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Brasil
2020
Apresentação
Caro leitor, meu nome é Francisco Airton, sou professor no curso de Sistemas de
Informação na Universidade Federal do Piauí. Desde 2017 sou professor da disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso I (TCCI). Tal qual a maioria dos cursos de graduação,
a disciplina de TCCI antecede a disciplina que de fato o discente desenvolve e escreve a
monografia final. Por padrão, a disciplina de TCCI normalmente dá ao aluno uma visão
geral sobre metodologia de pesquisa e escrita científica. Neste momento também deve
ocorrer (se já não ocorreu) o primeiro contato com um professor que irá orientar o trabalho
do discente. Existem casos de alunos que já nesta etapa do curso vem realizando projetos
de Iniciação Científica (IC). Alunos de IC tendem a ter menos dificuldades com projeto
de pesquisa e escrita científica, porém muitos alunos por alguma razão não participaram
de projetos de IC. Pois bem, o resultado da disciplina de TCCI nada mais é do que um
pré-projeto de TCC. É fato que existem nas livrarias algumas dezenas de livros sobre
metodologia de pesquisa e escrita de monografia. No entanto, ao longo dos últimos anos
observei a necessidade de um material de estudo que abordasse a escrita especificamente
do pré-projeto de TCC. O pré-projeto de TCC possui algumas peculiaridades em relação
à monografia final pois se trata de um plano sobre o que será executado futuramente, ao
contrário da monografia.
Portanto, esta apostila tem o objetivo de auxiliar alunos e professores quanto à
escrita do pré-projeto de TCC através de três capítulos, descritos a seguir.
Espero que este material lhe seja bastante útil. Bons Estudos!
Sumário
1 OS PRIMEIROS PASSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1 O que é o Pré-projeto de TCC? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 O Conceito de Pesquisa Científica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 A Escolha do Tema e o Problema de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 A Escolha do Orientador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 A ESCRITA CIENTÍFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 O Desafio de Escrever . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Onze Dicas Para uma Escrita Impecável . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.1 DICA 01: Não Cometer Erros Ortográficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.2 DICA 02: Não Escrever Períodos Longos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.3 DICA 03: Escreva Parágrafos Coesos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.4 DICA 04: Escreva Parágrafos Coerentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.5 DICA 05: Mantenha o Verbo Próximo ao Sujeito . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.6 DICA 06: Dê Atenção à Vírgula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.7 DICA 07: Omita Expressões Desnecessárias . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.8 DICA 08: Evitar Repetição Excessiva de Determinadas Palavras . . . . . . . 18
2.2.9 DICA 09: Consistência Textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.10 DICA 10: Padronização do Tamanho dos Parágrafos . . . . . . . . . . . . 20
2.2.11 DICA 11: Escreva de Forma Impessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1 Os Primeiros Passos
Sistemático
Preciso Controlado
Pesquisa
Inovador Científica Empírico
Repetível Rigoroso
assim, tendo o controle sobre a pesquisa algo pode ser alterado na pesquisa, como os
materiais ou métodos. Ter o controle também é saber evitar problemas externos. Em
muitas pesquisas é necessário fazer experimentos para validar hipóteses. Vamos imaginar
um experimento na área da Medicina, onde se deseja testar a eficiência de um medicamento
com uma amostra de 100 pessoas durante uma semana. É mandatório controlar se estas
pessoas estão tomando a droga corretamente e se não estão ingerindo outros medicamentos.
Uma pesquisa empírica, também chamada de pesquisa de campo, pode ser en-
tendida como aquela em que é necessária comprovação prática de algo, seja através de
experimentos ou observação de determinado contexto para coleta de dados em campo.
Imagine que um veterinário quer descobrir a causa de um surto de uma doença em uma
determinada cidade. Ele deve observar (de forma empírica) cada caso e fazer anotações
sobre suas observações à fim de traçar alguma conclusão. Este tipo de pesquisa empírica é
a mais comum, mas existe também a pesquisa puramente teórica, que fica no campo das
ideias e teorias. A pesquisa teórica é mais frequente na área das humanas, como história
ou filosofia. No entanto, a pesquisa teórica e empírica podem serem realizadas de forma
complementar.
