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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA
SISTEMA PRISIONAL E
SEGURANÇA PÚBLICA

ESPÍRITO SANTO
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I - DA PRISÃO

Apostila montada com base no texto da Autora: Dra. Maria da Penha Meirelles Almeida Costa

1. Conceito de prisão

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sobrecarregam-presidios-em-minas.jpg

É a privação da liberdade de locomoção em virtude do recolhimento da pessoa

humana ao cárcere, seja em virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada

competente, seja nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar.

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2. Espécies de prisão

a) Prisão-pena ou prisão penal: é a que resulta de condenação transitada em

julgado, na qual foi imposta pena privativa de liberdade. Tem finalidade repressiva.

b) Prisão processual penal ou cautelar, também denominada prisão cautelar ou

prisão provisória, subdivide-se em três modalidades:

b.1. Prisão em flagrante (CPP arts. 301 a 310);

b.2. Prisão preventiva (CPP, arts. 311 a 318);

b.3. Prisão temporária (Lei n. 7.960, de 21-12-1989).

c) Prisão civil: é a decretada em casos de devedor de alimentos e depositário infiel,

única permitida pela Constituição (art. 5º, LXVII).

 CADH- Convenção Americana de Direitos Humanos - só ressalva a prisão civil do

devedor de alimentos.

Cancelamento da Súmula 619 STF.

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou,

nesta quarta-feira (03), o Recurso Extraordinário (RE) 349703 e, por

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unanimidade, negou provimento ao RE 466343, que discutiam a prisão

civil de alienante fiduciário infiel. O Plenário estendeu a proibição de

prisão civil por dívida, prevista no artigo 5º, inciso LXVII, da

Constituição Federal (CF), à hipótese de infidelidade no depósito de

bens e, por analogia, também à alienação fiduciária, tratada nos dois

recursos.

Assim, a jurisprudência da Corte evoluiu no sentido de que a prisão

civil por dívida é aplicável apenas ao responsável pelo inadimplemento

voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. O Tribunal entendeu

que a segunda parte do dispositivo constitucional que versa sobre o

assunto é de aplicação facultativa quanto ao devedor – excetuado o

inadimplente com alimentos – e, também, ainda carente de lei que

defina rito processual e prazos.

Em toda a discussão sobre o assunto prevaleceu o entendimento de

que o direito à liberdade é um dos direitos humanos fundamentais

priorizados pela Constituição Federal (CF) e que sua privação somente

pode ocorrer em casos excepcionalíssimos. E, no entendimento de

todos os ministros presentes à sessão, neste caso não se enquadra a

prisão civil por dívida.

Súmula Vinculante n.º 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que

seja a modalidade de depósito.

d) Prisão disciplinar: permitida pela Constituição para o caso de transgressões

militares e crimes militares (CF, art. 5º, LXI).

Obs.: A prisão administrativa foi abolida pela nova ordem constitucional.

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A prisão para averiguação, que é a privação momentânea da liberdade, fora

das hipóteses de flagrante e sem ordem escrita do juiz competente, além de

inconstitucional, configura crime de abuso de autoridade (Lei. n. 4.898/65, art.

3º, a e i).

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Art. 282. A exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em

virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e mediante ordem escrita da

autoridade competente.

As hipóteses de prisão processual, que é a que nos interessa especialmente no

presente estudo, são as seguintes:

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 A prisão em flagrante;

 A prisão preventiva;

 A prisão temporária;

A prisão processual tem natureza cautelar, ou seja, visa a proteger bens jurídicos

envolvidos no processo ou que o processo pode, hipoteticamente, assegurar.

Isso significa que precisam estar presentes os pressupostos das medidas cautelares,

que são o fumus boni iuris e o periculum in mora. O fumus boni iuris é a

probabilidade de a ordem jurídica amparar o direito que, por essa razão, merece ser

protegido. O periculum in mora é o risco de perecer que corre o direito se a medida

não for tomada para preservá-lo.

O primeiro princípio que rege a prisão processual informa que: a prisão não se mantém

nem se decreta se não houver perigo à aplicação da lei penal, perigo à ordem

pública ou necessidade para a instrução criminal.

O segundo princípio é o de que a prisão deve ser necessária para que se alcance

um daqueles objetivos. Não pode caber qualquer critério de oportunidade ou

conveniência; o critério é de legalidade e de adequação a uma das hipóteses legais.

O terceiro princípio é o de que os fundamentos da prisão processual podem

suceder-se, mas não se cumulam. Assim, se a prisão em flagrante é válida, não se

decreta, sobre ela, a preventiva. Esta ou aquela, por sua vez, são substituídas pela

prisão por pronúncia ou por sentença condenatória recorrível.

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3. Prisão em domicílio

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A Constituição Federal dispõe, no seu art. 5º, XI, que “a casa é o asilo inviolável do

indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,

salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou

durante o dia, por determinação judicial”. Com isso, temos duas situações distintas

- a violação do domicílio à noite e durante o dia:

a) durante a noite: somente se pode penetrar no domicílio alheio em quatro

hipóteses:

 Com o consentimento do morador;

 Em caso de flagrante delito;

 Desastre; ou

 Para prestar socorro.


