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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004

MATERIAL DIDÁTICO

GEOGRAFIA DO BRASIL

0800 283 8380


www.portalprominas.com.br
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

UNIDADE 1 – GEOGRAFIA FÍSICA DO BRASIL ...................................................... 5

1.1 Formação Geológica do Brasil........................................................................... 7

1.2 Relevo................................................................................................................... 8

1.3 CLIMA ................................................................................................................. 11

1. 3. 1 As massas de ar atuantes no Brasil .......................................................... 13

1.4 Hidrografia ......................................................................................................... 14

1.5 Vegetação .......................................................................................................... 16

UNIDADE 2 – RECURSOS NATURAIS E ENERGIA NO BRASIL .......................... 21

2.1 Extrativismo Mineral ..................................................................................... 21

2.2 Fontes de Energia: ........................................................................................ 22

UNIDADE 3 – O MODELO AGRÍCOLA BRASILEIRO ............................................ 25

3.1 A estrutura fundiária do Brasil ......................................................................... 25

3.2 Histórico da produção agrícola no Brasil ....................................................... 25

4.3 Pós Modernização Agrícola: Situação Atual................................................... 29

UNIDADE 4 – O SETOR INDUSTRIAL NO BRASIL ................................................ 35

UNIDADE 5 – ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO BRASIL .................................... 38

5.1 Características Gerais: Crescimento e Distribuição. ..................................... 38

5.2 Características Gerais da População Brasileira ............................................. 43

UNIDADE 6 – AS REGIÕES BRASILEIRAS............................................................ 52

6.1 Região Norte ...................................................................................................... 52

6. 2 Região Nordeste ............................................................................................... 58

6.3 Centro- Oeste..................................................................................................... 62

6.4 Região Sul .......................................................................................................... 64

6.5 Região Sudeste ................................................................................................. 66


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REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71
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INTRODUÇÃO

A geografia é um ramo da ciência que busca compreender o mundo em que


vivemos, logo, é também um estudo da ação humana sobre o meio e como esta
incide e transforma não só o mundo natural do planeta terra, mas também as
relações entre os seres humanos. Tendo isso em mente, podemos dizer que a
reflexão da construção do espaço geográfico nos leva a perceber melhor o mundo
em que vivemos.

O Brasil é um país bastante extenso, apresentando uma enorme variedade


de paisagens e com diversas formas de ocupação humana, gerando uma profusão
de espaços geográficos que formam o território nacional.

Tendo em vista que este é um material de estudo direcionado à geografia do


Brasil, deveremos refletir sobre a constituição física do nosso país, ressaltando suas
características naturais, assim como problematizaremos as formas de ocupação e
transformação do meio pela ação humana, ou seja, a forma como aproveitamos
nossas riquezas e possibilidades naturais, transformando-as em bens e serviços
tendo em vista o bem-estar social da população, e após isso, poderemos finalmente
traçar um quadro geral do Brasil, adquirindo uma perspectiva sobre o assunto em
tela.

Sendo assim, abordaremos as características físicas do Brasil, seu relevo, o


clima, a hidrografia e a vegetação que compõe o cenário natural, tendo em vista que
a ação de cada um desses elementos incide sobre o outro, formando distintas
paisagens, no entanto, para fins didáticos, cada elemento será apresentado em
separado. Após apresentarmos o meio natural brasileiro, evidenciaremos os temas
concernentes às formas de ocupação e aproveitamento do território, considerando a
organização humana no que diz respeito às suas características demográficas, sua
economia (agricultura e industrialização) e as fontes de energia indispensáveis para
tanto.

Por fim, abordaremos o processo de regionalização do território brasileiro,


considerando que por sua extensão e diversificação do espaço geográfico, o estudo
das regiões se torna pertinente como forma de apreensão do conteúdo.
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UNIDADE 1 – GEOGRAFIA FÍSICA DO BRASIL

O Brasil é um país apelidado de “país continental” não à toa, é o quinto em


extensão territorial no mundo, com área total de 8.547.403,5 km2, sendo a área
terrestre correspondente a 8.491.194 km2, e mais a extensão correspondida pelas
águas internas, a 55.547 km2. Suas fronteiras atuais estendem-se por 26.580
quilômetros, divididos em uma seção marítima de 10.959 e numa terrestre de 15.621
quilômetros, sendo o único entre os países mais extensos que pode ser totalmente
habitado, havendo o maior aproveitamento espacial.

Está situado na porção centro-oriental da América do Sul e ocupa 47% da


área, não fazendo fronteira somente com dois países sul-americanos: o Chile e o
Equador.

O espaço atmosférico sobre o território terrestre e a faixa oceânica contígua


é de soberania do Estado Brasileiro, responsável por zelá-la. Suas fronteiras
terrestres são variadas apresentando predomínio natural (rios, lagos e serras).
Quanto aos limites oceânicos, temos:

• Mar territorial (MT) – tem a extensão de até 12 milhas náuticas (cerca de


22,2 quilômetros), a partir da linha da costa, o Estado costeiro exerce sua soberania
e permite a passagem de navios pacíficos de qualquer origem;
• Zona Contígua (ZC) – a extensão é de 24 milhas náuticas a partir da
linha de costa, o Estado costeiro mantém a soberania, no entanto, sua atuação é
restrita, relacionada à repressão de agressões aos regulamentos aduaneiros, fiscais,
de imigração ou sanitários;
• Zona Econômica Exclusiva (ZEE) – são 200 milhas náuticas de extensão
desde a linha de base (costa). O Estado costeiro detém o monopólio sobre os
direitos de exploração dos recursos biológicos e das riquezas do subsolo marinho,
no entanto, não exerce soberania, havendo total liberdade internacional de
navegação, sobrevoo, construção de dutos e lançamento de cabos submarinos;
• Plataforma Continental (PC) – sua área se estende além do mar territorial
até a borda externa da margem continental, compreendendo assim o leito e o
subsolo das áreas submarinas.
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Devido a sua imensa extensão territorial, o Brasil possui quatro fusos


horários diferentes, tendo para eventos nacionais o fuso horário de Brasília como
referência, a hora oficial. Em relação ao plano exterior, os fusos horários possuem
horas atrasadas em relação ao meridiano de Greenwich, o que é determinado pelo
fato de estar o país totalmente situado a oeste, na área de Londres (Hemisfério
Ocidental). Sendo assim, apresentaremos os fusos horários, constando que a cada
faixa de 15° entre pares meridionais ocorre a variação de uma hora, a saber:
• o primeiro fuso horário brasileiro apresenta 01 (uma) hora adiantada em
relação à Brasília e é a menor área sobre referência, no caso, compreende o
conjunto de ilhas oceânicas formado por Trindade, Martins Vaz, Penedos de São
Pedro e São Paulo, o arquipélago de Fernando Noronha e o atol das Rocas;
• o segundo fuso horário brasileiro corresponde à hora oficial do Brasil e é
também o mais importante, por ser o que corresponde a maior e a mais populosa
área. Abrange o Amapá, o leste do rio Xingu no Pará, Tocantins, Goiás, Distrito
Federal, além de todos os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul;
• o terceiro fuso horário está uma hora atrasado em relação à Brasília e sua
área corresponde à porção do Pará a oeste do rio Xingu, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Rondônia, Roraima e quase todo o estado do Amazonas, tirando a porção
extremo oeste;
• o quarto fuso horário está duas horas atrasado em relação a Brasília e
apresenta o extremo oeste do estado do Amazonas e o estado do Acre.

Ainda em relação à hora, o horário de verão foi aplicado em território


brasileiro a partir de 1985 como forma de economia de energia, uma vez que o
adiantamento de 01 (uma) hora deixaria o dia mais longo nas áreas que o adotam.

A atual organização política-administrativa do Brasil compreende a divisão


em estados independentes administrativamente, mas que devem se subordinar às
leis federais e a própria constituição, sendo, portanto autônomos, mas não
soberanos. A soberania pertence à federação ou simplesmente à União.

Logo, a República Federativa do Brasil é composta pelos seguintes entes


federados:
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• Distrito Federal – é a unidade autônoma que sedia o governo federal e os


poderes legislativos, executivos e judiciários. Também é regido por lei orgânica,
assim como os estados, tendo os mesmos direitos e deveres;

• Estados – estão no topo da hierarquia entre as unidades da federação.


Possuem lei orgânica, legislação própria, que não deve contrariar a disposição da
Constituição Federal, além de programas próprios, muitas vezes complementares de
programas federais. Os estados podem ser desmembrados ou aglutinados,
conforme vontade do povo demonstrada em plebiscito e aprovada pelo Congresso
Federal;

• Municípios – dentre as unidades federativas são os que têm o menor posto


hierárquico. Possuem lei orgânica em consonância com a Constituição Federal e a
lei do estado pertinente. A criação de um município deve prever a vontade do estado
e aprovação federal, além de voto da população por meio de plebiscito. Os
municípios podem criar, suprimir ou subdividir os distritos;

• Distritos – são unidades subordinada ao município.

A Partir das características gerais e comuns deveremos agora abordar os


aspectos físicos do Brasil, englobando assim a formação geológica, relevo, clima,
hidrografia e vegetação.

1.1 Formação Geológica do Brasil.

A estrutura geológica brasileira é constituída por 36% de escudos cristalinos e


64% de bacias sedimentares.

Os crátons ou escudos cristalinos são as formações rochosas com até 4,5


bilhões de anos. Apresentam em sua composição dois tipos de rochas, sendo as
magmáticas formadas a partir do resfriamento e a cristalização do magma. O outro
tipo de rocha é chamado de metamórficas, que são rochas preexistentes alteradas
pela ação da pressão e das elevadas temperaturas gerada tanto nos deslocamentos
das placas, quanto nos vulcanismos.

A parte do território brasileiro formada pelos escudos cristalinos pode ser


classificada pelos períodos em que se formaram. O escudo cristalino formado no
período Arqueozóico (32,1% do país) é representado por rochas que desde a era
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Pré-Cambriana passam por um lento processo de desnudação (destruição das


jazidas de minérios) e, por isso mesmo, o solo dessas áreas apresentam pouca
riqueza mineral, por outro lado, pode apresentar comumente granitos e gnaisses e,
além disso, também pode conter minério de cromo, caulim e grafita.

Já o escudo cristalino formado no período proterozóico apresenta algumas


das riquezas minerais brasileiras como o minério de ferro, o manganês, ouro, níquel,
chumbo, prata e diamantes, sendo, portanto, uma área bastante valorizada
economicamente.

As bacias sedimentares correspondem a formações mais recentes, cerca de


600 milhões de anos, apresentando duas riquezas minerais principais: o carvão
vegetal e o petróleo. No Brasil, as bacias sedimentares não apresentam o volume
alto desses dois minerais como em outros países, constando que o maior volume de
petróleo extraído no país está focalizado na bacia de Campos, RJ. Já o carvão
vegetal é encontrado de maneira descontínua no Paraná, e de São Paulo ao Rio
Grande do Sul, no entanto, é considerado de baixa qualidade.

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Fonte: <http://www.geografando.com>

1.2 Relevo

Como o Brasil apresenta pouca atividade geológica (vulcões e terremotos), os


agentes de transformação do relevo se referem praticamente à ação do clima
(chuvas, temperatura) e a hidrografia, incluindo a ação do homem.
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O relevo é geralmente composto por poucas altitudes, pois 41% do território


estão no limite dos 200 metros, as altitudes até 500 metros ficam em torno de 78% e
as com 900 metros de altitude somam 92%, constando que o único ponto do relevo
com mais de 3000 metros é o Pico da Neblina na fronteira do estado do Amazonas
com a Venezuela.

A formação predominante do relevo se refere a planaltos, constando ainda


planícies e depressões, conforme exposto a seguir:

Planaltos

São circundados por depressões e apresentam duas modalidades de acordo


com a estrutura geológica, logo, temos os planaltos sedimentares e os planaltos de
núcleos cristalinos. Suas unidades são o Planalto das Guianas e Planalto Brasileiro.

1- Planalto das Guianas: localiza-se na porção extremo setentrional do país,


apresentando sua maior parte nas terras da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana
Francesa. É composto por rochas cristalinas pré-cambrianas e se dividi em duas
partes.

• Planalto Norte-Amazônico: formado por pequenas elevações onduladas,


formando uma espécie de continuação das terras baixas da Planície Amazônica.

• Região Serrana: Acompanha as fronteiras com as Guianas e Venezuela e


está localizado na porção norte. Apresenta como formação principal dois arcos de
escarpas denominadas de Maciço Oriental e Ocidental. O primeiro possui alturas
que não ultrapassam os 600 metros, já o segundo tem a maior altitude do país, no
caso o pico da Neblina.

2- Planalto Brasileiro: sua área se estende desde o sul da Amazônia ao Rio


Grande do Sul e de Roraima ao litoral Atlântico, compreendendo uma das maiores
regiões planálticas. Apresenta formação geológica composta, principalmente, por
cristalinos recobertos por sedimentos.

De acordo com as diferenças morfológicas, podemos dividi-lo em Planalto


Central, Planalto Atlântico, Planalto Meridional ou Arenito Basáltico. Logo, temos:

• Planalto Central – localiza-se na região do Brasil Central, sendo uma


grande extensão que perpassa porções do Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-
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Oeste. Sua formação geológica apresenta áreas com presença de cristalinos


erodidos e recobertos por sedimentos paleozóicos e mesozóicos. Também possui
áreas de chapadas recobertas por sedimentos;

• Planalto Atlântico – situa-se desde o Nordeste ao nordeste do Rio Grande


do Sul. Apresenta duas subdivisões distintas, sendo o primeiro a Região das
Chapadas Nordestinas e a outra é chamada de Região Serrana. A primeira
apresenta planaltos e serras cristalinas, mas a formação predominante são as
chapadas recobertas por sedimentos. Já a Região Serrana apresenta predominância
de terras altas localizadas no Sudeste, sendo as maiores altitudes médias do Brasil.
Sua composição apresenta serras cristalinas de terrenos pré-cambrianos;

• Planalto Meridional ou Arenito Basáltico: engloba uma grande área


territorial da região Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul de Minas Gerais e o
Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e parte leste do Mato Grosso do Sul. Os terrenos
sedimentares, assentados sobre o embasamento cristalino, são predominantes e
também muito valorizados por sua fertilidade sendo conhecido como “terra roxa”.

Planícies

As planícies são áreas geralmente planas de baixa atitude e onde predomina


a acumulação ou sedimentação. No caso brasileiro, as planícies se formam a partir
da sedimentação recente, normalmente de origem fluvial. São quatro áreas gerais
de planícies existentes no Brasil, sendo elas: A planície Amazônica, do Pantanal,
Costeira e Gaúcha.

1- Planície Amazônica: está situada entre o planalto das Guianas ao norte


e o Brasileiro ao sul. Pertencente à Bacia Sedimentar Amazônica, é composta por
ampla área de terras baixas (praticamente não superam os 200 m) e planas com
faixas de sedimentos paleozóicos em sua parte centro-oriental. Também
apresentam arenitos, argilitos e areias terciárias e quaternárias.

2- Planície do Pantanal: localiza-se a oeste do Mato Grosso do Sul e o


sudeste do Mato Grosso e se estende para outros países. Apresenta terras muito
planas e baixas (altura média de 100 m) e configura na realidade uma depressão no
interior do continente sul-americano que se inunda no período de chuvas.
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3- Planície Costeira: sua localização acompanha quase toda a faixa


litorânea a partir do Pará até ao Rio Grande do Sul, apresenta algumas interrupção
no Sul e Sudeste devido o planalto atlântico, essas interrupções e a proximidade
com o planalto Atlântico é que geram as falésias, tão características de algumas
paisagens do sul. Também apresenta, em alguns pontos, baixadas. Também é
composta pelas praias, áreas de restinga, os tômbolos, as dunas, os manguezais e
lagoas costeiras.

4- Planície Gaúcha: é constituída por sedimentos recentes e se localiza


no Rio Grande do sul ocupando sua metade sul. O relevo é caracterizado pela
superfície plana e levemente ondulada que recebe o nome de coxilhas.

