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FICHA TÉCNICA

Realização e promoção: Instituto de Direito Contemporâneo – IDC


Coordenação: Rafael Arruda Alvim Pinto e Felipe Augusto de Toledo Moreira
Conteúdo técnico: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Revisão técnica: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Professores convidados para o curso: Cristiane Druve, Evaristo Aragão Santos, José
Alexandre Manzano Oliani, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Maria Lúcia Lins
Conceição, Nelson Luiz Pinto, Osmar Paixão, Rita Vasconcelos, Rogerio Licastro
Torres de Mello e Teresa Arruda Alvim.

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SUMÁRIO DESTE MÓDULO

3. AGRAVO DE INSTRUMENTO
3.1. CONTEXTO NORMATIVO
3.2. FLUXOGRAMA
3.3. MODELOS
3.3.1. Agravo de instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre tutela provisória (cabe sustentação oral – NCPC, art. 937,
VIII)
3.3.2. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre mérito do processo (NCPC, arts. 354, parágrafo único e 356,
§ 5º e possibilidade de sustentação oral, assim como nos recursos
de apelação, ordinário, especial, extraordinário e embargos de
divergência)
3.3.3. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre rejeição da alegação de convenção de arbitragem
3.3.4. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre incidente de desconsideração da personalidade jurídica
3.3.5. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre gratuidade da justiça:
3.3.5.1. Rejeição do pedido de gratuidade da justiça
3.3.5.2. Acolhimento do pedido de revogação da gratuidade da
justiça concedida
3.3.6. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre exibição ou posse de documento ou coisa
3.3.7. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio
3.3.8. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre exclusão de litisconsorte
3.3.9. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros:

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3.3.9.1. Assistência
3.3.9.2. Denunciação da lide
3.3.9.3. Chamamento ao processo
3.3.9.4. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (já
tratado no item 3.3.4 – Mesma peça)
3.3.9.5. Amicus Curiae
3.3.10. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo
aos embargos à execução
3.3.11. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1.º
3.3.12. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre fase de liquidação de sentença
3.3.13. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre fase de cumprimento de sentença
3.3.14. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre processo de execução
3.3.15. Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que versa
sobre processo de inventário
3.4. OUTROS CASOS PREVISTOS EM LEI:
3.4.1. Agravo de Instrumento contra liminar em mandado de segurança

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3. AGRAVO DE INSTRUMENTO

3.1. Contexto normativo

NCPC Arts. 1.015 a 1.020


V. também: arts. 101; 354, parágrafo único; 356, §5º; 937, VIII; 941, §2º; 942, §3º, II;
946; 994, II; 1.009, §1º; 1.027, §1º; 1.037, §13, I.

ENUNCIADOS DA SÚMULA DO STF


Súmula 727: “Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal
Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso
extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados
especiais”.
Súmula 705: “Aplica-se a Súmula 288 quando não constarem do traslado do agravo
de instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade do
recurso extraordinário não admitido pela decisão agravada”.

ENUNCIADOS DA SÚMULA DO STJ


Súmula 315: “Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de
instrumento que não admite recurso especial”.
Súmula 118: “O agravo de instrumento é o recurso cabível da decisão que homologa
a atualização do cálculo da liquidação”.
Súmula 86: “Cabe recurso especial contra acordão proferido no julgamento de
agravo de instrumento”.

Enunciados do FPPC
Enunciado nº 29: “(art. 298, art. 1.015, I) É agravável o pronunciamento judicial que
postergar a análise do pedido de tutela provisória ou condicionar sua apreciação ao
pagamento de custas ou a qualquer outra exigência”. (Grupo: Tutela Antecipada;
redação revista no V FPPC-Vitória e no VII FPPC-São Paulo).
Enunciado nº 103: “(arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A
decisão parcial proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-
se a recurso de agravo de instrumento”. (Grupo: Sentença, Coisa Julgada e Ação
Rescisória; redação revista no III FPPC-Rio).

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Enunciado nº 154: “(art. 354, parágrafo único; art. 1.015, XIII70) É cabível agravo
de instrumento contra ato decisório que indefere parcialmente a petição inicial ou a
reconvenção”. (Grupo: Coisa Julgada, Ação Rescisória e Sentença; redação alterada
no VII FPPCSão Paulo).
Enunciado nº 177: “(arts. 550, § 5º e 1.015, inc. II) A decisão interlocutória que
julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar contas, por ser de mérito, é
recorrível por agravo de instrumento”. (Grupo: Procedimentos Especiais).
Enunciado nº 228: “(art. 1.042, § 4º) Fica superado o enunciado 639 da súmula do
STF após a entrada em vigor do CPC (‘Aplica-se a súmula 288 quando não
constarem do traslado do agravo de instrumento as cópias das peças necessárias à
verificação da tempestividade do recurso extraordinário não admitido pela decisão
agravada’)”. (Grupo: Recursos Extraordinários).
Enunciado nº 435: “(arts. 485, VII, 1015, III) Cabe agravo de instrumento contra a
decisão do juiz que, diante do reconhecimento de competência pelo juízo arbitral, se
recusar a extinguir o processo judicial sem resolução de mérito”. (Grupo:
Arbitragem).
Enunciado nº 557: “(art. 982, I; art. 1.037, § 13, I) O agravo de instrumento previsto
no art. 1.037, §13, I, também é cabível contra a decisão prevista no art. 982, inc. I”.
(Grupo: Recursos (menos os repetitivos) e reclamação).
Enunciado nº 560: “(art. 1.015, inc. I; arts. 22-24 da Lei Maria da Penha) As
decisões de que tratam os arts. 22, 23 e 24 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
quando enquadradas 70 nas hipóteses do inciso I, do art. 1.015, podem desafiar
agravo de instrumento”. (Grupo: Impacto nos Juizados e nos procedimentos especiais
da legislação extravagante).
Enunciado nº 592: “(arts. 932, V; 1.019) Aplica-se o inciso V do art. 932 ao agravo
de instrumento”. (Grupo: Ordem do processo nos tribunais e regimentos internos).
Enunciado nº 596: “(art. 937, VIII) Será assegurado às partes o direito de sustentar
oralmente no julgamento de agravo de instrumento que verse sobre tutela provisória e
que esteja pendente de julgamento por ocasião da entrada em vigor do CPC de 2015,
ainda que o recurso tenha sido interposto na vigência do CPC de 1973”.(Grupo:
Direito intertemporal).
Enunciado nº 612: “(arts. 1.015, V; 98, §§5º e 6º) Cabe agravo de instrumento contra
decisão interlocutória que, apreciando pedido de concessão integral da gratuidade da
Justiça, defere a redução percentual ou o parcelamento de despesas processuais”.
(Grupo: Recursos (menos os repetitivos) e reclamação).
Enunciado nº 663: “(art. 1.018, caput e §2º) A providência prevista no caput do art.
1.018 somente pode prejudicar o conhecimento do agravo de instrumento quando os
autos do recurso não forem eletrônicos”. (Grupo: Recursos (menos os repetitivos)).

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3.2. Fluxograma

AGRAVO DE INSTRUMENTO
(NCPC, art. 1.015 a 1.020)

Inadmissibilidade ou Desprovimento Admissibilidade


Monocrático

O relator poderá O relator poderá


inadmitir o negar provimento Admitido o recurso, o relator, no prazo de
recurso com base ao recurso cinco dias:
no art. 932, incisos monocraticamente i) poderá atribuir efeito suspensivo ao
III, do NCPC com base no art. recurso ou deferir, em antecipação de
932, inciso IV, do tutela, a pretensão recursal;
NCPC ii) ordenará a intimação do agravado para
que responda o recurso em 15 dias;
iii) determinará a intimação do Ministério
Público, quando for o caso.

Apresentação de resposta ao agravo de


instrumento

Solicitação pelo relator para inclusão na


pauta de julgamento em prazo não superior
a um mês da intimação do agravado (art.
1.020, NCPC)

Julgamento

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3.3. Modelos
3.3.1. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA
SOBRE TUTELA PROVISÓRIA (CABE SUSTENTAÇÃO ORAL – NCPC, ART. 937, VIII)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de obrigação de fazer, movida em face


de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso I e seguintes do Código de Processo Civil, vem a
presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi indeferido o pedido de concessão de
tutela provisória de urgência, o que faz pelas razões de fato e de direito expostas.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:
i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);
ii) Cópia da Contestação (Inexistente nos autos de origem e declarada pelo patrono
do Agravante conforme documento anexo);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (Inexistente nos autos de
origem e declarada pelo patrono do Agravante conforme documento anexo);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

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Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

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II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

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Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, a presente demanda está fundamentada em laudo médico


devidamente acostado aos autos que atesta que o Agravante sofre de doença grave e precisa
de tratamento médico específico, o qual foi reiteradamente negado pela Agravada
(conforme documentos anexos).

Diante disso, o Agravante requereu, na Petição Inicial, a concessão de tutela


provisória de urgência, com fundamento nos artigos 294 e 300, do Código de Processo
Civil, para que a Agravada fosse compelida a fornecer o devido tratamento médico ao
Agravante e, com isso, evitar a manutenção dos danos de difícil e impossível reparação já
causados.

A despeito de toda a documentação anexada aos autos e da argumentação esposada


pelo Agravante, o D. Juízo de primeiro grau, sem o costumeiro acerto, indeferiu o pedido de
concessão de tutela provisória de urgência nos seguintes termos:

Vistos. Ao analisar os documentos acostados pelo Autor e a argumentação contida na Exordial, indefiro,
pelo menos por ora, o pedido de concessão de tutela provisória de urgência, na medida em que não estão
presentes os requisitos legais do art. 300, do CPC, principalmente a probabilidade do direito alegado.
Tendo em vista a expressa discordância na realização de audiência de conciliação ou mediação
manifestada pelo Autor, cite-se o réu para que responda a demanda, sob pena de revelia.

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II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, da análise do arcabouço


probatório colacionado aos autos e dos fundamentos trazidos pelo Agravante em sua
Exordial é inegável a presença dos requisitos ensejadores da antecipação de tutela
provisória de urgência, conforme será demonstrado a seguir.
Em primeiro lugar, verifica-se a clara presença do requisito da probabilidade do
direito alegado pelo Agravante nestes autos, na medida em que instruiu a Exordial com
cópia de laudo médico atestando a necessidade iminente em receber tratamento específico
contra doença grave que lhe acomete (conforme documento anexo).

Soma-se a isso, ainda, o fato de as partes terem firmado contrato de prestação de


serviços médicos, em que a Agravante se comprometeu a cobrir todas as despesas para o
tratamento da doença que acomete o Agravante (documentos anexo). O centro da lide,
contudo, diz respeito ao tratamento médico indicado pelos laudos médicos ser distinto
daquele previsto em contrato, por ser uma intervenção médica mais eficaz e que causa
menos danos ao estado de saúde do Agravante.

Nesse sentido, diante da comprovação de necessidade de intervenções médicas


necessárias ao tratamento da doença grave do Agravante, a Agravada não poderá, por mera
conveniência, negar-lhe assistência médica. Esse, inclusive, é o entendimento do Colendo
Superior Tribunal de Justiça2, senão vejamos:

Seguro saúde. Cobertura. Câncer de pulmão. Tratamento com quimioterapia. Cláusula abusiva. 1. O
plano de saúde pode estabelecer quais doenças estão sendo cobertas, mas não que tipo de tratamento
está alcançado para a respectiva cura. Se a patologia está coberta, no caso, o câncer, é inviável vedar a
quimioterapia pelo simples fato de ser esta uma das alternativas possíveis para a cura da doença. A
abusividade da cláusula reside exatamente nesse preciso aspecto, qual seja, não pode o paciente, em
razão de cláusula limitativa, ser impedido de receber tratamento com o método mais moderno
disponível no momento em que instalada a doença coberta.2. Recurso especial conhecido e provido3–
Sublinhamos.

Por outro lado, o perigo de dano na recusa feita pela Agravada do tratamento
médico indicado no laudo acostado aos autos é evidente diante da possibilidade de
agravamento do quadro médico do Agravante caso o tratamento médico não seja iniciado
imediatamente.

2 Enunciado n. 314 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “As decisões judiciais devem respeitar os precedentes do
Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional, e do Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional federal.”.
3 Recurso Especial nº 668.216/SP, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julg.
em 15.03.2007, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

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Nesse sentido, em casos de necessário tratamento médico, atestado por médico
especialista, a concessão de tutela provisória de urgência é medida que se impõe, conforme
uníssona e sólida jurisprudência sobre o tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – PLANO DE SAÚDE – ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA –


LIBERAÇÃO DE CIRURGIA CITORREDUTORA E QUIMIOTERAPIA INTRAPERITONEAL
HIPERTÉRMICA – PROCEDIMENTO INDICADO PELOS MÉDICOS RESPONSÁVEIS PELO
TRATAMENTO DA AGRAVADA – ROL DA ANS – JURISPRUDÊNCIA QUE JÁ SE POSICIONOU
SOBRE O CARÁTER EXEMPLIFICATIVO – URGÊNCIA DO PROCEDIMENTO –
DECLARAÇÃO DADA PELOS PROFISSIONAIS MÉDICOS – PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO –
DESNECESSIDADE – EVENTUAL RESSARCIMENTO DAS DESPESAS RELATIVAS AO CUSTEIO DO
PROCEDIMENTO – PRESENÇA DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA ANTECIPAÇÃO DA
TUTELA – DECISÃO MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO4.

Demonstrado, portanto, a presença dos requisitos previstos no art. 300, do CPC,


ensejadores à antecipação de tutela provisória, impõe-se a concessão do requerimento de
urgência, conforme reiterada e pacífica orientação dos Tribunais pátrios:

Agravo de instrumento. Ação de obrigação de fazer. Plano de saúde. Decisão que deferiu a antecipação
de tutela. Inconformismo. Descabimento. Requisitos para concessão da tutela antecipada preenchidos.
Recusa indevida de internação e de tratamento emergencial. Decisão mantida. Agravo não provido5 –
Sublinhamos.

Ademais, D. Julgador, é preciso frisar que não há qualquer risco de


irreversibilidade6 da tutela provisória de urgência requerida pelo Agravante na origem,
podendo ser, caso necessário, facilmente revertida em perdas e danos.

Finalmente, ad argumentandum, registre-se que o Agravante enquadra-se na


hipótese prevista no art. 521, inciso II, do CPC7, tendo em vista não poder suportar eventual
depósito de caução sem prejuízo do sustento de sua própria família, motivo pelo qual,
inclusive, foi deferida a gratuidade da justiça em primeiro grau. Vejam-se, a seguir,
comentários da doutrina acerca da dispensa de caução, plenamente aplicáveis ao caso
vertente:

O inciso II [do art. 521] repete conceito do CPC/73 para permitir a dispensa de caução quando o credor
“demonstrar situação de necessidade”. Trata-se de conceito vago e (…) tem-se como razoável entender
que tal requisito (…) é análogo àquele que legitima o benefício da assistência judiciária gratuita (art.

4
Agravo de Instrumento nº1.527.687-2, 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, Rel. Des. Domingos José Perfetto, julg.
em 26.06.2016, disponível ne internet em <www.tjpr.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
Agravo de Instrumento nº 2092534-70.2016.8.26.0000, da 8ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de
São Paulo, Rel. Des. Pedro de Alcântra da Silva Leme Filho, julg. em 15.07.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>,
arquivo capturado em __.__.____.
6
Enunciado n. 419 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Não é absoluta a regra que proíbe tutela provisória com efeitos
irreversíveis.”.
7
Enunciado n. 498 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A possibilidade de dispensa de caução para a concessão de
tutela provisória de urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521.”

12
4º da Lei 1.060/50). Assim, fará jus à dispensa de caução, aquele que não está em condições de prestá-
la, sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família8 – Colchetes e destaques nossos.

III – Dos Requerimentos


Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na
pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, concedendo-se a antecipação de tutela de urgência
indevidamente indeferida pelo juízo de origem.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

8
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 951.

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ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

14
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

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3.3.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA
SOBRE MÉRITO DO PROCESSO (NCPC, ARTS. 354, PARÁGRAFO ÚNICO E 356, §5º E

POSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL, ASSIM COMO NOS RECURSOS DE APELAÇÃO,

ORDINÁRIO, ESPECIAL, EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de nulidade c/c indenização, movida


em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados,
com fundamento nos artigos 1.015, inciso II e seguintes do Código de Processo Civil, vem a
presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi julgada parcialmente improcedente a
demanda, rejeitando-se o pedido de reconhecimento de abusividade de cláusula contratual, e
determinando-se o prosseguimento do feito quanto ao pedido indenizatório.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

16
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

17
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em síntese, D. Julgador, a Agravante busca, por meio da ação originária, a


declaração de nulidade da cláusula 2.8 do compromisso de compra e venda firmado com a
Agravada, bem como condenação da Agravada ao pagamento de indenização de ordem
moral e material pelo atraso na entrega do empreendimento objeto do aludido contrato.

Frustrada a tentativa de conciliação realizada na audiência do art. 334, do CPC,


designada pelo D. Juízo de piso, a Agravada apresentou sua contestação, alegando, em
suma, a legalidade da cláusula impugnada, bem como a licitude no atraso da entrega da
obra, fundada na ocorrência imprevisíveis e alheios a sua vontade.

Após a apresentação de Réplica à Contestação da Agravada e a especificação de provas por


ambas as partes, o D. Juízo de piso entendeu por bem julgar parcialmente improcedente a
presente demanda, rejeitando-se o pedido de declaração de abusividade da cláusula 2.8, e
determinando o prosseguimento do feito para a dilação probatória quanto aos pedidos
indenizatórios, in verbis:

Diante do exposto, julgo parcialmente improcedente a presente demanda, nos termos do art. 485, I e 355,
I do CPC, por não vislumbrar a pretendida nulidade da cláusula 2.8 do contrato objeto da presente
demanda.
Com isso, condeno a Autora nas custas e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa
atualizado.
Quanto aos demais pedidos contidos na presente demanda, especifiquem as partes eventuais provas a
serem produzidas, justificando-as.

18
É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal2.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.
Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, da análise do arcabouço
probatório colacionado aos autos e dos fundamentos trazidos pelo Agravante em sua
Exordial e ao longo da fase postulatória da ação originária, é inegável a demonstração da
abusividade da cláusula 2.8 da promessa de compra e venda firmado entre a Agravante e a
Agravada, conforme será demonstrado a seguir.

Conforme a cláusula 2.8 do aludido contrato, D. Julgador, a entrega da unidade


estaria vinculada à assinatura do contrato de financiamento, não havendo, portanto, data
certa e determinada para a entrega do bem imóvel.

Ora, Exa., ao firmar contrato de compromisso de compra e venda a Agravada


deveria ter assegurado, no mínimo, certeza quanto ao objeto, prazo e pagamento, o que
deixou de ocorrer diante do condicionamento da entrega do bem imóvel ao financiamento.
Ou seja, a cláusula 2.8 tem por único objetivo repassar a responsabilidade negocial à
Agravante, produzindo incerteza na presente relação jurídica consumerista.

Nesse sentido, a jurisprudência dos tribunais pátrios é uníssona e pacífica no sentido


de que as cláusulas contratuais que vinculam a entrega de bens imóveis à assinatura do
contrato de financiamento são manifestamente abusiva. Senão, vejamos:

Compromisso de venda e compra – Atraso na conclusão das obras e entrega da unidade autônoma
configurado – Prazo de tolerância para a entrega das obras válido, contudo, não observado pela ré –
Súmula 164 deste Egrégio Tribunal de Justiça – Abusividade de cláusula que vincula o prazo de entrega
da obra à data da assinatura do contrato de financiamento – Lucros cessantes reconhecidos pela
privação do uso e fruição do imóvel – Indenização que deve ser fixada em 0,5% sobre o valor do
contrato, por mês de atraso, o que reflete o valor locativo do imóvel – Precedentes – Impossibilidade de
cumulação com a multa por inadimplemento da ré, sem previsão contratual – “Bis in idem” – É
incabível a condenação da vendedora ao pagamento de multa prevista apenas para a hipótese de
inadimplemento dos adquirentes – Súmula 159 deste Egrégio Tribunal de Justiça – Danos morais não
configurados – Mero inadimplemento contratual sem ocorrência de situação excepcional a violar direito
de personalidade – Sucumbência recíproca. Dá-se provimento em parte ao recurso3 - Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL, CIVIL E CONSUMIDOR. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.


ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. CLÁUSULA QUE ALTERA TERMO INICIAL PARA ENTREGA DAS
CHAVES EM CASO DE FINANCIAMENTO BANCÁRIO. ABUSIVIDADE. EXIGÊNCIA DE
RELATÓRIO DE IM´PACTO DE TRÂNSITO. AUSÊNCIA DE FORÇA MAIOR. LUCROS CESSANTES.
CABIMENTO. INVERSÃO DA MULTA MORATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.

2
Enunciado n. 103 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A decisão parcial proferida no curso do processo com
fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de instrumento.”.
3
Apelação Cível nº 1025843-77.2014.8.26.0577, 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Christine Santini, julg. em 26.07.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__._____.

19
1. Cláusula que vincula a data de entrega do imóvel à data de assinatura do contrato de financiamento
revela-se manifestamente abusiva, tendo em vista que não estabelece prazo certo para o término da
obra e entrega do bem.
2. A exigência de Relatório de Impacto de Trânsito pela Administração Pública não constitui caso
fortuito ou força maior, pois, apesar de inevitável, liga-se aos riscos do próprio empreendimento,
integrando de tal modo a atividade empresarial que é impossível exercê-la sem assumi-los.
3. Inexistindo justificativa plausível para a entrega do imóvel além da data aprazada, considerando-se o
prazo de tolerância, reveste-se de respaldo a pretensão do adquirente ao recebimento dos lucros
cessantes, que representam uma forma de compensar o promitente comprador pela não disponibilidade
do imóvel adquirido, bem como pela impossibilidade de exercer todos os direitos inerentes à
propriedade.
4. Ante a lacuna contratual, a mora da construtora deverá ser discutida no âmbito da responsabilidade
civil (perdas e danos), que, como mencionado, já foi objeto de indenização via lucros cessantes, não
sendo cabível a inversão da cláusula penal como determinado na sentença, pois seria criar obrigação
contratual sem base na disposição de vontade dos contraentes.
5. Recurso da ré conhecido e desprovido.
Apelação dos autores conhecida e parcialmente provida4.

III – Da Possibilidade de sustentação oral nos casos de agravo de instrumento


contra decisão interlocutória de mérito

Diante da omissão legislativa quanto à possibilidade de realização de sustentação


oral na hipótese de agravo de instrumento interposto em face de decisão interlocutória que
verse sobre o mérito da demanda, a Agravante protesta, desde já, pela sustentação oral a ser
realizada por seu procurador infra-assinado por ocasião da sessão de julgamento do presente
incidente recursal.

Isso porque, a intepretação ampliativa do art. 977, inciso VIII, do Código de


Processo Civil, a fim de permitir a sustentação oral não apenas nos casos de agravo de
instrumento interpostos contra decisão interlocutória que verse sobre tutela provisória de
urgência ou da evidência, mas também nos agravos de instrumento manejados contra
decisões interlocutórias de mérito, é corroborada pela doutrina especializada:

A grande novidade desse dispositivo consiste naquilo que está previsto no inc. VIII, que trata da
possibilidade de sustentação oral no agravo de instrumento interposto de decisões interlocutórias que
versem sobre tutelas provisórias de urgência ou evidência. Embora o NCPC não tenha sido expresso, é
de se admitir sustentação oral nos casos em que a decisão, embora recorrível por meio de agravo,
tenha conteúdo de sentença, como é o caso, por exemplo, da decisão que põe fim à liquidação de
sentença5– Sublinhamos.

4
Apelação Cível nº 0032794-96.2014.8.07.0007, 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Rel.
Des. Ana Maria Amarante, julg. em 11.05.2016, disponível na internet em <www.tjdft.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
WAMBIER. Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 1477.

20
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, julgando-se procedente o pedido formulado na
origem, reconhecendo-se a abusividade da cláusula 2.8 do contrato firmado entre a
Agravante e a Agravada, com a consequente condenação das despesas processuais e
honorários advocatícios.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

21
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

22
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 23
3.3.3. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA
SOBRE REJEIÇÃO DA ALEGAÇÃO DE CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de obrigação de fazer c/c indenização,


movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo
assinados, com fundamento nos artigos 1.015, inciso III e seguintes do Código de Processo
Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em
face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi rejeitada a preliminar de
existência de convenção de arbitragem entre a Agravante e a Agravadas.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

24
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

25
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, a Agravada propôs a ação de obrigação de fazer cumulada com


indenização em face da Agravante e da empresa Fulana, consubstanciado em contrato de
fabricação e fornecimento de produtos.

