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PROFESSORA : ZARELA CASAS NAVARRO

Aula de Geografia 8

Leia o poema a seguir, do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), e


responda às questões.
Eu, etiqueta
“Em minha calça está grudado um nome com outros seres diversos e conscientes de
que não é meu de batismo ou de cartório, sua humana, invencível condição.
um nome... estranho. Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro,
Meu blusão traz lembrete de bebida que em língua nacional ou em qualquer língua
jamais pus na boca, nesta vida. Em minha (qualquer, principalmente).
camiseta, a marca de cigarro que não E nisto me comprazo, tiro glória de
fumo, até hoje não fumei. minha anulação.
Minhas meias falam de produto que nunca Não sou – vê lá – anúncio contratado. Eu
experimentei mas são comunicados a é que mimosamente pago para anunciar,
meus pés. para vender em bares festas praias
Meu tênis é proclama colorido de alguma pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta
coisa não provada por este provador de etiqueta global no corpo que desiste de ser
longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu veste e sandália de uma essência tão viva,
chaveiro, minha gravata e cinto e escova e independente, que moda ou suborno
pente, meu copo, minha xícara, minha algum a compromete.
toalha de banho e sabonete, meu isso, meu Onde terei jogado fora meu gosto e
aquilo, desde a cabeça ao bico dos capacidade de escolher, minhas
sapatos, são mensagens, letras falantes, idiossincrasias tão pessoais, tão minhas
gritos visuais, ordens de uso, abuso, que no rosto se espelhavam, e cada gesto,
reincidência, costume, hábito, premência, cada olhar, cada vinco da roupa resumia
indispensabilidade, e fazem de mim uma estética?
homem-anúncio itinerante, escravo da Hoje sou costurado, sou tecido, sou
matéria anunciada. gravado de forma universal, saio da
Estou, estou na moda. É doce estar na estamparia, não de casa, da vitrina me
moda, ainda que a moda seja negar minha tiram, recolocam, objeto pulsante mas
identidade, trocá-la por mil, objeto que se oferece como signo de
açambarcando todas as marcas outros objetos estáticos, tarifados.
registradas, todos os logotipos do Por me ostentar assim, tão orgulhoso de
mercado. ser não eu, mas artigo industrial, peço que
Com que inocência demito-me de ser eu meu nome retifiquem.
que antes era e me sabia Já não me convém o título de homem.
tão diverso de outros, tão mim-mesmo, Meu nome novo é coisa.
ser pensante, sentinte e solidário Eu sou a coisa, coisamente.”

ATIVIDADE 8

1.Quais elementos citados no poema você observa na vida cotidiana?


2. O poema faz uma crítica à sociedade atual. Qual?
3. O que são “logotipos do mercado”? Converse com as pessoas da sua convivência e
faça um levantamento dos logotipos mais conhecidos, das empresas que os detêm e dos
países de origem dessas empresas

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9-O ESTADO NA ECONOMIA GLOBALIZADA

No capitalismo, o Estado sempre desempenhou funções fundamentais à manutenção
desse sistema: manter a lei e a ordem, preservar a propriedade privada, resolver
conflitos entre grupos sociais e econômicos, defender as fronteiras do país, determinar e
controlar as regras comerciais e econômicas, estabelecer relações políticas e comerciais
com outros Estados. Com algumas variações de país para país, o Estado foi agregando
uma série de outras funções:
• instalação de empresas estatais, principalmente no setor de infraestrutura, como o
siderúrgico e o petroquímico;
• construção e manutenção de rodovias, ferrovias, viadutos, portos, aeroportos, usinas e
redes de distribuição de energia elétrica;
• participação acionária em empresas dos mais variados setores;
• investimento em educação, saúde, moradia e pesquisa;
• criação do sistema de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;
• controle da circulação da moeda; • realização de empréstimos a juros baixos e isenção
de impostos para determinados grupos econômicos ou sociais;
• estabelecimento da taxa de juros, que serve de base para as atividades financeiras,
inclusive as bancárias.

