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Giovanna Gabriel
Araraquara
2021
1
UNESP - Universidade Estadual Paulista
Giovanna Gabriel
Araraquara
2021
2
Gabriel, Giovanna
Relação entre a doença periodontal e a depressão: uma
revisão de literatura. / Giovanna Gabriel.-- Araraquara: [s.n.],
2021
40 f.; 30 cm.
3
UNESP - Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Odontologia de Araraquara
Giovanna Gabriel
4
UNESP - Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Odontologia de Araraquara
Giovanna Gabriel
APROVADO ( ) REPROVADO ( )
5
Ao meu irmão Marcos, ‘in Memorian”, que mesmo
não estando presente fisicamente, me intui e me dá
forças por pensamento para que eu possa seguir em
frente sem nunca desistir.
À minha mãe, quem me auxilia por toda minha vida e
muito na execução deste trabalho, sem ela nada
seria possível.
DEDICO
6
AGRADECIMENTOS
A minha mãe Claudia Raquel, pela chave para o meu aprendizado, sempre
me motivando a seguir em frente a cada dia e me ajudando sempre que possível.
Ao meu pai Marcos Gabriel, por sempre me fazer acreditar que sou capaz de
chegar a qualquer lugar.
RESUMO
A doença periodontal é uma patologia oral de natureza inflamatória que causa perda
progressiva de inserção dos dentes nos tecidos de suporte e consequente
destruição óssea onde o hospedeiro gera um infiltrado de mediadores inflamatórios
no tecido subjacente à bolsa periodontal, em resposta ao insulto microbiano
resultante do acúmulo de bactérias na margem dento-gengival (DP) e se caracteriza
por uma condição inflamatória crônica associada a um estado de disbiose entre a
resposta do hospedeiro e a microbiota do biofilme dental, cuja etiologia e
mecanismos patológicos que se desenvolvem no periodonto, provocando a doença.
Estudos sugerem que há uma associação biológica entre a periodontite e a
depressão e se apoiam nas alterações da resposta imune do hospedeiro, o que
torna o indivíduo mais suscetível ao desenvolvimento das condições para o
agravamento da DP. A associação entre inflamação e depressão está apoiada em
dados de pacientes que desenvolveram sintomas depressivos como efeitos
colaterais dos tratamentos com citocinas pró-inflamatórias, como por exemplo
interferon (IFN)α, interleucina (IL) -2, usados para tratar câncer, hepatite C, por
exemplo. Entretanto, muitos estudos carecem de qualidade metodológica. Além
disto, é importante considerar que hábitos de vida adotados por pacientes
depressivos contribuem com o agravamento ou desenvolvimento da DP, como por
exemplo o consumo de álcool e o tabagismo, bem como os possíveis efeitos
colaterais dos tratamentos farmacológicos da depressão que impactam sobre o
periodonto e/ou resposta imune. Apesar de estudos terem demonstrado associação
entre sintomas depressivos e a periodontite e sugerirem propostas para explicar esta
relação, baseadas nas alterações de comportamento do indivíduo depressivo, pela
redução dos cuidados de higiene pessoal associada à falta de energia e prazer pela
vida, são necessários estudos futuros, com metodologias padronizadas e de alta
confiabilidade a fim de se investigar melhor esta associação.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 PROPOSIÇÃO ....................................................................................................... 13
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 20
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23
10
1 INTRODUÇÃO
12
2 PROPOSIÇÃO
13
3 REVISÃO DA LITERATURA
Tem sido estudada a relação entre a qualidade de vida com a saúde oral e os
impactos na perda de inserção periodontal. Lopez & Baelum (2007) evidenciaram
um impacto negativo na saúde bucal, associada ao menor nível socioeconômico de
jovens chilenos, que corroborou com dados encontrados no Brasil em população
adolescente. Acredita-se que as alterações da qualidade de vida que envolvem má
alimentação, falta de lazer e convivência social, autoestima, entre outros fatores,
22
podem impactar no aumento da incidência da periodontite .
Profissionais da saúde mental concordam que a saúde bucal deve integrar
uma avaliação abrangente dos indivíduos com depressão. Sabe-se que entre os
diferentes fatores que contribuem para alterações na saúde oral são citados o
14
tabagismo, diabetes, medicamentos, entre outros. Entre os fatores psicossociais
envolvidos na evolução da DP é citada a depressão 17,18.
