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SALMO 5 – DEUS É RICO EM MISERICÓRDIA

Por acaso você já fez alguma oração que não foi atendida? Você já
clamou a Deus para que a sua oração fosse ouvida? Que a sua voz
fosse escutada nos altos Céus? Já foi decepcionado por não ter tido
uma resposta pronta e imediata de Deus?

Muitas vezes os filhos de Deus se defrontam com esse tipo de


problema. Oramos a Deus e não somos atendidos como
esperávamos. Clamamos ao Senhor em busca de respostas, e
parece que não somos ouvidos. Os Céus se nos afiguram de bronze
e nossas orações são incapazes de penetrá-los. Uma jovem,
profundamente angustiada, disse ao seu pastor, num tremendo
desabafo: “Pastor, as minhas orações não passam do teto. O que
eu devo fazer?”

I – DEUS OUVE AS NOSSAS ORAÇÕES (v. 1-3)

Davi estava em profunda aflição. Este salmo ainda foi escrito no


contexto da revolta de Absalão contra o seu pai. Então, Davi faz
uma oração singular: “1 Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras e
acode ao meu gemido. 2 Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz
que clama, pois a ti é que imploro.”

Ele ora para que Deus ouça a sua oração. Ele já havia orado para
que Deus se manifestasse em livramento dos seus inimigos; “Salva-
me, Deus meu” (Sl 3:7). Agora, ele pede, ele suplica, ele implora
que Deus atenda à sua prece.
Será que Deus ouve as nossas orações? Ele sempre ouve as nossas
preces. Seus ouvidos estão sempre, dia e noite, se inclinando para
nos ouvir em todo o nosso mais íntimo desejo da alma. Pode ser
que nem sempre vai responder exatamente como nós queremos,
mas Ele vai nos atender seguramente através dos recursos infinitos
da Sua onipotente graça.

Deus atendeu ao clamor do povo de Israel que vivia as maiores


angústias em escravidão sob o domínio de Faraó no Egito. Ele
atendeu à Ana, que era estéril, dando-lhe um filho que se tornou
no profeta Samuel. Ele atendeu à oração mais curta do evangelho,
quando Pedro, afundando nas águas revoltas do mar da Galiléia,
clamou: “Salva-me, Senhor!” Ele atendeu à igreja primitiva quando
orou pela libertação do mesmo apóstolo Pedro que dormia na
prisão. E seguramente, há de responder à nossa prece, elevada ao
Céu com fé humilde, para que se cumpra a soberana vontade
divina.

Davi se dirige a Deus como “Rei meu e Deus meu.” Ele sempre
reconheceu o reinado soberano de Deus. Ele sabia que era apenas
um representante do Rei celestial, e estava pronto a depor a sua
coroa diante do Eterno. A rainha Elizabeth II, quando pela primeira
vez ouviu a Aleluia de Händel, quebrou o protocolo e, para
admiração de todos os seus oficiais, levantou-se em humilde
reconhecimento diante de Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos
senhores.

II – DEUS ODEIA AOS ÍMPIOS? (v. 4-6)


Aqui temos a base da oração de Davi para que fosse atendido:
“Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo
não subsiste o mal” (v.4). Deus é tão puro de olhos que não pode
contemplar o mal. E os inimigos de Davi estavam praticando a
maldade, e portanto, a sua oração, o seu clamor era justo.

Davi sabia argumentar com Deus, e muitas vezes nós oramos sem
apresentar esses argumentos inspirados. Se a nossa causa é justa e
está de acordo com a verdade e a justiça de Deus, então devemos
dizer isso mesmo na nossa oração para Aquele que sonda os
corações, e estamos certos de que seremos atendidos. Davi dizia:
Senhor, ouve-me, porque Tu não podes permitir que os meus
inimigos continuem na prática de suas perversidades! Isso não está
de acordo com os Teus atributos de justiça!

O verso 5 (Sl 5:5) é uma passagem difícil: “Os arrogantes não


permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a
iniquidade.” A palavra “aborreces” é uma tradução de “sâné” que
significa “odiar” (Dicionário Heb. de Strong). Deus odeia a todas as
formas do mal; mas não é isso o que o salmista está dizendo. Ele
disse: “aborreces (odeias) a todos os que praticam a iniquidade.”
Sabemos que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. De fato,
a Bíblia confirma isso no texto mais extraordinário em Jo 3:16:
“Porque Deus amou o mundo...”

