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"A MEGERA DOMADA" - WILLIAN SHAKESPEARE LUCÊNCIO: Conte-me então!

TRÂNIO: Será o professor e cuidará da educação da jovem.


LUCÊNCIO: Mas quem faria o meu papel aqui em Pádua, como estudante? 
 ATO I TRÂNIO: Eu mesmo! Enquanto fico aqui fingindo ser Lucêncio, você se disfarçará de
professor vindo de Pisa. Quando Biondello chegar, eu irei com ele.
CENA I LUCÊNCIO: Aí vem ele... (Entra Biondello.) Porque demorou tanto?
BIONDELLO: Estive... Ocupado... Senhor...(voz de bêbado)
(Pádua. Uma praça pública. Entram Lucêncio e Trânio.)
LUCÊNCIO: Deus me dê paciência! Escute bem, Trânio fingirá ser eu, enquanto eu fingirei
LUCÊNCIO: Trânio, meu amigo fiel, chego cheio de esperança! Graças a Deus tenho a sua
ser outro. Você irá servir Trânio, como servisse a mim, entendeu?
companhia. Mas confesso que estou me sentindo um peixe fora d'água, aqui em Pádua.
BIONDELLO: Eu, senhor? Nem uma palavra.
Acabo de chegar de Pisa, minha terra natal, a fim de estudar, e preciso do seu conselho
LUCÊNCIO: Vamos tentar de novo! Trânio transformou-se em Lucêncio.
TRÂNIO: Ora meu senhor, busque muito, muito mais! Aproveite o prazer da vida! Estude
BIONDELLO: Melhor para ele. Quem dera fosse eu...
apenas o que lhe agradar.
LUCÊNCIO: Agora vamos. Trânio: só falta ainda uma coisa a ser feita, você deve se
LUCÊNCIO: Ótimo conselho! Obrigado! Ainda temos que esperar Biondello, que nos
apresentar também como um dos pretendentes. Logo te explicarei o motivo! (Saem).
oferecerá hospedagem aqui em Pádua. Mas, espera um pouco; quem será essa gente?
(Entra Batista com as duas filhas, Catarina e Bianca; Grêmio, um pantalão. E Hortênsio,
CENA II
pretendente a Bianca. Lucêncio e Trânio põem-se de lado.)
(Diante da casa de Hortênsio. Entram Petrucchio e Grúmio.)
BATISTA: Senhores, não me aborreçam mais! Já disse que Catarina terá que se casar antes
PETRUCCHIO: Finalmente! Cheguei à casa de Hortêncio! Grúmio, bate! Estou mandando.
da jovem Bianca! Se um dos dois gostar de Catarina, podem cortejá-la.
GRÚMIO: Bater, senhor? Bater em quem? Alguém ofendeu Vossa Senhoria?
GRÊMIO: Ou esquartejá-la? Amarrá-la?
PETRUCCHIO: Bata logo!
CATARINA: (A Batista.) Eu pergunto, senhor, devo ser brinquedo desses dois palhaços!
GRÚMIO: Bater em vós, senhor? Oh, senhor! Quem sou eu para bater em vós? 
HORTÊNSIO: Pretendentes, mocinha! Se continuar assim nunca terá um!
PETRUCCHIO: Na porta, idiota! Ou eu mesmo baterei na sua cabeça e nesse caso bato eu
CATARINA: O senhor está mais para um bobo de circo.
sem dó, para ouvir-te cantar sol, mi, lá, dó. (Puxa as orelhas de Grúmio.)
HORTÊNSIO: Deus me livre!
GRÚMIO - Socorro, gente!(corre em círculos.)
GRÊMIO: E a mim também, meu Deus.
(Entra Hortênsio.)
TRÂNIO: (À parte, para Lucêncio.) Essa aí é uma doida.
HORTÊNSIO: Que é isso? Ah! Petrucchio!
LUCÊNCIO: (À parte, para Trânio.) Mas a outra irmã é uma beleza!
PETRUCCHIO: Um momento, Hortêncio! Deixa eu acertar esse infeliz primeiro! 
TRÂNIO: (À parte, para Lucêncio.)É... Dá pro gasto...
GRÚMIO: Ora bolas! Ele mandou que eu batesse nele, que o surrasse com força. 
BATISTA: Bianca, para dentro. E não fique aborrecida, continuo a te amar mais do que
HORTÊNSIO: Calma, Petrucchio, Vamos entrar! Enquanto isso, me conta o que te trouxe
nunca, minha filha.
aqui em Pádua. 
CATARINA: É tão mimada! É só enfiar-lhe um dedo no olho e deixará de ser tão
PETRUCCHIO: Meu pai morreu, e agora eu viajo pelo mundo, esperando encontrar sorte
delicadinha.
melhor no casamento. 
