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EDUCAÇÃO
DE JOVENS
E ADULTOS
ENSINO
MÉDIO
MÓDULO II
IMPRESSO NO BRASIL
Índice para catálogo sistemático:
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n. 9.610, de 10/02/98.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da Editora
Eureka, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios 1. Educação: ensino médio 374
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação digital ou
quaisquer outros. Aline Graziele Benitez – Bibliotecária - CRB - 1/3129
Bons estudos!
BIOLOGIA................................. 59
Introdução......................................................................... 60
A célula............................................................................. 61
Citologia ........................................................................................................................ 61
Membrana plasmática...................................................................................................... 62
Esclarecendo o DNA....................................................................................................... 62
Núcleo celular: estrutura e função...................................................................................... 64
Ácidos nucleicos ............................................................................................................ 64
DNA ............................................................................................................................. 65
RNA ............................................................................................................................. 65
Divisão celular................................................................... 66
Ciclo celular ................................................................................................................... 66
Mitose........................................................................................................................... 68
FÍSICA..................................... 102
Introdução....................................................................... 103
Um homem contra um exército....................................................................................... 103
Princípio da alavanca..................................................................................................... 105
QUÍMICA................................ 127
Introdução....................................................................... 128
A era dos metais........................................................................................................... 128
As primeiras teorias....................................................................................................... 129
O surgimento dos alquimistas......................................................................................... 129
GRAMÁTICA........................... 168
Classes gramaticais....................................................................................................... 169
Substantivo.................................................................................................................. 169
Gênero........................................................................................................................ 169
Adjetivo........................................................................................................................ 170
Artigo........................................................................................................................... 171
Numeral....................................................................................................................... 171
Pronome...................................................................................................................... 172
Verbo ......................................................................................................................... 173
Formas nominais........................................................................................................... 173
Questões.......................................................................... 175
Gabarito.......................................................................... 176
Roteiro de Estudos........................................................... 177
LITERATURA............................. 182
Modernismo..................................................................... 183
Primeira fase modernista................................................................................................ 183
Segunda fase modernista............................................................................................... 185
Pós-Modernismo.............................................................. 187
Geração pós-45........................................................................................................... 187
Concretismo................................................................................................................. 188
Neoconcretismo............................................................................................................ 188
Poesia-práxis................................................................................................................ 188
Literatura marginal......................................................................................................... 189
REDAÇÃO............................... 201
Narração...................................................................................................................... 202
Texto jornalístico............................................................................................................ 204
Dissertação.................................................................................................................. 205
Como fazer questões discursivas de provas?.................................................................... 215
A redação no vestibular e em outros concursos................................................................ 215
Estruturação e argumentação......................................................................................... 215
Progressão, informatividade e situacionalidade (P.I.S.)......................................................... 215
Quadro negro............................................................................................................... 216
Rascunho.................................................................................................................... 216
Os dez erros mais graves............................................................................................... 216
Questões.......................................................................... 218
ARTE........................................ 222
Introdução....................................................................... 223
A experiência estética ................................................................................................... 224
A arte e seus contextos temporais................................................................................... 224
Olhando as imagens...................................................................................................... 224
Elementos de composição............................................................................................. 224
As linguagens das artes plásticas e visuais....................................................................... 224
O desenho................................................................................................................... 224
A pintura...................................................................................................................... 224
Definição de logaritmo
P
ara estudar as funções logarítmicas, vamos primeiro entender o que é logaritmo.
Sendo a e b dois números reais positivos, com b ≠ 1, denomina-se logaritmo de a Logaritmo
na base b o expoente real x, tal que bx = a.
Na igualdade x = loga b, obtemos:
a = base do logaritmo
b = logaritmando ou antilogaritmo
x = logaritmo
bx = a → x = logb a
loga 1 = 0 loga a = 1
loga b = loga c ⇔ b = c loga am = m
Acompanhe, nos exemplos seguintes, a construção do a) o gráfico nunca intercepta o eixo vertical;
gráfico em cada caso. b) o gráfico corta o eixo horizontal no ponto (1,0). A raiz
da função é x = 1;
1) y = log2x (nesse caso, a = 2, logo a > 1) c) y assume todos os valores reais, portanto, o conjunto
Atribuindo alguns valores a x e calculando os corres- imagem é Im = IR.
pondentes valores de y, obtemos a tabela e o gráfico
abaixo: Além disso, podemos estabelecer o seguinte:
y y
3
2
y2
2
1 1
y1
-2 -1 1 x 2 3
0 1 x1 2 3 x2 4 x
-1
-1
-2
-2 -3
f(x) é crescente e Im = IR
Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 → y2 > y1
(as desigualdades têm mesmo sentido).
2) y = log1 x (nesse caso, a = 1 , logo 0 < a < 1)
2
2
{logx + logy = 7
3, logx-2 logy = 1
Resolução
Condições de existência: x > 0 e y > 0
Da primeira equação temos: logx + logy = 7 →
A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}
Os números irracionais surgiram da necessidade de cal- Continuando com o exemplo anterior, vamos determinar
cular a hipotenusa de um triângulo com lados de compri- o valor de f(x) quando x = 3.
mento 1. Eles são representados pela letra I e englobam
todos os números que não podem ser expressos como
F(3) =10 + 3 = 13 → f(3) = 13 ou y(3) = 13.
frações, ou seja, as dízimas não periódicas.
Vamos construir o gráfico dessa situação. Supondo que
Os números reais são a união dos números racionais
a temperatura desse termômetro está definida pela seguinte
com os números irracionais. Eles são representados pela
função: y= 2x-5.
letra ℝ.
Construindo a tabela:
ℝ = {ℚ ∪ 𝕀}
X Y - 2x - 5 y (x,y)
O diagrama a seguir ilustra a relação entre os conjuntos
numéricos. 0 2(0) – 5 = 0-5 = -5 -5 (0,-5)
1 2(1) – 5 = 2-5 = -3 -3 (1,-3)
2 2(2) – 5 = 4 - 5= -1 -1 (2,-1)
I 3 2(3) – 5 = 6 – 5 = 1 1 (3,1)
Marcando os pontos num plano cartesiano:
N Z Q R
6
5
4
3
2
(3,1)
1
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
Domínio, contradomínio e imagem -1 (2,-1)
-2
Observe o diagrama que representa a função f: A → B -3
(-3,1)
definida por y = x + 10
-4
(0,5)
A A -5
-6
1 11 Ligando os pontos:
2 12
3 13 6
4 14
5
17
4
3
O conjunto A é denominado domínio da função e é in- 2
(3,1)
dicado por D(f). Esse conjunto é composto por todos os 1
elementos x pertencentes ao conjunto. -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
O conjunto B é chamado contradomínio da função e é -1 (2,-1)
indicado por CD(f). Esse conjunto é composto por todos os -2
(-3,1)
elementos y do conjunto. -3
-4
De acordo com o exemplo acima: (0,5)
-5
D(f) = A = {1,2,3,4} -6
CD(f) = B = {11,12,13,14,17}
Lei de formação de uma função inversa
A imagem é definida como um subconjunto do con- Vamos encontrar a lei de formação da função inversa de
tradomínio. Esse subconjunto é composto por todos os f(x) = 2x. Sabe-se que f(x) = y, então y = 2x.
elementos do contradomínio (conjunto B) que têm corres-
pondentes no domínio (conjunto A), sendo indicados por Para isso, o primeiro passo é inverter as varáveis, ou
y = f(x). seja, trocar o x por y e o y por x.
P
rogressões são sequências de números que respeitam determinado padrão, sem-
pre seguindo uma lógica específica. Existem vários tipos de progressões, e vamos
estudar os dois mais importantes, as progressões aritméticas (PA) e as progres- Progressão
sões geométricas (PG). aritmética
an = a1 + (n – 1) . r → 13 = –8 + (8 – 1).r → 13 = –8 + 7r → 13 + 8 = 7r → 7r = 21
→ r = 21→ r=3
7
Sabemos que a2 = a1 + r e que a3 = a1 + 2r. Então 7. Se Sn é a soma dos n primeiros termos da progres-
substituímos no sistema acima: são aritmética (–90,–86,–82,...), então, o menor valor de n
para que se tenha Sn > 0 é:
{aa ++ (a(a ++ r)r) ++(a(a ++2r)2r)= =1280 →
1
2
1
2
1
2
Pelo enunciado, obtemos os seguintes dados:
{
1 1 1
positiva, isto é, r > 0, cada termo seu é maior que o anterior. Portan-
DICA CULTURAL to, trata-se de uma progressão crescente. Ao contrário, se tivermos
uma progressão aritmética com razão negativa, r < 0, seu compor-
tamento será decrescente. Observe, também, a rapidez com que a
Pi (1998), de Darren Aronofsky progressão cresce ou diminui. Isso é consequência direta do valor
absoluto da razão |r|. Assim, quanto maior for r, em valor absoluto,
Um jovem gênio da matemática e computação que vive
escondido da luz do sol, que lhe dá constantes dores maior será a velocidade de crescimento e vice-versa.
de cabeça e evita o contato com outras pessoas, cons-
truiu um supercomputador que lhe permitiu descobrir Soma dos N primeiros termos de uma PG
o número Pi completo. Isso lhe permitiu compreender Seja a PG (a1, a2, a3, a4,…,an ,…). Para o cálculo da soma dos
toda a existência da vida na Terra, pois percebeu que n primeiros termos Sn, vamos considerar o que segue:
todos os eventos se repetiam após um determinado es- Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + …+ an+1 + na
paço de tempo.
Multiplicando ambos os membros pela razão q:
Sn.q = a1.q + a2.q + …+ an-1.q + an.q
quando sua razão é negativa (q < 0) e é formada por Conforme a definição de PG, podemos reescrever a expres-
números positivos e negativos. são como:
Sn.q = a2 + a3 + …+ an + an.q
Uma progressão geométrica é considerada constan-
te quando sua razão é igual a 1 (q = 1). Observe que a2+ a3 + ...+ an é igual a Sn – a1. Logo, substi-
Podemos calcular a razão da progressão, caso ela não tuindo, vem:
esteja suficientemente evidente, dividindo entre si dois ter- Sn.q = Sn – a1 + an.q
mos consecutivos. Por exemplo, na sucessão (1, 2, 4,
8,...), q = 2. Daí, simplificando convenientemente, chegaremos à seguinte
fórmula da soma:
Cálculos do termo geral Sn = an.q - a1
Numa progressão geométrica de razão q, os termos q-1
são obtidos, por definição, a partir do primeiro, da seguinte Se substituirmos an = a1 . qn-1, obteremos uma nova apresen-
maneira: tação para a fórmula da soma, ou seja:
qn - 1
Sn = a1 q - 1
a1 a2 a3 ... a20 ... an
Ex.: Calcule a soma dos 10 primeiros termos da PG
a1 a 1q a 1q 2 ... a1q19 a1qn-1
(1,2,4,8,...).
Temos:
Assim, podemos deduzir a seguinte expressão do termo geral,
S10 = 22 -- 11
10
Classificação
Existem classificações para as progressões aritméticas, Uma progressão geométrica é considerada crescen-
de acordo com o valor da razão (r). Elas podem ser clas- te quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada por
sificadas como crescentes, constantes ou decrescentes. números crescentes. Por exemplo: (1, 2, 4, 8, 16...),
onde q = 2.
Uma progressão aritmética é considerada crescente
quando sua razão é positiva, ou seja, maior que 0 (r > 0). Uma progressão geométrica é considerada decres-
cente quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada
Uma progressão aritmética é considerada constante por números decrescentes. Por exemplo: (–1, –2, –4,
quando sua razão é igual a 0 (r = 0). –8, –16...), onde q = 2.
Uma progressão aritmética é considerada decrescente Uma progressão geométrica é considerada oscilante
quando sua razão é negativa, ou seja, menor que 0 (r < 0). quando sua razão é negativa (q < 0) e é formada por
números positivos e negativos.
Da mesma forma, existem classificações para as pro-
gressões geométricas, baseadas no valor da razão (q). Uma progressão geométrica é considerada constan-
Elas podem ser classificadas como crescentes, decres- te quando sua razão é igual a 1 (q = 1).
centes, oscilantes ou constantes.
O
crescente uso dos computadores tem feito com que a teoria das matrizes seja
Tipos de matrizes
cada vez mais aplicada em áreas como Economia, Engenharia, Matemática, Física,
entre outras, contribuindo muito no avanço da tecnologia. Vejamos um exemplo.
A tabela a seguir representa as notas de três alunos, A, B e C, em uma etapa: Operações com
matrizes
Química Inglês Literatura Espanhol
A 8 7 9 8
B 6 6 7 6
C 4 8 5 9
Se quisermos saber a nota do aluno B em Literatura, basta procurar o número que fica
na segunda linha e na terceira coluna da tabela.
Vamos considerar uma tabela de números dispostos em linhas e colunas, como no
exemplo acima, mas colocados entre parênteses ou colchetes:
8 7 9 8
4 8 5 9
(8 7 9 8
linha → 6 6 7 6 ou 6 6 7 6
4 8 5 9
) ( )
↓ coluna
Tabelas com m linhas e n colunas (m e n são números naturais diferentes de 0) são
denominadas matrizes m x n. Na tabela anterior temos, portanto, uma matriz 3 x 4.
Veja mais alguns exemplos:
(2 3 -1
30 -3 17 )
é uma matriz do tipo 2x3
(2 -5
1
2
)
1 é uma matriz do tipo 2x2
3
Notação geral
[ ]
Uma matriz A do tipo m x n é representada por:
a11 a12 a13 . . . a1n
a21 a22 a23 . . . a2n
a31 a32 a33 . . . a2n
. . . . . . .
. . . . . . .
. . . . . . .
am1 am2 am3 . . . amn
( )
2 –1 5 Matriz nula: matriz em que todos os elementos são
Na matriz A = 4
1
√ 2 nulos; é representada por 0m·n.
[ ]
2
0 1 –2 0 0 0
02x3 = 0 0 0
{ }
a11 = 2 a12 = –1 a13 = 5
0 0 0
Temos: a21 = 4 a22 = 12 a23 = √2
a31 = 0 a32 = 1 a33 = –2 Matriz diagonal: matriz quadrada em que todos os
elementos que não estão na diagonal principal são nulos.
Denominações especiais Por exemplo:
[ ]
4 0 0
[ ]
Algumas matrizes, por suas características, recebem 2 0
denominações especiais. a) A2x2 = b) B3x3 = 0 3 0
Matriz linha: matriz do tipo 1x n, ou seja, com uma 0 1 0 0 7
única linha. Por exemplo, a matriz A = [4 7 -3 1], do tipo 1 x 4.
Matriz identidade: matriz quadrada em que todos os
Matriz coluna: matriz do tipo m x 1, ou seja, com elementos da diagonal principal são iguais a 1 e os demais
()
1
uma única coluna. Por exemplo, B = 2 , do tipo 3 x 1. são nulos; é representada por In, sendo n a ordem da ma-
-1 triz. Por exemplo:
Matriz quadrada: matriz do tipo n x n, ou seja, com o
mesmo número de linhas e colunas; dizemos que a matriz [ ]
a) I2x2 = 1 0
0 1
1 0 0
b) I3x3 = 0 1 0
0 0 1
[ ]
4 1 [ ]
é de ordem n. Por exemplo, a matriz C = 2 7 é do tipo 2 Assim, para uma matriz identidade:
{ }
x 2, isto é, quadrada de ordem 2. 1, se i = j
In = [ aij ],aij =
0, se i ≠ j
Numa matriz quadrada definimos a diagonal principal e a
diagonal secundária. A principal é formada pelos elementos Matriz transposta: matriz At obtida a partir da matriz
aij tais que i = j. Na secundária, temos i + j = n + 1. A trocando-se ordenadamente as linhas por colunas ou as
colunas por linhas. Por exemplo:
Veja:
[ ]
a11 a12 a13 . . . a1n
[ ]
2 –1
2 3 0
a21 a22 a23 . . . a2 Se A = então At = 3 –2
n
–1 –2 1 0 1
A = a31 a32 a33 . . . a3n
. . . . . . .
. . . . . . a Desse modo, se a matriz A é do tipo m x n, At é do tipo
. . . . . . . n x m.
am1 am2 am3 . . . amn Note que a 1ª linha de A corresponde à 1ª coluna de At
e a 2ª linha de A corresponde à 2ª coluna de At.
diagonal principal
i=j Matriz simétrica: matriz quadrada de ordem n tal que
A = At. Por exemplo, é simétrica, pois a12 = a21 = 5, a13 = a31 =
diagonal secundária = 6, a23 = a32 = 4, ou seja, temos sempre aij = aji.
i + j = n +1
[ ]
3 5 6
A= 5 2 4
6 4 8
Observe a matriz a seguir:
[ ]
-1 2 -5
ordem da
A3 = 3 0 -3
5 7 -6
Por exemplo, se A = 3 0 –A = –3 0 .
4 -1 –4 1 ( ) ( )
matriz Matriz oposta: matriz -A obtida a partir de A trocando-
diagonal principal -se o sinal de todos os elementos de A.
diagonal secundária
Adição
Dadas as matrizes A=|aij |mxn e B = |bij |mxn, chamamos de
A=
[ ][ ] [
1 2 -1 3
.
3 4 4 2
=
1·(-1) + 2·4
]
soma dessas matrizes a matriz C = |cij |mxn, tal que cij = aij +
+bij , para todo 1≤ i ≤ m e todo1 ≤ j ≤ n:
• 1ª linha e 2ª coluna
A+B=C
Ex.:
[
1 4
0 7
+ ] [
2 –1
0 2
=
0+0 ] [
1 + 2 4 + (–1)
7+2
=
3 3
0 9 ] [ ] A=
[ ][ ]
1 2 -1 3
.
3 4 4 2
=
[ ]
do mesmo tipo.
1·(-1) + 2·4 = 1·3 + 2·2
Subtração
Dadas as matrizes A = |aij |mxn e B = |bij |mxn, chamamos de
diferença entre essas matrizes a soma de A com a matriz
oposta de B:
• 2ª linha e 1ª coluna
A – B = A + (–B)
Observe:
[3 0
] [
–
1 2
] [
=
3 0
+ ] [
–1 –2
= ]
[ ][ ]
A = 1 2 . -1 3 =
3 4 4 2
4 –7 0 –2 4 –7 0 2
= [
3 – (–1)
4+0
0 + (–2)
–7 + 2
=] [
2 –2
4 –5 ] = [ 1·(-1) +2·4 1·3+2·2
]
3·(-1)+4·4
Multiplicação de um número real por uma matriz c21
Dados um número real x e uma matriz A do tipo m x n,
o produto de x por A é uma matriz B do tipo m x n obtida
pela multiplicação de cada elemento de A por x, ou seja,
bij = xaij:
• 2ª linha e 2ª coluna
B=x·A
3. [
1 7
–1 0
= ] [
3·2 3·7
3·2 3·0
= ] [
6 21
–3 0 ]
Multiplicação de matrizes
O produto de uma matriz por outra não é determinado
por meio do produto dos seus respectivos elementos.
= [ 1 . (-1) + 2 . 4 1 . 3 + 2 . 2
3 . (-1) + 4 . 4 3 . 3 + 4 . 2
c22
]
Assim, o produto das matrizes A = ( aij)mxp e B = (bij)pxn é a
matriz C = (cij)mxn, em que cada elemento cij é obtido por meio
Assim, A.B = ( 7 7
13 17 ) 8 ⋅1 + ( –2 ) ⋅ 0 8 ⋅ 1 + ( –2) ⋅ 1
Observe que: 8 4
A⋅B=
0⋅ 1 + 1⋅ 0 0 ⋅ 1 + 1 ⋅ 1
8 4
B.A =
[ ][ ]
-1 3
4 2
. 1 2 =
3 4
A⋅B=
8
8
+ 0
8 – 2
4
0 + 0 0 + 1
[ ][ ]
(-1) . 1 +3 . 3 (-1) . 2 + 3 . 4 8 10 8 4
= =
4.1+2.3 4.2+2.4 16 10
1+0 2–2
A⋅B=
0+0 0+1
Portanto, A.B ≠ B.A, ou seja, para a multiplicação de
matrizes não vale a propriedade comutativa.
Da definição, temos que a matriz produto A.B só existe 1 0
A⋅B=
se o número de colunas de A for igual ao número de linhas 0 1
de B:
Amxp . Bpxn = (A.B)mxn
Agora, fazendo a multiplicação da matriz B pela matriz A,
tem-se:
1 0
B⋅A=
Resolução 0 1
Realizando a multiplicação da matriz A pela matriz B,
tem-se: Observa-se que A = B A = I, logo B é a matriz inversa
de A.
1+ 0 2– 2
A • B= 1 0
0+ 0 0+ 1 B • A= 8
0 1
1 0
A • B= 1 0
0 1 B • A=
0 1
Agora fazendo a multiplicação da matriz B pela matriz A
tem-se: Observa-se que A • B = A = I, logo B é a matriz inversa
de A.
C
omo já vimos, matriz quadrada é a que tem o mesmo número de linhas e de co-
lunas (ou seja, é do tipo n x n). Determinantes
A toda matriz quadrada está associado um número ao qual damos o nome de
determinante. Regra de Sarrus
Entre as várias aplicações dos determinantes na Matemática, temos:
Por exemplo:
• M= [5] → detM = 5 ou |5| = 5
• M =[-3] → detM = -3 ou |3| = -3
Determinante de 2ª ordem
Dada a matriz M = [ a11 a12
a21 a22 ], de ordem 2, por definição o determinante associado a M,
determinante de 2ª ordem, é dado por:
det M =
[ a11
a21
a12
a22 ]
Portanto, o determinante de uma matriz
de ordem 2 é dado pela diferença entre o CURIOSIDADES
produto dos elementos da diagonal princi-
pal e o produto dos elementos da diagonal Menor complementar, Cofator e
secundária. Veja o exemplo a seguir. Teorema de Laplace. Esses temas
podem ser pesquisados em livros
de Ensino Médio, como os de José
Sendo M = [ ], temos detM = | | =
2 3
4 5
2 3
4 5 Roberto Bonjorno.
= 2.5 – 4.3 = 10 - 12 → detM = –2
| |
a11 a12 a13
D = a21 a22 a23
a31 a32 a33 Propriedades dos determinantes
Os demais associados a matrizes quadradas de ordem
1º passo: Repetimos as duas primeiras colunas ao n apresentam as seguintes propriedades:
lado da terceira:
P1) Quando todos os elementos de uma fila (linha ou
| |
a11 a12 a13 a11 a12 coluna) são nulos, o determinante dessa matriz é nulo.
D = a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a32 a33 P2) Se duas filas de uma matriz são iguais, então seu
2º passo: Encontramos a soma do produto dos ele- determinante é nulo.
mentos da1 diagonal principal com os dois produtos obti-
dos pela multiplicação dos elementos das paralelas a essa P3) Se duas filas paralelas de uma matriz são proporcio-
diagonal (a soma deve ser precedida do sinal positivo): nais, então seu determinante é nulo.
| | |
a11 a12 a13 a11 a12
P4) Se os elementos de uma fila de uma matriz são
D = a21 a22 a23 a21 a22 combinações lineares dos elementos correspondentes de
filas paralelas, então seu determinante é nulo.
a 31 a32 a33 a31 a32
P5) Teorema de Jacobi: o determinante de uma matriz
+ (a11.a22.a33 + a12.a23.a31 + a13.a21.a32)
não se altera quando somamos aos elementos de uma fila
uma combinação linear dos elementos correspondentes de
3º passo: Encontramos a soma do produto dos ele- filas paralelas.
mentos da diagonal secundária com os dois produtos obti-
dos pela multiplicação dos elementos das paralelas a essa P6) O determinante de uma matriz e o de sua transposta
diagonal (a soma deve ser precedida do sinal negativo): são iguais.
| | |
a11 a12 a13 a11 a12 P7) Multiplicando por um número real todos os elemen-
tos de uma fila em uma matriz, o determinante dessa matriz
D = a21 a22 a23 a21 a22 fica multiplicado por esse número.
a 31 a32 a33 a31 a32
P8) Quando trocamos as posições de duas filas parale-
-(a13.a22.a31 + a11.a23.a32 + a12.a21.a33) las, o determinante de uma matriz muda de sinal.
| | |
a11 a12 a13 a11 a12
P10) Quando, em uma matriz, os elementos acima ou
D = a21 a22 a23 a21 a22 abaixo da diagonal secundária são todos nulos, o deter-
a 31 a32 a33 a31 a32 minante é igual ao produto dos elementos dessa diagonal
multiplicado por -1.
- - - + + +
| |
2 1 3 2 1
4 –1 n – 1 4 –1 → (–2n + n(n–1) + 0) – (-3n + 0 + 4n) =12
n 0 n n 0
(–2n + n2 – n)- n = 12 → n2 – 4n – 12 = 0
4 ± √16 – 4.1.(–12) 4 ± √64
n= 2
→n =
2 PESQUISE MAIS
n=
4±8→ n=6
2 n = –2{ Criptografia
( )
As matrizes são muito utilizadas na criptografia para
2. Sendo A = 4 5 , determine a matriz inversa da manter sigilo e autenticidade de informações. Para
matriz A. 3 4 isso, são usados vários conceitos, como operação
Sabemos que uma matriz multiplicada pela sua inversa entre matrizes e métodos de resolução de sistemas
resulta na matriz identidade, ou seja: A·A–1 = I. lineares.
{
4a + 5c = 1
[ ][ ] [ ]
4 5 a b
.
3 4 c d
=
1 0
0 1
→ 4b + 5d = 0
3a + 4c = 0
3b + 4d = 1
{ 4a + 5c = 1 → a = 4
3a + 4c = 0 c = -3{
Exemplo:
Substituindo o valor encontrado em uma das duas
equações iniciais:
O primeiro passo é isolar uma das incógnitas em uma
equação
Resolvendo a equação:
Método da comparação:
O método consiste em isolar a mesma incógnita em am-
bas as equações e, em seguida, igualá-las.
Logo, a solução da equação é: (7,1)
Exemplo:
Método da adição:
Pelo método da adição, consiste em multiplicar todos
os termos de uma equação por um número real, de modo O primeiro passo é isolar a mesma incógnita nas duas
que, ao somar as duas equações lineares, uma das incóg- equações.
nitas se anule, resultando em zero.
Isolando o x:
Sistema linear
Um conjunto de equações lineares é um sistema linear de m equações e n incógnitas:
{
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + …+ a1n xn = b1
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + …+ a2n xn = b2
.
.
.
am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + …+ amn xn = bm
A solução de um sistema linear é uma sequência de números reais ordenados (r1, r2,
r3,..., rn) que é, simultaneamente, solução de todas as equações do sistema.
Método da substituição
O método da substituição consiste em isolar uma das incógnitas e, em seguida, subs-
tituí-la na outra equação.
Exemplo :
{
x + 5y = 12{
2x + y = 15
{ 3x + y = 4 2x = 9 + 3y
Exemplo :
{
x + 2y = 6 9 + 3y
x=
2
{2x + 3y - z = 0 2x + 3y = 8 x + 2y = 5
4x + y + z = 7 Verificamos que o par ordenado (x, y) = (1, 2) satisfaz
-2x + y + z = 4 ambos e é único. Logo, S1 e S2 são equivalentes: S1 ~ S2.
A matriz incompleta é:
[ ]
Propriedades
2 3 –1 a) Trocando de posição as equações de um sistema,
A= 4 1 1 obtemos outro sistema equivalente.
-2 1 1
• Matriz completa: matriz B que se obtém acrescentan- Ex.:
{ {
do à matriz incompleta uma última coluna formada pelos
x +y + 2z = 1(i) x – y = 3 (ii)
termos independentes das equações do sistema.
S1= x – y = 3 (ii) e S2 = y + z = 2 (iii)
Assim, para o mesmo sistema acima, a matriz completa é:
y + z = 2 (iii) x + y + 2z = 1(i)
2
B= 4
-2 [ 3 –1
1 1
1 1
0
7
4 ]
S1 ~ S2
b) Multiplicando uma ou mais equações de um sistema
Sistemas homogêneos por um número K (K ∈ IR*), obtemos um sistema equiva-
Um sistema é homogêneo quando todos os termos in- lente ao anterior.
dependentes das equações são nulos:
{
Ex.:
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + …+ a1n xn = 0
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + …+ a2n xn = 0
. {
S1 = x + 2y = 3 (i) multiplicando a equação (ii) por 3
x – y = 0 (ii)
.
.
am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + …+ amn xn = 0
{
S2 = x + 2y = 3
3x – 3y = 0
S1 ~ S2
Veja um exemplo: c) Adicionando a uma das equações de um sistema o
{
produto de outra equação desse mesmo sistema por um nú-
3x – 2y + z = 0 mero k (k ∈ IR*), obtemos um sistema equivalente ao anterior.
–x + 4y – 3z = 0
√2x + 3y = 0 Ex.:
{ {
1. O número de equações é igual ao número de incóg-
nitas (m=n). x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 (i)
–7y – 3z = –2 ⇐ [(-1)] → –7y – 3z = –2 (ii)
Ex.: –7y – 5z = –8 –2z = –6 (iii)
{
2x - 3y - z = 4
Agora o sistema está escalonado e podemos resolvê-lo.
S1 = x + 2y + z = 3 –2z = –6 → z = 3
3x – y - 2z = 1
Substituindo z = 3 em (II):
–7y – 3(3) = –2 → –7y –9 = –2 → y = –1
1º passo: Anulamos todos os coeficientes da 1a incóg- Substituindo z = 3 e y = –1 em (I):
nita a partir da 2ª equação, aplicando as propriedades dos x + 2(–1) + 3 = 3 → x = 2
sistemas equivalentes.
• Trocamos de posição a 1ª equação com a 2ª equa- Então, x = 2 , y = –1 e z = 3
ção, de modo que o 1º coeficiente de x seja igual a 1:
{
x + 2y + z = 3
S1 = 2x – 3y – z = 4 DICA CULTURAL
3x – y – 2z = 1
• Trocamos a 2ª equação pela soma da 1ª equação, A Prova (2005), dirigido por John Madden
multiplicada por -2, com a 2a equação:
{ {
Catherine (Gwyneth Paltrow) é uma jovem atormen-
x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 tada pelos anos em que esteve cuidando de seu pai,
S_1= 2x – 3y – z = 4 ⇐ [(-2)] → –7y – 3z = –2 Robert (Anthony Hopkins), um gênio da matemática
3x – y – 2z = 1 3x – y – 2z = 1 que sofria de esclerose no fim da vida. Temendo en-
louquecer como seu pai, Catherine se afasta de todos
• Trocamos a 3ª equação pela soma da 1ª equação, e vive isolada em sua casa. Na véspera do seu aniver-
multiplicada por -3, com a 3ª equação: sário de 27 anos, reaparece em sua vida Claire (Hope
{ {
Davies), sua irmã, e Hal (Jake Gyllenhaal), um ex-aluno
x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 de Robert. Hal deseja pesquisar nos 103 cadernos es-
–7y – 3z = –2 ⇐ [(-3)] → –7y – 3z = –2 critos por Robert em seus anos de esclerose, desejan-
3x – y – 2z = 1 –7y – 5z = –8 do encontrar algo que possa ter alguma lógica, mas
também se interessa por Catherine. Já Claire chega à
cidade desejando vender a casa da família e fazer com
que Catherine more com ela em Nova York.
Disponível em: https://www.adorocinema.com/
filmes/filme-53691/. Acesso em: 23 out. 2023.
A
história da teoria das probabilidades teve início com os jogos de cartas, dados e
Distribuição de
roleta. Esse é o motivo da grande presença de exemplos de jogos de azar no es-
probalidades
tudo da probabilidade. A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance
de ocorrência de um número em um experimento aleatório.
Probalidade
condicional
Experimento aleatório
É aquele experimento que, quando repetido em iguais condições, pode fornecer resul-
Eventos tados diferentes, ou seja, são resultados que ocorrem ao acaso. Quando se fala de tempo
independentes
e possibilidades de ganho na loteria, a abordagem envolve cálculo de experimento aleatório.
Fatorial Espaço amostral
É o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório. A letra que
Possibilidades representa o espaço amostral é S.
combinatórias
Ex.:
Lançando uma moeda e um dado, simultaneamente, sendo S o espaço amostral, cons-
tituído pelos 12 elementos:
S = {K1, K2, K3, K4, K5, K6, R1, R2, R3, R4, R5, R6}, em que K representa cara e R
é coroa.
Resolução
Sendo S o espaço amostral de todos os possíveis resul- Primeiro, temos de saber que existem 26 letras. Segundo,
tados, temos: n(S)=6.6=36 possibilidades. para que o número formado seja par, teremos de limitar o
último algarismo a um número par. Depois, basta multiplicar.
6 () () ( ) ( )
Daí, temos: P(A ou B) = 1 + 1 - 1 = 11
6 36 36
26 x 26 x 26 = 17.576 → parte das letras
Ex.:
Se retirarmos aleatoriamente, sem ver, uma carta de um
10 x 10 x 10 x 5 = 5.000 → parte dos algarismos; note
maço de baralho com 52 cartas, qual é a probabilidade de
ser um 8 ou um Rei? que, na última casa, temos apenas 5 possibilidades, pois
Sendo S o espaço amostral de todos os resultados queremos um número par (0 , 2 , 4 , 6 , 8).
possíveis, temos: n(S) = 52 cartas. Considere os eventos:
Agora é só multiplicar as partes: 17.576 x 5.000 =
A: sair 8 é P(A) = 4
52 ( ) = 87.880.000
Resposta para a questão: Existem 87.880.000 placas,
B: sair um rei é P(B) = 4
52 ( ) em que a parte dos algarismos forma um número par.
Assim, P(A ou B) = ( 52
4
) + ( 524 ) – 0 = ( 528 ) = ( 264 ) = ( 132 )
Fatorial
Note que P(A e B) = 0, pois uma carta não pode ser 8
e Rei ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, dizemos que Definimos fatorial de um número n como o produto de
os eventos A e B são mutuamente exclusivos. todos os números naturais começando em n e decrescen-
do até 1. O fatorial de n é representado por n!.
Análise Combinatória
Fatorial de um número: n! = n.(n-1).(n-2) ... 3.2.1
A Análise Combinatória é alicerçada pelo Princípio Fun- Definições especiais:
damental de Contagem. Ele nos diz que sempre devemos 0! = 1
multiplicar os números de opções entre as escolhas que 1! = 1
podemos fazer.
Por exemplo, para montar um computador, temos 3 di- Ex.: Resolva a equação (x + 1)! = 56
ferentes tipos de monitor, 4 tipos de teclados, 2 tipos de (x - 1)!
impressora e 3 tipos de “CPU”. Para saber o número de (x + 1)! (x+1)(x)(x-1)!
diferentes possibilidades de computadores que podem ser = 56 → = 56 → (x+1)(x) = 56
(x - 1)! (x - 1)!
montados com essas peças, somente multiplicamos as -1 ± √225
→ x 2 + x = 56 → x 2 + x - 56 = 0 → x =
opções: 2
3 x 4 x 2 x 3 = 72
→x=
-1±15!
2
→ x=7 {
x = -8
Resposta: x = 7, pois não existe fatorial de um número
Então, existem 72 possibilidades de configurações diferentes. negativo.
Um problema que ocorre é quando aparece a palavra
“ou”, como na questão: Arranjo simples: é um agrupamento sem repetições
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou
Quantos pratos diferentes podem ser solicitados por um pela natureza dos elementos componentes.
cliente de restaurante, tendo disponível 3 tipos de arroz, 2
n!
de feijão, 3 de macarrão, 2 tipos de cerveja e 3 tipos de An,p =
(n - p)!
refrigerante, sendo que o cliente não pode pedir cerveja e
refrigerante ao mesmo tempo, e que ele obrigatoriamente Ex.: Quantos são os números compreendidos entre
tenha de escolher uma opção de cada alimento? 2.000 e 3.000 formados por algarismos distintos escolhi-
A resolução é simples: 3 x 2 x 3 = 18, somente pela dos entre 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9?
comida. Como o cliente não pode pedir cerveja e refrige-
rante juntos, não podemos multiplicar as opções de refri- Resposta: O número deve ter quatro algarismos (pois
gerante pelas opções de cerveja. O que devemos fazer está entre 2.000 e 3.000). Para o primeiro algarismo existe
aqui é apenas somar essas possibilidades: apenas uma possibilidade (2) e, para os outros três, ainda
(3 x 2 x 3) x (2 + 3) = 90 podem ser montados com as existem 8 números disponíveis, então:
comidas e bebidas disponíveis. 8! = 8! = 8.7.6.5! = 8.7.6 = 336 números
A8,3 =
(8 -3 )! 5! 5!
No sistema brasileiro de placas de carro, cada placa é
formada por três letras e quatro algarismos. Quantas pla-
cas, em que o número formado pelos algarismos seja par,
podem ser formadas?
Permutação simples: É um caso particular de arranjo Obs.: m = 1 não é resposta porque não pode haver C1,3 .
simples. É o tipo de agrupamento ordenado no qual entram
todos os elementos. Ex. 2: Com 10 espécies de frutas, quantos tipos de
Pn = n! salada, contendo 6 espécies diferentes, podem ser feitos?
Ex.: Calcule de quantas maneiras podem ser dispostas 10!
4 damas e 4 cavalheiros, numa fila, de forma que não fi- C10,6 = = 10.9.8.7.6! = 5.040 = 5.040 =
6!.(10 - 6)! 6!.4! 4! 24
quem juntos dois cavalheiros e duas damas. = 210 tipos de saladas.
Resposta: Existem duas maneiras de fazer isso:
C - D - C - D - C - D - C - D ou D - C - D - C - D - C - D - C
Colocando um cavalheiro na primeira posição, temos DICA CULTURAL
como número total de maneiras:
• P4 · P4 = 4! · 4! = 24 · 24 = 576 maneiras. Quebrando a Banca (2008), dirigido por Robert
Luketic
Colocando uma dama na primeira posição temos também:
Ben Campbell (Jim Sturgees) é um jovem tímido e su-
• P4 · P4 = 4! · 4! = 24 · 24 = 576 maneiras. perdotado do MIT que, precisando pagar a faculdade,
busca a quantia necessária em jogos de cartas. Ele é
Portanto, o total é de 576 + 576 = 1.152 maneiras. chamado para integrar um grupo de alunos que, todo
fim de semana, parte para Las Vegas com identida-
Combinação simples: é o tipo de agrupamento em des falsas e o objetivo de ganhar muito dinheiro. O
que um grupo difere do outro apenas pela natureza dos grupo é liderado por Micky Rosa (Kevin Spacey), um
elementos componentes. professor de Matemática e gênio em Estatística, com
quem consegue montar um código infalível. Contan-
do cartas e usando um complexo sistema de sinais,
eles conseguem quebrar diversos cassinos. Até que,
n! encantado com o novo mundo que se apresenta e
Cn,p = p! (n - p)! também por sua colega Jill Taylor (Kate Bosworth),
Ben começa a extrapolar os próprios limites.
m! m!
3! (m - 3)! - 2! (m - 2)! = 0
m.(m-1).(m-2).(m-3)! m.(m-1).(m-2)!
3! (m - 3)! - 2! (m - 2)! = 0
m.(m-1).(m-2) m.(m-1)
3! - 2! =0
m3 - 2m2 - m2 + 2m - m2 - m = 0
6 2
m3 - 3m2 + 2m - 3m2 + 3m = 0 → m3 - 6m2 + 5m = 0
6
m2 - 6m + 5 = 0 → m =
6 ± √16
2 {
→ m' = 5
m'' = 1
Resposta: m = 5
N
a Antiguidade, os povos já registravam o número de habitantes, nascimentos, óbitos.
Frequência absoluta,
frequência relativa e Na Idade Média, as informações eram tabuladas com finalidades tributárias e bélicas.
tabela de frequência No século XVI, surgiram as primeiras análises sistemáticas, as primeiras tabelas e os
números relativos. No século XVIII, teve origem a Estatística com feição científica é batizada
por Godofredo Achenwall. As tabelas ficaram mais completas, surgiram as primeiras repre-
Representação
gráfica sentações gráficas e os cálculos de probabilidades. A Estatística deixou de ser uma simples
tabulação de dados numéricos para se tornar “O estudo de como chegar à conclusão sobre
uma população, partindo da observação de partes dessa população (amostra)".
Medidas de tendência
central
A Estatística é uma área muito importante da Matemática e está presente em diversas
atividades humanas. Abaixo, alguns exemplos.
Medidas • Antes de lançar um novo produto no mercado, as indústrias costumam fazer
de dispersão pesquisas para verificar se existe um público consumidor para o novo produto.
• Pesquisas eleitorais para saber a aceitação de cada candidato.
Estatística • Pesquisas do desempenho de times de futebol, atletas ou então as condições que
e probabilidade um time tem para vencer um campeonato.
• A televisão utiliza para saber como está a audiência de seus programas e assim
Número binominal organizar sua programação.
• Para realizar uma pesquisa são necessárias muitas etapas, como escolher a amostra,
Lei binominal da
coletar os dados, organizar resumo e organização desses dados em tabela, gráficos
probabilidade
(Bernoulli)
e a interpretação desses resultados.
Mercúrio
Vênus
Terra
Marte
Júpiter
Saturno
Urano
Netuno
Plutão
Planeta Milhas/seg.
Mercúrio 29,7
Vênus 21,8
Terra 18,5
Gráfico linha
Marte 15,0
35
Júpiter 8,1
30
Saturno 6,0 25
Urano 4,2 20
Netuno 3,4 15
10
Plutão 1,4
5
0
Netuno
Mercúrio
Vênus
Terra
Marte
Júpiter
Saturno
Urano
Plutão
Vamos representar graficamente os dados:
Gráfico de setores
Gráfico de área
35
30
25
20
15
10
5
0
Mercúrio
Vênus
Terra
Marte
Júpiter
Saturno
Urano
Plutão
Netuno
Média aritmética (MA) Qual será a média de um aluno que obteve as seguintes
Média aritmética de dois ou mais termos é o resultado notas de Geografia: 5, 4, 3 e 2 nos respectivos bimestres?
da divisão da soma dos números dados pela quantidade de
números somados. Xp = (5.1) + (4,2) + (3.3) + (2.4) = 5 + 8 + 9 + 8 = 30 = 3
10 10 10
n
-
∑ xi Ex. 2: Foi organizado um churrasco para comemorar a
conclusão do Curso de Engenharia Mecânica. Compraram-
x= i=1
n -se as seguintes carnes com os respectivos preços:
Propriedades da média 10 kg de filé-mignon R$ 12,00 o kg
A soma algébrica dos desvios tomados em relação à 20 kg de linguiça R$ 7,00 o kg
10 kg de picanha R$ 16,00 o kg
-
média é nula. ∑( x - x ) = 0
i
Qual é o valor médio do kg de carne adquirida?
