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Ano 1 • Número 3 • 2013

Cavitação
em bombas
centrífugas
Entenda este fenômeno e suas principais
consequências no processo de bombeio

Entrevista
Mecânica Instrumentação José Erminio
Nesta edição, saiba como a Tecnologia de ponta para Cassemiro fala
disciplina de MECÂNICA detecção de gases (pag.36) sobre embarques e
atua nos projetos. (pag.44) desembarques de
plataformas [pag.46]
Soluções Metso para
Monitoramento de Vibração e
Proteção de Máquinas Rotativas
O sistema Metso DNA Machine Monitoring é uma solução on line para monitorar e
analisar com base na vibração as condições mecânicas dos equipamentos rotativos como:
motores, bombas, ventiladores, redutores e turbinas. Através desse sistema é possível
diagnosticar falhas em rolamentos, folgas mecânicas, desgastes e danos em engrenagens.

Com a sua compatibilidade, o sistema Metso DNA garante start-ups mais rápidos, paradas
mais curtas e alta disponibilidade. O sistema ajusta-se às necessidades do processo
industrial e aos requisitos de ajustes e mudanças durante todo o ciclo de vida.

Metso, Av. Independência, 2500 • CEP 18087-101 • Éden • Sorocaba - SP


Tel.:2+55
| engeworld | março
15 2102-9700, 2013
www.metso.com.br
editorial

Os desafios da
Ano 1 • Número 3 • 2013

engenharia de projeto Cavitação


em bombas

A
centrífugas
EntEnda EstE fEnômEno E suas prinCipais
ConsEquênCias no proCEsso dE bombEio

definição adequada dos parâ- mecânica


Nesta edição, saiba como a
disciplina de MECÂNICA
atua nos projetos. (pag.44)
instrumentação
Tecnologia de ponta para
detecção de gases (pag.36)
EntrEvista
José Erminio
Cassemiro fala
sobre embarques e

metros básicos de um empre-


desembarques de
plataformas [pag.46]

endimento desempenha um
A Revista Engeworld é uma
papel fundamental na obten- publicação mensal e dirigida
ção de bons resultados, mas aos profissionais de projetos
essa definição ocorre somente da engenharia brasileira
por meio da coordenação dos esforços das dife- Publisher
rentes disciplinas envolvidas na sua elaboração. Sandra L. Wajchman
engeworld@engeworld.com.br
Se, por um lado, a variedade de itens envolvi-
Editor e Jornalista
dos no detalhamento e no gerenciamento de um Responsável
projeto de engenharia demanda profundo conhe- Gabriela Alves (MTB 32.180/SP)
cimento técnico em determinadas áreas de atua- gabriela@engeworld.com.br
ção, por outro, exige dos profissionais uma visão Reportagem
Gabriela Alves
abrangente de todo o projeto. Considerando essas Colunista
necessidades, nossas edições têm se debruçado sobre os diferentes aspectos vinculados Cynthia Chazin Morgensztern
à elaboração de um empreendimento, e este mês não poderia ser diferente. / Daniela Atienza Guimarães e
Sérgio Roberto Ribeiro
Nesta edição damos sequência a uma série de matérias iniciada em fevereiro úl- de Souza
timo para o detalhamento de todas as etapas de implantação de projetos de gran-
Gerente Comercial
de porte. A matéria deste mês trata das atividades da engenharia mecânica e mostra Alex Martin
como ela se relaciona com as demais disciplinas de engenharia durante a elaboração Telefone: (11) 5539-1727
de um projeto. Celular: (11) 99242-1491
alex@engeworld.com.br
Aspectos descritivos e técnicos são abordados em diferentes artigos. Um deles re-
Fernando Polastro
trata de maneira simples a operação dos motores elétricos, outro relembra os con- Telefone/Fax: (11) 5081-6681
ceitos que envolvem o dimensionamento de cabos de potência. Informações sobre Celular: (11) 99525-6665
as causas e os problemas ocasionados pela cavitação em bombas centrífugas estão fernando@engeworld.com.br
reunidas em um terceiro artigo. Direção de Arte
Estúdio LIA / Vitor Gomes
A publicação aborda ainda as dificuldades das indústrias no gerenciamento de
Engeworld
frotas de detectores de gases e apresenta os serviços prestados por concessão por
Rua Tamoios, 302 - cj 01
empresas especializadas nesse tipo de atividade. Ela trata também da evolução dos Jd. Aeroporto / São Paulo - SP
sistemas de automação CAD e CAE usados em projetos de engenharia. Boa leitura! CEP: 04630-000
www.engeworld.com.br

Sandra L. Wajchman
Publisher

engeworld | março 2013 | 3


carta do leitor

Congratulações pela nova Parabéns pela revista, muito Gostaria de parabenizá-


revista. Precisávamos de boa mesmo! los pela revista que está
uma revista que abrangesse Apreciei bastante o trabalho com informações de alta
várias disciplinas de projetos. que fazem pois unem em qualidade, diagramação e
Os artigos foram de fácil uma revista assuntos textos muito bons também.
assimilação mesmo por importantes para todas Nós da engenharia industrial
quem não é da disciplina. engenharias, trazendo estávamos precisando de
Faço votos que continuem tópicos interessantes e uma mídia especializada em
com o mesmo nível de não tratados de maneira língua portuguesa.
informação. superficial. Continuem com esse trabalho
Lucien Gormezano De verdade gostei muito e de alto nível.
Supervisor de Instrumentação torço para que o trabalho de Leandro Monteiro Missato
Consórcio – SPS – TECAB vocês dê muito certo! Tubulação - Engenheiro de
Evelyn Tenan Ribeiro Flexibilidade
Engenheira de processos - Odebrecht
Hatch

manuseio de sólidos artigo

Dimensionamento correto
Determina a eficiência Do sistema
sionado reduz a capacidade instalada da
planta, um sistema superdimensionado
também compromete a operação. No
caso das mineradoras, onde o equipa-
mento é submetido a condições muito
trabalho e a carga a que será submetido
o rolete. “Nos equipamentos que traba-
lham 24 horas por dia, os rolamentos
dos roletes são dimensionados para
uma vida útil teórica de 30.000 horas”,
realidade do nosso país. A apresentação crescimento. Será inevitável que
da revista está excelente, vocês real- grandes investimentos nas áreas de
adversas, outros fatores devem ser ob- ele detalha. “Logo, em função da veloci-
O projeto de um transportador de correias em mineradora envolve servados no dimensionamento do trans- dade da correia, devemos selecionar os
portador. Entre eles estão características rolos para que não trabalhem acima de
muitas variáveis relacionadas à operação e vai muito além de como a temperatura do material trans- 500 rotações por minuto (rpm).” Des-
definir o layout, velocidade e largura do sistema portado, a distância a ser percorrida, ti-
pos de roletes, tensão máxima (determi-
sa forma, ele salienta que rotações altas
provocarão várias paradas para troca de

mente estão levando o assunto a sério, infra-estrutura e indústria de base


nada por cálculo) e tempo de percurso. roletes, resultando em menor disponi-
bilidade do equipamento e maior custo
de manutenção.
Nos tambores, também destacados
pelo especialista como item de atenção, a
outro ponto de cuidado definição do diâmetro correto exige cui-

continuem assim. ocorram em um futuro próximo. A


dados adicionais. Nesse caso, os proje-
nos tambores é o tistas precisam atender às especificações
dimensionamento do mínimas recomendadas pelos fabrican-
tes de correias, para evitar que o tempo
eixo. Isso porque tal de vida útil das emendas seja compro-
dispositivo deve ser metido pelo mau dimensionamento dos

Na edição de fevereiro, a matéria sobre nossa engenharia passará em breve


tambores. “Tendo em vista que a correia
calculado para suportar é um dos itens mais caros de um trans-
as tensões de operação portador e o que exige maior tempo para
reparo ou troca, devemos ter muito cui-
dado na especificação do diâmetro dos
regime de trabalho tambores”, ele ressalta.

manuseio de sólidos está muito inte- por tempos de alta demanda e gran-
De acordo com Maurício Zuquim,

M
chefe do departamento de manutenção Pontos críticos
uito utilizada nos transportador de correias segue sempre transportador deve estar adequado a exi- da Samarco, que produz minério de Além do diâmetro, Zuquim destaca
mais diversos proces- o mesmo princípio, independentemente gências específicas da operação, como a ferro para exportação, o rolamento apli- que outro ponto de cuidado nos tambo-
sos produtivos, a tec- da sua aplicação. adequação de seu layout, a facilidade de cado em roletes e tambores constitui o res é o dimensionamento do eixo. Isso
nologia de transpor- Partindo do conceito de que o di- instalação e de manutenção. A confiabi- item responsável pelo maior número de porque tal dispositivo deve ser calculado

ressante. Foram abordados aspectos des projetos, vejo que vocês deram um
tadores de correias mensionamento do sistema impacta lidade do sistema, nesse caso, é funda- falhas em uma correia transportadora. para suportar as tensões de operação,
ganha maior visibilidade nas minerado- toda a produção, já que o transportador mental, já que seu desempenho interfere “Devido à grande quantidade de roletes evitando a flexão excessiva e, por conse-
ras, siderúrgicas e terminais marítimos é responsável pela alimentação de insu- em toda a produção. numa correia, devemos ter um cuidado quência, a sobrecarga nos rolamentos e
de embarque de minério, situações em mos e/ou o escoamento do produto, ele A capacidade do equipamento é de- especial ao dimensionar este compo- a quebra do eixo por fadiga. Ele ressalta
que é submetida às condições mais deve ser calculado com base numa visão finida pela sua velocidade de operação nente”, ele explica. ainda que o projeto do sistema transpor-
adversas de operação. Apesar dessa pe- global do processo. Além de atender a e largura, constituindo um item funda- Zuquim destaca que o projeto de tador deve considerar o fator de enchi-

importantes para o dimensionamento passo à frente e estarão na crista da


culiaridade, que requer maior robustez normas vigentes em termos de seguran- mental para a eficiência do processo. uma operação utilizando correia trans- mento adotado durante a operação.
do conjunto, o dimensionamento do ça e cuidados com o meio ambiente, o Afinal, se um transportador subdimen- portadora deve considerar a rotação de “Transportadores de correias que

26 | engeworld | fevereiro 2013 engeworld | fevereiro 2013 | 27

como também alguns pontos de aten- onda para o que virá pela frente.
Gostaria de parabenizá-los ção para evitar problemas de operação Muito bem vindos à engenharia do
pela revista. e manutenção ao longo da vida útil do Brasil!
Conversando com os colegas equipamento.
há um consenso de que estava fazendo O Brasil é reconhecidamente um país Daniel de Barros Lima Bueno
falta uma revista como esta, dirigida promissor, aqui há muitas oportu- Mechanical Engineer
a projetos de engenharia dentro da nidades e um enorme potencial para PDG - Hatch

Caro Leitor, a Revista Engeworld tem o enorme prazer em escutá-lo. Para o envio de críticas,
sugestões ou elogios, entre em nosso site www.engeworld.com.br e faça o seu contato.
Índice

06 notícias 36 Instrumentação
Tecnologia de ponta para
detecção de gases

40 coluna RH

08 Elétrica - artigo
Motores Eléticos
Liderança hoje. Se você é
líder ou deseja se tornar
um, reflita!

42 Coluna qualidade

14 Mecânica - artigo Planejamento é tudo. Mas


a variação…
Cavitação em bombas centrífugas
44 Mecânica -
disciplina de um
projeto
22 Tecnologia da Informação
A evolução da automação dos projetos
de engenharia
Definição dos aspectos téc-
nicos dos equipamentos

46 Entrevista
Embarques e desembarques

27
de plataformas
Cabos de potência
O dimensionamento demanda rigor em sua
elaboração 50 infografia
Conheça os diferentes tipos
de plataformas

34 coluna de segurânça
A importância do gerenciamento de riscos em
projetos
52 biodiesel
Conheça os tipos de biodiesel

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notícias

Atrasos levam
Petrobras a encomendar
plataformas à China
A Petrobras transferiu para o exterior
parte das obras de pelo menos quatro
plataformas para o pré-sal da bacia de
Santos. O cronograma brasileiro estava
atrasado por deficiências nos estaleiros
Inhaúma (RJ) e Rio Grande (RS).
Parte do processo de conversão de três onerosa (P-75, P-76 e P-77) virão para em descumprimento das regras ou
navios em plataformas (P-75, P-76 e o Brasil para continuação das obras de dos percentuais de conteúdo local
P-77) para a área da cessão onerosa se- conversão”, informou a Petrobras. estabelecidas nos contratos. Os servi-
rão realizados no estaleiro chinês Cos- Segundo a petrolífera, a realização ços a serem realizados no país asiático
co, além de metade de um dos cascos de obras das plataformas P-75, P-76, representam menos de 3% do valor
de uma plataforma replicante (P-74). P-77 (cessão onerosa) e P-67 (FPSO total dos contratos para construção das
“Todos os demais cascos para a cessão replicante) na China não implicará plataformas.

