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Título Original do artigo: Capítulo 7: Mechanisms and Management of Pain for the
Physical Therapist.
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Princípios gerais da fisioterapia no tratamento da DOR:
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pessoais e ambientais, bem como a saúde ou biologia atual subjacente à doença ou
distúrbio. Em geral, o paciente precisará ter um plano de tratamento ativo para obter
um status funcional totalmente independente e controlar sua dor. A adição de
intervenções não farmacológicas ao plano de cuidados oferece ao paciente uma opção
não medicamentosa para o gerenciamento de sua dor. O plano pode vir em estágios e
certamente será individualizado e com base nas preferências do paciente. Pode haver
momentos dentro de um plano de tratamento de indivíduos em que a dor seja grave o
suficiente para que ela precise ser gerenciada por tratamentos passivos, estimulação
elétrica transcutânea de nervos (TENS) ou agentes farmacêuticos, e os sujeitos não
participem de um programa ativo. Pode haver outros momentos em que o medo de
movimento ou a catastrofização da dor seja alto e estes precisarão ser abordados para
alguém participar plenamente do programa ativo.
Além disso, o tratamento da dor, aguda ou crônica, envolve uma abordagem
multidisciplinar que inclui tratamento médico, fisioterapia e tratamento psicológico. Os
objetivos para o manejo da dor, especialmente em condições de dor crônica, incluem
o paciente como participante ativo. Especificamente, os tratamentos fisioterapêuticos
devem enfatizar a atividade e a ênfase deve estar na melhoria da função e não no
comprometimento. Todos os planos de tratamento devem ser baseados em evidências,
tanto na ciência básica quanto na clínica.
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(input - aferências) e uma potencial percepção (output) tendo como resposta dor e
outras saídas.
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A dor neuropática surge devido a "lesão ou doença do sistema somatossensorial". Isso
pode ocorrer devido a uma lesão direta no nervo ou nos ramos nervosos ou por
doenças metabólicas como diabetes. Exemplos comuns encontrados por
fisioterapeutas incluem neuropatia diabética, síndrome do túnel do carpo e síndrome
da dor complexa regional. Os pacientes podem ser avaliados pelo painDETECTED
(instrumento) e apresentarão sinais negativos, como perda de sensibilidade ou função
motora, além de sinais positivos, como disestesia.
Atualizando o terceiro mecanismos de dor musculoesquelética; 2016: Dor nociplástica,
definida como “Dor em decorrência de alterações na nocicepção apesar da ausência
de evidências de dano tecidual real ou potencial, causando a ativação de nociceptores
periféricos ou de evidências de doença ou lesão do sistema somatossensorial
causando a dor.” Um distúrbio no processamento central da dor que se mostra como
excitabilidade central aumentada e perda da inibição central. Exemplos clássicos são
fibromialgia, desordem temporomandibular e lombalgia não específica. Isso é mais
difícil de determinar em um paciente, mas pode estar associado a uma perda de
estímulos, bem como a sintomas mais difusos, como dor referida generalizada, fadiga,
distúrbios do sono e / ou disfunção cognitiva.
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Fig. 7-4 Diagramas esquemáticos que representam uma abordagem de mecanismos para o tratamento
da dor musculoesquelética. A. Os mecanismos incluídos são nociceptivos, neuropáticos ou. Pessoas
com dor podem ter apenas um tipo de dor, ou, mais comumente observado, podem ter uma combinação
de diferentes mecanismos subjacentes à dor (mista - investigar mecanismo predominante). B: Ilustra a
sobreposição entre diferentes mecanismos de dor (nociceptivo, neuropático e nociplástica) e ilustra
ainda que fatores psicossociais podem influenciar qualquer um desses componentes modulando a dor.
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Fig. 7-5 O diagrama esquemático mostra como a sensibilização periférica e central subjacente pode
levar à dor. A - Condição sem dor. Nociceptores normais, ativando neurônios centrais normais não
produzindo dor. B - Condições com sensibilização periférica. Aumento da atividade (sensibilidade)
dos nociceptores, ativando neurônios centrais não sensibilizados contribuindo com a dor. C - Condições
com sensibilização central, mas sem sensibilização periférica. Ativação dos nociceptores normais
ativando os neurônios centrais sensibilizados (e também uma maior área) contribuindo com a dor. D -
Condição com sensibilização periférica e central contribuindo para a dor. A remoção apenas do input
periférico em alguns casos reduzirá a sensibilização central acionada por nociceptores. Em outros casos,
a remoção do input periférico terá um efeito parcial e a sensibilização central residual poderá permanecer
fazendo com que o paciente continue a sentir dor.