A depressão está fortemente relacionada ao declínio dos processos
cognitivos, afetando de forma direta no comportamento dos indivíduos frente às
atividades diárias. O indivíduo depressivo apresenta motivação reduzida, este fato
se associa a outros fatores que afetam a saúde bucal, uma vez que a pessoa
negligencia os procedimentos de higiene bucal, bem como evitação dos cuidados
odontológicos, que leva a um aumento do risco de DP 26,27.
Estudos têm demonstrado associação entre sintomas depressivos e a
periodontite e sugerem duas propostas para explicar esta relação, baseadas nas
alterações de comportamento do indivíduo depressivo, pela redução dos cuidados
15
de higiene pessoal associada à falta de energia e prazer pela vida .
Em adição, os hábitos de vida adotados por pacientes depressivos
contribuem com o agravamento ou desenvolvimento da DP, como por exemplo o
consumo de álcool e o tabagismo, bem como os possíveis efeitos colaterais dos
tratamentos farmacológicos da depressão que impactam sobre o periodonto e/ou
resposta imune 18.
Outra proposta que sustenta essa relação é a biológica, relacionada a
processos inflamatórios, imunológicos e neurais decorrentes da própria patologia da
depressão ou de comorbidades associadas. Além disto, a combinação de ambas as
propostas deve ser considerada para o aumento da quantidade do biofilme oral e à
redução da resistência dos tecidos periodontais à degradação inflamatória,
sugerindo que a depressão é um fator de risco para a periodontite 23.
16
ou hipertensão arterial sistêmica, além do declínio cognitivo. Desta forma entende-se
que as desordens sistêmicas decorrentes do quadro depressivo interferem na
evolução da DP 2,6.
É importante a identificação de grupos de risco para o desenvolvimento ou
agravação da periodontite pois uma detecção precoce da doença ativa e a
identificação de indivíduos e grupos com maior probabilidade de desenvolver
doenças periodontais destrutivas no futuro são elementos importantes dos sistemas
2,5
de atendimento odontológico .
Há dados que sustentem um possível vínculo entre a causa da periodontite
com desordens neurológicas, como a depressão. Um estudo com animais fortalece
uma possível ligação causal da periodontite com a Doença de Alzheimer, onde foi
demonstrada uma ativação de astrócitos, que é um tipo de célula nervosa
relacionada com mecanismos de defesa, bem como a expressão aumentada de
TNF-, IL-1 e IL-6 no hipocampo de camundongos, reforçando a relação pró-
inflamatória, encontrada em patologias neurológicas, com a DP 15.
Um estudo observacional realizado com o banco de dados Longitudinal
Health Insurance Database (LHID), que é um subconjunto do National Health
Insurance (NHIRD) que contém dados do programa de seguro saúde nacional de
Taiwan, avaliou 12.708 pacientes com periodontite diagnosticada de 2000 a 2005 e
50.832 indivíduos sem periodontite. A associação entre periodontite e depressão foi
analisada usando modelos de regressão de risco proporcional. A taxa de densidade
de incidência de depressão foi maior no grupo com periodontite do que no grupo
sem periodontite e os dados revelaram que a periodontite era um fator de risco
independente para depressão em pacientes, exceto para pacientes que
apresentaram comorbidades de diabetes mellitus (DM), abuso de álcool e câncer,
sugerindo que são necessários mais estudos a respeito da relação da depressão
com a periodontite 15.
Nascimento e colaboradores (2018) realizaram um estudo com 539 indivíduos
com sintomas depressivos apresentando maior risco de periodontite, que foi
associada à periodontite moderada ou grave. Em contrapartida, outro estudo avaliou
uma pequena amostra de 30 pacientes com periodontite e 30 pacientes sem a
doença encontrado índice de placa visível, profundidade de sondagem e nível de
17
inserção clínica elevados, mas não encontrou correlação entre a depressão ou o
stress 23.
Em um estudo transversal que analisou a relação entre a DP e a depressão
pós-AVE (Acidente Vascular Encefálico) insquêmico em 202 pacientes foi
encontrado que 77 pacientes apresentaram DP severa a grave, no entanto, os
autores sugerem que as evidências científicas sobre a associação entre periodontite
e depressão são limitadas, embora tenham demonstrado uma correlação positiva da
21
gravidade da doença periodontal com a depressão .
Cunha e colaboradores, em 2016, realizaram uma pesquisa na Universidade
Federal de Minas Gerais que avaliou 156 indivíduos com transtorno afetivo bipolar e
episódios depressivos, na qual encontrou correlação com parâmetros clínicos
periodontais com prevalência de 59% de periodontite entre os indivíduos avaliados;
90,2% apresentaram periodontite crônica moderada e 9,8% a forma avançada.
