente os de


cadeias carbônicas menores. Como não apresentam átomo de hidrogênio ligado
a um átomo bastante eletronegativo (F, O ou N) não fazem ligações de hidrogênio
entre si.

Os ésteres, geralmente, são preparados através da reação de um ácido


carboxílico com um álcool, na presença de um catalisador, geralmente um ácido
inorgânico.

O O
H2SO4
CH3COH + CH3CH2OH CH3COCH2CH3 + H2O
ácido acético etanol etanoato de etila
(acetato de etila)

O O
H2SO4
– COH + CH3OH – COCH3 + H2O
metanol
ácido benzóico benzoato de metila

Esquema 27

DICAS

Caro acadêmico, aprofunde seus estudos. Descubra muito mais sobre os ésteres
e suas aplicações na indústria alimentícia, bem como sobre as outras funções orgânicas. O
mais importante é a pesquisa. Procure em livros, revistas, internet etc. Mantenha-se atualizado!

195
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

AUTOATIVIDADE

1 Monte a fórmula estrutural para os ésteres a seguir:

a) Benzoato de metila:
b) Metanoato de etila:
c) Propanoato de benzila:

2 Dê a nomenclatura para os seguintes ésteres:

O O O

a) CH3COCH3 b) CH3CH2COCH2CH2CH3 c) CH3CHCOCH3

CH3

3 O composto de fórmula molecular CH3COOC5H11 é responsável pela essência


de banana. Qual é o nome e o grupo funcional presente nesse composto?

4.7 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS


São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional, formado por
uma carbonila (C=O) e uma hidroxila (OH) ligada diretamente ao carbono da
carbonila. Este grupo funcional é chamado, carboxila (COOH).

FIGURA 82 – EXEMPLO: ÁCIDO BUTANOICO

O
CH3 – CH2 – CH2 – C
OH
FONTE: <upload.wikimedia.org/.../Ácido_butanóico.png>. Acesso em: 28 fev. 2012.

196
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

• Nomenclatura

Recebem nomenclatura pelas regras da IUPAC. Os ácidos carboxílicos,
acíclicos ou abertos, são nomeados, inicialmente com a palavra ácido substituindo-
se o sufixo o do alcano pela terminação oico. A numeração da cadeia principal é
feita a partir do carbono do próprio grupo funcional. Há também a “numeração”
com letras gregas α, β, γ... A partir do primeiro carbono após a carboxila.

Exemplos:

O O O
HCOH CH3COH CH3CH2CH2COH
ácido metanóico ácido etanóico ácido butanóico
(ácido fórmico) (ácido acético) (ácido butírico)

O
CH3 O O
5 4 3 2 1 COH 6 5 4 3 2 1
CH3CHCH2CH2COH CH3CH═CHCH2CH2COH
δ γ β α ácido 4-hexenóico
ácido 4-metilpentanóico
ácido γ-metilpentanóico ácido benzóico

Os ácidos carboxílicos cíclicos recebem na nomenclatura, o prefixo: ciclo.


O carbono do grupo funcional carboxila é sempre ligado ao carbono de número
1, e não é numerado neste sistema. Exemplos:

O O
COH COH
1
6 2

3
5
Cl ácido
4 1-ciclopentenocarboxólico
ácido
3-clorociclo-hexanocarboxílico

• Ocorrência e aplicações

Inúmeros ácidos comuns inicialmente foram isolados de fontes naturais,


principalmente de gorduras, desta forma também são chamados de ácidos
graxos. O ácido fórmico, por exemplo, é produzido por formigas vermelhas e,
por isso, sua picada causa irritação cutânea, é também empregado no tingimento
de tecidos como mordente (fixador de corantes em tecidos) e como desinfetante
hospitalar; o ácido acético está presente no vinagre; o ácido butírico é responsável
pelo odor de ranço da manteiga; o ácido valérico é encontrado na planta valeriana
de efeito calmante; ácido octanoico é responsável pelo odor desagradável das
cabras e assim por diante.
197
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

Devido à presença do grupo carboxila, os ácidos carboxílicos são


compostos polares, pois realizam ligações de hidrogênio entre si e com outras
moléculas orgânicas. Os ácidos, fórmico e acético, são mais densos que a água,
apresentam odor agudo, irritante, penetrante e paladar azedo e a solubilidade em
água é semelhante a dos alcoóis, aminas e outros compostos que são solvatados
pela água através de ligações de hidrogênio. O ácido fórmico, acético, propiônico
e butírico são altamente solúveis em água. Os ácidos isobutírico e valérico têm
solubilidades menores e os ácidos superiores (cadeia longa) são praticamente
insolúveis em água.