BIANCA: Que horror, Catarina, como pode ficar feliz com minha tristeza? Mas, como filha
HORTÊNSIO: Mas que beleza! Petrucchio, devo te apresentar uma mulher, que mais parece
obediente, respeito a sua ordem, meu pai.
uma fera? Mas posso garantir que é rica; sim, muito rica. Mas entenderei se não tiver
HORTÊNSIO: Não queríamos aborrecer...
coragem... 
GRÊMIO: Não precisa puni-la! Pune essa bruxa!
PETRUCCHIO: Ora essa! Vim para casar-me, para uma noiva rica achar em Pádua; sendo
BATISTA: Aceitem, senhores! Entra, Bianca! (Sai Bianca.) Contratarei professores de poesia
rica, feliz serei. 
e musica para distraí-la. Adeus. Você pode ficar, Catarina. (Sai)
GRÚMIO: Esse aí aceita até uma égua por esposa, desde que tenha dinheiro na bolsa. 
CATARINA: Ué, e por que não vou embora também? Como se alguém pudesse me dizer o
HORTÊNSIO: Bom Petrucchio, o único defeito desta mulher é ser brava, teimosa e
que fazer!(Sai)
cabeçuda!
HORTÊNSIO: Tive uma grande idéia!
PETRUCCHIO: Basta me dizer o nome do pai dela, e pronto.
GRÊMIO: Que ideia?
HORTÊNSIO: O pai é Batista Minola, e o nome dela é Catarina Minola.
HORTÊNSIO: Arranjar um marido para a irmã mais velha.
PETRUCCHIO: Conheço o pai, foi muito amigo do meu pai defunto. Não durmo, Hortênsio,
GRÊMIO: E existe alguém tão louco para casar com aquele dragão cuspidor de fogo? Eu
sem a ver primeiro e você irá comigo.
prefiro ser chicoteado!
HORTÊNSIO: Mas antes precisa me fazer um favor: Irá me apresentar como um perito
HORTÊNSIO: Vamos pensar positivo! E então, aceita?
professor de música. Assim poderei fazer a corte secretamente a Bianca!
GRÊMIO: Aceito! (saem)
GRÚMIO: Patrão, patrão, olha! Quem é que vem chegando?
TRÂNIO: Mas que dois malucos! Nunca que vão achar alguém para aquele demônio! 
(Entram Grêmio e Lucêncio.)
LUCÊNCIO: Nada mais me interessa! Bela Bianca! Acho que fui fisgado. 
TRÂNIO: Senhor! Se a ama, devemos traçar um bom plano! 

1
GRÊMIO: (falando baixinho para Lucêncio) E então durante as aulas você falará bem de BATISTA: Sim, tenho uma filha desse nome.
mim para ela... PETRUCCHIO: Senhor, tendo ouvido falar de sua filha, tomei a ousadia de apresentar-me
LUCÊNCIO: Sim senhor... sem cerimônia. Trago comigo um ilustre mestre, que poderá ser professor de sua filha.
HORTÊNSIO: É meu rival! Fica distante, Petrucchio! Senhor Grêmio, salve! Aceite essa cortesia. Ele se chama Lício e é natural de Pádua.
GRÊMIO: Oh! Que bela coincidência! Advinha? Vou agora mesmo para a casa de Batista. BATISTA: Fico grato! Mas gostaria de saber mais sobre o senhor. 
Prometi-lhe que encontraria um bom professor para Bianca e aqui está ele.  PETRUCCHIO: Eu? Sou Petrucchio; meu pai foi Antônio, em toda a Itália muito conhecido.
HORTÊNSIO: Sobre o nosso pequeno plano: Encontrei este caro senhor (aponta Petrucchio) BATISTA: Ah sim! Conheço bem seu pai!
que aceitou cortejar Catarina! GRÊMIO: Acho que Petrucchio já falou demais! Também gostaria de apresentar uma
GRÊMIO: Mas você contou a ele sobre aquele pequeno problema da moça? gentileza: Trago comigo também um grande mestre da Literatura. (apresenta Lucêncio)
PETRUCCHIO: Já sei que é uma megera. Se é só isso, meus senhores, não vejo Chama-se Câmbio.
inconveniente.  BATISTA: Obrigado, senhor Grêmio. Bem-vindo, Câmbio. (A Trânio.) Mas, quem será este
GRÊMIO: Já que é assim... senhor?
(Entram Trânio, ricamente trajado, e Biondello.) TRÂNIO: Perdão, sou Lucêncio e apresento-me como pretendente à mão da bela e virtuosa
TRÂNIO: Saudações, senhores! Podem me dizer qual o caminho para ir à casa do senhor Bianca.
Minola? BATISTA: De que cidade veio?
GRÊMIO: Qual o interesse? Não é mais um pretendente, não é? TRÂNIO: De Pisa. Meu pai, Vicêncio, é um mercador muito conhecido. 
