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D - Fukushima, Maria Cristina Wiechmann
D - Fukushima, Maria Cristina Wiechmann
MEDO DE VOAR OU 0
CURITIBA
1989
Agradeço
referencia.
INTRODUÇÃO 1
2 ISADORA E JUDITH 15
-3 Ä SOMBRA DE NARCISO . 31
4 VIDA E LITERATURA 53
5 OS CAMINHOS DA PSIQUË 65
CONCLUSÃO 90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
V
INTRODUÇÃO
/
trabalhar com o texto por este motivo. Porém, a grande razão pa-
I had s t a r t e d out in c o l l e g e w r i t i n g
s o n n e t s and s e s t i n a s a b o u t . u n i c o r n s ,
V e n e t i a n p a i n t i n g s , R o m a n f o u n t a i n s , and
the g r a v e s of E n g l i s h p o e t s - but n o w
I w a s b e g i n n i n g to d i s c o v e r t h a t . . .
t h e s e w e r e e v a s i o n s for m e . My p o e t r y
w a s g e t t i n g b r a v e r . I w a s no l o n g e r
w r i t i n g h e r o i c couplets.'..; I w a s r e a d i n g
L e v e r t o v , W i l l i a m s , N e r u d a and A l b e r t i -
and t r y i n g to l e a r n f r e e v e r s e . I w a s in
p s y c h o a n a l y s i s and for the f i r s t t i m e w a s
t r y i n g to w r i t e a b o u t m y v i o l e n t f e e l i n g s
a b o u t b e i n g J e w i s h in G e r m a n y , and m y
v i o l e n t f r e e l i n g s a b o u t b e i n g f e m a l e in
a male-dominate world. I was beginning
to be m o r e in t o u c h w i t h m y d r e a m s and
f a n t a s i e s . M y p o e m s no l o n g e r a s s u m e d a
pseudo-neuter persona. They were frankly
f e m a l e , and t h a t , for the f i r s t t i m e ,
b e c a m e p a r t of t h e i r s u b j e c t . 1
Í
BIBLIOTECA C E N T R A L j
Universidade Federal do Paraná !
3
seeks is not a man, but her own identity. Her story, a female
com grande entusiasmo também por autores famosos tais como John
um artigo no New York Times em que dizia que Fear of flying iria
(1973), Loveroot (1975), Here comes & other poems (1975), At the
your own life (1977), Fanny: being the true story of the
dos contra todos pelo lucro e pela riqueza pessoal. Esta socie-
... a c o n c e p ç ã o da o b r a c o m o o r g a n i s m o ë
que p e r m i t e , n o seu e s t u d o , l e v a r em conta e
v a r i a r o j o g o de f a t o r e s q u e a c o n d i c i o n a m
e a m o t i v a m ; pois quando é i n t e r p r e t a d o co-
m o e l e m e n t o de e s t r u t u r a c a d a f a t o r se t o r -
na c o m p o n e n t e e s s e n c i a l do c a s o em f o c o ,
não p o d e n d o a sua l e g i t i m i d a d e ser c o n t e s -
tada nem g l o r i f i c a d a a p r i o r i . 8
NOTAS DE REFERÊNCIA
1
0 s d a d o s r e f e r e n t e à b i o g r a f i a de E r i c a Jong forara extraí-
dos do Current b i o g r a p h y de 1 9 7 5 , p. 2 0 5 - 2 0 8 .
2
MEYER, Ellen Hope. Contemporary Literary Criticism, v.4;
p. 269, 1974.
3
E m j a n e i r o de 1 9 7 5 F e a r of f l y i n g f i g u r a v a em p r i m e i r o
lugar na l i s t a d o s m a i s v e n d i d o s do N e w Y o r k T i m e s com 5 0 . 0 0 0 c o -
p i a s em b r o c h u r a s v e n d i d a s e 2 . 0 0 0 . 0 0 0 c o p i a s em e d i ç ã o de b o l s o
s e g u n d o d a d o s p u b l i c a d o s no C u r r e n t b i o g r a p h y de 1 9 7 5 , p. 2 0 8 .