A fabricação de vinho exige que as garrafas sejam mantidas deitadas e


guardadas durante anos, mantendo, assim, a rolha de cortiça úmida e conservada.
A oxidação do etanol (álcool) pela entrada de gás oxigênio (O2) do ar na garrafa
faz com que o vinho “azede”, pois tal reação gera como produto o ácido acético
(vinagre).

Os ácidos carboxílicos de gorduras (sólidas) e óleos (líquidos) são


conhecidos como ácidos graxos, com cadeias carbônicas longas, de doze a dezoito
átomos de carbono. Essas cadeias carbônicas podem ser saturadas, mais comuns
nos animais, ou insaturadas, mais comuns nos vegetais.

UNI

Curiosidade: um cão pode identificar seu dono através da detecção, pelo faro,
da composição aproximada da mistura de ácidos carboxílicos, produzido pelo metabolismo
do indivíduo e que estão sempre presentes como traços (baixas concentrações) na pele.
Assim, cada pessoa possui seu odor característico.

AUTOATIVIDADE

• Ácidos carboxílicos

1 O ácido carboxílico CH3CH2CH2COOH confere à manteiga estragada o odor


e gosto de ranço.

Indique sua nomenclatura CORRETA:


a) ( ) Butanol.
b) ( ) Butanal.
c) ( ) Butanoato de metila.
d) ( ) Ácido butanoico.

198
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

2 Através das regras da IUPAC, nomeie os ácidos carboxílicos a seguir:

O O COH
a) CH3CH2COH b) CH3CHCH2COH c)
Cl
CH3

3 Monte a fórmula estrutural para cada um dos ácidos carboxílicos a seguir:

a) Ácido acético.
b) Ácido caproico.
c) Ácido valérico.
d) Ácido butírico.

4 Pesquise qual é a concentração do ácido acético presente no vinagre.

5 O ácido benzoico e seus sais são empregados como conservantes de alimentos


industrializados. Determine as suas fórmulas molecular e estrutural.

6 Numa garrafa aberta, o vinho vai se transformando em vinagre devido à


oxidação bacteriana aeróbica representada por:

CH3CH2OH → CH3CHO → CH3COOH

Os compostos representam respectivamente as funções orgânicas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Álcool, cetona, ácido carboxílico.
b) ( ) Aldeído, cetona, éster.
c) ( ) Álcool, aldeído, ácido carboxílico.
d) ( ) Álcool, éter, aldeído.

7 Os nomes desses compostos são, respectivamente.

COOH CHO OH COOCH3

I II III IV

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Benzaldeído, hidroxibenzeno, ácido benzoico, benzoato de metila.
b) ( ) Aldeído benzoico, benzoato de metila, hidróxibenzeno, ácido benzoico.
c) ( ) Ácido benzoico, benzaldeído, hidroxibenzeno, benzoato de metila.
d) ( ) Ácido benzoico, hidroxibenzeno, benzoato de metila, benzaldeído.

199
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

4.8 FENÓIS
São compostos orgânicos que apresentam a hidroxila (OH-) ligada
diretamente a um anel aromático. Apresentam o grupo funcional Ar-OH, onde
Ar é um anel benzênico ou aromático. Fenol é tanto o nome de uma classe de
compostos como de um composto químico específico.

Exemplos:

OH OH OH OH
CH3 CO2CH3 OCH3

fenol 1-hidroxi-2-metilbenzeno salicilato de metila


(hidroxibenzeno) (o-cresol) CH2CH═CH2
eugenol

• Nomenclatura

A nomenclatura IUPAC dos fenóis é realizada usando-se o prefixo


hidroxi. Quando houver ramificações no anel benzênico, inicia-se a numeração na
hidroxila e prossegue no sentido de proporcionar os menores números possíveis.
Contudo, podem-se nomear os fenóis utilizando-se o sufixo – fenol, que é usado
para nomear a cadeia principal substituindo o sufixo benzeno. Os fenóis também
possuem nomes usuais, que são usados comumente.