A soma algébrica dos quadrados dos desvios (em rela-
ção à média) é mínima: ∑(xi - x)2≤ ∑(xi - yi)2, onde x ≠ yi. Xp = (10x12,00) + (20x7,00) + (10x16,00) =
Somando ou subtraindo uma constante a todos valores 10 + 20 + 10
de uma variável, a média ficará acrescida ou subtraída des- 120,00 + 140,00 + 160,00 = 10,5
sa constante. 40
Ex. 1: Um professor de Geografia adotou os seguintes 18, 18, 19, 20, 21, 21, 22, 23, 23, 23, 24, 25, 26.
pesos para as notas bimestrais:
1º bimestre peso 1 3º bimestre peso 3 Como a moda é o valor que mais ocorre na pesquisa,
2º bimestre peso 2 4º bimestre peso 4 então a moda da série de idades é 23 anos.
n
a) Se N for ímpar, a mediana é o termo de ordem P = N 2+ 1.
b) Se N for par, é a média aritmética dos termos de ∑( x i-
MA)2
ordem: DP = i=1
n-1
P1 = N e P2 = N + 1
2 2
Ex. 1: Determine o valor da mediana da série que é Ex.: Em um concurso, o critério de aprovação leva em
composta dos seguintes elementos: 56, 58, 62, 65 e 90. conta a média e o desvio-padrão após a realização de 3
N = 5 (ímpar), P = N 2+ 1 = 5 +2 1 = 3º elemento da série provas. Calcule a média e o desvio-padrão de um candida-
ordenada. to que, nas provas, obteve, respectivamente, 63 pontos,
Então, Me = 62. 56 pontos e 64 pontos.
V = 2 + (-5) + 3 = 4 + 25 + 9 ≈ 12,67
2 2 2
Logo a mediana será: 3 3
Me = 13 + 15 = 28 = 14 DP = √V = √12,67 ≈ 3,56
2 2
Então, sua média é 61 e seu desvio-padrão é 3,56.
Variância evento
P=
Define-se a variância como a medida que se obtém amostra
somando os quadrados dos desvios das observações da
Quando se diz que a chance de um avião cair é uma em
amostra, relativamente à sua média, e dividindo-os pelo nú-
um milhão, significa que a frequência relativa é de cada um
mero de observações da amostra menos um.
em um milhão. Mas, se o número de decolagens aumentar,
essa probabilidade também pode mudar ou, com a tecno-
∑
n
i=1
( xi - MA)2 logia, diminuir a frequência relativa.
v=
n- 1 Quanto maior for o número de experimentos, teremos
uma estimativa de probabilidade melhor usando a frequên-
Desvio-padrão cia relativa. É o que ocorre com uma moeda. Imagine que
Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, joguemos duas vezes uma moeda e nas duas ocorre de
a unidade em que se exprime não é a mesma que a dos sair coroa. No entanto, não podemos afirmar que a proba-
dados. Assim, para se obter uma medida da variabilidade bilidade de sair coroa é de 100%, pois o número de experi-
ou dispersão com as mesmas unidades que os dados, to- mentos que fizemos foi muito pequeno. Mas,se fizermos vá-
mamos a raiz quadrada da variância e obtemos o desvio- rias vezes o mesmo experimento, podemos chegar a uma
-padrão. frequência relativa próximo de 50%.
O desvio-padrão é uma medida que só pode assumir
valores não negativos e, quanto maior for, maior será a dis- Ex. 1: Um dado foi lançado 1.000 vezes, obtendo-se o
persão dos dados. seguinte resultado:
Iremos considerar a Proposição P(m) de ordem m, dada por: a) Qual é a probabilidade de sair um número primo?
b) Qual é a probabilidade de sair um número maior que 6?
P(m): (a+b)m = am + m1am-1b + m2am-2b2 + m3am-3b3 + ... + c) Qual é a probabilidade de sair um número menor que 7?
+ m mb m d) Qual é a probabilidade de sair um número maior ou
igual a 3?
P(1) é verdadeira, pois (a+b)1 = a + b.
Resolução
Vamos considerar verdadeira a proposição P(k), com k > 1: O número de casos (resultados) possíveis (espaço
amostral) é o número de elementos do conjunto {1, 2, 3,
P(k): (a+b)k = ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk. 4, 5, 6}, isto é, 6.
para provar a propriedade P(k+1). a) Número natural primo é aquele que possui apenas dois
divisores: ele mesmo e o um. O número de casos favoráveis
Para que a proposição P(k+1) seja verdadeira, devemos é 3, pois é o número de elementos do conjunto dos primos
chegar à conclusão de que: {2, 3, 5}. Logo, a probabilidade é 3/6 = ½ = 0,5 = 50%.
b) O conjunto de resultados favoráveis é um conjunto
(a+b)k+1 = ak+1 + (k+1)1akb + (k+1)2ak-1b2 + ... + (k+1)(k+1)bk+1 vazio. Assim, a probabilidade é 0/6 = 0 = 0% (evento
impossível).
(a+b)k+1= (a+b).(a+b)k c) O conjunto de resultados favoráveis é um conjunto
de 6 elementos (todos os resultados possíveis). Então, a
= (a+b).[ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... +kkbk] probabilidade procurada é 6/6 = 1 = 100% (evento certo).
d) O conjunto de resultados favoráveis é o conjunto {3,
4, 5, 6}, com 4 elementos. A probabilidade vale 4/6 = 2/3 =
a.[ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk] +
= = 0,666... = 66,6%.
+ b.[ak+k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk]
=
ak+1 + k1akb + k2ak-1b2 + k3ak-2b3 + ... + kkabk + Lei binomial da probabilidade (Bernoulli)
+ akb + k1ak-1b2 + k2ak-2b3 + k3ak-3b4 + ... + kkbk+1
Seja uma sequência de experimentos independentes,
ak+1 + [k1 + 1]akb + [k2 + k1]ak-1b2 + [k3 + k2]ak-2b3 + isto é, a probabilidade de um resultado independe do outro.
= + [k4 + k3]ak-3b4 + ... + [kk-1 + kk-2]a2bk-1 + Se em cada experimento puderem ocorrer dois resultados,
+ [kk + kk-1]abk + kkbk+1 um chamado de “sucesso” e o outro de “fracasso”, carac-
terizamos os experimentos como Bernoulli.
ak+1 + [k1 + k0]akb + [k2 + k1]ak-1b2 + [k3 + k2]ak-2b3 + Para esse tipo de experimento, onde: p = sucesso e
= + [k4 + k3]ak-3b4 + ... + [kk-1 + kk-2]a2bk-1 + q = fracasso
+ [kk + kk-1]abk + kkbk+1
Se tivermos os eventos:
Pelas propriedades das combinações, temos:
E1 : ocorre sucesso no experimento Xi, ou seja, p(Xi) = p
k1 + k0 = C(k,1) + C(k,0) = C(k+1,1) = (k+1)1 E2 : ocorre fracasso no experimento Xic, ou seja, p(Xic) = q
k2 + k1 = C(k,2) + C(k,1) = C(k+1,2) = (k+1)2 podemos, neste caso, empregar a lei binomial para o
k3 + k2 = C(k,3) + C(k,2) = C(k+1,3) = (k+1)3 cálculo da probabilidade, ou seja: pk = Cn,k . pk . qn-k
k4 + k3 = C(k,4) + C(k,3) = C(k+1,4) = (k+1)4
Ex.:
... ... ... ...
1) Numa cidade, 10% das pessoas possuem carro da
kk-1 + kk-2 = C(k,k-1) + C(k,k-2) = C(k+1,k-1) = (k+1)k-1
marca X. Se 30 pessoas são selecionadas ao acaso, com
kk + kk-1 = C(k,k) + C(k,k-1) = C(k+1,k) = (k+1)k
reposição, qual é a probabilidade de exatamente 5 pes-
E, assim, podemos escrever: soas possuírem carro da marca X ?
Considere: sucesso: a pessoa tem carro da marca X;
fracasso: a pessoa não tem carro da marca X.
(a+b)k+1 = ak+1+(k+1)1akb + (k+1)2ak-1b2 + (k+1)3ak-2b3 +
+ (k+1)4ak-3b4 +...+ (k+1)k-1a2bk-1 + Então
+(k+1)kabk + kkbk+1 p = 0,1; q = 0,9; n = 30
Aplicando a lei binomial, temos:
Esse é o resultado desejado. pk = C30,5. 0,15. 0,925 = 0,102
Ex.: Quando lançamos, ao acaso, um dado, há seis 2) Dois dados são lançados simultaneamente. Qual é a
possibilidades quanto à face que ficará voltada para cima: A probabilidade de se obter a soma dos pontos igual a 8 ou
probabilidade de sair o número 5 é de 1 em 6, ou seja, 1/6 = dois números iguais?
= 16,6%. A probabilidade de sair um número ímpar é de 3 O espaço amostral seria:
em 6, isto é, 3/6 = 1/2 = 50%.
A = {(1,1),(1,2),(1,3),(1,4),(1,5),(1,6).....(6,1),(6,2),(6,3),
(6,4),(6,5),(6,6)} os eventos seriam:
Então:
p(E1, E2) = 5/36 + 1/6 - 1/36 = 5/18
Então, teríamos
Se primeiro branca e depois preta: p(E1) = 3/5.2/5 =
= 6/25.
Se primeiro preta e depois branca: p(E2) = 2/5.3/5 =
= 6/25.
Então, temos
n = 8 (número de vezes)
p = 1/2 (probabilidade de dar cara)
q = 1/2 (probabilidade de não dar cara)
Então:
p = 93 / 256 = 0,36
Elementos primitivos Semirreta: é uma parte da reta, que possui início e não
possui fim.
Os elementos primitivos são conceitos básicos para
compreender a geometria; são elementos sem definição Semirreta com início em A, passando por B.
que são tomados como base para qualquer outro conceito
de geometria A f B
C D
6 g
Polígonos
E
Polígonos são figuras planas formadas por segmentos
de retas consecutivos e não colineares; em outras palavras,
linhas poligonais simples e fechadas, ou seja, que não se
cruzam. Os lados dos polígonos são os segmentos de reta
que os compõem, os vértices são o encontro entre dois
lados e ângulo é a medida do encontro entre os segmentos
de reta.
Outra classificação de polígonos é entre polígonos con- É possível observar na imagem que todas as extremi-
vexos e não convexos. Os polígonos convexos são aque- dades dos segmentos de retas estão dentro do polígono,
les em que se as extremidades dos segmentos de retas mas possuem pontos fora do polígono, logo esse polígono
traçados estão dentro do polígono, todos os seus pontos não é convexo.
também estão dentro do polígono. Outra classificação de polígonos são os polígonos regula-
res, que possuem os lados e os ângulos do mesmo tamanho.
A
Triângulos
D Os triângulos são polígonos que possuem três ângulos e três
H b
F lados e são classificados em equilátero, isósceles e escaleno.
c O triângulo equilátero é aquele que possui todos os la-
f h dos do mesmo tamanho e também todos os ângulos de
g mesma medida; já o triângulo isósceles possui dois lados
I C
G E do mesmo tamanho e o triângulo escaleno possui todos os
B lados com medidas diferentes.
a
Condição de existência de um triângulo: para um triân-
gulo existir, a medida de um dos lados deve ser sempre
É possível observar na imagem que todas as extremi- menor do que a soma dos outros dois lados, como no
dades dos segmentos de retas estão dentro do polígono e exemplo a seguir:
que todos os seus pontos também estão, logo esse polí-
gono é convexo.
Quadriláteros Circunferência
Os quadriláteros são polígonos que possuem quatro Circunferência é uma linha fechada, na qual todos os
lados e quatro ângulos e são classificados em paralelogra- pontos estão à mesma distância de um ponto, que é cha-
mos e trapézios. mado centro.
Os paralelogramos são figuras que possuem dois pa-
res de lados paralelos, e os ângulos opostos têm medidas Poliedros
iguais; dentre os paralelogramos, existem os retângulos e O poliedro é composto pelos seguintes elementos:
os quadrados. Os trapézios são figuras que possuem um Faces: polígonos que formam a superfície;
par de lados paralelos. Existem quadriláteros que não são Arestas: encontro de duas faces
nem trapézios e nem paralelogramos. Vértices: vértices das faces dos poliedros
Teorema de Pitágoras
O teorema de Pitágoras afirma que em todo triângulo
retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual à
soma dos quadrados das medidas dos catetos.
7
6
A 5
4
c b
3
Os elementos de um prisma são:
B C 2
α = 90º Bases: polígonos convexos paralelos.
a
1 Faces laterais: paralelogramos que ligam as bases.
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 Vértices: vértices das fases do prisma.
Arestas da base: lados dos polígonos da base.
-1
Arestas laterais: lados dos polígonos laterais.
-2
Altura: distância entre as duas bases.
-3
-4 Os prismas podem ser classificados como:
Retos: as arestas laterais formam 90º com a base.
Nesse caso c² = a² + b². Oblíquos: as arestas laterais são oblíquas à base.
Cone
Aresta da base
O Cone também faz parte dos corpos redondos e sua
Os elementos de uma pirâmide são: forma pode ser associada a um funil ou casquinha de sor-
Base: polígono convexo contido em um plano; vete. Ele possui uma base circular e um ponto fora dela
Faces laterais: os triângulos. chamado de vértice.
Vértices: ponto da pirâmide que liga as faces laterais
a base.
Arestas da base: lados dos polígonos da base.
Arestas laterais: lados dos polígonos laterais.
Altura: distância entre o ponto e a base.
[ ]
Glossário A = a11 a13 a13 . . . a1n
a21 a22 a23 . . . a2n
Análise combinatória: É um conjunto de procedi- a31 a32 a33 . . . a3n
mentos que possibilita a construção de grupos diferentes . . . . . . .
formados por um número finito de elementos de um con- . . . . . . .
junto sob certas circunstâncias. Arranjos, permutações ou
combinações são os três tipos principais de agrupamen- . . . . . . .
tos, sendo que eles podem ser simples ou com repetição. am1 am2 am3 . . . amn
Cologaritmo: Chamamos de cologaritmo um número
positivo b numa base a (a>0, a≠1) e indicamos cologa b o Permutação simples: É um caso particular de arranjo
logaritmo inverso desse número b na base a. simples. É o tipo de agrupamento ordenado em que en-
tram todos os elementos.
Combinações: Subconjuntos formados por 2 ou mais
elementos escolhidos entre os elementos de um conjunto Probabilidade: A teoria da probabilidade permite que
dado, em que a ordem dos seus elementos não os distin- se calcule a chance de ocorrência de um número em um
gue uns dos outros. Por exemplo, representa as combina- experimento aleatório. P (A) = número de casos favoráveis
número de casos possíveis
ções de 10 elementos 3 a 3.
Determinante: A toda matriz quadrada está associado Progressão aritmética: São denotadas por PA e são
um número ao qual damos o nome de determinante. Se A caracterizadas pelo fato de que, cada termo, a partir do
é uma matriz quadrada de ordem 3, definimos o determi- segundo, é obtido pela soma do anterior com um número
nante por: fixo r, denominado razão da PA
det (A) = a11a22a33 + a21a32a13 + a31a12a23 - a11a32a23 - PA = { a1, a2, a3, ..., an, ..., am-1, am } a2 = a1 + r, a3 =
a21a12a33 - a31a22a13 = a2 + r, ..., an = an-1 + r, ..., am = am-1 + r
Espaço amostral: É o conjunto de todos os resultados Progressão geométrica: São denotadas por PG e são
possíveis de um experimento aleatório. caracterizadas pelo fato de que a divisão do termo seguin-
te pelo termo anterior é um quociente q fixado.
Eventos independentes: Dizemos que E1 e E2 e ...En-1, PG = { a1, a2, a3, ..., an,...,am-1,am } a2 / a1 = a3/a2 =
En são eventos independentes quando a probabilidade de = a4/a3 =...= an / an-1 = q
ocorrer um deles não depende do fato de os outros terem
ou não ocorrido.
Sistema equivalente: Dois sistemas são equivalentes
Experimento aleatório: É aquele experimento que, quando possuem o mesmo conjunto solução.
quando repetido em iguais condições, pode fornecer
resultados diferentes, ou seja, são resultados explicados Sistema homogêneo: Um sistema é homogêneo quan-
ao acaso. do todos os termos independentes da equações são nulos.
Os sistemas podem ser:
Fatorial: Sendo n um número natural e diferente de 1,
definimos como fatorial a expressão: • Possível determinado = solução única.
n! = n(n – 1). (n – 2)...... 2 . 1 • Possível indeterminado = infinitas soluções.
Matriz: Uma matriz real (ou complexa) é uma função que, • Impossível = não tem solução.
a cada par ordenado (i, j) no conjunto Amn, associa um nú-
mero real (ou complexo). Uma forma comum e prática para
representar uma matriz definida na forma acima é por meio Sistema linear: Um conjunto de equações lineares da
forma:
{
de uma tabela contendo m×n números reais (ou comple-
xos). Identificaremos a matriz abaixo com a letra A. a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + ... + a2n xn = b2
.
.
.
am1 x1+ am2 x2+ am3 x3 + ... + amn xn= bm
É um sistema linear de m equações e n incógnitas. A solu-
ção de um sistema linear é a sequência de números reais
ordenados (r1, r2, r3,..., rn) que é, simultaneamente, solução
de todas as equações do sistema.
Gabarito
1. A quantidade de cartas que forma o monte é 52 – (1 +
+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7) = 52 – 28 = 24.
2. Resolução
Para a soma dar 4 existem 3 possibilidade: (1; 3), (2; 2)
e (3; 1).
Para a soma dar 7 existem 6 possibilidades: (1; 6), (2; 5),
(3; 4), (4; 3), (5; 2) e (6; 1).
COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Problemas de contagem.
Binômio de Newton.
Probabilidade
Noção e distribuição de probabilidades, probabilidade condicional e eventos independentes.
Noções de Estatística
Sistemas lineares
Resolução e discussão.
Matrizes
Adição, multiplicação e inversão de matrizes. Matrizes associadas a sistemas lineares.
Determinante
Propriedades de determinantes e aplicações em sistemas lineares. Regra de Cramer.
F
oi pensando em como fazer você aproveitar melhor este livro que resolvemos ter
este papo inicial. Por que estudar Biologia? Pesquisa genética: Células-tronco,
genoma, clonagem. Essas são apenas algumas das inúmeras questões atuais e
polêmicas que fazem com que possamos entender melhor o que se passa no nosso
dia a dia, e que serão abordadas na obra “Grande Livro do Estudante”.
Diante da velocidade do avanço da ciência moderna, ter uma obra como esta em
sua biblioteca é de fundamental importância tanto para entender nosso cotidiano – e
uma notícia de jornal – quanto para se preparar para concursos, vestibulares e Enem.
Consultando qualquer glossário etimológico é possível encontrar a definição para
Biologia como o estudo da vida (do grego bios = vida e logos = estudo). A Biologia
é uma ciência linda e muito complexa e, ao contrário da Física e da Matemática (que
obedecem a leis imutáveis), seus fenômenos são cercados por exceções; mas mesmo
dentro de uma faixa de variações, seguem-se padrões que precisam ser considerados
e compreendidos. A Biologia abrange as características e os comportamentos tanto
dos organismos individuais quanto das espécies no seu conjunto, assim como as
interações entre eles e o meio. Esta ciência analisa a estrutura e a dinâmica funcional
comum a todos os seres vivos, com o objetivo de estabelecer as leis gerais que regem
a vida orgânica.
Desde a Pré-história, o ser humano observa o mundo à sua volta tentando enten-
dê-lo com uma curiosidade natural. Em busca de sobrevivência, o ser humano expe-
rimentou o contato com diferentes animais e plantas, absorvendo o comportamento
da fauna e compreendendo os períodos de frutificação dos vegetais que utilizava para
alimentação. Com o passar do tempo, o acúmulo dessas experiências proporcionou
formas de domesticar os animais, o que foi fundamental para deixar a condição de
nômade e tornar-se sedentário.
Muito se passou até que a Biologia, em um processo gradativo e lento da construção
do saber científico, se tornasse uma ciência consolidada. O acúmulo de conhecimentos
com a produção de novas tecnologias permitiu a descoberta de outros horizontes, como
a descoberta das células e de minúsculos organismos, após a invenção do microscópio.
Atualmente, a Biologia é uma ciência tão ampla que se divide em um largo espectro
de áreas distintas, mas todas voltadas ao seu foco central de interesse: O ser vivo em to-
das as suas dimensões – moléculas, células, organismos, populações e ecossistemas.
Em suas várias áreas de conhecimento, a Biologia tem contribuído para melhorar
a qualidade de vida do ser humano com a cura ou prevenção de doenças, produção
de alimentos e a preservação do ambiente e dos recursos naturais. Procure aprender
a Biologia de uma forma dinâmica; assim como a vida também é dinâmica, nossa rea-
lidade está em constante transformação.
Citologia Citologia
A fronteira das células
Membrana
C
élulas são pequenos compartimentos vivos, normalmente constituídas por mem- plasmática
brana, citoplasma e núcleo. Consideradas as unidades da vida, as células são
a menor parte de um ser vivo na qual se reconhecem as características da vida. Esclarecendo o
Existem diversos tipos de células, com formatos, tamanhos e funções diferentes (específi- DNA
cas). Com exceção dos vírus, todos os seres vivos possuem uma organização celular. As
células mais complexas contam com diversas compartimentações internas que exercem, Núcleo celular:
cada uma, uma função específica para a vida celular. A essas células damos o nome de Estrutura e
eucariontes. As células mais simples como as de bactérias, que não possuem essas função
compartimentações, são denominadas procariontes.
Atualmente, é comum pensarmos em um país como sendo uma porção de terra Ácidos nucleicos
delimitada espacialmente das demais pela presença de uma fronteira. Vamos pensar no
caso do Brasil. Estamos cercados pelo mar em metade do nosso território e, na outra DNA
metade, fazemos fronteira terrestre com outros nove países da América do Sul. Em suas
fronteiras, todos os países instalam uma alfândega, que é uma repartição governamental RNA
de controle do movimento de entradas e saídas das pessoas e de mercadorias para o
exterior ou dele provenientes.
Com as células não é diferente. Cada uma delas tem uma “área de fronteira”, repre-
sentada pela membrana plasmática e, nesta área, as células também possuem o seu
“posto alfandegário”: As proteínas. Assim como nas aduanas das fronteiras entre os paí-
ses, essas proteínas são as responsáveis pelo reconhecimento de substâncias vindas de
dentro ou de fora da célula como, por exemplo, hormônios.
O trabalho realizado por uma célula é semelhante ao que acontece em uma fábrica,
como a de televisores, por exemplo. Através de portões, dá-se a entrada de diversos
tipos de peças destinadas às linhas de montagem. Para a fabricação e a montagem dos
aparelhos, são necessários energia e operários habilitados. É preciso, ainda, um setor de
embalagem para preparar a expedição do que é produzido e uma diretoria para comandar
todo o complexo fabril e manter o relacionamento com o mundo externo. Tudo dentro dos
limites representados pelo muro da fábrica.
A célula possui setores semelhantes aos de uma fábrica. Um limite celular, represen-
tado pela membrana plasmática, separa o conteúdo da célula, o citoplasma, do meio
externo. O citoplasma, constituído por organoides e hialoplasma (ou citosol), é um material
viscoso, que representa o setor produtivo. Um núcleo contendo o material genético repre-
senta “a diretoria” da célula.
Outra característica muito importante das células é sua capacidade de se dividir, po-
dendo cada uma originar outras duas. Esse processo é chamado de divisão celular.
Membrana plasmática fórica polar hidrofílica (afinidade com a água) que fica sempre
voltada para o exterior da célula, onde se tem água. As cal-
De modo geral, as células são envolvidas por membra- das lipídicas apolares ficam na porção interior da membrana.
nas constituídas por uma dupla camada de fosfolipídios e Essa constituição garante uma maleabilidade à membrana,
proteínas que podem atravessar de um lado a outro. Esta que é denominada mosaico fluido. Algumas proteínas da
constituição da membrana é dada pela interação com as membrana celular estão associadas a glicídios, formando
moléculas de água tanto do meio interno quanto do meio as glicoproteínas. Além de revestir as células, a membrana
externo à célula. Os fosfolipídios possuem uma cabeça fos- também controla a entrada e a saída de substâncias.
Membrana externa
Lipoproteínas
Peptidoglicano
Espaço
periplásmico
Membrana
citoplasmática
Gram-negativos Gram-positivos
Célula
Cromossomo
Núcleo
os pares de cromossomos que são iguais em tamanho, Nas células de organismos mais simples (procarióticos),
posição de centrômero, características e quantidade de in- onde não há compartimentações internas, esse material ge-
formações se unem, formando assim um zigoto, que con- nético fica disperso no citoplasma. Nas células mais com-
tém todas as informações necessárias para que um novo plexas (eucarióticos), todo o material genético é envolvido
indivíduo da mesma espécie comece a se desenvolver. por uma membrana (carioteca), constituindo, assim, o nú-
cleo celular.
No citoplasma da célula eucariótica, as membranas formam estruturas funcionais (organelas) que desempenham as
diferentes funções vitais dessa célula. São elas:
Núcleo celular: estrutura e função Ainda dentro do núcleo é encontrada outra região que
aparece mais densamente corada, denominada nucléolo.
O núcleo é uma estrutura envolvida por uma membrana, a Essa região apresenta uma elevada atividade de síntese de
carioteca (karyon = núcleo; théke = invólucro). É onde ficam outro tipo de RNA que vai compor, juntamente com proteí-
guardadas as informações genéticas contidas no DNA, os nas, os ribossomos do citoplasma (RNAr).
cromossomos. Sua função é o controle total das atividades Esta aparência do núcleo ocorre sempre que a célula
celulares. A maioria das nossas células possui núcleo, porém está em sua atividade funcional, mas, quando ela vai se
algumas são isentas dessa estrutura, sendo chamadas de dividir para originar células-filhas, ocorrem alterações obser-
anucleadas, como, por exemplo, os glóbulos vermelhos. vadas principalmente no núcleo. O DNA, que antes estava
A maior parte das nossas células possui um único nú- disperso, sofre uma condensação mais acentuada, se eno-
cleo, mas podemos encontrar células musculares, que velando nas proteínas denominadas histonas.
contêm mais de um núcleo. Esse processo de enovelamento do DNA vai resultar na
O DNA encontrado disperso dentro do núcleo recebe o formação dos cromossomos.
nome de cromatina. No núcleo ainda é produzido, a partir do Alguns organismos não possuem carioteca e por isso não
DNA, outro tipo de molécula, o RNA (Ácido Ribonucleico). possuem estrutura nuclear, como é o caso das bactérias (cé-
Dentro do núcleo, encontramos algumas regiões onde lulas procariontes), mas não devemos esquecer que, mesmo
o DNA se encontra mais condensado e outras com DNA os organismos cujas células não têm núcleo, possuem material
menos condensado. A região mais condensada é consti- genético. Nesses casos, o DNA fica disperso no citoplasma.
tuída por DNA mais compactado e enovelado em proteínas
histônicas. Esta região recebe o nome de heterocromatina.
O DNA menos compactado representa a região que está Ácidos nucleicos
em maior atividade de produção de RNA, ou seja, maior Os ácidos nucleicos são moléculas grandes (macromo-
expressão dos genes e, por isso, o DNA se encontra mais léculas), formadas por nucleotídeos, com função estrutural,
disperso. A essa região é dado o nome de eucromatina. e têm vital importância nas atividades celulares.
Adenina
As Citosina
quatro
bases Timina
Guanina ribossoma
DNA
em espiral
DNA
Dupla hélice
de DNA
RNA
Cromossomo
E
Ciclo celular xistem dois tipos de divisão celular que originam, cada um, um tipo de célula:
• Mitose: É o processo pelo qual uma célula diploide dá origem a duas outras células
Mitose diploides, idênticas à célula-mãe e entre si. Isso quer dizer que uma célula com certo
número de cromossomos (no caso humano, seriam 46) origina outras duas células
Meiose idênticas a essa, e, eventualmente, iguais entre si;
• Meiose: É caracterizada pela redução do número de cromossomos à metade nas
Fucionamento quatro células-filhas resultantes. A redução cromossômica é decorrente de uma única
dos genes duplicação cromossômica seguida por duas divisões nucleares sucessivas. Esse
processo é importante para a formação dos gametas (óvulos e espermatozoides).
Código genético,
aminoácidos Para que as células exerçam a sua função no corpo dos animais, elas devem con-
e proteínas ter todos os cromossomos, isto é, dois cromossomos de cada tipo: São as células
diploides. Com exceção das células de reprodução (gametas), todas as demais células
Energia na célula do nosso corpo são diploides. Porém, algumas possuem em seu núcleo apenas um
e respiração cromossomo de cada tipo. São as células haploides. Os gametas humanos – es-
celular permatozoides e óvulos – são haploides. Portanto, os gametas são células que não
exercem nenhuma função até encontrarem o gameta do outro sexo e completarem a
Fotossíntese sua carga genética.
Para que ocorram as divisões celulares, uma organela muito importante é o centrío-
Quimiossíntese lo, que vai definir os polos da célula e orientar a divisão celular por meio da formação
das fibras do fuso.
Ciclo celular
Uma célula não passa toda a sua vida em processo de divisão. Esse processo é
intercalado entre períodos de interfase e fases mitóticas ou períodos mitóticos, quando a
célula está se dividindo em processo de mitose ou meiose.
INTERFASE
A célula encontra-se em total atividade de síntese proteica.
G1
Não há processo de divisão celular nesta fase.
Mitose
Prófase
Cerca de Prometáfase
2 horas Metáfase
Anáfase
Telófase
G1
3a fase da
interfase G1
1a fase da
Duração interfase
Cerca de do ciclo
4 horas celular:
10 horas Cerca de
4 horas
2a fase da interfase, na
qual ocorre a duplicação
dos cromossomos
Interfase
Como são mantidas as características genéticas de o mesmo material genético. Esse DNA duplicado, quan-
uma célula-mãe para as células-filhas? do se condensa, forma os cromossomos também dupli-
Para manutenção das características genéticas, o cados, com duas cromátides cada um. Essas cromáti-
DNA passa por um processo de replicação semiconser- des irmãs, idênticas entre si, vão se separar na divisão
vativa, ou seja, antes de se dividir, cada cromossomo faz celular, onde as células-filhas vão receber cromossomos
uma cópia idêntica de si mesmo, garantindo que as cé- idênticos ao da célula-mãe, herdando suas característi-
lulas resultantes do processo de divisão celular recebam cas genéticas.
A T A T A T A A A T
C G C G G C G C G
C
G C G C C G C G C
A
A T A T A T A T
T A T A T A T A
1. Segmento de 2. As duas cadeias da molécula inicial se separam 3. Formam-se duas moléculas de DNA
molécula de DNA. e servem de molde para a formação de duas com sequências idênticas de nucleotídeos.
moléculas idênticas de DNA, pelo emparelhamen-
to de novos nucleotídeos, representados em azul.
2. Prófase
1. Interfase 3. Prometáfase
4. Metáfase
5. Anáfase 6. Telófase
Meiose mos ditos homólogos, ou seja, aqueles que são iguais en-
tre si e que, juntos, formam um par. Ao final temos células
A meiose é um processo característico importante na com metade da quantidade de cromossomos da célula-mãe.
formação dos gametas para os organismos que se repro- A segunda divisão meiótica é equacional, pois o número de
duzem sexuadamente, mantendo a quantidade de material cromossomos das células que sofrem a divisão é o mesmo
genético na fusão dos gametas e possibilitando diversidade nas células que se originam. Ela tem como objetivo a separa-
entre os organismos. Sua principal característica é a redução ção das cromátides irmãs.
pela metade do número de cromossomos da célula-mãe. Ao final das duas divisões, conseguimos quatro células
Este processo se passa em duas etapas: A primeira divisão filhas com 23 cromossomos cada uma, ou seja, metade das
meiótica é reducional. Ocorre a separação dos cromosso- informações antes contidas na célula-mãe.
Meiose II
Ao final da Meiose I, duas células-filhas haploides se formarão, e dessas resultarão quatro células também haploides por
separação, agora, das cromátides irmãs.
Interfase
replicação do DNA Meiose I Meiose II
Ocorre a Ocorre a
separação dos separação
cromossomos das
homólogos cromátides
duplicados durante irmãs durante
a anáfase I a anáfase II
No quadro a seguir, podemos observar os aminoácidos e sua sequência de bases nitrogenadas correspondente. A esta
sequência de três bases damos o nome de códon. Podemos então dizer que de cada códon obtemos um aminoácido.
Tirosina
Cisteína
fenilalanina (AAA) Serina (AGA) Tirosina (ATA) (ACA)
Cisteína
Fenilalanina (AAG) Serina (AGG) Final de (ATG) (ACG)
Final de
Leucina (AAT) Serina (AGT) tradução (ATT) (ACT)
tradução
Leucina (AAC) Serina (AGC) Final de (ATC) (ACC)
Triptofano
tradução
(GCA)
Leucina (GAA) Prolina (GGA) Histidina (GTA) Arginina
(GCG)
Leucina (GAG) Prolina (GGG) Histidina (GTG) Arginina
(GCT)
Leucina (GAT) Prolina (GGT) Glutamina (GTT) Arginina
(GCC)
Leucina (GAC) Prolina (GGC) Glutamina (GTC) Arginina
Como funciona a síntese proteica? O RNA transportador (RNAt) leva os aminoácidos dis-
persos no citoplasma, provenientes da digestão, até os
Ocorre em duas etapas, a primeira chamada de trans- ribossomos. Numa das regiões do RNAt está o anticó-
crição e a segunda de tradução. Três tipos de RNA parti- don, uma sequência de três bases complementares ao
cipam desse processo: RNAm (mensageiro), RNAt (trans- códon de RNAm. A ativação dos aminoácidos é dada por
portador) e RNAr (ribossômico). enzimas específicas, que se unem ao RNA transportador,
formando o complexo aa-RNAt e dando origem ao anti-
1a etapa – Transcrição códon, um trio de códons complementar aos códons do
A mensagem contida no cístron (porção do DNA que RNAm. Para que esse processo ocorra é preciso haver
contém a informação genética necessária à síntese pro- energia, que é fornecida pelo ATP (adenosina trifosfato),
teica) é transcrita pelo RNA mensageiro (RNAm). Nesse conforme veremos adiante.
processo, as bases pareiam-se: A adenina do DNA se
liga à uracila do RNA, a timina do DNA com a adenina do 2 a etapa – Tradução
RNA, a citosina do DNA com a guanina do RNA, e assim Na fase de tradução, a mensagem contida no RNAm
sucessivamente, havendo a intervenção da enzima RNA- é decodificada e o ribossomo a utiliza para sintetizar a
-polimerase. A sequência de três bases nitrogenadas de proteína de acordo com a informação dada.
RNAm forma o códon, responsável pela codificação dos Os ribossomos são formados por duas subunidades. Na
aminoácidos. Dessa forma, a molécula de RNAm replica subunidade menor, ele faz ligação ao RNAm. Na subunidade
a mensagem do DNA e migra do núcleo para os ribos- maior há dois sítios (1 e 2) que podem se unir a duas molécu-
somos, atravessando os poros da membrana plasmática las de RNAt. Uma enzima presente na subunidade maior rea-
e formando um molde para a síntese proteica. Damos a liza a ligação peptídica entre os aminoácidos e o RNA trans-
essa etapa o nome de transcrição, pois RNA e DNA falam portador volta ao citoplasma para se unir a outro aminoácido.
a mesma língua: Nucleotídeos. E assim, o ribossomo vai percorrendo o RNAm e provocando
a ligação entre os aminoácidos.
Onde Qual Quem é usado O fim do processo se dá quando o ribossomo passa por
ocorre? função? como molde? um códon de terminação e nenhum RNAt entra no ribosso-
Síntese do mo, por não ter mais sequências complementares aos có-
Núcleo DNA dons de terminação. Então, o ribossomo se solta do RNAm
RNAm
e a proteína específica é formada e liberada do ribossomo.
Para formar uma proteína de 60 aminoácidos, por exem-
plo, é necessário 1 RNAm, 60 códons (cada um corresponde
Adenina P D
a um aminoácido), 180 bases nitrogenadas (cada sequência
P
P D de 3 bases dá origem a um aminoácido), 1 ribossomo e 60
Timina D
D
P P RNAt (cada RNAt transporta um aminoácido). Pode-se notar,
P P
Citosina D então, que se trata de um processo altamente complexo, já
P R
D P que há a intervenção de vários agentes. Damos a esta etapa
Guanina P D P
D P R
o nome de tradução, pois RNAm e proteína falam línguas dife-
P D
Uracila D
P P rentes: nucleotídeo e aminoácido.
D P R
P D
P D P
D P D R Quem é usado
P Onde ocorre? Qual função?
P = Fosfato P D
P
como molde?
P R
D
D = Desoxirribase D P Síntese de
R = Ribose Citoplasma RNAm
P R
proteína
D D P
P P Ribossomo em movimento
R
P
D D
P
Proteína
P
D D R Completa
D
P P Proteína
P
P D R em crescimento
D P P
P R
D P
R
D P
R
P P
D R D
P P
P D
D
P P
D D
P
D P
R
RNAm
P
P P D
R
D P P
P R D As duas
D P P subunidades
do ribossomo
Energia na célula e respiração celular Etapa anaeróbica (não é utilizado oxigênio nesta etapa).
Praticamente toda atividade celular requer gasto de Ocorre no citoplasma.
energia, e esta é retirada de nutrientes como glicose e Função de 1a quebra da molécula de glicose resultando
armazenada em moléculas de ATP. Quando usamos a em duas moléculas de piruvato.
palavra respiração, voltada a mecanismos intracelulares,
Saldo final desta etapa = 2 piruvatos + 2 NADH + 2 ATPs
estamos nos referindo aos processos de síntese de ATP.
São dois os tipos de respiração:
Ciclo de Krebs: Ao final desta etapa, toda a mo-
• respiração aeróbica – com utilização de oxigênio; lécula de glicose tem que ter sido degradada. O ácido
• respiração anaeróbica – sem utilização de oxigênio. pirúvico, agora na mitocôndria, sofre uma transformação
originando gás carbônico e hidrogênio com a liberação
Respiração aeróbica de energia. O gás carbônico é liberado e o hidrogênio
se associa a transportadores (NADH2 ou FADH2), o que
A respiração aeróbica é um processo em que a célula acontece numa fase denominada ciclo de Krebs.
utiliza matéria orgânica (glicose, aminoácidos, ácido graxo
e outros) e oxigênio. Aqui, estudaremos a respiração con-
siderando a utilização da glicose como matéria orgânica a Etapa anaeróbica.
ser degradada. A respiração celular se resume na seguin- Ocorre na matriz mitocondrial.
te equação geral: Função de quebra total da glicose, liberação das
C6H12O 6 + 6O2 → 6CO2 + 12H2O + 38ATP moléculas de CO2 e formação de NADH
Este processo é realizado em três etapas: (moléculas transportadoras de hidrogênio).
• glicólise;
• ciclo de Krebs; Cadeia respiratória: Nesta fase, onde também
• cadeia respiratória. ocorre liberação de energia, o H2 desprende-se desses
transportadores, ligando-se ao oxigênio e produzindo mo-
léculas de água.
Glicólise: A função da glicólise é a primeira quebra da
glicose e a formação das duas moléculas de piruvato. No
processo de glicólise, que ocorre no citoplasma da célu- Etapa aeróbica (utiliza oxigênio).
la, há a quebra da molécula de glicose (C 6H12O6), com a Ocorre nas cristas mitocondriais.
formação de duas moléculas de ácido pirúvico (C3H 4O3) e Maior formação de ATP.
liberação de hidrogênio (H2) e energia que é armazenada
em moléculas de ATP.
Fermentação
CO2 Mitocôndria
CO2 H 2O
ATP CO2 ATP
ATP Cadeia
respiratória
Ciclo de Krebs O2
Glicólise
Glicose
2
C6H12O6
Ácido láctico
C 3H 6O 3
Fermentação
Glicólise láctica
2
2
Etanol
Fermentação C 2H 6
alcoólica
Glicose
C 3H 4O 3
+ +2
2 ATP Dióxido de carbono
CO2
Etapa química: Nesta fase, utilizam-se os produtos da etapa fotoquímica (ATP e NADPH) que, somados ao CO2 fixado
pela planta na etapa escura, sintetizam a matéria orgânica da planta. Uma reação que já não depende mais da clorofila e da
energia luminosa. As moléculas de CO2 mais o hidrogênio, ligados aos NADPH, participam de um ciclo de reações químicas
bastante complexo chamado ciclo de Calvin, em que são formadas moléculas de água e carboidrato.
Luz
(fótons)
Cadeia transportadora
de elétrons
Cloroplasto
Clorofila
Fase
Fotoquímica
H 2O
ATP Pi + ADP
O2
NADPH + H+ NADP+
Fase
CO2
Química
Estroma
Quimiossíntese
Algumas bactérias são consideradas autotróficas, mesmo não possuindo clorofila. Esses organismos produzem matéria
orgânica utilizando energia química. Oxidam matéria inorgânica como gás sulfídrico (H2S), carbonato de ferro (FeCO3) e amônia
(HN3), retirando, de tal reação, energia para produção de glicose.
H2S + 1 O2 → H2O + S + energia
Com esta energia, será produzido, a partir de CO2 e H2O, aldeído fórmico (CH2O), que se polimeriza originando açúcares:
CO2 + H2O + energia → CH2O + O2
N
a nossa vida e em nossas atividades cotidianas, sempre procuramos classificar as dos seres vivos
coisas. Desde nossa casa e os objetos contidos nela até as mais refinadas tecno-
logias. A classificação é uma forma de organizar o conhecimento, as informações, Vírus
os objetos etc. O ramo da Biologia que classifica os seres vivos se chama Taxonomia.
Nesta classificação, a unidade básica é a espécie. Características
dos vírus
Espécies semelhantes agrupadas em gênero → gêneros semelhantes agrupados
em família → famílias agrupadas em ordem → ordens agrupadas em classe → classes
agrupadas em filos → filos agrupados em Reino.
