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FORMAÇÃO DE TUTORES DE FORMAÇÃO EM

CONTEXTO REAL DE TRABALHO

Métodos, Técnicas Pedagógicas e


Suportes Didácticos em Contexto Real
de Trabalho
Manual do Formando

D E L TA C O N S U L T O R E S E PERFIL EM PA R C E R I A
LISBOA, 2007
Módulo

A4
FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO
Formação de Tutores – Manual do Formando

Métodos, Técnicas Pedagógicas


e Suportes Didácticos

em Contexto Real de Trabalho


DELTACONSULTORES E PERFIL

Métodos, Técnicas Pedagógicas e


Suportes Didácticos em Contexto Real
de Trabalho
Ficha Técnica
Autor: Francisco Baptista

Título: Manual do Formando “Métodos, Técnicas Pedagógicas e


Suportes Didácticos em Contexto Real de Trabalho ”

Coordenação do Projecto: José Garcez de Lencastre

Edição: Julho 2007

Produção apoiada por:

UNIÃO EUROPEIA GOVERNO DA REPÚBLICA PROGRAMA OPERACIONAL DO


FUNDO SOCIAL PORTUGUESA EMPREGO, FORMAÇÃO E
EUROPEU DESENVOLVIMENTO SOCIAL
© 2007 DeltaConsultores e Perfil em parceria.

Desenvolvimento de Recursos Didácticos para a Formação de Tutores em Contexto de Trabalho

Projecto n.º 264-RD-2004 financiado pelo POEFDS.

© DeltaConsultores e Perfil
Lisboa,
Índice

Introdução aos Métodos, A estratégia dos modelos mentais


Técnicas Pedagógicas e Suportes 26
Solução de problemas e tomada de
Didácticos em Contexto Real de
decisão nas organizações 27
Trabalho 1 Problemas e decisões 28
Estrutura e Organização de Regras para um uso eficaz do modelo
Conteúdos do Manual (Resumo de solução de problemas 29
dos capítulos) 3 Estratégia da dinâmica de grupo 30
Capítulo 1 – Estratégias de formação Exemplos de grupos de trabalho nas
que suportam a aprendizagem 3 organizações 31
Capítulo 2 – Utilização de métodos e
técnicas de formação 3 Estratégia da realidade virtual 32
Capítulo 3 – Concepção de suportes Criação de realidade Virtual 33
didácticos para FCT 4 Dicas sobre a realidade virtual 34
Capítulo 4 – Exploração pedagógica de Estratégia holística 35
suportes didácticos em OJT 4 A aprendizagem baseada na experiência
Estratégias de formação que 36
O ciclo de aprendizagem experimental
suportam a aprendizagem 6 36
Objectivos, estratégias e métodos/ Breve resenha da estratégia holística 37
técnicas pedagógicos 7 Escolha e utilização de estratégias
Planeamento da aprendizagem 7 de formação 38
Objectivos, estratégias e métodos 9
Actividades de avaliação 42
Estratégia comportamentalista 11 Questões de avaliação 42
Desenvolvimento de competências 12 Exercício 1 42
Resumo da estratégia
comportamentalista 14 Utilização de métodos de
Estratégia cognitivista 15 formação 46
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O que é informação essencial 17 Condições da aprendizagem e o


Apresentação da informação 18
processo da formação 47
A atenção 18
Gagné (1965) – As Condições da
O processamento da informação 19
Aprendizagem 47
A memória 20
O processo de formação 48
Resumo da estratégia cognitiva 21
Estratégias ou métodos e técnicas? 49
A estratégia interrogativa 22 Descrição dos métodos de
A mente interrogativa 23
Tipos de pensamento 24
formação 50
Pensamento Crítico 24 Introdução aos métodos de formação50
Pensamento Criativo 25 Metodologia de abordagem 50
Pensamento Dialéctico 25
Resumo da estratégia interrogativa 25
Selecção de métodos de formação Modelos sistémicos de concepção
53 de materiais para FCT 76
Critérios de selecção de métodos 53 A abordagem sistémica no modelo ISD
Métodos de formação: vantagens e 77
desvantagens 54 O ciclo ADDIE, como modelo e
Métodos de formação: propósito e processo no desenvolvimento de
quando usar 57 conteúdos 77
Correspondência entre métodos de Modelo de desenvolvimento da
formação e resultados desejados 58 formação em contexto de trabalho 78
O modelo DAPPER 78
Como assegurar intervenções
apropriadas no desempenho em Fase de identificação de
FCT 60 necessidades para FCT 79
Análise de ajudas e alternativas para O que é a formação FCT estruturada ou
FCT 60 planeada? 79
Critérios para determinar se uma ajuda Questões que determinam necessidades
de trabalho ou alternativa para FCT é de FCT 80
necessária 61
Conveniência/ vantagem 61
Fase de análise do formando, das
Considerações de custo 61 tarefas e do ambiente de trabalho
Considerações de tempo 61 81
Sensibilidades dos formandos e Análise do formando 82
formadores 62 Análise de tarefas 83
Análise do ambiente de trabalho 84
Aspectos relevantes dos métodos
de formação em FCT 62 Definição dos objectivos de
Método expositivo 62 desempenho 84
Técnicas de envolvimento do formando Componentes dos objectivos 84
em torno do método expositivo 63 Verbos de verificação dos objectivos 85
Formação em pequenos grupos 63 Verificação de actividades 86
Método demonstrativo 64 Visão geral da taxonomia de Bloom 86
Etapas da demonstração 64 Aprendizagem cognitiva 87
Visita de estudo 65 Aprendizagem afectiva 88
Como organizar uma visita de estudo Aprendizagem psicomotora 88
eficaz 65 Fase de Preparação da Formação
Modelo de comportamento 65
88
Como aplicar o modelo 66
Etapas de preparação da FCT 89
Estudo de caso 66
Etapa 1 – Revisão das análises de
Grupos de trabalho (Buzzgroups) 67
resultados do trabalho, trabalhador e
Como aplicar o método dos grupos de
local de trabalho 89
trabalho em FCT 68
Etapa 2 – Preparação dos objectivos de
Incidentes críticos 68
desempenho 89
Como identificar incidentes críticos 68
Etapa 3 – Estabelecer os meios para
Brainstorming (discussão para geração de
avaliar a mestria do formando 90
ideias) 69
Etapa 4 – Sequência das funções de
Como aplicar brainstorming em FCT 69
FCT 91
Dramatização de casos (Role Play) 69
Etapa 5 – Preparação e calendarização
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Tipos de role plays para FCT 69


do plano de trabalho 92
Como utilizar o role play em FCT 70
Etapa 6 – Revisão do plano de trabalho
Actividades de avaliação 70 com os formandos 92
Questões de avaliação 70 Desenho de materiais específicos
Exercício 2 71
para FCT 92
Concepção de suportes Plano geral de tópicos 93
didácticos para FCT 74 Listas de verificação (Checklists) 94
Planos de inquérito para planificação da
Suportes didácticos, métodos e aprendizagem em formação (ILP) 95
suportes físicos 74 Contratos de aprendizagem 98
Métodos pedagógicos e suportes 75 Guião de entrevista do formando 100
Método e suporte físico 76 Roteiros de leitura 101
Análise de documentos e de casos 104
Fase de apresentação da formação Formação just-in-time em contexto real
105 de trabalho 129
Características preferenciais de Objectivos, os media e as estratégias 130
formadores e formandos 105 Selecção de meios de formação (media)
Etapas do processo de apresentação da 133
FCT 107 Ambiente simétrico versus assimétrico
Como conduzir a sessão de solução de de aprendizagem 133
problemas 110 Integração de media de aprendizagem a
distância em FCT 134
Fase de avaliação dos resultados Elasticidade do blended learning 134
111 Selecção de media em contexto de
A FCT e os níveis de avaliação de aprendizagem a distância (e-Learning)
Kirkpatrick 111 136
Nível 1 – Avaliação das reacções 112 Conclusão sobre a selecção dos meios
Nível 2 – Avaliação da aprendizagem de formação 137
113
Nível 3 – Avaliação da mudança de Utilização de recursos de suporte à
comportamento 115 FCT 138
Nível 4 – Avaliação dos resultados da Ajudas ao trabalho 138
organização 117 Tabelas de decisão 140
Guias de procedimentos 141
Actividades de avaliação 121 Manuais de procedimentos 141
Questões de avaliação 121 Sistemas inteligentes 142
Exercício 3 122 Sistema electrónico de apoio do
desempenho (EPSS) 143
Exploração pedagógica de Realidade virtual 144
suportes didácticos em FCT 124
Actividades de avaliação 145
O cenário de formação (contexto) Questões de avaliação 145
e os media 124 Exercício 4 146
Os media de formação 125
Categorias de media de formação e a Bibliografia 149
FCT 126 Informações 152
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Índice de tabelas

Tabela 1.1 – Sumário da Tabela 3.1 – Tópicos a incluir no


estratégia comportamentalista 11 relatório sumário de análise do
formando 82
Tabela 1.2 – Sumário da
estratégia cognitivista 16 Tabela 3-2 – Exemplos de acções
expressas por verbos verificáveis
Tabela 1.3 – Sumário da
e não verificáveis 85
estratégia interrogativa 22
Tabela 3.3 – Verificação de
Tabela 1.4 – Sumário da
actividades 86
estratégia dos modelos mentais 26
Tabela 3.4 – Lista de verificação
Tabela 1.5 – Sumário da
das funções essenciais de um
estratégia da dinâmica de grupo
cargo 94
30
Tabela 3.5 – Lista de verificação
Tabela 1.6 – Sumário da
(Checklist) de tarefas de
estratégia da realidade virtual 32
formação 95
Tabela 1.7 – Sumário da
Tabela 3.6 – Plano de Inquérito
estratégia holística 35
para planificação da
Tabela 1.8 – Comparação de aprendizagem em formação
estratégias 39 (ILP) 97
Tabela 2.1 – Descrição de Tabela 3.7 – Contrato de
métodos de formação 51
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aprendizagem 99
Tabela 2.2 – Métodos de Tabela 3.8 – Guião de entrevista
formação: vantagens e 101
desvantagens 55
Tabela 3.9 – Roteiro de leitura 103
Tabela 2.3 – Métodos de
Tabela 3.10 – Exemplo de lista de
formação – propósito e quando
verificação comportamental 115
usar 57
Tabela 3.11 – Modelo de relatório
Tabela 2.4 – Conjugação de
de apreciação do progresso da
métodos de formação e
formação 116
resultados desejados 59
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Tabela 3.12 – Exemplo de Tabela 4.1 – Mapa de selecção da


formulário de análise da função estratégia de formação 132
118 Tabela 4.2 – Exemplo de lista de
Tabela 3.13 – Critérios para verificação de uma tarefa 139
análise de dificuldade e Tabela 4.3 – Exemplo de tabela
importância das tarefas 119 de decisão 140
Tabela 3.14 – Exemplo de Tabela 4.4 – Exemplo de
formulário de cálculo do valor do apresentação de manual de
desempenho 119 procedimentos 142
Tabela 3.15 – Critério de
desempenho na função 120
Tabela 3.16 – Exemplo de ganho
da performance da formação 120
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Índice de figuras
Figura 1.1 – Objectivos, estratégias e métodos 10
Figura 1.2 – O ciclo de aprendizagem experimental de Kolb 36
Figura 2.1 – Modelo de ensino 48
Figura 3.1 – Modelo ISD – ADDIE 77
Figura 3.2 – Modelo de desenvolvimento DAPPER para FCT 78
Figura 3.3 – Curva de aprendizagem e progresso do formando 90
Figura 3.4 – Ferramentas, métodos e ajudas utilizados na condução
de FCT 93
Figura 3.5 – Os pontos-chave da função (Questões 7 – H) 108
Figura 4.1 – O médium é a mensagem 125
Figura 4.2 – Solução de blended learning 134
Figura 4.3 – Elasticidade do blended learning 135
Figura 4.4 – Simetria da interactividade e das estratégias pedagógicas
136
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E S U P O R T E S D I D Á C T I C O S Capítulo
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Introdução aos
Métodos, Técnicas
Pedagógicas e
Suportes Didácticos
em Contexto Real de
Trabalho
O presente módulo pretende ser um contributo para
habilitar os tutores – responsáveis pelo enquadramento,
pela formação, pelo treino, pela integração e pelo
aperfeiçoamento de trabalhadores em início ou mudança
de funções – com novas competências pedagógicas que os
habilitem:

1) A caracterizar e aplicar adequadamente os métodos e


as técnicas pedagógicas em contexto real de trabalho;

2) A conceber, preparar e explorar pedagogicamente os


suportes didácticos mais adequados à formação em contexto
real de trabalho
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Trata-se de alargar o âmbito da acção do formador/ tutor


presencial, ou de sala de aula, ao contexto real de
trabalho, de modo a planificar e a estruturar uma prática
corrente nas instituições, que é muitas vezes conduzida de
forma informal.

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N a sociedade actual, baseada no conhecimento, onde o capital intelectual


é um dos valores activos mais competitivos da organização, a
aprendizagem tem um papel de extrema relevância. Segundo Davis e
Davis (Effective Training Strategies, 1998), as estratégias pedagógicas oferecem uma
abordagem compreensiva para a criação de uma filosofia de aprendizagem,
focada na melhor forma de planeamento de programas e no desenvolvimento de
sistemas apropriados de avaliação da formação.

Autores, como Don Clarck, insistem em que o desenvolvimento e a


implementação de material OJT (On-the-Job Training) necessitam do mesmo
cuidado e atenção que qualquer outro curso de formação online.

Outros autores, como Rothwell e Kazanas 2004, para passar da habitual


formação informal (de estagiários ou de novos empregados em novos cargos),
para uma formação prática estruturada, sugerem como estabelecer e operar um
programa integrado de FCT, no designado Modelo DAPPER - acrónimo de –
Discovery, Analysis, Preparation, Presentation, Evaluation e Review.

Os autores referidos sustentam, em sentido lato, que as metodologias


convencionais utilizadas em sala, assim como as metodologias mistas ou híbridas
(blended learning) são susceptíveis de serem aplicadas em OJT. Nesta lógica
importa discutir, como se verá adiante, quando vale a pena investir em planos
individuais de formação, isto é, na designada “one-on-one training” ou em materiais
apropriados para OJT de grupos de formandos.

O formador/ tutor pode planificar e estruturar uma prática, corrente nas


instituições, que consiste em desenvolver e preparar formação em contexto real
de trabalho, de modo a concretizar os objectivos gerais acima enunciados. Antes
de apresentar um sumário da organização da estrutura do manual é pertinente
clarificar o significado das siglas OJT e FCT.

A sigla FCT designa a Formação em Contexto real de


Trabalho.

O conceito de OJT (on-the-job training) expressa uma realidade formativa


circunscrita às funções de um determinado cargo numa situação real de trabalho.
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O conceito de FCT (Formação em contexto de Trabalho) no referencial do


IEFP é mais abrangente no respeitante às competências do tutor/ formador.
Segundo a CIME – Comissão Interministerial para o Emprego (2001), FCT é a
“Formação desenvolvida no local de trabalho, em que a aprendizagem se
processa mediante a execução de tarefas inerentes a uma determinada função.”

Embora a FCT se desenvolva sempre em local de trabalho, no entanto, na


terminologia corrente, a FCT figura também como: uma componente de um
curso que pode assumir a forma de estágio; uma formação complementar que
permite consolidar as aprendizagens adquiridas; ou um conjunto de actividades
profissionais desenvolvidas sob coordenação de um supervisor.

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Por razões de simplificação e na convicção de que o conceito de OJT não é


desvirtuado na sua essência, o termo FCT foi utilizado neste módulo como a
modalidade de formação correspondente a OJT na literatura anglo-americana.

Estrutura e Organização de Conteúdos


do Manual (Resumo dos capítulos)
Os conteúdos do presente módulo que se afiguram necessários para atingir os
objectivos do referencial do IEFP, acima enunciados, estão organizados em
quatro capítulos, que se passam a apresentar de modo sumário.

Capítulo 1 – Estratégias de formação que suportam a aprendizagem


O propósito do capítulo é descrever sumariamente as estratégias pedagógicas,
enquanto esforços organizados em actividades, métodos e técnicas para atingir
os objectivos de formação.

As estratégicas básicas a abordar são as que entroncam nas teorias correntes da


aprendizagem, designadamente: a comportamentalista, a cognitivista, a
interrogativa, a realidade virtual, os modelos mentais, a dinâmica de grupo e a
holística.

Face à extensão da temática, descreve-se apenas um curto resumo das principais


estratégias, com enfoque nos seguintes aspectos: melhor prática; teoria da
aprendizagem de suporte; caminhos históricos; aplicações; papel dos
participantes; natureza da motivação; perfil dos participantes; papel do
facilitador; pontos fortes; pontos fracos.

Finalmente, descreve-se o processo de escolha e utilização de estratégias através


de critérios comparação. A comparação das estratégias, numa determinada
circunstância, é efectuada à luz dos seguintes critérios: melhor uso; teoria de
suporte; papel dos participantes; e aplicação facilitadora da estratégia.

Capítulo 2 – Utilização de métodos e técnicas de formação


O objectivo central do capítulo 2 é estabelecer um percurso metodológico, que
assegure uma combinação apropriada de intervenções no desempenho do
formando em situação de FCT. Este desiderato será atingido ao longo dos
seguintes passos:
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1. Descrição dos principais métodos e técnicas pedagógicas que se


revelam eficazes em formação participativa e que serão discutidos,
consoante o seu interesse para a aprendizagem activa em contexto
de trabalho;

2. Descrição das vantagens e desvantagens dos métodos a fim de


determinar quais utilizar consoante os objectivos de formação;

3. Definição do propósito e de quando usar um determinado método;

4. Avaliação dos resultados desejados face aos métodos sugeridos;

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5. Definição das condições necessárias para assegurar intervenções


apropriadas em FCT, considerando:

• Os critérios para determinar se uma ajuda de trabalho ou alternativa


à FCT é necessária;

• Os aspectos relevantes dos métodos de formação a destacar em


FCT, ou a modificar, relativamente à formação em sala, analisando
os seguintes métodos: expositivo; formação em pequenos grupos;
demonstração; visita de estudo; modelo de comportamento; estudo
de caso; grupos de trabalho (Buzzgroups); incidentes críticos;
brainstorming; e role play.

Capítulo 3 – Concepção de suportes didácticos para FCT


O capítulo 3 centra-se na concepção e na preparação de suportes didácticos mais
adequados à formação em contexto real de trabalho.

Começa por precisar os conceitos de recursos didácticos, métodos e suportes


físicos. Aborda o modelo ISD e a sua aplicação à produção de materiais. Essa
aplicação desenvolve-se ao longo das fases – Análise, Desenho,
Desenvolvimento, Implementação e Avaliação – pelo que o modelo é conhecido
pelo acrónimo ADDIE. Este ciclo funciona simultaneamente, como processo e
modelo no desenvolvimento de materiais.

Depois de estabelecida a integração no ADDIE, do modelo específico para


FCT, descrevem-se as seis etapas do processo de desenvolvimento de FCT (no
designado modelo DAPPER), como se indica:

1. Identificar as necessidades para FCT (Discover);

2. Analisar o formando, as tarefas e o ambiente de trabalho (Analyze);

3. Preparar a formação para FCT (Prepare);

4. Apresentar a formação para FCT (Present);

5. Avaliar os resultados da formação em FCT (Evaluate);

6. Analisar ajudas e alternativas para FCT (Review).


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O modelo tanto pode ser usado para formação individual, como para programas
de FCT para grupos alargados.

Capítulo 4 – Exploração pedagógica de suportes didácticos em OJT


No seguimento dos critérios utilizados para determinar se um recurso, ajuda ou
mesmo uma alternativa para FCT é necessária (Ver Capitulo 2 - Como assegurar
intervenções apropriadas no desempenho em FCT), o propósito do capítulo é fazer a
exploração pedagógica dos suportes didácticos apropriados para FCT.

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Para se atingir este desiderato, foi estabelecido um percurso metodológico, em


que se faz a abordagem sequencial dos seguintes temas:

ƒ Caracterização de cenários de formação;

ƒ Identificação das principais categorias de meios de distribuição de


formação, que são aplicáveis a um determinado cenário de formação;

ƒ Estabelecimento da relação entre os objectivos, os meios de distribuição


e a estratégia pedagógica na adequada exploração de um recurso
didáctico;

ƒ Identificação de critérios apropriados de selecção dos suportes de


formação num determinado contexto de formação;

ƒ Determinação de quando é oportuno construir ajudas de formação em


função do modelo DAPPER já identificado;

ƒ Definição das características dos suportes didácticos utilizados em FCT;

ƒ Discussão sumária sobre a utilização apropriada dos principais suportes


didácticos utilizados em FCT.
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Estratégias de formação que


suportam a aprendizagem

O presente capítulo visa o enquadramento conceptual das principais


estratégias, baseadas nas teorias da aprendizagem, designadamente:

ƒ A descrição sumária, das seguintes estratégias:

1. Comportamentalista;

2. Cognitivista;

3. Interrogativa;

4. Dos modelos mentais;

5. Da dinâmica de grupo;

6. Da realidade virtual;

7. Holística.

ƒ Escolha, utilização e comparação de estratégias de formação.


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Objectivos, estratégias e métodos/


técnicas pedagógicos
Objectivos e planeamento da aprendizagem

As organizações têm metas ou objectivos estratégicos e operacionais decorrentes


da sua actividade económica, que são a sua razão de ser. Toda a actividade
humana das organizações é desenvolvida em função desses objectivos, incluindo
a própria actividade de formação.

Os dispositivos estruturais da aprendizagem nas organizações são importantes e


requerem atenção e reexame permanentes, sendo necessário reconhecer:

ƒ As características da organização de acordo com a sua missão, tipo,


dimensão, estrutura e cultura;

ƒ Como estas características influenciam as escolhas dos dispositivos/


sistemas de formação;

ƒ Como é que diferentes tipos de organizações requerem apropriados


dispositivos de formação aprendizagem. O sistema de formação tem que
respeitar a especificidade, por exemplo, da empresa de tecnologias
avançada, de marketing ou de carpintaria;

ƒ As razões que levam uma organização a adoptar uma filosofia de


aprendizagem, que ajude a focar e a estabelecer prioridades nos seus
esforços para maximizar a aprendizagem;

ƒ Como é que os objectivos operacionais e a natureza da actividade


condicionam o dispositivo de formação e influenciam a escolha da
estratégia de formação.

Como ilustração deste último tópico, consideremos o exemplo de um


dispositivo de formação, que habilita à condução automóvel ou à pilotagem de
aeronaves: necessariamente terá de recorrer a um sistema de formação
apropriado para estratégias centradas no uso de simuladores.

Planeamento da aprendizagem
As organizações têm objectivos decorrentes das metas económicas, comerciais e
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dos projectos técnicos e organizacionais no seu ambiente interno, em


conjugação com os decorrentes das mudanças em termos de competitividade no
seu ambiente externo. Neste contexto, os objectivos gerais da organização dão
lugar a objectivos de aprendizagem, que visam melhorar o desempenho existente
e o desenvolvimento de novas capacidades e competências.

A maximização da aprendizagem, que requer planeamento e facilitação, será


obtida através de estratégias pedagógicas apropriadas.

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A experiência acumulada dos formadores e a necessidade de


planeamento

O planeamento envolve todas as funções do processo de desenvolvimento da


formação. Sem planeamento, dificilmente a formação resulta em aprendizagem.
Em toda a parte, as organizações de sucesso e designadamente em contexto de
trabalho, há pessoas responsáveis pela maximização da aprendizagem, sejam elas
gestores, supervisores, ou pessoas designadas para conduzir formalmente o
treino.

É um ponto assente que, em todas as organizações, alguém deve assegurar as


tarefas de formação e começar por desenvolver planos que fornecem
experiências, que ajudam as pessoas a aprender.

A experiência acumulada de formadores conduziu à formulação de modelos


racionais para o planeamento e a implementação da formação.

Ao longo do tempo, têm surgido modelos cada vez mais elaborados para a
Planificação da Formação, como o das cinco etapas, de Jerald Apps (in Davis &
Davis, 1998, p.84):

1. Avaliação de necessidades de formação;

2. Definição de objectivos com base nas necessidades;

3. Identificação de experiências de aprendizagem para ir ao encontro


dos objectivos;

4. Organização das experiências de aprendizagem;

5. Avaliação do programa em termos dos seus objectivos.

A perspectiva da abordagem sistémica impôs-se no designado ciclo ADDIE


(acrónimo de Analysis, Design, Developement, Implementation e Evaluation) que será
tratado posteriormente neste manual, numa especificação própria para o
desenvolvimento da FCT, no designado modelo DAPPER (acrónimo de -
Discovery, Analysis, Preparation, Presentation, Evaluation e Review).

Exemplos de utilização de estratégias de formação

O que é uma estratégia de formação? As estratégias são parte de uma tríade de


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abordagens para completar o processo educacional: objectivos (metas), estratégias e


Métodos. As estratégias são utilizadas para levar a cabo planos. As estratégias são
baseadas em teorias acerca de como as pessoas aprendem.

Exemplos de uma estratégia de formação:

ƒ Permitir a transferência de competências de desempenho /realização


através da descrição de procedimentos, tarefas, eventos, processos, etc.
O formador ensina demonstrando como se faz: contextualiza, divide em
partes e pratica a execução;

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ƒ Os formadores organizam os formandos em pequenos grupos,


atribuem-lhes tarefas, convidam-nos a interagirem e, então, planificam as
sessões a partir das suas experiências de grupo;

ƒ Os formadores organizam os formandos numa situação que estimula o


desempenho da vida real e convidam-nos a representar os seus papéis.

Cada estratégia tem diferentes raízes históricas, é baseada em diferentes teorias e


corpos de pesquisa, requer diferentes papéis para o facilitador e produz
impressionantes e diferentes resultados.

Objectivos, estratégias e métodos


Um dos aspectos importantes deste capítulo prende-se com o planeamento,
enquanto processo de aprontar a aprendizagem. A planificação é muito mais que
clarificar objectivos. O processo de planeamento é concretizado, essencialmente,
sobre o estabelecimento e a negociação de objectivos mais específicos.

Os objectivos são parte de uma tríade de abordagens para conseguir resultados:


objectivos, estratégias e métodos.

O termo estratégia, em tempos recuados, foi utilizado na arte da guerra e


envolvia uma cuidadosa análise de opções, com o reconhecimento de que
“nenhum simples princípio pode jamais ser dominante ou aplicável a toda e qualquer situação”.

Nos tempos modernos, a utilização do conceito de estratégia associado à arte da


guerra, distingue-se do conceito de táctica. Segundo Clawsewitz (in Davis e
Davis, 1998) “Táctica1 é a arte de utilizar tropas numa batalha” e “Estratégia é arte de
utilizar batalhas para ganhar a guerra”. Para maximizar a aprendizagem, as estratégias
de formação são necessárias para alcançar os objectivos desejados recorrendo a
tácticas apropriadas. (Ver nota em rodapé)

A Figura 1.1 – Objectivos, estratégias e métodos mostra a relação entre os elementos


desta tríade. Muita da formação opera ao nível das tácticas (métodos de
formação), do uso de actividades, materiais, e media para atingir resultados de
curto prazo. As estratégias requerem mais tempo do que as tácticas. Os métodos
sem estratégia dificilmente atingem os objectivos.

Para a formação ser eficaz, os objectivos devem ser bem estabelecidos e a


estratégia para alcançar os objectivos precisa de ser bem seleccionada. Os
métodos (tácticas) vêm mais tarde. A congruência entre os três elementos é
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fundamental para o sucesso da formação.

1 - Neste manual o termo táctica no sentido em que (Daviis e Davis, 1998) o utilizam é substituído

pelo termo método.

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Figura 1.1 – Objectivos, estratégias e métodos

As Estratégias pedagógicas são modos de organização de actividades segundo


um planeamento cuidado, para atingir objectivos baseados nas teorias de
aprendizagem geralmente aceites.

A cada estratégia será dado enfoque em: melhor prática; teoria da aprendizagem
de suporte; caminhos históricos; aplicações; papel dos participantes; natureza da
motivação; perfil dos participantes; papel do facilitador; pontos fortes; pontos
fracos.

Para uma melhor compreensão dos conceitos que a Figura 1.1 relaciona
passamos a uma breve descrição do seu significado

Os métodos em sentido abrangente, que (Davis e Davis) designou por tácticas,


representam caminhos a percorrer que implicam a organização de
conhecimentos, actividades, ajudas de desempenho no trabalho, materiais e
outros recursos disponíveis ao serviço de uma determinada estratégia.

As actividades são modos de agir e tarefas necessárias ao desenvolvimento da


formação, que requerem casos, instrumentos e cenários apropriados.
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Os materiais são manuais, folhetos, guias, posters, etc.

Os sistemas e suportes de formação respeitam a suportes electrónicos,


audioconferência, videoconferência, WBT, CBT.

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Estratégia comportamentalista

Tabela 1.1 – Sumário da estratégia comportamentalista

Descrição das estratégias comportamentalistas de


Características
formação
Melhor Prática Desenvolvimento inicial ou avançado de
competências, quando as competências cognitivas ou
motoras necessitam de ser aprendidas o mais eficaz e
cuidadosamente possível
Teoria da Teoria da aprendizagem comportamentalista –
Aprendizagem aprendizagem parte do nível de desempenho actual,
através de progressivas aproximações em direcção ao
objectivo
Caminhos Pesquisas de Watson, Thorndike e Skinner no
Históricos condicionamento operante, durante a primeira metade
do século XX.
Aplicações Desenvolvimento das competências e capacidades
profissionais essenciais no local de trabalho.
Papel dos Envolve os participantes aos níveis cognitivo e
participantes psicomotor, numa exploração activa (mas limitada, às
condições decididas pelo formador) e prática por
aproximações, enquanto se ajustam ao feedback a
partir das consequências.
Natureza da Estimula a motivação extrínseca através das
motivação consequências: reforço, feedback, conhecimento dos
resultados e sucesso na tarefa.
Perfil dos Mais indicada para os participantes que tenham falta
Participantes de motivação intrínseca, que necessitem de sucesso
imediato e que gostem duma progressão prudente por
etapas com ajuda direccionada para um objectivo
concreto.
Papel do Facilitador Estabelecer objectivos comportamentais claros e
mensuráveis, analisar a tarefa, sequência de
experiências de aprendizagem, fornecer feedback
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apropriado e no tempo requerido, e usar tecnologias


apropriadas.
Pontos Fortes Fornece objectivos claros e específicos, elevados níveis
de controlo do processo, procedimentos eficientes e
resultados observáveis. Permite que as tarefas
complexas sejam simplificadas e ensinadas para serem
disseminadas através da tecnologia. Torna possível a
individualização da aprendizagem, pela qual os
participantes podem prosseguir de acordo com seu
próprio passo (ritmo de progressão).

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Descrição das estratégias comportamentalistas de


Características
formação
Pontos Fracos Falta de ênfase no pensamento e noutros processos
cognitivos. Não toma em consideração os sentimentos
e as necessidades sociais do formando. Permite que o
reforço se torne uma preocupação e que a estrutura se
torne rígida e limitada.

Desenvolvimento de competências
Quase todas as organizações argumentam: o que precisamos é de trabalhadores
proficientes. Formadores, tal como supervisores hierárquicos, são muitas vezes
chamados a ensinar perícias/ habilidades. Algumas destas competências
envolvem movimentos físicos e são designadas habilidades psicomotoras. Outras
habilidades envolvem a capacidade de realizar rotinas de cálculo ou a seguir
procedimentos. São as designadas habilidades cognitivas, porque requerem esforço
mental. Em muitas situações de trabalho existe combinação de habilidades
psicomotoras e cognitivas, que podem ser simples ou complexas.

Uma habilidade envolve um conjunto padronizado de operações requerendo


rotina – embora não necessariamente fácil – actividade física ou mental ou
ambas.

Exemplos de casos de estratégias comportamentalistas

Consideremos os seguintes exemplos:

ƒ Quando a FIAT abriu uma nova fábrica de produção de carros no


Brasil, os trabalhadores contratados tinham insuficiência/falta de
competências mecânicas básicas e não tinham nenhuma experiência de
trabalho com automóveis. Estes trabalhadores em pouco tempo foram
treinados para trabalhar em linhas de produção de alta velocidade;

ƒ A Telebrás, uma companhia holding de 27 companhias de telefone


estaduais no Brasil, forma trabalhadores através do país em
competências básicas de telecomunicações;

ƒ Muitas das pessoas que trabalham nos aviões da Boeing, incluindo aquelas
que montam as portas, precisam de ser certificadas para mostrar que têm
competência para a função.
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Todos estes exemplos se aproximam do que conhecemos acerca da


aprendizagem através de estratégias comportamentais. Embora muitas pessoas
que conduzem o treino nas organizações estejam familiarizadas com esta
estratégia, é importante compreender a teoria da aprendizagem que a suporta e a
estratégia para um uso mais eficaz.

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Componentes dos objectivos comportamentais

Os objectivos comportamentais devem conter:

ƒ Um comportamento terminal (o que o formando vai ser capaz de


fazer quando o objectivo for alcançado);

ƒ As condições através das quais se espera que o comportamento ocorra;

ƒ Os critérios que estabelecem padrões que descrevem o nível de


desempenho esperado para realizar cada objectivo, podendo ser
medidos por testes escritos.

O uso da estratégia comportamentalista, através dos objectivos bem


definidos faculta:

1. A ajuda aos formadores a planear e avaliar a aprendizagem;

2. O conhecimento do nível de desempenho actual, posicionando o


nível onde o formando inicialmente se encontra;

3. A ajuda ao formador para prevenir a repetição de matérias já


aprendidas e evitar começar num nível demasiado elevado. O
conhecimento do nível de desempenho actual dos formandos pode
poupar tempo, dinheiro e evitar a frustração de expectativas.

Análise de tarefas

Para dividir a aprendizagem nas suas fases, para que se possam identificar os
passos necessários e a sua estruturação sequencial, recorre-se à análise de tarefas
que envolve:

1. A definição da competência num objectivo comportamental;

2. A listagem de todas as partes componentes do objectivo – tarefa e


sub-tarefas;

3. A ordenação das tarefas numa ordem sequencial e a identificação


dos pré-requisitos;

A necessidade de testar a rotina para a sua apresentação correcta e


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4.
para evitar omissões.

Na estratégia comportamental é muito importante o uso da informação de retorno


(feedback). Para iniciar, incentivar e manter o comportamento desejável
apresentam-se os seguintes procedimentos:

ƒ O reforço positivo que é usado como uma recompensa para as tarefas


serem aprendidas;

ƒ O reforço negativo que permite estabelecer as consequências adversas


que o indivíduo tem de evitar;

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ƒ Métodos para desacelerar e parar o comportamento indesejável:

1. Extinção – Parar todos os reforços.

2. Punição – Fazer algo desagradável.

Resumo da estratégia comportamentalista


Alguns tipos de trabalho requerem altos níveis de competências. As
competências podem envolver movimento (psicomotoras) ou operações
mentais de rotina (cognitivas) ou a combinação de ambas. As competências
podem ainda ser simples ou altamente complexas. As tarefas de aprendizagem
comportamentalista são propícias ao desenvolvimento de competências no
posto de trabalho.

O desenvolvimento de competências pode ser feito mais eficazmente pela


aproximação que é conhecida da teoria da aprendizagem comportamental. Os
facilitadores/ tutores fazem o seguinte:

ƒ Enunciam objectivos e definem-nos claramente como comportamentos


observáveis;

ƒ Estabelecem o nível de desempenho do presente e identificam pré-


requisitos de competências;

ƒ Partem as actividades de aprendizagem complexas nas suas partes


componentes através da análise de tarefas;

ƒ Expressam através de etapas, aproximações sucessivas dos objectivos;

ƒ Utilizam várias formas de reforço bem regulado no tempo, como


feedback;

ƒ Modelam e permitem tempo suficiente e oportunidades para praticar;

ƒ Empregam tecnologias apropriadas.