1.3 CLIMA

O clima corresponde ao conjunto de variações do tempo de uma


determinada localidade. O Brasil está localizado na zona intertropical, considerando
o planisfério terrestre, o que significa que ao norte é cortado pela linha do Equador e
ao sul pelo trópico de Capricórnio, justificando assim o clima quente, uma vez que se
localiza na área de maior aquecimento solar, prevalecendo desta forma o clima
tropical.

O clima tropical se manifesta pelas temperaturas médias anuais elevadas e


pela pequena amplitude térmica observada em quase todo o território, sendo
apontados como fatores físicos a sua localização na faixa intertropical e o relevo que
não apresenta grandes altitudes e, por isso, não influi diretamente sobre o clima.

Embora haja prevalência do clima tropical, o Brasil apresenta uma grande


diversidade climática, uma vez que apresenta grande extensão territorial com
diferenças de relevo, altitude e dinâmica das massas de ar e das correntes
marítimas, fatores esses que influenciam no clima, apresentando subtipos climáticos.

Os subtipos climáticos foram estabelecidos a partir da origem, da natureza e a


movimentação das massas de ar existentes no país. Logo temos seis subtipos de
clima no território brasileiro, elencados a seguir:

• Equatorial ou tropical superúmido – presente na Amazônia, ao norte de


Mato Grosso e a oeste do Maranhão, sofre ação direta das massas de ar equatorial
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continental e equatorial atlântica, de ar quente e úmido, com temperaturas médias


entre 24 ºC e 26 ºC, amplitudes térmicas reduzida (até 3 ºC) e chuvas abundantes
superiores a 2.000 mm/ano;

• Tropical – clima do Brasil central, também presente na parte oriental do


Maranhão, grande parte do Piauí e na porção ocidental da Bahia e de Minas Gerais
e no extremo norte do país, em Roraima. Caracterizado pelo clima quente (18 °C a
28 °C), e por apresentar duas estações do ano bem definidas, verão chuvoso e
inverno com seca, exceto para o litoral nordestino, entre Salvador e o Rio Grande do
Norte que pode chover no inverno. As médias térmicas variam de 22 ºC a 27 ºC, e a
amplitude térmica pode chegar a 5 ºC a 7°C. O índice pluviométrico é de cerca de
1,5 mil milímetros anuais;

• Tropical de altitude – predomina nas partes mais elevadas do Planalto


Atlântico do sudeste (acima dos 800m), abrangendo principalmente os estados de
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, chegando até o Mato
Grosso do Sul. É influenciado pela massa de ar tropical atlântica, que provoca
chuvas no período do verão. Apresenta geralmente temperatura amena (18 °C e 22
°C) e amplitude térmica anual entre 7 °C e 9 °C. No inverno, podem ocorrer geadas
em decorrência da ação das frentes frias originadas do choque entre as massas
tropical e polar. As precipitações situam-se entre 1.000 e 1.500 mm/ano;

• Semiárido – ocorre no interior do Nordeste, na região conhecida como


Polígono das Secas, corresponde a quase todo o sertão nordestino e aos vales
médio e inferior do rio São Francisco. Temperatura predominante quente, com
médias térmicas superiores a 24 ºC (média de 27%) e pequenas amplitudes
térmicas (menores que 3 ºC). As chuvas são escassas e mal distribuídas (em torno
de 700 milímetros anuais), fazendo surgir os polígonos das secas. Ocorrem períodos
de chuvas intensas nos meses de fevereiro, março e abril no sertão devido à
deslocação da massa equatorial atlântica (superúmida) para o litoral norte da região
Nordeste;

• Subtropical – ocorre nas latitudes abaixo do trópico de Capricórnio e é


influenciado pela massa polar atlântica, logo se apresente no sul do estado de São
Paulo e na maior parte do estado paranaense, de Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Apresenta temperatura média anual inferior a 20° e amplitude térmica elevada
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(10 °C), chuvas abundantes e bem distribuídas entre 1.500 e 2.000 mm/ano. Nessa
região climática são comuns as geadas e nevadas no inverno em que a temperatura
pode ficar inferior a 0°C. O verão é muito quente e a temperatura pode ultrapassar
os 30 °C;

• Tropical Atlântico ou Tropical Úmido – ocorre na faixa litorânea desde o


Rio Grande do Norte até o Paraná. É influenciado pela ação direta da massa tropical
atlântica (quente e úmida) apresentando chuvas intensas. A temperatura varia de 18
°C a 26 °C, a amplitude térmica aumenta na medida em que se avança em direção
ao Sul. A maior concentração de chuva para o Nordeste se dá no inverno e no
Sudeste no verão. O índice pluviométrico médio é alto, de 2 mil milímetros anuais.

1. 3. 1 As massas de ar atuantes no Brasil

A caracterização do clima é influenciada pela atuação das massas de ar. A


temperatura das massas de ar será determinada pela zona climática de onde se
originou. A umidade presente na massa de ar será determinada também pela sua
origem, oceânica ou continental, entretanto, a umidade pode variar com o
deslocamento da massa por sobre regiões de umidade distinta. No panorama
climático brasileiro consta a atuação de cinco massas de ar, a saber:

• Massa Equatorial Continental (mEc) – origina-se na Amazônia Ocidental,


portanto continental, e influencia todas as regiões do país. É caracterizada como
uma massa instável, quente e úmida, devido à presença de muita água e florestas
da região amazônica. Sua influencia provoca chuvas diárias na região de sua origem
e no interior do país acarreta as chuvas do verão;

• Massa Equatorial Atlântica (mEa) – é proveniente do Atlântico Norte.


Tem como característica ser quente e úmida. Atua nas regiões litorâneas do Norte e
do Nordeste no verão e na primavera, e também atua como formadora dos ventos
alísios de nordeste;

• Massa Tropical Atlântica (mTa) – parte do Oceano Atlântico e atua na


região do litoral do Nordeste ao Sul. É quente e úmida. Seu encontro com a massa
polar atlântico provoca as chuvas frontais de inverno no Nordeste. Já as chuvas de
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relevo nos litorais sul e sudeste ocorrem de seu choque com a Serra do Mar. Forma
os ventos alísios do sudeste;

• Massa Polar Atlântica (mPa) – origina-se no Oceano Atlântico sul


(próximo à Patagônia) e tem como característica ser fria e úmida. Atua
principalmente no litoral nordestino (inverno) causando chuvas frontais. Também
atua nos estados do sul causando queda de temperatura e geadas e já na Amazônia
Ocidental, causa queda brusca na temperatura;

• Massa Tropical Continental (mTc) – é formada na Depressão do Chaco,


sendo quente e seca. Basicamente atua na sua região de origem, acarretando
períodos extensos quentes e secos no sul da região Centro-oeste e no interior das
regiões Sul e Sudeste.

1.4 Hidrografia

Características gerais:

maior concentração de água em rios e poucas formações lacustres;

predominância de rios formados em planaltos;

principais dispersores de água: Cordilheira dos Andes, Planalto Guiano e


Planalto Brasileiro;

afluência (direta e indireta) do Oceano Atlântico;

foz – normalmente estuários. Exceção: rio Parnaíba e Amazonas;

regime pluvial tropical (cheias de verão e vazantes de inverno);

a grande maioria dos rios é perene e somente alguns rios nordestinos são
intermitentes;

drenagem dos rios é exorréico, ou seja, deságuam no mar;

nove bacias hidrográficas – Amazônia, Paraná, Tocantins, São Francisco,


Paraguai, Uruguai, Nordeste, Leste e Sudeste.
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As bacias hidrográficas:

A água drenada por um rio principal e seus afluentes dá origem à formação


de uma bacia hidrográfica. A Região Hidrografia corresponde ao espaço territorial
ocupado por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias contíguas que apresentem
características naturais e socioeconômicas similares, tendo em vista a possibilidade
de melhor gerência e planejamento dos recursos hídricos. O Brasil possui 12 regiões
hidrográficas determinadas pela ANA (Agência Nacional das Águas).

• Bacia Amazônica: é a maior bacia fluvial do mundo, sendo uma das


principais do Brasil. Cobre 46,93% do território brasileiro, uma área de cerca de 3,9
milhões e ainda penetra na Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela, podendo ser
considerada a maior bacia hidrográfica do mundo. Localiza-se no norte do país e é
formada pelo rio principal, o Amazonas, e por seus vários afluentes.

• Bacia do Paraná: é apenas uma das partes da Bacia Platina que é formada
pelos rios Paraguai, Uruguai e Paraná, o principal rio do território brasileiro, cobrindo
cerca de 10% do país. Tem destaque pelo seu potencial hidrelétrico, uma vez que
são rios de planalto, e, além disso, apresenta localização favorável na região
Sudeste do país que é o maior mercado consumidor de energia do país.

• Bacia do São Francisco: pode ser considerada como a bacia hidrográfica


totalmente brasileira, juntamente com o Tocantins. Ocupa cerca de 7,5% do
território. Nasce na Serra da Canastra (Minas Gerais), tendo como rio principal o São
Francisco. Apresenta trechos navegáveis como Pirapora (MG) e Juazeiro (BA). E
entre esses pontos, acham-se as eclusas da usina de Sobradinho.

• Bacia do Tocantins: é a maior bacia localizada totalmente em território


brasileiro, abrangendo cerca de 9,5%. Tem como afluente principal o rio Araguaia e
também é formada pelo rio Tocantins que se juntam na divisa de três estados,
Maranhão, Tocantins e Pará antes de desaguar no oceano. É responsável por
drenar a região central do país.

• Bacia do Uruguai: seu principal afluente é o rio Uruguai que nasce perto
dos rios Canoas e Pelotas, percorre tanto planaltos quanto planícies. Também é
utilizado para navegação e para produção de energia.
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• Bacia do Paraguai: o relevo apresenta muitas planícies que sofrem


inundações periódicas, constando a presença do Pantanal Mato-Grossense.

Também existem bacias secundárias, consideradas assim, pois seus rios não
pertencem a nenhuma das bacias principais (elencadas acima), tendo sido
agrupadas em razão de sua localização em 3 grupos de bacias isoladas, sendo elas:

• bacia do Norte-Nordeste – agrupa os rios do Meio-Norte do país (Maranhão


e Piauí), por exemplo, o rio Parnaíba, Gurupi, Itapicuru, entre outros. Também são
somados aqui os rios intermitentes;

• bacia do Leste – formada pelos rios Jequitinhonha, Doce, Contas, Itapicuru


e Paraíba do Sul;

• bacia Sudeste-Sul – é entrecortada pelos rios Ribeira de Iguape, Itajaí,


Tubarão e Jacuí.

1.5 Vegetação

O Brasil, devido a sua extensão territorial e a influência de diversos


elementos como o clima, solo, relevo, fauna e a ação humana, apresenta uma
grande variedade de paisagens vegetais, além de variados biomas.
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A maior influência sobre a formação de diversas paisagens vegetais é realizada pelo


clima, pois através da temperatura, da pressão atmosférica, do fator da insolação e
umidade presentes em determinado território teremos a adequação do meio vegetal,
construindo assim as diferentes paisagens.

Nestes termos, temos assim, dois tipos de adaptações vegetais:

1- Higrófitos – formação vegetal comum nas regiões de clima tropical


superúmido ou equatorial, ou seja, são adaptados aos ambientes que apresentam
grande quantidade de água;

2- Xerófitos – formação vegetal comum no semiárido nordestino, ou seja,


adaptados aos ambientes com pouca água.

Também podemos falar sobre as formações vegetais quanto ao porte


utilizado para classificá-las, aparecendo assim formações de grande porte
denominadas de arbóreas ou florestais, as formações de médio porte chamadas de
formações arbustivas e, por fim, as formações herbáceas, composta por vegetais de
pequeno porte.

Em relação às formações quanto ao porte, elencaremos a seguir as diversas


paisagens vegetais brasileiras considerando o seu porte. Sendo assim:

1- Formações Arbóreas:

Podemos dizer que, originalmente, a vegetação do Brasil apresentava essa


formação dominante, no entanto, com o intenso processo de devastação ambiental,
poucas são as áreas que ainda possuem essa cobertura.

• Floresta Latifoliada Equatorial: corresponde à floresta Amazônica que


abrange cerca de 45% da área total do país, cobrindo uma área superior a 6 milhões
km² incluindo os 8 países vizinhos que também tem sua cobertura, constando que
por volta de 4 milhões estão em território nacional. É a maior floresta úmida do
planeta, com vegetação heterogênea (muita diversidade vegetal), perene, densa,
latifoliada (folhas largas) e, predominantemente higrófila. Costuma ser divida em três
tipos de mata, sendo:

- Mata de igapó – crescem ao longo dos rios, sendo sempre inundadas pelas
cheias fluviais. Apresenta plantas de pequeno porte, higrófilas;
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- Mata de várzea – sujeita às inundações periódicas ao longo dos rios;

- Mata de terra firme – ocupa os baixos planaltos sedimentares, áreas não


afetadas pelas inundações fluviais. É o tipo de mata que recobre boa parte da
floresta e apresenta plantas de grande porte.

• Floresta Latifoliada Tropical: corresponde a Mata Atlântica, nome dado


ainda na colonização portuguesa. Ocupava toda a faixa litorânea, compreendendo
boa parte da região sudeste e ainda uma faixa estreita no Nordeste e no Sul do país,
atualmente existente em algumas áreas esparsas (estima-se que 96% de sua área
original tenha sido dizimada). É considerada a floresta com maior biodiversidade do
planeta e apresenta vegetação formada por inúmeras espécies, sendo bastante
densa.

• Floresta Subtropical: corresponde à Araucária ou Mata dos Pinhais ou


ainda floresta acicufoliada. É formada por pinheiros, principalmente pela Araucária
Angustifolia e outras espécies associadas, incluindo espécies latifoliadas, como a
Imbuia, Canela, Cedro, entre outras. Por isso mesmo apresenta formação mais
homogênea, com menor biodiversidade. Foi uma das florestas mais exploradas
economicamente, principalmente pela indústria moveleira, sendo estimado que
apenas 5% de sua área original exista nos dias de hoje e, por isso mesmo, foi
considerada extinta pelo IBDF (Instituto Brasileiro de Defesa Florestal), em 1985.
Antes de seu desmatamento, ocupava os planaltos de clima tropical de altitude em
São Paulo e Paraná, até as áreas de clima subtropical do Rio Grande do Sul.
2- Formações Arbustivas:
• Cerrado: abrange quase todo Brasil Central, cobrindo particularmente o
Planalto Central. Apresenta vegetação mista, predominantemente arbustiva, sendo o
cerrado muitas vezes considerado um tipo de savana. A vegetação característica é
marcada por arbusto adaptado à estiagem sazonal, apresentando troncos e galhos
retorcidos, cascas grossas e raízes profundas. A vegetação é composta,
principalmente, por dois estratos, o arbóreo- arbustivo (vegetação de médio porte),
de caráter lenhoso, e o herbáceo-subarbustivo, formado pelas gramíneas e outras
ervas.
A combinação desses estratos produz uma cobertura vegetal variada, sendo
denominada de acordo com a formação, sendo assim temos:
19

- campos limpos – predominância de gramíneas;


- campos sujos – formação de gramíneas e arbustos;
- campos cerrados – arbustos de 3 a 5 metros;
- Cerradões – florestas compactas com pouca presença de estrato herbáceo-
arbustivo.

• Caatinga: formação Vegetal típica do clima semiárido do Sertão nordestino,


formada por espécies xerófitas, representada pelas espécies de cactáceas e
bromeliáceas. A caatinga, vegetação dominante, é uma formação vegetal adaptada
ao calor e à aridez. Suas principais espécies possuem folhas pequenas e hastes
espinhentas. Nas áreas de maior altitude apresentam trechos de matas úmidas que
recebem chuvas de relevo.

