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EJA

EDUCAÇÃO
DE JOVENS
E ADULTOS
ENSINO
MÉDIO
MÓDULO II

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 1 11/12/2023 12:02


GRUPO

Copyright © 2023 da edição: Eureka Soluções Pedagógicas Ltda.


1a EDIÇÃO 2a EDIÇÃO

EDIÇÃO EXECUTIVA: EDIÇÃO EXECUTIVA:


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


(CIP) (BENITEZ Catalogação Ass. Editorial, MS, Brasil)

V739e Vignon, Luana


_GRUPOEUREKA
2.ed. EJA : ensino médio : módulo 2 / Luana
EDITORAEUREKA.COM.BR Vignon, Marco Saliba. -- 2.ed. – São Paulo :
Eureka Soluções, 2023.
RUA VERGUEIRO, 3307 - VILA MARIANA,
SÃO PAULO/SP 248 p.; 20,5 x 27,5 cm.
04101-300
ISBN 978-85-5567-786-1

1. Educação de jovens e adultos (Ensino fundamental).


Texto conforme o Novo Acordo Ortográfico da I. Saliba, Marco. III. Título.
Língua Portuguesa
10-2023/208​​​​​ CDD 374

IMPRESSO NO BRASIL
Índice para catálogo sistemático:
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n. 9.610, de 10/02/98.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da Editora
Eureka, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios 1. Educação: ensino médio 374
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação digital ou
quaisquer outros. Aline Graziele Benitez – Bibliotecária - CRB - 1/3129

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Apresentação
Prezado estudante,
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um desafio, mas também um enorme prazer para
quem aprende e para quem ensina. A cada conhecimento adquirido, uma porta se abre e
uma gama de novas possibilidades se apresenta.
O ciclo de Educação Básica oferece ao estudante a base que ele precisa para trilhar sua
vida, seja dando prosseguimento aos estudos na graduação ou ingressando no mercado de
trabalho de forma mais qualificada. Os conteúdos aqui apresentados são apenas o início de
uma longa estrada rumo ao conhecimento e desenvolvimento profissional.
Esse material tem o objetivo de oferecer ao jovem e ao adulto um conteúdo à altura de
suas expectativas. Com isso, pretendemos valorizar a história de vida de cada um, aprovei-
tando suas vivências para construir, em uníssono, o conhecimento necessário para atingir
seus objetivos.

Bons estudos!

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SUMÁRIO
MATEMÁTICA............................ 12
Função logarítmica........................................................... 13
Definição de logaritmo...................................................................................................... 13
Função logarítmica........................................................................................................... 14
Conjuntos númericos....................................................................................................... 16
Domínio, contradomínio e imagem..................................................................................... 17
Propriedades de módulo.................................................................................................. 18
Progressões..................................................................... 19
Progressão aritmética...................................................................................................... 19
Progressão geométrica.................................................................................................... 20
Classificação ................................................................................................................. 22
Matrizes........................................................................... 23
Denominações especiais.................................................................................................. 24
Operações envolvendo matrizes........................................................................................ 25
Matriz inversa.................................................................................................................. 26
Estatística ..................................................................................................................... 28
Determinantes................................................................... 29
Regra de Sarrus.............................................................................................................. 30
Determinante de ordem n > 3........................................................................................... 30
Matrizes e determinantes (exercício)................................................................................... 31
Resolução de sistemas lineares 2x2.................................................................................. 32
Sistemas lineares............................................................... 34
Sistema linear................................................................................................................. 34
Sistemas equivalentes...................................................................................................... 36
Sistemas escalonados..................................................................................................... 36

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Probabilidade e análise combinatória............................. 38
Análise combinatória........................................................................................................ 40
Fatorial........................................................................................................................... 40
Estatística.......................................................................... 42
Termos de uma pesquisa estatística.................................................................................. 42
Frequência absoluta, frequência relativa e tabela de frequência.............................................. 43
Representação gráfica .................................................................................................... 43
Medidas de tendência central........................................................................................... 44
Medidas de dispersão..................................................................................................... 46
Estatística e probabilidade................................................................................................ 46
Número binomial............................................................................................................. 47
Lei binomial da probabilidade (Bernoulli).............................................................................. 48
Elementos primitivos........................................................................................................ 50
Glossário........................................................................... 54
Questões............................................................................ 55
Gabarito............................................................................ 55
Roteiro de Estudos............................................................. 56

BIOLOGIA................................. 59
Introdução......................................................................... 60
A célula............................................................................. 61
Citologia ........................................................................................................................ 61
Membrana plasmática...................................................................................................... 62
Esclarecendo o DNA....................................................................................................... 62
Núcleo celular: estrutura e função...................................................................................... 64
Ácidos nucleicos ............................................................................................................ 64
DNA ............................................................................................................................. 65
RNA ............................................................................................................................. 65
Divisão celular................................................................... 66
Ciclo celular ................................................................................................................... 66
Mitose........................................................................................................................... 68

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Meisose........................................................................................................................ 68
Funcionamento dos genes ............................................................................................. 70
Código genético, aminoácidos e proteínas ....................................................................... 70
Como funciona a síntese proteica? .................................................................................. 71
Energia na célula e respiração celular ............................................................................... 72
Fotossíntese ................................................................................................................. 73
Quimiossíntese .............................................................................................................. 74
Seres vivos........................................................................ 75
Classificação dos seres vivos........................................................................................... 75
Vírus ............................................................................................................................ 76
Reino Monera.................................................................... 79
Cianobactérias............................................................................................................... 79
Bactérias ...................................................................................................................... 79
Reino Protista.................................................................... 82
Algas ............................................................................................................................ 83
Reino Fungi........................................................................ 84
Fungo........................................................................................................................... 84
Liquens......................................................................................................................... 85
Reino Metazoa ou Reino Animal....................................... 86
Invertebrados ............................................................................................................... 86
Vertebrados .................................................................................................................. 88
Glossário........................................................................... 91
Questões........................................................................... 95
Gabarito............................................................................ 96
Roteiro de Estudos............................................................. 97

FÍSICA..................................... 102
Introdução....................................................................... 103
Um homem contra um exército....................................................................................... 103
Princípio da alavanca..................................................................................................... 105

