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Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico –
International Chemical Control Toolkit (ICCT);
• Metodologia;
• Fichas de Controle;
• Exemplo.

Objetivos
• Capacitar para aplicar a metodologia de avaliação qualitativa de riscos químicos baseada
na abordagem ICCT.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Contextualização
A Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das atividades e operações
insalubres, em seus anexos 11, 12 e 13, relaciona os agentes químicos e ativi-
dades e operações envolvendo agentes químicos que podem ocasionar danos à
saúde dos trabalhadores. Os anexos 11 e 12 são de caráter quantitativo, enquanto o
anexo 13 é qualitativo (BRASIL, 2014).

Se os agentes químicos relacionados nos anexos 11 e 12 são quantitativos, por que


fazer a avaliação qualitativa?

A metodologia da avaliação qualitativa de riscos químicos complementa os métodos


tradicionais de controle e avaliação de riscos químicos.

Por exemplo, imagine um ambiente de trabalho no qual existe uma concentração aci-
ma do limite de tolerância de poeira mineral. De acordo com a abordagem tradicional,
a poeira mineral é quantitativa; logo, é necessário proceder sua medição. Ao realizar o
levantamento quantitativo, verificar-se-ia um ambiente insalubre. Após essa verificação,
seria necessário proceder às modificações deste ambiente de modo a reduzir a concen-
tração do agente químico. Em seguida, dever-se-ia proceder a uma nova medição, para
assegurar que as medidas de controle implantadas foram suficientes para adequação do
ambiente de trabalho.

Em complemento à abordagem tradicional, ao invés de se proceder a avaliação quan-


titativa, realizar-se-ia a avaliação qualitativa. Os resultados da avaliação qualitativa já
indicariam a necessidade de adoção de medidas de controle. Logo, somente após a ado-
ção destas medidas, seria realizada a avaliação quantitativa para garantir a eficácia das
mesmas. A avaliação qualitativa, neste caso, reduziria custos, visto que seria necessária
uma medição e não duas.

Confuso(a)? Não se preocupe! É uma metodologia simples e fácil de ser apli-


cada, que poderá auxiliá-lo(a) em diversas situações que envolvam a exposição
ocupacional a agentes químicos.

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Kit Internacional de Ferramentas de
Controle Químico – International Chemical
Control Toolkit (ICCT)
O Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico, do inglês International
Chemical Control Toolkit (ICCT), foi desenvolvido pela Associação Internacional de
Higiene Ocupacional (IOHA), como uma contribuição ao Programa Internacional de Se-
gurança Química (IPCS), que envolve a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a
OMS (Organização Mundial da Saúde) e o PNUMA (Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente) (BRASIL, 2012).

A abordagem adotada no ICCT foi desenvolvida para avaliar a exposição ocupacio-


nal oriunda do uso de produtos químicos nas formas de líquidos ou pós. Logo, uma das
limitações desta ferramenta é a avaliação de outras formas de agentes químicos, por
exemplo gases resultantes de processos ou formados acidentalmente (BRASIL, 2012).

A abordagem ICCT é considerada como um instrumento complementar para a pre-


venção de riscos químicos e deve ser utilizada no contexto de programas abrangentes de
prevenção e controle. O ICCT original, em inglês, encontra-se disponível gratuitamente
na internet, e o Ministério do Trabalho no Brasil, através da Fundacentro, publicou uma
adaptação desta ferramenta com o título: Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos:
orientações básicas para o controle da exposição a produtos químicos (BRASIL, 2012),
abordada nesta unidade.