Petrobras descobre
petróleo em mais um
Biogás terá investi- poço do pré-sal da bacia
mento de R$ 45 milhões de Santos
Unidade dará apoio A Aneel (Agência Nacional de Energia A Petrobras anunciou a descoberta de
logístico ao Superporto Elétrica) aprovou um projeto de pesquisa petróleo de boa qualidade no sexto posto
do Açu e desenvolvimento da Chesf (Compa- perfurado pela companhia na área de
A LLX, empresa de logística do grupo nhia Hidro Elétrica do São Francisco), cessão onerosa Florim, no pré-sal da
EBX, obteve uma licença de instalação orçado em R$ 45 milhões, para geração bacia de Santos. O poço 1-BRSA-1116-
do Inea (Instituto Estadual do Ambien- de energia a partir de resíduos sólidos -RJS (1-RJS-704) encontra-se sob
te) para a construção de uma unidade e efluentes líquidos agroindustriais. O 2.009 metros de profundidade, mas sua
da Intermoor no complexo industrial projeto prevê a criação de uma platafor- perfuração deverá prosseguir até atingir
do Superporto do Açu. A unidade ofere- ma de valorização energética de resíduos cerca de 6.100 metros – nível previsto em
cerá apoio logístico e serviços especia- em Pernambuco e de um laboratório es- contrato. “Após concluída a perfuração,
lizados à indústria de óleo e gás, e estará pecializado em biogás, e estabelece ainda um teste de formação será executado para
localizada na margem direita do canal a implantação, operação e manutenção avaliar a produtividade dos reservatórios”,
do TX2 (terminal onshore do empreen- de quatro usinas de geração de energia informou a Petrobras. Pelo contrato, a
dimento). A companhia de logística irá elétrica movida a biogás com capacidade fase exploratória deverá terminar até
atender a empresas como a Petrobras, a total instalada de 2,4 MW conectadas à setembro de 2014, quando poderá ser
Shell e a OGX, entre outras empresas. rede de distribuição. declarada a comercialidade da área.

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elétrica artigo

MOTORES ELÉTRICOS
Aspectos básicos para uma seleção adequada

C
om a finalidade de acionar rente contínua depende de uma fonte de Os motores síncronos têm velocidade
equipamentos mecâni- corrente contínua ou de um dispositivo constante, independentemente da varia-
cos, entre outros itens, os capaz de converter a corrente alternada da ção da carga e, por isso, são usados quan-
motores elétricos trans- rede elétrica. do se necessita de uma maior estabilidade
formam energia (potência Eles podem funcionar com veloci- de velocidade. Eles também podem ser
elétrica) em energia mecânica (potência dade ajustável entre amplos limites e se empregados em situações que deman-
mecânica). Devido à características como destinam a controles de grande flexibi- dam altas potências e que acabam com-
simplicidade de funcionamento, robustez lidade e com elevada precisão. Por isso, pensando seu custo mais elevado.
e baixo custo, seu uso é intenso nas indús- seu uso é restrito a casos especiais em Os motores assíncronos têm velocida-
trias. Estima-se que quase 70% de toda a que as exigências de uma dada aplica- de variável, dependendo da variação da
energia consumida nas instalações indus- ção compensam o elevado custo de sua carga. Devido à sua simplicidade, robus-
triais se destinem ao acionamento dos instalação e manutenção. tez e baixo custo é o motor mais utiliza-
motores elétricos. Os motores de corrente alternada ten- do, sendo adequado para quase todos os
Existem dois tipos de motores atual- dem a ser mais utilizados porque a própria tipos de máquinas.
mente: os de corrente contínua (cc) e de distribuição da rede de energia elétrica é O motor assíncrono é constituído pe-
corrente alternada (ca) feita em corrente alternada, e dividem-se los seguintes elementos
O funcionamento dos motores de cor- entre síncronos e assíncronos. Estator: um circuito magnético
estático, constituído por chapas
ferromagnéticas empilhadas e
isoladas entre si;
Bobinas: localizadas em cavidades
abertas no estator e alimentadas pela
rede de corrente alternada;
Rotor: constituído por um núcleo
ferromagnético laminado sobre o
qual se encontra um enrolamento ou
um conjunto de condutores paralelos,
nos quais são induzidas correntes
provocadas pela corrente alternada
das bobinas do estator.
O rotor se apoia num veio que transmite
a energia mecânica produzida à carga.
O entreferro (distância entre o rotor e o
estator) é bastante reduzido, de forma a
estreitar a corrente em vazio e, portanto

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as perdas, mas também pode aumentar o Para converter o valor das unidades de potência
fator de potência em vazio.
A partir do momento que os enrola-
pode-se utilizar seguinte conversão:
mentos localizados nas cavidades do esta- De Multiplique por Para Obter
tor são sujeitos a uma corrente alternada, HP e CV 0,736 kW
um campo magnético é gerado no estator. kW 1,341 HP e cv
Consequentemente surge no rotor uma
força eletromotriz induzida devido ao
fluxo magnético variável que atravessa o Fator de Serviço Tensão
rotor. Essa força eletromotriz induzida dá Chama-se Fator de Serviço o fator Há dois tipos de tensão: monofási-
origem a uma corrente induzida no rotor que, aplicado à potência nominal, in- ca e trifásica. A tensão monofásica é
que tende a opor-se à sua origem, criando dica a carga permissível que pode ser aquela medida entre fase e neutro, e o
assim o movimento giratório do rotor. aplicada continuamente ao motor, sob motor monofásico normalmente está
A velocidade de um motor de indução condições especificadas. Se trata de preparado para ser ligado a uma rede
é essencialmente determinada pela fre- uma capacidade de sobrecarga contí- de 127 V ou 220 V. Existem lugares em
quência da energia fornecida a ele e pelo nua, ou seja, uma reserva de potência que a tensão monofásica pode ser de
número de pares de polos existentes no que dá ao motor uma capacidade de 115 V, 230 V ou 254 V. Nestes casos, é
estator. No motor assíncrono ou de indu- suportar melhor o funcionamento em preciso usar motores específicos para
ção o campo girante roda sob velocidade condições desfavoráveis. essas tensões.
síncrona, como nos motores síncronos. A tensão trifásica diz respeito à tensão
O processo de transformação de po-
Frequência medida entre fases. Os motores de ten-
É uma grandeza física que indica são trifásica são os mais utilizados no
tência elétrica em potência mecânica tam-
quantos ciclos a corrente elétrica com- Brasil, já que os monofásicos têm potên-
bém gera perdas, que podem ser quantifi-
pleta em um segundo. cia limitada, além de fornecerem rendi-
cadas pelo rendimento dos motores.
Na maioria dos países da América, mentos e torque menores, o que acaba
incluindo Brasil e Estados Unidos, a fre-
O que considerar ao sele- elevando seu custo operacional. As ten-
quência da rede elétrica é de 60 Hz, isso sões trifásicas mais comuns no país são
cionar um motor? significa que a tensão da rede repete o
A seleção adequada de um motor elé- 220 V, 380 V e 440 V.
seu ciclo sessenta vezes por segundo. Já
trico para uma determinada aplicação os países europeus costumam usar a fre-
deve levar em conta fatores como potên- quência de 50 Hz. A frequência de 50 Hz Grau de proteção
cia, rotação, frequência, tensão, grau de também é utilizada na América do Sul É a proteção do motor contra a entra-
proteção, carcaça, formas construtivas, pela Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai. da de corpos estranhos (poeira, fibras
classes de isolamento, ventilação e flange. etc.), contatos acidentais e penetração
Rotação de água. Assim, por exemplo, um equi-
Potência O número de giros do eixo do motor pamento instalado em um local sujeito
É a força que o motor gera para mo- por uma unidade de tempo caracteriza a jatos d’água deve possuir um invólu-
vimentar a carga sob uma determinada a sua rotação, a qual é normalmente ex- cro capaz de suportar esses jatos sob de-
velocidade. A potência mecânica pode pressa em rpm (rotações por minuto) terminados valores de pressão e ângulo
ser traduzida como sendo o torque que o para frequência de 60 Hz temos: de incidência, sem que haja penetração
motor gera no eixo do rotor. Ela é medida de água que possa ser prejudicial ao
Motor Rotação síncrona(rpm)
em HP (horsepower), cv (cavalo vapor) funcionamento do motor.
2 polos 3.600
ou em kW (quilowatt). A potência elétrica Os graus de proteção de invólucros
consumida por um motor (kW.h) é resul- 4 polos 1.800 de equipamentos elétricos são desig-
tado da divisão de sua potência mecânica 6 polos 1.200 nados por intermédio de um sistema
por seu rendimento (η). 8 polos 900 de codificação específico denominado

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motor aberto código IP, apresentado na norma NBR Outras letras (“H”, “M”, “S” ou “W”)
IEC 60529 - “Graus de proteção para podem ser usadas para indicar infor-
invólucros de equipamentos elétricos mações suplementares associadas ao
(códigos IP)”. Ele é definido pelas le- produto ensaiado. Assim, as letras “H”,
tras IP seguidas de dois números. O “M”, “S” e “W” estão associadas, respecti-
primeiro deles indica qual tipo de pro- vamente, a equipamentos de alta tensão,
teção ele recebe contra a entrada de equipamentos ensaiados com partes
corpos estranhos e o contato acidental, móveis em movimento (segundo nume-
o segundo número indica qual a prote- ral), equipamentos ensaiados com partes
ção dele contra a entrada de água. móveis em repouso (segundo numeral)
O código também pode conter le- e equipamentos adequados para uso em
tras adicionais (de “A” a “D”), utiliza- condições ambientais especificadas.
motor fechado
das para indicar, de modo específico,
o grau de proteção de pessoas contra Carcaça
o acesso a partes internas e perigosas O tipo de carcaça de um motor per-
do invólucro do equipamento, que mite identificar grande parte de suas
pode, eventualmente, ser superior dimensões mecânicas, uma vez que ela
àquele previamente indicado pelo pri- é definida de acordo com a potência e a
meiro numeral característico. rotação do motor.

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Primeiro algarismo
Algarismo Indicação
0 Sem proteção
1 Proteção contra a entrada de corpos estranhos com dimensões acima de 50 mm
2 Proteção contra a entrada de corpos estranhos com dimensões acima de 12 mm
3 Proteção contra a entrada de corpos estranhos com dimensões acima de 2,5 mm
4 Proteção contra a entrada de corpos estranhos com dimensões acima de 1,0 mm
5 Proteção contra acúmulo de poeiras prejudiciais ao motor
6 Totalmente protegido contra poeira

segundo algarismo
Algarismo Indicação
0 Sem proteção
1 Proteção contra pingos de água na vertical
2 Proteção contra pingos de água até a inclinação de 15º em relação à vertical
3 Proteção contra pingos de água até a inclinação de 60º em relação à vertical
4 Proteção contra respingos vindos de todas as direções
5 Proteção contra jatos de água vindos de todas as direções
6 Proteção contra água de vagalhões
7 Imersão temporária
8 Proteção permanente

Formas construtivas pais classes de isolamento são classifica-


O arranjo das partes construtivas das das pelas letras “B”, “F” e “H”, e podem
máquinas determina como o motor suportar temperaturas de até 135ºC,
deve ser fixado e acoplado à carga. As 150ºC e 180ºC, respectivamente. Para cada classe é
formas construtivas estão padronizadas estabelecido um limite
pela NBR 5031, IEC 34-7, DIN 4290 e Ventilação de temperatura que o
NEMA MG 1-1.03. (tabela 1) O sistema de ventilação é responsá- isolamento usado no
vel pela refrigeração do motor. Os mo- bobinado do motor pode
Classes de isolamento tores IP55 (fechados) são geralmente
A norma NBR 7034 estabelece clas- fornecidos com um sistema denomina- suportar sem que sua
ses de isolamento, que dependem do do totalmente fechado com ventilação vida útil seja afetada.
tipo de material utilizado e dos sistemas externa, identificado pela sigla TFVE.
de isolamento empregados. Para cada Nos motores abertos, com grau de pro- Flange
classe é estabelecido um limite de tem- teção IP21, o sistema de ventilação é Os flanges são utilizados em situações
peratura que o isolamento usado no denominado interno. Nele, o ar circula nas quais o acoplamento do motor é fei-
bobinado do motor pode suportar sem livremente pelo motor, proporcionan- to diretamente na máquina. Os mais uti-
que sua vida útil seja afetada. As princi- do a ventilação interna. lizados são os tipos FF, FC e FC-DIN.

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Tabela 1
bibliografia WEG - Catálogos técnicos

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mecânica artigo

Cavitação em
bombas centrífugas

Por Sérgio Loeser


Engenheiro mecânico pela POLI-USP e mestre em ciências pelo IPEN-USP, trabalha há mais de 17 anos com
bombas centrífugas e desde 2007 é Gerente de Engenharia – Suporte técnico na Sulzer Brasil

Q
uando aquecemos um líquido sob pressão constante e curva de vapor
sua temperatura aproxima-se da temperatura de vapori-
zação, ocorre a formação de bolhas. Trata-se do início da
vaporização. Um exemplo caseiro disso é o aquecimento
da água no fogão doméstico. No litoral fluminense, por
exemplo, a vaporização ocorre quando submetemos um líquido à pres-
são absoluta de 1bar (760 mmHg) e temperatura de 100°C. Já no pla-
nalto paulista, onde pressão absoluta é menor, a pressão de vaporização
da água é de 0,92 bar e sua temperatura de vaporização é igual a 97°C.
Ao invertemos a condição das propriedades do fluido, ou seja, man-
termos a temperatura constante e diminuirmos a pressão, quando esta cada fluido tem sua curva de vapor
se aproxima da pressão de vapor, também ocorre a formação de bolhas.
Trata-se da cavitação.
É importante conhecer a curva de vapor do fluido bombeado. A cavi-
tação pode ocorrer ou desaparecer conforme a variação da temperatura
ou da pressão absoluta do fluido no bocal de sucção da bomba centrí-
fuga. A pressão de vapor é expressa como pressão absoluta do fluido,
portanto, na análise da pressão do fluido no bocal de sucção da bomba,
devemos considerar também a pressão atmosférica, sendo que esta varia
de acordo com a altitude em relação ao nível do mar.
Essas são as razões que levam uma bomba centrífuga operando no do fluido com as pás do impelidor ou devido a re-
litoral fluminense sem cavitação a apresentar problemas relacionados circulações e vórtices quando a vazão do fluido é
à cavitação ao ser transferida para o planalto paulista, ou mesmo uma menor ou maior que os limites de vazão de cada
bomba que não cavitava com água, cavitar ao bombear álcool, operando bomba centrífuga. Ainda há uma terceira causa
sob a mesma pressão absoluta de sucção e temperatura, uma vez que a para a formação de bolhas, que podem ser geradas
pressão de vapor do álcool sob 78,3°C é maior que a da água. quando o fluido se separa de alguma parede hi-
A formação das bolhas pode ocorrer quando o fluido entra na bomba dráulica dentro da bomba, como por exemplo, da
pelo bocal de sucção devido às perdas de pressão causadas pelo choque pá de um difusor.