A palavra rigoroso já é autoexplicativa. Esta palavra está inclusa na definição
para dar ênfase à necessidade de levar a pesquisa à sério durante todo o processo. Levar
Capítulo 1. Os Primeiros Passos 7
à sério significa não negligenciar medidas essenciais para tornar o projeto mais confiável.
Quando algo pode invalidar uma pesquisa chamamos de “viés”. Vamos dar um exemplo
a respeito dos trabalhos relacionados. Os trabalhos relacionados, como o nome indica,
são trabalhos semelhantes ao o que está sendo proposto. Deve-se mostrar que o trabalho
proposto possui diferenças para os trabalhos relacionados. Se esta comparação for feita de
forma errada, toda a pesquisa pode ser invalidada.
Uma pesquisa repetível significa que a mesma deve ser passível de ser repetida
por outro pesquisador. Para isso, é necessário que o pesquisador faça uma documentação
apurada de todo o processo e guarde qualquer insumo necessário à reexecução dos pro-
cessos. Toda pesquisa deve avançar baseada nos conhecimentos prévios produzidos pelas
pesquisas anteriores. A adequada documentação e comparação com trabalhos anteriores de
forma prática é o que garante o avanço da ciência. Na área da computação por exemplo,
vamos considerar a sub-área chamada de reconhecimento de imagem. Um programa de
computador pode detectar se uma imagem de raio-X de pulmão possui câncer de forma
automática. Constantes pesquisas procuram melhorar este tipo de programa à fim de
tornar o diagnóstico mais preciso. Portanto, para uma proposta ser válida é necessário que
os cientistas da computação possam repetir experimentos que foram feitos por trabalhos
anteriores e fazer comparações.
Uma pesquisa deve ser inovadora pois é apenas através da inovação que a ciên-
cia pode avançar. A palavra inovação em pesquisa está intimamente ligada à ideia de
contribuição. Para uma pesquisa ter uma contribuição deve criar algo novo e criar algo
novo é ser inovador. Vale ressaltar que este “novo” não precisa ser uma cura para todos
os cânceres. Até porque uma pesquisa deve ser baseada em pesquisas anteriores e dessa
forma sempre terá algo herdado de outros trabalhos. O importante é que por menor que
seja, haja alguma diferença que ninguém realizou ainda. Imagine um atleta de corrida de
alta velocidade. A cada campeonato o treinador contrata pesquisadores para identificar
alguma ação que possa tornar o atleta mais veloz.
O conhecimento científico deve ser algo preciso. Para ser um conhecimento científico
deve passar por um processo de validação, obedecendo métodos padronizados de testes. O
conhecimento popular por exemplo, não passa por nenhum processo de validação científica.
Em termos textuais palavras imprecisas como muito, pouco, alto ou baixo devem ser
substituídas por números. Na Pedagogia, por exemplo, não pode-se dizer apenas que
um método de aprendizagem é mais eficiente do que outro sem mostrar comprovação
estatística. Neste caso, é necessário criar grupos de alunos para testar cada método e
ao final contabilizar o sucesso ou fracasso baseando-se em critérios pré-estabelecidos. A
estatística está presente em praticamente todas as ciências e por isso, caso não tenha
conhecimento mínimo deste assunto procure estudar para aplicar na sua pesquisa.
Capítulo 1. Os Primeiros Passos 8
• Área: Direito / Sub-área: Direito Penal / Tema: Homicídios contra a mulher nos
dias atuais;
A escolha do tema não é uma tarefa simples pois o ideal é escolher algo que você
irá conduzir até o fim do curso. Mas não se preocupe, caso seja necessário mudar o tema,
isso pode ser combinado com o orientador em tempo hábil. Vamos discutir aqui alguns
aspectos que devem ser levados em consideração ao definir-se o tema de estudo. Dado que
você está cursando um curso de graduação, a grande área de estudos já situa-se na área do
curso, se for Medicina, a grande área é Medicina. Portanto, a primeira escolha na verdade
é qual sub-área deseja atuar. Uma sub-área da História é História do Brasil, por exemplo.
Você pode ainda escolher sub-áreas de sub-áreas especificando ainda mais o seu trabalho.
A escolha da sub-área e tema está diretamente ligado ao seu perfil de estudante.