Frustrada a tentativa de conciliação realizada na audiência do art. 334, do CPC,


designada pelo D. Juízo de piso, a Agravante apresentou contestação, alegando,
preliminarmente, a existência de convenção de arbitragem pactuada entre as partes em
contrato2, motivo pelo qual a ação originária deveria ser extinta com base no art. 487, VII,
do CPC.

A despeito da fundamentação exposta pela Agravante e dos documentos acostados


aos autos originários, o D. Juízo de primeiro grau entendeu por bem rejeitar a preliminar de
existência de convenção de arbitragem, sob o fundamento de que a Agravada não teria
participado da relação contratual firmada entre a Agravante e a empresa Fulana, in verbis:

(...). Quanto às preliminares de existência de convenção de arbitragem, julgo extinto o presente feito, nos
termos do art. 485, inciso VII, CPC, com relação à empresa Fulana; por outro lado, com relação à
empresa Beltrana, rejeito a preliminar de convenção de arbitragem, tendo em vista não ter sido parte
integrante da relação contratual entre a Autora e a empresa Fulana.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

2
Enunciado n. 544 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Admite-se a celebração de convenção de arbitragem, ainda que
a obrigação esteja representada em título executivo extrajudicial.”.

26
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, da simples análise do


arcabouço probatório colacionado aos autos, principalmente do contrato firmado entre as
partes, é possível concluir que todas as partes participaram da aludida relação contratual.

Além disso, dos documentos acostados pela Agravante às fls. ___ à ___,
comprovam que, em razão de alterações societárias, houve a alteração de seu nome
empresarial, razão pela qual os nomes empresariais indicados no instrumento contratual e
na presente demanda são distintos, sendo, contudo, a mesma pessoa jurídica.

Assim sendo, D. Julgador, considerando que as partes que elegeram o procedimento


arbitral em caso de litígio oriundo de controvérsia da relação contratual são as mesmas que
compõem os polos da presente demanda, impõe-se o respeito à cláusula arbitral fixada entre
as partes em detrimento da presente demanda aforada pela Agravada.

Soma-se a isso, ainda, o fato de a cláusula arbitral ser personalíssima, pois deve ser
respeitada na medida do liame subjetivo que fora pactuada. Essa afirmação, inclusive, é
corroborada pela doutrina de Humberto Theodoro Junior, senão vejamos:

Se o procedimento arbitral, outrossim vai se desenvolver entre pessoas que simultanea ou sucessivamente
se vincularam à convenção arbitral, a formação do litisconsórcio ativo ou passivo se dará sem
dificuldade alguma. Todos os sujeitos do processo estarão obrigados a se submeterem a ele, por força
dos vínculos contratuais preexistentes. O litisconsórcio, in casu, tanto poderá assumir a modalidade
voluntária como a necessária e, uma vez provocado por algum contratante interessado não poderá ser
recusado pelos adversários. Se, porém, o debate vai envolver contrato diverso do que foi objeto
específico da convenção de arbitragem ou pessoas que não firmaram dita convenção, em princípio não
haver como forçar a formação do litisconsórcio, nem como ampliar a competência do árbitro para
negócio diverso daquele previsto no compromisso. Como a arbitragem repousa nos vínculos contratuais
entre as partes e estas e o árbitro, seus liames não se manifestam senão entre os contratantes. A
legitimidade de parte para o procedimento arbitral, por isso, só se estabelece entre os sujeitos
contratuais. A única via de legitimação, ativa ou passiva, para quem queira participar ou seja chamado
a participar da arbitragem condiciona-se à própria convenção arbitral3 - Sublinhamos.

Nesse mesmo sentido, as lições de José Augusto Delgado corroboram a pretensão


da Agravante: “A natureza jurídica da cláusula compromissória é de uma obrigação de
fazer, com caráter personalíssimo, pelo que não pode ser transferido a terceiros”4–
Sublinhamos.
Finalmente, para colocar uma pá de cal sobre o assunto, impende mencionar o
entendimento jurisprudencial sólido e uníssono dos tribunais pátrios, acerca do caráter
personalíssimo da cláusula arbitral:

3
THEODORO JUNIOR, Humberto. Arbitragem e terceiros. Litisconsórcio fora do pacto arbitral. Outras intervenções de terceiros.
Revista Forense, vol. 362, Rio de Janeiro: 2002, p. 56.
4
DELGADO, José Augusto. Comentários ao Novo Código Civil, vol. XI, tomo II, ed. Forense: Rio de Janeiro, 2004, p. 365.

27
A convenção arbitral, que produz efeitos contundentes, tem como contrapartida que demonstrar cabal,
clara e inequívoca vontade dos contratantes de entregar a solução de litígio (atual ou futuro, não
importa) à solução de árbitro. O efetivo severo de afastar a jurisdição do Estado não pode ser deduzido,
imaginado, intuído ou estendido. O consentimento dos interessados é essencial. Assim, mesmo que o
árbitro perceba a confusão patrimonial entre sociedades do mesmo grupo, não creio possível a
inclusão na arbitragem de sociedade que não tenha celebrado o compromisso arbitral (ou que não seja
signatário do contrato onde está inserida a cláusula compromissória)5 – Sublinhamos.

Ação de obrigação e fazer c.c. cobrança. Banco que ingressa contra a seguradora buscando prêmio
estipulado em apólice de seguro. Extinção. Art. 267, VII. Reconhecimento de convenção de arbitragem.
Apelo do banco. Banco que não participou da contratação do seguro e não pactuou a convenção de
arbitragem. Impossibilidade de estender a convenção de arbitragem a quem dela não pactuou.
Cláusula compromissória arbitral que tem caráter personalíssimo. Doutrina e jurisprudência. Sentença
anulada. Recursos da Seguradora e do IRB que pretendiam majorar a verba honorária imposta que
ficaram prejudicados. Provido o recurso do banco, desprovido os recursos do IRB e da Berkley
International do Brasil Seguros S/A6– Sublinhamos.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se a preliminar de existência de cláusula
arbitral, extinguindo-se o presente feito sem resolução de mérito também com relação à
Agravante, nos termos do art. 485, inciso VII, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.
Data.

5
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo. 3ª edição, São Paulo: Atlas, 2009, p. 83.
6
Apelação Cível nº 0106428-85.2009.8.26.0100, 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Virgilio de Oliveira Junior, julg. em 18.03.2013, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

28
Advogado (OAB).
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

29
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 30
3.3.4. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de execução de título extrajudicial,


movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo
assinados, com fundamento nos artigos 1.015, inciso IV, do Código de Processo Civil, vem
a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi acolhido o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica interposto pela Agravada.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, os Agravantes informam


que o recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a
tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

31
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, os Agravantes informam


os nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão
ser intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, os Agravantes requerem a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

32
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em suma, Exa., a Agravada interpôs, em face dos Agravantes, Incidente de


Desconsideração da Personalidade Jurídica, com fundamento no art. 133 e seguintes do
CPC, sob o fundamento de que, após inúmeras tentativas de encontrar bens passíveis de
penhora, constatou-se que a empresa Agravante não teria patrimônio suficiente para saldar a
dívida, motivo pelo qual sua personalidade deveria ser desconsiderada, voltando-se, a
presente execução, para o patrimônio dos sócios.
Devidamente citados, os sócios da empresa Agravante manifestaram-se, alegando,
em síntese, a ausência dos pressupostos autorizadores para a desconsideração da
personalidade jurídica.

A despeito das alegações colacionadas à manifestação ao incidente, o D. Juízo de


primeiro grau entendeu por bem acolher o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica interposto pela Agravada, nos seguintes termos:

Acolho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica interposto por Fulana, e, por


conseguinte, autorizo a afetação do universo patrimonial dos sócios da empresa Siclana, haja vista esta
restar insolvente e não ser titular de patrimônio apto á saudar a presente execução.

É contra essa decisão que os Agravantes pretendem a reforma por meio do presente
incidente recursal.

33
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Com a devida vênia ao entendimento exarado pelo D. Juízo de primeiro grau, os


Agravantes demonstraram exaustivamente a ausência dos pressupostos autorizadores para a
desconsideração da personalidade jurídica da empresa Siclana. Isso porque, Exa., a
Agravada, em nenhum momento, se desincumbiu do ônus de comprovar o mau uso da
autonomia patrimonial, limitando-se, apenas, à alegação de insolvência.

Registre-se que, como recomenda o art. 133, §1º, do CPC, é preciso ressaltar o
disposto no art. 50, do Código Civil, que prevê os requisitos autorizadores para a
desconsideração da personalidade jurídica:

Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizada pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Veja, Exa., que os Agravantes não praticaram quaisquer atos que poderiam ensejar a
extensão da presente execução aos seus bens particulares, de modo que, a mera insolvência
da empresa, não credencia a desconsideração de sua personalidade.

Nesse mesmo sentido, nossos tribunais se posicionam pacificamente acerca da


impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica baseada apenas na alegação
de insolvência. Senão, vejamos:

Agravo de Instrumento – Desconsideração da personalidade jurídica – Medida excepcional a ser


aplicada somente em face da constatação de fraude, desvios, ou mau uso da pessoa jurídica, o que não
restou comprovado no caso em tela – a mera insolvência não implica desconsideração – decisão
mantida – Recurso não provido2 - Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ‘DISREGARD DOCTRINE’. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


PROCESSO DE EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. INSOLVÊNCIA FÁTICA.
AUSÊNCIA DE BENS DA EMPRESA SUJEITOS À CONSTRIÇÃO. INSTITUTO DA SEPARAÇÃO
PATRIMONIAL DA PESSOA JURÍDICA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA SOCIETÁRIA. SUPOSTA GESTÃO FRAUDULENTA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO. MERA INSOLVÊNCIA DO ENTE COLETIVO. RELAÇÃO DE CONSUMO.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE DESTINATÁRIO FINAL DA MERCADORIA.
INSUMO. CDC – ART. 28. “RATIO” DO REGIME JURÍDICO ESPECIAL. PROTEÇÃO LEGAL AO
HIPOSSUFICIENTE. PROVEITO AO CONSUMIDOR E NÃO AO FORNECEDOR. Recurso desprovido.

2
Agravo de Instrumento nº 2103719-08.2016.8.26.0000, 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Moreira Viegas, julg. em 03.08.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

34
1. Desconsideração da personalidade jurídica. Ainda que em juízo sumário, o deferimento da
desconsideração da personalidade societária requer a demonstração – ao menos aparente – de que os
sócios obtiveram vantagens indevidas através da manipulação abusiva do instituto da separação
patrimonial. A mera insolvência do ente coletivo não autoriza o deferimento da providência, vez que
isto significaria relegar à insignificância o tradicional instituto da separação patrimonial da pessoa
jurídica.
(…)3 – Sublinhamos.

Soma-se a isso, ainda, o pacífico entendimento do Egrégio Superior Tribunal de


Justiça, no sentido de que a mera insolvência da empresa, por si só, não autoriza a
desconsideração da personalidade jurídica. Senão, vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA.


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL.
INADIMPLEMENTO. INSOLVÊNCIA. EMPRESA DEVEDORA. NÃO PREENCHIMENTO DE
REQUISITOS.
1. É possível a desconsideração da personalidade jurídica nos termos do art. 50 do CC – teoria maior –
quando há constatação do desvio de finalidade pela intenção dos sócios de fraudar terceiros ou quando
houver confusão patrimonial.
2. A mera demonstração de insolvência ou a dissolução irregular da empresa, por si sós, não ensejam a
desconsideração da personalidade jurídica.
3. Agravo regimental desprovido4– Sublinhamos.

Além disso, a impossibilidade de despersonalização pela mera alegação de


insolvência, sem que, para tanto, haja a comprovação da presença dos pressupostos legais, é
corroborada pela doutrina de Fábio Ulhoa Coelho:

(…) pressuposto inafastável da despersonalização episódica da pessoa jurídica, no entanto, é a


ocorrência de fraude por meio da separação patrimonial. Não é suficiente a simples insolvência do ente
coletivo, hipótese em que, não tendo havido fraude na utilização da separação patrimonial, as regras
de limitação da responsabilidade dos sócios terão ampla vigência. A desconsideração é instrumento de
coibição do mau uso da pessoa jurídica; pressupõe, portanto, o mau uso. O credor da sociedade que
pretende a sua desconsideração deverá fazer prova da fraude perpetrada, caso contrário suportará o
dano da insolvência da devedora. Se a autonomia patrimonial não foi utilizada indevidamente, não há
fundamento para a sua desconsideração5.

Sendo assim, comprovado está o desacerto da r. decisão agravada, pois não avaliou
com o costumeiro acerto os pressupostos autorizadores da desconsideração da
personalidade jurídica, motivo pelo qual merece ser reformada.

3
Agravo de Instrumento nº 285264-2, 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Paraná, Rel. Des. Jurandyr Souza
Junior, julg. em 07.06.2005, disponível na internet em <www.tjpr.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
AgRg no AgRg no Agravo em REsp nº 334.883/RJ, 3º Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julg. em 04.02.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 126/127.

35
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, os Agravantes requerem a intimação da Agravada pelo Diário Oficial,


na pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Requer, ademais, a dispensa da intimação do Ministério Público para manifestação


no presente incidente, tendo em vista não restar presente nenhuma das hipóteses previstas
no art. 178 do Código de Processo Civil6.

Ao final, os Agravantes requerem a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento


seja conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos
da fundamentação contida neste arrazoado, rejeitando-se o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica manejado pela Agravada, na medida em que não estão presentes os
pressupostos autorizadores para o seu acolhimento.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

6
Enunciado n. 123 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “É desnecessária a intervenção do Ministério Público, como
fiscal da ordem jurídica, no incidente de desconsideração da personalidade jurídica, salvo nos casos em que deva intervir
obrigatoriamente, previstos no art. 178.”.

36
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

37
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 38
3.3.5. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
GRATUIDADE DA JUSTIÇA:

3.3.5.1. REJEIÇÃO DO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso V, do Código de Processo Civil, vem a presença de V.
Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __
na origem, por meio da qual foi rejeitado o pedido de concessão das benesses de gratuidade
da justiça.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (Inexistente nos autos de origem e declarada pelo patrono
do Agravante conforme documento anexo);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (Inexistente nos autos de
origem e declarada pelo patrono do Agravante conforme documento anexo);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado
(fls. ___ dos autos originários).

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

39
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pelas Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha sido citada na origem e, por


conseguinte, não tenha constituído advogado:

Pelas Agravadas: as Agravadas ainda não foram citadas na origem e, por


consequência, não constituíram procuradores, razão pela qual a Agravante deixa de indicar.)

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 101, §1º, do CPC, a Agravante deixa de comprovar o
pagamento das custas processuais relacionadas ao presente recurso, até decisão preliminar
do D. Relator, tendo em vista tratar-se de recurso que versa justamente sobre pedido de
concessão gratuidade da justiça.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Finalmente, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, na remotíssima hipótese deste


D. Relator determinar o recolhimento das custas processuais relacionadas ao presente
recurso, a Agravante requer, desde já, a dispensa do recolhimento das custas referentes ao
porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente eletrônica dos autos
entre a 1ª e 2ª instância).
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

40
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravadas: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

A Agravante ajuizou demanda indenizatória em face das Agravadas, a fim de obter


a reparação de danos materiais e morais causados por atos ilícitos praticados pelas
Agravadas. Em razão de ser pessoa pobre, na concepção da lei, por não ter condições
financeiras de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de
seus familiares, a Agravante requereu a concessão das benesses da justiça gratuita, nos
termos da Lei 1.060/50, acostando-se aos autos, para tanto, documentação probatória de
miserabilidade (fls.__/__).

Após a admissão do processamento da Exordial, o D. Juízo de primeiro grau


entendeu por bem indeferir o pleito de gratuidade, sob o fundamento de que a Agravante
não teria comprovado a condição de miserabilidade que lhe autorizaria a fruição dos
benefícios da justiça gratuita. Senão, vejamos:

Recebo, por ora, a petição inicial, pois presentes os requisitos de admissibilidade.


Por outro lado, indefiro os benefícios da Lei 1.060/50, visto que, apesar de a Autora ter acostado aos
autos declaração de pobreza, certidão de inclusão de seu nome no rol dos maus pagadores e extratos
bancários, não restou evidenciado a ausência de capacidade financeira para arcar com os custos da
demanda.
Intime-se a Autora para recolher as custas processuais, sob pena de indeferimento da inicial.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

41
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, a Agravante trouxe junto à


Exordial arcabouço probatório suficiente para demonstrar sua hipossuficiência e
impossibilidade de arcar com as despesas da demanda, sem o seu próprio sustento e de seus
familiares.

Isso porque, D. Julgador, a Agravante colacionou aos autos: i) declaração de


pobreza na concepção jurídica do termo (fls. __); ii) certidões atestando a inclusão de seu
nome em cadastros de proteção ao crédito (fls. __); iii) extratos bancários (fls. __/__), que
revelam a extrema dificuldade financeira em que a Agravante se encontra.

Registre-se, por outro lado, que, de acordo com o art. 99, §2º, do CPC, a decisão que
indefere o requerimento de gratuidade da justiça deve estar fundamentada em elementos
capazes de comprovar a parte possui condições financeiras de arcar com as despesas
oriundas da demanda judicial, conforme ensina as lições da doutrina especializada:

Logo, de acordo com o §2.º do art. 99 do NCPC, a decisão que indeferir o benefício da justiça gratuita
deverá estar fundamentada em elementos comprobatórios dando conta que a parte requerente do
benefício tem efetivas condições de arcar com os custos e despesas processuais. Vale lembrar que o
necessitado não é somente a pessoa miserável propriamente dito, mas também poderá ser beneficiário do
benefício de justiça gratuita aquele que demonstrar que os custos do processo prejudicarão o seu
sustento ou de sua família2.

Ocorre, Exa., que a decisão vergastada não está assentada em qualquer elemento
probatório capaz de contrastar o arcabouço probatório colacionado pela Agravante, de
modo que restava, ao D. Juízo de primeiro grau, analisar o requerimento de gratuidade de
justiça à luz dos requisitos objetivos impostos pela legislação, conforme orienta a Corte
Especial do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.


PESSOA JURÍDICA FILANTRÓPICA. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA
HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESUNÇÃO DE MISERABILIDADE IURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. DIVERGÊNCIA INSTAURADA NA PRÓPRIA CORTE ESPECIAL.
1. O benefício da assistência judiciária gratuita pode ser deferido às pessoas jurídicas de entidades
filantrópicas ou de assistência social, bastando o mero requerimento, cuja negativa condiciona-se à
comprovação da ausência de estado de miserabilidade jurídica pelo ex adverso; (ii) as demais pessoas
jurídicas, com ou sem fins lucrativos, incumbe-lhes o onus probandi da impossibilidade de arcar com os
encargos financeiros do processo.

2
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 207.

42
2. A concessão da gratuidade depende do fato objetivo inscrito na lei, no sentido de que a parte não
possui condições de arcar com as despesas processuais próprias sem severo prejuízo para a sua
subsistência.
3. A inversão do ônus da prova da “miserabilidade jurídica”; vale dizer: pessoas físicas e entidades
filantrópicas ou de assistência social gozam da presunção de miserabilidade iuris tantum, por isso que
admite-se a prova em contrário. Ao revés, as demais pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, devem
comprovar prima facie que não têm condições de arcar com as despesas processuais para usufruírem do
benefício que é consectário do “acesso à Justiça”. In casu, a embargante entidade filantrópica e,
portanto, goza de presunção de miserabilidade iuris tantum.
4. Embargos de divergência providos3 – Sublinhamos.

Impende ressaltar, finalmente, a presunção de veracidade que goza a declaração de


pobreza colacionada pela Agravante aos presentes autos, sendo que, por ser iuris tantum,
deve ser afastada apenas e tão somente por outros elementos probatórios capazes de
rechaçar a hipossuficiência da parte requerente.

Esse entendimento, inclusive, encontra eco seguro na sólida jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal e dos demais tribunais pátrios, senão vejamos:

CONSTITUCIONAL. ACESSO À JUSTIÇA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. Lei 1.060, de 1950. CF., art.
5º, LXXIV.
I - A garantia do art. 5º, LXXIV – assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos – não revogou a de assistência judiciária gratuita da Lei 1.060, de 1950, aos
necessitados, certo que, para obtenção desta, basta a declaração, feito pelo próprio interessado, de que
a sua situação econômica não permite vir a juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família.
Essa norma infraconstitucional põe-se, ademais, dentro do espírito da Constituição, que deseja facilitar
o acesso de todos à Justiça (CF, art. 5º, XXXV).
II. R.E. não conhecido4 - Sublinhamos.

JUSTIÇA GRATUITA – Benefício da gratuidade de justiça que deve ser concedido à parte que se
declare pobre – Presunção relativa da hipossuficiência em razão da declaração do estado de pobreza –
Ausência de fundadas razões para o indeferimento do benefício – Gastos com o tratamento de
neoplasia maligna – Lei nº 1.060/50 que tem por fim garantir o acesso à Justiça – Recurso provido5 -
Sublinhamos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA – DECLARAÇÃO DE POBREZA –


PRESUNÇÃO DE VERACIDADE – AUSÊNCIA DE PROVA EM CONTRÁRIO.
De acordo com a Lei nº 1.060/50, a partir da afirmativa da parte que não possui condições para arcar
com as despesas processuais juntando, para tanto, declaração de pobreza, o reconhecimento de sua
hipossuficiência é medida que se impõe6 - Sublinhamos.

3
Embargos de Divergência em REsp nº 1.044.784/MG, Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Luiz Fux, julg.
em 29.06.2010, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
RE nº 205746-1/RS, 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, Relator Min. Carlos Velloso, julg. em 26.11.1996, disponível na
internet em <www.stf.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
Agravo de Instrumento nº 2084737-43.2016.8.26.0000, 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Reinaldo Miluzzi, julg. em 08.08.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
6
Agravo de Instrumento nº 1.0000.15.072473-0/001, 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Edison
Feital Leite, julg. em 10.12.2015, disponível na internet em <www.tjmg.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

43
Diante do exposto, resta comprovado o preenchimento do requisito autorizador da
concessão das benesses da assistência judiciária, na forma da Lei 1.060/50, impondo-se,
portanto, a reforma da decisão agravada a e concessão do benefício à Agravante.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação das Agravadas pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se o requerimento de concessão da
justiça gratuita à Agravante, tendo em vista a sua incapacidade financeira de arcar com as
despesas da demanda sem prejuízo de seu sustento próprio ou de seus familiares.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

44
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

45
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 46
3.3.5.2. ACOLHIMENTO DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA CONCEDIDA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso V, do Código de Processo Civil, vem a presença de V.
Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __
na origem, por meio da qual foi revogado os benefícios de gratuidade de justiça
anteriormente concedido ao Agravante.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

47
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, o Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:
Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da
procuração).

Pelas Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 101, §1º, do CPC, o Agravante deixa de comprovar o
pagamento das custas processuais relacionadas ao presente recurso, até decisão preliminar
do D. Relator, tendo em vista tratar-se de recurso que versa justamente sobre pedido de
concessão gratuidade da justiça.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Finalmente, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, na remotíssima hipótese deste


D. Relator determinar o recolhimento das custas processuais relacionadas ao presente
recurso, o Agravante requer, desde já, a dispensa do recolhimento das custas referentes ao
porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente eletrônica dos autos
entre a 1ª e 2ª instância).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

48
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Na origem, trata-se de ação de cobrança movida pelas Agravadas em face do


Agravante, fundada em relação contratual de prestação de serviços em que o D. Juízo de
primeiro grau, ao apreciar as preliminares ventiladas em Contestação, deferiu o pedido de
gratuidade de justiça, nos termos da Lei 1.060/50.