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Formação de bolhas na entrada das pás de
sucção de um impelidor de bomba centrífuga mento, mas é preciso ficar claro que o
desgaste do material do impelidor co-
meça antes da queda de pressão.
Esse desgaste não se deve à forma-
ção da bolha, mas sim à implosão desta
quando a pressão ao redor dela se eleva
em razão da própria ação de uma bom-
ba centrífuga, que gera o aumento de
pressão conforme o fluido passa por ela.
Em consequência dessa implosão
forma-se um micro jato com pressão
da ordem de milhares de bar. Os micro
jatos removem material das pás do im-
pelidor. O tipo de desgaste ocasionado
depende do material utilizado na fabri-
cação do mesmo.
O ferro fundido é pouco resistente
A cavitação acontece na maioria das ou queda de pressão. Mas quando ela ao desgaste provocado pela cavitação.
vezes na sucção da bomba, mas tam- atinge um certo comprimento inicia-se Por outro lado, os aços cromo marten-
bém pode ocorrer na descarga, que é o ruído e depois o desgaste do material. síticos possuem maior resistência ao
o caso da cavitação por separação. São, Ela começa então a exercer influência desgaste por erosão provocado pelos
portanto, três tipos de cavitação, ou me- sobre a operação da bomba, com a di- micro jatos da implosão das bolhas. An-
lhor, três os casos em que há formação minuição da altura manométrica até o tes de selecionar um material resistente
de bolhas em uma bomba centrífuga: colapso do bombeamento, desapare- ao desgaste, o procedimento correto é
• Nas superfícies das pás; cendo até o ruído e o desgaste. Muitas impedir a formação das bolhas com um
• Devido a vórtices e recirculações vezes a cavitação só é identificada devi- projeto de bombeio adequado e a cor-
em vazões inapropriadas; do aos problemas gerados no bombea- reta seleção da bomba centrífuga.
• Por descolamento ou separação das
paredes hidráulicas. Parâmetros dos efeitos da cavitação

O terceiro item precisa ser discutido


conforme cada aplicação. Por este mo-
tivo não será tratado neste artigo.

Influência das bolhas


sobre a operação da bomba
Qual é afinal o problema da formação
de bolhas no fluido bombeado? A res-
posta depende do tamanho da bolha.
Até um certo comprimento da bolha
nada se percebe sobre a existência de-
las, ou seja, não há ruído, nem desgaste

16 | engeworld | março 2013


Impelidor com desgaste devido à implosão de bolhas em suas pás

levando o impelidor a não durar mais


do que três meses até ser bastante ava-
riado e necessitar de uma troca.
O aumento de pressão Para evitar a cavitação deve-se ana-
ao redor da bolha e a lisar o que levou ao valor da pressão
absoluta de sucção no sistema de bom-
consequente implosão da beio e a seleção da bomba centrífuga
mesma ocorrem quando para a aplicação.
há uma grande perda da No que se refere ao sistema de bom-
beio, existe um importante meio de ava-
pressão absoluta liar o quão distante a pressão de sucção
está da pressão de vapor. Para que a di-
O aumento de pressão ao redor da ferença seja expressa de modo indepen-
bolha e a consequente implosão da dente da densidade da massa do fluido,
mesma ocorrem quando há uma gran- a diferença de pressão é dividida pelo
de perda da pressão absoluta fazendo peso específico do fluido. Tem-se assim
com que ela se aproxime da pressão um valor em unidades do comprimen-
de vapor. Pela própria ação das pás do to da altura manométrica, denominado
impelidor, a pressão do fluido começa NPSH (do inglês “Net Positive Suction
a aumentar até chegar à pressão de des- Head”) ou altura manométrica de suc-
carga, sendo suficiente para implodir a ção líquida que o fluido pode perder até
bolha, gerar o micro jato no metal e a chegar à cavitação, em tradução livre.
consequente erosão e desgaste do ma- Por se tratar de uma altura mano-
terial. Não se trata de algo imediato, métrica disponível que o fluido tem a
mas também não leva muito tempo perder, é uma prática usual acrescentar
para acontecer. um índice denominado disponível, ou
Existem casos nos quais a bomba tra- “d”, ficando: NPSHd. Na língua inglesa,
balha de modo constante em cavitação utiliza-se o índice “av” ou apenas a

engeworld | março 2013 | 17


Projeto hidráulico de sucção
letra “a” de “available” (“disponível” em
inglês), isto é, NPSHav ou NPSHa. O
valor de NPSH depende da temperatu-
ra de bombeio, pois a massa específica
e a pressão de vapor variam com a tem-
peratura. Além disso, deve-se sempre
considerar a menor pressão de sucção
que pode chegar à sucção da bomba, ou E1
seja, para o nível mínimo do reservató-
A1
rio e com as maiores perdas de pressão
ao longo da tubulação de sucção.
É preciso também analisar a correta D1
seleção da bomba centrífuga. Algumas D0
dimensões influenciam a diminuição
da perda de pressão: espessura das pás
(usualmente indicado como E1), dis-
tância entre as pás (A1) e diâmetros
mínimo e máximo da entrada do fluido
no impelidor (D1 e D0). Também é im-
portante o ângulo de inclinação da pá,
denominado β1.
Ocorrendo uma perda de energia na en-
trada do impelidor maior que o NPSHd ,
haverá cavitação, pois essa perda de energia
reduzirá a zero a folga entre a pressão abso-
luta de sucção e a pressão de vapor.
Pode-se assumir que quando a perda xima de NPSHd, já ocorrem as primei- de bolhas, NPSH0%, início de queda na
de pressão no impelidor for muito pró- ras bolhas. É algo difícil de identificar, altura manométrica e NPSH3%, quando
possível somente em um laboratório ocorre uma diminuição na altura mano-
de hidráulica. No início não há bolhas métrica de 3%, sendo esta a informação
em toda a região de entrada do impe- que todo fabricante de bomba dispo-
lidor, elas são pequenas e acontecem nibiliza nas curvas de desempenho da
Quando o NPSHd da de modo aleatório. Quando a perda de bomba, podendo ser identificada por
instalação de bombeio for pressão é um pouco maior, então, ocor- teste na bancada do fabricante.
igual a NPSH3% da curva re o ruído e depois o efeito na altura Quando o NPSHd da instalação de
manométrica. Nesse ponto, a bolha é bombeio for igual a NPSH3% da curva
de desempenho da bomba, tão grande que “atrapalha” o fluxo. de desempenho da bomba, ele será de-
ele será detectado por uma A queda da altura manométrica pode tectado por uma queda de 3% na altura
ser classificada como iminente, ou seja, manométrica da bomba. No caso de uma
queda de 3% na altura 0%, ou então 1%, ou 3%, ou total, tam- bomba com mais de um estágio, a queda
manométrica da bomba bém chamada plena. Tem-se então de 3% na altura manométrica é da altura
NPSHi (incipiente), início da formação do primeiro estágio. Este valor, NPSH3%,

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Curvas de desempenho da bomba

também é denominado NPSH requerido sequer a formação de bolhas.


(NPSHr). A sigla coincide com a usada Considerando que a altura do reser-
por alguns autores no idioma inglês, pois vatório de sucção é um fator muito im-
“requerido” em inglês também começa portante na definição do NPSHd, deve-
com a letra “r” (“required”). -se procurar uma solução ótima para
Na maioria dos fabricantes a curva de o aumento do NPSHd, o que envolve
perdas na sucção que provoca uma que- questões de espaço disponível e custo
da de 3% na altura é feita com base em de instalação. Quanto maior o NPSHd,
testes com água e em várias vazões, daí a melhor, ou seja, quanto maior o des-
curva ser em função da vazão. Quando o nível entre a altura do reservatório de
NPSHd for igual a NPSH3% haverá uma sucção e a linha de centro do bocal de
queda na altura manométrica da ordem sucção da bomba, melhor, mas, para au-
de 3%. Importa, portanto, que devemos mentar a margem de NPSH, temos que
ter uma diferença entre estes dois valores verificar com o fabricante o que pode
de NPSH. Essa diferença é o que chama- ser feito para selecionar uma bomba
mos de margem de NPSH. Quanto maior com menor NPSH3%.
a margem, melhor, pois mais longe se es- As perdas de energia são propor-
tará da queda de altura em um primeiro cionais ao quadrado da velocidade do
momento, e da possibilidade de haver fluido. Os métodos para diminuir o
desgaste do impelidor pela implosão das NPSH3% são, por exemplo, aumentar
bolhas. Em última instância, não haverá D1 ou diminuir D0, ou, ainda, dimi-

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nuir a quantidade de pás do impelidor, Região de conforto de operação
o que torna A1 maior. Essas ações au-
mentam a área de passagem e, portanto,
diminuem a velocidade do fluido. Ou-
tra maneira seria diminuir a espessura
das pás (E1) ou usar um impelidor de
fluxo duplo, que também diminui a
velocidade do fluido. De modo geral,
um impelidor de fluxo duplo tem um
NPSH3% igual a 70% do NPSH3% de
um impelidor de fluxo simples.
Fica a cargo do fabricante da bomba
fornecer recomendações para a mar-
gem de NPSH. Muitos autores esta-
belecem um valor mínimo de margem
de 0,5 m. Isso não significa que meio
metro de diferença entre NPSHd e
NPSH3% assegura a não ocorrência de
cavitação identificada pela queda de
3% na altura, muito menos a não ava-
ria por micro jatos consequentes das
implosões de bolhas. Para cada fluido
e cada tipo de hidráulica de impelidor
há uma margem diferente, mas nunca
menor que 0,5 m.

nais estabelecem como 80 a 110% do


Fator margem de NPSH BEP. A definição da margem de segu-
Nível de energia de sucção Fator – Margem de NPSH rança do NPSH também deve con-
Baixo 1,1 a 1,3 siderar o quanto a vazão de operação
está afastada desta região de conforto
Alto 1,3 a 2,0
de trabalho.
Muito alto 2,0 a 2,5 À esquerda do BEP as recirculações
ocorrem na região de entrada das pás,
BEP (“Best Efficiency Point”) é a si- do se afasta da vazão de ótima eficiên- no lado denominado baixa pressão, de
gla de vazão para o diâmetro máximo cia, a formação de bolhas começa a ser modo geral, o mais comum. À direita
do impelidor cuja eficiência é ótima, ou causada por vórtices e recirculações. do BEP está o lado de alta pressão. É
melhor, a vazão de maior eficiência. Em Preferencialmente a bomba deve por essa razão que a curva de NPSH3%
função desta vazão, ficam estabelecidas operar próxima da vazão de ótima efi- não pode ser estendida para fora das
as vazões mínimas e máximas de opera- ciência, BEP, ficando então definida vazões máximas e mínimas. A forma-
ção. A curva de NPSH3% é construída uma região de conforto, que muitos ção de bolhas é aumentada pelos vór-
dentro desses limites de vazões. Quan- autores e normas técnicas internacio- tices e recirculações.