Exemplos:

OH OH OH
NO2 CH3

O2N
2,5-dinitrofenol 1-hidroxi-2-metilbenzeno
OH (o-cresol)
(nome comum)
1,4-di-hidroxibenzeno
(hidroquinona)

OH CH3
OH

1-hidroxi-naftaleno
(α-naftol) H3CCHCH3
(timol)

200
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

• Ocorrência e aplicações

Uma enorme variedade de fenóis e éteres fenólicos é encontrada na


natureza. A maioria dos hospitais apresenta um odor característico, devido ao
uso da creolina. A creolina é um desinfetante utilizado em residências, obtida na
destilação da hulha ou do petróleo. Também é aplicada, na fabricação de corantes
e perfumes ou como agente de conservação da madeira.

O fenol é um desinfetante geral encontrado no alcatrão de hulha. O


fenol, apesar de ser um bom agente bactericida, ataca também os tecidos sadios,
provocando queimaduras cutâneas. Possui um elevado grau de toxidez, levando
os cientistas à substituição por outros agentes desinfetantes. Um dos desinfetantes
mais utilizados atualmente é o 4-hexil-resorcinol (1,3-dihidroxi-4-hexil-benzeno),
mais eficiente e sem efeitos colaterais tão agressivos.

Certos fenóis têm altas atividades fisiológicas, como por exemplo, os


urushióis, constituintes da hera venenosa (Hedera helix) e do carvalho venenoso
que são agentes vesicantes. O tetra-hidro-canabinol é um complexo fenol que
atua como princípio ativo mais importante da maconha. A hidroquinona é usada
na revelação de fotos em preto e branco e no tratamento de manchas de pele.
A vitamina E é um composto fenólico amplamente encontrado na natureza e
estudos apontam que sua função biológica é agir como um antioxidante natural.
O estradiol é um hormônio sexual feminino e as tetraciclinas são antibióticos
importantes.

OH CH3 OH
H3C
OH OCH3

H3CCHCH3 CH2CH═CH2
HO
(timol) eugenol
estradiol

CO2CH3
OH
HO CH2CHCO2H
NH2
tirosina Salicilato de metila
(óleo de pirola)

Os fenóis são utilizados na síntese industrial de adesivos, plásticos e


antissépticos. Certos sais do ácido pícrico (2,4,6-trinitrofenol) são usados no
combate às queimaduras cutâneas. Uma das aplicações econômicas mais intensas
do fenol está na produção do baquelite, um plástico comum e de baixo valor
agregado.

201
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

A presença do grupo hidroxila nas estruturas dos fenóis faz com que estes
sejam semelhantes aos alcoóis na capacidade de formar ligações de hidrogênio
entre si.

Todos os monofenóis (apresentam apenas um grupo – OH) são moléculas


polares. Alguns polifenóis (apresentam dois ou mais grupos - OH) são apolares.
São mais densos que a água. O hidroxibenzeno (fenol) é relativamente solúvel em
água, e os demais fenóis são insolúveis. Apresentam odor forte característico, são
tóxicos e altamente irritantes.

AUTOATIVIDADE

• Fenóis

1 Dê a nomenclatura para os fenóis de acordo com as normas da IUPAC.

OH OH OH OH
Br
a) b) c) d)
H3C NO2
NH2

2 Indique qual dos compostos a seguir é um fenol. Justifique sua resposta.

OH OH

(1) (2)

3 Monte as três fórmulas estruturais (orto, meta e para) para bromofenol.

202
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

4 Nomeie os seguintes compostos:


OH
OH OH
a) b) c)
Cl CH3
OH Br

5 Monte a fórmula molecular do composto a seguir.

OH

5 FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS


São compostos que apresentam o elemento nitrogênio em suas estruturas.
Neste tópico, estudaremos as aminas e amidas.

As aminas são compostos orgânicos nitrogenados que possuem grupos


funcionais –NH2 (amino), -NH e –N-. São compostos orgânicos derivados da
amônia (NH3).

As amidas são compostos orgânicos que possuem o grupo funcional


amida e derivados dos ácidos carboxílicos.

O O
R NH2 CNH2 ou CN
amina amida

R = qualquer cadeia carbônica

• CLASSIFICAÇÃO DAS AMINAS


As aminas são classificadas como primárias, secundárias ou terciárias.
Esta classificação depende do número de hidrogênios substituídos do átomo de
nitrogênio. Da mesma maneira, podem-se classificar as amidas, porém, apenas o
hidrogênio será substituído por radicais acila (derivados dos ácidos carboxílicos:
RCOOH → RCOO - ).