Saiba mais sobre a origem do ICCT em: http://bit.ly/2I9R2xA

Metodologia
O processamento e manuseio inadequado de substâncias químicas dá origem a riscos
nos ambientes de trabalho. O ICCT ensina como manusear produtos químicos sólidos ou
líquidos com segurança, desde que o material em questão tenha sido classificado de acor-
do com as frases R (ou com o GHS) e o resultado apareça na FISPQ (Ficha de Informação
de Segurança de Produtos Químicos) ou no rótulo do produto. Ainda que a abordagem
ICCT não se aplique às poeiras e aos fumos gerados durante os processos, muitas das
soluções apresentadas podem ser utilizadas para controlá-los (BRASIL, 2012).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

A metodologia ICCT está dividida em 5 etapas, conforme a Figura 1:

Etapa 1 Determinação da toxidade do produto (classificação pelas frases R ou pelo GHS)

Etapa 2 Determinação da quantidade utilizada

Etapa 3 Determinação da propagação no amibiente

Etapa 4 Determinação da Medida de Controle adequada

Etapa 5 Determinação das Fichas de Controle específicas

Figura 1 – Etapas da abordagem ICCT


Fonte: Adaptado de BRASIL, 2012

O objetivo é seguir as etapas para preencher o Questionário de Verificação, exposto


na Figura 2.

Figura 2a – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2b – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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Figura 2c – Questionário de verificação
Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2d – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do fator de risco


As substâncias químicas podem causar efeitos variados ao organismo. Sendo assim,
as mesmas foram divididas em seis grupos, sendo que cinco destes grupos (A, B, C, D e
E, em que A são as menos perigosas e E as mais perigosas) estão relacionados aos da-
nos à saúde causados pela inalação ou ingestão destas substâncias. Existe ainda o grupo
S, que relaciona as substâncias que podem causar danos à saúde quando em contato
com os olhos e pele (BRASIL, 2012).

A primeira etapa da avaliação qualitativa de riscos químicos consiste na determinação


do perigo que a substância química analisada fornece. Esta alocação do fator de risco geral-
mente ocorre através de Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico – FISPQ.

O passo a passo para a alocação do fator de risco consiste em:


• Verificar se a substância está alocada no Quadro 1;

Quadro 1 – Alocação do fator de risco para solventes comuns


Substância Categoria Volatilidade1
Acetona AeS Média
Acetato de Butila AeS Média
Diesel BeS Baixa
Acetato de Etila AeS Média
Hexano BeS Média
Álcool Isopropílico AeS Média
Metanol CeS Média
Metil-etil-cetona AeS Média
Metil-isobutil-cetona BeS Média
Parafina (Querosene) AeS Baixa
Percloroetileno CeS Média
Petróleo BeS Alta
Toluene BeS Média
Tricloroetileno CeS Média
Éter de Petróleo (C7-C12) BeS Baixa
Xileno AeS Média
1
Quando se trabalha em temperatura ambiente.
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância estiver alocada no Quadro 1, marcar na “alocação do fator de risco


de acordo com a(s) frase(s) R” (Figura 3) do questionário de verificação, as catego-
rias encontradas;

Figura 3 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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• Se a substância não estiver alocada no Quadro 1, verificar se a substância é um pesticida;
• Se a substância for um pesticida, marcar que o produto em questão é um pesticida no
questionário de verificação (Figura 4) e se dirigir às Fichas de Controle P100 a P104.

Figura 4 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância não for um pesticida, verificar se a substância está alocada no


Quadro 2. Escolhe-se um grupo de A a E, tendo certeza de combiná-los com as
frases R, que estão na FISPQ do produto. As mesmas podem estar isoladas ou em
combinação com outras, indicadas com o símbolo ‘/’ entre os números. É preciso
verificar se também estão alocadas no grupo S. As categorias encontradas devem
ser marcadas no questionário de verificação (Figura 3).

Quando alguma substância apresentar mais de uma categoria de A a E, deve-se marcar a


categoria que expressa o maior potencial de causar danos à saúde.

