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Marcelo Augusto Silva Almeida

Rio de Janeiro
2020
RESUMO
Este estudo intenta analisar a importância da representatividade e desconstrução acerca
de estereótipos de personagens negros buscando novas narrativas, a partir de uma
análise de uma história em quadrinhos do personagem Super Choque na linha editorial
de revista, da editora estadunidense DC Comics, “Os novos 52”, pautando-se no
segundo volume da sequência.
Junto a isto, debruça-se no caráter pedagógico que histórias em quadrinhos possuem,
compreendendo a relevância de materiais como o objeto de estudo na construção do
imaginário de crianças negras e não negras, durante etapas determinantes do
desenvolvimento de seres sociais.
Dessa forma, o artigo compreende ponderações a respeito do histórico de personagens
negros presentes nos quadrinhos, sobre o contexto sócio-histórico do personagem em
questão, a representatividade e relevância em torno desse tipo de produto tratando direta
ou indiretamente temáticas raciais.

Contexto histórico de personagens negros em quadrinhos:


À priori, se faz necessário um levantamento em torno do papel atribuído ao
negros em histórias em quadrinhos. Embora a presença de personagens negros em
histórias em quadrinhos não tenha demorado para se concretizar, as representações
sempre se davam de forma muito limitada, sempre enquanto coadjuvantes e/ou alvo de
alívio cômico fundamentado em menosprezo.
O racismo dentro desse espaço dos quadrinhos, se configurava majoritariamente
em propagação de figuras extremamente estereotipadas designada a parcela
marginalizada da sociedade. A exemplo disso, pode-se citar Voodoo Hoodoo (1989) da
Disney, com um retrato infeliz, errônea e caricata de nativos africanos, em destaque o
personagem “Bombie The Zombie”.

Super-heróis negros em quadrinhos:


Direcionando o eixo dessa análise para super-heróis negros em quadrinhos, a situação
da ausência de representatividade continua. Embora personagens negros se façam
presentes, estes não ocupam a centralidade de enredos, e tampouco são bem retratados
dentro dos papéis limitados disponíveis. Não seria uma coincidência observar o
desenvolvimento vilões a partir do estereótipo de negros como pessoas brutas, sem
muita capacidade intelectual.
Exemplificando a falta de destaque dentro desse meio, o personagem Whitewash
(1941), pela revista Young, utilizando a mesma estética já abordada anteriormente, se
debruça na caricatura de traços negroides. Junto a isto, a função do personagem se
baseava apenas em ser o amigo do grupo de super-heróis mirins, a equipe Young Allies,
que o salvavam quando estava em apuros. Enquanto seu verdadeiro nome era
Washington Jones, um termo controverso e racista é utilizado como vocativo, que tem
por definição “pessoas negras que não agem como negras”.

Imagem 1: “Whitewash” fazendo perguntas intelectualmente fracas.

Movimentos sociais, mudanças de narrativas e caráter educativo dos quadrinhos:


Essa panorama passa a ter mudanças significativas conforme movimentos como
Black Power, Nação do Islã e Partido Pantera Negra começam a cumprir um papel
relevante na história norte-americana. A presença de simpatizantes dentro do universo
dos quadrinhos foi uma forte influência na Marvel Comics, que iniciou uma revolução
para com a ideia em torno do que se considera um super-herói. Assim, tem-se o
surgimento do Pantera Negra (1966), primeiro super-herói negro e junto a isso, a DC
Comics também dá um passo significativo com Vykin (1971).

