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PROJETO

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


INDUSTRIAIS

METALÚRGICA SALIENTE LTDA.


Rua Goitacaz, 295
São Leopoldo, RS
SUMÁRIO

1 – Introdução.

2 – Segregação e mistura de despejos :

2.1 – Etapas do processo,


2.2 – Tipos de despejos,
2.3 – Volumes descartados.

3 – Sistema de tratamento de efluentes:

3.1 – Considerações gerais,


3.2 – Fluxograma,
3.3 – Processo de tratamento de efluentes.

3.3.1 – Oxidação de Cianeto,


3.3.2 – Tratamento das águas.

3.4.1 – Tratamento de águas diversas,


3.5.1 – Tratamento do lodo,

4 – Produtos químicos utilizados.

5 – Planta da ETE.

6 – Instalação da ETE

_____________________________________
CLARA TEREZINHA MIGLIAVACCA
Eng. Química – CRQ 05301746
Resp. Técnica – Projeto

_____________________________________
JALBAS BENHUR GARCIA
T. Químico – CRQ 05402357
Resp. Técnico – Ativ. Química e oper. ETE
1 – INTRODUÇÂO:

A empresa METALÚRGICA SALIENTE LTDA, possui atualmente, um setor


de PRODUÇÂO com os seguintes processos:

- Tamboreamento ( polimento com água ).


- Ativação ácida ( ácido sulfúrico 2 % v/v ) ,
- Cobre alcalino,
- Níquel eletrolítico,
- Latão,
- Níquel preto,
- Ouro

Neste caso, produz efluentes líquidos, cujos principais poluentes são ;

CIANETO,
COBRE,
ZINC0,
NÍQUEL
ÁGUAS ÁCIDAS E ALCALINAS.
Por uma conscientização ecológica, e redução de custos, todas as peças banhadas
sofrerão uma lavagem primária ( a água resultante dessa lavagem não sera descartada. Será
armazenada, e posteriormente readicionada aos banhos ), e uma lavagem secundária que
será descartada.
Devido a extrema variação no formato das peças tratadas, torna-se impreciso
estipular medidas em A² às mesmas. Dificultando ainda mais esta medida, está a alta
rotatividade de modelos de peças variando de acordo com a época.

O volume de líquido descartado diariamente será em média 3.000 ( três mil )


litros por dia .
O tratamento é feito por bateladas a cada turno de trabalho. Os tanques serão
confeccionados para suportarem um volume 20 % maior de efluentes, visando operarem
com folga, e uma posterior ampliação da empresa.
2 – SEGREGAÇÃOE MISTURA DE DESPEJOS :

O processo de eletrodeposição gera efluentes tóxicos tais como: águas com


resíduos de Cianeto, alcalinas, ácidas e que contêm quantidades consideráveis de diversos
metais, entre eles ; Zn, Cu, Ni, etc., e que devem ser coletados separadamente para que não
ocorra desprendimento de gases tóxicos.

2.1 – etapas do processo de eletrodeposição :

1 – polimento ( tambores rotativos e vibradoras com água ),


2 – lavagem,
3 – ativação ( ácido sulfúrico 2 % v/v ),
4 – lavagem
5 – cobre alcalino,
6 – recuperador,
7 – lavagem,
8 – níquel,
9 – recuperador,
10 – lavagem
11 – níquel preto, ( quando for o caso )
12 – lavagem,
13 – ouro ( quando for o caso ),
14 – lavagem.

2.2 – Tipos de despejos :

a ) Despejos contendo Cianeto :


b ) Despejos contendo Cobre,
c ) Despejos contendo Zinco,
d ) Despejos contendo águas alcalinas,
e ) Despejos contendo Níquel,

- Gerados no banho de Cobre,


- Gerados no banho de latão,
- Gerados no banho de níquel preto,
- Gerados no banho de ouro.
Os despejos contendo Cianeto serão recolhidos e oxidados antes de sofrerem
precipitação.
b) Despejos contendo Níquel, Zinco e águas ácidas:

- Gerados nos banhos de Níquel ácido,


- Gerados nos banhos de ativação.

Os despejos contendo estes elementos serão tratados conjuntamente entre si. O


processo de tratamento será periódico e por bateladas porque é maior a eficiência adquirida
no tratamento descontínuo, no qual todo despejo, produzido num dado espaço de tempo, é
reunido em um tanque receptor e devidamente tratado.

3 – SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES :

3.1 –Considerações gerais :

No processo industrial podemos dividir os banhos em três tipos :

- Os de vida infinita,
- Os de vida finita,
- As águas de lavagem.

OS DE VIDA INFINITA : Cobre, Latão, Níquel e ouro.


Esses banhos nunca são descartados, sofrendo
apenas reposição ao longo do tempo.
Obs. : esses banhos possuem lavagem primária
e a água resultante é readicionada ao banho

OS DE VIDA FINITA : decapagem, ativação e níquel preto.


São periodicamente descartados, e juntamente com
as águas de lavagem, são a principal fonte de
efluentes para o tratamento.