Quadro 2 – Alocação do fator de risco de acordo com as frases R ou GHS


Grupo Frases R GHS
R36; R36/38; R38; R65; R6.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 5.
Todas as substâncias cuja frase R não está
Irritabilidade da pele classes 2 ou 3.
A alocada nos grupos B-E.
Irritabilidade dos olhos classe 2.
Todas as poeiras e os vapores não alocados em
Todas as poeiras e os vapores não alocados nos grupos B-E.
outras bandas.
R20/; R20/21; R20/21/22; R20/22; R21; R21/22;
R22; R40/20/21/22. Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 4.
B
R33. Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota, classe 2.
R67.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota classe 3.
R23; R23/24; R23/24/25; R23/25; R24; R24/25;
Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota classe 1.
R25.
Corrosividade, subclasses 1A, 1B ou 1C.
R34; R35; R36/37; R36/37/28; R37; R37/38;
Irritabilidade dos olhos, classe 1.
C R39/23/24/25.
Irritabilidade do sistema respiratório (critério GHS a ser
R41; R43.
acordado).
R48/20; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/20/22;
Sensibilização da pele.
R48/21; R48/21/22; R48/22.
Toxicidade da exposição repetida, qualquer rota, classe 2.
R26; R26/27; R26/27/28; R26/28; R27; R27/28;
R28.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classes 1 ou 2.
R39/26/27/28.
Carcinogenicidade classe 2.
D R40 Carc cat 3.
Toxicidade de exposição repetida, qualquer rota, classe 1.
R48/23; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/23/25;
Toxicidade reprodutiva classes 1 ou 2.
R48/24; R48/24/25; R48/25.
R60; R61; R62; R63; R64.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Grupo Frases R GHS


Mutagenicidade classes 1 ou 2.
Muta cat 3 R40; R42; R45; R46; R49.
E Carcinogenicidade classe 1.
R68.
Sensibilização respiratória.
R21; R20/21; R20/21/22; R21/22; R24; R23/24;
R23/24/25; R24/25; R27; R26/27; R26/27/28;
Toxicidade aguda (letalidade), somente pele, classe 1, 2, 3 ou 4.
R27/28.
Toxicidade aguda (sistêmica), somente pele, classes 1 ou 2.
R34; R35; R36; R36/37; R36/38; R36/37/38;
Corrosividade, subclasses 1A, 1B, ou 1C.
R38; R37/38; R39/24; R39/27.
S Irritação cutânea classe 2.
R40/21; R41; R43; R42/43.
Irritação dos olhos classes 1 ou 2.
R48/21; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/21/22;
Sensibilização da pele.
R48/24; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/24/25;
Toxicidade da exposição repetida, somente pele, classes 1 ou 2.
R66.
Sk
Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 2 – Quantidade utilizada


Quanto maior a quantidade utilizada de uma substância química, maior a probabi-
lidade de ocorrência de danos à saúde dos indivíduos expostos. Logo, para estimar a
quantidade utilizada no processo avaliado, utiliza-se o Quadro 3 (BRASIL, 2012).

Quadro 3 – Determinação da quantidade utilizada


Sólidos Líquidos
Quatidade Embalagem Quantidade Embalagem
Pequena Gramas Pequenos recipientes Mililitros Garrafas
Média Kilogramas Sacas ou tambores Litros Tambores
Grande Toneladas Caminhões Metros cúbicos Caminhões
Fonte: BRASIL, 2012

Na dúvida, escolha a maior quantidade.

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 5).

Figura 5 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 3 – Propagação no ambiente


A forma física da substância química determina como a mesma se dispersa no am-
biente, sendo a dispersão determinada pela volatilidade, no caso de líquidos, e pela
quantidade de poeira, no caso de sólidos (BRASIL, 2012).

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• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas à temperatura
ambiente (sem aquecimento), a volatilidade é determinada de acordo com o Quadro 4.

Quadro 4 – Determinação de volatilidade (trabalhos realizados em temperatura ambiente)


Volatilidade alta Ponto de ebulição menor que 50ºC
Volatilidade média Ponto de ebulição entre 50ºC e 150ºC
Volatilidade baixa Ponto de ebulição maior que 150ºC
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas acima da


temperatura ambiente, a volatilidade deve ser determinada consultando-se a Figura
6, tendo conhecimento do ponto de ebulição do produto e da temperatura de ope-
ração. Deve-se localizar o ponto de convergência entre a temperatura de ebulição
(linhas horizontais) e a temperatura do processo (linhas verticais).