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Vórtices e recirculações também de- Na aplicação de bombas em para- possível cavitação. No sistema de bom-
vem ser evitados quando proveem da lelo, quando uma das bombas para de beio devem ser instaladas instrumenta-
própria tubulação de sucção. Por isso, bombear, as bombas que continuam a ção e válvulas que identifiquem as novas
um trecho reto de sucção deve ser man- funcionar terão pela frente uma contra- condições de operação e corrijam a cur-
tido por um comprimento 5 a 7 vezes pressão menor e irão aumentar a vazão va do sistema de modo que as bombas
maior do que o diâmetro do bocal de de bombeio. O aumento de vazão pode voltem a trabalhar na região de conforto,
sucção. Deve haver uma redução ex- significar aumento de NPSH3% e uma evitando problemas de cavitação.
cêntrica neste bocal com o lado plano
no topo e ângulo de inclinação da or-
dem de 12° com a horizontal. Essa re- Referências bibliográficas
dução já faz parte do trecho reto, deven- [1] SULZER PUMPS. Centrifugal Pump Handbook. 3. ed. Oxford, UK:
do filtros e válvulas estarem fora deste Elsevier, 2010.
trecho. Curvas de raio longo devem
ser usadas e, quando as curvas fizerem [2] BLOCH, HEINZ P.; BUDRIS, ALLAN. R. Pump User’s Handbook Life
parte desse trecho “reto”, o fabricante Extension. 3.ed. Lilburn, GA-USA: The Fairmont Press, 2010.
deve ser consultado. No caso de bom-
[3] HYDRAULIC INSTITUTE STANDARD HIS 9.6.1 - Centrifugal and
bas verticais, a submergência mínima
Vertical Pumps – NPSH margin – 2012.
definida pelo fabricante da bomba deve
ser respeitada.

engeworld | março 2013 | 21


Tecnologia da informação

A evolução da automação dos


projetos de engenharia

Por Waldir Pimentel Junior


Líder da área de process power e marine da Sisgraph/Hexagon

22 | engeworld | março 2013


artigo

I
mpulsionado principalmente (Computer Aided Design), ou desenho to em escala.
pelos prazos cada vez mais cur- auxiliado pelo computador, e CAE Na década de 1990 vimos um gran-
tos de cada obra e pela grande (Computer Aided Engineering), ou de salto na área da Tecnologia da In-
concorrência dos provedores de engenharia auxiliada pelo computador. formação (antigamente chamada de
solução, o processo de automa- É importante notar que a terminologia Informática), que barateou os custos
ção de projetos, bem como de todos os CAD/CAE pode ser utilizada tanto do hardware. Houve então uma gran-
sistemas que nele podem ser utilizados, para sistemas que operam em duas di- de aceleração na evolução dos sistemas
é algo que evoluiu e continua evoluindo mensões – 2D (eixos X e Y) ou três – computacionais como um todo, não
a passos largos. A cada ano vemos novas 3D (eixos X, Y e Z). sendo diferente com os sistemas de
soluções que visam a atender não só a automação de projetos. No final dos
crescente demanda dos contratantes no anos 90 houve também a proliferação
que tange prazo para um empreendi- de vários sistemas que permitiram o ge-
mento estar concluído, mas a crescente renciamento de forma eletrônica da do-
cobrança da garantia da qualidade e da Percebe-se desde a cumentação (também chamados pela
segurança de cada projeto. sigla GED). Eles ajudaram, e muito, a
Para iniciar esta viagem voltaremos
metade da década gerenciar toda a informação criada pe-
40 anos no tempo. Naquela época, o de- passada, além da los sistemas de automação de projetos,
senvolvimento de um projeto era feito diminuindo consideravelmente a quan-
manualmente em pranchetas chamadas
grande evolução dos tidade de papel criado e contribuindo
de pranchas de desenho, demandando sistemas de automação na eficácia do trâmite dos documentos
um grande esforço manual na criação entre todos os envolvidos.
de desenhos, listas, relatórios e elabora-
de projetos, uma Houve ainda um aumento muito sig-
ção de cálculos. Era uma época em que consolidação do uso nificativo na adoção de sistemas CAD
havia muita mão de obra envolvida que pelas empresas. No Brasil, no entanto,
demandava grande tempo para a elabo-
deles em larga escala os anos 90 não foram tão positivos para
ração do projeto, acarretando, obvia- os sistemas de automação de projetos
mente, em custos elevados para efetuar O grande problema da utilização devido à grande ausência deles, prin-
o empreendimento. desses sistemas naquela época era que cipalmente no seguimento industrial
No começo da década de 1980, um eles demandavam muito do hardware (muitos projetos ainda eram feitos no
marco inicial na forma como fazemos (principalmente os sistemas de ma- exterior), o que levou as empresas de
hoje os projetos de engenharia foi cria- quete-eletrônica em 3D), o que fazia engenharia a baratearem seus custos
do. Embora alguns sistemas de automa- deles soluções caras, restringindo sua para sobreviver.
ção de projetos já tivessem sido desen- utilização a poucas empresas. Por isso, De certa forma, essa necessidade de
volvidos nos anos 70, principalmente muitas companhias ainda elaboravam sobrevivência levou essas empresas a se
para a elaboração de maquetes eletrôni- o projeto da mesma forma como eram preocuparem mais com sua reorganiza-
cas em 3D e cálculos balísticos, os quais elaborados na década anterior. Devido ção para a realização de seus projetos,
foram muitas vezes impulsionados por à pouca utilização dos sistemas com- e os sistemas de automação vieram ao
projetos para a NASA ou para a guerra putadorizados, caso alguma empresa encontro dessa necessidade, abrindo de
fria, foi no início de 1980 que começa- necessitasse elaborar uma maquete, vez as portas para a utilização deles na
ram a surgir os primeiros sistemas co- a mesma era feita da forma artesanal, década que estava por vir.
merciais que hoje chamamos de CAD construindo um modelo real do proje- Com a chegada do século XXI,

engeworld | março 2013 | 23


Houve também uma grande evolu- grandes etapas:
ção e, por consequência, maior utili- 1. Prancheta: tudo era feito “à mão”.
zação dos sistemas CAE, voltados aos 2. Prancheta eletrônica: o usuário
Vários contratantes cálculos de engenharia como os de fle- fazia seu trabalho diretamente no com-
xibilidade de tubulações, simulações putador. Já havia grande vantagem para
buscam empresas de processos, cálculos de estruturas edição de desenhos, porém, não havia
do mundo todo para metálicas, concreto, vasos, tanques, muita inteligência atrelada ao processo.
válvulas etc. 3. Prancheta eletrônica e banco de
elaborar seus projetos, Desde então se observa uma grande dados: o sistema já possuía alguma in-
todas trabalhando no preocupação na integração de todas es- teligência, o que permitia extrair dele
sas tecnologias. Estamos na era dos sis- listas, desenhos e detectar interferências
mesmo ambiente (o que temas “datacêntricos”, em que os dados entre os objetos.
hoje em dia chamamos que serão convertidos em informação 4. Sistema “datacêntrico” (data-
estão no centro de tudo. Este conceito -centric): todo o sistema é controlado
de workshare) recebe o nome de BIM (Building Infor- pelo banco de dados. Não há mais um
mation Modeling), que, embora tenha arquivo gráfico, mas uma interpretação
sido conceituado nos anos de 1970, gráfica dos dados que estão no banco.
continuamos observando a evolução passou por uma evolução prática ape- O sistema é inteligente a ponto de saber
tecnológica que, a cada ano, duplica nas na última década. quais são os objetos que estão conecta-
a velocidade de processamento dos Para uma melhor análise, podería- dos e quais são as consequências caso
computadores. Vemos ainda o barate- mos colocar a evolução dos sistemas algo mude. Todas as ferramentas são in-
amento do hardware devido às novas de automação de projetos em quatro tegradas e trocam informações para
tecnologias construtivas de componen-
tes eletrônicos e, no caso do Brasil, um
aumento da demanda de projetos inter-
nos. Todos esses fatores contribuíram
para que, não só as empresas de enge-
nharia, mas seus clientes buscassem sis-
temas automatizados para a elaboração
dos empreendimentos.
Percebe-se desde a metade da déca-
da passada, além da grande evolução
dos sistemas de automação de proje-
tos, uma consolidação do uso deles em
larga escala. Esse uso não se limitou
apenas aos sistemas de modelagem de
maquetes eletrônicas, mas se expandiu
para a utilização dos sistemas de enge-
nharia em si, como, por exemplo, os de
elaboração de fluxogramas inteligen-
tes, diagramas, listas, gerenciamento
de materiais etc.

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engeworld | março 2013 | 25
Graças à evolução das
técnicas construtivas
de hardware e
seu consequente
barateamento, temos,
cada vez mais, sistemas
interativos (como a
realidade virtual) e de
utilização intuitiva
a elaboração do projeto.
Tendo visto a história, as duas gran-
des vantagens do uso dos sistemas de
automação de projetos são:
1. Relação prazo/custo: antigamente
as empesas faziam tudo no papel, o que
consumia muita mão de obra e tempo. alguns exemplos do que pode ser feito efetuar o seu trabalho dentro do prazo
Não eram incomuns projetos com du- atualmente. A garantia da qualidade se necessário e com a qualidade requerida.
ração de três a cinco anos. Hoje, esse dá graças aos sistemas que permitem o Evoluímos a ponto de estarmos co-
prazo é suficiente para o start-up de envolvimento de todos aqueles que tra- meçando um novo conceito, o de pro-
uma planta industrial. Graças à inter- balham em um projeto, para que todas duct lifecycle management (PLM), ou
net, há agora a possibilidade de todos as alternativas possam ser estudadas e gerenciamento do ciclo de vida do pro-
os envolvidos trabalharem de forma discutidas. Diminuir custos e prazos é duto, em tradução livre, no qual toda a
integrada. Vários contratantes buscam extremamente importante nos dias de cadeia produtiva (e não apenas parte
empresas do mundo todo para elabo- hoje, uma vez que a concorrência para dela) está sistematicamente interliga-
rar seus projetos, todas trabalhando no uma empresa que está fazendo uma da. É a total integração entre processos,
mesmo ambiente (o que hoje em dia obra é grande e atrasos podem ser pro- pessoas e sistemas.
chamamos de workshare). Com isso, os blemáticos para a cadeia produtiva. Além das tecnologias CAD/CAE
projetos conseguem ser entregues em em 2D e 3D, hoje, temos o que cha-
prazos cada vez menores e com a meta- Por fim, o futuro mamos de 4D, que é a integração dos
de da mão de obra que seria necessária Graças à evolução das técnicas cons- sistemas com o cronograma executivo.
para fazer o mesmo projeto há 15 anos. trutivas de hardware e seu consequente O 5D, além de integrar o cronogra-
2. Qualidade: verificações de interfe- barateamento, temos, cada vez mais, ma, integra também o custo. Há ain-
rências, listas automatizadas, verificação sistemas interativos (como a realida- da desenvolvedores introduzindo o
da informação contida nos objetos, na- de virtual) e de utilização intuitiva. As conceito de 6D, que tem a inserção de
vegação interativa, interação com obje- interfaces estão mais simples e rápidas, informações relacionadas à operação e
tos já existentes e que foram escaneados fazendo com que o usuário encontre à manutenção. Diante disso, nos per-
a laser/3D (também conhecidos como nos sistemas de automação de proje- guntamos: aonde iremos parar? Certa-
nuvem de pontos). Estes são apenas tos a ferramenta que ele necessita para mente, não por aqui.

26 | engeworld | março 2013


CABOS DE POTÊNCIA

O dimensionamento demanda
rigor em sua elaboração
Por Fábio José Braz da Silva
Engenheiro formado pela Universidade Paulista e técnico em eletrotécnica formado pela
Escola Técnica Estadual “Getúlio Vargas”. Atua como lider de projeto elétrico na Poyry
Tecnologia em São Paulo.

O
objetivo deste artigo é
relembrar os conceitos
elementares do dimen-
sionamento de cabos que
os softwares e as plani-
lhas nos fizeram esquecer nesses últimos
anos. Ao utilizar esses recursos para faci-
litar nosso dia a dia, nosso cérebro subs-
tituiu o conhecimento pela facilidade.
Essa é uma das grandes desvantagens da
tecnologia. Tentaremos recuperar esses
conceitos da maneira mais prática e sim-
ples possível.
Existem cinco critérios para o dimen-
sionamento de cabos de potência:
seção mínima;
ampacidade (capacidade de condu-
ção de corrente);
queda de tensão admissível;
proteção contra sobrecargas;
proteção contra curto circuito.
Na prática, reduzimos os métodos ci- Ampacidade para consulta.
tados acima a somente três: Esse critério não envolve o desenvolvi- Basicamente, a norma informa qual é
ampacidade; mento de nenhum conceito, basta seguir a capacidade de condução de cada seção
queda de tensão admissível; a “receita de bolo” dada pela NBR 5410. e as restrições conforme as condições da
proteção contra curto circuito. Não pretendemos transcrever o conte- instalação. Seu objetivo é o mesmo do
Se esses três métodos forem atendi- údo da norma, nosso objetivo é apenas dimensionamento do cabo: evitar que o
dos, todos os demais serão atendidos relembrar conceitos, portanto, cada pro- cabo opere com sobreaquecimento. Na
naturalmente. jetista deve ter um exemplar da norma prática, um cabo de potência em opera-

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ção não poderia aquecer a ponto de não tores de correção para temperatura am- máxima, mas não necessariamente a se-
poder ser tocado. biente e as tabelas de 41 a 45 os fatores ção geométrica de 10 mm². Isso significa
Antes de executar o cálculo é preciso para agrupamento. O fator de agrupa- que se um fabricante utilizasse um mate-
definir o tipo de cabo a ser utilizado e mento exige atenção especial, pois ele rial tão puro que pudesse atingir a mesma
sua classe de tensão e isolação. Isso por- depende da maneira de instalar e sua impedância com seção transversal menor,
que sua temperatura máxima de opera- indicação pode ser observada em cada ele poderia afirmar que seu cabo era de
ção depende dessas informações. Um tabela. A tabela 41 define uma correção 10 mm². Então, “10 mm²” passou a ser, na
cabo isolado com PVC pode operar no para a capacidade de condução para ca- prática, o nome dado ao cabo, pois equi-
máximo a 70°C, e um cabo isolado com bos enterrados. Esse é um caso bem par- vale de fato à sua impedância.
EPR pode operar no máximo a 90°C. ticular, já que no solo brasileiro temos Os fabricantes passaram a tentar ser
Essas informações estão indicadas nos uma boa média de umidade. competitivos dessa maneira, garantin-
cabeçalhos das tabelas de capacidade A capacidade de condução é definida do a impedância máxima e reduzindo
de condução. para uma seção transversal de condutor, a quantidade de material, de modo que
Embora a norma defina esses limites mas se os fabricantes utilizarem cobre um cabo apontado como 10 mm² pode
de temperatura não é razoável projetar com graus diferentes de pureza, um cabo ter uma seção geométrica inferior.
o cabo para operar perto desses valores. teria capacidade para conduzir mais ou Enfim, o resultado do dimensiona-
Em geral a temperatura prevista deve ser menos corrente para uma mesma seção mento de cabo pelo método da Am-
entre 40°C e 50°C, não mais do que isso. transversal. Era exatamente isso o que pacidade é a capacidade de condução
O primeiro passo é definir a “manei- acontecia no passado. indicada nas tabelas de 36 a 39, cor-
ra de instalar”, conforme a tabela 33 da rigida por fatores de correção. Vamos
norma. A expressão “maneira de instalar” dar um exemplo:
era utilizada na antiga ABNT NB-3, que
Circuito um:
foi substituída pela primeira edição da Observe que a Potência = 65kVA, 3ph,
ABNT NBR 5410 em 1997, e que hoje
traz a expressão “Tipos de linhas elétrica”,
capacidade de Comprimento (L) = 100m
Tensão Nominal = 440V
mas foi mantida pelo mercado. condução varia Fator de Potência (FP) = 0,85
Nas tabelas de 36 a 39 da norma
encontramos as capacidades de con- conforme Corrente de curto circuito simétri-
ca trifásica (Icc3ph) = 50 kA
dução de corrente, em ampéres, para a capacidade
os métodos referenciados na tabela 33. Circuito instalado em bandeja:
Observe que a capacidade de condução de ventilação maneira de instalar E ou F
1 - O primeiro passo é calcular a
varia conforme a capacidade de ventila- da instalação. corrente nominal:
ção da instalação. Um cabo de 2,5 mm²
tripolar, por exemplo, tem capacidade Para tornarem seu produto mais com-
para conduzir 18 A quando embutido petitivo alguns fabricantes misturavam
em alvenaria, mas pode conduzir 25 A, ao cobre outros metais mais baratos.
quando instalado em bandeja. Por essa Quando o cabo era submetido à corren-
razão, é importante dar a devida aten- te indicada pela norma para uma dada
ção a esse aspecto. seção transversal, ele aquecia muito mais 2 - Na sequência é definida a “ma-
A seleção do cabo pela capacidade de do que deveria. Então, a ABNT definiu neira de instalar”. Neste caso, o cir-
condução não se limita simplesmente uma impedância máxima para cada se- cuito é instalado em bandeja, segun-
a coletar o valor na tabela. Outras res- ção transversal. do a maneira de instalar E ou F.
trições precisam ser observadas, como Por exemplo, para um cabo de 10 mm² 3 - O fator de agrupamento é então
temperatura ambiente e agrupamento ser considerado um cabo de 10 mm² ele determinado. O circuito será insta-
de circuitos. A tabela 40 fornece os fa- deveria ter uma determinada impedância lado em camada única na bandeja