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b) durante o dia, cinco são as hipóteses:

 Consentimento do morador;

 Flagrante delito;

 Desastre;

 Para prestar socorro; ou

 Mediante mandado judicial de prisão ou de busca

eapreensão

Assim, havendo mandado de prisão, a captura, no interior do domicílio, somente pode

ser efetuada durante o dia (das 6 às 18 horas), dispensando-se, nesse caso, o

consentimento do morador.

Durante a noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser preso, o executor não

poderá invadir a casa, devendo aguardar que amanheça para dar cumprimento ao

mandado, sob pena de, ao violar, estar caracterizado o crime de abuso de autoridade,

conforme Lei n. 4.898/65, art. 4º, a).

4. Mandado de Prisão

Salvo o caso de flagrante, a prisão sempre se efetiva com mandado escrito da

autoridade judicial, representado por um instrumento que corporifica a ordem judicial

competente.

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Art. 285. “A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo

mandado”.

4.1. Requisitos do mandado de prisão:

 Deve ser lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade competente;

 Deve designar a pessoa que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais

característicos;

 Deve conter a infração penal que motivou a prisão (a CF exige que a ordem seja

fundamentada - art. 5º, LXI);

 Deve indicar qual o agente encarregado de seu cumprimento (oficial de justiça ou

agente da polícia judiciária);

4.2. Cumprimento do mandado:

 A prisão poderá ser efetuada a qualquer dia e a qualquer hora, inclusive domingos

e feriados, e mesmo durante a noite, respeitada apenas a inviolabilidade do

domicílio acima mencionada (CPP, art. 283);

 O executor entregará ao preso, logo depois da prisão, cópia do mandado, a fim de

que o mesmo tome conhecimento do motivo pelo qual está sendo preso, conforme

art. 286, do CPP);

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 O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,

sendo-lhe assegurada à assistência da família e de advogado (CF, art. 5º, LXIII);

 O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu

interrogatório extrajudicial (CF, art. 5º, LXIV);

 A prisão, excepcionalmente, pode ser efetuada sem a apresentação do mandado,

desde que o preso seja imediatamente apresentado ao juiz que determinou sua

expedição, conforme art. 287 do CPP).

 Não é permitida a prisão de eleitor, desde 5 dias antes até 48 horas depois da

eleição, salvo flagrante delito ou em virtude de sentença penal condenatória (art.

236, caput, do Código Eleitoral).

5. Custódia

Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao

respectivo diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor

ou apresentada à guia expedida pela autoridade competente, devendo ser passado

recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

A custódia, sem a observância dessas formalidades, constitui crime de abuso de

autoridade (Lei n. 4.898/65, arts. 3º, a, e 4º, a). No caso de custódia em penitenciária,

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há necessidade de expedição de guia de recolhimento, nos termos dos arts. 105 e

106 da Lei de Execução Penal.

6. Prisão fora do território do juiz

Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz

processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro

teor do mandado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de

comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança

se arbitrada. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias

para averiguar a autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo

máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da medida. (Incluído pela Lei nº

12.403, de 2011).

Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de

prisão em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa

finalidade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado

de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência

territorial do juiz que o expediu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem

registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para

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averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a decretou,

devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma

do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento

da medida o qual providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional

de Justiça e informará ao juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art.

5o da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,

será comunicado à Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do

executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste

Código. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de

prisão a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011)

7. Prisão em perseguição

Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou

comarca, o executor poderá efetuar lhe a prisão no lugar onde o alcançar,

apresentando-o imediatamente à autoridade local, depois de lavrado, se for o caso, o

auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.

Parágrafo 1º - Entender-se-á que o executor vai à perseguição do réu, quando:

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a) tendo-o avistado, for perseguindo sem interrupção, embora depois o tenha

perdido de vista;

b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado,

há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for ao seu

encalço.

Parágrafo 2º - Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para

duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que

apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.

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Nesta hipótese, contanto que a perseguição não seja interrompida, o executor poderá

efetuar a prisão onde quer que alcance o capturando, desde que dentro do território

nacional.

8. Prisão especial

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade

competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:

I- os ministros de Estado;

II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do

Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores

e os chefes de Polícia.

III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e

das Assembleias Legislativas dos Estados;

IV - os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;

V- os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros;

VI - os magistrados;

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VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;

VIII - os ministros de confissão religiosa;

IX - os ministros do Tribunal de Contas;

X- os cidadãos que já tiveram efetivamente a função de jurado, salvo quando

excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;

XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e

inativos.

Leis especiais ampliam o rol, como por exemplo, para professores e pilotos de

aeronaves.

Consoante redação do artigo supramencionado, observamos que determinadas

pessoas, em razão da função que desempenham ou de uma condição especial que

ostentam, têm direito à prisão provisória em quartéis ou em cela especial.

O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, na ausência de acomodações

adequadas em presídio especial, o titular do benefício poderá ficar preso em

estabelecimento militar (HC 3.375-2, 5ª T., DJU, 12 jun. 1995, p.17634).

A prisão especial perdurará enquanto não transitar em julgado a sentença

condenatória. Após esta, o condenado será recolhido ao estabelecimento comum.