A estratégia comportamentalista é também utilizada de muitas sofisticadas


maneiras com manuais de formação detalhados, no desenho e na planificação da
formação e em formação assistida por computador.
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Estratégia cognitivista
A primeira vez que ouvi o termo “Idade da Informação”
fiquei atormentado. Eu tinha ouvido falar da Idade do
Ferro e da Idade do Bronze, períodos da história,
apelidados pelos novos materiais, que os homens
utilizaram para fazer as suas ferramentas e armas.
Estas foram épocas específicas. Então estudei os
académicos profetizando que a luta das nações seria pelo
controlo da informação e não pelos recursos naturais...
Isto parece disparatado, porque a informação não é
tangível e mensurável, como os materiais que as idades
prévias definiram, mas a informação tornou-se
crescentemente importante para nós. A revolução da
informação está precisamente a começar. (Bill Gates, The
Road Ahead, cit. Davis e Davis)

Quando as pessoas numa organização identificam e seleccionam informação que


consideram essencial para alguma função a ser realizada, então devem tomar
decisões sobre a forma de apresentar essa informação. Existe um vasto leque de
tecnologias disponíveis para facilitar a apresentação – vídeos, diapositivos, filmes
etc. Antes da selecção de qualquer destes suportes, há três importantes questões
a responder: Porque querem as pessoas dar importância à informação? Como a
vão processar? O que devem memorizar?

Quando a aprendizagem é relevante, acreditamos que o factor mais importante


numa apresentação eficaz está na utilização correcta da estratégia cognitivista
no desenho do processo de comunicação.
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Tabela 1.2 – Sumário da estratégia cognitivista

Descrição das estratégias cognitivistas de


Características
formação
Melhor Prática Activam os conhecimentos prévios dos formandos/alunos.
Comunicam a informação importante e explicam como as
coisas funcionam ou podem acontecer.
Teoria da Teoria Cognitivista da Aprendizagem – a aprendizagem
Aprendizagem envolve tratamento, processamento e memorização da
informação. Aprofunda o processo de construção de
conhecimentos e conceitos.
Caminhos Pesquisa por investigadores da aprendizagem, linguistas e
Históricos da análise de sistemas que deram origem ao campo da
designada psicologia cognitiva.
Aplicações Transmitir informação, estimular o interesse pelas ideias,
introduzindo novas terminologias e explicando os conceitos
usados na organização

Papel dos Envolve os participantes visual e auditivamente com um


participantes esforço cognitivo elevado e individual para prestar atenção,
processar e memorizar informação. Favorece ao aprendente
uma atitude de experimentação e de pesquisa activa.
Natureza da Deriva da necessidade interna de descobrir modelos e dar
motivação sentido aos estímulos visuais e verbais, para que possam ser
compreendidos e memorizados.
Perfil dos Melhor para participantes que estejam motivados
Participantes intrinsecamente e competentes na escuta, observação, e que
saibam lidar com abstracções, comunicadas em palavras e
em símbolos visuais. Contudo o formador pode e deve
ajustar o tipo de exigência cognitiva a cada formando.
Papel do Facilitador Selecciona, ordena e apresenta informação com o suporte
visual apropriado, para assegurar que a essência do assunto
possa ser objecto de atenção, dominada e memorizada.
Pontos Fortes Fornece uma disposição eficaz da apresentação de toda a
informação. Realça a actividade cognitiva na aprendizagem
e nos conhecimentos no processo de desenvolvimento dos
diferentes indivíduos. É útil para comunicar informação para
grandes grupos. Permite resultados que sejam testados
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imediatamente.
Pontos Fracos Dá pouco ênfase ao pensamento e à solução de problemas.
Não dá suficiente atenção aos sentimentos, e às
necessidades sociais dos formandos. Tende a ignorar o nível
de desempenho presente e dá pouca importância à avaliação
dos resultados. Separa a aprendizagem da experiência do
mundo real.

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O que é informação essencial


Na Idade da Informação, ter informação correcta, compreendê-la e ser capaz de
a memorizar é de primordial importância. Em sentido estrito, há aspectos de
muitas ocupações pessoais que são exercidas onde precisam de conhecer alguma
coisa. Nalguns casos a informação é básica e não é complicada, mas em muitos
casos, a formação essencial na organização é complexa, envolvendo linguagem
técnica, conceitos e relações complexas de ideias.

O problema começa com a selecção. Bill Gates, chairman da Microsoft, descreve


o “mercado global da informação”, no qual o seu local de trabalho e as suas
ideias do que significa ser “educado/ formado” será transformado, para além do
reconhecimento. Ele prevê que “a informação de grande importância
transformará a nossa cultura tão dramaticamente como a imprensa de
Gutenberg na Idade Média.” O acesso fácil à informação desencadeia um difícil
problema de selecção: O que precisam as pessoas de saber realmente? (Gates, B.,
The Road Ahead, 1995, in Davis e Davis, 1998).

Exemplos:

Consideram-se como funções da informação essencial os seguintes cenários


organizacionais:

ƒ No museu de História Natural de Denver, voluntários aprendem acerca


de uma apresentação especial, para que possam explicar a informação
importante aos visitantes e responder às suas questões;

ƒ Na empresa Safeway, os empregados de checkout são treinados para


reconhecer e memorizar mais do que uma centena de itens de produtos,
saber o número de código de cada um deles e saber se são vendidos por
item ou a peso;

ƒ Na empresa INLAN, em Ponte de Sôr, Portugal, os trabalhadores são


ensinados a explicar por que a qualidade precisa de melhorar e os preços
precisam de baixar todos os anos e o que significa ser competitivo no
mercado mundial;

ƒ Ao pessoal da US Air Force, e a muitas outras agências governamentais, é


dada informação básica sobre gestão de projecto, incluindo
fundamentos de planeamento, orçamentação, aquisições, controle e
logística.
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Em todos estes exemplos, a informação essencial é importante


para compreender processos, produtos ou serviços.

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Apresentação da informação
O fácil acesso à informação cria dificuldades na sua selecção: o que é necessário
saber, na realidade?

As apresentações ou explicações podem ser eficazmente desenhadas, aplicando


o conhecimento através de teorias de aprendizagem cognitiva, em três áreas
fundamentais:

ƒ A atenção;

ƒ O processamento de informação;

ƒ A memória.

A atenção
A nossa capacidade de atenção é limitada. Só quando há necessidade de atender
a determinado estímulo, é que temos uma capacidade incrível de focar aquilo que
queremos e precisamos de ver ou ouvir.

Regras para os mecanismos da atenção:

Regra 1 – Custe o que custar, capte-lhes a atenção.

Pode começar com algo excepcional – uma história fascinante, uma imagem
visual forte, ou três boas razões para os formandos que tornem os formandos
receptivos a esta formação essencial.

Regra 2 – Dizer aos participantes qual o foco de incidência da sua


atenção

Encorajar o formando a centrar a atenção no que é essencial.

Um formador eficaz ajuda os formandos a fazer a distinção entre o trivial e o


pertinente / relevante.

Regra 3 – Não sobrecarregar o sistema

As pessoas têm uma capacidade de atenção limitada. Os formadores eficazes na


apresentação da matéria exibem um conteúdo de cada vez, sem sobreposição.
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Regra 4 – Abrande e volte atrás para voltar a ganhar a atenção sempre que
necessário

Há determinadas matérias que necessitam de mais atenção do que outras. Os


formadores podem necessitar de abrandar, mostrar o material mais do que uma
vez, ou reforçar a atenção para os conceitos mais difíceis.

Regra 5 – Não tente competir com as distracções

A maioria dos formadores sabe que, quando alguém que chega mais tarde, faz
perguntas irrelevantes, ou inicia uma conversa privada, distrai os outros

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formandos. Se a distracção é um forte competidor, o formador pode ter que


parar, esperar e repetir o que estava a ser dito, quando a distracção se iniciou.

O processamento da informação
O ser humano tem um sistema de reconhecimento altamente complexo para o
processamento de informação.

Os actuais investigadores descobriram que o contexto, o significado e o


conhecimento anterior afectam directamente o processamento de informação.

No processamento de informação, o indivíduo faz uma tentativa para


compreender o contexto e relacionar a nova informação com o conhecimento
prévio.

Regras para o processamento da informação:

Regra 6 – Reconhecer que vão sempre ocorrer interpretações

Não há conexão entre o que o apresentador diz e o formando vê ou ouve.

O que os formandos processam não é a informação, mas sim as suas percepções


da informação.

Regra 7 – Ajudar os formandos a descobrir os modelos na informação


apresentada

Os formandos nunca processam peças de informação – palavras, sons, imagens


– isoladamente, mas sim como uma parte de modelos mais alargados.

Regra 8 – Apresentar a informação no contexto

De onde veio a informação, como é que se relaciona com outra informação


diferente ou semelhante e como se pode usar esta informação. Como é que esta
informação melhora operações ou serviços?

Regra 9 – Ajudar os formandos a compreenderem o sentido

O formador não deve assumir que o significado de cada informação é óbvio,


mas estabelecer explicitamente o significado da informação. Como trabalham as
coisas? Porque trabalham?
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Regra 10 – Construir ligações a partir do conhecimento inicial para a nova


informação

A nova informação necessita de ser compreendida através do conhecimento


inicial; como tal, é necessário que o formador tenha informação rigorosa sobre o
conhecimento inicial que os formandos têm. Assumindo um conhecimento
inicial dos formandos, o formador pode evocar os saberes que eles já dominam,
bem como técnicas e procedimentos duma determinada temática.

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Regra 11 – Imaginar formas de garantir que os participantes se envolvam


activamente

A aprendizagem cognitiva requer uma participação activa por parte do


formando, pelo que o formador deve encontrar formas de envolver os
participantes com actividades e exercícios que os estimulem.

A memória
Depois de muitos anos de pesquisa os psicólogos cognitivistas fizeram a
distinção entre memória de trabalho ou curto prazo e memória de longo prazo.

A memória de trabalho ou curto prazo é de curta duração e não se sustenta


muito. É usada para guardar informação temporariamente na mente em ordem a
actuar sobre ela. Por exemplo, guardar em mente um número de telefone
enquanto se digita ou marca no telefone.

A memória de longo prazo, por outro lado, é aquela que a maior parte das
pessoas entende, quando se refere à memória e é aquela que é usualmente
referida pelos formadores e participantes. Entra em funcionamento quando a
memória de trabalho cessa – depois de poucos segundos – e continua por
semanas, meses e anos.

Existem cinco categorias de técnicas que são especialmente úteis para aumentar
o armazenamento e recuperação da informação na memória a longo termo:

ƒ Memorização pela repetição – Envolve apropriação da informação


repetindo-a muitas vezes. É possível, por exemplo, memorizar uma lista
de palavras difíceis se for permitido tempo suficiente para a repetição
entre a apresentação de cada palavra.

ƒ Codificação – Por exemplo, para melhor compreender algo, é


necessário: estar em boa forma Física; desenvolver uma Atitude positiva;
Distanciamento; um Objectivo de aprendizagem. Para reter esta sequência de
proposições use a sigla: FADO.

ƒ Imagística – Visualização de figuras mentais. As pesquisas mostram


que é mais fácil reter imagens ou figuras do que palavras.

ƒ Método de loci (lugares) – Outro método de imagística é o designado


método do lugar. Por exemplo, a elaboração de uma lista de mercearia
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pode ser aprendida pela lista mental associada ao lugar que os artigos
ocupam na cozinha.

ƒ Associação semântica – A linguagem tem o que os linguistas chamam


estrutura de superfície, propriedades das próprias palavras e estrutura
profunda, o significado subjacente à comunicação que as palavras
transportam. O que as pessoas colocam na memória de longa duração
não são as palavras, mas a mensagem.

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Regras para os mecanismos da memória:

Regra 12 – Dê tempo para a memória de curto prazo funcionar

O formador tem que dar tempo para o formando decidir o que fazer com a
nova informação (apresentada com diverso material, p. ex. comunicação verbal,
slides, imagens de computador, etc.). O formando pode querer tomar notas,
relacionar o visual com as palavras e enquanto ainda retêm na memória de curto
prazo a informação necessita de tempo para decidir o que fazer.

Regra 13 – A activação da memória não é um processo automático


Os participantes sabem que precisam de estar envolvidos activamente ao tentar
recordar.

Regra 14 – Fornecer mnemónicas aos formandos

O formador deve ser selectivo na passagem de informação essencial aos


formandos e deve criar mnemónicas associativas para eles ou com eles.

Regra 15 – Deixar os participantes perceber que a repetição não funciona.

Trabalhar com os formandos para que estes utilizem técnicas de codificação,


visualização, associação semântica para relembrar a informação essencial.

Habitualmente, isto significa fornecer um sinónimo, um acrónimo, um


conjunto, um diagrama uma imagem bizarra, uma rotina simples, uma metáfora
inteligente para relembrar o conteúdo.

As regras 12 a 15, prendem-se com a questão: o precisa o


apresentador de fazer para melhorar a probabilidade de a
informação apresentada ser recordada pelos participantes?

Resumo da estratégia cognitiva


Muitos cargos requerem que as pessoas saibam alguma coisa sobre o que é
relevante para o desempenho das funções. É importante ter a informação certa,
compreendê-la, e ser capaz de a recordar. A aprendizagem através da estratégia
cognitiva é mais apropriada para apresentações e explanações. Estas podem ser
desenhadas e distribuídas com mais eficácia pela aplicação da conhecida teoria da
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aprendizagem cognitiva em três áreas críticas:

ƒ Atenção – Despertar a atenção. Ajudar as pessoas a focar o essencial.


Não sobrecarregar o sistema cognitivo com excesso de informação.
Abrande a marcha na apresentação de material novo ou difícil. Não
competir com distracções.

ƒ Processamento da informação – Perceba que a interpretação ocorre


sempre. Ajudar as pessoas a descobrir exemplos ou modelos. Apresentar
e informação em contexto. Explanar o significado. Articule informação
nova com os conhecimentos anteriores.

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ƒ Memória – Dê tempo para a memória de curto prazo funcionar. Leve


as pessoas a envolverem-se activamente na evocação. Forneça
instrumentos de mnemónica. Introduza as pessoas na repetição,
codificação, imagética, método de loci e na associação semântica como
ajudas à memória.

A estratégia cognitiva é utilizada para desenhar e guiar apresentações formais,


mas os seus princípios também se aplicam às formas de apresentação escritas
(folhetos, manuais) e outros media de comunicação, incluindo modalidades de
formação a distância.

Algumas vezes o papel dos facilitadores é trabalhar com outros apresentadores


para os ajudar a maximizar a aprendizagem.

A estratégia interrogativa
Precisamos de tanta informação, quanta nos seja possível
obter. Mas também precisamos de pensar. Precisamos de
pensar para decidir qual a informação que devemos
pesquisar e onde procurá-la. Precisamos de pensar para
dar o melhor uso à informação que temos. Precisamos de
pensar para iniciar vias possíveis de juntar informação. A
tradicional noção em educação de que a informação é
suficiente está fora de moda e é perigosa.

(Edward de Bono, in Davis e Davis, 1998).

Tabela 1.3 – Sumário da estratégia interrogativa

Características Descrição da estratégia interrogativa de formação


Melhor Prática Desenvolve e refina as competências críticas, criativas,
de diálogo e de pensamento.

Teoria da Teorias filosóficas e psicológicas de diferentes


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Aprendizagem processos de pensamento e de desenvolvimento da


criatividade. A aprendizagem ocorre por envolvimento
directo em um ou mais tipos de pensamento e
colocando questões.
Caminhos Filosofia antiga e moderna e investigações recentes da
Históricos psicologia sobre pensamento e criatividade.

Aplicações Em qualquer local da organização, onde possa ser


importante uma análise crítica da informação,
elaboração/ produção de ideias criativas e

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Características Descrição da estratégia interrogativa de formação


compreensão dos argumentos opostos.
Papel dos Envolve os participantes colocando questões,
participantes analisando argumentos, e na descoberta activa de
novas ideias e pontos de vista diferentes.
Natureza da Colocação de questões intrigantes que despertem
motivação curiosidade e inspirem o desejo de dar respostas
racionais e criativas.
Perfil dos Melhor para participantes que têm elevados níveis de
Participantes curiosidade natural, que são bons na expressão verbal,
e estejam bem preparados para se envolver em
investigações, usando raciocínio linear e pensamento
criativo.
Papel do Facilitador Selecciona tarefas apropriadas para serem
questionadas e estabelece um contexto onde os
participantes são estimulados a pensar. Facilita a
discussão através das questões, explora e investiga
opiniões e formula questões destacando novas ideias
ou pontos de vista opostos.
Pontos Fortes É útil para implicar os participantes directamente nas
tarefas que requerem pensamento e respostas a
perguntas abertas e fechadas. Poder ser espontâneo e
de curso livre. Foca-se nos processos através dos quais
as questões são construídas, os depoimentos são
avaliados, e o conhecimento é estabelecido.
Pontos Fracos O pensamento interrogativo pode ser lento e difícil.
Permite digressões que podem bloquear as discussões.
Pode ser frustrante, devido à falta de respostas
desejáveis. Pressupõe alguma base de conhecimento e
vontade de pesquisa pela compreensão por parte dos
participantes.

A mente interrogativa
O trabalho requerido na indústria e nos negócios é crescentemente intelectual. O
trabalho intelectual requer uma mente inquiridora, onde os pensadores são cada
vez mais necessários.
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A maior parte das organizações que Davis e Davis (1998) visitaram estavam
ansiosas para possuírem bons pensadores, e algumas desviaram o seu percurso
para tentar melhorar a capacidade humana para o pensamento através da
formação.

Exemplos:

Exemplos que ilustram a mente interrogativa:

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ƒ Na COBE BCT, os novos empregados são ensinados a tornarem-se


membros da cultura de formular questões;

ƒ A SHARP incentiva os novos empregados a começar a pensar


criativamente acerca de novos produtos electrónicos na sua formação
inicial;

ƒ A Norsk Hydro, uma das maiores companhias norueguesas utiliza o


processo interrogativo para desenvolver internamente novas ideias para
negócios criativos;

ƒ A ReliaStar combina pensamento crítico, criativo e dialéctico para a visão


do seu futuro.

Tipos de pensamento
Na resposta à questão “o que é o pensamento” importa considerar na corrente
de pensamentos que invadem as nossas mentes, apenas o pensamento
direccionado que é orientado para um determinado objectivo e inclui por
exemplo: a análise de argumentos; o levantamento de questões; a identificação de
motivos; a formulação de hipóteses; a distinção entre factos de opiniões; a
classificação de dados, etc.

Se for excluído o pensamento não orientado que flui permanentemente nas


nossas mentes, existem três tipos de pensamento, que são muito importantes
dentro de uma estrutura organizacional: pensamento crítico, criativo e dialéctico.

Pensamento Crítico
Segundo o Foreign Service Institute, USA, in Davis e Davis, 1998, o
pensamento crítico é definido como o “Julgamento da autenticidade, valor e rigor de
algo, como por exemplo, a informação”. O pensamento crítico foca, sobretudo, a
justificação, ou o conjunto de motivos que suportam uma conclusão. Este tipo
de pensamento enfatiza, quer na construção, quer na crítica de argumentos, a
análise do modo como a evidência é utilizada, como suporte de um determinado
ponto de vista.

O pensamento crítico envolve sete passos distintos:

ƒ Asserção – Uma asserção é uma declaração que afirma algo como


verdadeiro. É uma declaração de realidade.
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ƒ Opiniões e Crenças – O formador/“facilitador” deverá conseguir


distinguir uma opinião de uma crença. Ao nível da opinião é possível
reunir informação para a fundamentar, devendo a fundamentação ser
clara, explícita e estar relacionada com a realidade. Exemplo de opinião:
“ A laranja sabe melhor do que a cebola”

ƒ Crenças garantidas – Quando uma afirmação corresponde a um


conjunto de relações e exista evidência de suporte, é mais fácil acreditar
nessa afirmação. Uma declaração factual requer pelo menos
comprovação por amostragem. Por exemplo afirmar, que a população X
tem baixo grau de literacia tem que ser comprovada estatisticamente.

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ƒ Argumentos – Um argumento é uma sequência de afirmações, em que


uma servirá de premissa e a outra de conclusão.

ƒ Conclusões – O primeiro elemento a procurar é o último, ou seja, a


conclusão. O formador/“facilitador” deverá ouvir as conclusões, ou
seja, a parte do argumento que alguém quer que se acredite.

ƒ Premissas – Uma premissa é uma afirmação que fornece evidência. As


premissas são utilizadas como suporte de conclusões.

ƒ Assunções – Assunções são afirmações óbvias ou em que já se acredita.

Pensamento Criativo
Poderá ser definido como um pensamento guiado por um desejo para procurar
o original. “Envolve mobilidade, revela-se na exploração, requer flexibilidade, e honra a
diversidade”. Em vez de seguir regras, o pensamento criativo quebra-as. O
pensamento criativo resulta em produtos e serviços criativos, bem como
invenções ou novos processos. Para que o pensamento criativo seja produtivo,
deve concretizar-se através de experimentação e testagem – o que requer
procedimentos rigorosos, inclusive de avaliação. Os benefícios provenientes do
pensamento criativo resultam numa quebra de fronteiras.

Pensamento Dialéctico
Envolve uma capacidade para avaliar diferentes pontos de vista em simultâneo.
“Alguns pontos de vista podem ser enquadrados numa única referência através de um conjunto
de movimentos lógicos” possuindo, geralmente a resposta correcta. Através deste tipo
de pensamento podemos criar empatia com o pensamento, pontos de vista e
argumentos opostos, examinados os nossos próprios pontos de vista
reconhecendo os seus pontos fortes e fracos.

Em todos os tipos de pensamento, existe um ponto comum: o levantamento de


questões. Ao nível da formação, colocam-se questões de forma a envolver os
formandos num questionar produtivo. Ao questionar em vez de informar, o
formador combate sistematicamente a passividade ocorrente dentro de uma sala
de formação.

Resumo da estratégia interrogativa


As organizações precisam de pensadores clarividentes – especialistas em
pensamento crítico, criativo e dialéctico. Estas perícias podem ser aprendidas, e
este tipo de aprendizagem é alimentado através da estratégia de interrogação.
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ƒ Pensadores críticos são bons a examinar argumentos, e sabem como


procurar asserções, conclusões, premissas, e assumpções. Eles sabem
como trabalhar os argumentos e compreendem a importância das
definições, linguagem, categorias e relações de ideias, na aplicação do
pensamento crítico.

ƒ Pensadores criativos estão bem preparados num campo específico e


produzem produtos inovadores de reconhecido valor. Os factores
relacionados com o pensamento criativo são fluência, flexibilidade,
originalidade e elaboração. Os pensadores criativos sabem que o

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processo criativo se desenvolve por etapas – preparação, incubação,


avaliação e elaboração.

ƒ Pensadores dialécticos movem-se para além dos padrões do


pensamento egocêntrico, para se tornarem pensadores imparciais, pela
compreensão de como as outras pessoas pensam. Eles mantêm um
diálogo produtivo com os outros, ou um diálogo interno com eles
próprios, para compreender pontos de vista opostos.

A aprendizagem, na estratégia interrogativa, envolve a prática do


pensamento sob a orientação especializada de um facilitador, que
compreende os processos de pensamento e sabe como formular as
questões correctas.

A estratégia dos modelos mentais


Os sistemas complexos tendem a produzir novos
problemas... Problemas novos são aqueles que são, não só
antecipados, mas também não imaginados por quem está
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envolvido no sistema... (Peter Vaill, Learning as a Way


od Being: Strategies for Survival in a World of
Permanent White Water, cit. Davis e Davis, 1998).

Tabela 1.4 – Sumário da estratégia dos modelos mentais

Características Descrição da estratégia dos modelos mentais


Melhor Prática Desenvolve e refina as competências de tomada de
decisão e resolução de problemas.

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Teoria da Teoria clássica da decisão e resolução de problemas


Aprendizagem
Caminhos Modelo da resolução de problemas de Newall e Simon
Históricos e a teoria da utilidade da decisão de Pascal.
Aplicações Uma grande variedade de situações de resolução de
problemas e tomada de decisões no contexto
organizacional.
Papel dos Envolve os participantes na selecção, uso e
participantes monitorização de vários modelos mentais para gerir
sobrecargas cognitivas e aplicá-las nos casos ou
processos.
Natureza da Desejo intrínseco de resolver problemas de forma
motivação satisfatória e tomar decisões que têm consequências
positivas.
Perfil dos Melhor para os participantes que são analíticos e
Participantes persistentes e têm uma boa capacidade de monitorizar
os seus próprios processos cognitivos.
Papel do Facilitador Fornece familiaridade com as técnicas de resolução de
problemas e tomada de decisão e usa casos e projectos
que permitem aos participantes praticar.
Pontos Fortes Fornece desafio e complexidade suficiente para
envolver os participantes na discussão e na procura
genuína de soluções. Muitas vezes proporciona
oportunidade para trabalhar em casos reais, ou
projectos de valor realizáveis.
Pontos Fracos Consome muito tempo e pode proporcionar
frustração. Dá lugar a quebras na participação e a
pensamentos do tipo “tirem-me daqui” que são
pontos fracos a evitar. Requer capacidade analítica,
paciência e persistência.

Solução de problemas e tomada de decisão nas


organizações
A vida das organizações pode ser pensada como “um processo contínuo de
descoberta de problemas, solução de problemas, e actividades de implementação
de soluções. Os problemas podem ser mudanças futuras ou correntes,
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tendências, desafios, e oportunidades, bem como as coisas que estão correndo”


(in Davis e Davis, 1998)

Exemplos:

A solução de problemas e a tomada de decisão aparecem como áreas para a


formação nas seguintes organizações:

ƒ Na Sumitomo Metals, os trabalhadores em grupos de (autocontrolo)


jishu kanri aprendem técnicas de solução de problemas, e os gestores de

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nível superior são treinados na solução de problemas através de casos e


projectos;

ƒ Os trabalhadores da Bosch desenvolvem competências na solução de


problemas e aplicam-na em cenários de problemas reais de projectos;

ƒ Na Deloitte & Touche, os novos recrutas aprendem a resolver


problemas e a tomar decisões através de casos baseados em casos reais
dos clientes.

Problemas e decisões
Um problema é uma questão proposta para solução ou discussão, envolvendo,
normalmente, a dúvida, incerteza ou a dificuldade.

A este nível, podemos considerar aspectos comuns em quase todos os


problemas:

1. Existe um benefício desejado;

2. Existe informação dada ao problema;

3. Existe forma de resolver os nossos problemas através de Modelos


Mentais;

A resolução de problemas encontra-se focada na criação de soluções que irão


provocar uma mudança positiva. Quem resolve problemas faz recomendações,
que indicam a forma como um problema específico pode ser solucionado com
base numa determinada solução. Depois, cabe a quem decide resolver o
caminho a seguir.

Talvez a descrição mais abrangente do processo de resolução de problemas seja


a proposta de John Bransford e Barry Stein (in Davis e Davis, 1998). Através da
palavra “ideal”, construíram a seguinte mnemónica:

ƒ I – Identifique problemas e oportunidades. Ao invés de assumir que os


problemas são dados, procure-os e, quando os encontrar trate-os como
oportunidades.
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ƒ D – Defina objectivos. Esclareça os objectivos ou benefícios desejáveis.


Objectivos diferentes podem levar a benefícios radicalmente diferentes,
e a clarificação de objectivos leva frequentemente a uma redefinição de
problemas.

ƒ E – Explore todas as estratégias possíveis. Utilize estratégias gerais e


específicas para gerar um leque mais vasto de soluções possíveis.

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ƒ A – Antecipe benefícios e aja. As soluções necessitam de ser pesadas em


termos das suas possíveis consequências, mas eventualmente necessitam
de ser usadas e testadas.

ƒ L (Look and learn) – Observe e aprenda. Olhe de perto os efeitos de uma


solução específica e aprenda a sua eficácia.

Regras para um uso eficaz do modelo de solução de


problemas
A vida organizacional está repleta de problemas, desafios e oportunidades para
tomar boas decisões. Um modelo de solução de problemas básico é útil para:

1. Definir os objectivos;

2. Decidir se o problema deverá ser resolvido;

3. Identificar as vantagens;

4. Identificar o tipo de problemas.

5. Gerir os caminhos possíveis de solução;

6. Não confundir resolução de problemas com criatividade.

A utilização dos modelos mentais para gerar soluções, consiste em identificar o


enunciado do objectivo, a dimensão do problema e os passos da solução, tais
como:

1. Procura “ao acaso”;

2. Procura sistemática ao acaso;

3. Análise das médias – finais;

4. Simplificação;

5. Utilização de dados actuais;

6. Contradição;
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7. Diagramas e gráficos;

8. Analogias.

O modelo básico da tomada de decisão é útil para descrever valores


desejáveis, identificar e pesar resultados importantes e envolve os seguintes
passos:

1. Determinação de valores;

2. Determinar benefícios;

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3. Pesar os benefícios;

4. Gerar opções;

5. Identificar os atributos das opções;

6. Relacionar os atributos aos benefícios;

7. Fazer uma escolha;

8. Considerar a escolha como uma probabilidade e considerar as


consequências;

9. Prever a probabilidade dos benefícios;

10. Programar as etapas da tomada de decisão.

Estratégia da dinâmica de grupo


O registo da performance das equipas fala por si. As
equipas contribuem invariavelmente para realizações
significativas nos negócios, em acções de beneficência, em
escolas, no governo, nas comunidades e na área
militar…De facto, muitos modelos de “organização do
futuro” – “trabalho em rede”, “em clusters”, “não
hierárquico, “horizontal” e assim por diante – são
estabelecidos com premissas nas equipas e ultrapassam os
indivíduos como unidades de performance primária da
empresa. (Jon Katzenbach e Douglas Smith, in Davis &
Davis, 1998)

Tabela 1.5 – Sumário da estratégia da dinâmica de grupo

Características Descrição da estratégia da dinâmica de grupo


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Melhor Prática Melhora as relações humanas e constrói competências


necessárias para o trabalho de equipa.
Teoria da Teoria da comunicação de grupo. Aprendizagem
Aprendizagem através da interacção e de actividades de grupo.
Caminhos Pesquisa sobre os grupos após a 2ª Guerra Mundial,
Históricos particularmente os trabalhos pioneiros de Mayo,
Lewin, Rogers e Bion
Aplicações Reexame das bases emocionais das opiniões, atitudes

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e crenças e desenvolvimento de competências para


projectos nas organizações que requerem colaboração.
Papel dos Envolve participantes ao nível emocional e cognitivo e
participantes requer competências de escuta activa e de auto-
revelação.
Natureza da Cresce com a necessidade humana natural para o
motivação crescimento pessoal, inclusão e reconhecimento que é
suportado pela interacção entre pares que constroem
envolvimento, aceitação e coesão do grupo.
Perfil dos Melhor para os participantes que apreciam interacção
Participantes social, que têm competências de fala e de escuta, e que
estão desejosos de partilhar sentimentos e percepções.
Papel do Facilitador Compõe os grupos, desenvolve os instrumentos ou
tarefas que mantém o grupo em movimento,
monitoriza o grupo nos níveis de tarefa e processo e
gere todos os preparativos.
Pontos Fortes Avança nas contribuições colectivas de todos os
participantes, envolve-os a um nível emocional e força
a participação activa e a cooperação na aprendizagem.
Proporciona interacção para as necessidades sociais
humanas e permite flexibilidade e apropriação do
grupo no processo de aprendizagem
Pontos Fracos Pode resultar em indolência social de alguns, na
evitação de responsabilidades individuais, conflito e
pensamento em grupo. Pode ser lento, ineficaz, e
sujeito a quebras ao nível do processo. Pressupõe
desejo de auto-revelação e um nível mínimo de
capacidade de ouvir. Pode sair de controlo.

Exemplos de grupos de trabalho nas organizações


Muitas realizações humanas significativas são o resultado de grupos de trabalho.
Todas as actividades envolvem equipas colaborativas, como nos casos da
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produção de filmes, do desenho de arranha-céus, da construção de pontes, dos


transplantes de coração, dos voos espaciais.

Muitas organizações actualmente confiam nalgum tipo de colaboração para


atingir os seus objectivos.

A Estratégia da Dinâmica de Grupo é largamente utilizada na formação de


equipas de trabalho e no trabalho colaborativo com ilustram os exemplos
seguintes:

ƒ O Sokos Hotel Ilvesem Tempera, na Finlândia, conduz o staff conjunto de


“orienteering” na construção um sentimento de pertença;

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ƒ O American Red Cross tenta construir empatia e compreensão através dos


seus programas de educação para o HIV/ AIDS;

ƒ A United Airlines conduz uma diversidade de formação para assistentes


de voo que servem nas rotas internacionais;

ƒ Os laboratórios da COBE conduzem a formação das equipas de


trabalho para os seus grupos de marketing internacionais.

Em todos os exemplos, os grupos e as equipas estão a ser utilizados, de maneira


que as pessoas aprendam algo de novo acerca delas próprias ou do processo de
trabalho conjunto.

Estratégia da realidade virtual


“A dificuldade não está em operar o guindaste. Toda a
pessoa o pode operar. A questão está em fazer com ele o
que é esperado fazer-se. Isto só é possível com a
experiência. Algumas pessoas aprendem mais
rapidamente do que outras. O que fazemos você poderá
nunca aprender fora dos livros … Pode acontecer que
esteja elevando 50 ou 60 toneladas e que tenha
trabalhadores a cerca de 100, 110 pés de distância. Deve
ter especial cuidado em não bater na cabeça destas
pessoas, onde deviam estar aptos a baixar-se e a desviar-
se…” (Entrevista a um operador de guindastes, in
Working, citado por Davis e Davis, 1998).

Tabela 1.6 – Sumário da estratégia da realidade virtual

Características Descrição da estratégia da realidade virtual


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Melhor Prática Desenvolvimento de confiança e competências numa


situação de simulação antes de enfrentar situações
reais, onde poderão existir perdas financeiras,
fatalidades ou riscos físicos.
Teoria da A simulação e a teoria dos jogos, aprendizagem
Aprendizagem através de desempenho de papéis, cenários dramáticos
e jogos de simulação.
Caminhos O trabalho de Moreno no psicodrama, no sócio -
Históricos drama e no desenvolvimento da teoria da simulação de

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jogos de guerra.
Aplicações A formação onde a experiência ao vivo é muito
perigosa ou dispendiosa e onde a prática é necessária
sob condições controladas.
Papel dos Envolvimento dos participantes em práticas activas
participantes dos seus papeis reais, sob circunstâncias de desafio,
suporte e segurança.
Natureza da A grande motivação vem do conhecimento de que a
motivação vida real se encontra ao fundo da esquina, e que esta é
uma oportunidade protegida para treinar.
Perfil dos É indicado para participantes que já possuem algum
Participantes nível de proficiência, que gostam de subir na vida e
estejam predispostos à acção.
Papel do Facilitador Ajusta a cena, fornece os cenários ou jogos, intervém
ou afasta-se de acordo com o apropriado para role
play, cenário dramático e simulação.
Pontos Fortes Fornece oportunidades para treino e sintonia fina,
torna os participantes activos, cria o melhor para a
experiência seguinte ao vivo, ou por vezes explora as
vantagens das experiências.
Pontos Fracos Requer muita preparação na realização e suporte do
material, requer capacidades de facilitação difíceis e
não familiares. A experiência pode ser demasiado real
e potencialmente explosiva ou falhar por desvirtuar a
realidade

Criação de realidade Virtual


O uso mais recente do termo realidade virtual refere-se, hoje em dia, às
capacidades de combinar imagens visuais e capacidades de programação em
computador, que permitem que as pessoas experimentem uma realidade viva,
uma realidade criada e interajam com ela.
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Exemplos:

A estratégia de realidade virtual é de alguma forma utilizada em situações de


formação que têm expressão nos seguintes exemplos:

ƒ A United Airlines treina pilotos para voar sem utilizar aviões reais;

ƒ A Merril Lynch treina correctores a serem proficientes nas estratégias de


investimento, envolvendo largas somas de dinheiro;

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ƒ A VINFEN treina trabalhadores de saúde mental a utilizar técnicas de


segurança pessoal;

ƒ O National Emergency Training Centre treina os representantes da


comunidade na prevenção de emergências.

Dicas sobre a realidade virtual


Alguns trabalhos e tarefas precisam de ser praticados antes que possam ser
realizados de forma real, porque o erro pode trazer muitos problemas. É o caso
do operador de guindastes.