203
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

1. Aminas primárias: apenas um hidrogênio foi substituído (R-NH2).

R CH3

N N
H H H H
amina primária metil amina

2. Aminas secundárias: dois hidrogênios foram substituídos (R2 -NH).

R CH3

N N
R H H3C H
amina secundária dimetilamina

3. Aminas terciárias: três hidrogênios foram substituídos (R3 -N).

R CH3

N N
R R H3C CH3
amina terciária trimetilamina

As aminas também podem ser aromáticas. Essas são conhecidas como


anilinas. Os de sais de amônio (NH4) quaternário são compostos que apresentam
o átomo de nitrogênio ligado a quatro substituintes.

Exemplos:

NH2 R
+
R N R

R
fenilamina sal de
(anilina) amônio quaternário

• Nomenclatura

As aminas primárias podem ser nomeadas de diversas formas dependendo


da estrutura, de acordo com a IUPAC, Para as aminas simples, o sufixo amina é
usado junto ao nome do substituinte alquílico.

204
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

Exemplos:

CH3
CH3CH2 N CH3CH2 CH3CHCH2NH2
CH3CNH2
H CH3
2-metil-1-propamina
CH3 dietilamina
(isobutilamina)
terc-butilamina

NH2 H2NCH2CH2CH2CH2NH2
1,4-butanodiamina
(putrescina)
ciclo-hexilamania

O sufixo amina também pode ser usado para substituir o sufixo o do


nome da cadeia principal.

Exemplos:

H3C
NH2 H2NCH2CH2CH2CH2CH2NH2
1,5-diaminopentano
H3C (cadaverina)
4,4-dimetilciclo-hexanamina

As aminas que possuem mais de um grupo funcional são nomeadas


considerando-se o grupo NH2 (amino) como um substituinte na molécula
principal.

Exemplos:

O O
5 4 3 2 1
CH3CH2CHCOH H2NCH2CH2OH H2NCH2CH2CH2CCH3
2-aminoetanol 5-amino-2-pentanona
NH2
ácido 2-aminobutanóico
O

H2N COH

Cl
ácido 4-amino-2-clorobenzóico

As aminas secundárias e terciárias recebem a nomenclatura de aminas


primárias substituídas. O maior grupo alquila recebe o nome principal e os
menores grupos alquila são considerados como N-substituintes (N, pois estão
ligados ao átomo de nitrogênio).

205
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

Exemplos:
H
N CH3NCH2CH2CH3
(CH3CH2)3N
trietilamina CH3
N,N-dimetilpropilamina
difenilamina

CH3NCH2CH3

N-etil-N-metilciclo-hexilamina

As amidas com um grupo NH2 (amino) recebem a nomenclatura


substituindo-se o final oico dos por amida, ou pela terminação carboxiamida.

Exemplos:

O
O O
CNH2
CH3CH2CNH2 CH3CNH2
propanamida acetamida
ciclopentano-carboxamida

Caso o átomo de nitrogênio tiver dois substituintes, inicialmente dá-se


nome aos grupos substituintes e posteriormente para amida principal.

Exemplos:

O
O O
CNH2
CH3CH2CNH2 CH3CNH2
propanamida acetamida
ciclopentano-carboxamida

O
O
CN(CH3)2
CH3CH2CH2CNHCH3
N-metilbutanamida
N,N-dimetilciclo-hexano-carboxamida

206
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

As amidas cíclicas ou fechadas são chamadas de lactamas. Neste caso, o


tamanho do ciclo é determinado por letras gregas.

Exemplos:

O
CH2
H2C C
H2C C O
NH

H2C C H2C NH
γ-butirollactama
O
succinamida

• Ocorrência e aplicações

As aminas são encontradas na natureza, principalmente no reino animal


e vegetal. A trimetilamina, por exemplo, é encontrada em tecidos animais e é
responsável pelo odor dos peixes. Encontra-se a nicotina no tabaco e a cocaína em
arbustos da planta da coca na América do sul.

As aminas são constituintes importantes nos sistemas bioquímicos,


presentes também nos aminoácidos, proteínas e vitaminas. Em alguns organismos
vivos, as aminas são biorreguladores e neurotransmissores.