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O presidente da República, durante o seu mandado, não está sujeito a nenhum tipo

de prisão provisória, já que Constituição Federal exige sentença condenatória (art. 86,

parágrafo 3º).

Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem

definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal. (Redação dada

pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos

procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde

ficará preso à disposição das autoridades competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403,

de 2011).

9. Prisão provisória domiciliar

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado

em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação

dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o

agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº

12.403, de 2011).

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III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de

idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto

risco. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos

estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Nas localidades onde não houver estabelecimento adequado para o recolhimento em

prisão especial, o juiz, considerando a gravidade da infração e ouvido o Ministério

Público, poderá autorizar a prisão do réu ou indiciado na própria residência, de onde

não poderá ele afastar-se sem prévia autorização judicial (Lei n. 5.256, de 6-4-1967).

A prisão domiciliar não exonera o preso de comparecer e de outras restrições

estabelecidas pelo juiz. Poderá haver vigilância quanto ao cumprimento da prisão

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domiciliar, mas deverá respeitar a intimidade da residência. A violação de qualquer

das condições impostas implicará perda do benefício, devendo o réu ser recolhido a

estabelecimento penal, onde permanecerá separado dos demais presos.

A prisão domiciliar tem sido utilizada como alternativa para a prisão-albergue (forma

de cumprimento de pena, regime aberto), em locais em que não há estabelecimento

adequado para o cumprimento da prisão-albergue. Essa prática, ainda que

justificável, não tem base legal, porque a prisão domiciliar, enquanto forma de

cumprimento da pena alternativa ao regime aberto, só é prevista para o condenado

maior de 80 anos, ou extremamente debilitado, dentre outros.

II - PRISÕES CAUTELARES

1. Prisão em flagrante

O termo flagrante provém do latim flagrare, que significa queimar, arder, ou seja,

representa o crime que ainda queima, que está sendo cometido ou acabou de sê-lo.

É, portanto, medida restritiva da liberdade, de natureza cautelar, consistente na

prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido

cometendo, ou logo após ter cometido, um crime ou uma contravenção. Consoante

entendimento da maioria da doutrina. No flagrante deve haver a certeza visual do

crime, razão pela qual a pessoa que o assiste está autorizada a prender o seu autor,

conduzindo-o, em seguida, à autoridade competente, conforme autorização legal

prevista no art. 301, do CPP.

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Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes

deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

1.1. Espécies de flagrante

As espécies de flagrante estão implícitas na própria norma processual abaixo

transcrita. Vejamos:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,

em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam

presumir ser ele autor da infração.

a) Flagrante próprio (perfeito, real ou verdadeiro) - CPP, art. 302, I e II.

É aquele em que o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou

quando acaba de cometê-la.

b) Flagrante impróprio (irreal ou quase-flagrante) - CPP, art. 302, III.

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Ocorre quando o agente é perseguido, logo após cometer o ilícito, em situação

que faça presumir ser o autor da infração. A expressão “logo após”

compreende todo o espaço de tempo necessário para a polícia chegar ao local,

colher as provas elucidadoras da ocorrência do delito e dar início à perseguição

do autor. Não tem qualquer fundamento a regra popular de que e de vinte e

quatro horas o prazo entre a hora do crime e a prisão em flagrante, pois, no

caso de flagrante impróprio, a perseguição pode levar até dias, desde que

ininterrupta.

c) Flagrante presumido (ficto ou assimilado) - CPP, art. 302, IV.

O agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas,

objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. Não é

necessário que haja perseguição, bastando que a pessoa seja encontrada logo

depois da prática do ilícito em situação suspeita. A doutrina tem entendido que

o “logo depois”, do flagrante presumido, comporta um lapso temporal maior do

que o “logo após”, do flagrante impróprio.

d) Flagrante preparado ou provocado – delito de ensaio – delito putativo por

obra do agente provocador

Uma vez provado, estará presente a modalidade de crime impossível, pois,

embora o meio empregado e o objeto material sejam idôneos, há um conjunto

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de circunstâncias previamente preparadas que eliminam totalmente a

possibilidade de produção do resultado. Neste caso, em face da ausência de

vontade livre e espontânea do infrator e da ocorrência de crime impossível, a

conduta é considerada atípica. Aliás, o entendimento jurisprudencial é farto

neste sentido.

Acaba configurando a hipótese de prisão ilegal devendo ser Relaxada.

Súmula 145 STF: NÃO HÁ CRIME, QUANDO A PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE

PELA POLÍCIA TORNA IMPOSSÍVEL A SUA CONSUMAÇÃO.

e) flagrante esperado

Nesse caso, a atividade do policial ou do terceiro consiste em simples aguardo

do momento do cometimento do crime, sem qualquer atitude de induzimento

ou instigação.

A prisão neste caso é LEGAL. Não há induzimento, não há agente provocador.

f) Flagrante prorrogado ou retardado

Está previsto no art. 2º, II da Lei n. 9.034/95, chamada de Lei do Crime

Organizado, e “consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação

praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida

sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no

momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento

de informações”. Neste caso, portanto, o agente policial detém

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discricionariedade para deixar de efetuar a prisão em flagrante no momento em

que presencia a prática da infração penal, podendo aguardar um momento

mais importante do ponto de vista da investigação criminal ou da colheita de

prova. Somente é possível na ocorrência de crime organizado.

g) flagrante forjado ou urdido

Quando a autoridade policial ou particulares criam provas de um crime

inexistente, a fim de firmar um flagrante.

