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Colégio Estadual Gratulino de Freitas

Aluno (a): Clesio Alves Veiga Junior N°:12


4º A M

O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA CRIANÇAS OUVINTES: UMA PROPOSTA DE


BILIGUISMO ÀS AVESSAS
Muito se tem discutido sobre a importância da aprendizagem de uma segunda língua na
educação infantil, mas pouco se tem pensado sobre o ensino da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) 3, como segunda língua, para crianças ouvintes. Este trabalho apresenta o projeto de
ensino de LIBRAS para crianças ouvintes, realizado em uma Unidade de Educação Infantil da
Rede Municipal de Ensino de Florianópolis. O grupo de crianças, com idade entre três a quatro
anos, possuía uma criança surda incluída. Diante desse contexto inclusivo, surgiu a proposta de
ensinar a língua de LIBRAS como segunda língua, na intenção de qualificar a interação entre a
criança surda e as crianças ouvintes. Ao longo da realização do projeto, alguns questionamentos
e reflexões foram abrindo espaço para uma nova temática: o ensino da LIBRAS como segunda
língua na educação infantil.
Tendo essa temática como eixo central de discussão, esse artigo está dividido em quatro partes.
A primeira parte apresenta os aspectos históricos e as Políticas Públicas atuais sobre a educação
de surdos. A segunda parte dedica-se ao relato do projeto e a socialização das reflexões
elaboradas durante a prática pedagógica sobre o ensino da LIBRAS como segunda língua na
Educação Infantil. Na terceira parte aborda-se o conceito de bilinguismo, refletindo sua proposta
na educação infantil, bem como seu impacto no processo de inclusão. A parte final do artigo
apresenta os resultados do projeto e aponta algumas conclusões sobre o ensino da LIBRAS como
segunda língua.
Educação de Surdos no contexto da Inclusão
A história do povo surdo no Brasil inicia com a chegada de Hernest Huet, em 1855. Huet era
surdo e fundou em 1857, com o apoio de Dom Pedro II, o Imperial Instituto de Surdos Mudos,
que hoje é chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Desde esta época, a
história do povo surdo4 tem sido marcada por lutas para garantir o direito de utilizar a língua de
sinais. A educação de surdos foi marcada por três filosofias: oralismo, comunicação total e
bilinguismo. No Brasil, o ensino da Língua de Sinais origina-se com Huet, que inicialmente
mesclou a Língua de Sinais Francesa com a Língua de Sinais usada pelos surdos brasileiros. Em
1880, a Conferência Internacional de Milão discutiu a educação de surdos e defendeu que a
educação oralista era a mais adequada para os surdos. A partir desse momento, apenas o EUA
manteve o uso da Língua de Sinais. Os demais países adotaram a filosofia oralista, dentre eles o
Brasil.
No Brasil, a tendência mundial do oralismo se instalou no INES em 1911. Mesmo com a
imposição do oralismo puro, a Língua de Sinais sobreviveu até 1957, momento em que passou
a ser estritamente proibida em sala de aula (GOLDFELD, 2002). A filosofia oralista defende a
normalização do sujeito surdo, ou seja, a surdez é vista sob o viés da deficiência, da falta. Nesta
perspectiva, a metodologia de ensino utiliza terapias intensivas de oralização para que,
aprendendo a língua (oficial do país) oral e escrita, o aluno surdo passe a integrar a sociedade
ouvinte. Após a tendência oralista, surge a Comunicação Total. Essa filosofia chega, no Brasil, na
década de 70, sob influência da Universidade de Gallaudet, dos Estados Unidos (GOLDFELD,
2002). Em contraponto à tendência oralista, a Comunicação Total tira o foco da reabilitação e
centra o objetivo na comunicação. Porém, ela não se distancia da tendência oralista, uma vez
que se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, “mas acredita que os
aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado em prol do
aprendizado exclusivo da língua oral” (GOLDFELD, 2002, p. 38). Percebe-se que há um avanço
na filosofia da Comunicação Total quando ela deixa de ver a surdez sob a perspectiva da falta e
