Você está na página 1de 4

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


Disciplina: Didá ca
Professora: Evelise maria Labatut Por lho

EXERCÍCIO DE AVALIAÇÃO CRÍTICA DO FILME

Alunas: Ana Karolina Teider Bini, Laura Hammerschmidt Teixeira, Maria Eduarda Reise
Ramos.
Data: 04/05/2021

Tomando como parâmetro o estudo das diferentes abordagens do processo de ensino


já estudados, analisar a prá ca pedagógica do professor protagonista do filme,
iden ficando sua base teórica no contexto da organização do sistema de ensino em
que situa. Para tanto considerar:
● As relações sociais estabelecidas entre professor/inspetor/
diretora/comunidade;
● As relações sociais estabelecidas entre professor/alunos dentro e fora da sala
de aula;
● Explicitar qual ou quais teorias pedagógicas orientam a prá ca desse professor
e pontuar aspectos da prá ca que explicitam sua postura polí co-pedagógica;
● Explicitar qual ou quais teorias pedagógicas orientam a organização do sistema
de ensino expresso pela prá ca da diretora e do inspetor;
● Iden ficar os avanços e limitações da prá ca pedagógica desse professor.
Observação: É importante fundamentar a análise.

Santos (2005, p. 21), citando Bordenave (1984, p. 41), diz que ao se analisar
as consequências sociais que decorrem da abordagem tradicionalista, vemos
que predomina o individualismo, e não a solidariedade. Essa linha forma alunos
passivos, produz cidadãos obedientes e prepara o terreno para o Ditador
Paternalista.
Quando o superintendente da escola, Sr. Skeffington, estava assistindo à aula
de Conrack houve o início de uma briga entre dois alunos e a sala se torna um
caos. Ele manda os alunos se calarem e agride àquele que iniciou a briga.
Conrack, antes da briga iniciar, mostrou uma pirâmide para os alunos e
perguntou à Rosemary o que era; ela responde que não sabe e então ele
explica. Conrack, então, mostra a foto de Babe Ruth à turma, e pergunta a
John, um aluno, quem era o homem na foto. Ele diz que não sabe, e Conrack
explica à turma novamente. Um outro aluno pergunta se Babe Ruth ainda
estava vivo, e o professor responde que não. E é aí que um aluno diferente
começa a briga, pelo outro ter achado que o jogador de beisebol ainda vivia.
Pode-se perceber que os conteúdos das fotos são de conhecimento geral, mas
não têm nada a ver com o cotidiano dos alunos. E pode-se perceber também
que o superintendente agride o aluno buscando amedrontar a turma, com o
objetivo de que se tornem obedientes, e que nunca questionem nem deixem de
cumprir as regras impostas. Assim, pode-se concluir que a abordagem
tradicional está presente.
Durante o momento em que Conrack assistia a um filme com seus alunos via
projetor, a diretora chega e afirma que não confia na educação com máquinas,
e que o professor estava desperdiçando o seu tempo. A diretora também faz
uma ressalva dizendo que a sala de aula estava com um odor não agradável.
após o ocorrido, Conrack vai até a casa da diretora e a questiona o porquê da
mesma ter certas atitudes com os alunos.
De acordo com Mizukami (1986, p. 28), dentro da abordagem
comportamentalista, o sistema educacional “tem como finalidade básica
promover mudanças nos indivíduos, mudanças essas desejáveis e
relativamente pertinentes, as quais implicam tanto a aquisição de novos
comportamentos quanto a modificação dos já existentes”.
Santos (2005, p. 23) diz que, para moldar o comportamento, o ensino por meio
de treinamento utilizada reforços e recompensas, para assim, atingir seus
objetivos. a partir desta linha faz -se necessário o uso de adaptações,
tecnologias, como “máquinas de ensino”, computadores, e acessórios
similares.
Ao passar um filme aos alunos por meio de um projetor, Conrack faz o uso de
uma destas tecnologias. E o próprio filme pode ser entendido como um reforço
para a aprendizagem.
Então a diretora chega e diz que não acredita na educação por máquinas, e
que ele está desperdiçando um tempo valioso. Ela afirma que o papel do
professor é garantir que os alunos aprendam suas lições e façam seus
deveres. E ainda insulta os alunos, dizendo que a sala está com um mau
cheiro. O seu posicionamento remete muito à Abordagem Tradicional.
No entanto, mais tarde Conrack vai até a casa da diretora e a confronta por ter
dito que os alunos tinham um mau cheiro, e ela responde que havia agido
daquela maneira para que eles se tornem fortes, porque fora da ilha o mundo é
duro, já que estarão rodeados de brancos, e que pela sua própria experiência,
como negra, o melhor seria eles estarem preparados para agradar os brancos
e vê-los sorrir. Analisando por esse lado, pode-se dizer que a diretora também
tem um olhar Comportamentalista, pois está buscando moldar um padrão de
comportamento nos alunos.
Retomando Mizuki, agora de acordo com a Abordagem Humanista,
A experiência pessoal e subjetiva é o
fundamento sobre o qual o conhecimento
abstrato é construído. Não existem, portanto,
modelos prontos nem regras a seguir, mas um
processo de vir-a-ser. O objetivo último do ser
humano é a auto-realização ou o uso pleno de
suas potencialidades e capacidades.
Análogo a isso, pode-se observar, na cena em que Conrack reúne os
estudantes ao redor de um toca-discos, que ele coloca músicas clássicas para
tocar criando um clima inovador, diferenciado do usual, fazendo com que os
alunos tenham consciência de suas representações acerca dos compositores e
a experiência que tiveram. Há também o encorajamento de si mesmos por
parte de Conrack ao dizer que os compositores sentiriam orgulho dos
estudantes. Isso faz relação clara com a Abordagem Humanista, uma vez que
o professor demonstra respeito e que os considera capazes de aprender
sozinhos, por conta própria, incentivando-os a continuar aprimorando suas
habilidades.
Partindo para a abordagem cognitivista é importante ressaltar que de acordo
com Mizukami (1986, p. 59) ela recebe este nome porque se baseia na Teoria
Interacionista, que investiga os “processos centrais” do indivíduo.
Para a pedagogia o maior representante do Interacionismo é Piaget. Ela
ressalta que:
Existe uma teoria do conhecimento do
desenvolvimento humano que traz implicações
fundamentais é a de que a inteligência se constrói
a partir da troca do organismo com o meio, por
meio das ações do indivíduo. a ação do indivíduo,
pois, é o centro do processo e o fator sociais ou
educativo constitui uma condição de
desenvolvimento. ( MIZUKAMI, 1986, p. 78).

