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Anatomia Laríngea e

Fisiologia da Produção
Vocal

Larissa Vitoria de O. M. Lana


Anatomia Laríngea e Fisiologia
da Produção Vocal
Anatomia macroscópica da laringe (cartilagens,
musculatura intrínseca e extrínseca) e a base
fisiológica da produção vocal;

Compreender a anatomia e fisiologia nos permite


entender o processo da fonação normal e
patológica, reconhecer o impacto de lesões
específicas na produção vocal, interpretar os
dados de avaliação do paciente, definir o
planejamento terapêutico e reconhecer os limites
da atuação fonoaudiológica.
Anatomia Laríngea e
Fisiologia da Produção
Vocal
O sistema fonatório inclui a laringe, o osso
hioide e outras estruturas associadas;

O esqueleto da laringe é formado por


cartilagens, músculos, membranas e mucosa;

A laringe como um todo se divide em três


espaços, sendo a supraglote, a glote e a
infraglote.
SUPRAGLOTE
É formada por estruturas que estão acima da
glote e tendo limite superior o ádito laríngeo;

GLOTE
A glote ou rima glótica é onde se encontram
as pregas vocais;

INFRAGLOTE
Se inicia abaixo das pregas vocais, tendo o
limite inferior o primeiro anel traqueal.
CARTILAGENS LARÍNGEAS:

}
Epiglote

Tireóidea

Cricóidea

Aritenóidea

Corniculada

Cuneiforme
ANATOMIA LARÍNGEA: Cartilagens Laríngeas:
Cartilagens ímpares: Tireóidea, Cricóidea e
Epiglote;

A par principal: Aritenóides;

As cartilagens acessórias, também pares, são as


cartilagens Corniculadas e as Cuneiformes;

De todas as cartilagens laríngeas, as mais


importantes são a Tireóidea, Cricóidea e as
Aritenóides;

As cartilagens possuem articulações entre si que


se conectam e permitem a movimentação entre
elas.
ANATOMIA LARÍNGEA: Osso Hioide:
O esqueleto das cartilagens laríngeas é
sustentado principalmente pelo osso hioide, que
também serve de apoio para os músculos da
língua;

O osso hióide é o único osso que não se articula


com nenhum outro osso do corpo humano, em
forma de ferradura deitada, situado superiormente
na laringe;

O osso hioide serve de ponto de inserção para os


músculos e ligamentos da laringe e de outros
órgãos.
ANATOMIA LARÍNGEA: É uma cartilagem única em formato de uma folha;

Cartilagem Epiglote: Fixa-se através de um ligamento na superfície


mesial da cartilagem tireóidea, na junção anterior
de suas lâminas, chamado de pecíolo da epiglote;

Conecta-se também as cartilagens aritenóides,


através das pregas ariepiglóticas, uma dobra
extensa de tecido e músculo;

Sua função é proteger as vias áreas inferiores,


através do abaixamento e fechamento do adito
laríngeo;

A epiglote movimenta-se bastante durante a


produção dos sons, acompanhando a direção do
movimento da língua, contudo participa muito pouco
na produção vocal.
Vista posterior
ANATOMIA LARÍNGEA: É uma cartilagem única, a maior da laringe;

Cartilagem Tireóide: Possui o formato de um escudo, sendo composta de


duas lâminas laterais, de forma quadrangular e dois
cornos pares posteriores;

O ponto de união dessas duas lâminas é conhecido


como proeminência laríngea ou popularmente
como “pomo-de-adão”;

Na população masculina observa-se um ângulo ao


redor de 90º e na população feminina o ângulo é
mais aberto, com cerca de 120º;

Essa diferença impacta na fisiologia vocal, uma vez


que o tamanho das pregas vocais interfere na
definição da frequência vocal emitida.
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagem Tireóide:

Os cornos posteriores são os elementos de conexão


dessa cartilagem com outras estruturas, sendo que
os cornos superiores conectam-se ao osso hióide e
os inferiores à cartilagem cricóidea;
Também é uma cartilagem única, a segunda maior
ANATOMIA LARÍNGEA: da laringe e possui um formato circular de anel
completo;
Cartilagem Cricóide: Serve como a borda mais baixa da laringe e se
articula com o primeiro anel cartilaginoso da
traquéia;

Possui uma região anterior mais estreita (o arco) e


uma região posterior mais larga e mais elevada (a
lâmina).