A despeito do deferimento das benesses da justiça gratuita, fundamentado: i) na


declaração de miserabilidade da Agravante acostada aos autos (fls. ___/___); e ii) nos
extratos bancários e inscrições em programa de proteção ao crédito que denotam que o
Agravante enfrenta grave dificuldade financeira, de modo que não poderia arcar com as
despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento, o D. Juízo de primeiro grau
entendeu por bem revogar a gratuidade anteriormente deferida nos seguintes termos:

Vistos.
Diante das informações trazidas pelos Autores no sentido de que: i) o Réu firmou contrato de prestação
de serviços advocatícios; e ii) contratou financiamento para aquisição de veículo avaliado em xx.xxx,xx
(xxxxxxx), resta comprovado que o Réu possui condições de arcar com as despesas processuais, motivo
pelo qual revogo a concessão dos benefícios da justiça gratuita.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

49
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, a r. decisão agravada merece


reforma haja vista estar em completo descompasso com o entendimento jurisprudencial dos
tribunais pátrios, bem como com expressa disposição legal.

Com efeito, o Agravante comprovou, de forma cabal, que não tem quaisquer
condições de arcar com as despesas processuais, principalmente porque atravesse grave
situação financeira (fls. ___/___).

Assim, em primeiro lugar, o fato de o Agravante ter financiado um veículo, por si


só, não quer dizer que sua situação financeira sofreu alterações capazes de permitir que
arcasse com o pagamento das custas processuais. Tal afirmação, inclusive, encontra eco
seguro no entendimento jurisprudencial dos tribunais pátrios:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – Justiça gratuita – Pretensão à revogação da benesse para cobrança de


verba honorária – Recorrente que não logrou êxito em demonstrar alteração da situação financeira da
parte beneficiada pela isenção legal – Aquisição de veículo financiado que, isoladamente, não tem o
condão de afastar a hipossuficiência financeira outrora reconhecida – Precedentes – Recurso não
provido2– Sublinhamos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE JUSTIÇA. GRATUITA. INDEFERIMENTO COM


FUNDAMENTO NO VALOR DO VEÍCULO A SER FINANCIADO. ELEMENTOS NOS AUTOS
QUE PERMITEM A FORMAÇÃO DO CONVENCIMENTO ACERCA DA HIPOSSUFICIÊNCIA
DA AUTORA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO3.

Por outro lado, a simples contratação de advogado particular não permite concluir
que houve alteração na situação financeira da parte capaz de suportar as custas do processo,
conforme entendimento pacífico dos tribunais pátrios:

Agravo de instrumento. Ação de cobrança. Pedido de justiça gratuita indeferido. A presunção de


miserabilidade decorre do parágrafo 3º do artigo 99 do CPC/15. A assistência do requerente por
advogado particular não impede a concessão da gratuidade da justiça. Agravo provido4– Sublinhamos.

2
Agravo de Instrumento nº 2164933-97.2016.8.26.0000, 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Osvaldo de Oliveira, julg. em 16.09.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
3
Agravo de Instrumento nº 20120095817 (2012.009581-7), 4ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
Rel. Des. Dinart Francisco Machado, julg. em 29.08.2012, disponível na internet em <www.tjsc.jus.br>, arquivo capturado em
__.__.____.
4
Agravo Instrumento nº 2064602-10.2016.8.26.0000, 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, julg. em
22.09.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

50
Desse modo, D. Julgador, diante da ausência de provas capazes de demonstrar que a
situação financeira do Agravante sofreu alteração que permitisse que ele assumisse as
despesas do processo, a declaração de miserabilidade colacionada aos autos às fls. ___ deve
prevalecer, nos termos do art. 99, §3º, do Código de Processo Civil.

A doutrina de Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel


Mitidiero, pautado no entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, ensina que:

(...) tratando-se de pessoa física, a justiça gratuita deve ser concedida à vista da simples afirmação da
parte, uma vez que essa goza de presunção juris tantum de veracidade (art. 99, §1º, CPC; STJ, 5ª
Turma, REsp 243.386/SP, rel. Min. Félix Fischer, j. 16.03.2000, DJ 10.04.2000, p. 123). Havendo
dúvidas fundadas, não bastará a simples declaração, devendo a parte comprovar sua necessidade (STJ,
3ª Turma. AgRg no AREsp 602.943/SP, rel. Min. Moura Ribeiro, DJe 04.02.15)”5– Sublinhamos.

Desse modo, resta devidamente comprovada a ausência de elementos que


evidenciem a alteração da capacidade financeira do Agravante, motivo pelo qual a r.
decisão agravada merece ser reformada a fim de manter a concessão do benefício da
gratuidade, nos termos da Lei 1.060/50.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, o Agravante requer a intimação das Agravadas pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso as Agravadas não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, o Agravante requer a intimação pessoal das Agravadas, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, mantendo-se a concessão da justiça gratuita ao
Agravante, tendo em vista que a contratação de advogado particular e aquisição de um
veículo financiado não alteram a sua incapacidade financeira de arcar com as despesas da
demanda sem prejuízo de seu próprio sustento ou de seus familiares.

5
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil comentado. São
Paulo; Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 183.

51
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

52
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

53
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 54
3.3.6. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
EXIBIÇÃO OU POSSE DE DOCUMENTO OU COISA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação declaratória de inexigibilidade de


débito c/c indenização, movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus
procuradores abaixo assinados, com fundamento nos artigos 1.015, inciso VI, do Código de
Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi
rejeitado o pedido de exibição de documento formulado pela Agravante.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

55
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

56
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Inicialmente, Exa., registre-se que a Agravante ajuizou a ação originária objetivando


o reconhecimento de inexigibilidade de débito cumulada com indenização e requerimento
de exibição de documento em face da Agravada.

Devidamente citada, diante da expressa manifestação contrária à realização da


audiência preliminar prevista no art. 334, do CPC, a Agravada apresentou contestação
alegando, em síntese, os fundamentos que levariam a improcedência da demanda, bem
como a necessidade de rejeição do pedido de exibição de documentos, tendo em vista que:
i) não seria obrigada a guardar a documentação exigida pela Agravante, tampouco exibi-la;
e ii)ad argumentandum, caso fosse deferido o requerimento, a imposição de multa requerida
pela Agravante não poderia ser deferida, na medida em que o Superior Tribunal de Justiça
teria sedimentado entendimento segundo o qual é descabida a cumulação de multa por
descumprimento de exibição de documento, conforme súmula nº 372/STJ.

Diante disso, o D. Juízo de piso entendeu por bem rejeitar o pedido incidental de
exibição de documento, sob os seguintes fundamentos:

Vistos. Indefiro o pedido de exibição de documentos formulado pela Autora, haja vista que, conforme
alegado pela Ré, esta não está obrigada a guardar e fornecer a documentação exigida pela Autora,
impondo-se, pois, a rejeição da medida.
Intimem-se as partes para que, querendo, especifiquem e justifiquem as provas que pretendam produzir.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

57
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Com o devido respeito ao entendimento exarado pelo D. Juízo de primeiro grau, a r.


decisão agravada encontra-se em descompasso com a melhor doutrina, com a iterativa
jurisprudência dos tribunais estaduais pátrios e do Superior Tribunal de Justiça e com
expresso texto de lei.

Com efeito, imperioso destacar, desde logo, a manifesta e inequívoca natureza


consumerista da relação jurídica entre a Agravante e a Agravada, de modo que, a presente
lide, deverá ser regida pelos princípios e ditames previstos no Código de Defesa do
Consumidor, especialmente o direito à informação, previsto em seu art. 6º, inciso I, cuja
observância deve se dar não apenas na fase pré-contratual, mas também em todo o
transcurso da relação jurídica, inclusive a processual. Senão, vejamos as lições da doutrina
especializada sobre o tema:

O direito à informação assegurado no art. 6, III, corresponde ao dever de informar imposto pelo CDC
nos arts. 12, 14, 18 e 20, nos arts. 30 e 31, nos arts. 46 e 54 ao fornecedor. Este dever de prestar
informação não se restringe à fase pré-contratual, da publicidade, práticas comerciais ou oferta (art.
30, 31, 34, 35, 40 e 52), mas inclui o dever de informar através do contrato (arts. 46, 48, 52 e 54) e de
informar durante o transcorrer da relação (a contrario, art. 51, I, IV, XIII, c/c art. 6, III), especialmente
no momento da cobrança da dívida2.

Sabe-se, outrossim, que é por meio da exibição de documento, nos dizeres da


doutrina especializada, que se descobre “o véu, o segredo, da coisa ou do documento, com
vistas a assegurar o seu conteúdo e, assim, a prova em futura demanda”3.

Pois bem. Com essas premissas em mente, a Agravante requereu, de modo


incidental, a exibição de documentos relativos à relação contratual firmada com Agravada
de serviços bancários há dois anos, com supedâneo no art. 396 e seguintes do CPC.

A despeito disso, o D. Juízo de primeiro grau rejeitou o requerimento de exibição de


documentos, pois a Agravada não teria a obrigação de guardar os documentos relativos às
transações comerciais firmadas com seus clientes por tanto tempo, razão pela seria
improcedente a exibição no caso em tela.

2
MARQUES, Cláudia Lima. BENJAMIN, Antonio Herman. MIRAGEM, Bruno. Comentários ao código de defesa do consumidor.
1ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 150.
3
OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de e LACERDA, Galeno. Comentários ao código de processo civil, vol. VIII (arts. 813 a 889),
tomo II. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 210.

58
Ora, Exa., a Agravante comprovou nestes autos que: i) requereu
administrativamente os documentos objeto do pedido de exibição à Agravante há mais de
oito meses, sem ter recebido qualquer resposta; e ii) manteve, de fato, a relação contratual
de prestação de serviços bancários com a Agravada, indicando, ainda, o exato período dos
documentos a serem apresentados pela Agravante.

Portanto, Exa., não restam dúvidas acerca do interesse da Agravante em requerer a


exibição de documentos, conforme orientação firmada pelo Egrégio Superior Tribunal de
Justiça no rito de recursos repetitivos, in verbis:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543 – C


DO CPC. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. EXIBIÇÃO DE
EXTRATOS BANCÁRIOS. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇAÕ DE DOCUMENTOS. INTERESSE DE
AGIR. PEDIDO PRÉVIO À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E PAGAMENTO DO CUSTO DO SERVIÇO.
NECESSIDADE.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: A propositura de ação cautelar de
exibição de documentos bancários (cópias e segunda via de documentos) é cabível como medida
preparatória a fim de instruir a ação principal, bastando a demonstração da existência de relação
jurídica entre as partes, a comprovação de prévio pedido à instituição financeira não atendido em
prazo razoável, e o pagamento do custo do serviço conforme previsão contratual e normatização da
autoridade monetária.
2. No caso concreto, recurso especial provido4.

Ultrapassada o interesse da Agravante em requerer a exibição de documento em


face da Agravada, impende destacar que, a despeito da respeitável convicção do D. Juízo de
piso, a Agravada, por ser instituição bancária, tem o dever de armazenar os documentos
relacionados aos contratos bancários firmados com seus clientes, conforme entendimento
pacífico da jurisprudência de nossos tribunais pátrios:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. INSTITUIÇÃO


FINANCEIRA. DEVER DE GUARDAR INFORMAÇÕES. DILAÇÃO DE PRAZO PARA
APRESENTAÇÃO. AUSÊNCIA AMPARO LEGAL.
1. Agravante deve manter estrutura administrativa de arquivos bem equipada e apta a fornecer os
elementos pretendidos pela Agravada, até mesmo porque incumbe ao banco o dever de guarda e
informação dos dados dos seus clientes.
2. Ausência de amparo legal e circunstância fática a justificar a dilação de prazo solicitada.
3. Agravo conhecido e improvido5.

MEDIDA CAUTELAR. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. PEDIDO ADMINISTRATIVO FEITO E NÃO


ATENDIDO. A autora comprovou ter solicitado o documento pela via administrativa, mas não obtive
êxito na exibição. OBRIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE GUARDAR E EXIBIR OS DOCUMENTOS
PLEITEADOS ATÉ O PRAZO PRESCRICIONAL DA AÇÃO PRINCIPAL.

4
REsp nº 1.349.453/MS, Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. em 10.12.2014,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
Agravo de Instrumento nº 2010.0001.006658-5, 3ª Câmara Especializada Cível do Tribunal de Justiça do Piauí, Rel. Des. Hilo de
Almeida Sousa, julg. em 08.03.2013, disponível na internet em <www.tjpi.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

59
A instituição tem a obrigação de guardar os documentos referentes às transações efetuadas por seus
clientes por todo o período em que eles têm para propor a ação principal, bem como deve exibir os
documentos comuns às partes, pois se trata de um direito previsto em lei. (…)6.

Além disso, D. Julgador, note-se que os documentos objeto do requerimento de


exibição pela Agravada são “documentos comuns”, pois retrata relação jurídica que envolve
ambas as partes (contrato de serviço bancário), conforme nos ensina a doutrina de
Humberto Theodoro Júnior:

Documento comum não é, assim, apenas o que pertence indistintamente a ambas as partes, mas
também o que se refere a uma situação jurídica que envolva ambas as partes, ou uma das partes e
terceiro. É o caso, por exemplo, do recibo em poder do que pagou, mas que interessa também ao que
recebeu; o da via do contrato em poder de um contraente quando o outro perdeu a sua; ou das
correspondências em poder do destinatário nos contratos ajustados por via epistolar7–Sublinhamos.

Por se tratar de documento comum às partes, o requerimento da Agravante merece


guarida da regra esculpida no art. 399, inciso III, do CPC, o qual preceitua que:

Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:


(…)
III – o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Diante do exposto, revela-se exaustivamente demonstrado que assiste à Agravante o


direito de ter acesso aos documentos que estão em posse da Agravada, principalmente por
se tratar de documento comum às partes, motivo pelo qual impõe-se a reforma da r. decisão
agravada.

III – Do Cabimento da Multa por Descumprimento no Requerimento de


Exibição de Documentos – Revogação da Súmula 372/STJ

Além da reforma da r. decisão agravada para o fim de condenar a Agravada à


exibição de documentos, a Agravante requer a cominação de multa em eventual
descumprimento.

Para que não paire qualquer dúvida acerca da possibilidade de fixação de multa no
caso em exame, visto que a Agravada já alegou a impossibilidade, é imperioso ressaltar o
disposto no art. 400, parágrafo único, do CPC, que dispõe que: “sendo necessário, o juiz
pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o
documento seja exibido”.

6
Apelação Cível nº 3002493-38.2013.8.26.0358, 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Sandra Galhardo Esteves, julg. em 26.07.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
7
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – processo de execução e cumprimento de sentença. Vol. II.
Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 603.

60
Assim, D. Julgador, a nova legislação processual é clara em permitir o Julgador
adotar medidas de apoio, inclusive a multa por descumprimento, para que o documento seja
exibido, revogando-se, portanto, o enunciado da súmula 372 do Superior Tribunal de
Justiça8 que proibia a adoção dessa medida.

IV – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, deferindo-se a exibição de documento pleiteada
pela Agravante, a fim de que a Agravada apresente o contrato de prestação de serviços
bancários firmado com a Agravante e fixando-se multa em caso de descumprimento
injustificado.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

8
Enunciado n. 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Fica superado o enunciado 372 da súmula do STJ (“Na ação de
exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”) após a entrada em vigor do CPC, pela expressa
possibilidade de fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição de documento.”.

61
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

62
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 63
3.3.7. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
REJEIÇÃO DO PEDIDO DE LIMITAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso VIII, do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls.
__ na origem, por meio da qual rejeitado o requerimento de limitação de litisconsortes
ativos formulado pela Agravante.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

64
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

65
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em breve síntese, os Agravados propuseram demanda indenizatória em face da


Agravante em função de acidente ocorrido na região de Peruíbe/SP que teria resultado no
vazamento de óleo combustível na costa marítima do município, espalhando-se por quase
todo o litoral, causando prejuízos aos pescadores da região e afetando a qualidade de todo o
ecossistema da região.

Frustrada a tentativa de conciliação realizada na audiência do art. 334, do CPC,


designada pelo D. Juízo de piso, a Agravante apresentou requerimento para limitação dos
litisconsortes ativos, tendo em vista que a formação de litisconsórcio de 70 (setenta) autores
comprometeria sobremaneira a rápida solução do litígio, bem como o exercício do direito
de defesa da Agravante.

A despeito da sólida argumentação apresentada pela Agravante e o disposto no art.


113, §1º, do CPC, o D. Juízo de piso entendeu por bem indeferir o requerimento de
limitação do litisconsórcio multitudinário sob os seguintes fundamentos:

(…). Quanto ao requerimento de limitação de do litisconsórcio multitudinário formado no polo ativo da


presente demanda, indefiro a pretendida limitação, na medida em que o novo Código de Processo Civil
não limita o número de litisconsortes, de modo que a reunião facilita a rápida solução do litígio.
Além disso, todos os autores vivem de pesca e sofreram da mesma forma com o acidente, sendo que são
representados pelos mesmos advogados.
Finalmente, a ação foi distribuída no penúltima dia antes do prazo prescricional, de tal sorte que os
autores correm o risco de, com a redistribuição, se sujeitarem à prescrição.

66
É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada o entendimento exarado pelo D. Juízo de primeiro grau na r. decisão


agravada, a Agravante, em atenção ao disposto no art. 113, §1º, do CPC, demonstrou estar
preenchido os requisitos para a limitação do litisconsórcio multitudinário formado no polo
ativo da presente demanda, conforme será demonstrado a seguir.

Inicialmente, importa destacar que a aludida limitação ao litisconsórcio formado na


presente demanda tem previsão no art. 113, §1º, do CPC, e deverá ser aplicada em casos de
litisconsórcio facultativo que comprometam a rápida solução do litígio e dificultem a defesa
na demanda. Esse entendimento, inclusive, é corroborado pela doutrina especializada:

Evidentemente, só se aplica este dispositivo ao litisconsórcio facultativo. São dois os critérios de que se
pode valer o juiz para limitar o número de litisconsortes: o comprometimento da rápida solução do
litígio e dificuldade quanto à defesa ou quanto ao cumprimento da sentença2– Sublinhamos.

Assim, registre-se, desde já, que o litisconsórcio formado pelos Agravados na


presente demanda é facultativo, na medida em que, apesar dos fatos que ensejarem o
suposto dano sejam comuns aos Agravados, a reunião das pretensões em uma mesma
demanda é resultado de pura liberalidade, não havendo que se falar, portanto, em
litisconsórcio necessário no presente caso.

Nesse sentido, a doutrina de Cândido Rangel Dinamarco e Bruno Vasconcelos


Carrilho Lopes ensina que “o litisconsórcio será facultativo quando sua formação não
seja obrigatória e decorrer da opção do autor pela instauração do processo litisconsorcial
em vez de propor demandas isoladas”3.

Note-se, Exa., que a composição do polo ativo da presente demanda com 70


(setenta) requerentes inviabilizaria, sobremaneira, o exercício de defesa da Agravante,
principalmente pelo fato de que teria apenas 15 (quinze) dias para contestar os fatos
alegados e a afirmação de dano moral de cada um dos autores.

2
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 232.
3
DINAMARCO, Cândido Rangel. LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. Teoria Geral do Novo Processo Civil. São Paulo:
Malheiros, 2016, p. 157.

67
Soma-se a isso, ainda, o fato de a Contestação da Agravante repousar sobre toda a
documentação acostada nos autos, que se refere à percepção pessoal de cada requerente do
acidente que supostamente teria acarretado em danos morais. Ou seja, para cada Agravado,
o Agravante teria de contestar o arcabouço probatório particularmente acostado nos autos.

É evidente, D. Julgador, que a existência de 70 (setenta) requerentes na demanda,


além de inviabilizar o pleno exercício de defesa da Agravante, irá atrasar a resolução da
presente demanda, tendo em vista que, como o pedido indenizatório de danos morais se
refere a uma situação particular de cada parte, a dilação probatória terá de recair sobre a
suposta existência de dano a cada parte, e, não, a um fato comum e isolado.

Portanto, se é certo que o CPC/15 não prevê um número máximo de partes para
integrar o polo da relação processual, é igualmente correto dizer que o CPC/15 prevê, em
seu art. 113, §1º, que a existência de um número exacerbado de litisconsortes facultativos,
resultando o comprometimento da defesa e da rápida solução do litígio, impõe a limitação
do litisconsórcio.

A pretensão da Agravante, além de encontrar suporte no texto da legislação, é


corroborada pelo entendimento jurisprudencial dos tribunais pátrios e, principalmente, do
Colendo Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROPRIEDADE INTELECTUAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.


VIOLAÇÃO DE MARCA. LIMITAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO.
POSSIBILIDADE.
Cabível a determinação de limitação do litisconsórcio facultativo passivo, ante a presença de elevado
número de réus em situação fática peculiar, a dificultar o andamento da demanda e a rápida solução
da lide. Princípios da economia e celeridades processuais. Art. 46, parágrafo único, do CPC.
NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA4 – Sublinhamos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de indenização por danos morais. LIMITAÇÃO DE


LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO. Decisão agravada que determinou ao procurador dos autores
a distribuição de novas ações, com no máximo cinco pessoas, observando-se a competência da Comarca
da Ilhabela para os autores que lá residirem. Inconformismo dos autores. Acolhimento parcial.
Limitação do litisconsórcio que se impõe no caso dos autos. O ajuizamento de ação, que visa a
reparação de danos morais de cerca de 350 pescadores em razão de dano ambiental, certamente causa
prejuízos ao direito de defesa, prejudicando também o desenvolvimento do feito. Por se cuidar de
litisconsórcio ativo facultativo, a limitação é cabível, nos termos do art. 113 do CPC/2015.
Desmembramento que deverá ser realizado pela Serventia, haja vista a necessidade de se preservar os
efeitos do ajuizamento da ação, como a retroação da data de interrupção da prescrição. Nulidade da
decisão quanto à competência territorial, queé relativa e não pode ser declinada de ofício. Decisão
reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, COM OBSERVAÇÃO5– Sublinhamos.

4
Agravo de Instrumento nº 70049433576, Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Rel. Des. Isabel Dias
Almeida, julg. em 13.06.2012, disponível na internet em <www.tjrs.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
Agravo de Instrumento nº 2089134-48.2016.8.26.0000, 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel Des.
Viviani Nicolau, julg. em 18.08.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

68
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
ESPECIAL. ART. 46, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO.
LIMITAÇÃO. POSSIBILIDADE. PODER DO JUIZ. SÚMULA 07/STJ. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO.
I. O art. 46, parágrafo único, do CPC, admite a possibilidade de o juiz limitar o número de litigantes e
determinar o desmembramento quanto aos demais, quando a pluralidade de litigantes comprometer a
rápida solução do litígio ou dificultar a defesa.
II. O entendimento jurisprudencial do STJ é firme no sentido de que a análise quanto aos requisitos que
conduziram ao desmembramento do feito demanda o reexame de matéria fática, o que é obstado, no
âmbito do Recurso Especial, pela Súmula 7 desta Corte.
III. Agravo Regimental improvido6.

Finalmente, quanto ao fundamento de que a limitação do litisconsórcio causaria


risco aos Agravados na medida em que a ação teria sido ajuizada no penúltimo dia do prazo
prescricional, é preciso destacar o entendimento exarado no enunciado nº 10 do Fórum
Permanente dos Processualistas Civis, no sentido de que: “Em caso de desmembramento
do litisconsórcio multitudinário, a interrupção da prescrição retroagirá à data de
propositura da demanda original.” – Sublinhamos.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação dos Agravados pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se o pedido de limitação do
litisconsórcio multitudinário, nos termos do art. 113, §1º, do CPC, determinando-se o

6
AgRg no AgRg no REsp nº 1.455.005/RS, 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Assusete Magalhães, julg. em
16.02.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

69
desmembramento do presente feito7, a ser determinado pela Serventia do D. Juízo de
primeiro grau, a fim de incidir todos os efeitos dessa medida8.
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

7
Enunciado n. 386 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário
acarreta o desmembramento do processo.”.
8
Enunciado n. 10 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Em caso de desmembramento do litisconsórcio multitudinário, a
interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da demanda original.”.

70
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

71
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 72
3.3.8. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação declaratória de nulidade de contrato


c/c inexigibilidade de débito, movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por
seus procuradores abaixo assinados, com fundamento nos artigos 1.015, inciso VII, do
Código de Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi acolhida
a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo Agravado, determinando-se a exclusão
de um dos litisconsortes.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

73
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pelos Agravados: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

74
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, D. Julgador, a Agravante ajuizou demanda declaratória de


nulidade de contrato c/c inexigibilidade de débito, em função de um contrato de compra e
venda firmado com a Agravada – Fulana e uma relação contratual de financiamento
pactuada com a Agravada – Siclana.