5
T0TH, Emily. Doroty Parker, Erica Jong and new feminist
humor. Artigo mimeografado.
6
S U L E I M A N , S u s a n R. (Re)Writing the body. Poetics Today
jj ( 1- 2 ) : 4 3 - 6 5 , 1 9 8 5 . p. 4 6 .
8
CÂNDID0, Antonio. Literatura e sociedade. 6.ed. Sao
P au lo , N a c i o n a l , 1980. p. 15.
1 Q HERÓI FICCIONAL E A SOCIEDADE
vimento da burguesia".6
forma literária.
A figura do herói problemático, conforme definida por
rística libertária.
ciedade degradou.
NOTAS DE REFERÊNCIA
2
AGUIAR E SILVA, p. 2 4 8 .
4
GOLÜMANN, Lucien. Sociologia do romance. Rio de Janei-
ro, Paz e Terra, 1967.
5
GOLDMANN, p. 9.
6
GOLDMANN, p. 25.
2 ISADORA E JUDITH
tir traída por ela, que estaria disposta a perpetuar em sua fi-
turo incerto.
veis numa mãe com M maiúsculo: "Quando penso em minha mãe, sin-
mas destrói.
superficialidade da mãe,.
jogar.
para aumentar sua ansiedade e seu desespero, pois ela mesma não
adora e que "não a trocaria pelo mundo inteiro" (MV 170), colo-
ter nascido mulher como uma armadilha: "A lição era clara: ser
viam sido apropriadas por Judith. Verifica que ela havia sido
hippie, artista, poeta, comunista; as mais diversas formas
estava furiosa com minha mãe por não ter me ensinado a ser mu-
de seu fracasso como ser humano, sem perceber que ela mesma vai
ter que descobrir o que significa ser mulher, já que não aceita
Isadora?
Eu e s t i v e r a u s a n d o o d i a f r a g m a de m o d o
c o m p u l s i v o por tanto tempo, que a gra-
v i d e z j a m a i s p o d i a ser a c i d e n t a l no m e u
c a s o ( . . . ) D e s l e i x a d a c o m o era com tudo
o mais, nunca falhei neste particular
(MV 49) .
de planejar seu futuro e Isadora opta por não ter filhos, mas
sente-se culpada.
são que sofre por parte de seus familiares e ter que se posicio-
pal função social está sendo negada e isto não ê permitido. Ques-
trole de sua vida. Isadora acredita que esta lhe será usurpada
parto muito mais difícil, muito mais radical: ela pretende li-
do. Não resta dúvida que o mundo é hostil, como Isadora obser-
E s p e r t e z a m i s e r á v e l , p e n s a v a eu, o m o d o
c o m o os h o m e n s h a v i a m t o r n a d o a v i d a tao
i n t o l e r á v e l p a r a as m u l h e r e s s o l t e i r a s
( . . . ) Q u a s e t u d o é m e l h o r do que l u t a r
p e l a p r o p r i a m a n u t e n ç ã o em e m p r e g o de
salario baixo (...) para o homem soltei-
ro n ã o i m p l i c a a u t o m a t i c a m e n t e p o b r e z a
e a p o s i ç ã o i n d u b i t ã v e l de p a r i a s o c i a l
(MV 91).
afeto.
tola por procurar nos moldes ideológicos que lhe foram impostos
B o m p a r a v o c ê £ C u t t y S a r k . Um d i a m a n t e
ë p a r a s e m p r e ( . . . ) T o d a m u l h e r v i v a ama
C h a n n e l N . 5 (MV 2 0 ) .
mico a tornam uma presa muito fácil dentro deste mesmo sistema.
