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GOLSE, Bernard. Depressão Do Bebé, Depressão Da Mãe, Conceito de Psiquiatria Perinatal
GOLSE, Bernard. Depressão Do Bebé, Depressão Da Mãe, Conceito de Psiquiatria Perinatal
CAPÍTULO 5
BEBE,
DEPRESSÃO
DEPRESSÃ
NCEITOo DA M
DE PSIQUIATRIA PERINATAL
com uma me
manipuladas
de un
ds, ser
ejam, não podem ser, de forma alguma,
As
nmäes não
polein
190.
culpabilizante, i explicita,
nem
implicitamente.
poderíamos
c e n s u r a - l a s por
acusadas de ser o d e
estar
deprimidas.
Não
A PSIQUIATRIA PERINATAL
E uma
perturbação transitória
do humor que se exterioriza durante os
primeiros dias que se seguem ao parto, que é de duração relativamente
Curta (de alguns dias a algumas semanas no
mais de 50% das mulheres.
måximo) e
que parece atectar
76
DEPRESSÃO DO BEBE. DEPRESSÃO DA M
AS DEPRESsÕES PPS-PARTO
AS PSICOSES PUERPERAIS
São claramente mais raras (um a três casos em mil nascimentos). Ocor-
rendo habitualmente no mês que se segue ao parto, dão origem a sintomas
da série psicótica (confusão, delirio, despersonalização, mania...) que se
m e-filho âmbito de
forma prática e eficaz da díade no
Ocuparem de uma
e coerente. Os trabalhos actualmente dis-
projecto terapêutico global de
futuro dos filhos de pais psicóticos
poniveis dizem mais respeito ao
M.Rabain-Lebovici, 1985; M. Lamour, 1989),
Onga duração (S. Lebovici e um quadro de psicose
O
que ao dos filhos de m es que apresentaram
Puerperal stricto sensu.
AS DEPRESsÕES PóS-PARTO
e iserem-se
puerperais
psicoses
mais frequentes do que
as
ao muito i n d u b i t a v e l m e n t e pato-
concordantes
trabalhos såo
muitos
criança
-
177
PENSAMENTO
cORPO AO
DO
corra
neste ponto
desenvolvimentistas se debruçaram activa
Desde 1985 que os psiquiatras
m a t e r n o depressivo ao nível
mente sobre os reflexos
do comportamento
e a irritabilidade das maes depri
da m e-filho. O retraimento
interacção
dificuldade em transmitir à criança estrategias de socialização
midas, a sua
B.Cramer
também mostra que durante este segundo
factores de risco também não período evo
ção das ideias, análise dos
a da
78
DEPRESSÃO DO BEBE, DEPRESSÃO DA M
verdadeira «neo-orga-
POS-parto como um período onde se constitui
uma
79
PENSAMENTO
AO
CORPO
DO
PERINATAL
PSIQUIATRIA
CONCEITO DE
o
J. Holden (1994).
Trata-se e as do recm-nascido
as perturbaçoes
psiquicas parentais
visa apreender nem sequer unicamente
uma forma independente,
do bebé, não de
ou
linear (relação simples de
causa e efeito), mas
articuladas de uma forma cada
modelo interactivo onde um dos
concebê-las sim no seio de
um
dimensões (enfra-
precoce m e-bebé passa provavelmente mais pelas suas
quecimento afectivo, tristeza, lentificação, irritabilidade.) do que pela
sua
mas
classificação (neurótico, psicótico ou reactivo, por exemplo), tanto
que o puerpério é aqui encarado em termos de neo-organização psiquica
particular, como vim0s.
Deste modo,o conceito de sintonia afectiva descrito por D.N. Sterne
certamente um bom candidato ao papel de elo na articulação, em ambos
180
DEPRESSAO DO BEBE. DEPRESSÃO DA M
ASPECTos CLÍNICos
A DEPRESSÃO PÓS-PARTO
segue ao nascimento.
carácter melancólico são muito fceis de
Se as grandes depressões de
a medidas de
assistëncia, o mesmo não
1dentificar e dão portanto origem
continuam escondidas
mentalizadas ou que
acontece com as que não são
(interacções abundantes,
por detrás de um sistema de «defesas operatórias»
mas um pouco mecânicas e desvitalizadas).
limitar a fobias de
maternas também se podem
ugumas depressões dificeis de detectar porque
são
puisao para com o bebé, sintomas muito
da sua carga de
intensa culpabilidade
em virtude
ndos em segredo, da depressio
materna e
à classificação
que diz respeito diz respeito äs
suas
m , se o
o
do que que
vimos -
portante
-
como
numa personali-
dimen e n t a n t o que
as depressões emjogo a criança,
d S,parece n o particularmente
nocivas para
limite (borderline) da mae são das casos,
d e s c o n t i n u i d a d e s
nestes
Cm virtude maciça,
da acentuação
ctivas imprevisíveis e incontroláveis pela crlainga
8
PENSAMENTO
CORPO AO
DO
MATERNA
DEPRESSÃO
EFEITOS DA
OS
(SEGUNDO M. BYDLOWSKI)
evidenciam uma
correlaçao entre a depressão pós-
Inúmeros trabalhos
De acordo com os testemunhos
desenvolvimento da criança.
