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Protocolo de Enfermagem na Atenção Primária

Fascículo
Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida
no Contexto da Atenção Primária à Saúde
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Secretaria Municipal de Saúde
Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde
Superintendência de Atenção Primária

Fascículo
Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida
no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Rio de Janeiro
2017
©Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro


Marcelo Crivella
Secretário Municipal de Saúde
Marco Antônio de Mattos
Subsecretária Geral Executiva
Ana Beatriz Busch Araújo
Subsecretária de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde
Claudia Nastari
Superintendente de Atenção Primária
Leonardo Graever
Organizadoras
Fernanda Prudencio
Nina Prates
Fabiane Minozzo
Equipe Técnica de Elaboração, Revisão e Apoio
Alexandro Ribeiro
Ana Carolina Moraes Lamberti
Ana Helena Rissin
Ana Karinny Clímaco de O. Grego
Andréa Silveira Manso
Camila do Desterro
Carmem Lopes
Daniele Pinheiro E Silva
Fernanda Prudencio
Gabriela Rêgo de Almeida Muñoz
Isadora Siqueira de Souza
Jéssica de Barros Ribeiro
Juliana Paulo e Silva
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Juliana Rodrigues Ferreira de Oliveira


Juliana Rodrigues C. Langsdorff 
Lidiane Dias Reis
Luciana Quagliane Ribeiro
Márcia Soares Vieira
Margareth G. Sgambato Ferreira
Nadja Greffe
Neyse da Silva Couto
Natacha Carvalho Silva
Paulenir Costa vieira
Rosane Rito
Roseli Cruz de O. Vicente
Silvana Holanda
Revisão Técnica
- Secretaria Municipal de Saúde
Andrea Silveira Manso
Fátima Virgínia
Fernanda Prudencio
Nina Prates
– Universidade Federal do Rio de Janeiro
Elizabete Pimenta de Araújo Paz
– Câmara Técnica de Gestão e Assistência de Enfermagem – COREN/RJ
Gisele Marques
Projeto Gráfico e Diagramação
Cláudia Araujo
Normatização
Ercilia Mendonça – Núcleo de Publicação e Memória
CARTA COREN
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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO 13

2 - SAÚDE DA CRIANÇA 17

1. Acolhimento Mãe-Pai - Bebê Nas Unidades De Atenção Primária À Saúde

2. Condutas de Enfermagem a queixas específicas

3. Solicitações de exames complementares em crianças assintomáticas

3.1 Hemograma completo

3.2 Exame de Fezes e Exame de Urina Simples

4. Protocolo para acompanhamento de recém-natos com sífilis congênita, egressos da maternidade na APS

5. Orientações sobre Alimentação em Crianças Menores de Dois Anos

5.1 Orientações sobre Alimentação Para Crianças Menores de Dois Anos

5.2 Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável para Crianças Menores de Dois Anos

5.3 Orientações de Alimentação Nos Casos de Crianças Não Amamentadas

3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE 82

6. O Cuidado do Adolescente pelo Enfermeiro (idade entre 10 e 19 anos)

7. Orientações sobre Alimentação para Adolescentes

8. Principais agravos na adolescência

8.1 Transtornos Alimentares – Anorexia Nervosa E Bulimia

9. Protocolo de atendimento às crianças e adolescente vítimas de violência

10. Imunização em adolescentes

11. Saúde Sexual E Reprodutiva

11.1 Infecções Sexualmente Transmissíveis


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4 - SAÚDE DA MULHER 98

12. Assistência ao Pré-Natal

12.1 Atribuições dos Enfermeiros(as) no pré-natal

12.2 Exames laboratoriais na assistência pré-natal e condutas

12.3 Calendário das Consultas de Pré-Natal

12.4 Manejo do ganho de peso na gestação

12.5 Conduta nas Alterações da Pressão Arterial

12.6 Diabetes na gestação

12.7 Vacinação da gestante

12.8 Condutas Nas Queixas Mais Frequentes

12.9 Principais Sinais de Alerta na Gestação

12.10 Doença Exantemática em Gestante

12.11 Normatizações e Legislações Vigentes para boas práticas ao pré-parto, parto e puerpério

12.12 Cegonha Carioca

12.13 Direitos Sociais da Gestante e do Pai

12.14 Gestantes em Vulnerabilidade Social

12.15 Direitos Trabalhistas das Gestantes e do Pai

13. Puerpério

13.1 Assistência ao Puerpério

13.3 Condutas na Consulta de Puerpério

13.4 Anticoncepção no Puerpério

14. Planejamento Sexual e reprodutivo

14.1 Assistência à Pré-Concepção


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14.2 Assistência à Contracepção

15. Climatério e Menopausa

15.1 Alterações Orgânicas no Climatério e Resposta Sexual

15.2 Recomendações aos Profissionais de Saúde na Atenção a Mulher no Climatério

15.3 Terapia de Reposição Hormonal

16. Rastreio do câncer de mama e colo do útero

16.1 Câncer de mama

16.2 Classificação dos resultados de mamografia e conduta pós rastreamento

16.3 Linha de cuidado do câncer de mama

16.4 Cãncer de colo de útero

17. Atenção às mulheres em situação de violência doméstica e sexual

17.1 O Atendimento da equipe e o processo de trabalho frente à violência

17.2 Atenção humanizada na situação de interrupção legal da gestação

17.3 Anticoncepção hormonal de emergência – AHE

5 - SAÚDE DO HOMEM 183

18. CUIDADO DE ENFERMAGEM AO HOMEM DE 20 A 59 ANOS

18.1 Consulta de Enfermagem

18.2 Rastreamento tabagismo

18.3 Rastreamento de abuso do álcool

18.4 Paternidade E Cuidado

18.5 Sexualidade E Reprodução


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6 - CUIDADO DA PESSOA IDOSA 196

Introdução

19. Política De Atenção À Saúde Da Pessoa Idosa (Morbimortalidade)

19.1 Acesso Ao Serviço De Aps Da Pessoa Idosa Do Território (Diagnostico De Saúde)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LISTA DE QUADROS:

QUADRO 01. Calendário de Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento de Crianças de Baixo Risco (0 a 10 anos) 26

QUADRO 02. Tratamento medicamentoso para parasitose intestina 46

QUADRO 03. Tópicos da legislação brasileira sobre situação da mulher e parceiro no momento da gestação, adoção e puerpério 129

QUADRO 04- Síntese na atenção ao planejamento reprodutivo: critérios de elegibilidade. 136

QUADRO 05. Métodos contraceptivos ofertados na Atenção Primária 144

QUADRO 06. Avaliação de risco para os cuidados profiláticos e de tratamento decorrentes da violência sexual 158

QUADRO 07. Síntese: Atenção às Mulheres no Climatério 166

QUADRO 08. Conduta pós ratreamento do câncer de mama 171

QUADRO 10. Avaliação de risco para os cuidados profiláticos e de tratamento decorrentes da violência sexual 177

LISTA DE FLUXOGRAMAS

FLUXOGRAMA 01. Fluxo de acolhimento mãe-pai-bebê nas unidades da APS após alta da maternidade 23
FLUXOGRAMA 02. Avaliação e Acompanhamento da Criança de 0 a 02 meses pelo Enfermeiro 28
FLUXOGRAMA 03. Avaliação e Acompanhamento da Criança de 02 meses a 05 anos pelo Enfermeiro 30
FLUXOGRAMA 04. Avaliação e Acompanhamento da Criança de 05 anos a 11 anos pelo Enfermeiro 32
FLUXOGRAMA 05. Atendimento a criança com Escabiose (sarna) 34
FLUXOGRAMA 06. Atendimento a criança com Pediculose 36
FLUXOGRAMA 07. Atendimento a criança com Dermatite de Fralda 38
FLUXOGRAMA 08. Atendimento a Criança com Brotoeja 39
FLUXOGRAMA 09. Atendimento ao lactente com Cólica 40
FLUXOGRAMA 10. Atendimento a Criança com Monilíase Oral 42
FLUXOGRAMA 11. Atendimento a Criança com Parasitose Intestinal 44
FLUXOGRAMA 12. Atendimento a criança com Diarreia 48
FLUXOGRAMA 13. Atendimento a criança Com Constipação Intestinal 50
FLUXOGRAMA 14. Atendimento a Criança com Febre 52
FLUXOGRAMA 15. Atendimento a Criança com Dor de ouvido-Otite média (maior de 02 anos até 11 anos 11 meses e 29 dias) 54
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FLUXOGRAMA 16. Atendimento a criança com alteração respiratória 56

FLUXOGRAMA 17. Atendimento a criança com alteração no coto umbilical 58


FLUXOGRAMA 18. Atendimento a criança com Anemia 60

FLUXOGRAMA 19. Acompanhamento de recém-natos com sífilis congênita, egressos da maternidade, na APS 66

FLUXOGRAMA 20. Atendimento do enfermeiro ao adolescente 84

FLUXOGRAMA 21. Atendimento às crianças e adolescente vítimas de violência 92

FLUXOGRAMA 22. Diagnóstico da Gravidez 101

FLUXOGRAMA 23. Fluxo de Atendimento à Gestante nos Três Níveis de Atenção 102

FLUXOGRAMA 24. Roteiro para as Consultas de Pré-Natal 109

FLUXOGRAMA 25. Auxílio à concepção – Planejamento de uma gravidez 140

FLUXOGRAMA 26. Auxílio à contracepção – Escolha do método 142

TABELA 27. Anticoncepcional oral combinado(AOC) e minipílula 148

TABELA28. anticoncepção injetável (AI) trimestral e mensal 150

TABELA 29. Dispositivo Intra-uterino (DIU) de cobre 152

FLUXOGRAMA 30. Esterilização voluntária feminina e masculina (métodos definitivos e cirúrgicos) 154

FLUXOGRAMA 31. Consulta de Enfermagem para Exame Citopatológico 169

FLUXOGRAMA 32. Atenção em Violência Doméstica e Sexual no IML (Após a Mulher Prestar Queixa em Delegacia) 179

FLUXOGRAMA 33. Acesso e acolhimento de enfermagem ao homem na APS em demanda livre 185

FLUXOGRAMA 34. Rastreamento do Tabagismo 188

Fluxograma 35. Atendimento Individual da Pessoa Dependente de Tabaco 189

FLUXOGRAMA 36.Rastreamento de abuso de álcool 191


FLUXOGRAMA 37. A estratificação de risco de todos os idosos cadastrados pela equipe 199
1
Introdução
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1- INTRODUÇÃO

Este documento foi elaborado visando instrumentalizar os (as) enfermeiros (as) que trabalham diretamente
na Atenção Primaria a Saúde (APS) na Cidade do Rio de Janeiro, trazendo recomendações sobre as áreas de
Saúde da Criança, Adolescente, Mulher, Homem e Idoso, baseadas nas principais referencias de saúde, como
WHO, NICE e Ministério da Saúde, entre outras, adaptados para a realidade brasileira e carioca.

Esperamos auxiliar os Enfermeiros no desenvolvimento da atenção a saúde individual, familiar e coletiva.


Implementando ações de promoção, prevenção, assistência, reabilitação e redução de danos, desenvolvendo
uma assistência de enfermagem integral, articulada com sua equipe multiprofissional e com a rede de saúde.
Atendendo os princípios da coordenação do cuidado, longitudinalidade e equidade que são os pilares da
APS. Utilizando-se como instrumento organizador dos processos de trabalho a SAE, que apresenta-se como
uma questão deontológica para a enfermagem.

A Resolução COFEN nº. 358/2009 enfatiza a necessidade de aplicação da sistematização da assistência


e a implementação do Processo de enfermagem na prática cotidiana da enfermagem em seus diferentes
cenários de trabalho: utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de
saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade, considerando assim a
evolução dos conceitos de Consulta de Enfermagem. (FULY, 2008)

O Decreto nº 94.406/1987 COFEN afirma ainda que cabe ao enfermeiro: A implantação, planejamento,
organização, execução e avaliação do processo de enfermagem.

Segundo a Resolução COFEN 358/2009, o processo de Enfermagem é um instrumento metodológico


que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática profissional. O registro no
prontuário não é sinônimo de sistematização, mas é um requisito legal indispensável à prática de enfermagem.
E constitui uma etapa importante para cumprirmos com a SAE.

Ainda baseado nesta resolução, o Processo de Enfermagem deve estar baseado num suporte teórico e se
organiza em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, são elas: Histórico de Enfermagem,
Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem, Implementação e Avaliação de Enfermagem.

Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) – realizado com o auxílio de métodos e
técnicas variadas, tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade
humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença.

14
Diagnóstico de Enfermagem – processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira
etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam,
com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo
saúde e doença; e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva
alcançar os resultados esperados.

Planejamento de Enfermagem – determinação dos resultados que se espera alcançar; e das ações ou
intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana
em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem.

Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de


Enfermagem.

Avaliação de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas


respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da
necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem.

15
2
Saúde da
Criança
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2 - SAÚDE DA CRIANÇA

A Atenção à Saúde da Criança tem como relevância garantir desde seu nascimento um desenvolvimento
intelectual, emocional, cognitivo e físico saudável. Este capítulo busca orientar o Enfermeiro a implementar
assistência à criança, sua família e/ou ao cuidador, de maneira integral, atuando sobre condicionantes que
possam reduzir a morbidade e mortalidade na infância (0 a 5 anos).

Para isso, este protocolo busca orientar os Enfermeiros a desenvolverem e organizarem suas ações para:

• Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil;


• Realização da Triagem Neonatal (Teste do Pezinho, Teste da Orelhinha, Teste do Olhinho e Teste do
Coraçãozinho);
• Estímulo e apoio ao aleitamento materno e orientação para alimentação saudável;
• Diagnóstico e tratamento das doenças prevalentes na infância;
• Imunização.

1. ACOLHIMENTO MÃE-PAI - BEBÊ NAS UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

- APÓS ALTA DA MATERNIDADE

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Município do Rio de Janeiro vem desenvolvendo, desde
setembro de 2003, a estratégia de Acolhimento mãe-bebê, a qual foi implantada em parceria com o Programa
de Saúde da Mulher nos mesmos moldes das ações “Primeira Semana Saúde Integral”.
Considerando que as unidades de APS são as portas de entrada organizada para o acompanhamento
do Crescimento e Desenvolvimento da criança, esta estratégia tem o objetivo de estabelecer uma referência
para uma recepção humanizada, após alta da maternidade, do binômio mãe-bebê na unidade de APS mais
próxima de sua residência realizando as seguintes ações:

1. Estabelecer referência para recepção humanizada da família, após alta da maternidade;


2. Realizar as ações preconizadas para a 1ª semana de vida do bebê e, no caso da mulher, as ações
referentes à 1ª semana após o parto e;
3. Possibilitar o estabelecimento precoce do vínculo da família com a Unidade de Saúde.

18
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Os profissionais deverão orientar as mães sobre os cuidados com o bebê e apoiá-las neste período de
intensas mudanças na família com a chegada da criança (CAB33). As ações prioritárias neste momento são:

-- Incentivo ao aleitamento materno exclusivo;


-- Vacinação recomendada para o bebê e a mãe;
-- Teste do pezinho para detecção precoce de doenças;
-- Avaliação de risco do bebê e das condições de saúde das mães.

Neste momento considera-se muito importante o estímulo à participação do pai/parceiro(a). Neste sentido,
é de suma importância minimizar qualquer tipo de exclusão do pai/parceiro(a), que gera, muitas vezes, um
grande sentimento de frustração e que reforça ainda mais o seu distanciamento das questões relativas à saúde
dos filhos.
Para a ampliação e o fortalecimento da participação do pai/parceiro(a), os profissionais devem estar
atentos para o acesso e o acolhimento de qualidade dos mesmos, incluindo-os como sujeitos na lógica das
consultas realizadas em conjunto com as mães e as crianças (CAB33).
Além disso, o profissional de saúde deve estimular o desenvolvimento da parentalidade, a qual é definida
como o conjunto de remanejamentos psíquicos e afetivos que permitem ao adulto tornar-se pai ou mãe. O
termo parentalizar designa a influência positiva que uma pessoa exerce sobre o sentimento que um adulto tem
de ser pai e mãe e refere-se à vivência da identidade parental e aos sentimentos de competência dos pais com
relação aos cuidados que eles dispensam ao seu bebê(CAB33).

Quem pode exercer a parentalização?

-- O bebê (durante suas interações com os pais);


-- Os cônjuges (que podem parentalizar um ao outro)
-- A família ampliada
-- Os profissionais que trabalham com pais e bebês.

Portanto, para efetivação do Acolhimento Mãe-Pai-Bebê, é importante considerar que o acolhimento não é
um momento fixo ou uma etapa, mas uma postura ética, política e, sobretudo empática, que pode ocorrer em
boa parte dos momentos de interação entre usuários e profissionais de saúde (MS, 2016).

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

- NO PRÉ-NATAL

O Enfermeiro deve preparar a gestante, seu companheiro e sua família para as ações do Acolhimento
Mamãe – Papai – Bebê durante as consultas de pré-natal, seguindo as sugestões abaixo:

- A Gestante deve ser orientada sobre ações que devem ser realizadas para ela e seu bebê entre o 3º
e 5º dia de vida. Quando o bebê permanece internado após o 5º dia, a coleta do teste do pezinho
deve ser realizada na maternidade.
- Nas consultas do 3º trimestre orientar sobre os Testes de Triagem Neonatal, vacinação e apresentar
a Caderneta de Saúde da Criança.
- Orientar sobre as vantagens do aleitamento materno, a importância de iniciar o aleitamento na 1ª
meia hora de vida e outras informações pertinentes.

- VISITA DOMICILIAR DO RN ATÉ 5º DIA

O Enfermeiro junto a sua equipe deve realizar ou orientar a agenda de vistas domiciliares baseado na LISTA
DE GESTANTES para os ACSs. Reiterando as seguintes ações:

- Orientar sobre a importância da família comparecer à unidade de saúde para o Acolhimento Mãe-
Pai-Bebê (3º ao 5º dia de vida do RN)
- Utilizar o Guia de VD para o ACS - Avaliação de Vulnerabilidade em menores de 1 ano (Disponível
na Plataforma Subpav no link http://subpav.org/download/crianca/cartelasFrente_geral_ascom_
curvas.pdf)
- Realizar BUSCA ATIVA PARA OS FALTOSOS.

- AÇÕES REALIZADAS NA UNIDADE DE APS NO MOMENTO DA CONSULTA DE ACOLHIMENTO


MÃE-PAI-BEBÊ

E muito importante estimular a participação dos pais/responsáveis nos cuidados do bebê e convidá-los a
acompanharem as consultas de “Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento”.

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2 - SAÚDE DA CRIANÇA

O Enfermeiro deve realizar, orientar ou encaminhar a ações pontuadas abaixo:

• Coleta do Teste do Pezinho (idealmente do 3º ao 5º dia de vida);


• Vacinas: BCG (checar, aplicar se ainda não realizado e registrar na Caderneta) e anti-hepatite B
(checar / aplicar/ registrar). Verificar a situação vacinal da mãe para tétano e rubéola (completar
esquema iniciado no pré-natal/iniciar esquema vacinal); Acesse o calendário de vacinação da criança
atualizado no link a seguir: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4860791/4153019/SVS_
CalendarioImuno_Site_CriancaJAN2016.pdf
• Avaliação do aleitamento materno: orientação, proteção e apoio; utilizar também orientações e dicas
da Caderneta;
• Verificar na Caderneta de Saúde da Criança se há registro de realização do Teste do Reflexo Vermelho.
Encaminhar para atendimento médico, caso não tenha sido realizado.
• Verificar na Caderneta de Saúde da Criança se há registro de realização do Teste da Orelhinha.
Agendar via SISREG, caso não tenha sido realizado e registrar na Caderneta;
• Verificar na Caderneta de Saúde da Criança se há registro de realização do Teste do Coraçãozinho;
• Identificar situações de violência doméstica entre pais e/ou outros familiares e dos pais/cuidadores
com o bebê;
• Orientar sobre cuidados com o bebê: coto umbilical, banho e posição de dormir - ver orientações na
Caderneta da Criança; Incentivar a família na leitura da Caderneta de Saúde da Criança;
• Agendar 1ª consulta médica para acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento, até 7º dia
de vida, para o RN que se encontra em situação de vulnerabilidade;

• Consulta Médica Imediata na presença de um dos sinais de perigo abaixo:

-- Se “não estiver bem”, irritado, “está diferente”


-- Não pode mamar no peito
-- Se tem vômitos
-- Temperatura axilar <35,5 ou >37,8ºC
-- Convulsões

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-- Letárgico, inconsciente ou flácido


-- Tiragem subcostal grave
-- Apneia
-- Gemido, estridor ou sibilância
-- Cianose central
-- Palidez severa
-- Icterícia abaixo do umbigo
-- Manifestação de sangramento (equimoses, petéquias, hemorragia)
-- Secreção purulenta do umbigo com eritema que se estende à pele
-- Distensão abdominal
-- FR > 60 ou <30 por minuto
-- Pústulas ou vesículas na pele (em grande número ou extensas)
-- Retardo no enchimento capilar (>2 segundos)
-- Anomalias congênitas maiores

• Agendamento ou consulta da puérpera de acordo com a avaliação do risco:

-- Verificar presença de sinais de alerta (hemorragia, febre, dor, sinais de infecção,


depressão e outros): consulta imediata e agendamento de consulta pós-natal.
• Verificação do uso de Imunoglobulina Anti-Rh na maternidade, no caso da mulher Rh negativo (com
parceiro Rh positivo);
• Avaliação do método contraceptivo que está sendo utilizado (orientação, oferta de método de espera
e encaminhamento para grupo de planejamento familiar);
• Agendamento para retirada de pontos em caso de cesariana;
• Agendamento de consulta odontológica/avaliação saúde bucal.

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2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Fluxograma 01. Acolhimento Mãe – Pai – Bebê nas unidades da APS após alta da maternidade

ALTA DA MATERNIDADE

ACOLHIMENTO MAMÃE, PAPAI, BEBÊ


Até o 5º dia de vida prioritariamente pela visita domiciliar ou na unidade de saúde.
Utilizar o ROTEIRO DE ACOLHIMENTO MÃE, PAI, BEBÊ ** como instrumento norteador.

AÇÕES P/ MÃE: AÇÕES P/ RN


- Orientações sobre amamentação e - Anamnese e exame físico;
contracepção; - Avaliar as vacinas ( aplicação da BCG e Hepatite B);
- Avaliação de Saúde; - Registrar os dados na caderneta da vacina;
- Agendamento de consulta do puerpério (02 - Avaliar a amamentação;
consultas até 42 dias após o parto); - Aconselhamento e manejo da amamentação;
- Vacinação; - Enfatizar a importância da realização do teste do pezinho entre o 3º e 5º dia de vida, na
- Encaminhar para a consulta de odontologia; unidade de saúde;

AÇÕES P/ PAI:
- Orientações sobre os cuidados com o bebê;
- Orientações sobre as necessidades e auxílio Avaliação de risco do Bebê
a parceira.

Bebê sem risco Bebê com risco *

Agendamento de consulta para


companhamento do crescimento e Encaminhamento para
desenvolvimento (consulta médica até Atendimento Médico IMEDIATO
O teste do reflexo vermelho deve ser realizado o 15° dia de vida)
pelo médico. Caso não tenha sido realizado na
maternidade, sugere-se que seja feito no
Acolhimento Mãe, Pai, Bebê, ou agendar uma
consulta médica com até 30 dias de vida (MS)
*Riscos:
• Peso ao nascer <2500g; • PC< 32 cm;
• Mãe ≤ 15 anos; • Nenhuma consulta Pré-Natal;
• Nenhum grau de instrução materna • Apagar nos 5' <6;
• IG<37 Semanas e > 42 semanas; • Sífilis congênita;
• Anomalias congênitas; • Violência domestica;
FONTE: Cab 32 e cab 33
• Tipo de parto; • Álcool e drogas;

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

ROTEIRO DE ACOLHIMENTO MÃE - PAI - BEBÊ

Nome da Unidade: _______________________________________________________________


Dados Gerais de identificação
Nome da mãe:_____________________________________ Idade:________________________
Nome do pai: ______________________________________ Idade: _______________________
Nome do(a) RN: __________________________________________________________________
Local do Parto: _________________________ Tipo do Parto: ( ) Normal ( ) Fórcipe ( ) Cesáreo
Data do parto: ____/____/____ Data alta: ____/____/____ Data acolhimento: ____/____/____
Registro de Nascimento: ( ) Sim ( ) Não CPF: ____________________________

Avaliação do(a) RN
RNR (RN de Risco): ( ) Sim - Qual? ____________________________________ ( ) Não
Icterícia? ( ) Sim ( ) Não Lesão de pele: ( ) Sim ( ) Não
Coto umbilical: ( ) secreção ( ) eritema ( ) sem alterações
Aleitamento materno: ( ) somente leite materno (LM) ( ) LM + água, chá ou suco
( ) LM + outro leite ( ) somente outro leite
Avaliação da mamada: mamilos, pega e posição – alterações: ( ) Sim ( ) Não
Quais: _______________________________________________________________________
Encaminhada para apoio ao AM? ( ) Sim ( ) Não Onde? ____________________________
Vacinas aplicadas na maternidade: ( ) BCG ( ) Hepatite B
Pai tem contato com a criança? ( ) Sim ( ) Não
Quem ajuda você com o bebê? ( ) Pai ( ) Ninguém ( ) Outro: ________

Avaliação da Mãe
Relação com bebê: ( ) tranquila ( ) conflituosa
Relação com parceiro: ( ) tranquila ( ) conflituosa
Queixa: _________________________________________________________________________________
Boas condições gerais de saúde? ( ) Sim ( ) Não Por quê? __________________________________
Cicatriz cirurgia em boas condições? ( ) Sim ( ) Não – Febre? ( ) Sim ( ) não
Sangramento normal? ( ) Sim ( ) Não - Evacuação e micção s/alteração?
( ) Sim ( ) Não
Mamas com alteração? ( ) Sim ( ) Não – Qual? _______________________

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2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Encaminhada para o planejamento familiar? ( ) Sim ( ) Não, por quê? ____________________________


Fornecido método contraceptivo de espera? ( ) Sim ( ) Não
Desde que o bebê nasceu, você tem se sentido triste ou deprimida na maior parte do tempo?
( ) Sim ( ) Não
Desde que o bebê nasceu, você tem se sentido incapaz de sentir prazer nas atividades que antes eram
prazerosas para você? ( ) Sim ( ) Não
Caso a paciente seja Rh (-), foi administrado imunoglobulina anti-Rh no pós-parto imediato?
( ) Sim ( ) Não. Caso não, encaminhar com urgência para maternidade de origem.

Avaliação do Pai
Relação com o bebê: ( ) tranquila ( ) conflituosa
Relação com a parceira: ( ) tranquila ( ) conflituosa
Período da ultima consulta: ( ) < 6 meses ( ) > 1 ano

Ações de saúde realizadas:


Para o bebê
( ) Teste do pezinho ( ) Teste da orelhinha
( ) Teste de coraçãozinho ( ) Reflexo vermelho
( ) BCG ( ) Apoio aleitamento materno. Peso = ___________
Encaminhamento para atendimento de urgência? ( ) Sim, por quê? ______________________( ) Não
Agendada consulta p/ acompanhamento do crescimento / desenvolvimento ____/____/____
Outras? Quais? ___________________________________________________________________________
___________________________________________

Para mãe
( ) recepção ( ) informação ( ) Esquema Vacinal
( ) retirada de pontos – data: ____/____/____
Encaminhada para atendimento de urgência? ( ) Sim, por quê? ____________________________( ) Não
Agendada consulta de puerpério para: ____/____/____ - ____/____/____
Agendada na saúde bucal para: ____/____/____

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Quadro 01. Calendário de Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento de


Crianças de Baixo Risco (0 a 10 anos)

Imunização
Aleitamento
Teste do Reflexo Fonte: CPI/SVS/SUBPAV/SMS-Rio baseado no
IDADE Calendário de consultas Materno
Pezinho Vermelho(*) Calendário Nacional de Vacinação da CGPNI/
exclusivo
MS
Grupo
Chegada da Medico Enfermeiro
Educativo
maternidade
Visita Domiciliar
3º/5º dia Acolhimento Mãe-bebê BCG, Hepatite B (se não recebeu na maternidade)
< 7 dias Hepatite B
30 dias

2 meses VORH, VIP, Pentavalente, Pneumocócica


3 meses Meningocócica C
4 meses VORH, VIP, Pentavalente, Pneumocócica
5 meses Meningocócica C
6 meses VIP, Pentavalente
7 meses

8 meses

9 meses

10 meses

11 meses

12 meses Triplice viral, Pneumocócica e Meningocócica C


15 meses VOP, DTP, Hepatite A e Tetra Viral
18 meses

2 anos

2 anos e 6 m

3 anos

3 anos e 6 m

26
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

4 anos DTP e VOP


4 anos e 6 m

5 anos

5 anos e 6 m

6 anos

6 anos e 6m

7 anos

7 anos e 6 m

8 anos

8 anos e 6 m

9 anos HPV Quadrivalente


9 anos e 6m

Hepatite B e Triplice Viral- SRC (caso não vacinado)


10 anos
e DT (reforço de 10 em 10 anos

27
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 02. Avaliação e Acompanhamento da Criança de 0 a 02 meses pelo Enfermeiro

ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCO PELO ENFERMEIRO

AVALIAR OS SINAIS DE PERIGO: •Temperatura < 36° C ou > 37,5° C;


OBSERVAR: •Está mal ou irritado,
1.Letargia, inconsciência, flacidez, irritabilidade, “não •Não pode mamar no peito; vômitos;
está bem”; •Convulsões, letárgico. Inconsciente ou flácido;
2.Vômitos; •Tiragem intercostal grave;
3.Tiragem intercostal; •Apneia;
4.Apneia;
•Gemido, sibilância ou estridor;
5.Batimento de asas de nariz;
6.Gemido, estridor e /ou sibilância;
•Cianose central, palidez severa;
7.Cianose, palidez e icterícia; •Icterícia abaixo do umbigo;
8.Pústulas ou vesículas na pele; •Manifestações de sangramento (equimoses, petéquias ou
9.Equimoses, petéquias, hemorragias; hemorragias);
10.Secreção purulenta no umbigo, olhos e ouvidos; •Distensão abdominal;
11.Distensão abdominal; •Peso < 2000g;
12.Movimentos anormais; •Frequência respiratória > 60 ou < 30 irpm;
13.Placas esbranquiçadas na boca;
•Pústulas ou vesículas na pele (em grande número ou
14.Enchimento capilar lento (>02 segundos)
15.Outros problemas (ex: anomalias congênitas).
extensas);
•Retardo no enchimento capilar (>02 segundos);
Determinar: •Olhos fundos;
1.Peso; •Sinal de prega cutâneo positivo;
2.Frequência respiratória; •Diarreia ≥07 dias;
3.Temperatura axilar; •Sangramento nas fezes;
4.Enchimento capilar

Perguntar:
1.Pode mamar no peito ou tomar leite?
2.Tem vômitos?
3.Tem dificuldade para respirar?
4.Tem febre ou hipotermia?
5.Tem convulsões?

Avaliar e acompanhar de acordo com o risco:


OS RN PIG, GIG, com restrição de crescimento
intrauterino (RCIU), prematuros e os que nascem
deprimidos têm maior risco de hipoglicemia, por isso
deve se prevenir se possível medir a glicemia
sanguínea.

28
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Atendimento médico imediato na APS


Atendimento médico na APS em até 60 minutos
Realizar cuidados e orientações de enfermagem:
•Secreção purulenta conjuntival; 1.Ensinar a mãe a tratar as infecções localizadas
•Umbigo eritematoso ou com secreção purulenta; em casa;
•Pústulas na pele (pequeno número); 2. Ensinar a mãe a medidas preventivas e sinais
•Placas brancas na boca (monilíase oral). de perigo para retorno imediato;
3.Aconselhar a mãe a prosseguir com o

•Diarreia sem desidratação há menos de


07 dias e sem sangramento, problemas •Orientar a mãe sobre o AME e o
de amamentação/alimentação; retorno da criança da consulta de
CONSULTA DE ENFERMAGEM NO
•Cólicas; puericultura;
MESMO TURNO.
•Dermatite amoniacal; •Avaliar e registrar na caderneta de
•Nenhum dos sinais anteriores. saúde da criança.

•Orientar a mãe sobre o AME e o


CONSULTA DE ENFERMAGEM retorno da criança da consulta de
Não apresenta sinais de perigo ou puericultura; SEGUIR O FLUXO DE
Pode ser agendada a consulta ou
outros sinais descritos QUEIXA
Visita Domiciliar de acordo com o
anteriormente.caso.
caso. •Avaliar e registrar na caderneta de
saúde da criança.

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 03. Avaliação e Acompanhamento da Criança de 02 meses 05 anos pelo Enfermeiro

ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCO PELO ENFERMEIRO

AVALIAR OS SINAIS DE PERIGO:


Pergunta a mãe se a criança: • Qualquer sinal de perigo;
1. Consegue beber ou mamar no peito? • Desidratação;
2. Vomita tudo o que ingere? • Rigidez de nuca ou Petequias ou abaulamento de fontanela;
3. Apresentou convulsões? • Tumefação dolorosa ao toque atrás da orelha;
4. Letárgica ou inconsciente? • Emagrecimento acentuado visível;
• Não pode mamar no peito ou vômitos;
Observar e/ou verificar: • Letárgico ou Inconsciente;
1. Letargia ou inconsciência; • Tiragem intercostal grave;
2. Inquietação ou irritação;
• Gemido, sibilância ou estridor;
3. Tiragem intercostal;
4. Estridor e sibilancia em repouso; • Retardo no enchimento capilar (>02 segundos);
5. Respiração rápida; • Palidez palmar grave;
6. Olhos fundos; • Sinais de violência física;
7. Sinal de prega volta >02 segundos; • Pacientes psiquiátricos com agitação psicomotora;
8. Febre (T> 37,5 °C); • Intoxicação exógena.
9. Rigidez na nuca, abaulamento de fontanela;
10. Petequias;
11. Secreção purulenta de ouvido;
12. Palidez palmar, cianose;
13. Diarreia
14. Sangue nas fezes;
15. Edema;
Determinar:
1. Temperatura Axilar;
2. Peso;
3. Verificação de PA nas crianças > 03 anos; Não apresenta sinais CONSULTA DE ENFERMAGEM
4. Frequência respiratória* de perigo ou outros Pode ser agendada a consulta
Palpar: sinais descritos ou Visita Domiciliar de acordo
Tumefacção dolorosa atrás da orelha anteriormente com o caso.
Verificar outros problemas;
Classificar e acompanhar de acordo com o risco

* IDADE Definição de respiração rápida - Orientar a mãe sobre o AME e o retorno da criança da
consulta de puericultura; SEGUIR O FLUXO DE QUEIXA
02 a < 12 meses 50 ou mais irpm
- Avaliar e registrar na caderneta de saúde da criança.
01 a < 05 anos 40 ou mais irpm

30
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Realizar os cuidados de enfermagem


necessários.
Atendimento médico imediato na APS
ADMINISTRAR A 1ª DOSE de Antibiótico
supervisionado após prescrição médica

• Febre (sem sinais de perigo);


• Respiração rápida;
• Inquieta ou irritada; Atendimento médico na APS em
• Olhos fundos; até 60 minutos.
- Ensinar a mãe como dar medicação por
• Bebe avidamente (com sede); Realizar cuidados e orientações de V.O ou tratar infecções locais em casa;
• Retardo no enchimento capilar (>02 enfermagem:
- Aliviar a tosse com medidas caseiras.
segundos); Agendar retorno até 48 horas para
• Secreção purulenta visível no ouvido consulta médica.
há menos de 14 dias;
• Sinais de violência psicossocial

• Tosse há < de 1 semana sem sinal de


pneumonia ou esforço respiratório;
• Diarreia sem desidratação há menos CONSULTA DE ENFERMAGEM NO
de 7 dias e sem sangramento; MESMO TURNO.
- Orientar a mãe sobre o AME e o retorno
• Febre sem sinal de perigo e risco ou Retornar em 02 dias, para consulta da criança da consulta de puericultura;
doença febril grave; dor no ouvido; médica caso não haja melhora. Orientar
- Avaliar e registrar na caderneta de
• Problemas na a Mãe sobre sinais de gravidade, com
saúde da criança.
amamentação/alimentação; retorno imediato à Unidade ou
emergência (durante à noite).
• Dermatite amoniacal;
• Profilaxia de anemia ferropriva.