Reino Animalia
Estrela
do mar Filo Chordata
Urso
A Biologia utiliza um sistema de classificação para organi- Veja que os nomes científicos possuem terminações que
zar os seres vivos de acordo com suas características, se- seguem regras; percebemos também que as categorias “gê-
melhanças e diferenças, mesmo que estas sejam mínimas, nero” e “espécie” sempre são escritas em itálico. O gênero
como uma forma de agrupar a grande variedade de seres sempre será escrito com letra maiúscula e a espécie sempre
vivos presentes na Terra. será composta por duas palavras, a primeira é o nome gené-
Com a necessidade de tornar os nomes dos seres vivos rico, o mesmo do gênero, e a segunda é o nome específico,
universais, a Biologia padronizou seu sistema de classifica- que nunca aparecerá sozinho.
ção. Criado por Lineu em 1753, o sistema binomial consistia
em usar apenas duas palavras para designar uma espécie. Classificações básicas para se chegar aos reinos
Esse sistema é seguido até hoje no mundo inteiro. Isso signi- Como foi dito, os seres vivos foram classificados a partir
fica que um ser vivo tem o mesmo nome científico no mundo de suas semelhanças e diferenças e são divididos em cinco
todo, em qualquer língua, pois esses são escritos em latim, reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantas ou Metaphyta e Ani-
língua usada para a produção de qualquer conhecimento à mais ou Metazoa. Na concepção atual, é considerado ser
época em que o sistema foi criado. vivo aquele que:
Para facilitar a classificação, identificação e determinação
de um ser vivo, é necessário comparar suas características • tiver a célula como unidade básica;
com as características padrão das diversas categorias em • apresentar composição química complexa;
que ele poderá ser encaixado; estas são chamadas de ca- • apresentar ciclo vital, cuja duração varia de uma
tegorias taxonômicas. espécie para outra;
As categorias taxonômicas seguem uma seriação de-
• realizar um conjunto de reações de síntese e
crescente que vai do reino à espécie. São elas: Reino, filo, análise, que mantém suas funções, compondo
classe, ordem, família, gênero e espécie. Veja a seguir, a o metabolismo;
classificação do homem:
• for capaz de deixar descendentes portadores
do maior número de características semelhantes
Reino Animalia possível;
Filo Chordata • for capaz de sofrer mutações em seu material
hereditário (DNA/RNA), favorecendo a adaptação
Classe Mammalia
às condições ambientais.
Ordem Primates
Vírus
Família Hominidae
Os primeiros vírus foram descobertos em 1890, pois
Gênero Homo causavam a febre aftosa e uma doença vegetal chamada
Espécie Homo sapiens de mosaico do tabaco. Começou uma corrida para des-
cobrir e identificar outros tipos de vírus, os mecanismos
usados para sua reprodução e as doenças causadas por dois tipos: Lisogênico e Lítico. Os dois ciclos se iniciam no
eles. Contudo, a maioria dessas respostas só veio com o momento em que o vírus injeta seu material genético na
desenvolvimento do microscópio eletrônico e as descober- célula hospedeira.
tas das estruturas dos ácidos nucleicos.
Sabemos que os vírus são seres muito simples, situa-
dos na fronteira entre matéria bruta e matéria viva. Embora Ciclo Lítico Ciclo Lisogênico
o assunto seja até hoje controverso entre os cientistas, o O vírus injeta seu material O DNA viral passa a
vírus NÃO é considerado um ser vivo. genético na célula, mas comandar o metabolismo
não interfere em seu da célula infectada,
Características dos vírus funcionamento, e, em formando novos vírus;
cada divisão desta célula, ocorre a lise (rompimento)
Os vírus possuem material genético (DNA ou RNA) en-
o matéria viral é passado da célula, liberando esses
volvido por uma cápsula proteica, ausência de estrutura
adiante. novos vírus para que
celular, ausência de mecanismos enzimáticos, não têm infectem outras células.
metabolismo próprio e sua atividade vital depende de um
organismo vivo. São, portanto, parasitas intracelulares obri-
gatórios. São menores que as bactérias. Cada vírus infecta Viroses
apenas um tipo de célula, dependendo das proteínas que Muitas doenças são causadas por vírus, que são alta-
ele carrega. Podemos considerar quatro tipos de vírus:
mente mutáveis e recombinantes e, a cada dia, aparecem
• bacteriófagos (parasitam bactérias);
novas endemias ou epidemias – cada vez mais os vírus
• micófagos (parasitam fungos);
desenvolvem mecanismos de resistência a novos medica-
• vírus de animais;
mentos. O fato de não apresentarem metabolismo próprio
• vírus de plantas.
torna-os um grande desafio para a medicina, que tenta de-
senvolver medicamentos que impeçam sua multiplicação
Reprodução
no organismo sem causar a destruição das células parasi-
A reprodução dos vírus é totalmente dependente de tadas. Os antibióticos, muitas vezes eficazes para bactérias
uma célula hospedeira. Os vírus precisam das proteínas, e outros micro-organismos, são ineficazes para os vírus.
do complexo enzimático, dos compostos químicos, enfim, No quadro a seguir, apresentamos as principais viroses,
necessitam da vida de uma célula para se reproduzir. Os seu modo de transmissão, modo de infecção e medidas
ciclos reprodutivos dos vírus podem ser classificados em de controle.
Modo de
Doença Modo de infecção Medidas de controle
transmissão
Modo de
Doença Modo de infecção Medidas de controle
transmissão
Pela contamina-
ção da água e de
objetos por fezes de Adoção de medidas de
indivíduos conta- saneamento básico e
minados. Prova- fiscalização dos manipu-
velmente, moscas ladores dos alimentos.
Hepatite O vírus instala-se no fígado, onde se
infecciosa
transportam o vírus A injeção de gamaglo-
multiplica e destrói células hepáticas.
de fezes contamina- bulina, extraída de soro
das para alimentos, sanguíneo humano,
água e objetos, mas pode dar proteção
o modo de transmis- temporária.
são ainda não é bem
conhecido.
A
tualmente, o reino Monera é dividido em dois grandes grupos: As bactérias e as
cianobactérias. Cianobactérias
Cianobactérias
Até pouco tempo, as cianobactérias eram consideradas algas azuis ou cianofíceas.
Na classificação atual, devido ao grande número de características semelhantes às das
bactérias, elas foram agrupadas no reino Monera.
As cianobactérias são procariontes fotossintetizantes com variados tipos de pigmentos,
como a clorofila a (cor verde), carotenoides, ficocianina (cor azul), ficoeritrina (cor vermelha)
etc. São seres fotossintetizantes e armazenam diversos compostos orgânicos, como os
lipídios, proteínas e uma forma de amido semelhante ao glicogênio.
Na água, constituem o fitoplâncton, importante nas cadeias alimentares marinhas e na
produção de oxigênio.
As espécies terrestres são encontradas em locais úmidos ou associadas a fungos,
formando os liquens.
A reprodução é assexuada, geralmente por divisão binária (a maioria), por esporos (Nos-
toc e Anabaena) ou por fragmentação (cianobactérias filamentosas).
Importâncias: Além do papel alimentício – lactobacilos, fermentação de queijos, vi-
nhos e iogurte etc., e ecológico – decomposição, despoluição de rios, captação de ni-
trogênio em colônias presentes nas raízes de algumas plantas etc., os monera possuem
grande importância no que se refere à saúde do homem e de outros organismos, pois
algumas espécies são parasitas.
As cianobactérias podem produzir e eliminar, no meio em que vivem, substâncias tóxi-
cas que podem nos levar à morte.
Bactérias
O grupo das bactérias é considerado o mais antigo e abundante do planeta. A maioria desses
seres tem diâmetro variando de 0,2 a 1,5 micrômetro, e comprimento de 1 a 6 micrômetros.
As bactérias não possuem organelas membranosas em seu citoplasma, porém as fun-
ções destas são realizadas por outras estruturas originárias de dobras e projeções das pare-
des internas: Os mesossomos. Estes aumentam a superfície e facilitam a ação enzimática.
De acordo com a sua forma, as bactérias recebem no- aliada e possui importante papel no equilíbrio da vida em
mes distintos. Os bacilos têm forma de bastão; os espirilos nosso planeta como, por exemplo, as bactérias respon-
são alongados e espiralados; os vibriões têm forma de sáveis pela decomposição, fotossíntese (cianobactérias),
vírgula e os cocos são esféricos. As bactérias são comu- vida em simbiose com outros organismos, fermentação e
mente lembradas pelas doenças que podem causar nos
outros feitos. Uma bactéria muito utilizada para estudos e
organismos, porém só a minoria das bactérias é nociva
à saúde. Uma grande parte desses organismos é nossa experiências é a Escherichia coli.
Cocos
Estafilococos
Espirilos
Bactéria flagelada Bacilos
Algumas bactérias são móveis graças aos flagelos que possuem. Diante de condições ambientais desfavoráveis, as bac-
térias, principalmente os bacilos, podem se proteger formando esporos resistentes a agentes físicos e químicos indesejáveis.
As bactérias podem se reproduzir por cissiparidade, em que ocorre a duplicação do DNA, crescimento da célula bacteriana
e posterior bipartição – a célula se divide em duas. Quando a bipartição não ocorre completamente formam-se as colônias.
Tipos de bactérias
É
Protozoários composto por animais unicelulares, microscópicos e representam os organismos
mais primitivos do reino animal. Reúnem muitos heterótrofos, daí o nome “animais
Algas primitivos”, e autótrofos facultativos, ou seja, que podem realizar fotossíntese em caso
de escassez ou falta de alimento no ambiente em que vivem.
Os seres vivos que formam o reino Protista são os protozoários e as algas.
Os protozoários são divididos em quatro grupos de acordo com o tipo, presença ou
ausência de estruturas locomotoras, bem como processos de reprodução e mecanismos
de nutrição. Os quatro grupos são:
Muitos protozoários são causadores de doenças, e entre os mais importantes, no Brasil, estão:
Agente
Patologia Modo de transmissão Profilaxia
etiológico
Algas
As algas unicelulares são isoladas e raramente podem Importância: Ecologicamente, a importância das al-
ser encontradas em colônias. Autótrofas, contêm os pig- gas, por si só, já seria suficiente para destacar esse grupo
mentos clorofila, xantofila e caroteno, todos fotossintetizan- de seres vivos dos demais. Elas são o principal alimento nos
tes. Por serem fotossintetizantes, as algas são imprescindí- ambientes aquáticos por serem produtores, o que as torna
veis na produção de oxigênio nos ecossistemas. São a base as responsáveis por quase todo oxigênio respirável presen-
da cadeia alimentar aquática, e algumas espécies servem te na atmosfera. Na economia, elas também são impor-
de alimento. As algas têm também grande importância co- tantes, campo em que são utilizados seus produtos (e a
mercial, sendo utilizadas em estabilizadores de creme dental própria alga, como a ágar-ágar) como meio de cultura em
e na fabricação de papel. Fazem parte do fitoplâncton de laboratórios, como medicamentos (fucus e outras algas),
águas doces e salgadas ou vivem em terra úmida. Podem como abrasivos, filtros e ladrilhos refratários como alimentos,
ser divididas em Euglenófitas, Pirrófitas, Crisófitas, Clorófitas, e muito mais. Sua reprodução é do tipo haplobionte.
Feófitas e Rodófitas.
O
s fungos são organismos eucariontes aclorofilados, heterótrofos, que se alimen-
Fungo tam por absorção. Por apresentarem características de vegetais (parede celulósi-
ca) e de animais (glicogênio como substância de reserva), foram agrupados em
Reprodução um reino à parte.
Encontrados comumente em ambientes aquáticos e terrestres úmidos, dispersam-se
pelo ar sob a forma de microscópicos esporos. Podem ser saprofíticos (decompositores),
simbiontes (liquens) e parasitas (micoses).
A reprodução dos fungos pode ser assexuada e sexuada, ambos os processos com for-
mação de esporos. Popularmente são conhecidos por bolores, mofos, fermentos, lêvedos,
orelhas-de-pau, trufas e cogumelos. Alguns fungos têm ação patogênica, provocando doen-
ças em plantas e animais, como a ferrugem no cafeeiro e a micose no homem e em alguns
animais, além de outras infecções das mucosas humanas (Candida albican, causadora das
candidíases, dentre elas a popularmente conhecida como sapinho).
Importância: Nos ecossistemas, com as bactérias, formam o conjunto dos decom-
positores responsáveis pelo ciclo da matéria, decompondo matéria orgânica morta de
origem animal e vegetal. Além disso, fungos unicelulares como os lêvedos são utilizados
no processo de fabricação de bebidas alcoólicas (Saccharomyces cerevisiae) e pão. Fun-
gos do gênero Penicillium são utilizados na produção de queijos e penicilina (antibiótico).
Fungo
Esporos
liberados
Esporêngio
Reprodução
Esporo
sofre
mitose
Zigósporo
Reprodução
sexuada
Hifa (+)
Hifas
Fecundação
Liquens
São organismos formados a partir da associação de fun- alces. Além disso, representam um papel fundamental na
gos e algas verdes ou cianofíceas (algas azuis). As algas decomposição de rochas e no processo de formação dos
ou cianofíceas realizam a fotossíntese, fornecendo alimento solos, pois, juntamente com as bactérias, são os primei-
para o fungo, e este fornece água e proteção para as al- ros organismos a se fixarem, criando condições favoráveis
gas e cianofíceas. Têm ampla distribuição nos mais variados à ocupação por outros organismos, como as briófitas, por
ambientes e substratos de fixação, podendo ser encontra- exemplo. São sensíveis à poluição e sua presença indica ín-
dos em rochas, troncos de árvores e no solo. dices baixos de poluição. Seu desaparecimento pode estar
Importância: Os liquens são produtores das cadeias ligado ao aumento de poluição no local. Portanto, os liquens
alimentares em regiões subpolares e polares, é alimento são indicadores ecológicos.
para muitos herbívoros como, por exemplo, as renas e os
É
Invertebrados
composto por organismos eucariontes, heterótrofos, multicelulares. Os animais uti-
lizam para reprodução tanto a forma sexuada quanto a assexuada (clonal), sendo
Vertebrados que esta última pode ser por brotamento, fissão, fragmentação ou partenogênese. A
diversidade desse grupo é muito grande quando comparada aos outros. Podemos dividir o
Reino Animal em dois grupos, vertebrados e invertebrados. Os vertebrados possuem colu-
na vertebral, que faz parte de seu esqueleto interno. O esqueleto é formado pelos ossos e
cartilagens. Já os animais invertebrados não possuem coluna vertebral, podem não possuir
esqueleto, ou este pode estar localizado em cima da pele, como é o caso dos insetos.
Poríferos
Cnidários Peixes
Platelmintos Anfíbios
Nematelmintos Répteis
Moluscos Aves
Anelídeos Mamíferos
Artrópodes
Equinodermos
Invertebrados
Moluscos Monoplacóforo
Corpo mole; Anfineuro
Caramujos massa muscular desenvolvida; Escafópode
Lesmas não segmentados: pé, massa visceral e Gastrópode
Polvo e Lula cabeça; com ou sem concha. Cefalópode
Ostra e Mariscos Pelecípode
Artrópodes
Onicóforos Exoesqueleto de quitina;
Onicóforo
Lacraia crescem por mudas ou ecdises;
Quilópode
Piolho-de-cobra excreção: tubos de Malpighi, glândulas
Diplópode
Camarão verdes ou glândulas coxais;
Crustáceo
Escorpião e ara- apêndices articulados;
Aracnídeo
nhas sistema neural ventral;
Insetos
Formigas e abe- respiração por traqueias.
lhas
Equinodermas
Todos são marinhos;
Lírio-do-mar simetria pentarradial; Crinoide
Estrelas-do-mar sistema ambulacrário: locomoção e respi- Asteroide
Ofiúros ou serpen- ração; com ou sem espinhos; Ofiuroide
tes-do-mar possuem 5 dentes calcários; Equinoide
Ouriço-do-mar e sistema neural circular em torno da boca, Holoturoide
Bolachas-de-praia de onde saem nervos radiais.
Pepino-do-mar
Cordados
Balanoglosso Hemicordado
Ascídia Urocordado
Anfioxo Cefalocordado
Notocorda presente (com exceção dos
Peixe-bruxa e Ciclostomado
hemicordados);
lampreia Condríctie
endas branquiais;
Tubarões Osteíctie
sistema neural dorsal;
Salmão Anfíbio
todos os sistemas presentes.
Sapos Réptil
Cobras Ave
Avestruz Mamífero
Vaca
Verminoses
Os vermes são animais pertencentes a dois filos, Platelmintos e Nematelmintos. Nos dois grupos, encontram-se indiví-
duos de vida livre e parasitas, que causam doenças em vários outros grupos animais e vegetais.
Verminoses causadas por Platelmintos Verminoses causadas por Nematelmintos
As verminoses mais frequentes são: Esquistossomose As mais frequentes são: Amarelão ou opilação (Ancy-
(barriga d’água, causada pelo Schistosoma mansoni); te- lostoma duodenale; Necator americanus), ascaridíase (cau-
níase (causada pela tênia ou solitária – Taenia solium – do sada por lombrigas – Ascaris lumbricoides), enterobiose
porco e Taenia saginata – do boi), e cisticercose (causada ou oxiurose (Enterobius vermicularis), lariose ou elefantíase
pela Taenia solium). (Wuchereria bancrofti).
Vertebrados
Répteis Aves Mamíferos
Eucariontes e pluricelulares
Epiderme impermeável
seca, pluriestratificada com
escamas epidérmicas, como
Epiderme pluriestratificada, Epiderme pluriestratificada
nas cobras e lagartos,
seca e sem glândulas, com com epiderme queratinizada
e placas córneas, como nos crocodilos
exceção da uropigiana, corpo e derme, com pelos,
e jacarés; nas tartarugas, se
coberto de penas, membros glândulas sudoríparas,
unem às placas ósseas
anteriores são asas e, como anexos mamárias e sebáceas,
formando a carapaça. Sem
do tegumento: Escamas córneas além de outros anexos como
glândulas e em muitos casos
nas patas, bico e garras. chifres, cornos e garras.
ocorrem mudas,com a
eliminação das camadas
superficiais da epiderme.
Eucariontes e pluricelulares
Eucariontes e pluricelulares
Contrações muscular (cobras), Asas de diferentes envergaduras Membrana interdigital nas espécies
membrana interdigital (quelônios e pés com duas a quatro falanges. aquáticas, membros com membrana
e crocodilianos aquáticos), pés Pernas de curtas a longas, de acordo nos morcegos e membros palmados,
colunares e plantares, quadrúpedes. como o comportamento, bípedes. quadrúpedes e bípedes.
Peixes Répteis
Aves Mamíferos
Cóclea: A estrutura do ouvido interno dos mamíferos que Deuterostômio: Divisão de animais celomáticos que
contém receptores auditivos. incluem os equinodermatas e cordados, caracterizados
pela clivagem radial e desenvolvimento do ânus a partir
Códon: Trinca de bases contida no RNA mensageiro que do blastóporo.
determina um tipo específico de aminoácido que será adi-
cionado à cadeia polipeptídica a qual constituirá a proteína. Diapausa: Período de tempo de dormência ou de pupa, em
que a larva sofre metamorfose para transformar-se em adulto.
Colênquima: Células vegetais de sustentação.
Dicotiledônea: Angiospermas com sementes formadas
Comunidade: Conjunto de populações de diversas espé- por dois cotilédones.
cies que se relacionam.
Dimorfismo sexual: Diferenças em morfologia, colo-
Comunidade clímax: É a mais adequada às condições rações ou outras características entre os dois sexos da
do biótopo. É a comunidade amplamente desenvolvida e, mesma espécie.
teoricamente, em equilíbrio. Diploide: Organismo ou célula de constituição cromossô-
Comunidade pioneira: É a primeira que se forma em mica 2n.
um processo de ocupação de uma área desabitada, exem- DNA: Ácidos desoxirribonucléicos, constituídos por filamen-
plo: cianobactérias e liquens. to duplo em forma helicoidal.
Conífera: Um pinheiro (gimnosperma); possui formato de Doença autoimune: Doença na qual o corpo produz
cone. anticorpos contra suas próprias células ou tecidos.
Conservação: Usa a ambiência visando à sua melhoria Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST): Dife-
constante e à sua perpetuidade. rentes doenças que podem ser adquiridas pelo contato sexual.
Contracepção: Utilização de diferentes métodos para se Duodeno: Porção do sistema digestório, localizada após o
evitar a fecundação ou implantação do óvulo e consequente estômago, onde a bile é lançada.
gravidez. Ecdise: Troca de exoesqueleto, comum nos artrópodes.
Controle biológico: Controle de pragas sem o uso de Ecossistema: Sistema constituído pela biocenose e pelo
defensivos agrícolas (agrotóxicos). É realizado pela disse- ambiente físico (biótopo), com o qual interage.
minação de parasitos específicos e, mais raramente, com
Ecótono: Zona de transição entre duas biocenoses, rica
predadores de pragas agrícolas. Muitas vezes este é asso- em espécies de ambas.
ciado ao controle químico e físico.
Endosperma: Porção 3n das sementes das plantas com
Cordado: Filo de animais que possuem notocorda, uma substâncias nutritivas para o desenvolvimento do embrião
estrutura esquelética dorsal. em plântula.
Córion: Membrana extraembrionária em répteis, aves e Epiderme: Camada fina de células que recobre o corpo
mamíferos, nestes últimos ajudam na formação da placenta. de plantas e animais, com função de proteção.
Criacionismo: Ideia da origem de todos os organismos Epífita: Vegetais que se desenvolvem sobre outro vegetal,
vivos por criação divina e de forma imutável. usando este como suporte.
Cromossomo: Organização de cada filamento de DNA Esmegma: Substância que se acumula sob o prepúcio,
em estágio de condensação. podendo ocasionar infecções quando não se realiza higiene
diária e adequada nessa região.
Cruzamento teste: Cruzamento de um indivíduo com
fenótipo dominante com outro de fenótipo recessivo, a fim Especiação: Formação de uma espécie distinta a partir
de verificar o genótipo do dominante. de outra.
Espermatozoide: Célula reprodutiva masculina. Possui
Cutícula: Camada não celular que recobre as células e
motilidade própria por batimento de flagelo. Geralmente pro-
impede a perda de água.
duzidos em grande quantidade.
Decídua: Árvore ou conjunto que perde suas folhas no Estágio clímax: É a última fase de uma sucessão de séries.
outono, com rebrota na primavera.
Estrogênio: Hormônio sexual feminino produzido pelos
Degradação: Termo usado para indicar o grau de polui- ovários, que mantém as características secundárias femi-
ção de qualquer recurso natural. Porém, o termo mais ade- ninas, além do desenvolvimento, maturação e manutenção
quado seria deterioração. das estruturas e órgãos internos.
Deiscência: Fruto seco que se abre quando maduro libe- Etileno: Hormônio vegetal envolvido em vários aspectos
rando as sementes no ambiente. do desenvolvimento e crescimento vegetal.
Eucarióticos: Organismos constituídos por células mais Haploide: Organismo ou célula contendo apenas meta-
complexas, com membranas internas, formando organelas de do lote cromossômico característico às células diploides
e núcleo diferenciado. dos organismos dessa espécie. Indivíduo ou célula n.
Eucromatina: Cromatina constituída por DNA em menor Hemoglobina: Substância presente no interior das hemá-
condensação e maior atividade de expressão gênica. cias que se liga aos gases respiratórios.
Euglenoide: Grupo de flagelados que possuem clorofila Hepático: Referente ao fígado.
e, por vezes, fotossintetizam.
Heterocromatina: Cromatina constituída por DNA mais
Eutrofização: Reprodução excessiva de algas em um condensado e com menor atividade de expressão gênica.
lago, devido ao excesso de nutrientes (nitrogênio e fósforo)
Heterozigoto: Indivíduo portador de alelos diferentes para
jogados na água, provenientes de lixo orgânico ou adubos
um dado gene, produzindo dois tipos de gametas.
químicos despejados pelo homem. As algas competem
com seres que vivem no lago. Hibridação: Cruzamento entre indivíduos de espécies di-
ferentes.
Exoesqueleto: Esqueleto externo.
Fenótipo: Característica apresentada pelo organismo em Hidrofilia: Atrai a água.
função da expressão dos genes e influência ambiental. Hidrofóbico: Repele a água.
Feromônio: Substância secretada por um indivíduo no Hifa: Um dos filamentos que compõem o micélio de
ambiente, que sinaliza algo para outros indivíduos da mes- um fungo.
ma espécie.
Hipotálamo: Parte do cérebro responsável pela tem-
Fertilização: A fusão dos gametas masculino e feminino. peratura corporal; regula a glândula pituitária, o sistema
Flagelo: Estrutura locomotora dos protozoários flagelados. autônomo, as respostas emocionais, o balanço de água
e o apetite.
Floema: Tecido vascular que conduz a seiva elaborada,
rica em glicose, das folhas para as raízes. Homozigoto: Indivíduo portador de alelos iguais para um
dado gene, produzindo gametas iguais.
Fosfolipídio: Molécula composta por uma cabeça fosfóri-
ca polar e uma calda bilipídica. Hormônios: Substância química produzida por uma glân-
dula ou célula especial, com atividade de promover altera-
Fóssil: Vestígio de organismo não mais vivente. ções ou desencadear reações em outras partes do corpo.
Gameta: Célula reprodutiva masculina ou feminina. Íris: Porção pigmentada do olho de um vertebrado.
Gametófito: O haploide, estágio produtor de gameta no Litosfera: Parte sólida, externa, que envolve as substân-
ciclo de vida de uma planta. cias líquidas e quentes do interior do planeta.
Gânglio: Massa de células nervosas encontradas no sis- Manto: Em moluscos, tecido que recobre a massa visceral
tema nervoso central. e que serve para formar a concha.
Gene: Segmento da molécula de DNA que é responsável Menarca: Primeira menstruação de uma mulher.
pela expressão de uma característica.
Meninge: As três membranas que envolvem o cérebro e
Genótipo: Constituição genética de um organismo. a medula espinhal: A dura-máter, a aracnoide e a pia-máter.
Germinação: O início do crescimento de sementes e Menstruação: Fenômeno de descamação do endo-
esporos. métrio com liberação de pequena quantidade de sangue.
Giberilina: Tecido vascular que conduz água e sais mine- Ocorre 14 dias após a ovulação, desde que o óvulo não
rais dissolvidos das raízes para as folhas. seja fecundado.
Glândula sebácea: Glândulas na pele que secreta sebo, Meristema: Uma área com processo mitótico, de cresci-
um material oleoso que lubrifica a superfície da pele. mento vegetal.
Glicoproteína: Associação entre uma proteína e uma Metástase: A passagem de uma doença, como o cân-
molécula de açúcar. cer, de um órgão para outro.
Glucagon: Hormônio pancreático que estimula a glicogenó- Mutações: Diversos tipos de alterações que podem ocor-
lise, a qual aumenta a concentração de glucose no sangue. rer no material genético, desde a alteração de uma única
base até a perda ou troca de partes do cromossomo.
Hábitat: Local característico onde são encontrados os in-
divíduos de certa população.
Nectônico: São os seres que se deslocam ativamente no Reprodução sexuada: Forma de reprodução que envol-
meio aquático. ve dois indivíduos, onde há fusão de gametas ocasionando
diversidade genética.
Neodarwinismo: Teoria sintética da evolução. Associação
dos conhecimentos da genética às ideias evolucionistas. Ritmo circadiano: Ritmo interno que se aproxima a 24
horas; estes são seguidos por plantas, animais e alguns
Nicho ecológico: É o papel desempenhado pelos or-
ganismos de uma população em sua biocenose e no seu outros organismos.
ecossistema. RNA: Ácidos ribonucleicos, constituídos de filamento único.
Nível trófico: Cada elo da cadeia alimentar. Seleção natural: Fenômeno em que organismos menos
Nucleotídeo: Molécula composta por um ácido fosfórico, adaptados ao ambiente são eliminados da população, por
um açúcar e uma base nitrogenada. É o componente bási- baixa taxa de sobrevivência ou sucesso reprodutivo.
co dos ácidos nucleicos. Sêmen: Líquido viscoso que o organismo masculino libera
Organogênese: O desenvolvimento dos órgãos. na ejaculação. É constituído por substâncias secretadas por
glândulas como a próstata e vesícula seminal e contém os
Ovíparo: Que põe ovos. espermatozoides produzidos nos testículos.
Ovovivíparo: Tipo de desenvolvimento no qual os ovos Simbiose: Utilizada por alguns autores como sinônimo
são incubados dentro do corpo da mãe. de mutualismo e, por outros, como qualquer relação entre
Óvulo: Célula reprodutiva feminina. Geralmente rico em duas espécies.
citoplasma e com maior tamanho. Não tem motilidade pró-
Sucessão ecológica: É a sequência ordenada de modifica-
pria, sendo produzido em menor quantidade. Na espécie
humana, normalmente, há a liberação de um a cada perío- ções de uma biocenose, ou de substituição de uma por outra.
do fértil da mulher. Taxonomia: Parte da ciência que nomeia, descreve e
Palato: Porção horizontal que separa as cavidades nasal classifica organismos.
e oral. Teias alimentares: Transferência de matéria orgânica e
Papila: Pequena projeção ou elevação na língua. da energia nela contida de uma espécie a outra em uma
biocenose.
Plâncton: Micro-organismos encontrados na superfície da
água, que flutuam nas águas dos oceanos, rios e lagos. Testosterona: Hormônio esteroide sexual masculino se-
São a base das cadeias alimentares aquáticas. cretado pelos testículos.
Planctônico: Que vive na zona eufótica, região mais ilumi- Tradução: Processo de síntese de proteínas, aminoácido
nada dos biomas aquáticos. por aminoácido, seguindo o código informado pelo RNA.
Poluição: Qualquer tipo de transformação física, química ou Transcrição: Processo de síntese de uma molécula de
biológica – causada por atividade humana –, que sofre um RNA a partir do código do DNA.
recurso natural. Pode ser nociva à saúde do homem, à socie-
dade, aos animais ou aos recursos naturais renováveis. Unidade de espécie: Um organismo sozinho.
População: Conjunto de organismos da mesma espécie Unidade ecológica: Conjunto de organismos mais am-
que convivem em certa região em determinado período, biente (ambiência).
com ocorrência de reprodução sexuada e troca de genes.
Ureia: O principal composto nitrogenado excretado por ma-
Prepúcio: Pele que recobre a glande. míferos, um dos produtos finais do metabolismo de proteínas.
Preservação: É deixar a ambiência como ela se encontra: Vertebrado: Cordados que possuem coluna vertebral:
se poluída, continuará assim; se inexplorada, não será tocada. peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Procarióticos: Organismos constituídos por célula sim- Vesícula: Compartimento de uma membrana de forma cir-
ples, não apresentando organelas ou membranas internas. cular sem citoplasma.
Sem núcleo diferenciado.
Vitamina: Composto orgânico necessário em pequenas
Recombinação gênica: Troca recíproca entre partes quantidades para o funcionamento metabólico normal de
dos cromossomos de um mesmo par. um organismo, usualmente age como uma coenzima.
Reflorestamento: Reposição integral de uma floresta Vivíparo: Filhotes que se desenvolvem dentro do corpo
destruída, buscando suas características originais – o que,
na prática, é muito difícil. da mãe.
Replicação: Processo de duplicação da molécula de DNA. Xilema: Tecido vascular que conduz água e sais minerais
dissolvidos das raízes para as folhas.
Reprodução assexuada: Forma de reprodução sem
encontro de gametas, por divisão binária, fragmentação e Zigoto: Célula 2n que resulta da união de gametas em reprodu-
brotamento. ção sexual.
40
7. Qual é a importância da resistência ambiental no cres-
cimento populacional?
30
4. (UF-CE) O aspecto comum do Complexo de Golgi, b) RNA mensageiro do coelho injetado no ovo passou
a conduzir a síntese de proteínas nessa célula.
em células animais, deduzindo através de observações
ao microscópio eletrônico, é de: c) DNA do coelho injetado no ovo foi transcrito para o
RNA ribossômico que conduziu a síntese de proteí-
a) Vesículas formadas por dupla membrana, sendo nas nessa célula.
a interna sem granulações e com dobras voltadas
para o interior. d) DNA do coelho injetado no ovo se incorporou a
um cromossomo e foi transmitido de célula a célula
b) Membranas granulosas delimitando vesículas e sa- através de mitoses.
cos achatados, que dispõem paralelamente.
e) RNA mensageiro do coelho injetado no ovo se in-
c) Um complexo de membranas formando tubos anas- corporou a um cromossomo e foi transmitido de
tomosados, com dilatações em forma de disco. célula a célula através de mitoses.
Mitose Meiose
Origina duas células-filhas idênticas à célula-mãe e As quatro células-filhas originadas são haploides e
igualmente entre si. diferentes geneticamente entre si.
MONERA
• Cianobactéria METAPHYTA (PLANTAS)
• Bactéria • Fanerógamas
• Criptógramas
PROTISTA
• Protozoários METAZOA (ANIMAIS)
• Algas • Vertebrados
• Invertebrados
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
O
estudo da Física no mundo moderno e sua evolução propiciam muitos inven- Princípio da
tos que chegam até nós como facilidades do século XXI. O livro apresenta alavanca
temáticas de forma contextualizada para que você se prepare para concursos,
vestibulares e Enem, e entenda o funcionamento de máquinas que cotidianamente Posição e
facilitam a vida. velocidade média
Derivada, integral
Um homem contra um exército e aceleração
Por volta do ano 100 a.C., Roma era a maior potência militar da Terra. Estava em
guerra contra Cartago, destinada a vencer, com a destruição total da potência rival, e Movimento
iniciar uma série de conquistas militares que a levariam à formação do maior império que uniforme
o mundo já conheceu. Qualquer nação que tentou resistir ao poderio romano foi destruí-
Unidades de
da totalmente. E agora esse poderio havia sido lançado contra Siracusa, para castigar
medida
a pequena cidade grega por ter sido aliada de primeira hora dos cartagineses de Aníbal
Barca. Os habitantes de Siracusa, embora vivendo em solo italiano, eram gregos. As Leis de Newton
Os gregos criaram quase tudo que existe de admirável em nossa civilização. Foram
os maiores guerreiros de todos os tempos, os inventores dos esportes, da matemática,
do teatro e das artes cênicas. Atualmente, palavras relacionadas com arte, ciência e
tecnologia têm nomes gregos: Poesia, música, harmonia, arquitetura, telefone, xérox,
pedagogia, física, biologia, química etc. Todas essas coisas têm nomes gregos porque
começaram entre os gregos, que se distinguiram tanto pelas armas quanto pela inteligên-
cia e criatividade, conforme disse Camões.
Muitos adolescentes e jovens, interessados em aventuras, batalhas e guerras, gostariam
de saber qual seria o resultado de um encontro militar entre os invencíveis romanos e os
Alguns historiadores da ciência duvidam que Arquimedes realmente tenha construído sua arma
mais famosa, os espelhos ardentes. Para que os espelhos funcionassem, Arquimedes teria de alinhá-
-los com meio grau de precisão e há quem diga que ele não teria sido capaz de efetuar os cálculos
necessários para isso. Entretanto, a negação da existência dos espelhos não resiste a uma análise
cuidadosa. Quem leu os tratados de Arquimedes sobre engenharia naval e métodos de cálculos en-
tende que ele teria sido capaz de alinhar os espelhos. Além disso, se ele não construiu essa arma, de
onde os historiadores antigos tiraram a ideia da sua existência? Em todo caso, vejamos o que diz um
dos defensores da inexistência dos espelhos:
"[...] em 214 a.C., o general Marcelo cercou Siracusa. Arquimedes [...] garantiu a defesa da cida-
de e historiadores contam que, para destruir as galerias inimigas, ele concebeu e utilizou espelhos
ardentes. Esse relato, aceito inicialmente com desconfiança, tornou-se [...] objeto de vivas contesta-
ções.” (Thuilie, 1994).
Alguns cientistas tomaram uma posição intermediária no debate, afirmando que os espelhos te-
riam funcionado com um alinhamento imperfeito apenas porque os navios romanos eram vedados
com piche, material altamente inflável. Esse fato, porém, não tira o brilhantismo da ideia.
bravos guerreiros gregos. De fato, as proezas militares dos Os romanos jamais enfrentaram os gregos. Admiravam de
gregos tornaram-se lendárias. Quem não se lembra dos 300 tal forma as realizações deles que se declararam protetores da
de Esparta, o pequeno grupo de guerreiros que, sob a lide- Grécia e adotaram os seus costumes. Os generais, impera-
rança do rei Leônidas, bloqueou o exército persa de 300 mil dores e estadistas de Roma falavam grego, estudavam com
homens por cinco dias, para que seus compatriotas pudes- professores gregos, e passavam as férias em Atenas.
sem celebrar os Jogos Olímpicos? Porém, no ano 100 a.C., o mundo presenciou um ata-
Todos os 300 guerreiros morreram, juntamente com seu que romano contra Siracusa, uma cidade grega, uma co-
rei, mas os persas não entraram na Grécia antes do término lônia fraca e desprotegida, pouco afeita a proezas militares.
dos Jogos Olímpicos e, quando entraram, já tinham perdido Seus cidadãos não eram guerreiros e estavam apavorados
20 mil homens. E agora que os jogos sagrados estavam ter- diante da aproximação da esquadra romana, com seus
minados, todos os gregos podiam pegar em armas (durante navios cheios de soldados impiedosos. Não havia solda-
os jogos, pegar em armas era crime, cuja punição podia ser dos em Siracusa para enfrentar as legiões romanas. A ci-
a morte), e o rei persa teria que enfrentar não 300 homens, dade seria simplesmente destruída, milhares de pessoas
mas 20 mil. No desfiladeiro de Termópilas, quando enfrentou seriam massacradas, e os sobreviventes, escravizados.
os 300 de Esparta, havia mil persas para cada grego. Agora Realmente, teríamos presenciado não uma batalha épica,
havia um grego para cada 15 persas. O resultado da batalha mas um simples massacre daqueles que os romanos es-
de Plateia, quando 20 mil gregos enfrentaram 300 mil per- tavam acostumados a fazer com mínima perda de homens
sas, foi a derrota total da Pérsia. e material. Entretanto, um dos habitantes de Siracusa era
Todo jovem que ama aventura, esportes e jogos compu- Arquimedes, o primeiro físico da história. Por isso, a huma-
tacionais de simulação de batalhas e de conquista imperial, nidade pôde assistir ao embate da inteligência grega contra
também já ouviu falar da batalha de Maratona, quando 4 as legiões romanas.
mil gregos de Atenas enfrentaram 100 mil persas e vence- Diz a lenda que, quando os navios romanos se aproxi-
ram.Você também deve lembrar de que, depois da vitória maram das muralhas de Siracusa, Arquimedes utilizou espe-
na batalha de Maratona, o corredor Pheidípedes foi avisar lhos distribuídos sobre um paraboloide para concentrar os
as mulheres atenienses que os gregos haviam derrotado o raios do sol contra os navios romanos.
inimigo. Tendo lutado um dia inteiro, Pheidípedes correu 42 Neste material, você vai aprender como um espelho em
quilômetros para levar a mensagem tranquilizadora. Mas o forma de parábola pode concentrar os raios do sol para
esforço foi demasiado para o soldado cansado e ferido. Ele atingir temperaturas altíssimas, capazes de queimar um
só conseguiu dizer: Vencemos! E morreu. navio, ou aquecer uma fornalha. No caso da batalha de
Em honra a ele, em todos os Jogos Olímpicos, a dis- Siracusa, os navios romanos foram incendiados pelos raios
tância de 42 quilômetros é percorrida novamente, em uma do sol concentrados pela arma do cientista grego que é
prova que não poderia ter outro nome: Maratona. Que considerado o primeiro físico.
interessante seria presenciar um encontro militar entre os Veja a imagem a seguir, esta é uma fornalha que usa os
gregos e os romanos! Quem venceria? A força física, a co- raios do sol para atingir temperaturas altíssimas.
ragem, o heroísmo dos gregos? Ou a organização, o treino
militar, e a disciplina dos romanos?
Fornalha solar.
d1 F1 = d2 . F2
Garra de Arquimedes.
Princípio da alavanca
Uma das armas que Arquimedes usou contra os romanos é
conhecida como garra de Arquimedes. Essa arma consiste em
uma garra que levantava o navio romano que tentasse se apro-
ximar das muralhas de Siracusa e o lançava contra a superfície
das águas ou contra as rochas, despedaçando-o. Arquimedes
descobriu um modo de multiplicar a força de homens e bois, e
o utilizou para operar a garra. A força multiplicada permitia que o
navio fosse levantado da superfície do mar.
Para construir sua garra, Arquimedes notou que, em uma
gangorra, uma pessoa mais leve, distante do apoio, pode
balançar uma pessoa mais pesada, porém mais próxima do
ponto de apoio. O sábio grego usou essa observação para
mover grandes pesos. Por exemplo, se ele quisesse levantar
uma enorme pedra, bastaria usar uma alavanca em forma de
gangorra. A pessoa que aplica a força ficaria distante do ponto
de apoio, e a pedra ficaria próxima dele.
Então, bastaria uma pequena força para que a pedra fos-
se movimentada.
Arquimedes descobriu que alavancas e gangorras obede-
cem à seguinte lei: Palintonon.
+
Newton aprende grego e latim
s (km)
Latim clássico, um idioma que teve suas origens entre
os romanos, é talvez a língua mais difícil que existe. Ela é
estudada até hoje em todas as boas universidades do mun-
do, e há quem passe a vida toda tentando aprendê-la. Esse
idioma é, realmente, muito difícil. Mas depois da idade das A 10
trevas, na Europa, as pessoas gostavam de aprender latim
e, dessa forma, mostrar sua superioridade intelectual.