Escolha um tema que você goste, pois quando se trabalha com o que se gosta,
o resultado tende a ter maior qualidade e o processo prazeroso. Nesta etapa do curso
você já deve ter observado quais assuntos você mais se identificou, quais disciplinas você
teve melhor desempenho. Vale até dar uma olhada nas notas do seu histórico escolar.
Normalmente os alunos se identificam mais com as disciplinas com naturezas mais práticas,
porém, podem se identificar com assuntos mais teóricos. É interessante que seu tema resida
dentro dessas sub-áreas que você aproveitou mais.
Escolha um tema que tenha material e recursos acessíveis para a pesquisa futura. Por
exemplo, imagine que um estudante brasileiro de Biologia quer estudar o desenvolvimento
de uma planta que existe apenas na Austrália. A não ser que este discente vá até a
Austrália fazer o estudo, sem a planta em si será inviável fazer tal projeto. Outro exemplo
mais simples são recursos literários. Muitas vezes a biblioteca da instituição de ensino não
Capítulo 1. Os Primeiros Passos 9
à sua proposta. Mais à frente falaremos sobre como escrever estas e outras seções.
2 A Escrita Científica
Todo mundo sabe que escrever não é fácil, e a escrita científica requer um rigor
maior do que outros tipos de texto. O rigor textual vai desde a corretude ortográfica até a
ligação de ideias entre parágrafos. No fim, um texto científico de qualidade é aquele que o
leitor não precisa de esforçar muito para entender, é aquele que faz a leitura fluir e não
obriga o leitor a ficar relendo o texto. Neste capítulo falaremos especificamente sobre a
escrita científica.
de entregas. Um primeiro cronograma é o que você irá combinar com seu orientador.
Um segundo cronograma é baseado neste primeiro cronograma só que com prazos mais
apertados para você fazer as entregas para si próprio. Esta simples dica pode parecer
estranha, mas nós todos possuímos uma pré disposição para deixar tarefas para última
hora. Trabalhar com duas datas limite pode ajudar bastante no cumprimento de prazos.
Ao escrever, para ajudar a não se desviar do tema do trabalho você deve ter em
mente uma ideia chave. A ideia chave normalmente acaba sendo o chamado objetivo geral
do trabalho. Falaremos mais à frente sobre objetivos do trabalho, mas adianto que é algo
primordial. Em poucas palavras, o objetivo geral é o que se deseja alcançar com a execução
do pré-projeto, qual o problema que se deseja atacar e qual solução. Você deve ser capaz
de explicar sua ideia chave para qualquer pessoa de qualquer idade e qualquer nível escolar.
Este exercício de explicar para qualquer pessoa traz um alto domínio do tema ao longo do
tempo.
Com esta ideia chave em mente, apenas “conte uma história”. Qualquer história
possui sub-partes, compondo um começo, meio e fim; com o pré-projeto não é diferente.
Você deve pensar inicialmente nas sub-partes que quer escrever. O documento possui sub-
partes que são chamadas de seções. As seções possuem parágrafos. Os parágrafos possuem
frases. Ao planejar uma seção você pode planejar a ideia de cada um dos parágrafos, ou
seja, já pode definir previamente quantos parágrafos e qual a ideia central de cada um
deles. Depois é só ir escrevendo. Tomando como exemplo esta seção, antes mesmo de
escrever qualquer palavra eu pensei nas ideias central de cada um dos parágrafos. Ter
apenas uma ideia central em cada parágrafo é algo que faz muita diferença para um texto
de qualidade. Parágrafos com esta característica são chamados de “parágrafos coerentes”.
Falaremos mais sobre isso posteriormente.
Outra dica que faz a diferença é sempre ler e reescrever o que se escreve. Quando
você está escrevendo um parágrafo, não precisa ficar parando para fazer pequenas correções,
pois isso pode cortar a fluidez do raciocínio. Ao terminar de escrever o parágrafo você
lê várias vezes o que escreveu e ajuste a escrita buscando maior clareza e corretude. Um
texto nunca estará perfeito, mas você deve buscar a perfeição constantemente. Um texto
bem escrito sintaticamente e semanticamente atrai e engaja a atenção do leitor. Você pode
contar também com a ajuda de outras pessoas para lerem seu documento. É comum o
escritor com o tempo não perceber erros no texto por estar muito habituado a lê-lo, daí
vale pedir para seu orientador revisar sempre que possível. Não podemos esquecer dos
corretores automáticos de escrita. Praticamente todo editor de texto possui um corretor
automático. Se você usar o Microsoft Office Word, por exemplo, deixe o corretor ativado e
atente-se às sugestões de correção.