Tornou-se cada vez mais claro que fatores psicossociais podem influenciar a
percepção da dor e a recuperação da dor. Fatores negativos, como catastrofização da
dor, ansiedade ou medo, podem alterar qualquer um dos três mecanismos da dor (Fig.
7-4) e podem manter uma condição dolorosa por mais tempo do que o tempo normal
de cura. Supõe-se que esses fatores psicológicos sejam críticos na transição da dor
aguda para a crônica e demonstraram ser preditivos do desenvolvimento de dor crônica
no pós-operatório. Portanto, a terapia bem-sucedida deve avaliar e incorporar terapias
para abordar uma variedade desses fatores psicossociais. Como afirmado
anteriormente, o tratamento de fatores psicossociais mal adaptativos (patológicos) não
é apenas importante no tratamento de uma pessoa com dor crônica, mas é importante
para maximizar os efeitos da terapia na condição aguda e potencialmente impedir o
desenvolvimento de dor crônica.
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Figura 7-6: Diagrama esquemático para explicar potenciais mecanismos científicos básicos para as
ações de tratamentos fisioterapêuticos para reduzir a dor. Em geral, os tratamentos terão efeitos
periféricos que reduzirão a entrada e sensibilização dos nociceptores ou centralmente que diminuirão a
atividade e sensibilização dos neurônios do corno dorsal.
Várias teorias foram propostas para explicar os mecanismos de alívio da dor para
intervenções fisioterapêuticas. Isso inclui a ativação de mecanismos de controle dos
portões, contra-irritantes, ativação de opióides endógenos e restauração da função
para remover um irritante periférico. A teoria do controle do portão geralmente afirma
que a ativação de aferentes de grande diâmetro reduzirá a atividade nociceptiva no
corno dorsal da medula espinhal. Assim, qualquer modalidade que ative aferentes de
grande diâmetro poderia ser explicada pela teoria do controle do portão da dor. No
entanto, em alguns casos, temos mais dados sobre mecanismos farmacológicos que,
a teoria do controle dos portões sugere, quando a aplicação de um estímulo doloroso
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ativará mecanismos endógenos de controle da dor que reduzem a dor. Portanto, para
que uma modalidade seja um contra-irritante, seria necessário causar dor. Assim, o
calor (ex.: compressas quentes) e eletroterapia provavelmente não são contra-
irritantes. No entanto, o frio (imersão em gelo) pode realmente ser um contra-irritante
e pode produzir dor através desse "mecanismo". De fato, há um grande corpo de
evidências que utiliza estímulos nocivos térmicos (ex. frio) para ativar as vias de
modulação endógena da dor (CPMs). A CPM é induzida pela aplicação de um estímulo
nocivo distante (estímulo condicionante), fora do local de teste do limiar da dor a
pressão, e resulta em um aumento no limiar da dor em áreas distantes dos estímulos
nocivos (quando a CPM está integra, ou seja, funcional). A ativação de vias opióides
endógenas, através da ativação da via PAG-RVM (substância cinzenta periaquedutal
e medula rostral ventromedial), medeia os efeitos da eletroterapia e do exercício
aeróbico e, portanto, essas vias podem ser ativadas sem intervenções fisioterapêuticas
dolorosas. A ativação dessas vias resultaria na diminuição da atividade dos neurônios
do corno dorsal e na entrada nociceptiva nos centros cerebrais superiores, e, portanto,
na redução da dor. Por fim, através de exercícios ou terapias manuais, é possível
aumentar a amplitude de movimento e retornar a função normal a uma articulação ou
tecido para eliminar um irritante mecânico. A remoção do irritante reduziria a ativação
de um nociceptor e, assim, reduziria a entrada no sistema nervoso central e,
consequentemente, o cérebro para a percepção da dor.
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frio e a terapia manual têm efeitos periféricos que removem irritantes mecânicos ou
químicos, enquanto o TENS de baixa frequência e o exercício aeróbico ativam os
receptores opióides periféricos. Centralmente, as terapias visam diminuir a ativação
dos circuitos excitatórios ou facilitar a inibição dos centros superiores.
Alternativamente, as intervenções da fisioterapia podem aumentar os circuitos
inibitórios espinais ou a aumentar inibição supra espinal descendente. Juntos, isso
reduzirá a sensibilização dos neurônios do corno dorsal, diminuindo a entrada nos
centros cerebrais superiores e a dor. TENS, terapia manual e exercício geralmente
trabalham para reduzir a excitação central e/ou aumentar a inibição central.