Um jovem inglês, chamado Isaac Newton, conseguiu -10
aprender latim tão bem que chegou a escrever um livro nesse 0
idioma. O título do livro: Philosophiae Naturalis Principia Mathe-
matica. Mas a inteligência de Newton era tão privilegiada que
ele não se contentou em escrever um livro em latim. Ele es-
creveu um livro em que avançou os conhecimentos de Física Costumamos adotar, arbitrariamente, um ponto O como
dos gregos a tal ponto que se tornou conhecido como o pai origem da trajetória e escolhemos um sentido como positi-
da Física moderna. Mas, antes de discutirmos o trabalho de vo. Assim, as abscissas possuem valores positivos a partir
Newton, vamos aprender alguns conceitos básicos de Física. de 0 em relação ao sentido adotado como positivo, e va-
lores negativos de 0 para o sentido oposto. Dessa forma,
Posição e velocidade média apesar de as cidades A e B distarem 10 km da origem,
A Física utiliza conceitos e definições que são diferentes podemos concluir que SA = − 10 km e SB = 10 km, ou
daqueles que costumamos usar no nosso cotidiano, como seja, as cidades não coincidem.
os de movimento e repouso. Pela definição de variação de espaço: ΔS = S – S0. Por
Suponha que você e um amigo estão sentados, um ao exemplo: Um móvel que vai de A para B sofreu uma variação
lado do outro, em uma viagem de ônibus que está passan- de espaço dada por: ΔS = SB – SA = 10 – (−10) = 20 km.
do por um posto da Polícia Federal. É claro que o ônibus Porém, um móvel que vai de B para A tem sua variação de
se move em relação ao posto e que você está parado (em espaço dada por: ΔS = SA − SB = − 10 – 10 = − 20 km.
repouso) em relação ao seu amigo. Mas e o posto policial? O sinal negativo indica que o móvel se deslocou no sentido
Ele está em movimento ou em repouso? decrescente dos espaços.
A resposta para essa pergunta é: Depende do referencial. Pela definição, se a posição inicial coincidir com a posição
Note que no texto sempre aparece o termo “em rela- final, a variação de espaço será nula para aquela trajetória. Ou
ção”, ou seja, os conceitos de movimento e repouso são seja, se um móvel vai de A para B e retorna ao ponto A, então:
relativos, dependem do referencial. ΔS = SA − SA = − 10 – (−10) = 0.
Por definição, dizemos que um corpo está em movimen- Para a Física, a distância percorrida é diferente de varia-
to quando sua posição varia no decorrer do tempo em rela- ção de espaço. Nesse último exemplo, a variação de espa-
ção a um referencial, e um corpo está em repouso quando ço é nula, porém a distância percorrida é de 20 km.
sua posição não varia em relação a um referencial.
Voltando à viagem de ônibus, de acordo com a defini-
ção, você está em repouso em relação ao seu amigo e am-
bos estão em movimento em relação ao posto policial, que
também está em movimento em relação ao ônibus, pois
a posição do posto varia em relação ao ônibus, enquanto
este se move em relação à estrada.
Você, com certeza, sabe o que é velocidade. Por exem- A expressão ∆s deve ser lida como: Delta s,e indica a di-
plo, quando dizemos que um carro está se movendo a 80 ferença entre a posição final e a posição inicial. ∆ é uma letra
km/h, queremos dizer que ele percorre 80 quilomêtros em do alfabeto grego que indica variação. Os cientistas usam
uma hora. E se um carro leva duas horas para percorrer letras e palavras gregas em seus estudos, em homenagem
uma distância de 150 km, dizemos que sua velocidade mé- aos gregos por terem criado o método científico de estudar
dia é de: a natureza. A propósito, a palavra Física é grega e significa
coisas naturais; que é aquilo que estuda.
Vm = 150 km = 75 km/h.
2h Agora, você vai dar uma atividade para os guardas fa-
zerem, a fim de avaliar se eles prestaram atenção em suas
lições: Um carro passa pelo guarda postado no quilômetro
40 ao meio-dia em ponto. Duas horas depois, esse carro
Essa velocidade do carro no percurso é uma velocidade passa pelo guarda postado no quilômetro 200. Examinando
média, pois o carro pode ter se movido mais lentamente a fórmula 1, responda:
no início da viagem, devido ao tráfego na saída da cidade
de partida. Na parte central do percurso, ele pode ter cor- 1. Quanto valem so e s1?
rido mais, talvez até ultrapassado a velocidade permitida na
pista. Porém, ao notar a presença de radares, o motorista 2. Quanto valem t0 e t1?
deve ter desacelerado o veículo.
Entretanto, na média, a velocidade do carro foi realmen- Se o guarda respondeu que s0 = 40, s1 = 200, t0 = 12
te 75 km/h, em duas horas. Vamos imaginar que a pista e t1 = 14, ele respondeu ao primeiro quesito do exercício. A
que o carro está percorrendo tenha marcas de quilome- velocidade média é dada por:
tragem. Vamos supor também que, no quilômetro 50, um
guarda rodoviário perceba que o motorista esteja correndo Vm = 200 – 40 = 160 = 80 km/h.
muito. Então ele telefona para outro guarda, postado no 14 – 12 2
quilômetro 200, e informa que o motorista do carro de placa
EMC 2222 passou pelo quilômetro 50 às 2 horas da tarde.
O segundo guarda nota que o carro passou pelo quilôme-
tro 200 às 3 horas e meia da tarde. Então, a velocidade média
Para calcular velocidades, você utilizou distâncias e inter-
do carro entre o quilômetro 50 e o quilômetro 200 é dada por:
valos de tempo. No caso de carros, distâncias são medidas
Vm = 200km - 50km = 150km = 100km/h. em quilômetros (km). Intervalos de tempo são medidos em
3,5h -2h 1,5h horas. Em várias situações, contudo, medem-se distâncias
em m (metros) e tempo em s (segundos). Neste caso, a
velocidade será dada em m/s (metros por segundo). Nas
fórmulas, indique sempre as unidades, dividindo uma pela
As marcas de quilometragem fornecem a distância entre outra da mesma forma que você divide as correspondentes
a posição do marco até um ponto de referência. Por exem- quantidades.
plo, o quilômetro 50 pode ser a distância entre um marco
na via Anhanguera até a entrada da cidade de Campinas. Conversão de unidades
Esse ponto de referência é chamado de origem. Suponha Vamos imaginar que você queira saber (em m/s) qual
que uma turma de guardas rodoviários esteja recebendo a velocidade de um carro correndo a 80 km/h. Você sabe
treinamento de como calcular a velocidade média de mo- que um quilômetro tem 1.000 metros, e uma hora tem
toristas, usando o método que acabamos de discutir. Você 3.600 segundos. Então, basta substituir, em 80 km/h, as
vai explicar para os guardas, seus alunos, que s0 é a posi- ocorrências de km por 1.000 m e as ocorrências de h por
ção inicial do carro, ou seja, s0 é a distância entre o lugar em 3.600 s. Assim:
que está o primeiro guarda e a origem (entrada da cidade
de Campinas). No caso do exemplo, s0 = 50 km. Seja s1
a posição em que está o segundo guarda; no exemplo,
s1 = 200 km.
Vm = 80 = km = 80 1.000m = 22,2 m .
Finalmente, seja t0 a hora marcada pelo relógio no mo- h 3.600s s
mento em que o carro passa pelo primeiro guarda, e t1
o momento em que o carro passa pelo segundo guarda.
Neste caso, a velocidade média é dada pela fórmula:
Como vimos no cálculo anterior, para transformar km/h
1. V m = s 1– s 0 = Δ s para m/s basta dividir por 3,6 e para passar de m/s para
t1 – t0 Δt km/h basta multiplicar por 3,6. Por exemplo, uma velocida-
de de 72 km/h equivale a 20 m/s.
Equação horária
Vamos representar a posição de um objeto móvel pela
letra s (primeira letra da palavra latina spatium, que significa es-
paço, posição, lugar). Em um corpo móvel, a posição depen-
de do tempo, ou seja, conforme o tempo passa, a posição Posições observadas em função do tempo.
pode mudar. Essa dependência é expressa por uma entidade
matemática chamada função e é representada por s(t), ou Ao traçar vários pontos que representam posições em
seja, s é uma variável que depende do tempo. diferentes instantes obtemos um gráfico como mostrado a
Vamos supor agora que um guarda que andava logo atrás seguir.
de você anotou a posição de seu carro, em função tempo, e
colocou esses dados numa tabela como apresentada a seguir.
Velocidade instantânea Esse valor limite para o qual tende a velocidade média
quando h tende a 0 é abreviado assim:
O supervisor dos guardas que você está treinando
chamou-os com uma reprimenda. Parece que um carro
cuja velocidade lhes pareceu dentro dos limites permitidos ds(t)
ultrapassou um carro da polícia de Limeira. Como a via- dt
tura policial estava a 120 km/h, o carro estava correndo
demais. Como os guardas não notaram isso? A hipótese E chama-se derivada de s(t) em relação a t. Então, re-
mais provável, sugeriu um dos guardas, é que o carro fez sumindo, temos:
parte do percurso em altas velocidades, desacelerando ao
se aproximar do segundo posto de fiscalização. Precisa- ds(t) = lim s ( t + h ) - s (t)
mos, então, calcular a velocidade instantânea do carro, ou dt h → 0 h
seja, a velocidade em um dado instante. Se a velocidade
instantânea ultrapassar os 120 km/h permitidos na rodovia, Os físicos dizem que a velocidade instantânea v(t) é igual
ele deve ser multado, não importa qual seja sua velocidade à derivada de s(t) em relação a t, que por sua vez é o limite
média. Antes de resolver o problema de achar a velocidade da velocidade média quando h (o intervalo de tempo) tende
instantânea de um ponto material, vamos ver como achar a 0. Tudo isso é escrito assim:
a velocidade média entre dois instantes, conhecendo a
equação horária. Suponhamos que o objeto móvel passe
pela posição s(t) no instante t, e pela posição s(t + h) no V (t) = ds(t) = hlim s ( t + h ) - s (t)
dt →0 h
instante t + h.
Então, pela equação 1, a velocidade média entre as po-
sições s(t + h) e s(t) é dada por: A equação 2 está dizendo que, para encontrar a veloci-
dade instantânea, devo dividir a distância s(t+h) – s(t) entre
duas posições muito próximas s(t+h) e s(t) pelo tempo h,
s ( t + h) − s ( t ) s ( t + h) − s ( t ) que o objeto móvel leva para percorrer a referida distância.
Vm = =
t +h− t h Isso faz sentido, não faz? Se o intervalo h entre os instan-
tes t + h e t for muito pequeno, vou obter a velocidade no
Nesta equação, h é o tempo transcorrido entre o ins- instante t.
tante em que o objeto móvel passa pela posição s(t) e o Agora, vamos ver como calcular a derivada de uma
instante em que passa por s(t + h). Pois bem, velocidade equação horária bem simples, a saber, s(t) = t2. A depen-
instantânea é o valor limite para o qual a velocidade média dência do espaço com o quadrado do tempo caracteriza
tende se h for se tornando cada vez menor. No caso do o movimento uniformemente acelerado. Então, temos que:
carro em excesso de velocidade, os dois guardas cal-
culariam a velocidade instantânea se ficassem cada vez s (t + h) = (t + h)2 = (t + h) · (t + h) = t2 + 2ht + h2
mais próximos um do outro. Neste caso, a diferença de
tempo h entre os cronômetros dos guardas tenderia a 0. s (t + h) – s (t) = t2 + 2ht + h2 – t2 = 2ht + h2 .
Os matemáticos dizem que a velocidade instantânea é Neste caso, s (t + h) – s (t) = t2 + 2ht + h2 – t2 = 2ht + h2.
o limite para o qual tende a velocidade média quando o Então:
intervalo de tempo h tende a 0, já que a velocidade média
é dada por: ds ( t ) s ( t + h) − s ( t )
V (t) = = lim =
dt h→ 0 h
2ht + h2
s ( t + h) − s ( t ) = lim = lim (2t + h) = 2t
Vm = h→ 0 h h→ 0
h
Os matemáticos escrevem limite da velocidade média A expressão: lim (2t + h) significa que queremos o limite
h→ 0
quando h tende a 0 da seguinte forma: de h tendendo a zero de (2t + h). Ora, quando h tende a
zero, essa expressão se torna 2t. Então a velocidade instan-
tânea da equação horária s(t) = t² é dada por:
s ( t + h) − s ( t )
V ( t ) = lim
h→ 0 h
ds ( t )
V (t) = = 2t
dt
Em geral, a derivada de uma expressão do tipo atn é Ora, pela fórmula 3, temos que:
dada por:
ds 0 t 0
= s0 . 0 . t-1 = 0
dt
3. dat n
= ant (n−1)
dt Logo, a derivada de s0 = 0. Usando novamente a fór-
mula 3, e lembrando-se de que t = t1, podemos encontrar
a derivada de v0 x t, a saber:
CURIOSIDADES
dv 0 t1
= v0 . 1 . 1 = v 0
A derivada dt
Resumo
A derivada em relação ao tempo da equação horária for-
nece a velocidade instantânea:
ds ( t )
V (t) =
dt
Atividade
ds ( t )
4. = v ( t ) = tn
dt
A integral da velocidade é representada assim:
25
8. v ( t ) = ∫ γ ( t ) dt
20 R1 R2 R3 R4 x(y) = x2
A derivada da velocidade fornece a aceleração:
15
ds ( t )
9. γ (t) = 10
dt
5
Integrais de potências
0
t n +1 0 1 2 3 4 5 6
∫ t dt = n + 1 + v
n
10. x
Gráfico da função y(x) = x2.
γ
∫ γ t dt = c + 2 t
2
11. Como calcular a área debaixo da curva?
y ( x ) = x2
12. ∫v 0 dt = c + v 0 t
Entre as abscissas x = 2 e x = 4?
Observe que a fórmula 11 é apenas um caso particular im- Seja F ( x ) = ∫ γ ( x ) dx.Neste caso, a área é dada por F(4) –
portante da fórmula 10. O mesmo acontece com a fórmula 12.
F(2) e pode ser representada assim:
Derivadas de potências:
dt n
13. = nt n−1 4 x 3 4 43 23 64 − 8 56
dt Área = ∫ x 2 dx = = − = =
2 3 2 3 3 3 3
dt 2 Lembre-se que a integral fornece a área sob uma curva
14. = 2t e de que a integral da velocidade fornece a posição.
dt
dt dt1 Atividade
15. = = 1⋅ t1−1 = 1
dt dt Suponha que o examinador lhe dê um gráfico da veloci-
dade em função do tempo e lhe peça a posição do móvel
dc dt 0
16. =c = c ⋅ 0 ⋅ t 0 −1 = 0 no instante 15s. Como você efetuará esse cálculo? Basta
dt dt encontrar a área debaixo da curva da velocidade. No pre-
sente caso, essa área é a soma da área de um retângulo
As fórmulas 14, 15 e 16 são casos particulares de 13. de 10 × 15 e de um triângulo cuja base é de 15 s – 5 s =
10 s e cuja altura é de 30m/s – 10m/s = 20m/s.
A área desse triângulo é de 0,5 ×10s × 20 m/s = 100m. Movimento uniformemente acelerado
Por outro lado, a área do retângulo é de 10m/s × 15s =
150m. A área total é de 250m. Portanto, transcorridos 15s, O movimento é acelerado quando a velocidade muda
o objeto móvel estará a 250m da origem. com o tempo. A taxa de mudança é chamada aceleração.
Outra maneira de resolver a atividade é escrever a equa- Seja um movimento com velocidade variável v ( t ) = v 0 + γ t
ção da velocidade em função do tempo e integrá-la. Entre os ,onde v0 é a velocidade inicial. Então, γ é a aceleração. As
instantes 5s e 15s, a velocidade é dada por: v(t) = 2t posições desse tipo de objeto móvel em diferentes instantes
Vejamos se essa equação é realmente válida. No instante são dadas pela fórmula:
5s, a equação diz que a velocidade é igual a:
1
17. s ( t ) = ∫ v ( t ) = ∫ v 0 + γ tdt = s 0 + v 0 t + γ t 2
2
v ( 5 ) = 2 ⋅ 5 = 10m/s
onde s0 é a posição inicial.
Dando uma olhada no gráfico, vemos que isto é, realmen- PESQUISE MAIS
te, verdade. No instante t = 15s, a equação fornece 30m/s
para a velocidade, o que confere com o gráfico. Logo, a Tacógrafo é um instrumento destinado a registrar
equação está correta. Vamos, então, calcular quanto o obje- movimentos ou velocidades.
to móvel percorre entre os instantes t = 5s e t = 15s: É um registrador instantâneo e inalterável de velo-
cidade, tempo e distância, que grava as informa-
ções em discos diagrama.
15 Por meio desses dados é possível obter infor-
Área = ∫ 2t dt = t 2 15
5 = 225 − 25 = 200m
5 mações tais como cumprimento de roteiros de
viagem, itinerários, horários de saída e chegada,
Agora, falta calcular quanto o corpo percorre entre os ins- respeito aos limites de velocidade, tempos de con-
dução e descanso, paradas não programadas e
tantes t = 0s e t = 5s. Neste caso, a velocidade é constante,
muitas outras.
e vale 10m/s. Então a distância percorrida é dada por:
A monitoração contínua do tempo de operação,
distância percorrida e velocidades desenvolvidas
5
permite uma avaliação detalhada da viagem ao fi-
Área = ∫ 10t = 10t 5
0 = 50 − 0 = 50m . nal de cada período.
0
ds t dv 0 t s 0
v0 0 v0 .
dt dt
0,5 ⋅ 10s ⋅ 20
m m
= 0,5 ⋅ 10 ⋅ 20 ⋅ s = 100m V = S - S0 S = S0 + V × t
s s t
}
S S0
Cateto oposto
Cateto oposto
}
θ
S0 θ t
}
Função horária dos espaços calcular áreas. Então, ele resolveu não utilizar integrais em
A função horária dos espaços pode ser determinada pela seu famoso livro que, conforme você já sabe, foi escrito
área sob a curva: em latim. Ele também não usou fórmulas no livro. Sabe por
quê? Simplesmente porque cientistas gregos não utilizavam
V(m/s) fórmulas, eles expressavam os problemas por meio de fi-
guras geométricas. Se os gregos não usavam fórmulas,
Newton decidiu não usar também, para mostrar que ele
V
conseguiria fazer tudo que um grego fazia, ou seja, resolver
problemas difíceis sem usar fórmulas ou integrais.
Os gregos começavam seus livros fornecendo uma sé-
rie de definições, em que descreviam alguns objetos de es-
V0 tudo. Em seguida, eles listavam alguns axiomas, afirmações
que o leitor deve aceitar sem prova. Por exemplo, Euclides,
que dizem ter sido professor de Arquimedes, começa seu
famoso livro com várias definições, incluindo as seguintes:
0 t t(s)
Gráficos da função S = f(t) 1. Dados dois pontos distintos, posso ligá-los por uma linha reta.
2. Dado um segmento de reta, posso estendê-lo.
Veja os gráficos a seguir:
3. Dado um ponto e um segmento de reta, sempre posso traçar
uma circunferência cujo centro seja o ponto dado e cujo raio
seja o segmento de reta.
a 2 + b2 = c 2
Observe que o vértice da parábola indica o instante e a
posição em que o móvel muda de sentido, ou seja, o movi-
mento passa de progressivo para retrógrado ou vice-versa.
As leis de Newton
Newton foi considerado pelos ingleses o maior cientista
que já existiu, colocando-o acima de Arquimedes. Talvez
Newton seja considerado o maior herói da Inglaterra e foi
venerado como tal ainda em vida. Essa relação é o famoso Teorema de Pitágoras. Newton
Uma das descobertas de Newton foi o cálculo de inte- mudou seu nome para latim, passou a assinar Isaacus
grais, que facilitou muito a vida dos estudantes de Física. Newtonus. Com esse estranho nome, ele escreveu e assu-
Mas aqui temos um fato interessante. Arquimedes já havia miu a autoria de seu livro, cujo título, em latim, era Philosophiae
descoberto o cálculo de integrais, porém Newton não sabia Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos da Fi-
disto. Ele achava que Arquimedes não usava integrais para losofia Natural).
Definitio II
PESQUISE MAIS Quantitas motus est mensura ejusdem ortaex velocitate
et quantitate materiae conjunctim. (Quantidade de movimen-
to é a sua medida, originada conjuntamente da velocidade e
O livro Opticks, de Newton, publicado em 1704, tra-
ta da teoria da luz e cor e das investigações da
da quantidade de matéria).
cor em películas finas, anéis de interferência de Embora Newton não tenha usado fórmulas, vamos defi-
Newton e difração da luz. nir quantidade de movimento por meio de uma fórmula.
O trabalho importante de Newton foi em mecânica ce-
leste, que culminou com a Teoria da Gravitação Uni- qm = massa ⋅ velocidade
versal. Em 1666, Newton tinha versões preliminares
de suas três leis do movimento. Ele descobriu a lei da
força centrípeta sobre um corpo em órbita circular. Definitio III
Materiae vis insita est potentia resistendi, qua corpus
unumquodque, quantum in se est, perseverat in statu suo
Veja como Halley aponta, de maneira poética, as apli- vel quiescendi vel movendi uniformiter in directum. (Força
cações práticas das descobertas de Newton: Com a física de inércia da matéria é o poder de resistir, como qualquer
newtoniana, era possível prever as marés causadas pela lua,
corpo que, na medida em que não sofre interferência exter-
o que foi de grande importância para a navegação. Eis mais
na, persevera em seu estado de repouso ou de movimento
um trecho do poema:
uniforme em uma dada direção).
Newton fez com que mortais Essa definição é muito importante. Note que temos a
como nós fossem chamados impressão de que, se alguém aplica uma força sobre um
ao congresso, no qual deuses corpo e depois o abandona, o corpo move-se por alguns
votam as leis do universo! metros devido ao impulso, e depois para. Parece que os
Newton, que abriu o cofre corpos têm uma tendência a parar quando abandonados
onde a Verdade guardou aos seus próprios recursos.
seus tesouros e riquezas, Newton afirma que isso não é verdade. Se um corpo é
foi tanto amado das Musas, impulsionado e abandonado sem intervenção de nenhuma
que se aproximou dos deuses força, ele se moverá com movimento uniforme para sem-
mais do que qualquer mortal. pre. Mas então por que, se impulsionamos um corpo e o
abandonamos em seguida, ele se move por alguns metros
Depois desse lindo poema, Newton começa o livro com e acaba parando? Simplesmente devido a forças às quais
uma série de definições, tal como se fosse um cientista gre- não prestamos atenção, como o atrito e a resistência do ar.
go. Como curiosidade, vamos ver como ficaram as quatro
primeiras definições em latim. Claro que o texto em latim
será acompanhado da devida tradução.
Definitio IV
Vis impressa est actio in corpus exercita, ad mutandum Newton ilustra essa lei com os seguintes exemplos: Uma
ejus statum vel quiescendi vel movendi uniformiter in directum. bala de canhão persevera em seu movimento, a não ser que
(Força impressa é uma ação exercida sobre um corpo, com seja retardada pela resistência do ar e impelida para baixo pela
a finalidade de mudar seu estado ou de repouso ou de mo- força da gravidade. Um pião, cujas partes estão coesas e impe-
vimento uniforme em uma dada direção). didas de realizar um movimento retilíneo, nunca para de rodar, a
Depois destas e de outras definições, Newton imita mais não ser que seja retardado pelo ar. Mas os grandes planetas e
uma vez os gregos: Ele lista suas famosas três leis. Veja a cometas conservam para sempre seus movimentos, sejam eles
seguir a primeira lei em latim traduzidas para o português. progressivos, sejam circulares, já que estão no espaço, onde
Lex I. Corpus omne perseverare in statu suo quiescen- não há resistência do ar. Newton acabou de lhe explicar, pre-
di vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus illud a zado leitor, por que a Terra gira sempre em torno do Sol, e por
viribus impressis cogitur statum suum mutare. (Todo corpo que a Lua gira eternamente em torno da Terra, sem nunca parar.
persevera em seu estado ou de repouso ou de movimento uni- Esses astros estão obedecendo à primeira lei de Newton!
forme em uma direção dada, a não ser que ele seja obrigado a
mudar seu estado por uma força impressa).
Glossário
Alavancas e polias: Vimos que Arquimedes descobriu • A integral de uma potência é dada pela fórmu-
um modo simples de multiplicar força: Basta trocar distância x n+1 . No caso de uma constante a, o
∫ x dx = x
la: n
por multiplicação de força. Por exemplo, é mais fácil rolar
um objeto pesado por um plano inclinado do que levantá-lo n+1
tempo está elevado a potência zero. Então temos:
na vertical. Mas no plano inclinado, o objeto percorre uma
distância maior, para ser elevado da mesma altura. Houve, t 0 +1
∫ a dt = ∫ at dt = a ∫ t dt = a 0 + 1 + v 0 = at + v 0
0 0
Questões
1. (UFPE) O gráfico mostra a velocidade, em função do 2. (UFPE) O gráfico descreve a posição x, em função do
tempo, de um atleta que fez a corrida de 100m rasos tempo, de um pequeno inseto que se move ao longo
em 10s. Qual a distância percorrida, em m, nos primei- de um fio. Calcule a velocidade do inseto, em cm/s, no
ros 4,0 s? instante t = 5,0s.
Gabarito
1. Na parte teórica deste material, você aprendeu que a 2. A velocidade é a derivada da curva no ponto. Sabemos
distância percorrida por um corpo móvel é a integral que a derivada fornece a tangente a uma curva. No
da velocidade em relação ao tempo, ou seja, a área caso, após o instante 4,0s, a curva torna-se uma reta.
debaixo do gráfico de velocidade versus tempo. A área Assim sendo, a tangente é dada por:
debaixo do gráfico da figura é dada por área total = área
do triângulo + área do retângulo = 0,5 · 4 · vf + 6 vf = 60 = 20cm/s.
8 vf = 100. Dessa equação, tiramos que vf = 100/8. V(t=5)= (100 – 40) =
(7,0 – 4,0) 3,0
A distância percorrida nos quatro primeiros segundos é
dada pela área do triângulo. Então, a distância é dada
por:
d = 0,5 · 4 · vf = 2 · vf ·100/8 = 100/4 = 25m.
v2 v 2y = v 20y − 2gΔS y
a cp =
R
A
origem da Química é tão antiga quanto a humanidade. No início, as ativida-
A era dos metais des “pré-químicas” eram apenas observações do mundo em que se vivia, por
exemplo, o fogo transformando um pedaço de madeira em carvão (carboniza-
As primeiras teorias ção). Após esse período de observação, o homem começou a usar a Química em be-
nefício próprio. Estudando os restos de objetos e os costumes de antigas civilizações,
é possível concluir que há 5.000 anos a.C., na velha China e, mais recentemente,
Química moderna
nas civilizações primitivas de Assíria e Babilônia, se produziam diversos produtos de
cerâmica e extração de alguns metais. Há mais de 4.000 anos a fabricação de seda
e corantes para tingi-la já eram do conhecimento dos povos do Extremo Oriente e, há
mais de 3.000 anos, esses mesmos povos utilizavam a pólvora, fabricavam porcelana
e alguns vernizes, além de dominarem o curtimento de peles.
Em 3.000 a.C., a arte de fazer vidro estava florescendo no Egito, bem como a
técnica de manufatura de corantes, pigmentos, gemas artificiais, bebidas alcoólicas
como licores, vinhos e cervejas, cosméticos como cremes hidratantes e tintas para a
pele e produtos farmacêuticos, particularmente venenos e substâncias necessárias ao
embalsamamento de cadáveres, que era feito com natrão (carbonato de sódio hidrata-
do Na2CO3.10H2O). Os egípcios daquela época conheciam, entre outros produtos, a
soda, a potassa, o alúmen e o nitrato de potássio, com diferentes aplicações.
Das práticas de então, pela sua importância, merecem destaque as que permitiram
a obtenção de vários metais e ligas. Com o desenvolvimento da utilização dos materiais
metálicos, confunde-se, nos seus primórdios, a própria história da Química.
Disciplina exigida nos vestibulares, concursos e Enem, a Química, neste material ela é apresen-
tada de maneira clara e objetiva, proporcionando ao leitor a compreensão de questões muitas vezes
complexas devido à forma com que são explicadas. Questões de exames tradicionais dos vestibula-
res de todo o país estão resolvidas e comentadas para que haja completo entendimento do assunto.
sez, provavelmente tenham sido considerados apenas uma Os filósofos gregos levantaram uma importante questão:
mera curiosidade. No entanto, minérios de cobre eram mui- A matéria seria contínua ou descontínua? Se a matéria fosse
to abundantes, e o homem primitivo deve ter aprendido aci- contínua, qualquer pedaço dela podia ser fragmentado ilimi-
dentalmente que, se algumas pedras azuis bonitas fossem tadamente. No entanto, se fosse descontínua, então a divi-
aquecidas ao fogo, transformavam-se em cobre metálico. são poderia ocorrer somente até que os menores grânulos
Seguindo a linha do tempo, o terceiro metal a ser utiliza- indivisíveis fossem obtidos. Os primeiros partidários dessa
do deve ter sido o bronze (liga metálica de cobre e estanho), descontinuidade foram os filósofos gregos Leucipo, Epicuro
embora objetos de bronze encontrados em certos lugares e Demócrito, que viveram por volta de 400 a.C. Os filóso-
sejam da mesma época que os outros de cobre. O grande fos definiram os últimos grânulos indivisíveis de átomos (que
avanço se deu quando foi verificado que sempre que se significa indivisível). Assim, o conceito de que a matéria não
aquecia o minério de cobre se obtinha cobre metálico. Essa é indefinidamente subdivisível é conhecida como atomismo.
descoberta foi de grande importância para a história da hu-
manidade, pois o cobre era muito mole para a confecção O surgimento dos alquimistas
de armas e armaduras, mas o bronze não e, com isso, há
cerca de 3000 a.C. teve início a Idade do Bronze e a civili- A arte da khemeia floresceu nas civilizações egípcia e
zação primitiva se transformou. grega primitivas. Nessa época, as reações químicas eram
Depois de algum tempo, o cobre e o bronze deram lugar tão fascinantes e misteriosas que elas foram imaginadas
ao ferro e ao aço (liga metálica de ferro e carbono). Os me- como tendo ilações religiosas, místicas ou ocultas. Da apo-
tais foram de grande importância para a civilização primitiva sição do prefixo “al” (que significa “o”), tipicamente árabe, ao
e para a evolução da Química, pois a prática metalúrgica nome original khemeia, formou-se o nome alkimiya e, mais
propiciou uma riqueza de informações químicas. tarde, desta palavra derivou a palavra portuguesa Alquimia.
Aos quatro princípios ou propriedades essenciais da
matéria, de Aristóteles, e aos tantos outros elementos, a
As primeiras teorias Alquimia junta mais dois: A combustibilidade e a metalicida-
Em 600 a.C. os primórdios da teoria química surgiram. de que teriam como suporte, respectivamente, o enxofre e
Tales de Mileto, filósofo grego pré-socrático, propôs que o mercúrio.
deveria existir no universo um grande princípio de unidade Um dos maiores desafios defrontados pelos alquimistas
vinculando entre si todos os fenômenos e tornando-os ra- foi o da transmutação, isto é, qualquer espécie de matéria
cionalmente inteligíveis. Segundo o próprio Tales, “Por trás poderia ser obtida a partir desses elementos básicos, com-
de toda diversidade aparente nas coisas que nos cercam binando-os em diferentes proporções. Particularmente, a
existe um elemento primordial que entra na composição de partir do enxofre e do mercúrio, poder-se-ia obter qualquer
todas as coisas”, isto é, toda alteração química é meramen- outro metal. Transformar o chumbo abundante e barato em
te uma alteração no aspecto de uma substância fundamen- ouro raro e caro, na Idade Média, tornou-se a busca pela
tal ou elemento. Para Tales, esse elemento primordial seria Pedra filosofal.
a água, para Anaxímenes de Mileto, o ar; e, para Heráclito
de Éfeso, tudo resultaria do fogo.
Mais tarde, Empédocles, que viveu por volta de 450 a.C., pro- PESQUISE MAIS
pôs a existência de quatro elementos: Terra, ar, fogo e água. Uma
“prova” manifesta de que os quatro elementos são os citados es-
Embora os alquimistas nunca tenham alcançado seu
taria vinculada ao fato de que, ao queimar-se uma acha de lenha: objetivo principal, obter ouro a partir de outro metal,
eles contribuíram muito para o desenvolvimento da
• Surge fogo. Química, pois foram os alquimistas que desenvolveram
• A água ferve, borbulhando e chiando na extremidade os métodos experimentais. Também contribuíram para
o desenvolvimento da Astronomia, Matemática e Física.
da acha.
• A fumaça se eleva no ar e nele se dissipa, provando
assim ser da mesma natureza do ar.
• Surge como resíduo uma cinza terrosa. Harry Potter
O filme Harry Potter e a Pedra Filosofal conta uma história
Essa ideia foi ampliada pelo grande filósofo grego Aris-
de ficção da proteção da Pedra filosofal, em que o vilão da
tóteles de Stagira, que considerava que cada elemento
história busca a Pedra para produzir o elixir da vida. Algumas
resultava da combinação de duas das quatro qualidades
partes do filme se relacionam com contextos históricos da
fundamentais: Quente, frio, úmido e seco. A água seria o
Química, como a busca da Pedra filosofal, estudo alquímico
elemento que, presente na matéria, lhe conferia as proprie-
no qual a Pedra tem poderes de transformar metais em ouro
dades fria e úmida; o fogo seria o componente responsável
puro e produzir o elixir da longa vida, que imortaliza quem o
pela matéria ser quente e seca; a presença de ar na matéria
bebe. O filme é uma ótima forma de imaginar um pouco a
faria com que ela fosse quente e úmida, enquanto a de terra
época da Alquimia.
a tornaria seca e fria.
Em razão do grande número de insucessos, pois nunca A Pedra filosofal: Embora a procura pela Pedra filo-
conseguiram transmutar um metal, os alquimistas se volta- sofal tenha sido uma busca mística e lendária, ela incentivou
ram para outra tarefa, a transformação dos metais ordinários os alquimistas a explorar diversas técnicas e processos,
em nobres por contato com a Pedra filosofal. Quanto a esta, contribuindo para o desenvolvimento de novas metodo-
sua obtenção deveria ser possível a partir dos mesmos ele- logias científicas. As contribuições dos alquimistas para o
mentos e mais um pouco de sal. desenvolvimento da Química moderna são incontestáveis.
O famoso alquimista árabe, conhecido como Gerber, Seus experimentos, descobertas e dispositivos tiveram um
viveu por volta do ano 800 d.C. Gerber fez muitos es- impacto direto na evolução dessa ciência, estabelecendo
forços para produzir o ouro; finalmente convenceu-se de os fundamentos para os estudos químicos que conduzimos
que se o mercúrio, que é um metal, e o enxofre, que é de na atualidade.
cor dourada, fossem misturados adequadamente, resul- O mapa mental a seguir resume a evolução da Química
taria o ouro. Os gregos pensavam que um pó coadjuvante ao longo das eras.
da transmutação deveria ser necessário para fazer o ouro,
e eles denominaram esse pó de xerion, palavra grega que
significa “seco”. Em árabe, al-aksir, da qual foi derivada a
palavra elixir.
Foi Paracelso, médico e cirurgião, que criou a Latroquí- O início da Química moderna
mica, isto é, a Química a serviço da Medicina. Escreveu Durante o século XVII nasce o espírito científico, res-
Paracelso: “O objetivo da Química não reside na obtenção
ponsável pelo fim do longo reinado da Alquimia, e surgem
de ouro e prata, mas no preparo de medicamentos e na
os primeiros químicos. Destes, Van Helmont (1577-1644),
explicação dos processos que têm lugar nos organismos
Boyle (1627-1691) e Hooke (1635-1703), rompendo com
vivos”. Partindo do princípio da tria prima, de que todos os
seres são constituídos por três elementos em diferentes a tradição filosófica até então enraizada, passaram eles
proporções, sal (corpo), mercúrio (alma) e enxofre (espíri- mesmos a experimentar, a observar diretamente certos fe-
to), os quais eram, cada um, compostos de proporções nômenos e a reproduzi-los em condições que permitissem
variáveis dos quatro elementos de Aristóteles: Terra, ar, fogo sua melhor observação.
e água, acreditava-se que as moléstias provinham da falta Com os trabalhos experimentais desenvolvidos a partir
de um desses elementos da tria prima no organismo. Con- de então, foi sendo, aos poucos, reformulado o modo de
sequentemente, qualquer doença poderia ser curada por pensar em relação aos componentes da matéria. Em 1660
introdução no organismo do elemento faltante. o conceito experimental de elemento, introduzido por Robert
Paracelso utilizou métodos da Alquimia a fim de descobrir Boyle alterou a atitude mental dos pesquisadores quanto à
medicamentos que curariam enfermidades. Ele procurou a fenomenologia química. Boyle mostrou que o ar não era um
Pedra filosofal porque pensava que ela pudesse funcionar elemento, mas, uma mistura de gases.
como o “elixir da vida”, uma substância que prolongaria a Algo semelhante ao feito por Boyle em relação ao ar
vida e a saúde indefinidamente. Durante sua existência, Pa- foi conseguido por Henry Cavendish (1784) em relação à
racelso alcançou muita reputação por toda a Europa, como água, ao mostrar que esta não é um elemento e sim uma
manufaturador de drogas e médico. Muitos de seus medi- substância composta de hidrogênio e oxigênio. No que diz
camentos para as enfermidades parecem, pelos padrões respeito à terra, o fato de ser possível extrair dela metais
de hoje, ser drásticos e mesmo mortais. Por outro lado, ele como prata, ouro e cobre, prova que esta não poderia ser
aparentemente aprendeu (por tentativa e erro) que doses constituída por um único elemento. Quanto ao fogo, apenas
mínimas de substâncias venenosas eram algumas vezes no século XVIII Lavoisier mostrou que este em si não é uma
benéficas para a cura de certas doenças, um fato que hoje variedade de matéria, pois a combustão envolve uma rea-
é bem aceito na Medicina e na Farmácia.
ção do material combustível com o oxigênio.
Paracelso morreu em 1541, provavelmente vítima de
Abandonada a ideia da existência de quatro elementos,
autoenvenenamento acidental. O período entre os anos de
abandonou-se também a crença mitológica e cabalística de que
1500-1650 é conhecido como a era da Latroquímica ou
Química Médica. cada um desses elementos tinha seu espírito ou gênio guardião.
O período flogístico
SABER MAIS O interesse pelos gases, durante o século XVII e co-
meço do XVIII, conduziu a uma teoria importante, embora
Paracelso (1493-1541) errônea, a respeito da natureza dos fenômenos de com-
foi um médico, alqui- bustão, oxidação e redução. Foi a Teoria do Flogisto. Em
mista e filósofo suíço 1669, o alemão J. J. Becher (1635-1682) desenvolveu o
que exerceu grande in- conceito grego de que, quando ocorre uma combustão,
fluência na história da alguma coisa é liberada, e um outro alemão, G. E. Stahl
Química moderna. Ele (1659-1734), posteriormente, chamou essa “alguma coisa”
acreditava que a Quí-
de flogisto. Stahl acreditava que as substâncias combustí-
mica representava uma
ferramenta essencial veis fossem ricas em flogisto e a combustão fosse apenas a
para a medicina, defen- perda dessa substância misteriosa. Além disso, a corrosão
Paracelso. dendo veementemen- ou enferrujamento dos metais foi considerada uma perda
te o uso de substâncias químicas nos tratamentos lenta do flogisto pelo metal.
médicos. Além disso, Paracelso realizou descober-
tas de relevância, como a identificação do zinco e
do ácido sulfúrico. Sua abordagem experimental e
empírica à ciência exerceu influência sobre diversos
cientistas posteriores, incluindo figuras proeminen-
tes como Robert Boyle e Isaac Newton.
Suas ideias acerca da natureza das doenças e da
importância da higiene pessoal anteciparam práti-
cas médicas modernas. Em resumo, Paracelso é re-
conhecido como um dos pais da Química moderna,
e seu legado perdura na ciência até os dias atuais.
Lavoisier.
concepção de que a mas-
flogisto. Por exemplo:
sa é conservada durante
Cal ferrosa + flogísto (carvão) → ferro tais processos.
Lavoisier também inves-
Stahl nunca resolveu o problema de ganho de peso que tigou o ar e identificou o oxigênio, a que ele se
os materiais apresentam quando corroem. Alguns químicos referiu como o “gerador de ácidos”, explorou áci-
sugeriram que o flogisto tinha um peso negativo, porém isso dos e bases, além de introduzir os conceitos de
só causou problema quando se tentou explicar por que um oxidação e redução.
pedaço de madeira perde esse peso quando é queimado. Seu livro mais célebre, Tratado Elementar de Quí-
Por estranho que possa parecer, o fato de o ar ser in- mica, publicado em 1789, organizou o conheci-
dispensável ao processo da combustão era justificado com mento químico da época e estabeleceu uma nova
a suposição de que durante a combustão não se realiza maneira de nomear os elementos químicos.
O impacto de Lavoisier na Química moderna foi
apenas um desprendimento de flogisto, mas também uma
imenso. Sua abordagem científica rigorosa e a
combinação sua com o ar; não existindo o ar, a combustão ênfase em experimentos e observações siste-
deve cessar por inexistência de algo que possa ser combi- máticas estabeleceram os fundamentos para o
nado com o flogisto. método científico na Química. Suas descober-
A Teoria do Flogisto vigorou durante muito tempo, uma tas a respeito da conservação da massa e sua
vez que permitia explicar razoavelmente muitos fatos conhe- contribuição para a nomenclatura química foram
cidos na época, e só foi abandonada quando se percebeu elementos cruciais para o desenvolvimento sub-
sua artificialidade e nela se reconheceu um obstáculo sério sequente da ciência.
ao progresso da Química. Foram os trabalhos de Lavoisier, Lavoisier foi um visionário que revolucionou
na segunda metade do século XVIII, que levaram à atual nossa compreensão da química. Suas teorias e
interpretação da combustão (reação com o oxigênio) e de- experimentos estabeleceram os princípios fun-
damentais dessa ciência e sua influência perdu-
terminaram o abandono da Teoria de Stahl.
ra atualmente.
