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PAGINA 21

RESPOSTAS:

1. Ao longo da sua vida, Vieira contribui para fortalecer a governação de D. João


IV, após a Restauração, mas empenha-se também na defesa dos índios do Brasil e dos
cristãos-novos. Quando D. João IV chega ao trono, o reino encontra-se numa situação
financeira debilitada e moralmente fragilizado. O rei contou com os recursos
económicos dos cristãos-novos para fazer face às dificuldades e com o auxílio de Vieira
para os defender de ataques da Inquisição. No plano político, foi necessário
negociar com as potências europeias para Portugal ver reconhecida a sua
independência e para reaver os territórios coloniais perdidos. Durante a época em
que um rei Espanhol está no trono português (1580-1640), fervilha em Portugal a
crença no sebastianismo e na chegada de um rei que devolveria a Portugal a
independência. Vieira procura demonstrar que este D. João IV representa esse rei
com um destino messiânico.

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2.
2.1 No plano religioso, a «corrupção» é sinónimo de pecado; no biológico, podridão
física; no plano judicial, a corrupção é o uso ilícito de um cargo ou de uma posição para
se obter proveitos próprios.
3.
3.1 Santo António dirige-se aos peixes.
3.2 Santo António estará de costas para os homens porque não pretende falar para
eles. Neste caso, é porque eles não aceiam o que ele diz.

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.
1.1 O pronome «vós» refere-se aos pregadores.
1.2 Os pregadores são como o sal: impedem a degradação moral e espiritual
dos fiéis.
2.
2.1 Dizer que a terra está corrupta significa que o povo não está moralmente
saudável e puro: os fiéis pecam e têm comportamentos condenáveis.
3.
(1) Pregadores;
(2) Impedir a corrupção;
(3) não pregam a verdadeira doutrina;
(4) não a querem receber;
(5) dizem uma coisa e fazem outra;
(6) imitam o que os pregadores fazem e não o que eles dizem;
(7) pregam-se a si e não a Cristo;
(8) servem os seus apetites e não a Cristo;
(9) Desprezar os pregadores que faltam à doutrina e ao exemplo;
(10) Mudar de auditório;
(11) Imitar Santo António e pregar aos peixes.

4. O orador cita Cristo para atribuir autoridade e importância aos argumentos


que apresenta.

5. Uma enumeração desta parte é: «Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria


tempo ao tempo?» (l.43). Nesta enumeração, o orador apresenta as várias opções
pouco dignas que Santo António tinha quando os ouvintes o ignoraram, para depois
dar conta de que o santo não escolhera nenhuma.

6. Vieira é associado a Santo António porque, como este, o jesuíta também foi


ignorado pelos ouvintes e procurou encontrar uma solução para o problema.

6.1 Santo António serve de modelo a Vieira porque era uma personalidade


exemplar e um grande orador. O pregador jesuíta pretende ter nele um exemplo
como pregador e decide resolver o problema da indiferença dos colonos do
Maranhão de forma semelhante à que o franciscano pôs em prática: pregou aos
peixes e não aos homens.

PÁGINA 28
GRAMÁTICA
1.
a) Sujeito simples.
b) Sujeito.
c) Modificador apositivo do nome.
d) Predicativo do sujeito.
e) Modificador do grupo verbal.
f) Complemento oblíquo.
g) Sujeito simples.
h) Complemento indireto.

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LEITURA
1.
1.1 O texto dá conta da obra global de Vieira e as partes em que se divide.
Identificam-se e agrupam-se os tipos de texto que escreveu: tratados, opúsculos
políticos, cartas e sermões.
1.2
§1. A obra de Vieira é formada por diferentes tipos de textos. 
§2. Os sermões dividem-se em dois grupos: religiosos e de assunto político
ou social.
§3. Os sermões religiosos recebem hoje menos atenção.
§4. Os sermões políticos e sociais são mais impressionantes e procuram contribuir
para reformar mentalidades.
§5. Através dos sermões, Vieira interveio nos assuntos sociais e políticos do seu
tempo.
1.3 Nos sermões, que eram pregados na igreja, Vieira podia comentar e criticar
assuntos do seu tempo sem que os poderes políticos e sociais o censurassem.

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RESPOSTAS

1. O pregador diz que não falará «em Céu nem Inferno», pois os peixes não se
irão converter. No entanto, o Padre António Vieira acrescenta que a «dor»,
por ter um auditório que não se irá converter, já é tão usual que quase não se
sente. Desta forma, critica os seus ouvintes, por resistirem a acatar a doutrina
que procura divulgar através dos seus sermões.