Vários derivados das aminas são ativos biologicamente, como as


penicilinas, o LSD, a novocaína, adrenalina, noradrenalina, dopamina, serotonina,
anfetamina, acetilcolina, ácido nicotínico, piridoxina, histamina. A adrenalina e
a noradrenalina, por exemplo, são hormônios liberados na corrente sanguínea
quando um animal se sente em perigo. A dopamina responsável pela regulação
e controle dos movimentos, da motivação e da percepção e a serotonina são
neurotransmissores, que em níveis anormais são associados com algumas
desordens psiquiátricas, incluindo o mal de Parkinson.

H CH2 CH CH3 HO CH2CH2NH2


N NH2
HO
CH3 benzedrina
N (anfetmina)
dopamina
nicotina

207
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

CH2 CH2NH2 CH3O


HO

CH3O CH2 CH2NH2


N

H CH3O
serotonina mescalina

A trimetilamina é o principal componente do odor de peixe podre.


A putrescina e a cadaverina são encontradas na decomposição de cadáveres
humanos, responsáveis pelo odor de urina e do mau hálito.

Inúmeras aminas são vitaminas, com exemplo: a vitamina B6 (piroxina). A


histamina é uma amina tóxica, e sua liberação na forma livre provoca os sintomas
associados com as reações alérgicas e com o resfriado.

CH2OH
CO2H CH2CH2NH2
HO CH2OH
N H
N H3C
N N
ácido nicotínico piridoxina histamina
(vitamina B6)

As aminas são usadas na fabricação de sulfas, sulfatiazol, que salvou


muitos soldados feridos na Segunda Guerra Mundial e anestésicos medicinais.
Uma diamina simples é responsável pela fabricação do nylon (fibra sintética).

NH2

N
SO2 NH
S
sulfatiazol

As amidas não são encontradas tão facilmente na natureza. Estão presentes


nas proteínas e na estricnina (um veneno severo), extraída das sementes de
árvores da espécie Nux vomíca, nativa do Sri Lanka, Austrália e Índia. Pode causar
a morte por asfixia, paralisia do sistema respiratório e do sistema nervoso central,
ou por convulsões quase contínuas.

A ureia é uma amida, utilizada na fabricação de fertilizantes nitrogenados.


As amidas são aplicadas na produção de medicamentos como o fenobarbital
(sedativo leve), a glutetimida (hipnótico) e o tiopental (anestésico).

208
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

S
O
O C2H5
C2H5 N N
N C6H5
C6H5
O N O O O
O N O
H3CH2C CHCH2CH2CH3
H
H glutetimida
fenobarbital
CH3
tiopental

N NH2
H O O H
O C
N C (CH2)4 C N (CH2)6
N H
NH2 n
O O uréia náilon 6,6
estricnina

H
R ═ C6H5CH2 penicilina G
R N S
CH3 R ═ C6H5CH ampicilina

O
N CH3 NH2
O
CO2H R ═ C6H5OCH2 penicilina V
pencilina

• Propriedades e aplicações

As aminas são compostos polares. As aminas primárias e secundárias


realizam ligações de hidrogênio entre si, contudo, as terciárias não, pois não
apresentam ligação entre o nitrogênio e o hidrogênio. As aminas com até quatro
átomos de carbono são normalmente solúveis em água e álcool. As aminas com
mais de cinco átomos de carbono são insolúveis em água, mas são solúveis em
álcool e éter. As aminas são as bases da química orgânica e reagem com ácidos
formando sais, muitos solúveis em água. As amidas são compostos polares e
realizam pontes de hidrogênio entre si.

209
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

FIGURA 83 – GRUPOS FUNCIONAIS: HIDROCARBONETOS E FUNÇÕES ORGÂNICAS:


OXIGENADAS E NITROGENADAS

Alcanos Alquenos Alquinos Ciclano Ciclenos


CnH2n+2 CnH2n CnH2n-2 CnH2n CnH2n-n
Álcoois Fenóis Éteres Aldeídos Cetonas Ácido Carboxílico
O –– C –– O
–– C –– OH –– OH –– O –– –– C –– C
H O H
Ésteres Amidas Aminas Nitrilos Derivados Halogenados
O O –– C –– X
–– C –– C N –– –– C –– N
O –– NH2 X ═ F, Cl, Br, I

FONTE: <bp.blogspot.com/_2FfOFkfWNCU/TO54koLqdKI/AA...>. Acesso em: 28 fev. 2012.

