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Sermão de Santo António

Contextualização histórico-literária
O século XVII é uma época de grandes crises a nível europeu e nas terras colonizadas, como se
observa a seguir:

Europa Portugal Brasil


• Agonia da História nacional • Exploração dos índios brasileiros,
• Crise generalizada iniciada com o vítimas de ganância pelos colonos
• Reforma Protestante desaparecimento de D. brancos
• Contrarreforma Sebastião • Obtenção de uma provisão régia com
• Poder da Inquisição • Governação sucessiva de medidas favoráveis aos jesuítas e aos
• Clima de medo e de Filipes (desde Filipe II de índios dos Estados do Brasil e do
repressão Espanha em 1580 até Filipe Maranhão e do Grão-Pará (1655)
• Lutas religiosas IV em 1640) • Expulsão dos jesuítas dos aldeamentos
• Progressivo aumento do e do Colégio do Maranhão e do Pará,
poder da Inquisição em 1661

Culturalmente, Portugal afasta-se dos restantes países da Europa, em grande parte por culpa
da Inquisição. O Homem racionalista do século XVI deu lugar ao Homem do século XVII, mais
ligado ao sensitivo do que ao racional.

O final do séc. XVI foi marcado a nível religioso pela violenta reação da Igreja Católica à
Reforma Protestante. O Concílio de Trento é o ponto de lançamento da Contrarreforma,
caracterizado pelo reforço da Inquisição e pelo aparecimento do Barroco. O Concílio definiu
que a arte (neste contexto a barroca) deveria estar ao serviço dos ritos da Igreja, através de
imagens e do deslumbramento ornamental.

Vida e obra de Padre António Vieira


É neste contexto que Vieira usa a palavra para tentar alterar os comportamentos.

• Nasce em Lisboa a 06/02/1608 e parte com os pais para o Brasil em 1614, onde
ingressa como noviço na Companhia de Jesus
• O contacto direto com os índios e o seu conhecimento proporcionaram-lhe uma nova
visão do ser humano, que determinará a sua ação na defesa dos direitos dos índios e
que lhe trará muitos conflitos com os colonos
• Regressa a Lisboa em 1641, após a Restauração da
Independência de Portugal face à coroa
espanhola, integrado numa delegação da colónia
brasileira, que vem prestar a sua solidariedade ao
novo rei D. João IV
• A Inquisição considera-o um herege por ter
sugerido o surgimento de um “Quinto Império”,
liderado por D. João IV sendo encarcerado em
Coimbra e proibido de pregar
• Anos mais tarde regressa ao Brasil e desenvolve-se missionário, no Maranhão e no
Grão-Pará e assume-se defensor incansável dos direitos dos índios, que o apelidam de
“Padre grande”
• Em 1654, dias antes de regressar a Lisboa, profere o “Sermão de Santo António aos
Peixes”, denunciando os comportamentos corruptos dos colonos do Maranhão
• Organiza e colige os seus sermões em 15 volumes, morrendo na Baía em 1697

Objetivos da eloquência (docere, delectare, movere)


O sermão tinha como objetivo principal levar os fiéis a reconhecerem os seus erros e a
alterarem comportamentos, apresentando também uma importante
componente lúdica. Assim, o sermão obedece a 3 objetivos:

• “Docere” (educar, ensinar) → Função pedagógica muitas vezes


conseguida através de citações bíblicas e de autores da Igreja ou
de obras clássicas
• “Delectare” (agradar) → Função estética, através de um discurso
rico em recursos expressivos como a alegoria, metáfora,
comparação ou a antítese, enumeração, gradação, etc.
• “Movere” (persuadir, levar à adoção de determinados
comportamentos) → Função crítica e moralizadora, baseada
numa argumentação bem construída, recorrendo a argumentos
de autoridade como exemplos bíblicos e um discurso apelativo,
recorrendo à apóstrofe, interrogação retórica, frases exclamativas
e imperativas)

O sermão, enquanto discurso de caráter religioso, é uma das armas fundamentais da


Contrarreforma

Intensão persuasiva e exemplaridade


A linguagem de Vieira consegue atingir públicos diversificados devido à sua clareza, afastando-
se do estilo demasiado obscuro dos pregadores seus contemporâneos, cuja pregação se
revelava ineficaz.