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A Ciência grega é redescoberta...................................................................................... 106
Newton aprende Grego e Latim...................................................................................... 107
Posição e velocidade média .......................................................................................... 107
Espaço (S) e variação de espaço (ΔS) ............................................................................ 107
Conversão de unidades ................................................................................................ 108
Equação horária ........................................................................................................... 109
Velocidade instantânea .................................................................................................. 110
Resumo....................................................................................................................... 111
Integral ........................................................................................................................ 112
Aceleração .................................................................................................................. 112
Significados da integral................................................................................................... 113
Movimento uniforme ..................................................................................................... 114
Movimento uniformemente acelerado............................................................................... 114
Por que usar integrais e derivadas?................................................................................. 114
Unidades de medida...................................................................................................... 115
Resumindo as funções horárias ...................................................................................... 115
As leis de Newton ........................................................................................................ 116
Definitio I ..................................................................................................................... 117
Definitio II ..................................................................................................................... 117
Definitio III .................................................................................................................... 117
Definitio IV.................................................................................................................... 118
Glossário......................................................................... 119
Questões.......................................................................... 120
Gabarito.......................................................................... 121
Roteiro de Estudos........................................................... 122

QUÍMICA................................ 127
Introdução....................................................................... 128
A era dos metais........................................................................................................... 128
As primeiras teorias....................................................................................................... 129
O surgimento dos alquimistas......................................................................................... 129

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Influência dos alquimistas na Química moderna................................................................. 130
A Química a serviço da Medicina .................................................................................... 130
O início da Química moderna ......................................................................................... 131
O período flogístico ....................................................................................................... 131
A Química moderna ...................................................................................................... 132
A evolução atômica........................................................ 134
Atomística na história antiga ........................................................................................... 134
O modelo atômico de Dalton.......................................................................................... 134
A descoberta de partículas subatômicas........................................................................... 135
O modelo de Thomson ................................................................................................. 135
O modelo atômico de Rutherford..................................................................................... 136
Modelo atômico de Rutherford e Bohr......................................................................... 136
Número atômico........................................................................................................... 137
Número de massa......................................................................................................... 137
Íons ............................................................................................................................ 138
Isoeletrônicos............................................................................................................... 140
A tabela periódica moderna............................................................................................ 141
Construção da tabela periódica....................................................................................... 141
Ligações químicas........................................................................................................ 142
Química analítica quantitativa.......................................................................................... 143
Soluções químicas........................................................................................................ 144
Misturas heterogêneas................................................................................................... 146
Misturas homogêneas..................................................................................................... 147
Estequiometria.............................................................................................................. 148

Funções da Química inorgânica..................................... 149


Ácidos ........................................................................................................................ 149
Bases ......................................................................................................................... 151
Sais............................................................................................................................. 151
Óxidos ........................................................................................................................ 152
Peróxidos..................................................................................................................... 152

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Glossário......................................................................... 155
Questões.......................................................................... 158
Gabarito.......................................................................... 158
Roteiro de Estudos........................................................... 159

GRAMÁTICA........................... 168
Classes gramaticais....................................................................................................... 169
Substantivo.................................................................................................................. 169
Gênero........................................................................................................................ 169
Adjetivo........................................................................................................................ 170
Artigo........................................................................................................................... 171
Numeral....................................................................................................................... 171
Pronome...................................................................................................................... 172
Verbo ......................................................................................................................... 173
Formas nominais........................................................................................................... 173
Questões.......................................................................... 175
Gabarito.......................................................................... 176
Roteiro de Estudos........................................................... 177

LITERATURA............................. 182
Modernismo..................................................................... 183
Primeira fase modernista................................................................................................ 183
Segunda fase modernista............................................................................................... 185
Pós-Modernismo.............................................................. 187
Geração pós-45........................................................................................................... 187
Concretismo................................................................................................................. 188
Neoconcretismo............................................................................................................ 188
Poesia-práxis................................................................................................................ 188
Literatura marginal......................................................................................................... 189

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Literatura de cordel........................................................................................................ 189
Literatura de consumo................................................................................................... 189
O que é um clássico?.................................................................................................... 190
Literatura infantil............................................................................................................. 191
Questões.......................................................................... 193
Gabarito.......................................................................... 194
Roteiro de Estudos........................................................... 195

REDAÇÃO............................... 201
Narração...................................................................................................................... 202
Texto jornalístico............................................................................................................ 204
Dissertação.................................................................................................................. 205
Como fazer questões discursivas de provas?.................................................................... 215
A redação no vestibular e em outros concursos................................................................ 215
Estruturação e argumentação......................................................................................... 215
Progressão, informatividade e situacionalidade (P.I.S.)......................................................... 215
Quadro negro............................................................................................................... 216
Rascunho.................................................................................................................... 216
Os dez erros mais graves............................................................................................... 216
Questões.......................................................................... 218

ARTE........................................ 222
Introdução....................................................................... 223
A experiência estética ................................................................................................... 224
A arte e seus contextos temporais................................................................................... 224
Olhando as imagens...................................................................................................... 224
Elementos de composição............................................................................................. 224
As linguagens das artes plásticas e visuais....................................................................... 224
O desenho................................................................................................................... 224
A pintura...................................................................................................................... 224

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A escultura................................................................................................................... 225
A cerâmica................................................................................................................... 226
A gravura..................................................................................................................... 226
A fotografia................................................................................................................... 226
A instalação.................................................................................................................. 227
A performance.............................................................................................................. 227
O vídeo........................................................................................................................ 227
Museus, bienais, salões, mostras e galerias...................................................................... 227
Arte Moderna e Arte Contemporânea............................................................................... 229
Arte no Brasil................................................................... 233
O Barroco brasileiro....................................................................................................... 233
Semana de Arte Moderna.............................................................................................. 233
O Concretismo no Brasil................................................................................................ 234
O Neoconcretismo........................................................................................................ 234
Arte contemporânea...................................................................................................... 234
Artistas brasileiros modernos e contemporâneos............................................................... 234
Sugestões de filmes...................................................................................................... 241
Quero mais!.................................................................................................................. 244
Glossário......................................................................... 244
Questões.......................................................................... 246
Gabarito.......................................................................... 247
Roteiro de estudos........................................................... 248