2. Propriedades do sal:
1. «conservar o são»;
2. «preservá-lo, para que se não corrompa».
Propriedades das pregações:
1. «louvar o bem»;
2. «repreender o mal».
Divisão da argumentação do sermão em dois momentos:
1. Louvor das virtudes dos peixes;
2. Repreensão dos vícios dos peixes.

3. Os peixes foram as primeiras criaturas que Deus criou e foram os primeiros


animais a serem nomeados quando Deus atribuiu ao Homem o poder sobre todas
as criaturas. São os animais que existem em maior quantidade e os que atingem
maiores proporções.

3.1 Neste parágrafo, os homens são criticados por serem vaidosos: «mas isto  é lá


para os homens, que se deixam levar destas vaidades». Com efeito, o milagre que
levou os peixes a acorrerem para ouvir Santo António realizou-se porque os habitantes
de Arimino, descontentes com as suas críticas, o haviam perseguido, querendo
expulsá-lo da sua terra ou mesmo matá-lo. Algo semelhante sucedeu a Jonas, que
foi miraculosamente salvo por uma baleia após ter sido atirado ao mar pelos homens.
4. O Padre António Vieira demonstra que os peixes manifestaram «respeito e
devoção» em relação aos pregadores fazendo referência ao momento em que
acudiram de forma obediente para ouvir a pregação de Santo António e o escutaram
atentamente.
4.1 Neste parágrafo, os homens são criticados por perseguirem os pregadores. Com
efeito, o milagre que levou os peixes a acorrerem para ouvir S. António realizou-
se porque os habitantes de Arímino, descontentes com as suas críticas, o haviam
perseguido, querendo expulsá-lo da sua terra ou mesmo matá-lo. Algo semelhante
sucedeu a Jonas, que foi miraculosamente salvo por uma baleia após ter sido atirado
ao mar pelos homens.

5. O recurso expressivo é o trocadilho (ou jogo de palavras). Trata-se de um jogo


entre o sentido literal de «entranhas» e o seu significado na expressão «ter entranhas
para» — que significa «ter coragem para». Desta forma se procura reforçar o contraste
entre a brutalidade daqueles que deviam ter compaixão — os homens — e a
compaixão daqueles que deviam revelar brutalidade — os animais.

6. O Padre António Vieira louva o facto de os peixes serem os únicos animais que
não se deixam domesticar.

6.1 Para comprovar que o facto de os peixes não se deixarem domesticar agrada a


Deus, o pregador afirma que, no dilúvio ocorrido no tempo de Noé, apenas estes
animais não foram punidos, dado que eram os únicos que viviam afastados dos
homens e, portanto, dos seus pecados. Além disso, acrescenta que o próprio Santo
António, para se aproximar de Deus, também se afastou dos homens.

7. O recurso expressivo é a antítese («buscava»/«fugia»).

7.1 Visa comprovar que Santo António, para se aproximar espiritualmente de Deus,


sentiu necessidade de se afastar dos homens, na medida em que a sua existência se
encontrava contaminada pelo pecado.

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GRAMÁTICA

1. (a)-(2); (b)-(4); (c)-(6); (d)-(7); (e)-(1); (f)-(8); (g)-(7); (h)-(1).

ESCRITA

1. Cenário de resposta: O conceito predicável («Vos estis sal terrae»), citação


do Evangelho de São Mateus que faz referência ao papel dos pregadores no combate à
corrupção, leva o Padre António Vieira a criticar não apenas os maus pregadores, mas
também a terra que não se deixa salgar, isto é, os ouvintes que não se arrependem
dos seus pecados. Assim, dado que, tal como sucedeu com Santo António em
Arímino, também as suas pregações não têm tido qualquer feito no auditório, decidiu
seguir o exemplo do santo e pregar aos peixes. Contudo, neste caso, o sermão
não será, de facto, dirigido aos animais, mas tratar-
-se-á de uma alegoria, com base na qual o Padre António Vieira irá referir-se a
uma realidade abstrata (os defeitos do auditório) através da imagem concreta dos
peixes, com os quais simula falar. Desta forma, o sermão ganha uma dimensão
profundamente original, que contribui para a concretização dos seus objetivos: docere,
delectare e movere.