Capítulo 2. A Escrita Científica 13
• Mais ou mas. O “mais” com “i” é igual o +. Ou seja, tem sempre o significado
de quantidade (adição). Já o “mas” (sem “i”), é uma conjunção com significado de
oposição ou restrição.
• Menas ou menos. Não importa qual seja a palavra que vem depois, o correto é
usar sempre o “MENOS”. Ele é um advérbio que não sofre flexão de gênero, ou seja,
nunca passa para o feminino.
• As veses. ÀS VEZES, você pode errar como essa expressão é escrita. Então lembre-se:
ÀS VEZES tem crase no “A” e é escrito com “Z” e depois “S”.
Toda empresa precisa desde o início saber onde quer chegar e quais marcos quer alcançar.
longo do parágrafo deve-se explicitar todas as ideias ao redor desta ideia central tecendo
um raciocínio para convencer o leitor. Uma das vantagens é que o leitor já identifica no
início da leitura do parágrafo se ele é ou não importante, podendo saltar para o próximo
sem perdas de informação. Isso ocorre pois espera-se que o primeiro período possua uma
relação muito forte com todos os outros períodos do parágrafo. Portanto, a princípio,
lendo apenas o primeiro período já se tem indícios do que se trata o parágrafo. Além
da vantagem da aceleração da leitura saltando parágrafos quando necessário, o leitor em
poucos segundos pode ter também uma visão geral do documento.
Observe que no exemplo ruim, de forma bem exagerada, apresenta três períodos
totalmente desconexos. O leitor pensaria que o parágrafo falaria sobre golfinhos, mas os
dois períodos que seguem falam de ursos e índios. Já no exemplo bom temos três períodos
bem relacionados, abordando o tema sobre os povos indígenas Guarani.
ainda mais confuso se o período incluir outros verbos. Veja os exemplos abaixo.
Exemplo Ruim: Os agricultores que entendem a diferença entre os requisitos de solo das
plantas quando são mudas e seus requisitos quando maduras estão em alta demanda.
Esta dica tem um alto poder de dar clareza ao texto. Por isso, procure exercitar
esta dica. Parta de um texto que você escreveu recentemente e sublinhe todos os sujeitos e
verbos e depois tente reescrever posicionando-os de forma mais próxima e leia em voz alta.
A coleta de dados, que durou duas semanas, foi realizada com 30 pessoas.
Observe que a oração continuará tendo sentido completo se você omitir a expressão
“que durou duas semanas”. Outra regra é que a vírgula separa orações independentes.
Orações independentes são aquelas que têm sentido, mesmo estando fora do texto. Veja o
exemplo:
Quando você se deparar com uma conjunção adversativa (exemplos: “mas”, “po-
rém”, “contudo”, “no entanto”, “todavia”, entre outras) você deve colocar uma vírgula
antes. Observe os exemplos:
O levantamento bibliográfico foi executado, mas foram encontrados apenas cinco trabalhos
relevantes.
Existem diversas leis trabalhistas, porém apenas poucas são aplicadas corretamente.
Capítulo 2. A Escrita Científica 18
por conseguinte, logo, consequentemente, por isso, assim sendo, por consequência, sendo
assim, desse modo, dessa forma, dessa maneira, por isto, deste modo, desta forma, desta
maneira, então, assim, pois
Capítulo 2. A Escrita Científica 19
Além dos sinônimos podem ser aplicadas outras técnicas como a Hiperonímia e
a Hiponímia. Hiperonímia consiste em usar palavras que possuem um significado mais
amplo do que o da substituída. Hiponímia consiste em trocar um termo mais abrangente
por outro mais específico. Veja os exemplos que seguem:
Hiperonímia
ex: João tomou um remédio que não lhe fez bem. Parece que a medicação estava vencida.
Note que “remédio” é um tipo de medicação. Este termo abrange mais itens do que
aquele.
Hiponímia
ex: Artur estava muito nervoso e precisou de um remédio. Depois de tomar o calmante,
porém, ele ficou mais tranquilo.
Perceba que o elemento “calmante” é apenas um dos que compõem a classe dos remédios.