400
Volatividade
350 baixa
Volatividade média
300
Ponto de ebulição do líquido (ºC)

250

200

150
Volatividade alta
100

50

0
25 50 75 100 125 150 175 200

Temperatura de operação (ºC)


Figura 6 – Determinação da volatilidade de líquidos para trabalhos realizados acima da temperatura ambiente

Se o ponto de cruzamento dos dados se situar em cima das linhas divisórias, escolher a
volatilidade mais alta.
Se a FISPQ apresentar mais de um valor de ponto de ebulição para o produto, deve-se sem-
pre utilizar o de valor mais baixo.
Se a tarefa exigir vários níveis de temperatura, utilizar sempre a mais alta.
Se houver mistura de uma ou mais substâncias, considerar a de menor ponto de ebulição.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

• Se a substância química analisada for sólida, a propagação é determinada de acor-


do com o Quadro 5.
Quadro 5 – Determinação da quantidade de poeira produzida
Poeiras finas e leves
Empoeiramento alto Quando manipulados, observa-se formação de nuvens de poeira
que ficam muitos minutos no ar (cimento, pó de giz, carvão).
Sólidos granulares e cristalinos
Empoeiramento médio Quando manipulados, vê-se a poeira que logo se deposita
(sabão em pó).
Escamas grandes ou grânulos grossos
Empoeiramento baixo Quando manipulados, produzem pouca poeira (grânulos de PCV
ou flocos de cera)
Fonte: BRASIL, 2012

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 7).

Figura 7 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 4 – Como Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 a 3, a medida de controle adequada será localiza-
da através da Tabela 1. Na Tabela 1, as linhas correspondem à quantidade utilizada do
produto e as colunas correspondem à volatilidade ou ao empoeiramento. O cruzamento
de linha e coluna fornecerá um número que indica a medida de controle a ser adotada
(BRASIL, 2012).

Tabela 1 – Identificação da medida de controle


Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo A
Pequena 1 1 1 1
Média 1 1 1 2
Alta 1 1 2 2
Grupo B
Pequena 1 1 1 1
Média 1 2 2 2
Alta 1 2 3 3
Grupo C
Pequena 1 2 1 2
Média 2 3 3 3
Alta 2 4 4 4

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Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo D
Pequena 2 3 2 3
Média 3 4 4 4
Alta 3 4 4 4
Grupo E
Para todos os produtos do Grupo E, optar pela Medida de Controle 4
Fonte: BRASIL, 2012

Os números 1 a 4 apresentados na Tabela 2 indicam diferentes níveis de ação e con-


trole que devem ser implementados no local de trabalho para prevenir ou minimizar a
exposição a agentes químicos, demonstrados na Figura 7.

Tabela 2
Vetilação Geral
1 Medidas básicas de ventilação geral e boas Menor redução da exposição
práticas de trabalho.

Controle de Engenharia
2
Sistemas típicos de ventilação local exaustora.

Enclausuramento
3 Restringir a utilização de substâncias perigosas Maior redução da exposição
ou enclausurar o processo.
Especial
4 Necessário assessoria especializada para definir Suporte expecial
as medidas a serem tomadas.
Fonte: BRASIL, 2012.

A medida de controle encontrada deve ser anotada no questionário de verificação


(Figura 8).

Figura 8 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

No caso de uso de pesticidas, deve-se ir diretamente à Etapa 5 e seguir as orientações das


fichas de controle correspondentes.
Se a substância em questão foi alocada também no Grupo S, significa que há uma medida
de controle especial para esse produto (Etapa 5).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 5 – Localização da ficha de controle


Através do preenchimento do questionário de verificação, é possível identificar
a substância utilizada como pesticida ou identificar a medida de controle 1 a 4.
Se a substância química for um pesticida, as fichas de controle a serem utilizadas
são P100 a P104. Caso as medidas de controle identificadas sejam de 1 a 4, são
utilizadas as fichas:
• Medida de controle 1: 100 a 103;
• Medida de controle 2: 200 a 221;
• Medida de controle 3: 300 a 318;
• Medida de controle 4: 400 (BRASIL, 2012).