passa a compreendê-la como uma marca que tem um significado na vida sócio-afetiva e no
desenvolvimento da pessoa surda. A língua de sinais retorna ao contexto educacional, no
entanto, na comunicação total privilegiava-se toda e qualquer forma de comunicação (códigos
manuais, mímicas, linguagem oral). O Bilinguismo, tendência que surge após a Comunicação
Total, vem para contrapor as filosofias Oralista e Comunicação Total. Na perspectiva do
Bilinguismo o surdo deve aprender duas línguas: a Língua de Sinais e a língua escrita oficial do
seu país. No Brasil, o Bilinguismo surge na década de 80 com as pesquisas de Lucinda Ferreira
Brito. Essa filosofia acredita que a língua de sinais é a língua natural do surdo e, por utilizar uma
língua de modalidade diferente, ele possui uma cultura e uma identidade própria. O bilinguismo
desloca o foco da deficiência, da falta e da normalização, para o estudo da Língua de Sinais, da
Cultura, Identidade e Comunidade Surda. No contexto atual de educação de surdos, não há a
prevalência total de uma das três tendências apresentadas acima. Mas as Políticas Públicas
Educacionais indicam o direcionamento da educação de surdos para a proposta bilíngue. Em
2002, a Lei nº 10.436 torna legal o uso da Língua Brasileira de Sinais, reconhecendo seu status
linguístico. A regularização da situação da Língua Brasileira de Sinais no Brasil abre caminhos
para a intensificação de discussões sobre a educação de surdos. Com o advento da Inclusão, que
toma força em 2001, os alunos surdos começam a migrar das instituições especializadas para as
escolas regulares. Vale esclarecer que muitas escolas especializadas de educação de surdos
foram fechadas nesse período, pois na perspectiva da inclusão toda a criança “com deficiência”
deve frequentar a escola regular. Em 2005, o Decreto nº 5.626, dispõe sobre aspectos
relacionados à inclusão do aluno surdo. Dentre eles estão: formação do professor de LIBRAS;
formação do intérprete de LIBRAS; inserção da LIBRAS na grade curricular dos cursos, em nível
médio (magistério) e superior (licenciatura e fonoaudiologia). A garantia ao aluno surdo de
acesso ao conhecimento na sua língua materna (LIBRAS); Garantia de ensino de LIBRAS no
contra turno do período escolar;
Considerando as Políticas Públicas atuais, a educação de surdos acontece em escolas regulares,
com exceções de escolas especiais de surdos, que ainda se mantém pelo esforço e luta da
comunidade surda. Ainda hoje, a comunidade surda luta e defende a criação de escolas bilíngues
para surdos. A inclusão dos alunos surdos, no município de Florianópolis, segue as orientações
nacionais e garante o direito da criança surda de aprender a LIBRAS, da Educação Infantil à
Educação Fundamental. Além disso, garante-se à criança o acesso aos conhecimentos em
LIBRAS, com a presença do intérprete em sala de aula. Considerando os aspectos históricos e o
cenário atual da educação de surdos, o tópico seguinte irá contextualizar como o projeto de
ensino de LIBRAS surgiu e como ele foi implementado no cotidiano de um grupo de crianças, da
Creche Waldemar da Silva Filho, na rede Municipal de Florianópolis.
O ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para crianças ouvintes
De acordo com a proposta de educação inclusiva da rede municipal de Ensino de Florianópolis-
SC, o ensino da LIBRAS é inserido no cotidiano da criança surda. Nessa perspectiva, a criança
surda é incluída em um grupo de crianças ouvintes e a LIBRAS passa também a fazer parte do
cotidiano das crianças ouvintes. Esse foi o cenário educativo de uma das turmas da Creche
Waldemar da Silva Filho, na Rede Municipal de Florianópolis. Na sala, com crianças com idade
entre três a quatro anos, tinha uma criança surda incluída, que estava em processo de aquisição
da LIBRAS. A turma contava com a presença de uma professora de LIBRAS que ensinava a Língua
de Sinais para a aluna surda. Após dois meses de imersão, da professora de LIBRAS, percebeu-
se que a criança surda interagia pouco com as crianças ouvintes, ainda que mediações fossem