A representação de papéis, cenários dramáticos e jogos fornece uma


realidade virtual onde os participantes podem aprender o seu papel sem riscos e
com elevados níveis de competências

A representação de papéis requer escolhas cuidadosas, entre muitas opções


em harmonia com os papéis das profissões. O formador “facilitador” deverá ser
capaz de levar as pessoas a jogar vários tipos de papéis e de relacionamentos.

Cenários dramáticos requerem preparação adequada para desenvolver o guião,


para preparar a cena, e um papel activo do formador “facilitador”, ao dirigir o
drama, ajudando os participantes a partilhar as suas aprendizagens quando
termina a acção.

A simulação requer extensa preparação porque, quando é colocada em acção,


deverá correr por ela própria, mas o formador “facilitador” desempenha um
papel chave no geral e no específico.

Quando a estratégia da realidade virtual é utilizada para facilitar a


aprendizagem as actividades podem incluir simples role plays,
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cenários dramáticos mais complexos, jogos e simulações. O seu


objectivo comum é criar um ambiente de realidade virtual que é
como o mundo do trabalho real. A correspondência ao cenário real
pode ser alta ou baixa, e o uso da tecnologia pode ser, ou não,
muito sofisticado, mas o objectivo é, em cada caso, fornecer
cenário de prática, relativamente barato e seguro, e onde os
trabalhadores possam aprender os seus papéis confortavelmente e
com crescentes níveis de proficiência.

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Estratégia holística
“A humanidade tem sobrevivido ao longo de milhões de
anos, devido à sua capacidade de adaptação. Ao contrário
do restante reino animal, os seres humanos têm a
capacidade de reflectir, observar-se a eles próprios e de
modificar as suas lutas com o mundo em ordem a ir ao
encontro das suas necessidades. Esta luta com o mundo é
chamada experiência. A experiência tem sido a base da
aprendizagem desde o seu aparecimento na terra.”(Phil
Gang, “Expereiencial Learning”, in Holistic
Education: Principles, Perspectives, and Pratices, cit.
Davia e Davis, 1998.)

Tabela 1.7 – Sumário da estratégia holística

Características Descrição
Melhor Prática A reflexão de uma potencial experiência educativa da
qual pode derivar a aprendizagem pessoal e a auto
descoberta.
Teoria da A aprendizagem holística e a psicologia construtivista.
Aprendizagem A aprendizagem baseada na experiência e na reflexão
sobre o que aconteceu sob a orientação de um mentor
ou tutor competente, que fornece desafio e suporte.
Caminhos Estudos recentes sobre a evolução do cérebro e sua
Históricos função. A teoria do aconselhamento com as suas raízes
na cura de Freud, a terapia centrada no cliente de
Rogers e a teoria de Vygotsky.

Aplicações Cenários de aprendizagem baseados na experiência,


com cultura cruzada, de experiência de trabalho real
ou criada.
Papel dos Envolve o conjunto e a interdependência dos
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participantes participantes num processo múltiplo de experiências e


fornece oportunidades para a reflexão e expressão
acerca do significado da experiência.
Natureza da Cresce do envolvimento inicial dos participantes na
motivação selecção da experiência e no seu desejo de sucesso.

Perfil dos É mais útil para participantes que aprendem fazendo,


Participantes que apreciam novas experiência, têm capacidade para
avaliar situações e que possuem abertura para o auto-
exame.

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Características Descrição
Papel do Facilitador Une participantes a experiências apropriadas, concebe
orientação adequada, fornece mecanismos úteis para a
reflexão e envolve interacção one-on-one com ajuda
competente que fornece suporte e desafio.
Pontos Fortes Põe os participantes em situações de aprendizagem
real, que envolvem total visão própria, acção, e auto-
exame. É muitas vezes um auxílio bem-vindo da
aprendizagem estruturada de sala de aula. É
espontânea, prática, realista e útil.
Pontos Fracos Relativiza os benefícios de uma contribuição mais
sistemática de nova informação e de inquéritos
estruturados. Está sujeita aos perigos de objectivos
vagos, estruturação deficiente e resultados ambíguos.
Inclui muitos factores da situação de aprendizagem
que podem escapar ao controlo do aluno e do
facilitador.

A aprendizagem baseada na experiência


Exemplos:

As organizações também usam a experiência para aprender. Elas são os


receptores finais da educação cooperativa … e jogam um importante papel na
supervisão destas experiências. Muitas organizações estão também a começar a
utilizar a experiência como uma base para a aprendizagem dos seus próprios
empregados ou voluntários. Considere os seguintes exemplos:

ƒ L.D. Edwards manda tradutores além fronteiras para aprenderem como


trabalha a linguagem técnica dos seus produtos de software num cenário
específico;

ƒ Os empregados do Lai Lai Sheraton, em Taiwan, saem para observar o


serviço de outros hotéis e regressam para discutir o que observaram;

ƒ Os novos professores nas ELSI Taiwan Language Schools são tutorados


para assegurar uma melhoria contínua do seu ensino de inglês;
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ƒ A United Airlines utiliza a observação de voos e prática corrente como


parte da formação das assistentes de voo;

ƒ Em cenários organizacionais, este tipo de aprendizagem é algumas vezes


conhecido como aprendizagem-acção. Preferimos o termo experiência
baseado na aprendizagem para descrever estas actividades.

O ciclo de aprendizagem experimental


A Figura 1.2 mostra como a experiência crua se torna educativa através do ciclo
de David Kolb.
Figura 1.2 – O ciclo de aprendizagem experimental de Kolb

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Segundo Kolb (Englewood Cliffs, 1984, cit. por Davis e Davis, 1998) a
“compreensão é um processo contínuo de construção, construído através da
interacção das ideias com a experiência. O envolvimento no ciclo contínuo
consiste de experiência, reflexão, abstracção, e teste para finalmente regressar à
experiência uma vez mais.”

Breve resenha da estratégia holística


Quando as organizações têm experiências ricas com potencial para a
aprendizagem, ou têm acesso a experiências externas, a Estratégia Holística
fornece uma forma natural de aprendizagem, por vezes chamada “reflexão acção”.

Embora as pessoas aprendam através da experiência informal, provavelmente


aprenderão mais através de experiências cuidadosamente seleccionadas, onde a
aprendizagem é planeada e supervisionada e onde o formando tem
oportunidades estruturadas para reflectir.

A aprendizagem baseada na experiência:

ƒ É um processo cíclico que se move através de estados de experiência


concreta, observação reflectida, conceptualização abstracta,
experimentação activa, e voltar à experiência concreta de novo;

ƒ É holística, porque movimenta todos os sentidos e reflecte a capacidade


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do cérebro de sintetizar muitos aspectos da experiência ao mesmo


tempo;

ƒ É maximizada através de oportunidades formais para a reflexão,


particularmente através de conversação a nível individual com tutores
supervisores ou animadores experientes.

A Estratégia Holística é baseada na teoria e pesquisa de descobertas sobre as


funções do cérebro, altamente interligadas por um desejável sistema neurológico
para lidar com a experiência.

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O formador encontra ou desenha experiências positivas, encaixa-as nas


necessidades dos participantes e estabelece no movimento um processo de
reflexão que envolve desafio, suporte, oportunidades de desenhar cenários
preferidos, e estímulo para levar à acção.

Escolha e utilização de estratégias de


formação
A maximização da aprendizagem envolve
a escolha da apropriada estratégia de
formação, a qual requer a observância de
um adequado planeamento. A estratégia
enquanto modo de organização de
actividades segundo um planeamento
cuidado para atingir objectivos é
inseparável da tríade objectivos, estratégias e
métodos conforma ilustra a Figura 1.1 do presente capítulo. Contudo a selecção da
estratégia torna-se mais fácil, se for utilizado o processo simples das quatro
etapas, de acordo com Davis e Davis (1998), que a seguir se descrevem:

1. Considerar o contexto da organização.

Em princípio, toda a organização deve ter uma metodologia de elaboração, por


exemplo, do seu plano de formação. É necessário passar em revista o processo
de planeamento e formular questões que são estruturantes para as decisões
acerca das aprendizagens a realizar.

Questionar por exemplo: como foi definido o plano de formação e, se os


objectivos decorrentes das metas económicas, comerciais e dos projectos
técnicos no ambiente interno da organização, são reflectidos nos objectivos de
aprendizagem.

Neste contexto, os objectivos gerais da organização dão lugar a objectivos de


aprendizagem, que visam melhorar o desempenho existente e o
desenvolvimento de novas capacidades e competências.

2. Analisar os planos gerais.


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No seguimento da metodologia de Davis e Davis (1998), aplicada ao plano de


formação, é necessário anotar de novo, se os objectivos de formação que
emergiram dos planos das diferentes áreas operacionais da organização
resultaram de uma correcta avaliação de necessidades de formação.

Assegurar também, se as decisões quanto à selecção das acções de formação e


dos respectivos métodos de formação foram tratados correctamente,
respeitando os interesses dos departamentos envolvidos e respeitaram os
critérios de prioridade decorrentes da missão estratégica da organização no seu
conjunto. Trata-se assim de decidir sobre a aprendizagem, que é pertinente e
como será utilizada.

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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

3. Dar enfoque aos resultados da aprendizagem.

Na sequência dos objectivos de formação dos diferentes planos dos


departamentos é pertinente considerar o conteúdo das matérias e então analisar a
situação muito cuidadosamente para determinar quais serão os resultados
específicos da aprendizagem mais desejados. Esta meta de maximização da
aprendizagem requer o retorno às questões ligadas a objectivos, estratégias e
métodos (Vide Figura 1 - Objectivos, estratégias e métodos). A discussão desta tríade
conduz naturalmente a aplicação de estratégias mais ajustadas à maximização dos
resultados da aprendizagem

4. Comparar as estratégias sistematicamente

As sete estratégias de formação abordadas no presente capítulo, todas têm as


suas forças e fraquezas. Elas são significativas para serem colocadas lado a lado
numa matriz e comparadas sistematicamente.

A visão sumária, já descrita de cada estratégia proporciona uma comparação


sistemática das características principais das sete estratégias, que a tabela seguinte
mostra:

Tabela 1.8 – Comparação de estratégias

Papel do
Estratégia Melhor uso Teoria Participantes
Facilitador
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Papel do
Estratégia Melhor uso Teoria Participantes
Facilitador

Comportamentalista Desenvolvimento Psicologia Exploração Fixação de


de habilidades de comportamentalist activa objectivos
desempenho a
Feedback Determinação do
iniciais ou
Condicionamento ajustado nível de
avançadas
operante performance
presente
Realização da
análise de tarefas
Fornecimento de
feedback

Cognitiva Apresentação Psicologia Tratamento, Selecção,


explanação cognitiva processamento ordenamento e
e memorização apresentação da
da informação informação

Interrogativa Pensamento Estudos de Resposta a Criação de


crítico, criativo e filosofia e de questões ambiente
dialéctico psicologia do
Análise de Formulação de
pensamento crítico
argumentos questões
e da criatividade
Geração criativa Exame de
de ideias assunções
Compreensão Questionamento
pontos de vista da evidência
opostos
Procura de ideias
novas

Modelos mentais Solução de Modelos solução Modelos de Prestação de


problemas de problemas apropriação informação sobre
básicos mental técnicas de
Tomada de
solução de
decisão Teoria da utilidade
problemas e
esperada
tomada de
decisão.
Discussão
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orientada de casos
de monitoria do
progresso de
projectos

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Papel do
Estratégia Melhor uso Teoria Participantes
Facilitador

Dinâmica de grupo Exame de Teoria de Processo de fala Composição de


opiniões, atitudes comunicação de e de escuta grupos
e crenças. grupo activa e
Desenvolvimento e
comportamento
Colaboração e uso de
na tarefa da
trabalho de instrumentos
equipa de
equipas
trabalho Monitorização de
grupos
Facilitação de
comunicação
profunda

Realidade virtual Desenvolvimento Psicodrama Prática de Apresentação do


de competências papéis da vida cenário
Sociodrama
e confiança no real através de
Desenho de guiões
ambiente Teoria de jogos e role play,
e cenários
simulado. da simulação cenários
dramáticos e de Intervenção ou
simulações recuo
Debriefing
(revisão)

Holística Aprendizagem e Aprendizagem Processamento Identificação de


auto descoberta holística e experiência experiências
através da simultânea de
Psicologia e Jogo de
experiência múltiplo canal
filosofia experiências para
construtivista Reflexão participantes
Fornecimento de
mecanismos úteis
de reflexão
Fornecimento de
ajuda
especializada
como mentor,
conselheiro e
animador
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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Actividades de avaliação
As questões que se seguem pretendem dar-lhe indicações sobre o nível de
aprendizagem que conseguiu atingir ao longo do estudo deste capítulo.

Questões de avaliação
Entre na aplicação informática e comece por responder às perguntas de resposta
curta, do exercício de revisão do Capítulo 1 da Aplicação – “Estratégias de formação
que suportam a aprendizagem”. Compare a sua resposta com a solução proposta.,
como forma de reflexão sobre os tópicos principais. De seguida procure reflectir
sobre as seguintes questões:

Questão 1

Em contexto real de trabalho, em que circunstâncias daria primazia à estratégia


comportamentalista?

Questão 2

Numa determinada organização, em que situações recomendaria a aplicação da


estratégia cognitivista?

Questão 3

Numa organização quais as competências que melhor podem ser desenvolvidas


com aplicação da estratégia interrogativa?

Questão 4

Para desenvolver competências na área de grupo de projecto, qual a estratégia


que recomendaria e quais as suas principais aplicações dessa estratégia?

Questão 5

Quais as condições a observar que determinam a opção pela simulação/


realidade virtual?

Exercício 1
Apresentam-se de seguida três casos com acento em estratégias pedagógicas
diferentes ou na combinação de estratégias, cujas descrições a seguir se
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apresentam.

Análise do Estudo de caso 1 – FIAT Brasil

Depois de ler atentamente as situações propostas, procure reflectir sobre as


seguintes questões.

1. O papel do tutor na estratégia comportamental;

2. Indicar soluções exequíveis para ultrapassar a falta de pré-requisitos


dos trabalhadores em situação de FCT;

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3. A adequação do modelo comportamental à formação (one-on-one-


training);

4. O tempo de aprendizagem dado aos formandos e o reflexo no


sucesso da formação;

5. A necessidade da repetição prática do processo de aprendizagem.

FIAT Brasil

FIAT Automóveis S.A. é uma multinacional fabricante de automóveis com


escritórios em Itália, mas que opera entre outros na Rússia, Polónia, Turquia e
Brasil. Opera noutras componentes para além dos carros.

Quando a FIAT abriu a sua fábrica no Brasil, instalou-se numa zona rural
próximo de Belo Horizonte, a terceira maior cidade, e tinha o problema de atrair
trabalhadores que tivessem que os mais básicos requisitos para trabalhar em
automóveis.

“Nós atraímos principalmente agricultores” nota Brandão Nunes, director de


relações industriais. “Quando finalmente encontrámos um indivíduo que tinha
experiência de pintura de carros, o que não foi fácil, o indivíduo estava habituado
a pintar um carro em três dias, e, quando lhe tentaram mostrar como pintar
vários carros num dia, ele foi-se embora. Ficámos cientes que tínhamos um
complicado problema de formação: Como seriamos capazes alguma vez de ter
estes trabalhadores a operar numa linha de montagem de produção rápida?”

A FIAT montou duas linhas de montagem, uma linha de produção regular e


muito próximo dela, uma linha de treino muito lenta e algumas vezes com
paragens.

Aos trabalhadores com muito limitado background era mostrado como realizar
uma tarefa cuidadosamente analisada e altamente operacionalizada. Aos
trabalhadores era dado tempo suficiente – tal que não se sentissem em stress a
ponto de querem abandonar – e era-lhes dado, em directo, no posto de trabalho
formação com muito feedback e coaching. À medida que eles apreendiam a tarefa,
realizavam-na mais rapidamente e assim a velocidade da linha de produção podia
ser aumentada. A formação e a técnica de coaching poderiam diminuir
progressivamente. Eventualmente o trabalho na linha de treino era igual ao da
linha de produção. Então veio a grande surpresa. A qualidade na linha de treino
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era mais elevada do que a qualidade na linha de produção regular.

“As pessoas do controlo de qualidade observaram esta evidência e ficaram


estupefactos”, observa Nunes Brandão, “como estes agricultores podiam fazer
tão bom trabalho. Eu penso que isto foi o que mais convém à formação, que
nós fizemos e ficámos com uma certeza real acerca da eficácia da formação.”

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Análise do Estudo de caso 2 – Gates USA e Mercedes Benz Alemanha

Depois de ler atentamente os casos da Gates e da Mercedes Benz abaixo


descritos procure reflectir sobre as seguintes questões:

1. No cenário descrito para a Gates, será admissível uma estratégia


única? Qual recomendaria?

2. Analise o processo de construção de equipas na Gates USA e como


se reproduz o saber utilizando as pessoas mais experientes a ensinar
outras em contexto real de trabalho.

3. Identifique as principais estratégias da Mercedes Benz e os


respectivos contextos.

4. Como explica a eficácia de estratégias combinadas na Mercedes


Benz? Procure relacionar a pertinência da estratégia com o
planeamento da aprendizagem

Gates USA

Gates Rubber Company, sedeada em Denver, Colorado, e adquirida pela firma


britânica Tomkins, é um grande fabricante de produtos de borracha para
automóveis. Gates tem um vasto número de programas de formação em todo o
mundo, mas actualmente o foco principal dos seus programas de formação está
na construção de equipas. “Quase todo o nosso trabalho é realizado em
equipas”, afirma Kathy Kimmens, gestor de educação e treino, “e faz parte da
nossa filosofia.” Gates identificou líderes de equipas promissores e formou-os
sobre o modo de usar uma série de quinze módulos de construção de equipas,
cuidadosamente planeados. “Nós agora temos um questionário que nos ajuda a
identificar onde as pessoas estão no processo de construção de equipas e
podemos dizer quais os módulos a utilizar nas respostas ao inquérito. Os tutores
(facilitadores de formação) regressam às suas unidades e formam outros na
utilização dos módulos. O que fazemos na formação foca principalmente a
construção de equipas, e tornámo-nos especialistas nisso”, afirma Kimmes.

Mercedes Benz na Alemanha

A Mercedes Benz em Estugarda, patrocina uma academia profissional especial


(Berufsakademie) que se orgulha na utilização dum vasto leque de estratégias de
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formação. Uma ideia que começou em Estugarda quando os esforços


cooperativos da Bosch, Siemens, IBM, e Mercedes Benz, a academia
profissional, algumas vezes conhecida como Stütgarter Model, fornece uma
alternativa à graduação standard universitária de 6 anos, para um diploma de um
programa de 3 anos e meio de trabalho e estudo. O modelo é baseado nas empresas
e é uma forma intensiva de treino. “Alguma coisa deve estar a trabalhar
correctamente” nota Martin Scherzinger, um dos coordenadores da academia,
“porque 1.300 alunos candidatam-se a 40 especialidade e no final do programa,
só 4% exerce a sua opção da deixar a Mercedes.

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E S U P O R T E S D I D Á C T I C O S
E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Scherzinger mostrou a Wheel of Methods Model utilizada ao longo da formação e


descreveu vários métodos em detalhe. Alguns dos estudos gerais têm lugar em
sala de aula onde a tradicional prelecção e explanação são dadas. Por vezes
especialistas de outros campos são convidados para discussões informativas e
inquéritos. Grupos com características idênticas (cohorts) são utilizados em vários
projectos e tarefas de solução de problemas. A formação, através de aplicações
para computador, é utilizada para formação comportamental na aprendizagem
de competências básicas e de comunicação. Jogos de simulação envolvendo
quatro empresas em competição são utilizados, bem como jogos
macroeconómicos desenvolvidos pela Göttingen University. Os participantes
são distribuídos por grupos de projecto para trabalhar em técnicas de solução de
problemas para problemas pessoais. Aprendem pensamento criativo no
Ideenhaus, o think tank - reservatório de ideias2 - da Daimler-Benz. Têm entrevistas
regulares com conselheiros para rever as suas experiências passadas e esboçam
planos futuros, e colegas mais velhos fornecem mentoria e apoio
(particularmente em competências de computador) através de um programa
designado Multipliers. Excursões de formandos são preparadas para visita a outras
instalações fabris e, quando regressam, fazem um curto relatório.

A descrição de Scherzinger sobre a Wheel of Methods Model revela que todas as


estratégias de formação mencionadas por Davis e Davis, 1998, abordadas neste
capítulo, foram utilizadas (algumas vezes com outros nomes), com
extraordinário bom senso, através de uma variedade e combinação de métodos.

“Nós mantemos a rotação dos aprendizes por diferentes experiencias de


aprendizagem durante três anos” afirma Scherzinger, “e eles saem com uma
preparação bastante completa para muitas e diferentes oportunidades que têm na
Mercedes-Benz.
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2 - Um ''think-tank'' pode ser considerado como uma infra-estrutura informal geradora de


conhecimento, que assegura um processo aberto, plural e transparente para análise de problemas, a
investigação conjunta e o suporte à decisão.

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M É T O D O S , T É C N I C A S P E D A G Ó G I C A S
E S U P O R T E S D I D Á C T I C O S Capítulo
E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Utilização de métodos
de formação

O objectivo do presente capítulo é determinar como, em situação de FCT,


se pode assegurar uma apropriada combinação (mix) de intervenções no
desempenho do formando e para tal proceder à análise dos aspectos
relevantes dos métodos de formação mais apropriados em FCT.

Como se mostrará adiante, a modalidade de formação FCT exige cenários, que


tendo como fundo ou estratégia principal – OJT (On-the-job-training) – necessitam de
uma combinação de métodos de formação, bem como de um híbrido (blended) de
media de comunicação e ferramentas adicionais para suportar a FCT.

Antes de entrar nos aspectos específicos dos métodos aplicáveis à FCT, é oportuno
começar por uma breve revisão das práticas que permitiram aos formadores criar
muitos métodos e técnicas de formação eficazes adquiridas ao longo dos anos. De
modo muito sumário, no presente capítulo trata-se de definir o seguinte percurso
metodológico:

ƒ Recapitular as condições da aprendizagem, o processo de formação e as


metodologias que facilitam a aprendizagem;

ƒ Descrever os métodos de formação que se revelam eficazes em formação


participativa, os quais serão discutidos consoante o seu interesse para a
aprendizagem activa em contexto de trabalho;

ƒ Indicar os critérios de selecção dos métodos pedagógicos;

ƒ Determinar quais os métodos a utilizar considerando a seguinte sequência


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de passos, apresentados na forma de tabelas:

1. Analisar as vantagens e desvantagens de cada método;

2. Considerar o propósito de cada método e quando a sua utilização


é adequada para comunicar um determinado conteúdo;

3. Consoante os objectivos definidos na concepção da formação,


utilizam-se os métodos de formação sugeridos que melhor se
adequam aos resultados desejados.

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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

ƒ Determinar como em situação de FCT, se pode assegurar um apropriada


combinação (mix) de intervenções no desempenho do formando;

ƒ Analisar os aspectos relevantes das estratégias pedagógicas em situação de


FCT.

Sem prejuízo de um posterior desenvolvimento do modelo de concepção da


formação na óptica do Instructional Design (ID), afigura-se necessário referir as
condições que facilitam o processo de aprendizagem.

Condições da aprendizagem e o processo


da formação
A utilização e o desenvolvimento de materiais em qualquer suporte que facilite a
aprendizagem requer uma compreensão e apreciação do modo como as pessoas
aprendem. Por exemplo, se na engenharia se faz aplicação de princípios da física e
da química, na medicina da biologia, na formação é a aplicação dos princípios da
aprendizagem.

Conforme se mostrou no capítulo anterior existe uma grande variedade de teorias e


modelos de ensino-aprendizagem, muitos deles adaptáveis à FCT. No entanto,
alguns têm-se mostrado mais flexíveis e eficazes.

Gagné (1965) – As Condições da Aprendizagem.

Segundo o autor, é fundamental desenhar as condições externas (eventos). Estas


condições ou eventos suportam as condições internas (processos de aprendizagem)
já que os formandos não poderão criar eles próprios as condições externas. Os
nove eventos da instrução de Gagné são:

1. Despertar o interesse e a atenção;

2. Apresentar objectivos;

3. Activar pré-requisitos de conhecimento;

4. Apresentar informação;

5. Fornecer orientação;
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6. Descobrir formas de performance (prática);

7. Feedback correctivo;

8. Avaliação do desempenho;

9. Melhorar a retenção e a capacidade de transferência.

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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Em termos de performance

O desenho das condições externas (eventos, ambientes, sistemas, ferramentas


recursos) suporta as condições internas necessárias para:

1. A aprendizagem;

2. O desempenho;

3. A motivação.

O processo de formação
Sem entrar na polémica entre os educadores construtivistas e os da instrução,
simplificadamente aceitamos que para os primeiros a aprendizagem é uma
abordagem em que as pessoas obtêm conhecimento por elas próprias com a
orientação de alguém mais experiente e sabedor (professor, colega mais sabedor de
um determinado tema). Para os segundos a apropriação de conhecimento pelas
processa-se de uma forma mais seguidista, isto é o processo de ensino
aprendizagem está centrado no formador.

O que é a instrução?

Geralmente a instrução/ ensino e a aprendizagem andam de braço dado e o termo


instrução ou ensino deveria ser entendido como a criação e o uso de ambientes, nos quais a
aprendizagem é facilitada.

É um facto que as pessoas podem aprender por elas próprias sem qualquer
incentivo exterior. Contudo, o papel das instituições (escolas, universidades,
centros de formação etc.) é facilitar a aprendizagem, em que a instrução/ ensino
deve combinar uma grande variedade de abordagens.

Figura 2.1 – Modelo de ensino


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Os autores Alessi S. e Trollip S. (2001) propõem um modelo, ilustrado na Figura


2.1, cujo processo de ensino inclui várias actividades para haver sucesso. Segundo
os autores para a aprendizagem ser eficaz e eficiente, as seguintes quatro
actividades ou fases de instrução deveriam ocorrer:

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Apresentação da informação

A informação é centrada no formador ou nos media. Para informação verbal ou


ilustrada utilizam-se regras, exemplos, ilustrações.

Guia do aluno

É geralmente um suporte escrito que permite a interacção entre os formandos e os


suportes de informação. Como não se aprende exclusivamente a partir de simples
exposição em sala, o formando responde às perguntas e realiza outras actividades
propostas pelo do formador.

Prática

Esta fase é centrada no formando, embora o formador ou o suporte de formação


interactivo, possam introduzir correcções à prática do formando. Estas correcções
podem ser originadas pela observação do formador ou por sistemas inteligentes
como adiante se verá.

Avaliação da aprendizagem

Como no processo de ensino nem todos os formandos terão sucesso, a recolha e o


tratamento da informação, através de instrumentos apropriados, sobre o percurso
dos formandos é fundamental para a regulação do processo e mesmo para decidir
sobre a eficiência do programa.

Utilização de métodos de formação apropriados

As actividades ou fases anteriormente descritas requerem a utilização de métodos e


técnicas de formação apropriados – tutoriais, treino e prática, simulações, role plays...
– que vão ser objecto de discussão nos tópicos seguintes.

Estratégias ou métodos e técnicas?


Na linguagem corrente, quando nos referimos a estratégias típicas de formação, os
termos estratégia, método e técnica aparecem muitas vezes de modo indiferenciado para
explicar o mesmo método no sentido de conjunto de eventos que definem um
determinado percurso.

Embora muitos métodos e técnicas pedagógicas se identifiquem com experiências dos


formadores, afigura-se de interesse descrever os mais adequados na formação em
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contexto de trabalho, como por exemplo estudo de casos e a simulação.

Alguma literatura portuguesa, nomeadamente a do IEFP na utilização do termo


métodos e técnicas, diferencia:

ƒ Métodos: os expositivos, interrogativos, demonstrativos e activos;

ƒ Técnicas: simulação, jogo de papéis, exposição, demonstração, estudo de


casos, tempestades de ideias.

(http://portal.iefp.pt/portal/page?_pageid=117,102125&_dad=gov_porta
l_iefp&_schema=GOV_PORTAL_IEFP)

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Tal como na formação em geral, o importante em FCT é dizer (exposição,


explicação, conferência etc.) e mostrar (demonstração, audiovisuais, etc.) ao
formando, o que deve fazer (trabalhos em grupo, estudos de caso, role-play,
simulação e jogos, etc.) (Carlos Fontes, in http://educar.no.sapo.pt/metodo1.htm).

Neste manual utiliza-se a expressão métodos de formação como sinónimo de métodos e


técnicas, à semelhança das associações americanas – ASTD e USDLA – ou mesmo
das edições Monitor em Portugal. Como o importante é evidenciar a acção (dizer,
mostrar ou fazer) que um método ou técnica implica, as duas categorias são
englobadas na designação métodos e técnicas. O mesmo é dizer que a expressão métodos
de formação3 engloba métodos e técnicas da nomenclatura nacional acima referida.

Descrição dos métodos de formação


Introdução aos métodos de formação
Os métodos de formação/pedagógicos figuram como vários meios pelos quais o
conteúdo ou material é comunicado. Trata-se de uma grande variedade de métodos
de formação, que são usados pelos formadores durante a realização de acções de
formação par facilitar a aprendizagem.

Com já se referiu não existe uma absoluta consonância entre diferentes autores
sobre o que é uma técnica e o que é um método. Na formação em contexto de
trabalho considera-se que poderá haver um método de formação que é central, mas
tal não dispensa a utilização de outros métodos e técnicas complementares.

A circunstância de a simulação ser dominante num determinado cenário de


formação tal não impede o recurso à utilização de por exemplo de actividades ou
tarefas que requerem análise de estudos de caso, role plays ou mesmo a
aprendizagem colaborativa.

Metodologia de abordagem
Há uma vasta panóplia de métodos e técnicas, geralmente utilizados em sala e
outros utilizados mais especificamente para formação a distância ou em formação
híbrida (blended learning). Assim a abordagem que se segue compreende duas fases:

1. Numa primeira fase, serão passados em revista os métodos e as


técnicas susceptíveis de utilizar em sala, os quais teoricamente poderão
ser pontualmente, também aplicados em situação de FCT. Destes
serão comparados e aprofundados, os que a literatura de referência em
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FCT mais recomenda;

2. Numa segunda fase, considerando a necessidade duma FCT


convenientemente estruturada serão tratados os métodos de formação
que asseguram uma apropriada combinação (mix) de intervenções no

3 - A ASTD (American Society for Training & Development) utiliza a expressão Método de formação
(Instructional Method) para enumerar os métodos (expositivo, interrogativo, etc) e as técnicas
(simulação, exposição, demonstração, etc.) acima indicados (in http://astd-
cac.net/mod/glossary/view.php?id=6)

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desempenho em FCT e que já foram objecto de estudo neste contexto


de trabalho.

A Tabela 2.1 – Descrição de métodos de formação descreve vários métodos e técnicas, que
serão discutidos consoante o seu interesse para a aprendizagem activa em contexto
de trabalho, designadamente no tópico “Como assegurar, uma apropriada
combinação de intervenções no desempenho em FCT”.

Tabela 2.1 – Descrição de métodos de formação

Métodos e
Descrição
técnicas
Exposição/ Permite a transferência da aprendizagem por mera
(Conferência) declaração e explicação do conhecimento. A conferência é o
método de ensino unidireccional que conta com o
conhecimento do formador e na sua capacidade para
apresentar a informação. Quando a interacção está
disponível, permite reforço do comportamento,
questionamento espontâneo, diálogo, e interacção social
com feedback imediato
Demonstração Permite transferir competências de desempenho /realização
através da descrição de procedimentos, tarefas, eventos,
processos, etc. O professor ensina demonstrando como se
faz: Contextualiza, divide em partes e pratica a execução.
Role Playing Envolve recriar uma situação relativa a um problema do
mundo real, na qual os participantes representam vários
papéis. Promove uma compreensão das posições de outras
pessoas e das suas atitudes, bem como dos procedimentos
que podem ser usados para diagnóstico e solução de
problemas. Os alunos podem assumir o papel de um
personagem, organização, ocupação profissional, etc.

Discussão Trata-se de uma discussão em dois sentidos entre formador


orientada e formandos. Suporta ambientes de aprendizagem síncronos
e dialécticos através de fluxos espontâneos e livres de troca
de informação. Encoraja a aprendizagem activa e
participada que suporta a transferência de conhecimento
através do diálogo. Os formandos podem discutir os
materiais com mais profundidade, partilhar pontos de vista e
experiências, e responder a questões.
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Simulação Representa réplica ou mímicas de eventos reais, reflectindo a


(Virtual Reality) realidade e que permitem observação contínua. Uma
simulação cria um modelo real de uma situação actual ou
ambiental.

Imagética Imagética é a visualização mental de objectos, eventos, e


exibições. Permite a visualização interna de moagens
relacionadas coma informação a ser aprendida. Ajuda a criar
ou a recriar uma experiência na mente dos formandos.
Envolve todos os sentidos: visual, cinestésico, áudio e táctil

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Métodos e
Descrição
técnicas
Brainstorming Brainstorming é um método válido e eficaz de solução de
(tempestade de problemas, no qual o criticismo é dilatado e as vias de
ideias) compreensão duma situação são bem-vindas, onde a
quantidade é desejada e a associação e a melhoria são
procurados. Ocorre geralmente em grupo e envolve a criação
de um vasto campo de ideias em ordem a encontrar um
método eficaz de solução de um problema.
Análise de Uma estratégia de solução de um problema similar à
Estudos de simulação que trabalha pela apresentação realística duma
caso situação requer que os formandos respondam e explorem
soluções possíveis. Neste método, os formandos são
confrontados com um real ou fictício cenário e devem
aplicar novos conhecimentos bem como experiências
anteriores para analisar a situação e desenvolver a solução.
Aprendizagem É uma forma de aprendizagem onde os formandos
colaborativa partilham responsabilidades e estão dependentes, uns dos
(Buzzgroup) outros, na consecução duma tarefa específica. Consistem de
3 a 6 pessoas, a quem é dada um trabalho ou tarefa para
completar num curto período de tempo.
Jogos Uma actividade governada por regras vinculando uma
situação competitiva. Podem ser actividades desenhadas
para simular alguns aspectos de um negócio. Os jogos de
negócio podem não ser competitivos, onde só um formando
ou grupo de formandos “ganha”.
Visita de estudo As de visitas de estudo a outros locais de trabalho, permitem
(Field trip) que os formandos possam fazer o benchmark de melhores
práticas de outras organizações como parte de iniciativas de
melhoria da qualidade total. Em situações de aprendizagem
de sala de aula, são usadas como técnica de aprendizagem
experimental par mostrar como os outros estão abordando o
problema, os procedimentos, ou a situação.
Modelo de O formando é envolvido pela observação e a prática. O
comportamento formando adquire os comportamentos - alvo pela observação
do “modelo” que os demonstra em filmes e vídeos. Então
reproduz aqueles comportamentos em práticas guiadas e
intensivas.
Incidente Neste método é dada aos formandos uma breve descrição
crítico (uma frase ou um parágrafo) de uma situação problema e
pede-se uma sugestão de uma solução, curso de acção ou
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causa do problema.

Pela diversificação de métodos de formação é possível manter os formandos


interessados, activar diferentes estilos de aprendizagem e melhorar a compreensão
e a retenção.

Se nos fixarmos apenas num método, tal como conferência ou exposição, a


formação pode ser de valor limitado, uma vez que os indivíduos aprendem de
diferentes maneiras.

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A utilização de um único método é cansativa e fastidiosa e exclui a possibilidade de


as pessoas serem sensibilizadas para outros métodos, através dos quais terão maior
probabilidade de sucesso na consecução dos objectivos de formação.

Selecção de métodos de formação


Métodos de formação e participação do formando

Uma maneira de distinguir métodos de formação poderá ser pelo nível de


participação requerido ao formando em cada um deles. Alguns métodos como por
exemplo o método expositivo, se mal utilizados convidam à passividade dos
formandos. Outros métodos, tais como a discussão em grupo ou o brainstotming,
exigem a participação activa dos formandos.

A aprendizagem baseada na experiência é um termo associado a métodos de formação


que requerem a participação activa dos formandos, desde que na aprendizagem
sejam utilizadas actividades, a realizar por exemplo, no contexto das suas próprias
experiências de trabalho.