3- Formações Herbáceas: no território brasileiro corresponde a formação


vegetal denominada de Campos ou Pradarias. É composto por vegetação rasteira
do tipo gramínea onde predominam várias espécies de capins: barba-de-bode,
gordura, mimoso, entre outras. As áreas que são predominantemente cobertas de
gramíneas são denominadas de “campos limpos” e as que possuem arbustos são
chamadas de “campos sujos”. Há ainda áreas alagadas com densa vegetação de
juncos, gravatás e aguapés conhecidas como banhados. Abrangem os Pampas no
estado do Rio Grande do Sul (Campanha Gaúcha), o sul do estado do Mato Grosso
do Sul, áreas elevadas da Serra da Mantiqueira e o sul do estado de Minas Gerais.

No território brasileiro existem ainda duas formações vegetais que por sua
heterogeneidade e complexidade serão abordadas em separado, sendo elas
denominadas de Formação Complexa (Pantanal) e Formação Litorânea, logo:

Pantanal (Formação Complexa): abrange a planície do Pantanal Mato-


Grossense, a oeste do território nacional nos estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul e ainda o Paraguai e Bolívia. Apresenta vegetação heterogênea
contendo plantas higrófilas e xerófilas, além de diversas palmeiras, gramíneas e
áreas de bosque, logo pode conter florestas tropicais entrecortadas por formações
gramíneas e arbustivas.

Formação Litorânea: vegetação de terras baixas e planícies litorâneas.


Apresenta formação heterogênea composta por vegetação de mangue, vegetação
20

de praia e das restingas. Geralmente arbustivas, adaptadas a terrenos com grande


umidade (higrófilos) e grande acidez (halófilo).
21

UNIDADE 2 – RECURSOS NATURAIS E ENERGIA NO


BRASIL

Os recursos naturais são elementos da natureza utilizados pela humanidade


no processo de desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto, ou seja,
referem-se aos insumos de que a civilização e o ecossistema necessitam para sua
manutenção, havendo praticamente uma relação intrínseca entre tais recursos e a
tecnologia. Dividem-se em renováveis (energia solar e eólica), potencialmente
renovável (água, solo e árvores) e os não renováveis, como no caso dos minerais e
do petróleo.

2.1 Extrativismo Mineral

A atividade econômica relativa ao extrativismo mineral remonta ao período


colonial do Brasil, sendo ainda na atualidade, um fator importante para o país, que é
um dos grandes exportadores mundiais.

O extrativismo mineral pode apresentar finalidade direta, como no caso da


água, e indireto, como no caso dos minerais em que a matéria bruta retirada ainda
passará pela indústria de transformação, dando origem a inúmeros produtos ou
materiais, constando que o valor do mineral extraído pode ser diferente de um para
outro de acordo com algumas variantes, tais como a qualidade do minério extraído,
a abundância ou raridade em que é encontrado na natureza, a tecnologia envolvida
na extração e a balança comercial.

O Brasil, apesar de possuir recursos minerais, não pode ser considerado


autossuficiente, tendo que muitas vezes comprá-los de outros países. Pesa ainda
nesta questão, o fato do país exportar matéria-prima bruta para comprar os produtos
feitos a partir dele.

Entre os minerais extraídos no território brasileiro, podemos destacar o


cimento, o caulim, o diamante, o enxofre, a magnesita, o níquel e o tungstênio. A
seguir, alguns dos minerais existentes em território nacional que possuem
importância comercial e podem ser exportados:
22

minério de ferro – é a sexta maior reserva mundial, sendo uma matéria-


prima que apresenta qualidade material. A extração de ferro tem seu potencial em
Minas Gerais na região denominada de Quadrilátero Ferrífero;

manganês – o Brasil não possui uma grande reserva deste mineral que é
muito usado na indústria brasileira para produção de aço, no entanto, tem sido
bastante exportado, apesar de ter simplesmente cerca de 1% da reserva mundial;

alumínio – apresenta uma boa extração deste mineral, além de reciclá-lo


consideravelmente, estando em terceiro no ranking de exportação mundial;

estanho – também é utilizado na produção do aço e é encontrado


principalmente no norte do país;

cobre – apresenta reserva insuficiente necessitando de importar este


mineral;

ouro – é encontrado em jazidas e aluvião, utilizado dentro do território


nacional e também é exportado;

nióbio – é um mineral versátil e utilizado em ligas metálicas na indústria de


automóvel, navios, aviões e indústria espacial devido à resistência e leveza
apresentada;

quartzo – é um produto muito utilizado na indústria de informática e


eletroeletrônica, constando que o Brasil tem amplas reservas deste mineral em
estado bruto, praticamente a mesma quantidade encontrada no mundo;

sal marinho – também possui ampla reserva em território nacional;

chumbo – reserva e produção pequena precisando ser complementado por


meio de importação.

2.2 Fontes de Energia:

As fontes de energia na atualidade desempenham papel fundamental na


formatação da vida em sociedade e, obviamente, para o desenvolvimento
econômico. A energia pode ser classificada em fonte renovável, caso da
hidroenergia, energia eólica e solar, além da biomassa, e em fonte não-renovável
como o petróleo, gás natural, carvão mineral e urânio.
23

No caso do Brasil, a matriz enérgica é composta (em ordem crescente) por


petróleo, biomassa, hidráulica e elétrica, gás natural, carvão mineral, fontes
renováveis e por fim urânio, segundo fonte do IBGE. Neste caso, temos:

• petróleo – o Brasil está entre os 10 maiores consumidores desta fonte de


energia no mundo, no entanto, não vigora entre os 10 maiores produtores,
configurando assim sua falta de autossuficiência neste quesito e a necessidade de
importação do produto, embora esta balança esteja praticamente equilibrada. Com a
descoberta do Pré-Sal, em 2006, a expectativa é de independência em relação ao
petróleo, além da possibilidade de exportar o excedente. As jazidas descobertas
estão localizadas nos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São
Paulo e, segundo a Petrobrás, podem gerar 8 bilhões de barris de petróleo;

• biomassa –é uma fonte de recursos renováveis muito importante para o


Brasil, constando o uso dos biocombustíveis em torno de 31% em relação a outras
fontes. É considerada biomassa toda fonte de recurso renovável orgânico que pode
ser utilizado na produção de energia. Em relação a essa fonte, a sua forma mais
utilizada ainda é o etanol, ou álcool. Embora se faça uso intensivo desta fonte
enérgica, o Brasil ainda pouco utilizar a chamada biomassa residual, sendo esse um
desperdício do potencial enérgico da biomassa;

• hidroelétrica – no Brasil, a grande disponibilidade de rios de planaltos e a


carência de outras fontes levaram o investimento na hidroeletricidade como principal
matriz energética, constando que a maior parte da energia elétrica utilizada (mais de
80%) provém desta fonte;

• gás natural – combustível fóssil não renovável, menos poluente que os


derivados do petróleo. É utilizado em indústrias, residências, comércios, veículos e
na geração de energia por meio de termoelétricos. Não é encontrado com
abundância em nosso país, apesar de ser uma matriz energética bastante utilizada e
por isso mesmo uma parcela é importada da Bolívia;

• carvão natural – é o combustível fóssil utilizado pelo homem na indústria há


mais tempo, remonta a Revolução Industrial. No Brasil, é utilizado principalmente
nas termoelétricas e na indústria siderúrgica. A produção brasileira desta fonte é
considerada de baixa qualidade devido a seu estágio de formação geológica;
24

• fontes renováveis – a principal matriz energética renovável é a eólica, que


tem base na ação do vento que serve para impulsionar as turbinas produzindo a
energia, chamada de aerogeradora. Apesar das vantagens contidas nessa forma de
energia há também limitações, principalmente quanto às áreas que tenham
condições para seu desenvolvimento, tendo em vista a velocidade dos ventos que
devem ser de mais de 8 metros por segundo. No Brasil, esta fonte energética tem
sido utilizada no Nordeste;

• urânio – representa uma parcela pequena de uso energético, sendo


utilizada praticamente no estado do Rio de Janeiro, onde temos as usinas nucleares
Angra I e Angra II.
25

UNIDADE 3 – O MODELO AGRÍCOLA BRASILEIRO

A produção agrícola é uma das riquezas do Brasil, apesar dos inúmeros


problemas que enfrentam desde o período colonial, contando com o baixo incentivo
público aliado à grande expectativa em torno da lucratividade que este setor possui.

Conforme isso, abordaremos neste capítulo a história da produção agrícola no


Brasil e suas fases e o modelo agrícola na atualidade.

3.1 A estrutura fundiária do Brasil

Corresponde à forma de distribuição social do território considerando tanto a


questão da área e a sua utilização, sendo um padrão de uniformização. A
classificação das propriedades criada pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária) leva em conta a reprodução social de determinado número de
pessoas em função da área territorial, logo, o módulo rural, unidade padrão, serve
em média a quatro pessoas adultas de uma família em relação à exploração do
território (trabalho) e as necessidades sociais (subsistência). Logo, as propriedades
rurais podem ser classificadas em:

• minifúndio – área inferior ao módulo rural, falta área para cultivo e


subsistência de 04 pessoas;

• empresa rural – não deve exceder 600 módulos rurais e deve ter pelo
menos 50% de sua área em produção;

• latifúndio – são as maiores propriedades, muitas vezes mal aproveitadas,


podendo ser dividida em Latifúndio para Exploração, não pode exceder o máximo de
módulos rurais e muitas vezes são subaproveitadas, e o Latifúndio de Dimensão em
que área excede o limite do módulo rural.

3.2 Histórico da produção agrícola no Brasil

A vocação para a exploração da terra é antiga no Brasil e remonta ao período


colonial, passando por vários momentos econômicos na história do país. De certa
forma, observa-se como tendência na produção agrícola o olhar sempre focado na
26

produção de riquezas para exportação em lugar da busca pela produção interna,


tendo em vista o mercado alimentício do país, ou seja, preocupações de ordem
nutricional referentes à população, nunca foram seriamente consideradas pelo poder
público tanto em sua fase Colonial, Imperial ou Republicana.

Sendo assim, ao longo da história econômica do Brasil, vários foram os


plantios enfocados de acordo com o ciclo econômico, a produção agrícola até
mesmo podia não estar vinculada diretamente ao ciclo, mas indiretamente era uma
forma de subsídio, estando intimamente relacionada. O enfoque em determinada
produção não significa o abandono de outros cultivos, ou seja, os ciclos se sucediam
e se sobrepunham. Os ciclos econômicos brasileiros são: o ciclo do Pau-Brasil; ciclo
da Cana-de-Açúcar; ciclo do Gado e do Couro; Ciclo da Mineração; Ciclo da
Borracha e Ciclo do Café.

De acordo com isso, podemos dividir a produção agrícola em três momentos


históricos de relevância econômica, a saber:

• Brasil Colônia – o ciclo econômico baseado na monocultura da cana-de-


açúcar se iniciou após o primeiro momento do descobrimento em que a ênfase era
dada às riquezas naturais do país, sendo uma fase extrativista. A produção de cana
foi introduzida no Nordeste brasileiro, representando uma monocultura que era
responsável praticamente pela economia do Brasil. No entanto, não podemos dizer
que as divisas geradas serviram para o desenvolvimento social ou até mesmo para
agricultura, gerando assim heranças históricas que ecoam até os dias de hoje,
representadas pela concentração monetária em poucas mãos, a baixa tecnologia
agrícola, a divisão territorial em latifúndios, além das marcas deixadas pelo
escravismo em nossa sociedade.

Com o declínio desse ciclo econômico no século XVII a produção começou a


se diversificar surgindo novos interesses econômicos, logo várias regiões produtoras
voltaram-se para o cultivo do algodão (que serviu a produção têxtil na Inglaterra em
plena Revolução Industrial) ou a produção de tabaco e cacau no Recôncavo Baiano;

• Brasil Império – período histórico em que o café foi introduzido no Brasil,


constando que a consolidação da produção cafeeira se deu após a Independência,
basicamente em período republicano. O cultivo do café se realizou, sobretudo, na
região Sudeste e tinha ênfase enorme na exportação do produto (63% do total de
27

exportação do país), chegando a ser apelidado de “ouro verde”. A riqueza produzida


pelo plantio do café teve repercussões sociais e políticas fazendo surgir uma nova
elite os “Barões do Café”, além da política presidencial do “Café com Leite” em que
políticos dos estados de Minas Gerais e São Paulo se sucediam na presidência do
Brasil. Esse período também ficou marcado pelas imigrações de europeu para
trabalho na lavoura.

O ciclo do café teve importância fundamental para o Brasil mesmo depois de


sua crise na década de 1930, pois com o montante acumulado, o país pode iniciar
sua industrialização, que não por acaso, concentrou-se, sobretudo, no estado de
São Paulo, o grande produtor de café.

Durante o ciclo do café, também foram destacadas a produção de outras


culturas como o fumo e o cacau no sul da Bahia que representou grande riqueza
para aquela região, dando origem aos “Coronéis do Cacau”. Outra produção
também importante foi a extração da borracha, que no século XXI movimentou
economicamente a região Norte, contando com capital estrangeiro para sua
extração. A borracha em seus tempos áureos chegou a ser responsável por quase
40% do total de exportações do Brasil;

• anos 1960 a 1990 – este período ficou marcado pelo investimento público
em pesquisas agrícolas e pela diversificação de culturas, sendo um período de
modernização da agricultura e da chamada “Revolução Verde”.

A Revolução Verde que se iniciou na década de 1960 e significava a reforma


da base técnica da agricultura do passado e com a incorporação do uso de
máquinas, adubos e defensivos químicos. Consta desta época também a entrada de
empresas multinacionais no país voltadas para este setor, no que se refere tanto à
venda de produtos e máquinas agrícolas quanto de empresas interessadas na
produção local, ou seja, a compra de grandes latifúndios para plantio ou ainda a
parceria com latifúndios locais.

Consta desse período, a presença de latifúndios produtores de feijão, soja e


algodão (monoculturas) em escala semi-industrial, tendo em vista a industrialização
acelerada e a exigência de matérias-primas, quase todas focadas na exportação.
Logo, podemos falar na agricultura com agronegócio, inserida no ramo industrial, ou
simplesmente agroindustrial.
28

Em 1973 foi criada a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa


Agropecuária) com o objetivo de investir em novas culturas expandido as regiões
produtoras de até então. Logo, esse período é marcado pela pesquisa agrícola e
pelo desenvolvimento de culturas adaptadas as regiões, como por exemplo, o
Cerrado brasileiro. A agricultura do período militar também pôs ênfase no cultivo da
cana-de-açúcar através do Proálcool, tendo em vista a indústria automobilística
brasileira.

Uma das críticas à modernização da agricultura se refere à perspectiva de


que a Revolução Verde sanaria os problemas sociais que envolvem a agricultura,
tendo em vista o período ditatorial e a ideia de reforma agrária que começava a
ganhar força no Brasil. Assim, a proposta do governo era a modernização do modelo
agrícola como forma de produzir riqueza e bem-estar social no campo, em
contrapartida à reforma agrária e à desapropriação de grandes latifúndios
improdutivos, sobretudo no Centro-Oeste.

No entanto, a Revolução Verde estava amplamente voltada para a produção


latifundiária, deixando à margem a agricultura familiar e as pequenas propriedades
rurais, praticamente incapazes de aderir às novas propostas e maquinários, embora
a taxa de uso de fertilizantes e agrotóxicos tenha aumentado generosamente depois
dessa fase. Este fato acabou acarretando a impossibilidade de entrada num
mercado efetivo e a manutenção do modelo de agricultura familiar atrasado e
empobrecido.

Outro fato importante que também serve como crítica sobre a alternativa da
Revolução Verde e a incorporação de máquinas, diz respeito à imensa população
que saiu dos campos por falta de trabalho ou condições de vida, acarretando assim
o êxodo rural e o inchaço dos grandes centros urbanos.

Outra crítica à revolução verde se refere à falta de homogeneidade de sua


aplicação em relação ao território nacional, uma vez que o processo de
modernização agrícola se concentrou no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, focado na
monocultura para exportação, excluindo assim as regiões Norte e Nordeste,
notoriamente mais empobrecidas e com predominância da policultura alimentar e
agricultura familiar, reforçando e agravando as desigualdades sociais entre as
regiões.
29

4.3 Pós Modernização Agrícola: Situação Atual

Após o processo de modernização do modelo agrícola brasileiro e seu


atrelamento ao ramo industrial, na década de 1990, temos um processo de
globalização da agricultura que consolidou sua transnacionalização e sua inserção
definitiva na divisão internacional do trabalho, apresentando assim os complexos
agroindustriais fortalecidos e profundamente ligados à economia mundial.