realizadas, tanto da professora regente da turma quanto da professora de LIBRAS. Nesse
momento surgiu uma questão: o que fazer para superar a barreira linguística que havia entre a
criança surda e as crianças ouvintes?
Por outro lado, a presença da professora de LIBRAS despertou nas crianças ouvintes o interesse
em aprender os sinais. Nos momentos em que a professora ensinava a Língua de Sinais para a
criança surda, as crianças da turma se aproximavam, tentavam repetir os sinais feitos pela
professora direcionando-se a criança surda na tentativa de comunicar-se com ela. Em outros
momentos se aproximavam da professora pedindo ajuda para fazer os sinais e para saber os
sinais dos objetos da sala. A necessidade de qualificar as relações da criança surda com a turma
e o interesse das crianças ouvintes em aprender LIBRAS foram os motivadores da criação da
proposta de ensino de LIBRAS como segunda língua. Nesse contexto surgiu o projeto “Um amor
de confusão: aprendendo LIBRAS a partir das diferenças”. O objetivo do projeto foi promover
nas crianças ouvintes a aprendizagem da LIBRAS a fim de qualificar a inclusão da criança surda
na turma. Sobre isso, Lacerda (2000, p.4-5) afirma que:
[...] quando se opta pela inserção do aluno surdo na escola regular, esta precisa ser feita com
muitos cuidados que visem garantir sua possibilidade de acesso aos conhecimentos que estão
sendo trabalhados, além do respeito por sua condição linguística e por seu modo peculiar de
funcionamento. Isso não parece fácil de ser alcançado e, em geral, vários desses aspectos não
são contemplados. A criança, frequentemente, não é atendida em sua condição sociolinguística
especial, não são 20769 feitas concessões metodológicas que levem em conta sua surdez, o
currículo não é repensado visando incorporar aspectos significativos à ótica da pessoa surda,
culminando com um desajuste sócio educacional.
A educação da criança surda envolve aspectos que vão para além do ensino da LIBRAS como
primeira língua. Ela perpassa pelo respeito a sua identidade, cultura e ao modo particular de
vivenciar o mundo. Dentro dessa perspectiva, o processo de inclusão da criança surda é um
grande desafio, uma vez que ele deve dar conta não só da sua inserção efetiva no grupo, mas
precisa adequar o ensino de modo que ele respeite a diversidade sociolinguística da criança. Ao
iniciar o projeto, sabíamos da complexidade que um processo de inclusão da criança surda
envolveria. Porém, sabíamos que não poderíamos promover a inclusão sem envolver e
sensibilizar todas as crianças da turma. Dessa forma, era urgente e necessário que a LIBRAS
fizesse parte do cotidiano da turma e se tornasse a língua de comunicação da criança surda com
seus pares. Com os objetivos bem delimitados nos deparamos com uma problemática: Como
ensinar a LIBRAS como segunda língua na turma? Um desafio surgiu diante de nós professoras
e, foi no poema “Um amor de confusão”, de Dulce Rangel, que encontramos um caminho para
apresentar a LIBRAS para a turma. A partir da releitura e adaptação da história do poema, criou-
se uma personagem surda, que passou a fazer parte do cotidiano da turma. A história do poema,
adaptada, passou a ser a história vivida pelos alunos. Um belo dia a galinha surda chegou à sala
da turma, mas não conseguia se comunicar com as crianças porque ela era surda. Muitas
crianças se espantaram e outras logo já identificaram a semelhança da personagem com a
criança surda. Com o auxilio da professora de LIBRAS a galinha, que falava em LIBRAS, convidou
a turma a procurar seus ovos perdidos. As crianças saíram pela creche em busca dos ovos da
galinha, e vários ovos perdidos eles encontraram. Já com seus ovos a galinha passou a morar na
sala e integrar a rotina do grupo.
A galinha surda instigou ainda mais os alunos a aprenderem a LIBRAS para comunicar-se com
ela. No primeiro contato com a personagem surda, as crianças tentavam conversar com ela,
oralizando. Com o tempo, as crianças foram percebendo que a comunicação só poderia
acontecer através da Língua de Sinais. “- Não adianta falar com ela, tem que fazer ogalinha
