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Pitta, Ana - Dor e Morte Como Ofício
Pitta, Ana - Dor e Morte Como Ofício
HOSPITAL
dor e morte
como OFÍCIO
"T. .nç ao
c\ .
E
ste trabalho consegue, não perden
do a possibilidade de valorizar a in
tersubjetividade como elemento de
detenninação na vida de trabalho dos seus
trabalhadores, utilizar um modelo epide
miológico de investigação que, ao genera
lizar suas individualidades, está tão-somen
te a serviço de uma discussão mais sistema
tizada dos determinantes psicossociais nos
agravos à saúde mental dos trabalhadores
de um setor. O estudo de caso que esta
belece associações entre características do
processo de trabalho e o sofrimento psíqui
co de 1.525 trabalhadores de hospital geral
de 412 leitos no município de São Paulo,
através de análises estratificadas, contro
ladas por variáveis confundidoras e/ou
modificadoras de efeito, é pioneiro no país.
A própria natureza surpreendente dos re
sultados associado a cuidado.sa elaboração
metodológica do estudo faz desta inves
tigação uma contribuição das mais insti
gantes para os estudiosos de saúde coleti
va, da Psicopatologia do trabalho, e para
o� principais e mais diretamente interessa
dos, no caso os trabalhadores de saúde.
T@íbhoteta jf reullíana
na Pitta é psiquiatra e professora
A do Departamento de Medicina
Preventiva da Faculdade de Me
dicina da Universidade de São Paulo e
Centro de Estudos e Pesquisas em Direito
Sanitário- USP, pesquisadora do CNPq,
dirigindo suas atividades de ensino e pes
quisa para a área de Saúde Mental.
HOSPITAL
'
QUARTA EDIÇÃO
EDITORA HUCITEC
SãoPaulo, 1999
© Direitos reservados, 1990, de Ana Maria Fernandes Pitta. Direitos de publicação
reservados pela Editora Hucitec Ltda., Rua Gil Eanes, 713 - 04601-042 São
Paulo, Brasil. Telefones: (011)240-9318 e 543-0653. Vendas: (011)530-4532.
Fac-símile: (011 )530-5938.
E-mail: hucitec@mandic.com.br
CDD- 150.
301.1
Índice para catálogo sistemático:
l. Psicologia 331
2. Sociologia: Psicologia Social 301.1
À Lígia e ao Gabriel,
PREFÁCIO. DA 3a EDIÇÃO .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Primeira Parte
OS CONCEITOS
Terceira Parte
A INVESTIGAÇÃO
Quarta Parte
Ana Pitta
São Paulo, agosto de 1990.
Primeira Parte
OS CONCEITOS
Capítulo l
A NATUREZA DO SOFRIMENTO
A CONTRAPARTIDA
Vuillemin, 1949
37Idem, ibidem, p. 6.
38Ibidem, p. 8.
64 HOSPITAL: DOR E MORTE COMO OFÍCIO
mesmo de colegas de trabalho, são capazes de produzir uma
cadeia inconsciente de associações que fazem com que
o papel de enfermagem reedite situações primitivas que in
crementam sua própria ansiedade e dificuldade em lidar
com ela.
"Os pacientes e parentes nutrem sentimentos complica
dos em relação ao hospital, que são expressos particularmente
e mais diretamente às enfermeiras e que, freqüentemente, as
confundem e angustiam. Os pacientes e parentes demons
tram apreço, gratidão, afeição, respeito; uma comovente
crença de que o hospital funciona; prestimosidade e preocu
pação para com as enfermeiras em seu dificil trabalho. Mas os
pacientes freqüentemente se ressentem de sua dependência;
aceitam de má vontade a disciplina imposta pelo tratamento e
pela rotina hospitalar; invejam as enfermeiras pela sua saúde e
competência; são exigentes, possessivos e ciumentos. Os paci
entes, tal como as enfermeiras, experimentam fortes senti
mentos libidinosos e eróticos, estimulados pelos cuidados de
enfermagem, e às vezes se comportam de maneira a aumentar
as dificuldades das enfermeiras, por exemplo, através da expo
sição fisica desnecessária. Os parentes podem igualmente ser
exigentes e críticos, principalmente porque sentem que a
hospitalização implica inadequações em si mesmos. Eles inve
jam a competência da enfermeira e têm ciúmes do contato
íntimo que ela mantém com o seu paciente"39• O que a au
tora assinala na sua observação cuidadosa é que, de modo
sutil, as exigências psicológicas que são feitas, paciente e fa
miliar, vão além do simples cuidado fisico, das tomadas de
pressão e temperatura e das aplicações de terapêuticas. O
39Ibidem, p. 9.
A NATUREZA DO SOFRIMENTO - A CONTRAPARTIDA 65
hospital é um espaço mítico que deve conter e administrar os
problemas emocionais provocados pelo doente e sua doença
e toda a rede de relações sociais que a eles se vinculam.
Sentimentos como depressão e ansiedade de doentes e
familiares devem naturalmente ser projetados no hospital,
através de seus elementos de mediação - os trabalhadores
do hospital -, a quem cabe decidir questões importantes, e
assumir responsabilidades que, de uma forma igualmente na
tural, poderiam e até mesmo deveriam ficar com os enfermos
e suas famílias.
O risco de ser invadido por ansiedade intensa e incon
trolada está presente na própria natureza do trabalho e cer
tamente atenuada ou estimulada pelo próprio processo tec
nológico do trabalho no hospital.
Para Menzies, ao se desenvolver uma estrutura, uma cul
tura e seu modo de funcionamento, uma organização social é
influenciada por vários fatores interatuantes, principalmente:
as tecnologias40 disponíveis para a execução da tarefa, as ne
cessidades de satisfação social, profissional e psicológica dos
membros da organização e os relacionamentos e pressões so
ciais que sobre esta atuam.
Os membros da organização desenvnlvem mecanismos de
defesas estruturados socialmente que tendem a se torn.ar as
pectos da realidade externa com a qual os nevas e os antigos
membros da instituição devem entrar em acordo.
Tais defesas poderiam, de um modo esquemático, ser
classificadas em: l ) Fragmentação da relação técnico-paciente
Gabriel Cohn
Atendimentos
Atendimento Atendimento
Meses de urgência ambulatorial Internados Cirurgias
Agosto 6.064 o 92 89
Setembro 5 .787 o 259 199
Outubro 6.331 o 5 14 297
Novembro 6.239 o 550 275
Dezembro 6.301 o 663 320
Janeiro 8 . 1 05 380 774 483
Fevereiro 7.357 1 .909 972 632
Março 8.658 2.883 1 . 1 75 706
Abril 8 .220 4.387 1 . 399 689
Maio 8 .648 6.65 1 1 . 543 928
OS INSTRUMENTOS DE PESQUISA
103
Força de trabalho, termo consagrado pela economia política, ligado
particularmente à escola clássica de Smith, Ricardo e Marx, prestando-se
O HOSPITAL COMO CAMPO DA INVESTIGAÇÃO 131
Em que pese a grande importância dos dois enfoques, os
limites deste trabalho nos orienta para o primeiro, onde a
descrição e interpretação dos achados empíricos se impõe.
Um segundo aspecto será a prevalência da morbidade
referida e a utilização de serviços, buscando-se subsídios para
a implantação de um serviço ambulatorial de atendimento à
clientela interna de funcionários do hospital (reivindicação da
associação de servidores) que já funciona de modo informal e
não sistemático, fazendo uso de consultas médicas no hospi
tal nas diversas especialidades.
Um terceiro aspecto a ser examinado, ainda seguindo
tendência das freqüências das variáveis estudadas, serão algu
mas características do processo de trabalho no hospital, ob
servando-se alguns indicadores da divisão e organização do
trabalho, buscando-se correlacionar com os achados de sinto
mas psicoemocionais e de morbidade referida.
Para o fim da pesquisa em si, interessa saber o perfil da
morbidade da população de trabalhadores estudada, e dentro
deste perfil privilegiar o lugar ocupado pelas patologias de
provável etiologia psicossomática104•
O gênero
Os resultados dos dois momentos da coleta de dados só
reforçaram a constatação de uma predominância de mulheres
na força de trabalho empregada no hospital.
§ 34% § 32%
11 66% 11 68%
1 7-20 45 3
2 1 -30 483 33
3 1 -40 522 36
4 1 -50 289 20
5 1 -60 94 6
61+ 25 2
A qualificação
Embora fuja dos limites deste trabalho discutir mais
exaustivamente a qualificação dos trabalhadores para o setor
hospitalar, pareceu-nos ser um viés rico para analisar a escola
ridade, a profissão-ocupação e a renda per capita familiar, na
medida em que se concebe qualificação enquanto coinci
dência entre um modo de organização do trabalho, um saber
e algo dotado de valor econômico.
Ao tomar como local de observação um hospital funcio
nando, deve-se concluir que as pessoas que ocupam seus
diversos postos de trabalho estão ali por serem portadoras
de alguma habilidade, exp eriência ou formação. A qualifica
ção aparece justamente ft;t nte à impossibilidade de se colo
car qualquer trabalhadoi em "qualquer" posto de trabalho.
Está o hospital, enquanto local que presta um serviço bas
tante diferenciado, conseguindo, dadas as regras gerais eco
nômicas e de mercado, aprimorar esta qualificação na mes
ma medida em que outros setores mais dinâmicos da econo
mia, onde as qualificações dos gestos, das tarefas, dos ins
trumentos, dos grupos, são objeto de controle e aperfeiçoa
menta cotidiano? Falou-se já anteriormente que, se existe
uma qualificação do posto e uma qualificação do trabalha
dor, é indispensável que elas se correspondam e não criem,
a partir de uma dissociação entre ambas, uma qualificação
artificial e inútil ( Rolle, 1 988 ) .
Voltando para estes dados, o que se observa, para deses
pero daqueles preocupados com uma melhor qualificação,
1 38 HOSPITAL: DOR E MORTE COMO OFÍCIO
dos profissionais do setor106 , é que mais da metade deles
( 50,4%) se encontram dentre os que nunca freqüentaram
escola até os que apenas alcançaram completar o primeiro
grau. Isto implica um tempo de exposição às atividades for
mais de educação excessivamente pequeno para atividades
que se pretendem cada vez mais complexas e sofisticadas.
Que relações se estabelecem entre este coletivo de pesso
as de baixa escolaridade e o conjunto de exigências relaciona
das aos diversos elementos do emprego é alguma coisa que
mereceria aprofundamento em estudos futuros.
Tentando agora vê-los sob o prisma dos níveis salariais,
através do exame de sua renda per capita, pode-se inferir que
a remuneração do trabalhador decorre de sua qualificação,
porém esta não a defin e.
Considerando que o Piso Nacional de Salário em abril*
de 1989 era de NCz$ 63,40 (sessenta e três cruzados novos
e quarenta centavos) e tomando-se este como indicador de
consumo, observa-se que a possibilidade de consumo deste
contingente de trabalhadores é muito baixa, ficando 5 1 ,2%
dentre eles com um consumo per capita mensal de até três
pisos nacionais de salário.
A qualificação, seguindo as suas três vertentes de saber)
salário) ocupação) é histórica e deveria refletir o status do traba
lhador na organização, e sua retribuição financeira deveria va-
O estrato social
Os estudos de populações em sociedades não igualitárias,
como a nossa, impõem um problema na abordagem empírica
quando, por exemplo, numa organização como um hospital
os indivíduos e grupos que ocupam posições sociais distintas,
vivendo sob condições de existência diversas, estão sendo
examinados nas suas dimensões de trabalho e saúde.