AS ÁGUAS DE LAVAGEM : são elas a principal fonte de efluentes, às quais


arrastam quantidades consideráveis dos dife-
rentes tipos de banhos.

Assim os principais poluentes do efluente são : Cianeto, Zinco, Cobre, Níquel,


águas alcalinas e ácidas e material particulado.

Obs. : As peças à receberem camadas de banho são confeccionadas em zamac e


ou aço. A quantidade de ouro contida no efluente é praticamente zero, devido aos cuidados
com o mesmo e ao seu baixo volume ( 100 l ).
3.3 - PROCESSO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES :

As águas descartadas diariamente contêm alem de H + e OH -, Ni, Cu, Zn,


CIANETO.

3.3.1 – Oxidação do cianeto:

Para fins práticos podemos considerar a oxidação de Cianeto como sendo uma
reação em três etapas.
Na primeira etapa, o efluente contendo cianeto será recolhido em um depósito
separado, terá seu pH corrigido para 11 + ou – 1, recebendo em seguida a adição de
Hipoclorito de Sódio onde se reduzirá a CIANATO ante a quebra da cadeia cianídrica.
A reação que ocorre é a seguinte :

2 NaCN + 2 Cl 2 = 2 CnCl + 2 NaCl

2 CNCl + 4NaOH = 2 NaCNO + 2 NaCl + 2 H20

2 NaCN + 4 NaOH + 2 Cl2 == 2 NaCNO + 4 NaCl + 2H2O

Nunca se deve permitir que o pH caia abaixo de 9,5, para evitar a formação de
gases de Cloreto de Cianogênio ou mesmo de Ácido Cianídrico, gases altamente
TÓXICOS E LETAIS.
Obs. : haverá adição de Hipoclorito de Sódio em excesso para oxidar o
CIANATO ( NaCNO ) e formar Nitrogênio e Gás Carbônico.

2NaCNO + 5 Cl2 + 10 NaOH == 2 NaHCO3 + N2 + 10 NaCl + 4 H2O

Esta reação é necessária para evitar que soluções concentradas e em meio ácido,
o cianato ( pouco tóxico ) forme com a água, combinações amoniacais ( altamente tóxicas ).
Toda adição será feita sob forte agitação por 30 minutos, após terá repouso de
10 min. para que a reação de quebra do Cianeto se complete.
O cálculo de Hipoclorito de Sódio à ser usado é o seguinte :

Litros de NaClO = g/l CN- x 37,25 x litros de efluente.


3.3.2 – Tratamento das águas :

Após quebrada a molécula cianídrica, o efluente sofrerá o seguinte tratamento


de floculação e precipitação:

- Ligue a agitação,
- Verifique o pH, ( papel indicador universal 0 – 14 )
- O pH deve estar dentro da faixa de 10 a 12, de preferência em torno de 11.
Caso esteja acima de 13 baixar com Acido sulfúrico diluído à 10 %. Obs. –
não usar ácido concentrado sob risco de grave acidente. Caso esteja abaixo,
aumentar com solução de Soda Cáustica diluída. Obs. – não usar soda em
escamas sob risco de entupimento da tubulação.
ATENÇÃO : USAR MÁSCARA CONTRA VAPORES VENENOSOS
SEMPRE QUE EXECUTAR ESSA ETAPA, SOB RICO DE
INTOXICAÇÃO GRAVE. JAMAIS BAIXAR O PH ABAIXO DE 10.
FAZER A ADIÇÃO DE ÁCIDO LENTAMENTE, COM MEDIÇÃO
CONSTANTE E SOB FORTE AGITAÇÃO.
- Adicionar Hipoclorito de Sódio na quantidade necessária ( indicador Merk
de cianeto ),
- Deixar agitar por meia hora,
- Fazer teste de presença de cianeto ( Kit teste Merk )
- Caso indique a presença de cianeto, adicionar mais Hipoclorito, e assim
sucessivamente até que não seja mais indicada a presença de Cianeto
- Adicionar solução de ácido sulfurico 10 % até pH 8, em seguida adicionar
solução de Polissulfato de Alumínio, até pH 4, sob agitação.
- Adicionar o corretor de pH ( pó cinza ) até pH em torno de 8, sob agitação,
- Adicionar o polímero aglutinador – floculante na medida do necessário até a
formação de flocos grandes e pesados,
- Manter a agitação por 3 minutos,
- Confirmar o pH em torno de 7 a 8,5. Se estiver acima usar Polissulfato de
Alumínio, se estiver abaixo usar pó corretor até pH 7.
- Desligar a agitação e deixar decantar por no mínimo 3 horas.
- Descartar o sobrenadante para a rede pública e o lodo para o leito de
secagem.

Aconselhamos antes de efetuar o tratamento, e com o objetivo de economizar


tempo e produtos, que se faça um pré tratamento do efluente em um copo de Becker 2 l, da
seguinte forma.

