Você está na página 1de 7

CESG

Ciências Penais e Segurança Pública (2021)


MÓDULO 02 / ATIVIDADE AVALIATIVA
Orientação: A partir do conteúdo apresentado na disciplina, escreva um texto
descrevendo as etapas do ciclo de inteligência. Utilize no máximo 20 linhas
para cada uma dessas etapas.
Prazo de entrega: Até 20 de agosto.
Os ciclos de Inteligência

Em mais um diserto ciclo de formação, o expositor tratou sobre a


relevante temática da INTELIGÊNCIA, que integra estratégica posição em
qualquer estrutura organizacional que se revele sólida e obstinada a aprimorar
seu mister.

O CEO da PLUGAR Data & Inteligence, Fábio Rios, aponta em sua


epígrafe que:

“Tudo isso tem nos levado a perceber que cada vez


mais as áreas de Inteligência estão influenciando as
organizações brasileiras. O novo ciclo de Inteligência
reflete exatamente esse momento e orienta
profissionais da área a estabelecer métricas capazes
de medir os avanços, aprimorando sempre seus
resultados”1,

Enquanto isso, no meio institucional, em breves parênteses, a atividade


de inteligência estatuído na Lei n° 9.883/1999, que estruturou o Sistema
Brasileiro de Inteligência (SISBIN), criando a Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN), sofreu revés imposto na ADI 6529, em ação proposta pelos Partidos
REDE e PSB, que contesta a higidez constitucional do o art. 4° da referida
norma.

Ocorre que a eminente Ministra Carmen Lucia assentou, em sua v.


relatoria, que “arapongagem não é direito, é crime, e, praticado pelo Estado, é
ilícito gravíssimo”2.

Afigura-se deste excerto que a atividade em comento ainda parece


arraigada culturalmente a conceitos desvirtuados e que se “caricaturizou” em
folhetim exibido em popular canal de televisão aberta, nos anos 1990,
anotando-se marcante atuação do saudoso Tarcísio Meira e seu antológico
personagem, Arsênio Catanduva, inferindo percepções de DNA legado do

1
https://www.plugar.com.br/o-que-e-e-como-funciona-o-novo-ciclo-de-inteligencia-de-mercado/
2
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=449549&ori=1 (acesso:
15/09/2021)
período marcado pelo controvertido Regime Militar, nominado pré-
redemocratização3.

Feitas as ligeiras e despretensiosas reflexões, convém cumprir com o


objeto deste sucinto “ensaio”, adentrando-se necessariamente sobre descrição
do denominado “Ciclo de Inteligência”, assumindo por referência o contido no
slide 244, extraído do material didático utilizado no presente itinerário
pedagógico, considerando:

1) Planejamento e Direção:

Dando início ao processo de produção de inteligência, importante


delimitar os objetivos das ações a serem desenvolvidas e definir prioridades.
Neste primeiro estágio, dedicar-se a mensurar e qualificar a volumosa massa
de informações que estão acessíveis.

3
Extraído do Livro: Sereis como deuses – O STF e a subversão da Justiça. Organização: Cláudia R. de
Morais piovezan. EDA Editora. 1ª Ed., 2021. Cap. V: Fábio Costa Pereira – Presidente da ABEIC, ps. 117 e
segs.
4
http://cesgmoodle.com.br/moodle/pluginfile.php/28108/mod_resource/content/1/Aula%20de%
20introduc%CC%A7a%CC%83o%20a%20intelige%CC%82ncia.%20Po%CC%81s%20Graduac%CC%A7a
%CC%83o..pdf
Essa primeira abordagem de aferição e seleção de dados possibilita
conter a dispersão de esforços e promover a otimização do rendimento,
subsidiando planejamentos mais sólidos e exequíveis em interstício apropriado.

Verifica-se que a qualificação dos agentes responsáveis pelas pesquisas


e a procedência das fontes denotam componentes fundamentais ao equilíbrio
da equação.

Esta fase prefacial propõe: lapso temporal e plano de coleta;


necessidade de processamento e técnicas de análise; e, formatos para
disseminação, destacando-se ipse litteris que “o objetivo é a efetiva
assimilação do relatório de inteligência pelo tomador de decisões, e não o de
impressionar o referido cliente com termos rebuscados, ou com os
conhecimentos acadêmicos do analista”5.

2) Coleta:

Indica coligir elementos obtidos a partir da depuração desse acervo de


informações que servirá de substrato aos analistas, devendo coadunar-se com
as metas e expectativas do tomador de decisões, a quem destina-se essa
produção de conhecimento.

O produto desse empreendimento que desvia de sua finalidade torna-se


obstáculo ao gestor e ativo pernicioso.