Uma segunda maneira para diferenciar os métodos é pelo nível de controlo do formador
que é definido por cada método. Alguns métodos como a conferência/ exposição
conferem total controlo ao formador.

De modo oposto, outros métodos, tais como a solução de problemas em grupo


centram o controlo nos formandos porque tornam os participantes activos no
processo de aprendizagem com menor envolvimento do formador.

Critérios de selecção de métodos


Ao meio pelo qual um conteúdo ou um material é comunicado está associado um
método pedagógico. Cada método requer um conjunto de actividades que
despertem o interesse e a participação do formando.

Aspectos a considerar na selecção de métodos

Na selecção de métodos de formação, não há nenhum que seja o único e o melhor


para todas as situações, devendo considerar-se sempre a utilização de uma
combinação de métodos que configuram uma determinada orientação estratégica.

Contudo na selecção dos métodos de formação são considerar os seguintes


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aspectos (Karen Lawson, 1998):

ƒ A natureza da matéria de ensino;

ƒ O conhecimento do grupo sobre o assunto;

ƒ Os objectivos de formação;

ƒ O tempo disponível;

ƒ A dimensão do grupo;

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ƒ O tipo de participação desejado;

ƒ O equipamento disponível;

ƒ O tipo de sala;

ƒ Os custos

ƒ A zona de conforto do formador;

ƒ A zona de conforto dos participantes;

ƒ Os estilos de aprendizagem e modos de percepção dos participantes.

Modus operandi dos critérios de selecção de Karen Lawson

Para determinar quais os métodos a utilizar considere a seguinte sequência de


passos, descritos em tabelas (que equivalem a guias de estudo), como se indica:

1. Analise as vantagens e desvantagens de cada método (Tabela 2.2 -


Métodos de formação - vantagens e desvantagens);

2. Considere o propósito de cada método e quando a sua utilização é


adequada para comunicar um determinado conteúdo (Tabela 2.3 -
Métodos de formação - propósito e quando usar);

3. Consoante os objectivos definidos na concepção da formação, deve


utilizar os métodos de formação sugeridos que melhor se adequam aos
resultados desejados (Tabela 2.4 - Conjugação de métodos de formação e
resultados desejados).

Métodos de formação: vantagens e desvantagens


Uma cuidada análise das vantagens e desvantagens de cada método permite
determinar quais os métodos a utilizar na situação de trabalho.

Como se verá adiante, só os objectivos de formação e o contexto real de trabalho


permitem avaliar quando é apropriado, por exemplo, utilizar: debates; discussão em
grupo; grupos de trabalho; demonstração (exemplificação de "como deve ser
realizado o trabalho"); demonstração com prática (demonstração seguida de prática
dos participantes); recursos (filmes e vídeos); visitas de estudo; simulações
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electrónicas (em situações de risco físico ou económico).

Cada vez mais a variedade e a complexidade das situações de formação exige


capacidade de adaptação e decisão acertada do formador na escolha de métodos
pedagógicos, pelo que se torna pertinente uma visão expedita dos pontos fortes e
fracos de cada método, como mostra a tabela seguinte.

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Tabela 2.2 – Métodos de formação: vantagens e desvantagens

Método/Técnica Vantagens Desvantagens


Exposição/ Modo eficiente de transmitir Aula centrada nas
(Conferência) grande quantidade de necessidades e objectivos do
informação em pouco docente.
tempo.
Não fomenta o esforço de
Bom para a fase de aquisição individual de
aquisição e reestruturação conhecimentos.
de conhecimentos.
Não se adapta a públicos
Serve para qualquer heterogéneos.
conteúdo.
Pode suscitar desinteresse
Permite o ensino a muita
Dificulta o controlo da
gente.
aprendizagem individual.
Permite redundância e
adaptação
Demonstração O docente mostra e repete a Exige mais tempo.
execução com os alunos,
Exige grupos reduzidos.
que a reproduzem eles
próprios. Necessita de material
pedagógico
Transmite conhecimentos
práticos.
Permite e promove o
esclarecimento.
Permite o treino psicomotor
Role Playing Desenvolve competências Alguns participantes são
resistentes.
Oportunidade de praticar o
que é apreendido. Aplica-se a situações
imaginárias.
Os Participantes ganham
insight (visão interior) no Requer um planeamento
seu próprio comportamento considerável
Discussão Estimula o pensamento. Um participante pode
orientada Puxa o conhecimento e a
dominar.
experiência de todos os Não há garantia de que
membros do grupo. todos irão participar.
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Ajuda os formandos a Não dá para assegurar que


avaliar a sua compreensão todos compreendem.
do material
Consumo de tempo.
Ocasiona a saída do grupo
fora do percurso.
Simulação Promove elevados níveis de Pode ter um custo alto e
motivação e participação. consumo de tempo.
Fornece feedback imediato. Requer planeamento
significativo e excelentes
Aproxima o ambiente do
competências de facilitação.
mundo real.

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Método/Técnica Vantagens Desvantagens


Pode exigir mais do que um
facilitador.
Observação Gera interesse e entusiasmo O foco pode mudar
facilmente da aprendizagem
É menos ameaçadora que
para o entretenimento
outros métodos
Os demonstradores podem
Promove a partilha de ideias
não fazer o trabalho
e de observações
adequado
Requer facilitadores
especializados
Brainstorming Estimula o pensamento Um participante pode
crítico e dialéctico manipular o grupo.
Desenvolve o conhecimento Não há vias para assegurar
e a experiência de todos os que todos compreendem.
membros do grupo.
Consumo de tempo.
Alarga as vias de
Facilita a entrada do grupo
compreensão de uma
fora do percurso desejado.
situação
Estudos de caso Desenvolvimento de Falta de realismo e de
competências na análise e relevância para o conjunto
solução de problemas. da organização
Facilita o desenvolvimento Os formandos podem falhar
de competências para no encontro do aspecto mais
trabalho em equipa, da crítico do estudo de caso: a
comunicação e de identificação do problema
apresentação das próprias subjacente.
descobertas
Aprendizagem Dá enfoque às diferenças Não é eficiente para
colaborativa individuais. transmitir grande
quantidade de informação
Respeita a diversidade
em pouco tempo.
cultural repercutindo as
mudanças na sociedade e no Consumo de tempo.
local de trabalho.
Não enfatiza a
Produz bom nível de competitividade individual.
consecução, relações
positivas entre participantes
e ajustamento psicológico
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Jogos Promovem a aprendizagem Consumo de tempo.


activa.
Pode conduzir à perda de
Fornecem feedback controlo do facilitador.
imediato.
Algumas vezes dificulta a
Levanta o interesse. monitoria.
Estimula a excitação. Algum grau de risco.
Melhora a aprendizagem e a
retenção

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Métodos de formação: propósito e quando usar


Uma vez analisadas as vantagens e desvantagens de cada método é necessário
considerar o propósito de cada método e quando a sua utilização é adequada para
comunicar um determinado conteúdo como mostra a Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Métodos de formação – propósito e quando usar

Método/
Propósito Quando usar
Técnica
Role Play Ajuda os participantes na Praticar habilidades
prática de competências adquiridas recentemente.
utilizadas em interacção
Experimentar a impressão
que dá uma certa situação.
Fornecer feedback aos
participantes acerca do seu
comportamento.
Jogos Fornecem uma maneira não Ajudar à total compreensão
assustadora de apresentar do programa do curso
ou analisar os materiais do
Apresentar a secura do
curso
material de maneira
interessante
Juntar elementos
competitivos à sessão.
Simulação Recria um processo, evento, Integrar e aplicar um
ou um conjunto de conjunto complexo de
circunstâncias, geralmente competências
complexo, tal que os
Descobrir tendências
participantes podem
naturais dos participantes e
experimentar e manipular a
fornecer feedback daquelas
situação sem risco e então
tendências
analisar o que aconteceu
Fornecer uma experiência
realista relacionada com um
cargo.
Observação Certos participantes actuam Mostrar como o grupo
ou demonstram executa procedimentos, ou
comportamentos, tarefas ou aplica uma habilidade ou
situações, enquanto outros comportamento.
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observam e dão feedback


Exposição Comunica informação, Comunicar informação
quando a interacção ou a rapidamente, dentro de um
discussão não é desejada ou curto período
não é possível
Comunicar a mesma
informação para um grande
número de pessoas
Fornecer informação básica
a um grupo que não é
conhecedor.

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Método/
Propósito Quando usar
Técnica
Discussão em Oferece oportunidade para Gerar ideias
pequeno grupo os participantes
Descobrir o que os
expressarem opiniões,
participantes pensam acerca
partilharem ideias,
dum assunto particular
resolverem problemas e
interagirem uns com os Aumentar o nível de
outros participação
Encorajar a interacção e a
construir a coesão do grupo.
Estudos de Permite aos participantes Testar a compreensão dos
caso trabalhar com o conteúdo participantes de conceitos
em pequenos grupos ou processos
Promover a colaboração em
grupo
Melhorar a confiança dos
participantes nas suas
capacidades para aplicar
aprendizagem nas funções
do seu cargo

Correspondência entre métodos de formação e resultados


desejados
Pela diversificação de métodos de formação é possível manter os formandos, com
diferentes estilos de aprendizagem, interessados, activos e melhorar a sua
compreensão e a sua capacidade de retenção.

Se nos fixarmos apenas num método – tal como conferência ou exposição – a


formação pode ser de valor limitado, uma vez que os indivíduos aprendem de
diferentes maneiras.

A utilização de um único método é cansativa e fastidiosa e exclui a possibilidade de


as pessoas serem sensibilizadas para outros percursos alternativos, onde poderão
ter maior probabilidade de sucesso na consecução dos objectivos de formação.

A tabela anterior permite decidir quais os métodos a utilizar, consoante o seu


propósito e ao mesmo tempo mostra como comunicar o conteúdo quando se usa
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determinado método.

Contudo, é necessário ter sempre em mente os resultados desejados, quando se


concebe uma sessão de formação.

Conforme mostra a tabela 2.4, para Karen Lawson (1998) um método de formação
não é exclusivo de um determinado resultado na taxonomia de Bloom. Até ao nível
da compreensão há uma grande sobreposição de métodos. Já no desenvolvimento
de competências é clara a necessidade de aplicação de métodos activos, como o
role play e a simulação.

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Se a tabela 2.3 ajuda a sugerir métodos, a tabela seguinte, segundo Karen Lawson
(1998), poderá ajudar também a conjugar métodos com os resultados desejados,
facilitando a sua diversificação.

Tabela 2.4 – Conjugação de métodos de formação e resultados desejados

Resultado desejado Método de formação sugerido


1. Conhecimento Livro de texto
Exposição
Discussão em pequeno grupo
Jogos
Formação assistida por computador
Gravação em vídeo
2. Atitudes/ valores Discussão orientada
Discussão em pequenos grupos
Role Play
Dramatização
Jogos de gestão
Estudo de caso
Gravação em vídeo
Simulação
Debate
3. Compreensão Discussão orientada
Discussão em pequenos grupos
Role Play
Jogos de gestão
Estudo de caso
Gravação em vídeo
Formação assistida por computador
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Estudos de caso
Demonstração/ Dramatização
4. Desenvolvimento Desempenho em contexto de trabalho
de competências
Role Play
Jogos de gestão
Simulação
(Adaptado de Karen Lawson, 1998)

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Como assegurar intervenções


apropriadas no desempenho em FCT
Para assegurar uma combinação apropriada de intervenções / métodos no
desempenho do formando em situação de FCT é necessário considerar:

ƒ Os critérios para determinar se uma ajuda de trabalho ou uma alternativa à


formação em contexto de trabalho é necessária;

ƒ Os aspectos relevantes dos métodos de formação a destacar em FCT, ou a


modificar, relativamente à formação em sala.

O planeamento da FCT assegura um sinal prometedor, como um meio para


acelerar a velocidade como a formação e a aprendizagem ocorrem nas
organizações. Mas não é uma panaceia. A FCT não resolve todo e qualquer
problema de desempenho, porque só é apropriada quando o problema deriva de
falta de conhecimento, ou de competência ou de atitude pobre do executante. Se a
causa radica em factores fora do alcance do controlo do trabalhador (ou do posto
de trabalho) outras acções devem ser tomadas. Ao mesmo tempo regista-se a
tendência de considerar como integráveis na FCT os métodos de blended learning
preferencialmente ao e-Learning puro ou à formação em sala.

Análise de ajudas e alternativas para FCT


Os autores de Improving OJT, Rothwell e Kazanas (2004), na aplicação prática do
modelo DAPPER, acrónimo de – Discovery, Analysis, Preparation, Presentation,
Evaluation e Review. – no ciclo de desenvolvimento da formação, questionam o
modo de assegurar um casamento de métodos de formação apropriado para FCT e
ajudam a determinar se uma ajuda de trabalho é necessária.

Na abordagem da Concepção de suportes didácticos para FCT, no Capítulo 3 (Ver Figura


3.2 - Modelo de desenvolvimento DAPPER para FCT), o modelo será descrito
detalhadamente, sendo de reter para já que o ciclo se inicia com a análise de
necessidades e termina com a análise das ajudas de desempenho do trabalho para a
FCT estruturada.

Os autores aceitam que os métodos de formação catalogados para sala de aula


podem ser aplicados com algumas modificações em situação de FCT.

Recursos didácticos: ajudas, suportes de trabalho e métodos de formação


© 2007 DeltaConsultores e Perfil em parceria.

Para os autores do modelo DAPPER, os métodos e técnicas de formação que se


descreveram – exposição, demonstração, role play – figuram como ajudas de
desempenho de trabalho para FCT (Aids to OJT) e do mesmo modo consideram
ajudas de trabalho alternativas: manual de procedimentos, CBT, formação baseada
em vídeo interactivo, EPSS, tabelas de decisão, memorandos, etc. Embora nas
ajudas de trabalho electrónicas, como é o caso da simulação o método ou técnica
se identifique com o respectivo suporte/ recurso (aplicação de software)
abordamos em separado os métodos de formação e os suportes/ recursos de
formação em contexto de trabalho.

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Sem nos afastarmos da noção de recurso didáctico, utilizada no capítulo 3,


enquanto suporte que permite estabelecer ou facilitar a relação "fonte de
informação – destinatário" importa referir o que se entende por recurso técnico-
pedagógico na terminologia do IQF, que se aproxima da nossa definição de
recurso didáctico.

Segundo Carina Baptista et. al., 2000 na terminologia portuguesa a expressão


Recursos Técnico Pedagógicos, vulgarmente designados recursos didácticos,
envolve instrumentos pedagógicos (Tv, vídeo, filmes, documentos escritos),
técnicas de apresentação (métodos e técnicas pedagógicas) e planos de sessão. (in
Fichas de Bolso: Apoio ao Profissional de Formação, IQF, 2000)

Critérios para determinar se uma ajuda de trabalho ou


alternativa para FCT é necessária
Com base no conceito amplo de “ajudas de trabalho para FCT” utilizado por
Rothwell e Kazanas (2004), coloca-se a questão de determinar se uma ajuda ou
alternativa para FCT é necessária.

Para tal, é necessário considerar as quatro questões levantadas nos parágrafos


seguintes e, se as repostas a que se chegou, sugerem que as necessidades de FCT
aumentaram ou que a formação em FCT é inapropriada, podem utilizar-se uma ou
mais ajudas de trabalho, ou substituir uma ou mais das alternativas, tais como,
manual de procedimentos, sistemas electrónicos de apoio do desempenho EPSS,
tabelas de decisão, sistemas virtuais etc. Em resumo as respostas a essas questões
funcionam como critérios e podem exigir um ou mais métodos ou a escolha de
recursos alternativos, como a seguir se indica.

Conveniência/ vantagem
Os formadores devem questionar se uma ajuda de trabalho para FCT é facilmente
disponibilizada. Por exemplo, o que é mais conveniente para a organização:
actualizar manuais de procedimentos, CBT (Computer Based Training), vídeo
interactivo, memorandos, ou adquirir outras ajudas de trabalho que podem facilitar
as tarefas dos formadores em FCT? Se a segunda alternativa é viável, a utilização
destas ajudas de certo contribuirá para acelerar ou melhorar a FCT.

Considerações de custo
Os formadores devem determinar, se uma ajuda de trabalho para FCT é
especialmente eficaz em termos de custo. Por exemplo, é mais eficaz, em termos
de custo, fornecer aos alunos ajudas no posto de trabalho – mesmo com
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componentes electrónicas ligadas ao posto de trabalho – do que investir em custos


de suporte à formação individual programada e supervisionada por um tutor (one
on-one training)?

Considerações de tempo
Os formadores devem considerar se confiar numa ajuda de trabalho economizará
tempo para formadores e formandos. Estas considerações podem ser
especialmente importantes em organizações, nas quais os formadores de FCT não
estão disponíveis prontamente, porque os empregados estão demasiado ocupados,
apagando fogos, gerindo crises e com saídas para trabalho exterior.

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Sensibilidades dos formandos e formadores


Finalmente, os formadores devem questionar se os formandos e/ou os formadores
estão a ficar cansados de usar a mesma abordagem à formação em todas as funções
do posto de trabalho. Se isso acontece, devem investigar quantas variedades podem
ser introduzidas, bem como manter o interesse dos formandos e de modo idêntico
dos formadores.

Construir ajudas de desempenho do trabalho ou realizar FCT


individual?

Os critérios acima enunciados permitem decidir se vale a pena em


ternos de custo/ eficácia produzir ajudas de desempenho do trabalho,
ou realizar formação individual (one-on-one), em que o formando
aprende fazendo a partir do desempenho do tutor, que até pode ser
um colega mais experiente ou um supervisor.

Aspectos relevantes dos métodos de


formação em FCT
Ao longo dos anos, os formadores que conduziram formação em sala de aula, têm
criado muitos métodos e técnicas de formação eficazes, incluindo os métodos,
expositivo, demonstrativo, visitas de estudo, modelo de comportamento, estudo de
caso, de aprendizagem colaborativa em grupo, dos incidentes críticos, brainstorming
e role play. Muitos dos métodos de formação têm sido catalogados para animar
cenários de formação em sala, mas dum modo geral aplicam-se à FCT com
algumas modificações. Seguem-se algumas ideias sobre maneiras de aplicar os
métodos referidos, segundo as pesquisas de Rothwell e Kazanas (2004).

Método expositivo
Trata-se de um método apropriado para distribuir formação, quando há
necessidade de comunicar muita informação, especialmente a um grupo num
relativo espaço de tempo curto. Se o formador é um especialista da matéria, então
pode comunicar ao grupo, como podem ser abordados aspectos chave ou
características duma actividade, ferramenta, ou peça de equipamento; ou então, se a
informação muda rapidamente, a exposição será ainda um meio viável para
actualizar várias pessoas sobre o mesmo tópico em simultâneo.
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Quando utilizar

A exposição pode ser utilizada em FCT, quando qualquer das condições anteriores
se verifica e pode mesmo ser usada em situação de one-on-one training (um indivíduo
aprende com outro mais experiente).

Através de exposições orais, pode ser dada aos formandos que se estão iniciando
na FCT informação de background acerca do essencial das funções do cargo, para
aprenderem rapidamente o que são as funções, quando, onde, porquê, como
devem ser realizadas e como os resultados devem ser medidos.

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Crítica do método

As críticas a este método prendem-se com o papel passivo do aprendente, e como


os formandos ouvem mais depressa do que os formadores falam, os formandos
podem começar a ficar aborrecidos se não são questionados a fazer ou dizer algo.

Esta passividade pode facilmente dissipar-se com a utilização de uma combinação


de métodos que favoreçam a participação e o envolvimento do formando.

Técnicas de envolvimento do formando em torno do método expositivo


Contudo, o método expositivo pode ser utilizado eficazmente em FCT, quando
existem condições apropriadas e são utilizadas técnicas desenhadas para envolver o
formando. Para conseguirem o envolvimento do formando, os formadores podem
convidar os formandos a:

ƒ Ler acerca das tarefas da função ou sobre problemas relacionados com o


trabalho em memorandos de procedimentos apropriados, manuais de
equipamentos, ou outras fontes de informação escrita, antes da palestra ou
exposição ser proferida;

ƒ Preparar uma lista de questões para a conferência/ exposição;

ƒ Compilar exemplos de problemas ou situações, que os seus pares/ co-


trabalhadores mais experientes têm encontrado em situações reais;

ƒ Trabalhar sobre um problema difícil ou exemplo, fornecido pelo formador


antes da exposição;

ƒ Fazer o levantamento junto de co-trabalhadores experientes dos problemas


comuns que estes trabalhadores têm encontrado;

ƒ Completar um breve questionário ou instrumento preparado pelos


formadores para ultrapassar discrepâncias (gaps) nos conhecimentos dos
formandos.

Formação em pequenos grupos


A formação em pequenos grupos (Small-Group in-Service Training) combina uma
curta palestra com alguns métodos de formação e é distribuído para mais do que
um empregado em FCT. Embora seja planeada é raramente fastidiosa. Por
exemplo, um supervisor, um trabalhador experiente, ou outro formador pode
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juntar um pequeno grupo de trabalhadores à volta de uma mesa, ou estação de


trabalho para os actualizar sobre: especificações de um novo equipamento, novos
procedimentos, métodos, ou novas técnicas.

Neste tipo de formação, os trabalhadores são geralmente informados acerca da


mudança. É efectuada uma breve demonstração, e então é-lhes dada oportunidade
de colocarem questões. É quase um método relâmpago de actualização de
empregados nas mudanças que ocorrem no posto de trabalho e pode ser
facilmente combinado com um encontro do pessoal da equipa de trabalho.

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Método demonstrativo
Uma demonstração é uma apresentação ilustrada na qual os formadores utilizam
ajudas visuais ou outros suportes para animar a discussão e estimular os sentidos
(percepções) dos formandos em ordem a reforçar pontos importantes. A
demonstração consiste em mostrar aos formandos como concretizar uma
determinada performance, em que os formadores mostram aos formandos o que
fazer e como fazer.

Etapas da demonstração
Para utilizar a demonstração eficazmente em FCT, os formadores devem seguir os
seguintes passos:

1. Começar a demonstração com um breve sumário de background (Vou


mostrar como...);

2. Criar ilustrações ou exemplos capazes de serem mostrados aos


formandos;

3. Assegurar que o equipamento, as ferramentas, o software, ou outros


objectos ou actividades estão funcionais, antes de serem mostrados aos
formandos;

4. Apresentar os procedimentos etapa a etapa, permitindo aos formandos


chances frequentes para acompanhar o prosseguimento – talvez depois
de cada etapa – assegurando assim que ganhem experiência directa e
activa e melhorem a sua autoconfiança a partir dessa experiência de
sucesso.

Como evitar a passividade do observador na demonstração

Tal como no método demonstrativo, a demonstração pode atirar os formandos


para um papel passivo de observadores a não ser que os formadores usem etapas
activas para lhes facultar participação activa na experiência.

Outras técnicas podem também ser utilizadas nas demonstrações de FCT para
melhorar o envolvimento do formando. Por exemplo, os formadores podem ter
formandos a experimentar um procedimento, por eles próprios antes da
demonstração, de modo a poderem apreciar integralmente os problemas da
execução. (Esta técnica deve ser usada com procedimentos que não ponham em
perigo a segurança e a saúde do formando).
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A demonstração executada pelo formando ajuda a construir autoconfiança

Os formadores podem também seleccionar formandos brilhantes e convidá-los a


investigarem o tópico a ser demonstrado, apresentarem uma demonstração ao
formador e de seguida fazerem uma apresentação aos seus co-trabalhadores. Esta
última abordagem constrói a autoconfiança do formando, enquanto reforça a
iniciativa individual.

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Visita de estudo
As visitas de estudo, na forma de visitas planeadas, especialmente a outros locais de
trabalho, têm merecido atenção, porque as organizações estão a promover estas
visitas de modo a que os empregados possam fazer benchmarking das melhores
práticas de outras organizações, como parte, por exemplo, de iniciativas de
qualidade total.

Na formação em sala, as visitas são utilizadas como técnica de aprendizagem


baseadas na experiência, para mostrar aos formandos como os outros estão
abordando o problema, os procedimentos, ou a situação. Em FCT, os formadores
podem organizar uma visita de estudo a outras organizações, ou a diferentes partes
da mesma organização, tal que os formandos possam ver como as tarefas da
função são levadas a cabo noutro cenário, ou como as consequências do seu
trabalho vão ao encontro das necessidades do cliente.

Como organizar uma visita de estudo eficaz


Para organizar uma visita de estudo eficaz, os formadores devem:

1. Planear a visita meticulosamente, assegurando uma apropriada margem


de manobra para os formadores e formandos entrarem noutras áreas
de trabalho;

2. Clarificar os objectivos da visita no respeitante ao que os formandos


são capazes de fazer quando saírem do local da visita;

3. Dar aos formandos uma lista de questões para serem respondidas


durante ou depois da visita, uma técnica que favorece o envolvimento
dos formandos;

4. Dar instruções aos formandos de etiqueta apropriada, tal como: serem


corteses e não fazerem estragos na área a visitar;

5. Dar ênfase aos pontos-chave a aprender;

6. Permitir a participação directa em experiências, sempre que possível;

7. Acompanhar os formandos, encorajando a formulação de questões e


reforço de políticas, procedimentos, ou tarefas de trabalho.

Modelo de comportamento
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Segundo Robinson (1982, in Davis e Davis, 2004), a modelação do


comportamento “envolve aprendizagem por observação e prática. O formando
adquire os comportamentos alvo pela observação de um ‘modelo’ que os
demonstra em filme ou gravação em vídeo, e então reproduz aqueles
comportamentos numa intensiva prática guiada.”

O modelo de comportamento é por vezes, mais associado à formação em soft skills4


(competências comportamentais, como as de comunicação, gestão, planeamento,

4 - Ver Glossário

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liderança, gestão de recursos) utilizadas no desenvolvimento da supervisão e da


gestão do que à formação em hard skills . Como exemplos de hard skills
(competências técnicas) apontam-se a manutenção de equipamento ou
procedimentos específicos de um cargo; exemplos de soft skills incluem serviços ou
supervisão eficaz de alta qualidade para o cliente.

Como aplicar o modelo


Para aplicar o modelo de comportamento para FCT os formadores devem:

1. Seleccionar as funções do cargo para o modelo (por exemplo,


tratamento com clientes irados ou a condução eficaz de entrevistas
disciplinares);

2. Partir a actividade em etapas específicas ou comportamentos a serem


demonstrados aos formandos;

3. Atrair a atenção dos formandos para o episódio do modelo (“Eu vou


mostrar-vos como lidar com um cliente encolerizado”);

4. Fornecer modelos de comportamentos apropriados e inapropriados;

5. Utilizar segmentos de gravação em vídeo, se possível, para expor aos


formandos modelos que tem sido cuidadosamente ensaiados e/ ou
que são difíceis de replicar no tempo e lugar exactos numa base
contínua.

Depois da apresentação do comportamento modelo, os formadores devem


encorajar os formandos a praticar o comportamento eles próprios, tal que as suas
abordagens possam ser observadas pelos formadores e os formandos possam
fechar o gap (discrepância) entre a observação dos outros na realização do
comportamento e a execução por eles próprios.

Estudo de caso
Um estudo de caso é essencialmente uma história, muitas vezes baseada em
ocorrências actuais, utilizadas para fins de formação.

Os estudos de caso têm longa utilização em sala, como meio de reforço dos
pontos-chave da formação ou para levar os formandos a fazerem as suas próprias
descobertas, pois contêm informação suficiente para descrever a situação, mas que
nem sempre garante possíveis soluções.
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A adaptação de estudos de caso para FCT

A adaptação faz-se pela focagem de estudos em funções em contexto real de


trabalho, tarefas de trabalho, problemas de rotina encontradas durante o trabalho,
ou importantes mas em situações atípicas. Os estudos de caso, geralmente devem
ser escritos, embora os formadores possam ocasionalmente contar aos formandos
uma “história” e pedir as suas sugestões acerca de acções apropriadas, a tomar com
base na formação recebida.

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Fontes de estudos de caso

Os formadores podem escrever estudos de caso baseados nos problemas actuais


ou situações que têm ocorrido na organização, ou no ambiente da profissão. Por
esta via, os estudos de caso de FCT podem tornar-se importantes repositórios de
memória institucional, uma importante componente na aprendizagem
organizacional, porque eles incorporam lições apreendidas pela experiência, que
foram absorvidas pela cultura organizacional. Os estudos de caso devem começar
por descrever quem está envolvido, o que aconteceu, quando, onde e como
aconteceu.

Como utilizar um estudo de caso em FCT

Para utilizar um estudo de caso em FCT, os formadores devem introduzir o estudo


de caso pela explanação do seu propósito e resultados desejados. Aos formandos
deve ser dito quanto tempo lhes é dado para trabalhar nele, onde devem dedicar
tempo (on the job ou off the job), qual a forma que as suas respostas devem assumir
(repostas a uma lista de questões ou um curso de acção recomendado), e quem ou
o que eles podem consultar na formulação de respostas acerca do caso (devem
falar com trabalhadores experientes seus pares, ou mesmo seleccionar clientes ou
devem consultar manuais de procedimentos ou fontes de informação similares?).

Depois de os formandos terem analisado estudos de caso, os formadores devem


fazer o seguimento pela revisão das respostas dos formandos. Este
acompanhamento é uma oportunidade ideal par enfatizar pontos-chave e para
encorajar os formandos a ganhar novas visões acerca das situações de trabalho
existentes, através de questões do estudo de caso.

Grupos de trabalho (Buzzgroups)


Trata-se de uma pequena equipa de formandos que partilham objectivos de
aprendizagem comuns. Em cenário de sala de aula são designados grupos de trabalho
e são formados para examinar um estudo de caso, levar a cabo um role play,
identificar e explorar soluções para um problema, ou realizar outras actividades.

Para aplicar este método em FCT, os formadores tem que ser criativos, mas
considerar o interesse na gestão da equipa que está a ser examinada. Muitas
organizações de negócios dos US consideram conveniente a utilização de métodos
de grupos de trabalho em cenários de trabalho. A um formando pode ser atribuído
um trabalho (assignment) para pesquisar com outros colegas de trabalho, outras
organizações ou clientes. Alternativamente, o formando pode ser incluído numa
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task force, num grupo de trabalhadores escolhido para trabalhar num problema
relacionado com as funções de um cargo até conseguirem soluções recomendadas
para gestão ou até as suas soluções poderem ser implementadas por eles próprios
ou outros trabalhadores autorizados.

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Como aplicar o método dos grupos de trabalho em FCT


Descrevem-se de seguida algumas dicas para aplicar o método dos grupos de
trabalho em FCT:

1. Clarificar as expectativas dos formandos que estão a investigar


(“Gostaria que compilassem informação para o seguinte problema...”);

2. Descrever os recursos que os formandos necessitam de consultar


quando colhem informação ou pesquisam soluções (“Eu sugiro que
consulte os procedimentos correntes dos manuais e visitem os
seguintes colegas de trabalho para colher informação”);

3. Explicar quanto tempo será dado (“Tem todo o tempo até ao final do
dia para completar esta actividade”);

4. Descrever os resultados desejados (“Quero que regresse com soluções


escritas para resolver este problema”).

Uma vez completada a investigação por parte dos formandos, os formadores


devem acompanhar a actividade do grupo provocando questões para reflexão,
reforçando desse modo pontos-chave para futuras referências e simulações dos
formandos em investigação posterior.

Incidentes críticos
Um incidente crítico é muito menor que um estudo de caso, mas a ideia subjacente
é similar. Aos formandos será dado uma breve descrição (de uma frase a um
parágrafo) duma situação problema e será pedido para sugerirem uma solução, o
curso da acção, ou a causa do problema. Desde há muito tempo utilizada como
instrumento de avaliação de necessidades, a abordagem do incidente crítico toma
esta designação duma situação (incidente) especialmente importante (crítica) que pode
conduzir ou quebrar o sucesso de um desempenho.

Como identificar incidentes críticos


Os formadores, para identificarem incidentes críticos, devem conduzir alguma
pesquisa de background, questionando trabalhadores experientes e supervisores com
perguntas do seguinte teor:

1. Qual foi situação mais difícil, que já encontrou na sua ocupação?

2. Como agiu nessa situação?


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3. O que aconteceu como resultado do que fez?

4. Como iria lidar com essa situação se tivesse que a enfrentar de novo?

5. Porque iria lidar com a situação dessa maneira?

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Exemplo de um incidente crítico a facultar aos formandos

“Você recebe uma chamada de um cliente irado no final do dia, na qual é


pressionado para alterar o montante devido numa factura. O que deve fazer?”.

As respostas certas ou erradas são determinadas a partir de recomendações de


trabalhadores experientes e de supervisores para o tratamento desta situação. Para
as respostas certas, os formadores oferecem aplausos; para as respostas erradas,
apresentam acções apropriadas e dão formação adicional, quando pode ser
garantida.

Quando os incidentes críticos são utilizados, eles desfrutam de forte suporte de


trabalhadores experientes e de supervisores porque a sua relação com o cargo vai
muito além da disputa.

Os formandos apreciam-nos porque tornam a formação mais orientada para


problemas do que para a teoria. Os formadores também os apreciam, desde que
sejam fáceis de escrever e de utilizar, seja em sala ou em formação directa
formando – formador.

Brainstorming (discussão para geração de ideias)


Brainstorming em sentido clássico, é uma actividade concebida para estimular a
solução criativa de problemas. Utilizado tanto, por exemplo, na pesquisa de
mercado, como em sala de aula, geralmente consiste de duas partes: geração da
ideia e avaliação da ideia. As duas partes são mantidas separadas pela concepção, tal
que os esforços de avaliação não impeçam o livre fluxo de ideias.

Como aplicar brainstorming em FCT


Para aplicar o brainstorming em FCT, os formadores colocam o problema ou
situação aos formandos e pedem-lhes para apontar as várias causas possíveis do
problema ou curso da acção para a situação num curto prazo de tempo atribuído.
De seguida, os formandos são questionados a avaliar as suas listas de causas ou
acções a restringir. Finalmente, os formandos são questionados a seleccionar
provavelmente uma causa e/ ou a acção recomendada, dando razões para as suas
escolhas, tal que os formadores possam ver quão bem a abordagem das tarefas dos
formandos está ligada à solução do problema ou à solução a tomar.

Dramatização de casos (Role Play)


Um – desempenho de um papel (role play) - assemelha-se a um estudo de caso, no
qual os formandos são questionados actuar numa parte do que encontraram ou
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provavelmente se estão a deparar nas funções do cargo. Alguns formandos podem


não gostar do role play, porque por considerarem que é artificial e que algum esforço
mental é requerido para assumir e desempenhar o papel de outra pessoa.

Tipos de role plays para FCT


Há vários tipos de role play que os formadores em FCT podem utilizar.

No role play simples, os formandos são questionados a assumir as suas partes de


representação com o mínimo de preparação e não lhes são dadas descrições
escritas dos papéis que vão representar.

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No role play de troca de papéis, os participantes são convidados a mudar de


papéis e de cadeiras. Podem desempenhar o papel de um co-trabalhador ou de um
cliente e revelar os sentimentos daquelas pessoas.

No role play duplo, três pessoas trabalham juntas: dois deles representam papéis e
o terceiro observa. O observador pode entrar na acção quando se justifica.

No role play de rotação, o formador pede aos participantes que o continuem.


Esta substituição espontânea aumenta o número de participantes e reduz o
embaraço provocado pelo facto de se estar na berlinda. Aumenta o número de
pontos de vista e abordagens diferentes.

Como utilizar o role play em FCT


O uso de role play em FCT, embora pareça difícil não é. Os formadores devem tão
só seguir as seguintes etapas:

1. Fornecer informação de background sobre o que é o role play e porque é


usado;

2. Informar os formandos sobre os papéis que vão representar;

3. Convidar cada formando a assumir o papel de co-trabalhador, cliente,


supervisor, ou qualquer outro que seja requerido;

4. Convidar os formandos a representar as partes (papéis), porventura


com os formadores intervindo também como actores.