-parto e o são tristes, atónicos
recém-nascidos de mes deprimidas
dos clínicos, os
ë a adequada, visto a
A interacção não
ou, pelo contrário, hiperirritáveis.
nula aos m o v i m e n t o s es-
limitada ou
ter uma tolerância
me deprimida Beardslee et al. indicava
W.R.
pontâneos do bebé. Um apanhado geral de afectivas por altura do
40% das crianças de pais com perturbações
que n u m a dada altura da sua
vida
nascimento recebem
cuidados psiquiátricos
e E. Z.Tronick
adulta. Num estudo ainda
não publicado, M. K. Weinberg
me deprimida, tem
menos de um ano, de uma
mostram que o filh0, com
mais fechado,
vivazes. Mostra-se muito
afectos menos positivos e menos
um nível de
actividade m e n o s bom.
m e n o s atento e apresenta
nascidas de maes deprimidas têm
Para M. B. Keller, 24% das crianças
visíveis. Para A. G. Billings, 69%.
A diversidade destas avalia-
perturbações
critérios adoptados para re-
atribuída à variabilidade dos
de ser
ções tem
estudadas.
também à idade das crianças
gistar as perturbações interactivas e
elevados para
Mas de modo os números são suficientemente
qualquer o
trata de um sério de saúde pública e que
problema
considerar que se
nascimento fica numa situaço
filho de u m a mae deprimida por altura do
psicopatologia ulterior.
de risco e é candidato a uma
de
descreveram quatro tipos de padrões
J.E Cohn e E. Z. Tronick
entre as m es deprimidas e o filho:
interacç o
mães deprimidas são tristes,
de acordo com um primeiro padrão, as
fechadas em si mesmas, com pouca expressao
lentas, silenciosas e
afectiva;
c
colericas
de acordo com um segundo padrão, elas mostram-se
riores padröes.
os últi-
interactiva me deprimida-filho foi estudada durante
A diade
mos anos, graças a0 contributo do instrumento vídeo que permite SIS
a
tematizar as situações de estudo, codificar os resultados e chegar
I82
DEPRESSÃO DO BEBE,
DEPRESSÃO DA M
quando mae se
ela. Um quadro de «depressão branca»
a
torma viva com
momento, «uma
sindronme de comportamento
deprimiu num segundo
conheceu desde sempre a me depressiva (rela-
vazio» quando criança
a
183
P E N S A M E N T O
CORPO
AO
DO
a fim de
preservar um último vínculo com ela, vínculo esse que
situa então mais no
registo do ser do que no do ter;
a
incriminação de unna terceira pessoa como causa da
terna com todos os riscos
depressa
de tura:
dentificação com
pseudo-edipificação prenm
uma
o
objecto perdido do luto da mae.
Do
ponto de vista do
processo de que
colocada é a de sabersubjectivação, questão ce criana
se encontra a
assim
a
partir de quando e quc*
184
DEPRESSAO DO BEBE,
DEPRESS DA M
ELEMENTOS DE PREVENÇÃO
Tendo em conta o
1mpacte das depressóes maternas pós-natais sobre o
sistema interactivo precoce e sobre o futuro psicopatológico da criança, a
importancia de uma prevenção parece ser indiscutível.
Podem encarar-se diterentes medidas preventivas, quer nos situemos
no período prê-natal quer no pós-natal.
NO PERÍODO PRÉ-NATAL
natureza
conta a
a ter e m
chegam
nao
d das depressões
actva maternas pos-natais. Saint-Vincent-de-Paul
em
de
e nós próprios i n s t r u m e n t o s
o impacte
da presença
depressoes
adiantadamente das
reender
poder
d e t e r m i n i s m o
no interactiva
e da
nte em jogo
que entra directan da sua
implicação
triádica) que
se
virtude
em diádica (ou
maternas pós-natais, tópica
- o r g a n i z a ç ã o
sua inscrição na
(autoquestionars
ap-
Cria no pós-parto;
i n s t r u m e n t o s
sinmples
utilizados
por pesoa
como ser
apresentarem-se c
C n - s e
podem perinatal.
que
exemplo) psiquiatria
por de
lae, em
matéria
85
PENSAMENTO
DO CORPO AO
EM PERIODO POS-NATAL
pós-natal.
O baby blues com nicio no pós-parto não surge pois como um bom
elemento de prediç o das depressões maternas pós-natais, o que no entan-
sem dúvida o pessoal paramédico ou até o pessoal de serviço que pode ter
uma maior proximidade psíquica com as mães, para poder ser sensível a
um eventual isolamento relacional (ausência de visitas, por exemplo), a
uma talta de apoio pelo pai da criança, e para criar um clima de coniança
intensas.
Ja existem bastante bons instrumentos de despistagem das depressões
maternas a partir da quinta ou da sexta semana depois do parto e citarei
apenas a escala de J. Cox, traduzida e validada em França por N. Guedeney.
Parece-me no entanto que não nos devemos deixar obnubilar por abor-
pos-natal.
I86
DEPRESSAO DO BEBE,
DEPRESSÃO DA MAE
toi
mesmo jogo das instâncias de depressão
tannbem
E de tal se o
termo
analogas
forma
d
i
1sto é verdade que,
mais
virtude de
em
foi
utilizado para o bebé, parece-me que o do que nivel de analogtus
dinica
ao
afectos
dos
expressão
struturais dificeis de sustentar entendido
na crianç
nito
de
deva ser de quebra
m o de depress o de
depressão,
87
PENSAMENTO
DO COR PO AO
VÉRTICES 11
CLIMEPSI
DITAne