Frustrada a tentativa de conciliação realizada na audiência do art. 334, do CPC,


designada pelo D. Juízo de piso, as Agravadas apresentaram suas contestações, sendo que,
em preliminar, a Agravada – Siclana arguiu sua legitimidade passiva, haja vista não fazer
parte da relação contratual do contrato de compra e venda objeto da declaração de nulidade
ventilada na Exordial.

Por meio da r. decisão agravada, o D. Juízo de piso entendeu por bem acolher a
preliminar arguida pela Agravada – Siclana, de modo que extinguiu parcialmente a lide com
base no art. 485, inciso VI, do CPC, nos seguintes termos:

Vistos.
Aprioristicamente, acolho a preliminar de ilegitimidade de parte arguida pela Ré – Siclana, tendo em
vista que os pedidos formulados na Exordial voltam-se apenas e tão somente contra o contrato firmado
com a Ré – Fulana, relação contratual que sequer fez parte.
Sendo assim, julgo extinta a presente demanda, com relação à Ré – Siclana, sem resolução de mérito,
com base no art. 485, inciso VI, do CPC, carreando ao autor as custas e despesas processuais
proporcionais e honorários advocatícios fixados em 10% do proveito econômico, nos termos do art. 85,
§2º, do CPC.

75
No mais, especifiquem as partes as provas que pretendam produzir, justificando-as conforme as regras
previstas no Código de Processo Civil vigente.
Intime-se.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, a r. decisão agravada merece


reforma por estar em completo descompasso com o princípio da duração razoável do
processo, esculpido no art. 4º, do CPC, e contrária à doutrina e jurisprudência de nossos
tribunais pátrios.

Inicialmente, importa ressaltar a inquestionável natureza consumerista da relação


firmada entre a Agravante e a Agravada.

Nesse sentido, nos termos da abalizada doutrina de Fabrício Bolzan de Almeida, a


relação de consumo pode ser definida como “aquela relação firmada entre consumidor e
fornecedor, a qual possui como objeto a aquisição de um produto ou contratação de um
serviço”2.

Nesse diapasão, inegável o enquadramento da Agravante como consumidor, nos


termos do art. 2º3, do CDC, e as Agravadas como fornecedores, conforme o art. 3º4, do
CDC, o que evidencia a clara natureza de consumo da relação firmada entre as partes.

Com essa premissa em mente, os contratos de compra e venda de veículo e de


fornecimento, exatamente como apresentado nestes autos, por serem conexos em razão da
relação consumerista possuem evidente prejudicialidade, de modo que, caso o primeiro seja
anulado, invariavelmente o segundo será atingido. Confira-se, a seguir, o entendimento
jurisprudencial acerca do tema:

2
ALMEIDA, Fabrício Bolzan de. Direito do Consumidor Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 76.
3
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
4
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

76
APELAÇÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E
FINANCIAMENTO. CONEXÃO CONTRATUAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE
COTNRATO E INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAL. AQUISIÇÃO DE OUTRO VEÍCULO MAIS BARATO MEDIANTE ENTREGA
DO USADO NA REVENDEDORA. NEGÓCIO NÃO APERFEIÇOADO PELO NÃO RECEBIMENTO
DO CARRO COMPRADO. RESCISÃO COM RETORNO DAS PARTES AO ESTADO ANTERIOR.
POSSIBILIDADE. RECURSO DO BANCO IMPROVIDO.
1. Celebrados contratos coligados de compra e venda e automóvel e financiamento com alienação
fiduciária, sujeitam-se ao regime do Código de Defesa do Consumidor. Por força da conexão contratual
e dos preceitos consumeristas, o problema determinante do desfazimento da compra e venda atinge
igualmente o de financiamento.
2. Com isso, o agente financiador também é parte legítima para responder à ação contra si também
proposta, em litisconsórcio com a vendedora5.

APELAÇÃO CÍVEL – COMPRA E VENDA DE VEÍCULO AUTOMOTOR E FINANCIAMENTO


BANCÁRIO – CONTRATOS CORRELATOS – AUSÊNCIA DE ENTREGA DO BEM – RESOLUÇÃO DO
CONTRATO DE FINANCIAMENTO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – LITISCONSÓRCIO
PASSIVO NECESSÁRIO ENVOLVENDO A REVENDEDORA DE VEÍCULOS – PRELIMINAR
SUSCITADA DE OFÍCIO ACOLHIDA – SENTENÇA CASSADA.
O litisconsórcio necessário, ativo ou passivo, é aquela sem cuja observância não será eficaz a sentença,
seja por exigência da própria lei, seja pela natureza da relação jurídica litigiosa.
O contrato de compra e venda do veículo e o contrato de financiamento estão atados por uma função
econômica comum, já que é o segundo que proporciona os recursos necessários à efetivação do
primeiro.
É possível dizer, portanto, que cada qual é a causa e razão de ser do outro e sem ele não realizaria o
negócio jurídico. Por essa razão, há litisconsórcio passivo necessário entre o vendedor e a instituição
financeira mutuante, vez que, eventual decreto de resolução da compra e venda, necessariamente,
repercute no financiamento, que não subsiste de forma isolada. A recíproca também é verdadeira.
A inobservância do litisconsórcio passivo necessário, entretanto, não conduz, diretamente, à extinção do
processo, por falta de pressuposto processual, cabendo ao julgador conceder ao requerente o prazo de
dez dias para emendar a inicial, indicando a pessoa jurídica que lhe vendera o veículo, a fim de que
possa compor, adequadamente, o polo passivo da demanda. Tal providência se impõe, em virtude do
disposto nos arts. 47 e 284, do CPC.
Preliminares de não conhecimento do recurso e de ilegitimidade passiva rejeitadas. Preliminar de
nulidade parcial do processo, por inobservância de litisconsórcio passivo necessário, suscitada de ofício,
acolhida. Sentença cassada6.

Diante do exposto, D. Julgador, restou claramente demonstrado neste arrazoado que


a presença das Agravadas nesta demanda é indispensável para o adequado deslinde da
presente controvérsia, tendo em vista a evidente relação de prejudicialidade entre os
contratos, havendo, portanto, inquestionável litisconsórcio passivo necessário, nos termos
do art. 114 do Código de Processo Civil.

5
Apelação Cível nº 4026244-90.2013.8.26.0114, 31ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Adilson de Araujo, julg. em 19.04.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
6
Apelação Cível nº 1.0024.10.211711-6/001, 17º Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Eduardo Mariné
da Cunha, julg. em 08.08.2013, disponível na internet em <www.tjmg.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

77
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, mantendo-se a Agravada-Siclana no polo passivo
da presente demanda, haja vista a manifesta correlação entre os contratos firmados pelas
partes e a existência de litisconsórcio passivo necessário, nos termos do art. 114 do CPC.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

78
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

79
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 80
3.3.9. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
ADMISSÃO OU INADMISSÃO DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:

3.3.9.1. ASSISTÊNCIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de execução de título executivo


extrajudicial, movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores
abaixo assinados, com fundamento nos artigos 1.015, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi deferida
o ingresso de terceiros intervenientes da modalidade de assistência.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

81
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

82
Tribunal de Justiça (…)

Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Na origem, trata-se de ação de execução movida pela Agravante em face da


Agravada – Fulana, no valor de R$ xxx.xxx,xx (xxxxxxxxxxxxxx), decorrente de cédula de
crédito bancário.

Por outro lado, as Agravadas – Siclana e Beltrana alegam que seriam credoras
hipotecárias da Agravante em virtude de acordo judicial homologado em ação de dissolução
de sociedade que tramitou perante a xxª Vara Cível do Foro da Comarca de xxxxxxxx, e por
esse motivo requereram o ingresso nos autos originários, por meio de intervenção de
terceiro, na modalidade de assistência, alegando que teriam legítimo direito de pleitear a
avaliação do imóvel pelo atual valor de mercado, evitando-se, assim, prejuízos aos credores.

A despeito dos sólidos fundamentos despendidos no bojo da impugnação


apresentada pela Agravante, o D. Juízo de primeiro grau entendeu por bem deferir a
intervenção das Agravadas - Siclana e Beltrana, nos seguintes termos:

Vistos. Passo a decidir o requerimento de intervenção de terceiro formulado pelas empresas Siclana e
Beltrana fundado em interesse na melhor avaliação do bem imóvel objeto da presente execução, haja
vista serem credores hipotecários do Executado.
Nesse sentido, é cediço que o art. 119, do novo CPC, permite a intervenção de terceiros, na modalidade
de assistência, caso seja demonstrado o interesse jurídico.
Diante disso, vislumbro o interesse jurídico das empresas em intervir no presente feito, haja vista que a
avaliação do bem irá impactar diretamente em suas esferas jurídicas, motivo pelo qual acolho o pedido
de intervenção.

83
É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada a convicção do D. Magistrado de primeiro grau, a r. decisão vergastada


merece reforma tendo em vista estar em descompasso com o entendimento uníssono do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, da doutrina abalizada e de expresso texto de lei.

Inicialmente, impende registrar que o art. 119 do Código de Processo Civil dispõe
que: “Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para
assisti-la” – Sublinhamos.

Em outras palavras, a assistência simples ocorre quando o terceiro, tendo interesse


jurídico na decisão da causa, ingressa no processo para auxiliar uma das partes, ou seja, o
terceiro possui relação jurídica dependente da relação jurídica discutida nos autos em que
pretende ingressar, já que o desfecho da demanda poderá atingir interesse jurídico que
lhe é próprio.

Portanto, D. Julgador, faz-se imprescindível, para a admissão do ingresso do


assistente, a demonstração do interesse jurídico que, por sua vez, não se confunde com
mero interesse moral ou econômico no deslinde da demanda.

Nesse mesmo sentido, vale destacar as valiosas lições doutrinárias de Luiz


Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini, na medida em que, ao comentar o instituto da
assistência simples, leciona que o “fundamento autorizador dessa intervenção é a
existência de um interesse jurídico (e não meramente moral ou econômico) do assistente na
vitória do assistido. O resultado vitorioso do assistido repercutirá positivamente também
na esfera jurídico do assistente”2.

Não destoam desse entendimento as lições de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria
de Andrade Nery:

2
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil: teoria geral do processo. Vol. 1. 5ª ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 177.

84
4. Interesse jurídico. Somente pode intervir como assistente o terceiro que tiver interesse jurídico em
que uma das partes vença a ação. Há interesse jurídico do terceiro quanto a relação jurídica da qual
seja titular possa ser reflexamente atingida pela sentença que vier a ser proferida entre assistido e parte
contrário. Não há necessidade de que o terceiro tenha, efetivamente, relação jurídica com o assistido,
ainda que isto ocorra na maioria dos casos. Por exemplo, há interesse jurídico do sublocatário em ação
de despejo movida contra o locatário. O interesse meramente econômica ou moral não enseja a
assistência, se não vier qualificado como interesse também jurídico”3– Sublinhamos.

No caso vertente, Exa., resta evidente que o único interesse das Agravadas -
Siclana e Beltrana, ao requerer a intervenção no feito originário, na condição de assistentes,
para assegurar a avaliação do bem objeto penhorado na presente execução de acordo com o
seu valor de mercado, éeconômico, o que não autoriza o deferimento da intervenção.

Por essa razão, registre-se, uma vez mais, que o instituto da assistência possui como
pressuposto legal o interesse jurídico, que, no entanto, se distingue do interesse
meramente econômico, e dessa forma

(...) não demonstrado o interesse jurídico, não se defere o pedido de assistência simples sob pena de
ofensa ao disposto no art. 50 do Código de Processo Civil [art. 119, do novo Código de Processo Civil]:
“Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a
sentença seja favorável a uma delas, poderá interver no processo para assisti-la”4 – Colchetes nossos.

A imprescindibilidade da presença do interesse jurídico – o que não se confunde


com interesse econômico - no momento da intervenção do assistente encontra eco seguro,
tanto na legislação (art. 119 do CPC), quanto na pacífica jurisprudência do Colendo
Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL E EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


RECURSO INTEGRATIVO RECEBIDO COMO AGRAVO INTERNO. ASSISTÊNCIA SIMPLES.
INTROMISSÃO NO FEITO DE CREDOR DA COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE INTERESSE JURÍDICO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. AÇÃO
RESCISÓRIA. TERMO INICIAL DO PRAZO DECANDENCIAL. ÚLTIMO PRONUNCIAMENTO
JUDICIAL DO QUAL NÃO CAIBA RECURSO. SÚMULA 401/STJ. AGRAVOS REGIMENTAIS
DESPROVIDOS.
1. A lei processual civil, mesmo no caso do procedimento de liquidação de cooperativa, somente autoriza
a intromissão de terceiro assistente simples, quando comprovado o seu interesse jurídico, e não, como
na hipótese, o mero e eventual proveito econômico.
2. Nos moldes da Súmula 401 desta Corte, “o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando
não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”.
3. Destaque-se, a título de reforço de argumentação, que o Código de Processo Civil de 2015 positivou
no artigo 975 a regra de que “o direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em
julgado da última decisão proferida no processo”.

3
NERY JUNIOR, Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao código de processo civil. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015, p. 582.
4
REsp nº 1.223.361/PE, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Herman Benjamin, julg. 07.06.2011, disponível
na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

85
4. Agravos regimentais desprovidos5– Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ASSISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE INTERESSE


JURÍDICO. INTELIGÊNCIA DO ART. 50 DO CPC.
1. Na estrita dicção do art. 50 do Código de Processo Civil-CPC, o instituto da assistência simples exige
que o terceiro possua interesse jurídico no desfecho da controvérsia, não bastando o mero interesse
econômico, moral ou corporativo.
2. No caso concreto, faculta-se à associação que congrega as empresas de transportes terrestres auxiliar
extrajudicialmente a ré na ação civil pública sob todas as formas possíveis, seja com a contratação de
advogados e elaboração de pareceres, seja com apoio logístico.
3. Todavia, dada a absoluta ausência de vínculo entre os efeitos da demanda e qualquer relação jurídica
estabelecida entre a recorrente e a ré, vislumbra-se apenas interesse de natureza institucional, o qual
não possibilita a almejada intervenção judicial por falta de previsão em lei e sob pena de tumulto
processual.
4. Recurso especial não provido6 – Sublinhamos.

Forte nas razões acima expendidas mostra-se claro que as Agravadas – Beltrana e
Siclana não possuem interesse jurídico no deslinde da demanda executiva em curso na
origem, mas, tão somente, interesse econômico sobre a avaliação do bem da Agravada –
Fulana, motivo pelo qual, de acordo com o art. 119 do Código de Processo Civil, não
podem intervir na condição de assistentes simples.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação das Agravadas pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

5
AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 724.365/SP, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Raul Araújo, julg.
em 16.06.2016, disponível na internet <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
6
REsp 1.182.123/PE, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Castro Meira, julg. em 11.05.2010, disponível na
internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

86
Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja
conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, rejeitando-se a intervenção das Agravadas –
Siclana e Beltrana, na condição de assistentes, por inexistir interesse jurídico no desate da
presente controvérsia, mas apenas interesse econômico, o que viola o disposto no art. 119
do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

87
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

88
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS

(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Data.

(Assinatura)

Advogado (OAB).

voltar ao sumário 89
3.3.9.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso IX, do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls.
__ na origem, por meio da qual foi admitida a denunciação da lide requerida pela Agravada.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

90
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

91
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Cuida a demanda originária de pretensão indenizatória dirigida em face da


Agravada, em razão de falha na prestação do serviço prestado (entrega e montagem de
móveis), com base na relação contratual de compra e venda, incluindo-se a entrega e
montagem dos móveis, firmada entre as partes.

Devidamente citados e dispensada a realização de audiência de conciliação e


mediação prevista no art. 334, do CPC, a Agravada apresentou contestação, alegando, em
síntese, os fundamentos para a improcedência da demanda, bem como o requerimento de
denunciação da lide à empresa Fulana, responsável pela terceirização nos serviços de
transporte e montagem de seus produtos.

Em completo descompasso com a legislação aplicada à espécie, uníssono


entendimento jurisprudencial e da abalizada doutrina sobre o tema, o D. Juízo de primeiro
grau, sem o costumeiro acerto, deferiu o requerimento de denunciação de lide, nos seguintes
termos:

(…)
Defiro a denunciação da lide da empresa Fulana, requerida pela Ré, visto que, por expressa previsão
contratual, haver a responsabilidade da empresa denunciada de indenizar, em ação regressiva, eventual
prejuízo suportado pela Ré, o que faço com supedâneo no art. 125, inciso II, do novo Código de Processo
Civil.”

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

92
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Respeitada as convicções do D. Juízo de primeiro grau, a r. decisão agravada


merece reforma, visto que, conforme a legislação consumerista e a jurisprudência de nossos
tribunais pátrios, nas relações processuais pautadas em relações de consumo - como é o
caso vertente – não é admitida a intervenção de terceiros como pretendido pela Agravada e
equivocadamente deferida na origem.

Inicialmente, importa ressaltar a inquestionável natureza consumerista da relação


firmada entre a Agravante e a Agravada.

Nesse sentido, nos termos da abalizada doutrina de Fabrício Bolzan de Almeida, a


relação de consumo pode ser definida como “aquela relação firmada entre consumidor e
fornecedor, a qual possui como objeto a aquisição de um produto ou contratação de um
serviço”2.

Nesse diapasão, inegável o enquadramento da Agravante como consumidor, nos


termos do art. 2º3, do CDC, e a Agravada como fornecedor, conforme o art. 3º4, do CDC, o
que evidencia a clara natureza de consumo da relação firmada entre as partes.

Assim sendo, diante da manifesta relação de consumo firmada entre as partes,


impõe-se a aplicação do art. 88, do CDC, ao caso vertente, que prevê: “Na hipótese do art.
13, parágrafo deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo,
facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da
lide”.

A respeito da vedação da denunciação à lide nas demandas que envolvem relações


de consumo, o Professor Luiz Antônio Rizzato Nunes comenta que:

De qualquer maneira, a norma do parágrafo único do art. 13 remete ao art. 88, que é regra adjetiva,
para proibir a denunciação da lide.(…). São duas as bases que fluem da redação do art. 88. De um lado
o princípio de economia processual, já que permite o prosseguimento da ação de regresso nos mesmos
autos, mas de outro lado, e antes desse princípio, a norma impede a aglutinação de ações indiretas no
mesmo feito ao proibir a denunciação da lide. Na verdade, a norma do art. 88 é incompleta.
Obviamente está vedada a denunciação da lide e também o chamamento ao processo. Se a

2
ALMEIDA, Fabrício Bolzan de. Direito do Consumidor Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 76.
3
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
4
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

93
regra pretende evitar o prolongamento do processo com ações paralelas, tem de proibir tanto a
denunciação da lide quanto o chamamento ao processo5.
Portanto, D. Julgador, com base no art. 88, do CDC, a iterativa e pacífica
jurisprudência de nossos tribunais entende pelo não cabimento de denunciação da lide nas
ações que envolvam relações de consumo:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALEGADA


FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. DENUNCIAÇÃO DA
LIDE. VEDAÇÃO DO ART. 88 DO CDC. DECISÃO MANTIDA.
1. “A vedação à denunciação da lide nas relações de consumo refere-se tanto à responsabilidade pelo
fato dos serviços quanto pelo fato do produto” (AgRg no AREsp n. 472.875/RJ, Relator Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 3/12/2015, DJe 10/12/2015).
2. Agravo regimental a que se nega provimento6 – Sublinhamos.

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO


DE CONSUMO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. NÃO CABIMENTO. ENTENDIMENTO ADOTADO NESTA
CORTE. VERBETE 83 DA SÚMULA DO STJ. NÃO PROVIMENTO.
1. “É vedada a denunciação da lide nas relações de consumo, nos termos do art. 88 do CDC” (AgRg no
REsp 1.288.943/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em
15/9/2015, DJe 21/9/2015).
2. O Tribunal de origem julgou nos moldes da jurisprudência desta Corte. Incidente, portanto, o
enunciado 83 da Súmula do STJ.
3. Agravo interno a que se nega provimento7– Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA E INVALIDEZ. INTERMEDIADOR.


LEGITIMIDADE PASSIVA. POSSIBILIDADE. DENUNCIAÇÃO. LIDE. ATRIBUIÇÃO.
RESPONSABILIDADE. TERCEIRO. INADMISSIBILIDADE. IMPROVIMENTO.
I. O agente que intermedeia a contratação de seguro é parte legítima para figurar na ação de cobrança
da indenização securitária se, com seu comportamento, faz crer ao contratante que é responsável pela
cobertura.
II. É inadmissível a denunciação da lide, com fundamento no artigo 70, III, do Código de Processo Civil,
se busca o denunciante eximir-se da responsabilidade pelo fato e atribuí-la a terceiro.
III. Recurso especial conhecido em parte e desprovido8.

Ademais, a jurisprudência de nossos tribunais pátrios indicam que a melhor


compreensão dos artigos 13 e 88, do CDC, é no sentido de que a denunciação da lide é
vedada em toda e qualquer relação de consumo. Senão, vejamos:

5
NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
547/548.
6
AgRg no Agravo em REsp nº 659.600/RJ, 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julg. em
02.08.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
7
AgInt no Agravo em REsp nº 803.824/RJ, 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julg. em
10.05.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
8
Recurso Especial nº 1.041.037/DF, 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julg. em
02.09.2010, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

94
Destaque-se que uma leitura mais apressada do artigo 88 do Código de Defesa do Consumidor,
ensejaria a errônea percepção de que a denunciação da lide é vedada apenas nos casos arrolados no
artigo 13 do mesmo Diploma Legal. Contudo, o referido artigo 88 da Norma Consumerista deve ser
interpretado de forma extensiva, alcançando todas as hipóteses de relação de consumo, não apenas
aquelas previstas no artigo 13 do Código Consumerista (responsabilidade do comerciante), de modo que
a denunciação da lide não é aceita quando se discute uma relação de consumo(...)”9.

Diante do exposto, Exa., restou claramente demonstrada a necessidade da r. decisão


agravada ser reformada, na medida em que, segundo o art. 88, do CDC, e reiterada
jurisprudência de nossos tribunais, as demandas que versem sobre relação de consumo não
comportam o deferimento da denunciação à lide.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação da Agravada pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, rejeitando-se o requerimento de denunciação à lide
formulado pela Agravada, uma vez que, conforme o art. 88, do CDC, essa intervenção é
expressamente vedada nas demandas que versem sobre relação de consumo.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

9
Apelação Cível nº 9053774-79.2006.8.26.0000, 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Roberto Mac Cracken, julg. em 11.08.2011, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

95
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

96
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 97
3.3.9.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso IX, do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls.
__ na origem, por meio da qual foi admitida a modalidade de intervenção de terceiros
chamamento ao processo, conforme art. 130 e seguintes do CPC, requerida pelo Agravado.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

98
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:


(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as
custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

99
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, a Agravante moveu ação de obrigação de fazer com pedido de


tutela provisória em face da Agravada, a fim de compeli-la a fornecer medicamentos
específicos para o tratamento da doença grave que acomete a Agravante, sob pena de multa
diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Acertadamente o D. Juízo de primeiro grau deferiu a antecipação de tutela


provisória requerida na origem.

Realizada a citação da Agravada e dispensada a realização de audiência de


conciliação e mediação prevista no art. 334, do CPC, a Agravada apresentou contestação,
alegando, em suma, os fundamentos que levariam à improcedência da demanda, bem como
requereu o deferimento do chamamento ao processo da União, tendo em vista a
solidariedade da Administração Pública Federal no fornecimento de medicamentos à
sociedade.

O D. Juízo de primeiro grau, sem o costumeiro acerto, deferiu o chamamento ao


processo da União e determinou a remessa dos autos à Seção Judiciária competente para
processamento e julgamento do feito, tendo em vista eventual interesse da União no
presente feito. Senão, vejamos:

Vistos. Recebo a Contestação apresentada pela Municipalidade, haja vista ser tempestiva.
Inicialmente, vislumbro a solidariedade da Ré e da Administração Pública Federal no que concerne à
obrigação de fornecimento de medicamentos à população, motivo pelo qual defiro o requerimento de

100
chamamento ao processo da União ao presente feito, com base no art. 130, inciso III, do novo Código de
Processo Civil.

Ademais, por conseguinte, determino a remessa dos autos à Secção Judiciária competente para
apreciação e julgamento deste feito, haja vista a intervenção da União, o que faço nos termos do art.
109, inciso I, da Constituição Federal.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada as convicções do D. Juízo de primeiro grau, a r. decisão agravada não


está em consonância com as lições da melhor doutrina, tampouco com o entendimento
jurisprudencial dos tribunais pátrios e, principalmente, com teses firmadas pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça sob o regime repetitivo, conforme será demonstrado a seguir.