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por outras mais gerais, como “é bom lembrar”, “é preciso considerar”, “é importante”,
“convém observar” e outras. Por fim, observe os exemplos abaixo:
Exemplos Ruins
Eu acho que este TCC tem tudo para ser um sucesso.
Na minha opinião o escopo deste trabalho está bem definido.
De acordo com o meu ponto de vista existem trabalhos suficientes para embasar o
trabalho.
Exemplos Bons
Sabe-se que existem poucas maneiras de se elaborar um experimento corretamente.
Entende-se dessa maneira que não foi ferida nenhuma regra previamente estabelecida.
Recomenda-se adotar a técnica XPTO pois se mostrou mais eficiente.
22
Este capítulo tratará da estrutura do pré-projeto. Você já viu até aqui a ideia do
que é pesquisa científica e aprendeu a melhorar sua escrita. Este é um momento crucial
que é a escrita em si, a composição do pré-projeto. Reiterando o que foi falado antes, não
comece a escrever sem ter lido bastante sobre o assunto e discutido com seu orientador.
Feito isso, vamos lá!
Metodologia
Cronograma
Justificativa
Referências
Introdução
Referencial
Teórico
Página 01 Página 02 Página 03 Página 04 Página 05 Página 06 Página 07 Página 08 Página 09 Página 10 Página 11
3.2 Título
O título, apesar de ser uma pequena parte do trabalho em questão de número de
palavras, possui uma grande significância. O título deve resumir toda a ideia do trabalho
de forma clara e precisa. O tempo das pessoas é cada vez mais limitado. A partir do
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 23
título o leitor decide se o trabalho é relevante para ele ou não em poucos segundos. Assim,
um título mal elaborado pode fazer com que o trabalho nunca seja lido e referenciado.
Trabalhos científicos são disponibilizados por repositórios online. Assim, o título bem
construído do seu pré-projeto também se torna mais indexável por tais repositórios. No
começo do trabalho você já pode pensar no título, porém é sugerível ir atualizando-o à
medida que o pré-projeto evolui. Considerando que o tema e o problema já foram definidos,
a elaboração do título se torna mais fácil. Uma dica inicial é você pensar nas manchetes
de jornais, em como elas são muito sucintas. No caso da produção acadêmica, os dados
mais relevantes costumam ser a finalidade do estudo e as técnicas ou os recursos utilizados
para compor o título. A seguir elencamos os erros mais comuns ao elaborar um título:
1. Fuga do tema: há pessoas que fogem do tema na elaboração do título, mesmo que
o intuito seja passar as informações compreendidas como necessárias. Lembre-se:
“menos é mais”;
3. Pouca praticidade: o título não é seu artigo. Por isso, são desnecessários períodos
longos. É importante a praticidade e informar ao leitor o que ele precisa para seguir
em frente;
6. Falta de revisão: revise seus textos e evite erros ortográficos e gramaticais, e não
confie cegamente em corretores automáticos!
Além destas seis dicas acima devemos mencionar também que o seu título deve ser
conexo com o restante do seu trabalho, sobretudo resumo e desenvolvimento. Um deve ser
complemento do outro. Isso mostrará ao leitor que você tem qualidade técnica tanto de
pesquisa quanto de redação. Não alimente falsas esperanças no seu leitor. Seja honesto
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 24
na elaboração do título de acordo com o nível técnico do seu trabalho. Se a sua pesquisa
ainda está em fase de desenvolvimento e não tem resultados concisos, não elabore um
título que induza o leitor a pensar que encontrará a solução de todos os seus problemas,
por exemplo. Você só deve “bater o martelo” do título ao final, mesmo que já tenha uma
ideia provisória. Com o trabalho finalizado, você saberá exatamente quais as palavras
necessárias para fornecer ao título tudo aquilo que ele precisa demonstrar. Por isso, sem
pressa!
3.3 Resumo
O resumo é uma versão expandida do título. Como no título, no resumo você
deve escrever algo que chame a atenção. Vamos dar um exemplo na área da computação.