210
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

LEITURA COMPLEMENTAR

ÓLEOS ESSENCIAIS (OE)

Ivana Correa Ramos Leal


José Celestino Barros
Leandro Soter de Mariz Miranda

OE de rosas

Existem evidências fósseis de que as rosas existem há mais de 40


milhões de anos. Análises de DNA de rosas atuais sugerem que elas existem há
aproximadamente 200 milhões de anos (veja na citação de Barbieri e cols, 2005).
São conhecidas inúmeras espécies e variedades do gênero Rosa e há muitas
controvérsias sobre suas classificações, já que híbridos complexos foram se
formando ao longo do tempo. Para fins de extração do óleo essencial e de águas
de rosas, predominam a Rosa damascena e a R. gallica.

O óleo essencial é extraído das pétalas das flores e sua qualidade depende
de muitos fatores, como condições de cultura, época da colheita e processo de
extração do óleo. A principal técnica de extração para a obtenção da essência
de rosas é a extração por solventes, apesar de a enfleurage (ver adiante) ter sido
utilizada durante muito tempo em países europeus, principalmente na França.
Na extração por solvente predomina o éter de petróleo na maioria das indústrias
produtoras. A destilação por arraste a vapor também pode ser usada, dependendo
do país produtor, mas há de se ter cuidados especiais devido à natureza delicada
das pétalas, e o aquecimento empregado na técnica também pode prejudicar. Essa
essência apresenta custo extremamente elevado em função do baixo rendimento
obtido na extração. Cerca de 6 Kg de pétalas são necessários para a obtenção de
1g de essência.

Alguns componentes importantes do óleo essencial de rosas estão na


Figura 12, dentre os quais os três derivados da degradação de carotenoides
(damascenonas e ionona), que se destacam do aroma.

FIGURA 12 – PÉTALAS DE ROSA

211
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

Óleo Essencial de jasmim

O óleo essencial de jasmim, junto com o de rosas, é considerado como um


dos mais importantes em perfumaria. Esse óleo é comercialmente obtido das flores
de diferentes espécies de jasmins, como Jasminum officinale e suas variedades.

FIGURA 13 – FLOR DO JASMIM

As principais técnicas utilizadas para a extração da fragrância de jasmim


são a extração por solvente e a enfleurage (Figura 13) A enfleurage foi uma técnica
bastante utilizada para a extração de fragrâncias até o século XIX, quando o
início da industrialização deu origem às técnicas que viabilizaram a obtenção
de maior quantidade de essência. Esse método consiste, tradicionalmente, em
utilizar gordura de porco totalmente desodorizada para extrair os constituintes
importantes do aroma. É mais comum para a extração de aromas de flores, como
o jasmim, exatamente pela fragilidade do material ao aquecimento. Nesse caso, as
pétalas são colocadas em cima de um recipiente ou uma tela, como as utilizadas
para recolher-se mel de colmeias, com a gordura vegetal extratora. As substâncias
que constituem as fragrâncias difundem para a gordura, resultando num produto
viscoso ou sólido, algumas vezes chamado de pommade.

O rendimento na obtenção do óleo essencial de jasmim é, assim como o


de rosas, muito baixo, onde 1 kg de flores fornecem apenas cerca de 1,5g de óleo
essencial em média. Do ponto de vista químico, diversas substâncias já foram
identificadas no extrato de jasmim.

Óleo Essencial de lavanda

As lavandas, também conhecidas como alfazemas, são derivadas do


gênero Lavandula e incluem espécies como Lavandula angustifolia, L.dentata, L.
lanata, L. multifida, L. latifolia, L. stoechas e L. viridis.

212
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

FIGURA 16 – PLANTAÇÃO DE LAVANDA PARA FINS COMERCIAIS

A indústria utiliza o processo de destilação a vapor das inflorescências


recentes. Comparada à essência de jasmim, a essência de lavanda apresenta
um custo muito menor em sua produção, cerca de US$ 30/kg, associado a uma
produção mundial muito maior, em torno de 200 toneladas por ano. Muitos dos
constituintes da essência de alfazema já foram descritos.