No início da década de 1980, retomou-se a discussão sobre o papel do Estado, por causa
de crises econômico-financeiras e dos elevados déficits públicos de muitos países. A
crise e a nova economia globalizada exigiam um Estado que não interferisse no livre-
comércio, facilitasse a atuação das grandes empresas, cobrasse menos impostos e
reduzisse seus gastos. Essas idéias e propostas fazem parte do pensamento econômico
neoliberal. Implantadas inicialmente nos Estados Unidos, no governo de Ronald Reagan
(1911-2004) e no Reino Unido, pela primeira-ministra Margareth Thatcher (1925-
2013), foram seguidas por diversos países.
Na concepção neoliberal:
• o Estado deve intervir pouco na economia, procurando eliminar barreiras ao comércio
internacional, atrair investimentos estrangeiros, privatizar as empresas públicas, manter
o equilíbrio fiscal (diferença entre arrecadação de impostos e as despesas públicas) e
controlar a inflação;
• não é papel do Estado extrair petróleo ou minérios, administrar refinarias e
siderúrgicas nem participar de qualquer outro tipo de atividade econômica. A produção
de mercadorias é papel das empresas particulares;
• cabe ao Estado estimular a pesquisa tecnológica para apoiar a iniciativa privada,
assegurar a estabilidade econômica e facilitar o livre funcionamento do mercado;
• os direitos trabalhistas devem ser revistos (e restringidos), pois acabam inibindo a
contratação por parte das empresas. Gastos elevados com mão de obra acabam sendo
repassados para o preço dos produtos, que perdem competitividade no mercado
internacional;
• o sistema de proteção social (seguro-desemprego, aposentadoria e outros) deve ser
reestruturado de modo a contribuir para a redução do déficit público (situação em que o
Estado gasta mais do que arrecada);
• as despesas do Estado nos setores sociais (saúde e educação, por exemplo) devem ser
limitadas, para que os impostos cobrados das empresas e da sociedade como um todo
também não sejam elevados.

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A adoção das práticas neoliberais levou
vários Estados a flexibilizar os mecanismos de controle da economia e das barreiras
comerciais, tornando os países em desenvolvimento menos competitivos nos
intercâmbios internacionais. Com isso, ampliaram-se as desigualdades sociais e
econômicas entre os países, visto que o neoliberalismo e a livre-concorrência atendem
melhor aos países desenvolvidos, que têm grande capacidade de investimento,
tecnologia mais avançada e maior capacidade competitiva no mercado mundial.

ATIVIDADE 9

O cartunista usa uma alegoria. Relacione os personagens com a crítica ao


neoliberalismo

Alegoria
Quando um artista
representa simbolicamente
uma idéia por meio de
imagens, dizemos que ele
está usando uma alegoria.
A alegoria pode também
aparecer na literatura. Os
textos alegóricos mais
conhecidos são as fábulas,
nas quais geralmente há
uma moral da história em
que se explica seu sentido
figurado.

10-CONSENSO DE WASHINGTON

Em 1989, o economista John Williamson (1937-) reuniu o pensamento neoliberal das


grandes instituições financeiras (FMI e Banco Mundial) e também do governo
estadunidense, no intuito de propor soluções para resolver a crise e o endividamento dos
países em desenvolvimento, particularmente os da América Latina, e caminhos para o
crescimento econômico. Estas propostas ficaram conhecidas como Consenso de
Washington, segundo o qual os países latino-americanos deveriam:

• realizar uma reforma fiscal, isto é, alterar o sistema de atribuição e de arrecadação de


impostos para que as empresas pudessem pagar menos e adquirir maior
competitividade;
• executar a abertura econômica, com liberalização das exportações e das importações,
ampliação das facilidades para a entrada e a saída de capitais e privatização de empresas
estatais;
• promover o corte de salários e a demissão dos funcionários públicos em excesso e
realizar mudanças na previdência social, nas leis trabalhistas e no sistema de
aposentadoria, para diminuir a dívida do governo (a chamada dívida pública). Para
serem considerados confiáveis, diminuindo o risco-pais, os países deviam cumprir as

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sugestões do Consenso de Washington. Nada era obrigatório, mas seguir suas
determinações básicas era condição para receber ajuda financeira externa e atrair
capitais estrangeiros.
Países como a Índia e, sobretudo, a China, que vêm apresentando crescimento
econômico expressivo desde os anos 1980, não promoveram uma liberalização
profunda, como fizeram, por exemplo, Argentina, México e Brasil.(fig 1)

Fig 1-Em várias partes do país houve


protestos opondo-se a essa medida neoliberal.
Na imagem, manifestação de estudantes
contrários à privatização.