Inicialmente, D. Julgador, é preciso ressaltar que o requerimento de intervenção de


terceiros, formulado pela Agravada, não é uma tese nova, mas, ao revés, trata-se de
ultrapassado e surrado expediente processual utilizado por entes públicos com o único
intuito de protelar a tutela jurisdicional, fundada no direito à saúde e à vida.

Nesse sentido, registre-se reiterado e uníssono entendimento de nossos tribunais


pátrios acerca da inadmissibilidade do chamamento ao processo da União em demandas
relacionadas a entregas de medicamentos:

EMENTA. PROCESSO. Medicamento – Fornecimento – Entes públicos – Solidariedade – Município –


Chamamento ao processo – Estado e União – Impossibilidade:
- Não cabe denunciação da lide ou chamamento ao processo em demandas que versem sobre o
fornecimento de medicamentos ou insumos.
PROCESSO.
Medicamento – Fornecimento – Possibilidade:
- O Estado tem o dever constitucional de fornecer medicamentos ou equipamentos indispensáveis para o
tratamento de pessoa carente, propiciando-lhe o acesso igualitário à assistência médica e farmacêutica2
– Sublinhamos.

MANDADO DE SEGURANÇA – CONSTITUCIONAL – PRELIMINARES – INADEQUAÇÃO DA VIA


ELEITA – CHAMAMENTO AO PROCESSO DA UNIÃO E DO MUNICÍPIO E DECLÍNIO DE
COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL – PRELIMINARES AFASTADAS – MÉRITO –
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS – OBRIGAÇÃO DO ESTADO – SEGURANÇA CONCEDIDA.

2
Apelação Cível nº 0003551-65.2014.8.26.0238, 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Des.
Teresa Ramos Marques, julg. em 27.06.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

101
1. O direito ao recebimento de medicamento pode ser demonstrado por meio de prova documental, entre
eles o laudo médico, sendo desnecessária dilação probatória.

2. Embora a obrigação de fornecimento de medicamentos às pessoas que deles necessitarem e não


puderem custear seu tratamento com recursos próprios seja solidária entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, o chamamento ao processo da União, ou de outro coobrigado, é
medida desnecessária e impertinente à solução do feito, conforme decidido pelo STJ em sede de
julgado submetido ao regime dos recursos repetitivos, não sendo o caso, por conseguinte, de declínio
da competência em prol da Justiça Federal.
3. É dever do Estado (em sentido amplo) garantir ao cidadão o direito à saúde, provendo-lhe dos meios
necessários para efetivação plena desse direito como, por exemplo, o fornecimento de medicamentos, ao
qual não se opõe a inércia do Poder Público em realizar regular e satisfatoriamente a aquisição de
medicamentos, tampouco a alegação da teoria da reserva do possível sem qualquer comprovação de
insuficiência de recursos.
4. Segurança concedida3 –Sublinhamos.

Registre-se, ademais, que o desiderato da Agravada, eivado de má-fé, foi atingido,


pois conseguiu que o D. Juízo de primeiro grau determinasse a remessa dos autos
originários à Justiça Federal. Confira-se, a seguir, o aresto colacionado abaixo em que o
Poder Judiciário já repreendeu essa manobra da Administração Pública:

CHAMAMENTO AO PROCESSO DA UNIÃO FEDERAL. ART. 109, CPC. DESCABIMENTO.


Inadmissível o chamamento ao processo da União, primeiro por se reconhecer à autora escolher contra
quem demandar o fornecimento de medicamento e, depois, por implicar a intervenção de terceiros em
expressivo retardo processual, notadamente tratando de pretensão à tutela da saúde, não fosse trazer
como consequência a perda de competência do juízo da causa, em ofensa ao art. 109, CPC. (…)”4

Finalmente, impende registrar o entendimento firmado pelo Egrégio Superior


Tribunal de Justiça, sob regime de recursos repetitivos, por ocasião do julgamento do REsp
nº 1.203.244/SC, sob a relatoria do Ministro Herman Benjamin, segundo o qual a
intervenção da União (no caso, por meio do chamamento ao processo) em casos de
fornecimento de medicamentos consiste em mero obstáculo para a efetivação do direito à
saúde do cidadão. Senão, vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008.
RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. AÇÃO MOVIDA CONTRA O ESTADO. CHAMAMENTO DA
UNIÃO AO PROCESSO. ART. 77, III, DO CPC. DESNECESSIDADE. Controvérsia submetida ao rito do
art. 543-C do CPC.
1. O chamamento ao processo da União com base no art. 77, III, do CPC, nas demandas propostas
contra os demais entes federativos responsáveis para o fornecimento de medicamentos ou prestação de
serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à garantia
fundamental do cidadão à saúde. Precedentes do STJ.

3
Mandado de Segurança nº 0000.15.001585-7, Pleno do Tribunal de Justiça de Roraima, Rel. Des. Tania Vasconcelos Dias, julg.
em 16.12.2015, disponível na internet em <www.tjrr.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
Apelação Cível nº 70057556284, 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Rel. Des. Armínio José Abreu
Lima da Rosa, julg. em 18.12.2013, disponível na internet em <www.tjrs.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

102
2. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federa entende que “o recebimento de medicamentos pelo
Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos,
desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios”, e “o
ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido
pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional”, razão
porque “o chamamento ao processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida
meramente protelatória que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do
feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o
restabelecimento da saúde da recorrida” (RE 607.381 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma,
DJ 17.6.2011).
3. Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido negou o chamamento ao processo da União, o que está em
sintonia com o entendimento aqui fixado.
4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
STJ 8/20085.

Nessa esteira, diante do regime de julgamento em que o Superior Tribunal de Justiça


adotou o encimado entendimento, impõe-se a aplicação do disposto no art. 927, inciso III,
do CPC, segundo o qual: “Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: (…) III – os
acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos.” -
Sublinhamos
Sobre o respeito aos precedentes, a doutrina de Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro
Torres de Mello ensina que os julgados tomados em regime de recursos repetitivos
possuem vinculação forte:

Os incs. III e IV trazem hipóteses também da obrigatoriedade, no sentido forte – são os acórdãos
proferidos em incidente de assunção de competência, resolução de demandas repetitivas, julgamento de
recurso especial ou extraordinário repetitivos. 4.1 O objetivo destes institutos ou, se preferir, destes
regimes diferenciados de julgamento de ações de recursos, é justamente o de gerar segurança e
previsibilidade. Não teria sentido algum se não tivesse de ser respeitados. Sua razão de ser seria
brutalmente desrespeitada e sua finalidade inteiramente comprometida6 –Sublinhamos.

Portanto, Exa., diante da reiterada jurisprudência, inclusive tomada sob o regime de


julgamento de recursos repetitivos, cuja vinculação se impõe à luz do art. 927, inciso III, do
CPC, no sentido de que a intervenção da União Federal em demandas ajuizadas em face dos
demais entes federativos objetivando o fornecimento de remédios só tem por objetivo a
procrastinação da entrega jurisdicional, não há alternativa senão a reforma da r. decisão
agravada.

5
REsp nº 1.203.244/SC, Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Herman Banjamin, julg. em 09.04.2014,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
6
WAMBIER. Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 1460.

103
III – Do Requerimento de Concessão de Antecipação de Tutela Recursal –
Efeito Suspensivo (art. 932, inciso II, e art. 1.019, inciso I, do CPC).

Nos termos do art. 932, inciso II c/c o art. 1.019, inciso I, ambos do CPC, o Relator
está autorizado a apreciar pedido de tutela provisória formulado pelo recorrente no âmbito
recursal, inclusive o pedido de atribuição de efeito suspensivo.

Portanto, considerando que os fundamentos veiculados nestas razões recursais estão


pautados em tese firmada no julgamento do REsp nº 1.203.244/SC, sob o regime de
recursos repetitivos, pelo Superior Tribunal de Justiça, a concessão da tutela recursal
impõe-se fundada na evidência, nos termos do art. 311, inciso II, do CPC.

Nesse sentido, a concessão de antecipação da tutela recursal fundada, tanto na


urgência, quanto na evidência, é corroborada pela doutrina de Fredie Didier Jr. e
Leonardo Carneiro da Cunha: “O relator pode conceder a tutela antecipada recursal,
fundando-se na urgência ou só na evidência. Nesse sentido, o enunciado 423 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis: ‘Cabe tutela de evidência recursal’”7 –
Sublinhamos.

Finalmente, mesmo que seja despicienda a demonstração de urgência para a


concessão da antecipação da tutela recursal, registre-se que o D. Juízo de primeiro grau
determinou a remessa dos autos à Secção Judiciária competente, de modo que, caso não seja
deferido o efeito suspensivo nesse momento processual, é bastante provável que atos
processuais desnecessários sejam praticados (remessa dos autos, prolação de decisões, etc.),
postergando-se a tutela jurídica pleiteada pelo Agravante.

IV – Do Requerimento de Julgamento Monocrático pelo D. Relator (art. 932,


inciso V, alínea “b”, do CPC).

Por outro lado, de acordo com a regra prevista no art. 932, inciso V, alínea “b”, do
CPC, ao Relator é admitido o julgamento monocrático da pretensão recursal quando a
decisão recorrida estiver em descompasso com acórdão proferido pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos, após oportunizar ao recorrido a apresentação
de contrarrazões.

7
DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil: o processo nos tribunais, recursos, ações
de competência originária de tribunal e querela nullitatis. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 239.

104
Desse modo, considerando que a pretensão recursal da Agravante está
fundamentada no julgamento do REsp nº 1.203.244/SC, sob o regime de recursos
repetitivos, pelo Superior Tribunal de Justiça, o provimento monocrático, após o prazo das
contrarrazões do recorrido, é medida que se impõe.

III – Dos Requerimentos

Diante do exposto, a Agravante requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, concedida a antecipação de tutela recursal ora requerida, a fim


de suspender os efeitos da r. decisão recorrida, nos termo do art. 932, inciso II, e art. 1.019,
inciso I, ambos do Código de Processo Civil;

ii) Ato contínuo, seja a Agravante intimada pelo Diário Oficial, na pessoa de seus
advogados constituídos, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, nos termos
do art. 1.019, inciso II, do CPC;

Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

iii) Ato contínuo, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta
com aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal, nos
termos do art. 1.019, inciso II, do CPC.

iv) Seja dado provimento, monocraticamente, ao presente recurso, nos termos do


art. 932, inciso V, alínea “b”, do CPC, a fim de reformar a r. decisão agravada, rejeitando-se
a intervenção da União Federal ao presente feito, por meio do chamamento ao processo;

v) Na hipótese de V. Exa. entender não ser o caso de julgamento monocrático, seja,


então, remetido o presente recurso à apreciação da Colenda Câmara Julgadora e, ao final,
seja acolhida a pretensão recursal, a fim de reformar a r. decisão agravada, rejeitando-se a
intervenção da União Federal ao presente feito.

Termos em que,
Pede deferimento.

105
Data.
Advogado (OAB).

ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

106
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 107


3.3.9.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (JÁ TRATADO NO ITEM
3.3.4 – MESMA PEÇA);

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de execução de título extrajudicial,


movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo
assinados, com fundamento nos artigos 1.015, inciso IV, do Código de Processo Civil, vem
a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi acolhido o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica interposto pela Agravada.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, os Agravantes informam


que o recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

108
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, os Agravantes informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, os Agravantes requerem a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

109
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em suma, Exa., a Agravada interpôs, em face dos Agravantes, Incidente de


Desconsideração da Personalidade Jurídica, com fundamento no art. 133 e seguintes do
CPC, sob o fundamento de que, após inúmeras tentativas de encontrar bens passíveis de
penhora, constatou-se que a empresa Agravante não teria patrimônio suficiente para saldar a
dívida, motivo pelo qual sua personalidade deveria ser desconsiderada, voltando-se, a
presente execução, para o patrimônio dos sócios.
Devidamente citados, os sócios da empresa Agravante manifestaram-se, alegando,
em síntese, a ausência dos pressupostos autorizadores para a desconsideração da
personalidade jurídica.

A despeito das alegações colacionadas à manifestação ao incidente, o D. Juízo de


primeiro grau entendeu por bem acolher o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica interposto pela Agravada, nos seguintes termos:

Acolho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica interposto por Fulana, e, por


conseguinte, autorizo a afetação do universo patrimonial dos sócios da empresa Siclana, haja vista esta
restar insolvente e não ser titular de patrimônio apto á saudar a presente execução.

É contra essa decisão que os Agravantes pretendem a reforma por meio do presente
incidente recursal.

110
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Com a devida vênia ao entendimento exarado pelo D. Juízo de primeiro grau, os


Agravantes demonstraram exaustivamente a ausência dos pressupostos autorizadores para a
desconsideração da personalidade jurídica da empresa Siclana. Isso porque, Exa., a
Agravada, em nenhum momento, se desincumbiu do ônus de comprovar o mau uso da
autonomia patrimonial, limitando-se, apenas, à alegação de insolvência.

Registre-se que, como recomenda o art. 133, §1º, do CPC, é preciso ressaltar o
disposto no art. 50, do Código Civil, que prevê os requisitos autorizadores para a
desconsideração da personalidade jurídica:

Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizada pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Veja, Exa., que os Agravantes não praticaram quaisquer atos que poderiam ensejar a
extensão da presente execução aos seus bens particulares, de modo que, a mera insolvência
da empresa, não credencia a desconsideração de sua personalidade.

Nesse mesmo sentido, nossos tribunais se posicionam pacificamente acerca da


impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica baseada apenas na alegação
de insolvência. Senão, vejamos:

Agravo de Instrumento – Desconsideração da personalidade jurídica – Medida excepcional a ser


aplicada somente em face da constatação de fraude, desvios, ou mau uso da pessoa jurídica, o que não
restou comprovado no caso em tela – a mera insolvência não implica desconsideração – decisão
mantida – Recurso não provido2 – Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ‘DISREGARD DOCTRINE’. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


PROCESSO DE EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. INSOLVÊNCIA FÁTICA.
AUSÊNCIA DE BENS DA EMPRESA SUJEITOS À CONSTRIÇÃO. INSTITUTO DA SEPARAÇÃO
PATRIMONIAL DA PESSOA JURÍDICA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA SOCIETÁRIA. SUPOSTA GESTÃO FRAUDULENTA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO. MERA INSOLVÊNCIA DO ENTE COLETIVO. RELAÇÃO DE CONSUMO.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE DESTINATÁRIO FINAL DA MERCADORIA.
INSUMO. CDC – ART. 28. ‘RATIO’ DO REGIME JURÍDICO ESPECIAL. PROTEÇÃO LEGAL AO
HIPOSSUFICIENTE. PROVEITO AO CONSUMIDOR E NÃO AO FORNECEDOR. Recurso desprovido.

2
Agravo de Instrumento nº 2103719-08.2016.8.26.0000, 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Moreira Viegas, julg. em 03.08.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

111
1. Desconsideração da personalidade jurídica. Ainda que em juízo sumário, o deferimento da
desconsideração da personalidade societária requer a demonstração – ao menos aparente – de que os
sócios obtiveram vantagens indevidas através da manipulação abusiva do instituto da separação
patrimonial. A mera insolvência do ente coletivo não autoriza o deferimento da providência, vez que
isto significaria relegar à insignificância o tradicional instituto da separação patrimonial da pessoa
jurídica.
(…)3” – Sublinhamos.

Soma-se a isso, ainda, o pacífico entendimento do Egrégio Superior Tribunal de


Justiça, no sentido de que a mera insolvência da empresa, por si só, não autoriza a
desconsideração da personalidade jurídica. Senão, vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA.


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL.
INADIMPLEMENTO. INSOLVÊNCIA. EMPRESA DEVEDORA. NÃO PREENCHIMENTO DE
REQUISITOS.
1. É possível a desconsideração da personalidade jurídica nos termos do art. 50 do CC – teoria maior –
quando há constatação do desvio de finalidade pela intenção dos sócios de fraudar terceiros ou quando
houver confusão patrimonial.
2. A mera demonstração de insolvência ou a dissolução irregular da empresa, por si sós, não ensejam a
desconsideração da personalidade jurídica.
3. Agravo regimental desprovido4– Sublinhamos.

Além disso, a impossibilidade de despersonalização pela mera alegação de


insolvência, sem que, para tanto, haja a comprovação da presença dos pressupostos legais, é
corroborada pela doutrina de Fábio Ulhoa Coelho:

(…) pressuposto inafastável da despersonalização episódica da pessoa jurídica, no entanto, é a


ocorrência de fraude por meio da separação patrimonial. Não é suficiente a simples insolvência do ente
coletivo, hipótese em que, não tendo havido fraude na utilização da separação patrimonial, as regras
de limitação da responsabilidade dos sócios terão ampla vigência. A desconsideração é instrumento de
coibição do mau uso da pessoa jurídica; pressupõe, portanto, o mau uso. O credor da sociedade que
pretende a sua desconsideração deverá fazer prova da fraude perpetrada, caso contrário suportará o
dano da insolvência da devedora. Se a autonomia patrimonial não foi utilizada indevidamente, não há
fundamento para a sua desconsideração5.

Sendo assim, comprovado está o desacerto da r. decisão agravada, pois não avaliou
com o costumeiro acerto os pressupostos autorizadores da desconsideração da
personalidade jurídica, motivo pelo qual merece ser reformada.

3
Agravo de Instrumento nº 285264-2, 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Paraná, Rel. Des. Jurandyr Souza
Junior, julg. em 07.06.2005, disponível na internet em <www.tjpr.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
AgRg no AgRg no Agravo em REsp nº 334.883/RJ, 3º Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julg. em 04.02.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 126/127.

112
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, os Agravantes requerem a intimação da Agravada pelo Diário Oficial,


na pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Requer, ademais, a dispensa da intimação do Ministério Público para manifestação


no presente incidente, tendo em vista não restar presente nenhuma das hipóteses previstas
no art. 178 do Código de Processo Civil6.

Ao final, os Agravantes requerem a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento


seja conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos
da fundamentação contida neste arrazoado, rejeitando-se o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica manejado pela Agravada, na medida em que não estão presentes os
pressupostos autorizadores para o seu acolhimento.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

6
Enunciado n. 123 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “É desnecessária a intervenção do Ministério Público, como
fiscal da ordem jurídica, no incidente de desconsideração da personalidade jurídica, salvo nos casos em que deva intervir
obrigatoriamente, previstos no art. 178.”.

113
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

114
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 115


3.3.9.5. AMICUS CURIAE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos da ação de cobrança, movida em face de (Agravada),


igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com fundamento nos
artigos 1.015, inciso IX, do Código de Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o
presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por
meio da qual foi deferida a intervenção de amicus curiae, nos termos do art. 138 do CPC.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

116
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, o Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

117
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravadas: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

A ação originária que o presente incidente recursal foi tirado cuida de cobrança de
honorários advocatícios, movida pela Agravadas em face da Agravante, tendo em vista não
terem sido fixados na r. sentença proferida na ação indenizatória nº (…), em trâmite perante
o D. Juízo de primeiro grau2.

Ao receber a Exordial, o D. Juízo de primeiro grau acolheu o pedido formulado


pelas Agravadas a fim de aceitar a intervenção do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil, sob o fundamento de que a demanda versaria sobre fixação de
honorários advocatícios, tema afeto à entidade, nos seguintes termos:

Vistos. Por primeiro, considerando que a presente demanda versa sobre arbitramento e fixação de
honorários advocatícios, a intervenção do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,
mostra-se salutar, com a contribuição de elementos técnicos, para o adequado desate desta controvérsia.
Assim sendo, defiro o requerimento de intervenção do Conselho Federal da OAB no presente feito, na
condição de amicus curiae, nos termos do art. 138 do Código de Processo Civil.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

2
Enunciado n. 8 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Fica superado o enunciado 453 da súmula do STJ após a entrada
em vigor do CPC (“Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em
execução ou em ação própria”.).”.

118
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Com o devido acatamento ao entendimento do D. Juízo de primeiro grau, a reforma


da r. decisão agravada é medida que se impõe, haja vista estar em descompasso com
sedimentado entendimento jurisprudencial e expressa previsão legal.

Em primeiro lugar, registre-se que o art. 138 do CPC dispõe que:

O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda


ou repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão recorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou
jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze)
dias de sua intimação – Sublinhamos.

A despeito do Código de Processo Civil permitir a intervenção da figura do amicus


curiae no processo, há que se fazerem presentes alguns requisitos para que seja possível
essa intervenção, sendo eles, portanto, os seguintes: relevância da matéria, especificidade do
tema ou a sua repercussão social. Em outras palavras, a doutrina especializada se manifesta
no mesmo sentido:

Requisitos – relevância da matéria, especificidade do tema ou repercussão social. Os critérios são: a


relevância da matéria sobre a qual se discute, a circunstância de ser um tema bem específico, a ponto
de reclamar o olhar de quem o conhece com profundidade e a repercussão social do conflito3.

Transplantando estes conceitos para o caso vertente, D. Julgador, é de fácil


percepção que a intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil, em demanda que cuida,
exclusivamente, de arbitramento de honorários advocatícios em caso de pouca ou nenhuma
complexidade, se mostra destoante da ideia que norteia o amicus curiae.

Ou seja, o litígio versado nestes autos cuida, unicamente, de interesses subjetivos,


sem quaisquer impactos ou repercussões sociais, capazes de ensejar a intervenção de
entidade cuja função é assegurar os direitos de uma classe profissional específica e, não, os
direitos subjetivos das Agravadas.

Nesse sentido, Cassio Scarpinella Bueno ensina que: “o amicus curiae não atua,
assim, em defesa de um indivíduo ou de uma pessoa, como faz o assistente, em prol de um
direito de alguém”.

3
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 292.

119
A impossibilidade de o amicus curiae intervir em demandas cuja discussão envolve,
apenas e tão somente, direitos subjetivos, encontra eco seguro na orientação jurisprudencial
de nossos tribunais pátrios:

AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE INTERVENÇÃO DA OAB/RS. AMICUS CURIAE.


DESCABIMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. MANIFESTAÇÃO DA PARTE. OFERTA DE BEM À PENHORA. POSTERIOR
EXTINÇÃO. SÚMULA 392 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESCABIMENTO.
- A figura do amicus curiae é incompatível com processos subjetivos, pois o seu escopo é o de permitir
ao julgador maiores elementos para a solução do conflito, que envolve, de regra, a defesa de matéria
considerada de relevante interesse social, o que não se verifica no caso. Ademais, não há previsão legal
para a admissão de amicus curiae em sede de agravo interno e, mesmo que houvesse a possibilidade, a
intervenção, no caso, é intempestiva, pois o pedido foi realizado após a realização de pauta.
- Inexiste deficiência na prestação jurisdicional quando a decisão que expôs as razões de decidir, ainda
que sucintamente, mesmo em desacordo com os interesses da parte.
- Quando a decisão extintiva não decorreu da intervenção da parte, são indevidos honorários.
- No caso, a manifestação não constitui em exceção de pré-executividade, como pretende fazer crer o
agravante, mas mera oferta de bem à penhora a fim de possibilitar, posteriormente, a oposição de
embargos à execução fiscal.
AGRAVO DESPROVIDO4.

Registre-se, finalmente, o entendimento consolidado pela Corte Especial do


Colendo Superior Tribunal de Justiça sobre a ausência de interesse jurídico da OAB em
intervir, como amicus curiae, em demanda que verse sobre honorários advocatícios. Senão,
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL – INTERVENÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DA OAB – AMICUS CURIAE


– CAUSA DE PEDIR NÃO MAIS SUBSISTE – AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO –
REQUISITOS DA INTERVENÇÃO NÃO PREENCHIDOS.
1. Tornada sem efeito decisão anterior que havia motivado o Conselho Federal da OAB a pleitear o
ingresso no feito na condição de amicus curiae, revela-se descabida a pretendida intervenção.
2. Ação de natureza subjetiva, envolvendo valor de honorários, não justifica intervenção do Conselho
Federal da OAB, porque a questão não é em tese e sim pertinente as partes, presentes os elementos
necessários à compreensão da controvérsia.
3. Agravo regimental não provido5.