TRANIO: Jamais, senhor. Mas soube que têm duas donzelas a procura de um marido: uma, BATISTA: Seu pai é um grande homem em Pisa. Também é bem vindo em minha casa!
famosa pela língua afiada; a outra pela modéstia encantadora. Senhores, podem começar suas aulas!
PETRUCCHIO: A primeira, pode tirar o olho! Já tem dono! (Entra um criado que sai com Hortênsio, Lucêncio e Biondello.)
HORTÊNCIO: Se for assim, quando a mais nova estiver livre, todos poderemos cortejar-la. PETRUCCHIO: Desculpe, senhor Batista, mas o meu tempo é curto e preciso saber apenas
TRÂNIO: Estamos combinados então! (Saem.) uma coisa: Se eu conseguir o amor de sua filha, qual será o dote? 
BATISTA: Vinte mil coroas e metade dos meus bens depois que morrer. 
ATO II PETRUCCHIO: Então está feito. Se eu receber um sim de Catarina, o senhor me da sua mão
  em casamento!
CENA I  BATISTA: Boa Sorte!
(Pádua. Um quarto em casa de Batista. Entram Catarina e Bianca.)  (Volta Hortênsio, com a cabeça quebrada.)
BIANCA: Catarina, porque fica me rodeando e me importunando tanto? HORTÊNSIO: Sua filha como musicista é um ótimo soldado de guerra!
CATARINA: Não se faça de inocente! Pode me dizer logo qual dos dois pretendentes você BATISTA: Não conseguiu dobrá-la com a música?
mais gosta. HORTÊNSIO: Não, ela que me dobrou primeiro. Eu só disse que ela tocava a nota errado e
BIANCA: Juro que não gosto deles! então ela me acertou com o alaúde!(sai)
CATARINA: Mentira! É Hortênsio? PETRUCCHO: Agora sei que escolhi a mulher perfeita para mim!
BIANCA: Não! BATISTA: Senhor Petrucchio, quer que chame Catarina?
CATARINA: Quer o mais rico, Grêmio!  PETRUCCHIO: Aqui a receberei!
BIANCA: Você só pode estar com ciúmes! Deveria ser mais mansa, e então acharia alguém (Sai Batista)
para casar! (Entra Catarina.)
(entra Batista) PETRUCCHIO: Olá minha doce Cat!
BATISTA: Que é isso? Não quero saber de briga! CATARINA: Por acaso é algum retardado?! Meu nome é Catarina. Doce é a sua mãe! 
CATARINA: Ela mente e isso me irrita! Vou me vingar! (Faz menção de pegar Bianca. PETRUCCHIO: Para mim é a superdoce Cat, a cocada mais doce! Cantarei sua beleza para
Batista protege Bianca) todo o mundo!
BATISTA: Entra, Bianca.(Sai Bianca.) CATARINA: Deus me livre desse seu canto de gralha desafinada! Volta para o buraco de
CATARINA: Você a ama mais! Agora vejo! Vou embora e não preciso de marido ou quem onde veio!
quer que seja!(Sai.) PETRUCCHIO: Que Vespa!
BATISTA: Eu atirei pedra na Cruz! CATARINA: Sendo eu vespa, cuidado com o meu ferrão!
 (Entra Grêmio, com Lucêncio vestido pobremente, Petrucchio, com Hortênsio, disfarçado PETRUCCHIO: Há remédio para isso: arranco-o logo.
como professor de música, e Trânio, com Biondello, que traz um alaúde e livros.) CATARINA: Não sem antes sentir o meu veneno! Adeus! 
GRÊMIO: Muitos bons dias, meu vizinho Batista. PETRUCCHIO: Não vá!
BATISTA: Bom dia a todos.  CATARINA: Só se abaixar a crista!
PETRUCCHIO: Meu bom senhor, não tem uma filha, Catarina, encantadora e muito PETRUCCHIO: Então serei seu galo e você a minha franguinha.
virtuosa?  CATARINA: Tão moço e tão demente.

2
PETRUCCHIO: Por São Jorge! Sou muito moço mesmo.  (Entra um criado.)
CATARINA: E já tão enrugado. CRIADO - Senhora, seu pai pede que ajude sua irmã a enfeitar o quarto para o casamento.
PETRUCCHIO: Vamos; estou falando sério: não fuja de mim. BIANCA - Adeus, meu mestre.
CATARINA: Vai dar ordem, cretino, aos seus criados. (Sai Bianca e o criado para um lado e Lucêncio pelo outro.)
PETRUCCHIO: Justamente, querida Cat. Mas deixando de lado toda nossa doce conversa,
preciso te avisar que seu pai me concedeu sua mão em casamento; combinamos o dote. E CENA II
agora, mesmo que não queira, eu serei seu marido!