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 04. Avaliação e Acompanhamento da Criança 05 a 11 anos ,


11 meses e 29 dias pelo Enfermeiro

ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCO PELO ENFERMEIRO

AVALIAR OS SINAIS DE PERIGO: • Comprometimento das vias aéreas;


Perguntar ou observar: • Febre >37,8 °C;
1. Há comprometimento das vias aéreas? • Respiração ineficaz;
2. A respiração é ineficaz? • Criança não reativa;
3. A criança estã não reativa? • Alterações do estado de consciência;
4. Sinais de choque? • Sinais de choque;
5. Alteração do estado de consciência? • Dor severa;
6. Dor moderada a severa? • Hemorragia;
7. Hemorragia? • Rigidez na nuca;
8. Vômitos persistentes? • Petequias;
9. Febre? • Vômitos persistentes e convulsão;
10. Rigidez na nuca; • Sinais de violência física ou intoxicação exógena;
11. Petequias; • Pacientes psiquiátricos com agitação psicomotora.
12. Convulsão;
13. Cianose;
14. Edema.
Verificar:
1. Temperatura;
2. FR (Normal até 30irpm);
3. Peso/altura;
4. Verificação de Pressão Arterial;
5. Sinais de violência física e psicossocial;
6. Outros problemas. CONSULTA DE ENFERMAGEM
Não apresenta sinais
de perigo ou outros Pode ser agendada a consulta
sinais descritos ou Visita Domiciliar de acordo
anteriormente com o caso.

- AVALIAR E REGISTRAR NA CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANCA


- Orientar a mãe sobre o AME e o retorno da criança da consulta de
puericultura.

32
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Atendimento médico imediato na APS ou


pela central de regulação para o hospital.
Realizar os cuidados de enfermagem
necessários.
ADMINISTRAR A 1ª DOSE de Antibiótico
supervisionado após prescrição médica.

• Febre (sem sinais de perigo);


• Respiração rápida;
• Inquieta ou irritada; Atendimento médico na APS em
• Olhos fundos; até 60 minutos.
• Bebe avidamente (com sede); Realizar cuidados e orientações de
• Retardo no enchimento capilar (>02 enfermagem:
segundos); Agendar retorno até 48 horas para
• Secreção purulenta visível no ouvido consulta médica.
há menos de 14 dias;
• Sinais de violência psicossocial

• Tosse há < de 1 semana sem sinal de


pneumonia ou esforço respiratório;
• Diarreia sem desidratação há menos CONSULTA DE ENFERMAGEM NO
- AVALIAR E REGISTRAR NA CADERNETA
de 7 dias e sem sangramento; MESMO TURNO.
DE SAÚDE DA CRIANCA
• Febre sem sinal de perigo e risco ou Retornar em 02 dias, para consulta
- Orientar a mãe sobre o AME e o retorno
doença febril grave; dor no ouvido; médica caso não haja melhora. Orientar
da criança da consulta de puericultura.
• Problemas na a Mãe sobre sinais de gravidade, com
retorno imediato à Unidade ou SEGUIR O FLUXO DE QUEIXA
amamentação/alimentação;
emergência (durante à noite).
• Dermatite amoniacal;
• Profilaxia de anemia ferropriva.

33
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde
2. Condutas de Enfermagem a queixas específicas:
Fluxograma 05. Atendimento a criança com Escabiose (sarna):

Consulta de Enfermagem

Apresenta purido intenso, lesões Sem exsudato purulento, apresenta


disseminadas e com exsudato purulento prurido e lesões disseminadas.
e/ou eczematização.

Planejamento de Enfermagem

Loção de Permetrina a 5%: É usada a partir de 02


anos. A aplicação deverá ser feita em toda a superfície
corporal, exceto em mucosas, deixar atuar durante 08 a
12 horas à noite antes de dormir, retirar o produto com um Orientações de Enfermagem:
banho na manhã no dia seguinte, durante seis noites
consecutivas. Dose de reforço: deve-se repetir uma semana 1. Manter a precaução;
após a primeira aplicação para eliminação definitiva.
2. Lavar as roupas e objetos pessoais em temperatura
OU mínima de 55 °C;

Benzoato Benzila a 10 a 25%: crianças até 02 anos 3. Tratar a pessoa infectada e contatos ao mesmo tempo;
aconselha-se a diluição de 01 parte de produto para duas
a três partes de água. Crianças entre 02 a 12 anos
aconselha-se a diluição de uma parte do produto para
uma parte de água.

34
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Consulta Médica

Marcar retorno Melhora do


Não
em 07 a 14 dias quadro

Sim ALTA

35
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 06. Atendimento a criança com Pediculose

Consulta de Enfermagem

Localização de lêndeas e/ou parasitas


no couro cabeludo Com infecção secundária e < 2 anos

Planejamento de Enfermagem
Consulta Médica

•Orientar quanto aos hábitos de higiene;


•Remoção de lêndeas – realizar manualmente lavando previamente os cabelos e secando bem com uma toalha. Umedecer os
cabelos com vinagre morno diluído em água – 1:1. Deixar agir por 20/30 min. Usar pente fino após as aplicações. Pode aplicar
em crianças < 2 anos;
•Prevenção na família e na escola – tratar contactantes;
•Eliminar as formas adultas;
•Roupas de cama e de uso pessoal - lavar com água quente ou lavar normalmente e passar a ferro;
•Higienizar escovas, chapéus e bonés.

Loção de Benzoato de Benzila a 25% diluído em duas partes de água, Ou


Permetrina 1% por 10 a 15 minutos durante três dias seguidos e repetir após sete dias (usar com cautela em <02 anos

36
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

OPÇÃO TRATAMENTO FITOTERÁPICO: Loção


antiparasitária com arruda, boldo, e melão de
São Caetano. Disponível em frasco de 200 ml.
Aplicar a loção no couro cabeludo, abafar com
uma touca, e deixar agir por 6 horas ou por
toda noite. Pela manhã passar o pente fino para
retirar as lêndeas e lavar os cabelos. Repetir o
procedimento 7 dias depois.

ATENÇÃO: A arruda é rica em furanocumarinas


(bergapteno), substância que pode gerar
fotodermatite de contato, assim deve ter evitado
o uso do produto e posterior exposição ao sol.

Repetir o tratamento e
Não investigar as causas

Retorno em 05 dias Melhora do quadro

Sim Alta

37
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 07. Atendimento a criança com Dermatite Amoniacal ou de Fralda


Consulta de Enfermagem
Avaliar sinais flogísticos

Planejamento de Enfermagem

Orientações:

1. Lavar o local com água morna a cada troca de fralda;


2. Suspender o uso de lenços umedecidos, assim como outros produtos industrializados (óleos, lavandas, soluções de limpeza de pele);
3. Usar amido de milho na água do banho e/ou fazer pasta (diluir em agua até obter cremosa) para uso local;
4. Suspender fraldas descartáveis;
5. Lavar as fraldas com sabão neutro, enxaguar bem e evitar o uso de produtos perfumados;
6. Usar Nistatina creme após a cada troca de fralda por 05 dias;
7. Usar cremes a base de óxido de zinco;
8. Expor a área ao sol de 05 a 10 minutos - uma vez ao dia;
9. Fazer o último enxague das fraldas com água e vinagre (01 litro de água adicionar 01 colher de sopa de vinagre branco).

Retorno em 05 dias

Melhora do quadro

Sim Não

Alta Consulta Médica

38
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Fluxograma 08. Atendimento a Criança com Miliária (Brotoeja)

Consulta de Enfermagem

Com Sinais de infecção ou


Sem sinais de infecção
lesões extensas

Planejamento de enfermagem Consulta Médica Imediata

1. Usar roupas leves;


2. Banhos frequentes com sabonete neutro;
3. Enxaguar o bebê após o banho com: 01 litro de água
contendo 02 colheres (sopa) de amido de milho,3 vezes
ao dia ou aplicar o amido diretamente na pele como se
fosse talco ou aplicar a pasta d´água em três vezes ao
dia após o banho, caso as lesões sejam das formas
mais rubras e/ou profunda;
4. Orientar ao pai e a outros contatos da criança sobre a
barba.

Retorno em 07dias Melhora do quadro Não

Sim

Alta

39
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 09. Atendimento ao lactente com Cólica

Consulta de Enfermagem

Aleitamento Materno Exclusivo

Sim

Planejamento
Cuidados dedeEnfermagem*
Enfermagem*

1. Colocar a criança em decúbito dorsal


apoiada sobre os braços;
2. Massagear o abdome com movimentos
circulares;
3. Aplicar a compressa morna (orientar bem o
responsável sobre o uso da compressa);
4. Dieta da nutriz (evitar café, chocolate,
pimenta, doces, dentre outros).

RetornoCuidados deouEnfermagem*
em 07 dias quando necessário.

40
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Não Avaliar

• Distensão abdominal associado ao choro persistente;


• Quadro febril ou gemência

Sim Não
Sim

Cuidados
Consulta
de Enfermagem*
Médica
1. Orientar quanto a diluição e preparo do
leite;
2. Orientar sobre a observação da frequência
e consistência das evacuações;
3. Orientar e avaliar sobre a possibilidade de
resgatar o aleitamento materno exclusivo.

RetornoCuidados deouEnfermagem*
em 07 dias quando necessário.

41
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 10. Atendimento a Criança com Monilíase Oral

Consulta de Enfermagem

Cuidados de enfermagem:
1. Limpar as lesões superficiais com solução bicarbonatada: 01 xícara
de chá com água (fervida e já fria) e 01 colher de chá de bicarbonato
de sódio. A higiene oral deve ser feita antes da mamada e a higiene
do seio materno antes e após cada oferta ao bebê;
2. Remover, quando possível, bicos de mamadeiras, chupetas,
mordedores e outros. Caso não seja possível, suspendê-los ou lavá-los
com água e sabão e ferver por 15 minutos;
3. Evitar beijar a criança próxima aos lábios;
4. Lavar sempre as mãos antes e após o contato com a criança, antes
e após higienizar as mamas;
5. Limpar as crostas com o dedo envolvido em uma fralda limpa, ou
gaze umedecida nesta solução. Realizar durante 7 a 10 dias;

42
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Retorno em 02 dias, caso ocorra dificuldades na


Cuidados de Enfermagem*
alimentação e em 07 dias se não houver complicações.

Melhora do quadro Não Consulta Médica

Sim

Manter orientações e ALTA

43
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 11. Atendimento a Criança com Parasitose Intestinal

≥02 anos

Consulta de Enfermagem

≤02 anos
Queixa de prurido anal e/ou Abaixo de 10kg
vermes nas fezes • Saída de verme pela boca ou nariz
• dor Periumbilical,
• cólicas de repetição,
• diarreia persistente,
Cuidados de enfermagem: • constipação intestinal,
1. Utilizar água tratada ou fervida; • dor, náuseas ou vômitos.
2. Lavar bem os alimentos e deixa-los de molho
em água com hipoclorito 2% (02 gotas por
litro) por 30 minutos e lavar novamente; Tratar Oxiúros ou Ascaris
3. Comer carne bem cozidas ou assada e
nunca carne crua;
4. Manter as unhas limpas e curtas; Retorno em 30 dias
Cuidados de Enfermagem*
5. Lavar as mãos antes das refeições e após as Melhora do quadro clínico?
evacuações e ao preparar os alimentos;

Sim Não

Alta

44
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Consulta de Médica

Orientar Cuidados de Enfermagem


Cuidados de Enfermagem*
Tratar conforme quadro da página xx.

CONSULTA MÉDICA
CuidadosPARASITOLÓGICO
SOLICITAR de Enfermagem*

45
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Quadro 02. Tratamento medicamentoso para parasitose intestinal

Idade/
Doença Medicamento Posologia Observando
peso

Acima de Mebendazol 20mg/ 5ml 2x/dia VO por 3


Ascaridiase l0Kg Acima ml Albendazol dias 01 cp ou l0ml VO/ Repetir após 3 semanas
de 2 anos 400mg dose única

Acima de Mebendazol 20mg/


Ancilostomíase 5 mi 2 x/dia por 3 dias Repetir após 3 semanas
l0Kg ml

35 mg/kg/dia 3x/
dia nos casos leves por Efeitos Colaterais: náuseas,
Metronidazol Não 5 dias cefaleia gosto metálico,
Acima de 2
Amebíase exceder 750 mg/ Extra intestinal ou vômitos, diarréias, erupção
anos
dose sintomática cutânea, ataxia, leucopenia,
50 mg/kg/dia por 10 convulsões
dias

Dose para
todas as
Enterobíase Repetir após 3 semanas
crianças, Mebendazol 20mg/ 5 ml 2 x/dia VO
ou Tratar todas as crianças da
independente ml por 3 dias
Oxiuríase casa
do peso e da
idade

Repetir em 3 semanas
Acima de 2
Estrongiloidíase Albendazol 400 mg 1 cp VO dose única Tratar todas as crianças da
anos
casa

46
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Efeito Colateral: náuseas,


15 mg/kg/dia (máximo cefaleia gosto metálico,
Acima de 2
Giardíase Metronidazol 250mg) VO 2x/dia por vómitos, diarreias, erupção
anos
5 dias cutânea, ataxia, leucopenia,
convulsões.

Repetir após 14 dias s/n


Acima de 2 10ml em dose única ou Efeitos colaterais: dor
Tricocefalíase Albendazol 400 mg
anos 1 cp de 400 mg VO abdominal, cefaleia, diarreia,
náuseas e vômitos

Mebendazol 20mg/
Acima de 2 10 mi 2x/dia por 3 dias Tratar todas as crianças da
Teníase ml ou Albendazol
anos 1 cp VO dose única casa
400 mg

Fonte: SMS/SP, Saúde da Criança e do Adolescente ñas Unidades Básicas de Saúde, 2012.

47
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 12. Atendimento a criança com Diarreia

Consulta de enfermagem

02 meses a 05 anos

Tempo de diarreia Sem desidratação


CriançaCuidados
em alerta, de
olhos brilhantes, sem sede,
Enfermagem*
fontanela normal e turgor da pele preservado.

≥14 dias <14 dias

Com desidratação
Criança inquieta, irritada, olhos fundos, bebe
Diarreia
Cuidados depersistente
Enfermagem* Cuidados
Diarreia
de Enfermagem*
aguda Cuidados de Enfermagem*
avidamente com sede, turgor da pele
diminuído.

Consulta
Cuidados médica
de Enfermagem* Planejamento
Cuidados dede enfermagem
Enfermagem* Desidratação grave
Letárgica ou inconsciente; Olhos fundos; Não
Cuidados de Enfermagem*
consegue beber ou bebe mal; Turgor da pele
muito diminuído.

Verificar
Cuidadoso estado de Hidratação
de Enfermagem*
Consulta de Médica

48
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

• <02 meses;
• Desinteria (sangue nas fezes) Consulta de Médica

Orientação da enfermagem
1. Aumentar a oferta líquida;
2. Oferecer líquidos ou solução de reidratação oral (SRO) após
a cada evacuação diarreica;
3. Aleitamento materno deve ser mantido e estimulado, caso a
criança não mama na mãe continuar com o leite habitual e
manter a dieta normal pra criança > 04 meses que comem
alimentos sólidos;
4. Caso a criança não melhore em 02 dias ou apresentar sinais
de desidratação e perigo orientar os pais a levar a unidade de
saúde.

1. Oferecer SRO em pequenas quantidades de acordo com a


sede da criança e deverá ser contínuo até desaparecer os sinais
de desidratação;
2. SRO: 50 -100 ml /kg em 04 a 06 horas;
3. Avaliação periódica pelo médico se após este período a Idade Quantidade de SRO Quantidade de SRO
criança estiver hidratada passar para o PLANO A; após evacuação para levar para o
diarreica domicilio
4. Durante a reidratação reavaliar o paciente com os sinais de
desidratação, caso continue, repetir o PLANO B por mais de 02
Menores de 01 ano 50 a 100 ml 1 envelope por dia
horas e reavaliar, caso a criança evolua para desidratação com
choque, passar para o PLANO C;
01 a 10 anos 100 a 200 ml 02 envelopes por dia
5. As crianças que estiverem em estado de desidratação deverão
permanecer na Unidade de saúde até a reidratação completa; 04 envelopes por dia
Maiores de 10 anos Tudo que quiser
6. Levar à criança a unidade de saúde se a criança não melhorar
em 02 dias ou se apresentar qualquer dos sinais. Fonte: Manejo da diarreia, Ministério da Saúde, Brasil, 2011.

49
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 13. Atendimento a criança Com Constipação Intestinal

Consulta de enfermagem
Crianças > 06 meses

Febre, vômito, dor ou distensão abdominal,


Cuidados
fissura de Enfermagem*
anal, anorexia e/ou hemorroidas.

Sim Não

Planejamento de enfermagem
Consulta médica

Não Melhora do quadro

Sim

Alta

50
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Cuidados de enfermagem:
IMPORTANTE: Nos recém-nascidos com aleitamento
1. Diminuir os alguns alimentos: batata, cenoura cozida, materno exclusivo pode ocorrer ausência de
banana-maçã e farináceos; evacuação até sete dias (constipação intestinal
2. Oferecer alimentos ricos em fibras (verduras, mamão, fisiológica), porém devem ser avaliados pelo médico.
laranja, tomates verdes, cenoura crua, farelo de trigo e aveia); Se houver eliminação de flatos, o abdome estiver
3. Aumentar ingesta hídrica; flácido ou mesmo ocorrer eliminações de fezes
4. Oferecer chá de ameixa preta (01 a 02 ameixas de molho amolecidas em intervalos longos, sem a presença de
em meio copo-75 ml de água filtrada; outros sintomas, isto indica normalidade para crianças
5. Exercício e massagem abdominal. em aleitamento materno exclusivo.

RETORNO EM 07 DIAS

51
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 14. Atendimento a criança com Febre

Planejamento de enfermagem
Consulta de enfermagem

Avaliar sinais de perigo:


• Febre acima de 37,8°C Não
• Letargia;
• Desconforto respiratório;
• Rigidez da nuca;
• Abaulamento da fontanela
Sim

52
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Orientação da enfermagem
1. Indicar o uso de antitérmico - Paracetamol ou Dipirona;
2. Orientar sobre o risco de administração de antitérmicos em
intervalos menores de 06 horas;
3. Usar vestimentas leves;
4. Orientar retorno imediato a qualquer sinal de perigo ou
piora do quadro;

Retorno em 2 dias para reavalição ou


imediatamente se:
• não consegue beber ou mamar
• piora do estado geral
• piora da febre.

Consulta de Médica

Paracetamol gts Dipirona gts


Idade 200mg/ml 500mg/ml
1 gt/ kg/ dose 1 gt/ 2 kg/ dose

2 a 11 meses (6 a 9 kg) 6a9 3a5

1 a 2 anos (10 a 14 kg) 10 a 14 5a7

3 a 4anos(15 a 19 kg) 15 a 19 8a9

Fonte: Protocolo Coren RJ.2012 ( Adaptado).

53
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 15. Atendimento a Criança com Dor de ouvido - Otite média

>02 anos até


11 anos 11 meses e 29 dias

Consulta de Enfermagem

<02 ANOS

• Apresenta secreção purulenta ou apresenta tumefação


atrás da orelha;
• Inspecionar ao toque (palpação) presença de tumefação
Consulta Médica
dolorosa na parte posterior do pavilhão auricular, dor de
ouvido secreção purulenta no ouvido.

Sim Não

Consulta Médica

54
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Cuidados de enfermagem:
1. Controle da temperatura e prescrição do antitérmico caso
a temperatura ≥37,8°C;
2. Secar o pavilhão auditivo três vezes ao dia com algodão
Consulta de Enfermagem ou gaze e substituir o chumaço de algodão até quando o
pavilhão auditivo estiver seco;
3. Fazer compressa morna no período noturno (explicar
cuidado)
4. Tratar a dor com analgésico e retornar em 02 dias.

Retorno em 2 dias

Melhora do Quadro

Não Sim

Alta

55
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 16. Atendimento a criança com alteração respiratóriaanos 11 meses e 29 dias)

Consulta de enfermagem

Tosse e/ou dificuldade respiratória

• Valorizar a queixa da tosse ou dificuldade respiratória;


• Observar se existem sinais ou sintomas de alerta;
• Identificar crianças em situações de risco (Quadro 01);
• Perguntar sobre a febre e medir a temperatura axilar, se ≥37,8°C, medicar
com dipirona antes de encaminhar para consulta médica;
• História pregressa de asma ou “bronquite” ou uso de vasodilatadores;
• Valorizar a taquipnéia (Quadro 02).

Não Sim Consulta com Médico

Planejamento de enfermagem Não

CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Retorno em 05 dias

• Aumenta a ingesta hídrica para fluidificar as secreções;


• Inalação com 03 a 05 ml de SF 0,9%- 03 X AO DIA;
• Remover a umidade, mofo ou bolor da casa;
• Manter a casa ventilada; Melhora do quadro clínico
• Evitar fumar na presença da criança;
• Caso apresente os sinais de alerta: respiração rápida, tiragens e ruídos;
• Controle da temperatura.
Sim Alta

56
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

QUADRO 01
SITUAÇÃO DE RISCO
• Desnutrição grave;
• Desmame grave;
• Prematuridade /ou baixo peso ao nascimento;
• Mãe adolescente ou analfabeta;
• Historia pregressa de internação;
• Idade <01 ano (o lactente é mais susceptível a falência
respiratória e septicemia).

QUADRO 01

• ≤02 MESES- Fr ≥ 60 IRPM


• 03 A 12 Meses- Fr ≥ 50 irpm
• 13 meses a 05 anos- Fr ≥40 irpm
• ≥06 anos- Fr > 30 irpm

Tratamento Fitoterápico

Tratamento Fitoterápico - Guaco: Xarope indicado para a tosse


(expectorante). Posologia: Crianças de três a sete anos: tomar 2,5 mL do
xarope, duas vezes ao dia. Crianças de acima de sete a 12 anos: tomar
2,5 mL do xarope, três vezes ao dia. Acima de 12 anos: tomar 5 mL do
xarope, três vezes ao dia. Agitar antes de usar. Nota: nos casos de
afecções respiratórias agudas, recomenda-se o uso por sete dias
consecutivos. Em casos crônicos, usar por duas semanas. Precauções: Não
usar em pessoas com Diabetes Mellitus, gestantes, lactantes e crianças
menores de dois anos. Não usar em caso de tratamento com
anticoagulantes.

57
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 17. Rastreio e atendimento a criança com alteração no coto umbilical

Consulta de enfermagem

Avaliação do coto umbilical


Cuidados de Enfermagem*
Apresenta anormalidade?

Sim Não

Planejamento de enfermagem
Sinais de Infecção e/ou presença
de granuloma

Consulta Médica imediata

58
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Cuidados de enfermagem:

• Realizar higiene diária com água e sabão, enxaguar e


secar bem;
• Aplicar álcool a 70% com cotonete ou gaze limpa após
cada troca de fralda e após o banho – 3x ao dia;
• Procurar atendimento mediante sinais de infecção
(secreção purulenta, odor fétido, vermelhidão na apele ao
redor do umbigo);
• Não cobrir o coto umbilical com faixas;
• Não utilizar outros produtos como: pomadas, talcos,
moedas, dentre outros.

59
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 18. Atendimento a criança com anemia


Consulta de enfermagem

Exames de rastreio

1. Hemograma completo:
- Solicitar durante a realização da consulta de enfermagem e com duvidas
ao grau de palidez palmar ou mucosas;
- Em crianças com história anterior de anemia.

2. Protoparasitológico (PPF):
- Solicitar 03 amostras, quando ocorrer diarreia frequente, infestação por
parasitas recorrentes, fezes com presença de muco.

ANEMIA

Palidez palma leve e/ou Hb Palidez palmar grave e/ou


de 10 a 11 g/dl Hb de < 10 g/dl.

Planejamento de enfermagem

Consulta médica
Seguir as orientações e prescrição do
sulfato ferroso de acordo com a
idade e peso

Marcar retorno em 14 dias Melhora do quadro clínico

60
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Orientações de enfermagem:

• Avaliar o tipo de aleitamento;


• Avaliar antecedentes da criança: prematuridade, baixo peso, e morbidade neonatal;
• Associar o sulfato ferroso a suco de vitamina C e Administrar 30 minutos antes das refeições;
• Alertar para mudança de coloração das fezes e aos cuidados com os dentes.

Não

Manter acompanhamento, conforme a proposta do fluxo de


Sim atendimento da criança na unidade de saúde básica.

61
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Recomendação quanto à suplementação de ferro:

Todo prematuro e recém-nascido com baixo peso, mesmo em aleitamento materno exclusivo, devem receber,
a partir do 30º dia após o nascimento, suplementação de ferro, conforme tabela abaixo:

SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO

RN a termo, de peso adequado para idade 1mg/kg/dia a partir do sexto mês (ou da introdução
gestacional em aleitamento materno de outros alimentos) até o 24º mês de vida

RN pré termo e RN de baixo peso até 1.500g 2mg/kg/dia durante um ano. Após este período,
1mg/kg/dia por mais de um ano

RN pré termo com peso entre 1.500 e 1.000g 3mg/kg/dia durante um ano. Posteriormente,
1mg/kg/dia por mais um ano

RN pré termo com peso < que 1.000g 4mg/kg/dia

62
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

3. Solitações de exames complementares em crianças assintomáticas

3.1 Hemograma completo:

Não há, até o momento, estudos sobre um delineamento adequado para avaliar o impacto (a eficácia
ou a efetividade) do rastreamento de anemia em crianças assintomáticas. Existem apenas estudos
que associam a anemia a desfechos mórbidos. Por isso, enfatiza-se que todas as recomendações no
sentido do rastreamento da anemia são baseadas em desfechos substitutos, estando sujeito a vieses.

Na ausência de estudos bem delineados, deve-se levar em conta a prevalência da anemia em cada grupo
populacional para decidir quais são os de maior risco e aqueles que mais provavelmente se beneficiariam
de rastreamento. Então, sugere-se avaliar as características, os fatores de risco e a proteção da criança e da
comunidade em que vive para que, assim, possa haver o posicionamento sobre a pesquisa de anemia para
cada paciente.
O grupo etário de maior prevalência (e, portanto, de maior risco) de anemia é aquele composto
por crianças entre 6 e 24 meses de idade, pelo rápido crescimento associado à ingestão frequentemente
inadequada de ferro na referida faixa etária (CENTERS..., 1998; BRASIL, 2005; STOLTZFUS; DREYFUSS,
1998; U.S. PREVENTIVE..., 2006; HOHLI-KUMAR, 2001; BLANK apud DUNCAN ET AL., 2004).
O Programa Nacional de Suplementação de ferro recomenda suplementação a todas as crianças de
6 a 18 meses (a partir dos 4 meses para as que não estiverem em aleitamento materno exclusivo) e mais cedo
para as de baixo peso ao nascer e as prematuras (com menos de 37 semanas) (BRASIL, 2005).
Por tal razão, não há necessidade de diagnóstico laboratorial de rotina para todas as crianças, desde
que ocorra suplementação de ferro para a prevenção.

63
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Recomenda-se o rastreamento sistemático para anemia apenas para crianças de risco, conforme está
descrito no quadro abaixo:

Grupo 1 (com menos de 12 meses)

B. 1 a 2 mg/Kg/dia de ferro dos 6 aos 18 meses. Se não tiver


A. Criança em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses.
sido suplementada, solicite hemograma entre 9 e 12 meses.

C. Criança em uso de fórmulas com leite de vaca não A. 1 a 2 mg/Kg/dia de ferro dos 4 aos 18 meses. Se não tiver
enriquecidas com ferro. sido suplementada, solicite hemograma entre 9 e 12 meses.

C. 2mg/Kg/dia após 1 mês de vida por 2 meses. Depois,


B. Prematuros sadios e bebês pequenos para a idade
reduza a dose para 1 a 2 mg/Kg/dia até os 18 meses.
gestacional (PIG).
Solicite hemograma aos 15 meses.

D. 2 a 4 mg/Kg/dia de ferro dos 2 aos 6 meses, quando


C. Prematuros com história de hemorragia perinatal, gestação
deve ser solicitado hemograma. Se o resultado do exame for
múltipla, ferropenia materna grave durante a gestação (Hb<8),
normal, reduza a dose para 1 a 2 mg/Kg/dia até os 18
hemorragias uteroplacentárias e hemorragias neonatais (ou
meses. Se houver anemia, mantenha a dose de tratamento.
múltiplas extrações sanguíneas).
Nova pesquisa de anemia deve ser feita aos 15 meses.

Grupo 2 (de risco para maiores de 24 meses)

• Dieta pobre em ferro: vegetarianos, excesso de laticínios


(mais de 2 copos de leite por dia ou equivalente) e baixa
ingesta de frutas e verduras. Solicite hemograma e aja conforme o resultado. Sugere-se
• Infecções frequentes, hemorragias frequentes ou profusas pesquisa anual neste grupo de risco até os 5 anos de idade.
(epistaxes, sangramentos digestivos), cardiopatias congênitas Trate a anemia com 3mg/Kg/dia de ferro e aconselhe os pais
acianóticas, uso prolongado de AINE e/ou corticóides por sobre dieta rica em ferro.
via oral, fatores ambientais (pobreza, acesso limitado a
alimentos).

Fonte: CENTERS ...1998; brasil, 2005. STOLTZFUS, DREYFUSS, 1998; RUIZ-CABELLO, 2011.

64
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Atenção: crianças advindas de áreas endêmicas de malária devem ser primeiramente tratadas de
forma adequada para a malária para que depois recebam a suplementação de ferro.

3.2 Exame de Fezes e Exame de Urina Simples

Não há documentação científica que comprove que a realização rotineira dos citados exames em
crianças assintomáticas tenha qualquer impacto em sua saúde. Muitos protocolos recomendam, com bases
empíricas, a realização dos exames qualitativos de urina e testes rápidos para triagem de bacteriúria
assintomática, mas sem especificar os benefícios clínicos da realização de tais exames. O exame parasitológico
de fezes pode ser realizado em crianças que vivam em áreas de maior prevalência de parasitoses intestinais,
mas não existem recomendações a respeito da frequência ideal (RUIZ-CABELLO, 2011). De qualquer modo,
devem ser estimuladas medidas preventivas contra verminoses (como uso de calçados, lavagem e/ou cocção
adequadas dos alimentos, lavagem das mãos antes das refeições, manutenção de unhas curtas e limpas, boa
higiene pessoal e proteção dos alimentos contra poeira e insetos) (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2006).

Convém ainda destacar que, embora não se recomende exame comum de urina para crianças
assintomáticas, o profissional de saúde deve estar atento para manifestações inespecíficas em
crianças pequenas, tais como febre, irritabilidade, vômitos, diarreia e desaceleração do crescimento
pôndero-estatural, que podem estar relacionadas á infecção urinária (LIMA, 2006, p.103-138).

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

4. Protocolo para acompanhamento de recém-natos com sífilis congênita, egressos da maternidade na APS

A sífilis congênita é a infecção da criança pelo T. pallidum a partir da mãe. Quando não tratada pode
evoluir para uma enfermidade crônica com sequelas irreversíveis em longo prazo. É um importante agravo
em saúde pública, com elevada incidência, responsável por altas taxas de morbidade e mortalidade
(abortamento, óbito fetal e neonatal).
Cabe ao enfermeiro estar ciente desta rotina e de sua importância para a redução de complicações e
sequelas nesta população.

Fluxograma 19. Acompanhamento de recém-natos com sífilis congênita, egressos da maternidade, na APS

Todo o recém-nato de mãe com sorologia positiva para sífilis deve ser acompanhado
por pelo menos dois anos, de acordo com o seguinte protocolo

1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses

Consulta Consulta Consulta Consulta Consulta


Médica + Médica Médica + Médica Enfermagem
VDRL VDRL /Grupo

Consulta
Enfermagem/Grupo

*Realizar o VDRL, interrompendo o seguimento com 2 testes não treponêmicos negativos consecutivos;
• Caso sejam observados sinais clínicos** compatíveis com um quadro de sífilis congênita, após a interrupção do seguimento
laboratorial, deve-se proceder à repetição dos exames sorológicos;
• Diante da elevação do título sorológico ou da sua não negativação até os 18 meses de idade, reinvestigar o paciente e proceder ao
re-tratamento;
• Realizar teste treponêmico (teste rápido ou TPHA) após 18 meses de idade para confirmação do caso;
• Recomenda-se o acompanhamento oftalmológico, audiológico e neurológico semestral até 2 anos de idade;
• Nos casos em que, o RN com sífilis congênita apresentou alterações liquóricas, recomenda-se o acompanhamento em serviço de
infectologia pediátrica de referência.

66
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

6 meses 9 meses 12 meses 15 meses 18 meses 24 meses

Consulta Consulta Consulta Consulta Consulta Consulta


Médica + Enfermagem Médica + Enfermagem Médica + Médica
VDRL* /Grupo VDRL* /Grupo VDRL*

Cabe ao enfermeiro realizar as ações definidas nos fluxos de


acolhimento e puericultura na página 21 e 26 tais como:

• Acolhimento Mãe-Pai-bebê; • Orientação sobre saúde bucal;


ENFERMAGEM

• Avaliação da Caderneta; • Orientação sobre prevenção de acidentes;


• Acompanhamento Crescimento e • Avaliação clínica da criança;
Desenvolvimento; • Visita Domiciliar.
• Vacina;
• Incentivo ao aleitamento materno e
orientação sobre alimentação saudável;

Além das ações de monitoramento das crianças rastreadas e da busca ativa dos faltosos.

Observação: Em caso de crianças no período pós-natal (após 28ª dia de vida) sem registro de tratamento na maternidade e
com quadro clínico e sorológico sugestivos de sífilis congênita, estas devem ser cuidadosamente investigadas, obedecendo-se à
rotina utilizada no período neonatal. Confirmando-se o diagnóstico, as crianças devem ser encaminhadas para unidade
hospitalar de referência para tratamento.