Mas como pode Davi afirmar que Deus odeia aos ímpios? Não disse
Cristo “Amai os vossos inimigos”? (Mt 5:44). Semelhantemente,
como nosso Pai celestial, que ama aos Seus inimigos, fazendo
nascer o Seu sol sobre maus e bons, e envia as chuvas sobre justos
e injustos (v. 45), assim devemos amá-los. Não parece
contradição? Há 3 maneiras para se entender isso:

1- Na Bíblia, odiar significa “amar menos”, independentemente de


quem se refere. Lemos as palavras de Cristo: “Se alguém vem a
mim e não aborrece (gr. miséô = detestar, odiar) a seu pai, e
mãe ... não pode ser meu discípulo.” (Lc 14:26). Muitas pessoas
ficaram perplexas ao ler estas palavras: como pode Cristo nos
recomendar que odiemos aos pais, quando a própria Lei nos
manda honrá-los? (Êx 20:12). A palavra original do grego (miséô),
significa “odiar, detestar”, mas também significa “amar menos” (Cf.
Dic. Grego de Strong). Mas se lermos a mesma passagem em
Mateus, notamos a coerência de tal interpretação: “Quem ama seu
pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt
10:37). No caso do Salmo 5:5, Davi estaria dizendo que Deus ama
menos aos ímpios do que aos justos. E todos poderiam justificar a
Deus nessa atitude. Mas como funciona isto, julgo que ninguém
sabe, senão só Ele. Mas ainda Ele os ama muito, dando-lhes vida,
saúde, prazer, felicidade e muitos anos prósperos.

2- O segundo ponto de vista: Davi está personificando o mal que


Deus abomina. Deus odeia a iniquidade. Entretanto, quando os
ímpios se identificam com a iniquidade, são personificados no
próprio mal que praticam. Então, dizer Davi que Deus odeia os
malfeitores é o mesmo que dizer que Ele odeia o mal. E quando Ele
destruir o mal num sentido escatológico, também destruirá a todos
os que estão identificados e personificados com o mal. Esse fato
apocalíptico e escatológico se pode ver claramente na versão de
Almeida Antiga, nas palavras do v. 6: “Destruirás (futuro) aqueles
que proferem a mentira; o Senhor aborrecerá o homem
sanguinário e fraudulento”.

3- Outro modo de ver como pode Deus odiar aos ímpios, é pelo
antropomorfismo: é uma forma de pensamento que atribui
características ou aspectos humanos a Deus; é explicar a divindade
em linguagem humana. Se não entendermos a Bíblia nos seus
termos, jamais conheceremos a verdade. Mas é difícil traduzirmos
a Divindade, em nosso idioma, porque não conhecemos a
linguagem divina. Portanto, temos que usar a nossa própria
linguagem, embora seja ela muito limitada para esse propósito. Se
“Deus é justo” (Sl 7:11), a Sua ira e ódio tem que se manifestar
contra o pecado e pecadores; mas se, ao mesmo tempo, e em igual
intensidade, “Deus é amor” (1Jo 4:8), tem que revelar a
misericórdia mesmo àqueles a quem odeia, sem ser contraditório.
Por isso, disse Paulo: “Ó profundidade da riqueza, tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são
os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! 34 Quem,
pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro?” (Rm 11:33-34).

III – DEUS É RICO EM MISERICÓRDIA (v. 7)

“Porém eu, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa


e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor” (V. 7).

Davi desejava ardentemente se prostrar diante de Deus, em seu


santo templo. Mas isso Ele não considerava apenas um grande
privilégio, mas o resultado da riqueza da misericórdia de Deus. Ele
estava bem lembrado dos seus hediondos e graves pecados, mas o
seu argumento era cheio de fé, exaltando o excelso atributo do
caráter de Deus que é a Sua misericórdia. Mas ele não pára aqui;
ele conhece por experiência a “riqueza” da misericórdia divina.

Há sempre um “porém” na vida de Davi, pelo que ele diz: “porém


eu...”. Os outros me caluniam, me perseguem, me amaldiçoam, me
traem; por eles, eu estou perdido. “Porém eu, pela riqueza da Tua
misericórdia...”. Os cristãos, semelhantemente, são perseguidos,
roubados, caluniados, aprisionados. Mas há sempre um “porém”
na vida do cristão. Há sempre um “mas Deus”. É por isso que o
apóstolo Paulo dizia aos efésios: “Mas Deus, sendo rico em
misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou” (Ef
2:4).