A internacionalização dos complexos agroindustriais levou a transformação


deste setor que, desde a década de 1990, vem apresentando novas formas de
produzir, novos protocolos e padrões produtivos, podendo ser falado hoje em uma
padronização dos sistemas produtivos a nível mundial.

A questão da padronização do sistema produtivo remete claramente à ideia


de aplicação de tecnologias de ponta na forma de produzir que seguem o mesmo
padrão em todas as partes do mundo, indiferente da especificidade territorial. Logo,
podemos dizer que a soja que se produz aqui, tem o mesmo sistema produtivo que é
aplicado em todo o mundo.

Essa padronização do sistema produtivo na atualidade salta dos complexos


agroindustriais, como mero conjunto de técnicas produtivas, para se apresentar ao
consumidor por meio de propagandas, como no caso da carne Friboi que é
apresentada como carne de grande qualidade, sendo destacado que a qualidade
vem da linha de montagem envolvida no processo de preparação da carne para
venda, demonstrando a modernização do setor tendo como base o padrão de
qualidade internacional.

Dessa forma, a padronização dos sistemas produtivos se desloca da esfera


produtiva e passa também para os padrões de consumo, levando a uma
internacionalização do consumo materializado por meio das comidas congeladas, do
fast-food, do interesse crescente pelo produto alimentício industrializado, cada vez
mais processado, acarretando assim uma queda de relevância de vários gêneros
alimentícios e produtos até então tradicionais de consumo brasileiro. Um exemplo
disso é o caso da popularizada farofa temperada, produzida por várias marcas,
contendo variados elementos em detrimento da farinha de mandioca ou de milho
tradicionais.
30

Por outro lado, a mesma corrente que traz a transformação do padrão de


consumo de alimentos no sentido de maior processamento, produz um movimento
antagônico, levando a novas pesquisas e novos modos de produzir do setor rural.
Estamos falando do consumidor que hoje rejeita as tecnologias introduzidas pela
modernização da agricultura, estando em busca de produtos mais naturais, sem o
acréscimo de agrotóxicos ou fertilizantes, criando assim um novo mercado para
agroindústria.

Diante desta nova postura de consumo, surge o “produtor-verde” que passa a


se utilizar de outras técnicas produtivas focadas no baixo impacto ao meio natural,
dando origem ao ramo de alimentos orgânicos, por exemplo.

A atualidade também é marcada pela nova divisão internacional do trabalho


em que o Brasil, embora tenha certas vantagens em relação aos países centrais no
que diz respeito a sua extensão territorial e de recursos naturais aliados a uma
menor remuneração do trabalho, assume uma postura de menor alcance
econômico, no que diz respeito à ampliação de suas commodities com baixo valor
agregado, ou seja, a exportação de soja, açúcar, álcool, em troca dos países
centrais ampliarem seu setor industrial com o acabamento dos produtos que é mais
lucrativo.

A agricultura, na atualidade, continua sendo uma fonte para obtenção de


divisas por meio das exportações, transparecendo o papel estratégico que exerce
em relação à economia do país. No entanto, esse enfoque nas exportações e no
crescimento rápido vem trazendo problemas para o setor, principalmente, em
relação à agricultura familiar, considerando a elevação forçada das escalas de
produção, o desequilíbrio da relação custos/receitas, a redução dos preços
recebidos, a compressão da renda agrícola, a concentração dos atravessadores na
compra da produção agropecuária e a queda do rendimento do mercado
consumidor.

Por outro lado, a agroindústria também tem aproveitado a agricultura familiar


em sua escala produtiva por meio de acordos de compra de produção, alguns
envolvem assistência para adequação da produção e até mesmo redução em preços
para mercadorias envolvidas no cultivo. Isto possibilita o escoamento da produção
31

familiar, e para as empresas significa não ter que envolver capital na compra de
propriedades.

De modo geral, podemos dizer que o crescimento da produção não significou


o aumento da população ocupada na agricultura devido à separação/especialização
das etapas do trabalho permitir a produção de novas mercadorias e serviços e em
maiores quantidades. Tendo em vista o incremento tecnológico, a parte do trabalho
que era realizada pelos agricultores passa a ser realizada em outros setores
(indústria ou serviços).

Por outro lado, a concentração dos meios de produção e renda acarreta a


elevação da produtividade e também da competitividade, tornando o mercado
interno pequeno para escoamento do produto numa situação desleal para os
pequenos produtores em relação aos grandes produtores.

De um modo geral, observa-se uma ampliação das áreas produtivas para


exportação e uma redução do espaço destinado ao consumo interno, como no caso
da soja que ocupa a maior área por produto no Brasil e que no momento exerce
também grande impacto ao meio ambiente. Este processo não se refere
simplesmente à valorização de um produto agrícola, mas ao bojo das
transformações das relações de produção globalizadas e seus fluxos econômicos
combinados aos interesses do Estado.

Outra questão que embora não tenha nascido do processo de modernização,


sendo um problema antigo, é que o Brasil apresenta disparidades regionais relativas
ao preço da terra, constando obviamente que as terras que abrangem as regiões
onde se concentra e também o entorno dos complexos agroindustriais possuem
preço elevado. Sendo assim, as terras do Norte e Nordeste apresentam preço baixo
em vista de regiões como o Sul e o Centro-Oeste. O baixo preço permite que
empresas e até mesmo médios produtores de outras regiões comprem grandes
porções de terra que, após um pequeno investimento, podem valer muitas vezes
mais, configurando assim uma especulação imobiliária crescente, além da
possibilidade de conflito por terra e fragilização ainda maior da agricultura familiar
destas regiões.

Outra questão importante após a década de 1990 para agricultura brasileira


diz respeito à concentração do controle do setor pelas agroindústrias multinacionais
32

e pelas grandes redes varejistas. Estas empresas atualmente tem o poder de


influenciar os rumos deste setor, podendo até mesmo definir os preços dos produtos
agrícolas e redefinir os locais de produção economicamente mais vantajosos. Como
são empresas multinacionais, com sedes em muitos países, tem facilidade de entrar
em mercados externos, inserindo assim os produtos no mercado mundial, podendo
até mesmo controlar a forma como o produto vai ser exportado mediante aquilo que
for mais interessante economicamente, como no caso do fumo que é exportado em
folha para fugir dos impostos elevados.

Estas empresas multinacionais possuem uma variedade de investimentos que


lhe possibilitam muitas atividades e trocas comerciais, geralmente produzem
fertilizantes, ração para animal, industrialização de produtos financeiros além de
atuarem no mundo financeiro por meio de ações. Por meio desta questão, essas
empresas podem escolher a fase produtiva mais rentável não estando diretamente
ligada em todas as fases de confecção de um produto (plantio, beneficiamento,
processamento, entre outras).

A influência das empresas agroindustriais multinacionais é grande, no


entanto, estas ainda estão sujeitas a influência das empresas varejistas,
responsáveis na maioria das vezes pela última etapa de toda cadeia produtiva, ou
seja, a venda direta ao consumidor. Neste sentido, temos na atualidade uma
concentração do setor varejista por meio de grandes redes mundiais de
supermercados, como no caso do Carrefour, por exemplo, que atuam na
comercialização de alimentos com grande participação mundial e volume de vendas
imenso, tendo uma farta fatia nos lucros totais da cadeia de produção.

Devido à sua influência, as empresas agroindustriais tem que se ajustar ao


mercado consumidor representado pelas empresas varejistas, o que significa a
adequação às demandas destas, assim como ao processo de produção e
industrialização dos produtos alimentícios.

Nesse sentido, atualmente, as empresas agroindustriais e as redes varejistas


têm separado o mercado consumidor em dois tipos, constando a produção de
acordo com o perfil socioeconômico destes grupos. Logo, temos produtos
alimentícios produzidos com tecnologia de ponta imbuídos de cuidados com a saúde
e com o meio ambiente dirigidos ao grupo populacional de maior poder aquisitivo.
33

Por outro lado, temos a produção de alimentos ainda nos moldes da Revolução
Verde direcionado ao público de menor poder aquisitivo em que a perda de
qualidade do produto não é mais interessante do que seu baixo preço.

Nisso, temos ainda a discorrer que o setor varejista e as agroindústrias têm se


apoiado fortemente em publicidade, principalmente em colocar de forma subjetiva o
padrão de qualidade dos produtos, muitas vezes apresentados de forma um tanto
“bucólica” ao falar da seleção da matéria-prima envolvida como especial, produzida
com alta tecnologia e livre de impactos ambientais, fazendo o consumidor pensar em
lindas fazendas bucólicas com produtos cultivados quase que artesanalmente em
detrimento da cadeia produtiva industrializada em larga escala. Logo, o que temos é
a agroindústria e a rede varejistas modificando o padrão de consumo por meio de
campanhas publicitárias que forjam uma nova consciência ambiental.

. Em linhas gerais, podemos dizer que a agricultura brasileira na atualidade,


embora tenha todo o aparato da agroindústria, ainda vive um momento parecido
com antes da Revolução Verde, principalmente no que diz respeito aos pequenos
produtores, ainda a maior parcela no Brasil, constando a grande dificuldade de
produção, poucos e pequenos incentivos estatais, êxodo rural, técnicas de plantio
antigas com pouca presença de maquinários (normalmente a modernização
significou para essa parcela o uso de agrotóxicos e fertilizantes e quando muito o
uso do trator), venda de mercadoria in natura (sem beneficiamento) e escoamento
de produção por meio de atravessadores, ou seja, com baixo valor.

De certa forma, a situação do campo acompanha as desigualdades sociais e


econômicas de nosso país, com uma minoria realmente participante do mercado e
com a maioria de agricultores produzindo em ritmo de subsistência, configurando
assim um empobrecimento e atraso social no campo.

De toda forma, a agricultura tem grande importância no Brasil e só não tem


representado um papel mais relevante devido aos inúmeros problemas, a saber:

• utilização de técnicas de cultivo ultrapassadas e danosas ao solo


(queimadas desenfreadas, plantações em declives) e baixo maquinário para
pequenos produtores;

• baixo poder aquisitivo do agricultor e baixo incentivo estatal;


34

• imensas pastagens com concentração de propriedade de terra e


aceleração do processo de erosão do solo;

• pouco aproveitamento do espaço agrícola (apenas 3 milhões dos 8,5


milhões de quilômetros do território);

• escoamento da produção – o transporte da produção é um dos problemas


estruturais enfrentados pela agricultura, não tendo outra alternativa, além de
rodovias em mau estado de conservação;

• armazenamento – no Brasil não existe uma política de armazenamento da


safra nas propriedades, como a construção de silos e armazéns. Esse fato acarreta
uma despesa extra no aluguel de galpões de terceiros, ou ainda, na maioria das
vezes, o produtor precisa vender a produção rapidamente na impossibilidade de
estocar, levando a baixos preços, pois uma vez que a produção se dá conforme a
época de maturação do produto e esta é igual para todos os produtores, os preços
são fatalmente menores, diferentemente do período de entressafras em que a
comercialização é mais favorável ao produtor.

• estoques reguladores e preço mínimo – o armazenamento e a criação de


estoques visam assegurar estabilidade econômica dos agricultores e impedir a
flutuação de preços entressafras, busca, portanto, assegurar a estabilidade do preço
do produto.
35

UNIDADE 4 – O SETOR INDUSTRIAL NO BRASIL

Em relação à economia, o Brasil desde sua formação inicial foi uma área
complementar, situada no plano periférico da economia mundial, ou simplesmente,
do sistema capitalista. Logo, foi transformado em mercado, responsável por
produtos primários, necessários ao bom funcionamento do sistema capitalista. Este
tipo de relação econômica acarretou algumas características e entraves ao Brasil,
que se tornou uma economia dependente dos países centrais.

Com base nisso, a economia do Brasil foi baseada simplesmente na


exportação de gêneros alimentícios e matérias-primas tropicais. Logo, a
diversificação da economia e o investimento em industrialização podem significar o
rompimento de um ciclo econômico dependente, o que o Brasil vem tentando fazer
desde o século passado com algum êxito, expresso no avanço da industrialização.
Embora o saldo seja positivo, o país ainda não conseguiu romper definitivamente
sua dependência dos países centrais, uma vez que a economia mundial se
reorganiza modificando os laços de dependência.

Se fizermos um breve retrospecto do processo de industrialização no país,


poderemos analisar o quão tardio foi seu desenvolvimento. Logo, tendo como marco
inicial o período colonial, podemos dizer que o país praticamente não tinha ação
industrial, sendo ressaltada a proibição de Portugal contra até mesmo a manufatura
em território brasileiro, constando que todo produto industrializado deveria vir da
matriz ou de seus parceiros comerciais, sendo digno de nota o fato que a Inglaterra
chegou a exportar para o Brasil até mesmo patins para andar no gelo. Logo, sendo
ressaltado o papel do Brasil na economia mundial, isto é, o de fornecedor de
algumas matérias-primas.

Até meados do século XX, já no período republicano, a produção nacional era


insípida, focada na exportação de produtos naturais com economia regional
praticamente autônoma. Por volta da década de 1930 e o início da industrialização,
e crise do café, o governo passa a investir mais fortemente na indústria brasileira por
meio do enfoque na infraestrutura necessária, sendo a primeira etapa disso a
criação de um sistema rodoviário que interligasse as regiões do país, constando que
desse fato acarretou um tanto da má distribuição espacial desse setor, pois os
36

produtos do Sudeste ao chegar às outras regiões ocasionou a falência de poucas


empresas.

Outra marca desse período no sentindo de fortalecimento da infraestrutura foi


a criação de indústrias de base além da energia, presentes no ato de fundação da
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na Companhia Vale do Rio Doce, no
Conselho Nacional de Petróleo e na Companhia Hidrelétrica do São Francisco,
constando a fundação, alguns anos depois (1953), da Petrobrás. Outro fato
marcante foi à criação de leis trabalhista de modo a organizar a população para a
modernização da economia.

Nos fins da década de 1950, temos novo investimento no setor com a criação
de medidas alfandegárias de modo a atrair investimento financeiro do exterior,
constando a instalação de multinacionais no país, fato esse controverso e eivado de
críticas, pois a vinda de multinacionais bloqueou o crescimento de alguns ramos
industriais, ocasionando novo número de falências. A iniciativa governamental mais
uma vez privilegiou esforços nas áreas de energia e transporte.

Já nas décadas de 1970 a 1990, a indústria nacional continuou a crescer,


embora tenha passado por grande estagnação na década de 1980 devido à retração
econômica do país. Sendo ainda importante dizer que a economia brasileira, pela
forma como se desenvolveu, apresentou sempre certa dependência de outros
países.

Apesar da economia dependente, o país, atualmente, é considerado um dos


mais industrializados do mundo e ocupa o décimo quinto lugar no segmento em
escala global, embora seja relativamente nova comparada à de outros países.

A partir do Plano Real (década de 1990), com a economia estabilizada e a


baixa do chamado “Risco Brasil”, as empresas brasileiras e multinacionais têm
investido em tecnologia e novos equipamentos.

Sendo assim, o setor industrial brasileiro é o terceiro mais avançado da


América e apresenta variedade em seus elementos, constando ter em seu
panorama indústrias de base, de bens de produção, bens intermediários e bens de
consumo. Em outras palavras, a indústria nacional produz automóveis, aeronaves,
37

petroquímicos, máquinas, computadores, roupas, equipamentos diversos, produtos


alimentícios industrializados, eletrodomésticos e muitos outros.

Apesar de produzir de modo diversificado e ser autossuficiente em muitos


setores, ainda consta a dependência de outros países, principalmente em relação à
tecnologia de ponta em informática.

O setor industrial brasileiro também conta com uma indústria de serviços


bastante diversificada, incluindo o âmbito financeiro.

No entanto, a indústria no Brasil mantém a característica de outros serviços


no que diz respeito à distribuição espacial, ou seja, o parque industrial brasileiro, em
sua maioria, está concentrado na região Sudeste do país, sendo um eco do
passado, tendo em vista que a infraestrutura necessária para a industrialização se
apresentava nessa região.