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1. 
1.º peixe:
Identificação do peixe — Peixe de Tobias.
Virtude(s) do peixe — O fel do peixe curava a cegueira e o seu coração expulsava os
demónios.
Analogia com Santo António — O seu desejo mais íntimo era curar os homens da
cegueira e expulsar os demónios da sua convivência.
Crítica aos homens — Perseguiram Santo António, tal como os moradores do
Maranhão perseguem o Padre António Vieira (crítica subentendida).
2.º peixe:
Identificação do peixe — Rémora.
Virtude(s) do peixe — Apesar de ser pequeno, consegue impedir as naus de
navegarem.
Analogia com Santo António — A língua de Santo António era uma rémora na terra
— tinha força para dominar as paixões humanas: a soberba, a vingança, a cobiça e a
sensualidade.
Crítica aos homens — Desde que a língua de Santo António se calou, veem-se na
terra muitos homens que se deixam levar pela soberba, a vingança, a cobiça e a
sensualidade. 
3.º peixe:
Identificação do peixe — Torpedo.
Virtude(s) do peixe — Faz tremer o braço do pescador.
Analogia com Santo António — Vinte e dois «pescadores», ao ouvirem um sermão
de Santo António, arrependeram-se (o Santo fê-los «tremer», à semelhança do
torpedo).
Crítica aos homens — Os pescadores são uma alegoria daqueles que se aproveitam
do poder para satisfazer a sua ganância.
4.º peixe:
Identificação do peixe — Quatro-olhos.
Virtude(s) do peixe — Tem dois pares de olhos: um olha para cima e o outro
olha para baixo.
Analogia com Santo António — O Padre António Vieira afirma que o peixe deve ter
aprendido a pregar com Santo António, na medida em que ensina aos homens que
devem pensar apenas no Céu e no Inferno.
Crítica aos homens — Crítica ao facto de o Brasil se ter mantido «na cegueira», isto
é, como território pagão, durante muitos séculos (ou seja, no período que antecedeu a
chegada dos colonos).

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RESPOSTAS

EDUCAÇÃO LITERÁRIA
2. 
a) O recurso expressivo é a metáfora, sendo que o pregador pretende acentuar o
facto de que os interlocutores vivem em pecado (isto é, na cegueira) e de que, mesmo
assim, se insurgem contra aqueles que visam restituir-lhes a visão (isto é, reconduzi-los
no caminho do bem). (Também seria aceitável considerar que temos uma
interrogação retórica, que tem o objetivo de espelhar a indignação do pregador em
relação ao seu auditório pela hostilidade demonstrada contra quem só deseja o seu
bem.)

b) O recurso expressivo é o trocadilho (ou jogo de palavras). Através dele, o


pregador joga com o duplo sentido da expressão «abrir a boca» e do verbo «lavar-
-se». Assim, afirma que o Peixe de Tobias «abriu a boca» — isto é, investia — contra
quem, literalmente, se lavava, enquanto Santo António «abria a sua» — ou seja,
pregava — contra «os que se não queriam lavar» — isto é, criticando os que não
queriam purificar-se dos seus pecados.

c) O recurso expressivo é a enumeração. Tem o objetivo de mostrar como, de forma


gradual, a virtude do Torpedo (ou seja, a capacidade que este peixe tem de fazer
tremer todos os que com ele contactam) se vai gradualmente aproximando do
pescador (isto é, daquele que procura apropriar-se do que não é seu para satisfazer a
sua ganância).

3. Com este pedido, o Padre António Vieira pretende que os moradores do


Maranhão percebam que ele, à semelhança de Santo António, tem apenas, no seu
íntimo, a intenção de curar a cegueira dos seus ouvintes e de os libertar do mal.