Já nos casos em que a substância química foi alocada no grupo S, a ficha de controle
Sk100 é a indicada. E nos procedimentos que exigirem a utilização de equipamento de
proteção respiratória, consultar a ficha de controle R100 (BRASIL, 2012).

As fichas de controle fornecem orientações para proteger a saúde dos trabalhadores


contra os danos causados pela exposição aos agentes químicos nos locais de trabalho.
No entanto, alguns destes agentes químicos também causam danos ao meio ambiente.
Nestes casos, podem ser utilizadas as fichas E100, E200 e E300 (BRASIL, 2012).

Existe ainda a ficha Sg100, que trata da desenergização e sinalização de segurança,


no intuito de reduzir os acidentes de trabalho (BRASIL, 2012).

Outras recomendações para a realização da avaliação qualitativa de riscos químicos são:


• avaliar todos os produtos químicos e atividades envolvidas no processo;
• planejar como colocar em prática as medidas de controle definidas;
• avaliar também os riscos à segurança e ao meio ambiente;
• colocar em prática as orientações estabelecidas nas fichas de controle;
• rever as avaliações periodicamente (BRASIL, 2012).

Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos, em: http://bit.ly/2Id7mh8


Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Fundições, em: http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Gráficas, em: http://bit.ly/2IdroIo

Fichas de Controle
As fichas de controle trazem orientações específicas para atividades comumente exe-
cutadas nos ambientes de trabalho. Cada ficha de controle traz informações acerca do
acesso, projeto e equipamento, testes e manutenção, higiene e manutenção da limpeza
no local de trabalho, equipamento de proteção individual, treinamento e supervisão
(BRASIL, 2012).

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Ventilação Geral: Princípios Gerais
Esta ficha de controle deve ser utilizada quando a Medida de Controle 1 for
indicada. Aqui são apresentadas as práticas corretas para implementação
dos princípios de ventilação geral no local de trabalho (incluindo o trabalho
ao ar livre). É indicada para uma série de tarefas de pequena, média e gran-
de escalas na utilização de sólidos e/ou líquidos. Descreve os pontos mais
importantes a serem seguidos para ajudar a reduzir a exposição aos agentes
químicos. É importante que todas as indicações sejam seguidas à risca ou
que medidas igualmente efetivas sejam adotadas. Esta ficha identifica os
padrões mínimos a serem adotados para proteger a saúde nos ambientes
de trabalho e, portanto, não pode ser utilizada para justificar um padrão
inferior ao exigido para o controle da exposição a outros agentes para os
quais maior nível de controle é requerido. Alguns produtos químicos são in-
flamáveis ou corrosivos e os controles devem ser adaptados para também os
abranger. Para mais informações, a FISPQ do produto deve ser consultada.
As agências ambientais locais poderão exigir o cumprimento de regulamen-
tos específicos para o descarte de resíduos e para a emissão atmosférica de
poluentes. Procure o órgão fiscalizador ligado à Secretaria do Meio Ambien-
te (estadual e/ou municipal) para obter informações sobre a regulamentação
local e se ela é aplicável à sua empresa/atividade.

As setas indicam ventilação natural

Saída
de ar
Entrada
de ar

Sistemas de exaustão: ventilação controlada

Figura 9
Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Acesso
• Restrinja o acesso somente àqueles trabalhadores realmente necessários
no local.
• O trabalho não deve ser realizado próximo às entradas de ar da instalação
para garantir que elas não sejam obstruídas. A corrente de ar deve passar
pelo operador e então pelo local onde se desenvolve a atividade (nunca o
contrário), sendo então direcionada para a saída.