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MATEMÁTICA

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 12 11/12/2023 12:02


Função
Função logarítmica
logarítmica

Definição de logaritmo

P
ara estudar as funções logarítmicas, vamos primeiro entender o que é logaritmo.
Sendo a e b dois números reais positivos, com b ≠ 1, denomina-se logaritmo de a Logaritmo
na base b o expoente real x, tal que bx = a.
Na igualdade x = loga b, obtemos:

a = base do logaritmo
b = logaritmando ou antilogaritmo
x = logaritmo

bx = a → x = logb a

Consequências da definição: Sendo b > 0, a > 0 e b ≠1 e m um número real qualquer,


temos a seguir algumas consequências da definição de logaritmo:

loga 1 = 0 loga a = 1
loga b = loga c ⇔ b = c loga am = m

Propriedades operatórias dos logaritmos


1) Logaritmo do produto: loga (x·y) = loga x + loga y
(a > 0, a ≠ 1, x > 0 e y > 0)

2) Logaritmo do quociente: loga ( yx )= loga x ÷ loga y


(a > 0, a ≠ 1, x > 0 e y > 0)

3) Logaritmo da potência: loga xm = m . loga x
(a > 0, a ≠ 1 , x > 0 e m ∈ IR)

, temos: loga n√xm = loga x n = m


m m
Caso particular: como n√x m = x n n . loga x

Cologaritmo
Chamamos de cologaritmo de um número positivo b numa base a (a > 0, a ≠ 1) e
indicamos cologa b o logaritmo inverso desse número b na base a:
cologa b = loga 1 (a > 0, a ≠ 1e b . 0)
b

Como loga 1 = loga 1- loga b = 0- loga b = -logab.
b
Podemos também escrever: cologa b = -logab.

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14

Mudança de base Atribuindo alguns valores a x e calculando os correspon-


Em algumas situações podemos encontrar no cálculo dentes valores de y, obtemos a tabela e o gráfico abaixo:
vários logaritmos de bases diferentes. Como as proprieda- x 1/4 1/2 1 2 4
des logarítmicas só valem para logaritmos numa mesma
base, é necessário fazer, antes, a conversão dos logarit- y 2 1 0 -1 -2
mos de bases diferentes para uma única base conveniente. y
Essa conversão chama-se mudança de base. Para fazer
a mudança de uma base a para uma base b usa-se:
logb x
loga x = -2
logb a
Exemplo: Para mudar log232 para a base 10, é neces-
sário utilizar a fórmula apresentada log232 = log32 e, logo -1
em seguida, calcular os valores de log. log2 0
1 x1 2 3 x2 4
x
Função logarítmica
A função f: IR+ → IR definida por f(x) = logax, com a ≠ 1 y1
e a > 0, é chamada função logarítmica de base a. 1
O domínio dessa função é o conjunto IR+ (reais positivos,
maiores que zero) e o contradomínio é IR (reais). y2
2
Gráfico cartesiano da função logarítmica
Temos 2 casos a considerar:
→ quando a > 1;
→ quando 0 < a < 1. Nos dois exemplos, podemos observar que:

Acompanhe, nos exemplos seguintes, a construção do a) o gráfico nunca intercepta o eixo vertical;
gráfico em cada caso. b) o gráfico corta o eixo horizontal no ponto (1,0). A raiz
da função é x = 1;
1) y = log2x (nesse caso, a = 2, logo a > 1) c) y assume todos os valores reais, portanto, o conjunto
Atribuindo alguns valores a x e calculando os corres- imagem é Im = IR.
pondentes valores de y, obtemos a tabela e o gráfico
abaixo: Além disso, podemos estabelecer o seguinte:

x 1/4 1/2 1 2 4 a>1


y -2 -1 0 1 2

y y
3
2
y2
2

1 1
y1
-2 -1 1 x 2 3
0 1 x1 2 3 x2 4 x
-1
-1
-2

-2 -3
f(x) é crescente e Im = IR
Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 → y2 > y1
(as desigualdades têm mesmo sentido).
2) y = log1 x (nesse caso, a = 1 , logo 0 < a < 1)
2
2

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15

logy = 7- logx; substituindo logy na segunda equação temos:


0<a<1 3logx -2.(7- logx ) = 1 → 3.logx-2 (7- logx) = 1
5.logx=15 → logx = 3 → x = 103
3 Substituindo x = 103 em logy = 7- logx, temos:
logy = 7- log103 → logy = 7- 3.log10 → y = 7-3.1 →
2 logy = 4 → y = 104
y
Portanto, a solução é S = {(103,104)}.
1
Inequações logarítmicas
-2 -1 1 x 2 3 Chamamos de inequações logarítmicas toda inequação
que envolve logaritmos com a incógnita aparecendo no lo-
-1 garitmando, na base ou em ambos. Exemplos de inequa-
ções logarítmicas:
-2
1) log2x > 0 (a solução é x>1)
-3 2) log4 (x+3) ≤ 1 (a solução é - 3<x≤1)

f(x) é decrescente e Im = IR Para resolver inequações logarítmicas, devemos realizar


Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 → y2 < y1 dois passos importantes:
(as desigualdades têm sentidos diferentes).
1) redução dos dois membros da inequação a logarit-
Equações logarítmicas mos de mesma base;
Chamamos de equações logarítmicas toda equação 2) aplicação da propriedade:
que envolve logaritmos com a incógnita aparecendo no lo- a>1 0<a<1
garitmando, na base ou em ambos.
Exemplos de equações logarítmicas: loga m > loga n → m > n> 0 loga m > loga n → 0 < m < n
(as desigualdades têm (as desigualdades têm
mesmo sentido) sentidos diferentes)
1) log3 x = 5 (a solução é x = 243)
2) log(x2 – 1) = 3 (as soluções são x’= –2 e x’’= 2)
3) log2 (x + 3) + log2 (x – 3) = log2 7 (a solução é x = 4) Exercício resolvido
4) logx+1 (x2 - x) = 2 (a solução é x = –1/3)
Alguns exemplos resolvidos: log2 (x + 2) > log28
1) log3 (x+5) = 2
Resolução
Resolução Condições de existência: x + 2 > 0, ou seja, x >-2 (S1)
Condição de existência: x + 5 > 0 → x > –5 Como a base (2) é maior que 1, temos: x + 2 > 8 e, daí,
log3 (x + 5) = 2 → x + 5 = 32 → x = 9 – 5 → x = 4 x > 6 (S2).
O conjunto solução é S = S1 ∩ S2 = {x∈IR | x > 6}
Como x = 4 satisfaz a condição de existência, então o Portanto, a solução final é a interseção de S1 e S2, como
conjunto solução é S = {4}.
está representado logo abaixo no desenho:
2) log2 (log4 x) = 1 -2
S1
Resolução x
Condição de existência: x > 0 e log4 x > 0 S2
6 x
log2 (log4 x) = 1; sabemos que 1 = log2(2), então, log2
S
(log4 x) → log4 x = → 42 = x → x = 16 6 x
Como x = 16 satisfaz as condições de existência, então
o conjunto solução é S = {16}.
3) Resolva o sistema:

{logx + logy = 7
3, logx-2 logy = 1

Resolução
Condições de existência: x > 0 e y > 0
Da primeira equação temos: logx + logy = 7 →

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16

Conjuntos númericos Exemplo: Considerando os conjuntos A = {2, 15, 20,


25, 32, 55} e B = {2, 3, 5, 12, 34, 55}, a intersecção des-
Conjunto A formado pelos 5 primeiros meses do ano: ses conjuntos é o conjunto composto pelos elementos que
A = {janeiro, fevereiro, março, abril e maio}. pertencem simultaneamente aos dois conjuntos. Em outras
palavras, A ∩ B = {2, 55}.
Conjunto B formado pelos 5 primeiros números primos:
B = {2,3,5,7,11} Diferença entre conjuntos
Ou seja: o símbolo ∈, lê-se “pertence a” e o símbolo ∉ A diferença ocorre quando os elementos pertencem
lê-se “não pertence a”. a somente um dos conjuntos. Dados os conjuntos A e
B, a diferença é definida como o conjunto formado pelos
Subconjuntos elementos que pertencem ao conjunto A, mas não per-
tencem ao conjunto B. Essa operação é representada por
Um subconjunto é formado quando todos os elemen- A - B. Matematicamente:
tos de um conjunto estão contidos em outro conjunto.
Dados os conjuntos A e B, afirmamos que B é um sub- A – B = {x | x ∈ A e x ∉ B}
conjunto de A quando todos os elementos de B também
estão presentes em A. Exemplo: Dados os conjuntos A = {2,15,20,25,32,55}
e B = {2,3,5,12,34,55} a diferença desses conjuntos é o
Exemplo: Considere A = {0, 5, 10, 15, 20, 25} e B = conjunto cujos elementos pertencem somente a um dos
{0, 10, 20}. Nesse caso, dizemos que B é um subconjun- dois conjuntos, ou seja, A B = {15,20,25,32}
to de A, indicando que B está contido em A. Isso se deve
ao fato de que todos os elementos de B também fazem Conjuntos numéricos
parte do conjunto A.
Os conjuntos numéricos são compostos por grupos de
Operações entre conjuntos números que compartilham características semelhantes en-
tre si. Há cinco conjuntos numéricos amplamente reconhe-
As operações com conjuntos permitem realizar ações cidos, a saber: números naturais, inteiros, racionais, irracio-
entre dois ou mais conjuntos. Entre essas operações, des- nais e reais. Todos esses conjuntos são infinitos.
tacam-se a união e a interseção.
Os números naturais foram os primeiros a serem con-
União entre conjuntos cebidos, representando contagens. Eles são denotados
A união, também conhecida como reunião de conjun- pela letra ℕ. Em outras palavras, os números naturais são
tos, ocorre quando os elementos de um conjunto perten- os inteiros positivos, incluindo o zero.
cem a um conjunto ou ao outro. Dados os conjuntos A e
B, a união é definida como o conjunto formado pela combi- ℕ = {0,1,2,3...}
nação dos elementos que pertencem ao conjunto A e aos
elementos do conjunto B. Essa operação é representada Os números inteiros surgiram da necessidade de repre-
por A ∪ B. Matematicamente: sentar tanto as quantidades positivas quanto as negativas,
bem como as operações de divisão. São representados
A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B} pela letra ℤ e podem ser definidos como a união dos núme-
ros naturais com seus respectivos negativos.
Exemplo: Considerando os conjuntos A = {2, 15, 20,
25, 32, 55} e B = {2, 3, 5, 12, 34, 55}, a união desses ℤ = {...-3,-2,-1,0,1,2,3...}
conjuntos é o conjunto composto por elementos que per-
tencem a pelo menos um dos dois conjuntos. Em outras Os números racionais surgiram da necessidade de re-
palavras, A ∪ B = {2, 3, 5, 12, 15, 20, 25, 32, 34, 55}. presentar resultados decimais em divisões. Eles são repre-
sentados pela letra ℚ e podem ser definidos como a com-
Intersecção entre conjuntos binação dos números inteiros com as frações, números
A interseção ocorre quando os elementos pertencem decimais e dízimas periódicas.
a todos os conjuntos ao mesmo tempo. Dados os con-
juntos A e B, a interseção é definida como o conjunto for- ℚ = {, m e n }
mado pelos elementos que pertencem tanto ao conjunto
A quanto ao conjunto B. Essa operação é representada
por A ∩ B. Matematicamente:

A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 16 11/12/2023 12:02


17

Os números irracionais surgiram da necessidade de cal- Continuando com o exemplo anterior, vamos determinar
cular a hipotenusa de um triângulo com lados de compri- o valor de f(x) quando x = 3.
mento 1. Eles são representados pela letra I e englobam
todos os números que não podem ser expressos como
F(3) =10 + 3 = 13 → f(3) = 13 ou y(3) = 13.
frações, ou seja, as dízimas não periódicas.
Vamos construir o gráfico dessa situação. Supondo que
Os números reais são a união dos números racionais
a temperatura desse termômetro está definida pela seguinte
com os números irracionais. Eles são representados pela
função: y= 2x-5.
letra ℝ.
Construindo a tabela:
ℝ = {ℚ ∪ 𝕀}
X Y - 2x - 5 y (x,y)
O diagrama a seguir ilustra a relação entre os conjuntos
numéricos. 0 2(0) – 5 = 0-5 = -5 -5 (0,-5)
1 2(1) – 5 = 2-5 = -3 -3 (1,-3)
2 2(2) – 5 = 4 - 5= -1 -1 (2,-1)
I 3 2(3) – 5 = 6 – 5 = 1 1 (3,1)
Marcando os pontos num plano cartesiano:
N Z Q R
6
5
4
3
2
(3,1)
1
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
Domínio, contradomínio e imagem -1 (2,-1)
-2
Observe o diagrama que representa a função f: A → B -3
(-3,1)
definida por y = x + 10
-4
(0,5)
A A -5
-6
1 11 Ligando os pontos:
2 12
3 13 6
4 14
5
17
4
3
O conjunto A é denominado domínio da função e é in- 2
(3,1)
dicado por D(f). Esse conjunto é composto por todos os 1
elementos x pertencentes ao conjunto. -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
O conjunto B é chamado contradomínio da função e é -1 (2,-1)
indicado por CD(f). Esse conjunto é composto por todos os -2
(-3,1)
elementos y do conjunto. -3
-4
De acordo com o exemplo acima: (0,5)
-5
D(f) = A = {1,2,3,4} -6
CD(f) = B = {11,12,13,14,17}
Lei de formação de uma função inversa
A imagem é definida como um subconjunto do con- Vamos encontrar a lei de formação da função inversa de
tradomínio. Esse subconjunto é composto por todos os f(x) = 2x. Sabe-se que f(x) = y, então y = 2x.
elementos do contradomínio (conjunto B) que têm corres-
pondentes no domínio (conjunto A), sendo indicados por Para isso, o primeiro passo é inverter as varáveis, ou
y = f(x). seja, trocar o x por y e o y por x.

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 17 11/12/2023 12:02


18

Logo: y = 2x → x = 2y 5ª propriedade: O módulo do quadrado de um núme-


O segundo passo é isolar o y na equação: ro é igual ao módulo do número ao quadrado
x
x = 2y → y =
2 |x2| = |x|2
x
Logo, a inversa da função f(x) = 2x é f-1(x) = .
2 Inequações exponenciais
Chamamos de inequações modulares as inequações
Propriedades de módulo que apresentam pelo menos uma incógnita em seu ex-
Para uma melhor compreensão dos cálculos envolven- poente. Para resolver inequações exponenciais, são
do módulos, é importante examinar algumas propriedades. aplicadas técnicas semelhantes às usadas na resolu-
Considerando os números x e y como números reais: ção de equações exponenciais. Vamos examinar alguns
exemplos resolvidos.
1ª propriedade: O módulo de um número real é igual
ao módulo do seu oposto.
1. Resolva a inequação 2x ≤ 128
|x|=|–x|
Resolução
2ª propriedade: O módulo do produto de dois núme- Como 128 é igual a 27, podemos escrever que 2x ≤ 27
ros reais é igual ao produto dos módulos desses números. e daí x ≤ 7.

|x • y|=|–x|•|y| 2. Resolva a inequação 3x+1 < 81


3ª propriedade: O módulo da soma de dois núme-
ros reais é menor ou igual à soma do módulo de cada Resolução
um deles. Utilizando as propriedades de potência: 3x • 3x < 81,
como 81 = 34, temos que
|x+y|≤|x|+|y|
3x • 3x < 34
4ª propriedade: O módulo da diferença de dois nú-
3x < 31
4
meros reais é maior ou igual à diferença do módulo de cada
um deles.
3
3x < 34-1
|x+y|≥|x|–|y| 3x < 33
Logo, x < 3.

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Progressões

P
rogressões são sequências de números que respeitam determinado padrão, sem-
pre seguindo uma lógica específica. Existem vários tipos de progressões, e vamos
estudar os dois mais importantes, as progressões aritméticas (PA) e as progres- Progressão
sões geométricas (PG). aritmética

Progressão aritmética Progressão


geométrica
Progressão aritmética é uma sequência numérica na qual, a partir do segundo, cada
termo é igual à soma de seu antecessor com uma constante. Essa constante é denomi-
nada razão.
Existem classificações para as progressões aritméticas, de acordo com o valor da
razão (r). Elas podem ser classificadas como crescentes, constantes ou decrescentes.
Uma progressão aritmética é considerada crescente quando sua razão é positiva,
ou seja, maior que 0 (r > 0).
Uma progressão aritmética é considerada constante quando sua razão é igual a
0 (r = 0).
Uma progressão aritmética é considerada decrescente quando sua razão é negativa,
ou seja, menor que 0 (r < 0).
Fórmula do termo geral de uma PA: an = a1 + (n – 1) · r
(a +a ).n
Soma de termos de uma PA finita: Sn= 1 n
2
A seguir, temos alguns exercícios de progressões aritméticas resolvidos.

1. Dada a PA (–19,–15,–11, ...), calcule o seu enésimo termo. Primeiramente encon-


tramos a razão:
r = a2 – a1 → r = –15 - (–19) → r = 4
Logo, o termo geral é: an= a1+ (n - 1). r → an= -19 + (n – 1).4 → an= –19 + 4n – 4
→ an= 4n – 23

2. Interpole seis meios aritméticos entre – 8 e 13.


No problema: a1 = -8, an = 13, n = 8 (pois 6 meios aritméticos serão interpolados
entre os dois extremos, que são -8 e 13. Logo, existem 8 termos na PA).
Para interpolar os valores, devemos encontrar a razão:

an = a1 + (n – 1) . r → 13 = –8 + (8 – 1).r → 13 = –8 + 7r → 13 + 8 = 7r → 7r = 21

→ r = 21→ r=3
7

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 19 11/12/2023 12:02


20

Encontrada a razão, basta interpolar os meios arit- 3x – (x + 1) = (x + 1) – 2x → 2x – 1 = 1 – x → 2x + x = 1+


méticos: -8, –5, –2, 1, 4, 7, 10, 13. + 1 → 3x = 2 → x = 2
3
3. Escreva uma PA de três termos, sabendo que a soma 6. Numa progressão aritmética em que a2 + a7 = a4 + ak,
desses termos vale 12 e que a soma de seus quadrados qual o valor de k?
vale 80.
Resolução (a1+r) + (a1 + 6r) = (a1 + 3r) + ak
2a1 + 7r = a1 + 3r + ak → 2a1 - a1 + 7r - 3r = ak = a1 + 4r
{a1+a2+a3=12
a 21 +a 22 +a 23 =80 Logo k = 5, pois a5 = a1 + 4r

Sabemos que a2 = a1 + r e que a3 = a1 + 2r. Então 7. Se Sn é a soma dos n primeiros termos da progres-
substituímos no sistema acima: são aritmética (–90,–86,–82,...), então, o menor valor de n
para que se tenha Sn > 0 é:
{aa ++ (a(a ++ r)r) ++(a(a ++2r)2r)= =1280 →
1
2
1
2
1
2
Pelo enunciado, obtemos os seguintes dados:

{
1 1 1

{a3a++a 3r+2a= 12r + r + a + 4a r + 4r = 80 →


2
1
1
2
1 1
2 2
1 1
2
r=4
a1 = – 90
an = 94 (pois Sn deve ser maior que zero)
{3a3a ++ 3r6a=r 12+ 5r = 80 →
1
2
1 1
2
Basta encontrarmos o número de termos:
a1 = 12 - 3r → a1 = 4 – r
3
an = a1 + (n – 1). r → 94 = – 90 + (n – 1).4 → 94 + 90 =
Substituindo na 2ª equação, temos: = 4n – 4 → 184 + 4 = 4n → n = 188 → n = 47
3 (4 – r)2 + 6 (4 – r) r + 5r2 = 80 → 3 (16 – 8r + r2) + 4
+ (24 – 6r) r + 5r2 = 80 8. A soma dos n primeiros números pares positivos é
48-24r+3r2+24r-6r2+5r2=80 132. Encontre o valor de n.
48+2r2 = 80 → 2r2 = 80 - 48 → 2r2 = 32 → r2 = 16 →
→ r = √16 → r = ± 4 r = 2; a1= 2; Sn =132
Agora encontramos o primeiro termo: an = a1 + (n - 1).r → an = 2 + (n – 1).2 → an = 2 + 2n – 2 →
Para r = 4 → a1 = 4 – r → a1 = 4 – 4 = 0 → PA∶ (0,4,8) → an = 2n
Para r = –4 → a1 = 4 – r → a1 = 4 – (-4) = 8 → PA∶ (8,4,0)
Resposta: (0, 4, 8) ou (8, 4, 0) 132 =
(2 + 2n)n ⇒ → 264 = 2n + 2n2
2
4. Calcule quantos números inteiros existem entre 13 e → 2n2 + 2n − 264 = 0 ⇒
⇒ → n = 11
247 que não são múltiplos de 3.
Resolução Progressões geométricas
Entre 13 e 247 existem 233 números. Para calcular
Podemos definir progressão geométrica, ou simples-
quantos números não são múltiplos de 3, nós devemos cal-
mente PG, como uma sucessão de números reais obtida,
cular primeiramente quantos números são múltiplos de 3 e,
com exceção do primeiro, multiplicando o número anterior
logo após, subtrair o número total pelo número de múltiplos,
por uma quantidade fixa q, chamada razão.
o que dará como resultado o número de não múltiplos.
Da mesma forma, existem classificações para as pro-
Para calcular o número de múltiplos de 3: gressões geométricas, baseadas no valor da razão (q). Elas
a1= 15 (pois é o primeiro múltiplo de 3 depois de 13) podem ser classificadas como crescentes, decrescentes,
r = 3 an = 246 (pois é o último múltiplo de 3 antes de 247) oscilantes ou constantes.
Uma progressão geométrica é considerada crescen-
Basta achar o n que é o número de múltiplos:
te quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada por
an = a1 + (n – 1).r → 246 = 15 + (n – 1)3 → 231 = 3n - 3 → números crescentes. Por exemplo: (1, 2, 4, 8, 16...),
→ n = 234 → n = 78 onde q = 2.
3
Uma progressão geométrica é considerada decres-
Dos 233 números, 78 são múltiplos de 3, logo 155 não
cente quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada
são.
por números decrescentes. Por exemplo: (–1, –2, –4,
–8, –16...), onde q = 2.
5. Encontre o valor de x para que a sequência (2x, x+1,
3x) seja uma progressão aritmética. Uma progressão geométrica é considerada oscilante
Para ser uma PA: a3 – a2 = a2 – a1

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 20 11/12/2023 12:02


21

positiva, isto é, r > 0, cada termo seu é maior que o anterior. Portan-
DICA CULTURAL to, trata-se de uma progressão crescente. Ao contrário, se tivermos
uma progressão aritmética com razão negativa, r < 0, seu compor-
tamento será decrescente. Observe, também, a rapidez com que a
Pi (1998), de Darren Aronofsky progressão cresce ou diminui. Isso é consequência direta do valor
absoluto da razão |r|. Assim, quanto maior for r, em valor absoluto,
Um jovem gênio da matemática e computação que vive
escondido da luz do sol, que lhe dá constantes dores maior será a velocidade de crescimento e vice-versa.
de cabeça e evita o contato com outras pessoas, cons-
truiu um supercomputador que lhe permitiu descobrir Soma dos N primeiros termos de uma PG
o número Pi completo. Isso lhe permitiu compreender Seja a PG (a1, a2, a3, a4,…,an ,…). Para o cálculo da soma dos
toda a existência da vida na Terra, pois percebeu que n primeiros termos Sn, vamos considerar o que segue:
todos os eventos se repetiam após um determinado es- Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + …+ an+1 + na
paço de tempo.
Multiplicando ambos os membros pela razão q:
Sn.q = a1.q + a2.q + …+ an-1.q + an.q

quando sua razão é negativa (q < 0) e é formada por Conforme a definição de PG, podemos reescrever a expres-
números positivos e negativos. são como:
Sn.q = a2 + a3 + …+ an + an.q
Uma progressão geométrica é considerada constan-
te quando sua razão é igual a 1 (q = 1). Observe que a2+ a3 + ...+ an é igual a Sn – a1. Logo, substi-
Podemos calcular a razão da progressão, caso ela não tuindo, vem:
esteja suficientemente evidente, dividindo entre si dois ter- Sn.q = Sn – a1 + an.q
mos consecutivos. Por exemplo, na sucessão (1, 2, 4,
8,...), q = 2. Daí, simplificando convenientemente, chegaremos à seguinte
fórmula da soma:
Cálculos do termo geral Sn = an.q - a1
Numa progressão geométrica de razão q, os termos q-1
são obtidos, por definição, a partir do primeiro, da seguinte Se substituirmos an = a1 . qn-1, obteremos uma nova apresen-
maneira: tação para a fórmula da soma, ou seja:
qn - 1
Sn = a1 q - 1
a1 a2 a3 ... a20 ... an
Ex.: Calcule a soma dos 10 primeiros termos da PG
a1 a 1q a 1q 2 ... a1q19 a1qn-1
(1,2,4,8,...).
Temos:
Assim, podemos deduzir a seguinte expressão do termo geral,
S10 = 22 -- 11
10

também chamado enésimo termo, para qualquer progressão


geométrica.
Observe que nesse caso a1 = 1.
an = a1 qn-1
Soma dos termos de uma PG decrescente e ilimitada
Portanto, se, por exemplo, a1 = 2 e q = 1 , então:
2 Considere uma PG ilimitada (infinitos termos) e decrescente.
Nessas condições, podemos considerar que no limite teremos
an = 2 ( 1 n-1
)
2 an = 0. Substituindo na fórmula anterior, encontraremos:
a
S∞ = 1 -1 q
Se quisermos calcular o valor do termo para n = 5, substituin-
do-o na fórmula, obtemos:
Ex.: Resolva a equação: x + 2x + 4x + 8x + 16x +…= 100. O
a5 = 2 ( 21 ) = 2 ( 21 ) = ( 18 )
5-1 4
primeiro membro é uma PG de primeiro termo x e razão 12 . Logo,
A semelhança entre as progressões aritméticas e as geomé- substituindo na fórmula, vem:
x = 100
tricas é aparentemente grande. Porém, encontramos a primeira 1-1
2
diferença substancial no momento de sua definição. Enquanto as
progressões aritméticas formam-se por meio da soma de uma Dessa equação encontramos como resposta x = 50.
mesma quantidade de modo repetido; nas progressões geométri-
cas, os termos são gerados pela multiplicação, também repetida,
por um mesmo número. As diferenças não param por aí.
Observe que, quando uma progressão aritmética tem a razão

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22

Classificação
Existem classificações para as progressões aritméticas, Uma progressão geométrica é considerada crescen-
de acordo com o valor da razão (r). Elas podem ser clas- te quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada por
sificadas como crescentes, constantes ou decrescentes. números crescentes. Por exemplo: (1, 2, 4, 8, 16...),
onde q = 2.
Uma progressão aritmética é considerada crescente
quando sua razão é positiva, ou seja, maior que 0 (r > 0). Uma progressão geométrica é considerada decres-
cente quando sua razão é positiva (q > 0) e é formada
Uma progressão aritmética é considerada constante por números decrescentes. Por exemplo: (–1, –2, –4,
quando sua razão é igual a 0 (r = 0). –8, –16...), onde q = 2.

Uma progressão aritmética é considerada decrescente Uma progressão geométrica é considerada oscilante
quando sua razão é negativa, ou seja, menor que 0 (r < 0). quando sua razão é negativa (q < 0) e é formada por
números positivos e negativos.
Da mesma forma, existem classificações para as pro-
gressões geométricas, baseadas no valor da razão (q). Uma progressão geométrica é considerada constan-
Elas podem ser classificadas como crescentes, decres- te quando sua razão é igual a 1 (q = 1).
centes, oscilantes ou constantes.

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Matrizes

O
crescente uso dos computadores tem feito com que a teoria das matrizes seja
Tipos de matrizes
cada vez mais aplicada em áreas como Economia, Engenharia, Matemática, Física,
entre outras, contribuindo muito no avanço da tecnologia. Vejamos um exemplo.
A tabela a seguir representa as notas de três alunos, A, B e C, em uma etapa: Operações com
matrizes
Química Inglês Literatura Espanhol
A 8 7 9 8
B 6 6 7 6
C 4 8 5 9
Se quisermos saber a nota do aluno B em Literatura, basta procurar o número que fica
na segunda linha e na terceira coluna da tabela.
Vamos considerar uma tabela de números dispostos em linhas e colunas, como no
exemplo acima, mas colocados entre parênteses ou colchetes:
8 7 9 8

4 8 5 9
(8 7 9 8
linha → 6 6 7 6 ou 6 6 7 6
4 8 5 9
) ( )
↓ coluna
Tabelas com m linhas e n colunas (m e n são números naturais diferentes de 0) são
denominadas matrizes m x n. Na tabela anterior temos, portanto, uma matriz 3 x 4.
Veja mais alguns exemplos:

(2 3 -1
30 -3 17 )
é uma matriz do tipo 2x3

(2 -5
1
2
)
1 é uma matriz do tipo 2x2
3

Notação geral

[ ]
Uma matriz A do tipo m x n é representada por:
a11 a12 a13 . . . a1n
a21 a22 a23 . . . a2n
a31 a32 a33 . . . a2n
. . . . . . .
. . . . . . .
. . . . . . .
am1 am2 am3 . . . amn

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24

Ou, abreviadamente, A = [a i j ]m x n, em que i e j represen- a11 = –1 é elemento da diagonal principal, pois i = j = 1.


tam, respectivamente, a linha e a coluna que o elemento a31 = 5 é elemento da diagonal secundária, pois i + j = n +
ocupa. Por exemplo, na matriz anterior, a23 é o elemento da + 1 (3 + 1 = 3 + 1).
2ª linha e da 3ª coluna.

( )
2 –1 5 Matriz nula: matriz em que todos os elementos são
Na matriz A = 4
1
√ 2 nulos; é representada por 0m·n.