4.
Nau: «Nau Vingança»
Elementos caracterizadores: «artilharia abocada»; «bota-fogos acesos»;
«enfunados».
Simbologia dos elementos caracterizadores: O arsenal de guerra pronto a disparar e
o facto de avançarem «enfunados» (termo que tanto significa «com as velas
inchadas» como «com orgulho e vaidade») simbolizam a fúria e a impetuosidade que
arrasta as pessoas que se movem pelo desejo de vingança.
Destino que lhe estava reservado: Queimar-se ou afundar-se numa batalha.
Efeito da língua de Santo António: Detém a fúria, acaba com a ira e o ódio e faz a
nau içar bandeiras de paz.
Nau: «Nau Cobiça»
Elementos caracterizadores: «sobrecarregada até às gáveas»; «aberta com o peso
por todas as costuras»; «incapaz de fugir, nem se defender». 
Simbologia dos elementos caracterizadores: A carga excessiva simboliza o resultado
da cobiça, que leva os homens a acumularem demasiados bens.
Destino que lhe estava reservado: Ser capturado pelos corsários, perdendo as
riquezas que tinha e as que ia buscar.
Efeito da língua de Santo António: Faz a nau parar e leva-a a libertar-se da carga
que adquiriu de forma injusta, de modo a conseguir fugir ao perigo dos corsários e
chegar a bom porto.
Nau: «Nau Sensualidade» Elementos caracterizadores: «sempre navega com
cerração, sem sol de dia, nem estrelas de noite»; os seus ocupantes navegam
«enganados do canto das sereias»; «deix[a-se] levar da corrente».
Simbologia dos elementos caracterizadores: A cegueira e a desorientação
simbolizam o que sucede aos que se deixam levar pela sensualidade: não tendo
domínio sobre si próprios, caem facilmente em tentação.
Destino que lhe estava reservado: Iam perder-se cegamente ou em Cila ou em
Caríbdis.
Efeito da língua de Santo António: Impede a nau de naufragar, levando os seus
ocupantes a readquirirem a capacidade de ver e a voltarem a assumir o rumo certo.
5. Os peixes são louvados por alimentarem todos os que vivem em austeridade
para chegarem ao Céu, os cristãos ao longo da Quaresma e o próprio Cristo depois de
ter ressuscitado. Além disso, nos dias da semana em que devia ser praticada
abstinência, as refeições podiam ser de peixe. Finalmente, o pregador elogia o facto de
peixes como a sardinha garantirem o sustento dos pobres.

GRAMÁTICA
1.
1.1 (D);
1.2 (D);
1.3 (B);
1.4 (C);
1.5 (B);
1.6 (C).

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GRAMÁTICA
1.
1.1 (D);
1.2 (D);
1.3 (B);
1.4 (C);
1.5 (B);
1.6 (C).

2. 
(a)-(1);
(b)-(2);
(c)-(3);
(d)-(1); 
(e)-(3).

PÁGINA 43
COMPREENSÃO DO ORAL

1.
1.1 Os dois temas dominantes no excerto são a vida do Padre António Vieira no
Brasil e a relação do Sermão com o título, bem como a sua estrutura.

1.2 Vieira partiu para o Brasil para se juntar ao seu pai, que fora nomeado escrivão
da relação da Baía.

1.3 Isabel Almeida destaca o modo como o autor procura desafiar os modelos


consagrados a nível da retórica.

1.4 Vieira ingressou na Companhia de Jesus por ter ouvido um sermão sobre as


penas do Inferno que muito o impressionou.

1.5 O Padre António Vieira ficou conhecido como «Pai Grande» entre os Índios, na


medida em que era alvo de uma grande admiração por parte da população indígena,
por a ter sempre defendido daqueles que pretendiam explorá-la.

1.6 O Sermão está organizado da seguinte forma: na primeira parte, é apresentado


um elogio às virtudes dos peixes, enquanto na segunda parte é feita uma crítica aos
seus vícios.

1.7 Segundo o excerto, os peixes são louvados, em termos gerais, pela sua


antiguidade e dimensão, pela sua obediência e quietude e pela impossibilidade de
serem domesticados.

1.8 São louvados o Peixe de Tobias, a Rémora, o Torpedo e o Quatro-olhos; são


repreendidos os Roncadores, os Pegadores, os Voadores e o Polvo.
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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1. Os peixes comerem-se uns aos outros representa que há homens que dominam,


oprimem e exploram os seus semelhantes.

2.
2.1 Os homens mais poderosos e ricos dominam e subjugam os mais vulneráveis e
os desfavorecidos.

2.2 Exemplos dos nossos dias são os empresários sem escrúpulos explorarem


os trabalhadores, alguns políticos serem prepotentes, a maioria dos povos europeus
discriminar indivíduos de outras etnias, etc.

3. O pregador recorre a uma apóstrofe para simular que fala aos peixes quando
está, de facto, a dirigir-se aos homens. São estes que não querem compreender a
desumanidade e a exploração praticada pelos colonos.

4. Embora os Tapuias sejam canibais, não comem tantos homens como aqueles


que, metaforicamente, são devorados (oprimidos) na carnificina que existe entre os
brancos.

5. As formas verbais são: «mostrou-lho», «vejais», «olhai», «olhar», «vedes».


O apelo à visão através de palavras é uma forma de representar os factos de modo
mais vivo, com vista a confrontar os ouvintes com essa realidade. Trata-se também de
uma forma de impressionar e emocionar o auditório.

6. De forma insensível, as outras pessoas (incluindo a mulher) são indiferentes a


esse momento trágico e procuram apoderar-se dos bens do defunto.