Ante o exposto, restou devidamente demonstrado a impossibilidade da intervenção


da Ordem dos Advogados do Brasil no presente feito, haja vista se tratar de demanda
versada única e exclusivamente sobre direitos subjetivos, não havendo, portanto, qualquer
interesse coletivo ou em tese, ensejador da intervenção da entidade, conforme firme
posicionamento da Corte Especial do Colendo Superior Tribunal de Justiça.
4
Agravo de Instrumento nº 70067412122, 22ª Câmara Cível do Tribunal do Rio Grande do Sul, Rel. Des. Marilene Bonzanini, julg.
26.11.2015, disponível na internet em <www.tjrs.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
AgRg nos EREsp 1.019.178/DF, Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Eliana Calmon, julg. 17.12.2012,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

120
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação das Agravadas pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso as Agravadas não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, rejeitando-se a intervenção da Ordem dos
Advogados do Brasil, na condição de amicus curiae, tem em vista o caráter subjetivo da
discussão travada na origem, não ensejando, portanto, a intervenção da entidade, conforme
orientação jurisprudencial sedimentada pela Corte Especial do Colendo Superior Tribunal
de Justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

121
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

122
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 123


3.3.10. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
CONCESSÃO, MODIFICAÇÃO OU REVOGAÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO AOS

EMBARGOS À EXECUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da de execução de título extrajudicial, movida


em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados,
com fundamento nos artigos 1.015, inciso X, do Código de Processo Civil, vem a presença
de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de
fls. __ na origem, por meio da qual rejeitado o requerimento de limitação de litisconsortes
ativos formulado pela Agravante.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, a Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados da agravante e do agravado
(fls. ___ dos autos originários).

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

124
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pela Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravada: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

125
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

A Agravada ajuizou ação de execução de título extrajudicial, aduzindo, em síntese,


ter firmado relação contratual para venda de produtos com a Agravante, da qual originou as
notas fiscais acostadas aos autos (fls. ___/___), no valor de R$ 27.895,72 (vinte e sete mil,
oitocentos e noventa e cinco reais e setenta e dois centavos), devidamente atualizado.
Devidamente citada, a Agravante teve contra si a penhora de parte de seu estoque,
avaliado no montante de R$ 32.110, 90 (trinta e dois mil, cento e dez reais e noventa
centavos), conforme comprova o auto de penhora e avaliação acostado nestes autos (fls.
____).

Ato contínuo, a Agravante apresentou embargos à execução requerendo,


inicialmente, atribuição de efeito suspensivo2 e alegando, em suma, a nulidade do título
executivo, na medida em que, in casu, não está presente o requisito de exigibilidade, ante a
previsão de termos no contrato firmado entre as partes.

A despeito da presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito


alegado pela Agravante, a existência de perigo de dano e garantia da presente execução, o
D. Juízo de primeiro grau entendeu por bem receber os embargos à execução apresentados
pela Agravante sem efeito suspensivo, nos seguintes termos:

Vistos. Recebo os embargos sem atribuição de efeito suspensivo, por não vislumbrar o preenchimento
dos requisitos do art. 919, §1º, do Código de Processo Civil. Intime-se o embargado para se manifestar
no prazo de quinze dias. Intime-se.

2
Enunciado n. 546 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: O efeito suspensivo dos embargos à execução pode ser requerido
e deferido a qualquer momento do seu trâmite, observados os pressupostos legais.

126
Ante a ausência de fundamentação suficiente, nos termos do art. 489, §1º, do CPC, a
Agravante opôs embargos declaratórios em face da r. decisão acima colacionada, os quais
foram sumariamente rejeitados, não restando, portanto, alternativa senão a interposição do
presente incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, os requisitos estabelecidos no


§1º, do art. 919, do Código de Processo Civil, não foram sopesados com o costumeiro
acerto, visto que deixou de considerar diversos fatores que levariam à inarredável conclusão
da atribuição de efeito suspensivo aos embargos à execução apresentados pela Agravante.

É cediço, Exa., que o art. 919, §1º, do CPC, impõe a atribuição de efeito suspensivo
aos embargos à execução, desde que estejam presentes os seguintes requisitos: i) relevância
dos fundamentos ventilados nas razões dos embargos; ii) o prosseguimento da execução
represente dano grave ao Executado; e iii) haja a adequada segurança do Juízo, conforme
nos orienta a abalizada doutrina:

Em caráter excepcional, o juiz é autorizado a conferir efeito suspensivo aos embargos do executado (art.
919, §1º). Não se trata, porém, de um poder discricionário. Para deferimento de semelhante eficácia,
deverão ser conjugados os mesmos requisitos para concessão de tutela provisória de urgência (NCPC,
art. 300) ou de evidência (NCPC, art. 311). No primeiro caso, é necessário cumulativamente que:
(a) os fundamentos dos embargos sejam relevantes, isso é, a defesa oposta à execução deve se apoiar em
fatos verossímeis e em tese de direito plausível; em outros termos, a possibilidade de êxito dos embargos
deve insinuar-se como razoável; é algo equiparável ao fumus boni iuris exigível para as medidas
cautelares;
(b) o prosseguimento da execução represente, manifestamente, risco de dano grave para o executado, de
difícil ou incerta reparação; o que corresponde, em linhas gerais, ao risco de dano justificador da tutela
cautelar em geral (periculum in mora). A lei, portanto, dispensa ao executado, no caso de concessão de
efeito suspensivo aos embargos à execução, uma tutela cautelar incidental, pois não há necessidade de
uma ação cautelar, e tudo se resolve e plano, no próprio bojo dos autos da ação de oposição maneja pelo
devedor.
(…)
Em ambos os casos, deve, ainda, estar seguro o juízo antes de ser a eficácia suspensiva deferida; os
embargos pode ser manejados sem o pré-requisito da penhora ou outra forma de caução; não se
conseguirá, porém, paralisar a marcha da execução se o juízo não restar seguro adequadamente3.

3
THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III, 47ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2016. p. 678

127
Nesse sentido, os fundamentos ventilados pela Agravante no bojo dos embargos à
execução estão devidamente comprovados; vale dizer, a ausência de exigibilidade do
título executivo objeto do processo de execução originário é patente, haja vista a existência
de termo no contrato firmado entre as partes (fls. ___). A carência de força executiva do título
executivo pela existência de termo (faltando-lhe, pois, a exigibilidade, nos termos do art. 786,
do CPC), é abarcada, inclusive, pela doutrina de Marcelo Abelha, na medida em que leciona:

Por outro lado, a “exigibilidade” é uma situação jurídica que qualifica o próprio direito (crédito) que se
adquire quando são superados os fatos que impediam o exercício do direito. Alcança-se, pois, uma
situação de exigibilidade do direito (seu exercício) quando se ultrapassam as condições (termo,
vencimento, condições, etc.) que impediam o seu exercício4.

De outro lado, caso não seja atribuído efeito suspensivo aos embargos à execução
apresentados pela Agravante, haverá o prosseguimento dos atos constritivos na origem,
inclusive a alienação dos produtos do estoque da Agravante já penhorados nestes autos,
inviabilizando a manutenção de suas atividades empresariais, lhe causando, portanto,
inegável dano irreparável ou de difícil reparação.

Nesse sentido, a jurisprudência de nossos tribunais pátrios, em caso análogo ao ora


analisado, já se pronunciou no sentido de que a possível alienação de produtos em estoque
configura risco de dano irreparável ou de difícil reparação capaz de ensejar a atribuição
de efeito suspensivo aos embargos à execução. Senão, vejamos:

EMBARGOS À EXECUÇÃO SUSPENSÃO – ART. 739-A, §1º, DO CPC – REQUISITOS – Para a


suspensão da execução, necessária a cumulação dos requisitos elencados no art. 739-A, §1º, do CPC.
Presentes a verossimilhança das alegações e risco de dano grave, ante a possibilidade de alienação
prematura de parte do estoque da agravante – Existência de penhora para garantia do juízo – Presentes
os requisitos necessários, cabíveis a concessão do efeito suspensivo pleiteado – Decisão reformada –
Agravo provido5.

Finalmente, D. Julgador, conforme atesta o auto de penhora e avaliação juntado às


fls. ___ dos autos originários, a presente execução está devidamente garantida, inclusive
com valor superior ao valor do débito reclamado pelo Agravado.

A garantia do Juízo tal como ocorrida nestes autos encontra eco seguro nas lições
doutrinárias de Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero,
nos seguintes termos:

4
ABELHA, Marcelo. Manual de execução civil. 6ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 171.
5
Agravo de Instrumento nº 2036565-70.2016.8.26.0000, 24ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Salles Vieira, julg. em 02.06.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

128
4. Prévia e Suficiente Garantia da Execução. A concessão de efeito suspensivo aos embargos depende
de prévia e suficiente garantia da execução por penhora, depósito ou caução. A segurança do juízo tem
de ser prévia e suficiente – tem de ser anterior à postulação do efeito suspensivo e tem de atender a
todo o valor do crédito reclamadona execução. Em casos excepcionais, contudo, poderá o juiz conceder
efeito suspensivo aos embargos mesmo que o juízo não esteja seguro. Quanto a inviabilidade da
execução for demonstrável de plano, não dando margem à dúvida, e o executado tenha logrado
demonstrar igualmente a sua insuficiência patrimonial, poderá o juiz excepcionalmente outorgar efeito
suspensivo aos embargos. A evidência do direito do executado tem de ser aí atendida sem que lhe exija o
sacrifício da indevida constrição patrimonial6.

Portanto, D. Julgador, uma vez demonstrada a presença dos requisitos autorizadores


para a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução apresentados pela
Agravante, nos termos do art. 919, § 1º, do CPC, forçoso concluir pela necessidade de
reforma de r. decisão agravada, conforme uníssona e pacífica orientação de nossos tribunais
pátrios:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. RECEBIMENTO. EFEITOS. REQUISITOS


DO ART. 739-A DO CPC. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO.
REQUISITOS PREENCHIDOS. POSSIBILIDADE.
1. Conforme art. 739-A, §1º, do CPC, em regra, os embargos do executado não terão efeito suspensivo,
sendo facultado ao juiz excepcionar tal regra quando os fundamentos dos embargos forem relevantes e
o prosseguimento da execução manifestamente puder causar ao executado dano irreparável ou de
difícil reparação, desde que a execução seja garantida por penhora, depósito ou caução. Presentes
esses requisitos, cabíveis o seu prosseguimento com o efeito suspensivo.
2. Agravo não provido7 – Sublinhamos.

III – Do Requerimento de Concessão de Antecipação de Tutela Recursal –


Efeito Ativo (art. 932, inciso II e 1.019, inciso I, do CPC).

Nos termos do art. 932, inciso II c/c o art. 1.019, inciso I, ambos do CPC, o Relator
está autorizado a apreciar pedido de tutela provisória formulado pelo recorrente no âmbito
recursal, inclusive deferir, total ou parcialmente, a pretensão recursal.

Portanto, considerando que restou amplamente demonstrado neste arrazoado a


probabilidade do direito alegado pela Agravante (manifesta ausência de exigibilidade do
título executivo, ante a existência de termo na relação contratual firmada entre as partes),
bem como a existência de possível risco de dano irreparável ou de difícil reparação
(iminente alienação de parte do estoque da Agravante e provável interrupção de suas
atividades comerciais por falta de produtos), a concessão da antecipação de tutela recursal é
medida que se impõe, motivo pelo qual a Agravante requer desde já.

6
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil Comentado. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 859.
7
Agravo de Instrumento nº 20150020237555, 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Rel. Des.
Arnoldo Camanho de Assis, julg. em 16.12.2015, disponível na internet em <www.tjdft.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

129
III – Dos Requerimentos

Diante do exposto, a Agravante requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, concedida a antecipação de tutela recursal ora requerida, a fim


de conceder o efeito suspensivo aos embargos à execução da Agravante negado na origem,
nos termos do art. 932, inciso II, do Código de Processo Civil;

ii) Ato contínuo, seja a Agravada intimada pelo Diário Oficial, na pessoa de seus
advogados constituídos, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, nos termos
do art. 1.019, inciso II, do CPC;

Eventualmente, caso a Agravada não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

iii) Ato contínuo, a Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta
com aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal, nos
termos do art. 1.019, inciso II, do CPC.

iv) Ao final, seja conhecido e provido o presente recurso, a fim de atribuir efeito
suspensivo aos embargos à execução apresentados pela Agravante na origem, confirmando-
se a antecipação de tutela recursal ou reformando-a caso tenha sido rejeitada.

iv.1)Caso V. Exa. não vislumbre a presença dos requisitos para a concessão de


efeito suspensivo aos embargos à execução, a Agravante requer seja, ao menos, concedido
efeito suspensivo parcial aos embargos para o fim de suspender a alienação dos produtos
em estoque penhorados na origem8.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

8
Enunciado n. 547 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O efeito suspensivo dos embargos à execução pode ser parcial,
limitando-se ao impedimento ou à suspensão de um único ou de apenas alguns atos executivos.”.

130
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

131
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 132


3.3.11. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NOS TERMOS DO ART. 373, § 1.º

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação indenizatória, movida em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso XI, do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls.
__ na origem, por meio da qual foi determinada a inversão do ônus da prova fundada em
suposta natureza consumerista na relação jurídica firmada entre as partes.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

133
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

134
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, D. Julgador, a presente demanda cuida de cobrança securitária


decorrente de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre
(DPVAT), movida pela Agravada em face da Agravante, fundada em acidente
automobilístico que supostamente teria causado graves danos à vítima.

Dispensada a audiência de conciliação e apresentada Contestação pela Agravante e,


posteriormente, Réplica à Contestação pela Agravada, o D. Juízo de primeiro grau, rejeitou
as preliminares suscitadas na defesa e, ao sanear o feito, deferiu a produção de prova
pericial, invertendo-se o ônus da prova com base em suposta natureza consumerista da
presente demanda. Senão vejamos o teor do referido decisum:

Vistos. Passo, inicialmente, a apreciar a preliminar de contestação. Sobre eventual divergência de


assinatura dos documentos ou endereços, para afastar qualquer dúvida, determino que a parte autora,
por ocasião da perícia, que poderá ser acompanhada pelo representante legal da requerida, se apresente
ao perito com documento de identidade com foto.
Dou o feito por saneado.
A questão de direito relevante para a decisão do mérito refere-se à existência ou não de incapacidade
decorrente de acidente de trânsito.
Assim, defiro a produção de prova pericial conforme requerido pela autora, aplicando-se a lei
consumerista e invertendo-se o ônus da prova, devendo a seguradora Fulana suportar as despesas com
a perícia deferida.
Os pontos controvertidos são qual a extensão da lesão, o grau de incapacidade e a responsabilidade
civil. Para a realização da prova pericial, nomeio o Dr. Siclano, que deverá ser intimado para, no prazo
de cinco dias, informar se aceita o encargo e estimar seus honorários.
(…) – Sublinhamos.

135
É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, a reforma da r. decisão


agravada é medida que se impõe, tendo em vista a ausência de natureza consumerista na
relação jurídica contratual firmada entre a Agravante e a Agravada.

Isso porque, D. Julgador, ao contrário do alegado pela Agravada nos autos


originários, a indenização securitária objeto da presente demanda está fundada em relação
estabelecida por força da lei 6.194/74 e não decorrente da vontade contratual, o que afasta a
incidência do Código de Defesa do Consumidor no caso vertente.

Não se trata de tese inovadora da Agravante, Exa., mas de entendimento


jurisprudencial uníssono e reiterado dos tribunais pátrios:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. PROVA PERICIAL. INVERSÃO DO


ÔNUS DA PROVA. INAPLICABILIDADE DO CDC NAS AÇÕES DE COBRANÇA DE SEGURO-
OBRIGATÓRIO. INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE PREVISÃO LEGAL E NÃO DE CONTRATO.
PERÍCIA REQUERIDA POR AMBAS AS PARTES. INCIDÊNCIA DO ART. 95 DO CPC. RATEIO
DETERMINADO CABENDO O ESTADO ARCAR COM A PARTE DO AUTOR BENEFICIÁRIO DA
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. DECISÃO AGRAVADA REFORMADA EM PARTE.
Agravo de instrumento provido parcialmente, nos termos do acórdão2 – Sublinhamos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE COBRANÇA SECURITÁRIA – DPVAT – APLICAÇÃO DO


CDC E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – IMPOSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO ENTRE SEGURADO/BENEFICIÁRIO E SEGURADORA – OBRIGAÇÃO
DECORRENTE DE LEI – RECURSO DESPROVIDO.
Não há relação de consumo entre o segurado ou beneficiário e a seguradora porque a obrigação das
seguradoras conveniadas em pagar as indenizações do seguro obrigatório decorre da lei e não de
contrato livremente pactuado entre consumidor, segurado, e o fornecedor do serviço, seguradora3 –
Sublinhamos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO – DPVAT – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – AUSÊNCIA DE


RELAÇÃO DE CONSUMO – CDC – INOCORRÊNCIA – PROVIMENTO.
- Ausente qualquer relação de consumo no caso dos autos, não há que se falar na aplicação do CDC e,
portanto, não há que se referir à inversão do ônus da prova4 – Sublinhamos.

2
Agravo de Instrumento nº 2112976-57.2016.8.26.0000, 34ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Cristina Zucchi, julg. em 02.09.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
3
Agravo de Instrumento nº 12070661, 9 ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, Rel. Des. Luiz Osorio Moraes Panza,
julg. em 27.06.2014, disponível na internet em <www.tjpr.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
Agravo de Instrumento nº 1.0702.11.069745-6/001, 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Francisco
Batista de Abreu, julg. em 03.07.2013, disponível na internet em <www.tjmg.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

136
Portando, mostra-se evidente a necessidade de reforma da r. decisão agravada que
determinou a inversão do ônus probatório, tendo em vista a evidente ausência de relação de
consumo no contrato firmado entre a Agravante e a Agravada, por se tratar de relação
oriunda da própria lei e, não, por vontade das partes.

Por outro lado, D. Julgador, o r. decisum vergastado merece reforma no sentido da


atribuição à Agravante ao adiantamento dos honorários periciais por força da inversão do
ônus da prova, na medida em que a determinação de inversão probatória não leva à inversão
da responsabilidade por arcar com os custos da realização da prova.

Nesse mesmo sentido é o entendimento reiterado do Colendo Superior Tribunal


de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. HONORÁRIOS


PERICIAIS. PRETENSÃO DE ATRIBUIR-SE O ÔNUS DE PAGAMENTO À CONTRÁRIA.
DESCABIMENTO. PRECEDENTES. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS.
1. Com efeito, ainda que deferida, a inversão do ônus probatório não tem o condão de obrigar o
fornecedor a custear a prova requerida pelo consumidor, embora gere para aquele a obrigação de
arcar com as consequências jurídicas pertinentes de sua não produção. Precedentes.
(…)
3. Agravo regimental desprovido5 – Sublinhamos.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.


HONORÁRIOS PERICIAIS. ATRIBUIÇÃO DO ÔNUS DE PAGAMENTO À PARTE CONTRÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que inversão do ônus probatório não acarreta a
obrigação de suportar as despesas com a perícia, implicando, tão somente, que a parte requerida arque
com as consequências jurídicas decorrentes da não produção da prova. Precedentes.
2. Agravo regimental não provido6 – Sublinhamos.

Nesse mesmo sentido é a doutrina de Fernando da Fonseca Gajardoni, Luiz


Dellore, André Vasconcelos Roque e Zulmar Duarte de Oliveira Jr.:

3. Honorários do perito (caput e §§ 1.º e 2.º). A remuneração do perito é um tema que constantemente
traz debates e divergências no bojo do processo, exatamente por seu custo elevado. Principalmente no
caso de parte beneficiária da justiça gratuita (a respeito, vide item 4). Buscou o CPC/2015 trazer novas
regras para tentar minorar as discussões quanto ao tema. 3.1. A regra é que o pagamento da perícia

5
AgRg no REsp 718.821/SP, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julg. 09.02.2010,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>,arquivo capturado em __.__.____.
6
AgRg no AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 575.905/MS, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Raul
Araújo, julg. em 07.04.2015, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

137
será realizado por quem requereu a prova (autor ou réu). Por sua vez, se ambos requereram essa prova,
o pagamento será dividido.(…)7– Sublinhamos.
Em outras palavras, considerando que a Agravada, exclusivamente, requereu a
produção da perícia, incumbe a ela arcar com os custos de sua produção, conforme
preceitua o art. 95, do CPC, de modo que, a inversão do ônus probatório, gera apenas a
obrigação de arcar com as consequências jurídicas de sua não produção e nos com os seus
custos.

Impende afastar, ademais, eventual alegação no sentido de que a Agravada seria


beneficiária da justiça gratuita e, portanto, se justificaria a inversão da responsabilidade em
arcar com os custos da prova. Isso porque, D. Julgador, segundo o art. 95, §3º, do CPC, o
fato de a parte gozar das benesses da gratuidade da justiça, não a exime do pagamento da
perícia, in verbis:

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do
perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateado quando a perícia for determinada
de ofício ou requerida por ambas as partes.
(…)
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da perícia for
de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:
I – custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizado por servidor do Poder
Judiciário ou por órgão público conveniado;
II – paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de
ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela no tribunal respectivo
ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.

Nesse mesmo sentido, é o entendimento jurisprudencial de nossos tribunais pátrios:

HONORÁRIOS PERICIAIS – Determinação de realização de perícia grafotécnica, com pagamento de


honorários pelo Banco réu – Perícia requerida pela autora – Aplicação do artigo 95 do NCPC e artigo
33 do CPC/73 – Honorários periciais deverão ser adiantados pela parte que houver requerido – Autora
beneficiária da Justiça Gratuita .
– Nestes casos, o Estado é quem deverá suportar esta despesa, com recursos do Fundo de Assistência
FAJ, nos termos do art. 1º da Deliberação nº 92, de 29/8/2008, da Corregedoria Geral da Justiça do
Estado de São Paulo, publicada mediante o Comunicado nº 1.010, de 04/9/2008 – Recurso provido8.

III – Dos Requerimentos

7
GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre Vasconcelos; OLIVEIRA JR., Zulmar Duarte de. Teoria
Geral do Processo: comentários ao CPC de 2015, parte geral, São Paulo: Forense, 2015, p. 611.
8
Agravo de Instrumento nº 2064891-40.2016.8.26.0000, 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Aquile Alesina, julg. em 01.06.2016, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

138
Inicialmente, a Agravante requer a intimação dos Agravados pelo Diário Oficial, na
pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:
Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, reformando-se a r. decisão recorrida, para o fim de:

i) Manter a distribuição ordinária do ônus da prova, nos termos do art. 373, do CPC,
a fim de que a Agravada demonstre a gravidade do acidente automobilístico sofrido; e

ii) Atribuir à Agravada a responsabilidade no pagamento das despesas com a


realização da prova pericial, aplicando-se o art. 95, do CPC, tendo em vista ter sido
requerida, exclusivamente, por ela.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

139
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

140
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 141


3.3.12. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos da ação de abstenção de uso de marca c/c pedido de


indenização, movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores
abaixo assinados, com fundamento nos artigos 1.015, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foram
homologados os cálculos apresentados pelo Ilustre Expert em fase de liquidação de
sentença.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

142
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, oab e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

143
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, os Agravados propuseram demanda de abstenção de uso de


marca c/c pedido de indenização em face da Agravante, a qual foi julgada procedente com a
condenação ao pagamento de indenização a ser posteriormente liquidada.

Iniciada a fase liquidatória, o laudo pericial entregue pelo Ilustre Expert designado
pelo D. Juízo de primeiro grau chegou à conclusão que, a despeito do reconhecimento da
existência de ato ilícito na fase de conhecimento, da análise dos balanços contábeis e do
faturamento da Agravada, não houve quaisquer danos de ordem material a serem
indenizados, razão pela qual a liquidação restou sem resultados positivos.

Diante disso, o D. Juízo de primeiro grau entendeu por bem determinar nova perícia
sob os seguintes fundamentos: i) matéria não teria restado suficientemente esclarecida; e ii)
a conclusão exarada pelo Ilustre Expert ofenderia frontalmente o quanto decidido na fase de
conhecimento, isto é, a existência de danos pelo uso desautorizado de sinal marcário de
titularidade da Agravada. Senão, vejamos o excerto da r. decisão agravada:

(…) o Autor, vencedor na fase de conhecimento, requereu liquidação por arbitramento do valor devido a
título de indenização (fls. ___/___)
Foi determinada a realização de perícia contábil para apuração das receitas da ré com a venda indevida
das camisas com a marca do Autor, cujo laudo pericial chegou à conclusão de que a liquidação dos
danos deve ser fixada em zero.
Da análise do referido laudo pericial, mostra-se que os elementos objetivos não foram suficientes,
justamente por isso que concluiu pela inexistência de resultado positivo. Vislumbro, outrossim, que, em
respeito ao decidido na fase de conhecimento, isto é, a existência de dano pelo uso indevido de marca,
que o acatamento da análise técnica do Ilustre Expert ofenderia frontalmente a imutabilidade da
sentença em razão da coisa julgada material.