Breve reflexão sobre a experiência de role play

Depois de cada role play, os formadores devem fazer um breve apanhado,


questionando os formandos sobre o que sentiram durante a experiência e o que
aprenderam. Se necessário, o formador pode atrair co-trabalhadores para o
propósito de representarem papéis num cenário de trabalho ou num cenário
tranquilo próximo do local de trabalho. Estes métodos podem ser mesmo
posteriormente melhorados, quando a responsabilidade pelo desenvolvimento das
estratégias de aprendizagem é transferido dos formadores para os formandos.

Actividades de avaliação
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As questões que se seguem pretendem dar-lhe indicações sobre o nível de


aprendizagem, que conseguiu ao longo do estudo deste capítulo.

Questões de avaliação
Entre na aplicação informática e comece por responder às perguntas de resposta
curta, do exercício de revisão do Capítulo 2 da Aplicação – “Utilização de métodos
e técnicas de formação”. Compare a sua resposta com a solução proposta., como
forma de reflexão sobre os tópicos principais. De seguida procure reflectir sobre as
seguintes questões:

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Questão 1

Explique, porque são importantes no processo de aprendizagem os nove eventos


da instrução de Gagné.

Questão 2

Indique situações de aprendizagem em que é apropriada a utilização do método


expositivo.

Questão 3

Dado que não há um método único para todas as situações, mostrando a


experiência a necessidade de utilizar sempre uma combinação de métodos, refira os
aspectos/ critérios a considerar na selecção de métodos.

Questão 4

Refira sumariamente critérios ou aspectos relevantes para determinar a necessidade


de ajudas para FCT

Questão 5

Compare os métodos de estudo de caso e dos incidentes críticos e refira quando


utilizar o método dos incidentes críticos em situação de FCT.

Exercício 2
Título do Exercício: “Implicação dos métodos pedagógicos na acção do
tutor em FCT”

Objectivos

O método pedagógico, ou melhor os métodos e técnicas pedagógicos seguidos na


formação em ambiente real de trabalho, têm implicações na acção do tutor
designadamente, na preparação de materiais e de equipamentos e na previsão de
aspectos organizativos em ambiente de trabalho.

Trata-se de enquadrar e sistematizar os aspectos ou questões de carácter funcional


ou organizativo a prever com vista à organização de formação consoante os
diferentes métodos pedagógicos a utilizar.
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Depois de ler atentamente o caso – “A formação em contexto de trabalho na


ABC” – abaixo descrito, procure responder às seguintes questões:

ƒ Seleccionar a técnica ou método pedagógico apropriado para cada situação


descrita de A, a F;

ƒ Descrever de modo sumário para cada método as questões pertinentes a


observar nos seguintes aspectos:

1. Características relevantes;

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2. Equipamentos e material;

3. Preparação;

4. Aspectos críticos.

A informação pretendida poderá ser apresentada numa tabela como se indica:

Características Equipamento Aspectos


Situação Método Preparação
Relevantes Materiais Críticos
A

Desenvolvimento do trabalho

Sugerem-se alguns aspectos para o desenvolvimento do trabalho:

ƒ O trabalho poderá ser realizado individualmente ou em grupo.

ƒ No caso de ser realizado em grupo os membros do grupo deverão


explicitar a situação de formação e os objectivos que cada membro trata, tal
que o papel de cada um fique claro.

ƒ Para tal, em sessão presencial, ou em comunicação síncrona online, os


grupos devem dispor de cerca de 20 minutos para distribuírem tarefas
individuais.

ƒ O desenrolar do trabalho, continua na residência do formando de forma


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colaborativa, através de conferência por telefone, utilizando, por exemplo o


Skype, como meio de comunicação.

ƒ No preenchimento da tabela acima indicada deverá ser considerado que a


formação se realiza em ambiente real de trabalho.

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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

A formação em contexto de trabalho na ABC

A empresa ABC que diversifica a sua actividade por diferentes unidades de negócio
recebeu um grupo de estagiários, com quem estabeleceu contratos de
aprendizagem em FCT (Formação em contexto real de trabalho) que pretende
levar a cabo para de seguida desempenharem cargos na empresa.

Na preparação dos formandos em contexto real de trabalho torna-se necessário


realizar entre outras as seguintes actividades:

A – Informar e sensibilizar o grupo sobre a forma como obter informação acerca


de memorandos, manuais de procedimentos e outra informação técnica susceptível
de ser disponibilizada.

B – Dar a conhecer outros locais de trabalho, por observação directa em empresas


parceiras do ramo, de modo a permitir o benchmark de boas práticas.

C – Mostrar e executar a utilização de equipamentos de segurança, exibindo,


repetindo e dando oportunidade aos formandos de reproduzirem.

D – Formar os estagiários para enfrentar situações do tipo: “O que deve fazer


quando recebe uma chamada de um cliente irado, mal disposto, no final do dia, na
qual é pressionado para alterar o montante devido numa factura?”

E – Propor aos estagiários que representem vários papéis, podendo assumir o


papel de um particular personagem, na organização, na ocupação profissional, etc.

F – Recriar processos ou solucionar iniciativas complexas, tal que os estagiários


possam fazer experiências e manipular situações complexas, sem riscos físicos, sem
ocasionar prejuízos económicos e então analisar a situação.
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Concepção de suportes
didácticos para FCT

E ste capítulo centra-se na concepção e na preparação de suportes didácticos


adequados à formação em contexto real de trabalho.

Numa visão panorâmica, começa-se por precisar os conceitos de suportes


didácticos, métodos e suportes físicos, seguindo-se uma descrição dos modelos
sistémicos de concepção de materiais.

É exactamente na perspectiva da abordagem sistémica que se vai desenrolar todo o


processo de desenvolvimento de materiais para FCT.

Como se verá adiante Figura 3.2, o modelo DAPPER acrónimo de – Discovery


(Identificação de necessidades), Analysis (Análise do formando, das tarefas e do
ambiente de trabalho); Preparation (Preparação); Presentation (Apresentação),
Evaluation (Avaliação de resultados), Review (Análise de ajudas e alternativas para
FCT) - que é central na concepção de suportes didácticos em contexto real de
trabalho, figura também como uma variante do ciclo clássico de desenvolvimento
da formação ADDIE (acrónimo de Analysis, Design, Development, Implementation e
Evaluation).

As fases que compõem o modelo DAPPER, que tanto pode ser usado por
formadores a nível de formação individual (one-on-one training), como para amplos
programas de FCT, constituem o objecto de estudo deste capítulo.

Suportes didácticos, métodos e suportes


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físicos
Pode definir-se suporte didáctico como sendo qualquer recurso que permite
estabelecer ou facilitar a relação "fonte de informação – destinatário". São
exemplos de deste tipo de suportes:

1. Uma apresentação electrónica;

2. Um manual;

3. Um texto impresso;

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4. Um filme;

5. Um vídeo;

6. Uma lista de verificação (checklist);

7. Um memorando;

8. Uma aplicação informática multimédia integrando texto som e


imagem.

Mostra a experiência, que mesmo com recursos limitados poder-se-ão imaginar


soluções pedagógicas eficazes e motivadoras e que efectivamente representam para
o formando elementos de valor para a sua aprendizagem. Um erro corrente, que
produz resultados pouco satisfatórios na formação profissional, consiste em
construir um curso com base em documentação ou recursos audiovisuais pré-
existentes ("faz-se o curso com o que há.") e não o contrário: Conceber e
desenvolver os suportes pedagógicos segundo os objectivos e programa
estabelecido.

Métodos pedagógicos e suportes


Os métodos pedagógicos, ou de formação, figuram como vários meios pelos quais o
conteúdo ou material é comunicado. Trata-se de uma grande variedade de métodos
de formação, que são usados pelos formadores durante a realização da formação
para facilitar a aprendizagem

De uma forma sistemática, há que enquadrar aquilo a que chamaremos "suportes


didácticos", dado que muitas vezes estes se confundem, com os métodos
pedagógicos. Por sua vez, um recurso ou um suporte, por si só, não caracteriza, ou
não define um método pedagógico.

Os métodos pedagógicos compreendem todas as formas de formação que o


formador pode empregar, a fim de permitir aos participantes que atinjam da
melhor forma os objectivos, antecipadamente definidos. Um método pedagógico
consiste num processo coerente que articula as actividades do formador,
formandos, uma realidade envolvente e recursos no sentido de desenvolver as
capacidades, conhecimentos e a atitude dos formandos num determinado contexto
educacional ou profissional.
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Um método pedagógico figura como um conjunto coerente de


acções e actividades (desempenhadas por formador e formandos),
comportamentos e atitudes, desenvolvidas segundo uma organização
pedagógica definida, que conduz os formandos numa progressão
para um objectivo.

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Método e suporte físico


Para qualquer método utilizado, o formador pode utilizar um suporte físico que lhe
permita aumentar o rendimento de transferência de informação ou uma troca de
informação com os participantes e entre estes. A estes suportes chamamos por
vezes recursos auxiliares. Estes podem ir desde a simples palavra, ou o documento
escrito, a elementos mais sofisticados, como programas interactivos, multimédia
em CDROM ou hipertextos para leitura em computador.

A escolha dos suportes audiovisuais deve ser feita com sentido de equilíbrio, de
modo a representar um elemento facilitador da aprendizagem para o formando.

A escolha, por exemplo dos suportes/recursos audiovisuais, deve estar de acordo


com o método ou técnica pedagógica utilizados e atender, ao objectivo de formação. Assim,
não fará sentido elaborar um texto com um número elevado de páginas, explicando
as técnicas de desnudar fios eléctricos, quando o mesmo poderá ser feito na aula
em duas horas de demonstração e prática. Do mesmo modo, um diapositivo não
deverá servir, por si só, para que o formando possa aprender a resolver problemas
complexos.

Cuidados do formador na utilização de suportes didácticos

A utilização por exemplo de suportes audiovisuais, não representa


aumento de eficácia na transferência de conhecimento ou
informação. Todo o recurso auxiliar deve ser construído sob o
princípio da relevância e da pertinência. O formador deve também
escolher os diversos recursos auxiliares, atendendo às características
do grupo em questão (idade, capacidade de atenção, nível de
conhecimentos) e não ao que lhe é mais cómodo ou familiar.

Modelos sistémicos de concepção de


materiais para FCT
Os materiais de formação usados tradicionalmente em sala geralmente incluíam
textos (livros, artigos), gráficos, fotos, filmes, vídeos e gravações áudio. Em
ambiente de FCT estes materiais, quer em formato impresso ou digital, podem ser
adaptados tanto para distribuição em sala, como para computador ou para
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distribuição via Internet.

Na abordagem que se segue, respeitante ao desenho de materiais, a metodologia do


ciclo ADDIE constitui uma referência central para situar outras variantes
específicas para o desenvolvimento de FCT, como é o caso do modelo DAPPER
adiante descrito.

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A abordagem sistémica no modelo ISD


Para o desenvolvimento de cursos uma das metodologias mais utilizadas é
designada por "Abordagem Sistémica" termo adoptado para traduzir o Instructional
Systems Development (ISD). O modelo pode ser também aplicado de uma forma
autónoma a cada um dos subsistemas que compõem um curso e naturalmente
também à produção/ desenvolvimento de materiais.

O Modelo ISD, aplicado à produção de materiais desenvolve-se ao longo das fases


– Analysis, Design, Development, Implementation e Evaluation – pelo que é conhecido
pelo acrónimo ADDIE.

Esta perspectiva sistémica assegurará que os sistemas são concebidos


pedagogicamente de modo correcto e eficaz face ao propósito para que foram
desenhados, porque à partida os principais componentes e todos os aspectos do
processo de produção não serão ignorados.

Figura 3.1 – Modelo ISD – ADDIE

O ciclo ADDIE, como modelo e processo no desenvolvimento de conteúdos


Na abordagem do ISD, segundo Belanger e Jordan (2001) o modelo ADDIE é
também processo, na medida em que esta metodologia figura como um ciclo vital.
Por exemplo, no esboço do processo de desenvolvimento de conteúdos
multimédia, o ciclo vital ADDIE alimenta o processo, reutilizando: a análise, a
especificação e o planeamento de factores tecnológicos, dos requisitos do staff; o
design na organização da estrutura que determina o curso; e a avaliação para apreciar
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a eficácia pedagógica nos testes alfa e beta (testes de pilotagem de cursos) com os
formandos.

Por exemplo, este ciclo pode utilizar-se total ou parcialmente tanto na fase de
análise de necessidades (análise, desenho e avaliação de necessidades) de um curso,
como em qualquer outra fase do ciclo de modo iterativo.

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Modelo de desenvolvimento da formação em contexto de


trabalho
No estabelecimento de um programa de FCT os formadores têm que colocar
questões do tipo:

Quando é a formação apropriada em FCT? Como são determinadas as


necessidades? Em que se deve basear a formação FCT? Como é preparada,
apresentada e avaliada? Como devem outras estratégias de melhoria do
desempenho ser combinadas ou substituídas por formação FCT? A resposta a
estas questões é fundamental para o sucesso dum programa de FCT.

O modelo DAPPER
Este modelo fundamenta-se numa visão sistémica da abordagem da formação em
geral, observados os aspectos específicos em FCT.

Há seis etapas no processo de desenvolvimento. Em conjunto elas formam o


modelo DAPPER: acrónimo de Discovery, Analysis, Preparation, Presentation, Evaluation
e Review.

As seis etapas do modelo são:

1. Identificação de necessidades para FCT (Discover);

2. Fase de análise do formando, das tarefas e do ambiente de trabalho


(Analyse);

3. Preparar a FCT (Prepare);

4. Apresentar a FCT (Present);

5. Avaliar os resultados da formação (Evaluate);

6. Analisar ajudas e alternativas para FCT (Review).

Figura 3.2 – Modelo de desenvolvimento DAPPER para FCT


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A figura mostra a correspondência entre as fases do modelo DAPPER e as fases


do ciclo ADDIE, que lhe está subjacente. Na análise do modelo DAPPER será
dado particular enfoque à preparação da FCT, que corresponde às fases de
desenho e desenvolvimento da formação no tradicional ciclo ADDIE. As restantes
fases serão referenciadas na perspectiva da contextualização e da visão global do
modelo de desenvolvimento.

Fase de identificação de necessidades


para FCT
A identificação de necessidades, que corresponde à fase 1 do modelo DAPPER,
consiste em:

ƒ Determinar quando é a formação apropriada, em contexto real de trabalho;

ƒ Analisar as tarefas das principais funções de uma ocupação (job);

ƒ Caracterizar o ambiente de formação;

ƒ Definir o perfil do formando.

Esta fase contextualiza e


fundamenta a formação em
situação real de trabalho. As fases
1 e 2 estão umbilicalmente
ligadas. Uma vez identificadas as
necessidades para FCT, inicia-se
de imediato a segunda fase do
modelo de DAPPER: análise do
trabalho, do trabalhador e do
local de trabalho. O planeamento deve basear-se solidamente no que é esperado
que os trabalhadores façam, isto é, no seu desempenho individual e nas condições
do ambiente de trabalho, em que o trabalho se vai realizar.

Um importante output das fases 1 e 2 são os objectivos de formação.

O que é a formação FCT estruturada ou planeada?


É vulgar ocorrer, nos locais de trabalho, a designada formação não planeada ou
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não estruturada em contexto de trabalho, a qual não é sequenciada de forma lógica.


Dos formandos ou dos novos empregados é esperado que aprendam pela
observação do desempenho dos trabalhadores mais experientes.

Quando se utiliza a designação FCT, tal significa que estamos perante formação/
instrução planeada ou estruturada.

A formação planeada ocorre no local de trabalho, durante o trabalho centrada no


que os trabalhadores precisam de saber, ou de realizar com competência.

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A formação em contexto de trabalho consiste de actividades de aprendizagem


organizadas “conduzidas no ambiente real de trabalho por um supervisor, ou por
uma pessoa conhecedora, que demonstra uma tarefa significativa do posto de
trabalho a um formando e então fornece orientação prática, quando apropriado.”
A FCT pode ser supervisionada por um superior hierárquico, um trabalhador
experiente, por um tutor exterior à organização, ou pode mesmo ser auto – dirigida
pelos novos empregados, que se auto-avaliam a eles próprios.

Para o nosso propósito importa considerar a formação apoiada por um tutor/


formador.

Questões que determinam necessidades de FCT


Para se identificar quando a FCT é uma solução apropriada para um problema de
desempenho, é necessário testar a sua aplicabilidade através da resposta a um
conjunto de questões chave, que se seguem. Se a resposta for sim para uma questão
chave, então, provavelmente, foi identificada uma necessidade de FCT.

Segundo Rothwell e Kazanas, 2004, as questões a analisar, são:

ƒ O indivíduo é novo para a organização? Se sim, “como são aqui as coisas


feitas?”

ƒ O indivíduo é novo na divisão ou departamento?

ƒ O indivíduo é novo na unidade de negócio?

ƒ O indivíduo é novo nas funções do posto de trabalho?

ƒ O indivíduo revela falhas de conhecimento nas funções do posto de


trabalho?

ƒ O indivíduo tem falta de aptidão para realizar as funções essenciais?

ƒ O indivíduo quando executa revela falta de conhecimento?

ƒ O indivíduo revela falhas de conhecimento mensuráveis nos padrões de


performance das suas funções?

ƒ O indivíduo revela falhas de conhecimento do porquê da importância das


suas funções?
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ƒ O indivíduo revela falhas de conhecimento acerca das condições, onde as


funções devem ser realizadas?

ƒ O indivíduo tem necessidades diferentes de aprendizagem em relação ao


grupo?

ƒ As funções mudaram, ou são de esperar mudanças na dinâmica do posto


de trabalho?

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ƒ Os obstáculos ao desempenho no ambiente de trabalho têm sido


removidos?

ƒ A FCT tem um custo/eficácia mais elevado do que outras soluções


alternativas?

ƒ As distracções no local de trabalho podem ser minimizadas?

ƒ Os riscos de saúde e segurança no local de trabalho podem ser


minimizados?

ƒ Tem possibilidade de dedicar adequadamente tempo, staff, e outros


recursos à FCT.

Se de facto a necessidade de FCT não está excluída, face às questões precedentes e


caso disponha de tempo, recursos humanos (staff) e outros recursos necessários,
então está pronto para passar à fase 2 de análise do modelo DAPPER.

Fase de análise do formando, das tarefas


e do ambiente de trabalho
O propósito da análise é identificar quais as competências e conhecimentos que os
formandos requerem para a realização das suas funções.

A informação acerca da análise do


trabalho pode ser reunida através de
várias abordagens: observação;
entrevistas individuais; entrevistas
de grupo; questionários escritos;
conferências por computador;
audioconferências;
videoconferências; e, relatórios de
incidentes críticos.

A análise pode ser feita de várias maneiras, mas para criar uma formação eficaz.
Segundo Rives Hassel-Corbiell (2001) há três tipos de análise que não podem ser
negligenciados:
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ƒ Análise do formando;

ƒ Análise de tarefas;

ƒ Análise do ambiente de formação.

As três categorias serão apresentadas de modo muito sumário, considerando


apenas os aspectos relevantes para o desenho do conteúdo dos materiais para FCT.

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Análise do formando
O segredo para uma análise eficaz do trabalhador reside na identificação precisa do
que o indivíduo já é capaz de fazer quando vai iniciar a formação em FCT em cada
função do seu cargo.

Para estabelecer os parâmetros de análise dos trabalhadores há um vasto conjunto


de ferramentas e de formulários para conduzir entrevistas consistentes aos
empregados, obter informação com descrição apropriada dos supervisores e cruzar
dados, nomeadamente através de aplicações informáticas. Ver por exemplo:
(Kavita Gupta. A pratical Guide to Needs Assessment. San Francisco, CA: Jossey_Bass
Pfeiffer. 1999).

Relatório sumário de análise do formando

Conforme mostra a Tabela 3.1 o relatório sumário de análise do formando


identifica as principais características dos formandos, quanto a atitudes, aptidões,
competências, conhecimentos e saberes especializados. Também pode incluir
considerações de ordem regional, cultural, ambiental ou de linguagem, que podem
afectar o conteúdo ou a concepção (design) da formação.

A finalidade do relatório é fornecer uma visão de conjunto da população alvo da


formação.

De referir que mesmo em FCT, quando os indivíduos têm necessidades idênticas a


formação pode ser realizada em grupo.

Tabela 3.1 – Tópicos a incluir no relatório sumário de análise do formando

Relatório sumário de análise do formando


Título do cargo

Esta secção inclui papéis chave, funções, e características do cargo.


Aptidões

Esta secção inclui qualidades e traços humanos que tornam a realização de cada
tarefa mais fácil. Pode incluir por exemplo os resultados de uma avaliação
psicológica.
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Competências

Esta secção inclui capacidades e habilidades que o formando tem para o cargo
que podem ser utilizadas no seu desempenho.
Conhecimento e aptidões especiais

Esta secção inclui o que o formando precisa de conhecer e ser capaz de fazer
especificamente para cada tarefa do cargo. Inclui ainda ferramentas,
equipamentos e ajudas que são requeridas e utilizadas.

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Atitudes

Esta secção inclui as tarefas e subtarefas do cargo acerca das quais as entrevistas
revelam apreciações muito positivas ou negativas, a atitude global para cada
tarefa e os obstáculos percebidos em cada tarefa, incluindo enganos, impressões
acerca do que o cargo devia incluir mas não inclui.
Considerações especiais

Esta secção inclui quaisquer considerações regionais, culturais ambientais ou de


linguagem que possam afectar o conteúdo ou o desenho (concepção) da
formação.

Análise de tarefas
A análise de tarefas incide sobre o que o executante de uma determinada função
faz em contexto de trabalho, face ao que o formando deve ser capaz de fazer. Tal
inclui conhecimentos ou competências na forma de procedimentos e decisões. A
análise de tarefas identifica a proficiência que o formando precisa de ter. Identifica
explicitamente, passo a passo, como as tarefas são executadas.

A análise de tarefas inclui:

ƒ Determinação das principais tarefas;

ƒ Documentação dum fluxo de tarefas sequencial;

ƒ Determinação de decisões que o executante deve realizar;

ƒ Padrões de desempenho (performance) das tarefas;

ƒ Condições, constrangimentos e erros;

ƒ Condições de arranque da acção;

ƒ Interacção requerida com os outros;

ƒ Itens requeridos para completar a tarefa.

Os dados da análise de tarefas podem revelar deficiências ou gaps, que são as


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discrepâncias entre o que deveria ser e o que actualmente acontece.

O que fazer e como fazer

O papel do analista é formular questões, ouvir as respostas, observar


comportamentos, registar o que acontece e ser capaz de memorizar os detalhes
pela ordem correcta para posterior análise dos dados coligidos. Para não ser
engolido avassaladoramente pelos dados é vantajoso para o analista:

ƒ Definir o alcance das tarefas de análise;

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ƒ Conduzir algumas entrevistas antes de observar a performance das funções


do posto de trabalho.

Análise do ambiente de trabalho


O propósito da análise do ambiente de trabalho é identificar as condições sob as
quais ocorrerá a formação, como a formação será introduzida no sistema de
trabalho, e como o processo de formação será gerido. Trata-se de obter
informação acerca do ambiente em que as funções específicas do trabalho serão
levadas a cabo. Este tipo de análise é algumas vezes conhecido como análise do
contexto de trabalho.

Como fazer a análise do ambiente

As condições que devem ser incluídas na análise do ambiente de formação são:

ƒ Ambiente físico – Quais as facilidades existentes quanto a equipamentos:


haverá acesso à intranet da organização, será a formação conduzida num
simulador de avião, num navio no mar?

ƒ Limitações – Existem as ferramentas e os equipamentos requeridos, a


informação que o trabalhador precisa?

ƒ Avaliação e verificação – Como será a formação avaliada? A verificação


descreve como a performance avaliada será comprovada, por exemplo por
certificado, pela inclusão numa lista de pessoal qualificado, pela inclusão
numa base de dados, ou pela entrega de carteira profissional pessoal.

Definição dos objectivos de desempenho


Os objectivos focam o conteúdo da formação e suportam as tarefas de
performance. Devem especificar as mudanças de comportamento que resultarão
da formação e relacionam directamente o conteúdo do curso com as competências.

Um objectivo válido é verificável – pode ser medido por um exame, simulação,


lista de verificação, ou através de actividades monitorizadas. Os instrumentos de
verificação são também designados testes, porque testam a aprendizagem que
ocorreu.

Componentes dos objectivos


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Os objectivos tem três componentes, que devem ser incluídas em cada objectivo
escrito.

Comportamento esperado

O comportamento esperado (desempenho) é o que o formando será capaz de fazer


como resultado da formação. A declaração que expressa o desempenho,
geralmente utilizada é: o formando será capaz de. O desempenho deverá ser expressa
em termos comportamentais.

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Condições de realização

As condições de êxito são as circunstâncias sob as quais a performance ocorrerá, p.


ex. durante um role play, utilizando recursos didácticos, com trinta minutos de
pesquisa na Internet, sob condições de trabalho simulado, ou enquanto está a ser
observado. É necessário fazer todo o esforço para desenhar condições de
realização que jogam com o desempenho do mundo real.

Critérios de êxito

Critérios de êxito são padrões que descrevem o nível de desempenho esperado


para realizar cada objectivo.

Por exemplo, o formando é capaz de receber sinais do alfabeto Morse com 90 %


de exactidão (numa cadência de transmissão normal em cada 100 sinais de Morse
transmitidos o formando não pode falhar a descodificação de mais de 10). Ou, p.
ex. realizar um conjunto de actividades com um rácio mínimo de satisfatório para cada
categoria.

Verbos de verificação dos objectivos


Verbos verificáveis insuflam vida aos objectivos pela descrição da acção. A acção
de cada objectivo é o que determina a possibilidade da sua verificação. A Tabela 3.2
fornece exemplos de verbos verificáveis e não verificáveis.

Tabela 3-2 – Exemplos de acções expressas por verbos verificáveis e não verificáveis

Verbos verificáveis
Escolher Seleccionar Ordenar Desenvolver Desafiar
Contrastar Indicar Criticar Criar Explicar
Definir Mostrar Distinguir Fazer Julgar
Descrever Comunicar Predizer Executar Conjugar
Omitir Traduzir Identificar Planear Operar
Especificar
Classificar Avaliar Escolher Defender
de novo
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Programar Expor Comparar Compor Desenhar

Verbos não verificáveis, usados comummente


Apreciar Sentir prazer em Aprender Recitar
Estar consciente
Conhecer Gostar Pensar acerca de
de
Compreender Saber como Praticar Entender

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Exemplo de aplicação

Indique quais das seguintes afirmações são verificáveis?

1. No final do módulo o formando será capaz de descrever as cinco


etapas do processo.

2. No final do módulo, o formando saberá como unir paredes de


madeira seca em tosco.

3. Durante o curso o formando aprenderá quatro produtos utilizados nas


responsabilidades financeiras dos clientes.

4. No final do capítulo, o formando será capaz de calcular o perímetro e


a área de um círculo.

5. No final do módulo, os formandos estarão conscientes dos três sinais


de aviso dos sinais da reacção alérgica à penicilina.

Resposta: As questões 1 e 4 são verificáveis. As restantes são mais difíceis de testar.

Verificação de actividades
A aprendizagem só pode ser testada se verificada pelos sentidos. Os objectivos
podem ser verificados por actividades exibidas por métodos, tais como os
exemplificados na tabela seguinte

Tabela 3.3 – Verificação de actividades

Actividades que facilitam os objectivos de performance


Lista de verificação (Checklist) Série de perguntas (Quiz)
Demonstração Dramatização (Role play)
Exame Simulação
Apresentação

Visão geral da taxonomia de Bloom


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Alguns estudiosos consideraram o problema dos diversos graus de dificuldade das


aprendizagens e propuseram escalonamentos de objectivos de aprendizagem por
níveis de complexidade dos processos psicológicos que envolvem.

O que é então uma taxonomia?

O termo provém do domínio das ciências da natureza e trata das leis de


classificação dos seres vivos.

Transposto para o âmbito da formação/educação, ele significa o ordenamento e


classificação das aprendizagens e seus objectivos por níveis de dificuldade.

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Todavia será interessante abordar experiências de ordenamento de objectivos.

Para tal, será utilizado o trabalho de Bloom e seus colaboradores por ser o mais
usual e intuitivo.

Para este autor, domínio cognitivo compreende 6 níveis caracterizados


simplificadamente como se segue.

Aprendizagem cognitiva
Esta aprendizagem expressa conhecimento factual. Compreende os processos
intelectuais ou actividade mental. É o domínio do pensamento, do conhecimento e
das aptidões mentais e capacidades intelectuais. Inclui seis níveis de complexidade
progressiva de conhecimento. A aprendizagem cognitiva é a categoria com a qual a
maior parte dos cursos é desenvolvida. Na descrição que se segue, foi tomada
como referência a visão de Rives Hassel-Corbiell (2001) sobre a taxonomia de
Bloom.

ƒ Nível 1 – Conhecimento

Definido como a capacidade de memorizar e evocar factos, termos,


métodos, processos e estruturas. Os verbos que indicam aprendizagem a
este nível incluem: organizar, definir, duplicar, rotular, listar, memorizar,
denominar, ordenar, reconhecer, relacionar, memorizar, repetir, reproduzir
e declarar.
ƒ Nível 2 – Compreensão

Definida como a capacidade de perceber ou interpretar os dados através de


processos mentais de organização e extrapolação Os verbos que indicam
aprendizagem a este nível incluem: classificar, descrever, discutir, explicar,
expressar, identificar, indicar, localizar, reconhecer, reportar, analisar,
seleccionar e traduzir.
ƒ Nível 3 – Aplicação

Definida como a capacidade de utilizar/aplicar conhecimentos ou ideias


gerais em diferentes situações. Os verbos que indicam aprendizagem a este
nível incluem: aplicar, escolher, demonstrar, dramatizar, empregar, ilustrar,
interpretar, operar, praticar, programar, solucionar, utilizar e escrever.
ƒ Nível 4 – Análise
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Definida como a capacidade de separar a situação nas suas partes


constituintes. Os verbos que indicam aprendizagem a este nível incluem:
analisar, avaliar, calcular, categorizar, comparar, contrastar, criticar,
diferenciar, discriminar, distinguir, examinar, experimentar, questionar e
testar.
ƒ Nível 5 – Síntese

Definida como a capacidade de recombinar partes e construir/ criar um


todo estruturado. Os verbos que indicam aprendizagem a este nível

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incluem: organizar, montar, coleccionar, compor, construir, criar, desenhar,


desenvolver, formular, gerir, planear, preparar, propor, iniciar e escrever.
ƒ Nível 6 – Avaliação

Definida como a capacidade apreciar o valor de alguma coisa – uma


habilidade subjectiva. Os verbos que indicam aprendizagem a este nível
incluem: argumentar, avaliar (assess), reunir, escolher, comparar, defender,
estimar, avaliar, julgar, predizer, seleccionar, suportar e valorar.
Aprendizagem afectiva
Levanta sentimentos e emoções. Compreende os processos relacionados com as
emoções, os sentimentos, a sensibilidade. É o domínio das atitudes, das
preferências, dos interesses, dos valores, da capacidade de relacionamento.
Exemplo:

ƒ Interessar-se por / gostar de /preferir;

ƒ Estar disponível para ouvir os outros;

ƒ Dar valor ao conhecimento.

É demonstrada por comportamentos que indicam atitudes, consciência, interesse,


atenção, empenhamento e responsabilidade.

Os verbos que indicam aprendizagem, incluem neste nível: aceitar, tentar, desafiar,
defender, disputar, juntar, julgar, aplaudir, questionar, partilhar, suportar e
voluntariar.

Aprendizagem psicomotora
Requer acção física combinada com pensamento, por exemplo:

Utilizar ferramentas; dançar; fazer exercício físico; compreende os processos


relacionados com a actividade física, com a motricidade. É o domínio da acção, das
actividades motoras e manipulativas e operativas.

Fase de Preparação da Formação


Uma vez identificadas as necessidades de formação da organização e analisado o
trabalho, os trabalhadores e o local de trabalho o formador/ tutor está pronto para
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iniciar a preparação da FCT.

Como desenvolver uma apropriada sequência de actividades

No ciclo de desenvolvimento da FCT,


ilustrado no modelo de DAPPER, a
abordagem incidirá especialmente na
fase de preparação, que compreende as
etapas de preparação propriamente dita
e o desenho (concepção) de materiais.

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Etapas de preparação da FCT


Depois de avaliadas as necessidades de FCT pela análise do trabalho, dos
trabalhadores e do local de trabalho, estão reunidas condições para se dar início à
preparação e à concepção/ desenho da formação.

Segundo Rothwell e Kazanas (2004) as seis etapas para preparar a FCT consistem:

ƒ No exame dos resultados das análises do trabalho, trabalhador, e local de


trabalho;

ƒ Na preparação dos objectivos de desempenho baseados nas necessidades


de aprendizagem individual;

ƒ No estabelecimento de meios para avaliar o nível de mestria do formando;

ƒ No estabelecimento de sequências das funções de FCT;

ƒ Na preparação de uma planificação calendarizada;

ƒ E na revisão do plano de trabalho programado com os formandos.

Depois de completadas estas etapas, estão reunidas condições para desenhar ou


seleccionar os materiais de instrução, já existentes de suporte à formação.

Nos tópicos seguintes discutem-se as seis etapas de preparação dos materiais de


formação.

Etapa 1 – Revisão das análises de resultados do trabalho, trabalhador e local


de trabalho
A preparação da FCT começa com uma revisão das análises dos resultados do
trabalho, trabalhador e do local de trabalho. Utiliza os resultados destas análises
para ter uma visão geral das funções essenciais da ocupação as quais os formandos
necessitam de ser treinados.

Assegura que os formandos têm tido orientação (no sentido de enquadramento) na


organização, divisão, departamento, e/ ou unidade de trabalho, antes da FCT se
iniciar, tal que eles compreendam como os resultados do seu trabalho contribuem
para as competências da organização, que vão ao encontro das metas da
organização e das necessidades dos clientes. Encoraja a socialização dos formandos
através da nomeação de um responsável/ tutor antes da FCT se iniciar.
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Etapa 2 – Preparação dos objectivos de desempenho


Os objectivos de desempenho (performance) são desenvolvidos directamente das
funções essenciais, listadas da descrição do trabalho. Para cada função essencial
questionar “O que o formando será capaz de fazer depois do treino?”

Trata-se de preparar uma listagem de funções do cargo e os correspondentes


objectivos de performance para orientar o seu plano de FCT.

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Como Mager (1997, cit. por Rothwell e Kazanas, 2004) explicou os objectivos
devem conter:

1. Descrição do desempenho (o que o formando faz?);

2. Condições (quais as condições assumidas durante a execução?);

3. Critério (como pode o desempenho ser identificado e medido?).

As descrições do desempenho (performance) em FCT devem jogar com as funções


essenciais da ocupação.

As condições devem ser articuladas com os resultados da análise do local de


trabalho, indicando as ferramentas, equipamentos, ou outros recursos necessários
ao desempenho.

Os critérios devem corresponder a padrões mensuráveis de desempenho do cargo.

Considerando que é possível expressar os objectivos de desempenho em termos


do resultado final desejado, o nível de desempenho a fixar, corresponde
tipicamente ao nível de um trabalhador experiente a um passo normal, a estabelecer
a nível semanal ou mensal. Conforme mostra a Figura 3.3, os padrões (standards)
permitem reflectir sobre a curva de aprendizagem dos formandos em termos de
avaliação de progresso de executantes não experimentados. Objectivos apropriados
podem reduzir o tempo de aprendizagem tornando a curva de aprendizagem com
uma inclinação mais abrupta. (in http://www.ischool.berkeley.edu/~glushko/SSME-
Lectures-Fall2006/Hill.ppt)

Figura 3.3 – Curva de aprendizagem e progresso do formando


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Etapa 3 – Estabelecer os meios para avaliar a mestria do formando


As organizações, muitas vezes, são relutantes na utilização de testes ou provas de
papel e lápis para avaliar o nível de mestria das principais funções durante a
formação FCT, até porque isso consome tempo aos supervisores.

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Contudo, poderão ser utilizadas questões de itens de teste por escrito, desde que
haja sensibilidade para não agravar o estado de ansiedade do formando.

Para o formador ter uma clara percepção e uma imediata indicação de como o
formando compreendeu o que está a fazer e porquê, apresente por exemplo
questões orais.