Centenas de monografias em Computação são defendidas a cada ano apenas no Brasil. Se
contarmos outros países, ainda teremos uma infinidade de material científico disponível
cujo índice de produção aumenta cada vez mais. Esperar que alguém leia uma monografia
cujo resumo diz “Este trabalho apresenta um estudo sobre bancos de dados” é esperar
demais. Afinal, essa frase diz muito pouco. O que efetivamente esse “estudo” poderia ter
gerado em termos de informação nova que poderia interessar a alguém que trabalhe com
bancos de dados? Seria muito mais informativo um resumo que dissesse algo do tipo “Este
trabalho demonstra que as sete formas normais de bancos de dados não são suficientes para
evitar um problema de inconsistência dos dados identificado aqui como...”. Se o leitor está
acostumado a trabalhar com as sete formas normais e acha que elas explicam como deve
ser um bom banco de dados relacional, então ele ficará curioso para ver que caso estranho
é esse que não é atendido pelas formas conhecidas. Ao longo do texto, mais detalhes serão
dados, mas a atenção do leitor já foi conquistada.
Portanto, o resumo é efetivamente o lugar para vender o peixe. Se o autor não
conseguir deixar um leitor interessado no resumo, não conseguirá fazer com que ele leia
seu trabalho quando há tanto outro material de boa qualidade disponível. Além disso,
sistemas de indexação em bases de dados de abstracts também não vão identificar o
trabalho adequadamente.
Uma coisa que não se faz no resumo é revisão bibliográfica. A não ser que seja
vital para a compreensão do trabalho, não se deve fazer citações bibliográficas no resumo.
Não é razoável perder valiosas linhas citando trabalhos de outras pessoas. Esse espaço é
reservado para o autor do trabalho dizer a que veio e o que trouxe. O resumo deve conter
uma explicação bastante clara sobre o real problema abordado no trabalho, pois pessoas
com problemas semelhantes poderão se interessar. Além disso, um esboço da solução usada
deve ser também apresentado se for um trabalho finalizado, como um monografia, pois
pessoas que usem tecnologias parecidas poderão também se interessar em ver uma possível
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 25
Contexto: Bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla
bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
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Problema: bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
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Proposta: bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bl
bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
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bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla b
Os enunciados dos três blocos são intuitivos mas iremos falar um pouco sobre cada
um. O Contexto aborda a área onde o trabalho se situa, pode dar conceitos gerais ou
mesmo alguma estatística sobre o tema. No Problema você deve explicitar qual o problema
que você deseja atacar, também podendo incluir alguma estatística para enfatizar a gravi-
dade do mesmo. Na Proposta você deve indicar qual o caminho que pretende trilhar para
resolver o problema. Logo abaixo apresentamos um exemplo de resumo bem delineado na
área de computação.
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 26
Contexto: O glaucoma é uma doença ocular caracterizada pela lesão do nervo óptico,
geralmente associada ao aumento da pressão intraocular. Essa doença é responsável pela
segunda maior causa de cegueira no mundo, atrás apenas da catarata. Apesar de não ter
cura, o paciente com glaucoma diagnosticado precocemente possui maiores chances de
obter um tratamento em tempo hábil, evitando a progressão da doença e, consequente-
mente, a perda da visão.
Problema: O diagnóstico do glaucoma pode ser realizado através de exames oftalmológi-
cos, que são submetidos à análise pelos especialistas. No entanto, devido ao exaustivo
processo de análise desses exames, que pode ocasionar falhas, técnicas computacionais,
como processamento de imagens e aprendizado de máquina, têm sido amplamente explo-
radas para integrarem ferramentas que auxiliem os profissionais da saúde no diagnóstico
da patologia.
Proposta: Este pré-projeto visa investigar o uso de uma abordagem de aprendizado
profundo para a identificação de glaucoma em imagens de retina, fornecendo uma segunda
opinião ao especialista e contribuindo para o diagnóstico precoce da doença. A abordagem
baseia-se na Rede Neural de Cápsula, uma Rede Neural Convolucional que utiliza camadas
adicionais denominadas cápsulas, com o intuito de formar representações mais estáveis
dos dados de entrada.
3.4 Introdução
A introdução é um modelo expandido do resumo. A introdução deve introduzir o
leitor ao tema do estudo e, fundamentalmente, dar ao leitor as razões que justificam o
objetivo do estudo. Você deve não apenas justificar cada variável teórica a ser estudada,
mas também o que pretende fazer com elas (descrevê–las, avaliar associações entre elas, ou
testar relação de causa e efeito). Este último aspecto é fundamental e é o mais negligenciado
nos artigos de pior qualidade.
