UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS – 4º PERÍODO
PROFESSOR: ANTONIO MACEDO
ALUNO: RUY CAVALCANTE DE OLIVEIRA SOBRINHO

15.12.2016

Exercícios referentes ao livro “A Ciência e as Ciências”, de Gilles Gaston Granger.

1 – A nossa idade é uma “idade da ciência”. Cite e comente 4 razões que caracterizam nosso
tempo como científico.

R: Segundo o autor, o título “Idade da ciência” dada a nossa época se justifica não pela
fertilidade de novas e revolucionárias descobertas científicas, mas pelas novas tecnologias
advindas das aplicações de descobertas do passado. Desta forma ele cita diversas
características ou inovações tecnológicas de nosso tempo, dentre as quais:

1. A tecnologia nuclear, visando a produção de energia através da fusão nuclear no

futuro, de forma estável (uma vez que tal tecnologia ainda está sendo aprimorada), o
que poderá garantir a eficiência energética, de forma definitiva, uma vez que tal fonte
de energia é, a priori, inesgotável, pois tem como matéria prima fundamental o
hidrogênio, elemento químico de maior quantidade encontrado na natureza, além de
ser renovável.
2. A exploração espacial, que se intensifica especialmente durante a guerra fria, numa
frenética disputa entre EUA e União Soviética, culminando em diversas descobertas
astronômicas além da aceleração das pesquisas em tecnologia espacial que
possibilitam a produção de inúmeros elementos e utensílios tecnológicos de utilidade
terrena.
3. A descoberta dos antibióticos, que a partir da descoberta da cloromicetina (substancia
descoberta na Venezuela, retirada de um microrganismo de nome Streptomyces
Venezuela, que age inibindo a síntese proteica de bactérias do tipo Gram-negativas,
Gram-positivas e riquétsias, causando a morte da mesma por não conseguir sintetizar
proteínas essenciais para sua sobrevivência) passa a ser amplamente desenvolvida,
chegando até aos diversos tipos complexos de antibióticos disponíveis hoje,
constituindo-se uma grande avanço da medicina bioquímica.
4. A descoberta da estrutura do DNA, que avança para a compreensão de seus
mecanismos, bem como o progresso na decifração de seus códigos, o que já promove
avanços significativos, especialmente na medicina preventiva e no estudo de doenças
de origem genética, dentre outras aplicações.

2 – Como a ciência preenche nossa vida diária?

R: Desde o instante que acordamos até retornamos a cama durante a noite estamos cercados
pela ciência em plena ação, e na maioria das vezes sequer nos apercebemos disso. Ligamos o
aparelho de ar condicionado sem compreender a maravilha científica que ocorre para que
tenhamos nosso tão desejado ar refrigerado (uma constante troca de calor entre o gás frio –
geralmente um tipo de hidrofluorcarboneto – e o ar do ambiente, que é distribuído por uma
cadeia de componentes eletrônicos que trabalham com a compressão e descompressão do ar ).
Ligamos ou desligamos a iluminação do quarto, possível apenas por causa da descoberta da
eletricidade, justamente com a tecnologia adequada para seu manuseio (a eletricidade é um
fenômeno natural que envolve cargas elétricas estáticas e em movimento, que uma vez
controlada, faz funcionar todos os equipamentos eletroeletrônicos encontrados em nosso dia
a dia). Estamos em contato com a ciência até mesmo quando fazemos o café da manhã, ao
acender o fogão (que utiliza uma mistura de gás butano e propano, possível apenas com a
tecnologia de armazenamento e utilização doméstica segura; ou pode também utilizar energia
elétrica), quando ligamos o nosso automóvel, possível pela tecnologia científica que controla a
combustão dos agentes combustíveis, convertendo-os em força de empuxo que faz o motor
movimentar as engrenagens do carro, enfim, vivemos uma época onde a ciência aplicada
preenche cada espaço de nossa casa, cidade e até mesmo vestimentas!

3 – Como se articula o problema ético na discussão sobre ciência no nosso tempo?

R: Partindo de um ponto de vista filosófico, o homem é, de acordo com a opinião

existencialista, um individuo dotado de autodeterminação, ele é um sujeito do conhecimento
e ação. Nessa perspectiva, um problema de ordem ética seria tudo o que violenta o ser
humano nesta sua liberdade existencial. Com o avanço científico e a contumaz utilização de
suas descobertas para fins, digamos, pouco humanitários (um exemplo claro poderiam ser a
produção bélica, bem caracterizada pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki), a
relação ética x ciência passa a ter grande ênfase no debate científico de nosso tempo.

Em suma, essa ambiguidade entre o avanço científico e tecnológico passa a “operar” no campo
existencial, e o que antes prometia benefícios sem limites para a humanidade, passa a também
lhe causar transtornos e conflitos em praticamente todos os níveis (sociais, ecológicos,
econômicos, religiosos, políticos, etc.), tornando essencial o debate sobre ética, de maneira a
ser possível discernir com sabedoria ética o que é melhor para o ser humano, sabendo que a
ciência a tempos se tornou uma necessidade da sociedade contemporânea.