Você está na página 1de 312

VOLUME 131

ESCOLHER COM SABEDORIA | ENSINO MÉDIO


LIVRO DO
PROFESSOR LIVRO 1 1a série Organizador: Mackenzie
• Júlio César Tonon Obra coletiva concebida,
• Marcelo Okuma desenvolvida e produzida
Identificação de séries
e disciplinas nas capas pelo Mackenzie
de acordo com o sistema
de cores para daltônicos

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 1 05/02/15 18:04


CRÉDITOS
DADOS INTERNACIONAIS DE
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO CIP

T666e Tonon, Júlio César.


EQUIPE MACKENZIE Escolher com sabedoria : Ensino Médio :
Biologia, livro 1 : livro didático : 1º semestre
ELABORAÇÃO DE ORIGINAIS EQUIPE ALTAMIRA exemplar do professor / Júlio César Tonon,
Jan Carlos Morais O. B. Delorenzi (Capítulo 2) Marcelo Okuma ; organizador: Mackenzie. –
Júlio César Tonon CONCEPÇÃO E DIREÇÃO São Paulo: Ed. Mackenzie, 2014.
400 p. : il. ; 28 cm. – (Sistema Mackenzie
Marcelo Okuma EXECUTIVA DE PROJETO GRÁFICO de Ensino ; v. 131)
CONCEITO / LINGUAGEM / SISTEMAS DE
IDENTIFICAÇÃO DE SÉRIES E DISCIPLINAS / Obra coletiva concebida,
DIREÇÃO EDITORIAL ACESSIBILIDADE / ILUSTRAÇÕES / CAPAS desenvolvida e produzida pelo Mackenzie.
Débora Bueno Muniz Oliveira ISBN 978-85-8293-222-3
ALTAMIRA Editorial
Equipe 1. Ensino médio.
COORDENAÇÃO EDITORIAL Alex Mazzini 2. Biologia.
Mônica Huertas Cerqueira Alexandre Mazzini I. Okuma, Marcelo.
II. Instituto Presbiteriano Mackenzie.
Diego Alves de Carvalho
III. Título.
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA IV. Série.
Noemih Sá Oliveira Produção de capas e
assistência de projeto gráfico CDD 372.35
Viviane Nery Lacerda
ESTÚDIO PARCEIRO : ARNOLD
Equipe : Victor de Bone, Lucas Andrade Reimpressão: Dezembro de 2020
ELABORAÇÃO E COORDENAÇÃO
DO PROJETO EDITORIAL
Arlene Goulart DIREÇÃO DE DESIGN
DIAGRAMAÇÃO / ILUSTRAÇÕES /
INFOGRÁFICOS / CAPAS / FINALIZAÇÃO
EDIÇÃO DE TEXTO E Rua da Consolação, 896 - Consolação
ALTAMIRA Editorial
REVISÃO PEDAGÓGICA São Paulo/SP | CEP 01302-907
Equipe
Alessandra de Souza Santos Site: sme.mackenzie.br
Alex Mazzini
Bianca Alsina Moreira E-mail: sme@mackenzie.br
Alexandre Mazzini
Diego Alves de Carvalho
ORIENTAÇÃO Jennifer Sá de Almeida
TEOLÓGICO-FILOSÓFICA Murilo Emerick
Filipe Costa Fontes Jéssica Venâncio
Mauro Fernando Meister
Finalização de capas Os textos das Escrituras Sagradas foram
Ronaldo Barboza Vasconcelos
Jennifer Sá de Almeida extraídos da Bíblia Sagrada, Nova Versão
(Integrando conhecimentos)
Internacional (NVI) [São Paulo: Sociedade
Assistência de design, Bíblica Internacional, 2000] e Almeida
REVISÃO diagramação e ilustração Revista e Atualizada (ARA) [São Paulo:
TEOLÓGICO-FILOSÓFICA ESTÚDIO PARCEIRO : STUDIO ABACATE Sociedade Bíblica do Brasil, 1993].
Bruno de Lima Romano Equipe : Luiz Gustavo Bacan, Rodrigo
Everton Levi Matos do Nascimento Corradini, Erik França Oliveira
Wellington Castanha de Oliveira A equipe do Sistema Mackenzie de Ensino empenha-se para apresentar este
Revisão de diagramação e texto material em conformidade com os mais altos padrões acadêmicos e editoriais.
ESTÚDIO PARCEIRO : STUDIO ABACATE Em caso de dúvidas conceituais e questões relativas a tipografia e edição, a
PRODUÇÃO EDITORIAL Equipe : Manrico Patta Neto equipe encontra-se à disposição para a verificação e posterior correção do que
Adriano Aguina for validado. Solicitamos que todos os apontamentos relativos a estes casos
Mapas e cartografia sejam enviados ao SME por e-mail (sme@mackenzie.br) ou por carta endereçada
ESTÚDIO PARCEIRO : VESPÚCIO ao Sistema Mackenzie de Ensino - Dúvidas, Rua Itacolomi, 412, Higienópolis, São
PESQUISA ICONOGRÁFICA Equipe : Carlos Henrique Paulo - SP - CEP 0123-020. O Sistema Mackenzie de Ensino não se responsabiliza
Adriano Aguina pelo uso não autorizado desta publicação e se isenta de qualquer uso indevido
do material didático, que desrespeite a legislação pertinente.

REVISÃO
IMPRESSÃO TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO MACKENZIE.
Denis Cesar da Silva BRASILFORM
PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL,
Esther Herrera Levy GRÁFICA / EDITORA
LDMM PRESTAÇÃO DE INCLUSIVE DE ILUSTRAÇÕES E FOTOS.
SERVIÇOS EDITORIAIS LTDA ME
OFICINA EDITORIAL
OITAVA RIMA EDITORA LTDA ME

Modelo_Créditos_Final_19_LD_Professor.indd 2 17/11/16 10:33


Prefácio
“De onde vem, então, a sabedoria? Onde habita
o entendimento? [...] ‘No temor do Senhor está a
sabedoria, e evitar o mal é ter entendimento’ “.
Jó 28.20 e 28b (NVI)

Poucas coisas nos dão uma sensação material de infinito quanto o


número de páginas de textos escritos que existem para serem lidas.
Junto com as páginas, vem igualmente a infinita sensação de que
há informações, ideias e conhecimentos que seriam conhecidos e
adquiridos se dispuséssemos de um tempo imensurável. Por fim,
nosso bom senso, ou pelo menos nosso senso comum, nos diz
que fazemos escolhas sábias quanto mais dispomos desses bens
que levaríamos uma eternidade para adquirir.
As páginas que virão em seguida não carregam todos os conhe-
cimentos, nem todas as informações ou ideias. Elas podem ser mui-
tas, mas não são infinitas. E, ademais, foram cuidadosamente
pensadas para que fossem possíveis de serem lidas e estudadas
durante os anos desse período escolar: o Ensino Médio. São pági-
nas que procuram auxiliar o leitor na compreensão dos conteúdos
específicos normalmente requeridos nos vestibulares das universi-
dades brasileiras, de forma significativa, atualizada e acadêmica.
Para auxiliá-lo nesse estudo, houve um trabalho, não apenas
sobre o que está escrito, mas também voltado para a maneira como
os textos estão dispostos e se apresentam no espaço da folha. O livro
foi organizado de forma a contemplar o leitor que tem dificuldade
de concentração, ou de decodificação de palavras, ou mesmo dificul-
dades de ficar muito tempo fazendo uma mesma atividade.
Por fim, desfrute do que há nessas páginas; aproveite as infor-
mações, as ideias e o conhecimento compartilhado. Porém, esteja
ciente do seguinte: o que nós lhe oferecemos de mais valioso, nas
páginas a seguir, são os princípios que acreditamos serem essen-
ciais para adquirir sabedoria e entendimento para toda sua vida.
São princípios que você pode adquirir dedicando o tempo que ti-
ver, e que lhe valerão pela eternidade.

Equipe SME

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 3 05/02/15 18:04


FLORES / FRUTOS:
aprendizagem significativa
doria”
Princípios
SME sólidos

gerar sabedoria

FOLHAS
“Escolher com sabe

aluno | assimilação | crescimento

GALHOS
professor | transmissor | mediador

Ele é como árvore plantada


junto a corrente de águas,
CAULE que, no devido tempo, dá o
força | estrutura | suporte seu fruto, e cuja folhagem
não murcha; e tudo quanto
ele faz será bem-sucedido.
SALMOS 1.3
“Princípios e RAIZ
valores básicos da base | alicerce sólido | essência
bíblia como lente”

VISÃO CRISTÃ DE MUNDO


APLICADA À EDUCAÇÃO
“relação com Deus, com o próximo e com o mundo”

ABERTURA_INFOGRAFICO_atualizado3.indd 4 16/11/15 16:26


visual
dinâmico

heterogenia

IDENTIDADE
digital
diversidade

rapidez
Prosseguir nos
estudos e encarar os
desafios de trabalho
com o compromisso
de servir a Deus e a
sociedade de maneira
participativa
e responsável.

Ampliar o
conhecimento
a respeito das
diferentes
Compartilhar

pedagógico
possibilidades.
ideias e
experiências.

Estabelecer
projetos
Discutir os valores de vida.
morais e sociais com
vista à construção da
projeto
criticidade e formação
intelectual.

Fazer escolhas
com sabedoria.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 5 05/02/15 18:04


projeto
grÁFico
Um livro é um espelho
flexível da mente e do corpo.
Seu tamanho e proporções gerais,
com o objetivo de informar de maneira a cor e a textura do papel, o som que
concisa e eficaz, o projeto gráfico faz produz quando as páginas são viradas,
uso de uma linguagem dinâmica, lúdi- o cheiro do papel, da cola e da tinta,
ca, porém séria, para transmitir ao aluno tudo se mistura ao tamanho, à forma
o conteúdo de cada disciplina. e ao posicionamento dos tipos
interpreta-se cada matéria e tema para revelar um pouco do
criando uma atmosfera gráfica fazendo mundo em que foi feito.
uso de cor, formato, tipografia, ícones Robert Bringhurst em
e ilustrações. nada é por acaso. tudo Elementos do estilo
busca refletir o que está sendo dito. tipográfico, 2005,
veja nessa página alguns critérios p.159
utilizados para a construção dos livros
de ensino médio do SME.

liNguagem
CAPAS: atmosfera gráfica e identificação das séries através
de tarjas que dividem o espaço e são impressas com cores neon.
Uso do sistema coloradd para daltônicos.

RESPIRO E BRANCO
linhas ortogonais
3a SÉRIE

1a SÉRIE
2
a

a forma de um objeto é linhas


lin
SÉas d
h

tão importante quanto o ortogonais


RI iago

s
ai
E na

on

espaço em torno dele.


ag
di
is

títulos: NEUTRA texto: MYRIAD PRO


Fonte para títulos por obter uma a fonte myriad apresenta alta
força visual de impacto com sua forma legibilidade e grande variedade
tipograFia moderna e dinâmica, principalmente
quando usada em grande formato.
de pesos, ideal para trabalhar
com hierarquias de texto.
além de transmitir por meio das suas propriedades estruturais
ajudam a diminuir o desconforto
palavras o conteúdo abordado, a do dislexo.
tipografia usada deve expressar
visualmente através de sua

abcefgkjoxu
ascendente
t forma e cor o que está sendo
dito, assim como a imagem. X
descendente
Bom equilíbrio entre ascendentes, descendentes e altura x
S c
r y l
a d x

m j
Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 6 05/02/15 18:04
INFORMAÇÃO VISUAL
É utilizada uma linguagem
ÍcoNes
UNIVERSO DIGITAL
sintética, que encontramos
principalmente no meio digital. representação dinâmica e
Ela consiste em formas planas e lúdica das imagens, ícones e
simples, com cores chapadas, cores. linguagem “sintética”.
que defendem a simplicidade
e objetividade da informação.
a ilustração, além dessas
características, acrescenta ao
texto um melhor entendimento
de acordo com o assunto e seu
traço evolui a cada série.
LEITURA VISUAL
a utilização de imagens adequa-se ao

imagem
assunto/tema que será tratado e leva
em conta os seguintes tópicos: imagens
coloridas; layout das páginas; ampliadas e
sangradas quando possível; abertas (fora
de caixas); interação com os espaços em
1a SÉRIE branco para ajudar na leitura (respiros) e
composição com a tipografia.

SUPORTE E ERGONOMIA
todos as obras são impressas em papel importado Norbrite
66g/m2, que é mais leve e reduz o peso de cada livro em
aproximadamente 30%, o que ajuda na locomoção e na
ilustraÇÃo

saúde do aluno. as folhas, além de serem próprias para


2
a

alta qualidade de impressão – o que também as tornam


RI

adequadas para a escrita do aluno – possuem uma leve


E

tonalidade creme para que o reflexo da luz sobre o papel não


seja tão intenso, proporcionando uma leitura mais confortável.

2
3a SÉRIE

capítulo
SISTEMA DE
DIVISÃO DO ESPAÇO

iNtertÍtulo 1
hierarQuia da
inTerTÍTulo 2 iNFormaÇÃo
INTERTÍTULO 3
Por meio de diferentes pesos dos textos (espessuras e tamanhos), aliados a um sistema de
divisão de espaços (grid), a hierarquia de informação traz uma navegação/ordem de leitura
eficaz e dinâmica. Podemos ver neste Grid exemplos de utilização neste projeto.

RAIO x

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 7 05/02/15 18:04


acessibilidade
dislexia e TDAH
ABAIXO: possíveis
distorções presentes na Prezado aluno,
visão de um disléxico. Este livro foi desenvolvido com algumas características específicas
que ajudam no estudo, principalmente, de pessoas com alguns
quadros que podem dificultar a aprendizagem, tais como a dislexia
Texto “redemoinho” e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
A dislexia
dislexia é uma combinação
Destacamos, a seguir, algumas dessas características. O tipo
A combinação de
habilidades e dificuldades
de letra usado possui estrutura formal que ajuda a diminuir
habilidades dificuldades que afetam
oo processo
possíveis confusões visuais, com equilíbrio entre as linhas
processo de aprendizag
aprendizagemem exibindo
uma
ascendentes e descendentes, boas aberturas e espaços internos
uma vasta gama de dificuldade s.
dificuldades.
maiores, facilitando sua discriminação. Foram usados contrastes
mais fortes entre as partes impressas e o fundo, também buscando
Texto “desbotado” aumentar a discriminação da informação relevante e diminuir as
A dislexia é uma combinação de confusões visuais (ver quadros ao lado). As linhas foram alinhadas
habilidades e dificuldades que afetam à esquerda, aumentando os recursos para o aluno se localizar
o processo de aprendizagem exibindo durante a leitura de um texto. Adicionalmente, são explicitamente
uma vasta gama de dificuldades. apontadas, ao longo dos capítulos, as informações que precisam
ser recordadas por serem relevantes ao conteúdo atual (nos
destaques intitulados “Vale lembrar”). Também são destacados,
nos itens “Integrando conhecimentos”, trechos em que são
discutidas ideias que vão além da matéria específica, unindo duas
Texto com serifa e justificados
ou mais áreas diferentes de conhecimento.
A dislexia é uma combinação de
Sugerimos que você aproveite esse material desenvolvido
habilidades e dificuldades que afetam
com cuidado e rigor! Lembramos que você também pode adotar
o processo de aprendizagem exibindo
estratégias para facilitar sua aprendizagem. Primeiro, esteja
uma vasta gama
consciente da sua forma de aprender. Descubra como você
de dificuldades.
entende melhor, se é lendo em voz alta, escrevendo, fazendo
desenhos ou esquemas, resumindo o texto, dentre outras
Baixo contraste entre figura-fundo
possibilidades. Conheça seus pontos fortes e seus pontos fracos.
Quando ler os capítulos, aproveite as várias dicas que o texto
A dislexia é uma combinação
lhe oferece: analise o título, as imagens, as cores, as palavras em
de habilidades e dificuldades
negrito e os quadros em destaque. Use seu livro: sublinhe o que
que afetam o processo de
achar relevante, faça resumos, desenhos, esquemas. Procure o
aprendizagem exibindo uma
significado das palavras que você não conhece. Anote suas
vasta gama de dificuldades.
dúvidas e discuta-as com seus professores.
Revise os conteúdos
Acima: características anteriores periodicamente. Você
de formatação evitadas também pode ler o capítulo em
Se você quiser mais
nesse projeto pois casa antes da aula, o que facilitará informações sobre a dislexia
dificultam a leitura a apreensão do conteúdo e o e o transtorno de déficit de
esclarecimento das dúvidas atenção e hiperatividade,
com os professores. sugerimos que visite os sites:
www.dislexia.org.br/,
QR CODE www.andislexia.org.br/ e
Para o rápido acesso a http://www.tdah.org.br/.
links sugeridos por meio
de dispositivos móveis.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 8 05/02/15 18:04


rstock.com
vvoe/Shutte

Visão do
daltônico

O Daltonismo afeta aproximadamente 10% dos homens e


0,5% das mulheres – cerca de 350 milhões em todo o mundo.
No entanto, apesar deste número impressionante, não
existiam respostas socialmente efetivas visando a inclusão

DALTONISMO desta “grande minoria” da população mundial.


O Código ColorADD é um sistema de identificação de cores
universal e transversal, cuja missão é facilitar a integração dos
O QUE É? indivíduos daltônicos numa sociedade global na qual 90% da
O daltonismo é uma limitação visual no comunicação é efetuada através da cor. Portanto, o Código
indivíduo caracterizada pela incapacidade de ColorADD tem como objetivo promover a compreensão da cor
identificar/diferenciar todas ou algumas cores. para todos, sempre que a cor for utilizada como fator de
identificação, orientação ou escolha.
O sistema ColorADD se encontra implementado em
diversas áreas e em diversos países. Por exemplo, em hospitais,
SISTEMA DE CÓDIGOS DE transportes, material escolar e didático, vestuário, tecnologias
COR PARA DALTÔNICOS de informação, sinalização e orientação, entre outros. Neste
Desenvolvido por Miguel Neiva projeto desenvolvido pelo SME, o ColorADD é utilizado para
coloradd@gmail.com / info@coloradd.net auxiliar na identificação de séries e disciplinas nas capas dos
livros de ensino médio estando em consonância com o projeto
de acessibilidade proposto pelos materiais didáticos do
Mackenzie, o que ajuda a garantir um mundo
mais acessível e igualitário para todos!
AZUL AMARELO VERMELHO BRANCO PRETO Miguel Neiva
Sociologia
Desenvolvido com base nas três cores primárias,
sendo cada uma representada através de um
símbolo gráfico monocromático. CORES | SÍMBOLOS Matemática

Química
Azul Verde Amarelo Laranja Vermelho Roxo Castanho

BRANCO | PRETO | CINZENTO TONS METALIZADOS Português

Espanhol
Branco Preto Cinza Claro Cinza Esc. Dourado Prata

TONS CLAROS
Física

Inglês

TONS ESCUROS

História

O Código ColorADD assenta num processo


de associação lógica e de fácil memorização Biologia
CORES DAS MATÉRIAS

permitindo ao daltônico, através do Cada implementação do Código é planejada para


conceito de adição das cores, relacionar os todos e não especificamente para o universo dos
símbolos e facilmente identificar todas as daltônicos – incluir sem discriminar. O ColorADD é Geografia
cores. O branco e o preto orientam para as um código de fácil implementação com Inovação,
tonalidades claras e escuras. Valor, Utilidade e Responsabilidade Social.

ABERTURA_INFOGRAFICO_atualizado3.indd 9 16/11/15 16:27


Um livro tem

ESTRUTURA DA OBRA
uma forma de ser
organizado. Conhecer essa
organização lhe ajudará a
utilizá-lo melhor. Apresentamos
a seguir, comentários sobre
cada uma das partes que você
encontrará nas páginas do
seu livro didático.

2
Moais da Ilha
de Páscoa
Poderíamos então desafiar nossas mentes
e nos perguntar o seguinte: O que levou esses

UNIDADE
UNIDADE
animais a estarem tão bem condicionados ao
ambiente? Essa harmonia esteve pronta desde "O SENHOR Deus colocou Ainda que algum desastre tenha acontecido, o
o início, ou ela foi desenvolvida gradualmente? o homem no jardim do Éden declínio de uma civilização normalmente envolve
para cuidar dele e cultivá-lo." mais de um fator. Para entender o que aconteceu
Gênesis 2: 15 (NVI). na ilha de Páscoa temos que saber, por exemplo,
como eram as relações sociais do povo Rapa Nui.
"Do Senhor é a Terra e

BIOLOGIA
tudo o que nela existe, o
A Biologia é uma das áreas do saber que muito se interessa mundo e os que nele vivem."
Salmos 24: 1. (NVI).
por essas questões. E, para procurar respostas, se baseia em Acredita-se que havia na ilha
procedimentos que têm como ponto de partida a observação

A CIÊNCIA DA VIDA
um líder supremo governando uma
dos fenômenos naturais, depois a formulação de hipóteses população formada por cerca de doze clãs,
que tentam explicá-los, a realização de experimentos que que competiam entre si pelo poder político
tentam testar essas hipóteses e, por fim, uma apresentação Essa demanda e exploração
e econômico. A competição ocorria por meio
dos resultados obtidos e uma análise de como os resultados contribuíram para a destruição
de construções de grandes estátuas de pedra,

A BIODIVERSIDADE
endossam, ou não, as hipóteses. gradativa dos recursos naturais
denominadas moais, que chegaram a medir
Ou seja, ao investigar essas perguntas, a Biologia nos for- da Ilha de Páscoa. Ao longo
4 metros de altura e a pesar 10 toneladas, cada uma.

E OS ECOSSISTEMAS
A onça (Panthera onca) tem um padrão de cores e nece preciosas informações sobre o ambiente ao nosso redor; do tempo, o desmatamento
O deslocamento dos moais era feito por meio de
“Encham-se as provocou infertilidade e
águas de seres vivos, e
manchas em sua pelagem que lhe possibilita perfei-
ta camuflagem. Assim, suas presas têm dificuldade
estas, uma vez obtidas segundo uma metodologia científica,
são confiáveis e respeitáveis para a ciência, além de admirá-
• Você conseguiria trenós de madeira e exigia um grande número de
erosão do solo. O número
observar os even- pessoas para puxá-los. Gastava-se tanta energia
voem as aves sobre a terra, sob o de notar a presença deste mamífero que consegue veis e inusitadas. Práticas da Biologia embasaram as mais de colheitas foi diminuindo e
tos a sua volta e No começo do século XIX uma civilização da Ilha de Páscoa, para a construção e transporte de meras estátuas
firmamento do céu.” Assim Deus criou se deixar confundir com a paisagem da relva. surpreendentes descobertas que o homem já fez sobre a levou os Rapa Nuis à fome,
descrevê-los? os Rapa Nui, já estava em franco declínio, segundo relatos de de pedras porque os moais simbolizavam fonte
os grandes animais aquáticos e os demais Como a onça, outros seres vivos apresentam vida na Terra, da saúde e medicina às que hoje enchem os fator decisivo para o declínio
navegadores europeus. Estudos arqueológicos apontam que de poder e riqueza e eram determinantes
seres que povoam as águas, de acordo com as padrões morfológicos e fisiológicos que não olhos dos observadores curiosos praticantes de mergulhos, populacional e o colapso social.
o povo Rapa Nui viveu na ilha localizada na Polinésia, entre para as organizações política
suas espécies; e todas as aves, de acordo com as deixam dúvidas de que eles estão muito bem trilhas nas selvas, ou mesmo entusiastas de documentários Em 1825, navegadores
os séculos XI e XIX. e social daquele povo.
suas espécies. [...] E disse Deus: “Produza a terra condicionados aos seus respectivos hábitats sobre a vida animal e vegetal. ingleses relataram que a Ilha
seres vivos de acordo com as suas espécies: e modos de vida. O formato do bico das araras Lembre-se: isso não significa que a busca por respostas a • Seria capaz de de Páscoa estava em ruínas;
rebanhos domésticos, animais selvagens, lhes permite quebrar, de forma mais eficiente, respeito de como se estabelece a harmonia entre a vida e o formular alguma O povoamento da Ilha de Páscoa começou quando povos da Polinésia não havia moais erguidos e
e os demais seres vivos da terra de acordo frutos e sementes. O tatu-bola, quando ameaça- lugar não envolva outras questões, que transcendem o que se hipótese de chegaram à ilha por meio de pequenas embarcações (balsas) trazendo seus habitantes permaneciam
com suas espécies.” E assim foi. do, encolhe-se e fica com formato de bola; sua observa, o que se experimenta. Nesse sentido, vale lembrar as como funciona alguns alimentos (galinhas, plantas, água etc.). Os polinésios encontraram Além de grande quantidade de divididos em pequenos clãs
Gênesis 1: 20, 21 e 24 (NVI). carapaça é uma proteção contra predadores. palavras do professor Paul Amos Moody, quando ele afirma: tais eventos? um lugar muito bom para viver: solo muito fértil (rico em sais minerais de madeira, a construção e o transporte pobres e improdutivos.
A coloração e os padrões geométricos das penas natureza vulcânica), rica biodiversidade animal (fonte de proteínas), além dos moais demandaram muitos recursos
do pavão macho atraem as fêmeas. É notável como “Os cientistas, como outros seres humanos falí- • Como você de grandes palmeiras fornecedoras de açúcares, amêndoas, folhas alimentares (calóricos) e, por conseguinte,
os seres vivos apresentam perfeitas características veis, acreditam em muitas coisas NÃO provadas conceitu- (utilizadas na construção de utensílios e tetos das casas) aumento significativo na produção de alimento.
que lhes permitem viver muito bem na natureza. pela ciência [...] Os cientistas não são uma raça a aria a vida? e madeira (utilizada na construção de casas e balsas). Assim, Para isto, boa parte da ilha foi desmatada e
parte; eles tiveram infância, modelada por varia- os Rapa nui prosperaram na Ilha de Páscoa principalmente substituída por extensas áreas de plantação
das influências, e também levam vidas privadas. • O que você entre os séculos XI e XIV, mas repentinamente e criação de animais. A derrubada das árvores
De acordo com esse fato, em assuntos de crença, entende sobre declinaram no século XIX. também era necessária para a construção
• Em sua opinião, como o caso do povo Rapa
eles são muito semelhantes às outras pessoas. o trabalho do de balsas, utilizadas na pesca e na caça
Nui se demonstra a existência de uma relação
Muitos deles acreditam em um Criador; muitos biólogo? de animais marinhos (focas, golfinhos,
entre a vida e o meio em que ela desenvolve?
outros não. Mas se forem ponderados e hones- Bem, mas se o solo era fértil e se havia tartarugas etc.), ricas fontes de
Localização da • Você acha que uma exploração sustentável
tos, eles prontamente reconhecem que sua abundância de alimentos na ilha, por que a gordura e proteínas.
Ilha de Páscoa
população declinou tão bruscamente? Será dos recursos naturais poderia ter evitado o
crença em um sentido ou em outro não é
equivalente a demonstrações científicas”.
• Que teorias que um desastre natural (tsunamis, erupções declínio dessa população?
você já ouviu a vulcânicas, queda de meteoro etc.) afetou a • Será que é possível uma forma de vida
MOODY, P.A. Introdução à Evolução, Rio de Janeiro: Ed.UnB, 1975, p.402.
respeito de ori- ilha e levou os Rapa nui ao declínio? não depender do meio em que vive?
gem da vida?

ABERTURA DE UNIDADE
A Abertura de unidade, que trabalha sobre um pequeno texto, imagens, questões e trechos bíblicos,
é uma apresentação dos assuntos contidos nos capítulos da unidade. Ela se relaciona diretamente
com outra seção, a Refletindo ideias e atitudes.

Capítulo 2
A rica biodiversidade da Terra

Capítulo 1 Vamos analisar uma pergunta de cada vez.

biologia
Como a primeira mosca foi gerada?

A diversidade
Para responder à primeira pergunta, voltamos
à questão da origem da vida, que é uma questão
bem antiga e ultrapassa o âmbito científico. Foi a

davida
busca por responder a essa pergunta que deu

e a origem
origem à filosofia, por exemplo. Os primeiros filó-
sofos (os pré-socráticos) tinham como indagação
principal a questão sobre a “causa primeira”, ou
“substância primordial”, que origina e sustenta a na mente do artista. Nesse caso, seria impossível

da vida
vida. Apesar de antiga, essa é uma questão para a dar à causa primeira trato científico: ela não pode-
qual não há consenso até hoje. ria ser observada em laboratório, medida e
Existem aqueles que acreditam que houve uma mensurada.
substância primordial que originou a vida e que é Entre os cientistas a primeira hipótese é a mais
Observando ao nosso redor, conseguimos constatar que possível encontrar indícios dela atualmente, de aceita, embora existam também aqueles que, afir-
existe uma variedade de formas de vida. Uma das perguntas forma que seria viável certificar-se de sua existên- mando certo limite para a ciência, trabalham com
que os cientistas têm feito ao longo do tempo é: Como essa cia por meio do método científico. Por outro lado, a segunda hipótese.
variedade se constitui? há aqueles que acreditam na existência de uma
Winston Link/Shutterstozck.com

No capítulo anterior, vimos que uma das grandes “revolu- causa primeira, que não é necessariamente pal- Passemos à segunda pergunta:
ções” da pesquisa científica aconteceu no século XIX, com pável. Nesse caso, a vida teria surgido por meio Uma mosca de um tipo foi gerando todos os
Pasteur. Você se lembra do experimento das carnes e das de algo que não fosse matéria. Ocorreria da mes- outros tipos ou cada tipo de mosca já surgiu diferen-
Quantas formas diferentes de vida há na Terra! moscas? Seguindo a descoberta de Pasteur, poderíamos afir- ma forma como se concebe uma obra de arte, ciado e foi gerando moscas sempre semelhantes?
Olhando ao seu redor, você consegue enxergar mar que carne não gera larva de mosca. Mosca gera mosca. que antes de surgir na tela, materializada, existiu Essa pergunta é impactada pela primeira se
isso. Muitas espécies de bactérias devem estar quisermos respondê-la de maneira científica. Se
agora presentes no chão que você está pisando. considerarmos que a vida tenha surgido de uma
E, lá no jardim, quantas espécies de insetos de- Mas dois questionamentos podem substância primordial, então toda biodiversidade
vem viver nele? E, lá no lago, quantas espécies de ser propostos diante dessa afirmação: teria surgido diretamente dessa substância. Ou
algas microscópicas flutuam em suas águas? Ima- seja, essa substância primordial teria gerado todos
gine o caso da Floresta Amazônica, a maior 1. Se mosca gera mosca, e a primeira mosca? os tipos de vida. No caso da mosca, havendo uma
floresta tropical do mundo. Já pensou na quanti- As diferentes disciplinas acadêmicas Como ela foi gerada? substância primordial, uma mosca de um tipo foi
dade de espécies de organismos que vivem nela? estudam aspectos específicos da gerando moscas de outros tipos.
E no oceano, então? Até mesmo na nossa comida realidade. A matemática, por exemplo, 2. Existem vários tipos de moscas. Uma mosca de um Todavia, se considerarmos a existência de uma
Nosso planeta apresenta aproximadamente há várias espécies, afinal, o alimento é originado estuda o fenômeno do número e de suas tipo foi gerando todos os outros tipos de moscas? causa primeira, a questão passa a ser: Como essa
8,7 milhões de espécies, das quais apenas de partes de seres vivos. relações, a arte se preocupa com o Ou cada tipo de mosca já surgiu diferenciado e foi causa primeira teria dado origem a toda biodiver-
14% foram identificadas e catalogadas, segun- Você saberia catalogar quais espécies de ve- fenômeno da beleza, e a biologia é a gerando moscas sempre semelhantes? sidade?
do estudo publicado pela revista científica getais, animais, fungos e algas já lhe serviram ciência que está interessada no 1a hipótese: Teria sido pela criação de uma
norte-americana PLOS Biology, em 2011. Os como gênero alimentício? fenômeno da vida biológica. Apesar de substância primordial?
cientistas, nesse estudo, afirmam que a catalo- Bem, você está lendo um livro didático de lidarem com aspectos específicos, cresce 2a hipótese: Várias “substâncias primordiais” te-
gação de todas as espécies poderá levar mais Biologia. Mas o que a Biologia tem a ver com a entre os estudiosos a preocupação com riam originado a vida?
de mil anos, embora estima-se que a maioria vida? Tudo! A Biologia (do grego bios: vida; logos: a interdisciplinaridade, isto é, o esforço 3a hipótese: Os seres vivos teriam surgido da
delas estará extinta antes que possam ser ca- estudo) é a ciência que estuda a vida e toda a por relacionar as disciplinas. Por que maneira como os conhecemos atualmente?
talogadas e estudadas. sua diversidade, desde a escala microscópica este esforço é importante? É possível
(moléculas, substâncias, células, microrganismos discutir um aspecto da realidade sem
etc.) até a escala macroscópica (animais, vege- conexão com os demais?
Pavel K/Shutterstock.com

tais, ecossistemas etc.).

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | CAPÍTULO 1 | 17 BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | CAPÍTULO 2 | 65

ABERTURA DE CAPÍTULO
A Abertura de capítulo trabalha sobre imagens (artes plásticas, cinema,
literatura etc.) e um texto introdutório ao assunto principal que será desenvolvido.
Diomedia / Science Source / Photo Researchers

unidade 2
unidade 1
Refletindo
Refletindo Ideias e
Ideias e Atitudes
Atitudes Os mitológicos jardins suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo
antigo, que teria existido em algum lugar da Mesopotâmia antiga. Segundo a len-
da babilônica, ele teria sido construído pelo imperador Nabucodonosor II para sua
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus
o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes
disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem
esposa, a rainha Amytis, pois ela sentia falta dos vales e verdes de sua terra natal. a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do
“E Deus viu tudo o que Note como a lenda sugere a antiga fascinação do homem pela beleza natural.
céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’. Disse
havia feito, e tudo havia
Deus: ‘Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda
ficado muito bom.”
a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão
Gênesis 1.31 (NVI)
frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês.
E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em
si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a
todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem
rente ao chão’. E assim foi.”
Gênesis 1:27-30 (NVI)
Talvez não haja um jardim ao seu lado, agora, enquanto você lê
estas linhas. Talvez jamais saibamos se existiu mesmo algo assom-
De repente, você tem acesso fácil a um jardim de folhas verdes existentes, você teria algo com broso como os jardins suspensos da Babilônica antiga, que você
maravilhoso, realmente muito grande e cheio de que se ocupar talvez pela vida inteira. Você nunca vê na imagem (que belo jardim, não?), ou até se algum dia haverá
plantas das mais variadas formas, perfumes e co- havia se dado conta da quantidade de variedade uma bela folha verde chamada Espázia. Mas, pelo que estudamos
res. Apesar da variedade de cores das flores, em de folhas verdes que existe a sua volta. nessa unidade, você viu que a própria Terra funciona como um TruNorth Images/Shutterstock.com

sua quase totalidade predomina aos seus olhos Tente desenhar uma folha em um papel; e de- imenso e diverso jardim. Daquilo que vimos até agora sobre esse Portanto, o mais importante, hoje, não é
a cor verde. Imagine que, então, alguém lhe pede pois outra, totalmente diferente, e daí mais uma, jardim-Terra, que é a criação de Deus e o belo objeto de estudo da discutirmos se devemos ou não fazer uso dos re-
para ir para esse jardim e para trazer uma folha maior, e outra, menor, todas com a mesma cor, Biologia, talvez precisemos de um tempo para ver essa diversidade “Quando fizerem a colheita cursos naturais disponíveis, mas sim, refletir sobre
verde Espázia. mas diferentes de alguma forma. Quantas você e complexidade, não é? Talvez depois de vê-las, e sermos de algu- da sua terra, não colham até às Em 1983, na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente a melhor forma de utilizá-los. Temos percebido a
Você não sabe o que é uma folha verde conseguiria? Até quando não se cansaria? Olhe ma forma encantados por sua beleza e grandeza, não paremos extremidades da sua lavoura, e Desenvolvimento (criada pela ONU), a ex-primeira dificuldade em vivermos sem usufruir daquilo
Espázia, certo? Na verdade, até hoje não existe ao seu redor: olhe as flores uma a uma, e os mais de querer ficar perto delas e entendê-las: como surgiram, nem ajuntem as espigas caídas ministra da Noruega, Gro Harlem Brudtland, utilizou o que o ambiente nos proporciona (o próprio
nenhuma folha com esse nome. Mas isso não animais, e os seres microscópicos, e os flocos como se diversificaram, e, conforme veremos na próxima unidade, de sua colheita. Não passem termo “desenvolvimento sustentável” para defender conceito de ecossistema pressupõe trocas que
importa, porque, no momento que você entra no de neve (cujos padrões não se repetem); e as como interagem entre si. Você alguma vez já havia pensado sobre duas vezes pela sua vinha, nem a integração entre desenvolvimento econômico, acontecem entre os elementos bióticos e abióti-
jardim, pela primeira vez você se dá conta de que, impressões digitais (exclusivas para cada um a vida na Terra assim? apanhem as uvas que tiverem qualidade de vida e preservação ambiental. Hoje em cos de determinado meio), mas há uma maneira
mesmo que houvesse a tal folha verde Espázia, e de nós, seres humanos). Seres que vivem no caído. Deixem-nas para o dia, o conceito de desenvolvimento sustentável mais equilibrada de essa relação se estabelecer, e outra
mesmo que você tivesse como conseguir separar calor, no frio, bem no alto, bem embaixo; na necessitado e para o estrangeiro. utilizado é o seguinte: aquele capaz de suprir as necessi- desequilibrada (a exemplo da que vimos no caso
um tipo de folha verde dos outros diversos tipos água, na terra, ou mesmo no ar. Tanta, mas Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” dades da geração atual, sem comprometer a capacidade dos Rapa Nui e, por vezes, no nosso dia a dia na
tanta diversidade e complexidade. Levítico 19:9-10 (NVI) de atender as necessidades das gerações futuras. civilização moderna). Moinhos holandeses

116 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | 117 304 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | 305

REFLETINDO IDEIAS E ATITUDES


Seção que encerra três capítulos, ligando-se à Abertura de unidade. Seu objetivo é trazer reflexões
sobre alguns dos conceitos e temas estudados na unidade, associando-os a situações do cotidiano,
por meio de um texto, porções da Bíblia, questões e comentários relacionados à cosmovisão cristã.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 10 05/02/15 18:04


RECURSOS
Em várias páginas, você encontrará ícones e termos como Conceito, Glossário e Sugestões
Bibliográficas que representam complementos ao tema e assuntos abordados, seja na forma de
textos, de atividades, em sugestões de sites, filmes e livros ou em chamadas à reflexão e memória.

Conceito INTEGRANDO CONHECIMENTOS


Traz a sistematização de Tem como objetivo a integração do conteúdo com a cosmovisão
um conceito-chave que cristã através da reflexão sobre uma referência bíblica.
merece destaque em
meio à explicação de BIOLOGIA INTERDISCIPLINAR
BIOLOGIA
determinado assunto. INTERDISCIPLINAR Relaciona a Biologia com diversas áreas do conhecimento, mos-
trando pontos de conexão entre elas, considerando, inclusive,
Glossário o contexto histórico e/ou sociocultural relacionados ao assunto
Um pequeno dicionário em questão.
com termos técnicos
presentes no texto.

Sugestões VALE LEMBRAR


bibliográficas Resgate de conteúdos trabalhados anteriormente que
Sequência de livros, sites, servem no momento como pré-requisito para o novo saber.
filmes e outras fontes de
informação para sua PRODUÇÃO DE PESQUISA
pesquisa extra livro. Propostas de incentivo à busca de informações em outras fontes, para
ampliação do conhecimento em determinado tema abordado no capítulo e
Código QR iniciação ao processo de produção científic a (individual ou coletiva).
É um código de resposta
(ou leitura) rápida (do
inglês, Quick Response PARA REFLETIR
Code), indicado junto No Para Refletir , as perguntas surgem do próprio conteúdo,
ao recurso Para acessar. sempre integradas com a cosmovisão cristã, ainda que não se
A partir de um aplicativo relacionem diretamente com textos bíblicos.
de celular (que tenha
câmera) ou tablet, o PARA ACESSAR
código QR pode identificar Indicação de links, vídeos, fi lmes, bibliografias , dicas culturais
rapidamente o site/blog. e literárias, dentre outras, para auxiliar na compreensão do
Na impossibilidade de tema abordado.
usar o celular/tablet, você
pode digitar o endereço BIOLOGIA E COTIDIANO
virtual indicado. BIOLOGIA E Relaciona um tema da Biologia com algum assunto que faça parte do
COTIDIANO cotidiano do aluno e que mostre a influênciadaabor dagem científic a
ao contexto sociocultural.

VAMOS PRATICAR
Exercícios e/ou atividades de indução para sistematizar/analisar o
conteúdo apresentado e indicação de outros exercícios no caderno
de atividades.

BIOLOGIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE


Relaciona a Biologia com a tecnologia, a sociedade e o meio ambiente,
mostrando suas relações, como também aplicações dos conceitos científi-
cos trabalhados no capítulo em questão.

CADERNO DE ATIVIDADES
Ícone que faz referência ao Caderno de Atividades, onde o
aluno encontrará uma lista de exercícios, originais, do Enem
e de vestibulares.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 11 05/02/15 18:04


t

118
da
o

A
a bi

U
a

bi
n

As bio og

o
g ê
di

da
ve

r
e ên ne

Op
e

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 12
id

i
rs

A da
ri ese se
id

44
ad H

em
ee

ig ida
se ipó
ad
ria te

h e p
os

o v de

a Pa c
m se

se n
e ec Ca

s e
51
os os s d

As rin ns ósm
p e

te lda ia
s

52
ist
2

pó Ha erm ica
em se rim co or
as re e mo
i

55
Ca s v iro
g

Co
iv s
l
u

p os 59 n

bi
ít ce

ó
Bio em d

it

Ad
o
a

iv
ul
o

i
Ca

Qu tos
p er o
g
O
1:

s
de

64 o

i
pít og vid
16

et aB
d
ítu ev
v
l ia e a a

l ol da dad
2: po iol
id

A
120 s og

uc
a
e

o3 io
vid e do A c
eco vida a
lo e co ia p

n
o

no : s i
ro

ssi pe on
?

s Os a m
nh m

ste
18

or m Há ns str
O
qu da n-

gan as ev teór tua o m B


es ecim ove
20

O tu e ?

iza s nív olu ic 67 ais io am uç


cio os d l
2

ção eis Ad de l e ã
2

da de da ive nis o 10 óg nt o
v r mo Na
Ol vid
a 123 e id
a d s i 6 8 Gr m i o
mo u vo éc il a co 26
do gar e lu par ade
sfO iaos n
de cio a
78 u an
viv o nis os da nda tig
A di er 127 a tas a 26
nâm Av Me do
dic res
Irra A es tuai 27
ecos ica dos
siste con diação p s
ecia
an ina
O ca mas 130 verg ada ção 28
ê
Bio ços
su
14

min ncia ptati Cla


A Bi v 78 lo da
m

ener ho da oqu ada bio ssific g A


gi ímic ptat a e
139 a, a
em i va 8 0 div and ia 31 ci
natu a na e os Os ers oa
ê
i d
me n
fóss briolog
ci

Pirâm reza e i i a
a

ides evol her canism ade 33


ecoló ucio s na visã 88
U
cas gi o edi
da

nista tari os de
at u
ni

144 A teo eda


Os ca
m al
vi

ria d Os de 34
od
ár

da ma inhos urg
da

téria 151 intel esign imen


igen 98 cien do mét to
natu na
reza Origem te t o 38
da

e propo
Ciclo da ne ntes do nov ífico: u do
água DI af m
Ciclo do c 152 A discus
são do D 98 faz orma a
arbono I d
io

99
er c
Ciclo do n 153 O método
do DI
iênc e
itrogênio 106 ia
de

1 54 O debate em aç
Ciclo do oxigên
io ão 111
157
1

05/02/15 18:04
05/02/15 18:04
6: ais
5:

lo ient
o

2 ítu ambrio
m
de
er ul

26 Cap
s
o s po
os íb ue
a

d o
ít

a
a ic s vi
d t i l sq
ci t o c
qu o a
b p

e
8

da vida a is
sf

n bió o d mp se ic ud re
z
pa
Ca

o
uê a ã s tit tu
io

I ci
19

içã da e g
fl es aç a ibu ão e d oló s a na rin
in r m em str uiç na r a s p ais
A

A to or ist a di trib ec e a o
qu erv o nt os
fa f ss
a e di
s
Pe s nd bie ura
is
ê nic
de e a de re ce m na
t og
4:

n o
9

ec tit de
u a em 3 p he s a tai
s tro
p
os
19

d 6
la u
A altit ers a
i s ta 2 on to ien is a
n
nic
ão
o

e C c b
pa am nta gê
iv iom lan
m e

tos bie po

im
ul
or d

0 A 4
d 6 c m ro
A sb op
sf ida

20 1 iai
s 2 p a
tos
a
Im nt o
20 2 do ss as und c
s a ic
ít

pa
an rs

4
20 no biom res m s 26 Im to iót
da c
p

o b pécies
tr ive

6 pa
162

Os rres
t 26 Im mei
a : ma
Ca

ic de es
em od

a 4 te io sil nic
a
8 no ção de nto
âm d 20 s b ra zô 26
Bi

in e
n ni o O B m a
E x t t a m
di u ã ca do ta
A
68 esm
a
s
A m ess gi ár
ia
21
7 res o 2 D s
êni ico
co
co c ló prim dár
ia Flo d t ica 70 a cto g
Imp ropo biót
rra n 2
Su o ão cu
n
21
9 Ce a Atlâ
6

t a
ec cess o se 274 an meio imáticas
16

t
22
4 Ma ga
Su ess
ã as tin no s cl
c es as ecífic 22
6 a
Ca anal ç a
dan ão da io
7 Su çõ ic sp 7 nt o s Mu iç n
16 l a g a e s 2 2 P a ir 4 i n u zô
8 Re ol s int
ó r
ífic
a pas sile 2 7 Dim ada de
o
16 ec 233 Pam bra a
ec laçõe nicas aesp s 279 c am té rmic
17
2 r 234 ma dos rsão a
Re ô int as Bio a da Inve
eaç
m s c a c i d
r
ha çõe nica
s cífi 5 m eaç da 282 va á
4 pe 23 a a m ç a C h u ã o
17 l a
Re sarm intere
ô s
ôni
a mea 287 ofiza
ç
trófi
ca –
maz tica a Eutr ação
7 de ções as cas A
a at
l â n
do 289 nific ulativo
17 cífi 236 eaça Mag
la
Re môni
c spe Mat m c um
tere 237 do a o 290 Efeit
o
181 har e s in s Cerra e açad ç a d os o
a çõ i c a
237 anal
a m m e a P oluiçã leo
Rel rmôn Pant pas a 292 tró
a de pam por pe
183 des i ca s 2 37 i n ga e s
âm e Caat uátic
o
Lixo
Din laçõ u 237 m as aq 293
191 pop ístic
as Os bio p l aneta Novas
244 de nosso 300

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 13
cter as
Cara opulaçõ
es Perspectiv
nça
191 das
p ento mar e a Espera
rescim A vida
n o ndo
s de c doce de um Mu
Curva cional 244 a água el
193 la A vida n Sustentáv
popu 250
UNIDADE
BIOLOGIA
A CIÊNCIA DA VIDA
A onça (Panthera onca) tem um padrão de cores e
“Encham-se as manchas em sua pelagem que lhe possibilita perfei-
águas de seres vivos, e ta camuflagem. Assim, suas presas têm dificuldade
voem as aves sobre a terra, sob o de notar a presença deste mamífero que consegue
firmamento do céu.” Assim Deus criou se deixar confundir com a paisagem da relva.
os grandes animais aquáticos e os demais Como a onça, outros seres vivos apresentam
seres que povoam as águas, de acordo com as padrões morfológicos e fisiológicos que não
suas espécies; e todas as aves, de acordo com as deixam dúvidas de que eles estão muito bem
suas espécies. [...] E disse Deus: “Produza a terra condicionados aos seus respectivos habitats
seres vivos de acordo com as suas espécies: e modos de vida. O formato do bico das araras
rebanhos domésticos, animais selvagens, lhes permite quebrar, de forma mais eficiente,
e os demais seres vivos da terra de acordo frutos e sementes. O tatu-bola, quando ameaça-
com suas espécies.” E assim foi. do, encolhe-se e fica com formato de bola; sua
Gênesis 1: 20, 21 e 24 (NVI). carapaça é uma proteção contra predadores.
A coloração e os padrões geométricos das penas
do pavão macho atraem as fêmeas. É notável como
os seres vivos apresentam perfeitas características
que lhes permitem viver muito bem na natureza.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 14 05/02/15 18:04


Poderíamos então desafiar nossas mentes
e nos perguntar o seguinte: O que levou esses
animais a estarem tão bem condicionados ao
ambiente? Essa harmonia esteve pronta desde
o início, ou ela foi desenvolvida gradualmente?

A Biologia é uma das áreas do saber que muito se interessa


por essas questões. E, para procurar respostas, se baseia em
procedimentos que têm como ponto de partida a observação
dos fenômenos naturais, depois a formulação de hipóteses
que tentam explicá-los, a realização de experimentos que
tentam testar essas hipóteses e, por fim, uma apresentação
dos resultados obtidos e uma análise de como os resultados
endossam, ou não, as hipóteses.
Ou seja, ao investigar essas perguntas, a Biologia nos for-
nece preciosas informações sobre o ambiente ao nosso redor;
estas, uma vez obtidas segundo uma metodologia científica,
são confiáveis e respeitáveis para a ciência, além de admirá-
•• Você conseguiria
observar os even-
veis e inusitadas. Práticas da Biologia embasaram as mais
tos a sua volta e
surpreendentes descobertas que o homem já fez sobre a
descrevê-los?
vida na Terra, da saúde e medicina às que hoje enchem os
olhos dos observadores, curiosos praticantes de mergulhos,
trilhas nas selvas, ou mesmo entusiastas de documentários
sobre a vida animal e vegetal.
Lembre-se: isso não significa que a busca por respostas a •• Seria capaz de
respeito de como se estabelece a harmonia entre a vida e o formular alguma
lugar não envolva outras questões, que transcendem o que se hipótese de
observa, o que se experimenta. Nesse sentido, vale lembrar as como funciona
palavras do professor Paul Amos Moody, quando ele afirma: tais eventos?

“Os cientistas, como outros seres humanos falí- •• Como você


veis, acreditam em muitas coisas NÃO provadas conceitu-
pela ciência [...] Os cientistas não são uma raça a aria a vida?
parte; eles tiveram infância, modelada por varia-
das influências, e também levam vidas privadas. •• O que você
De acordo com esse fato, em assuntos de crença, entende sobre
eles são muito semelhantes às outras pessoas. o trabalho do
Muitos deles acreditam em um Criador; muitos biólogo?
outros não. Mas se forem ponderados e hones-
tos, eles prontamente reconhecem que sua
crença em um sentido ou em outro não é
equivalente a demonstrações científicas”.
•• Que teorias
você já ouviu a
MOODY, P.A. Introdução à Evolução, Rio de Janeiro: Ed.UnB, 1975, p.402.
respeito de ori-
gem da vida?

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 15 05/02/15 18:04


Capítulo 1
biologia
e a origem
da vida
Winston Link/Shutterstozck.com

Nosso planeta apresenta aproximadamente


8,7 milhões de espécies, das quais apenas
14% foram identificadas e catalogadas, segun-
do estudo publicado pela revista científica
norte-americana PLOS Biology, em 2011. Os
cientistas, nesse estudo, afirmam que a catalo-
gação de todas as espécies poderá levar mais
de mil anos, embora estima-se que a maioria
delas estará extinta antes que possam ser ca-
talogadas e estudadas.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 16 05/02/15 18:04


A rica biodiversidade da Terra

Quantas formas diferentes de vida há na Terra!


Olhando ao seu redor, você consegue enxergar
isso. Muitas espécies de bactérias devem estar
agora presentes no chão que você está pisando.
E, lá no jardim, quantas espécies de insetos de-
vem viver nele? E, lá no lago, quantas espécies de
algas microscópicas flutuam em suas águas? Ima-
gine o caso da Floresta Amazônica, a maior
floresta tropical do mundo. Já pensou na quanti- As diferentes disciplinas acadêmicas
dade de espécies de organismos que vivem nela? estudam aspectos específicos da
E no oceano, então? Até mesmo na nossa comida realidade. A matemática, por exemplo,
há várias espécies, afinal, o alimento é originado estuda o fenômeno do número e de suas
de partes de seres vivos. relações, a arte se preocupa com o
Você saberia catalogar quais espécies de ve- fenômeno da beleza, e a biologia é a
getais, animais, fungos e algas já lhe serviram ciência que está interessada no
como gênero alimentício? fenômeno da vida biológica. Apesar de
Bem, você está lendo um livro didático de lidarem com aspectos específicos, cresce
Biologia. Mas o que a Biologia tem a ver com a entre os estudiosos a preocupação com
vida? Tudo! A Biologia (do grego bios: vida; logos: a interdisciplinaridade, isto é, o esforço
estudo) é a ciência que estuda a vida e toda a por relacionar as disciplinas. Por que
sua diversidade, desde a escala microscópica este esforço é importante? É possível
(moléculas, substâncias, células, microrganismos discutir um aspecto da realidade sem
etc.) até a escala macroscópica (animais, vege- conexão com os demais?
Pavel K/Shutterstock.com

tais, ecossistemas etc.).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 17

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 17 05/02/15 18:04


Conceito energia essencial para a manutenção da vida.
O anabolismo envolve reações de síntese, isto é,

de vida
quando moléculas orgânicas são construídas a
partir da união de outras moléculas. Por meio do
anabolismo, por exemplo, nosso organismo pro-
duz uma série de substâncias essenciais para que
Mas, afinal, o que é vida? Você saberia defini-la? ocorra crescimento, renovação de tecidos e fun-
Quais critérios você estabeleceria para dizer se cionamento dos órgãos.
isso ou aquilo é vivo ou não vivo? Reprodução: os seres vivos são capazes de se re-
Na verdade, o conceito de vida é amplamente produzir e gerar novos indivíduos. Existem dois
debatido por filósofos, teólogos e cientistas. Do tipos abrangentes de reprodução: assexuada e
ponto de vista da ciência, para que “algo” possa sexuada. Na reprodução assexuada, indivíduos
ser considerado “vivo”, ele deve reunir as caracte- surgem diretamente de outros, sem ter ocorrido
rísticas relacionadas abaixo: contato físico, isto é, sem ter havido uma combi-
nação de material genético (não há variabilidade
Composição química: os seres vivos são formados genética no momento da reprodução). Os indiví-
por substâncias orgânicas e inorgânicas, que fa- duos que surgem de reprodução assexuada
zem parte da constituição de suas células. Os apresentam inicialmente as mesmas característi-
elementos químicos mais frequentes nas molé- cas genéticas dos seres que lhes deram origem.
culas que formam as substâncias presentes nos Quando uma esponja marinha “brota” diretamen-
seres vivos são: carbono (C), hidrogênio (H), oxi- te de outra, por exemplo, dizemos que houve
gênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). reprodução assexuada. Por outro lado, na repro-
Estrutura celular: os seres vivos (em sua maio- dução sexuada, indivíduos surgem a partir da
ria) são formados por células. Muitos são mistura de materiais genéticos de diferentes
unicelulares (uma única célula), como as bacté- genitores (pais). A fecundação dos animais (fusão
rias, os protozoários e certas espécies de fungos e do espermatozoide com o óvulo) é um processo
algas; outros são multicelulares (muitas células), típico de reprodução sexuada, pois o material ge-
como os animais, os vegetais e também determi- nético do macho (contido no espermatozoide) e
nadas espécies de fungos e algas. Mas nem tudo o material genético da fêmea (contido no óvulo)
é consenso. No caso dos vírus, eles não apresen- se misturam, formando um novo ser com variabi-
tam organização celular, embora tenham a lidade genética.
capacidade de se reproduzir no interior da célula Variabilidade genética: os seres vivos são sujeitos
que invadem. Por terem capacidade de reprodu- a mecanismos capazes de provocar modificações
ção (embora apenas no interior de uma célula), em seu material genético: mutações, recombina-
parte da comunidade científica considera que os ções gênicas e reprodução sexuada, entre outros.
vírus são seres vivos; outra parte da comunidade Esses mecanismos fazem com que cada um dos in-
científica, no entanto, não considera que os vírus divíduos tenha o seu “próprio” material genético.
sejam entidades vivas, por não apresentarem me- Espécies com ampla variabilidade genética têm
tabolismo próprio, nem organização celular. maior probabilidade de se adaptar ao meio em
Metabolismo: no interior das células que formam que vivem, ao longo do tempo, segundo a maioria
os seres vivos, ocorre uma série de reações quími- das pesquisas científicas.
cas fundamentais para o funcionamento do
organismo. Esse conjunto de reações químicas é
denominado metabolismo, que pode ser dividido
em catabolismo e anabolismo. O catabolismo en-
volve reações de degradação (quebra) de alguns
tipos de moléculas orgânicas, com liberação de

18 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 18 05/02/15 18:04


BIOLOGIA E dos locais onde se reproduzem. Assim, a pre-
COTIDIANO venção e as medidas de combate exigem a par-
ticipação e a mobilização de toda a comunidade
estudo de doenças a partir da adoção de medidas simples, visando
A Biologia estuda os mecanismos de transmissão a interrupção do ciclo de transmissão e conta-
de doenças, como a dengue e outras viroses. minação. Caso contrário, as ações isoladas po-
Pensando nisso, será que estudar Biologia pode derão ser insuficientes para acabar com os focos
ajudar os cidadãos a se prevenirem de forma da doença. Na eventualidade de uma epidemia
mais eficaz contra uma série de doenças que de dengue numa comunidade ou município, há
afetam a humanidade? Para ajudá-lo a responder a necessidade de serem executadas medidas de
a essa pergunta, leia o texto abaixo. controle como o uso de inseticidas aplicados
através de carro-fumacê ou nebulização, para
O grande problema para combater o mosquito diminuir o número de mosquitos adultos trans-
Aedes aegypti é que sua reprodução ocorre em missores e interromper a disseminação da epi-
qualquer recipiente utilizado para armazenar demia. Nessa oportunidade, a comunidade de-
água, tanto em áreas sombrias como ensolara- ve cooperar com o processo de nebulização,
das. Por exemplo: caixas-d’água, barris, tambo- mantendo as portas e janelas das casas abertas,
res, vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou de modo a permitir a entrada do inseticida.
flores, tanques, cisternas, garrafas, latas, pneus, [...] A participação das escolas no processo de
panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, promoção da saúde e de uma comunidade sem
drenos de escoamento, canaletas, blocos de ci- dengue é de grande importância. Os estudantes
mento, urnas de cemitério, folhas de plantas, to- podem participar ativamente das campanhas de
cos e bambus, buracos de árvores e muitos ou- limpeza e informação, levando para sua família e
tros onde a água da chuva é coletada ou arma- seus vizinhos as mensagens educativas recebi-
zenada. Portanto, considerando essa facilidade das. Inicialmente, participam limpando a própria
de disseminação, podemos imaginar o grau de escola; posteriormente, adotam a mesma inicia-
dificuldade para efetivamente combater a tiva em suas casas e arredores.
doença – o que só é possível com a quebra da Disponível em: <www.conscienciaprevencionista.com.br/upload/arquivo_
cadeia de transmissão, eliminando o mosquito download/1962/DENGUE%20-%20informativo.pdf>. Acesso em: nov. 2013.

Baseando-se no texto acima, responda:

1. Você acha que o conhecimento proporciona-


do pela Biologia pode ajudar a população a
se prevenir contra a dengue? Por quê?
2. De que forma um estudante pode colabo-
rar para evitar a propagação da dengue?

Resposta pessoal. Sugestão de resposta:


Resposta pessoal. Sugestão de resposta: O
Os estudantes, assim como toda a comunidade
conhecimento do ciclo reprodutivo do mosquito
escolar, poderiam participar de campanhas de
Aedes aegypti, bem como das causas e mecanismos
limpeza e informação sobre a importância de não
de transmissão da dengue – conhecimentos
deixar acumular água em locais como pneus, vasos,
proporcionados pela Biologia – podem ajudar os
panelas, entulhos e outros reservatórios que
cidadãos a se prevenirem contra a dengue.
favorecem a reprodução do Aedes aegypti,

Resolva a questão 1 do mosquito transmissor da dengue.


Caderno de Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 19

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 19 05/02/15 18:04


O que o biólogo
estuda?
Como vimos, os biólogos são cientistas que estudam a vida. Onde
quer que haja vida no planeta, lá estará um biólogo para estudá-la.
Bem, você já deve ter percebido que os biólogos têm muito tra-
balho, afinal, estima-se que existam cerca de 8,7 milhões de
espécies de organismos no planeta, com características estruturais,
fisiológicas e bioquímicas diferentes.

Getty Images/Vetta Rich Carey/Shutterstock.com

Botânica. Biologia marinha.


Matej Kastelic/Shutterstock.com
Getty Images/All Canada Photos

Zoologia. Microbiologia.

20 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 20 05/02/15 18:05


Você é curioso? É um bom observador dos fenômenos naturais?
Gosta de realizar experiências no laboratório? Se sua resposta para
essas perguntas foi um sonoro “sim”, então talvez você leve jeito
para ser um bom cientista. Isso porque os biólogos costumam ter
essas características.
Os seres vivos podem ser estudados de várias formas, desde sua
estrutura molecular até a forma como se adaptam aos lugares onde
vivem. Por isso, há muito para se estudar: moléculas presentes nos
seres vivos, funcionamento de suas células e tecidos, mecanismos
que regem o funcionamento do material genético, fisiologia de seus
organismos, interação dos seres vivos com outros seres vivos e com
o ambiente etc.
Devido a essa vastidão de diferentes conhecimentos, o estudo
da Biologia pode ser dividido em diversos ramos, tais como:

Marinha
Estuda a
biodiversidade
dos oceanos.

Celular Molecular
Estuda o Estuda biomoléculas
funcionamento que formam os
das células. seres vivos.

Botânica Micologia
Estuda a Estuda os
biodiversidade fungos.
das plantas.

Zoologia Paleontologia
Estuda a Estuda os fósseis e a
biodiversidade história da vida na Terra.
dos animais.

Microbiologia Genética
Estuda a biodiversidade Estuda os mecanismos
dos microrganismos. de hereditariedade.
Ecologia
Estuda a relação
dos seres vivos
com o ambiente.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 21

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 21 05/02/15 18:05


Que tipos de
conhecimentos a
biologia promove?
Você saberia mencionar alguns Muitos acreditam que a Biologia é uma das ciências
conhecimentos importantes que a mais importantes do século XXI. Os avanços que a
Biologia traz para o nosso dia a dia? Biologia tem protagonizado em áreas como a conser-
Os conhecimentos produzidos pela vação dos seres vivos e dos ambientes, a
Biologia melhoraram a vida das biotecnologia e a Biologia molecular se refletem na
pessoas no planeta? produção de medicamentos mais eficientes no com-
bate ao câncer e outras doenças, no gerenciamento
Luiscar74/Shutterstock.com

sustentável dos recursos naturais, no aumento da produção de alimentos de melhor


valor nutricional e nos métodos de prevenção contra diversos tipos de doenças. Nos
laboratórios espalhados pelos diversos centros de pesquisa do Brasil e do mundo, exis-
tem biólogos pesquisando vacinas que poderiam nos prevenir contra uma série de
doenças, como a malária, a doença de Chagas, a esquistossomose e até mesmo a Aids.
Há biólogos tentando descobrir que substâncias produzidas pelas plantas ou pelos
animais poderiam ter efeitos terapêuticos capazes de melhorar a vida das pessoas.
Muitos biólogos de campo estudam os diversos ecossistemas e a importância de sua
conservação para a manutenção da vida humana e dos seres vivos.
Você saberia dizer de que forma os conhecimentos promovidos pela Biologia estão
fazendo, neste momento, alguma diferença em sua vida ou na vida de sua família?

22 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 22 05/02/15 18:05


biologia,
teCnologia,
soCiedade e
ambiente
nova pesquisa de miguel

Isadora Brant/Folhapress
niColelis faZ maCaCo
movimentar e sentir braço
virtual apenas Com a mente
Você já ouviu falar no cientista brasileiro Miguel Ni-
colelis? Trata-se de um médico formado na
Faculdade de Medicina da USP, mas que desenvolve
várias pesquisas na área de neurorrobótica na Uni-
versidade de Duke, nos Estados Unidos.
As pesquisas de Nicolelis consistiam, basicamen-
te, em captar a atividade elétrica no cérebro de um
animal e traduzi-la em comandos eletrônicos, que
podiam ser lidos por artefatos robóticos. O pesquisa-
dor havia conseguido, por exemplo, fazer um
macaco controlar uma mão virtual apenas com o Cientista brasileiro Miguel Nicolelis,
seu pensamento. Segundo Nicolelis, o desenvolvi- formado em medicina pela USP.
Fonte de pesquisa: <http://veja.abril.com4.br/noti-
mento de uma interface cérebro-cérebro representa cia/ciencia/pesquisa-de-miguel-nicolelis-da-a-larga-
a progressão lógica dessas pesquisas. “Em nossos la- da-para-criar-internet-cerebral>. Acesso em: mai.
boratórios, nós buscamos descobrir os limites do 2013. Adaptado por Júlio César Tonon para esta obra.
cérebro. Já o fizemos se comunicar com máquinas,
com avatares em computador e até com sensores de
luz infravermelha. Desta vez, nós tentamos descobrir aGora, reSponda
se o cérebro é capaz de assimilar os sentidos de ou- em SeU Caderno.
tro corpo.” Em seus trabalhos, Nicolelis teve que
Em um dos experimentos realizados por Nicolelis, associar os conhecimentos promovidos
ratos receberam eletrodos em seus cérebros. Tais pela Biologia com os conhecimentos
eletrodos foram instalados, em experimentos dife- de outra ciência. De que maneira essa
rentes, nas áreas responsáveis pelas informações interdisciplinaridade aparece no texto?
motoras e pelas informações táteis. O resultado do Sugestão de resposta:
experimento foi muito interessante! Os ratos conse- Quando Nicolelis afirma que em seus estudos tenta
guiram transmitir informações motoras e táteis entre descobrir os limites do cérebro através de análises
com ferramentas tecnológicas da informática.
si, de tal forma que foram capazes de agir em coope-
ração para realizar tarefas comportamentais, mesmo
quando separados por grandes distâncias.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 23

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 23 05/02/15 18:05


A Biologia faz diferença na sua vida? Pense bem,
pois a Biologia está por trás de quase tudo! Para
comprovar isso, pesquise de que forma o estudo
da Biologia tem influência direta ou indireta na
sua vida, no que diz respeito aos temas abaixo:
• Prevenção de doenças;
• Produção de alimentos;
• Produção de medicamentos;
• Preservação dos recursos naturais.

Leia o TeXTo a SeGUir.

noVa pEsquisa dE miguEl niColElis FaZ maCaCo moVi-


mEntar E sEntir braço Virtual apEnas Com a mEntE

“Em estudo publicado na edição on –line da revista Nature,


Nicolelis e sua equipe relatam a experiência em que fize-
ram um macaco controlar um braço virtual usando apenas
o pensamento. Mas a pesquisa foi além: o macaco recebeu
de volta sinais táteis, como se o braço virtual pudesse sen-
tir a textura dos objetos de verdade, um feito inédito na
história da ciência.
A pesquisa é importante porque um dos grandes
problemas dos equipamentos robóticos é que são extrema-
mente desajeitados. Falta ‘sintonia fina’ às próteses robóticas
para manipular objetos e realizar movimentos precisos. Com
a possibilidade dessas máquinas ‘falarem’ de volta com o cére-
bro, enviando em tempo real as mesmas sensações que elas
teriam ao tocarem nas coisas ou pisarem no chão, ficaria mais
fácil criar vestes ou mesmo partes do corpo robóticas real-
mente funcionais para pessoas com deficiências ou que
tiveram membros amputados.”
JONES ROSSI / Abril Comunicações S/A

24 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 24 05/02/15 18:05


VEJA.COM/Abril Comunicações S/A

Sendo assim, responda:

1. Em sua opinião, a pesquisa realizada


por Nicolelis teria alguma aplicação
prática na Medicina? Justifique.
2. As pesquisas de Nicolelis seriam úteis
também para outras áreas do conheci-
mento, pois nosso cérebro poderia co-
mandar braços mecânicos, ou joysticks,
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: A a distância. Use sua criatividade e dê um
pesquisa de Nicolelis mostra que seria possível o exemplo prático da pesquisa de Nicolelis.

cérebro se comunicar diretamente com braços


Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Um
robóticos. Assim, um tetraplégico, por exemplo,
médico poderia realizar um procedimento
poderia se movimentar utilizando a “força do
cirúrgico em um paciente, mesmo que ambos
pensamento” para comandar próteses ou peças
estivessem separados por uma grande distância.
robóticas construídas sob medida.
Por exemplo, um médico localizado em São

Paulo poderia comandar braços mecânicos que

estariam realizando um procedimento cirúrgico

em um paciente localizado em Altamira, no Pará.

Resolva a questão 2 do Caderno de Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 25

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 25 05/02/15 18:05


a construção
do pensamento
biológico
Você conhece algum biólogo que atue como pesquisador? Você já conversou com
ele a respeito da atuação, ou do cotidiano desse profissional? Se ainda não, não per-
ca essa oportunidade!
A Biologia como ciência, isto é, como área capaz de produzir conhecimentos or-
ganizados e sistematizados, é relativamente nova. Muitos autores acreditam que ela
tenha emergido no final do século XVII, proporcionando conhecimentos sustentados
não só pela observação dos fenômenos naturais, mas também por ensaios laborato-
riais, experimentos e dados matemáticos. Mas, mesmo antes de obter o título de
“ciência” no século XVII, os seres humanos já haviam desenvolvido muitos conheci-
mentos relacionados à Biologia para poder sobreviver. A seguir, vamos ver alguns
exemplos dos conhecimentos biológicos na história da humanidade.

Há mais de 10 mil anos


Você sabia que, segundo estudos científicos, os seres humanos teriam sido nômades,
caçadores errantes à procura de comida aqui e acolá? Esse estilo de vida difícil exigia
muito trabalho e esforço físico. Além disso, fazia com que os grupos humanos tives-
sem que enfrentar muitos riscos, tais como desbravar territórios desconhecidos e
enfrentar animais perigosos.
Talvez você esteja pensando: “Por que correr atrás da comida, se podemos man-
tê-la e reproduzi-la perto de nós?” Houve um momento em que nossos antepassados
devem ter pensado exatamente isso, e, há cerca de 12 mil anos provavelmente, apren-
deram a domesticar as plantas e os animais. Mas, para isso, nossa espécie teve de
aprender muito sobre a Biologia dos vegetais, para tornar viável a prática da agricul-
tura, os seres humanos passaram com base nesse conhecimento a selecionar e
produzir variedades vegetais capazes de abastecê-los de sementes, frutos, raízes,
caules e folhas, fontes de nutrientes essenciais à sua sobrevivência. Por outro lado, ti-
veram de aprender sobre a Biologia dos animais para poder criá-los em cativeiro e
formar rebanhos que produzissem carne e leite, fontes de proteína animal.

26 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 26 05/02/15 18:05


AFP / GIANNI DAGLI ORTI / THE ART ARCHIVE / THE PICTURE DESK
Registros de cenas de
agricultura egípcia.

na gréCia antiga
O filósofo Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.), discípulo de Platão, glossário
estudou o comportamento e a anatomia (inclusive realizando Dissecação: seccionar e
individualizar sob determi-
dissecações) de aproximadamente 500 espécies de animais, nado método os elementos
classificando-os em vertebrados e invertebrados. Documentos anatômicos de um ser vivo.
históricos mostram que o filósofo soube perceber que, apesar da
semelhança, golfinhos e baleias não são peixes e sim mamíferos
placentários, com respiração pulmonar. Por tudo isso, muitos con-
sideram Aristóteles o fundador do ramo da Biologia que estuda
Aristóteles,
os animais: a Zoologia. grande filósofo
grego.

Interessantes também são os ela lhes daria a capacidade de


relatos aristotélicos sobre a “alma” sentir e de realizar movimentos.
na obra De anima. Segundo o Segundo Aristóteles, apenas no
filósofo, a alma se apresentaria homem a alma estaria em um
com diferentes níveis de estágio mais avançado, pois lhe
complexidade nos seres vivos. A conferiria a capacidade de pensar.
alma mais primitiva se encontraria Aristóteles viveu centenas de
nos vegetais, porque ela lhes anos antes do nascimento de
daria apenas as capacidades de Cristo, mas foi muito influente
crescimento e reprodução. em toda a história. Será que sua
Nos animais, a alma estaria em um filosofia tem alguma importância
estágio intermediário, pois além para nós hoje? Como devemos
de fazê-los crescer e se reproduzir, estudar os filósofos do passado?
k.com
hutterstoc
Portokalis/S

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 27 05/02/15 18:05


Os fundadores da medicina
Você saberia dizer por que a Biologia é a ciência
básica da Medicina? Pode-se dizer que a Medici-
na tem como principal função curar uma série
de enfermidades que assolam a humanidade e,
ao mesmo tempo, promover ações preventivas

Photo Researchers/Photoresearchers/Latinstock
contra elas. De que forma os vários ramos da
Biologia, tais como a microbiologia, a fisiologia,
a biologia molecular e celular, entre outras,
colaboram essencialmente para o exercício
da Medicina?
Nos próximos parágrafos, você perceberá que
a Biologia e a Medicina foram se desenvolvendo
paralelamente; o avanço da Biologia repercutiu
no avanço da Medicina e, consequentemente, na
qualidade de vida dos seres humanos.
Já o filósofo Hipócrates (460-370 a.C.) é consi-
derado um dos fundadores da Medicina. Esse
William Harvey, pensador grego defendia a ideia de que a saúde
médico inglês do humana depende do funcionamento harmonioso
século XVII. do corpo, o que inclui a adoção de hábitos saudá-
veis relacionados à alimentação e à higiene.
Já o romano Claudio Galeno (129-210 d.C.),
Science Source/Photoresearchers/Latinstock

conhecido também como Galeno de Pérgamo e


“médico dos gladiadores”, realizou muitas disseca-
ções em animais, estudando não só os aspectos
anatômicos, mas também a fisiologia dos órgãos
internos. Esses estudos trouxeram enormes cola-
borações para o desenvolvimento da Medicina.
Galeno concluiu que é o cérebro o órgão que con-
trola o corpo humano; percebeu diferenças entre
veias e artérias; evidenciou a importância das cor-
das vocais para a produção de som; descreveu a
importância dos rins para a produção de urina.
No entanto, Galeno cometeu muitos equívocos,
Andreas Vesalius, especialmente no que diz respeito ao papel do
médico belga do coração como órgão propulsor de sangue e sobre
século XVI.
o trajeto do sangue nos vasos sanguíneos.
No século XVII, o médico inglês William Har-
vey (1578-1657) descreveu e demonstrou de
forma brilhante em sua obra Exercitatio anatomi-
ca de motu cordis et sanguinis in animalibus
(Estudo anatômico do movimento do coração e do
sangue nos animais) o papel do coração, das veias
e das artérias na circulação humana, inclusive a

28 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 28 05/02/15 18:05


importância das válvulas no interior das veias co-

Science Source/Photoresearchers/Latinstock
mo estruturas que impedem o refluxo sanguíneo.
Outro estudioso que deixou grandes contri-
buições foi Harvey. Ele viveu no Renascimento,
época em que a ciência deu passos largos e avan-
çou muito em relação ao que se sabia antes. Um
pouco antes de Harvey, viveu um dos maiores
anatomistas da história da Medicina. Trata-se de
Andreas Vesalius (1514-1564), médico belga do
século XVI, considerado o pai da anatomia mo-
derna. A anatomia e a fisiologia humanas tiveram
grande avanço graças aos trabalhos de Vesalius,
que em parte estão relatados e bem ilustrados na
obra De humani corporis fabrica (Da organização
do corpo humano).
Ilustração do esqueleto
humano contida
nas obras de Vesalius.

Leia o TeXTo a SeGUir.

Viaje cinco séculos no tempo. Esqueça a Internet, a televisão, o


cinema e a fotografia. Houve uma época em que o homem teve que
recorrer ao desenho para retratar sua viagem de descoberta rumo
ao interior do corpo humano. Os portugueses nem haviam chegado
ao Brasil quando Leonardo Da Vinci (1452-1519) começou um dos
mais impressionantes levantamentos de anatomia para entender o
funcionamento de órgãos, do esqueleto, dos músculos e tendões.
Esta é a história pouco conhecida do artista-anatomista italiano –
sim, além de pintor, escultor, músico, cientista, arquiteto,
engenheiro e inventor, ele também atuou na Medicina.
Ao longo de 15 anos (de 1498 a 1513), Leonardo desenhou ór-
gãos e elementos dos sistemas anatomofuncionais do corpo
humano em um estudo que começou pela leitura das obras de au-
tores da Medicina pré-renascentista, como Galeno de Pérgamo
(129-200), Mondino dei Luzzi (1270-1326) e Avicena (980-1037).
Ele também participou de dissecações do corpo humano e de di-

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 29

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 29 05/02/15 18:05


versos animais. Porém, jamais terminou e Agora, responda às questões.
publicou a obra que, segundo pesquisadores, po-
deria ter revolucionado a Medicina mais de 20
anos antes que o belga Andreas Vesalius, consi-
derado o “Pai da Anatomia”, publicasse seu livro
De Humani Corporis Fabrica, em 1543, obra que
1. De que forma a arte de Leonardo Da
Vinci contribuiu para o desenvolvi-
mento da Medicina?
marca a fase inicial dos estudos modernos sobre
anatomia. [...] Leonardo Da Vinci fez ilustrações detalhadas do
No Renascimento, artistas como Leonardo
corpo humano, após participar de várias
aproximaram-se de médicos-anatomistas para
retratar melhor a forma humana em pinturas dissecações. Essas ilustrações mostram detalhes
e esculturas. Eles foram chamados de “artistas- morfológicos dos órgãos e colaboram para o
anatomistas”, segundo Charles O’Malley (Univer-
sidade de Stanford) e J. B. Saunders (Universidade conhecimento do funcionamento do corpo

da Califórnia), que organizaram e traduziram, do humano, tanto nos aspectos fisiológicos como
italiano para o inglês, os textos de anatomia de
nos anatômicos.
Leonardo da Vinci. “Embora fosse fundamental-
mente um artista, [Leonardo] considerava a
anatomia como sendo algo mais que simples
coadjuvante da arte. Essa atitude o levou a pros-
seguir com seus estudos, de tal maneira que seus
conhecimentos anatômicos ultrapassaram aque-
les que seriam suficientes para desempenhar sua
2. Leonardo Da Vinci e Andreas Vesalius
(considerado o pai da anatomia) pode-
riam ter trabalhados juntos? Por quê?
arte”, afirmam no livro.
De fato, os desenhos desse estudo de Leonar- Muito provavelmente não, pois em 1519, ano em
do são anotações, um roteiro de pontos que que Leonardo da Vinci morreu (com cerca de 67
seriam ainda detalhados e esclarecidos para a pu-
blicação de um tratado de anatomia. Os detalhes, anos), Andreas Vesalius tinha apenas 6 anos.
os cortes e os ângulos das figuras impressionam
pelo realismo e respeito pela proporcionalidade
que existe no corpo humano. A influência da En-
genharia e da Matemática é visível: roldanas,
formas geométricas e engrenagens estão presen-
tes nas gravuras, ao lado de estruturas ósseas, de
conjuntos de tendões e músculos, indícios de que
ele recorreu a cálculos para interpretar os movi-
mentos e a funcionalidade dos elementos
3. Faça uma pesquisa na Internet ou em li-
vros e encontre algumas ilustrações feitas
por Leonardo Da Vinci sobre a anatomia
anatômicos que observou. humana. Procure observar os detalhes
SILVA, Alessandro. Leonardo Da Vinci, o desbravador do corpo humano. anatômicos da musculatura e do esque-
Jornal da Unicamp, ano 2013, nº 568. Disponível em: <www.unicamp.br/ leto em situações que mostram o corpo
unicamp/ju/568/leonardo-da-vinci-o-desbravador-do-corpo-humano. executando diversos movimentos. Uma
Acesso em: ago. 2013. sugestão é navegar pela página <www.
unicamp.br/unicamp/ju/568/leonardo-
da-vinci-o-desbravador-do-corpo-hu-
mano> (Acesso em: out. 2013).

Resolva a questão 3 do Caderno de Atividades.

30 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 30 05/02/15 18:05


avanços da
biologia
Como você faz quando deseja enxergar algo muito pequeno?
É provável que você utilize uma lente de aumento ou uma lupa.
Mas e quando o objeto de estudo é tão pequeno que, mesmo com
esses instrumentos, ainda é impossível vê-lo? Nesse caso, o que
devemos fazer para visualizá-lo?
Você deve ter pensado no microscópio óptico. Atribui-se a um
cientista holandês chamado Zacharias Janssen (1580-1638) a in-
venção desse equipamento, que possibilitou um grande avanço na
Biologia, ao tornar visíveis estruturas de tamanho muito reduzido,
como células e microrganismos.
Você já viu uma célula por meio de um microscópio? Você sabe
qual foi a primeira célula a ser observada por alguém?
O inglês Robert Hooke, em 1665, utilizou um microscópio ópti-
co rudimentar para analisar um pedaço de cortiça, sua observação
lhe permitiu notar a presença de pequenas celas (orifícios). A partir
desse momento, passou a chamá-las de células. Glossário
O detalhe interessante é que a cortiça é um tecido morto, ou se- Cortiça: trata-se de um teci-
do (súber) que reveste ex-
ja, suas células já estão mortas. O que Hooke observou, no entanto, ternamente alguns troncos
foram pequenos espaços delimitados por uma parede celular, que de árvores, muito utilizado
é o envoltório mais externo das células vegetais. para fabricar rolhas.
Getty Images/Dorling Kindersley

Omikron/Photoresearchers/Latinstock

Microscópio utili- Imagem microscópica da cortiça (con-


zado por Hooke. tida na obra de Hooke, Micrographia).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 31

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 31 05/02/15 18:05


Alguns anos depois, o holandês Antonie van
Leeuwenhoek (1632-1723) observou, pela primeira
vez, microrganismos (protozoários e bactérias) por
meio de uma engenhoca de lentes que funcionava
como um microscópio óptico. Leeuwenhoek também
observou e descreveu espermatozoides, capilares
nstock sanguíneos e fibras musculares de vários animais.
ers/Lati
search
ssociate
s/Photo
re
O microscópio O advento da microscopia permitiu que muitos
to A
Biopho
óptico utilizado estudiosos investigassem com maior riqueza de de-
por Leeuwenhoek. talhes os seres vivos e sua constituição.
No final do século XIX, em 1830, os cientistas
alemães Matthias Jakob Schleiden (botânico) e
Theodor Shwann (médico) propuseram a chamada

NYPL/Science Source/Photoresearchers/Latinstock
“teoria celular”, que postula que todos os seres vivos
são formados por células.
A Biologia moderna utiliza a ideia central
contida na teoria celular, mas também adota os
seguintes princípios:

• A célula é a unidade morfofisiológica básica dos


seres vivos, com exceção dos vírus. Vale lembrar
que muito se discute se os vírus devem ou não ser
considerados seres vivos, como já descrito em es-
trutura celular no início do capítulo.

• As células são capazes de originar outras


células por meio de divisões celulares, em
processos chamados de mitose e meiose (que
você estudará posteriormente). Essas premissas
foram evidenciadas pela primeira vez pelos
alemães Friedrich Anton Schneider (descobridor
da mitose) e August Friedrich Leopold Weismann
(descobridor da meiose), no final do século XIX.
O microbiologista Leeuwenhoek (século XVII).
No começo do século XX, por volta de 1931,
os alemães Max Knott e Ernest Ruska (prêmio No-
bel de Física em 1986) inventaram o microscópio
DIOMEDIA / BSIP

eletrônico de varredura (MEV), que tem poder de


ampliação muito superior ao microscópio óptico. Os
microscópios ópticos utilizam um sistema de lentes
que ampliam os raios luminosos refletidos pela
amostra a ser observada.
Os microscópios eletrônicos, no entanto, am-
pliam a imagem por meio de um feixe de elétrons
projetados sobre a amostra. O MEV possibilitou o
estudo de estruturas biológicas com maior riqueza
Ácaro visto em microscópio eletrônico de varredura. de detalhes.

32 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 32 05/02/15 18:05


ClassifiCando a biodiversidade
Você sabia que há muito tempo os seres humanos buscam critérios lógicos
para classificar os seres vivos, isto é, para organizá-los de acordo com certo
grau de semelhança existente entre eles?
Digamos que você tenha a seguinte tarefa: guardar de forma organizada
e funcional suas roupas em um guarda-roupa. Qual seria seu critério para
organizá-las, por exemplo, no interior das gavetas? Talvez o critério que vo-
cê estabeleça seja o grau de semelhança entre as roupas. Então, as meias
ficariam em uma gaveta, as camisetas em outra, as calças em outro compar-
timento e assim por diante.
Mas o que isso tem a ver com a classificação dos seres vivos? Desde a
Grécia antiga os estudiosos da vida tentam classificar os seres vivos confor-
me o grau de semelhança existente entre eles. No século XVIII, o sueco Carl
von Linné (1707-1778), também conhecido como Carlos Lineu, em sua
obra intitulada Systema naturae (Sistema natural), estabeleceu critérios de
classificação dos seres vivos que levavam em consideração seus aspectos
morfológicos, ou seja, a forma e a aparência externa dos seres vivos estu-
dados por ele.
Assim, Lineu propôs classificar os seres vivos em níveis hierárquicos de
semelhanças morfológicas e, ao fazê-lo, lançou as regras de nomenclatura
de classificação dos seres vivos utilizadas até hoje pela ciência moderna.
Vale ressaltar, entretanto, que Lineu era fixista. Ele acreditava que os se-
res vivos foram criados conforme sua espécie (eram fixos) e, por causa disso,
não eram capazes de se transformar em espécies diferentes, nem ao longo
de muitos anos. Por acreditar nisso é que Lineu usou a forma e a aparência
dos seres vivos como critérios. Hoje em dia, porém, a Biologia moderna
classifica os seres vivos baseando-se não só nos aspectos morfológicos, mas
também no grau de semelhanças embrionárias e bioquímicas, por exem-
plo, as similaridades entre seus materiais genéticos, que poderiam sugerir a
existência de uma origem comum entre eles.

Uma das afirmações mais contundentes da ciência moderna


é a sua “absoluta objetividade”. Muitas pessoas acreditam que
ela (a ciência) é constituída unicamente de fatos. Você pôde
perceber, no entanto, que a ciência envolve a escolha de
critérios por meio dos quais os fatos são analisados e
organizados. Ou seja, existem certas informações que
antecedem a experimentação. Diante disto, é possível
assumir que a ciência é absolutamente objetiva?

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 33

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 33 05/02/15 18:05


Os mecanismos
de hereditariedade
Marcos e Tânia formam um casal. Ambos têm olhos castanhos
e tiveram um filho, Guilherme, de olhos azuis. Talvez você este-
ja pensando. “Mas será que é possível nascer uma criança de
olhos azuis a partir de pais com olhos castanhos?”. Seguindo
esse raciocínio, podemos também propor ainda outras pergun-
tas: seria possível nascer uma criança de sangue tipo O a partir
de pais com sangue do tipo A? Seria possível nascer um cão la-
brador caramelo a partir de um casal de labradores pretos?
A resposta para todas essas perguntas é sim! Mas como isso
é possível? Bom, a genética explica!
A genética é a parte da Biologia que estuda os mecanismos
de hereditariedade, isto é, investiga como as características dos
genitores são transmitidas para os filhos e para as gerações sub-
sequentes. O estudo da genética, assim como o estudo da
classificação da biodiversidade que você acabou de ver, tam-
bém é uma consequência do avanço dos estudos biológicos.
No século XIX, em Ensaios com plantas híbridas, o monge
agostiniano Gregor Johann Mendel (1822-1884) lançou as
bases da genética moderna por meio de estudos realizados
com cruzamentos entre plantas de ervilhas (Pisum sativum). Na
época, os trabalhos de Mendel não tiveram muita repercussão;
DIOMEDIA / Science Source / Science Source

Gregor Mendel,
considerado o
“pai” da genética
moderna.

34 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 34 05/02/15 18:05


no entanto, por volta de 1900, o cientista holan-
dês Hugo De Vries, o cientista alemão Karl Corens
e o cientista austríaco Von Tschermak resgataram
os trabalhos de Mendel em seus estudos sobre os
mecanismos de hereditariedade e deram conti-
nuidade ao estudo da genética.
Durante o século XX, a genética passou por
grandes avanços, especialmente no que se refere
à natureza química do material genético. Você sa- O século XXI é sem dúvida o século da biotec-
be onde fica nosso material genético? Do que ele nologia. Mas os avanços da Biologia também nos
é constituído? trazem alguns questionamentos. Será que a mani-
Esse conteúdo será estudado posteriormente, pulação do material genético dos seres vivos é
mas podemos dizer, por enquanto, que o mate- ética? Será que não estamos alterando a natureza
rial genético é constituído por moléculas de DNA, de forma prejudicial, ou será que estamos apenas
que formam os cromossomos localizados no nú- utilizando nossa capacidade de adaptação para
cleo das células. resolver nossos problemas? Como será que todos
Embora a genética tenha avançado muito no esses avanços poderão trazer harmonia para os
século XX, a descoberta da molécula de DNA habitantes da Terra, não só para os habitantes hu-
ocorreu no século XIX, em 1869, graças aos traba- manos, mas também para as outras espécies que
lhos do suíço Johann Friedrich Miescher. Mas foi habitam o planeta? Será que não estamos interfe-
apenas em 1953 que o norte-americano James rindo demais na capacidade que a Terra tem de
Watson e o inglês Francis Crick, tendo como ba- se autorregular?
se trabalhos realizados pelos britânicos Rosalind É inegável que os avanços da biotecnologia
Franklin e Maurice Wilkins, evidenciaram a estru- melhoraram a qualidade de vida dos seres hu-
tura da molécula “dupla-hélice” do DNA. manos, seja na produção de alimentos, ou até
Hoje em dia, a biotecnologia, que utiliza esses mesmo na produção de medicamentos mais efi-
conhecimentos para manipular o material genéti- cientes, entre outros exemplos. Mas como o
co dos seres vivos, pode produzir alimentos de tema é muito polêmico, pois pode envolver a
origem animal e vegetal e auxiliar em várias fina- manipulação do patrimônio genético dos seres
lidades específicas da sociedade: aumento da vivos, muitos países criaram (ou vêm criando)
produtividade de alimentos, produção de roupas, legislações normativas, ou reguladoras sobre o
tratamento de resíduos, produção de hormônios, tema. Aqui no Brasil, por exemplo, em 24 de mar-
e até tratamento de doenças, por exemplo. ço de 2005 foi sancionada pelo então presidente
Luís Inácio Lula da Silva a Lei de Biossegurança
(Lei 11.105/05), que disciplina o plantio e a co-
mercialização de plantas transgênicas. Também
impõe regras e restrições na utilização de célu-
las-tronco, para fins de pesquisa científica.
A biotecnologia será melhor abordada no livro
da terceira série.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 35

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 35 05/02/15 18:05


Observou
microrganismos pelo
microscópio óptico.

oBSerVe o Lançou ideias sobre


Realizou estudos
eSQUema ao LAdo. anatômicos a partir da Lançou as bases do
os mecanismos que
poderiam explicar a
dissecação de animais método científico transformação das
e procedimentos para se explicar um espécies ao longo
cirúrgicos. fenômeno natural. do tempo.

galeano bacon leeuwenhoek lamarck


150 d.C. 1590 d.C. 1700 d.C. 1809 d.C.

a linha do tempo da
história da biologia

aristóteles Vesalius Janssen lineu darwin


322 a.C. 1550 d.C. 1600 d.C. 1770 d.C. 1859 d.C.

Classificou alguns Realizou várias Inventou o Lançou as


animais vertebrados dissecações em microscópio bases da
e invertebrados, cadáveres humanos, óptico. teoria da
baseando-se na lançando as bases da evolução dos
morfologia e anatomia moderna. seres vivos.
comportamento. Lançou as bases
da taxonomia
moderna.

Tendo como base seus conhecimentos sobre


a história da Biologia e a linha do tempo
esquematizada acima, resolva os exercícios a seguir.

1. Temos os seguintes eventos históricos:

I. Descoberta da célula.
II. Invenção do microscópio.
III. Descoberta da penicilina (um tipo de antibiótico)
IV. Descobertas dos mecanismos de hereditariedade.
V. Descoberta da estrutura do DNA.
VI. Produção dos primeiros seres transgênicos.

Coloque em ordem cronológica esses eventos históricos,


preenchendo cada um dos retângulos abaixo com os
algarismos romanos que identificam os eventos.

ii i iv iii v vi

36 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 36 05/02/15 18:05


Criou a Descobriu o HIV,
vacina contra vírus causador
a Raiva. da Aids.

Desvendou os Desvendaram Fez o cérebro de um


mecanismos de Descobriu a a estrutura macaco controlar
hereditariedade. penicilina. molecular do DNA. um braço robótico.

Mendel Pasteur Fleming Crick/Watson Montagnier Nicolelis


1866 d.C. 1885 d.C. 1928 d.C. 1953 d.C. 1983 d.C. 2011 d.C.

Haeckel Chagas Ruska Berg Wilmut/Campbel


1869 d.C. 1909 d.C. 1931 d.C. 1972 d.C. 1996 d.C.

Utilizou o termo Descobriu o Inventou o Lançou as bases Criadores da


“ecologia” para Trypanosoma microscópio da transgemia, Dolly, ovelha
descrever a relação cruzi, causador eletrônico. produzindo um clonada a
dos seres vivos da doença DNA híbrido, partir de
com o ambiente. de Chagas. recombinando células de uma
DNA bacteriano ovelha adulta.
com DNA animal.

2. Escreva em qual século:

a. O microscópio eletrônico foi inventado. XX

b. Mendel lançou as bases da hereditariedade. XIX

c. Cientistas criaram o primeiro clone de mamífero adulto. XX

d. Cientistas conseguiram fazer movimentar braços robóticos XXI


com sinais elétricos emitidos pelo cérebro.

e. Lineu lançou as bases da classificação moderna dos seres vivos. XVIII

f. Foi produzida a vacina contra a Raiva. XIX

g. Microrganismos foram observados pela primeira vez por meio XVIII


de microscopia.

h. Cientistas combinaram materiais genéticos de diferentes espé- XX


cies em laboratório.

Resolva as questões 3, 4, 5 e 6 do Caderno de Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 37

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 37 05/02/15 18:05


UMA NOVA FORMA
DE FAZER CIÊNCIA
Assim como o físico e o químico, o biólogo também é
um cientista. Você sabia que o cientista é uma espécie
de “detetive” da natureza? Afinal, o cientista procura
desvendar ou explicar os fenômenos naturais.
Uma das estratégias de estudo dos fenômenos natu-
rais é o chamado método científico, um conjunto de
MÉTODO CIENTÍFICO:

procedimentos que devemos empregar durante uma


investigação.
O SURGIMENTO DO

Ao longo dos anos muitos pensadores tentaram pro-


por o método mais adequado para aplicação na Ciência.
Por volta do séc. XVI, Francis Bacon sugeriu o método
indutivo-experimental, baseado na observação e ex-
perimentação. No século XX um novo método, proposto
pelo Karl Popper, veio para refutar parte do indutivismo
- o método hipotético-dedutivo. Nele, Popper introduz
a ideia de hipótese e defende que o que deve ser testa-
do (experimentado) não é a possibilidade da verificação
do que é observado e sim o descarte ou não das hipóte-
ses que explicam o que se observa. .
O método hipotético-dedutivo pode ser didatica-
mente dividido em seis etapas:

•• Observação;
•• Questionamento;
•• Formulação de hipóteses;
•• Deduções a partir das hipóteses levantadas;
•• Experimentação ou testagem das hipóteses;
•• Conclusão.
Tudo começa com a observação de um fato.
A partir dela, o cientista formula tais perguntas
(questionamento): “Como funciona este fenôme-
no?”; ou ainda: “Por que este fenômeno ocorre
desta forma?”.

38 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | CAPÍTULO 1

B1_EM_U1_C1_LD_7a prova.indd 38 18/09/18 10:32


Para responder às perguntas, o cientista formu-
la uma hipótese, isto é, uma resposta preliminar
que tenta explicar o fenômeno. Mas a hipótese
não é um mero palpite. A hipótese deve ser formu-
lada levando em consideração não só o fato em si,
mas também os conhecimentos e as informações
já existentes acerca do fenômeno observado.
A partir da hipótese levantada, o cientista po- Os resultados obtidos nos dois grupos são ano-
derá deduzir suas implicações (dedução), isto é, tados, medidos e comparados. Por exemplo:
poderá prever quais seriam as consequências do digamos que um cientista tenha formulado a se-
fenômeno observado. guinte hipótese: “Os sais de magnésio presentes
A hipótese levantada pode ser testada por no solo são fundamentais para que as plantas de
meio de levantamentos estatísticos, modelos ma- uma determinada espécie produzam folhas ver-
temáticos, novas observações ou por meio de des”. Para tentar provar sua hipótese, o cientista
experimentações em ambiente laboratorial. Os poderia separar dois grupos de plantas da mes-
experimentos devem ter muitas “variáveis contro- ma espécie: o grupo controle (plantas cultivadas
ladas”, ou seja, o cientista deve elaborar sua em solo fertilizado com todos os sais minerais
experimentação de tal forma que fatores não tes- necessários para o crescimento das plantas, in-
tados, que poderiam interferir no resultado do clusive sais de magnésio) e o grupo experimental
experimento, estejam controlados e sob rigorosa (plantas cultivadas em solo fertilizado com todos
monitoração. Assim, a experimentação deve con- os sais minerais necessários para o crescimento
templar dois grupos: o grupo controle, aquele das plantas, exceto magnésio).
que serve de referência e não sofre variações do A partir dos resultados obtidos na experi-
parâmetro analisado, e o grupo experimental, mentação, chega-se a uma conclusão. Assim, a
aquele em que uma variável é alterada. A variável experimentação pode validar a hipótese, caso
alterada é aquela que será testada pelo cientista. os resultados obtidos mostrem evidências de
que a hipótese esteja correta, ou invalidar a hi-
pótese, caso os resultados obtidos mostrem uma
ou mais evidências de que a hipótese esteja er-
rada ou incompleta.
FEnÔmEno

reformulação

obsErVação quEstionamEnto HipótEsE ExpErimEntação


resposta teste da hipótese
preliminar

dEduçÕEs ConClusão
previsões

HipótEsE VÁlida HipótEsE inVÁlida

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 39

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 39 05/02/15 18:05


Vale ressaltar que, mesmo que a hipótese seja validada pela
experimentação, isso não significa que ela seja a única explicação
para a ocorrência do fenômeno, ou que ela seja uma verdade abso-
luta. Outras hipóteses ou modelos testados podem explicar o
mesmo fenômeno com resultados experimentais válidos. Também
não é correto confundir “hipótese” com “teoria”. Esses termos não são
sinônimos. A hipótese é uma resposta provisória para explicar um
determinado fenômeno e deve ser testada (experimentada) para
que tenha validade científica. Quando determinada hipótese é con-
firmada, após ter sido testada e confrontada exaustivamente por
diversos cientistas, de diversas formas, significa que ela se tornou a
“melhor resposta” do momento para explicar determinado fenôme-
no. Nesse caso, a hipótese se tornou o “modelo científico” mais aceito
do momento. Uma teoria abrange um conjunto de modelos científi-
cos amplamente testados para explicar determinado fenômeno.
Porém, isso não significa que uma teoria seja “eterna e insubsti-
tuível”, pois a descoberta de novos fenômenos e, até mesmo o
surgimento de outros pontos de vista podem levar a ciência à for-
mulação de teorias que “substituam” teorias anteriores. Esse
processo de transformação do saber é o que caracteriza a ciência.
A ciência não traz respostas absolutas para tudo, mas ela sempre se
transforma, sempre se “oxigena”, sempre traz novidades; é a busca
eterna do saber.
Deve-se considerar, também, que uma descoberta científica nem
sempre é analisada com imparcialidade e com espírito científico.
Algumas pessoas podem utilizar os resultados obtidos pela ciência
para justificar ideologias ou interesses particulares, até mesmo para
manipular a população em termos políticos ou econômicos.

Durante muito tempo pensou-se que a ciência se


desenvolvia de forma gradual e cumulativa. Em
1962 o físico e filósofo da ciência Thomas Kuhn
escreveu um trabalho, chamado Estrutura das Revoluções Científicas,
questionando este pensamento e sugerindo que a ciência se desenvolveria
por meio de revoluções paradigmáticas – mudança de modelos de
pensamento. Embora lentamente, a sugestão de Thomas Kuhn tem
ganhado força nas últimas décadas, desde a sua publicação.

40 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 40 05/02/15 18:05


ConSidere a
SeGUinTe SiTUaÇÃo:
Em um laboratório de pesquisa em microbiologia Nesses pontos, no entanto, havia fungos (mofo)
são realizadas várias pesquisas com bactérias. da espécie Penicillium notatum. Sabe-se que esses
Muitas colônias de bactérias crescem e se desen- fungos se reproduzem por meio de esporos capa-
volvem em um meio nutritivo contido em placas zes de se propagar pelo ar e que talvez tenham
de Petri. Várias placas de Petri foram tampadas entrado e contaminado essa placa. Foi então que
para que não houvesse contaminação por outros um dos cientistas do laboratório, curioso com o
microrganismos. Contudo, um funcionário desa- fenômeno ocorrido na placa de Petri aberta, se
tento deixou uma das placas de Petri aberta. As perguntou: Por que onde há fungos não crescem
placas de Petri ficaram acondicionadas em estufa, bactérias? (2) Baseando-se na ocorrência de fenô-
com temperatura controlada, durante cinco dias. menos parecidos relatados em diversos livros de
Após cinco dias, as placas de Petri foram retira- Biologia, o cientista formulou a seguinte hipótese
das da estufa e seu conteúdo foi analisado. No para responder à pergunta: “Os fungos da espécie
interior das placas que foram tampadas, notou-se Penicillium notatum liberam substâncias que ini-
apenas crescimento de bactérias. Em uma única bem o crescimento de bactérias”.
placa, aquela que não foi tampada, notou-se que
não houve crescimento bacteriano em determi-
nados pontos do meio nutritivo. (1)

Getty Images/Visuals Unlimited

Imagem ampliada
do fungo Penicillium
notatum (note a
presença de esporos
na extremidade).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 41

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 41 05/02/15 18:05


Local onde a
colônia bacteriana
se desenvolve
Tampa
(meio de cultura)
Para tentar provar sua hipótese, o cientista
realizou o seguinte experimento:

• Separou dez placas de Petri feitas de vidro e


com o mesmo tamanho;

• Em todas as placas de Petri adicionou o mesmo


meio nutritivo;

• Em todas as placas de Petri introduziu, com um


“cotonete”, estafilococos (colônia de bactérias)
da mesma espécie; • As dez placas foram acondicionadas durante
cinco dias numa estufa com temperatura de
• Cinco dessas placas foram fechadas (grupo A); aproximadamente 40 °C;

• As outras cinco placas receberam, em • Cinco dias depois, as placas foram retiradas da
determinados pontos, extratos retirados de estufa, e os estafilococos foram submetidos a
Penicillium notatum. Logo em seguida, essas corantes especiais para facilitar sua visualização.
placas também foram fechadas (grupo B);

Os resultados obtidos foram os seguintes:

grupo a grupo b

meio nutritivo
com bactérias Nas placas do grupo A
ocorreu o crescimento
de bactérias de forma
extrato retirado
homogênea em toda a
do Penicillium
superfície da placa.
Nas placas do grupo
depois de
B houve crescimento
depois de 5 dias
bacteriano apenas nas
5 dias localidades que não
receberam o extrato
colônias de retirado de Penicillium
estafilococos (coradas) notatum, ou seja, nos
setores com extrato do
fungo não houve
crescimento bacteriano.
setor sem crescimento
de estafilococos

42 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 42 05/02/15 18:05


Baseando-se na situação descrita e em seus conhecimentos
sobre o método hipotético-dedutivo, responda:

1. No texto, há dois trechos


marcados com (1) e (2).
A quais etapas do método
2. Na experimentação, quais pla-
cas corresponderam, respecti-
vamente, ao grupo controle e
científico correspondem ao grupo experimental?
cada um desses trechos?
As placas dos grupos A e B,
(1) corresponde à observação; (2)
respectivamente.
corresponde ao questionamento.

3. Como o grupo controle, ao não sofrer a variável desejada pelo cien-


tista, ajuda a garantir a veracidade dos resultados na experiência?

Ele monitora todas as outras variáveis que poderiam interferir no resultado do

experimento, mas que não estão sendo testadas. Os resultados obtidos no grupo

experimental são comparados com os resultados obtidos no grupo controle. No

caso apresentado, as placas do grupo A foram as únicas que não receberam os

extratos retirados do fungo Penicillium notatum. Se houvesse crescimento de

bactérias nas duas placas, poderia significar que o “extrato de fungo” não é a

variável que inibe o crescimento bacteriano.

4. A hipótese do cientista pode ser considerada válida? Por quê?

Sim, nas placas do grupo B (grupo experimental), não houve crescimento


Resolva as
bacteriano nos pontos onde houve adição de extrato de Penicillium notatum.
questões 7, 8,
14, 15 e 16 do
Caderno de
Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 43

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 43 05/02/15 18:05


As teorias da
abiogênese
e da biogênese
Você quer uma receita para fa-
zer ratos em aproximadamente
21 dias? Então, anote aí: Sugetão: Se você não acredita que ratos possam surgir de sujeira
misturada com comida, você tem razão, pois essa receita é falsa!
1. Jogue em um canto escuro Na verdade, essa receita foi inventada pelo belga Jean Baptiste
roupa suja e suada; Van Helmont, no século XVII. Helmont defendia a teoria da gera-
ção espontânea, ou teoria da abiogênese, muito aceita nessa
2. Adicione sobre a roupa época. Segundo essa teoria, formas de vida muito simples pode-
algumas espigas de milho, riam surgir espontaneamente a partir da matéria morta. Na matéria
sementes de trigo e queijo; em decomposição existiria uma espécie de “princípio ativo” que, se
fosse devidamente estimulado, daria origem a criaturas vivas.
3. Espere por 21 dias; A teoria da geração espontânea tem sua origem na antiguida-
de, a partir dos pensamentos do filósofo grego Aristóteles (384 a.C.
4. Passado esse tempo, surgi- - 322 a.C.). Muitos autores acreditam que o pensamento aristotélico
rão espontaneamente ratos influenciou os trabalhos de vários pensadores ao longo da História,
sobre a roupa. Os ratos no que se refere à origem da vida.
serão formados a partir No entanto, a teoria da geração espontânea foi refutada por
da sujeira e dos restos muitos pensadores do século XVII, que defendiam outra teoria, a
de alimentos! teoria da biogênese. Segundo a biogênese, os seres vivos surgem
sempre de outros seres vivos preexistentes. Dentre os defensores
da teoria da biogênese se destacou, no século XVII, o poeta e médi-
co italiano Francesco Redi (1626-1697). Nessa época, acreditava-se
que o princípio ativo contido na carne podre dava origem a moscas
e vermes. Porém, por volta de 1668, Redi realizou um eloquente
experimento para tentar provar a teoria da biogênese:

44 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 44 05/02/15 18:05


• Colocou pedaços de carne Alguns dias depois, Redi re- “vermes”) presentes nos
em dois grupos de recipien- gistrou que nos recipientes do pedaços de carne eram prove-
tes: grupo 1 e grupo 2; grupo 1 não ocorreu o cresci- nientes de ovos depositados
mento de moscas ou vermes, pelas moscas que entraram
• Os recipientes do grupo 1 porém, nos recipientes do nos recipientes abertos do
tiveram a abertura coberta grupo 2, larvas e moscas se grupo 2. Essas larvas sofreram
por uma gaze; desenvolveram sobre a carne. metamorfose e originaram
Redi concluiu acertadamen- moscas adultas.
• Os recipientes do grupo te que as larvas (que muitos
2 não foram cobertos. chamavam erroneamente de

mosCas agebroker RM / H.-D. Falken


ED IA / im stein
DIOM

gaZE

recipiente do recipiente do
grupo 1 grupo 2

Experimento Francesco Redi


de Redi. CarnE podrE larVas (1626-1697).

Apesar do experimento de Redi ter ganho certa notoriedade, a


teoria da abiogênese foi utilizada fortemente por muitos pensado-
res dos séculos XVIII e XIX para explicar o surgimento de
microrganismos nos materiais em decomposição.
Em 1745, o médico inglês John needham aqueceu recipientes
com caldos nutritivos que continham matéria orgânica. Após o
aquecimento, Needham fechou os recipientes e esperou por al-
guns dias. Feito isso, por meio de observações microscópicas,
registrou a presença de muitos microrganismos no caldo orgânico.
O aquecimento, segundo Needham, tinha como objetivo destruir
qualquer forma de vida que pudesse estar presente no interior dos
recipientes. Porém, mesmo com o aquecimento, após algum tem-
po, surgiram novos microrganismos no caldo orgânico. Como se
explicaria isso? Segundo Needham, só haveria uma explicação: os
microrganismos surgiram espontaneamente da matéria morta, fato
que reforçava a teoria da abiogênese.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 45

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 45 05/02/15 18:06


Porém, em 1768, o cientista italiano Lazzaro Spallanzani repe-
tiu os experimentos de Needham, adicionando caldos nutritivos
em balões de vidro fechados hermeticamente. Os balões foram
aquecidos em “banho-maria”, e submetidos à fervura por longo
tempo. Posteriormente, os balões foram resfriados e seus conteú-
dos foram analisados por Spallanzani. As observações
microscópicas do italiano revelaram ausência de microrganismos
DIOMEDIA / National Portrait Gallery, London, UK

nos recipientes.
Diante dos resultados, Spallanzani criticou a ideia de geração
espontânea dos microrganismos proposta por Needham. Segundo
o estudioso italiano, Needham não havia aquecido o caldo nutriti-
vo por tempo suficiente e, por isso, não havia matado todos os
microrganismos presentes nas amostras antes de submeter o caldo
John Needham nutritivo ao aquecimento.
(1713-1781). No entanto, Needham se defendeu das afirmações de Spallanza-
Lazzaro
Spallanzani ni, afirmando que ele teria aquecido por tempo demais o ar contido
(1729-1799). nos balões. Segundo o inglês, o “princípio ativo” que transforma a
matéria orgânica do caldo nutritivo em microrganismos estaria no
ar e a fervura prolongada realizada por Spalanzani teria destruído o
princípio ativo, o que explicaria o resultado obtido pelo italiano.
E agora? Quem você acha que estava com a razão: Spallanzani
DIOMEDIA / Mary Evans

(defensor da teoria da biogênese) ou Needham (defensor da teoria


da abiogênese)?
Os trabalhos de Needham e Spallanzani foram motivo de muitas
discussões acadêmicas sobre o tema, e a polêmica sobre a origem
da vida mostrava-se acirrada. Porém, no século XIX, o cientista fran-
cês Louis Pasteur deu fim à teoria da abiogênese.

em 1860, paSTeUr reaLiZoU


o SeGUinTe eXperimenTo:

• Adicionou caldo nutritivo con- • Por meio de aquecimento, esticou


tendo matéria orgânica em e curvou os pescoços de vidro dos
balões com pescoço longo; balões, deixando-os com formato
de “pescoço de cisne”;
pescoço
esticado e
curvado
ao fogo
pescoço
longo

caldo
nutritivo

46 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 46 05/02/15 18:06


• Os caldos nutritivos contidos
nos balões de vidro (com
pescoço de cisne) foram AR
aquecidos. A fervura das
amostras matou os micror-
ganismos, esterilizando-as; caldo
esterilizado
• Posteriormente, os recipi-
entes foram resfriados, mas
permitiram a entrada de ar
pela abertura presente no
pescoço de cisne;

• Mesmo com a abertura


que possibilitava a entrada
de ar, que supostamente
teria o “princípio ativo” capaz
de transformar a matéria
orgânica do caldo nutritivo
em seres vivos, Pasteur não crescimento de
microrganismos
detectou a presença de
seres vivos no caldo aque-
cido. No entanto, na
curvatura do pescoço
de vidro, que agiu como pescoço
filtro, ocorreu crescimento de cisne
de bactérias. Pasteur deduziu
que as bactérias presentes
na curva do pescoço de vidro caldo nutritivo
aquecido
eram provenientes do ar. e esterilizado
As bactérias (formas de
vida) colonizaram o local e
deram origem a outras
bactérias (formas de vida),
conforme defende a teoria
da biogênese;

• Após a quebra do pescoço de quebra do pescoço


de cisne permitindo a
cisne de alguns dos recipi- entrada de bactérias bactérias do ar
entes, Pasteur percebeu que transportadas pelo ar
houve crescimento de
bactérias no caldo nutritivo,
pois assim ele possibilitou a
entrada de bactérias trans- presença
de bactérias
portadas pelo ar.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 47

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 47 05/02/15 18:06


O bom senso popular e a nossa observação
da biodiversidade percebem por si só os princípios
básicos da teoria da biogênese, isto é, que a vida
surge de vida preexistente. Afinal, um cão dá ori-
gem somente a outro cão, um humano dá origem
somente a outro humano, uma bactéria dá origem
somente a outra bactéria, e assim por diante.
No entanto, talvez você esteja se perguntando:
“Mas e como surgiu a primeira forma de vida?
Para responder a sua pergunta, veremos, no
item que se segue, as teorias mais aceitas para ex-
plicar a origem da primeira forma de vida na Terra.

A discussão sobre a origem da vida é uma discussão


não apenas científica. A filosofia, por exemplo,
também é uma disciplina que lida com esta questão,
embora por caminhos diferentes. Para você, a
discussão sobre a origem possui impacto sobre o
modo como entendemos e experimentamos a vida,
de uma maneira geral?
Six Dun/Shutterstock.com

48 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 48 05/02/15 18:06


1. De onde vem o bichinho da goiaba?

A bióloga Angela Sanseverino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),


explicou que o bichinho da goiaba é uma larva de inseto. Ele se desenvolve na goiaba
após sair de um dos ovinhos que sua mãe – uma mosca – colocou dentro da fruta.
Após o nascimento, a larva cresce se alimentando da polpa da goiaba. Quando a fruta
apodrece e cai da árvore, a larva vai para dentro do solo e se transforma em um casulo,
como o da borboleta. De dentro desse casulo, sai a mosca adulta.
Depois de crescer e se transformar em pupa, a larva que chamamos de bichinho da
goiaba vira uma mosca, conhecida como mosca-das-frutas. Nesta ilustração, você pode
ver a larva e a fêmea da espécie Anastrepha obliqua, uma das espécies da família Tephriti-
dae que ataca a goiaba.
A mosca que se forma a partir do bicho da goiaba é conhecida como mosca-das-frutas.
Ela pertence à família Tephritidae, um grupo da ordem Diptera – a mesma das moscas e dos
mosquitos. As espécies dessa família podem
infestar várias outras frutas, como abacate,
ameixa, caqui, maçã e pera. 5 mm
“Agora, se você acabou comendo um bicho
da goiaba, não precisa se preocupar, pois ele Bicho da goiaba
não faz mal, nem causa qualquer doença em
nós”, revela Angela. Por outro lado, essas
pragas dão dor de cabeça para muitos fruti-
cultores, pois causam estragos que impedem
a venda dos frutos e dão um baita prejuízo!
Redação CHC. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/
de-onde-vem-o-bichinho-da-goiaba/>. Acesso em: abr. 2014.

5 mm
Tendo como base o texto e os conhecimentos
científicos sobre o tema, responda: Mosca das frutas.

a. A explicação fornecida pela pesquisadora Angela Sanseverino sobre o


aparecimento de larvas de inseto na goiaba é mais compatível com a
teoria da abiogênese ou com a teoria da biogênese? Justifique.

Com a teoria da biogênese, pois o bicho-da-goiaba é, na verdade, a larva das moscas da espécie Anastrepha obliqua.

As larvas dessas moscas surgem de ovos postos pelas fêmeas adultas no interior da goiaba. Assim, uma forma de

vida (larvas) surge a partir de outra forma de vida (fêmeas adultas), como defende a teoria da biogênese.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 49

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 49 05/02/15 18:06


b. Como a teoria oposta à teoria que você escolheu para responder
o item anterior explicaria o surgimento do “bicho-da-goiaba”?

Os adeptos da teoria da abiogênese talvez explicariam que o “bicho-da-goiaba” nasceria da

matéria morta, ou em decomposição, presente na goiaba estragada.

2. Analise os seguintes textos:

Texto I
“[...] pode ele duvidar se do queijo ou da madeira se originam vermes; ou se
besouros e vespas das fezes das vacas; ou se borboletas, lagostas, gafanhotos,
ostras, lesmas, enguias etc. são procriadas da matéria putrefeita, que está apta a
receber a forma de criatura para a qual ela é por poder transformada. Questionar
isso é questionar a razão, senso e experiência. Se ele duvida que vá ao Egito, e lá
ele irá encontrar campos cheios de camundongos, prole da lama do Nilo, para a
grande calamidade dos habitantes.”
Fonte: Alexander Ross; século XVII.

Texto II
“Cena do crime: entomólogos visitam o local e determinam a idade aproximada
das larvas de moscas varejeiras existentes no cadáver, assim, foi possível definir o
tempo de morte daquele corpo. Este trabalho é feito por meio da entomologia fo-
rense, uma ciência que aplica o estudo dos insetos a procedimentos legais, isto é,
em um caso policial os insetos associados a um cadáver humano podem determi-
nar o tempo aproximado da morte daquele indivíduo. [...].
Os suínos são utilizados em pesquisas de entomologia forense por
serem, cientificamente comprovados, os animais mais aproximados do ser
humano quanto ao tecido e a quantidade de pelos no corpo [...]. Depois de
mortos, os suínos foram colocados em jaulas [...]. Conforme o corpo ia se de-
compondo, as moscas varejeiras depositavam seus ovos na carniça. Depois do
ovo, existem três fases de larva (popularmente chamadas de tapuru), a pupa
(parecida com um casulo) e, finalmente, a mosca. É por meio dessas
fases (idade) que o entomólogo conclui o tempo aproximado de morte
do indivíduo. [...]. Durante cada período, o pesquisador coletava larvas e
adultos a cada 24 horas. Os tapurus eram depositados em recipientes e ali-
mentados com carne em estágio de decomposição para que a larva se
desenvolva até o estágio de mosca.”
Caroline Soares. Disponível em:<https://www.inpa.gov.br/noticias/noticia_sgno2.php?codigo=868>. Acesso em:
jul. 2014.

50 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 50 05/02/15 18:06


Em relação aos textos, responda:

a. Qual deles é mais com- b. Qual deles é mais com- c. Por que o experimento des-
patível com a teoria da patível com a teoria da crito no texto II pode ser
abiogênese? Justifique. biogênese? Justifique. importante para processos
de investigação criminal?
O texto I, pois defende que a vida O texto II, pois defende que a vida
Sabendo-se em qual estágio
pode ser originada a partir de (moscas) surge a partir de outros
larval encontra-se a mosca
matéria morta (em putrefação). seres vivos (ovos de moscas).
varejeira, é possível se

determinar o “tempo de

morte” de um cadáver, o que

pode ajudar na investigação

da cena de um crime.

Resolva a questão
9 do Caderno
de Atividades.

A origem da vida
A pergunta mais fundamental já feita pelo homem é “Como a vida
foi criada?”. Essa pergunta também poderia ser expressa assim: “De
onde viemos, para onde vamos?”. Você já se fez essas perguntas?
Vimos que, no final do século XIX, Pasteur derrubou a teoria da
abiogênese, ao mostrar de maneira convincente que a vida se ori-
gina de alguma vida já existente. No entanto, cabe uma pergunta:
se sabemos que a vida surge de vida preexistente, como surgiu a
primeira forma de vida? Será que ela surgiu de matéria não viva?
É possível que, pelo menos nos primórdios, a teoria da abiogêne-
se tenha sido válida.
Destacaremos aqui alguns desses pontos de vista que tentam
buscar uma explicação sobre a origem dos seres vivos, inclusive
sobre e nossas próprias origens.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 51

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 51 05/02/15 18:06


As hipóteses de
Oparin e Haldane
Você se lembra da teoria da abiogênese, segun-
do a qual a vida se origina a partir de matéria
morta? Na hipótese que veremos a seguir, a
abiogênese teria ocorrido há cerca de 3,5 bilhões
de anos em nosso planeta.
Segundo o bioquímico russo Aleksandr Iva-
novich Oparin (1894-1980) e o biólogo inglês
John Burdon Sanderson Haldane (1892-1964), as
primeiras formas de vida teriam surgido de uma
“sopa orgânica” presente nos oceanos primitivos
da Terra, ou em poças de água presentes em ter-
renos com argila.
Em seu livro intitulado A origem da vida (1930),
baseado em estudos astronômicos, bioquímicos
e geológicos, Oparin afirmou que a atmosfera da
Terra, há cerca de 4 bilhões de anos, não apresen-
tava os mesmos gases da atmosfera atual. Além
disso, a atmosfera primitiva era composta basica-
mente de hidrogênio (H2), metano (CH4), amônia
(NH3) e vapor-d’água (H2O). A Terra primitiva,
segundo ele, era quente, inóspita, e seus muitos
vulcões em atividade teriam liberado esses gases
na atmosfera. A superfície terrestre era quente e
não tinha condições de sustentar água no estado
líquido, apenas como vapor. À medida que a Terra
esfriava, a água teria se condensado e formado
nuvens, que, por sua vez, teriam se precipitado
na forma de chuvas. As chuvas teriam gradativa-
mente dado origem à água líquida presente na
superfície, fazendo surgir os oceanos primitivos
da Terra.

52 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 52 05/02/15 18:06


Khayman/Wikipedia

As descargas elétricas da atmosfera e a radiação ultravioleta


proveniente do Sol teriam sido frequentes na Terra primitiva.
Essas fontes de energia teriam facilitado a ocorrência de inúme-
ras reações químicas, que transformavam os gases da atmosfera
primitiva nos primeiros compostos orgânicos da Terra, especial-
mente aminoácidos. A chuva teria arrastado esses compostos
orgânicos para os oceanos primitivos, formando uma espécie
de “sopa orgânica”.
Imagem microscópica de
microesferas proteicas obti- Segundo Oparin e Haldane, nessa sopa orgânica e nas rochas
das em laboratório. da superfície, teria ocorrido uma “revolução química”, isto é, as
Disponível em: <http://pt.wikipe- moléculas orgânicas, por meio de diversas reações químicas, ao
dia.org/wiki/Ficheiro:Coacervats. longo dos milhões de anos, teriam formado compostos orgâni-
JPG>. Acesso em: out. 2013. cos mais complexos, entre eles as proteínas e os ácidos nucleicos
(DNA, RNA), peças fundamentais de qualquer ser vivo. As proteí-
nas dissolvidas na água teriam formado coloides que, por sua
vez, se aglomeraram na forma de estruturas esféricas denomina-
das coacervados (ou coacervatos).

Esquema simplificado
Os coacervados não seriam da hipótese de Oparin/
células ou seres vivos, apenas Haldane – século XX.
microesferas proteicas cerca- radiação ultravioleta
das externamente por e descargas elétricas

moléculas de água. Teriam o


Atmosfera
meio interno relativamente in- rica em Aminoácidos Proteínas,
e outros Coacervado
dependente do meio externo, CH4 H2 ácidos
compostos nucleicos
H2O NH3 orgânicos
formando sistemas químicos
parcialmente isolados e par-
cialmente autônomos, que
abrigavam em seu interior al-
gumas reações químicas Células Organismos Organismos
controladas. Oparin e Haldane primitivas primitivos complexos
afirmaram que as primeiras cé-
lulas (ou seres unicelulares), unicelulares
com capacidades de produção capacidade de
produção de energia
de energia e reprodução, te- e de reprodução
riam surgido de sistemas
químicos semelhantes aos
coacervados, há cerca de 3,5
bilhões de anos.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 53

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 53 05/02/15 18:06


Repare que Oparin e Haldane não realizaram experimentos para
tentar provar suas ideias. No entanto, em 1953, o químico norte-ame-
ricano Stanley Miller (1930-2007) construiu um eloquente aparelho,
que tinha como objetivo testar a hipótese de Oparin/Haldane.

Polo negativo –

Polo positivo +
Descarga
elétrica
Gases da atmosfera
CH4 H2 NH3
H2O
Condensador

vapor
coleta de de água
amostras

substâncias orgânicas
(ácidos graxos, aminoácidos)
Experimento
de Miller.

O experimento de Miller simulava as condições da atmosfera primi-


tiva da Terra. O vapor d’ água liberado pelo aquecimento de água
líquida contida em um balão de vidro se encontrava com os gases me-
tano, hidrogênio e amônia contidos em outro balão de vidro, onde
todas essas substâncias eram submetidas a descargas elétricas. Certas
reações químicas ocorreram após os gases serem submetidos às descar-
gas elétricas, e os produtos da reação, depois de serem resfriados,
escorreram para o compartimento inferior do experimento, em forma
de letra U.
Com seu experimento, Miller obteve uma mistura de aminoácidos
e outros compostos orgânicos. Talvez você esteja se perguntando:
“Mas, no final do experimento, foram obtidos formas de vida ou pelo
menos coacervados?” A resposta para essa pergunta é: não! Porém, foi
provado que seria possível obter compostos orgânicos presentes nos
seres vivos a partir de substâncias inorgânicas, como os gases da su-
posta atmosfera primitiva da Terra. Outros cientistas obtiveram o
mesmo resultado de Miller, mas a maioria deles acredita que, além de
metano, amônia, hidrogênio e vapor d’água, haveria também na at-
mosfera primitiva da Terra dióxido de carbono (CO2) e monóxido de
carbono (CO).

54 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 54 05/02/15 18:06


Se você estiver se perguntando “Alguém já conseguiu criar vida a partir de substân-
cias químicas no laboratório?”, a resposta também é: não! Se você estiver se perguntando
“A teoria da abiogênese alguma vez funcionou em testes realizados em laboratório?”,
não, mais uma vez. Um bom cientista responderia a essas perguntas da seguinte forma:
“Não, por enquanto, mas quem sabe um dia?”.
Mas alguém ao menos já obteve coacervados em laboratório? A resposta para essa per-
gunta é: sim! Em 1957, o norte-americano Sidney Fox (1922-1998) aqueceu uma mistura
de aminoácidos (peças fundamentais para a formação de proteínas) em uma superfície
de argila. Posteriormente, adicionou água salgada a essa mistura e obteve microesferas
delimitadas por uma camada de proteínas, semelhante aos coacervados de Oparin.

panspermia CósmiCa
Segundo essa hipótese, a vida em nosso planeta poderia ter
origem extraterrestre, que possivelmente teria chegado ao planeta Terra
por meio de moléculas orgânicas ou microrganismos vindos do espaço.
Essa hipótese afirma que a vida se encontraria espalhada por todo o uni-
verso e que “esporos da vida” contendo seres vivos ou moléculas orgânicas
poderiam estar presentes na poeira cósmica. Por meio da queda de corpos
celestes, os esporos da vida poderiam “semear” os planetas, se eles apre-
sentassem condições favoráveis.
Você reparou que a panspermia cósmica não explica a origem da vida?
Somente sugere uma hipótese de como teria surgido a vida na Terra.
Porém, como teriam surgido os “esporos da vida” mencionados nessa
teoria? Mesmo sem explicar convincentemente a origem dos esporos, essa
ideia ganhou força nos últimos anos devido à descoberta de moléculas or-
gânicas, especialmente, quando se supôs que aminoácidos, presentes em
meteoritos poderiam ter caído na Terra trazidos por corpos celestes.
A Nasa (em inglês, National Aeronauticsand Space Administration; em
português, Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) tem divul-
gado estudos demonstrando a presença de moléculas orgânicas em
cometas e asteroides.

solarseven/Shutterstock.com
De acordo com a panspermia cósmica,
as moléculas orgânicas fundamentais pa-
ra a existência da vida não teriam se
formado apenas no planeta Terra, mas,
sobretudo, teriam vindo do espaço no in-
terior de meteoritos e corpos celestes que
teriam se chocado com a Terra há bilhões
de anos. A partir dessas moléculas, as pri-
meiras formas de vida teriam surgido.

Queda de meteorito na Terra

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 55

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 55 05/02/15 18:06


AFP PHOTO/Stan HONDA
nasa
“Em sua história de apenas cerca de
meio século, a Nasa colocou homens
na Lua, estabeleceu uma estação
espacial na órbita da Terra, explorou a maioria dos planetas
do nosso sistema solar e observou as profundidades do
Universo. Tais conquistas são apenas o início do programa
espacial dos Estados Unidos.
Com a aprovação da Lei Aeronáutica Espacial Nacional
(tradução do inglês) de 1958, o Congresso americano criou
a, Nasa para pesquisar problemas em voo, tanto dentro como
fora da atmosfera da Terra, e para garantir que as atividades
espaciais dos Estados Unidos fossem pacíficas e benéficas à
Kennedy Space Center, Flórida, Estados Unidos. humanidade. A missão da Nasa é ser pioneira na exploração
espacial, fazer descobertas científicas e conduzir pesquisas
aeronáuticas. A Nasa é uma agência espacial civil
independente do ramo executivo do governo dos Estados
Unidos, criada pelo Congresso americano para auxiliar na
política ou prestar serviços especiais para outros órgãos
independentes, incluindo a Agência Central de Inteligência,
a Agência de Proteção Ambiental e a Fundação Nacional
de Ciência.”

Craig C. Freudenrich, Ph.D. Como funciona a Nasa. Disponível em:


<http://ciencia.hsw.uol.com.br/nasa.htm>. Acesso em: ago. 2013.

Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de


Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível.
Hebreus 11.3 (nVi)
Ao contrário da perspectiva científica mais comum, que sugere que a
vida teria surgido espontaneamente a partir de um elemento
fundamental material, a perspectiva cristã sobre sua origem é a de
que existe um criador pessoal que trouxe todas as coisas à existência.
O cristianismo coloca uma pessoa (Deus) por trás do mundo criado.
Em sua opinião, que diferença faz assumir a existência de um criador
pessoal? Há alguma relação entre esta crença e a atribuição de
sentido à realidade?

56 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 56 05/02/15 18:06


1. Observe o experimento abaixo.

Faísca elétrica
b. Qual era o propósito desse experimento?

Provar que era possível obter moléculas


Mistura de gases:
vapor d’água, metano, orgânicas a partir de gases inorgânicos
amoníaco e hidrogênio
presentes na suposta atmosfera primitiva da

Condensação Terra sugerida por Oparin/Haldane.

Vapor d’água

c. O que foi obtido no final


Compostos químicos Água em ebulição
depositados desse experimento?

Uma mistura de compostos orgânicos, entre eles,


Responda às questões a seguir. aminoácidos.

a. Quem idealizou esse experimento?


Em que ano ele foi realizado? d. Esse experimento provou a
origem da vida? Justifique.
Em 1953 pelo norte-americano

Stanley Miller. Não, o resultado do experimento reforça, em

parte, a hipótese de Oparin/Haldane sobre a

origem da vida, mas não significa que a vida

2. Leia o texto a seguir.

nasa EnContra açÚCar Em roCHa ExtratErrEstrE


tenha se originado de acordo com essa hipótese.

Um grupo de pesquisadores da NASA relata hoje na revista britânica Nature (<www.


nature.com>) a descoberta de moléculas de açúcar em fragmentos de dois meteori-
tos. Com isso, acrescentam uma peça fundamental ao quebra-cabeças da origem da
vida. Esses compostos orgânicos (feitos à base de carbono) são essenciais à vida tal
como é conhecida. Eles servem para múltiplas funções, que vão desde fornecer ener-
gia para células até compor a estrutura das moléculas de DNA e RNA, que contêm o
material genético dos organismos vivos.
A doce descoberta dá suporte à ideia de que a vida surgiu na Terra, ao menos par-
cialmente, a partir de matéria-prima proveniente de asteroides e cometas. “A ideia

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1 | 57

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 57 05/02/15 18:06


data de 1961”, diz Mark Sephton, cientista da interior de meteoritos (pedaços de as-
Open University (Reino Unido) que comentou o teroides ou cometas que foram
estudo para a revista Nature. atraídos pelo campo gravitacional da
“A vida é baseada em água e matéria orgânica. Terra e aqui caíram). Mas uma detecção
O Sistema Solar pode ser dividido em duas zonas: definitiva de açúcares tinha escapado
dentro do cinturão de asteroides (que existe en- aos cientistas.
tre as órbitas de Marte e Júpiter) e fora do “Essa não foi a primeira tentativa de
cinturão. A região interna pode sustentar água lí- determinar se açúcares estão presentes
quida, enquanto a externa é rica em matéria em meteoritos”, conta George Cooper,
orgânica. A ideia de que a vida na Terra surgiu de do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa,
matéria-prima trazida por cometas e asteroides o primeiro autor do estudo. [...]
simplesmente junta o melhor que essas duas zo- A constatação de que os tijolos da
nas possuem”, disse Sephton por e-mail à Folha. vida existem no espaço sugere que ela
Ao longo dos últimos 30 anos, várias evidên- pode não ser exclusividade terrestre. “A
cias foram obtidas para confirmar ao menos que existência de moléculas orgânicas ex-
esses compostos orgânicos básicos já existiam traterrestres úteis à vida no espaço
nos primórdios da formação do Sistema Solar e torna mais provável que ela possa sur-
da Terra. Diversas substâncias, como ácidos car- gir em mais de um lugar”, diz Sephton.
boxílicos e aminoácidos, foram detectadas no
Salvador Nogueira/Folhapress

Tendo como base o texto e os conhecimentos sobre o tema, responda:

a. Segundo o texto, “a doce descoberta dá b. A descoberta da Nasa prova a existên-


suporte à ideia de que a vida surgiu na cia de vida fora da Terra? Por quê?
Terra, ao menos parcialmente, a partir de
matéria-prima proveniente de asteroides Não, apenas mostra que é possível a
e cometas”. Qual é o nome dessa ideia? ocorrência de moléculas orgânicas fora

Panspermia cósmica. da Terra.

c. Segundo o texto, além de açúcares, outros tipos de moléculas orgânicas


já foram encontrados em rochas não pertencentes à Terra? Quais?

Sim, moléculas de aminoácidos e ácidos carboxílicos já foram encontradas no interior de meteoritos.

Resolva as questões 10,


11, 12, 13, 17, 18 e 19 do
Caderno de Atividades.

58 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 58 05/02/15 18:06


Hipóteses de como seriam
os primeiros seres vivos
Como seriam os primeiros seres vivos? Você acha
que eles seriam exatamente iguais às espécies exis-
tentes atualmente e que foram criados exatamente
como são, ou você acha que as espécies do passa-
do eram diferentes das espécies atuais?
Atualmente, a maior parte dos biólogos apoia
o paradigma transformista que defende que as
primeiras formas de vida que surgiram no planeta primeiros seres unicelulares autótrofos, que pas-
eram simples, unicelulares e muito parecidas com saram a utilizar o CO2 liberado na fermentação
bactérias. Esses seres teriam permitido o surgi- para a realização da fotossíntese. A partir de en-
mento de outras espécies mais complexas, ao tão, a concentração de O2 liberado na fotossíntese
longo do tempo, até chegar às espécies atuais. passou a aumentar na atmosfera terrestre, favore-
No entanto, os cientistas divergem quanto cendo o surgimento posterior dos primeiros
ao tipo de nutrição desses primeiros seres vivos. unicelulares aeróbios, que passaram a produzir
Certos autores defendem a hipótese heterotrófi- muito mais energia por meio da respiração aeró-
ca; outros defendem a hipótese autotrófica. bia (processo que utiliza O2 para produzir energia).
Hipótese heterotrófica: defende a ideia de Hipótese autotrófica: defende a ideia de que os
que os primeiros seres vivos eram unicelulares primeiros seres vivos eram unicelulares autótro-
heterótrofos, isto é, não produziam seu próprio fos, isto é, conseguiam produzir seu próprio
alimento. Segundo essa hipótese, esses primeiros alimento através de uma fonte de energia e pela
unicelulares obtinham energia fermentando assimilação de alguns compostos do meio. Al-
(de forma anaeróbia) os compostos orgânicos guns autores acreditam que os primeiros seres
presentes nos oceanos primitivos da Terra. À me- vivos produziam seu próprio alimento por um
dida que o tempo passava, a quantidade de CO2 processo denominado quimiossíntese, que é o
(liberado do processo de fermentação) na atmos- processo de produção de alimento a partir da
fera terrestre teria aumentado. Com o passar energia liberada na reações de oxidação de com-
dos anos, surgiram nos oceanos primitivos os postos inorgânicos (esse processo será mais
detalhado no decorrer da unidade.) Outros auto-
res, porém, acreditam que os primeiros seres
vivos realizavam fotossíntese, ou seja, produziam
seu próprio alimento a partir da energia solar.
Segundo esse ponto de vista, a partir da fotossín-
tese realizada pelos primeiros seres vivos, a
quantidade de O2 (liberado na fotossíntese) pre-
sente na atmosfera da Terra passou a aumentar
de concentração.

1os Seres heterótrofos anaeróbios 1os Seres autótrofos o2 1os Seres aeróbios
(fermentação anaeróbio) (fotossíntese) (respiração celular)

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 59

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 59 05/02/15 18:06


1. Observe o gráfico abaixo.

20
Concentração de
10
o2 na atmosfera

0
época atual
Formação dos oceanos
e continentes

primeiras células vivas

aparecimento das
células eucarióticas
respiração aeróbia
Vertebrados
Fotossíntese
Formação

seres multicelulares
da terra

0 1 2 3 4
tempo (bilhões de anos)

Fonte: CESAR e SEZAR. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2002, v.1.

Tendo como base o gráfico acima, responda:

a. Existiam seres vivos em nosso planeta, mesmo an-


tes da existência de O2 na atmosfera? Justifique.

Sim, as primeiras formas de vida surgiram (primeiras células, ou

unicelulares) em atmosfera anaeróbia, um bilhão de anos após a

formação da Terra (provavelmente por volta de 3,5 bilhões de anos).

60 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 60 05/02/15 18:06


b. Por que o surgimento dos seres com respira- c. Os animais dos tempos atuais conseguiriam
ção aeróbia só foi possível depois do sobreviver no tempo de 500 milhões de anos
surgimento dos seres fotossintetizantes? após a formação da Terra? Justifique.

Não, pois nessa época não havia O2 disponível na


Porque a fotossíntese libera O2 para a atmosfera.
atmosfera em grande quantidade.
Assim, a utilização de O2 pelos seres aeróbios só foi

possível graças ao surgimento dos seres

fotossintetizantes.

2. Substitua os números contidos no diagrama pelos


termos adequados vistos no decorrer do capítulo.

o bi ó lo g o estuda a 1

e tenta explicar sua


origem utilizando o 7
6
2
teria ocorrido apro-
teria surgido construindo ximadamente há 3,5
no séc. XVII bilhões de anos

4 Exemplos 5

1 Vida 4 Biogênese

2 Método Científico 5 Abiogênese

3 Teorias 6 Hipótese de Francisco Redi

7 Hipótese de Oparin e Haldane

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 61

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 61 05/02/15 18:06


Vimos que os primeiros seres vivos, segundo as hipóteses apre-
sentadas, eram muito simples, dotados apenas de uma única célula
(unicelulares). Mas, como a partir desses seres poderiam ter surgido
organismos mais complexos como os animais e os vegetais multice-
lulares? Ou será que os seres unicelulares e multicelulares surgiram
simultaneamente? Essas perguntas são válidas e intrigantes. Mas
elas não são respondidas tão facilmente.
No próximo capítulo, você estudará quais são as teorias que
tentam responder a essas perguntas. Analisando-as, você percebe-
rá que há ainda muitas dúvidas em relação aos processos que
levaram à formação da imensa biodiversidade existente em nosso
planeta. Poderíamos já deixar uma pergunta para você pensar, an-
tes de começarmos o próximo capítulo. Será que todos os seres
vivos da Terra foram originados a partir de um ser unicelular que se
formou há cerca de 3,5 bilhões de anos (segundo os mecanismos
que estudamos neste capítulo) ou será que todos os seres vivos
foram criados simultaneamente por uma força superior?

cristovao/Shutterstock.com

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 62 05/02/15 18:06


Referências bibliográficas
COSTA, S. F. O método científico: os caminhos da Investigação.
São Paulo, Harbra, 2001.

FARIAS, R. F. Para gostar de ler: a história da Biologia. Campinas,


Átomo, 2009.

McALESTER, A. L. D. História geológica da vida. São Paulo, Edgard


Blücher, 1978.

MOODY, P. A. Introdução à evolução. 3 ed. Brasília, Ed.UnB, 1975.

WHITFIELD. P, História natural da evolução. Lisboa, Verbo, 1993.

Sugestão bibliográfica
LYNCH, J. &; MOSLEY, M. Uma história da ciência (BBC). Rio de
Janeiro, Zahar, 2010.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 1 | 63

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 63 05/02/15 18:06


capítulo 2
a diversidade
davida
Observando ao nosso redor, conseguimos constatar que
existe uma variedade de formas de vida. Uma das perguntas
que os cientistas têm feito ao longo do tempo é: Como essa
variedade se constitui?
No capítulo anterior, vimos que uma das grandes “revolu-
ções” da pesquisa científica aconteceu no século XIX, com
Pasteur. Você se lembra do experimento das carnes e das
moscas? Seguindo a descoberta de Pasteur, poderíamos afir-
mar que carne não gera larva de mosca. Mosca gera mosca.

Mas dois questionamentos podem


ser propostos diante dessa afirmação:

1. se mosca gera mosca, e a primeira mosca?


Como ela foi gerada?

2. existem vários tipos de moscas. uma mosca de um


tipo foi gerando todos os outros tipos de moscas?
ou cada tipo de mosca já surgiu diferenciado e foi
gerando moscas sempre semelhantes?

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 64 05/02/15 18:06


Vamos analisar uma pergunta de cada vez.
Como a primeira mosca foi gerada?
Para responder à primeira pergunta, voltamos
à questão da origem da vida, que é uma questão
bem antiga e ultrapassa o âmbito científico. Foi a
busca por responder a essa pergunta que deu
origem à filosofia, por exemplo. Os primeiros filó-
sofos (os pré-socráticos) tinham como indagação
principal a questão sobre a “causa primeira”, ou
“substância primordial”, que origina e sustenta a na mente do artista. Nesse caso, seria impossível
vida. Apesar de antiga, essa é uma questão para a dar à causa primeira trato científico: ela não pode-
qual não há consenso até hoje. ria ser observada em laboratório, medida e
Existem aqueles que acreditam que houve uma mensurada.
substância primordial que originou a vida e que é Entre os cientistas a primeira hipótese é a mais
possível encontrar indícios dela atualmente, de aceita, embora existam também aqueles que, afir-
forma que seria viável certificar-se de sua existên- mando certo limite para a ciência, trabalham com
cia por meio do método científico. Por outro lado, a segunda hipótese.
há aqueles que acreditam na existência de uma
causa primeira, que não é necessariamente pal- Passemos à segunda pergunta:
pável. Nesse caso, a vida teria surgido por meio Uma mosca de um tipo foi gerando todos os
de algo que não fosse matéria. Ocorreria da mes- outros tipos ou cada tipo de mosca já surgiu diferen-
ma forma como se concebe uma obra de arte, ciado e foi gerando moscas sempre semelhantes?
que antes de surgir na tela, materializada, existiu Essa pergunta é impactada pela primeira se
quisermos respondê-la de maneira científica. Se
considerarmos que a vida tenha surgido de uma
substância primordial, então toda biodiversidade
teria surgido diretamente dessa substância. Ou
seja, essa substância primordial teria gerado todos
os tipos de vida. No caso da mosca, havendo uma
substância primordial, uma mosca de um tipo foi
gerando moscas de outros tipos.
Todavia, se considerarmos a existência de uma
causa primeira, a questão passa a ser: Como essa
causa primeira teria dado origem a toda biodiver-
sidade?
1a hipótese: Teria sido pela criação de uma
substância primordial?
2a hipótese: Várias “substâncias primordiais” te-
riam originado a vida?
3a hipótese: Os seres vivos teriam surgido da
maneira como os conhecemos atualmente?

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 65

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 65 05/02/15 18:06


Observe abaixo um modelo explicativo
para cada uma dessas hipóteses.

1a hipótese 2a hipótese 3a hipótese

Teria surgido um ser vivo originado de


Uma variedade de seres vivos
uma substância primordial ou de uma A diversidade já teria surgido
teriam surgido e a partir deles a
causa primeira. A partir dele teriam tal como a conhecemos.
diversidade teria se originado.
surgido as demais formas de vida.

Tomando como exemplo as moscas, cada pergunta


poderia ser respondida da seguinte forma:

•• No primeiro caso, a causa primeira seria um conjunto de


leis naturais cuja aplicação, ao longo do tempo, resultaria
na formação de uma substância primordial que gerou to-
dos os seres vivos, inclusive a mosca.

•• No segundo caso, a causa primeira teria originado vários


seres vivos, inclusive a primeira mosca. Cada um desses
seres vivos teriam gerado uma diversidade.

•• Por fim, no terceiro caso, a causa primeira teria dado


origem a toda diversidade de seres vivos da forma
como conhecemos atualmente.

66 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 66 05/02/15 18:06


Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Eclesiastes 1.2-4

Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem;
pois foi ele quem fundou-a sobre os mares e firmou-a sobre as águas.
salmos 24.1-2
As discussões sobre a origem da vida no século XViii e XiX foram permeadas por um
grande embate de pelo menos dois pressupostos básicos. para uns seria possível
explicar os fenômenos da natureza, principalmente a origem das espécies, com
explicações estritamente naturais. estes dois pressupostos básicos continuam em
embate, embora o naturalismo seja a explicação mais aceita atualmente. em sua
opinião, esta é apenas uma discussão científica, ou possui implicações para a nossa
maneira de viver? Que implicações há para a vida, acreditarmos que somos fruto de
um processo casual ou resultados da ação de um ser pessoal inteligente?

O evOluciOnismO
atUal
Atualmente, grande parte dos cientistas considera que a vida
na Terra passa continuamente por um processo gradual de trans-
formação, isto é, os seres vivos estão sujeitos a se transformar.
Portanto, uma espécie origina outra espécie diferente, ao longo do
tempo. Essa visão de que a vida está em constante transformação é
conhecida como evolucionismo.
A maioria dos cientistas evolucionistas são também materialis-
tas. Isto é, consideram que a vida surgiu e se diferenciou a partir de
uma substância primordial sem a ação de uma causa primeira. E
que, sendo a substância primordial matéria, ela poderia ser verifica-
da cientificamente. Esses cientistas acreditam que, além de serem
mutáveis, há entre as espécies, parentesco, ou origem
comum. Essa posição, mais comum, pode ser denominada
mais precisamente de evolucionismo materialista.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 67

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 67 05/02/15 18:06


Os teóricos do evolucionismo D io
me
d

ia /
Em 1809, por meio da obra Philosophie zoologique, o

Scie
nce
francês Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um dos

S ou r
ce / N
primeiros cientistas a sistematizar de forma relativamen-

ew York
te consistente um pensamento que seria mais estudado

Public Library
pelos evolucionistas atuais.
Ele entendia que os seres vivos sofrem “pressões”
ambientais e devem se modificar para atender a uma
necessidade de adaptação. Isto é, Lamarck concluiu que
os indivíduos têm a capacidade de transformar seus cor-
pos (não de forma controlada) para se adaptar a diversas
mudanças (climáticas, geológicas etc.) que podem ocor-
rer no meio e, além disso, que tais transformações O transformista Lamarck
poderiam ser transmitidas à sua descendência. (1744-1829)

O pensamento lamarckista pode ser dividido em duas “leis”:


•• Lei do uso e desuso: para atender a uma necessidade de adaptação,
um órgão (ou estrutura) pode ser mais exigido do que outro. Assim, os
órgãos mais exigidos (utilizados) tendem a se desenvolver e os órgãos
menos exigidos tendem a se atrofiar ao longo do tempo.

•• Lei das características adquiridas: a característica adquirida durante o


processo de adaptação (órgão desenvolvido ou órgão atrofiado) pode
ser transmitida dos pais para os filhos. Assim, no decorrer do tempo, o
número de indivíduos dotados da característica adquirida tende a
aumentar na população.

Os aspectos morfológicos do canguru foi um dos exemplos trabalhados por


Lamarck. Segundo ele, o canguru teria adquirido o hábito de ficar com o
corpo relativamente ereto, colocando-se sobre as patas traseiras e sua
cauda. Ele se moveria por meio de uma série de saltos mantendo o
corpo ajustado para não prejudicar seus filhotes carregados na
bolsa (marsúpio). Para isso, ele teria adquirido três formas
adaptativas: 1- As patas dianteiras, das quais faz pouco uso,
permaneceram finas, muito pequenas e quase sem força;
2- As pernas traseiras, quase continuamente em ação,
Patas dianteiras quer para apoiar todo o corpo ou para realizar saltos,
pouco utilizadas tornaram-se muito grandes e muito fortes; 3- A cauda,
muito utilizada para apoio e defesa do animal.

Patas traseiras
muito utilizadas Cauda muito utilizada
(apoio + salto) (apoio + defesa)

Anan Kaewkhammul/Shutterstock.com

68 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 68 05/02/15 18:06


Segundo o pensamento lamarckista, as espécies “ajustariam” seus corpos para
atender uma demanda ambiental, uma necessidade de adaptação e sobrevivência.
Assim, as espécies se transformariam ao longo do tempo: patas poderiam se trans-
formar em nadadeiras, olhos poderiam se desenvolver (ou se atrofiar), membros
poderiam se transformar em asas, ou em pernas, ou simplesmente atrofiar. Tudo
de acordo com a necessidade de adaptação.
Atualmente, os princípios lamarckistas são pouco aceitos. Principalmente
devido aos avanços da genética, acredita-se hoje que características adquiridas
durante a vida não podem ser transmitidas à descendência. Isso, porém, não signi-
fica que os estudos de Lamarck não tiveram valor; muito pelo contrário, serviram
de base para a construção de teorias mais modernas. Não podemos nos esquecer
que os mecanismos de hereditariedade só foram desvendados no final do sé-
culo XIX e começo do século XX. Lamarck e seus contemporâneos não tinham
vivenciado as repercussões científicas trazidas pela genética.
Outros expoentes evolucionistas surgiram no século XIX. Charles Robert
Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913) são dois dos que se tor-
naram muito estudados nas pesquisas dos cientistas evolucionistas atuais. Esses
pensadores foram autores da chamada teoria da evolução das espécies.

Dio
me
d

ia /
Scie
nce
Mus
eum
Londo
n
Autores da Teoria da Evolução
das Espécies – Século XIX
Darwin e Wallace propuseram que as espécies atuais
teriam evoluído a partir de espécies que viveram no
passado. No pensamento darwinista, é possível duas
ou mais espécies contemporâneas serem aparenta-
das evolutivamente, pois poderiam ter surgido de um
ancestral comum. Assim, o leão, o tigre, o gato, a ja-
guatirica e muitos outros felinos seriam parecidos Charles Robert
Darwin (1809-1882)
morfofisiologicamente entre si, por terem evoluído Dio
me
de forma gradual a partir de outros felinos que vive- dia
/ Sc
ience

ram no passado.
Source

Ainda jovem, Darwin navegou durante cerca de cinco anos a bordo


/ Biophoto A

do HMS Beagle (1831-1836), atuando como o naturalista oficial da tripu-


ssociates

lação. Viajou por quase todos os cantos da Terra (inclusive Brasil), coletou
várias amostras de fósseis, insetos, plantas, répteis, aves, mamíferos etc.
Ficou obcecado pela diversidade da vida e começou a duvidar de que as
espécies fossem imutáveis e permanentes.

Alfred Russel Wallace


(1823-1913)

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 69

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 69 05/02/15 18:06


a rota do BEAGLE – EXpEdIção dE darWIn pElo mundo

Plymouth
Azores
Tenerife
Cape Verde
Galapagos Cocos
Bahia (Keeling) Isl.
Callao Lima
Mauritius Sydney

Valparaiso Montevideo Cape Town King George’s


Sound
Falkland Hobart
Island
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Voyage_of_the_Beagle-en.svg

Em solo britânico, Darwin reuniu uma série de dados levantados durante sua longa
viagem e sistematizou um pensamento consistente sobre a origem da diversidade bio-
lógica. Por volta de 1858, Wallace enviou a Darwin um ensaio intitulado Sobre a
tendência das variedades a afastarem-se indefinidamente do tipo original, trabalho que
chegou às mesmas conclusões de Darwin sobre os mecanismos que regem as trans-
formações que as espécies sofrem, a partir de uma ancestralidade comum. Em julho de
1858, um trabalho científico de autoria conjunta (Darwin-Wallace) foi apresentado à
Linnean Society of London, sociedade britânica científica dedicada aos estudos de Bo-
tânica e Zoologia.
O pensamento Darwinista foi reunido em A ori-
gem das espécies, de sua autoria, publicado em 24
de novembro de 1859, reeditada seis vezes antes da
morte de Darwin e ainda disponível nos dias de hoje
em mais de 30 idiomas.
Após observações minuciosas das formas de vida
em diversos lugares do mundo por onde passou,
Darwin chegou às seguintes conclusões:

1. Variações: dentro da população de uma única


espécie existem variações, isto é, os indivíduos
não são exatamente iguais. Há entre eles varia-
ções morfológicas, fisiológicas e
comportamentais.
Diomedia / Science Source / Science Source

2. Competição: dentro da mesma espécie, os in-


divíduos competem entre si, não só pelos
recursos naturais (alimento, água, território
etc.), mas também pelos parceiros sexuais. Os
indivíduos mais adaptados ao meio (mais com-
petitivos) são aqueles dotados de variações A obra A origem das espécies

morfofisiológicas e comportamentais mais van-


tajosas. Esses tendem a ser bem-sucedidos,
com maior probabilidade de se acasalar e dei-
xar mais descendentes.

70 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 70 05/02/15 18:06


3. Seleção natural: é o cerne do pensamento darwinista; o meio seleciona
aqueles indivíduos portadores de variações mais vantajosas (os indivíduos
mais adaptados). Os indivíduos portadores de variações menos vantajosas
(os menos adaptados) tendem a desaparecer. Algumas pessoas chamam
essa premissa darwinista de “A lei da sobrevivência”, isto é, a “lei do mais
forte”: só os fortes (mais adaptados) sobrevivem.

4. Transmissão das características vantajosas: Darwin acreditava que as


características vantajosas poderiam ser transmitidas dos pais para os fi-
lhos. Dessa forma, dentro da população de determinada espécie,
as variações positivas presentes nos indivíduos tendem a aumentar,
pois elas tornam os indivíduos mais adaptados.

5. Parentesco evolutivo: segundo o pensamento darwinista, duas ou


mais espécies diferentes poderiam ter evoluído de uma única espé-
cie original que viveu no passado.
Por exemplo, se dentro da mesma espécie dois grupos de indiví-
duos forem isolados geograficamente, cada um deles será
submetido a um tipo de pressão ambiental. Uma característica que
signifique vantagem adaptativa para um dos grupos pode não ser
vantajosa no outro. Assim, esses dois grupos serão submetidos a di-
ferentes processos de seleção
SPL DC/Latinstock
natural; cada meio (cada contexto)
selecionará os indivíduos mais
adaptados. No decorrer do tempo,
esses grupos acumularão diferenças
(variações) tão grandes que pode-
rão se tornar espécies diferentes.
Mas apesar de toda a contribui-
ção científica proveniente de seus
trabalhos, Darwin não forneceu ex-
plicações satisfatórias sobre a
presença de variações nos indiví-
duos da mesma espécie. As
respostas viriam no século XX, após 38 milhões
de anos atrás
24 milhões
de anos atrás
5 milhões
de anos atrás
2 milhões
de anos atrás
10 mil
anos atrás
as descobertas na área da genética,
que não foram vivenciadas por La- Evolução de 6 espécies de elefantes, de acordo com a visão
Darwinista. O processo teria ocorrido a partir de um ancestral
marck e Darwin. comum, ao longo de 55 milhões de anos.

Com o desenvolvimento da genética, cientistas se debruçaram sobre experimen-


tos em que buscavam compreender o porquê da existência de variações dentro da
mesma espécie. Observaram que há variações decorrentes de mutações (alterações
do material genético) e da recombinação gênica (mistura de materiais genéticos de
dois genitores diferentes, por meio de processos ligados à reprodução sexuada).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 71

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 71 05/02/15 18:06


Portanto, tanto as mutações como a recombinação gênica causariam
variabilidade genética nos indivíduos de uma mesma espécie.
Nasce então, em meados do século XX, a chamada teoria sintética da
evolução (também conhecida como neodarwinismo), visão mais divulga-
da pela atual comunidade científica sobre a evolução das espécies. Essa
teoria associa as ideias de Darwin (seleção natural) com as descobertas da
Genética (origem das variações). Resumidamente, poderíamos dizer que,
segundo essa teoria, o meio seleciona os indivíduos portadores de varia-
ções genéticas que os tornam mais adaptados. Ainda segundo essa teoria,
as transformações que as espécies sofreriam ao longo do tempo ocorre-
riam ao acaso, por mera e simples questão de adaptação e mutações
aleatórias, selecionadas pelo meio.

Glossário
Meio: nesse contexto, o meio pode ser entendido
como a reunião de características biológicas, quími-
cas e físicas que constituem o lugar onde vive dada
espécie. Os seres vivos devem vencer muitos obstá-
culos para sobreviver ao meio em que vivem, como
parasitas, predadores, busca de abrigo, alimento,
água etc.

variações genéticas
dentro da população BARREIRAS IMPOSTAS PELO MEIO

•• disponibilidade de alimento
mutações + •• abrigo
recombinações causam •• presença de predadores
gênicas •• doenças e parasitas
•• fatores climáticos
•• disponibilidade de àgua
•• etc.
seleção natural

O esquema mostra de forma simplificada os mecanismos = indivíduos mais adaptados


evolutivos, segundo a teoria sintética da evolução. = indivíduos menos adaptados

72 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 72 05/02/15 18:06


BiOlOGia,
tecnOlOGia,
soCiedade e
aMbiente
Oms alerta sOBre aumentO
da resistência de BactÉrias
a antiBióticOs nO mundO os recém-nascidos sofrem e os pacientes interna-
Genebra, 30 abr. (EFE) – A Organização Mundial dos em unidades de terapia intensiva.
da Saúde (OMS) se mostrou nesta quarta-feira Os dados recolhidos indicam que em al-
alarmada pelo aumento da resistência aos anti- guns países o antibiótico receitado para resistir a
bióticos em todas as regiões do mundo, inclusive infecções por Klebsiella pneumoniae “já não são
com os remédios utilizados como “último recurso” eficazes em mais da metade das pessoas” às quais
para tratar infecções potencialmente mortais. se receita o remédio.
Segundo um estudo coordenado pela OMS Também se detectou uma ampla resistên-
com dados de 114 países e apresentado hoje em cia às fluoroquinolonas, um dos medicamentos
Genebra, o primeiro sobre a resistência aos anti- antibacterianos mais recomendados para o trata-
bióticos em escala global, essa realidade afeta mento de infecções urinárias por Escherichia coli,
muitos agentes infecciosos, embora o relatório até o ponto que está sendo ineficaz em mais da
enfoque um grupo de bactérias responsáveis metade dos pacientes em diferentes países.
por infecções comuns como as urinárias, a Com relação à gonorreia, doença que
septicemia, a diarreia, a pneumonia e a gonorreia. contamina a cada dia 1 milhão de pessoas no
Além disso, o organismo internacional con- mundo, em países como a Áustria, França, Reino
firma a resistência aos antibióticos Unido e África do Sul foi confirmado o fracasso de
Arbapenêmicos, último recurso terapêutico para seu tratamento com cefalosporinas, um remédio
infecções potencialmente mortais por Klebsiella de última geração depois do qual não há mais al-
pneumoniae (bactéria intestinal comum), que se ternativas médicas.
estendeu a todas as regiões. Em geral, a resistência das bactérias aos an-
A bactéria é uma causa importante de infe- tibióticos se tornou em uma realidade que pode
cções que se contraem comumente em meios afetar qualquer pessoa, independentemente de
hospitalares, como as septicemias e aquelas que sua idade, de acordo com o estudo.
Agência eFe

1. Como teriam surgido as bactérias super-resistentes de


acordo com os princípios da teoria sintética da evolução?

Dentro de determinada espécie de bactéria haveria microrganismos com diferentes variabilidades

genéticas, decorrentes de mutações e de recombinação gênica. O uso de antibióticos permite a seleção das

variedades de bactérias mais resistentes a eles. Como essa característica é vantajosa (adaptativa), o número

de bactérias resistentes a diversos tipos de antibióticos foi crescendo nas últimas décadas.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 73

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 73 05/02/15 18:06


2. Sobre o surgimento das superbactérias, temos duas explicações:

a. As bactérias tiveram de se adaptar aos antibióticos. Para isso, se


acostumaram com o antibiótico e adquiriram resistência.

b. Há dois grupos de bactérias: as “resistentes aos antibióticos” e


as “não resistentes aos antibióticos”. Os antibióticos selecionam
as bactérias resistentes, que passaram a se multiplicar.

• Qual das frases é lamarckista? Justifique. • Qual das frases é darwinista? Justifique.
A frase A, pois afirma que as bactérias A frase B, pois afirma que já havia no grupo

“adquiriram” resistência para se adaptar. de bactérias as formas resistentes, que foram

apenas selecionadas (seleção natural) pelo uso

indiscriminado de antibióticos nos últimos anos.

3. Os antibióticos carbapenêmicos possuem atividade bactericida de amplo


espectro. No entanto, a OMS vem se mostrando preocupada com o apare-
cimento de bactérias resistentes a esses antibióticos. Por quê?

Os antibióticos carbapenêmicos são eficazes contra a maioria das infecções bacterianas e

são utilizados apenas em último caso, quando a utilização de outros antibióticos tradicionais

não surte resultado satisfatório. O aparecimento de bactérias resistentes aos

carbapenêmicos é preocupante, pois infecções causadas por esse tipo de bactéria poderiam

ser muito difíceis de tratar.

Veja a animação sobre evolução da Veja uma proposta interativa


Universidade de Utah (em inglês). de filogenia de grupos animais.
<http://learn.genetics.utah.edu/content/ <http://learn.genetics.utah.edu/content/
selection/recipe/>. Acesso em: maio 2014. selection/tracktraits/>. Acesso em: maio
2014.
Veja também o simulador de seleção natural
atuando sobre a coloração da pelagem de ratos. Informações gerais sobre evolução
<http://learn.genetics.utah.edu/content/ produzidas pela Universidade de Utah.
selection/comparative/>. Acesso em: maio 2014. <http://learn.genetics.utah.edu/content/
selection/>. Acesso em: maio 2014.

74 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 74 05/02/15 18:06


1. O esquema a seguir faz referência
à teoria sintética da evolução.

inDiVÍDuos De
umA espÉCie
meCAnismos Que CAusAm
tRAnsFoRmAções

noVAs VARieDADes
De inDiVÍDuos

seLeção

predadores abrigo
parasitas fatores climáticos
meio alimento etc.
água

ADAptAção

VARieDADes
mAis ADptADAs

a. Qual é o principal mecanismo que provoca Professor, vale ressaltar que, além
variabilidade genética nos indivíduos de uma das mutações, outros mecanismos
biológicos, como a recombinação
população, de acordo com essa teoria?
gênica (mecanismos que serão
estudados na 3a série deste
As mutações.
material), também colaboram para
o aparecimento de novas
variedades fenotípicas dentro da
espécie.
b. Qual é o papel do meio,
de acordo com essa teoria?

O meio seleciona os indivíduos da espécie com

variações favoráveis (seleção natural), isto é, aqueles

mais adaptados às exigências do meio.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 75

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 75 05/02/15 18:06


2. Observe os esquemas:

Esquema 1 Esquema 2

espécie A espécie C

espécie C

espécie B

espécie A

espécie B

Considerando as diferenças entre o entendimento


de que as espécies teriam surgido da maneira como
são atualmente e o evolucionismo atual, responda:

a. Qual dos esquemas remete ao fixismo? Justifique.

O esquema 1, pois mostra que as espécies não originam

outras espécies ao longo do tempo.

b. Qual dos esquemas refere-se ao


evolucionismo atual? Justifique.

O esquema 2, pois mostra que uma espécie (B) pode originar

espécies diferentes (A e C) ao longo do tempo.

76 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 76 05/02/15 18:06


3. Leia o texto:

Pesquisadores do mundo animal têm chamado atenção para um fenômeno


curioso: há cada vez mais elefantes, principalmente na Ásia, que nascem sem
as presas de marfim características dos machos da espécie. Calcula-se que,
há poucas décadas, 3% dos elefantes asiáticos machos nasciam sem presas,
porém, atualmente, a porcentagem em alguns grupos chega a 10%.
Fonte: http://veja.abril.com.br/100805/p_108.html. Acesso em: ago. 2014.

Em relação ao conteúdo do texto, duas explicações foram fornecidas:

Explicação 1: Para se adaptar, os elefantes machos estão nascendo sem


presas (elas atrofiaram). Assim, os elefantes machos tornaram-se adaptados,
uma vez que são menos perseguidos pelos caçadores de marfim.

Explicação 2: Na população de elefantes há duas variedades de machos: os


que apresentam marfim e os que não apresentam marfim. Os machos sem
marfim chamam menos a atenção dos caçadores e têm maior probabilidade
de sobreviver e gerar o maior número de descendentes.

Assim, responda:

a. Qual das explicações é lamarckista? Justifique

A explicação 1, pois afirma que a necessidade de adaptação fez

com que o marfim atrofiasse.

b. Qual das explicações é darwinista? Justifique.

A explicação 2, pois afirma que o meio selecionou (seleção natural)

a variedade mais adaptada (elefantes sem marfim).

Resolva as questões 21, 22,


25, 26, 27, 30, 31, 32 e 33
do Caderno de Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 77

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 77 05/02/15 18:06


A diversidade
da vida para os
evolucionistas atuais
Como vimos, segundo a teoria sintética da evolução, as espécies atuais te-
riam evoluído a partir de espécies que viveram no passado. Tal processo
teria ocorrido por meio de diversas “seleções” exercidas pelo meio, que
mantiveram as variações genéticas mais favoráveis.
Porém, como duas espécies poderiam na prática ter surgido de um an-
cestral comum? De que forma o processo de seleção natural teria originado
espécies diferentes a partir de uma única espécie? A seguir, conheceremos
alguns desses possíveis mecanismos evolutivos.

A Especiação
Você já conheceu irmãos gêmeos univitelinos ver as diferenças morfológicas existentes entre os
(ou monozigóticos), isto é, aqueles que têm ma- irmãos. Considere a seguinte questão: Se seus
teriais genéticos praticamente iguais e são muito materiais genéticos continuaram iguais depois de
parecidos morfologicamente? Então, imagine a todos esses anos separados, porque eles ficaram
seguinte situação: dois gêmeos univitelinos (ou fisicamente diferentes?
monozigóticos) que por algum motivo tiveram Isso aconteceu porque os aspectos morfológi-
de morar em diferentes lugares, com cos e fisiológicos não são apenas definidos por
diferentes aspectos climáticos e com diferentes nosso material genético. Na verdade, nossas carac-
estilos de vida (culinária, lazer, esporte, cultura terísticas são resultantes da interação entre nosso
etc.). Um dos gêmeos passou a viver em um lugar material genético e os fatores do meio (alimenta-
praiano, gostava de se bronzear ao sol, sua ção, aspectos climáticos, estilo de vida etc.).
alimentação passou a ser à base de peixes e Agora imagine o seguinte: se por algum moti-
frutos do mar, virou surfista e passou a viver vo, grupos de dois ou mais indivíduos
de um jeito mais natural, isto é, “curtindo a natu- pertencentes à mesma espécie fossem isolados
reza”. O outro gêmeo, por sua vez, passou geograficamente por um tempo muito prolon-
a viver na cidade grande, em um lugar com tem- gado (talvez centenas, milhares e até milhões de
peraturas baixas, adotou uma alimentação mais anos), o que aconteceria com os aspectos genéti-
calórica (comidas industrializadas) e passou a cos, morfológicos e fisiológicos desses
ter um estilo de vida mais urbano, com muito indivíduos? Eles tenderiam a ficar mais seme-
trabalho, muito estudo e alguma atividade lhantes ou mais diferentes? Talvez você tenha
física de academia. respondido: “tenderiam a ficar diferentes”. Mas
Depois de mais de cinco anos em contextos por quê? Será que esses grupos de indivíduos
diferentes, os gêmeos se encontraram em uma tenderiam a ficar tão diferentes a ponto de se tor-
reunião de família. Todos ficaram surpresos ao narem espécies diferentes? Para responder a

78 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 78 05/02/15 18:06


essas perguntas, teremos de estudar um
mecanismo chamado especiação, defendido
por cientistas evolucionistas.
A especiação é o processo pelo qual, segundo para outro, afinal são lugares com aspectos
a perspectiva evolucionista, diferentes espécies climáticos e disponibilidade de recursos naturais
surgem, ao longo do tempo, a partir de um an- diferentes (água, alimentos, abrigo etc.).
cestral comum. Descreveremos, a seguir, o tipo Assim, cada meio seleciona de forma espe-
mais comum de especiação: especiação alopátri- cífica os indivíduos portadores de genes favorá-
ca (do grego állos = diferente; do latim patria = veis. Ao longo do tempo, esses indivíduos
local de nascimento). poderão acumular diferenças genéticas e caracte-
Considere que no passado um grupo de indi- rísticas morfofisiológicas distintas, que passarão a
víduos pertencente à mesma espécie (espécie A) formar diferentes subespécies (A’ e A”) dentro da
foi dividido em dois grupos que ficaram isolados mesma espécie.
devido a uma barreira geográfica (oceano, rio,
deserto ou montanha, por exemplo). Glossário
Esses grupos passaram a viver, então, em Espécie: existem mais de vinte conceitos diferentes que tentam de-
finir espécie biológica. Adotaremos aqui o conceito de Ernst Mayr
lugares diferentes e teriam sido submetidos a di- (1942): “são considerados da mesma espécie biológica aqueles indi-
ferentes processos evolutivos. Uma característica víduos semelhantes entre si que, quando intercruzados, produzem
que torna o indivíduo mais adaptado para um descendentes férteis”.
Subespécie: também chamada de “raça”. Dentro de uma espécie po-
grupo pode não ser uma característica vantajosa
de haver grupos (subespécies) que diferem entre si em algumas ca-
racterísticas específicas, porém, mesmo assim, mantêm a capacidade
de intercruzamento capaz de gerar descendência fértil.

No entanto, se no decorrer do tempo A’ e A’’ acumularem caracte-


rísticas morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e até comportamentais
que impedem a reprodução entre elas (isolamento reprodutivo), dize-
mos, então, que esses grupos passaram a pertencer a diferentes
espécies (B e C).

Espécie A’ Espécie B

Espécie A Seleção natural, mutações, Seleção natural, mutações,


recombinações genéticas recombinações genéticas

Isolamento geográfico Isolamento reprodutivo


Barreira geográfica Incompatibilidade
• Montanhas bioquímica/morfológica/fisiológica
• Rios • Espermatozoides e óvulos incompatíveis
• Oceanos • Órgãos sexuais incompatíveis
• Desertos • Produção de descendentes estéreis
• Diferentes rituais de acasalamento

Seleção natural, mutações, Seleção natural, mutações,


recombinações genéticas recombinações genéticas

Espécie A’’ Espécie C

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 79

B1_EM_U1_C2_LD_2a prova.indd 79 04/07/17 16:11


Mas existem outros possíveis mecanismos de surgimento de novas espécies
que teriam ocorrido por alterações morfológicas, como o surgimento de novos
órgãos ou partes do corpo. Essas mudanças, a princípio, não mostram claramente
o quanto dois seres vivos estariam próximos evolutivamente. Porém, estudos
mais detalhados podem apontar um parentesco evolutivo ou sinalizar que tal al-
teração foi selecionada por uma demanda do próprio ambiente no processo de
seleção natural.

Irradiação Adaptativa e
Convergência Adaptativa
Segundo cientistas evolucionistas, diferentes órgãos ou estruturas
morfológicas presentes em diferentes espécies, mas com a mesma
origem embrionária, poderiam representar evidências da existência
de parentesco evolutivo entre elas.
Por exemplo, a asa de um morcego, a pata de um cachorro e a na-
dadeira de um golfinho são considerados órgãos homólogos, pois,
apesar de terem funções diferentes, apresentam estruturas anatômicas
semelhantes e a mesma origem embrionária, isto é, os tecidos embrio-
nários que originaram as estruturas internas desses membros são os
mesmos. Segundo os cientistas evolucionistas, a homologia entre es-
ses órgãos indicaria ancestralidade comum entre tais espécies.
Os órgãos homólogos teriam surgido de um processo evolutivo
denominado irradiação adaptativa (ou divergência evolutiva), pelo
qual diferentes estruturas ou órgãos teriam evoluído de uma estrutura
ancestral que, no decorrer do tempo, teria originado as estruturas
atuais que foram selecionadas pelo meio (adaptação) durante o
processo de especiação.

Órgãos Homólogos
A estrutura interna (ossos) de diferentes membros
(pata de cachorro, nadadeira de golfinho, asa de morcego)
Úmero

Úmero
Rádio Úmero

Rádio
Rádio
Ulna
Metacarpo

Ulna
Ulna
Metacarpo Metacarpo
Falanges
Falanges
Falanges

Pata de cão Asa de morcego

Nadadeira de golfinho

80 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 80 05/02/15 18:06


Irradiação Adaptativa ou
Divergência Evolutiva
Muitas espécies teriam compartilhado um
ancestral em comum. Os órgãos homólogos
(diferente ou mesma função, mas com a mes-
ma origem embrionária) teriam surgido a Esquilo
partir desse processo.

Antílope Morcego Chipanzé Preguiça

Lobo Veado

Castor Ancestral Urso

Leão-marinho Toupeira

Baleia

Foca Marmota

Assim, os órgãos homólogos compartilhados por diferentes animais


(asas de morcego, patas de cachorro, braços humanos, nadadeiras de
golfinhos etc.) teriam surgido a partir de órgãos presentes em espécies
do passado que sofreram diferentes processos evolutivos de adaptação a
um específico modo de vida (nadar, correr, segurar, voar etc.).
Outro processo evolutivo de adaptação é denominado convergência
adaptativa (ou convergência evolutiva). Nesse processo diferentes estru-
turas anatômicas presentes em diferentes espécies assumem morfologias
semelhantes, não por indicar parentesco evolutivo, mas apenas por te-
rem sido selecionadas de formas semelhantes pelo meio.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 81

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 81 05/02/15 18:06


Um exemplo clássico de convergência adaptativa é o formato do
tubarão, do golfinho e do extinto ictiossauro. Esses animais têm corpos
com hidrodinâmicas semelhantes, isto é, com morfologias corporais que
os adaptam a se deslocar em meio aquático com mais eficiência. No en-
tanto, não significa que esses animais evoluíram diretamente de um
ancestral comum.

Convergência Adaptativa
Corpos com a mesma hidrodinâmica (adaptação ao meio)

Evolução Os órgãos que desempenham a mesma fun-


convergente ção, com formatos semelhantes, mas que teriam
origens embrionárias diferentes (teriam surgido
de diferentes tecidos embrionários) e, portanto,
não indicam necessariamente parentesco evolu-
tivo, também são chamados de órgãos análogos.
Golfinho Geralmente, os órgãos análogos surgem do pro-
cesso de convergência adaptativa. Vejamos o
(mamífero)
caso das asas de inseto e as asas de uma ave. Elas
têm a mesma função? Provavelmente você res-
pondeu corretamente que sim, afinal as duas
estruturas permitem que esses animais voem.
Ictiossauro Mas será que os tecidos embrionários que origi-
(réptil fóssil) naram as asas desses animais são os mesmos?
Nesse caso não. As asas de insetos e as asas de
aves são órgãos análogos, pois apesar de terem
a mesma função, apresentariam origens embrio-
nárias diferentes, não significando, portanto, que
Tubarão as aves e os insetos tenham tido ancestrais co-
(peixe) muns diretos.

Órgãos Análogos
Embora tenham a mesma função, apresentam origens embrionárias diferentes.

Asa de inseto Asa de ave

82 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 82 05/02/15 18:06


1. Um dos lugares visitados por Darwin durante sua
expedição no século XIX foi o arquipélago de Galá-
pagos, nas proximidades do Equador.
Ryan M. Bolton/Shutterstock.com

A variação das espécies de aves nativas des-


sa região denominadas tentilhões chamou a aten-
ção de Darwin. O naturalista ficou intrigado com o
fato de essas aves terem semelhanças anatômicas,
mas com nítida diferença entre os bicos. Cada es-
pécie de tentilhão tem um bico adaptado ao hábi-
to alimentar que adotam.
Outro detalhe que chamou a atenção de
Darwin era que praticamente cada espécie de
tentilhão habitava uma ilha diferente. Tentilhão
Sabe-se hoje em dia que há 14 espécies de
tentilhões em Galápagos. A ilustração abaixo mos-
tra as variações das formas de bico dos tentilhões.

Geospiza magnirostris

C. parvulus
G. aifficilis

Camarhynchus paupar

G. scandens

C. psittachula
(alimentam-se de insetos)

(alimentam-se de grãos)
Insetívoros

Granívoros

G. fotis

Camarhynchus pallidus

G. conirostris
Camarhynchus
heliobates

G. fuliginosa
Pinaroloxias inornata

C. crassirostris
Certhides olivacea

Ancestral
Fonte de pesquisa: http://biogeolearning.
comum
com/site/v1/wp-content/uploads/2013/01/
tentilhoes2.jpg

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 83

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 83 05/02/15 18:06


Com base nessas informações, que associação podemos
estabelecer entre o processo de especiação e as variações
dos bicos dos tentilhões de Galápagos?

Provavelmente as 14 espécies de tentilhões tiveram um ancestral comum. Diferentes

populações do grupo ancestral devem ter se estabelecido em diferentes ilhas, ficaram

isoladas geograficamente (isolamento geográfico) e passaram por diferentes processos

evolutivos (seleção natural + recombinação gênica + mutações) para se adaptar. Em

cada uma das ilhas o meio selecionou variedades de tentilhões possuidores de bicos

mais adaptados à captura e apreensão de um alimento específico. No decorrer do

tempo, o isolamento reprodutivo entre os diferentes tentilhões culminou com o

aparecimento de diferentes espécies de tentilhões.

2. Repare nas semelhanças anatômicas (corpos


hidrodinâmicos) dos animais abaixo.

Tubarão Pinguim Foca

Golfinho Atum

84 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 84 05/02/15 18:06


Sendo assim, responda:

a. O formato do corpo desses animais favorece a


adaptação ao meio em que vivem? Por quê?

Sim, pois apresentam corpos hidrodinâmicos, que favorecem o

deslocamento no meio aquático (menor resistência com a água).

b. O formato do corpo desses animais é uma indicação


de que tiveram um ancestral comum direto?

Não necessariamente, pois se trata de um fenômeno de convergência adaptativa,

isto é, o formato hidrodinâmico desses animais fez eles serem selecionados

positivamente pelo meio, sem necessariamente indicar que tiveram

ancestralidade comum.

3. Leia o texto a seguir.

Pegadas Encontradas Mudam a Evolução na Terra


Por Paula Rothman, de INFO Online, 7 de janeiro de 2010

Publicada na Nature, a descoberta é o registro mais antigo dos nossos ancestrais, ani-
mais que saíram das águas e deram seus primeiros passos na terra firme.
As trilhas foram identificadas em Zachelmie Quarry, um local rochoso e seco
mas que, no passado, era uma área lamacenta e tropical banhada pelo mar.
As teorias mais modernas afirmam que as primeiras criaturas terrestres evoluí-
ram de peixes que possuíam pares de nadadeiras lobadas. Quando, exatamente,
ocorreu essa transição é uma informação que ainda varia conforme as descobertas.
A aparência do animal que deixou as marcas na Polônia deveria lembrar a de
um crocodilo, com dois ou mais metros de comprimento, porém ele vivia de forma
mais parecida com a dos atuais anfíbios.
A criatura se moveria de forma semelhante às salamandras atuais, sendo obri-
gada a mover quadris, cotovelos e joelhos ao caminhar. Esse movimento confirma
que se tratava de um tetrápode (animal de quatro patas, e não nadadeiras), o único
capaz de deixar esse tipo de marcas.
Disponível em: <http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/pegadas-encontradas-
mudam-evolucao-na-terra-07012010-25.shl>. Acesso em: maio 2014.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 85

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 85 05/02/15 18:06


Com base nas informações do texto, responda às perguntas.

a. Abaixo temos uma ilustração que compara a estrutura óssea


da nadadeira lobada com a das patas dos primeiros tetrápodes
(animais com quatro patas) terrestres. Observe.

PEIXE PRIMITIVO ANFÍBIO PRIMITIVO

Úmero Rádio
Rádio
Úmero

Ulna
Ulna

b. As nadadeiras dos peixes primitivos e as patas dos anfíbios primitivos


(primeiros tetrápodes) seriam consideradas órgãos homólogos ou
análogos? Justifique.

A princípio, seriam órgãos homólogos, pois apresentam estrutura

anatômica semelhante e provavelmente a mesma origem embrionária.

c. Dê uma explicação lamarckista para o surgimento dos primeiros


tetrápodes a partir dos peixes primitivos com nadadeiras lobadas.

Para se adaptar, os peixes primitivos passaram a utilizar as nadadeiras lobadas para

“andar” em solo firme. O uso frequente dessas estruturas para se locomover em terra

fez com que elas se transformassem em patas, originando, assim, os primeiros anfíbios.

86 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 86 05/02/15 18:06


D. Dê uma explicação darwinista para o surgimento dos
primeiros tetrápodes a partir dos peixes primitivos com
nadadeiras lobadas.

O meio terrestre selecionou formas primitivas de peixes com nadadeiras lobadas

adaptadas ao deslocamento em meio terrestre. Talvez, no decorrer do tempo, as

nadadeiras mais parecidas com “patas” foram selecionadas positivamente. A partir

daí teriam surgido os primeiros anfíbios.

Resolva as questões
23, 28, 29, 34, 35 e 36 do
caderno de atividades.

O homem de discernimento mantém a sabedoria em vista,


mas os olhos do tolo vagueiam até os confins da terra.
provérbios 17:24 (nvI)
Alguns cientistas costumam apresentar suas pesquisas como se elas fossem
neutras em relação às suas ideias e crenças anteriores. mas, reflita: se você de-
seja encontrar um amigo, você pode encontra-lo se não souber quem procura
e onde ele pode, eventualmente, estar? É claro que não. Você deve ligar para
ele, ou procura-lo em algum lugar que ele costuma estar. mas se você liga pra
ele, ou vai a algum lugar, então, você já sabe a quem procura. tendo em vista
este argumento, o cientista completamente neutro, existe? o trabalho de um
cientista é apenas observar as evidências ou arranjá-las em sua mente? sob
que critérios esse arranjo acontece?

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 87

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 87 05/02/15 18:06


A Bioquímica, a embriologia e os
fósseis na visão evolucionista atual
Após muitos anos de estudos científicos novos dados passaram a ser incluídos na
visão evolucionista de surgimento da biodiversidade. O surgimento de recursos
tecnológicos cada vez mais avançados tem permitido que os pesquisadores co-
nheçam cada vez mais detalhes sobre os seres vivos que há não muito tempo
eram inimagináveis. Portanto, as descobertas têm se somado aos estudos anterio-
res e contribuído imensamente para o surgimento de outros conhecimentos.
Vejamos alguns exemplos:

As Semelhanças Bioquímicas
Será que o fato de diferentes espécies terem composi-
ções químicas semelhantes pode indicar parentesco
evolutivo? Segundo os cientistas evolucionistas, sim.
Sabe-se que todos os seres vivos apresentam pro-
teínas e ácidos nucleicos (DNA e RNA) em suas
constituições moleculares. As proteínas são formadas
por pequenas partes denominadas aminoácidos. Já os
ácidos nucleicos são formados por “pedaços” menores
denominados nucleotídeos.
Segundo a ciência evolucionista, a presença de pro-
teínas com sequências parecidas de aminoácidos em
diferentes espécies pode significar parentesco evoluti-
vo entre elas, isto é, que essas espécies talvez tenham
evoluído de um ancestral comum.
O mesmo raciocínio se aplica à molécula de DNA,
isto é, a presença de moléculas de DNA com sequên-
cias parecidas de nucleotídeos em diferentes espécies
pode significar indício de parentesco evolutivo.

MOLÉCULA DE PROTEÍNA SIMPLIFICADA MOLÉCULA SIMPLIFICADA DE DNA

Nucleotídeo
TRE

ALA GLI ASP ALA GLN SER ALA ALA GLU


GLN ALA

G
GLN ALA ALA ARG LIS SER ASP GLI
ASP SER

T A

LIS ARG GLI GLU FEN TRE TRE ARG A T


ALA ALA

G
LIS ALA GLI GLN GLU ARG ASP TRE FEN
FEN

T A
AMINOÁCIDO

88 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 88 05/02/15 18:06


Por exemplo, o citocromo C é uma proteína encontrada nas células de todos
os seres aeróbios (aqueles que utilizam O2 na respiração). Essa proteína é consti-
tuída de 104 aminoácidos, porém, acredita-se que no decorrer da evolução das
espécies, a posição de certos aminoácidos dessa proteína teria sofrido variação
em diferentes espécies devido a mutações ocorridas no passado. Partindo desta
premissa, os cientistas evolucionistas comparam os citocromos C (ou outra pro-
teína) presentes em diferentes espécies e estabelecem o seguinte raciocínio:
quanto maior for o grau de semelhança dos citocromos (menor número de dife-
renças de posições dos aminoácidos do citocromo), maior o grau de parentesco
evolutivo entre elas, ou quanto menor for o grau de semelhança dos citocromos
(maior número de diferenças de posições de aminoácidos), menor o grau de
parentesco evolutivo entre elas.
A tabela abaixo compara o número de aminoácidos do citocromo C com
sequência diferente da sequência de aminoácidos do citocromo C humano.

Número de Aminoácidos do Citocromo C com


Espécie
sequência diferente da do homem

Homem 0

Macaco 1

Cavalo 12

Tartaruga 15

Mariposa 31

Fungo 48

Fonte: <http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_6/1-EVOLUCAO_BIOLOGICA.pdf>. Acesso em: maio 2014.

Com base na tabela anterior e na premissa de que semelhanças


bioquímicas são indícios de parentesco evolutivo, afirma-se que o ca-
valo é evolutivamente mais semelhante ao macaco do que a um
fungo.
Da mesma forma, de acordo com o estudo anterior, o macaco seria
a espécie que mais se assemelha bioquimicamente ao ser humano,
apresentando portanto o maior grau de parentesco evolutivo.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 89

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 89 05/02/15 18:06


As Semelhanças Embrionárias
Em 1866, o alemão Ernst Haeckel, influenciado pela teoria darwinis-
ta, propôs uma associação entre o desenvolvimento embrionário
(ontogenia) e o processo evolutivo das espécies (filogenia). Ele pro-
pôs que o desenvolvimento do embrião de determinada espécie
“recapitula” sua história evolutiva. Essa teoria ficou conhecida como
teoria da recapitulação.
Para Haeckel, cada passo do desenvolvimento embrionário de
determinada espécie refletiria a etapa de transformação que o an-
cestral dessa espécie teria sofrido até originar as formas viventes
atuais. Haeckel mostrou em seus trabalhos uma série de desenhos
sugerindo muitas semelhanças entre os embriões de animais dife-
rentes, o que seria evidência de ancestralidade comum.
A maioria dos embriologistas da época (e de hoje) não confir-
maram as ideias de Haeckel. Eles as criticaram por considerar que
no desenvolvimento embrionário de uma única espécie há diversas
variações morfológicas. Além disso, em 1874, foi descoberto que os
desenhos dos embriões de Haeckel eram falsos, o que colocou em
xeque sua credibilidade.
Apesar da fraude de Haeckel e da não confirmação científica da
teoria da recapitulação, existem cientistas evolutivos que acreditam
que o grau de semelhança entre os primeiros estágios de desenvol-
vimento embrionário de espécies diferentes pode ser evidência de
parentesco evolutivo e de ancestralidade comum, como mostra a
ilustração a seguir.
SPL DC/Latinstock

Ernst Haeckel

90 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 90 05/02/15 18:06


desenvolvimento Embrionário
de Diferentes Espécies Animais

SPL DC/Latinstock
Ilustração de Ernst Haeckel do desenvolvimento embrionário de oito diferentes
espécies (da esquerda para a direita): peixe, salamandra, tartaruga, galinha, porco,
vaca, coelho e humano.

A Existência dos Fósseis


Segundo os cientistas evolucionistas, os fósseis também seriam provas da
evolução. Você sabe o que é um fóssil? Bem, o termo vem do latim: fossile =
escavado; tirado da terra. Podemos dizer que um fóssil é qualquer vestígio
de ser vivo que habitava nosso planeta no passado.
Ossos, pegadas ou marcas na lama petrificada, insetos conservados em
âmbar (resina vegetal) e outros achados são fósseis que podem nos dar várias
pistas de como era o animal que vivia no passado: sua estrutura anatômica, sua
distribuição geográfica, seus aspectos comportamentais (o que comiam, como
caçavam, como se protegiam etc.) e, dependendo do grau de conservação, até
mesmo sua essência bioquímica (suas proteínas, seu material genético etc.).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 91

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 91 05/02/15 18:06


Diversos Tipos de Fósseis
Para os cientistas evolucionistas, os fósseis evi-
denciam que organismos que viviam no
passado são bem diferentes das formas de vi-
da atuais. Sob essa ótica, o registro fossilífero
(os diversos fósseis “estampados” em rochas e
sedimentos) poderia nos mostrar que a biodi-
versidade atual teria evoluído de espécies que
viveram no passado.
Mas como se forma um fóssil? Na verdade
os fósseis são relativamente raros, sendo ne-
cessária uma série de condições

Rich Koele/Shutterstock.com
físico-químicas para sua formação. Basicamen-
te, a formação de um fóssil obedece as
seguintes etapas:
Crânio fossilizado de um mamute
Redchanka/Shutterstock.com

Galyna Andrushko/Shutterstock.com
Anfíbio conservado em âmbar
zens/Shutterstock.com

Fóssil de Archaeopteryx

Fóssil de samambaia

92 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 92 05/02/15 18:07


1. Animais ou vegetais que viveram no passado morrem
e são enterrados por variados tipos de sedimentos.
Forma-se um terreno sedimentar.

2. Os corpos soterrados sofrem um processo especial


de decomposição realizada por bactérias que viveram
junto a esses sedimentos.

3. As partes moles sofreram rápida decomposição,


enquanto as partes duras (como ossos, dentes, garras,
bicos, cascos, conchas etc.) sofreram um lento proces-
so de mineralização (que pode durar milhões de
anos), isto é, minerais presentes no sedimento im-
pregnaram e substituíram determinadas substâncias
que faziam parte da constituição corpórea original.

4. No decorrer de muitos anos, processos erosivos


podem aproximar as camadas sedimentares, nas
quais os fósseis estão enterrados, para próximo
da superfície.

1 2 3 4

Um peixe viveu As partes moles As partes duras do Processos


no passado, morreu entraram em rápida peixe (ossos) erosivos podem,
e depositou-se decomposição. sofreram processo com o passar do
no fundo. de mineralização. tempo, posicionar
O sedimento o fóssil mais
endureceu e se próximo da
transformou superfície.
Formação de fóssil de peixe
em rochas.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 93

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 93 05/02/15 18:07


BIOLOGIA
INTERDISCIPLINAR
História natural dO
smitHsOnian
Apenas no ano passado, 4,4 milhões de pessoas
passaram pelo Museu de História Natural do
Smithsonian, em Washington. Não é à toa que es-
se museu e o Aeroespacial são os que mais trIcEratops
recebem visitas de toda a instituição. Inaugurado A mostra Dinosaurs (Dinossauros) apresenta o pri-
em 1910, o museu tem uma das maiores coleções meiro modelo digital de dinossauro criado com o
de história natural do mundo: são mais de 125 mi- uso de laser tridimensional: um triceratops de 65
lhões de rochas, fósseis, ossos, insetos e artefatos milhões de anos. Paleontólogos reconstituíram to-
produzidos pelo homem. dos os ossos do animal e mostram exatamente
Entre os 622 empregados do local, 388 são como ele caminhava – ou corria diante de seu
cientistas que se dividem em quatro especialida- maior predador, o tiranossauro rex. [...]
des: antropologia, ciências minerais, paleobiolo-
gia e biologia sistemática. Mas ninguém que visita lEopardo na cabEça
o prédio de três andares se assusta com os nomes, É preciso estar atento para não perder nada na
porque os pesquisadores sabem como simplificar mostra Mammals (Mamíferos). Até acima das ca-
as coisas: eles cuidam, respectivamente, de evolu- beças dos visitantes há atrações, como um
ção humana, de minerais como rochas e leopardo e sua presa, uma impala. A imagem diz
meteoros, da evolução animal e botânica, de zoo- tudo: o leopardo africano é capaz de carregar um
logia e entomologia. Para resumir, os visitantes animal com peso equivalente ao seu para cima de
se divertem com mostras multimídia enquanto uma árvore. Assim, ele evita que os famintos leões
aprendem sobre toda a história dos homens e roubem seu jantar. [...]
dos animais.
No museu, os dinossauros já chegaram à era vIda antIga
digital. Com o uso de laser tridimensional, pa- Encontrado na Austrália, o estromatólito (uma es-
leontólogos criaram o primeiro modelo virtual de trutura marinha) que está exposto na mostra Early
triceratops. [...] Life (Vida Antiga) se formou há cerca de 3,5 bi-
lhões de anos por uma colônia de
históriA de umA vidA inteirA microrganismos. Esta seria a mais antiga evidência
Abranger toda a evolução humana e animal é o de vida conhecida pelo homem.
ambicioso objetivo do Museu de História Natural.
balançando o EsquElEto
ElEfantE gIgantE Na mostra Bones (Ossos), os animais são observa-
Desde o fim dos anos 50, um elefante gigante afri- dos, como o nome sugere, osso por osso. Ao lado
cano dá as boas-vindas ao público no Museu do esqueleto humano, está o de um gorila e de
Nacional de História Natural. Ele tem quatro me- outros primos distantes. Detalhe: todos são em ta-
tros de altura e, se fosse real, pesaria cerca de 12 manho natural.
toneladas. Além de saber mais sobre o meio social Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/
do animal, que hoje é a maior espécie viva de ele- historia-natural-smithsonian-434338.shtml>. Trechos selecionados.
fante, o público pode ouvir o som que ele faz. [...] Acesso em: maio 2014.

94 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 94 05/02/15 18:07


Agora que você já conhece melhor o Museu de História
Natural do Smithsonian que tal fazer uma visita virtual?
Vamos lá?
http://www.mnh.si.edu/vtp/1-desktop/

1. O esquema abaixo representa o parentesco evolutivo entre os


grandes felinos, baseado em amostras de DNA de cada espécie.

Leopardo-das-neves

pantera nebulosa

pantera nebulosa
Neofeis nebulosa
Panthera pardus

Panthera uncia
Panthera tigris
Panthera onca

Neofeis diardi
Panthera leo

de Borréu
Leopardo

onça

tigre
Leão

hoje

3
em milhões de anos

5
Adaptado de: O’BRIEN, S.; Johnson, W. A
6
Evolução dos gatos. Scientific American
Brasil, ano 6, n. 63, p.56-63, ago. 2007.

Baseando-se nesse esquema, responda:

a. Quais espécies de felinos têm DNA b. Qual espécie de felino apresenta DNA
menos semelhante ao DNA do leão? mais semelhante ao DNA do leão?

A pantera nebulosa e a pantera O leopardo.

nebulosa de Bornéu.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 95

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 95 05/02/15 18:07


c. Quem é mais recente, o ancestral comum ao leão e o tigre
ou o ancestral comum ao leão e a onça? Justifique.

Segundo a filogenia, é o ancestral comum ao leão e a onça (viveu por

volta de 3 milhões de anos atrás); o ancestral comum ao leão e o tigre

é mais antigo (viveu por volta de 3,5 milhões de anos atrás).

2. Leia o artigo a seguir.

A descoberta de restos bem conservados de um mamute peludo sugere


que ancestrais dos humanos “roubaram” a espécie de leões, afirmam cientis-
tas. Após a análise do fóssil, os pesquisadores afirmaram que a extinção do
animal está ligada à ação predatória dos humanos e dos felinos.
Os restos do animal foram adquiridos pela organização Mammuthus por
meio de caçadores, que os encontraram na Sibéria. Os cientistas concluíram
os estudos iniciais do animal, conhecido como Yuka, em março. Os ferimen-
tos encontrados na carcaça indicam que tanto humanos quanto leões
estiveram envolvidos na morte da espécie.
“Já há evidências de uma árdua batalha de vida ou morte entre o Yuka
e predadores do topo da cadeia, provavelmente um leão”, diz Daniel Fisher,
professor da Universidade de Michigan. “Mas, mais interessante, são os indí-
cios de que os humanos também começaram a caçá-lo em determinado
ponto”, completa. (...)
YASUHIRO TAKAMI / Yomiuri / The Yomiuri Shimbun / AFP

Restos do mamute
peludo encontrados
estão muito bem
conservados.

96 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 96 05/02/15 18:07


Pelas análises das presas e dos dentes, a equipe estima que o ma-
mute peludo tinha dois anos e meio quando foi morto. Presas, dentes
e ossos são as partes mais usadas para estudar animais extintos como
os mamutes, já que demoram um tempo relativamente longo para se
decompor. Tecidos menos resistentes como órgãos, músculos e peles
se decompõem mais rapidamente e raramente são encontrados nas
carcaças, o que faz com que informações vitais se percam. Mas boa
parte dos tecidos do Yuka, assim como sua pele, permaneceram in-
tactos e bastante preservados.
Fonte: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,humanos-tambem-participaram-da-extincao-do-
mamute-peludo,857341,0.htm>. Acesso em: maio 2014.

Tendo como base o texto, responda:

a. Durante o processo de fossilização apenas as partes mais duras


do fóssil são conservadas, mas no caso de Yuka, partes moles co-
mo a pele estavam bem conservadas. Que fator foi imprescindível
para que tecidos mais moles de Yuka fossem conservados?

As baixas temperaturas da região da Sibéria, local onde o fóssil

de Yuka foi encontrado.

b. As marcas e escoriações encontradas em Yuka revelaram que


cerca de 10 mil anos atrás havia muitos predadores. Segundo o
artigo, quais seriam esses predadores?

O homem e alguns felinos, como leões ou espécies semelhantes.

c. Qual era a idade de Yuka quando ela provavelmente


morreu? Como os cientistas chegaram a essa conclusão?

Provavelmente ela tinha por volta de 2,5 anos, segundo a análise

feita em seus dentes e presas.

Resolva as questões 24, 37 e


38 do caderno de atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 97

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 97 05/02/15 18:07


a teoria do
desiGn inteliGente
Mais de 150 anos já se passaram desde que Charles Darwin publi-
cou seu famoso livro A origem das espécies, dando visibilidade à
ideia já existente de evolução. Ao longo destes anos o evolucionis-
mo darwinista tem sido a teoria mais aceita entre os cientistas para
explicar a origem da vida e de sua diversidade. Isso, não significa, no
entanto, que o debate esteja fechado. Recentemente, um grupo de
cientistas têm surgido no cenário internacional e participado ativa-
mente desse debate. Eles estão trabalhando na elaboração de uma
teoria conhecida como Intelligent Design (ID) – no português, Design
Inteligente (DI) ou Teoria do Design Inteligente (TDI).

A ideia de design, isto é, de que o mundo seria re-


sultado de planejamento inteligente não é recen-
te, mas acompanha o homem desde a Antiguida-
de. o filósofo grego platão, por exemplo, trabalha
com essa ideia no diálogo timeu, escrito por volta de 360 a.C., ao postular
a figura do demiurgo, um deus que teria transformado a matéria caótica
no mundo que conhecemos hoje, seguindo as formas perfeitas, que platão
chamava de ideias.

OriGem e prOpOnentes dO di
Reprodução

A Teoria do Design Inteligente começou a surgir em


meados da década de 1980. Duas publicações foram im-
portantes como precursoras dessa teoria: a primeira é The
Mystery of Life’s Origin [O mistério da origem da vida], pu-
blicada em 1984, escrita a seis mãos por um químico, um
engenheiro e um geoquímico; a segunda é Evolution: A
Theory in Crisis [Evolução: uma teoria em crise], escrita pe-
lo médico e geneticista Michael Denton, publicada
dois anos depois, em 1986.
Em 1989, em um livro complementar de Biologia para
o Ensino Médio – Of Pandas and People [Sobre os pandas
e as pessoas] – o termo design inteligente apareceu pela
primeira vez em seu uso atual (DEMBSKI, 2004, p.10). O
editor desse livro foi Charles Taxton, o químico, autor de
The Mystery of Life’s Origin.

98 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 98 05/02/15 18:07


Contudo, foi na década seguinte (1990) que a
TDI começou a elaborar suas bases metodológi-
cas. Isso aconteceu por meio do trabalho de
alguns cientistas que, ainda atualmente, têm es-
tado entre os proponentes mais relevantes da
teoria. São eles: Michael Behe, bioquímico, autor
de Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge
to Evolution [A caixa-preta de Darwin: O desafio
da bioquímica à teoria da evolução], publicado
em 1996 nos Estados Unidos, e traduzido no ano
seguinte para o português; e o matemático Wil-
liam Dembski, que teve sua tese de doutorado
publicada pela Universidade de Cambridge, no
ano de 1998, sob o título The Design Inference:
Eliminating Change through Small Probabilities [A
inferência de design: A eliminação da aleatorie-
dade pela probabilidade]. Ao discutir em seus
trabalhos os critérios para a verificação de de-
sign na natureza, esses dois cientistas lançaram
os fundamentos teórico-metodológicos do DI.

Mais recentemente, outros cientistas têm se juntado ao grupo e figu-


rado entre os expoentes principais do DI. Entre eles está o geofísico e
doutor em Filosofia da ciência Stephen Meyer. Suas principais obras,
Signature in the Cell: DNA and the Evidence for Intelligent Design [Assina-
tura na célula: DNA e a evidencia para o Design Inteligente],
publicada em 2009, e Darwin’s Doubt [A dúvida de Darwin], em 2013,
foram bem recebidas pelos defensores do Design Inteligente e
tiveram boa circulação entre a comunidade acadêmica.

A discussão do DI
A Teoria do Design Inteligente nasceu num contexto de debate com a
teoria da evolução. De modo mais específico, ela procura problemati-
zar uma premissa importante do evolucionismo darwinista.
Como vimos, a teoria darwinista da evolução tem como uma de
suas premissas principais o fato de que a vida na Terra, com toda sua
diversidade, teria se desenvolvido gradualmente, ao longo de bilhões
de anos, de forma aleatória, randômica. Ou seja, para o darwinismo, o
surgimento da vida e o desenvolvimento de sua diversidade seriam re-
sultado de um processo não guiado, cujos filtros seriam unicamente o
processo de seleção natural e o próprio tempo (BEHE, 2007, p.1).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 99

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 99 05/02/15 18:07


O Design Inteligente se opõe a essa premissa.
Sua tese principal é a de que a teoria evolucionista,
sobretudo o processo de seleção natural, seria uma
explicação insuficiente da origem da vida e de toda Ao contrário, quando as inferências do
sua diversidade. Por algumas razões que veremos design são feitas, elas devem ser feitas
mais adiante, a TDI defende que a vida na Terra, em exatamente baseadas em evidências;
seu nível mais fundamental, em seus componentes quanto mais evidências, mais confiáveis
mais importantes, é produto de atividade inteli- são as inferências;
gente (BEHE, 1997, p. 195).
No livro The Politically Incorrect Guide to 3. O Design Inteligente é baseado em evi-
Darwinism and Intelligent Design [O guia politica- dências científicas e não em doutrinas ou
mente incorreto de Darwinismo e Design filosofias religiosas. Não pode ser enqua-
Inteligente], Jonathan Wells faz algumas afirmações drado como o Criacionismo Bíblico nem
esquemáticas sobre o DI que podem nos ajudar a como Criacionismo Científico ou ainda
esclarecer os principais pontos na discussão. como Teísmo Científico.
São eles:
4. O Design Inteligente não está preocupa-
1. A palavra inteligente frisa que o Design não do em definir o nome ou a identidade
é meramente um padrão, mas um padrão do designer.
produzido por uma mente que concebe
e executa um plano; 5. O Design Inteligente é compatível com
alguns aspectos do Evolucionismo.
2. O Design Inteligente não é substituto para
o desconhecimento. O fato de não sabermos 6. As características de design podem
explicar a causa e a origem de algo não signifi- ser observadas tanto nos seres vivos
ca justificar que foi produzido por design. como nas Leis Naturais que regem
nosso Universo.

em Evolução: uma teoria em crise, michael Denton trabalha com


os conceitos já existentes de microevolução e macroevolução.
ele define microevolução como aquela que ocorre dentro dos
genótipos, e macroevolução como a evolução em larga escala,
acima do nível dos genótipos. Denton concorda com as evidências levantadas pelo
evolucionismo darwinista em favor da microevolução, mas argumenta que as
evidências em favor da macroevolução são insuficientes.
“embora alguns dos detalhes do processo ainda sejam controversos, e certos
aspectos da visão moderna de especiação difiram ligeiramente das de Darwin, é claro
que o processo envolve um acúmulo gradual de pequenas mudanças genéticas
guiadas, principalmente, pela seleção natural. o sucesso do modelo darwiniano no
nível microevolutivo, e particularmente o modo de seu sucesso – documentação
empírica rigorosa dos eventos evolutivos reais e modelos cuidadosamente
trabalhados, mostrando exatamente como o processo de especiação e
microevolução ocorre –, somente serve para destacar o seu fracasso
no nível macroevolutivo” (Denton 1986, p. 344).

100 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 100 05/02/15 18:07


o ArGumento do di
Até aqui já vimos como surgiu a Teoria do Design Inteligente e qual é
sua discussão. Neste tópico vamos verificar resumidamente qual é sua
argumentação central.
Segundo a TDI o surgimento da vida constitui uma revolução na história
da matéria inanimada. Há um “grande vácuo” separando o mundo orgânico
do inorgânico. Se pensarmos, por exemplo, que o pó que está sob nosso sa-
pato e as moléculas que formam as células do nosso corpo podem ser
formadas dos mesmos elementos, poderemos nos perguntar: o que fez com
que um seja poeira, e o outro, um organismo vivo? Afinal, os tipos de ligações
e interações químicas são os mesmos (ligações iônicas, ligações covalentes,
interações carbono-carbono, interações de Van der Waals, pontes de hidrogê-
nio), as constantes físicas agem da mesma forma (força gravitacional, força
eletromagnética). Então, onde está a diferença? Basicamente, a diferença está
em como todos esses elementos foram organizados de forma a originar es-
truturas inanimadas e com vida; a diferença está na informação.

informação é um conceito fundamental


para os proponentes do Di, mas também
para a microbiologia de modo geral. David
Baltimore, ganhador do prêmio nobel de
Fisiologia ou medicina em 1975 afirmou que “a Biologia moderna é
uma ciência da informação”. Com isso Baltimore desejava dizer que o
sucesso da Biologia moderna está relacionado à descoberta de
um sentido atribuído aos dados.

Michael Behe foi um dos primeiros cientistas a sistematizar o


argumento do DI. Ele fez isso a partir da afirmação da complexidade
irredutível dos sistemas biológicos. Segundo Behe a vida pressupõe
a existência de um sistema irredutível complexo, isto é, um sistema
único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre
si e que contribuem para sua função básica, caso em que a remoção
de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de
forma eficiente (BEHE, 1997, p. 48). E sistemas irredutíveis
complexos pressupõem design, ou seja, planejamento.

GlOssáriO
Design – A palavra Design, em português, significa desenvolvimento,
criação, idealização. Está relacionada à concepção de um projeto ou
modelo e ao planejamento de uma atividade estratégica, técnica e
criativa. Por nomear a teoria e pela multiplicidade de seus significa-
dos, ela não costuma ser traduzida.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 101

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 101 05/02/15 18:07


Os proponentes do DI sustentam que esta é uma conclusão lógica e natural. Se,
quando lidamos com as máquinas ou as obras de arte, por exemplo, relacionamos de
imediato sua complexidade irredutível a design, por que deveria ser diferente com os sis-
temas biológicos? Afinal, um sistema irredutivelmente complexo não pode ser
produzido diretamente (isto é, pelo melhoramento contínuo da função inicial, que conti-
nua a atuar através do mesmo mecanismo) mediante modificações leves, sucessivas, de
um sistema precursor, porque qualquer precursor de um sistema irredutivelmente com-
plexo ao qual falte uma parte é, por definição, não funcional (BEHE, 1997, p. 48).
Uma das pesquisas mais conhecidas de Michael Behe que apoiariam o conceito de
complexidade irredutível é a do flagelo
bacteriano. Segundo Behe o flagelo de
determinadas bactérias constitui um
motor molecular que exige a sintonia
fina de cerca de 40 partes proteicas
complexas, e o desarranjo de qual-
quer proteína impediria o funcio-
namento do flagelo.

Diomedia / DeAgostini / DEA PICTURE LIBRARY


Observe ao lado a imagem de uma
bactéria com flagelo. Neste caso, trata-
se especificamente da bactéria do
cólera (Vibrio cholerae).
Em seguida, observe a estrutura da
base do flagelo dessa bactéria vista ao
microscópio e apontadas nas figuras. Vibrio cholerae

Papel da proteína FlgT na an-


coragem do flagelo bacteriano
do vibrião causador da cólera
(Vibrio cholerae).

102 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 102 05/02/15 18:07


Observe, por fim, como essa estrutura de base se
parece com um motor, similares aos que utiliza-
mos no dia a dia. “em 2008, o mesmo michael
Behe publicou outro livro
intitulado The Edge of
Evolution: the search for the limits of Darwinism.
Dentre vários temas abordados, Behe discute o tema
da resistência de Plasmodium à cloroquina.
seguindo a ideia de complexidade irredutível, Behe
sugeriu que a proteína transportadora que confere
resistência à cloroquina (pfCRt) seria determinada
por, pelo menos, duas mutações em genes distintos
(porém associados) e que aconteçam
simultaneamente. essa proposição estava baseada
em modelos matemáticos.
em 2014, summers e colaboradores publicaram
um trabalho evidenciando que, de fato, o
aparecimento da pfCRt é dependente de duas
mutações ou mais e que segue uma ordem
específica de mutações que vão sendo adicionadas
sequencialmente de forma a garantir a resistência.
isso, em princípio, corrobora a proposição de
Behe. por outro lado, o trabalho também sugere que
a resistência pode ser revertida reajustando a
concentração de cloroquina. novos estudos deverão
ser conduzidos para entender o papel da pfCRt.”

GlOssáriO
Diomedia / Science Museum London

Cloroquina: fármaco utilizado


no combate ao Plasmodium no sangue.
Plasmodium: protozoário parasita uni-
celular que ataca as hemácias, causan-
do a malária.
Motor cilíndrico de motos
desenvolvidas entre 1870 e 1913.

Para Behe, o flagelo bacteriano seria um exem-


plo de complexidade irredutível. Contudo, ele não
tem ficado sem oponentes. O biólogo Kenneth
Miller é um dos cientistas que têm debatido com
Behe e se esforçado para questionar o caráter de
complexidade irredutível do “flagelo bacteriano”.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 103

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 103 05/02/15 18:07


O matemático William Dembski acrescentou um importante
elemento à argumentação do DI. Apropriando-se de elementos
de teoria da informação moderna – ciência desenvolvida em tor-
no da invenção dos computadores e das telecomunicações – ele
acrescentou a ideia de especificidade à de complexidade, defi-
nindo especificidade como a posse de um padrão independente.
Dembski concorda com o argumento de Behe, mas defende uma
assinatura de design formada por dois elementos que se ajuntam
no conceito de complexidade especificada. Para ele, somente a
existência conjunta de ambas as características (complexidade e
especificidade) pode ser evidência de planejamento. Em favor de
seu argumento, Dembski se utiliza de uma ilustração que pode
nos ajudar a compreender a relação entre essas duas característi-
cas: “Uma única letra do alfabeto é especificada, sem ser
complexa. Uma frase longa de letras aleatórias é complexa sem
ser especificada. Um soneto de Shakespeare é complexo e especi-
ficado” (DEMBSKI, 1999, p. 47).
Para entender isso melhor, observe os exemplos a seguir:

osdksdd ad k sakdfovohebsacn
asdkja shu sdvnvdspowquirjvfm
dsv njvdoi jiodfss dnfkldie fn jd
Letra do alfabeto isolada jd iojadasiosadbwq psf mvlur vqa
djawdbjkda sanjas bhvdfur slf sn
ds n dfsopberyrriub ls
aanscaopeeief sasdfn ompw xz,
fds axm,czwpwqhe n poefx.
zfepowqm,z op,pwquhl fbvrio. we.
Frase de letras aleatórias

104 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 104 05/02/15 18:07


Soneto 96
Para uns, pecas por sua juventude e suas insaciedades;
Para outros, é esta pouca idade e demasiada energia, virtude.
É que ama-se ou odeia-se tais qualidades.
Eu amo que consigas conjugar tão diversas opiniões em sua
mesma singular atitude.

É que mesmo a joia simples é regia,


se de uma rainha.
Assim suas faltas de estratégia,
são graciosas em ti, porque graça és, querida minha.

Poderias transformar em graça até os lobos,


fazendo-os assombro
entre as ovelhas e os carneiros tolos.

Se soubesses o que podes, quem lhe alcançaria o ombro?


Mas melhor que não saibas; amo que você ignore
aquilo que é um pouco do todo que faz com que eu a adore.
William Shakesperare. Texto em domínio público. Livre
tradução e adaptação feitas para esta obra.

Observe que a grade de letras é um conjunto


complexo se compararmos à simplicidade de uma
letra isolada. Mas ele não é especificado. As letras
não foram organizadas seguindo um padrão. Essa é
a razão pela qual ele não pode ser lido e compreen-
dido. Agora, observe o poema de Shakespeare. Ele
também é um conjunto complexo. Inclusive, ele é
formado pelas mesmas letras da grade. Mas ele pode ser lido e compreendido.
Isso acontece porque o poema de Shakespeare é, ao mesmo tempo, complexo e
específico. Ele é formado por letras arranjadas de acordo com um padrão.
Segundo Dembski a natureza exibiria não apenas complexidade, mas com-
plexidade especificada. Assim como o poema de Shakespeare, ela seria formada
por estruturas construídas de diversas partes (complexidade) que possuem ajus-
te fino (especificidade). A existência dessas duas características conjuntamente
seria a assinatura de design.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 105

B1_EM_U1_C2_LD_2a prova.indd 105 09/02/15 14:51


O mÉtOdO dO di
Ao sugerir a ideia de design a TDI enfrenta um problema. Como é possível definir
empírica e cientificamente que algo foi planejado? Que tipo de teste poderia ser
aplicado na comprovação do design?
Mais uma vez, debaixo da influência da teoria da informação moderna, a TDI
estabelece uma relação entre complexidade especificada e probabilidade. A partir
dessa relação a teoria sustenta que nós poderíamos descobrir quão complexo e es-
pecífico é um evento, calculando as probabilidades de ele ocorrer aleatoriamente.
E que quanto menor for a probabilidade de aleatoriedade do evento, maior será
sua evidência de design. Pela via contrária, quanto maior for a especificidade dos
componentes necessários para produzir determinada função, maior pode ser a
confiança na conclusão de um planejamento inteligente.

Imagine que algumas meninas estejam brincando de va-


retas. Qual seria a probabilidade de, em uma das jogadas, as
varetas soltas aleatoriamente formarem uma casinha? Ou
então, a de um grupo de meninos, agitando uma sacola de
bolinhas de gude, ao jogá-las em uma caixa de sapatos, ve-
rem as bolinhas caírem assumindo um arranjo em forma de
cacho de uvas?
É com perguntas como essas, mas em relação à natureza,
que os cientistas do DI lidam na tentativa de verificar o design.
A relação entre complexidade e probabilidade entrega
aos proponentes do DI um novo problema: quão matemati-
camente improvável algo deve ser para concluirmos a
impossibilidade de que ele tenha surgido aleatoriamente?
Seria suficiente a probabilidade de 1 em 10? Um em 100?
Um em 1000? O matemático Wiliam Dembski define como
limite: uma chance em 10150 (por extenso: 1.000.000.000.000
.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.
000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.
000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.
000.000.000.000 – 1 seguido de 150 zeros). Possivelmente
você esteja curioso e se perguntando: de onde vem esse
número? Ele estaria fundamentado em alguma pesquisa e
argumentação científica? Confira abaixo a explicação do
próprio autor:
Os cientistas descobriram que dentro do universo físico
conhecido há cerca de 1080 partículas elementares, ou seja, 1
seguido de oitenta zeros. (Isso é grande, mas não infinitamen-
te grande, visto que o infinito “continua para sempre”, o que
significa que o infinito é infinitamente maior do que 1080).

106 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 106 05/02/15 18:07


Os cientistas também descobriram que a mudança de um estado da
matéria para outro não pode acontecer mais rápido do que o que os fí-
sicos chamam de tempo de planck. O tempo de Planck é tão breve que
faz que o piscar de olhos pareça séculos, em comparação. O tempo de
Planck é 1 segundo dividido por 1045 (1 seguido de 45 zeros). Isso é rápi-
do, mas não infinitamente rápido. Poderíamos reunir à força 1045 dessas
transições em não mais que um segundo.
Finalmente, os cientistas estimam que o Universo tenha cerca de
14 bilhões de anos de idade, ou seja, o próprio Universo é milhões de
vezes mais jovem do que 1025 segundos. Se, agora, supusermos que
qualquer evento físico no Universo exige a passagem de pelo menos k .co
m
toc
uma partícula elementar (a maioria dos eventos exige muito mais, é cla- utters
s/Sh
Kue
ro), então esses limites no Universo sugerem que o número total
de eventos ao longo da história cósmica não poderia ter excedido
1080 1045 1025 = 10150.

Isso significa que qualquer evento especificado, cuja probabilidade


é de menos que uma chance em 10150 permanece improvável mesmo
que deixemos cada canto e cada momento do Universo lançar o dado
proverbial. O Universo não é grande o suficiente, rápido o suficiente
ou velho o suficiente para lançar o dado vezes suficientes para ter uma
chance realista de gerar aleatoriamente eventos especificados que se-
jam tão improváveis (DEMBSKI 2012, p. 60).
Baseados, dentre outras coisas, no argumento e método anterior-
mente resumidos, os proponentes do Design Inteligente realizam suas
pesquisas afirmando buscar e encontrar sinais de design na natureza.
Uma das áreas de pesquisa mais comuns entre os proponentes do DI é
a microbiologia. Michael Denton, geneticista neozelandês, citado ante-
riormente como autor de um dos livros precursores do DI na década de
1980, afirma, por exemplo, sobre as células bacterianas, que cada uma
delas é “uma verdadeira fábrica microminiaturizada contendo milhares
de sofisticadas peças de estrutura molecular complexa, composta no
todo de cem mil milhões de átomos, muito mais complicada do que
qualquer máquina construída pelo homem e absolutamente sem para-
lelo no mundo inanimado” (DENTON 1986, p. 250). Por causa da
complexidade celular, a microbiologia tem sido vista pelos cientistas li-
gados ao DI como um campo fértil de pesquisas.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 107

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 107 05/02/15 18:07


Exemplificando, dentro dessa área, a aplicação do critério da
probabilidade, Dembski argumenta que de acordo com o cálculo
dos cientistas uma célula “com partes suficientes apenas para fun-
cionar mesmo em forma tosca deveria conter pelo menos 250
genes e suas proteínas correspondentes” (DEMBSKI 2012, p.62). Isso
significaria que a chance de surgimento randômico de uma célula,
mesmo uma que esteja entre as mais simples, seria bem maior que
10150. E ainda que a célula fosse gerada, ela morreria caso uma es-
trutura autodiretora e autoprotetora não fosse gerada ao mesmo
tempo e no lugar preciso. Neste caso, a probabilidade se “eleva tan-
to que, de fato, põe em dúvida a capacidade dos bioquímicos de
calculá-la. O melhor que eles podem fazer é definir um valor o mais
baixo possível, que supera em incontáveis trilhões de trilhões de
trilhões de vezes a probabilidade universal consolidada de uma
chance em 10150” (DEMBSKI 2012, p. 63).
Concluindo, o argumento central do DI é o de que a informação
– o fator determinante do processo de arranjo molecular – afasta a
ideia de arranjos aleatórios e aponta para a necessidade de uma
ação intencional e projetada. Esse argumento não despreza com-
pletamente todos os mecanismos propostos por Darwin, mas
problematiza a suficiência do processo de seleção natural. A per-
gunta levantada por esse programa científico é se os mecanismos
darwinianos de seleção natural seriam suficientes para explicar o
surgimento da vida e de toda sua diversidade.

1. Michael Behe, bioquímico atualmente ensinando na Universi-


dade de Lehigh, apresentou um termo para descrever o fenô-
meno da concepção inerente às máquinas moleculares, tais co-
mo o motor flagelar bacteriano – “Complexidade Irredutível”
– “um sistema único composto de várias partes que se encai-
xam e interagem perfeitamente, contribuindo assim à sua fun-
ção básica e onde a remoção de qualquer uma das partes faz
com que o sistema pare de funcionar eficazmente”.
Fonte: <http://www.allaboutthejourney.org/portuguese/complexidade-
irredutivel.htm>. Acesso em: jan. 2015.

108 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 108 05/02/15 18:07


Flagelo

BACTÉRIA FLAGELADA

Flagelo
Parede Gancho
celular

Engrenagens

Parede celular
Membrana interna
Ribossomo

Membrana
plasmática
Michael Behe é um dos cientistas que defendem a
teoria do Design Inteligente. Explique sucintamente
as principais ideias dessa teoria.

O Design Inteligente defende a ideia de que sistemas biológicos complexos

não teriam surgido ao acaso, de forma gradual. Teriam sido projetados por um

projetista, provavelmente uma inteligência superior à humana.

2. Qual é a relação entre a maquinaria molecular responsá-


vel pelo movimento do flagelo bacteriano e a chamada
“complexidade irredutível”?

Segundo a Teoria do Design Inteligente, o funcionamento do complexo motor

flagelar bacteriano só é exequível se todas as partes do sistema fossem criadas

de uma vez só (complexidade irredutível), isto é, cada peça que forma o sistema

não poderia ter surgido gradualmente ao acaso.

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | CAPÍTULO 2 | 109

B1_EM_U1_C2_LD_2a prova.indd 109 09/02/15 14:53


3. Por que além de irredutível essa complexidade
pode ser considerada também especificada?

Porque além de todas as peças do sistema terem de existir

conjuntamente para ele ser funcional (complexidade irredutível), cada

peça tem de ser especificada, ou seja, ter uma função, uma estrutura e

uma execução específica no sistema (complexidade especificada).

4. Pela linha da Teoria do Design Inteligente, por que a questão


da probabilidade na formação desse flagelo é relevante?

Porque interessa aos cientistas do Design Inteligente o quão provável essa estrutura

tenha sido aleatoriamente conjugada em sua complexidade irredutível especificada. Ou

seja, o fato de a estrutura ser complexa e irredutível significa que ela tem de ter existido

conjuntamente e com suas funções e estruturas especificadas. Mas e se essa existência

pudesse ser aleatoriamente constituída (como as bolinhas de gude jogadas em uma

caixa pudessem cair em formato de cacho de uvas)? Então importa saber qual é o

número dessa probabilidade e discutir quão pequeno esse número deve ser para que

possa ser considerado improvável.

Resolva a questão 20 do
caderno de atividades.

110 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 110 05/02/15 18:07


O deBate em açãO
O debate sobre a origem da vida e de sua diversi-
dade é uma realidade perene. Para exemplificá-lo,
vamos retomar uma hipótese evolucionista sobre
a origem da vida (a hipótese de Oparin/Haldane),
e o questionamento de um cientista ligado ao DI.
Relembrando, Oparin e Haldane inferiram que
as primeiras formas de vida teriam surgido natu- H H
ralmente a partir de uma “sopa orgânica” presente n
nos oceanos primitivos da Terra, ou em poças d’á-
gua em argila. Oparin afirmou que a atmosfera da H
Terra não era constituída da mesma forma que a
atmosfera atual. Essa atmosfera primitiva seria Amônia (NH3)
composta basicamente por hidrogênio (H2), me-
tano (CH4), amônia (NH3) e vapor de água (H2O).
Na Terra primitiva existiriam muitos vulcões em H
atividade que teriam liberado esses gases na at- o H
mosfera. À medida que a Terra se esfriava, a água c c n
se condensava, formando nuvens que gerariam H o H
chuvas, dando origem à água líquida presente H c H
nos oceanos primitivos. Com as fontes de energia
geradas pelas descargas elétricas das chuvas e H c H
pela radiação ultravioleta do sol existiriam condi-
ções de ocorrer inúmeras reações químicas que
H c
transformariam os gases da atmosfera primitiva n o
em substâncias químicas um pouco mais comple- H
xas. Essas substâncias seriam formadas
basicamente de carbono, hidrogênio, nitrogênio Glutamina – exemplo
de aminoácido
e oxigênio, tais como os aminoácidos. Observe os (C5H10O3N2 )
compostos ao lado e compare o número de áto-
mos de uma molécula de amônia com uma de
um aminoácido:
O conjunto dessas substâncias mais comple-
xas nos oceanos primitivos foi o que os cientistas
chamaram de “sopa orgânica”.

todos os compostos orgânicos têm carbono


em sua composição. entretanto, nem todos os
compostos que têm carbono são orgânicos,
como o metano (Ch4).

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 111

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 111 05/02/15 18:07


Oparin e Haldane, nessa sopa orgânica e nas rochas da superfície,
teria ocorrido uma “revolução química”. Por meio de diversas reações
químicas que teriam ocorrido ao longo de milhões de anos, compostos
orgânicos teriam formado outros compostos orgânicos mais complexos,
dentre eles as proteínas (formadas por aminoácidos) e os ácidos nuclei-
cos (o DNA e o RNA, compostos de cadeia longa), peças fundamentais de
qualquer ser vivo.
Observe a diferença entre a amônia, o aminoácido glutamina, uma pro-
teína e o DNA. Nesse esquema, o carbono, o hidrogênio, o nitrogênio e o
oxigênio estão representados por esferas:

molekuul.be/Shutterstock.com
Amônia Aminoácido (Glutamina) Proteína (Citocina)

molekuul.be/Shutterstock.com
Trecho de DNA

De acordo com a hipótese de Oparin-Haldane, as proteínas teriam se


aglomerado formando microesferas proteicas cercadas externamente
por água. Essa espécie de “capa protetora hídrica” funcionaria como um
isolante para a proteína, que estaria passando por reações químicas não
influenciadas por fatores ambientais. As primeiras células (ou seres uni-
celulares), com capacidades de produção de energia e reprodução,
teriam surgido de sistemas químicos semelhantes a essas microesferas
proteicas (chamadas de coacervados), há cerca de 3,5 bilhões de anos.
Dessas primeiras células teriam surgido organismos primitivos e, desses
organismos, outros mais complexos.

112 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 112 05/02/15 18:07


Logo depois, o cientista Miller construiu um
equipamento que tinha como objetivo testar a Oparin-Haldane porque, embora seja
hipótese de Oparin-Haldane que simulava as essencial para a maioria dos seres vivos,
condições da atmosfera primitiva da Terra. Em o oxigênio é um potente degradador de
seu experimento, Miller obteve uma mistura de compostos orgânicos.
aminoácidos e outros compostos orgânicos, mas
nenhum coacervado se formou. Porém, o cientis- 2. Evidências geológicas mais recentes
ta Sidney Fox aqueceu uma mistura de sugerem que os níveis de metano, amônia
aminoácidos em uma superfície de argila. Poste- e hidrogênio, essenciais ao modelo de Opa-
riormente, ele adicionou água salgada a essa rin-Haldane eram muito menores do que se
mistura e obteve microesferas proteicas delimita- imaginava quando a teoria deles foi elabo-
das por uma camada de moléculas de água, rada. Essa alteração nas quantidades desses
semelhantes aos coacervados de Oparin. elementos também poderia alterar as pro-
Após esses experimentos muitos estudiosos posições do modelo.
consideram que o modelo de Evolução Química,
proposto inicialmente por Oparin-Haldane, esta- 3. Outro fator que também alteraria as
ria correto. Ou seja, eles mostram que seria reações químicas entre os gases que
possível produzir compostos orgânicos comple- formariam os compostos orgânicos seria a
xos a partir de substâncias mais simples expostas quantidade de água que poderia existir na
a causas naturais (descargas elétricas, acúmulo atmosfera primitiva. Hoje, a maior parte da
de água etc.). Portanto, a hipótese darwinista so- superfície terrestre é coberta pelas águas
bre a origem da vida seria verdadeira. dos oceanos. Como esses compostos orgâ-
Atualmente, no entanto, cientistas ligados ao nicos conseguiriam se aglomerar para
Design Inteligente têm questionado a hipótese formar os coacervados estando imersos em
de Oparin e Haldane. Eles não negam a possibili- vastos oceanos? Para entendermos melhor
dade de que compostos orgânicos como os essa questão, vamos fazer uma analogia: o
coacervados sejam produzidos nas condições da sal que utilizamos na culinária tem aspecto
atmosfera primitiva. Mas questionam o fato de sólido para nós, ou seja, está na sua forma
que a atmosfera primitiva possa realmente ter si- molecular mais concentrada. Só que esse
do idêntica à da suposição, e de que o sal é oriundo do mar. Ele está lá também.
experimento de Miller seja prova definitiva da efi- Mas por que lá não nos parece tão sólido
ciência da seleção natural. É o caso do cientista como na cozinha? Porque está diluído na
estadunidense Paul Madtes Junior, que levanta as água. Seu aspecto mais aglomerado, com
seguintes objeções à hipótese e experimentos que estamos acostumados quando cozi-
em questão: nhamos, dá-se com a evaporação da água.
A mesma lógica seria possível de ser
A) Quanto à suposta atmosfera aplicada para a aglomeração necessária
primitiva de Oparin e Haldane: para a formação dos primeiros coacerva-
dos. Eles precisariam de pouca água, não
1. A presença de oxigênio seria uma de muita, para se aglomerar.
importante diferença. Segundo pesquisas,
possivelmente ¼ da concentração de oxigê-
nio existente hoje já existia na atmosfera
primitiva. Isso seria problema para o surgi-
mento da vida conforme a proposição de

biologia | 1 a série | Unidade 1 | Capítulo 2 | 113

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 113 05/02/15 18:07


b) quanto ao EXpErImEnto dE mIllEr:

1. Ele formou estruturas semelhantes aos coacervados, mas essas estruturas


tinham compostos que, devido a sua estrutura química, se associados, seriam
fatais para os seres vivos.

2. Os coacervados seriam aglomerados proteicos simples, mas não seriam células. Qual
é a diferença entre um coacervado e a célula? A célula é capaz de se reproduzir, ou se-
ja, formar um ser que contenha as mesmas características e funções. Para isso, o DNA
é essencial. Só proteínas não formam o DNA, mas sem DNA não há formação de pro-
teínas que carreguem as mesmas características e funções. Haveria apenas a
formação de proteínas aleatórias.

3. De um lado a hipótese de Oparin-Haldane propõe que os processos aleatórios e


randômicos seriam totalmente suficientes para garantir que gases muito simples,
como metano (CH4), amônia (NH), vapor de água (H2O) e hidrogênio (H2), por meio de
reações químicas, formassem compostos mais e mais complexos, ao ponto de se re-
produzirem e garantirem a transmissão de características e funções semelhantes às
suas, dando origem à vida. Após bilhões de anos, tais seres, expostos ao tempo e às
forças naturais, teriam sofrido alterações em suas composições químicas, proporcio-
nando toda a forma de vida que podemos observar hoje em nosso planeta. De outro,
Madtes apresenta um conjunto de questionamentos que, se comprovados, criariam
sérias dificuldades para a verificação da hipótese apresentada.

A necessidade de um projeto inteligente para além do mero acaso


pode ser observada no próprio experimento de miller. As condições
para a realização do experimento (a simulação da atmosfera primitiva
da atmosfera oparin-haldane) tiveram de ser criadas por ele. ou seja,
miller foi a inteligência por trás do experimento.

114 | biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 114 05/02/15 18:07


Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra
de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível.
Hebreus 11.3 (nvI)
neste capítulo pudemos estudar como o homem desenvolveu seu entendimento sobre
a diversidade da vida. este é um dos assuntos mais antigos da humanidade. Várias hi-
póteses foram criadas para decifrar este grande mistério. nos tempos de Darwin, este
era um dos assuntos mais discutidos, o próprio avô de Darwin, erasmus, já tinha pro-
posto uma versão naturalista da origem da diversidade. outros estudiosos, como Wil-
liam paley e Louis pasteur acreditavam que a complexidade do universo só poderia ser
explicada com a existência de um criador. em sua opinião, qual é o elemento funda-
mental desta discussão, ou seja, por que existem opiniões diferentes? Você acredita
que um dia chegaremos a um consenso definitivo sobre esta questão?

referências BiBliOGráficas
BALTIMORE, D. The Invisible Future. Wiley, 2001, p. 45. apud McALESTER, A. L. D. História Geológica da Vida. São Paulo:
DENNING, P.J. Communications of the ACM. 50(7):13-18. 2007. Edgard Blücher, 1978.

BEHE, M. J. Irreducible Complexity: The Biochemical Challenge to MEYER, S. C. Signature in the Cell. HaperOne, 2009.
Darwinian Theory (Public lecture). Pasadena, CA: Reasons to Believe.
1997. ________Darwin Doubt: the Explosive Origin of Animal Life and the
Case for Intelligent Design. Harper One. 2013.
________The Edge of Evolution. 1st Edition. Nova York:
Free Press, 2007. MOODY, P.A. Introdução à evolução. 3 ed. Brasília: Ed. UnB, 1975.

________Darwin´s Black Box: The Biochemical Challenge SHAPIRO, R. Prebiotic cytosine synthesis: A critical analysis and
to Evolution. Nova York: Free Press, 2006. implications for the origin of life. Proc. Natl. Acad. Sci. USA Vol.
96, pp. 4396-4401, April 1999.
DARWIN, C., 1985. Origem das espécies (traduzido por Eugênio
Amado). Belo Horizonte: Itatiaia/ EDUSP, 1985. STREITWIESER, A.; HEATHCOCK, C.H.; KOSOWER, E.M. Introduction
to Organic Chemistry. 4th Edition. Nova York: MacMillan, 1992.
DEMBSKI, W. A. Intelligent Design: the bridge between
science & theology. Downers Grove: IVP Academic, 1999. SUMMERS, R.L. et al. Diverse multational pathways converge
on saturable chloroquine transport via the malaria parasite´s
DEMBISKI, W. The Design Revolution. IVP Books, 2004. chloroquine resistence transporte. PNAS. April 11 2014: E1759-E1767.
Doi/10.1073/pnas.1322965111.
DEMBSKI, W & WITT, J. Design Inteligente sem censura: um guia
claro e prático para o debate. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. WELSS, J. The Politically Incorrect Guide of Darwinism and
Intelligent Design. 1st Edition. Regnery Publisher, 2006.
DENTON, Michael. Evolution: A Theory in Crisis, Chevy Chase,
Md. Adler & Adler, 1986. WHITFIELD, P. História Natural da Evolução. Lisboa: Verbo, 1993.

MADTES Jr. P. et al. Biology: Reveling Order, Complexity and Wright, Richard T. Relating science and Christian thought. In: ____.
Desing (in press – personal communication). Biology through the eyes of faith. EUA: Harper One, 2003.

biologia | 1 a série | Unidade 1 | CapítUlo 2 | 115

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 115 05/02/15 18:07


unidade 1
Refletindo
Ideias e
Atitudes
“E Deus viu tudo o que
havia feito, e tudo havia
ficado muito bom.”
Gênesis 1.31 (NVI)

De repente, você tem acesso fácil a um jardim de folhas verdes existentes, você teria algo com
maravilhoso, realmente muito grande e cheio de que se ocupar talvez pela vida inteira. Você nunca
plantas das mais variadas formas, perfumes e co- havia se dado conta da quantidade de variedade
res. Apesar da variedade de cores das flores, em de folhas verdes que existe a sua volta.
sua quase totalidade predomina aos seus olhos Tente desenhar uma folha em um papel; e de-
a cor verde. Imagine que, então, alguém lhe pede pois outra, totalmente diferente, e daí mais uma,
para ir para esse jardim e para trazer uma folha maior, e outra, menor, todas com a mesma cor,
verde Espázia. mas diferentes de alguma forma. Quantas você
Você não sabe o que é uma folha verde conseguiria? Até quando não se cansaria? Olhe
Espázia, certo? Na verdade, até hoje não existe ao seu redor: olhe as flores uma a uma, e os
nenhuma folha com esse nome. Mas isso não animais, e os seres microscópicos, e os flocos
importa, porque, no momento que você entra no de neve (cujos padrões não se repetem); e as
jardim, pela primeira vez você se dá conta de que, impressões digitais (exclusivas para cada um
mesmo que houvesse a tal folha verde Espázia, e de nós, seres humanos). Seres que vivem no
mesmo que você tivesse como conseguir separar calor, no frio, bem no alto, bem embaixo; na
um tipo de folha verde dos outros diversos tipos água, na terra, ou mesmo no ar.

116 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 116 05/02/15 18:07


Diomedia / Science Source / Photo Researchers

Os mitológicos jardins suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo


antigo, que teria existido em algum lugar da Mesopotâmia antiga. Segundo a len-
da babilônica, ele teria sido construído pelo imperador Nabucodonosor II para sua
esposa, a rainha Amytis, pois ela sentia falta dos vales e verdes de sua terra natal.
Note como a lenda sugere a antiga fascinação do homem pela beleza natural.

Talvez não haja um jardim ao seu lado, agora, enquanto você lê


estas linhas. Talvez jamais saibamos se existiu mesmo algo assom-
broso como os jardins suspensos da Babilônica antiga, que você
vê na imagem (que belo jardim, não?), ou até se algum dia haverá
uma bela folha verde chamada Espázia. Mas, pelo que estudamos
nessa unidade, você viu que a própria Terra funciona como um
imenso e diverso jardim. Daquilo que vimos até agora sobre esse
jardim-Terra, que é a criação de Deus e o belo objeto de estudo da
Biologia, talvez precisemos de um tempo para ver essa diversidade
e complexidade, não é? Talvez depois de vê-las, e sermos de algu-
ma forma encantados por sua beleza e grandeza, não paremos
mais de querer ficar perto delas e entendê-las: como surgiram,
como se diversificaram, e, conforme veremos na próxima unidade,
como interagem entre si. Você alguma vez já havia pensado sobre
a vida na Terra assim?

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 1 | 117

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 117 05/02/15 18:07


2
UNIDADE
"O SENHOR Deus colocou
o homem no jardim do Éden
para cuidar dele e cultivá-lo."
Gênesis 2: 15 (NVI).

"Do Senhor é a Terra e


tudo o que nela existe, o
mundo e os que nele vivem."
Salmos 24: 1. (NVI).

A BIODIVERSIDADE
E OS ECOSSISTEMAS
No começo do século XIX uma civilização da Ilha de Páscoa,
os Rapa Nui, já estava em franco declínio, segundo relatos de
navegadores europeus. Estudos arqueológicos apontam que
o povo Rapa Nui viveu na ilha localizada no Oceano Pacífico,
hoje pertencente ao Chile, entre os séculos XI e XIX.

O povoamento da Ilha de Páscoa começou quando povos da Polinésia


chegaram à ilha por meio de pequenas embarcações (balsas) trazendo
alguns alimentos (galinhas, plantas, água etc.). Os polinésios encontraram
um lugar muito bom para viver: solo muito fértil (rico em sais minerais de
natureza vulcânica), rica biodiversidade animal (fonte de proteínas), além
de grandes palmeiras fornecedoras de açúcares, amêndoas, folhas
(utilizadas na construção de utensílios e tetos das casas)
e madeira (utilizada na construção de casas e balsas). Assim,
os Rapa nui prosperaram na Ilha de Páscoa principalmente
entre os séculos XI e XIV, mas repentinamente
declinaram no século XIX.

Bem, mas se o solo era fértil e se havia


Localização da
abundância de alimentos na ilha, por que a
Ilha de Páscoa
população declinou tão bruscamente? Será
que um desastre natural (tsunamis, erupções
vulcânicas, queda de meteoro etc.) afetou a
ilha e levou os Rapa nui ao declínio?

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 118 05/02/15 18:07


Moais da Ilha
de Páscoa

Ainda que algum desastre tenha acontecido, o


declínio de uma civilização normalmente envolve
mais de um fator. Para entender o que aconteceu
na ilha de Páscoa temos que saber, por exemplo,
como eram as relações sociais do povo Rapa Nui.

com
ck.
sto
ter
hut
y/S
Acredita-se que havia na ilha
p h
ra
otog
T ph
um líder supremo governando uma
população formada por cerca de doze clãs,
que competiam entre si pelo poder político
O número de colheitas foi
e econômico. A competição ocorria por meio
diminuindo e levou os Rapa Nuis
de construções de grandes estátuas de pedra,
à fome, fator decisivo para o
denominadas moais, que chegaram a medir
declínio populacional e o
4 metros de altura e a pesar 10 toneladas, cada uma.
colapso social. A complexa
O deslocamento dos moais era feito por meio de
sociedade Rapa Nui passou a
trenós de madeira e exigia um grande número de
viver em guerras pelo direito de
pessoas para puxá-los. Gastava-se tanta energia
utilizar os poucos recursos
para a construção e transporte de meras estátuas
restantes.
de pedras que os moais simbolizavam fonte
Em 1825, navegadores
de poder e riqueza e eram determinantes
ingleses relataram que a Ilha
para as organizações política
de Páscoa estava em ruínas;
e social daquele povo.
não havia moais erguidos e
seus habitantes permaneciam
divididos em pequenos clãs
pobres e improdutivos.
Porém, toda a aparente fartura de
alimento e outros recursos naturais não
foram suficientes para evitar o colapso
dessa civilização. Acredita-se que a
população cresceu demais em pouco
tempo. Os recursos eram retirados da
natureza em tempo recorde, sem que esta
pudesse se recuperar. O desmatamento
excessivo para dar lugar às extensas áreas
• Em sua opinião, como o caso do povo Rapa
agriculturáveis causou o demasiado
Nui demonstra a existência de uma relação
empobrecimento do solo e
entre a vida e o meio em que ela desenvolve?
a consequente erosão. O caos
estava instaurado. • Você acha que uma exploração sustentável
dos recursos naturais poderia ter evitado o
declínio dessa população?
• Será que é possível uma forma de vida
não depender do meio em que vive?

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 119 05/02/15 18:07


A Vida no
Ca

t

ul
o
sE
3
cossiste

m
as

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 120 05/02/15 18:07


Em 1972, o estudioso britânico James Lovelock propôs que a Terra
funciona como um “único organismo vivo”, capaz de se autorregular
e com notável interação entre seus componentes (água, ar, solo, ge-
lo e os próprios seres vivos). É como se a Terra tivesse “vida” e tam-
bém capacidade de resolver seus próprios problemas; desse modo,
ela própria consegue gerar os recursos necessários para seu equilí-
brio. Quer um exemplo? Nessa concepção, poderíamos dizer que
todo o oxigênio necessário para a respiração dos seres vivos é gera-
do pelos próprios seres vivos (especialmente os fotossintetizantes);
o alimento necessário para sustentar os seres vivos é gerado pelos
próprios seres vivos. A proposta de Lovelock foi chamada “hipótese
Gaia”, em referência a uma deusa da mitologia grega (Gaia era a
“mãe” da Terra, segundo os gregos).
Embora boa parte da comunidade científica não concorde com
a definição de que a Terra seja de fato um ser vivo, o conceito de
que nosso planeta tem capacidade de “resolver seus próprios pro-
blemas”, dentro de certos limites, é visto com bons olhos por boa
parte da comunidade científica. Stephane Bidouze/Shutterstock.com

Mas será que a capacidade do planeta Terra de se autorregular


pode ser afetada pela humanidade? O que você acha? Se o planeta
Terra é a casa de todos nós, não deveríamos ter mais cuidado com
ele? No final da década de 1990, foi inaugurada no Rio Uatamã,
no distrito de Balbina (estado do Amazonas), a Usina Hidrelétrica de Balbina. Para construir a
usina, foi necessário criar uma enorme represa, à custa do alagamento de uma área de
aproximadamente 2380 km2, prejudicando drasticamente a fauna e a flora da região. Muitos
animais acabaram morrendo, outras espécies abandonaram seu habitat natural, fugindo para
outras áreas. Os empreiteiros inundaram a área onde hoje é a represa sem retirar as árvores do
local. A vegetação inundada sofreu decomposição, gerando gases que colaboram com o
aquecimento global, tais como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). O oxigênio (O2)
dissolvido na água da represa foi consumido pelas bactérias durante o processo de
decomposição. Sem oxigênio na água, os peixes e outros organismos aquáticos aeróbios
morreram. A população indígena também foi afetada diretamente pela construção da Usina
Hidrelétrica de Balbina, pois aproximadamente 30 mil
hectares de terras indígenas foram inundados.
Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens A construção da Usina Hidrelétrica de Balbina foi um
desastre ecológico! Trata-se de um triste exemplo de
intervenção humana no meio ambiente, sem
planejamento e estudo prévio. Você percebeu que as
ações humanas impensadas podem alterar o equilíbrio
natural e a capacidade de autorregulação do ambiente,
prejudicando não só os seres vivos, como próprio homem?
Fonte de pesquisa: Época, 12 mar. 2011. Adaptado.

Restos de árvores inundadas no lago formado pela usina


hidrelétrica de Balbina, Presidente Figueiredo – AM.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 121

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 121 05/02/15 18:08


o
átom

éculas
ol
m
o
id
c
te

or
ganela
c
él

ór g
ul a

ã
o

te
ma
a nismo
rg
is
s

122 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 122 05/02/15 18:08


Os Níveis
de Organização
da Vida
Do simples para o complexo! É assim que a vida
está organizada. Por causa disso, podemos estu- bi
dar a vida no planeta de acordo com o grau de
os f
organização que ela se apresenta.
Comecemos, então, pelos átomos, que se reú- era
nem e formam diversos tipos de moléculas, que
se organizam e formam as organelas, que por

ecossistem
sua vez constituem as células (especialmente
as eucariotas); um conjunto de células organiza-
das podem formar muitos tipos de tecidos; teci-
dos diferentes se reúnem para formar alguns a
tipos de órgãos; um conjunto de órgãos desem-
penhando funções semelhantes forma tipos dife-
rentes de sistemas, os quais se organizam para
manter um organismo vivo.

ulaçã
p op o de
ida
un

m
co
Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 123 05/02/15 18:08
Todo organismo (nível de organização básico em ecologia)
pertence a determinada espécie. Mas são muitas as espécies
existentes no planeta. Essa incrível variedade de espécies pode SUGESTÕES DE SITES PARA CONSULTA:
ser chamada, de forma simplificada, de biodiversidade. Pesquise <www.mma.gov.br/biodiversidade/
quais são os países que reúnem a maior biodiversidade do biodiversidade-brasileira>
planeta e qual é a situação do Brasil nesse contexto. O resultado (acesso em: 11 nov. 2012)
de sua pesquisa pode ser apresentado na forma de slides de
Power Point, ou por meio de cartazes (painéis). <http://marte.museu-goeldi.br/
marcioayres/index.php?option=com_
Muitos ecologistas consideram o organismo o nível organi- content&view=article&id=9&
zacional básico do meio ambiente. O organismo é um indivíduo Itemid=10 >
que pertence a determinada espécie. “Oficialmente”, os cientis- (acesso em: 11 nov. 2012)
tas descobriram mais de dois milhões de espécies na Terra, en-
tre animais, vegetais, fungos e microrganismos. No entanto, <www2.uol.com.br/sciam/noticias/
embora já tenhamos descoberto tantas espécies, presume-se biologos_propoem_criar_o_
que a biodiversidade do planeta seja composta de mais de oito barometro_da_vida.html>
milhões de espécies viventes nos ambientes terrestre e aquáti- (acesso em: 11 nov. 2012)
co. Quanta diversidade, você não acha?

Um conjunto de organismos pertencentes à mesma espécie, que vive em determi-


nada área, recebe o nome de população. Você acha que uma população de organis-
mos é capaz de sobreviver sozinha, independentemente de outras espécies? Bem, isso
é muito difícil de acontecer. O que se observa na natureza é que quase sempre uma
população interage com outras espécies (outras populações), e que essa interação é
fundamental para a manutenção de todas elas. Assim, um conjunto de populações
que vive em determinada área é denominado comunidade biológica (ou biocenose).
A reunião entre a comunidade biológica e os fatores físico-químicos (temperatu-
ra, umidade, pH, pluviosidade etc.) do lugar onde ela vive é denominada ecossiste-
ma. Assim, pode-se dizer que um ecossistema é formado pelos fatores vivos
(bióticos), representados pela comunidade biológica, e pelos fatores não vivos
(abióticos), representados pelo lugar (biótopo). A principal fonte de energia que
entra no ecossistema é o sol.

energia fAtor biótiCo fAtor AbiótiCo


Comunidade Fatores físico-químicos

Ecossistema = os seres + temperatuda, pH,


vivos salinidade, relevo,
umidade etc.

parte da matéria + energia parte da


energia energia
perdida perdida

124 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 124 05/02/15 18:08


Nosso planeta apresenta vários tipos de ecos- • Ecossistemas dependentes: são ecossistemas
sistemas: lagos, rios, florestas, desertos, cavernas, com menor grau de autossuficiência (sustenta-
oceanos, campos, até mesmo mangues e pânta- bilidade), geralmente dependentes de recursos
nos. Para efeito didático, muitos autores dividem (matéria e energia) oriundos de outros ecossis-
os ecossistemas em duas categorias: temas. Exemplos: um campo de cultivo, uma
cidade ou uma caverna.
• Ecossistemas autossuficientes: são ecossiste-
mas com consideráveis graus de sustentabili- O conjunto de todos os ecossistemas do
dade, isto é, são aqueles que tendem a se planeta, ou seja, o conjunto das regiões do
manter estáveis com seus próprios recursos. planeta que abrigam os seres vivos pode ser
Exemplos: os oceanos e as florestas. chamado biosfera.

ECossistEmAs

ECOSSISTEMAS QUE TENDEM ECOSSISTEMAS NÃO


À AUTOSSUFICIÊNCIA AUTOSSUFICIENTES

Aliaksei Smalenski/Shutterstock.com
Ann Cantelow/Shutterstock.com

gary yim/Shutterstock.com
gary yim/Shutterstock.com

Manguezal Floresta Amazônica Cidade de São Paulo Milharal

1. Observe o diagrama a seguir: Identifique os níveis de


organização referentes aos boxes
Conjunto de organismos Conjunto de organismos A, B, C e D, respectivamente.
da mesma espécie de espécies diferentes
A = população;

EspéCiE A b B = comunidade;

C= ecossistema; e

D = biosfera.
C d

Conjuntos de lugares do Reúne a comunidade


planeta onde há vida biológia e os fatores
físico-químicos Resolva as questões 39 e 45
do ambiente. do Caderno de Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 125

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 125 05/02/15 18:08


BIOLOGIA,
TECNOLOGIA,
SOCIEDADE E
AMBIENTE
BROMÉLIAS, UM
BMJ/Shutterstock.com

VERDADEIRO ECOSSISTEMA
Um ecossistema tem sempre grandes dimensões,
certo? Errado! As dimensões dos ecossistemas
são variáveis. Uma bromélia, planta epífita
comum das matas tropicais brasileiras, pode
constituir ela própria um ecossistema. Você tem
alguma bromélia em casa? Leia o texto a seguir.
Você se surpreenderá.
“Numa floresta, grande número de espécies
Bromélia sobre
um tronco de animais depende diretamente das bromélias.
de árvore. Essas plantas habitam desde o chão da mata até
locais altos próximos às copas das árvores. Além
Chien C. Lee/Minden_Pictures/Latinstock

disso, existem espécies que podem ser encontra-


das sobre rochas. Todas essas variedades são clas-
sificadas, respectivamente, como terrestres,
epífitas e rupículas. Muitas espécies da família
Bromeliaceae possuem a base das folhas bem
alargadas e sobrepostas de tal maneira que for-
mam uma espécie de tanque, o que favorece o
armazenamento de água das chuvas. Devido a
Pequeno anfíbio essa característica, esses indivíduos são denomi-
escondido nas nados popularmente de “bromélias tanque”,
folhas de uma
sendo às vezes o único reservatório de água em
bromélia.
alguns fragmentos de floresta.
Na Mata Atlântica existem muitas espécies de bromélias. As bromélias tanque são
opção de abrigo de uma grande variedade de espécies. Nesse micro ecossistema já
foram encontrados desde larvas de insetos até répteis. Assim, nas “bromélias tanque”
vivem pequenas espécies de crustáceos (caranguejos), aracnídeos (aranhas), anfíbios
(sapos e pererecas) e répteis (cobras e lagartos) que dependem da água e da umida-
de que as Bromélias oferecem. Inclusive, é só nesse ambiente que podemos encon-
trar algumas espécies raras de tarântula, sapos, pererecas e jararaca.
Já foram encontradas mais de 400 espécies que se relacionam de uma forma
ou de outra com as bromélias. Dessa forma, quando uma bromélia é retirada do
ambiente é como estivéssemos derrubando um lar de muitos moradores que ini-
ciam o seu ciclo de vida e ainda se reproduzem e, portanto, prejudicando não so-
mente a planta, e sim uma comunidade de seres viventes.”
Texto produzido para essa obra. Bianca Alsina Moreira

126 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 3

B1_EM_U2_C3_LD_5a prova.indd 126 06/12/16 18:59


Baseando-se no texto, responda:

1. Por que alguns autores conside-


ram a bromélia um ecossistema?

Porque a bromélia pode conter várias espécies de seres vivos que interagem entre si (comuni-

dade biológica) e que também interagem com os componentes abióticos, como a água, os sais

minerais e os compostos orgânicos armazenados em suas folhas. A interação da comunidade

biológica com os componentes físico-químicos do ambiente é chamada ecossistema.

2. O texto descreve alguma comunidade


biológica? Do que ela é composta?

Sim. Segundo o texto, dentro ou no entorno de uma bromélia pode haver uma

comunidade biológica constituída por diferentes populações: larvas de insetos,

libélulas, aranhas, sapos, aves, mamíferos etc.

O Lugar e o
Modo de Viver
Onde você mora? Em qual lugar você vive, na cidade ou no campo? Qual é o seu estilo
de vida? Você tem hábitos noturnos ou diurnos? Quais são seus alimentos prediletos?
As perguntas acima giram em torno do seu habitat e do seu nicho ecológico,
dois fatores que caracterizam todas as espécies de seres vivos do planeta. Quer ver
um exemplo? Você conhece o sagui (Callithrix jacchus)? Trata-se de um pequeno pri-
mata, muito comum no Brasil. O habitat do sagui são as matas brasileiras, com am-
pla distribuição geográfica: Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado. O nicho ecológico
do sagui é caracterizado pelos hábitos diurnos, com alimentação onívora (insetos,
ovos, frutos e goma).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 127

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 127 05/02/15 18:08


Callithrix
jacchus.
Getty Images/Flickr RF

O habitat refere-se ao lugar onde vive a espécie, isto é, onde ela


está adaptada a viver. Por exemplo, a savana africana é o habitat
do leão; o costão rochoso da praia é o habitat de muitas espécies
de mexilhões; charcos e pântanos são os habitats de muitas espé-
cies de rãs. O nicho ecológico, por outro lado, refere-se ao modo
de vida da espécie e reúne vários fatores, como: hábitos (noturnos
ou diurnos), tipo de alimentação (carnívoro, herbívoro ou onívoro),
estratégias de caça, estratégias de fuga, rituais de acasalamento,
tempo de gestação e tolerância fisiológica a fatores ambientais
(calor, frio, salinidade, entre outros).

veJa algUns eXemPlos

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO


guentermanaus/Shutterstock
.com
Jaguatirica Leopardus pardalis

HABITAT
Florestas, cerrados e campos abertos
Distribuição geográfica: do México
à Argentina

NICHO ECOLÓGICO
Alimentação: carnívora; caçadora exímia
de pacas, lagartos, cotias, aves etc.
Hábitos: noturnos
Longevidade: 20 anos
Tempo de gestação: cerca de três
meses (de 1 a 4 filhotes por gestação).

128 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 128 05/02/15 18:08


NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO
Morcego hematófago Desmondus rotundus

HABITAT
Cavernas, minas, bueiros, árvores ocas, telhados das casas
Distribuição geográfica: do sul do México à Patagônia;
pode ser encontrado nas florestas brasileiras, no Cerrado,
nos campos e nas regiões semiáridas.

NICHO ECOLÓGICO
Alimentação: sangue dos mamíferos (animal hematófago).

belizar/Shutterstock.com
Hábitos: noturnos
Longevidade: de 15 a 30 anos
Tempo de gestação: sete meses (1 filhote por gestação).

Você seria capaz de descrever o habitat e o nicho ecológico da espécie humana?


Dedique um tempo para responder a essa pergunta. O conhecimento sobre habitat
e nichos ecológicos é muito importante para compreender o relacionamento entre as
espécies, e, por isso, é um elemento essencial da Biologia. No próximo capítulo, por
exemplo, você verá que duas ou mais espécies que vivem em um mesmo habitat não
podem apresentar exatamente o mesmo nicho ecológico, pois haveria entre elas uma
competição tão acirrada pelos recursos naturais (água, alimento, espaço etc.) que a
existência de uma excluiria a existência da outra.

com
ock.
ss erst
pre ut t
lha

Sh
cer/
/Fo
Silva

pen
Hugh S
Edson

1. Leia o artigo a seguir e


responda às perguntas:

sAibA um pouCo mAis sobrE o tAtu-bolA,


Tatu-bola. Fuleco: o mascote
EsColHido pElA fifA pArA sEr A mAsCotE da Copa de 2014.
dA CopA do mundo do brAsil, 2014.
são as principais ameaças à sua
O tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) é uma espécie sobrevivência. É a única espécie
de tatu encontrada na Caatinga e no Cerrado. São capaz de se enrolar completa-
dotados de três cintas móveis, de onde origina o mente, formando uma bola
nome tricinctus. Medindo cerca de 50 centímetros, quando se sente ameaçada.
o tatu-bola tem hábito noturno e alimenta-se de Disponível em: <www.estadao.com.br/
cupins, formigas e frutas. noticias/esportes,saiba-mais-sobre-o-tatu-
Essa espécie não escava buracos, mas aproveita bola-mascote-da-copa-de-2014-,931859,0.
tocas abandonadas. A caça e a destruição do habitat htm>.Acesso em: nov. 2013.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 129

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 129 05/02/15 18:08


a. Segundo o texto, qual é o habitat do tatu-bola?

Tocas abandonadas em áreas da Caatinga e do Cerrado.

b. E qual é seu nicho ecológico? Resolva a questão 40 do


Caderno de atividades.
Alimenta-se de cupins, formigas e frutas. Tem hábitos noturnos.

A Dinâmica dos Ecossistemas


Tudo interligado! Tudo dinâmico! O que acontece aqui repercutirá acolá, pois a
existência de uma espécie depende da existência de outras. A energia que nos man-
tém vivos vem do alimento que comemos, mas, para que os alimentos contenham
energia, é necessário que parte da energia luminosa emitida pelo Sol seja absorvida
pelos seres fotossintetizantes e transferida para todos os seres vivos, ao longo das re-
lações alimentares existentes em um ecossistema.
As interações que foram descritas sucintamente, especialmente as relações
alimentares, caracterizam a dinâmica dos ecossistemas. Mas, então, pense nisto:
que posição ocupamos nas cadeias alimentares? Bem, talvez agora fique a dúvida:
mas o que é uma cadeia alimentar?

Cadeia alimentar
As relações alimentares existentes entre os seres vivos podem ser representadas
por um esquema denominado cadeia alimentar.
Vejamos abaixo a estrutura simplificada de uma cadeia alimentar:

carnívoro
autótrofo herbívoro
consumidor consumidor consumidor consumidor
produtor
primário secundário terciário quaternário

decompositores

ou microconsumidores

Cada “elo” ou “parte” da cadeia alimentar é denominado nível trófico. Basicamente,


pode-se dizer que há três categorias de nível trófico:

•• Produtores: são os organismos autotróficos, isto é, aqueles que conseguem transfor-


mar matéria inorgânica em matéria orgânica, apropriando-se de uma fonte de energia
(por exemplo, luz solar no caso da fotossíntese). Os principais produtores das cadeias
alimentares são os seres fotossintetizantes (plantas, bactérias proclorófitas, cianobac-
térias e algas protistas) e os seres quimiossintetizantes (certas espécies de bactérias).

130 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 130 05/02/15 18:08


Produtores fotossintetizantes
Por meio da fotossíntese, as plantas, as algas
protistas, as cianobactérias e as bactérias
proclorófitas produzem substâncias orgânicas
(como a glicose), utilizando energia da luz e
substâncias inorgânicas, como água, gás
carbônico e sais minerais.

MATÉRIA ORGÂNICA pode ser liberado


(alimentos da planta) para o meio ambiente

luz 6O2
6 CO2 12 H2O C2H12O6 6H2O
gás carbônico água glicose água gás oxigênio

substâncias substâncias
consumidas produzidas
Fotossíntese
simplificada.

oxidação
substâncias
Produtores quimiossintetizantes subprodutos
minerais
Certas espécies de bactérias (ferrobactérias,
sulfobactérias, bactérias nitrificantes etc.) também energia
convertem substâncias inorgânicas em
substâncias orgânicas a partir da energia química
liberada de reações de oxidação de substâncias substâncias
CO2 H2O
orgânicas
inorgânicas (minerais). Esse processo denomina-se
quimiossíntese. Repare que a quimiossíntese não
necessita de luz para a sua ocorrência. Quimiossíntese simplificada.

•• Consumidores: são organismos heterótrofos, que necessitam consumir a matéria or-


gânica pronta disponível no corpo de outros organismos. Os predadores, os detritívo-
ros (que se alimentam de detritos) e os parasitas são exemplos de consumidores. Os
animais, além de muitas espécies de protozoários e bactérias, ocupam essa categoria
de nível trófico. Os primeiros consumidores da cadeia alimentar são os consumidores
primários (ou de primeira ordem), herbívoros que se alimentam de produtores. Os
consumidores secundários (ou de segunda ordem) se alimentam de consumidores
primários; os consumidores terciários (ou de terceira ordem), por sua vez, se alimen-
tam de consumidores secundários; os consumidores quaternários (ou de quarta or-
dem) se alimentam de consumidores terciários, e assim sucessivamente. Organismos
carnívoros (como nós, os seres humanos) existem na cadeia alimentar apenas a partir
dos consumidores secundários.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 131

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 131 05/02/15 18:08


Você sabia que não são comuns cadeias alimentares
compostas por níveis tróficos muito avançados (consumido-
res de quinta ou sexta ordem)? Por que será? Deve haver
uma explicação para isso, você não concorda?
Tente, até o final deste capítulo, descobrir o porquê.

Microrganismos aquáticos
Você já deve ter ouvido falar que nos ambientes aquáticos existe um conjunto de organismos
denominado plâncton. São criaturas muito pequenas, a maioria microscópica, que – por não
conseguirem vencer as correntes d’água – apenas flutuam em sua superfície, tanto em ambientes
de água doce (lagos, represas etc.), como de água salgada (mar). Podemos dividir o plâncton em
dois grupos:

• Fitoplâncton (produtores dos ambientes aquáticos): composto por milhares de espécies


de algas unicelulares eucariontes (diatomáceas, dinoflagelados, euglenas e outras),
cianobactérias e proclorófitas (bactérias fotossintetizantes) com grande capacidade
fotossintética. Estudos indicam que o fitoplâncton produz quase 90% da matéria orgânica
presente nos ambientes aquáticos (especialmente o marinho), além de aproximadamente
95% do oxigênio atmosférico.

• Zooplâncton: são pequenos animais e protozoários que se alimentam do fitoplâncton, ou


de outros componentes do próprio zooplâncton. Esse grupo reúne diversos tipos de larvas
(insetos, crustáceos, equinodermos), microcrustáceos (como anfípodes e copépodes) etc.

•• Decompositores: categoria heterótrofa composta de consumidores es-


peciais (certas espécies de fungos e bactérias) capazes de transformar as
substâncias orgânicas presentes nos restos mortais em substâncias inor-
gânicas (sais minerais). Os sais minerais provenientes da decomposição
podem ser reaproveitados pelos produtores (primeiro nível da cadeia ali-
mentar) para a realização da fotossíntese. Por causa dessa função espe-
cial, os decompositores são essenciais para a reciclagem da matéria.

Getty Images Getty Images/Science Photo Library RM

Copépodes (microcrustáceos típicos do zooplâncton). Algas microscópicas do fitoplâncton


(base das cadeias alimentares aquáticas).

132 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 132 05/02/15 18:08


Detritívoros
Alimentam-se de restos
mortais e excrementos

com .
tock
tters
/Shu
Urubu.

ean
Detritívoros e

a go
iliut
decompositores

Mat
thew
A maioria dos autores faz

Cole
/Shu
distinção entre organismos

tters
tock
detritívoros (ou necrófagos) e

com .
organismos decompositores.

com .
tock
Os organismos detritívoros são

tters
Shu
cha/
aqueles que se alimentam de restos Piolho-

sh
nyu
de-cobra.
mortais (carcaças de animais

Pakh
mortos, folhas mortas) ou de

john
excrementos deixados pelos seres

mic
hae
Minhoca.

l eva
vivos. As minhocas, os urubus, o

n po
tter/ utterst
piolho-de-cobra, o besouro –

Sh
rola-esterco –, entre outros, são

ock.
com
exemplos de animais detritívoros. Besouro-
Os detritívoros têm papel muito rola-esterco.
importante na natureza, pois
impedem que se acumulem na DeCOMPOSITORES
superfície, tanto terrestre como Degradam totalmente
aquática, cadáveres e excrementos. os compostos orgânicos

Seb
astia
Além disso, seus processos presentes nos restos

n Ka
ulitz
digestivos transformam as mortais e excrementos

ki/Shutter
substâncias orgânicas ingeridas em

stoc
com k.
nutrientes semidecompostos, que
com

podem ser reaproveitados pelas


.
tock

Bactérias.
tters

plantas ou pelos decompositores


/Shu
Niar

(assim os detritívoros facilitam o


trabalho dos decompositores).
Os organismos decompositores
degradam totalmente as Fungos.
substâncias orgânicas (proteínas,
carboidratos, lipídios, ácidos
nucleicos) presentes nos restos
mortais ou nos excrementos
deixados pelos organismos,
transformando-os em sais minerais
(fosfatos, nitratos, nitritos, sulfatos,
e outros), gases (como o gás
carbônico) e água. Diversas espécies
de bactérias e fungos têm notável
capacidade de decomposição.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 133

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 133 05/02/15 18:08


Por fim, para que você possa compreender melhor as
cadeias alimentares, seguem exemplos de algumas delas:

CONSUMIDOR CONSUMIDOR CONSUMIDOR


PRODUTOR PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO

Fitoplâncton Zooplâncton Peixes Gaivotas

DECOMPOSITORES
Exemplo de cadeia alimentar
de ambiente aquático.

CONSUMIDOR CONSUMIDOR CONSUMIDOR CONSUMIDOR


PRODUTOR PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO QUATERNÁRIO

Plantas Gafanhotos Lagartos Cobras Corujas

Exemplo de cadeia alimentar


DECOMPOSITORES
de ambiente terrestre.

Teia alimentar
Talvez você tenha percebido que a representação das rela-
ções alimentares por meio de cadeias alimentares, apesar
de útil, é apenas um esquema simplificado, que não revela
todas as relações tróficas (alimentares) existentes entre os
organismos que compõem uma comunidade biológica.

134 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 134 05/02/15 18:08


Nesse sentido, as chamadas teias alimentares são mais realistas
do que as cadeias alimentares, pois mostram todos os níveis tróficos
ocupados pelos organismos que constituem uma comunidade bio-
lógica. Um organismo pode ocupar mais de um nível trófico,
isto é, pode ter alimentação variada, podendo exercer os papéis
de consumidor primário e secundário (nesse caso, o organismo se-
ria onívoro) ou de consumidor secundário e terciário etc.
A teia alimentar, portanto, reúne mais de uma cadeia alimentar,
e apresenta com mais precisão as dinâmicas dos ecossistemas, co-
mo mostra o esquema a seguir:
nEssA tEiA
AlimEntAr tEmos:
Milho: produtor.
Gaviões Lagartas: consumidores
de 1a ordem.
Roedores: consumidores
de 1a e 2a ordens.
Rãs: consumidores de 2a ordem.
Cobras: consumidores de
Cobras 2a e 3a ordens.
Gaviões: consumidores de
2a, 3a e 4a ordens.

Rãs
Lagartas
(Insetos)

Roedores

Milho

1. No laboratório de Biologia de uma


universidade, os estudantes de Biologia
montaram um grande aquário de água
a. Quantas populações existem nesse aquário?

Doze.
salgada. No interior dele, há duas espé-
cies de esponjas, uma espécie de anê- b. Quantas comunidades biológicas
mona do mar, uma espécie de ouriço existem nesse aquário?
do mar, três espécies de crustáceos,
duas espécies de peixes e três espécies Uma.
de algas. Sendo assim, responda:

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 135

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 135 05/02/15 18:08


2. Leia o texto abaixo:

Cavernas - Onde não há luz, também pode ter vida


Segundo o CNC – Cadastro Nacional de Cavernas (<http://www.caver-
nas.org.br/cnc/CavernasBW/RegioesBrasil>) –, o Brasil apresenta mais
de 6000 cavernas.
A ausência de luz solar é o principal fator limitante em uma caver-
na, por isso, é muito difícil encontrar plantas em seu interior. De uma
forma geral, as cavernas apresentam alto teor de umidade, com pou-
cas variações de temperatura (especialmente nos locais mais distan-
tes da entrada).
Mas, se não há luz, quem são os produtores das cavernas? Geral-
mente são algumas espécies de bactérias quimioautotróficas (qui-
miossintetizantes), que utilizam compostos de ferro ou de enxofre
para produzir compostos orgânicos que servem de alimento.
Há predomínio de organismos detritívoros, que degradam maté-
ria orgânica contida em carcaças e fezes de animais que vêm do am-
biente externo.
A quantidade de matéria orgânica produzida pelas bactérias
quimioautotróficas não é suficiente para manter uma comunidade
biológica complexa no interior das cavernas. Assim, os seres vivos
cavernícolas dependem direta ou indiretamente da matéria orgânica
procedente do meio externo. Ela chega às cavernas através de proces-
sos físicos (em geral por rios ou enxurradas que ali penetram) ou por
meio de animais que se escondem nas cavernas em busca de abrigo
ou segurança. Carcaças e fezes de animais (tais como morcegos) po-
dem servir de alimento para algumas espécies de invertebrados.
A água que se infiltra nas cavernas através das rochas, por sua
vez, também pode trazer compostos orgânicos dissolvidos, além
de microrganismos como protozoários e bactérias.
Fonte de pesquisa em: Revista Ciência Hoje, volume 29, p. 24-25, 2001.

Tendo como base o texto e os conhecimentos de ecologia, responda:

a. As cavernas podem ser consideradas ecossistemas? Justifique.

Sim, pois reúnem os fatores bióticos (seres vivos, em geral organismos detritívoros)

e fatores abióticos (aspectos físico-químicos, como a umidade e a temperatura).

Embora não seja autossuficiente, pois depende da chegada de matéria orgânica

vinda do exterior, as cavernas apresentam considerável grau de interação entre

os fatores abióticos e a comunidade biológica.

136 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 136 05/02/15 18:08


b. Dentre os termos do texto que estão em c. Por que não há plantas nas cavernas?
negrito, destaque os fatores abióticos e os Quem são os produtores desse ambiente?
fatores bióticos.
Não há plantas em virtude da ausência
Bióticos: bactérias quimioautotróficas,
permanente de luz. Os produtores das cavernas
organismos detritívoros, protozoários,
são algumas espécies de bactérias
morcegos e invertebrados.
quimioautotróficas (realizam quimiossíntese).
Abióticos: luz solar, umidade, temperatura,

água e rochas.

d. Toda a matéria orgânica das cavernas é produzida dentro dela? Justifique.

Não. Parte da matéria orgânica vem do exterior e é trazida por fenômenos físicos

(rios, enxurradas) ou por animais (detritos, fezes etc.).

3. Observe o esquema abaixo.

matéria energia
luz solar orgânica perdida

OR GANISMO 1 OR GANISMO 2

sais
minerais

a. Quais são os níveis tróficos ocupados


pelos organismos 1 e 2, respectivamente?

Os organismos 1 são os produtores (fotossintetizantes autotróficos)

e os organismos 2 são os decompositores (bactérias e fungos).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 137

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 137 05/02/15 18:08


4. Abaixo, temos uma teia alimentar
simplificada do ambiente antártico.

Orcas
Leopardos marinhos

Aves
Pinguins

Baleias
Elefantes-marinhos

Krill Peixes

Copépodes
Lulas

Fitoplânctons

Preencha a tabela abaixo com o nível trófico ocupado


pelos organismos que compõem essa teia alimentar.

ORGANISMO DA TEIA NÍVEL TRÓFICO QUE OCUPA

Fitoplâncton Produtor
Copépodes Consumidores de 1a ordem
Krill Consumidores de 1a e 2a ordem
Baleias Consumidores de 2a e 3a ordem
Lulas Consumidores de 2a e 3a ordem
Peixes Consumidores de 2a e 3a ordem
Pinguins Consumidores de 2a, 3a e 4a ordem
Aves Consumidores de 2a, 3a e 4a ordem Resolva as
Elefantes marinhos Consumidores de 3 , 4 e 5 ordem
a a a
questões 43, 44,
Leopardos marinhos Consumidores de 3a, 4a e 5a ordem 46 e 47 do
Caderno de
Orcas Consumidores de 3a, 4a, 5a e 6a ordem
atividades.

138 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 138 05/02/15 18:08


Roman Sakhno/Shutterstock.com

O Caminho da
Energia na Natureza
Vivemos em um mundo dinâmico, com objetos se movendo e com luzes se acen-
dendo. Veículos transitam pelas mais variadas vias de acesso; pessoas conversam
ou enviam mensagens por celulares; as luzes da cidade brilham mais intensa-
mente durante a noite; em casa, uma série de aparelhos eletrônicos está em
pleno funcionamento; nas fábricas, máquinas ou robôs funcionam sem parar.
Quanta mobilidade! Quanta motricidade! Quanto brilho! Nossa vida se torna
cada vez mais dependente de tudo isso. Mas não podemos nos esquecer de
uma coisa: tudo isso só funciona com energia! Os carros, os celulares, os
aparelhos eletrônicos e as máquinas consomem energia.
Mas e quanto ao funcionamento do nosso organismo? Ele depende de ener-
gia? Sem dúvida! Mas de onde vem essa energia? Vem das substâncias presentes
no alimento. Mas de onde vem a energia que está armazenada nas substâncias
presentes no alimento? A resposta para essa pergunta é: “do Sol”. Vamos pensar,
portanto, sobre como a energia do Sol foi transportada até o alimento.
Na natureza, ocorrem várias transformações de energia. Grande parte dos se-
res vivos do planeta depende direta ou indiretamente da energia da luz solar que
chega à Terra. Dessa energia:

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 139

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 139 05/02/15 18:09


30% são refletidos para Fonte de pesquisa: INPE – Instituto
o espaço pela atmosfera. Nacional de Pesquisas Espaciais:
<http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/
•• 6% são refletidos pela atmosfera e swf/natureza_radiacao/1_3/01_03_00_
se espalha pelo espaço. ba_x.swf>. Acesso em: nov. 2012.

•• 20% são refletidos pelas nuvens.


•• 4% são refletidos pela superfície
do planeta.
Dos 51% de energia solar absorvidos
19% são absorvidos pela superfície terrestre, cerca de 5% são
pela atmosfera. utilizados na fotossíntese.
Assim, os organismos fotossintetizan-
•• 3% são absorvidos pelas nuvens. tes absorvem parte da energia luminosa
do Sol e a armazenam nas ligações quími-
•• 16% são absorvidos pelo vapor- cas dos compostos orgânicos, como a gli-
d’água, pela poeira e por outros cose. Repare que durante a fotossíntese a
componentes. energia luminosa transforma-se em
energia química (glicose).
51% são absorvidos Por meio da cadeia alimentar, a ener-
pela superfície. gia química nos compostos orgânicos
produzidos na fotossíntese é repassada
•• 25% penetram na superfície para os demais níveis tróficos, porém não
sem interferência da atmosfera. integralmente. Ocorre perda de energia
durante essa passagem.
•• 26% difundem-se pela superfície.

O FLUXO DA ENERGIA É UNIDERECIONAL E DIMINUI À MEDIDA QUE VAI SENDO TRANSFERIDA

Fluxo
Energético

Árvores Abelhas Pássaros Gaviões


pequenos
Energia
Luminosa ER ER ER ER

140 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 140 05/02/15 18:09


O esquema anterior nos mostra que há perda de energia em cada nível trófico.
Como já vimos, nos produtores há transformação de energia luminosa em energia
química, armazenada nas moléculas orgânicas produzidas na fotossíntese. No entan-
to, parte dessas moléculas orgânicas é consumida na respiração das plantas, isto é,
parte da energia que estava armazenada nas moléculas orgânicas (glicose) é utiliza-
da para manter o metabolismo das plantas e, portanto, é utilizada para mantê-las
vivas. Além disso, durante a respiração parte da energia é perdida na forma de calor.
Quando as plantas morrem ou eliminam excreções, também há perda de energia.
Assim, graças à perda de energia ocorrida nos produtores, a quantidade de ener-
gia disponível para os consumidores primários diminui. Esse processo tende a se re-
petir ao longo dos outros níveis tróficos que compõem a cadeia alimentar.

vocÊ sabe quais são os alimentos mais energéticos?


por tatiana zanin (nutricionista clínica).
Os alimentos energéticos são aqueles que conferem mais
disposição ao organismo, ideais para quem pratica algum esporte. Eles são,
basicamente, as gorduras e os açúcares.
Alguns exemplos de alimentos energéticos de baixas calorias são:

• Atum, sardinha, aspargos


• Couve, pepino, vagem
• Rabanete, abóbora, repolho
• Molho, batata-doce, berinjela
• Leite, iogurte, laranja
• Cenoura, tomate, morango
• Gérmen de trigo, tofu, frango
• Melão, mamão, abacaxi

Esses alimentos são ricos em carboidratos e fornecem o combustível


que o corpo necessita. No caso de atletas, por consumirem muita energia e
necessitarem de maior resistência para o corpo suportar o desgaste físico, é
importante que se siga uma dieta equilibrada com energia extra, que deve
ser preparada e adaptada por um nutricionista.
Fonte de pesquisa: <www.tuasaude.com/alimentos-energeticos/>. Acesso em: out. 2013.

Quando um herbívoro (consumidor primário) alimenta-se das


plantas, boa parte da matéria orgânica ingerida é eliminada pelas
fezes ou excrementos (perda de energia), enquanto outra parte
é gasta durante a respiração (manutenção do metabolismo).
Apenas uma pequena parte da energia do alimento (de 2 a 15%)
é armazenada nas moléculas orgânicas que constituem o corpo
do animal. É essa a energia que estará disponível para o nível trófi-
co seguinte (consumidores secundários). E os decompositores?
Como eles obtêm energia? Bem, eles obtêm energia degradando
as moléculas orgânicas presentes nos restos mortais de todos os

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 141

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 141 05/02/15 18:09


níveis tróficos. Portanto, parte da energia liberada Unidades de medida
da decomposição é utilizada no metabolismo dos de energia
decompositores (bactérias e fungos) e outra par- Abaixo, veja as unidades de
medida de energia mais utilizadas
te é também perdida na forma de calor. pelos cientistas.
E então? Você percebeu que boa parte da
energia proveniente do Sol é perdida (ou dissipa- • Joule (J)
• Caloria (cal)
da) quando ela é introduzida na cadeia alimentar
• Quilocaloria (kcal)
pelos produtores? Mas que quantidade de ener-
gia é de fato assimilada em cada nível trófico que Sendo que:
compõe uma cadeia alimentar? Será que pode- 1 quilocaloria (kcal) = 1 000 cal

mos calcular isso? Podemos, sim!


1 cal = 4,2 J (1 cal corresponde à
Por meio de relações matemáticas, é possível quantidade de calor necessária
calcular a quantidade de energia que foi perdida para que a temperatura de um
ou dissipada e também a quantidade de energia grama de água passe de 14,5 ºC
para 15,5 ºC).
que foi assimilada por cada nível trófico e arma-
zenada na matéria orgânica (biomassa).

Produtividades
primária e secundária

I. Produtividade Primária
A Produtividade Primária é a quantidade de matéria orgânica (biomassa)
produzida pelos produtores, por unidade de área (ou de volume) e por unidade
de tempo. Seguindo esse raciocínio, temos os seguintes componentes relacionados:

• PPB (Produtividade Primária Bruta): equivale à quantidade


de matéria orgânica (biomassa) produzida pela fotossíntese.

• R (Respiração): equivale à quantidade de matéria


orgânica (biomassa) consumida na respiração.

• PPL (Produtividade Primária Líquida): equivale à quantidade


de matéria orgânica (biomassa) armazenada nos tecidos
e disponível para os demais níveis tróficos.

Dessa forma, podemos estabelecer o seguinte raciocínio matemático: PPL = PPB - R

Biomassa produzida na fotossíntese


PPB

R PPL

Biomassa gasta na respiração Biomassa disponível

142 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 142 05/02/15 18:09


II. ProdutIvIdade SecuNdárIa
A quantidade total de matéria orgânica ingerida por um animal
herbívoro (consumidor primário) pode ser chamada de Produtividade
Secundária Bruta (PSB). Sabe-se, contudo, que boa parte dessa matéria
orgânica será perdida nos excrementos (E), e outra boa parte será
consumida no processo de respiração (R). O que sobra é a matéria
orgânica que é armazenada na forma de gordura, glicogênio e outras
substâncias em diversos tecidos. A matéria orgânica armazenada no
corpo do herbívoro pode ser chamada Produtividade Secundária
Líquida (PSL). PSL = PSB – (E+R)

matéria orgânica
incorporada matéria
orgânica consumida
na respiração
PSB R
ALIMEN TO
matéria
orgânica ingerida

E
matéria
orgânica perdida
nas fezes/urina

1. Considere a situação descrita abaixo.

“Determinada espécie de inseto consome uma quantidade de matéria orgânica


presente nas folhas ingeridas, cujo valor energético corresponde a 1 000 kcal.
Cerca da metade dessa matéria orgânica é eliminada pelas fezes do inseto. Da outra
metade, cerca de 90% são consumidos na respiração (metabolismo energético)
e 10% são armazenados na forma de compostos orgânicos no corpo do inseto”.

Sendo assim, responda:

a. Quantas quilocalorias foram eliminadas pelas fezes?

500 kcal.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 143

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 143 05/02/15 18:09


b. Quantas quilocalorias foram
consumidas na respiração do inseto?

450 kcal (90% das 500 kcal aproveitadas efetivamente pelo inseto).

c. Quantas quilocalorias estão disponíveis


para o predador do inseto?

50 kcal (10% das 500 kcal aproveitadas efetivamente pelo inseto).

Resolva as questões 41 e 42
do Caderno de atividades.

Pirâmides Ecológicas
É um “tal” de “energia que entra” e “energia que sai” nas rela-
ções tróficas que compõem os ecossistemas, não é mesmo?
Às vezes fica até difícil de enxergar tudo isso. Mas os cientis-
tas inventaram uma forma didática de compreender o que
ocorre em cada um dos níveis tróficos: as chamadas pirâmi-
des ecológicas. Por meio delas podemos representar grafica-
mente a quantidade de energia, o número de organismos e
a quantidade de biomassa presentes em cada nível trófico.
A base (o primeiro degrau) da pirâmide sempre deve re-
presentar o nível trófico ocupado pelos produtores. Logo
acima, o segundo degrau representa os consumidores pri-
mários, o terceiro degrau representa os consumidores se-
cundários, e assim sucessivamente. A largura do degrau
representa a “quantidade” do fator que se pretende repre-
sentar (ou medir).
Mas talvez você esteja se perguntando: “Medir o quê?
O que devemos medir?”. Três informações são necessárias
para que tenhamos uma compreensão mais fidedigna dos
fenômenos que regem cada nível trófico, e cada uma dessas
informações é representada graficamente por um tipo de pi-
râmide: o número de indivíduos presentes, a quantidade
de biomassa e a quantidade de energia.

144 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 144 05/02/15 18:09


Pirâmide de número
Ela expressa a quantidade de indíviduos presentes num
nível trófico numa certa área, num certo momento.
Para o exemplo abaixo, temos a seguinte cadeia alimentar:

Corujas
Lagartos

Gafanhotos

50
Corujas

Gramíneas
300
Lagartos
Vamos imaginar que, numa determinada
área, durante certo tempo, 10 000 gramíneas
sustentem 1 000 gafanhotos, que servem de 1 000
Gafanhotos
alimento para uma população de 300 lagar-
tos, que, por sua vez, alimentam 50 corujas.
Poderíamos transformar esses dados numa 10 000
Gramíneas
pirâmide de número, como a que podemos
observar ao lado.

No ano de 1927, Charles Elton, um ecólogo inglês, sugeriu a construção de pirâ-


mides de números. Segundo Elton: “Por se reproduzirem mais rapidamente, os ani-
mais de pequeno porte geralmente são mais numerosos do que os animais maiores”.
Dessa forma, as pirâmides de número transmitiriam, pela sua própria estrutura, a
quantidade de animais que comporiam uma cadeia alimentar. Estudos de campo
confirmaram a hipótese de Elton, e, eventualmente, as pirâmides de número mostra-
vam-se invertidas ou deformadas. Essas deformações acontecem porque o
tamanho dos animais é que determina sua quantidade, e não necessariamente o
lugar que ele ocupa na cadeia.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 145

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 145 05/02/15 18:09


Por exemplo, considere que em uma única árvore vivam
10 bichos-preguiças, e que em um único bicho-preguiça existam
1 000 carrapatos. A pirâmide de número para essa cadeia alimentar
teria uma configuração invertida, como mostra o esquema abaixo.

10 000
Carrapatos

10
Bichos
Preguiças
Assim, por meio das pirâmides de número é possível ter
uma ideia da quantidade de indivíduos que ocupa, em um da-
1 do momento, determinado nível trófico, e também entender
Árvore
como a quantidade de indivíduos presentes em um nível trófi-
co influencia na quantidade de indivíduos presentes em outro.

Pirâmide de biomassa
Nosso organismo armazena energia, mas em que parte ela está? On-
de ela está armazenada? De que forma ela está armazenada? A ener-
gia está armazenada em nossas moléculas orgânicas (carboidratos,
gorduras etc.), mais precisamente nas ligações químicas entre os áto-
mos que as constituem. Portanto, podemos dizer que a energia está
armazenada em nossa matéria orgânica ou em nossa biomassa.
A pirâmide de biomassa expressa a quantidade de biomassa
(matéria orgânica) armazenada em cada nível trófico.

146 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 146 05/02/15 18:09


(0,01 kg)
Corujas

(1 kg)
Lagartos

(10 kg)
Gafanhotos

(300 kg)
Gramíneas

Em certas situações, no entanto, como em ambientes


aquáticos, a pirâmide de biomassa pode se apresentar defor-
mada, pois representa apenas a biomassa num dado instante,
sem considerar a velocidade de sua geração por cada espécie.
Peixes
É como se “tirássemos uma foto” da quantidade de biomassa.
A foto registra apenas um rápido instante, e pode ocorrer que
nesse exato momento a pirâmide de biomassa esteja inverti-
Zooplâncton
da. Se, entretanto, “filmássemos” a formação de biomassa, ve-
rificaríamos que uma grande quantidade de fitoplâncton, por
exemplo, seria produzida muito mais rapidamente do que Fitoplâncton
uma de zooplâncton. Portanto, no tempo decorrido da “filma-
gem”, muito mais biomassa de fitoplâncton seria produzida
em relação à biomassa de zooplâncton.

Pirâmide de energia
Finalmente, a pirâmide de energia representa a
quantidade de energia/área ou volume/tempo Corujas
acumulada em um determinado nível trófico e (20 kcal/km2/ano)
disponível para o nível trófico seguinte. A pirâmi-
de de energia nunca se mostra invertida ou de-
formada, pois, conforme vimos antes, ocorrem Lagartos
perdas energéticas graduais ao longo dos níveis (200 kcal/km 2/ano)
tróficos da cadeia alimentar.

Gafanhotos
(2000 kcal/km2/ano)

Gramíneas
(20000 kcal/km 2/ano)

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 147

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 147 05/02/15 18:09


Assim, por meio da pirâmide de energia, os cientistas podem
deduzir quais são os níveis tróficos mais energéticos e estimar a quan-
tidade de energia retida e perdida em cada um deles, especialmente
no nível trófico dos produtores, pois é nele que se assimila a energia
que sustentará todos os outros. Afinal, quanto maior a quantidade de
energia disponível nos produtores, maior será a quantidade de ener-
gia repassada para o nível trófico ocupado pelos consumidores, como
os seres humanos. Você não acha importante saber a quantidade de
energia produzida por uma plantação, por um pasto, por uma floresta
ou até mesmo por um lago, ou trecho do oceano? Não é desses
lugares que retiramos os nossos alimentos? O nosso sustento?

1. Leia o texto a seguir.

Um estudante de Biologia notou que nos galhos de uma ma-


cieira havia muitos pulgões, insetos parasitas que se alimentam
da seiva orgânica da planta. Notou também que, em alguns
galhos da macieira, joaninhas atacavam e devoravam os pul-
.com
k
gões. Eventualmente, pardais que sobrevoavam a região pou- toc
ters
hut
lor/S

savam na macieira para se alimentar das joaninhas.


Nay
th
Kei

Baseando-se em suas observações, o estudante de Biologia


elaborou a seguinte cadeia alimentar, além de uma planilha de
balanço energético. Joaninha atacando
um grupo de pulgões.

MACIEIRA PULGÕES JOANINHAS PARDAIS

148 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 148 05/02/15 18:09


MACIEIRA PULGÕES JOANINHAS PARDAIS

Valor energético da biomassa


250 000 kcal
produzida por fotossíntese

Valor energético da bio-


massa gasta na respiração 100 000 kcal 50 000 kcal 20 000 kcal 3 000 kcal

Valor energético da biomassa


50 000 kcal 20 000 kcal 3 000 kcal
eliminada nos excrementos

Quantidade de 1
organismos contabilizados
10 000 500 5

Tendo como base as informações dadas e seus


conhecimentos de Biologia, resolva os itens a seguir.

a. Construa uma pirâmide de energia para essa cadeia alimentar


e adicione, ao lado de cada degrau da pirâmide, a quantidade
de energia (kcal/ano) disponível para o nível trófico seguinte.
Lembre-se que você pode usar as fórmulas que apresentamos
anteriormente para ajudá-lo a responder.

Em primeiro lugar, temos que descobrir qual é o valor da produtividade primária líquida (PPL), por meio da fórmula

PPL = PPB – R, sendo que a produtividade primária bruta (PPB) corresponde à quantidade de biomassa produzida na

fotossíntese (250 000 kcal) e a respiração (R) corresponde à quantidade de biomassa gasta na respiração (100 000 kcal).

Sendo assim, temos para o primeiro nível trófico (macieira): PPL = 250 000 – 100 000 PPL = 150 000 kcal/ano (valor

da base da pirâmide). Esse valor será passado para o próximo nível trófico (pulgões).

Para saber a quantidade de energia efetivamente armazenada no segundo nível trófico (pulgões), podemos utilizar a

fórmula PSL = PSB – (R +E) PSL = 150 000 – (50 000 + 50 000) PSL = 50 000 kcal/ano (valor do degrau da pirâmide

correspondente ao nível trófico ocupado pelos pulgões).

Para saber a quantidade de energia efetivamente armazenada no terceiro nível trófico (joaninhas), podemos utilizar a

fórmula PTL = PTB – (R + E) PTL = 50 000 – (20 000 + 20 000) PTL = 10000 kcal/ano (valor do degrau da pirâmide

correspondente ao nível trófico ocupado pelas joaninhas).

Para saber a quantidade de energia efetivamente armazenada no quarto nível trófico (pardais), podemos utilizar a

fórmula PQL = PQB – (R + E) PQL = 10 000 – (3 000 + 3 000) PQL = 4 000 kcal/ano (valor do degrau da pirâmide

correspondente ao nível trófico ocupado pelos pardais).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 149

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 149 05/02/15 18:09


Portanto, temos a seguinte pirâmide de energia:

kcal/ano
Pardais

10000
kcal/ano
Joaninhas

50000 kcal/ano
Pulgõe s

150000
kcal/ano
Macieira

b. Construa uma pirâmide de números para essa cadeia alimentar e adicione, ao lado de
cada degrau da pirâmide, a quantidade de indivíduos registrados em um ano de estudo.

5
Pardais
500
Joaninhas

10000
Pulgões
1
Macieira

Resolva as questões 48 e 49
do Caderno de atividades.

150 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 150 05/02/15 18:09


os CaMinhos
dA mAtériA nA nAturEzA
Você sabe que os átomos são parte da matéria da natureza e que o corpo humano é
formado por átomos, certo? Muito bem. Observe agora algumas partes do seu corpo
e pense nas seguintes perguntas: os átomos que compõem o seu corpo são renova-
dos, isto é, são substituídos por outros, ou ficam presos aos nossos corpos durante
toda a nossa existência? Será que em nossos corpos há átomos que já estiveram
presentes no corpo de outros animais, ou até mesmo em vegetais?
Ao contrário da energia, que, conforme vimos no item anterior, diminui de quan-
tidade ao longo da cadeia alimentar, o caminho da matéria na natureza é cíclico:
ocorre uma reciclagem da matéria no mundo natural.
Para entender isso melhor: são seis os elementos químicos encontrados nas molé-
culas orgânicas que constituem os organismos vivos: carbono (C), hidrogênio (H),
oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). Em conjunto, esses elementos
químicos são conhecidos como “CHONPS”.

principais moléculas elementos químicos


orgÂnicas dos seres vivos presentes nas moléculas

CARBOIDRATOS C H O
Carbono Hidrogênio Oxigênio

LIPÍDIOS C H O
Carbono Hidrogênio Oxigênio

PROTEÍNAS C H O N S
Carbono Hidrogênio Oxigênio Nitrogênio Enxofre

ÁCIDOS NUCLEICOS C H O N P
Carbono Hidrogênio Oxigênio Nitrogênio Fósforo

Esses elementos “circulam” na natureza; ora na forma de compostos inorgânicos


(sais minerais); ora na forma de compostos orgânicos formadores dos tecidos vivos,
ou seja, na forma dos principais constituintes químicos dos seres vivos; e ora no meio
externo (atmosfera, hidrosfera, litosfera).
A circulação desses elementos pela natureza é conhecida pelo termo “ciclo bio-
geoquímico”. Você lembra qual é o papel dos organismos decompositores (fungos
e bactérias) para a ocorrência dos diversos ciclos biogeoquímicos? Eles são respon-

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 151

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 151 05/02/15 18:09


sáveis diretos pela reciclagem da matéria nos planeta. Ao lado, cada número explica
ecossistemas. detalhadamente o que acontece em cada
Em quase todos os ciclos biogeoquímicos etapa do desenho.
(especialmente os ciclos do nitrogênio, do carbo-
no e do oxigênio), você vai notar a participação 1. Evaporação e Condensação: sob a ação do
dos decompositores para a ocorrência dos ciclos. sol, a água líquida presente nos mares, lagos,
Nos ciclos descritos abaixo, você verá alguns e rios evapora formando vapor-d’água.
exemplos interessantes de como a matéria da na-
tureza se renova regularmente. 2. Transpiração: os vegetais e os animais
eliminam vapor-d’água pelo processo
Ciclo da Água de transpiração.
Você sabia que parte da água presente nas
gotas das chuvas esteve um dia em seu corpo? 3. Precipitação: nas altas camadas da atmosfe-
Você sabia que parte da água presente nas gotas ra, o vapor-d’água, submetido a baixas tem-
das chuvas voltará um dia para seu corpo? A água peraturas, sofre condensação e
do mundo não acaba, apenas se transforma e cir- transforma-se em minúsculas gotículas de
cula pela natureza. Notaremos isso ao estudar o água líquida (ou até mesmo em pequeníssi-
ciclo da água. mos cristais de gelo), que se aglomeram pa-
O que se sabe até o momento é que a Terra ra formar as nuvens. A água líquida retorna à
é o único planeta do sistema solar que apresenta superfície do planeta na forma de chuvas
quantidade abundante de água (essencial para a (precipitações) ou na forma de neve.
manutenção da vida) nos estados físico, sólido e
gasoso. A água em nosso planeta está distribuída 4. Percolação: parte da água líquida
da seguinte forma: 97,5% de água salgada e 2,5% infiltra-se no solo e forma os chamados
de água doce. lençóis freáticos.
Levando em consideração apenas a porção
de água doce do planeta, 68,9% estão na forma 5. Nutrição: os vegetais absorvem água arma-
sólida (geleiras das calotas polares), 29,9% estão zenada no solo por meio de suas raízes. Os
armazenadas nos lençóis freáticos (águas subter- animais obtêm água bebendo-a diretamen-
râneas), 0,9% presente na atmosfera e nos corpos te, ou através da alimentação. Parte da água
dos seres vivos e 0,3% presente nos rios e lagos. que os organismos vivos consomem é utili-
O esquema abaixo mostra as principais transfor- zada nos processos metabólicos, na síntese
mações que ocorrem com a água em nosso de outras substâncias e até mesmo armaze-
nada em seus próprios tecidos.

1
3

5
INFILTRAÇÃO NO SOLO

4 LAGO

LENÇOL FREÁTICO

152 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 152 05/02/15 18:09


Ciclo do Carbono
O elemento carbono é encontrado praticamente em todas as
partes de nosso organismo. Então quer dizer que tem carbono na
pele, nos cabelos, nos ossos, no sangue. Sabe por que tem carbono
em quase todos os tecidos que constituem nosso corpo? Porque
em nossos tecidos e em todos os organismos há matéria orgânica.
O carbono (C) está presente em todas as moléculas orgânicas
que constituem os seres vivos, mas é a atmosfera a principal fonte
de carbono do planeta. No ar, o carbono apresenta-se principal-
mente sob a forma de dióxido de carbono (CO2). Mas como o
carbono presente na atmosfera chega aos seres vivos? Veja o
esquema abaixo:

1
CO2
5
4

VEGETAIS 2
ANIMAIS

3
DECOMPOSITORES

1. Fotossíntese: por esse processo, as plantas ções. Durante esse processo, há liberação de
e os outros organismos clorofilados absor- carbono, na forma de CO2, para a atmosfera.
vem CO2 para produzir moléculas orgânicas.
Dessa forma, ocorre transferência do carbo- 4. Respiração: quando respiram, animais e
no que estava presente no CO2 para as molé- vegetais liberam carbono para a atmosfera
culas orgânicas dos organismos dos seres na forma de CO2.
autotróficos (vegetais em geral).
5. Queima de Combustíveis fósseis: os veículos
2. Nutrição: os animais obtêm carbono por e as indústrias, durante o processo de com-
meio da alimentação, isto é, consumindo bustão dos diversos tipos de combustíveis
moléculas orgânicas presentes no corpo fósseis (como os derivados de petróleo),
dos vegetais ou no corpo de outros animais. também liberam carbono para a atmosfera
na forma de CO2.
3. Decomposição: os microrganismos decom-
positores degradam as moléculas orgânicas
presentes nos restos mortais ou nas excre-

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 153

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 153 05/02/15 18:09


Das muitas teorias sobre o surgimento do petróleo, a mais
aceita diz que ele se formou a partir da decomposição de
matéria orgânica (principalmente algas), causada pela pouca
oxigenação e pela ação de bactérias. Esses seres teriam se
acumulado no fundo dos mares e lagos e, com o passar de milhões de anos, o peso
dos sedimentos sobre eles depositados teria promovido compactação e
aquecimento, levando às transformações que deram origem ao petróleo.
A temperatura mínima para deflagrar esse processo é 49 ºC, mas ela pode chegar a
177 ºC. Isso corresponde a profundidades de 1500 e 6400 metros, respectivamente.
Se a matéria orgânica for levada a profundidades maiores, ou seja, submetida a
temperaturas superiores a 177 ºC, transforma-se em gás ou grafita.Esse processo de
formação é, como se viu, extremamente lento, por isso, considera-se o petróleo um
recurso não renovável.
Fonte: <www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1256&sid=129>. Acesso em: dez. 2013.

CiClo do nitrogênio
O elemento químico nitrogênio está presente em moléculas
orgânicas essenciais para os organismos, como as proteínas e
os ácidos nucleicos (DNA e RNA). Se você nunca ouviu falar do
nitrogênio, preste atenção neste fato: cerca de 78% da atmosfera
é composta de gás nitrogênio (N2), o que a torna a principal fon-
te de nitrogênio do planeta.

o gás do riso
O elemento químico nitrogênio faz parte da
constituição não só das moléculas orgânicas,
mas de muitas outras substâncias, dentre as quais o chamado “gás do riso”.
Quer saber o que é isso? Leia o texto abaixo.

O gás do riso, ou hilariante, produz uma suave depressão numa região do


cérebro relacionada aos sentimentos e à autocensura. Ao inalá-lo, a pessoa
entra num estado de relaxamento e felicidade, podendo mesmo rir à toa. [...]
Ainda não se sabe precisamente qual é o mecanismo de ação do gás, cujo
nome correto é óxido nitroso (N2O). Ele foi descoberto em 1772 pelo químico
inglês Joseph Priestley. Alguns anos depois, verificou-se que o gás provocava
uma sensação agradável ao ser inalado. [...]
Em 1844, o dentista americano Horace Wells percebeu que o gás tinha
efeito anestésico por acaso: numa festa, Wells reparou que um dos convidados
que havia inalado o óxido nitroso se machucou, mas não demonstrava sentir
dor. Curioso, o dentista resolveu testar a substância e foi o primeiro paciente a
ter um dente extraído após inalar o gás. Em consultórios dos Estados Unidos,
da Europa e de outros países espalhados pelo mundo, o óxido nitroso é usado
há tempos. Já no Brasil só agora vem conquistando mais adeptos.

154 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 154 05/02/15 18:09


“O paciente se mantém calmo e consciente, Rapidamente o gás começa a circular pela
o que aumenta a segurança do procedimento corrente sanguínea e ruma em direção ao sistema
odontológico”, diz o cirurgião dentista Luiz Alberto nervoso central, onde o óxido nitroso passa a agir
Ferraz de Caldas, diretor da Associação Brasileira cerca de 5 minutos após ser inalado pela pessoa.
dos Cirurgiões Dentistas, seção do Rio de Janeiro. A ação do gás é no córtex cerebral, região
Em cinco minutos, o óxido nitroso já aumenta relacionada aos sentimentos de medo, ansiedade
a tolerância à dor. e autocensura. Acredita-se que ele reduza as
Por meio de uma máscara, o paciente inala transmissões nervosas no córtex. Uma eventual
uma mistura de óxido nitroso e oxigênio − no vontade de rir é efeito secundário. O mais
máximo com 70% de óxido. Esses dois gases importante no consultório é que o gás relaxa o
saem de cilindros, e a proporção da mistura é paciente e aumenta sua tolerância à dor, agindo
controlada pelo dentista. Após ser inalado, o como um anestésico.
gás alcança os pulmões. Como a substância tem Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-
grande capacidade de expansão, ela passa pelos o-gas-do-riso-age-no-corpo>. Trechos selecionados. Acesso em: jan.
alvéolos pulmonares e cai na corrente sanguínea. 2015.

N2
6
Sabemos que o elemento
nitrogênio é importante para
1
todos os seres vivos, no entanto,
o nitrogênio sob a forma de N2
não está disponível nem para os
vegetais, nem para os animais. 4
Para que os átomos de nitro- VEGETAIS
ANIMAIS
gênio caminhem pelas cadeias
alimentares dos diversos ecos-
sistemas, é necessário o traba- 5 NH3
lho silencioso de várias espécies
NO3 NO2
de bactérias, sem as quais não 3 2(b) 2(a)
seria possível a presença de
nitrogênio na constituição das
moléculas orgânicas que for- 1. Fixação (de N2 a NH3): certas espécies de cianobactérias e as
mam os corpos dos animais bactérias fixadoras convertem o nitrogênio atmosférico (N2)
e vegetais. em amônia (NH3). Essas criaturas são encontradas livremente
O esquema a seguir mostra nos ecossistemas aquáticos e terrestres, ou associadas de
de forma simplificada as princi- forma mutualística às raízes de plantas da família das legu-
pais etapas do ciclo do nitrogê- minosas (alfafa, soja, feijão, ervilha etc.). As leguminosas
nio na natureza. Em seguida, absorvem e aproveitam a amônia produzida por essas
detalhamos o que acontece bactérias fixadoras (presentes em nódulos das raízes),
em cada etapa do ciclo: especialmente as do gênero Rhizobium.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 155

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 155 05/02/15 18:09


Buslik/Shutterstock.com
Raios
Descargas elétricas liberadas durante as chuvas
e as tempestades também são capazes de
transformar N2 em NH3.

2. Nitrificação (NH3 a NO3-):


esse processo pode ser
dividido em duas subfases:

•• Nitrosação: processo realiza-


do por certas bactérias qui-
miossintetizantes (exemplo:
Nódulo com
Bactérias Nitrossomonas), que em seus
Foto ampliada processos metabólicos con-
mostrando as vertem NH3 (amônia) em ni-
bactérias fixadoras trito (NO2-).
do gênero Rhizobium
RM/Hugh Spencer

AMPLIAÇÃO •• Nitratação: processo realiza-


do por certas bactérias qui-
archers
Rese

miossintetizantes (exemplo:
to
Pho
es/

y Im
ag
Gett Nitrobacter), que em seus
processos metabólicos
imited

Foto ampliada de
l

convertem nitrito (NO2-)


ls Un

raiz de leguminosa
is u a
s/V

em nitrato (NO3-).
age

m
ty I
Get

•• As bactérias autotróficas quimiossintetizantes que participam do processo


de nitrificação são chamadas bactérias nitrificantes.

3. Absorção: por meio de suas raízes, as plantas absorvem o nitrogênio na forma


de sais minerais, como nitratos e amônia. O metabolismo vegetal utiliza essas
fontes inorgânicas de nitrogênio para produzir compostos orgânicos nitrogena-
dos, como aminoácidos, proteínas e ácidos nucleicos.

4. Nutrição: os animais obtêm nitrogênio consumindo moléculas orgânicas


(proteínas e ácidos nucleicos) presentes nos alimentos.

5. Decomposição: fungos e bactérias decompositoras transformam a matéria


orgânica contida nos restos mortais ou nas excreções em amônia (NH3), que
por sua vez pode ser reutilizada pelas plantas (especialmente as leguminosas)
ou pelas bactérias nitrificantes.

156 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 156 05/02/15 18:09


DIOMEDIA / Phototake RM / Dennis Kunkel Microscopy, Inc. JUERGEN BERGER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL DC/Latinstock
6. desnitriFicação (no3- /nh3 a n2):
A última etapa trata do único pro-
cesso que devolve o nitrogênio pa-
ra a atmosfera. As bactérias
desnitrificantes (como as do
gênero Pseudomonas), presentes
em diversos tipos de ambientes,
convertem nitrato (NO3-) ou amô-
nia (NH3) em N2 atmosférico.
Bactérias nitrificadas Bactérias desnitrificadas
Nitrobacter sp. Pseudomonas sp.

Em um mundo cada vez mais CiClo do oXigênio


necessitado de ações que Um astronauta conseguiria acender
valorizem a preservação uma vela ou fazer uma fogueira na Lua?
ambiental, a adubação verde, uma das variedades de Quando o pavio da vela pega fogo ocor-
adubação orgânica, tem-se firmado como uma opção re uma reação de combustão, que só é
para o cultivo de variadas lavouras. A técnica utiliza possível na presença de gás oxigênio
matéria orgânica, gerada a partir do cultivo de plantas, (O2). Durante uma combustão temos
para adubar o solo, diminuindo ou eliminando o uso dois componentes: o combustível e o
de fertilizantes químicos. Vantagem para o meio comburente. No caso da vela, o com-
ambiente, o produtor e o consumidor dos alimentos bustível é a parafina e o comburente é
produzidos no campo. [...] o O2. A partir dessa reação, há liberação
A adubação verde pode ser feita de duas maneiras, de energia na forma de luz e calor, além
uma delas é o plantio das sementes de leguminosas ou de gases, dentre os quais o gás carbôni-
gramíneas em meio às lavouras permanentes, como é co (CO2). A combustão ocorre em toda
o caso dos milharais. Depois de crescer e florir, as parte: nos motores dos veículos conven-
plantas são roçadas e deixadas no terreno para se cionais, no acendimento de uma lareira,
transformarem em adubo natural. Outro método é o ou simplesmente no acendimento de
plantio direto, em que primeiro se plantam as sementes um fogão.
e depois em cima da palhada são cultivadas outras A molécula de gás oxigênio (O2) –
culturas, como as hortaliças. gás que constitui 21% da atmosfera
O adubo verde feito com plantas leguminosas terrestre – é formada por dois átomos
como o feijão guandu, mucuna, crotalárea, entre outras, pertencentes ao elemento químico oxi-
possui um benefício extra; maior fixação de nitrogênio gênio (O). Porém, esse elemento quími-
no solo. Isso porque as leguminosas são capazes de co também está presente nas moléculas
fazer uma associação com bactérias próprias para fixar orgânicas (proteínas, carboidratos etc.)
o nutriente. Com o solo rico em nitrogênio, há um dos seres vivos, combinados com
grande aumento na produtividade. outros elementos químicos.
Disponível em: <www.emater.mg.gov.br/portal.cgi?flagweb=site_tpl_ Outra fonte do elemento químico
paginas_internas&id=4659> . Trechos selecionados. Acesso em: jan. 2015. oxigênio na natureza é a água (H2O);
cada molécula de água contém um
átomo de oxigênio (O) combinado
com dois átomos de hidrogênio (H).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 157

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 157 05/02/15 18:09


Veja o caminho do oxigênio na natureza, com os detalhes das etapas após a imagem:

ATMOSFERA
O2
2 2

1
5

VEGETAIS
4
MORTE
3
ANIMAIS
3
MORTE
DECOMPOSITORES

1. Fotossíntese: durante esse processo, os ve- de vapor-d´água) e outra parte é armazena-


getais e outros organismos clorofilados libe- da. Os animais obtêm água, bebendo-a dire-
raram O2 para a atmosfera. A fotossíntese tamente do meio ou através da alimentação.
consome as moléculas de CO2 liberadas pelos
processos de respiração e decomposição. 4. Alimentação: os animais também obtêm
átomos de oxigênio alimentando-se das mo-
2. Respiração: por meio desse processo os ani- léculas orgânicas presentes no alimento.
mais, os vegetais e outros organismos aeró-
bios consomem O2 para a realização do 5. Decomposição: os microrganismos decom-
metabolismo energético de suas células. positores podem consumir O2 e liberar CO2
Esse processo libera, além de energia utilizá- durante o processo de degradação das
vel pelas células, dióxido de carbono (CO2) e moléculas orgânicas.
água (H2O). Vale ressaltar que o CO2 liberado
na respiração dos animais e dos vegetais é Você percebeu a beleza da reciclagem da ma-
absorvido pelas plantas durante a fotossínte- téria na natureza? Percebeu que os átomos que
se. Na fotossíntese, os átomos de oxigênio e constituem os seres vivos não estão presos aos
carbono presentes no CO2 são utilizados na seus corpos definitivamente? Perdemos e ganha-
fabricação de moléculas orgânicas. mos átomos! Um átomo que estava no corpo de
uma minhoca pode estar em nosso corpo agora.
3. Absorção: por meio de suas raízes, as plan- Os átomos circulam na natureza! Como diria
tas absorvem água (H2O). Parte das molé- Antoine Lavoisier, célebre químico francês do
culas de água é utilizada na fotossíntese (os século XVIII, “na natureza nada se cria, nada se
átomos de oxigênio presentes nas moléculas perde, tudo se transforma”.
de água são desprendidos sob a forma de
O2), parte é transpirada (eliminada na forma

158 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 158 05/02/15 18:09


“Todos vão para o mesmo lugar; vieram
todos do pó, e ao pó todos tornarão.
Quem pode dizer se o fôlego dos
homens sobe às alturas e se o fôlego
do animal desce para a Terra?”
ec. 3: 20-21 (nvi).
O homem é um ser complexo. A Bíblia o
apresenta como um ser material. Nós H2O
VAPOR
1 1. A seguir, temos um esquema simplifica-
do do ciclo da água5na natureza. Identifi-
que o nome das etapas
ATMOSFERA
(NNUVENS)
H2O 1, 2, 3, 4 e 5.
VAPOR
possuímos um corpo físico. Mas a Bíblia 1 5
VEGETAIS
também apresenta o homem como um ser H2O atmosfera H2O
Vapor 2 (nuvens) vapor 4
vegetais
espiritual. Portanto, o homem não é apenas H2O H2O
matéria, e isto fica claro na morte. Para você, 2
LÍQUIDA ANIMAIS 4 LÍQUIDA
H2O H2O
que implicações a consciência de que não animais
Líquida Líquida
somos apenas matéria deve ter para o modo ÁGUA DOS RIOS
SUPERFÍCIE TERRESTRE
Eágua
LAGOSdos rios
Superfície Terrestre
como vivemos a nossa vida? e lagos

água do mar
HH2OO
3 H22OO
H
????? LENÇOL FREÁTICO
lençol freático 2
Líquida
LÍQUIDA
3
Líquida
LÍQUIDAAcumulada
ACUMULADA

1 = evaporação; 2 = precipitação; 3 = percolação;

4 = absorção/nutrição; 5 = transpiração.

4 CO2 NA ATMOSFERA
1 2. Ao lado, temos um es-
quema simplificado do
ciclo do carbono na na-
5 tureza. Identifique quais
são as etapas 1, 2, 3 e 4.

1 = fotossíntese;

2 = alimentação;

2 3 = decomposição;

4 = queima de

combustíveis fósseis;

5 = respiração.

3 DETRITOS

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 3 | 159

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 159 05/02/15 18:09


3. As duas imagens abaixo mostram urubus em dois ambientes bem distin-
tos. A primeira é bem comum em locais onde ocorre o descarte de lixo
Resolva as
questões 45,
sem tratamento. A segunda, mostra os animais em seu ambiente natural 50 e 51 do
preservado. Caderno de
atividades.

Edson Ruiz/Folhapress

Bia Fanelli/Folhapress
Lixão a céu aberto em Salvador - BA Casal de urubu no Parque Estadual do
Ibitipoca, em Lima Duarte - MG

Os urubus se alimentam de detritos orgânicos, o que leva muitas pessoas a pensarem de ma-
neira equivocada que eles são decompositores. Porém, sabemos que eles são muito importan-
tes para o meio ambiente, colaborando para o equilíbrio do ecossistema. Pensando nos hábi-
tos alimentares dessas aves, explique como eles podem auxiliar nesse equilíbrio.

Os urubus são consumidores detritívoros, isto é, alimentam-se de animais mortos. Não são propriamente decompositores,

porque não transformam matéria orgânica em sais minerais (matéria inorgânica). No entanto, os urubus colaboram para

que os restos mortais dos seres vivos não se acumulem na superfície. Além disso, os processos digestivos dos urubus

geram fezes com compostos orgânicos parcialmente degradados, facilitando a ação dos decompositores.

dIAGRAMA

distribuída em
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO A VIDA NOS ECOSSISTEMAS
mantém

mantém ENERGIA
indivíduo - população - comunidade - ecossistema - biosfera
LUMINOSA
apresenta
mantém CADEIAS E TEIAS entra
habitat + nicho DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS ALIMENTARES
mantém

mantém
PIRÂMIDES reciclagem de matéria
ECOLÓGICAS estudado por meio de
estudado por meio de

parte da energia CICLOS água


número - biomassa - energia dissipada BIOGEOQUÍMICOS carbono
oxigênio
nitrogênio

160 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 160 05/02/15 18:09


Referências Bibliográficas
ACOT, P. História da ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1990.

CASTRO, P. Biologia marinha. 8. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2012.

MARCONDES, A. C. Ecologia. 2. ed. São Paulo:


Atual, 1981.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1988.

PURVES, W. Vida: a ciência da Biologia – ecologia


e diversidade biológica. 6. ed, v. 11 Porto Alegre:
Artmed, 1995.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 3 | 161

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 161 05/02/15 18:09


Biodiversidade em
Imagine que um navio esteja fazendo uma viagem
que tenha partido de um dos polos da Terra em dire-
ção ao Equador. Imagine também que você seja
o naturalista oficial desse navio, e que sua missão
seja catalogar e descrever as diferentes espécies
avistadas durante a viagem. Bem, certamente você

Transformação
notaria que seu trabalho aumentaria gradativamen-
te à medida que a embarcação se aproximasse da
linha do Equador, pois quanto mais próximo dela
maior é a biodiversidade. Mas por que isso ocorre?
Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 162 05/02/15 18:09


A hipótese mais aceita relaciona-se à energia solar que chega à Ter-
ra; na região do Equador, a incidência de energia solar é mais intensa
sobre a superfície, permitindo maiores taxas de fotossíntese e, conse-
quentemente, de produção de matéria orgânica capaz de sustentar
maior número de espécies e teias alimentares mais complexas.
Outro fator responsável por essa diferença é a disponibilidade
hídrica. A água é vital para os seres vivos. Assim, ambientes com
chuvas regulares e alta incidência solar reúnem condições favoráveis
à biodiversidade. Portanto, encontramos maior biodiversidade nas
regiões intertropicais – entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio.

Christian Wilkinson/Shutterstock.com

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 163 05/02/15 18:09


Esse número enorme de espécies diferentes que você
descobriria conforme progredisse na sua viagem ao Equa-
dor é chamado biodiversidade. Em outras palavras, biodi-
versidade é o conjunto de diferentes espécies que vivem
em um determinado lugar. Isso significa que nesse lugar
(que pode ser um ecossistema) há diferentes modos de vi-
da (nichos ecológicos), explorados por diferentes popula-
ções, que podem se relacionar de diversas formas
(constituindo teias alimentares, por exemplo). Você lembra
qual é o número de espécies que há na Terra? Cerca de 8,7
milhões, segundo um estudo publicado em 2011 pela re-
vista científica norte-americana PLoSBiology, embora a
questão seja controversa (outros estudos falam de núme- Você deve ter reparado que nosso
ros entre 10 e 50 milhões de espécies). Você sabia que a estudo está ficando mais robusto, mais
manutenção, ou preservação, da biodiversidade da Terra, complexo, porém mais contextualizado
especialmente da biodiversidade brasileira, pode influen- e interessante, não é mesmo? Por isso,
ciar positivamente nossas vidas? vale a pena relembrar alguns dos
A vida de todos os seres humanos da Terra tem relação conceitos mais importantes em
com a biodiversidade, pois é dela que retiramos nossos Ecologia, pois eles poderão ser
alimentos, além de boa parte dos tecidos utilizados em utilizados nos assuntos abordados
nossas roupas, dos princípios ativos que constituem os neste e em outros capítulos.
medicamentos que utilizamos quando estamos doentes
e até dos cosméticos que utilizamos em nosso dia a dia. • População: seres pertencentes
A exploração dos recursos vegetais é um claro exemplo a uma mesma espécie, que ocupam
da importância da biodiversidade em nossa vida. Quanto determinada região no presente
maior a diversidade de plantas, maior é a disponibilidade ou em um intervalo de tempo do
de produtos que podemos obter a partir delas, como ali- passado. Por exemplo: população
mentos (sementes, frutas etc.) de maior valor nutricional, de pau-brasil em um trecho da
substâncias utilizadas para o tratamento do câncer e ou- Mata Atlântica.
tras doenças, fibras vegetais empregadas na fabricação
de roupas mais resistentes e mais baratas. Quanto maior a • Comunidade ou biocenose:
biodiversidade de um país, maior é a sua riqueza natural e conjunto de populações de uma
maior a possibilidade de obtenção de diversos produtos região que interagem entre si. Por
que melhoram a qualidade de vida humana. Hoje em dia exemplo, comunidade presente
se faz cada vez mais necessária a exploração sustentável num trecho da Mata Atlântica:
da biodiversidade, além de tecnologias e atitudes que a pau-brasil, imbuia, pau-ferro,
preservem. ipê-amarelo, bugio, mico-leão-
Mais adiante, você perceberá que os ecossistemas de dourado, arara.
grande biodiversidade não surgiram de repente. A biodi-
versidade existente em cada um dos ecossistemas da Terra • Ecossistema: comunidade em
é o produto de várias transformações que as comunidades interação com os fatores abióticos –
biológicas sofreram ao longo do tempo (sucessão ecológi- aspectos químicos e físicos do meio
ca). Essas transformações geram diferentes modos de vida –, que apresenta relativa
e interações entre os indivíduos (relações ecológicas) que autossuficiência em termos de
compõem uma comunidade biológica. matéria e energia. Exemplos:
Floresta Amazônica, Caatinga,
Cerrado, Pampas, Mata Atlântica.

164 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 164 05/02/15 18:09


Leia o texto a seguir.

ComPoSto DeSCoBeRto PeLa uneSP De


aRaRaquaRa, SP, PoDe tRataR aLZHeimeR

Substância foi extraída de árvore conhecida como cássia-do-nordeste.


Laboratório tem banco de dados de compostos extraídos da biodiversidade.
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Ara-
raquara (SP), montaram um banco de dados com informações sobre compostos químicos
extraídos da biodiversidade brasileira. Um deles, que já está patenteado, poderá ser usado
no tratamento do mal de Alzheimer.
A descoberta, uma das mais importantes, nasceu da árvore Senna spectablis, popular-
mente conhecida como cássia-do-nordeste. Os pesquisadores verificaram que ela tem
substâncias que podem ajudar no tratamento da doença de Alzheimer. “Isso porque ela
atua no sistema nervoso central e, assim, diminui os sintomas típicos da doença”, destacou
a pesquisadora Vanderlan da Silva Bolzani. O medicamento pode ser uma esperança para
tantas famílias como a da aposentada Valderes Pedro Gomido, que descobriu a doença há
quatro anos. Desde então, além dos remédios, ela faz atividades em grupo. “A gente vai ao
cinema em todo lugar, mas sozinha eu não faço mais”, contou [...].
Durante a pesquisa, várias plantas revelaram efeitos medicinais. Uma erva conhecida co-
mo guaçatonga, por exemplo, é muito usada pela população para fazer chás para quem tem
úlcera de estômago, mas os pesquisadores identificaram substâncias que podem ajudar ain-
da no desenvolvimento de remédios contra o câncer. Para chegar até esses novos princípios
ativos é preciso colher amostras de uma mesma espécie em épocas e lugares diferentes. “De-
pendendo das condições do solo e de luz, ela vai produzir essas substâncias de maneira dife-
rente”, explicou o pesquisador da Unesp Ian Castro-Gamboa.
Durante 15 anos de estudos, os pesquisadores identificaram 640 substâncias de mais de
220 plantas da Mata Atlântica e do Cerrado. Agora, todas essas informações estão disponí-
veis no site <www.nubbe.iq.unesp.br> para quem quiser acessar de qualquer lugar do
mundo. No site, é possível estudar as substâncias identificadas pelos pesquisadores, quais
aplicações elas podem ter e de que plantas foram extraídas. “Essas informações já estavam
disponíveis nas revistas científicas, mas era muito importante criar um banco de dados para
agilizar e facilitar o acesso de outros pesquisadores”, finalizou a pesquisadora Marília Valli.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/11/composto-descoberto-
pela-unesp-de-araraquara-sp-pode-tratar-alzheimer.html>. Acesso em dez. 2014.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 165

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 165 05/02/15 18:09


Tendo como base o texto e os seus Visite a Escola Virtual de Assuntos Amazônicos,
desenvolvida pelo museu paraense Emílio Goeldi,
conhecimentos sobre biodiversidade, responda:

1.
e pesquise mais sobre a biodiversidade da
Floresta Amazônica.
Segundo o texto, o conhecimento <www.museu-goeldi.br/eva/>.
Acesso em: nov. 2014.
científico sobre o potencial da
biodiversidade brasileira pode ajudar Faça uma visita virtual ao Jardim Botânico do
as pessoas. Explique de que forma. Rio de Janeiro. Lá você pode conhecer mais
sobre a biodiversidade vegetal de nosso país.
De acordo com o texto, os pesquisadores <www.jbrj.gov.br/pan/fullscreen.html>.
Acesso em: nov. 2014.
identificaram 640 substâncias de mais de 220
Visite o site educacional PlanetaBio e
plantas do Cerrado e da Mata Atlântica que veja a lição sobre Ecologia.
<www.planetabio.com>.
têm propriedades terapêuticas. Acesso em: nov. 2014.

Conheça a biodiversidade das aves do Pantanal.


<www.avespantanal.com.br/paginas/index.htm>.
Acesso em: nov. 2014.

2. Quais são as propriedades


terapêuticas da guaçatonga
e da cássia-do-nordeste?
Conheça o Jardim Botânico de São Paulo.
<www.ibot.sp.gov.br>.
Acesso em: nov. 2014.

A guaçatonga pode ser utilizada como chá

para quem tem úlcera e, além disso, fornece

substâncias com propriedades anticancerígenas;

a cássia-do-nordeste fornece substâncias

utilizadas no tratamento do mal de Alzheimer.

a dINÂmICa da COmuNIdadE:
sUCessÃo eColÓgiCa
Talvez você já tenha presenciado um fenômeno que ocorre em jardins, chácaras ou
sítios abandonados: eles são invadidos por um “matão”. Às vezes, nessa nova vegeta-
ção, se desenvolvem outros seres vivos como insetos, répteis e aves. Dia a dia, o lugar
sofre uma série de transformações, e a paisagem vai mudando lentamente. Pois é,
esse fenômeno possui nome: chama-se “sucessão ecológica”.

166 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 166 05/02/15 18:09


CONCEITO Podemos dizer que há basicamente dois tipos de sucessão
Sucessão ecológica é a ecológica: a sucessão primária e a sucessão secundária.
transformação que as Vamos conhecê-las?
comunidades biológicas
sofrem no ambiente ao Sucessão primária
longo do tempo. Ao analisar A sucessão ecológica primária ocorre numa área inabitada, como
o fenômeno da sucessão em uma rocha nua, em dunas de areia ou em ilhas vulcânicas
ecológica, poderemos recém-formadas.
compreender o que acontece Vamos acompanhar o processo de sucessão primária sobre a
com as comunidades rocha nua. Ela é inicialmente colonizada por organismos pionei-
biológicas no decorrer do ros, cianobactérias e liquens, indivíduos bem tolerantes às condi-
tempo, a origem de sua ções ambientais presentes, que formam uma comunidade
biodiversidade e como ela conhecida como ecese. O intemperismo, somado à ação dos or-
própria altera o ambiente. Essa ganismos pioneiros, promove o desgaste da rocha, criando uma
análise fornece subsídios aos fina cobertura de solo. Os liquens, por sua vez, contribuem com a
projetos de reflorestamento deposição de matéria orgânica.
e de manejo da terra para O solo produzido pela comunidade pioneira possibilita o es-
diversos tipos de cultivo tabelecimento de organismos mais complexos, como gramíneas,
vegetal. herbáceas, insetos e répteis. Surgem, assim, comunidades bioló-
gicas mais complexas, com maior produti-
Glossário vidade de matéria orgânica e com maior
Ecese: sinônimo de comunidade pioneira, como biodiversidade. São as chamadas comuni-
o caso dos liquens no exemplo da rocha nua.
Intemperismo: fatores físicos (calor, temperatura, ventos,
dades de transição (pois elas sofrem mu-
umidade etc.) e químicos (oxidação causada pela ação de gases danças) ou sere (ou séries). A sere não é
atmosféricos ou por diversas substâncias dissolvidas em água uma comunidade, mas o conjunto de co-
etc.) que provocam a desagregação da rocha durante a
munidades que se estabelecem no am-
formação do solo.
Sere ou séries: são comunidades intermediárias que se biente após a ecese. Essas comunidades
sucedem até o estabelecimento da comunidade clímax. de transição modificam gradativamente o
Líquen: associação entre algas e fungos com trocas recíprocas ambiente, permitindo o estabelecimento
de benefícios.
sucessivo de comunidades biológicas
Cianobactérias: seres procariontes e autotróficos com elevada
autonomia bioquímica. Sintetizam a matéria orgânica a partir mais complexas.
de água e dióxido de carbono. Talvez você esteja se perguntando:
“Mas as comunidades vão sofrer transfor-
Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens
mações para sempre?”. Não!
A sucessão ecológica prossegue até o
estabelecimento da comunidade clímax,
com maior biodiversidade, maior número
de nichos ecológicos e com teias ou ca-
deias alimentares mais complexas. Toda
essa complexidade garante maior estabili-
dade ao ecossistema, e, por isso, é o está-
gio final da sucessão ecológica.

Glossário
Vegetação pioneira se desenvolvendo em rocha, com presença de líquens, Comunidade clímax: estágio final de uma
gramíneas e outras espécies se estabelecendo. Típica de cerrado, com flores. sucessão ecológica. Trata-se de uma comunidade
Vale do Canteiros, Serra da Canastra – São João Batista da Glória/MG. mais estável e com grande biodiversidade.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 167

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 167 05/02/15 18:09


Na comunidade clímax há grande quantidade de biomassa, e a pro-
dutividade de matéria orgânica é tão elevada quanto o seu consumo,
tornando o ambiente equilibrado em termos de matéria e energia.

Esquema Mostrando as Principais Mudanças


que Ocorrem na Sucessão Ecológica

comunidade Poucas espécies, seres pouco


Ecese
pioneira exigentes, PPB >> R, PPL alta

1. Aumento da biodiversidade.
Durante a 2. Aumento da diversidade de nichos ecológicos ocupados.
sucessão 3. Aumento da biomassa e da PPB (produtividade primária bruta).
ecológica 4. Aumento do consumo da biomassa pela respiração (R).
5. Diminuição da PPL (produtividade primária líquida).

comunidade Muitas espécies, seres muito


Clímax ~ R, PPl baixa
estável exigentes, PPB =

Sucessão secundária Sucessão ecológica


A sucessão ecológica secundária ocorre em res-
posta a uma perturbação no ecossistema, cuja
causa pode ser humana (desmatamento, polui- Em lago
ção de rios, criação de áreas de pastagens etc.) recém-formado
ou natural (secas, alagamentos, queimadas
naturais etc.).
Pense na sucessão ecológica de uma área
desmatada abandonada, por exemplo. Em dunas
Ao analisar essa área, notaremos o estabeleci- de areia
mento de uma comunidade inicial composta de
plantas de pequeno porte, que germinaram a
partir de sementes transportadas por animais
e, às vezes, pelo vento. Essas pequenas plantas
Em floresta
são adaptadas a áreas abertas que apresentam
maior incidência de radiação solar, além de tem- Variabilidad
e das condiç
peraturas mais elevadas. ões ambienta
is
Com o tempo, a vegetação inicial modifica
o solo, aumentando seu teor de matéria orgâ-
sistema
nica e nutrientes, o que permite a germinação e funci onal do ecos
e estrutural
de plantas com maior porte, tais como herbá- Complexidad
ceas e arbustos. Nudação, Concorrência e reação Estabilização
migração A comunidade pioneira é O ambiente
e ecese: substituída por espécies atinge a
Formação do intermediárias (seres de comunidade
Os exemplos ao lado referem-se a
novo substrato transição), gerando alterações clímax; o
sucessões ecológicas em um lago, em e implantação no meio ambiente ecossistema
dunas de areia e em uma de floresta. das espécies e propiciando a implantação atinge o seu
pioneiras. das espécies tardias. equilíbrio.

168 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 168 05/02/15 18:09


No decorrer do tempo, a comunidade biológica passa a ser
composta de uma vegetação robusta, capaz de alterar uma série
de condições abióticas do meio, podendo ser verificado aumento
do sombreamento e da umidade, além da diminuição da tempe-
ratura do solo. Essa vegetação passa a sustentar diversas espécies
de animais vertebrados e invertebrados, que interagem entre si
formando teias alimentares mais complexas.
1. Desenhe no seu
caderno o processo
de sucessão ecológica
Por fim, depois de certo tempo, estabelece-se uma nova co- primária numa área
munidade clímax, composta de árvores de grande porte e diver- de rocha nua.
sas plantas epífitas (samambaias, bromélias, orquídeas etc.), além
de muitas espécies de animais (aves, mamíferos, anfíbios, répteis,
invertebrados etc.). A comunidade clímax que se desenvolve no
final da sucessão ecológica secundária é, geralmente, diferente Resolva as questões
da comunidade clímax anterior (antes do desmatamento). Em ca- 52, 55, 59 e 60 do
sos de maior interferência ambiental, instraura-se uma comuni- Caderno
dade clímax com menor biodiversidade. de Atividades.
As transformações que ocorrem na sucessão secundária são
mais rápidas que as que acontecem na sucessão primária. Mas,
por quê? A resposta é simples: a sucessão secundária não parte
de uma situação inóspita e sem vida; na maioria das vezes, nos
ambientes onde ela ocorre, já existem condições ambientais
melhores (como no caso do solo já formado pela sucessão eco-
lógica anterior à perturbação ambiental). As partes do ecossiste-
ma mais preservadas contribuem para sua recuperação mais
rápida.

BIOlOGIa,
TECNOlOGIa,
soCiedade e
ambiente
ESpÉCIES EXóTICaS INvaSOraS
A condição dos países em desenvolvimento na busca da sustentabilidade, par-
ticularmente aqueles de megadiversidade, depende da habilidade em prote-
ger seus ecossistemas, economias e a saúde pública. Infelizmente, invasões de
espécies exóticas – plantas, animais e microrganismos – trazem uma signifi-
cante e sem precedente ameaça aos recursos desses países.
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, “espécie
exótica” é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição na-
tural. “Espécie exótica invasora”, por sua vez, é definida como sendo aquela
que ameaça ecossistemas, habitats ou espécies. Essas espécies, por suas
vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela
degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas es-

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 169

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 169 05/02/15 18:09


pécies nativas, notadamente em ambientes frá- o ano 1600, com 39% de todos os animais extintos,
geis e degradados. cujas causas são conhecidas. Adianta ainda o Secre-
Espécies exóticas invasoras são reconhecidas, tariado da CDB que mais de 120 mil espécies
atualmente, como uma das maiores ameaças bio- exóticas de plantas, animais e microrganismos
lógicas ao meio ambiente, com enormes prejuízos já invadiram os Estados Unidos, o Reino Unido,
à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas a Austrália, a Índia e o Brasil.
naturais, além dos riscos à saúde humana. São Considerando-se o número de espécies que já
consideradas a segunda maior causa de perda de invadiram esses seis países estudados, estimou-se
biodiversidade, após as alterações de habitats. que um total aproximado de 480 mil espécies exó-
Favorecidas pela destruição das barreiras bio- ticas já foi introduzido nos diversos ecossistemas
geográficas em razão da ação antrópica, houve da Terra. Se imaginarmos que 20 a 30% dessas es-
uma forte aceleração no processo de invasões bio- pécies introduzidas são consideradas pragas e
lógicas. À medida que o homem foi colonizando que essas são as responsáveis pelos grandes pro-
novos ambientes, levou consigo plantas e animais blemas ambientais enfrentados pelo homem,
domesticados, utilizados como fonte alimentar e é fácil supor o tamanho do desafio que, forçosa-
de estimação, proporcionando, para diversas espé- mente, teremos de enfrentar para o seu controle,
cies, condições de dispersão muito além de suas monitoramento, mitigação e erradicação.
reais capacidades. Atualmente, graças aos meios Informações do Secretariado da CDB alertam
de transporte aéreo, o fenômeno da dispersão de também para os custos da prevenção, controle e
espécies ganhou velocidade e intensidade. erradicação de espécies exóticas invasoras e con-
Com a crescente globalização e o consequen- cluem que os danos para o meio ambiente e para a
te aumento do comércio internacional, espécies economia são significativos. Nesse contexto, levan-
exóticas são translocadas, intencional ou não in- tamentos realizados nos Estados Unidos, no Reino
tencionalmente, para áreas onde não encontram Unido, na Austrália, na Índia e no Brasil atestam que
predadores naturais, tornando-se mais eficientes as perdas econômicas anuais decorrentes da intro-
que as espécies nativas no uso dos recursos. Des- dução de pragas nas culturas, pastagens e nas
sa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasio- áreas de florestas atingem cifras que se aproximam
nando o empobrecimento dos ambientes, a dos 250 bilhões de dólares.
simplificação dos ecossistemas e a própria extin- Da mesma forma, cálculos sobre as perdas am-
ção de espécies nativas. bientais anuais relativas à introdução de pragas
Espécies exóticas invasoras invadem e afetam nesses mesmos países indicam que o montante
a biota nativa de, praticamente, todos os tipos ultrapassa os 100 bilhões de dólares. O cálculo do
de ecossistemas da Terra. Ocorrem em todos os custo do dólar per capita relacionado às perdas
grandes grupos taxonômicos, incluindo os vírus, que ocorrem em razão das invasões biológicas
fungos, algas, briófitas, pteridófitas, plantas su- nessas mesmas seis nações investigadas foi de,
periores, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aproximadamente, 240 dólares/ano. Se assumir-
pássaros e mamíferos. mos custos similares para os países em âmbito
Em virtude da agressividade, pressão e capaci- mundial, os danos decorrentes das espécies inva-
dade de excluir as espécies nativas, seja direta- soras superaria 1,4 trilhão de dólares/ano, o que
mente, seja pela competição por recursos, essas representa cerca de 5% da economia mundial.
espécies podem, inclusive, transformar a estrutura Não há dúvida de que as espécies exóticas in-
e a composição dos ecossistemas, homogeneizan- vasoras representam um sério problema global e
do os ambientes e destruindo as características pe- que requer respostas em todos os níveis. Em adi-
culiares que a biodiversidade local proporciona. ção, e como parte da avaliação de risco, deve-se
De acordo com informação do Secretariado da prever as possibilidades de espécies se tornarem
Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, as invasoras, além do custo potencial, ecológico e
espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde econômico que podem causar.

170 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 170 05/02/15 18:09


No Brasil, as informações relacionadas a esse belecimento de prioridades para o período de
tema são, ainda, incipientes. Para mudar essa si- 2005 a 2010; levantamento da legislação nacional
tuação, o Ministério do Meio Ambiente, por meio sobre espécies exóticas invasoras, e proposição de
da Diretoria do Programa Nacional de Conserva- revisão, se for o caso, ou elaboração de legislação
ção da Biodiversidade, da Secretaria de Biodiver- específica; e organização de uma efetiva parceria
sidade e Florestas, inicia, a partir de agora, um entre os setores governamental, não-governa-
amplo e efetivo programa voltado às espécies mental, acadêmico-científico e iniciativa privada.
exóticas invasoras. O desenvolvimento de um programa dessa na-
As ações desse programa envolvem, entre ou- tureza, inclusive pelo melhor uso das informações
tras, atividades relativas à identificação e localiza- existentes, repartição de conhecimento e habilida-
ção das principais espécies-problemas no país; des e avanço sistemático de novas técnicas, facili-
avaliação dos impactos ambientais e socioeconô- tará progressos adicionais em escala nacional e
micos causados por essas espécies; levantamento contribuirá para a capacitação dos órgãos de go-
dos projetos já realizados ou em andamento, em verno, tanto federais, estaduais quanto municipais
âmbito nacional; criação de mecanismos de con- e o controle e monitoramento mais efetivo dos im-
trole, monitoramento, mitigação, prevenção e er- pactos das espécies exóticas invasoras.
radicação, inclusive com vistas a minimizar as Disponível em: <www.mma.gov.br/biodiversidade/biosseguranca/
introduções acidentais; definição de estratégias especies-exoticas-invasoras>. Acesso em: nov. 2013.
para ampliação das discussões sobre o tema; esta-

Julio Cord
eiro/
Ag.R
BS/
Fol

h ap
ress
Mexilhão dourado
Espécie exótica de molusco originária
do sudeste da Ásia, introduzida no Brasil
pelas águas de lastro descarregadas por
embarcações no Sul do país. Essa espécie
provoca obstruções das tubulações
das hidrelétricas.
Artur Keunecke/Pulsar Imagens

Caramujo africano
Espécie exótica de molusco originária
da África, introduzida no Brasil para
a alimentação (escargot). Como não
encontrou inimigos naturais, o
caramujo africano se reproduziu
rapidamente, causando diversos
problemas ecológicos.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 171 05/02/15 18:09


1. De acordo com o fenômeno descrito
no texto, como poderíamos definir
uma espécie exótica?
2. O que é uma espécie
exótica invasora?

Corresponde a uma espécie exótica


As espécies exóticas são aquelas que
que representa ameaça ao ecossistema
se encontram fora da área de sua
no qual foi introduzida.
distribuição natural.

3. Por que muitas espécies exóticas


crescem exageradamente nos
novos ecossistemas?
4. O texto mostra que a introdução de
espécies exóticas nos ecossistemas
causam prejuízos à economia. Quais
são as estimativas dos prejuízos
O crescimento exagerado de populações anuais provenientes da introdução
exóticas tem relação com a ausência de de espécies exóticas?

predadores naturais e parasitas nesse Há estimativas de que as espécies exóticas


novo ambiente. causem prejuízos que correspondem a 5%

do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Relações
ecológicas
Na seção anterior, você viu como a introdução de uma espécie exótica pode pertur-
bar um ecossistema, alterando o andamento da sucessão ecológica e ameaçando sua
biodiversidade original. Isso pode ocorrer pelo crescimento populacional exagerado
dessa espécie, em função da ausência de predadores naturais. A espécie exótica, uma
vez bem estabelecida, passa a competir com espécies nativas de nichos semelhantes,
podendo levá-las à extinção.
Dentro de um ecossistema, há várias interações entre os seres vivos: há espécies
que se ajudam mutuamente; há espécies que vivem à custa das outras, prejudican-
do-as; há também aquelas que vivem nos corpos das outras, sem prejudicá-las ou
beneficiando-as; e há ainda as que matam e se alimentam de outras.

172 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 172 05/02/15 18:09


Numa ÚNICa CENa
VÁriaS�reLAÇÕeS!
Quantro “tipos” de organismos estão
envolvidos na cena ao lado: as aves chamadas
anus, a vaca, as gramíneas e os carrapatos
(espalhados pela pele e pelos da vaca). A vaca
come a grama, os anus estão comendo os
carrapatos presentes nos pelos
do animal. Os carrapatos são parasitas que
estão se alimentando do sangue da vaca.
Portanto, você reparou que o anu está Carrapato
ajudando a vaca, pois ele está livrando-a
dos parasitas; em troca, a vaca fornece Anu
alimentos (carrapatos) ao anu.
Vaca
Note que há muitas interações entre
os organismos envolvidos. Algumas
em que nenhuma espécie é prejudicada;
Grama
outras, no entanto, em que uma espécie
pode ser prejudicada. Essas interações são
conhecidas como relações ecológicas.

As relações ecológicas mantêm em equilíbrio os diferentes tipos de


ecossistemas, favorecendo a sobrevivência de uma ou mais espécies,
porém sem que cresçam em demasia, o que provocaria o esgotamen-
to dos recursos naturais. Quer ver um exemplo? Imagine a seguinte
cadeia alimentar:

Plantação Gafanhotos Lagartos Cobras

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 173

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 173 05/02/15 18:09


Digamos que um poluente tenha intoxicado e harmônica, se há benefícios para pelo menos um
atingido duramente a população de lagartos e dos participantes da interação (sem prejuízo para
que estes comecem a morrer. A população de co- nenhum dos participantes da relação), ou relação
bras tenderia a diminuir, enquanto a população desarmônica, quando envolve danos para pelo
de gafanhotos, por outro lado, tenderia a crescer menos um dos participantes da interação.
demais. O que aconteceria com a plantação, nes- Convencionou-se também o uso de símbolos pa-
se caso? Diminuiria e talvez fosse até dizimada ra a caracterização das relações ecológicas: o
pelos gafanhotos. Você percebeu, então, que a sinal de (+) indica benefício, o sinal de (–) indica pre-
plantação indiretamente depende dos lagartos? juízo e o zero (0) mostra que não há ganhos ou per-
Repare que as relações entre as espécies são fun- das. Assim, nas relações harmônicas há as seguintes
damentais para a sobrevivência delas mesmas. possibilidades: benéfica para ambas (+ / +); benéfica
As relações ecológicas são classificadas em: para uma das espécies e neutra para a outra (+ / 0).
intraespecíficas, se ocorrem entre os membros de Nas relações desarmônicas temos: benéfica para
uma mesma espécie, ou interespecíficas, se uma das espécies, prejudicial à outra (+ / –); prejudi-
as relações são entre seres de espécies diferentes. cial para uma das espécies e neutra para outra (– / 0);
Elas podem ainda ser classificadas como relação ou ainda danosa para ambas (– / –).

Relações intraespecíficas harmônicas


A reunião e a convivência entre indivíduos da mesma espécie podem
trazer vantagens para todos os envolvidos. É o que se percebe no caso
das colônias e das sociedades.

Colônia ( + / + )
O que o coral-cérebro e a caravela-do-mar têm em comum?Além de pertencerem ao
mesmo filo, cnidários, são organismos coloniais. Você sabe o que é uma colônia no
sentido biológico?
Nas colônias (+/+), há uma união anatômica dos seres, podendo haver ou não di-
visão de funções entre os seus membros. Há dois tipos de colônias: as isomorfas e as
heteromorfas. Nas isomorfas, todos os membros da colônia apresentam a mesma
forma e não há divisão de trabalho. Como exemplo, existem colônias de poríferos, es-
ponjas e corais. Nas colônias heteromorfas, são observadas diferenças morfológicas
entre os indivíduos e divisão de funções. São exemplos de colônias heteromorfas a
caravela-do-mar e a obélia. Vamos conhecer melhor uma colônia heteromorfa?
Richard Whitcombe/Shutterstock.com

Coral-cérebro

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 174 05/02/15 18:09


Na caravela-do-mar encontramos os
seguintes tipos morfológicos: pneuma-
tóforo, gastrozoides, dactilozoides e go-
nozoides. O pneumatóforo, responsável
pela flutuação da colônia, forma uma
bolsa gasosa contendo dióxido de car-
bono que a mantém rente à água, facili-
tando o deslocamento do grupo. Os
gastrozoides, dotados de boca na região
terminal, são responsáveis pela captura e
digestão do alimento. Os dactilozoides
constituem tentáculos cheios de cnido-
blastos, células urticantes, associados à
defesa e à captura de presas. Finalmente,

Broadbelt/Shutterstock.com
os gonozoides produzem gametas ne-
cessários à reprodução.

Caravela-do-mar. Colônia heteromórfica de um hidrozoário.

Veja mais detalhes da caravela-do-mar. Lição de


Ecologia. Relações ecológicas intraespecíficas:
<www.planetabio.com>.
Acesso em: fev. 2014.

soCiedade ( + / + )
O que é melhor: viver isoladamente ou em grupo? É provável que
você tenha pensado e respondido “em grupo”, não é mesmo? Mas, por
que você pensou assim? Será que viver em grupo traz benefícios? Quais?
Vamos analisar alguns casos. Em aves, os grupos menores são mais facil-
mente atacados que grupos maiores (nos quais são maiores as chances de al-
gum indivíduo perceber a aproximação do predador e alertar os demais).
Nas aves migratórias, que voam em formação (voo em “V”), há revezamento
entre a ave que fica na vanguarda, em posição de maior desgaste físico, e o
grupo. Essa forma de voo representa economia energética, pois minimiza a re-
sistência do ar. Já o pinguim-imperador vive em bandos numerosos para pro-
teção dos filhotes e aquecimento do grupo.
Se indivíduos de uma mesma espécie se associam de forma harmônica,
estando separados fisicamente (ou seja, diferente da colônia, onde há união
física), dizemos que formam uma sociedade (+/+).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 175

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 175 05/02/15 18:09


Há dois tipos de sociedade. Na isomorfa, os seres são semelhantes entre si, não
havendo nítida divisão de tarefas e nem diferenciação morfológica. Na heteromorfa,
há diversidade morfológica entre os seus componentes, divisão de trabalho e organi-
zação em castas. Veja nas imagens exemplos de sociedades de pinguins-imperadores
e de insetos sociais como abelhas, formigas e cupins.

Aglomeração de
pinguins-imperadores

BMJ
/Shu
tters
tock
com.
Colmeia de abelhas
com .
tock
tters

com
ock.
u
d/Sh

erst
an

hutt
erisl

ar/S
d
won

LilK
Rainha e operárias
de cupim

Diversidade morfológica
de formigas
Potapov Alexander/Shutterstock.com

aBeLHaS
As abelhas são insetos sociais que formam sociedades heteromorfas em
colmeias que podem abrigar mais de 50 000 insetos, dentre os quais,
uma rainha, algumas dezenas de zangões e milhares de operárias. Ivaylo Ivanov/Shutterstock
.com

A rainha é a única fêmea fértil da colmeia: chega a depositar 3 000


ovos por dia. Se os óvulos forem fertilizados, originam fêmeas, caso não
forem, originam os zangões (machos), em um processo conhecido como
partenogênese. Pote de mel
Os zangões são encarregados de fertilizar a rainha durante o voo
nupcial. Logo após o acasalamento, o macho deixa de ser alimentado
e, em pouco tempo, morre. Operárias são fêmeas estéreis responsáveis
pelas seguintes tarefas: “colheita” de pólen e néctar, limpeza da colmeia,
cuidado e alimentação das larvas e defesa do grupo. Ufa! É muito trabalho.
As abelhas são importantes agentes polinizadores, produzindo,
ainda, cera, mel, geleia real e própolis.

176 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 176 05/02/15 18:09


rElaçõES INTraESpECífICaS dESarmôNICaS
Indivíduos da mesma espécie sempre colaboram uns com os outros, afi-
nal eles são da mesma espécie, certo? Errado! Não é bem assim, há casos
em que indivíduos estabelecem uma relação desarmônica com outros in-
divíduos da mesma espécie. É o que ocorre na competição intraespecífi-
ca e no canibalismo.

CoMPetição intraesPeCÍfiCa ( – / – )
A competição intraespecífica (– / –) ocorre entre membros de uma
mesma espécie, como um conflito. Há disputa por alimento, espa-
ço, parceiros e, no caso de vegetais, por luminosidade e umidade
do solo. Uma estratégia adotada por várias espécies é a definição
de territórios, ou seja, é demarcada uma área com urina, fezes,
cheiros eliminados por glândulas odoríferas, ou gritos, como fazem
certos macacos, como o bugio.
A onça-pintada, por exemplo, delimita por meio da urina um
espaço de vida de 22 a 150 km2; e nessa área caça, repousa, repro-
duz e cria os filhotes. Já os micos-leões defendem agressivamente
seu território, pois com famílias de dois a onze indivíduos necessi-
tam de um espaço vital de 5 a 10 km2.
A competição pode se intensificar caso haja crescimento popu-
lacional ou limitação dos recursos ambientais. Nesse caso, os indiví-
Onça-pintada
duos passam por “estresse” fisiológico, o que pode comprometer

.com
sua imunidade, capacidade de sobrevivência e reprodução, levan-

tterstock
do certas espécies a migrarem para outras áreas.

va/Shu le
Ana Vasi
CanibalisMo ( + / – )
S hu t t
ersto
ck.com Na natureza vamos encontrar muitos exemplos de animais que se
/
ters
Wa alimentam de indivíduos pertencentes a sua própria espécie. Você
er
Pet

já ouviu falar nesse tipo de relação? Lembra qual é o nome dessa


relação ecológica? Trata-se do canibalismo (+/–). Que tal conhecer
alguns casos de canibalismo no reino animal?
Em certas espécies de louva-a-deus, a fêmea, durante a cópula,
devora o macho, que representa fonte de proteínas para a matura-
ção dos ovos. Nos tubarões-anequins, o canibalismo ocorre ainda
dentro do corpo da mãe – o filhote mais forte devora seus irmãos
Viúva-negra para obter nutrientes.
Em certas espécies de moscas do grupo dos cecidomídeos,
moscas-de-deserto, a fêmea deixa os ovos eclodirem no próprio
corpo para que suas larvas possam ter alimento.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 177

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 177 05/02/15 18:10


BIOlOGIa,
TECNOlOGIa,
soCiedade e
ambiente
CaraCTEríSTICaS GEraIS daS
QuaTrO ESpÉCIES dE mICO-lEãO
Os micos-leões vivem em pequenas famílias compostas por 2 a 11
indivíduos. São animais territorialistas e cada família precisa de 5 a 10 km²
de floresta para sobreviver. O tempo de vida médio na natureza varia en-
tre as espécies. Na natureza, o tempo de vida médio é de cerca de 8 anos,
podendo chegar a 15. Durante a noite procuram ocos de árvores para se
abrigar ou dormem em emaranhados de cipós e bromélias. Característi-
cas físicas como cor, peso e comprimento variam entre as espécies,
conforme informações a seguir.

Mico-leão-de-cara-preta
Nome científico:
Leontopithecus caissara

Nome em inglês:
Black-faced lion tamarin

Cor: pelagem dourada no dorso e no


tórax; face, juba, mãos, pés,
antebraços e cauda pretos.

Peso médio: 570 g

Comprimento: mede cerca de 63 cm,


da cabeça à cauda.
EBFoto/Shutterstock.com

Preservação: foi descoberto somente


em 1990 na Ilha do Superagui, litoral
norte do Paraná, e estima-se que sua
população seja aproximadamente de
400 indivíduos.
Paraná
Localização: Mata Atlântica do sul
de São Paulo e norte do Paraná.

178 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 178 05/02/15 18:10


Mico-leão-de-cara-dourada EBFoto/Shutterstock.com

Nome científico:
Leontopithecus chrysomelas

Nome em inglês:
Golden-headed lion tamarin

Cor: dourado na face, na nuca, antebraços e


parte da cauda; pelagem negra brilhante
cobrindo o restante do corpo.

Peso médio: 600 g

Comprimento: cabeça e corpo: 26 cm;


cauda: 37 cm.
Bahia
Preservação: vivem exclusivamente na
Reserva de Una, na Bahia; considerados
ameaçados por terem uma área de
ocupação limitada.

Localização: Mata Atlântica do sul da Bahia.

Mico-leão-preto
Nome científico:
Leontopithecus caissara

Nome em inglês:
Black-faced lion tamarin

Cor: pelagem dourada no dorso e no tórax; face,


juba, mãos, pés, antebraços e cauda pretos.

Peso médio: 570 g

Comprimento: mede cerca de 63 cm, da cabeça


Luis Carlos Torres/Shutterstock.com

até a cauda.

Preservação: as populações conhecidas estão


em sete fragmentos florestais privados e em
duas unidades de conservação estaduais, sem
São Paulo ligação umas com as outras, no estado de São
Paulo. Estima-se que existam 1200 indivíduos
desta espécie vivendo na natureza.

Paraguai Localização: Mata Atlântica do estado


de São Paulo.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 179

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 179 05/02/15 18:10


Mico-leão-dourado
Nome científico:
Leontopithecus rosalia

Nome em inglês:
Golden lion tamarin

Cor: pelagem dourada em toda a extensão


do corpo, o que deu origem ao nome.

Peso médio: de 360 a 710 g

Eric Gevaert/Shutterstock.com
Comprimento: cabeça e corpo de 20 a 33 cm;
cauda de 31 a 40 cm.

Preservação: restam apenas duas áreas de


preservação desta espécie: a Reserva Biológica
de Poço das Antas e a Reserva Biológica União
Rio de Janeiro
(em Silva Jardim, RJ).

Localização: região costeira da Mata Atlântica


do estado do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/mico-leao1.htm>.


Acesso em: dez. 2013.

1. Por que o desflorestamento e a


fragmentação dos habitats são ameaças
à sobrevivência dos micos-leões?
2. Descreva o nicho
ecológico dos micos-leões.

Os micos-leões são animais gregários, pois vivem


Os micos-leões são animais territorialistas, e o
em núcleos familiares de dois a onze indivíduos;
desflorestamento reduz as áreas disponíveis aos
são territorialistas, pois cada família precisa de 5 a
animais, intensificando as competições intra e
10 km2 de floresta para sobreviver; e à noite
interespecíficas, o que ameaça ainda mais o grupo.
buscam ocos de árvores para se proteger.

180 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 180 05/02/15 18:10


Relações interespecíficas harmônicas
Indivíduos de espécies diferentes podem trocar benefícios, como ocorre
no mutualismo e na protocooperação. Mas há também relações em que
apenas uma espécie ganha e a outra não é beneficiada nem prejudicada,
mantendo-se neutra, como ocorre no comensalismo e no inquilinismo.

Mutualismo obrigatório ( + / + )
O mutualismo obrigatório (+/+) caracteriza-se por forte interação entre as espécies,
com trocas recíprocas de benefícios. A separação das espécies, uma vez que são depen-
dentes umas das outras (por isso, o mutualismo é obrigatório), pode levá-las à morte.
Os liquens representam um exemplo típico de mutualismo: há a interação entre um
fungo e uma alga. O fungo cria condições adequadas para a sobrevivência da alga que,
em contrapartida, fornece matéria orgânica (alimento) ao fungo.
Temos também o caso dos ruminantes (bois, cabras, camelos) que alojam em seus
corpos bactérias produtoras de celulase. A celulase é uma enzima que permite a diges-
tão de celulose graças à atividade microbiana, o que faz com que
esses animais obtenham nutrientes.
Outro exemplo é o das micorrizas, filamentos de fungos que se associam às plantas.
Os fungos ampliam a capacidade das raízes em absorver água e sais minerais do solo e
recebem nutrientes oriundos da planta.
Por fim, lembre-se das bactérias fixadoras de nitrogênio, que vivem nas raízes de
plantas leguminosas. Você as estudou no capítulo anterior. As bactérias fixadoras (Rhi-
zobium sp) fornecem compostos nitrogenados à leguminosa, que, em contrapartida,
fornece nutrientes às bactérias.

Lupa/Shutterstock.com

Líquen sobre tronco de árvore

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 181

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 181 05/02/15 18:10


Protocooperação –
mutualismo facultativo ( + / + )
Na protocooperação (+/+), também chamada
mutualismo facultativo, as espécies trocam
benefícios entre si, mas a separação é possível.
Uma espécie sobrevive sem a outra, tornando

Fabio Colombini
o mutualismo apenas opcional (facultativo).
Na região do Pantanal, é muito comum
observar aves – como o anu-preto, Crotophaga O tucano e a embaúba
ani, lembra-se dele? – que retiram carrapatos
do dorso dos bois. Trata-se de um caso de pro-
tocooperação: a ave obtém alimento e o boi
fica livre do parasita.
Outro exemplo de protocooperação ocorre
entre a embaúba (Cecropia sp), árvore típica da

Asther Lau Choon Siew/Shutterstock.com


Mata Atlântica, e o tucano. Essa árvore produz
frutos que são muito apreciados por aves dessa
espécie, que, por sua vez, auxilia na dispersão
das sementes da árvore. A relação é benéfica
para ambos, pois o tucano obtém alimento, e a
embaúba tem maiores possibilidades de se dis- Anêmonas sobre o caranguejo-paguro
persar pelo ambiente.
Finalmente, há o caso do caranguejo-pagu-
ro, também chamado ermitão, que se aloja em
conchas abandonadas de caramujos (gastrópo-
des) e tem o hábito de colocar anêmonas sobre
a concha. As anêmonas apresentam células urti-
cantes que afastam potenciais predadores do
caranguejo; ele, por sua vez, aumenta a mobili-
dade das anêmonas, que terão mais chances de

Fabio Colombini
capturar o alimento.

Comensalismo ( + / 0 ) A garça-boaideira se alimenta dos insetos


O comensalismo (+/0) é uma relação harmônica afugentados pelo pastoreio dos bovinos

na qual uma das espécies é beneficiada, em ter-


mos alimentares, sem causar dano à outra. Te-
mos como exemplo a garça-boiadeira (Bubulcus
ibis), que acompanha o gado e se alimenta de
insetos espantados pelos bois. A garça-boiadeira
(+) é beneficiada sem causar dano ao gado (0).
Greg Amptman/Shutterstock.com

Outro exemplo de comensalismo ocorre en-


tre a rêmora (Echeneis naucrates) e o tubarão.
A rêmora (+) apresenta, na região dorsal do cor-
po, uma espécie de ventosa que lhe permite se
fixar aos tubarões (0). Estes, quando caçam, dei-
Tubarão e rêmoras
xam fragmentos da presa pela água que se tor-
nam o alimento das rêmoras.

182 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 182 05/02/15 18:10


Inquilinismo (+ / 0) temos um exemplo clássico posição mais elevada, e, rece-
Talvez você já tenha observado de inquilinismo. bendo mais luz, aumentam sua
na natureza diversos tipos de O inquilinismo (+/0) é uma atividade fotossintética.
plantas vivendo nos galhos e relação harmônica na qual uma Mas será que o inquilinismo
troncos de grandes árvores. Se- das espécies é beneficiada, em ocorre também com os ani-
rá que essas plantas estão para- termos de posição, abrigo ou mais? Ocorre sim! O peixe-agu-
sitando as árvores, ou estão acesso à luz, sem prejudicar a lha (Fierasfer sp) se abriga no
sobre elas sem prejudicá-las? outra espécie. interior do corpo do pepino-
Na realidade, existem os dois Várias bromélias, orquídeas, -do-mar, sem prejudicá-lo, para
casos: há plantas parasitas que e samambaias, chamadas plan- se esconder de predadores.
retiram substâncias importan- tas epífitas, associam-se pelo in- Além deles, muitos crustáceos
tes das árvores, prejudican- quilinismo, que, nesses casos, se refugiam dentro de espon-
do-as, mas há igualmente também pode ser chamado de jas-do-mar. Nesses movimentos
plantas que vivem sobre as ár- epifitismo. Elas crescem sobre de refúgio não há prejuízos
vores sem prejudicá-las ou be- árvores – sem prejudicá-las – e para as esponjas.
neficiá-las. Nesse último caso, se beneficiam, pois ficam numa

reund
gen F
/ J ur
e PL
tur
Na
a/
edi
Diom
Diomedia / Nature PL / GEORGETTE DOUWMA

aodaodaodaod/Shutterstock.com
Interação entre o peixe-agulha Orquídea epífita
e o pepino-do-mar.

Relações interespecíficas
desarmônicas
Como sabemos, nas relações desarmônicas haverá prejuízo para
uma das espécies. Você perceberá adiante que, apesar de parecer
cruel, as relações desarmônicas são tão importantes quanto às rela-
ções harmônicas para o equilíbrio ecológico. O parasitismo, o pre-
datismo, a herbivoria, a competição interespecífica e o
amensalismo representam as relações desarmônicas entre indiví-
duos de diferentes espécies.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 183

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 183 05/02/15 18:10


Parasitismo ( + / – )
Imagine a seguinte situação: um organismo vivendo no corpo de outro de espécie
diferente, retirando-lhe substâncias ou nutrientes importantes. Você conhece algum
caso assim? Talvez tenha ocorrido a você o caso da pulga, ou do carrapato, ou até
mesmo da lombriga. Pois é, todos esses animais são parasitas.
O parasitismo (+/–) é uma relação desarmônica na qual o parasita é beneficiado,
retirando nutrientes do corpo de um hospedeiro, que é prejudicado. O hospedeiro,
no entanto, geralmente sobrevive à interação.
Os parasitas de animais são classificados em: ectoparasitas, que ficam na região
externa do corpo do hospedeiro, como a pulga, o carrapato, o piolho e a sanguessu-
ga; e endoparasitas, que se alojam dentro do corpo dos hospedeiros, como a lom-
briga, o ancilóstomo, a tênia e a filária. Esses últimos, por sua vez, podem apresentar
uma série de adaptações ao seu modo de vida: cutícula protetora contra variações
de pH (ácido – base); enzimas digestivas; elevada capacidade reprodutiva; ventosas
para a fixação e metabolismo anaeróbico.
As plantas parasitas também recebem duas classificações. Há as holoparasitas,
que são plantas amareladas (sem clorofila) e com folhas vestigiais muito reduzidas,
incapazes de realizar fotossíntese. Elas têm raízes sugadoras para retirar seiva elabo-
rada (água e compostos orgânicos) da planta hospedeira. Como exemplo, temos o
cipó-chumbo. As hemiparasitas, por outro lado, são clorofiladas e dotadas de folhas,
e por isso realizam fotossíntese, e possuem raízes sugadoras que retiram seiva bruta
(água e sais minerais) da planta hospedeira. Como exemplo de hemiparasita temos
a erva-de-passarinho.
D. Kucharski K. Kucharska/Shutterstock.com
Henrik Larsson/Shutterstock.com

DIOMEDIA / FLPA / Bob Gibbons

Carrapato, ectoparasita, Taenia solium, O cipó-chumbo é uma planta


atacando o ser humano. solitária-do-porco, holoparasita que retira seiva
exemplo de elaborada da planta hospedeira.
endoparasita.

184 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 184 05/02/15 18:10


Fabio Colombini

Lobo-guará caçando.
Predatismo ( + / – )
Zebras pastam passivamente na savana africana.
Elas podem parecer tranquilas e em paz, mas não
estão sozinhas. Um grupo de leoas, camufladas
na relva, observa o movimento das zebras. Após No de indivíduos
A = Predador
sentir o cheiro das leoas, duas ou mais zebras B = Presa
passam a correr desesperadamente na savana,
deflagrando o pânico e uma correria explosiva na
manada. As leoas partem, então, em direção às B
zebras, tendo como alvo os membros mais jovens A
da manada. Segundos após a correria, as leoas
conseguem abater uma jovem zebra, que servirá Tempo
de alimento para elas e seus filhotes.
Talvez você já tenha visto essa cena inúmeras
vezes em programas de TV que retratam a vida Repare que, em determinado momento, a po-
selvagem, não é mesmo? Essa interação que aca- pulação de roedores cresce, o que favorece o
bamos de descrever é uma relação conhecida co- crescimento da população de lobos-guarás. No
mo predatismo. entanto, se há muitos lobos-guarás, mais roedo-
O predatismo (+/–) é uma relação desarmô- res são caçados, e a população desses animais
nica, na qual o predador mata a presa para con- tende a cair em determinado momento. A queda
sumo. Se analisarmos a interação pensando no da população de roedores, por sua vez, significa
grupo de presas, os predadores atuam na regu- menos alimento para a população de lobos-gua-
lação populacional da espécie com a qual se re- rás, que declina posteriormente. Com menos pre-
lacionam, evitando superpopulação e dadores no ambiente, a população de roedores
esgotamento dos recursos naturais. Assim, há volta a crescer, desencadeando um novo proces-
uma interdependência entre predadores e pre- so de variações de “sobe e desce” entre as duas
sas que sustenta a vida de ambos e do ambien- populações. Essas variações que ocorrem entre
te: por isso o predatismo é muito importante. os tamanhos da população da presa e do preda-
Vamos analisar a seguinte situação, muito co- dor ao longo do tempo tem um nome: flutua-
mum no cerrado brasileiro, utilizando o gráfico ao ções (ou oscilações). Repare que durante as
lado para expressar a relação entre roedores (pre- flutuações a população de predadores controla o
sas) e a população de lobos-guarás (predadores). tamanho da população de presas e vice-versa.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 185

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 185 05/02/15 18:10


Herbivoria ( + / – )
Alguns autores consideram que ocorre a chamada herbivoria (+/–) quando há
como predador um animal e como presas organismos autótrofos fotossinteti-
zantes, como os vegetais e as algas. Assim, um boi se alimentando de grama é
herbivoria, e o zooplâncton alimentando-se do fitoplâncton também.

Um dos maiores animais sil- Anta e seu filhote sobre o gramado.


vestres herbívoros do Brasil é a
anta. A anta, maior mamífero da
América do Sul, chega a ter 1
metro de altura e pode pesar
até 300 quilos. Pasta por dez
horas seguidas, levando muitos
vegetais à morte (–), e apresen-
ta hábitos noturnos (crepus-
culares). Ela também consome
frutos e dispersa grande quanti-
dade de sementes, que são eli-
minadas com suas fezes,
contribuindo para a dissemina-
ção de uma série de espécies
vegetais.
Tamara Kulikova/Shutterstock.com

esCLAvagisMo (sinfilia) ( + / – )
O esclavagismo ou sinfilia corresponde a uma in-
teração ecológica desarmônica na qual uma espé-
cie se aproveita das atividades (“trabalho”/recursos)
de outra espécie.
As formigas se aproveitam dos pulgões, insetos
parasitas que retiram seiva elaborada (água e com-
postos orgânicos) das plantas. Nessa atividade, par-
te da seiva sai pelo corpo do pulgão e é utilizada
pelas formigas.
Outro exemplo de sinfilia é o do chupim
(Molothrus bonariensis), ave que não faz ninho
e coloca seus ovos no ninho de outras aves (por
Chupim
exemplo, do tico-tico), para que estas choquem os Erni/
Shutt
ovos e alimentem os seus filhotes. Trata-se de um ersto
ck.c
om
caso de exploração do “trabalho” de outra espécie.

186 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 186 05/02/15 18:10


CoMPetição interesPeCÍfiCa (– / –)
Numa árvore temos duas espécies de aves: a espécie A, que se
alimenta de frutos, e a espécie B, que se alimenta de frutos e tam-
bém de insetos presentes no tronco. Você acha que essas aves têm
o mesmo nicho ecológico? Em parte sim, afinal os hábitos
alimentares são muito parecidos (ambas comem frutos), mas não
são totalmente iguais, pois só uma das espécies se alimenta de
insetos. Repare que essa sobreposição de nichos pode levá-las a
competir pelos frutos. Essa relação ecológica pode ser chamada
competição interespecífica.
A competição interespecífica (–/–) ocorre quando as espécies
em interação têm nichos ecológicos semelhantes. Por exemplo,
as aves pantaneiras tuiuiú e cabeça-seca se alimentam de peixes
e podem, portanto, competir por alimento. Quanto mais seme-
lhantes forem os nichos ecológicos de duas espécies, mais
intensa será a competição.
O pesquisador russo Georgii Frantsevich Gause (1910-1986)
formulou o princípio da exclusão competitiva, segundo o qual
duas espécies não podem apresentar nichos ecológicos seme-
lhantes por muito tempo, pois há riscos de extinção da espécie
menos competitiva.

exPeRimento De gauSe
protozoários cultivados isoladamente protozoários cultivados juntos

12 12
populacional

populacional
Densidade

Densidade

8 8
4 4
P. aurelia P. aurelia
0 P. caudarum 0 P. caudarum
0 4 8 12 16 0 4 8 12 16
Tempo (dias) Tempo (dias)

Gause estudou protozoários ciliados de duas espécies:


Paramecium aurelia e Paramecium caudatum (veja os gráficos aci-
ma). Notou que, em laboratório, quando as espécies eram criadas
isoladamente, as duas se desenvolviam bem, mas a espécie Para-
mecium aurelia se multiplicava mais rapidamente, demonstrando
sua maior capacidade de explorar os recursos do meio. Quando as
duas espécies foram cultivadas juntas, num pequeno intervalo de
tempo, a espécie Paramecium caudatum foi extinta. A partir desses
resultados, então, Gause formulou sua hipótese.
Em ambientes abertos, a competição interespecífica pode levar
à migração de espécies em busca de melhores condições de sobre-
vivência, ou à mudança e diversificação de certos fatores dentro do
nicho ecológico que elas ocupam.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 187

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 187 05/02/15 18:10


Vamos exemplificar: considere que duas espé-
cies de aves se alimentam de sementes de
tamanho médio. Caso a competição seja intensa,
pode haver mudança do hábito alimentar. Por
exemplo, o uso de sementes menores para a ali-
mentação, ou a busca por outro recurso
alimentar, como cascas de árvore, folhas, larvas. A
mudança de nicho minimiza a competição.

Fabio Colombini
Ninhal com cabeças-secas e colhereiros.
Passo do Lontra, Pantanal-MS, 2008

Amensalismo ou antibiose
em geral, ( + / – ); às vezes, ( – / 0 )
Em 1928, Alexander Fleming estudava bactérias e percebeu
que placas de Petri contaminadas pelo fungo Penicillium nota-

Getty Images/Visuals Unlimited


tum apresentavam elevada mortalidade de bactérias. Esse fato
o fez concluir que o fungo liberava substâncias capazes de ma-
tar bactérias. Assim, descobriu a penicilina, primeiro antibiótico
utilizado pelo homem e responsável por salvar milhões de
vidas até hoje. O amensalismo (+/– ou –/0) ou antibiose ocor- Penicillium notatum,
produtor da penicilina
re quando uma espécie elimina substâncias que inibem o de-
senvolvimento de outras. Você percebe como, no caso da
penicilina, um dos principais antibióticos usados pelo homem

Xinhua/Photoshot/Keystone Brasil
provém diretamente de um caso de amensalismo ou antibio-
se? Vamos ver mais alguns casos:

•• No fenômeno de maré vermelha, o crescimento excessivo


de algas do grupo dos dinoflagelados libera substâncias
tóxicas que prejudicam a fauna aquática local.

•• As raízes do eucalipto liberam substâncias que inibem a ger-


minação de sementes de plantas de outras espécies, minimi-
zando com isso a competição interespecífica.

•• As folhas em formato de agulha dos pinheiros liberam óleos Maré vermelha – proliferação
essenciais que inibem a germinação de sementes de outras excessiva de algas do grupo
espécies, por isso a taiga ou floresta de coníferas apresenta dos dinoflagelados
vegetação tão uniforme.

188 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 188 05/02/15 18:11


1. Complete o diagrama abaixo:

ReLaçÕeS eCoLógiCaS
podem ser podem ser
inteReSPeCÍfiCaS

DeSaRmÔniCaS Harmônicas

caracterização caracterização

Predatismo (+/-).
Leva a presa à morte Parasitismo (+/-), Mutualismo (+/+): Inquilinismo (+/0):
no qual o parasita há troca recíproca de relação harmônica
retira nutrientes do benefícios, na qual a por espaço, na qual
exemplos hospedeiro, mas em separação leva à a planta epífita fica
geral não causa sua morte das espécies. numa posição mais
morte imediata. favorável à captação
Leão e zebra, da luz, sem prejudicar
jacaré e piranha, a árvore.
mergulhão e peixe.

exemplos exemplos exemplos

Lombriga x Homem Líquen orquídea x árvore


Competição (+/-). tênia x Homem
Semelhanças entre
nichos acarretam Protocooperação (+/+). Comensalismo (+/0):
disputa Há trocas recíprocas de
por recursos Amensalismo ou benefícios. as espécies interação alimentar,
antibiose ( (+/-) podem viver isoladas na qual uma espécie
ou (-/0) ): nessa se beneficia sem
exemplos prejudicar a outra.
interação, uma
exemplos
espécie elimina
Coelho x ovelha substâncias que
Boi x Coelho inibem o
desenvolvimento Boi e anu, paguro e
de outra. anêmona.

exemplos

eucalipto x ipê
Penicillium x Bactéria

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 189

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 189 05/02/15 18:11


2. Faça uma pesquisa sobre a vida dos
insetos sociais, e sua importância para
o ser humano – aspectos positivos e
Sugestão: pesquisar a vida social
dentro da colmeia, do formigueiro ou
cupinzeiro; os diferentes papéis de
negativos. Registre no seu caderno. cada grupo dentro da sociedade e de
que forma essa organização é essencial
Resposta pessoal (15 linhas).
para a sobrevivência do grupo.

3. Identifique e caracterize as relações


ecológicas abaixo representadas.

littlesam/Shutterstock
.com

A relação corresponde à colônia, na qual há união anatômica dos seres.


a. Coral

É uma interação intraespecífica e harmônica.

Oleg Znamenskiy/Shut
terst
oc k.co
m

A relação é de sociedade, uma interação harmônica,


b. Cupinzeiro

com divisão de trabalho e organização de castas.

Raimundas/Shuttersto
c k .c
om

A interação corresponde ao

mutualismo, relação ecológica


c. Líquen

harmônica, com troca recíproca de

benefícios, na qual a separação

leva à morte.
Resolva as questões
53, 56, 57, 61, 62, 63,
64, 65, 66 e 67 do
Caderno de
Atividades.

190 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 190 05/02/15 18:11


Dinâmica de
populações
Você deve ter percebido que as interações entre população por unidade de área (ecossistemas
os seres vivos são decisivas para que eles se terrestres) ou volume (ecossistemas aquáticos).
adaptem e sobrevivam ao meio. Em ecossiste- Por exemplo, a cidade de São Paulo, capital do
mas com maior biodiversidade, as relações eco- estado de São Paulo, tem uma densidade popula-
lógicas são mais complexas e numerosas. São cional de 166,25 hab./km2, segundo o Censo
essas interações que sustentam a biodiversidade 2010, do IBGE. Já a cidade de Rio Branco, capital
local. Em outras palavras, podemos dizer que do Acre, tem uma densidade populacional de
as diferentes relações ecológicas (harmônicas e 4,47 hab./km2. (Veja outras capitais e cidades em:
desarmônicas) mantêm em equilíbrio determi- <www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php>. Acesso
nado ecossistema. em: nov. 2013.) A densidade populacional
Desse modo, em cada espécie existe uma é calculada pela seguinte fórmula:
dinâmica específica de crescimento e manuten-
ção de sua população. Chamamos isso dinâmica
de populações e é por meio dela que podemos
Densidade = Número de indivíduos
populacional Área ou volume
analisar as características de uma população, sua
distribuição, seu ciclo vital, bem como fatores As taxas de crescimento populacional forne-
que regulam seu crescimento. cem referências sobre o comportamento de po-
Seu estudo é fundamental para a preservação pulações ao longo do tempo. Elas indicam se as
dos biomas (e de sua biodiversidade), para a populações estão estáveis, em crescimento ou
recuperação da fauna e flora de áreas degrada- em declínio.
das e para a manutenção de Unidades de Con- São parâmetros para análise: a taxa de natalida-
servação Biológica. Vamos conhecer mais sobre de (TN), o número de nascimentos num determina-
o assunto? do período de tempo; a taxa de mortalidade (TM),
o número de mortes ocorridas em um intervalo de
Características tempo; a taxa de imigração (TI), o número de indi-
das populações víduos que chegam numa localidade num período
As populações interagem entre si e com o meio de tempo; e, finalmente, a taxa de emigração (TE),
ambiente. Cada uma apresenta certo padrão o número de indivíduos que deixam a região em
de distribuição populacional e taxas de cresci- certo intervalo de tempo. Assim, a expressão relati-
mento características. va à taxa de crescimento (TC) fica assim:
O termo “densidade populacional” pode ser
definido como o número de indivíduos de uma

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 191

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 191 05/02/15 18:11


Jenny Leonard/Shutterstock.com

TC = (TN + TI) – (TM + TE)

Se TC < 0, a população está em declínio.


Sua pirâmide etária fica com a base estreita:

Se TC = 0, a população está estável.


A pirâmide etária apresenta distribuição
mais regular de faixas:

População urbana (ocupação


desordenada das regiões urbanas)
Vlad61/Shutterstock.com

Se TC > 0, a população está crescendo.


A pirâmide etária apresenta base larga, indi-
cando a elevada natalidade e a grande quantida-
de de indivíduos jovens:

Cardume (população de peixes)

192 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 192 05/02/15 18:11


Curvas de crescimento populacional
O crescimento populacional leva em consideração alguns fatores como:

•• o potencial biótico (PB), que é o crescimento em condições ideais sem restrições,


isto é, com alimento e espaço abundantes, condições climáticas favoráveis, ausên-
cia de predadores, parasitas ou outros inimigos naturais etc. Nessas condições, o
crescimento da população tenderia a ser exponencial, entretanto, isso é muito ra-
ro de acontecer na prática.

•• a resistência do meio (R), também chamada resistência ambiental, reúne um


conjunto de fatores que restringem a taxa de crescimento de uma população (co-
mo predadores, parasitas, competidores, clima adverso etc.). A resistência do meio
faz com que a espécie sempre cresça menos que o potencial biótico.

Bem, então como ocorre o crescimento de fato de uma população? O chamado


crescimento real (CR) de uma população pode ser representado graficamente por
meio de uma curva sigmoide (curva em “S”). Essa curva mostra que o crescimento
real de uma população ocorre dentro daquilo que o ambiente pode oferecer, isto é, a
população tende a crescer até atingir o chamado estoque limite (EL), que representa
o máximo de recursos naturais disponíveis para determinada espécie crescer de for-
ma equilibrada. Repare que a resistência do meio não permite que uma população
consiga crescer acima de seu estoque limite por muito tempo. Caso uma população
cresça irrestritamente (se a resistência do meio for superada ou excluída), há riscos
de ela apresentar uma curva de crescimento denominada ”curva de extinção”, ou
curva em “J”, na qual o crescimento exponencial leva ao esgotamento dos recursos
ambientais e à extinção da espécie.

Gráfico de Crescimento Curva de Crescimento Populacional


Populacional Equilibrado Desequilibrado em "J" – Curva de extinção

Número de Número de
indivíduos CR = PB – R indivíduos
Curva "J" Semelhante ao PB

EL CR Curva S EL
R
Declínio da população

Tempo Tempo

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 193

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 193 05/02/15 18:11


1. Leia o texto a seguir e responda:

A peste bubônica é também conhecida como A doença leva de dois a cinco dias para se es-
peste negra. Tal denominação surgiu graças a tabelecer. Depois surgem seus primeiros sinto-
um dos momentos mais aterrorizantes da história mas, caracterizados por inflamação dos gânglios
da humanidade, protagonizado pela doença: linfáticos e uma leve tremedeira. Segue-se então
durante o século XIV, ela dizimou um quarto da dor de cabeça, sonolência, intolerância à luz, apa-
população total da Europa (cerca de 25 milhões tia, vertigem, dores nos membros e nas costas, fe-
de pessoas). bre de 40 °C e delírios. O quadro pode se tornar
A peste é causada pela bactéria Yersinia pestis, mais grave com o surgimento da diarreia, poden-
e apesar de ser comum entre roedores, como ra- do matar em 60% dos casos não tratados.
tos e esquilos, pode ser transmitida por suas pul- Atualmente o quadro de letalidade é mínimo
gas (Xenopsylla cheopis) para o homem. Isso só devido à administração de antibióticos, como a
acontece quando há uma epizootia, ou seja, tetraciclina e a estreptomicina. Também existem
um grande número de animais contaminados. vacinas específicas que podem assegurar a imu-
Desse modo, o excesso de bactérias pode entupir nidade quando aplicadas repetidas vezes. No en-
o tubo digestivo da pulga, o que causa proble- tanto, a maneira mais eficaz de combate à
mas em sua alimentação. Esfomeada, a pulga doença continua a ser a prevenção com o exter-
busca novas fontes de alimento (como cães, mínio dos ratos urbanos e de suas pulgas.
gatos e humanos). Disponível em: <www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.
Após o esforço da picada, ela relaxa seu tubo htm?infoid=303&sid=6>. Acesso em: nov. 2013. (Adaptado.)
digestivo e libera as bactérias na corrente sanguí-
nea de seus hospedeiros.
O quadro Triunfo
da morte (1562),
do pintor belga
Peter Bruegel
(1525-1569),
retrata o horror
que a peste negra
causou na Europa.
Art Media/HERITAGE/KEYSTONE BRASIL

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 194 05/02/15 18:11


a. Qual é o agente causador da peste bubônica? b. Como ocorre o contágio da peste bubônica?

O agente causador da peste bubônica é a O seu contágio ocorre pela picada de pulgas

bactéria Yersinia pestis. contaminadas do rato.

c. Quais são os sintomas da peste bubônica? d. Comente o quadro Trunfo da morte


(1562), do pintor belga Peter Bruegel.
Os sintomas são fotofobia, dor de cabeça, vertigens,

febre e dores pelo corpo. Pode matar em 60% dos Resposta pessoal. Sugestão: Paisagem desoladora,

casos não tratados. pois mostra de forma clara e incisiva pessoas mortas

e agonizantes, em função da epidemia de peste

bubônica (peste negra).

2. Considere que uma população de insetos apresenta inicialmente 1 200 animais. Ao longo
de um mês nasceram 450 indivíduos e morreram, no mesmo período, 150 insetos.
Chegaram à localidade 230 animais. Como a competição intraespecífica aumentou,
houve a emigração de 130 indivíduos. Se essa população de insetos ocupa uma área de
400 m2, determine sua densidade populacional.

TC = (Tn + Ti) – (Tm + Te) TC = (450 + 230) – (150 + 130) = 400

1 200 + 400 = 1 600 após um mês. A densidade representa o número de indivíduos / área,

portanto a densidade é de quatro insetos por m2.

3. Quais são os fatores relacionados


à resistência ambiental? 4. Faça uma pesquisa sobre o
aproveitamento de alimentos. Sugerimos
o site <www.bancodealimentos.org.br>
Os fatores são: predatismo, parasitismo, (Acesso em: nov. 2013). Teste as receitas
competição, clima adverso, falta de espaço etc.
de reaproveitamento de alimentos.

Pesquisa pessoal.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 4 | 195

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 195 05/02/15 18:11


5. A tabela a seguir mostra dados demográficos de uma população experimental de insetos,
inicialmente constituída de vinte organismos, no final de janeiro de 2012. Utilize os dados da
tabela para responder às questões seguintes.

TEMPO (EM MESES)

Determinantes
populacionais Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Nascimentos 20 41 75 100 100 59

Imigrações 10 19 35 10 0 0
Mortes 8 18 25 10 20 20

Emigrações 2 2 5 0 0 39

a. Construa um gráfico para representar o crescimento populacional, relacionando o número de inse-


tos (no eixo das ordenadas) e o tempo decorrido – final de cada mês (eixo das abscissas). Utilize ré-
gua e seja caprichoso(a)! Não se esqueça de obedecer à proporcionalidade do gráfico.

Elaboração do gráfico pessoal. Sugestão:

número de indivíduos

350
300
250
200
150
100
50
0
fevereiro março abril maio junho julho
meses

b. A partir de que mês a taxa de crescimento


populacional ficou estável? O que isso representa?

A partir do mês de julho, a taxa de crescimento populacional

ficou estável (TC = 0), indicando que, nesse momento,

provavelmente se atingiu a capacidade de carga do ambiente.

Resolva as questões 54, 58, 68


a 73 do Caderno de
Atividades.

196 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 196 05/02/15 18:11


"Quem é esse que obscurece o meu conselho com
palavras sem conhecimento? Prepare-se como simples
homem; vou fazer-lhe perguntas, e você me responderá.
"Onde você estava quando lancei os alicerces da terra?
Responda-me, se é que você sabe tanto.
Jó 38:2-4
O texto bíblico acima é a introdução de uma conversa que Deus
teve com Jó, quando estava sendo questionado por ele. Este
discurso atribuído pela Bíblia a Deus está registrado nos
capítulos 38 e 39 do livro de Jó e é composto de um conjunto
enorme de perguntas retóricas de Deus, que apontam para
como Ele cuida de cada detalhe da natureza. Se Deus é quem
cuida de todos os detalhes da natureza, podemos dizer que
algo acontece apenas naturalmente?

rEfErÊNCIaS BIBlIOGráfICaS
<http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/gente-
um-tabu-a-ser-enfrentado>. Acesso em: Dez. 2014.
<www.ibge.gov.br>. Acesso em: Dez. 2014.
<www.ibama.gov.br>. Acesso em: Dez. 2014.
<www.mma.gov.br>. Acesso em: Dez. 2014.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 4 | 197

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 197 05/02/15 18:11


capítulo 5
a biosfera
Anteriormente, vimos que a Biosfera é o nível mais com-
pleto de organização da vida. O termo "biosfera" (do gre-
go, bios "vida": sfaira "esfera"; "esfera da vida") pode ser
utilizado para designar o conjunto dos diferentes ecossis-
temas existentes em nosso planeta. Florestas, desertos,
lagos, rios, oceanos, mangues, estuários e muitos outros
tipos de ecossistemas fazem parte da Biosfera terrestre.
Neste capítulo, caracterizaremos os mais importantes
ecossistemas terrestres e aquáticos que compõem a Bios-
fera. Convidamos você a refletir sobre a importância da
preservação desses ecossistemas.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 198 05/02/15 18:11


A inFLuênciA
dos FAtores
abiÓtiCos na
FormaçÃo dos
eCossistemas
Vamos fazer um passeio pela Biosfera? Imaginar que esta-
mos sobrevoando nosso planeta e observando tudo por
uma janela do avião. Basicamente o que nós viríamos? Vida!
Florestas, desertos, mangues e estuários... Enfim, perce-
beríamos uma grande diversidade de ecossistemas espalha-
dos pela Terra. Eles são verdadeiros santuários da vida em
nosso planeta.
Entretanto, notaríamos também em nossa jornada, que
os ecossistemas adquirem características próprias, confor-
me nosso avião muda de trajetória. Afinal, a distribuição
da vida é influenciada pelas variações dos fatores abióticos,
como a disponibilidade de água líquida, a temperatura e a
intensidade luminosa. Esses fatores não são os mesmos em
todos os lugares do planeta.
Neste capítulo, você perceberá que os ecossiste-
mas da Terra assumem características específicas, de
acordo com a variação dos fatores abióticos existentes
nas diferentes latitudes e altitudes de nosso planeta.
A seguir, veja como a latitude e a altitude interfe-
rem na formação dos diferentes ecossistemas.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 199 05/02/15 18:11


A Latitude e a
Distribuição da Vida
A intensidade luminosa que incide no
planeta Terra é um dos principais fatores
abióticos que influenciam na formação
dos ecossistemas, especialmente na
distribuição vegetal nos ecossistemas
terrestres. Mas de que forma a intensida-
de luminosa se distribui no planeta? Um
morador de Porto Alegre (RS) e outro
de Manaus (AM), por volta das 12 horas
(horário de Brasília), recebem a mesma
quantidade de luz solar (energia solar)?
75ºN
A resposta para essa pergunta é não, pois 60ºN
45ºN
em Manaus a energia solar incidente é
30ºN
maior. Mas por que esses lugares recebem
15ºN
diferentes quantidades de energia solar?
Devido à latitude! Equador

A distância (em graus) de qualquer 15ºS


ponto da superfície da Terra em relação à
30ºS
linha do Equador é denominada latitude.
45ºS
Portanto, a linha do Equador é o referen- 60ºS
75ºS
cial que tem latitude igual a 0°. À medida Raios solares
que nos afastamos do Equador e nos diri- Intensidade de luz que incide na Terra.
gimos para os polos da Terra, a latitude
aumenta até chegar às latitudes máximas,
encontradas nos polos norte e sul (90°).

Diante disso, qual é, então, a relação entre


latitude e intensidade luminosa?

Na latitude 0° (Equador), os raios luminosos do Sol incidem na superfície


terrestre de forma perpendicular, concentrando mais energia solar por unida-
de de área (maior intensidade de luz). Nas regiões de maior latitude, mais afas-
tadas do Equador, os raios solares incidem de forma menos perpendicular (são
mais distribuídos e inclinados). Portanto, as regiões de maior latitude recebem
menor quantidade de energia solar por unidade de área (menor intensidade
luminosa). Assim, podemos dizer que, de certa forma, a taxa de fotossíntese
(processo altamente influenciado pela intensidade luminosa) tende a ser
maior nas áreas mais próximas da linha do Equador. Por isso, não é de se
espantar que as maiores concentrações vegetais do planeta, tais como
as florestas tropicais, são comuns nas áreas próximas ao Equador.

200 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 200 06/12/16 18:54


aS EStaçõES do ano E a LuMinoSidadE
As estações do ano também influenciam na
distribuição de luz e calor, provenientes do Sol
nas diferentes partes do planeta. As vegetações que constituem os
biomas terrestres devem estar adaptadas às variações das temperaturas
e da luminosidade, decorrentes das diferentes estações do ano.
No dia 21 de junho, devido ao eixo de inclinação da Terra, o Hemisfério Norte
(no Trópico de Câncer) recebe maior energia solar do que o Hemisfério Sul.
Assim, nesse dia, inicia-se o verão no Hemisfério Norte e o inverno no
Hemisfério Sul. No dia 21 de dezembro ocorre uma inversão, isto é, o
Hemisfério Sul (no Trópico de Capricórnio) passa a receber maior quantidade
de energia solar do que o Hemisfério Norte, mudando, consequentemente,
as estações do ano: começa o verão no Hemisfério Sul e o inverno no
Hemisfério Norte. Apenas em dois dias do ano os Hemisférios Sul e Norte
recebem praticamente a mesma quantidade de energia solar: no dia 21
de março (início do outono no Hemisfério Sul e da primavera no Hemisfério
Norte) e no dia 23 de setembro (começo da primavera no Hemisfério Sul e
do outono no Hemisfério Norte).

23 de setembro
Outono no Hemisfério Norte.
Primavera no Hemisfério Sul. 21 de dezembro
Hemisfério Sul recebe mais energia
solar do que o Hemisfério Norte.
Inverno no Hemisfério Norte.
Verão no Hemisfério Sul.

21 de junho
Hemisfério Norte recebe
mais energia solar do
que o Hemisfério Sul.
Verão no Hemisfério Norte.
Inverno no Hemisfério Sul. 21 de março
Primavera no Hemisfério Norte.
Outono no Hemisfério Sul.

A ALtitude e A distribuição dA VidA


O que é altitude? Trata-se da distância vertical medida entre
um determinado ponto e o nível médio do mar. Será que a
altitude influencia na distribuição da vida em um ecossistema?
Bem, talvez você já tenha subido um morro, ou se deslocado para
regiões de maior altitude, como uma serra. Como é a temperatura
desses em relação aos de menor altitude: mais alta ou mais baixa?

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 201

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 201 05/02/15 18:11


Efeitos da altitude sobre a vegetação.

Precipitação na
forma de neve

8000 Precipitação ora líquida,


ora na forma de neve
7000

6000 Precipitação
líquida

5000

4000

3000

2000

1000
Altitude (m)
Os lugares de maior altitude tendem a apresentar temperaturas
mais baixas em relação às temperaturas das regiões de menor alti-
tude (em média, a temperatura diminui em 1°C a cada 200 metros
de altitude). Além disso, diminuem os índices de umidade e de
chuvas à medida que ocorre aumento da altitude. Assim, a vegeta-
ção tende a ficar menos exuberante conforme ocorre aumento da
altitude devido à diminuição das temperaturas médias e da menor
disponibilidade de água líquida.

A Diversidade dos Biomas


em Nosso Planeta
Quando falamos de vento, sol, areia, coqueiros, água salgada, de qual
ambiente lembramos? Da praia.
E quando mencionamos lama, plantas tortuosas, caranguejos enterrados
no solo, odor forte de material em decomposição, lembramos do mangue!
Já quando falamos de grande volume de chuvas, grande quantidade de
rios e árvores, e muita umidade, estamos nos referindo à Floresta Amazônica.
Note, portanto, que podemos distinguir e identificar os mais diferentes
ecossistemas por suas peculiaridades. Os ecossistemas com características
específicas quanto à flora, à fauna e às condições abióticas formam diferentes
biomas. Mas o que é um bioma?

202 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 202 05/02/15 18:11


O que vem a ser comunidade clímax? Vimos no
Há autores que definem bioma como área capítulo anterior que uma comunidade clímax
que abriga formações vegetais com característi- é praticamente autossustentável, isto é, é
cas próprias e relativamente homogêneas. Hoje estável, sofre poucas modificações ao longo
em dia, no entanto, há uma tendência em se con- do tempo, e é composta por um conjunto
ceituar bioma (do grego bios, vida; oma, grupo) de espécies com graus de complexidade e
como um conjunto de ecossistemas com caracte- adaptação alcançados dentro das condições
rísticas relativamente homogêneas, formados por oferecidas pelo meio (disponibilidade de
comunidades biológicas em estado clímax. água líquida, temperatura, luminosidade etc).

Nessa concepção, a Biosfera apresenta biomas terrestres (florestas,


campos, desertos etc), aquáticos (rios, lagos e oceanos) e de transição
(mangues, praias e estuários).
Conheça a seguir, de forma esquemática, a distribuição dos princi-
pais biomas da Terra.

bioMaS
MundiaiS

terrestres aquáticos

tundra de transição oceanos


taiga rios
Floresta temperada Lagos
Floresta tropical
Savana
Pradaria
deserto
Mangue
Estuário
Praias

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 203

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 203 05/02/15 18:11


OS BIOMAS TERRESTRES MUNDIAIS
Os biomas terrestres apresentam componentes bióticos (especialmente a vegeta-
ção) e abióticos característicos. Os principais biomas terrestres são: tundra, taiga,
florestas temperadas, florestas tropicais, savanas, pradarias e desertos.

TUNDRA
A tundra localiza-se no extremo norte do planeta, entre as latitudes de 60° e 75°, nos
territórios de parte dos países escandinavos, do Canadá, da Sibéria e do Alasca.
Nesse ambiente faz muito frio e apresenta apenas duas estações do ano: inver-
no e verão.
No inverno, que dura cerca de 10 meses, com temperaturas extremamente bai-
xas (entre -28°C e -34°C), noites longas, com muitas nevascas e ventanias. O solo
mostra-se congelado, o que dificulta o processo de absorção de água líquida pela
vegetação (fenômeno denominado seca fisiológica).
No verão, com duração de dois meses, as temperaturas médias sobem um pou-
co (podem chegar aos 10°C), o período de luminosidade aumenta (as noites são
curtas) e o solo descongela, formando charcos ou pântanos, o que disponibiliza
água líquida para as plantas e os animais que lá vivem.
Mas será que em um lugar que faz muito frio, cujo solo fica congelado a maior
parte do ano e que apresenta baixa intensidade luminosa pode existir vida?

LOCALIZAÇÃO DA TUNDRA NA TERRA

OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
PACÍFICO
Equador

OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

Fonte: IBGE.
Atlas geográfico
N escolar. 4. ed. Rio
de Janeiro: IBGE,
Tundra
0 2.000 4.000 2004 (adaptado).
km

Pode sim! A vegetação básica da tundra é formada


por líquens e musgos, com algumas poucas gramíneas e
arbustos. A fauna é composta por caribus, bois almisca-
rados, renas, ursos, aves migratórias, raposas, lebres etc.

204 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 204 11/8/17 13:00


Jeff McGraw/Shutterstock.com
Gertjan Hooijer/Shutterstock.com

Andreas Altenburger/Shutterstock.com
Musgos e líquens cobrem o solo da tundra

Muitos desses animais hibernam no inverno ou são migratórios,


isto é, migram de outros lugares para a tundra no verão, onde a
água líquida está mais disponível, assim como a vegetação.

TAIGA
Animais típicos da tundra – A taiga, também conhecida como floresta boreal ou floresta de
caribu e bois almiscarados.
coníferas, localiza-se ao norte do Equador, entre as latitudes de
50° e 60°, em parte da América do Norte, Europa e Ásia.
As temperaturas médias da taiga também são baixas e nela
também encontramos duas estações anuais: inverno e verão.

LOCALIZAÇÃO DA TAIGA NA TERRA

OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
PACÍFICO
Equador

OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

N
Fonte: IBGE. Atlas geográfico
escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: 0 2.000 4.000

IBGE, 2004 (adaptado). Floresta de coníferas km

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5 | 205

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 205 11/8/17 13:01


O inverno dura mais de seis meses e é bem
rigoroso, com temperaturas negativas (cujos
registros já atingiram -50°C), muitas nevascas e
noites longas (período curto de iluminação diá-
ria). O solo geralmente fica coberto por neve.
O verão dura alguns meses, com tempera-
turas um pouco maiores (podendo chegar a
20°C). O período de iluminação diária aumen-
ta, assim como a umidade e a disponibilidade
de água líquida devido ao degelo. Com maior
oferta de água líquida e com temperaturas
menos baixas, os animais saem do processo
de hibernação e a vida mostra sua cara!
Pi-Lens/Shutterstock.com
Taiga: uma paisagem de pinheiros.

A vegetação da taiga é composta principalmente por cedros, se-


quoias e pinheiros (coníferas). As folhas dos pinheiros são finas, com
formato de agulha importante adaptação desses vegetais à seca fisio-
lógica, muito comum no inverno. Como nessa estação a água encon-
tra-se congelada, a vegetação evita perder muita água pela folha, por
meio da transpiração. O formato de agulha reduz a superfície folhar e,
consequentemente, a taxa de transpiração. Os troncos dos pinheiros
apresentam uma camada externa mais grossa, que também pode ser-
vir de isolamento térmico, evitando perda de calor excessiva e o con-
gelamento dos tecidos internos.

Mertens Photography/Shutterstock.com
Birdiegal/Shutterstock.com

Animais típicos da taiga – Alce típico da América


do norte e países escandinavos. Tigre siberiano
encontrado na taiga Russa e Asiática.

A taiga exibe uma rica e variada fauna, que se faz mais presente
no verão. Raposas, renas, ursos, lobos, alces, tigres, esquilos e muitos
outros animais fazem parte do cenário faunístico desse bioma.

206 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 206 05/02/15 18:11


FLORESTA LOCALIZAÇÃO DAS FLORESTAS TEMPERADAS NA TERRA
TEMPERADA
Este tipo de floresta é mais
comum em parte da América
do Norte e da Europa e sul da
América do Sul, embora tam- OCEANO
bém esteja presente em pe- Trópico de Câncer
ATLÂNTICO

quenos trechos no leste OCEANO


asiático, na Nova Zelândia e Equador
PACÍFICO

na Austrália. OCEANO OCEANO


As florestas temperadas PACÍFICO
Trópico de Capricórnio
ÍNDICO

apresentam quatro estações


climáticas bem definidas: inver-
no, primavera, verão e outono. N
Durante o ano, apesar de
0 2.000 4.000
algumas oscilações climáticas, km
as chuvas são bem regulares. Floresta temperada

As temperaturas podem variar Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed.


Rio de Janeiro: IBGE, 2004 (adaptado).
entre -30°C e 30°C, dependen-
do da estação do ano.
O solo da floresta temperada é muito fértil folhas amareladas, outras avermelhadas, outras,
devido à decomposição da matéria orgânica pre- ainda, alaranjadas. No entanto, no outono a pai-
sente nas folhas e nos frutos que caem das árvo- sagem pode mudar devido à queda de suas fo-
res. A vegetação da floresta temperada é rica e lhas, o que dá à floresta também o nome de
diversificada, valorizada pelo colorido e pela be- caducifólia (do latim deciduus, “que cai, caduco”;
leza. É composta por faias, bordos, carvalhos, cas- folia, folha).
tanheiras etc. Algumas de suas árvores produzem
Getty Images/All Canada Photos

Vegetação
colorida da
floresta
temperada
(caducifólia).

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5 | 207

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 207 11/8/17 13:01


Animais típicos da
floresta temperada –
veado vermelho e castor
europeu – floresta
temperada europeia.
Matt Gibson/Shutterstock.com Jody Ann/Shutterstock.com

A fauna da floresta temperada é muito rica e diversificada.


Encontramos animais como ursos, veados, castores, javalis,
linces, aves migratórias, répteis, anfíbios, insetos etc.

FLORESTA TROPICAL
As florestas tropicais são encontradas principalmente entre os Trópicos de Câncer e Capricór-
nio, em áreas da América Central, no norte da América do Sul, na África equatorial (bacia do
Congo), no sudeste da Ásia (principalmente na Índia e Indonésia) e em parte da Austrália.

LOCALIZAÇÃO DAS FLORESTAS TROPICAIS NA TERRA GLOSSÁRIO


Estratos arbóreos: são
diferentes camadas verticais
presentes em uma floresta.
Essas camadas apresentam
características próprias de
fauna e flora, influenciadas
OCEANO pela intensidade de luz.
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer Assim, os estratos superiores
(perto da copa das árvores)
OCEANO
PACÍFICO recebem mais luz, e os
Equador estratos inferiores (próximos
OCEANO OCEANO ao solo), menos luz.
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

N
Fonte: IBGE. Atlas geográfico
0 2.000 4.000
escolar. 4. ed. Rio de Janeiro:
km
IBGE, 2004 (adaptado).
Floresta pluvial, tropical e subtropical

Provavelmente, se você estivesse em uma floresta tropical sentiria muito calor. As tempe-
raturas anuais oscilam entre 21°C e 40°C; a pluviosidade é alta (chove muito), assim como a
umidade do ar. A incidência de radiação solar na floresta tropical é muito alta, no entanto, a
copa das árvores “filtra” parte da luz, fazendo com que a temperatura e luminosidade sejam
menores e a umidade maior nos estratos arbóreos inferiores. A grande umidade da floresta
tropical decorre, na maior parte, do vapor-d’água transpirado pela vegetação.

208 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 208 11/8/17 13:01


Estima-se que as florestas tropicais do mundo
abriguem 60% do total das espécies animais e ve-
getais, caracterizando-se, assim, por uma imensa
biodiversidade. Essas florestas possuem uma am-
pla densidade de árvores de grande porte e sobre
seus troncos, nos estratos inferiores, há um grande
número de trepadeiras, cipós e plantas epífitas, co-
mo bromélias e orquídeas. Embora muitas pessoas
pensem que o solo da floresta tropical é fértil, uma
vez que sustenta grande exuberância vegetal, isso
não é verdade; o solo das florestas tropicais é pou-
co fértil. A grande umidade e as temperaturas ele-
vadas aceleram o processo de decomposição da
matéria orgânica que chega ao solo (restos de ve-
getais e animais). Os sais minerais liberados pela
decomposição são rapidamente absorvidos pelos
vegetais, ficando pouco tempo disponíveis no so-
lo, o que acaba gerando uma baixa fertilidade.

Vegetação densa e
exuberante das
florestas tropicais.
sittitap/Shutterstock.com

tratong/Shutterstock.com andamanec/Shutterstock.com

As florestas tropicais abri-


gam um grande número de
espécies animais: insetos, arac-
nídeos, peixes, anfíbios (sala-
mandras, rãs, pererecas), répteis
(tartarugas, cobras, lagartos,
crocodilos), mamíferos (maca-
cos, capivaras, onças, jaguatiri-
cas, antas), aves (papagaios,
tucanos, araras) etc.
Animais típicos da floresta tropical – onça pintada típica da floresta
tropical sul americana. Gorila típico da floresta tropical africana.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 209

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 209 05/02/15 18:12


SAVANA
Existem savanas na América do Sul, na África e em parte da Índia.
Este bioma é caracterizado pela alternância de períodos de chuva
(menores) e períodos de seca (maiores). De uma forma geral, as sava-
nas não são muito úmidas e apresentam temperaturas médias eleva-
das, acima de 20°C.

LOCALIZAÇÃO DAS SAVANAS NA TERRA

OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
PACÍFICO
Equador

OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

N Fonte: IBGE. Atlas geográfico


escolar. 4. ed. Rio de Janeiro:
0 2.000 4.000 IBGE, 2004 (adaptado).
km
Floresta estacional e savana

Muitas pessoas descreveriam a savana – que no Brasil recebe o nome de


cerrado – como “mato com árvore”. Sua vegetação é composta principalmen-
te por plantas de pequeno porte (tais como gramíneas e herbáceas), além de
arbustos e árvores de médio porte (como jacarandás e acácias). O aspecto
pouco exuberante da vegetação da savana está relacionado a diversos fato-
res, como as condições minerais e o
pH do solo (assunto que será abor-
dado mais detalhadamente em
biomas terrestres brasileiros).
Há muitas espécies animais na sa-
vana africana, como insetos, répteis,
antílopes, rinocerontes, elefantes,
leões, guepardos, leopardos, hienas,
zebras, búfalos, girafas etc. No cerra-
do brasileiro encontramos formigas,
cupins, tamanduás, lobos-guarás,
corujas, e mas, cutias, entre outros.
Getty Images

Vegetação típica da savana africana sob


o Monte Kilimanjaro.

210 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 210 11/8/17 13:01


Joe McDonald/Shutterstock.com
Pal Teravagimov/Shutterstock.com
Animais típicos da savana – rinocerontes
típicos das savanas africanas. Tamanduá
típico do cerrado brasileiro.
PRADARIA
As pradarias, ou estepes, são campos encontrados na América do Norte, nos pampas sul-
-americanos, em boa parte das pastagens europeias e australianas.
A paisagem predominante das pradarias é caracterizada por uma vegetação rasteira e
muito verde, que apresenta perío­­dos de chuvas curtos com pouca umidade, alternando-
se com períodos de seca, um pouco mais prolongados.
Há muitas oscilações tér-
micas nas pradarias, com LOCALIZAÇÃO DAS PRADARIAS NA TERRA
temperaturas que podem
variar de - 5°C até 30°C, de-
pendendo da época do
ano. A vegetação típica das
pradarias é de pequeno OCEANO
ATLÂNTICO
porte, composta principal- Trópico de Câncer

OCEANO
mente por gramíneas e her- PACÍFICO
báceas, adaptadas à pouca Equador

OCEANO OCEANO
disponibilidade de água no PACÍFICO ÍNDICO
solo. As pradarias são áreas Trópico de Capricórnio

muito utilizadas pelas po-


pulações humanas locais
como área de pastagens, N

por isso são consideradas 0 2.000 4.000


de grande valor econômico. Formações herbáceas km

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed.


Rio de Janeiro: IBGE, 2004 (adaptado).
canadastock/Shutterstock.com

Gramíneas (vegetação
típica das pradarias).

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5 | 211

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 211 11/8/17 13:01


“Cão da pradaria” (roedor típico
das pradarias norte-americanas).

A biodiversidade animal das pradarias é composta por ani-


mais de criação, como gado bovino e ovino, além de lagartos,
insetos, cobras, pequenos antílopes, búfalos, lebres e os “cães
das pradarias” (especialmente nos Estados Unidos), que não
são cães de verdade e sim uma espécie de roedores.

m
tock.co
hutters
RGHEANU/S
Mircea BEZE

DESERTO
Os principais desertos do planeta encontram-se na
África (onde está localizado o maior deserto do mun-
do), no Oriente Médio, no Tibete, na China, no México,
nos Estados Unidos, no Chile, na Argentina e em par-
te da Austrália.
Embora muitos descrevam o deserto como uma
paisagem desolada, existe vida nesse bioma terrestre.
Os índices pluviométricos do deserto são baixíssimos
(quase não chove) e há muita amplitude térmica. Por
exemplo, no deserto de Atacama, no Chile, as tempe-
raturas podem atingir 40°C durante o dia, e cair para
perto de 0°C durante a noite.

LOCALIZAÇÃO DOS DESERTOS NA TERRA

OCEANO O deserto do Saara já


ATLÂNTICO
Trópico de Câncer registrou durante o dia
OCEANO temperaturas extremas,
PACÍFICO
Equador
próximas a 58°C. Isso
OCEANO OCEANO ocorreu em 1922, em
PACÍFICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
Al Aziziyah, na Líbia.

N
Fonte: IBGE. Atlas geográfico
0 2.000 4.000 escolar. 4. ed. Rio de Janeiro:
Deserto km IBGE, 2004 (adaptado).

212 | BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 5

B1_EM_U2_C5_LD_3a prova.indd 212 11/8/17 13:01


Nataliya Hora/Shutterstock.com
A falta de água é o grande fator limitan-
te da vida no deserto, cujo solo é arenoso
e seco. Muitos desertos apresentam imen-
sas dunas e depósitos de sal, e a pouca
água existente encontra-se em lençóis
freáticos ou em esporádicos oásis.
A pouca e rara vegetação do deserto é
composta por plantas xerófitas, especial-
mente as cactáceas. Essas plantas possuem
uma série de adaptações para viver em am-
biente com pouca água: folhas com área
reduzida ou transformadas em espinhos
(o que evita a transpiração excessiva e a Deserto de Atacama (Chile)
perda de água), raízes profundas (para ab-
sorver a água do lençol freático), folhas e
caules com cutícula grossa e impermeável
(que bloqueia a saída de água por transpira-
ção) e vários tipos de tecidos armazenado-
res de água (parênquimas aquíferos).
As espécies animais encontradas no de-
serto também apresentam uma série de ca-
racterísticas anatômicas e fisiológicas que as
mantêm adaptadas a ambientes áridos e se-
cos. São animais típicos do deserto: came-
los, dromedários, cobras, lagartos, insetos,
escorpiões, pequenos roedores etc.

Cactos em

CBH/Shutterstock.com
forma de barril
(Deserto do
Arizona-EUA)

quaL a diFErEnça
EntrE caMELo E droMEdário?
Eles se diferem fisicamente por três aspectos: o número
de corcovas, a altura e o tipo de pelo. Além disso, o habitat deles não é o mesmo.
Ambos são originários de um ancestral comum – que viveu na América do Norte
há 40 milhões de anos –, mas agora vivem em diferentes regiões do planeta. O
camelo (Camelus bactrianus) é encontrado apenas na Ásia Central, ao passo que
o dromedário (Camelus dromedarius), conhecido como camelo árabe, espalha-
se não só por parte do continente asiático como também pela África. Na
verdade, é ele que se vê naqueles filmes passados no deserto do Saara. Parentes
bem próximos, esses dois mamíferos ruminantes são as únicas espécies da
família Camelidae e são usados pelo homem como meio de transporte em
regiões desérticas. Rápidos e resistentes, os dromedários podem correr a 16
km/h por até 18 horas seguidas.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 213

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 213 05/02/15 18:12


Dromedário (uma corcova) e o
Camelo (duas corcovas).
konradrza/Shutterstock.com Martinez de la Varga/Shutterstock.com

Já os camelos viajam bem mais lentamente, a cerca de 5 km/h, mas em


compensação são capazes de levar pesadas cargas em viagens de até
50 quilômetros de distância. Em comum, ambos têm a capacidade de
ficar durante vários dias sem beber água – há registro de animais que
aguentaram até 17 dias sem um golinho sequer. Por serem “primos”
não muito distantes, camelos e dromedários podem cruzar entre si,
gerando crias que também são capazes de se reproduzir.
Disponível em:< http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-a-diferenca
-entre-camelo-e-dromedario>. Acesso em: nov. 2013.

1. Os biomas que compõem nosso planeta têm diferentes aspectos


climáticos e tipos de vegetação. Aponte dois fatores abióticos que
são responsáveis por esses diferentes aspectos.

Temperatura e intensidade luminosa.

2. A quantidade de luz solar que


incide na Terra é a mesma em
toda a sua superfície? Explique.
3. As florestas tropicais apresentam grande
produtividade de matéria orgânica bruta
em relação às vegetações presentes em
locais de maior latitude. Por quê?
Não, as regiões de menor latitude, próximas à
As florestas tropicais são encontradas em
linha do Equador, recebem maior intensidade
lugares do planeta com maior intensidade
luminosa em relação às regiões de maior
luminosa, o que favorece e intensifica a
latitude, mais afastadas da linha do Equador.
fotossíntese e, consequentemente, a

produção de biomassa (matéria orgânica).

214 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 214 05/02/15 18:12


4. Leia o texto a seguir que descreve o chamado “rato-canguru”.

“... um roedor de cerca de 10 centímetros de comprimento muito


parecido com as pequenas cobaias usadas em experiências de la-
boratórios. [...] Além de não beber água nunca, o animal só se ali-
menta de grãos e folhas secas. Mas, então, como ele não morre de
sede? Graças a sofisticados mecanismos fisiológicos, ele consegue
oxidar sua alimentação – combinar o oxigênio com outras subs-
Diomedia / Bruce Coleman International / Bruce Coleman

tâncias –, produzindo água. Além disso, seus rins são altamente


especializados e contêm minúsculos tubos que extraem boa parte
da água presente na urina, fazendo com que ela retorne ao orga-
nismo. [...] Como última estratégia para evitar perdas desnecessá-
rias de água, o rato-canguru só sai de sua toca à noite [...].
Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/existe-algum-animal-terrestre-
que-nao-bebe-agua>. Acesso em: nov. 2013.
Rato canguru
Agora, responda:

a. Esse pequeno roedor está adaptado


a qual bioma terrestre? Explique.

Ao deserto, pois apresenta adaptações fisiológicas para suportar a falta de

água no ambiente, entre elas a capacidade de oxidar substâncias presentes

em grãos e folhas secas, obtendo água desses alimentos. Outra adaptação

são seus rins, que conseguem reabsorver quase toda a água presente nas

excreções – que serão eliminadas na forma de urina –, devolvendo-a para

a corrente sanguínea.

b. Considerando o bioma terrestre onde o “rato-canguru” vive,


qual é a vantagem desse animal ter hábitos noturnos?

Durante a noite, as temperaturas no deserto são menores, portanto, há menor

perda de água por transpiração (manutenção dos líquidos corporais).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 215

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 215 05/02/15 18:12


5. Observe o mapa conceitual da vegetação típica
de cada bioma terrestre do nosso planeta.

biomas terrestres mundiais

1 2 3 4 5 6 7

• Palmeiras • Castanheiras • Cactáceas • Coníferas • Gramíneas • Arbustos • Musgos


• Epífitas • Faias • Sequoias • Herbáceas • Gramíneas e líquens
• Cipós • Plantas • Acácias
• Mognos caducifólias
• Seringueiras

Utilize a numeração do esquema para identificar o bioma típico da vegetação descrita.

1 Florestas tropicais 2 Florestas temperadas

3 Desertos 4 Taiga

5 Pradarias 6 Savanas

7 Tundra

Resolva as questões 74, 79, 85, 86, 87,


88 e 89 do Caderno de Atividades.

216 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 216 05/02/15 18:12


Os biomas Os países com a maior biodiversidade do mundo
são: Brasil, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela,

do Brasil
Costa Rica, Peru, México, Quênia, África do Sul, Ín-
dia, Malásia, Indonésia, China e Filipinas. Esses 15
países são chamados de Megadiversos. Mas qual
é a parcela brasileira, isto é, quanto que o Brasil
detém da biodiversidade mundial?

Observe o mapa abaixo.

Biomas do brasil

Floresta Amazônica
Caatinga
Cerrado
Mata Atlântica
Pampas
Pantanal

Fonte: <http://www.biodiversidade.rs.gov.
br/arquivos/1161807794biomas_br.jpg>.

Segundo o Instituto Carbono Brasil de Desenvolvimento Científico


e Tecnológico (<http://www.institutocarbonobrasil.org.br/ecossiste-
mas/biodiversidade>), nosso país detém 13% da biodiversidade mun-
dial, possuindo 49 mil espécies vegetais e 149 mil espécies animais.
Boa parte dessa biodiversidade pode estar ameaçada pela ativida-
de agropecuária, pelo extrativismo insustentável, pelos grandes em-
preendimentos de infraestrutura e pela especulação imobiliária.
A maior parte da biodiversidade brasileira está distribuída nos
seguintes biomas: Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata
Atlântica, Pantanal e Pampas (campos sulinos).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 217

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 217 05/02/15 18:12


Johnny Lye/Shutterstock.com

Floresta Amazônica
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), a Floresta Amazônica é o maior bio-
ma terrestre do Brasil e um dos maiores do mun-
do, totalizando uma área de 4.196.943 km2. Os
estados que detêm parte da Floresta Amazônica
são: Amazonas, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Ma-
ranhão, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá. Essas
regiões são quentes (com temperaturas que
podem variar entre 20°C e 41°C), e têm grande Vista aérea de trecho da Floresta Amazônica
umidade e pluviosidade (muitas chuvas).
Embora muita gente pense que o solo da Floresta Amazônica é
fértil, não é bem assim. As elevadas temperaturas e a grande umidade
favorecem a decomposição da matéria orgânica no solo da floresta, Glossário
fazendo com que os nutrientes resultantes sejam rapidamente libera- Paisagem natural: lugar que
reúne uma série de estruturas
dos na camada superficial do solo. A vegetação acaba absorvendo bióticas e abióticas, que podem
rapidamente esses nutrientes e poucos conseguem penetrar nas ca- ser percebidas e distinguidas pelos
madas inferiores do solo. Há três tipos de paisagens naturais na Flores- órgãos dos sentidos humanos.
ta Amazônica: igapós, várzeas e mata de terra firme.

Igapós
Os igapós são paisagens formadas
por vegetações próximas aos rios que
estão, que estão constantemente
inundadas. Há plantas que ficam
parcialmente submersas, como a vi-
tória-régia, e grandes árvores adapta-
das a terrenos alagadiços, dotadas de
raízes (suporte ou escoras e tabula-
res), que dão maior fixação a esse ti-
po de terreno.
Videowokart/Shutterstock.com

Vitória-régia (planta
típica dos igapós)

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 218 05/02/15 18:12


Adaptações a terrenos alagadiços dos Igapós

Jason Benz Bennee/Shutterstock.com


Niar/Shutterstock.com

Raízes suporte (ou escoras) Raízes tabulares

Várzeas
As várzeas ficam temporariamente alagadas, sen-
do uma paisagem de transição entre a vegetação
de mata firme e os igapós. Nas várzeas podemos
identificar algumas plantas semelhantes à vege-
tação dos igapós, inclusive árvores de médio ou
grande porte, como palmeiras e seringueiras.

Mata de
várzea da
Amazônia
Dr. Morley Read/Shutterstock.com

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 219

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 219 05/02/15 18:12


Matas de terra firme
As matas de terra firme localizam-se em pontos árvores bloqueiam parte da luz, no estrato médio
da floresta de maior altitude que dificilmente são as temperaturas são menores e o ambiente fica
alagados. São compostas principalmente de uma mais escuro e úmido, o que favorece o crescimen-
densa população de árvores de grande porte, to de muitas plantas epífitas (orquídeas, bromé-
que podem atingir uma altura superior a 30 me- lias etc) e muitos cipós sobre os galhos e troncos
tros. Abaixo da copa das árvores, nota-se uma es- das árvores. No estrato inferior, no solo, observa
tratificação do ambiente, com a formação de -se a formação de plantas rasteiras adaptadas à
microclimas diferentes, que podem abrigar dis- pouca luz e muita umidade. Dentre as muitas
tintas formas de vida. Nos estratos superiores, espécies vegetais típicas da mata de terra firme,
por volta de 40 metros de altura, nas proximida- destacam-se a castanheira do Pará, o guaraná,
des da copa das árvores, a temperatura e a inten- a seringueira e o mogno.
sidade de luz são maiores. Como a copa das

Planta do guaraná (Paullinia cupana), típica da Amazônia. Diomedia / Science Source / Nature's Images

A fauna da Floresta Amazônica é muito rica. Há muitas espé-


cies de insetos, além de anfíbios (sapos, rãs, pererecas), cobras
(sucuris, jiboias etc), jacarés, tartarugas, aves (papagaios, araras,
tucanos etc), macacos, onças, antas, botos, peixes-boi, peixes
(poraquês, piramboias, pirarucus, bagres etc), entre outros animais.
Sirilipix/Shutterstock.com

Mata de terra firme da Amazônia

220 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 220 05/02/15 18:12


Ryan M. Bolton/Shutterstock.com
apiguide/Shutterstock.com

Onça pintada e sucuri. Animais que fazem parte da paisagem amazônica.

bioLogiA,
tecnoLogiA,
soCiedade e
ambiente
drAuzio VAreLLA buscA
curA de doençAs nA AmAzôniA
O médico Drauzio Varella, o botânico Mateus Paciência e um
ex-operador de motosserra que virou guia florestal, Osmar
Ferreira Barbosa, desbravam a Amazônia numa missão de es-
tudos em busca de plantas que possam trazer novas subs-
tâncias para a fabricação de remédios para o tratamento de
doenças. As informações são do jornal britânico Guardian.
A bordo de uma embarcação que abre caminho pelos rios
da Amazônia adentro, os três pretendem descobrir na maior
floresta tropical do planeta um novo tratamento para o cân-
cer, relata reportagem do veículo de imprensa inglês publi-
cada nesta segunda-feira.
“Desde uma ameba até um elefante, todos os seres vivos
são uma fábrica de substâncias. E, com as plantas, não é dife-
rente”, entusiasma-se Mateus, com o barco cada vez mais
perto da margem onde ficará a base do grupo, uma pequena
cabana de madeira às margens do rio Cuieiras, a cerca de
quatro horas de viagem de barco de Manaus, a capital do
Amazonas. “Uma planta ou uma árvore são uma pequena fá-
brica de medicamentos. Tudo o que precisamos fazer é ten-
tar encontrar a aplicação para as substâncias que têm”,
complementa o botânico. [...]

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 221

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 221 05/02/15 18:13


“Quando era criança, nem sabia que a Amazô-
nia existia”, disse ele, durante sua última missão
com o grupo no rio Cuieiras. “Eu ouvi as histórias
das crianças sobre os índios com duas penas em
seus cabelos. Mas você nem sequer falava sobre a
Amazônia na época. Era uma coisa distante”, relata.
Isso mudou, no entanto, em outubro de
1992, durante uma viagem para a Amazônia com
Robert Gallo, um biomédico e pesquisador ame-
ricano, citado como um dos descobridores do ví-
rus da AIDS. Numa tarde, enquanto visitavam os
rios em torno de Manaus, Gallo perguntou se al- “A vantagem desses produtos naturais é a sua
guém estava à procura de novos medicamentos imprevisibilidade”, disse Drauzio. “Embora testes
nas plantas e árvores da Amazônia. com técnicas convencionais feitos em laborató-
“Quem está estudando este assunto? Quem rios sejam fundamentais, os produtos naturais
está pesquisando estas espécies?”, perguntou o podem abrir caminhos que nem se imaginavam”,
estrangeiro a Drauzio, na época. “Eu nem sabia o afirmou, citando o Taxol, uma droga que se origi-
que dizer a ele. Essa ideia ficou em minha cabeça”, nou a partir da casca de uma árvore e que agora
recorda o oncologista. Em 1995, então, a ideia se é amplamente utilizada para tratar o câncer de
tornou uma realidade com a primeira viagem de- mama e do ovário. “Você abre a porta para o des-
le para a Amazônia. Desde então, a equipe de Va- conhecido”, comemora o médico.
rella recolheu mais de 2 mil extratos de plantas e “Você não precisa botar uma única árvore
árvores da floresta tropical. abaixo para obter esses recursos. Você corta um
Este ano, uma das novidades da viagem é pedaço da planta e, no próximo ano, ele terá
a parceria com o Hospital Sírio-Libanês, de São crescido de volta. Eu não vejo nada mais am-
Paulo, um dos principais institutos de pesquisa bientalmente correto do que um projeto como
do Brasil. A equipe irá explorar uma nova área, este”, considera Mateus. [...]
que vai do rio Negro até a fronteira com a Mas, de acordo com Varella, a burocracia do
Colômbia e, dentro de dois anos, pretende governo em permitir a exploração de pesquisas
criar uma terceira base. medicinais, motivada por um profundo medo
Depois de serem coletadas da floresta tropi- de biopirataria, é um dos entraves, sobretudo
cal, as amostras das plantas são secas e transfor- para cientistas estrangeiros ou empresas
madas em um pó antes de seguirem para São farmacêuticas [...]
Paulo, onde são feitos os ensaios. Mais de 70 “A Amazônia tem algo como 20% de toda a
extratos já apresentaram impacto sobre células biodiversidade do mundo. Só em termos de
tumorais, enquanto 50 deles têm mostrado resul- plantas com flores, há cerca de 22 ou 23 mil. É
tados também contra infecções bacterianas. impossível imaginar que nenhuma delas tenha
uma substância ativa para curar algumas doen-
ças. A floresta tropical é um mar infinito de possi-
bilidades”, conclui ele.
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/
interna/0,,OI3729481-EI298,00-Drauzio+Varella+busca+na+Amazonia
+a+cura+de+doenca.html>. Acesso em: nov. 2013.

222 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 222 05/02/15 18:13


Baseando-se no texto, responda:

1. Houve algum resultado prático para a medicina, após


a expedição realizada por Drauzio Varella e equipe na
região da Floresta Amazônica? Qual?

Sim, segundo o texto, mais de 70 extratos obtidos de plantas da Floresta

Amazônica apresentaram impacto sobre células tumorais, enquanto 50

deles têm mostrado resultados também contra infecções bacterianas.

2. Foi necessário derrubar árvores para se obter os


extratos vegetais com supostas propriedades
terapêuticas, pesquisados pela equipe de Varella?

Não, segundo a reportagem, os extratos foram retirados

de pedaços de árvores que crescem novamente após certo

tempo, sem implicar na derrubada delas.

3. Em sua opinião, o Brasil deveria investir mais em pesquisas


científicas para fins medicinais usando produtos da
Floresta Amazônica?

Resposta pessoal. Professor, talvez fosse interessante explorar esse assunto

abordando o tema “desenvolvimento sustentável”, ou as formas sustentáveis

de exploração dos recursos naturais.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 223

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 223 05/02/15 18:13


Cerrado
Trata-se da versão brasileira das chamadas “sava-
nas”. Segundo o IBGE, o Cerrado é o segundo
maior bioma do Brasil, totalizando uma área de
2.036.448 km2, envolvendo parte dos territórios
de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins,
Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná,
Piauí, Rondônia, Maranhão, Amazonas, Roraima,
Amapá e Distrito Federal.
As temperaturas do Cerrado oscilam entre
21°C e 27°C. Entre abril e setembro, as chuvas
são menos frequentes, o ar carrega pouca umida-
de e a vazão dos rios diminui. Nessa época, tor-
nam-se comuns os incêndios naturais devido à
baixa umidade do ar e à forte radiação solar.
De outubro a março, o índice pluviométrico
aumenta, assim como a umidade do ar. Entretan-

Getty Images
to, em boa parte do ano, o cerradão, como dizem
os goianos e brasilienses, fica seco, o que Vista do Cerrado
pode causar alguns problemas respiratórios
nos habitantes locais.
A vegetação típica do Cerrado é constituída
por gramíneas, herbáceas e árvores espaçadas,
totalizando cerca de 12 mil espécies. Boa parte
dessas espécies apresenta morfologia semelhan-
te: raízes profundas, que atingem 20 metros de
profundidade, capazes de absorver a água do
lençol freático, e escleromorfismo (caules tortuo-
sos com casca espessa e folhas com cutícula es-
pessa), típica adaptação de plantas de regiões de
solo seco. Porém, há um detalhe importante: não

André Romeu/Folhapress
falta água no solo do Cerrado (embora ela esteja
mais disponível no lençol freático), mesmo em
épocas mais secas. Então por que parte da vege-
tação do Cerrado tem escleromorfismo? Escleromorfismo de planta típica do Cerrado na Chapada dos
Guimarães, MT.

Segundo trabalhos científicos, o aspecto da vegetação do cerrado


é decorrência da composição química do solo, que é pobre em nu-
trientes (a taxa de decomposição de matéria orgânica na superfície é
baixa), mas com índices elevados de ferro e alumínio, além de conter
um pH muito baixo (em torno de 5). Dentre as plantas do cerrado, des-
tacam-se o buruti, a sucupira, o barbatimão, o jacarandá e o pequi.

224 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 224 05/02/15 18:13


Diomedia / Science Source / Fletcher & Baylis

ock.com
Shutterst
a ntos/
ria S
lb erga
oA
run
B

Árvore do pequi (Caryocar brasiliense)

O Cerrado contém cerca de 180 espécies de répteis, 846 de aves,


200 de mamíferos e milhares de espécies de insetos, dentre outros
animais. Formigas, abelhas, cupins, tatus, tamanduás, aves, répteis,
onças, antas, lobos-guará, suçuaranas e cutias são alguns dos animais
típicos do Cerrado.

Lobo-guará Suçuarana
fotografie4you/Shutterstock.com

Scenic Shutterbug/Shutterstock.com
Vsevolod33/Shutterstock.com

Cutia

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 225

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 225 05/02/15 18:13


Mata Atlântica
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) revelam
que a Mata Atlântica, ao longo dos
séculos, perdeu 88% da vegetação
original, que era de cerca de 1, 8
milhões de Km2 (os dados se refe-
rem ao ano de 2010).
Fonte de pesquisa: <http://ciencia.estadao.com.br/
noticias/geral,mata-atlantica-perdeu-88-da-area-
original-diz-ibge,887600> e <http://www.sosma.
org.br/nossa-causa/a-mata-atlantica/>. Acessos
em: out. 2014.
Luiz Rocha/Shutterstock.com
Paisagem típica da Mata Atlântica.

Talvez esse foi o bioma mais deteriorado pelo homem na história do Brasil,
desde a chegada dos portugueses aos tempos mais recentes.
A Mata Atlântica fica nas encostas litorâneas do Brasil, do Rio Grande do Sul ao
Rio Grande do Norte. Além desses estados, a Mata Atlântica cobre parte dos territó-
rios de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergi-
pe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
A Mata Atlântica (assim como a Floresta Amazônica) é uma floresta tipicamente
tropical. Temperaturas elevadas, muitas chuvas e muita umidade são aspectos cli-
máticos típicos da tropical Mata Atlântica.
Na Mata Atlântica, há cerca de 20 mil espécies de plantas, dentre elas: ipês, pal-
miteiros, paus-brasil, jacarandás, embaúbas, jatobás, palmeiras, diversas espécies de
epífitas (bromélias, orquídeas etc) e cipós.

itman__47/Shutterstock.com
João Prudente/Pulsar Imagens

Pedro H. Bernardo/Folhapress

Jatobá no bairro de São Oncidium – orquídea típica da Embaúba fotografada


Pedro da Barra - MG. Mata Atlântica. em Paraty - RJ.

226 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 226 05/02/15 18:13


A Mata Atlântica é considerada um dos locais
de maior biodiversidade faunística do mundo.
Estima-se que haja cerca de 1.020 espécies de aves,
350 de peixes, 250 de mamíferos, 537 de répteis e
anfíbios, além de milhares de espécies de insetos e
de outros invertebrados. Jaguatiricas, onças, arira-
nhas, quatis, jiboias, jararacas, macacos, pererecas,
tucanos, papagaios, araras etc; fazem parte da fauna
da Mata Atlântica. Veja a história da exploração
da Mata Atlântica.
Disponível em: <http://
Zhanrui Ye/Shutterstock.com
ibflorestas.org.br/bioma-
mata-atlantica.html>.
Acesso em: nov. 2013.

Chris Hill/Shutterstock.com

Gerson Gerloff/Pulsar Imagens


Quati

Mico-leão-
-dourado

Canário da
terra

Andre Dib/Pulsar Imagens

cAAtingA
Trata-se do bioma mais típico da região semiári-
da do Nordeste brasileiro, envolvendo parte dos
territórios dos seguintes estados: Bahia, Ceará,
Paraíba, Piauí, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ser-
gipe e Maranhão (estados nordestinos) e Minas
Gerais. Totalizando uma área de aproximada-
mente 844.453 km2, segundo o IBGE.

Vegetação nativa da Caatinga


na APA (área de proteção
ambiental) do Cariri - PB.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 227

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 227 05/02/15 18:13


Na Caatinga chove pouco, a umidade relativa do
ar é baixa e as temperaturas podem variar de 21°C
a 40°C. O solo da Caatinga é arenoso e alcalino, com
uma superfície que acumula pouca água (pois nela
a água evapora rapidamente), embora esteja dispo-
nível no lençol freático. Apesar do problema da pou-
ca disponibilidade de água na superfície, o solo da
Caatinga é considerado fértil, especialmente nas re-
giões serranas que contêm os chamados “brejos de
altitude”. Essas áreas são utilizadas para o plantio de
frutas e sementes. No vale do Rio São Francisco, há
projetos de irrigação artificial que favorecem o culti-
vo de uvas, melão e outras frutas. O termo "Caatinga" é de origem
A vegetação da Caatinga muda de aspecto de- tupi e significa “mata clara”.
pendendo da estação do ano. No inverno (época
curta de chuva), parte da vegetação mostra-se ver-
de, mas em outros períodos do ano, boa parte da
vegetação perde suas folhas e adquire uma colora-
ção mais clara (mata clara). Há predomínio de plan-
tas xerófitas, isto é, adaptadas à falta de água, com
raízes profundas, folhas transformadas em espinhos Barriguda
ou com superfície reduzida e cutícula grossa (adap-
tações que diminuem a perda de água por transpira-
ção) e com tecidos armazenadores de água
(parênquima aquífero). Estima-se que a caatinga
abrigue cerca de 932 espécies vegetais, dentre
as quais o xiquexique, a barriguda, o juazeiro,
o mandacaru, o umbu, a quixabeira etc.
Mandacaru
Diomedia / Nature PL / Luiz Claudio Marigo

Daniel Cymbalista/Pulsar Imagens


Luciano Queiroz/Shutterstock.com

João Prudente/Pulsar Imagens

Xiquexique Juazeiro

228 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 228 05/02/15 18:13


Por incrível que pareça, mesmo chovendo pou- ros e milhares de espécies de invertebrados.
co, a Caatinga possui uma grande biodiversidade. São típicos da fauna da caatinga: o macaco-prego,
São 185 espécies de peixes, 109 de anfíbios e rép- o veado catingueiro, o gato-selvagem, o tatu-bola,
teis (lagartos, cobras), 348 de aves, 148 de mamífe- a onça, o calango, a iguana etc.

Macaco-prego

Calango

com.
tock
tters
Shu
atr/
mar
Veado-catingueiro

om
ck.c
rsto
utte
g/Sh
aron
Jann
saka
Yutt
Uma ave típica da Caatinga, a ararinha-azul, foi conside-
Iguana
rada extinta no ano 2000. No entanto, existem biólogos
aqui no Brasil e em outros países que tentam reproduzir a
espécie em cativeiro. Leia a reportagem da seção a seguir.

BIOLOGIA E
COTIDIANO
eXtintA dA nAturezA,
ArArinHA-AzuL ViVe em
cAtiVeiros de quAtro PAÍses
Você não deve ter visto uma ararinha-azul voando por aí. O animal
é considerado extinto na natureza: em 2000, a última sumiu. Mas
já deve ter visto a ararinha no cinema ou na TV. Ela é a estrela da anima-
ção “Rio”, do diretor brasileiro Carlos Saldanha. No filme, a
arara Blu, que mora nos Estados Unidos, descobre ser a penúltima

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 229

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 229 05/02/15 18:14


da espécie. Precisa viajar ao Rio para conhecer a única fêmea e ter
filhotes com ela.
Na vida real é parecido. O Projeto Ararinha na Natureza, associa-
ção entre o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio-
diversidade) e empresas, luta para salvar a ave. Mas, diferentemente
do filme, não restam só duas aves no mundo. Atualmente são 86,
distribuídas em cativeiros do Brasil, da Alemanha, da Espanha e do
Qatar (veja mapa da página seguinte).
Existem dois cativeiros brasileiros, ambos no interior de
São Paulo. Os locais não são revelados, para evitar que as arari-
nhas sejam roubadas por traficantes de animais silvestres.
O objetivo dos países que guardam as aves é o mesmo: fazer
com que tenham filhotes para que possam voltar ao habitat na-
tural, a caatinga nordestina, entre Bahia e Pernambuco.
“Precisamos ter 150 ararinhas em cativeiro para que possamos
soltá-las”, explica Ugo Vercillo, coordenador
do ICMBio e do projeto, criado em 2012.
“É importante que sempre tenhamos ararinhas em cativeiro,
como uma poupança. Para isso, é preciso que nasçam 30 aves em
cativeiro por ano. Atualmente, nascem sete.”
A previsão é que em 2021 elas possam ser soltas.
Grande parte do esforço vem da fundação Al Wabra,
no Qatar. Lá vivem 67 ararinhas. “O Brasil precisa ter mais arari-
nhas se reproduzindo para que possamos enviar as
nossas ao país”, diz Tim Bouts, diretor da Al Wabra. Desde
2004, 40 nasceram na fundação.
Como em “Rio”, as ararinhas se apaixonam. Costumam ter
só um namorado, ou namorada na vida. A reprodução nos cativei-
ros só ocorre quando as aves encontram seus parceiros.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2013/09/1345102-extinta-da-
natureza-ararinha-azul-vive-em-cativeiros-de-quatro-paises.shtml>. Acesso em: nov. 2013.

Com base nas informações do texto, responda:

1. Existem ararinhas-azuis na natureza?

Não, elas foram consideradas extintas no ano 2000 e existem

alguns exemplares dessas aves em cativeiro.

230 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 230 05/02/15 18:14


Editoria de Arte/Folhapress

2. Qual é o principal objetivo das entidades


que mantêm as ararinhas-azuis em cativeiro?

Tentar reproduzir essas aves para depois reintroduzi-las na natureza.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 231

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 231 05/02/15 18:14


A BATALHA CONTRA A EXTINÇÃO
A luta contra a extinção
demora muitos anos.
Veja o passo a passo.

Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress

3. Qual era o habitat natural da ararinha-azul?

A ararinha-azul vivia na Caatinga nordestina, especialmente

entre os estados de Pernambuco e Bahia.

4. Qual é a sua opinião sobre o trabalho de reintrodução da ararinha-azul


na natureza, realizado pelos profissionais do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade?
Resposta pessoal. Professor, aproveite este momento para discutir em sala de aula

sobre o “tráfico de animais”, “os trabalhos de conservação da fauna” e os “motivos

que podem levar uma espécie à extinção”.

232 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 232 05/02/15 18:14


PAntAnAL
Uma parcela da população do Brasil é pantaneira. O Pantanal,
de riquíssima biodiversidade, abrange parte dos territórios dos
estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Segundo o IBGE, o pantanal ocupa uma área de aproxima-
damente 150.355 km2.

Filipe Frazao/Shutterstock.com

Paisagem típica do pantanal mato-grossense.

O pantanal mato-grossense é considerado uma das áreas mais


alagadas do planeta, principalmente devido ao transbordamento das
águas do Rio Paraguai e seus afluentes. A temperatura média anual
do pantanal fica na casa dos 32°C. As chuvas são mais intensas de ou-
Salvínias
tubro a maio, e bem menos intensas entre junho e setembro. O ciclo
das chuvas do pantanal praticamente faz com que o ano pantaneiro
com

se divida em dois momentos decisivos para as mudanças da paisa-


.
tock
tters

gem e dos hábitos: época de seca e época de cheia.


/Shu
llen

Na época de seca, com baixo índice de chuvas, as águas baixam


SJ A

e retornam ao leito dos rios, mas deixando uma grande quantidade


de nutrientes no solo. Nessa época, o solo fica seco e coberto por
uma vegetação rasteira e por algumas grandes poças de água doce
(com vida), que tendem a secar à medida que se prolonga a seca.
Na época de cheia, o volume de água dos rios aumenta devido
.com

às chuvas, sobretudo o volume de água do Rio Paraguai. Esse aumen-


tock
tters
Shu

to provoca inundação das áreas de menor altitude e a migração de


orn/
sith

parte da fauna pantaneira para áreas mais elevadas.


hak
Prat
ut

O aspecto da vegetação pantaneira é um verdadeiro mosaico,


War

influenciado pelas épocas de seca e de cheia. Nas áreas alagadas,


comumente encontramos plantas aquáticas ou flutuantes, como sal-
vínias e aguapés. Nas áreas menos inundadas, há uma vegetação típi-
ca de terra firme, como gramíneas e grandes árvores, que podem se
Aguapés confundir com as paisagens encontradas no cerrado e na caatinga.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 233

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 233 05/02/15 18:14


Getty Images

O Tuiuiú: Ave
símbolo do
Macaco Pantanal
bugio

Jacaré:
Comum nas
águas Cervo-do-
pantaneiras -pantanal
Marcos Amend/Shutterstock.com

A fauna característica do pantanal é composta por 436 espécies de aves, 260


de peixes, 41 de anfíbios, 177 de répteis, 124 de mamíferos e milhares de espé-
cies de invertebrados. Tuiuiús, ariranhas, cervos-do-pantanal, jacarés, cágados,
cobras, bugios, capivaras, tucanos, suçuaranas e uma grande diversidade de
peixes (dourados, bagres, piranhas, pacus, surubins etc) são alguns representan-
tes faunísticos da paisagem pantaneira.

Pampas
No Brasil, o bioma dos Pampas, também conhecidos como campos suli-
nos, restringe-se a um território localizado no sul do estado do Rio Gran-
de do Sul. Segundo o IBGE, os Pampas ocupam aproximadamente
176.496 km2.
Há quatro estações do ano bem definidas nos Pampas: primavera, ve-
rão, outono e inverno. No verão as temperaturas atingem mais de 30°C,
mas no inverno elas podem cair para abaixo de zero. As chuvas são regu-
lares e, de forma geral, o solo é irrigado e relativamente fértil e adequado
para a criação de gado (principal atividade econômica da região).

Ale Ruaro/Pulsar Imagens Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

Áreas de pastagens do Pampa rio-grandense.

234 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 234 05/02/15 18:14


Curruíra-do-campo

A vegetação que predomina nos Pam-


pas é rasteira, principalmente gramíneas e

Agu
stin
leguminosas, com poucas árvores e arbus-

smoE
ris/S
tos. Tal paisagem é muito utilizada como

hu
tters
tock
área de pastagens para criação principal-

com.
mente de gado bovino e ovino.
Mas só tem gado nos Pampas? Não, há
também animais silvestres. São cerca de 50
espécies de peixes, 385 de aves, 90 de ma-
míferos e diversas espécies de répteis, anfí-
bios e invertebrados. São animais
comumente encontrados nos pampas: o
Flor

ratão-do-banhado, o veado-campeiro, a
ia
n An
dron

curruíra-do-campo, o papa-mosca-do-
ach
e/Sh

campo, capivara etc.


utte
rsto
ck.c
om

Ratão-do-banhado

Biomas
Brasileiros
Ameaçados
Ao longo de nossa história, cada um desses biomas vem sofrendo altera-
ções devido a vários fatores: extrativismo de matéria-prima, agropecuá-
ria, introdução de espécies exóticas (que não são nativas do ecossistema),
urbanização, tráfico de animais e vegetais, mineração etc.
Existe uma íntima relação entre a deterioração de nossos biomas e o
desenvolvimento econômico desenfreado (insustentável). Um dos gran-
des desafios de nossa sociedade (especialmente de nossos governantes)
é compatibilizar o desenvolvimento econômico, a exploração dos recur-
sos naturais, e a preservação desses recursos.
No capítulo 6 você estudará, de forma geral, os principais fatores que
ameaçam os ecossistemas do planeta. No entanto, até mesmo para intro-
duzi-lo aos assuntos que serão tratados no próximo capítulo, gostaría-
mos de exemplificar, ainda neste capítulo, de que forma alguns de nossos
biomas estão sob a ameaça de práticas humanas ilegais e insustentáveis.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 235

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 235 05/02/15 18:14


Rodrigo Baleia/Folhapress

Amazônia Ameaçada
Análises de satélite do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) somadas aos estudos realizados por pesquisado-
res do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas)
revelam que cerca de 70% do desmatamento da Floresta
Amazônica é causado pela criação de áreas de pastagens.
Alguns pecuaristas incentivam as queimadas da floresta pa-
ra o estabelecimento de pastos, prática que – a médio ou a
longo prazo – provoca o esgotamento do solo. Em muitos
casos, as pastagens desgastadas são simplesmente abando-
nadas pelos responsáveis, Normalmente, esses pecuaristas
seguem em busca de outras áreas de floresta onde possam
estabelecer novos pastos. Assim, um novo ciclo de destrui-
ção se inicia.
Nossas matas, especialmente a Floresta Amazônica, vêm
sofrendo com a exploração ilegal e insustentável da madei-
ra. Segundo estudos da IMAZON (Instituto do Homem e
Meio Ambiente da Amazônia), entre os anos de 2011 e
2012, a exploração ilegal de madeira cresceu 63% só no
Mato Grosso. Conforme estudo realizado pelo INPA, a explo-
Para criar novas áreas de pastagens, ração madeireira ilegal na Floresta Amazônica chega a 90%
fazendeiros queimam a Floresta Amazônica de toda madeira extraída dela.
remanescente (Mato Grosso).

Rodrigo Baleia/Folhapress

Extração ilegal
de madeira na
Amazônia.

Outra atividade que ameaça a preservação da Floresta Amazônica


é a plantação insustentável de soja. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente, a partir do ano de 2006, a plantação de soja às custas do
desmatamento cresceu 57% na Amazônia, especialmente em Rondô-
nia, no Mato Grosso e no Pará.

236 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 236 05/02/15 18:14


Área Original do
Mata Atlântica Ameaçada Bioma Cerrado
A Mata Atlântica apresenta cerca de 12% de sua
vegetação original, e é considerada uma das flo-
restas tropicais mais ameaçadas do mundo. Se-
gundo a ONG Conservação Internacional, a Mata
Atlântica é a quinta floresta do mundo mais
ameaçada. Como vimos, a Mata Atlântica ao lon-
go de sua história sofreu com o extrativismo de
vários tipos de madeira, mas hoje em dia vem so-
frendo com o fenômeno da urbanização, com
a criação de áreas de pastagens e com o cultivo
de cana-de-açúcar. Remanescentes do
Bioma Cerrado até 2008
Cerrado Ameaçado
Segundo dados do IBGE e do IBAMA,
cerca de 48% das matas do Cerrado fo-
ram derrubadas para a criação de fazen-
das e áreas de pastagens. Ainda segundo
o IBAMA, depois da Mata Atlântica, o cer-
rado é o ecossistema brasileiro que mais

Fonte: Instituto Cerrado e Sociedade


sofreu com a ocupação humana ao longo
da história. O desmatamento para a retira-
da de madeira e a produção de carvão fo-
ram as atividades mais frequentes antes
da criação de fazendas de gado.
Área de distribuição do cerrado
Pantanal Ameaçado
Segundo pesquisadores do EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias),
além da prática de garimpo (que pode contaminar com mercúrio os rios da região), o
megaprojeto da Hidrovia Paraná-Paraguai poderá causar problemas ambientais e sociais
aos pantaneiros. A barragem de rios da região para a construção da hidrovia (ou para a
construção de usinas hidrelétricas) poderá alterar os regimes de inundação e estiagem,
comuns ao Pantanal mato-grossense.
Fonte das informações: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/532441-projeto-da-hidrovia-
paraguai-parana-uma-irracionalidade-entrevista-especial-com-debora-calheiros

Caatinga e PAMPAS Ameaçados


O avanço desenfreado da pecuária (ovinos, caprinos e bovinos), e as monoculturas
de grãos e frutas vêm provocando diminuição da vegetação original da Caatinga.
Segundo o IBGE, a Caatinga contém cerca de 44% da sua vegetação original.
De forma semelhante, a pecuária (bovinos) e as monoculturas de arroz, eucalipto
(abastecimento das indústrias de papel e celulose) e soja, além do processo de
urbanização, vêm impactando os Pampas, que abrigam apenas 39% de
sua vegetação original.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 237

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 237 05/02/15 18:14


GariMPoS iLEGaiS São FLaGradoS no
PantanaL E MuLtaS São dE r$ 3 MiLHõES
No distrito poconeano de Cangas foi localizado, em plena atividade, um
empreendimento de mineração sem licença ambiental. Contrariando as declarações do responsável
pelo garimpo de que não possuía mercúrio no local, os agentes de fiscalização localizaram um frasco
irregular contendo o produto imerso em água. Após receber os autos de infração e os termos de
embargo e o de apreensão dos veículos e equipamentos, o proprietário foi conduzido pela Policia
Militar Ambiental para a Delegacia de Várzea Grande.
No município de Nossa Senhora do Livramento, duas das mineradoras visitadas foram multadas e
tiveram áreas embargadas por estarem explorando áreas fora do perímetro de suas licenças. Duas
escavadeiras e três caminhões basculantes foram surpreendidos em plena atividade nas áreas
irregulares e foram apreendidos. Ainda na zona rural livramentense, foi localizada uma área de
extração mineral ilegal desativada com muitos resíduos perigosos abandonados de forma
inadequada. A devastação chegou tão próximo de uma rodovia que a coloca em risco de
desabamento. O proprietário da área que, segundo um vigilante do imóvel, reside na vizinha cidade
de Várzea Grande será notificado para providenciar a recuperação da área degradada.
Segundo o analista ambiental Werikson Trigueiro, superintendente em exercício do Ibama de Mato
Grosso “O desmatamento ilegal na região do Pantanal Mato-grossense é um problema grave, mas a
contaminação do solo com derivados de petróleo e com mercúrio é uma questão gravíssima”. “Os
entes federativos incluindo estados e municípios, devem assumir o papel definido pela Constituição
Federal e pela Lei Complementar nº 140, de 08/12/2011, somando esforços na proteção do meio
ambiente. A exploração dos recursos naturais precisa ocorrer dentro das normas legais, para que o
desenvolvimento seja sustentável na região”, conclui. A baixada cuiabana é uma grande produtora e
consumidora de peixe. O cuidado com o uso do mercúrio, e outros produtos perigosos, é essencial
para não comprometer a saúde da população e do meio ambiente pantaneiro. Disponível em: http://www.
ibama.gov.br/publicadas/mineracao-ilegal-ibama-fiscaliza-garimpos-no-pantanal-de-mato-grosso. Acesso em: nov. 2014.

“(...) Por onde passar o rio haverá todo tipo de animais e de peixes. Porque essa água flui
para lá e saneia a água salgada; de modo que onde o rio fluir tudo viverá. Pescadores
estarão ao longo do litoral; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá locais próprios para
estender as redes. Os peixes serão de muitos tipos, como os peixes do mar Grande.
Mas os charcos e os pântanos não ficarão saneados; serão deixados para o sal.”
Ezequiel 47:9-11 (nVi)
Com visto até aqui, vários biomas brasileiros estão sob constante ameaça. Entre os principais
fatores na degradação destes ambientes estão a má gerência humana frente a utilização e
exploração dos recursos naturais, bem como a má administração do próprio meio. O texto
bíblico acima aponta para um diálogo entre Deus e o profeta Ezequiel. Nele é possível notar
o estabelecimento de locais próprios à utilização sadia e consciente do homem, bem como
locais limitados aos seus próprios ecossistemas, a fim de uma manutenção saudável à vida
do homem e dos diferentes biomas. Você consegue identificar tais limites expostos no texto
bíblico? Você entende que respeitar, ou não, tais limites, interfere na vida do homem e do
meio? Explique

238 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 238 05/02/15 18:14


1. Analise as paisagens abaixo e escreva dentro dos
retângulos o nome do bioma ao qual elas pertencem.

Cerrado
o
arig
io Md
Clau
Luiz
PL /
ture
/ Na
edia
Diom

com
ock.
erst
hutt
/S
Zvan
Jaka
Fabio Maffei/Shutterstock.com
Caatinga Floresta Amazônica

2. O mapa abaixo localiza os


principais biomas do Brasil.
Utilize a numeração contida no
mapa para identificar os aspectos 1
da biodiversidade vegetal e 3
animal descritos a seguir.
2
5 4

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 239

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 239 05/02/15 18:14


2 Vegetação basicamente formada por gra- 1 Vegetação composta por árvores de gran-
míneas e arbustos, além de espécies vege- de porte, epífitas, cipós e plantas aquáti-
tais com escleromorfismo. Fauna rica cas. O quinino, o guaraná, a seringueira e
composta por cupins, formigas, taman- a vitória-régia são típicas da região. Gran-
duás, antas, lobos-guará, tatus, emas etc. de diversidade de espécies animais, como
insetos, aranhas, cobras, anfíbios, jacarés,
4 Vegetação formada por árvores de grande tartarugas, peixes, onças, aves etc.
porte, cipós e muitas epífitas. Em épocas
anteriores, região onde ocorria intenso ex- 3 Vegetação composta principalmente por
trativismo do “pau-brasil”. Fauna rica com- alguns arbustos, pequenas árvores e mui-
posta por muitas aves, jaguatiricas, cobras, tas espécies xerófitas. Quanto à fauna, ca-
anfíbios etc. langos, iguanas, aves, macacos, tatus-bola
são alguns de seus representantes.
6 Vegetação composta principalmente por
gramíneas, que formam extensas áreas de 5 Vegetação é um mosaico composto de
pastagens. Quanto à fauna, ratões-do-ba- plantas aquáticas e de terra firme, como
nhado, capivaras, aves e veados-campei- gramíneas e árvores. Fauna de alta biodi-
ros são alguns de seus representantes. versidade, composta por cobras, jacarés,
tartarugas, peixes, onças, capivaras,
tuiuiús, garças etc.

3. A Caatinga é formada por uma vegetação adaptada


ao clima semiárido e à pouca disponibilidade de
água superficial. Cite algumas dessas adaptações.

A Caatinga apresenta muitas espécies xerófitas, adaptadas à falta de água.

Dentre as adaptações destacam-se:

• presença de raízes profundas (para absorção de água do lençol freático);

• folhas com superfície reduzida e com cutícula espessa (para evitar a perda

de água por transpiração);

• folhas reduzidas a espinhos (para evitar a perda de água por transpiração);

• presença de parênquima aquífero (tecido que armazena água).

240 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 240 05/02/15 18:14


4. “O Pará foi o estado que mais desmatou na Amazônia
no último ano. A informação é do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), que divulgou dados sobre o
desmatamento na região no período de agosto de 2012 a
julho deste ano. De acordo com o Instituto, dos 5.843 km²
de desmatamento, o Pará foi responsável por 2.379 km².” [...]
Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/11/para-foi-o-estado-que-
mais-desmatou-na-amazonia-segundo-inpe.html>. Acesso em: nov. 2013.

Quais poderiam ser as causas desse desmatamento?

Queimadas para a introdução de pasto ou para o estabelecimento de

cultivos vegetais (especialmente a soja). Outras possíveis causas são a

mineração e a extração de madeira.

5. Abaixo, temos uma imagem de satélite que


mostra uma área atingida (veja a seta) pelo
alto índice de desmatamento.

Qual bioma parece ser o mais


afetado pelo desmatamento,
segundo a imagem de satélite?

Cerrado.

Fonte de pesquisa: <http://www.portalodm.com.br/brasil-vai-ensinar-


paises-pobres-a-monitorar-desmatamento-por-satelite--n--258.html>.
Acesso em: nov. 2013.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 241

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 241 05/02/15 18:14


6. Observe o mapa conceitual dos
biomas terrestres brasileiros.
biomas terrestres do brasil

• Poucas 5 6
chuvas anuais
1 2 • Semi-árido 3 4
• Predomínio
de xerófitas • Região inundada • Muitas chuvas
• Grande • Muita umidade
• Muitas chuvas biodiversidade • Vegetação
• Predomínio • Alagamentos
• Muita umidade costeira
de áreas de oriundos das
• Várzeas, igapós, mata • Muitas árvores
pastagem, com cheias nos rios
de terra firme e epífitas
muitas Paraguai e
• Muitas árvores • Grande
gramíneas afluentes
e epífitas. biodiversidade
e herbáceas.
• Grande
biodiversidade
• Savana brasileira
• Predomínio de gramíneas, herbáceas, com
algumas árvores espaçadas.
• Solo com muito alumínio e pH ácido

De acordo com as características descritas,


identifique o bioma pela numeração.

1. Floresta Amazônica

2. Caatinga

3. Pampas / campos sulinos

4. Cerrado

5. Pantanal

6. Mata Atlântica

242 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 242 05/02/15 18:14


7.

om
ck.c
rsto
e
hutt
ra/S
amu
o Ok
u
Tets
erto
Rob
Não há nada mais bonito
que o pantanal alagado,
e na linha do infinito,
ver o céu amplo e azulado!

om
Os jacarés bocejantes,

ck.c
rsto
mormacentos, preguiçosos,

e
hutt
ra/S
as araras revoantes,

amu
o Ok
u
tuiuiús esplendorosos!

Tets
erto
Rob
Nos corixos, nas baías,
o pantaneiro pescando,
nas canoas flutuantes...

As garças tão alvadias


os periquitos cantando
nas palmeiras mais distantes...

nicolasdecorte/Shutterstock.com

O poema acima “Cenas pantaneiras” , cuja autoria é da antropóloga Edir


Pina de Barros, descreve de forma didática alguns aspectos do Pantanal.
Cite alguns dos fatores bióticos e abióticos descritos pelo poema, que são
característicos do Pantanal.

As canoas flutuantes, épocas de cheia, a presença de animais característicos,

como jacarés, araras, garças e tuiuiús.

Resolva as questões 75, 76, 77,


80, 81, 82, 83, 84, 90, 91, 92, 93,
94, 95, 96 e 97 do Caderno de
Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 243

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 243 05/02/15 18:15


Os biomas aquáticos
de nosso planeta
Sabe qual é a principal substância que faz parte
da composição dos seres vivos? É a água! Sem a
água, não há vida e é nela que se encontra a maior
parte dos seres vivos de nosso planeta.
Três quartos da superfície da Terra estão cobertos
por água, sendo 97,5% de água salgada e 2,5 % de
água doce (veja o esquema abaixo).
De forma geral, podemos afirmar que a vida
aquática está distribuída basicamente em três
tipos de biomas: mar, rios e lagos.

Desses 2,5%

2,5% de água doce

68,5% estão na forma sólida


(calotas polares e geleiras).
97,5% de água salgada

29,9% estão na forma de águas


subterrâneas (lençol freático).

0,9% outros reservatórios


(atmosfera, seres vivos).

0,3%
rios e lagos

Ecossistemas Ecossistemas
lênticos (lagos) lóticos (rios)

A vida no mar
Estima-se que cerca de 70% da população mundial viva a 50 km
da costa litorânea. Boa parcela dessa população depende direta
om
ck.c
rsto

ou indiretamente dos recursos gerados pelos oceanos.


utte
h
1/S
d6

Você sabia que a exploração dos oceanos gera


Vla

alimentos, minérios, petróleo, matérias-primas e


empregos para milhões de pessoas em todo o
mundo? A biodiversidade marinha supre 20% da
proteína animal consumida por aproximadamen-
te 1,5 bilhões de pessoas.

Biodiversidade dos oceanos

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 244 05/02/15 18:15


Infelizmente nossos oceanos vêm sofrendo
com a poluição decorrente do lançamento de
diversos tipos de dejetos industriais e domésti-
cos, além da pesca predatória, que já consumiu
nos últimos 50 anos pelo menos 90% das espé-
cies de peixes carnívoros costeiros.

Recursos eólicos retirados


no perímetro dos oceanos.
Teun van den Dries/Shutterstock.com

cLAssiFicaçÃo do ambienTe marinHo


Bem, vamos conhecer melhor o ambiente marinho; comecemos pela profun-
didade. Quanto à profundidade, o ambiente marinho pode ser dividido em:

zona EPiPELáGica: abrange da superfície a 200 metros de profundidade.


Sabe-se que à medida que a luz solar penetra na água, parte dela é absorvi-
da, parte é refletida e parte é refratada. Assim, a zona epipelágica é bem ilu-
minada, favorecendo o processo de fotossíntese dos organismos autotróficos,
como as algas (base das cadeias alimentares oceânicas). Na zona epipelágica
há uma grande quantidade de organismos à procura de alimento, como pei-
xes, mamíferos aquáticos, tartarugas, aves aquáticas e o próprio homem com
suas embarcações pesqueiras.

Organismos heterotróficos (heterótrofos): são aqueles que não produzem


seu “próprio alimento”, isto é, não sintetizam substâncias orgânicas (alimento)
a partir de substâncias inorgânicas. Exemplos: animais, fungos, protozoários e
certas bactérias.
Organismos autotróficos (autótrofos): são aqueles que produzem
seu “próprio alimento”, isto é, sintetizam matéria orgânica (especialmente
carboidratos) a partir de substâncias inorgânicas (dióxido de carbono e água) e
de uma fonte de energia. Alguns seres autotróficos, tais como cianobactérias,
algas protistas e plantas, fazem fotossíntese (utilizam energia luminosa), outros
seres autotróficos, tais como certas bactérias, realizam quimiossíntese (utilizam a
energia proveniente de reações de oxidação de substâncias inorgânicas).

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 245

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 245 05/02/15 18:15


Zona Mesopelágica: localiza-se entre 200
e 1000 metros de profundidade. Essa zona Shane Gross/Shutterstock.com

engloba a chamada zona disfótica (localizada


entre 200 e 300 metros de profundidade, em
uma região de pouca iluminação) e a zona afó-
tica (localizada entre 300 e 1000 metros de
profundidade, em uma região sem luz). A
quantidade de luz vai diminuindo conforme
aumenta a profundidade oceânica. Isso faz
com que se reduza também a quantidade de
seres fotossintetizantes e, por conseguinte, a
quantidade dos outros organismos heterótro-
fos, que dependem direta ou indiretamente
dos autótrofos fotossintetizantes. Outros fato-
Cachalote. Conseguem fazer mergulhos de até 3000 metros de
res abióticos também variam conforme a pro- profundidade (caçam suas presas fazendo profundos
fundidade oceânica. Um deles é a pressão da mergulhos nas zonas mesopelágica e batipelágica).
água, que aumenta em uma atmosfera – 1atm
(750 mmHg) – a cada 10 metros de profundi-
dade. E a temperatura das águas?
Será que as temperaturas ficam maiores ou menores cada vez que descemos na co-
luna de água oceânica? Pois é, as águas vão ficando mais frias. Embora a temperatura
dos oceanos seja muito variável (entre -2°C e 30°C), a temperatura da água tende a cair
à medida que a profundidade oceânica aumenta. Ela tende a se estabilizar por volta dos
1000 metros de profundidade em 3°C (em média).

Zona Batipelágica: localiza-se entre 1000 e 4000 metros de profundi-


dade. Nessa região não há luz (a escuridão é total), a pressão da água é
muito grande (certamente morreríamos esmagados nessa pressão) e as
águas são frias. Os seres que vivem nesta região (peixes e invertebrados)
são dotados de bioluminescência e estão adaptados a suportar a tremen-
da pressão da água. Estão também presentes nessa região as bactérias qui-
miossintetizantes (que produzem matéria orgânica sem necessitar de luz).
Diomedia / Science Source / Dante Fenolio

Peixe-pescador (18 cm) –


apresenta um dispositivo na
cabeça dotado de
bioluminescência. A luz emitida
pelo dispositivo atrai sua presas
(tática de caça). Vive em
profundidades de até 2000 metros.

246 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 246 05/02/15 18:15


Diomedia / Science Source / Dant Fenolio
Zona Abissal: localiza-se entre 4000 e 6000
metros de profundidade. Assim como na zona
batipelágica, há vida na zona abissal, com seres
não muito grandes, dotados de bioluminescên-
cia e adaptados à grande pressão da água.

Zona Hadal: são as fossas oceânicas, que


atingem profundidades entre 6000 a aproxi-
madamente 11000 metros. As fossas oceâni-
cas podem apresentar pressões hidrostáticas
na ordem de 600 atmosferas ou mais. Isso es-
Peixe ogro (cerca de
magaria facilmente um carro convencional. 18 cm) – apresenta
Os poucos organismos que vivem nesta re- grande boca com
gião são semelhantes aos das zonas batipelá- dentes afiados. Vive
em profundidades
gica e abissal.
de 5000 metros.

Zonas oceânicas quanto à profundidade

Águas costeiras Alto-mar


Zona nerítica Zona oceânica

Litoral

Sublitoral 200 m
Epipelágica

Mesopelágica
1000 m

2000 m

Batipelágica
3000 m

Zona
Bentônica 4000 m

Abissal 5000 m

6000 m

Hadal

11000
biologia | 1 a série | m
Unidade 2 | Capítulo 5 | 247

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 247 05/02/15 18:15


bioLogiA,
tecnoLogiA,
soCiedade e
ambiente
o Abismo mAis
ProFundo dos oceAnos
Você sabe onde fica o abismo mais profundo
dos oceanos? Fica nas Fossas Marianas, no oceano
Japão
Pacífico, há cerca de 11034 metros abaixo da
China superfície oceânica.
No dia 23 de janeiro de 1960, através de um
batiscafo (tipo de submarino que suporta a grande
pressão das águas profundas, equivalente a 170
Filipinas mil toneladas) denominado “Trieste” da marinha
estadunidense, um militar e um cientista chegaram
às Fossas Marianas. A tripulação do Trieste é deten-
Challenger Deep
tora do recorde de maior profundidade atingida
pelo homem, cerca de 10911 metros abaixo da
superfície das águas oceânicas.
Indonésia Papua-Nova Décadas depois, em 25 de março de 2012 , o
Guiné cineasta James Cameron, diretor de filmes de suces-
so no cinema como “Avatar” e “Titanic”, em projeto
que teve a parceria da National Geographic, atingiu
Austrália
10898 metros de profundidade abaixo da superfície
Localização das Fossas Marianas oceânica a bordo do batiscafo “Deepsea Challenger”.
A empreitada de Cameron é considerada o recorde
mundial de profundidade abaixo da superfície
marinha, atingida por um único homem.
Apesar da grande profundidade, as Fossas Maria-
nas reúnem uma série de espécies de moluscos, crus-
táceos e peixes com aspectos aberrantes, adaptadas
para suportar as grandes pressões da água, a escuri-
dão e as temperaturas baixas. A grande maioria das
espécies é desconhecida pela ciência. Recentemen-
te, cientistas da Universidade da Dinamarca do Sul
descobriram que o solo das Fossas Marianas é rico
em matéria orgânica com atividade microbiana.
O estudo desses microrganismos poderiam trazer
DIOMEDIA / SuperStock RM / 4X5 Coll-Devaney
Batiscafo Trieste informações importantes sobre as primeiras formas
de vida que teriam habitado o planeta há bilhões
de anos.
Texto escrito pelo autor: Júlio César Tonon para essa obra.

248 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 248 05/02/15 18:15


Ponto pelo qual o guindaste
pode içar o submarino Estabilizador

Painel de luzes
Baterias

Para saber mais, consulte os seguintes links:


Pesos Atividade microbiana das Fossas Marianas:
Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/
noticia/2013/03/cientistas-encontram-atividade-microbiana-
nas-fossas-marianas.html>. Acesso em: set. 2014.
Câmara de pilotagem Expedição de James Cameron às Fossas Marianas:
Disponível em: <http://www.deepseachallenge.com/>.
Acesso em: set. 2014.
Deepsea Challenger

Baseando-se no texto e nos seus


conhecimentos sobre o assunto, responda:

a. O “Trieste” e o “Deepsea Challenger” b. Como você descreveria a pressão da


atingiram qual zona oceânica quanto água, a temperatura e a luminosidade
à profundidade? das Fossas Marianas?

A zona hadal, localizada a profundidades maiores A pressão é altíssima, as temperaturas são baixas (perto

que 6000 metros a partir da superfície oceânica. de 0°C) e a luminosidade inexistente (provavelmente só

deve existir em seres bioluminescentes).

seres vivos marinHos


Mas e a vida no mar? Como ela é distribuída? Os seres que habitam
a superfície do mar são iguais aos seres que habitam o fundo?
Verticalmente, os ambientes aquáticos (inclusive o mar) abrigam
basicamente três diferentes comunidades biológicas, com característi-
cas específicas e distinguíveis. A seguir, descreveremos como a vida
marinha se distribui nessas três comunidades biológicas.

• PLâncton: constituído por organismos minúsculos flutuadores que


são levados pelas correntes marinhas. Dentro do plâncton há dois
grupos de organismos: fitoplâncton e zooplâncton. O fitoplâncton
(autótrofos e fotossintetizantes) é constituído basicamente por algas

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5 | 249

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 249 05/02/15 18:15


Knor
re/Sh
utter
stock
.com

Algas microscópicas
do fitoplâncton protistas (diatomáceas, dinoflagelados, clorófitas etc),
cianobactérias e proclorófitas (bactérias clorofiladas
fotossintetizantes). O fitoplâncton ocupa o primeiro
nível trófico (produtores) das cadeias alimentares
aquáticas, e estima-se que seja responsável pela pro-
dução de aproximadamente 90% do O2 atmosférico.
Quase todo o oxigênio que respiramos vem da fotos-
síntese realizada pelas algas que constituem o fito-
plâncton. O zooplâncton é formado por organismos
heterótrofos diversos, como larvas de peixes, larvas
de crustáceos, microcrustáceos etc. Basicamente,
esse grupo alimenta-se de fitoplâncton, ocupando
o segundo nível trófico (consumidores secundários).
Microcrustáceos
do zooplâncton
Getty
Imag
es

•• Nécton: conjunto dos organismos que Comunidade biológica


conseguem vencer as correntes de água, do meio aquático
portanto, os seres nectônicos nadam e se
deslocam muito bem no corpo d’água. Fa- Plâncton
zem parte desse grupo muitas espécies de
peixes, além de lulas, focas, tartarugas, gol- Zooplâncton
finhos, baleias etc. Fitoplâncton

•• Bentos: constituído por organismos que


vivem no fundo, dentre os quais temos se-
res sésseis (fixos), tais como corais e espon-
jas, e seres móveis, tais como crustáceos,
estrelas-do-mar, caramujos etc.

A vida na água doce Nécton


Da água presente em nosso planeta, apenas
2,5% é doce, sendo que a maior parte desse
percentual está congelada nas calotas pola-
res. No entanto, uma menor parte dessa
água doce está disponível no estado líquido,
formando dois tipos de ecossistemas: os lên-
ticos e os lóticos. Bentos

250 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 250 05/02/15 18:15


ecossistema lêntico
Estrutura básica do ecossistema lêntico – lago

Plantas
subaquáticas

Luz solar. P
Fitoplâncton Zooplâncton

O2 O 2

Animais
do fundo Matéria orgânica do
fundo e micróbios

Os ecossistemas lênticos (do latim lentus, “devagar”; ico,


“próprio de”) abrangem os charcos, os lagos e as lagoas. O que
todos esses lugares têm em comum? Se você responder “água pa-
rada“, estará correto. Esses lugares são corpos d´água com lentos e
pouco intensos deslocamentos de água, isto é, ela fica praticamente
parada. Essa é a característica marcante de um ecossistema lêntico.
Os lagos eutróficos (do grego eu, “bem“ou “verdadeiro“; trophé “desenvolvimen-
to“), típicos de regiões de clima temperado, são ricos em vida. No outono e no inver-
no, ocorre intensa convecção nesses lagos, isto é, as águas superficiais perdem calor,
ficando mais frias e densas em relação às águas do fundo. Assim, as águas superficiais
descem, levando O2 para os seres que habitam o fundo; por sua vez, as águas do fun-
do sobem (pois ficam mais quentes e menos densas), levando nutrientes para os seres
que habitam as camadas superiores. Essa circulação (convecção) faz com que haja
uma distribuição mais homogênea de gases e nutrientes e, consequentemente, uma
maior produtividade de matéria orgânica, capaz de sustentar teias alimentares com-
plexas. O lago Baikal, na Rússia, é um típico lago eutrófico, rico em vida.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 251

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 251 05/02/15 18:15


Convecção térmica é o processo de transferência de calor que se
dá nos fluidos (líquidos e gases) devido ao deslocamento de suas
parcelas mais quentes (sentido ascendente, dada a menor densidade)
B e mais frias (sentido descendente, dada a maior densidade).
Na imagem, temos um exemplo claro de circulação de água (e de
calor) pelo processo de convecção térmica. Note que o calor (energia
térmica) é maior na base do recipiente. A camada de água da base
Calor absorve calor, torna-se menos densa em relação à camada superficial
de água e sobe transportando calor para a superfície. Por sua vez, a
camada de água superficial é mais fria e desce por ser mais densa
A para a base do recipiente onde será aquecida posteriormente.
A circulação de água continua enquanto existir diferença de
temperaturas entre as camadas de água localizadas no
fundo e na superfície.

Os lagos oligotróficos (do grego oligo, “pouco“; trophé, “desenvolvimento“), típi-


cos de regiões de clima tropical, não têm grande número de seres vivos em compa-
ração aos lagos eutróficos, uma vez que neles quase não ocorre convecção devido às
poucas variações da temperatura. Assim, a parte mais superficial do lago tem águas
mais quentes, menos densas e com mais O2, concentrando organismos aeróbios.
O fundo do lago é pobre em O2, com predomínio de microrganismos anaeróbios.
O lago Tanganica, na Tanzânia (África), é um típico lago oligotrófico.
Razumovskaya Marina Nikolaevna/Shutterstock.com

YolLusZam1802/Shutterstock.com

Lago Baikal, na Rússia (eutrófico) Lago Tanganica, na Tanzânia (oligotrófico)

ecossisTema lóTico
Os ecossistemas lóticos (do latim lotio, “o que lava “; ico, “próprio de “)
abrangem os córregos, rios e riachos com águas correntes. Você talvez
já tenha percebido que as águas dos rios deslocam-se com maior ve-
locidade do que as águas de um lago ou de uma represa. Os ecossiste-
mas lóticos caracterizam-se por ter correntezas mais fortes em
comparação aos ecossistemas lênticos.

252 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 252 05/02/15 18:15


Estrutura básica do
ecossistema Lótico – Rio

Zona inicial

Zona média

Zona final

<www.planetabio.com/ biomas.html>

Um rio típico pode ser dividido nas seguintes zonas:

•• Zona Inicial: é a região da nascente do rio, de


alta declividade e maior velocidade de corren-
teza da água. As águas da zona inicial são ricas
em O2, mas não são muito ricas em vida, pois a
turbulência das águas limita o estabelecimen-
to de um número muito grande de seres vivos.

•• Zona Média: é uma região com menor declividade,


o que faz com que a correnteza das águas seja mais
lenta. Nessa região há muita mata ciliar (vegetação
das margens), que libera muita matéria orgânica na
água (folhas, frutos, raízes etc), permitindo o estabe-
lecimento de maior número de seres vivos, como al-
gas, insetos, peixes, aves, mamíferos aquáticos etc.

•• Zona Final: é a chamada foz do rio, com baixa


declividade e com águas mais paradas. Na foz, as
águas tem pouco teor de O2, são mais turvas (de-
vido à presença de sedimentos) e apresentam
pouca quantidade de seres vivos.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 253

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 253 05/02/15 18:15


Existem ambientes que são locais de transição
entre dois ou mais ecossistemas bem definidos.
Também chamados de ecótonos, esses
ecossistemas de transição são formados por
comunidades biológicas de alta biodiversidade, adaptadas à intensa Rhizophora mangle
competição pelos recursos naturais e às variações ambientais. A seguir, – raízes adventícias
destacamos alguns dos ecótonos mais importantes.

1. ManGuE Diomedia / imageBROKER


RM / Christian H tter

Segundo levantamento do Ministério do Meio

com
Ambiente, até 2009 os manguezais da costa

ck.
rsto
utte
brasileira abrangiam cerca de 1.225.444 hectares,

a/Sh
ol
indo desde o Oiapoque (no Amapá) à Laguna

Hak
Arto
(em Santa Catarina). As maiores extensões de
manguezais ocorrem entre a desembocadura
do rio Oiapoque, no extremo norte, e o Golfão Avicennia sp – raízes respiratórias
Maranhense, formando uma barreira entre o
mar, os campos alagados e a terra firme.
Os mangues são ecossistemas de transição Muitas espécies de plantas apresentam adaptações
entre a terra e o mar. Localizam-se principalmente à vida no mangue. A planta Rhizophora mangle, por
nas zonas litorâneas, nas proximidades dos exemplo, apresenta as chamadas raízes adventícias
estuários (onde desembocam os rios), mas (que na verdade são caules modificados), que
podem se estender por dezenas de quilômetros partem do caule e penetram no solo, dando
pelo continente adentro. O solo do mangue é suporte ao vegetal no terreno alagadiço e lodoso
alagado (devido às aguas que transbordam dos do mangue. Outra espécie vegetal, a Avicennia sp,
rios estuarinos ou à maré alta), lodoso, salgado, apresenta raízes respiratórias (pneumatóforos),
com muita matéria orgânica em decomposição. que emergem do solo para realizar trocas gasosas
Há pouco O2 no solo do mangue, com predomínio com o ar.
de micro-organismos anaeróbios que, ao Há muitas espécies de animais no mangue,
decomporem a matéria orgânica, liberam como peixes, aves, moluscos e caranguejos.
nutrientes e gases malcheirosos, como o H2S Muita gente pensa que o mangue é um local
(gás sulfídrico) e o CH4 (metano). que cheira mal, que tem sujeira, mas, como vimos,
essa concepção está totalmente errada. Diversas
espécies marinhas dependem do mangue não só
como fonte de alimentos, mas também como
berçário na postura de ovos.
Vale ressaltar que há muitos habitantes das
proximidades que utilizam o mangue como fonte de
renda, como no caso dos “catadores de caranguejos”
e dos “criadores de ostras”. Além disso, a poluição
das águas do mar, dos estuários e dos rios também
ameaça a integridade de nossos mangues.

Mangue no município de Ilha


Grande, Piauí.
Benonias Cardoso/Folhapress

254 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 254 05/02/15 18:15


Ped
ro
Bern
ardo
/Shu
tters
tock
com.
com .
tock
tters
vett
e/Shu Caranguejo-uçá –
espécie muito comum
ecre
in

nos manguezais.
Vila

Guaiamum

2. Estuário
É na região do estuário que há o encontro das águas dos rios com as águas do mar. Esta
mistura de água doce com água salgada faz com que o estuário contenha o meio termo
entre elas, isto é, a água salobra, com graus variados de salinidade. Na região estuarina,
as águas dos rios transportam muitos sedimentos para o mar, por isso, muitas vezes elas
são turvas. É comum a ocorrência de alagamentos dos terrenos e das vegetações às
margens dos rios em casos de maré alta. O transbordamento das águas pode causar
a formação de charcos, pântanos e mangues na região.
A grande quantidade de minerais trazidos pelos rios favorece o crescimento de
algas (fitoplâncton) nos estuários, por isso eles são considerados ecossistemas de alta
produtividade, sustentando um grande número de seres vivos, dentre os quais, peixes
(inclusive peixes comerciais), aves, crustáceos e moluscos.

Estuário formado pelo


ludo/Shutterstock.com

encontro de um rio com o


mar na Praia do Espelho em
Trancoso , Bahia.

Tendo como base o texto, responda:

a. Pesquise o significado da b. Por que as águas dos estuários não


palavra “ecótono “ e o descreva. apresentam elevado nível de salinidade
como as águas do mar?
Ecótono (do grego, oikos: “casa “; tônus, “tensão“) é o
Porque é no estuário que ocorre o encontro entre as
nome que se dá a uma região de transição entre dois
águas do mar e as dos rios. As águas, assim, ficam com
ecossistemas diferentes, que abrange um grande
um nível de salinidade superior às águas dos rios, mas
número de espécies e diversos tipos de nichos
inferior às águas do mar. A água do estuário é,
ecológicos (modos de vida).
portanto, salobra.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 255

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 255 05/02/15 18:16


1. Observe o esquema a seguir.

Ethan Daniels/Shutterstock.com

I. Bentos
Amanda Nicholls/Shutterstock.com

IV. Nécton
om
ck.c
rsto
utte
e/Sh
vett
ecre

II. Bentos
in
Vila

Nécton
V.
om
ck.c
rsto
utte
r/Sh

III. Plâncton
dive
im
Ach

VI. Plâncton
Johnlips/Shutterstock.com

Os animais presentes no esquema pertencem Getty Images/National Geographic Creative


a três comunidades biológicas marinhas:
plâncton, nécton e bentos. Coloque ao lado
do algarismo a comunidade biológica a qual
o organismo pertence.

256 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 256 05/02/15 18:16


2. Ao lado temos a ilustração do peixe marinho do
gênero Melanocetus. Apesar de apresentar apenas
uns 15 centímetros, é um temível caçador. Repare
que o Melanocetus apresenta boca grande, dotada
de dentes pontudos. Além disso, ele é capaz de
“pescar” sua presa, que é atraída pela luz emitida por

Norbert Wu / Minden Pictures / Biosphoto / AFP


uma espécie de “lanterninha” situada logo acima da
boca. Na verdade, a tal lanterninha contém bactérias
bioluminescentes que vivem em mutualismo com o
Melanocetus. Esse gênero de peixe possui coloração
escura e praticamente não tem cavidades ocas em
seu interior. Peixe Pescador (18 cm) – apresenta
um dispositivo na cabeça dotado
de bioluminescência – Vive em
profundidades de até 2000 metros.
Com base no texto e em seus A luz emitida pelo dispositivo atrai
conhecimentos de Biologia, responda: sua presas (tática de caça).

a. Você acha que o Melanocetus vive em b. Por que a coloração e a ausência de cavi-
profundidades abaixo ou acima de dades ocas são adaptações do Melanoce-
1000 metros? Justifique. tus ao meio em que vive?

Abaixo de 1000 metros, podendo ser encontrados nas A coloração escura (preta ou marrom) camufla-o em

zonas marinhas batipelágica ou abissal. Os seres que ambientes escuros. O fato de não conter cavidades

vivem nessas zonas estão adaptados à falta de luz ocas é uma adaptação às grandes pressões das

(zona afótica), sendo que muitos apresentam águas profundas. Se tivesse cavidades ocas, seu

bioluminescência. corpo poderia ser esmagado.

3. Leia o texto a seguir.

Moradores do mangue ainda


vivem no tempo de Josué de Castro
Diário de Pernambuco / Publicação: 20/09/2013
Muita coisa mudou desde que Josué de Castro mostrou ao mundo,
no romance Homens e caranguejos, lançado em 1967, a miséria e
os flagelos vividos por quem é refém da fome. Mas há pessoas que
vivem do mesmo jeito. São os sobreviventes do mangue. Em pleno
século 21, choram e sofrem calados por falta de assistência básica.
Passam despercebidos diante do crescimento econômico de Per-
nambuco e sua capital, Recife.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 257

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 257 05/02/15 18:16


Escondem-se atrás dos números vistosos, nas Com o passar do tempo, conheceu a primeira
emboscadas das estatísticas que revelam melho- mulher, Maria Francisca. Tiveram um filho. Ela su-
ras, mas não fotografam os rostos daqueles que, a miu quando o menino ainda estava na barriga. Ho-
despeito de tudo, ainda vivem do lado mais rastei- je, mora em São Paulo. Risonete Marciolino,
ro dos gráficos. Os rostos de Josiane, Maria, José e abandonada pelo marido e mãe de cinco filhos, foi
Miguel figuram entre os dos 20,9% da população outro romance. Os dois criaram os rebentos com o
brasileira (acima de 200 milhões de pessoas, de dinheiro da venda dos caranguejos tirados
acordo com dados do IBGE de julho) que admitem do mangue. As crianças da segunda mulher des-
que pode faltar dinheiro para comida. [...]. ciam na lama e catavam cordas do crustáceo, bal-
Os sobreviventes do mangue começaram a des de sururus, siris a perder a conta e peixes aos
trabalhar ainda crianças. Aos nove anos, José Bar- milagres. Risonete se foi, vítima da esquistossomo-
bosa da Silva, 59, saiu com os pais de Ouricuri, no se. “Passou para o andar de cima”, diz Seu José. Ale-
Sertão, a 623 quilômetros do Recife. Perseguido xandra Marciolino da Silva, 34, umas das filhas da
pela miséria, fugiu da seca, mas não da pobreza. falecida, é a única que continua morando com o
Não frequentou a escola. Chegando à capital, não caranguejeiro. Teve um filho, Lucas, 10, com o
sabia da dureza que a vida lhe reservava no futu- ex-marido. Sustentou o menino indo todos os dias
ro, tempo voraz que engoliu sonhos. As brinca- ao mangue: R$ 25 por semana. De enteada, pas-
deiras de infância foram trocadas pelo duro sou a esposa. Juntou as camas com o ex-marido da
trabalho nos manguezais. mãe. Eles veem Lucas crescer e trabalhar na maré.
Seu José segue faminto, meio século depois, Quer seguir os passos do padrasto. “A gente tem
com a carência cotidiana e pontual que devora que aprender a tirar do mangue o que é sustança”,
o intestino e a vontade. Os pais construíram um ensina Alexandra. “Eu já aprendi com minha mãe,
mocambo na Ilha de Deus. Invadiram o terreno que aprendeu com a dela, que aprendeu mais
que não é de ninguém. É da maré. Quando en- atrás ainda, e o meu filho já faz melhor do que eu.”
che, estira e se espreguiça, alaga a terra toda. Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/
Quando baixa e se encolhe, deixa descobertos vida-urbana/2013/09/20/interna_vidaurbana,463307/moradores-do-
os pontos altos da miséria. mangue-ainda-vivem-no-tempo-de-josue-de-castro.shtml>.
Acesso em: set. 2014.

Tendo como base o texto,


responda às questões seguintes.

a. A fome e a miséria das comunidades humanas que vivem às custas do


mangue foram retratadas pelo romance Homens e caranguejos, em 1967,
por Josué de Castro. Segundo o texto da reportagem do jornal Diário de
Pernambuco, houve modificação do cenário de pobreza das pessoas que
utilizam o mangue como fonte de sustento?

Não. Trata-se de uma atividade insalubre, que remunera mal às pessoas, que sofrem

com a falta de assistência básica.

258 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 258 05/02/15 18:16


b. Estabeleça uma relação entre a seca do Sertão nordestino,
a migração e a utilização do mangue pelos migrantes.

Muitas pessoas que sofriam com a seca do Sertão nordestino migraram para a capital Recife em

busca de melhoria de vida. No entanto, para sobreviver, muitos dos migrantes passaram a caçar

caranguejos no mangue para depois vendê-los, porém, a preços muito baixos.

4. Preencha o diagrama a seguir com os


conceitos aprendidos anteriormente.

diagrama

b i o m a s aq uát i co s Bioma de água doce

Bioma marinho Biomas de transição Rios Lagos

Estuários
Flutuadores
Mangues Águas Águas
da superfície
Praias correntes paradas

Plâncton Outras
comunidades

Seres que nadam Biomas terrestres

Nécton Comunidades
biológicas aquáticas
Seres do fundo

Bentos

Resolva as questões 78, 97, 98,


99, 100 e 101 do Caderno de
Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 259

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 259 05/02/15 18:16


Boris
Mrdja
/Shutt
erstoc
k.com

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 260 05/02/15 18:16


Você pode perceber, ao estudar os biomas terrestres e aquáticos,
o quão rico em vida é nosso planeta. Não seria exagero, portanto,
afirmar que a Terra é uma explosão de vida. Porém nem tudo é belo!
Existem ações humanas insustentáveis que contaminam o ar,
a água e o solo, colocando em risco a saúde do próprio homem e
a integridade de nossos ecossistemas.
No próximo capítulo, estudaremos os principais mecanismos
de alguns impactos ambientais e as novas práticas e tecnologias
sustentáveis que podem minimizá-los, proporcionando qualidade
de vida ao homem e aos outros seres vivos.

Referências bibliográficas
CASTRO, P. Biologia marinha . 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

MARCONDES, A. C. Ecologia. 2. ed. São Paulo: Atual, 1981.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

PURVES, W. Vida, a ciência da Biologia: Vol. II: Ecologia e


diversidade biológica. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995.

SCARANO, F. R. Biomas brasileiros: retratos de um país plural.


Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 5 | 261

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 261 05/02/15 18:16


Capítulo 6
Impactos
Ambientais e
Desequilíbrio
Ecológico
k.com
rstoc
la/Shutte
. Vare
Filipe B

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 262 05/02/15 18:16


com
ck .
rsto
e
utt
/Sh
L iu
y
Luc
PEQuEnAs AtItuDEs QuE PoDEm
preserVar a natUreZa
A maior parte da população geralmente, tem o acesso à água potável. Quase 2,6 bilhões de pes-
costume de deixar as luzes acesas, a TV ligada, soas não dispõem de redes de esgoto e
aparelhos domésticos conectados à tomada, sem aproximadamente 5 mil crianças morrem por dia
necessidade. Alguma vez você já observou essa em decorrência de doenças diarreicas por falta de
situação em casa? No dia a dia da sua casa o res- água tratada.
ponsável por passar as roupas liga o ferro mais de Existem muitos exemplos de desperdício, tan-
uma vez por semana? O desperdício de energia to em relação ao uso da energia, quanto na
pode esgotar os recursos naturais ou causar danos utilização de matéria-prima para fabricação de
ambientais. Mas, talvez você esteja pensando: “Co- vários materiais além do consumo exagerado.
mo assim, só porque eu deixei as luzes acesas à Você já teve a sensação de que comprou algo
toa?” Sim! Afinal, a eletricidade que consumimos desnecessário? Uma roupa que não combina
vem de usinas hidrelétricas, termoelétricas e até com nada. Um CD, que estava em promoção, de
nucleares (como as Usinas de Angra I e II, localiza- um estilo musical de que você não gosta. E, por
das no litoral do estado do fim, essas coisas ficam em casa, num canto qual-
Rio de Janeiro). E esses tipos de geração de ener- quer, ou vão para o lixo.
gia elétrica provocam impactos ambientais. Por Esse tipo de consumo sobrecarrega o ambien-
exemplo, para a construção de usinas hidrelétricas te, por causa do gasto excessivo de matérias-
é necessário, muitas vezes, realizar desmatamen- -primas e energia além de gerar poluentes e lixo.
tos, desviar cursos de rios, construir represas que E não adianta culpar os outros pela poluição
inundam áreas enormes. Quanto mais consumi- ou pela destruição da natureza. Essa é uma res-
mos energia, mais precisamos da natureza. ponsabilidade que cabe a cada um de nós.
E em relação ao uso da água? Você já obser-
vou pessoas que escovam os dentes ou lavam o
rosto e deixam a torneira aberta? Ou que demo-
ram no banho com o chuveiro ligado o tempo Visite a página da World Wildlife Fund*
todo? Há, também, os que lavam a calçada e dei- – WWF – Brasil e leia o material:
xam a água correr. Não seria mais fácil varrê-la? Pequeno guia de consumo em um mundo pequeno.
*em português: Fundo Mundial da Natureza.
Em algum momento você pensou em quanto se http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_
gasta de água e energia nessas atividades? meio_ambiente_e_natureza/?31644/guia-traz-
Se utilizarmos mais água do que o necessário, dicas-de-consumo-responsável
esse precioso recurso vai faltar a outras pessoas. Anote as dicas mais interessantes e
compartilhe com seus amigos.
Segundo a Organização das Nações Unidas
(ONU), cerca de 770 milhões de pessoas não têm

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 263

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 263 05/02/15 18:16


Conhecendo os Principais
Impactos ambientais
Como já vimos, os ecossistemas apresentam uma no ecossistema. Assim, temos impactos que pro-
comunidade em interação com o meio abiótico vocam alterações bióticas, como a introdução de
(os elementos não vivos). Os ecossistemas autos- espécies exóticas (tema abordado no capítulo an-
suficientes são os que apresentam elevados terior), e a extinção de espécies e desfloresta-
graus de sustentabilidade, ou seja, tendem a se mento, além dos impactos que alteram primaria-
manter estáveis com seus próprios recursos. mente os fatores abióticos, como: efeito estufa,
Qualquer perturbação nos ecossistemas que estreitamento da camada de ozônio, chuva ácida,
prejudique essa estabilidade pode causar impac- inversão térmica.
tos ambientais, cujas causas podem ser naturais, Vale ressaltar que, quando alteramos uma das
quando geradas a partir de alterações da própria partes de um ecossistema, há uma interação en-
natureza, ou antropogênicas, quando resultam tre os fatores bióticos e abióticos e os efeitos
de atividades humanas. colaterais que podem afetar a ambos.
Podemos classificar ainda os impactos am-
bientais de acordo com o principal fator afetado

Impactos ambientais naturais


Uma grande erupção vulcânica libera material particulado e vapores de dióxi-
do de enxofre (SO2). O material particulado causa danos respiratórios e o
dióxido de enxofre (SO2) pode formar chuvas ácidas. Veja o esquema a seguir:

O dióxido de enxofre pode reagir com o Você sabia que em certas condições o
vapor d’água e formar o ácido sulfuroso: mato pega fogo naturalmente? São as queima-
das naturais, geralmente causadas pela
SO2 (g) + H2O (v) → H2SO3 (aq.) combustão do mato seco em condições climá-
ticas específicas, como baixa umidade do ar e
O dióxido de enxofre reage com o oxigênio altas temperaturas.
e forma o trióxido de enxofre: As queimadas naturais liberam material par-
ticulado e gás carbônico, que vão para a
SO2 (g) + ½ O2 (g) → SO3 (g) atmosfera. Sua influência na intensificação do
efeito estufa é pequena, pois as queimadas na-
O trióxido de enxofre reage com o vapor turais não são tão frequentes e liberam menor
d’água e forma o ácido sulfúrico: quantidade de poluentes no ar se comparadas
às queimadas provocadas pelo homem, sobre-
SO3 (g) + H2O (v) → H2SO4 (aq.) tudo nas florestas.
Há ainda outro exemplo: você se lembra
(v) = vapor (g) = gasoso (aq.) = aquoso das marés-vermelhas? Esse fenômeno natural
de proliferação excessiva de algas que produ-
zem e liberam toxinas prejudica a fauna local e
reduz a biodiversidade.

264 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 264 05/02/15 18:16


NancyS/Shutterstock.com Peter J. Wilson/Shutterstock.com

Erupção vulcânica Queimadas

Você sabia que, segundo estudos científicos,


já ocorreram grandes extinções em massa
Veja mais informações sobre causadas por impactos ambientais naturais
desastres ambientais no site: durante a história da Terra?
http:<www.veja.abril.com.br/
especiais_online/desastres_ Muitas espécies já viveram no planeta. Pesquisas estimam
naturais/>. Acesso em: dez. 2014. que alguns bilhões de espécies já estiveram por aqui e dezenas
de milhões já foram extintas, e nem todas elas foram extintas
Eras
por grandes acontecimentos. A extinção pode estar ligada a
eventos de grandes proporções, como a colisão de asteroides ou
periodos
até mesmo a superioridade de espécies extremamente invasivas
e devastadoras em relação a outras mais frágeis.
1 ,6 5
Era cenozóica

neogénico Não se sabe, ao certo, quantas extinções em massa já


2 4 ,5 ocorreram no planeta, mas a maioria dos pesquisadores
paleogénico concorda que cinco principais extinções em massa teriam
5a Extinção
E acontecido: a Ordoviciana (formação das geleiras); a Devoniana
cretácico
Era Mesozóica

135
(extinção da metade de todas as famílias de espécies marinhas);
Jurássico a Permiana Triássica (várias teorias); a extinção final Triássica
4a Extinção (vulcões) e a Cretáceo terciária (impacto de asteroide).
d
3a Extinção triásico
c Para que as extinções acontecessem, esses eventos
pérmico ocasionaram forte estresse nos ambientes do planeta, o que
300
causou a morte da maioria das espécies. As espécies
carbonífero
2a Extinção sobreviventes tiveram sucesso com os recursos que lhe restaram
Era paleozóica

b
devónico e hoje todas elas vivem em harmonia.
410
silúrico
435
1a Extinção
ordovícico a
500
câmbrico
540

O esquema representa de forma simplificada a Eras e os Períodos


Geológicos. Nesse esquema estão indicadas com letras de a a E as
tempo em milhões de anos
prováveis épocas das extinções em massa ao longo da história.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 265

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 265 05/02/15 18:16


Impactos ambientais antropogênicos
Há séculos o homem explora a natureza retirando os recursos ne-

chaoss/Shutterstock.com
cessários para sua própria sobrevivência. Em um passado bem
remoto, a utilização desses recursos naturais causava pouco impac-
to no meio, sem grandes prejuízos, afinal a população humana não
era tão grande para causar impactos consideráveis aos principais
ecossistemas do planeta.
No entanto, nos últimos dois séculos o homem vem alterando o
meio ambiente de forma intensa e preocupante. Os avanços tecno-
Congestionamento de veículos
lógicos em todas as áreas, principalmente na produção de
alimentos e na medicina, melhoraram a qualidade de vida humana,
fazendo com que a população mundial crescesse quase exponen-
cialmente. No século XIX a população humana girava em torno de
29 1 bilhão de pessoas. Porém, estima-se que a população mundial
o
da atual esteja na casa dos 7 bilhões. Você já pensou nisso? São 7 bi-
lhões de pessoas que exploram direta ou indiretamente os recursos
da
tificada

naturais da Terra.
Mas a humanidade vem tentando desenvolver políticas de
avanços tecnológicos na área ambiental que poderão ajudar o ho-
mem a não causar impactos tão significativos na natureza. Claro
que nossa postura em relação à exploração dos recursos naturais
também deverá mudar. Evitar o desperdício (de energia, água e
materiais), utilizar produtos que possam ser reciclados (ou reutiliza-
dos) e preferir formas alternativas de energia (energia solar, energia
eólica etc) são algumas das atitudes que todo o cidadão deve ado-
tar para que a natureza não sofra sérios prejuízos.
Vamos retomar os problemas ambientais. Os impactos ambien-
tais antropogênicos mais significativos resultam de atividades
como uso de veículos em frotas enormes, atividades industriais mal
reguladas, emprego de agrotóxicos e adubos químicos, consumo
exagerado de matéria e energia, desperdício de água, destino in-
correto para o lixo, entre outros. Os resultados desse tipo de
atividade você verá a seguir.
chaoss/Shutterstock.com

chaoss/Shutterstock.com

Fazendeiro espalhando pesticida Torre iluminada de uma


numa plantação de arroz indústria petroquímica.

266 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 266 05/02/15 18:16


BIOLOGIA E
COTIDIANO
coMUnidadE dE UbatUba FaZ Uso sUstEntÁ-
VEL dE FrUto da JUçara
Moradores trocaram consumo do palmito Tendo como base o texto, responda:
pelo da fruta da palmeira.
Ingrediente é utilizado em pratos doces e sal- a. Por que a exploração comercial do fruto
gados feitos em Ubatumirim. da juçara pode preservar essa espécie?

Moradores da comunidade do Ubatumirim Porque a palmeira da juçara, ameaçada de extinção,


em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, além do palmito, fornece frutos que podem ser
estão modificando a forma de consumo da
palmeira juçara, espécie nativa da Mata Atlân- utilizados (comercializados) de forma sustentável, sem
tica ameaçada de extinção. matar a espécie. A retirada do palmito, no entanto,
A partir de uma iniciativa de um projeto
mata a planta.
para incentivar o uso sustentável, em vez do
palmito, os moradores têm consumido a fruta,
semelhante ao açaí, que é utilizada tanto em
pratos doces quanto nos salgados.
A fruta atualmente é a principal fonte de
renda das famílias da comunidade. “Meu ir-
mão tinha licença para extrair o palmito da
juçara, mas preferiu pegar as frutas, ele resol-
veu preservar e não pega mais”, conta a
produtora rural Irene Barbosa dos Santos.
A comunidade realiza anualmente a Festa
da Juçara, na qual turistas podem degustar
um pouco da gastronomia caiçara preparada
com a fruta. Os pratos vão desde o bolo de b. A juçara é encontrada em
chocolate com Juçara, passando pela massa qual bioma brasileiro?
de tomate, até o strognoff de juçara com lula.
“Desde 2005 estamos trabalhando nesta Na Mata Atlântica.
questão. Ela ainda está na lista de extinção,
mas vemos que em um futuro de dez anos ela
pode sair da lista. Hoje são as comunidades
que mais preservam a juçara”, disse Lenina
Mariano, responsável pelo Projeto Juçara.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/
noticia/2014/09/comunidade-de-ubatuba-faz-uso-sustentavel-de-
fruto-da-jucara.html>. Acesso em: jan. 2015.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 267

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 267 05/02/15 18:16


Impactos antropogênicos
no meio biótico
Extinção de espécies
As atividades humanas são as principais
causas da extinção de espécies sobretudo
pela perturbação ou limitação de seus
habitats naturais. O desflorestamento, a
caça indiscriminada, o tráfico de animais,
a pesca predatória e a poluição são fatores
responsáveis pela eliminação de espécies.
Segundo pesquisadores associados à
Organização das Nações Unidas (ONU),
atualmente 36% das espécies estão amea-
çadas de extinção. Se não mudarmos
nossas atitudes e o padrão de consumo,
essa porcentagem dobrará até 2030, ou
seja, de cada quatro espécies três estarão
ameaçadas de extinção.
Muitas espécies ameaçadas apresen-
tam substâncias de interesse
farmacológico como, por exemplo, o teixo
(Taxus brevifolia), árvore de clima tempera-
do. Os princípios ativos do teixo são
utilizados para o tratamento de doenças
cardíacas, e dele também se extrai o taxol,
substância empregada como quimioterá-
pico para o tratamento de câncer.
Com a eliminação das espécies na na-
tureza perdemos, além do patrimônio
genético e da importância intrínseca de
cada espécie, muitos princípios ativos que
poderiam salvar milhares de vidas.
É um custo muito elevado para todos.
EBFoto/Shutterstock.com

Imagem de teixo
(Taxus brevifolia)

268 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 268 05/02/15 18:16


Entendendo a extinção das espécies How
ard
[...] Atualmente, nosso maior problema reside na K

l aa
extinção ocasionada pelo homem. Especialmente

ste
/Sh
utte
após a revolução industrial, o progresso e a ga-

r st o
ck.co
nância levaram o homem a ocupar e explorar

m
desordenadamente vários ambientes, deixando
danos irreparáveis. Temos como principais focos
de extinção:

1. o interesse comercial direto em algumas


espécies naturais: como exemplo podemos
citar o tráfico de animais, como a arara, e a
matança indiscriminada de elefantes em
busca de marfim. A extração do palmito
também é um bom exemplo.
Cebus xanthosternos, macaco brasileiro
ameaçado de extinção desde 2003
2. a degradação de ambientes, seja por ocupa-
ção inescrupulosa, desmatamento ou
poluição, afeta diretamente um grande nú- 1. Atualmente são consideradas em perigo de
mero de espécies, e indiretamente, um outro extinção 16.119 espécies, em todo o mundo,
grande número. Por exemplo, imagine que segundo a lista de espécies ameaçadas de ex-
uma empresa jogue seu esgoto num lago. A tinção publicada pela União Internacional para
água desse lago terá novas características (de a Conservação da Natureza (IUCN) em 2006.
pH, teor em nutrientes, oxigênio dissolvido,
etc.) o que compromete a existência direta 2. Nos últimos 500 anos, as atividades humanas
de uma espécie de peixe (dano direto causa- causaram a extinção de 816 espécies de seus
do pela poluição). A diminuição ou ausência habitats naturais.
do número de peixes dessa espécie compro-
mete a cadeia alimentar, e as aves que 3. Uma em cada 4 espécies de mamíferos e
moram nas margens do lago e cuja principal uma em cada 8 espécies de pássaros são
fonte de alimento é esse peixe terão falta de classificadas como altamente ameaçadas de
alimento, o que compromete a sua espécie extinção pela IUCN União Internacional para
(dano indireto causado pela poluição). a Conservação da Natureza.

Dessa maneira, é importante que tenhamos 4. Aproximadamente 25% dos répteis, 20% dos
em mente que a natureza é complexa e interliga- anfíbios e 30% dos peixes são classificados
da, e que a luta para a defesa das espécies deve como ameaçados de extinção pela IUCN.
ser feita no ambiente como um todo. É hora de
pensarmos que, ao invés de salvar apenas ani- 5. A atual taxa de extinção das espécies, devido
mais cativantes ao público, como o panda ou o às ações humanas, é estimada como 1.000 a
mico-leão-dourado, deveríamos salvar ambientes 10.000 vezes maior do que a taxa natural
como um todo e uma biodiversidade que não é de extinção.
mostrada na mídia.
Seguem-se alguns exemplos de como as ex- 6. Desde 1800, foram extintas 103 espécies de
tinções estão presentes em nosso dia a dia. pássaros, uma taxa de extinção 50% maior
do que a taxa natural.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 269

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 269 05/02/15 18:16


7. A perda e a degradação de habitats são a principal ameaça a
89% dos pássaros, 83% dos mamíferos e 91% das plantas em
processo de extinção.

8. Como resultado da pesca predatória e da diminuição dos esto-


ques de peixes, desde 1996, o número de espécies de albatroz
ameaçadas de extinção saltou de 3 para 16.

Autor: Roberto Langanke


Disponível em: http://ecologia.ib.usp.br/lepac/conservacao/ensino/conserva_extincao.htm.
Acesso em 22/12/2014.

Desmatamento
Vimos no tema “biomas brasileiros ameaçados” do capítulo anterior que o desmata-
mento é um impacto antrópico que ameaça seriamente nossa biodiversidade, e que
suas causas são variadas. O estabelecimento de pastagens para a pecuária ou para o
plantio (cana-de-açúcar, soja etc.), além da extração de madeira e a atividade da mi-
neração, são as principais causas do desmatamento e degradação de nossos biomas.
O primeiro bioma perturbado foi a Mata Atlântica, por volta de 1503, na época da
colonização do Brasil, quando começou a extração maciça do pau-brasil para obten-
ção de madeira, da qual se retirava o pigmento vermelho vivo
utilizado para tingir tecidos. Em trinta anos, a exploração excessiva
da árvore, símbolo do nosso país, tornou a espécie extremamente Criação de Unidade de Con- ••
difícil de ser encontrada. Foi a primeira espécie brasileira ameaçada servação de Proteção Integral
pelo homem. e de Uso Sustentado.
O desmatamento causa a redução da biodiversidade por pertur-
bação dos habitats e nichos ecológicos das espécies. Afeta também Práticas de manejo sustenta- ••
os ciclos biogeoquímicos, por exemplo: com a remoção da cober- do para o extrativismo
tura vegetal a transpiração vegetal é reduzida, consequentemente, vegetal: cera de carnaúba,
isso altera o ciclo da água e provoca a diminuição da taxa de fotos- cupuaçu, açaí, guaraná,
síntese e o menor sequestro (absorção) de carbono na forma de cacau, castanha-do-pará,
CO2. No Brasil, a Floresta Amazônica absorve por ano 1,2 bilhões de borracha, óleos essenciais.
toneladas de CO2, isso representa cerca de 80% das emissões brasi-
leiras de CO2. O solo também é prejudicado com o desmatamento, Manejo sustentado para ••
pois, sem a vegetação, ele está mais susceptível à erosão e lixiviação. a obtenção de madeiras
Existem alternativas para se combater o desmatamento? certificadas.
Claro que sim. Veja algumas delas.
Ampliação da fiscalização so- ••
bre os biomas brasileiros.

•• Aumento da produtividade
agroindustrial: menor de-
manda por áreas cultiváveis.
Lisette van der Hoorn/Shutterstock.com

•• Exigência de certificação
da madeira empregada na
construção civil.

270 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 270 05/02/15 18:16


1. Quais são as causas dos impactos
ambientais em nosso planeta?

Basicamente são duas as causas: antropogênicas (ação humana) ou naturais (impactos produzidos por

fenômenos naturais: queda de meteoros, erupções vulcânicas, maremotos, queimadas naturais etc).

2. Dê dois exemplos de impactos ambientais naturais.


Erupções vulcânicas e queimadas naturais.

Erupções vulcânicas e queimadas naturais.

3. Dê dois exemplos de impactos


ambientais antropogênicos.

Desmatamento para criação de áreas de


4. Leia o texto, a seguir.

EstUdantEs do parÁ criaM apLicatiVo


QUE aJUda rEFLorEstaMEnto da aMaZÔnia
pastagens; uso indiscriminado de
Jovens disputam competição internacio-
pesticidas na lavoura. nal Technovation Challenge. Protótipo
GreenBaby foi desenvolvido por alunas do
ensino médio.
Enquanto muitos jovens usam aplica-
tivos de dispositivos móveis para
entretenimento, cinco estudantes de San-
tarém, oeste do Pará, viram na ferramenta
uma forma de contribuir com a socieda-
de. As alunas do ensino médio, Sara Siufi,
Larissa Miléo, Aléssia Pinheiro, Andressa
Azevedo e Waykyru Bentes, sob a coorde-
nação da professora de informática, a
mestre em engenharia elétrica Marialina
Corrêa Sobrinho, desenvolveram um pro-
tótipo de um aplicativo chamado de
GreenBaby, que tem como finalidade be-
neficiar o meio ambiente.

Jovens disputam competição internacional


Technovation Challenge (Foto: Karla Lima/G1)

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 271

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 271 05/02/15 18:16


A ideia do projeto surgiu após o time se inscrever
para participar da competição internacional ‘Techno-
vation Challenge’, que tem como objetivo incentivar
mulheres a criarem produtos tecnológicos. A propos-
ta da competição é que os candidatos desenvolvam
aplicativos que resolvam problemas da sociedade. Na
categoria ensino médio, as estudantes santarenas
são as únicas representando o estado do Pará.
O GreenBaby possibilita que usuários do mundo
inteiro possam adotar árvores que serão plantadas e
cuidadas na Reserva Extrativista (Resex Tapajós-A-
ra-piuns). Segundo a coordenadora, por meio do
aplicativo, será possível contribuir com o refloresta-
mento da Amazônia, preservação de espécies nativas
e o desenvolvimento sustentável. “Como nós esta-
mos na Amazônia, temos um diferencial maravilhoso
em relação às outras equipes que podem querer criar
algo dessa natureza. A ideia é trabalhar a sustentabi-
lidade e fazer com que as meninas desenvolvam um
projeto na área de empreendedorismo, saber fazer
um plano de negócio e colocar a aplicação de forma
sustentável”, enfatiza Marialina Corrêa.
Antes de iniciar os trabalhos, o time foi até a co-
munidade Solimões na Resex, local escolhido para as primeiras mudas
adotadas serem plantadas. Para Larissa Miléo, foi muito importante poder
fazer parte do projeto porque foi possível conhecer ainda mais as riquezas
da região. “Foi uma oportunidade diferente. Muita gente não se importa
por ser abundante a quantidade de árvores na região, e acaba não cuidan-
do”, conta.
Elas desenvolveram o GreenBaby em 12 semanas, com poucos conheci-
mentos de programação, mas com apoio da professora e pesquisas na
internet. Com a ajuda das amigas, Sara foi a responsável pelo designer do
aplicativo.  “Nós já sabíamos do desmatamento, mas só acordamos para o
problema com a criação do aplicativo. Aí, a gente começou a pesquisar e
observou o tamanho do problema. Não tínhamos dimensão que tudo ia fi-
car bom. Ficamos surpresas com o resultado”, comemora.
No aplicativo, o usuário que adotar uma árvore terá que contribuir com
um valor anual. Do dinheiro arrecadado, 60% serão destinados para os mo-
radores da Resex fazerem a manutenção das árvores e 40% para o projeto
investir em novas tecnologias.
O resultado, que apontará o representante do Brasil, sai dia 1o de junho.
A equipe que ganhar a competição vai receber 10 mil dólares para investir
no projeto, mas as estudantes garantem que, se não conquistarem o prê-
mio, já planejam buscar investidores no Brasil e seguir com a ideia.
Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2014/05/estudantes-do-pa-criam-
aplicativo-que-ajuda-reflorestamento-da-amazonia.html>. Acesso em: fev. 2015.

272 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 272 05/02/15 18:16


Tendo como base o texto, responda:

a. De que forma o aplicativo GreenBaby pode


ajudar a preservar a Floresta Amazônica?

Esse aplicativo possibilita que usuários do mundo inteiro adotem árvores que serão

plantadas e cuidadas na Reserva Extrativista (Resex Tapajós-Arapiuns), ajudando no

reflorestamento da Amazônia com plantas nativas. O usuário que adotar uma árvore terá

que contribuir com um valor anual. Do dinheiro arrecadado, 60% serão destinados aos

moradores da Resex para fazerem a manutenção das árvores e 40% serão investidos em

novas tecnologias.

b. Na sua opinião, esse tipo de iniciativa pode


ajudar a preservar os recursos naturais?

A princípio, atitudes como essa mostram que é possível compatibilizar a exploração

econômica com a conservação dos recursos naturais incentivando a própria

comunidade do local de onde são retirados esses recursos.

Resolva as questões
102, 103 e 104 do
Caderno de
Atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 273

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 273 05/02/15 18:16


Impactos Antropogênicos
no Meio Abiótico
Mudanças climáticas
Você já percebeu que, no verão, um carro estacionado exposto ao sol, depois
de algum tempo, fica quente como uma estufa de vidro?
Tanto na estufa de plantas como no automóvel, a radiação solar atravessa o
vidro. Parte dela é absorvida pelos objetos e plantas; a outra parte, porém, é irra-
diada novamente na forma de calor (raios infravermelhos), que, por sua vez, é
barrada pelo vidro, já que o ar não consegue sair do lugar fechado. Como resulta-
do, o ambiente esquenta.
A atmosfera terrestre apresenta gases que proporcionam à Terra um efeito
semelhante ao do vidro das estufas. São eles: gás carbônico (CO2), metano (CH4),
óxido de dinitrogênio (N2O), vapor d’água, entre outros. Eles permitem a entrada
da luz solar, mas retêm parte do calor que é emitido pela superfície terrestre. Esse
fenômeno natural, que assegura temperaturas mais amenas no planeta e é funda-
mental para que haja vida na Terra, chama-se, efeito estufa.
Talvez você esteja pensando : “Mas o efeito estufa não vem causando proble-
mas na Terra?”. A questão não é tão simples. O problema está na intensificação do
efeito estufa, devido ao lançamento exagerado dos gases produzidos pelas
atividades humanas (antrópicas), que, de acordo com a maior parte da comunida-
de científica, estaria gerando um aquecimento excessivo da temperatura média da
Terra, conhecido como aquecimento global, que seria o causador de diversas mu-
danças climáticas, com consequências diretas sobre o equilíbrio do planeta como
um todo.
A queima de combustíveis fósseis nos automóveis, ônibus, caminhões libera na
atmosfera: CO2, CO, partículas de carvão (fuligem) e outros poluentes. Isso também
ocorre em função de atividades industriais e do funcionamento de usinas ter-
moelétricas. O gás carbônico (CO2) resultante provoca a intensificação do efeito
estufa.
Os ruminantes (bois, cabra, carneiros) apresentam no seu tubo digestório
bactérias produtoras de metano, que é liberado pela eructação e flatulência. Os ater-
ros sanitários mal projetados e os lixões liberam gás metano (CH4) resultante da
decomposição da matéria orgânica por bactérias, na ausência de oxigênio. Por isso,
o metano também é conhecido como o gás do lixo. Ele apresenta uma capacidade
de retenção do calor 25 vezes maior que a do gás carbônico; entretanto, sua concen-
tração é bem mais baixa na atmosfera quando comparado ao gás carbônico.

Glossário
*Eructação: eliminação ruidosa de gases do estômago.

274 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 274 05/02/15 18:16


Efeito Estufa Esses mesmos gases,
porém, retêm grande
parte do calor gerado
pela luz do Sol. Esse
Parte da energia calor é refletido de volta
solar é refletida para a superfície pelas
pelas nuvens e pela moléculas dos gases do
superfície terrestre. Efeito Estufa, o que gera
mais calor.

Os gases do Efeito
Estufa, principalmente

fa
o CO2 , permitem que

stu
a luz do Sol passe
por eles. do efeito e
Gases

O excesso de adubação nas plantações,


as queimadas (rápida remineralização de ele-
mentos) e o desmatamento aumentam no
solo a oferta de compostos nitrogenados. “Um
prato cheio” para as bactérias desnitrificantes
entrarem em ação. Esse processo leva à for-
mação de óxido de dinitrogênio (gás estufa)
com elevada capacidade de retenção de calor
(250 vezes maior quando comparado ao gás
carbônico).

O assunto “aquecimento global” não é unanimidade na comunidade


científica. Parte dos cientistas discorda da existência de um aquecimento
global intensificado por ações antropogênicas.
O tema sustentabilidade está em foco há pelo menos três décadas e
sempre foi motivo de preocupação dos governos mundiais. O efeito estufa, o buraco na
camada de ozônio continuam dando notícia e sempre são vinculados a catástrofes pré-
-anunciadas pela comunidade científica. Porém, um cientista da área de Climatologia
afirmou que o aquecimento global é uma grande mentira. Ricardo Augusto Felício,
especialista em clima e doutor pela USP, defende a ideia de que o conceito de
aquecimento global está baseado num conceito físico que não existe e não é possível
evidenciá-lo. Afirma também que, quando se pedem provas aos cientistas que
defendem a teoria desse processo, eles não as apresentam. Ricardo argumenta que
acreditar que somente os gases estufa geram o aquecimento global é um reducionismo
e que existem outros fatores que controlam o clima na Terra, como
o Sol e os oceanos.
Fonte de pesquisa: http://www.dci.com.br/dci-sp/aquecimento-global-e-uma-grande-mentira,-diz-
doutor-em-climatologia-da-usp-id294697.html. Acesso em: out. 2014.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 275

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 275 05/02/15 18:16


Efeitos do aquecimento global
Segundo parte da comunidade científica, o aquecimento global pode-
ria causar aumento da temperatura do planeta, com consequente
derretimento das calotas polares e aumento dos níveis dos oceanos.
O incremento de energia no ambiente poderia levar a mudanças
climáticas graves como, por exemplo: secas, tempestades, tornados e
tufões em lugares onde antes não era comum ocorrer. Todas essas
mudanças estariam associadas à redução da biodiversidade.
O urso-polar (Ursos maritimus) é uma das espécies ameaçadas, ape-
sar de ser exímio nadador (pode nadar até 100 km), ele necessita de
calotas de gelo para repousar durante as caçadas. Com o efeito estufa,
as “ilhas” de gelo estão ficando cada vez mais raras, o que obriga os
animais a nadarem distâncias cada vez maiores, por isso muitos não
resistem e morrem afogados.

Jan Martin Will/Shutterstock.com

Urso-polar
sobre uma
lâmina de gelo.

O aquecimento global também poderia aumentar a temperatura das águas


oceânicas e um exemplo de consequência seria o branqueamento dos corais. Esse
processo ocorre da seguinte forma: a água mais quente afeta as algas simbiontes
que realizam mutualismo com os pólipos dos corais. Com a morte das algas, o su-
primento de matéria orgânica é afetado, comprometendo a sobrevivência dos
corais. Há situações nas quais a volta da temperatura para faixas ideais permitem a
sua recuperação.
Outro fenômeno associado ao aquecimento global é a ampliação do espectro
de ação de mosquito vetores de doenças tropicais, devido ao aparecimento de
áreas geográficas mais quentes e favoráveis ao seu desenvolvimento. Assim, há
uma tendência da malária, dengue, febre amarela, doença do sono e elefantíase
atingirem novas regiões.

276 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 276 05/02/15 18:16


o quE o mundo EstÁ faZEndo
Para diminuir o ProcEsso dE
dEgradaÇÃo ambiEntal?
O que podemos fazer para minimizar o efeito
estufa? Economizar matéria e energia. Você se
lembra de que o gasto energético envolve a libe-
ração de gases estufa? Caminhe mais, utilize
bicicletas e transportes coletivos. Plante árvores,
procure saber quais são as politicas do seu estado
para combater o aquecimento global. Precisamos
cobrar mais atitude dos nossos governos.
A Terra é a casa de todos. Todos mesmo! So-
Ideias de programas e implementações a
mos 7 bilhões! Os governos dos países, sobretudo serem cobradas de nossos políticos:
os países mais poluentes, têm sua parcela de res- http://www.youtube.com/watch?v=
ponsabilidade sobre o aquecimento global. Não qxRwUrAx0h0&feature=player_embedded
adianta um país adotar posturas mais sustentá-
veis, com menor lançamento de gases estufa, se globo (em 2009, a 15ª Conferência das Nações
outro país não fizer a sua parte, você não acha? Unidas sobre as Mudanças Climáticas em Cope-
Desde a década de 1970, tratados e reuniões nhagen e, em 2012 , na Conferência das Nações
que envolvem diversos países procuraram adotar Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no
procedimentos comuns para diminuir a emissão Rio de Janeiro) para se buscar um acordo ou no-
de gases poluentes. Mas, quando se trata de polí- vas perspectivas sobre a redução da emissão de
tica internacional, a coisa não é fácil! Afinal, os gases estufa, além de outros temas ambientais.
países têm seus interesses específicos, com políti- Porém, os países não conseguiram fechar acordos
cas econômicas, hábitos e culturas diferentes. sobre a redução da liberação de gases estufa em
Qual é o limite de emissão de gases estufa pa- quantidades significativas e estabelecer prazos
ra cada país? Em 1997, na cidade japonesa de para que isso ocorra.
Kyoto, foi assinado um acordo internacional para Pelo menos, na Conferência da ONU sobre
controlar o aquecimento global. Esse acordo fi- Mudanças Climáticas, realizada no final de 2012
cou conhecido como protocolo de Kyoto. em Doha (Qatar), 200 países aceitaram adotar os
Segundo esse acordo, que não foi assinado pelos objetivos do Protocolo de Kyoto estendendo sua
Estados Unidos, as 34 nações mais desenvolvidas validade até 2020, muito embora o alcance desse
do mundo (o que não envolvia uma série de paí- tratado talvez não seja relevante, uma vez que Ja-
ses emergentes, como o Brasil) se pão, Rússia, Canadá, Nova Zelândia e Estados
comprometeriam a reduzir em aproximadamente Unidos tenham se recusado a assiná-lo, com a
5% as emissões dos gases estufa, tendo como alegação de que países emergentes, como a Ín-
ano base 1990 e como prazo de expiração no ano dia, a China e o Brasil, também deveriam cumprir
de 2012. Nos últimos anos ocorreram mais dois metas mais rigorosas (não previstas no Protocolo
encontros entre os líderes de diversas nações do de Kyoto). Em 2020, quando expira o Protocolo
de Kyoto, os países signatários pretendem dis-
cutir um novo acordo e estabelecer novas metas.
Até lá, alguns encontros ocorrerão na Alemanha
(Bonn) e na França (Paris) para discutir assuntos
relacionados às mudanças climáticas e ao aqueci-
mento global.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 277

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 277 05/02/15 18:16


BIOLOGIA E
COTIDIANO
AtItuDEs sustEntávEIs QuE AJuDAm
A ControlAr o AQuECImEnto globAl
Enquanto os cientistas discutem se o aquecimento global é resultado de ação
antropogênica, ou resultado de um ciclo natural, podemos adotar posturas mais
sustentáveis em nosso dia a dia que podem colaborar para a preservação da na-
tureza. Em muitos lugares do mundo, como Suécia, Noruega, Finlândia, ter uma
postura sustentável é uma questão de cidadania.
Veja, a seguir, algumas das posturas sustentáveis que podemos adotar em
nosso cotidiano, segundo Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey,
a primeira instituição na Grã-Bretanha a criar um departamento voltado para
questões de sustentabilidade.

1. Compre com moderação 4. Selecione o fabricante


Pense duas vezes antes de com- Consuma produtos éticos, fabrica-
prar um produto. Você realmente dos por empresas reconhecidas por
precisa dele? Consumir menos é adotar boas práticas no seu relacio-
a atitude individual mais impor- namento com os parceiros de
tante que você pode tomar para negócios, aí incluídos os clientes,
diminuir as emissões de gases os funcionários e os fornecedores.
causadores do efeito estufa.
5. Use o transporte
2. Dedique-se a coletivo e caminhe
ações comunitárias Evite o transporte individual e utilize
Não se deixe influenciar pelos mais o transporte público. Se tiver de
anúncios publicitários. Para tirar usar o carro para locomover-se no
da cabeça a ideia de fazer compras, dia a dia, procure compartilhar a via-
você pode, por exemplo, passar gem com outras pessoas que fazem
mais tempo com a família e dedi- o mesmo roteiro. Caminhe mais.
car-se a atividades comunitárias.
Disponível em: http://super.abril.com.br/ecologia/
3. Escolha bem os produtos efeito-estufa-jeito-esta-nao-ficar-447898.shtml.
Já que vai comprar, dê preferência Acesso em: nov. 2014. Trecho selecionado.
a produtos sustentáveis, como os
eletrodomésticos que consomem
menos energia. Evite o uso de sacolas Leia o artigo na íntegra e selecione
plásticas e colabore para aumentar a no seu dia a dia a atitude que você po-
reciclagem de embalagens. deria adotar para modificar um hábito.
Descreva no caderno essa atitude e o
seu projeto pessoal de ação.

278 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 278 05/02/15 18:16


Monóxido de carbono
O monóxido de carbono (CO) é um gás inodo-
ro e incolor liberado na queima incompleta de
combustíveis fósseis.
Esse gás apresenta uma afinidade pela mo-
lécula de hemoglobina presente nas hemácias,
que é 250 vezes maior que a apresentada pelo
oxigênio, e assim forma um composto alta-
mente estável denominado
carboxiemoglobina (HbCO), que impede o
transporte de oxigênio pelos glóbulos verme-
lhos do sangue.
A pessoa intoxicada pode apresentar dores
de cabeça, tonturas e em casos extremos, há
morte por asfixia.
Por isso, em túneis mais movimentados, há

e2dan/Shutterstock.com
o seguinte alerta: “Em casos de congestiona-
mento, desligue os motores”. Essa advertência
tem o objetivo de minimizar riscos de intoxica-
ção por monóxido de carbono. Congestionamento de carros

Diminuição da camada de ozônio


São comuns informes médicos que nos recomendam evitar a exposição exces-
siva ao sol entre as 10h e 16h e também as orientações sobre o uso de óculos
escuros que tenham filtro contra os raios ultravioleta. O que essas recomenda-
ções têm em comum? Qual é o problema de não cumpri-las?
Como a radiação solar apresenta raios ultravioletas (UV), a exposição constan-
te e excessiva a esses raios pode causar câncer de pele. Além disso, pode deixar
o cristalino dos olhos opaco, doença conhecida como catarata, e lesar a retina.
É por isso que os óculos escuros precisam ter filtro contra os raios ultravioleta.
Há na natureza, entretanto, um sistema de proteção contra os raios ultravio-
leta, sobretudo contra os raios ultravioleta (tipo B) que atingem as camadas
mais profundas da pele: trata-se da camada de ozônio (O3), situada na estratos-
fera entre 25 e 35 km distante da Terra. Essa camada filtra os raios ultravioleta,
assegurando que uma menor quantidade deles atinja a superfície do planeta.
Trata-se de “um filtro solar” que protege os seres vivos.
Compostos químicos como o clorofluorcarbono (CFC), antigamente utiliza-
dos nos sistemas de refrigeração e aerossóis, causavam a diminuição da
camada de ozônio. A proibição do uso foi decidida pelo Protocolo de Montreal
(1987). Essa medida foi importante, porque, com o estreitamento da camada
de ozônio, a incidência de raios ultravioleta aumentou, o que prejudica o de-
senvolvimento de plâncton nos ecossistemas aquáticos, afeta a taxa de
fotossíntese dos vegetais e provoca câncer de pele e doenças oculares nos se-
res humanos. Por isso, devemos tomar sol no início da manhã ou no fim da
tarde. Recomenda-se também o uso de protetores solares.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 279

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 279 05/02/15 18:16


oZÔnio agindo coMo FiLtro da
radiação ULtraVioLEta na EstratosFEra
O ozônio (O3) se forma e se degrada naturalmente na estratosfera
por meio de um ciclo de reações químicas que absorvem a
radiação ultravioleta (raios UV). Veja o que ocorre passo a passo:

1° Os raios UV-C do sol provocam a “quebra” da molécula


de O2, havendo liberação de íons O2- .

o2 + raios UV-C o2- + o2-

2° Esses íons reagem com moléculas


de O2 para formar o ozônio (O3).

o2 + o2- o3

3° As moléculas de O3 absorvem (filtram)


parte da radiação ultravioleta (raios UV-B) e,
formam moléculas de O2 e íons O2-.

o3 + raios UV-B o2 + o2-

Os gases CFCs (clorofluorcarbono) interferem nesse ciclo, promovendo a


diminuição da quantidade de ozônio formado durante o ciclo. Veja o que ocorre
passo a passo:

1° As moléculas de CFC são na verdade CF2C 2. Elas são quebradas pela


radiação ultravioleta do sol, havendo liberação de cloreto CF2C e íons C -.

(CFC)
raios UV -
1 CF2C
o
2
CF2C 2
+C

2° Os íons C - reagem com o O3 e, assim, formam-se o monóxido de cloro (C O-)


e O2, que interferem no ciclo de formação do ozônio na atmosfera.

- -
2o C + O3 O2 + C O

280 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 280 05/02/15 18:16


O Índice UV O que fazer
uv
14
uv
O índice ultravioleta (IUV) mede o nível de Extremo 13 Há necessidade de proteção intensa
uv
radiação solar na superfície da Terra. Quanto mais 12 Evite se expôr ao sol nas horas próximas
alto, maior será o risco de danos à pele e de uv
11 ao meio-dia. Camiseta, filtro solar,
aparecimento de câncer. Veja ao lado a relação uv
10
óculos escuros e chapéu são
entre o índice e os cuidados que se deve tomar. Muito alto uv extremamente necessários.
9
Disponível em: http://tempo.folha.com.br/iuv/. uv
Acesso em: dez. 2012. 8
uv
Alto 7
uv
Você pode consultar a internet ou os jornais para 6 Há necessidade de proteção
uv
saber qual é índice ultravioleta (IUV) e tomar os 5 Vista uma camiseta, aplique o
devidos cuidados. Moderado uv
4 filtro solar e coloque um chapéu.
uv
3
uv Não há necessidade de proteção,
Baixo 2 mas procure uma sombra nas
uv
1 horas próximas ao meio-dia.

Perceba que, quando o ozônio está na estratosfera, ele beneficia a nossa sobrevi-
vência e a sobrevivência dos outros seres vivos. No entanto, há uma situação em que
o ozônio pode ser muito ruim: quando está presente nas camadas mais baixas da at-
mosfera (troposfera) – o que também pode acontecer por razões antropogênicas, ou
seja, pelas atividades humanas –, ele pode causar problemas respiratórios, principal-
mente em pessoas que têm rinite alérgica, bronquite ou asma.
O dióxido de nitrogênio, liberado por automóveis, é decomposto pela luz solar,
em monóxido de nitrogênio e um átomo de oxigênio. Este último, por ser muito rea-
tivo, combina-se a uma molécula de oxigênio e forma o ozônio (O3). Trata-se de uma
poluente fotoquímico, pois foi desencadeado pela radiação solar. Observe o
esquema abaixo.

Luz solar Por isso, não devemos praticar


atividade física numa área poluída e
NO2 → NO + O ensolarada, porque estaremos ex-
postos a maiores concentrações de
O2 + O → O3 ozônio (O3), o que pode irritar as vias
aéreas.

Exosfera UV-C UV-B UV-A


400 km 100-280 nm 280-315 nm 400-315 nm
Ionosfera
Altitude
85 km
100 km
Mesosfera
Mesosfera

50 km
50 km
Camada
de ozônio Camada
Estratosfera de ozônio Estratosfera
10 km
Troposfera 15 km
Troposfera
0

Camadas da atmosfera e a localização O esquema mostra a camada de


da camada de ozônio na atmosfera ozônio filtrando os raios UV.
(que filtra os raios UV)

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 281

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 281 05/02/15 18:16


Inversão térmica
Você já reparou que durante o inverno, em
certos dias, há uma concentração de poluentes
que forma uma espécie de “névoa” nas ruas
mais movimentadas?
Normalmente, o ar próximo à superfície é
mais quente que o ar localizado em maiores al-
titudes. Porém, o ar quente, menos denso, sobe,

Hung Chung Chih/Shutterstock.com


e o ar mais frio, mais denso, tende a descer. Des-
sa forma, são formadas as ondas de convecção
que facilitam a dispersão de poluentes. Nessa
configuração natural, o ar “circula”.

Fluxo normal Inversão térmica

Ar mais frio Ar frio

Ar frio Ar quente

Ar quente Ar frio

Durante o inverno, há dias em que a superfície está muito fria e,


consequentemente, o ar próximo a ela também fica frio, o que torna
a temperatura menor do que a do ar localizado em maiores altitudes.
Como o ar mais frio é mais denso, forma-se uma camada de ar estacio-
nário que dificulta a dispersão de poluentes. Por isso, observamos, às
vezes, uma “névoa” de poluentes nessa estação.
Durante esse período, intensificam-se os casos de problemas
respiratórios. Por isso, é necessário ter alguns cuidados, como evitar
áreas de tráfego de veículos intenso, preferir horários de menor trânsi-
to e ingerir bastante líquido, pois nessa época há redução da
umidade relativa do ar.

282 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 282 05/02/15 18:16


1. No seu caderno, esquematize o planeta
Terra e represente o efeito estufa.

2. Com os conhecimentos adquiridos no decorrer do capítulo, descreva os principais


gases do efeito estufa e suas respectivas origens naturais ou antrópicas.

Os principais gases estufa são: dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogênio e vapor

d’água. O dióxido de carbono é liberado na queima de combustíveis fósseis. Os lixões e

aterros sanitários mal projetados liberam metano na atmosfera. Os ruminantes, por

eructação e flatulência, também liberam gás metano. A adução excessiva pode favorecer

a desnitrificação, que possui como subproduto o gás óxido de dinitrogênio.

3. Quais são as consequências da intensificação do efeito estufa e


o que poderíamos fazer para reverter esse processo?

O efeito estufa provoca o aquecimento global, com o consequente derretimento das

calotas polares, há aumento dos níveis dos oceanos, alterações climáticas e redução

da biodiversidade. Podemos diminuir o efeito estufa se economizarmos energia e

materiais, andarmos a pé, de bicicleta e utilizarmos mais o transporte público.

4. Há uma certa confusão entre efeito estufa e camada


de ozônio. Existem pessoas que acham que o estreitamento
da camada de ozônio tem relação com o efeito estufa.
Elabore um texto que esclareça essa questão.

O texto é pessoal.

BIOLOGIA | 1 a SÉRIE | UNIDADE 2 | CAPÍTULO 6 | 283

B1_EM_U2_C6_LD_2a prova.indd 283 04/07/17 16:36


5. A imagem mostra um fenômeno
atmosférico ocorrido em agosto de
2003 na cidade de São Paulo. Esse
Sendo assim:

a. Qual é o nome desse fenômeno?


fenômeno agravou os problemas de
poluição do ar na cidade. Inversão térmica.

b. Por que a camada inferior do ar que estava


sobre a cidade mostrou-se mais escura do
que a camada superior da atmosfera?

Porque, naquela ocasião, a camada de ar que estava

sobre a superfície ficou mais fria do que a camada de ar

da alta atmosfera. A maior densidade da camada de ar

fria concentrou os poluentes perto da superfície

(dificultou a dispersão dos poluentes).


André Porto/Folhapress

Vista aérea da cidade de São Paulo

Resolva as questões 105 à108, 111


à 115 e 120 à 127 do Caderno de
Atividades.

284 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 284 05/02/15 18:17


BIOLOGIA E
COTIDIANO
PoluIção sonorA
Você conhece o ditado: “O silêncio vale ouro”?
O excesso de barulho, além de causar danos audi-
tivos, provoca alterações endócrinas, quadros de
insônia, estresse, aumento da pressão arterial. Ve-
ja abaixo como isso se dá.

no limitE dos dEcibéis


Por Nayara D’Alama
Ouvir música alta em fones de aparelhos como Som dB
mp3, celulares e iPods é causa de danos auditivos Voz 50 - 60
Escritórios 60 - 65
entre os jovens que têm acesso a estas tecnologias. Ruas 70 - 80 Fonte: Doutora Mara
Alguns destes dispositivos alcançam até 120 deci- Aspirador de pó 90 Gândara, membro do
Discoteca 100
béis – limite muito acima do recomendado por Conjunto de rock 110 Departamento de
médicos – e o hábito de escutar músicas no volume Buzinas de carro 110 Otorrinolaringologia
Motocicleta 120
máximo pode gerar perdas irreversíveis na audição. Decolagem de avião 150 da Associação Paulista
As lesões que aparecem na juventude tendem a au- Tiro de revólver 150 de Medicina (APM).
mentar ao longo dos anos e comprometem a
qualidade de vida dos amantes da música alta.
É muito comum ver jovens usando fones de
ouvido e, não raro, passar por alguns com o volu-
me tão elevado que torna a música que está
tocando audível às pessoas ao redor. Esta prática
é desaprovada por otorrinolaringologistas por- 85 8h

Máxima exposição diária permissível


Nível de ruído em decibéis

86 7h
que ultrapassa o limite seguro de exposição 87 6h
diária estipulado em oito horas para sons de 85 88 5h
89 4 h e 30 min.
decibéis e apenas sete minutos para 115 decibéis. 90 4h
A Sociedade Brasileira de Otologia adverte que os 91 3 h e 20 min.
92 3h
aparelhos sejam regulados em 50% do volume 93 2 h e 30 min.
máximo para garantir a saúde dos usuários de 94 2h
95 1 h 45 min.
música digital. 98 1 h e 15 min.
Veja, ao lado, a tabela de decibéis de sons coti- 100 1h
dianos. 102 45 min.
104 35 min.
De acordo com o médico otorrinolaringologis- 105 30 min.
ta Henrique Zuccalmaglio Filho, o uso de mp3 e 106 25 min.
108 20 min.
similares pode causar dois problemas: inflamação 110 15 min.
no canal do ouvido (gerada pelo próprio fone e 112 10 min.
114 8 min.
curada por tratamento) e perda da audição. O 115 7 min.
trauma sonoro é resultado de batidas intensas no
Veja na tabela elaborada pelo
ouvido interno, e para este caso não há tratamen- Ministério da Saúde o tempo
to. São afetadas as frequências altas da audição, máximo de exposição a sons
relacionadas à compreensão das palavras – e não de diferentes intensidades:

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 285

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 285 05/02/15 18:17


à capacidade de ouvir, por isso não se tem a sensação de perda au-
ditiva. Em geral o sintoma que aparece nestes casos é um zumbido
(ruído interno).
Um ponto agravante citado pelo médico é o fato de o ouvido
entrar em fadiga. “Como o nosso ouvido não foi feito para ouvir
sons altos por muito tempo, em certo momento ele entra em fadi-
ga, como se fosse uma cãibra, e o volume do que escutamos
parece ficar mais baixo. Com isso aumentamos o som e agravamos
a situação”, explica Dr. Henrique, que já atendeu muitos pacientes
com traumas gerados por fones.
Com o passar dos anos os jovens que apresentam problemas de
audição têm seu quadro agravado e sua qualidade de vida prejudi-
cada. A partir dos 30 anos as perdas auditivas crescem
progressivamente e as lesões que são pequenas tornam-se maio-
res. “Os jovens de 20 anos com problemas auditivos ainda têm mais
50 anos de vida pela frente”, ressalta o médico.
Disponível em: http://www.cotidiano.ufsc.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=122%3Ano-limite-dos-decibeis&Itemid=58. Acesso em: dez. 2014.

Em relação às informações contidas no texto, responda:

1. Escutar as músicas em aparelhos eletrônicos (mp3 player,


celulares etc.) com volumes altos pode fazer mal à saúde?
Por quê?

Sim, pois sons muito intensos podem causar problemas auditivos e perda de audição

ao longo do tempo, além de nervosismo, estresse e até problemas cardíacos.

2. Segundo a tabela apresentada na página anterior, qual é o tempo limite de


exposição diária ao som de uma britadeira, sabendo que essa ferramenta
pode atingir 115 dB? O que um trabalhador que utiliza essa ferramenta
deveria fazer para se proteger contra o som muito intenso?

Sem proteção auricular, o máximo permissível de exposição à britadeira é 7 minutos por dia.

Trabalhadores da construção civil (ou outro setor) deveriam utilizar protetores auriculares,

(que protegem a audição contra os sons muito intensos).

286 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 286 05/02/15 18:17


Chuva ácida
As chuvas naturalmente são ácidas (com o pH menor que 7), pois o
gás carbônico reage com o vapor d’água, formando o ácido carbô-
nico (um ácido fraco).

H2O (v) + CO2 (g) → H2CO3 (aq.)


(v) = vapor; (g) = gasoso; (aq.) = aquoso

As chuvas, entretanto, ficam excessivamente ácidas quando ad-


quirem pH menor que 5,6. Nesse caso particular, as “chuvas ácidas”
(como são chamadas) podem trazer prejuízos à saúde humana e
prejudicar o meio ambiente. As águas dessas chuvas podem estar
misturadas com os ácidos produzidos a partir de diversos gases po-
luentes, entre eles o dióxido de enxofre (SO2) e o dióxido de
nitrogênio (NO2).
Os combustíveis fósseis, petróleo e carvão mineral, apresentam
traços de enxofre em sua composição. No caso do carvão mineral,
o teor de enxofre varia de 1% a 5%. Assim, na queima desses com-
bustíveis (em atividades industriais, nas usinas termoelétricas e nos
veículos) ocorre a liberação de SO2 que, ao ser lançado na atmosfe-
ra, pode desencadear uma série de reações químicas que leva à
formação de ácido sulfuroso (H2SO3) ou de ácido sulfúrico (H2SO4).

REAÇÕES QUÍMICAS DA CHUVA ÁCIDA


1° O dióxido de enxofre (lançado pelas chaminés das
indústrias e termelétricas ou pelos escapamentos dos
veículos) pode reagir com o vapor d’água presente na
atmosfera e formar o ácido sulfuroso (H2SO3).

SO2 (g) + H2O (v) → H2SO3 (aq.)

2° O dióxido de enxofre também pode reagir com o


oxigênio (O2), e formar o trióxido de enxofre (SO3).

SO2 (g) + ½ O2 (g) → SO3 (g)

Em seguida, o trióxido de enxofre reage com o vapor


d’água (H2O) e forma o ácido sulfúrico (H2SO4)

SO3 (g) + H2O (v) → H2SO4 (aq.)


(v) = vapor; (g) = gasoso; (aq.) = aquoso

Há, também, na queima de combustíveis fósseis, a liberação


monóxido de nitrogênio (NO). Ele reage a seguir com o oxigênio
(O2), formando o dióxido de nitrogênio (NO2). Esse último óxido-
-ácido reage com o vapor d’água das nuvens e produz os ácidos

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 287

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 287 05/02/15 18:17


nítrico (HNO3) e nitroso (HNO2). Abaixo estão re-
presentadas as reações dos principais processos:

rEaçÕEs QUÍMicas da cHUVa Ácida


O monóxido de nitrogênio reage com o
oxigênio e produz o dióxido de nitrogênio:

2NO (g) +O2 (g) → 2NO2 (g) O potencial hidrogeniônico


(pH) é uma grandeza
O dióxido de nitrogênio reage com o vapor química capaz de determinar se uma substância é
d’água e gerar os ácidos nítrico e nitroso. ácida, neutra ou alcalina. Se o pH é igual a 7,0 a
substância é considerada neutra (água destilada)
2NO2 (g) + H2O (v) → HNO3 (aq.) + HNO2 (aq.) e valores abaixo de 7,0 são considerados ácidos.
(v) = vapor; (g) = gasoso; (aq.) = aquoso Quanto menor for o valor do pH, mais ácida será a
solução; valores acima de 7,0 são considerados
As chuvas ácidas (pH menor que 5,6) causam a alcalinos.
alteração do pH da água, o que afeta a fauna e a
flora de rios e lagos. Alteram o pH do solo, e, com
isso, há a liberação de compostos iônicos tóxicos, Resumindo:
como o alumínio, que prejudica a vegetação. A • pH < 7,0 é ácido
perda de cobertura vegetal intensifica a erosão e
a lixiviação do solo e também promovem a de- • pH = 7,0 é neutro
gradação de monumentos de mármore e a
corrosão de estruturas metálicas. • pH > 7,0 é básico (alcalino)
Escala de pH

Ácido muriático

Ácido de bactérias
0
1
Suco de limão

Vinagre
2
Mais
3 ácido
Refrigerante

Tomate/café
4
5
Leite

Água destilada
6
7
Água do mar Neutro
Bicarbonato de sódio
8
9
Leite de magnésia

Amônia líquida
10
11

Produto para limpar forno


12
13 Mais
Soda cáustica alcalino
14

288 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 288 05/02/15 18:17


Laurence Gough/Shutterstock.com
Mary Terriberry/Shutterstock.com

Vegetação afetada pela chuva ácida. Monumento degradado pela chuva ácida.

Vamos analisar algumas alternativas para


minimizar a formação de chuvas ácidas:

•• O uso de biodiesel e álcool minimiza o problema, pois os biocom-


bustíveis não apresentam enxofre em sua composição, por isso não
liberam o dióxido de enxofre na atmosfera.

•• O uso de catalisadores nos automóveis reduz a liberação de óxidos


de nitrogênio, pois catalisam sua conversão em nitrogênio (N2).

•• O desenvolvimento de matrizes energéticas mais limpas: eólica


(ventos), solar, geotérmica (água aquecida pelo magma), maremo-
triz (força das marés).

•• A economia de energia permite que menos combustíveis sejam


utilizados para a geração de energia elétrica.

•• No âmbito da mobilidade urbana: caminhar mais,


usar bicicleta e transporte público.

Eutrofização
Você já observou num rio ou lago poluído muitos peixes mortos?
A eutrofização é um fenômeno associado ao lançamento exagerado de matéria
orgânica (esgoto, adubo, restos de alimento) no ambiente aquático. Sua decomposi-
ção aumenta os teores de fosfatos e nitratos na água, o que favorece a proliferação
excessiva de algas. Esse fenômeno é conhecido como “floração das águas”.
O crescimento exagerado de algas dificulta a entrada de luz, provocando a morte
das algas situadas numa posição mais interna. A maior disponibilidade de matéria
orgânica favorece o desenvolvimento excessivo dos decompositores aeróbicos, que
esgotam o oxigênio presente na água, causando a morte de plantas e animais. De-
pois, os decompositores anaeróbicos degradam a matéria orgânica com a liberação
de sulfeto de hidrogênio (H2S) – que causa um odor característico de ovo podre.
Os rios e lagos eutrofizados apresentam águas turvas, com muita matéria orgâni-
ca, baixos teores de oxigênio e biodiversidade reduzida.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 289

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 289 05/02/15 18:17


wo n
deri
sla n
d /S

hu
t te
r s to
ck .c
om
Conceitos
Quando há matéria orgânica no ambiente aquático, ela sofre
decomposição por microrganismos aeróbicos, o que envolve
consumo de oxigênio.
Poluição da água Surge, então, o conceito de Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO), que corresponde à quantidade de oxigênio utilizado pelos
pu wa
nai/
S hu microrganismos para decompor a matéria orgânica, medido em mg/L
tter
st
(em cinco dias). Por exemplo: DBO = 20mg/L significa que em um litro
oc k
. co

de água 20mg de oxigênio foram utilizados pelos microrganismos


m

para decompor a matéria orgânica em 5 dias.


Um rio ou lago não poluído é um ambiente oligotrófico que
apresenta pequena quantidade de matéria orgânica e baixa
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
Já em um ambiente eutrofizado (poluído) há grande quantidade
de matéria orgânica, consequentemente, há grande quantidade de
decompositores aeróbicos e elevada Demanda Bioquímica de
Ambiente eutrofizado
Oxigênio (DBO).

Magnificação trófica Essas substâncias podem ser absorvidas pelos se-


– Efeito cumulativo res vivos que se alimentam diretamente desse solo
Algumas substâncias que ingerimos aciden- e se propagar de um nível trófico para outro por
talmente nos alimentos podem permanecer meio das cadeias e teias alimentares, podendo
no corpo por longo tempo. Pior, elas podem ocorrer também a magnificação trófica.
se acumular em diversos tecidos do corpo, ao A magnificação trófica corresponde ao
longo do tempo, e causar problemas sérios de aumento da concentração das subtâncias não
saúde. Trata-se do efeito cumulativo (bioa- biodegradáveis a cada nível trófico, e os maiores
cumulação). Mas como alguém pode ingerir danos ocorrem nos elos finais da cadeia, pois eles
substâncias acidentalmente nos alimentos? são os que acabam concentrando maiores quanti-
Certas substâncias, como diversos tipos dades do poluente.
de metais pesados – mercúrio (Hg), chum- Veja um exemplo: imagine que determinado rio
bo (Pb), cádmio (Cd), cromo (Cr) – e como os tenha sido contaminado com mercúrio (Hg) prove-
organoclorados (defensivos agrícolas, co- niente do garimpo (prática que pode utilizar, de
mo o DDT - diclodifeniltricloroetano) forma inadequada, o mercúrio para dissolver o ou-
apresentam efeito cumulativo, pois os orga- ro). O mercúrio poderá ser absorvido pelos
nismos não são capazes de metabolizá-las e fitoplânctons (produtores) e repassado aos outros
nem excretá-las. Assim, essas substâncias elos da cadeia alimentar com efeito cumulativo,
tendem a se acumular nos tecidos. aumentando (magnificando) a concentração em
Diversas práticas humanas indevidas po- cada nível trófico (magnificação trófica).
dem poluir o solo, a água e o ar com
substâncias capazes de se bioacumular.

290 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 290 05/02/15 18:17


Filoplâncton Zooplâncton Crustáceo Peixe Homem
Hg Hg Hg Hg Hg

Sabidamente, o mercúrio e o chum-


Chapeleiro
bo são neurotóxicos – provocam Maluco
graves lesões no sistema nervoso
central. Imagine os danos à saúde
desse tipo de alimentação acidental.
Antigamente, empregavam-se
sais de mercúrio para amaciar o
couro de animais, por isso muitos
operários de fábricas sofriam lesões
no sistema nervoso e enlouqueciam.

Morphart Creation/Shutterstock.com
É daí que procede a expressão
“Maluco por ser um chapeleiro”. As
lesões causadas pelo mercúrio tam-
bém inspiraram o escritor britânico
Charles Lutwidge Dudgson (1832–
1898), mais conhecido pelo
pseudônimo de Lewis Carroll, a criar
o personagem Chapeleiro Maluco.

O chumbo também é neurotóxico. Pinto-


res famosos como Van Gogh e Cândido
Portinari tiveram sua saúde debilitada pela
intoxicação por chumbo, pois ambos traba-
lhavam com tintas que apresentavam esse
metal em sua composição.
Diomedia / DeAgostini / A. DAGLI ORTI

Autorretrato (1887)
de Vincent Van Gogh

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 291

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 291 05/02/15 18:17


Você sabia que o lixo eletrônico (waste), como
pilhas, diversos tipos de bateria, lâmpadas fosfo-
rescentes, podem conter metais pesados como
chumbo e mercúrio? Por isso tal lixo deve ser
descartado corretamente e até reciclado, na me-
dida do possível. Já pensou como pode ser
prejudicial a todos contaminar o lençol freático
ou solo com esse lixo eletrônico?

O papa-pilhas – descarte
de pilhas e baterias

Poluição por petróleo


Jogue um pouco de óleo de soja em um copo de água. Esses dois ingredientes não
se misturam, não é mesmo? A mistura inclusive torna-se heterogênea e a camada de
óleo (menos densa) fica localizada sobre a camada de água (mais densa). Agora, o
que isso tem a ver com o derramamento de petróleo nas águas dos mares e rios?
Pense nos acidentes com navios petroleiros nos oceanos e rios. Eles podem apresen-
tar vazamentos (ou podem afundar) e lançar grandes quantidades de petróleo na
água. Acidentes e vazamentos com oleodutos também são frequentes, assim como
acidentes em plataformas exploradoras de petróleo no mar. São milhares de tonela-
das de óleo jogados na água, que contaminam diversos ecossistemas, intoxicam
diversas espécies e prejudicam a economia daqueles que usufruem do mar ou dos
rios para ganhar a vida.
Quando há derramamento de petróleo nos oceanos, forma-se uma mancha de
óleo na água. Ela não afunda (o óleo é menos denso que a água, lembra?), impede
a entrada de luz no meio aquático e dificulta a difusão de gases atmosféricos na
água. Com a menor intensidade luminosa, o fitoplâncton realiza menos fotossíntese;
isso significa menor produção de matéria orgânica e de O2 para o ecossistema.
Os peixes e os invertebrados aquáticos são prejudicados, pois suas brânquias ficam
revestidas (impermeabilizadas com óleo), o que impede as trocas gasosas com o
meio e, consequentemente, provoca a morte desses animais por asfixia.
Diversas espécies de aves aquáticas (gaivotas, albatrozes, pinguins) ficam com as
penas impregnadas de petróleo e não conseguem realizar a termorregulação (du-
rante o dia há risco de aquecimento excessivo por absorção de calor, à noite há risco
de morte por hipotermia).
É por isso que a exploração e o transporte do petróleo são atividades que devem
ser feitas com muito estudo e segurança. Essas atividades são extremamente perigo-
sas, não só para aqueles que trabalham diretamente com a extração do petróleo,
mas também para os ecossistemas que podem ser afetados pelos desastres ocasio-
nados, muitas vezes, pela incompetência ou pela imprudência humana.

292 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 292 05/02/15 18:17


Danny E Hooks/Shutterstock.com

Contaminação por petróleo no Alabama. acidEntEs EnVoLVEndo pEtróLEo


Faça uma pesquisa sobre os acidentes do Golfo
do México, da Baía do Frade (Rio de Janeiro) e do
petroleiro Exxon Valdez, (Alasca). Aproveite para
fazer um levantamento dos principais danos
ambientais decorrentes desses acidentes históricos
e quais foram as repercussões econômicas geradas
wim claes/Shutterstock.com

a partir deles.

lIxo
Ave vítima de contaminação por petróleo. Há lixo em sua casa e em todas as casas. Mas as indústrias pro-
duzem lixo e os estabelecimentos comerciais também, assim
como os hospitais e outros estabelecimentos de grande porte.
São lixos diferentes que devem receber tratamentos e desti-
nos diferentes.
O lixo corresponde a resíduos sólidos que são descartados
e podem ter as seguintes origens: doméstico, comercial, in-
dustrial, de áreas públicas (ruas, praças, jardins), hospitalar
e outros. Veja:

ORIGEM COMPOSIÇÃO

Doméstico Restos de alimentos, papéis, embalagens, plásticos, entre outros.

Comercial Predominam papéis, papelões e plásticos.

Restos de alimentos – processamento, tecidos, corantes,


Industrial
plástico, madeira, produtos químicos diversificados.

Folhas, galhos, entulhos de construção, animais


Áreas públicas
mortos, plásticos, terra, areia, pedregulhos.

Seringas, vidros de remédio, gaze, curativos, tecidos e


Hospitalar órgãos removidos cirurgicamente, sangue. Devem receber
tratamento especial da coleta à deposição final.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 293

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 293 05/02/15 18:17


Patricia kongs
C hu m k y/ Sh
illas u t te
/S h rst o
u

t te

ck .
r s to

co m
ck .c
om

Trator em atividade num lixão. Cestos de lixos coloridos


para a reciclagem.

Cada brasileiro produz em média 1,1kg de lixo por dia. Se o lixo não receber
destino correto os bueiros podem ser bloqueados e facilitar a ocorrência de enchen-
tes. Além disso, pode ocorrer a proliferação de animais vetores de doenças – ratos,
baratas e mosquitos. A decomposição da parte orgânica do lixo gera o chorume: lí-
quido escuro, ácido e altamente tóxico, que pode se infiltrar no solo e contaminar os
lençóis freáticos. Por isso a atual Política Nacional dos Resíduos Sólidos prevê que to-
do o lixo deve receber destino correto, de tal modo que não haja contaminação
ambiental.
Como podemos contribuir? Se aplicarmos a regra dos 3 Rs nossa ajuda será
efetiva. reduzir: se reduzirmos o consumo de itens desnecessários, automaticamen-
te produziremos menos lixo. reutilizar: encontrar novos usos para determinadas
coisas, como potes de sorvete, que podem ser utilizados para guardar alimentos, ou
latas, que podem ser utilizadas como porta-lápis. reciclar: separar o lixo para recicla-
gem é uma atitude muito importante; além de reduzir a quantidade de lixo, a
reciclagem permite a economia de matéria e energia.

1. O esquema abaixo mostra de forma simplificada a formação


das chuvas ácidas nos ecossistemas.

2 Ácido sulfúrico (H2SO4 )

Neve ácida
Vapor de 3
água e nuvens Chuva ácida

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 294 05/02/15 18:17


Sendo assim, explique os fenômenos do esquema
que estão representados pelo números 1 a 5.

1: São as fontes poluidoras e emissoras de gases que desencadeiam a chuva ácida, tais como o dióxido de enxofre (SO2).

2: Nas camadas mais altas da atmosfera, o dióxido de enxofre reage com o oxigênio (O2), forma o trióxido de enxofre (SO3),

que, por sua vez, reage com a água e forma o ácido sulfúrico (H2SO4). Veja as reações:

SO2 (g) + ½ O2 (g) → SO3 (g)

SO3 (g) + H2O (v) → H2SO4 (aq.)

(v) = vapor; (g) = gasoso; (aq.) = aquoso

3: O ácido sulfúrico diluído em água se precipita em forma de chuvas ou neve para a superfície e afeta os meios terrestre e

aquático.

4: As plantas sofrem com a chuva ácida e pode ocorrer queda de folhas e morte de plantas.

5: O meio aquático também é atingindo pelas chuvas ácidas. Com isso, pode ocorrer a alteração do pH da água, com

consequências nocivas sobre a comunidade aquática.

2. A eutrofização é um fenômeno de degradação dos corpos


d’água (represas, rios e lagos) desencadeado pelo lançamento
de esgoto orgânico (esgoto doméstico, certos tipos de esgosto
industrial e certos tipos de esgoto da atividade agropecuária)
ou pelo lançamento de pesticidas ricos em fósforo e
nitrogênio.

Sendo assim, identifique os eventos sequenciados de I a IV


que desencadeiam o processo de eutrofização das águas.

Lançamento de Proliferação de III IV


matéria orgânica bactérias aeróbias

Morte dos
II V
seres aeróbios

Lançamento de fósforo d e g r a d aç ão a n a e r ó b i a
I d a m at é r i a o r g â n i c a
e nitrogênio na água
co m l i b e r aç ão d  e
g a s e s tóx i co s
I. Crescimento de algas (floração).
II. Mortandade das algas.
III. Utilização do oxigênio dissolvido na água para decompor a matéria orgânica.
IV. Queda do oxigênio dissolvido na água.
V. Crescimento de bactérias anaeróbias.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 295

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 295 05/02/15 18:17


3. Observe a tirinha.

A triste realidade mostrada pela tirinha poderia provocar


algum tipo de impacto econômico? Explique.

Sugestão de resposta: A poluição das águas pode restringir muito o uso desse recurso natural e afetar a vida aquática. Com

menos peixes para pescar, a atividade pesqueira fica prejudicada, o que afeta diretamente muitas famílias que adquirem seu

sustento por meio desse trabalho. O consumo insustentável da água e o despejo de lixo nos mananciais afeta a navegação,

gerando prejuízos econômicos em diversas áreas. Além disso, a prática de esportes e atividades de lazer também são

prejudicadas.

4. Construa uma cadeia alimentar aquática com cinco níveis


tróficos e represente o efeito acumulativo da contaminação
ambiental por chumbo. Utilize o tamanho relativo do símbolo
do elemento químico para mostrar o grau de concentração,
quanto maior for a representação gráfica mais concentrado
está o elemento.

A resposta é pessoal. Sugestão de resposta:

Fitoplâncton → zooplâncton → crustásceo → peixe → homem

Pb Pb Pb Pb Pb

296 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 296 05/02/15 18:17


5. Analise as imagens abaixo e identifique o
problema ambiental associado a cada uma delas.

A imagem mostra degradação do

A. mármore pela chuva ácida.


Laurence Gough/Shutterstock.com

A imagem retrata o derretimento do

gelo causado pelo aquecimento global


B.
Bernhard Staehli/Shutterstock.com

A imagem mostra contaminação ambiental por óleo.

C.
Shevelev Vladimir/Shutterstock.com

Resolva os exercícios 109, 110,


116 à 119 e 128 à 131 do
Caderno de atividades.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 297

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 297 05/02/15 18:17


bIologIA,
tECnologIA,
soCiedade e
ambiente
um mAl A sEr CombAtIDo: A Esse ciclo infinito de consumo acaba tornan-
obsolEsCênCIA ProgrAmADA do-se um grave problema, e não apenas aos
21 Jun 2012 - Por Christian Printes consumidores brasileiros. O aumento de lixo
eletrônico e tóxico, bem como a falta de informa-
Em tempos de Rio+20, é imprescindível que dedi- ções claras sobre como deve ser realizado o
quemos ao menos uma pequena parcela de descarte destes produtos obsoletos, tem provo-
nosso tempo para expor alguns pontos-chave so- cado impactos ao meio ambiente e à qualidade
bre a tal da “Obsolescência Programada”. Um de vida da população mundial ao longo dos anos.
tema atualíssimo e de vasta amplitude, posto que Atualmente a população mundial consome
afeta toda a coletividade. cerca de 30% (trinta por cento) a mais do que o
Mas, afinal de contas, o que é essa “Obsoles- planeta pode suportar e repor. Aliado a tal fato,
cência Programada”? Talvez muitos não tenham há ainda a necessidade de se reduzir em mais de
ouvido falar neste termo, e é possível que mesmo 40% (quarenta por cento) a emissão dos gases
os que já ouviram não tenham ligado o nome ao provenientes do efeito estufa, a fim de que a tem-
seu significado. O fato é que esse termo foi criado peratura global não aumente mais do que dois
em decorrência do processo de “descartalização” graus Celsius.
criado a partir dos idos de 1930, como uma gran- Ressalta-se, neste ponto, que a proteção ao
de jogada dos países capitalistas, a fim de meio ambiente é uma missão de toda coletivida-
movimentar a economia pós-crise dos anos 1920, de, sendo inclusive amparada por nossa
tendo em vista o grande estoque de produtos Constituição Federal em seu artigo 225, caput,
que se encontrava totalmente parado nos portos, que dispõe que “todos têm direito ao meio am-
fábricas e armazéns devido à grande recessão biente ecologicamente equilibrado, bem de uso
econômica da época. comum do povo e essencial à sadia qualidade de
A medida tomada para promover a movimen- vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivida-
tação da economia, em um ato totalmente de o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
desesperado dos fabricantes da época, foi estra- presentes e futuras gerações.”
tegicamente diminuir o ciclo de vida útil dos
produtos, de modo a garantir um consumo contí-
nuo através da insatisfação dos consumidores.
Essa prática, intitulada de Obsolescência Progra-
mada, basicamente se aplica toda vez que os
fabricantes produzem um ou vários produtos que,
artificialmente, tenham, de alguma forma, sua dura-
bilidade diminuída do que originalmente se espera.
asharkyu/Shutterstock.com

Como efeito, os consumidores são obrigados a des-


cartar os produtos adquiridos em um prazo muito
menor e a substituí-los por novos, que provavel-
mente também tiveram sua durabilidade alterada. Lixo eletrônico.

298 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 298 05/02/15 18:17


A Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, criada com base no citado artigo 225
da Constituição Federal, também prevê princípios e objetivos bási-
cos que tentam assegurar a proteção ao meio ambiente, inclusive
reforçando em seus artigos 30 a 33 a responsabilidade comparti-
lhada entre Poder Público, fornecedores de produtos e
consumidores, sobre o ciclo de vida dos produtos, suas embala-
gens e a forma correta do descarte de pilhas, pneus, óleos,
lâmpadas, produtos eletrônicos e demais componentes, a fim de
evitar não só a Obsolescência Programada, mas também o manejo
correto de todo o lixo e sua devida reciclagem.” [...]
Disponível em: http://www.idec.org.br/em-acao/artigo/um-mal-a-ser-combatido-a-obsolescencia-
programada. Acesso em: 10 dez. 2014.

Agora é com você

1. O que é Obsolescência Programada?

A Obsolescência Programada está associada à menor durabilidade do produto ou mudanças

rápidas de design que criam a impressão de que o produto está obsoleto e precisa ser trocado.

Dessa forma há um ciclo de consumismo.

2. Qual é o contexto histórico relacionado à Obsolescência Programada?

Em 1930, em resposta à Crise de 1929, os países capitalistas criaram a Obsolescência

3.
Programada como forma de estimular o consumo e movimentar a economia.

Quais são os impactos ambientais causados pela Obsolescência Programada?

A Obsolescência Programada leva a um maior consumo de matéria e energia, o que causa o

desgaste ambiental e o aumento de lixo eletrônico e tóxico.

4. Debata com seu professor e colegas a importância


do artigo 225 da Constituição Federal.

Professor, ressalte a importância de um meio ambiente

equilibrado para o desenvolvimento pleno das pessoas.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 299

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 299 05/02/15 18:17


Os governos devem fiscalizar e in-
centivar a utilização dos recursos
naturais, além de adotar políticas de
desenvolvimento sustentável com a
participação das comunidades.
Então o que vamos fazer hoje para
colaborar com a preservação do meio
ambiente?

novAs PErsPECtIvAs E A EsPErAnçA


DE um munDo sustEntávEl
O grande desafio do século XXI será compatibilizar os interesses econômicos das diver-
sas civilizações da Terra com a preservação da biodiversidade e dos recursos naturais.
A premissa básica de um desenvolvimento sustentável é que as gerações do presente
usufruam dos recursos naturais sem comprometer a qualidade de vida e até mesmo a
existência das futuras gerações. Novas tecnologias, as chamadas tecnologias verdes,
pipocam aqui e acolá, na tentativa de tornar os processos produtivos e nossas ações
menos impactantes e nocivas ao meio ambiente. Essa é a cara tecnológica do século
XXI! Energias alternativas, veículos que utilizam energia de fontes renováveis e menos
poluidoras, uso e fabricação de materiais duráveis e reutilizáveis são algumas das novas
tecnologias que desfilarão no dia-a-dia do cidadão do século XXI, pelo menos é isso
que se espera.
No entanto, os governos e os cidadãos devem fazer a sua parte. Como? Economizar
energia e água, procurar reutilizar materiais, preferir utilizar materiais reciclados ou bio-
degradáveis, não comprar animais silvestres traficados por “bio-traficantes” (traficantes
de aves, saguis, tartarugas, cobras, aranhas etc.) são algumas medidas que podem con-
tribuir para alcançarmos esse objetivo.

Em muitas universidades do Brasil e do mundo,


aumenta o número de estudantes e pesquisa-
dores que tentam criar novas formas de energia
para necessitarmos cada vez menos das energias
convencionais que impactam mais o meio ambiente.
Veja um exemplo interessante no texto, a seguir.

300 | biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 300 05/02/15 18:17


EngEnHEiros caPturam
ElEtricidadE com um saPato

Condutor Eletrodos
Cabo elétrico
Fluxo

Micro USB Óleo


Cabo
elétrico
Tubo de produção
de energia
Bexiga
calcanhar Bateria

Dedo
do pé

Na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos,


engenheiros criaram um dispositivo que pode ser
acoplado a um tênis para que os seus passos gerem O site apresenta informações sobre
energia e matrizes energéticas
energia elétrica. Ou melhor, capturem a energia
http://www.mme.gov.br/mme
cinética que as pessoas desperdiçam e a
transformem em eletricidade.
O mecanismo foi criado com base na reversão de O site mostra informações sobre o Rio+20
http://www.rio20.gov.br/
um fenômeno físico conhecido: se você aplicar
voltagem elétrica em certos líquidos, eles se movem. O site divulga informações sobre
Os engenheiros fizeram o contrário e forçaram o o pintor Cândido Portinari
líquido a mover eletrodos. O sapato possui duas http://www.portinari.org.br/
(Acessos em: dez. 2014)
bexigas de plástico, uma no calcanhar e outra na
altura dos dedos, que são enchidas com uma
mistura de água e óleo e conectadas por um tubo.
Andar normalmente causa uma compressão
intercalada dessas bexigas e carrega os eletrodos.
Também alojada no sapato há uma pequena
bateria, que vai guardar essa energia. O projeto
compreende acesso a essa energia através de uma
porta micro-USB no calcanhar no tênis. Os
engenheiros também conseguiram uma maneira
de transferir, com uma tecnologia sem fio, a carga
do sapato direto para a bateria de um celular.
Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/
engenheiros-capturam-eletricidade-com-um-sapato-12122011-45.shl.
Acesso em: nov. 2014.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | CapítUlo 6 | 301

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 301 05/02/15 18:17


“Tu nos respondes com temíveis feitos de justiça, ó Deus, nosso
Salvador, esperança de todos os confins da terra e dos mais
distantes mares. [...] Cuidas da terra e a regas; fartamente a
enriqueces. Os riachos de Deus transbordam para que nunca falte
o trigo, pois assim ordenaste. Encharcas os seus sulcos e aplainas
os seus torrões; tu a amoleces com chuvas e abençoas as suas
colheitas. Coroas o ano com a tua bondade, e por onde passas
emana fartura; fartura vertem as pastagens do deserto, e as
colinas se vestem de alegria. Os campos se revestem de rebanhos
e os vales se cobrem de trigo;”
salmos 65:5;9-13 (nVi)
Um dos maiores desafios do homem, frente ao mundo em que vive, é o
equilíbrio entre a utilização e manutenção dos recursos disponíveis na
natureza. Como descrito na narrativa da criação, nos dois primeiros
capítulos do livro de Gêneses, Deus criou o mundo e o estruturou à
vida. Deu ao homem a condição de usufruir dos recursos encontrados
na Terra, bem como a responsabilidade de cuidar e desenvolver suas
potencialidades, estabelecendo, desta maneira, um equilíbrio na
relação homem-mundo. Entretanto, ao analisarmos essa relação,
notamos facilmente a dificuldade do homem em sua tarefa de bom
gestor. Ora, se utiliza muito mal os recursos naturais, achando serem
esses recursos meramente utilitários. Ora, preserva exageradamente
tais recursos, a ponto de suprimir o direito de seus usos, colocando,
desta forma, a manutenção destes recursos sobre a responsabilidade
humana. Você acredita que apenas os esforços humanos são suficientes
para garantir a subsistência destes recursos, bem como garantir a
manutenção à vida? Comente.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 302 05/02/15 18:17


Referências bibliográficas
CASTRO, P. & HUBER, M.E. Biologia Marinha. 8 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2012.

FEARNSIDE, P.M. Consequências do Desmatamento na Amazônia


em Scientific American Brasil especial Brasil - A Maior Biodiversidade
do Mundo, p. 54-59.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

PURVES, W. Vida, A Ciência da Biologia- Vol. II: Ecologia e Diversidade


Biológica 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995.

SCARANO, F.B. O que é biodiversidade? em Scientific American Brasil


especial Brasil A Maior Biodiversidade do Mundo, p. 6-13.

biologia | 1 a série | Unidade 2 | Capítulo 6 | 303

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 303 05/02/15 18:17


unidade 2
Refletindo
Ideias e
Atitudes
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus
o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes
disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem
a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do
céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’. Disse
Deus: ‘Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda
a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão
frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês.
E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em
si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a
todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem
rente ao chão’. E assim foi.”
Gênesis 1:27-30 (NVI)

“Quando fizerem a colheita


da sua terra, não colham até às Em 1983, na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
extremidades da sua lavoura, e Desenvolvimento (criada pela ONU), a ex-primeira
nem ajuntem as espigas caídas ministra da Noruega, Gro Harlem Brudtland, utilizou o
de sua colheita. Não passem termo “desenvolvimento sustentável” para defender
duas vezes pela sua vinha, nem a integração entre desenvolvimento econômico,
apanhem as uvas que tiverem qualidade de vida e preservação ambiental. Hoje em
caído. Deixem-nas para o dia, o conceito de desenvolvimento sustentável mais
necessitado e para o estrangeiro. utilizado é o seguinte: aquele capaz de suprir as necessi-
Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” dades da geração atual, sem comprometer a capacidade
Levítico 19:9-10 (NVI) de atender as necessidades das gerações futuras.

304 | biologia | 1 a série | Unidade 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 304 05/02/15 18:17


TruNorth Images/Shutterstock.com

Portanto, o mais importante, hoje, não é


discutirmos se devemos ou não fazer uso dos re-
cursos naturais disponíveis, mas sim, refletir sobre
a melhor forma de utilizá-los. Temos percebido a
dificuldade em vivermos sem usufruir daquilo
que o ambiente nos proporciona (o próprio
conceito de ecossistema pressupõe trocas que
acontecem entre os elementos bióticos e abióti-
cos de determinado meio), mas há uma maneira
equilibrada de essa relação se estabelecer, e outra
desequilibrada (a exemplo da que vimos no caso
dos Rapa Nui e, por vezes, no nosso dia a dia na
civilização moderna). Moinhos holandeses

biologia | 1 a série | Unidade 2 | 305

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 305 05/02/15 18:17


Ruud Morijn Photographer/Shutterstock.com

Os esforços para um desenvolvimento sustentável têm sido empreendidos


em iniciativas como: estudo de tecnologias menos impactantes ao meio natural;
reutilização e reciclagem dos materiais extraídos da natureza; uso de formas de
energia renováveis ou limpas (energia solar, energia eólica, energia geotérmica,
energia de biomassa etc.); além de uma nova mentalidade e um melhor padrão
de consumo – o “ser” deve ser mais importante do que o “ter”.
Na imagem ao lado vemos moinhos holandeses de séculos atrás, cujas fun-
ções variavam de bombeamento d’água à produção de roupas, tecidos e
comida. O uso do vento como energia de maneira harmoniosa com o ambiente
não é exatamente uma novidade dos tempos modernos. Curiosamente, já foi
notado que esses moinhos antigos – feitos de madeira, tijolo e pedra – possuem
uma arquitetura mais “humilde”, mais encaixada na paisagem natural e menos
ousada e impositiva, sugerindo como o mundo pré-industrial pode inusitada-
mente lembrar alguns caminhos de sustentabilidade para os tempos modernos.

Você acha que devemos discutir sobre usar ou não usar os recursos natu-
rais, ou devemos discutir como devemos usá-los? Justifique sua resposta.
Qual é, em sua opinião, a diferença entre a relação que os seres huma-
nos estabelecem com o meio em que vivem e a relação que os demais
seres vivos estabelecem com seus meios: somos mais responsáveis pelo
que fazemos do que eles? Por quê?

Professor, recorde exemplos trabalhados durante o estudo da unidade 2 para justificar ao

aluno a necessidade de se discutir esse tema.

A resposta da segunda pergunta é retórica, pois, como o próprio versículo responde, ao

homem é dada uma responsabilidade e um poder que não é conferido aos animais. Esse

poder é o uso da razão e a manipulação da natureza, que acarreta a responsabilidade moral

com os outros e com os propósitos da criação.

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 306 05/02/15 18:17


Anotações

biologia | 1 a série | Unidade 2 | 307

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 307 05/02/15 18:17


Anotações

308 | biologia | 1 a série | Unidade 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 308 05/02/15 18:17


Anotações

biologia | 1 a série | Unidade 2 | 309

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 309 05/02/15 18:17


Anotações

310 | biologia | 1 a série | Unidade 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 310 05/02/15 18:17


Anotações

biologia | 1 a série | Unidade 2 | 311

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 311 05/02/15 18:17


Anotações

312 | biologia | 1 a série | Unidade 2

Book_B1_EM_LD_1a prova.indb 312 05/02/15 18:17

Você também pode gostar