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junto a outros oito circuitos. Quando tores dos itens três e quatro temos: 1 - “V” será o valor da queda de
um circuito tem mais de um cabo Cabo 25 mm²: tensão que desejamos calcular. A
por fase, os cabos em paralelo são Capacidade de condução = 127 * NBR-5140 estabelece o limite de 7%
considerados como circuitos. A tabe- 0,78 * 0,91 = 90,14 A de queda nos terminais da carga,
la 42, linha cinco, define o fator 0,78 O cabo 25 mm² tem capacidade em regime permanente. Podendo
para as condições desse circuito. maior que a da corrente nominal do ser dividido em 2% no circuito ali-
4 - É estabelecido o fator de tem- circuito (In = 85,29 A) e, portanto, mentador, e 5% no circuito terminal.
peratura. Por definição, a ampacida- atende ao critério de ampacidade. No nosso exemplo, a tensão nominal
de é definida para uma temperatura é 440 V, vamos desenvolver como
ambiente de 30°C. Se o ambiente de sendo um circuito terminal. Assim
projeto tem temperatura ambiente Queda de tensão admissível 5% representa V = 22 V.
de 40°C, é necessário fazer uma cor- Esse critério é o mais interessante do 2 - “R”, que na lei de Ohm é resis-
reção. A tabela 40 define fator 0,91 ponto de vista conceitual, pois envolve o tência, será substituído pela im-
para corrigir a temperatura de 30°C desenvolvimento da “Lei de Ohm”, sim, pedância do cabo, pois o cabo tem
para 40°C. o simples: V = R*I. componente reativa, sendo a impe-
5 - Determina-se a ampacidade No ensino médio aprendemos a cal- dância uma somatória vetorial: R +
utilizando a tabela 39 para cabos cular a queda de tensão em um resistor X. A impedância do cabo é definida
isolados com EPR/90°C, cabos tripo- utilizando essa lei. Na prática, aquele por quilometro de cabo, portanto,
lares, de modo que faremos uso da resistor pode ser um cabo, que é uma para obter a impedância real do
coluna E com três condutores car- impedância em série no circuito, entre cabo temos que multiplicar a impe-
regados (E3). Um cabo 25 mm², por a impedância do sistema elétrico e a dância pelo comprimento. Então, o
exemplo, tem capacidade de 127 A. impedância da carga. Adequando a lei “R” da lei Ohm será substituído por
6 - É feita então a correção da ca- de Ohm aos elementos que temos no R = (Rcosφ + Xsenφ) * L
pacidade de condução. Corrigindo a dimensionamento de cabos teremos as
capacidade de condução com os fa- seguintes condições: Devemos acrescentar os compo-
nentes do ângulo “φ” em função da
aplicação de tensão alternada. No
caso de tensão contínua, esses com-
ponentes não entram na equação.
3 - Finalmente, o “I” da equação
é a corrente de linha do circuito.
Portanto,
I =In * √3
A lei de Ohm aplicada a nossa ne-
cessidade, substituindo os termos
conforme acima fica:
V =[(Rcosφ + Xsenφ)*L]* In * √3

em que,
•V = queda de tensão admissível
•R = resistência do condutor em
Ohm/km
•X = reatância do condutor em
Ohm/km

30 | engeworld | março 2013


Choveu
•P = potência aparente (VA) Com esse resultado verificamos que
muito?
•L= comprimento do circuito (em km). o cabo selecionado também atende ao
critério de queda de tensão admissível,
Atrasou a
conclusão
A resistência e a impedância do con- pois quando limitado a 5% de queda, o
dutor são valores definidos pela norma circuito pode ter comprimento máximo
IEC 60288, mas os fabricantes também
as informam em seus catálogos.
A equação só tem duas variáveis que
de 186,75 m. Nosso circuito tem 100 m,
portanto, o cabo de 25 mm² atende ao cri- da obra?
tério de queda de tensão.
podem sofrer modificação: o compri-
mento do circuito e a queda de tensão;
as demais são fixas. Portanto, temos duas Quantifique os
alternativas para utilizar a equação. A pri- interferentes
meira é fixar a queda de tensão no valor Queda de tensão
meteorológicos
conhecido e verificar qual é o compri- admissível, esse
mento máximo que o circuito pode ter.
critério e o mais com estações
A segunda é colocar o comprimento do
circuito e verificar qual a queda resultan- interessante do meteorológicas
te. Vamos optar pela primeira alternativa
ponto de vista automáticas.
para continuar nosso exemplo:
22 =[(0,87*0,85 + 0,11*sen31,78)* conceitual, pois envolve Monitore e registre
L ]* 85,29 * √3
o desenvolvimento da as ocorrências de
L = 186,75m
φ = 31,78° “Lei de Ohm” raios no seu canteiro
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Quando a aplicação de um circuito comprimento utilizado na equação é – PVC = 160°C / EPR = 250°C;
é um motor, a condição mais severa é o dobro do comprimento do circui- • ß: coeficiente de temperatura
a partida, nesse caso, o cabo deve ser to, pois deve se considerar o lance de da resistência do condutor (°C) –
dimensionado para queda de tensão na cabo que vai e o lance que retorna. cobre: 234,5 / alumínio: 228;
partida. O método é exatamente o mes- • K: constante dependente do mate-
mo, no entanto, a corrente considerada proteção contra rial condutor. Para cobre K=115.679,
é a corrente de partida, que é obtida para alumínio K = 48.686.
curto circuito
pelo produto da corrente nominal pelo
Uma boa prática é dimensionar o Uma maneira simples de verificar
“Ip/In” do motor informado pelo fabri-
cabo pelos dois métodos anteriores e o dimensionamento do cabo por esse
cante. O fator de potência será o fator
verificar qual é a condição no critério método é checar qual o tempo máxi-
de potência na partida, FP = 0,3 (valor
de curto circuito. Esse critério será aten- mo que o cabo selecionado pelos mé-
recomendado pela NBR 5410).
dido se a integral de Joule (I²t) do con- todos anteriores resiste à condição de
Quando o circuito em questão é
dutor tiver valor maior do que a ener- curto circuito e, então, comparamos o
monofásico ou de tensão contínua, o
gia dissipada durante o evento da falta resultado com o tempo de atuação.
elétrica. Naturalmente, essa energia de- Prosseguindo o nosso exemplo, temos:
pende da magnitude do curto circuito Cabo 25 mm², EPR, condutor de
e do tempo de duração da falta. A IEC cobre. Vejamos qual é o tempo máxi-
Quando a aplicação 60949 estabelece a seguinte equação: mo que o cabo suporta um curto cir-
(I/S)^2*t=K*logφ[(t2+ß)/ (t1+ß)] cuito de 10 kA:
de um circuito é um
motor, a condição Em que t=(115.679*logφ[(250+234)/
• I: corrente de curto circuito (A); (90+234)])/(10.000/25)
mais severa é a • S: seção transversal do condutor
partida, nesse caso, (mm²); O tempo máximo suportado pelo
• t: tempo de duração da falta cabo para uma falta de 10 kA é 0,126
o cabo deve ser (segundos); segundo (126 milissegundos ou 7,9
ciclos). Esse tempo é aceitável para um
dimensionado para • t1: temperatura máxima admissível
disjuntor de caixa moldada. Portanto,
para regime normal de operação (°C)
queda de tensão – PVC= 70°C / EPR=90°C; o cabo de 25 mm² atende ao critério
• t2: temperatura máxima admissí- de curto circuito.
na partida. vel no evento de curto circuito (°C) É muito importante observar a cor-

32 | engeworld | março 2013


rente de curto circuito considerada, que pois o cabo será submetido a corrente Quem quiser conhecer mais profun-
deve ser a corrente calculada para o fi- de curto circuito no seu comprimento. damente os fundamentos dos méto-
nal do circuito, não a corrente na fonte, dos de determinação das capacidades
de condução, de determinação dos fa-
Considerações finais tores de agrupamento, de correção de
Há outros métodos de cálculo para temperatura, da influência da geome-
queda de tensão e curto circuito. Apre- tria da instalação e tantas outras con-
Vale à pena gastar sentamos aqui apenas uma das maneiras dições que atuam sobre a capacidade
um pouco mais de realizá-los, e que é aplicável à grande de condução deve consultar a norma
maioria dos casos encontrados na in- NBR 11301, já que os fatores indica-
de tempo para dústria, porém, há casos específicos, nos dos na NBR 5410 derivam do desen-
definir os fatores quais é preciso um estudo mais rigoroso volvimento de seu conteúdo.
e uma avaliação mais cuidadosa. A elaboração de um critério de pro-
de agrupamento, Em geral, deve-se dar muita aten- jeto com o rigor que o documento me-
correção de ção aos dados de entrada. Eles são os rece, pode evitar muitas dores de cabe-
grandes “vilões” dos cabos mal dimen- ça, e é tão importante quanto fazer os
temperatura, sionados. Vale à pena gastar um pouco cálculos corretamente. Tenha sempre
comprimento do mais de tempo para definir os fatores em mente que operar o cálculo é sim-
de agrupamento, correção de tempe- ples, o problema são os números que
circuito etc. ratura, comprimento do circuito etc. serão colocados nas equações.

Lidamos com os fluídos do seu processo, do


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engeworld | março 2013 | 33
coluna segurança

A importância do gerenciamento
de riscos em projetos

A
o se iniciar um projeto é ral nº 6496/1997 e pela Resolução nº realizar o levantamento dos riscos envol-
fundamental realizar um 425/1998 do CONFEA (Conselho Fe- vidos e das ações necessárias para tornar
gerenciamento de riscos deral de Engenharia e Agronomia). Tal o local seguro.
a fim de identificar e ava- documento funciona como instrumen- Este foi um caso divulgado na mídia,
liar criteriosamente to- to de fiscalização do exercício profissio- porém, diariamente nos deparamos com
dos os perigos inerentes a ele, além dos nal e dá garantias legais sobre laudos e situações inadequadas, nas quais as insta-
custos envolvidos, visando influenciar pareceres técnicos emitidos. lações não possuem o mínimo de segu-
positivamente as decisões estratégicas rança, mas que continuam em funciona-
para que elas estejam de acordo com o mento sem nenhum tipo de fiscalização.
conceito de prevenção. Se todos os responsáveis atuassem de
Para que esse tipo de gerenciamento forma correta, seguindo os preceitos do
seja eficaz, sua etapa de realização deve O gerenciamento de gerenciamento de riscos na fase de pro-
ser considerada prioritária. Assim, é riscos consiste em formar jeto, antecipando todas as possibilidades
possível maximizar seu tempo de desen- de riscos inerentes, certamente teríamos
volvimento e a implementação de ações equipes multifuncionais menos custos envolvidos em adequações
para a eliminação e/ou minimização de nas quais a participação de empreendimentos e uma redução sig-
riscos em um projeto. nificativa na ocorrência dos acidentes.
O gerenciamento de riscos consiste de um Engenheiro de
em formar equipes multifuncionais nas Segurança do Trabalho é
quais a participação de um Engenheiro
de Segurança do Trabalho é importan- importantíssima
tíssima, pois somente este profissional
está habilitado e capacitado para emitir Em situações nas quais projetos já im-
pareceres técnicos sobre as ameaças exis- plementados não contemplaram o geren-
tentes e garantir que a implementação ciamento de riscos inicialmente, ele deve
do projeto não prejudique, de forma al- ser revisado pelo Engenheiro de Seguran-
guma, a integridade física do trabalhador ça do Trabalho para que as devidas corre-
e/ou dos usuários do local e, também, ções sejam executadas imediatamente.
para que as empresas tenham segurança Recentemente fomos surpreendidos
Com 10 anos de experiência como engenheira
em suas instalações. com notícias de um incêndio em uma de segurança do trabalho, em empresas de grande
Outra necessidade é a emissão da boate em Santa Maria (RS). Infelizmen- porte, Daniela Atienza Guimarães é diretora adjunta
te, podemos citar a ocorrência como um da APAEST (Associação Paulista de Engenheiros
Anotação da Responsabilidade Técni- de Segurança do Trabalho) e docente do curso
ca – ART, do engenheiro responsável. exemplo da falta de um Engenheiro de de Engenharia de Segurança do Trabalho da FEI
Essa emissão é exigida pela Lei Fede- Segurança do Trabalho responsável por (Faculdade de Engenharia Industrial).