As diretrizes para um plano de cuidados efetivos precisam ser baseadas em uma
avaliação adequada. A avaliação deve ser orientada para determinar os componentes
periféricos e centrais da condição de dor, se existirem componentes neuropáticos e se
houver componentes psicológicos (yellow-flags) que medeiam e moderam os
desfechos. As intervenções podem, então, visar abordar essas diferentes vias,
condições periféricas, neuropáticas, centrais e quaisquer fatores de confusão
psicológicos subjacentes. Nos últimos anos, houve pesquisas substanciais sobre os
mecanismos pelos quais as intervenções fisioterapêuticas reduzem a dor.
Todas as intervenções para a dor têm efeito placebo e, às vezes, são consideradas um
efeito inespecífico. O efeito placebo para a dor é definido como uma redução na dor
pelo efeito simbólico da intervenção, e não como resultado de um efeito terapêutico
específico. O placebo é facilmente manipulado e pode influenciar a eficácia do
tratamento e deve ser utilizado para avaliar a eficácia do tratamento da dor.
Curiosamente, o efeito placebo para o alívio da dor é revertido pelo antagonista do
receptor opioide, a naloxona, sugerindo a ativação da via inibitória opioide
descendente. Os estudos de neuroimagem confirmam a ativação de regiões envolvidas
na analgesia opióide, incluindo o córtex pré-frontal, o córtex cingulado anterior e a
substância cinzenta periaquedutal. Assim, o efeito placebo é real, ativa as vias opióides
endógenas e deve ser utilizado para aumentar a eficácia do tratamento.
O controle das vias supra-espinhais sobre a atividade nociceptiva pode não apenas
produzir um efeito alnalgésico modificado (isto é, placebo), mas também pode produzir
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uma diminuição da efetividade ou dor modificada (isto é, nocebo). Tal como acontece
com o placebo, existem mecanismos biológicos subjacentes ao nocebo. O bloqueio
dos receptores de colecistoquinina (CCK) com proglumida evita o efeito nocebo no
alívio da dor. A CCK está envolvida na tolerância aos opióides, produzindo um efeito
anti-opióide quando liberada. Os estudos de imagem mostram que o nocebo ativa vias
semelhantes às do placebo: córtices cingulados anteriores, pré-frontal e insular. Assim,
o nocebo também é real e utiliza mecanismos anti-opióides para aumentar a dor. Como
clínico, deve-se ter cuidado para não produzir um efeito nocebo. As interações com os
pacientes devem, portanto, sempre ser positivas e encorajadoras para aumentar a
eficácia terapêutica de qualquer tratamento e evitar uma interação negativa com a
intervenção.
Como exemplo, George et al. investigou os efeitos da expectativa do paciente sobre
os efeitos da manipulação da coluna vertebral. Neste estudo, eles deram instruções
que sugeriam que a intervenção era muito eficaz, ineficaz ou teve efeitos inesperados.
Aumentos nos limiares de dor ocorreram no grupo que foi instruído com uma
expectativa negativa, e nenhuma mudança ocorreu no grupo do grupo que recebeu a
expectativa neutra. Assim, a entrega de uma técnica de tratamento pelo terapeuta é
fundamental para obter a eficácia total.
Existem vários tipos de evidência que podem ser utilizados para tomar uma decisão
fundamentada sobre o tratamento de escolha. Essa evidência inclui mecanismos
científicos básicos, efeitos em modelos experimentais de dor, ensaios clínicos
randomizados controlados por placebo e revisões sistemáticas ou metanálises. Todos
os tipos de evidência podem ser utilizados para obter um plano de cuidados com base
em evidências. Muitos tratamentos usarão vários tipos de evidência para apoiar seu
plano de cuidados, tornando a escolha da terapia mais forte.
Os profissionais de saúde, incluindo fisioterapeutas, precisam desenvolver um plano
confiável de opções de cuidados com base nas evidências. Existe uma riqueza de
informações disponíveis que são difíceis para o profissional de saúde ler e sintetizar.
As revisões podem ser não científicas e tendenciosas na maneira como coletam dados
e resumem as informações. Portanto, revisões sistemáticas e metanálises tentam
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minimizar os vieses e fornecer uma base confiável para a tomada de decisão clínica.