Óleo Essencial de menta

As plantas conhecidas como menta são da família botânica Lamiaceae,


representadas comercialmente pelas espécies Mentha arvensis L., Mentha x piperita
L. e Mentha spicata L.. A essência de menta é obtida através da destilação por
arraste a vapor, em especial das folhas, que é onde o princípio ativo mentol se
concentra. O Óleo Essencial se caracteriza pelo elevado conteúdo de mentol, o
qual pode chegar até 90% de sua composição. Existem várias substâncias com a
estrutura básica do mentol nessas plantas. Estruturas iguais, mas com arranjos
espaciais diferentes, são chamados de isômeros espaciais. Há vários isômeros do
mentol nessas plantas. E, curiosamente, o organismo é capaz de perceber aromas
distintos e intensidades diferentes para esses arranjos espaciais, que na verdade
são moléculas diferentes.

O óleo de menta pode ser comercializado bruto ou submetido a


processos industriais, fornecendo principalmente o mentol cristalizado e o óleo
desmentolado. Outras espécies do gênero apresentam ainda substâncias como o
linalol, a mentona e a carvona, algumas vezes em altos teores. Todo esse conjunto
de variações justifica o grande uso industrial do OE de menta e seus produtos
na perfumaria, em medicamentos e em preparações orais (como cremes dentais
e soluções antissépticas), além do uso como flavorizantes em chicletes, balas e
bebidas.

FONTE: Leal; Barros; Miranda (2010)

213
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

AUTOATIVIDADE

1 Assinale a alternativa que pertence à classe das aminas:

a) ( ) CH3CN
b) ( ) CH3CONH2
c) ( ) CH3NH2
d) ( ) H2CNOH

2 Os compostos orgânicos nitrogenados provenientes da substituição da


hidroxila dos ácidos carboxílicos por NH2 são chamados de:

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Aminas.
b) ( ) Amidas.
c) ( ) Nitrilas.
d) ( ) Ésteres.
e) ( ) Sais de amônio.

3 O composto representado a seguir é:

CH3 a) ( ) Amina primária.


b) ( ) Amina secundária.
CH3CNHCH3
c) ( ) Amina terciária.
CH3 d) ( ) Um sal de amônio quaternário.

4 Quais as funções orgânicas presentes nos compostos a seguir?

NH2 OH
CH2COOCH2CH2COOH
a) OHCCOCHCHCH2COOH b)

OH

c) CICH2CH2OCH2CH2CHCHO

NH2

214
TÓPICO 3 | FUNÇÕES ORGÂNICAS –

5 Associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Adeído ( ) 3-nitroanilina
II- Cetona ( ) Ácido butanoico
III- Ácido car boxílico ( ) Propenal
IV- Éster ( ) Benzofenona
V- Amina ( ) Benzoato de etila
VI- Amida ( ) Benzamida
VII- Fenol ( ) 3-metil-hidroxibenzeno

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – III – I – II – IV – VI – VII.
b) ( ) VII – VI – V – IV – III – II – I.
c) ( ) VII – VI – IV – II – I – III – V.
d) ( ) III – II – I – IV – V – VI – VII.

6 Associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Aldeído. ( ) CH3CONH2
II- Cetona. ( ) CH3CH2COOH
III- Ácido carboxílico. ( ) C6H5COOCH3
IV- Éster. ( ) C6H5NH2
V- Amina. ( ) CH3CH2CH2CHO
VI- Amida. ( ) CH3CH2COCH3

Agora, assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) I – II – III – IV – V – VI.
b) ( ) VI – V – IV – III – II – I.
c) ( ) VI – III – IV – V – I – II.
d) ( ) VI – II – IV – V – I – III.

215
UNIDADE 3 | QUÍMICA ORGÂNICA

UNI

Veja, na figura da página 208, os grupos funcionais das funções orgânicas.

216
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos constituídos apenas por átomos


de carbono e hidrogênio.

• Os hidrocarbonetos são classificados em alcanos, alcenos, alcadienos, alcinos,


ciclanos, ciclenos e aromáticos.

• Os alcanos e ciclanos são hidrocarbonetos saturados que apresentam somente


ligações simples (sigma) entre os átomos de carbono.

• Os alcenos, alcadienos e ciclenos são hidrocarbonetos insaturados que


apresentam pelo menos uma ligação dupla entre os átomos de carbono.

• Os alcinos são hidrocarbonetos insaturados que apresentam pelo menos uma


ligação tripla entre os átomos de carbono.