6.1 Trata-se de uma anáfora, com que se acentua a ideia de que o homem que


acaba de morrer é saqueado por aqueles que se querem apoderar dos seus bens.

7. A citação bíblica serve para ilustrar e fundamentar o argumento do pregador,


dando conta de que Deus reprova veementemente o facto de os homens poderosos
explorarem e dominarem («comerem») os mais fracos.

7.1 Analisa-se a citação para explicar de forma mais clara e expressiva o modo atroz


como ocorre essa exploração e quem são os «devoradores» e as suas vítimas entre os
homens.

8. A gradação («multem», «defraudem», «comam, traguem e devorem») dá conta


do processo crescente e avassalador da exploração e da opressão dos mais fracos.
9. Os homens devem ter consciência de que mesmo aquele que exerce o seu poder
sobre alguém mais fraco é, por sua vez, dominado ou oprimido por alguém
mais poderoso.

10. Vieira apresenta o contra-argumento de que é necessário explorar o trabalho


dos outros para sobreviver, numa alusão à escravatura no Brasil. Rebate depois a ideia
lembrando que, na Arca de Noé, os predadores não devoraram as suas presas e
sobreviveram com o alimento que lhes era dado.
10.1 O pregador afirma que o Homem não necessita de explorar e de oprimir o seu
semelhante para sobreviver (por exemplo, através da escravatura). Pode e deve
encontrar outra forma de se sustentar.

11. Censura-se nos peixes, e indiretamente nos homens, a vaidade e a ignorância.

11.1 A vaidade e a ignorância dos homens manifestam-se no facto de, querendo


eles adquirir honrarias e bens pelo ofício das armas (por exemplo, servindo as ordens
religiosas), acabarem por morrer na guerra.

12. Santo António serve de exemplo porque não sofreu da ignorância e da vaidade


de outros e não caiu nos erros destes. Na verdade, em lugar de «ser pescado», foi
ele que «pescou» vários fiéis para os pôr no caminho da virtude.

GRAMÁTICA

1. Dois campos lexicais são o da ictiologia (parte da zoologia que estuda os peixes) e


o da pesca. O léxico relativo aos peixes alude aos vícios humanos; o da pesca refere-se
metaforicamente às formas como os homens exploram e enganam outros homens.

2. Algumas aceções semânticas são:


a) Conjunto das coisas criadas; essência dos seres; conjunto das forças que obram
no Universo; propriedades e carácter de cada coisa; etc.
b) Imaginar; supor; pensar; meditar; ter cuidado em; tratar de. 
c) Militares de qualquer graduação superior à de sargento; funcionários
administrativo; etc.
d) Substância tangível; assunto; conteúdos ensinados; artigo jornalístico; etc.

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1. Os peixes comerem-se uns aos outros representa que há homens que dominam,
oprimem e exploram os seus semelhantes.

2.
2.1 Os homens mais poderosos e ricos dominam e subjugam os mais vulneráveis e
os desfavorecidos.
2.2 Exemplos dos nossos dias são os empresários sem escrúpulos explorarem
os trabalhadores, alguns políticos serem prepotentes, a maioria dos povos europeus
discriminar indivíduos de outras etnias, etc.

3. O pregador recorre a uma apóstrofe para simular que fala aos peixes quando
está, de facto, a dirigir-se aos homens. São estes que não querem compreender a
desumanidade e a exploração praticada pelos colonos.
4. Embora os Tapuias sejam canibais, não comem tantos homens como aqueles
que, metaforicamente, são devorados (oprimidos) na carnificina que existe entre os
brancos.

5. As formas verbais são: «mostrou-lho», «vejais», «olhai», «olhar», «vedes».


O apelo à visão através de palavras é uma forma de representar os factos de modo
mais vivo, com vista a confrontar os ouvintes com essa realidade. Trata-se também de
uma forma de impressionar e emocionar o auditório.

6. De forma insensível, as outras pessoas (incluindo a mulher) são indiferentes a


esse momento trágico e procuram apoderar-se dos bens do defunto.

6.1 Trata-se de uma anáfora, com que se acentua a ideia de que o homem que


acaba de morrer é saqueado por aqueles que se querem apoderar dos seus bens.

7. A citação bíblica serve para ilustrar e fundamentar o argumento do pregador,


dando conta de que Deus reprova veementemente o facto de os homens poderosos
explorarem e dominarem («comerem») os mais fracos.

7.1 Analisa-se a citação para explicar de forma mais clara e expressiva o modo atroz


como ocorre essa exploração e quem são os «devoradores» e as suas vítimas entre os
homens.