É uma prisão ILEGAL.

Obs.: O flagrante é obrigatório quando a autoridade policial ou seus agentes

estão obrigados a efetuar a prisão em flagrante, não tendo discricionariedade

sobre a conveniência ou não de efetivá-la. Ocorre em qualquer das hipóteses

previstas no art. 302 (flagrante próprio, impróprio e presumido).

O flagrante é facultativo quando se referir às pessoas comuns do povo, que

consiste na faculdade de efetuá-lo ou não, de acordo com critérios de

conveniência e oportunidade. Abrange, também, todas as espécies de

flagrante estabelecidas no art. 302, do CPP.

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1.2. Flagrante nas várias espécies de crimes

a) Crime permanente: enquanto não cessar a permanência, o agente encontra-

se em situação de flagrante delito (art. 303). Art. 303. Nas infrações permanentes,

entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

b) Crime de ação penal privada: nada impede a prisão em flagrante, uma vez

que o art. 301 não distingue entre crime de ação pública e privada, referindo-

se genericamente a todos os sujeitos que se encontrarem em flagrante delito.

No entanto, capturado o autor da infração, deverá o ofendido autorizar a

lavratura do auto ou ratificá-la dentro do prazo da entrega da nota de culpa, sob

pena de relaxamento.

c) Crime Habitual: é aquele que depende da reiteração de determinada conduta,

ex: exercício ilegal da medicina – art. 282, CP. É possível o flagrante, desde

que, no momento da captura seja provada a habitualidade.

d) Crimes Culposos: é perfeitamente possível.

e) Crimes Formais: é possível que ocorra o flagrante, que deve ocorrer enquanto

o agente estiver em situação de flagrância, e não no momento do exaurimento

do delito.

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1.3. Formalidades do auto de prisão em flagrante

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São as seguintes as etapas do auto de prisão em flagrante:

a) Antes da lavratura do auto, a autoridade policial deve comunicar à família do

preso, ou à pessoa por ele indicada, acerca da prisão (CF, art. 5º, LXIII, 2ª parte);

b) Em seguida, procede-se à oitiva do condutor (agente público ou particular), que

é a pessoa que conduziu o preso até a autoridade.

c) Após, ouvem-se as testemunhas que acompanharam o condutor, que devem

ser, no mínimo, duas (a jurisprudência tem admitido que o condutor funcione

como testemunha, necessitando-se, portanto, de apenas mais uma, além dele -

RT, 665/297);

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d) A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão

em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo

menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação do preso à

autoridade (testemunhas instrumentais ou indiretas); estas testemunhas só

servem para confirmar que o preso foi apresentado pelo condutor à autoridade;

e) Ouvidas às testemunhas, a autoridade interrogará o acusado sobre a imputação

que lhe é feita (CPP, art. 304), devendo alertá-lo sobre o seu direito

constitucional de permanecer calado (CF, art. 5º, LXIII); em caso de crime de

ação privada ou pública condicionada, deve ser procedida, quando possível à

oitiva da vítima;

f) A presença de advogado não é obrigatória, não é necessário curador para menor

de 21 anos, mas para incapaz é necessário;

g) O auto é lavrado pelo escrivão e por ele encerrado, devendo ser assinado pela

autoridade, condutor, ofendido (se ouvido), testemunhas (ou testemunha), pelo

preso, seu curador (se incapaz) ou defensor;

h) No caso de alguma testemunha ou do ofendido recusarem-se, não souberem ou

não puderem assinar o termo, a autoridade pedirá a alguém que assine em seu

lugar, depois de lido o depoimento na presença do depoente (CPP, art.216);

i) se o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto será

assinado por duas testemunhas (instrumentárias) que tenham ouvido a leitura,

na presença do acusado, do condutor e das testemunhas (CPP, art.304, § 3º);

encerrada a lavratura do auto de prisão em flagrante, à prisão deve ser

imediatamente comunicada ao juiz competente que, por sua vez, deve dar vista

ao Ministério Público para que este, na qualidade de fiscal da lei, se manifeste

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sobre a regularidade formal do auto de prisão em flagrante e sobre a

possibilidade de liberdade provisória.

j) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados

imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou

à pessoa por ele indicada. E em até vinte e quatro horas após a lavratura do

auto, será dada nota de culpa ao preso, que é um instrumento informativo dos

motivos da prisão. Dela constará, nome do condutor e os das testemunhas (CPP,

art.306, caput). A não entrega da nota de culpa dentro do prazo acima fixado,

implica, obrigatoriamente, no relaxamento da prisão em flagrante.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de

lavrado o auto de prisão em flagrante.

2. Prisão preventiva

2.1. Conceito

Representa uma das espécies do gênero “prisão cautelar ”, cuja detenção antecede a

sentença penal condenatória. Somente poderá ser decretada pelo juiz durante o

inquérito policial ou o processo criminal, sempre que estiverem preenchidos os

requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores.