Chineses e indianos optaram por uma abertura mais controlada e um processo de


privatização mais gradual, procurando manter, por meio de cotas e elevadas taxas de
importação, proteção a alguns setores econômicos nos quais são menos competitivos.
Ao mesmo tempo, investem nesses setores para ampliar o seu nível de competitividade.
Isso demonstra que existem diferentes possibilidades de se integrar à economia mundial,
sem, necessariamente, abrir totalmente a economia e aproveitando-se de vantagens
estratégicas que um país pode ter em relação aos demais.

ATIVIDADE 10
Faz uma pesquisa e escreve o que significa risco-país?

11- CRISE FINANCEIRA E  ECONÔMICA INICIADA  EM 2007/2008 

Em 2008, o mundo capitalista conheceu uma séria crise financeira e econômica.


Iniciada nos Estados Unidos, em 2007, a crise foi classificada por analistas econômicos
como a de maior gravidade desde a crise de 1929.

As causas da crise estavam relacionadas à expressiva expansão dos financiamentos para


a compra de imóveis nos Estados Unidos, em razão dos juros baixos que o governo
vinha mantendo desde o início dos anos 2000.

A forte valorização no preço dos imóveis estimulou os que tomavam financiamentos


(mutuários) a refinanciar suas dívidas, recebendo uma diferença em dinheiro, em geral
utilizada para consumir bens, enquanto o nível de poupança caía acentuadamente.

Diversos bancos criaram títulos que tinham como garantia os financiamentos para a
compra de imóveis (títulos garantidos com hipotecas). Investidores que adquiriam esses
títulos emitiam, por sua vez, outros títulos, que tinham como garantia os primeiros. Isso
se espalhou por todo o sistema financeiro, formando uma bolha especulativa,
caracterizada pelo processo descrito e por uma valorização artificial dos títulos (a
expressão “bolha” também é aplicada quando há valorização artificial de ações ou de
imóveis, que no caso é a “bolha imobiliária”).

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Como conseqüência da crise financeira e
econômica de 2008, muitas pessoas se viram
sem condições de pagar os financiamentos
imobiliários e tiveram seus bens retidos pelos
credores. Na imagem, casa à venda em
Corona, na Califórnia (Estados Unidos), 2008.

Para frear o aumento do consumo e da inflação, o governo estadunidense aumentou os


juros, elevando o valor das prestações dos imóveis. Assim, centenas de milhares de
proprietários deixaram de pagar os financiamentos, os preços dos imóveis despencaram
e os títulos se desvalorizaram acentuadamente.
Em decorrência, houve quebra de bancos, cortes de empregos, desvalorização de
empresas e redução da oferta de crédito, afetando toda a cadeia de consumo – com
menos financiamentos para a compra de bens, muitos consumidores ficaram sem
recursos para a compra de mercadorias.

Com a redução das vendas, muitas empresas ficaram com capacidade de produção
ociosa e passaram a demitir; outras demitiam sob o pretexto de se preparar para a crise.
Com as demissões, houve perda de renda dos assalariados e diminuição do consumo.
Nessa situação, os que estavam empregados preferiam poupar e, com isso, a crise se
intensificou.
No contexto dessa crise, as agências de risco foram duramente criticadas, uma vez que
haviam dado notas elevadas para bancos que semanas depois acabaram falindo. Foram
acusadas pelo governo estadunidense de veicularem informações erradas, e, por isso,
num acordo extrajudicial em 2015, a Standard & Poor’s aceitou pagar ao Tesouro dos
Estados Unidos quase 1,4 bilhão de dólares. Tal situação abalou a credibilidade dessas
agências de classificação de risco.
Em razão da forte integração entre as economias nacionais no contexto da globalização
e pelo fato de a crise ter surgido e afetado os Estados Unidos, país que gera cerca de 1/5
do PIB mundial, seus efeitos rapidamente foram sentidos em todo o mundo, em maior
ou menor grau.
Diversas estratégias de socorro a bancos e empresas foram elaboradas. Os governos
estadunidense e de outros países desenvolvidos disponibilizaram vultosos recursos
financeiros para salvar bancos e grandes empresas, visando conter a crise – trilhões de
dólares foram utilizados para esse fim

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Manifestantes gritam no Wall Street, no Distrito Financeiro de Nova York (Estados
Unidos), durante uma manifestação contra a ajuda do governo para as grandes
corporações, em 2009. Os manifestantes exigiam que o governo socorresse as pessoas, e
não os bancos e as grandes empresas. No cartaz do centro da imagem, lê-se: “As
pessoas precisam de emprego”.

