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FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

CIÊNCIAS JURÍDICAS

FRANCISCO CARLOS SANTOS FREITAS

TRATAMENTO JURÍDICO DA DISCRIMINAÇÃO DA


MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E NA SOCIEDADE
BRASILEIRA

Eunápolis
2010
FRANCISCO CARLOS SANTOS FREITAS

TRATAMENTO JURÍDICO DA DISCRIMINAÇÃO DA


MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E NA SOCIEDADE
BRASILEIRA

Projeto de pesquisa apresentado às


Faculdades Integradas do Extremo Sul da
Bahia, como requisito para a obtenção de
aprovação no Curso de Ciências Jurídicas.

Orientador: Professor, Augusto Nicolas

Eunápolis
2010
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................03

2. PROBLEMÁTICA...................................................................................................04

3. OBJETIVOS...........................................................................................................05

3.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................05

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................05

4. REFERÊNCIAL TEÓRICO.....................................................................................06

5. METODOLOGIA.....................................................................................................10

6. REFERÊNCIA........................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO

O estudo, ora desenvolvido, é uma abordagem sobre a questão dos direitos

da mulher, nos valores sociais trabalhistas do Brasil, em décadas passadas e atuais,

bem como as mudanças que se deram no plano da legislação trabalhista, visando

garantir esses direitos.

A mulher moderna, trabalhadora infatigável, dedica-se aos mais variados

assuntos, comprovando seu talento, antes restrita aos afazeres domésticos e

quando exercia uma atividade remunerada, esta relacionava-se a: cuidar de

crianças, lavar, passar roupas, entre outras. Atualmente, conquista posições no

mercado de trabalho, atuando ao lado do homem nas mais diversas profissões.

A nova realidade da vida, por si só, afirma a importância do tema, que vem

sendo tratado de modo a assegurar direitos e garantias antes não reconhecidos

dentro da convivência social dos meios trabalhistas. Tais assuntos, todavia, são

tratados sob uma nova perspectiva, que remete a valorização dos novos papeis

agregados à mulher na sociedade de então, na tentativa de viabilizar as conquistas

femininas, de acordo com a legislação trabalhista, Lei nº 5.452, de 1º de maio de

1943 (CLT). Conquistas essas necessárias à sobrevivência numa sociedade

organizada. “Art. 372. Os preconceitos que regulam o trabalho masculino são

aplicáveis ao trabalho feminino, naquilo em que não colidirem com a proteção

especial instituída por este capítulo.” 1

Matéria ainda delicada, dentro do contexto social trabalhista, pois em fase de

reconhecimento e aceitação, principalmente dentro da esfera privada que tenta a

todo custo, estabelecer critérios próprios, contrariando os regimes jurídicos

estabelecidos.
1
CAMPANHOLE, Hilton Lobo; CAMPANHOLE, Adriano. CLT: Consolidação da Leis do Trabalho e
legislação complementar, 108 ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 95.
Ao tratar da questão não se pode deixar de levantar, uma realidade bem

diversa: brancos e negros brasileiros não tem as mesmas oportunidades e nem a

mesma qualidade de vida. As diferenças são tão grandes que se pode, inclusive,

falar em dois “Brasis”. As mulheres negras ainda lutam para verem seus direitos

respeitados, o acesso a cursos superiores, o que abriria novas oportunidades de

emprego, porém a lei de cotas nas universidades é motivo de polêmica, a

publicidade ainda trabalha com estereótipos. O número de negras analfabetas

supera o número de brancas, fato esse que dificulta a oferta de emprego no setor

privado.

Estando assegurado na Constituição Federal, igualdade de direitos aos

cidadãos, ainda assim, temos casos de discriminação racial em vários setores da

sociedade, principalmente no mercado de trabalho. Os meios jurídicos devem estar

preparados para inibir e até mesmo punir fatos dessa natureza.

É inaceitável que nos dias atuais, práticas como essas ainda estejam

ocorrendo num país miscigenado como o nosso. As regras, princípios e estruturas

jurídicas, que muito nos servem, são hoje absolutamente impotentes para enfrentar

as incríveis atitudes que impedem a integração social das diversas raças formadora

da nossa população.

Portanto, o presente trabalho obterá resultado suficiente, se aguçar o

interesse para o estudo da matéria e até a iniciativa de futuras pesquisas sobre o

assunto, verificando como as novas questões têm sido enfrentadas, propondo

alternativas para amenizar e ou solucionar o problema em questão.


2. PROBLEMÁTICA

Analisar se, em pleno século XXI, ainda ocorre discriminação da mulher no


mercado de trabalho e na sociedade brasileira.

3. OBJETIVOS:

3.1 Objetivo Geral

Analisar o tratamento jurídico da discriminação da mulher no mercado de


trabalho e no meio social.