Articula-se com a CT através dos cornos inferiores da


cartilagem tireóidea, que se conectam por pequenos
feixes musculares na face superior da lâmina da
cricóide;

Recebe ainda a conexão com as cartilagens


aritenóides na região póstero-superior (sobre a
pedra do anel), em uma região levemente convexa, a
faceta articular.
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagem Cricóide: De forma parecida com a cartilagem tireóidea,
observa-se uma acentuada variação entre os
diâmetros ântero-posterior e lateral da cartilagem
cricóidea de acordo com o sexo, apresentando um
formato ovóide nos homens e circular nas mulheres;

Essa variação pode ter relação com as fendas


glóticas posteriores constitucional, devido a uma
posição mais lateralizada das cartilagens
aritenóides, observada principalmente nas
mulheres.
ANATOMIA LARÍNGEA: São um par de cartilagens móveis consideradas a
unidade funcional da laringe, pela sua importância
fonatória e respiratória;
Cartilagens Aritenóides:
As duas cartilagens se situam na borda inclinada
posterior da lâmina da cartilagem cricóidea,
formando as articulações cricoartitenóides;

Possuem
Possuem uma
uma forma
forma geométrica
geométrica piramidal,
piramidal, com
com um
um
ápice,
ápice, três
três faces
faces verticais
verticais ou
ou lados
lados ee uma
uma face
face
horizontal
horizontalououbase;
base;

Na base de cada cartilagem aritenóidea


encontramos 3 ângulos: o processo vocal, o
processo muscular e o ângulo póstero-mediano.
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagens Aritenóides: Processo Vocal: o ângulo mais anterior e projetado
para dentro da laringe, sendo o ponto de fixação
posterior da prega vocal;

Processo Muscular: o ângulo póstero-lateral e


projeta-se para fora da laringe, é um local de
fixação de vários músculos, tais como o
cricoaritenóideo posterior (CAP) - abdutor
(abertura) da laringe e o cricoaritenóideo lateral
(CAL) - adutor (fechamento) da região anterior das
pregas vocais;

E o ângulo póstero-mediano que não recebe


nenhum nome;

PV PM
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagens Aritenóides:
O movimento cartilagíneo das aritenóides é
complexo, semelhante ao movimento que se
observa em um cavalinho ou uma cadeira de
balanço;

Ao se mover anteriormente, o processo vocal


descende o processo muscular se eleva;

Ao se mover posteriormente, o processo muscular


descende e o processo vocal se eleva;

Esses movimentos ântero-posterior e vertical é o


que dão a impressão do movimento de cadeira de
balanço;
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagens Aritenóides:
Quando a processo vocal aritenóides movem-se
anteriormente (para dentro) e inferiormente em
direção à linha mediana há a adução (fechamento
ADUÇÃO das pregas vocais);

Quando as aritenóides movem-se posteriormente


(para fora) e superiormente, tanto as aritenóides
como as pregas vocais movem-se lateralmente, em
abdução (abertura das pregas vocais).

ABDUÇÃO
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagens Corniculadas:

Apresentam forma de cone e localizam-se no ápice


das cartilagens aritenóides, as quais se ligam
através de uma junta sinovial as aritenóides,
podendo aparecer totalmente fundidas;

As cartilagens corniculadas atuam prolongando as


aritenóides para cima e para trás;
ANATOMIA LARÍNGEA:
Cartilagens Cuneiformes:

Tem forma de haste e estão mergulhadas nas


pregas ariepiglóticas, com provável
participação na constrição supraglótica
ântero-posterior (fechamento do ádito da
laringe pelo abaixamento da epiglote).
MUSCULATURA LARÍNGEA: Músculos Intrínsecos: aqueles que têm sua origem e inserção na laringe.