aguardando o próximo ovo a ser chocado. A cada nascimento as crianças interagiam em LIBRAS
com a galinha, interessadas em saber sobre o que sinal do bichinho, o que ele comia, onde ele
vivia, etc. Mesmo com o vocabulário ainda restrito as crianças se comunicavam com a galinha
surda e, quando não sabiam os sinais utilizavam mímicas e gestos criados por eles. Como a
galinha tinha seu ninho dentro da sala, frequentemente as crianças pediam para brincar com ela
nos momentos de brincadeira livre. Nesses momentos as crianças utilizavam os sinais que
aprendiam o que possibilitou a inserção da criança surda nas brincadeiras. Além disso, através
da personagem a professora de LIBRAS apresentou ao grupo histórias da cultura surda, músicas
e brincadeiras em LIBRAS. A música proporcionou as crianças não só a aprendizagem dos sinais,
mas também desenvolveu a atenção, percepção visual e expressão corporal. As histórias
possibilitaram um contato com a realidade da comunidade surda, ou seja, compreender as
especificidades da cultura surda. As brincadeiras preferidas do grupo foram adaptadas e eram
realizadas em LIBRAS. Dessa forma, possibilitou-se às crianças ouvintes fazer uso da língua que
estavam aprendendo e à criança surda uma participação mais efetiva nas brincadeiras.
Paralelamente ao ensino de LIBRAS, a professora regente da turma problematizou as diferenças,
trabalhando com pesquisas sobre a vida dos diferentes animais que chocavam dos ovos. As
crianças aprendiam sobre o habitat, as características, a alimentação e comportamento de cada
animal. O ensino da LIBRAS foi implementado na turma durante oito meses e as intervenções
da professora de LIBRAS aconteciam duas vezes por semana.
Bilinguismo na Educação Infantil: uma proposta às avessas
O ensino da LIBRAS como segunda língua se tornou, ao longo do projeto, uma temática
emergente. Deste modo, as reflexões sobre o projeto foram além dos limites da inclusão e
adentraram em outro campo teórico: o bilinguismo. Antes de discutir o ensino da Língua de
Sinais para crianças ouvintes, é preciso conceituar o que é bilinguismo e mapear estudos sobre
o ensino da LIBRAS como segunda língua na educação infantil. De acordo com Flory, várias são
as definições do termo bilinguismo.
O bilinguismo vai além do uso de duas línguas, ele envolve, principalmente, os aspectos culturais
e sociais de cada língua. Respeitando a complexidade do termo bilinguismo, mas entendendo a
importância de uma definição clara para fundamentarmos nossa prática, utilizaremos a palavra
bilinguismo no sentido atribuído por Quadros (2005, p. 27) “Bilinguismo, então, entre tantas
possíveis definições, pode ser considerado: o uso que as pessoas fazem de diferentes línguas
(duas ou mais) em diferentes contextos sociais”. Entendemos que o bilinguismo é fazer uso de
duas línguas em contextos diversificados, estar em contato com diferentes culturas e
experimentar o mundo sob outro prisma. No Brasil o bilinguismo começa a ganhar espaço, mais
ainda estamos distante de uma cultura que valorize o bilinguismo no sentido pleno da palavra
(GOLDFELD, 2002). O ensino de outras línguas está se consolidando nas séries iniciais e na
educação infantil. Hoje, o inglês, francês e o alemão já fazem parte do cotidiano de instituições
de educação infantil e muitas pesquisas já indicam o benefício da aquisição de uma segunda
língua nesse período. Nesse contexto, a LIBRAS ainda é pouco acessada como opção de segunda
língua. A presença da LIBRAS no contexto educacional, na grande maioria dos casos, está
vinculada ao processo de inclusão dos alunos surdos. Na educação de surdos, o bilinguismo se
refere à aquisição de LIBRAS como primeira língua e a aprendizagem da Língua Portuguesa
escrita como segunda língua. Sabemos da importância do bilinguismo na educação de surdos,
pois ele garante o direito do surdo de adquirir a sua língua materna , bem como prevê a
aprendizagem da segunda língua, no caso a língua oficial do país, garantindo que esse sujeito