(Voltam Batista, Grêmio e Trânio. Interrompem a conversa)
(Entram Batista, Grêmio, Trânio, Catarina, Bianca, Lucêncio e criados.)
BATISTA: Então, como foi a conversa? 
BATISTA (a Trânio): Onde se meteu Petrucchio? Hoje é o dia do casamento e nem sinal
PETRUCCHIO: Melhor impossível!
dele!
BATISTA: E você Catarina, como está?
CATARINA: Bem que eu avisei que ele era louco varrido!
CATARINA: Como se o senhor se importasse! Depois de me obrigar suportar esse lunático
TRÂNIO: Paciência, Catarina. Petrucchio tem boas intenções. É homem de palavra e muito
quer ainda me empurrá-lo como marido!
honesto.
PETRUCCHIO: Pai, o negócio é assim: Deixamos combinado casarmo-nos no próximo
(Sai Catarina seguida de Bianca. Entra Biondello.)
domingo.
BIONDELLO: Senhor, senhor! Novidade! Petrucchio está a chegar!
CATARINA: Neste dia te quero ver pendurado na forca. 
BATISTA: Graças a Deus ele já está em caminho! 
PETRUCCHIO: Combinamos que em companhia de outras pessoas ela continuaria
(Entram Petrucchio e Grúmio vestidos de bobos da corte..)
linguaruda. Mas a sós ela me tem muito amor! Vou a Veneza comprar a roupa para o
PETRUCCHIO: Todos prontos?
casamento. Podem fazer os preparativos!
BATISTA: Que roupas são essas?
BATISTA: Estou confuso! Mas se é assim que desejam os dois... 
PETRUCCHIO: Vim cumprir a palavra; é o que importa! Onde está Catarina? 
GRÊMIO E TRÂNIO: Seremos os padrinhos. TRÂNIO: Não pode ser visto assim por Catarina!
PETRUCCHIO: Pai, esposa, cavalheiros, adeus. Agora um beijo no teu caro esposo.(sai PETRUCCHIO: Assim, desejo vê-la. 
Catarina pelo outro lado. Logo depois Petrucchio) BATISTA: Sendo assim, não vejo outra opção se não começarmos o casamento. 
GRÊMIO: Desejo-lhes sorte. Mas agora vamos falar sobre Bianca? (Saem Petrucchio, Grêmio, Biondello,Batista, Grêmio e criados.)
TRÂNIO: Sim, precisamos decidir terá a honra de se casar com ela! TRÂNIO: Estamos quase lá! Precisamos apenas de um homem para fingir ser Vicêncio de
BATISTA: Eu já tenho uma solução: O que oferecer o maior dote ganhará a sua mão! Pisa que distraíra o pai de Bianca. Logo, você, o verdadeiro Lucêncio poderá fugir com o
seu amor.
TRÂNIO: Tenho uma renda de dois mil ducados por terra; tendo duas propriedades em
LUCÊNCIO: E então nos casaremos secretamente!
Pádua e três em Pisa.  (Conversam baixo até a chegada de Grêmio.)
GRÊMIO: Dois mil ducados anuais por terra? Minhas terras não dão tamanha renda...  TRÂNIO: E então, como foi o casamento?
BATISTA: Já me decidi: No outro domingo Bianca se casará com o senhor Lucêncio. Adeus. GRÊMIO: Um desastre! Quando o padre perguntou se Petrucchio aceitava a noiva como
(sai) esposa, ele gritou: "Sim, pelo raio!", assustando o padre, que deixou a bíblia cair, tropeçou
GRÊMIO: Você venceu. Desisto! (Sai.) no altar e rolou igreja a fora. A moça ficou sem fala e seu silêncio acabou sendo tomado por
emoção. Logo, estão casados! Nunca houve casamento tão maluco!
TRÂNIO: Agora eu preciso de um pai falso para firmar esse noivado falso! Deus me ajude!
(Ouve-se música. Voltam Petrucchio, Catarina, Bianca, Batista, Hortênsio, Grúmio e
(Sai.) séqüito.)
PETRUCCHIO: Infelizmente teremos que partir agora mesmo! Adeus a todos e muito
ATO III obrigado!
CATARINA: Vamos ficar.
PETRUCCHIO: Infelizmente, não.
CENA I
CATARINA: Vamos! Fica se me ama
PETRUCCHIO: Fico feliz por pedir para ficar, mas não ficamos. 
(Pádua. Um quarto em casa de Batista. Entram Lucêncio e Bianca.) CATARINA: Pois muito bem. Eu ficarei! E quero ver quem me tira daqui. 
BIANCA: Onde paramos ontem? PETRUCCHIO: Todos irão jantar, mas a minha esposa encantadora deverá ir comigo. (pega
LUCÊNCIO: Neste ponto, senhorita. (mostra o livro). Catarina no colo e a leva embora)
BIANCA: Pode traduzir para mim?  GRÊMIO: Se demorassem mais, eu morreria de tanto rir.