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

5. Orientações sobre Alimentação em Crianças Menores de Dois Anos

5.1 Orientações sobre Alimentação Para Crianças Menores de Dois Anos

A alimentação da criança é importante para manter o crescimento e desenvolvimento adequados, formar


hábitos alimentares saudáveis e prevenir a anemia, o baixo peso, o sobrepeso e a obesidade.
O crescimento deve ser acompanhado conforme orientações do MS. Seguir passos da Caderneta de
Saúde da Criança.
O profissional enfermeiro deve recorrer ao atendimento compartilhado, quando necessário, m com o
nutricionista do NASF de sua unidade, sempre que necessário.

Introdução da alimentação complementar saudável

O aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses e continuado até os dois anos ou mais.
A partir dos 6 meses a criança deve receber a alimentação complementar saudável. Introduzir os alimentos
de forma lenta e gradual.
Orientar que no início a criança pode recusar alguns alimentos, por isso estes devem ser oferecidos várias
vezes e em dias diferentes para estimular o seu paladar.
Aos 7 meses introduzir o jantar e aos 8 meses a criança já pode receber gradativamente os alimentos
preparados para a família.
A alimentação complementar saudável deve ser variada, saborosa, de boa qualidade, colorida com a
presença dos diversos grupos de alimentos para ser rica em energia e nutrientes.
Orientar a escolha de alimentos frescos, naturais e da safra.

68
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Esquema alimentar para os dois primeiros anos de vida de crianças amamentadas


A água deve ser introduzida assim que inicia a alimentação complementar. Deve ser tratada, filtrada e
fervida e oferecida nos intervalos das refeições.

Alimentação Ao completar 6 meses Aos 7 meses 8 a 11 meses 12 a 24 meses

Leite materno +
Leite materno sob livre
Início da manhã Leite materno Leite materno fruta ou pão ou
demanda
cereal
Meio da manhã Papa de fruta Papa de fruta Fruta Fruta
HORÁRIO

Final da manhã Almoço Almoço Almoço Almoço


Leite materno +
Papa de fruta Fruta
Meio da tarde Papa de fruta fruta ou pão ou
Leite materno Leite materno
cereal
Final da tarde Leite materno Jantar Jantar Jantar
Antes de dormir Leite materno Leite materno Leite materno Leite materno
2a3 4a5 6a7 8 a 10
Quantidade¹
colheres de sopa colheres de sopa colheres de sopa colheres de sopa
Alimentos bem
Alimentos bem
Alimentos bem amassados picados ou
Consistência amassados Alimentos picados
(papa ou purê) levemente
(papa ou purê)
amassados
¹ As quantidades sugeridas podem variar de acordo com apetite e desenvolvimento da criança. É importante orientar o responsável que observe o
quanto foi oferecido e o quanto a criança comeu.

69
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Grupos de alimentos por refeições - Orientar um alimento de cada grupo no Almoço e no Jantar

Cereais e batatas Arroz, batata inglesa, batata-doce, batata-baroa ou mandioquinha, aipim, inhame,
(tubérculos) cará, macarrão, fubá e farinhas

Leguminosas (caldo e grão) Feijões (preto, carioca, rajado, manteiga, branco), lentilha, ervilha seca.

Agrião, bertalha, brócolis, couve, couve-flor, caruru, chicória, espinafre, repolho,


Verduras e legumes alface, acelga, taioba. Cenoura, abóbora, abobrinha, chuchu, beterraba, quiabo,
vagem, berinjela, nabo, maxixe, tomate.

Abacate, banana, caqui, goiaba, laranja, mamão, manga, melão, melancia,


Frutas
maracujá, pêra, tangerina.

Frango, peixe (viola, cação, merluza, linguado), boi, vísceras, miúdos e ovo inteiro
Carnes e ovos
(avaliar histórico de alergia na família).

Lanche da manhã e da tarde:

Orientar o uso da fruta natural sem adição de açúcar, mel ou geléias nem farinhas.
Lembrar que o mel não pode ser oferecido a menores de 1 ano, pelo risco de contaminação por Clostridium
Botulinum.
Orientar que não é saudável oferecer à criança: balas, gelatinas, geléia de mocotó, refrigerantes, guaraná
natural, groselha, sucos artificiais, bebidas a base de soja, café, achocolatados, iogurtes industrializados,
biscoitos recheados ou salgados, macarrão instantâneo, enlatados, embutidos (salsicha, presunto, mortadela),
frituras, bebidas alcoólicas.

Ao longo do dia orientar a variação dos alimentos entre aqueles:

• Que prendem o intestino: cenoura cozida, maçã, banana, goiaba, caju, arroz, batatainglesa,
macarrão, farinhas.
• Que soltam o intestino: vegetais, espinafre, bertalha, taioba, abóbora, abobrinha, quiabo, beterraba,
mamão, abacate, manga, laranja, tangerina, aipim, feijões.

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2 - SAÚDE DA CRIANÇA

• Ricos em ferro: carnes, feijões, folhas verde-escuras junto com os ricos em vitamina C como laranja,
tangerina, acerola, limão.
• Ricos em vitamina A: frutas e legumes de cor amarela ou alaranjada.

Orientações para o preparo e oferta dos alimentos

-- A alimentação a partir dos seis meses deve ser desde o início espessa, em forma de papa ou purê, para
garantir a densidade energética e estimular a mastigação.

-- Os alimentos devem ser bem cozidos, refogados ou ensopados, com pouca água, até ficarem macios.

-- As carnes devem compor as grandes refeições sendo oferecidas bem cozidas, desfiadas ou bem picadas.

-- Orientar o uso de tempero natural como óleo, alho, cebola, salsa, cebolinha e bem pouco sal.

-- Depois de prontos os alimentos devem ser amassados com garfo e oferecidos com colher. O liquidificador
e a peneira não devem ser utilizados.

-- Destacar que os alimentos não devem ser misturados no prato para que a criança possa reconhecê-los.

-- Os líquidos como água, água de coco e sucos de fruta natural (sem adição de açúcar) devem ser ofere-
cidos no copo.

-- Lembrar que os alimentos devem ser oferecidos sem rigidez de horários, mas com intervalos regulares para
que a criança sinta vontade de se alimentar.

5.2 Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável para Crianças Menores de Dois Anos:

A prática do Aleitamento Materno Exclusivo até o sexto mês de vida da criança deve ser recomendada por
todos os profissionais de saúde como importante estratégia para a promoção da saúde da população infantil.

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a adequação das práticas da alimentação complementar ao
Leite Materno, também a partir dessa idade (BRASIL, 2010).

01. Alimentar a criança com leite materno até os 6 meses de idade, sem oferecer água, chás ou quaisquer
outros alimentos:

Colostro – É o leite dos primeiros dias pós-parto, é ideal nos primeiros dias de vida, principalmente se o bebê for prematuro, pelo
alto teor de proteína. O leite materno contém tudo que o bebê precisa até o 6º mês de vida, inclusive água, além de proteger
contra infecções. O leite materno contém quantidade de água suficiente para as necessidades do bebê, mesmo em climas
muito quentes. A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além
de substituir o volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo. A criança que recebe outros alimentos além do leite
materno, antes dos 6 meses, principalmente através de mamadeira, incluindo água e chás, pode adoecer mais e ficar desnutrida.
A pega errada prejudica o esvaziamento total da mama, impedindo que o bebê mame o leite do final da mamada, que é rico em
gordura e que dá maior saciedade. O tempo de esvaziamento da mama depende de cada bebê; existem aqueles que conseguem
fazê-lo em pouco minutos e aqueles que o fazem em trinta minutos ou mais. A produção adequada de leite vai depender
basicamente da sucção do bebê, da pega correta e da frequência de mamadas. A mãe que amamenta deve beber, no mínimo,
dois litros de água pura diariamente e estimular o bebê a sugar corretamente e com mais frequência.

02. A partir dos 6 meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os
dois anos de idade ou mais:

A partir dos 6 meses, o organismo da criança já está preparado para receber alimentos diferentes do leite materno, que são
chamados de alimentos complementares.
A alimentação complementar, como o nome diz, é para complementar o leite materno e não para substituí-lo.
A introdução dos alimentos complementares deve ser lenta e gradual. O bebê tende a rejeitar as primeiras ofertas do(s) alimento(s),
pois tudo é novo: a colher, a consistência e o sabor.
No início, a quantidade de alimentos que a criança ingere é pequena e a mãe pode oferecer o peito após a refeição com os
alimentos complementares. Há crianças que se adaptam facilmente às novas etapas e aceitam muito bem os novos alimentos.
Quando introduzir a alimentação complementar, é importante que a criança receba água nos intervalos das refeições. Mesmo
recebendo outros alimentos, a criança deve continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais, pois o leite materno continua
alimentando a criança e protegendo-a contra doenças.

72
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

03. A partir dos 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e
legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada:

Os alimentos complementares são constituídos pela maioria dos alimentos básicos que compõem a alimentação das famílias.
Complementa-se a oferta de leite materno com alimentos que são mais comuns à região e ao hábito alimentar da família.
A introdução dos alimentos complementares deve ser feita com colher ou copo no caso da oferta de líquidos.
Se a criança está mamando no peito, três refeições por dia com alimentos adequados são suficientes para garantir uma boa
nutrição e crescimento, no primeiro ano de vida.
No segundo ano de vida, devem ser acrescentados mais dois lanches, além das três refeições. Se a criança não está mamando
no peito, deve receber cinco refeições por dia com alimentos complementares a partir do sexto mês. A partir do momento que
a criança começa a receber qualquer outro alimento, a absorção do ferro do leite materno reduz significativamente: por esse
motivo a introdução de carnes e vísceras (fígado, rim, coração, moela de frango, etc.), mesmo em pequena quantidade, é muito
importante.

04. Os alimentos para complementar a alimentação da criança a partir dos seis meses devem ser oferecidos
sem rigidez de horário, respeitando-se sempre a vontade da criança:

Crianças amamentadas no peito, em livre demanda, desenvolvem muito cedo a capa-cidade de auto-controle sobre a ingestão
de alimentos, aprendendo a distinguir as sen-sações de saciedade após as refeições e de fome após períodos sem oferta de
alimentos.
É importante a mãe distinguir o desconforto da criança com fome de outras situações como: sede, sono, frio, calor, fraldas
molhadas ou sujas. Não se deve oferecer comida, ou insistir para que a criança coma, quando ela não está com fome.
Oferecer a alimentação complementar regularmente, sem rigidez de horários, nos períodos que coincidem com o desejo de comer
demonstrado pela criança. Após a oferta dos alimentos, a criança deve receber leite materno, caso demonstre que não está
sacia-da. Oferecer três refeições complementares (no meio da manhã, no almoço, no meio da tarde) para crianças em aleitamento
materno; para aquelas já desmamadas, adicionar mais duas refeições: no início da manhã e no início da noite.

73
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

05. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher, começar com
consistência pastosa (papas, purês), e, gradativamente, aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da
família:

No início da alimentação complementar, os alimentos oferecidos à criança devem ser preparados especialmente para ela. Os
alimentos devem ser bem cozidos. Nesse cozimento deve sobrar pouca água na panela, ou seja, os alimentos devem ser cozidos
apenas em água suficiente para amaciá-los. Ao colocar os alimentos no prato, amasse--os bem com o garfo e a consistência
deverá ter o aspecto pastoso (papa/purê). Não há necessidade de passar pela peneira e nem bater no liquidificador.
A partir dos 8 meses, podem ser oferecidos os mesmos alimentos preparados para a família, desde que amassados, desfiados,
picados ou cortados em pedaços pequenos. Sopas e comidas ralas/moles não fornecem energia suficiente para a criança.
Deve-se evitar o uso da mamadeira, pois a mesma pode atrapalhar a amamentação e é a principal fonte de contaminação e
transmissão de doenças. Recomenda-se o uso de copinhos para oferecer água ou outros líquidos; dar os alimentos semi-sólidos e
sólidos com prato e com colher.

06. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida:

No início da alimentação complementar, os alimentos oferecidos à criança devem ser preparados especialmente para ela. Os
alimentos devem ser bem cozidos. Nesse cozimento deve sobrar pouca água na panela, ou seja, os alimentos devem ser cozidos
apenas em água suficiente para amaciá-los. Ao colocar os alimentos no prato, amasse--os bem com o garfo e a consistência
deverá ter o aspecto pastoso (papa/purê). Não há necessidade de passar pela peneira e nem bater no liquidificador.
A partir dos 8 meses, podem ser oferecidos os mesmos alimentos preparados para a família, desde que amassados, desfiados,
picados ou cortados em pedaços pequenos. Sopas e comidas ralas/moles não fornecem energia suficiente para a criança.
Deve-se evitar o uso da mamadeira, pois a mesma pode atrapalhar a amamentação e é a principal fonte de contaminação e
transmissão de doenças. Recomenda-se o uso de copinhos para oferecer água ou outros líquidos; dar os alimentos semi-sólidos e
sólidos com prato e com colher.

74
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

07. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições, pois são ricas em vitaminas e sais
minerais, importantes para o desenvolvimento da criança:

As frutas e as hortaliças (legumes e verduras) são as principais fontes de vitaminas, minerais e fibra.
Normalmente, os alimentos do grupo dos vegetais são inicialmente pouco aceitos pelas crianças porque, em parte, a criança
pequena aceita melhor os alimentos doces.
Quando a criança recusa determinado alimento, deve-se oferecer novamente em outras refeições. Para que um novo alimento
seja aceito pela criança, é necessário em média, 8 a 10 repetições, em momentos diferentes. No primeiro ano de vida, não é
recomendado que os alimentos sejam muito misturados, porque a criança está aprendendo a conhecer novos sabores e texturas.
Deve ser oferecida uma fruta, uma hortaliça de cada vez, na forma de papa ou purê. Para temperar os alimentos, recomenda-se o
uso de cebola, alho, pouco óleo, pouco sal e ervas (salsinha, cebolinha e coentro). Quando a criança já senta à mesa, o exemplo
do consumo dos alimentos pela família vai encorajar a criança a consumi-los. As refeições devem ser momentos tranqüilos e felizes.

08. Evitar açúcar, café, enlatados, refrigerantes, frituras, salgadinhos, balas, sucos artificiais e outras
guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. Fazer opção por produtos naturais:

É comprovado que a criança nasce com preferência para o sabor doce; no entanto, a adição de açúcar é desnecessária e
deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida. Até completar um ano de vida, a criança possui a mucosa gástrica sensível e,
portanto, as substâncias presentes no café, enlatados e refrigerantes podem irritá-la, comprome-tendo a digestão e a absorção dos
nutrientes, além de terem baixo valor nutritivo. Deve ser evitado o uso de alimentos industrializados, enlatados, embutidos e frituras,
que contenham gordura e sal em excesso, aditivos e conservantes artificiais. A família deve ser orientada para não oferecer doces,
sorvetes e refrigerantes para a criança pequena. É importante também, ler o rótulo dos alimentos infantis antes de comprá-los para
evitar oferecer à criança alimentos que contenham aditivos e conservantes artificiais.
Os alimentos muito condimentados também devem ser evitados como: pimenta, mostarda,catchup, temperos industrializados e
outros.

75
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

09. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e
conservação adequada, protegendo-os dos riscos de contaminação:

Quando a criança passa a receber a alimentação complementar aumenta a possibili-dade de doenças diarreicas que constituem
importante causa de adoecimento e morte, entre as crianças pequenas. Para uma alimentação saudável, deve-se usar alimentos
frescos, maduros e em bom estado de conservação. Os alimentos oferecidos às crianças devem ser preparados pouco antes do
consumo e nunca oferecer restos de uma refeição. Para evitar a contaminação dos alimentos e a transmissão de doenças, a pessoa
respon sável pelo preparo das refeições deve lavar bem as mãos e os alimentos, assim como os utensílios em que serão preparados
e servidos. Os alimentos devem ser guardados em local fresco e protegidos de insetos e outros animais. Oferecer água limpa
(tratada, filtra-da ou fervida) para a criança beber. O mesmo cuidado deve ser observado em relação à água usada para preparar
os alimentos. Lavar as mãos com água e sabão, toda vez que for preparar ou oferecer o alimento à criança.

10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e
seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

As crianças doentes, em geral, têm menos apetite, ingerindo menos alimentos e gas-tando mais energia devido à febre. Por isso,
devem ser estimuladas a se alimentarem, no entanto, não devem ser forçadas a comer. Se a criança estiver sendo amamentada
exclu-sivamente no peito, aumentar a frequência da oferta, várias vezes ao dia. O leite materno é o alimento que a criança aceita
melhor. Para garantir uma melhor nutrição e hidratação da criança doente, aconselha-se oferecer os alimentos de sua preferência,
sob a forma que a criança aceita melhor e aumentar a oferta de líquidos. Oferecer quantidades pe-quenas de alimentos por
refeição, porém, com maior frequência. Se a criança aceitar apenas um tipo de preparação, mantê-la até que se recupere. É
importante sentar-se ao lado da criança na hora da refeição e ser mais flexível com horários e regras. Não forçar a criança a
comer. Isso aumenta o estresse e diminui ainda mais o apetite

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de 2 anos: álbum seriado /
Ministério da Saúde,. – Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

5.3 – Orientações de Alimentação Nos Casos de Crianças Não Amamentadas

O aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até o sexto mês de vida da criança.
É responsabilidade do profissional de saúde promover, orientar e apoiar a manutenção do aleitamento
materno.

76
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

A proteção à amamentação e a orientação apropriada sobre alimentação devem estar ente as prioridades
de ação dos profissionais de saúde que trabalham com a população infantil.
No entanto, esses profissionais poderão se deparar com situações de contraindicação do Aleitamento
Materno ou Desmame Precoce, por isso necessitarão de informações acerca da alimentação recomendada
para a criança que não é amamentada.

Esquema Alimentar para crianças não amamentadas

-- De 0 a 4 meses oferecer apenas refeições lácteas compostas por preparação caseira (leite
de vaca diluído + óleo + mucilagem) ou por fórmula infantil industrializada.
-- Aos 4 meses, introduzir lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, seguindo o esquema
alimentar de criança amamentada e observando as orientações quanto aos grupos de
alimentos, consistência, cuidados no preparo e na oferta.
-- A partir dos 4 meses o leite de vaca integral não deve ser diluído nem acrescido de óleo e
mucilagem.
-- Aos 5 meses introduzir o jantar.

-- Aos 2 meses, iniciar suplementação com vitamina C (30 mg/dia), por meio de suplemento vitamínico
disponível na rede, até que a alimentação complementar seja introduzida e supra as necessidades.

-- Entre 2 a 3 meses, iniciar suplementação preventiva com ferro (1 a 2 mg/kg/dia). Em caso de uso de
fórmula infantil industrializada não é necessária a suplementação. A partir dos 4 meses, seguir o Protocolo
para Prevenção da Anemia.

-- A água deve ser introduzida desde o início do aleitamento artificial. Deve ser filtrada e
fervida e oferecida nos intervalos das refeições.
-- Nos casos em que há necessidade de se orientar o preparo das fórmulas lácteas e diluições
de leite, tais orientações devem ser feitas de forma individualizada e compartilhada com um
profissional qualificado (matriciamento por nutricionista do NASF).
77
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Volume de refeição láctea caseiraa de acordo com o número de mamadas por dia e com o peso da
criança até os 4 meses

Volumec de acordo com número de mamadas/dia


Peso da criançab
8 por dia 7 por dia 6 por dia 5 por dia

2,5 Kg 50 ml 60 ml 70 ml -
3,0 Kg 60 ml 70 ml 80 ml -
3,5Kg 70 ml 80 ml 90 ml -
4,0 Kg 80 ml 90 ml 100 ml -
4,5 Kg - 90 ml 110 ml 130 ml
5,0 Kg - 100 ml 120 ml 140 ml
5,5 Kg - 110 ml 130 ml 150 ml
6,0Kg - - 130 ml 150 ml
6,5 Kg - - 130 ml 160 ml
7,0 Kg - - 130 ml 160 ml
7,5Kg - - 140 ml 170 ml
8.0Kg - - 150 ml 180 ml

a Preparação caseira (leite de vaca diluído + óleo + mucilagem).


b Peso variando entre os limites de adequação peso/idade de 0 a 4 meses. Avaliar o estado nutricional,
acompanhando o crescimento nos gráficos da Caderneta da Criança, e adequar o volume da alimentação
láctea quando necessário. Crianças com índice peso/idade ou IMC/idade fora da faixa de normalidade
deverão ser encaminhadas para o nutricionista.
c Os volumes indicados podem variar com a aceitação da criança.

78
2 - SAÚDE DA CRIANÇA

Reconstituição do leite de vaca integral em pó para menores de 4 meses: quantidade em medidas


caseiras, de acordo com o volume da refeição.

Leite de vaca em pó Mucilagem1 Óleo


Volume Total (mL)
Medida caseira (colher de chá)2

60 2 1 ½
80 2e½ 1e½ 1
100 3 2 1
120 4 3 1e½
150 5 4 1e½
180 6 5 2

Notas: Reconstituição considerando 10% de leite de vaca integral em pó, 2% de mucilagem e 2% de óleo
vegetal.

1
Mucilagem: farinhas de arroz ou de milho pré-cozidas
2
Uma colher de chá corresponde a 3 g de leite em pó, 1 g de mucilagem e 2 mL de óleo.

Preparo do leite de vaca integral em pó: Dissolver o leite em pó em um pouco da água filtrada e fervida,
acrescentar a mucilagem e o óleo e em seguida adicionar a água restante para completar o volume total.
Não é recomendado o uso de açúcar.
Em caso de uso da fórmula infantil deve-se seguir a diluição e volume recomendados no rótulo.

79
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Reconstituição do leite de vaca integral fluido para menores de 4 meses: quantidade em medidas
caseiras, de acordo com o volume da refeição.

Mucilagem1 Óleo
Volume Total (mL) Leite de vaca Fluido (ml)
Medida caseira (colher de chá)2

60 40 1 ½
80 50 1e½ 1
100 70 2 1
120 80 3 1e½
150 100 4 1e½
180 120 5 2

Notas: Reconstituição considerando 2/3 de leite de vaca integral fluido, 1/3 de água, 2% de mucilagem e
2% de óleo vegetal.

1
Mucilagem: farinhas de arroz ou de milho pré-cozidas.
2
Uma colher de chá corresponde a: 1 g de mucilagem e 2 mL de óleo.

Preparo do leite de vaca integral fluido: misturar o leite fluido fervido, mucilagem e óleo nas quantidades
indicadas e em seguida adicionar a água filtrada e fervida para completar o volume total. Não é
recomendado o uso de açúcar.

80
81
3
Saúde do
Adolescente
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

6. O Cuidado do Adolescente pelo Enfermeiro (idade entre 10 e 19 anos)

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento do ser humano situada entre a infância e a vida adulta,
e marcada por profundas transformações biopsicossociais. Essas transformações modificam o relacionamento
do indivíduo consigo mesmo, com a família e o mundo, proporcionando a formação da identidade e a busca
da autonomia.
Como cidadãos, os adolescentes têm direito a saúde e é dever do Estado garantir este acesso, dentro dos
preceitos do SUS.
As características desse grupo, bem como sua vulnerabilidade às questões econômicas e sociais e a
importância desse período na formação de hábitos, determinam a necessidade de uma atenção mais específica.
Visando proporcionar um atendimento qualificado ao adolescente o Protocolo de Enfermagem traz a consulta
de Enfermagem como fator preponderante na avaliação do crescimento e desenvolvimento, a sexualidade e
dificuldades encontradas nesta fase da vida.

DIREITOS DOS ADOLESCENTES:

• Privacidade no momento da avaliação;


• Garantia de confidencialidade e sigilo;
• Consentir ou recusar atendimento;
• Atendimento à saúde sem autorização e desacompanhado dos pais, a partir de 12 anos de idade;
• A informação sobre o seu estado de saúde.
(Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990)

83
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 20. Atendimento do enfermeiro ao adolescente

Grupo de Adolescentes – Educação


Consulta de Enfermagem
em Saúde

Atendimento compartilhado, caso


NASF Assistente social
necessário - Matriciamento

Nutricionista

Psicólogo

Educador Físico

Encaminhar ao atendimento no
Médico serviço especializado de
referência, caso necessário

Agendar atendimento no serviço,


Odontólogo caso necessário

84
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

Adolescente em risco ?

Sim Não

Situação de risco não inerente à Situação de risco inerente à


adolescência** adolescência*

Consulta de Enfermagem
Semestral e/ou com periodicidade a critério do
enfermeiro, com avaliação do risco e encaminhamento Consulta de Enfermagem semestral, com avaliação do
para consulta médica. Matriciamento por profissionais risco. Matriciamento por profissionais do NASF, caso
NASF, caso necessário. Grupos periódicos de educação necessário. Grupos periódicos de educação em saúde.
em saúde.

* Adolescente com risco inerente à faixa etária:


aquele que apresenta riscos inerentes à faixa etária, como por
exemplo, a impulsividade, a onipotência juvenil, o pensamento
mágico, imaturidade emocional, a influência do grupo de pares e
outros.
No entanto identifica-se no seu contexto de vida um número maior
de fatores de proteção em relação aos fatores de rico.
** Adolescente em situação de risco não inerente à
faixa etária:
aquele que apresenta riscos biológicos, emocionais, familiares
e/ou sociais.
- risco biológico: obesidade, doenças crônicas; de risco
emocional: depressão/ansiedade, uso e abuso de drogas;
- risco familiar: pais alcoolistas/drogadictos, com
paternidade/maternidade prejudicada (conflito no desempenho
do papel mãe/pai), com transtornos mentais e déficit intelectual;
- risco social: morar em áreas de tráfico de drogas, pobreza
extrema, exploração sexual infantil, violência, negligencia do
cuidador. Identifica-se no seu contexto de vida um número menor
de fatores de proteção em relação aos fatores de risco.

85
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

7. Orientações sobre Alimentação para Adolescentes

A alimentação tem papel crítico no desenvolvimento do adolescente sendo o consumo de dieta inadequada
uma influência desfavorável sobre o crescimento e maturação. Outro fator que influencia é a realização ou não
de exercício físico.
Para realizar o exame físico de adolescentes, o método mais adequado é o da avaliação do índice de
massa corporal (IMC).

- Fazer as refeições em ambiente tranquilo, juntamente com a família (criar


rotina) sem associar à atividades de entretenimento (televisão, revistas,
computador, etc.);
- Incorporar ao cotidiano, técnicas como comer devagar e mastigar bem os
alimentos, permitindo um melhor controle da ingestão e uma adequada
percepção da saciedade e plenitude;
- Ingerir todos os grupos de alimentos (pães, massas e tubérculos, frutas e
hortaliças, carnes e peixes, feijão e outras leguminosas, leite e derivados e
quantidades moderadas de gorduras, sal e açúcares);
- Reduzir o consumo de sanduíches, biscoitos recheados, frituras, balas e outras
PARA MELHOR ESTILO DE VIDA
guloseimas. Esses alimentos possuem elevados teores de gorduras saturadas,
É NECESSÁRIO ORIENTAR:
açúcar simples, corantes e conservantes;
- Aumentar a ingestão de líquidos, principalmente, água, nos intervalos das
refeições, evitando o excesso durante as mesmas. Diminuir o consumo de
refrigerantes e sucos artificiais;
- Consumir regularmente alimentos fontes de fibra: hortaliças, leguminosas,
cereais integrais como arroz, pães e aveia, frutas;
Incorporar a prática de atividade física regular como caminhar, andar de
bicicleta, jogar bola e outras;
- Estimular busca de atividades prazerosas como hobbies, ter animal de
estimação, fazer trabalho voluntário, participação em atividades de grupos
como dança, teatro, música, arte, etc.

86
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

8. Principais agravos na adolescência

OBESIDADE

É um distúrbio do estado nutricional traduzido por aumento de tecido adiposo localizado ou generalizado,
provocado por desequilíbrio nutricional associado ou não a distúrbios genéticos ou endócrino-metabólicos.
Doença crônica multifatorial, de difícil tratamento, disseminada em todas as camadas sociais, sendo sua
etiologia uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais.

CONSULTA DE ENFERMAGEM

No histórico de enfermagem investigar: No exame físico observar:

- A vontade de emagrecer; - Peso, estatura e IMC;


- Hábito alimentar da família; - Pressão arterial;
- Hábito alimentar do adolescente; - Pescoço, axilas e regiões de dobras:
- Prática de atividade física; presença de acanthose nigricans;
- Obesidade na família - pai, mãe, - Hiperqueratose e hiperpigmentação em
irmãos e avós; regiões de dobras;
- Tratamentos anteriores na tentativa de - Distribuição de gordura corporal;
emagrecimento: dietas, medicamentos - Maturação sexual.
e exercícios;
- Problemas de saúde associados e
internações

- Cabe à UBS/ESF e/ou a equipe - a identificação e acompanhamento do adolescente


com sobrepeso;
- Todo obeso deve ser acompanhado pelo médico generalista em consultas periódicas;
- Quando possível deve ocorrer, de forma articulada com a equipe, o matriciamento
pelos profissionais do NASF (nutricionista, educador físico) e o encaminhamento para
atendimento especializado (endocrinologista)

87
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

8.1 TRANSTORNOS ALIMENTARES – ANOREXIA NERVOSA E BULIMIA

A anorexia e bulimia constituem transtornos alimentares frequentemente de prognóstico reservado, e que


acometem, principalmente, adolescentes e adultos jovens, mais do sexo feminino, apresentando gravidade
semelhante em ambos os sexos.

ANOREXIA NERVOSA

O diagnóstico de anorexia nervosa, cujo significado é perda do apetite, requer quatro critérios diagnósticos
definidos no Manual das Desordens Mentais (1994), Diagnóstico e Estatística (DSM-IV).
1. Recusa em manter o peso dentro dos limites considerados normais para altura e idade (abaixo de 15%
do peso considerado ideal).
2. Medo de ganhar peso.
3. Distúrbio grave da imagem corporal, medida predominante da auto avaliação, com negação da
gravidade da doença.
4. Ausência de ciclos menstruais ou amenorreia (mais que três ciclos).

Geralmente, o quadro é desencadeado por um fator estressante como, por exemplo, comentários sobre o
peso, pressão profissional ou uma ruptura afetiva. Apesar de emagrecido, o adolescente costuma perceber-se
gordo ou desproporcional, o que se denomina insatisfação ou distorção da imagem corporal.

BULIMIA

Os critérios para o diagnóstico de bulimia pelo Manual das Desordens Mentais (1994), Diagnóstico e
Estatística (DSM-IV), incluem os seguintes itens:
1. Episódios de ingestão excessiva com sensação de perda de controle (às vezes em períodos de duas
horas, ingerem quantidades consideradas muito grandes, que outras pessoas não afetadas não
ingeririam nesse mesmo período nem nessas circunstâncias).
2. A ingestão excessiva é compensada por comportamento de expurgo (vômitos auto induzidos, laxantes
ou diuréticos) ou não expurgo.
3. A ingestão excessiva e os comportamentos compensatórios ocorrem pelo menos duas vezes por semana,
por três meses.
4. Insatisfação com a forma do corpo e com o peso.

88
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

A etiopatogenia da bulimia nervosa também inclui, com grande frequência, conflitos familiares, história de
abuso sexual na infância e questões sobre o desenvolvimento de feminilidade.

ABORDAGENS PARA OS TRANSTORNOS ALIMENTARES

• Realizar um exame físico completo, com especial atenção para os sinais vitais, pele, sistema
cardiovascular e evidências de abuso de laxantes ou diuréticos e vômitos.
• Observar as seguintes informações: peso atual e desejado; início e padrão da menstruação; restrições
alimentares e padrões de jejum; frequência e extensão da hiperfagia e dos vômitos; uso de laxantes,
diuréticos, pílulas para emagrecer; perturbações na imagem corporal; preferências e peculiaridades
alimentares; padrões de exercícios.
• Avaliar os indicadores de crescimento, desenvolvimento sexual e desenvolvimento físico.
• Explorar a compreensão do adolescente sobre o seu impacto nos relacionamentos sociais, na escola
e no trabalho, procurando identificar fatores socioculturais que influenciam o tipo e a quantidade de
alimento que o adolescente consome e sua percepção sobre o tamanho corporal ideal.
• Verificar a história psiquiátrica, história de uso de substâncias e avaliação familiar.
• Analisar a estrutura familiar, bem como eventuais mudanças nas alianças de poder, padrões e rituais,
relacionados aos membros da família e a alteração do estado de saúde de um de seus membros.
• Fazer as seguintes perguntas, as quais podem ser mais eficientes do que qualquer questionário extenso
para identificar se o adolescente tem predisposição para desenvolver transtorno alimentar: Você está
satisfeita (o) com seus padrões de alimentação? Você já comeu em segredo?
• Ressaltar os aspectos positivos, mantendo uma observação e uma escuta sensível. Auxiliar para que
o adolescente perceba os seus limites, sendo colocados de maneira firme, carinhosa e coerente por
parte de enfermeiro. Estimular o adolescente a imaginar mudanças e um futuro positivo e auxiliar a
identificação da própria responsabilidade e do controle da situação.

-- Cabe à UBS/ESF e/ou a equipe - a identificação e acompanhamento/encaminhamento do


caso
-- Encaminhar para consulta médica com médico generalista

89
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

-- Quando possível deve ocorrer, de forma articulada com a equipe, o matriciamento pelos
profissionais do NASF (Saúde mental – psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional.
Nutricionista)

9. Protocolo de atendimento às crianças e adolescente vítimas de violência

A violência é um fenômeno que se desenvolve e dissemina nas relações sociais e interpessoais, implicando
sempre uma relação de poder que não faz parte da natureza humana. A violência sexual é uma das principais
causas de morbimortalidade, especialmente na população de crianças, adolescentes e adultos jovens
(MS,2002).
Há diversos tipos de violência, tais como: física, psicológica, sexual, negligência e Síndrome de Münchausen.
A síndrome de Münchausen ocorre quando um parente, quase sempre a mãe, de forma persistentemente ou
intermitentemente produzem (fabrica, simula, inventa), de forma intencional, sintomas em seu filho, fazendo que
este seja considerado doente, ou provocando ativamente a doença, colocando-a em risco e numa situação
que requeira investigação e tratamento. A doença é considerada uma grave perturbação da personalidade
do cuidador, de tratamento difícil e prognóstico reservado.

• No atendimento à criança e adolescente em situação de violência, é importante fazer o levantamento


da história de vida, para avaliar o grau de vulnerabilidade e risco que está sujeita, além dos fatores
de proteção (aspectos que favoreçam a resiliência), como também as características individuais,
autoestima e competência social, apoio afetivo familiar ou da rede social, apoio social externo
representado por pessoas ou instituições da comunidade.
• Dessa forma o atendimento holístico é espaço fértil para garantia de direitos, tendo como princípio a
prioridade atendimento integral. As ações devem potencializar a autonomia, favorecer a participação
na rede, reduzir danos, mudanças nas condições que geram, mantém ou facilitam a dinâmica na
situação de violência, facilitar acesso às políticas de saúde e sociais, educação, trabalho, renda e
assistência (encaminhamentos para rede de saúde e social).
• Direito a convivência familiar e comunitária, proteção integral e preservação de vínculos familiares e
comunitários (LEI 8069) ECA- MATRICIAMENTO NAS FAMÍLIAS COM CASOS DE VIOLÊNCIA.
• Reconhecer no exame físico sinais de violência: equimoses, escoriações, hiperemia, mordeduras,
incisões com arma branca e lesões em genitália. Acionar o conselho tutelar.

90
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

• Realizar notificação de violência (em ficha própria – SINAN Violência).