ATIVIDADE 11
Que você entendeu sobre este assunto e faça um resumo

12-Crise de 1929: a maior crise do capitalismo


York era o Nova de Valores de No início do século XX, a Bolsa principal centro
internacional de investimentos. Mas o capital investido na produção não era
acompanhado pelo crescimento do mercado de consumo. O descompasso entre
superprodução e consumidores com 1929. As de capacidade para absorvê-la ocasionou
a grande crise fábricas, não tendo como vender grande parte de suas mercadorias,
reduziram drasticamente suas atividades; a produção agrícola, também excessiva, não
encontrava compradores; o comércio inviabilizou- -se. Nesse contexto, houve um
processo de falência generalizada, e muitos trabalhadores perderam seus empregos,
retraindo ainda mais o mercado de consumo. Aqueles que tinham investimentos no
mercado de capitais, particularmente de compra e venda de ações, viram o valor de seus
títulos despencar, transformando-se em papéis sem valor.
A crise iniciada em Nova York afetou rapidamente o mundo todo. Os países produtores
de matérias-primas e alimentos, que dependiam economicamente das exportações para
os países industrializados, não encontravam compradores para seus produtos e entraram
em colapso. O Brasil, que nesse período ancorava sua economia na produção e
exportação quase exclusivamente do café, foi profundamente abalado pelos efeitos
mundiais da crise.

New Deal O período subsequente à crise de 1929, conhecido como a Grande Depressão,
obrigou os países a se reorganizarem economicamente. Como a superprodução havia

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sido a principal razão da crise, os países industrializados, inicialmente os Estados
Unidos, tomaram duas medidas básicas para resolver o problema:
• participação mais efetiva do Estado no planejamento das atividades econômicas, tendo
em vista, entre outros objetivos, a adequação entre a quantidade de mercadorias
produzidas e a demanda do mercado;
• aprimoramento da distribuição da renda, dando melhores condições financeiras aos
trabalhadores, com o objetivo de ampliar o mercado de consumo. Partindo dessas
iniciativas básicas, os Estados Unidos conseguiram contornar os efeitos da crise com
maior eficiência e rapidez. Com a criação de um amplo programa de obras públicas, o
governo do presidente Franklin Roosevelt (1933-1945) conseguiu aos poucos amenizar
o desemprego e manter a economia relativamente aquecida.

O New Deal (Novo Acordo), como ficou conhecido Keynes (1883-1946). Para
Keynes, Maynard esse programa, era inspirado nas teorias do economista John o
Estado não poderia se limitar a regular as questões de ordem socioeconômica e política,
mas deveria ser também um planejador, que daria as diretrizes, fixaria as metas e
estimularia determinados setores da economia. O New Deal respeitava a iniciativa
privada e as leis de mercado, mas acreditava que alguns setores da economia deveriam
contar com a intervenção do Estado, principalmente os relacionados à infraestrutura.
Bem- de O New Deal lançou as bases do Estado Social (Welfare State, em inglês) nos
Estados -estar Unidos através de políticas de distribuição de renda, seguro-desemprego,
sistema de aposentadoria e regulação trabalhista. O conceito de Welfare State aplica-se
ao Estado que desempenha um papel fundamental na proteção e na promoção do bem-
estar econômico e social dos cidadãos. As ideias de Keynes foram implementadas
também em vários países da Europa.