LUCÊNCIO: "Como já vos disse durante esses dias que temos estado juntos, eu me chamo TRÂNIO: Casamento tão louco assim, nunca houve. 
Lucêncio, filho de Vicêncio de Pisa, disfarçado para alcançar vosso amor. E o Lucêncio que BIANCA: Foi uma louca que desposou um louco. 
se apresentou para vos fazer a corte, é meu criado Trânio, que tomou o meu nome, para BATISTA: Bom, ainda temos um banquete nos esperando.(Saem.)
melhor enganarmos os outros pretendentes." 
BIANCA: Vamos ver agora se eu sei traduzir: "Não vos conheço; não tenho confiança em
vós; tomai cuidado para que ele não nos ouça. Mas não perca a esperança."  ATO IV

3
CENA I BIONDELLO: Um mercador, patrão, de vestes muito formais e de aparência e porte de um
verdadeiro pai. 
(Uma sala na casa de campo de Petrucchio. Entram Petrucchio e Catarina.) LUCÊNCIO: E agora, Trânio, que faremos com ele?
PETRUCCHIO: Onde estão os criados? TRÂNIO: Deixem tudo comigo! Agora, partam! 
TODOS OS CRIADOS: Aqui, senhor! (Saem Lucêncio e Bianca. Entra o professor.)
PETRUCCHIO: Aqui, senhor! Cabeças ocas! Sirvam o jantar. Vem, doce Cat; vem sentar-se PROFESSOR: Saudações, senhor.
comigo... O que é isso? Façam as coisas direito! (sai brigando com os criados. Volta logo TRÂNIO: Bem-vindo! Quanto tempo pretende ficar aqui em Pádua?
depois.) Estúpidos! Burros! PROFESSOR: Por uma ou duas semanas, nada mais. Depois, partirei para Roma.
CATARINA: Tenha paciência! TRÂNIO: De que cidade é?
PETRUCCHIO: Vamos jantar. Quem fará a oração? Eu ou você? Espere! O que é isso? Sopa? PROFESSOR: De Mântua.
PRIMEIRO CRIADO: Isso mesmo.  TRÂNIO: Mântua? Que desgraça! Pois não sabe que aqui em Pádua estão entregando ao
PETRUCCCHIO: Quem a trouxe Duque todos os mercadores de Mântua?! Está correndo grande perigo de ser preso!
PRIMEIRO CRIADO: Eu. PROFESSOR: Oh, Deus! O que farei?
PETRUCCHIO: Está péssima! Não quero! Mande embora agora mesmo! TRÂNIO: O senhor já esteve em Pisa?
(Atira ao chão a mesa, pratos, etc.) PROFESSOR: Sim, meu senhor; estive várias vezes;
CATARINA: Marido, por favor, calma! TRÂNIO: E conheceu um tal Vicêncio?
PETRUCCHIO: Não! Acho melhor jejuarmos! Vem, vamos dormir! PROFESSOR: Não, mas ouvi falar bastante nele, um mercador de bens incalculáveis.
(Saem Petrucchio e Catarina.) TRÂNIO: Pois é meu pai, senhor; e o senhor se parece muito com ele! 
GRÚMIO: Coitada da senhora, agora está ouvindo um monte de sermões do senhor BIONDELLO (à parte): Assim como uma ostra se parece com uma batata.
Petrucchio! Acho que ele não a deixará dormir de tanto que fala!(Sai.) TRÂNIO: Logo, poderá fingir ser meu pai, Vicêncio, até que consiga seguir viagem para
(Volta Petrucchio.) Roma.
PETRUCCHIO: Meu plano está correndo perfeitamente! A deixarei acordada a noite inteira PROFESSOR: Muito obrigado, senhor!
com os meus gritos. Até agora ela não comeu nada, e vai ficar assim o dia todo. Na última TRÂNIO: Mas preciso que me faça um favor primeiro... Vou te explicar tudo no caminho...
noite não dormiu, nem vai dormir esta noite. E não me julguem!(para o público) Se alguém (Saem)
sabe como amansar melhor uma megera, venha ensinar-me, que aqui fico à espera!(Sai.)
CENA III
CENA II
(Um quarto em casa de Petrucchio. Entram Catarina e Grúmio.)
(entram Lucêncio e Bianca.) GRÚMIO: Não, não! O patrão disse não!
LUCÊNCIO: Como anda a sua leitura, senhorita?  CATARINA: Mas estou há dias sem comer algo decente! Estão a base de pão e água!
BIANCA: Muito bem. E meu mestre, que tem lido?  Preciso comer alguma coisa!
LUCÊNCIO: A arte de amar, porque você é a dona do meu coração. (se abraçam e ficam ao GRÚMIO: Acho que posso conseguir um bom assado de carneiro, com ervas frescas e uma
fundo)  boa taça de vinho.