3.2 Objetivos específicos:

Identificar quais as formas de discriminação a mulher enfrenta no seu


cotidiano de trabalhadora;

Analisar quais os direitos para a mulher são garantidos na CLT;

Analisar os direitos trabalhistas que não estão sendo respeitados;

Analisar a partir de dados estatísticos a artigos publicados, a desigualdade


entre homem e mulher tanto no âmbito social quanto no trabalhista.
4. REFERÊNCIAL TEÓRICO

“E, se nada sobrava a este, quer dizer das prerrogativas da mulher cuja

condição ficava à mercê daqueles mesmos percalços, aos quais se acrescentava,


2
ainda, o rigor no tratamento que a diferença de sexo acarretava.”

Na sociedade moderna a mulher era considerada propriedade do pai, e

depois do marido, até morrer. Cabia ao pai o direito de escolher o futuro marido de

sua filha, o que resultava sempre num patrimônio de interesse econômico e social.

Após o casamento, o marido exigia a fidelidade absoluta de sua esposa. Em casos

de infidelidade, ocorria a separação e a mulher era afastada da sociedade.

Entretanto, aos homens era permitido o divertimento sexual com outras mulheres,

prostitutas ou escravas domésticas. Esperava-se das mulheres o controle das

tarefas domésticas, as quais eram executadas pelas escravas. E a educação dos

filhos do sexo masculino consistia em prepará-los para a tarefa de comando de

cargos públicos, enquanto as filhas aprendiam a tomar conta das crianças e a cuidar

da casa para que pudessem dirigir os escravos de seu futuro marido.

“(...) às mulheres quase tudo era proibido, fosse contratar, prestar fiança,
reclamar direitos em juízo, sem outorga do marido ou de quem a
representasse, anotando-se raras exceções no concerto dos textos, forais
ou estatutos municipais; exemplo de tais casos era o daqueles que
exerciam o comércio por conta própria, no fornecimento de pão e vinho aos
habitantes do povoado.” 3

O modelo familiar patriarcal adotado no Brasil com a colonização portuguesa

elege como chefe supremo o pai e o marido, que controlavam a vida das mulheres

sob seu domínio durante toda a vida. A autoridade do marido era de vida e morte

2
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Estudo histórico sobre a condição jurídica da mulher no direito-luso-
braseleiro desde os anos mil até o terceiro milênio. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 16.
3
Ibid, p. 21.
sobre sua mulher, seus filhos e empregados. Esse controle imposto às mulheres

pode ser visto no poema do poeta Gregório de Matos que viveu em Salvador no

século XVII, que fala de uma noiva depois de casada.

“irá poucas vezes à janela,


mas as mais que puder
irá a panela;
ponha-se na almofada até o jantar,
e tanto há de cozer
4
como há de amar.”

Durante décadas do século XIX, mulheres das ricas famílias brasileiras viam

o mundo por detrás das janelas de suas casas. Permaneciam assim, sempre

escondidas, mal podendo ser vistas, saiam apenas para ir à missa em dias Santos.

Mesmo assim, mantinham seu rosto oculto sob chalés ou pela cortina da cadeirinha

(veículo de transporte carregado por escravos). As ruas eram ocupadas por homens

em geral e especialmente pelos escravos. Nota-se que a mulher brasileira da classe

dominante vivia totalmente submissa ao pai ou ao marido. Casava-se por volta dos

15 anos. Já mais saia de casa sozinha. Vestia-se com elegância e rigor. Aprendia

costurar e bordar além de um pouco de aritmética, religião e língua portuguesa. Para

mantê-la submissa e dominada não interessava à sociedade patriarcal ensinar-lhe

mais nada. Não era bom que ela pensasse.

”As operárias deram um paço efetivo em direção a transformação. Embora


recebessem salário inferior ao dos homens, igualavam-se ao sair de seus
lares para trabalhar nas fábricas e completar o reduzido orçamento familiar.
Outro fator que contribuiu para abalar o mito da inferioridade feminina foi o
surgimento do cinema no Brasil, em 1907. Por meio desse elegante
entretenimento, as mulheres começaram a tomar contato com o que ocorria
no mundo, fora dos limites do lar. Descobriram uma nova imagem de
mulher: belas e encantadoras, as personagens femininas de Hollywood
eram psicologicamente fortes e poderosas.
O advento da República e suas mudanças institucionais fizeram nascer,
também a esperança na aprovação do voto feminino pelos deputados. Em

4
MATOS, Gregório de; apud MENEZES, Mindé Badauy de; RAMOS, Wilsa Maria. (ORG). Proformação.
Fundamentos de Educação: A história escrita pelo homem: a reduzida participação da mulher na família
patriarcal brasileira. 2 ed. Brasília: MEC. FUNDESCOLA. 200. P.99.
1920, Berta Lutz fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher
para lutar pela igualdade de salários e pelo sufrágio feminino. (...).” 5

