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Sentidos 11, Unidade 1 – Padre António Vieira, “Sermão de Santo António” Cenários de Resposta

Página(s) Domínio / texto Cenário de Resposta

24 Compreensão 1. a. Era o centro mediático.


do Oral b. Era uma forma literária de grande peso.
c. Educar e seduzir as almas.
d. Pregador com grande dimensão e talento.
e. Imperador da língua portuguesa (ou, ainda, personificação da lusofonia).
f. Elogia as virtudes
g. Crítica os vícios.
h. Apoiante da nova dinastia.
i. Conselheiro do rei D. João IV (ou, ainda, missionário, diplomata, responsável pela abolição da Inquisição em Portugal).
2.
a. XVII; b. protestantes; c. púlpito; d. rebanho; e. educar; f. iluminar; g. sermão h. força; i. oradores j. o Padre António Vieira.
3.
a. F − Era muito acarinhado.
b. V
c. F − Cabo Verde, Brasil e Itália (Roma).
d. V
e. F − 200 sermões e 700 cartas.
f. V
g. F − [...] linguagem alegórica.
h. V
i. V
l. F − [...] e ainda aos fortes e aos traidores.

1.
25 Informar 1608 – Nascimento de António Vieira.
1623 – Entrada no noviciado na Companhia de Jesus.
1642 – Início da pregação.
1644 – Nomeação como pregador régio e desempenho de funções diplomáticas.
1652 – Partida para o Brasil.
1653-1661 – Atividade de missionação no Brasil.
1667 – Reclusão por ordem do Santo Ofício.
1688 – Desempenho do cargo de Visitador da Providência do Brasil.
1697 – Morte de António Vieira.
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26 Informar 1. O objetivo do sermão é convencer alguém de algo. Sendo um género discursivo de teor religioso, pretende-se alertar o auditório para a necessidade de
alterar os comportamentos incorretos ou inadequados, que podem conduzir à corrupção moral.
2. "Argumentar" consiste em defender uma determinada posição/tese, intencionalmente, visando convencer ou persuadir o seu interlocutor, através da
apresentação de asserções/argumentos que sustentam essa tese.

27-28 Educação Literária 1. Os interlocutores de Cristo são os Pregadores; os de Vieira são os peixes.
2. O paralelismo é estabelecido pela aproximação entre dois locutores (Cristo e Vieira) e dois interlocutores (os Pregadores e os ouvintes de Vieira). Ambos os
Capítulo I − Exórdio
locutores se servem da metáfora do sal para passarem a sua mensagem.
3. “Vos estis sal terrae”.
3.1 ‘Vós sois o sal da terra’: "Vos" refere-se aos Pregadores; o "sal" simboliza a doutrina que é pregada; "terrae" é uma referência aos ouvintes.
4. Esta locução permite estabelecer a alternância entre os Pregadores e os ouvintes, de modo a ilustrar as causas da existência de corrupção na terra − o
orador levanta a hipótese de poderem ser atribuídas aos Pregadores ou aos ouvintes.
4.1 Causas da corrupção:
OU os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina, OU os ouvintes recusam recebê-la, apesar de ela ser verdadeira; OU os Pregadores dizem uma coisa e
fazem outra, OU os ouvintes preferem imitar o que fazem os Pregadores em vez de fazerem o que eles dizem; OU os Pregadores pregam-se a si próprios e
não a Cristo, OU os ouvintes servem os seus apetites, em vez de servirem a Cristo.
5. Ao contrário dos Pregadores, que poderão ser eles próprios culpados por não conseguirem evitar a corrupção, Santo António, quando não foi ouvido, em
vez de desistir da doutrina (metáfora do sal), mudou de lugar e de auditório.
6. Santo António é apresentado como um modelo a seguir pelos Pregadores dado que a sua conduta ilustra as suas palavras.
7. O recurso ao paralelismo serve os objetivos do sermão: docere, delectare, movere. Ao mesmo tempo que consegue persuadir o auditório, o orador faz com
que este retire prazer das suas palavras pela musicalidade que a simetria implica, captando, deste modo, a atenção do auditório.

29 Informar 1. O sermão ocupava um lugar de destaque nesta época: além de discurso sagrado, era também espetáculo teatral e instrumento político. Os grandes
objetivos eram deleitar (delectare), persuadir ou influenciar comportamentos (movere) e informar/ensinar (docere).
2. A eloquência é percetível no modo como o Padre António Vieira pretendia seduzir e persuadir o auditório, servindo-se de um discurso alegórico, mas claro e
objetivo, de modo a que fosse entendido e motivasse a emenda dos homens.

31 Gramática 1.
Aplicar a. “irmãos peixes” − vocativo; “vós”; “vós”.
b. “cá”; “cá”.
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c. “ouvistes”, “vades”; “agora”; “ouvi”.

2.
Referências deíticas pessoais: "vem" (v. 1); "me" (v. 1); "me" (v. 2); "eu" (v. 3); "ouvisse" (v. 3); "me" (v. 4); "Eu" (v. 5) ; "olho" (v. 5); "meus" (v. 6); "cruzo" (v.
7); "vou" (v. 8); "minha" (v. 9); "eu" (v. 12); "vivo" (v. 12); "rasguei" (v. 13); "minha" (v. 13); "vou" (v. 7); "Me" (v. 15); "meus" (v. 15); "busco" (v. 16); "vós" (v.
16); "me" (v. 17); "repetis" (v. 17).
Referências deíticas espaciais: "vem"; "aqui"; "ali"; "esta"; "aí"; "aqui".
As formas verbais ("olho"/ "cruzo"/ "vou"/ "vivo"/ "rasguei"/ "repetis"/ "busco") são deíticos simultaneamente pessoais e temporais, pois as marcas de flexão
verbal são indicadores de pessoa e de tempo (neste caso, passado −“rasguei”− e presente − todas as outras formas).
3. e 3.1
Resposta de caráter pessoal. Contudo, apresenta-se o seguinte exemplo:
− Ontem, eu e tu brincámos aqui!
Elementos referenciados: Pessoal “Eu” – João; “tu” − Maria; espacial “aqui” – recreio da escola; Temporal – ontem (quarta-feira), brincámos.

1.
32 Educação Literária a. Conservar o são.
b. Preservá-lo.
Capítulo II
c. Louvar o bem para o conservar.
Louvores aos Peixes
em geral d. Repreender o mal para preservar dele.
e. Louvar as virtudes.
f. Repreender os vícios.
g. Por analogia, as finalidades do sermão coincidem com as funções do sal.
2. Os peixes ouvem e não falam; revelam obediência, ordem, quietação e atenção.
2.1 A referência às virtudes dos peixes permite, por contraste, evidenciar os defeitos dos homens.
3. Vocativo (“irmãos”) e o recurso à 2.a pessoa do plural: “vosso sermão”; “louvar-vos-ei”; “ vossas virtudes”; “melhor vos está”.
4. “os peixes” − sujeito; “duas boas qualidades de ouvintes” – complemento direto.

33 Educação Literária 1. A progressão lógica do sermão concretiza-se através da identificação e particularização das virtudes de diversos peixes, tal como o orador enunciara no
capítulo II, ao definir a estrutura do sermão.
Capítulo III 2. O Peixe de Tobias tem o poder de, com as suas entranhas, curar a cegueira e afastar os Demónios.
Peixe de Tobias 3. Santo António, à semelhança do Peixe de Tobias, alumiava os ouvintes, curando-lhes a cegueira e afastando-os dos demónios, ou seja, impedindo-os de
pecar.
3.1 Comparando o Peixe de Tobias a Santo António, o orador coloca em destaque não só a virtude do Peixe, mas sobretudo a humildade e o desprendimento
material de Santo António (representados na simplicidade do hábito) e a necessidade de os homens o ouvirem, seguirem a sua doutrina e,
consequentemente, se purificarem/emendarem.
4. Contribui para uma leitura alegórica na medida em que ilustra a passagem para o plano dos homens, permitindo estabelecer um paralelismo de situações
entre os homens e os peixes.
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5. a. "mas" – valor de oposição. O conector introduz uma ideia contrária.


"que" – valor de completamento. O conector introduz o constituinte sintático que completa o sentido do verbo.
1. Apesar da sua reduzida dimensão, a Rémora é um peixe que tem virtudes excecionais, dado que consegue evitar o naufrágio das naus, razão pela qual é
34-35 Educação Literária evocada pelo orador.
2. Os homens também se desorientam e precisam de quem lhes indique o caminho correto, função que terá de ser exercida pelos Pregadores.
Capítulo III 3. Tal como a Rémora orienta as naus e evita o naufrágio, também Santo António conseguiu, através da pregação, evitar a perdição dos homens.
Rémora 4. O argumento de autoridade a que Vieira recorre é Santo António; o argumento religioso está na citação bíblica e nas referências a São Gregório Nazianzeno
e ao apóstolo São Tiago. Ambos os argumentos conferem credibilidade ao discurso.
5. Anáfora – “Quantos/ quantos”; comparação − “a língua de António, como Rémora”; alegoria − a referência às naus Soberba, Vingança, Cobiça e
Sensualidade.
5.1 Ilustram um modelo geométrico de organização do discurso e originam um encadeamento musical (para o qual contribui também a repetição de
estruturas como “correndo/embarcados/ navegando/enganados”). A alegoria permite inferir os defeitos dos homens, acentuando-os através do uso da
maiúscula.
6. Tendo em conta que a intencionalidade do orador é louvar o bem e repreender o mal, tal como fez Santo António, as alegorias das naus clarificam os
defeitos dos homens e alertam para as suas consequências. Os argumentos e os exemplos a que recorre conferem força, poder e credibilidade ao discurso.
7. O conector introduz a ideia de consequência.
8. Complemento indireto; sujeito simples.
9. Pronome interrogativo.
10.1 “língua”; “Pregador”.
11.
a. metátese.
b. prótese do /e/, epêntese do /r/.
c. vocalização do /c/.
d. sonorização do /p/, síncope do /i/.

36 Educação Literária 1. O Torpedo tem a virtude de fazer tremer o braço do pescador impedindo-o, assim, de pescar. O Quatro-olhos defende-se dos perigos vindos do ar e do mar,
uma vez que dois olhos estão voltados para cima e dois para baixo.
Capítulo III
Torpedo e 2. Através da alegoria relativa ao Torpedo, o orador pretende alertar os homens para a necessidade de temerem a Deus e de não enveredarem pelos
Quatro-olhos caminhos do mal. Com a referência alegórica ao Quatro-olhos, salienta-se a existência do céu e do inferno, como forma de convencer os homens a adotarem
comportamentos que os conduzam ao céu.
3. Neste contexto, “pescar” significa ‘explorar’, enquanto “tremer” é sinónimo de ‘recear’. Os homens (“pescadores do nosso elemento”) exploram-se uns aos
outros, sem qualquer receio ou pudor. A oposição “muito/pouco” enfatiza a dimensão dessa exploração.
4. A intenção do pregador é a evangelização, pois incita os homens a retirarem uma moralidade a partir do exemplo do Quatro-olhos, tal como ele próprio fez.

37 Informar 1. O objetivo é persuadir o auditório.


2. Organização dos argumentos; uso de alegações e afirmações metaforicamente orientadas para uma moralidade; uso de termos dicotómicos com objetivos
precisos.
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3. O encadeamento musical, ao nível formal, e a geometria do raciocínio, ao nível do conteúdo.


4. No Exórdio, ao fazer referência às causas da corrupção, através do uso da locução disjuntiva, verifica-se o encadeamento lógico das ideias e a alternância
entre a referência aos Pregadores e aos ouvintes, fatores que conferem musicalidade ao texto.

37 Compreensão/ 1. O tema é o desagrado provocado pelo uso incorreto da língua portuguesa.


Expressão oral
2. A intenção subjacente a esta canção é, de forma caricatural, promover o uso correto da língua portuguesa, pois apresenta as respetivas correções.
3. “Onde é que tu estiveste?”; “Não pôr a vírgula entre sujeito e predicado”; “Uma sande de mortadela”; “Houve novidades”; “Compram um automóvel num
stand”; “Quaisquer”; “Distinguir à de há”; “Ananás”; “Você”; “Hás de”; “Salsicha”; “Devia haver”; “Tu fizeste”.
4. Atendendo a que o objetivo desta paródia musical é apelar ao bom uso da língua e considerando que o Padre António Vieira foi considerado o “imperador
da língua portuguesa”, pelo uso exemplar que fez dela, justifica-se o apelo lançado nesta canção.

39 Escrita 1. O aluno poderá contemplar os seguintes aspetos:


− a fotografia é tirada de cima para baixo, o que denota alguma superioridade;
− descrição da figura humana em 1.o plano vs. serra escavada em plano de fundo;
− figura humana que revela uma postura de sofrimento pelo peso que transporta;
− desespero, brutalidade e violência inerentes ao trabalho executado;
− confronto com passagens do “Sermão de Santo António” em que um comportamento idêntico seja denunciado e criticado (exs.: excerto do cap. III
relativo ao Peixe Torpedo: "Tanto pescar, e tão pouco tremer?", ou excerto do cap. IV – página seguinte – , final do primeiro parágrafo: verbo "comer" –
explorar, sentido conotativo).
− situação de nítido desrespeito pelos direitos humanos, à semelhança de outras que são apresentadas no sermão e que justificam a intenção crítica da
obra.

40 Educação Literária 1. (1) Os peixes comem-se uns aos outros − pior do que isso, os grandes comem os pequenos; (2) são ainda acusados de ignorância, de cegueira e de vaidade.
Capítulo IV 2. Nesta afirmação, o orador põe a ênfase do discurso na crítica aos próprios colonos e não aos índios Tapuias, uma vez que “cá” remete para a cidade onde
Repreensões aos se encontram e não para a selva. O vocábulo “açougue” traduz a crueldade e a exploração de que os índios eram alvo, por parte dos colonos.
Peixes em geral 3. O verbo “comer” está usado em sentido denotativo (os peixes comem-se uns aos outros para se alimentarem / referência ao canibalismo dos Tapuias) e
em sentido conotativo, como sinónimo de “explorar”. No excerto alude-se aos homens e apresenta-se a exploração como sendo uma preocupação
constante de todos (isto é, todos os homens se exploravam uns aos outros), comportamento que é criticado.

4. Destaca-se o uso do vocativo (“peixes”), do modo imperativo (“considerai”, “vede”, olhai”) e as repetições (“come-o”). A interpelação direta (“não, não…”)
e as expressões que evocam o campo lexical da visão (”olhai”, “vede”, “virai os olhos”, …) ilustram o visualismo e a autenticidade do texto, o que permite
ao pregador obter feedback relativamente ao modo como o discurso é recebido, além de criar maior proximidade com os ouvintes, despertando-lhes a
atenção.
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5. Neste passo do sermão, Vieira destaca a vaidade como um dos maiores defeitos dos homens que, à semelhança dos peixes, se deixam enganar pelas
aparências, como se verifica através dos exemplos apresentados, quer no plano dos peixes (“Toma um homem do mar um anzol”), quer no plano dos
homens (“Dá um exército batalha…”). A pintura de Juan de Valdés Leal, ao pôr em evidência a inutilidade dos bens materiais e o desprezo pela vaidade,
transmite uma mensagem semelhante, estabelecendo, assim, uma relação coerente com o excerto em causa.

41-43 Educação Literária 1. A intenção é apresentar os defeitos dos peixes com vista ao reconhecimento dos mesmos por parte dos homens e, consequentemente, a alteração do seu
comportamento. Com os Roncadores, pretende-se criticar a arrogância; com os Pegadores, o parasitismo/oportunismo.
Capítulo IV
Roncadores e 2. Entre São Pedro e os Roncadores estabelece-se uma relação de equivalência ao nível das atitudes: os Roncadores são arrogantes e têm uma imagem de si
Pegadores próprios superior ao seu verdadeiro valor, tal como Pedro, que fez promessas que não conseguiu cumprir.
3.
a. Quem tem valor e mérito não tem necessidade de os exibir.
b. Prometer muito, prematuramente, é sinal de incumprimento.
4. O discurso oscila entre o plano dos peixes e o plano dos homens, estabelecendo uma equivalência entre eles. Exs.: “Nesta viagem […] vi debaixo dela o que
muitas vezes tinha visto, e notado nos homens” (ll. 44-45); “Este modo de vida, mais astuto que generoso […] não tinham remédio” (ll. 53-57); “Tomai o
exemplo nos homens” (l. 76); “Não cuidei que também nos peixes havia pecado original” (ll. 102-103). Deste modo, Vieira dirige-se a um auditório fictício,
os peixes, mas, inferencialmente, a um auditório real, constituído pelos homens.
5. Os peixes mais pequenos aproveitam-se do Tubarão cerzindo-se com ele. Por isso, ao morrer o Tubarão, morrem os Pegadores também; Herodes foi
morto por querer matar o Menino Jesus e, com ele, morreu toda a família porque o seguia e dele dependia. Tal como os Pegadores seguem o Tubarão e
dependem dele, também os familiares de Herodes viviam na dependência do governador.
6.1 [B]
6.2 [C]

44-45 Educação Literária 1. Os Voadores consideram que têm barbatanas maiores do que as dos outros peixes e pretendem voar, apesar de não terem asas. Estas características
representam a presunção e a ambição humanas.
Capítulo V
Voadores 2. Através das interrogações, o orador interpela diretamente o auditório, o que confere mais força e vivacidade ao discurso. Desta forma, mantém o
auditório atento à mensagem que transmite.
3. Referindo-se a Santo António como “António”, o pregador origina uma situação de ambiguidade. Implicitamente, poderá estar a referir-se também a ele
próprio, António Vieira, enquanto pregador que segue o exemplo de Santo António, como refere no capítulo I do sermão. Esta estratégia dará, assim, mais
credibilidade à sua mensagem, atendendo à especificidade do auditório.
4. É um aparte de Vieira, uma outra forma de se referir aos homens demasiado ambiciosos, o que confirma que a obra é uma alegoria. O antecedente é
“voadores”.
5.1 “Simão”.
5.2 Oração subordinada adverbial final.
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5.3 “para não voar”.

46-47 Educação Literária 1. O Polvo assemelha-se a um monge, a uma estrela, ostenta brandura e mansidão, sugerindo santidade e bondade. São essas características que permitem
dissimular-se e apanhar as suas presas desprevenidas. Os comportamentos humanos nele representados são a dissimulação e a falsidade.
Capítulo V
2. A água em que o Polvo se encontra é pura, clara e cristalina (uma vez que é reflexo do céu), o que significa que nada pode ocultar nem dissimular; o Polvo,
Polvo
pelo contrário, é dissimulado e constitui-se como um embuste. O contraste com a água amplifica a sua negatividade.
3.1
a. A múltipla adjetivação, antecedida de “tão”, confere ao texto um tom enérgico, enfatizado pela gradação e pela repetição de um som forte /t/; estes
recursos estão ao serviço do deleite do auditório (delectare); evidenciam a crítica aos defeitos do Polvo/dos homens (docere) e permitem também ao
orador persuadir o auditório, levando-o a um comportamento oposto (movere). Estes recursos permitem pormenorizar os defeitos que o orador evidencia,
conferindo-lhes, assim, um maior destaque.
b. Trata-se da enumeração e da gradação, que permitem ao orador obter um efeito de persuasão (movere).
c. Uso expressivo do imperativo e duas enumerações com sentidos opostos; desta forma, o orador “ensina” (docere) mas também “persuade” (movere), pois
destaca as qualidades de Santo António, por oposição aos defeitos do Polvo (“dolo, fingimento ou engano”), como forma de persuadir o auditório a seguir
o exemplo do Santo.
4. O paralelismo sintático ocorre no seguinte segmento textual: “O Polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um Monge; com aqueles seus raios
estendidos, parece uma Estrela; com aquele não ter osso, nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.” (ll. 3-6) Estamos perante uma
construção sintática repetitiva, em que se subentende o sujeito e se e strutura a frase recorrendo à repetição de ex pressões (destacadas a negrito) e ao
predicativo do sujeito.
5. Partindo de uma premissa por todos conhecida − Judas como símbolo máximo da traição −, a estratégia argumentativa surte maior efeito na medida em
que o Polvo é censurado por ser ainda mais traidor do que Judas. Enquanto Judas traiu o Mestre às claras e apenas o indicou aos algozes, o Polvo é mais
dissimulado e falso, uma vez que se veste de diferentes cores para se disfarçar e surpreender as suas presas, de quem é também o executor.

47 Informar 1.
– Recurso a citações bíblicas e invocação de princípios morais e éticos, como argumentos de autoridade.
– Convocação de um interlocutor fictício, no qual assenta a construção da alegoria.

48 Educação Literária 1. Neste excerto encerra-se a exposição dos argumentos a favor e contra o comportamento dos peixes (l. 1), tanto no plano geral como a nível particular,
dando-se por terminada a exploração do conceito predicável (l. 2). Acrescenta-se, a encerrar esta parte, uma última advertência ao auditório, anunciada nas
Capítulo V linhas 2 e 3 e desenvolvida até ao final do capítulo.
Advertência 2. Neste excerto, a crítica é feita àqueles que enriquecem com os bens alheios, e é apresentado o exemplo do produto dos naufrágios.
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3. O episódio bíblico – Cristo e São Pedro – é um exemplo ao serviço da moralidade que o orador pretende destacar, ou seja, que é condenado todo aquele
que fica com os bens alheios.
4. “Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar.” (l. 23)
5. Os homens incorrem na "morte eterna" quando cometem pecados de que não podem ser absolvidos (como apoderar-se do que é alheio).
6.1 “Como eles são tão esparcelados, e cheios de baixios” – oração subordinada adverbial causal; “que se perdem” – oração subordinada substantiva
completiva.
6.2 Sujeito.
6.3 Derivação por parassíntese.

49 Educação Literária 1. “Com esta última advertência vos despido, ou me despido de vós, meus Peixes.”
2. É uma mensagem de humildade, na medida em que Vieira se assume ele próprio como pecador.
Capítulo VI 3. Os recurso expressivos são a gradação (“vos sustenta [… ] vos conserva […] vos multiplica”), que ilustra as diferentes fases do envolvimento de Deus com os
Peroração Peixes (e os homens) e enfatiza os motivos que os Peixes (e os homens) têm para O louvarem, e a repetição “Louvai a Deus” que tem um caráter exortativo e
constitui, simultaneamente, um hino de louvor no final do sermão.
1.
50 Informar a. Pega-se ao leme da nau (guia).
b. A língua de Santo António travava e refreava as paixões humanas.
c. Defende-se dos perigos do ar e do mar.
d. Revelam ignorância, cegueira e vaidade.
e. Arrogantes e soberbos
f. Oportunistas
g. Ambiciosos
h. Santo António possuía sabedoria, mas foi sempre humilde e modesto, em vez de a ostentar.

51 Compreensão do
1.
Oral
a. Tema do debate: Admissão de negros nas Universidades do Estado.
b. Intervenientes: A − Sra. Brooke e o colega negro;
B − O orador branco.

c. Proveniência: A − Universidade de Wiley, no Texas.


B − Universidade de Harvard.
d. Posições defendidas e fundamentação:
A − A favor da admissão dos negros nas Universidades do Estado: é absurda a sua não admissão.
B − Contra a admissão dos negros nas Universidades do Estado: impor ao Sul aquilo para que os seus habitantes não estariam preparados
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resultaria no aumento do ódio racial.


e. Evidências da preparação prévia dos oradores:
A − Consulta prévia de registos legais e históricos; exemplos de negros que se destacaram em momentos importantes da História do país.
B − Referência à opinião do primeiro negro doutorado por uma Universidade do estado, que corrobora a posição do orador.
f. Reações do público à posição dos intervenientes:
 No início do debate: Abandono do espaço por parte de alguns ouvintes.
 No final do debate: Euforia, depois da adesão e do entusiasmo progressivo.

2.1 “as pessoas de cor não são apenas uma cor no tecido americano, são a linha que une tudo”.
2.2 Os registos legais e históricos com referências a negros destacados em diferentes períodos da história da América: 1865 (Guerra Civil) e 1918 (final da
I Guerra Mundial).
3. Impor a presença de estudantes negros nas universidades destinadas a brancos, sem que os americanos estivessem preparados, teria como consequência
mais ódio racial.
3.1 O exemplo apresentado, que funciona como argumento de autoridade, é aparentemente eficaz, pois trata-se de uma citação de DuBois (um negro que
não defende a admissão de negros nas universidades). O orador prova que os negros não falam a uma só voz, o que dá força à sua tese.
4. A contra-argumentação é válida e eficaz, na medida em que desmonta o argumento do opositor. Reverte a seu favor o argumento contrário, ao afirmar
que DuBois é o primeiro negro doutorado por uma universidade branca. Desta forma, demonstra a incoerência entre a teoria e a prática de DuBois.
5. Interrogação retórica, repetições (“será” e “sempre”), enumeração. Estes recursos conferem força e um tom enérgico ao discurso.
6. No início, manifesta hesitação (tom de voz/ entoação), nervosismo (movimentos das mãos), desconforto face à câmara fotográfica (expressão facial e do
olhar); no final do discurso, os gestos, o tom de voz, a entoação e a expressão facial revelam segurança e determinação.
7. Os argumentos e os exemplos apresentados pelos oradores são adequados à finalidade do debate. A equipa A (oradores negros) esclarece o seu ponto de
vista recorrendo a três argumentos claros e coerentes e a diversos exemplos ilustrativos da sua posição. A equipa B (orador branco) apresenta dois
argumentos e um exemplo retomado dos adversários de forma a diminuir a sua eficácia argumentativa.

52-53 Leitura 1. Lincoln foi o presidente que assinou e promulgou a Declaração de Emancipação dos Negros, documento que abolia a escravatura. É, por isso, uma
referência para os negros.
2. Comparação (“como uma aurora radiosa”) e metáfora (“longa noite de cativeiro”). Dado que “aurora” remete para o nascer de um novo dia, opondo-se,
assim, a “noite”, poderá considerar-se também a presença da antítese. Na expressão “longa noite de cativeiro”, a noite remete para a ausência de
liberdade por parte dos negros. A expressividade recai sobre os dois vocábulos (“aurora”/ “noite”), evidenciando que aquele é o momento em que uma
nova condição (liberdade) deve suplantar um longo estado de aprisionamento.
3. Tese: “Cem anos passaram e o Negro ainda não é livre”.
4. Argumentos: “a existência do Negro é todos os dias tristemente dilacerada” (ll. 9-10), “o Negro vive ainda na ilha solitária da pobreza” (l. 11), “o Negro
arrasta-se todos os dias pelas esquinas da sociedade americana” (ll. 12-13).
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5. Ilustra o caráter exortativo do texto. O orador pretende alertar as consciências, demonstrando que aquele é o momento de agir.
6. Martin Luther King sonha com uma sociedade em que todos os seres humanos tenham os mesmos direitos, sejam tratados de igual forma,
independentemente da raça, e possam conviver em fraternidade.
7. Tem um valor conclusivo, introduzindo o apelo final do orador.