Assim, considera-se que a aprendizagem decorre da capacidade de o aluno


assimilar determinado conhecimento e modificar suas estruturas mentais sob o
objeto de estudo. (SANTOS, 2005, p. 25).
Mizukami (1986, p 78) ainda ressalta que “o professor deve conviver com os
alunos observando seus comportamentos, conversando com eles,
perguntando, sendo interrogado por eles, e realizar, também com eles, suas
experiências, para que ajude em seu aprendizado e desenvolviemento”.
Além de questionar, o professor Conrack desafia seus alunos a responderem
conforme seu conhecimento de mundo, gerando assim um certo desequilíbrio
na sala de aula, de forma com que os estudantes transformem as estruturas
sobre as abordagens.
Percebe-se também, que Conrack assume, durante o filme todo, uma postura
de professor cognitivista, sempre interagindo com os alunos e dividindo
experiências.
Sobre a abordagem Sócio-cultural Mizukami (1986, p.86) diz que o ser humano
está inserido em contexto sócio-econômico-cultural-político, totalizando assim,
o contexto histórico. Por isto, a educação só é válida se levarmos em conta a
vocação ontológica do homem e as condições que ele vive.
Ainda segundo Mizukami (1986, p.99) “o diálogo é desenvolvido junto com a
cooperação, união e organização em comum entre os professores e alunos”.
No filme, Conrack estava pescando junto com seu amigo, logo avista um corpo
de um menino morto no lago. Logo o professor percebe que o fato de alguém
não saber nadar é um grande problema. Após isso, os alunos são levados até
o rio, e então, eles começam a aprender como nadar. Esse processo se dá em
um ambiente fora do contexto escolar.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São


Paulo: EPU, 1986.
SANTOS, Roberto Vatan. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem.
Revista Integração. São Paulo, Ano XI, v. 40, p 19-31, jan/fev/mai, 2005.

Você também pode gostar