• Utilizar metodologias lúdicas (desenho, brinquedo e artes cênicas) para identificar situações de
violência.
• Propiciar um ambiente seguro, terapêutico para expressão de seus sentimentos.
• Propiciar informações exatas e explicações em termo que possam ser entendidos.

O enfermeiro deve ter uma atitude de acolhimento, não julgadora, não punitiva, ainda que o agressor esteja
presente. É importante a escuta qualificada, apoiar o cuidador, vítima e família, criar vínculo de confiança.
Notificar, orientando ao cuidador e família o desdobramento desta notificação.
Em crianças e adolescentes menores de 18 anos de idade, a suspeita ou confirmação de abuso sexual
deve, obrigatoriamente, ser comunicada ao Conselho Tutelar ou à Vara da Infância e da Juventude, sem
prejuízo de outras medidas legais, conforme art. 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.º
8.069, de 13 de julho de 1990. Essa medida é de extremo valor para oferecer a necessária e apropriada
proteção para crianças e adolescentes.
A atenção e a notificação dos casos é também responsabilidade da Unidade, e não apenas dos profissionais
que fizeram o atendimento. A instituição deve estar atenta à identificação dos casos e comprometida com o
acompanhamento das crianças e adolescentes.

A criança e a adolescente que forem submetidos a situação de exploração sexual tem garantido o
aborto previsto em lei.

91
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 21. Atendimento às crianças e adolescente vítimas de violência

Acolhimento Atendimento

Realizar consulta clínica: anamnese,


exame físico e planejamento da
conduta para cada caso

- Receber crianças, adolescentes e


famílias de forma empática e
respeitosa, por qualquer membro da
equipe;
- Acompanhar o caso e proceder aos
encaminhamentos necessários, desde a Violência física, sexual ou Violência psicológica
sua entrada no setor saúde até o negligencia/abandono
seguimento para a rede de cuidados e - Avaliação psicológica
de proteção social; - Consulta médica: tratamento - Acompanhamento
- Adotar atitudes positivas e de proteção e profilaxia; terapêutico, de acordo com
à criança ou ao adolescente; - Avaliação psicológica; cada caso;
- Atuar de forma conjunta com toda a - Acompanhamento - Acompanhamento pela
equipe. terapêutico, de acordo com atenção primária/ ESF/
cada caso; NASF¹;
- Acompanhamento pela
atenção primária/ ESF/
NASF¹;
- Caps² ou Capsi³ ou pela
rede de proteção Cras4,
Creas5/escolas, CTA6 ou
outros complementares.

92
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE

Segmento na rede de cuidado e de


Notificação proteção social

- Preencher a ficha de notificação - Acompanhar a criança ou adolescente


(SINAN Violência); e sua família até a alta, com
- Encaminhar a ficha ao Sistema de planejamento individualizado para
Vigilância, Secretaria Municipal de cada caso;
Saúde; - Acionar a rede de cuidado e de
- Comunicar o caso ao Conselho Tutelar, proteção social, existente no território,
da forma mais ágil possível (telefone, de acordo com a necessidade de
pessoalmente ou com uma via da ficha cuidados e de proteção, tanto na
de notificação); própria rede de saúde, quanto na rede
- Anexar cópia da ficha ao de proteção social e defesa.
prontuário/boletim do paciente;
- Acionar o Ministério Público quando
necessário.

1
NASF: Núcleos de Apoio à Saúde da Família; 2Caps: Centros de Atenção Psicossocial; 3Capsi: Centros de Atenção Psicossocial Infantil; 4Cras: Centro de
Referência de Assistência Social; 5Creas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social; 6CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento.

93
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO – ADOLESCENTE
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

10. Imunização em adolescentes


Esquema/ Idade máxima para Local de
Idade Vacina História vacinal
Dose indicada início do esquema aplicação
A maioria dos adolescentes frequentemente apresenta carteira de vacinação incompleta, com esquema
básico de vacinação interrompido. Nesse caso, não é necessário reiniciar o esquema e sim completá-lo.
Outra situação comum é aquela em que não Comhá3 doses
informaçãoNão há reforço sobre vacinação anterior.- Se a
disponível
informação for muito duvidosa, recomenda-se considerar como não vacinado.
Completar o
Hepatite B (recombinante) Com menos de
esquema com 2ª ou Sem limite de idade
DOENÇAS EVITADAS: Hepatite B 3 doses
3ª dose
DD

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO – ADOLESCENTE


Não vacinado 3 doses

Não há dose MENINAS


Com 2 doses 1ª dose: até 14 anos,
adicional
Esquema/ 11 meses
Idade e 29 dias
máxima para Local de
Idade HPV quadrivalente*Vacina
(inativada): História vacinal
Dose indicada 2ªinício
dose:do esquema
sem limite de aplicação
meninas de 9 a 14 anos e Completar o idade
meninos de 11 a 14 anos Com 1 dose esquema com 2ª DD
DOENÇAS EVITADAS: Câncer de cólo de dose MENINOS
Com 3 doses Não há reforço -
útero e Câncer da região genital masculina 1ª dose: até 14 anos,
11 meses e 29 dias
Não vacinado(a) 2 doses o
Completar 2ª dose: sem limite de
Hepatite B (recombinante) Com menos de idadede idade
esquema com 2ª ou Sem limite
DOENÇAS EVITADAS: Hepatite B 3 doses
3ª dose
DD
Com 3 doses de Reforço, se última
Penta/DTP/dT
Não vacinado dose3 ≥10 anos
doses

10 a 19 Completar o Sem limite de idade.


Dupla adulto (toxoide) Com menos de
anos esquema com 2ª ou 1 MENINAS
Reforço de DE
DOENÇAS EVITADAS: Difteria e Tétano 3 doses Não
Com 2 doses 3ª há dose
dose 10 em 10 anos
adicional 1ª dose: até 14 anos,
11 meses e 29 dias
HPV quadrivalente* (inativada): 2ª dose: sem limite de
Não vacinado 3 doses
meninas de 9 a 14 anos e Completar o idade
meninos de 11 a 14 anos Com 1 dose esquema com 2ª DD
DOENÇAS EVITADAS: Câncer de cólo de dose MENINOS
útero e Câncer da região genital masculina Com 1, 2 ou 3 1ª dose: até 14 anos,
1 reforço
doses feitas 11 meses e 29 dias
Meningocócica C (inativada) Não vacinado(a) 2 doses 2ª dose: sem limite de
meninos e meninas de 12 e 13 anos idade
até 13 anos, 11
DOENÇAS EVITADAS: Doença invasiva Não vacinado Dose única DE
meses e 29 dias
causada por
Neisseria meningitidis do grupo C Com 3 doses de Reforço, se última
Penta/DTP/dT dose ≥10 anos
Com 4 doses feitas Não há dose
na infância adicional
10 a 19 Completar o Sem limite de idade.
Dupla adulto (toxoide) Com menos de
94 anos DOENÇAS EVITADAS: Difteria e Tétano 3 doses
esquema com 2ª ou 1 Reforço de DE
Com 2 doses feitas Não3ªhá
dose
dose 10 em 10 anos
- -
útero e Câncer da região genital masculina 1ª dose: até 14 anos,
11 meses e 29 dias
3 - SAÚDE DO ADOLESCENTE Não vacinado(a) 2 doses 2ª dose: sem limite de
idade

Com 3 doses de Reforço, se última


Penta/DTP/dT dose ≥10 anos

10 a 19 Completar o Sem limite de idade.


Dupla adulto (toxoide) Com menos de
anos esquema com 2ª ou 1 Reforço de DE
DOENÇAS EVITADAS: Difteria e Tétano 3 doses
3ª dose 10 em 10 anos

Não vacinado 3 doses

Com 1, 2 ou 3
1 reforço
doses feitas
Meningocócica C (inativada)
meninos e meninas de 12 e 13 anos
até 13 anos, 11
DOENÇAS EVITADAS: Doença invasiva Não vacinado Dose única DE
meses e 29 dias
causada por
Neisseria meningitidis do grupo C
Com 4 doses feitas Não há dose
na infância adicional

Com 2 doses feitas Não há dose


- -
na infância adicional

Tríplice viral - SCR (atenuada)


DOENÇAS EVITADAS: Sarampo, Com 1 dose 2ª dose
Caxumba e Rubéola Até 19 anos, 11
meses e 29 dias DD
(grupo adolescentes)
Não vacinado 2 doses

* A vacina HPV está indicada em 3 doses (esquema 0, 2 e 6) para quem vive com HIV na faixa etária de 09 a 26 anos de idade, necessitando de prescrição médica para ser vacinado.

Fonte: CPI/SVS/SUBPAV/SMS-Rio baseado no Calendário Nacional de Vacinação da CGPNI/MS / Portaria GM/MS nº 1533/2016 e NI n° 384/2016 atualizado em 26/06/2017
Arte Ascom – SMS-Rio

95
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

11. SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

É na puberdade que se inicia o aparecimento dos caracteres sexuais secundários: broto mamário no sexo
feminino e no masculino aumento dos testículos e desenvolvimento dos pelos pubianos em ambos os sexos.
MATURAÇÃO SEXUAL

SEXO FEMININO

-- A primeira manifestação é o surgimento do broto mamário, em média aos 9 anos, que pode ser doloroso e unilateral, demorando

até 6 meses para o crescimento do contralateral. No mesmo ano há o aparecimento dos pelos pubianos.

-- Aproximadamente aos 10 anos de idade começam a aparecer os pelos axilares acompanhados pelo desenvolvimento das

glândulas sudoríparas, o que pode proporcionar o odor característico do adulto.

-- A primeira menstruação, denominada menarca, pode vir prescindida de uma secreção vaginal clara. A idade média para a

menarca gira em torno de 12 anos aproximadamente. Os primeiros ciclos menstruais geralmente são anovulatórios e irregulares,

por até 3 anos pós menarca.

SEXO MASCULINO

-- A primeira manifestação de maturação sexual é o aumento do volume testicular, por volta dos 10 anos. O crescimento peniano

ocorre geralmente um ano após o crescimento dos testículos, sendo que primeiro o pênis cresce em comprimento e depois em

diâmetro.

-- Os pelos pubianos aparecem em torno dos 11 anos, em seguida são os pelos axilares, faciais e os do restante do corpo.

-- A primeira ejaculação denominada espermarca, ocorre em média aos 12 anos.

-- No adolescente masculino é comum identificar entre os 13 e 14 anos, a ginecomastia púbere (aumento do tecido mamário),

frequentemente bilateral, com consistência firme e móvel e, ás vezes pode ser bem doloroso. Regride espontaneamente em até 2

anos. Quando não involui em 24 meses, deverá ser avaliada pelo médico da equipe/unidade para possível encaminhamento.

-- A polução noturna é a ejaculação noturna involuntária, ou seja, saída de sêmen durante o sono, decorrente de um estímulo cere-

bral para sonhos eróticos que levam ao orgasmo. É um evento fisiológico normal, mas ás vezes pode causar constrangimentos e

dúvidas aos adolescentes, que devem ser orientados e tranquilizados pelo enfermeiro ou outro profissional da equipe.

96
Considera-se retardo puberal a ausência de qualquer característica sexual secundária em meninas
após os 13 anos de idade, e em meninos após 14 anos. Considera-se puberdade precoce, quando
ocorre o aparecimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos, nas meninas, e antes dos
9 anos nos meninos.

11.1 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são prevalentes entre adolescentes e aumentam o risco de
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A abordagem sindrômica das IST indicada pelo
Ministério da Saúde (MS) para o acompanhamento até a cura e a busca de contactantes, são as medidas
mais adequadas para o controle efetivo das IST na adolescência.
Aconselhar sobre a importância do tratamento, oferecer testes rápido (HIV, Sífilis e Hepatite).

As principais infecções genitais e uretrais são:

- Uretrites gonocócicas
- Uretrites não gonocócicas Quanto ao acompanhamento das ISTs consultar:
- Cervicites Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Atenção
- Vulvovaginites Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente
- Vaginose bacteriana Transmissíveis (IST)
- Candidíase vulvovaginal
- Tricomoníase genital
- Doença inflamatória pélvica
- Infecção por HPV

97
4
Saúde da
Mulher
4 - SAÚDE DA MULHER

Introdução

A atenção integral à saúde da mulher pressupõe que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam
compreendidos como direitos humanos, assim como levar em conta a diversidade e as necessidades específicas
da população feminina. Portanto, é necessário que em qualquer planejamento de ações de saúde da mulher,
além do enfoque de gênero, sejam incorporadas também as questões relativas à raça/etnia, ou seja, o
“quesito cor” na saúde, visando a que todos os indicadores de saúde considerem estas variáveis (MS, 2005).
Em 1994, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a saúde reprodutiva foi
definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as matérias concernentes
ao sistema reprodutivo, suas funções e processos, e não apenas mera ausência de doença ou enfermidade.
A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória,
tendo a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo” (CIPD,
1994).
A “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes”, elaborada pelo
MS em 2004, incorpora, num enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios
norteadores e busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na
melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate
à violência doméstica e sexual. Agrega, também, a prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/
aids e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Além disso, amplia
as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas, nas suas especificidades e necessidades
(BRASIL, 2004).
Neste contexto, a Atenção Básica à Saúde tem sido considerada um dos pilares da organização de
qualquer sistema de saúde, configurando-se como o primeiro contato do usuário com o sistema de saúde.
O nível básico de atenção à saúde tem um grande potencial de resolver parte significativa das queixas/
demandas apresentadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).
Cabe aos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro, a partir do atendimento integral empoderar a
mulher quanto sua saúde e seu corpo. Ainda mesmo neste nível de atenção a relação profissional-usuário de
saúde se faz presente em condições que possibilita um vínculo sem necessariamente a mulher estar doente ou
não, criando uma relação de corresponsabilidade e permitindo o protagonismo desta mulher perante a sua
saúde (CECÍLIO, 2001).
A atenção de enfermagem nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) tem como propósito a avaliação
e acompanhamento sistemático da saúde da mulher com enfoque nas linhas de cuidados prioritários e nas

99
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

ações de promoção da saúde, redução de risco ou manutenção de baixo risco, rastreamento/detecção


precoce, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças, considerando-se a individualidade, necessidades
e direitos da mulher.
A base legal que fundamenta a atuação do profissional enfermeiro está respaldada pela Lei do Exercício
Profissional de Enfermagem nº 7.498/86, Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº
195/1997, nº 223/1999, nº 271/2002 e nº 272/2002, Pareceres Cofen nº 040/95 e nº 15/97, e
Portaria nº 1459/2011 que institui a Rede Cegonha.
Assim, cabe ao enfermeiro da atenção primária em saúde acompanhar o pré-natal de baixo risco e o
puerpério, conforme garantido pela Lei do exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87.
O enfermeiro da atenção primária em saúde, além da competência para atuar na atenção à saúde da
mulher, cabe-lhe promover ações educativas que busquem atender a mulher na sua perspectiva de gênero,
na análise de seu perfil epidemiológico e no planejamento de ações de saúde, que tenham como objetivo
promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos de cidadania da mulher, sua família
e comunidade.

100
4 - SAÚDE DA MULHER
12. Assistência ao Pré - Natal
Fluxograma 22. Diagnóstico da Gravidez

Mulher com suspeita de gravidez

Acolhimento e escuta qualificada

Avaliar a regularidade do uso do método contraceptivo; atentar para situação oportuna para uso de método contraceptivo de emergência
(relação desprotegida nos últimos 3 dias) e ocorrência de violência sexual

Atraso menstrual de 15 dias e/ou,


náuseas, vômitos e aumento do volume DUM maior que 12 semanas
abdominal

Ofertar/realizar teste rápido de


gravidez. Realizar aconselhamento pós Ausente Ausculta do BCF
–teste (enfermeiro/médico)

Presente
Resultado negativo Resultado positivo
Oferecer ambiente acolhedor e
privativo para escutar a mulher de
forma aberta e não julgadora; oferecer
Persiste suspeita de Gravidez Gravidez mediação de conflitos pessoais e/ou
gravidez? confirmada desejada? NÃO familiares decorrentes de gravidez não
planejada; questionar abertamente
sobre a intenção de abortar,
oferecendo esclarecimentos.
SIM
SIM

Solicita β-HCG Acolher a mulher e abordar seus medos, ideias e Há risco de


Resultado positivo NÃO
sérico expectativas; explicar a rotina de acompanhamento abortamento
PN; realizar testes rápidos para HIV, sífilis e
Hepatite;iniciar acompanhamento pré-natal.
Resultado negativo
SIM

Orientar sobre saúde sexual e Orientar situações em que o aborto é permitido por lei e possibilidade de adoção;
reprodutiva; encaminhar para avaliação aconselhar/discutir com pessoa de confiança e, se gestação em fase inicial, aguardar pelo
médica menos uma semana para amadurecer a decisão; orientar sobre os riscos de práticas inseguras
e interrupção da gestação; marcar retorno para reavaliação, após ter sido realizada ou não a
interrupção; se for realizado abortamento, assegurar planejamento reprodutivo para evitar
nova gestação indesejada.

101
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Fluxograma 23. Fluxo de Atendimento à Gestante

Captação precoce das gestantes:


Recomenda-se o início do PN antes
da 12º semana de gestação

Risco
1ª Consulta: Habitual
• Acolhimento
• Anamnese
1º Contato na APS com confirmação • Exames laboratoriais
da gestação:
• Avaliação do risco obstétrico em todas
• Início do PN na APS Gestação de
as consultas, como consta guia no guia
alto risco
• Acolhimento rápido de PN
• Teste rápido HIV, sífilis e hep B e C • Oferecer atividades de promoção
• Agendamento de consulta • Avaliar vulnerabilidade social e violência
• Passaporte Cegonha Carioca e • Ações de valorização da paternidade
Sisprenatal Gestação de alto risco
• Encaminhar para avaliação de saúde com co-morbidade
bucal

Garantia do vínculo com a maternidade de referência- Garantia de consulta na


Cegonha Carioca com agendamento da visita na 28ª atenção especializada
semana de gestação segundo os critérios

102
4 - SAÚDE DA MULHER

Seguimento na APS com


avaliação de risco em
cada consulta

Após a alta da maternidade, a


• Encaminhar para a APS acolhe mãe-pai-bebê
atenção secundária VIA preferencialmente até o 5º dia,
SISREG pelo Médico
e/ou avaliação da mulher em
• Manter vínculo com APS
caso de aborto ou que o RN não
tenha tido alta

• Encaminhar para a atenção


terciária VIA SER pelo Médico
• Manter vínculo com APS

Retorno para APS quando


não confirmado o risco

103
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

12.1 Atribuições dos Enfermeiros(as) no pré-natal

O enfermeiro deve atender integralmente a saúde das mulheres e promover atividades que contribuam no
favorecimento de uma gestação e nascimento saudáveis.
Identifica-se a importância de realizar atividades educativas e lúdicas, que facilitem e trabalhem a
compreensão da mulher nesta fase tão importante da vida: a gestação, o parto e o puerpério.
É função do enfermeiro, enquanto educador e cuidador, sanar as dúvidas que possam estar
angustiando esta mulher, tentando ajudá-la, para isso utilizando de todo seu conhecimento técnico-científico e
a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
-- Atribuições específicas do enfermeiro no Pré-Natal;
• Iniciar o pré-natal o mais precocemente possível;
• Avaliar risco em todas as consultas de pré-natal;
• Preencher adequadamente o cartão de pré-natal e atualizá-lo a cada consulta, identificando a
Unidade de referência para o Rede Cegonha;
• Realizar testagem rápida – com orientações pré e pós teste – e solicitar exames de rotina,
segundo protocolo;
• Avaliar o calendário de vacinas, atualizando-o, se necessário, com orientações;
• Realizar coleta de exame citopatológico (considerando faixa etária da mulher e o último exame
realizado);
• Realizar avaliação ginecológica, quando a gestante apresentar queixa específica;
• Encaminhar as gestantes identificadas como risco para a consulta médica, imediatamente;
• Realizar busca ativa das gestantes que não compareceram às consultas de pré-natal, num
prazo de até 72 horas;
• Realizar atividades com grupos de gestantes, trabalhando a troca de conhecimento entre elas.

12.2 Exames laboratoriais na assistência pré-natal e condutas

Os exames laboratoriais de rotina na assistência pré-natal deverão ser solicitados pelos profissionais que
realizam o pré-natal, Médicos e Enfermeiros, conforme protocolo da SMS, com realização dos testes rápidos
no 1º contato da gestante com a Unidade de Saúde.

104
4 - SAÚDE DA MULHER

Exames de rotina no pré-natal de baixo risco e condutas

EXAME PERÍODO INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E CONDUTAS


• Hemoglobina > 11d/dl – normal;
• Hemoglobina entre 8 e 11 g/dl – anemia leve a moderada:
• 200 mg/dia de sulfato ferroso, uma hora antes das refeições (dois cp. antes do café,
1ª Consulta dois cp. antes do almoço e um cp. antes do jantar), de preferência com suco de frutas
Hemoglobina
3º Trimestre cítricas;
• Avaliar a presença de parasitose intestinal e tratá-la;
• Repetir hemoglobina em 60 dias;
• Hemoglobina < 8 g/dl – anemia grave: encaminhar para o pré-natal de alto risco.
• Tipo sanguíneo + fator Rh positivo: nada a fazer.
• Tipo sanguíneo + fator Rh negativo: Se o fator Rh for negativo encaminhar para consulta
Tipo Sanguíneo e Fator Rh 1ª Consulta
médica imediata, para avaliação clínica, solicitação de Coombs Indireto e referência
ao alto risco.
A partir da 24ª • Coombs indireto positivo: Encaminhar ao Médico para referenciar ao alto risco.
Coombs Indireto
semana • Coombs indireto negativo: segue protocolo do pré-natal.
• Entre 85-90 mg/dl sem fatores de risco: normal.
• Entre 85-90 mg/dl com fatores de risco ou 90-110 mg/dl: realizar o teste de tolerância
1ª Consulta à glicose na 24ª-28ª semana de gestação. Orientar medidas de prevenção primária
Glicemia em Jejum
3º Trimestre (alimentação saudável e atividade física regular).
• Se > 140 mg/dl no TTG, confirmar diagnóstico de diabetes mellitus gestacional
(DMG).
• Diagnóstico de DMG na presença de qualquer um dos seguintes valores:
Teste de tolerância à glicose
• em jejum > 95 mg/dl;
(jejum e 2 horas pós- 1ª Consulta
• após 2 horas > 155 mg/dl.
sobrecarga com 75g de 3º Trimestre
• No diagnóstico de DMG, orientar medidas de prevenção primária e referir ao alto
glicose anidro)
risco, mantendo o acompanhamento na UBS.

105
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

• Leucocitúria: presença acima de 10.000 células por ml ou 5 células/campo:


Encaminhar para avaliação médica imediata.
• Cilindrúria, hematúria sem ITU ou sangramento genital e proteinúria maciça ou dois
exames seguidos com traços, encaminhar para avaliação médica e, se necessário,
ao alto risco.
• Na presença de traços de proteinúria: repetir em 15 dias; caso se mantenha,
encaminhar a gestante ao médico para referência ao alto risco.
• Na presença de proteinúria maciça: é necessário referir ao alto risco.
• Na presença de pielonefrite, referir imediatamente à Maternidade; se ITU refratária ou
Urina Tipo I 24ª-28ª Semana de repetição, referir ao alto risco.
• Presença de outros elementos: não necessitam de condutas especiais.
• Atenção: Sintomas de infecção do trato urinário (ITU):
– dor ao urinar;
– dor suprapúbica;
– urgência miccional;
– aumento da frequência urinária;
– nictúria;
– estrangúria;
– presença de sangramento visível na urina.
• Urocultura negativa: < 100.000 unidades formadoras de colônias por mL (UFC/mL).
1ª Consulta
Urocultura e Antibiograma • Urocultura positiva: >100.000 UFC/mL: Encaminhar ao médico para iniciar
3º Trimestre
antibioticoterapia.
• HBsAg não reagente: normal.
Teste Rápido para Hepatite B 1ª Consulta
• HBsAg reagente: encaminhar para atendimento médico. Destacar esta informação no
(HBsAg) 3º Trimestre
cartão de Pré-natal.
1ª Consulta • Teste rápido não reagente: Normal.
Teste Rápido para HIV
3º Trimestre • Teste rápido reagente: realizar confirmação com o 2º TR. Confirmar HIV positivo.
• Teste rápido não reagente: Normal.
• Teste rápido reagente: realizar VDRL para confirmar titulação. Iniciar tratamento:
Teste Rápido para Sífilis 1ª Consulta • Tratar como Sífilis latente tardia ou latente com duração ignorada e sífilis terciária:
Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, (1,2 milhão UI em cada glúteo), semanal,
por três semanas. Dose total de 7,2 milhões UI.

106
4 - SAÚDE DA MULHER

12.3 Calendário das Consultas de Pré-Natal

As consultas de Pré-natal de risco habitual podem ser realizadas por Enfermeiros e Médicos, devendo
impreterivelmente ser avaliado o risco gestacional a cada consulta e estas serem intercaladas entre os
profissionais.
Nas Unidades de Saúde da Família a Equipe Multidisciplinar deve participar ativamente com avaliação
dos casos e atendimento conjunto entre os profissionais, podendo intercalar as consultas. Este processo fortalece
o atendimento e cria um vínculo entre a equipe e a gestante. Estas consultas poderão ser realizadas na unidade
de saúde ou em visitas domiciliares, quando necessário.
O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que
determinam risco materno e perinatal.
Deve ser iniciado precocemente (primeiro trimestre) e deve ser regular e completo, garantindo que todas
as avaliações propostas sejam realizadas com o preenchimento do cartão de pré-natal e do prontuário da
gestante.
Durante o pré-natal, deverá ser realizado um número mínimo de seis consultas, seguindo o cronograma:

Semanas de Gestação Intervalo entre as consultas

Até a 28ª semana Mensalmente


Da 28ª à 36ª semana Quinzenalmente
Da 36ª à 41ª semana Semanalmente

A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências
clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia,
amniorrexe prematura e óbito fetal.
Importante que seja realizada uma visita domiciliar pelo Enfermeiro no terceiro trimestre da gestação para
identificar as adaptações do domicílio que venham favorecer o acolhimento do recém-nascido. Proporcionando
informações sobre ventilação e ambiente, cuidados com a higiene, banho, troca de fraldas, vestimentas,
participação dos familiares e principalmente a importância do aleitamento materno e posicionamento do
recém-nascido após as mamadas.
É muito importante orientar a gestante e seus familiares para não esquecerem de levar o Cartão da
Gestante e seus exames, a cada consulta e quando for para a Maternidade, como também orientar sobre o
direito de acompanhante, escolhido pela gestante, durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto
(Lei 11.108/2005).

107
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Não existe “alta” do pré-natal antes do parto. O acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-
puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de
puerpério, período em que deverá ter sido realizado ao menos duas consultas puerperais.

108
4 - SAÚDE DA MULHER

Fluxograma 24. Roteiro para as Consultas de Pré-Natal

ANAMNESE – 1ª Consulta

Aspectos Antecedentes Familiares: Antecedentes Pessoais Antecedentes Situação da Gravidez Atual:


Socioepidemio-lógicos: - História familiar de doenças Gerais: Ginecológicos- obstétricos: - DUM;
- Espaço ambiental ou hereditárias e má-formação. - Hospitalizações anteriores; - Regularidade dos ciclos; - Cálculo IG;
ocupacional de risco; - Uso de medicações; - Uso de anti-concepcionais; - DPP;
- Fatores sócio-econômicos; - Reação alérgica; - -Histórias clínicas, - Aceitação da gravidez
- Condições de moradia. - Uso de tabaco, álcool, obstétricas e cirúrgicas; pela mulher, parceiro e
drogas lícitas e ilícitas; - Detalhes de gestações família;
- História de infecção prévia; prévias; - Peso prévio e altura;
- Vacinação prévia; - História de IST; - Sinais e sintomas da
- Atividade física; - Gemelaridade anterior; gestação em curso;
- História nutricional; - Número de parceiros. - Hábitos alimentares;
- Saúde bucal. - Internação durante a
gestação atual.

EXAME FÍSICO - Em todas as consultas

EXAME FÍSICO GERAL: EXAME FISICO OBSTÉTRICO:


- Avaliação Nutricional: Peso e IMC (avaliar em cada consulta); - Palpação Abdominal e Percepção Dinâmica;
- Verificação de Pressão Arterial; - Medida da Altura Uterina (Após 12ª semana);
- Exame da Tireoide; - Ausculta de BCF (Após 10ª-12ª semana);
- Ausculta Pulmonar; - Registro de MF;
- Ausculta cardíaca; - Exame Ginecológico:
- Ausculta Abdominal; - Coleta de Material para Citopatológico;
- Avaliação de edemas. - Exame Clínico das Mamas.

109
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

12.4 Manejo do ganho de peso na gestação:

Índice de Massa Ganho Total no 1º Ganho Semanal no 2º Ganho Total na


Corpórea (Kg/m2) Trimestre (Kg) e 3º Trimestres (Kg) Gestação (Kg)

Baixo Peso (< 18,5) 2,30 0,45 – 0,58 12,60 – 18,00

Adequado
1,60 0,35 – 0, 45 11,25 – 15,75
(18,5 a 24,9)

Sobrepeso (25 a 29,9) 0,90 0,25 – 0,30 7,75 – 11,25

Obesa (> 30) 0,00 0,18 – 0,27 4,95 – 9,00

Condutas a serem adotadas no manejo do ganho de peso na gestação:

Baixo Peso Excesso de Peso Recomendações


Verificar história, presença
Verificar alimentação,
de edema, elevação da PA,
hiperêmese gravídica, anemia, Acompanhamento com
macrossomia, gravidez múltipla,
parasitose intestinal, outros. intervalos menores, apoio do
polidrâmnio.
NASF e encaminhamento ao
Conduta
Alto Risco para os casos que
Orientar alimentação adequada persistem com ganho de peso
Orientar planejamento dietético
e saudável e acompanhar em inadequado.
e acompanhar em intervalos
intervalos menores, com apoio
menores, com apoio do NASF.
do NASF.

12.5 Conduta nas Alterações da Pressão Arterial:

Objetivo: detectar precocemente estados hipertensivos. A avaliação da pressão arterial deverá ser
realizada em todas as consultas/atendimentos realizados à gestante.

110
4 - SAÚDE DA MULHER

1. A observação de níveis tensionais iguais ou maiores que 140 mmHg de pressão sistólica, e iguais ou
maiores que 90 mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas verificações em dias diferentes, com
duas medidas em cada avaliação. Esse conceito é mais simples e preciso;

2. O aumento de 30 mmHg ou mais na pressão sistólica (máxima) e/ou de 15 mmHg ou mais na pressão
diastólica (mínima), em relação aos níveis tensionais pré-gestacionais e/ou conhecidos até a 16ª
semana de gestação. Este critério é utilizado para controlar com maior frequência e identificar a HA.

3. A presença de pressão arterial diastólica ≥ 110 mmHg em uma única oportunidade de aferição.A
aferição da PA poderá ser realizada pelo Técnico de Enfermagem, que deverá comunicar os níveis
encontrados ao Enfermeiro ou Médico da Equipe.

Ao Enfermeiro(a) cabe identificar a alteração pressórica segundo a tabela abaixo e em caso de alterações
encaminhar à consulta médica.

A hipertensão na gestação é definida por PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 mmHg, e pode corresponder
a uma variedade de situações, que demandam seguimentos diversos:

-- Hipertensão Crônica: Preexistente, detectada antes de 20 semanas de gestação, ou


persistente por mais de 12 semanas após o parto.
-- Hipertensão Gestacional: Hipertensão sem proteinúria iniciada após 20 semanas de
gestação. É um diagnóstico transitório, podendo ser seguida por após o parto), ou
ser chamada de Hipertensão pré-eclâmpsia (se surgir proteinúria), hipertensão crônica
(se persistir 12 semanas após o parto), ou ser chamada de Hipertensão Transitória,
quando se resolve até 12 semanas após o parto.
-- Pré-eclâmpsia: Hipertensão com proteinúria (≥ 300 mg em 24h), iniciada após 20
semanas de gestação.
-- Eclâmpsia: Pré-eclâmpsia associada à crise convulsiva.

111
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

12.6 Diabetes na Gestação

O diabetes na gravidez é uma categoria ampla que inclui o diabetes prévio à gestação e o diabetes
gestacional que é uma elevação da glicemia, detectada na gravidez, em geral a partir da 24-28ª semanas
de gestação, e está associada a desfechos adversos gestacionais, como macrossomia, distócia de ombro e
pré-eclâmpsia.
Toda mulher com diabetes tipo 1 ou tipo 2 em idade fértil deve receber aconselhamento pré-
concepcional, com método contraceptivo eficaz e, se plano de gestar, suplementação com ácido fólico,
adequação do controle metabólico (hbA1C < 7%) e avaliação de complicações diabéticas (retinopatia e
nefropatia). Em caso de gestação confirmada, ela deve ser encaminhada pelo Médico ao pré-natal de alto
risco, mantendo acompanhamento conjunto na APS.

Rotina de pré-natal:

a) 1ª Consulta: Solicitar glicemia de jejum.


b) Avaliação da glicemia de jejum e condutas:

-- Menor que 85 mg/dl: sem fatores de risco: Normal. Realizar o TOTG com ingestão de
75g de glicose anidra entre a 24ª e 28ª semanas de gestação.
-- Entre 85-125 mg/dl ou qualquer fator de risco para diabetes: Rastreamento positivo.
Realizar o TOTG com ingestão de 75g de glicose anidra.
-- Se > 125 mg/dl: Deve-se repetir o exame imediatamente com jejum de 8 - 12
horas. Duas glicemias de jejum maiores que 125mg/dl confirmam o diagnóstico de
Diabetes Mellitus. A aferição de glicemia ≥200mg/dl em qualquer horário também
é indicativo de diabetes.

112
4 - SAÚDE DA MULHER

Realização do TOTG para diagnóstico de DMG

Valores de referência para o TOTG 75g

Jejum 95 mg/dl
60 min 180 mg/dl
120 min 155 mg/dl
Atenção: Os achados de uma ou duas glicemias alteradas confirmam o
diagnóstico de diabetes na gestação
Fonte: SMS/RJ: Protocolo de Diabetes Gestacional

Caso seja diagnosticado diabetes mellitus gestacional, a paciente deverá ser encaminhada ao Pré-
Natal de Alto Risco, pelo Médico da Equipe.

12.7 Vacinação da gestante

A vacinação durante a gestação objetiva a proteção da gestante, mas também a proteção do feto.

