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HETERONORMATIVA
William Hanke
Universidade Estadual de Ponta Grossa, hankegete@gmail.com
Márcio Jose Ornat
Universidade Estadual de Ponta Grossa, geogenero@gmail.com
INTRODUÇÃO
Fonte: Roteiro estruturado aplicados aos alunos do Ensino Médio de seis escolas estaduais de Ponta
Grossa – PR, entre os anos de 2011 e 2012. Organizador: HANKE, 2013
[…] Eu acho que não porque aqui no colégio a gente teve uns anos pra cá
sabe alunos assim (homossexuais) […] (Pedagoga G - Entrevista realizada
em: 26/02/2013, Escola C).
[…] Não, eu não lembro de ter tido alguma coisa assim, que precisasse de um
trabalho ou tenha visto algum preconceito, eu não sei, os alunos, nessa parte
eles se relacionam bem, por mais que eles tenham algum preconceito às
vezes, eles não demonstram [...]. (Pedagoga M - Entrevista realizada em:
18/02/2013, Escola E).
[…] Olha, é uma pergunta assim bem, bem delicada. Confesso pra você.
Porque uma coisa é você ver essa situação na casa do outro, outra coisa é
você ver na sua casa, sabe. Eu confesso pra você que eu venho de uma
educação bem tradicional, bem rigorosa, onde essas coisas não eram nem
sequer comentadas dentro da minha casa, confesso pra você, eu pessoalmente
ainda não me sinto preparada pra ter um filho ou uma filha homossexual [...].
(Pedagoga F - Entrevista realizada em: 26/02/1013, Escola C).
[…] difícil porque seria um choque, primeiro seria um choque muito grande,
pela formação que a gente tem, pela educação que a gente recebeu. Seria um
choque muito grande, porque a gente quer que eles sejam ditos né como
normais, que tenham né uma família estruturada, tenham filhos, uma família
dita normal. Quando a gente tem filhos né, a gente pensa o melhor pra eles né
[...]. (Pedagoga G - Entrevista realizada em: 26/02/2013, Escola C).
[…] é uma pergunta bem difícil de responder (risos) eu acho que o primeiro
momento realmente a gente não aceita né [...] (Pedagoga H - Entrevista
realizada em: 26/02/2013, Escola C).
Este caminho pode ser analisado junto com as respostas dos alunos, pois
quando também questionados a aceitarem que um filho ou filha se casasse com um
homossexual, mais da metade dos alunos e alunas dizem não aceitar tal sentença.
Observa-se que o discurso é o mesmo e o preconceito também, quando a hipótese
homossexual é o aluno ou o colega as respostas aparentemente são mais positivas do
que em relação a ter um ‘caso’ mais próximo ou familiar.
Por fim, o último caminho discursivo encontrado, onde há realmente o
reconhecimento do preconceito no espaço escolar, 69% das frases reconhecem que
existe preconceito no espaço escolar e que ele está imbricado nas relações sociais que
ocorrem através desta espacialidade, mesmo que muitas vezes omitido e invisibilizado
pela escola. Por um lado, a luta contra a homofobia além de ser difícil, é algo a ser
alcançado a longo e médio prazo e espera-se que esta pesquisa levantada seja um
“pontapé” inicial para retomar as discussões de um tema transversal na educação. Por
outro lado, outras Pedagogas em conformidade e aceitação a esta situação reafirmam o
preconceito como sentimento que sempre existiu e sempre vai existir.
[…] existe sim, tem vários níveis, dificilmente você encontra uma situação
longe do preconceito, existe sim aqui na escola [...] (Pedagoga E - Entrevista
realizada em: 22/02/1013, Escola B).
[…] bom o que mais diretamente vem pra gente é alguma situação com o
aluno mesmo, às vezes o aluno se sente descriminado pelos colegas, pelo fato
dele ter uma sexualidade diferente, a gente já teve recentemente e outros anos
que nem aqui no colégio eu estou mais tempo né, já tivemos em outros anos
né, só que eu percebo assim com o tempo, isso (preconceito) foi aumentando
[...].(Pedagoga K - Entrevista realizada em: 18/02/2013, Escola D).
[...] eu acho assim, tem as situações de preconceito, não adianta a gente dizer
que não tem porque tem, a outros casos, tem aquelas brincadeiras de mau
gosto, que eu acredito que tem [...]. (Pedagoga P - Entrevista realizada em:
28/02/2013, Escola F).
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