Para avaliar a qualidade da Introdução, retire dela o objetivo do estudo e peça
a um leitor da área que a leia e lhe diga qual será o objetivo do estudo. Se ele acertar
plenamente, o conteúdo argumentativo de sua Introdução está adequado. Tudo deve ter
uma razão. Não pode dizer apenas que testará isso para ver se tem o efeito, deve haver
um objetivo. Nada pode “cair do céu”. Deve–se responder ao leitor as seguintes questões:
por que essa este objeto de estudo? Por que espera que tenha esse efeito (melhora)? Por
que este ambiente de testes? Se uma dessas questões não estiver respondida, a Introdução
está incompleta.
Seja pontual e vá direto ao ponto. Leia Introduções de monografias de boa qualidade
e veja como as Introduções são curtas e diretas. Você encontra bons trabalhos no repositório
da USP: <http://www.tcc.sc.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=23&Itemid=
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 27
142&lang=br>.
Para nosso pré-projeto iremos dividir a Introdução em subpartes, inclusive com
uma subseção explícita. Na seção da introdução você deve escrever a ideia do contexto e
do problema. Logo depois você irá escrever os Objetivos em uma subseção, que nada mais
é do que como você irá resolver o problema.
3.4.1 Objetivos
O objetivo da pesquisa deve ser diretamente verificável ao final do trabalho. Um
bom objetivo de pesquisa possivelmente irá demonstrar que alguma hipótese sendo testada
é ou não verdadeira. Portanto, o objetivo geral e os objetivos específicos do trabalho
devem ser expressos na forma de uma condição não trivial cujo sucesso possa vir a ser
verificado ao final do trabalho. Um objetivo bem expresso em geral terá verbos como
“demonstrar”, “provar”, “melhorar” (de acordo com alguma métrica definida) etc. Deve-se
tomar cuidado com certos verbos que determinam objetivos cuja verificação é trivial e,
portanto, inadequada. Entre eles pode-se citar “propor”, “estudar”, “apresentar” etc. Se o
objetivo do trabalho é propor algo, basta que a coisa seja proposta para que o objetivo
seja atingido e, portanto, essa forma é trivial e inadequada, pois a definição do objetivo
não menciona a qualidade daquilo que será proposto.
Se o objetivo do trabalho é estudar algo, então ele terá sido alcançado se aquilo foi
estudado, não importando se alguma nova informação foi aprendida ou não, sendo, portanto,
inadequado como objetivo de pesquisa. Estudar, normalmente, é o objetivo do aluno e não
do trabalho. Se o objetivo do trabalho consiste em apresentar algo, novamente ele é trivial
e inadequado. Uma simples apresentação não produz necessariamente conhecimento novo.
Por exemplo, “o objetivo deste trabalho é apresentar os operadores da lógica booleana”; tal
objetivo pode ser alcançado com um pequeno texto explicando os operadores conhecidos,
mas, como não traz informação nova, não é um objetivo de pesquisa. A proposta, o estudo
e a apresentação podem ser justificáveis como objetivo de pesquisa desde que o objeto da
proposta, estudo ou da apresentação seja algo original.
Os objetivos específicos devem ser escolhidos da mesma forma que o objetivo geral,
ou seja, devem ser não triviais e verificáveis ao final do trabalho. Normalmente, os objetivos
específicos não são etapas do trabalho, mas subprodutos. Deve-se tomar cuidado para não
confundir os objetivos específicos com os passos do método de pesquisa. A implementação
de um protótipo ou a coleta de dados empíricos possivelmente serão etapas dentro de um
trabalho e, portanto, parte do método de trabalho. Esses passos não são, assim, objetivos
específicos. Deve-se entender, portanto, que os objetivos específicos são detalhamentos ou
subprodutos do objetivo geral. Se o objetivo geral consiste em provar uma determinada
hipótese, os objetivos específicos podem estabelecer a prova de uma série de condições
associadas a tal hipótese. Vamos mostrar logo abaixo um exemplo de objetivos de um
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 28
Este pré-projeto tem como objetivo geral desenvolver uma metodologia para o diagnóstico
precoce do glaucoma, por meio de um processo supervisionado de aprendizado de má-
quina, usando fundamentos de aprendizado profundo em imagens de retina. Os objetivos
específicos deste trabalho são:
3. Construir uma metodologia para classificação de glaucoma, que possa ser aplicada
no auxílio ao diagnóstico da doença.