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engeworld | março 2013 | 35
instrumentação artigo

Tecnologia de ponta para


detecção de gases
Por Thiago Moreno Gomes
Coordenador Operacional da Divisão Detecção de Gases da Zell Ambiental

Atualmente, os detecto- mercado consolidado, que oferece diver-


res disponíveis no mercado sas opções em modelos, marcas e forne-
possuem atributos técnicos cedores, os consumidores de detectores
equivalentes e, mesmo quan- de gases há tempos compartilham uma
do marcas diferentes são con- mesma dificuldade: realizar de forma efi-
frontadas, são encontradas caz a gestão de sua frota de detectores.
similaridades entre elas.
Os detectores comer- As dificuldades em
cializados no Brasil em sua manter frotas próprias de
totalidade são importados. detectores
Fabricantes europeus e ame- Os problemas ligados aos detectores de
ricanos disputam a liderança gases incluem:
de vendas ao redor do mundo. • parada súbita dos sensores;
Seus equipamentos dominam • recarregamento de baterias, testes
a oferta no mercado nacional. e calibrações que causam atrasos na

D
Distribuidores e revende- disponibilidade para uso;
os mais simples aos mais dores de detectores de gases atuam em • cilindros de calibração que podem
complexos Sistemas camadas da indústria identificadas pelo esvaziar sem aviso prévio;
Instrumentados de Se- nível de risco que a aplicação oferece com • tempo de espera inconsistente ao
gurança, o universo da categorias de produtos dedicados, cujos remeter o equipamento para manu-
detecção de gases tem requisitos técnicos de desempenho po- tenção;
acompanhado as tendências tecnológicas dem ou não ser mandatórios, formatando • perdas de registros de manutenção e
de instrumentação analítica e automação a especificação do equipamento que aten- certificados de calibração;
industrial, criando um novo conceito de derá a tais condições. • requisições de compra não previstas
mercado: detectores de gases fornecidos A detecção de gases tornou-se um para aquisição de sobressalentes e
por concessão de uso. grande negócio, pois a exigência em siste- peças de reposição;
Há anos os fabricantes de detectores de mas instrumentados de segurança cresce • quantidade de aquisição super-
gases buscam suprir a necessidade de seus diariamente e novos nichos de mercado e dimensionada, suprindo possíveis
clientes desenvolvendo produtos que sa- clientes potenciais se formam, aumentan- baixas na frota.
tisfaçam aos mais exigentes padrões cons- do a demanda.
trutivos e certificações de desempenho. Mesmo tendo à sua disposição um Decidir qual o modelo ou marca de

36 | engeworld | março 2013


Os detectores de
gases exercem
papel fundamental
na prevenção
de acidentes
em ambientes
ocupacionais.

detector comprar é uma tarefa relativa-


mente fácil. Ser dono deles é a parte di-
fícil, ou, pelo menos, era. A indústria de
um modo geral busca constantemente o
melhor aproveitamento da produtividade,
cuja prioridade é aplicar recursos e capital
humano ao seu negócio, minimizando as tectores de gases não estão previstas no Recursos inovadores de instrumenta-
perdas e custos indesejáveis. plano de investimento das empresas. A ção e automação industrial permitem que,
Os setores industriais com grande apli- detecção de gases não faz parte do negó- além de economicamente mais atrativo, a
cabilidade de detectores de gases são: cio das indústrias, mantê-la em funciona- detecção de gases por concessão de uso
produção de petróleo e gás – instala- mento não deve ser papel do cliente, e sim eleve ao máximo o nível de segurança e
ções offshore; da empresa especialista no assunto. integridade das atividades realizadas em
companhias de distribuição de Os detectores de gases exercem papel áreas de risco.
energia; fundamental na prevenção de acidentes Esse sistema se baseia nas três regras
refinarias; em ambientes ocupacionais. Quando re- fundamentais da detecção de gases:
petroquímicas e indústrias químicas; querido, o equipamento deve estar dispo-
companhias de tratamento de água e nível para o usuário e em condições segu- Teste
saneamento; ras de operação. Não pode haver dúvida A única maneira de saber se o
siderúrgicas; sobre a conformidade do equipamento, detector de gases está respondendo
mineradoras; pois uma medição falsa pode causar um adequadamente à condição de perigo
indústrias de alimentos, bebidas e acidente fatal, com risco de morte e preju- é expondo-o a uma concentração
frigoríficos; ízos irreparáveis. conhecida daqueles gases (mistura
prestadores de serviços (terceiri- Profissionais de SMS devem se dedicar padrão). Isso comprova que os senso-
zados presentes em empresas dos às necessidades inerentes à sua função, ou res correspondentes e alarmes estão
setores acima). seja, garantir que as atividades desenvol- funcionando corretamente.
vidas no site ocorram de forma segura,
As despesas com a manutenção de de- aplicando as normas regulamentadoras Calibração
de segurança relacionadas. Temperatura, exposição a gases,

engeworld | março 2013 | 37


registro de dados. A análise periódica (Cloud Computing). Uma plataforma
desses dados deve ser usada para prever computacional acessa a “nuvem” e ana-
os problemas antes que eles ocorram. lisa os diagnósticos enviados. Cálculos
Todo o investimento A detecção de gases como
probabilísticos permitem antecipar
falhas em potencial na frota de equipa-
na implantação serviço mentos. Ao identificar uma falha em
Uma estrutura simples de hardware, potencial, o cliente é imediatamente
do sistema é chamada de estação de acoplamento notificado e o detector que oferece
previamente (Docking Station) é instalada no clien- risco de falha é substituído por outro
em tempo hábil, sem comprometer a
te, que necessita apenas de um ponto de
definido, o cliente rede para comunicação via internet e uma disponibilidade de uso da frota. A to-
mada de decisão se volta à prevenção
não se depara com tomada convencional de energia elétrica.
Essas estações dedicadas realizam au- de riscos aparentes.
custos indesejados tomaticamente os testes, calibrações, re- Além das tecnologias de trans-
missão, armazenamento de dados e
carga de bateria e registros de dados dos
componentes eletrônicos do equipamen- diagnósticos de tomadas de decisão
umidade e vida útil afetam os sensores. to. Basta acoplar o detector à estação ao envolvendo o sistema, há também
Para manter a precisão e confiabili- final do dia ou da atividade e ela se encar- uma equipe de profissionais que mo-
dade, os usuários precisam calibrar regará do resto. nitoram continuamente esse ciclo de
periodicamente os detectores. Todas as informações são trans- informações. Os relatórios são dis-
mitidas pela internet, pela conexão ponibilizados com todo histórico de
Análise dos dados do ponto de rede. Esses dados são eventos do comportamento de sua
Utilizar equipamentos que possuam armazenados nas chamadas “nuvens” frota. Nenhuma informação é per-

38 | engeworld | março 2013


dida, pois tudo fica armazenado na A concessão de uso da frota de de-
nuvem. A frota de equipamentos é tectores de gases é fornecida ao clien-
monitorada à distância pelo software te sob medida, de acordo com a sua
de gerenciamento. demanda e o perfil de sua aplicação. A única maneira
Todo o investimento na implan-
Análise de dados pode tação do sistema é previamente de- de saber se o
salvar vidas finido, o cliente não se depara com detector de gases
custos indesejados, que estão fora de
O acesso aos registros de dados re-
lacionados a eventos de alarme permi- seu planejamento. A flexibilidade de está respondendo
tem conhecer: negociação dos contratos oferecem adequadamente à
períodos maiores de vigência, permi-
níveis de concentração aos quais
tindo mais conforto na amortização
condição de perigo
sua equipe tem sido exposta;
frequência com que esses eventos do investimento. é expondo-o a
ocorrem e sob quais circunstâncias; A frota pode ser redimensionada a uma concentração
áreas que necessitam de medida qualquer momento, aumentando ou
corretiva para minimizar a presença reduzindo o número de detectores conhecida daqueles
indesejada de gases. conforme a necessidade do cliente. gases (mistura padrão)

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cana. Com muito esforço, ele fundou a

Liderança hoje .
Ford Motor Company e aplicou a mon-
tagem em série para produzir automó-
veis em massa em menos tempo e a cus-
Se você é líder ou tos menores. Ele chegou a registrar mais
de 161 patentes e seu principal lema era

deseja se tornar
justamente sobre a liderança de seus
empregados. Ford acreditava no poder
da influência positiva sobre as pessoas
um, reflita! e uma de suas frases inesquecíveis é: “As
duas coisas mais importantes não apa-

H
recem no balanço de uma empresa: sua
reputação e seus homens”.
á muito tempo se dis- trabalho se torne algo sacrificante, mas Sempre existiu uma preocupação ex-
cute o papel do líder sim motivador e desafiador. pressiva com o tema Gestão e para aque-
nas organizações, ou Na história da sociedade, encon- les que almejam sucesso como líderes,
seja, como deve ser o tramos diversos personagens que, de com mudanças acontecendo sob uma
perfil daquela pessoa acordo com as conquistas realizadas, velocidade absurda, a tecnologia cada vez
que realiza a gestão de equipe focando representaram maravilhosamente bem mais evoluída e a informação chegando
metas e resultados. As grandes corpo- figuras de liderança, e que são até hoje de todos os lados, surgiro algumas dicas:
rações procuram formar profissionais

1
desde o início de suas carreiras, prepa- Procure identificar onde você
rando-os para o futuro com o intuito está e aonde quer chegar. Analise
de torná-los gestores. o ambiente de forma crítica,
Normalmente esses projetos são co- entenda as dificuldades e os obstáculos;
nhecidos como “Programas de Trainee”, Procure identificar procure os melhores recursos para
mas não são realizados obrigatoriamen-
te dessa forma. Existem empresas que
onde você está e superá-los e, por fim, proponha uma
meta possível, mas desafiadora, que
procuram aperfeiçoar competências ge- aonde quer chegar. envolva toda a sua equipe;

2
renciais encontradas em alguns analistas
com potencial para se tornarem líderes
Analise o ambiente de Construa uma boa rede de
relacionamento. Participe de bons
por meio de práticas de treinamentos e forma crítica, entenda congressos, feiras, eventos volta-
trabalhos de mentoring e coaching, fo-
cando o desenvolvimento de habilida- as dificuldades e os dos à liderança ou ao segmento em que
você atua, e procure manter contato com
des gerenciais. obstáculos pessoas que possam ajudar você no futuro;
Podemos localizar nas literaturas aca-

3
dêmica e empresarial uma série de ar- Seja um parceiro de sua equipe.
tigos que falam sobre o assunto, sejam usados como referências em palestras, Escute as ideias de seus liderados e
eles redigidos de modo superficial ou treinamentos ou livros. saiba reconhecer aquelas que real-
aprofundado. No entanto, quase todos Eu gostaria de citar um que acredito mente podem ser implantadas, mostre que
convergem basicamente para um ponto: que representou muito bem esse papel: você confia nas pessoas e busque se colocar
o líder deve saber fazer seus subordina- Henry Ford. Este engenheiro conseguiu na posição de facilitador do processo, pro-
dos chegarem ao resultado sem que o atingir um marco na sociedade ameri- pondo caminhos mais curtos e tranquilos;

40 | engeworld | março 2013


4
Seja autêntico e não prometa o
que não poderá cumprir. Fale
sempre a verdade! Assuma
riscos e coloque os outros em perigo Lide bem com as
desde que tudo seja muito bem
calculado e planejado. Acorde com
pessoas de todas as
sua equipe somente o que você terá gerações, pois serão as
condições de entregar, como bônus
salariais, promoções, premiações e
ideias dos jovens que
outras estratégias de incentivo; predominarão no futuro

5
Desenvolva pessoas para serem

7
melhores do que você. Não seja
Lide bem com as pessoas de
inseguro! Os seus liderados
todas as gerações, pois serão as
precisam entregar o trabalho que você
ideias dos jovens que predomi-
prometeu ser cumprido nas reuniões
narão no futuro;

8
gerenciais, portanto, eles precisam de
você para desenvolver suas melhores Saiba lidar com a pressão e ter
competências. Promova reuniões de calma. Em situações de grande
equipe, discuta assuntos da área com estresse, você deve controlar o
todos, incluindo os estagiários, utili- ambiente com serenidade e tranquilidade.
zando técnicas como brainstorming, e Assustar a equipe e colocar medo somente
proponha formação técnica e compor- afastará as pessoas e ocasionará uma série
tamental sempre que necessário; de erros decorrentes do aumento da an-

6
siedade. Procure conversar com a equipe
Corra atrás do seu autodesen-
sobre o problema, traga a situação real, mas
volvimento. Identifique cursos
saiba expor os prós e contras.
ou treinamentos que podem
Enfim, eu poderia citar mais uns 20
melhorar sua performance como ges-
aspectos, porém creio serem estes os de
tor, procure conhecer muito sobre sua
maior relevância. Boa sorte na sua tarefa
área de atuação para ser um exemplo
como líder pois em momento algum eu
para a equipe;
disse que seria fácil.