Calendário de Vacinação em Gestantes

Hepatite B Dupla Adulto dTpa

3 Doses 3 Doses Uma dose


(a depender da situação (Considerar histórico vacinal) (A partir da 27ª semana de
vacinal anterior) gestação)

113
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Tétano:

O tétano neonatal é uma doença aguda, grave, não transmissível e imunoprevinível, causada pelo
Clostridium tetani, que acomete recém-nascidos, geralmente na primeira semana de vida ou nos primeiros
15 dias de vida. Ocorre devido a contaminação durante a secção do cordão umbilical, com o uso de
substâncias e instrumentos contendo esporos do bacilo e/ou pela falta de higiene nos cuidados ao recém-
nascido.
A prevenção do tétano neonatal se dá por meio da garantia da atenção pré-natal de qualidade,
com vacinação das gestantes, do atendimento higiênico ao parto, com uso de material estéril para a secção
do cordão umbilical e da adequada higiene do coto umbilical e curativo com solução de álcool a 70%.
A vacinação das mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), gestantes e não gestantes é medida
essencial para a prevenção do tétano neonatal.

dTpa

O objetivo da introdução da vacina dTpa é induzir a produção de altos títulos de anticorpos contra a
doença coqueluche na gestante, possibilitando a transferência transplancentária destes anticorpos para
o feto, resultando na proteção do recém-nascidos, nos primeiros meses de vida, até que se complete o
esquema vacinal contra a coqueluche, preconizado no Calendário Nacional de Vacinação.
A vacina dTpa realizada durante o terceiro trimestre, proporciona a maior concentração de anticorpos
maternos para serem transferidos ao feto.
Vacinar com dTpa todas as gestantes a partir da 27ª semana, preferencialmente até a 36ª semana
de gestação, independente do número de doses prévias de dT ou se a mulher recebeu dTpa em outras
gestação(ões).

114
4 - SAÚDE DA MULHER

Situações e condutas para a vacinação da gestante com dTpa e dT

Situações Condutas

Administrar três doses de vacinas contendo toxoides tetânico e diftérico com


Gestantes NÃO intervalo de 60 dias entre as doses. Administrar as duas primeiras doses
vacinadas previamente. de dT e a última dose de dTpa entre 27ª e, preferencialmente até a 36ª
semana de gestação

Administrar uma dose de dT e uma dose de dTpa, entre 27ª e,


Gestantes vacinadas
preferencialmente até a 36ª semana de gestação, com intervalo de 60 dias
com uma dose de dT.
entre as doses, mínimo de 30 dias

Gestantes previamente Administrar uma dose da dTpa, entre 27ª e, preferencialmente até a 36ª
vacinadas com duas semana de gestação, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de
doses de dT 30 dias

Gestantes previamente Administrar uma dose de dTpa entre 27ª e, preferencialmente até a 36ª
vacinadas com três semana de gestação, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de
doses de dT. 30 dias

Gestantes vacinadas
Administrar uma dose de dTpa entre 27ª e, preferencialmente até a 36ª
com três doses de dT e
semana de gestação, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de
com dose de reforço há
30 dias
menos de cinco anos.

115
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Hepatite B (recombinante)

A Hepatite B representa agravo de grande em todo o mundo. Devido a seu potencial de cronificação
pode conduzir à cirrose hepática e ao carcinoma hepatocelular, após evolução variável, que pode
apresentar até três décadas.
O risco de transmissão do vírus da mãe para o filho durante a gestação e o parto chega a 90%,
dependendo do estado sorológico da mãe. O potencial de cronificação da doença nos recém-nascidos é
de 85 a 95%, e a evolução da doença é mais rápida do que nos adultos. Aos cinco anos de idade, 40%
das crianças já apresentam sintomas, e aos dez, muitas já evoluíram para cirrose hepática. Não existe,
até o momento, profilaxia medicamentosa para a gestante, visando a prevenção da transmissão vertical da
hepatite B.

Situações e condutas para a vacinação da gestante com Hepatite B

Situações Condutas

Iniciar o esquema vacinal a qualquer momento, com três doses, com


Gestantes NÃO
intervalo de 30 dias da 1ª para a 2ª dose e de 6 meses (180 dias) entre a
vacinadas previamente
1ª e 3ª dose.

Gestantes com menos de Completar as três doses em qualquer momento da gestação, respeitando o
três doses intervalo entre as doses.

Avaliar e considerar sempre a situação vacinal da gestante. Registrar as doses administradas e


agendar as próximas doses no cartão da gestante.

116
4 - SAÚDE DA MULHER

Influenza (fragmentada)

A vacina contra influenza é recomendada a todas as gestantes em qualquer período gestacional.


O esquema consta de uma dose no período de campanha.

Vacinas Contraindicadas na Gestação

• Vacinas que contêm vírus vivo atenuado (Sarampo, Rubéola, Caxumba e Febre Amarela): não são
recomendadas em situações normais, devendo-se avaliar riscos e benefícios individualmente em
situações especiais.
• Se a gestante não tem comprovação prévia de vacinação contra Rubéola, planejar a realização
desta no período puerperal.

12.8 Condutas Nas Queixas Mais Frequentes:

2ª CONDUTA 3ª CONDUTA
QUEIXAS 1ª CONDUTA
(Sem Melhora) (Sem Melhora)
NÁUSEAS E Orientações de hábitos alimentares: Prescrever Antieméticos Orais: Encaminhar para
VÔMITOS • Fazer alimentação fracionada, pelo menos • Metoclopramida 10 mg de avaliação médica.
três refeições e dois lanches por dia; 8/8 horas (ou SOS);
• Alimentar-se logo ao acordar; • Dimenidrato 50 mg de 8/8
• Evitar jejum prolongado; horas (ou SOS. Não exceder
• Variar refeições conforme a tolerância 400 mg/dia)
individual; • Reforçar orientações de hábitos
• Comer devagar e mastigar bem os alimentos; alimentares.
• Dar preferência a alimentos pastosos e secos
(pão, torradas, bolachas);
• Evitar alimentos gordurosos e condimentados;
• Evitar doces com grande concentração de
açúcar;

117
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

• Evitar alimentos com odor forte;


• Manter boa ingestão de água e outros
líquidos;
• Apoio psicoterápico, se necessário;
Pirose e Azia Orientações de hábitos alimentares: Prescrever: Encaminhar para
• Avaliar presença de sintomas iniciados antes • Hidróxido de Alumínio ou avaliação médica.
da gestação; Sulfato de Magnésio –
• Orientar alimentação fracionada; suspensão: 1 colher de sopa
• Evitar chá preto, café, mate; alimentos doces, após as refeições; comprimido:
gordurosos, picantes; álcool e fumo. 2 a 4 cp mastigáveis após
as refeições e ao deitar-se.
Melhora do quadro:
• Reforçar orientações de hábitos
alimentares;
• Orientar medidas posturais.
Flatulência e Orientações de hábitos alimentares: Prescrever: Encaminhar para
Obstipação • Alimentação rica em fibras; • Dimeticona: 1 cp de 8/8 horas. avaliação médica.
intestinal • Aumentar a ingestão de água • Melhora do quadro:
• Reforçar orientações de hábitos
alimentares.
Dor abdominal, Investigar causas: Prescrever: Encaminhar para
cólicas • Certificar-se que não são contrações uterinas. • Hioscina 10 mg: 1 cp de 8/8 avaliação médica.
• Afastar infecção urinária (excluir disúria ou horas.
febre).

Corrimento Tratar vaginose bacteriana e/ou Tricomoníase: Encaminhar para avaliação Encaminhar para
vaginal • Primeiro Trimestre: Metronidazol gel vaginal médica. avaliação médica.
abundante, com 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal,
odor fétido à noite ao deitar-se, por 5 dias.
• Após primeiro trimestre: Metronidazol
250mg, 02 comprimidos VO, 12/12h, por
7 dias.

118
4 - SAÚDE DA MULHER

CEFALÉIA • Afastar Hipertensão Arterial e Pré-eclâmpsia Considerar o uso de analgésicos Encaminhar para
• Avaliar sempre: Sinais de cefaleia comuns: avaliação médica
secundária; Sintomas antes da gravidez; Paracetamol (500-750 mg), de
Diagnóstico prévio de enxaqueca; Uso de 6/6 horas;
medicamentos. Dipirona (500-1.000 mg), de
• Orientar: Repouso em local com pouca 6/6 horas.
luminosidade e boa ventilação;
EDEMA • Avaliar sempre: A possibilidade do Encaminhar para avaliação Encaminhar para
edema patológico, em geral associado à médica avaliação médica
hipertensão e proteinúria, sendo sinal de
pré-eclâmpsia; A maioria das grávidas
edemaciadas exibe gestação normal.
• Orientar: Evitar ortotatismo prolongdo; Evitar
permanecer sentada por longo período;
Fazer repouso periódico em decúbito lateral
e/ou com os membros elevados; Usar meia
elástica; Evitar diuréticos e dieta hipossódica
(proscritos na gestação).
DOR LOMBAR • Avaliar sempre: Características da dor Se não melhorarem as Encaminhar para
(mecânica ou inflamatória, tempo de dores, considerar o uso de avaliação médica
evolução, fatores de melhora ou piora, medicamentos: Paracetamol
relação com o movimento); Sinais e sintomas (500-750 mg), de 6/6 horas;
associados (alerta para febre, mal-estar
geral, sintomas urinários, enrijecimento
abdominal e/ou contrações uterinas, déficit
neurológico); História de trauma.
• Orientar: Corrigir a postura ao se sentar
e andar; Observar a postura adequada,
evitando corrigir a lordose fisiológica;
Recomendar o uso de sapatos confortáveis e
evitar saltos altos; Recomendar a aplicação
de calor local e massagens especializadas;
Indicar atividades de alongamento e
orientação postural.
119
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

VARIZES • Avaliar sempre: Dor contínua ou ao final do Encaminhar para avaliação Encaminhar para
dia; Presença de sinais flogísticos; Edema médica avaliação médica
persistente.
• Orientar Mudar de posição com maior freq
Repousar por 20 minutos com as pernas
elevadas, várias vezes ao dia; Utilizar
Utilizar meia elástica com suave ou média
compressão, que pode aliviar o quadro de
dor e edema dos membros inferiores;
Não usar roupas muito justas, ligas nas pernas
e nem meias 3/4 ou 7/8
uência; Não permanecer por muito tempo em
pé, sentada ou com as pernas cruzadas;
HEMORRÓIDA • Avaliar sempre sinais de gravidade: Encaminhar para avaliação Encaminhar para
Aumento da intensidade da dor; médica. avaliação médica.
Endurecimento do botão hemorrodário;
Sangramento retal.
• Orientar: Dieta rica em fibras, estimular
a ingestão de líquidos e, se necessário,
supositórios de glicerina; Higiene local
com duchas ou banhos após a evacuação;
Banho de assento com água morna; Usar
anestésicos tópicos, se necessário.
Fonte: Adaptado de MS: Protocolos de Atenção Básica: Saúde das Mulheres, 201

12.9 Principais Sinais de Alerta na Gestação

Durante o acompanhamento da gestante, é preciso estar alerta aos sinais que podem representar
risco à gestante/feto, para a adoção de conduta adequada e em tempo hábil, evitando assim, desfechos
desfavoráveis ao binômio.

REALIZAR CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DA GESTANTES EM TODOS OS ENCONTROS COM A


GESTANTE: CONSULTAS, VISITAS DOMICILIARES OU ATIVIDADE DE GRUPO

120
4 - SAÚDE DA MULHER

SINAL DE ALERTA INTERPRETAÇÃO CONDUTA

• Anormal em qualquer período da


SANGRAMENTO VAGINAL • Avaliação médica imediata
gestação
CEFALEIA
• Alerta: tais sintomas, principalmente no
ESCOTOMAS VISUAIS • Avaliação da PA imediatamente e
final da gestação, podem sugerir pré-
EPIGASTRALGIA avaliação médica imediata
eclâmpsia.
EDEMA EXCESSIVO
• Avaliação médica imediata e
CONTRAÇÕES REGULARES • Sintomas indicativos de início de trabalho
encaminhamento para a Maternidade
PERDA DE LÍQUIDOS de parto.
de referência
DIMINUIÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO • Avaliação médica imediata e avaliação
• Pode indicar sofrimento fetal.
FETAL do BCF
• Avaliação médica no mesmo dia e
FEBRE • Pode indicar infecção. encaminhamento para urgência, se
necessário.

12.10 Doença Exantemática em Gestante

A saúde da gestante e seu concepto dependem de cuidados realizados durante a gestação. O pré-
natal continua a ser atribuição dos profissionais da atenção básica, mesmo se a gestante tiver suspeita de
infecção pelo vírus Zika. Neste momento, deve-se acolher a gestante e sua família, realizar as orientações
oportunas, esclarecer as dúvidas e realizar o seguimento do pré-natal seguindo os protocolos disponíveis
(Municipal e do MS).
Considerando este momento epidemiológico, foi estabelecido a NOTA TÉCNICA 01 DO GRUPO TÉCNICO
ASSISTENCIAL – GTA: Procedimentos assistenciais a serem adotados nos casos de Doença Exantemática
em Gestante e Microcefalia Fetal ou Neonatal, uma parceria entre FIOCRUZ, SESRJ, SMSRJ, SOPERJ, HFSE:
Considerando a Portaria do MS Nº 1.813 de 11 de novembro de 20015, que declara emergência de
saúde pública de interesse nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalia no Brasil;
Considerando a RESOLUÇÃO SES Nº 1.296 DE 18 DE NOVEMBRO DE 2015, que estabelece a
notificação compulsória imediata de gestantes com síndrome exantemática;

121
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Considerando a Resolução SMS 2.760 de 22 de outubro de 2015 que estabelece a notificação


compulsória para doença causada pelo Zika vírus e
Considerando a necessidade de manter as unidades informadas com rotinas e fluxos divulgados pela
vigilância de casos suspeitos de doença exantemática em gestante e microcefalia.

CASO SUSPEITO DE DOENÇA EXANTEMÁTICA EM GESTANTE:

Toda gestante que apresente exantema, independente da idade gestacional, deverá ser
notificada em até 24h.

Procedimentos a serem adotados nos casos de DOENÇA EXANTEMÁTICA EM GESTANTE:

1. Notificação Notificar no link do formulário FORMSUS disponível em:


http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=23642
2. 2nvestigação Diagnóstica

Coletar amostra de sangue:


ZIKA (PCR*): Primeiras 72h após o início do exantema– colher duas amostras:

1ª amostra: Sangue e urina – cadastrar no GAL (Sistema de Gerenciamento de Ambiente laboratorial),


preencher a ficha de cadastro do Gal e enviar junto com a amostra. Unidades sem acesso ao GAL
encaminhar a amostra com a cópia impressa da notificação do FORMSUS

2ª amostra: Sangue e urina coletados entre o 10º e 14º dia após o início do exantema, cadastrar também
no GAL. 72h após o início do exantema – colher somente uma amostra:

Amostra única: Urina (somente) – coletar na primeira oportunidade

Só tem acesso ao GAL as unidades que são cadastradas. Não esquecer de colocar na ficha do Gal
a IDADE GESTACIONAL

122
4 - SAÚDE DA MULHER

Dengue (Hemograma, NS1* e PCR*): Rotina de coleta e notificação já usadas pela unidade
* Enviar todas as amostras ao LACEN

Assistência à Gestante com Exantema

1. Atendimento à Gestante om Exantema: Gestante em atendimento médico obstétrico ou em qualquer


porta emergencial (APS, UPA, CER, Hospitais de Emergência) com quadro de doença exantemática:

Em acompanhamento pré-natal - anotar no cartão de pré-natal a intercorrência observada e os exames


solicitados (item 2 investigação diagnóstica) para devido acompanhamento ambulatorial.
Sem acompanhamento pré-natal - referenciar para a atenção primária com descrição da intercorrência
observada e os exames solicitados (item 2 investigação diagnóstica).

ATENÇÃO:
USG: Realizar USG para diagnóstico de microcefalia após a 30ª semana de gestação.
Cartão de pré-natal: ANOTAR no cartão a ocorrência de exantema uma vez que a criança deve ser
investigada após o nascimento.
Notificar: Toda unidade que atenda a gestante com exantema deve notificar.

2. Suspeita de microcefalia fetal

Em acompanhamento pré-natal - anotar no cartão de pré-natal a intercorrência observada e os exames


solicitados para devido acompanhamento ambulatorial, que será feito em pré-natal de baixo risco.
Sem acompanhamento pré-natal - referenciar para a atenção primária com descrição da intercorrência
observada.

ATENÇÃO:
USG: Realizar USG para diagnóstico de microcefalia após a 30ª semana de gestação.
Notificar: Qualquer unidade que atenda a gestante com suspeita de microcefalia fetal deve notificar.
Acompanhamento e Seguimento da Gestante com ZIKA
A gestante diagnosticada com ZIKA deverá continuar seu atendimento na atenção primária, com
avaliação de risco a cada consulta, ser avaliado a necessidade de matriciamento do NASF ou
encaminhamento a atenção secundária, quando avaliado esta necessidade.

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

12.11 Normatizações e Legislações Vigentes para boas práticas ao pré-parto, parto e puerpério:

É importante a gestante e seu companheiro saberem que existem leis que garantem direitos e a utilização
de boas práticas no momento do parto e pós-parto. Sendo assim o enfermeiro durante o pré-natal precisa o
acesso a tais informações, que são:

• Direito ao acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto: Lei 11.108/2005, RDC nº
38/2008 da ANVISA e do Estatuto da Criança e do Adolescente (no caso de adolescente grávida):
• Direito a ser orientada sobre todos os procedimentos considerados invasivos e danosos à mulher no
atendimento ao trabalho de parto e parto normal, tais como:

-- A episiotomia indiscriminada e de rotina se configura como uma violação dos direitos


sexuais e reprodutivos da mulher e uma violação da integridade corporal feminina.
-- Verificação e aceleração do parto pela manobra de redução do colo: Em um parto
normal, para a verificação da dilatação do colo do útero, é feito o procedimento
conhecido como exame de toque. Uma manobra muito comum durante o exame de
toque é a “dilatação” ou “redução manual do colo do útero”, que é um procedimento
doloroso, realizado a fim de acelerar o trabalho de parto. Pode ser prejudicial para a
dinâmica do trabalho de parto, e que na grande maioria das vezes é realizado sem
esclarecimento ou consentimento da paciente.
-- Manobra de Kristeller: “A compressão abdominal pelas mãos que envolvem o fundo
do útero constitui a manobra de Kristeller. Este recurso foi abandonado pelas graves
consequências que lhe são inerentes (trauma das víceras abdominais, do útero,
descolamento da placenta)” (Obstetrícia Normal, manual de BRIQUET) (DELASCIO;
GUARIENTO, 1970:329)

124
4 - SAÚDE DA MULHER

• Direito a ser orientada e de negar intervenções com finalidades “didáticas”: Submeter uma mulher a
procedimentos desnecessários, dolorosos, com exposição a mais riscos e complicações, com a única
e exclusiva finalidade do exercício da prática.
• Direito a liberdade de locomoção e posição para o parto: deve ser garantido à mulher condições de
escolha das diversas posições durante o parto, desde que não existam impedimentos clínicos” (RDC
36 de 2008 da ANVISA).
• Direito a atendimento humanizado e respeitoso
-- Apoio humanizado à amamentação precoce: Apesar do Programa Nacional de
Incentivo ao Aleitamento Materno ser muito difundido, muitos serviços não respeitam o
desejo da mãe em amamentar seu bebê logo ao nascer, mesmo que não haja nenhum
impeditivo clínico para isso.

12.12 Cegonha Carioca

No Município do Rio de Janeiro, a partir de 2011 foi instituído o Cegonha Carioca, como forma de
ofertar atenção humanizada no ciclo gravídico-puerperal e ao recém-nato/criança.
As gestantes acompanhadas na rede pública de saúde no Município têm desde o início do pré-natal
vinculação com a Maternidade onde o parto ocorrerá. A partir da 28ª semana de gestação, é ofertado uma
visita as Maternidades de referência, junto com um acompanhante de sua escolha. Neste momento, participa
de ações educativas, e também recebe, ao final da visita, o enxoval Cegonha Carioca.
A vinculação a estas Maternidades ocorre conforma a área de residência da gestante.
No Cegonha Carioca, a gestante também conta com um sistema de transporte, que a busca onde ela
estiver, dentro do município do
Rio de Janeiro e leva para a Maternidade de referência, sendo acionada através do número de telefone
que ela recebe no início do pré-natal.

125
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

12.13 Direitos Sociais da Gestante e do Pai

As gestantes têm direitos sociais garantidos, conquistados por uma luta pelos direitos das mulheres,
desenvolvida a partir de um entendimento da necessidade de proteção à gestante e seu bebê. A legislação
brasileira prevê a proteção dos direitos das mulheres, inclusive na seção referente aos direitos dos trabalhadores,
enfatizando a proteção da mulher no mercado de trabalho e na sociedade, mediante dispositivos específicos.

Resumidamente, a legislação federal define que:

• A gestante tem direito a prioridade em filas de bancos e supermercados, ao acesso pela porta da
frente em coletivos e ao assento preferencial em estabelecimentos e meios de transporte coletivo.
• Na época do pré-natal é assegurado o acompanhamento de saúde gratuito, a realização de pelo
menos seis consultas durante toda a gravidez e de levar um acompanhante de sua escolha nas
consultas (companheiro, mãe, amiga ou outra pessoa).
• Deve realizar gratuitamente exames durante o pré-natal, entre eles: exames de sangue para pesquisa
de diabetes, sífilis, anemia e classificação do tipo sanguíneo; exames de urina; preventivo de câncer
de colo do útero; e teste anti-HIV.
• Deve ser imunizada contra o tétano e tem o direito de conhecer antecipadamente o hospital onde será
realizado seu parto.
• Na hora do parto a gestante tem o direito:

a) de ser escutada em suas queixas e reclamações, de expressar os seus sentimentos e suas


reações livremente, isso tudo apoiada por uma equipe preparada e atenciosa.
b) a um parto normal e seguro.
c) a cesárea deve ser feita em caso de risco para a criança e para a mãe.
d) a um acompanhante: companheiro, mãe, irmã, amiga ou outra pessoa.

126
4 - SAÚDE DA MULHER

• Durante o pós-parto mãe e filho têm o direito de ficar juntos no mesmo quarto e, ao sair do hospital,
ela deve receber as orientações sobre o retorno a atenção primária em saúde para a consulta de pós-
parto e de puericultura.
• No retorno à Unidade de Saúde deverá receber atendimento para si, seu RN e seu companheiro
quanto às necessidades requeridas e orientações para evitar ou planejar uma nova gravidez.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, s.d) promulgou os Dez Direitos da Gestante, que são:

• Receber informações sobre gravidez e escolher o parto que deseja.


• Conhecer os procedimentos rotineiros do parto.
• Não se submeter a tricotomia (raspagem dos pelos) e a enema (lavagem intestinal), se não desejar.
• Recusar a indução do parto, feita apenas por conveniência do médico (sem que seja clinicamente
necessária).
• Não se submeter à ruptura artificial da bolsa amniótica, procedimento que não se justifica cientificamente,
podendo a gestante recusá-lo.
• Escolher a posição que mais lhe convier durante o trabalho de parto.
• Não se submeter à episiotomia (corte do períneo), que também não se justifica cientificamente,
podendo a gestante recusá-la.
• Não se submeter a uma cesárea, a menos que haja riscos para ela ou o bebê.
• Começar a amamentar seu bebê sadio logo após o parto.
• A mãe pode exigir ficar junto com seu bebê recém-nascido sadio.

12.14 Gestantes em Vulnerabilidade Social

É preciso considerar as condições de vulnerabilidade social em que vivem as gestantes atendidas e


acompanhadas na atenção primária em saúde.
De acordo com Katzman (1999; 2001), as situações de vulnerabilidade social devem ser analisadas
a partir da existência ou não, por parte dos indivíduos ou das famílias, de ativos disponíveis e capazes de
enfrentar determinadas situações de risco. Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupos sociais
refere-se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que afetam seu bem-estar, ou seja, a posse ou

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Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

controle de ativos que constituem os recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propiciadas
pelo Estado, mercado ou sociedade. Afirma que as vulnerabilidades sociais, que incluiriam as redes de
reciprocidade, confiança, contatos e acesso à informação. Assim, a condição de vulnerabilidade deveria
considerar a situação das pessoas a partir dos seguintes elementos: a inserção e estabilidade no mercado de
trabalho; a debilidade de suas relações sociais e, por fim, o grau de regularidade e de qualidade de acesso
aos serviços públicos ou outras formas de proteção social.
Assim, atender as gestantes em condições de vulnerabilidade social requer um olhar diferenciado da equipe
de saúde e inclui avaliar suas dificuldades socioeconômicas e psicossociais, avaliar as situações de violência
doméstica e dependência química, ofertar uma à vulnerabilidade individual. Rede de apoio para atendimento
em serviços especializados, quando assim se fizer necessário, e que atendam especificamente
Recomenda-se (NICE, 2010) o acompanhamento através de protocolos e equipes especializadas
de gestantes vítimas de violência doméstica e gestantes que sofrem com a dependência química. Para o
atendimento a estas gestantes, a equipe de saúde da família com apoio dos profissionais especializados do
NASF, coordenarão o cuidado desta gestante.

12.15 Direitos Trabalhistas das Gestantes e do Pai

Informações sobre benefícios concedidos pela Previdência Social podem ser obtidos gratuitamente pelos
telefones 0800.780191 e 135 ou pelo site www.previdenciasocial.gov.br

Em relação à gestação e ao exercício da maternidade e da paternidade a legislação brasileira


assegura o seguinte:

128
4 - SAÚDE DA MULHER

Quadro 3. Tópicos da legislação brasileira sobre situação da mulher e parceiro no momento da


gestação, adoção e puerpério

Gestação Constituição Federal, art. 7º: A Constituição Federal de 1988 igualou homens e mulheres em direitos e deveres.
Dispõe sobre os Direitos dos Trabalhadores, dando ênfase à proteção do mercado de trabalho da mulher. Proíbe
a diferença de salários, (também art. 5º da CLT) assim como no exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Proíbe o trabalho da gestante no período de 4 semanas antes e 8
semanas após o parto, garantindo a licença gestante de 120 dias. Obs. A licença gestante pode ser ampliada
para 180 dias caso a empresa opte e/ou se for Empresa Cidadã.
Constituição Federal, art. 10, inciso II: Está prevista a estabilidade da empregada não doméstica gestante
desde a confirmação da gravidez até 05 meses após o parto. Obs: A trabalhadora doméstica não é regida pela
CLT e portanto não tem estabilidade no emprego, nem no período gestacional.
CLT, art. 391: Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da mulher o fato de haver
contraído matrimônio ou de encontrar-se em estado de gravidez.
CLT, art. 392, inciso 1 a 3: É proibido o trabalho da mulher grávida no período de 4 (quatro) semanas antes
e 8 (oito) semanas depois do parto. O início do afastamento da empregada de seu trabalho será determinado
por atestado médico. Dispensa de horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo,
seis consultas médicas e demais exames complementares. É garantido à empregada, durante a gravidez, sem
prejuízo do salário e demais direitos: transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem,
assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho; dispensa do horário
de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames
complementares. Independente do período gestacional que nascer a criança (parto antecipado), a mulher terá
sempre direito às 12 semanas de licença. Em casos excepcionais, mediante atestado médico, na forma do
parágrafo 1º, é permitido à mulher gestante mudar de função.
CLT, art. 393: Durante o período a que se refere o art. 392, a mulher terá direito ao salário integral e, quando
variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, bem como os direitos e
vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava.
CLT, art. 394: Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o compromisso resultante de
qualquer contrato de trabalho, desde que este seja prejudicial à gestação.
Lei nº 9.029/1995: Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização e outras práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da trabalhadora.
Portaria GM nº 569/2000: Institui o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, no âmbito do SUS.

129
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Parto Constituição Federal, art. 7º, inciso XVIII: A licença-maternidade é paga pelo empregador, que efetivará sua
compensação junto à Previdência Social quando do recolhimento das contribuições sobre as folhas de salário.
Em se tratando de segurada avulsa ou empregada doméstica, será pago diretamente pela Previdência Social.
A mulher terá direito ao salário integral que efetivará sua compensação junto à Previdência Social quando do
recolhimento das contribuições sobre as folhas de salário. Em se tratando de segurada avulsa ou empregada
doméstica, será pago diretamente o salário maternidade pela Previdência Social, para tanto deverá apresentar-se
ao Posto do INSS com atestado do parto e declaração de nascido vivo no pós-parto.
Portaria GM nº 2.418/2005. Regulamenta, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108 de 7 de abril
de 2005, a presença de acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto imediato nos
hospitais públicos e conveniados com o SUS.
Lei nº 11.634/2007: Toda gestante tem direito ao conhecimento e à vinculação prévia com a maternidade na
qual será realizado seu parto; a maternidade na qual será atendida nos casos de intercorrência pré-natal, o que
dar-se-á no ato de sua inscrição no programa de assistência pré-natal; e a maternidade à qual se vinculará a
gestante deverá ser apta a prestar a assistência necessária conforme a situação de risco gestacional, inclusive no
puerpério.
Amamentação CLT, art. 396: Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá
direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos especiais, de meia hora cada um. Quando o exigir
a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.
CLT, art. 400: Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da amamentação
deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação
sanitária.
Aborto CLT, art. 395: Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um
repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava
antes de seu afastamento.
Pós-parto Lei nº 8.069 (Estatuto da Criança e do Adolescente), artigo 9º: Determina que a proteção ao aleitamento
materno é direito assegurado aos bebês.
Portaria GM nº 1.016/1993: Aprova as normas básicas para a implantação do sistema “Alojamento Conjunto”.
Lei Federal 10.048/2000: As gestantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento
prioritário nas repartições públicas, empresas concessionárias de serviços públicos e nas instituições financeiras.
As empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo precisam reservar assentos
devidamente identificados a essas pessoas.

130
4 - SAÚDE DA MULHER

Licença Lei nº 11.770/2008: Determina que as empregadas de “empresas cidadãs”, isto é, de empresas que aderiram
Maternidade ao programa previsto na mencionada lei, terão o prazo da licença maternidade prorrogado em 60 (sessenta)
dias. Garante à gestante que estuda, 120 dias de licença para se ausentar da escola. As atividades escolares
podem ser feitas em casa e os exames finais, remarcados.
Licença Constituição Federal, art. 7º, inciso XIX, c/c art. 10, § 1º: Garante ao pai recente a ausência do empregado
Paternidade ao serviço por ocasião do nascimento do filho. Fixada em cinco dias, a licença-paternidade possui natureza
salarial, a cargo do patrão. Seu pagamento está condicionado à apresentação da certidão de registro do filho,
podendo aceitar como suficiente o atestado da maternidade onde ocorreu o nascimento da criança. A sua
contagem inicia-se a partir da data em que ocorreu o parto da mulher.
Adoção Lei nº 10.421/2002: Ficam garantidos a licença e o salário-maternidade às mulheres que adotem ou estejam
com a guarda judicial de uma criança, para fins de adoção. A duração da licença vai de 30 a 120 dias,
dependendo da idade da criança. O início dos benefícios da licença começa a partir da data de deferimento
da medida liminar nos autos de adoção ou da guarda judicial.
Garante às mulheres que adotarem crianças de zero a oito anos o direito à licença maternidade. O tempo da
licença varia de acordo com a idade da criança. Mães que adotarem crianças com até um ano têm direito
a 120 dias de licença. Se a criança tiver entre um e quatro anos, o benefício será de 60 dias, e para filhos
adotados com idade entre quatro e oito anos a licença maternidade será de 30 dias.
O pai adotivo tem licença-paternidade garantida somente pela legislação referente aos servidores públicos.

13. Puerpério

O cuidado da mulher no puerpério é fundamental para a saúde materna e neonatal e deve incluir o
pai, a família e toda a rede social envolvida nesta fase do ciclo vital e familiar (BRASIL, 2013). O puerpério
se inicia imediatamente após o parto e dura, em média (visto que o término é imprevisto), seis semanas após
este, havendo variabilidade na duração entre as mulheres. Esta variação está relacionada especialmente
a mudanças anatômicas e fisiológicas no organismo da mulher, embora questões de ordem psicossocial
relacionadas à maternidade, à sexualidade, à autoestima, à reorganização da vida pessoal e familiar estejam
ocorrendo concomitantemente e influenciem a passagem desse período. Para facilitar a organização das ações
de saúde, o puerpério pode ser dividido em imediato (do 1o ao 10o após o parto), tardio (do 11o ao 45o
dia) e remoto (após o 45o dia, com término imprevisto) (UFRJ, 2015).
A equipe de Atenção Básica, no planejamento de suas ações, deve-se garantir o acompanhamento
integral da mulher e da criança, além de estimular (desde o pré-natal) o retorno precoce da mulher e do recém-
nascido à Unidade de saúde após o parto.

131
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

13.1 Assistência ao Puerpério:

As consultas de puerpério são de competência do(a) médico de família e do enfermeiro(a). Elas são
fundamentais no processo de acompanhamento da saúde materna e do neonato, iniciado no pré-natal. A
puérpera deverá receber no mínimo 2 consultas no puerpério.

• Calendário de Consultas no Puerpério:


-- 1ª Consulta: Entre o 7º e o 10º dias pós-parto;
-- 2ª Consulta: Até o 42º dia pós-parto (no puerpério tardio).

• Objetivos das Consultas de Puerpério:


-- Avaliar interação entre Mãe e o RN e o Pai;
-- Avaliar o estado de saúde da mulher e do RN;
-- Identificar e conduzir situações de risco e/ou intercorrências;
-- Orientar e apoiar a família;
-- Orientar os cuidados básicos com o RN;
-- Orientar quanto ao planejamento da vida sexual e reprodutiva com o parceiro;
-- Orientar, incentivar e avaliar quanto à amamentação e quanto ao apoio do parceiro
e família.

A Equipe de Saúde deverá acolher a puérpera e acompanhante com respeito, escutando atentamente suas
dúvidas, queixas e expectativas, procurando esclarecê-las e dar o apoio necessário. Por ser um período de
significativas alterações, a família deverá ser orientada quanto às modificações fisiológicas e psicológicas,
promovendo apoio ao trinômio Mãe-Pai-Bebê.
É importante um olhar especial ao período puerperal, a fim de evitar agravos ao binômio Mãe-Bebê.
A morbi-mortalidade materna e neonatal é preponderante nas primeiras semanas após o parto, assim, a
prestação de um cuidado integral e o envolvimento de todos os profissionais corrobora para a qualificação da
assistência prestada ao binômio, prevenindo riscos presumíveis.

132
4 - SAÚDE DA MULHER

• Condutas Imediatas da ESF no Puerpério:

Realizar visita domiciliar na primeira semana após a alta da maternidade;


-- Orientar quanto aos cuidados com o RN;
-- Orientar quanto à higiene pessoal;
-- Orientar quanto à amamentação, observando a inter-relação familiar neste contexto.
-- Dar suporte à puérpera e sua família para as situações especiais, como no caso de óbito
neonatal, doação do RN ou internação em Unidade de Neonatologia, oportunizando
um diálogo abeto e sem censuras, promovendo o apoio necessário e os devidos
encaminhamentos (atendimentos multiprofissionais) para garantir a integralidade do
cuidado.