Contudo, na atualidade, o setor industrial tem vivenciado uma pequena


desconcentração devido à dispersão da infraestrutura, ou seja, o investimento em
rodovias, transportes, energia e comunicação nas demais regiões, como no caso do
Nordeste que vem recebendo investimentos.

Outro ponto importante para a economia brasileira é o incremento no setor


agroindustrial, além do investimento do governo em fontes de energia.

Brasil: Principais produtos exportados- 2011 (%)


1%
3% 3% 2% 1% 1% calçados e couro
4%
10% texteis
6%
6% metais e pedras preciosas
17%
6% outros

7% minérios
12%
petróleo e combustível
9%
10%
material de trasnporte
soja
produtos metalúrgicos

Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC);


Serviço de Comércio Exterior (SECEX). Balança comercial brasileira dados consolidados, 2010.
Disponível em: http://www. desenvolvimento. gov.br/sitio/interna.php?area=5&menu=571. Acesso:
20 de mai. 2015.
38

UNIDADE 5 – ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO BRASIL

O estudo da demografia do Brasil é importante para o conhecimento das


características populacionais do povo brasileiro, principalmente se pensarmos na
implantação de políticas públicas, considerando a oferta de serviços em relação à
estimativa populacional, assim como a oferta de acordo com a densidade
demográfica, os grupos populacionais em relação à faixa etária e questões como a
previdência social e a saúde, entre outras. Logo, podemos evidenciar variados
desdobramentos para o estudo demográfico.

5.1 Características Gerais: Crescimento e Distribuição.

Apresentaremos nesse item, as características demográficas gerais quanto


ao crescimento e a distribuição da população em território nacional, englobando
assim a população absoluta e relativa, o crescimento vegetativo e o crescimento
horizontal. A perspectiva estatística considerada é a do último Censo, realizado em
2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

População Absoluta: é considerado para análise o número de pessoas


de uma área. Logo, o Brasil, segundo estimativa de 2011 do IBGE, apresenta cerca
de 194 milhões de habitantes, sendo considerada uma das maiores população
absolutas do mundo (5° no ranking mundial). Apesar do crescimento populacional já
ter sido mais acelerado, apresentando uma queda em seu ritmo nas últimas
décadas, o Brasil, mesmo assim, dobrou o seu número de habitantes nos últimos 34
anos, constando que as estimativas revelam que em 2050 teremos uma população
de cerca de 260 milhões de pessoas, passando a declinar a partir do ano de 2062.

As razões para o declínio do crescimento populacional se referem à


urbanização e industrialização crescentes no país a partir da década de 1960,
constando ainda o investimento estatal em políticas de natalidade. Consta ainda a
mudança de paradigma vivido no país no que tange ao trabalho feminino,
apresentando na atualidade uma grande participação da mulher no mercado de
trabalho e na chefia de famílias. Outra questão importante se refere ao processo de
urbanização e a melhoria do acesso à saúde no que diz respeito, principalmente, à
vacinação e ampliação do conhecimento de normas de higiene que tiveram impacto
39

sobre a taxa de mortalidade nacional e expectativa de vida, embora a taxa de


natalidade tenha decaído mais do que a de mortalidade.

Crescimento Populacional do
200.000.000 Brasil
100.000.000

0
Crescimento
Populacional do Brasil

Fonte dos dados: Censo Demográfico 2010: Características da População e dos Domicílios-
Resultados do Universo.
Disponível em: http://www.ibge.gov. br. Acesso em: 20 de mai. de 2015

Densidade demográfica: também chamada de população relativa,


apresenta o índice de distribuição populacional por quilômetro quadrado. No caso do
Brasil, que embora apresente alta taxa de população absoluta, não podemos
classificar como um país com povoamento extremo, tendo em vista a grande
extensão territorial e a baixa densidade demográfica, cerca de 20 hab./km², média
inferior a do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como
Bangladesh (mais de 900 hab./km2) e na Holanda (376 hab./km2).

Logo, temos um país pouco povoado e com a população muito mal distribuída
pelo território, havendo concentração da população nas zonas litorâneas,
especialmente do Sudeste.

A distribuição populacional no Brasil pode ser classificada em três áreas,


conforme a densidade demográfica:

1) Áreas densamente povoadas (mais de 50 hab./km2): região Sudeste do


país.

2) Áreas regularmente povoadas (entre 30 a 50 hab./km2): regiões Nordeste e


Sul.
40

3) Áreas escassamente povoadas (menos de 10 hab./km2): regiões Centro-


Oeste e Norte.

A distribuição desigual da população brasileira tem como principal causa o


modelo colonizador de exploração que determinou a ocupação de áreas de acordo
com o interesse econômico, ou seja, a preferência por áreas que poderiam fornecer
produtos primários exportáveis, resultando em um povoamento periférico, com a
maior parte da população concentrada próxima ao litoral. Em outras palavras, à
medida que o território avança sentido interior, a densidade demográfica cai
sistematicamente.

Fonte: <http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.>. Acesso: 19 mai. 15

Taxa de natalidade : refere-se ao índice de nascidos vivos dentro de


um território. Houve uma diminuição na taxa de natalidade do Brasil nos últimos
anos, o que pode ser explicada pelo aumento da população urbana e da difusão do
controle de natalidade, além do custo de vida na atualidade.

Por outro lado, também, temos a intensa mecanização da agricultura nas


zonas rurais, sendo um dos motivos que fizeram com que se acentuasse de forma
significativa a redução do ritmo de crescimento do país, apresentando uma de
redução, 1,31% ao ano, em relação ao censo de 2000, gerando uma perda
41

populacional de aproximadamente 4 milhões de indivíduos, a maior parte


proveniente da Região Nordeste.

De certa forma, podemos dizer que a diminuição da taxa de natalidade


diminuiu em todas as regiões, constando que a Região Nordeste, no período
1991/2000, apresentou a mais baixa taxa de crescimento da década (1,31%), tendo
como causa a emigração para outras regiões e o próprio decréscimo nas taxas de
crescimento vegetativo, tendo em vista a diminuição dos níveis de fecundidade.
Entre 1991 e 2000, o número de filhos diminuiu de 3,7 para 2,7 filhos, o que
representa uma redução de 27,3%.

Fonte dos dados: Censo Demográfico 2010: Características da População e dos Domicílios-
Resultados do Universo. Disponível em: http://www.ibge.gov. br. Acesso em: 20 de mai. de 2015.

Taxa de mortalidade: o Brasil, como muitos países subdesenvolvidos,


apresenta elevadas taxas de mortalidade, no entanto, desde 1940, a taxa de
mortalidade brasileira também vem caindo, como reflexo do investimento na esfera
pública no que diz respeito à educação, à saúde, à assistência social, à política de
redistribuição de rendas, entre outras, que somados servem para ampliar a
cidadania no sentido da dignidade humana.

No panorama das taxas de mortalidade no Brasil, temos os seguintes dados


gerais do Censo 2010 do IBGE:

• o total de óbitos ocorridos no período de agosto de 2009 a julho de 2010 foi


de 1.034.418, apresentando maior concentração na região sudeste com o percentual
42

de 44,1%, devido ao fato de que a maioria da população brasileira reside nesta


região, sendo considerada coerente a razão entre óbitos em relação ao número de
habitantes nesta região (42% da população brasileira);

• proporção de mortalidade por sexo: dos óbitos contabilizados no Brasil, 591


252 era de homens e 443. 116 de mulheres, ou seja, a maior taxa de mortalidade
pertence ao sexo masculino, resultando numa razão de sexo de 133,4 mortes de
homens para cada grupo de 100 óbitos do sexo feminino. Do total de óbitos
informados no Brasil, 57,2% eram do sexo masculino;

• proporção de mortalidade masculina por estado – a maior mortalidade


masculina foi encontrada em Rondônia, apresentando a média de 165,7 óbitos de
homens para 100 mortes de mulheres, sendo considerado como explicação possível
o maior número de homens do que de mulheres, sendo este consequência dos
movimentos migratórios (103,4 homens para cada grupo de 100 mulheres) e ao fato
da maior mortalidade da população masculina em relação à feminina. O estado em
que a diferença percentual de mortalidade entre homens e mulheres foi menor é o
estado do Rio de Janeiro com 116,7 óbitos masculinos para cada grupo de 100
femininos, constando que esse é o estado com o menor número de homens
(47,7%), e também devido à faixa etária que apresenta maior número de idosos em
que há a predominância das mulheres, equilibrando assim a razão de morte entre
homens e mulheres;

• proporção de óbitos por sexo e grupos de idade – o maior percentual de


óbitos no Brasil se concentra na faixa etária de 20 a 24 anos de idade, onde a
predominância é do sexo masculino (80,8% dos óbitos), dessas mortes 61,3% eram
de natureza violenta, incluindo o número de mortes por acidentes de trânsito. A partir
dessa faixa etária para o sexo masculino há um declínio, atingindo o menor
percentual em relação à população de 100 anos ou mais (30,2%);

• em relação à faixa etária dos 20 a 24 anos, o valor dessa razão para todo o
território nacional foi de 419,6 óbitos de homens para 100 de mulheres;

• a partir da faixa etária dos 80 anos, é observada a predominância de óbitos


do sexo feminino em ritmo crescente, sobrepondo o número de mortes para o sexo
masculino;
43

• taxa de mortalidade infantil – o Brasil apresenta uma taxa de mortalidade


infantil de 21,17 óbitos em cada 1.000 nascimentos (estimativa para 2010), sendo
3,4% do percentual total de óbitos. Esse percentual, segundo era de 23,3%, na
década de 1980, sinalizando um declínio na ordem de 85,4%;

• o índice de mortalidade infantil sofre variações de acordo as regiões e as


camadas populacionais, constando o maior número no Norte e Nordeste e o menor
no Sul, estando relacionado diretamente às condições de vida, onde o percentual de
mortes é maior nas camadas mais pobres da sociedade brasileira.

Crescimento Vegetativo: o crescimento acelerado da população


brasileira é consequência do chamado crescimento vertical ou vegetativo (diferença
entre as taxas de natalidade e de mortalidade), cujo índice é considerado um dos
mais altos do mundo. O crescimento vegetativo também pode ser considerado em
função das migrações, constando que no Brasil é pequena a contribuição das
migrações para o aumento populacional. A estimativa de crescimento vegetativo
anual é de 12,46, considerando a taxa bruta de natalidade em 18,67% e a de
mortalidade de 6,25% por mil nascidos ao ano.

5.2 Características Gerais da População Brasileira

Neste item, abordaremos as características gerais da população brasileira,


considerado a relação de gênero, a questão etária, a expectativa de vida, a
formação étnica, a alfabetização e indicadores sociais quanto às condições de vida
gerais da população brasileira, tendo como fonte informativa o último Censo feito
pelo IBGE.

O levantamento deste tipo de dados visa subsidiar o planejamento de


políticas públicas para o atendimento das necessidades específicas de crianças,
adolescentes, jovens, pessoas em idade ativa e idosos.

Proporção de gênero em território brasileiro: embora o número de


nascimentos seja maior para o sexo masculino, o quantitativo da população feminina
é sempre maior em todos os Censos Demográficos. Este fato se deve ao maior
índice de mortalidade masculina em relação à feminina.
44

A proporção entre homens e mulheres também em relação ao cenário urbano


e rural também muda, sendo maior o contingente de mulheres em áreas urbanas é
maior e, em contrapartida, o número de homens nas zonas rurais é maior. Logo,
tem-se 111,1 homens para cada grupo de 100 mulheres nas zonas rurais, sendo
que na área urbana a razão de sexo foi de 93,4 homens para cada grupo de 100
mulheres. A justificativa para este fato se refere à migração, de mulheres para a
cidade, pois em função do tipo de atividade, são os homens que predominantemente
permanecem nas zonas rurais. A partir das faixas etárias finais, a presença das
mulheres no campo cresce, constando que na faixa etária de 85 a 89 anos de idade,
a proporção de homens e mulheres quase se iguala em função dos diferenciais de
mortalidade.

Pirâmide Etária do Brasil: a estrutura etária da população brasileira


mudou profundamente nos últimos 50 anos. As causas se referem ao declínio da
taxa de natalidade, combinada com o declínio dos níveis de mortalidade e ao
aumento da expectativa de vida. Logo, se na década de 1960, uma criança nascida
viva conseguisse superar a mortalidade infantil teria em adulta a expectativa de vida
em torno de 48,0 anos, na atualidade, a expectativa de vida gira em torno de 73,4,
trazendo assim grande impacto à estrutura etária brasileira.

Sendo assim, a pirâmide vem apresentando o estreitamento da base e o


alargamento do topo da pirâmide etária, característica de uma estrutura mais
envelhecida, típica dos países mais desenvolvidos. Em relação a isso, o percentual
de crianças menores de 1 ano de idade representava 3,1% da população total,
estando em 2010 com uma participação de 1,4%, caracterizando assim o
estreitamento da base etária no Brasil.

A transformação da estrutura etária brasileira teve impacto nos três grandes


grupos populacionais: menores de 15 anos, de 15 a 64 anos e 65 anos ou mais de
idade. Logo, o percentual total de pessoas do grupo de menores de 15 anos na
atualidade é de 24,1%, constando que, em 1960, era 42,7% da população total,
demostrando uma queda de 43,6% nos últimos 50 anos. O índice de pessoas dos 15
a 64 anos aumentou, seguido pelo grupo de 65 anos ou mais de idade, havendo
assim um contingente maior de pessoas em idade produtiva e um aumento no
número de pessoas que possuem idade para se aposentar.
45

A idade média da população brasileira, na atualidade, é de 32,1 anos,


constando para homens a média de 31,3 anos e para as mulheres de 32,9 anos.

A expectativa de vida no Brasil está em torno de 76 anos para os homens e


78 para as mulheres, distanciando-se da média de algumas nações
subdesenvolvidas em que a expectativa não alcança 50 anos, no entanto, ainda não
está no patamar das nações desenvolvidas, onde a expectativa de vida ultrapassa
os 80 anos.

A proporção racial no Brasil: segundo o censo de 2010, a população


brasileira contava com 91 milhões de pessoas que se classificaram como brancos,
15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817
mil indígenas. Em comparação com o censo de 2000, pode ser observada uma
redução da proporção de pessoas que se declararam branca em contrapartida do
crescimento das que se declararam pretas, pardas ou amarelas, constando que a
proporção da população indígena permanece a mesma.

Fonte dos dados: Censo Demográfico 2010: Características da População e dos Domicílios-
Resultados do Universo. Disponível em: http://www.ibge.gov. br. Acesso em: 20 de mai. de 2015.

Em relação à distribuição relativa por cor ou raça da população, foi observada


a continuação dos padrões históricos de ocupação e a dinâmica econômica,
apresentando assim um maior contingente de brancos nas Regiões Sul e Sudeste
do País, enquanto a ocupação maior de pretos se concentrou alguns estados da
Região Nordeste e nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Região Norte,
a população que se denomina parda foi maioria.
46

Ainda em relação à concentração de pessoas, observou-se que houve


concentração da população indígena e parda nas zonas rurais, constando 60,8% de
indígenas no campo e 15,6% em áreas urbanas. A população parda apresentou um
percentual de 19,6% na área rural.

Em relação à média de estudo por raça, observou-se que a taxa de


analfabetismo é maior entre pretos e pardos comparados aos brancos. No Brasil, a
faixa etária de 15 anos apresenta 5,9% de pessoas brancas analfabetas, enquanto
temos 14,4% de pretos e 13,0% de pardos, constando que esse índice apresentou
proporção semelhante em todas as Grandes Regiões, sendo que a proporção na
Região Nordeste foi a maior e a Região Sul menor.

A razão do rendimento domiciliar per capita em relação à raça foi mais


favorável aos brancos em todas as Grandes Regiões, sendo que no Sudeste a
desigualdade foi maior.