ATIVIDADE 12

1. Por que o Brasil foi bastante atingido pela crise de 1929?


2. Explique o que foi o New Deal e faça um paralelo entre ele e o neoliberalismo,
considerando a atuação do Estado.

13-CRISE DE 2007/2008 E G20


No contexto da crise de 2007/2008, dirigentes dos países do G20, grupo que responde
por mais de 85% do PIB mundial (leia G-20), salientaram a necessidade de o Estado
fiscalizar mais intensamente o sistema financeiro, ampliar os recursos do FMI para
atender os países com mais dificuldades e possibilitar participação mais ativa das
chamadas economias emergentes, especialmente da China, nas reuniões e decisões
tomadas no âmbito das grandes potências mundiais. Os Estados Unidos detêm cerca de
17% das cotas da organização e têm direito a veto, pois, para aprovação de algumas
determinações do Fundo, são necessários 85% de votos a favor. Essas questões apontam
para um novo arranjo no sistema financeiro internacional, no qual os países emergentes
possam ter, de fato, um maior protagonismo.
G-20 Grupo criado em 1999 como um fórum de cooperação e consulta entre as
vinte maiores economias do mundo, para encaminhamento de soluções e
propostas relativas ao sistema financeiro internacional e à economia global. Há
também um grupo de países subdesenvolvidos (ou em desenvolvimento), do
qual fazem parte os emergentes, que reúne 23 países e também é denominado
G20 (o FMI o denomina de G23). Esse grupo foi formado em 2003 durante uma

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reunião ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), a fim de
defender os interesses desses países, sobretudo nas negociações que tratam do
comércio global de mercadorias agrícolas, das quais são grandes produtores e
exportadores
O Grupo conta com a participação de Chefes de Estado, Ministros de Finanças e
Presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia
Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados
Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e
Turquia.

CRISE E ESTADO NEOLIBERAL


A partir da crise, a desregulamentação do sistema financeiro internacional, um dos
pilares do neoliberalismo, passou a ser questionada. A necessidade de fiscalização e de
controle mais rigoroso por parte dos governos, inclusive com cobrança de impostos
mais elevados, mostrou-se necessária não só internamente, mas entre os países. A
elevação dos impostos faria com que os governos tivessem mais recursos para
direcionar a setores como saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico.
Entretanto, praticamente nada foi realizado nesse sentido. Ao final da década de 2000 e
início da década de 2010, houve uma intensificação da crise e dos seus desdobramentos,
com a ampliação significativa das dívidas públicas dos países desenvolvidos,
particularmente da União Europeia, como Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Itália
O caso mais grave foi o da Grécia, país que enfrentou seis anos de recessão, e dívida do
Estado correspondente a 177% do valor do PIB, em 2015. Os Estados Unidos também
tiveram aumento de sua dívida pública e foi necessário que o legislativo do país
aumentasse o teto de endividamento, em 2011. Nessa ocasião, sua nota de qualidade de
crédito foi rebaixada por uma agência de classificação de risco pela primeira vez na
história. Grécia, Irlanda e Portugal recorreram a pacotes de resgate estruturados pela
Troika (comitê formado por três membros: FMI, União Europeia e Banco Central
Europeu). Esses pacotes exigiram cortes profundos nos gastos do Estado, com reflexos
diretos nas condições de vida de milhões de cidadãos europeus desses países, pois os
cortes atingiram os setores de saúde e educação, a remuneração das aposentadorias, os
salários dos funcionários públicos, o seguro-desemprego e o valor do salário mínimo.
Essa situação desencadeou protestos generalizados.

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Voluntário de grupo humanitário distribui refeições em praça de Atenas (Grécia), 2012. A crise
econômica que assolou o país durante aquele ano foi agravada pelas medidas de austeridade impostas pela
União Europeia, e os níveis de desemprego superaram 20% da população economicamente ativa.

Com a intensificação dos problemas relacionados à crise, como redução do consumo e


consequentemente da produção, os investimentos privados foram reduzidos e os bancos
passaram a conceder menos empréstimos. Num círculo vicioso, os governos, por sua
vez, tiveram uma diminuição na arrecadação de impostos, com aumento da dívida
pública. Em 2015, analistas apontavam que a renda média das famílias nos países mais
afetados pela crise na União Europeia somente retornaria ao patamar de 2007 em 2020.
Tal fato teve impacto até na natalidade. Como exemplo, na Espanha, enquanto o número
de nascimentos em 2008 foi de 519 mil, em 2013, foi de 425 mil. O desemprego atingiu
patamares elevados, sendo que a população jovem foi a mais penalizada, fato que
acontece em todas as situações de crise econômica

Europa: jovens desempregados – 2015* * Pessoas com menos de 25 anos

ATIVIDADE 12
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