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BAAL – Brecht.
O texto nonsense de Alfred
Jarry em Ubu Roi é recheado de
referências à Patafísica (termo
que refere-se a "ciência das
soluções imaginárias e das leis
que regulam as exceções") e,
através da exploração do
campo das ideias, revela o
homem e seu absurdo
existencial.
VERSÕES:
Carnaval – festa – grotesco –
sátira – paródia – crítica.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o
passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com
seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que correr sobre a metralha, é
mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o
circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser
concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem.
8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas
do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Nós já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Nós queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo - o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias
pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.
10. Nós queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academia de toda natureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza
oportunista e utilitária.
11. Nós cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés multicores e
polifônicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por
violentas luas elétricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as oficinas penduradas às nuvens pelos fios
contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os
piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço
enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão
entusiasta.
Nas artes plásticas, o FUTURISMO
foi o ponto de partida de várias
orientações, como o cubismo,
surrealismo e o construtivismo.
(ARTAUD)
Eu a queria resplendente
de flores, com pequenos
vulcões enganchados nas
axilas, e especialmente
esta lava em amêndoa
amarga e que estava no
centro de seu corpo
erguido.
(ARTAUD)
Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
E basta que eu o diga
como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão
esquecer.
Eu Antonin
Artaud, sou
meu filho, meu
pai, minha
mãe, e eu
mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto. Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto
Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.
Eu represento totalmente a minha vida.
Onde as pessoas procuram criar obras de arte,
Eu pretendo mostrar o meu espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.
Este Artaud, mas por falta do que fazer...
Eu, o senhor
Antonin
Artaud,
Nascido em
Marseille no
dia 4 de
setembro de
1896,
Eu sou Satã
E eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.
Os FUTURISTAS (1909-1930) postulavam a
participação do público envolvendo-os nos
espetáculos (bem antes dos happenings da
década de 60 ).
Ideia de possessão. Força que emana do mais profundo do ser e desencadeia uma série de comoções.
Não se trata de desenhar o papel (se disfarçar em personagem), mas viver a aventura da peça.
Em vez de desenvolver a complexidade da personagem, isola um traço , sublinha-o.
O ator deve ser teatral, não temer o exagero e a deformação, a caricatura, o grotesco.
Rompendo com os gestos cotidianos, o ator seleciona gestos isolados, que sucedem sem transição,
muito marcados, beirando a caricatura, entrecortados, como as vezes é a dicção.
Ou ainda são apenas sugeridos, estando incompletos, inacabados.
Os gestos são estilizados e se aproximam da dança.
O ator deve ter um corpo flexível, desarticulado. Pratica a alternância tensão-descontração. O corpo
parece estar dividido em zonas de tensão que se revelam progressivamente. As mãos são crispadas ou
projetadas no ar. Os gestos cortam o espaço.
O coro comenta a peça plasticamente, numa coreografia reduzida a batidas de pés no lugar, tremores,
crispações, projeções de cabeça ou de braços.
ARTAUD NO CINEMA
EXPRESSIONISTA
Fait divers, Claude Autant-Lara, 1924
Surcouf, le roi des corsaire, de Luitz-Morat, 1925
Graziella, Marcel Vandal, 1926.
Le Juif Errant, Luitz-Morat, 1926, personagem Gringalet
Napoléon, Abel Gance, 1927, personagem Marat
La Passion de Jeanne d'Arc, Carl Theodor Dreyer, 1927, personagem Massieu
Verdun, visions d'histoire, Léon Poirier, 1927
La Coquille et le clergyman, Germaine Dulac, 1928, com Génica Athanasiou
L'Argent, Marcel L'Herbier, 1928, personagem Mazaud
Tarakanova, Raymond Bernard, 1929, personagem um jovem boêmio
La Femme d'une nuit, Marcel L'Herbier, 1930,personagem Jaroslav .
L'Opéra de quat'sous, Georg Wilhelm Pabst, 1930, versão francesa, personagem
um mendigo aprendiz
Faubourg Montmartre, Raymond Bernard, 1931, personagem Follestat
Les Croix de bois, Raymond Bernard, 1931, personagem Vieublé
Coup de feu à l'aube, Serge de Poligny, 1932, personagem um chefe de bandidos
Mater Dolorosa, Abel Gance, versão falada, 1932
Liliom , Fritz Lang, 1933.
Lucrèce Borgia, Abel Gance, 1935, personagem Savonarole
Koenigsmark, Maurice Tourneur, 1935.
ARTAUD NO CINEMA
ARTAUD NO CINEMA
“O DIBUK” (VANKHTANGOV)
Referência de Teatro Expressionista
VANKHTANGOV
Espetáculo “O Dibuk”
A MASCULINA (DE TEMPO MASCULINO) é uma respiração pesada, rápida, torácica, onde o
homem joga a força multiplicada de seus braços. Tem características como: culpa, depressão,
humor, impaciência, indecisão, isolamento, obsessão, paranóia, solidão, vitimização e
heroísmo.