Aspectos Educacionais: o Brasil possui longo histórico de índices


elevados de analfabetismo. A questão da alfabetização de crianças em idade
apropriada para a frequência no ensino fundamental pode ser fundamental para
assegurar níveis elevados de educação da população em geral. Contudo, o índice
de analfabetismo no país tem caído, mostrando um declínio desde a década de
1940 até 2010.

Logo, podemos dizer que houve redução da taxa de analfabetismo em todas


as faixas etárias, tendo em vista o aumento da escolarização de crianças e o êxito
de programas de educação para jovens e adultos.

No entanto, o processo de redução do analfabetismo ainda apresenta alguns


matizes históricos, como no caso de comparação entre a zona rural e urbana,
constando que, embora as duas áreas tenham reduzido o índice de analfabetismo, o
percentual de analfabetos ainda é maior na zona rural.

O mesmo também pode ser evidenciado em relação às regiões brasileiras,


constando que a menor taxa de analfabetismo pertence à região Sul, seguida pelo
Sudeste e o Centro-Oeste. As taxas mais altas se concentram no Nordeste que é
antecedido pelo Norte.
47

Fonte dos dados: Censo Demográfico 2010: Características da População e dos Domicílios-
Resultados do Universo. Disponível em: http://www.ibge.gov. br. Acesso em: 20 de mai. de 2015.

Em termos gerais, foi observado que houve redução do número de


analfabetos entre as camadas de rendimento mais baixo, e a proporção de mulheres
analfabetas é menor em relação ao sexo masculino.

Indicadores Econômicos: rendimento médio mensal do brasileiro em


idade produtiva gira em torno de R$ 1202,00, no entanto, há diferença entre o
percentual da área urbana para área rural, sendo que este apresentou grande
distanciamento. O rendimento total da área rural corresponde há 46,1% do
rendimento total da área urbana, apresentando ainda variação entre as regiões em
mais 20%.

O rendimento médio mensal das pessoas em idade produtiva apresenta


diferenças entre as regiões, constando que os rendimentos mais elevados foram
encontrados nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, seguidos pelo Sul, depois o Norte
e, por último, a Região Nordeste com o menor rendimento, cerca de 60% do
rendimento do Centro-Oeste.

O rendimento por gênero representa bem a construção histórica quanto ao


trabalho feminino, apresentando assim uma diferença expressiva, pois em média, as
mulheres recebem cerca de 70% do rendimento masculino em todo território
nacional.

O percentual de pessoas em idade produtiva sem qualquer rendimento acompanha


as diferenças econômicas regionais, ou seja, a região com maior população sem
rendimento é o Norte, seguido pelo Nordeste. Assim como o percentual de pessoas
48

que recebem mais de 5 salários mínimos está mais concentrado na região Sudeste,
Sul e Centro-Oeste, que apresentam índices bem próximos.

O rendimento familiar médio mensal do povo brasileiro gira em torno de R$ 2


222,00, segundo estatística de 2010. O padrão estabelecido para rendimento de
pessoas em idade produtiva é repetido em relação à renda familiar, constando que a
renda familiar total da área rural corresponde em 43,7% do total auferido na área
urbana. O mesmo pode ser dito em relação às regiões, onde o rendimento familiar é
maior no Centro-Oeste e Sudeste e mais baixo nas regiões Nordeste e Norte,
transparecendo as diferenças econômicas e sociais entre as regiões.

As desigualdades sociais em nosso país podem ser demonstradas ao


analisarmos o rendimento familiar dos 10% com rendimento mais alto em
comparação com os 10% de famílias com rendimento menor, aparecendo a
discrepância de R$ 9 501,00 para o primeiro grupo em contrapartida de R$ 295,00
para o segundo grupo. Logo, o rendimento familiar dos 10% com maior renda
correspondem a 42% do rendimento total das famílias brasileiras, e os 10% menores
correspondem a 1,3% do rendimento total.
49

Distribuição de pessoas em idade produtiva por regiões conforme as


classes de rendimento nominal mensal
Rendimento nominal (1 Salário Mínimo

50
40
30
20
10 Sul
0
Brasil

Sem
Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de
rendime Até 1/2
1/2 a 1 1a2 2a3 3a5 5 a 10 10 a 20 20
nto (2)
Brasil 37,1 6,3 21,1 18,9 6,3 5 3,6 1,2 0,4
Norte 45,4 9 22 13,2 3,9 3,2 2,3 0,6 0,2
Nordeste 42,3 13,1 26,4 10,3 2,8 2,4 1,8 0,6 0,2
Sudeste 35,1 3 18,4 22,6 7,9 6,4 4,5 1,6 0,8
Sul 29,9 3,5 18,8 25,9 9 6,8 4,4 1,3 0,4
Centro-Oeste 34,8 3,9 21,2 20,6 6,8 5,4 4,7 1,8 0,8

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov. br. Acesso em: 20 de
mai. de 2015.
(1) Salário mínimo utilizado: R$ 510,00. (2) Inclusive às pessoas que recebiam somente em
benefícios.

Condições Habitacionais: as condições habitacionais se relacionam à


qualidade de vida de uma população, uma vez que consideram variados indicadores
sociais em relação ao domicílio como o tratamento de esgotos, o acesso à água
encanada, a local de que serve de moradia, a quantidade de pessoas por domicílio,
o local de residência em relação ao trabalho, etc.

O último censo avaliou que no Brasil a maior parcela da população (99,8%) reside
em domicílios particulares permanentes, significando assim que a grande maioria
reside em locais próprios para habitação, ou seja, não residem em locais que
originalmente não serviam como moradia, por exemplo, garagens, pontos
comerciais, galpões. Este dado também se refere à questão da moradia não ser
habitada por mais de uma família ao mesmo tempo, ou simplesmente não ser uma
50

moradia coletiva, referendando assim a noção de conforto e dignidade social


presente moradia como espaço de privacidade.

Ainda em relação aos domicílios particulares permanentes, cerca de 90%


deles se constituem em casas e por volta de 11% em apartamentos, configurando
assim um mau aproveitamento do espaço se considerarmos os grandes centros
urbanos e as distâncias moradia/trabalho. A média de pessoas por domicílio é de
3,3% nas áreas urbanas e 3,6% nas zonas rurais. Consta ainda que no Brasil, cerca
de 73% dos domicílios urbanos são próprios e 21% alugados. Na zona rural, o
número de domicílios próprios é maior (77,6%), no entanto, também apresenta outro
arranjo interessante, como no caso dos domicílios cedidos (18,7%), transparecendo
assim as relações de trabalho no campo, pois boa parte dos domicílios cedidos
pressupõe uma relação de trabalho entre o morador e o proprietário da casa.

Em relação à infraestrutura de saneamento básico, acesso de água por rede


geral, coleta de lixo e esgotamento sanitário, os índices apresentam melhoras em
relação à cobertura de tais serviços em todo o país, tanto para a zona urbana quanto
para a zona rural. No entanto, ainda há disparidades regionais de acesso a esses
serviços, constando que as regiões tradicionalmente mais atrasadas apresentam
menor cobertura para esses serviços. Logo, as regiões Nordeste e Norte
apresentam os menores percentuais de acesso e o Sul e Sudeste os maiores
percentuais.

O mesmo pode ser observado em relação às áreas rurais e urbanas em


todas as regiões, sendo que as zonas rurais dos estados com menor cobertura
desses serviços são as mais afetadas, apresentando índices muito baixos,
principalmente se compararmos o acesso a serviços prestados aos domicílios das
áreas urbanas do Sul e Sudeste.

Contudo, o índice de cobertura em relação à energia elétrica conseguiu abranger


boa parte dos municípios brasileiros (97,8%), apresentando percentual elevado,
principalmente nas áreas urbanas (99,1%), e assim como nas áreas rurais (89,7%),
especialmente em relação ao acesso a outros serviços para domicílios. Em geral, a
cobertura de energia elétrica abrangeu de modo uniforme todas as regiões
brasileiras, apresentando pouca variação e com percentual acima de 90%,
excetuando as áreas rurais da região Norte, constando que somente 61,5% dos
51

domicílios possuem energia elétrica. A ampliação da rede de energia elétrica no país


é alvo de política pública já há alguns anos por meio do Programa Federal Luz Para
Todos.
52

UNIDADE 6 – AS REGIÕES BRASILEIRAS

A divisão territorial do Brasil em regiões tem a ver com o processo de


regionalização, ou seja, a separação de um espaço em áreas que apresentem
características comuns formando uma individualidade, uma coesão em relação a
critérios físicos, políticos, socioeconômicos, culturais, entre outros. A regionalização
tem o intuito de facilitar sua administração, podendo até mesmo ter finalidade
política, econômica, estatística e até mesmo didática.

A República Federativa do Brasil, segundo a Constituição Federal de 1988, é


constituída de 27 unidades político-administrativas, sendo 26 Estados e 1 Distrito
Federal, sede do Governo Federal. Esta formação regional atual já passou por
várias fases, desde 1930, com a separação em Norte, Nordeste, Leste, Sul e
Centro-Oeste, passando em 1965, à separação atual Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sul e Sudeste. Já os estados passaram por muitas transformações, sendo a última
em 1988, com Roraima e Amapá alçados à condição de estado e o estado de Goiás
dividido em dois para formar o estado de Tocantins.

6.1 Região Norte

A região Norte é a maior região brasileira em área (3 858.595 Km²), no


entanto é pouco populosa (12,8mil/hab) e a menor densidade demográfica do Brasil
(3,3 hab/km²). Um dos fatores que explica a baixa densidade demográfica se refere
ao processo de colonização do Brasil e seu enfoque nas zonas litorâneas e na tardia
interiorização, praticamente após a construção de um forte militar na cidade de
Belém, e mais tarde com a ação dos jesuítas. Outros motivos se referem à
imensidão e a densidade da floresta Amazônica, a escassez do elemento humano e
as variadas endemias presentes no território. De certa forma, a distribuição
populacional acompanha o curso de seus principais rios, principal meio de
transporte.

É composta por 07 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,


Roraima e Tocantins. A seguir, esquema comparativo da região Norte e seus
estados em relação às informações quantitativas do Brasil.
53

Área Km² População


Total % da % do Total % da % do
região Brasil região Brasil
Brasil 8.515.767,049 -x- 100 202.132.468 -x- 100
Região
3.853.676,948 100 45,3 16.983.484 100 8,4
Norte
Rondônia 237.590,547 6,16 2,8 1.728.214 10,1 0,8
Acre 164.123,040 4,25 1,9 776.463 4,6 0,4
Amazonas 1.599.159,148 40,47 18,3 3.807.921 22,4 1,9
Roraima 224.300,506 5,82 2,6 488.072 2,9 0,2
Pará 1.247.954,666 32,40 14,7 7.969.654 47,0 4,0
Amapá 142.828,521 3,70 1,7 734.996 4,3 0,4
Tocantins 277.720,520 7,20 3,3 1.478.164 8,7 0,7
Fonte: Diário Oficial da União. Área Oficial do Brasil.
Disponível em: http://portal.in.gov.br/. Acesso em 14 mai. 2015. E IBGE estados. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/estadosat/index.php. Acesso em: 14 mai. 2015.

Relevo: predominância de planícies constituídas principalmente por terras


baixas que se alongam ao norte entre os Planaltos da Guiana e ao sul do lado
brasileiro, ocupando 40% da área da região Norte, cerca de 2 milhões de km². As
planícies podem ser dividas em: Várzeas (planícies baixas resultantes do acúmulo
de sedimentos fluviais), terras firmes (região de terras baixas constituída de
sedimentos mais antigos mais altos que a várzea).

O relevo também é constituído por planaltos como no caso o das Guianas,


onde se encontra o pico da Neblina, o ponto mais elevado do Brasil, e o planalto
Brasileiro ao sul, no limite das áreas de terras baixas sedimentares da Amazônia.

Hidrografia: a rede de drenagem da região Norte é a mais densa e extensa


do mundo, devido ao seu clima equatorial chuvoso. Apresenta a bacia Amazônica
como principal rede fluvial, constando que sua área abrange por volta de 3 milhões
de km² no Brasil, chegando a regiões como o Centro-Oeste e Nordeste. O rio
Amazonas apresenta duas cheias em alguns trechos, pois seu percurso acompanha
a linha do Equador, tendo afluentes tanto no hemisfério Norte quanto no hemisfério
Sul, possuindo assim o maior débito fluvial do mundo, ou seja, a quantidade de água
lançada em sua foz chega a cerca de 250 mil m³ por segundo. Sua foz é do tipo
delta, com grande formação de ilhas, formando quase grande estuário. A rede
hidrográfica Amazônica abrange os estados do Acre, do Amazonas, de Rondônia,
de Roraima e do Amapá, além de uma boa porção do Pará. A bacia do Rio
54

Amazonas conta com 25.000 Km de trechos navegáveis, favorecendo o meio de


transporte fluvial, predominante nessa região.
Outra rede hidrográfica que drena a região Norte é a bacia do Tocantins que
abrange uma parte do estado do Pará e do estado de Tocantins.
Clima: a região Norte apresenta clima quente e úmido devido a sua
localização próxima a linha do Equador. A temperatura média anual da região Norte
gira em mais de 25° C e a amplitude térmica é de 2° a 3°. Apresenta ainda alto
índice pluvial entre 2 mil a 3mil mm, devido à forte evaporação. A região Norte tem
alguma variação climática de acordo com o regime pluviométrico, logo podemos
distinguir:
- clima equatorial típico – apresenta chuvas e temperaturas uniformes, sendo
esta normalmente voltada para o calor durante todo o ano, e sem época de seca.
Ocorre nos estados do Amazonas e do Acre;
- clima tropical úmido – é um clima de transição entre o equatorial típico e o
tropical. Também possui temperatura elevada e com volume de chuvas maior do
que o clima equatorial típico, sendo estas mais concentradas em alguns meses.
Ocorre nos estados de Pará e Amapá;
- clima tropical continental – apresenta período de seca no inverno com
concentração de chuvas abundantes na primavera e verão. Possui maior amplitude
térmica, podendo esfriar bruscamente de acordo com a influência da massa de ar
polar atlântica.
Vegetação: a região Norte é recoberta quase toda pela floresta tropical ou
simplesmente Floresta Amazônica. Tendo em vista o clima quente e umidade da
região, o bioma presente nessa região apresenta uma grande biodiversidade, com
formação arbórea impressionante e um sub-bosque bastante denso. A região
coberta pela floresta Amazônica é chamada de Amazônia Legal e possui 5 000.000
km², cerca de 60% do território do território brasileiro, representando assim,
aproximadamente, 67% de todas as florestas tropicais do mundo.
As formações vegetais presentes na Amazônia correspondem à variação
topográfica da região, tendo assim a região de várzea ou igapó que devido às
grandes inundações apresenta uma vasta variedade de espécies vegetais com
predominância de formação arbórea densa. Também está presente a Mata de terra
firme ou caaetê localizada em terrenos mais altos, constando uma formação arbórea
55

de vários andares e grande variedade de espécies, sendo ser essa uma área de
exploração econômica devido à presença de madeiras nobres como o mogno e o
cedro, entre outras.
A região norte também apresenta outras formações vegetais de acordo com a
interação do solo, clima relevo. Logo, temos a formação dos chamados Campos
Limpos presentes na ilha de Marajó e outras áreas, sendo característica a vegetação
representada por gramíneas e outras ervas. Nas fronteiras da região Norte com o
Centro-Oeste e também nos estados de Rondônia e Roraima têm a formação dos
Campos Cerrados com presença de vegetação gramínea dura e árvores esparsas
típicas do cerrado brasileiro. Já em toda faixa litorânea, vamos ter que a formação
vegetal afeta aos Manguezais.
Por fim, podemos dizer que a vegetação típica do Norte (vegetação
Amazônica) possui grande valor comercial, além do valor ambiental, pois dela se
extraem as madeiras nobres, o látex, o guaraná, os frutos oleaginosos e a castanha
do Pará.
Povoamento e principais centros urbanos: a ocupação da região se deu
por motivos militares com a construção de um forte militar no século XVII. As
missões religiosas também desempenharam papel importante no histórico do
povoamento do Norte, pois além do ofício religioso também realizavam comércio de
produtos nativos para Portugal. Outro marco do povoamento diz respeito ao ciclo da
borracha no século XIX, e ainda à construção da estrada de ferro de Bragança, no
Pará, propiciando uma concentração de pessoas nessa área, além de Manaus.
Logo, o que se observa são vastas áreas com pequenas cidades, geralmente
concentradas na zona bragantina. A população rural se espalha desde a foz do rio
Pará, na ilha de Marajó, na zona Bragantina e na região de entorno de Manaus.
A população citadina se ocupa de pequenos comércios, atividades portuárias
e pequenas indústrias. Na zona rural, a agricultura familiar é predominante,
constando que a pecuária é mais encontrada na ilha de Marajó.
Sendo assim, os centros populacionais principais da região Norte se referem
à Manaus e Belém.
Aspectos étnicos da população: predominância de população parda,
mameluco, formado pelo caboclo amazonense e o caboclo nordestino. A população
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indígena é maior na região Norte do que no resto do Brasil, podendo ser dito que é o
segundo maior grupo racial desta região.
Aspectos econômicos: a região Norte não possui grande significado
produtivo e econômico, sendo a região que contribui menos para a formação do PIB
nacional, cerca de 6% do total, no entanto, apresenta importância relativa a seus
produtos frutos do extrativismo vegetal e mineral.