Cynthia Chazin Morgensztern é psicóloga e


coach graduada pela Universidade Mackenzie, além
de pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas
e com MBA em Gestão Educacional. Possui dois tí-
tulos de educação continuada na Faculdade Getúlio
Vargas nas áreas de administração e economia e acu-
mula 15 anos de experiência na área de Recursos
Humanos de empresas nacionais e multinacionais.
Site: www.primeirovoce.com
E-mail: cynthia@primeirovoce.com

engeworld | março 2013 | 41


coluna qualidade

Planejamento é tudo, mas a


variação …

E
stou escrevendo este artigo to indesejado da variação, não só daquela comuns, inerentes a qualquer processo, e
inspirado em um evento que se mostra excepcional, como a que que fazem com que os resultados obtidos
que ocorreu recentemente me fez perder o vôo, mas também daquela variem em torno da média de forma está-
comigo. Após mais de trin- que é inerente a qualquer processo. vel ao longo do tempo.
ta anos de trabalho e cons- Considere a simples expressão abaixo, Já as causas especiais de variação resi-
tantes viagens, pela primeira vez, perdi o que relaciona os resultados que planeja- dem fora do sistema ou processo e atuam
horário de um vôo. mos e aqueles que obtemos: em momentos ou condições específicas,
No último mês de dezembro, assim mas sozinhas, são capazes de alterar signi-
como nos 14 meses anteriores, eu tinha Resultado obtido = Resultado ficativamente os resultados.
um compromisso marcado com um im- planejado ± Variação Saber distinguir entre esses dois tipos
portante cliente no Rio de Janeiro, que está Quando afirmamos que “a qualidade de causas é importante porque a forma de
cuidando da expansão de um shopping de um processo pode ser medida por sua tratá-las é totalmente diferente.
perto da Barra da Tijuca. capacidade de obter os resultados planeja-
Como sempre, deixei tudo preparado dos”, fica fácil percebermos que:
no dia anterior à viagem: taxi agendado, Quanto maior a variação, que significa
check-in feito pela internet, cartão de em- menor conhecimento e controle, maior a
barque impresso, mala pronta e material distância entre o que planejamos e o que o problema principal da
de trabalho separado. Enfim, tudo estava obtemos, ou seja, menor a qualidade;
organizado como sempre. Se quisermos obter qualidade, deve- gestão e da liderança é
Passado o momento de raiva e frustra-
ção, parei para pensar no que tinha dado
mos ser capazes de lidar com a variação. a falha na compreensão
Lidar com a variação significa conhe-
errado. Como vocês devem imaginar, o cer e interpretar seus padrões, de forma da informação contida
trânsito da capital paulista – muito acima
dos padrões para o horário –, foi o respon-
a prever seus efeitos sobre os resultados na variação e não fazer
planejados e, se possível, controlar e/ou
sável pelo atraso. eliminar seus impactos. distinção entre um
Apesar de todo o planejamento e cui-
dado, uma variação excepcional nas con-
De acordo com William Edwards De- sistema estável e um
ming, “o problema principal da gestão e da
dições do trânsito, levou tudo a perder. liderança é a falha na compreensão da in- sistema instável
No nosso dia a dia de trabalho é também formação contida na variação e não fazer
a variação que, muitas vezes, nos impede distinção entre um sistema estável e um A melhoria dos processos por meio
de realizar aquilo que pretendemos. sistema instável”. da remoção ou controle de causas co-
Quando estabelecemos métodos e Segundo seus ensinamentos, um pro- muns é responsabilidade gerencial, pois
controles para atingir os resultados plane- cesso estável é aquele cuja variação ob- exige “transformação” ou mudanças
jados, devemos sempre considerar o efei- servada é proveniente somente de causas profundas no processo, levando-o a

42 | engeworld | março 2013


tável, devem ser investigadas o quanto an-
tes, o mais próximo possível do momento
e do local em que ocorrem, envolvendo
aqueles que são diretamente afetados por
Passado o momento elas. Sua precisa identificação e o conhe-
de raiva e frustração, cimento dos seus efeitos trazem novo
conhecimento sobre o processo, razão bá-
parei para pensar sica da diferença entre os resultados que
no que tinha dado planejamos e os que obtemos.
O uso desses conceitos em conjunto
errado com indicadores adequadamente escolhi- Engenheiro mecânico formado pela Escola
dos pode trazer resultados surpreenden- de Engenharia Mauá, Sérgio Roberto Ribeiro
uma condição na qual a causa comum tes na gestão dos processos organizacio- de Souza tem 28 anos de experiência no
não mais impacta seus resultados. O nais, introduzindo uma nova linguagem desenvolvimento de projetos para Gestão
poder para tal transformação, com cer- entre líderes e liderados, permitindo o Empresarial, possui Certificação Bkack Belt
pela ASQ (American Society for Quality) e é
teza, reside no nível gerencial. desenvolvimento progressivo do conhe-
sócio-diretor da Quality Way Consultoria.
Já as causas epeciais, por seu carater no- cimento sobre o nosso trabalho.

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Porque toda vida tem um propósito...
MECÂNICA Disciplinas de
um projeto

Definição dos aspectos


técnicos dos equipamentos
A partir do fluxograma gerado pela engenharia de processo, no
qual está relacionado tudo aquilo que vai compor um projeto, os
profissionais da mecânica definem as características que cada um
dos equipamentos tem de apresentar.

A
o menos teoricamente, das pela equipe de processo, e com e fabricados no futuro atendendo às
a atividade dos enge- uma lista de equipamentos em mãos, solicitações de sua funcionalidade.
nheiros mecânicos é a mecânica gera as folhas de dados. Esses novos documentos estão resu-
iniciada logo após o Nelas, são descritas todas as informa- midos a seguir:
fluxograma de processo ções relativas aos equipamentos que
ter sido gerado pela disciplina de pro- deverão entrar em operação com a im- critério de projeto de mecânica;
cesso, estabelecendo as características plantação da planta. “Há diferenças na requisição de materiais;
mecânicas que os equipamentos tem atuação das empresas de engenharia. especificações técnicas;
de apresentar. Ela também se certifica A folha de dados pode ser gerada pelo memoriais descritivos;
de que, uma vez manufaturados, esses departamento de processo ou pelo parecer técnico.
equipamentos irão apresentar todos os departamento de mecânica. Como “Existe ainda um documento que
parâmetros solicitados e cumprir com ela tem informações mistas de proces- chamamos de desenho de arranjo geral
sua função. Mas muitas vezes a enge- so e mecânica, há divergências sobre do equipamento estático, desenvolvido
nharia mecânica atua em conjunto quem começa a fazê-la. Muitas vezes especialmente pela equipe de caldeira-
com outras áreas, como a engenharia a mecânica gera uma folha de dados ria”, atenta Burri, e explica: “A mecânica
civil, elétrica e instrumentação. “A dis- preliminar, manda para processo, que gera esse desenho para que o pessoal
ciplina de mecânica recebe os docu- a preenche com suas informações, e a de instalação possa ‘enxergar’ e inserir
mentos com as características de pro- mecânica complementa com os dados no modelo 3D da planta esse tipo de
cesso e define os demais parâmetros mecânicos do equipamento, tais como equipamento”. Segundo o engenheiro
que serão necessários para a constru- o tipo de material a ser utilizado, con- esse tipo de modelamento tem ganha-
ção dos equipamentos, dentro do seu dições de projeto etc., gerando a folha do espaço nas empresas de engenharia
âmbito de atuação”, explica MSc Car- de dados”, esclarece Burri. porque atenua retrabalhos e elimina
los Roberto Burri, engenheiro mecâni- Assim, cabe ao engenheiro mecâ- interferências que podem ocorrer na
co na Promon Engenharia e professor nico gerar uma série de novos do- implantação de uma indústria.
no Centro Universitário da FEI e na cumentos, que serão essenciais para Os documentos gerados pela mecâ-
Universidade São Judas Tadeu. que os equipamentos de uma instala- nica preveem ainda as normas que o fa-
A partir das informações forneci- ção possam ser orçados, comprados bricante deve atender, as especificações

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do cliente e as especificações de enge- Desafios
nharia. Uma vez finalizada a folha de Para Carlos Burri há dois problemas
dados, o próximo documento a ser pro- cruciais a serem enfrentados constante-
duzido pela equipe de mecânica é a re- mente pelas equipes de mecânica: pra- Há diferenças na
quisição técnica ou de material, a partir
da qual a construção dos equipamentos
zos e custos. Isso porque no decorrer atuação das empresas
de toda a atividade de uma empresa de
poderá ser orçada junto aos fornecedo- engenharia são realizadas as análises de de engenharia. A
res. Tetsuo Matsuoka, engenheiro me- viabilidade dos projetos. E para serem
cânico da Odebrecht, responsável pela viáveis ou atenderem a prazos, muitas
folha de dados pode
interface entre a engenharia e a constru- vezes, é preciso recorrer a alternativas ser gerada pelo
ção e montagem de plantas, esclarece a técnicas que nem sempre são consi-
importância de oferecer ao fornecedor deradas ideais pelas equipes: “De uma
departamento de
a maior quantidade e qualidade de da- forma ou de outra, sempre haverá uma processo ou pelo
dos, para reduzir, ao máximo, possíveis solução, ela pode não ser a melhor”, diz
erros de cotação. o engenheiro. departamento de
São então realizadas as análises téc- Tetsuo Matsuoka avalia que cada eta- mecânica.
nicas das propostas de tudo o que foi pa do projeto deveria ter seu tempo de
orçado. Aqui, a equipe de mecânica maturação, mas a necessidade de cum- to. “Hoje, o trabalho dos engenheiros é
verifica se os fabricantes atendem a to- prir prazos cada vez mais estreitos vem feito em equipe. De certa forma, todos
dos os requisitos, solicita aos fornece- fazendo com que equipes de diferentes correm juntos para cruzar a linha de
dores a proposta técnica consolidada e disciplinas se debrucem quase que si- chegada, quando, na verdade, deveria
emite seu parecer técnico. multaneamente sobre o mesmo proje- ser uma entrega de bastão”, diz.
É com base nesse parecer técnico
que os equipamentos podem ser com-
prados pela equipe de suprimentos.
A proposta técnica consolidada deve
conter informações como dimen-
sões gerais e peso do equipamento, a
mecânica antecipa fornecimento de
informações para civil e para iniciar
o layout da planta. O proponente
vencedor também gera documentos,
que incluem desenhos de detalhes de
fabricação e documentos de garantia
da qualidade, e tudo isso tem de ser
verificado e certificado pela mecânica,
que precisa analisar se os equipamen-
tos estão sendo fabricados de acordo
com os dados solicitados. Essa análise
tende a ser longa, podendo tomar até
50% do tempo da equipe de engenhei-
ros mecânicos destinado ao projeto.

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entrevista

Embarques e desembarques
de plataformas

A
pesar de não ser de bombas de transferência As atividades executadas
um trabalhador de petróleo. Em fases de im- em plataformas exigem con-
offshore, o técni- plantação de novos produtos, finamento e a constante expo-
co especialista da quando os embarques tendem sição a ambientes perigosos.
divisão de Selos a ser mais intensos, Cassemiro Atualmente a maioria das pla-
Mecânicos da Flowserve, José chega a realizar três a quatro taformas se situa na Bacia de
Erminio Cassemiro, também embarques em períodos de três Campos, a cerca de 120 a 140
conhecido como Juca, é inca- meses. O regime de dias em- quilômetros da costa norte do
paz de contar nos dedos das barcados por dias de folga para estado do Rio de Janeiro. Os em-
mãos quantos embarques em trabalhadores em plataformas barques para lá são realizados
plataformas ele já realizou ao é de 14 x 21, ou seja, o profis- por helicópteros que partem de
longo de seus 36 anos de atua- sional permanece um período Macaé e do Farol de São Tomé,
ção. Hoje, aos 64 anos de idade, de 14 dias embarcado na plata- em Campo de Goytacazes, e es-
ele continua ativo, dando su- forma e após o embarque goza ses deslocamentos tendem a
porte à instalação e assistência de período de 21 dias de folga. durar 45 minutos.

