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APARIÇÃO (romance de 

Vergílio
Ferreirapublicado em 1959), é um romance de
personagem que tem como finalidade não apenas contar histórias, mas apresentar
as reflexões que o autor vai expondo a propósito dele próprio, de outras
personagens ou do mundo em geral. Segundo palavras do autor, este romance foi
“a necessidade de ele se redescobrir e descobrir os limites da sua condição
humana.
A Aparição é um livro escrito na primeira pessoa que discute teorias filosóficas
relacionadas com o existencialismo. Esta obra pode ser dividida em três partes: o
prólogo, a história em si em vinte e cinco capítulos e o epílogo. No prólogo,
Alberto Soares, o nosso protagonista, encontra-se no presente e começa a
reflectir sobre a sua vida. No início do primeiro capítulo ele começa a contar-nos
a história da sua vida, por meio de uma analepse. Ele conta acerca da sua estadia
em Évora e como nesse período de tempo (um ano lectivo) ficou a leccionar
nessa terra e conheceu pessoas com quem discutiu e aprofundou as suas teorias
relacionadas com a existência; a procura da sua pessoa e da sua aparição. Criou
também uma relação com uma mulher, Sofia, que era dominadora e mais tarde
deixou de dar importância a Alberto, passando a concentrar a sua atenção em
Bexiguinha, que tinha ideias/teorias parecidas às de Alberto; criou uma relação
amor ódio com Ana, a irmã de Sofia. Ambos discutiam acerca das teorias
existenciais do autor e ela desvalorizava e valorizava em simultâneo a lógica
deste. Ao longo do livro temos dificuldade em saber se Ana gosta ou desgosta de
Alberto visto estar constantemente a convidá-lo para que a acompanhe e, ao
mesmo tempo, contra as suas ideias. No livro, o própio Alberto questiona-se a si
próprio se certos personagens, como Ana, estão a favor ou contra ele. Existe
ainda outra personagem, também irmã de Sofia, que é Cristina. Esta criança
excepcional tocava piano de forma magnifíca, algo que acalmava Alberto. Ao
longo do livro entramos ainda numa 2ª analepse onde o autor se recorda de um
passado ainda mais distante. Esse passado, normalmente relacionado com a
família, relata-nos o que o levou a ter estas teorias filosóficas, sendo as mais
importantes a morte do pai e do seu cão. Existem várias outras mortes de
personagens mais importantes, tendo todas uma simbologia: o Bailote comete
suícidou por ter perdido a fonte do seu rendimento, sendo que a sua existência
perde todo o sentido; Cristina morre pois é perfeita demais para viver neste
mundo; Sofia morre como punição de todo o mal que tivera feito aos outros;
Bexiguinha e Ana não conseguiram igualar os seus seres e desistiram, o que se
pode considerar uma morte psicológica. Talvez Alberto, o herói que alcançou a
sua aparição, possa ser visto como um alter-ego de Vergílio Ferreia, pois se o
autor escreveu sobre estas teorias, é porque também ele pensou sobre elas.
(Recensão critica de Nuno Pinheiro, criada para a disciplina de Português)

Há uma personagem que ocupa toda a obra e à volta da qual tudo gira. Há um eu
narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa e um narrador-personagem
auto e homo-diegético, à volta do qual se movem as outras personagens. O eu-
narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados.

Alberto Soares é simultaneamente a personagem central e o narrador do que lhe


aconteceu em dois planos distintos (na sua aldeia e na cidade de Évora).
Há uma acção principal que abrange a maior parte dos factos narrados ligados a
uma trágica revelação ou Aparição, no espaço citadino, e uma acção secundária,
ligada ao espaço rural, que completa a acção principal (morte do pai).

2ºCAPÍTULO

Acção Principal-Acontecimentos /Reflexões


 Chegada ao Liceu de Évora “A profissão não se escolhe, sai-nos”
 Encontro com o Reitor
 A descoberta de nós próprios

Acção Secundária

O seu pai ajuda-o na escolha da profissão “Mas eu, eu o que é que sou”?

Estrutura
Inútil tentar dormir- Volta à realidade
Banho Conversa com Sr.Machado
“Que as coisas querem-se claras desde o início”
“Lavei-me enfim(...)
Saí com uma tranquilidade nova”

Descrição da cidade de Évora “A cidade resplandecia a um sol familiar, branca,


enredada de ruas (...) Évora mortuária, encruzilhada de raças,ossuário dos
séculos...”

Pausa narrativa
“Escrevo à luz mortal deste silêncio lunar,
batido pelas vozes do vento, num casarão
vazio”

Continuação da descrição da cidade até Liceu: “E finalmente descubro o edifício


do Liceu”

Tempo de escrita /Tempo da narrativa

“Conto tudo, como disse, à distância de alguns anos(...)