Misericórdia é compaixão despertada pela miséria alheia. Davi se


encontrava em miséria: era um rei destronado, pobre, perseguido
de morte pelo seu próprio filho Absalão, ainda no contexto do
Salmo 3. Ademais disso, ele estava oprimido por suas culpas, além
de ouvir seus adversários dizerem que não havia escape para ele.
Mas ele tem a esperança de que por essa misericórdia, ele entraria
na Casa de Deus e se prostraria diante do Seu santo templo, em
temor, ou em reverência. O grande anseio de Davi era poder entrar
no templo que ele considerava santo, a fim de adorar ao Senhor na
reverência que lhe é devida, no temor que Ele merece, por Sua
glória e majestade.

Mas o que vemos em nossos dias? O que fazem os adoradores?


Conversam animadamente, comentam negativamente a vida dos
outros, observam as pessoas ricas e bem trajadas, menosprezam
os pobres e incultos não muito bem vestidos, criticam os líderes e
apresentadores, julgam os que erram, sentam e levantam várias
vezes, divertem-se com um celular ligado, distraem-se com alguma
criança, e a lista vai longe. Parece mais um encontro social. Onde
estão os cristãos que chegavam à igreja, cumprimentavam os
irmãos sem excessos, procuravam os assentos, se ajoelhavam em
oração, tomavam a sua Bíblia para lê-la em silêncio e meditação,
procurando um encontro com Deus?

Mas o que falta a esses adoradores? Falta reconhecer a


necessidade que eles tem da misericórdia, falta reconhecer a
santidade do templo e a necessidade de reverência. Falta
reconhecer o temor de Deus no Seu santo templo. “A verdadeira
reverência para com Deus é inspirada por um sentimento de Sua
infinita grandeza, e de Sua presença. Com esse sentimento do
Invisível, todo coração deve ser profundamente impressionado. A
hora e o lugar da oração são sagrados, porque Deus Se encontra
ali, e, ao manifestar-se reverência em atitude e maneiras, o
sentimento que inspira essa reverência se tornará mais profundo.
‘Santo e tremendo é o Seu nome’ (Sal. 111:9), declara o salmista.”
(E.G.White, Mensagens aos Jovens, 251).

IV – DEUS É ÚNICO EM JUSTIÇA (vs. 8-10)

Davi faz uma petição coerente após declarar a riqueza da


misericórdia divina. “Senhor, guia-me na Tua justiça!” (v. 8).
Muitos pedem a misericórdia, se deleitam nela, pregam sobre ela,
sonham com ela, e param nisso. O Senhor deseja que o cristão
cresça, como disse o apóstolo Pedro: “antes crescei ...” (2Pe. 3:18).
Ele deseja que não só reconheçamos a misericórdia divina, mas
que tenhamos os nossos olhos voltados para o caminho da justiça,
rogando que Deus seja o nosso Guia soberano para a justiça, a fim
de que possamos andar no caminho de Deus.

O que significa a justiça de Deus e qual é o Seu “caminho”? Deus é


a Fonte da justiça. Só Ele pode ser completamente justo porque só
Ele é plenamente sábio e poderoso. É por isso que o salmista
recorre a Ele para guiá-lo na justiça. Ele designou o Messias como
“Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23:6). Ademais, o próprio Davi no Salmo
119, nos declara o que mais é justiça: “A minha língua celebre a tua
lei, pois todos os teus mandamentos são justiça.” (Sl 119:172). A
Lei de Deus e todos os seus mandamentos são justiça, porque se
revelam como uma expressão do caráter de Deus que igualmente é
justo.

Mas por quanto tempo? Alguém poderia afirmar que essa Lei é
uma questão do Antigo Testamento e que logo seria substituída na
nova era messiânica. Então, Davi afirma claramente: “A tua justiça
é justiça eterna, e a tua lei é a própria verdade.” (Sl 119:142).
Alguém poderia ser desviado do caminho da verdade e então,
duvidar da eternidade da Lei. Portanto, Davi declarou inspirado por
Deus, não só o que é a justiça, como a veracidade e a eternidade
da Sua santa Lei.

Mas por que Davi roga a Deus que o guie na justiça? “por causa dos
meus adversários” (v. 8). Davi não pode confiar na sua sabedoria
quanto à justiça de seus atos e suplicava para ser guiado e dirigido
por Deus, a fim de não se desviar em nada da justiça, por causa dos
seus adversários. Ele não podia estar à vontade diante deles. Mas
por quê? Como eram os seus adversários?