Os formadores podem também propor trabalhos para reforço da aprendizagem


(assignments) para avaliar o nível de mestria do formando. Podem avaliar os
resultados da formação através dos resultados do trabalho, tomando como
referência os standards de desempenho mensuráveis ou standards de qualidade de
produtos e serviços.

Etapa 4 – Sequência das funções de FCT


Para ser bem-sucedida, a FCT deve ser organizada com base nas necessidades dos
formandos e não em crises circunstanciais encontradas no ambiente de trabalho,
nem nas conveniências do formador ou nos interesses do formando.

As funções que afectam a saúde e a segurança do trabalhador devem ser abordadas


em primeiro lugar; as que afectam com maior frequência as actividades realizadas
devem ser tratadas a seguir; as mais críticas para o sucesso do desempenho - ou
mais propensas a erros grosseiros – devem ser priorizadas e tratadas quando os
formandos têm suficiente conhecimento para as ultrapassar.

Os padrões de sequencialização adequada das funções para FCT são as sequências


cronológicas, de tópicos, do todo para o particular e do particular para o geral.
(Rothwell e Kazanas, 2004).

Sequência cronológica

Planear sequências cronologicamente exige a consulta de trabalhadores experientes


para descrever o arranjo cronológico das actividades necessárias para levar a cabo
uma função essencial do trabalho.

Sequência de tópicos

A utilização de tópicos, como base de sequências, requer a consulta de executantes


experientes que clarifiquem a ordem na qual as funções devem ser ensinadas, com
base nos tópicos básicos que o executante noviço precisará para compreender.
Quais os tópicos que são prioritários para a compreensão? Pode o material a
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ensinar ser ordenado numa hierarquia de aprendizagem na qual os termos básicos


são tratados primeiro, a seguir os tópicos ou assuntos e por último tópicos
complexos? Se tal for possível, então pode recorrer-se a uma clarificação
exemplificada por executantes experientes para a sequenciar a aprendizagem.

Sequência do todo para o particular

É possível desenvolver um modelo de todo o processo e mostrar a relação de


todas as funções do posto de trabalho que são realizadas? Se a resposta é sim, então
pode ser possível utilizar este modelo como esquema de organização da FCT.

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Uma vez mais solicitar a um executante experiente para descrever a ordem na qual
as funções principais podem ser realizadas. Então, utilizar a descrição de um ou
mais trabalhadores experientes para construir um modelo de representação,
simplificado, que serve para planear a FCT

Sequência do particular para o geral

Será possível utilizar o reverso do modelo anterior? Ou dito de outro modo, pode
dividir-se o modelo em funções de trabalho discretas? Se a resposta é positiva,
então pode utilizar-se a sequência do particular para o todo, utilizando actividades
da ocupação para construir blocos que eventualmente revelarão as funções da
ocupação ao noviço. Assim será construído o modelo a partir de descrições das
funções essenciais por executantes experientes.

Etapa 5 – Preparação e calendarização do plano de trabalho


Uma vez que as funções essenciais do cargo já foram sequenciadas para FCT,
haverá que preparar um plano de formação (qual a formação a conduzir) e
programar (quando a formação será distribuída) para orientar a FCT. Uma maneira
simples de começar directamente a trabalhar neste processo é escrever as
actividades de formação e a respectiva planificação, directamente nas descrições
dos cargos dos formandos. Ambos os tipos de formação, quer o de modo
individual, quer o organizado em pequenos grupos de formação podem ser tidos
em conta em termos de programação. Como alternativa para indicar quando a
FCT será calendarizada, alguns formadores anotam o fim do prazo de completação
(deadline) da FCT. Nesta via, eles podem traçar o percurso em que a formação foi
distribuída ou em que os formandos atingiram competências durante um certo
tempo.

Etapa 6 – Revisão do plano de trabalho com os formandos


Logo que o plano e a calendarização da FCT sejam estabelecidos, devem ser
revistos com os formandos para assegurar a apropriação por parte destes. Se os
formandos têm questões neste ponto, os formadores devem dar-lhes resposta e
permitir-lhes sugerir mudanças justificáveis.

Desenho de materiais específicos para


FCT
A maior parte da literatura assume que a formação será apresentada em grupo e
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mais recentemente em modo online de formato híbrido (blended). Segundo


Rothwell e Kazanas (2004), muito pouca coisa tem sido publicada sobre o desenho
de materiais de formação individual para FCT, aproximando directa e
imediatamente materiais disponíveis no local de trabalho como conteúdo. Um
inquérito de 2003 (in Rothwell e Kazanas, 2004) faz luz sobre quais os materiais,
ferramentas, e ajudas de trabalho que são utilizados para suportar FCT, conforme
mostra a Figura 3.4.

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Ferramentas e ajudas de trabalho utilizados para conduzir FCT


Figura 3.4 – Ferramentas, métodos e ajudas utilizados na condução de FCT

As abordagens que são particularmente apropriadas para FCT individual são


descritas nas secções de tópicos que se seguem.

Plano geral de tópicos


O plano de tópicos (topical outlines) sumariza o conteúdo da FCT e baseia-se nas
análises do trabalho, do trabalhador e do local de trabalho. Anota os tópicos a
cobrir, quando devem ser apresentados e embora sejam um guia para FCT
individual, é desenvolvido da mesma maneira que o desenho da formação para
grupos.

Os planos de tópicos são vantajosos por diversas razões:

ƒ Podem ser desenvolvidos em sequências curtas por especialistas de


conteúdo, característica que os torna apelativos para formadores de FCT,
em muitas organizações em que os empregados estão sobrecarregados
com tarefas;
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ƒ Asseguram uma sequência lógica, a qual desde o processo da sua


preparação pode requer um linguista para pensar a lógica de apresentação;

ƒ Podem ser facilmente distribuídos a outros formadores e a especialistas de


conteúdo, que as podem criticar para completamento e dar sugestões para
a sua melhoria;

ƒ Podem melhorar a consistência da formação FCT individual oferecida a


vários formandos duma ocupação particular.

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Listas de verificação (Checklists)


Uma lista de verificação de itens permite fazer a confirmação experimental
daqueles itens e pode ser desenvolvida como guia de todas as fases do
desenvolvimento da FCT individual.

Alternativamente, as listas de verificação de formação de tarefas separadas podem


ser desenvolvidas para cada função essencial, na qual os formandos estão a receber
formação.

Uma lista de verificação das funções de uma ocupação deve listar as funções
essenciais, especificar quem recebe a formação, porque é a formação importante,
descrever o tipo de formação, métodos, calendarizar o término, indicar o local
(local de trabalho, próximo ou fora), e padrões de avaliação, bem como o
desenrolar da execução dos formandos e dar-lhes feedback acerca do seu
desempenho na formação em cada função. A lista deve ser consistente com os
resultados da análise de trabalho, do trabalhador e do local de trabalho.

A lista de verificação de uma tarefa de formação cobre partes específicas de


funções que os formandos vão aprender, quando a formação ocorrer, explicitando,
como ocorrerá, e como a competência alcançada, na execução das actividades das
tarefas de formação, será verificada.

De seguida, descrevem-se modelos de apresentação de listas de verificação


relativamente a:

ƒ Funções essenciais de um cargo;

ƒ Tarefas de formação.

Tabela 3.4 – Lista de verificação das funções essenciais de um cargo

Apresentação da Lista de Verificação das funções essenciais de um cargo


Título do cargo: Data:
Nome do Formador:
Quem vai receber a FCT?
Quando se inicia a FCT?
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Porque é a FCT importante?


Novo empregado
Mudança de cargo
Novo equipamento
1. Qual a função relacionada coma formação vai ser dada?
2. Qual vai ser o conteúdo da formação?
3. Quando vai ser a formação distribuída (ou qual o deadline)?
4. Como vai a formação ser dada (métodos ou processos)?

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5. Qual o nível de performance do formando no final da formação?


Como será dado feedback ao formando acerca da sua performance?
Certificamos que o plano de formação e a respectivo programa foram
completados
Formador Data
Formando Data

Tabela 3.5 – Lista de verificação (Checklist) de tarefas de formação

Apresentação da Lista de Verificação de tarefas de formação


Título do cargo: Data:
Nome do Formador:
Quem vai receber FCT?
Quando se inicia a FCT?
Porque é o FCT importante?
Novo empregado Novo procedimento
Mudança de cargo Outro: descreva sff
Novo equipamento
1. Qual a tarefa do cargo a ser dada em FCT?
2. Qual é o plano de trabalho?
3. Qual é a estratégia de formação?
Verificámos que o formando atingiu mestria na tarefa: Sim Não
Visto do formador:
Visto do formando:
Certificamos que o plano de formação e o respectivo programa foram
completados
Formador Data
Formando Data
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Antes de ser usada a lista de verificação deve ser revista por um especialista
experiente.

Planos de inquérito para planificação da aprendizagem em


formação (ILP)
Kapfer e Kapfer (1978, in Rotwell e Kazanas, 2004) definem um Plano de
Inquérito à Aprendizagem em Formação (Inquiry Instructional Learning Plan - ILP)
como um meio para “encontrar conjuntamente a matéria do conteúdo e os
recursos de aprendizagem para o formando. Assim, um ILP não é um recurso de
aprendizagem, em si mesmo, mas um organizador (organizer)”.

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Segundo aqueles autores, os recursos de conhecimento e de competências para


onde apontam os ILP conduzidos pelos formandos incluem:

1. Recursos humanos tais como, colegas, formandos, clientes, e pacientes;

2. Objectos, ferramentas, instrumentos, ou modelos utilizados na vida


real;

3. Meios de formação em formato impresso e não impresso.

Os ILPs de inquérito compreendem duas categorias: ILP de exploração e ILP de


competência.

O que é um ILP de exploração?

Um ILP de exploração dirige os formandos a investigar algo novo através de um


processo de inquérito semi-directivo. Os resultados não são sempre declarados ou
claros.

O que é um ILP de competências?

Em contraste, um ILP de competências conduz os formandos num processo de


execução de uma actividade, com mestria, através da sua realização ou
demonstração, num cenário em que os resultados são antecipadamente
especificados.

Procedimentos para desenvolver o desenho de ILPs

Conforme sugere Kapfer e Kapfer (1978, in Rothwell e Kazanas, 2004) para


conceber e desenvolver ILPs é necessário: listar ou descrever o evento a investigar;
listar as questões a inquirir; especificar os recursos e actividades de aprendizagem; e
exigir ao formando um relato sumário do que foi apreendido.

Para um ILP de competências, descrever as competências a adquirir, descrever ou


esboçar a matéria da função na qual a competência vai ser adquirida, especificar
actividades e recursos de aprendizagem e estabelecer os meios para testar ou avaliar
competências.
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Tabela 3.6 – Plano de Inquérito para planificação da aprendizagem em formação (ILP)

Apresentação de um ILP de competências


Nome do formando: Data de preparação:
Nome do formador: Data de completamento:
Competência: Remover o tampão da gasolina num automóvel.
Descrição/ Esboço
1. Familiarize-se com um tampão de gasolina de um automóvel. Encontre
exemplos para examinar.
2. Etapas na remoção de um tampão de gasolina:
- Localize a tampa da gasolina no automóvel.
- Abra a cobertura da tampa, expondo-a à vista.
- Rode a tampa no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio até sair.
Problema 1: Se a tampa não se move, empurre-a para baixo e então
rode. Alguns tampões requerem que exerça primeiro pressão para baixo.
Problema 2: Se o tampo tem uma ranhura de fechadura, descubra a
chave, introduza-a antes de completar as tarefas descritas em c. Alguns tampos
são fechados à chave.
- Coloque o tampo num local seguro, logo que removido.
Actividades de aprendizagem/ Recursos:
1. Peça a trabalhadores experientes seus colegas para o ajudarem a encontrar
manuais de equipamento, que descrevam tampos de gasolina e procedimentos
de remoção.
2. Peça a um supervisor ou a um trabalhador experiente para fazer uma
demonstração de como remover uma tampa de gasolina
3. Peça a um supervisor ou a um colega experiente para lhe mostrar os
automóveis utilizados mais comuns na organização, tal que as actividades mais
frequentes de remoção de tampos fiquem claras para si.
4. Questione os trabalhadores experientes sobre os problemas mais comuns
com que se deparam na remoção de tampos de gasolina, e o que eles fazem para
ultrapassar estas situações.
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Teste:
1. Quando tiver pesquisado tampos de gasolina removíveis e tiver praticado o
procedimento de pesquisa, organize o seu tempo de modo a fazer uma
demonstração do que sabe ao seu formador.
2. Peça ao seu formador para lhe dar feedback sobre a sua demonstração uma
vez completada.

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Contratos de aprendizagem
Um contrato de aprendizagem é um acordo obrigatório sobre a aprendizagem
entre os formadores/ organizações e formandos/ indivíduos. Geralmente, é em
formato escrito entre supervisores ou formadores e trabalhadores e estabelece os
resultados a atingir através da formação planeada. Termos como Plano de
Desenvolvimento Individual (IDP – Individual Development Plan), contrato de
aprendizagem, plano de estudo, e plano de auto - desenvolvimento são muitas
vezes sinónimos de contrato de aprendizagem.

Como Malcom Knowles (1986, cit. por Rothwell e Kazanas 2004) observa, numa
descrição clássica, “um contrato de aprendizagem específica:

1. O conhecimento, habilidades, atitudes, e valores a adquirir pelos


formandos (objectivos de aprendizagem);

2. Como os objectivos vão ser realizados (recursos de aprendizagem e


estratégia);

3. A data alvo para a concretização/finalização;

4. Qual a evidência a ser apresentada para demonstrar que os objectivos


foram realizados;

5. Como esta evidência será avaliada ou validada”.

A implementação de um contrato de aprendizagem numa organização como parte


da FCT requer liderança, a qual provêm de formadores profissionais, que educam
os gestores de linha acerca do valor dos contratos de aprendizagem.

Neste contrato, a análise do trabalho, do trabalhador e do local de trabalho não


podem ser negligenciados. Outras etapas adicionais na aplicação de contratos de
aprendizagem incluem o uso de descritores das funções da ocupação, como guias
para o que vai ser aprendido, expressando por escrito a clarificação das
responsabilidades dos formandos e dos tutores (Job coaches), aconselhando os
formandos na inicialização, fornecendo-lhes feedback oportuno e concreto, tal que
fiquem cientes de como estão progredindo.

A apresentação seguinte exemplifica um contrato de aprendizagem apropriado para


FCT.
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Tabela 3.7 – Contrato de aprendizagem

Apresentação do Contrato de Aprendizagem


Título do cargo: Data:
Nome do formando: Data:
Nome do formador:
1. Quais são os objectivos
2. Quais os recursos e as estratégias para atingir os objectivos?
3. Quais as datas de realização/ completamento dos objectivos
4. Qual a demonstração a ser apresentada para evidenciar a execução com
mestria?
5. Como será esta demonstração avaliada?
Aprovação:
Certificamos que o plano de formação e a calendarização foram revistos/
analisados.
Formador Data:
Formando Data:

Vantagens dos contratos de aprendizagem

Há quatro vantagens distintas na utilização de contratos de aprendizagem para


FCT face aos métodos directivos:

1. A responsabilidade pela aprendizagem é assumida mais directamente


pelo formando, do que arcada com o formador;

2. A dependência do formando do formador está esbatida e o


empowerment do formando aumentado, porque os formandos têm um
papel activo na concepção (design) da sua própria formação a levar a
cabo na modalidade FCT;

3. Os formandos são encorajados a reflectir no que aprendem e como


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aprendem, aumentando assim as suas próprias oportunidades de


aprendizagem no duplo ciclo de aprendizagem, no qual a reflexão
segue a acção;

4. É requerida menos supervisão directa pelos formandos desde que estes


sejam encorajados a trabalhar por eles próprios

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Desvantagens dos contratos de aprendizagem

Há duas desvantagens na utilização de contratos de aprendizagem:

1. Os formadores podem ter dificuldade em se ajustar aos novos papéis,


enquanto agentes mobilizadores e podem necessitar de formação para
a negociação do contrato, na responsabilização dos formandos pelos
resultados e no seu funcionamento como recurso;

2. Os formandos podem não se sentir confortáveis no seu novo papel,


porque podem necessitar de ser informados sobre: o que é um
contrato de aprendizagem; quais as suas responsabilidades; quais as
vantagens do contrato; e, como encontrar informação para
estabelecerem projectos de construção do seu próprio repositório de
conhecimentos e competências.

Guião de entrevista do formando


Um guião de entrevista do formando é uma lista de questões acerca de funções e tarefas
do cargo. Deve ser dado aos noviços o mais cedo possível nos seus cargos para os
guiar através de processos de inquéritos auto-administrados como um meio de
realizar a FCT.

Menos detalhado que os (Planos de Inquérito para planificação da aprendizagem em


formação -ILPs), um guião de entrevista pode ser aplicado, quer para um cargo
polivalente, quer para uma tarefa específica.

Um guião de entrevista de um cargo polivalente pode colocar questões acerca de todas as


funções essenciais para os formandos responderem; um guião de entrevista do formando
para uma tarefa específica coloca questões sobre tarefas relacionadas com uma função
específica.

Benefícios para o formando

Arma os formandos com questões que respondem sobre funções ou tarefas de um


cargo, mas não oferece sugestões acerca de como lhes dar resposta. Os formandos
que tomam a iniciativa de aprender são provavelmente mais bem-sucedidos nesta
abordagem. Um benefício acrescentado desta abordagem reside numa maior
responsabilidade do indivíduo que deve tornar-se mais competente na realização da
tarefa.
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Os especialistas de conteúdo para desenvolverem um guião de entrevista em FCT


devem partilhar os seus conhecimentos. Depois de actualizar a descrição do cargo
e de completar as análises do trabalho, do trabalhador e do local de trabalho,
devem formular as questões do guião de entrevista que conduzirão os formandos
na busca de informação acerca das suas funções numa sequência organizada.
Devem também encorajar os formandos a tomar notas à medida que as respostas
às questões são apreendidas, e devem encontrar-se periodicamente com os
formandos para verificar o progresso e oferecer conselho acerca da obtenção das
melhores respostas.

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Tabela 3.8 – Guião de entrevista

Apresentação de guião de entrevista


Título do cargo:
Nome do formando:
Nome do formador:
Lista de funções principais da descrição do cargo:
Responda às seguintes questões acerca da função:
1. Quais as políticas e procedimentos existem para este problema?
2. Quais são os procedimentos recomendados?
3. Quem realiza esta função a maior parte das vezes? Porquê?
4. Quando é que a função ocorre provavelmente a maior parte das vezes?
5. Onde (em que partes da organização) é que esta função é mais realizada?
6. Porque é esta função importante?
7. Como é que os empregados experientes no cargo executam esta função?
8. Outras questões (complete com questões adicionais de circunstância se
necessário):

Roteiros de leitura
A maior parte os trabalhadores são confrontados diariamente com uma avalanche
de memorandos, cartas, relatórios, mensagens de correio electrónico, e mensagens
de fax. (O advento da comunicação electrónica wireless provavelmente está a
intensificar este problema, na medida em que o wireless alcança as pessoas em
tempo real – e interrompe o que seja que estão a fazer.)

Sem um meio para organizar este e outro material para referências rápidas, torna-se
difícil aceder à informação quando precisam dela.

Na prática, sabe-se que só quando se viola um regulamento é que salta a


necessidade do seu conhecimento.
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Roteiros de leitura relacionadas com o cargo podem ser, simplesmente listas ou


índices de títulos, fontes, e outra informação bibliográfica, ou então são descrições
de itens de conteúdos.

Os itens propriamente ditos podem incluir: manuais de procedimentos e de


política, memorandos, cartas, formulários, artigos de newslleter, brochuras especiais,
manuais de equipamentos, manuais de formação, ou documentos chave indexados
e mensagens de correio electrónico. Os trabalhadores podem ter que aceder a uma
central de informação quando necessário.

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Processo de preparação

No processo de preparação são de considerar são de considerar as seguintes


actividades:

Juntar um painel de especialistas

Para preparar roteiros de leitura recomendados para FCT, juntar um painel de


especialistas presencial ou virtual, incluindo trabalhadores experientes e
supervisores. Mostrar-lhes as descrições de funções de todos os empregados de
uma unidade de trabalho. De seguida pedir-lhes para identificar e organizar o
material de leitura importante que deve ser disponibilizado a estes empregados.

Abordar os materiais de referência para cada função principal

Uma maneira para os membros do painel iniciarem esta tarefa é tratarem os


materiais de referência para cada função principal da descrição do cargo. Os
materiais aplicados a mais do que uma função podem ter referências cruzadas. A
lista final será então baseada nas descobertas do painel.

Como alternativa organizar um comité de trabalhadores

A um comité de trabalhadores experimentados pode ser perguntado para


identificarem as dificuldades mais comuns que têm encontrado nos seus cargos. O
método dos incidentes críticos é utilizado para o levantamento destes problemas.
Então um roteiro de leitura é criado para fornecer orientação na solução dos
problemas mais comuns ou particularmente difíceis relacionados com o cargo.

Os formandos podem utilizar uma apresentação idêntica ao exemplo a seguir


exibido para identificar informação apropriada para um roteiro de leitura. Fazendo
isto, os formandos são encorajados a tomar a iniciativa para organizar os seus
próprios eventos de aprendizagem.
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Tabela 3.9 – Roteiro de leitura

Apresentação do desenvolvimento de roteiro de leitura


Instruções: Para identificar referências escritas apropriadas para ajudar a
executar as funções do cargo registadas na sua descrição corrente do cargo (job
description), complete um roteiro de leitura separado para cada função essencial
listada. Para tal, siga as seguintes etapas:
1. Descubra um co-trabalhador (colega de trabalho) experiente, um supervisor, ou
outra pessoa que seja conhecedora das funções a discutir (se está inseguro sobre se a
pessoa é conhecedora da função, pergunte-lhe primeiro);
2. Reserve tempo para se encontrar com essa pessoa para lhe colocar as questões
listadas neste documento;
3. Registe as suas notas às respostas que obtiver;
4. Arranje tempo para um fazer um ponto da situação (debriefing) com o seu formador
acerca das respostas que obteve.

Nome do aluno: Título do cargo: Data da entrevista:


Pessoa entrevistada:
Função principal:
1. Conte-me o historial [descreva a função essencial]. Qual é a situação singular mais
difícil que enfrentou na sua experiência na execução desta função? Descreva a situação
2. O que fez nessa situação, e porquê?
3. Suponha que vai enfrentar a mesma situação outra vez. Como lidaria com ela?
Porquê?
4. Que conselho me pode dar sobre os tipos de referências correctas que eu possa
analisar para me ajudar a ultrapassar o tipo de problemas que descreveu?
5. Que outros conselhos tem para mim? Porque sugere este conselho específico?

Considerações finais: vantagens, desvantagens e organização baseada em


computador

Os roteiros de leitura devem ser periodicamente revistos e actualizados. Se os


empregados tiverem acesso a correio electrónico, roteiros de leitura, tal como
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tabelas de conteúdo indexadas podem ser arquivadas electronicamente para fácil


consulta.

Uma vantagem dos roteiros está em serem uma fonte de orientação contínua do
desempenho dos iniciados e também dos veteranos.

Uma desvantagem pode estar na tendência para substituir a leitura pelo


questionamento a outros empregados sobre soluções apropriadas, o que tanto
pode ser apenas uma distracção, como ser uma maneira eficaz de aprende nova
informação.

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Um sistema de referências baseado em computador (CBR) inserido numa base de dados,


com todos os documentos organizacionais, pode constitui um método expedito de
consulta em tempo real. A utilização de um CBR permite o acesso a todos os
documentos disponíveis e pesquisa rápida por palavras-chave de informação
relevante

Análise de documentos e de casos


A análise de documentos e de casos são métodos comuns de formação de recém-
chegados ao contexto real de trabalho. Quando estes documentos são utilizados, os
iniciados são convidados a ler material relacionado com a ocupação para se
familiarizarem com as funções do posto de trabalho e a organização, divisão,
departamento, e/ou a unidade de trabalho. Por exemplo, são convidados a ler o
relatório anual da instituição e, como caso de análise, a rever as etapas dum caso
actual de trabalho ou situações problema difíceis que têm sido manipulados quer
com sucesso ou insucesso.

Conjuntamente, a análise de documentação e de casos são poderosos meios para


FCT, porque envolvem activamente os formandos em situações e problemas da
vida real. Também são meios pelos quais preservam a memória institucional acerca
do que trabalha e do que não trabalha.

Como preparar a análise de um documento para FCT

Para preparar a análise de um documento desejável para FCT, reúna um painel de


trabalhadores experientes que estejam familiarizados com as referências
relacionadas com o trabalho às quais recorrem durante o seu trabalho e convidar os
membros do painel a identificar material de leitura apropriado, importante,
relacionado com o trabalho. Prepare um pacote destes documentos ou formulários
para partilhar com os recém-chegados, como parte da sua FCT.

Preparar a análise de casos

Utilizar uma abordagem semelhante à utilizada na análise de documentos. Reúna


um painel presencial ou virtual de trabalhadores experientes e convide-os a
identificar situações críticas específicas de trabalho que tenham encontrado.

Se um caso tem documentos que dão pistas, como cartas, casos outra informação,
reúna a documentação cronologicamente, tal como os eventos se desenrolaram.

Como exercer a tutoria na abordagem de casos


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Quando partilhar casos com recém-chegados, explicar quais os objectivos atingir


através da análise de caso e como se relaciona com as funções principais dos
trabalhadores. Depois de os trabalhadores terem lido o arquivo do caso e
aprendido, como o caso foi actualmente tratado recomendar para que tirem
conclusões para a acção.

Utilizar a discussão para tutorar os formandos sobre os aspectos mais importantes


do caso e como estes problemas se prendem com as funções principais dos
formandos.

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Vantagens e desvantagens da análise de documentos e casos

A análise de documentos tem vantagens porque estes enfatizam recursos chave impressos,
cujo conhecimento é imprescindível para o recém-chegado. O inconveniente está
no tempo requerido para a montagem.

A análise de casos tem vantagens porque fornece informação num contexto realista,
envolvente e relacionado com as funções do cargo. Tem o inconveniente de o
formando não poder apreciar a importância e as implicações da FCT no
desempenho, se não tiver oportunidade fazer uma demonstração ou de praticar,
enquanto analisa o caso.

Fase de apresentação da formação


Depois da preparação da sua formação em contexto de trabalho, depois de
desenvolvidos os suportes
didácticos, é necessário
regressar ao modelo
DAPPER à fase de
apresentação da FCT.

Nesta fase abordam-se as


características desejáveis de
formadores e formandos e
as etapas a percorrer pelos
formadores para uma apropriada apresentação da FCT.

Esta fase do modelo DAPPER em muitos aspectos identifica-se com as


actividades da fase de implementação do modelo clássico ADDIE, circunscrita ao
posto de trabalho.

Características preferenciais de formadores e formandos


Formadores e formandos têm que sentir-se confiantes sobre o que deles se espera
que façam em FCT. Contudo, só poderão sentir-se seguros e responsáveis, quando
o seu nível de responsabilidade foi claramente definido. Poderá então ser útil uma
descrição, que clarifique o cargo e as directivas formais, sobre o desempenho que
os formadores e formandos tenham.

O papel dos formadores


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Os formadores jogam três papéis críticos importantes em FCT:

ƒ Fornecem orientação nas vias apropriadas para realizar as tarefas de


trabalho;

ƒ Fornecem suporte social de modo a que os formandos se sintam


psicologicamente confortáveis; e,

ƒ Modelam papéis de comportamento eficaz dentro da cultura


organizacional da empresa.

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Condições necessárias para o tutor assegurar uma formação individual


responsável

Os formadores de FCT (adicionalmente a quaisquer outras responsabilidades que


possam ter como supervisores, co-trabalhadores, ou formadores profissionais)
assumem especificamente a responsabilidade de assegurar que as sessões de
formação incorporam as seguintes seis condições para a mudança e a
aprendizagem. As seis condições são descritas classicamente como essenciais para
aconselhar o empregado (Rogers, 1967, cit. por Rothwel e Kazanas, 2004):

ƒ A duas pessoas é atribuída a missão de trabalhar em conjunto;

ƒ A primeira pessoa (o formando) sente-se ansioso, mas motivado na


abordagem da situação, que vai exigir mudança, através da aprendizagem;

ƒ A segunda pessoa (o formador) sente confiança nos seus saberes,


competências e habilidades;

ƒ O formador aceita positiva e incondicionalmente o formando como ele é;

ƒ O formador também cria empatia com o formando, compreende o seu


sentir e comunica tudo isto ao formando;

ƒ O formador comunica o seu sentimento de aceitação positiva ao


formando.

Competências complementares dos tutores em FCT

Complementarmente, os formadores de FCT eficazes devem demonstrar todas as


competências de facilitadores de grupo. Mais especificamente, devem ser capazes
de fazer o seguinte nas suas sessões de formação em FCT (Rothwel e Kazanas,
2004):

ƒ Utilizar um comportamento não verbal eficaz, para mostrar interesse no


que os formandos dizem ou fazem e demonstrar que o formador
considera os formandos e a experiência de formação importantes;

ƒ Ouvir atentamente e prestar atenção ao que os formandos parecem sentir e


ao que eles dizem;
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ƒ Parafrasear eficazmente o que os formandos dizem em curtos intervalos de


tempo;

ƒ Sumarizar eficazmente o que os formandos dizem em largos períodos de


tempo;

ƒ Observar os formandos cuidadosamente para avaliar os seus sentimentos


através da observação da linguagem corporal;

ƒ Questionar os formandos, utilizando perguntas abertas quando apropriado


para procurar informação acerca do que está a ser aprendido ou para obter
visão acerca dos sentimentos dos formandos;

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ƒ Utilizar questões fechadas quando apropriado para orientar conversações e


manter controlo do tempo usado em FCT;

ƒ Exprimir os seus pensamentos próprios;

ƒ Exprimir os seus sentimentos próprios;

ƒ Focar a atenção dos formandos num problema de cada vez ou, quando
muito, a poucos problemas que sejam relevantes;

ƒ Desafiar os formandos a abordar problemas criativamente.

O papel do formando

O indivíduo que recebe FCT tem responsabilidades idênticas às dos formadores.


Deve pelo menos assumir as seguintes obrigações:

ƒ Entrar nos cargos e tarefas com atitudes positivas;

ƒ Estar receptivo à aprendizagem;

ƒ Reconhecer a importância da FCT;

ƒ Entrar na FCT com competências básicas suficientes para ir ao encontro


dos requisitos mínimos de entrada no cargo;

ƒ Ser responsável pela sua própria aprendizagem;

ƒ Tomar notas, formular questões, e mostrar interesse no que está a


aprender;

ƒ Ter expectativa de aprender ao longo da sua carreira;

ƒ Encorajar um clima, positiva e psicologicamente confortável, no qual tanto


ele próprio como os seus colegas co-trabalhadores possam florescer;

ƒ Fornecer um modelo de papel positivo aos outros formandos quando


apropriado.

Etapas do processo de apresentação da FCT


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Para implementar formação eficaz em contexto real de trabalho, no processo de


apresentação da FCT devem percorrer-se as nove etapas a seguir descritas:

Etapa 1 – Preparar a área de trabalho

Organizar a área de trabalho de modo a ficar funcional para a formação. Estar


próximo do local de trabalho a fim de observar as demonstrações de trabalho. O
plano de formação antecipadamente organizado deve especificar equipamento,
ferramentas, materiais a disponibilizar no local de trabalho antes do início da
formação.

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Etapa 2 – Colocar o formando à vontade

Criar um clima psicologicamente suportável que reduza a ansiedade do formando,


quebrando o gelo inicial. Estabelecer comunicação em conversas curtas, manifestar
simpatia e empenhamento pessoal.

Etapa 3 – Mostrar ao formando como realizar o desempenho

Para ir ao encontro de padrões de desempenho mensuráveis, o formador mostra


ao formando o que fazer, fazendo a demonstração, muitas vezes formador e
formando de pé ou sentados lado a lado. Por exemplo se em vez de um
comportamento observável tiver lugar uma tomada decisão o formador deve
explicar as etapas de decisão.

Etapa 4 – Explicar os pontos-chave

O formador, depois de demonstrar uma função do cargo essencial ou ter analisado


as etapas para tomar uma decisão, deve de seguida explanar e enfatizar os pontos-
chave. Neste sentido, pode fazer uma verificação dupla do que o formando sabe,
colocando questões acerca das funções da ocupação, como mostra a Figura 3.5.

Figura 3.5 – Os pontos-chave da função (Questões 7 – H)

Entre as questões importantes para o formador perguntar estão as designadas


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Questões 7 – H (wHo, wHat, wHen, wHere, wHy, How, How):

ƒ Quem deve realizar esta função?

ƒ O que deve ser feito?

ƒ Quando deve a função ser realizada?

ƒ Onde deve esta função ser realizada e quais as ferramentas, equipamentos


ou outros instrumentos de suporte devem ser utilizados?

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ƒ Porque deve a função ser realizada? Como está relacionada a função com o
trabalho dos outros?

ƒ Como deve a função ser realizada? Há políticas, procedimentos, ou


regulamentos, que afectam o modo como a função é para ser realizada, ou
os formandos têm discrição para realizar a tarefa?

ƒ Como é o sucesso medido? Quais são os padrões (standards) de


desempenho (performance) que afectam a função?

Etapa 5 – Mostrar outra vez ao formando como executar a tarefa

A memória de trabalho é falível passadas 48 horas. Fazer uma demonstração de


novo designadamente da etapa 3 melhora a retenção do formando

Etapa 6 – Dar ao formando a chance de realizar a parte simples das


actividades complexa

Depois de explicar a função ou a actividade da tomada de decisão ao formando, o


formador deve dar-lhe a possibilidade de realizar a actividade. Nas actividades
complexas que possam ser desdobradas dar a possibilidade ao formando de
demonstrar primeiro a parte mais simples. Depois de demonstrada a actividade dar
feedback construtivo evitando o ridículo ou o sarcasmo.

Etapa 7 – Permitir ao formando realizar todas as funções da ocupação


enquanto o formador observa

Uma vez que o formando tenha demonstrado capacidade para realizar a parte
simples da função, deve realizar a função o seu todo. No decorrer da formação o
formador deve estar próximo, observar, intervir periodicamente e muitas vezes só
quando o formando está experimentando problemas de performance ou quando
solicita ajuda.

Etapa 8 – Permitir ao formando realizar sozinho, todas as funções da


ocupação

Durante esta fase o formador afasta-se progressivamente da cena e deixa o


formando realizar todas as funções do cargo e assumir as suas responsabilidades.
Os formadores que são relutantes em permitir aos trabalhadores de exercer a
função com independência correm o risco de encorajar um tempo excessivo de
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dependência. No entanto são recomendáveis visitas planeadas e sem aviso para


observar o desempenho ou inspeccionar os resultados do trabalho.

Etapa 9 – Deixar o formando a executar por si próprio, com feedback


periódico

Num certo momento o formando deve ser formalmente desligado da formação.


Nalgumas organizações, o término da formação ocorre sob a forma de um
processo de certificação.

Outra maneira para desligar o formando da formação é pedir ao formador em


contexto de trabalho (on-the-job) para preparar um relatório final do progresso na

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formação (TPR training progress report), declarando por escrito que o formando
completou o período de formação.

Se o formando não sente que foi bem formado, ou se não está a exercer um
desempenho em conformidade com os padrões mensuráveis de desempenho,
então o formando não pode ser separado da formação.

Então o formador deve conduzir uma sessão de descoberta de factos e de


resolução de problemas, para determinar as causas subjacentes do problema e
obter concordância entre o formando e os representantes da organização,
incluindo o formador e o supervisor, acerca de um apropriado plano de rectificação
do problema.

Certamente que os formandos devem ser envolvidos activamente no processo de


solução do problema, oferecendo pontos de vista sobre as causas que afectam a sua
performance.

A solução pode passar pela oferta de FCT intensiva, por um refrescamento na


FCT já conduzida ou prática estruturada seleccionada em funções do cargo.

Como conduzir a sessão de solução de problemas


Durante esta sessão, os formadores devem estabelecer escrupulosamente um
registo escrito, que responda claramente às seguintes questões (Rothwell e
Kazanas, 2004):

ƒ O que está acontecer? (Descrever a situação corrente ou o problema de


desempenho).