(entra Hortêncio e Trânio) CATARINA: Está perfeito. 
HORTÊNSIO: Meu coração está partido! Tantas vezes tentei conseguir o amor da bela GRÚMIO: Mas não posso! O patrão me chutaria o trazeiro...
Bianca e tantas vezes fracassei! Agora renuncio a esse amor e desisto de fazer-lhe a corte. CATARINA: Eu vou chutar o seu trazeiro se não conseguir algo para eu comer agora
Vou me casar com uma viúva rica, que mesmo ranzinza sempre foi fiel! Petrucchio vai me mesmo!
dar algumas dicas! Adeus meu amigo. (Entram Petrucchio, com um prato de comida, e Hortênsio.)
 (Sai Hortênsio.) PETRUCCHIO: Como vai minha doce Cat? Olha o que eu trouxe! Fiz especialmente para
(Lucêncio e Bianca vêm para a frente.) meu docinho de coco.
TRÂNIO: Meus amigos! Tenho ótimas noticias! Hortênsio renunciou à mão de Bianca! HORTÊNSIO: Como vai, senhora?
BIANCA: Graças a Deus! Que alegria! CATARINA: Fria e verde de fome.
(Entra Biondello, a correr.) PETRUCCHIO: Ora, se quer comer, é só pedir por favor!
CATARINA: Por favor, senhor.
BIONDELLO: Patrão! Finalmente consegui encontrar um bom senhor para fazer o papel de HORTÊNSIO: Farei companhia a senhorita.
Vicêncio, seu pai! PETRUCCHIO (à parte): Preciso que coma tudo Hortênsio! (Alto.) E agora, meu doce amor,
precisamos voltar a casa de seu pai. Antes, vamos escolher belos trajes para você.
TRÂNIO: Quem é ele, Biondello?  (Entra o modista e o alfaiate.)
PETRUCCHIO: O que trouxe para nós, modista?

4
MODISTA: Este belo lenço. PETRUCCHIO: Parem todos. Vamos ficar aqui até que Catarina concorde comigo.(senta no
PETRUCCHIO: Como! Está horrível! O pano é ruim e o desenho tosco! Leva! chão).
CATARINA: Não, não! Eu quero esse!  HORTÊNSIO: Concorda, por favor, se não nunca sairemos dessa estrada.
PETRUCCHIO: Quando for gentil, terá um desses; antes, não. CATARINA: Certo. Então é a lua. Podemos ir?
(Sai o modista.) PETRUCCHIO: Não, porque não é Lua! Está ficando doida? Este é o sol!
PETRUCCHIO: Agora o vestido! CATARINA: Vejo que é o sol, mesmo.
ALFAIATE: Um belo vestido encomendado pela senhora. Todo trabalhado ricamente. PETRUCCHIO: Está mentindo, porque eu acabo de dizer que é a Lua.
PETRUCCHIO: Para mim parece uma lona de circo! É ridículo! CATARINA: Pode ser o que você quiser, sol, lua, estrela, vela. O que for. O que disser eu
HORTÊNSIO (à parte): Pelo que estou vendo, não pegará nem lenço nem vestido. concordarei.
CATARINA: Nunca tive um vestido tão bem feito! Quero este! Agora! HORTÊNSIO: Podemos seguir agora?
PETRUCCHIO: Em resumo, senhor: esse vestido não é para mim. PETRUCCHIO: Avante!
GRÚMIO: Claro que não, é para a patroa! (Entra Vicêncio, em trajes de viagem.)
PETRUCCHIO: Pode levar embora! (à parte) Hortênsio, paga o vestido e o lenço assim que PETRUCCHIO: (A Vicêncio,) Bom dia, gentil senhora! (para Catarina) Não vai cumprimentar
sair!(Ao alfaiate.) Pode ir embora. esta gentil senhora, Catarina?
HORTÊNSIO (à parte, ao alfaiate) Amanhã pagarei, amigo, a conta. CATARINA: Bom dia, gentil e meiga senhora!
(Sai o alfaiate.) PETRUCCHIO: Mas o que é isso? O sol te fez mal, minha esposa? Este é um distinto senhor.
PETRUCCHIO: Vem, querida Cat. Vamos para a casa de seu pai com essas roupas mesmo. Perdão senhor!
O que importa é o que se tem por dentro. (Saem todos.) CATARINA: Oh, sim! Desculpe-me. Bom dia, gentil senhor.
VICÉNCIO: Bom dia, meus jovens. Sou Vicêncio de Pisa e procuro o caminho de Pádua,
CENA IV onde mora o meu filho, Lucêncio.
PETRUCCIO: Ora, mas que alegria. O seu filho Lucêncio acaba de noivar com a irmã de
minha mulher e estamos todos nos dirigindo para a casa de meu sogro, onde acontecerá a
(Pádua. Diante da casa de Batista. Entram Trânio, Biondello e o professor, vestido como
festa de noivado.