relação onde, tal como uma criança, a mulher espera por alguém
artista que ela não pôde ser. E isto, para a heroína, exclui
a maternidade, como ela nos revela: "o que outras mulheres fa-
zem sem muito problema, era para mim, um ato importante, momen-
toso, a negação de meu nome, meu destino, minha mãe" (MV 51).
a ela, que nada parece ter feito para mudar essa situação. Re-
tão infelizes. Seu projeto de vida é dar â luz uma nova mulher,
Uma m e n i n a z i n h a i n t e l i g e n t e e e s p i r i t u o -
sa, q u e c r e s c e s s e p a r a t o r n a r - s e a m u l h e r
q u e eu j a m a i s c o n s e g u i r i a s e r . U m a m e n i -
n a z i n h a m u i t o i n d e p e n d e n t e , sem c i c a t r i -
zes no c e r e b r o ou n a p s i q u e . Sem s e r v i -
lismo, nem a q u e l a sedução d e s t i n a d a a ca-
tivar o p r o x i m o . Uma m e n i n a z i n h a que dis-
sesse o que pensava, e p e n s a s s e o que dis-
s e s s e . U m a m e n i n a z i n h a q u e n a o f o s s e de_
p a l a v r a s m e l o s a s , nem f e r i n a s , p o r q u e nao
o d i a v a a m ã e , nem a si p r ó p r i a " (MV 5 8 ) .
- este filho que deseja parir representa o novo ser humano em
que gostaria de se transformar. Distante das dicotomías e an-
tagonismos neurotizantes, mais próximo do verdadeiro ser huma-
no conciliado.consigo mesmo e com o mundo.
30
NOTAS DE REFERÊNCIA
2
LERNER, Max. Civilização norte-americana. Rio de Ja-
neiro, F u n d o de Cultura^ 1960. v . 4 , pT 2 0 6 .
3 A SOMBRA DE NARCISO
ção.
E u f i c a v a 'em c a s a ' n u m m o t e l e s t é r i l ,
p e r t o de S a n A n t o n i o , v e n d o t e l e v i s ã o ,
m e x e n d o em m e u s p o e m a s , s e n t i n d o - m e e n -
r a i v e c i d a sem p o d e r f a z e r c o i s a a l g u m a .
... T i n h a v i n t e e q u a t r o a n o s de i d a d e
e m e a c h a v a e n c a l h a d a em u m m o t e l do
Texas.
r¿
diante de si.
Brian - ela aos 17 e ele aos 19 anos - num porão, ã luz de ve-
em todas as oportunidades.
incidente: de Riverside Park (MV 199). Brian, por sua vez, de-
der o abismo existente entre eles. "A vox populi, na maior par-
que mais pesa na sua opção, pois sinaliza uma posição passiva
sexuais dos mitos dos anos 50 e não imagina que possa existir
fazer.
masculina, reafirma.
mas.
téia, só faz ouvir, sem poder mudar seu papel dentro do esquema
em que ingressou.
dora revela que até mesmo a clínica onde Brian ë internado man-
3<f
quando ninguém mais sabia o que fazer com você em casa" (MV 217).
de que não só ele mas que ela também era vítima de uma situação
ser. Por ter abdicado o papel que lhe havia sido consagrado,
original.
que tudo faz para negar suas origens - até troca de nomes -
(MV 226). Note-se que sua referência é sempre uma figura consa-
grada pela mídia, sempre o herói para o qual remete sua ideali-
zação.
dora se casa com ele, sente-se grata, o que demonstra uma to-
quer.i "a vida era uma doença prolongada, a ser curada pela
psicanálise" (MV 146), nada mais adequado do que um sintoma
dois exibe uma situação que pende negativamente para seu lado,
milenar que Bennett parece carregar nas costas, sua luta pela
j
Quando se tem em conta as características de Bennett,
que ela aja de modo ativo provocando uma mudança para melhor. 0
que tem que fazer para superar sua condição de mulher numa so-
vimentos. Sente, entretanto, que "não tem para onde ir, lugar
bém se havia feito presente: "Não queria ficar ali sozinha com
ele, mas para onde ir?" (MV 210).. Isadora vê-se, portanto, liga-
para onde se possa voltar. Quando sua mãe lhe indaga porque
go", ela lhe responde que ë porque lhes parece "mais hospita-
minada pela sua morte, pois seus avós continuam vivos. De certa
esclarecida quando ela confessa que "fingiu que tinha sido seu
um sobre o outro.