ƒ O que deveria acontecer? (Descrever padrões de desempenho do cargo,


expectativas de supervisão, ou requisitos do cliente e evidenciar que são
equitativos).

ƒ Por que é a diferença importante? (Descrever as consequências do


desempenho pobre para a organização, divisão, departamento, ou unidade
de trabalho).

ƒ Qual parece ser o problema? (Descrever a causa subjacente, se conhecida).

ƒ O que deve o formando fazer para rectificar o problema e assim ter


sucesso em FCT? (O formador deve fornecer sugestões claras, concretas
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para melhoria.)

ƒ O que acontecerá se o desempenho não melhora? (Especificar o passo


seguinte, a considerar, se o desempenho não melhora, incluindo qualquer
acção correctiva a ser administrada.)

ƒ Quanto tempo permitirá a organização para a melhoria? (Indicar uma data


para a acção que está relacionada com a data estabelecida para o
desempenho, mas assegurar que o formando tem tempo suficiente para
demonstrar os progressos).

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Geralmente, os formadores devem tomar acções atempadas para os


problemas de desempenho da FCT. Se, por exemplo, o formando
não está a progredir em FCT tão rapidamente como outros já
progrediram no passado, deve ser desencadeada uma sessão para
investigar os factos, logo que a baixa de ritmo seja notada.

Fase de avaliação dos resultados


Como avaliar a performance pós formação no cargo

A avaliação dos resultados corresponde à quinta fase do modelo DAPPER. Se o


formando consegue um
desempenho em
conformidade com os
padrões mensuráveis
estabelecidos para o
desempenho do cargo,
sob a observação do
formador, a FCT é
avaliada como de
sucesso.

Em FCT, pouco ou nenhum espaço de tempo existe entre a formação e a


aplicação, e os supervisores ou os co-trabalhadores são tipicamente os formadores.

A avaliação é importante, porque é o meio pelo qual a formação demonstra o valor


que acrescenta à organização. Contudo, muitos observadores da formação no
terreno queixam-se que as organizações dedicam muito pouco tempo e muito
poucos recursos à avaliação da formação.

A FCT e os níveis de avaliação de Kirkpatrick


Donald Kirkpatrick desenvolveu um esquema para conceptualizar a avaliação da
formação, identificando quatro níveis, que podem ser hierarquizados através das
seguintes questões:

1. Nível 1 – Avaliação das reacções: Os formandos gostaram da


formação?
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2. Nível 2 – Avaliação da aprendizagem: O que aprenderam os


formandos na formação?

3. Nível 3 – Avaliação da mudança de comportamento: Quanto


mudaram os formandos o seu comportamento em resultado da
formação?

4. Nível 4 – Avaliação dos resultados da organização, o qual é o


mais desafiador para a avaliação: Qual o grau de melhoria
organizacional resultou das mudanças comportamentais?

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Estes quatro níveis também se aplicam à FCT e o nosso propósito é discutir como
os formadores e as organizações podem utilizar cada nível na sua própria FCT.

Nível 1 – Avaliação das reacções


Ao contrário do que se passa em sala de aula, a FCT é raramente avaliada por
questionários e por atitude no final da formação, para medir o nível de satisfação
do formando relativamente à utilidade percebida da experiência.

Uma das razões para as reacções no final da formação serem raramente avaliadas
está em determinar quando efectivamente o término da formação ocorre. Por
outro lado, porque a FCT é muitas vezes conduzida na modalidade one-on-one
training, há muitas oportunidades para o formador e o formando discutirem o valor
da experiência de formação à medida da sua progressão.

Administração de questionários de atitude

Não obstante, sondagens e questionários de atitudes podem ser utilizados


periodicamente com eficácia em FCT. Para tal é necessário um instrumento de
avaliação que à semelhança dos questionários utilizados em sala de aula, cubra os
aspectos e os problemas principais. As opiniões dos formandos devem incidir
sobre aspectos particulares das seguintes categorias:

1. Propósito, objectivos e estrutura da formação.

2. Conteúdo da formação – importância para o cargo.

3. Distribuição da formação – métodos, relações de trabalho, utilidade do


feedback.

4. Uso do tempo em FCT

5. Avaliação global – gestão da FCT, áreas específicas de melhoria, etc.

Também é típico os formadores receberem feedback dos formandos e as suas


reacções à FCT, a partir de fontes como conversações e de questionários à saída.

Mantendo conversações com os formandos

As conversações acerca da formação devem ocorrer ao longo da FCT. O formador


deve preparar o formando para responder a questões directas, como:
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ƒ Gosta da FCT que tem recebido? (Se há problemas, haverá que identificá-
los bem e corrigi-los)

ƒ Sente que os métodos utilizados poderiam ser melhorados?

ƒ Como está a sentir a velocidade do desenrolar da formação? A velocidade é


muito elevada, muito lenta ou está correcta?

ƒ Qual a eficácia dos métodos que têm sido utilizado até agora em FCT?

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Administração de questionários à saída

Os questionários à saída são completados pela terminação dos empregos e também


podem ser utilizados com empregados transferidos para outra unidade de negócio
ou para outro departamento. Questionários por motivos de saída são desenhados
para reunir informação acerca das razões de uma separação voluntária. Colocam
questões como as seguintes:

ƒ Qual o título do seu cargo?

ƒ Quem era o seu supervisor imediato?

ƒ Quanto tempo esteve empregado nesta organização?

ƒ Vai partir para um cargo noutra organização? Se sim, qual?

ƒ O que ganhará no seu novo cargo?

ƒ Quando começará?

ƒ O que pensou do seu supervisor nesta organização?

ƒ Como era o moral na sua unidade de trabalho?

ƒ Como foi a eficácia da formação FCT que recebeu? O que se podia fazer
para tornar para tornar mais eficaz para outro empregados no futuro

ƒ Quem foi o seu formador?

As respostas a estas e outras questões dos trabalhadores que partem podem muitas
vezes lançar pistas para melhorar as práticas de FCT de uma organização. Para tirar
o maior benefício dos questionários de saída, as organizações devem utilizá-las
como ponto de partida para um plano de acção para melhorar as condições que
afectam os empregados, incluindo a qualidade da FCT dos empregados.

Nível 2 – Avaliação da aprendizagem


A avaliação da aprendizagem é habitualmente associada a testes para determinar
qual o nível retenção dos formandos. Em sala de aula são muitas vezes utilizados
exames de papel e lápis. Em FCT, o formador pode avaliar informalmente a
aprendizagem, dando ao formando feedback oral ou anotações escritas durante a
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progressão da aprendizagem. O formador pode também avaliar formalmente a


aprendizagem, através de exames orais e escritos ou baseados no desempenho.

Feedback do formador e anotações

Quando o formando executa as funções, nas quais recebeu FCT, o formador deve
observar o desempenho do formando, e a informação obtida da observação torna-
se a base para elogios escritos ou orais ou de sugestões de melhoria.

Para fornecer feedback oral, os formadores necessitam apenas de oferecer


oportunamente, comentários específicos sobre o desempenho dos formandos. Em
tais instâncias, os standards de desempenho do cargo não precisam de estar escritos
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e utilizados como base de comparação para o trabalho realizado no desempenho


do trabalhador.

Na verdade estes standards só existem algumas vezes na cabeça dos formadores,


como habitualmente sucede em muitas empresas de pequena dimensão. As
anotações escritas acerca do desempenho do formando devem geralmente ser
organizadas de modo mais completo do que um simples feedback oral.

À medida que o formando executa a sua actividade, o formador observa e faz


anotações sobre o que formando faz, como faz e a qualidade do desempenho. As
anotações devem comparar o desempenho dos formandos com standards
mensuráveis e tornar-se a base para dar feedback.

Se o formando não progride satisfatoriamente, estas observações podem também


tornar-se a base para acções correctivas subsequentes, incluindo acção disciplinar
quando se justifica.

Exames escritos

Com os formandos nos seus postos de trabalho é difícil imaginar como administrar
exames eficazes por escrito. As pessoas param o trabalho para realizarem provas
escritas?

Rothwell e Kazanas (2004), apontam vias alternativas. Uma via alternativa seria os
formandos fazerem os exames em casa, baseados nas lições de FCT. Uma segunda
alternativa seria convidá-los a demonstrar o que aprenderam através de exames de
desempenho no posto de trabalho. A terceira alternativa é dar-lhes com frequência
perguntas breves de curtas unidades temáticas distribuídas em contexto real de
trabalho.

Os empregadores geralmente utilizam testes escritos para seleccionar pessoas para


uma função particular. Na realidade, contudo, um teste de FCT é também uma
forma de teste de selecção, desde que o insucesso continuado conduza
habitualmente a novo contrato de aprendizagem ou mesmo ao despedimento,
devendo estar em conformidade com outras normas reconhecidas de selecção de
pessoal.

Há vários formatos padrão para exames escritos, incluindo escolha múltipla,


verdadeiro / falso, itens de associação, resposta curta, e de ensaio.
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O apoio à concepção de testes de conhecimento pode ser disponibilizado por


vários tipos de software. Por exemplo, neste módulo será utilizada a ferramenta de
autoria Readygo por motivos de direitos de autor e o software de avaliação
Hotpotapoes por ser de livre acesso. Nestes dois tipos de software serão utilizadas as
perguntas de teste já referidas, principalmente de escolha múltipla e
verdadeira/falso.

A utilização de testes de perguntas de ensaio (resposta longa)

Este tipo de perguntas pode ser utilizado para avaliar capacidades dos formandos
para analisar, avaliar ou sintetizar informação. Estes testes são preparados para a
construção de questões acerca de problemas relacionados com as funções da

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ocupação, eventos e procedimentos. Para ser possível classificar a resposta com


consistência a cada questão, a pessoa que desenvolveu o teste, deve também
desenvolver uma lista de tópicos gerais, que devem ser cobertos numa resposta
considerada aceitável.

Nível 3 – Avaliação da mudança de comportamento


A avaliação da mudança de comportamento provocado pela FCT levanta a
seguinte questão: Com que nível de desempenho pode o formando levar a cabo as
funções essenciais do seu cargo?

Os formadores podem avaliar a mudança de comportamento através de listas de


verificação comportamentais e apreciações de desempenho.

Listas de verificação comportamentais (checklists)

As listas de verificação comportamentais são desenvolvidas a partir da análise de


resultados de tarefas, e comparam o que os formandos fazem com o que é
esperado que eles façam, determinando como muitas vezes os formandos exibem
os comportamentos desejados ou o nível de mestria relevado na execução dos
comportamentos. Os comportamentos são listados na sequência da ocorrência
esperada e os formadores simplesmente verificam se os comportamentos foram
exibidos ou realizados apropriadamente pelos formandos. Segue-se um exemplo de
lista de verificação comportamental.
Tabela 3.10 – Exemplo de lista de verificação comportamental

Exemplo de lista de verificação comportamental


Nome do formando: Título do cargo: Data:
Nome do formador:
Porque está a FCT a ser conduzida?
O formando será capaz de: O formador tem observado o
comportamento?
Sim Não
1. Explicar os usos do telefone no posto
de trabalho, enfatizando as razões mais () ()
comuns pelas quais as pessoas vão
chamar este formando no seu cargo.
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2. Explicar como cada função do telefone


é usada, utilizando os botões do telefone () ()
como meio de organizar a descrição.
3. Descrever a função de cada tecla no () ()
teclado do telefone
4. Demonstrar o uso próprio de cada () ()
função para cada tecla do telefone

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Apreciação do desempenho

A maior parte das organizações tem alguns sistemas de apreciação do desempenho


do empregado e, nalgumas os responsáveis pela FCT preferem usar o processo de
apreciação do desempenho para avaliar a aprendizagem, embora as apreciações da
formação possam também ser separadas da apreciação do desempenho.

Para utilizar a apreciação do desempenho na avaliação do nível de execução da


FCT dos formandos, os formadores em contexto real de trabalho, habitualmente,
começam por desenvolver um apropriado formulário de apreciação em
cooperação com os gestores de linha.

Seria vantajoso constituir um grupo de possíveis utilizadores para desenvolver um


formulário de modo a reconhecerem-no como a melhor via para apreciar as
funções essenciais do cargo e possibilitar o fornecimento adequado ao formando
relacionado com o cargo.

Segue-se a apresentação de um modelo de relatório/ apreciação do progresso da


aprendizagem.
Tabela 3.11 – Modelo de relatório de apreciação do progresso da formação

Modelo de relatório/ apreciação do progresso da formação


Nome do formando: Título do cargo: Data:
Nome do formador:
Porque está a FCT a ser conduzida?
Progresso do formando Comentários de classificação
Aceitável Inaceitável
1. Comparência/ presença () ()
2. Pontualidade na chegada ao trabalho () ()
3. Cooperação com os seus pares () ()
4. Progresso na formação (listar as () ()
funções do cargo de forma abreviada e
classificá-las separadamente)

Comentário global do formador


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Comentário global do formando


Aprovação:
Certifica-se que o relatório de progresso da formação está completo. A
assinatura do formando abaixo não indica necessariamente concordância
com o relatório, mas indica que foi conduzido.
Formador: Data
Formando: Data

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Depois de desenvolvido um formulário de apreciação, os formadores devem


decidir quantas vezes os formandos devem receber este feedback: semanalmente,
mensalmente, etc. Uma vez calculada a frequência desejada, é estimada a duração
do período de formação. Deve planear-se para fornecer apreciação pelo menos
duas vezes: uma vez aproximadamente a meio da FCT e outra no final.

Nível 4 – Avaliação dos resultados da organização


De acordo com uma clássica e ainda relevante abordagem sugerida por Paul
Brauche (1992, cit. Por Rothwel e Kazanas 2004) o valor da formação pode ser
computado em três fases, que compreendem doze etapas. Esta abordagem é
especialmente útil para determinar os pontos cruciais do valor da FCT. Tem a
vantagem de combinar harmoniosamente com os esforços de compensação da
organização existente para gerar valor acrescentado no trabalho.

Para aplicar a abordagem e assim fazer prognósticos (antes da formação) ou avaliar


(depois da formação) o valor económico da FCT e os resultados organizacionais,
provenientes dele, há que empreender as seguintes acções.

Fase I: Determinar o peso das tarefas

1. Conduzir uma análise do trabalho da função (Tabela 3.12).

2. Estabelecer um grau de dificuldade para cada tarefa (por exemplo,


utilizar critérios de classificação (Tabela 3.13).

3. Estabelecer a importância relativa de cada tarefa (Tabela 3.13).

4. Estabelecer a frequência do tempo, significando “ a percentagem de


tempo (dos empregados) que cada tarefa requer a completar.

5. Calcular o produto [Dificuldade x Importância x Frequência (DIF)].

6. Multiplicar a Dificuldade, a Importância, e a Frequência para cada


tarefa (Tabela 3.12).

7. Registar os resultados na coluna do cálculo do produto (DxIxF)


(Tabela 3.12).

8. Apurar o somatório de produtos por total de actividades.


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9. Obter o DIF de pesos expressando o peso relativo de cada tarefa:

• Dividir na coluna Produto (DxIxF) o somatório DIF pelo valor de


cada tarefa (p. ex.: 630/120 = 0,19 ou 320/630 = 0,51, etc.);

• Registar os pesos relativos na coluna DIF (Tabela 3.12);

• Calcular a soma dos pesos relativos de todas as tarefas que se não


houver erro de cálculo será 1.

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Tabela 3.12 – Exemplo de formulário de análise da função

Dificuldade Importância Frequência Produto DIF


Tarefa
Grau Grau Tempo D*I*F Peso
1. 2 3 20 120 0,19
2. 1 3 40 120 0,19
3. 3 1 10 30 0,05
4. 4 1 10 40 0,06
5. 4 4 20 320 0,51
Total 100 630 1,00
Fonte: Adaptado de Rothwell, W. e Kazanas H., 2004, p.115.

Fase II – Determinar o valor do desempenho (performance)

1. Extrair os pesos DIF da tabela de análise de função (tabela 3.12) e


inserir na tabela de valor da função (tabela 3.14).

2. Introduzir o custo do trabalhador (salário individual anual) na tabela de


valor do desempenho.

3. Determinar o valor de cada tarefa, multiplicando o peso do seu DIF


pelo custo do trabalhador.

4. Estabelecer níveis e desempenho baseados na avaliação da supervisão,


comité de trabalho, ou comparação com co-trabalhadores (ver critério
da Tabela 3.15).

5. Determinar os valores do desempenho, multiplicando o valor de cada


tarefa pelo nível de performance de cada empregado para a tarefa.
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Tabela 3.13 – Critérios para análise de dificuldade e importância das tarefas

Grau
Dificuldade Importância
(Nível)
1. Fácil de aprender. Pouca Pouca importância para a
necessidade de concentração. performance da unidade. Os
Nenhum conhecimento de erros não têm importância
princípios básicos
2. Requer alguma prática para Tem alguma importância
aprender e manter. para a performance da
Necessidade de unidade. Erros podem causar
concentração. Algum inconvenientes.
domínio de princípios básicos
é desejável.
3. Requer prática constante. O Tem importância primordial
conhecimento de princípios na performance da unidade.
básicos é essencial. Requer Os erros e as falhas na
tomada de decisão. execução adequada podem
ocasionar elevadas perdas
para o negócio.
4. É difícil de aprender. A A unidade não pode
experiência melhora a funcionar sem esta actividade
performance. Requer a chave ser realizada
tomada de decisão de alto competentemente.
nível e concentração
Fonte: Adaptado de Rothwell, W. e Kazanas H, 2004, p. 115.

Tabela 3.14 – Exemplo de formulário de cálculo do valor do desempenho

DIF Custo do Valor da Nível de Valor do


Tarefa
Peso Trabalhador Tarefa Desempenho Desempenho
1. 0,19 $24.000 $4.560 1,25 $5.700
2. 0,19 $24.000 $4.560 1,00 $4.560
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3. 0,05 $24.000 $1.200 0,50 $600


4 0,06 $24.000 $1.440 1,75 $2.520
5. 0,51 $24.000 $12.240 1,50 $18.360

1,00 $24.00 $31.740


Fonte: Adaptado de Rothwell, W. e Kazanas H, 2004, p. 116.

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Tabela 3.15 – Critério de desempenho na função

Nível Critério
0,0 Não tem produzido qualquer resultado nesta função
Tem produzido resultados nesta função, os quais são algumas
0,5 vezes (cerca de 50%) consistentes com os padrões de
qualidade e quantidade.
Tem produzido resultados consistentemente nesta função com
1,0
padrões de qualidade e quantidade
Tem produzido resultados algumas vezes (cerca de 50% do
1,15 trabalho) nesta função, os quais excedem bem os padrões de
qualidade e de quantidade
Tem produzido resultados consistentemente nesta função que
2,0
excedem em muito os padrões de qualidade e quantidade.
Fonte: Adaptado de Rothwell, W. e Kazanas H, 2004, p. 116.

Fase III – Determinar os benefícios da formação

1. Comparar os valores do desempenho para cada tarefa antes e depois


da formação. A comparação mostrará os ganhos no investimento da
formação (ver o ganho do desempenho na Tabela 3.16).

Tabela 3.16 – Exemplo de ganho da performance da formação

Pontuação Pontuação
Valor da Valor do
do do
tarefa desempenho Valor do Ganho do
Tarefa desempenho desempenho
antes da antes da desempenho desempenho
antes da depois da
formação formação
formação formação
1. $4.560 1,25 $5.700 1,50 $6.840 $1.140
2. $4.560 1,00 $4.560 1,25 $5.700 $1.140
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3. $1.200 0,50 $600 1,00 $1.200 $600


4. $1.140 1,75 $2.520 1,75 $2.520
5. $12.240 1,50 $18.360 1,75 $21.420 $3.060
Total $23.700 31.740 $37.680 $5.940

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Actividades de avaliação
As questões que se seguem pretendem dar-lhe indicações sobre o nível de
aprendizagem, que conseguiu ao longo do estudo deste capítulo.

Questões de avaliação
Entre na aplicação informática e comece por responder às perguntas de resposta
curta, do exercício de revisão do Capítulo 3 da Aplicação – “Concepção de
suportes didácticos para FCT”. Compare a sua resposta com a solução proposta.,
como forma de reflexão sobre os tópicos principais. De seguida, procure reflectir
sobre as seguintes questões:

Questão 1

Estabeleça a diferença entre método de formação, recurso didáctico e suporte


físico.

Questão 2

Comente a seguinte afirmação: “A utilização de recursos audiovisuais, por


exemplo, pode não representar aumento de eficácia na transferência de
conhecimento ou informação. Todo o recurso auxiliar deve ser construído sob o
princípio da relevância e da pertinência”.

Questão 3

Comente o papel do modelo DAPPER na construção da formação estruturada ou


planeada em situação de FCT.

Questão 4

Explique a necessidade e as vantagens de um contrato de aprendizagem em


situação de FCT

Questão 5

Na fase de apresentação da formação segundo o modelo DAPPER, indique as


actividades do formador que levam o formando a executar as tarefas, por ele
próprio.
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Exercício 3
Título do Exercício: “Construção de recursos didácticos para formação em
contexto de trabalho”

Introdução

O modelo DAPPER dá resposta às questões chave que se levantam no


desenvolvimento de programas estruturados de formação em FCT

No entanto, muitas vezes na prática a formação é basicamente suportada por


ajudas (job aids), cuja construção pode ser uma tarefa simples e frequentemente
menos onerosa que fornecer formação individual (one-on-one training).

Em situações correntes, o formador para construir qualquer ajuda precisa no


essencial de: analisar o trabalho para encontrar tarefas críticas; identificar potenciais
pontos de dificuldade; observar o que está errado; verificar a causa; e, encontrar
uma apropriada solução para o problema identificado.

Deve considerar-se que a construção de um recurso didáctico/ ajuda para FCT


poderá incidir sobre qualquer dos recursos abordados no “Manual do Formando”,
por exemplo: lista de verificação; plano de tópicos; contrato de aprendizagem;
guião de entrevistas... etc.

Objectivos

As actividades descritas para o caso da ABC nos exercícios T2 e T4 são exemplos


de situações reais de ambiente de trabalho, que requerem a construção expedita de
ajudas/ recursos didácticos ou a disponibilização de ajudas já existentes para
orientar o formando na performance de FCT sob supervisão do tutor.

Neste quadro, pretende-se que desenvolva uma resposta para a seguinte questão:

ƒ Construa de modo expedito uma ajuda/recurso didáctico à sua escolha


para uma área profissional que lhe seja familiar, tomando como referência
o modelo DAPPER.

Desenvolvimento do trabalho

O trabalho pode ser desenvolvido como a seguir se sugere:


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A – Organização do trabalho

O trabalho poderá ser realizado individualmente ou em grupo.

Caso seja realizado em grupo propõe-se uma metodologia de trabalho colaborativo


idêntica à descrita para o exercício T2.

B – Processo de construção do recurso

Embora cada grupo (ou formando) seja naturalmente livres de utilizar a sua própria
metodologia e organização do trabalho, sugerem-se no entanto alguns tópicos que
figuram como pistas.

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E S U P O R T E S D I D Á C T I C O S
E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Por hipótese, pode admitir-se que se vai abordar o seguinte tema: “Checklist do
processo de desenvolvimento da qualificação do formador de FCT”.

A abordagem poderá contemplar, por exemplo o seguinte percurso sugerido por


Jacobs R.(2003):

1. Identificação de critérios de selecção do formador, aplicáveis a


determinada unidade de trabalho (p. ex. competências adequadas ao
trabalho; formação especializada, qualidades pessoais...);

2. Selecção de formadores (identificar grupos apropriados para formar


gestores, empregados...);

3. Formação dos formadores (selecção de objectivos de formação e


preparação da formação segundo o modelo DAPPER);

4. Gestão do desempenho do formador (encontros entre formadores,


encontros profissionais externos...).
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E S U P O R T E S D I D Á C T I C O S Capítulo
E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Exploração pedagógica de
suportes didácticos em FCT

N o seguimento dos critérios utilizados no Capítulo 2 para determinar se


uma ajuda de trabalho ou alternativa para FCT é necessária, o propósito
do capítulo é fazer a exploração pedagógica dos suportes didácticos
apropriados para FCT. Para se atingir este desiderato foi estabelecido um percurso
metodológico, em que se faz a abordagem sequencial dos seguintes temas:

ƒ A escolha do cenário de formação ou do media5 (meio de formação)


principal;

ƒ Os critérios de selecção de meios de suporte à formação em FCT;

ƒ A utilização de recursos didácticos (ajudas auxiliares, ajudas de trabalho, ou


de desempenho do trabalho e outras ferramentas electrónicas) de suporte à
formação em contexto de trabalho.

O cenário de formação (contexto) e os


media
Os tutores devem ser capazes de escolher os meios de formação correctos para a
acção de ensinar que querem realizar.

Esta escolha relaciona estratégias de aprendizagem (e os respectivos métodos de


formação associados) com o apropriado meio de suporte da formação utilizado. O
que se decide é como e onde a formação terá lugar. O cenário de formação
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depende do meio de formação (media) principal de um programa de formação. Por


exemplo, pode tratar-se de: uma ajuda de trabalho, ou de desempenho do trabalho
(Job performance aid) para operar uma parte do equipamento; formação em sala de
aula para aprendizagem de trabalho de equipa; ou de Formação assistida por
computador (CBT) para aprendizagem de uma nova competência

5 - O termo media em formação geralmente pode ser utilizado como meio de comunicação, suporte físico
ou como meio de distribuição. Autores como Don Clark na designação de media incluem ainda,
ferramentas, ajudas de trabalho, métodos e técnicas de formação, ou seja todos os meios utilizados no
processo de ensino - aprendizagem. Por exemplo a FCT é também um meio (media) de formação. Os
media (meios de formação) mediatizam as funções do formador.

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E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Antes de aprofundar a descrição do material pedagógico, mais apropriado ao


suporte à formação em FCT, é necessário definir alguns conceitos básicos:

Os media de formação
Segundo Marshall McLuhan's "O medium é a mensagem" (in
http://www.nwlink.com/~donclark/hrd/media.html). Dito de outro modo em
formação ensina-se através de mensagens que transportam informação.
Figura 4.1 – O médium é a mensagem

Na aprendizagem o meio de comunicação não é a mensagem. A mensagem deve


ser ouvida e percebida antes que qualquer comunicação ocorra. Isto é, no ensino, a
mensagem é constituída pelos tópicos a aprender, que se entregam aos formandos
enquadrados numa estratégia de formação.

O meio de comunicação é simplesmente o veículo para transferir a mensagem e


depende das circunstâncias, pois algumas são mais eficientes e eficazes que outras.

Media é o plural de médium que, no mundo da formação, é o meio de comunicação


e a transferência de um conceito de aprendizagem ou objectivo para outro
indivíduo.

Definição de media como suporte para a mensagem

Segundo Ferreira da Silva (2004 ), “ Podemos definir media como o suporte para
as mensagens que pretendemos transmitir. Numa primeira aproximação pode
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dizer-se em educação e formação ensinamos através de mensagens que


transportam informação. As formas mais utilizadas são mensagens impressas, de
áudio e visuais.

Mas estes suportes básicos podem combinar-se permitindo-nos identificar outras


formas de comunicação específicas para troca de mensagens educativas. Sem
sermos exaustivos listam-se algumas, que permitem ensinar através de:

ƒ Objectos reais;

ƒ Combinação de mensagens impressas e visuais;

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ƒ Transparências acompanhadas por áudio;

ƒ Mensagens visuais com ou sem movimento;

ƒ Mensagens visuais com ou sem movimento acompanhadas por áudio;

ƒ Mensagens (impressas, áudio ou visuais) utilizando o computador;

ƒ Mensagens multimédia utilizando o computador;

ƒ Simulador;

ƒ Situações de treino;

ƒ Interacções humanas.

(in Silva, Alcindo, 2004, Medias e materiais para o EAD. Centro Naval de
Ensino a Distância – CNED
Por sua vez Don Clark (2001), num programa de ensino, de modo simplificado,
distingue dois tipos de media de formação:

ƒ O primeiro é o cenário de formação (instructional setting) ou media principal.


Por exemplo, consiste em colocar os formandos em sala de aula durante
dois dias em formação;

ƒ O segundo é formado por sistemas de distribuição ou estratégias de


aprendizagem. Estes são vários métodos de formação que têm lugar dentro
cenário de formação. Por exemplo, nos dois dias de sala aula acima
referidos, pode haver comunicações orais (prelecções), vídeos, ensino
programado, coaching·, etc. Outros exemplos incluem um media principal
de coaching com estratégias de aprendizagem para ajudas ao desempenho do
trabalho. Ou um media principal de CBT, com vídeos, leituras e
simulações incorporadas nas estratégias e aprendizagem.

Categorias de media de formação e a FCT


A FCT é uma modalidade de formação que integra ferramentas apropriadas para
um cenário em contexto real de trabalho. No entanto há outras ferramentas
adicionais, susceptíveis de serem utilizadas, embora sejam típicas de outros
contextos ou cenários. Como se viu na abordagem das estratégias pedagógicas, por
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exemplo a prelecção em sala de aula poderá ser utilizada ocasionalmente para


estimular incentivar e criar dinâmica de grupo num conjunto de pessoas em
formação em contexto real de trabalho. Do mesmo modo materiais de leitura
poderão ser acedidos ou distribuídos via WBT (Formação baseada na Internet), ou
utilizados em CBT.

De qualquer modo não se poderá perder de vista, que o cenário principal se


identifica com o contexto real de trabalho.

Segundo Don Clark o media pode ser agrupado nas seguintes categorias principais.
(in http://www.nwlink.com/~donclark/hrd/media.html):

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Formação conduzida pelo formador (Lockstep)

Nesta categoria, todos os formandos procedem da mesma maneira e com o


mesmo passo. São exemplos de formação conduzida pelo formador os seguintes:

ƒ Sala de aula convencional;

ƒ Ambiente de aprendizagem intensiva, acelerado para classes relativamente


pequenas, com formandos seleccionados por níveis de conhecimento em
áreas específicas (Boot Camp);

ƒ Exposição oral (Prelecção);

ƒ Televisão educativa que liga vários locais para propósitos de iformação e


conferência entre locais remotos via tecnologia de telecomunicações, por
exemplo satélite;

ƒ Vídeo – Pode apresentar problemas para discutir ou solucionar ou ajudar o


sujeito com temas da vida real.

Aprendizagem ao ritmo pessoal de cada formando

Trata-se de uma categoria que permite a cada formando progredir em


conformidade com o seu próprio passo, onde se podem distinguir:

ƒ Sistema personalizado de formação – A matéria é dividida em pequenas


unidades, no final das quais responde a questões que terão feedback.
Outras formas de treino, como actividades, CBT, podem também ser
utilizadas.

ƒ Aprendizagem programada – Sistema organizado em curtas unidades de


informação, que permitem ao formando progredir segundo o seu ritmo,
em que é premiado nas respostas correctas e nas erradas tem que retornar
ao estudo até obter resposta corrigida.

ƒ Texto escrito – Material de leitura para estudo atribuído ao formando. O


material inclui manuais técnicos, livros, ou cursos online, produzidos para
actividades de formação. Pode incluir testes de auto-avaliação e apoio em
tutoria ou coaching para consulta em caso de dificuldade.
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ƒ Aprendizagem activa – Um processo de aprendizagem de novas ideias,


competências e atitudes, através das quais se realiza o trabalho ou outras
situações comportamentais. Trata-se, por exemplo, de “aprender fazendo”,
através da execução de tarefas, e de tomar acção. Por exemplo podem ser
utilizados métodos e técnicas de aprendizagem como:

1. Estudos de caso;

2. Simulações;

3. Role play;

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4. Modelos de comportamento.

ƒ Formação assistida por computador (CBT) – Fornece feedback imediato


ao formando e apresenta vários níveis de material multimédia até que o
formando alcance mestria. Exercícios práticos com materiais já aprendidos
podem reforçar o conhecimento. A simulação pode modelar situações
reais, nas quais o formando acompanha a tarefa real.

ƒ e-Learning ou Aprendizagem a Distância via Internet – O e-Learning


utiliza a Internet ou redes de computadores e software para descobrir, gerir,
criar e distribuir informação. Este tipo de media é o preferido por
organizações que têm a sua força de trabalho distribuída por vários locais e
que requerem simplesmente materiais de aprendizagem.

Formação em contexto real de trabalho – FCT

Entende-se por cargo6 (Job) segundo Don Clark o conjunto de tarefas e obrigações
a realizar por um indivíduo no seu posto de trabalho. Tem lugar em contextos de
trabalho normal. Embora possa ser um excelente mecanismo de formação,
algumas actividades de formação vêem a FCT como uma maneira rápida e fácil de
se libertarem dum problema de formação, por vezes duma maneira quase informal.

Segundo Don Clark (2001) os responsáveis olham para o problema durante um


curto período de tempo e de maneira superficial quando afinal se trata de uma
actividade de formação com requisitos próprios. Importa destacar que a concepção
(design), o desenvolvimento e a implementação de material FCT necessita do
mesmo cuidado e atenção que qualquer outro curso online (courseware) de formação.

Algumas das principais vantagens da FCT consistem em facilitar a transferência de


aprendizagem em virtude de o formando ter a oportunidade imediata de praticar e
em reduzir custos de formação porque dispensa alguns recursos de formação.

Contudo, a FCT tem limitações: o local de trabalho pode ter constrangimentos


físicos e distracções que podem inibir a aprendizagem e a utilização de
equipamento valioso na formação pode resultar em prejuízos elevados e em
consequentes interrupções na programação da produção.

Neste quadro, os supervisores ou outros orientadores de FCT devem conhecer o


material de formação, ter fácil acesso ao material de formação e conhecer os
procedimentos a fornecer na formação em contexto de trabalho (FCT), pelo que
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poderá ser necessário fornecer-lhes alguma formação na abordagem da


metodologia de FCT.

Ajudas de desempenho do trabalho em FCT

As ajudas ao desempenho em contexto real de trabalho incluem manuais técnicos,


ilustrações, fluxogramas, ou outros meios para listar etapas para realizar tarefas. As
ajudas de trabalho suportadas em computador incluem “Sistemas Electrónicos de
Apoio do Desempenho” (Electronic Performance Support Systems -EPSS), modelos de

6 - Ver em Glossário; a distinção entre, Job, Job duty e Job function.

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templates (wizards) e sistemas de ajuda. O EPSS, suportado na Web, por exemplo,


pode ser actualizado mais facilmente do que um manual.

Don Clark recomenda que estas ajudas não devem se utilizadas, quando requerem
elevada habilidade psicomotora ou se o trabalhador não possui os pré-requisitos
necessários.

Face à sua importância, estas ajudas electrónicas serão objecto de tratamento


individualizado no âmbito do presente capítulo.

Aspectos a reter sobre o cenário de formação e os media

Os tutores devem ser capazes de escolher o meio de formação (media)


correcto para a acção de ensinar que querem realizar.
Em sentido restrito o media identifica-se com o suporte da mensagem
que se pretende transmitir. Os suportes básicos (mensagens
impressas, de áudio e visuais) podem ser combinados dando lugar a
formas de comunicação específica mais elaborados.
Os diferentes media de formação, podem ser agrupados, consoante o
cenário de formação nas seguintes quatro categorias:

- Formação conduzida pelo formador (Lockstep): contempla vídeos e


meios audiovisuais apropriados para exposição oral em sala de aula.

- Aprendizagem ao ritmo pessoal de cada formando (Self-paced):


contempla texto escrito, multimédia, ajudas electrónicas e outros
meios para aprendizagem programada, CBT e e-Learning.

- Formação em contexto de trabalho: pode contemplar os suportes


de sala de aula e os da formação a distância

- Ajudas de desempenho do trabalho - manuais técnicos, ilustrações,


fluxogramas, ajudas electrónicas, p. ex. EPSS e sistemas inteligentes

Formação just-in-time em contexto real de trabalho


A formação just-in-time (formação certa na hora certa) é uma característica atribuída
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à formação distribuída por meios electrónicos, que permite aos utilizadores aceder
às informações de que necessitam no momento em que se deparam com uma
necessidade.

A formação jus-in-time segundo (Jones, 2001, cit. por Jacobs, Ronald, 2003)
descreve abordagens de formação colectiva que apresentam um conjunto definido
de informação – a maior parte do tempo no cenário de trabalho – para ser utilizado
por empregados imediatamente a seguir à formação.