“OS CENCI” : Espetáculo de 1935 onde tentou aplicar suas teorias. Logo após viagem ao
México. Culto do peyote – índios Tarahumaras. “Viagem ao País do Tarahumaras” (1945). 1937
IRLANDA. Cultura celta. Vive pregando nas ruas com o cajado de São Patrick. Acusado de
agitador é preso e extraditado para a França. Internação. Ocupação alemã em maio de 1940.
Os amigos e parentes perdem o contato com Artaud. Não sabem mais onde ele está. Ele
percorre vários azilos até chegar em Rodez em 1943. Libertado três anos depois. Cartas a seu
médico datadas deste período. Prática vocal com cantos, giros, gritos, variações de altura,
intensidade e duração (gestos que pareciam insanos para os médicos).
1947: Conferencia no Teatro Vieux-Colombier – um público de artistas
parisienses, intelectuais e curiosos (Sartre, Picasso, Camus, Adamov, Gide) para
reintroduzi-lo no universo das letras francesas.
Mas não acabou. Os papéis caíram e ele não quis reorganiza-los partindo para
um aparente improviso recheado de silêncios, ofensas e gritos.
O ator sem um texto dialogado a ser dito, em meio a projeções cinematográficas, canto,
acrobacia, destinados a comunicar aos espectadores uma vida intensa e inebriante, que vai ao
encontro do que acontece no mundo, as descobertas científicas, o avanço da tecnologia e da
comunicação imediata entre os povos, a diluição das fronteiras.
O coro é representado por vários atores encerrados em uma única veste, com uma manga em
cada extremidade e com tantas aberturas quantas cabeças.
Os atores do teatro de variedades e do circo devem saber sustentar a cena sozinhos, sendo
preciso, ter senso de improvisação, de réplica, saber segurar o imprevisto, saber contracenar com
o público, ter senso de ritmo, do efeito que utiliza e sentido do cômico, saber mudar
rapidamente de roupa e de maquiagem e de personalidade, saber cantar, dançar, tocar
instrumentos.
A “FURA DEL BAUS” PODE SER
UMA REFERÊNCIA VISUAL?
O CINEMA NO SURREALISMO:
“O CÃO ANDALUZ” (BUÑUEL)
1924: MANIFESTO SURREALISTA (BRETON).
“As ideias de teatro não têm mais para nós o brilho, a mordacidade, este
caráter de coisa única, inusitada, inteira que ainda conservam certas ideias escritas
ou pintadas” (ARTAUD, 2008: 29) – perdeu-se.
Ele coloca o teatro como coisa perdida. Coisa que a pintura e a escrita têm e
que o teatro perdeu.
“Ele deve estar bem persuadido de que somos capazes de fazê-lo gritar”
(ARTAUD, 2008: 31) – “O Teatro Alfred Jarry”
Como é aparentemente contraditório: em
meio ao elogio a Ésquilo, Sófocles e
Shakespeare (os chamados “dramaturgos
modelos”), designa a escravização ao autor e
submissão ao texto como “BARCO FÚNEBRE”.
Tal vida ele encontra “no texto dos grandes trágicos, quando o ouvimos
com sua cor, quando o vemos com suas dimensões e seu nível, seu
volume, suas perspectivas, sua densidade particular” (ARTAUD: 2008: 26)
Mas não só. Ele diz que jovens pintores descobriram o sentido da
pintura e pintam agora “jogadores de xadrez e de cartas semelhantes a
deuses”. Cita a atração dos music hall que é como a fantasia – desde
que não seja “esta reteatralização do teatro que é a última moda do
ideal contemporâneo”.
Quando diz “em cena nada além do real” (um real que é diferente “de toda
realidade”, “de toda verossimilhança”) dá o exemplo do palhaço que “constrói
a cena com a direção de um olhar”.
IDEIA DE CHOQUE
1962. Um grupo de frequentadores do Café de la Paix em Paris denominou suas
atividades de Pânico: uma mistura entre “confusão, humor, terror, azar e euforia”.
MARINA
ABRAMOVIC
1946
HWARZKOGLER BEUYS
1921-1986 KAPROW
0-1969
1927-2006
Ele esbraveja contra a plástica gratuita da cena: “toda esta
trabalha detestável e atravancadora que faz de uma peça escrita um
espetáculo” - ele quer associação e abstração - “em lugar de
permanecer NOS LIMITES da palavra, das imagens e das abstrações”
(ARTAUD, 2008: 35).
No começo dos anos 30, uma série de ensaios transforma-se em “O teatro e seu duplo”.
Embora o signo da violência esteja em cena, não é ele, o signo, que sustenta a
crueldade Artaudiana – e sim uma corporificação, um atravessamento do corpo por este
algo que está para além da linguagem e que ele postula como “vida”.
Porque ele articula esta “vida” ao “mal” seria uma questão bem interessante para se
investigar:“a forma turbulenta do poder criador, um impulso irracional cuja lei permanente
é o mal”.
- QUANDO ELE JUNTA CIRCO E METAFÍSICA, QUE POÉTICA CÊNICA ESTÁ ELABORANDO?