para quem ela sente que pode retornar. Isto porque a solidão
Inglaterra.
sua vida nas próprias mãos, como convém a uma mulher independen-
uma mudança radical no ser humano. Medo de voar pode ser consi-
Mesmo com Adrian, que não detém poder algum sobre Isado-
cional.
presente quando ela descobre que ele está apenas passando umas
to dele com relação a ela se faz evidente quando ele lhe con-
gem, anônima.
gem que coloca em jogo sua vida toda, o que tenta explicar-lhe
para você o fato de que eu tenha abalado toda minha vida por
na sua vida particular, pois sugere haver entre ele e sua com-
que mantêm.
tamente ter tido um "affair" fora do casamento sem que ele sou-
firmeza no mundo.
estaria com ele até hoje. Talvez fosse verdade, mas preferimos
tar o convite que afinal das contas nada lhe promete além do
SD
que realmente acontece, Isadora investe nesta fantasia uma car-
do outro.
do outro.
As p e s s o a s n a o n o s c o m p l e t a m . N o s n o s c o m -
p l e t a m o s a nõs m e s m o s . Se n a o t i v e r m o s o
p o d e r de n o s c o m p l e t a r m o s , a p r o c u r a p e l o
a m o r se t o r n a a p r o c u r a de a u t o - a n i q u i l a -
mento; e nesse caso buscamos conveneer-nos
de q u e o a u t o - a n i q u i 1 a m e n t o é o a m o r (MV 307).
afirmação e crescimento.
2
GARAUDY, Roger. L i b e r a ç ã o da Mulher, Liberação Humana.
Rio de Janeiro, Zahar, 1981. p¿ 17.
3
NITZSCHE, J a n e C. Isadora I c a r u s : the M y t h i c u n i t y of
Erica Jong's Fear of F l y i n g . Rice University Studies.
5
B E T S K Y - Z W E I G , S. The Female Flight. Dutch Quarterly
Review od A n g l o - A m e r i c a n L e t t e r s , 3 ( 1 ) : 2 5 3 , a b r . 19 7 5.
4 VIDA E LITERATURA
mo de sua vida.
procura a universidade.
sufoca a vida.
acadêmica com uma chance de vida feliz não ocorre e não passa
gando-a na confusão.
da mesma sociedade.
cundante.
- M r s . S t o l l e r m a n , v a i ter m u i t í s s i m o tem-
po p a r a e s c r e v e r d e p o i s de o b t e r seu b a c h a -
r e l a t o . E, n e s s a o c a s T ã o , v a i ter a l g u m a
c o i s a com q u e p o s s a c o n t a r p a r a v i v e r , no
c a s o de d e s c o b r i r q u e não e E m i l y D i c k i n s o n
(MV 2 0 5 ) .
sor:
Ë a s s i m que e s p e r a es t r a g a r o r e s t o de
sua v i d a ? S e n t a d a n u m a sala e s c r e v e n d o
v e r s o s ? (grifo n o s s o ) (MV 56).
nove filhos, sobre o fato de não querer ter filhos e que se rea-
que tem que lutar contra a família para realizar sua vocação
literária.
guinte forma: "... como posso saber o.que penso, a menos que
A s s i m ë q u e a p r e n d i , com os h o m e n s a r e s -
p e i t o d a s m u l h e r e s . Eu as v i a a t r a v é s dos
o l h o s dos e s c r i t o r e s , c l a r o q u e n a o os
considerava escritores h o m e n s . Pensava ne-
les c o m o a u t o r e s . . . C o n f i a v a , ë n a t u r a l ,
em tudo o q u e d i z i a m , m e s m o q u a n d o isso
implicava minha propria inferioridade",
arte" (MV112).
mada - como artista contra um mundo que não aceita e como mulher
tar nas palavras muito mais do que nos atos" (MV 195). Sua cre-
ria.