3.5 Justificativa
A seção de Justificativa vêm logo após a seção de Introdução, objetivando dar
justificativas que convençam o leitor que o trabalho é importante para alguém. Uma
hipótese de um trabalho é muito arriscada se não estiver solidamente apoiada em uma
boa justificativa que apresente evidências de que vale a pena investir tempo e recursos
na tentativa de comprovar a hipótese. Uma boa hipótese precisa ser justificável. Em uma
monografia, pode-se justificar o tema de pesquisa, mas mais importante ainda é justificar
a escolha do objetivo. Por exemplo, se o tema de pesquisa é “compactação de texto”, o
objetivo de pesquisa é obter um algoritmo com maior grau de compactação do que os
algoritmos comerciais, e a hipótese de pesquisa pode consistir em utilizar um determinado
modelo de rede neural para realizar essa compactação, então a justificativa do tema deverá
se concentrar em mostrar que é necessário obter algoritmos de compactação melhores.
Adicionalmente, a justificativa da hipótese deverá se concentrar em apresentar
evidências de que o modelo de rede neural escolhido poderá produzir resultados melhores do
que os algoritmos comerciais. Em geral, a justificativa do tema aparece na contextualização
do trabalho, em que se tenta justificar ao leitor que o problema escolhido realmente é
relevante (no exemplo anterior, compactação de textos). É necessário apresentar alguma
evidência de que uma determinada linha de pesquisa pode levar a bons resultados quando
ainda não se efetuou essa pesquisa (no exemplo anterior, justificar o uso do modelo
específico de redes neurais para compactar textos). Essas evidências podem ser referências
a outros trabalhos que eventualmente mostraram algum tipo de resultado que aponte para
a viabilidade da hipótese escolhida, ou ainda em dados colhidos preliminarmente pelo
próprio autor do trabalho ou em um estudo de caso.
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 29
O referencial teórico pode ser considerado como um resultado que, para ser obtido,
depende da realização de uma revisão da literatura. Na verdade, a revisão da literatura
e identificação do estado da arte são essenciais em qualquer projeto de pesquisa, como teses,
dissertações, artigos científicos etc., uma vez que novos conhecimentos se desenvolvem a
partir da evolução do conhecimento existente. O acúmulo de conhecimento, na realidade, é
uma condição essencial para desenvolvimento de qualquer campo científico. O entendimento
da literatura sobre determinado tema é o primeiro passo na elaboração e condução de
trabalhos de pesquisa, sendo necessário para o avanço do conhecimento em determinada
área.
Uma revisão de literatura pode ser definida como “a seleção de documentos dispo-
níveis sobre um tópico que contêm informações, ideias, dados e evidências sobre um ponto
de vista ou que expressem visões específicas da natureza de um tópico e como o mesmo
tem sido investigado, bem como a avaliação desses documentos”. Em poucas palavras,
uma revisão de literatura é uma síntese sobre determinado tema, sendo a “espinha dorsal”
de praticamente todos os textos científicos. A condução de uma revisão de literatura
é comumente tratada como um procedimento de fácil realização. No entanto, embora
estudantes e pesquisadores, em geral, o realizem de maneira relativamente simples, a
qualidade das revisões varia consideravelmente, o que impacta nos resultados obtidos e,
consequentemente, no texto de referencial teórico.
Isso ocorre porque fazer um levantamento do estado da arte é um grande desafio.
As bases científicas são repositório de milhares de periódicos com artigos relevantes
publicados por pesquisadores de todo o globo, que se acumulam diariamente em novas
publicações, sem contar os livros e eventos científicos. Neste caso, qualidade significa
abrangência, profundidade, rigor, consistência, clareza, análise e síntese efetivas de tudo
que foi produzido sobre determinado assunto. Espera-se que uma revisão de literatura
sintetize o conhecimento acerca de uma determinada temática e conduza a uma reflexão do
que o acúmulo do conhecimento no tema significa. Na verdade, uma revisão de literatura
deve apresentar o que é atualmente conhecido sobre o tópico em investigação e identificar
Capítulo 3. Estrutura do Pré-Projeto de TCC 30