Só a partir da década de trinta, alguns estudiosos da sociedade brasileira

começaram a perceber a importância de estudar a família, principalmente a mulher e

o seu cotidiano para a compreensão da sociedade. Nota-se que durante quase toda

história brasileira, a estrutura patriarcal boicotou a participação da mulher nos

destinos da sociedade. Por isso, mulheres que se destacaram como a Marquesa de

Santos entre outras, sempre foram perseguidas, pois constituíam uma ameaça às

instituições machistas de dominação. No entanto, essa situação começou a mudar

quando a mulher conquistou a cidadania com direito ao voto em 1935.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a
propriedade, nos termos seguintes:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta constituição. (C. F. 1988).” 6

No entanto, nos dias atuais essa igualdade não é inteiramente respeitada

nem tampouco admitida, mesmo que seja considerada como um direito fundamental

e constitucionalmente reconhecido. Isto devido aos paradigmas tradicionais que se

encontram enraizados em nossa sociedade. Favorecendo distinção entre homens e

mulheres, dificultando à inserção da mulher no mercado de trabalho.

“Art. 1º Fica proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e


limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção,
por sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, (...).
Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias:
I – a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou
qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou estado de gravidez.
(CLT, Lei nº 9.029).”7

5
COTRIM, Gilberto. História e consciência do Brasil, Ensino médio. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2001. P. 252.
6
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Brasilia: Senado Federal.
2004. P. 15
7
CAMPANHOLE, Hilton Lobo; CAMPANHOLE, Adriano. CLT: Consolidação da Leis do Trabalho e
legislação complementar, 108 ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 95.
Percebe-se que a garantia dos direitos de igualdade e de oportunidades

entre homens e mulheres, estabelecidos em lei só é possível por meio de

mecanismos como: acordos coletivos entre empregador e empregado tendo as

associações sindicais como interlocutor, bem como os movimentos femininos e fim

de preservar os direitos da mulher. Já que a lei por si só, não tem se mostrado

eficaz.

“As mulheres são tidas como flexíveis que os homens, uma vez que se
sujeitam a condições mais instáveis, além de elas trabalharem em tempo
parcial, fatos estes acentuados pelo capitalismo, na medida em que se
explora essa mão-de-obra de maneira desigual (...). Disso decorre,
8
frequentemente, uma maior precarização das relações jurídicas.”

Utilizando-se desses artifícios, a estrutura de mercado ajudam na exploração

de mão-de-obra feminina, uma Vaz que esse gênero é mal remunerado,

concentrando-se em áreas de produção de trabalho intensivo, além de serem

incorporadas somente em atividades que exige menor qualificação, são também

vítimas da falta de perspectiva promocional, o que dificulta uma formação

profissional na carreira.

8
MARCIANI, Rosa Maria. RDT. Revista do direito trabalhista: Feminização global da mão-de-obra um
problema jurídico trabalhista. Ano 12, n. 04. Brasilia. Consulex. 2006. P. 15.
5. METODOLOGIA

Fiz uso da pesquisa bibliográfica, que foi desenvolvida a partir do

levantamento de referências teóricas, já analisadas e publicadas por mios de

escritos e eletrônicos, como livros e artigos científicos, com intuito de recolher

informações e conhecimentos prévios sobre o tema. Na realização da pesquisa

procurei tomar cuidado na seleção dos documentos e materiais analisados, para não

comprometer a qualidade do meu trabalho com a utilização de dados equivocados

ou sem credibilidade.
6. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Luiz Carlos de. Estudo histórico sobre a condição jurídica da mulher
no direito-luso-braseleiro desde os anos mil até o terceiro milênio. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2001, p. 16.

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:


Brasilia: Senado Federal. 2004. P. 15

CAMPANHOLE, Hilton Lobo; CAMPANHOLE, Adriano. CLT: Consolidação da Leis


do Trabalho e legislação complementar, 108 ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 95.

COTRIM, Gilberto. História e consciência do Brasil, Ensino médio. 7. Ed. São


Paulo: Saraiva, 2001. P. 252.

MARCIANI, Rosa Maria. RDT. Revista do direito trabalhista: Feminização global da


mão-de-obra um problema jurídico trabalhista. Ano 12, n. 04. Brasilia. Consulex.
2006. P. 15.

MATOS, Gregório de; apud MENEZES, Mindé Badauy de; RAMOS, Wilsa Maria.
(ORG). Proformação. Fundamentos de Educação: A história escrita pelo homem: a
reduzida participação da mulher na família patriarcal brasileira. 2 ed. Brasília: MEC.
FUNDESCOLA. 200. P.99.

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