Art. 311- Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá

a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou


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a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por

representação da autoridade policial

2.2. Requisitos e pressupostos legais para a prisão preventiva

Os requisitos legais e os pressupostos para a decretação da prisão preventiva vêm

implícitos no art. 312, do CPP, senão vejamos:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem

pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para

assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova de existência do crime

e indícios suficientes da autoria.

2.2.1. Requisitos:

a) garantia da ordem pública: a prisão cautelar é decretada com a

finalidade de preservar bem jurídico essencial à convivência social, como, por

exemplo, a proteção social contra réu perigoso que poderá voltar a delinquir;

a proteção das testemunhas ameaçadas pelo acusado ou proteção da vítima,

garantindo a credibilidade da justiça, em crimes que provoquem grande

clamor popular;

b) conveniência da instrução criminal: visa impedir que o agente

perturbe ou impeça a produção de provas, ameaçando testemunhas,

27
apagando vestígios do crime, destruindo documentos etc., situações que

demonstram evidente o periculum in mora, pois não se chegará à verdade real

se o réu permanecer solto até o final do processo.

c) garantia de aplicação da lei penal: no caso de iminente fuga do agente

do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da pena. Se o acusado

ou indiciado não tem residência fixa, ocupação lícita, nada, enfim, que o

radique no distrito de culpa, há um sério risco para a eficácia da futura decisão

se ele permanecer solto até o final do processo, diante da sua provável

evasão.

d) garantia da ordem econômica: o art. 86 da Lei n. 8.884, de 11 de junho

de 1994 (Lei Antitruste), incluiu no art. 312 do CPP esta hipótese de prisão

preventiva. Trata-se de uma repetição do requisito “garantia da ordem

pública”.

2.2.2. Pressupostos:

a) prova da existência do crime (prova da materialidade delitiva)

b) indícios suficientes da autoria.

Com efeito, esses pressupostos constituem o fumus boni iuris para a

decretação da custódia. O juiz somente poderá decretar a prisão preventiva

28
se estiver demonstrada a probabilidade de que o réu tenha sido o autor de um

fato típico.

Observa-se que, nessa fase, não se exige prova plena, bastando meros

indícios, isto é, que se demonstre a probabilidade do réu ou indiciado ter sido

o autor do fato delituoso. A dúvida, portanto, milita em favor da sociedade, e

não do réu (princípio do in dubio pro societate).

Os fundamentos da preventiva nada mais são do que o outro da tutela

cautelar, qual seja, o periculum in mora.

2.3. Momento para a decretação da prisão preventiva

Conforme previsto no art. 311, do CPP, supramencionado, a prisão preventiva pode

ocorrer em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, em virtude de

requerimento do Ministério Público, representação da autoridade policial (seguida de

manifestação do parquet), ou de ofício pelo juiz. Cabe tanto em ação penal pública

quanto em ação privada.

Nada obsta que se, não houver IP, o próprio Ministério Público a requeira, quando já

tiver materialidade e indícios suficientes de autoria, comprovados por documento.

Decretada à prisão preventiva, na fase do inquérito policial, terá a autoridade policial

o prazo de 10(dez) dias para concluí-lo.

29
Encerrada a fase instrutória, a prisão cautelar só pode decorrer de sentença penal

condenatória recorrível.

Obs.: Se, recebidos os autos de inquérito policial relatados, o Ministério Público

devolvê-los para diligências complementares, o juiz não poderá decretar a prisão

preventiva, pois, se ainda não há indícios de autoria suficientes para a denúncia, o juiz

não poderá decretá-la. Entretanto, convém lembrar o art. 10, caput, do CPP, onde o

prazo para a conclusão do inquérito, no caso de haver prisão preventiva, começa a

contar do cumprimento efetivo do mandado.

2.4. Admissibilidade da prisão preventiva

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da

prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima

superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em

julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848,

de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,

adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das

medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

30
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver

dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos

suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em

liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da

medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Consoante o artigo supracitado, não cabe prisão preventiva em caso de crime

culposo, contravenção penal.

2.5. Autoridade competente para decretá-la

a) A prisão preventiva só poderá ser decretada pela autoridade judicial;

b) Se for processo da competência originária dos tribunais, a competência é do

Relator, o qual poderá fazê-lo de ofício, assim como o juiz, nesse caso, desde

que já exista processo.

2.6. Proibição

Conforme dispõe o art. 314, do CPP, abaixo transcrito, não poderá ser decretada a

PP se houver prova inequívoca de que o acusado agiu acobertado por uma das

causas de exclusão de ilicitude, descritas no art. 23, incisos I, II e III, do Código Penal.

31
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar

pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições

do art. 19, incisos I, II ou III, do Código Penal. (No atual Código Penal encontra-se

no art. 23, incisos I, II ou III).

2.7. Necessidade de fundamentação

Em obediência ao princípio constitucional da motivação das decisões judiciais, o

despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado,

isto é, o juiz deve realçar as provas da existência do crime ou não, e os indícios

suficientes de autoria ou não. Deverá ainda demonstrar a sua necessidade para

garantia da ordem pública, como conveniência da instrução criminal ou para assegurar

a aplicação da lei penal. Inteligência do art. 315, do CPP, a seguir transcrito:

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será

sempre motivada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). .

