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Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 05 – COMO LER AS ESCRITURAS - 1º TRIMESTRE 2022
(At 8.26-30)
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição das palavras hermenêutica, exegese e eisegese; estudaremos os métodos de interpretação
na leitura da Bíblia; pontuaremos como devemos ler as Escrituras; e por fim, citaremos porque devemos ler a Bíblia.

I - DEFINIÇÃO DE HERMENEUTICA, EXEGESE E EISEGESE

1.1 Definição de hermenêutica. Hermenêutica é a ciência da interpretação; é a doutrina ou ciência cujo objetivo se caracteriza na
interpretação ou compreensão dos textos de teor religioso ou filosófico. Ela reúne os princípios, as regras e os métodos de
interpretação para que uma pessoa possa compreender corretamente o sentido e o significado de um texto. Podemos defini-la como
a ciência que nos ensina os princípios, as leis e os métodos de interpretação. A hermenêutica bíblica, é o processo de interpretação
do texto da Escritura. A palavra hermenêutica vem do termo grego “hermeneutike” que, por sua vez, deriva do verbo grego
“hermeneuo” e transmite o significado de: “elucidar; explicar; interpretar; traduzir”. Platão foi o primeiro a usar
“hermeneutike” de maneira técnica.

1.2 Definição de exegese. A palavra de exegese transmite a ideia de: “expor um ensino; descrever ou relatar detalhadamente”.
No grego, a palavra exegese possui o sentido de “conduzir para fora”. Exegese é uma análise, interpretação ou explicação
detalhada e cuidadosa de uma obra, um texto, uma palavra ou expressão. Etimologicamente, este termo significa: “interpretação;
exposição; explicação”. Então a exegese bíblica é o processo de expor a mensagem do texto bíblico; de “extrair ou conduzir para
fora” a informação expressa na revelação divina dentro da Escritura (Ne 8.8). Por conseguinte, a exegese vem de “dentro da Bíblia
para fora” e nunca ao contrário (BENTHO, 2005, p. 69). A exegese é por assim dizer, a irmã gêmea da hermenêutica.

1.3 Definição de eisegese. Enquanto a exegese “tira para fora” o que já está no texto da Bíblia, a eisegese “coloca para dentro”
o que não está nas Escrituras. Eisegese é o método que consiste em “injetar no texto um significado estranho ao sentido do autor”.
A interpretação peculiar, subjetiva e tendenciosa de um texto bíblico vem de “fora para dentro”. A eisegese, portanto, é o inverso
da exegese. Trata-se de uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagradas as crenças, ideias e práticas particulares
do intérprete. A eisegese é uma prática utilizada pelo próprio diabo (Gn 2.16,17; 3.1; Sl 91.11 ver Mt 4.5,6) (BENTHO, 2005, p.
69).

II - MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO NA LEITURA DA BÍBLIA

2.1 Interpretação alegórica. Literalmente alegoria é: “dizer uma coisa que significa outra”. Como figura literária, a alegoria é
um recurso válido e útil; porém, como sistema de interpretação, mutila os textos bíblicos (BENTHO, 2005, p. 124). O grande
problema de usar alegorias como método de interpretação bíblica é que ele não leva em consideração a intenção do autor original.
A intenção do autor perde-se de vista e o intérprete introduz no texto as suas próprias palavras e percepções. Geralmente o intérprete
alegórico é especulativo e extravagante. Na ânsia de encontrar o sentido espiritual em cada sentença da Escritura, ele perde de vista
o contexto histórico e sangra o propósito tencionado pelo autor original, e assim a Bíblia passa a ser interpretada, não pela própria
Bíblia, mas pela mente fantasiosa do intérprete. O reformador Lutero chamou a interpretação alegórica de: “sujeira; escória e
trapos obsoletos” e advertiu sobre a atração sedutora de espiritualizar o texto bíblico: “Uma alegoria é como uma bela meretriz
que acaricia os homens de uma forma impossível de não amá-la” (LAWSON, 2010, p. 62). Assim como Lutero, um outro
reformador considerava a interpretação alegórica como: “artimanha de Satanás para obscurecer o sentido da Escritura”. Ele
afirmava que: “sacra Scriptura sui interpres” ou seja, “a própria Escritura interpreta a Escritura” (LAWSON, 2015, p. 71).