Padre António Vieira vai censurar o comportamento dos colonos portugueses no Maranhão e
defender o direito dos índios, como vimos. Assim, apresenta uma intenção persuasiva,
procurando convencer o seu público a mudar de comportamento.

A crítica social é feita através de uma alegoria, recorrendo ao exemplo de Santo António que,
face à revolta dos habitantes de Arimino em Itália, que não queriam ver os seus pecados
expostos, optou por pregar aos peixes, que o escutaram dando origem a um dos seus milagres.
No dia em que se celebra este santo, Vieira dirige, alegoricamente, o seu sermão aos peixes,
servindo-se dos seus direitos e virtudes para denunciar os pecados do Homem.
Crítica social e alegoria
A 13 de junho de 1654, prega o “Sermão de Santo António”, no qual de forma alegórica tenta
denunciar comportamentos. Observando o seu tempo e sentindo-se desiludido com o Homem,
Vieira decide voltar-se da terra para o mar e dirigir a sua pregação aos peixes. Metaforicamente
diz que os pregadores são “o sal da terra”, cujo efeito deve ser impedir a corrupção. No entanto,
ao ver que a terra está tão corrupta, interroga-se sobre a causa.

Ao longo do Sermão, começa por louvar as virtudes dos peixes para,


de seguida, repreender forte e ironicamente os seus defeitos. Embora
interpele os peixes, na verdade, é aos homens que se dirige,
estabelecendo um paralelismo entre os vícios dos peixes e os vícios
humanos, neste caso para denunciar a exploração dos colonos sobre
os indígenas.

Assim, é inegável a crítica social presente. Partindo de um púlpito no


centro dos olhares dos ouvintes, pretendia atingir os seus corações e
alterar condutas.

Linguagem, estilo e estrutura


Visão global do sermão e estrutura argumentativa

Capítulo do Sermão Conteúdo temático


Exórdio (ou introito) → Apresentação • Conceito predicável – “Vos estis sal terrae”
do tema e captação da atenção do - Capítulo I (“Vós sois o sal da terra”)
público do ponto de vista do pregador • Exploração do tema a partir da metáfora do sal
e da forma como irá defendê-lo) • Elogio a Santo António como modelo a seguir
• Invocação à Virgem Maria no final do capítulo
• Louvores aos peixes em geral (capítulo II)
• Louvores aos peixes em particular - peixe de
Exposição e Confirmação - Capítulo II (Exposição) Tobias, torpedo, rémora e quatro-olhos
(apresentação pormenorizada da - Capítulo III (- Confirmação) (capítulo III)
matéria a desenvolver e defesa da - Capítulo IV (Exposição) • Repreensões aos peixes em geral – denúncia
tese através de argumentos - Capítulo V (Confirmação) de casos de antropofagia social (capítulo IV)
inquestionáveis) • Repreensões aos peixes em particular –
roncadores, voadores, pegadores, polvo
Peroração (síntese do que foi
desenvolvido e utilização de um • Apelo aos ouvintes numa última advertência
desfecho forte para impressionar o aos peixes
auditório) – conclusão com 1 - Capítulo VI • Retrato dele próprio como pecador
advertência aos peixes; retrato do • Hino de louvor a Deus (repetição anafórica
Padre António Vieira como pecador; “Louvai a Deus”)
hino de louvor
O Sermão de Santo António do Padre António Vieira é um discurso longo, tendo sido criado com
a finalidade de ser pregado. Não sendo fácil manter um auditório atento por muito tempo,
compreende-se a necessidade de recorrer a um conjunto de artifícios que assegurem na
perfeição a verificação permanente de que a assistência está em condições de continuar a ouvir
atentamente o sermão.

Capítulo I:

Exórdio → Exposição do plano a desenvolver e das ideias a defender a partir do conceito


predicável “Vós sois o sal da terra”

Conceito predicável → Texto bíblico que serve de tema e que irá ser desenvolvido de acordo
com a intenção e objetivo do autor; assenta em figuras ou alegorias através das quais se
pretende alcançar uma demonstração da fé, ou verdades morais, ou até juízos proféticos. “Vós
sois o sal da terra” é o conceito predicável, isto é, a pequena frase retirada do Evangelho de S.
Mateus, que servirá de tema/tese ao Sermão de Santo António e a partir do qual Viera irá
argumentar: os pregadores são o sal, a terra os homens. O sal impede que os alimentos se
estraguem, ou seja os pregadores impedem a corrupção. Assim, os pregadores são importantes
na transmissão da mensagem evangélica, na preservação da moralidade e da integridade dos
homens – “terra”. Porém, àqueles que não querem ouvir a palavra de Deus, o que se faz? O
orador diz que “este ponto não resolveu Cristo Senhor nosso no Evangelho”.

O sal que salga… … Evita a corrupção


O sal que não salga… … É inútil e desprezado
O pregador é como o sal… … Se a palavra não chega aos ouvintes ou não produz os seus frutos é porque algo está errado

Então se a terra está corrupta/ “estragada”, de quem é a culpa?

• Pode ser o pregador que não prega corretamente a palavra de Deus


• Pode ser a terra que não “ouve” a palavra do pregador

Os pregadores “não salgam” porque: A terra “não se deixa salgar” porque:


• Ou não pregam a verdadeira doutrina • Ou não querem receber a doutrina verdadeira
• Ou dizem uma coisa e fazem outra • Ou querem imitar os pregadores em vez de fazer o que eles
dizem
• Ou se pregam a si e não a Cristo • Ou servem aos seus apetites, em vez de servirem aos de Cristo

Para atingir os seus objetivos, o orador recorre:

• À construção anafórica e paralelística


• Aos conectores disjuntivo e causal
• À antítese que se gera a partir do desdobramento das hipóteses: os pregadores não
pregam/os ouvintes não ouvem
Vieira cita o exemplo de Cristo relativamente aos pregadores que não cumprem a sua missão
(“Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se
lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos”). Caso o problema
esteja do lado da Terra, deve-se seguir o exemplo de Santo António (“Mudou-se somente o
púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a
terra, vai-se ao mar”). Em Arimino, quando os ouvintes não quiseram escutar, António dirigiu
as suas palavras aos peixes, que as ouviram.

O capítulo 1 termina com um pedido de auxílio divino que pode ser entendido como invocação,
à Virgem Maria.

Capítulo II:

Informação sobre as virtudes do sal e sobre o plano do sermão:

• Divisão das partes do sermão


• Informação sobre as virtudes do sal: serve para conservar ou manter o que é saudável
e impedir a sua corrupção – isto encontra a sua representação humana e abstrata na
conservação do Bem e no impedimento do Mal

Louvores aos peixes em geral:

• São bons ouvintes


• São as criaturas que Deus primeiramente criou
• São obedientes, acorrem devotamente ao chamamento divino e são pacatos
• São prudentes e permanecem afastados, a boa distância dos homens

Qualidades e virtudes dos peixes Defeitos dos homens


• Obediência • Deslumbramento face à adulação
• Ordem, quietação e atenção com que ouviram as • Altivez e presunção
palavras de Santo António
• Respeito e devoção ao ouvirem a palavra de Deus • Violência e obstinação
• O seu retiro e afastamento relativamente aos homens • Crueldade irracional
• Só eles de todos os animais não se domam nem • Exibicionismo e vaidade – “longe dos homens e fora
domesticam dessas cortesanias”

A glorificação dos peixes e a crítica aos homens é ilustrada por exemplos bíblicos, que
credibilizam e reforçam a argumentação do pregador, nomeadamente:

• O exemplo bíblico do pescador Jonas


• O exemplo da narrativa bíblica do Dilúvio e da consequente construção da Arca de Noé

No contraste estabelecido entre os peixes e os outros animais, convém realçar a enumeração, a


variedade verbal, a riqueza e a propriedade vocabular e a vivacidade da descrição.