Lo
reza ordena as coisas, a vida não tem ordem nenhuma" (MV 192).
Não quer seguir suas precursoras que optaram pela solidão, pela
uma exceção.
de maneira diferente.
do feminismo
it is w o r t h n o t i n g j u s t h o w c e n t r a l the
q u e s t i o n o l i t e r a t u r e h a s b e e n in the
b e g i n n i n g of that p h a s e of the w o m e n ' s
m o v e m e n t w h i c h is i d e n t i f i e d w i t h the
l a t e 19 60 ' s and e a r l y 1 9 7 0 ' s . L i t e r a t u r e
s e r v e d as a r e f e r e n c e p o i n t for f e m i n i s m ,
as if it w e r e at l e a s t p a r t l y t h r o u g h
l i t e r a t u r e that f e m i n i s m c o u l d r e c o g n i z e
and t h e o r i z e i t s e l f . 5 (p. 1 0 )
poder.
hipocrisia, a convencionalidade.
NOTAS DE REFERÊNCIA
2
G I L B E R T , S. & G U B A R , S. The m a d w o m a n in the attic.
New H a v e n , Y a l e U n i v e r s i t y P r e s s , 198?"! 719
3
GILBERT, S. & GUBAR, S., p. 51.
5
ROSE, Jacqueline. T h e s t a t e of the S u b j e c t ( I I ) T h e
i n s t i t u t i o n of F e m i n i s m . Critical Quartely, 29.A.87. p. 10.
5 OS CAMINHOS DA PSIQUE
de pê. Longe de sua muleta, não tem como enfrentar novos desa-
É a c o m p u l s ã o a i n t e r p r e t a ç ã o que acom-
p a n h a os ps i c a n a l i z a d o s p a r a o r e s t o da
v i d a , c o n s c i ê n c i a p e r s e c u t o r i a q u e so p e r -
mite e valida a experiência devidamente
' i n t e r p r e t a d a 1 , ou s e j a , e n q u a d r a d a n o s
m o l d e s de r e f e r ê n c i a c o n s i d e r a d o s r a z o á -
veis. 0 critério razoável ë fornecido pe-
la p r ó p r i a m o r a l ps i c a n a 1 í t i c a , q u e l h e s
dirá o que ê sadio e o que ë p e r v e r s o ,
o que ë m a d u r o e o que i r e g r e s s i v o , o que
ë m o t i v a d o por i m p u l s o s i n c o n s c i e n t e s nor-
m a i s ou a b o m i n á v e i s . 1 (p. 4 0 ) .
sintomas têm uma base muito mais profunda, localizada numa re-
seu futuro.
procura um c> . amento normal ... "e foram felizes para sempre",
pensamento.
tir com Adrian numa viagem sem rumo pela Europa. Como mulher
vida interior.
samparo total toda vez que Isadora viaja de avião. E como isso
menos, conviver com ela, o que compõe, por si só, a tensão ge-
diária.
no comum tinha que ser 'fãlico1 (...) mas a conversa dele, essa
que eu tinha sido tapeada" (MV 28). Este apelo constante para
agora mesmo" (MV 29) indica que só seria possível ela continuar
tem suas origens nos estudos de Freud. Assim sendo, essa classi-
cro. Como paciente, ela sente ser nada mais do que uma fonte de
uma cama macia, mas os pregos estavam por baixo" (MV 256) . Trans-
berros grita-lhe: "Não quero viver para as coisas que você vive.