2.2 Interpretação figurada. A linguagem figurada ou sentido figurado consiste em uma ferramenta de comunicação, que utiliza
figuras de linguagem para expressar um sentido não literal de um determinado enunciado. A linguagem figurada é usada para dar
mais expressividade ao discurso, para tornar mais amplo o significado de uma palavra. Além disso, também serve para criar
significados diferentes ou quando o interlocutor não encontra um termo adequado para o que deseja comunicar. Um texto pode ser
interpretado figurativamente quando ele tem o sentido figurado (Mt 12 40; Gl 4.24); ou quando a interpretação literal for inviável
(Ap 13.1-3).

2.3 Interpretação simbólica. Esse método é usado quando se trata de objetos inanimados, que aparecem paralelamente a fim de
esclarecer o assunto. Nos capítulos 2 e 7 do livro de Daniel há este tipo de interpretação. No livro do Apocalipse aparecem muitos
símbolos que representam literalmente coisas concretas. Jesus explicou que as sete estrelas em sua mão direita representam “os
anjos [mensageiros] das sete igrejas” (Ap 1.20) e que os sete candeeiros representam “as sete igrejas da Ásia” (Ap 1.20). As taças
de incenso representam “as orações dos santos” (Ap 5.8) e as águas simbolizam “povos, multidões, nações e línguas” (Ap
17.1,15).

2.4 Interpretação literal. Com a Reforma Protestante no século XVI, a importância do sentido literal do texto bíblico é resgatada
e o “misticismo hermenêutico”, deixado de lado. Os reformadores protestaram contra o método alegórico e enfatizaram que o
sentido literal, a intenção do autor, o sentido original de cada passagem das Escrituras, são o guia seguro para entender a Palavra
de Deus. Esse é o método que se preocupa em dar um sentido literal às palavras, interpretando-as conforme o significado original.
Um bom intérprete da Bíblia deve considerar em sua exegese as condições históricas, a gramática e o contexto (método histórico-
gramatical). Há passagens que não podem ser interpretadas literalmente por seu conteúdo, porque outras razões óbvias fazem-nas
exigir uma interpretação figurada ou simbólica. Quando a Bíblia menciona os olhos, os braços ou as asas de Deus (Sl 34.15; Is
51.9; Sl 91.4), isso não deve ser interpretado literalmente porque Deus não possui características físicas – Ele é Espírito (Jo 4.24).

III - COMO DEVEMOS LER A BÍBLIA

3.1 Devemos ler a Bíblia conhecendo o seu Autor (2Tm 3.16). Apesar de ter sido escrita por aproximadamente 40 escritores, a
Bíblia possui um único autor: Deus. Ao lermos a Bíblia devemos entender que os escritores foram apenas os instrumentos de Deus
para nos transmitir a Sua palavra. A Bíblia não nos transmite apenas as palavras de Moisés, Davi e Paulo, e sim, as palavras de
Deus por intermédio dos escritores. O apóstolo Paulo diz que toda Escritura é inspirada por Deus (2Tm 3.16) e o apóstolo Pedro
diz que os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (2Pd 1.20,21).

3.2 Devemos ler a Bíblia diariamente (Dt 17.19). O Senhor disse, por intermédio de Moisés, que os reis de Israel deveriam ler o
Livro da Lei diariamente (Dt 17.18,20). Lamentavelmente, muitos cristãos não encontram tempo para ler a Bíblia, mas passam
horas a fio diante do computador, da TV, e outros tipos de entretenimento como a internet.