13.3 Condutas na Consulta de Puerpério:

MOMENTO CONDUTA
Acolhimento com escuta • Acolher as demandas da puérpera e sua família e identificar suas necessidades.
qualificada • Direcionamento para o atendimento e realização de procedimentos necessários.
Puerpério Imediato • Verificar Cartão da Gestante, dados da gestação (quantidade de consultas, uso de
medicamentos, intercorrências no pré-natal);
• Informações do parto e de possíveis intercorrências, uso de imunoglobulina anti-D para as
puérperas Rh negativo;
• Avaliar a situação das sorologias para Sífilis e HIV;
• Informações sobre a alta do RN (caso não tenha ocorrido em conjunto com a mãe, registrar
motivos);
• Verificar dados do recém-nascido (peso, comprimento, Apgar, imunização, registro civil,
realização dos testes do reflexo vermelho, do pezinho e da orelhinha, etc.) e identificar RN
de risco (baixo peso ao nascer, internação por intercorrência ao nascimento;
• Avaliar estado geral: nível de consciência, situação psicológica, pele, presença de edema;
• Realizar exame abdominal: atentar para avaliar involução uterina e dor à palpação, e
condições da incisão cirúrgica, se cesárea;

133
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

• Realizar exame ginecológico: observar loquiação, lacerações, equimoses, edemas,


episiotomia, presença de secreções e sianis flogísticos ou outras alterações;
• Avaliar mucosas;
• Avaliar mamas;
• Avaliar os MMII: varizes, edemas, sinais de flebite, aumento da sensibilidade e sinal de
Homan;
• Avaliar sinais vitais;
• Observar vínculo Mãe-Bebê;
• Avaliar situação vacinal;
• Registrar os dados da consulta no prontuário e no cartão da gestante;
• Prescrever suplementação de Ferro (60 mg/dia) de ferro elementar até 3 (três) meses após o
parto, para as mulheres com anemia diagnosticada;
• Agendar consulta de retorno (puerpério tardio até 42 dias.
Puerpério Tardio • Avaliar condições maternas e realizar exame físico geral;
• Incentivar a prática de atividade física;
• Orientar e recomendar método contraceptivo de acordo com a preferência da mulher.
Puerpério Imediato e Tardio • Em caso de comorbidades (como DHEG, DMG, outros), encaminhar para avaliação médica
para que seja revisado terapêutica medicamentosa (quando houver) e outras condutas
relacionadas.
• Estar atento às situações que contraindicam a amamentação.

13.4 Anticoncepção no Puerpério:

A orientação relativa ao Planejamento da Vida Sexual e Reprodutiva deverá ser o mais precoce possível.
Dentre os métodos indicados está o método da Amenorreia da Lactação (LAM) que é um método temporário
que só pode ser utilizado pelas puérperas sob as seguintes condições:
• Aleitamento Materno Exclusivo;
• Amenorreia;
• RN com menos de seis meses de vida;
A ausência de qualquer uma destas três condições reduz a eficácia do método.

134
4 - SAÚDE DA MULHER

Métodos Contraceptivos Disponíveis na Rede:

MOMENTO ESPECIFICAÇÕES
Anticoncepcional Hormonal Oral de • Princípio ativo: Noretisterona 0, 35 mg.
Progestogênio • Apresentação: Cartela com 35 comprimidos.
• Dosagem: 01 cp vo ao dia, sem descontinuar a cartela.
Anticoncepcional Hormonal Injetável • Princípio ativo: Medroxiprogesterona 150 mg
Trimestral • Apresentação: Ampola
• Dosagem: 1 ampola IM a cada três meses.
• Indicação: utilizado principalmente no pós-parto, pois não alteram a qualidade nem a
quantidade do leite materno, e por mulheres que têm contraindicações ao estrogênio das
pílulas combinadas.
Anticoncepcional Hormonal Oral • Princípio ativo:
Combinado • Apresentação: cartela com 21 comprimidos
• Dosagem: 1 cp Vo ao dia, com interrupção de 7 dias entre as cartelas.
• Indicação: se não estiver amamentando OU se não for aleitamento exclusivo.
DIU • Indicação: logo após o parto ou em torno de 40 dias pós-parto.
Preservativo Masculino ou Feminino • Indicação: Indicar o uso do preservativo desde a primeira relação sexual pós-parto.

A busca do êxito nas ações desenvolvidas junto à mulher no seu ciclo gravídico-puerperal é resultado do
envolvimento e compromisso multiprofissional com o binômio mãe-bebê no seu contexto.
O parceiro e a família devem contribuir em todo o processo, discutindo e repensando práticas alternativas.

14. Planejamento Sexual e reprodutivo

A ampliação do acesso de mulheres e homens à informação e aos métodos contraceptivos é uma das ações
imprescindíveis para que possamos garantir o exercício dos direitos reprodutivos no país.
A Atenção à Vida Sexual e Reprodutiva tem como base a Constituição Brasileira de 1988 e a Lei do
Planejamento Familiar de 1996, além do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. O planejamento
familiar é um ato consciente: torna possível ao casal programar quantos filhos terá e quando os terá. Permite
às pessoas e aos casais a oportunidade de escolher entre ter ou não filhos de acordo com seus planos e
expectativas.

135
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Pautado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento


familiar é de livre decisão do casal. Cabe ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte das instituições oficiais ou privadas. O
Planejamento Familiar no Brasil é regulamentado pela a Lei n° 9263 de 12/11/1996, que é ampla e
abrangente, e garante o Planejamento Familiar como um direito de todos, sob a perspectiva da equidade de
gênero. Em seu artigo 3° define um conjunto de ações que garante direitos iguais de constituição, limitação ou
aumento da prole, pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
A atuação dos (as) profissionais de saúde na assistência pré-concepcional, anticoncepcional e infertilidade
envolvem o atendimento individual, para casais, ou em grupo, sendo o aconselhamento parte indissociável
desta assistência. As ações de planejamento reprodutivo são voltadas para o fortalecimento dos direitos sexuais
e reprodutivos dos indivíduos e se baseiam em ações clínicas, preventivas, educativas, oferta de informações
e dos meios, métodos e técnicas para regulação da fecundidade. Devem incluir e valorizar a participação
masculina, uma vez que a responsabilidade e os riscos das práticas anticoncepcionais são predominantemente
assumidos pelas mulheres (CARVALHO, PIROTTA e SCHOR, 2000).
É a OMS quem define os critérios de elegibilidade dos métodos anticoncepcionais que permitem escolher
com segurança aquele(s) mais adequado(s) para cada pessoa (ver quadro 1). As principais referências para
este capítulo foram os documentos da OMS de 2010, 2011 e 2013.
O enfermeiro no atendimento às necessidades/cuidados ao planejamento familiar deverá realizar a SAE,
com registro no PEP.

QUADRO 04- Síntese na atenção ao planejamento reprodutivo: critérios de elegibilidade.

O QUE FAZER? COMO FAZER?


• Identificar os motivos do contato da mulher
Acolhimento com escuta qualificada
• Direcionar para o atendimento necessário
Entrevista:
• Registrar os antecedentes pessoais obstétricos e patológicos (com atenção especial
às DST e às doenças cardiovasculares e metabólicas)
• Abordar, sempre que pertinente, as questões referentes às parcerias, à identidade de
Avaliação global
gênero, à orientação sexual e à satisfação sexual pessoal ou do casal.
• Questionar se há medicações em uso.
• Investigar presença de dispaurenia e de sangramentos vaginais pós-coito ou
anormais, principalmente se há intenção de uso do DIU.

136
4 - SAÚDE DA MULHER

• Questionar sobre o desejo de concepção ou anticoncepção por parte da mulher ou


do casal.
• Indagar sobre o conhecimento e uso prévio de métodos anticoncepcionais.
Exame físico geral e específico:
• Realizar se necessário, conforme o método de escolha e os critérios de elegibilidade.
Educação em saúde:
• Orientar individual ou coletivamente pessoas em idade fértil (10-49 anos),
considerando os aspectos biopsicossociais relacionados ao livre exercício da
sexualidade e do prazer, além dos aspectos culturais e transgeracionais relacionados
à sexualidade e à reprodução.
• Orientar acerca de temas importantes como direitos sexuais e direitos reprodutivos,
sexo seguro, métodos anticoncepcionais papéis sociais e projeto de vida, reprodução
humana assistida, atenção humanizada ao abortamento, riscos implicados em certas
práticas sexuais.
Indicação de preservativos:
• Orientar sobre o uso e formas de inserção dos preservativos masculinos e femininos.
Plano de cuidados • Orientar sobre sua função como método de barreira e a importância da dupla
proteção.
• Ofertar preservativos masculinos e femininos para as usuárias e usuários.
• Atentar em especial para aquelas (es) desproporcionalmente afetadas (os) pelo
HIV/aids: profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens, população
transgênera e transexual, pessoas que utilizam substâncias psicoativas injetáveis e
população em privação de liberdade.
Abordagem de casais sorodiscordantes:
• Orientar para os cuidados preventivos, prestar esclarecimentos sobre os tratamentos
disponíveis e sobre as medidas para o controle da infeção materna e para a
redução da transmissão vertical do HIV.
• Acompanhar conjuntamente com o serviço de atenção especializada.

137
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Escolha do método anticoncepcional:


• Orientar sobre os métodos anticoncepcionais existentes e disponíveis na Atenção
Básica.
• Informar a eficácia de cada método, sua forma de uso e possíveis efeitos adversos.
• Orientar sobre suas contraindicações diante de certos antecedentes clínicos e/ou
ginecológicos.
• Reforçar a importância do retorno para acompanhamento clínico conforme método
em uso e disponibilidade da usuária.
• Recomendar métodos de acordo com adequação e escolha informada da usuária,
considerando fatores individuais e contexto de vida dos usuários (as) no momento da
escolha do método.
Escolha do método contraceptivo de emergência:
• Informar sobre a forma de uso e indicações (relação sexual sem uso de preservativo
ou falha do método em uso.) Inclui também a indicação em casos de violência sexual
– ver página ..., sobre Atenção às Mulheres em Situação de Violência).
Plano de cuidados
• Ofertar o método sempre que necessário, uma vez que é um direito da usuária.
Mulheres que mantenham relações sexuais ocasionalmente podem optar pelo
contraceptivo de emergência sem que isso lhe acarrete qualquer dificuldade de
acesso ao método.
Abordagem de jovens e adolescentes:
• Respeitar o sigilo profissional inerente à abordagem em saúde.
• Orientar sobre os métodos de escolha, reforçando a necessidade da dupla proteção.
• Abordar as necessidades de jovens e adolescentes em educação sexual e
planejamento reprodutivo sem que haja a necessidade do acompanhamento de
pais ou responsáveis legais, exceto em caso de incapacidade daqueles.
Responsabilização da figura masculina na anticoncepção:
• Estimular a participação do casal no momento da escolha do método.
• Estimular a participação masculina nos demais momentos além da escolha do
método, como durante o acompanhamento de pré-natal e na saúde da criança.
• Orientar sobre direitos sexuais e reprodutivos para além do controle de natalidade.

138
4 - SAÚDE DA MULHER

Abordagem da usuária ou do casal em possibilidade ou confirmação de gravidez


indesejada:
• Propor planejamento reprodutivo em caso de exame negativo de gravidez com
orientação para início de método anticoncepcional. Em caso de confirmação e
acompanhamento da gestação, propor métodos para posterior adesão.
• Orientar sobre as consequências e fatores relacionados a um abortamento inseguro:
clínicas não equipadas e profissionais não capacitados; método empregado; idade
gestacional.
• Conversar e orientar acerca dos métodos que colocam a vida da mulher em maior
risco:
Plano de cuidados
1. inserção de uma substância ou objeto (uma raiz, um galho, um cateter) no
útero;
2. dilatação e curetagem feitas de forma incorreta por profissional não
capacitado;
3. ingestão de preparados caseiros; 4) aplicação de força externa.
• Informar e orientar para as principais consequências de abortamento inseguro e
acionar os demais membros da equipe ou serviços de saúde especializados, quando
necessário. A saber: óbito materno; hemorragia; septicemia; peritonite; traumatismo
do colo do útero e dos órgãos abdominais etc.
• Acolher e acompanhar de forma humanizada a mulher com histórico de abortamento.

14.1 Assistência à Pré-Concepção

A Assistência à pré-concepção tem como objetivo orientar e assistir as mulheres/casal que queiram
engravidar, com o intuito de identificar os fatores de risco ou doenças que interferem na evolução saudável de
uma futura gestação.
A equipe de saúde deverá, ao assistir as mulheres/ casais, prevenir, detectar e tratar fatores que possam
interferir na fertilidade e na concepção. O desafio dessa forma é conscientizar a população os usuários que
a saúde sexual e reprodutiva é um direito garantido tanto para as mulheres quanto para os homens, fazendo
com que ambos se sintam importantes e com direitos à informação e ao atendimento igualmente respeitado
(BRASIL, 1996). No fluxograma abaixo, temos a abordagem da mulher ou do casal que planeja a gravidez.

139
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

FLUXOGRAMA 25: Auxílio à concepção – Planejamento de uma gravidez

Mulher com menos de 30 anos,


ACOLHIMENTO COM ESCUTA mais de dois anos de vida
QUALIFICADA ENFERMEIRO(A) sexual ativa, sem
anticoncepção.

Enfermeiro (a) Mulher com 30 a 39 anos e Encaminhar ao Médico para


- Avaliação e orientação preconcepcional mais de um ano de vida iniciar a abordagem do casal
na Atenção Básica (AB). sexual ativa, sem infértil na Atenção Básica.
- Orientação quanto ao uso de Se após avalição inicial na anticoncepção.
medicamentos. Atenção Básica ocorrer
- Ensinar a calcular o período ovulatório alguma das situações a
do ciclo (orientar ara o registro seguir.
sistemático das datas das menstruações;
estimular para o que intervalo entre as Mulher com 40 a 49 anos,
gestações seja de, no mínimo, dois mais de seis meses de vida
anos). sexual ativa, sem
anticoncepção.

Enfermeiro (a) Cônjuges em vida sexual ativa,


- Administração preventiva do ácido sem uso de anticonceptivos, e
fólico (400mg ou 0,4mg. VO/dia, pelo que possuem fator impeditivo
menos 30 dias antes da concepção). de concepção (obstrução
Mulheres com história de distúrbio de tubária bilateral, amenorreia
tubo neural devem usar dose diária de prolongada, azoospermia
4mg, iniciadas pelo menos 30 dias etc.), independentemente do
antes da concepção. tempo de união.
- Ofertar testes rápidos para o casal.
- Realização de colpocitologia oncótica,
de acordo com o protocolo vigente. Ocorrência de duas ou mais
- Suspender qualquer métodos interrupções gestacionais
anticoncepcionais em uso e avaliar a subsequentes.
prática sexual do casal (frequência de
relações sexuais, prática de sexo do
casal com ejaculação na vagina, uso de
lubrificantes e de duchas após a relação Sobre a adoção:
etc. ) Qualquer pessoa com mais de 18 anos pode adotar, independentemente do estado civil. Para quem optar pela
adoção, orientar sobre o Cadastro Nacional de Adoção (que conta com o preenchimento de informações e
documentos pessoais, antecedentes criminais e judiciais), a ser feito em qualquer Vara da Infância e Juventude ou no
fórum mais próximo.

Fonte: Adaptado Brasil/MS: Protocolos de Atenção Básica: Saúde das Mulheres, Brasília: DF, 2015.

140
4 - SAÚDE DA MULHER

14.2 Assistência à Contracepção

A orientação/aconselhamento com relação à contracepção constitui de informação sobre todos os métodos


contraceptivos disponíveis pelo Ministério da Saúde e de acordo com as necessidades do usuário. Após a
seleção dos métodos, o profissional deve fornecer informações detalhadas sobre o mesmo e certificar-se de
que o mesmo tenha compreendido as informações essenciais: uso correto, eficácia, vantagens e desvantagens,
efeitos secundários, facilidade de uso, possíveis complicações e importância da consulta de retorno e do
acompanhamento.
A seguir destacamos as ações dos profissionais de saúde na escolha do método anticoncepcional.

141
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

FLUXOGRAMA 26. Auxílio à contracepção – Escolha do método

ACOLHIMENTO COM ESCUTA Situação1 – A mulher, o homem ou


QUALIFICADA ENFERMEIRO (A) casal manifesta o desejo de iniciar
uso de anticoncepção.

Situação 2 – A mulher, o homem ou


o casal manifesta o desejo de trocar
o método anticoncepcional em uso

Abordagem em saúde sobre direitos


sexuais e planejamento reprodutivo.

Situação 3 - A mulher, o homem ou


casal manifesta o desejo de
interromper o uso de
anticoncepção.
Importante:
Perguntar se a mulher é tabagista, se há risco
de estar grávida, se está amamentando, se
está com exames citopatológico em dia, se
sofre de cefaleia ou problemas hepáticos, se
faz uso de medicamentos anticonvulsivantes,
rifampicina ou griseofulvina, se sofre com Situação 4 - A mulher, o homem ou
sangramentos uterinos anormais. casal manifesta o não desejo ou a
Nestes casos Encaminhar para Avaliação não demanda em iniciar uso de
Médica.
anticoncepção.

142
4 - SAÚDE DA MULHER

Avaliação clinica
Enfermeiro (a) • Condições econômicas.
• Estado de saúde e condições clínicas
correlacionadas.
• Aspirações reprodutivas.
Problematização dos métodos • Características da personalidade da mulher e/ou
disponíveis dos parceiros e parceiras.
Enfermeiro (a) • Fatores culturais e religiosos.
• Outros fatores, como medo, dúvidas e vergonha.

Escolha da mulher, do
homem ou casal

Escolha e oferta do método


Enfermeiro (a)

Orientações e abordagem de
dúvidas
Enfermeiro (a) Manter vínculo para reavaliação do uso do método
escolhido.
“Volte quando quiser”. Encoraje a mulher, o
homem ou o casal para que se sinta à vontade para
retornar quando quiser – por exemplo, caso tenha
problemas, dúvidas ou queira usar outro método; caso
ela tenha alguma alteração na saúde; ou se a mulher
achar que possa estar grávida.

143
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

É importante que a mulher tenha acesso a Unidade de Saúde e ao Profissional de Saúde para que possa
realizar a mudança do método quando desejar ou necessitar. Cabe destacar que no SUS (lei 9.263 de 1996)
todo homem tem direito ao planejamento familiar para limitação ou aumento do número de filhos de acordo
com sua vontade, a de sua esposa ou do próprio casal (BRASIL, 1997, 2013). No quadro 2, apresentamos
os métodos contraceptivos ofertados na Atenção Primária.

QUADRO 5: Métodos contraceptivos ofertados na Atenção Primária

DEFINITIVOS (ESTERILIZAÇÃO)
Feminino (ligadura tubária) Masculino (vasectomia)

TEMPORÁRIOS (REVERSÍVEIS)
Métodos de barreira
Diafragma Preservativo masculino DIU Tcu-380 A (DIU T de cobre)
Métodos hormonais
Via de administração Tipos Apresentação
Etinilestradiol 0,03 mg + levonorgestrel
Combinado (monofásico) – AOC
0,15 mg
Hormonais orais Minipílulas Noretisterona 0,35 mg
Pílula anticoncepcional de
Levonorgestrel 0,75 mg
emergência (AHE)
Enantato de norestisterona 50 mg +
Mensais (combinado)
Hormonais injetáveis valeratode estradiol 5 mg
Trimestrais (progestágeno) Acetato de medroxiprogesterona 150 mg
Fonte: OMS (2010).

MÉTODOS COMPORTAMENTAIS

Os métodos comportamentais de planejamento familiar são técnicas para obter ou evitar a gravidez
mediante a auto-observação de sinais e sintomas que ocorrem no organismo feminino ao longo do ciclo
menstrual. Baseando-se na identificação do período fértil da mulher, o casal pode concentrar as relações
sexuais nesta fase, caso deseje obter uma gravidez, ou abster-se de ter relações sexuais, caso deseje espaçar
ou evitar a gravidez.

144
4 - SAÚDE DA MULHER

Como métodos anticoncepcionais a taxa de falha, no primeiro ano de uso, atingir até 20%, em uso
habitual. Entre usuários adaptados ao método (uso correto) este índice cai para 0,5 a 9% (BRASIL, 2002).

Não deixar de informar sobre os riscos de DST

Método Ogino-Knaus (tabelinha, ritmo ou calendário):

É um método de controle das relações sexuais no período fértil da mulher. O cálculo do período fértil é feito
mediante a análise do ciclo menstrual prévio (6 a 12meses). Consiste em calcular a diferença entre o ciclo
mais longo e o mais curto para saber se o método é adequado para a mulher. Se essa diferença for igual ou
maior que10, não é indicado o uso. Caso o índice seja menor que 10, calcula-se o inicio do período fértil,
diminuindo 18 do ciclo mais curto e o fim do período fértil, diminuindo11 do ciclo mais longo. Após esse
cálculo será determinado o período do ciclo, considerado fértil e apropriado para a concepção.
Ex.: Início do período fértil = ciclo mais curto (25) –18 = 7º dia
Fim do período fértil = ciclo mais longo (34) –11= 23º dia
Entre o 7º dia e o 23º dia do ciclo da mulher, constado a partir do primeiro dia da menstruação, tem-se o
período fértil.

Método da temperatura basal corporal:

Esse método fundamenta-se nas alterações da temperatura basal (em repouso) que ocorrem na mulher
ao longo do ciclo ovulatório e menstrual. O método baseia-se no fato que, por um ou dois dias próximo da
ovulação, a temperatura em repouso da mulher aumenta um pouco.
Para usar esse método, a mulher deve medir e anotar sua temperatura logo de manhã, todos os dias,
antes de comer ou fazer qualquer esforço, e observar os resultados, durante dois ou mais ciclos. Depois
estabelecer qual é a sua variação normal, e qual o padrão de aumento por volta do 14o dia (ovulação) após
a menstruação.

Método de Billing ou do muco cervical:

Este método baseia-se na identificação do período fértil, através da auto-observação diária das características
do muco cervical e da sensação por ele provocada na vulva. Na fase ovulatória, com a ação estrogênica, o
muco fica mais elástico, transparente, escorregadio e fluído, semelhante à clara de ovo, indicando o período
de fertilidade.
145
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Método sinto-térmico:

Consiste na combinação dos múltiplos indicadores de ovulação (temperatura basal corporal e muco
cervical), com a finalidade de determinar o período fértil com maior precisão e confiabilidade.

MÉTODOS DE BARREIRA

São métodos que colocam obstáculos mecânicos ou químicos à penetração dos espermatozóides no
canal cervical. Os métodos de barreira disponíveis em nosso meio são: preservativos masculinos e femininos;
diafragma; e os espermicidas químicos.

Preservativo masculino e feminino

O preservativo é um método que, além de evitar a gravidez, reduz o risco de transmissão do HIV e de
outros agentes sexualmente transmissíveis. A taxa de falha do preservativo masculino, no primeiro ano de uso,
varia de 3%, quando usados, corretamente em todas as relações sexuais, a 14%, quando avaliado o uso
habitual. Sua segurança depende de armazenamento adequado, da técnica de uso e da utilização em todas
as relações sexuais. A taxa de falha feminino nos primeiros 12 meses de uso do método, varia de 2,1%,
quando utilizado correta e consistentemente, a 20%, em uso habitual.

Atuação do Profissional de Saúde:

a) Primeira consulta (feita preferencialmente com o casal):

• Avaliar o grau de participação masculina na prática da contracepção. Reforçar o


aconselhamento.
• Explicar detalhadamente e discutir com os usuários a técnica de uso do método. Insistir na
importância e necessidade de utilizar o preservativo a cada relação.
• Recomendar a manipulação cuidadosa do preservativo, evitando o contato com unhas longas.
Alertar que não se deve esticar ou inflar o preservativo para efeito de teste.
• Recomendar a guarda dos preservativos em lugar fresco, seco e de fácil acesso ao indivíduo
e/ou casal.

146
4 - SAÚDE DA MULHER

• Considerar o oferecimento de outro método contraceptivo, para uso associado ao preservativo,


com vista à redução do risco de gravidez por falha de uso do método. Em caso de retenção
do preservativo masculino na vagina após a ejaculação, orientar para retirar o preservativo.
• Caso não consiga, procurar o serviço de saúde. Em caso de coito desprotegido ou ruptura do
preservativo, os usuários devem ser orientados para o uso da anticoncepção de emergência.
• Não associar os preservativos masculino e feminino no mesmo ato.

b) Consultas de retorno:

Primeiro retorno depois de um mês para avaliar uso correto, efeitos secundários e orientações que se fizerem
necessárias. Demais retornos anuais.

IMPORTANTE!
O fornecimento sistemático dos métodos não precisa estar vinculado à consulta com profissional de
saúde.

DIAFRAGMA

É um método anticoncepcional de uso feminino que consiste num anel flexível, coberto no centro com uma
delgada membrana de látex ou silicone em forma de cúpula que se coloca na vagina cobrindo completamente
o colo uterino e a parte superior da vagina, impedindo a penetração dos espermatozóides no útero e trompas.
Para maior eficácia do método, antes da introdução, colocar, na parte côncava, creme espermaticida.
Entretanto, essa associação limita-se às mulheres com baixo risco para o HIV e outras DST (BRASIL, 2002).
A taxa de falha, nos primeiros 12 meses de uso do método, varia de 2,1%, quando utilizado correta e
consistentemente, a 20%, em uso habitual (BRASIL, 2002).
A vida média útil do diafragma é em torno de 3 anos, se observadas as recomendações do produto.

147
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

MÉTODOS HORMONAIS
Tabela Anticoncepcional oral combinado(AOC) e minipílula.
AOC e MINIPÍLULA
• Para qualquer mulher, independentemente se adolescente ou adulta, e se no climatério, que
preencha os critérios de elegibilidade para anticoncepção com AOC ou minipílula (ver quadro
2). A anticoncepção oral pode ser fornecida à mulher em qualquer momento para que inicie a
ingestão posteriormente. Não há motivo para que isso não seja feito
Quando indicar?
• Não necessita realizar colpocitologia, exame de mamas ou pélvico para iniciar o uso
• Aquelas infectadas com o HIV, que tenham AIDS ou estejam em terapia antirretroviral (ARV)
podem utilizar os AOC com segurança. Incentive-as a também utilizarem preservativos (dupla
proteção)

AOC: iniciar preferencialmente entre o 1º e o 5º dia do ciclo menstrual. Manter o intervalo de


sete dias entre as cartelas, no caso do AOC monofásico.
Como utilizar?
Minipílula: ingerir 1 comprimido ao dia sem intervalo entre as cartelas.

• Se está mudando de método não hormonal: a qualquer momento do mês. Se em uso de DIu,
iniciar imediatamente após retirada. Utilizar método de apoio por sete dias
• Mudança de método hormonal: imediatamente. Se estiver mudando de injetáveis poderá
Quando começar?
iniciar quando a injeção de repetição já estiver sido dada
• Ausência de menstruação (não relacionada ao parto: se não grávida, a qualquer momento.
Uso de método de apoio por sete dias

1. Tomar uma pílula assim que se notar o esquecimento dela


2. Esqueceu uma ou duas pílulas ou atrasou o inpicio da nova cartela em um ou dois dias?
Tomar uma pílula de imediato e tomar a pílula seguinte no horário regular. Nesses casos, o risco
de gravidez é muito baixo
3. Esqueceu de tomar três ou mais pílulas? Tomar uma pílula de imediato e utilizar outro método
E se esquecer de
contraceptivo de apoio por sete dias. Caso a usuária tenha feito sexo nos últimos cinco dias,
tomar o AOC?
avaliar necessidade de uso do anticoncepcional de emergência. Se o esquecimento tiver ocorrido
na 3ª semana da cartel, iniciar nova cartela após sete dias
4. Vômitos ou diarréia? Se vomitar nas primeiras duas horas após tomar o AOC, pode tomar
outra pílula assim que possível. Continuar tomando as pílulas normalmente. Se estiver vomitando
ou com diarréia por mais de dois dias, seguir instruções no tópico 4.

148
4 - SAÚDE DA MULHER

AOC e MINIPÍLULA

Quais os efeitos Alterações da menstruação, náuseas ou tonturas, alterações de peso (AOC), alterações de humor
colaterais/ adversos ou no desejo sexual, acne (AOC), cefaléia, dores de cabeça com enxaqueca, sensibilidade dos
mais comuns? seios, dor aguda na parte inferior do abdomêm (minipílula) etc. Ver mais informações no quadro 6.

• Amamentação de forma exclusiva ou não, com mais de seis semanas do parto: iniciar a
minipílula a qualquer momento se há certeza razoável de que não está grávida. Método de apoio
por sete dias. Em geral, os AOC não são usados em mulheres nos primeiros seis meses do pós parto
que estejam amamentando
• Após aborto (espontâneo ou não): imediatamente. Se iniciar nos sete dias depois de aborto,
não necessita de método de apoio. Se mais que sete dias, iniciar desde que haja certeza razoável
Se após gestação que não está grávida
• Não Amamentando:
1. Para iníciodo AOC: pode iniciar o uso de AOC em qualuqer momento após o 21‘ dia
do pós parto, desde que com certeza razoável que não está grávida;
2. Para início de minipílula: se menos de quatro semanas de parto, começar a qualquer
momento (sem necessidade de método de apoio) - não é um método muito eficaz para
mulheres que não estão amamentando.

Fonte: BRASIL: MS. Procotolos da Atenção Básica das Mulheres. Brasília: DF, 2015

149
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Anticoncepção Hormonal Injetável


Tabela Anticoncepção injetável (AI) trimestral e mensal.
AI TRIMESTRAL E MENSAL
• Para toda e qualquer mulher, independente se adolescente ou adulta, que preencha os
critérios de elegibilidade para anticoncepção do Ai de escolha
• Não necessita realizar colpocitologia, exame de mamas ou pélvico para iniciar o uso
Quando indicar?
• Aquelas infectadas com o HIV, que tenham AIDS ou estejam em terapia antirretroviral
(ARV) podem utilizar os AIs com segurança. Incentive-as a utilizarem preservativos juntamente
com os injetáveis.

• Se trimestral, a cada três meses (13 semanas). Se mensal, a cada quatro semanas (30 dias)
Como utilizar? • O AI trimestral pode ser adiantado ou atrasado em até duas semanas, AI mensal pode ser
adiantado ou atrasado em até sete dias

Para maior eficácia ,é importante aplicar o intervalo correto


• No caso de AI trimestral, o retorno à fertilidade é gradual, mas pode apresentar
O que orientar?
alguma demora
• Não protege contra doenças sexualmente trasmissíveis(IST)

A usuária pode começar o uso a qualquer momento se houver certeza razoável de que não
Quando começar?
está grávida.Utilizar método de apoio por sete dias

Quais os efeitos Alterações da menstruação, alterações de peso (AI mensal), alterações de humor ou no
colaterais/ adversos desejo sexual (AI trimestral), cefaléia comum, dores de cabeça com enxaqueca, sensibilidade
mais comuns? dos seios (AI mensal), etc. Ver mais informações no quadro 6

150
4 - SAÚDE DA MULHER

AI TRIMESTRAL E MENSAL
• No caso de AI trimestral: independente do atraso, ela deve retornar para próxima injeção. Se o atraso
for maior do que duas semanas, ela deve abster-se de fazer sexo ou utilizar método de apoio até que receba
a injeção. Poderá tomar pílulas de AHE se o atraso foi maior do que duas semanas e ela tenha feito sexo
desprotegido nos últimos cinco dias. Se o atraso for de mais de duas semanas, poderá receber a injeção
seguinte se; se houver certeza que não está grávida(ela não fez sexo nas duas semanas após o período em
que ela deveria ter recebido sua última injeção) ou utilizou método de apoio ou tomou AHE depois de ter feito
sexo desprotegido nas duas semanas após o período em que ela deveriater tomado sua última injeção; ou se
ela estiver em amamentação de forma exclusiva ou quase ou deu a luz há menos de seis meses. Ela precisará
de método de apoio nos primeiros sete dias após a injeção.Se a usuária estiver mais do que duas semanas
E se atrasar o AI? atrasada e não atender aos critérios citados,medidas adicionais(como teste rápido de gravidez) poderão ser
tomadas para que tenha certeza razoável de que ela não está grávida.
• No caso de AI mensal: se houver menos de sete dias de atraso, realizar a próxima aplicação sem
necessidade de testes,avaliação ou método de apoio .Se atrasar mais de sete dias, poderá receber a injeção
seguinte se:houver certeza que não está grávida (ela não fez sexo nas duas semanas após o período em que
ela deveria ter recebido sua última injeção,ou utilizou método de apoio ou tomou AHE depois de ter feito
sexo desprotegido nas duas semanas após o período em que ela deveria ter tomado sua última injeção) .Ela
precisará de método de apoio nos primeiros sete dias após a injeção. Se a usuária estiver mais do que sete
dias atrasada e não atender aos critérios acima,medidas adicionais (como o teste rápido para gravidez)
poderão ser tomadas para que se tenha certeza razoável de que ela não está grávida

• Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente para AI trimestral: se tiver mais de seis
semanas do parto e não houver retorno da menstruação, iniciar a qualquer momento se há certeza razoável
de que não está grávida. Método de apoio por 7 dias.
• Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente para AI mensal: atrase a primeira injeção
até completar seis semanas depois do parto ou quando o leite não for mais o alimento principal do bebê – o
que ocorrer primeiro.
Se após gestação • Após aborto (espontâneo ou não): imediatamente. Se mais que sete dias, iniciar desde que haja certeza
razoável de que não está grávida (método de apoio por sete dias)
• Não amamentando: 1) Para AI trimestral,se menos de quatro semanas,iniciar a qualquer momento (sem
necessidade de método de apoio); 2) Para AI mensal,se menos de quatro semanas do parto ,iniciar qualquer
momento a partir do 21° dia do parto; 3) Para ambos AI, se mais que quatro semanas do parto, iniciar a
qualquer momento desde que tenha certeza razoável de que não está grávida. Se menstruação tiver retomado,
começar tal como mulheres que apresentam ciclos menstruais.

Fonte: BRASIL: MS. Procotolos da Atenção Básica das Mulheres. Brasília: DF, 2015
151
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

MÉTODOS INTRA-UTERINOS
Tabela Dispositivo Intra-uterino (DIU) de cobre.
DIU DE COBRE

• Para toda e qualquer mulher,independentemente se adolescente ou adulta,que preencha


os critérios de elegibilidade para anticoncepção o DIU de cobre.
• Mulheres que tenham risco de contrair ou estejam infectadas com o HIV ,ou tenham AIDS
Quando indicar? e que estejam em terapia antirretroviral(ARV) e estejam clinicamente bem podem colocar o
DIU com segurança.As usuárias de DIU com AIDS devem ser reavaliadas sempre que surgirem
sintomas adversos, como dor pélvica ou corrimento,na unidade básica (monitorização para
doença inflamatória pélvica)

• Possui alta eficácia


• Proteção de longo prazo contra gravidez (duradouro)
O que orientar?
• A mulher retorna rapidamente à fertilidade quando retirado o dispositivo
• Não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST)

• Se apresenta ciclos menstruais: a qualquer momento do mês.Caso se passarem mais de


12 dias do início da menstruação ,poderá colocar o DIU a qualquer momento desde que se
certifique a não possibilidade de gravidez.Não há necessidade de método de apoio
Quando começar? • Se está mudando de método: a qualquer momento se estiver usando o outro método de
forma consistente e correta ou ainda se houver certeza razoável de que não está grávida.Não
há necessidade de método de apoio
• Após tomar AHE: o DIU pode ser inserido imediatamente após o us.

152
4 - SAÚDE DA MULHER

DIU DE COBRE

Quais os efeitos Alterações da menstruação,dor aguda na parte inferior do abdômen, cólicas e dor,
colaterais/ adversos possibilidade de anemia,possibilidade de perfuração uterina etc. Ver mais informações no
mais comuns? Quadro 6.