Engeworld – Quais os re- É preciso comparecer no aeropor-


quisitos para poder realizar to uma hora antes do horário previsto
embarques em plataformas? para o voo. Há listas espalhadas no salão
Antes de tudo é preciso fazer o curso de embarque com o nome das pessoas Atualmente a maioria das
de salvatagem. Ele visa à prevenção de que vão embarcar, da plataforma e da
plataformas se situa na
acidentes e fornece noções básicas de companhia responsável pelo transbor-
segurança em plataformas, como o que do. Durante o check in são pesadas as Bacia de Campos, a cerca
fazer em caso de acidentes e ao prestar malas e também os passageiros. Ao se- de 120 a 140 quilômetros
primeiros socorros. O curso tem dura- rem chamados para o voo, os passagei-
ção de aproximadamente cinco dias e é ros recebem um briefing no qual é apre-
da costa norte do estado do
válido por cinco anos. É preciso obter sentado o tipo de aeronave usada e os Rio de Janeiro
ainda um cadastro no SISPLAT, que equipamentos de emergência, incluin-
contém todos os seus dados. do os flutuadores e as balsas salva-vidas, lete laranja, e na chegada da aeronave
Engeworld – Como é a rotina de para o caso de um pouso na água. Para recebemos protetores auriculares e
embarque e desembarque? poder embarcar é preciso usar um co- um colete salva-vidas, que só pode ser

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inflado em caso de pouso na água após que corremos em caso de alarme de
o abandono da aeronave. Na chegada emergência. O objetivo desses pon-
da plataforma somos recebidos pelo tos é fazer com que não corram todos
pessoal de segurança da plataforma, para um único local numa emergência.
que passam informações de segurança E cada grupo tem o seu ponto de en-
e meio-ambiente. Na primeira visita a contro e sua baleeira.
uma plataforma, é preciso preencher Em caso de alarme, é preciso colocar
uma nova ficha com informações pes- seus EPI’s (equipamentos de proteção
soais e contatos para o caso de acidente. individual), pegar um colete salva-vi-
Na chegada, também recebemos das, se dirigir ao seu ponto de encontro
um cartão T, que deve ser colocado e pegar o seu cartão T no escaninho.
em um escaninho num local que cha- Nesse ponto de encontro existe uma
mamos de ‘ponto de encontro’. Cada equipe treinada para dar orientação
grupo, formado por 40 ou 50 pessoas, no caso de abandono da plataforma.
tem um ponto de encontro e é para lá Quando todos vão para os pon-

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tos de encontro, a equipe de segurança balho se torna demorado porque as porque o desembarque de equipamen-
consegue saber quantos funcionários equipes têm de trabalhar com normas tos é muito demorado. De qualquer
não compareceram e dar baixa neles de segurança. Trabalhos com soldas, modo, nenhum trabalho é tão urgente e
em caso de acidente. por exemplo, dependem de um bom tão importante que não possa ser plane-
isolamento da área, mas hoje, a maio- jado e executado com segurança.
Engeworld – Como os serviços são ria dos trabalhos pode ser feito a bordo
executados nas plataformas? Engeworld – Como é o dia a dia
Para realizar qualquer trabalho é de um embarcado?
preciso ter uma autorização. Para obtê- A plataforma tem vida própria, nela
-la, é preciso solicitar junto à equipe de é tratada a água utilizada e ela tem al-
segurança uma permissão de trabalho A plataforma tem vida guns recursos internos, como a gera-
(PT). O responsável pela autorização ção de sua própria energia. Elas têm
analisa todos os graus de riscos envol-
própria, nela é tratada quadras de esportes, academia, sala
vendo o trabalho e o que pode ou não a água utilizada e ela de música, algumas têm piscina, sala
ser executado. É preciso seguir os pro- de jogos, sempre tem um passatempo
cedimentos e a disciplina operacional
tem alguns recursos porque o pessoal que trabalha ali vive
estabelecida. Há tolerância zero para internos, como a sob estresse. O sistema de alimentação
os desvios. na plataforma também costuma ser
Essa é uma das dificuldades do tra-
geração de sua bom e há sempre muita variedade de
balho em plataforma. Às vezes, o tra- própria energia pratos. Também são feitos churrascos

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e cultos religiosos. Os alojamentos são
coletivos e comportam em média qua-
tro pessoas por camarote. Existem os
camarotes de turno, que são os cama-
rotes do pessoal que trabalhou à noite
e nesses a gente procura fazer o menor
barulho possível. Ao chegar, somos
alojados em uma vaga disponível, mas
procuramos ficar nos camarotes cole-
tivos, junto das pessoas que trabalham
em turnos como os nossos.

Engeworld – Como funciona a co-


municação em uma plataforma?
Temos internet e telefones. As li-
gações para fora podem ser feitas a
cobrar em cabines telefônicas. O re-
cebimento de ligações externas é feito
por meio da sala de rádio. A pessoa
liga para a sala de rádio, a sala de rádio
anuncia a ligação e você pode atendê-
-la no camarote ou em pontos próxi-
mos de onde estiver. Os celulares não -lo dentro de um saco plástico verde, por exemplo. Às vezes há um foco de
funcionam em plataformas, mas como que é lacrado. Esse lacre só pode ser fogo, que é controlado, ou um vaza-
a maioria deles hoje têm câmeras foto- retirado no desembarque. mento de gás, que também é contro-
gráficas e não podemos fotografar nas lado, mas quando soa o alarme a gente
plataformas, antes de embarcar, é pre- Engeworld – Você já testemunhou fica na expectativa de desembarcar ou
ciso tirar a bateria do celular e colocá- algum grande acidente? não. Vamos para o ponto de encontro
Já fizemos alguns simulados, mas nun- ou para a baleeira até que haja um avi-
ca vi um grande acidente. Às vezes os so de que a situação foi controlada e
simulados são feitos no meio da noite, está normalizada. Esse tipo de situação
quando estamos dormindo, mas é para realmente causa certo estresse. Mas a
A pessoa liga para a testar se estamos atentos, outras vezes grande aventura mesmo é quando são
sala de rádio, a sala de são feitos enquanto estamos trabalhan- realizados os cursos de salvatagem.
do e é preciso abandonar o que se está Durante o curso é preciso fazer saltos
rádio anuncia a ligação fazendo para ir ao ponto de encontro. em altura, combater incêndios, apren-
e você pode atendê-la der técnicas de sobrevivência no mar,
Engeworld – Já viveu uma grande primeiros socorros, embarque e de-
no camarote ou em aventura? sembarque em baleeira e balsa salva-
pontos próximos de A aventura é sempre o susto que a -vidas, além de treinamento específico
gente leva de vez em quando, como para evacuação submersa com aerona-
onde estiver. quando soa o alarme de emergência, ve emborcada de cabeça para baixo.

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Conheça os diferentes
tipos de plataformas
infografia

Plataforma autoelevável
posicionada em lâminas d’água
entre 5 e 130 metros e frequente- Navio-sonda
mente usada em águas rasas (até tem capacidade para perfurar
90 metros); poços de até 6.000 m de profun-
composta por uma balsa de didade em lâmina d’água máxima
casco chato e largo (triangular ou de 1.500 m Plataforma fixa
retangular) e uma estrutura de possui uma torre de perfuração frequentemente usada em
apoio (três ou mais pernas) com posicionada no centro do navio, a campos localizados em lâmias
até 150 metros de comprimento qual desce até o fundo do mar por d’água de até 300 metros;
que se movimenta verticalmente; uma abertura no casco; composta por estruturas mo-
seu casco é mantido acima do posicionado por um sistema dulares de aço instaladas no
nível das ondas; dotado de sensores acústicos, local de operação sob jaquetas
o transporte até o local de propulsores e computadores, que fixadas por estacas cravadas
perfuração é feito por rebocadores anulam os efeitos de deslocamen- no fundo do mar;
ou por um sistema de propulsão to provocados por ventos, ondas e • não tem capacidade de
próprio. correntes marítimas. estocagem.

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Sistemas flutuantes de produção ou FPSO Plataforma de pernas
(Floating, Production, Storage and Offloading) atirantadas ou TLP (Tension
os modelos mais novos apresentam um formato circular, o que Leg Plataform)
garante ao navio maior estabilidade e menor custo, viabilizando usada para a exploração de reser-
seu uso em campos de baixa produção; vatórios situados a mais de 300
usa propulsores comandados por computadores e sistemas de metros de profundidade;
GPS para permanecer estacionário; possui estrutura flutuante ancora-
tem capacidade para processar e armazenar petróleo, e proporcio- da verticalmente, semelhante à da
nar a transferência dele e/ou de gás natural para navios aliviadores plataforma semissubmersível;
ou para a terra. ancorada por estruturas tubulares,
com os tendões fixados no fundo do
mar por estacas e que são mantidos
esticados pelo excesso de flutuação
Plataforma semissubmersível da plataforma;
são as mais usadas na perfuração de poços opera de modo similar às plata-
exploratórios; formas fixas devido à sua pouca
possui um ou mais conveses apoiados por movimentação.
colunas em flutuadores submersos;
sujeita a movimentações devido à ação de
ventos, ondas e correntes;
fixada por ancoragem ou por um sistema de
posicionamento dinâmico em que sensores
acústicos determinam a deriva e propulsores no
casco restauram sua posição;
pode ou não ter propulsão própria.

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Biodiesel

Conheça os tipos de biodiesel


No Brasil, existem mais de 50 tipos de insumos que podem ser
usados na produção do biodiesel. Conheça as diferentes origens
desse combustível.

O
biodiesel é um combustível renovável, produzido a partir de
fontes vegetais misturadas com etanol (proveniente da cana-
-de-açúcar) ou metanol (obtido a partir da biomassa de madei-
ras), totalmente limpo e orgânico.
As matérias-primas para a produção de biodiesel são: óleos
vegetais, gordura animal, óleos e gorduras residuais. Óleos vegetais e gordu-
ras são compostos basicamente de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos
graxos. As fontes mais utilizadas para sua obtenção são soja, dendê, mamona,
girassol e sebo bovino. Confira as características das fontes mais comuns:
Soja: responde por 90% de toda produ-
ção de biodiesel no Brasil. Tem óleo em
concentrações variáveis que, em geral, são
de 18% a 20%. Hoje, ela também pode ser
encontrada em oleaginosas, em concentra-
ções de até 25%. Cada hectare plantado é
capaz de produzir 600 kg de óleo de soja;

Sebo: está presente em grande quanti-


dade no Brasil, que é grande exportador de
carne. Apesar disso, devido à alta demanda,
seu preço tem aumentado muito.

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Dendê: o óleo não é viável por
seu alto preço, além de ser utilizado
em margarinas com zero de gordu-
ra trans para alimentação humana.
O refino do óleo dá origem a um
resíduo (8%), que é o ácido graxo,
e dele pode ser feito o biodiesel.
Um hectare produz 4,5 kg de óleo;

Mamona: sua produção no


Brasil é pequena e o processo de
obtenção do biodiesel a partir dela
é complexo quando comparado
ao da soja. O fruto contém cerca
de 50% de óleo, sendo que cada
hectare gera, no máximo, 700 kg
de subproduto;

Girassol: a oleaginosa tradi-


cionalmente tem de 35% a 40% de
óleo, mas há casos em que a pre-
sença da substância é de até 50%.
Cada hectare de girassol rende de
800 kg a 900 kg de óleo;

Embora algumas plantas nativas apre- ser usados como matéria-prima. Os


sentem bons resultados em laboratórios, óleos de frituras têm grande potencial
como o pequi, o buriti e a macaúba, sua de oferta. Algumas possíveis fontes dos
produção é extrativista e não há plantios óleos e gorduras residuais são lancho-
comerciais que permitam avaliar com netes e cozinhas industriais, indústrias
precisão as suas potencialidades. nas quais há a fritura de produtos ali-
Os óleos e gorduras residuais, resul- mentícios, os esgotos municipais, nos
tantes de processamento doméstico, quais a nata sobrenadante é rica em
comercial e industrial também podem matéria graxa e águas residuais de

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processos de indústrias alimentícias. grau de desmatamento de florestas para ção de energia renovável.
Historicamente, o uso direto de óleos ve- dar espaço para plantações de grãos, o que A Petrobrás possui a tecnologia para a
getais como combustível foi rapidamente diminuirá as reservas florestais do planeta. fabricação do biodiesel e o combustível
superado pelo uso de óleo diesel derivado O uso de grãos para a produção do orgânico já está sendo utilizado em alguns
de petróleo por fatores econômicos e téc- biodiesel também pode acarretar au- veículos em circulação no país. Acredita-
nicos. Naquela época, os aspectos ambien- mento do preço dos produtos derivados -se que esse combustível possa, aos pou-
tais, que hoje privilegiam os combustíveis desse tipo de matéria-prima. cos, substituir os combustíveis fósseis usa-
oriundos de fontes renováveis não eram dos no abastecimento de automóveis, o
considerados importantes. que será um grande avanço na busca pela
diminuição da poluição do ar.
Vantagens e desvantagens
Vantagens: Historicamente, o uso Fabricação
Trata-se de uma fonte de energia O processo químico de fabricação
renovável;
direto de óleos vegetais do combustível utilizado é conhecido
Sua queima gera baixos índices de como combustível foi como transesterificação, segundo o Ser-
poluição, não colaborando para o viço Brasileiro de Respostas Técnicas
rapidamente superado (SBRT), ligado ao Ministério da Ciên-
aquecimento global;
Gera emprego e renda no campo, pelo uso de óleo diesel cia e Tecnologia. Para obter o biodiesel,
os ésteres, presentes no óleo vegetal, são
diminuindo o êxodo rural; derivado de petróleo separados da glicerina. Os ésteres são a
Deixam as economias dos países
menos dependentes dos produtores por fatores econômicos base do biodiesel. Durante o processo, a
de petróleo; e técnicos. glicerina é substituída pelo álcool, prove-
Quando produzido em larga escala, niente do etanol. O resultado da reação
seu custo de produção pode ser mais química entre os ácidos graxos contidos
baixo que o dos derivados de petróleo. Biodiesel no Brasil em óleos vegetais e gorduras animais e
O Brasil tem em sua geografia gran- um álcool (que pode ser o etanol ou o
Desvantagens: des vantagens agrônomas por se situar metanol), é um éster etílico ou metílico.
Se o consumo mundial ocorrer em em uma região tropical, com altas taxas Quando usado como combustível, de-
larga escala, serão necessárias plantações de luminosidade e temperaturas médias nominamos tal produto de biodiesel.
em grandes áreas agrícolas. Em países anuais. Associada à disponibilidade hí- Esse processo foi patenteado pela pri-
que não fiscalizam adequadamente seus drica e regularidade de chuvas, torna-se meira vez em todo o mundo pelo cearense
recursos florestais, pode-se ter um alto o país com maior potencial para produ- Expedito Parente, ainda nos anos 1970.

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Instrumentos WIKA para
Medição de Pressão e Temperatura
Manômetros Selos Diafragma Termômetros

Expansão de gás e Bimetálicos

Poços de Proteção Pressostatos Termostatos

Diferencial

Compacto

Mini

Mini
Compacto
Modular

Suporte na especificação.
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