- Escolaridade
Primeiro grau completo
(25%)
Superior completo
Segundo grau incompleto
( 1 9%)
( 1 1 %)
(25%)
- Renda per capita Artesa nal de média qual ificação
Até 1 PNS
( 1 1 %)
5 a <
O HOSPITAL COMO CAMPO DA INVESTIGAÇÃO 145
Tabela 3 - Distribuição de freqüências, segundo raça, estado
civil, naturalidade e tempo de moradia em São Paulo. THS/
89.
Variáveis Número %
Raça
branco 989 64,9
mulato 261 1 7,1
negro 1 49 9,8
amarelo 51 3,3
outros 40 2,6
sem informação 35 2,3
Estado Civil
solteiros 716 47,0
casados 589 38,6
separados 1 36 8,9
viúvos 30 2,0
outros 49 3,2
sem informação 5 0,3
Naturalidade (local)
Grande São Paulo 46 1 30,2
Interior de São Paulo 351 23,0
Outro Estado ( Zona Urbana) 375 24,6
Outro Estado ( Zona Rural) 303 1 9,9
Outros países 29 1 ,9
sem informação 6 0,4
O a 4 98 6,4
4 a 9 121 7,9
10 a 29 679 44,5
30 a 49 146 9,6
5 0 a mais lO 0,7
não s e aplica 464 30,4
sem informação 7 0,5
Características Número %
Cor
Branco 989 66
Mulato 261 18
Negro 149 lO
Amarelo 51 3
Outros 40 3
Estado Marital
Solteiro 716 47
Casado 589 39
Separado 1 36 9
Viúvo 30 2
Outros 49 3
Naturalidade
Grande São Paulo 46 1 30
Interior de São Paulo 351 23
Outro estado 678 45
Outros países 29 2
PROBLEMAS DE SAÚDE
SRQ SRQ
Problemas de saúde referidos Suspeitos Não suspeitos
Número % Número %
DNISÃO D E TAREFAS
O CONTROLE DO TRABALHO
Insuficiente 45 29
Corrido 1 54 23
Suficiente 1 09 16
Mais d e suficiente 7 23
Total 315 2l
1 60 HOSPITAL: DOR E MORTE COMO OFÍCIO
Tabela 9 - Distribuição de freqüência de suspeitos de sintomas
referidos na força de trabalho pesquisada segundo participação
no planejamento de atividades do Hospital. São Paulo, 1989.
Sim 182 20
Não 1 28 23
Total 310 21
Casos Perdidos: 1 8
AS PRESSÕES
REPETITIVIDADE / MO�OTONIA
Apesar da pluralidade de atividade desenvolvida num
hospital do tipo investigado, 25 ,6% dos seus trabalhadores,
examinando suas tarefas cotidianas "per se", classificam
como "sempre as mesmas" as atividades que desempenham.
Juntando-se aos que informaram "varia pouco", ou "pouco
dependendo do dia" ou "sempre as mesmas dependendo do
dia" ou ainda "sempre as mesmas variando pouco", teremos
52,3% de trabalhadores que consideram suas atividades repeti
tivas.
Na correlação desta variável com as medidas de sofri
mento psíquico utilizadas para os que referiram "variar mui
to" suas atividades diárias, foi onde se observou a mais baixa
prevalência de sintomas ( 1 6,4% ) ; as demais combinações
apresentaram achados não conclusivos para um exame de
tendência.
Turnos Suspeitos pelo SRQ Suspeitos pelo CAGE doenças • psicossomá- Transtornos
ticas referidas mentais referidos
Número Prevalência Número Prevalência Número Prevalência Número Prevalência
percentual percentual percentual percentual o
:r
o
Diurno 1 86 20 13 1 128 14 12 1 V>
Noturno 25 20 1 1 10 8 6 5 :::!
Alternado 105 23 9 2 80 17 7 2 �
Total 3 16 21 23 2 218 15 25 2 (1
o
;!::
Jornada o
De 4 a 6 1 05 23 5 1 71 15 5 1
De 7 a 12 183 19 17 2 1 39 15 17 2 �
"'
13 + 15 38 1 3 7 18 2 5 o
o
Total 303 21 23 2 21 15 24 2 >
Contato com
pacientes
�
::l
Sim 205 22 1 19 13 18 2 Cl
>
Não 1 12 20 101 18 8 1 o()
>•
Total 317 21 220 15 26 2 o
-
* doenças psicossomáticas: gastrites nervosas, asmas brônquicas, alergias. 0..
<:Jl
1 66 HOSPITAL: DOR E MORTE COMO OFÍCIO
veis como sexo, por exemplo (há um grande contingente de
mulheres trabalhando durante o dia), possam estar explican
do este comportamento. As jornadas intermediárias de sete a
doze horas apresentam prevalência menor de sintomas psico
emocionais e doenças psicossomáticas.
Contato ou não contato com pacientes segundo critério geo
gráfico de área - Embora as áreas que trabalhem diretamen
te com pacientes apresentem prevalências discretamente mai
ores para sintomas psicoemocionais e transtornos mentais,
para doenças psicossomáticas a situação se inverte, e quem
trabalha em atividades de apoio parece adoecer mais.
Tipo de trabalhador
Enfermagem 168 531
1,44 Significante
Outros trabalhadores 148 675
Jornada de trabalho
Mais de 8 horas 170 656
1,01 Não significante
Até 8 horas 130 496
Turno de trabalho
Alternado 186 736
0,89 Não significante
Não alternado 130 458
Sexo do trabalhador
Feminino 250 759
2,21 Significante
Masculino 66 443
Extrato sócio-econômico
Baixo 101 281
I ,95 Significante
Alto 46 249
O HOSPITAL COMO CAMPO DA INVESTIGAÇÃO 171
do subgrupo que se estivesse considerando. A presença da
modificação de efeito quer dizer simplesmente que o grau de
associação entre os fatores de risco ou exposição e a conse
qüência difere em grupos diferentes.
No presente estudo, os passos que se seguiram no sentido
de avançar para uma análise estratificada, controlada por ou
tras variáveis de provável efeito modificador ou confundidor,
foi, a partir das medidas de associação feitas anteriormente,
estratificar-se os dados e controlar-se pelas variáveis modifica
doras e/ou confundidoras.
Para essa etapa dos trabalhos, utilizou -se o programa
SAS-PC ( Cochram-Mantel-Haenszel Statistics - Based on
table Scores), e, de modo artesanal, foi-se introduzindo uma
a uma as possíveis variáveis com potencial de modificação.
Operando sempre com tabelas 2 x 2 (com variáveis não dico
tômicas como idade e estrato sócio-econômico utilizou-se do
expediente de trabalhar dois a dois os estratos da tabela).
Mediu-se então as associações "estratificadas" utilizando-se o
Risco Relaciona! sumarizado, ou ODDS-Ratio sumarizado
ou sintético ( ODDs) conforme proposto por Mantel-Haen
sel. Observou-se também os intervalos de confiança dessas
medidas (LI e LS), a probabilidade de elas acontecerem ao
acaso (p) e a homogeneidade ou heterogeneidade entre os
ODD encontrados nos diversos estratos através do teste de
"heterogeneidade", que tem a utilidade de identificar rela
ções entre variáveis.
Na tabela 1 3 se pode observar um consolidado das
. diversas tabelas, dos diversos estratos e suas medidas calcu
ladas .
Um achado interessante foi o crescimento proporcional
das prevalências de sintomas na medida em que o estrato
1 72 HOSPITAL: DOR E MORTE COMO OFÍCIO
Tabela 13 - Risco relaciona! ( ODDS-Ratio) entre diversas
variáveis e sofrimento psíquico de trabalhadores, utilizando
se modelo de análise estratificada controlada por outras vari
áveis. São Paulo, 1989.
Feminino
Baixo 83 1 18 31
Médio 1 17 360 23
Alto 33 129 20
Masculino
Baixo 18 90 17
Médio 29 1 79 13
Alto 13 1 20 10
�
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