2.8. Recursos

a) Da decisão que não concede a PP cabe RESE, conforme art. 581, V, do CPP;

b) Da decisão que conceder a PP não cabe nenhum recurso, valendo-se o acusado

do remédio heroico denominado Habeas Corpus, conforme art. 647 e segs. Do

CPP.

32
c) Da decisão que revoga a prisão preventiva cabe RESE.

2.9. Revogação

Segundo dispõe o art. 316, do CPP, a seguir transcrito, o juiz poderá revogar a PP

quando cessar os motivos que a ensejaram, a qualquer tempo. Se não o fizer, a

instância superior, via habeas corpus, poderá contrastar-lhe o despacho denegatório.

Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no decorrer do processo,

verificar a falta de motivo que subsista, bem como de novo decretá-la, se

sobrevierem razões que a justifiquem.

Todavia, vale lembrar que da decisão que revoga a prisão preventiva, cabe recurso

em sentido estrito (CPP, art. 581, V).

2.10. Legitimidade para requerer

Conforme dispõe o art., 311, do CPP, já transcrito no início deste tópico, a lei confere

legitimidade ao:

 Ministério Público;

 Querelante;

 Autoridade Policial.

33
OBS.: os dois primeiros sob a forma de requerimento, e a Autoridade Policial sob

a forma de representação (demonstrando a conveniência da determinação da

medida extrema.

3. Prisão temporária

3.1. Previsão legal

A prisão temporária foi editada pela Medida Provisória n. 111, de 24 de novembro de

1989, posteriormente substituída pela Lei n. 7.960, de dezembro de 1989.

3.2. Conceito

Representa uma das espécies do gênero “prisão cautelar de natureza processual”,

cuja detenção terá prazo pré-fixado pela autoridade judicial, a possibilitar as

investigações a respeito de crimes graves, somente durante o inquérito policial.

3.3. Autoridade competente para decretação

Só pode ser decretada pela autoridade judiciária, mediante representação da

autoridade policial ou requerimento do Ministério Público.

3.4. Fundamentos

34
A prisão temporária pode ser decretada nas seguintes situações:

a) imprescindibilidade da medida para as investigações do IP;

b) indiciado não tem residência fixa ou não fornece dados necessários ao

esclarecimento de sua identidade;

c) fundadas razões da autoria ou participação do indiciado em qualquer um dos

seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo,

extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, atentado violento ao pudor,

rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável

ou substância alimentícia ou medicinal com resultado morte, quadrilha ou bando,

genocídio, tráfico de drogas e crimes contra o sistema financeiro.

Ressalta-se, por oportuno que, para Tourinho, os requisitos são alternativos: ou um,

ou outro. Já para Scarance Fernandes há necessidade de estarem presentes os três

requisitos, sendo, portanto, cumulativos.

Por outro lado, Damásio E. de Jesus entende que só pode ser decretada nos crimes

acima relacionados, desde que concorra qualquer uma das duas primeiras situações.

35
Consoante posição esposado por Vicente Greco Filho, pode ser decretada em

qualquer das situações legais, desde que, com ela, concorram os motivos que

autorizam a decretação da prisão preventiva.

Por fim, segundo entendimento de Fernando Capez, a prisão temporária somente

pode ser decretada nos crimes em que a lei permite à custódia, desde que o agente

seja apontado como suspeito ou indiciado, e, além disso, deve estar presente pelo

menos um dos outros dois requisito, evidenciadores do periculum in mora.

3.5. Prazo

Em regra, 05 (cinco) dias, prorrogáveis por igual período. Este prazo não deve ser

computado naquele que deve ser respeitado para a conclusão da instrução criminal.

Se for crime hediondo, o prazo será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias em caso

de extrema e comprovada necessidade.

3.6. A prisão temporária e os crimes hediondos

36
http://www.efetividade.blog.br/wp-content/uploads/2013/12/Crime.jpg

São os crimes hediondos previstos na Lei n. 8.072, de 25-7-1990:

 Homicídio qualificado;

 Homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda

que cometido por um só agente;

 Latrocínio;

 Extorsão qualificada pelo resultado morte;

 Extorsão mediante sequestro, na forma simples e qualificada;

37
 Estupro;

 Estupro de vulnerável;

 Epidemia com resultado morte;

 Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de

criança ou adolescente ou de vulnerável

 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins

terapêuticos ou medicinais

 Genocídio (de acordo com a nova redação dada ao art. 1º, por força da Lei n.

8.930, de 6-9-1994).

 Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;

 Terrorismo;

 Tortura.

Nos termos do art. 2º, parágrafo 3º, da Lei n. 8.072, para todos esses crimes o prazo

de prisão temporária será de 30 dias, prorrogáveis por mais trinta, em caso de

38
comprovada e extrema necessidade. Também não se computa neste o prazo para

encerramento da instrução.

3.7. Sujeito passivo e oportunidade para decretação

Sujeito passivo: o indiciado, ou mesmo o suspeito, não havendo necessidade de

indiciamento formalizado.