3.3 Devemos ler a Bíblia meditando (Sl 1.1-3; Js 1.8). O cristão deve ler a Bíblia meditando, isto é, pensando, refletindo,
analisando, como fez Davi (SI 119.15,16) e Daniel (Dn 9.2-4). A meditação aprofunda o sentido. O Senhor disse a Josué que
meditasse no Livro da Lei de dia e de noite (Js 1.8); e o salmista disse: “Bem-aventurado é o varão… que tem o seu prazer na Lei
do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite…” (Sl 1.1-3).

3.4 Devemos ler a Bíblia inteira. Muitos cristãos contentam-se em ler apenas pequenos trechos da Bíblia e outros apenas leem os
textos da caixinha de promessa. No entanto, devermos lembrar que a Bíblia não contém apenas promessas, mas também,
mandamentos, ordenanças, advertências, ensino etc. Todo conteúdo das Escrituras é de suma importância para nós. Por isso,
devemos lê-la do princípio ao fim (Rm 15.4).

IV - POR QUE DEVEMOS LER A BÍBLIA

4.1 Porque a Bíblia é o manual do crente (2Tm 2.15; 3.16). Ela é o livro-texto do cristão. Ela nos ensina como devemos amar,
temer e obedecer a Deus (Dt 17.18,19; Ec 12.13; Lc 10.27); como devemos amar ao próximo (Mc 12.33; Lc 10.27-37); bem como
nos ensina a viver neste mundo (Mt 5.13-16; 1Co 10.32). Por isso, devemos ler a Bíblia para ser sábio; crer na Bíblia para ser salvo
e praticar a Bíblia para ser santo (1Tm 4.16; 2Tm 3.15).

4.2 Porque a Bíblia alimenta nossas almas (Mt 4.4; Jr 15.16; 1Pd 2.2). Sem dúvidas, a leitura da Palavra de Deus produz nutrição
e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à vida espiritual como o alimento é para o corpo. Por isso, ela é comparada ao
alimento. O texto de l Pedro 2.2, fala do intenso apetite do recém-nascido: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente
nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”. Assim deve ser o nosso apetite pela Palavra de Deus.

4.3 Porque a Bíblia é a espada do Espírito (Ef 6.17; Hb 4.12). Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo fala sobre a armadura
de Deus (Ef 6.10-17), onde ele descreve diversas peças da armadura, que servem para defesa, tais como: capacete, couraça, escudo,
etc. A Palavra de Deus, que é chamada de “espada do Espírito”, é a única arma de ataque nessa descrição: “Tomai também o
capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17). O escritor aos Hebreus também compara a
Bíblia a uma espada (Hb 4.12). Foi com esta arma que Jesus venceu a tentação (Mt 4.1-11).

4.4 Porque a Bíblia é um livro diferente dos demais livros (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21). Desde a invenção da escrita e da imprensa,
milhares de livros já foram escritos no mundo. Muitos deles se tornaram conhecidos no mundo, marcaram a história e até se
tornaram best-seller, ou seja, mais vendidos. Mas, nenhum deles pode ser comparado à Bíblia. Isto por quê: Somente a Bíblia é
inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21); somente a Bíblia é viva, eficaz e infalível (Hb 4.12; Is 55.10,11; Is 40.8; 1Pd 1.24,25).

CONCLUSÃO
A Bíblia deve ser lida e interpretada. Nesse mister, somos auxiliados pela exegese e pela hermenêutica. Contudo, nenhuma
das técnicas de interpretação estão acima da autoridade da Palavra de Deus. O que a igreja crê e professa deve ser interpretado à
luz da própria Escritura.

REFERÊNCIAS

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


• BENTHO, E. C. Hermenêutica fácil e descomplicada. CPAD.
• LAWSON, Steven. A heroica ousadia de Martinho Lutero. FIEL.
• LAWSON, Steven. A arte expositiva de João Calvino. FIEL.
• COELHO, Alexandre. Lições CPAD Jovens. 2018. 4º Trimestre. CPAD.

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