Vicêncio.)
VICÊNCIO: Verdade? Oh, Deus! Irei com os senhores até a casa de seu sogro para tirar
TRÂNIO: Agora é a hora. Vejo Batista chegando. Todos em suas posições!
essa história a limpo!
(Entram Batista e Lucêncio.)
TRÂNIO: Senhor Batista, que feliz encontro. Este é meu pai, o senhor Vicêncio. Agora, pode
cumprir a sua parte no acordo. ATO V
 PROFESSOR: Aqui estou eu pronto para dar a minha benção e o dote prometido.
 BATISTA: Se é assim, fico feliz de firmar o compromisso entre seu filho e minha filha. Em CENA I
que lugar firmaremos o contrato e o noivado?
 TRÂNIO: Em meus alojamentos, nesse caso. Meu pai vai ficar lá; e ainda esta noite (Pádua. Diante da casa de Lucêncio. Grêmio passeia no outro lado.)
poderemos concluir nosso negócio com bastante sigilo e segurança. GRÊMIO: Admiro-me de Câmbio não ter ainda chegado com Bianca!
 BATISTA: Estou de acordo. Câmbio, vá chamar Bianca. (Entram Petrucchio, Catarina, Vicêncio e criados.)
 (Saem Trânio, o professor e Batista.) PETRUCCHIO: Esta é casa de Lucêncio. A de meu sogro é perto do mercado.
BIONDELLO: Esta é nossa chance, senhor! Enquanto eles estão ocupados com o contrato de VICÊNCIO: Pelo que parece, há mais gente lá dentro. (Bate.)
casamento, o senhor vai buscar Bianca e levá-la à igreja, onde o padre os espera com GRÊMIO: Estão muito ocupados; será melhor bater com mais força.
algumas testemunhas. Se ela disser sim ao senhor, poderão se casar antes do falso  (Aparece na janela o professor.)
contrato ser assinado. Preciso correr! (sai) PROFESSOR: Quem é que bate?
LUCÊNIO: Enfim chegou o momento! Que Deus nos ajude! (Sai.) VICÊNCIO: O senhor Lucêncio está, meu senhor?
PROFESSOR: Está, sim senhor; mas não pode atender a ninguém.
CENA V PETRUCCHIO: Peça que ele venha ver seu pai, senhor Vicêncio, que o espera aqui fora!
PROFESSOR: Que mentira! Eu sou o pai de Lucêncio!
(Uma estrada pública. Entram Petrucchio, Catarina, Hortênsio e criados.) PETRUCCHIO: Ora que eu não estou entendendo mais nada!
PETRUCCHIO: Mas que bela lua nos ilumina o caminho para a casa de seu pai, doce Cat! (Volta Biondello.)
CATARINA: Você está surtando? Este é o sol, seu jumento! BIONDELLO: (para o público) Os dois já estão juntos na igreja... Meu velho amo Vicêncio
PETRUCCHIO: Pois eu digo que é Lua. aqui em Pádua? Agora ferrou tudo!
CATARINA: É o sol. VICÊNCIO (percebendo Biondello): Vem aqui, corda de forca!
BIONDELLO: Tenho liberdade de movimentos, meu caro senhor.
VICÊNCIO: Então, já se esqueceu de quem eu sou?
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BIONDELLO: Pois eu nunca o vi mais gordo!  
VICÊNCIO: Ah! é assim? (Bate em Biondello.) TODOS: Viva.
BIONDELLO: Socorro! socorro! Querem me matar. (Sai.) PETRUCCHIO: Hortêncio, meu amigo, vejo que fisgou a sua viúva!
HORTÊNSIO: Desejo que seja verdade o que diz.
PROFESSOR: Socorro, filho! Socorro, senhor Batista! (Retira-se da janela.)
PETRUCCHIO: Por quê? Está com medo da viúva?
PETRUCCHIO: Catarina, vamos ficar de lado, para vermos o fim desta história! VIÚVA: Não sou motivo para ser o medo de ninguém!
(Entram o professor, Batista, Trânio e criados.) CATARINA: Isso é o que a senhora pensa!
VICÊNCIO: Trânio? O que faz vestido como meu filho Lucêncio? BIANCA: Senhoras, hoje é dia de festa e comemoração. Que tal entrarmos e ouvirmos um
TRÂNIO: Quem é o senhor? pouco de música?
BATISTA: Será que é louco? (Saem Bianca, Catarina e a viúva.)
VICÊNCIO: Como não sabe quem sou? Eu te acolhi quando estava nas ruas e te criei junto BATISTA: Mas falando, filho Petrucchio, seriamente: Penso que você ficou com a megera da
família, no final.
ao meu filho! Como se atreve!