Projeto e Equipamento
• O acesso ao ar fresco deve ser irrestrito. Para assegurar o acesso ao ar
fresco, podem-se ter áreas de trabalho ao ar livre. Esta exigência pode ser
cumprida através do trabalho ao ar livre.
• Se o trabalho for realizado no interior de um prédio, serão exigidas portas e
janelas abertas, tijolos furados ou aberturas laterais, bem como ventiladores
exaustores nas paredes e no teto para permitir que o ar fresco e puro que
entra substitua o ar poluído. Muitas vezes se torna mais efi ciente instalar um
ventilador que leve ar limpo em direção ao trabalhador do que exaurir o ar
sujo de dentro do prédio.
• O ar exaurido deve ser liberado em lugar seguro fora do prédio, longe de
portas, janelas e entradas de ar.
• A ventilação deve ser totalmente aproveitada, com a corrente de ar pas-
sando pelo operador e pelo local de trabalho ao se encaminhar para a
exaustão. Em trabalhos realizados ao ar livre, o vento é responsável pela
dispersão dos poluentes.
• Deve ser fornecida uma ventilação geral de boa qualidade por meio de
exaustores mecânicos, de parede ou janela. Recomendam-se, no mínimo,
cinco renovações de ar por hora.

Testes e Manutenção
• Ventiladores e exaustores devem ser mantidos em perfeitas condições de
limpeza e funcionamento.
• O funcionamento dos ventiladores deve ser verifi cado diariamente. Uma
fi ta pode ser amarrada na grade do ventilador para servir de indicador de
funcionamento.

Higiene e Manutenção da Limpeza no Local de Trabalho


• Garantir a limpeza diária dos equipamentos e do local de trabalho.
• O derrame acidental (de líquidos ou sólidos) é a maior causa da formação de
vapores e poeiras no local de trabalho. Devem ser contidos, removidos e a
área deve ser limpa imediatamente.
• Os recipientes devem ser tampados imediatamente após a utilização.

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• Devem ser armazenados em lugar seguro, onde não serão danifi cados, e
descartados em local apropriado.
• Não utilizar vassouras ou ar comprimido, mas sim panos úmidos ou aspira-
dores de pó para limpeza dos equipamentos e da área de trabalho.
• Os líquidos voláteis não devem ser armazenados em contato direto com o
sol ou fontes de calor.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)


• Produtos químicos alocados no grupo S podem causar danos em contato
com olhos e pele ou entrar no corpo através da epiderme e causar danos.
Neste caso, consulte as orientações contidas na ficha de controle Sk100.
• Para se escolher o EPI adequado, deve-se consultar a FISPQ ou o fornece-
dor do produto.
• O EPI deve ser mantido em lugar limpo e ser substituído quando necessário.
Quando fora de uso, deve ser guardado em segurança para não ser danifi
cado ou contaminado.
• O EPI deve ser renovado periodicamente ou substituído quando danifi cado.
Rejeite as máscaras e as luvas descartáveis após cada utilização.

Treinamento e Supervisão
• Os trabalhadores devem ser informados sobre os danos à saúde causados
pelas substâncias que utilizam no trabalho e as razões para a adoção de
controles e de EPI/EPR.
• Devem ser treinados para: manusear produtos químicos com segurança,
verifi car se os controles estão funcionando, utilizar o EPI corretamente e
saber o que fazer se algo der errado (casos de emergência).
• Deve haver um sistema que verifi que a existência de mecanismos de contro-
le e se eles estão sendo seguidos.
Fonte: BRASIL, 2012

Exemplo
Para fixar o conteúdo exposto ao longo desta unidade, encontre as fichas de controle
adequadas para o exemplo a seguir.

Exemplo: Considere uma empresa que utiliza tinta em seu processo de pro-
dução. A tinta é adquirida em latas de 0,9L ou galões de 3,6L. As atividades são
executadas à temperatura ambiente.