Mas os elos de ligação entre os factos que narro é como
se se diluissem num fumo de neblina...”
“Eis-me, pois, em face do Liceu...”
“Não escolhi a profissão: de algum modo saíra-me”
Espaço da memória: A ESCOLHA DA PROFISSÃO
Professor porquê? Papel fundamental do pai: “Penso que te darás melhor em
Letras”
A vida de Professor era tranquila para quem nunca tivera saúde
Interesse demonstrado pelas leituras /versos/interesse filosófico pela vida: Quem
sou eu?
O Liceu
Espaço
Claustro
Jardim tratado
taça de mármore
silêncio
Tempo
Setembro
Exames de 2ª época

O Reitor
“homem alto e vagaroso”
É recordado como um amigo de “face cansada de quem esgotou a vida” que o
ouvia “do lado de lá do seu cansaço”

“Dois dias depois começavam os exames de 2ªépoca”


Início do trabalho- Mudança no tempo
“O tempo arrefecera bruscamente”
“O sol triste pousa ao de leve nas coisas”
“Um vento inesperado sopra de vez em quando”
Notícia de que o Dr. Moura telefonou e “quer saber onde é que o pode encontrar”

3ºCAPÍTULO

ACÇÃO PRINCIPAL
 Regresso à pensão Machado

O Mistério da Morte, Deus, Imortalidade.

ACÇÃO SECUNDÁRIA
O trabalho de vestir o pai morto Inverosimilhança da Morte
“Deus está morto porque sim”
“Deus é absurdo porque é”
“O Deus da Infância já não cabe no adulto Alberto Soares”

ESTRUTURA
“Mas não foi fácil encontrarmo-nos”- continuação directa do capítulo anterior

Encontro com o Dr. Moura, no café Arcada, em dia de feira

“vozearia, fumarada e odor a corpos” tornavam difícil o encontro /falam sobre a


morte do pai de Alberto.
Memória da casa, “velha casa”
O Dr. Moura fala de Sofia
Pausa: O narrador fala da memória que tem de Sofia: “os teus olhos vivos(...)
tinham o mistério da vitória e do desastre, da violência e do sangue”
Aparece Alfredo Cerqueira, genro do Dr. Moura
Alberto Soares recebe um convite para jantar.
Jantar com a família Moura
Descrição da casa

Família Moura:

 MADAME- “abundante senhora, loura por antiguidade, ousada e


astuciosa”, mulher distante.
 ANA- “cabelos longos e lisos, face magra de energia e de ânsia, olhar
vivo”
 CRISTINA- “Sete anos, saia azul de folhos, arzinho de menina grave”
 SOFIA - a última a aparecer
“vestido branco colado como borracha, e um corpo intenso e maleável (...) era
assim como se uma descarga da terra a atravessasse toda”
 ALFREDO- “docemente calvo, sorria para tudo”

O NARRADOR É ESCRITOR- NÃO É CRENTE

 CHICO- (amigo da família Moura). “um tipo baixinho, sólido, quadrado,


de uns trinta anos com ar dominador de pugilista.

CRISTINA TOCA PARA TODOS MAGIA - “Eis que chega a tua hora,
Cristina”

REFLEXÕES SOBRE CRISTINA “Ana estranhamente acarinhou-a de um modo


especial”
Antevisão de uma relação muito especial : “Tu não és de parte alguma, de tempo
algum”
“Cristina viera fora do tempo” - “Eu vi abrir-se à nossa face o dom da revelação”
“Súbita aparição foste surpresa em tudo para todos”

“Depois cantou-se”
“Ergui-me enfim para me despedir”
“Saí enfim para a noite”- Conversa com o Chico sobre a cultura na cidade de
Évora.

De regresso à Pensão o narrador enerva-se com o Sr. Morgado e tem vontade de


mudar .
Necessidade da escrita
REGRESSO À MEMÓRIA
Vestir o pai- “Senti um arrepio na ameaça do contacto com uma carne morta”
“a estúpida inverosimilhança da morte”
“que é que te habita, que é que está em ti”
Descrença total em Deus: “Não cabe na harmonia do que sou”
A morte do corpo/A morte do EU.

4ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
(não há) “Justificar a vida em face da inverosimilhança da morte”
Acção Secundária
Apresentação parcial da tia Dulce Interrogação sobre a morte e o nada a que esta
reduz as pessoas.

ESTRUTURA
Toda a acção se desenrola em torno de um problema existencial: “portanto eu
tinha um problema”. (A descoberta do problema deu-se quando o narrador sente
repugnância em tocar na carne morta do seu pai)
O homem é produto de tudo e de todos quantos o antecedem
Divagações entre SER e NÃO SER
Do NÃO SER ao NADA: “Quem te habita não é (...) depois serás exactamente
um nada”
O ser existe enquanto existe a memória da sua existência
Memória da tia Dulce (tudo o que era mau se esquece e o que resta é apenas “o
velho album de fotografias”)
O autor é o herdeiro dos “mistérios da família” que se transmitem através do
velho album de fotografias.

TIA DULCE
Irmã do avô
magrinha
sisuda (para impôr o respeito)
Cumpria as regras sociais (não comer muito)
Tinha algo de diferente (“porque em ti vivia a fascinação do tempo, o sinal do
que nos transcende”
beata
gananciosa.

5ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Início das lições de Sofia O estranho procedimento de Sofia
Recepção de Sofia na Pensão “Porque há-de a vida ter razão sobre
do Sr. Machado. nós? porque havemos sempre de ser
Passeio com o Dr. Moura nós a sumeter-nos?”
História do Bailote

ESTRUTURA
Sofia inicia as suas lições e revela um temperamento inconstante e estranho - “E
era assim como se qualquer coisa a habitasse e fosse maior do que ela e do que a
miséria das regras de gramática”
O narrador sente-se perturbado com a presença de Sofia.
Sofia rejeita as aulas de latim. A mãe desculpa-a: “temos de ter todos paciência”
Sofia vai buscar Alberto à pensão para um encontro com o Dr. Moura. O sr.
Machado ficou muito incomodado.
O Dr. Moura apresenta-lhe uma visão equivalente a um santuário.
O Dr. Moura traça o perfil de Sofia a partir de histórias da sua infância. Revela os
seus comportamentos estranhos e os seus gostos mórbidos. Fala-se das suas
tentativas de suicídio.
O narrador, servindo-se de uma prolepse, anuncia que Sofia acabou por morrer,
“morte inesperada que te evitou o gesto puro de te matares.
Regressa à conversa do Dr. Moura, num dia em que o narrador pela primeira vez
viu a Praça da Cidade enfeitada de crisântemos. Percebe-se o gosto de Sofia pelo
“absoluto da destruição”
A destruição e a morte predominam. Bailote pede ajuda ao Dr. Moura, numa
atitude de desespero, tentando recuperar o gesto e a força perdidos. Pede ao
médico um remédio que o cure, que o impeça de ser velho e de se tornar inùtil. O
Dr. Moura segue em frente para visitar uma doente. No caminho do regresso
apercebem-se de que o homem se enforcou.
6ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Encontro com o Chico “era absolutamente necessário que
Encontro com Carolino, o Bexiguinha a vida se iluminasse na evidência
da morte”
“Quem sou eu? Quem está comigo?
Acção Secundária
Narração de uma história de infância A descoberta de que era alguém na
imagem que o espelho lhe devolveu, a “aparição fulminante de mim a mim
próprio”.
ESTRUTURA
O narrador sente “espanto, fúria e terror” pela morte do Bailote. O Dr. Moura
fica em silêncio, perturbado.
“Que fazemos nós na vida?”
Alberto Soares sente a necessidade de fazer a conferência para elucidar as
pessoas, para elucidar as pessoas, para “revolucionar o mundo”.
Procura Chico por todo o lado até que resolve ir a casa dele.
Fala-se da conferência em que Alberto Soares se propõe falar de uma coisa nova.
Aparece Carolino: aluno de Alberto Soares, primo do Chico, moço bisonho, cara
cravada de impigens, tratavam-no por Bexiguinha.
Alberto Soares fala e Carolino escuta-o entusiasmado.
Toca o telefone e interrompe as lucubrações do narrador sobre Nós e o Eu que
nos habita. Chico não pode compreender, é um homem do cimento e dos
alicerces.
Alberto Soares conta um episódio da sua infância, passado na casa da família, era
ele pequeno. As memórias trazem-lhe a imagem do pai a falar-lhe sobre o
Universo.
A criança descobre a sua imagem reflectida no espelho e julga tratar-se de um
ladrão. Todos acham que ele possui uma grande imaginação e culpam a tia Dulce
e as suas histórias de influenciar a criança sensível.
Chico não compreende nada, Carolino fica petrificado. Para Chico o importante e
a “única verdade a conquistar é a de que todos os homens têm direito a comer”.
Tudo o que Alberto Soares lhe conta é conversa da idade da pedra lascada.
Alberto Soares deseja um humanismo que seja “uma consciência, uma plenitude”
Carolino defende os princípios do seu mestre e mostra ter compreendido tudo, o
que muito surpreende Alberto Soares.
7º CAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Continuação das lições a Sofia Há uma vida atrás da vida, uma irrea-
lidade presente à realidade.
Aventura amorosa com Sofia “A descoberta de nós mesmos, a des-
coberta da gratuidade do milagre de sermos”
ESTRUTURA
Alfredo Cerqueira brinca com Alberto Soares ao vê-lo dar pão a um cão. O
narrador percebe que toda a conversa do dia anterior fora comentada por Chico,
no jantar em casa do Cerqueira. Para Sofia e Ana as palavras de Alberto Soares
são esclarecedoras, mas Cerqueira não percebeu nada.
Cerqueira leva Alberto ao Liceu e diz-lhe que Ana quer falar com ele.
Importância do estado do tempo para o narrador: “a chuva tem para mim o abalo
da revelação”.
Reflexões sobre o presente e o passado.
Alberto Soares vai dar lição a Sofia, num dia de muita chuva. Esta espera-o toda
vestida de preto. Alberto Soares deixa-se seduzir pela imagem de Sofia e agarra-
lhe as mãos.
Recomeça a lição mas Sofia não a deseja e revela a Alberto Soares ter já
percebido a perturbação que lhe causa. Sofia beija-o e revela-lhe total
compreensão sobre a conversa que este havia tido com o Chico.
Alberto Soares mergulha numa profunda intimidade com Sofia que lhe surge
agora como “uma beleza demoníaca, uma criança assassina (...) a boca ávida e
sangrenta. E um apelo de uma união trágica e blasfema subiu-me pelo corpo”.
Deram enfim a lição sobre o canto IV da Eneida.
8ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Depois da aventura amorosa, Alberto Soares deambula perturbado e reflecte
sobre o vazio da sua vida.