PETRUCCHIO: Bem; não direi que não. Mas como prova, cada um de nós mandará chamar
PROFESSOR: Fora! fora, seu maluco furioso! O nome dele é Lucêncio; é o meu único filho e a esposa. A que atender ao chamado ganhará o prêmio que combinarmos.
herdeiro de tudo o que possuo. HORTÊNSIO: Muito bem. E o valor?
VICÊNCIO: Lucêncio! Oh! Ele assassinou o amo! Ele matou meu filho! LUCÊNCIO: Vinte coroas.
TRÂNIO: Chamem um oficial de justiça. PETRUCCHIO: Vinte coroas? Isso arriscaria no meu cão de caça.
(Sai um dos criados e volta com um oficial de justiça.) LUCÊNCIO: Então, cem.
VICÊNCIO: Não podem me prender, eu sou o verdadeiro Vicêncio! HORTÊNSIO: Muito bem.
PETRUCCHIO: Está fechado.
GRÊMIO: Espere um pouco, oficial; essa história está muito estranha!
HORTÊNSIO: Quem começa?
BATISTA: Leve esse velho tonto! LUCÊNCIO: Eu! Vai, Biondello; diga a Bianca que eu a espero aqui no salão.
(Volta Biondello com Lucêncio e Bianca.) BIONDELLO: Perfeitamente.
BIONDELLO: Estamos perdidos! (Sai.)
LUCÊNCIO (ajoelhando-se): Pai, perdão! BATISTA: Filho, acho que você será mesmo o vencedor.
VICÊNCIO: Lucêncio! Está vivo! (Volta Biondello.)
(Biondello, Trânio e o professor saem correndo.) BIONDELLO: A patroa, senhor, mandou dizer que está ocupada e que não pode vir.
PETRUCCHIO: Como! Ocupada? Não pode vir? Então isso é resposta?
BIANCA (ajoelhando-se): Perdão, pai querido.
GRÊMIO: E bem gentil. Catarina dará uma pior.
BATISTA: O que aconteceu? Onde está Lucêncio? HORTÊNSIO: Minha vez! Corre, e chama minha viúva.
LUCÊNCIO: Aqui estou eu, o verdadeiro filho de Vicêncio, que acaba de casar em segredo (Sai Biondello.)
com sua filha, enquanto era enganado por meus criados. LUCÊNCIO: Se Bianca não vêm, a viúva virá.
GRÊMIO: Eu sabia que havia algo de podre nessa história! (Volta Biondello.)
LUCÊNCIO: É o milagre do amor. O amor de Bianca me fez fingir ser um humilde professor, BIONDELLO: A viúva disse que só pode ser brincadeira. Não quer vir; se quiser, que vá o
senhor.
enquanto Trânio fingiu ser Lucêncio. A culpa é minha, não puna a mais ninguém.
PETRUCCHIO: De mal para pior. Que vergonha! Grúmio! Vai procurar sua patroa e peça
BATISTA (a Lucêncio): Mas casou com minha filha sem pedir o meu consentimento? para que venha me ver.
VICÊNCIO: Vamos para dentro tirar toda a história a limpo! (Sai Grúmio.)
(Sem todos menos Petrucchio e Catarina.) HORTÊNSIO: Já sei sua resposta.
CATARINA: Marido, vamos ver como tudo isto vai acabar. PETRUCCHIO: Qual?
PETRUCCHIO: Vamos, doce de coco; mas primeiro dá-me um beijo. HORTÊNSIO: Não vem.
CATARINA: No meio da rua? (Volta Catarina.)
PETRUCCHIO: Está com vergonha de mim? BATISTA: Ah! Por Nossa Senhora! É Catarina.
CATARINA: Só de te beijar. CATARINA: Senhor, mandou me chamar?
PETRUCCHIO: Então vamos voltar para casa. LUCÊNCIO: Só pode ser milagre!
CATARINA: Não! Dou o beijo, mas ficamos! PETRUCCHIO - Ora essa! Paz, amor, vida tranqüila e respeito! Tudo isso se traduz em
PETRUCCHIO: Viu? Não é muito difícil entrarmos em um consenso! nosso relacionamento.
(Saem.) BATISTA: Seja muito feliz, caro Petrucchio. Ganhou a aposta!
PETRUCCHIO: Ó docinho! Vem dar-me um beijo. (Saem Petrucchio e Catarina.)
CENA II  BATISTA: Enfim, os dois domaram um ao outro!
(Está preparado um banquete. Entram Batista, Vicêncio, Grêmio, o professor, Lucêncio,
Bianca, Petrucchio, Catarina, Hortênsio e a viúva. Trânio, Biondello, Grúmio e outros
criados servem).
LUCÊNCIO: A tempestade passou! Todos os maus entendidos foram concertados e agora
estamos eu e minha amada Bianca juntos oficialmente! Vamos comer e festejar!BATISTA:
Um viva aos noivos!

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