• Logo após o parto:a qualquer momento até 48 horas depois de dar a luz exigirá um
profissional com treinamento específico em inserção pós-parto). Se já passaram mais de 48
horas após o parto, retarde a inserção do DIU por quatro semanas ou mais.
• Após quatro semanas do parto:ela poderá colocar o DIU a qualquer momento desde que
haja certeza razoável de que não está grávida. Se menstruação tiver retornado, ela poderá
colocar o DIU como aconselhado para mulheres que apresentem ciclos menstruais
Se após gestação • Após aborto (espontâneo ou não): imediatamente se houver certeza razoável de que não
está grávida e não houver infecção. Não há necessidade de um método de apoio.
• Se houver infecção, trate-a ou encaminhe a usuária e ajude-a a escolher outro método.
Se ela ainda quiser colocar o DIU,ele poderá ser inserido após a infecção ter desaparecido
completamente. A inserção de DIU após aborto no segundo trimestre exige treinamento específico.
Caso não haja alguém com este treinamento, retarde a inserção por no mínimo quatro semanas
após o aborto.

Fonte: BRASIL: MS. Procotolos da Atenção Básica das Mulheres. Brasília: DF, 2015

153
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

MÉTODOS DEFINITIVOS - CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA


FLUXOGRAMA 30. Esterilização voluntária feminina e masculina (métodos definitivos e cirúrgicos)

ACOLHIMENTO COM ESCUTA QUALIFICADA


Equipe multiprofissional

Abordagem em saúde sobre direitos sexuais e planejamento


reprodutivo,orientando sobre todos os métodos disponíveis

Orientar sobre a dificuldade de


reversibilidade do método de
esterilização.
Equipe multiprofissional

Se houver dúvida,orientar sobre outros métodos contraceptivos


(ver quadros de 1 a 6 e fluxogramas de 4 a 6).
Equipe multiprofissional

154
4 - SAÚDE DA MULHER

Orientar outros métodos


anticoncepcionais.
Equipe multiprofissional

NÃO Aguardar prazo de 60 dias entre a


expressão do desejo da esterilização
e a realização
SIM

Homem ou mulher com


capacidade civil plena que
tenha:
1)Idade maior que 25 anos;
2)Pelo menos dois filhos vivos

Orientar sobre o preenchimento de documento que expresse a vontade do


individuo contendo informações sobre o procedimento (e riscos,efeitos
colaterais,dificuldade de reversão e opções de contracepção
reversível).Esse documento deve ser assinado pelo cônjuge quando houver
sociedade conjugal. Equipe multiprofissional dos casos).

Orientar sobre a dificuldade de reversão dos


métodos definitivos no momento da escolha do
método.A LT e a vasectomia possuem baixa de
reversibilidade cirúrgica(na laqueadura tubária, o
sucesso da reversibilidade pode chegar a 30%

Esterelização Esterelização Feminina


masculina(vasectomia) (laqueadura tubária – LT)
Serviço de referência Serviço de referência

155
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

A anticoncepção hormonal de emergência é um método que utiliza concentração de hormônios para evitar
gravidez após a relação sexual. O método apresentado utiliza Levonorgestrel em função dos efeitos colaterais
reduzidos, por não produzir interação com outros medicamentos e conferir maior efetividade (BRASIL, 2010).

Apresentação
Comprimidos de 0,75 mg (cartela com 2 comprimidos).

Efeitos colaterais
Os efeitos secundários mais frequentes para as mulheres que usam a anticoncepção hormonal de emergência
são náuseas, em 40 a 50% dos casos, e vômito, em 15 a 20%. Outros efeitos secundários podem ocorrer,
embora com menor frequência. Cefaleia, dor mamária e vertigens são de curta duração e têm remissão
espontânea nas primeiras 24 horas após o uso. De modo geral, anticoncepção hormonal de emergência é
bem tolerada pela maioria das mulheres e, excepcionalmente, ocorrem efeitos indesejáveis mais intensos ou
severos.

Modo de usar Levonorgestrel na anticoncepção de emergência

1ª opção – 2 comprimidos de 0,75mg juntos, em dose única, num período de até cinco dias após a
relação sexual desprotegida
2ª opção - Utilizar 1 comprimido de 0,75mg de 12/12 horas, num período de até cinco dias após a
relação sexual desprotegida.

O uso do medicamento em dose única oferece vantagens, principalmente no que se refere à adesão. Este
e outros estudos também demonstram efeito anticonceptivo no quarto e no quinto dia após a relação sexual
desprotegida, embora com taxas significativamente menores de eficácia. Portanto, o prazo para início da AE
não deve ser limitado ao período de 72 horas, ampliando-se seu uso até o 5º dia da relação sexual (BRASIL,
2011).
Aconselhamento

• Informar que a anticoncepção hormonal de emergência não a protegerá nas relações sexuais

156
4 - SAÚDE DA MULHER

posteriores;
• Advertir de que a anticoncepção hormonal de emergência não protege das DST/HIV;
• Estimular o uso do preservativo como dupla proteção, sempre que possível e indicado;
• Esclarecer que o uso repetitivo da anticoncepção hormonal de emergência é menos eficiente que os
métodos anticonceptivos de rotina para prevenir a gravidez;
• Se o vômito ocorrer nas primeiras duas horas após a administração da anticoncepção hormonal de
emergência, recomenda-se que a dose seja repetida. Caso o vômito ocorra novamente e dentro do
mesmo prazo, recomenda-se que a administração da AE seja feita por via vaginal. A absorção da
AE pelo epitélio da vagina oferece níveis plasmáticos semelhantes aos da absorção pela via oral.
Mulheres com história recorrente de vômitos com o uso da anticoncepção hormonal de emergência
podem ser orientadas a escolher, primariamente, a via vaginal em eventual uso futuro. O uso da
anticoncepção hormonal de emergência por via vaginal é importante em situações especiais em que
o uso oral encontre-se impedido, como no caso de mulheres inconscientes após trauma físico e/ou
psicológico decorrente de violência sexual (BRASIL, 2011).

15. Climatério e Menopausa

A Consulta de Enfermagem à mulher no climatério e menopausa deve ofertar acesso, com objetivo de
orientar a mulher durante este período de mudanças, referenciar à consulta médica ou ao serviço de psicologia
(NASF ou ambulatório, dependendo do caso), quando necessário.
O climatério é definido pela Organização Mundial de Saúde como uma fase biológica da vida da mulher
que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo.
Inúmeras mulheres passam por ela sem queixas ou necessidade de medicamentos. Outras têm sintomas que
variam na sua diversidade e intensidade. No entanto, em ambos os casos, e fundamental que haja, nessa fase
da vida, um acompanhamento sistemático visando à promoção da saúde, o diagnostico precoce, o tratamento
imediato dos agravos e a prevenção de danos.
Dados atuais têm mostrado que o aumento dos sintomas e problemas da mulher neste período reflete
circunstâncias sociais e pessoais, e não somente eventos endócrinos do climatério e menopausa.
A menopausa está relacionada ao último ciclo menstrual, somente reconhecido depois de passados 12
meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 50 anos de idade.

157
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

15.1 Alterações Orgânicas no Climatério e Resposta Sexual

No climatério as repercussões hormonais no organismo da mulher se somam às transformações biológicas,


psicológicas, sociais e culturais.
As modificações orgânicas não obrigatoriamente implicam na diminuição do prazer, mas podem influenciar
a resposta sexual, que pode ser mais lenta.

Algumas alterações fisiológicas que podem ocorrer neste período:

• Redução da lubrificação vaginal;


• Hipotrofia vaginal;
• Dispaurenia;
• Fogachos;
• Menor efeito estrogênico sobre a pelve.
Quadro 6 Síntese: Atenção às Mulheres no Climatério

O QUE FAZER? COMO FAZER? QUEM FAZ?


Identificação dos motivos de contato. Direcionamento para o atendimento
Equipe multiprofissional
necessário.
Entrevista
• Data da última menstruação;
Acolhimento com escuta
• Uso de métodos anticoncepcionais;
qualificada
• Tabagismo e história familiar de câncer de mama; Equipe multiprofissional
• Última coleta de citopatológico do colo do útero;
• Sangramento genital pós-menopausa;
• Explorar as queixas e outras demandas relacionadas ao ciclo de vida.

158
4 - SAÚDE DA MULHER

Exame físico geral


• De acordo com as queixas, comorbidades, riscos relacionados
(cardiovasculares e cânceres de mama e colo do útero).
Enfermeiro(a)/médico(a)
• Avaliar dados vitais e antropométricos (peso e altura para cálculo do IMC
e circunferência de cintura).
• Avaliação de risco cardiovascular.
Exame físico específico
• Exame ginecológico orientado para queixas e fatores de risco cardiovascular
e quedas no idoso.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Avaliação global • Coleta oportunística* de citopatológico de colo uterino, se necessário (ver
protocolo de Prevenção do Câncer de Colo do Útero)
• Solicitação oportunística de mamografia se mulher maior de 50 anos.
Confirmação do climatério
• Definir climatério quando a mulher encontra-se dentro da faixa etária
esperada para o período e apresenta: a) Queixas sugestivas; e/ou b) 12
meses consecutivos de amenorreia. Enfermeiro(a)/médico(a)
• Nos casos em que há amenorreia e outras irregularidades menstruais,
realizar abordagem ampliada considerando outros diagnósticos
diferenciais.
• A confirmação do climatério e menopausa é eminentemente clínica,
sendo desnecessárias dosagens hormonais. Apenas em caso de dúvida
diagnóstica, dosar FSH (valores acima de 40 mUI/ml indicam hipofunção
ovariana; valores inferiores não confirmam climatério).

159
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Abordagem integral e não farmacológica das queixas no climatério


• Cuidados não farmacológicos das queixas no climatério.
• Práticas integrativas e complementares, em especial a fitoterapia:

-- Alguns fitoterápicos podem auxiliar no alívio dos sintomas presentes no

climatério, particularmente os fogachos, alteração transitória que pode com-

prometer a qualidade de vida das mulheres nesse período.

-- Entre os fitoterápicos presentes na Relação Nacional de Medicamentos Es-

senciais (Rename), o único que está associado ao tratamento dos sintomas

do climatério é a isoflavona da soja.


• Abordagem motivacional quanto ao estilo de vida saudável (alimentação, Enfermeiro(a)/médico(a)
atividade física, higiene do sono) e à elaboração de novos projetos e e outros profissionais de
Plano de cuidados objetivos para essa nova fase da vida. nível superior de acordo
• Atenção às redes de apoio social e familiar, relações conflituosas e situações com as atribuições das
de violência. categorias
• Orientar anticoncepção no climatério.
• Realizar ações de prevenção de forma individualizada, em especial,
quanto a doenças crônico-degenerativas cardiovasculares, metabólicas
e neoplásicas, de acordo com faixa etária, história, fatores de risco e
comorbidades:

-- Não há indicação da realização de exames de rotina no climatério, eles

devem ser orientados de forma individualizada, quando necessário.

-- Não está indicado o rastreamento universal da osteoporose com realização

de densitometria óssea.
Abordagem farmacológica
• Terapias não hormonal e hormonal.
• Avaliação de necessidade, indicações, contraindicações absolutas e
relativas. Médico
• Uso racional de medicamentos.
• Acompanhamento clínico periódico das mulheres em uso de terapia
farmacológica, sobretudo a hormonal.

160
4 - SAÚDE DA MULHER

Educação em saúde
Realizar orientação individual e coletiva para as mulheres acerca de:
• Ressignificação do climatério:

-- Abordar a vivência da mulher nessa fase, do ponto de vista biopsicosso-

cial. Enfatizar que, como nas demais fases da vida, esta também pode ser

experimentada de forma saudável, produtiva e feliz.

-- Incentivar e promover a troca de experiências entre as mulheres e a realiza-

ção de atividades prazerosas, de lazer, de trabalho, de aprendizagem, de

convivência em grupo, de acordo com os desejos, necessidades e oportu-

nidades das mulheres e coletivos.


• Ressignificação dessa fase de vida, que pode ser saudável, produtiva e
feliz. Equipe Multiprofissional
• Queixas do climatério .
• Exercícios da musculatura perineal.
• Alimentação saudável:

-- Estimular a alimentação rica em vitamina D e em cálcio, por meio do con-

sumo de leite, iogurte, queijos (principais fontes), couve, agrião, espinafre,

taioba, brócolis, repolho, sardinha e castanhas.


• Manutenção do peso normal.

-- Prática de atividade física: Orientar a prática de 150 minutos de atividade

aeróbica de intensidade moderada/semana (sejam ocupacionais ou de

lazer), sendo ao menos 10 minutos de atividades físicas de forma contínua

por período.

161
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

-- Promover a realização de atividades de fortalecimento muscular duas ou

mais vezes por semana, além de práticas corporais que envolvem lazer, re-

laxamento, coordenação motora, manutenção do equilíbrio e socialização,

diariamente ou sempre que possível.


• Alterações e medidas de promoção à saúde bucal.
• Doenças sexualmente transmissíveis, HIV, hepatites.
• Transtornos psicossociais.
• Prevenção primária da osteoporose e prevenção de quedas:
-- Informar sobre a prevenção primária da osteoporose e o risco de fraturas

associadas.

-- Orientar dieta rica em cálcio (1.200 mg/dia) e vitamina D (800-1.000

mg/dia).

-- Aconselhar exposição solar, sem fotoproteção, por pelo menos 15 minutos

diariamente antes das 10h ou após as 16h.

-- A suplementação de cálcio e vitamina D só está recomendada se não

houver aporte dietético adequado destes elementos e/ou exposição à luz

solar.

-- Recomendar exercícios físicos regulares para fortalecimento muscular e ós-

seo, melhora do equilíbrio e da flexibilidade.

-- Aconselhar a cessação do tabagismo e a redução do consumo de bebidas

alcoólicas e de cafeína.

-- Avaliar fatores de risco para quedas: ambiência doméstica; uso de psico-

trópicos; dosagem de medicamentos anti-hipertensivos, distúrbios visuais e

auditivos.
Fonte: Brasília: MS. Protocolos de Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Brasília:DF, 2015

162
4 - SAÚDE DA MULHER

15.2 Recomendações aos Profissionais de Saúde na Atenção a Mulher no Climatério

A atuação dos profissionais de saúde deve incorporar aspectos como a escuta qualificada, a integralidade
na atenção, a possibilidade de diversas orientações sexuais e o estimulo ao protagonismo da mulher.
Avaliar cuidadosa e individualmente cada caso com objetivo de identificar quais os fatores relacionados à
etiologia das dificuldades referidas, e muitas vezes até omitidas, favorece sensivelmente o resultado da conduta
adotada.
No atendimento a essas mulheres, o profissional precisa entender as diferenças e semelhanças de cada
uma, e antes de qualquer julgamento ou atitude preconceituosa, cumprir seu papel no auxilio da resolução
dos problemas. Ajudar as pessoas a aceitar as mudanças físicas e a buscar sua própria forma de exercer a
sexualidade é fundamental neste processo.

Atitudes positivas por parte dos profissionais devem incluir diversas ações, tais como:

• estimular o auto-cuidado (como não fumar, garantir um sono adequado, tomar sol pela manhã ou
cuidar da pele), que influencia positivamente na melhora da auto-estima e da insegurança que pode
acompanhar esta fase;
• estimular a aquisição de informações sobre sexualidade (livros, revistas ou por meio de outros recursos
de mídia qualificada – programas direcionados sobre o assunto) que estiverem disponíveis;
• apoiar iniciativas da mulher na melhoria da qualidade das relações, valorizando a experiência e o
auto-conhecimento adquiridos durante a vida;
• estimular a prática do sexo seguro em todas as relações sexuais.
• esclarecer às mulheres que utilizam a masturbação como forma de satisfação sexual, que essa é uma
prática normal e saudável, independente de faixa etária;
• estimular a incorporar hábitos alimentares nutritivos e uma rotina com prática de exercícios físicos,
que podem atuar na diminuição do estresse e da depressão, no aumento da oxigenação tecidual,
na manutenção da massa muscular e óssea, na melhora da função cardiocirculatória, no aumento da
resistência, na sensação de bem-estar pela produção de endorfinas, além de outros benefícios.
A conclusão desse capítulo reafirma a necessidade de romper os estereótipos culturais da diminuição do
desejo sexual no climatério. A menopausa não é o fim da vida, mas o começo de uma nova etapa.

163
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

15.3 Terapia de Reposição Hormonal:

A reposição hormonal é polêmica, porém, em alguns casos se faz necessária. Esta é uma conduta que deve
ser avaliada pelo profissional médico.

16. Rastreio do câncer de mama e colo do útero

As estratégias para a detecção precoce do câncer de mama e colo do útero são rastreamento e diagnóstico
precoce. O rastreamento é uma ação dirigida à população assintomática, na fase subclínica da doença,
enquanto o diagnóstico precoce diz respeito à abordagem de indivíduos que apresentam sinais e/ou sintomas
da doença em estágio inicial.

16.1 Câncer de mama

O câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns entre a população feminina em todo o Mundo.
Ela é pouco comum antes dos 40 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida
e progressivamente, com risco aumentado principalmente após a quinta década de vida, razão pela qual os
programas de rastreio devem se iniciar a partir deste momento(INCA, 2016).
As ações para controle do câncer de mama no Brasil devem estar pautadas nas Diretrizes para Detecção
Precoce do Câncer de Mama, recomendações baseadas em evidências científicas de qualidade, publicadas
pelo MS/INCA em 2015. Este documento recomenda que o rastreamento do câncer de mama seja feito por
mamografia em mulheres de 50 a 69 anos com periodicidade bienal. Não é recomendado o rastreamento
por nenhum outro método de imagem nem em mulheres fora desta faixa etária.

Existem fatores de risco que estão fortemente associados ao desenvolvimento do câncer de mama:
• Fatores genéticos;
• Biológicos;
• Hormonais;
• Vida reprodutiva da mulher;
• Sedentarismo;
• Obesidade;
• Ingestão de álcool;

164
4 - SAÚDE DA MULHER

• Exposição a radiação;
• Envelhecimento.

As mulheres com maior risco de desenvolvimento da doença são aquelas que possuem os seguintes
antecedentes:
• história pessoal pregressa de câncer de mama, ou que tiveram diagnóstico histopatológico de lesão
mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ;
• história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos;
• história familiar de câncer de mama bilateral em qualquer idade ou que tiveram casos de câncer de
mama masculino ou câncer de ovário na família. Importante ressaltar que os homens também podem ser
acometidos, porém com menor frequência.
Sabe-se hoje que a prática regular de atividade física e hábitos alimentares saudáveis são importantes
fatores de proteção contra esta doença.
Em situações especiais de mulheres com risco elevado, ou que demandem espontaneamente a realização
de rastreamento, cabe ao profissional de saúde a orientação quanto aos riscos e benefícios e a decisão
compartilhada quanto a essa prática.
O Exame Clínico das Mamas (ECM) faz parte das ações de diagnóstico precoce e da investigação
diagnóstica. Ele deve ser realizado por profissional de saúde treinado, que consegue identificar alterações
suspeitas de câncer que necessitam prosseguir investigação.
Os principais sinais e sintomas suspeitos são: nódulos mamários, assimetria, abaulamentos e retrações na
mama, alteração na pele da mama, como eczema, edema cutâneo semelhante à casca de laranja, distorção
nos mamilos e saída de secreção sanguinolenta, transparente ou rosada, espontaneamente pelo mamilo.

16.2 Classificação dos resultados de mamografia e conduta pós rastreamento

A conduta a ser adotada após realização de mamografia de rastreamento deve ser orientada pela
classificação dos achados de imagem, uma vez que não há alteração clínica. Com a finalidade de alinhar
a classificação dos resultados, o Colégio Americano desenvolveu, em 1992, o um sistema da padronização
de laudo, o BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System).A tabela a seguir, montada pela Secretaria
Municipal de Saúde do Rio de Janeiro SMS-Rio, é uma adaptação da 4ª edição do BI-RADS publicada em
2003.

165
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

QUADRO 07. Conduta pós ratreamento do câncer de mama

Categoria Classificação Achados Mamográficos Conduta

Mamografia de acordo com a


1 NEGATIVA Mamas normais
faixa etária

Mamografia de acordo com a


2 B Benignos (B)
faixa etária

Mamografia semestral no 1º ano,


3 PB Provavelmente benigno (PB) anual no 2º e 3º anos – após, de
acordo com a faixa etária

Suspeitos de malignidade (S), não podem ser


classificadas como PB

4a Suspeição baixa

4 S Realizar estudo histopatológico

4b Suspeição intermediária

Suspeição alta (sem lesões


4c
típicas)

5 AS Altamente suspeitos (AS) de malignidade Realizar estudo histopatológico

Diagnóstico de câncer já comprovado


6 - Iniciar tratamento
histologicamente

Realizar outras incidências


0 - Inconclusivo
mamográficas, ultrassografia etc.

166
4 - SAÚDE DA MULHER

Cabe a(o) enfermeira(o) orientar as mulheres sobre os fatores de risco e proteção, identificar a população
de risco elevado para avaliação individualizada, realizar o exame clínico das mamas como parte da consulta
em saúde da mulher, solicitar mamografia de rastreamento para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos e
encaminhar para consulta pelo profissional médico as mulheres que apresentem qualquer alteração ao exame
clínico das mamas ou resultado de mamografia de rastreamento diferente de BI RADS 1 e 2.

16.3 Linha de Cuidado do Cancêr de Mama

Consulta de enfermagem

Consulta com exame clínico das


libera mamas – ECM

NÃO 35 anos NÃO ECM SIM


ou mais alterado

SIM

Risco habitual
Risco Encaminhar para consulta
pelo profissional médico

50 a 69 anos 40 a 49 anos

ECM e MMG ECM anual


bienal

1 Rotina conforme idade

Classificação
BI – RADS 2

3** Encaminhar para consulta


pelo profissional médico
0***

4e5

167
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

16.4 Câncer de colo do útero

Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo
de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 265 mil mulheres por ano (WHO,
2012). Em 2013, ocorreram 5.430 óbitos por esta neoplasia, representando uma taxa de mortalidade
ajustada para a população mundial, de 4,86/100 mil mulheres. (MS/INCA, 2016).
O câncer de colo do útero é raro em mulheres até 30 anos. Sua ocorrência aumenta progressivamente
até ter seu pico na faixa de 45 a 50 anos, e sua mortalidade aumenta progressivamente a partir de 40
anos. Doença de desenvolvimento lento, passa por diferentes fases antes de se transformar em câncer e pode
demorar anos para se desenvolver e gerar sintomas como sangramento vaginal, secreção vaginal anormal e
dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.
Fatores de risco relacionados ao câncer de colo do útero:
• Infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o
HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. Contudo, é importante ressaltar
que na maioria das vezes, a infecção cervical pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, entre seis
meses a dois anos após a exposição, a evolução para neoplasia dependerá da presença de outros fatores
associados;
• Idade;
• Baixa imunidade;
• Tabagismo;
• Iniciação sexual precoce;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Multiparidade;
• Uso prolongado de anticoncepcional;
• Fatores ligados à genética.

168
4 - SAÚDE DA MULHER

FLUXOGRAMA 31. Consulta de Enfermagem para Exame Citopatológico

Consulta de enfermagem
para exame citopatológico

NÃO
Consulta ginecológica Idade entre
sem coleta e com orientação 25 e 64 anos

SIM

Coletar do citopatológico
com exame clínico

Planejamento de enfermagem

1º resultado negativo 2º resultado negativo


ou inflamatório: ou inflamatório:
repetir em 1 ano repetir a cada 3 anos

Cabe a(o) enfermeira(o) orientar as mulheres sobre os


fatores de risco e proteção, identificar a população de
risco elevado para avaliação individualizada

169
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

O câncer de colo uterino apresenta alto potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente.
A identificação de lesões precursoras no teste de rastreio tem pequeno impacto na redução da incidência
e da mortalidade por câncer do colo do útero, se não houver a confirmação diagnóstica e o tratamento
adequado em tempo oportuno (JONES; NOVIS, 2000). Assim, de acordo com as Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero atualizadas em 2016, as mulheres que forem diagnosticadas com
lesões intraepiteliais do colo do útero no rastreamento e/ou apresentarem achados de exame ginecológico
(exame especular, toque vaginal) fortemente sugestivos de câncer, devem ser encaminhadas à unidade
secundária para confirmação diagnóstica, para tratamento das lesões precursoras e definição da necessidade
de encaminhamento à unidade terciária para tratamento oncológico.

170
4 - SAÚDE DA MULHER

Quadro 8: Recomendações Para encaminhamento ao médico frente aos resultados do exame de


rastreamento do câncer do colo uterino

Diagnóstico citopatológico Faixa etária Conduta inicial

< 25 anos Repetir em 3 anos

Possivelmente não neoplásicas Entre 25 e 29


Células escamosas atípicas Repetir a citologia em 12 meses
(ASC-US) anos
de significado indeterminado
(ASCUS) ≥ 30 anos Repetir a citologia em 6 meses

Não se podendo afastar lesão de


Encaminhar para colposcopia
alto grau (ASC-H)
Células glandulares Possivelmente não neoplásicas
atípicas de significado ou não se podendo afastar Encaminhar para colposcopia
indeterminado (AGC) lesão de alto grau
Possivelmente não neoplásicas
Células atípicas de
ou não se podendo afastar Encaminhar para colposcopia
origem indefinida (AOI)
lesão de alto grau

< 25 anos Repetir em 3 anos


Lesão de Baixo Grau (LSIL)
≥ 25 anos Repetir a citologia em 6 meses

Lesão de Alto Grau (HSIL) Encaminhar para colposcopia

Lesão intraepitelial de
alto grau não podendo Encaminhar para colposcopia
excluir microinvasão
Carcinoma escamoso
Encaminhar para colposcopia
invasor
Adenocarcinoma in situ
Encaminhar para colposcopia
(AIS) ou invasor
Fonte: Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer de colo do útero INCA,2016

171
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

17. Atenção às mulheres em situação de violência doméstica e sexual

Para a OMS, considera-se violência o “uso intencional da força física ou do poder, real ou em
ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”
(KRUG et al., 2002, p. 5).
A atenção à violência contra a mulher e o adolescente é condição que requer abordagem intersetorial,
multiprofissional e interdisciplinar, com importante interface com questões de direitos humanos, questões
policiais, de segurança pública e de justiça.
A violência contra a mulher, por sua magnitude e complexidade é reconhecida como questão de saúde
pública, visto que afeta a saúde individual e coletiva e exige ações públicas e da sociedade civil para o seu
enfrentamento.
A violência doméstica e sexual contra a mulher deixa sequelas físicas e emocionais, além de algumas
vezes levar à morte. Neste sentido, as equipes de saúde se encontram em posição estratégica na identificação
e acompanhamento dessas mulheres.
As Equipes de Saúde da Família estão diretamente vinculadas a assistência dessas mulheres e conhecem
suas dificuldades e vulnerabilidades, devendo assim acolher, orientar, notificar e encaminhar as situações de
violência conforme as indicações, considerando a importância da escuta qualificada e do sigilo profissional.
É imprescindível a sensibilização de gestores e gerentes de saúde, no sentido de propiciar condições
para que os profissionais de saúde oferecem atenção integral às mulheres em situação de violência e sua
família, em especial aos seus filhos sobre os quais rebatem profundamente a violência sofrida pelas mulheres/
mães.
É fundamental que o enfermeiro conheça a linha de cuidados e o fluxo de atendimento no âmbito da
saúde, para que possa orientar e encaminhar às mulheres quando necessário

Fique Alerta!
Mulheres em situação de violência são usuárias assíduas dos serviços de saúde. Em geral, não
relatam a agressão sofrida e apresentam queixas vagas.

172
4 - SAÚDE DA MULHER

Sinais Clínicos de Violência


Tipo de Lesão O QUE OBSERVAR?
Inflamações, queimaduras, contusões, hematomas e fraturas incluindo face,
Lesões Físicas Agudas boca e dentes, qualquer tipo de lesão em cabeça ou pescoço provocadas
por uso de armas, socos, pontapés, tentativas de estrangulamento e sacudidas
Lesões das mucosas oral, anal e vaginal, manifestando-se com inflamação,
Agressões Sexuais irritação, arranhões, edema, perfuração ou ruptura. Doenças sexualmente
transmissíveis (DST/AIDS), infecções urinárias e/ou vaginais e gravidez.
Dor no baixo ventre ou infecções, transtornos digestivos, como falta de apetite,
náuseas, vômitos, cólicas e dores de estômago, perda de peso, dores de
Manifestações Tardias
cabeça e dores musculares generalizadas, lesões ou manifestações por DST
em região de boca.

Sinais Psicossomáticos
SINAL O QUE OBSERVAR?
Stress Pós-traumático Insônia, pesadelos, falta de concentração e irritabilidade
Choque, crise de pânico, ansiedade, medo, confusão, fobias, auto-
reprovação, sentimento de inferioridade, de fracasso e insegurança, sentimento
Alterações Psicológicas de culpa, baixa auto-estima, comportamento autodestrutivo, uso de álcool e
drogas, depressão, desordens alimentares/obesidade, tentativas de suicídio e
disfunções sexuais (vaginismo).

Sinais Sociais
Isolamento, mudanças freqüentes de emprego ou moradia.

17.1 O Atendimento da equipe e o processo de trabalho frente à violência

Cabe às Unidades de atenção primária:

• Os profissionais de Saúde devem incluir a violência como um dos critérios para a identificação de
população de risco e para o atendimento priorizado na Unidade de Saúde;

173
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

• Acolher e escutar de forma qualificada a mulher, sem preconceitos ou julgamentos;


• Adotar atitudes positivas e protetivas à mulher;
• Escutar, procurando conhecer o contexto da violência, os riscos envolvidos, as necessidades e
iniciativas já desenvolvidas por esta mulher, sempre estimulando o seu protagonismo;
• Assegurar a privacidade no atendimento e o sigilo profissional;
• Acompanhar o caso, desde sua entrada no setor saúde até o encaminhamento/seguimento para a
rede de cuidados e proteção;
• Atuar de forma conjunta com toda a equipe;
• Realizar vacinação para esquemas incompletos ou não imunizadas;
• Encaminhar ao CRIE para realização de Imunoglobulina;
• Orientar sobre recursos da rede de atendimento de cuidados e de proteção;
• Nos casos de violência sexual é importante permitir a participação da mulher em todo o processo e
orientá-la sobre a profilaxia DST/HIV e do direito ao aborto legal desde o primeiro atendimento;
• Realizar a profilaxia/contracepção de emergência;
• Ouvir e encaminhar para a rede de serviços especializados de atendimento à mulher em situação de
violência, quando se fizer necessário ou for de interesse da mulher;
• Notificar os casos de suspeita ou confirmação de violência para o serviço de epidemiologia da
Unidade, através da ficha SINAN, o qual encaminhará para a Divisão de Vigilância em saúde da
CAP;
• Em caso de adolescentes, uma cópia deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar da área.
• Incluir o tema violência nas ações educativas promovidas por toda a equipe da Unidade de Saúde;
• Estar atento para os sinais de alerta da violência contra a mulher, identificar as situações de violência,
avaliando os determinantes sociais e econômicos.

174
4 - SAÚDE DA MULHER

Situações Especiais

Em caso de Violência Doméstica deve-se chamar a polícia quando houver:

• Lesões graves com risco de vida;


• Lacerações e hemorragias (corpo, face, boca e dentes);
• Queimaduras de maior gravidade;
• Traumas cranianos ou fraturas que necessitem redução cirúrgica;
• Trauma facial, inclusive maxilar e mandibular, que necessite de redução não cirúrgica;
• Traumatismo dentário;
• Lesão de articulação têmporo mandibular - ATM;
• Suspeita de lesão de órgãos internos;
• Estado de choque emocional.

Em caso de Violência sexual antes de 72 horas todas as Unidades de Atenção Primária devem:

• Administrar a anticoncepção de emergência;


• Preencher a ficha de notificação e enviar para a epidemiologia;
• Anotar no prontuário;
• Encaminhar a mulher para atendimento psicológico se necessário no Ambulatório de Saúde Mental,
ou encaminhar para atendimento pelo NASF.

17.2 Atenção humanizada na situação de interrupção legal da gestação

Cabe ao enfermeiro informar à mulher, desde seu primeiro contato com a Unidade de Saúde, o direito pela
interrupção da gestação, caso esta venha ocorrer em decorrência da violência.

São orientações importantes a serem fornecidas:

• Orientar que o aborto praticado por médico é legal em caso de gravidez resultante de estupro (Art.
128 do Código Penal);

175
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

• Esclarecer sobre as ações previstas em caso de abortamento legal, as medidas de alívio da dor, o
tempo e os riscos envolvidos no procedimento e a permanência no serviço de abortamento legal;
• Orientar que, no serviço de referência, será preenchido o Procedimento de Justificação e Autorização
de Interrupção da Gravidez, e que não é obrigatória a apresentação de boletim de ocorrência ou
autorização judicial no âmbito do SUS;
• Referenciar para os serviços de referência para interrupção legal da gravidez, nos casos previstos em
lei;
• Acompanhar a usuária após o procedimento de abortamento legal, atentando para os riscos de
intercorrências imediatas após o procedimento (sangramentos, dor pélvica, febre) e intercorrências
tardias (infertilidade, alterações psíquicas, que requeiram acompanhamento e suporte especializado);
• Fornecer aconselhamento anticoncepcional e concepcional após o procedimento, assegurando e
respeitando a vontade da mulher.

17.3 Anticoncepção hormonal de emergência – AHE

A contracepção de emergência é uma medida essencial no atendimento de pacientes que sofreram estupro,
que já tenham atingido a menarca e que não estejam em uso de contraceptivo eficaz ou na impossibilidade
de avaliar a eficácia do método. A probabilidade média de ocorrer gravidez em um único coito sem proteção,
na segunda ou terceira semana do ciclo menstrual é de 8%. Com a anticoncepção oral de emergência, esta
taxa cai para 2%. Por isso, a anticoncepção de emergência (pílula do dia seguinte ou pós-coital) é medida
essencial para a prevenção de gravidez pós-estupro e, consequentemente, do aborto.
Este método inibe ou adia a ovulação, interferindo na capacitação espermática, possivelmente na
maturação do oócito, na produção hormonal normal pós-ovulação. A anticoncepção oral de emergência
não tem nenhum efeito após a implantação ter se completado. É indicado como primeira opção o uso de
progestagênio puro, pela sua maior tolerância e eficácia. Caso o progestagênio puro não esteja disponível,
é recomendado o método de Yuzpe, que consiste na administração oral de pílulas combinadas (estrogênio e
progestagênio). Para garantir a eficácia do método, a primeira dose da AE deve ser iniciada até 72 horas
após o coito desprotegido, existindo estudos que mostram que existe algum efeito, ainda que menor, até 5
dias após a agressão. No entanto, quanto mais cedo utilizar o método, melhor é sua eficácia. Em caso da
paciente apresentar vômitos, utilizar antieméticos. Repetir a dose do hormônio se o vômito ocorrer dentro das
primeiras 2 horas após a ingestão.

176
4 - SAÚDE DA MULHER

Modo de usar Levonorgestrel na anticoncepção de emergência


1ª Opção 2ª Opção
Levonorgestrel 1,5 MG: 1 comprimido via oral em até
Levonorgestrel 0,75 MG: Utilizar 1 comprimido de
5 dias após a relação sexual.
0,75mg via oral de 12/12 horas, num período de até
Levonorgestrel 0,75 MG: 2 comprimidos via oral em
5 dias após a relação sexual.
até 5 dias após a relação sexual.