ESTRUTURA
Alberto Soares sai de casa de Sofia muito perturbado
“Será pois vão tudo o que sonho?”
Surge-lhe a imagem de Sofia e o narrador sente vontade de a ver de novo.
Regresso a casa de Sofia. Esta esperava-o, sabia que ele voltaria
Madame Moura observa-o e pergunta-lhe “como vai a nossa estudante”.
Recorda-lhe ainda a sua condição de professor e a distância entre ele e Sofia.
9ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Aulas diárias no Liceu “Fixar a vida em torno de uma ideia, de um sentimento,
como é difícil”
Visita a casa de Alfredo Cerqueira.
Conversa com Ana.
Jantar com a família Cerqueira.
“Trago comigo a destruição dos mitos que inventaste, desses sofás em que
instalaste o teu viver quotidiano” “Deus morreu. Deus não é a minha meta”
“Interrogo-me porque a morte é um muro sem portas” “Essa é a base última de
um verdadeiro humanismo: instalar o homem mesmo nos aposentos divinos”
Acção Secundária
Narração da situação religiosa da família A descoberta de si próprio e a morte
Narração da história da sua vida: crente, de Deus.
perdeu a fé, fez-se político, abandonou a política,
esteve desempregado, grau zero. Descobre que
está vivo, nada mais.
ESTRUTURA
Instala-se o quotidiano, “e a vida recomeçou”, “o cão espera o osso”

Caminho para o Liceu: descrição dos “Aldrabões de Feira”- Pobre feira da ladra-
(a vida)
Encontro com Cristina, no caminho. O narrador é informado de que Ana se
encontra doente.
Visita a Ana.
Ana quer saber o que há entre Alfredo e Sofia.
Discutem-se as ideias de Alberto sobre religião. Ana discorda dele e acha que
essas ideias podem mudar certas pessoas.
Alberto fala das relações da sua família com a religião:
- Pai- ateu
- Mãe- beata
- Evaristo- Blasfemava como um espanhol
- Tomás- não ia à missa mas não dizia mal dos padres.
- Alberto- Tornou-se ateu porque “o padre ia a nossa casa e arrotava. Depois
soube que tinha filhos” Deixou de ir à missa e deixou de rezar. Não lhe aconteceu
nada. Afinal Deus não existe”
Descrição do seu percurso a nível das ideias:
“Depois fui político”, mas essas ideias esbateram-se com o passar dos anos.
Atinge então o grau zero e descobre apenas que está vivo, que existia, que era
ele.
As reflexões são interrompidas pelo gato preto. Ana serve-lhe um whisky.
Ana pretende retomar a conversa e chamar-lhe pantomineiro. Acha que ele finge
tudo aquilo porque “Deus vive no seu sangue” Diz-lhe ainda que não pense que a
sua conversa pode perturbar alguém e retoma a conversa sobre Sofia e os seus
casos amorosos.
Alberto dispõe-se a partir mas Alfredo chega e retoma a conversa de banalidades.
Fala-se na morte do Bailote. A família deste responsabiliza o Dr. Moura pela sua
morte.
Alberto mal o ouve. Pensa em tudo o que Ana lhe disse e sente-se incomodado.
Abstrai-se e pensa em Sofia, ela não é o que a irmã pensa (“Sofia é maior do que
a tua vilania”)
Alfredo resolve mostrar a casa a Alberto, em especial a cama e o colchão.
Chega Chico. Alfredo vai também mostrar-lhe o colchão.
Alberto quer de novo partir. É convidado para jantar. Quando pretende recusar
Ana chama-lhe cobarde pois percebe que perturba Alberto e que ele quer sair por
causa disso.
Descrição do jantar: Alberto sente-se incomodado. A mesa é demasiado grande, a
sala parece pouco acolhedora, a conversa desagrada-lhe. Ninguém o pode
compreender.
Fala-se do “Comité de Salvação”, um grupo de amigos que se reune para
“redimir o homem de hoje e preparar o homem de amanhã”.
Chico ridiculariza as ideias de Alberto: “È exactamente por isso que nos irrita
que alguém nos venha ainda com notícias dos deuses e da água benta”.
Retoma-se a conversa. Alberto afirma-se materialista porque não pode atribuir as
culpas aos deuses.
A conversa é interrompida por um telefonema de Cristina para saber o estado de
saúde de Ana. Fala-se da presença de Alberto no jantar. Ana diz a Alberto que
Sofia perguntou por ele.
Põe-se música. Alfredo cabeceia com o excesso de álcool. Chico pergunta a
Alberto se já foi crente.
Alberto retoma a conversa, afirma que deixou de ser crente há sete anos mas Ana
interrompe a conversa.
Chico mostra uma certa hostilidade em relação a Alberto e numa espécie de aviso
diz-lhe: “Você é responsável por tudo quanto acontecer” e afasta-se.
Alberto vai sozinho para casa. É de noite, as ruas estão desertas, reina o silêncio.
Alberto encontra o pobre do Manuel Pateta como sempre já bêbado.
O narrador recorda com relutância que terá ainda que ir dormir à Pensão do sr.
Machado, que este lhe fará mais um sermão. De novo mostra o desejo de ir morar
para a Casa do Alto, sozinho, onde ninguém o poderá incomodar.
10ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Aulas diárias no Liceu “Mas eu sabia, eu, que luto há tanto tempo
Novo encontro com Carolino por reconduzir à dimensão humana tudo
quanto traz ainda um rasto divino (...), eu,
que sou materialista mas não só de um materialismo que se mede a metro, pesa
na
balança, eu, que sonho com o reinado integral do homem na terra da sua
condenação e grandeza”.
ESTRUTURA
Alberto Soares mostra-se entusiasmado com a sua profissão, com os novos
métodos que vai experimentando.
O Reitor resolve conversar com ele e avisa-o de que é preciso ter cuidado com a
cidade e com o meio. Algumas dessas inovações de Alberto poderão ser mal
interpretadas pelo meio.
Carolino resolve procurá-lo.
Alberto e Carolino vão dar um passeio pelo campo.
Carolino fala na destruição da linguagem.
Alberto Soares tenta compreendê-lo. Utiliza-se uma prolepse em que o narrador
afirma: “Eu, porém, não queria envenenar-te, ao contrário do que depois de
afirmou”.
Carolino fala do homem que se enforcou e expõe algumas ideias que parecem
aterradoras:”já não há deuses para criarem e assim o homem (...) é que é deus
porque pode matar”.
Alberto afirma que “a vida é um milagre fantástico”.
Carolino acha que pode compreender muito bem um assassino.
A conversa foi interrompida por um porco que lhe saltou no caminho.
Ambos observam a natureza que os rodeia, os vários animais, o rebanho que o
cão guarda.
O cão aproxima-se deles. Agarram em pedras para se defenderem. Carolino atira
uma pedra, erra a pontaria e mata uma galinha. Fica fascinado ao olhar para a
galinha morta. Indícios de que Carolino tem uma personalidade perturbada.

11º CAPÍTULO
Acção Secundária
Acontecimentos Reflexões
Férias na aldeia “O Natal não é de nunca porque nunca foi do presente”
Morte do cão Mondego
ESTRUTURA
Primeiro Natal depois da morte do pai. Quebra-se a tradição da família toda
reunida. Alberto Soares afirma preferir ficar sozinho: “Para mim não faz
diferença: estou eu e aquilo que me povoa”
António vai esperá-lo à estação e manifesta o desejo de lhe contar as novidades.
Alberto não quer ouvir, quer apenas pensar.
Chegada a casa. Não se vê ninguém. A mãe está deitada. Encontra-se cansada e
sem energia. Ele pensa que a mãe está doente.
Ao jantar a mãe pergunta-lhe as novidades mas parece pouco interessada e
habituada já ao silêncio.
A casa está triste e silenciosa, Alberto recorda a infância e o cão Mondego.
Recorda o desgosto que sentiu pela morte do cão- 1ª imagem da morte.

12ºCAPÍTULO
Acção Secundária
Acontecimentos Reflexões
Visita de Tomás Reflexões sobre a morte
Ceia de Natal “Estou só e sinto-me bem”

ESTRUTURA
Alberto Soares é acordado pelo sol e apercebe-se da rotina que o envolve.
Ao ouvir uma buzina espera reaver todo o quotidiano familiar, espera o som de
outras vozes mas é apenas Tomás que chega.
Quebrou-se o hábito familiar. Tomás é agora o chefe da família, “fala
paternalmente” com Alberto.
1ºNatal em que a família não se reune.
Fala-se das partilhas e do estranho estado em que a mãe se encontra.
Descrição da ceia de Natal, um momento triste e cheio de ausências em que
Alberto Soares fica sozinho com a sua mãe, sob um imenso silêncio.

13ºCAPÍTULO
Acção Secundária
Acontecimentos Reflexão

Episódio das partilhas Reflexão sobre a tranquilidade do


seu irmão Tomás.
A aparição de nós a nós próprios.
ESTRUTURA
Tomás e Alberto levam a mãe à missa e ficam a conversar.
Alberto ouve os cânticos de Natal e considera-os “lavados na sua pureza de um
início absoluto, inventados em inocência e em confiança perene”. Não sente
saudades do passado mas sonha o sonho.
Os cânticos não significam nada mais que um ritual para os que estão dentro da
igreja, esses limitam-se a cantá-los.
Crítica da mãe: “Nem no dia de Natal” os seus filhos assistiram à missa.
Tomás conversa com Alberto e descreve a sua tranquilidade de vida: “Eis-te nos
teus domínios (...) como um belo patriarca”.
Almoço em casa dos sogros de Tomás.
Tomás e Alberto, duas realidades diferentes... Alberto considera Tomás um ser
“adormecido nesta quietude da terra” que no fundo não sabe “que é mortal”.
Tomás acha que Alberto deve ir à missa, que é a sua última tarefa. Alberto não
compreende as reflexões que Tomás faz sobre os filhos mas ao vê-los reunidos
no almoço compreende finalmente toda a filosofia de vida de Tomás. Ele era de
um mundo diferente mas vivia tranquilo.
Chegada de Evaristo com a família.
Conversa sobre as partilhas. Alberto Soares fica incomodado com a conversa e
deixa que Evaristo e Tomás resolvam tudo.
Desmembramento da família. Por causa das partilhas “Evaristo cortou relações
connosco”.
14ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Regresso a Évora e instalação na pensão “O espantoso milagre de estar vivo
Eborense e o incrível absurdo da morte”
Visita a Sofia sem sucesso “Uma vida é coisa séria: uma tese não se medita, fala-
se, lê-se, discute-se”
Encontro com Alfredo, Ana e Sofia no
café da praça.
ESTRUTURA
Prolepse: A minha história espera-me mais terrível do que nunca, disparando
para o seu desfecho.
A pensão Machado fechou. O narrador instala-se na Eborense. Sugere-se apenas
que o fecho da pensão se deve a motivos políticos mas a razão mantem-se
desconhecida.
Alberto Soares manifesta o desejo de tirar a carta (ideia que lhe surgiu com o
sorteio dos bens).
Sente saudades de Sofia e procura-a em casa mas Lucrécia informa-o de que ela
não está.
Na Praça encontra Ana e Alfredo e dirigem-se ao café onde também irá ter Sofia.
Alberto encontra a oportunidade tão esperada de a rever.
Ana pergunta a Alberto se durante as suas férias aprofundou as suas “teses”.
Alfredo interrompe a conversa com uma “grossera ofensiva”
Chegada de Sofia: “ E ela veio enfim...” mas disse apenas “olá” e anunciou que
vinham também Chico e Carolino.
Alberto sente-se perturbado mas não o demonstra. Fica sem palavras: “tudo o que
eu dissesse estava a mais”
Carolino está comprometido na presença de Alberto. Instala-se ao pé de Sofia.
Alberto sente que há algo entre os dois: “Estais pois unidos secretamente...”
Alberto anuncia a sua mudança para a Casa do Alto. Ana compreende a sua
necessidade de se isolar e poder meditar em sossego.
Alberto assume o facto de ter ido a casa do Dr. Moura apenas para procurar
Sofia. Mas há algo que se relaciona com as lições de latim, de que ele ainda não
sabe.