Oportunidade: o momento em que pode ser decretada vai da ocorrência do fato

até o recebimento da denúncia, porque, se instaurada a ação penal,

o juiz deverá examinar a hipótese como de prisão preventiva.

3.8. Características

 A prisão temporária será decretada pelo juiz, mediante representação da

autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, pois o juiz deve ser

inerte na fase investigatória;

 Não pode ser decretada pelo juiz de ofício;

 No caso de representação da autoridade policial, o Ministério Público deve ser

ouvido;

39
 O juiz tem o prazo de 24 horas, a partir do recebimento da representação ou

requerimento, para decidir fundamentadamente sobre a prisão;

 O mandado de prisão deve ser expedido em duas vias, uma das quais deve ser

entregue ao indiciado, servindo como nota de culpa;

 Efetuada a prisão, a autoridade policial deve advertir o preso do direito

constitucional de permanecer calado;

 O prazo de 5 (ou 30) dias pode ser prorrogado, desde que comprovada à extrema

necessidade;

 Decorrido o prazo legal, o preso deve ser colocado imediatamente em liberdade,

a não ser que tenha sido decretada sua prisão preventiva, pois o atraso configura

crime de abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65, art. 4º, i);

 O preso temporário deve permanecer separado dos demais detentos.

III - LIBERDADE PROVISÓRIA

40
http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/69/imagens/i318200.jpg

1. Conceito

A liberdade provisória é uma medida contra cautelar que substitui a prisão em

flagrante, desde que o acusado preencha certos requisitos, ficando o agente sujeito

ao cumprimento de certas condições, que se não cumpridas enseja na sua revogação.

2. Espécies

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão

preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso,

as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os

critérios constantes do art. 282 deste Código.


41
I - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011)

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de

infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro)

anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz,

que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

Obs.: A lei n. 9.099/95, em seu art. 69, parágrafo único, instituiu nova

hipótese de liberdade provisória obrigatória: quando o autor do fato,

surpreendido em flagrante, assumir o compromisso de comparecer à sede

do juizado.

b) Permitida ou facultativa:

 Ocorre nas hipóteses em que não couber prisão preventiva;

 Nas hipóteses em que o réu pronunciado tem o direito de aguardar o

julgamento em liberdade (CPP, art. 408, parágrafo 2º);

42
 Quando o condenado tem o direito de apelar em liberdade (CPP,

art.594);

 Quando o juiz verificar que o agente praticou o fato nas condições de

alguma excludente de ilicitude (CPP, art. 310 e seu parágrafo único);

 Nos casos de fiança em que o acusado não pode prestá-la porque é

pobre (CPP, art. 350)

Em todos os casos supracitados poderá ser concedida pelo juiz,

subdividindo-se em liberdade provisória com fiança e liberdade

provisória sem fiança.

c) Vedada:

Art. 323: Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

I - nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,

terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a

ordem constitucional e o Estado Democrático; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

V - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

43
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente

concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem

os arts. 327 e 328 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - em caso de prisão civil ou militar; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão

preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

 Quando proibida por lei. Por exemplo: a proibição de liberdade

provisória para crimes previstos na Lei de Crimes Hediondos (Lei n.

8.072/90, art. 2º, II).

3. Liberdade provisória sem recolhimento de fiança

Em algumas hipóteses não há necessidade de o agente prestar fiança para obter o

benefício da liberdade provisória. São elas:

3.1. Infrações penais de que o réu se livra solto

44
São aquelas punidas com pena privativa de liberdade ou aquelas em que a pena

privativa de liberdade não ultrapassa de três meses, dando ao agente direito à

liberdade provisória, sem efetuar o recolhimento da fiança.

3.2. Infrações praticadas sob causa de exclusão de ilicitude

No caso de o juiz verificar que o agente praticou fato acobertado por causa de

exclusão da ilicitude; torna-se irrelevante saber se a infração é afiançável,

inafiançável ou daquelas em que o réu se livra solto;

3.3. Quando não couber a prisão preventiva

Nesta hipótese não importa se a infração é inafiançável, afiançável ou daquelas

em que o réu se livra solto. Não sendo necessária para a garantia da ordem

pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da

lei penal, não se vislumbra periculum in mora para a manutenção da custódia;

3.4. Nos casos de fiança em que o acusado não pode prestá-la porque é pobre.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica

do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações

constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o

caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

45
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das

obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste

Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

4. Competência e recurso

Só o juiz pode conceder a liberdade provisória sem fiança, mas sempre depois de

ouvir o Ministério Público. O acusado assinará termo de compromisso,

comprometendo-se a comparecer em todos os atos do processo, sob pena de

revogação.

Da decisão que conceder liberdade provisória cabe recurso em sentido estrito (CPP,

art. 581, V).

5. Liberdade provisória com recolhimento de fiança

Nos demais casos, tratando-se de crimes afiançáveis e preenchendo o acusado os

demais requisitos, a liberdade provisória é concedida mediante fiança e vinculação,

obedecendo ao estabelecido no art. 5º, inciso LXVI, da Constituição federal, abaixo

transcrito:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

46
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a

liberdade provisória com ou sem fiança.

6. Conceito de fiança

A fiança é uma caução destinada a garantir o cumprimento das obrigações

processuais do réu.