1- Os adversários eram falsos: “não tem sinceridade nos seus


lábios” “e com a língua lisongeiam” (v. 9). Davi não podia confiar
neles, nem quando se aproximavam com muitos elogios, porque
sabia que eram falsos, “e proferem mentira” (v. 6). Com efeito, a
sinceridade era uma virtude apreciável, no tempo de Davi e em
todos os tempos. A hipocrisia, a lisonja, o falso elogio, a mentira e
o suborno das palavras sempre foram censuráveis, separando os
amigos verdadeiros. Davi se lembrava de alguns de seus oficiais
que se diziam fiéis a ele, mas que agora estavam engrossando a
fileira dos seus inimigos, zombando e escarnecendo de sua
situação aflitiva.

2- Os adversários eram criminosos: “o seu íntimo é todo crimes”


(v. 9), eles eram “sanguinários” (v. 6). Eles planejavam nos seus
pensamentos mais secretos, e executavam a morte de inocentes.
Um exemplo disso foi Joabe, que era comandante do exército de
Davi. Ele era um traidor, porque fazia as coisas “sem que Davi o
soubesse”, além de ser assassino: ele matou a Abner e a Amasa,
grandes oficiais, à traição, com uma espada com a qual os feriu no
abdômem, sem que sequer desconfiassem de suas intenções
homicidas (2Sm 3:26-27; 20:10).

3- Os adversários de Davi eram corruptos: “a sua garganta é


(como) sepulcro aberto”. A sepultura fechada gera a corrupção (Sl
16:10); a sepultura aberta está pronta para receber as suas vítimas
e corrompê-las e destruí-las completamente; assim, os adversários
estão prontos para receber-nos e levar-nos à perecer na mais
sórdida corrupção. Estas palavras, entre outras, foram usadas pelo
apóstolo Paulo, a fim de ilustrar a depravação universal da
humanidade (Rm 3:13).

4- Os adversários de Davi eram ímpios, ou seja, também eram


inimigos de Deus. Nem todos os nossos adversários são ímpios; há
aqueles que nos perseguem, mas se dizem cristãos. Mas estes
eram desprezadores da graça de Deus: eles eram acusados de
“muitas transgressões” (v. 10). Isso indica a paciência divina frente
à indiferença deles quanto à Sua misericórdia e tolerância. Deus dá
muitas oportunidades para os ímpios se converterem de sua
posição contrária a toda a justiça. Mas eles respondem com
“muitas transgressões”, adicionando pecado a pecado e assim
enchendo a sua medida da graça, que um dia se esgotará.

5- Os adversários eram rebeldes: “pois se rebelaram contra Ti”. Ao


se rebelarem contra o rei de Israel estavam se rebelando na
realidade contra Deus porque Davi era um rei teocrático. O grande
tema do Salmo 2 sobre a rebelião universal contra o Ungido de
Deus ainda pode ser visto nestas palavras. Rebelar-se contra um
representante de Deus aqui na terra, não é rebelar-se contra
homens, mas contra o próprio Deus e Seu Ungido, Jesus Cristo. E
isso pode ser contra uma autoridade qualquer, seja política,
paterna, educacional ou eclesiástica. Muitos estão se rebelando
contra políticos ou contra professores, ou contra os
administradores ou pastores da obra de Deus.
Portanto, a oração do salmista é esta: “Declara-os culpados, ó
Deus! Caiam por seus próprios planos; rejeita-os... pois se
rebelaram contra Ti!” Ele pede que Deus aja como o Juiz de toda a
terra, a fim de aplicar a Sua justiça e dar a cada um conforme as
suas merecidas obras. Ele ora para que Ele aplique a Sua sentença
judicial, numa declaração legal, e sejam os adversários finalmente
condenados e “caiam por seus próprios planos”, que sejam
enforcados na forca que eles prepararam para os justos. Que sejam
finalmente destruídos.

V – DEUS É A NOSSA PROTEÇÃO (v. 11-12)

Mas o que tem Davi para dizer sobre os justos? “Mas regozijem-se
todos os que confiam em ti; folguem de júbilo para sempre,
porque tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu
nome. Pois tu, Senhor, abençoas o justo e, como escudo, o cercas
da tua benevolência.” (V. 11-12)

Esse texto é tão cheio de riqueza, que é mais claramente percebida


ao respondermos a algumas perguntas:

1- O que fazem os justos? (1) Eles confiam em Deus. Aconteça o


que acontecer, a sua confiança é o sinal distintivo no meio da
multidão de ímpios. (2) Eles amam o nome de Deus. Quando
muitos debocham, zombam, ridicularizam, tomam em vão o nome
de Deus, os justos amam esse nome e são capazes de dar a própria
vida por esse nome que é Maravilhoso (Is 9:6).
2- Como são protegidos os justos? (1) O justo é protegido
diretamente por intervenção de Deus. “Tu os defendes”, disse o
salmista. Quando Satanás nos acusa, quando os inimigos nos
perseguem, quando estamos em tribulação, quando todos estão
contra nós, Deus nos defende. Ele é o nosso Advogado, como disse
João (1Jo 2:1). (2) O justo é protegido pelas bênçãos de Deus: “Tu,
Senhor, abençoas o justo”, e “a bênção do Senhor enriquece” (Pv
10:22), e quando temos riqueza, somos protegidos. (3) Os justos
são cercados de bondade: “como escudo, o cercas de Tua
benevolência”. Deus é o nosso escudo. Isso nos lembra de um
soldado dos tempos antigos que só se considerava realmente
seguro e protegido quando tinha o seu escudo no braço esquerdo,
para proteger o corpo inteiro. Assim são protegidos os justos por
Deus, que ainda nos cerca de Sua bondade. Como nos cerca a Sua
bondade? Qual é a fonte de Sua bondade? Estas são as palavras
inspiradas do apóstolo Paulo: “a suprema riqueza da Sua graça, em
bondade para conosco, em Cristo Jesus.” (Ef 2: 7).

3- Como vivem justos? (1) Eles se regozijam. Eles são alegres,


mesmo em tempo de tribulação, como acontecia com Davi. (2) Eles
descansam em alegria eterna: Eles folgam de “júbilo para sempre”.
“Alegria eterna coroará as suas cabeças” (Is 35: 10). (3) Eles se
gloriam em Deus: “Em Ti se gloriem”. Uma coisa é se gloriar nas
bênçãos; outra coisa é se gloriar no Benfeitor. O noivo se gloria na
noiva; os justos se gloriam em Deus. Eles são realmente muito
felizes, porque tem a Deus como supremo Salvador e Senhor.

Certo homem tinha um hábito muito desagradável para a sua


família e para outras pessoas de sua igreja. Cada vez que ele ficava
animado com um assunto da Bíblia, ele gritava com toda a força
dos seus pulmões: "Glória aleluia!" E os outros olhavam e ficavam
meio constrangidos; e os filhos pensavam: "Por que é que o papai
não fica quieto?"

E não era somente na igreja. Às vezes na rua alguém falava alguma


coisa da Palavra de Deus, e ele ficava animado, e de repente ele
começava a gritar e dizia: "Glória aleluia!"

E às vezes, dentro do ônibus, ele pegava a Bíblia começava a ler e


quando encontrava alguma coisa maravilhosa, de repente, sem se
importar com quem estava olhando, sem se importar com quem
estava perto, ele dizia: "Glória aleluia!" E todo o mundo ficava
rindo. E os seus filhos diziam: "Por que papai não fica quieto? Todo
o mundo está olhando, nós estamos envergonhados."

E um dia o seu filho o levou para um consultório médico. E o seu


filho foi lá fazer uma consulta. E olhou logo de relance para ver se
tinha alguma Bíblia, porque ele disse: "Se tiver alguma Bíblia aqui,
o meu pai vai começar a gritar e eu vou ficar envergonhado." E o
deixou ali na sala de espera. E encontrou um livro de Geografia e
entregou esse livro para o seu pai. E ele disse: "Ah, o meu pai não
vai encontrar nada neste livro para gritar."

Então o seu filho foi fazer a consulta. E ele estava lá dentro com o
médico, fazendo a consulta, quando de repente ouviu lá da sala de
espera o seu pai gritando: "Glória aleluia!" E então ele saiu
correndo e disse: "Papai, o que houve? Por que é que o senhor
está gritando agora? O que é que este livro tem que desperte
todos esses gritos?" "Ah – disse o pai – eu li neste livro que há um
lugar no Japão em que o mar tem milhares de quilômetros de
profundidade. E a Bíblia diz que os nossos pecados estão lançados
lá nas profundezas do mar. Veja, meu filho, quanta água em cima
dos meus pecados."

Amigo, você já aceitou esse perdão maravilhoso de Deus em Jesus


Cristo, que morreu para me salvar e salvar a você também? Já deu
glórias a Deus por Seu perdão, lançando os seus pecados nas
profundezas do mar? Você está se gloriando e se regozijando em
Deus? Confia nEle que o ama com eterno amor.

Pr. Roberto Biagini


Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

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