Não quero este tipo de vida e não vejo motivo pelo qual deva
influência sobre sua pessoa por ser também seu marido. Goza,
ë quando percebe que tanto para Bennett como para Adrian "toda
mento. Ë uma autoridade a mais que deve ser obedecida como sobe-
dependentes.
circunstâncias do mundo:
por Freud.
Embora ela afirme que também acredita nisso tudo, ansia por
A f e l i c i d a d e d e v e ser s u b o r d i n a d a ã d i s -
c i p l i n a da r e p r o d u ç ã o m o n o g â m i c a , ao s i s -
t e m a e s t a b e l e c i d o de lei e o r d e m . 0 s a -
c r i f í c i o m e t ó d i c o da l i b i d o , e sua s u j e i -
ç ã o r i g i d a m e n t e i m p o s t a as a t i v i d a d e s e
expressões socialmente úteis é cultura.
<P0
í
T r a t a - s e de um p r i n c í p i o e f i c i e n t e q u e
tem g o v e r n a d o o p r o g r e s s o da c i v i l i z a ç ã o
ocidental.6
ciência desse fato não são suficientes para libertá-la dos pro-
Isadora tem, até então, toda sua vida baseada numa estra-
tos, gurus que irremediavelmente caíam por terra num exame mais
derado cômodo.
(MV 217).
... o c o n c e i t o de d o e n ç a m e n t a l e as t e o -
r i a s ps i c o d i n â m i c a s q u e e x p l i c a m s u a s m a -
n i f e s t a ç õ e s e p o s s í v e l t r a t a m e n t o só se
d e s e n v o l v e r a m q u a n d o se t o r n o u l u c r a t i v o
d e f i n i r as p e s s o a s c o m o o b j e t o s a s e r e m
u s a d o s na r e a l i z a ç a o de m e t a s e x t r í n s i -
c a s . 8 (p. 6 0 )
psiquiátrico.
89
a Adrian.
nos revele com ironia que ele havia aprendido essa filosofia
ta da seguinte forma:
- 0 p r o b l e m a do e x i s t e n c i a l i s m o é q u e nao
se p o d e p a r a r de p e n s a r no f u t u r o . Os
a t o s têm c o n s e q ü ê n c i a .
8sr
- Cii poss;0 p a r a r de p e n s a r no f u t u r o -
asseverou Adrian.
- Como?
- Nao sei. P o s s o , s i m p l e s m e n t e (...)
mudanças.
Adrian e não pode justificar essa opção pela paixão, como tenta
fazê-lo pelo menos perante si mesma. Não é sua paixão por Adrian
S7
normais não fazem isso" (MV 46), caracterizando uma visão pouco
no, Isadora declara que respeita mais "a fantasia. Nós somos o
mente.
NOTAS DE REFERÊNCIA
2
B E T S K Y - Z W E I G , S. The female flight. Dutch Quartely
Review of A a g l o A m e r i c a n L e t t e r s , 3 ( 1 ) : 2 5 1 , abr. 1975.
. 3 B Ë J I N , A. C r e p u s c u l o dos p s i c a n a l i s t a s , m a n h a d o s
sexólogos. In: A R I Ë S , P. & B Ë J I N , A . o r g . Sexualidades Oci-
dentais. Sao P a u l o , B r a s i l i e n s e , 1 9 8 5 . p. 2 2 0 .
5
MacINTYRE, A. As idéias de Marcuse. São Paulo, Cultrix,
1970. p. 53.
6
M A R C U S E , H. Eros e civilização. 5.ed. Rio de Janeiro,
Zahar, 1972. p. 27.
7
FRIEDENBERG, E. AS idéias de Laing. São Paulo, Cultrix,
1973. p. 39.
8
FRIEDENBERG, p. 60.
10
SARTRE, p. 12.
CONCLUSÃO
no.
separar-se de Isadora.
consciência do leitor.
93
cultura norte-americana.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS