Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Poder-se-ia então dizer que o sistema de repressão disciplinar teoricamente adotado pelo nosso
Direito Administrativo Pátrio é oSemijurisdicionalizado, onde é mantida a discricionariedade na
apuração de fatos e escolha da pena aplicável, mitigando de certa forma o princípio do"no bis in
idem" por ser possível no caso de reincidência de fato a aplicação de pena superior ao utilizado na
apuração do primeiro ilícito, como escreveJosé Armando da Costa que "teoricamente, o sistema
brasileiro se caracteriza como semijurisdicionalizado, mas na prática do dia-a-dia ele funciona
como um puro sistema hierárquico, em que a sua desenvoltura fica ao sabor da discrição e, na
grande maioria, do arbítrio dos chefes das repartições, os quais ora são rigorosos em demasia, e
até perseguidores, ora são indulgentes ou omissos, deixando a normalidade do Serviço Público ao
deus-dará".
Uma das formas de garantir a regularidade da Administração Pública é assegurada por intermédio
da repressão disciplinar que tem a finalidade de dinamizar as ações punitivas aos servidores que
cometerem irregularidades, bem como, assegurar aos que não cometeram, não sejam punidos.
Neste mesmo sentido, quanto ao Processo Administrativo Disciplinar, José Armando da Costa,
afirma que "busca o processo disciplinar duplo objetivo: garantir o servidor acusado contra
decisões injustas e proporcionar ao Serviço Público um clima de segurança e de legalidade".
No tocante à Sindicância, pode-se afirmar que um dos seus objetivos é servir como peça preliminar
e informativa de elucidação de irregularidades no serviço público, conforme discorre Gilberto
Fernando Louback, que "a sindicância tem como objetivo somente esclarecer duvidosos fatos ou
atos irregulares, os quais, uma vez confirmados motivarão a abertura do processo disciplinar".
Insta ressaltar ainda, que o processo apuratório disciplinar da Sindicância aplicada aos servidores
públicos pela Administração Pública do Estado de Mato Grosso, conforme a Lei Complementar n.º
04/90 e suas alterações c/c a Lei Complementar n.º 207/2004 poderá resultar diretamente na
aplicação de sanção disciplinar sem que necessariamente, seja instaurado Processo
Administrativo Disciplinar, para daí ensejar a aplicação da sanção disciplinar.
Desta forma, pode-se afirmar que o Processo Administrativo Disciplinar e a Sindicância são
processos autônomos e com finalidades distintas, todavia podendo o segundo servir de base para o
primeiro e, por terem apenas uma tênue linha de diferença de aplicabilidade, faz com que muitas
vezes os administradores públicos e legisladores, os confundam pela proximidade das suas
finalidades.
Destas considerações mencionadas neste capítulo é que demonstraremos no próximo que a
Corregedoria é um órgão eminentemente Correicional e, consequentemente, Disciplinar.
CAPÍTULO III
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto é que traçaremos essas considerações finais acerca do trabalho
monográfico realizado, buscando responder ao questionamento proposto no intróito desta
monografia quanto ao fato da Corregedoria ser um órgão disciplinar ou correicional, pois
que se vislumbrou das argumentações ditas e de todo o estudo que baseou esta monografia é o fato
de que a Corregedoria ou também chamada Controladoria é um órgão ou unidade eminentemente
correicional e consequentemente disciplinar.
E, esta assertiva é fundamentada na função de que o Corregedor e a equipe que compõe a
Corregedoria devem buscar sempre prover, verificar, correger e emendar os atos dos servidores
públicos sob a sua jurisdição e competência, lançando com isso, entre outros atos, recomendação
por escrito quando das visitas nas Unidades para corrigir um ato administrativo concreto,
orientação verbal e por escrito quanto aos atuais procedimentos adotados pela unidade central a
fim de uniformizar a prestação de serviço, para que quando for verificado o caso de aplicação de
uma sanção disciplinar dever-se-á demonstrar que a administração pública através da
Corregedoria, daí vem todo o fundamento de ser um órgão correicional e disciplinar, buscou todos
os meios para que o servidor público possa desempenhar as suas funções públicas de forma
eficiente e legal.
Neste sentido, é que a Corregedoria tem um papel fundamental para a administração pública, pois
a sua competência para utilização do instituto da Correição chega até ao caso de recomendar ao
Recurso Humano do órgão que o servidor deve ser capacitado em função das atribuições que
desempenha, ou que a saúde e a idade do mesmo não são mais compatíveis com as funções que o
mesmo desempenha, sugestionando até para que seja remanejado para funções internas se o
mesmo realiza as atribuições de sua função externamente, p. ex. é o caso de Fiscal de Tributos de
Barreira que por ser cardíaco e de idade avançada ser obrigado a subir na carreta para verificar
mercadoria, esse servidor deve ser remanejado das funções de pista para funções administrativas
internas, pois sua experiência profissional é vasta e por motivo de saúde podemos transformar a
diminuição da capacidade física para a excelência do conhecimento em trabalho prestado de forma
eficaz.
Desta forma, após delinear e tecer as considerações finais, pautado neste singelo estudo, sobre os
institutos Disciplinares e das Correições, no âmbito das Corregedorias, é que reafirmamos
através de todo o exposto que a referida Unidade é um órgão eminentemente Correicional e,
excepcionalmente Punitivo, porém devendo sempre observar o poder-dever, o poder disciplinar e
o poder de polícia administrativa, de punir do Estado sempre que ocorrer qualquer irregularidade
no serviço público cometida por servidor público ou quem faça às vezes.
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Léo da Silva. Questões Relevantes da Sindicância e do Processo Disciplinar. Brasília:
Brasília Jurídica, 1999.
ALVES, Léo da Silva. As Teses de Defesa na Sindicância e no Processo Disciplinar. Brasília: Brasília
Jurídica, 1999.
AMORIM, Ricardo Gomes. Manual de Sindicância & Processo Administrativo. São Paulo: Iglu,
1999.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo 3. ed.. São Paulo: Saraiva, 1999.
Buzaid, Alfredo. Exposição de Motivos ao Código de Processo Civil de 1973.
CERVO, Amado Luiz & BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4.ª ed. - São Paulo:
MAKRON Books,1996
COSTA, José Armando da. Teoria e Prática do Processo Administrativo Disciplinar. 3.
ed. ver. amp.. Brasília: Brasília Jurídica, 1999.
COSTA, Orlando Teixeira da. Artigo publicado no site http://www.trt6.gov.br/ index_sec.php?
acao=corregedoria, pesquisado no dia 12.12.2005 sobre "As funções das Corregedorias
Regionais".
CRETELLA, José Jr. Prática do Processo Disciplinar. 3. ed. ver. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1999.
CURSO ESPECIAL DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, 2002, Mato Grosso.
Davis, Roberto. Correição Trabalhista, Rio de Jáneiro, Ed. Forense, 2001.
DIAS, Maria Tereza Fonseca; GUSTIN, Miracy Barbosa de Souza. (RE)pensando a pesquisa
jurídica: teoria e prática. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
DIREITO DISCIPLINAR, 1999. Cuiabá/MT. Direito Disciplinar no contexto da ciência jurídica. A
Lei n.° 8.112/90 interpretada. As fases de um processo disciplinar. Os incidentes processuais. O
Relatório e os pontos complementares. Especial: Direito Comparado. A experiência do Direito
português.
ENCONTRO BRASILEIRO DE CORREGEDORES DO FISCO, II, 2000, Mato Grosso.
ENCONTRO BRASILEIRO DE CORREGEDORES DO FISCO, III, 2001, Minas Gerais.
Fonseca, Vicente José Malheiros da - Juiz Togado do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª
Região, onde exerce a função de Juiz Corregedor, e professor de Direito do Trabalho na
Universidade da Amazônia - UNAMA . Artigo publicado no
site http://www.trt6.gov.br/index_sec.php?acao=corregedoria escrito em outubro de 1996,
pesquisado no dia 12.12.2005 sobre "A Correição na Justiça do Trabalho".
Giboski, Tarcísio Alberto - Juiz Vice-Corregedor do TRT da 3ª Região. Artigo publicado no
site http://www.trt6.gov.br/index_sec.php?acao=corregedoria, pesquisado no dia 12.12.2005
sobre "Função Corregedora nos Tribunais".
GOUVEIA, Ligia Maria Teixeira - Juíza Togada. Corregedora do TRT da 12ª Região (Santa
Catarina) no biênio 1998-2000. Professora Universitária. Artigo publicado no
site http://www.trt6.gov.br/index_sec.php?acao=corregedoria, pesquisado no dia 12.12.2005
sobre "A experiência Corregedora e a problemática da delimitação da Correição
Parcial".
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico:
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatórios, publicações e trabalhos
científicos. 3. ed., São Paulo: Atlas, 1990.
LOUBACK, Gilberto Fernando. Processo Administrativo Disciplinar e Sindicância: Doutrina,
prática e jurisprudência, atualizado de acordo com a Lei n.º 9.784/99 - Procedimento
Administrativo. Belo Horizonte: Palpite, 1999.
Marques, José Frederico - Manual de Direito Processual Civil, 2ª ed., São Paulo, Editora Saraiva,
1974.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros Editores, São Paulo, 1996.
NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Manual da Monografia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1997.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas,
1996.
SACCONI, Luiz Antônio. Tudo sobre português prático. São Paulo: Ed. Moderna, 1979.
Santos, Aloysio - A Correição Parcial. 2ª ed., São Paulo, Editora LTr, 2002.
SEMINÁRIO NACIONAL PARA MEMBROS DE CORREGEDORIAS, 1.º, 1999, São Luís. Questões
Relevantes da Sindicância e do Processo Disciplinar... Brasília: Brasília Jurídica,1999.
SEMINÁRIO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, 2001, Mato Grosso.
Soares, Nelson Júnior - Juiz Corregedor do TRT da Sexta Região. Artigo publicado no
site http://www.trt6.gov.br/index_sec.php?acao=corregedoria, pesquisado no dia 12.12.2005
sobre "Correição Parcial: Reflexões sobre a Natureza Jurídica".
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. I, 20. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1997
Vidal, Victorino de Brito. Artigo publicado no site http://www.trt6.gov.br/ index_sec.php?
acao=corregedoria, pesquisado no dia 12.12.2005 sobre "A Corregedoria e a Prestação
Jurisdicional".
ZANELLA, Maria Sylvia Di Pietro. Direito Administrativo. 13.ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001.
Agradecimentos
Agradeço a todos os que colaboraram para o aprimoramento do meu conhecimento durante os oito
anos de serviço público, sendo cinco dentro de uma Corregedoria, a Deus por ter me dado
oportunidade de viver e continuar caminhando na estrada da vida, aos meus pais por terem me
apoiado e incentivado. A minha esposa Carla pela paciência e companheirismo e, por fim e não
menos importante ao Presidente do DETRAN de Mato Grosso - Moises Sachetti pela confiança
depositada em mim por ter me agraciado com a honraria de coordenar a Assessoria Jurídica do
DETRAN de Mato Grosso.
Dedicatória
Dedico esta monografia às Corregedorias e as Comissões de Processo Disciplinar, para que sirva
como mais um dos subsídios de enriquecimento do conhecimento e dos seus trabalhos.
Autor:
Fernando Eugênio Araújo
feugenio[arroba]adv.oabmt.org.br
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Autoria e Controle Interno da
Faculdade Integrada Afirmativo, como requisito para a obtenção do título
de especialista em Auditoria, Controladoria e Gestão Pública, sob orientação do Professor Ms.
Aroldo de Luna Cavalcanti.
FACULDADE AFIRMATIVO
CENTRO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM Auditoria e Controladoria e Gestão Pública
Cuiabá/MT
Dezembro/2005