• As regras para a nomenclatura dos hidrocarbonetos e funções orgânicas são de


acordo com a IUPAC.

• Ocorrência, obtenção, importância e aplicações hidrocarbonetos.

• Os alcoóis apresentam o grupo funcional OH (hidroxila) ligada diretamente a


um átomo de carbono saturado.

• Os alcoóis são classificados quanto ao número de hidroxilas (OH) presentes na


cadeia carbônica em : monoalcoóis e polialcoóis.

• Os alcoóis são classificados quanto ao tipo de carbono ligado ao grupo hidroxila


(OH) em: primários, secundários e terciários.

• Os alcoóis são compostos polares, pois realizam ligações de hidrogênio.

• Os éteres são compostos que apresentam o grupo funcional, oxigênio ligado a


dois grupos orgânicos.

• A nomenclatura dos éteres segue as regras da IUPAC.

• Os éteres não realizam ligações de hidrogênio entre si; mas realizam com a
água.

• A ocorrência, importância e aplicações dos fenóis.

217
• Os fenóis são compostos que apresentam o grupo funcional, hidroxila (OH)
ligada diretamente a um anel aromático ou benzênico.

• A nomenclatura dos fenóis segue as regras da IUPAC.

• Os fenóis realizam ligações de hidrogênio.

• Compostos carbonílicos apresentam o grupo carbonila (C=O) na estrutura.

• Aldeídos e cetonas apresentam grupos funcionais pertencentes aos compostos


carbonílicos.

• Os aldeídos possuem como grupo funcional, um átomo de hidrogênio ligado


diretamente ao átomo de carbono da carbonila (CHO).

• As cetonas apresentam como grupo funcional, a carbonila ligada a outros dois


átomos de carbono.

• A nomenclatura dos aldeídos e cetonas segue as regras da IUPAC.

• Os aldeídos realizam ligações de hidrogênio entre si, porém as cetonas não.

• A ocorrência, importância e aplicações dos aldeídos e cetonas.

• Os ésteres são compostos carbonílicos que apresentam o grupo funcional


(R-COO-R).

• Os ésteres são derivados dos ácidos carboxílicos.

• A nomenclatura dos ésteres segue as regras da IUPAC.

• Os ésteres não realizam ligações de hidrogênio entre si.

• A ocorrência, importância e aplicações dos ésteres.

• Identificar a importância dos ésteres na indústria alimentícia.

• Ácidos carboxílicos são compostos orgânicos que possuem, como grupo


funcional, uma hidroxila (OH) ligada diretamente ao carbono da carbonila
(C=O), denominado de carboxila.

• A nomenclatura dos ácidos carboxílicos segue as regras da IUPAC.

• Os ácidos carboxílicos realizam ligações de hidrogênio entre si e com outras


moléculas.

• A ocorrência, importância e aplicações dos ácidos carboxílicos.

218
AUTOATIVIDADE

1 Monte as fórmulas estruturais para os alcoóis a seguir:

a) 2-metil-2-propanol
b) 2-metil-1-butanol
c) 3,3-dietil-2-hexanol
d) 3-etil-ciclopentanol

2 Classifique os alcoóis a seguir em: primários, secundários ou terciários:

OH
OH
a) CH3CH2CH2CH2OH b) c) CH3CH2CCH3

CH3

3 O mentol é o composto responsável pelo aroma de menta. Ele é usado em


balas, gomas de mascar e medicamentos.

OH

H3C CHCH3

CH3
a) O mentol é um álcool primário, secundário ou terciário?
b) Escreva a fórmula molecular desse composto.
c) Pode ser classificado como um álcool aromático? Justifique.

4 Qual dos compostos espera-se que seja mais solúvel em água: butano ou
butanol?

219
220
REFERÊNCIAS
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de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

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LEMBO, Antônio. Química: realidade e contexto. São Paulo: Ática, 2000.

MAHAN, Bruce M.; TOMA, Henrique Eisi (Coord.). Química: um curso


universitário. São Paulo: Edgard Blücher, 2009.

MAIA, Daltamir Justino; BIANCHI, J. C. de A. Química geral - fundamentos.


São Paulo: Pearson Hall, 2007.

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Izilda Aparecida Begatin. São Paulo: Pioneira Learning, 2005. v. 1.

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REIS, Martha. Completamente química: química geral. São Paulo: FDT, 2001.

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USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

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221

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