7. Infrações inafiançáveis

Art. 323. Não será concedida fiança:

Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

I - nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,

terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a

ordem constitucional e o Estado Democrático; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

V - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

47
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente

concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem

os arts. 327 e 328 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - em caso de prisão civil ou militar; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão

preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

8. Valor da fiança

Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos

seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja

pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro)

anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena

privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº

12.403, de 2011).

§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá

ser: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

48
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em

consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida

pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem

como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.

O valor da fiança é arbitrado pela autoridade que a conceder, segundo faixas

correspondentes à maior ou menor gravidade da infração, conforme dispõe o art. 325,

acima transcrito, e tendo em vista as condições econômicas e vida pregressa do réu,

bem como as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, de acordo com o

estabelecido no art. 326, também transcrito acima.

9. Modalidades de fiança

A fiança é o depósito em dinheiro ou valores feito pelo acusado ou em seu nome para

liberá-lo da prisão, nos casos previstos em lei, com a finalidade de compeli-lo ao

49
cumprimento do dever de comparecer e permanecer vinculado ao distrito da culpa,

conforme dispõe o art. 330, a seguir transcrito:

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de

dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal,

estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.

§ 1º - A avaliação do imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos, será feita

imediatamente por perito nomeado pela Autoridade.

§ 2º Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será

determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de

que se acham livres de ônus.

10. Competência

Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a

fiança à autoridade que presidir ao respectivo auto, e, em caso de prisão por

mandado, o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a

quem tiver sido requisitada a prisão.

11. Recurso

50
Das decisões do juiz sobre a fiança cabe recurso em sentido estrito com fundamento

no artigo 581, V e VII.

Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente

de audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer

o que julgar conveniente.

12. Oportunidade para sua concessão

A fiança, se cabível, será concedida imediatamente após a lavratura do flagrante, mas

também poderá ser concedida a qualquer tempo do processo, enquanto não transitar

em julgado da sentença condenatória, é o que dispõe o art. 334, do CPP, a seguir

transcrito:

Art. 334. A fiança poderá ser prestada em qualquer termo do processo,

enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória.

13. Recusa ou demora na concessão

No caso de recusa ou demora da concessão da fiança pela autoridade policial, o

preso, ou alguém ou ele, poderá prestá-la, mediante petição, diretamente ao juiz, que

decidirá depois de ouvir aquela autoridade, é o que dispõe o art. 335, do CPP, a seguir

transcrito:

51
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial à concessão da fiança,

o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante

o juiz competente, que decidirá, em 48 (quarenta e oito horas) horas.

14. Restituição da fiança

http://www.globalframe.com.br/gf_base/empresas/MIGA/imagens/43FEDB7D91F5525B29DFB04942

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A fiança prestada será motivo de restituição, respeitadas as condições previstas nos

artigos 336 e 337 do CPP, a seguir transcritos:

Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das

custas, da indenização do dano e da multa, se o réu for condenado.

52
§ Único - Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição depois da

sentença condenatória (Código Penal, art.110).

Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado a sentença que

houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir,

atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do artigo

336.

15. Cassação

Haverá cassação da fiança prestada se concedida fora das hipóteses legais ou se

houver alteração da classificação da infração para outra inafiançável, conforme

disposto nos arts. 338 e 339, do CPP, a seguir transcritos:

Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em

qualquer fase do processo.

Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência do

delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.

16. Reforço de fiança

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Será exigido um reforço quando a fiança for tomada, por engano, em valor insuficiente,

quando inovada a classificação do delito ou quando houver depreciação do valor dos

bens hipotecados ou caucionados, é o que dispõe o art. 340, do CPP, a seguir

transcrito:

Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:

I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;

II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados

ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;

III - quando for inovada a classificação do delito.

Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão,

quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada.

17. Quebramento de fiança

Haverá quebramento se o acusado descumprir as obrigações de comparecer, não

mudar de residência e não se ausentar sem comunicar à autoridade (art. 341, abaixo

transcrito), com perda da metade do valor e expedição de ordem de prisão (art. 343,

abaixo transcrito). No entanto, o quebramento pode ser relevado se o acusado

demonstrar justo motivo para o descumprimento do ônus.

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Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Redação dada pela Lei

nº 12.403, de 2011).

I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem

motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do

processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a

fiança; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de

2011).

V - praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a

fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos

Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do

seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares

ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº

12.403, de 2011).

18. Perda total da fiança

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Haverá perda total se o acusado, condenado, não se apresentar à prisão, é o que

dispõe o art. 344, do CPP, a seguir transcrito:

Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado,

o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitiva

imposta.

Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais

encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na

forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no art. 345

deste Código, o valor restante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da

lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será entregue a quem houver

prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.

Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a

execução será promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público.

Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz

determinará a venda por leiloeiro ou corretor.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica

do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações

constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o

caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das

obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste

Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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BIBLIOGRAFIA

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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, Dec.Lei nº 3.689 de 03-10-1941. São Paulo:

Saraiva, 2010.

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL. São Paulo: Saraiva, 1998.

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Tribunais, 1995.

GRECO Fº, Vicente. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010

MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. v.4, São Paulo:

Bookseller, 1997

NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva,

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