Importe frisar que “o procedimento de reunião de dados vem à tona


exatamente para angariação de elementos da realidade que têm o condão de
ratificar ou retificar premissas e hipóteses, preencher vazios” (Barbosa, 2011)6.

Requer incursão prudente que permitirá depurar com mais precisão


esses estudos e coibir descompassos, desdobrando-se basicamente em:
HUMINT (Humana); SIGINT (Sinais); IMINT (Imagens); MASINT (Mensuração);
OSINT (Fontes Abertas); e, SOCMINT (Redes Sociais).

5
http://cesgmoodle.com.br/moodle/pluginfile.php/28108/mod_resource/content/1/Aula%20de%
20introduc%CC%A7a%CC%83o%20a%20intelige%CC%82ncia.%20Po%CC%81s%20Graduac%CC%A7a
%CC%83o..pdf
6
https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/33/13
Os seguimentos assinalados apoiam-se na extração de conteúdos a
partir de entrevistas, interações pessoais e corporativas, e compartilhamentos
entre agências; a “moderação” de comunicações telegráficas, telemáticas e de
dados em geral; arquivos fotográficos obtidos diretamente de dispositivos de
captura ou outros instrumentos (ex.: redes de satélites, Google Earth etc.);
detecção de anomalias geológicas substanciais (ex.: testes atômicos);
acompanhamentos de periódicos, programações e mídias sociais.

3) Processamento:

Este estágio engloba uma série de incursões que representam parcela


substancial de toda cadeia produtiva, exigindo o engajamento dos atores
envolvidos na pormenorização e classificação dos elementos coletados,
conversão de textos e degravações; descrição de rotinas e de todo e qualquer
recurso ou instrumento suscetível a integrar esse complexo regimento de
peças, cujos encaixes nem sempre são harmoniosos.

Neste denso contexto insere-se, com o perdão de reprodução do


conceito exposto pelo regente desta disciplina, a Técnica de Avaliação de
Dados (TAD), consistindo em procedimentos oficiais de avaliação de
informações e de suas nascentes.

Desdobrando-se o instituto, seguem os parâmetros de autenticidade,


confiança e competência, com suas respectivas “idiossincrasias”; classificando-
se em “grau de idoneidade”, “procedência” e “coerência”; e, por fim, quanto a
“potencial verossimilhança”.

4) Análise:

O presente vértice estabelece-se sobre a interpretação, cruzamento,


associação e valoração das informações arregimentadas e processadas, a
partir de metodologia concatenada e sistematizada.

Cumpre acrescentar que devem ser sopesados fatores endógenos e


exógenos, como cenário geopolítico, o contexto factual e o perfil dos
agentes/agência e a capacidade de conformações às condições dos
fenômenos estudados e de seus interlocutores.

Emergem à superfície características qualificadoras de escol, e que


servirão como espécie de signo de qualidade, como posturas apolíticas e
apartidárias, lealdade, disciplina e fidelidade metodológica, coesão e imunidade
a interferências externas, sobretudo ideológicas; e a possibilidade de
delineação de possíveis cenários.

Para além das próprias fronteiras do produto apresentado, que ostente o


selo de um resultado fruto de esforços de um determinado coletivo, além de
agregar, quando possível, contribuições de especialistas e bancas de atestada
credibilidade, sempre resguardando-se o indispensável sigilo.

Notadamente propugna-se inoculação de critérios de prevenção a


“desinformações” e toda sorte de ameaças que venham a contaminar ou
distorcer conclusões e prognósticos.

5) Disseminação:

Em última instância de “cognição” vale refletir: “o que sabemos é uma


gota; o que ignoramos é um oceano” (Isaac Newton).

Deflui desta proeminente constatação que se torna imprescindível fazer


“valer a pena” cada transpiração e grão de areia da ampulheta investida no
relatório que será disponibilizado ao seu destinatário.

Sem arroubos de erudição na utilização do vernáculo ou amontoado de


dados tamanho que venham a exaurir o avalista, sem afastar-se da norma
culta, e de modo que seja adimplida em prazo razoável, atendendo às
necessidades do regente e não moldado sobre as preferências de seus
editores e interlocutores. É dizer: não há espaço para vaidades ou
demonstração de atributos “circenses”!

Como na obra citada na nota de rodapé de n° “03”, esses “soldados do


silencio” devem atuar em total espírito altruístico, pautando-se pela discrição,
de maneira “proativa, sob pena, em assim não agindo, de falharem
rotundamente”7.

Em linhas conclusas compele-se, quaisquer que sejam as formas de


apresentação (encadernado, textual ou digital, audiovisual etc.), em perseguir
caminhos de concisão cujo roteiro conduza às agilidade, maturidade e
praticidade de sua aplicação no campo da realidade e desafios enfrentados.

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2021.


Álvaro Junior Coutinho Pereira

7
Op. Cit., p. 128.

Você também pode gostar