A FISPQ da substância química está disponível em: http://bit.ly/2Ic2o45

Substância química: Preparado – Tinta a óleo.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do Fator de Risco


Na FISPQ, item 2, foram verificadas as seguintes frases de risco: R11-20, R36-43,
R10, R36/38, R11, R20, R22 e R37, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Composição da tinta


Nome Químico CAS Namber Faixa de Conc.(%) Símbolo Frases R
Hidrocarb. Alifático 100-41-4 15 a 40 F, Xn R11-20
Metil Etil Cetoxima 96-29-7 0,1 a 1 Xi R36-43
Secante de Cobalto ND 0,1 a 1 F, Xi R10 / R36/38
Resina Alquídica
ND 15 a 40 ND ND
(sólido)
Aguarrás Mineral 64742-82-1 1a5 F/Xn R11 / R20 / R22
Dióxido de Titêneo 13463-67-7 7 a 13 Xi R 37
Fonte: Adaptação de RESICOLOR, 2018

Como o preparado não possui substância listada no Quadro 1, nem se trata de um


pesticida, vamos consultar o Quadro 2 para verificar as frases de risco. Consultando o
Quadro 2, foram obtidos os dados expostos na Tabela 4:

Tabela 4 – Grupos das frases R


Frase R Categorias Frase R Categorias
R10 Grupo A R22 Grupo B
R11 Grupo A R36/38 Grupos A e S
R11-20 Grupo A R36-43 Grupos A, C, D, E e S
R20 Grupo B R37 Grupo C

Na frase R36-43 (números separados por traço), devemos procurar por R36 a R43, ou seja:
R36, R37, R38, R39, R40, R41, R42 e R43. Já na frase R36/38 (números separados por barra),
devemos procurar por R36/38.

Como foram detectados vários grupos de A a E, será selecionada a categoria com


maior potencial de causar danos, ou seja, Grupo E. Ainda, será selecionado o grupo S,
visto que a substância pode causar danos aos olhos e à pele.

Etapa 2 – Quantidade Utilizada


Na FISPQ, item 9, verificou-se que a substância química em questão se trata de um
líquido. Ainda, conforme o enunciado da questão, a substância é adquirida em latas de
0,9L ou galões de 3,6L. Consultando o Quadro 3, conclui-se que a quantidade utilizada
é média.

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Etapa 3 – Propagação no Ambiente
Na FISPQ, item 9, verificou-se que o ponto de ebulição da tinta analisada é de 145ºC.
Portanto, de acordo com o Quadro 4, trata-se de uma substância com volatilidade média
(ponto de ebulição entre 50 e 150ºC). Como as atividades são executadas à temperatura
ambiente, não há necessidade de correção da volatilidade de acordo com o Gráfico 1.

Etapa 4 – Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 (Grupos E e S), 2 (quantidade média) e 3 (média
volatilidade), através da Tabela 1, conclui-se que se deve adotar a Medida de Controle 4 –
Especial (necessário assessoria especializada para definir as medidas a serem tomadas).

Etapa 5 – Localização da Ficha de Controle


A ficha de controle correspondente à Medida de Controle 4 é a ficha 400, que trata
de princípios gerais. Ainda, como o Grupo S também foi identificado na etapa 1, cabem
as fichas para medidas de controle S, quais sejam: Sk100 (Danos em contato com olhos
e pele) e R100 (Seleção e utilização de equipamentos de proteção respiratória).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos
http://bit.ly/2Id7mh8
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em gráficas
http://bit.ly/2IdroIo
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
Resenha
http://bit.ly/2I9R2xA

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Referências
BRASIL. Avaliação qualitativa de riscos químicos. São Paulo: Fundacentro, 2012.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional:


agentes biológicos, químicos e físicos. 6ª ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

EDITORA SABERES. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo, 2014 (e-book).

MELO JUNIOR, Abelardo da Silva. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro:


Elsevier, Campus, 2011.

ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2014 (e-book).

SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e


controle dos riscos ambientais. 4ª ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, Jeanne M.; DAUM, Susan M. Trabalho e saúde na indústria: riscos


físicos e químicos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

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