QUADRO 9. Avaliação de risco para os cuidados profiláticos e de tratamento decorrentes da


violência sexual

DST/não virais HIV/AIDS HEPATITE B GRAVIDEZ

Contato com sêmen Contato com sêmen Contato com sêmen Contato com sêmen
(oral, vaginal e/ou (vaginal e/ou anal) e (oral, anal e vaginal) (após a primeira
Riscos anal), sangue e outros oral com ejaculação menstruação e antes da
líquidos corporais menopausa)

• Realização de • Solicitar e aconselhar • Avaliar o esquema • Escolha adequada do


aconselhamento; teste (anti-HIV); vacinal; método;
• Intolerância gástrica; • Encaminhar para • Avaliar a exposição • Avaliação da
• Histórico alérgico; atendimento médico crônica/repetição da dosagem a ser
• Escolha adequada do para prescrição violência; administrada;
medicamento; da associação do • Realizar a • Administrar o quanto
Cuidados
• Dosagem a ser medicamento; imunoprofilaxia; antes (ideal até 72h
administrada de • Avaliar intolerância • Encaminhar a ou em até 5 dias após
acordo com o peso. gástrica; atendimento médico a violência).
• Administração (ideal para avaliação de
em 24h ou até 72 marcadores.
horas).

177
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Rede de atendimento às mulheres em situação de violência

Atenção Básica: Unidades de Pronto Atendimento:


Centros Municipais de Saúde, Clínicas de Saúde da UPAs, Coordenação de Emergência Regional – CERs,
Família e Policlínicas Hospitais de Emergência e Maternidades Municipais

Atendimentos Especializados:

Saúde Mental: ambulatórios e os Centros de


Atenção Psicossocial

DEAMs

CEAMs

Defensoria Pública

CEJUVIDA

O termo Rede de Atendimento designa um conjunto de ações e serviços intersetoriais (setores de


assistência social, da justiça, da segurança pública e da saúde), que “visam a ampliação e à melhoria da
qualidade do atendimento, à identificação e ao encaminhamento adequados das mulheres em situação de
violência e à integralidade e à humanização do atendimento” (SOARES E ILGENFRIT, 2002).
Os serviços de rede de saúde compõem a Rede de Atendimento às mulheres em situação de violência
e devem esgotar todos os recursos disponíveis para oferecer a Atenção Integral às Mulheres em Situação
de Violência desde o acolhimento com escuta qualificada até o monitoramento/seguimento das mulheres
na rede de atendimento, fortalecendo a integração entre os serviços que compõem a rede.
Atenção: A atenção primária, como ordenadora do cuidado, mantém o acompanhamento conjunto à
mulher, assistindo-a em todas as suas necessidades.
Fonte: Adaptado de MS: Protocolo de Atenção Básica - Saúde das Mulheres. Brasília: DF,2015

178
4 - SAÚDE DA MULHER

Fluxograma 32. Fluxo de Atenção em Violência Doméstica e Sexual no IML


(Após a Mulher Prestar Queixa em Delegacia)

DELEGACIA (TJ)

IML

RECEPÇÃO

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
OUTRAS VIOLÊNCIAS
E SEXUAL

FLUXO DO IML ACOLHIMENTO

PERITO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: VIOLÊNCIA SEXUAL Exame de Perícia Médica
Encaminhamento para • Testes Rápidos até 72 H
Unidades de Saúde do (HIV, Sífilis, Hepatite B, TIG)
Território de Residência e • Contracepção de
Outros Serviços emergência
• Encaminhamento para as
Unidades de Saúde e outros
serviços

179
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

SERVIÇOS DE DEFESA E PROTEÇÃO À MULHER

• Polícia Militar: 190

• Serviço de Atendimento à Mulher em Situação de Violência da Secretaria Especial de Políticas para


as Mulheres da Presidência da República: 180

• Cejuvida – Tel: (21) 3133-3894 – Central de abrigamento provisório da mulher vítima de violência
doméstica

• Rua Dom Manuel, s/nº - Térreo da Lâmina I do Tribunal de Justiça – Centro – RJ


• Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro
33 Ouvidoria Mulher do TJRJ: Tel: (21) 3133-4730
33 Ouvidoria do TJRJ: (21) 3133-3915

• Plantão Judiciário
De 18 horas às 11 horas. Nos finais de semana e feriado: 24 horas.

• Ministério Público do Rio de Janeiro


Ouvidoria – Tel: 127

• Disque Denúncia: Tel: (21) 2253-1177

• Disque Mulher: Tel: (21) 2761-6700

• Defensoria Pública do Estado/Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência (NUDEM)
Rua do Ouvidor, 90 – 4º andar – Centro – Rio de Janeiro
Tel:129, (21) 2332-6371 e (21) 2332-6370

180
4 - SAÚDE DA MULHER

• Disque Assembléia Direitos da Mulher


Tel: 0800 282 0119

• Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM)


Rua Camerino, nº 51 – Gamboa – RJ
Tel: (21) 2334-9508 e 2334-9510 (portaria)

• CEAM – Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Secretaria de Políticas para as Mulheres)


CEAM Chiquinha Gonzaga – Rua Benedito Hipólito. 125 – Praça Onze – Cidade Nova
Tel: (21) 2517-2726

181
5
Saúde do
Homem
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

5 - SAÚDE DO HOMEM

Introdução

A saúde dos homens de 20 a 59 anos é o foco de atenção, pois essa faixa etária é menos frequente nos
serviços de saúde . Esses homens em geral acessam primeiro a rede especializada por conta de alguma
morbidade. A Atenção Primária em Saúde (APS) deve ser estimulada como acesso preferencial para as questões
relacionadas a saúde e doença.
Este protocolo segue as diretrizes da PNAISH que tem como objetivo geral a promoção à melhoria das
condições de saúde do homem, contribuindo para a redução da morbidade e mortalidade dessa população,
através do enfrentamento dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de
assistência à saúde. (BRASIL, 2009a)

18. CUIDADO DE ENFERMAGEM AO HOMEM DE 20 A 59 ANOS

O acesso e acolhimento da população masculina nos serviços de saúde tem sido um dos principais desafios
atuais da APS a ser realizado pela equipe de saúde tendo o enfermeiro um papel fundamental na classificação
de risco.

184
Fluxograma 33. Acesso e acolhimento de enfermagem ao homem na APS em demanda livre

Escuta Qualificada:

- Entendendo a pessoa como um todo;


- A pessoa: sua história de vida, aspectos pessoais e de desenvolvimento;
- Contexto próximo: sua família, comunidade, emprego e suporte social;
- Contexto distante: sua comunidade, cultura e ecossistema;
- Possui queixa clínica no momento;

ORIENTAÇÃO E CONDUTA AO QUE


NECESSITA
- cria vínculo com humanização;
SIM NÃO - direciona para protocolos específicos;
- oferece serviços prestados na UBS;
- encaminhamentos oportunos e
resolutivos;
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PELO ENFERMEIRO

- aferir sinais vitais (Pressão Arterial, Temperatura axilar, AC e AR)


- escuta ativa das demandas do usuário sem julgamento moral
- avaliar Necessidades Humanas Básicas alteradas
- identificar as vulnerabilidades sociais e individuais
- priorizar intervenções de enfermagem (alcoolismo, tabagismo, IST, etc)

CASO AGUDO
- Encaminhar para consulta médica em sinais vitais alterados;
- Providenciar procedimentos: pesagem, glicemia capilar, curativos,
nebulização, imunização, medicação, entre outros. O USUÁRIO É MORADOR DO
Se não for morador: TERRITÓRIO
Realizar todas as etapas descritas e orientar para encaminhamentos
necessários.

SIM NÃO

CASO CRÔNICO
- cria vínculo com humanização;
- direciona para protocolos específicos Consultar “ONDE SER ATENDIDO” e
- oferece serviços prestados na UBS. (carteira de serviços APS) orientar a unidade de referência.
- encaminhamentos oportunos e resolutivos

185
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

18.1 Consulta de Enfermagem

A consulta de Enfermagem respalda-se na Lei do Exercício Profissional No 7.498/86, Decreto No


94.406/87, Resoluções do Cofen 195/1997; 317/2007 e 358/2009 e Parecer Cofen 17/2010, O
mesmo não pretende abordar os aspectos relativos às ações de enfermagem à saúde do homem em sua
plenitude, mas serve como um norteador para a assistência de Enfermagem.

CONSULTA DE ENFERMAGEM AO HOMEM 20 A 59 ANOS

UTILIZAR MÉTODO SOAP PARA REGISTROS


• Queixa principal: início, duração, intensidade, fatores agravantes e minimizadores.
• Doença ou preocupação de saúde atual
SUBJETIVOS • Perfil do homem: percepção de masculinidade, vulnerabilidade, identidade de gênero e orientação sexual,
satisfação com o emprego, lazer, ambiente interpessoal e cultural, relacionamento familiar e sistema de apoio,
autocuidado, padrão de estilo de vida, autoimagem, autorrealização, autoconceito e filosofia de vida.
• Verificar e registrar peso e altura calculando o Índice de Massa Corpórea (IMC = kg/m2)
• Verificar e registrar a circunferência abdominal
OBJETIVOS • Verificar e registrar os valores da Pressão Arterial (PA)
• Verificar e registrar outros sinais vitais: temperatura, freqüência cardíaca e freqüênciarespiratória.
• Rastreamento de tabagismo
• Avaliação cogniscente: realizar Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e avaliar se o homem faz uso de
substâncias psicoativas (vide protocolo de saúde mental).
• Hidratação e nutrição: verificar estado de hidratação: turgor da pele, ressecamento, etc. Investigar quantidade
de água e líquidos ingeridos por dia; avaliar estado nutricional, hábitos alimentares, etc.
• Oxigenação: cianose, perfusão tissular periférica, etc.
AVALIAÇÃO • Autocuidado, abrigo, liberdade e comunicação.
• Amor, gregária, segurança, criatividade, aprendizagem, atenção e aceitação:
• Regulação térmica, hormonal, vascular, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica e crescimento celular.
• Sono e repouso: verificar prática regular de exercícios e atividade física, mecânica corporal/motilidade,
locomoção, recreação, lazer e participação; investigar padrão de sono, insônia.
• Cuidador: verificar presença e dependência de cuidador formal ou informal.

186
5 - SAÚDE DO HOMEM

• Inspeção e palpação da cabeça e pescoço: observar alopecia, dentição prejudicada, presença de


estomatites, saburra, percepção olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa e dolorosa. Avaliar características:
localização, tamanho, consistência, fixação, sensibilidade dolorosa, rapidez de aumento, comprometimento
de gânglios ou cadeias ganglionares da cabeça e pescoço (gânglios occipitais, gânglios auriculares anteriores
e posteriores, gânglios submandibulares, gânglios submentonianos, gânglios cervicais profundos inferiores e
superiores, gânglios cervicais superficiais e posteriores); avaliar alterações da pele da cabeça e pescoço (rubor,
temperatura, fístulas, lesões e cicatrizes);
• Exame torácico: realizar 1- Inspeção (frequência respiratória, tipo, ritmo e amplitude, formato do tórax, simetria,
condições da pele e rede venosa visível); 2- Palpação (estrutura osteomusculares, hipersensibilidade dolorosa,
frêmito tóraco-vocal e prega cutânea); 3- Percussão (verificar padrão de normalidade ou anormalidade a percussão
torácica) e, 4- Ausculta (auscultar padrão de sons pulmonares - murmúrios vesiculares e/ou ruídos adventícios);
• Exame das mamas: realizar a avaliação das mamas, com base na inspeção estática e dinâmica e palpação.
Mesmo com uma porcentagem menor 1:1.000 mulheres, o câncer de mama masculino deve ser investigado,
AVALIAÇÃO
uma vez que, assim como as mulheres, os homens se enquadram em uma população de risco, a qual precisa
ser reconhecida e identificada (GETHINS, 2012);
• Exame cardíaco:O enfermeiro deve examinar buscando respostas às seguintes questões: 1- O ritmo é regular?
2- As bulhas cardíacas estão hiperfonéticas, hipofoné- ticas ou desdobradas? 3- Apresenta bulhas B3 ou B4?
4- Como está a sístole e diástole? 5- Possui sopro? 6- Apresenta click e atrito? 7- Tem sopro, estalido e/ou atrito?
8- Ictus cordis palpável ou não? Com quantas polpas digitais? (PORTO, 2012);
• Exame abdominal:1- Inspeção estática e dinâmica (tipo de abdome, condições da pele, rede venosa,
pulsações e movimentos peristálticos) 2- Ausculta (ruídos hidroaéreos: hipoativos ou hiperativos e sopros arteriais)
3- Percussão (hepatometria, esplenometria, estômago e intestino) e4- Palpação superfi cial e profunda (verifi
car sinal de Blumberg, Giordano e Murphy, piparote, presença de algia à palpação, circulação colateral
e características da cicatriz umbilical: posição, forma, coloração e a presença de qualquer secreção ou de
qualquer abaulamento). O examinador dever estar ciente 147 de que a respiração no sexo masculino é,
predominantemente, abdominal, enquanto no sexo feminino é mais costal (PORTO, 2012).
PRESCRIÇÃO Oferecer aconselhamento e testes rápido de HIV, Sífilis e Hepatites B e C.

187
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

18.2 Rastreamento tabagismo

O rastreamento para tabagismo deve ser realizado em todos os encontros com os pacientes e é realizado
através de simples questionamento se a pessoa usa tabaco. Caso a resposta seja positiva, o indivíduo é
considerado tabagista (*) e deverá ser avaliada a existência de dependência à nicotina, bem como a
gravidade desta. Como realizar?
(*) É considerado fumante o indivíduo que fumou mais de 100 cigarros, ou 5 maços de cigarros, em toda
sua vida e fuma atualmente (OPAS, 1995).

Fluxograma 34. Rastreamento do Tabagismo

ESCUTA QUALIFICADA BUSCANDO INFORMAÇÕES SOBRE SUA HISTÓRIA DE VIDA E


HÁBITOS DIÁRIOS

NÃO Parabenizar e motivar o paciente a manter o hábito;


Esclarecer sobre tabagismo passivo e a importância
Resposta POSITIVA na abordagem sobre tabagismo?
dos ambientes livres de fumo para qualidade do ar
para fumantes e não fumantes.;

SIM

• Contexto próximo sobre hábitos familiares, da


comunidade e rede social de apoio;
• Realizar questionário de Tolerância de Fagerström,
para avaliar o grau de dependência física à nicotina;
• Perguntar pelo uso do tabaco por familiares ou
pessoas do seu convívio;
• Realizar questionário de Tolerância de
Fagerström**, para avaliar o grau de dependência
física à nicotina.
• De acordo com o resultado oferecer o atividades
para o tratamento.

TESTE DE FAGERSTRÖM**
FORMULÁRIO PARA GRAU DE
DEPENDÊNCIA (na página 192)

0–2 PONTOS -MUITO BAIXO


3–4 PONTOS - BAIXO
5 PONTOS - MÉDIO
6–7 PONTOS - ELEVADO

188
5 - SAÚDE DO HOMEM

Fluxograma 35. Atendimento Individual da Pessoa Dependente de Tabaco

Avaliação da sua história, queixas e exame físico.

Avaliação da dimensão de:


- Sentimentos
- Ideias
- Efeitos sobre a funcionalidade do corpo
- Expectativas da pessoa

Elaborando um projeto comum de manejo:


Avaliação dos problemas e prioridades
Estabelecendo os objetivos do tratamento e do
manejo
Avaliação e estabelecimento do papel da
pessoa e do profissional de saúde

Incorporando a prevenção e promoção da saúde:


- Aconselhar a abandonar o uso do tabaco;
- Avaliar a disposição em parar de fumar (grau motivacional para mudança de hábito);
- Planejar condições para o seguimento e suporte do paciente;
- Esclarecer sobre o tratamento e medicações disponíveis para tabagismo;
Encaminhar para avaliação médica sobre achados no exame clínico
- Explicar como lidar com a fissura;
- Orientar a só fumar em ambiente aberto para reduzir a exposição à fumaça;
- Aconselhar sobre outras mudanças de estilo de vida;
- Orientar sobre grupos ou serviços da unidade de interesse da pessoa;
- Planejar avaliação multiprofissional com equipe NASF;
- Pactuar estratégias para continuidade do acompanhamento;
Encaminhar para avaliação da equipe de saúde bucal;

189
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

AVALIE SEU GRAU DE DEPENDÊNCIA

TESTE DE FAGERSTRÖM

1- Quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro?


( ) mais de 60 min ________________ 0
( ) entre 31 e 60 mim _______________ 1
( ) entre 6 e 30 min _________________2
( ) menos de 6 min _________________3

2 - Você tem dificuldade de ficar sem fumar em locais proibidos?


( ) não _________________ 0
( ) sim _________________1

3 - O primeiro cigarro da manhã é o que traz mais satisfação?


( ) não _________________ 0
( ) sim _________________ 1

4 - Você fuma mais nas primeiras horas da manhã do que no resto do dia?
( ) não _________________ 0
( ) sim _________________ 1

5 - Você fuma mesmo quando acamado por doença?


( ) não _________________0
( ) sim _________________ 1

6 - Quantos cigarros você fuma por dia?


( ) menos de 11 _______________ 0
( ) de 11 a 20 _________________ 1
( ) de 21 a 30 _________________ 2
( ) mais de 30 _________________3

TOTAL DE PONTOS – ( )
(FAGERSTRÖM; SCHNEIDER, 1989)

190
5 - SAÚDE DO HOMEM

18.3 Rastreamento de abuso do álcool

O abuso de álcool está fortemente associado com problemas de saúde, incapacidades, mortes, acidentes,
problemas sociais e violência. Há boa evidência de que o rastreamento na atenção primária pode identificar
adequadamente aqueles usuários independente de gênero cujos padrões de consumo de álcool atendem
aos critérios de dependência alcoólica e, portanto, estão sob maior risco de morbidade e mortalidade. A
abordagem ao consumo de álcool deve ser realizada em todos os adultos durante o acolhimento, nas consultas
de rotina, nas visitas domiciliares e em outros momentos possíveis.

Fluxograma 36. Rastreamento de abuso de álcool


Escuta Qualificada Entendo a pessoa como um todo
A pessoa: sua história de vida e hábitos diários

NÃO Parabenizar e motivar paciente a manter o hábito


Vide anexo*
Resposta POSITIVA na abordagem sobre consumo de álcool?

Perguntar sobre o uso de álcool por familiares e


SIM pessoas do seu convívio.
Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença

Avaliação da sua história, queixas e exame físico. Avaliar alterações.


Abordar:
• Sentimentos;
• Ideias;
• Efeitos sobre a funcionalidade do corpo;
• Expectativas da pessoa.

Avaliação da dimensão da doença


Avaliação dos problemas e prioridades

Realizar questionário AUDIT


(na página 194)

Avaliação e estabelecimento do papel da pessoa e do profissional de saúde

Construção do Plano Terapêutico Singular

191
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

* O questionário poderá ser aplicado por outro profissional de saúde. As intervenções para o usuário
de álcool devem estar direcionadas de acordo com a pontuação do AUDIT listada abaixo:

Pontuação do AUDIT Nível de Risco Intervenção

-- Informar sobre o consumo de álcool, os limites de


0a7 Consumo de baixo risco beber de baixo risco e a orientação de saúde em
geral;

-- Educar para o uso de álcool;


8 a 15 Uso de risco -- Propor o estabelecimento de metas para a redução ou
abstinência;

-- Educar para o uso de álcool;


-- Aconselhamento breve de acordo com a motivação
16 a 19 Uso nocivo
para mudança do padrão de beber;
-- Pactuar monitoramento regular deste processo;

-- Avaliar diagnóstico de Síndrome de dependência


do álcool;
-- Encaminhar para consulta médica;
20 ou mais Provável dependência -- Avaliar acompanhamento conjunto com Centros de
Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas
(CAPSad) ou NASF.
-- Abordar sobre ações para reduzir os danos à saúde;

192
5 - SAÚDE DO HOMEM

18.4 PATERNIDADE E CUIDADO

A paternidade pode representar um momento de grandes transformações para a vida dos homens.
Como todo período de transição, novas dúvidas e medos podem surgir, em especial, relacionados às novas
responsabilidades e não deve ser vista apenas do ponto de vista de Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde do Homem, mas, sobretudo como um direito do homem a participar de todo o processo, desde o
momento de decidir de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhante da gravidez, do
parto, do pós-parto e da educação da criança.
Os homens ao participarem ativamente de todas as etapas da vida de seu filho ou filha, contribuirão com
uma melhor qualidade de vida para toda a família e para a construção de vínculos afetivos saudáveis.
No quadro abaixo orientações para o pré- natal com participação paterna.

Período Pré-Natal do Ciclo de Vida Familiar

Primeiro Trimestre Segundo Trimestre Terceiro trimestre Pós - Parto

Como vocês foram criados; quem


Novas rotinas (com a chegada Acolhimento mãe – pai
Significado da paternidade; cuidava de vocês; pais; irmãos
do filho e com os afazeres do – bebê (seguir fluxo de
estar preparado para esta tarefa mais velhos; babás; avós; tios;
lar e com o trabalho) saúde criança.pag 22)
vizinhos

Quem será o cuidador principal; que Relacionamento sexual no


Preparos financeiros; que
tipo de educação quer dar ao seu puerpério, orientações para o
gastos esperar
filho casal
Orientar e retirar dúvidas
Tarefas a serem cumpridas pelo pai; que o Pai/companheiro
Sexo na gestação mãe; avós; cuidadores... Dividir Anticoncepção no puerpério apresente ou demonstre
responsabilidades em sua fala
Cuidados com o RN como
A presença do pai no pré-natal Reconhecer sinais e sintomas do
amamentação, cólicas, banho,
e no parto trabalho de parto na gestante
cuidados com o coto umbilical
Reforçar positivamente e encorajar
Qual o papel do pai na Preparar o lar para a chegada
para diminuir a insegurança da
Gestação da criança;
paternidade ematernidade;

193
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Diretos trabalhistas:
- a Lei do Acompanhante (Lei
Federal nº 11.108/05) que
determina que os serviços de
saúde do SUS, da rede
própria ou conveniada. Este
pai tem o direito, a partir da
Orientações com relação a: permissão da gestante, de
bebidas, álcool e drogas estar acompanhando durante
todo o período de trabalho de
parto, parto e pós-parto.
- a Licença paternidade de
cinco dias concedida pela
Respeitar a cultura e os valores do Constituição Federal e 1988
outro sem impor os seus. em seu art.7º, XIX; e art.
10, § 1º.

Se tabagista e/ou alcoolista:


Dúvidas sobre o parto normal,
seguir fluxo do tabagismo e
cesárea e a anestesia.
alcoolismo;
Testes rápidos:HIV, Sífilis,
Hepatite B e C. Solicitar
Tipagem Sanguínea e fator
RH.

Realizar orientações sobre IST.


Realizar abordagem específica
caso seja identificado alguma
IST.

Estimular a participação em
Ofertar/oportunizar consulta
grupos de promoção: casais,
individual para que o Avaliar e ofertar a
amamentação, gestantes,
Atualizar caderneta de vacinação homem se sinta a vontade atividade física, em
planejamento reprodutivo e
em apresentar e discutir suas conjunto com o NASF
outros de interesse do casal e
fragilidades
ofertado na Unidade

194
5 - SAÚDE DO HOMEM

18.5 SEXUALIDADE E REPRODUÇÃO

A saúde sexual e reprodutiva envolve orientações de educação para a saúde, procedimentos técnicos,
exposição de métodos conceptivos e contraceptivos e encaminhamentos com vista à promoção e qualidade
de vida. Todas essas ações podem ser desenvolvidas em grupos de planejamento reprodutivo, consultas
individuais e/ou sala de espera.
De uma forma geral se observa que a população ainda participa timidamente dessas ações, pois, devido
às questões de gênero, vincula a saúde sexual reprodutiva apenas às mulheres.
Assim deve o enfermeiro(a) como integrante da APS o desafio de estimular o homem de que a saúde sexual
e reprodutiva é também um direito garantido.

195
6
Cuidado da
Pessoa Idosa
6 - CUIDADO DA PESSOA IDOSA

Introdução:

A atuação do enfermeiro na atenção a saúde da pessoa idosa, tem por objetivo previnir a doença,promover
e recuperar a saúde. Dentre estas ações, devemos atentar para:

• Realizar atenção integral às pessoas idosas;


• Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
• Realizar consulta de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional rápida com instrumentos
complementares, e se necessário, solicitar avaliação médica e matriciamento com o NASF, avaliando
a necessidade de encaminhamento ao Geriatra;
• Supervisionar e coordenar o trabalho dos ACS e da equipe de enfermagem;
• Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais profissionais da
equipe e com apoio do NASF;
• Orientar o idoso, seus familiares e/ou cuidador sobre a correta realização dos cuidados
necessários(curativos,banho,alimentação,medidas de conforto,riscos de queda,adaptação domiciliar).

Na consulta de enfermagem:

O enfermeiro deverá estar atento para identificar aspectos positivos e negativos de sua saúde, avaliar
incapacidades, limitações, de modo que possa promover uma atenção efetiva, e encaminhamentos necessários,
visando promover o funcionamento mais satisfatório e prevenir a incapacitação e dependência. É fundamental
que durante a consulta seja utilizado:

• Abordagem individual, centrada na pessoa idosa;


• Considerar o idoso como participante do cuidado e no controle e tratamento de sua doença;
• Enfatizar a capacidade funcional do idoso.

Realizar a SAE e registrar no PEP, todos as orientações/cuidados implementados.

197
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

19. POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA (MORBIMORTALIDADE)

A promoção do envelhecimento ativo e saudável e a manutenção da capacidade funcional das pessoas


idosas são norteadores das ações da Atenção à Saúde da Pessoa Idosa.
É muito importante que o enfermeiro reflita sobre o conceito e o preconceito sobre o“idoso” e os desafios
dessa etapa do ciclo de vida. Promovendo um acolhimento pautado:

-- Estabelecimento de relação respeitosa;


-- Comunicar-se diretamente com o idoso;
-- Chamar a pessoa idosa por seu nome e manter contato visual, preferencialmente, de frente e
em local iluminado, considerando um possível declínio visual ou auditivo;
-- Utilizar linguagem clara.

Envelhecimento saudável e ativo – O envelhecimento não é sinônimo de incapacidades e


dependência, mas de maior vulnerabilidade;

19.1. Diagnóstico de Saúde da Pessoa Idosa no Território.

Com o cadastramento das famílias no território se realiza o diagnostico de saúde do território, identifica o
numero de idosos e se propõe o acompanhamento de todos as pessoas idosas (60 anos ou mais) da área de
abrangência da Equipe de Saúde da Família.
Após a estratificação de risco o Enfermeiro deve agendar e realizar consulta de enfermagem para os idosos
robustos e os idosos frágeis. Já a abordagem domiciliar de enfermagem deve ser realizada para todos os idosos
impossibilitados de comparecer à unidade. Elaborando um projeto terapêutico singular da pessoa idosa.

198
5 - SAÚDE DO IDOSO

FLUXOGRAMA 37. A estratificação de risco de todos os idosos cadastrados pela equipe

CLASSIFICAÇÃO CLINICO-FUNCIONAL DOS IDOSOS

IDOSO FRÁGIL DE IDOSO EM FASE


IDOSO ROBUSTO IDOSO FRÁGIL
ALTA COMPLEXIDADE FINAL DE VIDA

IDOSO PORTADOR DE DECLÍNIO FUNCIONAL


DECLINIO FUNCIONAL IMINENTE DECLINIO FUNCIONAL ESTABELECIDO
IMININENTE OU ESTABELECIDO ASSOCIADO
COM:
- ALTO GRAU DE COMPLEXIDADE CLÍNICA;
- PORTADOR DE POLI-INCAPACIDADES;
- DUVIDA DIAGNÓSTICA OU TERAPEUTICA;
IDADE ≥ 80 ANOS INCAPACIDADE COGNITIVA

POLIPATOLOGIA: ≥ 5 DIAGNÓSTICOS POLIPATOLOGIA: ≥ 5 DIAGNÓSTICOS

POLIFARMACIA
≥ 5 DROGAS /DIA INSTABILIDADE POSTURAL

SUBNUTRIÇÃO OU EMAGRECIMENTO
IMOBILIDADE
SIGNIFICATIVO RECENTE

INTERNAÇÕES RECENTES INCONTINENCIA ESFINCTERIANA

IRISCO PSICO-SOCIO-FAMILIAR
ELEVADO INCAPAIDADE COGNITIVA
(INSUFICIENCIA FAMILIAR)

(FLETCHER et al., 2004)

199
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

IDOSO ROBUSTO

UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE


- ACOLHIMENTO;
- ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO

IDOSO FRÁGIL

AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL RÁPIDA DA PESSOA IDOSA (CAB 19. P.48)

Este instrumento faz uma síntese da estrutura da avaliação multidimensional da pessoa idosa
que poderá ser realizada nas Unidades Básica de Saúde. Representa uma avaliação rápida que
pode ser utilizado para identificar problemas de saúde condicionantes de declínio funcional em
pessoas idosas. Indica, quando necessário, a utilização de outros instrumentos mais complexos, que
estão em anexo.
No entanto, qualquer instrumento tem limitações e, por si só, não é suficiente para o diagnóstico.
Devendo ser tomado como complementar e não utilizado de forma mecânica. Nada substitui a escuta
qualificada realizada por profissional de saúde habilitado e a investigação de todos os aspectos
(familiares, sociais, culturais, econômicos, afetivos, biológicos, etc) que envolvem a vida da pessoa.
Os problemas identificados, caso não sejam adequadamente tratados, podem conduzir à
situações de incapacidade severa - imobilidade, instabilidade, incontinência, declínio cognitivo -
colocando o idoso em risco de iatrogenia.

200
5 - SAÚDE DO IDOSO

ÁREA AVALIADA AVALIAÇÃO BREVE ENCAMINHAMENTOS

Refere perda de peso ou apresenta IMC


O/A Sr/a perdeu mais de 4kg no último
alterado nos extremos (desnutrição ou
NUTRIÇÃO ano, sem razão específica? _____
obesidade). Encaminhar ao nutricionista para
Peso atual:_kg Altura:_cm IMC =_
a avaliação nutricional detalhada

O/a Sr/a tem dificuldade para dirigir, ver


TV ou fazer qualquer outra atividade de vida Se houver incapacidade de ler alem de
VISÃO diária devido a problemas visuais? 20/40 no cartão de Jaeger, encaminhar ao
Se sim, aplicar o cartão de Jaeger: oftalmologista
Olho Direito:_ Olho Esquerdo:_

Aplicar o teste do sussurro, pág. 137 A


pessoa idosa responde a pergunta feita? Na ausência de cerume e caso a pessoa
AUDIÇÃO Ouvido Direito: Ouvido Esquerdo: idosa não responda ao teste, encaminhar ao
Se não, verificar a presença de cerume. otorrinolaringologista.

OD: _____ OE: _____


O/A Sr/a, às vezes, perde urina ou fica
molhado/a?
Pesquisar a causas. Ver capítulo de
INCONTINÊNCIA Se sim, pergunte: Quantas vezes? Isso
incontinência urinária (pág. 30)
provoca algum incomodo ou embaraço?
Definir quantidade e freqüência.
Se sim, fornecer informações essenciaissobre
O/A Sr/a tem algum problemas na
as alterações da sexualidade. Identificar
ATIVIDADE SEXUAL capacidade de desfrutar do prazer nas
problemas fisiológicos e/ou psicológicos
relações sexuais?
relacionados.
O/A Sr/a se sente triste ou desanimado/a Se sim, Aplicar a Escala de Depressão
HUMOR/ DEPRESSÃO
frequentemente? Geriátrica (pág 142)

201
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

Se for incapaz de repetir os 3 nomes,


aplique o MEEM. Complementando esse,
pode ser aplicado o teste do Relógio (pág.
Solicitar à pessoa idosa que repita o nome 138), Teste de Fluência verbal (pág. 138) e
COGNIÇÃO E
dos objetos: Mesa Maça Dinheiro o Questionário de Pfeffer (pág. 138).
MEMÓRIA
Após 3 minutos pedir que os repita Caso, ao final dos testes, ainda haja
dúvidas acerca do diagnóstico, a pessoa
idosa deverá ser encaminhada para testes
neuropsicológicos mais elaborados.

Proximal: Ver se a pessoa idosa é capaz de Incapacidade de realizar o teste – fazer


tocar a nuca com ambas as mãos. exame completo dos MMSS. Atenção
FUNÇÃO DOS MMSS Distal: Ver se a pessoa idosa é capaz de para dor, fraqueza muscular e limitação de
apanhar um lápis sobre a mesa com cada movimentos. Considerar possibilidade de
uma das mãos e colocá-lo de volta fisioterapia (após teste).

Incapacidade de realizar o teste - fazer


Ver se a pessoa idosa é capaz de:
exame completo dos MMII. Atenção para
Levantar da cadeira: dor, fraqueza muscular e limitação de
FUNÇÃO DOS Caminhar 3,5m: movimentos. Aplicar escala de avaliação do
MMII Voltar e sentar: equilíbrio e da marcha de Tinneti (página xx)
e Medida de Independência Funcional – MIF
Atenção para dor, amplitude de movimentos,
(pág. 148). Considerar possibilidade de
equilíbrio e avaliação da marcha.
fisioterapia (após teste).
Sem auxílio, o/a Sr/a é capaz de:
Sair da cama? Vestir-se? Preparar suas Na presença de limitações, instituir
refeições? Fazer compras? intervenções de saúde, sociais e ambientais
ATIVIDADES
Se não > Determinar as razões da apropriadas. Aplicar escala de avaliação
DIÁRIAS
incapacidade (comparar limitação física com de MIF(pág. 148), de Katz (página 145) e
motivação), solicitar informações junto aos escala de Lawton (pág. 147).
familiares.

202
5 - SAÚDE DO IDOSO

Sim para escada ou tapete e Não para


Na sua casa há: Escadas? Tapetes soltos?
DOMICÍLIO corrimão – Avaliar a segurança domiciliar e
Corrimão no banheiro?
instituir adaptações necessárias.

Orientar prevenção, ver capítulo de quedas


QUEDA Quantas vezes?
(pág. 37)

Alguém poderia ajudá-lo/a caso fique doente


ou incapacitado? Identificar, com o agente comunitário de
saúde ou em visita domiciliar, a família/rede
Quem poderia ajudá-lo/a?
SUPORTE SOCIAL de pessoas que possam apoiá-lo/a. Realizar
Quem seria capaz de tomar decisões de APGAR de família (pág. 168) e ECOMAPA
saúde pelo/a Sr/a caso não seja capaz de (pág. 174).
fazê-lo?

Médico/Enfermeiro (ESF)
Avaliação Multidimensional Rápida
Formulação das hipóteses diagnósticas

NASF + ESF
(Avaliação multidimensional por
equipe multiprofissional)

ELABORAÇÃO DO PLANO TERAPÊUTICO SINGULAR

203
Fascículo Enfermagem no Cuidado dos Ciclos de Vida no Contexto da Atenção Primária à Saúde

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

204
SAÚDE DA CRIANÇA
SAÚDE DO ADOLESCENTE

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SAÚDE DO HOMEM
CUIDADO DA PESSOA IDOSA

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212

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