144
Por essas razões, nos termos do art. 480, do Código de Processo Civil, determino a realização de nova
perícia, haja vista a matéria não ter sido suficientemente decidida. (…).

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Com o devido respeito ao entendimento exarado pelo do D. Juízo de primeiro grau,


o r. decisum vergastado merece reforma pois está em descompasso com a jurisprudência do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça e com o entendimento da doutrina especializada.

Com efeito, a despeito do § 4º, do art. 509, do CPC, vedar a discussão ou


modificação, na fase de liquidação, do que foi decidido na fase de conhecimento, essa regra
se aplica ao direito à indenização (an debeatur), mas não veda a possibilidade de discussão
sobre o quanto será devido (quantum debeatur).

Nesse sentido a 1ª Seção do Colendo Superior Tribunal de Justiça já decidiu ser


perfeitamente possível a análise e discussão do valor da indenização, sem que isso
signifique o revolvimento do direito à indenização reconhecido na fase de conhecimento:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO.


RESPONSABILIDADE CIVIL. SETOR SUCROALCOOLEIRO. INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO
ÁLCOOL – IAA. FIXAÇÃO DE PREÇOS. LEI 4.870/1965. LEVANTAMENTO DE CUSTOS DE
PRODUÇÃO. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – FGV. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
ESTADO. ART. 37, §6º, DA CF/1988. COMPROVAÇÃO DO DANO. NECESSIDADE. APURAÇÃO DO
QUANTUM DEBEATUR. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. CABIMENTO. INDENIZAÇÃO.
NATUREZA JURÍDICA. LIQUIDAÇÃO COM “DANO ZERO” OU “SEM RESULTADO POSITIVO”.
POSSIBILIDADE. EFICÁCIA DA LEI 4.870/1965. RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA.
ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA.
1. A União Federal é responsável por prejuízos decorrentes da fixação de preços pelo governo federal
para o setor sucroalcooleiro, em desacordo com os critérios previstos nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei
4.870/1965, uma vez que teriam sido estabelecidos pelo Instituto do Açúcar e Álcool – IAA, em
descompasso do levantamento de custos de produção apurados pela Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Precedentes.
2. Tratando-se de hipótese de responsabilidade civil objetiva do Estado, prevista no art. 37, §6º, da
Constituição Federal, necessária a demonstração da ação governamental, nexo de causalidade e dano.
3. Não é admissível a utilização do simples cálculo da diferença entre o preço praticado pelas empresas
e os valores estipulados pelo IAA/FGV, como único parâmetro de definição do quantum debeatur.
4. O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes (dano
positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não se admitindo
indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade efetivamente provada.
Precedentes.

145
5. Quando reconhecido o direito à indenização (an debeatur), o quantum debeatur pode ser discutido em
liquidação da sentença por arbitramento, em conformidade com o art. 475-C do CPC.
6. Não comprovada a extensão do dano (quantum debeatur), possível enquadrar-se em liquidação com
“dano zero”, ou “sem resultado positivo”, ainda que reconhecido o dever da União em indenizar (na
debeatur).
7. A eficácia da Lei 4.870/1965, que previa a sistemática de tabelamento de preços promovida pelo IAA,
estendeu-se ate o até o advento da Lei 8.178/1991, que instituiu nova política nacional de congelamento
de preços.
8. Resolução do caso concreto: inexistência de ofensa ao art. 333, I, do CPC, na medida em que o autor
não comprovou a ocorrência de efetivo dano, necessário para fins de responsabilidade civil do Estado,
por descumprimento dos critérios estabelecidos nos arts. 9º e 10 da Lei 4.870/1965.
9. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
8/2008 do STJ2.

No caso vertente, o fato de o Ilustre Expert chegar à conclusão de que o resultado


positivo da análise do quantum debeatur não ofende a coisa julgada material acobertada
pelo reconhecimento da existência do dano infirmada na fase de conhecimento, conforme
orientação do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA –


RECONHECIMENTO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DOS AUTORES DA AÇÃO DE CONDENAÇÃO
DESTES À REPARAÇÃO AOS DANOS PROCESSUAIS – ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DA COISA
JULGADA – NÃO OCORRÊNCIA – “LIQUIDAÇÃO ZERO” – ADEQUAÇÃO DO JULGADO AOS
DANOS QUE RESTARAM NÃO QUANTIFICADOS E, PORTANTO, NÃO DEMONSTRADOS –
RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
I – O reconhecimento da litigância de má-fé acarreta aos improbus litigator a imposição de multa, de
caráter punitivo, bem como a condenação à reparação pelos prejuízos processuais decorrentes de sua
conduta processual, esta de caráter indenizatório. Tais reflexos, portanto, não se confundem;
II – A liquidação por arbitramento, na espécie, destina-se a quantificar os prejuízos processuais, e não
materiais, que o liquidante suportou decorrente da conduta processual dos autores da ação. Para tanto,
revela-se necessário evidenciar o fato processual praticado pelos autores da ação que ensejou a
condenação destes à indenização pelas perdas e danos (processuais, portanto), e aferir, de acordo com a
moldura fática delineada pelas Instâncias ordinárias, se o mencionado fato processual repercute nos
danos alegados pelo liquidante;
III – Na hipótese dos autos, o reconhecimento da litigância de má-fé dos autores da ação decorreu da
utilização da tese inverídica, consistente na impossibilidade de continuidade do vínculo obrigacional, por
perda de objeto pelo desaparecimento da legítima do réu, decorrente de sua deserdação (fato que não se
verificou);
IV – As Instâncias ordinárias, ao contrário do que sustenta o ora recorrente, não excluíram a
condenação por perdas e danos processuais, reconhecida definitivamente, na sentença, mas sim, quando
de seu arbitramento, chegaram à conclusão de que o quantum debeatur é zero, o que, de forma alguma,
significa inobservância da coisa julgada. É o que autorizada doutrina denomina “liquidação zero”,
situação que, ainda que não desejada, tem o condão de adequar à realidade uma sentença condenatória
que, por ocasião de sua liquidação, mostra-se vazia, porquanto não demonstrada sua quantificação
mínima e, por conseguinte, sua própria existência;

2
Recurso Especial nº 1.347.136/DF, 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Eliana Calmon, julg. em 11.12.2013,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

146
V – Não há como prosperar a pretensão do liquidante, ora recorrente, no sentido de que o arbitramento
deveria se pautar na apuração do valor da cota hereditária a ele devida, ante o alegado descumprimento
contratual por parte dos autores da ação. Primeiro, porque, como expressamente consignado pelas
Instâncias ordinárias, inexiste prova da perda do quinhão hereditário. Segundo, e principalmente,
porque o reconhecimento da alegada perda do quinhão hereditário, em razão do também alegado
descumprimento contratual por parte dos autores, em nenhum momento foi objeto da ação em que se
formou o presente título liquidando;
VI – Na verdade, conferir à presente liquidação contornos mais abrangentes daqueles gizados na ação
de resolução parcial do contrato, dissonante, portanto, de seu objeto, tal como pretendido pelo ora
recorrente, redundaria, inequivocamente, à tangibilidade da coisa julgada, o que não se afigura, na
espécie, permitindo;
VII – Recurso Especial improvido3.

A possibilidade da chamada “liquidação zero” é corroborada pela doutrina


especializada, segundo a qual ensina que, a despeito da fase de conhecimento reconhecer a
existência da prática de ilícito, nada impede de, na fase de liquidação, não se concluir pela
quantificação dos danos:

No entanto, hoje se admite pacificamente que existe a possibilidade de o resultado da liquidação ser
zero. Em duas hipóteses: ou o autor não consegue provar o valor do prejuízo (insuficiência de provas) ou
se encontrou, realmente, o valor zero. Em ambos os casos, não há ofensa à coisa julgada. Isto porque a
sentença genérica, cuja liquidação resulta em zero, envolve uma afirmação hipotética. Mas só se percebe
a posteriori que era uma hipótese (provável) que não se realizou concretamente. É como se a sentença
reconhecesse o ilícito “de que muito provavelmente derivariam danos”, que seriam apurados depois,
na liquidação. E nesta fase, percebe-se que, apesar do ilícito, não houve danos materiais. Via de regra,
esta possibilidade acontece no caso de a liquidação se dar pelo procedimento comum, por causa da
necessidade de prova de fato novo4.

Nesse mesmo sentido é a doutrina de Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria


Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de
Mello:

9. Liquidação Zero.É possível alcançar-se resultado zero na fase de liquidação. Duas são as hipóteses:
ou o resultado zero decorre da insuficiência de dados capazes de indicar o valor da condenação ou
procede da contingência de ter-se encontrado resultado verdadeiramente igual a zero. Em ambos os
casos, não há violação à coisa julgada, porque a sentença da fase de conhecimento não chegou a se
pronunciar sobre a dimensão do dano sofrido pelo liquidante. Em ambos os casos deve o órgão
jurisdicional rejeitar a liquidação5.

Diante do exposto, restou claramente demonstrada a possibilidade de, na fase


liquidatória, chegar-se à conclusão de que, a despeito da existência de ato ilícito, não houve

3
Recurso Especial nº 1.011.733/MG, 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Massami Uyeda, julg. em 01.09.2011,
disponível na internet <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 924.
5
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil comentado, São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. p. 524

147
danos materiais, nos termos do uníssono entendimento do Colendo Superior Tribunal de
Justiça e pacífico entendimento doutrinário sobre o tema.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação dos Agravados pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se o laudo pericial apresentado pelo
Ilustre Expert e, por conseguinte, a extinção da fase de liquidação pela inexistência da
quantificação do dano material.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

148
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

149
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 150


3.3.13. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos da ação de despejo por falta de pagamento c/c


cobrança de alugueis, movida em face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus
procuradores abaixo assinados, com fundamento nos artigos 1.015, parágrafo único, do
Código de Processo Civil, vem a presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi deferida
a inclusão do Agravante no polo passivo da fase de cumprimento de sentença em trâmite na
origem.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

151
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, o Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, o Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, o Agravante deixa de recolher


as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o
preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

152
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Trata-se, na origem, de ação de despejo por falta de pagamento c/c cobrança de


alugueis em fase de cumprimento de sentença, interposta pela Agravada – Fulana em face
tão somente da Agravada – Siclana.

Ocorre, Exa., que o Agravante, a despeito de figurar como fiador da Agravada –


Siclana, não foi citado e, portanto, não figurou no polo passivo da fase de conhecimento da
ação originária.

Mesmo na ausência de participação do Agravante na fase de conhecimento,


porquanto não ter sido incluído no polo passivo desde a origem, o D. Juízo de primeiro grau
entendeu por bem processar a fase de cumprimento de sentença com o Agravante na figura
de executado, na medida em que teria sido cientificado dos termos do presente feito, nos
seguintes termos:

Vistos. Nos termos do art. 523 e seguintes do Código de Processo Civil, intime-se a Ré – Siclana, na
pessoa de seu advogado, pela imprensa oficial, ao pagamento da quantia devida, no prazo de 15 (quinze)
dias, sob pena de multa e prosseguimento do cumprimento de sentença, com a imediata expedição de
mandado de penhora, inclusive podendo alcançar ativos financeiros.
Por constar a ciência dos fiadores nos autos (conforme fls. ___), defiro o pedido retro, para incluir no
polo passivo do presente cumprimento de sentença o fiador Beltrano.
Intimem-se.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

153
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido.

Com o devido respeito ao entendimento exarado pelo do D. Juízo de primeiro grau,


o r. decisum vergastado merece reforma pois está em descompasso com o entendimento
sumulado do Egrégio Superior Tribunal de Justiça e com a novel legislação processual civil.

Com efeito, a r. decisão agravada deferiu a inclusão do Agravante na figura de


executado na fase de cumprimento de sentença na ação originária, sem que ele teria sido
citado na fase de conhecimento, o que ofende, frontalmente, os princípios do devido
processo legal e do contraditório.

Registre-se, D. Julgador, que o documento de fls. ___, citado pela r. decisão


agravada, trata-se de comunicação informal em que a Agravada – Siclana informa o
Agravante a respeito da existência da ação originária, o que, a toda evidência, não se
equipara ao ato solene da citação.

Desse modo, a impossibilidade de o fiador figurar na fase de cumprimento de


sentença sem que tenha participado do processo de conhecimento é tese uníssona e
sedimentada no âmbito do Colendo Superior Tribunal de Justiça, resultando, inclusive, na
edição da súmula nº 268, segundo a qual: “O fiador que não integrou a relação
processual na ação de despejo não responde pela execução do julgado”.

Registre-se, a seguir, reiterados arestos do Colendo Superior Tribunal de Justiça


exatamente no sentido da orientação sumular acima colacionada:

LOCAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. FIADOR QUE NÃO INTEGROU A


AÇÃO DE DESPEJO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA N. 268 DESTA CORTE. FIANÇA
PRESTADA PELOS CÔNJUGES. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE
AMBOS. NULIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 10, §1.º, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. PRECEDENTES. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. SÚMULA 83 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
1. Não tendo integrado a ação de conhecimento, a garante não pode responder pela execução do
julgado, sob pena de ofensa aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa e de
afronta à literal disposição do art. 472 do Código de Processo Civil, incidência da Súmula 268 desta
Corte.
2. Sendo a fiança prestada pelos cônjuges, imprescindível é a citação de ambos para responder em juízo
pelos débitos decorrentes da garantia prestada, sob pena de nulidade, por se tratar de litisconsórcio
passivo necessário, a teor do que dispõe o art. 10, §1.º, inciso II, do Código de Processo Civil.
3. Estando o acórdão recorrido em sintonia com a jurisprudência pacificada desta Corte, incide, na
espécie, o óbice da Súmula n.º 83 do Superior Tribunal de Justiça.
4. Agravo regimental desprovido2– Sublinhamos.

2
AgRg no Recurso Especial nº 954.709/RS, 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Laurita Vaz, julg. em 03.05.2011,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

154
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRETENSÃO DE MODIFICAÇÃO DO POLO PASSIVO DA
DEMANDA. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA E AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. AGRAVO REGIMENTAL. IMPROVIDO.
1. Não há que se cogitar em modificação do polo passivo com a inclusão, na fase de cumprimento de
sentença, daquele que esteve alheio à ação de conhecimento, sem que se fira o princípio da ampla
defesa e do contraditório. Devem ser observados os princípios da estabilização subjetiva da lide e do
devido processo legal.
2. Agravo regimental improvido3– Sublinhamos.

Em decorrência da sedimentada orientação do Superior Tribunal de Justiça, o novo


Código de Processo Civil, em seu art. 513, §5º, expressamente prevê que: “O cumprimento
de sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do
corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento”.

Note-se, D. Julgador, que a impossibilidade de parte estranha ao processo de


conhecimento, mesmo se tratando de fiador – como é o caso do Agravante -, é imposição
expressa da legislação aplicável e de súmula dos Tribunais Superiores.

Registre-se, a seguir, a doutrina de Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia


Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello
acerca do citado art. 513, § 5º, do CPC:

6.2 A regra quanto à legitimidade passiva na execução está contida no art. 790. O inciso I conceitua
“devedor” como aquele que estiver reconhecido como tal no título executivo. Por sua vez, o inciso IV
prevê a legitimidade passiva do fiador do débito constante em título executivo extrajudicial. 6.3 No título
extrajudicial, a pessoa física ou jurídica assume a obrigação voluntariamente, ou em algumas situações
ex vi legis (ex. certidão de dívida ativa: art. 2.º, §5º, I, da Lei 6.830/80). Em ambas as hipóteses, o
devedor figura expressamente no título. 6.4 Mutatis mutandis, no título judicial também deverá constar
expressamente, na parte dispositiva da sentença, o devedor e, para tanto, aquele que foi ‘condenado a
pagar’ deve necessariamente ter participado da relação jurídica processual4– Sublinhamos.

No mesmo sentido é a doutrina de Humberto Theodor Júnior:

Tratando-se de simples continuidade do processo em que a sentença foi pronunciada, as partes da sua
execução continuam sendo as mesmas entre as quais a coisa julgada se formou. Existindo litisconsórcio,
pode a atividade executiva eventualmente ser endereçada a um ou alguns dos devedores condenados.
O que não se admite é o cumprimento de sentença movido contra quem não foi parte do processo de
conhecimento, mesmo que se trate do fiador, do coobrigado ou de qualquer corresponsável pela dívida,
segundo as regras do direito material (NCPC, art. 513, §5º).

3
AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 852.094/SP, 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julg. em 02.06.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 930.

155
A regra que, de maneira expressa, dispõe sobre essa vedação é uma novidade trazida pelo NCPC, que
pôs termo a antiga discussão jurisprudencial em torno do assunto. Assim, não mais pairam dúvidas de
que o fiador ou o devedor solidário, que não foram demandados, escapam do alcance do procedimento
de cumprimento de sentença5.

Ademais, Exa., é evidente que uma simples comunicação da Agravada – Siclana ao


Agravante o informando sobre a existência da presente ação de despejo, não se equipara ao
ato solene de citação, o qual consiste pressuposto de validade do processo e indispensável
para a regular angularização da relação processual. Confira-se, a seguir, o entendimento
jurisprudencial de nossos tribunais pátrios acerca de casos semelhantes ao ora analisado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AÇÃO DE


DESPEJO C/C COBRANÇA. FIADORA QUE NÃO FOI CITADA NA DEMANDA DESALIJATÓRIA.
EXECUÇÃO DO JULGADO DIRECIONADA EM SEU DESFAVOR. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
268 DO STJ. ILEGITIMIDADE ACOLHIDA. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
Em sede de ação desalijatória cumulada com cobrança de locativos, não se pode confundir a
notificação dos fiadores para ciência da ação com a citação para contestar o pleito aviado, justo que
esta última é ato formal que angulariza a relação processual, constituindo-se em inequívoco
pressuposto de validade do processo. Ausente a citação dos fiadores, contra eles não pode ser detonada
a execução do julgado, sob pena de cerceamento ao contraditório e a ampla defesa, afrontando o due
processo of law6.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL. FASE


DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DECISÃO QUE DETERMINOU O LEVANTAMENTO DA
PENHORA DE BEM DE PROPRIEDADE DOS FIADORES, OS QUAIS NÃO FORAM PARTES NO
PROCESSO DE CONHECIMENTO. DESÃO MANTIDA ANTE A EVIDENTE ILEGITIMIDADE
PASSIVA DOS GARANTIDORES. DICÇÃO MANTIDA ANTE A EVIDENTE ILEGITIMIDADE PASSIVA
DOS GARANTIDORES. DICÇÃO DA SÚMULA 268 DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA E DOS ARTIGOS 472 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
Os fiadores não participaram do processo de conhecimento e, portanto, não podem sofrer a constrição
de bens na fase de cumprimento de sentença de ação na qual não figuraram como partes, pois foram
apenas cientificados e não citados.
Recurso desprovido7– Sublinhamos.

Diante do exposto, restou claramente demonstrado que o Agravante, a despeito de


ser fiador da Agravada – Siclana, não figurou no polo passivo da fase de conhecimento do
feito originário, sendo, apenas, comunicado da existência da ação de despejo, razão pela
qual a r. decisão agravada merece reforma, por estar em descompasso com o art. 513, §5º,
do CPC e da súmula nº 268 do Colendo Superior Tribunal de Justiça.

5
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. III, 47 ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 70.
6
Agravo de Instrumento nº 2009.006801-6, Câmara Especial Regional de Chapecó do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Rel.
Des. Jorge Luis Costa Beber, julg. em 21.10.2011, disponível na internet em <www.tjsc.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
7
Agravo de Instrumento nº 2075842-30.2015.8.26.0000, 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel.
Des. Gilberto Leme, julg. em 01.06.2015, disponível na internet em <www.tjsp.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

156
III – Do Requerimento de Julgamento Monocrático pelo D. Relator (art. 932,
inciso V, alínea “a”, do CPC).

Por outro lado, de acordo com a regra prevista no art. 932, inciso V, alínea “a”, do
CPC, ao Relator é admitido o julgamento monocrático da pretensão recursal quando a
decisão recorrida for contrária a súmula do Superior Tribunal de Justiça, após oportunizar
ao recorrido a apresentação de contrarrazões.

Desse modo, considerando que a pretensão recursal do Agravante está


fundamentada no entendimento sumulado nº 268 do Superior Tribunal de Justiça, o
provimento monocrático, após o prazo das contrarrazões do recorrido, é medida que se
impõe.

III – Dos Requerimentos

Diante do exposto, o Agravante requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, a Agravada intimada pelo Diário Oficial, na pessoa de seus


advogados constituídos, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, nos termos
do art. 1.019, inciso II, do CPC;

Eventualmente, caso a Agravada não tenha advogado constituído na


interposição do recurso:

ii) Ato contínuo, o Agravante requer a intimação pessoal da Agravada, por carta
com aviso de recebimento, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal, nos
termos do art. 1.019, inciso II, do CPC.

iii) Ato contínuo, seja dado provimento, monocraticamente, ao presente recurso, nos
termos do art. 932, inciso V, alínea “a”, do CPC, a fim de reformar a r. decisão agravada,
rejeitando-se a inclusão do Agravante no cumprimento de sentença em trâmite na origem,
haja vista não ter participado da fase de conhecimento da ação de despejo;

iv) Na hipótese de V. Exa. entender não ser o caso de julgamento monocrático, seja,
então, remetido o presente recurso à apreciação da Colenda Câmara Julgadora e, ao final,
seja acolhida a pretensão recursal, a fim de rejeitar a inclusão do Agravante no cumprimento
de sentença em trâmite na origem, haja vista não ter participado da fase de conhecimento da
ação de despejo.

157
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

158
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

159
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 160


3.3.14. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
PROCESSO DE EXECUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da execução de título extrajudicial, movida em


face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, parágrafo único, do Código de Processo Civil, vem a
presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi indeferido o requerimento de substituição
de penhora sobre faturamento por fiança bancária.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

161
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

162
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em breve síntese, a demanda originária versa sobre execução de título executivo


extrajudicial movida pela Agravada em face da Agravante, decorrente de título de crédito
(cheque), no valor de xxx.xxx,xx (xxxxxxxxxxxxx), em que o D. Juízo de primeiro grau
indeferiu o requerimento de substituição de penhora sobre faturamento por fiança bancária,
nos seguintes termos:

Vistos. Quanto ao pedido de substituição da penhora pela fiança bancária apresentada às fls. ____,
indefiro, pois a substituição ofende a liquidez dos bens penhorados, de modo que a tutela executiva tem
de almejar a efetivação do crédito do exequente, o que não se verifica com a apresentação de fiança
bancário em detrimento da penhora realizada – Sublinhamos.

É contra essa decisão que a Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Com o devido respeito ao entendimento exarado pelo do D. Juízo de primeiro grau,


r. decisum vergastado está em descompasso com o novel entendimento jurisprudencial do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça e com a nova legislação processual civil.

163
Inicialmente, é importante ressaltar que o art. 848, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, dispõe que: “A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por
seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido
de trinta por cento”. Ou seja, a substituição de penhora por fiança bancária é expressamente
autorizado pela lei.

No caso vertente, D. Julgador, o Agravante requereu a substituição da penhora por


fiança bancária, devidamente comprovada nos autos originários (fls. ___/___), cujo valor é
de xxx.xxx,xx, isto é, superior ao valor objeto da presente tutela executiva.

A possibilidade de substituição da penhora por fiança bancária encontra eco seguro


no entendimento jurisprudencial do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL


(CPC/1973). INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. EXECUÇÃO. PEHORA SOBRE 5% DO FATURAMENTO.
PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO POR SEGURO GARANTIA JUDICIAL. POSSIBILIDADE.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO2.