“A imagem deve ser vista como parte integrante do processo de significação,


pois ela auxilia o aluno a compreender o texto, pois a criança não lê apenas as
palavras em um livro, mas “lê”, ou atribui sentido, também considerando as
ilustrações, bem como o contexto social em que a leitura se dá.” (Frizzo e
Bernardi, 2001).
Visto que os quadrinhos são um meio de comunicação que atrai fortemente a
faixa etária infantil, promovendo interpretações e conhecimento de diversas coisas,
torna-se necessário um entendimento do papel social das histórias em quadrinhos. O
caráter didático das histórias tem o dever de implementar conhecimentos fundamentais
para a formação de seres sociais, partindo do princípio de que as imagens possuem um
poder na construção de diversas ideias, fomentando o imaginário principalmente de
crianças (e em específico negras, que também fazem parte do público de quadrinhos e
merecem se sentir representadas e bem vistas).
As histórias em quadrinhos possuem um papel fundamental dentro de suas
produções de acordo com seus contextos sócio-históricos, tendo a oportunidade de
retratar problemas do mundo real, promovendo desde cedo um senso crítico podendo
influenciar as interações sociais. Dessa forma, os autores assumem uma nova
responsabilidade na escolha de representações sociais visando possíveis mudanças no
mundo fora dessa linguagem híbrida com um papel tão forte. Esta ideia torna-se
compreensível como fragmento de Moscovici (2007, p. 40) com considerações
plausíveis em torno dessa temática:
[...] o que é importante é a natureza da mudança, através da qual as
representações sociais se tornam capazes de influenciar o comportamento
do indivíduo participante de uma coletividade. É dessa maneira que elas
são criadas, internamente, mentalmente, pois é dessa maneira que o
próprio processo coletivo penetra, como fator determinante, dentro do
pensamento individual. Tais representações aparecem, pois, para nós,
quase como que objetos materiais, pois eles são o produto de nossas ações
e comunicações (MOSCOVICI, 2007, p. 40).

Diante disso, é preciso repensar as histórias em quadrinhos com super-heróis


contextualizando-as nos momentos em que são desenvolvidas. Não se trata apenas de
uma um derivado da cultura pop construindo ícones em termos de cultura e
entretenimento. Para além desse âmbito, exercem a função de introduzir e tratar de
questões vividas no cotidiano das pessoas.
Partindo desse ponto, conclui-se que as HQs podem e devem ser uma ferramenta
fundamental na desconstrução de modelos hegemônicos e na construção de novas
narrativas promovendo novos caminhos para as gerações atuais e futuras, ao passo que
os meios de massa não são apenas formas distração, e sim “dispositivos que
proporcionam apoios imaginários à vida prática e pontos de apoio prático à vida
imaginária” (MARTÍN-BARBERO, 2008: 90)
Levando isso em consideração, pode-se compreender sua aplicabilidade na
imersão de leitores a questões de direitos civis de pessoas negras e o seu
reconhecimento, importância enquanto seres sociais, tornando necessária a presença em
quadrinhos, ocupando até papéis centrais.
Conforme Reblin discorre sobre esse universo criativo, entende-se que super-
heróis funcionam como um espelho do interior do público legente: “O super-herói nasce
primeiramente na mente do ser humano, em seus anseios e desejos de transcender suas
próprias barreiras, seus próprios limites, em superar seus problemas existenciais, físicos
e imediatos”.
Dessa forma, a relevância de personagens como Pantera Negra a Super Choque
– objeto de análise desse estudo, agrega não apenas uma visão de superação individual
frente a atitudes de cunho racista, mas também de uma disseminação do discurso
referente a igualdade racial conforme os movimentos que emergiam na luta pelos
direitos civis.

Surgimento de Super Choque: Criação do personagem e seu contexto sócio-histórico:

Super Choque é um personagem criado na década de noventa, que apesar de ter


assumido um maior protagonismo e alcançado sua visibilidade quando incorporou o
formato de Ssérie animada para televisão, sete anos antes desse ponto crucial foi
desenvolvido pela Milestone Media, grupo composto por quatro artistas e roteiristas
negros, já buscando desde a etapa de criação algo igualitário e inclusivo no que se refere
tanto a ocupação de negros dentro do meio artístico e do entretenimento, quanto na
diversidade de heróis.
O projeto que dentro de alguns anos saiu do papel e fechou parceria com a DC
Comics, tem por objetivo retratar dilemas comuns a super-heróis, tendo enquanto
personagem um menino negro comum e desajeitado de 15 anos. No entanto, o contexto
no qual este está inserido faz toda a diferença na forma como entende e consome este
produto tão importante no âmbito sociocultural.
Para entender com profundidade a importância na existência dessa história se faz
necessário compreender algumas questões em torno do enredo. Apesar de ser
reconhecido pelo alter-ego “Super Choque” (“Static Shock”, orginalmente em inglês), a
parte desta persona assumida nos seus afazeres de super-herói, seu nome verdadeiro é
Virgil Hawkins, fazendo uma referência à Virgil Ovid Hawkins, o primeiro afro-
americano a ingressar numa faculdade de direito.
O processo que atribui superpoderes a Hawkins também levanta informações
relevantes para com o que é tratado no desenvolvimento de suas histórias, de acordo
com a sua ambientação e exerce um paralelo com acontecimentos que infelizmente
ainda são comuns do mundo real da contemporaneidade, em específico com a
comunidade negra. Procurando se vingar de um menino que praticava bullying com ele
na escola, Virgil vai procurá-lo no local onde acontecia uma briga de gangues.
Com uma intervenção da polícia por meio da utilização de um tipo de gás
lacrimogênico para “combater os arruaceiros”, conforme pautado pelo desenvolvedor,
algumas mutações acontecerem sobre as pessoas que foram atingidas. A partir disso,
Virgil desenvolve seus poderes como por exemplo gerar, manipular, controlar a
eletricidade, criação de bloqueios magnéticos em seu cérebro para que não consigam ler
seus pensamentos e se recuperar de ferimentos com absorção de energia cinética
elétrica.
Além disso, consegue ser um planejador incrível, desenvolvendo estratégias
ótimas com sua alta inteligência, fato que será abordado em análise de alguns
fragmentos bastante simbólicos.

Super Choque #2 (Alguem pode escapar... de Virule e a Gangue Slate?!)

A sequência de “Super Choque e Os novos 52” traz a experiência de Virgil


morando em Nova York, nova localidade dele e de sua família que acabaram de se
mudar Dakota. Essa nova etapa de sua vida, o trará desafios a partir da entrada em um
novo colégio e seu estágio na Star Labs. Dentro de sua persona “Super Choque”, ele
possui um uniforme e conta com um esconderijo secreto, e está a serviço do que lhe será
passado: enfrentar os vilões da nova área.
No segundo volume dessa sequência, a qual essa análise se debruçará, Super
Choque é atingido no seu braço, porém ao invés de se separado do resto de seu corpo,
com seus poderes ele consegue agrupar as partes que foram afetadas. Durante esse
momento de tensão, ele absorve eletricidade presente no local, conseguindo inclusive
impossibilitar a arma de Virule de serem utilizadas. Feito isso, Virgil apoiando-se em
um blefe, consegue afrontar seu inimigo, fazendo-o desistir da missão.
A gangue Slate que está a parte de todo o acontecimento, após receber muitas
críticas, fica atarefada de conseguir assassinar o adolescente com poderes
eletromagnéticos na próxima ocasião. Em seu “Quartel General”, Super Choque recebe
um diagnóstico a respeito da pequena fratura que teve, apesar de esta se recuperando
rápido.
Em casa, sua irmã e sua clone têm o mesmo sonho durante a noite, causando um
certo desconforto e dúvida na família. Na sua nova escola, Virgil aparenta estar se
enturmando e adaptando facilmente, chamando atenção até de meninas nos corredores.
A história desse segmento se encerra com um novo confronto entre o adolescente e a
gangue Slate, que o tenta atingir exatamente no membro que estaria ferido. O último
quadrinho cria uma certa tensão e vontade no leitor deixando uma cena bastante gráfica
de Virule pressionando e ameaçando a vida de Super Choque, com um “A seguir:
Reviravolta!”.

Contextualização:

Nesta parte, serão feitas algumas considerações em torno de momentos que


chamaram atenção na construção da narrativa do Super Herói em questão, que dialogam
diretamente com a importância do seu papel social.
Apenas o fato de leitores terem a oportunidade de ser ver, apesar de ser uma
produção ficcional já é algo a ser considerado relativo a ocupações de espaços e de
identificação. Um simples fato que pode justificar a necessidade de todo o debate que
vem ocorrendo e felizmente tendo bons resultados, seria a possibilidades de fantasias e
derivados ofertados para crianças negras, que há muito tempo não possuíam tanta
diversidade de maneira positiva quanto crianças brancas.
Ademais, outro ponto a ser valorizado no HQ de Super Choque é desconstrução
de estereótipos. Este seria um conjunto de crenças relativas a um grupo, reduzindo-o e
limitando-o a um papel específico, tendo a capacidade de ser positivo ou negativo. Isto
tem o potencial de acabar alimentando o imaginário da sociedade erroneamente,
inclusive de pessoas negras propriamente ditas, fomentando diversos problemas desde
cedo como a baixa autoestima dessa parcela da sociedade, a ausência de identificação
com o mundo que lhe é apresentado no que tange a possibilidades em diferentes âmbitos
da vida, do pessoal ao profissional. Nesse sentido, urge o debate acerca da identidade,
principalmente no início da sua construção. Esta não se torna responsabilidade única e
exclusiva do indivíduo, visto que sua criação se dá em conjunto com a forma que é visto
pelos outros também. Conforme Gomes (1998, p.21), a identidade:
...só pode ser usada no plano do discurso e aparece como um recurso para a criação de
um nós coletivo – nós índios, nós mulheres, nós negros, nós homossexuais, nós
professores. De acordo com a autora, esse nós se refere a uma identidade (igualdade)
que, na realidade, não pode ser verificada de maneira efetiva, mas torna-se um recurso
indispensável ao nosso sistema de representações. Indispensável porque é a partir da
descoberta, reafirmação ou criação cultural de suas semelhanças que um grupo social
qualquer terá condições de reivindicar para si um espaço social e político de atuação
em uma situação de confronto.

O “se ver” enquanto capaz de ocupar lugares que se deseja, fazer o que se pode
e tem vontade, sem consumir representações deturpadas de si ou tentar se adequar a
algo distante de si, atendendo um ideal embranquecido é um dos melhores frutos que a
história de Virgil carrega.

“A violência racista do branco é exercida, antes de tudo, pela impiedosa


tendência a destruir a identidade do sujeito negro. Este, através da
internalização forçada e brutal dos valores e ideais do branco é obrigado a
adotar para si modelos incompatíveis com seu próprio corpo – o fetiche do
branco, da brancura.” (VERGNE et al. 2015, p 526)

Em primeiro momento, logo no quadrinho inicial do segmento, Virgil Hawkins a


procura do atirador se porta de maneira confortável consigo mesmo, sabendo do seu
potencial de resolver problemas que lhe foram encaminhados. Isto pode ser diretamente
conectado com a discussão acima a respeito de um personagem negro não só apresentar
capacidade, e ser digno de realizar tarefas complexas, mas também ter consciência
disso.
Além disso, o personagem possui total protagonismo e confiança de suas ações,
não estando a serviço de um personagem branco para ganhar espaço dentro de as
história, indo em oposição ao início da ocupação de espaço de negros nos quadrinhos,
como Moacyr Cirne expõe:
Sim temos o racismo implícito, pela ausência (eis uma pergunta banal, porém
pertinente: quantos são os heróis negros nas histórias em quadrinhos?), e
temos o racismo explicito pelo paternalismo (um exemplo bastante conhecido
é a aventura de Timtim na África, de Hérge, nos anos 30). Nos dois casos o
homem branco será sempre o “ser superior”. (CIRNE, 1982, p.54)
Em adição, logo ao ser golpeado por Virule, deixa bem claro que possui um
entendimento profundo de como seu corpo funciona, paralelamente demonstrando seus
saberes físicos inclusive, ao passo que possui poderes voltado para o campo
eletromagnético.
De certa forma, a revista tem mais um acerto nesse sentido, mostrando que
pessoas negras podem optar em seguir a carreira que quiser, inclusive as popularmente
tidas como “difíceis”, anulando todo o argumento sem embasamento que essa parcela
marginalizada da sociedade só possui utilidade em trabalhos mecânicos. A perspectiva
de que negros possuem capacidade intelectual se torna notória na construção desse
enredo.