15ºCAPÍTULO

Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Advertência de Alberto Soares pelo Reitor “Toda a mulher é um homem não
realizado”
Alberto Soares procura descobrir que contou
a sua aventura amorosa
Alberto Soares aluga a casa de S.Bento
Alberto Soares sai com Sofia
Alberto recebe de Sofia a revelação de que
foi ela quem o denunciou ao Reitor.
ESTRUTURA
O Reitor manda chamar Alberto e fala-lhe nas lições particulares a Sofia.
“Temos inimigos, todos temos inimigos” (...) “todos temos inimigos, era preciso
cuidado com os inimigos”
Alberto vai a casa de Sofia e Lucrécia diz-lhe que Sofia está a dar lição. Alberto
fala com Madame e esta diz-lhe que Bexiguinha está a ajudar Sofia.
A conversa é interrompida pela música de Sofia.
A vida de aulas recomeça. O narrador reflecte sobre a vida da cidade. “ò cidade
estranha, cidade velha (...) cidade milenária”
Alberto muda de casa e recebe um bilhete de Sofia a pedir-lhe que se encontre
com ela no Museu.
O pretexto para o encontro foi um convite para almoçar de Alfredo. O convite é
para ir à Sobreira.
Sofia resolve sair do Museu com Alberto e vão passear de carro até um
descampado.
Sofia seduz Alberto e diz-lhe que afinal veio ter com ele para lhe explicar o que
se passara nas férias.
Explica-se a relação entre Sofia e Bexiguinha. Este é visto como o duplo.
Sofia afirma ter denunciado Alberto.

16ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos
Visita à quinta da Sobreira
ESTRUTURA
Alberto chega tarde mas todos mostraram interesse pela sua demora.
Alfredo mostra-se de novo um homem terra-a-terra e tenta falar de porcos.
Alberto fala no silêncio que deseja ter na nova casa.
Chico mostra um certo desdem por Alberto e informa-o de que já não se poderão
realizar as conferências.
Alberto estranha a ausência de Cristina e é informado de que ela não veio por
estar doente.
Alberto fala com Carolino sobre a sua desistência do Liceu mas o Carolino
mostra-se irritado.
Fica em aberto o Carnaval no Redondo.

17ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Instalação na casa do Alto “Só se é homem assumindo tudo o que fale
em nós.”
“O que me excita a escrever é o desejo de
perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em
mim,
revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo
pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos
inábeis o que fulgurou e morreu”.
“Sou. Jacto de mim próprio, intimidade comigo, eu, pessoa que é em mim,
absurda necessidade de ser, intensidade absoluta no limiar da minha aparição em
mim”.
ESTRUTURA
Descrição da Casa do Alto.
Reflexões de Alberto: “ A massa de amigos com que fui fraternizando através da
vida despreza-me com náuseas”.
“Só se é homem assumindo tudo o que fale de nós”
Alberto arruma a casa e revê o album da tia Dulce. Lembra-se que todos aqueles
já morreram. Apesar do seu cansaço todos se mantêm vivos na sua memória:
“Mas agora ainda estais vivos, ainda alguém, eu, aqui, silencioso nesta casa
solitária, vos liga à vida que freme para lá destes muros na Primavera
anunciada(...)”
O narrador lembra uma visita que Sofia lhe fez. Escreve há distância de alguns
anos: “Minha mulher dorme”.

18ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos
Ida ao Carnaval ao Redondo
Desastre com o jeep de Alfredo
Morte de Cristina
ESTRUTURA
Alberto pergunta a Cristina se quer viajar com ele mas ela prefere ir com
Alfredo.
Sofia e a mãe viajam com Alberto
Cristina está feliz no seu fato de holandesa, atira serpentinas e enfeita os carros.
Bexiguinha espera-os no Redondo.
Descrição dos mascarados.
Lanche em casa do Bexiguinha.
Regresso a Évora. “Alfredo comeu e bebeu alegremente. Tem a face rubicunda
do prazer carnudo”.
Alberto apercebe-se de que Chico e Alfredo estão na estrada, cheios de sangue,
devido ao desastre. Cristina respira ainda. Ana, em silêncio, agarra a irmã e leva-
a ao colo, no carro de Alberto, para o hospital. O caminho parece demasiado
longo, não tem fim. Chegam ao hospital. Não se encontra o Dr. Moura.
Alberto procura o Dr. Moura na Igreja: “Moura desagravava o Senhor dos
pecados de Carnaval”
Alberto vai ao pé de Cristina e assiste à sua morte. Cristina mexe os dedos, como
se tocasse uma “música do fim, a alegria subtil desde o fundo da noite, desde o
silêncio da morte”.
19ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Visita de Carolino ao Dr. Alberto e tentativa “Não procures a noite por não
suportares
de assassinato. o dia. Leva para o sol a tua aparição e serás um homem”
ESTRUTURA
Alberto tenta falar com Ana, com o Dr. Moura, mas não encontra ninguém.
Numa noite de forte chuva Carolino visita Alberto na Casa do Alto. Mostra-se
enlouquecido e enraivecido.
Alberto não mostra medo de Carolino e revela firmeza no seu comportamento.
No fundo acha que o rapaz enlouqueceu.
Carolino afirma: “Eu não tenho medo. De nada. Mesmo da morte, o senhor tem
medo da morte, a morte é a gente antes de ter nascido...” Aponta então uma
navalha a Alberto Soares. Este revela um comportamento surpreendente. Sente-
se cheio de uma força brutal “e na raiva que se apossara de mim, esbofeteei o
rapaz até me estafar. Mas eu sentia obscuramente que apenas me esbofeteava a
mim”.
Prolepse: “Porque sei agora que o teu crime não era contra mim, não seria contra
ela. O teu crime era contra a vida, contra o absurdo que te assolou”.
Carolino parte finalmente.
20º CAPÍTULO
Acção principal
Acontecimentos Reflexões
Alberto é convidado pelo Reitor a deixar “Terei pois, como destino, esta agitação
constante, Évora por causa do escândalo que corre esta sufocação de nada?”
pela cidade.
Encontro casual com Ana.
ESTRUTURA
O narrador acha que deveria ter contado a alguém o que se passara com carolino,
mas não o faz.
Alberto continua a procurar alguém mas não encontra.
Conversa com o Reitor. Este quer saber se Alberto sai ou não de Évora porque
“os ditos chegam sempre, a gente não quer ouvir, mas ouve, não tem outro
remédio (...) a gente julga que está procedendo bem, mas é preciso sabermos com
quem falamos”.
Alberto encontra Alfredo. Este mostra-se simpático e dá a Alberto notícias da
família. Mostra conhecer ou saber o que se passara entre Alberto e Carolino. Fala
do sofrimento de Ana e do seu desejo de estar só. Ana sofria “de uma crise”.
Sofia partira para Lisboa para uma casa de freiras.
Alberto entra na Sé devido à forte chuva que se faz sentir e encontra Ana. Esta
diz precisar daquele silêncio. Lembra o local onde estivera a urna de Cristina e
começa a falar, transfigurada, da morte. Percebe que em Cristina havia várias
personalidades: a que morreu vestida de holandesa, a que tocava; revela
necessidade de estar ali, naquela igreja, porque ali é o lugar “que tem uns restos
do que é importante”, é “um lugar onde se ouve bem”.
A chuva pára e saem ambos da Igreja. Alberto acompanha Ana até ao largo.
21ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Alberto é visitado por Chico que o responsabiliza “Duas verdades vividas não
podem estabelecer um diálogo”
pelas suas ideias perversas.
ESTRUTURA
Chico visita Alberto, num Domingo de manhã. Estava violento em palavras e
atitudes: “ bateu à porta com violência, a violência categórica de quem vem por
ordem da justiça”. Quer saber se Alberto se vai embora de Évora.
Alberto fica incomodado por achar que ele não tem nada a ver com isso. Tenta,
no entanto, falar com ele com calma.

22ºCAPÍTULO
Acção Pincipal
Acontecimentos Reflexões
Partida para férias e estadia na aldeia um ou dois dias “Quue maldição pesa sobre
a assunção do
nosso destino? Sobre o nosso confronto connosco mesmos? Sobre a evidência da
nossa condição?”
ESTRUTURA
Alberto vai viajar pelo país: Lisboa, Sintra, Praia da Areia Branca, Leiria,
Figueira, Aveiro, Porto, Vila Praia de Âncora, Amarante, Vila Real. “Desço
enfim à minha aldeia”- o tempo mudou. É Primavera, o mês de Abril. A mãe vive
a sua solidão: “Somos a mesma carne, o mesmo calor de sangue, dizem-me que
me pareço contigo, no olhar ao menos: estamos sós e definitivos aqui à face um
do outro”.
Alberto não vê os irmãos e passa pouco tempo na aldeia.

23ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos
Regresso a Évora, ao Liceu.
Visita à Quinta da Bouça
Encontro com Sofia
Alberto fala dos mistérios do Universo
ESTRUTURA
Mês de Maio, “O Verão chegou à cidade”. Alberto continua a não ver ninguém.
De vez em quando cruza-se com o Dr. Moura que “finge não o ver” ou o sauda
discretamente”.
Encontro com Alfredo que lhe dá notícias dos outros e o convida a ir a sua casa.
Alfredo convida Alberto para ir à herdade e dá-lhe notícias de Sofia. Informa-o
de que Sofia tentou de novo o suicídio. O Dr. Moura parece preocupado com o
futuro de Sofia.
Alberto quer saber notícias de Ana mas Alfredo repete-lhe o convite para ir à
herdade.
Num dia de grande calor Alberto vai à Quinta da Bouça, depois de ter dado uma
manhã de aulas. Passa no local onde Cristina morreu.
Passa também pelos ceifeiros e perturba-se: “diante de mim, em fila, como em
marcha de penitência, homens e mulheres, cosidos com a terra, ceifam uma
seara”: “agora sois só os escravos da maldição- maldição dos homens que se
enojam de ter as vossas tripas, os vossos ossos.
Alberto vê Ana a ler com duas crianças junto dela e surpreende-se. Percebe que
são filhos do Bailote, os dois mais novos. Ana está absorvida com as crianças e
com o livro, Alfredo diz que ela é feliz.
Ana fala com Alberto sobre as crianças: “É extraordinário como no corpo destes
pequenos há uma pessoa viva, um todo independente, como uma consciência
brutal da sua individualidade”.
Sofia aparece e fala com normalidade dos seus projectos, do exame que vai fazer,
da sua vida.
Jantam ao ar livre e Alberto continua a observar os ceifeiros.
Alfredo propõe a Alberto que no seu regresso leve consigo Sofia.
Sofia conversa e diz “sou corajosa e não tenho ilusões”. Depois pede-lhe para
parar no local onde Cristina morreu e canta. Pede a Alberto para a levar a sua
casa.
Alberto e Sofia passam a noite juntos, ficam a ver as estrelas e o universo. Sofia
canta de novo mas Alberto sente-se perturbado.
Sofia visita algumas vezes Alberto e subitamente desaparece.

24ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acção Principal Reflexões
Ana torna-se fanática
Notícia da “suposta morte de Chico” “Mas eu queria soluções para toda a vida,
eu queria uma certeza assumida, assimilada, para a ameaça de morte”.
“Toda a ambição do narrador tinha sido trazer para a condição do homem, uma
condição de Deus”.
ESTRUTURA
Alguém informa Alberto de que Chico morreu mas de facto ele está apenas
doente.
Alberto visita Chico e encontra Ana e Alfredo. Chico está perturbado: “Um
doente é um ser em decadência”.
Alberto pensa na vida e lembra-se de Florbela Espanca: “para lá do muro
gradeado do jardim, Florbela continuava a sua meditação.
25ºCAPÍTULO
Acção Principal
Acontecimentos Reflexões
Alberto Soares recebe no Liceu um telefonema ameaçador: “O que enfrenta o
meu cansaço, o “Só você é responsável. Só Você” que afoga a minha
interrogação é esta fácil desautorização da morte”
ESTRUTURA
Noite de S. João, “noite cálida de bruxas e de sonhos”. Festa na praça, noite de
feira no Rossio.
Alberto cruza-se com Ana. Esta pergunta-lhe por Sofia. A última vez que Alberto
vira Sofia esta estava com Carolino, “num banco secreto do jardim”.
Alberto continua a observar a confusão dos palhaços e dos trapezistas e cruza-se
de novo com Ana e Alfredo. Este diz-lhe que se vir Sofia a informe que estão
todos no café Luso.
Alberto recorda um telefonema ameaçador que recebeu no Liceu.
Á distância da escrita o narrador afirma: “para que insistir na minha inquietação
(...) como quem quer retardar um efeito teatral? Na realidade, no dia seguinte (...)
Sofia apareceu num caminho (...) assassinada a punhal”.
C0NCLUSÃO
Alberto, o narrador dá-nos conta da sua partida para Faro.
Chico considera Alberto responsável pela morte de Sofia, tal como já havia
afirmado.
Alberto sente-se responsável e assume essa responsabilidade: “ Se algum crime
houve em mim foi só o ter nascido”.
Tal como à chegada a Évora, na partida, é Manuel Pateta quem o ajuda a carregar
as malas.
O Reitor dispensa Alberto do serviço de exames.
Última noite na Casa do Alto. Alberto surpreende-se com a magia da
“queimada”, o incêndio do restolho para a renovação da terra. Imagina toda a
cidade a arder. Sente emoção: “Cidade , minha cidade...” A noite avança, a
minha cidade arde sempre”. “Acaso será possível construir uma cidade como a
imagino, a Cidade do Homem?”
O homem deve construir o seu reino e achar o seu lugar na verdade da vida.
Alberto relembra sempre a música de Cristina.
Alberto “compreende” a loucura de Bexiguinha.
O narrador, à distância de alguns anos casou, adoeceu e retirou-se do ensino.
Na solidão da noite, ao luar, o homem sonha...

Publicada por Luísa em 16:58   

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