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Resumo 08

Livrão Digital de 1ª Fase

Autor:
Ricardo Torques C.
Resumo 08

9 de Dezembro de 2020

15523782769 - RYAN SALOMÃO BOMFIM


Ricardo Torques C.
Resumo 08

Sumário

Introdução do Direito Processual Civil ................................................................................................................. 7

Fundamentos do Direito Processual Civil ......................................................................................................... 7

Direito Processual Civil Constitucional ............................................................................................................. 8

Normas Processuais Civis ................................................................................................................................ 9

Lei Processual no tempo ................................................................................................................................ 13

Jurisdição, Ação e Processo .............................................................................................................................. 13

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Introdução ..................................................................................................................................................... 13

Jurisdição ...................................................................................................................................................... 14

Ação .............................................................................................................................................................. 16

Processo ........................................................................................................................................................ 17

Limites da Jurisdição Nacional e Cooperação Internacional......................................................................... 18

Limites da Jurisdição Nacional .................................................................................................................. 18

Cooperação Jurídica Internacional ........................................................................................................... 19

Competência ..................................................................................................................................................... 19

Competência Interna ..................................................................................................................................... 19

Cooperação Nacional ................................................................................................................................... 24

Partes e Procuradores....................................................................................................................................... 24

Pressupostos processuais ............................................................................................................................... 24

Partes e procuradores .................................................................................................................................. 24

Litisconsórcio .................................................................................................................................................. 30

Intervenção de Terceiros ............................................................................................................................... 31

Introdução ................................................................................................................................................. 31

Classificação ............................................................................................................................................. 31

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Assistência ................................................................................................................................................. 32

Denunciação da lide ................................................................................................................................. 32

Chamamento ao processo ......................................................................................................................... 32

Incidente de desconsideração da personalidade jurídica ........................................................................ 33

Amicus Curiae ............................................................................................................................................ 33

Juiz e Auxiliares da Justiça ............................................................................................................................... 33

Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública ......................................................................... 36

Atos Processuais ................................................................................................................................................ 37

Negócio Jurídico Processual .......................................................................................................................... 37

Calendário Procedimental ............................................................................................................................ 37

Atos processuais ............................................................................................................................................ 37

Forma dos Atos Processuais........................................................................................................................... 38

Tempo dos Atos Processuais .......................................................................................................................... 38

Lugar dos Atos Processuais ........................................................................................................................... 39

Prazos ........................................................................................................................................................... 39

Preclusão ....................................................................................................................................................... 40

Comunicação dos Atos Processuais ................................................................................................................... 40

Nulidades ...................................................................................................................................................... 43

Distribuição e do Registro ............................................................................................................................. 44

Valor da Causa ............................................................................................................................................ 44

Tutela Provisória ............................................................................................................................................... 44

Classificação doutrinária das tutelas provisórias .......................................................................................... 44

Disciplina das tutelas provisórias no NCPC ................................................................................................... 45

Tutelas de Urgência ...................................................................................................................................... 45

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Tutela de Evidência ....................................................................................................................................... 48

Procedimento Comum ........................................................................................................................................ 48

Formação, Suspensão e Extinção do Processo .............................................................................................. 48

Procedimento Comum .................................................................................................................................... 49

Provas – Parte 01 ............................................................................................................................................. 53

Audiência de instrução e julgamento ............................................................................................................ 53

Provas ........................................................................................................................................................... 54

Teoria Geral das Provas............................................................................................................................... 54

Produção Antecipada da Prova ................................................................................................................... 55

Provas em espécie ........................................................................................................................................ 56

Provas – Parte 02 ............................................................................................................................................. 57

Prova Documental ......................................................................................................................................... 57

Prova Testemunhal ........................................................................................................................................ 59

Perícia ........................................................................................................................................................... 61

Sentença ........................................................................................................................................................... 62

Disposições Gerais ........................................................................................................................................ 62

Remessa Necessária ...................................................................................................................................... 64

Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa .................... 64

Coisa Julgada ............................................................................................................................................... 65

Liquidação de Sentença ................................................................................................................................ 65

Cumprimento da Sentença ............................................................................................................................ 65

Ordem dos Processos no Tribunal ..................................................................................................................... 69

Precedentes ................................................................................................................................................... 69

Incidente de assunção de competência ......................................................................................................... 71

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Incidente de arguição de inconstitucionalidade ............................................................................................ 72

Conflito de competência ............................................................................................................................... 72

Homologação de decisão estrangeira e da concessão do exequatur à carta rogatória ............................ 73

Ação rescisória .............................................................................................................................................. 73

Reclamação ................................................................................................................................................... 74

Recursos ............................................................................................................................................................ 75

Teoria Geral dos Recursos ............................................................................................................................ 75

Disposições Gerais ........................................................................................................................................ 76

Apelação ...................................................................................................................................................... 78

Agravo de Instrumento .................................................................................................................................. 78

Agravo Interno .............................................................................................................................................. 80

Embargos de Declaração ............................................................................................................................. 80

Recurso Ordinário Constitucional .................................................................................................................. 81

Recurso Extraordinário e Recurso Especial .................................................................................................... 82

Agravo em Recurso Especial e Extraordinário .............................................................................................. 83

Embargos de Divergência em Recursos Extraordinário e Especial................................................................ 83

Execução ........................................................................................................................................................... 84

Princípios ....................................................................................................................................................... 84

Disposições Gerais ........................................................................................................................................ 84

Legitimidade ................................................................................................................................................. 85

Competência ................................................................................................................................................. 86

Requisitos ...................................................................................................................................................... 86

Características do título executivo ................................................................................................................ 87

Responsabilidade patrimonial ...................................................................................................................... 87

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Disposições Gerais das Espécies de Execução .............................................................................................. 87

Execução por Quantia Certa ........................................................................................................................ 88

Execução de Título Executivo Extrajudicial contra a Fazenda Pública .......................................................... 95

Execução de Alimentos .................................................................................................................................. 95

Embargos à Execução ................................................................................................................................... 96

Procedimentos Especiais – Parte 01 ................................................................................................................. 97

Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais ....................................................................................... 97

Ação de Consignação em Pagamento .......................................................................................................... 98

Ações Possessórias ........................................................................................................................................ 99

Ação de Divisão e de Demarcação de Terras Particulares ........................................................................ 100

Ação de Dissolução Parcial de Sociedade ................................................................................................. 101

Procedimentos Especiais – Parte 02 ............................................................................................................... 102

Inventário e Partilha .................................................................................................................................... 102

Embargos de Terceiro ................................................................................................................................. 106

Oposição ..................................................................................................................................................... 107

Habilitação ................................................................................................................................................. 107

Ações de Família ......................................................................................................................................... 107

Homologação de penhor legal ................................................................................................................... 108

Restauração de Autos ................................................................................................................................. 108

Procedimento de Jurisdição Voluntária ....................................................................................................... 109

Ações Constitucionais ...................................................................................................................................... 112

MANDADO DE SEGURANÇA: Noções Constitucionais ................................................................................ 112

Lei nº 12.016/2009 ................................................................................................................................... 112

AÇÃO POPULAR: Lei nº 4.717/1965 ......................................................................................................... 114

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Lei nº 7.347/1985 ................................................................................................. 115

Habeas Data .............................................................................................................................................. 117

Mandado de Injunção ................................................................................................................................. 118

Juizados Especiais Federais ............................................................................................................................ 120

Juizados Especiais Cíveis ................................................................................................................................ 121

Introdução ................................................................................................................................................... 121

Princípios Informadores dos Juizados Especiais .......................................................................................... 121

Facultativo ou obrigatório o uso dos Juizados ............................................................................................ 122

Juizados Especiais Cíveis ............................................................................................................................. 122

Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública .......................................................................................... 124

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INTRODUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Fundamentos do Direito Processual Civil

Introdução

Antes de tudo, é preciso saber que o processo é uma relação jurídica de direito público presidida pelo Juiz. O Estado
Juiz é uma das formas de solução dos conflitos que pode ocorrer em sociedade. Paralelamente ao processo judicial,
temos a arbitragem, a conciliação, a mediação.

A solução de conflitos que o Estado provê tem duas características: ela é definitiva; e ela se estrutura por intermédio
de um procedimento em contraditório.

Processo

O processo pode ser compreendido por três perspectivas: primeiro, podemos ver o processo como uma série de atos
processuais (ex. petição inicial, contestação, sentença); segundo, como um conjunto de relações que se estabelece
entre os atores processuais, que são as partes (autor e réu) e o juiz; por fim, sob a ótica da finalidade, o processo visa
aplicar concretamente as normas jurídicas a um caso concreto.

O caráter instrumental do processo: significa dizer que o direito processual serve ao direito material, é instrumento
deste. Decorre do caráter instrumental a ideia de complementariedade (ou relação circular) que se forma entre o
processo e o direito material: por um lado, o processo serve para realizar o direito material; pelo lado reverso, é o
direito material que dá o sentido do direito processual.

Apesar dessa complementaridade, o processo tem uma autonomia formal. Assim, é possível falar num formalismo
processual. Em regra, podemos dizer que as normas processuais são formais em nome da segurança jurídica. Isso não
quer dizer que o processo seja formalista: o Processo Civil repudia o formalismo, dado o caráter instrumental de suas
regras. Observe: as normas são formais, isto é, estabelecem a forma de transcurso do processo, mas o processo não é
formalista, o que quer dizer que essas normas formais não devem ser interpretadas estritamente, e sim de forma a
assegurar a complementariedade com o direito material.

Prestação jurisdicional satisfativa

A prestação jurisdicional é o resultado do processo. Quando estudamos o Direito Processual Civil, estamos estudando
a atividade fim do Poder Judiciário, que é pacificar conflitos de interesses pela entrega da prestação jurisdicional; mas
não só o processo judicial: estudamos também os meios alternativos de solução de conflitos (conciliação, mediação e

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arbitragem). Tão importante como conhecer do direito processual, precisamos estudar o processo para desenvolver
condições concretas de aplicação, satisfazendo o direito material: por isso, fala-se em tutela jurisdicional satisfativa.

Direito Processual Civil Constitucional

Princípios constitucionais do direito processual civil

O princípio do acesso à justiça significa que a todos é assegurada a possibilidade de ingressar judicialmente para evitar
lesão ou ameaça de lesão a direito.

O princípio da efetividade do processo quer dizer que os mecanismos processuais criados pelo Estado devem ser
capazes de proporcionar decisões justas, tempestivas e úteis, garantindo às pessoas os bens jurídicos que lhes são
devidos.

O princípio do devido processo legal implica em que o Estado só pode impor restrições a direitos das pessoas quando
o fizer por intermédio de um processo regular, que observe todas as regras processuais. O devido processo é
considerado um supraprincípio ou postulado geral do direito: o devido processo é a base de todos os demais princípios
processuais. Por fim, esse princípio não está previsto explicitamente no NCPC, mas apenas na Constituição.

O princípio do contraditório tem dois aspectos: primeiro, contraditório é o direito assegurado à parte de participar do
processo; em segundo, contraditório é o poder da parte de influenciar o juiz na sua decisão.

O princípio da ampla defesa quer dizer que a parte tem de se defender utilizando todos os meios de defesa lícitos e
disponíveis.

O princípio da imparcialidade significa que a jurisdição não pode ser exercida em benefício próprio ou dos seus
julgadores. Esse princípio assegura legitimidade à atuação jurisdicional.

O princípio do duplo grau de jurisdição estabelece a possibilidade de que a parte autora ou ré, caso se sinta
prejudicada, possa provocar nova análise da mesma matéria por órgão de hierarquia superior. É consequência desse
princípio a possibilidade de se interpor recurso.

O princípio da publicidade dos atos processuais: a regra é que os processos são públicos. A publicidade é uma forma
de controle dos atos jurisdicionais. Há, todavia, exceção a esse princípio nos processos que tramitam em segredo de
justiça.

O princípio da motivação é voltado ao juiz, que deve decidir cotejando os fatos com o direito aplicável e argumentando
expressamente as razões que levaram ele decidir daquela forma.

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O princípio da celeridade (ou duração razoável do processo) sugere que o processo transcorra de forma ágil de modo
prestar uma tutela efetiva e tempestiva, mas sempre respeitando ao devido processo legal.

Regras de organização judiciária

O Poder Judiciário é estruturado em vários órgãos e instâncias, com divisão interna a partir da hierarquia ou da matéria
sobre a qual incide a competência.

No ápice dessa estrutura temos o STF, a partir daí são estruturados os demais órgãos do Poder Judiciário.

Para o direito comum, o órgão ápice é o STJ, ao qual se submetem os TJs e TRFs; por sua vez, os juízes estaduais se
submetem aos TJs e os juízes federais aos TRFs.

Para o direito especial, há uma divisão tríplice: justiça eleitoral, justiça militar e justiça trabalhista.

O órgão ápice da justiça eleitoral é o TSE, ao qual se submetem os TREs, aos quais, por sua vez, se submetem os juízes
eleitorais.

A justiça militar tem como órgão superior o STM, ao qual se submetem os juízes militares: o STM é o órgão de segundo
grau da justiça militar federal.

Finalmente, para o direito trabalhista, o órgão de sobreposição é o TST, ao qual estão jungidos os TRTs, aos quais estão
vinculados os juízes do trabalho.

Funções essenciais à justiça

Para o adequado funcionamento da função jurisdicional e para que seja respeitada a separação de poderes, há
previsão constitucional de funções essenciais à Justiça, que são os seguintes órgãos e atores: Ministério Público;
Advocacia Pública; Advocacia Privada; Defensoria Pública.

Procedimentos jurisdicionais constitucionalmente diferenciados

A Constituição estrutura, em linhas gerais, algumas ações específicas, como a ação de mandado de segurança, a ação
popular, a ação de improbidade administrativa, as ações do controle de constitucionalidade, entre outras.

Normas Processuais Civis

Agora vamos adentrar nos princípios regulados pelo próprio NCPC.

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Devido processo legal

Agora vamos adentrar nos princípios regulados pelo próprio NCPC. O processo, para que seja correto, deve observar
todas as normas processuais previstas na legislação. O devido processo é considerado como cláusula geral,
supraprincípio ou postulado geral do direito.

Analisando cada um dos termos da expressão "devido processo legal", temos o seguinte: devido indica que as regras
processuais em vigor são respeitadas; o processo é devido, processo entendido como instrumento para prestação da
tutela jurisdicional, que visa produção da prova a ser cotejada com o direito objetivo; processo não só devido, como
também legal, que respeito ao direito tal como posto, objetivado.

Podemos distinguir duas dimensões do devido processo: como devido processo legal substantivo entendemos que se
aplicam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; como devido processo judicial (ou formal) entendemos
que todo o processo deve se desenvolver seguindo rigorosamente os ditames legais.

Normas processuais civis fundamentais

As normas processuais civis fundamentais incluem regras e princípios processuais. Como regra interpretativa, devemos
lembrar que o processo deve ser ordenado, disciplinado e interpretado de acordo com a Constituição. nessa esteira,
temos mais alguns princípios do processo:

Princípio da inércia da jurisdição: significa que o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial.

O princípio da inércia engloba dois subprincípios: o princípio dispositivo, de acordo com o qual é a parte que provoca,
inicia o processo; o princípio inquisitivo, que permite o desenvolvimento do processo (após o início pela parte) sob
responsabilidade do Estado-juiz. Essa subdivisão evidencia que o nosso modelo de processo é misto, pois engloba em
um único procedimento, os princípios dispositivo e inquisitivo.

Princípio da inafastabilidade da atuação jurisdicional: não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito. O princípio comporta dupla proteção: 1ª perspectiva – lesões já ocorridas (lesão) e 2ª perspectiva – ameaça
de lesão (ameaça).

Embora seja inafastável a jurisdição (ela sempre pode ser invocada), ela não é exclusiva: permite-se a utilização da
arbitragem e o Estado incentivará a solução consensual dos conflitos (conciliação e mediação).

Como consequência da inafastabilidade da jurisdição, o STF reconheceu a inconstitucionalidade da exigência de


depósito prévio para admissibilidade de ação judicial: é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito

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de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário (Súmula Vinculante
28).

Inafastabilidade não se confunde com inevitabilidade: o princípio da inevitabilidade diz respeito à vinculação
obrigatória das partes ao processo, que passam a integrar a relação processual em um estado de sujeição aos efeitos
da decisão jurisdicional; princípio da inafastabilidade quer dizer que não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça
ou lesão a direito.

Princípio da celeridade: no processo, deve-se buscar um resultado adequado com o menor número de atos
processuais.

Não podemos confundir princípio da celeridade com celeridade simplesmente, apenas: o princípio da celeridade busca,
de fato, tornar o processo mais rápido, no entanto, essa rapidez não pode deixar de lado os demais princípios
processuais, principalmente o devido processo. Pela própria natureza da relação processual há uma certa demora, a
qual não deve ser excessiva.

A decisão proferida no processo também deve ser satisfativa, buscando, sempre que possível, solucionar o mérito e
evitando a extinção do processo por motivos formais. A celeridade abrange também os meios de cumprimento da
decisão, afinal, de nada adiante o reconhecimento do direito sem a satisfação da pretensão material.

Princípio da boa-fé processual: o comportamento dos sujeitos no processo deverá estar em conformidade com um
padrão ético de conduta. A boa-fé processual é objetiva, não subjetiva: os atos efetivos dos agentes processuais devem
respeitar a lealdade processual, não se questionando a respeito da intenção subjetiva com que realizados os atos, o
que está restrito à intimidade da pessoa.

Esse princípio da boa-fé é uma cláusula geral: as situações mais diversas podem ocasionar a incidência do princípio,
além de que a solução que se dá no caso concreto depende de uma avaliação de cada situação.

Princípio da cooperação: os sujeitos do processo devem atuar de forma cooperativa. Esse é um princípio que se aplica
às partes, ao juiz, às testemunhas, aos peritos, aos servidores e aos advogados.

Particularmente em relação ao juiz, há alguns deveres específicos decorrentes do princípio da cooperação: primeiro,
o dever do juiz de consulta, ou seja, o juiz deve estar disponível para dialogar com as partes; segundo, o dever de
prevenção: o juiz deve advertir as partes sobre eventuais falha processuais, buscando a sanação dos erros de modo a
não comprometer a prestação jurisdicional; em terceiro, há o dever de esclarecimento, conforme o qual o juiz deve
decidir da forma mais clara possível; por fim, existe o dever de auxílio, segundo o qual o juiz deve remover obstáculos
processuais quando puder decidir em favor de uma das partes.

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Princípio da igualdade no processo: às partes são asseguradas paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres de sanções processuais.

Princípio da hermenêutica processual: esse princípio significa que, na interpretação do processo, diversos elementos
devem ser tomados em consideração. Os elementos indicados pelo NCPC são os seguintes: atendimento aos fins
sociais e às exigências do bem comum; dignidade da pessoa humana; proporcionalidade; razoabilidade; legalidade;
publicidade; e eficiência.

Princípio do contraditório: não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Esse
preceito comporta duas dimensões: pela dimensão formal, o contraditório indica que as partes têm o direito de
participar do processo, manifestando suas razões; pela dimensão material, contraditório significa que o juiz deve tomar
em conta as manifestações das partes na sua decisão.

Há situações em que o contraditório é expressamente mitigado. Não é possível uma supressão total do contraditório,
mas é admissível a formação de contraditório de forma diferida, ou seja, com abertura à parte da possibilidade de
manifestação posterior ao próprio ato judicial. O NCPC elenca as situações de contraditório diferido, que são as
seguintes: tutela de urgência, tanto a antecipada quanto a cautelar; e na tutela de evidência, em três situações: quando
a prova do processo for exclusivamente documento e houver precedente ou súmula vinculante sobre a questão;
quando, em se tratando de pedido reipersecutório, a prova também for exclusivamente documental; por fim, no
procedimento da ação monitória.

Dever de consulta: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, AINDA QUE se trate de matéria sobre a qual deva decidir
de ofício.

Princípio da publicidade e motivação. Esse é um princípio que comporta dois sentidos: primeiro, são vedados os
julgamentos secretos: assim, em regra, todos os julgamentos devem ser acessíveis a quem quiser acompanhá-los;
segundo, as decisões devem ser publicizadas: todas as decisões proferidas devem ser publicadas, a fim de cientificar
as partes.

Ordem cronológica de conclusão. Esse princípio traz a seguinte regra: os processos devem ser julgados conforme a
ordem cronológica de conclusão ao juiz: processos que estiverem conclusos para decisão em primeiro têm prioridade
de julgamento. Não há um dever absoluto de observância dessa ordem, mas ela deve ser observada o máximo possível.

A ordem cronológica da conclusão não é absoluta e tem uma série de exceções. Os seguintes processos têm prioridade:
julgamento de processos ou recursos anulados; julgamento de recursos especiais e extraordinários sobrestados,
quando há publicação da decisão paradigma; julgamento de processos em audiência; julgamentos de sentenças

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homologatórias de acordo; julgamento de sentenças de improcedência limitar do pedido; julgamento de processos e


recursos processuais em bloco (casos repetitivos); sentença sem julgamento de mérito; julgamento antecipada pelo
relator do processo; julgamento de embargos de declaração e de agravo interno; julgamento de ações que possuem
preferência legal ou decorrente de metas do CNJ; julgamento de processos de natural criminal; e julgamento de
processos urgentes, assim fundamentado na decisão.

Lei Processual no tempo

A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais já praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Quanto à vigência do NCPC temos a seguinte regra cronológica: processos transitados em julgado até 17/3/2016
observam o CPC73; processos e atos processuais a partir de 18/03/2016 observam o NCPC; processos que se iniciaram
antes de 17/3/2016, porém, serão concluídos após, observam até essa data o CPC/73 e, após, o NCPC.

Sobre a aplicação do processo comum aos processos especiais, a regra é que na ausência de normas que regulem
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições do NCPC lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.

JURISDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO

Introdução

A base do estudo do Direito Processual Civil está sedimentada no estudo de jurisdição, ação e processo, os institutos
fundamentais do Processo Civil.

Esses conceitos (e suas teorias) são compreendidos a partir da História da evolução do Direito Processual Civil.
Didaticamente, temos três estágios de evolução do processo.

Num primeiro estágio, domina o pensamento dos juristas imanentistas, para os quais o processo civil é visto como
parte integrante do Direito Civil. Não existe o Direito Processual como disciplina autônoma e com institutos próprios.

Num segundo estágio, se reconhece a autonomia científica do Direito Processual Civil, reconhecendo-se suas regras e
princípios próprios, desvinculados do Direito Civil. Embora destaque a autonomia da matéria processual, esse
pensamento peca ao dividir os dois ramos de modo absoluto, já que o processo não é um fim em si mesmo.

O terceiro estágio, que é o atual, de acordo com a doutrina majoritária, é o do pensamento instrumentalista, que
defende a reaproximação do direito processual com o direito material.

Já se fala em um quarto estágio, defendido pelos neoconcretistas, para os quais há uma relação de reciprocidade e de
complementariedade (e não de instrumentalidade).

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Jurisdição

A jurisdição é forma estatal de resolução de conflitos, por intermédio da qual aplica-se o direito objetivo ao caso
concreto como forma de pôr fim, de forma definitiva, à crise jurídica, gerando a pacificação social.

A jurisdição pode ser conceituada sob três perspectivas distintas: primeiro, como poder, na medida em que constitui
prerrogativa do Estado interferir na esfera jurídica das pessoas; segundo, como função, já que se trata de atribuição
conferida pela Constituição ao Poder Judiciário para o exercício do poder jurisdicional; finalmente, jurisdição pode ser
conceituada como atividade enquanto constitui um conjunto de atos que são praticados por aqueles que detém a
prerrogativa de exercer a jurisdição.

São quatro os escopos da jurisdição, que explicam os objetivos do exercício da atividade jurisdicional: o escopo jurídico
é a busca de aplicação concreta das normas jurídicas; o escopo social é a busca da pacificação social; o escopo
educacional é a pretensão de informar a população sobre seus direitos e deveres; por fim, um escopo político, já que
o Estado é o último recurso para proteção dos direitos e garantias fundamentais.

Agora vamos ver as características da jurisdição: a jurisdição é dada por um terceiro imparcial em relação à lide; a
substitutividade, que significa que a vontade da parte é substituída pela vontade do direito; a jurisdição se exerce
sobre uma lide, ou seja, uma pretensão resistida; a jurisdição é inerte, devendo a ação ser promovida pela parte
(excepcionalmente, o juiz pode instaurar processo de ofício, como no processo de restauração dos autos); da jurisdição
se forma a coisa julgada material; a jurisdição se exerce no caso concreto; a jurisdição não se submete a controle
externo (o recurso é uma forma de controle interno ao processo); por fim, a jurisdição é atividade criativa.

A seguir vamos ver os princípios que regem a jurisdição:

Princípio da investidura: a jurisdição somente pode ser exercida por quem estiver legitimamente investido na função
(no caso o juiz, que se torna habilitado mediante concurso ou quinto constitucional).

Princípio da territorialidade: a jurisdição somente ser exercida dentro da circunscrição territorial a que o Brasil exerce
soberania.

Princípio da indelegabilidade: esse princípio se manifesta sob duas perspectivas: pela externo, o Poder Judiciário não
pode outorgar sua competência a outro poder; pela interna, a jurisdição é fixada por intermédio de um conjunto de
normas gerais, abstratas e impessoais. Há exceções à indelegabilidade, no entanto, que são o procedimento de carta
de ordem e de execução dos julgados do STJ pelo juiz de primeira instância.

Princípio da inevitabilidade: manifesta-se peal vinculação das partes ao processo judicial e pelo estado de sujeição à
decisão do juiz.

Princípio da inafastabilidade: entende-se que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de
lesão.

Sobre esse princípio, algumas observações são necessárias. Primeiro, a via administrativa não é necessária nem
impeditiva ao acesso ao Judiciário, com algumas exceções: habeas data, em que a via administrativa constitui a própria
lide; questões desportivas, para as quais só é viável a discussão judicial após o esgotamento da instância
administrativa; nas lides a respeito de benefício previdenciário, é necessária recursa administrativa ou mora superior
a 30 dias para que haja interesse de agir na discussão judicial. Em segundo lugar, o princípio da inafastabilidade inclui
não apenas o acesso ao Poder Judiciário, mas a uma ordem jurídica justa, com acesso facilitado ao processo (se
necessário com assistência jurídica, por exemplo), com ampla participação e decisão justa e eficaz.

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Princípio do juiz natural: compreende-se a vedação à criação de tribunais de exceção e a impossibilidade de ser julgado
a não ser pela autoridade competente.

Após os princípios, vamos classificar a jurisdição sob outros critérios: quanto ao objeto da demanda, a jurisdição pode
ser penal, quando envolver matéria penal, ou civil, quando a matéria não for penal; quanto ao órgão jurisdicional, a
jurisdição pode ser inferior (o órgão que enfrenta a demanda do início) e jurisdição superior (a qual enfrenta a
demanda em sede recursal); quanto à especialidade, a Justiça pode ser especial (trabalhista, eleitoral e militar) ou
comum (os demais ramos, estadual e federal); finalmente, a razão da litigiosidade em jurisdição contenciosa e
voluntária (caracterizada por serem ações constitutivas necessárias).

Há grande discussão a respeito da natureza jurídica da jurisdição voluntária. A jurisdição contenciosa constitui a regra
da atuação jurisdicional. A jurisdição voluntária envolve ações constitutivas necessárias. Vale dizer, a lei obriga a
propositura de ação perante o Poder Judiciário para que você obtenha uma nova situação jurídica.

A jurisdição voluntária caracteriza-se por ser: obrigatória; de caráter inquisitivo; pela possibilidade de decidir por
equidade ou até mesmo contrariamente às partes; e pela atuação do MP como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses
do artigo 178 do NCPC.

Ainda sobre a jurisdição voluntária, ela é, majoritariamente, encarada como atividade judicial. O entendimento de que
a jurisdição constitui "administração pública de interesses privados" não é dominante na doutrina: na verdade, é uma
jurisdição diferenciada. Embora não haja caráter substitutivo na jurisdição voluntária, entende-se que essa
característica não é imprescindível ao conceito de jurisdição; ainda, embora não haja violação ao direito no caso
concreto, compreende-se que isso é apenas um dos escopos da jurisdição: aliás, entende-se que a pretensão resistida
(lide) na jurisdição voluntária não se dá em face da parte contrária, mas na impossibilidade de gozo do bem da vida
enquanto não houver decisão judicial. Excepcionalmente, não há contraditório na jurisdição voluntária; contudo,
mesmo assim continua a existir o procedimento, caracterizado pela sucessão de atos processuais. A coisa julgada na
jurisdição voluntária segue mesmos parâmetros da jurisdição contenciosa, uma vez que são respeitados os efeitos
jurídicos já produzidos.

Quanto à jurisdição em geral, essa não é a única forma de solução de conflitos, havendo outros meios alternativos.
Vamos ver a seguir outros modos de solução de conflito:

A autotutela envolve solução do conflito pelo uso da força. Essa é uma hipótese excepcional, já que impõe o sacrifício
integral à posição de uma parte pelo uso da força. Só se admite autotutela quando previsto em lei, a exemplo da
retenção de bagagem de pessoa hospedada em hotel para fazer frente às despesas não pagas.

Outros modos de solução de conflito são a renúncia e a submissão, que constituem resolução por intermédio de
sacrifício da pretensão por uma das partes. A doutrina distingue renúncia e submissão: renúncia ocorre quando a parte
abdica do seu interesse para por fim ao conflito; submissão é quando uma parte se submete à pretensão da outra com
o intuito de resolver o conflito (conhecida como reconhecimento jurídico do pedido se ocorrer dentro do processo).

A conciliação é técnica de transação pela manifestação bilateral das partes, com o sacrifício parcial de interesses de
ambos os conflitantes. As conciliações ocasionam a redução de pretensões; como não há um vínculo prévio entre as
partes do conflito, o conciliador pode sugerir acordos ativamente.

Por outro lado, a mediação também é técnica de transação por meio da manifestação bilateral das partes sem sacrifício
total de interesse, no interesse de eliminar obstáculos para o conhecimento da real pretensão das partes. Na
mediação, não há redução da pretensão das partes, as quais têm um vínculo prévio ao conflito. O mediador trabalha
sobre as causas do conflito, não apenas na sua resolução: como regra, o mediador não sugere soluções.

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Já a arbitragem é atividade jurisdicional privada (ou não estatal). A decisão arbitral está a cargo de um árbitro. A escolha
da arbitragem está fundada na autonomia das partes. A sentença arbitral que se forma é um título executivo judicial
que se torna imutável e indiscutível (inclusive perante o Poder Judiciário), à exceção de vícios formais do
procedimento.

Os tribunais administrativos, apesar de não exercerem função jurisdicional, realizam procedimento processual
administrativo caracterizado pelo contraditório.

Retomando a mediação e a conciliação, estas são informados pelos seguintes princípios: princípio da independência:
o conciliador e o mediador não podem sofrer pressões internas ou externas para o exercício das suas funções; princípio
da imparcialidade: o conciliador e o mediador não podem ter interesse na solução do conflito; princípio da autonomia
da vontade: respeita-se a vontade das partes, uma vez que se trata de solução consensual; princípio da
confidencialidade: o que ocorrer na sessão de conciliação constará da ata somente o quanto quiserem as partes;
princípio da oralidade, privilegiando-se os atos orais; princípio da informalidade: não há estrutura rígida nas sessões
de conciliações e mediações; finalmente, princípio da decisão informada: cabe ao mediador e ao conciliador manter
as partes plenamente informadas dos seus direitos e do contexto fático no qual estão inseridas.

Ação

A ação é o instrumento hábil a provocar a jurisdição estatal. Para explicar a natureza jurídica do direito de ação, existem
várias teorias. Para a teoria imanentista, a ação constitui o direito material em movimento: assim, o direito de ação é
exercido contra o adversário e constitui mero procedimento. A partir da polêmica entre Windscheid e Müther concluiu-
se que o direito de ação será exercício contra o Estado (tem natureza pública), de modo que devemos distinguir direito
material de direito de ação. Daí surgiu a teoria concreta da ação para a qual a ação é direito de exercício contra o
Estado (para se obter uma tutela favorável) e contra o adversário (para obtenção do direito material): assim, o direito
de ação está condicionado à existência do direito material e é considerado um direito potestativo. Em contraponto à
teoria concreta, desenvolveu-se a teoria abstrata, que compreende a ação como o direito de obter um
pronunciamento estatal, favorável ou não: não há condições para o exercício do direito de ação para essa teoria. Uma
síntese entre as teorias concreta e abstrata é a teoria eclética, que hoje é dominante, distingue direito material e
direito de ação, porém, estabelece como condições da ação o interesse jurídico e a legitimidade: as condições são um
lastro de plausibilidade para a demanda ajuizada; se não verificadas as condições da ação, há decisão terminativa com
coisa julgada apenas formal. O direito de peticionar, no entanto, é incondicionado, se bem que o direito a obter um
pronunciamento de mérito fica condicionado ao preenchimento das condições da ação. Finalmente, a teoria da
asserção fixa os momentos para verificação das condições da ação. Assim, analisadas em cognição sumária, já com o
ajuizamento da ação, a ausência das condições enseja a emissão de sentença terminativa de carência de ação; já na
hipótese de cognição aprofundada, na sentença, a ausência das condições enseja a prolação de sentença definitiva de
rejeição do pedido.

Nosso NCPC, se bem que não expressamente, adota a teoria eclética combinada com a teoria da asserção, de acordo
com doutrina majoritária.

Pois bem, interesse e legitimidade são condições para o ajuizamento de ação.

Interesse refere-se à necessidade e utilidade da tutela jurisdicional pedida pelo demandante. Mostra-se o interesse a
partir da necessidade e da adequação.

O processo é necessário toda vez que o autor não tiver outro meio para obter o bem da vida pretendido, a não ser por
intermédio do Poder Judiciário; o processo é adequado quando, em razão dos pedidos deduzidos, o processo é apto a
resolve o conflito de interesses. O interesse pode ser limitar à declaração de existência, de inexistência, do modo de

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ser de uma relação jurídica ou da autenticidade ou falsidade de um documento, ainda, a parte tem interesse em obter
uma sentença meramente declaratória, mesmo que tenha havido violação ao direito.

Já a legitimidade se refere à pertinência subjetiva da ação, ou seja, se refere à titularidade para promover ativa ou
passivamente a ação. Em regra, quem é titular de ação é também titular da relação jurídica de direito material que se
discute em juízo (legitimação ordinária). Contudo, existem hipóteses de legitimação extraordinária nas quais a parte
pleiteia direito alheio em nome próprio, desde que autorizado pelo ordenamento jurídico (legitimação extraordinária
ou substituição processual).

Uma ação contém três elementos: partes, pedido e causa de pedir. Partes são os sujeitos da relação jurídica processual.
Causa de pedir são os fundamentos do pedido e decorrem da comprovação dos fatos e da argumentação jurídica.
Fundamento jurídico não é o fundamento legal, mas o direito propriamente que se afirma ter em juízo.

Sobre a causa de pedir, ela se distingue em remota (fática) e próxima (jurídica): a remota são os fatos; a próxima é o
fundamento jurídico do pedido. Pela teoria da substanciação exige-se que fatos e fundamento jurídico do pedido
formam a causa de pedir. Distancia-se, portanto, o CPC, da teoria da individuação, segundo a qual bastaria o
fundamento jurídico do pedido para a formação da causa de pedir.

O pedido é o objeto da ação, consiste na pretensão do autor que é levada ao Estado-Juiz, responsável por prestar a
tutela jurisdicional sobre essa pretensão. Distingue-se em pedido imediato (aspecto processual) que representa a
espécie de tutela pretendida; e pedido mediato (aspecto material) que representa o bem da vida.

Por fim, devemos classificar as ações:

Segundo a natureza da relação jurídica discutida, a ação é real, quando envolve relação jurídica de direito real, ou
pessoal, quando envolve relação jurídica de direito pessoal.

Segundo o objeto do pedido mediato, ação mobiliária é a que envolve bens móveis, imobiliária a que envolve bens
imóveis.

Segundo o tipo de tutela jurisdicional, ação de conhecimento é a que se volta à certificação de direito, ação de
execução a que busca a efetivação de direito e ação cautelar é a que protege a efetivação do direito.

Segundo a espécie de conhecimento, a ação pode ser condenatória, que é aquela em que se afirma a titularidade de
um direito a uma prestação e pela qual se busca a certificação e a efetivação desse mesmo direito, com a condenação
do réu ao cumprimento da prestação devida, ação constitutiva é a que tem por objetivo obter uma certificação e
efetivação de um direito potestativo e ação declaratório é aquela cujo objetivo é certificar a existência, a inexistência
ou o modo de ser de uma relação jurídica.

Além das classificações acima, dois outros conceitos são importantes: ação executiva em sentido amplo e ação
mandamental: executiva em sentido amplo é a ação pela qual se afirma um direito e se busca a efetivação e a
certificação desse direito por intermédio de medidas de coerção direta; mandamental é aquela pela qual se afirma um
direito e se busca a efetivação e a certificação desse direito por intermédio de medidas de coerção indireta.

Processo

Processo constitui uma relação jurídica que se estabelece entre autor, réu e juiz. Podemos conceituar também como
método sequenciado de atos praticados pelos sujeitos processuais, de um ponto de vista procedimental.

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Temos diversos procedimentos: comum é o procedimento que é a base de ritos do Processo Civil; especiais são os que
têm um rito específico, estejam ou não previstos no CPC (ação de consignação em pagamento está prevista no CPC,
mandado de segurança em outra lei).

Os pressupostos processuais constituem exigências para que o processo exista e transcorra de forma regular. Há uma
divisão interna entre os pressupostos processuais:

Pressupostos de existência são subjetivos e objetivos: subjetivos são, em relação ao juiz, a investidura de jurisdição, e,
em relação à parte, a capacidade de ser parte; pressuposto objetivo é a própria existência da demanda.

Já os pressupostos ou requisitos de validade também são subjetivos e objetivos: subjetivos, em relação ao juiz, são a
competência e a imparcialidade, em relação à parte, é a capacidade processual, a capacidade postulatória e a
legitimidade "ad causam"; objetivos são os intrínsecos, consistente no respeito ao formalismo processual, e
extrínsecos: estes também são negativos – inexistência de perempção, litispendência, coisa julgada ou convenção de
arbitragem – e positivo, que é o interesse de agir.

Limites da Jurisdição Nacional e Cooperação Internacional

Limites da Jurisdição Nacional


Em regra, a jurisdição é orientada pelo princípio da territorialidade, de forma que a jurisdição civil somente poderá ser
exercida dentro dos limites territoriais brasileiros. Entretanto, existem situações de extraterritorialidade, levando em
consideração alguns critérios específicos como a efetividade (capacidade de cumprir a decisão), o interesse (questões
que são de interesse do Estado) e a submissão (aceitação de eleição da jurisdição internacional pelas partes).

O CPC fixa hipóteses de jurisdição internacional concorrente e de jurisdição nacional exclusiva.

Em caso de jurisdição internacional concorrente, admite-se a atuação da jurisdição brasileira e estrangeira. Nessa
situação, para que haja a produção de efeitos de decisão estrangeira em nosso território, é necessário haver
homologação ou concessão de exequatur pelo STJ. São as seguintes as hipóteses de jurisdição concorrente: ação contra
réu domiciliado no Brasil; ação cujo objeto envolva obrigação que deve ser cumprida no país; ação cujo fato objeto de
discussão tenha sido praticado no Brasil; ação de alimentos em duas situações específicas: quando o credor for
domiciliado ou residente no Brasil e quando o réu, com vínculos no Brasil, revele capacidade econômica; ação
decorrente de relação de consumo quando o consumidor tiver domicílio ou residir no Brasil; e, finalmente, ação em
que as partes se submetam à jurisdição nacional.

A ação proposta no estrangeiro não induz a litispendência e não impede que seja conhecida a causa no Brasil, exceto
se houver tratado ou acordo internacional ou caso haja eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação da sentença
estrangeira. No caso de concorrência entre decisão estrangeira e nacional, efetiva-se a sentença estrangeira se
homologada antes do trânsito em julgado da decisão interna. Ao contrário, se a decisão interna transitar em julgado,
não se procede à homologação.

Por outro lado, em caso de jurisdição nacional exclusiva, não se admite a atuação de juízos estrangeiros, por questões
relacionadas à soberania nacional. São hipóteses previstas no CPC: ações relativas a imóveis situados no Brasil; ações
para confirmação de testamento particular, de inventário e de partilha de bens situados no Brasil, mesmo que o
falecido seja estrangeiro ou tenha residido fora do Brasil; e ações relativas à partilha de bens para divórcio ou
dissolução de união estável quando envolver bens situados no Brasil, mesmo que o titular dos bens seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território brasileiro.

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Cooperação Jurídica Internacional

A cooperação jurídica internacional se dá entre juízo nacional e estrangeiro.

Na cooperação internacional, a figura da autoridade central é importante. A autoridade central é o órgão responsável
pela condução dos processos, atuando como um ponto unificado de contato para a tramitação dos pedidos visando
dar efetividade e celeridade à tramitação de procedimentos.

São considerados mecanismos de cooperação jurídica internacional: tratados internacionais, cartas rogatórias,
homologação de sentença estrangeira, extradição e auxílio direto. Não estudamos, em processo civil, a cooperação
decorrente de tratados (que dependeria da análise dos documentos internacionais), homologação de sentença
estrangeira (que é conteúdo de processos de competência originária) e extradição (cujo estudo se faz pela aplicação
da Lei 6.815/1980).

Sobre a Carta Rogatória, esta é uma solicitação de auxílio pela autoridade jurisdicional competente. Verifica-se, no
procedimento de carta rogatória, apenas o preenchimento dos requisitos de admissibilidade (ou seja, não há análise
de mérito). O Poder Executivo atua como transmissor da carta, pois a solicitação de cooperação por carta rogatória
será feita pela autoridade jurisdicional brasileira e o cumprimento de carta rogatória estrangeira é feito pela Justiça
Federal após homologação pelo STJ. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de
jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. Na homologação de carta
rogatória, o STJ deve analisar o preenchimento dos requisitos para homologação e não pode revisar o mérito do
pronunciamento estrangeiro.

Auxílio Direto é a solicitação de auxílio feita pelo Poder Executivo (mesmo que oriundo do Poder Judiciário). No
procedimento de auxílio, ao contrário da carta rogatória, há ampla verificação dos fatos. Aqui, o Poder Executivo atua
de forma mais ampla. O auxílio se divide em passivo e ativo: passivo é aquele em que o Brasil é demandado para
cooperar com juízo estrangeiro; ativo é aquele em que o Brasil demanda juízo estrangeiro, requerendo cooperação.
Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a
ser submetida a juízo de delibação no Brasil. O auxílio direto dispensa a intermediação diplomática para o auxílio
direto, de modo que a comunicação se dá diretamente com a autoridade central brasileira.

Tanto a carta rogatória como o auxílio direto são fundados em tratados internacionais ou em promessas de
reciprocidade.

COMPETÊNCIA

Competência Interna

As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, RESSALVADO às partes o
direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.

A competência se fixa no momento do registro ou da distribuição da petição. Fixada a competência, esta é perpétua,
com duas exceções: supressão do órgão judiciário e alteração da competência absoluta.

Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as


modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, SALVO quando suprimirem órgão judiciário
ou alterarem a competência absoluta.

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Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas
neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas
constituições dos Estados.

⚫ CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

 competência de foro X competência do Juízo

COMPETÊNCIA DO FORO (TERRITORIAL) COMPETÊNCIA DO JUÍZO


O foro deve ser compreendido como o local em que o Uma vez definido o local, deve-se perquirir qual é o Juízo
magistrado exerce sua competência. competente, ou seja, qual, dentre os vários juízes do
foro, é concretamente competente.

 competência originária X competência derivada

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA COMPETÊNCIA DERIVADA


Define o órgão jurisdicional para conhecer o processo Estabelece a reponsabilidade de julgar recursos a partir
pela primeira vez. da decisão do órgão originariamente competente.

 competência relativa X competência absoluta

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Estabelece regras de competência a partir do interesse Fixa regras de competência a partir do interesse
público. particular.

⚫ CRITÉRIOS

➢ Objetivo: de acordo com esse critério, distinguimos a competência em razão da matéria, em razão da pessoa;
e em razão do valor.
➢ Funcional: aqui se distingue a competência de acordo com a atividade exercida no processo (exemplo: juiz
federal responsável pela execução de decisão originária do STJ).
➢ Territorial: distinguimos competência de acordo com o território sob jurisdição.

⚫ COMPETÊNCIA OBJETIVA

 competência em razão da pessoa leva em consideração a qualidade das partes. Exemplo: competência da justiça
federal em razão da presença da união.

 competência em razão da matéria leva em consideração a causa de pedir.

 competência em razão do valor da causa leva em consideração o valor do pedido.

