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Síndrome Compartimental

Diagnóstico

Segundo DE SOUSA COSTA (2019), a síndrome compartimental consiste na elevação da


pressão intersticial dentro do compartimento ósseo-fascial e/ou da elevação da pressão intra-
abdominal, ou seja, o aumento da pressão do tecido dentro de um espaço limitado. Pode
ocorrer em distintas áreas do corpo, variando desde alterações assintomáticas da homeostase
até condições graves com risco de vida.
Seu diagnóstico é principalmente clínico, se dando por meio do alto índice de suspeita,
compreensão da apresentação e dos sintomas, anamnese completa, e exame físico cuidadoso;
dentre os sintomas causados estão: dor desproporcional e com a extensão passiva dos
músculos, câimbras, endurecimento e fraqueza muscular, parestesia, edema, palidez,
paralisia, ausência de pulsos, entre outros. Há consequências diversas, desde a perda da
função de um membro, amputação ou óbito, pois muitas vezes não são diagnosticadas
durante a fase inicial. A combinação do diagnóstico clínico com as medições da pressão do
compartimento envolvido aumenta a sensibilidade e a especificidade do diagnóstico, porém,
deve-se medir a pressão ao repouso e após exercícios. Também há o diagnóstico por imagem,
através da avaliação por ressonância magnética e a ultrassonografia, métodos esses que têm
se mostrado eficazes (NETO, 2021).

Tratamento

Dentre os primeiros cuidados a serem realizados ao acometido pela síndrome


compartimental, estão a identificação e remoção de toda compressão externa, bem como
hematoma, tumor e edema, sendo fundamental a avaliação precoce de hipovolemia,
mioglobinemia, acidose metabólica a fim de identificar possível comprometimento renal. Se
necessário, pode-se fazer a administração de fluidos e suplementação de oxigênio durante o
tratamento, assim como análise do sangue e da urina. Também, deve-se assegurar uma
atuação multidisciplinar dos profissionais da saúde (DE SOUSA COSTA, 2019).
Por causa do sofrimento tecidual com redução do fluxo sanguíneo e talvez consequente
necrose muscular, o tratamento melhor indicado com o objetivo de reduzir a pressão
intracompartimental é a realização de procedimentos cirúrgicos descompressivos, como a
fasciectomia e fasciotomia. A fasciectomia é realizada por meio de uma incisão longitudinal
ou transversal curta seguida de ressecção longitudinal de uma faixa da fáscia, utilizando uma
tesoura longa; já a fasciotomia, consiste no corte da fáscia muscular para aliviar a pressão e
tratar a perda circulatória. A fasciectomia tem melhores resultados que a fasciotomia, porém,
os procedimentos cirúrgicos, em geral, têm bons resultados na diminuição dos sintomas.
Quanto à Síndrome Compartimental Abdominal, o tratamento cirúrgico consiste na
laparotomia descompressiva. (ALMEIDA,2016).
Ademais, há outros procedimentos minimamente invasivos que podem ser realizados, como a
endoscopia e o uso de medicamentos. A amputação é indicada apenas em casos de
diagnóstico tardio, no qual não possui função muscular e tem trauma significativo no
membro. As terapêuticas não medicamentosas mais eficazes, são aquelas que ressaltam a
parada ou a diminuição da intensidade do exercício, e o uso de fisioterapia com Terapia
Funcional, porém, a dor tende a voltar ao longo do tempo gradativamente. Logo, o tratamento
medicamentoso, mostrou-se eficaz com o uso de fenilefrina e dobutamina na elevação da
pressão sanguínea quando usadas sequencialmente; no uso de bandagem compressiva para
limitar expansão de edema, seguido de elevação da extremidade afetada e posteriormente a
infusão intravenosa de metilprednisolona juntamente com analgésicos (paracetamol +
metamizol); na administração de corticosteróides intravenosos (prednisona 1 mg / kg / dia)
ajuda a reduzir a inflamação; e também no uso da toxina botulínica A, o qual teve bons
resultados. Porém, ainda há poucas evidências que sustentem a efetividade dos tratamentos
não cirúrgicos quando comparados aos cirúrgicos (DE SOUSA COSTA, 2019).

Referências Bibliográficas

DE SOUSA COSTA, Paula Lavigne et al. Tratamento da síndrome compartimental: Artigo


de atualização. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 30, p. e1167-e1167, 2019.

ALMEIDA, Marcelo José de. Síndrome do aprisionamento poplíteo e síndrome


compartimental crônica dos membros inferiores: desafios no diagnóstico e tratamento. Jornal
Vascular Brasileiro, v. 15, n. 4, p. 265-267, 2016.

NETO, José Stênio Sampaio Bastos et al. Síndrome compartimental do antebraço. Brazilian
Journal of Health Review, v. 4, n. 3, p. 11971-11982, 2021.

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