Quanto à extensão da periodontite, em 81,5% a doença apresentou-se de forma
localizada e em 18,5% de forma generalizada. O estudo concluiu que os pacientes
com transtorno bipolar associado à depressão apresentaram alta prevalência de DP
(56,8%) revelando que há associação entre periodontite e doenças psiquiátricas 8.
Malinowska e colaboradores (2018) avaliou a relação da perda de dentes em
pacientes idosos depressivos, sendo observado que a gravidade da depressão
aumentou com a maior incidência de perda de dentes, assim como a piora geral da
saúde bucal, indicando que alguns parâmetros de saúde oral podem estar
28
relacionados com a depressão .
Vários estudos postulam que doenças psiquiátricas podem estar associadas
às patologias orais. Um estudo transversal com uma amostra pequena analisou a
relação da periodontite com a esquizofrenia e concluiu que os pacientes têm um alto
risco de desenvolver periodontite e que este risco aumenta com a ingestão de
medicamentos antipsicóticos que reduzem a secreção salivar, o que corrobora com
a ideia de que distúrbios de ordem mental afetam a saúde bucal 9,22.
Outros grupos de pesquisa buscam explicar as alterações bioquímicas,
genéticas e moleculares subjacentes aos transtornos psiquiátricos associados à DP.
Uma análise do genoma humano revelou que o polimorfismo do gene da enzima
conversora de angiotensina (ACE) indicou que o alelo D é um fator protetor contra a
periodontite crônica e a esquizofrenia e pode ser uma pista para uma conexão
18
biológica e recíproca entre essas duas doenças, reforçando a importância e abrindo
caminho para outras pesquisas nesta linha em busca de explicações sobre os
11,12
mediadores químicos relacionados com a DP e a depressão .
19
4 DISCUSSÃO
20
de melhor evidência são as revisões sistemáticas e os estudos clínicos
experimentais randomizados, em seguida os estudos longitudinais controlados,
como coorte e caso-controle, depois os estudos de caso e de opiniões de
especialistas, que são considerados o nível de evidência mais baixa 32.
A Odontologia Baseada em Evidências (OBE) avalia criticamente os trabalhos
sobre um determinado assunto, por meio de uma revisão sistemática da literatura,
que é um tipo de estudo que possui uma questão clínica bem definida 9.
A revisão sistemática realiza a compilação de publicações de artigos
científicos que possam auxiliara a responder à questão inicial, sendo posteriormente
analisados criteriosamente utilizando um padrão metodológico rígido e pode ser
qualitativa, se os dados não são combinados estatisticamente, ou quantitativa,
quando há estudos estatísticos, também conhecida como metanálise 9,29.
As limitações das pesquisas científicas são reconhecidas pelos
pesquisadores, como em um estudo realizado na China, por Lan Wu e
colaboradores, que investigaram a relação do gene para o receptor serotoninérgico
relacionado à depressão, alvo farmacológico da terapêutica clássica dos
antidepressivos. Nele, os autores questionam sobre as limitações do estudo,
considerando que a amostra possuía tamanho relativamente pequeno para a
realização de análise de subgrupos, além de que todos os sujeitos do estudo eram
de etnia chinesa e os resultados não poderiam ser extrapolados para outras etnias,
e tendo sido ajustados apenas por idade, sexo e tabagismo entre os participantes 21.
Além disto, é importante considerar que os hábitos de vida adotados por
pacientes portadores de depressão colaboram com o agravamento ou
desenvolvimento da DP, como por exemplo o consumo de álcool e o tabagismo,
bem como os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos farmacológicos da
depressão que impactam sobre o periodonto e/ou resposta imune.
Sabe-se que a placa dentária é uma etapa inicial no desenvolvimento da
periodontite, entretanto, muitos fatores, incluindo higiene oral, tabagismo, estresse e
ansiedade, obesidade e diabetes, contribuem para a etiologia das doenças
periodontais e estão implicados na progressão da gengivite para a periodontite
crônica 21.
21
5 CONCLUSÃO
22
REFERÊNCIAS
23
12. Gurkan, A.; Emingil, G.; Saygan, B.H.; Atilla, G.; Kose, T.; Baylas, H.;
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25
Autorizo a reprodução deste Trabalho pelo prazo de até 12 meses após a data
da defesa.
Giovanna Gabriel
26