⚫ CRITÉRIO TERRITORIAL

 Servirão para definir, dentro da competência da justiça comum estadual ou federal, onde a demanda será
proposta.

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⚫ CRITÉRIO FUNCIONAL

 competência originária e recursal;

 competência de acordo com a fase do processo (cognição, cautelar ou execução);

 competência em razão de assunção de competência, instituto próprio do NCPC, que está previsto no art.
947;

 competência decorrente de arguição de inconstitucionalidade em controle difuso, disciplinada no NCPC, no


art. 948.

⚫ JUSTIÇAS CÍVEIS: são cíveis as competências não penais

Justiça Eleitoral: a definição da competência da Justiça Eleitoral é feita pela causa de pedir (os fundamentos de fato e
de direito), abrangendo o que envolver o sufrágio (eleições, plebiscito e referendos) e questões político-partidárias.

Justiça do Trabalho: novamente com base na causa de pedir, será da competência da Justiça do Trabalho os processos
que envolverem as relações de trabalho.

⚫ JUSTIÇA FEDERAL: a competência da Justiça Federal é assentada em dois elementos da ação: em razão das partes
no processo ou em razão da causa de pedir.

 PARTE: ações que tenha como parte a União, autarquias federais e empresas públicas federais. Exceções: matéria
trabalhista, matéria eleitoral, falência e recuperação judicial e acidente de trabalho típico, quando o INSS é parte.

 CAUSA DE PEDIR: causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
ou residente no País; causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional; crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da
Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; causas relativas a
direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; habeas corpus, em matéria criminal
de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos
a outra jurisdição; mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais; crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar; crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
respectiva opção, e à naturalização; e a disputa sobre direitos indígenas.

⚫ JUSTIÇA COMUM: A competência da justiça estadual é determinada por exclusão. Se não for da competência das
“justiças especiais” ou da Justiça Federal, será atribuída ao poder judiciário comum estadual.

⚫ COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO NCPC

Ações de direito pessoal ou direito real sobre bens móveis. REGRA - foro do domicílio do réu. Situações específicas:
havendo mais de um domicílio, qualquer deles é competente; se o domicílio é incerto ou desconhecido, é competente
o local onde encontrado o réu ou o domicílio do autor; se o réu não tem domicílio ou residência no Brasil, é competente
o domicílio do autor; se houver dois ou mais réus com domicílios diferentes, qualquer deles é competente, à escolha
do autor.

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Execuções Fiscais: são competentes o foro de domicílio do réu, o da sua residência ou o lugar onde ele for encontrado.

Ações fundadas em direito real sobre imóveis DEVEM SER AJUIZADAS NO FORO DA SITUAÇAO DA COISA. Essa regra
se aplica a ações em que discute direito de propriedade, de vizinhança, de servidão, de divisão, demarcação de terras
e de nunciação de obra nova e possessória. Caso não se discuta qualquer desses assuntos, não se aplica a regra de
competência do foro da situação da coisa e sim a regra de competência relativa, sendo competente o domicílio do réu
ou o foro de eleição.

Ações relativas à sucessão causa mortis. Primeira regra: é competente o último domicílio do falecido. Se não havia
domicílio certo, é competente o local da situação dos bens imóveis do espólio. Se houver bens em vários locais, a ação
pode ser ajuizada em qualquer dos foros correspondentes. Por fim, se não houver nem domicílio certo nem bens
imóveis, a ação pode ser ajuizada em qualquer local em que se encontrem os bens móveis do espólio.

Ação contra réu Ausente - foro do seu último domicílio

Ações contra incapaz - foro do domicílio do representante ou do assistente.

Competência para julgar ações envolvendo a união, os estados-membros e o distrito federal. Quando esses entes
forem autores, é competente o domicílio do réu. Quando réus, é competente o foro do domicílio do autor, o local do
ato ou fato, o foro da situação da coisa ou, ainda, o Distrito Federal ou capital do Estado.

Ação de divórcio separação, anulação de casamento e reconhecimento de união estável. É competente o domicílio
do responsável pelo incapaz, se houver; não havendo, é competente o foro do último domicílio do casal; se residirem
em domicílios distintos do domicílio do casal, a competência será do foro do domicílio do réu.

Ação de alimentos: de domicílio ou residência do alimentando.

Ação em que a ré for pessoa jurídica: foro do lugar onde está a sede.

Ação relativa às obrigações que a pessoa jurídica contraiu: local onde está a agência ou sucursal.

Ação contra ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica: local onde exerce suas atividades.

Ação em que se lhe exigir o cumprimento: local onde a obrigação deve ser satisfeita.

Ação que verse sobre direito previsto o estatuto: local de residência do idoso.

Ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício: local da serventia notarial ou de registro.

Ação de reparação de dano ou cujo réu administrador ou gestor de negócios alheios: foro do lugar do ato ou do fato.

Ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves: foro do domicílio
do autor do local do fato.

⚫ MÉTODO PARA IDENTIFICAR O JUÍZO COMPETENTE: Primeiro, devemos verificar se a justiça brasileira é
competente para julgar as causas (arts. 21 a 23 do NCPC). A seguir, investigamos se é caso de competência originária
de Tribunal ou de órgão jurisdicional atípico (Senado Federal – art. 52, I e II, da CF; Câmara dos Deputados – art. 51,
da CF; Assembleia Legislativa estadual para julgar governador de Estado). Não sendo o caso, verifica-se se a questão é
afeta à justiça especial (eleitoral, trabalhista ou militar) ou à justiça comum. Competente a justiça comum, verifica-se
se é competência da justiça federal (arts. 108 e 109, da CF), pois, não sendo, será residualmente da estadual; sendo
da justiça estadual, deve-se buscar o foro competente, segundo os critérios do CPC (competência absoluta e relativa,

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material, funcional, valor da causa e territorial); finalmente, determinado o foro competente, verifica-se o juízo
competente, de acordo com o sistema do CPC (prevenção, p. ex.) e as normas de organização judiciária.

⚫ MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: No caso de modificação de competência, um Juiz que não era originariamente
competente passará a o ser. Só existe essa possibilidade quando se trata de competência relativa.

⚫ PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA: Nas hipóteses de competência relativa, caso a parte proponha a ação em juízo
incompetente, mas a parte adversa não se oponha à competência do órgão, ocorre a prorrogação a perpétuo da
competência desse órgão que era originalmente incompetente. Há aqui duas exceções, nas quais se firma a
competência de outro órgão jurisdicional: são as hipóteses de supressão do órgão judiciário e alteração de
competência absoluta, conforme parte final do artigo 43 do NCPC.

Temos ainda mais uma exceção à regra de prorrogação da competência: conexão (art. 55, do NCPC) e a continência
(arts. 56 e 67, ambos do NCPC).

Conexão ocorre quando, em dois processos, forem comuns o pedido ou a causa de pedir. O CPC estende a regra de
conexão a duas situações específicas: quando houver identidade da relação material, ainda que o pedido ou a causa
de pedir não sejam idênticos, porém, semelhantes e quando houver execuções fundadas no mesmo título executivo.
A consequência da conexão é a reunião dos processos, exceto se um já tiver sido julgado.

Na continência, há identidade entre as partes, causa de pedir, mas o pedido de uma é mais amplo que o da outra.

E qual será o Juiz competente para julgar as ações conexas ou contingentes? O juízo prevento, ou seja, define-se a
competência pela propositura da ação, isto é, no momento em que houver registro ou distribuição da petição inicial.

Também constitui exceção à prorrogação de competência a situação de incidente de deslocamento de competência


(art. 109, §5º, da CF), em que se transfere a competência da Justiça estadual para a federal.

Admite-se que as partes firmam foro de eleição para fixação da competência. A escolha do foro deve constar de
instrumento escrito e se referir expressamente a determinado negócio jurídico específico. A previsão de foro
contratual se transmite aos herdeiros e sucessores dos contratantes. O juiz, ao tomar conhecimento da cláusula, pode
fazer o controle da sua validade: se a cláusula for abusiva, o juiz a pode reputar ineficaz, com determinação de remessa
dos autos ao foro que reputar competente; as partes podem alegar a abusividade da cláusula em contestação, sob
pena de preclusão. De todo modo, ocorre também a modificação da competência por intermédio do foro de eleição.
Para eleição do foro devem ser observadas algumas regras que constam do art. 63, do NCPC.

⚫ INCOMPETÊNCIA

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Estabelece regras de competência a partir do interesse Fixa regras de competência a partir do interesse
público. particular.

A incompetência absoluta deve ser alegada em Deve ser alegada pelo réu em preliminar de contestação,
preliminar de contestação. Contudo, a incompetência sob pena de precluir e, em decorrência disso, prorrogar
poderá ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das a competência.
partes.
Agora, a incompetência relativa será feita em preliminar
em contestação, NÃO existindo mais a exceção de
incompetência.
Pode ser reconhecida de ofício. NÃO pode ser reconhecida de ofício.

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NÃO pode ser alterada por vontade das partes. As partes têm a prerrogativa de eleger o foro.

NÃO admite conexão e continência. Admite conexão e continência.

NÃO pode ser alterada por conexão ou continência. Pode ser modificada por conexão ou continência.

Abrange as regras e a fixação da competência material, Abrange as regras de competência territorial e


em razão da pessoa e funcional. competência sobre o valor da causa.

Se houver violação à regra de competência absoluta, são preservados os atos decisórios, pois, embora não haja
competência, há jurisdição, e os atos são preservados até a análise ser feita pelo juiz efetivamente competente.

Se a ação transitar em julgado é cabível a ação rescisória. NÃO cabe ação rescisória, pois há prorrogação da
competência.

Alteração superveniente da competência implica o Mudança superveniente de competência relativa não


deslocamento da causa para outro juízo. produz efeitos.

⚫ CONFLITO DE COMPETÊNCIA: conflito negativo ocorre quando ambos os juízes se reputam incompetentes para o
julgamento do processo. Conflito positivo é quando mais de um juiz se considera competente para o julgamento.

Cooperação Nacional

Os órgãos jurisdicionais devem atuar em cooperação recíproca na condução da atividade jurisdicional,


independentemente da instância ou se é da justiça estadual ou federal.

PARTES E PROCURADORES

Pressupostos processuais

● CONCEITO: Pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as condições
de eficácia do procedimento.

● CLASSIFICAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: Os pressupostos de existência se dividem em subjetivos e


objetivos: quando aos subjetivos, referem-se ao juiz, que deve estar investido de jurisdição, e à parte, a qual deve ter
capacidade de ser parte; objetivo é o pressuposto relativo à própria existência de demanda.

Os requisitos de validade também são subjetivos e objetivos: os subjetivos se referem ao juiz, o qual deve ser
competente e imparcial, a às partes, as quais devem ser dotadas de capacidade processual, capacidade postulatória e
legitimidade "ad causam"; os requisitos objetivos, por sua vez, são intrínsecos, os que se referem ao respeito ao
formalismo processual, e extrínsecos, que, por sua vez, são negativos, quando à inexistência de perempção, de
litispendência, de coisa julgada e de convenção de arbitragem, e positivo, que é o interesse de agir.

Partes e procuradores

● CAPACIDADES: a capacidade se divide em três aspectos: capacidade de ser parte, capacidade para estar em juízo e
capacidade postulatória.

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● CAPACIDADE DE SER PARTE (também conhecida como capacidade processual ou judiciária) remete ao conceito de
capacidade civil. A princípio, todas as pessoas naturais têm capacidade de ser parte. Eventualmente, entes
despersonalizados também têm capacidade de ser parte, como o condomínio.

● CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO (de capacidade processual em sentido estrito, ou legitimatio ad processum) refere-
se ao modo como se exerce a ação e a defesa no curso do processo em relação à prática de atos processuais. TODA
pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo, mas o incapaz será
representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. Mesmo que a parte não tenha
curador prévio, há duas situações em que o curador especial deve ser designado: quando o incapaz não possuir
representante ou assistente e quando os interesses do incapaz colidirem com os interesses do representante ou do
assistente. O NCPC prevê ainda a designação de curador especial para o réu preso revel e para aqueles que foram
citados por edital ou por hora certa.

CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO – REGRAS ESPECÍFICAS

União AGU

Estados e Distrito Federal procuradores do Estado

Município Prefeito ou procuradores municipais

autarquias e fundações públicas quem tiver essa prerrogativa de acordo com lei específica.

massa falida administrador judicial

herança jacente ou vacante curador

espólio inventariante

pessoa jurídica quem o ato constitutivo designar ou seus diretores

sociedade e associações sem personalidade jurídica pessoa que for responsável pela administração dos bens

pessoa jurídica estrangeira gerente, representante ou administrador da filial no Brasil

condomínio administrador ou síndico

Devemos fazer algumas observações sobre esses agentes em juízo:

Quando o inventariante do espólio for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio
seja parte.

A sociedade ou a associação sem personalidade jurídica NÃO poderá opor a irregularidade de sua constituição
quando demandada.

O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação para qualquer
processo.

● CAPACIDADES PROCESSUAIS (OU POSTULATÓRIA): é o atributo para que determinada pessoa possa praticar
validamente atos processuais. É um atributo conferido ao advogado regular perante a OAB e, em situações específicas,
à própria parte.

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Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e


designará prazo razoável para que seja sanado o vício. Se o autor não regularizar a incapacidade processual ou a
irregularidade de representação, o processo será extinto sem julgamento do mérito. Por outro lado, se o réu não
regularizar a incapacidade processual ou a irregularidade de representação, ele será revel no processo, considerando-
se que se recusou a manifestar-se validamente no processo. Em se tratando de terceiro interessado no processo,
poderá ser excluído ou considerado revel.

Caso o processo esteja na fase recursal, o relator do processo NÃO conhecerá do recurso, se a providência couber ao
recorrente; cabendo ao recorrido, o relator deve determinar o desentranhamento das contrarrazões.

● LEGITIMAÇÃO PARA AGIR: Para encerrar a primeira parte, é importante deixar claro que as capacidades que
estudamos acima não se confundem com a legitimação.

A pessoa, pela simples existência, tem capacidade de ser parte. Digamos que seja plenamente capaz, não esteja presa
e tenha sido citada regularmente, logo, terá também capacidade de estar em Juízo. Vamos supor, ainda, que essa
pessoa tenha constituído advogado de forma regular, que juntou a documentação nos autos de forma que não há
qualquer vício da capacidade postulatória. Na situação acima, ainda que atendidas as regras relativas à capacidade,
pode ocorrer de a parte não ter legitimação para agir sozinha no processo.

São situações, portanto, que, para além da capacidade, exigem que duas ou mais pessoa atuem juntas no processo ou,
pelo menos, que ambas as partes (com capacidade de ser parte, de estar em juízo e postulatória) sejam intimadas.

Essas situações envolvem a denominada legitimação para agir, que está disciplinada nos arts. 73 e 74, do NCPC.

Conforme o art. 73, os cônjuges somente poderão propor ações que envolvam os bens imóveis do casal
conjuntamente. Do mesmo modo, quando demandados em lide que envolva bens do casal, ambos os cônjuges devem
ser citados. Antes de iniciar, é importante registrar que as regras que veremos abaixo aplicam-se tanto aos cônjuges
(casado por intermédio de contrato solene) como àqueles que convivem em união estável, conforme expõe o §3º do
art. 73.

O caput do art. 73 estabelece que os cônjuges somente terão legitimidade para agir se estiverem juntos nas ações
que envolvam direito real imobiliário, a não ser que o casamento se dê em regime de bens de separação
absoluta. Mesmo nessas situações, cabe destacar que não é necessário formar litisconsórcio no polo ativo, basta o
consentimento do cônjuge. Dito de outra forma, a parte poderá agir sozinha desde que tenha obtido o consentimento
do outro cônjuge e isso reste provado no processo. De acordo com a doutrina1:

Não é caso de litisconsórcio necessário. Trata-se de norma que tem o objetivo de integrar
a capacidade processual ativa do cônjuge demandante. Dado consentimento inequívoco,
somente o cônjuge que ingressa com a ação é parte ativa; o que outorgou o consentimento
não é parte na causa. Nada impede, porém, a formação do litisconsórcio ativo, que é
facultativo.

Quando estiverem no polo passivo da ação, ambos os cônjuges devem ser citados nas ações que envolverem as
hipóteses citadas nos incisos do §1º, do art. 73, que são as seguintes: que verse sobre direito real imobiliário,
SALVO quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; resultante de fato que diga respeito
a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a

1
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, 18ª edição, Bahia. Editora Jus Podvim, 2016,
2016, p. 324.

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bem da família; que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel
de um ou de ambos os cônjuges.

Para fins de prova...

LEGITIMAÇÃO PARA AGIR DOS CÔNJUGES


Para propor ação: Quando demandados:
⚫ devem ingressar juntos quando envolver ação sobre ⚫ devem ser citados quando envolver ação sobre direito
direito real imobiliário, exceto se o regime de bens for real imobiliário, exceto se casados em regime de
de separação total. separação total de bens.
⚫ Ambos os cônjuges deverão, necessariamente, ser
citados nas seguintes hipóteses:
 Ação que envolva fatos relacionados a ambos os
cônjuges.
 Ação referente à dívida contraída por um dos
cônjuges a bem de família.
 Ação que tenha por objeto o reconhecimento, a
constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um
ou de ambos os cônjuges.
Por exemplo, ação hipotecária em face de bens do
casal.

Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor, ou do réu, SOMENTE é indispensável nas hipóteses de
composse ou de ato praticado por ambos.

A ação de suprimento de vontade de um dos cônjuges poderá ser proposta em duas situações: negativa de um dos
cônjuges sem justo motivo; e quando for impossível ao cônjuge conceder o consentimento.

● DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES: as partes devem ser pautar pela boa-fé, auxiliando no regular
andamento do processo. Para o cumprimento dessa finalidade, o Código fixa alguns deveres das partes,
particularmente: expor fatos conforme a verdade; não formular pretensão destituída de fundamento; não produzir
provas inúteis/desnecessárias; informar e atualizar endereços; cumprir as decisões judiciais e não criar embaraços;
não praticar inovação ilegal no estado de fato ou de bem ou direito litigioso.

● ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA x LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA é o ato que causa dano ao Poder Judiciário. Nesse caso, a sanção é a
aplicação de multa de até 20% do valor da causa ou multiplicada por até 10 salários-mínimos, caso seja
irrisório/inestimável o valor da causa. São hipóteses de ato atentatório à dignidade da Justiça: a) não cumprir decisões
jurisdicionais; b) criar embaraços à efetivação do processo; e c) inovação ilegal no estado de fato de bem litigiosos. O
valor da multa é revertido para o fundo de modernização do Poder Judiciário

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ é ato que causa dano à parte contrária. Esse ato é sancionado por multa de 1 a 10% do valor da
causa ou multiplicada por até 10 salários-mínimos, caso seja irrisório/inestimável o valor da causa. Está em litigância
de má-fé aquele: a) postular contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; b) alterar a verdade; c) usar o processo
para atingir objetivo ilegal; d) resistência injustificada ao andamento processual; e) proceder de modo temerário; f)
provocar incidente manifestamente infundado; e g) recurso manifestamente protelatório. O valor da multa é revertido
à parte prejudicada pelo dano.

● DESPESAS, DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E DAS MULTAS

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 Despesas: REGRA DE PAGAMENTO: quem deve arcar com as despesas é parte sucumbente, a que for vencida na
ação. Na hipótese de SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA, isto é, quando ambas as partes forem vencedores e vencidos, as
despesas serão distribuídas proporcionalmente, exceto quando houver sucumbência mínima de uma das partes,
hipótese em que a parte que sucumbiu em praticamente todo o objeto da ação será responsável pela integralidade
das despesas do processo. Em caso de LITISCONSÓRCIO, os litisconsortes são responsáveis pelas despesas
proporcionalmente a seus quinhões. O Código prevê o ADIANTAMENTO das despesas pela parte que der causa ao
gasto, exceto se esse requerimento for determinado pelo Juiz ou requerido pelo Ministério Público quando atuar na
condição de fiscal da ordem jurídica, hipótese em que as despesas serão adiantadas pela parte autora. Sobre a
ABRANGÊNCIA das despesas, estas incluem custas dos atos do processo, indenização para viagem, remuneração do
assistente técnico e diária de testemunha. A seguir vamos ver mais algumas regras específicas.

Quando o processo for de JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA, as despesas serão adiantadas pelo requerente e rateadas pelos
interessados. Nos JUÍZOS DIVISÓRIOS, se não houver litígio, serão rateadas as despesas proporcionalmente aos
respectivos quinhões das partes. Sobre o ADIANTAMENTO DE DESPESAS REQUERIDOS PELA FAZENDA, MP E DP, há o
seu pagamento apenas ao final do processo. No caso de perícia, elas serão realizadas por entidades públicas ou
adiantadas pelos cofres públicos, se houver previsão orçamentária. Na situação de ATOS ADIADOS OU REPETIÇÃO
NECESSÁRIA, as despesas extras decorrentes serão pagas por quem der causa. Quando houver ASSISTENTE TÉCNICO,
as despesas são adiantadas pela parte que o indicou. Já quando for produzida PERÍCIA, a despesa será adiantada pela
parte que a requereu e, quando determinada pelo magistrado ou requerido por ambas as partes, o custo do
adiantamento será dividido. Por fim, havendo ASSISTENTE, este é condenado ao pagamento das custas em proporção
à atividade que houver exercido no processo.

 Honorário do advogado: A primeira REGRA é que o vencido será o responsável pelo pagamento dos honorários. Os
honorários SÃO DEVIDOS DE FORMA CUMULATIVA, isto é, há adição de honorários para cada fase processual,
nomeadamente as seguintes: sentença de mérito, reconvenção, cumprimento (provisório ou definitivo), execução
(resistida ou não) e recursos. São os seguintes os CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DO PERCENTUAL DE HONORÁRIOS: a)
zelo profissional; b) lugar da prestação dos serviços; c) natureza e importância da causa; e d) trabalho realizado e
tempo dedicado. Já quando aos PERCENTUAIS MÍNIMOS E MÁXIMOS, este é de 10 a 20% do valor da condenação, do
proveito econômico obtido com a ação ou sobre o valor da causa. Se a AÇÃO FOR DE VALOR INESTIMÁVEL/IRRISÓRIO,
caberá ao juiz arbitrar, segundo critérios utilizados para aferir os percentuais. No caso de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
CONTRA PESSOA POR ATO ILÍCITO, para o cálculo do montante da condenação, consideram-se os valores já devidos
(prestações vencidas) e as primeiras 12 parcelas vincendas. Quando ocorrer a PERDA DO OBJETO DA AÇÃO, responde
pelos honorários a parte que deu causa ao processo. Uma novidade importante do NCPC é a previsão de HONORÁRIOS
EM RECURSO: caberá ao Tribunal majorar o valor dos honorários, sempre observado os percentuais mínimo e máximo
(em regra, de 10 a 20%). Os honorários são dotados de CUMULATIVIDADE, quer dizer, eles são cumulativos com multas
e outras sanções aplicáveis. O NCPC resolveu uma disputa que existe no nosso ordenamento quanto à NATUREZA
JURÍDICA DA VERBA: os honorários têm caráter alimentar com preferência creditória. A respeito do PAGAMENTO, o
advogado pode requerer que o pagamento seja feito diretamente à sociedade de advogados e, caso não fixado o valor
em sentença, poderá ingressar com ação autônoma para definição do valor e pagamento. Incidem JUROS
MORATÓRIOS sobre o valor devido a título de honorários, contando do trânsito em julgado. Por fim, mesmo quando
houver ATUAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA, são devidos, do mesmo modo, os honorários do advogado.

 Regras específicas aplicáveis às despesas e aos honorários advocatícios: Vamos ver a seguir regras especiais:

O Código determina a prestação de CAUÇÃO PELO NÃO RESIDENTE (BRASILEIRO OU ESTRANGEIRO) QUANDO FOR
PARTE AUTORA (para custas e honorários advocatícios). Não se exige essa caução quando: a) em face de acordo, ou
de tratado internacional, os Estados signatários dispensarem a exigência; b) nas ações de execução de título
extrajudicial e no cumprimento de sentenças; c) nas ações de reconvenção.
Os LITISCONSORTES responderão proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. Nos casos de DESISTÊNCIA,
DENÚNCIA e RECONHECIMENTO DO PEDIDO, os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou
reconheceu. Se houver vários, calcula-se o valor proporcionalmente. Ainda, quando ocorrer o RECONHECIMENTO DA

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PROCEDÊNCIA DO PEDIDO E CUMPRIMENTO, são reduzidos os honorários pela metade (não se aplica às despesas).
Firmando-se TRANSAÇÃO, as partes podem estipular quem pagará despesas processuais e, se nada disserem, serão
divididas em partes iguais. Quando for proferida SENTENÇA SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, somente poderá ser
proposta nova ação se pago ou depositado o valor referente às despesas e aos honorários. Se ocorrer SUCUMBÊNCIA
MÍNIMA de uma das partes, os honorários e despesas serão devidos na integralidade pela parte que sucumbir em
praticamente todo o objeto da demanda.

 Gratuidade da Justiça: A parte ou terceiro deve requerer na primeira vez que tiver oportunidade de se manifestar
nos Autos (petição inicial, contestação, ingresso de terceiro ou por petição, se superveniente). Quando o pedido for
feito por pessoa natural, presume-se a hipossuficiência alegada. A parte contrária pode impugnar e o juiz decidirá a
respeito de acordo com elementos constantes dos autos. A gratuidade é benefício de caráter pessoal (não extensível
ao litisconsorte ou sucessor). O recurso formulado por beneficiário de gratuidade dispensa preparo, exceto se esse
recurso tratar exclusivamente de honorários advocatícios, a não ser que o advogado também seja beneficiário da
Justiça gratuita. A assistência do beneficiário por advogado não impede a concessão do benefício (ou seja, não se exige
a assistência da defensoria pública).

● PROCURADORES: A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados
do Brasil. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. Em algumas situações é admitida,
excepcionalmente, a atuação sem mandato de procuração, que são as seguintes: atuação em causa própria (art. 103,
parágrafo único, do NCPC); para evitar preclusão, decadência ou prescrição; e para praticar ato considerado urgente.

PROCURAÇÃO
... GERAL DE FORO ... ESPECÍFICA
Habilita o advogado para a prática de todos os Exige-se menção específica na procuração para:
atos do processo.  citar
 confessar
 reconhecer a procedência do pedido
 transigir
 desistir
 renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação
 receber
 dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica.
 Pode ser assinada digitalmente.
 Deve conter: nome do advogado, número e endereço. Se o advogado integrar sociedade de advogados será
necessário indicar o nome, o número e o endereço da sociedade.
 A procuração constituída na fase de conhecimento será válida para todo o processo, exceto se houver
alguma restrição estipulada contratualmente.

 O Código assegura alguns direitos aos advogados, que são os seguintes: examinar processos em cartório; requerer
vista do processo pelo prazo de 5 dias, quando tiver procuração; e retirar os autos da secretaria quando lhe couber
falar nos autos.

 Denúncia do mandato: denúncia é a renúncia unilateral do seu mandato pelo advogado. O advogado que renunciar
deve: comprovar que comunicou a renúncia à parte e permanecer representando por mais 10 dias a fim de evitar
prejuízo ao representado.

● SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES: No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das
partes nos casos expressos em lei.

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● ALIENAÇÃO DE COISA LITIGIOSA: não há alteração da legitimidade das partes quando for alienada a coisa litigiosa.
O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a
parte contrária. No entanto, o adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial
do alienante ou cedente. Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou
cessionário.

Litisconsórcio

● CONCEITO: Litisconsórcio acontece quando, no mesmo polo do processo, existe uma pluralidade de partes ligadas
por uma afinidade de interesses.

Sobre a CLASSIFICAÇÃO, temos que há classificação quanto ao polo processual: litisconsórcio ativo no polo passivo,
litisconsórcio passivo no passivo e misto quando o litisconsórcio for nos dois polos. Quanto ao momento, o
litisconsórcio pode ser inicial, quando formado já na petição inicial, e ulterior, quando decorrer de fato posterior. Em
relação aos efeitos, o litisconsórcio é simples, quando a decisão não for necessariamente idêntica em relação aos
litisconsortes, e unitário, quando a decisão for necessariamente idêntica.

possibilidade de que a decisão seja diferente para


LITISCONSÓRCIO SIMPLES
os litisconsortes no mesmo polo

obrigatoriedade de que a decisão seja a mesma


LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO
para os litisconsortes no mesmo polo

Quanto à obrigatoriedade de formação do litisconsórcio, este é facultativo ou necessário. O litisconsórcio facultativo


pode surgir nas seguintes situações: quando entre as partes houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide; entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; ou quando ocorrer
afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Já o litisconsórcio obrigatório se forma quando, por
disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de
todos que devam ser litisconsortes.

● LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO é o litisconsórcio formado por um número excepcionalmente grande de


litigantes, sempre que, em razão de sua formação, possa ocorrer o comprometimento da defesa, ou do cumprimento
de sentença, ou a rápida solução do litígio. Por motivos atinentes à paridade de armas e à efetividade do processo,
portanto, é possível desmembrar o litisconsórcio

● EFEITO DA SENTENÇA QUE NÃO OBSERVA REGRAS DO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO: A sentença será nula se for
caso de litisconsórcio unitário, ou seja, se a decisão devesse ser uniforme para todos aqueles que deveriam ter
integrado o polo da ação. Agora, se o litisconsórcio for necessário, mas simples, a sentença será ineficaz em relação
àqueles que não integraram a lide. Dito de outra forma, a sentença não produzirá efeitos em relação a essas outras
partes.

● REGIME JURÍDICO DO LITISCONSÓRCIO

Benéficos Prejudiciais

Livrão Digital de 1ª Fase 30


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Como a decisão pode ser diferente para cada Como a decisão pode ser diferente para cada
Litisconsórcio
um dos litisconsortes, os atos benéficos não um dos litisconsortes, os atos benéficos não
Simples
beneficiarão os demais litisconsortes. prejudicarão os demais litisconsortes.
Não, inclusive quanto ao praticante do ato
Litisconsórcio
Sim, os atos benéficos estendem-se a todos. prejudicial. Nesse caso, dependerá da
Unitário
concordância de todos os litisconsortes.

Intervenção de Terceiros

Introdução

Toda vez que o terceiro for atingido direta ou reflexamente pela decisão proferida em processo alheio, ele se tornará
parte legítima para ingressar no processo. Trata-se, portanto, de um fato jurídico processual que implica a modificação
de processo que já existe. Terceiro é quem não pede e não tem pedidos formulados contra si. Desse modo, é parte
quem pede ou quem tem pedido formulado contra si. Há três formas de se tornar parte em determinado processo: a)
tomando a iniciativa de instaurá-lo; b) sendo chamado a juízo para ver-se processar; c) intervindo em processo já
existente entre outras pessoas.

Com o Novo CPC, a nomeação à autoria deixa de existir, dando lugar à técnica da correção da legitimidade passiva,
disciplinada nos arts. 338 e 339, ambos do NCPC, que será estudada em outra oportunidade. Além disso, a oposição
não consta mais como intervenção de terceiro típica, tornando-se um procedimento especial, previsto no art. 682 a
686, do NCPC. A oposição em termos gerais é o instituto por intermédio do qual o terceiro reclama o bem ou o direito
disputado em processo alheio. No entanto, foram acrescentadas duas novas hipótese de intervenção de terceiros: o
amicus curiae e a desconsideração de personalidade jurídica.

Classificação

 INTERVENÇÕES DE TERCEIRO TÍPICAS: são as seguintes as formas de intervenção com regulamentação expressa:
assistência, denunciação da lide, chamamento ao processo, amicus curiae e incidente de desconsideração da
personalidade jurídica.

 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ESPONTÂNEA OU PROVOCADA: podemos distinguir as formas de intervenção em


espontâneas ou provocadas. Veja o esquema a seguir:

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ESPONTÂNEA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS PROVOCADA


denunciação da lide
assistência chamamento ao processo
incidente de desconsideração da personalidade jurídica
amicus curiae

 INTERVENÇÃO DE TERCEIRO POR INSERÇÃO OU POR AÇÃO. A intervenção de terceiros por inserção é aquela que
ocorre dentro da mesma relação jurídica processual primitiva. No outro caso, a intervenção de terceiro se dá por
intermédio do ajuizamento de uma ação pelo terceiro ou contra ele.

Agora vamos ver cada uma das formas de intervenção de terceiro:

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Assistência

● HIPÓTESES DE CABIMENTO. Cabe assistência, de acordo com o Código, quando terceiro tenha interesse jurídico em
que uma das partes processuais seja a vencedora da demanda. O assistente receberá o processo no estado em que se
encontrar.

Há hipóteses de assistência em decorrência da intervenção anódina, que é a intervenção da União nas causas em que
figurarem, no polo ativo ou passivo da demanda, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista ou
empresas públicas federais, quando for proprietária ou acionista majoritária.

● ESPÉCIES

ASSISTÊNCIA
SIMPLES LITISCONSORCIAL
A parte ingressa em juízo para auxiliar uma das partes por Sempre que a sentença influir na relação jurídica
possuir interesse jurídico no deslinde da demanda. entre ele e o adversário do assistido.
Relação jurídica do terceiro assistente com ambas
Relação jurídica do terceiro assistente apenas com o assistido.
as partes na ação.
O assistente é um coadjuvante no processo (atividade
O assistente recebe tratamento de parte.
subordinada).

● PROCEDIMENTO: uma vez pleiteado o ingresso do assistente na ação, o magistrado poderá: rejeitar liminarmente o
ingresso; ou, se não for o caso de rejeição de plano, o magistrado deverá intimar as partes para que, no prazo de 15
dias, apresentem impugnação, após o que decidirá.

Denunciação da lide

Constitui uma demanda, pois ela envolve o direito de ação. Essa demanda se caracteriza por ser: a) incidente; b)
regressiva; c) eventual; e d) antecipada.

● Hipóteses de denunciação da lide: é possível a denunciação ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo
domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; também
cabe denunciação àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo.

● Procedimento e formação: Feita a denunciação pelo AUTOR, o denunciado poderá assumir a posição de
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação
do réu. Já se é feita a denunciação pelo RÉU, podem ocorrer uma série de situações: se o denunciado contestar o
pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e
denunciado; se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente
oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; finalmente, se o denunciado confessar
os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal
reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Chamamento ao processo

● HIPÓTESES: Admite-se o chamamento do afiançado quando o fiador for demandado; admite-se o chamamento ao
processo dos demais fiadores quando a ação for proposta apenas contra um deles; e admite-se o chamamento ao
processo dos demais devedores solidários quando o credor ingressar contra um deles apenas.

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● PROCEDIMENTO: a partir da citação do réu, este pode chamar ao processo o afiançado, os demais fiadores ou
devedores solidários no prazo de 30 dias, caso residam na mesma comarca, seção ou subseção, ou no prazo de 2
meses, se residirem em comarca, seção ou subseção distinta ou estiverem em lugar incerto ou não sabido. A principal
finalidade do chamamento ao processo é permitir a formação do título executivo contra os demais devedores
solidários, evitando a necessidade de se propor nova ação.

Incidente de desconsideração da personalidade jurídica

● FORMA: ação e incidente. A desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida já na petição inicial ou
por meio de incidente de desconsideração.

● LEGITIMIDADE: será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no
processo.

● PROCEDIMENTO: a desconsideração pode ser invocada em qualquer fase processual: fase de conhecimento, de
cumprimento de sentença ou de execução de título extrajudicial. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica
será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS.

● EFEITOS DO JULGAMENTO: acolhido o pedido de desconsideração, de alienação ou de oneração de bens, havida em


fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Amicus Curiae

● CONCEITO: terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional, intervém
no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da decisão. AUTORIZA-SE O AMICUS CURIE
QUANDO ENVOLVER: se tratar de matéria relevante, de tema específico ou quando existir repercussão social da
controvérsia. A atuação do amicus curiae não se confunde com a do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica,
pois a figura interventiva não tem qualquer interesse no julgamento da ação. O amicus curiae atua como um órgão
meramente opinativo e não tem tantos poderes quanto o MP. O amicus curiae também não se confunde com o
assistente, pois esse tem interesse no resultado do julgamento, tendo poderes mais amplos que a figura interventiva.
Os poderes do amicus curiae serão fixados pelo magistrado na decisão que determina o ingresso. Desse modo, em
regra, o amicus curiae irá se manifestar sobre os fatos discutidos no processo.

O Código estabelece expressamente alguns poderes do amicus curiae: ele poderá opor embargos de declaração e
interpor recurso em face de decisão que julgue os incidentes de resolução de demandas repetitivas. Outras
possibilidades recursais somente serão admitidas se o juiz permitir.

JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA


● JUIZ

PODERES, DEVERES E RESPONSABILIDADE JUIZ: o Código elenca uma série de poderes e deveres do juiz. Vejamos
quais são: assegurar a igualdade de tratamento; velar pela duração razoável do processo; prevenir e reprimir atos
contrários à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias; promover a autocomposição; dilatar prazos e alterar a ordem produção
dos meios de provas de acordo com as necessidades do conflito; exercer o poder de polícia; determinar o
comparecimento pessoa para inquirir partes (não gera confissão); buscar o conhecimento de mérito com o suprimento
de pressupostos processuais e saneamento de vícios processuais; representar para a coletivização de demandas no
caso de direitos individuais homogêneos.

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● PROIBIÇÃO DO NON LIQUET → o juiz NÃO se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico. Além disso, o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

● PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA - o juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe VEDADO
conhecer questões não suscitadas, a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

● RESPONSABILIDADE CIVIL DO MAGISTRADO: há hipóteses de responsabilidade pessoal do magistrado, que são as


seguintes: atuação com dolo ou fraude no desempenho de suas funções; e quando recusar, omitir ou retardar
providência que deveria ordenar de ofício quando o pedido não for apreciado no prazo de 10 dias.

● IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

presunção absoluta de parcialidade presunção relativa de parcialidade

Circunstâncias objetivas: Circunstâncias subjetivas:


 mandatário da parte, perito, membro do MP ou  amigo íntimo ou inimigo da parte ou advogado.
testemunha.
 receber presentes de pessoa com interesse na
 decidiu no feito em outro grau de jurisdição causa.
 advogado, defensor ou membro do MP (+  aconselhar ou subsidiar as despesas do processo
cônjuge/companheiro ou parente até 3º) (após iniciado o processo).
 cônjuge/companheiro ou parente até 3º for parte no  credor ou devedor da parte (cônjuge/companheiro
processo. ou parente até 3º).
 sócio ou membro de direção ou de administração de PJ  interessado no julgamento do processo.
parte no processo.
 herdeiro presuntivo, donatário ou empregador
 relação de emprego ou prestador de serviços de
instituição parte no processo.
 cônjuge/companheiro ou parente até 3º for advogado
ou atue no escritório.
 promover ação contra parte ou advogado.

Violação gera nulidade mesmo se não arguida Não gera nulidade


oportunamente

Enseja ação rescisória Não enseja ação rescisória

Arguição por incidente a qualquer tempo Arguição por incidente no prazo de 15 dias a contar do
conhecimento do fato

 A oposição de exceção de suspeição é considerada ilegítima em algumas situações: quando a própria parte que
alegar a suspeição a provocar ou quando a parte que alegar a suspeição já tiver praticado ato no processo que implique
a aceitação tácita do magistrado.

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● Quando 2 ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará,
remetendo os autos ao seu substituto legal.

● AGENTES SUJEITOS A IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO (arts. 144/5): o impedimento e a suspeição se aplicam aos
agentes imparciais, que são o magistrado, o MP, os auxiliares de justiça e demais sujeitos imparciais do processo. Esse
regime não se aplica às testemunhas.

● AUXILIARES DA JUSTIÇA: são auxiliares da Justiça os seguintes agentes públicos: chefe de secretaria e oficial de
justiça, perito, depositário e administrador, intérprete e tradutor, conciliadores e mediadores judiciais.

 Escrivão ou chefe de secretaria e oficial de justiça: essa é a estrutura mínima de uma unidade funcional judiciária,
que se denomina de cartório ou de secretaria. São atribuições desses agentes a redação de ofícios, de mandados, de
cartas precatórias e demais atos, efetivar as ordens judiciais, atuar nas audiências, a guarda e responsabilidade dos
autos dos processos, o fornecimento de certidões e a prática de atos meramente ordinatórios. Em relação à guarda
dos autos, temos algumas situações excepcionais, que são: a) conclusão (com o juiz para despacho, decisão ou
julgamento); b) vistas (advogado, defensor público, membro do Ministério Público ou Fazenda Pública); c) remessa ao
contador ou repartidor; e d) remessa a outro juízo por modificação da competência.

 A ordem de publicação e efetivação dos atos judiciais deve, na medida do possível, observar a ordem cronológica,
com preferência aos atos declarados urgentes e às preferências legais.

 Agora vamos estudar o oficial de justiça. Incumbe ao oficial de justiça: executar as ordens determinadas pelo
magistrado, com devolução posterior do mandado; auxiliar no exercício do poder de polícia pelo magistrado; e
certificar propostas de conciliação.

 Há hipóteses de responsabilização civil do chefe de secretaria e do oficial de justiça. O Código menciona


expressamente as seguintes situações: recusa a cumprir atribuições no prazo legal ou fixado pelo juiz e a prática de
ato nulo com dolo ou culpa.

 Perito: Os peritos são auxiliares do Juízo responsáveis pela produção de prova técnica. É um auxiliar ocasional que
atuará apenas quando necessária a produção de prova técnica. Para a definição do perito temos dois modos: 1º -
formação de cadastro de órgãos e 2º - na hipótese de não haver perito inscrito para a localidade no cadastro, o
magistrado poderá nomear livremente profissional ou órgão técnico ou científico para realização da perícia.

O perito tem o direito de se escusar da tarefa por motivo legítimo. O PRAZO PARA ESCUSA é de 15 dias a contar da
intimação OU do fato, se derivado de causa superveniente.
Quanto à RESPONSABILIZAÇÃO DO PERITO, esta se dá nas seguintes hipóteses: se agir com dolo ou culpa e prestar
informações inverídicas; responsabilidade civil pelos danos causados durante a realização da perícia; inabilitação para
outras perícias pelo prazo de 2 a 5 anos; e comunicação ao órgão de classe para medidas cabíveis.

 Depositário e Administrador: são auxiliares do Juízo que se responsabilizam pela gestão, guarda e manutenção de
bens confiados ao Juízo. Esse agente receberá contraprestação e ressarcimento de despesas em que incorrer. Admite-
se a nomeação de prepostos para auxiliá-lo. Se, por dolo ou culpa, causar prejuízo, deve indenizar e perde a
contraprestação, mas terá direito ao ressarcimento de despesas. O depositário infiel sofre responsabilização civil,
penal e sanção por ato atentatório à dignidade da justiça (na forma do art. 77, do NCPC).

O depositário ou administrador é uma figura comum no processo civil. Sempre que houver apreensão judicial de bens,
o juiz poderá nomeá-los para a guarda e conservação. Embora não seja objeto do estudo da aula de hoje, é possível
que o próprio executado ou o demandado assuma a guarda dos bens.

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 Intérprete e Tradutor são agentes cujo intermédio permite a comunicação com línguas estrangeiras. ATUAÇÕES:
Para traduzir documento escrito em língua estrangeira; para traduzir depoimentos colhidos em língua estrangeira dos
depoentes que não conhecerem o idioma nacional; e para realizar interpretação simultânea dos depoimentos quando
a parte ou a testemunha se comunique por intermédio de LIBRAS.

NÃO PODEM ATUAR COMO INTÉRPRETES OU TRADUTORES: pessoas que se se enquadrem nas hipóteses de
impedimento (art. 144) ou de suspeição (art. 145); se não tiver a livre administração dos bens; se for arrolado como
testemunha ou se atuar como perito no processo; se estiver inabilitado para o exercício da profissão, em face de
sentença penal condenatória, pelo período que durar os efeitos da pena

 Conciliadores e Mediadores Judiciais

O conciliador atua preferencialmente em casos em que não haja vínculo entre as partes, podendo sugerir solução (sem
intimidar ou constranger). Por sua vez, o mediador atua preferencialmente em casos em que haja vínculo entre as
partes, atuando como facilitador para que as partes identifiquem a solução consensual.
São os seguintes os princípios da mediação e da conciliação: a) imparcialidade; b) autonomia da vontade; c)
confidencialidade; d) oralidade; e) informalidade; f) decisão informada.
Aos conciliadores e mediadores: a) aplicam-se as regras de impedimento e de suspeição; b) advogado não pode atuar
como conciliador ou mediador perante o juízo que atua como procurador; c) uma vez atuado como conciliador ou
mediador da parte não pode ser assessor, representante ou procurador das partes pelo prazo de 1 ano.
O afastamento de conciliador ou mediador ocorre em caso de exclusão ou suspensão. A exclusão ocorre quando o
conciliador ou mediador atuar com: dolo ou culpa na condução do trabalho; violação do dever de confidencialidade;
atuação quando impedido ou suspenso; ou suspensão, por até 180 dias por atuação inadequada
A atividade do conciliador e do mediador é, em regra, remunerada, exceto nas seguintes situações: a) trabalho
voluntário; b) mínimo exigido das câmaras privadas para gratuidade da justiça; c) servidores públicos mediadores e
conciliadores, cuja remuneração se dá por intermédio dos cofres públicos.
As partes podem escolher entre mediadores e conciliadores: a) pessoas naturais cadastradas; b) câmaras privadas; ou
c) servidores, se houver. A fim de subsidiar a escolha, são divulgados (ao menos anualmente) as seguintes informações:
a) número de processos que atuou; b) desempenho; e c) áreas de atuação.

Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública

MINISTÉRIO PÚBLICO ADVOCACIA PÚBLICA DEFENSORIA PÚBLICA

Atuação: Atuação: Atuação (apenas em relação aos


necessitados):
 defesa da ordem jurídica;  defesa do interesse
público da União,  orientação jurídica;
 defesa do regime democrático;
estados-membros,
 promoção dos direitos humanos; e
 defesa dos interesses e direitos sociais e Distrito Federal e
individuais indisponíveis. Municípios.  defesa dos direitos individuais e
coletivos.

Prerrogativa do prazo em dobro para todas as manifestações processuais, a não ser quando a lei prever prazo
específico, contando-se o prazo da intimação pessoal (carga, remessa ou meio eletrônico).

Sujeitam-se à responsabilidade civil regressiva em caso de atuação com dolo ou fraude.

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Regras específicas: Regra específica:


 Intimado para se manifestar no prazo de  A Defensoria Pública poderá
30 dias, quando fiscal da ordem jurídica. requerer a intimação pessoal do
próprio defensor quando se referir à
 Atua como fiscal da ordem jurídica,
providência ou informação que
quando: a) previsto na CF/lei; b) interesse
apenas ele possa realizar ou prestar
público ou social; c) interesse de incapaz; d)
litígios coletivos pela posse de terra rural ou
urbana.
 Na atuação como fiscal da ordem jurídica:
a) terá vista dos autos após as partes; b) será
intimado de todos os atos do processo; c)
poderá produzir provas; d) poderá requerer
medidas processuais; e e) poderá recorrer.

ATOS PROCESSUAIS

Negócio Jurídico Processual

● CONCEITO: negócio processual é o ato jurídico voluntário em que as partes regulam, dentro dos limites fixados no
próprio ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais ou alteram o procedimento. O negócio abrange
apenas direitos que admitem a autocomposição. O Código trouxe a expressa possibilidade de que as partes estipulem
regras procedimentais ou disponham sobre posições processuais (ônus, poderes, faculdades e deveres). O negócio
pode ser firmado antes ou durante o processo. Não há necessidade de participação do Juiz, muito menos de
homologação judicial, contudo, o magistrado deverá controlar a legalidade, anulando cláusula de adesão abusiva e
quando o negócio for estipulado com parte em situação de vulnerabilidade. A possibilidade de se formar negócio
processual é uma cláusula geral, de forma que as partes possuem liberdade para estabelecer negócios jurídicos
processuais. O princípio regente dos negócios é o do respeito ao autorregramento da vontade das partes.

Calendário Procedimental

● CONCEITO: técnica processual voltada para a gestão eficiente do tempo no processo, NO QUAL o juiz, em conjunto
com as partes, em regime de diálogo, podem acertar datas para a realização dos atos processuais. O NCPC prevê a
possibilidade de as partes e o juiz fixarem calendário para a prática dos atos processuais. Uma vez fixado o calendário,
fica dispensada a intimação para os atos previstos no calendário. Essa possibilidade é regra que garante efetividade e
celeridade processual e implica a desburocratização do processo e segurança jurídica. Somente é possível alterar a
data do calendário previamente fixado, em situações excepcionais e mediante justificativa.

Atos processuais

● São três os elementos do ato processual: FORMA, TEMPO e LUGAR. FORMA diz respeito à forma como o ato se
exterioriza; TEMPO diz respeito ao momento em que o ato é praticado; e LUGAR diz respeito ao espaço físico em que
o ato é realizado.

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Forma dos Atos Processuais

● SISTEMA DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: Quanto às formas, a regra é que os atos processuais independem
de forma pré-determinada. Excepcionalmente, os atos devem ser praticados na forma legalmente prevista, no
entanto, ainda que haja forma prevista, o ato realizado irregularmente, desde que a finalidade seja atingida, restará
convalidado.

● Os atos processuais são, EM REGRA, públicos, mas há exceções nas seguintes hipóteses: Interesse público ou
interesse social; ações sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e
guarda de crianças e adolescentes; intimidade com sede constitucional; e previsão de cláusula de confidencialidade
em juízo arbitral. Nas hipóteses de exceção, os autos são acessíveis apenas às partes e aos respectivos procuradores;
o terceiro juridicamente interessado terá acesso apenas ao dispositivo da sentença e, se for o caso, do inventário e da
partilha.

● ATOS DAS PARTES: os atos das partes produzem efeitos de forma imediata. Como consequência dessa regra, os
atos são dotados de irretratabilidade, uma vez que os efeitos são imediatos; e ocorre também, a partir da prática do
ato, a preclusão consumativa, uma vez que a prática do ato pela parte exaure a prerrogativa de fazê-lo.

Observe-se aqui uma regra específica sobre os atos das partes: veda-se o uso de cotas marginais e interlineares. O
juiz mandará riscar e multará a parte em ½ salário mínimo.

● PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ: O juiz pratica atos materiais (presidência da audiência) e pronunciamentos judiciais.
A SENTENÇA é a decisão que coloca fim à fase de conhecimento, extingue a execução ou tudo o que for previsto como
sentença em procedimento especial. Já A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA constitui decisão que resolve incidente sem pôr
fim ao processo. O DESPACHO envolve pronunciamentos judiciais sem caráter decisório. Finalmente, O ACÓRDÃO
constitui decisão colegiada que põe fim à fase de conhecimento, que extingue a execução e que resolve incidentes no
processo.

● ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA: esses agentes são responsáveis pelo protocolo, registro,
distribuição (se houver) e autuação. Todas as peças e documentos devem ser numerados e rubricados, inclusive
termos, vistas e conclusão. Admite-se o uso de formas abreviadas (taquigrafia e estenotipia) para o registro de atos
processuais.

Tempo dos Atos Processuais

● REGRA: praticados entre as 6 e 20 horas, em dias úteis (de segunda a sexta). Há possibilidade de prorrogação para
além das 20 horas quando houver possibilidade de prejudicar a diligência ou resultar em grave dano. Citações,
intimações, penhoras e atos relativos a tutelas de urgência podem ser realizadas fora do horário e, inclusive, em dias
não úteis. Em relação às FÉRIAS FORENSES, em regra, ocorre a suspensão dos prazos no período de férias. Não há
suspensão, excepcionalmente, nos casos de jurisdição voluntária, de atos necessários à conservação de direitos
quando causar prejuízos em face do adiamento, de ação de alimentos, e processos de nomeação ou remoção de tutor
e curador e quando a lei prever. São considerados FERIADOS os dias declarados em lei, sábados, domingos e dias sem
expediente forense.

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Lugar dos Atos Processuais

● Quanto ao lugar dos atos processuais, a REGRA é que eles sejam praticados na sede do Juízo. Mas há EXCEÇÕES: no
caso de deferência do juiz; quando houver interesse da justiça; quando for necessário em razão da natureza do ato; e
quando houver obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo magistrado.

Prazos

● CONCEITO: prazos sãos os lapsos temporais que existem entre dois termos (termo inicial, dies a quo, e termo final,
dies ad quem) dentro dos quais se prevê a oportunidade para uma ação ou omissão.

● CLASSIFICAÇÃO: a) pela sua origem: os prazos podem ser legais, quando estabelecidos em lei, judiciais, quando
fixados pelo juiz, ou convencionais, quando fixados em negócio processual; b) quanto às consequências de seu
descumprimento: os prazos são próprios, quando o descumprimento do prazo implica em preclusão temporal, ou
impróprio, quando não há preclusão, subdividindo-se em ordinário, que são prazos voltados a terceiros que não às
partes ou anômalo, fixados para as próprias partes; c) quanto à exclusividade do destinatário: o prazo pode ser
comum, quando se aplica a ambas as partes (prazo para recurso, p.e.) ou particulares, quando voltados a apenas uma
das partes (prazo para contrarrazões, p.e.). A distinção entre prazos dilatórios e peremptórios não faz mais sentido
no NCPC.

● PRAZO SUBSIDIÁRIO E PRAZO PARA COMPARECIMENTO: O prazo para essas duas situações é específico, fugindo à
regra geral: prazo da INTIMAÇÃO PARA COMPARECIMENTO tem antecedência mínima de 48 horas; o PRAZO
SUBSIDIÁRIO, quando não houver prazo específico, é de 5 dias

● ATO PROCESSUAL PREMATURO: ato prematuro é o praticado antes do termo inicial legal. Será considerado
tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

● CONTAGEM DOS PRAZOS: Aqui temos várias regras sobre a contagem de prazos. Os prazos são contados apenas de
segunda a sexta-feira. Essa modalidade de contagem não se aplica a prazos materiais. Haverá a suspensão do prazo
em sábados, domingos, feriados e em dias sem expediente forense. Haverá suspensão dos prazos entre os dias 20/dez
a 20/jan. E não haverá audiência ou sessão de julgamento. Haverá suspensão do prazo por obstáculo criado pela parte
ou pela suspensão do processo (art. 313, do CPC). Haverá suspensão do prazo quando houver instituição de programa
de autocomposição pelo Poder Judiciário. Haverá prorrogação do prazo, por até 2 meses, quando se tratar de unidade
judiciária de difícil acesso. Haverá prorrogação do prazo em situação de calamidade, podendo ultrapassar os 2 meses,
a depender da situação concreta. Os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento.

 A citação, a notificação ou a intimação podem ocorrer de diversas formas no processo. Em razão disso, temos
momentos distintos para o termo inicial do prazo:

FORMA COMEÇO DO PRAZO


Pelos Correios Juntada aos Autos do Aviso de Recebimento.
Por oficial de Justiça Juntada aos Autos do Mandado Cumprido.
Por ato do escrivão ou do chefe de
Na data atestada.
secretaria
Por edital Dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo Juiz.
Dia útil seguinte à consulta ou ao término do prazo para consultar (10
Via eletrônica
dias).
Por Diário de Justiça Data da publicação.

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Por retirada dos autos de cartório. Dia da carga.

● RENÚNCIA DO PRAZO: admite-se a renúncia do prazo. Somente é possível a renúncia quando se tratar de prazo
estabelecido exclusivamente a seu favor (um litisconsorte não pode renunciar ao prazo recursal em prejuízo do outro,
p.e.). A renúncia deve ser expressa por meio de petição nos autos.

● PRAZOS DO JUIZ: os prazos fixados para o juiz são impróprios, pois não ocorre preclusão temporal da possibilidade
de prática do ato, evidentemente. Os prazos, a depender do ato judicial, são os seguintes: DESPACHOS: 5 dias;
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: 10 dias; SENTENÇA: 30 dias.

● PRAZOS DOS SERVIDORES: também há prazos para os servidores judiciais. O prazo para REMETER OS AUTOS
CONCLUSOS ao juiz: 1 dia. O prazo para EXECUTAR ordem judicial: 5 dias

● PRAZOS EM CASO DE LITISCONSÓRCIO: em caso de litisconsórcio, quando os procuradores dos litisconsortes forem
diferentes e de escritórios distintos, eles têm direito à contagem em dobro do prazo para todas as manifestações
perante qualquer juízo ou tribunal. Esse direito independe de requerimento da parte.

● DESCUMPRIMENTO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES: Em caso de descumprimento dos prazos, podem ocorrer as
seguintes situações. Em relação aos servidores públicos, estes são sancionados através de instauração de processo
administrativo. Em relação às partes no processo, ocorre a preclusão e, particularmente em relação ao caso de excesso
de prazo na carga dos autos, decorrem as seguintes sanções ao advogado responsável: perda do direito de vista fora
do cartório. Dito de outro modo, a parte não poderá retirar os autos físicos em carga; multa no valor de ½ salário
mínimo; e comunicação ao órgão de classe para apuração disciplinar (por exemplo, OAB, Conselho Superior do
Ministério Público, entre outros). Em relação aos magistrados, estes se tornam suscetíveis a representação à
corregedoria do tribunal respectivo ou representação ao CNJ.

A respeito do procedimento da representação dos magistrados, são os seguintes os atos: 1º – ajuizamento da


representação (corregedoria ou CNJ); 2º - oitiva prévia do Juiz; 3º - verificação se é caso de arquivamento limitar; 4º -
instauração do procedimento; 5º - intimação do representado (no caso, o juiz supostamente incorreu em excesso de
prazo) para se manifestar no prazo de 15 dias; 6º - adoção das medidas administrativas cabíveis no prazo de 48 horas;
7º - determinação para que o juiz pratique o ato processual que gerou a representação no prazo de 10 dias; 8º - não
praticado o ato no prazo de 10 dias, será determinado que o substituto o faça em 10 dias.

Preclusão

● CONCEITO: “preclusão é definida como a perda de uma situação jurídica processual ativa”. A preclusão está
submetida aos seguintes PRINCÍPIOS: princípio da segurança jurídica; princípio da boa-fé; e princípio da duração
razoável do processo. Há diversas ESPÉCIES de preclusão, veja: 1 - Preclusão Temporal: perda de um poder processual
em razão do transcurso de um prazo; 2 - Preclusão Lógica: perda do poder processual em razão da prática anterior de
um ato incompatível com ele; 3 - Preclusão Consumativa: perda de um poder processual em razão do seu exercício. A
ideia é simples: veda-se à parte repetir ato processual já praticado; e 4 - Preclusão sanção: preclusão decorrente da
prática de ato ilícito.

COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS


● CONCEITOS: a comunicação visa informar alguém sobre a prática de algum ato no processo. Há diversos meios de
comunicação, que nós vamos ver a seguir:

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 CITAÇÃO é o ato por meio do qual se dá ciência sobre a instauração de um processo. São citados o réu, o executado
e o interessado.

 INTIMAÇÃO é o ato de comunicação de atos processuais que foram praticados ou a possibilidade da prática de um
ato. As partes, auxiliares e terceiros são destinatários da intimação.

 NOTIFICAÇÃO é comunicação para que se manifeste formalmente sobre assunto juridicamente relevante. A
jurisdição voluntária é o principal âmbito de aplicação das notificações.

Vamos abordar algumas regras adicionais de cada um dos meios de comunicação:

● CITAÇÃO: Quando a citação ocorrer de forma REGULAR, a parte citada é integrada ao processo. Todavia, se for
IRREGULAR a citação, o processo será inválido ou ineficaz em relação à parte citada de modo irregular. Agora, caso
uma parte que ainda não tenha sido citada compareça ao processo espontaneamente, esse comparecimento é
equivalente à citação, que se considera ocorrida no momento do comparecimento comprovado; eventual citação
irregular não é convalidada pelo comparecimento, mas o próprio comparecimento é como se fosse uma citação
regular. Em alguns casos o juiz pode proferir decisão (que seja favorável ao demandado) sem que seja necessária a
citação do demandado: é o caso de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido: nesses
casos, o réu é intimado sobre a decisão favorável; no entanto, se o autor apelar, ocorre de fato a citação para que o
demandado tenha a oportunidade de apresentar contrarrazões.

Quanto aos efeitos da citação válida, são os seguintes: a litispendência é induzida, a coisa discutida se torna litigiosa e
o devedor é constituído em mora.

Em relação à pessoa citada, temos algumas normas. A regra geral é que a citação ocorra de forma pessoal, mas caso
não seja possível, temos regras especiais: quando o CITANDO ESTIVER AUSENTE, considera-se válida a citação efetuada na
pessoa que seja administradora, preposta ou gerente em nome do ausente. Especificamente em relação à locação,
quando o LOCADOR ESTIVER AUSENTE do país sem informar a quem compete receber intimações, será considerada válida
a citação que for encaminhada à pessoa responsável por receber os aluguéis. Finalmente, quanto à CITAÇÃO DA FAZENDA
PÚBLICA, esta é citada por meio do órgão de advocacia pública correspondente. Então, no caso da União, Estados-
membros, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias e fundações, a citação deverá ser dirigida ao órgão da
advocacia pública competente.

Momento para citação: a REGRA GERAL é a de que a citação poderá ocorrer em qualquer lugar onde se encontre o
réu. No tocante ao MILITAR, este poderá ser intimado na unidade onde estiver exercendo suas funções se não for
conhecida a sua residência ou nela não for encontrado. Há hipóteses em que NÃO SERÁ EFETUADA A CITAÇÃO (exceto
se necessário para evitar o perecimento do direito), que são as seguintes: a) de quem estiver participando de culto
religioso; b) daquele que tiver cônjuge/companheiro, parente em linha reta (consanguíneo ou afim) ou parente em
linha colateral até 2º grau (consanguíneo ou afim) do dia do falecimento até os 7 dias seguintes; c) de noivo, do dia do
casamento até os 3 dias seguintes; e d) de doente, enquanto for grave o seu estado de saúde. Temos mais algumas
vedações à citação: NÃO SERÁ EFETUADA A CITAÇÃO DO INCAPAZ OU DE QUEM ESTIVER INCAPACITADO DE RECEBÊ-
LA: nesse caso, a incapacidade deve ser atestada por médico nomeado (laudo no prazo de 5 dias) ou por declaração
de médico da família. Comprovada a incapacidade, nomeia-se curador para representar seus bens e interesses.

Há diversas formas para citação. Vamos ver as regras a respeito: 1º) Citação por meio eletrônico: as empresas públicas
e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas processuais eletrônicos, onde poderão receber citações. Essa
obrigatoriedade também se aplica aos entes públicos, ou seja, à União, Estados, DF e Municípios. No entanto, o Código
afastar essa obrigatoriedade em relação às microempresas e empresas de pequeno porte. 2º) Citação pelos Correios:
A citação por correio é preferencial (a não ser em relação à citação por meio eletrônico). Não se aplica às ações de
estados, às demandas contra incapaz, contra pessoa de direito público, quando o demandado residir em local não
atendido pelos Correios e quando o autor requerer motivadamente a utilização de outra forma. 3º) Citação por oficial

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de justiça: a citação por oficial de justiça é a que é realizada pelo próprio agente público. O oficial poderá se valer da
citação por hora certa se for o caso. O oficial não está adstrito à sua comarca de atuação: ele pode cumprir o ato em
comarcas contíguas e em regiões metropolitanas. Por fim, a 4º) Citação por edital é meio subsidiário de comunicação,
pois é o que traz maior risco à pessoa do demandado. Só cabe sua utilização quando os outros meios de citação se
revelarem ineficazes.

PRINCIPAIS INFORMAÇÕES

CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO

• utilizada para citar empresas privadas (com exceção de microempresas e empresas de pequeno porte);
• utilizada para citação da Fazenda Pública (federal, estadual, distrital ou municipal);
• exige prévio cadastro no sistema eletrônico processual para que seja viabilizada; e
• considera-se citação pessoal.

CITAÇÃO PELOS CORREIOS


• regra;
• não pode ser utilizada: ações de estado, ação contra incapaz, contra pessoa jurídica de direito público,
contra pessoa que reside em local não atendido pelos Correios ou quando o autor requerer,
justificadamente, outra modalidade;
• requisitos da carta: cópia da inicial e do despacho/decisão do juiz, referência ao prazo para a resposta,
endereço do juízo e indicação do cartório; e
• será encaminhada por aviso de recebimento; e
• considera-se citação pessoal.
CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA
• requisitos do mandado: nome e endereço das partes, finalidade da ação, referência ao prazo para
contestar/embargar, consequência (sanção) pelo descumprimento da ordem, se houver, intimação para
comparecer em juízo para audiência, se houver, cópia da petição inicial e do despacho/decisão que
determina a citação, assinatura do chefe de cartório;
• deve-se colher assinatura e entregar contrafé (no caso de recurso de assinar ou receber contrafé, deve-se
certificar);
• considera-se citação pessoal, em regra;
• citação ficta por hora certa, quando houver suspeita de ocultação. Nesse caso, o oficial deverá comparecer
por duas vezes, oportunidade em que avisará da intimação no dia útil seguinte em hora marcada, sob pena
de citar o réu em nome de familiar, vizinho ou porteiro.
CITAÇÃO POR EDITAL
• feita subsidiariamente;
• hipóteses: desconhecido ou incerto o citando, ignorado, incerto e inacessível o domicílio/residência do
citando e nos casos expressos em lei.
• requisitos do edital: circunstâncias que o autorizam, publicação na internet (Tribunal e CNJ) e certidão nos
autos, prazo de 20 a 60 dias e advertência de nomeação de curador caso o réu seja revel.
• multa: ao autor que, dolosamente, provocar a citação por edital quando conhecido ou acessível o
endereço (reverte a multa em favor do citando)

● CARTAS: As cartas também são meio COMUNICAÇÃO DE ATOS PROCESSUAIS. A citação é efetuada, em regra, apenas
dentro dos limites territoriais do Juízo; se extrapolar tais limites (a citação por correio não tem essa limitação), haverá
expedição de cartas (precatória, de ordem, arbitral ou rogatória). Exceções: admite-se a prática do ato por

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determinação do juízo competente pelo oficial de justiça, ainda que fora dos limites territoriais do juízo, quando a
comunicação deva ocorrer em comarca contígua ou em município da mesma região metropolitana.

São quatro as ESPÉCIES de carta: CARTA DE ORDEM: Carta de ordem, como indica o nome, veicula uma ordem
determinada por órgão superior para que juízo inferior pratique um ato processual (ex: TJ determina que juízo
vinculado realize penhora). CARTA ROGATÓRIA: A rogatória é carta remetida a Estado estrangeiro para a prática de
ato de cooperação internacional. A carta rogatória constitui prática de ato de cooperação internacional entre poderes
judiciários de países distintos. CARTA PRECATÓRIA: É carta que veicula pedido de prática de ato processual por outro
juízo de igual hierarquia. A carta precatória constitui prática de ato de cooperação internacional entre poderes
judiciários de Estados ou Especialidades distintos. CARTA ARBITRAL: É a carta para a prática de ato judicial a pedido
do juízo arbitral. O juízo arbitral tem poderes decisórios, mas não tem poderes coercitivos: as medidas determinadas
arbitralmente devem ser cumpridas por órgão judicial, o qual faz o pedido de cumprimento por carta arbitral.
cumprimento por carta arbitral.

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS CARTAS: São REQUISITOS das cartas: indicação dos juízes (de origem e de
cumprimento); petição, despacho e procuração; menção do ato processual; e assinatura do juiz emitente. É
NECESSÁRIO que o juiz emitente fixe prazo para o cumprimento, o qual é impróprio, entretanto. A carta tem CARÁTER
ITINERANTE, quer dizer, o juiz requerido pode remeter a carta a outro juízo, por sua vez: a intenção é permitir o efetivo
cumprimento da carta, caso o juízo requerido não possa praticar o ato por qualquer motivo. Se houve nova remessa,
deve-se informar imediatamente ao juízo na origem. As cartas devem ser enviadas, preferencialmente, por MEIO
ELETRÔNICO. Cumpridas por MEIO ELETRÔNICO, TELEFONE ou TELEGRAMA, seja qual for o modo, as cartas devem
conter o resumo dos requisitos acima. Quanto à DEVOLUÇÃO DA CARTA, isso pode ocorrer quando faltar requisito
legal ou houver incompetência em razão da matéria ou da hierarquia e dúvida acerca da autenticidade. Já quando
CUMPRIDA, a carta deve ser devolvida no prazo de 10 dias.

● INTIMAÇÕES: A intimação é um ato de ciência de certo ato processual praticado ou a praticar. SÃO OBRIGADO A
MANTER CADASTRO NOS SISTEMAS DIGITAIS DE PROCESSO: empresas privadas (com exceção das microempresas e
empresas de pequeno porte); União, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades da administração indireta; e
Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública.

Em relação à intimação que ocorre pela publicação em diário oficial, devem ser observadas algumas regras: o advogado
da parte poderá requerer que a intimação seja dirigida apenas à sociedade de advogados (desde que registrada na
OAB); na intimação deve constar o nome das partes e dos advogados ou sociedade de advogados com o número de
registro na OAB; o nome da parte deve ser inteiro, sem abreviatura; o nome do advogado deve constar tal como está
na procuração ou no registro da OAB; por fim, o advogado poderá requerer que a intimação seja feita em nome de um
dos advogados quando houver mais de um advogado na procuração, se não observada pelos servidores, implicará a
nulidade da intimação.

● ORDEM E FORMAS PARA A INTIMAÇÃO: Assim como a citação, há diversos modos de intimação. São os
seguintes os modos: 1º - meio eletrônico; 2º - inserção da intimação em diário oficial; 3º - intimação pessoal em
cartório (escrivão ou chefe de secretaria); 4º - por carta registrada com aviso de recebimento; 5º - por oficial de justiça
se domiciliado na sede do juízo ou por carta registrada com aviso de recebimento se domiciliado fora do juízo; 6º -
intimação por hora certa; ou 7º - por edital.

Nulidades

Para falarmos de nulidade, é essencial lembrar que a finalidade do processo é prestar a tutela jurisdicional de forma
efetiva, de modo que a declaração de nulidade por aspectos processuais dependerá da constatação do prejuízo à parte.
Veda-se à parte atuar contraditoriamente, alegando nulidade de ato ao qual deu causa (venire contra factum
proprium). Não há nulidade sem prejuízo (pas de nulitté sans grief), de modo que devem ser observados os princípios

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da instrumentalidade das formas e da fungibilidade dos atos praticados. A nulidade depende de decretação (não há
nulidade processual de pleno direito). Se for nulo um ato por decisão judicial, consideram-se de nenhum efeito todos
os subsequentes que dele dependam, conforme extensão delimitada pelo magistrado, caso não seja possível o
aproveitamento. A nulidade deve ser alegada, em regra, na primeira oportunidade que a parte tiver para se manifestar
nos autos, com exceção de nulidade declaráveis de ofício e em caso de legítimo impedimento da parte. São nulos os
atos praticados quando não houver intimação do Ministério Público e este devesse atuar no processo como fiscal da
ordem jurídica. Para tanto, antes do pronunciamento judicial acerca da nulidade, faz-se necessário colher
manifestação do Ministério Público para certificar-se de que houver prejuízo.

Distribuição e do Registro

O REGISTRO constitui a certificação da existência, que possui diversas finalidades: processual, histórica, estatística,
administrativa, fiscal. A DISTRIBUIÇÃO constitui o rateio alternado, aleatório e igual entre os juízes com igual
competência. Ocorre DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA (distribuição a um juiz específico) nas hipóteses de a) conexão
ou continência; b) extinção anterior sem julgamento do mérito, quando houver reiteração do pedido; e c) risco de que
a haja decisões conflitantes ou contraditórias se decididas de forma separada, ainda que não haja conexão entre essas
duas ações.

A PROCURAÇÃO em nome do advogado é indispensável para a prática dos atos processuais, exceto para os seguintes
atos: a) postular, com urgência, para evitar preclusão, prescrição, decadência ou praticar ato urgente (juntar no prazo
de 15 dias, prorrogáveis por mais 15); b) representação pela Defensoria Pública; e c) representação decorrer de norma
prevista na CF ou em lei (membro do Ministério Público, advogados públicos etc.).

Ocorre o CANCELAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO caso, após intimação, a parte NÃO realizar o pagamento das custas e
despesas no prazo de 15 dias.

Valor da Causa

A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Valor da
cauta é a expressão econômica do pedido, devidamente dimensionado à luz da causa de pedir.

Para a fixação do valor da causa são observados os seguintes PARÂMETROS: AÇÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDA – principal
+ juros + penalidades; AÇÃO EM FACE DE ATO JURÍDICO – valor do ato ou parte controvertida; AÇÃO DE ALIMENTOS –
equivalente a 12 prestações mensais; AÇÃO DE DIVISÃO/DEMARCAÇÃO/REIVINDICAÇÃO – valor da avaliação da parte
controvertida do imóvel; AÇÃO INDENIZATÓRIA – valor pretendido; AÇÃO EM QUE HÁ CUMULAÇÃO DE PEDIDO –
somatório do valor pretendido; AÇÃO COM PEDIDOS ALTERNATIVOS – pedido de maior valor; e. finalmente, AÇÃO
COM PEDIDO SUBSIDIÁRIO – pedido principal

TUTELA PROVISÓRIA

Classificação doutrinária das tutelas provisórias

TUTELA DEFINITIVA é aquela obtida com base em cognição exauriente, com profundo debate acerca do objeto da
decisão, garantindo-se o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. A TUTELA PROVISÓRIA é aquela em
que em que não estão presentes todos os requisitos da definitiva. Podemos definir assim: TUTELA PROVISÓRIA é a que
tem por finalidade antecipar o gozo de determinado direito ou assegurá-lo a fim de que possa ser gozado em momento
oportuno.

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São as seguintes as CARACTERÍSTICAS DA TUTELA PROVISÓRIA: trata-se de hipótese de COGNIÇÃO SUMÁRIA, em que
a decisão se assenta em análise superficial do objeto litigioso. A tutela provisória é PRECÁRIA, pois poderá ser revogada
ou modificada a qualquer tempo. Além disso, não há IMPOSSIBILIDADE DE COISA JULGADA sobre decisão proferida
em tutela provisória.

Vamos ver as ESPÉCIES DE TUTELA PROVISÓRIA, CONFORME A DOUTRINA: reconhece-se a existência de tutela
antecipada, tutela cautelar e tutela de evidência. A tutela antecipada é satisfativa e urgente: além de ser provisória,
nessa tutela antecipa-se a concessão da prestação jurisdicional à parte em razão de alguma situação urgente (ex: parte
tem bem da garantia de alienação fiduciária devolvida antes de decisão final sobre o inadimplemento). Já a tutela
cautelar é provisória e fundada na urgência. A diferença dessa tutela é que nesse caso ela é conservativa. Assim, não
há concessão da tutela jurisdicional, mas conservação do interesse da parte a fim de que ela possa ser beneficiada
posteriormente com a tutela jurisdicional (ex: aposição de indisponibilidade sobre o bem requerido). Já a tutela de
evidência se caracteriza pela provisoriedade e por ser satisfativa. A grande distinção em relação à tutela antecipada é
que não há urgência. Nesse caso, a cessão antecipada da tutela jurisdicional não se funda na urgência, mas na
evidência do direito pleiteado pelo autor.

SÍNTESE das informações gerais: a tutela antecipada é provisória, satisfativa e urgente. A cautelar é provisória,
conservativa e urgente. Finalmente, a tutela de evidência é provisória e satisfativa.

Disciplina das tutelas provisórias no NCPC

O NCPC fala em TUTELA PROVISÓRIA, que se subdivide em tutela de urgência e tutela de evidência. A tutela de
urgência, por sua vez, se subdivide em tutela antecipada e tutela cautelar.

Sobre o procedimento, a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter
antecedente (antes mesmo do processo principal) ou incidental (no decorrer do processo).

Vejamos mais algumas REGRAS GERAIS: A tutela provisória divide-se em tutela de urgência (que engloba a tutela
antecipada e cautelar) e as tutelas de evidência. As tutelas de urgência (tutela antecipada e cautelar) podem ser
antecedentes ou incidental. As tutelas provisórias incidentais independem do pagamento de custas – as antecedentes
dependem de pagamento de custas pois dão inicial a processo novo. As tutelas provisórias podem ser revogadas ou
alteradas a qualquer tempo. As tutelas provisórias conservam a eficácia durante o período de suspensão do processo,
exceto decisão judicial em sentido contrário. O juiz poderá determinar as medidas necessárias para efetivação de
tutelas provisórias concedidas, inclusive, os instrumentos previstos para o cumprimento provisório de sentença. As
decisões que envolvem tutela provisórias devem ser claras e precisas (princípio da cooperação).

A concessão de tutela provisória depende de REQUERIMENTO: o NCPC não prevê a possibilidade de concessão de
ofício da tutela provisória. Há uma observação importante sobre a nova sistemática das tutelas provisórias, que diz
respeito à FUNGIBILIDADE: no NCPC não temos essa regra, tal como disposta no Código anterior. Observe-se que a
fungibilidade ainda é aplicada de forma específica tão somente para as tutelas de urgência de caráter antecedente,
com base no parágrafo único do art. 305, conforme veremos adiante. Sobre a LEGITIMIDADE para requerimento da
tutela provisória, são legitimados o autor, o réu, os terceiros intervenientes e o Ministério Público (como parte ou
fiscal da ordem jurídica). A seguir vamos ver as tutelas específicas:

Tutelas de Urgência

PARA CONFIGURAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA, exige-se a presença de “perigo de dano” ou “risco ao resultado útil
do processo”; plausibilidade do direito; e perigo de irreparabilidade do dano ou de difícil reparação. Sobre a exigência

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de CAUÇÃO, o Código, considerando que a concessão de tutela antecipada implica riscos, eis que a cognição é sumária,
permite que o magistrado exija a oferta de caução para deferimento da tutela.

Há, em suma, duas FORMAS de concessão da tutela de urgência: liminarmente, sem a oitiva da parte contrária
(inauditera altera pars ou in limine); ou com a notificação da parte contrária para apresentar justificação em face do
requerimento provisório.

A tutela de urgência de natureza antecipada NÃO será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão. SÃO MEIOS DE CUMPRIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR: a realização
de arrestos, para resguardar futura execução por QUANTIA; o sequestro de bens, para resguardar futura entrega de
COISA; o arrolamento de bens, garantindo a futura PARTILHA DE BENS; o registro de protesto contra alimentação de
bem, a fim de EVITAR TRANSFERÊNCIA supostamente indevida de bem sujeito a registro. Esses são os meios típicos
de cumprimento, o que não exclui QUALQUER outra medida idônea para assegurar o direito

Acerca da RESPONSABILIDADE do beneficiário da tutela de urgência, temos o seguinte quadro esquemático:

 Não fornecimento de meios suficientes à citação do requerido no prazo de 5 dias, após a concessão
OBJETIVA da tutela de urgência.
 Cassação da tutela provisória de urgência.
 Sentença desfavorável.
SUBJETIVA
 Sentença resolutória com mérito, em razão do acolhimento de prescrição ou decadência.

A seguir vamos estudar cada um dos tipos de tutela de urgência, antecipada ou cautelar:

● Tutela antecipada requerida em caráter antecedente: A tutela antecipada requerida em caráter


antecedente é veiculada em ação inicial sumarizada (simplificada) cujo pedido principal é a concessão da tutela
antecipada (ou seja, não há ainda o pedido definitivo). São requisitos dessa petição simplificada: informação de que
se trata de tutela provisória de urgência de natureza antecipada; pretensão de pedido provisório antecipado
correspondente ao que se obteria por pedido definitivo; exposição do conflito, da lide; fumus boni iuris e periculum in
mora; e valor da causa.

É o seguinte o PROCEDIMENTO da tutela antecipada antecedente: 1ª – CONCESSÃO DA TUTELA - Com a concessão da


tutela, o autor será intimado para complementar a argumentação, juntar novos documentos e confirmar o pedido da
tutela inicial no prazo de 15 dias. Este aditamento acontece nos próprios autos. Em seguida, cita-se o réu para
comparecer à audiência de conciliação e mediação. Se frutífera, o termo da autocomposição será homologado e o
processo extinto com resolução de mérito. Caso não haja autocomposição, o réu sairá intimado da audiência para
apresentar a contestação no prazo de 15 dias. A partir daí o processo seguirá o curso normal. 2ª – NÃO CONCESSÃO
DA TUTELA: O autor será intimado para emendar a petição inicial no prazo de 5 dias, a fim de que seja dada
continuidade à ação na forma regular: caso não haja aditamento, o processo será extinto sem julgamento do mérito.

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PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE

CONCESSÃO NÃO CONCESSÃO

aditar no prazo de 15 dias emendar no prazo de 5 dias

citar réu para


audiência de infrutífera a
não emendou emendou
conciliação e autocomposição
mediação

o réu sai intimado extingue o processo


em caso de
para contestar em sem julgamento de segue o processo
autocomposição
15 dias mérito

extingue o processo
com julgamento de
mérito

Um tema importantíssimo a respeito da tutela antecipada antecedente, introduzido pelo NCPC, é a possibilidade de
ESTABILIZAÇÃO DA LIDE, que ocorre quando não houver interposição de recurso em face da decisão concessiva da
tutela. A ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA APLICA-SE APENAS À TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA ANTECEDENTE. O
recurso impede a estabilização. Literalmente, o recurso cabível dessa decisão interlocutória que concede a tutela
antecipada antecedente é o agravo de instrumento.

É possível a REVISÃO DE TUTELA ANTECIPADA ESTABILIZADA por meio ação a ser ajuizada a qualquer tempo pelas
partes. Esse pedido de revisão não é feito nos mesmos autos, mas em autos apartados. Anteriormente à ação de
revisão pode ser requerido o desarquivamento do processo em que se deu a estabilização para ser usado na instrução.
A distribuição da ação de revisão se dá por dependência: a ação será distribuída ao mesmo juízo que foi competente
para a concessão da tutela

A decisão que concede a tutela antecipada não faz coisa julgada, pois fica sujeita à ação revisional pelo prazo de dois
anos. Decorrido esse prazo, há a imutabilização da ação. Dito de outra forma, a decisão que era estável torna-se
imutável. Mesmo assim não há coisa julgada sobre a decisão, eis que se trata de decisão fruto de cognição sumária.

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Tutela cautelar requerida em caráter antecedente. O PEDIDO de tutela cautelar antecedente é feito por
petição que cumpra os seguintes requisitos: indicação do conflito e do fundamento; exposição do direito que
se pretende assegurar; e exposição do perigo de dano ou do risco ao resultado útil ao processo. O
demandado é citado para contestar, podendo indicar provas. O PRAZO PARA CONTESTAR E INDICAR PROVAS
é de 5 dias. O PRAZO PARA O MAGISTRADO DECIDIR EM CASO DE NÃO MANIFESTAÇÃO DO REQUERIDO
também é de 5 dias.

Concedida a tutela, a parte autora tem o prazo de 30 dias para ajuizar a ação principal, sem necessidade de
adiantamento de custas processuais, podendo, inclusive, aditar pedidos na forma do §2º, do art. 308, do NCPC.
Destaca-se a necessidade de que o pedido principal se refira à cautelar (referibilidade).

O Código prevê situações em que CESSA A EFICÁCIA DA TUTELA CAUTELAR, que são as seguintes: não ajuizamento da
ação principal no prazo de 30 dias; não efetivação da medida conservativa no prazo de 30 dias; improcedência do
pedido principal; e extinção do processo sem resolução do mérito.

Quando ocorrer O INDEFERIMENTO DA TUTELA CAUTELAR, isso não impede o ajuizamento da ação principal, exceto
no caso de reconhecimento de prescrição ou decadência; ainda, o indeferimento não influencia de qualquer modo no
julgamento da ação principal.

Tutela de Evidência

Lembre-se que a tutela de evidência se contrapõe à tutela de urgência. Podemos CONCEITUAR tutela de evidência da
seguinte forma: é técnica que serve à tutela provisória, fundada em cognição sumária: a antecipação provisória dos
efeitos da tutela satisfativa. Aqui surge a chamada tutela provisória de evidência. Nestes casos, a evidência se
caracteriza com conjugação de dois pressupostos: prova das alegações de fato e probabilidade de acolhimento da
pretensão processual.

São as seguintes as HIPÓTESES DE CABIMENTO DA TUTELA DE EVIDÊNCIA: configuração de abuso do direito de defesa
ou manifesto propósito protelatório do réu (não cabe liminar); alegações de fato comprovadas apenas com
documentos e tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante (cabe liminar); ação de
depósito, quando quem está com algum bem em razão de contrato de depósito e não a entrega a quem de direito na
forma e nos prazos devidos, poderá a parte demandar tutela de evidência com a cominação de multa em caso de não
devolução no prazo fixado (cabe liminar); e, por fim, petição instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos sem oposição razoável do réu (não cabe liminar).

PROCEDIMENTO COMUM

Formação, Suspensão e Extinção do Processo

O processo, a relação processual, tem sua FORMAÇÃO através da citação válida, quer dizer, os efeitos do processo se
aplicam ao réu a partir da citação válida.

Formado o processo, este pode ser suspenso, ocorrendo a paralisação da marcha processual, vedada a prática de atos
processuais, exceto os urgentes, em algumas situações. São as seguintes as hipóteses de SUSPENSÃO: morte ou perda
da capacidade processual das partes, do representante legal ou do advogado; por convenção das partes (máximo de
6 meses, podendo ser sucessivamente convencionado); nas hipóteses de incidente de impedimento ou suspeição; por

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admissão do incidente de resolução de demandas repetitivas sobre a matéria discutida; por prejudicialidade ou
preliminariedade entre processos (subordinação entre processos); por necessidade de resolução de questões
preliminares, quando a suspensão se dá por, no máximo, 1 ano (verificação de fato ou produção de provas); em razão
de força maior; quando se discutir questão decorrente de acidente e fatos da navegação de competência do Tribunal
Marítimo; nas demais hipóteses previstas no NCPC.

No período de suspensão do processo é vedada a prática de quaisquer atos processuais. Excepcionalmente, alguns
atos podem ser praticados. Isso ocorrerá quando envolver a realização de atos urgentes para evitar danos
irreparáveis.

Quando a análise do mérito em processo civil depender de averiguação de fato delituoso, ou seja, de conduta apurada
no âmbito criminal, é possível a suspensão do processo para aguardar a decisão da Justiça Criminal. Nesse caso, a
suspensão é pela pendência de ação prejudicial. O processo civil deve ser suspenso por 3 meses para se aguardar o
ajuizamento da ação penal e, uma vez proposta, é possível a suspensão por 1 ano para o julgamento do processo
criminal. Após esse prazo, o juiz do processo civil pode decidir sobre a questão incidental de forma não vinculante
sobre o processo penal.

Ao fim, o processo é submetido à EXTINÇÃO: a sentença extingue o processo, com ou sem resolução de mérito. No
caso de a decisão se dar sem análise de mérito, dada a norma fundamental que impõe o dever de o magistrado
perseguir uma solução integral de mérito, é necessário que se intime a parte prejudicada para que, se possível, possa
corrigir o vício antes da prolação da decisão terminativa.

Procedimento Comum

● INTRODUÇÃO: antes de analisarmos cada uma das etapas do processo comum, é importante que tenhamos uma
visão geral de todas as suas fases. Observe: a primeira fase é a) postulatória, que trata propositura da ação e cujo
principal veículo é a petição inicial; a seguir, temos a fase b) organizatória, onde surgem eventuais diálogos com as
partes a fim de emendar ou de complementar a inicial, indeferi-la, julgar liminarmente o pedido, citação do réu,
conciliação e mediação, defesa e reconvenção: a principal tarefa dessa fase é a de se sanar todos os eventuais vícios
do processo; após a organização temos a fase c) instrutória, voltada à produção de provas; após a fase probatória o
processo está maduro para a prolação de decisão, então, temos a fase d) decisória, na qual se profere sentença ou
acórdão; após a decisão, cabe o seu cumprimento, que é a fase e) executória, quando ocorre a satisfação do direito.

● PETIÇÃO INICIAL é o primeiro ato do processo. Conceito: é o instrumento que veicula a demanda. A própria petição
gera alguns efeitos de imediato, vejamos: com a protocolização da petição inicial temos a propositura da ação. Por sua
vez, do registro ou distribuição da petição decorrem dois efeitos relevantes: 1º EFEITO: perpetuatio jurisdicionis e 2º
EFEITO: prevenção do juízo.

Os requisitos da petição inicial são os seguintes: 1º requisito: a petição inicial é escrita (escritura); 2º requisito:
indicação do juízo (conforme as regras de competência); 3º requisito: qualificação das partes; 4º requisito: causa de
pedir; 5º requisito: pedido, que constitui o objeto da demanda; 6º requisito: valor da causa; 7º requisito: protesto
genérico por provas; 8º requisito: opção pela realização da audiência de conciliação e mediação; 9º requisito:

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documentos indispensáveis; 10º requisito: capacidade postulatória de quem assina a petição; e 11º requisito:
requisitos específicos previstos em lei.

E se não estiverem todos os requisitos presentes? SERÁ DETERMINADA A EMENDA OU A COMPLEMENTAÇÃO DA


PETIÇÃO INICIAL. São as seguintes as HIPÓTESES principais: falta de requisito da petição inicial; e existência de defeito
ou irregularidade capaz de dificultar o julgamento de mérito. Nesses casos, o juiz deve abrir prazo para o aditamento
da inicial, PRAZO de 15 dias.

Pois bem, um dos requisitos da petição inicial é o PEDIDO, que é o objeto do processo. O pedido se classifica em
diversas espécies, vejamos: pedido certo é pedido expresso na petição; pedido sucessivo são vários pedidos
formulados com ordem de preferência (ex: pedido de declaração de existência de contrato e consequente
reconhecimento do valor devido); pedido determinado é o pedido delimitado quanto a quantidade e qualidade (ex:
pedido de 2 sacas de café); pedido alternativo é aquele em que são formulados dois períodos sem ordem de
preferência (ex: pedido de uma saca de café ou de uma saca de feijão); finalmente, há o pedido subsidiário, em que se
pede o acolhimento do pedido subsidiário na hipótese de não ser acolhido o principal (ex: pedido de devolução do
bem ou, se não for possível, de indenização do equivalente).

A cumulação de pedidos depende do cumprimento de alguns requisitos: que os pedidos sejam compatíveis entre si;
que o mesmo juízo seja competente para conhecer de todos eles; e que o mesmo tipo de procedimento seja adequado
para todos os pedidos.

O Código traz regras sobre a interpretação dos pedidos: na interpretação do pedido levar-se-á em consideração o
conjunto da postulação e observar-se-á o princípio da boa-fé. Há também previsão de pedido implícito: ou seja, aquele
que, embora não explicitado no instrumento da postulação, compõe o objeto litigioso do processo (mérito) em razão
de determinação legal. Mesmo que a parte não peça, deve o magistrado examiná-lo e decidi-lo. São pedidos implícitos:
juros legais; ressarcimento de despesas processuais e honorários de sucumbência; e correção monetária.

Quando for pedido referente a obrigação indivisível (mais de uma parte com direito ao mesmo objeto indivisível),
aquele que NÃO participou do processo receberá sua quota, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.

É possível a modificação do pedido, cumpridos os requisitos do Código. Se o pedido de modificação for realizado antes
da citação do demandado, há liberdade da parte autora em modificar o pedido; após a citação e até o saneamento,
admite-se a modificação do pedido desde que com a concordância da parte contrária; agora, após o saneamento, não
será admitida modificação do pedido, pois a lide é estável neste momento.

Acerca da ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO, esta pode ser verificada pelo juiz liminarmente, ou seja, antes mesmo da
citação do réu. Nesse momento, caso haja vício sanável, o juiz deve determinar a emenda da inicial. Nesse momento
processual (antes da citação do réu) é admissível o julgamento da demanda de plano: falamos em indeferimento
liminar da petição (quando não houver julgamento de mérito) ou improcedência liminar do pedido (quando há
julgamento de mérito).

O indeferimento liminar da petição pode decorrer dos seguintes motivos: Inépcia da petição inicial: a) faltar pedido
ou causa de pedir; b) pedido indeterminado (exceto se for caso legal de pedido genérico); c) falta de lógica entre
narração e conclusão; e d) pedidos incompatíveis. Também é causa de indeferimento a manifesta ilegitimidade da

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parte autora ou da demandada ou por conta da falta de interesse processual (verificação das condições da ação). A
ausência de requisitos da petição também dá ensejo ao indeferimento caso a parte não proceda à correção do vício.

Agora, a improcedência liminar do pedido (não se fala em procedência liminar, sem o contraditório: veja que se trata
de cognição exauriente) ocorre nas seguintes situações: pedido contrário a enunciado de súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; pedido contrário a acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; pedido em sentido adverso a entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; pedido contrário a
enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local; pedido para o qual se verifica desde logo a ocorrência
de decadência ou prescrição.

● AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO: Se a petição inicial não for indeferida e se não for caso de
improcedência liminar, o juiz designará audiência de conciliação e mediação com antecedência mínima de 30 dias,
devendo ser citado o réu com, pelo menos, 20 dias de antecedência. A audiência, a princípio, é obrigatória, mas ela
NÃO SERÁ REALIZADA SE UMA DAS SITUAÇÕES A SEGUIR SE VERIFICAR: ambas as partes manifestarem desinteresse
na composição consensual ou se não for admissível a autocomposição sobre o objeto litigioso. O NÃO
COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e enseja a aplicação de multa no valor de até 2% da vantagem econômica ou valor da causa, montante que é
revertido à União ou ao Estado.

● RESPOSTAS DO RÉU: agora vejamos quais são as possíveis atuações do réu. O RÉU PODE: reconhecer a procedência
do pedido formulado pela parte autora; efetuar requerimento avulso de desmembramento do litisconsórcio
multitudinário na hipótese do art. 113, §2º, do NCPC; contestar; reconvir; arguir hipótese de impedimento ou de
suspeição; ou não responder, se tornando revel.

 Contestação: A contestação é a resposta típica do réu, pela qual ele impugna a pretensão do autor. O instituto é
regido por dois princípios basilares: PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE e PRINCÍPIO DA IMPGUNAÇÃO ESPECÍFICA DOS
FATOS. O princípio da eventualidade significa que o réu deve concentrar toda a matéria de defesa na contestação; há
algumas exceções ao princípio da eventualidade, quais sejam: direito ou fato superveniente, que pode ser alegado por
mera petição; matéria cognoscível de ofício, que pode ser conhecida a qualquer momento; e quando a lei permitir a
alegação posterior à contestação. O princípio da impugnação específica dos fatos significa que o réu deve atacar
ponto a ponto as alegações do autor, sob pena de presunção da veracidade do alegado. No entanto, NÃO GERAM
PRESUNÇÃO de veracidade: fatos que não for possível confessar; se a petição inicial não estiver acompanhada de
documentos que a lei considerar essencial; se o fato estiver contraditado pela defesa no seu conjunto; e se a defesa
for produzida por defensor público, advogado dativo ou curador especial.

Pois bem, conforme vimos, o réu deve alegar toda a sua defesa em contradição, com algumas exceções. As matérias
de defesa podem constituir preliminares e principais, sendo que estas últimas envolvem o mérito propriamente. São
as seguintes as PRELIMINARES DE CONTESTAÇÃO NO NCPC (matérias não abarcadas pelo mérito): inexistência ou
nulidade da citação; incompetência absoluta e relativa; incorreção do valor da causa; inépcia da petição inicial;
perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de
autorização; convenção de arbitragem; ausência de legitimidade ou de interesse processual; falta de caução ou de
outra prestação que a lei exige como preliminar; e indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

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Quanto à forma e ao prazo da contestação, vejamos quais são as regras: em primeiro lugar, os requisitos da
contestação são semelhantes aos da petição inicial. A peça deve conter, portanto, nome e prenome das partes, sem
necessidade de qualificação, pois já foi feita na inicial. Deve conter, ainda, endereçamento ao juízo da causa,
documentos indispensáveis, requerimento de provas, apresentação dos fatos e fundamentos jurídicos da defesa. O
prazo para contestar é de 15 dias (úteis). REGRAS DE CONTAGEM: 1ª REGRA: houve audiência de conciliação e mediação.
Nesse caso, o prazo de 15 dias é contado da audiência ou da última sessão de conciliação ou de mediação, caso haja
várias delas. 2ª REGRA: não houve audiência porque o réu peticionou informando que não deseja participar da sessão
de conciliação e de mediação. O prazo de contestação será contado do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência. 3ª REGRA: se houver litisconsortes. Se o autor não desejar expressamente a audiência de
conciliação/mediação, necessário levar em consideração a manifestação dos réus: se ambos não tiverem interesse no
ato de composição, o prazo contará individualmente para cada um deles a partir do peticionamento da intenção de
não recorrer; se um deles tiver interesse ou não pedir o cancelamento, o prazo contará, para ambos, a partir da
audiência, a qual será realizada, pois todos devem desistir para que ela não seja feita. 4ª REGRA: se não houver audiência
de conciliação e de mediação. Nos casos em que o direito discutido não admitir composição, o réu será citado na forma
tradicional, por carta ou por mandato, situação em que o prazo irá iniciar a partir da juntada aos Autos do mandato de
citação.

 Reconvenção: A reconvenção é uma ação inversa (ação do réu em face do autor), em que o demandado propõe
contra a parte autora um pedido próprio, que irá ampliar o objeto da demanda. A reconvenção deve cumprir alguns
requisitos. Veja: o objeto da reconvenção deve ser conexo com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Além
desse requisito, que é previsto expressamente no Código, a doutrina e o código trazem mais alguns requisitos da
convenção. Vejamos: existência de uma causa pendente; apresentação da reconvenção no prazo da contestação; o
juízo da causa principal deve ser também competente para analisar a reconvenção; os procedimentos da ação e da
reconvenção devem ser compatíveis, uma vez que são processados conjuntamente; e há necessidade de identificação
de conexão ou correlação com os fundamentos da defesa.

Revelia: a revelia também é considerada uma forma de defesa. Trata-se de defesa pela não manifestação do réu que
foi citado. São efeitos da revelia: efeito material: presunção de veracidade das alegações feitas pelo demandante.
Trata-se de presunção relativa contra a qual é possível a produção de provas. Prazos: em decorrência da revelia, os
prazos do réu serão informados com a publicação da decisão, conforme expressamente disciplina o art. 346, do NCPC:
ou seja, não é necessário tentar intimar o réu; preclusão: com a não apresentação da defesa, o réu não poderá mais
alegar direitos ou fatos, exceto se supervenientes, se envolver questões que podem ser conhecidas de ofícios ou que
haja expressa autorização legal para que sejam alegadas em outro momento; julgamento antecipado: a revelia traz a
possibilidade de julgamento antecipado do processo, caso a presunção de veracidade permita imediata decisão.

Pois bem, há situações em que, apesar da revelia, NÃO SE APLICA A PRESUNÇÃO DE VERACIDADE, que são as seguintes:
quando houver pluralidade de réu e um deles contestar a ação (a contestação de um aproveita a todos); quando a
demanda envolver direitos indisponíveis; quando a petição inicial estiver desacompanhada de documento que a lei
considere indispensável para provar os fatos alegados; e quando as alegações de fato formuladas pelo autores forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com as provas produzidas nos autos.

 Providências Preliminares e Saneamento: após a resposta do réu, compete ao juiz fazer o saneamento do processo,
verificando se é possível julgamento de imediato e, não sendo possível, analisar a existência de algum vício
procedimental a ser sanado.

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Particularmente, é preciso ressalta as situações em que o autor da ação tem direito a apresentar réplica. São as
seguintes as hipóteses: alegação de defesa indireta material na contestação, que é quando o réu alega fato novo em
contestação, fato que seja impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor; também há direito a réplica no
caso de alegação de questões preliminares na contestação, o que constitui defesa indireta processual.

Vamos abordar mais especificamente sobre o que é fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor:
lembrando, se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no PRAZO
DE 15 (QUINZE) DIAS, permitindo-lhe o juiz a produção de prova. FATOS CONSTITUTIVOS: são aqueles que dão vida a
um efeito jurídico e à expectativa de um bem por parte de alguém; FATOS MODIFICATIVOS: são aqueles que não
negam a válida constituição do direito, mas tem por objetivo alterá-lo; FATOS EXTINTIVOS: são aqueles que fazem
cessar um efeito jurídico e a consequente expectativa sobre um bem.

Após a réplica, ou caso essa não seja necessária, o juiz, verificando a existência de irregularidades ou de vícios
sanáveis, o juiz determinará sua correção em PRAZO NUNCA SUPERIOR A 30 (TRINTA) DIAS. Cumpridas as
providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do
processo ou despacho saneador.

Vamos analisar primeiro o JULGAMENTO ANTECIPADO, que é forma de abreviar o processo. Cabe julgamento
antecipado nas seguintes hipóteses: julgamento do mérito TOTAL: quando NÃO houver necessidade de produção de
outras provas ou quando o réu for revel, se aplicar a presunção de veracidade, e não houver requerimento de prova
(o réu revel ainda assim tem o direito de requerer produção de prova, conforme o artigo 349 do CPC). O julgamento
de mérito TOTAL ocasiona o fim da fase de conhecimento, se não houver recurso. O NCPC, inovando nesse ponto,
estabelece a possibilidade de julgamento PARCIAL do mérito nas seguintes hipóteses: a) parte das alegações se
mostrar incontroversa (ex: autor pede o pagamento de débito com certa taxa de juros e o réu só se insurge contra a
taxa de juros requerida, nesse caso, o débito principal é incontroverso); também nas hipóteses de julgamento
antecipado total que nós vimos logo acima cabe o julgamento parcial se os requisitos se cumprirem apenas em relação
a parcela do objeto processual.

Pois bem, se não for o caso de julgamento antecipado ou se este for parcial, o juiz tem o dever de organizar o processo.
Essa é a fase de saneamento e da organização do processo. Nesse momento, DECIDE-SE: questões processuais
pendentes, se houver; delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os
meios de prova admitidos; definir a distribuição do ônus da prova; delimitar as questões de direito relevantes para a
decisão do mérito; designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. O juiz, por despacho, fixará prazo não
superior a 15 dias para que as partes indiquem testemunhas: cada parte tem direito a apresentar, no total, 10
testemunhas, no máximo 3 testemunhas para cada fato.

PROVAS – PARTE 01

Audiência de instrução e julgamento

A audiência é constituída pelas seguintes FASES, em sequência: abertura > tentativa de conciliação > instrução >
debates > decisão > documentação.

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ABERTURA: declaração de abertura pelo magistrado seguida do pregão pelo servidor.


Tentativa de Conciliação: realizada independentemente da existência de outras tentativas de solução consensual
do conflito.
INSTRUÇÃO: colheita de provas.
1º - provas periciais;
2º - depoimento do autor e, após, do réu; e
3º - testemunhas do autor e, após, do réu.
DEBATES
 REGRA: 20 minutos, na seguinte ordem: a) autor; b) réu; e c) MP (se houver).
 PRORROGAÇÃO: 10 minutos (a critério do juiz).
 QUANDO HOUVER LITISCONSORTES OU TERCEIRO INTERVENIENTE: 30 minutos para ambos que será dividido de
forma igual (15 para cada), salvo convenção em sentido diverso.
 QUESTÕES COMPLEXAS: memoriais escritos no prazo de 15 dias (prazos sucessivos).
DECISÃO: prazo de 30 dias para proferir a sentença
 prazo impróprio e não preclusivo.
DOCUMENTAÇÃO: lavratura de termos

O Código traz REGRAS ADICIONAIS sobre a audiência. Primeiro, o poder de polícia é exercido pelo magistrado
(manutenção da ordem e do decoro, determinação para retirada em caso de comportamento inconveniente,
possibilidade de requisição policial, tratamento com urbanidade e registro em ata dos requerimentos). Cabe
adiamento da audiência nas seguintes situações: 1º - convenção das partes; 2º - não comparecimento justificado da
parte quando necessária a presença; 3º - atraso injustificado superior a 30 minutos por culpa do órgão jurisdicional.

Provas

A teoria das provas se divide DUAS GRANDES PARTES: teoria geral e provas em espécie. Bem, prova tem o seguinte
CONCEITO: a prova constitui um instrumento para a formação do convencimento do juiz sobre os fatos que são
objeto da atuação jurisdicional.

Teoria Geral das Provas

● PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS DE PROVA: as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, AINDA QUE não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que
se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

● PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUIZ: o poder das partes de produzir provas não é ilimitado, mas é controlado pelo Juiz.
Em primeiro lugar, o juiz irá fixar as provas necessárias ao julgamento do mérito. A princípio, a parte poderá requerer
a prova, contudo, o magistrado poderá indeferir as provas que entender inúteis ou protelatórias. O juiz também
poderá, de ofício, determinar a relação de provas, ainda que não requeridas pelas partes.

● PRINCÍPIO DO CONVENCIMENTO MOTIVADO E DA COMUNHÃO DA PROVA: Esses são dois princípios que tratam dos
efeitos da prova no processo. O primeiro deles é o princípio do convencimento motivado, que destaca o sistema da
persuasão racional do juiz, ao conferir ao magistrado liberdade para apreciar a prova. O segundo é o princípio da
comunhão das provas, segundo o qual entende-se que as provas produzidas no processo são compartilhadas entre as
partes envolvidas, embora seja dirigida principalmente ao magistrado para que ele possa formar a convicção e proferir
a sentença de forma fundamentada (ex: uma testemunha indicada por uma das partes pode revelar fatos que lhe
sejam desfavoráveis: a prova que é produzida não é voltada apenas para o benefício de quem a indicou).

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● PROVAS EMPRESTADAS: este é um tema importante, pois permite o aprimoramento do andamento processual.
Primeiro, vejamos o conceito de prova emprestada: é o transporte da prova do primeiro para o segundo processo a
fim de que sejam utilizadas como provas documentais. Há requisitos para a produção de prova emprestada: a)
produção regular no processo de origem; b) observância do contraditório no processo de origem; e c) observância do
contraditório no processo de destino. Veja que o contraditório deve ter ocorrido tanto no processo onde foi produzida
a prova quanto no processo onde ela será utilizada. A admissão da prova emprestada é faculdade do juiz e o
magistrado é livre para apreciar a prova emprestada, atribuindo fundamentadamente o valor que entender razoável.
Aliás, a própria decisão de admissão da prova emprestada deve ser objeto de contraditório prévio antes da sua inclusão
no processo.

● DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA: o ônus da prova se subdivide em ônus estático e ônus dinâmico. A primeira é
a regra estática do ônus probatório [regra de sentença]: por essa regra, autor deve provar o fato constitutivo do seu
direito e o réu deve provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito. Por outro lado, há também a regra
dinâmica de distribuição [regra de instrução]: a distribuição é determinada pelo magistrado (ope judicis) quando
acontece uma das seguintes hipóteses: 1 - impossibilidade de produção da prova por quem a deveria provar; 2 -
dificuldade de acesso à prova por quem deveria provar; 3 - maior facilidade de acesso à produção da prova pela outra
parte. Mas não só por ordem judicial ocorre a redistribuição do ônus probatório: a redistribuição ocorre também por
convenção das partes (convencional), exceto se a convenção tornar extremamente difícil ou impossível o acesso à
prova pela outra parte ou quando tratar-se de direito indisponível. Existem também hipóteses de redistribuição legal
do ônus probatório: lei específica pode inverter a regra do ônus (inversão ope legis).

● FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA: alguns fatos não dependem de produção probatória para que sejam
tomados em consideração pelo juiz. São os seguintes os fatos que dispensam produção probatória: Fatos notórios, que
são aqueles de conhecimento geral por todas as pessoas; fatos afirmados por uma das partes e confessado pela parte
contrária; fatos admitidos no processo como incontroversos; e fatos em cujo favor milita presunção legal de
veracidade.

● DEMAIS DISPOSITIVOS GERAIS DE PROVA: compete à parte provar teor e vigência de algumas normas. São as
seguintes: direito municipal; direito estadual; direito estrangeiro; e direito consuetudinário. Em relação ao direito
municipal e estadual, o juiz deve conhecer as regras do seu âmbito de atuação: apenas normas de outros municípios
e estados é que devem ter seu teor e vigência provados.

Produção Antecipada da Prova

A prova deve ser produzida, em regra, após todo o procedimento que nós estudamos. Entretanto, em algumas
hipóteses é importante que se produza prova de maneira antecipada pois a demora pode prejudicar a realização. São
as seguintes as hipóteses de cabimento: a) IMPOSSIBILIDADE ou DIFICULDADE PARA REALIZAÇÃO POSTERIOR; b)
POSSIBILIDADE DE AUTOCOMPOSIÇÃO ou OUTRA SOLUÇÃO DO CONFLITO; e c) conhecimento do fato possa
JUSTIFICAR OU EVITAR A AÇÃO. A COMPETÊNCIA para a ação de produção de provas antecipada é do juiz do foro do
local em que deve ser produzida a prova ou o foro do domicílio do réu. A ação de produção antecipada de provas NÃO
PREVINE a ação decorrente em que a prova produzida antecipadamente possa ser utilizada, ou seja, a distribuição da
ação será comum, não por prevenção. NÃO será admitido recurso, EXCETO no caso de indeferimento TOTAL do
requerimento originário de produção antecipada de provas. Deve constar da petição de prova antecipada a: a)
indicação da razão que justifica o pedido; e a b) indicação dos fatos sobre os quais recairá a prova. Realizada a prova,
os autos permanecerão em cartório para que os interessados possam extrair cópia ou certidão pelo período de 1 mês,
após, os autos serão entregues ao promovente da ação.

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Provas em espécie

Nessa Seção vamos analisar as provas em espécies reguladas pelo NCPC, lembrando que à parte é lícito produzir
qualquer tipo de prova, mesmo que não prevista expressamente em lei.

O primeiro tipo de prova regulado no Código é a ATA NOTARIAL. A ata é um documento público produzido por tabelião
e que atesta e documenta a existência e o modo de existir de algum fato. Como é documento produzido por agente
público com essa atribuição, é dotado de fé pública, o que significa que existe presunção relativa de veracidade acerca
do seu conteúdo.

A seguir, temos o DEPOIMENTO PESSOAL e o INTERROGATÓRIO. Não são tipos de prova idênticos o depoimento
pessoal e o interrogatório: no depoimento pessoal nós temos oitiva da parte requerida pela PARTE CONTRÁRIA; por
outro lado, no interrogatório e oitiva da parte é requerida pelo próprio MAGISTRADO.

No depoimento pessoal, que depende de requerimento da parte contrária, haverá incidência da pena de confesso
(presunção de confissão das alegações da parte contrária) quando a parte adversa: não comparecer, se intimada
regularmente ou, mesmo que compareça, se recuse a depor. Temos ainda mais algumas regras adicionais sobre o
depoimento. Veja: a parte não é obrigada a depor sobre fatos criminosos ou torpes que forem imputados ao depoente
(veja que a parte tem a obrigação de depor, exceto em relação a alguns fatos); a parte não é obrigada a depor sobre
fatos que deve guardar sigilo em razão do estado ou profissional; a parte não é obrigada a depor sobre fatos que
possam implicar desonra à pessoa depoente ou de seus familiares; a parte não é obrigada a depor sobre fatos que
impliquem perigo de vida ao depoente ou a sua família; finalmente, as exceções acima NÃO SE APLICAM ÀS AÇÕES
DE ESTADO OU DE FAMÍLIA.

A CONFISSÃO também é um meio de prova e está intimamente ligada ao depoimento pessoal, pois a confissão nada
mais é do que o próprio reconhecimento voluntário da ocorrência de um fato contrário ao interesse da parte que
confessa e, por conta disso, favorável à parte contrária. Os elementos da confissão são os seguintes: ELEMENTO
SUBJETIVO: sujeito declarante, ou seja, a parte que confessa; ELEMENTO INTENCIONAL: vontade para confessar,
denominado de animo confitente; ELEMENTO OBJETIVO: existência de fato contrário ao interesse da parte que confessa.

Confissão não se confunde com reconhecimento jurídico do pedido: a confissão diz respeito a fatos, já o
reconhecimento do pedido diz respeito à própria pretensão formulada. Veja o esquema abaixo:

CONFISSÃO RECONHECIMENTO JURÍDICO DO PEDIDO


● referente a fato benéfico à parte contrária ● referente à pretensão da parte contrária
● constitui elemento de prova a ser X
● implica a extinção do processo com resolução de
contraposto com demais elementos constante
mérito
dos autos

Vejamos mais algumas regras específica que incidem sobre a confissão:

 Confissão espontânea ou provocada: a confissão é intencional, ou seja, a parte deve realizar a confissão
voluntariamente. Contudo, a parte pode confessar espontaneamente ou por intermédio de provocações
argumentativas.  Confissão e litisconsórcio: a confissão é um ato individual de forma que eventuais pessoas que
estejam no mesmo polo da parte que confessa não serão afetados. Temos aqui a manifestação da autonomia dos
litisconsortes.  A confissão é irrevogável, mas PODE SER ANULADA se decorreu de erro de fato ou de coação.  A
confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a
beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos,
capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

Livrão Digital de 1ª Fase 56


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Nosso próximo tipo de prova é EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA. Pois bem, sempre que for imprescindível a
juntada de documento ou coisa, é possível às partes se valer desse instrumento de prova, por determinação do juiz.
Quando o documento estiver em poder da parte contrária, o pedido de exibição do documento ou coisa deve
preencher os seguintes requisitos: individuação do documento ou da coisa, permitindo sua identificação; finalidade da
prova, ou seja, o resultado útil para a formação do convencimento do juízo; e as circunstâncias do requerimento, ou
seja, os motivos pelos quais se acredita que o documento ou coisa está em poder da outra parte:

DOCUMENTO/COISA EM PODER DA PARTE


DOCUMENTO/COISA EM PODER DE TERCEIRO
CONTRÁRIA
Intimado para se manifestar no prazo de 5 dias. Citado para se manifestar no prazo de 15 dias.
Pedido deve conter: individuação, finalidade e
circunstâncias do requerimento.
Após a intimação:
 apresentação ou requerimento de prazo para Após a citação:
apresentação.  apresentação ou requerimento de prazo para
 negativa de possuir documento (o requerente será apresentação.
intimado a provar)  negativa de apresentação: a) audiência especial; b)
 não manifestação e escusa injustificada (gera a mandado de apreensão com forma policial, crime de
presunção de que de prova dos fatos que se pretendia desobediência.
provar).
Possibilidade de adoção de medidas indutivas, coercitivas, mandamentais e sub-rogatórias
Admite-se a escusa:
• documentos concernentes à própria vida familiar
• violação dos deveres de honra
• desonra à parte ou ao terceiro (abrange parentes até 3º grau)
• sigilo em face do estado ou profissão
• motivos graves que justifiquem a entrega de documentos
• por previsão legal

PROVAS – PARTE 02

Prova Documental

Agora vamos falar da prova documental. O primeiro ponto do assunto é a respeito da FORÇA PROBANTE DOS
DOCUMENTOS: os DOCUMENTOS PÚBLICOS gozam de presunção relativa de autenticidade e de veracidade (fé
pública). Quando a lei estabelecer como obrigatória a realização de um ato por meio de documento público, este ato
não pode ser provado de outra forma. Bem, este é o efeito do documento público, e documento público é aquele
feito por oficial público no exercício de sua competência legal e com observância das formalidades pertinentes. Por
outro lado, se o documento for produzido por autoridade INCOMPETENTE ou SEM OBSERVÂNCIA DAS FORMALIDADES
LEGAIS, então o documento terá eficácia de documento privado.

A respeito do objeto provado, o DOCUMENTO PÚBLICO, com declaração de ciência, prova tanto a ciência quanto o
próprio fato cientificado, ao passo que DOCUMENTO PRIVADO, com declaração de ciência, prova APENAS a ciência,
não o fato, o qual deve ser provado por outro meio probatório.

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Quanto à autenticidade do documento, considera-se AUTÊNTICO o documento em que houve reconhecimento de


firma, em que a autoria está identificada mediante certificado e, quando apresentado o documento, não restar
impugnado pela parte contrária (fato incontroverso).

Agora, integrado o documento ao processo, este é analisado em sua integralidade (globalidade), pois são indivisíveis.
Quer dizer, todo o conteúdo do documento é reputado como prova, não sendo possível pinçar os fatos sobre os quais
há interesse probatório.

O NCPC traz disposição específica sobre alguns tipos de documentos. Os REGISTROS DOMÉSTICOS (diários e agendas)
e CARTAS somente podem ser utilizados como meio de prova para certificar recebimento de crédito, anotações que
tenham por finalidade suprir a falta de algum título em favor de quem é apontado como credor e para esclarecer
ciência de fatos para os quais não se exige prova determinada. NOTA ESCRITA pelo credor em qualquer parte do
documento quanto à quitação, ainda que não assinada, prova em benefício do devedor. Os LIVROS EMPRESARIAIS
provam contra o autor e, em lides entre os próprios empresários, a favor do autor. Além disso, fazer a MESMA PROVA
QUE OD DOCUMENTOS ORIGINAIS: a) certidões emitidas dos autos pelo escrivão ou chefe de secretaria; b) traslados
e certidões emitidas dos cartórios pelos oficiais públicos; c) certidões emitidas a partir de documentos e fatos
registrados que estão sob o poder de oficiais públicos; d) cópias de documentos públicos autenticadas pelos registros
públicos; e) cópias dos autos do processo quando atestadas a autenticidade do documento pelo advogado; f) extratos
digitais emitidos de bancos de dados públicos ou privados desde que atestado pelo emitente; g) reproduções
digitalizadas de documentos públicos ou privados quando juntados aos autos pelos seguintes agentes: i) auxiliar de
justiça; ii) órgão da justiça ou auxiliares; iii) Ministério Público e auxiliares; iv) Defensoria Pública e seus auxiliares; v)
procuradorias; vi) repartições públicas e respectivos advogados.

O juiz apreciará fundamentadamente a fé que merece o documento quando este contiver ENTRELINHA, EMENDA,
BORRÃO ou CANCELAMENTO sem ressalva.

Há hipóteses de CESSAÇÃO DA FÉ DO DOCUMENTO PÚBLICO: quer dizer, em relação aos documentos públicos, eles
perdem a fé quando for declarada judicialmente a falsidade do documento não verdadeiro ou alterado. Já quanto aos
documentos privados, eles perdem a fé nas seguintes situações: a) declarada judicialmente a falsidade do documento
não verdadeiro ou alterado; b) for impugnada a autenticidade sem a prova da veracidade; e c) for assinado em branco
e o seu conteúdo for impugnado por preenchimento abusivo.

Sobre o ônus da prova, o NCPC traz duas regras no artigo 429: quando for alega a FALSIDADE DO DOCUMENTO ou o
seu PREENCHIMENTO ABUSIVO, a prova do fato incumbe à parte que arguir o fato; por outro lado, quando for
IMPUGNADA A AUTENTICIDADE, a prova da autenticidade cabe à parte que produziu o documento.

A respeito do procedimento para ARGUIÇÃO DE FALSIDADE, vejamos as respectivas normas. Primeiro, em relação aos
MOMENTOS em que é possível a arguição, são os seguintes: a) na contestação (quando juntado o documento
impugnado na inicial); b) na réplica (quando juntado na contestação); e c) no prazo de 15 dias contados da intimação,
quando juntados no curso do procedimento. Deve-se abrir CONTRADITÓRIO em relação à arguição, intimando-se a
parte que apresentou o documento para se manifestar no prazo de 15 dias. A consequência da juntada de documento
comprovadamente inválido é a determinação de seu DESENTRANHAMENTO DOS AUTOS. Se houver controvérsia
quanto aos elementos do documento, é possível a produção de PROVA PERICIAL para se constatar o fato. Por fim, a
NATUREZA DA DECISÃO que decide o incidente pode ser: a) interlocutória (se suscitada a arguição como questão

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preliminar); ou b) sentença (se admitida suscitadas como questão principal: nesse caso, a decisão deve constar do
dispositivo da decisão e sobre o ponto incidirá a autoridade da coisa julgada).

Quanto à PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL, temos mais algumas regras. Os MOMENTOS disponíveis para a
produção do documento são os seguintes: para o AUTOR, a prova documental deve ser produzida na INICIAL; para o
RÉU, a produção deve ser feita na CONTESTAÇÃO. Se descumpridos os prazos, ainda assim é possível a juntada do
documento, mas a parte deverá comprovar justa causa para a apresentação posterior; de resto, ocorre a PRECLUSÃO.
A JUNTADA POSTERIOR é admitida nas seguintes hipóteses: a) fatos novos; b) fatos antigos, cuja ciência à possibilidade
de juntada ocorreu após a inicial/contestação; c) documentos necessários para contrapor provas da outra parte, desde
que seja igualmente nova, ou seja, após a inicial/contestação. Deve-se sempre formar CONTRADITÓRIO quando
juntado o documento. Nesse caso, a parte adversa será intimada para: a) rejeitar a admissibilidade; b) impugnar a
autenticidade; c) arguir a falsidade (com ou sem incidente); d) manifestar-se sobre o documento que foi adulterado.
Já vimos, mas vamos ressaltar novamente o MOMENTO DO CONTRADITÓRIO: a) réu manifesta-se na contestação
quanto aos documentos juntados na inicial; b) autor manifesta-se na réplica quanto aos documentos juntados na
contestação; e c) quanto aos documentos juntados em outros momentos do procedimento, intima-se a parte contrária
para se manifestar em 15 dias. Há ainda previsão de DILATAÇÃO do prazo para manifestação em razão da quantidade
ou complexidade dos documentos acostados pela parte contrária. Por fim, cumpre realçar a possibilidade de
REQUISIÇÃO de documentos ou processos administrativos de repartições públicas, as quais devem enviar o original
para cópias ou em meio digital.

O Código traz ainda disposições específicas sobre DOCUMENTOS ELETRÔNICOS: a utilização de documentos
eletrônicos no processo convencional (físico) dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de sua
autenticidade, na forma da lei. O juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico NÃO CONVERTIDO,
assegurado às partes o acesso ao seu teor. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a
observância da legislação específica.

Prova Testemunhal

Agora vamos tratar do tipo mais tradicional de prova, a testemunhal. A primeira regra é a seguinte: A PROVA
TESTEMUNHAL É SEMPRE ADMISSÍVEL, EXCETO NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: se a lei previr em sentido contrário ou se
os fatos já houverem sido provados ou puderem ser comprovados por intermédio de exame pericial ou por provas
documentais.

Aliás, quanto à PROVA DE RELAÇÃO CONTRATUAL, a regra é que a comprovação ocorre por prova documental, mas,
excepcionalmente, admite-se prova testemunhal, quando não é possível ou não tem como se efetuar a prova
documental (exemplos: parentesco, depósito necessário e hospedagem).

QUEM PODE TESTEMUNHAR? Em REGRA, todas as pessoas. Há PARTICULARIDADES, situações de incapacidade para
testemunhar. Nessa toada, são incapazes para testemunhar: o interdito por enfermidade ou por deficiência mental;
quem está doente ou possui retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, de modo que não tinha
condições de discernir os fatos, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; o
menor de 16 anos (absolutamente incapaz); e o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam. A incapacidade para testemunhar é ampla, se referindo a qualquer fato.

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Além da incapacidade, existe o impedimento para testemunhar. O impedimento se relaciona a fatos particulares sobre
os quais resta vedado o testemunho. Vejamos que são os impedidos para testemunhar: cônjuge/companheiro,
ascendente ou descendente em qualquer grau e o colateral até 3º grau da parte (não se aplica quando: a) interesse
público exigir b) em causas relativas ao estado da pessoa, quando a prova não possa ser obtida de outra forma
necessária ao julgamento do mérito; quem for parte na causa; e quem intervém em nome da parte como tutor,
representante da pessoa jurídica, juiz, advogado ou que tenham assistido a parte.

São suspeitos para testemunhar, se bem que o possam, o inimigo ou amigo íntimo e o terceiro que tem interesse no
litígio.

Indicada a testemunha, essa indicação não pode ser modificada. Mas há hipóteses de SUBSTITUIÇÃO DE
TESTEMUNHA, quando então é possível a modificação da indicação. São as seguintes as hipóteses: a) falecimento; b)
enfermidade que impossibilite de depor; e c) mudança de residência ou trabalho, sem ciência de onde pode ser
encontrado.

Uma situação específica é aquela em que JUIZ É ARROLADO COMO TESTEMUNHA. Aqui surgem duas possibilidades:
a) se o juiz entender que realmente tem conhecimento dos fatos, não poderá atuar na causa. Nesse caso, o magistrado
deve se declarar impedido para julgar o feito, permanecendo como testemunha nos autos; b) se nada souber sobre
os fatos, determinará a retirada do seu nome do rol de testemunhas.

A respeito do modo de produção da prova testemunhal, a regra é que a produção ocorra na audiência de instrução e
julgamento. Algumas autoridades públicas, no entanto, SÃO OUVIDAS NA RESIDÊNCIA/LOCAL DE TRABALHO. As
seguintes autoridades têm esse direito: a) Presidente/vice; b) Min. de Estado; c) Min. STF, conselheiro do CNJ, Min.
STJ, STM, TSE, TST e TCU; d) PGE e conselheiros do CNPM; e) AGU, PRE, PRM, DPGU e DPGE; f) senadores e deputados
federais; g) Governadores; h) Prefeito; i) deputados estaduais e distritais; j) desembargadores do TJ, Juízes do TRF, TRT
e TRE e conselheiros do TCE; l) PGJ; e embaixador de país (desde que haja reciprocidade). Agora, quanto ao
PROCEDIMENTO de produção da prova testemunhal, vejamos as regras: o juiz solicita à autoridade que indique
dia/hora/local e envia cópia da inicial ou da contestação a depender de quem a arrolou como testemunha. A
autoridade se manifesta e a data fica agendada: com o comparecimento, há colheita da prova; ou, sem o
comparecimento, o magistrado designa data e hora para inquirição na sede do juízo; sem manifestação (há mais de
um mês), o magistrado designada data e hora para inquirição na sede do juízo.

Em relação às testemunhas que não têm direito ao procedimento especial visto logo acima, o NCPC inovou, dispensado
a intimação das testemunhas pelo juízo: o próprio advogado da parte que indicou a testemunha a deve notificar e
acompanhar para a prestação do testemunho. No entanto, INTIMA-SE A TESTEMUNHA INDICADA JUDICIALMENTE
NAS SEGUINTES HIPÓTESES: se intimada pelo advogado e juntada o AR nos autos a parte não comparecer, haverá
determinação da intimação judicial; quando for necessária a oitiva pela via judicial a requerimento da parte e aceita
por decisão do juiz; quando se pretender a oitiva de servidor público ou militar, teremos a requisição para a chefia;
quando se pretender a oitiva de testemunha arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria; ou quando se
pretender a oitiva de autoridade com prerrogativa de definir dia, hora e local do ato. O NÃO COMPARECIMENTO DE
TESTEMUNHA INTIMADA JUDICIALMENTE dá ensejo às seguintes sanções: a) condução coercitiva; e b) pagamento das
despesas decorrentes do adiamento.

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Comparecendo a testemunha em juízo, o primeiro ato da prova testemunhal é a sua qualificação. NA QUALIFICAÇÃO,
PODEMOS TER AS SEGUINTES SITUAÇÕES: 1º - a testemunha é admitida e será ouvida na forma regular, conforme a
ordem de oitiva acima analisada; 2º - constata-se que a testemunha incorre em algum dos impedimentos para
testemunhar (incapacidade, suspeição ou impedimento). Nesse caso, identificada algumas dessas situações – seja de
ofício pelo magistrado seja por contradita das partes – o juiz poderá: a) dispensar a testemunha; ou b) ouvi-la na
qualidade de informante. a última possível é que 3º - testemunha poderá se escuse de depor quando o fato lhe puder
acarretar grave dano ou ao seu cônjuge/companheiro ou parentes até 3º grau ou se tiver o dever de sigilo em face do
estado ou profissão.

Admitida a oitiva da testemunha, esta prestará compromisso de dizer a verdade e, finalmente, será interrogada. O
NCPC inovou quanto ao MODO DE INTERROGAR, que hoje segue o paradigma da cross examination, modelo norte-
americano de interrogação. Esse modo de interrogar observa a seguinte lógica: a parte (por intermédio do seu
advogado) que arrolou a testemunha inicia os questionamentos, os quais são feitos diretamente à testemunha; após,
questiona, também diretamente, a outra parte; o juiz também está autorizado a formular perguntas, antes ou após as
partes; o juiz exerce poder de polícia no ato processual e pode não admitir questionamentos indutivos ou que não
tenham relação com as questões objeto da prova: as perguntas indeferidas, no entanto, serão transcritas a termo, se
a parte o requerer.

É possível ao magistrado determinar o comparecimento de TESTEMUNHAS REFERIDAS, isto é, pessoas mencionadas


pelas testemunhas no seu depoimento e que tenham possível conhecimento do fato. Ainda, verificando que as
testemunhas apresentam depoimentos contraditórios, admite-se, por decisão de ofício ou a requerimento, a
acareação, que será realizada com a finalidade de esclarecer as manifestações divergentes.

Perícia

Perícia consiste em exame, vistoria e avaliação realizada por técnico especializado em assunto de maior complexidade.
A perícia será INDEFERIDA quando os fatos não dependerem de conhecimento especial técnico, for desnecessária em
face de outras provas já produzidas nos autos ou quando impraticável a produção de provas técnicas.

Sobre a realização da PERÍCIA, esta poderá ser SUBSTITUÍDA por prova técnica de menor complexidade consistente
tão somente na inquirição do especialista em audiência.

Quanto ao PROCEDIMENTO, é o seguinte: primeiro, ocorre a) nomeação do perito pelo juiz com a fixação do prazo
para entrega do laudo; b) intimação das partes para, em 15 dias, arguir impedimento ou suspeição do perito, indicar
assistente técnico e apresentar quesitos; c) intimação do perito para, em 5 dias, propor honorários, apresentar
currículo e especificar contatos profissionais; d) intimação das partes para manifestação a respeito da qualificação e
da proposta; e) fixação dos honorários pelo magistrado; e f) possível adiantamento dos honorários com a possibilidade
de determinação de levantamento de até 50% de adiantamento.

A regra é que o perito seja indicado pelo próprio magistrado, mas o novo Código admite que o perito seja nomeado
em COMUM ACORDO pelas partes. A prova pericial pode ser DISPENSADA quando houver pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que o magistrado considerar suficientes. Será SUBSTITUÍDO o perito quando lhe faltar

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conhecimento técnico ou científico ou ainda quando deixar de cumprir o encargo no prazo assinalado
injustificadamente.

DEVE CONSTAR DA PERÍCIA (em linguagem simples e com coerência lógica): a) exposição da pessoa/coisa objeto da
perícia; b) análise técnica/científica; c) método de trabalho; e d) responsa conclusiva dos quesitos. O perito deve
PROTOCOLAR o laudo, pelo menos, 20 dias antes da audiência. Após a juntada, as partes são intimadas para, no prazo
de 15 dias, se manifestarem. Se houver requerimento, o perito será intimado a prestar esclarecimentos. O juiz é livre
para APRECIAR a prova pericial, não se mostrando vinculado ao resultado do exame. É possível REALIZAÇÃO DE NOVA
PERÍCIA, a qual será determinada quando a primeira não for capaz de esclarecer a questão. Essa nova perícia observa
as seguintes regras: a) rege-se pelas regras da primeira perícia; e b) não substitui a primeira perícia atuando como
instrumento probatório completar (as duas perícias constituem meio de prova).

Passamos agora a analisar a INSPEÇÃO JUDICIAL, que é a inspeção que o próprio magistrado realiza sobre o objeto
litigioso. A inspeção pode ser determinada em qualquer fase do processo. O objetivo é que o magistrado, por si
próprio, realize o exame de pessoas ou coisas para esclarecer ponto controvertido do processo. O ato pode ser
acompanhado por peritos, os quais esclareçam aspectos técnicos ao magistrado. A inspeção judicial pode ocorrer no
juízo ou no local da coisa ou da pessoa se necessário à elucidação, se difícil apresentação ou se for determinada a
reconstituição dos fatos. Após a inspeção é lavrado auto circunstanciado das atividades realizadas.

SENTENÇA

Disposições Gerais

Antes de tudo, vamos analisar o CONCEITO LEGAL DE SENTENÇA. São, em suma, três as acepções do termo sentença:
sentença é todo ato que o procedimento especial disciplinar como sentença; é o ato judicial no procedimento comum
que põe fim à fase cognitiva; e é sentença também o pronunciamento que extingue a execução. Agora vejamos um
CONCEITO DOUTRINÁRIO DE SENTENÇA: é ato jurídico do qual decorre uma norma jurídica individualizada, ou
simplesmente norma individual, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por exemplo) em razão da
possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada.

É tradicional a distinção entre SENTENÇA TERMINATIVA E DEFINITIVA. SENTENÇA TERMINATIVA é aquela proferida
sem análise do mérito (art. 485, do NCPC): ou seja, por algum vício anterior ao mérito o processo é extinto sem a sua
análise. Por sua vez, SENTENÇA DEFINITIVA é aquela em que há análise do mérito (art. 487, do NCPC). A seguir vamos
analisar com mais vagar cada uma dessas espécies.

Primeiro, em relação à SENTENÇA TERMINATIVA, são as seguintes as HIPÓTESES em que ela deve ser proferida:
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL; NEGLIGÊNCIA DAS PARTES (AMBAS); ABANDONO DA CAUSA (PELO AUTOR); AUSÊNCIA DE
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS COMO REQUISITO DE EXISTÊNCIA E VALIDADE DO PROCESSO; AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE
PROCESSUAL; DESISTÊNCIA DA AÇÃO; INTRANSMISSIBILIDADE DA AÇÃO; E NOS DEMAIS CASOS PRESCRITOS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL.

Lembre-se, particularmente em relação aos pressupostos processuais, que estes são pressupostos de existência e de
validade. Os de existência referem-se à investidura jurisdicional do magistrado, à capacidade de ser parte e à existência
de uma demanda. Já os requisitos de validade dizem respeito à competência e imparcialidade do juiz, à capacidade

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processual, postulatória e à legitimidade "ad causam" das partes, no plano objetivo, o respeito ao formalismo
processual e à inexistência de perempção, litispendência, coisa julgada ou convenção de arbitragem impeditivo do
processo, assim como à existência de interesse de agir.

Proferida a sentença, cabe o recurso de APELAÇÃO para tentar reformar o resultado em Tribunal. Particularmente em
relação à sentença terminativa, que causa o encerramento da fase de conhecimento sem resolução do mérito, o prazo
de apelação é o comum, de 15 dias, e cabe a retratação por parte do juiz sentenciante no prazo de 5 dias. Além disso,
é imprescindível saber que a sentença que põe fim à fase de conhecimento sem análise do mérito não impede que a
parte possa novamente propor a mesma demanda. PARA REPROPOSITURA DE NOVA AÇÃO EM FACE DE
PRONUNCIAMENTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, a parte interessada deve, no entanto, comprovar a correção do
vício que levou à sentença e o depósito das custas e dos honorários da sentença resolutiva.

Quando o autor deixa de dar andamento regular ao processo por três vezes ocorre a PEREMPÇÃO, quando então o
autor estará impedido de apresentar nova ação, apesar de que o direito correspondente não seja extinto. Vejamos os
requisitos: três abandonos da causa (deixar de dar andamento ao processo por mais de 30 dias quando lhe competia
dar andamento ou cumprir diligências determinadas pelo juiz); implica a impossibilidade de discutir o mesmo objeto
contra as mesmas partes; não impede que o objeto seja utilizado como matéria de defesa (ou seja, o direito não é
extinto em razão da perempção). Com isso terminamos o resumo das sentenças terminativas.

Agora vamos ver as HIPÓTESES DE SENTENÇA DEFINITIVA: ACOLHIMENTO OU REJEIÇÃO DO PEDIDO; DECIDIR PELA PRESCRIÇÃO
OU PELA DECADÊNCIA; RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO; TRANSAÇÃO; e RENÚNCIA À PRETENSÃO FORMULADA. Em
todas essas hipóteses há decisão acerca do mérito do processo.

Quanto aos ELEMENTOS E EFEITOS DA SENTENÇA, vamos ver quais são: o relatório é um sumário do andamento
processual até o momento da sentença. Do relatório devem constar os seguintes dados: nome das partes; identificação
do caso; resumo do pedido e da contestação; e registro das principais ocorrências no processo. A fundamentação é o
ponto central da sentença, pois é o local em que o magistrado analisa o problema jurídico posto pelas partes. Por fim,
o dispositivo constitui o fecho da sentença, onde o juiz decide a respeito dos pedidos.

O Novo Código tem regras sobre a necessidade de fundamentação das fundamentações. NÃO se considera
fundamentada a sentença quando: apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as
questões a serem decididas; empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto;
invocar motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no processo; não enfrentar todos os
argumentos apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese adotada pelo julgador; apenas fizer referência a
determinado precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou
súmula.

Agora vamos ver uma classificação importante a respeito da sentença. A primeira regra é que a SENTENÇA DEVE SER
LÍQUIDA. A sentença líquida deve indicar: a extensão da obrigação (quantum debeatur); o índice de correção
monetária; a taxa de juros; e a periodicidade de capitalização dos juros. Em algumas situações excepcionais o Código
admite que a sentença seja ilíquida, que são as seguintes: quando não for possível definir o montante devido e quando
for necessária prova para apurar o montante devido.

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De acordo com o princípio da adstrição, O MAGISTRADO DEVE DECIDIR DE ACORDO COM O PEDIDO FORMULADO
PELAS PARTES. Quando esse dever é inobservado, ocorre uma das seguintes situações: sentença infra petita, que
ocorre quando o juiz não aprecia um dos pedidos formulados ("esquece"); sentença extra petita, que ocorre quando
o juiz aprecia um pedido fora daquilo que foi demandado ("inventa"); sentença ultra petita, que ocorre quando o juiz
decide para além daquilo que foi demandado ("além").

Remessa Necessária

Remessa necessária é um instituto importante do nosso sistema processual. O CONCEITO de remessa necessária é o
seguinte: constitui condição de eficácia da sentença e um óbice para a formação da coisa julgada. NÃO se trata de
recurso, uma vez que independe da manifestação de irresignação da parte prejudicada pela sentença. As HIPÓTESES
de remessa necessária são as seguintes: sentenças proferidas contra a Administração Pública direta, autarquia e
fundacional; e sentenças que julgarem procedentes embargos à execução fiscal.

Quer dizer, a regra é a remessa necessária das condenações CONTRÁRIAS à Fazenda Pública. Mas há EXCEÇÕES em
que não se aplica a remessa necessária, dependendo do valor da condenação. Veja quais são as situações em que não
se aplica a remessa: condenação contrária à União (+ autarquias/fundações) inferior a 1000 salários-mínimos;
condenação contrária ao Estado, DF ou município de capital inferior a 500 salários-mínimos; condenação contrária ao
município (exceto o de capital) inferior a 100 salários-mínimos; e condenação contrária à Fazenda Pública quando
fundamentada em súmula de tribunal superior, acórdão do STF/STJ em julgamento de recursos repetitivos,
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção de competência,
entendimento pacificado administrativamente em parecer ou súmula administrativa.

Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não


Fazer e de Entregar Coisa

O Código traz algumas regras específicas sobre as decisões que condenam à obrigação de fazer, não fazer e de entregar
coisa.

NAS PRESTAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER: a sentença irá determinar providência específica ou assegurar o resultado
prático pretendido, o que caracteriza a tutela específica. Além da possibilidade de tutela específica de fazer ou não
fazer temos a tutela inibitória e de remoção de ilícito cuja finalidade, como o próprio nome indica, é de inibir
determinada prática, repetição ou continuidade de ilícito. A tutela de remoção de ilícito, por sua vez, tem a finalidade
de eliminar eventual situação de ilicitude ou de remover os efeitos concretos que derivam de determinada situação
ilícita. Aqui, a prática ilícita implica a produção de efeitos concretos continuados.

QUANTO ÀS PRESTAÇÕES DE ENTREGAR COISA, SOMENTE haverá conversão da tutela específica (entrega do bem) em perdas
e danos em duas hipóteses: quando o autor assim requerer no processo; ou se a prestação específica ou o resultado
prático equivalente se tornar impossível.

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Coisa Julgada

A coisa julgada é o efeito incidente sobre a decisão judicial que a torna imutável e indiscutível.

A doutrina, tradicionalmente, distingue a COISA JULGADA FORMAL DA MATERIAL: a coisa julgada formal corresponde
à preclusão temporal que não permite mais a discussão da decisão num processo específico. Por outro lado, a coisa
julgada material é uma qualidade da sentença que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita
a recurso. A sentença de mérito tem força de lei nos limites daquilo que foi decido e em relação às questões
expressamente decididas pelo juiz. Assim, é possível que tenhamos questões que dizem respeito ao mérito de
determinado processo, mas que não foram decididas expressamente e, em razão disso, não são qualificadas pela coisa
julgada material. Apenas fará coisa julgada material aquilo que constar do dispositivo da sentença.

A respeito da extensão da coisa julgada, o novo Código trouxe disposições inovadoras. Em primeiro lugar, faz coisa
julgada o dispositivo, inclusive as questões prejudiciais, se necessárias para o julgamento do mérito, com efetivo
contraditório e competente o magistrado (em razão da matéria e da pessoa). No entanto, NÃO FAZEM coisa julgada
os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva, e a verdade dos fatos.

Uma vez formada a coisa julgada, é VEDADO à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas a cujo
respeito se operou a preclusão. Lembre-se dos tipos de PRECLUSÃO: temporal - perda da prerrogativa de praticar ato
processual em face do tempo; lógica - perda da prerrogativa de praticar ato processual pela prática de ato
incompatível; e consumativa - perda da prerrogativa de praticar ato processual pelo exercício da referida faculdade.

Liquidação de Sentença

Nessa Seção vamos estudar o procedimento de Liquidação de sentença. Vamos ver o CONCEITO de liquidação: é um
incidente processual que tem por finalidade apurar quantias ilíquidas fixadas na sentença (apuração do quantum
debeatur).

Há várias espécies de liquidação. Vejamos cada uma delas: LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO é aquela em que há
apuração do valor devido pelo arbitramento do juiz ou por perícia (pode ocorrer o arbitramento por convenção das
partes ou quando o exigir a natureza do objeto da condenação); LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS acontece quando a
apuração do valor devido transcorre pelo procedimento comum (é utilizada quando for necessário provar fatos novos);
LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS, por fim, é quando a apuração do valor devido se dá por simples cálculo aritmético.

Cumprimento da Sentença

A seguir vamos estudar o cumprimento de sentença, que é a fase processual em que são executadas as determinações
contidas na decisão.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Em primeiro lugar, é importante dar o CONCEITO de cumprimento de sentença, e que é a fase de realização material
do que foi previsto na sentença. A fase de cumprimento tem início mediante requerimento do credor.

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Após o requerimento, ocorre a intimação do devedor. Sobre a intimação, ela ocorre da seguinte forma: no Diário da
Justiça na pessoa do advogado da parte ré; por carta com AR quando o réu for representado pela Defensoria Pública
ou quando não tiver procurador constituído no processo, a não ser na hipótese de réu revel, cuja intimação ocorre por
edital; por meio eletrônico em relação às empresas que são obrigadas a manter cadastro perante os órgãos judiciários;
ou, por fim, por edital, quando o réu for citado por edital (desconhecido ou incerto o citando, quando ignorado, incerto
ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando) no processo de conhecimento e permaneceu revel ao longo do
procedimento.

TÍTULO EXECUTIVOS JUDICIAIS: o cumprimento de sentença é realizado em relação aos títulos executivos judiciais
enquanto para os títulos extrajudiciais é feito o processo de execução. Vamos focar aqui nos títulos judiciais:

As decisões judiciais, de um modo geral, são consideradas títulos executivos judiciais. Também são títulos judiciais as
decisões homologatórias de autocomposição. Esses acordos de homologação podem ser executados no bojo do
processo (autocomposição judicial) ou independentemente da existência do processo (autocomposição extrajudicial).
O formal e a certidão de partilha também são considerados títulos executivos judiciais, pois são documentos que
decorrem da sentença de inventário. O crédito de auxiliar da justiça referente às despesas do processo (custas,
emolumentos ou honorários), concedido na sentença, são títulos executivos judiciais. Do mesmo modo, a sentença
arbitral poderá ser levada ao Poder Judiciário a fim de que seja efetivada judicialmente. É importante destacar que
essa sentença produz título executivo judicial! As decisões estrangeiras possuem, também, natureza de título
executivo judicial: tanto as sentenças como as decisões interlocutórias podem ser consideradas título executivo
judicial, cumpridos os seguintes requisitos: homologação da sentença pelo STJ ou concessão de exequatur em relação
às decisões interlocutórias, também pelo STJ.

A respeito da COMPETÊNCIA PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, vejamos como ela é fixada. São três hipóteses
de competência para o cumprimento de sentença e uma regra de flexibilização. I – caso se trate de processo que esteja
tramitando originariamente no tribunal, será o próprio tribunal o órgão competente para o cumprimento (o Tribunal
pode delegar a execução de atos executivos aos juízes de 1º grau); II – caso se trate de processo que tramita no
primeiro grau de jurisdição, a competência será, em regra, do órgão que sentenciou o processo; III – caso se trate de
processo cujo título executivo se formou no juízo penal, arbitral, no estrangeiro ou em tribunal marítimo, o
cumprimento de sentença tramitará no juízo competente para analisar a matéria cível, caso o processo fosse ajuizado
diretamente no juízo cível.

Em relação às duas últimas hipóteses, em que o processo tramita em 1º grau, há a possibilidade de que o cumprimento
da sentença seja promovido: no domicílio do executado; no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à
execução; ou no juízo do local onde deve ser cumprida a obrigação de fazer ou de não fazer.

Vamos falar agora de um ato específico que pode ser realizado pelo credor, o PROTESTO: protesto é uma técnica
extrajudicial adotada para induzir o pagamento de determinada prestação. O protesto é realizado perante cartório de
protestos. Pois bem, o NCPC prevê a possibilidade de protesto da decisão judicial: da prolação da sentença transitada
em julgado o exequente (credor) poderá requerer ao juiz a intimação do executado (devedor) para efetuar o
cumprimento da sentença no prazo de 15 dias. Decorrido esse prazo sem o pagamento, temos a possibilidade de
utilização do protesto da sentença judicial. Ou seja, se não houver pagamento voluntário no prazo de 15 dias, é
possível o protesto da decisão. A realização do protesto independe de ordem judicial.

O cumprimento de sentença pode ser provisório ou definitivo. CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE
RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA. São as seguintes as PREMISSAS PARA O
CUMPRIMENTO PROVISÓRIO: que exista sentença condenatória de pagar quantia certa sujeita a recurso desprovido
de efeito suspensivo.

O cumprimento provisório tem algumas REGRAS ESPECÍFICAS, que nós vamos estudar a seguir: a responsabilidade pelo
cumprimento provisório de sentença é do exequente, de forma que, se reformada ou anulada a sentença, ainda que

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parcialmente, será objetivamente (responsabilidade objetiva) responsável por reparar eventuais danos. O
cumprimento provisório de sentença perde o efeito caso haja decisão posterior que modifique ou anule a sentença.

Eventual levantamento de dinheiro, transferência da posse, ou outro direito real sobre bem do executado em
cumprimento provisório de sentença exige caução por parte do exequente, mas a caução pode ser dispensada se: o
crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; o credor demonstrar situação de necessidade;
ou pender o agravo contra decisão do Presidente do Tribunal que não conhece do RExt (Recurso Extraordinário) e do
REsp (Recurso Especial) e a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com a súmula da
jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.

O executado tem prazo de 15 dias para cumprir espontaneamente a decisão condenatória. Assim, passado esse prazo,
incidem multa e verba honorária. Essa cominação aplica-se tanto à execução definitiva como ao cumprimento
provisório de sentença.

Já o CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR


QUANTIA CERTA acontece nas seguintes hipóteses: houver condenação transitada em julgado com fixação de quantia
certa; houver condenação transitada em julgado ilíquida, mas cujo incidente de liquidação já findou; e quando, embora
não transitado globalmente o processo, houver parcela da condenação incontroversa.

Se o condenado não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, o juiz determinará a expedição de mandado de penhora
e a avaliação dos bens do executado a fim de quitar o valor devido.

A PETIÇÃO QUE DÁ INÍCIO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, COM DEMONSTRATIVO DISCRIMINADO DO DÉBITO,


DEVE CONTER: o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica do exequente e do executado; o índice de correção monetária adotado; os juros aplicados e as
respectivas taxas; o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; a periodicidade da
capitalização dos juros, se for o caso; a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; e a indicação
dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
Ao executado é lícito impugnar o cumprimento de sentença. Na IMPUGNAÇÃO, PODEM SER ALEGADOS OS SEGUINTES
FATOS: falta ou nulidade da citação; ilegitimidade da parte; inexigibilidade do título ou obrigação; penhora incorreta
ou avaliação errônea; excesso de execução ou cumulação indevida de execução; incompetência absoluta ou relativa
do juízo da execução; e causa modificativa ou extintiva da obrigação.

No caso de alegação de excesso de execução, deverá o executado, ao impugnar, informar o valor que entende correto,
mediante apresentação de um demonstrativo descriminado e atualizado dos valores. Caso contrário e esse seja o único
fundamento da impugnação, a peça deve ser liminarmente rejeitada.

Sobre o efeito da impugnação, ela não possui, em regra, efeito suspensivo. Isso significa dizer que uma vez protocolada
a petição de impugnação ao cumprimento de sentença, o prosseguirá. Nesse contexto, a apresentação da impugnação
não impede a prática de atos executivos, inclusive atos de expropriação de bens do executado. Admite-se que, no
caso concreto, o magistrado conceda efeito suspensivo à impugnação, o que depende dos seguintes requisitos: 1º –
requerimento do executado; 2º - oferecimento de garantia por intermédio de penhora, caução ou depósito; e 3º -
execução capaz de gerar grave dano de difícil ou incerta reparação.

Ultrapassada a fase de impugnação, ainda há um último mecanismo jurídico posto à disposição do executado, pois
PODEM SER ALEGADOS, MESMO APÓS O PRAZO PARA A IMPUGNAÇÃO: fatos supervenientes no prazo de 15 dias a
contar da ciência e a validade e adequação da penhora no prazo de 15 dias a contar da realização da penhora

Poderá ser deduzida na impugnação ao cumprimento de sentença a inexigibilidade do título ou da obrigação. Em


relação a essas situações, temos quatro §§ no art. 525. De acordo com esses dispositivos, constitui situação de
inexigibilidade, caso a obrigação contida em título executivo judicial esteja fundada em lei ou em ato normativo

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declarado inconstitucional ou incompatível com a CF por decisão do STF prévia à decisão, independentemente dessa
declaração se dar em controle abstrato ou difuso, o Código prevê que a obrigação será inexigível. Se a decisão do STF
for posterior à decisão, não cabe impugnação, mas é possível o oferecimento de AÇÃO RESCISÓRIA.

Terminamos as regras sobre o cumprimento definitivo de sentença que reconhece obrigação de pagar. Vejamos agora
o CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS: Uma
vez determinado pelo juiz o pagamento de verba alimentícia, o réu tem três possibilidades: 1ª – realizar o pagamento
no prazo de 3 dias; 2ª – justificar a impossibilidade de pagamento no prazo de 3 dias: nesse caso, o juiz irá avaliar a
escusa, deferindo ou não a impossibilidade de pagamento; 3ª – nada fazer.

Em caso de NÃO CUMPRIMENTO DA ORDEM DE PAGAMENO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA, o juiz, de ofício, deve
determinar a realização de protesto e a prisão civil. A prisão civil será decretada, em regime fechado, pelo prazo de 1
a 3 meses, o que não eximirá o executado do cumprimento da prestação alimentícia. Se o réu estiver preso e, durante
o período recluso, houver o pagamento, será suspensa a prisão civil.

Prosseguindo a análise ao CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE


PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA. Primeiro, observe que às condenações contra a Fazenda Pública
não se aplicam a multa de 10% em caso de não pagamento espontâneo no prazo de 15 dias. PODEM SER ALEGADOS
EM IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA PELO ESTADO: falta ou nulidade da citação; ilegitimidade da
parte; inexigibilidade do título ou obrigação; excesso de execução ou cumulação indevida de execução; incompetência
absoluta ou relativa do juízo da execução; e causa modificativa ou extintiva da obrigação.

A respeito do PAGAMENTO DE CONDENAÇÃO CONTRA FAZENDA PÚBLICA, a Fazenda tem o privilégio de realizar o
pagamento por meio de precatório ou requisição de pequeno valor (RPV): se o valor do débito for igual ou inferior ao
definido por lei do Ente executado como pequeno valor (60 salários-mínimos para a União), o pagamento ocorre
através de RPV, a qual deve ser paga no prazo de 60 dias; no entanto, se o valor do débito for superior ao definido
pelo Ente como pequeno valor, o pagamento se dá por meio de precatório, observada a previsão orçamentária. Com
isso terminamos a análise dos diversos procedimentos de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa.

Vamos analisar agora o CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
OU DE NÃO FAZER. No caso de obrigações de fazer ou não fazer, a condenação será para a prática da tutela específica
(ou seja, fazer ou não fazer) ou obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. Se necessário, o juiz poderá
determinar a expedição de mandado de busca e apreensão para cumprimento da obrigação, devendo ser cumprido
por dois oficiais de justiça: o não atendimento à determinação judicial no mandado de busca e apreensão implica
litigância de má fé.

Para assegurar o cumprimento das obrigações de fazer e não fazer, o juiz deve fixar astreintes, que é uma multa
pecuniária pelo não cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. Pode ser aplicada em qualquer momento do
procedimento (fase de conhecimento ou execução). O magistrado deverá fixar a multa em valor compatível, suficiente
e por prazo razoável a fim de compelir o devedor a cumprir a obrigação. O valor da multa não é definitivo, mas pode
ser alterado, com aumento ou redução da multa, ou excluído, caso se torne insuficiente, ou excessivo, ou se houver
cumprimento parcial ou suficiente da obrigação.

Finalmente, o último procedimento é o referente a CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE


DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA: quando se tratar de bem móvel expede-se o mandado de busca e apreensão
para, conforme o nome já nos indica, apreender o bem imóvel e entregá-lo a quem é de direito; tratando-se de bem
imóvel, haverá expedição de mandado de imissão na posse do réu a fim de reparar o esbulho na posse. O esbulho é
o ato por meio do qual a pessoa é privada de bem do qual seja proprietário ou tenha a posse. Com isso terminamos o
estudo da fase de cumprimento de sentença.

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ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL

Precedentes

A tramitação dos processos em Tribunal tem algumas especificidades que justificam a existência de regras
especializadas. Um aspecto bastante ressaltado pelo novo Código em relação aos processos nos Tribunais é quanto à
formação e respeito a precedentes. Vamos fornecer algumas NOÇÕES INICIAIS sobre o assunto: com o sistema de
precedentes, não se pretende tornar nosso sistema um sistema de comom law, mas conferir estabilidade,
previsibilidade e padronização para o julgamento dos processos perante o tribunal. Assim, veja alguns conceitos
importantes para o sistema de precedentes:

PRECEDENTE JURISPRUDÊNCIA SÚMULA

resultado de várias
decisões anteriores decisões judicias no mesmo
consolidação objetiva da
utilizados como justificativa sentido sobre uma mesma
jurisprudência
de entendimento anterior matéria proferida pelos
tribunais

Especificamente em relação à edição de Súmulas, OS TRIBUNAIS DEVEM OBSERVAR NA EDIÇÃO DAS SÚMULAS: a
regulamentação contida nos regimentos internos e as circunstâncias fáticas dos precedentes que motivam a criação
do entendimento (quer dizer, a súmula deve se restringir a dispor sobre as circunstâncias exatas dos precedentes).

O NCPC estatui o deve dos Tribunais de manter a sua jurisprudência estável, íntegra e coerente: estável envolve a
consolidação de entendimentos, que não podem ser modificados sem justificativas plausíveis; íntegra quer dizer o
respeito às decisões anteriores que envolvem a mesma matéria jurídica; coerente reflete a ideia de isonomia de
entendimento em relação a casos semelhantes ou que abordem teses jurídicas semelhantes.

São considerados PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS os que se formam nas seguintes situações: decisões do STF em
controle concentrado de constitucionalidade; enunciados de Súmula Vinculante; acórdão em incidente de assunção
de competência e resolução de demandas repetitivas em recursos extraordinário ou especial; enunciados do STF em
matéria constitucional do STJ em matéria infraconstitucional; e orientação do plenário do órgão em relação a
julgadores vinculados.

A respeito do conteúdo dos precedentes obrigatórios, é essencial distinguir o que se conhece como RATIO DECIDENDI
DE OBITER DICTA: RATIO DECIDENDI são as razões de decidir vinculativas, é este o conteúdo que constitui o núcleo
do precedente; OBITER DICTA, por outro lado, são os fundamentos prescindíveis, não essenciais, do julgamento: quer
dizer os obter dicta são pronunciamentos que constam da decisão mas que não alteram o resultado do julgamento.

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Sobre a aplicação dos precedentes, a vinculação não é absoluta. Os Tribunais podem realizar as técnicas conhecidas
como DISTINGUISHING E OVERRULLING. DISTINGUISHING (distinção) ocorre quando o Tribunal demonstra a distinção
do caso concreto em relação aos entendimentos citados; já o OVERRRULLING (superação) é a não aplicação do
precedente citado sob o argumento de que aquele precedente está superado, momento em que é firmado novo
entendimento a respeito.

Observemos mais algumas regras sobre o assunto dos precedentes: ao decidir, os juízes e os tribunais não podem
proferir decisões surpresas: pelo contrário, devem seguir uma fundamentação adequada e racional. A superação de
tese jurídica poderá ser precedida de audiência pública e da admissão do amicus curiae no processo a fim de que haja
amplo debate acerca da superação do entendimento. Quando houver superação de entendimento, em razão dos
efeitos que essa decisão poderá gerar, admite-se a modulação dos efeitos, a fim de que sejam considerados a partir
de determinado lapso de tempo, tendo em vista o interesse social ou a segurança jurídica. Para a superação de teses,
devem ser observados os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança e da isonomia. Por fim, os
Tribunais devem dar publicidade a seus precedentes.

O último ponto a se observar acerca dos precedentes são os JULGAMENTOS REPETITIVOS. Considera-se como de casos
repetitivos a decisão proferida em incidentes de resolução de demandas repetitivas e os recursos especial e
extraordinário repetitivos. Veja como o incidente de assunção de competência não é considerado como julgamento
repetitivo.

Vamos estudar agora o procedimento interno aos Tribunais propriamente, o que é conhecido como ORDEM DOS
PROCESSOS NO TRIBUNAL. Todos os autos que adentrarem o Tribunal serão registrados no protocolo no dia de sua
entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição. Em relação à distribuição, temos três parâmetros
que devem ser observados: alternatividade (distribuição de forma alternada entre os membros); sorteio eletrônico
(distribuição aleatória de forma eletrônica dos processos entre os membros); e publicidade (divulgação da
distribuição). Após protocolo e distribuição o processo será imediatamente encaminhado ao gabinete do relator para
que prepare o voto no prazo de 30 dias.

O Relator é responsável por presidir o andamento processual. Suas ATRIBUIÇÕES são as seguintes: o relator é
responsável por dirigir e ordenar o processo até a decisão final do tribunal; o relator poderá apreciar em sede de
decisão monocrática a análise de pedidos de tutelas provisórias, de urgência ou de evidência; o relator é responsável
pela análise de admissibilidade do processo perante o tribunal. Assim, o relator poderá não conhecer (decisão sem
julgamento de mérito) o processo nas seguintes situações: recurso inadmissível; recurso prejudicado; ou recurso que
não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. O relator poderá negar provimento ao
recurso (decisão com julgamento de mérito), sem envio do processo para o órgão colegiado, caso O RECURSO seja
contrário: a Súmula do STF, do STJ ou do tribunal a que está vinculado; a acórdão do STF ou do STJem recursos
repetitivos; ou a entendimento fixado em IRDR ou IAC. Ademais, o relator poderá dar provimento ao recurso (com
julgamento de mérito), sem mesmo enviá-lo para o órgão colegiado, quando A DECISÃO RECORRIDA estiver
contrária: à Súmula do STF, do STJ ou do tribunal a que está vinculado; ao acórdão do STF ou do STJ em recursos

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repetitivos; ou ao entendimento fixado em IRDR ou IAC. O relator poderá decidir incidente de desconsideração de
personalidade jurídica, umas das hipóteses admitidas de intervenção de terceiros no NCPC. O relator determinará
a intimação do Ministério Público, quando envolver situação na qual o parquet deve atuar como fiscal da ordem
jurídica. Por fim, temos um dispositivo de redação aberta, que prevê a possibilidade de o relator tomar outras
decisões que estiverem fixadas no regimento interno do Tribunal.

Quanto à ORDEM DE JULGAMENTO DOS PROCESSOS, o Código estabelece uma ordem de preferências, que é a
seguinte: 1º: processos em que houver requerimento de sustentação oral; 2º: processos em que houver requerimento
de preferência (até o início da sessão); 3º: processos iniciados na sessão anterior e adiados para a sessão seguinte; 4º:
demais processos.

A SUSTENTAÇÃO ORAL é a exposição da causa pelos advogados perante os juízes na sessão de julgamento. Não são
todos os processos que admitem sustentação oral, mas apenas os seguintes, conforme previsão do Código: apelação;
recurso ordinário; recurso especial; recurso extraordinário; embargos de divergência; ação rescisória; mandado de
segurança; reclamação; agravo de instrumento contra decisão em tutela provisória; outras hipóteses conforme o
Regimento Interno. O prazo de sustentação é de 15 minutos.

Vejamos uma LINHA DO TEMPO DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL para termos uma noção global do
andamento interno: 1) o primeiro ato é o Protocolo do processo, que é o registro interno; 2) o segundo é a Distribuição,
definindo-se a competência interna para presidir o processo; 3) após a distribuição, temos a imediata Conclusão ao
relator; 4) conclusos os autos, o relator deve elaborar Voto e relatório no prazo de 30 dias (prazo impróprio); 5) após
a feitura do voto, ocorre o Envio ao Presidente para designação de dia para julgamento e, finalmente, ocorrer o 6)
Julgamento.

O NCPC trouxe importante regra de julgamento, que é a possibilidade de PROSSEGUIMENTO DA VOTAÇÃO QUANDO
NÃO SE ATINGIR VOTAÇÃO UNÂNIME: isso é, se o resultado for não unânime, novos julgadores serão convocados a
compor o julgamento em número suficiente para que seja possível a reversão do resultado. Esse instituto se aplica à
apelação, à ação rescisória e ao agravo de instrumento contra decisão que julga parcialmente o mérito. Apenas
nessas situações há o prosseguimento, que não se aplica a outros instrumentos jurídicos, como: o IAC, IRDR, a remessa
necessária e ainda quando o julgamento for realizado pelo plenário ou corte especial do Tribunal.

Incidente de assunção de competência

Vamos ver agora um incidente específicos dos Tribunais, que é a assunção de competência. O objetivo do incidente é
levar o julgamento a outro órgão colegiado maior, formando-se precedente vinculante sobre os juízes de 1º grau e
sobre os órgãos fracionários do Tribunal. A assunção de competência é destinada ao julgamento de processos que
envolvem questões relevantes sem repetição em múltiplos processos. O incidente pode ser provocado pelo relator
do processo, de ofício ou a requerimento de parte, Ministério Público ou Defensoria Pública, ao verificar que se trata
de relevante questão de direito, que possa trazer grande repercussão social e sem repetição em múltiplos processos.

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Incidente de arguição de inconstitucionalidade

O incidente de arguição de inconstitucionalidade é mecanismo de controle que ocorre incidentalmente no


caso concreto, não de forma abstrata por intermédio das ações constitucionais. No caso do controle incidental,
arguida a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo, será instaurado o incidente, para o qual
se observa o seguinte procedimento: 1º - o Ministério Público é ouvido, após o que 2º - a questão é submetida
à turma ou câmara para rejeição ou acolhimento do incidente. 3º - Se rejeitado o incidente, o julgamento
prosseguirá normalmente, terminando o incidente; mas, caso haja admissão do incidente, para que seja
observada a regra constitucional de reserva de plenário, o incidente é submetido a julgamento perante o
plenário ou órgão especial do Tribunal. Ainda para a situação de acolhimento do incidente, 4º - o Presidente
irá designar data para sua análise, 5º - admitindo-se, no julgamento do incidente, manifestação da pessoa de
direito público que editou o ato questionado; manifestação por escrito dos legitimados para propor ações
concentradas de constitucionalidade (Presidente da República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos
Deputados, Mesa da Assembleia Legislativa, Governador, Procurador-Geral da República, Conselho Federal da
OAB, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe
de âmbito nacional); e também manifestação de outros órgãos ou entidades por decisão irrecorrível do relator.

Conflito de competência

Conflito de competência é um processo de competência específica dos Tribunais e que é utilizado quando há disputa
a respeito da competência ou incompetência para o julgamento de determinado processo. Têm legitimidade ativa para
arguir o conflito de competência: a parte; o Ministério Público; ou o próprio juiz. Observe-se que a parte que tenha
arguido incompetência relativa não poderá posteriormente suscitar conflito de competência.

A depender de quem propõe o incidente, a forma é diferente: se for o juiz que incita o conflito, este é iniciado por
meio de ofício do Juiz ao Tribunal. Se instaurados pelas partes ou pelo MP, o conflito é suscitado por petição.

Distribuído o conflito de competência no Tribunal, o relator determinará a oitiva dos juízes envolvidos no conflito e,
após, o Ministério Público, como fiscal da ordem jurídica.

Pois bem, o conflito de competência pode ser ou positivo ou negativo. É positivo o conflito em que dois juízes se
reputam competentes para a mesma causa: no caso de conflito positivo, inevitavelmente o processo está em curso
perante um dos juízes, portanto o relator pode, de ofício ou a requerimento, o sobrestamento do processo até a
resolução do conflito, designando um dos juízes conflitantes para resolver questões urgentes. Já no conflito negativo
há dois juízes que se reputam incompetentes para a causa: nessa situação, o processo está suspenso enquanto se
aguarda o julgamento do conflito, de modo que o relator pode designar um dos juízes conflitantes para resolver
medidas urgentes.

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Homologação de decisão estrangeira e da concessão do


exequatur à carta rogatória

Homologação de decisão estrangeira e concessão de exequatur são matérias de competência constitucional do STJ. A
FINALIDADE desses processos é permitir a execução de decisões estrangeiras dentro do nosso território. NÃO será
utilizado o procedimento de homologação de sentença estrangeira caso haja, entre o Brasil e o país estrangeiro,
tratado internacional específico.

Em primeiro lugar, é preciso distinguir a homologação do exequatur: a SENTENÇA ESTRANGEIRA depende de


homologação perante o STJ, já a CARTA ROGATÓRIA deve ser objeto de concessão de exequatur pelo STJ.

Vejamos as REGRAS ESPECÍFICAS sobre esses procedimentos: admite-se a homologação parcial de decisão estrangeira
e também se admite o deferimento de tutelas provisórias de urgência ou execução provisórias em procedimentos de
homologação de decisão estrangeira. As sentenças estrangeiras de divórcio consensual independem de homologação
e, caso haja impugnação perante os tribunais judiciais brasileiros, podem ter a validade analisada por qualquer
magistrado.

Agora, são REQUISITOS INDISPENSÁVEIS À HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA: que a decisão tenha sido
proferida por autoridade competente; que tenha havido citação regular; que a decisão tenha eficácia no país em que
a decisão foi lançada; que a decisão esteja acompanhada de tradução oficial (exceto caso de dispensa por tratado); e
é vedada a homologação de decisão que constitua ofensa à ordem pública.

Ação rescisória

Ação rescisória é um MEIO AUTÔNOMO DE IMPUGNAÇÃO que busca desconstituir a coisa julgada formada sobre
decisão transitada em julgada e obter novo julgamento. Na ação rescisória são exercidos três juízos, quer dizer, são
analisadas três questões, três capítulos da decisão: 1º temos o juízo de admissibilidade, que consiste na verificação
do cabimento da ação rescisória; se for positiva a admissibilidade, então temos o 2º juízo rescindente, em que se
discute a desconstituição da coisa julgada; caso também o juízo rescindente seja positivo, passamos ao 3º juízo
rescisório, que é o novo julgamento da questão de fundo.

As HIPÓTESES DE CABIMENTO são excepcionais e taxativas, eis que se privilegia a coisa julgada já formada. São as
seguintes as hipóteses de cabimento: sentença de mérito do juiz for proferida por força de prevaricação, concussão
ou corrupção do juiz; sentença de mérito por Juiz impedido ou absolutamente incompetente; sentença de mérito
resultar de dolo, coação da parte vencedores ou de simulação entre as partes; sentença de mérito ofender à coisa
julgada; sentença de mérito violar manifestamente norma jurídica; sentença de mérito fundada em prova
comprovadamente falsa (em processo penal ou na própria ação rescisória); prova nova capaz de assegurar provimento
favorável que, à época do processo originário, o autor ignorava ou não pode usar; sentença de mérito fundada em
erro de fato verificável dos próprios autos originários.

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Outra ação que desconstitui decisão judicial é a AÇÃO ANULATÓRIA, que não se confunde com a rescisória. A ação
anulatória é admissível para se desconstituir as sentenças homologatórias de acordo nas hipóteses de anulação
previstas na legislação (acordo fruto de coação, por exemplo). As hipóteses de anulação do acordo não estão previstas
no CPC, mas no Código Civil, principalmente.

São LEGITIMADOS PARA PROPOR A AÇÃO RESCISÓRIA: parte no processo originário; sucessor da parte a título
universal ou singular; terceiro juridicamente interessado; Ministério Público, quando: a) não foi ouvido no processo
quando obrigatória a intervenção; b) a sentença é efeito de simulação ou colusão das partes; ou quando c) for caso de
atuação do Ministério Público na qualidade de fiscal da ordem jurídica; é legitimada também a pessoa que não
participou do processo em que era obrigatória a sua intervenção.

A ação rescisória é voltada para a desconstituição de DECISÕES DE MÉRITO, mas cabe ação rescisória contra DECISÃO
TERMINATIVA quando a decisão anterior impeça nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso
correspondente.

Existe PRAZO DECADENCIAL PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO RESCISÓRIA, QUE É DE 2 ANOS. Quando ao termo inicial
desse prazo, a regra é que inicia a contagem a partir do trânsito em julgado, exceto se for situação de descoberta ou
acesso a nova prova ou conhecimento da simulação ou colusão pela parte interessada, quando então o prazo inicial
do prazo decadencial é o momento da obtenção do acesso à nova prova ou da descoberta da simulação ou colusão,
respectivamente.

Vejamos agora o PROCEDIMENTO da ação rescisória: o primeiro ato é o 1) Ajuizamento com oferta de depósito no
montante de 5% do valor da causa seguido do 2) Registro e distribuição a um relator (a ação rescisória sempre tramita
em Tribunal). A seguir temo a 3) Admissibilidade da ação e análise de pedido de tutela provisória (se for o caso). Se
não for o caso de indeferimento ou improcedência liminar, o relator determina a 4) Citação do réu para contestar no
prazo fixado pelo relator, fixado entre 15 e 30 dias. Após a resposta, o relator elabora o 5) Relatório, o qual deve ter
6) cópias remetidas aos demais julgadores. Se necessário, é possível a 7) Instrução probatória com possibilidade de
expedição de carta de ordem (para que juiz de 1º grau realize ato processual) com prazo de cumprimento de 1 a 3
meses. Se houver instrução probatória, deve-se abrir prazo para 8) Alegações finais no prazo sucessivo de 10 dias para
autor e réu, nessa ordem. Sobre o 9) Julgamento da ação rescisória, temos algumas consequências importantes: 9.1)
se a ação for unanimemente declarada inadmissível ou improcedente, reverte-se o depósito de 5% ao réu a título de
multa, ou, 9.2) se dado provimento, procede-se novo julgamento. Se a ação for procedente ou a decisão de inadmissão
ou rejeição não for unânime, o depósito é restituído ao autor.

Reclamação

Hoje há predomínio da doutrina no sentido de que a RECLAMAÇÃO é uma espécie de ação. As HIPÓTESES DE
CABIMENTO são as seguintes: 1) Admite-se o uso da reclamação para preservar a competência do tribunal; 2) Admite-
se o uso da reclamação para garantir a autoridade das decisões do tribunal; 3) Admite-se a reclamação, em sede

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constitucional, para garantir a observância de Súmulas Vinculantes e de decisões do STF proferidas em controle
abstrato de constitucionalidade; 4) Admite-se a reclamação constitucional para garantir a observância de acórdão
proferido em IRDR ou em IAC.

Ainda que esteja caracterizada uma das hipóteses acima, a reclamação é INADMISSÍVEL QUANDO a decisão
questionada já tiver transitado em julgado ou quando houver outro expediente passível de utilização perante as
vias ordinárias (a reclamação é subsidiária).

O PROCEDIMENTO DA RECLAMAÇÃO é o seguinte: 1) Primeiro temos a formulação da reclamação, seguida do2)


Despacho inicial a respeito da admissibilidade. O relator, posteriormente, deve 3) Requisitar informações no prazo de
10 dias à autoridade questionada, devendo determinar a 4) Suspensão do processo ou ato impugnado para evitar dano
irreparável e a 5) Citação do beneficiário da decisão reclamada para contestar no prazo de 15 dias. Após a resposta,
temos a oferta de 6) Parecer do Ministério Público e, subsequentemente, 7) Julgamento.

RECURSOS

Teoria Geral dos Recursos

Agora vamos falar dos recursos, que são o meio mais tradicional de se modificar uma decisão judicial num mesmo
processo. Primeiro vamos tratar da teoria geral dos recursos.

● PRESSUPOSTOS RECURSAIS: são requisitos formais dos recursos, analisados no juízo de admissibilidade do recurso,
que implicam, caso algum deles esteja ausente, a não admissão do recurso. Os pressupostos são divididos em
intrínsecos e extrínsecos.

São intrínsecos os seguintes requisitos: cabimento/adequação, quer dizer, se o ato impugnado é suscetível de ataque
por recurso; legitimidade, que é da parte vencida, do terceiro prejudicado e do MP, como parte ou na qualidade de
fiscal da ordem jurídica (o amicus curiae pode ingressar apenas com embargos de declaração e IRDR); o interesse, que
é a demonstração da necessidade de ajuizamento do recurso e a adequação do expediente recursal escolhidos; e,
último requisito intrínseco, é a inexistência de fato impeditivo, que é a ausência de proibição de falar nos autos e de
desistência, bem como inexistência de fato extintivo, que é a renúncia ou aquiescência à decisão.

Os requisitos extrínsecos são os seguintes: tempestividade recursal, sendo que o prazo geral é de 15 dias; regularidade
formal, que consiste no cumprimento de exigências formais de admissibilidade do recurso; e, o último requisito
extrínseco, é o preparo recursal, que é o pagamento das custas processuais incidentes sobre aquela espécie recursal,
e a respectiva comprovação no ato de interposição recursal.

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Disposições Gerais

Pois bem, agora vamos ver o CONCEITO de recurso: recurso é um remédio voluntário e idôneo, apto a ensejar, dentro
do mesmo processo, a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão judicial que se impugna.

As ESPÉCIES de recurso são taxativas. São os seguintes os tipos recursais: apelação; agravo de instrumento; agravo
interno; embargos de declaração; recurso ordinário; recurso especial ou extraordinário; agravo em recurso especial
ou extraordinário; e embargos de divergência.

Os EFEITOS recursais são os seguintes:

EFEITO DEVOLUTIVO, consistente na devolução ao conhecimento do tribunal toda a matéria efetivamente impugnada
pela parte em seu recurso (tantum devolutum quantum appellatum). Quanto à EXTENSÃO DO EFEITO DEVOLTIVO,
depende da delimitação do objeto do recurso pela parte recorrente (horizontal) e, quanto à PROFUNDIDADE DO
EFEITO DEVOLUTIVO, a regra é que há possibilidade de reanálise de todas as questões suscitadas (relacionadas ao
capítulo impugnado) ou que sejam de ordem pública (vertical).

EFEITO TRANSLATIVO: esse é o efeito que viabiliza a análise a qualquer tempo de matérias cognoscíveis de ofício, ainda
que não tenham sido analisadas pelo juiz ou alegadas pela parte.

EFEITO SUSPENSIVO: é uma forma de evitar a produção de efeitos da decisão atacada enquanto estiver pendente o
julgamento do recurso. O efeito suspensivo pode ser: ope legis quando decorrente de previsão na legislação, ou ope
judicis, quando concedido pelo relator, o que é possível nas hipóteses em que houver risco de dano grave, de difícil
ou impossível reparação E a demonstração de probabilidade de provimento do recurso.

EFEITO SUBSTITUTIVO: esse efeito consiste em que o julgamento do recurso substituirá a decisão anterior.

EFEITO OBSTATIVO: o recurso impede o trânsito em julgado da decisão recorrida.

EFEITO REGRESSIVO: esse é um efeito específico para algumas situações em que há possibilidade de o juiz prolator da
decisão recorrida (sentença ou interlocutória) “voltar atrás” e modificar a sentença, retratando-se.

EFEITO EXPANSIVO: o recurso terá efeito para além dos limites do recorrente (subjetivo) e de outros atos processuais ao
longo do processo (objetivo). Esse efeito ocorre em caso de litisconsórcio unitário, por exemplo.

Sobre a LEGITIMIDADE RECURSAL, esta é da parte vencida, do terceiro prejudicado e do Ministério Público (como
parte ou como fiscal da ordem jurídica).

Agora cabe falar a respeito do RECURSO ADESIVO. Recurso adesivo é uma forma de interposição recursal no qual a
parte que não interpôs recurso próprio vem a interpor um de modo adesivo no prazo de contrarrazões. Não são todas
as espécies de recurso que admitem interposição de modo adesivo: apenas na apelação e nos recursos especial e

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extraordinário cabe recurso adesivo. O recurso adesivo deve ser dirigido ao órgão perante o qual o recurso
independente foi interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder. O recurso adesivo não será conhecido
se houver desistência do recurso principal ou se ele for considerado inadmissível (hipóteses de rejeição sem análise
do mérito).

Cabe DESISTÊNCIA recursal, o que constitui uma causa extintiva do recurso. A desistência independe de aceitação do
recorrido e o juiz, recebendo a desistência, deve proferir sentença homologatória do fato.

Cabe também RENÚNCIA do direito de recorrer (não do recurso, o que só pode ser objeto de desistência). A renúncia
é causa extintiva do direito de recorrer. Assim como a desistência, independe de aceitação do recorrido. A renúncia
tem efeito automática e não depende de homologação pode sentença

RECORRE-SE DE SENTENÇAS E DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS.

Sobre a CONTAGEM DO PRAZO PARA RECORRER, temos diversas regras. Vejamos: se a decisão for proferida em
audiência, considera-se intimada a parte no ato, iniciando-se desde logo o prazo recursal; se as partes forem intimadas
por carta registrada, considera-se o dia do começo do prazo a data de juntada aos autos do aviso de recebimento; se
as partes forem intimadas por oficial de justiça, considera-se dia do começo do prazo a data de juntada aos autos do
mandado cumprido; se as partes forem intimadas por ato do escrivão ou do chefe de secretaria, considera-se intimada
na data de ocorrência da citação ou da intimação; se as partes forem intimadas por edital, considera-se dia do começo
do prazo o dia útil seguinte ao fim do prazo marcado no edital; se as partes forem intimadas de forma eletrônica,
considera-se dia do começo do prazo o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término
do prazo para que a consulta ocorra; finalmente, se partes forem intimadas por cumprimento de carta (precatória, de
ordem ou rogatória), considera-se o dia do começo do prazo a data de juntada da carta aos autos de origem
devidamente cumprida.

A respeito do PREPARO, este é o pagamento que deve ser feito pela parte para que seu recurso possa tramitar. O
preparo inclui custas do recurso e valor de porte e de remessa (esse último não tem se o recurso for eletrônico). São
dispensados de preparo o MP e a Administração Pública. No caso de insuficiência ou ausência de preparo, há duas
situações: NÃO PAGAMENTO DO PREPARO NO PRAZO, quando a parte será intimada para pagar o preparo em dobro,
sob pena de deserção, e no caso de PAGAMENTO A MENOR a parte será intimada para complementar o preparo no
prazo de 5 dias, sob pena de deserção. A não admissão do recurso por falta de preparo poderá ser relevada quando a
parte demonstrar a impossibilidade de efetuar o preparo (reconhecido esse justo motivo, a parte será intimada para,
no prazo de 5 cinco dias, efetuar o preparo). Além disso, o Código prevê expressamente que o equívoco no
preenchimento da guia também não gerará deserção (sanar o vício, no prazo de 5 dias, em caso de dúvida). Os
seguintes recursos independem de preparo: embargos de declaração; agravo em recurso extraordinário e especial;
embargos infringentes na lei de execução fiscal e os recursos do ECA, além de outras situações previstas em lei.

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Apelação

Apelação é o recurso por excelência. Seu CONCEITO é o seguinte: apelação é o recurso que se interpõe das sentenças
dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais de segundo grau, visando à
obtenção de uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo a sua invalidação. Pois bem, apelação
CABE em face de sentenças: não cabe apelação de decisão interlocutória, mesmo que julgue parte do mérito (essa
decisão de julgamento parcial é recorrível por agravo de instrumento).

Em algumas situações cabe JUÍZO DE RETRATABILIDADE (possibilidade de retratação da decisão por parte do juiz). Só
cabe juízo de retratação nas seguintes situações: indeferimento de inicial; improcedência liminar do pedido; e
sentenças terminativas.

O PRAZO de apelação é de 15 dias. ADMITE-SE INTERPOSIÇÃO NA FORMA ADESIVA.

COM A CHEGADA NO TRIBUNAL, O RELATOR pode decidir monocraticamente (nas hipóteses que nós estudamos
quando do exame dos poderes do relator) ou elaborar voto. Quando houver decisão monocrática, cabe agravo interno
para levar o exame a colegiado.

A apelação, regra geral, É DOTADA DE EFEITO SUSPENSIVO LEGAL (ope legis). Para algumas matérias não há efeito
suspensivo, quando então a sentença produz efeitos imediatamente após a sua publicação. São as seguintes as
hipóteses sem efeito suspensivo: homologação de divisão ou demarcação de terras; condenação em alimentos;
extinção do processo sem resolução de mérito; improcedência dos embargos à execução; procedência de pedido de
instituição de arbitragem; confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória; e decretação de interdição.

Quanto ao EFEITO DEVOLUTIVO, são devolvidas à análise do Tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado (profundidade).

Há um efeito importante da apelação, que é a possibilidade de JULGAMENTO DESDE LOGO DA CAUSA “MADURA”.
Quando acontece esse efeito, o Tribunal pode julgar uma matéria sobre a qual não tenha havido manifestação do Juiz
de origem: quer dizer, a decisão não se manifesta sobre o ponto que será julgado pelo Tribunal, ou seja, não se cumpre
o efeito devolutivo. Acontece essa situação quando a decisão recorrida: extinguiu o processo sem julgamento de
mérito, quando a decisão recorrida tem sua nulidade decretada por incongruência com a causa de pedir; quando a
decisão é omissa a respeito de parcela da causa e também quando a sentença for declarada nula por ausência de
fundamentação.

Agravo de Instrumento

Agravo de instrumento é recurso que gera a produção de outros autos, outro instrumento. Seu CONCEITO é o seguinte:
agravo de instrumento é o recurso adequado para atacar decisões interlocutórias proferidas no curso do processo.

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O NCPC inovou bastante a respeito desse recurso. As matérias sobre as quais é possível a interposição de agravo de
instrumento hoje são taxativas (taxatividade mitigada, de acordo com jurisprudência do STJ). O artigo 1.015 prevê as
matérias em que é possível a interposição de agravo, que são as seguintes: tutela provisória; mérito parcial do
processo; rejeição da alegação de convenção de arbitragem; incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; exibição ou posse de
documento ou coisa; exclusão de litisconsorte; rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; admissão ou
inadmissão de intervenção de terceiros; concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução; redistribuição do ônus da prova; decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou
de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário; outros casos expressamente
referidos em lei. DE ACORDO COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ, OUTRAS HIPÓTESES DE RISCO AO RESULTADO DO
PROCESSO, APESAR DE NÃO TÍPICAS, AUTORIZAM A INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO.

O agravo de instrumento ocasiona a FORMAÇÃO DE INSTRUMENTO. Para que seja adequado o julgamento do recurso,
algumas pessoas devem instruir os autos. Nessa toada, algumas peças são obrigatórias nos autos do recurso. São as
seguintes cópias que devem constar: petição inicial, contestação; petição que ensejou a decisão agravada (ex: pedido
de tutela provisória); decisão agravada e respectiva certidão de intimação das partes da decisão agravada ou outro
documento que comprove a tempestividade e as procurações outorgadas aos advogados das partes. Caso qualquer
dessas peças não exista, o advogado do agravante deve prestar declaração acerca da inexistência. Facultativamente,
outras peças úteis podem ser juntadas. Observe que NÃO HÁ PRECLUSÃO CONSUMATIVA PELA NÃO JUNTADA DE
ALGUM DOS DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS: a parte deve ser intimada para se manifestar e complementar os
documentos.

Quanto à INTERPOSIÇÃO do agravo de instrumento, é responsabilidade do advogado formar o instrumento, que deve
ser apresentado diretamente no tribunal competente para julgamento. Após a interposição, o advogado deve
informar ao juízo "a quo" a respeito da interposição: há uma obrigatoriedade de informar o juízo de origem da
interposição do agravo, mas a inadmissibilidade do recurso por falta de comunicação depende de provocação da
parte agravada. Pois bem, desse dever de informação perante o juízo de primeiro grau podem surgir três situações:
1ª hipótese: uma das partes agrava diretamente no tribunal e comunica o juízo na origem. Nesse caso, se presentes
os requisitos, o agravo será admitido. Nada poderá fazer a parte contra quem se agravou. 2ª hipótese: uma das partes
agrava diretamente no tribunal, não comunica o juízo na origem e a parte agravada nada alega. Nesse caso, devido à
inércia do agravado, o recurso de agravo de instrumento será admitido (se presentes os demais requisitos). 3ª
hipótese: uma das partes agrava diretamente no tribunal, não comunica o juízo na origem e a parte agravada prova
a não comunicação no prazo de 3 dias. Nesse caso, o recurso de agravo de instrumento não será admitido.

A respeito do CONHECIMENTO DO AGRAVO, esse juízo será NEGATIVO quando o recurso for inadmissível, prejudicado
ou não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. Ocorre IMPROCEDÊNCIA LIMINAR
quando o recurso for contrário a: a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; b) ao acórdão proferido pelo STF
ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; ou c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência. É POSITIVO o juízo de admissibilidade quando: se não verificar

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uma das hipóteses acima, então o relator terá prazo de 5 dias para: atribuir efeito suspensivo ao recurso; analisar
eventual requerimento de antecipação de tutela; determinar a intimação do agravado para apresentar a contraminuta
no prazo de 15 dias; e determinar a intimação do Ministério Público para que, na qualidade de fiscal da ordem jurídica,
se manifeste no prazo de 15 dias.

Agravo Interno

Agravo interno é um recurso interno ao Tribunal. Eis o CONCEITO: expediente recursal utilizado para se insurgir contra
decisões monocráticas do relator de processos que tramitam em tribunais. O PRAZO RECURSAL é de 15 dias. ADMITE-
SE JUÍZO DE RETRATAÇÃO: o relator pode reconsiderar sua decisão individual. Há imposição de MULTA EM CASO DE
AGRAVO INTERNO MANIFESTAMENTE INADMISSÍVEL. Para que se aplique a multa, a decisão deve ser considerada
manifestamente inadmissível por todo o colegiado (unânime). O valor é de 1 a 5% sobre o valor atualizado da causa
que reverte em favor da parte agravada. O pagamento da multa é condicionante para interposição de outros
recursos.

Embargos de Declaração

Embargos de Declaração são embargos que complementam o conteúdo da decisão embargada. Os embargos não tem
por finalidade cassar ou reformar a decisão proferida (se bem que possam ter esse efeito infringente em algumas
hipóteses). Pretende-se, com os embargos de declaração, esclarecer, integrar, corrigir e completar a decisão
prolatada. O PRAZO dos embargos de declaração é especial: 5 dias. Cabem embargos de declaração em face das
sentenças e das decisões interlocutórias para: esclarecer obscuridade, quando faltar clareza na redação da decisão,
afetando a compreensão da ideia exposta; eliminar contradição, quando há duas ou mais proposições ou enunciados
inconciliáveis na sentença; ou para suprir omissão, que se verifica quando não há análise de algum dos pedidos
formulados. Considera-se também omissa a decisão que: deixar de se manifestar em relação a teses trazidas por uma
das partes em julgados de casos repetitivos ou de incidentes de assunção de competência; ou por falta de
fundamentação, que: apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as questões a
serem decididas; empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto; invocar
motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no processo; não enfrentar todos os argumentos
apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese adotada pelo julgador; apenas fizer referência a determinado
precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou súmula; ou
pelo contrário, deixar de seguir súmula, jurisprudência ou precedentes invocados pela parte sem demonstrar a
inaplicabilidade ao caso concreto ou a superação do entendimento anteriormente adotado. Finalmente, também
cabem os declaratórios com a finalidade de corrigir erro material.

Os embargos declaratórios ocasionam a INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL: opostos os embargos de declaração, o


prazo para interposição de outros recursos é INTERROMPIDO e, após o julgamento, o prazo será integralmente
devolvido à parte para apresentação do recurso.

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É de 5 DIAS o prazo para opor os embargos de declaração, para a parte contrária se manifestar quanto aos embargos
opostos (se infringentes) e também para o magistrado julgar os embargos.

A DECISÃO dos embargos será colegiada, quando impugnada decisão de tribunal, ou monocrática, quando impugnada
decisão de juízo ou no caso de decisão monocrática no tribunal.

Uma observação importante a respeito dos declaratórios é a sua utilização para fins de PREQUESTIONAMENTO. Para
que o recurso especial ou extraordinário seja conhecido, deve constar pré-análise e julgamento prévio pelos tribunais
de segunda instância da matéria que se pretende recorrer: a mera interposição dos embargos de declaração já é
suficiente para pré-questionar a matéria, independentemente de rejeição dos embargos pelo tribunal de segundo
grau.

Os embargos não são dotados de EFEITO SUSPENSIVO automático, mas a parte recorrente poderá requerer tal efeito
se ao juiz competente (ope judicis), devendo, para obter sucesso, demonstrar a probabilidade de provimento do
recurso; ou a relevância da fundamentação, quando houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

É comum a utilização dos embargos para apenas protelar o resultado do processo. No caso de EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS, na 1ª interposição, cabe aplicação de multa de até 2%; na 2ª interposição a multa será
elevada a até 10% e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, o
que não se aplica à Fazenda e aos beneficiários de gratuidade; a multa tem seu montante calculado sobre o valor
atualizado da causa e reverte em favor da parte contrária.

No caso de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ATÍPICOS, que são aqueles que tem pretensão de se obter efeitos
modificativos ou com efeitos infringentes. Pois bem, o CONCEITO aplicável é o seguinte: ao efetuar o esclarecimento,
a complementação ou a correção de erro material em sede de embargos de declaração, há a possibilidade de que
decorra alguma alteração no bojo daquilo que foi decidido, hipótese excepcional em que os embargos terão efeitos
infringentes. Quando o pedido dos embargos puder implicar em modificação da decisão, o órgão julgador pode
conhecer os embargos como agravo interno, quando então se deve ampliar o CONTRADITÓRIO: o embargado deve
ser intimado para complementar suas razões (no prazo de 15 dias) e a parte contrária para se manifestar (prazo de 5
dias).

Recurso Ordinário Constitucional

Em algumas situações há o que se denomina recurso ordinário constitucional, que é um recurso de competência dos
Tribunais Superiores, mas tem algumas características semelhantes à apelação. CONCEITO: é uma “apelação em
segundo grau” contra decisões originárias dos tribunais. São as seguintes as HIPÓTESES DE CABIMENTO: para o  STF:
o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; o julgamento de crime político. Para o  STJ: habeas corpus e
mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos

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Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; as causas em que forem partes Estado
estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no
País. O PRAZO desse recurso é o geral de 15 dias.

Recurso Extraordinário e Recurso Especial

O recurso extraordinário e o recurso especial são recursos de direito estrito. O CONCEITO é o seguinte: espécies
recursais que não estão voltadas para o reexame de matéria decidida no contexto interpartes. Não se colocam para
analisar a justiça da decisão de segundo grau. São recursos voltados para tutelar o sistema, o direito objetivo, não
diretamente o direito das partes. Dessa compreensão geral desses recursos decorrem algumas CARACTERÍSTICAS: são
recursos excepcionais, interponíveis se esgotadas as vias ordinárias; cabíveis contra decisões finais do processo (o
recurso especial só é cabível em face de decisões de Tribunal); visam tutelar a correta interpretação da legislação
federal; não são providos de efeito suspensivo automático (ope legis), mas admitem concessão judicial (ope judicis);
finalmente, exigem prequestionamento.

Acerca do CABIMENTO dos recursos, é preciso distinguir o recurso extraordinário do especial. O cabimento do RExt se
dá nas seguintes hipóteses, conforme previsão constitucional: decisão contrária a dispositivo desta Constituição;
decisão que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; decisão que julgar válida lei ou ato de governo
local contestado em face desta Constituição; e decisão que julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Já
o Resp tem cabimento nas seguintes hipóteses: decisão que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; decisão que der a lei federal
interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

INTERPOSTO O RECURSO, O PRESIDENTE/VICE DO TRIBUNAL DE ORIGEM PODERÁ: 1ª POSSIBILIDADE: negar seguimento


ao recurso: a) Se o RExt discutir questão constitucional sobre a qual não foi reconhecida a repercussão geral ou
contenha pedido contrário a repercussão geral já reconhecida; b) Se o RExt ou REsp estiverem em contradição com
acórdão do STF ou do STF decidido em IRDR. 2ª POSSIBILIDADE: encaminhar os autos ao colegiado para juízo de
retratação, quando a decisão estiver contrária a precedente do STF proferido em repercussão geral ou precedente do
STF ou do STJ em IRDR; 3ª POSSIBILIDADE: sobrestar o processo, quando estiver pendente de julgamento repercussão
geral ou IRDR nos Tribunais superiores; 4ª POSSIBILIDADE: selecionar o recurso para envio ao STF ou STJ como processos
paradigma de recursos especiais ou extraordinários repetitivos; 5ª POSSIBILIDADE: juízo de admissibilidade: A) Se o juízo
de admissibilidade for positivo (houve conhecimento do recurso), os autos serão enviados ao tribunal superior para
processamento; B) Se o juízo de admissibilidade for negativo (não for conhecido o recurso por ausência dos
pressupostos processuais), a parte poderá agravar de instrumento na forma do art. 1.042, do NCPC, que já estudamos.

O recurso extraordinário, em regra, deve ser julgado após o recurso especial.

O recurso extraordinário tem um requisito específico, que é a REPERCUSSÃO GERAL. Constituem repercussão geral
questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos

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do processo. PRESUME-SE A REPERCUSSÃO GERAL DO PROCESSO EM QUE: foi proferida decisão contrária a súmula do
STF; se reconheceu a inconstitucionalidade de lei federal ou tratado.

Agravo em Recurso Especial e Extraordinário

Em caso de inadmissão do recurso especial ou extraordinário pelo Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de


origem, cabe agravo em recurso especial ou extraordinário para destrancar o recurso. O CONCEITO é o seguinte:
expediente recursal voltado a forçar a admissibilidade do RExt ou REsp no juízo “ad quem”.

NÃO CABE ESSE AGRAVO EM REXT OU RESP em duas situações: se a decisão estiver fundamentada em regime de
repercussão geral; ou se a decisão estiver fundada no julgamento de recursos repetitivos. Nessas duas situações, cabe
AGRAVO INTERNO ao próprio Tribunal.

O PRAZO de agravo é o geral, de 15 dias.

O PROCEDIMENTO do agravo é o seguinte: interposto, o Presidente ou vice-Presidente do Tribunal determinará a


intimação do agravo para contraminuta no prazo de 15 dias. Cabe juízo de retratação pelo Presidente ou Vice-
Presidente. Seja positivo ou negativo o juízo de retratação, será determinado o envio dos autos ao STF/STJ (como
agravo ou como recurso especial ou extraordinário). O agravo poderá ser julgado pelo Tribunal "ad quem", conforme
o caso, conjuntamente com o recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, a sustentação oral,
observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

Embargos de Divergência em Recursos Extraordinário e Especial

Os embargos de divergência NÃO FORAM EXTINTOS COMPLETAMENTE NO NOVO CÓDIGO. Estes embargos têm o
seguinte CONCEITO: é um expediente uniformizador de jurisprudência dos tribunais superiores. São as seguintes as
HIPÓTESES DE CABIMENTO: em recurso extraordinário ou em recurso especial, contra decisão de Turma que divergir
do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
em recurso extraordinário ou em recurso especial, contra decisão de Turma que divergir do julgamento de qualquer
outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora
tenha apreciado a controvérsia.

O ACÓRDÃO IMPUGNADO deve ter sido proferido em julgamento de recurso especial ou extraordinário. No entanto,
O ACÓRDÃO PARADIGMA, que serve de confronto jurisprudencial, pode ter sido proferido em julgamento de
qualquer recurso ou ação originária.

A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL pode ser de direito material ou processual, desde que a matéria processual tenha
constituído o mérito das decisões. Incumbe ao recorrente a DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA, o que pode ser feito
com a juntada da petição de embargos do acórdão paradigma, seja por certidão, cópia, referência à repositório de

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jurisprudência, mídia eletrônica que contenha a publicação ou a reprodução nos autos do julgado com indicação
precisa da fonte (meio mais comum). Por fim, é importante observar que há interrupção do prazo para recurso
extraordinário quando forem interpostos embargos de divergência no STJ: os embargos de divergência no STF também
são dotados de efeito interruptivo, no entanto, a verdade é que não há outro recurso posterior a esses embargos.

Com isso terminamos nossa análise dos recursos e agora vamos analisar o processo de execução.

EXECUÇÃO
Execução é o processo judicial cuja finalidade é dar cumprimento a obrigação prevista em título executivo extrajudicial.
Vamos iniciar com o estudo dos princípios da execução:

Princípios

 PRINCÍPIO DA NULLA EXECUTIO SINE TITULO: não existe execução sem título executivo, que no caso é extrajudicial.

 PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE DA EXECUÇÃO: a execução – que se realiza em favor do credor – deve se
valer de todos os atos necessários com a finalidade de satisfazer o crédito.

 PRINCÍPIO DO MENOR SACRIFÍCIO PARA O DEVEDOR: quando por mais de um meio igualmente vantajoso para o
credor for possível efetuar a execução, deverá ser feita pelo meio menos gravoso ao executado.

 PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS EXECUTIVOS: o juiz poderá adotar as medidas que entender necessárias
para o bem do cumprimento da execução.

 PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE DA EXECUÇÃO: o juiz deve prestar a tutela jurisdicional específica em relação às
obrigações de fazer, de não fazer e de dar e, apenas excepcionalmente, convertê-la em perdas e danos.

 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: o exequente, independentemente de ser execução definitiva ou


provisória, tem o dever de reparar todos os dados que, porventura, causar ao executado em razão do processo de
execução.

Disposições Gerais

Nessa seção vamos ver regras gerais da execução. Primeiro, a respeito da APLICABILIDADE DAS REGRAS DE EXECUÇÃO
PREVISTAS NO CÓDIGO: as regras de execução se aplicam, primordialmente, ao processo de execução de título
extrajudicial, mas se aplicam também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução e aos atos executivos
realizados nos procedimentos de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que
a lei atribua eficácia executiva.

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Quanto aos PODERES DO JUIZ NA EXECUÇÃO, há regra prevendo que o juiz pode, em qualquer momento do processo,
determinar comparecimento das partes, advertir o executado de que sua conduta pode configurar ato atentatório
à dignidade da justiça e determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações relacionadas ao
objeto da execução, assinalando prazo razoável.

É importante ressaltar as regras do código a respeito da configuração de ATO DO EXECUTADO ATENTATÓRIO À


DIGNIDADE DA EXECUÇÃO. São as seguintes as hipóteses elencadas expressamente no Código: fraude à execução;
oposição maliciosa à execução, empregando ardis e meios artificiosos; dificultar ou embaraçar a realização da penhora;
resistência injustificada às ordens judiciais; e não indicar os bens passíveis de penhora e valores ou não exigir prova de
propriedade quando intimado pelo Juiz para fazê-lo. A consequência da prática de ato atentatório à dignidade da
execução é a aplicação de multa revertida para o exequente não superior a 20%, calculado sobre o valor atualizado do
débito.

É possível a DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO, que não implica desistência do direito de executar, mas implica a extinção
automática da impugnação e dos embargos quando envolver apenas questões processuais, sendo necessária
concordância do impugnante/embargante quando houver discussão de outros assuntos, caso em que o exequente
deve pagar custas e honorários.

Legitimidade

A LEGITIMIDADE ATIVA para executar é regulada pelo Código. A legitimidade ordinária é do credor, o principal
interessado no cumprimento da obrigação. São autorizados a suceder o exequente, no entanto, o Ministério Público
(legitimidade extraordinária), nos casos de atuação prevista em lei, os sucessores, em caso de morte, o cessionário,
quando houver transferência entre vivos, e o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. A
legitimidade dos sucessores, do cessionário e do sub-rogado é derivada ou superveniente.

Já a LEGITIMIDADE PASSIVA é, a ordinária, do devedor que consta do título. Há legitimidade derivada ou


superveniente dos sucessores, do novo devedor em caso de assunção do débito, o fiador que consta do título, o
responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito, e o responsável tributário.

Sobre a CUMULAÇÃO SUBJETIVA NA EXECUÇÃO, admite-se a formação de litisconsórcio no procedimento de


execução desde que todos os executados tenham legitimidade passiva (ex: execução contra o devedor e contra o
responsável tributário). É possível também a CUMULAÇÃO OBJETIVA NA EXECUÇÃO, isto é, execução de obrigações
fundadas em títulos diversos, desde que cumpridas algumas condições: que o executado seja o mesmo, que o mesmo
juízo seja competente e que o procedimento de execução seja o mesmo.

Em relação à INTERVENÇÃO DE TERCEIRO, admite-se em processo executivo o incidente de desconsideração de


personalidade jurídica.

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Competência

O JUÍZO COMPETENTE PARA A EXECUÇÃO, à escolha do exequente, pode ser o foro do domicílio do executado, foro
de eleição constante do título ou o foro dos bens executados. Se houver mais de um domicílio, qualquer deles é
competente. Se for incerto ou desconhecido o domicílio do executado, é competente o local onde ele se encontre ou
o domicílio do exequente. Se houver mais de um devedor, o domicílio de qualquer é competente. A execução pode
ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo
que nele não mais resida o executado.

Requisitos

Nessa Seção vamos tratar dos requisitos necessários para realizar qualquer execução.

O primeiro requisito é o INADIMPLEMENTO, que é uma situação de fato. O inadimplemento que justifica o processo
de execução é a não satisfação de obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Especificamente em caso de título que contenha obrigações bilaterais, o credor somente poderá exigir do devedor
quando tiver cumprido a sua parte, o que deve ser provado.

O TÍTULO EXECUTIVO é uma situação jurídica. Eis o CONCEITO de título executivo: é o ato ou fato a que a lei atribui
eficácia executiva. O ROL DE TÍTULOS EXECUTIVOS É ABERTO pois novos podem ser criados por lei, mas observe que
há reserva legal. São títulos executivos extrajudiciais, conforme previsão expressa do Código, os seguintes
documentos: 1) Letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque (títulos de crédito); 2) Escritura
pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 3) Documento particular assinado pelo devedor e por
duas testemunhas; 4) Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 5)
Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
6) Contrato de seguro de vida em caso de morte; 7) Crédito decorrente de foro e laudêmio; 8) Crédito,
documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas
e despesas de condomínio; 9) Certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; 10) Crédito referente às contribuições
ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia
geral, desde que documentalmente comprovadas; 11) Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa
a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas
em lei; 12) Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

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Características do título executivo

São características constitutivas do título executivo a certeza, a liquidez e a exigibilidade. Certeza é a resposta às
seguintes perguntas: se é que é devido mesmo (an debeatur), quem deve (quis debeat) e a quem é devida a prestação
(cui debeatur), o que é devido (quid debeatur) e quanto é devido (quantum debeatur): a liquidez diz respeito ao objeto
da prestação, correspondente ao que é devido (gênero) e à quantidade devida. A exigibilidade quer dizer que não há
condição ou termo suspensivo da obrigação que aguarda realização.

Responsabilidade patrimonial

Pois bem, agora vamos falar da responsabilidade patrimonial do executado, assentando, em primeiro lugar, as
PREMISSAS dessa responsabilidade: 1ª premissa: a regra geral é que a responsabilidade seja do devedor. É a situação
na qual o responsável é o próprio devedor. 2ª premissa: a responsabilidade é patrimonial (presente e futuro), embora
ainda existam alguns resquícios da responsabilização pessoal do devedor (como no caso de prisão civil por dívida
alimentar).

Quanto aos BENS PASSÍVEIS DE EXECUÇÃO, a REGRA é que todos os bens do executado estão à disposição da
execução. Todavia, há, evidentemente, LIMITAÇÕES, que podem ser dos seguintes tipos: limitações lógicas, que é a
situação em que o produto arrecadado não é suficiente nem mesmo para pagamento das custas de execução
(execução frustrada); limitações políticas, consistente no reconhecimento de situações de impenhorabilidade, o que
defende a dignidade mínima da pessoa; e limitação voluntária, a qual é decorrente de negócio jurídico processual:
quer dizer, exequente e executado podem dispor sobre a não submissão de alguns bens a execução. Essa última
hipóteses é controvertida na doutrina, no entanto.

Uma situação bastante comum é a FRAUDE CONTRA CREDORES, que ocorre quando o executado busca se furtar ao
procedimento executivo para preservar seu patrimônio de modo ilícito. São hipóteses de fraude contra credores:
alienação ou oneração de bem quando já houver averbação da existência de ação envolvendo direito real ou
pretensão reipersecutória; alienação ou oneração de bem quando já houver averbação de certidão de que a execução
foi admitida pelo juiz no registro de imóveis, de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora; alienação ou
oneração após averbação de hipoteca judiciária ou ato de constrição judicial originário do processo em que fora
arguida a fraude; alienação ou oneração de bens quando tramitava, contra o credor, ação capaz de reduzi-lo à
insolvência. Essas hipóteses não são taxativas, existindo outras, desde que previstas em lei.

Disposições Gerais das Espécies de Execução

NA PETIÇÃO INICIAL DE EXECUÇÃO, o exequente deve instruir seu pedido com o título e o demonstrativo do débito
atualizado, bem como prova de que se verificou condição ou termo suspensivo da exigibilidade e de que, no caso de
obrigação bilateral, o exequente tenha cumprido a sua obrigação. Compete ainda ao exequente indicar a espécie de

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execução de sua preferência, quando for possível por mais de um modo, e a qualificação e bens suscetíveis de penhora.
Especificamente em relação ao DEMONSTRATIVO DE DÉBITO, deve constar da petição: o índice de correção monetária,
com termos inicial e final de incidência; a taxa de juros, com termos inicial e final de incidência; a periodicidade da
capitalização dos juros, se for o caso; e a especificação do desconto obrigatório realizado.

No caso de EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA (em que há mais de uma prestação possível de extinguir o vínculo
obrigacional). A regra é que escolha da prestação seja feita pelo devedor (regra que consta do Código Civil), não pelo
credor. Excepcionalmente, se o devedor não indicar a prestação escolhida no prazo de 10 dias ou outro prazo
contratual ou se a escolha couber, conforme convenção, ao credor, a escolha caberá a este último.

O despacho judicial para a CITAÇÃO INTERROMPE A PRESCRIÇÃO, que retroagirá à data da propositura da ação, ainda
que o despacho emane de juízo incompetente.

A respeito da NULIDADE DA EXECUÇÃO, isso ocorre nas seguintes hipóteses: quando a obrigação for incerta, ilíquida
ou inexigível; quando houver irregularidade de citação; ou se não tiver ocorrido termo ou condição da obrigação. A
nulidade pode ser conhecida de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte, o que independe da interposição de
embargos à execução (matéria conhecível por mera petição ou embargos de pré-executividade).

Execução por Quantia Certa

Agora vamos tratar especificamente do procedimento de EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. O procedimento pode ser
sintetizado nas seguintes fases quando não houver pagamento voluntário: 1ª fase é a proposição da execução, o que
nós estudamos logo acima. A seguir temos a 2ª fase de apreensão (afetação do bem ao processo de execução) de bens
do executado os quais serão submetidos à 3ª fase de expropriação (transferência forçada da titularidade do bem) e
de 4ª fase pagamento da obrigação. A finalidade desse procedimento é prover tutela jurisdicional consistente em
pagar dinheiro.

A expropriação é, vimos logo acima, a transferência por ordem judicial da titularidade do bem. A expropriação pode
ocorrer mediante adjudicação (quando então há confusão entre expropriação e pagamento), alienação (em que o
bem é vendido a terceiro para que se angarie dinheiro para o pagamento da obrigação) e apropriação de frutos e
rendimentos (em que os frutos do bem é que são propriamente expropriados, permanecendo o bem principal sujeito
a depósito).

Vamos reforçar que ADJUDICAÇÃO é passagem dos bens do devedor para o credor como forma de quitação da
obrigação, nesse caso há confusão entre expropriação e pagamento, já que o bem é transferido à titularidade do
exequente justamente como meio de pagar o crédito.

REMIÇÃO é o ato pelo qual o executado paga ou consigna, em pagamento, o montante da execução (valor devido,
juros, custas e honorários), resgatando o bem penhorado. É admissível ATÉ a adjudicação ou a alienação.

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Uma vez que o processo de execução é um processo autônomo, o executado só passa a participar da relação processual
com a CITAÇÃO. Já vimos que a PRIMEIRA FASE DA EXECUÇÃO É A SUA PROPOSIÇÃO. Então o juiz, verificando a
regularidade da inicial, profere despacho FIXANDO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE 10% e determinando a CITAÇÃO
DO EXECUTADO para pagar no prazo de 3 dias. Se o débito for pago integralmente nesse prazo tríduo, o valor dos
honorários será reduzido pela metade. Além disso, o valor dos honorários pode ser elevado até o patamar de 20% se
forem rejeitados embargos à execução eventualmente interpostos, tomando-se em conta o trabalho realizado pelo
advogado do exequente.

A partir da ADMISSÃO DA EXECUÇÃO, o exequente tem direito de obter CERTIDÃO A RESPEITO DA TRAMITAÇÃO DO
PROCESSO EXECUTIVO. Veja: o exequente tem direito ao fornecimento de certidão para que possa averbar à margem
do registro de bens do executado a pendência de execução. Caso realize a averbação, o exequente deve informar nos
autos o fato no prazo de 10 dias. A partir da averbação, da alienação ou da oneração a terceiros do bem do qual o
registro contenha indicação da averbação, presume-se que a alienação foi feita em fraude à execução. Com a penhora
do valor suficiente para quitar o débito, as averbações devem ser canceladas pelo exequente em relação aos bens
não penhorados no prazo de 10 dias (se não cumprir, o juiz determina de ofício).

Outro ato que propicia a execução é o ARRESTO DE BENS DO EXECUTADO, consistente em medida preventiva de
apreensão judicial de bens do devedor (pré-penhora). Quanto o oficial de justiça não encontrar o executado, ele pode
arrestar bens suficientes que encontrar para garantir a execução. Após realizar o arresto, o oficial de justiça, nos 10
dias seguintes, deverá retornar ao endereço por duas vezes em horários distintos a fim de tentar citar o executado
pessoalmente, mas se houver suspeita de ocultação, o oficial de justiça fará a citação por hora certa; frustradas as
citações pessoal e por hora certa, o exequente pode requerer citação por edital.

Agora vamos falar dos principais dos seguintes atos: PENHORA, DEPÓSITO E AVALIAÇÃO. A penhora é o ato que afeta
certo bem à execução, quer dizer, a penhora submete o bem ao procedimento executório. A PENHORA DEVE COBRIR:
o valor do principal atualizado, os juros, as custas e os honorários do advogado.

Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis. Os BENS INALIENÁVEIS não
podem ser vendidos ou gravados com ônus real. A inalienabilidade pode decorrer da lei ou de cláusula negocial. Já a
impenhorabilidade diz respeito à impossibilidade de submissão ao procedimento executivo forçado, apesar de que o
bem possa ser alienado de modo voluntário. SÃO ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS, de acordo com previsão do
Código: os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; os bens que guarnecem a
residência, exceto os de “alto valor”; os bens de uso pessoal do executado, exceto os de “alto valor”; os rendimentos
da pessoa, exceto para pagamento de obrigação alimentícia e valores mensais superiores a 50 salários mínimos; os
bens necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; o seguro de vida; os materiais necessários para
obras em andamento, exceto se a obra estiver penhorada; a pequena propriedade rural (conforme a lei e para ser
usada pela família); os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social; a quantia depositada em caderneta de poupança até 40 salários-mínimos; os recursos

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públicos do fundo partidário recebidos por partido político; e os créditos oriundos de alienação de unidades
imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Existe ORDEM PREFERENCIAL DE PENHORA dos bens. Essa ordem não é absoluta, mas preferencial, observe. A ordem
é a seguinte: 1º) dinheiro, em espécie ou em depósito, ou aplicação em instituição financeira; 2º) títulos da dívida
pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; 3º) títulos e valores mobiliários com
cotação em mercado; 4º) veículos de via terrestre; 5º) bens imóveis; 6º) bens móveis em geral; 7º) semoventes; 8º)
navios e aeronaves; 9º) ações e quotas de sociedades simples e empresárias; 10º) percentual do faturamento de
empresa devedora; 11º) pedras e metais preciosos; e, finalmente, 12º) direitos aquisitivos derivados de promessa de
compra e venda e de alienação fiduciária em garantia.

Em relação ao DEPÓSITO, acontece que o bem penhorado deve permanecer guardado sob as ordens do juízo. O Código
traz regras a respeito de quem deve exercer o depósito, preferencialmente. Veja o esquema abaixo:

Dinheiro, crédito, pedras e metais preciosos Banco público


Móveis, semoventes e imóveis urbanos Depositário judicial (se não houver, fica com o exequente)
Imóveis rurais e maquinário agrícola Executado (mediante caução)
* móveis e semoventes podem ficar com o executado se forem de difícil remoção.

Observe mais algumas regras sobre o assunto: caso não haja depositário judicial, os móveis, os semoventes e os
imóveis urbanos penhorados ficam sob o encargo do exequente. Os bens móveis ficarão depositados com o executado
quando forem de difícil remoção. Pedras e metais precisos devem ser depositados com registro do valor estimado de
resgate.

Sobre o LUGAR DE REALIZAÇÃO DA PENHORA, vejamos as principais regras do Código: 1ª – no caso de penhora de
imóveis, ou de veículos, admite-se que ela ocorra por intermédio de termo nos autos, com a indicação aos respectivos
registros. 2ª – se estiverem fora da circunscrição do juiz da execução e não for possível a realização da penhora por
termo nos autos, haverá a expedição de carta precatória.

O Código também trata do ARROMBAMENTO (entrada forçada em imóvel do executado). O arrombamento poderá
ser determinado judicialmente toda vez que o executado se opuser à abertura do imóvel para a penhora de bens. Se
isso ocorrer, o oficial de justiça informará ao magistrado que poderá expedir a ordem de arrombamento. De posse
dessa ordem: dois oficiais de justiça se dirigem ao local para a entrada forçada; o juiz poderá requisitar força policial
para auxílio dos oficiais; e todos os atos serão lavrados em auto circunstanciado assinado por duas pessoas.

Há hipóteses de MODIFICAÇÃO DA PENHORA, isso é, modificação do bem que está sujeito ao regime de penhora. O
pedido de modificação da penhora pode ser formulado pelo executado no prazo de 10 dias contados da intimação da
penhora. A justificativa do pedido deve ser a menor onerosidade da penhora substituta e a ausência de prejuízos ao
exequente. Pois bem, o executado deve, no seu pedido, indicar pormenorizadamente o bem substituto e onde ele se

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encontra, bem como provar a propriedade do bem nem promover atitude que possa dificultar ou embaraçar a
realização da penhora.

ADMITE-SE TAMBÉM O REQUERIMENTO DE SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA POR AMBAS AS PARTES SE: ela NÃO
obedecer à ordem legal; ela NÃO incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;
havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados; havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens
já penhorados ou objeto de gravame; incidir sobre bens de baixa liquidez; fracassar a tentativa de alienação judicial
do bem; ou se o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações previstas em lei.

Bem, a regra do Código é que só deve ser realizada uma única penhora sobre bens suficiente a saldar o valor do
depósito, mas há HIPÓTESES EXCEPCIONAIS EM QUE HAVERÁ NOVA PENHORA, que são as seguintes: anulação da
penhora anterior; quando o fruto da alienação dos bens penhorados não for suficiente; e quando o exequente desistir
da primeira penhora realizada.

ADMITE-SE ALIENAÇÃO ANTECIPADA DO BEM PENHORADO (antes do trânsito em julgado de embargos à execução
eventualmente interpostos) quando se tratar de veículos automotores, de pedras e metais preciosos e de outros
bens móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração e quando houver manifesta vantagem na alienação.

A seguir trazemos uma tabela a respeito da penhora de alguns bens específicos, conforme regulamentação do NCPC:

PENHORA DE DIREITO EM DEPÓSITO OU EM APLICAÇÃO FINANCEIRA


 Admite-se a indisponibilidade desses valores sem a prévia ciência do executado.
 Uma vez havido o bloqueio, o juiz tem 24 horas para determinar o cancelamento do valor excessivo.
 Com a indisponibilidade, o executado será intimado para, no prazo de 5 dias:
a) Arguir a impenhorabilidade, se for o caso; ou
b) Alegar e comprovar eventual excesso de execução.
 O juiz decidirá no prazo de 24 horas.
 Após, a indisponibilidade converte-se em penhora, sem a necessidade de lavratura de termo.
 Comunica-se a instituição financeira que, no prazo de 24 horas, irá transferir os valores para a conta vinculada
ao juízo da execução.
 Se houver pagamento, o juiz expedirá determinação de imediato cancelamento da indisponibilidade para que
a instituição bancária cumpra no prazo de 24 horas.
 Em relação ao bloqueio de valores de partidos políticos, a indisponibilidade poderá ocorrer tão somente em
relação ao órgão partidário que contraiu a dúvida (órgão nacional, estadual ou local).
PENHORA DE CRÉDITOS
 Se o executado tiver algum crédito a receber de terceiro, admite-se a penhora por intimação. Nesse caso, o
terceiro será intimado para pagar ao exequente (não ao executado) e o executado será intimado para não dispor
do crédito.

Livrão Digital de 1ª Fase 91


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 A penhora sobre títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, duplicata ou cheque) se faz com a
apreensão do documento.
A) Se não for possível apreender o documento, mas o terceiro confessar que o executado possui direito a um
crédito, o terceiro somente ficará desonerado na execução se depositar o montante que deve ao executado em
juízo.
B) Se o terceiro agir em conluio com o executado será considerado fraude.
 A penhora poderá ocorrer sobre o direito que decorrer de eventual ação promovida pelo executado contra
terceiro. Nesse caso, o exequente:
A) ficará sub-rogado nos direitos do executado na ação contra terceiro; ou
B) se preferir, poderá requerer a alienação judicial do direito no prazo de 10 dias.
 No caso de penhora sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas ou de prestações periódicas, o
exequente poderá levantar os valores à medida que forem sendo depositados, abatendo-se do crédito as
importâncias recebidas.
 No caso de penhora sobre direito à prestação ou à restituição de coisa determinada, o executado será intimado
para, no vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução.
PENHORA DE QUOTAS OU AÇÕES
 O juiz assinará prazo não superior a 3 meses para que a empresa apresente o balanço, ofereça as quotas aos
demais sócios (direito de preferência) ou processe a liquidação.
PENHORA DE EMPRESA, ESTABELECIMENTO OU SEMOVENTES
 Na penhora de estabelecimento, de semoventes, de plantações e de edifícios em construção, haverá nomeação
de depositório que apresentará plano de administração no prazo de 10 dias.
 Na penhora sobre empresa que atue mediante concessão ou autorização, a incidência se dá sobre rendas,
determinados bens ou sobre todo o patrimônio.
 Na penhora sobre navio ou aeronave permite-se o uso do bem desde que haja seguro.
PENHORA DE PERCENTUAL DE FATURAMENTO
 Na hipótese de o executado não ter outros bens, ou forem bens de difícil alienação, ou insuficientes para saldar
o crédito, admite-se a penhora sobre faturamento da empresa.
 Será fixado percentual capaz de atender à quitação progressiva da dívida e que, ao mesmo tempo, não afete a
atividade empresarial.
 Há nomeação de administrador-depositário.
PENHORA DE FRUTOS E RENDIMENTOS DE COISA MÓVEL OU IMÓVEL
 Utiliza-se essa modalidade de penhora quando mais eficiente e menos gravosa para o executado.
 Será nomeado administrador-depositário que será responsável pela administração dos bens.
a) Pode ser o executado ou o exequente e, caso não haja acordo, será um administrador profissional.
b) A administração se submete à aprovação judicial.
 O executado perde a fruição de seus frutos e utilidades até o pagamento do principal, juros, custas e honorários
advocatícios.
 Essa penhora é eficaz contra terceiros a partir da decisão (com averbação, se tratar de bens imóveis).

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A AVALIAÇÃO é o ato por meio do qual se arbitra o valor do bem penhorado. Ou seja, a FINALIDADE é determinar o
valor do bem. Conceitualmente, é o dimensionamento econômico do bem penhorado. O AVALIADOR, agente que
realiza o ato, é, em regra, um oficial de justiça, mas, excepcionalmente, pode ser avaliador qualquer pessoa com
conhecimentos especializados, desde que a remuneração do agente seja em valor que a execução possa comportar.
O avaliador ad hoc deve entregar seu laudo no prazo de 10 dias.

É DESNECESSÁRIA A AVALIAÇÃO, no entanto, quando a estimativa de uma das partes é aceita pela parte contrária,
quando se tratar de título ou mercadorias com cotação em bolsa, quando os bens forem títulos da dívida pública,
ações de sociedade e títulos de crédito negociáveis em bolsa e, ainda, quando forem veículos automotores e bens
cujo preço médio possa ser extraído em pesquisa de mercado

A ADJUDICAÇÃO é meio de expropriação por meio do qual o bem penhorado é transferido ao exequente como forma
de pagamento. Ou seja, o CONCEITO de adjudicação é o seguinte: a transferência do bem penhorado ao exequente
como forma de satisfação do crédito. A realização de adjudicação depende de requerimento do exequente pelo qual
ele oferece preço que não pode ser inferior ao da avaliação. Após o pedido, o executado é intimado para se
manifestar e, após, o juiz decide.

ADMITE-SE A ADJUDICAÇÃO NAS SEGUINTES SITUAÇÕA: coproprietário de bem indivisível, quando há penhora de
fração ideal; titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de superfície, concessão de uso especial para fins de
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre bem gravado com tais direitos reais;
proprietário do terreno submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins
de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre tais direitos reais; credor pignoratício,
hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anteriormente averbada, quando a penhora recair sobre bens com
tais gravames, caso não seja o credor, de qualquer modo, parte na execução; promitente comprador, quando a
penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada; promitente vendedor,
quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada; a União, o
Estado e o Município, no caso de alienação de bem tombado; pelos demais credores concorrentes; pelo cônjuge ou
companheiro; e pelos descendentes (filhos) ou pelos ascendentes (pais, avós) do executado.

Se houver mais de uma pessoa interessada na adjudicação, deve-se realizar LICITAÇÃO ENTRE AJUDICANTES. O critério
de vitória no procedimento é o de maior lance. Se iguais, prevalecem os lances das seguintes pessoas, em ordem: 1º -
cônjuge/companheiro; 2ª – descendentes; e 3º - ascendentes.

Havendo interessados e definido o adjudicante, o executado será intimado. Se não se manifestar no prazo de 5 dias, o
juiz ordenará a lavratura da carta de adjudicação, que deve ser assinada pelo juiz; pelo adjudicatário; pelo chefe de
secretaria (ou escrivão); e pelo executado, se estiver presente.

A ALIENAÇÃO é o próximo meio de expropriação do bem. Só ocorre alienação caso frustrada a adjudicação. A
alienação pode ocorrer por iniciativa particular ou por leilão.

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A alienação por INICIATIVA PARTICULAR é presidida por corretor contratado ou por leiloeiro público credenciado. Ao
Poder Judiciário compete a fixação de parâmetros para a alienação, como: a forma de publicidade; o preço mínimo; as
condições de pagamento; as garantias; e a comissão de corretagem. Será realizada a alienação, preferencialmente, o
leilão eletrônico em relação ao presencial. São incumbências do leiloeiro público: publicar o edital anunciando o leilão;
realizar o leilão onde estiverem os bens ou no local em que for designado pelo magistrado; expor bens e mercadorias
aos possíveis compradores; receber e depositar, no prazo de um dia, o produto da alienação; e prestar contas nos 2
dias seguintes ao depósito do leilão executado.

Quanto ao preço mínimo, reiteremos, este é fixado pelo juiz.

O edital de alienação conterá todos os requisitos necessários para a identificação dos bens (com referência a eventuais
ônus), valor de avaliação, local em que se encontram os bens, local onde ocorrerá o leilão (que poderá ser na internet,
nesse caso, indica-se o site), local, dia e horário do procedimento.

Analisando os atos da alienação em ordem agora, primeiro temos a escolha e designação do leiloeiro (que é feita pelo
juiz ou pelo exequente), a fixação de parâmetros do leilão pelo juiz e a elaboração do edital. O edital do leilão deve ser
publicado com, pelo menos, 5 dias de antecedência do ato, com veiculação na internet e em locais comumente
divulgados no foro. Se o leilão não ocorrer, haverá transferência da data.

Algumas pessoas são impedidas de oferecer lance no leilão em razão de conflito de interesses com o executado:

NÃO PODEM OFERECER LANCE NO LEILÃO


tutor, curador, testamenteiro, administrador ou
* em relação aos bens que estejam sob sua responsabilidade.
liquidante
mandatário * em relação ao bem que administra.
juiz, MP, DP e servidores * em relação aos bens, cuja execução atuem.
* em relação aos bens que estejam sob responsabilidade para
leiloeiros e prepostos
o leilão.
advogados * se atuarem em favor de alguma das partes

Não se aceita lance que ofereça preço vil. Considera-se preço vil aquele de valor inferior ao preço mínimo fixado pelo
juiz e lançado no edital e, caso o preço mínimo não tenha sido fixado, inferior a 50% do valor da avaliação.

SE O EXEQUENTE ARREMATAR O BEM DEVERÁ DEPOSITAR A DIFERENÇA, CASO O VALOR DO BEM LEILOADO SEJA
SUPERIOR AO VALOR DA EXECUÇÃO, NO PRAZO DE 3 DIAS!

O PAGAMENTO DA ARREMATAÇÃO PODE SER PARCELADO. O interessado em adquirir o bem penhorado em


prestações poderá apresentar por escrito, no primeiro leilão, proposta de aquisição por valor não inferior ao da
avaliação, e, em segundo leilão, a proposta de aquisição do bem deve ser oferecida por valor não considerado vil.

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Nesse caso de parcelamento, de qualquer forma, é necessário pagar 25% do valor à vista e o restante poderá ser
parcelado até 30 meses, oferecendo-se caução ou hipoteca.

No caso de alienação de IMÓVEIS de INCAPAZ, se os lances ofertados no leilão forem inferiores a 80% do valor da
avaliação do bem, o juiz determinará o adiamento do leilão por prazo não superior a um ano.

Assinado o auto de arrematação pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita,
acabada e irretratável. NÃO OBSTANTE O FATO DA ARREMATAÇÃO SER IRRETRATÁVEL, ELA PODERÁ SER INVALIDADA,
se realizada por preço vil ou realizada com outro vício. A arrematação também poderá ser considerada INEFICAZ se
não houver intimação de terceiros que possuam algum tipo de gravame sobre o bem. Também se fala em arrematação
RESOLVIDA, se não for pago o preço ou se não prestada a caução.

É admissível a DESISTÊNCIA PELO ARREMATANTE, DENTRO DO PRAZO DE 10 DIAS, que ocorre: nos casos de
invalidação e ineficácia, se assim arguir; no caso de não pagamento ou não prestação da caução; e se for citado em
ação autônoma para discutir a invalidação da arrematação, desde que o faça no prazo da contestação.

A respeito da SATISFAÇÃO DO CRÉDITO, isso acontece ou através da adjudicação do bem ou mediante a entrega do
dinheiro obtido no leilão.

Execução de Título Executivo Extrajudicial contra a Fazenda


Pública

Vamos estudar, brevemente, o procedimento de execução de título executivo extrajudicial em face da Fazenda Pública.
Em primeiro lugar, o CONCEITO DE FAZENDA abrange União, Estados, Municípios, autarquias e fundações. O
PROCEDIMENTO é o seguinte: a Fazenda Pública será citada para opor embargos (não é citada para pagar) no prazo
de 30 dias (pode alegar qualquer matéria de interesse da execução). Se rejeitados os embargos ou não opostos, o juiz
ordenará a requisição do precatório ou a requisição de pequeno valor (RPV).

Execução de Alimentos

Agora, vamos estudar o procedimento de execução de título extrajudicial que reconheça obrigação
alimentícia. Esse procedimento decorre de título executivo extrajudicial consistente na obrigação de pagar
alimentos não adimplida.

O procedimento é o seguinte: o executado será citado para pagar no prazo de 3 dias e poderá: adimplir a
obrigação (gera a extinção do processo); justificar e comprovar a impossibilidade absoluta de efetuar o
pagamento (se aceita, promove-se a execução por quantia certa; não aceita, se atual o débito, temos a prisão
civil); manter-se inerte (se atual o débito, procede-se à prisão civil; caso contrário, haverá execução por
quantia certa). Entende-se por débito atual aquele que tem por causa de pedir o inadimplemento das três
parcelas vencidas antes do ajuizamento dada execução e das que se vencerem no curso do processo.

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Há possibilidade de pagamento por meio do desconto em folha, o que independe da concordância do


executado. O não cumprimento por parte do empregador gera crime de desobediência. A concessão de
efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.

Embargos à Execução

Os embargos à execução têm natureza de ação. O Código traz regras a respeito do AJUIZAMENTO dos embargos:
independe de penhora a possibilidade de ajuizamento dos embargos; os embargos têm autuação em apartado
(vinculação ou apenso), mas o auto deve ser instruído com peças processuais relevantes. O prazo de oposição dos
embargos é de 15 dias.

São as seguintes as formas de ajuizamento dos embargos: quando a execução ocorrer no próprio juízo de execução,
os embargos são ajuizados por petição que é distribuída por dependência. No entanto, se a execução ocorre por meio
de carta, os embargos devem ser oferecidos perante o próprio juízo deprecado: o próprio juízo deprecado irá processar
os embargos se as alegações disserem respeito a penhora, avaliação ou alienação; se não forem estas as matérias, o
processamento dos embargos ocorre no juízo deprecante.

Sobre a CONTAGEM DO PRAZO para oferecimento dos embargos, vejamos quais são as regras. Considera-se começo
do prazo de 15 dias da juntada aos autos do comprovante de citação cumprido. Todavia, se o PROCESSO DE
EXECUÇÃO OCORRE POR CARTA, considera-se o começo do prazo de 15 dias, quando a competência for do juízo
deprecante, da comunicação nos autos de origem da citação ou, caso não haja tal comunicação, da juntada dos autos
de precatória no processo de execução; mas se considera o começo do prazo de 15 dias, quando a competência para
julgar for do juízo deprecado (irregularidade ou vícios na penhora, avaliação ou alienação) a comunicação de
realização da citação nos autos da carta precatória.

O Código traz regras a respeito do PARCELAMENTO DA EXECUÇÃO, procedimento que não se aplica ao cumprimento
de sentença. Para o parcelamento, o executado deve apresentar requerimento em que comprove o depósito de 30%
do débito atualizado com custas e honorários e requerer o parcelamento do restante em 6 vezes mensais, com
correção monetária e juros de 1%. A decisão sobre o pedido de parcelamento poderá ser: pelo deferimento, situação
em que o exequente estará autorizado a fazer o levantamento do depósito de 30%. O executado deverá efetuar o
pagamento mensal de forma rigorosa sob pena de: A) vencimento imediato das prestações subsequentes e
continuidade do processo de execução em relação ao valor remanescente e B) multa de 10% sobre o valor das
prestações não pagas; por outro lado, caso a decisão seja pelo indeferimento, os 30% depositados serão convertidos
em penhora e a execução prosseguirá pelo restante.

As MATÉRIAS ARGUÍVEIS em embargos à execução são as seguintes: inexequibilidade do título; inexigibilidade da


obrigação; penhora incorreta; avaliação errônea; excesso de execução; cumulação indevida de execuções; retenção
por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; incompetência absoluta
ou relativa do juízo da execução; e qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de

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conhecimento. Considera-se que há excesso de execução quando: a) o exequente pleiteia quantia superior à do título;
b) ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; c) ela se processa de modo diferente do que foi
determinado no título; d) o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da
prestação do executado; e e) exequente não prova que a condição se realizou.

São HIPÓTESES DE REJEIÇÃO LIMINAR DOS EMBARGOS: intempestividade; as mesmas hipóteses de indeferimento da
petição inicial comuns; improcedência liminar; e quando forem manifestamente protelatórios. O PRAZO PARA
IMPUGNAÇÃO dos embargos é de 15 dias.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – PARTE 01

Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais

Antes de tudo, é importante que nós distingamos PROCESSO e PROCEDIMENTO.

A RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus, obrigações e faculdades que
relacionam os atores do processo em que se aplicam as regras de suspeição e impedimento, ônus da prova, coisa
julgada, observada a competência privativa da União (art. 22, I, da CF).

O PROCEDIMENTO é a forma como os atos processuais se combinam no espaço e no tempo. O procedimento abrange
a fixação da ordem dos atos processuais (petição, contestação, saneamento, produção de provas) e deve ser observada
a competência concorrente da União, estados e DF (art. 24, IX, da CF).

O PROCESSO se divide em processos de conhecimento e de execução. O PROCESSO COMUM pode ser procedimento
comum ou procedimento especial (conforme arts. art. 539 a 770). O PROCESSO DE EXECUÇÃO também pode ter
procedimento comum, correspondente aos procedimentos de pagar, fazer, não fazer e entregar coisa, ou
procedimento especial, nas execuções contra a Fazenda Pública e de alimento.

Em relação aos procedimentos especiais, existe uma autorização de FUNGIBILIDADE: a parte poderá optar pelo
procedimento comum não obstante a existência de procedimento específico. Excepcionalmente, não haverá direito
de opção quando houver impossibilidade de tutela do direito, a não ser pelo procedimento especial, e quando houver
expressa disposição legal vedando a utilização do procedimento comum.

Nosso assunto agora são TIPICIDADE, DÉFICIT E FLEXIBILIZÇÃO PROCEDIMENTAL: não obstante a tipicidade dos
procedimentos, há situações de déficit procedimental que viabilizam a flexibilização do procedimento que pode
ocorrer. A flexibilização pode ocorrer por ordem do juiz, com fundamento no art. 139, VI, do NCPC; ou por convenção
das partes, por intermédio da cláusula geral dos negócios jurídicos processuais, que admitem a flexibilização
procedimental e a criação de convenções processuais sobre situações jurídicas, tudo na forma do art. 190, do NPCP.

A partir de agora vamos estudar os procedimentos especiais:

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Ação de Consignação em Pagamento

O primeiro processo especial regulado pelo Código é a ação de consignação em pagamento. Seu CONCEITO é o
seguinte: é a ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação, que objetiva declaração judicial
liberando o devedor da obrigação. São HIPÓTESES DE CABIMENTO DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: quando o
credor não puder ou injustificadamente se recursar a receber; quando o credor não receber a coisa no lugar, no tempo
e na condição devidos; quando o credor for incapaz de receber, não for conhecido, for declarado ausente ou residir
em local incerto ou cujo acesso seja perigoso ou difícil acesso; quando houver dúvida em relação a quem deve receber
o pagamento; e quando pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Não são todas as obrigações que se submetem ao processo de consignação em pagamento. São OBRIGAÇÕES
CONSIGNÁVEIS as obrigações de pagar quantia e de entregar coisa. NÃO SE APLICA a consignação em pagamento às
obrigações de fazer e de não fazer.

O novo Código trouxe a possibilidade de CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL, que se dá por meio de depósito em
estabelecimento bancário situado no lugar do pagamento. Após o depósito, o devedor deve cientificar o credor por
meio de carta com aviso de recebimento, assinalando prazo de 10 dias para manifestar recusa, contados do retorno
do aviso de recebimento. Se não houver recursa, considera-se que o devedor fica liberado da obrigação e a quantia
depositada permanece à disposição do credor. No entanto, se houver recusa, a ação de consignação em pagamento
deve ser proposta no prazo de 1 mês, instruindo-se a petição com prova do depósito e da recusa: se não for proposta
a ação, o depósito fica sem efeito e pode ser levantado pelo depositante.

A COMPETÊNCIA para a ação de consignação em pagamento é do foro do lugar do pagamento. O DEPÓSITO faz cessar
juros e riscos, salvo se improcedente a ação. É possível a CONSIGNAÇÃO DE PRESTAÇÕES SUCESSIVAS, quando então,
consignada uma das parcelas, as demais devem ser depositadas no prazo de 5 dias, a contar do vencimento.

Quando se tratar de COISA INCERTA, é necessária a sua prévia DETERMINAÇÃO: SE A DETERMINAÇÃO DEPENDER DO
AUTOR da ação, que é o devedor da obrigação, deverá fazê-lo no momento da petição inicial. SE DEPENDER DO RÉU,
o credor, este será citado para exercer seu direito de determinação no prazo de 5 dias, caso outro não conste de lei
ou contrato.

Como se trata de processo especial, não há cognição ampla no processo de consignação em pagamento. Vamos ver
quais são as MATÉRIAS QUE PODEM SER ALEGADAS NA CONTESTAÇÃO: o réu pode alegar que NÃO houve recusa ou
mora em receber a quantia ou a coisa devida; pode alegar que foi justa a recusa; é possível alegar que o depósito não
se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento ou que o depósito não é integral, caso em que deverá indicar o valor
que entende devido.

No caso de ALEGAÇÃO DE DEPÓSITO INSUFICIENTE, o réu deve indicar o valor que entender devido sob pena de
inadmissibilidade da alegação: ainda, o autor será intimado para complementar o depósito no prazo de 10 dias, a não

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ser que se trate de prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. Se não houver complementação,
há liberação parcial do autor e o réu poderá levantar o valor incontroverso, prosseguindo o processo em relação à
diferença: se julgada procedente a ação, libera-se o autor da diferença e o réu pagará as custas e os honorários; se
improcedente a ação, o réu terá um título executivo para executar contra o réu.

Caso haja DÚVIDA ACERCA DE QUEM É O CREDOR, o autor deve requerer o depósito e a citação dos possíveis titulares
do crédito para que provem o seu direito. Podem ocorrer as seguintes situações: não comparecendo ninguém,
converte-se o depósito em arrecadação de coisa vaga; comparecendo apenas um, o juiz decidirá a consignação; e caso
compareça mais de um ou todos, o juiz declara efetuado o depósito, extingue a obrigação do devedor (consignante) e
o processo terá seu curso

Ações Possessórias

INTRODUÇÃO: a posse tem uma proteção peculiar em razão da sua importância. Essa proteção ocorre em juízo por
meio das ações possessórias. Vamos ver alguns conceitos necessários à compreensão do assunto: primeiro,
proprietário é o titular do bem, que tem pleno poder de usar, gozar e dispor da coisa; possuidor é quem está investido
de fato dos poderes da propriedade, como, por exemplo, o locador, que tem direito de usar e gozar do bem, se bem
que não tenha o poder de disposição; detentor é quem tem de fato o exercício da posse em nome de terceiro: o
exemplo típico é o de caseiro, que cuida do imóvel em nome do dono.

A defesa da propriedade (não da posse) pode ocorrer por meio de ações petitórias (ex: ação reivindicatória, ação de
imissão na posse ou ação ex empto). Já a posse pode ser defendida por meio do desforço imediato, que é a autotutela
da posse em face de invasões, ou por meio das ações possessórias, que se dividem em ação de reintegração de posse,
ação de manutenção de posse e ação de interdito proibitório. A detenção somente pode ser defendida por desforço
imediato, exercido em nome do dono.

As ações possessórias, acabamos de ver, tem subdivisões internas. A ação de reintegração de posse é aquela por meio
da qual se busca a retomada da posse perdida em razão de esbulho. Ação de manutenção da posse é utilizada
quando houver turbação, incômodo, ao exercício da posse. Já a ação de interdito proibitório é aquela voltada a
suprimir ameaças à posse. Essas ações possessórias são FUNGÍVEIS entre si por conta da dificuldade de identificação
da situação concreta sob análise, muitas vezes.

A finalidade principal da ação possessória é a proteção da posse, mas é admissível a CUMULAÇÃO DE PEDIDOS: junto
com o pedido possessório poderá ser cumulado pedido de: condenação em perdas e danos; indenização de frutos; e
pedido de medidas para evitar nova turbação ou esbulho e cumprimento de tutela provisória ou final.

Uma característica importante das ações possessórias é a possibilidade de formalização de PEDIDO CONTRAPOSTO: o
pedido contraposto consiste na possibilidade conferida ao réu de, na própria contestação, demandar proteção

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possessória em face do autor, além de indenização pelos prejuízos causados pelo autor. Essa possibilidade torna a
ação possessória uma ação dúplice.

Veda-se AÇÃO PARA RECONHECIMENTO DE DOMÍNIO na pendência de ação possessória, EXCETO se for contra
terceiro. Quer dizer, não deve tramitar ação petitória entre as partes enquanto estiver em curso a possessória. Além
disso, não obsta a manutenção ou a reintegração de posse a alegação de propriedade ou outro direito sobre a coisa.

As ações possessórias têm RITO ESPECIAL, desde que propostas dentro do prazo de 1 ano e 1 dia da turbação ou do
esbulho afirmado na petição inicial. Após esse prazo, o procedimento será comum, se bem que a ação não perca o
caráter de possessória. Pois bem, cumprido o requisito temporal e estando devidamente instruída a petição inicial, o
juiz irá deferir MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU REINTEGRAÇÃO NA POSSE antes mesmo de ouvir o réu; no
entanto, se o juiz entender que não está devidamente provado o fato, deverá designar a realização de audiência de
justificação, para a qual o réu será citado: se na audiência o juiz considerar suficiente a justificação do autor, expedirá
o mandado de manutenção ou reintegração. Seja como for, após o prazo de 5 dias da propositura da ação, concedido
ou não o mandado, o autor deve promover a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 dias. A
partir daí o procedimento da ação será o comum.

A medida determinada difere a depender da violação ao direito de posse. Para as hipóteses de turbação, vale-se da
ação de reintegração; e, para as hipóteses de esbulho, utiliza-se a ação de reintegração. A petição inicial da ação
possessória deve comprovar os seguintes elementos: a posse do autor, a turbação ou esbulho, a data da turbação ou
esbulho e a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na de reintegração.

O Código traz regra sobre a AÇÃO POSSESSÓRIA EM CONFLITO COLETIVO POR IMÓVEL. Quando a PETIÇÃO for
apresentada a menos de 1 ano e 1 dia, há possibilidade de concessão de tutela de evidência, se suficientemente
instruída; se proposta a mais de 1 ano e 1 dia, o magistrado deve designar audiência de mediação a se realizar no prazo
de 30 dias. O Ministério Público deve ser intimado para comparecer à audiência, assim como a Defensoria Pública,
caso haja parte beneficiária da gratuidade judiciária.

Por fim, cabe tecer breve observação sobre o INTERDITO PROIBITÓRIO. O possuidor que tenha justo receio de ser
molestado na posse pode requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu pena pecuniária em caso de transgressão.

Ação de Divisão e de Demarcação de Terras Particulares

Vamos tratar de mais duas ações com procedimento especial: a ação de demarcação de terras particulares e a ação
de divisão. A AÇÃO DE DEMARCAÇÃO tem a intenção de delimitar os imóveis em relação aos confinantes, promovendo-
se a colocação de limites ou aviventando os apagados. Por outro lado, a AÇÃO DE DIVISÃO tem a intenção de ratear o
imóvel de acordo com o quinhão de cada condômino, pondo fim à comunhão.

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O novo Código trouxe a autorização para que a DEMARCAÇÃO E DIVISÃO SEJAM FEITAS POR ESCRITURA PÚBLICA. É
possível a realização da escritura quando as partes forem maiores, capazes e estiverem de acordo.

O procedimento da AÇÃO DE DEMARCAÇÃO é o seguinte: 1) Primeiro temos a propositura da petição Inicial, da qual
deve constar o título do imóvel, a descrição dos limites e indicação dos confinantes. 2) A seguir ocorre a citação, por
correio, oficial de justiça ou edital, quando então há possibilidade de 3) contestação no prazo de 15 dias. 4) O
procedimento prossegue pelo rito comum, com perícia de agrimensura. 5) Após a produção da perícia, há a prolação
de sentença. Se for de improcedência, o processo é extinto. Se procedente o pedido, ocorre o 6) cumprimento da
sentença, consistente no traçado da linha demarcanda, podendo o juiz determinar a restituição de área eventualmente
invadida, declarando o domínio ou posse em nome do proprietário legítimo. Os peritos, após os trabalhos, devem
juntar relatório aos autos, podendo as partes se manifestar a respeito no prazo de 15 dias. Estando as partes de acordo
ou resolvida eventual impugnação, o juiz profere 7) sentença homologatória do relatório, o que extingue a fase
cumprimento e a própria ação de demarcação.

Prosseguindo à análise do procedimento da AÇÃO DE DIVISÃO: 1) A petição inicial deve conter os seguintes elementos:
descrição do imóvel, com indicação da origem da comunhão; qualificação das partes e residência dos condôminos,
especificando-se quais estão estabelecidos no imóvel; e a relação das benfeitorias comuns. Então, realiza-se a 2)
citação e abre-se oportunidade para 3) contestação no prazo de 15 dias. 4) O processo prossegue conforme o rito
comum com realização de perícia para medição e divisão do imóvel. Lançado o relatório pericial nos autos, 5) o juiz
deve intimar os condôminos para que, no prazo de 10 dias, façam prova do seu título sobre o imóvel e para formular
pedido sobre a constituição dos quinhões. Após essa parte de requerimentos, 6) o juiz ouve as partes no prazo comum
de 15 dias e, após, 7) decide a respeito das impugnações e a respeito da divisão geodésica do imóvel. 8) Se existirem
benfeitorias sobre as linhas perimetrais, elas devem ser retiradas ou, se tiverem mais de 1 ano, elas devem ser
respeitadas, não se computando na área dividenda. 9) Ainda, os confinantes do imóvel dividendo podem se valer do
procedimento para requerer a restituição de terrenos usurpados. Após todas essas etapas, 10) os peritos apresentam
laudo em que propõem a divisão, sobre o qual 11) as partes tão o prazo comum de 15 dias para se manifestar.
Finalmente, os peritos elaboram 12) memorial descritivo, contendo o desenho em planta dos quinhões e das servidões
aparentes e o escrivão do juízo 13) elabora auto de divisão do imóvel, o qual deverá ser 14) homologado pelo juiz.

Ação de Dissolução Parcial de Sociedade

Vamos ao próximo procedimento especial, a ação de dissolução parcial de sociedade. O CONCEITO é o seguinte: ação
específica para tratar da saída de um dos sócios de determinada pessoa jurídica, inclusive em razão de morte.

Vamos diretamente ao PROCEDIMENTO da ação. Primeiro, se houver manifestação de concordância unânime por
todos os interessados em relação à dissolução parcial, o juiz a decretará, passando imediatamente à fase de liquidação:

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nesse caso, não há condenação em honorários e o valor relativo às custas serão rateados entre os sócios
proporcionalmente ao capital social. Por outro lado, se houver discordância expressa em contestação, deve-se
observar o procedimento comum e a sentença irá constituir a situação de dissolução, após o que há a liquidação.

Para se determinar o valor devido ao sócio retirante, é necessário que se realize a apuração dos haveres da sociedade.
Para a correta apuração, o juiz deve: fixar a data da resolução da sociedade; definir o critério de apuração dos haveres
à vista do disposto no contrato social; e nomeará perito responsável pela apuração. Para a fixação da data da resolução,
o juiz deve observar os seguintes critérios: no caso de falecimento, a data do óbito; no caso de retirada imotivada, o
60º dia após a notificação à sociedade de retirada; em caso de recesso, o dia do recebimento da notificação; no caso
de retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado ou exclusão judicial de sócio, a data do trânsito em
julgado da decisão de dissolução; finalmente, no caso de exclusão extrajudicial de sócio, a data da assembleia ou
reunião de sócios que a tiver deliberado. Já para a fixação dos critérios, o juiz deve, a princípio, observar a regra
estatutária; se não houver previsão no estatuto social, o juiz deve utilizar o valor patrimonial da sociedade apurado
em balanço de determinação na data da resolução com avaliação dos bens pelo preço de saída, conforme
determinação expressa do NCPC.

Uma vez realizado esse procedimento de apuração dos haveres, o sócio retirante será pago conforme disciplina o
contrato social ou, se não houver previsão, o pagamento ocorre 90 dias após a liquidação, de acordo com previsão do
Código Civil.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – PARTE 02

Inventário e Partilha

Agora vamos tratar do procedimento de inventário e partilha. A primeira norma que nós devemos conhecer é o
PRINCÍPIO DA SAISINE, que significa que, com o falecimento, toda a herança é transmitida de forma automática aos
herdeiros. Pois bem, o ESPÓLIO é a relação de bens e direitos de determinada pessoa. INVENTÁRIO é o procedimento
pelo que se determina os bens que compõem o espólio. PARTILHA é a distribuição desses bens e direitos entre os
sucessores.

O NCPC admite a realização de INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAIS em algumas situações: será extrajudicial
quando não houver testamento os sucessores forem todos capazes e o procedimento se der na forma amigável. Os
procedimentos são efetivos por escritura pública, exigindo-se a presença no ato de advogado ou defensor público. Se
houver testamento ou sucessor incapaz, os procedimentos deverão ser realizados judicialmente.

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Há PRAZOS PARA INVENTÁRIO E PARTILHA JUDICIAIS, que são impróprios. O prazo para instaurar o inventário e partilha
é de 2 meses. Já o prazo para ultimar o procedimento é de 12 meses. Ambos os prazos podem ser prorrogados de
ofício ou a requerimento das partes.

A respeito da administração do espólio, essa atividade fica a cargo do inventariante após este prestar compromisso.
Enquanto o inventariante não tiver prestado compromisso, o espólio permanece na posse de administrador
provisório, que é obrigado a trazer ao acervo os frutos que percebeu desde a abertura, tendo direito a reembolso das
despesas necessárias e úteis que fez. O administrador responde pelos danos que causar com dolo ou culpa.

Vamos ver agora as regras sobre LEGITIMIDADE PARA PROPOR O INVENTÁRIO. A REGRA GERAL é a de que incumbe a
quem estiver na posse e na administração do espólio (administrador provisório) no prazo de 2 meses, a contar do
falecimento. No entanto, têm LEGITIMIDADE CONCORRENTE: cônjuge ou companheiro supérstite; herdeiro; legatário;
testamenteiro; cessionário do herdeiro ou do legatário; credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador judicial da
falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. Para designar quem
será o inventariante, o magistrado deve observar a seguinte ORDEM: cônjuge ou companheiro convivente; herdeiro
que se achar na posse e na administração do espólio; qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na
administração do espólio; herdeiro menor, por seu representante legal; testamenteiro (se confiada a administração
do espólio ou herança em legados); cessionário do herdeiro ou do legatário; inventariante judicial; finalmente, pessoa
estranha idônea. Após a nomeação do inventariante, este tem prazo de 5 dias para prestar COMPROMISSO.

Ao inventariante cabe representar o espólio ativa e passivamente, administrar o espólio e prestar constas das suas
atividades, principalmente. O MAIS IMPORTANTE É CONHECER AS ATIVIDADES DO INVENTARIANTE QUE DEVEM SER
REALIZADAS OUVINDO OS INTERESSADOS E COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, que são as seguintes: alienar bens de
qualquer espécie; transigir (extra ou judicialmente); pagar dívidas do espólio; e fazer despesas necessárias para
conservação ou melhoramento dos bens. SERÁ REMOVIDO DA FUNÇÃO O INVENTARIANTE QUE: não prestar as
declarações (primeiras ou últimas); não der ao inventário andamento regular; suscitar dúvidas infundadas; praticar
atos meramente protelatórios; deteriorar, dilapidar ou causar dano aos bens por culpa; não defender o espólio nas
ações em que for citado; deixar de cobrar dívidas ativas; não promover as medidas necessárias para evitar o
perecimento de direitos; não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; ou sonegar, ocultar ou
desviar bens do espólio. O PROCEDIMENTO DE REMOÇÃO DO INVENTARIANTE é o seguinte: o procedimento é
incidental, transcorrendo em autos apartados (apenso ou vinculado); o inventariante é intimado para apresentar
defesa, apresentando os documentos pertinentes, no prazo de 15 dias, após o que o juiz decide. Caso seja promovida
a remoção, haverá substituição por outro, observada a ordem de nomeação. O inventariante removido deve entregar
os bens sob sua administração imediatamente. Eventual resistência ao cumprimento da medida implica as seguintes
sanções: a) emissão de mandado de busca e apreensão (bem móvel) ou imissão na posse (bens imóveis) e b) aplicação
de multa em até 3% calculado sobre o valor dos bens.

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Pois bem, imediatamente após a prestação das primeiras declarações pelo inventariante vem a fase de CITAÇÕES E
IMPUGNAÇÕES. SERÃO CITADOS NA AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA: cônjuge e companheiro; herdeiros e
legatários; a Fazenda Pública; o Ministério Público (caso haja incapaz, ausente); e o testamenteiro (se houver).

Citados os potenciais interessados, é aberta a oportunidade de IMPUGNAÇÕES em que as matérias que podem ser
alegadas são as seguintes: é possível arguir erro, omissão ou sonegação que, se PROCEDENTE, implica na retificação
das “primeiras declarações”; também é possível apresentar reclamação contra nomeação do inventariante, SE
PROCEDENTE, gera a remoção do inventariante com nomeação de outro, conforme a ordem legal; ainda é possível
contestar a qualidade dos herdeiros indicados, SE PROCEDENTE: suspende-se o processo de inventário e partilha para
que seja definido o rol de herdeiros pelo procedimento comum (com produção de provas), com posterior retomada
do procedimento.

Durante o procedimento de inventário, admite-se pedido incidental de ADMISSÃO COMO HERDEIRO, o que pode ser
pleiteado a qualquer tempo desde que antes da partilha. Após o pedido, são ouvidas as partes no prazo de 15 dias e,
após, o juiz decidirá. Se for necessária produção de provas, segue-se o procedimento comum, com reserva do quinhão.

Um dos incidentes do inventário se refere à AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO – Não haverá incidente de avaliação
caso todas as partes sejam capazes e a Fazenda Pública concordar com o valor atribuído, nas primeiras declarações,
aos bens do espólio. Esse procedimento transcorre da seguinte forma: primeiro, temos a 1) Remessa ao avaliador
judicial ou, se não houver, nomeação de perito responsável pela avaliação dos haveres. Se os bens estiverem fora da
sede da comarca, será expedida carta precatória para o cumprimento do ato; no entanto, se esses bens que estão fora
da comarca forem de pequeno valor ou o valor for conhecido pelo perito, não há necessidade de expedição de carta.
Após a realização das atividades, o avaliador ou perito fornece o seu 2) laudo. As partes então são 3) intimadas a se
manifestarem sobre o laudo no prazo comum de 15 dias: se houver impugnação procedente, o juiz irá determinar que
o perito retifique a avaliação. Se não houver questões a se resolver a respeito do laudo, serão lavradas as 4) últimas
declarações, em que o inventariante pode emendar, aditar ou complementar as primeiras. Após a prestação dessas
últimas declarações, novamente as partes são 5) intimadas a se manifestar no prazo comum de 15 dias. Se não houver
questões a resolver, se procede ao 7) Cálculo do tributo; após o que ocorre a 8) Intimação das partes e da Fazenda
Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do tributo. Ao final de todo esse procedimento, ocorre a 9)
homologação pelo juiz do valor devido.

Agora vamos falar da COLAÇÃO, que é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários indicam os bens
que receberam por doação inter vivos do falecido. Faz-se necessária a colação para o cálculo da legítima e verificar o
respeito à parte disponível da herança. Se algum herdeiro negar o recebimento de bens que componham a herança,
as outras partes serão ouvidas no prazo de 15 dias, após o que há decisão de plano pelo juiz ou, se necessárias provas,
remessa para o procedimento comum.

A seguir temos a etapa de PAGAMENTO DE DÍVIDAS do falecido. Credores do de cujus podem requerer a habilitação
para pagamento de dívidas vencidas até a partilha. Quanto ao pagamento de DÍVIDA VENCIDA, se os herdeiros
concordarem, há separação de parte dos bens para o pagamento; por outro lado, se não houver concordância,

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instaura-se processo pelo rito comum com reserva de bens para pagamento. Em relação à DÍVIDA NÃO VENCIDA, se
houver concordância das partes, o credor será declarado habilitado no processo, reservando-se parte dos bens para o
futuro pagamento da dívida no momento do vencimento.

Na PARTILHA ocorre a designação do titular dos bens específicos do espólio. É MUITO IMPORTANTE SABER QUE SÓ
OCORRE A PARTILHA APÓS A RESERVA DE BENS PARA O PAGAMENTO DOS CREDORES DO DE CUJUS. Após essa
reserva, as partes são intimadas para, no prazo de 15 dias, formular pedido de quinhão, após o que o juiz delibera
sobre a partilha, designando os bens que constituem o quinhão de cada herdeiro ou legatário. Algumas regras devem
ser observadas na realização da partilha, que são as seguintes: igualdade em relação ao valor, à natureza e à qualidade
dos bens; tentativa de prevenção de futuros litígios; e máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do
companheiro.

Temos então a seguinte ordem de destinação dos bens objeto do espólio: 1º - pagamento das dívidas do falecido; 2º -
determinação da meação do cônjuge; 3º - cumprimento de disposições testamentárias, observada a parte disponível
da herança; finalmente, 4º - determinação do quinhão dos herdeiros legítimos, começando pelo herdeiro mais velho.

Após a elaboração do plano de partilha e o pagamento das dívidas fazendárias, o processo de partilha transita em
julgado. Com o trânsito em julgado, os herdeiros recebem os bens que lhes tocam e um FORMAL DE PARTILHA, do
qual devem constar as seguintes peças: termo de inventariante e título de herdeiro; avalição dos bens do quinhão;
pagamento do quinhão hereditário; termo de quitação de impostos; e sentença.

Com isso termina o procedimento de inventário e de partilha.

Quando a partilha for AMIGÁVEL, que é aquela lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do
inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, cabe AÇÃO ANULATÓRIA DESSA PARTILHA
AMIGÁVEL em caso de vício da vontade correspondente a dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz no
ato. O direito à anulação está sujeito ao PRAZO DECADENCIAL de 1 ano contado: da cessação da COAÇÃO; da realização
do ato com DOLO ou ERRO; ou da cessação da incapacidade quando havia INCAPAZ e, portanto, não era admissível a
partilha extrajudicial.

Por outro lado, a partilha que é julgada por sentença pode ser objeto de AÇÃO RESCISÓRIA no PRAZO DECADENCIAL
de 2 anos nas seguintes hipóteses: vício de vontade no ato (coação, dolo, erro ou intervenção de incapaz); PRETERIÇÃO
DAS FORMALIDADES LEGAIS; ou no caso de PRETERIÇÃO DE HERDEIRO.

Finalmente, temos as regras do Código sobre o ARROLAMENTO. O ARROLAMENTO SUMÁRIO é aquele que ocorre no
caso de partilha amigável. As partes, por meio de petição, requerem a nomeação de inventariante que já designaram,
declarando os respectivos títulos de herdeiro e os bens do espólio e atribuindo o valor dos bens para fins de partilha.
Não se discute no procedimento de arrolamento sumário questões a respeito dos tributos devidos; além disso, a
existência de credores não impede a homologação do arrolamento, desde que fiquem reservados bens suficientes
para o pagamento. Verificando a licitude do procedimento, o juiz homologa o arrolamento. Além desse procedimento,

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que é o de arrolamento sumário, há previsão de ARROLAMENTO COMUM, quando os bens do espólio tiverem valor
total igual ou inferior a 1000 salários mínimos. Nesse caso, o inventariante designado apresenta declaração com
atribuição dos valores. Caso haja impugnação por qualquer das partes ou pelo Ministério público, o juiz deve nomear
avaliador dos bens, que deve prestar laudo no prazo de 10 dias. O arrolamento comum, ao contrário do sumário,
depende da prova do pagamento dos tributos. Após o procedimento, o juiz homologa a partilha amigável, se cumprida
a legislação sucessória. Cabe uma última observação: nesse caso de arrolamento comum admite-se que, entre os
herdeiros, haja incapaz, desde que o Ministério Público participe do procedimento.

Embargos de Terceiro

Embargos de terceiro é uma ação que tem procedimento especial previsto no Código. O CONCEITO é o seguinte: ação
que visa impedir ou livrar constrição de bem que esteja na posse ou na propriedade de terceiro. Como diz o próprio
nome, o embargante deve ser terceiro, NÃO PODE SER PARTE no processo. O embargante deve indicar que sofreu
CONSTRIÇÃO ou AMEAÇA de constrição em relação a bens sobre os quais tem direito. O direito do terceiro pode ser
decorrente de propriedade, inclusive fiduciária, ou de posse do bem.

São LEGITIMADOS ATIVOS, conforme previsão do Código, para oferecer embargos de terceiro: cônjuge ou
companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação (exceto expropriação de bem indivisível);
adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução; quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte; credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.

A respeito do AJUIZAMENTO dos embargos, isso pode ocorrer tanto na FASE DE CONHECIMENTO, a qualquer tempo
antes do trânsito em julgado, e durante a FASE DE EXECUÇÃO até 5 dias após adjudicação, alienação ou arrematação,
DESDE QUE antes da assinatura da carta.

Os embargos são DISTRIBUÍDOS, em REGRA, por dependência. No caso de embargos de terceiro por ato praticado em
carta precatória executória, a REGRA é que o ajuizamento ocorra no juízo deprecado, no entanto, NO CASO DE
DEVOLUÇÃO DA CARTA, o ajuizamento se dá perante o juízo deprecante.

Na PETIÇÃO INICIAL dos embargos de terceiro, o embargante deve fazer prova dos seguintes elementos: prova sumária
da posse/domínio; prova da qualidade de terceiro; e deve indicar as provas a produzir com rol de testemunhas.

O prazo de CONTESTAÇÃO dos embargos é de 15 dias. Após a contestação se observa o procedimento comum.
Especialmente no caso de embargos oferecidos por CREDOR COM GARANTIA REAL, o rol de matérias que podem ser
alegadas na contestação é limitado: o embargado só poderá alegar: a insolvência do devedor comum; que o título que
concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros; que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa.

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Oposição

Oposição é uma ação incidental a um processo em que se discuta a titularidade de um bem. O CONCEITO de oposição
é: ação daquele que pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá,
até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. A oposição deve ser AJUIIZADA até a sentença no
processo principal e a sua DISTRIBUIÇÃO ocorre por dependência. DISTRIBUÍDA a oposição, os opostos serão citados
para contestar no prazo de 15 dias. A oposição, admitido o seu processamento, tramita em apenso aos autos da ação
originária, sendo ambas julgadas por sentença. Quando a oposição for proposta após a audiência de instrução e
julgamento no processo original, este será suspenso até o julgamento da oposição, salvo se reconhecer que a unidade
de instrução atende ao princípio da duração razoável do processo. De qualquer forma, a OPOSIÇÃO deve ser julgada
em primeiro lugar.

Habilitação

CONCEITO: habilitação é o procedimento incidental especial para viabilizar o ingresso do sucessor ou do espólio em
ações transmissíveis em caso de falecimento de uma das partes processuais. A habilitação NASCE COMO INCIDENTE
mas, caso necessária a instrução processual, HÁ FORMAÇÃO DE PROCEDIMENTO ESPECIAL APARTADO. Os
requeridos são citados para se pronunciar sobre o pedido de habilitação no prazo de 5 dias, depois do que o juiz decide
o incidente.

Ações de Família

As ações de família receberam tratamento particular no novo Código, mas a verdade é que não houve nenhuma
alteração substancial desses procedimentos: o Código apenas declarou algumas regras especiais que já eram
reconhecidas sob a regência do Código anterior.

São consideradas como ação de família as seguintes matérias: processo de divórcio; processo de separação,
reconhecimento ou extinção de união estável; processo de guarda; processo de visitação; e processo de filiação. NÃO
SE APLICA esse regramento às ações de alimentos e às ações do ECA.

Pois bem, o OBJETIVO CENTRAL das ações de família é a obtenção de solução consensual. Os INSTRUMENTOS PARA
SOLUÇÃO CONSENSUAL são os seguintes (rol não taxativo): utilização da mediação e da conciliação; citação do réu
para comparecer à audiência de conciliação sem envio da contrafé; possibilidade de várias sessões de conciliação ou
de mediação.

Livrão Digital de 1ª Fase 107


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Nas ações de família o MP atuará como fiscal da ordem jurídica nas ações de família apenas quando houver interesse
de incapaz, quando deve ser ouvido previamente à fixação do acordo. Se o processo versar sobre abuso ou alienação
parental, o depoimento do incapaz deve ser acompanhado de equipe técnica.

Homologação de penhor legal

Homologação de penhor legal é o procedimento pelo qual o depositário dos bens formaliza o penhor realizado por
autorização legal. Na PETIÇÃO INICIAL o interessado deve indicar o contrato que gerou o penhor.

O Código admite que a homologação aconteça por PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL. Nesse caso, o credor apresenta
requerimento a notário de sua escolha, o qual promove a notificação do devedor para pagar no prazo de 5 dias. Se
==143fe5==

houver pagamento, o procedimento é extinto; se não houver pagamento nem impugnação, o notário homologa o
penhor através de escritura pública; se houver impugnação, o processo é judicializado.

No processo judicial, a defesa pode abordar os seguintes pontos: nulidade do processo; extinção da obrigação; não
se tratar de dívida legal; os bens penhorados não estão sujeitos ao penhor; ou a demonstração de que foi ofertada
caução idônea rejeitada pelo credor. Após a resposta do réu há uma audiência preliminar, após o que o procedimento
segue o rito comum. A sentença homologatória do penhor confere a posse ao autor sobre o bem disputado a título de
penhor; se for improcedente a ação, o bem é devolvido ao réu, ressalvado o direito do autor de cobrar a dívida pelo
procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.

Restauração de Autos

Restauração de autos é um processo judicial por meio do qual se busca a restauração de autos extraviados. O
PROCEDIMENTO PODE SER INSTAURADO: pelo juiz de ofício; a requerimento da parte ou do MP.

A PETIÇÃO INICIAL deve declarar o estado do processo ao tempo do desaparecimento com a juntada de documentos
de posse das partes e que demonstrem o andamento processual até então, como certidões, cópias de peças e
informações que possam auxiliar na recuperação das informações.

A parte contrária é citada para CONTESTAR no prazo de 5 dias. Se não concordar com a restauração, concordar
parcialmente ou não se manifestar, o processo segue o procedimento comum para que o juiz possa avaliar o que
aconteceu com os autos; por outro lado, se concordar, a parte deve exibir os documentos que eventualmente possua
e que possam propiciar a restauração do procedimento.

Em relação às PROVAS JÁ PRODUZIDAS, é admissível a repetição, com nova oitiva das testemunhas, admitindo-se,
ainda, a oitiva de outras testemunhas. Haverá também, se for o caso, a realização de nova perícia, que deve ser
efetuada preferencialmente com o mesmo perito; e, se necessário, os documentos serão reconstituídos.

Livrão Digital de 1ª Fase 108


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Se for possível determinar RESPONSABILIDADE PELO DESAPARECIMENTO DOS AUTOS, o culpado deverá arcar com as
custas, honorários, além de responder civil ou penalmente, o que é avaliado em processo próprio.

Procedimento de Jurisdição Voluntária

Agora vamos falar dos PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. Os procedimentos podem ser típicos ou
atípicos. São típicos os seguintes procedimentos: notificação e interpelação; alienação judicial; divórcio e separação
consensuais, extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens do matrimônio; testamento e
codicilos; bens dos ausentes; coisas vagas; tutela e curatela; organização e fiscalização das fundações; e ratificação dos
protestos marítimos e processos testemunháveis formados a bordo. Os demais processos são atípicos.

São LEGITIMADOS nesses procedimentos: o interessado; o Ministério Público; e a Defensoria Pública. Eventualmente,
cabe INSTAURAÇÃO DE OFÍCIO, que é excepcionalmente admitida em: alienação judicial; herança jacente; bens
ausentes; e coisas vagas.

O PROCEDIMENTO é o seguinte: ocorre a citação dos interessados para responderem no prazo de 15 dias e depois
deve ser prestado parecer do MP, também no prazo de 15 dias, se envolver interesse de incapaz e da Fazenda Pública,
quando for o caso. Após, a decisão deve ser proferida no prazo de 15 dias e da sentença cabe apelação.

Agora vamos ver cada um dos procedimentos típicos.

O primeiro é o NOTIFICAÇÃO E INTERPELAÇÃO JUDICIAIS, que são procedimentos de jurisdição voluntária. O


PROTESTO deixou de existir no NCPC. A NOTIFICAÇÃO é a comunicação de pessoa(s) a respeito do seu propósito sobre
assunto que contenha relevância jurídica. A notificação é realizada por edital quando destinada ao público em geral.
Já a INTERPELAÇÃO é uma comunicação para que terceiro faça algo ou deixe de fazer. Em regra, o requerido não é
ouvido antes da notificação ou interpelação, EXCETO QUANTO: a) houver suspeita de que o requerente pretende
alcançar fim ilícito por intermédio da comunicação; ou b) for requerida a averbação da notificação em registro público.

O próximo procedimento é o de ALIENAÇÃO JUDICIAL: a alienação judicial constitui procedimento de jurisdicional


voluntária por intermédio do qual o Poder Judiciário poderá, de ofício ou a requerimento, proceder à venda de bens
privados. São as seguintes as hipóteses de cabimento: alienação autônoma não vinculada a outro procedimento ou
em caso de alienação cautelar, com finalidade conservativa, no curso de processo pendente.

Nosso terceiro procedimento é o de DIVÓRCIO E DA SEPARAÇÃO CONSENSUAIS, EXTINÇÃO CONSENSUAL DE UNIÃO


ESTÁVEL E ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS DO MATRIMÔNIO: o procedimento poderá ser extrajudicial; ou judicial.
Poderá ser extrajudicial quando não houver nascituro ou filhos incapazes (menores de 18 anos) e os interessados
devem estar assistidos por advogado ou defensor.

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A PETIÇÃO INICIAL deve indicar os seguintes elementos: descrição e à partilha dos bens comuns; pensão alimentícia
entre os cônjuges; guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e valor da contribuição para criar e educar os
filhos.

Já em relação ao procedimento de alteração do regime de casamento, o requerimento deve ser conjunto, com razões
que justificam a alteração. Então há a intimação do MP, que deve prestar parecer, após o que o juiz deve prolatar
decisão no prazo de 30 dias.

Nosso próximo procedimento é o alusivo ao TESTAMENTO E AO CODICILO. Antes de tudo, TESTAMENTO é disposição
de última vontade do testador, para após a morte, sobre os seus bens. CODICILO são declarações não testamentárias
a respeito do funeral e de bens de pequeno valor. O PROCEDIMENTO busca, em suma, conhecer a vontade do testador;
verificar a regularidade do testamento particular; e determinar a execução do testamento.

Agora vamos falar da HERANÇA JACENTE. Antes de tudo, vejamos o CONCEITO: a herança jacente é aquela para a qual
não há herdeiros, hipótese em que os bens serão arrecadados. O juiz deve nomear CURADOR, o qual será nomeado
para guardar, conservar e administrar os bens até habilitação do sucessor ou declaração de vacância. INCUMBE AO
CURADOR: representar, guardar, conservar, apresentar balancete e prestar contas dos bens administrados. A
arrecadação dos bens é responsabilidade do OFICIAL DE JUSTIÇA, o qual também deve auxiliar o juiz nos atos a serem
praticados com a finalidade de identificar os herdeiros ou sucessores. ULTIMADA A ARRECADAÇÃO DOS BENS, serão
publicados editais para permitir que eventuais herdeiros ou sucessores se manifestem. O Juiz poderá adotar medidas
conservatórias para manter o patrimônio, inclusive, a alienação antecipada. Passado 1 ano da primeira publicação do
edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.

A arrecadação dos BENS DOS AUSENTES é o nosso próximo procedimento. Eis o CONCEITO: procedimento utilizado
para nomeação de curador para administrar bens de pessoa declarada ausente. Após a arrecadação e a nomeação de
curador, o juiz deve declarar a ausência do titular, seguindo-se a sucessão provisória e, após, a definitiva. A sucessão
PROVISÓRIA converte-se em DEFINITIVA nas seguintes situações: a) constatação da certeza da morte; b) 10 anos após
a sentença da sucessão provisória; ou c) 5 anos da sucessão provisória, caso o ausente conte com 80 anos de idade.
Com a arrecadação, o juiz deve providenciar a divulgação de editais convocando o ausente a retomar os seus bens.

A arrecadação das COISAS VAGAS diz respeito às coisas cujo dono é desconhecido. A FINALIDADE do procedimento
encontrar o dono da coisa móvel perdida. Caso o dono seja encontrado, o bem será restituído e o descobridor receberá
recompensa, não inferior a 5% do valor da coisa achada. Caso o dono não seja encontrado, o bem será vendido em
hasta pública e o valor será revertido para o município.

Livrão Digital de 1ª Fase 110


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Vamos passar agora ao procedimento de INTERDIÇÃO. CONCEITO: interdição é o procedimento de jurisdição


voluntária destinado a conferir assistência para administração dos bens do interdito. CURADORIA é o encargo público
conferido por lei para administração de bens e assistência para a prática de atos da vida civil por quem não tem
capacidade para fazê-lo.

A respeito da LEGITIMIDADE ATIVA para o procedimento, esta é do cônjuge ou companheiro, dos parentes ou tutores
e dos representantes de entidade que tenha acolhido o interditado. Os LEGITIMADOS PASSIVO são os relativamente
incapazes, que são: quem não tiver condições por razão transitória ou permanente de exprimir sua vontade; ou ébrios
habituais e viciados em tóxicos.

A PETIÇÃO INICIAL, além dos requisitos tradicionais deve conter: documento que comprove a incapacidade; e laudo
médico. Haverá a OITIVA do interditando, com possibilidade de acompanhamento técnico especializado. O
MINISTÉRIO PÚBLICO sempre deve ser intimado para atuar na qualidade de fiscal da ordem jurídica. Pode ocorrer o
LEVANTAMENTO da interdição a qualquer tempo, desde que cesse a causa que a gerou.

O próximo procedimento é o de ORGANIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES. Esse procedimento tem cabimento
nas seguintes hipóteses: negativa de aprovação do estatuto pelo Ministério Público; modificação imposta pelo
Ministério Público, sem concordância do instituidor; ou quando o interessado não concordar com o estatuto elaborado
pelo Ministério Público.

Há hipóteses de extinção da fundação, que são as seguintes: ilicitude do objeto; impossibilidade de manutenção da
fundação; e vencimento do prazo para o qual foi instituída a fundação. São legitimados para propor a extinção o
interessado ou o Ministério Público.

Finalmente, o último procedimento de jurisdição voluntária é a RATIFICAÇÃO DOS PROTESTOS MARÍTIMOS E


PROCESSOS TESTEMUNHÁVEIS FORMADOS A BORDO, que é um procedimento específico destinado à comprovação,
pelo capitão do navio, quanto a fatos ocorridos ao longo do trajeto percorrido pelo navio durante sua viagem.

Com isso terminamos a análise do CPC/2015, mas ainda temos que analisar procedimentos previstos em legislação
específica.

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AÇÕES CONSTITUCIONAIS

MANDADO DE SEGURANÇA: Noções Constitucionais

Aqui vamos analisar as regras constitucionais que tratam do cabimento de ações. CABIMENTO CONSTITUCIONAL:
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por “habeas-corpus” ou
“habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

A Constituição traz regra sobre a legitimidade ativa para o MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. São legitimados:
partido político com representação no Congresso Nacional; organização sindical; entidade de classe; ou associação
com funcionamento há 1 ano.

A FINALIDADE do MS é proteger direito líquido e certo contra a ilegalidade ou o abuso de poder do Estado. Trata-se
de uma AÇÃO SUBSIDIÁRIA, pois só tem cabimento se não couber habeas corpus ou habeas data.

Lei nº 12.016/2009

DIREITO LÍQUIDO E CERTO é o direito sobre o qual não pairam dúvidas, que pode ser demonstrado com os documentos
constantes do processo, sem a necessidade de instrução probatória.

A LEGITIMIDADE PASSIVA do mandado de segurança é das seguintes pessoas: autoridade coatora e pessoa jurídica de
direito público a que se encontra vinculada, em litisconsórcio passivo; e autoridades equiparadas a pessoa jurídica de
direito público, que são: a) representantes ou órgãos de partidos políticos; b) administradores de entidades
autárquicas; e c) dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais que exerçam atribuições do Poder Público.

Já quanto à LEGITIMIDADE ATIVA, isso depende de ser MS individual ou coletivo: no INDIVIDUAL, a legitimidade é da
pessoa natural ou jurídica, de direito privado ou público, que teve seu direito violado. Já no caso de MS Coletivo,
conforme já vimos, a legitimidade é de partido político com representação no Congresso Nacional, para defesa dos
interesses dos filiados ou em defesa da finalidade partidária; organização sindical; entidade de classe; ou associação,
regulamente constituída há mais de 1 ano, para defesa de parte ou de todos os seus membros, sem a necessidade de
concessão de autorização especial para agir.

Há hipótese de LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA no mandado de segurança: se o titular de direito líquido e certo


decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (TRINTA) DIAS, quando notificado judicialmente. Isso ocorre
quando a violação do direito gera reação em cadeia: por exemplo, no caso de erro na classificação dos concursados.

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Em algumas situações temos o NÃO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA. São os seguintes os atos que não
admitem MS: ato pendente de recurso administrativo com efeito suspensivo; decisão judicial da qual caiba recurso; e
decisão judicial transitada em julgado

Vejamos o PROCEDIMENTO do MS agora. Em relação à Petição Inicial, ela deverá preencher os requisitos
estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira
reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições. Apresentada a petição, o juiz deve tomar as seguintes Providências iniciais:
determinar a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de 10 dias; cientificar o órgão
de representação judicial da pessoa jurídica vinculada para integrar no feito; e determinar a suspensão liminar do ato
que deu origem ao pedido quando estiverem presentes os requisitos de a) relevância do fundamento e b) ineficácia
da medida, se concedida apenas ao final.

A medida liminar de suspensão do ato é, em regra, cabível, MAS NÃO SERÁ CONCEDIDA MEDIDA LIMINAR nas
seguintes hipóteses: compensação de créditos tributários; entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior;
reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza. A decisão que concede a liminar é recorrível mediante AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Caso seja concedida, o processo terá tramitação preferencial.

Ainda sobre a medida liminar, ela está sujeita a PEREMPÇÃO OU CADUCIDADE: será decretada a perempção ou
caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o
impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis,
os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Pois bem, a petição de mandado de segurança está sujeita a INDEFERIMENTO LIMINAR nas seguintes situações:
Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando não for hipótese de cabimento da ação; quando
faltar algum dos requisitos legais da ação; e quando já houver decaído o direito de impetrar o mandado, cujo prazo é
de 120 dias.

Se não for o caso de indeferimento liminar, o juiz deve determinar a intimação do MINISTÉRIO PÚBLICO PARA QUE
OFEREÇA PARECER no prazo de 10 dias. Com ou sem parecer, os autos são conclusos ao juiz para decidir no prazo de
30 dias.

O recurso cabível no processo de mandado de segurança é o agravo de instrumento, em relação às decisões a respeito
de medida liminar, e a apelação, em relação à decisão final que extingue o processo ou julga o mérito.

A APELAÇÃO NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO, em regra, exceto nas hipóteses em que é vedada a concessão de liminar,
que, lembremos, são as seguintes: compensação de créditos tributários; entrega de mercadorias e bens proveniente
do exterior; reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

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Temos mais algumas regras específicas das AÇÕES DE MANDADO DE SEGURANÇA: os processos de MS têm prioridade
processual, exceto em relação ao habeas corpus; devem ser levados a julgamento na instância superior na primeira
sessão seguinte à data em que forem conclusos; o prazo para conclusão não pode exceder a 5 dias.

Outro ponto importante é a existência de PRAZO DECADENCIAL PARA O MANDADO DE SEGURANÇA, que é de 120
dias, a contar da ciência do ato impugnado. Se não houver impetração de mandado de segurança nesse prazo, a parte
perde o direito de se valer desse meio, devendo recorrer às vias ordinárias.

AÇÃO POPULAR: Lei nº 4.717/1965

A AÇÃO POPULAR é uma ação com previsão constitucional cuja finalidade é a de tutelar direitos públicos, como o
patrimônio público e o meio ambiente. A ação popular corresponde a uma garantia constitucional, eis que é o direito
a um meio, não a um direito propriamente. Esta ação propicia o exercício de uma ação fiscalizadora pelo cidadão em
relação às atividades estatais. Apenas que for CIDADÃO tem legitimidade ativa para propor ação popular.

A respeito da NATUREZA JURÍDICA da ação popular, esta é considerada uma ação especial e constitucional,
funcionando como instrumento para controle popular de atos ilegais e lesivos ao patrimônio popular.

Veja a seguir um quadro esquemático a respeito da LEGITIMIDADE em ação popular:

Legitimidade Ativa
É legitimado: Não tem legitimidade:
 Cidadão
 Brasileiro equiparado (ou quase nacional)  Menor de 16 anos
* prova da reciprocidade  Estrangeiros e apátridas, ainda que residentes.
 Maior de 16 e menor de 18, se estiver no pleno  Pessoa jurídica
gozo dos direitos políticos  Ministério Público
* necessita de assistência em razão da * atua como fiscal da ordem jurídica
incapacidade de estar em juízo
É hipótese de substituição processual
Legitimidade Passiva
 Administração Pública de uma forma geral, direta ou indireta, e pessoas jurídicas que administrarem ou
receberem verbas de natureza pública podem ser demandas como rés na ação popular.
* se o patrimônio público da PJ representar menos de 50% do patrimônio da empresa ou da receita anual, a
responsabilidade patrimonial é limitada à repercussão sobre a contribuição pública.

 Objeto:

Objeto da Ação Popular

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São objeto de ação popular: Não podem ser objeto de ação popular:
 Atos administrativos e equiparados.  Atos jurisdicionais (sentença, acórdão, decisão
 Atos do Poder Judiciário de caráter interlocutória)
administrativo.  Lei em tese.
 Atos do Poder Legislativo de efeitos concretos.

Sobre a COMPETÊNCIA, temos uma regra genérica na Lei, que diz que, conforme a origem do ato impugnado, é
competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la, o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada
Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

O PROCESSO da ação popular é constituído das seguintes etapas: primeiro ocorre a CITAÇÃO das partes e a intimação
do MP para atuas como fiscal da lei, podendo o juiz determinar a REQUISIÇÃO de documentos importantes para a
instrução do processo, de ofício ou a requerimento da parte a ser cumprido no prazo de 15 a 30 dias. Na sequência
temos a CONTESTAÇÃO, que pode ser oferecida no prazo de 20 dias, prorrogáveis por mais, QUANDO difícil a produção
da prova documental. Após a resposta o juiz profere DESPACHO SANEADOR com determinação da PRODUÇÃO DE
PROVAS, que podem ser testemunhais ou periciais. A seguir há possibilidade de apresentação de ALEGAÇÕES FINAIS
no prazo de 10 dias, após o que o juiz prolata SENTENÇA no prazo de 15 dias – se ultrapassar esse prazo, o juiz deve
justificar, sob pena de responsabilidade.

Aqui temos uma regra importante: A SENTENÇA QUE EXTINGUIR A AÇÃO POPULAR SEM JULGAMENTO DE MÉRITO OU
JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO ESTÁ SUJEITO A DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO. Das decisões
interlocutórias do processo cabe AGRAVO DE INSTRUMENTO. São legitimados para recorrer da sentença não só as
partes, como QUALQUER CIDADÃO OU O MINISTÉRIO PÚBLICO.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Lei nº 7.347/1985

A finalidade da ação civil pública é a proteção de direitos e interesses coletivos. Primeiro, devemos distinguir os
INTERESSES ESSENCIALMENTE COLETIVOS dos INTERESSES ACIDENTALMENTE COLETIVOS.

São essencialmente coletivos os interesses difusos e coletivos. São acidentalmente coletivos os interesses
individuais homogêneos. Veja a seguir um quadro esquemático sobre as características desses direitos:

DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS


Transindividual Real
Transindividual Real (material): Transindividual artificial (formal):
(material): essencialmente
essencialmente coletivo. Acidentalmente Coletivos
coletivo.
Objetivo Indivisível Objetivo Indivisível Objetivo divisível

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Titulares agregados por relação


Titulares agregados por Titulares agregados por situação em comum:
jurídica entre si ou com a parte
circunstâncias de fato de fato ou de direito.
contrária.
Indivisibilidade absoluta Determinabilidade dos titulares
Determinabilidade dos titulares
dos titulares. (indeterminabilidade relativa)
Recomendabilidade do tratamento
conjunto (característica apontada pela
doutrina e jurisprudência).

A LEGITIMIDADE tem algumas características peculiares em razão de se tratar de processo coletivo. Primeiro, a
legitimação para a ação civil pública é disjuntiva e concorrente. É denominada de concorrente pois pode ser exercida
por qualquer dos legitimados independentemente dos outros. Por outro lado, denomina-se disjuntiva porque, na
medida em que uma parte legítima ingressa com a ACP, os demais não poderão mais ingressar em juízo com a mesma
ação, sob pena de caracterização da litispendência.

SÃO LEGITIMADOS PARA A ACP as seguintes pessoas e órgãos: Ministério Público; Defensoria Pública; União, Estados,
DF e Municípios; autarquias, empresas públicas, fundações ou sociedades de economia mista; associação constituída
há, pelo menos, 1 ano e que tenha, entre suas finalidades, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Já a legitimidade passiva é ampla, podendo ser
demandadas tanto pessoas naturais quanto pessoas jurídicas, de direito público ou de direito privado.

O OBJETO protegido pela ACP são os seguintes, exemplificativamente: meio-ambiente; direitos do consumidor; 
ordem urbanística; bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; proteção da ordem
econômica e da economia popular. NÃO SERÁ CABÍVEL ACP PARA TRATAR DE: tributos; contribuições
previdenciárias; FGTS; e fundos de natureza institucional.

Quanto à COMPETÊNCIA na ação civil pública, a competência é funcional (absoluta) e leva em consideração do local
de ocorrência do dano.

O PROCEDIMENTO da ação civil pública, após a propositura da ação, é o seguinte: REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS
PELOS LEGITIMADOS a ser cumprido no prazo de 15 dias, para instrução da ação; REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS PELO
MP a ser cumprido em prazo não inferior a 10 dias úteis; possibilidade de concessão de EFEITO SUSPENSIVO DO
RECURSO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA: o juiz conceder efeito suspensivo ao recurso DESDE QUE seja demonstrada a
possibilidade de dano irreparável à parte.

No tocante à execução de sentença, essa é regida por um princípio geral, que é o princípio da obrigatoriedade da
execução coletiva pelo Ministério Público, que se expressa da seguinte forma: SE A ASSOCIAÇÃO NÃO PROMOVER A
EXECUÇÃO NO PRAZO DE 60 DIAS, O MP É OBRIGADO A FAZÊ-LO.

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Outro ponto importante sobre a ACP é que se forma COISA JULGADA ERGA OMNES: a indivisibilidade do objeto
confere à coisa julgada, em ações coletivas sobre direitos difusos, efeitos erga omnes, ou seja, a sentença que versar
sobre tais direitos emanará sua eficácia para além das partes do processo, beneficiando a todos os que, mesmo não
tendo composto um dos polos processuais, tiverem ameaçado ou lesado o direito.

Uma última observação é a respeito da LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ em ACP, o que dá ensejo à condenação em honorários
advocatícios e multa no valor de 10 vezes o montante devido de custas, além da condenação por perdas e danos.

Habeas Data

O habeas data é outra ação com PREVISÃO CONSTITUCIONAL. Trata-se de uma garantia constitucional de caráter civil
e com rito processual específico sumarizado, que tem por finalidade reagir contra condutas arbitrárias do Estado no
sentido de ocultar informações relativas às pessoas em geral.

A LEI nº 9.507/1997 trata do habeas data, o qual pode ser concedido em duas hipóteses: 1ª hipótese: para assegurar
o conhecimento de informações do impetrante que constam em bancos de dados; e 2ª hipótese: para retificação de
dados. Veja o esquema a seguir:

para assegurar o conhecimento de informações do impetrante que


constam em bancos de dados;

CABIMENTO DO
para retificação de dados;
HABEAS DATA

para anotação nos assentamentos do interessado de


contestação/explicação

Além do pedido para acesso e retificação das informações, o interessado poderá ajuizar a ação de modo que a
contestação à informação dada ou a explicitação em face das informações registradas possam ser anotadas no
cadastro do interessado junto a bancos de dados públicos.

Veja os requisitos da Petição Inicial esquematizados a seguir:

REQUISITOS DA
PETIÇÃO INICIAL

prova pré-constituída da negativa, da


requisitos do procedimento comum
2 vias recusa à retificação ou da recusa à
(arts. 319/320, do NCPC); e
anotação

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O autor, além de observar os requisitos regulares da petição inicial, deverá apresentar a ação em duas vias e trazer
prova pré-constituída na negativa administrativa. De posse da petição inicial, o juiz competente para julgar ação
deverá notificar a autoridade coatora a fim de que preste informações no prazo de 10 dias. Caso, entretanto, o
magistrado, antes mesmo de determinar a notificação, identifique não se tratar de hipótese que enseja a ação
constitucional ou se estiver ausente alguns dos requisitos da petição inicial, o magistrado indeferirá liminarmente o
pedido, extinguindo-o sem julgamento do mérito. Decorrido o prazo, com ou sem a prestação das informações, os
autos são encaminhados para o Ministério Público emitir parecer no prazo de cinco dias, na qualidade de fiscal da
ordem jurídica. Em seguida, o processo é remetido à conclusão para julgamento, no prazo de cinco dias. Assim,
basicamente temos a seguinte estrutura de procedimento:

1) Ajuizamento

2) Notificação

3) Prestar informações (10 dias)

4) Parecer do MP (5 dias)

5) Conclusão

6) Sentença (5 dias)

Da sentença é cabível recurso de apelação para o Tribunal. Esse recurso terá meramente efeito devolutivo, de modo
que a sentença poderá ser executada provisoriamente.

Mandado de Injunção

O mandado de injunção é a ação que visa preencher vazios deixados pela Constituição. No estudo das normas
constitucionais, destacamos as normas de eficácia limitada que exigem a edição de norma regulamentadora. Esse é o
contexto no qual é cabível o mandado de injunção. Quanto ao cabimento do MI, lembre-se de que:

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CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

falta de norma
total ou parcial regulamentadora que obste
o exercício:

ou de prrogativas como
de direitos de liberdade nacionalidade, soberania ou
cidadania

São LEGITIMADOS a impetrar mandado de injunção tanto pessoas naturais (ou físicas) como pessoas jurídicas que
sejam titulares de direitos que dependem de regulamentação estatal. Caso essa norma regulamentadora possa
prejudicar o exercício de direitos, liberdade ou prerrogativas relacionadas à nacionalidade, à soberania ou à cidadania,
admite-se o mandado de injunção. Havendo prejuízo por falta de regulamentação, a parte interessada poderá
ingressar em juízo. Essa peça inicial deverá observar: os requisitos estabelecidos pela legislação processual (arts.
319/321, do NCPC); e a indicação do órgão e da pessoa jurídica respectiva. Além disso, a parte deverá juntar as provas
documentais capazes de provar o alegado.

Caso deferido o processamento, o juiz irá ordenar à parte contrária que efetue a juntada dos documentos no prazo
de 10 dias. Além disso, determinará que o órgão de representação judicial seja notificado para que possa ingressar no
processo e efetuar a defesa da entidade.

A sentença, se favorável, obedecerá a preceitos específicos. A sentença não é tradicional. Na realidade, se procedente,
o magistrado estará reconhecendo que o Poder Legislativo ou o Poder Executivo deixou de cumprir com o seu papel,
omitindo-se em relação a assuntos sobre que deveria legislar ou regulamentar. Evidentemente que o Poder Judiciário
não pode legislar o assunto em sentença, nem obrigar diretamente o órgão condenado a fazê-lo. Não obstante, o
magistrado tem o dever de dar solução ao caso concreto posto em juízo.

Nesse contexto, a sentença, se entender que é caso de mora legislativa, decidirá com a observância de dois aspectos:
determinar prazo razoável; e estabelecer condições para o exercício do direito até a superveniência da lei.

Assim, enquanto não houver a regulamentação pelo órgão efetivamente competente, a parte gozará do direito por
intermédio da eficácia da sentença. Evidentemente que essa decisão é intra partes, ou seja, aplica-se apenas à parte
que ingressar em juízo e obtiver pronunciamento favorável.

Cabe AÇÃO DE REVISÃO EM MANDADO DE INJUNÇÃO, cuja finalidade não é desconstituir a coisa julgada (por isso,
não é ação rescisória), mas analisar novamente a aplicabilidade da decisão em razão de novas circunstâncias de fato e
de direito.

Quanto aos legitimados, podemos sistematizar do seguinte modo:

Legitimado (substituto processual) Hipóteses de Cabimento


 defesa da ordem jurídica
Ministério Público  defesa do regime democrático
 defesa dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.

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 assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas


Partido Político com representação no CN de seus integrantes ou relacionados com a finalidade
partidária.
 assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas
em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
Organização sindical, entidade de classe ou
associados.
associação (no último caso, constituída há, pelo
* deve observar o que diz o estatuto.
menos, 1 ano)
* pertinentes às finalidades.
* não é necessária a autorização especial.
 defesa de direitos humanos e dos direitos individuais e
Defensoria Pública
coletivos dos hipossuficientes.

O mandado de injunção faz coisa julgada apenas em relação ao grupo beneficiado, mas admite que os efeitos sejam
estendidos às ultra partes.

JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS


Agora vamos falar do procedimento de Juizados Especiais Federais. A COMPETÊNCIA é, em regra, para julgar
demandas cujo valor da causa seja de até 60 salários mínimos.

Há algumas matérias que não podem ser julgadas em Juizado Especial, no entanto, e são as seguintes: causa entre
Estado estrangeiro ou organismo internacional em face de Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
causas fundadas em tratado ou em contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; disputa
sobre direitos indígenas; mandado de segurança; desapropriação; divisão e demarcação; ações populares; execuções
fiscais; improbidade administrativa; direitos coletivos; bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas
federais; anulação ou cancelamento de ato administrativo federal (exceto previdenciária e o de lançamento fiscal); e
impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

A competência dos juizados especiais federais é ABSOLUTA em razão do VALOR DA CAUSA.

Pois bem, podem ser PARTES NO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL: como AUTOR, as pessoas naturais e as
microempresas e empresas de pequeno porte. Como RÉUS, a União e suas Autarquias, Fundações públicas e Empresas
públicas.

EM RELAÇÃO À COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS, há algumas especificidades: a citação e a intimação de


pessoas jurídicas de direito PÚBLICO ocorrem pessoalmente com observância da legislação específica (que discrimina
as autoridades competentes). Em relação à intimação da sentença, quando não ocorrer em audiência, deve ser por
intermédio de ARMP. Demais comunicações podem ocorrer na pessoa do advogado (pessoal ou postal). Admite-se a
comunicação eletrônica. Aos processos que tramitam perante o juizado especial federal cível NÃO SE APLICA A
PRERROGATIVA DOS PRAZOS PROCESSUAIS EM DOBRO, conforme previstos no NCPC.

Em relação à PRODUÇÃO DE PROVAS, a União deverá juntar aos autos os documentos de que disponha sobre a causa
até a audiência de conciliação. É possível a realização de perícia técnica. O perito será nomeado pelo Juízo, com
adiantamento de honorários, e é dever do perito apresentar laudo com antecedência de 5 dias, a contar da audiência
de conciliação ou julgamento.

Quanto aos RECURSOS, em primeiro lugar é preciso saber que NÃO HÁ REEXAME NECESSÁRIO NOS PROCESSOS DOS
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. Para impugnar as decisões de juiz de 1º grau cabe RECURSO INOMINADO.

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Nos Juizados federais existe o incidente de uniformização de interpretação de lei federal, que cabe nas seguintes
hipóteses: a) Pedido de uniformização de interpretação de lei federal para a Turma Regional Federal, quando a
divergência for entre turmas de juízes vinculados ao mesmo TRF; b) Pedido de uniformização de interpretação de lei
federal para a Turma Nacional Federal, quando a divergência se der entre turmas recursais vinculadas a TRFs diversos
e também quando as decisões da Turma Regional ou da Turma Nacional diferirem da interpretação do Superior
Tribunal de Justiça.

Cabe recurso extraordinário das decisões de Turma Recursal, mas NÃO CABE recurso especial, pois não se trata de
decisão de Tribunal.

Em relação ao CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, se for obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar, o juiz determina
o cumprimento da decisão de ofício. Quando se tratar de obrigação de pagar quantia certa, o juiz determina a
expedição de requisição de pequeno valor – RPV (até 60 salários mínimos), o qual deve ser pago no prazo de 60 dias,
sob pena de sequestro dos bens públicos. Se o valor for acima de 60 salários mínimos, paga-se por precatório, caso
em que a parte pode abrir mão do excesso para receber por meio de RPV, mas não se admite o fracionamento.

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

Introdução

Agora vamos estudar os Juizados Especiais Cíveis, que julgam causas de menor complexidade. São RAZÕES PARA A
EXISTÊNCIA DOS JUIZADOS a ampliação do acesso à Justiça que eles geram e a maior participação popular na
administração da Justiça por meio dos juizados.

O JUIZADO ESPECIAL COMO ESPÉCIE OBSERVA UM PROCEDIMENTO ESPECIAL, que funciona por meio de um sistema
procedimental sumarizado, previsto em lei extravagante, com 5 fases: 1) petição inicial; 2) citação; 3) audiência de
conciliação; 4) audiência de instrução (oportunidade em que é apresentada a contestação) e 5) sentença.

Os Juizados têm fundamento constitucional nos artigos 98, inciso I e § 1º, da Constituição Federal.

Já estudamos logo acima os juizados federais, que fazem parte do sistema de juizados. Além dos Juizados Federais,
temos também os Juizados Especiais Cíveis (JEC) e os Juizados Especiais de Fazenda Pública (JEFP).

A respeito da formação da JURISPRUDÊNCIA NOS JUIZADOS, são expressamente previstas turmas de uniformização
de jurisprudência para os Juizados Federais – art. 14 da Lei nº 10.259/2001, e nos Juizados de Fazenda Pública – art.
18 da Lei nº 12.253/2009.

Princípios Informadores dos Juizados Especiais

A seguir vamos ver os princípios que orientam os processos dos juizados especiais:

 O PRINCÍPIO DA ORALIDADE fixa a prevalência da “palavra falada” sobre a “palavra escrita”.

 Não há espaço para formalismos inúteis e desnecessários. Além disso, uma das finalidades dos Juizados é aproximar
o cidadão do sistema de Justiça, razão pela qual é orientado pelo PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE E DA INFORMALIDADE.

 Os juizados observam o PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL que fomenta a celeridade.

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 PRINCÍPIO DA CELERIDADE informa toda a sistemática dos Juizados e exige tramitação célere para os
procedimentos dos Juizados.

 PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO é evidenciado no esforço de propiciarem às partes um acordo quanto às pretensões


deduzidas em juízo.

Facultativo ou obrigatório o uso dos Juizados

Conforme já vimos, há três tipos de Juizados Especiais: os Cíveis, os da Fazenda Pública e os Federais. É preciso ressaltar
agora que a utilização dos Juizados Especiais Cíveis (JEC) é facultativa, de acordo com o art. 3º, §3º, da Lei nº
9.099/1995. Os outros Juizados são obrigatórios, no entanto: a previsão de obrigatoriedade dos Juizados Especiais da
Fazenda Pública consta do art. 4º da Lei nº 13.153/2009 e a dos Juizados Federais do art. 22 da Lei nº 10.259/2009.

Juizados Especiais Cíveis

Vamos tratar agora do procedimento dos Juizados Especiais Cíveis.

Em primeiro lugar devemos saber a COMPETÊNCIA do JEC, que é fixada de acordo com dois critérios: Critério
valorativo, pelo qual são de competência do JEC as causas de menor complexidade que não atingirem valor superior
a 40 salários mínimos, lembrando da possibilidade de renúncia quanto ao valor excedente; e Critério material, pois os
JECs podem julgar as seguintes causas: arrendamento rural e de parceria agrícola; cobrança ao condômino de
quaisquer quantias devidas ao condomínio; ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; ressarcimento
por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; cobrança de seguro referentes aos danos causados em
acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; cobrança de honorários dos profissionais liberais,
ressalvado o disposto em legislação especial; ações que versem sobre revogação de doação; ações de despejo de
imóvel para uso próprio; e ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente a 40 salários mínimos
(nesse último caso o critério é misto, pois fixado em razão do valor e da matéria).

FICAM EXCLUÍDAS DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL AS CAUSAS DE NATUREZA: alimentar; falimentar; fiscal;
de interesse da Fazenda Pública (eventualmente haverá competência do Juizado Especial da Fazenda Pública); relativas
a acidentes de trabalho; relativas a resíduos; e relativas ao estado e à capacidade das pessoas, ainda que de cunho
patrimonial.

Fixada a competência do JEC, há regras de DETERMINAÇÃO DO FORO, observando os seguintes parâmetros: a)


domicílio do réu; b) local onde o réu exerça suas atividades; c) local em que o réu tenha filial; ou d) domicílio do autor
ou do local do fato.

Em relação a CONFLITOS DE COMPETÊNCIA, caso o conflito envolva JUÍZES DA MESMA TURMA, o processo será julgado
pela turma recursal. Se houver CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENVOLVENDO TURMAS DIFERENTES, o conflito será
julgado por qualquer uma das turmas recursais, definindo-se por prevenção a turma competente. Se o CONFLITO DE
COMPETÊNCIA FOR ENTRE JUIZADO E JUSTIÇA COMUM, há duas situações: A) se os juízes estiverem vinculados ao
mesmo tribunal, será julgado pelo tribunal; B) se os juízes estivem vinculados a tribunais distintos, será julgado pelo
STJ.

As figuras judiciais do JEC são as seguintes: JUIZ, CONCILIADORES E JUÍZES LEIGOS. O CONCILIADOR deve ser,
preferencialmente, um bacharel em Direito, que tem a função de intermediar a relação entre as partes conflitantes. O
JUIZ LEIGO deve ser um advogado com mais de 5 anos de experiência, o qual poderá proferir decisão em algumas
situações.

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Sobre a possibilidade de ser parte no JEC, a lei traz algumas regras. NÃO PODEM SER PARTES NO JEC: o incapaz, o
preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. Aliás,
devem ser AUTORES, em regra, as seguintes: pessoas naturais (regra); microempresas; microempreendedor individual;
empresa de pequeno porte; organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP); e sociedades de crédito ao
microempreendedor

A lei do JEC também traz regras específicas a respeito da capacidade postulatória. A própria parte tem capacidade
postulatória, não sendo necessária a representação por advogado, nas causas de VALOR DE ATÉ 20 SALÁRIOS
MÍNIMOS; nas causas de valor ACIMA DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS, é obrigatória a assistência por advogado.

Nos processos do JEC existe VEDAÇÃO À INTERVENÇÃO DE TERCEIROS, EM FACE DA SIMPLICIDADE DO


PROCEDIMENTO. Admite-se, no entanto, o LITISCONSÓRCIO. Além disso, o MINISTÉRIO PÚBLICO deve atuar no
processo como fiscal da Lei nas hipóteses de atuação ministerial.

Em relação aos ATOS PROCESSUAIS praticados nos processos do JEC, eles devem observância a dois princípios gerais:
princípio da publicidade e princípio da instrumentalidade das formas. Ainda sobre os atos processuais, deve-se
observar que só haverá decreto de nulidade pela inobservância das regras processuais se houver demonstração de
prejuízo. A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de
comunicação, não dependendo necessariamente da expedição de cartas precatórias. Apenas os atos considerados
essenciais serão registrados, resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas.
Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em
julgado da decisão. Cabe às normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos
que o instruem.

Em relação ao PEDIDO nos JECs, vamos observar quais são os requisitos da petição inicial: pedido, que pode ser
formulado de forma oral ou por escrito; nome e qualificação das partes; endereço; fatos e fundamentos jurídicos do
pedido apresentados sucintamente; objeto; e valor. Admite-se a formulação de pedidos genérico, quando não é
possível determinar prontamente a extensão da obrigação.

Observe-se que como a parte pode efetuar o pedido na forma oral, cabe à Secretaria do Juizados reduzir a termo a
petição formulada oralmente.

A respeito das CITAÇÕES E INTIMAÇÕES, vejamos as regras específicas. São formas de citação: pelos Correios, com
aviso de recebimento (AR); pela entrega do AR na recepção da pessoa jurídica ou da firma individual; e por oficial de
justiça, caso seja negativa a intimação pelos Correios. Não se admite citação por edital.

A RESPOSTA DO RÉU, por sua vez, pode ser apresentada de forma escrita ou oral e deve conter toda a matéria de
defesa, exceto impedimento e suspeição (que podem ser apresentados em petição apartada). No momento da defesa,
o réu poderá formular pedido contraposto, desde que fundado nos mesmos fatos.

Após a resposta, temos a SENTENÇA: a sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo
dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório; NÃO se admitirá sentença condenatória por
quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. É INEFICAZ a sentença condenatória na parte que exceder a alçada
estabelecida nesta Lei.

A respeito do procedimento RECURSAL, vejamos as regras: o recurso será interposto no prazo de DEZ DIAS, contados
da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. O preparo será feito,
INDEPENDENTEMENTE de intimação, nas QUARENTA E OITO HORAS SEGUINTES À INTERPOSIÇÃO, sob pena de
deserção. Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de DEZ DIAS. O
recurso terá SOMENTE efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para
a parte.

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A respeito da EXTINÇÃO DO PROCESSO, temos algumas hipóteses especiais prevista na Lei 9.099: 1) Caso o réu não
compareça à audiência, ele sofrerá as penas da revelia; se o autor não comparecer à audiência, o processo será
extinto, sem análise do mérito do processo. 2) Se inadmissível o procedimento perante os Juizados, também haverá
extinção do processo. 3) O reconhecimento da incompetência, INCLUSIVE A RELATIVA, implica a extinção do processo
(não há remessa dos autos para outro juízo). 4) O processo será extinto, sem análise do mérito, caso figurem como
partes no Juizado (seja autor ou réu) o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas
da União, a massa falida e o insolvente civil. 5) Também teremos a extinção do processo sem análise do mérito
quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de 30 dias. 6) Do mesmo modo,
extingue-se o processo sem análise do conteúdo do pedido, quando, falecido o réu, o autor não promover a citação
dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.

Por fim, veja o seguinte esquema sobre as DESPESAS processuais nos JECs:

NA FASE DE
Independe de custas, taxas ou despesas, exceto litigância de má-fé.
CONHECIMENTO
Há despesas que poderão ser dispensadas no caso de assistência judiciária gratuita.
NA FASE RECURSAL
Parâmetros dos honorários: 10 e 20% do valor da causa.
Não há custas, exceto:
a) litigância de má-fé;
NA FASE DE EXECUÇÃO
b) improcedência dos embargos do devedor; e
c) improvimento do recurso do devedor.

Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública

Nosso último procedimento é o relativo aos Juizados Especiais da Fazenda Pública. Primeiro, devemos conhecer a
COMPETÊNCIA desses Juizados, que está esquematizada a seguir:

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COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DE


FAZENDA PÚBLICA

não entram na regra de


regra
competência

causas de até 60 salários mínimos (R$


57.240,00) mandado de segurança

ações de desapropriação, divisão e


demarcação

ação popular

ações de improbidade administrativa

execuções fiscais

demandas que envolvam direitos ou


interesses difusos e coletivos

causas sobre bens imóveis dos Estados-


membros, DF e municípios (e respectivas
entidades indiretas)

causas que tenham como objetivo


impugnar penalidade de demissão aplicada
a servidor ou sanções disciplinares
aplicadas a militares

Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de
12 parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor de R$ 57.240,00.

Podem ser partes no Juizado Especial de Fazenda Pública:

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pessoas físicas

PODEM SER PARTES NO JUIZADO


autor microempresas

empresas de pequeno
porte

Estados-membros (e
entidades)

réus DF (e entidades)

Municípios (e entidades)

Vejamos agora REGRAS PROCESSUAIS a respeito do procedimento de Juizado Especial da Fazenda Pública: aplica-se o
NCPC em relação às citações e intimações; NÃO HÁ PRAZO EM DOBRO PARA A FAZENDA PÚBLICA; a citação deve
ocorrer com antecedência mínima de 30 dias antes da audiência; admite-se a conciliação, a transação e a desistência
nos processos que tramitam perante os Juizados de Fazenda Pública; admite-se, em caráter excepcional, a realização
de prova técnica (perícia) devendo o expert apresentar o laudo em até 5 dias antes da audiência; NÃO HÁ REEXAME
NECESSÁRIO NESSES JUIZADOS.

A respeito do CUMPRIMENTO DA SENTENÇA, o cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em julgado, que
imponham obrigação de fazer, de não fazer ou de entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à
autoridade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. Quando a obrigação for de pagar quantia certa
temos a adoção da sistemática de pagamento por intermédio de precatórios ou de requisições de pequeno valor
(RPV), a depender do valor da condenação:

ENTE FEDERATIVO PRECATÓRIO RPV


acima de 60 salários valor igual ou inferior a 60 salários
No âmbito da União
mínimos mínimos
No âmbito dos Estados e do Distrito acima de 40 salários valor igual ou inferior a 40 salários
Federal mínimos mínimos
acima de 30 salários valor igual ou inferior a 30 salários
No âmbito dos Municípios
mínimos mínimos

SAQUE

feito pelo procurador com procuração


feito pela pessoa titular do crédito específica da qual conste o valor e com
reconhecimento de firma.

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 CONCILIADORES DE JUÍZES LEIGOS

preferencialmente bacharel em
PARA CONCILIADOR
direito

PARA JUIZ LEIGO advogado com 2 anos de experiência

 UNIFORMIZAÇÃO - JULGAMENTO

pelas Turmas conflitantes


em reunião conjunta,
caso sejam do mesmo
Tribunal envolver conflito entre
JULGMENTO DO PEDIDO
Turmas de Estados
DE UNIFORMIZAÇÃO
distintos da Federação

pelo STJ, quando

a decisão conflitante
contrariar entendimento
sumulado do STJ

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