8. A gradação («multem», «defraudem», «comam, traguem e devorem») dá conta


do processo crescente e avassalador da exploração e da opressão dos mais fracos.

9. Os homens devem ter consciência de que mesmo aquele que exerce o seu poder
sobre alguém mais fraco é, por sua vez, dominado ou oprimido por alguém
mais poderoso.

10. Vieira apresenta o contra-argumento de que é necessário explorar o trabalho


dos outros para sobreviver, numa alusão à escravatura no Brasil. Rebate depois a ideia
lembrando que, na Arca de Noé, os predadores não devoraram as suas presas e
sobreviveram com o alimento que lhes era dado.

10.1 O pregador afirma que o Homem não necessita de explorar e de oprimir o seu
semelhante para sobreviver (por exemplo, através da escravatura). Pode e deve
encontrar outra forma de se sustentar.
11. Censura-se nos peixes, e indiretamente nos homens, a vaidade e a ignorância.

11.1 A vaidade e a ignorância dos homens manifestam-se no facto de, querendo


eles adquirir honrarias e bens pelo ofício das armas (por exemplo, servindo as ordens
religiosas), acabarem por morrer na guerra.

12. Santo António serve de exemplo porque não sofreu da ignorância e da vaidade


de outros e não caiu nos erros destes. Na verdade, em lugar de «ser pescado», foi
ele que «pescou» vários fiéis para os pôr no caminho da virtude.

ORALIDADE

1. Dois campos lexicais são o da ictiologia (parte da zoologia que estuda os peixes) e


o da pesca. O léxico relativo aos peixes alude aos vícios humanos; o da pesca refere-se
metaforicamente às formas como os homens exploram e enganam outros homens.

2. Algumas aceções semânticas são:


a) Conjunto das coisas criadas; essência dos seres; conjunto das forças que obram
no Universo; propriedades e carácter de cada coisa; etc.
b) Imaginar; supor; pensar; meditar; ter cuidado em; tratar de. 
c) Militares de qualquer graduação superior à de sargento; funcionários
administrativo; etc.
d) Substância tangível; assunto; conteúdos ensinados; artigo jornalístico; etc.

3. Em 1963, os afro-americanos («negros») eram discriminados, segregados e


sentiam-se estrangeiros no seu país.

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ORALIDADE

4. King sonha que, um dia, brancos e negros sejam iguais e que estes estejam
plenamente integrados na sociedade.

5. Representam os cidadãos de amanhã. (Aceita-se «os cidadãos dos Estados


Unidos».)

6. Este texto é um discurso político porque tem um carácter persuasivo (convencer


quem o ouve). King apresenta argumentos ao serviço da sua mensagem política:
mudar medidas políticas ementalidades.

ESCRITA

1. Cenário de resposta: Os sermões religiosos do século XVII tanto tratavam temas


sagrados como analisavam questões sociais e políticas do seu tempo, ainda
que enquadradas pelo pensamento cristão. Isso mesmo se vê no «Sermão de Santo
António», onde Vieira desfere um ataque aos colonos do Brasil apoiando-se em valores
do Evangelho. Aliás, a ideia central de qualquer destes sermões era passar a doutrina
cristã. Tratava-se de textos argumentativos que recorriam a exemplos religiosos e a
referências bíblicas para persuadir os ouvintes a seguir os ensinamentos de Cristo e
a corrigirem os seus comportamentos. No sermão de Vieira, não são apenas Cristo e
Santo António que servem de exemplo aos fiéis; o comportamento e os ensinamentos
de figuras bíblicas e de teólogos conferem autoridade e força à argumentação
apresentada. Tais argumentos procuravam convencer não apenas pela racionalidade
das ideias mas também pela emoção causada.

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1. Secções da parte V:
Roncador: ll. 591-631; Pegador: ll. 632-698; Voador: ll. 699-768; Polvo: ll. 769-814.
2. Sugestão: O preenchimento desta tabela pode ser feito em trabalho de grupo.
(1) Pequenos e emitem um som grave.
(2) Arrogância e orgulho.
(3) São Pedro, Golias, Caifás e Pilatos.
(4) António tinha saber e poder mas não se vangloriava.
(5) Pequenos e fixam-se a peixes grandes ou ao leme dos navios.
(6) Oportunismo, parasitismo social e subserviência.
(7) Os seguidores de Herodes e aqueles que Nabucodonosor sustentava.
(8) Santo António «pegou-se» apenas a Cristo e seguiu-O.
(9) Peixes de grandes barbatanas que saltam para fora de água como se voassem.
(10) Ambição desmedida.
(11) Simão Mago e Ícaro.
(12) António tinha sabedoria e era grande, mas foi humilde.
(13) Tem um «capelo», tentáculos e um corpo mole, e pode camuflar-se.
(14) Hipocrisia e traição.
(15) Judas.
(16) António foi sincero e verdadeiro (nunca enganou).