A Química moderna
Lavoisier se interessou pelo processo de combustão,
porém, diferentemente da maioria de seus predecessores, de peso. Essa generalização é uma versão prévia de
planejou seus experimentos, de modo que podia, com uma das leis estequiométricas, a Lei de Conservação
precisão, pesar ambos: Os combustíveis e seus produtos. das Massas, enunciada em 1744, cuja formulação veio
Lavoisier prosseguiu queimando tudo que pudesse ter em mostrar que as reações químicas obedecem as rela-
suas mãos, mesmo um diamante, e foi capaz de mostrar ções quantitativas definidas pela Química. Outras leis
que, quando uma substância se corrói em um recipiente conhecidas são a Lei das Proporções Definidas (1797)
fechado, o ganho de peso é compensado por uma per- por Proust, a Lei das Proporções Recíprocas de Richer
da correspondente, em peso, do ar no recipiente. Desse (1792), a Lei das Proporções Múltiplas de Dalton (1803)
modo, raciocinou que quando um metal se corrói, alguma e as Leis Volumétricas de Gay-Lussac (1809).
coisa do ar penetra ou se combina com o metal. Lavoisier Do ponto de vista doutrinário, foi uma importante contri-
também explicou que a aparente perda de peso que acom- buição para o desenvolvimento da Química como Ciência,
panha a combustão de uma substância, como a madeira, isto é, conjunto organizado e sistematizado de conhecimen-
resulta meramente do fato de os produtos de combustão tos adquiridos pela utilização do método científico. O método
serem gasosos. envolve, como sucessivas etapas, a coleta de dados a partir
O químico afirmou que, se os pesos de todas as da observação de experiências em laboratório, a generaliza-
substâncias envolvidas numa reação química são con- ção dos fatos observados com os enunciados das leis que os
siderados, não há no balanço final perda ou ganho regem, a formulação de teorias que os explicam, a verificação
da concordância entre os resultados que derivam da teoria
A evolução atômica
A
Modelos Química é a Ciência que investiga a matéria em sua formação, estrutura e trans-
atômicos
formações, bem como suas interações. Tudo o que ocupa um espaço é consi-
derado matéria, abrangendo desde as imagens mais grandiosas que o olho pode
Número perceber no mundo macroscópico até o universo invisível dos átomos.
atômico A palavra matéria tem origem etimológica no termo latino materia, que essencialmen-
te se refere àquilo do qual algo é composto. Apesar de esse tema ser o cerne do estudo
Número da Química, a exploração desse campo teve início há muitos séculos, nas investigações
de massa dos filósofos gregos.
Para isso, em 1900, o cientista colocou uma amostra O cientista observou que a maioria das partículas alfa
de polônio em um bloco cilíndrico de chumbo, que tinha atravessava a folha de ouro sem desvio. Entretanto, algumas
somente uma abertura, assemelhando-se a um poço. O delas sofriam desvios acentuados, enquanto outras, ao co-
polônio, naturalmente emitia radiação que seria barrada pelo lidirem com a folha de ouro, retrocediam pelo mesmo cami-
chumbo, de modo que somente a radiação que escapasse nho pelo qual foram lançadas.
pela abertura do “poço” seria observada. Ao redor da saída Diante disso, Rutherford concluiu que os átomos não
do “poço”, ele posicionou placas eletrizadas, capazes de eram maciços, como afirmava Dalton, nem compostos ex-
criar um campo elétrico que pudesse desviar a trajetória da clusivamente de uma “pasta positiva” com elétrons aderidos,
radiação. Na frente, colocou um cartão fluorescente revesti- como proposto por Thomson. Em vez disso, ele sugeriu que
do com sulfeto de zinco (ZnS). os átomos apresentavam um espaço vazio em seu interior.
Rutherford (1871-1937) conseguiu notar que as emis- As conclusões de Rutherford foram as seguintes:
sões radioativas dividiam-se em três direções distintas. Ele • O átomo tinha um núcleo central com carga positiva, o
denominou alfa as emissões positivas, que deveriam ter qual repelia vigorosamente as partículas alfa (também
maior massa, pois desviavam-se menos e seguiam em dire- positivas) quando estas se aproximavam ou colidiam
ção ao polo negativo. com o núcleo.
Por outro lado, as partículas beta demonstravam com-
• Como a maioria das partículas alfa não sofria desvio,
portamento similar aos raios catódicos, e não havia dúvida
Rutherford inferiu que o tamanho do núcleo era muito
de que eram elétrons. Elas sofriam um desvio maior, porém,
menor do que o próprio átomo, e que o átomo continha
na direção oposta às partículas alfa, pois eram mais leves e
mais espaço vazio do que matéria preenchendo-o.
apresentavam carga negativa.
Além disso, havia emissões que não desviavam, chama- • O átomo de ouro não tinha apenas um núcleo
das de raios gama. Atualmente, sabemos que esses raios positivo, uma vez que a lâmina de ouro não se
não consistem em partículas, mas sim em ondas eletromag- mostrava eletricamente positiva. Isso levou Rutherford
néticas de comprimento menor que as dos raios-X. Eles têm a deduzir que deveria haver partículas negativas, ou
a capacidade de penetrar vários centímetros de chumbo — seja, elétrons, que equilibrassem a carga do átomo.
o que os torna especialmente perigosos. A radiação gama • Esses elétrons precisavam estar em constante
não sofre desvio, já que não tem carga nem massa. movimento, pois, do contrário, seriam atraídos para o
A conclusão a que se chegou por meio desses experi- núcleo do átomo. Portanto, Rutherford propôs que os
mentos foi a de que a radioatividade fornecia evidências da elétrons deviam girar em torno do núcleo em órbitas
divisibilidade do átomo. circulares, formando a chamada eletrosfera.
O modelo atômico de Rutherford assemelhava-se ao
Sistema Solar, com um núcleo central orbitado por elétrons,
O modelo atômico de Rutherford como ocorre entre o Sol e os planetas. Entretanto, uma
Rutherford apresentou um dos modelos atômicos questão permanecia: Dado que o núcleo atômico era positi-
mais reconhecidos. Para isso, aproveitando suas expe- vo, por que essas partículas próximas umas das outras não
riências com as partículas alfa, o cientista conduziu o se repeliam? A resposta a essa pergunta veio em 1932 com
seguinte experimento: o físico inglês Sir James Chadwick (1891-1974).
Chadwick realizou um experimento no qual uma placa de
polônio foi colocada adjacente a uma fina lâmina de berílio.
Na outra face do berílio, uma camada de parafina (composta
de hidrogênio e carbono) foi adicionada. Ficou evidente que
a parafina emitia prótons com alta energia, os quais eram
expelidos devido às colisões entre os átomos de hidrogênio
e uma substância até então desconhecida.
Essa substância desconhecida tinha uma massa prati-
camente igual à dos prótons, porém possuía carga elétrica
neutra. Ela recebeu o nome de nêutron. O nêutron, de certa
maneira, isola os prótons, evitando suas repulsões e a de-
sintegração do núcleo.
O polônio foi inserido em um bloco de chumbo que con- Modelo atômico de Rutherford e Bohr
tinha uma pequena abertura. A partir dessa abertura, partícu-
las alfa foram emitidas e bombardearam uma lâmina de ouro O modelo de Rutherford foi alvo de algumas críticas. De
extremamente fina. O objetivo de Rutherford era investigar se acordo com essa teoria, os elétrons orbitavam o núcleo,
essas partículas poderiam atravessar a lâmina e compreen- mas não levava em consideração a perda de energia.
der as interações entre as partículas alfa e o ouro. Ele cercou Contudo, a eletrodinâmica clássica ensina que, quando
a folha de ouro com um anteparo revestido de material fluo- elétrons mudam sua direção, sentido ou velocidade, eles
rescente, semelhante a um papel fotográfico, que indicaria a emitem radiação, o que resultaria na perda de energia dos
incidência das partículas alfa através de manchas luminosas. elétrons. À medida que essa energia fosse dissipada, para
que o elétron continuasse em equilíbrio com o núcleo, seria Atualmente, já se conhecem outras inúmeras partículas
necessário reduzir o raio da órbita. Esse processo faria com presentes no átomo, entre elas os mésons e os neutri-
que o elétron adotasse uma trajetória em forma de espiral, nos; no entanto, essas outras partículas não têm interesse
inevitavelmente aproximando-se de seu núcleo, o que resul- químico. Pode-se dizer que o átomo é, do ponto de vista
taria na desestabilização do átomo. químico, formado apenas por prótons, nêutrons e elétrons.
Assim, em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-
1962) introduziu melhorias no modelo atômico de Ruther-
ford, aproveitando-se da teoria quântica desenvolvida por
Número atômico
Max Planck. Bohr argumentava que nem todas as leis da
Física clássica eram aplicáveis às partículas constituintes dos 1,00794
1
H
átomos, mas sim as da mecânica quântica. Número atômico
Bohr propôs que os elétrons moviam-se ao redor
do núcleo em órbitas definidas, chamadas órbitas esta-
cionárias, e que, durante esse movimento, não emitiam
energia. No entanto, esses elétrons poderiam fazer sal-
tos entre órbitas estacionárias quando absorvessem ou
perdessem energia. Quando um elétron absorvia energia, A carga positiva no núcleo é expressa em unidades que
saltava para uma órbita externa, e quando perdia, retor- são da magnitude da carga do elétron e é chamada de nú-
nava a uma órbita interna. Essas quantidades de energia mero atômico, representado pela letra Z. O número atômico
eram discretas e denominadas quanta. é igual à quantidade de prótons do átomo, isto é, a carga do
Quando um elétron retornava a uma órbita mais interna, núcleo do átomo.
emitia a energia na forma de luz ou outra radiação eletromag- Os prótons, elétrons e nêutrons de um determinado ele-
nética. A essa radiação dava-se o nome de fóton. mento são exatamente iguais aos de outros elementos, a
diferença está na quantidade que cada qual apresenta em
seu átomo, ou seja, o número de partículas que constituem
o átomo é o que o diferencia de outro átomo. O número
Disponível em: www.plural.com.br.
1,00794
1 Massa atômica
Já os cátions têm sua representação da seguinte for- propriedades. Para perceber o significado disso, imagine
ma: Al +3, N a+, Mg +2. Diferentemente do que ocorre nos que tivéssemos feito a lista de todos os elementos nes-
ânions, o número acima do símbolo do elemento químico ta sequência e considerássemos suas propriedades. Um
representa a quantidade de elétrons que o cátion perdeu. conjunto de elementos que logo atrairia nossa atenção é o
Por exemplo, o íon Pb+4 perdeu quatro elétrons. dos gases nobres. Estes são gases à temperatura e pres-
são ordinárias e quimicamente pouco reativos. Os gases
Isoeletrônicos nobres (Família 8 A) são:
São os átomos e íons que têm o mesmo número de
elétrons na eletrosfera. Hélio (He, Z = 2) Criptônio (Kr, Z = 36)
Por exemplo, o átomo de neônio em seu estado fun- Neônio (Ne, Z = 10) Xenônio (Xe, Z = 54)
damental, ou seja, eletricamente neutro, apresenta a Argônio (Ar, Z = 18) Radônio (Ra, Z = 86)
mesma quantidade de elétrons e prótons, 10 de cada.
Em contrapartida, vejamos o cátion de Sódio Na+. O Então, nós encontramos periodicamente esses gases
átomo de sódio, em seu estado fundamental, tem 11 pró- nobres na nossa lista de elementos.
tons e 11 elétrons. Quando se torna Na+, contudo, perde Cada elemento imediatamente posterior a um gás nobre
um elétron, ficando com 10. é um metal, uma classe especial de metais extremamente
O átomo de neônio e o cátion de sódio Na + são, por- reativos, que reagem mesmo com a água. Esse conjunto
tanto, isoeletrônicos, uma vez que apresentam dez elétrons. de elementos que têm propriedades químicas semelhantes
são chamados metais alcalinos (Família 1 A). Ele são:
Tabela periódica de Mendeleev
Lítio (Li, Z = 3) Rubídio (Rb, Z = 37)
Com essa tabela, Mendeleev mostrou que deveriam
existir certos elementos que ainda não eram conhecidos Sódio (Na, Z = 11) Césio (Cs, Z = 55)
e que iriam preencher os espaços vazios de sua tabela Potássio ( K, Z = 19) Frâncio (Fr, Z = 87)
periódica. Ele não só previu a existência dos elementos
gálio e germânio, mas também estimou suas proprieda-
Cada elemento imediatamente anterior a cada gás nobre,
des com grande exatidão.
Nas tabelas, tanto de Meyer quanto de Mendeleev, os com exceção do hélio, é um elemento não metálico muito
elementos estavam em ordem crescente de número de reativo, chamado halogênio. Todos os halogênios têm proprie-
massa. Hoje, sabemos que a periodicidade é mais bem dades químicas semelhantes (Família 7 A). Os halogênios são:
mostrada se os elementos são colocados em ordem cres-
cente de número atômico. Essa alteração afeta muito pouco Flúor (F, Z = 9) Iodo (I, Z = 53)
a ordem dos elementos, pois o aumento do número atômico Cloro (Cl, Z = 17) Astato (At, Z = 85)
geralmente significa aumento do número de massa. Bromo (Br, Z = 35)
A Lei Periódica estabelece que, se os elementos são
ordenados de acordo com o aumento do número atômi-
co, pode-se observar a repetição periódica das suas
Nível de
1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o Existe um processo gráfico que permite colocar todos
energia
os subníveis de energia conhecidos em ordem crescente
Camada K L M N O P Q de energia. É o processo denominado Diagrama de Linus
Número máxi- Pauling, representado a seguir:
2 8 18 32 32 18 2
mo de elétrons
Energia crescente
Em cada camada ou nível de energia, os elétrons se
distribuem em subcamadas ou subníveis de energia, que
representamos pelas letras s, p, d e f em ordem crescente
de energia. O número máximo de elétrons que cabe em
cada subcamada ou subnível de energia é:
CURIOSIDADES Diagrama de
Linus Pauling
Tabela periódica é uma tabela de elementos compostos
em ordem crescente de número atômico que evidencia
a semelhança das propriedades dos elementos quími-
cos com configuração similar.
PESQUISE MAIS
No estado fundamental, ou seja, no estado de menor energia do átomo, os elétrons se distribuem na eletrosfera, com-
pletando os subníveis de energia, em ordem crescente de energia, a partir de 1s, com o número máximo de elétrons
permitido em cada um deles. Assim, somente o subnível de maior energia de um átomo pode ficar com um número de
elétrons menor do que o máximo permitido.
Ligações químicas
H - 1s 1
As ligações químicas ocorrem entre átomos para que
3
Li - 1s 2 2s 1 estes possam se tornar estáveis. Para que os átomos se
11
Na - 1s 2 2s 2 2p 6 3s 1 unam, é necessário que compartilhem ou doem elétrons
19
K - 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 1 de suas camadas de valência. Isso pode ocorrer por meio
da ligação iônica, na qual átomos doam ou recebem elé-
trons, ou pela ligação covalente, em que os elétrons são
Nota-se que, na sequência dos elementos em ordem compartilhados. Além disso, há uma terceira forma de liga-
crescente de Z, periodicamente se repetem configurações ção química para átomos metálicos, chamada de ligação
eletrônicas semelhantes. Como os elementos com confi- metálica.
gurações eletrônicas são sempre semelhantes, conclui-se Classificamos as substâncias pelo tipo de ligação quími-
que, na sequência dos elementos em ordem crescente ca realizada. Compostos iônicos são formados por ligações
de Z, periodicamente se repetem elementos semelhantes. iônicas, moléculas são formadas por ligações covalentes e
Este é o fundamento da tabela periódica. metais por ligações metálicas. Essas ligações também dife-
Reunindo em colunas verticais os elementos com con- rem em termos de força: A ligação metálica é a mais forte,
figurações eletrônicas semelhantes e em ordem crescente seguida pela iônica e, por fim, pela covalente.
de número atômico, estarão reunidos os elementos que
apresentam propriedades semelhantes. Surge assim a ta- A regra do octeto
bela periódica, em que as colunas verticais são as famílias Além de combinar elementos e formar substâncias, as
e as horizontais são os períodos. ligações químicas entre os átomos ocorrem para conferir
Se reunirmos as colunas em que todos os elementos estabilidade a eles.
têm subnível de maior energia da distribuição eletrôni- E o que exatamente significa um átomo ser estável?
ca s e p, obteremos os elementos representativos. Se Existem várias regras desenvolvidas para explicar a esta-
reunirmos as colunas em que todos os elementos têm bilidade das espécies atômicas, e uma delas é conhecida
subnível de maior energia da distribuição eletrônica d, como a regra do octeto.
obtêm-se o bloco d da tabela periódica, que são chama- Proposta por Gilbert Lewis (1875-1946), essa teoria
dos de elementos de transição externa. E, se reunirmos afirma que a interação atômica ocorre para que cada ele-
todos os elementos que têm subnível de maior energia mento adquira a estabilidade de um gás nobre, ou seja,
da distribuição eletrônica, obtemos o bloco f da tabela tenha oito elétrons na camada de valência.
periódica, formado pelos elementos de transição interna.
Tabela periódica.
Dessa maneira, para alcançar essa estabilidade, o ele- Os compostos químicos resultantes das ligações cova-
mento doa, recebe ou compartilha elétrons da sua camada lentes apresentam as seguintes características:
mais externa, formando ligações químicas. • Podem ser encontrados nos estados sólidos
Os gases nobres são os únicos átomos que já têm oito (exemplo: açúcar), líquido (exemplo: água)
elétrons em sua camada mais externa, por isso têm pouca ou gasoso (exemplo: gás oxigênio);
tendência a reagir com outros elementos.
• São muito comuns em substâncias orgânicas;
É importante lembrar que existem várias exceções à re-
gra do octeto, principalmente entre os elementos de tran- • Não conduzem eletricidade;
sição. No entanto, de maneira geral, essa teoria fornece • Apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.
uma base sólida para compreender o funcionamento das
ligações químicas. Ligação coordenada ou covalente dativa
Conhecida como ligação covalente coordenada, ligação
Os tipos de ligações químicas semipolar ou ligação dativa, ela é muito semelhante à liga-
Para alcançar a estabilidade e obter os oito elétrons na ção covalente convencional. A diferença entre as duas é
camada de valência, como previsto na regra do octeto, os que, na ligação dativa, somente um dos átomos é respon-
átomos estabelecem ligações entre si. sável por compartilhar elétrons. Esse tipo de ligação ocorre
Essas ligações químicas variam de acordo com a ne- artificialmente, e a substância resultante tem as mesmas
cessidade de doar, receber ou compartilhar elétrons de características de uma molécula formada por uma ligação
cada átomo. Sendo assim, existem quatro tipos principais covalente espontânea.
de ligações químicas.
Ligação metálica
Ligação iônica ou eletrovalente Esse tipo de ligação ocorre entre metais, abrangendo
Para alcançar a estabilidade proposta na teoria do oc- os elementos da família 1A (metais alcalinos), 2A (metais
teto, alguns átomos transferem seus elétrons para outros alcalino-terrosos) e os metais de transição (bloco B da
átomos. Essa configuração é chamada de ligação iônica e tabela periódica – grupos 3 ao 12), resultando no que é
pode ocorrer entre: conhecido como ligas metálicas.
Ametal + metal Nas ligações metálicas, ocorre a liberação de elétrons
que formam cátions (íons de carga positiva), conhecidos
Metal + hidrogênio
como elétrons livres, que, devido à sua maior distância
Nesse caso, o elemento que cede elétrons é chamado do núcleo do átomo, movem-se livremente, criando uma
de cátion e adquire uma carga positiva. Já o átomo que “nuvem” ou “mar” de elétrons.
recebe essas partículas negativas é denominado ânion, ad- Essa característica das ligações metálicas explica por
quirindo uma carga negativa. que os materiais metálicos são excelentes condutores elé-
Para que ocorra uma ligação iônica, os átomos envol- tricos e térmicos.
vidos devem apresentar tendências opostas. Portanto, um Além disso, as ligas metálicas resultantes desse tipo de
átomo deve ter a capacidade de perder elétrons, enquanto ligação têm alto ponto de fusão e ebulição, além de exibirem
o outro pode recebê-los. ductilidade, maleabilidade e brilho.
A ligação iônica produz compostos: São exemplos de ligas metálicas:
• Sólidos à temperatura ambiente; • Aço: Ferro (Fe) e carbono (C);
• Com dureza própria da substância; • Bronze: Cobre (Cu) + estanho (Sn);
• Com alto ponto de fusão e ebulição, nas condições • Latão: Cobre (Cu) + zinco (Zn);
ambiente;
• Ouro: Ouro (Au) + cobre (Cu) ou prata (Ag).
• Que formam retículos cristalinos, como o sal de
cozinha (NaCl);
Os metais geralmente se apresentam no estado sólido
• Que, quando dissolvidos em água ou fundidos, em temperatura ambiente, exceto pelo mercúrio, que é o
conduzem corrente elétrica. único metal líquido nessas condições.
Esse ramo é focado nas medições e tornou-se funda- Dessa maneira, as soluções podem ser classificadas
mental em várias áreas do conhecimento, incluindo biologia, como saturadas (quando o coeficiente de solubilidade é
geologia, engenharia, física, medicina, farmacologia e outras. atingido), insaturadas ou supersaturadas. A saturação de
uma solução pode ser representada por meio de uma curva
Soluções químicas de solubilidade, como ilustrado a seguir:
Quando falamos de solução, não estamos nos referindo
a qualquer tipo de mistura genérica. Na Química, as mis-
turas podem ser heterogêneas, com duas ou mais fases
distintas (como na mistura de água e óleo), ou então ho-
mogêneas, nas quais, mesmo havendo a mistura de duas Supersaturada
ou mais substâncias, não é possível discernir a diferença de
fases entre os componentes, como é o caso da mistura de
água com açúcar.
No contexto da Química, soluções são misturas homo-
gêneas de duas ou mais substâncias, sendo uma delas
mais propensa a ser dissolvida (conhecida como soluto) e
a outra substância que dissolve o soluto – essa última é
chamada de solvente.
A classificação das soluções é feita com base no estado
físico do solvente:
• Soluções sólidas – onde o solvente encontra-se no
estado sólido. Isso ocorre, por exemplo, com o ouro Temos aqui a curva de solubilidade do nitrato de potás-
18 quilates e outras ligas metálicas. sio em água. Note que o coeficiente de solubilidade varia
• Soluções líquidas – onde o solvente está em estado com a alteração da temperatura; acima da linha do gráfi-
líquido, como é o caso do vinagre, que é uma solução co, todas as soluções tornam-se supersaturadas e, abaixo
de ácido acético em água. dessa linha, todas as soluções são insaturadas.
• Soluções gasosas – onde o solvente está no estado
gasoso. Um exemplo é o ar atmosférico, que é uma Solubilidade de gases em líquidos
mistura predominantemente de N2 e O2. Peixes não conseguem sobreviver bem em águas quen-
tes. Isso acontece porque, ao contrário do que ocorre com
Outra maneira de classificar as soluções é com base na os sólidos nos líquidos, o aumento da temperatura diminui
natureza do soluto: o grau de solubilidade dos gases. Dessa maneira, a quanti-
dade de oxigênio dissolvido na água diminui.
• Soluções iônicas – onde o soluto tem natureza iônica
e pode sofrer dissociação ou ionização, como ocorre
com o cloreto de sódio.
• Soluções moleculares – onde o soluto tem natureza
molecular e não pode ser dissociado ou ionizado,
como acontece com a glicose.
Soluções saturadas
Quando adicionamos um soluto gradualmente a um sol-
vente, como no caso de sal de cozinha em um copo de
água, podemos observar que, em certo ponto, a água não
conseguirá mais dissolver o sal. A partir desse ponto, todo
o sal adicionado começará a precipitar no fundo do copo.
Nessa situação, dizemos que a solução se tornou saturada.
O ponto de saturação varia dependendo do soluto, do sol-
vente e das condições de temperatura e pressão.
Cada solvente tem um coeficiente de solubilidade, que
representa a quantidade máxima de um soluto que pode Quanto à pressão, por sua vez, quando esta é aumentada,
ser dissolvida em uma dada quantidade de solvente, em o coeficiente de solubilidade tende a aumentar também, de
condições específicas de temperatura e pressão. acordo com a Lei de Henry, que estabelece que, em uma
Quando o coeficiente de solubilidade é quase nulo, temperatura constante, a solubilidade de um gás em um
como no caso do cloreto de prata em água, a substância líquido é diretamente proporcional à pressão do gás.
é considerada insolúvel. Se dois líquidos não se misturam,
eles são chamados de imiscíveis.
Misturas heterogêneas
Misturas sólido-sólido
Flotação: Usa-se um líquido de densidade intermediá- Decantação: Sedimenta-se uma das fases (sólida)
ria em relação aos componentes da mistura, no qual eles devido à diferença de densidade entre as fases sólida e
não se dissolvam; o componente mais leve flutua no líquido líquida. Exemplo: Separar enxofre da água.
e o mais pesado sedimenta. Exemplo: Separar serragem da Centrifugação: É uma decantação acelerada, por
areia utilizando água; a serragem flutua e a areia sedimenta. meio do uso de uma centrífuga. Exemplo: Separar as fases
Dissolução fracionada: A mistura é colocada num sólida e líquida do sangue.
líquido que só dissolve um dos componentes; o compo- Tratamento de água: O tratamento de água é um
nente insolúvel é separado por filtração; por evaporação, processo indispensável para assegurar a qualidade e a se-
separa-se o componente dissolvido do respectivo líquido. gurança do nosso abastecimento hídrico. Ao longo desse
Exemplo: Separar o sal da areia utilizando água. processo, várias etapas são executadas para eliminar impu-
rezas e tornar a água adequada para o consumo.
Fusão fracionada: Por aquecimento, separam-se
componentes de diferentes pontos de fusão. Exemplo: Uma das primeiras etapas é a filtração, na qual a água
Separar areia do enxofre. é conduzida por um filtro que retém partículas maiores, tais
como areia e pedras. Em seguida, a decantação entra em
Cristalização fracionada: Todos os componentes cena, permitindo que a água repouse e propicie a deposi-
se dissolvem e, por evaporação do solvente, os compo- ção das partículas mais densas no fundo do reservatório.
nentes se cristalizam separadamente, à medida que seus
limites de solubilidade são atingidos. Exemplo: O salitre do Outro passo crucial é a cloração, que envolve a adição
Chile é o nitrato de sódio (NaNO3) natural, cuja impureza é de cloro à água. Esse procedimento tem como finalidade
o iodato de potássio (KlO3). Dissolvendo-se a mistura em eliminar bactérias e outros microrganismos prejudiciais à
água, após a evaporação, cristaliza-se primeiro o NaNO3, saúde. Trata-se de uma medida essencial para garantir a
separando-o do KlO3, que se mantém dissolvido na água. ausência de agentes patogênicos na água.
Peneiração ou tamização: Usa-se quando os Por fim, a osmose reversa é aplicada como um méto-
grãos dos sólidos têm diferentes tamanhos. Exemplo: Pe- do avançado de separação. Nesse processo, a água é
neirar areia para separá-la do pedregulho. conduzida por uma membrana semipermeável que retira
íons e outras impurezas indesejáveis. Esse método des-
Separação magnética: Um dos componentes deve taca-se pela eficiência na eliminação de sais e contami-
ser atraído pelo ímã. Exemplo: Separar limalha de ferro do nantes químicos.
enxofre.
Ao integrar essas etapas de tratamento, conseguimos
Misturas sólido-líquido obter água limpa e segura para o consumo humano. É fun-
Para separar misturas heterogêneas formadas por uma damental compreender cada uma dessas etapas e reco-
fase líquida e uma sólida, temos os seguintes processos: nhecer a importância do trabalho realizado pelas estações
de tratamento de água, que nos oferecem um recurso tão
essencial para nossa vida cotidiana.
Torre de fracionamento
para produzir uma quantidade específica de produtos. Petróleo
• Para determinar a quantidade de produtos que serão
gerados a partir de uma quantidade determinada de Gasolina
reagentes. Retorta
• Para avaliar a pureza de uma substância. Querosene
• Para regular a velocidade de uma reação química.
Óleo diesel
A estequiometria é uma ferramenta poderosa que se empre-
ga no estudo das reações químicas. Ela é essencial na Química
e encontra múltiplas aplicações em campos diversos, como a Óleo
combutível
indústria, a medicina e a pesquisa.
Processo de destilação fracionada.
Aqui estão alguns exemplos de diferentes tipos de concen-
trações:
• Molaridade: Uma solução aquosa com uma molaridade Gás e gás, utilizamos a liquefação fracionada: Resfria-
de 1,0 M tem 1,0 mol da substância dissolvida por litro -se gradativamente e os gases vão se liquefazendo à me-
de solução. dida que seus pontos de liquefação vão sendo atingidos.
Exemplo: Separação dos componentes do ar.
• Densidade: A densidade da água é 1,0 g/cm³, o que
significa que 1,0 cm³ de água tem uma massa de 1,0 g. Gás e líquido, a mistura é aquecida e, com a elevação
• Concentração comum: Uma solução de água com uma da temperatura, a solubilidade do gás diminui. A agitação e
concentração comum de 10,0 g/L contém 10,0 gramas a diminuição da pressão também expulsam o gás. Exem-
de água por litro de solução. plo: Separar a água do gás na água gaseificada ou no re-
frigerante. A saída do gás provoca a formação da espuma.
O sólido não destila. Exemplo: Separar a água do sal dissolvido. Gás e sólido com aquecimento, o gás se desprende
do sólido. O processo é também conhecido por destilação
seca. Exemplo: Separação do metanol, na forma gasosa, da
madeira. O metanol é um álcool usado como combustível.
F
unção química é um conjunto de substâncias com propriedades químicas seme-
lhantes. As principais funções da Química inorgânica são: Ácidos, bases e sais. Ácidos
Ácidos Bases
Os ácidos são substâncias muito comuns em nossa vida; substâncias como o limão,
refrigerantes e vinagre, por exemplo, são ácidos. Do ponto de vista prático, os ácidos
apresentam as seguintes características:
Os ácidos estão no nosso dia a dia e até dentro do nosso corpo. A bateria do carro
contém solução de ácido sulfúrico para que possa transmitir energia para os componen-
tes elétricos do carro. O ácido clorídrico (muriático) é usado para a limpeza de pisos e
azulejos, entre outros. Os acidentes causados por transportes de ácido são perigosos
não só às pessoas, mas também ao meio ambiente.
ATUALIDADES ATUALIDADES
Acidente entre carretas derrama ácido e interdi- Acidente com ácido sulfúrico em usina de açúcar
ta pista em Minas e álcool deixa trabalhadores feridos em Uberaba
O tempo, Minas Gerais, 26 maio 2023 às 13h01. G1, Triângulo e Alto Paranaíba, 15 fev. 2020 às 13h15.
“A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e o Corpo de “Sete pessoas ficaram feridas após acidente com
Bombeiros foram acionados na manhã desta sexta- ácido sulfúrico em uma usina de álcool e açúcar localiza-
-feira (26) para um acidente envolvendo duas carretas da na zona rural de Uberaba. Equipe fazia manutenção
na rodovia MGC-135, na altura de Curvelo, na região na base de um tanque de armazenamento vazio, com
Central do Estado. A batida resultou na liberação de um maçarico, quando houve uma explosão.
produto perigoso na via. De acordo com as informa-
ções iniciais da PMRv, a batida foi na altura do km 633. De acordo com o Corpo de Bombeiros, três vítimas
Uma carreta bateu na traseira de outra que estava car- sofreram lesões graves nos olhos. Os outros quatro fun-
regada com 16 mil litros de ácido sulfúrico. Em decor- cionários tiveram ferimentos com menor gravidade. [...]
rência do acidente, houve derramamento do ácido na Os bombeiros informaram também que uma equipe
margem da rodovia e a carreta que causou o acidente de emergências ambientais esteve no local, e constatou
ficou atravessada na rodovia.[...] que não houve contaminação do solo ou da água. [...]”.
Do ponto de vista teórico, Arrhenius definiu: Todos os ácidos são formados por H+ e por um átomo
ou conglomerado de átomos com carga negativa (ânion ou
“Ácidos são compostos que em solução liberam íons radical negativo).
H +”
H+ + Cl- HCl
O H+ é, nessa perspectiva, o responsável pelas proprie-
dades comuns a todos os ácidos, sendo chamado, por 2H+ + SO4-2 H2SO4
esse motivo, de radical funcional dos ácidos. Exemplos de
ácidos em solução aquosa: Observamos que a carga total de íons negativos deve
ser anulada pela carga de H+ de modo que o composto
HCl H+ + Cl- fique eletricamente neutro.
Por meio de pesquisas, sabemos que a definição de Para as fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, de-
Arrhenius não é completamente correta. Na verdade, em vemos citar que os hidrogênios ionizáveis sempre se ligam
solução aquosa, o cátion H+ se une a uma molécula de ao átomo central através de oxigênios e estes se ligam ao
água formando o H3O+, chamado de hidrônio ou hidroxônio: átomo central através de ligação covalente.
Os ácidos com dois ou mais hidrogênios ionizáveis são Ácido nitroso: HNO2
denominados poliácidos.
Quando o elemento forma três ou quatro oxiácidos:
De acordo com a presença ou não de oxigênio na mo-
lécula: Ácido perclórico: HClO4
Hidrácidos: Não contêm oxigênio (HCl, HBr, H2S etc.). Ácido clórico: HClO4
Dibases: Têm duas hidroxilas. Exemplo: Ca(OH)2 A reação de neutralização pode ser equacionada como:
ácido + base sal + água
Tribases: Têm três hidroxilas. Exemplo: Fe(OH)3
Como exemplo de reação de neutralização, temos a
Tetrabases: Têm quatro hidroxilas. Exemplo: Sn(OH)4 reação entre o ácido clorídrico (HCl) e o hidróxido de sódio
(NaOH) formando cloreto de sódio (NaCl) e água (H2O). Para
Não existem bases com mais que quatro hidroxilas por
essa reação, temos a seguinte equação:
molécula.
HCl + NaOH NaCl + H2O
De acordo com o grau de dissociação: Podemos observar que o cátion da base (Na+) se liga ao
ânion do ácido (Cl–) formando o sal.
Bases fortes: São aquelas cujo grau de dissociação é
de quase 100%. É o caso dos hidróxidos formados por me- A reação entre ácido e base é chamada de neutraliza-
tais da família 1A (metais alcalinos). Exemplos: LiOH, NaOH, ção porque os íons que dão o caráter ácido (H+) ou básico
KOH e os da família 2A (alcalino-terrosos) como o Ca(OH)2. O (OH–) à substância reagem entre si formando água, que é
Mg(OH)2 é uma exceção à regra pois é uma base fraca. uma substância neutra, segundo a equação:
H++ OH– H 2O
Em toda reação de neutralização ácido-base há forma- Os óxidos ácidos reagem com os óxidos básicos for-
ção de sal mais água, pois o cátion da base se liga ao ânion mando sais:
do ácido, formando o sal, e o cátion do ácido se liga ao
ânion da base, formando a água. SO3 + CaO → CaSO4
Existem também os óxidos anfóteros, ou seja, apre-
Nomenclatura dos sais
sentam simultaneamente caráter ácido e básico. Esses
Os sais são nomeados segundo o ácido que foi utilizado
óxidos são formados pelos elementos da parte central da
no processo de neutralização, exemplo:
tabela periódica:
HCl (ácido clorídrico) +
NaOH → NaCl (Cloreto de sódio) + H2O ZnO e Al2O3
HNO2 (ácido nitroso) + Os óxidos são muito comuns em nossa vida. O mais
KOH → KNO2 (Nitrito de potássio) + H2O comum é o dióxido de carbono (CO 2), que a maioria dos
seres vivos libera na respiração e é a principal causa do
H2SO4 (ácido sulfúrico) + efeito estufa. Outro gás importante é o monóxido de car-
2NaOH → Na2SO4 (Sulfato de sódio) + 2H2O bono (CO), um gás tóxico que se forma na queima incom-
pleta de combustíveis derivados de petróleo e é um dos
Óxidos principais poluentes da atmosfera. Podemos citar também
Óxido é todo composto constituído por dois elementos, o óxido de cálcio (CaO), também conhecido como cal
sendo um deles sempre o oxigênio, que é o mais eletrone- virgem ou viva, que é um dos óxidos de maior aplicação
gativo. Podemos citar como exemplos: e que não é encontrado na natureza, ele é utilizado para
a fabricação da cal hidratada ou extinta (Ca(OH)2), larga-
CO2 CO NO, SO2 mente usada na construção civil e para corrigir a acidez
do solo na agricultura.
Fe3O4 K2O Cl2O P2O5.
Nomenclatura dos óxidos
As chuvas ácidas se devem aos óxidos ácidos presen-
tes no ar atmosférico, por exemplo: A nomenclatura dos óxidos segue o mesmo padrão que
a da base, apenas trocando a palavra “hidróxido” por “óxido”:
SO3+H20 → H2SO4
Na2O → óxido de sódio.
Como o flúor é o único elemento mais eletronegativo que
o oxigênio, o OF2 não é considerado um óxido. CaO → óxido de cálcio.
Quando o elemento forma dois óxidos, dizemos:
Existem óxidos que apresentam caráter ácido, básico ou
neutro. Esse caráter é definido pela eletronegatividade dos Fe2O3 → óxido férrico.
elementos ligados ao oxigênio.
FeO → óxido ferroso.
Os óxidos formados por elementos muito eletronegati- Quando o elemento forma dois ou mais óxidos podemos
vos são, em sua maioria, óxidos ácidos, pois reagem com indicar com algarismo romano o seu número de oxidação:
a água produzindo ácidos:
Fe2O3 → óxido de ferro III.
SO3 + H2O → H2SO4
FeO → óxido de ferro II.
Cl2O7 + H2O → 2HClO4
Quando o elemento forma dois ou mais óxidos, pode-
N2O5 + H2O → 2HNO3 mos indicar o número de átomos de oxigênio na molécula
Os óxidos formados por elementos pouco eletrone- e o número de átomos do elemento, com o auxílio dos
gativos (metais alcalinos e alcalino-terrosos) são chama- prefixos “mono”, “di”, “tri” etc.:
dos de óxidos básicos, pois reagem com a água for-
Fe2O3 → trióxido de diferro.
mando bases:
CuO → monóxido de monocobre.
Na2O + H2O → 2NaOH
Cu2O → monóxido de dicobre.
CaO + H2O → Ca(OH)2
Os óxidos de alguns não metais não reagem com a Peróxidos
água, por isso são chamados de óxidos neutros:
Peróxidos são óxidos que reagem com água ou áci-
NO, N2O e CO. dos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2), exemplo:
água Na2O2 + H2O → 2NaOH + H2O2
HCl + NaOH NaCl + H2O
CuSO4 + Zn → ZnSO4 + Cu
CaCl2 + F2 → CaF2 + Cl2
Na primeira, dizemos que o Zn deslocou o Cu do CuSo4;
na segunda, que o F2 deslocou o Cl2 do CaCl2.
AB + CD → AD + CB PESQUISE MAIS
Por exemplo:
NaCl + AgNO3 → NaNO3 + AgCl Reação de Cu 2SO 4 + Zn → ZnSO 4 + Cu. Podemos ob-
servar que a parte mais escura da placa é o cobre em
CaF2 + H2SO4 → CaSO4 + 2HF forma metálica.
Base: É toda substância em solução aquosa que libera Entalpia de combustão: É a variação de entalpia que
como íons negativos somente OH–. ocorre na combustão de um mol de substância, a 25 °C e
1 atm de pressão.
Calor de formação: É a quantidade de calor liberada ou
absorvida na síntese de um mol da substância a partir de Estequiometria: Parte da Química em que se investigam
seus elementos no estado padrão. as proporções dos elementos que se combinam ou dos
compostos que reagem.
Calor de neutralização: É a variação de entalpia de um
equivalente-grama de um ácido com um equivalente-grama Eletrólise: É a decomposição de uma substância usando
de uma base. corrente elétrica.
Catalisador: É uma substância que, quando adicionada Eletrólise ígnea: Eletrólise com material fundido, sem
a uma reação, aumenta a sua velocidade sem participar água.
desta.
Eletrólise em solução aquosa: A água provoca a dis-
Catálise: É uma reação na qual participa um catalisador. sociação dos compostos iônicos.
Cátions: São íons que têm carga positiva, ou seja, têm Fases: São as diferentes porções homogêneas limitadas
mais prótons que elétrons. por superfícies de separação, constituindo um sistema he-
Célula eletroquímica: Aparelho no qual ocorre uma terogêneo.
reação de oxidorredução que produz corrente elétrica. Fórmula mínima: É a fórmula que indica a proporção
Cinética química: É a parte da Química que estuda a entre os números de átomos de cada elemento participan-
velocidade das reações. te, pelos menores números inteiros possíveis.
Constante de Avogadro: É o número de átomos de 12C Fórmula molecular: Indica os números de átomos de
contidos em 0,012kg de 12C. Seu valor é: 6,02 · 1023 mol–1. cada elemento participante da molécula.
Coloides: Dispersões na quais o diâmetro da partícula Função química: É um conjunto de substâncias com
está compreendido entre 1 nm e 100 nm. propriedades químicas semelhantes.
Crioscopia: Estuda o abaixamento da temperatura de Gás ideal: É um modelo teórico que obedece às equa-
congelamento de um solvente quando nele se dissolve um ções dos gases perfeitos.
soluto não volátil.
Gás real: É o gás disponível na prática.
Densidade absoluta ou massa específica: É a rela-
ção entre a massa e o volume de uma amostra do elemento. Galvanoplastia: Recobrimento de objetos metálicos por
outros metais.
Dissociação iônica: É a separação dos íons de uma subs-
tância iônica, que ocorre quando esta se dissolve em água. Grupo funcional: É um átomo ou grupo de átomos res-
ponsável pelas propriedades químicas apresentadas pela
Ebulioscopia: Estuda a elevação da temperatura de ebu-
lição de um solvente quando nele se dissolve um soluto não molécula.
volátil. Hidrocarbonetos: São compostos orgânicos formados
Eletroafinidade: É a energia desenvolvida quando um exclusivamente por C e H.
elétron é adicionado a um átomo neutro isolado. Íons: São entidades químicas que têm número de prótons
Eletrólitos: São substâncias que dão soluções eletrolíti- diferente do número de elétrons.
cas ou iônicas. Ionização: É uma reação através da qual se formam íons
Eletronegatividade: É a propriedade que mede a ten- quando uma substância molecular se dissolve na água,
dência que o átomo tem para receber elétron. produzindo solução que conduza a corrente elétrica.
Eletropositividade: É a propriedade que mede a ten- Isóbaros: São átomos que têm o mesmo número de
dência que o átomo tem para ceder elétron. massa.
Isoeletrônicos: São átomos que têm o mesmo número Peróxidos: São óxidos nos quais o nox do oxigênio é -1 e
de elétrons. que apresentam o grupo (O-O).