Uma hierarquia de evidências é frequentemente utilizada. No topo do nível de evidência
estão revisões sistemáticas e metanálises. Revisões sistemáticas e metanálises
utilizam vários ensaios clínicos randomizados, na tentativa de permitir que o
profissional de saúde tome decisões clínicas baseadas em evidências. Se disponíveis,
revisões sistemáticas e metanálises forneceriam, portanto, o nível mais alto de
evidência para apoiar uma intervenção específica. No entanto, deve-se ter cuidado com
resultados negativos, uma vez que essas revisões sistemáticas se baseiam na
qualidade dos ensaios clínicos randomizados usados para tomar essas decisões. Em
particular, a dosagem apropriada muitas vezes não é levada em consideração para
intervenções fisioterapêuticas nos ensaios clínicos randomizados e subsequentemente
não é levada em consideração nas revisões sistemáticas, tornando as evidências
negativas ou inconclusivas. O padrão ouro para a evidência clínica é um estudo
randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. É difícil conseguir o verdadeiro
cegamento duplo do terapeuta e do paciente para muitas intervenções de fisioterapia.
Os placebos, para algumas terapias, como compressas quentes ou exercícios, são
difíceis de obter. Muitas intervenções de fisioterapia são comparadas com outra terapia
ou medicação para fornecer um meio de avaliar a eficácia sem um tratamento com
placebo. Além disso, em muitos estudos controlados e randomizados, a pessoa que
examina os efeitos dos tratamentos está cega à alocação do tratamento e, portanto,
fornece um tratamento ofuscante na ausência de um verdadeiro placebo. Na parte
inferior da hierarquia estão tipicamente mecanismos ou efeitos científicos básicos em
condições experimentais de dor. Os capítulos subsequentes descreverão as
evidências em termos de mecanismos científicos básicos, ensaios randomizados de
controle e, sempre que possível, revisões sistemáticas do Cochrane Liberay ou
metanálise. Para recomendações de evidências práticas, revisões sistemáticas da
Biblioteca Cochrane serão usadas como fonte primária e seguidas de revisões
sistemáticas e metanálises da literatura primária. Se revisões sistemáticas ou
metanálises de intervenções não forem possíveis, ensaios clínicos randomizados
serão descritos para apoiar as recomendações de tratamento.
Questões éticas que rotineiramente surgem na aplicação da terapia estão relacionadas
à eficácia terapêutica da intervenção. Os clínicos devem (podem) oferecer e cobrar por
uma intervenção que não produza efeito analgésico superior ao placebo? Os clínicos
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devem (podem) oferecer e cobrar por intervenções que não têm evidências clínicas
para apoiar seus efeitos? Qual é o nível mínimo de evidência necessário para um
clínico oferecer e cobrar pelo seu tratamento? É aceitável utilizar evidências científicas
oriundas de ciência básica isoladamente ou em conjunto aos ensaios clínicos
randomizados e controlados para apoiar a escolha do tratamento? Obviamente, em um
mundo perfeito, onde a evidência é abundante e fornece respostas positivas ou
negativas claras para uma intervenção, a resposta é clara. Se revisões sistemáticas de
evidências de alta qualidade mostrarem um efeito negativo da intervenção,
provavelmente não se deve escolher essa intervenção, a não ser como último recurso.
Se as revisões sistemáticas das evidências, por outro lado, mostram um efeito positivo
da intervenção para uma determinada condição de dor, deve-se usar essa intervenção
no plano de cuidados. Por exemplo, há fortes evidências para a eficácia do exercício
de condicionamento aeróbico em pessoas com fibromialgia a partir de revisões
sistemáticas. Portanto, qualquer plano de cuidados a uma pessoa com fibromialgia
deve incluir um programa de condicionamento aeróbico.
Sumário
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modificação de atividades e exercícios, minimizando intervenções passivas, como
terapia manual e agentes eletrofísicos. Idealmente, a terapia manual e os agentes
eletrofísicos devem ser utilizados em pessoas com dor crônica como um complemento
à abordagem ativa orientada para o exercício. O plano de cuidados pode variar
dependendo do estado do indivíduo a qualquer momento e pode incluir intervenções
preferencialmente ativas, preferencialmente passivas ou a combinação de ambas.
Além disso, em alguns pacientes com dor aguda, a dor não é proporcional à quantidade
de dano tecidual e, portanto, provavelmente envolve quantidades significativas de
alterações no sistema nervoso central e variáveis psicossociais que precisam ser
abordadas.
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