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Particularidades da definição

A definição de formação just-in-time sugere três particularidades:

1. A formação just-in-time é formação planeada;

2. A formação just-in-time inclui só a informação necessária para realizar


num momento preciso num local específico;

3. A formação just-in-time, combina diferentes abordagens de formação


para atingir os objectivos. Por exemplo, a formação just-in-time pode
utilizar formação em contexto de trabalho, estruturada (por oposição a
aprendizagem informal), pacotes de formação ao ritmo do formando,
um conjunto de materiais de referência, módulos suportados na Web,
ou mesmo uma apresentação em sala de aula se um apropriado
número de empregados têm as mesmas necessidades de informação.

As tendências da formação just-in-time

As futuras tendências, sobretudo da formação just-in-time encorajam sobretudo para


a utilização de meios electrónicos na distribuição da formação, tais como
comunicação sem fios ou Internet.

Ronald Jacobs (2003) sugere ainda que, actualmente, os funcionários e as empresas


não podem mais dar-se ao luxo de apenas aprender em eventos com data e hora
marcada.

Muito mais que isso, a aprendizagem passa a ocorrer na organização, durante o


trabalho, em todo tempo e a qualquer hora, fazendo emergir o conceito de "just-in-
time learning" e com ele a necessidade de uma cultura organizacional favorável de
recursos de tecnologia da informação que podem variar para suportar este novo
modelo (in http://www.kmol.online.pt/artigos/200404/fig04_1.html).

Objectivos, os media e as estratégias


“Estratégias de formação” são várias metodologias utilizadas para envolver os
formandos num programa de formação, tais como: questionamento durante as
exposições orais; simulações com CBT; reflexão depois da leitura, etc. São
utilizadas para atingir “os objectivos e a aprendizagem”, os quais são novos
comportamentos que se pretende, que os formandos adquiram, nos seus postos de
trabalho, ou quando a eles regressam.
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Os objectivos de aprendizagem, por sua vez, apontam ao formando a direcção do


percurso do “media” (plural de médium), no qual será apresentada a formação por
exemplo, através do uso de CBT, auto-estudo, sala de aula, FCT, etc. É importante
não cair na armadilha de usar apenas um meio de suporte no desenvolvimento de
um curso, devendo utilizar-se a combinação mais apropriada.

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A exemplificação de “objectivos, os media e a estratégias” numa situação


concreta

Os termos, objectivos, media (de comunicação) e estratégias, todos têm um


significado próprio que não pode ser confundido. Por exemplo, um objectivo de
aprendizagem pode ser “seleccionar numa base de dados os itens correctos para uma
requisição do cliente.” O media de formação, no sentido de meio para transmitir a
mensagem portadora de conhecimento pode ser FCT. A estratégia de formação
pode consistir numa simulação ou porventura numa demonstração a ser observada
pelos formandos de modo a captarem uma visão global do processamento do
pedido do cliente, seguida de um período de perguntas e respostas.

Mapa de selecção da estratégia de formação, com base na Taxonomia de


Bloom

O Mapa de selecção da estratégia de formação mostrado abaixo é um guia geral


para seleccionar a estratégia de aprendizagem para mudar o comportamento
presente para o comportamento desejado.

É baseado na Taxonomia de Bloom (Níveis de Aprendizagem), conforme mostra a


Tabela 4.1. De notar que a matriz corre dos métodos de aprendizagem passiva
(topo da coluna esquerda) para os métodos de participação activa (últimos da
coluna à esquerda). Por sua vez, a Taxonomia de Bloom (as três colunas da direita)
corre do topo para o fundo, com níveis de comportamento mais baixos no topo e
comportamento de nível mais elevado no fundo. Isto é, há uma correlação directa
na aprendizagem, entre níveis de comportamento e métodos de aprendizagem, tal
que:

ƒ Baixos níveis de comportamento podem se ensinados utilizando os


métodos de aprendizagem mais passivos;

ƒ Níveis de comportamento mais elevados requerem algum tipo de acção ou


envolvimento por parte dos formandos, utilizando métodos de
aprendizagem activos (p. ex. estudo caso, simulação, trabalho grupo).
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Tabela 4.1 – Mapa de selecção da estratégia de formação

Estratégia de formação/
Cognitiva Afectiva Psicomotora
Métodos
Exposição, leitura, Conhecimento Aceitação do Percepção;
audiovisual, demonstração fenómeno
Por em
ou observação guiada, funcionamento
período de perguntas e
respostas
Discussões, CBT Compreensão Resposta ao Resposta
multimédia, método fenómeno orientada
Aplicação
didáctico socrático, reflexão. Resposta Mecanismo
Instrumentos, como orientada
questionários, técnicas como
role play, estudos de caso,
etc.
A utilização da FCT em Análise Apreciação Resposta
“praticar fazendo” (requer valorativa complexa
alguma orientação ou
coaching, cenários de
trabalho simulado, incluindo
simulações em CBT).
Utilização de situações reais. Síntese Organiza Adaptação
Também pode haver treino valores por
pelo uso de actividades de prioridades
alto nível conjugadas com
FCT
Alto interesse (difícil de Avaliação Interiorização Produção
suportar no treino, porque de valores
toma muito tempo).
Normalmente desenvolvido
através do auto-estudo do
próprio ou do aprender com
o erro, mas o apoio da tutoria
pode acelerar o processo.
Adaptado de Don Clark (in: http://www.nwlink.com/~donclark/hrd/strategy.html)
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Discussão do mapa de selecção de estratégias

Podem utilizar-se altos níveis de media de formação para atingir baixos níveis de
comportamento, mas normalmente não devem usar-se estratégias de baixo nível
para atingir comportamentos de alto nível.

Por exemplo, na segunda coluna debaixo de “Cognitivo,” pode usar todas as


técnicas, desde “Exposição” até “Uso em situações reais” para ensinar
“Conhecimento,” mas quando se está a ensinar ao nível da “Análise” deve utilizar--
se geralmente FCT, assente no “praticar fazendo”, ou estratégias “Utilização em
situação real”.

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O nível mais elevado “Alto interesse”, requer que o formando tenha um alto
interesse no assunto e queira tornar-se um especialista na matéria.

O mapa não cobre todas as possibilidades, mas a maior parte das actividades são
susceptíveis de nele se ajustarem. Por exemplo, auto-estudo pode cair na leitura,
áudio visual, e/ ou actividades, que dependem do tipo de programa que desenha.

O mapa tem que ser interpretado em termos relativos, numa perspectiva crítica,
face às limitações que a seguir se indicam.

Limitações principais do mapa

Não cobre todos os estilos de aprendizagem do formando. Por exemplo, algumas


pessoas aprendem melhor ouvindo, enquanto outras aprendem melhor lendo.

Também, não cobre as competências do conceptor (designer) e do formador. Por


exemplo, um programa em CBT que só apresenta informação para o formando ler
ou ouvir, figura mais como uma actividade de exposição ou de leitura, enquanto
uma actividade de leitura em texto impresso, se bem desenhada pode envolver os
formandos, através do questionamento e da reflexão, mais do que um programa
corrente de computador.

Selecção de meios de formação (media)


Os critérios de selecção de meios de formação7 para aprendizagem a distância
habilitam os formadores/ tutores a tomar decisões na sua utilização e integração,
quando aplicável, em situações de contexto real de trabalho.

Considerando que a utilização de suportes electrónicos em FCT se tornou um


lugar-comum, é pertinente a abordagem das considerações gerais sobre aspectos
específicos da selecção de meios de formação (media) na distribuição de materiais de
aprendizagem.

Ambiente simétrico versus assimétrico de aprendizagem


Em aprendizagem a distância, a simetria do ambiente de aprendizagem é tão
importante como o sincronismo. Se não for tomado em conta pode levar o
conceptor (designer) a escolhas menos apropriadas de meios de formação.

A designação interacção assimétrica em aprendizagem aplica-se, quando o fluxo de


informação é predominantemente numa única direcção, por exemplo, na utilização
de exposição oral, manuais ou CBT. Ao contrário, num ambiente colaborativo de
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conferência, de brainstorming, o fluxo de informação é simétrico, isto é, o fluxo de


informação é distribuído, equilibradamente, em dois sentidos entre formandos e
formadores.

7- A expressão “Meios de formação para aprendizagem a distância” na terminologia da USDLA equivale


em parte aos “Meios de Comunicação” (IQF) quando se refere a meios tecnológicos de suporte à
comunicação como videoconferência, conferência por computador ou WBT síncrono. (Ver Glossário)

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Existe uma relação estreita entre simetria e interactividade. A uma maior


interacção, corresponde uma maior necessidade de comunicação
bidireccional ou simétrica no sistema seja de modo síncrono ou
assíncrono.

Integração de media de aprendizagem a distância em FCT


É importante não perder de vista que o nosso cenário de formação se baseia na
formação em contexto real de trabalho que é sinónimo de FCT. Tal não se pode
confundir com o que o formando faz no local de trabalho para aprender por ele
próprio novas competências, sem a ajuda do tutor, aprendizagem essa que
Rothwelle e Kazanas (2004) designam por OJL (on-the-job-learning). Neste quadro e
no ambiente tecnológico actual, torna-se pertinente facultar ao formando
apropriadas combinações de meios de distribuição da formação no formato
híbrido que se convencionou chamar blended learning, que possam ir ao encontro do
seu estilo de aprendizagem.

Contundo é discutível dizer onde termina a inserção da tecnologia na formação


presencial e começa o blended learning, que se identifica com a formação suportada
por uma combinação de media síncrono ou assíncrono.

Figura 4.2 – Solução de blended learning


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A figura 4.2 descreve a integração de meios de comunicação síncrona e assíncrona


de que resulta a solução blended learning. Não há soluções prescritas para integração
de media.

Elasticidade do blended learning


Nas possíveis abordagens importa considerar a economia de escala e o poder do
blended learning, que deriva da sua “elasticidade”: a aptidão para integrar uma
variedade de media síncrono e assíncrono, permitindo ao conceptor atingir a
solução de aprendizagem mais apropriada (Vide Figura 4.3).

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Enquanto a tecnologia de distribuição da formação não altera o conteúdo, os


meios de suporte da formação podem afectar a concepção da formação, e quanto
“mais apropriados” forem os meios de suporte, menos os resultados da
aprendizagem serão afectados. Por exemplo um conteúdo formativo concebido
para suporte escrito não tem as mesmas funcionalidades de interacção que um
conteúdo multimédia desenhado para distribuição online.

Figura 4.3 – Elasticidade do blended learning

Quando se desenvolve uma solução blended learning, manter a qualidade da


formação é de importância primordial. Neste sentido, os objectivos de
aprendizagem nunca devem ser sacrificados no desenvolvimento de uma solução
híbrida. Também, quando se integram estratégias de formação (as quais constituem
metodologias que servem para assegurar realização objectivos de aprendizagem),
algumas podem ser mais apropriadas que outras para atingir uma aprendizagem
óptima.

Assim, quando se selecciona media (meios de comunicação) é necessário


considerar que eles são inseparáveis dos meios tecnológicos de suporte (ou meios
de formação/distribuição) devendo considerar-se o seguinte:

ƒ Os meios de formação8 assíncrona (CBT, WBT assíncrono) podem ser


mais apropriados para níveis cognitivos mais baixos, onde o conhecimento,
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a compreensão, a repetição ou o treino e a prática são o foco principal;

ƒ Os meios de formação síncrona (videoconferência; WBT síncrono,


audioconferência) podem ser mais apropriados para níveis cognitivos mais
elevados (síntese, análise, avaliação), onde num ambiente de aprendizagem

8 - Ver no Glossário o que distingue os “Meios de comunicação”, os “Meios de formação para


aprendizagem a distância” ou “Meios de distribuição da formação para aprendizagem a distância”. Note
que os “Meios de comunicação”, incluem suportes físicos (texto escrito ou páginas html) e sistemas
tecnológicos de comunicação (p. ex. videoconferência). Estes últimos equivalem aos meios tecnológicos
de formação ou de distribuição da USDLA.

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mais complexo é requerido em ambiente síncrono, um alto nível de


interacção (com base na discussão);

ƒ Conjugação da simetria da estratégia de ensino e da tecnologia;

ƒ Para evitar a utilização ineficiente (e talvez dispendiosa) da tecnologia, a


simetria da estratégia de ensino e da tecnologia devem ser bem conjugadas.
A chave para o uso eficiente dos media de comunicação está em utilizar
um equilibrado blended de sistemas simétricos e assimétricos. A distribuição
de conteúdos em quantidades extensivas (altas soluções gráficas, grandes
ficheiros de CBT, etc.) para populações dispersas, por exemplo, deve ser
(em muitos casos) completada com sistemas assimétricos. (Vide Figura 4.4
- Simetria da interactividade e das estratégias pedagógicas).

Figura 4.4 – Simetria da interactividade e das estratégias pedagógicas

Selecção de media em contexto de aprendizagem a distância (e-Learning)


O processo de selecção dos meios de formação é uma abordagem sistémica
baseada no modelo ISD (Instructional Systems Design). Quando se selecciona o meio de
formação (media) mais apropriado para formação a distância, devem ser tidas em
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conta, um conjunto de variáveis que podem influenciar a escolha de um meio em


relação a outro.

Alguns das questões de formação a considerar são:

ƒ Identificação de gaps de conhecimento e de competências;

ƒ Ferramentas eficazes de avaliação e medida;

ƒ Nível de interacção (didáctico versus dialéctico);

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ƒ Estratégias de formação;

ƒ Complexidade do conteúdo;

ƒ Proporção de conteúdo a mudar.

Os problemas de distribuição a considerar são:

ƒ Dimensão da audiência e a sua distribuição geográfica;

ƒ Custo:

1. In house (feito à medida internamente) versus outsourcing


(contratação externa);

2. Disponibilidade da infra-estrutura existente;

3. Distribuição – pontos de hardware.

ƒ Videoconferência;

ƒ Receptores de satélite;

ƒ Sistema/ conectividade WAN/LAN;

ƒ TV/ monitor, ecrãs de exibição, servidores/ computadores.

Conclusão sobre a selecção dos meios de formação


O foco da selecção dos meios de formação incide no ambiente de aprendizagem e
não na tecnologia, como a determinante mais relevante.

Os especialistas de instituições de reconhecido mérito declaram:

Não há um modelo óptimo de aprendizagem a distância. A qualidade


e a eficácia da aprendizagem são determinadas pelo modelo de
desenho da formação e pela técnica, pela selecção de tecnologias
apropriadas, e pela qualidade da interacção proporcionada aos
formandos.
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ƒ O foco da selecção dos meios de formação incide no ambiente de


aprendizagem e não na tecnologia;

ƒ Os factores mais significativos para a aprendizagem do formando são a


qualidade e a eficácia da formação;

ƒ O mais importante e singular factor na selecção dos "media de suporte da


formação" é o objectivo de formação, que tem como resultado final a
melhoria do desempenho humano.

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Utilização de recursos de suporte à FCT


A FCT pode ser suportada por outras ferramentas que não os recursos didácticos
convencionais de sala de aula. Estas ferramentas variam desde a baixa à alta
tecnologia e incluem ajudas de trabalho tais como, tabelas de decisão, memorandos
de política e outras ajudas escritas, manuais de procedimentos, sistemas inteligentes,
sistemas electrónicos de suporte à performance e realidade virtual. Todas estas
ferramentas podem ser combinadas com FCT ou, ocasionalmente, substituídas por
ela.

Nos tópicos que se seguem, estas ferramentas são analisadas de forma breve e é
explicado quando devem ser utilizadas.

Ajudas ao trabalho
Ajudas de trabalho, ou de desempenho do trabalho são um repositório para
informação, processos, ou perspectivas que são externas ao indivíduo e que
suportam trabalho e actividade para dirigir, guiar e esclarecer o desempenho
(Allison Rossett & Jeannette Gauthier-Downes, “A Handbook of Job Aids”, Pfeiffer
& Company, San Francisco, US 1991, in Ivan D. Cortes, Training Solutions
Conference & Expo, Denver, CO, Outubro 2006)

As ajudas de trabalho, ou de desempenho do trabalho são mais bem


compreendidas como ferramentas de suporte ao desempenho, ou mecanismos que
ajudam as pessoas a fazer melhor os trabalhos em tempo real. Elas utilizam-se muito na vida
diária. Exemplos simples incluem etiquetas, sinais (símbolos), ajudas para avarias,
cartas de bolso, listas de verificação, fluxogramas, e ferramentas e equipamento
específicos.

Muitas vezes, as ferramentas de ajuda de trabalho são substituídas apropriadamente


por formação, quando os executantes não são instados a realizar um procedimento
frequentemente e então têm dificuldade em memorizar como realizá-lo quando
necessário, embora o uso da ajuda de trabalho não deva diminuir o nível de
desempenho, criar um risco à segurança para outros, ou colocar problemas de
credibilidade para o utilizador.

Quando construir ajudas de trabalho

Construir um instrumento ou uma ferramenta de ajuda de trabalho pode ser uma


tarefa simples e frequentemente menos onerosa que fornecer formação. O
formador precisa apenas de (Pipe, 1992, cit. por Rothwell e Kazanas, 2004):
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ƒ Analisar o trabalho para encontrar tarefas críticas importantes e realizadas


com pouca frequência;

ƒ Identificar potenciais pontos de dificuldade em tarefas pouco frequentes;

ƒ Descrever o que está errado;

ƒ Especular porque está mal e então verificar a causa;

ƒ Encontrar uma apropriada solução para o problema identificado.

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As soluções apropriadas podem incluir o fornecimento aos executantes de ajudas


de trabalho simples para os ajudar a realizar ou de ferramentas mais avançadas para
encontrar soluções para problemas difíceis.

Exemplo de ajuda de trabalho: uma lista de verificação (checklist)

Como exemplo simples, vamos considerar a lista de verificação como uma ajuda ao
desempenho do trabalho. Os pilotos de avião utilizam-nas sempre – não porque
são incompetentes, mas porque desejam estar absolutamente seguros de que não
omitiram etapas críticas importantes na verificação (checking) da instrumentação
antes do voo.

Para desenvolver uma lista de verificação completar uma análise de tarefas com
base na execução de todas as etapas por um especialista.

Em seguida, utilizar essas etapas para construir o formulário da apresentação que se


segue:
Tabela 4.2 – Exemplo de lista de verificação de uma tarefa

Apresentação de Lista de Verificação


Instruções: Complete a seguinte lista de verificação, assinalando com um marca a
resposta a cada questão com sim ou não. Não salte etapas sem fornecer uma
explicação. Quando terminar assine a lista de verificação e preencha a data no
espaço ao fundo da página e submeta-a ao tutor para revisão e classificação.
Realizou esta acção?
(Listar cada etapa do procedimento nesta coluna, começando cada descrição com
um verbo)
Sim Não Notas
1. () ()
2. () ()
3. () ()
Certifico que o procedimento foi realizado em conformidade com as etapas acima
indicadas
Assinatura Data
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Antes de ser usada a lista de verificação deve ser revista por um especialista
experiente.

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As ajudas ao desempenho do trabalho, como por exemplo uma lista de


verificação de procedimentos na realização de uma actividade, em
termos de informação e detalhe são ferramentas de suporte ao
desempenho mais simples do que outros recursos de suporte mais
elaborados como manuais de procedimentos ou sistemas
tecnológicos inteligentes.

Tabelas de decisão
Tabelas de decisão são algoritmos, cujo significado consiste em “precisar
procedimentos de eficácia demonstrada na habilitação de utilizadores aplicados
para resolver a maior parte dos problemas em áreas problema definidas” (Horabin
e Lewis, 1978, cit. por Rothwell e Kazanas, 2004)

Os algoritmos bem definidos conduzem os executantes a iniciar um procedimento;


definem os pontos claros, quando apropriadas acções são ou não garantidas;
conduzem a uma solução; e fluem numa direcção. A análise do fluxo de trabalho
do modelo DAPPER é um exemplo de algoritmo.

As tabelas de decisão são frequentemente baseadas na lógica: se... então: se certas


condições são encontradas, então certas acções devem ser tomadas.
Tabela 4.3 – Exemplo de tabela de decisão

Apresentação de uma tabela de decisão


Se a (condição) é necessária e a (condição) existir então realizar a
(acção)

Liste condições de escolha Liste condições de escolha Liste acções de escolha

__________________ _________________ _________________

__________________ _________________ _________________

__________________ _________________ _________________


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Tabelas de decisão bem construídas podem encurtar consideravelmente o que o


formando precisa de aprender particularmente em procedimentos de rotina. Os
formadores precisam apenas de familiarizar os formandos com “o onde” e “como
utilizar” as tabelas de decisão correntes.

Certamente, manter tabelas de decisão correntes no meio de mudanças rápidas nos


métodos de trabalho pode ser desafiador, especialmente em organizações nas quais
o tempo e o espaço são uma oferta escassa.

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Guias de procedimentos
Memorandos de política e de procedimentos fornecem aos executantes informação
específica sobre a forma de tratar situações ou eventos, ou como lidar com
mudanças que ocorrem em procedimentos, equipamentos, ou ferramentas. São
instrumentos particularmente apropriados para executantes experientes na
realização de funções conformes com standards (padrões) mensuráveis.

Estas ajudas podem ser formais ou informais.

O memorando informal é habitual em pequenas organizações. Por exemplo, um


supervisor pode enviar um memorando à sua equipa, porque uma mudança foi
operada num certo procedimento. O memorando pode ser curto, mas descreve o
que fazer em certas situações e como fazer.

O memorando formal sobre política e procedimentos ao contrário apresenta


guias detalhados para acção. Explica o que fazer, porquê e como deve ser feito. Se
caracteriza uma mudança na política e nos procedimentos, pode também clarificar
quem é afectado, pela mudança, o que significa a mudança, quando produz efeito,
onde se aplica, porque ocorreu e como deve ser tratada através da revisão de
procedimentos.

Os formadores podem utilizar os memorandos de política e de procedimentos para


documentar procedimentos de operações standard, convidando os iniciados na
formação a analisar os memorandos que se aplicam às suas funções específicas ou
às actividades de trabalho.

Manuais de procedimentos
Os manuais de procedimentos, dão a conhecer as etapas desejáveis na função,
tarefa, ou procedimento. Geralmente fornecem mais informação e detalhe do que
as ajudas ao desempenho do trabalho.

Contudo, o processo de desenvolvimento do manual de procedimentos pode


melhorar a eficiência organizacional porque, se não há SOPs – padrões de
procedimentos operacionais (standards operating procedures) - para gerir as operações
de rotina, o processo requer a criação destes SOPs.

Embora diferentes abordagens possam ser utilizadas na escrita de procedimentos,


uma abordagem eficaz é da escrita à maneira da técnica de representar na qual a
escrita dos manuais é semelhante à escrita teatral, conforme ilustra a Tabela 4.4.
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Para utilizar esta técnica de escrita, escrevem-se as etapas do procedimento do


início até ao fim, e indica-se quando cada etapa é para ser assegurada, por quem, e
como.

Se os resultados da análise tarefas estão disponíveis, eles podem simplificar em


muito, o esforço requerido para produzir o manual de procedimentos. Um
exemplo de procedimento escrito para atendimento telefónico é exibido em baixo.

Note que a coluna “Quando?” contém o sinal da performance. Pode listar uma data,
ou uma acção bem como um estímulo, tal como o toque do telefone. A coluna

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“Quem?” designa a pessoa que suporta a responsabilidade por tomar a acção, e a


coluna “Como?” lista procedimentos.
Tabela 4.4 – Exemplo de apresentação de manual de procedimentos

Apresentação de um exemplo de escrita de procedimento


Quando? Quem? Como?

O telefone toca Empregado Levanta o auscultador antes do 3º


toque

Saúda quem chama, dizendo “Bom


dia. Nome da empresa. Eu sou (nome
do empregado). Como posso ajudá-
lo?”

Os manuais de procedimentos podem ser extremamente úteis como ajudas para


FCT, porque fornecem orientação detalhada em todas as etapas a realizar nas
funções do cargo. Podem também facilitar a certificação ISO. Contudo podem ser
mais um obstáculo do que uma ajuda ao desempenho se não são mantidos
actualizados, o que consome tempo.

Sistemas inteligentes
Os sistemas inteligentes – (Expert systems) - são aplicações de inteligência artificial,
que podem ser utilizadas para melhorar o desempenho. Podem servir como ajudas
de trabalho inteligentes, que ajudam a facilitar a tomada de decisão na avaliação do
desempenho do trabalho, contribuindo para a identificação e categorização de
problemas de desempenho e assistência dos empregados entre um largo número
de opções. Estes sistemas são mecanismos de suporte à decisão, apoiados numa
tecnologia avançada, que pode assistir os executantes a levar a cabo parte das suas
actividades principais. Não são baseados em algoritmos, como as tabelas de
decisão, mas antes numa lógica heurística.

Quando utilizar

De considerar o seu uso quando as tarefas são limitadas, envolvem conhecimento


verbal, e podem ser bem definidas.

Quando evitar
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São de evitar quando as tarefas envolvem o senso comum, raciocínio por analogia,
competência perceptual, mudança de competência e raciocínio complicado.

Exemplos

Os sistemas inteligentes estão a aparecer gradualmente nas grandes organizações.


Eles mudarão eventualmente a face do local de trabalho e é seguro dizer que, no
futuro, eles modificarão dramaticamente o que as pessoas irão necessitar para
realizar as suas funções no posto de trabalho.

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Exemplos de sistemas inteligentes podem ser a oferta de assistência computorizada


de manutenção a distância que faz o diagnóstico de equipamentos de clientes com
problemas em qualquer local geográfico com acesso a comunicação electrónica. Se
o seu computador pessoal tem a particularidade de detectar e reparar pequenas
avarias, funciona como um expert system rudimentar.

Sistema electrónico de apoio do desempenho (EPSS)


As aplicações informáticas baseadas nas emergentes tecnologias (EPSS) têm
características idênticas aos designados sistemas de formação suportados na Web
(WBT), como por exemplo a formação assistida por computador (CBT) ou às salas
virtuais síncronas e assíncronas.

Definição de EPSS

O “Sistema electrónico de apoio do desempenho” (EPSS - Electronic


Performance Support System) é uma aplicação para computador que fornece
informação ou recursos para formar ou orientar trabalhadores no completamento
de tarefas ou atingir requisitos de desempenho.

Muitas vezes a aplicação informática de suporte funciona como ajudas de


desempenho de procedimentos e de informação para fornecer aos formandos
conhecimento prático e competências na resolução de problemas em formato just-
in-time.

Os EPSSs visam fornecer aos beneficiários do trabalho suporte ao desempenho,


através de computadores, no preciso momento em que precisam dele. Estes
sistemas não são puramente soluções tecnológicas, nem abordagens especializadas
para situações de formação; antes combinam elementos de ambas para integrar
informação, ferramentas e metodologia para utilizadores em tempo real.

Uma forma de formação baseada na Web (WBT) constituída por quatro


componentes interactivas

A maneira mais simples de compreender um EPSS é pensar como a combinação


de quatro componentes interactivas: (1) um sistema de referência baseado
em computador; (2) um sistema inteligente; (3) ajuda online; (4) formação
assistida ou baseada em computador.

Configurações mais complexas são possíveis, mas o poder destas quatro


combinações está em permitir ao utilizador obter conselho sobre opções de
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tomada de decisão, através de ajuda online; encontrar informação num tópico


relevante para o desempenho através do sistema de referência baseado em
computador; obter ajuda para a tomada de decisão através do sistema inteligente
(expert system); aprender acerca de todos estes problemas através de formação
baseada em computador (CBT); e combinar os quatro elementos quando junta
informação, toma decisão e realiza funções de trabalho.

A questão central que se coloca é esta: o que pode a organização fazer para
melhorar as vias para tornar o seu sistema de suporte ao desempenho - consistindo
de ferramentas de informação, formação, tecnologia, e tomada de decisão -
disponível para os executantes em tempo real?

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A criação de um ambiente de trabalho de elevada performance prende-se com a


forma como são configurados os quatro elementos acabados de referir.

O potencial impacto do suporte electrónico na FCT

O potencial impacto dos sistemas electrónicos de suporte ao desempenho, tem


óbvias implicações na FCT.

Se os executantes têm ferramentas de informação, treino, tecnologia e de tomada


de decisão imediatamente disponíveis, estão libertos de pressões diárias na
realização de procedimentos especializados que podem ser suportados pelo sistema
(em computador).

Isto significa que os executantes têm mais tempo para serem criativos na
distribuição de serviços e produtos, superando as expectativas dos clientes.

Quando um EPSS está disponível, a FCT pode enfatizar a criatividade, a


produtividade e a melhoria do serviço a clientes, para além da informação, das
habilidades e dos procedimentos de rotina.

O suporte à FCT em EPSS fornece aos formandos conhecimento


prático e competências na resolução de problemas em formato just-in-
time.

Realidade virtual
A realidade virtual assume diferentes formas, mas a ideia chave consiste em simular
o mundo real, tal que os formandos possam praticar num ambiente seguro e no
qual os seus eventuais erros não causem danos físicos ou económicos a ninguém.
Com diferentes níveis de elaboração há versões de realidade virtual que envolvem
hologramas (imagens tridimensionais que são também encontradas em vídeo),
simulações computorizadas, e por exemplo simulações de cockpits de aviões. As
ferramentas de desenvolvimento de software actualmente disponibilizam
simulações mesmo ao alcance de formadores pouco experientes.

Em muitas formas avançadas de realidade virtual os jogadores (actores envolvidos


na formação) encontram-se mergulhados num mundo que se assemelha assim à
realidade – daí o termo virtual – onde as suas acções têm aparentemente
consequências lógicas.
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Vantagem da realidade virtual

Quando aplicada à FCT numa base ampla, a realidade virtual permitirá aos
formandos simular o desempenho, aprender a partir da prática simulada e da
experiência, e ver sem risco o que acontece quando excutam novas maneiras de
proceder. Ao permitir aos formandos o luxo de experimentar cenários de
desempenho no trabalho “o que acontece se...”(what if), podem também abrir a
porta para aumentar a criatividade do executante.

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Limitações da realidade virtual

A realidade virtual tende a ser cada vez mais utilizada, mas no entanto tem
limitações. O seu uso requer uma combinação de competência tecnológica e
formação que é ainda difícil de encontrar. Como os problemas com a tecnologia,
em termos de custo eficácia irão diminuir ao longo do tempo, a realidade virtual
tem o potencial de mudar para sempre a FCT, especialmente quando combinada
com outras poderosas melhorias de performance das tecnologias tais como EPSS e
sistemas inteligentes.

Actividades de avaliação
As questões que se seguem pretendem dar-lhe indicações sobre o nível de
aprendizagem, que conseguiu ao longo do estudo deste capítulo.

Questões de avaliação
Entre na aplicação informática e comece por responder às perguntas de resposta
curta, do exercício de revisão do Capítulo 4 da Aplicação – “Exploração
pedagógica de suportes didácticos em FCT”.

Compare a sua resposta com a solução proposta., como forma de reflexão sobre os
tópicos principais. De seguida procure reflectir sobre as seguintes questões:

Questão 1

Numa situação formação em contexto de trabalho descreva sucintamente:

1. Condições ou circunstâncias que exigem a utilização de meios de


comunicação síncrona e assíncrona.

2. Categorias de recursos ou ajudas de trabalho susceptíveis de serem


utilizadas em FCT.

Questão 2

Descreva, justificando o tipo de ajuda electrónica que recomendaria para formação


just-in-time em contexto real de trabalho

Questão 3
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Relacione os níveis de conhecimento da taxonomia de Bloom com os métodos


pedagógicos requeridos. Indique os níveis de conhecimento e os correspondentes
métodos pedagógicos aplicáveis em situações de aprendizagem envolvendo:

1. Problemas bem estruturados ou bem clarificados.

2. Problemas mal estruturados ou complexos.

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Questão 4

Na integração de media de aprendizagem a distância em FCT,

1. Relacione a simetria com a interactividade dos media de formação

2. Identifique métodos pedagógicos que se enquadram nos níveis


elevados de interacção e simetria

Questão 5

Indique sucintamente qual o propósito visado na utilização dos seguintes


instrumentos:

1. Manuais de procedimentos.

2. Memorandos de procedimentos.

3. EPSS (Sistema electrónico de apoio do desempenho).

4. Realidade virtual.

Exercício 4

Título do Exercício: “Utilização pedagógica de recursos didácticos em


FCT”

Introdução

Na introdução ao exercício T3 já foi dado enfoque ao papel dos recursos


didácticos, enquanto ajudas auxiliares para a formação ou mesmo como
alternativas à formação individual em contexto de trabalho.

Deste modo é pertinente uma apropriada utilização pedagógica dos principais


recursos didácticos de FCT, tendo em conta as suas características dominantes e os
seus pontos fortes e fracos.

Como exemplo dessa utilização são os exemplos abaixo descritos no caso -


“Ajudas de suporte à formação em contexto de trabalho na ABC” - que requerem
a identificação e a utilização de ajudas específicas.
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De notar ainda que a eventual utilização de ajudas electrónicas a disponibilizar,


como alternativa à formação individual, requer uma adequada preparação por parte
do formando na manipulação do respectivo software.

Objectivos

As actividades abaixo descritas para o caso da ABC são exemplos de situações reais
de ambiente de trabalho, que requerem a utilização de ajudas, ou a disponibilização
de ajudas já existentes para orientar o formando no desempenho em contexto de
trabalho sob supervisão do tutor.

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Assim, trata-se de enquadrar uma utilização apropriada e de sistematizar um


conjunto de ajudas, tais como: tabelas de decisão; checklist; memorandos de
procedimentos; manuais de procedimentos; sistemas inteligentes; Electronic
Performance Support Systems (EPSS); simulação/ realidade virtual, etc.

Depois de ler atentamente o caso do “Ajudas de suporte à formação em contexto


de trabalho na ABC”, procure solucionar as seguintes questões:

ƒ Identifique a ajuda/ recurso didáctico mais apropriado para cada situação


descrita de A1, a F1.

ƒ Descreva, de modo sumário, para cada recurso didáctico as questões


pertinentes a observar nos seguintes aspectos:

1. Características relevantes;

2. Utilização apropriada;

3. Aspectos críticos.

A informação pretendida poderá ser apresentada numa tabela como se indica:

Ajuda/ Características Utilização Aspectos


Situação
Job aids Relevantes Apropriada Críticos

A1

B1

C1

D1

E1

F1

Caso: Suporte à formação em contexto de trabalho na ABC


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A empresa ABC conforme já referido no exercício T2 exerce a sua actividade em


áreas de negócio diversificadas e está a integrar nos postos de trabalho um grupo
de estagiários. O tutor responsável pela formação em FCT tem que disponibilizar
recursos didácticos (ajudas), que respondam às necessidades dos formandos em
situações concretas do ambiente de trabalho, em que são típicos os exemplos a
seguir indicados.

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Assim, na preparação dos formandos em contexto real de trabalho torna-se


necessário fornecer-lhes recursos didácticos para os guiar na realização de
actividades, tais como:

ƒ A1 – Operar sistemas mecânicos complexos através de procedimentos de


rotina ordenados por etapas e com apropriados compassos de espera para
evitar riscos.

ƒ B1 – Construir soluções baseadas em algoritmos que respeitam a lógica:


se... então. Se certas condições são encontradas, então certas acções devem
ser tomadas.

ƒ C1 – Dar ordens ou instruções por escrito sobre alterações a


procedimentos existentes ou sobre mudanças de procedimentos.

ƒ D1 – Melhorar a eficiência organizacional através de procedimentos


operacionais padrão (SOP - standards operating procedures) para gerir as
operações de rotina, dando a conhecer as etapas desejáveis na função,
tarefa, ou procedimento.

ƒ E1 – Utilizar prática simulada, em suporte electrónico e ver sem risco o


que acontece, quando se executam novas maneiras de proceder.

ƒ F1 – Assegurar ajuda electrónica para fornecer conhecimento prático e


competências na solução de problemas just-in-time para tarefas no posto de
trabalho.
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Informações

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m http://www.elearning-pt.com/fct/ encontra-se mais informação sobre
o conjunto de produtos desenvolvidos pela parceria no quadro da
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