Isomeria: É o fenômeno em que dois ou mais compostos Polímero: Substância formada quando um grande núme-
químicos diferentes apresentam a mesma fórmula molecular ro de monômeros se une.
e fórmulas estruturais diferentes.
Polimerização: Reação que forma um polímero.
Isótonos: São átomos que têm o mesmo número de nêu-
trons. Ponto de ebulição: É a temperatura na qual a pressão
de vapor do líquido se iguala à pressão que existe sobre a
Isótopos: São átomos que têm o mesmo número atômi- superfície do líquido.
co.
Potencial de ionização: É a energia necessária para
Ligação covalente: Ocorre entre dois átomos quando retirar o elétron mais fracamente ligado ao núcleo de um
um par de elétrons é compartilhado por estes. átomo no estado gasoso isolado.
Ligação iônica: Ocorre quando os íons positivos e nega- Potencial de redução: É uma grandeza que mede a
tivos constituídos se atraem, formando um composto. facilidade de a espécie sofrer redução.
Ligação metálica: Ocorre quando temos um par de elé-
Potencial de oxidação: É uma grandeza que mede a
trons ligando um grande número de íons positivos.
facilidade de a espécie sofrer oxidação.
Massa atômica: É a massa de um átomo expressa em
Pressão: Resulta das colisões das moléculas contra as
unidade de massa atômica.
paredes do recipiente onde está contido.
Massa atômica de um elemento: É a média ponde-
Pressão máxima de vapor: É a pressão exercida pelo
rada das massas atômicas dos átomos de seus isótopos
constituintes. vapor em equilíbrio com seu líquido.
Massa molecular: É a massa da molécula de uma Propriedades coligativas: São propriedades que de-
substância expressa em unidades de massa atômica. pendem exclusivamente do número de partículas dispersas
em uma solução.
Massa molar: É a massa que contém 6,02 · 1023 mol–1
entidades representadas pela respectiva fórmula. Radicais: São grupamentos atômicos que têm uma ou
mais valências livres e que não podem ocorrer em liberdade.
Mistura: É todo material constituído por duas ou mais
substâncias puras, e, consequentemente, não apresentam Radioatividade: É o fenômeno da emissão de radiações
composição fixa, densidade, PF, PE e outras propriedades por núcleos instáveis.
constantes. Raio atômico: É a metade da distância entre os núcleos
Mistura azeotrópica: São misturas que apresentam PE de dois átomos vizinhos.
constante. Reação endotérmica: Ocorre quando há absorção de
Mistura eutética: São misturas que apresentam PF energia na forma de calor.
constantes.
Reação exotérmica: Ocorre quando há liberação de
Monômero: É toda substância de pequena massa mo- energia na forma de calor.
lecular cujas moléculas podem unir:se umas às outras por
Sais: São compostos formados por cátions provenientes
ligação covalente.
de bases e ânions provenientes de ácidos.
Não eletrólitos: São compostos que dão soluções não
eletrolíticas ou moleculares. Sistema: Porção limitada do universo, considerada como
um todo para efeito de estudo.
Número de oxidação: É um número associado à carga
de um elemento num íon ou uma molécula. Sistema heterogêneo: É aquele que não apresenta as
mesmas propriedades em qualquer parte de sua extensão
Óxido: É todo composto binário que contém oxigênio em que seja examinado.
como elemento mais eletronegativo.
Sistema homogêneo: É aquele que apresenta as mes-
Óxidos ácidos: São óxidos que apresentam caráter ácido. mas propriedades em qualquer parte de sua extensão em
Óxidos básicos: São óxidos que apresentam caráter básico. que seja examinado.
Óxidos anfóteros: São óxidos que apresentam simulta- Soluções eletrolíticas: São as que conduzem corrente
neamente caráter ácido e básico. elétrica.
Osmose: É a difusão de um líquido através de uma mem- Soluções não eletrolíticas: Não conduzem corrente
brana semipermeável. elétrica.
Substância pura: É todo material que se caracteriza por Tonoscopia: Estuda o abaixamento da pressão máxima
apresentar composição fixa, densidade, PF, PE e outras de vapor de um solvente quando nele se dissolve um soluto
propriedades constantes. não volátil.
Superóxidos: São óxidos que apresentam o ânion (O2)–. Unidade de massa atômica (u): É a massa de 12 do
1
Temperatura: Grau de agitação molecular. átomo de carbono com número de massa igual a 12.
Transformação isotérmica: É uma transformação em Volume atômico: É o volume de um mol desse elemen-
que a pressão e o volume podem variar, no entanto, a tem- to, no estado sólido.
peratura permanece constante.
Volume molar: É o volume ocupado por um mol de mo-
Transformação isobárica: É uma transformação em léculas de substância.
que a temperatura e o volume podem variar, no entanto, a
pressão permanece constante. Volume molar de um gás: É a constante para todos os
Transformação isocórica: É uma transformação em gases a uma mesma pressão e temperatura. Nas CNTP, o
que a pressão e a temperatura podem variar, no entanto, o volume molar é igual a 22,4L.
volume permanece constante. Voltagem-padrão: Ocorre quando todas as concentra-
ções são 1mol/L, todas as pressões parciais dos gases
são 1atm e a temperatura é 25°C.
Gabarito
1. c
2. c
3. b
4. d
5. a
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
• Evidências de transformações químicas. Interpretando
transformações químicas.
• Sistemas Gasosos.
• Lei dos gases.
• Equação geral dos gases ideais.
• Princípio de Avogadro.
• Conceito de molécula.
• Massa molar.
• Volume molar dos gases.
• Teoria cinética dos gases.
• Misturas gasosas.
• Modelo corpuscular da matéria.
• Modelo atômico de Dalton.
• Natureza elétrica da matéria: Modelo atômico de
Thomson.
• Modelo atômico de Rutherford.
• Modelo atômico de Rutherford-Bohr.
• Átomos e sua estrutura. Número atômico, número de
massa.
• Isótopos.
• Massa atômica.
• Elementos químicos.
• Tabela periódica.
• Reações químicas.
REPRESENTAÇÃO DAS
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
• Fórmulas químicas.
• Balanceamento de equações químicas.
• Aspectos quantitativos das transformações químicas
• Leis ponderais das reações químicas.
• Determinação de fórmulas químicas.
• Grandezas químicas: Massa, volume, mol, massa molar,
constante de Avogadro.
• Cálculos estequiométricos.
ÁGUA
• Ocorrência e importância na vida animal e vegetal.
• Ligação, estrutura e propriedades.
• Sistemas em Solução aquosa: Soluções verdadeiras, soluções coloidais e suspensões.
• Solubilidade.
• Concentração das soluções.
• Aspectos qualitativos das propriedades coligativas das soluções.
• Conceitos de ácidos.
• Conceitos de bases.
• Conceitos de sais.
• Classificação dos ácidos.
• Classificação dos sais.
TRANSFORMAÇÕES Entrada
QUÍMICAS E ENERGIA de água
• Transformações químicas e energia
calorífica. Mistura
• Calor de reação. a ser
• Entalpia. destilada Componente
• Equações termoquímicas. (água e sal) já destilado
• Lei de Hess.
• Transformações químicas e energia elétrica.
• Reação de oxirredução.
• Pilha.
• Eletrólise.
• Leis de Faraday.
• Transformações nucleares.
• Conceitos fundamentais da radioatividade.
• Reações de fissão e fusão nuclear.
• Desintegração radioativa e radioisótopos.
TRANSFORMAÇÃO
QUÍMICA E EQUILÍBRIO
• Caracterização do sistema em equilíbrio.
• Constante de equilíbrio.
• Produto iônico da água, equilíbrio ácido-base e pH.
• Solubilidade dos sais e hidrólise.
• Fatores que alteram o sistema em equilíbrio.
• Aplicação da velocidade e do equilíbrio químico no
cotidiano.
COMPOSTOS DE CARBONO
• Características gerais dos compostos orgânicos.
• Principais funções orgânicas.
• Estrutura e propriedades de hidrocarbonetos.
Hidrocarbonetos
Boyle (1627-1638)
Gay-Lussac (1778-1850)
Charles (1746-1823)
Lavoisier (1743-1794)
Dalton (1766-1844)
Proust (1754-1826)
GRAMÁTICA
• “Super” é um termo que não tem plural, sendo assim, só Poeta bom, veterano
homem vai para o plural: super-homens. E José Costa Leite,
Poeta paraibano.’’
Outras regras:
Olegário e Costa Leite, Discussão de Olegário Alfredo com
• Dois substantivos: homem-bomba = homens-bombas.
José Costa Leite.
• Quando há uma preposição: cana-de-açúcar =
canas-de-açúcar. Os termos em destaque são exemplos de adjetivo.
• Verbo + verbo (repetidos): corre-corre = corres-cor- O adjetivo concorda com o substantivo em número e
gênero.
res ou corre-corres.
Ex.: escritor(a) brasileiro(a) – escritores brasileiros / escri-
• Onomatopeias: bem-te-vi = bem-te-vis. toras brasileiras.
Grau Adjetivo composto
Aumentativo e diminutivo Se o último termo for adjetivo, este vai para o plural.
São formados pelos seguintes processos: Luso-brasileiro = luso-brasileiros
• Analítico: Utilizam palavras como pequeno, muito e Casa amarelo-clara = casas amarelo-claras
grande junto aos substantivos. Se houver substantivos, os dois ficam invariáveis.
Mário Prata, em seu livro Schifaizfavoire, traz as seguintes Vestido rosa-chá = vestidos rosa-chá
definições de palavras usadas em Portugal: Tinta branco-marfim = tintas branco-marfim
“Penca: Gíria jovem para narigudo, nariz grande. Exceção: Surdo-mudo = surdos-mudos
Grau Numeral
Comparativo
É a palavra que exprime quantidade, número de ordem,
• Superioridade: Ela é mais alta que ele. múltiplo ou fração.
• Inferioridade: Ele é menos alto que ela.
• Igualdade: Ela é tão alta quanto eu. Ex.: 2004; 1 trilhão; primeira; 1,035 trilhão; 2,6%; me-
tade.
Superlativo absoluto Os numerais dividem-se em:
Diz respeito a um único elemento e subdivide-se em • Cardinal: um, dez, mil etc.
duas categorias: • Ordinal: primeiro, quinquagésimo, milésimo etc.
• Analítico: O café estava muito amargo. • Multiplicativo: dobro, quíntuplo, décuplo etc.
• Sintético: O café estava amaríssimo. • Fracionário: metade, nono, um cinquenta avos.
Relativo
Há dois termos, dos quais um é escolhido como referên- Uso dos numerais:
cia para que se estabeleça uma comparação entre eles de: a) Grafam-se por extenso os numerais expressos num
• Superioridade: Machado de Assis foi o mais único vocábulo e em algarismos aqueles que exigem mais
competente contista dentre os demais escritores de uma palavra para serem veiculados.
de seu tempo. Ex.: Terceiro, 23º.
• Inferioridade: Ele é o menos capacitado dos
b) Não se emprega artigo antes do numeral.
funcionários.
Ex.: Todos quatro estudam francês. / Todas quatro filhas
Locução adjetiva: É a expressão que equivale a um dele estudam francês.
adjetivo. É formada por preposição mais substantivo.
Ex.: promessa de paz – promessas pacifistas Observações:
luta com armas – luta armada O pronome indefinido “todos” só se emprega de três
em diante.
Os termos “ambos” e “ambas” são usados no lugar de
Artigo “dois” e “duas” e só dispensam o artigo que ordinariamente
É o termo que acompanha e concorda com o substanti- os segue quando não acompanhados por substantivo. Ex.:
vo (ou elementos com valor de substantivo). Ambos os garotos são estudiosos. Professor e aluno, am-
bos aguardam a resposta do processo seletivo.
Classifica-se em definido e indefinido e se baseia no
critério semântico. c) Os algarismos romanos são usados, normalmente, na in-
dicação de séculos, reis, imperadores, papas, grandes divisões
• Definido: Concorda com o substantivo em gênero
das Forças Armadas, congressos, seminários, reuniões e outros
e número; corresponde ao pronome demonstrativo
acontecimentos repetidos periodicamente, dinastias, paginação
de 3ª pessoa. São eles: o, os, a, as.
de prefácio, numeração de livro, título, capítulos.
• Indefinido: Concorda com o substantivo em gê- Ex.: século XX, Luís XIV, João Paulo II, XV Bienal de São
nero e número; corresponde ao pronome indefinido. Paulo, Capítulo VI do Título VIII da Constituição Federal.
São eles: um, uns, uma, umas.
Gênero
Quando uma palavra é determinada por um artigo, passa Admite feminino: um (uma), dois (duas), duzentos (du-
a ter valor de substantivo. zentas), centenas acima de duzentos, quando não acompa-
Ex.: cantar – verbo o cantar – substantivo nhados de cardinais terminados em-ão.
Ex.: Duzentos milhões de pessoas.
Duzentas mil cabeças de gado.
Número
Admitem plural os cardinais terminados em-ão.
Ex.: 1 (um) milhão – 10 milhões.
Pronome
algum,
Estou escrevendo isto numa terça-feira. Vou fazer nenhum,
uma viagem, pequena, mas que me obriga a deixar todo, outro,
esta matéria pronta. Como se sabe, não há nada que Indefinidos muito, pouco,
aterrorize mais um jornalista — salvo, em alguns casos, certo (e mais
(indeterminam
a gramática — do que escrever com antecedência as flexões
o ser a que se
sobre fatos que podem traí-lo, não acontecendo ou de gênero
referem) e número),
acontecendo ao contrário. alguém, nin-
Luis Fernando Verissimo. O Globo, 24 jun. 2005. guém, cada,
nada etc.
Os termos destacados acima são denominados
pronomes.
Pronome é o termo que substitui ou acompanha o Interrogativos
substantivo. (indicam o ele- que, quem,
mento sobre o (o, a) qual,
qual se quer uma (os, as) quais
Quadro dos pronomes informação)
Retos: eu,
tu, ele, nós, Relativos
vós, eles (substituem um
Oblíquos: nome que os que, onde,
me, mim, antecede, cujo (a, as,
comigo, nos, funcionando os)
conosco, como conector
Pessoais te, ti, entre as orações)
(designam as contigo, vos,
pessoas do convosco, Pronomes pessoais
discurso) o(s), a(s), Caso reto: Quando quisermos representar o sujeito por um
lhe(s), se, si, pronome, usamos o pronome do caso reto (eu, tu, ele etc.).
consigo Caso oblíquo: Os pronomes oblíquos tônicos (mim, ti
Tratamento: etc.) são usados como objetos, sempre após uma prepo-
Vossa sição (de mim, sem mim, por mim, para mim etc.).
Excelência,
Vossa Observações:
Senhoria etc. Depois de preposições (de, por, entre etc.) o correto é
usar a forma oblíqua do pronome pessoal.
meu(s), Ex.: contra mim e ti; sobre mim e ti; entre mim e ela.
minha(s),
nosso(s), “Era para eu fazer”: eu é sujeito de fazer e vem depois
Possessivos nossa(s) da preposição para.
(estão associa- teu(s), tua(s),
dos à ideia de vosso(s), A regra do sujeito tem precedência sobre a regra da pre-
posse) vossa(s) posição: “Ele deu o presente para mim”, mas “Era para eu
seu(s), sua(s), (sujeito) ganhar”; “Vocês não vão começar a festa sem mim”,
dele(s), dela(s) mas “Vocês não vão começar sem eu (sujeito) chegar”.
Pronomes demonstrativos
este(s), Os pronomes demonstrativos situam os elementos no con-
Demonstrativos esta(s), isto texto linguístico (no texto) e no tempo (em relação a quem fala).
(indicam posi- esse(s), O pronome “aqueles” indica que se está longe de quem
ção em relação essa(s), isso se fala.
às pessoas do aquele(s),
discurso) aquela(s),
aquilo Pronomes relativos
Aonde/onde
Usa-se onde apenas com referência a lugar.
Verbo Singular
Plural
É a palavra que expressa um processo (ação, estado
e fenômeno natural), situando-o no tempo. Pessoa
Predicação 1a – eu, nós
2a – tu, vós (você, vocês)
Transitivo direto 3a – ele(s), ela(s)
Transitivo indireto
Ligação
Intransitivo
Formas nominais
Transitivo direto e indireto São chamados assim porque exercem também a função
de nome: particípio, gerúndio e infinitivo.
Conjugação • Particípio: Exprime uma ação concluída e exerce fun-
ção semelhante à dos adjetivos.
1a – a vogal temática em a. • Emprega-se a forma regular do particípio (terminada
2a – a vogal temática em e. em ado ou ido) na voz ativa, formando os tempos
3a – a vogal temática em i. compostos com os auxiliares ter ou haver.
Exceção:
• Já a forma irregular (tendo diversas terminações) é uti-
Verbo pôr – pertence à 2a conjugação.
lizada na voz passiva, ao lado dos auxiliares ser, estar
ou ficar.
Modos
• Gerúndio: Essa forma nominal pode e deve ser usa-
• Indicativo: Indica uma atitude real.
da para expressar uma ação em curso ou uma ação
• Subjuntivo: Indica uma atitude hipotética, duvidosa.
simultânea a outra, ou para exprimir a ideia de duração
• Imperativo: Indica uma ordem, um pedido.
indefinida. É usado com os auxiliares estar, andar, ir, vir.
Tempos Você já foi atacado pelo mal do gerundismo ou endorreia?
CURIOSIDADES
Aqui vai a última flor do Lácio
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente
sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunica-
ção moderna, o gerundismo. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar
enviando pela Internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela
possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela cos-
tuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atin-
gindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja
caindo a ficha das pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo.
Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim, pode estar existindo uma
maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito. Até porque, caso contrário, todos nós
vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvin-
do frases assim o dia inteirinho. Sinceramente: nossa paciência está ficando a ponto de estar estourando.
O próximo “Eu vou estar transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma rea-
ção violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos.
As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem
do dia a dia.
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing.
Daí a estar pensando que “We’ll be sending it tomorrow” possa estar tendo o mesmo significado que “Nós vamos estar
mandando isso amanhã” acabou por estar sendo só um passo.
Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para
estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a
estar retornando ligações. A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais
coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo.
A primeira pessoa que inventou de estar falando “Eu vou tá pensando no seu caso” sem querer acabou por estar
escancarando uma porta para essa infelicidade linguística estar se instalando nas ruas e estar entrando em nossas
vidas. Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como “O que cê vai tá fazendo domin-
go?” ou “Quando que cê vai tá viajando pra praia?”, ou “Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar
em casa”.
Deus, o que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocan-
do no cérebro das novas gerações?
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram
estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o “a nível de”, o “enquanto”, o “pra se ter uma idéia”
e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?
FREIRE, Ricardo. Aqui vai a última flor do Lácio. O Estado de S. Paulo, 16 fev. 2021.
Adjetivo
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo atribuindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou
estado. Podem ser flexionados em gênero, número e grau (normal, comparativo, superlativo).
Exemplos: casa velha, blusa verde-escura, funcionário mal-educado.
Artigo
Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição dos mesmos. São
flexionados em gênero e número.
Exemplos: o aluno, uma formiga, uns dias.
Numeral
Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a ordenação de elementos numa
série. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero e número, outros são invariáveis.
Exemplos: Duas calças, primeiro lugar, metade da pizza, último bimestre.
Pronome
Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos. Os pronomes podem ser: pessoais, pos-
sessivos demonstrativos, interrogativos, relativos e indefinidos. Além dessa classificação principal, os pronomes também
podem ser classificados em pronomes adjetivos e pronomes substantivos.
Exemplos: minha prova, aquele cachorro, algum dinheiro, quem disse?, quanto custa?, que saudade!
Verbo
Verbos são palavras que indicam, principalmente, uma ação. Podem ser flexionados em número, pessoa (1a, 2a ou
3a), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), aspecto (incoativo, cursivo e conclu-
sivo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).
Exemplos: estudar, conhecer, partir, haver, ser.
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
LITERATURA
A
Semana da Arte Moderna em São Paulo (1922) serviu como ponto de partida para
o desenvolvimento do Modernismo no Brasil. Primeira fase modernista
Participaram desse evento: Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Menotti Del Picchia, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Segunda fase modernista
Victor Brecheret, Emiliano Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, entre outros.
Após a Semana, surgiram várias correntes que refletiam visões nacionalistas em intensida-
des e formas diferenciadas: Pau-Brasil e Movimento Antropofágico; nacionalismo crítico; Verde-
-Amarelismo, Bandeira e Anta – nacionalismo ufanista.
O Modernismo se divide em duas fases:
• Primeira fase – 1922 a 1930.
• Segunda fase – 1930 a 1945.
Futurismo (1909)
Trecho do Manifesto Futurista.
“Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito e à temeridade.
Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.
Tendo a Literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós
queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a
bofetada e o soco”.
Marinetti
Liderado por Filippo Tommaso Marinetti, (1876-1944) o Futu- Tende a arruinar definitivamente todos os mecanismos
rismo exaltava a vida moderna, o movimento, cultuava a velocidade psíquicos e a substituir-se a eles na solução dos principais
e as máquinas. Propunha a destruição da sintaxe, o uso de sím- problemas da vida.”
bolos matemáticos e musicais e desprezava adjetivos e advérbios. André Breton
Surrealismo (1920)
Trecho do Manifesto Surrealista:
“O Surrealismo assenta na crença da realidade supe-
rior de certas formas de associação, negligenciadas até
aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo desinteressado
do pensamento.
Oswald de Andrade
Geração pós-45
Geração pós-45
Concretismo
Após 1945, os autores retomam a preocupação com a forma.
Temas sociais como a exploração humana e questões políticas tiveram destaque Neoconcretismo
neste período.
Poesia-práxis
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Literatura marginal
''Esta folha branca
Me proscreve o sonho, Literatura de cordel
Me incita o verso
Nítido e preciso. Literatura de
consumo
Eu me refugio
Nesta praia pura Literatura clássica
Onde nada existe
Literatura infantil
Em que a noite pouse.
Concretismo
O Concretismo rompeu com qualquer tipo de discurso
tradicional.
Retomou as experiências radicais de 1922, incorpo-
rando recursos tecnológicos e a influência dos meios de
comunicação.
Preconizou a substituição das estruturas tradicionais Ferreira Gullar
do verso por estruturas nominais, que se relacionam es-
pacialmente, no eixo horizontal e vertical. Há ainda o apro- Neoconcretismo
veitamento dos espaços em branco, ausência dos sinais Redirecionou as propostas da experiência concretista
de pontuação etc. para a poesia engajada ideologicamente na luta contra a re-
Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari pressão e a injustiça social.
foram os representantes desse movimento. O representante desse movimento é Ferreira Gullar.
a solidariedade humana, tornando os homens mais capazes mente simples e, às vezes, coloquial, por sua popularidade e
para a conquista do planeta e se entenderem melhor, no por seu rápido retorno financeiro. Fazem parte dela as obras
único intuito de sua felicidade.” com fins técnicos ou com fins de entretenimento. Essas obras
(Lima Barreto, Impressões de leitura) ganharam um tom pejorativo, sendo consideradas, muitas ve-
zes, como não literárias.
Literatura de consumo ou, segundo alguns críticos, lite- Classificam-se, de forma geral, os livros de autoajuda e
ratura Comestível, é caracterizada pela sua linguagem geral- técnicos como literatura de consumo.
Curiosidades
Quem não leu Harry Potter?
A série de livros da autora escocesa J. K. Rowling já vendeu mais de seiscentos milhões de exemplares em
todo o mundo.
Por trás do sucesso da saga Harry Potter, está Joanne K. Rowling.
Joanne Rowling (o K. significa Kathleen, nome de sua avó, e foi adotado como exigência da editora) nasceu em 31
de julho de 1965 na cidade de Chipping Sodbury, na Grã-Bretanha (o nome da cidade, ela diz, foi a razão pela qual
ela coleciona “palavras esquisitas” para seus livros).
Monteiro Lobato
— Isso! – exclamou Emília. — Com palavras suas e de Não sou feia que não possa casar,
tia Nastácia e minhas também, e de Narizinho, e de Pedri- Acho o Rio de Janeiro uma beleza e
nho, e de Rabicó. Os viscondes que falem arrevesado lá Ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
entre eles. Nós, que não somos viscondes nem viscondes- Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
sas, queremos estilo de clara de ovo, bem transparentinho, Inauguro linhagens, fundo reinos
que não dê trabalho para ser entendido. Comece.
– dor não é amargura.
E Dona Benta começou, da moda dela: Minha tristeza não tem pedigree,
— Em certa aldeia da Mancha, que é um pedaço da Já a minha vontade de alegria,
Espanha, vivia um fidalgo aí duns cinquenta anos, dos que Sua raiz vai ao meu mil avô.
têm lança atrás da porta, adarga antiga (isto é, escudo de Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
ouro) e cachorro magro no quintal, cachorro de caça.” Mulher é desdobrável. Eu sou."
(Com licença poética)
Outros autores brasileiros de literatura infantil
e juvenil Dalton Trevisan (1925-)
Questões
1. (Unicamp – adaptada) – O texto abaixo, extraído de 3. (Unesp – adaptada)
Angústia, romance de Graciliano Ramos, descreve um Escrever
encontro entre três personagens. Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me
“Ao chegar à Rua do Macena recebi um choque tremen- lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade.
do. Foi a decepção maior que já experimentei. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
À janela da minha casa, caído para fora, vermelho, pa- Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas
pudo, Julião Tavares pregava os olhos em Marina, que, da escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num
casa vizinha, se derretia para ele, tão embebida que não conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e
percebeu a minha chegada. Empurrei a porta brutalmente, arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se
o coração estalando de raiva, e fiquei de pé diante de Julião livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Tavares, sentindo um desejo enorme de apertar-lhe as goe- Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil,
las. O homem perturbou-se, sorriu amarelo, esgueirou-se salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos
para o sofá, onde se abateu. que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar re-
— Tem negócio comigo? produzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimen-
A cólera engasgava-me. Julião Tavares começou a falar to que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é
e pouco a pouco serenou, mas não compreendi o que ele também abençoar uma vida que não foi abençoada.
disse. Canalha.” Que pena que só sei escrever quando espontaneamente
a) Quem é o narrador desta passagem? Que vínculos a “co isa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um
existem entre o narrador, Marina e Julião Tavares? verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.
Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.
b) Transcreva expressões do trecho acima nas quais
está caracterizada a reação emocional do narrador (Clarice Lispector, A descoberta do mundo, 1999)
à conversa que presencia.
Gabarito
1. a) O narrador desta passagem, como de todo o romance 3. Nos termos do texto, a maldição de escrever, que es-
Angústia, é Luís da Silva, trata-se de um narrador-perso- craviza “como um vício penoso do qual é impossível
nagem. Seus vínculos com Marina e Julião Tavares são, se livrar”, salva sua “vítima” do vazio da vida , no qual a
respectivamente, de amor e ódio. Marina era namorada “pessoa se sente inútil”; além disso, escrevendo, evita-
de Luís da Silva. Ela o substituiu por Julião, fato que gerou -se a perda resultante do tempo que passa, pois “salva
em Luís um misto de ódio, ciúme e ressentimento. o dia que se vive”. Tal salvação consiste em dar senti-
b) As expressões que caracterizam a condição emotiva do à vida e expressão ao que se sente e que, sem a
do narrador são, entre outras, as seguintes: “choque expressão por meio da escrita, permaneceria “apenas
tremendo”, “decepção maior”, “coração estalando de vago e sufocador”. Assim, paradoxalmente, escrever
raiva”, “desejo enorme de apertar-lhe as goelas”, “a có- escraviza, porque se impõe de forma inelutável, e li-
lera engasgava-me” e “canalha”. berta, porque, exprimindo e dando sentido ao que se
vive, livra a vida da maldição da perda. Portanto, porque
2. a) O retirante reconhece que as diferenças entre as re- suspende tal maldição, “escrever é também abençoar
giões inóspitas do Sertão (“caatinga”) e do Agreste e a uma vida que não foi abençoada”, já que originalmente
fértil e abundante Zona da Mata residem na geografia, condenada à perda, à morte.
no âmbito físico: a terra da Zona da Mata é “mais macia”.
Mas há semelhanças na organização social, que, nas
três regiões, faz a vida arder “sempre com a mesma
chama mortiça”. A metáfora da lamparina traduz essa
relação perfeitamente: a diferença é o exterior (“pavio”,
“lamparina”), que remete ao meio físico, e a semelhança
está no interior (“querosene”), que se associa à organi-
zação social.
b) Logo ao chegar ao Recife, objetivo último de sua pe-
regrinação, Severino ouve o diálogo pessimista de dois
coveiros. Isso reforça ainda mais sua sensação de de-
sespero diante da desigualdade social que impera tan-
to no meio rural do Sertão, do Agreste e da Zona da
Mata, quanto na cidade do Recife. Assim, o retirante
não muda substancialmente o julgamento que expres-
sa no excerto. Embora as cenas finais, do nascimento
da criança, apontem para uma visão de mundo menos
pessimista, em momento algum minimizam a crítica à
péssima distribuição de renda nordestina.
Anacoluto
Frase cuja estrutura sintática é interrompida, sendo continuada de uma forma alter-
nativa, deixando solto o termo inicial da oração.
Exemplo: "Eu, porque sou mole, você fica abusando" (Rubem Braga).
Anáfora
Repetição de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos.
Exemplo: “É pau, é pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco, é um pouco
sozinho” (Tom Jobim).
Antítese
Aproximação de conceitos contrários pelo confronto de ideias opostas.
Exemplo: “Que vai, pisando a terra e olhando o céu” (Vinicius de Moraes).
Cecília Meireles
Apóstrofe
Invocação, interpelação ou chamamento de algo personificado ou de alguém.
Exemplo: “Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa / Uma boa média que
não seja requentada” (Noel Rosa).
Catacrese
Utilização de uma palavra fora do seu significado original por falta de outra palavra
que corresponda ao conceito que se pretende nomear.
Exemplo: “Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos).
Comparação
Aproximação entre dois ou mais elementos que apresentam uma característica
em comum.
Exemplo: “Meu coração tombou na vida / tal qual uma estrela ferida/pela flecha de
um caçador” (Cecília Meireles).
Monteiro Lobato
Elipse
Omissão de termos da oração sem que se prejudique seu entendimento.
Exemplo: “No mar, tanta tormenta e tanto dano" (Luís de Camões).
Eufemismo
Utilização de palavras e expressões mais brandas e agradáveis, em subs-
tituição de outras mais chocantes e agressivas, sem alteração do conteúdo.
Exemplo: “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um
dia enfim... Descolorirá” (Vinicius de Moraes).
Gradação ou clímax
Encadeamento de ideias que pode seguir uma ordem crescente ou uma
ordem decrescente.
Exemplo: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada” (Monteiro Lobato).
Hipérbato
Inversão brusca da ordem dos termos de uma oração.
Exemplo: “Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco” (Gonçalves Dias).
Hipérbole
Recurso que aumenta a expressividade da mensagem. Gonçalves Dias
Exemplo: “Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do
metrô, eu iria a pé do Rio a Salvador...” (Roberto Frejat).
Ironia
Ocorre quando é dito, intencionalmente, o oposto do que se pretende transmitir. A ironia tem como objetivo a ridiculari-
zação e desvalorização de alguém ou de uma situação.
Exemplo: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado de Assis).
Metáfora
Comparação implícita entre dois elementos que apresen-
tam uma ou mais características em comum, sem que essa
característica esteja salientada. A comparação é feita de modo
subentendido, não há um termo comparativo explícito.
Exemplo: “Perdi-me dentro de mim / Porque eu era um
labirinto” (Mário de Sá Carneiro).
Metonímia
Substituição de palavras com sentidos próximos onde é
utilizada uma palavra em vez de outra, sendo que ambas par-
tilham uma relação de proximidade de sentido.
Exemplo: “Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda
os estudos de Czerny” (Murilo Mendes).
Mário de Sá Carneiro
Onomatopeia
Recurso que aumenta a expressividade da mensagem. As onoma-
topeias reproduzem, na linguagem escrita, os sons existentes.
Exemplo: “Sino da paixão bate bão bão bão” (Manuel Bandeira).
Paradoxo
Associação de conceitos contraditórios na representação de uma
só ideia.
Exemplo: “Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo” (Carlos Drum-
mond de Andrade).
Pleonasmo
Uso excessivo de palavras na transmissão de uma ideia, ocorrendo
repetição e redundância.
Exemplo: “Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque).
Polissíndeto
Recurso utilizado na linguagem oral e escrita que aumenta a ex-
pressividade da mensagem através do uso excessivo e repetitivo de
conjunções entre palavras e orações.
Euclides da Cunha
Exemplo: “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a
sede; e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas..." (Euclides da Cunha).
Silepse
Estabelecer concordância não com as palavras que compõem a frase, mas com a ideia que se pretende transmitir ou
com termos subentendidos.
Exemplo: “Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele” (Almeida Garret).
Zeugma
Omissão de termos da oração sem que se prejudique o entendimento, pois o que se omite é um termo já mencionado.
Exemplo: “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca" (Raul Pompeia).
Anotações
Anotações
Anotações
REDAÇÃO
Narração
— Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
Narrar é relatar fatos, contar como esses fatos aconte- E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do se-
ceram (ou acontecerão). Como todo fato ocorre em deter- gundo homem, e o encontraram, e o mataram, mas ele
minado tempo, em toda narração há sempre um começo, também não tinha o anel. E a donzela disse:
um meio e um fim. São requisitos básicos para que a nar-
— Então está com o terceiro!
ração esteja completa.
Observe a tirinha a seguir e relate o que está acontecendo. Pois se lembrava que havia um terceiro assaltante.
Que tipo de verbos e palavras você usou? E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do
terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas
não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trou-
xeram o homem para a aldeia, e o revistaram, e encon-
traram no seu bolso o anel de diamante da donzela,
para espanto dela.
— Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o
anel de seu dedo, e a deixou desfalecida — gritaram
os aldeões. Matem-no!
— Esperem! — gritou o homem, no momento em
que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. —
Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!
E apontou a donzela, diante do escândalo de
todos.
O homem contou que estava sentado à beira do
riacho, pescando, quando a donzela se aproximou
dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a don-
zela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse, pois
queria saber o que era amor. Mas como era um ho-
mem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela
devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido
no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera
o anel dizendo: “Já que meus encantos não o sedu-
zem, este anel comprará o seu amor.”. E ele sucumbi-
ra, pois era pobre, e a necessidade é algoz da honra.
Todos se viraram contra a donzela e gritaram: “Ra-
meira! Impura! Diaba!” —, e exigiram seu sacrifício. E
o próprio pai da donzela passou a forca para o seu
pescoço.
Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
— A sua mentira era maior que a minha. Eles ma-
taram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde
está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
— A verdade é que eu achei o anel na barriga de
um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal
Leia o texto a seguir: quer é violência e sexo, não histórias de pescador.
Luis Fernando Veríssimo, “A verdade”.
Elementos da narrativa
Volte ao texto “A verdade” e identifique os elementos PESQUISE MAIS
referentes à história:
Espaço e tempo – Onde e quando se passa? • Narrador onisciente intruso: Aquele que
se posiciona diante da história, fazendo
Com essas perguntas, situamos o texto em determina- comentários em primeira pessoa;
do período e lugar.
Espaço é o lugar em que acontece a narrativa. • Narrador-câmera, narrador-observador ou
narrador-testemunha: Aquele que é personagem,
Tempo cronológico – Os fatos são apresentados de não faz parte das ações contadas, não
acordo com a ordem dos acontecimentos. conhece o interior dos personagens e só narra
Tempo psicológico – Interior, aquele que transcorre aquilo de que tem conhecimento prévio.
dentro dos personagens, marcado pela ação da memória,
das reflexões. No texto “A verdade” o narrador é de 3a pessoa.
Para ela, os laudos periciais também não permitem afir- Dissertar passa pelo encadeamento de causas e efei-
mar que os réus tenham “dado causa à queda do edifício”, tos; seu criador pode e deve oferecer exemplificações, bus-
ainda segundo o TJ. Um dos laudos apresentaria como car conclusões, mas não impor suas ideias, nem mesmo
causa do desabamento um erro de cálculo que foi atribuído se esforçar para convencer, a qualquer custo, seus inter-
ao projetista, enquanto o outro não demonstra convicção. locutores. Acima de tudo, ele precisa ter a consciência de
que vai tão somente propagar um novo saber.
Assunto – Tribunal decide que Naya não pode ser res- As obras dissertativas enquadram-se na categoria dos
ponsabilizado por queda do edifício Palace 2. escritos expositivos, ao lado dos textos científicos, dos pa-
Personagens/pessoas envolvidas – Sérgio Naya, receres, das produções didáticas, dos verbetes que com-
Sérgio Murilo Domingues, Tribunal de Justiça do Rio, de- põem as enciclopédias.
sembargadora Elizabeth Gregory.
Onde – Rio de Janeiro. As qualidades de um texto dissertativo
Quando – 10 de junho de 2005.
Como aconteceu? – Por 5 votos a 0, Naya e o enge- Concisão
nheiro Domingues foram absolvidos do crime de desaba- • Ir direto ao assunto;
mento do Edifício Palace 2, em fevereiro de 1998. • Não ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”;
Por quê? – Segundo os laudos, os acusados não se- • Eliminar informações desnecessárias.
riam responsáveis pela queda do prédio
Clareza
Dissertação • Dispor as ideias de forma que possam
Quantas vezes você já precisou defender suas ideias? ser entendidas pelo leitor rapidamente;
Para provar que seu time de futebol é o melhor, para conven- • Ser coerente, não se contradizer;
cer seus pais a deixarem você ir “àquela” festa ou fazer aquela • Não confundir o leitor;
viagem, provar para o(a) namorado(a) que não era você “na- • Evitar períodos longos e vocabulário
quele” dia, “naquele” bar, com “aquele(a)” garoto(a) etc.? rebuscado e vago.
O ato de argumentar é inerente ao ser humano. Esta-
mos o tempo todo, mesmo de forma inconsciente, impon- Correção
do nossas ideias e vontades. Neste exato momento, por • Utilizar a variedade padrão, evitando
exemplo, estou tentando convencê-lo(a) de que argumentar gírias, regionalismos, neologismos;
é algo natural. • Grafar as palavras corretamente. Se houver
Mas, se é algo natural, por que, às vezes, é tão compli- dúvida e não for possível consultar um
cado escrever um texto argumentativo? dicionário, substitua a palavra por outra;
Volto às questões: desconhecimento da estrutura de • Atenção para a flexão das palavras, concordância
texto e do assunto a ser tratado. entre os termos, regência de verbos e nomes,
Escrever também requer prática. colocação pronominal e pontuação.
Você já conhece a estrutura do texto descritivo e narrati-
vo. Agora, vamos estudar o texto dissertativo. Elegância
Dissertar é expor uma ideia de forma objetiva (predomí- • Texto bem apresentável: limpo,
nio da função referencial). sem rasuras e com letra legível;
Nesse tipo de texto, você poderá expor determinado • Conteúdo original, criativo.
assunto, pontuando seus vários aspectos sem aderir a ne-
nhum deles, ou escolher determinado aspecto de um as-
O texto dissertativo pode ser expositivo ou argumen-
sunto e defendê-lo. tativo. Em nenhuma das duas modalidades há lugar para
A esse último tipo de texto, damos o nome de argu- a opinião. Na expositiva, o estudante expõe um conceito,
mentativo. uma teoria e o seu ponto de vista sobre o assunto, além
A dissertação é um texto de natureza teórica que visa de expressar a visão alheia. Normalmente, ele revela sua
a expor minuciosamente um tema, desdobrando-o em essência, os precedentes, razões imediatas ou distantes,
todos os seus aspectos. Através dessa estruturação ló- efeitos ou exemplificações.
gica e ordenada das concepções iniciais, o autor propõe
reflexões, incrementa uma forma de pensar, defende um Tipos de argumento
ponto de vista, discorre sobre uma ideia, cria polêmicas, Um argumento pode ser baseado em:
propõe debates, insere raciocínios dos quais extrai con-
sequências, introduz questionamentos que abalam as Citação – Frase ou pensamento de autores, autorida-
certezas absolutas. des conhecidas ou não.
os delitos serão punidos de forma honesta, a criminali- contra ou a favor da pena de morte, mas não sabem
dade – inclusive a do “colarinho-branco”, que indireta- justificar com exatidão a posição que assumem. Tive
mente ceifa mais vidas do que a marginal – diminuirá. um professor que dizia que é difícil saber com exatidão
A pena de morte, utilizada como meio de proteção se somos contra ou a favor da pena de morte, en-
da sociedade, é comprovadamente desnecessária; quanto não trabalharmos com a escória.
usada como método de vingança, é embrutecedora e Será justo que um Estado puna com a morte al-
reacionária. Um simples exame da história da pena ca- guém que cometeu um homicídio? Não estaríamos
pital demonstra o esforço que o homem vem fazendo voltando à velha máxima “olho por olho, dente por
há séculos para erradicá-la, seja através da diminuição dente”? Então não é crime se matarmos com a auto-
gradativa do número de delitos puníveis com a morte, rização do Estado?
seja através da tentativa de suavizar os progressos das Com a aplicação dessa pena, muitos inocentes já
execuções. foram sacrificados, não seria mais justo deixar um cul-
Do “olho por olho, dente por dente”, da Lei de Talião, pado solto que matar um inocente? Existem pessoas
saltamos para as fogueiras da Idade Média. Das mutila- que se posicionam contra isso, dizendo que é melhor
ções e torturas que precediam o enforcamento dos ple- um inocente preso que um bandido solto. Que mundo
beus franceses, alcançamos a guilhotina instituída pela re- é esse onde a vida passa a ter pouco valor?
volução burguesa de 1789. Do garrote vil espanhol, que Os EUA são campeões em aplicação de penas de
aos poucos quebrava a espinha dos condenados, atin- morte e, consequentemente, são o país que comete
gimos o pelotão de fuzilamento. Da cadeira elétrica que mais erros de justiça; só que, infelizmente, muitas ve-
descarrega dois mil volts sobre o corpo do sentenciado zes essa constatação chega tarde demais e o valor da
durante períodos alternados, chegamos à injeção letal indenização nunca serve para abrandar o sofrimento
aplicada aos norte-americanos penalizados com a morte. da família, pois o dinheiro nunca poderá trazer de vol-
A pena de morte tem progredido – se assim se pode ta o pai, filho, irmão ou amigo que se foi. Nos EUA,
dizer – não só no concernente às formas pelas quais ela pelo menos 360 pessoas condenadas à morte, entre
é posta em prática, mas também em relação à natureza 1900 e 1985, conseguiram provar a sua inocência,
dos delitos e ao tipo dos criminosos passíveis de con- só que para 25 a inocência foi provada tarde demais.
denação à morte. Se atualmente em algumas poucas Diante de tudo isso, surge um novo problema: nos
nações mulheres adúlteras ainda são apedrejadas até países em que não existe a prisão perpétua, como por
que a vida se lhes acabe, na maioria apenas homicidas exemplo, o Brasil, onde a pena máxima são 30 anos,
cruéis são levados ao patíbulo. Se no alvorecer do pri-
o que fazer com as pessoas que têm de ser liberta-
meiro milênio os cristãos eram jogados aos leões para
das, porque já cumpriram a sua pena, mas não têm
divertimento dos cidadãos de Roma, e se dava fim aos
condições de voltar ao convívio social, pois afirmam
desequilibrados mentais por serem julgados endemonia-
que se forem libertados continuarão a matar? Talvez
dos, hoje a maior parte dos ordenamentos penais exis-
a solução esteja em ocupar o preso durante o tempo
tentes no mundo veda a aplicação da pena de morte
em que ele estiver na prisão e ir enquadrando-o ao
a prisioneiros de consciência, a menores, a anciãos, a
convívio social aos poucos, arranjando trabalho fora
mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz, a pes-
das prisões para aqueles que estiverem com a pena
soas mentalmente enfermas.
quase no fim; mas esse trabalho não dará resultados
O empenho que o ser humano vem fazendo há cen-
tenas de anos para aprimorar o Direito, justificando sua se a sociedade não contribuir. Deveriam ser oferecidos
condição de animal inteligente, é comprovado claramente cursos profissionalizantes, ter uma biblioteca à dispo-
pela contínua e definitiva restrição que as normas legais sição e muitos outros programas, para que os presos
vigentes vêm fazendo à vingança pessoal ou estatal. tivessem o seu tempo e também a cabeça ocupada.