Imagem 1: Super Choque


Paralelo a isto, o posicionamento de Super Choque enquanto
Mais um ponto a ser exposto nessa história em específico, pode ser a forma
como Super Choque se enturma e passa a interagir de maneira saudável com as pessoas
de seu colégio, tendo até indícios de flertes com meninas dos corredores. Mesmo que
seja algo aparentemente “banal”, ver pessoas negras se desenvolvendo dentro do plano
afetivo-sexual, bem resolvidas consigo mesmas, sem traumas e complicações é
necessário e confortante pra formação imaginário dos leitores, e confortante
principalmente para legentes negros.
A diversidade aparente dentro do novo colégio de Hawkins tem seu destaque
também, fator extremamente importante no processo de identificação por meio de
interações sociais como já debatido, afastando-se da ideia de solidão de indivíduos
negros nos espaços que ocupam.
Em continuidade, dentro da esfera pessoal do personagem, a sua família se opõe
a imagem associada de maneira frequente a familiares negro. É bastante comum em
produtos televisivos por exemplo, a execução de um retrato extremamente infeliz e
estereotipado de famílias negras, tendo sempre algum tipo de comportamento agressivo,
com relações conturbadas, e educação fornecida pelos pais de maneira problemática.
Um relacionamento do núcleo familiar negro construído em diálogos e não
debruçado em formas de violência, em específico psicológico e físico, é uma escolha
bastante inteligente por parte de Scott McDaniel. Constata-se nessa análise, o objetivo
inicial dado pela equipe Milestone em 1993, de descontruir toda a imagem negativa e
assimétrica atribuída a personagens negros.
Pautando-se mais nas cenas do background de Virgil Hawkins, mais distante da
sua persona de Super-Choque, observa-se um ponto positivo e muito significativo, a
respeito da humanização também de super-heróis, o que se torna essencial para a
representação social da possibilidade de erros e vulnerabilidade da comunidade negra.
De acordo com Tapajós (2007, p.66) “É preciso humanizar o herói para que ele possa
estar entre humanos e não em um panteão divino.”
Por fim, nas cenas finais a Gangue Stale volta para tentar assassinar Super
Choque, há uma concepção interessante e vantajosa: o jovem negro de 15 anos como o
super-herói visando o bem das pessoas que moram naquela região opondo-se aos
verdadeiros vilões da trama. Isto colabora pra que quebra de um paradigma que, como
já foi observado, se baseia na visão de negros sempre como seres malignos, incapazes a
serem exterminados.

Considerações Finais
A escolha do personagem Super Choque se deu pelo fato de, enquanto um
menino negro, este foi um dos únicos personagens com que eu conseguia me identificar
durante minha infância. Por conta disso, minha memória afetiva em torno de um dos
únicos momentos de representatividade me levou ao caminho de observação da
importância desse personagem, popularizado por conta da sua visibilidade televisiva em
canal aberto, na vida dos meus semelhantes.
Há uma grande quantidade de estudos referentes a invisibilidade da população
negra e suas consequências. A investigação em torno dessa temática dentro do universo
dos quadrinhos, no recorte de super-heróis se tornou necessária, justamente pela
preocupação com o que um veículo de massa tão popular na formação de identidade de
indivíduos deveria estar desempenhando e contribuindo para mudanças no âmbito
social.
Outro ponto, seria como um meio com caráter didático, tem o dever de ser
inclusivo e propagar ideias de igualdade social o quanto antes, possibilitando a
educação não só a respeito da leitura com linguagem híbrida, impulsionando a possíveis
interpretações a partir de imagens vinculadas a textos, mas também disseminando
conhecimentos sobre o mundo, sobre sua cultura, fazendo crianças se sentirem parte de
algo.
Dessa forma, conclui-se que esse meio de comunicação exerce um papel
extremamente importante, ao passo que possibilita que todas as crianças enxerguem a
existências de pessoas negras de maneira simétrica, de fato inclusiva e positiva desde
cedo. Crianças e pessoas das demais faixas etárias não negras e negras possuem a partir
de Super Choque, a oportunidade de ter, a partir do enredo desenvolvido, um exemplo
em diversos sentidos a ser acrescentado no imaginário.

Referências Bibliográficas:
MOSCOVICI, S. O fenômeno das representações sociais. In: MOSCOVICI, S. Representações Sociais:
investigações em psicologia social. Tradução por Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 29-
109.

O’NEIL, Dennis. The DC Comics Guide to Writing Comics. New York, New York, USA:
Watson-Guptil Publications, 2001

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Prefácio de


Nestor García Canclini; Tradução de Ronaldo Polito e Sérgio Alcides. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 2008.

CIRNE, M. Uma introdução política aos quadrinhos. Rio de Janeiro: Archiamé, 1982

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