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CARTA DE FIANÇA ACRESCIDA DE 30%. SUBSTITUIÇÃO DE


PENHORA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PROTELATÓRIOS. MULTA DE 1% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO.
1. A indicada afronta do art. 2º, §2º, da LINDB não pode ser analisada, pois o Tribunal de origem não
emitiu juízo de valor sobre esse dispositivo legal. O Superior Tribunal de Justiça entende ser inviável o
conhecimento do Recurso Especial quando os artigos tidos por violados não foram apreciados pelo
Tribunal a quo, a despeito da oposição de Embargos de Declaração, haja vista a ausência do requisito
do prequestionamento. Incide, na espécie, a Súmula 211/STJ.
2. A recorrida foi condenada ao pagamento de multa processual no importe de 1% sobre o valor
atualizado da condenação por reincidir na interposição de Embargos Declaratórios com a finalidade de
rediscutir a matéria julgada. O Tribunal de origem decidiu corretamente em consonância com os
precedentes do STJ: AgRg no AREsp 559.850/PR, Rel. Ministro Herman Bejnamin, Segunda Turma, DJe
10/02/2016.
3. O Tribunal capixaba consignou: “Conforme relatoriado, trata-se de recurso de agravo de instrumento
em que o agravante PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS pretende ver modificada a r. decisão a
quo (fls. 76/76v) que, nos autos da ação de execução fiscal 0049675-23.2012.8.08.0030 em face do
MUNICÍPIO DE LINHARES/ES acolheu o petitório do ora agravante no sentido de substituir a penhora
online por fiança bancária, a qual acresceu ao débito mais 30% (trinta por cento)”. (grifo nosso).
4. É importante enfatizar que o STJ possui entendimento de que norma do art. 656, §2º, do CPC, apesar
de seu caráter subsidiário, possui aplicação nos processos de Execução Fiscal.
5. Conforme exposto no acórdão impugnado, houve substituição da penhora on line por fiança bancária,
com o valor atualizado acrescido de 30%, com fulcro no art. 656, §2º, do CPC, portanto, a decisão está
em conformidade com a legislação processual vigente. Diferente do alegado pela recorrente, apenas nas
hipóteses de garantia originária da dívida fiscal não é razoável exigir acréscimo de 30%. Precedentes:
REsp 1.556.461/RJ, Rel. Ministro Herman, Segunda Turma, DJe 3/2/2016); AgRg na MC 24.947/RJ, Rel.
Ministro Og Fernandes,Segunda Turma, Dje 9/11/2015 e AgRg na MC 24.961/RJ, Rel. Ministra Diva
Malerbi (Desembargador Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, DJe 9/12/2015).

2
AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 759.358/RJ, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, julg. em 01.09.2016,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

164
6. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido3.

O acolhimento da substituição da penhora repousa, precipuamente, na menor


onerosidade da execução sobre o patrimônio do Agravante, principalmente tendo em vista
que a penhora inicialmente deferida e, posteriormente, efetuada, recaiu sobre o faturamento
da empresa, sendo severamente mais prejudicial ao Agravante do que a fiança bancária
apresentada.

Sobre o tema, vale ressaltar as valiosas lições de Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins da Conceição, Leonardo Ferres da Silva e Rogerio Licastro Torres
de Mello:

Com efeito, ao equiparar a “dinheiro” a fiança bancária e o seguro garantia judicial, para fins de
substituição da penhora, o que o Novo Código de Processo Civil visou foi assegurar ao executado o
direito de substituir qualquer penhora por fiança bancária ou seguro-garantia judicial, desde que em
valor igual ou superior ao débito constante da inicial mais 30% (trinta por cento). 15.1. O CPC/73
contém regra similar e a jurisprudência do STJ tem reconhecido esta possibilidade, a qual está afinada
com a busca de uma execução proporcional e equilibrada, como defendemos ao longo de nossos
comentários a diversos dispositivos atinentes à execução4.

Registre-se, ademais, que qualquer que seja o objeto da penhora – mesmo que
dinheiro – a penhora poderá ser substituída por fiança bancária, conforme leciona o mestre
Humberto Theodoro Júnior:

O parágrafo único do art. 848 permite que a penhora, qualquer que seja o seu objeto, possa ser
substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial. A experiência já constava da Lei de
Execuções Fiscais (art. 15, I) e, sem comprometimento da liquidez da garantia judicial, atende, quase
sempre, ao princípio de que a execução deve ser promovida pela forma menos gravosa para o executado
(art. 805)5.

Portanto, Exa., restou claramente demonstrado o preenchimento dos requisitos


descritos no art. 848, parágrafo único do CPC, na medida em que a Agravante demonstrou
que o seguro garantia apresentado em substituição da penhora de faturamento possui valor
superior aquele objeto da presente execução, e está acrescido 30% (trinta por cento) do
valor debatido, o que impõe o deferimento da substituição.

3
REsp nº 1.564.097/ES, 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Herman Benjamin, julg. em 17.03.2016, disponível na
internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Siva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 834-835.
5
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. III, 47 ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 537.

165
III – Dos Requerimentos

Inicialmente, a Agravante requer a intimação dos Agravados pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se a substituição da penhora sobre o
faturamento da Agravante pela fiança bancária apresentada, em valor superior do título
objeto da presente demanda, nos termos do art. 848, parágrafo único, do Código de
Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

166
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

167
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 168


3.3.15. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
PROCESSO DE INVENTÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos da ação de inventário e partilha, movida em


face de (Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, parágrafo único, do Código de Processo Civil, vem a
presença de V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r.
decisão de fls. __ na origem, por meio da qual foi indeferida a remoção do herdeiro-
inventariante.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

169
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, o Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007, §3º, do CPC, o Agravante deixa de recolher
as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o
preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

170
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Na origem, trata-se de ação de inventário e partilha em que o Agravante ajuizou


incidente de remoção de inventariante, nos termos do art. 622 e seguintes do Código de
Processo Civil, tendo em vista inúmeros desentendimentos entre os herdeiros, inclusive com
ameaças (conforme demonstra o boletim de ocorrência acostados às fls. ___/___) e
acusações de deficiência na administração dos bens do espólio conduzida pelo herdeiro-
inventariante – Fulano.
Por esses motivos, e principalmente pela dificuldade na escorreita condução do
processo de inventário ocasionada pela animosidade entre os herdeiros, é que o Agravante
requereu a remoção do herdeiro – inventariante Fulano para a posterior nomeação de outro
inventariante, nos termos da ordem estabelecida no art. 617 do Código de Processo Civil.

Após regular processamento apartado do aludido requerimento, com a apresentação


de resposta pelo herdeiro-inventariante Fulano (fls. ___/___), o D. Juízo de primeiro grau
entendeu por bem indeferir a remoção do inventariante, sob os seguintes fundamentos.

Vistos. Diante da tempestividade da resposta apresentada pelo Sr. Fulano contra o requerimento de sua
remoção do cargo de inventariante, rejeito o pedido de desentranhamento e intempestividade.
Passo, então, a decidir o incidente.
As alegações do herdeiro Sicrano, apesar de serem aferíveis pela documentação acostada aos autos, isto
é, a patente litigiosidade entre as partes, não se verifica deficiência na condução da administração dos
bens do espólio ou qualquer outra hipóteses prevista no art. 622 do CPC, motivo pelo qual rejeito o
incidente de remoção.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

171
II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio
pedido

Respeitada a convicção do D. Juízo de primeiro grau, fato é que a r. decisão


agravada merece reforma principalmente porque considerou devidamente demonstrada a
animosidade entre os herdeiros, inclusive com relação ao herdeiro-inventariante,
ocasionando em má administração dos bens do espólio, o que, por si só, já autorizaria a
remoção do inventariante, nos termos do art. 622 do Código de Processo Civil.

Em primeiro lugar, D. Julgador, impende ressaltar que o rol de hipóteses que o


inventariante será removido, previsto no art. 622 do Código de Processo Civil é meramente
exemplificativo, de modo que, caso o juiz ou as partes verifiquem quaisquer outras
situações em que a condução do espólio pelo inventariante mostra-se temerária, é possível a
remoção do inventariante.

Nesse sentido, ensinam Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins
Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello:

Remoção do inventariante. Trata-se de lista não exauriente de causas que podem gerar remoção do
inventariante. A remoção pode ocorrer a pedido dos herdeiros ou de ofício. Esta última possibilidade
não consta do CPC/73, mas já vem sendo, corretamente, admitida pela doutrina e pela jurisprudência2.

Desse modo, uma vez demonstrada a inviabilidade e deficiência da condução do


inventário, principalmente na administração dos bens do espólio, pelo herdeiro-
inventariante, fundado no fato de haver latente animosidade entre os herdeiros, inclusive
com ameaças (comprovado pelo boletim de ocorrência de fls. ___/___), impõe-se o
deferimento de sua remoção, nos termos do art. 622 do CPC.

A respeito do caso versado nestes autos, confira-se, a seguir, reiterada


jurisprudência de nossos tribunais pátrios acerca da necessidade de remoção do
inventariante em caso de litigiosidade e animosidade entre os herdeiros:

INVENTÁRIO – REMOÇÃO DO INVENTARIANTE – SUBSTITUIÇÃO POR INVENTARIANTE


JUDICIAL – ACERTO – ANIMOZIDADE ENTRE OS HERDEIROS – Cuida a hipótese de Agravo de
Instrumento interposto contra a decisão do juízo a quo que removeu herdeiro-Inventariante, nomeando
em substituição Inventariante Judicial. – Herdeiros que se acusam mutuamente sobre erros na
condução do inventário e na administração dos bens dos inventariados. – Poder Geral de cautela. –
Acerto da decisão diante da grande animosidade dos herdeiros. – Decisão agravada mantida. – Recurso
que se nega seguimento3.

2
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 622.
3
Agravo de Instrumento nº 00705449120128190000, Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Rel. Des.
Caetano Ernesto da Fonseca Costa, julg. em 09.05.2014, disponível na internet <www.tjrj.jus.br>, arquivo capturado em
__.__.____.

172
AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. REMOÇÃO DE INVENTARIANTE. NOMEAÇÃO EM
SUBSTITUIÇÃO DE INVENTARIANTE DATIVO. ANIMOSIDADE ENTRE AS PARTES. CABIMENTO.
De ser mantida a decisão que nomeou inventariante dativo, ante a beligerância entre os herdeiros.
Inventariante deve auxiliar na o juízo na condução e ultimação do processo. Agravo de instrumento
desprovido, de plano4.

Note-se, portanto, que a animosidade entre os herdeiros está levando o inventariante


à prática de atos meramente protelatórios – como resistência em cumprir decisões judiciais -
, motivo este que está expressamente previsto no art. 622, inciso II, do CPC, como hipótese
de destituição do inventariante.

A doutrina especializada de Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e


Daniel Mitidiero, salienta que “o rol de motivos do art. 622 do CPC, não é exaustivo,
devendo ser combinado a outras razões que aconselham a troca do inventariante”5.

Por esses motivos, D. Julgador, resta devidamente demonstrado o preenchimento


dos requisitos para a destituição do herdeiro-inventariante – Fulano, nos termos do art. 622
do CPC, o que impõe-se a reforma da r. decisão agravada.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, o Agravante requer a intimação dos Agravados pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso os Agravados não tenham constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal dos Agravados, por carta com
aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC)).

4
Agravo de Instrumento nº 70065308413, Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Rel. Jorge Luís
Dall’Agnol, julg. em 27.08.2015, disponível na internet em <www.tjrs.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil. São Paulo; Editora
Revista dos Tribunais, 2015, p. 196.

173
Ao final, a Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja
conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, removendo-se o herdeiro-inventariante Fulano,
para que, após a nomeação de outro inventariante, entregue imediatamente ao substituto os
bens do espólio, sob pena expedição de mandado de busca e apreensão (ou, se forem bens
imóveis: sob pena de expedição de mandado de imissão na posse), sem prejuízo de fixação
de multa no valor de até três por cento do valor dos bens inventariados, nos termos do art.
625 do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

174
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

175
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 176


3.4. OUTROS CASOS PREVISTOS EM LEI:
3.4.1. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (…)

(Agravante), já qualificada nos autos do mandado de segurança, movido em face de


(Agravada), igualmente qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, com
fundamento nos artigos 1.015, inciso IX, do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, em face da r. decisão de fls.
__ na origem, por meio da qual foi indeferido o requerimento de concessão de medida
liminar, formulado nos termos do art. 7º da Lei 12.016/2009.

I – Cópia de peças obrigatórias e facultativas (art. 1.017, do CPC)1.

Em atendimento ao artigo 1.017, incisos I e III, do CPC, o Agravante informa que o


recurso ora interposto é instruído com as seguintes cópias úteis para a adequada
compreensão da presente controvérsia (ou com cópia integral) retiradas do processo (nº de
origem), em curso perante a __ Vara ___ do Foro ___________ (dados do processo de
origem), ressaltando a presença das seguintes peças obrigatórias:

i) Cópia da Petição Inicial (fls. ___ dos autos originários);


ii) Cópia da Contestação (fls. ___ dos autos originários);
iii) Cópia da Petição que ensejou a decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
iv) Cópia da Decisão agravada (fls. ___ dos autos originários);
v) Cópia da Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade (fls. ___ dos autos originários); e
vi) Cópia das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

(Eventualmente, caso não haja alguma das peças obrigatórias acima elencadas,
indicar a sua inexistência e juntar a declaração de inexistência prevista no art. 1.017, inciso
II, do CPC – vide modelo anexo).

1
Enunciado Administrativo Número 03 do Superior Tribunal de Justiça: “Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma
do novo CPC.”.

177
II – Nome e endereço completo dos advogados constantes no processo (art.
1.016, IV, CPC).

Atendendo ao disposto no art. 1.016, incisos IV, do CPC, a Agravante informa os


nomes e os endereços completos dos advogados constantes no processo e que deverão ser
intimados, com exclusividade, de todos os atos processuais deste incidente:

Pelo Agravante: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

Pela Agravadas: (nome, OAB e endereço profissional dos advogados) e (fls. da


procuração).

III – Do preparo e do porte de remessa e retorno (art. 1.007, CPC)

Ademais, nos termos do art. 1.007, do CPC, a Agravante requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Ademais, nos termos do artigo 1.007,§3º, do CPC, a Agravante deixa de recolher as


custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão integralmente
eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo
recursal, conforme comprovante anexo).

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

178
Tribunal de Justiça (…)
Razões de Agravo de Instrumento.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições do fato e do direito (art. 1.016, inciso II, CPC)

Em apertada síntese, o presente mandamus funda-se em direito líquido e certo de o


Agravante tomar posse no cargo de policial militar, em que foi devidamente aprovado no
respectivo concurso público, conforme demonstra os documentos anexados (fls. ___/___)

Diante disso, o Agravante requereu, na petição inicial, a concessão de tutela liminar,


com fundamento no artigo 7º, da Lei 12.016/2009, a fim de que o Agravante tomasse posse
no cargo público objeto do concurso público que foi aprovado.

A despeito de toda a documentação anexada aos autos e da argumentação esposada


pelo Agravante, o D. Juízo de primeiro grau, sem o costumeiro acerto, indeferiu o
requerimento liminar nos seguintes termos:

O presente mandado de segurança cuida de pretensão liminar do impetrante em tomar posse no cargo
mediante a aprovação em concurso público mencionado nos autos.
Não vislumbro o preenchimento dos requisitos para a concessão da tutela liminar.
Com efeito, o edital do concurso estabelece, como um dos pressupostos para a investidura nos cargos,
não registrar o candidato antecedentes criminais, no âmbito Estadual e Federal no local onde o
candidato reside, nos últimos 5 (cinco) anos (fls. ___/___).
No caso vertente, resta claramente comprovado pelos documentos acostados na inicial, que o impetrante
respondeu a processos criminais, motivo pelo qual, ao menos sob uma análise perfunctória, a autoridade
coatora não praticou qualquer irregularidade, de forma abusiva ou arbitrária, da regra disposta no
edital referido nos autos.
Sendo assim, ausente o direito líquido e certo e faltando a abusividade demandada no mandamus, a
denegação da liminar mostra-se de rigor.

179
Nesse contexto, manifesta-se o Prof. Hely Lopes Meirelles no seguinte sentido: “ Quando a lei alude a
direito líquido e certo está exigindo que esse direito se apresente com todos os requisitos para seu
reconhecimento e exercício no momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo é
direito comprovado de plano. Se depender de comprovação posterior, não é líquido nem certo, para fins
de segurança”. (Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 37.)
Isso posto, indefiro a liminar ora pleiteada.
Intime-se.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – As razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão e o próprio


pedido.

Com o devido respeito às convicções do D. Juízo de primeiro grau, a r. decisão


agravada merece reforma, uma vez que, além de estar em completo descompasso com o
entendimento jurisprudencial das Cortes Superiores sobre o tema, ofende frontalmente o
direito fundamental da presunção de inocência, previsto no art. 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal, segundo o qual: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória”.

Com efeito, restou devidamente demonstrado, por meio dos documentos que
acompanharam a Exordial, que o impetrante, a despeito de figurar em ações penais ainda
em curso, não houve, até o presente momento, qualquer condenação penal transitada em
julgado (fls. ___/___).

Ou seja, o ato da autoridade coatora em excluir o Agravante do concurso público,


diante da ausência de sentença penal condenatória transitada em julgado, mas, tão somente,
fundado em existência de ações penais ainda em curso, revela-se claramente abusivo,
credenciando, por si só, a concessão da liminar. Como ensina Cassio Scarpinella Bueno: “o
impetrante deverá convencer o magistrado de que é portador de melhores razões que a
parte contrária; que o ato coator é, ao que tudo indica, realmente abusivo ou ilegal”2.

Em caso extremamente semelhante ao ora discutido, o Colendo Supremo Tribunal


Federal já decidiu ser patente violação ao princípio constitucional da presunção da
inocência o ato de exclusão do candidato que não tenha sido condenado por uma sentença
penal condenatória transitada em julgado:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO


ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE POLICIAL MILITAR.
EXCLUSÃO DE CANDIDATO EM INVESTIGAÇÃO SOCIAL. ART. 5º, LVII, DA CF/88.
VIOLAÇÃO.

2
BUENO, Cassio Scarpinella. A nova Lei do Mandado de Segurança, 2ª ed., São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 64.

180
1. Viola o princípio constitucional da presunção da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da Constituição
Federal, a exclusão de candidato de concurso público que responde a inquérito ou ação penal sem
trânsito em julgado da sentença condenatória.
2. Agravo regimental a que se nega provimento3.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI Nº 12.322/2010) – CONCURSO PÚBLICO –


ASSISTENTE SOCIAL DA FUNDAÇÃO CASA – INVESTIGAÇÃO SOCIAL – VIDA PREGRESSA DO
CANDIDATO – EXISTÊNCIA DE REGISTRO CRIMINAL – PROCEDIMENTO PENAL DE QUE
NÃO RESULTOU CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO – EXCLUSÃO DO
CANDIDATO – IMPOSSIBILIDADE – TRANSGRESSÃO AO POSTULADO CONSTITUCIONAL
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII) – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. – A
exclusão de candidato regularmente inscrito em concurso público, motivada, unicamente, pelo fato de
existirem registros de infrações penais de que não resultou condenação criminal transitada em julgado
vulnera, de modo frontal, o postulado constitucional do estado de inocência, inscrito no art. 5º, inciso
LVII, da Lei Fundamental da República. Precedentes4.

Nesse mesmo sentido, é a orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO


PÚBLICO. CARGO DE AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA. AÇÃO PENAL EM
ANDAMENTO EM QUE FIGURA O CANDIDATO COMO RÉU. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. NOMEAÇÃO POR DECISÃO JUDICIAL. INDENIZAÇÃO. NÃO CABIMENTO.
1. Trata-se na origem de mandado de segurança impetrada contra ato do Exmo. Sr. Presidente do
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, pelo qual indeferiu a posse do impetrante no cargo de
Agente de Fiscalização Financeira, considerando o fato de figurar como réu em Ação Penal Pública
em trâmite na 2ª Vara Criminal da Comarca de Marília.
2. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que o indeferimento na posse em cargo após a
aprovação em concurso público, amparado no fato de ter sido verificada a existência de ação penal em
que figura como réu o candidato, sem sentença condenatória transitada em julgado, fere o princípio da
presunção de inocência. Precedentes.
3. Assim, à luz do princípio da presunção de inocência, merece reforma o acórdão do Tribunal a quo que
corroborou o indeferimento da posse do ora recorrente, em razão da existência de ação penal sem
sentença condenatória transitada em julgado.
(…)
6. Recurso ordinário parcialmente provido5– Sublinhamos.

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. PERDA DE OBJETO DO WRIT. INOCORRÊNCIA. FASE DE
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. EXCLUSÃO DO CANDIDATO UNICAMENTE EM RAZÃO DA
EXISTÊNCIA DE REGISTRO POLICIAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INODCÊNCIA.

3
RE nº 930.099/RJ, Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, Rel. Min. Edson Fachin, julg. em 15.03.2016, disponível na
internet em <www.stf.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
AgRg no Recurso Extraordinário nº 847.535, Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, Rel. Min. Celso de Mello, julg. em
30.06.2015, disponível na internet em <www.stf.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
Recurso em Mandado de Segurança nº 37.027/SP, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julg. em 26.06.2012, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

181
1. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que a homologação do resultado final de
concurso público não enseja a perda de objeto de writ que discute as duas fases anteriores. 2. Não se
mostra admissível a exclusão de candidato, mesmo na fase de investigação social, se inexistir
condenação transitada em julgado, sendo certo que o princípio constitucional da presunção de
inocência não incide exclusivamente na esfera penal mas, também, na administrativa. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento6.

Sendo assim, D. Julgador, uma vez presente o requisito para a concessão da liminar
pleiteado pelo Agravante, nos termos do art. 7º da Lei 12.016/2009, é de rigor a reforma da
r. decisão agravada. Ou nas palavras do Prof. Humberto Theodoro Júnior:

Às vezes, fala-se que a liminar seria “ato de livre arbítrio do juiz” e se inseriria na sua “livre convicção
e prudente arbítrio”. No entanto, as medidas de urgência, sejam cautelares ou antecipatória, integram a
tutela jurisdicional como condição de sua efetividade. A parte, quando presentes os requisitos legais,
tem direito subjetivo e elas, como parcelas integrantes do direito cívico de ação. Não é por favor ou
benemerência do juiz que ditas providências são deferidas, mas porque correspondem a direito do
litigante, que o órgão jurisdicional não pode ignorar e muito menos denegar7 – Sublinhamos.

III – Dos Requerimentos

Inicialmente, o Agravante requer a intimação do Agravado pelo Diário Oficial, na


pessoa de seus advogados constituídos, para que, querendo, apresente resposta no prazo
legal (art. 1.019, inciso II, CPC).

(Eventualmente, caso o Agravado não tenha constituído advogado até a


interposição do recurso:

Inicialmente, a Agravante requer a intimação pessoal do Agravado, por carta com


aviso de recebimento, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal (art. 1.019,
inciso II, CPC).)

Ao final, o Agravante requer a V. Exa. que o presente Agravo de Instrumento seja


conhecido e provido in totum, para o fim de reformar a r. decisão agravada, nos termos da
fundamentação contida neste arrazoado, deferindo-se a tutela liminar querida na origem, a
fim de determinar a posse do Agravante em concurso público que obteve aprovação, na
medida em que não há qualquer condenação penal transitada em julgado em seu desfavor.

6
AgRg no Recurso em Mandado de Segurança nº 29.627/AC, Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Des. Conv. Adilson
Vieira Macabu, julg. em 26.06.2012, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
7
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. III, 50ª ed. rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 693.

182
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

183
ANEXO 01

D E C L A R A Ç Ã O (art. 1.017, inciso II, CPC)

Declaro, para os fins do artigo 1.017, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 (novo Código
de Processo Civil), que, nos autos do processo nº (número do processo de origem), em que é
autora (nome da Autora) e ré (nome da Ré), ainda não existem as seguintes peças
processuais obrigatórias à formação do instrumento: (elencar as peças obrigatórias que
não existem no processo de origem).

Declaro, ainda, que todas as demais peças obrigatórias elencadas no artigo 1.017,
inciso I, da Lei nº 13.105/2015, estão sendo apresentadas juntamente com o presente
recurso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

184
ANEXO 02

DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS


(art. 425, inciso IV, CPC)

(nome do advogado), advogado regularmente inscrito na OAB/XX (número da


OAB), na qualidade de advogado e procurador constituído de (nome da parte Agravante),
nos autos da (nome da ação originária) aforada em face de (nome da parte Agravada),
DECLARA que todos os documentos colacionados aos autos com o presente recurso SÃO
AUTENTICOS, responsabilizando-se pessoalmente pela veracidade e pela fidedignidade
dos referidos documentos em relação aos seus originais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
(Assinatura)
Advogado (OAB).

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