M. TIREOARITENÓIDEO - TA M. ARIEPIGL´ÓTICO - AE M. TIREOEPIGLÓTICO - TE M. CRICOTIREÓIDEO - CT


MUSCULATURA LARÍNGEA: Músculos Intrínsecos: aqueles que têm sua origem e inserção na laringe.

M. CRICOARITENÓIDEO M. CRICOARITENÓIDEO
M. ARITENÓIDEO TRANSVERSO M. ARITENÓIDEO OBLÍQUO
LATERAL - CAL POSTERIOR - CAP
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO TIREOARITENÓIDEO - TA

O TA é o músculo que compõe o corpo das


pregas vocais;

O TA aduz (aproxima), abaixa, encurta e espessa


as pregas vocais;

Essa ação diminui a distância entre as


cartilagens aritenóides e tireóidea, tornando um
feixe mais largo e reduzindo a frequência da voz
gerada (agravamento).
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO ARIEPIGLÓTICO - AE:

Esse músculo é uma continuação do feixe oblíquo


do músculo aritenóideo, inserindo-se abaixo da
epiglote;

A contração deste músculo abaixa a epiglote,


aproximando-a das aritenóides, promovendo o
fechamento do ádito laríngeo.
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO TIREOEPIGLÓTICO - TE:

O TE é um músculo par, pequeno, que se estende


da cartilagem tireóide a epiglote;

É responsável pelo retorno da epiglote à


posição inicial, depois da contração causada
pela ação do músculo AE;
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO CRICOTIREÓIDEO - CT
O CT é um músculo par, com ação adutora
secundária das PPVV;

O CT aduz na posição paramediana, abaixa, estira,


alonga e afina as PPVV, enrijecendo todas as
camadas e angulando a borda livre da prega vocal;

É responsável pela tensão longitudinal das pregas


vocais, fator importante no controle da frequência
vocal;

O CT é, portanto, o músculo do controle da


frequência da voz, e sua contração produz elevação
da frequência, ou seja, sons mais agudos.
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO ARITENÓIDEO TRANSVERSO E OBLÍQUO:
É um músculo único, também com ação adutora e
situa-se entre as duas cartilagens aritenóides;

Possui dois feixes, um que corre em direção horizontal


(transverso) e outro mais superior (oblíquo);

O feixe transverso aproxima das cartilagens


aritenóides, enquanto o feixe oblíquo estende-se da
base de uma cartilagem aritenóidea ao ápice da outra
cartilagem aritenóidea contralateral, inserindo-se nos
processos musculares bilateralmente;

Aproximação e adução das cartilagens aritenóides,


oferecendo compressão medial glótica para fechar a
glote posterior.
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO CRICOARITENÓIDEO LATERAL - CAL
O CAL é um músculo par, representando os
principais músculos adutores das pregas vocais;

O CAL aduz, abaixa e alonga as PPVV, afilando sua


borda livre, que fica mais angulada, deixando todas
as camadas da mucosa rígidas;

Tem origem na margem superior da cartilagem


cricóidea e inserção no processo muscular da
cartilagem aritenóidea;

O CAL aduz as PPVV anteriormente e para que


ocorra o fechamento da glote completo o músculo
aritenóideo aduz posteriormente;
MUSCULATURA LARÍNGEA:
MÚSCULO CRICOARITENÓIDEO POSTERIOR - CAP
O CAP é um músculo par e constitui-se no único músculo
abdutor das pregas vocais (afasta as PPVV), permitindo a
respiração, denominado como o músculo da vida;

O CAP abduz, eleva, alonga e afila as PPVV, mantendo


todas as camadas da mucosa rígidas, porém a borda
livre arredondada;

A contração desse músculo desloca o processo muscular


posteriormente, abduzindo as PPVV;