- colete um litro do efluente


- verifique o pH,
- faça todo tratamento marcando rigorosamente os volumes de produtos
gasto,
- multiplique esses volumes pelo volume útil do cilindro e saberá com
bastante precisão quanto de cada produto deverá ser usado.
Ex. : se foram gastos 10 ml de um produto X, e o volume do cilindro é de
1.000 l, então :

10 ml X 1.000 l = 10.000 ml

1 l = 1.000 ml então 10.000 ml = 10 l

OBS : TESTES POSTERIORES AO PRIMEIRO TRATAMENTO


INDICARÃO A NECESSIDADE OU NÃO DA INSTALAÇÃO DE AERADORES E
FILTRO DE CARVÃO ATIVADO.

3.4.1 – Tratamento das águas de Níquel e diversas :

Todas as águas que não contenham Cianeto serão juntadas em um tanque único
a fim de fazerem neutralização mutua. O processo de tratamento será o seguinte :

- Junte todos os efluentes num tanque,


- Ligue a agitação,
- Ajuste o pH para 8. Se estiver acima, baixe com solução de ácido sulfúrico
a 10 %, se estiver abaixo aumentar com solução de Soda Cáustica.
- Baixe o pH para 4 com Polissulfato de Alumínio,
- Aumente o pH com pó corretor ( pó cinza ) para 8,
- Adicione o polieletrólito até a formação de flocos grandes e pesados,
- Deixe agitar moderadamente por 3 minutos,
- Desligue a agitação e deixe repousar por no mínimo 3 horas,
- Descarte o líquido sobrenadante para a rede pública e o lodo para o leito de
secagem.

3.5.1 – Tratamento do lodo :

O lodo formado pela precipitação dos contaminantes e pêlos agentes de


precipitação no cilindro de tratamento, segue por gravidade para o leito de secagem. O
líquido resultante da desidratação será recolhido e devolvido para o tanque de águas
diversas.

- Transferir por gravidade o lodo até o leito de secagem,


- Deixar em repouso sobre filtro de areia, até que ocorra desidratação do
mesmo,
- Quando seco, recolher em tambores lacrados revestidos com filme plástico
e depositá-los em local apropriado a espera de destinação final.
4 – PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS :

a ) na produção :

- Sulfato de Níquel,
- Cloreto de Níquel,
- Ácido Bórico,
- Cianeto de Sódio,
- Cianeto de Zinco,
- Cianeto de Cobre,
- Ácido Sulfúrico,
- Soda Cáustica,
- Sais alcalinos de ouro
- Sais alcalinos de Níquel
- Ânodos de Níquel,
- Ânodos de Cobre,
- Aditivos para banhos de níquel.

b ) no tratamento de efluentes :

- Ácido sulfúrico ,
- Soda cáustica ,
- Hipoclorito de sódio
- Polissulfato de Alumínio,
- Polímero aglutinante,
- Pó corretor de pH, ___________________________
- Kit indicador de cianeto ( Merk ), Clara Terezinha Migliavacca
- Papel indicador de pH. Eng. Química – CRQ 05301746
INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO – ETE

A área destinada a instalação da ETE, é de : 20 m²

Os tanques pulmão ( pré depósito de águas ), poderá ser feito em alvenaria com
reboco impermeabilizado, ou em PP ( polipropileno cinza ) e terá volume útil de 1.000 l.
aproximadamente.

O tanque de tratamento ( cilindro de floculação e precipitação ),poderá ser


confeccionado em PP ( polipropileno cinza ) com 6 mm de expessura ou em fibra com
expessura indicada pelo fabricante para suportar o volume requerido. O tanque deve ter a
forma cônico-cilíndrico e um volume útil de 2,200 l ( volume total ).
Obs. : indicamos a fabricação em PP.

A área da ETE será coberta com telhas de fibroamianto, aço zincado ou similar,
e terá piso em concreto impermeabilizado, com expessura de 200 mm.

O leito de secagem do lodo será construído com tijolos maciços, rebocados e


impermeabilizado internamente com manta asfaltica ou resina impermeabilizante.

A instalação hidráulica será feita com canos de PVC rígido apropriados cujos
diâmetros variam de 25 a 100 mm ( ver desenhos anexo ).

A agitação no tanque de tratamento poderá ser feita por meio de hélice


( mecânica ), ou a ar comprimido.

A bomba de sucção será confeccionada com material inerte a corrosão ( PP ou


PVC ), com capacidade de bombeamento de 7.000 l/h, acopladas a motor de 1 cv, de alta
rotação.

TODA ÁREA AO REDOR DO CILINDRO DE TRATAMENTO SERÁ


CERCADA POR UMA PISCINA DE CONTENÇÃO CAPAZ DE SUPORTAR EM
CASO DE ACIDENTE ( ROMPIMENTO DE CANOS OU OUTROS ) UM
VOLUME DE 5.000 l , OU SEJA 1,2 VEZES O VOLUME DO LÍQUIDO CONTIDO
NOS CILINDROS.

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