Santo António, para se aproximar de Deus, afasta-se dos homens


Capítulo III:

Louvores aos peixes em particular:

Peixe Virtudes Analogia com Santo António/Simbologia


• O fel curava a cegueira – Tobias confirmou o
poder curativo das entranhas do peixe: seu
pai, que era cego, recuperou a visão, depois • Santo António “abria a boca contra os
de lhe ter sido aplicado um pouco do fel hereges” e procurava alumiar e curar a
Peixe de Tobias extraído do peixe cegueira dos homens e lançar os
• O coração afugentava os demónios pois, demónios fora de casa, limpando a
depois de queimado expulsou um demónio alma dos homens
que já tinha matado 7 maridos a Sara. Sara e
Tobias casaram e o demónio nunca mais
tornou

• Peixe marinho cuja cabeça funciona como • É comparada à língua de Santo


ventosa, o que lhe permite fixar-se a António, que se entregou à
Rémora embarcações evangelização dos povos e nunca se
• Pequena no tamanho, mas com uma grande afastou desse objetivo
força, capaz de imobilizar o leme das naus

• Também na terra os homens


extorquem o que não lhes pertence,
sem recearem as consequências dos
seus atos, ou seja, o castigo divino
• É comparado a Santo António, pois
também este faz tremer com as suas
• Peixe parecido com a raia capaz de produzir palavras que contagiam e estremecem
pequenas descargas elétricas que fazem a vida e o coração dos ouvintes
Torpedo tremer o braço do pescador, obrigando-o a • Assim como há pescadores que não
largar a cana; assim, o torpedo não é pescado sentem as descargas elétricas, também
há homens que ouvem a verdade e
continuam no caminho errado,
indiferentes à palavra do pregador
• A descarga elétrica simboliza a palavra
de Deus que devia abalar a consciência
dos homens
• Devemos olhar sempre direitamente
ou só para cima ou só para baixo (só
• Tem dois olhos para se vigiar das aves para cima, considerando que há Céu,
Quatro-olhos (inimigos do ar) ou só para baixo, considerando que há
• Tem dois olhos para se vigiar dos peixes Inferno
(inimigos do mar) • Simboliza o dever que os cristãos têm,
de olhar para o Céu, lembrando-se que
há Inferno
Outros peixes:

• Sardinhas → Servem de sustento aos pobres


• Solhos e salmões → Servem de sustento aos ricos
• Ajudam a abstinência nas quaresmas (jejum)
• Cristo celebrou a Páscoa com peixes
• Ajudam a ir ao Céu
• Multiplicam-se rapidamente (aqueles que são consumidos pelos pobres)

Capítulo IV:

Repreensões aos peixes em geral:

• Não só se comem uns aos outros, como os grandes comem os pequenos → Crítica à
prepotência dos grandes que “se alimentam “ do sacrifício dos mais pequenos, tal como
os peixes (antropofagia social – também os homens “se comem”) → Ex: “Comem-no os
herdeiros, os testamenteiros, os legatários, os acredores; os oficiais dos órfãos e os dos
defuntos e ausentes; o médico”; “enfim, ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e
já o tem comido toda a terra”). Vieira apela para que os peixes não se comam uns aos
outros, usando o exemplo de que na arca de Noé, os animais da terra e do ar, que
costumavam comer-se uns aos outros, não o fizeram por uma questão de sobrevivência
e todos viveram em paz
• Ignorância e cegueira → Caracterização do homem da cidade: prepotente, vaidoso,
parasita, ambicioso, hipócrita, traidor. O peixe é facilmente enganado por um anzol e
um pedaço de pano. Assim, este é ignorante porque não entende o significado do pano
e cego porque se atira cegamente e fica preso. Já os homens “bonitos ou os que querem
parecer” não conseguem resistir à tentação e à vaidade, ficando engasgados e presos
com dívidas de um ano para outro ano. Ou seja, os homens endividavam-se por causa
de “um triste farrapo com que saem à rua, e para isso se matam todo o ano”

Assim, neste capítulo há uma crítica aos peixes para melhor explicitar a condição dos homens
no que diz respeito à antropofagia social e à vaidade no vestuário. Santo António abandonou as
vaidades e com as suas roupas simples e as suas palavras, “pescou muitos homens”.

Capítulo V:

Repreensões aos peixes em particular, criticando também os homens ambiciosos, vaidosos,


hipócritas e traidores

Peixe Vícios Simbologia/Exemplo de Santo


António
• Embora pequeno e aparentemente vulnerável, este peixe • O roncador simboliza as
emite um som forte. Esta autopromoção revela a sua soberba pessoas insignificantes na
e arrogância vida, mas que falam e
• Exemplo de Pedro, o discípulo de Cristo: apesar de ter dito que apregoam arrogantemente
O roncador defenderia até à morte o seu Senhor, bastou-lhe uma simples o seu suposto valor.
invetiva da mulher, após a prisão de Cristo, para negar que • Santo António, símbolo da
conhecia o seu Mestre. Se tal aconteceu com S. Pedro, muitas verdadeira sabedoria,
razões terão os homens para exibirem a sua arrogância nunca se vangloriou das
• Outros exemplos bíblicos reiteram o facto de os arrogantes e suas capacidades,
os soberbos pensarem que são Deus e acabarem diminuídos e confinando-se à sua
humilhados condição de servo de Deus
• Parasita que vive à custa do seu hospedeiro • Padre António Vieira afirma
• O parasitismo foi aprendido com os portugueses porque não que, se o Homem se há de
há nenhum vice-rei ou governador que parta para as pegar a alguém, que seja a
conquistas sem ir rodeado de larga comitiva – crítica ao Deus, como ele mesmo faz
aparelho colonial português todos os dias
• Em termos humanos, os mais preguiçosos acabam como os • Deus também tem os seus,
O pegador pegadores que, quando o tubarão que lhes serviu de aqueles que espalham a
hospedeiro é pescado, morrem com ele, porque a ele estão palavra divina, como David
pegados e Santo António, que se
• Exemplo bíblico que ilustra a triste sorte dos pegadores: a pegaram a Cristo e ambos
família de Herodes, que perseguiu a Sagrada Família, e que foram bem-sucedidos
soçobrou com o seu patriarca
• Santo António sempre se
• Morfologicamente possui umas barbatanas maiores do que a demarcou da ambição,
generalidade dos peixes, daí que queira imitar as aves porque reconhecia que as
• Esta ambição de se querer transformar naquilo que não é só asas que fazem subir
lhe traz sofrimento, porque está sujeito aos perigos do mar também fazem descer, o
O voador (morre engasgado pelo isco) e aos perigos do ar (morre cego que pode precipitar a
pela sua ambição desmedida, porque as velas, as cordas e os destruição.
laços dos barcos se transformam em rede, apanhando-o) • Santo António preferiu
• Simboliza a ambição, a presunção e o capricho remeter-se à sua
humildade
• O polvo é caracterizado através de comparações sugestivas:
- Com aquele seu capelo parece um Monge (aparenta santidade)
- Com os seus raios estendidos parece 1 estrela (aparenta beleza) • Santo António foi “o mais
- Com a falta de osso e espinha, aparenta serenidade e mansidão puro exemplar da candura,
• Considerado o maior traidor do mar, o polvo pelas suas da sinceridade e da
O polvo características de disfarce e pacatez, ilude a presa, tomando a verdade, onde nunca houve
cor das pedras ou da vegetação do fundo do mar, surpreende fingimento ou engano
a vítima e caça-a ele mesmo
• Simboliza a traição, a dissimulação, a hipocrisia e a falsidade e
é assim pior que Judas, o paradigma de traidor do Evangelho

O capítulo termina com uma crítica feroz aos portugueses. Partindo do exemplo de Santo
António, Vieira refere a degenerescência dos valores nacionais, uma vez que no passado as
características exemplares de Santo António eram extensivas a todo o povo português, não
sendo atributos dos santos.

Capítulo VI:

Peroração → Utilização de um desfecho forte para impressionar o auditório.

Conclusão → Última advertência aos peixes; retrato de Vieira como pecador; hino de louvor

• Os peixes estão excluídos dos sacrifícios consagrados a Deus (e a comparação


peixes/outros animais) porque “os outros animais podiam ir vivos ao sacrifício, e os
peixes geralmente não, senão mortos; e coisa morta não quer Deus que se lhe ofereça,
nem chegue aos seus altares”. O lado positivo da questão é que “melhor é não chegar
ao sacrifício, que chegar morto”.
• Retoma dos argumentos apresentados
• Pedido aos ouvintes para fazerem contínua ação de graças e louvores a Deus

Características retóricas da linguagem

• Alegorias → Representar realidades abstratas através de uma realidade concreta


• Comparações
• Metáforas
• Anáforas
• Antíteses
• Apóstrofes
• Enumerações
• Gradações
• Interrogações retóricas
• Interjeições e exclamações
• Jogos de palavras
• Paralelismo sintético
• Argumentos de autoridade
• Citações bíblicas

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