O CAP é ativado na respiração, mas também é ativado já


no final de uma emissão, a fim de abduzir rapidamente as
PPVV, permitindo a inspiração;
Musculatura Extrínseca: músculos inseridos nas
MUSCULATURA LARÍNGEA: cartilagens laríngeas, porém provenientes de
estruturas não-laríngeas;

Tais músculos não interferem de modo direto na fonação, mas suas ações
indiretas podem modificar a laringe, a ponto de constituírem um mecanismo
secundário no controle da frequência da voz;

A função básica dessa musculatura é manter a laringe no pescoço, sendo


crítica na manutenção da estabilidade laríngea, a fim que a musculatura
intrínseca possa trabalhar efetivamente;

Por meio da elevação ou do abaixamento da laringe no pescoço, altera-se o


ângulo entre as cartilagens e a tensão entre elas;

Os músculos extrínsecos se dividem em dois grupos: os supra-hióideos que


elevam a laringe no pescoço e os infra-hióideos abaixam a laringe.
FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL:

A fonação é uma função neurofisiológica inata,


porém, a voz se forma ao longo da vida, de
acordo com as características anatomo-
funcionais, os aspectos emocionais e da
história pessoal dos indivíduos;

A laringe produz a fonação enquanto o trato


vocal produz a voz;

A voz é a fonação acrescida de ressonância;

Do ponto de vista físico, a voz é o som


produzido pela vibração das pregas vocais,
modificado pelas cavidades situadas abaixo e
acima dela, ditas cavidades de ressonância.
MECANISMO DE VIBRAÇÃO GLÓTICA:

Cada ciclo glótico é formado por quatro etapas: fase


aberta, fase de fechamento, fase fechada e fase de
abertura;

O ciclo glótico inicia-se quando a pressão subglótica é


maior do que a resistência glótica e dá o inicio ao
processo vibratório;

A teoria mioelástica-aerodinâmica explica esse


processo: a vibração glótica é o resultado da interação
e do equilíbrio entre as forças aerodinâmicas e as forças
mioelásticas, principalmente da resistência glótica, ou
seja, da resistência dos músculos da laringe a passagem
do fluxo de ar;
MECANISMO DE VIBRAÇÃO GLÓTICA:

Fase aberta - fase de


fechamento - fase
fechada e fase de
abertura;

Expansão da abertura:
de trás para frente e de
baixo para cima.

Fechamento glótico: de
frente para trás e de
baixo para cima.
MECANISMO DE VIBRAÇÃO GLÓTICA:

As forças aerodinâmicas relacionam-se com o efeito de


Bernoulli, onde este princípio afirma que a medida que
ocorre um aumento da velocidade de um gás ou de um
líquido passado pelas paredes de um tubo flexível, ocorre
uma redução da pressão ao longo das paredes deste
tubo, o que aproxima essas paredes entre si;

Em outras palavras, à medida que o ar expirado dos


pulmões é expirado e se aproxima da laringe, as PPVV
são aduzidas. A adução das PPVV gera uma obstrução ao
ar expirado, de forma que ele fica preso abaixo das
PPVV dentro do espaço subglótico. Conforme o ar
expirado continua a crescer abaixo das PPVV, ele gera
certa quantidade de pressão contras as superfícies
inferiores das pregas vocais.
RESUMO DO PROCESSO DE FONAÇÃO:

A medida que o ar expirado sobe pela traquéia, os músculos CAL e o IA (dito como o
músculo aritenoideo com o feixe transverso e oblíquo) se contraem.

A contração dos músculos IA literalmente espreme as duas cartilagens aritenódeas,


as juntando. Em virtude das PPVV estarem ligadas ao processo vocal das cartilagens
aritenóideas, elas também são aduzidas (aproximam-se).

Simultaneamente à contração do IA é a contração do CAL. Essa contração causa a


rotação medial dos processos musculares das cartilagens aritenóideas, puxando
assim os ligamentos vocais para baixo e em direção a linha mediana

A ação final dos músculos adutores é trazer as cartilagens aritenóides para frente,
medialmente e para baixo, essa ação leva as pregas vocais a aduzirem.
OBRIGADA!

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