A Assembleia Nacional de Cuba aprovou a pena de
Carlos Alceu Machado, Direitos Humanos na Internet. morte (que é aplicada por fuzilamento) para os crimes de
narcotráfico e outros considerados graves (assassinatos,
Evidências – Pesquisas, dados estatísticos. violações, roubos violentos), depois que o presidente Fidel
Castro solicitou que os crimes no país fossem castigados
Pena de morte: A justiça no limite da racionalidade com mais severidade, porque os casos de delinquência
A pena de morte é um assunto que vem suscitan- estavam aumentando visivelmente, ameaçando deste
do grandes polêmicas não apenas entre os juristas, modo a segurança da sociedade socialista cubana.
envolve presidentes e até o papa. Essa polêmica já Os que são contrários à pena de morte argumentam
existe há séculos e nunca se chegou a uma unani- que a criminologia e as estatísticas provam que a existên-
midade e talvez nunca se chegue; mas, a partir do cia da pena de morte não reduz os crimes punidos com
século XIX, houve mais engajamento para que a pena essa pena, e geralmente os que sofrem com a aplica-
de morte fosse totalmente abolida de todos os orde- ção dela são os mais desfavorecidos, uma vez que não
namentos jurídicos. Muitas pessoas se posicionam possuem condições para arranjar um bom advogado e
Crime e castigo
Devemos ser contra a pena de morte por cinco ra-
zões: uma de ordem intrínseca, uma de ordem pragmáti-
ca, duas de ordem extrínseca e uma de ordem histórica.
A razão de ordem intrínseca é que uma pena irrepa-
rável só pode ser decretada por um tribunal infalível. Daí
ser logicamente compreensível que Deus, por definição
e que nos deu a vida, também nos pode dar a morte.
E, pelo contrário, seja ilógico que nós possamos le-
gitimamente suicidar ou condenar qualquer pessoa à
Para alguns, a pena de morte, utilizada como meio morte. Esta é sem dúvida irreparável. Toda sentença à
de proteção da sociedade, é ineficiente. morte é substancialmente incorrigível, quanto aos seus
efeitos. Por outro lado, todo juízo humano, individual ou
os advogados do Estado muitas vezes nem se preocu- coletivo, é falível. Pode errar. Se pronunciar uma pena-
lidade reparável, as consequências de sua sentença
pam em verificar se o seu cliente é realmente culpado ou
podem ser corrigidas. Mas se decretar uma pena ir-
não, e além do mais a pena de morte não soluciona os
reparável será impossível conter ou atenuar suas con-
problemas de segurança. Os que defendem a sua apli-
sequências. E seu resultado será uma injustiça mons-
cação argumentam que o criminoso é um degenerado
truosa, se houver erro judiciário. Por isso considero a
irrecuperável e que ficando preso para sempre só estaria
pena de morte, em si, logicamente inaceitável. E não
gastando dinheiro do Estado e que a melhor solução seria
há razões práticas que possam, em sã consciência,
matá-lo, poupando dinheiro dos contribuintes.
justificar erros doutrinários. Nem mesmo as razões do
Atualmente, existem 64 países que aboliram a pena
coração podem alterar a verdade intrínseca das razões
de morte e, incluindo aqueles que já não a aplicam há da inteligência. Podemos, quando muito, compreen-
mais de 10 anos, esse número sobe para 103, mas dê-las. Não sobrepô-las. Só há uma soberania abso-
esse número ainda é pequeno se formos verificar que, luta: a natureza das coisas. Como diz Etienne Gílson:
apesar de serem em número inferior, ainda existem “este é o tribunal supremo a que devemos recorrer em
muitos países que a aplicam, são 91 no total. nossas dissidias humanas”. A pena de morte atenta,
A pena de morte aumentou em alguns países, entre contra razões especulativas que derivam da natureza
eles a China (85%), Ucrânia, Rússia e Irã. Desde que essa das coisas. Primeira razão pela qual se deve rejeitá-la.
pena foi reintroduzida nos EUA em 1976, 1997 foi o ano A segunda razão é de ordem pragmática. A pena
mais trágico atingindo um recorde de 74 execuções. de morte, dizem os seus defensores – que os há e dos
A pena de morte é uma crueldade não apenas para o mais ilustres teólogos, filósofos, moralistas e estadis-
preso, mas também para sua família; além da aplicação da tas, tanto é difícil lidar com problemas de vida e morte
pena, o preso às vezes fica anos esperando que a execu- – é uma legítima defesa do indivíduo e da sociedade.
ção seja cumprida, o que acaba desgastando o preso e a Não se nega que possamos matar em legítima
sua família. Essa pena muitas vezes afeta também os funcio- defesa. E que seja até justificável a guerra justa, por
nários da prisão e os encarregados de cumprir a sentença. mais que a monstruosidade técnica dos modernos ar-
Até hoje não se conseguiu provar que a aplicação mamentos e a complexidade das causas que levam à
da pena de morte diminui os índices de criminalidade, guerra tornem dificílima a classificação de uma guerra
uma vez que se verifica que os países que a aplicam têm como justa ou injusta. Mas não é disso que estamos
porcentagens de crimes superiores às dos países que tratando. Na defesa individual nada de mais legítimo
a aboliram. O Canadá é um grande exemplo, o índice do que dar a morte a alguém para defender a nossa
de criminalidade em 1993 diminuiu em 27% depois que vida ou a daqueles cuja vida temos o dever de defen-
a pena de morte foi abolida, o que não se verificava nos der. Mas o que é duvidoso é que essa modalidade
anos em que a pena de morte ainda vigorava. de punição, oficializada na maioria ou pelo menos em
numerosas nações, alcance realmente os fins a que se Edgar Hoover, e resumido no número 25 de agosto do
destina. Quais são esses fins? Suprimir consideravel- U. S. NewsWorld Report, pág. 6/32.
mente a criminalidade. Antes de tudo, pode haver uma “A probabilidade de que um americano seja vítima
remota analogia, mas nunca equiparação entre a morte de um crime este ano é de 1 para 50, o dobro do
que possamos provocar em legítima defesa e a que perigo que corria há nove anos passados. O crime em
provocamos pela aplicação desse tipo de penalidade. nosso país mais do que duplicou em volume – aumen-
Quando matamos em legítima defesa autêntica, tando de 122% – entre 1960 e 1968. Só em 1968
fazemo-lo involuntariamente. Quando matamos pela aumentou mais 17,5%. Nos primeiros três meses de
decretação de uma sentença fazemo-lo voluntaria- 1968 aumentou mais 10%. Os crimes estão crescen-
mente. O primeiro é um ato natural e imprevisto, pro- do 11 vezes mais depressa do que a população. En-
vocado pelo instinto de conservação. O outro é um quanto o número de crimes cresceu, nesse período,
ato pensado e friamente executado. O primeiro é con- 122%, a população só cresceu 11%. Assim é que a
secutivo a um ataque sofrido, a um crime cometido. atual proporção de crimes – o número de crimes gra-
O segundo antecipa a consequência que possa pro- ves por 100 mil habitantes – subiu 99%. O relatório
vir de deixar em vida um elemento reconhecidamente menciona um total de quase 4,5 milhões de crimes vá-
insociável. Só por analogia remota podemos falar em rios, no ano passado, incluindo 13.650 assassinatos,
legítima defesa social no caso da pena de morte. 31.600 estupros e 282.400 casos de assaltos a mão
Além disso, como íamos dizendo, nada de mais armada. Os assaltos a banco subiram 302% desde
contestável do que os resultados práticos da pena de 1960. Em 1968 as grandes cidades sofreram o maior
morte. Nenhum dos países onde impera a pena de mor- aumento de criminalidade, 18% em relação a 1967”.
te conseguiu, por meio dela, eliminar a criminalidade. Ou E por aí afora. E o curioso é que vários altos funcio-
mesmo reduzi-la. O único argumento empregável é uma nários da Educação, comentando o aumento de atos
hipótese: seria ainda pior sem ela. Mas acaso é legítimo de vandalismo, longe de patrocinarem o aumento das
dispor da vida alheia simplesmente na base de raciocí- penalidades, o que recomendaram é a organização
nios hipotéticos? Pode ser que sim. Pode ser que não. comunitária de defesa, das community residents, que
O fato positivo é que o crime entrou na história da hu- deu excelentes resultados em Rochester, Nova Iorque.
manidade desde que Caim matou Abel. Isto é, desde O que no caso nos interessa é a verificação de que
que o mal matou o bem. E a espécie humana se dividiu a pena de morte, em ação mais que secular nos Esta-
entre inocentes e culpados. Como meio de impedir a re- dos Unidos, não foi capaz até hoje sequer de manter o
petição desse crime original, consignado nas Sagradas mesmo nível de criminalidade. Já não falo em reduzi-la
Escrituras, todos os Estados, mais ou menos civilizados, ou suprimi-la, o que toca as raias da utopia.
adotaram essa punição. E o resultado? Será por esse motivo que a Inglaterra já suprimiu
A pena de morte não pode ser defendida, legitima- ou está por suprimir a pena de morte, reconhecendo
mente por motivos pragmáticos, porque não alcan- a sua ineficácia prática?
çou até hoje, em todas as nações que a aplicaram, Da Rússia não temos notícias. Conhecemos apenas
o resultado desejável. Tomemos para exemplo a mais a implacabilidade dos expurgos e o terrorismo cultural de
poderosa e bem organizada das nações modernas: que Kuznetsov nos deu, recentemente, o mais clamo-
os Estados Unidos. A pena de morte sempre existiu roso dos testemunhos. Há tempos, um repórter estran-
em sua legislação. A inflexibilidade dos seus juízes em geiro estranhou a pobreza das instalações judiciárias de
sua aplicação se tornou proverbial. E casos houve, Moscou. E um informante oficial explicou que assim era
como o de Sacco e Vanzetti, da nossa mocidade, porque em breve não seriam mais necessárias grandes
que abalaram a consciência da humanidade inteira, instalações de justiça, já que o crime desapareceria com
sem conseguir abrandar a implacabilidade da lei. a aplicação gradativa do sistema comunista.
A famosa sentença de Joseph de Maistre, em ou- Não que os defensores da pena de morte te-
tras palavras, que o carrasco é o companheiro inse- nham a seu respeito as mesmas utópicas ilusões
parável de uma sociedade bem organizada, foi sem- desses cândidos crentes nas virtudes miríficas do
pre levada ao pé da letra pela nação mais poderosa comunismo. Por ora, os regimes totalitários conti-
e bem organizada do mundo. Logicamente, ou antes, nuam a aplicar a pena de morte como sendo a mais
pragmaticamente, a criminalidade desse país deveria normal e eficaz das medicinas sociais.
decrescer na razão direta da aplicação de uma pena- Mas as estatísticas de uma nação realmente de-
lidade tão convincente e efetiva. mocrática como os Estados Unidos, onde os direitos
Ora, o que nos informam os documentos oficiais dos condenados pelos crimes mais hediondos, como
mais recentes é precisamente o oposto. Eis o que o do matador das enfermeiras de Chicago, são tão,
consta do último Uniform Crime Reports do Federal exasperadamente, respeitados. Essas estatísticas
Bureau of Investigation, o mais que famoso FBI, divul- nos demonstram positivamente que o argumento da
gado no dia 13 de agosto último, pelo seu diretor J. legítima defesa social é extremamente frágil.
Em nenhum país do mundo a pena de morte impe- “João Gostoso era carregador de feira livre e morava
diu, e nem mesmo evitou o aumento de toda espécie no morro da Babilônia num barracão sem número.
de criminalidade. Eis por que não se aceita o argu- Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
mento pragmático em sua defesa. Bebeu
Tristão de Athayde Cantou
Dançou
Estrutura de uma dissertação Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado.”
Introdução – Apresentação do tema que irá ser ex-
posto ou defendido. Manuel Bandeira.
Desenvolvimento – Exposição e explicação das ideias
e dos pontos de vista e argumentação sobre o assunto. Um poema é caracterizado pelo seu tom lírico e sua preo-
Conclusão – Fechamento das ideias que foram dis- cupação com a disposição das palavras. No entanto, pode
assumir um tom narrativo, como no poema de Bandeira, supra-
cutidas ao longo do texto.
citado, que relata um fato: a morte de João Gostoso.
Observação:
Como já foi dito, não existem fórmulas mágicas para
Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos,
se aprender a escrever, mas existem estruturas e algumas
dissertativos ou injuntivos. Essa classificação se dá por
predominância de algumas características de determinado técnicas que podem ser úteis na elaboração de textos.
tipo de texto.
Veja a estrutura do texto dissertativo a seguir: Veja a seguir dois modelos de redação:
esses procedimentos. Segundo o órgão responsável no No entanto, alguns especialistas afirmam que essa
país, 2,8 milhões de animais são utilizados todos os anos causa deve ser vista com cautela. Desestrutura familiar,
para pesquisas, sendo que mais de 60% desses recebem por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência
drogas para aliviar a dor ocasionada pelos estudos. Mesmo de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A de-
assim, os ambientalistas defendem que esses esforços são sestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto
insuficientes e que as condições a que esses animais estão e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em
submetidos devem ser discutidas. No Brasil a regulação é qualquer modelo familiar.
feita pela Sociedade Brasileira de Bioética, mas não há da- Também não é o desemprego. Mas o desemprego de
dos sobre a utilização de animas em laboratório. ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego,
Revista Galileu, 25 ago. 2005.
objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e
não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento
da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao in-
As relações de causa e consequência
gresso na criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou
Causa – motivo pelo qual surge o fato. o subemprego, mexe com a autoestima do jovem e o faz
Consequência – resultado da causa. pensar em outras formas de conseguir espaço na socie-
Primeiro parágrafo: dade, de ser, enfim, reconhecido.
– apresentação generalizada do problema, de seu ponto Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, rece-
de vista e argumentos. bendo um estímulo forte para o consumo, sem modelos
Parágrafos seguintes: próximos que se contraponham ao que o crime organi-
– desenvolvimento dos pontos de vista apresentados na zado oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um
introdução. grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio), um
Penúltimo parágrafo: indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.
– desenvolvimento e discussão das causas e conse- O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também
quências. fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas
Último parágrafo: de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de
– retomada do que foi discutido e o fechamento do raciocínio. conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
E, ainda, outro fator que infla o número de homicídios
Estrutura II no Brasil é a disseminação das armas de fogo, principal-
EXEMPLO: mente das armas leves. Discussões banais, como brigas
VIOLÊNCIA URBANA familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato
porque há uma arma de fogo envolvida.
Se a violência é urbana, pode-se concluir que uma de Luís Antonio Francisco de Souza
suas causas é o próprio espaço urbano? Os especialistas
na questão afirmam que sim: nas periferias das cidades, se- Assuntos polêmicos
jam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença Quando não se quer tomar posicionamento sobre um
do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais assunto, tem-se a possibilidade de pontuar os aspectos
facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas favoráveis e não favoráveis do assunto a ser discutido.
urbanas em que a infraestrutura urbana de equipamentos
e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elé- Primeiro parágrafo:
trica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos – apresentação da polêmica e colocações quanto à
culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou dificuldade de posicionamento devido à complexidade do
insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho. fato a ser tratado.
Esse e os demais fatores apontados pelos especialis- Segundo parágrafo:
tas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda – discussão dos aspectos favoráveis.
a América Latina, em intensidades diferentes. Não é a Terceiro parágrafo:
pobreza que causa a violência. Se assim fosse, áreas – discussão dos aspectos desfavoráveis.
extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, Quarto parágrafo:
como apresentam, índices de violência muito menores – fechamento do raciocínio com explicação dos dados
do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, apresentados.
Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o país estaria
completamente desestruturado, caso toda a população Estrutura III
de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza EXEMPLO:
começasse a cometer crimes. ABORTO
Outros dois fatores para o crescimento do crime são O aborto é, frequentemente, apresentado como um “direi-
a impessoalidade das relações nas grandes metrópoles to das mulheres”. No entanto, ao se dizer isso, se ignoram as
e a desestruturação familiar. Esta última é causa e tam- consequências desse ato. Mas que atitude tomar em casos
bém efeito. É causa porque, sem laços familiares fortes, de gravidez como resultado de um estupro?
a probabilidade de uma criança vir a cometer um crime O aborto pode ser visto como algo desejável para as mu-
na adolescência é maior. Mas a desestruturação de sua lheres, e como um benefício ao qual elas deveriam ter tanto
família pode ter sido iniciada pelo assassinato do pai ou da acesso quanto possível, ou seja, elas têm o direito de esco-
mãe, ou de ambos. lher se querem ou não ser mães.
Estudos sobre mulheres que fizeram aborto (veja, por exem- fins eleitorais, difundida pelo ex-tesoureiro petista Delúbio
plo, o livro do Dr. David Reardon, “Aborted Women, Silent No Soares, interessa tanto ao PFL, que tem um de seus prin-
More”) mostram que o aborto não é uma questão de dar à mulher cipais quadros envolvidos — o deputado Roberto Brant
uma “escolha”. É, tragicamente, uma situação em que as mulhe- — quanto ao PSDB, cujo presidente nacional, senador
res sentiram que não tinham nenhuma escolha. Eduardo Azeredo, também está sendo acusado de ter se
Casos extremos, como o estupro, tornam o aborto possível, valido dos recursos do lobista Marcos Valério de Souza na
mesmo em lugares onde não é permitido por lei. O fato de ser ou eleição de Minas Gerais em 1998.
não legalizado não o torna certo. Mas a generalização quanto à Acordos entre PT e PMDB e partidos aliados, para a
permissão ou proibição deve ser pesada levando-se em conside- não convocação de personagens importantes nos even-
ração cada caso. Julgar ou permitir, simplesmente, não contribui tos, como o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, e Be-
em nada para quem aprova ou reprova o ato. nedita da Silva, de um lado, e a governadora Rosinha e
seu marido Garotinho, de outro, são feitos à luz do dia.
Primeiro parágrafo:
O deputado e ex-ministro José Dirceu, peça central para
– apresentação, generalizada, do tema, do ponto de vis-
ta e de seus pontos e argumentos. a apuração de todo o esquema de corrupção montado,
Parágrafos seguintes: ainda não foi convocado. A CPI dos Correios, a mais antiga
– desenvolvimento dos argumentos apresentados na das atualmente em funcionamento, já consumiu mais de
introdução. setenta dias, e nem chegou à metade das apurações.
Penúltimo parágrafo: A CPI do caso PC Farias, por exemplo, começou em
– retrospectiva histórica do problema. junho de 1992 e foi declarada encerrada três meses e
Último parágrafo: meio depois, tendo o relatório final sido votado em 90
– conclusão com fechamento do raciocínio. dias. Bastaram 40 reuniões no período, e 22 depoimen-
tos, para estabelecer a culpa do ex-presidente Fernando
Estrutura IV Collor de Mello. A CPI do Orçamento, que começou em
EXEMPLO: outubro de 1994, terminou três meses depois, com um
OPERAÇÃO ABAFA total de 111 reuniões, porque se reunia praticamente to-
Os sinais preocupantes de que os trabalhos das CPIs dos os dias, e não se limitava aos três dias da semana em
possam estar sendo deliberadamente boicotados e de que o Congresso normalmente funciona: terças, quartas e
que a disputa entre as comissões, mais do que refletir uma quintas-feiras. Ao fim da CPI, 68 pessoas foram ouvidas,
briga de egos entre senadores e deputados, possa ser o entre elas 33 deputados, ao contrário de agora, quando a
reflexo de uma manobra dos governistas para retardar a CPI dos Correios só ouviu Roberto Jefferson.
apuração dos escândalos, sem que a operação abafa seja Sem falar que a moderna tecnologia que está à dispo-
claramente identificada pela opinião pública, estão colo- sição dos senadores e deputados deveria facilitar o cruza-
cando em estado de alerta organizações como a Transpa- mento de dados e as investigações. Ao contrário, até hoje
rência Brasil, associada à Transparência Internacional, uma não conseguiram abrir nem mesmo os disquetes enviados
organização não governamental exclusivamente dedicada pelas companhias telefônicas com a quebra de sigilos de
a combater a corrupção no mundo. alguns dos envolvidos, com a desculpa esfarrapada de
São inúmeras as indicações de que está em curso ten- que eles não falam entre si.
tativa de acordo para preservar uma maioria de envolvidos O presidente da Transparência Brasil, Cláudio Weber
nos escândalos. Em Brasília, há indícios de que as cúpulas Abramo, enviou carta aos presidentes das CPIs expres-
partidárias tentam achar caminhos para amenizar punições. sando preocupação em dois níveis: a origem do dinheiro e
O deputado Roberto Jefferson, que será o primeiro a ser a alegação de que foi usado para fins eleitorais. Segundo
cassado, poderá ser o pretexto para um grande acordo. Abramo, “é implausível” que o dinheiro se origine de “em-
Se a acusação contra ele for de que não provou a prática presas privadas que prefeririam permanecer no anonima-
do mensalão, estará dado o caminho para que a alegação to”. O mais provável é que os recursos “tivessem corres-
de uso de caixa dois nas eleições prevaleça, em vez do pondido a subornos pagos pela obtenção de vantagens
desvio do dinheiro público, que ainda não foi desvendado. conseguidas em transações ilícitas com o Estado”, afirma
De fato, se pegarmos exemplos de outras CPIs, vere- a carta da Transparência Brasil, que diz que “levantar os ali-
mos que a manobra governista de dividir a apuração dos mentadores de propinodutos constituiria um dos principais
escândalos em três comissões está dando resultado, se deveres das comissões”.
não no acobertamento dos envolvidos, pelo menos na de- Quanto à alegação, que classifica de “fácil”, que o dinhei-
mora das apurações. Ao delimitar a apuração da primeira ro teria sido destinado a pagamento de dívidas eleitorais, “se-
CPI instalada, a dos Correios, a maioria governista forçou ria minimamente exigível que os indivíduos acusados apre-
a oposição a lutar pela instalação de outras comissões, o sentassem os nomes e CNPJs das empresas fornecedoras
que acabou dispersando as investigações. que teriam sido beneficiárias dos pagamentos em questão”,
Há diversos exemplos de acordos, explícitos ou tá- alega Abramo. Para a Transparência Brasil, “aceitar-se sem
citos, entre os partidos políticos, cada qual defendendo maiores questionamentos a desculpa das dívidas eleitorais
seu interesse. A tese do “dinheiro não contabilizado” para equivale a desistir de investigar a corrupção”.
Equivaleria, também, lembra Abramo, aceitar “que cor- Paródia: Forma de apropriação que rompe, sutil ou
rupção com finalidade eleitoral seria menos grave do que abertamente, com o modelo retomado; imitação cômica
outras corrupções, com a inevitável consequência da ex- de certa composição (literária, musical etc.). Exemplo:
tensão, à totalidade dos políticos da pecha de corruptos Minha terra tem palmeiras,
— o que, decerto, seria inaceitável”. A carta termina aler- Onde canta o Sabiá;
tando que “nunca é demais frisar que os ilícitos” de que As aves, que aqui gorjeiam,
tratam as Comissões “não constituem simples “erros” ou Não gorjeiam como lá.
“falhas”, mas crimes”. Gonçalves Dias
A “operação abafa” em curso conta também com o silên- Minha terra não tem palmeira.
cio obsequioso da maioria dos intelectuais e com o colabora- E em vez de um mero sabiá,
cionismo partidário de notório cientista político que, vergonha Cantam aves invisíveis
profissional, usa seu pseudodistanciamento acadêmico para Nas palmeiras que não há.
abrigar, mesmo diante de todas as evidências, a patética tese Mário Quintana
da conspiração das elites contra o operário presidente.
Merval Pereira Referência ou alusão: Trata-se de mencionar elemen-
tos de outro texto (personagens, fatos, nomes) a fim de fazer
Itens recomendados para a redação de um alguma relação com o que se escreve.
bom texto dissertativo Exemplo: A mulher dele não tinha ambições nem vaida-
de, era uma Amélia. (Alusão à canção “Ai Que Saudades da
• Informatividade – Dê ao leitor uma Amélia”, de Ataulpho Alves/Mário Lago).
gama de informações pertinentes e
interessantes sobre o assunto tratado. Citação: É a transcrição de outro texto, sinalizada por aspas.
Exemplo: Aprendi, de Eleanor Roosevelt:
• Criticidade – Além de informar, deve-se “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza
formular ideias próprias. dos seus sonhos”, e de Carl Sandburg que “nada acon-
tece a menos que sonhemos antes”. FELLINUS, John. As
• Clareza e organização – Para convencer
mais belas frases do Mundo. São Paulo: Editora, 1998.
ou informar o seu leitor sobre o assunto, as
ideias de seu texto deverão estar dispostas Epígrafe: Constitui uma escrita introdutória de um tex-
de forma objetiva, clara e organizada. to, de modo a estabelecer alguma relação com esse texto.
• Prática – O fato de praticar a leitura e a escrita Pastiche ou plágio: Imitação de outra obra. Na esté-
lhe dará a possibilidade de se expressar melhor. tica clássica, isso era intencional e não tinha sentido pejo-
rativo como tem hoje.
Intertextualidade: A intertextualidade é a influência Exemplo:
de um texto sobre outro ou a superposição de um texto Lázaro Ramos interpretou o malandro “Foguinho” na
a outro. novela “Cobras & Lagartos”.
Paráfrase: Reprodução de um texto com outras pa-
Em 2006, os cineastas Walter Salles e Daniela Thomas
lavras. O autor do texto posterior tem que deixar claras a
apontaram plágio na novela de João Emanuel Carneiro
fonte e a sua intenção. porque Foguinho seria cópia de um personagem do longa
Exemplo: “Linha de Passe”. (Folha Online)
“O emprego do s no Brasil afora é muito peculiar, e
quem sair à cata das várias formas em que é encontrado Tradução: Converter um texto escrito de uma língua
terminará com uma rica coleção.” para outra.
Roberto Pompeu de Toledo. Revista Veja, 14 de março de 2007. Exemplo: “Só havia comido o gosto fétido de seu pró-
prio hálito faminto, no que pareciam ter sido semanas, e,
Conforme disse Roberto Pompeu de Toledo, a utiliza- mesmo assim, nada.” (Trecho do livro A menina que rouba-
ção do apóstrofo seguido de s pelos brasileiros é típica e va livros, escrito pelo australiano Markus Zusak e traduzido
pode ser encontrada em diversos lugares. por Vera Ribeiro).
Estruturação e argumentação
• Utilizar, na redação, as informações apresentadas
nos textos motivadores. (Atenção: As
informações não podem ser copiadas. É
necessário, no mínimo, parafraseá-las.)
• Dar um título à redação, de acordo
com o que foi desenvolvido.
• Redigir o texto, concentrando-se
na situação escolhida.
• Apresentar ideias consistentes.
• Utilizar argumentos relevantes para
o ponto de vista defendido. Monteiro Lobato, escritor.
ATUALIDADES
A subjetividade no texto dissertativo
A dissertação é um texto por meio do qual se utilizam argumentos para defender um ponto de vista. Visa à
discussão de um problema, que deve ser tratado de forma objetiva. Essa objetividade pressupõe o predomínio do
raciocínio e da lógica. Daí ser recomendável apagar do texto dissertativo as marcas de subjetividade, que enfatizam
mais o enunciador do que a mensagem.
Geralmente se confunde a manifestação da subjetividade com o uso do eu. O problema não está no emprego da
primeira pessoa, mas na forma como o autor desenvolve o tema. Quando o eu tem o caráter de um testemunho, dá
veracidade à argumentação.
Dizer, por exemplo, “Senti na pele o descaso de nossos governantes com a educação” pode vir a se consti-
tuir num bom argumento para contestar o sistema educacional. A eficácia do texto dissertativo fica comprometida
quando o emissor apresenta uma visão emocional e impressionista da realidade. Em vez de julgar, refletir, discutir os
fatos, opta pelo achismo ou pela vagueza de expressão.
Entre os procedimentos que acentuam a subjetividade e comprometem o rigor do texto dissertativo, estão:
• A presença de expressões como acho, penso, suponho - Esses verbos devem ser evitados por dois motivos: não
trazem nenhuma informação nova e indicam falta de firmeza na manifestação das ideias. Em vez de “Acho que o
Brasil precisa de uma nova mentalidade política”, diga simplesmente: “O Brasil precisa de uma nova mentalidade
política”.
• O uso de hipérboles - O exagero é por excelência um traço emocional. Compromete a objetividade do discurso
por se constituir num juízo desmedido, que não caracteriza adequadamente pessoas, objetos e situações. Por
exemplo: “A dependência da opinião dos outros é algo trágico que muda a forma de pensar.” “Em meio ao vul-
cão de hormônios colocados em ebulição pelo processo de crescimento, os jovens se manifestam insatisfeitos.”
• O emprego de preciosismos - Entende-se por preciosismo o apelo a vocábulos e construções pouco usuais,
com o objetivo de impressionar o leitor. É o que se chama popularmente de falar (ou escrever) difícil. As cons-
truções preciosas tendem a conceder mais importância ao enunciador do que ao enunciado. Representam um
obstáculo à leitura, que se faz pela previsão gradativa das informações contidas no texto. Se uma palavra é des-
conhecida, não pode ser prevista e impede que se antecipe o significado não só dela como das que vêm depois.
Ex. de preciosismo: “Deveras questionamos o melhor tratamento que pode ser dado aos nossos filhos, o qual é
fundamental ao engendro de sua personalidade”. Quem escreve isso está mais interessado em aparecer do que
em dizer. Não se importa com ser ou não entendido.
• A linguagem figurada - Deve-se em princípio evitar esse tipo de linguagem. É preferível a denotação, que fa-
vorece a transparência das ideias. Mesmo porque o uso de figuras constitui atributo mais de escritor do que
de redator. Ninguém é avaliado no vestibular por sua “veia literária”, mas pela capacidade de desenvolver com
clareza, coerência e coesão um tema.
• Isto não significa que se devam proibir as tentativas de dar expressividade ao texto por meio de um ou ou-
tro desses recursos expressivos. É impossível escapar totalmente à figuração. O que se deve é retificar as
associações impróprias e mostrar ao estudante que a “imagem” precisa ter nexo. O estudante vai acabar se
convencendo de que, em vez de se aventurar por esse terreno incerto, é mais seguro usar o repertório que
a denotação lhe oferece.
• Escolhendo a denotação, ele será capaz de evitar “armadilhas” como estas:
- “Devemos sempre buscar as taças de aprovação saudáveis para o equilíbrio emocional”. (Aprovação não é
algo que seja medido por “taças”. Por que não dizer simplesmente “níveis”?)
- “A dependência da opinião dos outros é um buraco na armadura social do indivíduo, deixando-o fraco e vulne-
rável para o ataque de outras pessoas”. (A ideia de que a dependência fragiliza socialmente o indivíduo tornaria
o período mais claro.)
- “O meio ambiente é o cérebro do mundo, qualquer alteração na sua estrutura pode ocasionar danos que
afetarão todos os seus elos”. (Os atributos de reflexão e comando, próprios do cérebro, não se aplicam ao
meio ambiente.)
Chico Viana é professor de português e redação.
Disponível em: https://jornaldaparaiba.com.br/noticias/falou-e-disse-subjetividade-no-texto-dissertativo/. Acesso em: 27 out. 2023.
Anotações
Anotações
Anotações
A
nossa maneira de olhar não depende apenas da capacidade física do olho de
As linguagens
perceber formas, cores, espaços e luzes. Tudo que é apreendido pelo nosso das artes
olhar passa pela percepção, pelos sentidos e também pelas referências pessoais plásticas e visuais
e culturais que adquirimos em nosso meio, formando, em nossa memória, um registro
visual que contém não só a aparência visível, mas também os conhecimentos sobre o que Forma e conteúdo
vimos. Ao ver uma obra de arte, nosso olhar está impregnado por referências históricas e
culturais, ou seja, o que enxergamos está relacionado à época e à cultura a que perten-
Arte Moderna
cemos. O mesmo acontece com o olhar do artista que, ao criar uma obra, expressa nela
e Arte
a visão de mundo de sua cultura e de seu tempo. Assim, para conhecer e compreender Contemporânea
as diversas formas de manifestações artísticas, é preciso ter um olhar sensível e aberto
para apreender imagens construídas a partir de referências culturais e períodos históricos
Movimentos
diferentes da cultura e do momento histórico em que vivemos.
artísticos
Podemos dizer que a Arte nasceu com a humanidade. Desde sempre, para expressar seus sentimentos,
o homem produz arte. E com sua evolução, as linguagens usadas para essa produção também evoluíram.
Na obra “Grande Livro do Estudante”, você perceberá bem essa caminhada, conhecendo artistas, obras e
movimentos artísticos, um rico material de consulta para auxiliar em seus exames e, também, no desenvol-
vimento de uma sensibilidade para esse universo fascinante.
Afresco bizantino
conseguem efeitos de cores transparentes e Retrato Funerário. Pintura encáustica
foscas tanto sobre a superfície do papel como da sobre madeira do século II d.C.
tela ou da madeira. Obtida a partir da mistura de • A tinta a óleo se caracteriza pela mistura de
pigmentos com gema de ovo e diluentes como pigmentos a óleos secos de linhaça, amêndoas ou
água ou óleo, a têmpera é uma técnica utilizada papoula, e dissolvidos em terebentina. Por secar
desde a antiguidade e a Idade Média. lentamente, a tinta a óleo permite modificações e
misturas de cores durante a execução da pintura.
• A aquarela faz uso de corantes dissolvidos em
• A encáustica é um tipo de pintura que consiste na
água, resultando em cores suaves, transparentes
diluição dos pigmentos em cera derretida, que é
e luminosas em pintura que têm o papel como
aquecida no momento de ser utilizada e aplicada
suporte. na superfície do quadro com ou sem a adição de
• A tinta guache utiliza pigmentos misturados resinas e outros materiais aglutinantes.
com cola e goma e diluídos em água. A pintura
utilizando esse tipo de tinta se caracteriza pela A escultura
opacidade das cores e pela necessidade da cor É a técnica de representar figuras e organizar formas
branca para conseguir luzes e tons claros. em três dimensões, ou seja, largura, altura e profundidade.
• A tinta acrílica emprega pigmentos sintéticos Uma escultura pode estar totalmente envolvida pelo espaço
que a circunda ou se apresentar em relevo presa a uma
obtidos a partir do ácido acrílico e que são
superfície de fundo da qual se sobressai e sobre a qual foi
dissolvidos em água. A pintura com essa tinta executada. Os métodos tradicionais utilizados para criar um
permite trabalhar com cores brilhantes e luminosas, trabalho tridimensional são a modelagem e a escultura. Para
além de secagem rápida e acabamento liso e modelar, as mãos do artista vão transformando materiais
resistente. como a argila, o gesso ou a cera e construindo formas.
Escultura de
aranha de Louise
Bourgeois, em
frente ao Tate
Modern de Londres
A instalação
Modalidade de produção artística que insere a obra
no espaço, com o auxílio de materiais variados, cons-
truindo um ambiente ou cena, cujo movimento se dá pela
relação entre objetos, construções, o ponto de vista e o
corpo do observador. Para a apreensão da obra é preci-
so percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou
simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas que o ar-
tista constrói por meio da disposição das peças, cores e
objetos. Os objetos dispostos no espaço, na relação que
estabelecem entre si e o observador, constroem novas
áreas espaciais, evidenciando aspectos arquitetônicos.
Na instalação, a ênfase é colocada na percepção, pensa-
da como experiência ou atividade que ajuda a produzir a
realidade descoberta.
A performance
Forma de arte que combina elementos do teatro, de
artes visuais e da música, em que o artista articula ele-
mentos das linguagens visuais, cênicas e musicais, desa-
fiando as classificações habituais e colocando em ques- galeria. As cenas, sons e cores que os vídeos produzem
tão a própria definição de arte. A performance sinaliza um expandem-se de modo geral sobre e ao redor das paredes
certo espírito das novas orientações da arte que tomam a da galeria, conferindo ao espaço um sentido de atividade:
cena artística nas décadas de 1960 e 1970, e se carac- o olho do espectador mira a tela e, além dela, as paredes,
terizam por trabalhos muito diferentes entre si, mas que relacionando as imagens que o envolvem. As imagens, em
têm em comum o objetivo de dirigir a criação artística às série, como num enredo ou projetadas simultaneamente,
coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana, con- almejam multiplicar as possibilidades de o trabalho artístico
siderando as relações entre arte e vida cotidiana, assim lidar com as coordenadas temporais.
como o rompimento das barreiras entre arte e não arte,
abrindo-se a novas experiências culturais.
Museus, bienais, salões, mostras e galerias
O vídeo São espaços destinados à exposição de obras de arte
e têm como objetivo apresentar e divulgar a produção ar-
A introdução do vídeo nas artes plásticas e visuais parte tística atual, assim como acervos e coleções pertencentes
da ideia de que o ponto de vista do observador é fun- a diversos contextos históricos e culturais. Os museus de
damental para a apreensão e produção da obra, sendo arte se caracterizam por serem espaços que contemplam
que as imagens projetadas ampliam as possibilidades de exemplares de manifestações artísticas dos mais diferentes
pensar a representação, além de transformarem as rela- períodos e possuírem um acervo de obras que ficam em
ções da obra de arte com o espaço físico. Colocado numa exposição permanente, além de exposições temporárias.
posição intermediária entre o espectador do cinema e o da As galerias são espaços que se destinam à exposição e
galeria, o observador/espectador da obra é convocado ao venda de produções de arte contemporânea. Os salões
movimento e à participação, dando novo sentido ao espa- são acontecimentos artísticos que têm como propósito
ço da galeria e às relações com a obra. Uma nova forma democratizar a participação dos artistas em exposições
de olhar está implicada nesse processo, distante da ilusão por meio de inscrição, seleção e premiação realizadas de
projetada pela tela cinematográfica e da observação da acordo com um regulamento, ao qual os candidatos obe-
obra tal como costuma ocorrer numa exposição de arte. O decem, inscrevendo suas obras para serem apreciadas e
campo de visão do espectador é alargado, transitando das classificadas por uma comissão julgadora. As obras são
imagens em movimento do vídeo ao espaço envolvente da
Valores clássicos
Sempre que vemos uma imagem em que reconhece- DICA CULTURAL
mos as figuras e o lugar onde se situam, e as cores e a
luminosidade estão de acordo com a aparência real dos
objetos, transmitindo-nos harmonia e beleza, dizemos que “O Grito” é uma série de quatro pinturas do no-
essa imagem é uma obra de arte. Mesmo com todas as rueguês Edvard Munch, e a mais conhecida é do
mudanças que a arte sofreu, a partir do final do século XIX, ano de 1893. Hoje, ela é muito difundida atra-
transformando os padrões de beleza, o uso das cores e vés de memes da internet que, ao contrário de
expressar a angústia original, usam o humor e
das formas, ainda hoje valorizamos esses tipos de imagens
referências populares.
porque elas expressam os valores tradicionais da arte. En-
tre esses valores destacamos a perspectiva, a composição
organizada para colocar a figura mais importante no centro
do quadro, a representação das luzes e das sombras de
acordo com a realidade e o uso de temas ligados à religio-
sidade ou a cenas da mitologia.
Tradição e ruptura
Tradicionalmente, os artistas procuraram, com sua obra,
representar uma imagem fiel da realidade ou uma expres-
são plástica do que era percebido visualmente da realidade.
Para isso, ao longo da história da arte, os artistas buscaram
a fidelidade à aparência e à percepção da realidade, criando
na obra de arte a ilusão de que o quadro era uma janela
através da qual entrávamos em contato com a realidade.
Com a criação da fotografia, a pintura se libertou dessa ne-
cessidade de representar a realidade e os artistas voltaram
seus olhares para o interior de si mesmos, passando a pes-
quisar o mundo dos conceitos e a buscar a essência da
arte. O cubismo foi o movimento artístico que marcou essa
mudança no conceito tradicional de representação ao rom-
per com a unidade do ponto de vista e introduzir um leque
de possibilidades e formas de ver.
ATUALIDADES
Em 1917, sob o pseudônimo de R. Mutt, Marcel Duchamp en-
viou para o Salão da Associação de Artistas Independentes
um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com
um título sugestivo de “Fonte”. Não era o primeiro ready-made
(apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para
o meio de arte); em 1913, Duchamp já havia se utilizado de
um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda
de bicicleta. Mas “Fonte” foi o primeiro enviado para uma ex-
posição.