O extrativismo vegetal é uma fonte importante para essa região, devido à sua
variedade e a extensão com que é encontrada. No entanto, sua coleta ainda é feita
de maneira primária, apresentando uma ampla extensão para coleta. Os principais
produtos extraídos são a borracha, a castanha-do-pará e a madeira, contudo, a
região Norte não é a maior produtora nesse ramo, principalmente pela falta de
investimento e pela atual fiscalização sobre a madeira em relação à preservação
ambiental. Também são extraídos muitos outros produtos de origem vegetal, sendo
destaque na atualidade a extração do açaí.

A extração mineral também é uma fonte de riqueza para o norte do país,


constando a extração de ouro, diamante, quartzo, estanho, minério de ferro, bauxita,
manganês e petróleo. A seguir, os principais minerais retirados na região norte:

- o minério de ferro é extraído na Serra dos Carajás no Pará, sendo uma das
maiores reservas do mundo. É exportado para os Estados Unidos, Canadá, Japão e
Europa;

- já o manganês, é retirado na Serra do navio no Amapá, em uma reserva de


aproximadamente 31 milhões de toneladas, sendo considerada de alta qualidade e
destinada à exportação;

- o estanho é retirado do estado de Rondônia, tendo como principal


consumidor a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), no entanto, ainda é
subaproveitado por falta de estrutura;

- a bauxita é encontrada em grandes reservas no estado do Pará,


correspondendo a um sexto das reservas mundiais, constando que a maior parte
extraída é destinada a exportação.

A região Norte também apresenta como atividade econômica a extração animal,


tendo enfoque o comércio da carne de peixes, além do couro de jacaré e de alguns
57

peixes. Embora haja regulação para essa exploração, muitos são os casos de
extração ilegal.

Quanto à produção agrícola, o que mais se destaca é a juta, uma planta têxtil,
e a pimenta do reino cultivada no Pará. Em relação à pecuária, consta a produção
voltada para atender o consumo regional, sendo desenvolvida principalmente na Ilha
do Marajó.

Outra questão importante para economia do Norte se refere à Zona Franca de


Manaus, criada na década de 1950, de forma a propiciar o desenvolvimento
econômico da região através do fortalecimento das atividades comerciais, industriais
e agropecuárias. As empresas que se instalam na zona franca recebem incentivos
fiscais, como abatimento no imposto de renda ou empréstimos de longo prazo, além
de desconto no fornecimento de energia.

A zona franca compreende três polos de desenvolvimento para toda a área


abrangida pela Amazônia ocidental, nos estados do Acre, do Amazonas, de
Rondônia, de Roraima, além dos municípios de Macapá e Santana do Amapá,
constando que o polo industrial de Manaus é o mais desenvolvido, sendo um dos
mais modernos da América Latina. O foco produtivo do polo de Manaus é a
eletroeletrônica, produtos ópticos, informática, química e motocicletas, constando o
agrupamento de mais de 600 indústrias.

Transporte: o principal meio de transporte é fluvial, uma vez que a região


é altamente drenada. As ferrovias são extremamente raras e normalmente
destinadas ao transporte de minerais. Entre as rodovias dessa região, temos a
rodovia Belém–Brasília que faz a ligação com o Sudeste, Nordeste e Sul, e a
Cuiabá–Porto Velho que vai em direção a Manaus e faz entroncamento com a
Transamazônica, que de veria ser a rodovia do século, no entanto, foi construída às
pressas, atualmente, encontra-se em situação precária, não podendo dizer que foi
concluída. As comunicações aéreas desempenham um papel importante na região
Norte, constando que as “linhas domésticas” servem para o transporte interno e
servem às principais cidades da região. Constam ainda os aviões da FAB que
descem em clareiras na floresta ou nos próprios rios. Os principais aeroportos da
região são os de Belém e Manaus, onde também fazem escalas aviões para o
exterior.
58

6. 2 Região Nordeste

A região Nordeste possui aspectos bastante variados, sendo sua


caracterização bastante complexa, tendo em vista as diversas paisagens e formas
de ocupação humana. É composto por nove estados, todos banhados pelo oceano
Atlântico, sendo eles o Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Relevo: apresenta grande variedade em relação à estrutura geológica,


podendo ser classificado em formações litorâneas, os relevos aplainados da região
sertaneja, chapadas e serras isoladas, os planaltos do Borborema e Baiano e o vale
do rio São Francisco. Logo temos:

• formações litorâneas – como o próprio nome diz, este relevo acompanha


todo o litoral nordestino. É composto de material de origem fluvial, marinha ou fluvial-
marinha. Apresenta predominância de baixadas por todo o território nordestino,
tendo dimensões variadas, sendo uma faixa de transição entre o oceano e o as
áreas mais altas, podendo ser uma planície em torno de montanhas.

Em dados momentos, as formações litorâneas apresentam a formação de rias


(vales fluviais invadidos pelo mar), além da formação de lençóis (depósitos
arenosos) que formam as dunas que abrangem Maranhão até o Rio Grande do
Norte. Também temos a formação de restingas, os recifes de coral e as formações
lacustres, a partir do sul do estado da Paraíba até a Bahia. Por fim, ocorre em boa
parte da faixa litorânea, a formação de tabuleiros, escarpas e falésias;

• região sertaneja com relevo aplainado, pequenas serras isoladas e


chapadas – ocorre no sertão Nordestino, especificamente no semiárido, e é
caracterizado pelos extensos terrenos aplainados com presença de elevações
súbitas e isoladas de variadas altitudes que são constituídas por rochas cristalinas,
sendo denominadas de “serras”. Também em algumas regiões temos a formação
das chapadas nordestinas que são formadas dos restos de capeamento sedimentar
antigo.

• planalto do Borborema – é a maior elevação da região Nordeste, localizada


indo da zona litorânea até o sertão, criando uma separação natural entre essas duas
áreas e alonga-se desde o estado do Rio Grande do Norte até o estado do Alagoas.
59

A constituição do planalto do Borborema é feita por rochas cristalinas. A borda


oriental é mais úmida, no entanto, a pluviosidade vai rareando à medida que se
direciona para o oeste, na zona agreste;

• planalto Baiano e o vale do São Francisco – tem a presença da serra do


Espinhaço, formado por rochas cristalinas muito decompostas que dão origem às
cristas cristalinas, caracterizando elevações no relevo aplainado. Consta ainda o
vale do rio São Francisco, localizado numa depressão, que separa as formações
cristalinas para as sedimentares. O relevo é bem aplainado e horizontal;

Hidrografia: a hidrografia nordestina é caracterizada por rios pertencentes a


bacias hidrográficas espalhadas, sendo uma rede hidrográfica complexa. De acordo
com o clima, mais seco ou úmido, os rios podem ser divididos em perenes (não
secam na estiagem) e em intermitentes (secam durante a estiagem). Outro fator que
influencia o regime dos rios é o solo, além da cobertura vegetal, constando que no
semiárido os solos são rasos e não armazenam água.

Destaca-se na rede hidrográfica nordestina o rio Parnaíba como o mais


importante a oeste da região, sendo um rio perene de navegável. Já os rios da
porção oriental do Nordeste são divididos em rios do litoral e rios do sertão, sendo
os primeiros temporários em algumas regiões e perenes em outras, e os segundos
são caracterizados pelo regime torrencial, sendo totalmente secos na estiagem, mas
caudalosos e violentos durante o período chuvoso.

O rio São Francisco é muito importante para o sertão nordestino por ser o
único rio perene nesta zona, sendo alimentado pelas chuvas de Minas Gerais e sul
da Bahia, pois ao adentrar na área sertaneja seu volume diminui, constando que
seus afluentes do sertão são todos intermitentes.

Clima: a região nordestina tem clima predominante quente devido sua


posição em baixas latitudes e possui amplitudes térmicas que variam 6° C no litoral
e 14°C na zona sertaneja. A questão da precipitação no Nordeste é o que forma as
distintas paisagens, de acordo com a distribuição e quantidade de chuvas. Logo, de
maneira genérica, podemos dividir a região Nordeste em duas áreas, de acordo com
a precipitação presente, ou seja, podemos falar de uma zona úmida no meio-norte
nordestino com chuvas entre 1.000 mm a 2.000 mmm que ocorre no Maranhão e a
partir deste estado as chuvas vão rareando. Logo, temos a região conhecida como
60

zona da mata de clima tropical úmido, o sertão com o clima semiárido com
precipitação média anual de cerca de 600 mm com pouca umidade e o agreste
como zona intermediária entre os dois últimos, constando a presença das chuvas
orográficas.

Vegetação: a vegetação leva em conta a questão climática da região


Nordeste. Assim, na zona mata nordestina que tem clima úmido, temos a presença
da Mata Atlântica, embora de forma residual, uma vez que já foi quase toda
destruída por conta da exploração da madeira e pela monocultura da cana de
açúcar, uma vez que o solo desta região, o massapé, é próprio para esse cultivo. No
oeste do Maranhão, temos a Floresta Equatorial, característica de áreas úmidas. Já
no nordeste do Maranhão temos uma área florestal de transição, em que a formação
arbórea vai se distanciando da formação característica da floresta Equatorial, dando
espaço a presença da palmeira babaçu e a mata dos cocais.

Na região do agreste, assim como o clima, a vegetação também é


intermediária entre a Mata Atlântica e a caatinga, vegetação típica do semiárido.

Pelo fato da caatinga estar presente em uma área com poucas chuvas e solo
com pouca espessura, a vegetação é do tipo xerófita, constando que as formações
arbóreas perdem suas folhas durante o período de estiagem. A caatinga é formada
por um grande número de cactáceas.

Já a região de clima tropical dominante, ou seja, com um verão bem


chuvoso, temos o cerrado com a presença de árvores e arbustos de altura variada.
Na faixa litorânea, a vegetação é típica das praias, dunas, restingas e mangues.

Aspectos humanos: podemos dizer de certa forma que a região Nordeste é


bastante povoada, embora a maior concentração de pessoas esteja nas áreas mais
úmidas, o que corresponde à faixa litorânea, o agreste, a planície maranhense e o
entorno de serras no sertão. O menor número de pessoas é encontrado no
semiárido devido às dificuldades inerentes da região. A população do Nordeste, do
ponto de vista racial, é mestiça e formada pelos elementos básicos da população
brasileira, ou seja, o branco, o negro e o índio. Essa mistura racial deu origem aos
dois grandes grupos de mestiços, os caboclos ou mamelucos e os mulatos.
61

Rede Urbana: observa-se uma grande concentração de núcleos urbanos


na Zona da Mata, no Agreste e no Recôncavo Baiano. Nas outras áreas interioranas
existe um grande distanciamento entre os núcleos urbanos. A região da zona da
mata é que concentra maior número de cidades, além da maioria das capitais dos
estados que formam o Nordeste.

Aspectos econômicos: de modo geral, apresenta pouca industrialização e


atividades econômicas mais ligadas à produção agrícola. Por outro lado, temos um
crescimento do setor de serviços atrelado à atividade turística que vem crescendo
nas últimas décadas. Vamos apresentar as principais atividades econômicas de
acordo com as 4 sub-regiões nordestinas. Logo:

- zona da Mata – é a área mais dinâmica economicamente e com mais atividade


industrial, que se concentra principalmente nos entornos das cidades de Salvador,
Fortaleza e Recife. A atividade agrícola desta sub-região é marcada primordialmente
pela produção de cana-de-açúcar, fumo e cacau. Em relação ao extrativismo
mineral, temos a extração de petróleo no Recôncavo Baiano e a produção de sal
marino no Ceará e Rio Grande do Norte que além exportarem para Europa e
América do Norte, é responsável por quase todo o consumo no Brasil, cerca de 90%
do total;

- agreste – a principal atividade econômica é a criação de bovinos, caprinos e


ovinos. Também conta a produção de cana-de-açúcar, café e agave. A produção
agrícola é voltada para o consumo regional, uma vez que a estrutura fundiária é
formada primordialmente por minifúndios;

- sertão – é a zona pastoril do Nordeste com a criação de bovinos, caprinos e


ovinos. Nos lugares com mais umidade, temos pequenas propriedades agrícolas
com o plantio de milho, feijão, geralmente para subsistência. As plantações voltadas
para a comercialização são de algodão. No entorno das serras, com a umidade
presente, há a diversificação de culturas, tais como árvores frutíferas, cereais, cana
e café;

- meio-Norte – destaca-se a produção de soja na região que abrange o cerrado.


Outra atividade econômica importante é a atividade portuária na região de São Luís,
com destaque para o porto do Ponta da Madeira e o Porto de Itaqui.
62

6.3 Centro- Oeste

A região Centro-Oeste se situa no interior do território nacional, sendo a única


região que não é banhada pelo mar. Possui três estados, Goiás, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, além de abrigar o Distrito Nacional.

Relevo: é caracterizado por baixas altitudes que dificilmente ultrapassam


os 800 metros. Possui um solo muito fértil na área a sudoeste de Goiás e oeste de
Mato Grosso do Sul. Já no nordeste goiano, o solo é árido devido à proximidade do
Polígono da Seca. A formação do relevo tem a presença de planaltos, depressões e
planícies. Os planaltos e as Chapadas são constituídos por rochas cristalinas e
sedimentares, bastante antigas e erodidas. As Chapadas desta região ganham
destaque como a Chapada dos Guimarães e a Chapada dos Veadeiros,
respectivamente no Mato Grosso e em Goiás.

Merece destaque a planície do Pantanal, uma das maiores planícies


inundáveis de todo o mundo, localiza-se entre os estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. De modo geral, o bioma Pantanal mantém suas características
originais, sendo estimado que 80% do território esteja conservado. Os motivos se
referem ao solo que é pouco fértil, as inundações constantes e a distância dos
grandes centros urbanos. No entanto, o bioma Pantanal tem sofrido com a
devastação que tem ocorrido no Cerrado, principalmente em relação ao recebimento
das águas de rios que nascem no Cerrado.

Clima: o quadro climatológico geral é de temperatura elevada,


predominantemente tropical em boa parte do território. No norte do Mato Grosso, o
clima é equatorial úmido e no sul do Mato Grosso do Sul ocorre o clima tropical de
altitude com temperaturas médias mais baixas.

Vegetação: possui bastante variedade de acordo com o clima, solo e


relevo. A maior parte apresenta o cerrado como cobertura, que pode ser
caracterizado pela vegetação menos densa do que nas florestas ou matas e com
maior altitude e densidade do que a vegetação dos campos. Possui o primeiro andar
com formação gramínea e arbustiva e o segundo caracterizado por formações
arbóreas isoladas de altitude mediana. No extremo norte da região temos a
presença da floresta tropical pluvial e no extremo sul a presença de Mata Atlântica,
63

além da formação do bioma do Pantanal em que a vegetação é muito variada,


constando com mais de 3.500 espécies catalogadas.

Hidrografia: a região é banhada pelas bacias hidrográficas do Paraná, do


São Francisco, do Tocantins e do Paraná.