8. O caráter persuasivo do texto é visível, do ponto de vista do conteúdo, pela convocação do passado recente (pós-assinatura da Declaração de
Emancipação), pela caracterização do presente (vivência de injustiça e discriminação) e pelo apelo à luta e à persistência, no sentido de construir um futuro
diferente que se traduzirá na concretização do sonho e da esperança. No que concerne aos aspetos formais, a persuasão é conseguida pelo recurso ao uso
do presente do conjuntivo com valor de imperativo (“Façam soar”) e pela repetição de expressões que enfatizam uma ideia (“é a hora”, “sonho”) e que
permitem alertar os interlocutores.
9. Essa dimensão está presente ao longo de todo o texto, na medida em que se trata a temática dos direitos humanos (ou violação dos mesmos) e se apela à
não violência e à melhoria das condições de vida do ser humano, numa perspetiva universalista.
1. a. Ser feminista é entendido como sinónimo de odiar os homens.
53 Compreensão do b. Emma, enquanto rapariga, foi considerada autoritária, mas os amigos, perante a mesma situação, não.
Oral c. Emma foi sexualizada pela imprensa.
d. Muitas amigas de Emma abandonaram o desporto para não serem consideradas masculinas.
e. Emma percebeu que os amigos não se sentiam à vontade para exprimir os seus sentimentos.
f. A igualdade no amor filial.
g. A igualdade de tratamento na escola.
h. A ausência de discriminação por poder ser mãe.
i. Desinteresse masculino na defesa da igualdade de género.
2. Trata-se de um discurso político. A capacidade de expor e de argumentar ficou demonstrada com a identificação dos argumentos e exemplos referidos no
exercício anterior. O caráter persuasivo é ilustrado pelo apelo ao contributo de todos os ouvintes para que adiram à campanha HeForShe. Na medida em
que se trata do apelo à defesa de um direito do ser humano, o discurso adquire uma dimensão ética e social.
3.1 Os recursos não verbais são os seguintes: (1) inflexões de voz; (2) sorriso; (3) agitação corporal; (4) voz embargada; (5) pausas; (6) movimento afirmativo
da cabeça; (7) expressão do olhar. Os três primeiros recursos referidos ocorrem no momento em que refere a sua experiência pessoal, transmitindo, desta
forma, um envolvimento afetivo; os últimos acompanham a referência aos direitos das mulheres, conferindo ao discurso uma atitude mais empenhada e
incisiva.
1. a. V
57 VERIFICAR b. V
c. V
d. F − por criticar os homens.
e. V
f. F − em duas partes.
g. V
h. F − com a invocação à Virgem.
i. V
Sentidos 11, Unidade 1 – Padre António Vieira, “Sermão de Santo António” Cenários de Resposta

j. V
k. V
l. F − os Roncadores, os Pegadores, os Voadores e o Polvo.
m. V
n. F − persuadir, instruir e deleitar.
2. (As soluções propostas não excluem outras hipóteses de preenchimento dos espaços.)
a. seis
b. conceito predicável
c. virtudes
d. em particular
e. defeitos
f. pregadores
g. doutrina
h. ouvintes
i. auditório
j. lugar
k. praças
l. praias
m. terra
n. mar
o. peixes
p. atentos
q. obedientes
r. argumentativa
s. figurativo
t. alegoria
u. crítica

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