A “Fonte” foi rejeitada. Essa curiosa faceta provocadora e brin-
calhona de Duchamp é algo que se destaca nas suas obras,
como quando comprou um postal com a Mona Lisa e lhe acres-
centou a lápis um bigode e uma pera acrescentado a seguinte
legenda L.H.O.O.Q, que significa “Ela tem calor no rabo”.
impressionistas: aversão pela arte acadêmica dos salões suas obras é sensível à realidade social da sociedade con-
oficiais; orientação figurativa; desinteresse pelo objeto e pre- temporânea. Artistas fundamentais: Munch, Kokoschka,
ferência pela paisagem e pela natureza morta; recusa aos Egon Schiele, Emil Nolde, entre outros.
processos tradicionais de ateliê como iluminação artificial
para os modelos, início da pintura pelo desenho, passando Cubismo
do claro e escuro para a cor; trabalhos executados ao ar Movimento iniciado na primeira década do século por
livre. São artistas importantes deste momento: Monet, Re- Pablo Picasso e Georges Braque, inspirados pela obra de
noir, Degas, Cézanne, Sisley, Pizarro. Paul Cézanne e pela escultura africana primitiva. O Cubismo
privilegia a percepção tridimensional e angulosa, buscando
Art Nouveau transpor para representação bidimensional a profundidade
Movimento de tendência essencialmente decorativa dos objetos, não através de um único ponto de vista, mas
que se estendeu com amplitude pela Europa a partir do sim de diversos pontos simultâneos. Isso é possível pela
final do século XIX. Desenvolveu-se nas artes aplicadas e superposição e pela justaposição das faces dianteiras e
arquitetura no sentido de conciliação entre arte, design e laterais, superiores e inferiores de objetos tridimensionais
indústria. Com forte apuro artesanal, caracterizou-se pelo em uma única superfície. Para tanto, o Cubismo se vale de
uso de materiais coloridos, cerâmicas, vitrais, madeiras exó- formas geométricas.
ticas, ferros, grades, construção dos elementos a partir de
formas orgânicas e relações com a natureza: folhas, galhos,
borboletas, libélulas etc.
As influências artísticas da Art Nouveau chegaram ao
Brasil no começo do século XX. Esse estilo artístico penetrou
no Brasil principalmente na pintura decorativa e na arquitetu-
ra. Inclusive, houve influência, embora pouco expressiva, da
Art Nouveau no movimento modernista brasileiro. Essas in-
fluências aparecem, principalmente, nas obras de John Graz
(artista decorador) e Antonio Gomide (pintor e desenhista).
Expressionismo
Primeiro movimento da pintura moderna, possui raízes
geográficas e raciais, e surgiu em Dresden, na Alemanha.
Os expressionistas fundamentam sua pintura em senti-
mentos caracterizados pela violência dramática, buscando
construí-la com autenticidade e força. Daí a recorrência na
deformação das imagens e a não aceitação das regras tra-
dicionais de composição e uso das cores. O conteúdo de Esculturas africanas primitivas
Dadaísmo Suprematismo
O Dadaísmo ou Dadá surgiu em Zurique, na Suíça, durante Criado a partir do manifesto suprematista de Kasemir
a Primeira Guerra Mundial. Irritados com os horrores da guer- Malevitch, propunha a supremacia da sensibilidade na
ra e com a ineficiência das instituições e valores tradicionais arte. Ao escolher formas geométricas simples para subs-
da cultura (religião, ciência, moral, filosofia, arte), um grupo de tituir a representação dos objetos, propõe uma pintura
artistas e intelectuais fundou um movimento artístico e literário despojada de todas as informações do mundo natural,
capaz de expressar tal decepção. Seu princípio fundamental em que uma estética “pura” de comunicação universal
é o automatismo psíquico ou a exploração das manifestações pudesse chegar a todos. Uma de suas obras mais au-
do subconsciente. Suas exposições e manifestações literárias daciosas e que melhor exprime seus conceitos é “Branco
se caracterizam pela agressividade, irracionalismo e negativis- sobre Branco”, que hoje se encontra no Museu de Arte
mo. Na arte, adotou variados recursos técnicos, especial- Moderna de Nova York.
mente as colagens e a apropriação de objetos prontos do
cotidiano, os chamados ready-mades. Artistas importantes: Neoplasticismo
Marcel Duchamp, Francis Picabia, Man Ray e Hans Arp. Criado pelo holandês Piet Mondrian, foi inspirado no
Cubismo, levando-o a formas retangulares de extrema
Futurismo simplicidade utilizando apenas cores primárias mais o
Lançado em 1909 pelo poeta italiano Fillipo Marinetti, o branco e cinza claro como elementos luminosos. É a
Futurismo se propõe a festejar a beleza do movimento e da mais completa e rigorosa expressão do abstracionis-
velocidade, símbolos do futuro e da técnica. A ele se jun- mo geométrico. Estabelece relações de composição,
tam, entre outros, os pintores Carrá, Boccioni e Russolo, dimensão e proporção simples e gerais, possíveis de
ampliando o domínio do Futurismo não apenas para as artes serem aplicadas às demais artes, desde a arquitetura à
plásticas, mas também para a produção de objetos de uso paginação de um jornal. Tudo quanto seja acessório e
cotidiano como roupas, mobiliário, brinquedos, construídos não essencial e universal é eliminado, incluindo a linha
em conformidade com a estética futurista. Compuseram ain- curva que Mondrian considerava expressão do efêmero
da peças musicais em que seus princípios estéticos se ma- da vida orgânica.
terializam na colagem e superposição de diferentes sons e
ruídos de modernos aparatos técnicos e do ritmo alucinante Abstracionismo informal
das metrópoles. Nas imagens do Abstracionismo informal, formas e co-
res são criadas de maneira impulsiva, na liberdade das
Surrealismo emoções, com grande ênfase nos sentimentos. Evitam
Nascido em 1924, com o “Manifesto do Surrealismo” de imitar, copiar ou descrever aspectos da natureza. Nas
André Breton, o Surrealismo busca a transposição de ima- imagens abstratas, o mundo interior do artista, linhas, for-
gens do inconsciente e dos sonhos para a pintura e para mas e cores adquirem significados poéticos, em dimen-
a literatura. Seu importante precursor foi De Chirico, com sões quase musicais, pois não representam as qualida-
sua “pintura metafísica” de 1913. O Surrealismo resgata des materiais da realidade física, mas as realidades do
amplamente a figuratividade pictórica para com ela construir mundo imaginário do artista. Seu maior representante é o
os efeitos mágicos do mundo dos sonhos e sua antilógica, artista Wassily Kandisnky.
descortinados pelo psicanalista Sigmund Freud nas déca-
das anteriores. Alguns importantes artistas: Salvador Dalí, Abstracionismo geométrico
Max Ernst, Man Ray, Magritte. As imagens do Abstracionismo geométrico estão sub-
metidas à disciplina geométrica. Em lugar da expressão
Fovismo
através de estados emocionais, os artistas desse movimen-
No breve período de 1904 a 1907, Henri Matisse, to expressam estados ou valores intelectuais. A sublimação
André Derain, Maurice Vlaminck, entre outros, desen- da nova sensibilidade humana criada pela mecanização.
volveram um estilo de pintura que lhes valeu o apelido São tendências geradas a partir desse conceito o Neoplas-
de “Les Fauves” (As Feras). Sua evidente liberdade de ticismo e o Concretismo.
expressão, o uso de cores fortes e puras, do exagero
do desenho e da perspectiva, são características desse Expressionismo abstrato
importante movimento.
Esta denominação abrange diferentes obras de uma
geração ou grupo de artistas que teve como referência
Tachismo
a cidade de Nova York a partir dos anos 1940. Abriga
A denominação Tachismo vem da palavra francesa ta- artistas raramente abstratos e outros não precisamente ex-
che (mancha). Inspira-se nas manchas e erosões dos ve- pressionistas. O momento pós-guerra abre espaço para o
lhos muros, esses abstratos se expressam com pinceladas surgimento de uma produção artística nos Estados Unidos
geralmente largas, verdadeiras manchas, com o mínimo de sem precedentes, em que a construção de uma arte en-
elementos gráficos ou linhas. Obedecem frequentemente volvida na construção significativa de conteúdos plásticos
aos movimentos espontâneos da mão. é respaldada pelas descobertas de novos veículos, am-
Body art
Tendência dos anos 1970 que consiste na utilização do
próprio corpo do artista ora como material artístico (o corpo
constitui a obra), ora como suporte para a criação da arte
(pintando, vestindo, despindo ou até ferindo ou queiman-
do o corpo em uma ação artística). As ações da Body art formas geométricas simples, unitárias, usadas de manei-
acontecem em performances com a presença do público ra independente ou em seriações e repetições. Principais
ou são realizadas sem sua presença e registradas em fil- expoentes: Donald Judd, Dan Flavin, Carl André, Robert
mes ou vídeos. Morris, Frank Stella.
Barroco brasileiro
O Barroco brasileiro
Semana de
Forma-se a partir da junção de diversas tendências do estilo Barroco europeu que che- Arte Moderna
garam ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo os portugueses. Seu desen-
volvimento pleno se deu no século XVIII e estendeu-se até as duas primeiras décadas do Movimentos
século XIX. Os mestres portugueses se uniram aos filhos de europeus nascidos no Brasil artísticos
e seus descendentes caboclos e mulatos para realizar obras que misturavam elementos no Brasil
populares e eruditos. Podemos encontrar exemplos da arte barroca em vários estados
brasileiros, principalmente em espaços religiosos, como o Mosteiro de São Bento, no Rio Artistas
de Janeiro, e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador. brasileiros
Mas a expressão mais original do Barroco brasileiro se encontra na suavidade e harmonia modernos e
das formas circulares do estilo Rococó mineiro a partir de 1760, em que as obras barro- contemporâneos
cas retratam a espiritualidade e as condições materiais do povo da região, apresentando
figuras de virgens e anjos mulatos e esculturas de pedra-sabão e madeira pintada. Princi- Sugestões
pais artistas: Mestre Valentim (1745–1813), no Rio de Janeiro, Aleijadinho, em Ouro Preto, de filmes
e Manoel da Costa Ataíde (1762–1830).
Entre os principais artistas que participaram da Semana estão: templam a utilização e apropriação de imagens e objetos do
Anita Malfatti (1889–1964), Di Cavalcanti (1897–1976), cotidiano, o mergulho em referências históricas e pessoais,
Vicente do Rego Monteiro (1899–1970), Victor Brecheret as paródias da arte e do circuito artístico, a crítica à ideia
(1894– 1955), Mário de Andrade (1893–1945), Menotti Del de autonomia da arte, o abandono de suportes tradicionais
Picchia (1892–1988), Oswald de Andrade (1890–1954), como a pintura e a escultura, a experimentação de manifes-
além de Manuel Bandeira (1884–1968) e Villa-Lobos (1887– tações híbridas, o descarte das heranças do Neoconcretis-
1959), entre outros. mo em busca de outras fontes que vão do barroco mineiro
à arte popular. Entre os principais artistas contemporâneos
O Concretismo no Brasil brasileiros estão: Marcos Coelho Benjamin, Nuno Ramos,
Leda Catunda, Mira Schendel, Luiz Áquila, Beatriz Milhazes,
Surgiu a partir do impacto das exposições das obras do Daniel Senise, Cildo Meireles, entre outros.
artista plástico suíço Max Bill (1908–1994), presente na de-
legação suíça na 1a Bienal Internacional de São Paulo, em
1951, abrindo as portas do país para as novas tendências
Artistas brasileiros modernos
construtivas que surgiam na Europa. Nos anos de 1950, e contemporâneos
o Brasil passava por modificações no meio social e cultural Tarsila do Amaral (1886-1973)
que alteravam a paisagem urbana. A criação de museus
de arte e de galerias dava condições para a experimenta-
ção concreta, com o anúncio das novas tendências não
figurativas, que tiveram início oficialmente em 1952 com a
exposição do Grupo Ruptura, em São Paulo. Esse grupo
propunha a renovação dos valores das artes visuais por
meio das pesquisas geométricas, pela proximidade entre
trabalho artístico e produção industrial. Em 1954, o Grupo
Frente, formado por artistas do Rio de Janeiro, prega a ex-
perimentação de todas as linguagens, ainda que no âmbito
não figurativo geométrico. Principais artistas: Luiz Sacilot-
to (1924–2003), Waldemar Cordeiro (1925–1973), Lygia
Clark (1920–1988), Lygia Pape (1927–2004), Hélio Oiticica
(1937–1980), Franz Weissmann (1911–2005), Abraham
Palatnik (1928).
O Neoconcretismo
O movimento neoconcreto surgiu como uma tentativa de
renovação da linguagem geométrica defendida pelo movi-
mento concreto e como consequência das divergências entre
os Grupos Frente do Rio de Janeiro e Ruptura de São Paulo,
que se explicitaram na Exposição Nacional de Arte Concreta
(São Paulo, 1956 e Rio de Janeiro, 1957). Em março de
1959, um grupo de artistas formado por Amílcar de Castro,
Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape,
Reynaldo Jardim e Theon Spanudis publicou o “Manifesto
Neoconcreto”, no qual defendiam a liberdade de experi-
mentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate
da subjetividade. A recuperação das possibilidades criado-
ras do artista – não mais considerado um inventor de pro-
tótipos industriais – e a incorporação efetiva do observador
– que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas –
Aluna de pintores importantes como Pedro Alexan-
apresentavam-se como tentativas de eliminar certo acento
técnico-científico presente no Concretismo. drino, no Brasil, e Fernand Léger, na França, de quem
absorveu a característica da síntese geométrica, Tarsila
foi pintora, escultora e desenhista. Ousada e irreveren-
Arte contemporânea te, participou do Movimento Modernista e do “Grupo dos
No Brasil, a Arte Contemporânea agrega artistas de vá- Cinco”, formado juntamente com Anita Malfatti, Menotti
rias gerações que têm em comum a preocupação de cons- del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Sua
truir uma relação mais próxima do público através do debate obra se divide em três fases: Pau-Brasil, Antropofágica
sobre a imagem na vida atual. A Arte Contemporânea bra-
sileira se caracteriza por uma série de tendências que con-
cada pelos cortes e dobras mantém a unidade interna da do piso, objetos de uso cotidiano, pó de ferro, objetos de
escultura. A ausência da solda, o que lhe daria um caráter chumbo ou tecidos leves. Algumas de suas obras apre-
artificial, e a resistência do ferro à ação do homem, devido à sentam superfícies densamente trabalhadas enquanto ou-
espessura das placas, convivem com a presença do tempo tras possuem camadas de tinta quase etéreas. Sua pintura
que o encardido da ferrugem explicita. pode ser compreendida em termos de equilíbrio e peso, e
de presença e ausência de objetos, abrindo-se a um vasto
Beatriz Ferreira Milhazes (1960-) campo de experiências e evocações materiais e poéticas.
Pintora, gravadora, ilustradora e professora, iniciou-se
em artes plásticas ao ingressar na Escola de Artes Visuais
Cildo Meirelles (1948-)
do Parque Lage – EAV/Parque Lage, em 1980, onde mais
Pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador e es-
tarde passou a lecionar e coordenar atividades culturais.
cultor. Iniciou seus estudos de arte em Brasília, com Felix
Participou das exposições que caracterizam a Geração 80
– grupo de artistas que buscam retomar a pintura em con- Alejandro Barrenechea, em 1963, e frequentou por dois me-
traposição à vertente conceitual dos anos de 1970, e tem ses a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em
por característica a pesquisa de novas técnicas e materiais. 1967. É um dos fundadores da Unidade Experimental do
Suas pinturas se caracterizam pelo trabalho frequente com Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1969, na
formas circulares e ornamentais, que se sobrepõem preen- qual lecionou entre 1969 e 1970. Criou cenários e figurinos
chendo o fundo com motivos e cores que são transporta- para teatro e cinema de 1970 a 1974 e, em 1975, foi um
dos para a tela por meio de colagens sucessivas, realizadas dos diretores da revista de arte “Malasartes”. Seu trabalho
com precisão. O olhar do espectador é levado a percorrer se caracteriza pela diversidade de técnicas e suportes em-
todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e pregados – pintura, desenho, escultura, ambiente, instala-
cromática presente em seus quadros. Além da pintura, de- ção, performance, fotografia – conjugando-os em múltiplas
dica-se também à gravura e à ilustração. linguagens que discorrem sobre questões sociais e políticas.
CURIOSIDADES
Você provavelmente já viu camisetas com a estampa ao lado.
A frase é de Hélio Oiticica, com a qual ele sintetizou uma sé-
rie de trabalhos que ficaram conhecidos como “Marginália”. A
Marginália ou Cultura Marginal passou a fazer parte do debate
cultural brasileiro a partir do final de 1968, durando até meados
da década de setenta. É nesse período que surgem o Cinema
Marginal, nos filmes pioneiros de Rogério Sganzerla e Ozualdo
Candeias, e a Imprensa Marginal, em jornais e revistas como “O
Pasquim”, “Flor do Mal”, “Presença ou Bondinho”. Na literatura
e na poesia, o tema da Marginália é associado aos trabalhos de
autores como José Agripino de Paula, Waly Salomão, Francisco
Alvim, Gramiro de Matos, Torquato Neto, Charles ou Chacal. No
campo musical, a ideia do artista marginal é substituída pelo
rótulo do músico maldito, e os principais nomes desse período
são Jards Macalé, Sérgio Sampaio, Jorge Mautner, Luiz Melo-
dia, Carlos Pinto e Lanny Gordin.
Gilvan Samico
participação do público, são, em grande parte, acompa- um ateliê em Cata Branca, próximo ao Pico do Itabirito, Minas
nhados de elaborações teóricas, comumente com a pre- Gerais, e executou suas primeiras esculturas com troncos de
sença de textos, comentários e poemas. árvores mortas. Desde 1972 mantém ateliê em Nova Viçosa,
Gilvan Samico (1928-2013) no sul da Bahia, onde realiza esculturas que se caracterizam
Gravador, pintor, desenhista, professor. Iniciou-se na pin- pela intervenção em troncos e raízes, entendendo-os como
tura como autodidata. Em 1948, frequentou a Sociedade desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente
de Arte Moderna do Recife e, em 1952, fundou com ou- no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto,
tros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna e demonstram sua preocupação com os desmatamentos e
do Recife, que tinha como objetivo criar no Recife um amplo queimadas fotografadas durante suas viagens pelo Brasil. Ao
movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásti- longo de sua carreira, Krajcberg mantém-se fiel a uma concep-
cas, teatro e música, incentivando pesquisas sobre a cultura ção de arte relacionada diretamente à pesquisa e utilização de
popular e suas manifestações. Em 1957 foi para São Paulo, elementos da natureza. A paisagem brasileira, especialmente
onde teve aulas de gravura com Lívio Abramo, de quem her- a Floresta Amazônica, e a defesa do meio ambiente marcam
dou a preocupação em explorar as possibilidades formais da toda a sua obra.
madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas, pas-
sando a criar ritmos lineares, que se harmonizavam perfeita- Lygia Clark (1920-1988)
mente na estrutura geral de suas obras. Sua obra é marcada Pintora e escultora. Mudou-se para o Rio de Janeiro
pelo romanceiro popular da literatura de cordel e pela criativa em 1947, iniciando seu aprendizado artístico com Bur-
utilização da xilogravura, em que explora o branco com mui- le Marx. Entre 1950 e 1952, viveu em Paris, onde estu-
ta força expressiva. O espaço de suas gravuras é povoado dou com Fernand Léger. De volta para o Brasil, integrou
por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e o Grupo Frente, de artistas ligados ao Concretismo, sen-
narrativas populares, e também por muitos animais e seres do também uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto
fantásticos: leões, serpentes, dragões. em 1959. Em sua obra a pintura é gradualmente subs-
tituída pela experiência com objetos tridimensionais. Essa
Frans Krajcberg (1921-2017) experiência começou em 1960, quando realizou a série
Escultor, pintor, gravador, fotógrafo, esse artista polonês es- “Bichos”, em que constrói objetos metálicos geométricos
tudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado (atual que se articulam por meio de dobradiças e requerem a
S. Petersburgo). Após participar da Segunda Guerra Mundial, coparticipação do espectador. Nesse ano, lecionou artes
mudou-se para a Alemanha e ingressou na Academia de Belas plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos,
Artes de Stuttgart. Em 1948, emigrou para o Brasil, fixando-se e em 1968 dedicou-se à exploração sensorial em traba-
em São Paulo, onde, em 1951, participou da 1a Bienal Interna- lhos como “A Casa É o Corpo”. De 1970 a 1976 residiu
cional de São Paulo expondo duas pinturas. Em 1964, instalou em Paris, lecionando na Faculté d’Arts Plastiques St. Char-
les, na Sorbonne, e realizando experiências corporais em na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) ocorrido
que estabelece relação entre os participantes e materiais naquele ano. Para compor suas obras, o artista emprega
diversos. Em 1976, retornou ao Brasil, dedicando-se ao diferentes suportes e materiais, e trabalha com gravura, pin-
estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial e tura, fotografia, instalação, poesia e vídeo.
dos objetos relacionais através de materiais como sacos
plásticos cheios de sementes, ar ou água; meias-calças Leda Catunda (1961-)
contendo bolas; pedras e conchas, com os quais esta- Formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando
belecia relações sensoriais por meio de sua textura, peso, Álvares Penteado em São Paulo, em 1984 realiza sua
tamanho, temperatura, sonoridade ou movimento. primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Repre-
sentante da chamada Geração 80, tem utilizado grande
Shirley Paes Leme (1955-) variedade de materiais e suportes em seus trabalhos.
Bacharel em Belas Artes pela Universidade Federal de Elementos de uso caseiro e popular, muitas vezes as-
Minas Gerais em 1978, esta artista plástica completou
seus estudos nos Estados Unidos nos anos 1980, reali-
zando também nesse período várias exposições no Brasil
e no exterior. O trabalho de Shirley Paes Leme caracte-
riza-se pela construção de objetos a partir de materiais
diretamente vinculados à natureza como galhos secos e
papel artesanal. As formas orgânicas dos galhos secos
ganham força pela ação de ordenar e amarrar com as
quais a artista constrói formas simples que instala no es-
paço, de modo que a obra interfere no ambiente como
grandes monumentos ecológicos.
Marcelo Grassmann
erudito e o popular, o civilizado e o primitivo, o sagrado e o dobramentos gerados pela pesquisa de materiais, estão
profano. Possuidor de uma energia criativa intensa, Hélio presentes em seus trabalhos. São palavras-chave em
Siqueira desenvolve importante trabalho no campo da ação seu processo de criação: acrílicos, laminados, laranjas,
cultural na cidade de Uberaba, MG, e região. tintas, fórmicas, esmaltes, utilitários, bugigangas, mó-
veis, adesivos, espelhados, transparentes.
Marcelo Grassmann (1925-2013)
Em 1943 ingressa no Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, estudando xilogravura. Três anos depois realiza sua Pablo Picasso (1881-1973)
primeira exposição individual no Rio de Janeiro, onde se fixa Pablo Picasso foi um dos maiores artistas do século XX.
em 1949. Em 1952, ganha o prêmio de viagem à Europa Desde a infância foi estimulado por seu pai a desenhar e
do Salão Nacional de Arte Moderna e estuda litografia na pintar. Com grande domínio técnico e formal, construiu sua
Academia de Artes Aplicadas em Viena, Áustria. Dentre as obra em séries. A partir da criação do Cubismo, confirma-se
exposições de que participou, destacam-se as Bienais de como a grande referência para a arte moderna ao romper
Veneza, de São Paulo, de Florença. Exímio desenhista e com a tradição na pintura e propor um novo sentido sobre a
gravador, sua obra apresenta figuras construídas a partir de arte e seu fazer. Durante toda a sua vida, usou a imaginação
um imaginário de aspecto medieval, recheado de persona- para experimentar imagens e linguagens. Além de grande
gens e animais grotescos. pintor, destacou-se como escultor, gravador, desenhista,
ceramista, cenógrafo e figurinista.
Hélio de Lima (1971-)
Artista e professor de Arte, sua produção abrange di- Salvador Dalí (1904-1989)
versas linguagens da Arte, com ênfase no desenho, em Viveu praticamente toda a sua vida transformando a
que elementos do universo cotidiano se reorganizam em realidade em magníficos sonhos. Surrealista de maior
aspectos e situações lúdicas, caracterizados por imagens
brincantes do imaginário do artista. Sua obra traz também popularidade internacional, interessou-se também pelo
a participação do espectador como elemento de sua finali- Cubismo, Futurismo e Pintura metafísica. Seus trabalhos
zação, podendo ser exemplificado pela construção de seus se encaminham para um Realismo fotográfico.
livros de artista e de seus desenhos para dormir.
Matisse (1869-1954)
Alexandre França (1967-)
Henri Matisse foi o grande artista do Fovismo. Sua pin-
Artista e educador, tem sua produção criativa desen- tura é repleta de energia cromática, uso de cores fortes e
volvida nas linguagens da pintura, desenho, objeto e ví- contrastantes e composições geradas por gestos livres e
deo. Suas imagens são povoadas pelo gesto expressivo
e pela cor intensa. Referências às ações do dia a dia,
aos universos da palavra CASA, assim como dos des-
expressivos. A liberdade e a alegria de pintar um mundo sos procedimentos técnicos, incorporando processos de
repleto de possibilidades pictóricas foram as linhas mes- reprodução de imagens, utilizando transposição fotográfica
tras de sua produção criativa. e repetições em série.
Claude Monet (1840-1926) Edvard Munch (1863-1944)
Claude Monet foi um pintor obstinado em sua busca na Edvard Munch foi um pintor norueguês expressionista.
captura do momento presente, por mais passageiro que Transmite em suas obras uma grande tristeza e melancolia,
este fosse. No percorrer de sua trajetória, buscou pinceladas o que reflete sua vida marcada por grandes perdas e soli-
cada vez mais evasivas em termos de forma e ao mesmo dão. Sua obra mais conhecida é “O grito”, que exprime um
tempo cada vez mais realistas a respeito da cor e da luz. Sua aspecto de horror e dor com tanta veracidade que chega a
pesquisa pela luz é tão intensa que em alguns momentos ele incomodar a sua observação. O artista parece se interrogar
parece negar a figuração, aproximando-se da abstração. Foi a respeito do destino do homem.
o mais conhecido de todos os impressionistas.
Michelangelo (1475-1564)
Miró (1893-1983) Michelangelo Buonarroti foi um dos maiores gênios ar-
Suas imagens apelam à intuição do observador. Devem tísticos da Renascença italiana. Teve uma produção bas-
ser percebidas por sua musicalidade, aspectos líricos, à tante intensa, dedicando-se à arquitetura, à escultura e à
memória da infância. Miró mergulha no inconsciente e pinta pintura. Buscando a todo tempo superar as suas limita-
figuras que nos remetem aos ídolos pré-históricos, imagens ções, foi autor de obras-primas como a escultura “David” e
rupestres, assim como esquematiza as formas, transfor- os afrescos da Capela Sistina no Vaticano.
mando-as em signos de uma nova linguagem. Suas cores
são uma maneira de reinventar o mundo. Leonardo da Vinci (1452-1519)
Considerado o maior artista que a Renascença pro-
Andy Warhol (1928-1987)
duziu, Leonardo nunca se deixou limitar, estava sem-
Grande expoente da Pop Art, é um dos artistas que pre a buscar novas pesquisas e conquistas. Dedicou-
mais se detiveram na utilização dos elementos símbolos -se com precisão à pintura, retratando seres humanos,
da civilização de consumo norte-americana. Utilizou diver-
Andy Warhol
chegou ao poder e promoveu um dos mais terríveis episó- York, abriu a galeria Art of This Century, que rapidamente
dios da história mundial. Como explicar a ascensão meteó- se tornou a sensação da cidade. Nesse período adquiriu
rica de um obscuro cabo do exército, chamado Adolf Hitler, grandes obras de vanguarda, apoiando significativamen-
à condição de chefe supremo da nação alemã? te os artistas, como foi o caso de Pollock. Além de exibir
Em “Arquitetura da Destruição”, Cohen resgata dados trabalhos abstratos e surrealistas, que trazia da Europa,
desde os tempos em que Hitler era morador de uma aldeia Peggy Guggenheim começou a procurar representantes
na Áustria, filho de um oficial da alfândega. Ainda estudante, americanos de tais movimentos. Mesclando trabalhos de
tentou a vida artística. Sonhava ser pintor ou arquiteto, mas grandes nomes a desconhecidos, ela ajudou a legitimar di-
o insucesso acabou levando-o à vida política. versos artistas, que logo formariam o núcleo nova-iorquino.
No documentário ficam bem evidentes as projeções do É através do marchand de arte Howard Putzel (But Cort)
já Führer traçando os planos arquitetônicos para a nova Ber- que Peggy conhece o trabalho de Pollock. A galerista apai-
lim, a nova Alemanha, que deveria ser a capital do mundo, xona-se pelo trabalho do artista e investe na sua carreira.
como fora Roma na antiguidade. É na galeria Art of This Century que ele realiza sua primeira
A obsessão pelas artes também teve papel relevante mostra individual e insere-se no mercado de arte, mas não
no III Reich. Hitler promoveu inúmeras exposições, cons-
agrada à crítica.
truiu museus, pois acreditava na arte como uma manifes-
Apesar de todos os fatos biográficos, o grande méri-
tação de superioridade de uma raça, considerando que a
dominação de uma cultura estabelecida como refinada ou to do filme é o enfoque no relacionamento do artista com
erudita (de acordo com os parâmetros da época) também a pintora Lee, que se torna sua mulher. Apaixonada pelo
forjava uma nação forte. homem e sua arte, Lee é quem dá suporte psicológico e
Diferentemente do que o imaginário popular cristalizou emocional ao pintor, que
sobre Hitler, ele chegou ao poder por refletir o pensamento tinha um sério problema
e os ideais do povo alemão, que sofria sanções após per- com o álcool. Em 1945
der a I Guerra Mundial. mudam-se para uma pe-
Com a derrota, o povo passou por privações, a Alema- quena fazenda em Long
nha perdeu parte do seu território e ficou sob intervenção da Island, e é aí que a cria-
Inglaterra e da França. Diante desse cenário, eis que surge ção de Pollock se torna
Hitler e o Partido Nacional-Socialista, com as soluções para extremamente frutífera.
evitar a ascensão comunista da Alemanha e resgatar a mo-
ral do povo germânico. “Quem quiser viver é constrangido Basquiat
a matar. Martelo ou bigorna. Minha intenção é preparar o (Julian Schnabel,
povo alemão para ser martelo”, disse Hitler.
1996, EUA)
Quando chega ao poder, em 1933, Hitler põe em práti-
Nesse filme a his-
ca seu plano para tornar o povo alemão um povo soberano.
Promoveu seu ódio aos judeus que, por não terem uma na- tória do jovem pintor
ção até então, eram considerados por ele “parasitas” den- americano, Jean-Michel
tro do Estado Alemão. Assim, exterminou seis milhões de Basquiat, é retratada
judeus. Também realizou pesquisas com seres humanos e, a partir de um período
para “purificar a raça alemã”, fez uma enorme eugenia (Ciên- pouco antes de atingir
Basquiat
cia que estuda as condições mais propícias à reprodução e a fama. Apesar de ser
ao melhoramento genético da espécie humana). de uma família de classe média alta, filho de um ex-ministro
Um filme obrigatório pelo seu inédito valor histórico e de estado do Haiti, o artista executava sua arte pelas ruas
por transformar em memória viva um episódio assombroso de Manhattan.
da humanidade. Renunciando à vida abastada, vivia errante pela metró-
pole na companhia do eterno amigo Al Diaz (interpretado
Pollock por Benício Del Toro), onde se misturavam às tendências
(Ed Harris, 2000, EUA) artísticas, tanto na música como em vídeo e artes plásticas.
O filme conta a história de Pollock (Ed Harris) a partir dos Basquiat foi criativo desde criança, e, influenciado pela
anos 40, quando a também pintora Lee Krasner (Marcia Gay mãe, uma apreciadora de artes, sempre inclinou seu talento
Harden) visita seu estúdio pela primeira vez. Na verdade, o para as artes visuais.
estúdio ficava num apartamento decadente em que o pintor Sua carreira decolou quando conheceu o crítico de arte
morava junto ao irmão e sua esposa grávida. As cenas de Rene Ricard, que o projetou para as galerias de renome.
“Long Island” foram rodadas na antiga propriedade de Pol- Mais tarde, conhecendo e se tornando amigo do renoma-
lock e na casa onde viveu. do artista Andy Warhol, um dos mentores da Pop Art (aqui
No filme, a herdeira e patrona do Cubismo, Expressio- vivido por David Bowie, numa atuação impecável), se con-
nismo e Surrealismo, Peggy Guggenheim, sobrinha de So- solidou como gênio das artes visuais.
lomon Guggenheim, que estabeleceu uma ligação crucial Todavia, os constantes problemas com drogas, e so-
entre os movimentos americanos e europeus, é interpreta- frendo de uma melancolia constante, até mesmo pela con-
da pela mulher do diretor, Amy Madigan. Exilada em Nova dição em que estava sua mãe, vivendo em um manicômio,
levaram o artista a uma vida decadente e curta.
ATUALIDADES
Exposição de Ron Mueck na Pinacoteca de
São Paulo
Em 2015, o artista australiano Ron Mueck expôs
suas esculturas hiper-realistas. A origem de seu
trabalho remete ao fantástico universo do cine-
ma, o que talvez justifique o imediato fascínio que
suas obras conseguem atingir nos mais diferentes
nichos da cultura pós-moderna. Fabricando mario-
netes e bonecos para a televisão e para o cinema,
ele reuniu técnicas para iniciar suas reproduções
hiper-realistas que beiram a perfeição de fisiono-
mias humanas.
Cor: Sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão Maquete: Construção em escala reduzida de obras a se-
da visão. Pode ser percebida de duas maneiras: cor-luz e rem executadas.
cor-pigmento. O homem reage a ela subordinado às suas
condições físicas e influências culturais. Cor é relação. Máscaras: Reproduções, geralmente de feições huma-
nas ou animais, feitas de papel, papelão, palha, couro, bar-
Croqui: Esboço, plano, rascunho, desenho rápido de ob- ro, madeira etc. coloridas e ornamentadas, usadas em fes-
servação ou criação. tas populares, teatro e rituais de origem indígena e africana.
Curador: Pessoa responsável pela organização e planeja- Materialidade: Aspecto físico dos materiais que podem
mento de mostras e exposições de artes. ser percebidos tanto pelo tato como pela visão.
Desenho animado: Gênero cinematográfico no qual Móbile: Pequenas esculturas ou objetos leves que, sus-
cada desenho representa uma fração do movimento da fi- pensos no espaço por fios de maneira equilibrada e harmo-
gura ou cena e cuja filmagem utiliza a técnica do quadro niosas, movimentam-se facilmente.
a quadro. Quando é feita a projeção do filme, a imagem
adquire movimento através da apresentação sucessiva dos Moldura: Caixilho de madeira para proteção de quadros,
quadros filmados. estampas; ornato saliente em obras arquitetônicas.
Design: Projeto e desenvolvimento de bens que visam à Monocromia: Arte feita com uma única cor com variação
satisfação física e psicológica do homem. O mesmo que de tonalidades.
desenho industrial.
Monotipia: Reprodução de motivos pintados sobre uma
Diagramação: Planejamento e cálculo gráfico e artístico superfície lisa (vidro, metal, fórmica etc.) através da impres-
das páginas de livros, revistas ou qualquer outro impresso. são imediata, com a tinta ainda fresca, em papel ou outro
material.
Ecoline: Tinta líquida colorida que produz efeitos de trans-
parência semelhantes aos da aquarela. Nanquim: Tinta de origem chinesa usada em desenhos a
bico de pena, aguada e desenhos técnicos.
Entalhe: Arte de esculpir em madeira ou outro material,
através de cortes, formando figuras em relevo e matrizes Objeto: Termo que surgiu para designar obras de arte
para reprodução de estampas. contemporâneas, que são tridimensionais, mas não são
esculpidas ou modeladas como uma escultura.
Esfuminho: Bastão de papel mata-borrão usado para
suavizar os desenhos a grafite e carvão. Pastel: Bastão colorido, seco ou oleoso, utilizado no de-
senho e na pintura.
Figura: Forma exterior. Imagem, representação. Forma
imaginária que se dá aos seres metafísicos. Formato ou for- Policromia: Arte feita com várias cores.
ma positiva que ocupa espaço.
Ponta seca: Processo de gravação no qual o traço é feito
Forma: Aparência visual total de um desenho, tendo na na chapa com uma ponta aguçada, geralmente de aço,
figura seu principal elemento de identificação. Nela obser- utilizada como se fosse um lápis.
vam-se também aspectos de tamanho, cor ou textura.
Configuração visível de um conteúdo. Rafe: Esboço inicial ou planejamento gráfico de qualquer
trabalho a ser impresso.
Formato: Forma particular de uma superfície de desenho
ou pintura – retangular, circular ou triangular – proporções Relevo: Escultura na qual as formas sobressaem de uma
de uma superfície, como por exemplo: a relação entre o superfície tomada com base.
comprimento e a largura de uma superfície retangular. Simetria: Propriedades de uma ou mais figuras cujos
Goma: Cola batida a partir de resinas de origem vegetal. pontos são equidistantes de um eixo.
Grafismo: Ato ou maneira de se expressar através do Sobreposição: Ato de sobrepor as linhas, as cores, os
desenho ou pintura com tramas e rabiscos. tons, que passam uns sobre os outros.
Grafite: Carvão mineral cristalizado usado como matéria- Suporte: Corpos variados com propriedades diversas
-prima na confecção de lápis. Também chamado de grafita. que possuem capacidade de “segurar” sobre si os mais
variados agentes da ação criadora. São exemplos: a lona, o
Layout: Esboço mais bem acabado do que o rafe e que metal, o papel, a madeira, entre outros.
servirá de orientação para a arte-finall.
Linha de contorno: No desenho representa o limite de
uma forma ou grupo de formas.
Questões
1. (CESGRANRIO) O início do século XX teve como a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justi-
marca o surgimento de movimentos vanguardistas fica a primeira.
como Fauvismo, o Cubismo, o Dadaísmo e o Surrea- b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda
lismo, dentre outros. Nesse contexto, analise suas ca- não justifica a primeira.
racterísticas a seguir.
c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
I. O Fauvismo, com suas formas distorcidas, exa- d) a primeira afirmação é falsa e segunda é verdadeira.
geradas e de cores impactantes, dominou a Arte e) as duas afirmações são falsas.
alemã.
II. O Cubismo preocupava-se com a simultaneidade 4. O prazer estético está atrelado à subjetividade no jogo
e a fragmentação da forma. da criação. Ao artista é dado combinar sensações,
III. O Dadaísmo buscava subverter a autoridade e cul- imagens e representações livremente, atendendo a
tivar o absurdo. leis internas. O fazer do artista advém de potenciali-
IV. O Surrealismo apresentava, como temática, o mo- dades da memória, da percepção e da imaginação,
vimento e a tecnologia. numa fusão de brincadeira e seriedade, visto que fa-
tores estruturais são comuns ao jogo e à obra de
arte. Conclui-se, então, que o artista:
São corretas APENAS as características:
a) representa signos com prazer.
a) I e II.
b) expressa uma ideia a partir da ressignificação de
b) I e III. uma imagem.
c) II e III. c) realiza um movimento mimético diante do que lhe
d) I, II e III é apresentado.
e) II, III e IV. d) comunica sentimento.
e) apresenta uma ideia criativamente.
2. (CESGRANRIO) No início do século XX, com a Primei-
ra Guerra Mundial a Arte sofreria mudanças radicais. A 5. Na perspectiva da moderna estética visual, aprofun-
modernidade da Arte estaria nos temas e nas técnicas, dam-se as discussões sobre o texto imagético, a ma-
com ênfase nas máquinas, no movimento e na velocida- terialidade, os suportes, a tecnologia e os meios de
de. As rupturas técnicas deram-se com o(a): comunicação de massa. Arte e Ciência articulam-se
numa relação dialógica, apresentando novos códigos
a) ferro trabalhado, a joalheria, o vidro e a tipografia, de visualidade, que, entre outros, são:
influenciando as artes aplicadas e a decoração de a) cor, linha, forma, timbre, duração e espaço.
interiores.
b) espaço, tempo, enredo, cenário e personagem.
b) abandono do pincel e do cavalete, o uso de novos ma-
teriais e a busca de formas não figurativas. c) som, altura, ritmo, tempo, timbre e duração.
c) tendência ao verticalismo, em detrimento do horizonta- d) cor, luz, enquadramento, textura, perspectiva e espaço.
lismo, seguindo o princípio dinâmico da distribuição e e) movimento, espaço, forma, ritmo e equilíbrio.
equilíbrio de forças na arquitetura.
d) arquitetura concebida com estruturas elaboradas, de 6. A estética contemporânea apresenta em seu con-
altura elevadíssima, e o uso de vitrais refletindo a luz ex- texto uma sociedade que valoriza e preza o con-
terna no interior. sumo, na qual a mídia atua como intermediária no
processo de produção e apreciação de imagem.
3. (CESGRANRIO) A Arte Popular ressignificada con- das minorias.
tribui com poéticas expressivas, como: alegorias e a) hegemônica.
adereços, tapeçaria, tecelagem, rendas e bordados,
cestaria, cerâmica, gravura e escultura. b) de massa.
Foi categorizada como “arte menor”, alijada do pano- c) popular.
rama das Artes Visuais, ao longo da História da Arte. d) virtual.
A esse respeito, conclui-se que:
7. A Linguagem da Arte possibilita a representação sim- Assinale a alternativa que preenche a coluna acima,
bólica de uma cultura. de cima para baixo, com o correto relacionamento entre o
PORQUE nome do artista e a obra de sua autoria.
O homem, como ser simbólico, utiliza sistemas de re- a) 4,5,4,1,1,5,2,3,5.
presentação para comunicar-se, expressar e produzir
conhecimento, refletindo sobre a sua maneira de estar b) 3,5,5,2,3,1,4,2,5.
no mundo. A esse respeito, conclui-se que:
c) 3,5,4,5,1,4,1,2,5.
a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justi-
fica a primeira. d) 1,3,4,1,3,1,2,5,5.
b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não e) 1,5,4,5,1,4,4,3,5.
justifica a primeira.
c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira
e) as duas afirmações são falsas.
Gabarito
1. c 5. d
2. b 6. c
3. b 7. a
4. b 8. c