Aspectos étnicos da população: a população do Centro-Oeste é formada


pelos elementos brancos, negros, índios e mestiços. Consta ainda a influência de
bolivianos e paraguaios na região.

Aspectos populacionais e rede urbana: é a segunda região brasileira em


área territorial e a quinta em população absoluta, no entanto, é uma região pouco
povoada e mal distribuída. A maior concentração de pessoas e de núcleos urbanos
se encontra ao sul do Mato Grosso do Sul e também ao sul do Mato Grosso, o
entorno de Goiana e em Brasília e nas cidades-satélites.

Aspectos Econômicos: tem apresentado uma grande evolução no


desenvolvimento econômico, em especial as atividades ligadas ao extrativismo e à
agropecuária, tornando, dessa forma, a região Centro-Oeste importante para a
economia do Brasil.

A região tem forte tendência econômica voltada para agroindústria, sendo a


maior produtora de soja (53,2%), gado (34,3%) e milho (43,3%) do Brasil, destinadas
tanto para consumo interno quanto para exportação, sendo destaque no consumo
interno e regional do milho, uma vez que este é utilizado na produção de ração
animal.

Também é destaque econômico o extrativismo tanto vegetal, referente à


madeira, como mineral, constando a extração nióbio, calcário, fosfato, titânio, níquel
e ouro no estado de Goiás. Já em Mato Grosso do Sul, extrai-se minério de ferro e
manganês e em Mato Grosso temos o extrativismo de ouro, quartzo, calcário e,
principalmente, diamantes, a maior produção do país.

O aspecto da industrialização ainda não é significativo para a região e nem para o


país. No entanto, vem se desenvolvendo na última década, estando muito
relacionada à indústria alimentícia e de beneficiamento de matérias-primas, como no
caso da madeira. Logo, temos a presença importante das agroindústrias que vem
se especializando na produção de ração animal, beneficiamento de carne e
64

produção de óleo de soja. No entorno de Brasília, temos o crescimento de empresas


ligadas a construção civil.

De modo geral, a questão do turismo também é fonte de receita para a região


Centro-Oeste, tendo em vista as belas paisagens como de Brasília, Pantanal e as
Chapadas dos Veadeiros e dos Guimarães.

6.4 Região Sul

A região Sul tem alguns pontos incomuns em relação ao restante do Brasil no


que diz respeito ao clima e a formação de sua população. É também a que possui o
menor território, cerca de 7% do total, e é a segunda região com maior densidade
demográfica, cerca de 60% em 2013, segundo o IBGE, caracterizando assim um
território populoso e bem povoado.

Clima: como uma boa parcela de sua área está localizada ao sul do
Trópico de Capricórnio, o clima predominante é o subtropical, apresentando durante
o inverno temperaturas que podem chegar a menos de 0°C e fenômenos naturais
típicos de áreas frias como a geada e também neve. A amplitude térmica dessa
região é grande.

Relevo: apresenta predominância de planaltos de altitudes variadas e em


geral com ondulações. As planícies e terras baixas compreendem pequenas
extensões do território, sendo o relevo dominado pelo planalto Meridional e o
planalto Atlântico.

O planalto Atlântico se localiza ao leste da região Sul e é constituído por


rochas cristalinas antigas. No estado do Paraná, especificamente na bacia de
Curitiba, esse planalto se estende por terreno de sedimentação terciária, marcado
pela presença de colinas. A área leste do planalto Atlântico é o ponto que atinge as
maiores altitudes, sendo uma continuação da serra do Mar.

Já o planalto Meridional é o mais importante e extenso dessa região. Sua


constituição é composta por terrenos sedimentares e basálticos, possuindo
inclinação para oeste. Pode ser dividido em: Depressão Periférica e Planalto Arenito-
Basáltico. O primeiro tem altitudes alguns pontos menores em relação ao planalto
Atlântico e o Arenito-Basáltico e apresenta constituição de rochas sedimentares
65

antigas, ocorrendo ao norte do Paraná e ao sul do Rio Grande do Sul. O segundo,


Arenito-Basáltico, apresenta suas maiores altitudes ao leste, com relevo acidentado
e presença de vales. Já a oeste as altitudes diminuem e o relevo vai se tornando
ondulado.

Vegetação: é composta pela Mata dos Pinhais, a Mata Tropical e os


Campos Limpos ou Pampas. A Mata dos Pinhais ou Araucária tem a presença
marcante de pinheiros, constituindo uma formação arbórea menos densa que outras
florestas ou matas e de boa altitude. A mata tropical de encosta é o prolongamento
da Mata Atlântica. Os Campos limpos ou pampas são pastagens naturais constituída
de gramíneas. O sul também apresenta outras formações vegetais no litoral com a
presença de gramíneas e ou arbustos.

Hidrografia: destaque para a bacia do Paraná.

Aspectos étnicos da população: é a região em que mistura étnica foi


menor, sendo a população formada principalmente por brancos, tendo em vista a
emigração de europeus que se instalaram nesta região.

Redes Urbanas e aspectos populacionais: esta região é uma das mais


urbanizadas do Brasil, tendo uma boa uniformidade na distribuição das cidades,
sendo sua área menos urbanizada o oeste do Paraná e Santa Catarina constando
que são zonas de atividade pecuária. As duas metrópoles regionais do Sul são Porto
Alegre e Curitiba, mas também se destacam as cidades de Londrina, Foz do Iguaçu,
Florianópolis, Blumenau, Pelotas e Santa Maria.

Aspectos econômicos: é uma região muito importante para economia


do Brasil, possuindo o segundo maior PIB (16,2%), constando que boa parte de sua
produção está relacionada às atividades agrícolas, que tem característica de utilizar
técnicas modernas.

A produção agrícola tem seu ponto forte no cultivo da uva, trigo, erva-mate,
maçã, pêssego, carne bovina e de frango, sendo o maior produtor nacional desses
de alguns desses gêneros alimentícios. Outra atividade importante no ramo da
agricultura está ligada à madeira, que por meio da silvicultura abastece boa parte da
indústria moveleira do país.
66

O setor industrial é diversificado e concentrado nas capitais metropolitanas e


nas capitais regionais. Em Santa Catarina, na região de Blumenau, a indústria está
voltada principalmente para a indústria têxtil e de vestuário. Na região metropolitana
de Porto Alegre e de Curitiba, temos um crescimento econômico no bojo das
indústrias automobilísticas instaladas ali.

No entanto, a região Sul tem melhores índices de economia voltados para a


agroindústria, que existem em cidades de médio e pequeno porte, sendo uma das
atuações mais fortes ligada ao setor de carne, com a presença de frigoríficos que
atuam no mercado interno e externo. Outra atividade econômica importante está
ligada ao turismo, tanto em relação às áreas de clima frio quanto ao litoral praiano.

6.5 Região Sudeste

O Sudeste é a região mais povoada e populosa, além de ser a mais


expressiva economicamente, responsável por mais da metade do PIB nacional,
sendo também a região mais industrializada.

Relevo: é a região mais acidentada do país, sendo os que mais se


destacam são o Pico da Bandeira e o Pico das Agulhas Negras, além das escarpas
das serras do Mar e da Mantiqueira. A região tem altitude média superior a 500
metros.

A estrutura geológica da porção leste da região sudeste apresenta uma


superfície cristalina elevada e erodida e este desgaste profundo alterou o relevo,
fazendo surgir uma superfície coberta por morros arredondados, denominadas de
“mares de morros”, além das escarpas das serras do Mar e Mantiqueira. Já na
porção oeste, temos superfícies onduladas referentes ao Planalto Meridional do
Brasil.

O litoral da região sudeste aparecem às costas baixas, do estado do Espírito


Santo à baía da Guanabara, além das restingas no estado do Rio de Janeiro.

Hidrografia: a rede fluvial acompanha de certo modo o relevo, no que diz


respeito à porção leste e oeste, ou seja, como acompanham um terreno acidentado,
apresentam corredeiras e cachoeiras, constando que devido a isso a região possui
¾ de todo o potencial hidráulico do país. Os rios que têm essas características
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pertencem à bacia fluvial do São Francisco na área centro-oeste e a bacia do


Paraná no sudoeste, incluindo também as bacias secundárias, como a do Paraíba
do Sul.

Clima: o clima predominante é tropical, quente e úmido, podendo ter


áreas um pouco mais frias devido ao relevo, ou seja, as regiões serranas
apresentam temperaturas um pouco mais baixas, cerca de 10°C. O regime
pluviométrico é típico do clima tropical com chuvas no verão e estiagem no inverno,
podendo ocorrer chuvas mesmo nesta estação por conta da chegada de frente frias
que decorrem do avanço da massa polar do sul. Já no Norte de Minas Gerais, as
chuvas vão escasseando devido ao clima semiárido.

Vegetação: tem a formação vegetal típica da Mata Atlântica, mata pluvial


tropical da encosta do planalto, desde o litoral do estado do Espírito Santo até o sul
de São Paulo, se alongando pelos vales do planalto. No entanto, boa parte dessa
cobertura vegetal já foi dizimada, sendo preservada em alguns trechos,
normalmente de encosta pelo fato do difícil acesso.

A formação vegetal típica do Cerrado também está presente na região


sudeste, aparecendo nas regiões onde o clima é quente com verão chuvoso e
inverno seco, situando-se desde o vale do São Francisco até a bacia do Rio Grande.
Nas zonas mais elevadas da Mantiqueira e da serra do Mar encontramos a floresta
Subtropical, floresta de araucária. Nas regiões litorâneas temos a formação vegetal
típica de mangues, praias e restingas, e nas dunas e praias temos a presença de
plantas xerófitas.

Aspectos étnicos da população: o componente étnico predominante na


região Sudeste é o elemento branco, tendo em vista o volume de imigrantes
europeus, destaque para os portugueses que estabelecem uma corrente contínua
de imigração e os italianos pelo grande número de descendentes, além dos sírio-
libaneses, brancos de origem asiática. O segundo maior elemento étnico é composto
por pardos, numerosos na cidade do Rio de Janeiro e na Zona da Mata Mineira,
seguido pela presença também marcante dos negros nas mesmas zonas dos
pardos. O grupo étnico dos amarelos é menor de todos na região Sudeste.

Rede Urbana e aspectos populacionais: é a região mais populosa,


perfazendo quase a metade do total de habitantes do Brasil. Embora apresente a
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maior densidade demográfica do país, sua população não está totalmente bem
distribuída pelo território, tendo em vista que o crescimento populacional de São
Paulo é maior do que em outros estados. As regiões menos populosas estão no
noroeste de Minas Gerais e em regiões do litoral. A concentração de população na
região se deve ao crescimento vegetativo, às correntes imigratórias e às migrações
internas, constando grande participação de outras regiões, como o Nordeste, e o
fluxo de pessoas da própria região, como no caso da ida de mineiros para São
Paulo.

É a região com a área de maior densidade urbana e a que possui o maior


número de grandes cidades, apresentando uma tendência acentuada de
concentração da população nas cidades de grande e médio porte. Logo, apresenta,
além de inúmeros centros urbanos importantes, muitas vezes mais desenvolvidos e
com maior população do que as capitais de outros estados, as duas metrópoles
nacionais, caso de São Paulo e Rio de Janeiro.

Aspectos econômicos: as atividades econômicas desta região são muito


amplas e de grande importância para a economia do país, sendo também muito
diversificada e com participação nos setores industriais, agropecuário, mineração,
serviços e turismo.

A atividade agropecuária se encontra espalhada por toda a região Sudeste,


tendo destaque a produção de café, cana-de-açúcar e a pecuária. No sul de Minas e
Espírito Santo, temos a produção de café que abastece tanto o mercado interno
quanto externo. No Triângulo Mineiro e interior de São Paulo ganha destaque a
criação de gado para corte e leite, havendo complexos agroindustriais relativos a
esses dois. De modo geral, podemos dizer que a região sudeste também produz
milho, arroz, algodão e cultivo frutífero.

O extrativismo mineral também tem grande importância para a economia do


Sudeste, em especial o minério de ferro que está concentrado no Quadrilátero
Ferrífero, em Minas Gerais, sendo estimado em centenas de bilhões de toneladas
com exploração voltada para exportação em grande escala, constando que dessa
zona também se retiram o manganês, ouro e bauxita para comércio em larga escala,
além de outros minerais. Na região Sudeste também há a exploração de sal marinho
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no estado do Rio de Janeiro, embora comercializado em pequena escala devido à


concorrência do Rio Grande do Norte.

As atividades industriais são diversificadas, apresentando três complexos


industriais, o do estado de São Paulo, do Rio de Janeiro e o de Minas Gerais.

- Complexo Industrial do Rio de Janeiro: é formado pelo conjunto industrial da


cidade do Rio de Janeiro e cidades vizinhas. É caracterizado como polindustrial,
apresentando vários gêneros industriais como os têxteis, os metalúrgicos, os
químicos, o siderúrgico, o de material eletrônico, o farmacêutico, alimentação, da
construção civil, além das empresas do ramo automotivo como a Volkswagen e a
Peugeot-Citroën. O parque industrial do Rio de Janeiro está intimamente ligado à
atividade portuária, incluindo as indústrias de base naval e a refinaria de petróleo
Duque de Caxias, que é o conjunto petroquímico formado pela refinaria e fábrica de
borracha sintética, além da base da Petrobrás em Campos de Goytacazes. Destaca-
se ainda a atividade industrial da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em Volta
Redonda.

- Complexo Industrial de São Paulo: compreende a cidade de São Paulo,


juntamente com as áreas industriais de Santo André, São Bernardo, São Caetano e
Diadema (ABCD), constituindo o complexo industrial mais dinâmico de todo o Brasil
com enorme variedade de gêneros de indústrias: material elétrico e de
comunicações, mecânica, metalúrgica, material de transporte, borracha, têxtil,
vestuário, calçado, artefatos de tecidos, editorial gráfica e química, sendo destaque
ainda a indústria automobilística e a indústria de acessórios para carros. O complexo
de São Paulo também conta com a refinaria de Cubatão, localizada próxima de
Santos, que impulsionou as atividades de transporte de petróleo e as bases para a
indústria petroquímica, além da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista),
responsável pelo fornecimento de aço para as outras indústrias.

- Complexo Industrial de Belo Horizonte: está instalado em Belo Horizonte e


se estende pelos centros industriais vizinhos. É também um complexo polindustrial,
apoiando-se nas indústrias siderúrgicas do Quadrilátero Ferrífero.

Transporte: a região é detentora do maior sistema de transportes, abrangendo


o rodoviário, ferroviário, aéreo e até o marítimo, pois possui os principais portos
brasileiros. Logo, o Sudeste possui 60% da extensão das ferrovias brasileiras e mais
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de 479.585 km de rodovias, sendo destaque nacional o transporte aéreo, contando


com a maior parte do tráfego aéreo nacional e internacional.
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REFERÊNCIAS

GEOGRAFIA. Luciano de Paula. Disponível em:


http://www.mestredosconcursos.com.br. Acesso em 20 mai. 15.

VESENTINI, J. William. Sociedade e Espaço: geografia geral e do Brasil. São


Paulo: Ática, 2005.

SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. Farago, Luiz Antônio. Minimanual compacto de


geografia do Brasil- Teoria e Prática. São Paulo: Riddel, 2003.
<http://www.livrariadalua.com.br/item/Minimanual-compacto-de-geografia-do-
Brasil%3A-Teoria-e-Pratica.html>

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico


2010. Características da população por domicílio. Resultado do universo.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 20 mai. 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas Geográfico


2010- Características Demográficas. Disponível em<http://www.ibge.gov.br>
Acesso em: 20 mai. 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico


2010. Características gerais da população, religião, pessoas com deficiências.
Disponível em: <http://www.ibge.gov> Acesso em: 21 dez. 2010.

NUNES, Sidemar Presotto. O desenvolvimento da agricultura brasileira e


mundial e a ideia de Desenvolvimento Rural. Deser- Boletim eletrônico, n°157.
Março 2007. Disponível em: <http://
www.deser.org.br/documentos/doc/Desenvolvimento Rural.pdf>

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