possa participar e ser incluído na sociedade ouvinte. O processo de inclusão da criança surda é
complexo, pois na grande maioria das vezes ela está inserida em um contexto familiar ouvinte e
aprende tardiamente a LIBRAS. Dessa forma, a criança chega à escola sem uma língua
constituída, o que acaba dificultando a aprendizagem da Língua Portuguesa escrita.
Considerando a importância da criança surda fazer uso da LIBRAS no contexto educativo, dentro
da perspectiva da inclusão, colocamos em discussão o ensino da LIBRAS nesse cenário. Por que
se fala em contexto educacional bilíngue para surdos, mas não se discute o ensino de LIBRAS,
como segunda língua, para as crianças ouvintes? O ensino da LIBRAS no contexto inclusivo
possibilita as crianças ouvintes o aprendizado de uma segunda língua e garante que a criança
surda possa utilizar sua língua materna no espaço escolar. O debate muda o foco do bilinguismo
na educação de surdos, para o bilinguismo na educação infantil. Isso significa uma proposta
bilíngue às avessas, em que as crianças ouvintes adquirem uma segunda língua, de modalidade
diferente6 , tendo a oportunidade de conhecer os aspectos socioculturais que a ela estão
relacionados.
Considerações Finais
Muitos estudos já apontam os benefícios da aprendizagem da segunda língua na educação
infantil, mas raros estudos se dedicam a estudar sobre a aquisição da LIBRAS como segunda
língua. Tais inferências confirmam os resultados obtidos ao longo do projeto “Um amor de
confusão: aprendendo LIBRAS a partir das diferenças”. Durante a realização do projeto
percebeu-se um envolvimento significativo do grupo nas atividades de LIBRAS e um crescente
interesse dos alunos ouvintes em comunicar-se com a colega surda. Percebeu-se que o ensino
de LIBRAS, como segunda língua, proporcionou aos alunos ouvintes o desenvolvimento de
aspectos relacionados à motricidade, além do respeito à especificidade linguística e cultural da
criança surda. Dentre as aprendizagens adquiridas a partir da segunda língua, FLORY destaca
que “o contato com outras culturas pode ampliar nossa forma de ver o mundo, proporcionando
experiência de vida, cultura geral e, possivelmente, erudição, entre outros fatores”. Vale
ressaltar também que o ensino da LIBRAS foi para além dos limites da sala de aula. Muitas
famílias relataram que as crianças estavam ensinando LIBRAS em casa, indicando que a LIBRAS
é a língua de comunicação da pessoa surda. Ao final do projeto, constatou-se que o ensino da
LIBRAS resultou em aprendizagens significativas para as crianças ouvintes, além de qualificar as
relações da criança surda com seus pares. A LIBRAS, por ser uma língua de modalidade visual-
espacial, desenvolveu nas crianças ouvintes habilidades relacionadas à percepção e atenção
visual, coordenação motora fina, expressão corporal e facial. No primeiro contato com a LIBRAS,
muitas crianças não conseguiam fixar o olhar para uma narrativa em LIBRAS e, ao final
conseguiram estabelecer o olhar atento aos sinais em uma conversação. As dificuldades de fazer
a configuração de mão de um sinal, foram superadas pelas crianças ao longo do projeto. Após o
contato frequente com a LIBRAS, o grupo apresentou avanços significativos, quanto a
coordenação motora fina, ao superar a dificuldade inicial de compor a configuração de mão do
sinal. Tais evidências confirmam a importância do ensino da LIBRAS para o processo de inclusão
da criança surda, bem como para o desenvolvimento de habilidades nas crianças ouvintes. Logo,
é possível se pensar o ensino de LIBRAS para crianças ouvintes, dentro de uma proposta de
ensino bilíngue. O estado da arte aponta que poucos estudos sobre o ensino da língua de sinais,
como segunda língua, são realizados no contexto acadêmico. Considerando a importância e a
complexidade dessa temática, finalizamos este trabalho na certeza de que as discussões não se
esgotam neste artigo. Nossa intenção é que ele signifique uma flecha, que um pensador atira,
assim como no vazio, para que outro pensador a recolha e possa também enviar a sua na mesma
ou em outra direção (CORAZZA, 2007).