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3.
3.1 Nesta frase há uma antítese que representa o contraste entre os roncadores
serem pequenos e emitirem um som forte, o que traduz o ridículo em que caem estes
peixes e em que caem os homens arrogantes.

3.1.1 Este contraste alude aos homens que têm poucas qualidades e virtudes, mas
que se vangloriam de ter valor.
3.2 As interrogações retóricas são uma estratégia argumentativa. Representam a
surpresa, e até a indignação, do orador perante o comportamento destes peixes pela
soberba que têm.

3.3 O episódio bíblico de São Pedro ilustra a atitude dos roncadores: como estes, o


apóstolo também tinha alardeado que nunca renegaria Cristo e acabou por fazê-
-lo.

3.4 A frase significa que aqueles que se gabam muito acabam por não cumprir o
que deles se espera no momento decisivo.

4.

4.1 Do mesmo modo que os pegadores se agarram a um peixe maior e se


alimentam à custa deste, os Governadores e os Vice-Reis têm os seus seguidores,
que os acompanham nas incursões militares para ficar com parte do espólio que
aqueles conquistam.

4.2 Faz-se aqui referência ao episódio bíblico da morte de Herodes e dos


seus seguidores. Assim se ilustra a ideia de que os «parasitas» («pegadores») acabam
por perecer quando morre aquele que os sustenta. A alusão bíblica confere
autoridade e verdade ao argumento de Vieira.

4.3 Os homens poderosos podem morrer porque beneficiaram pessoalmente do


seu poder; porém, aqueles que os seguiam morreram com eles sem terem tirado
proveito das posses daqueles a quem serviam e a quem estavam «pegados».

4.4 Santo António «pegou-se» a Cristo, no sentido em que seguiu a sua doutrina e o


seu exemplo na vida e na pregação. Isto porque «pegar-se» a Deus é a única forma de
garantir o percurso de vida virtuoso e a Salvação.

5.
5.1 Os voadores representam aqueles que têm uma ambição desmedida e querem
ir mais além do que o seu valor e as suas qualidades lhes permitem.

5.1.1 Essas pessoas arriscam-se a perder o que têm e, em certos casos, arriscam-


-se até a perder a própria vida.

5.2 O pregador usa uma apóstrofe para se dirigir aos voadores. Desta forma
adverte e admoesta diretamente os voadores pela sua presunção.

5.2.1 As interrogações retóricas servem aqui para denunciar a ousadia e a


presunção dos voadores. O uso deste recurso expressivo representa também aqui a
indignação do orador.

6.
6.1 O «capelo» do polvo sugere que ele é santo como um monge; a moleza do
corpo, que é dócil; os tentáculos dão-nos a ideia de uma estrela. Porém, o polvo é
traiçoeiro e hipócrita.

6.2 Essa capacidade representa a falsidade, através da qual executa os seus


enganos e captura as presas.

6.3 Como Judas, que, com a sua falsidade, traiu Cristo, o polvo, hipocritamente,


engana os peixes.

6.4

6.4.1 A água, que é um elemento puro e cristalino, contrasta com o polvo, que é
falso e cruel.

6.4.2 Com a frase exclamativa, o orador procura sublinhar os seus argumentos


emocionalmente, tocando os membros do seu auditório.
7. O orador aconselha os peixes (e os homens) a não se apoderarem dos bens dos
outros, ato que é pecaminoso e desonesto. 

GRAMÁTICA
1.
a) Discurso direto;
b) Discurso indireto;
c) Discurso direto;
d) Discurso indireto;
e) Discurso direto.

1.1 Os discursos direto e indireto são aqui usados para reproduzir palavras da


Bíblia ou de teólogos. Desta forma se confere autoridade aos argumentos e aos
exemplos apresentados.

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LEITURA

1.

1.1 Os polvos são capazes de ações e de processos mentais próprios do ser


humano. São capazes de aprender com os outros, têm memória e destreza. Desta
forma, sabem trazer para novas situações experiências anteriores.

1.2 As «peçonhas» são as substâncias tóxicas que se encontram no organismo dos


polvos, chocos e lulas, que eles «esgrimem», isto é, que utilizam como «arma» de
defesa contra os predadores ou de ataque face às presas.
1.3 O polvo usa máscara porque tem a capacidade de se transformar e camuflar.
Assume formas e comportamentos que não são seus, como fazem os atores.

1.4 Segundo os estudos mencionados, o comportamento dos polvos revela que


eles podem ser agressivos, tímidos ou passivos, traços característicos do ser humano.

1.5 O texto tem um carácter expositivo na medida em que dá conta de factos sobre
os polvos e o seu comportamento. (Por esse motivo, pauta-se também pela
objetividade.) Além disso, explicita fontes científicas consultadas que comprovem o
rigor da informação (por exemplo, Journal of Comparative Psychology).

ESCRITA

1. Cenário de resposta:

A — O Sermão de Santo António [1654] do Padre António Vieira é uma alegoria. A


alegoria caracteriza-se por ser uma forma de expressão artística que, no plano literal,
contém um conjunto de elementos que possui um valor simbólico ou metafórico.
Certos peixes representam os pecados dos homens, outros referem-se às virtudes
que os cristãos deviam ter; as naus da Parte III aludem a
comportamentos pecaminosos em que os fiéis incorrem, etc. Os Pegadores e os
Voadores representam pecados (o parasitismo e a ambição), enquanto o Quatro-
-olhos e o Peixe de Tobias apontam para a precaução e a clarividência de um cristão.
Como todos estes símbolos e metáforas estão inter-relacionados, o plano literal
descrito no Sermão alude a uma outra realidade: aos homens, aos seus pecados, ao
mundo «corrupto» em que se encontram e ao destino após a morte — a perdição ou a
salvação.

B — Resposta livre.

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1. O Padre António Vieira procura aliviar os peixes «de uma desconsolação mui


antiga», afirmando que o facto de estes terem sido excluídos dos sacrifícios a Deus não
é prejudicial, na medida em que é melhor não chegar ao sacrifício do que lá chegar
morto.

1.1 O pregador critica os homens por, ao contrário dos peixes, chegarem mortos


ao sacrifício, isto é, comungarem estando em pecado mortal.

2. O pregador manifesta inveja em relação aos peixes, na medida em que estes,
por não serem racionais, não terem livre-arbítrio, não falarem e não terem
memória, não ofendem a Deus, concretizando o fim para que foram criados: servir
ao Homem. Em contrapartida, o Padre António Vieira penitencia-se por não conseguir
concretizar o fim para que foi criado — servir a Deus adequadamente.

3. O Padre António Vieira considera que os peixes devem louvar a Deus porque os


criou em grande quantidade, porque os diferenciou em várias espécies, porque lhes
deu uma aparência tão diversificada e bela, porque lhes deu todos os elementos de
que necessitam para sobreviver, porque lhes deu um elemento vasto e puro para
viverem, porque, quando veio ao mundo, escolheu como apóstolos alguns pescadores
e porque os sustenta, os conserva e os multiplica.

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LEITURA

1.

1.1 O peixe-robô foi criado para estudar o comportamento de um cardume em


experiências realizadas em aquário. Este tipo de estudo pode ter consequências
benéficas a nível da previsão de alterações nas rotas de migração das espécies e
do impacto da ação humana nas populações de peixes.

1.2 Foram realizadas várias experiências com o peixe-robô: este foi colocado em


aquários com um único indivíduo ou com um grupo de dez indivíduos, tendo
sido programado para seguir uma rota a uma velocidade superior à normal, de modo a
verificar-se se conseguia persuadir os elementos da sua espécie a saírem do refúgio ou
a alterarem a sua rota num ângulo de 90o.

1.2.1 Por meio destas experiências, os cientistas concluíram que, quando o peixe-


robô era colocado num aquário apenas com um indivíduo, a sua coragem e
determinação funcionava como um incentivo para que o peixe abandonasse o
seu refúgio mais rapidamente; no entanto, tal não sucedia caso os peixes se
encontrassem em grupo. Relativamente à alteração de direção, o peixe-robô
conseguiu a adesão tanto de indivíduos como de grupos. Contudo, no segundo caso, os
peixes, depois de se ambientarem, passavam a nadar livremente, ao invés de
se movimentarem em conjunto, deixando assim de ser tão afetados pelos movimentos
do peixe-robô. Finalmente, os cientistas concluíram também que a imitação de
um indivíduo não depende da distância que o separa daquele que reproduz o seu
movimento, mas sim do número de indivíduos que se concentram entre ambos.

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