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• PARAFUSO.

Aluna: Livia Reis


Professora: Ediane Luis
Parafusos é uma dança de conjunto cujos participantes
executam coreografia de passos acelerados, fazendo
grandes círculos e girando ao mesmo tempo em torno
de si, com habilidade perfeita e precisa, cadenciada
pelo som da batida de um zabumba. No município
sergipano de Lagarto só os homens dançam. No final
dos versos, fazem uma curta série de voltas, terminada
por um staccato e batida forte de pé.

PESQUISA DE ARTES
(Dança étnica de Sergipe).
É assim o canto de abertura do grupo
Parafusos de Lagarto:

Quem quiser ver o bonito


Saia fora e venha ver
Venha ver os parafusos
A torcer a distorcer...

A história do Parafuso remete ao período colonial, no


cenário dos engenhos, onde escravos sonhavam com a
liberdade nos quilombos, para escapar do sofrimento.
Procurando chegar ao quilombo, escravos em fuga,
usavam as anáguas das sinhás, roubadas dos
quaradouros. Para camuflar o corpo, colocavam várias
anáguas, umas sobre as outras desde o pescoço, pintando
o rosto com tabatinga, compondo o disfarce final com um
chapéu em formato de cone, igualmente branco. Assim,
nas noites de lua se arriscavam pelos canaviais
despertando o imaginário popular que consideravam
estar vendo visagens ou almas do outro mundo. Os
comentários se multiplicavam e o medo também:

É alma do outro mundo!


É mula sem cabeça! A fama das aparições era tão
Eu vi os rastros dele no chão! grande quanto o medo que
Apareceram e desapareceram! É mistério. provocavam e ninguém se
Olhei e de repente se invurtaram! arriscava a passar nos
Não tem quem pegue. canaviais com temor das
É coisa do tinhoso! assombrações.
Cruz credo!!!
Quando findou a escravatura, a mística
fantasmagórica acabou, mas permaneceu a
tradição com um grupo de negros saindo às ruas,
rodopiando na cadência de tambores e
triângulos que marcavam o ritmo alucinado.

PARAFUSO
As anáguas brancas que formavam um contraste
com sua pele negra, chamaram a atenção do
vigário de Lagarto, o padre José Saraiva
Salomão, que comparou o movimento dos
brincantes ao de um parafuso, observando o
rodopiar no sentido anti-horário, parecendo,
assim, torcer e distorcer.
O que mais chama a atenção é a sua coreografia, que se
baseia em volteios sobre si mesmo, provocando a
abertura das anáguas e apresentando um visual de
grande beleza estética. As evoluções das duas filas de
dançantes imitam a fuga dos escravos pelos canaviais a
caminho dos quilombos, despistando os capitães do
mato.

O que foi um movimento de resistência à


escravatura se tornou um folguedo de grande
beleza, característico do município de Lagarto.

FIM.

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