De acordo com o texto acima, responda com atenção as questões.


1. O que é ORALISMO e quando iniciou no Brasil?
Para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos
surdos, sendo indispensável para o desenvolvimento integral das crianças
Surgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão
(1880).
2. O que significa a afirmação, A LÍNGUA DE SINAIS SOBREVIVEU ATÉ 1957.
No Brasil, a tendência mundial do oralismo se instalou no INES em 1911. Mesmo com a
imposição do oralismo puro, a Língua de Sinais sobreviveu até 1957, momento em que passou
a ser estritamente proibida em sala de aula (GOLDFELD, 2002).

3. O que a filosofia ORALISTA defende?

A filosofia oralista defende a normalização do sujeito surdo, ou seja, a surdez é vista sob o viés
da deficiência, da falta. Nesta perspectiva, a metodologia de ensino utiliza terapias intensivas
de oralização para que, aprendendo a língua (oficial do país) oral e escrita, o aluno surdo passe
a integrar a sociedade ouvinte.

4. Quando surgiu a Comunicação Total? E o que ela significa?


Após a tendência oralista, surge a Comunicação Total. Essa filosofia chega, no Brasil, na década
de 70, sob influência da Universidade de Gallaudet, dos Estados Unidos (GOLDFELD, 2002). Em
contraponto à tendência oralista, a Comunicação Total tira o foco da reabilitação e centra o
objetivo na comunicação. Porém, ela não se distancia da tendência oralista, uma vez que se
preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, “mas acredita que os
aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado em prol do
aprendizado exclusivo da língua oral” (GOLDFELD, 2002, p. 38). Percebe-se que há um avanço
na filosofia da Comunicação Total quando ela deixa de ver a surdez sob a perspectiva da falta e
passa a compreendê-la como uma marca que tem um significado na vida sócio-afetiva e no
desenvolvimento da pessoa surda. A língua de sinais retorna ao contexto educacional, no
entanto, na comunicação total privilegiava-se toda e qualquer forma de comunicação (códigos
manuais, mímicas, linguagem oral.

5. Qual Lei torna legal o uso da LIBRAS?


A Lei nº 10.436 torna legal o uso da Língua Brasileira de Sinais, reconhecendo seu status
linguístico. A regularização da situação da Língua Brasileira de Sinais no Brasil abre caminhos
para a intensificação de discussões sobre a educação de surdos.

6. O que o Decreto 5626 dispõe


Decreto nº 5.626, dispõe sobre aspectos relacionados à inclusão do aluno surdo. Dentre eles
estão: formação do professor de LIBRAS; formação do intérprete de LIBRAS; inserção da LIBRAS
na grade curricular dos cursos, em nível médio (magistério) e superior (licenciatura e
fonoaudiologia). A garantia ao aluno surdo de acesso ao conhecimento na sua língua materna
(LIBRAS); Garantia de ensino de LIBRAS no contra turno do período escolar;

7. O ensino de LIBRAS para criança ouvinte em SC na escola de educação infantil deu


certo? Explique.
De acordo com a proposta de educação inclusiva da rede municipal de Ensino de Florianópolis-
SC, o ensino da LIBRAS é inserido no cotidiano da criança surda. Nessa perspectiva, a criança
surda é incluída em um grupo de crianças ouvintes e a LIBRAS passa também a fazer parte do
cotidiano das crianças ouvintes. Esse foi o cenário educativo de uma das turmas da Creche
Waldemar da Silva Filho, na Rede Municipal de Florianópolis. Na sala, com crianças com idade
entre três a quatro anos, tinha uma criança surda incluída, que estava em processo de
aquisição da LIBRAS. A turma contava com a presença de uma professora de LIBRAS que
ensinava a Língua de Sinais para a aluna surda. Após dois meses de imersão, da professora de
LIBRAS, percebeu-se que a criança surda interagia pouco com as crianças ouvintes, ainda que
mediações fossem realizadas, tanto da professora regente da turma quanto da professora de
LIBRAS

8. O que significa BILINGUISMO?


O bilinguismo vai além do uso de duas línguas, ele envolve, principalmente, os aspectos
culturais e sociais de cada língua. Respeitando a complexidade do termo bilinguismo, mas
entendendo a importância de uma definição clara para fundamentarmos nossa prática,
utilizaremos a palavra bilinguismo no sentido atribuído por Quadros (2005, p. 27) “Bilinguismo,
então, entre tantas possíveis definições, pode ser considerado: o uso que as pessoas fazem de
diferentes línguas (duas ou mais) em diferentes contextos sociais”. Entendemos que o
bilinguismo é fazer uso de duas línguas em contextos diversificados, estar em contato com
diferentes culturas e experimentar o mundo sob outro prisma.

9. Você se interessa por LIBRAS? Gosta? O que acha dessa língua?


Sim gosto muita da língua de sinais, é uma área muito ampla acho incrível o modo como se
ensina a criança surda, é uma coisa fantástica, não que vem quero muito começar a fazer libras
pois me interessou bastante.

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