[ ]
2
0 1 –2 0 0 0
02x3 = 0 0 0

{ }
a11 = 2 a12 = –1 a13 = 5
0 0 0
Temos: a21 = 4 a22 = 12 a23 = √2
a31 = 0 a32 = 1 a33 = –2 Matriz diagonal: matriz quadrada em que todos os
elementos que não estão na diagonal principal são nulos.
Denominações especiais Por exemplo:

[ ]
4 0 0

[ ]
Algumas matrizes, por suas características, recebem 2 0
denominações especiais. a) A2x2 = b) B3x3 = 0 3 0
Matriz linha: matriz do tipo 1x n, ou seja, com uma 0 1 0 0 7
única linha. Por exemplo, a matriz A = [4 7 -3 1], do tipo 1 x 4.
Matriz identidade: matriz quadrada em que todos os
Matriz coluna: matriz do tipo m x 1, ou seja, com elementos da diagonal principal são iguais a 1 e os demais
()
1
uma única coluna. Por exemplo, B = 2 , do tipo 3 x 1. são nulos; é representada por In, sendo n a ordem da ma-
-1 triz. Por exemplo:
Matriz quadrada: matriz do tipo n x n, ou seja, com o
mesmo número de linhas e colunas; dizemos que a matriz [ ]
a) I2x2 = 1 0
0 1
1 0 0
b) I3x3 = 0 1 0
0 0 1
[ ]
4 1 [ ]
é de ordem n. Por exemplo, a matriz C = 2 7 é do tipo 2 Assim, para uma matriz identidade:

{ }
x 2, isto é, quadrada de ordem 2. 1, se i = j
In = [ aij ],aij =
0, se i ≠ j
Numa matriz quadrada definimos a diagonal principal e a
diagonal secundária. A principal é formada pelos elementos Matriz transposta: matriz At obtida a partir da matriz
aij tais que i = j. Na secundária, temos i + j = n + 1. A trocando-se ordenadamente as linhas por colunas ou as
colunas por linhas. Por exemplo:
Veja:

[ ]
a11 a12 a13 . . . a1n

[ ]
2 –1
2 3 0
a21 a22 a23 . . . a2 Se A = então At = 3 –2
n
–1 –2 1 0 1
A = a31 a32 a33 . . . a3n
. . . . . . .
. . . . . . a Desse modo, se a matriz A é do tipo m x n, At é do tipo
. . . . . . . n x m.
am1 am2 am3 . . . amn Note que a 1ª linha de A corresponde à 1ª coluna de At
e a 2ª linha de A corresponde à 2ª coluna de At.
diagonal principal
i=j Matriz simétrica: matriz quadrada de ordem n tal que
A = At. Por exemplo, é simétrica, pois a12 = a21 = 5, a13 = a31 =
diagonal secundária = 6, a23 = a32 = 4, ou seja, temos sempre aij = aji.
i + j = n +1

[ ]
3 5 6
A= 5 2 4
6 4 8
Observe a matriz a seguir:

[ ]
-1 2 -5

ordem da
A3 = 3 0 -3
5 7 -6
Por exemplo, se A = 3 0 –A = –3 0 .
4 -1 –4 1 ( ) ( )
matriz Matriz oposta: matriz -A obtida a partir de A trocando-
diagonal principal -se o sinal de todos os elementos de A.
diagonal secundária

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 24 11/12/2023 12:02


25

Igualdade de matrizes da soma dos produtos dos elementos correspondentes da


Duas matrizes, A e B, do mesmo tipo m x n, são iguais i-ésima linha de A pelos elementos da j-ésima coluna B.
se, e somente se, todos os elementos que ocupam a mes-
ma posição forem iguais: ( )
Vamos multiplicar a matriz A = 1 2 e B = –1 3 para
entender como se obtém cada Cij: 3 4 4 2 ( )
A = B ↔ a ij = b ij para todo 1≤ i ≤ m e todo 1 ≤ j ≤ n
• 1ª linha e 1ª coluna
( ) ( )
Se A = 2 0 , B = 2 c e A = B,então c = 0 e b = 3.
–4 b –1 3
Operações envolvendo matrizes c11

Adição
Dadas as matrizes A=|aij |mxn e B = |bij |mxn, chamamos de
A=
[ ][ ] [
1 2 -1 3
.
3 4 4 2
=
1·(-1) + 2·4
]
soma dessas matrizes a matriz C = |cij |mxn, tal que cij = aij +
+bij , para todo 1≤ i ≤ m e todo1 ≤ j ≤ n:
• 1ª linha e 2ª coluna
A+B=C

Ex.:

[
1 4
0 7
   
+ ] [
2 –1
0 2
=
0+0 ] [
1 + 2 4 + (–1)
7+2
=
3 3
0 9 ] [ ] A=
[ ][ ]
1 2 -1 3
.
3 4 4 2
=

Observação: A + B existe se, e somente se, A e B forem c12

[ ]
do mesmo tipo.
1·(-1) + 2·4 = 1·3 + 2·2
Subtração
Dadas as matrizes A = |aij |mxn e B = |bij |mxn, chamamos de
diferença entre essas matrizes a soma de A com a matriz
oposta de B:
• 2ª linha e 1ª coluna
A – B = A + (–B)

Observe:

[3 0
] [

1 2
] [
=
3 0
+ ] [
–1 –2
= ]
[ ][ ]
A = 1 2 . -1 3 =
3 4 4 2
4 –7 0 –2 4 –7 0 2
= [
3 – (–1)
4+0
0 + (–2)
–7 + 2
=] [
2 –2
4 –5 ] = [ 1·(-1) +2·4 1·3+2·2
]
3·(-1)+4·4
Multiplicação de um número real por uma matriz c21
Dados um número real x e uma matriz A do tipo m x n,
o produto de x por A é uma matriz B do tipo m x n obtida
pela multiplicação de cada elemento de A por x, ou seja,
bij = xaij:
• 2ª linha e 2ª coluna
B=x·A

Observe o seguinte exemplo:


A=
[ ][ ]
1 2
3 4
.
-1 3
4 2
=

3. [
1 7
–1 0
= ] [
3·2 3·7
3·2 3·0
= ] [
6 21
–3 0 ]
Multiplicação de matrizes
O produto de uma matriz por outra não é determinado
por meio do produto dos seus respectivos elementos.
= [ 1 . (-1) + 2 . 4 1 . 3 + 2 . 2
3 . (-1) + 4 . 4 3 . 3 + 4 . 2
c22
]
Assim, o produto das matrizes A = ( aij)mxp e B = (bij)pxn é a
matriz C = (cij)mxn, em que cada elemento cij é obtido por meio

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26

Assim, A.B = ( 7 7
13 17 ) 8 ⋅1 + ( –2 ) ⋅ 0 8 ⋅ 1 + ( –2) ⋅ 1
Observe que: 8 4
A⋅B=
0⋅ 1 + 1⋅ 0 0 ⋅ 1 + 1 ⋅ 1
8 4

B.A =
[ ][ ]
-1 3
4 2
. 1 2 =
3 4
A⋅B=
8
8
+ 0
8 – 2
4
0 + 0 0 + 1

[ ][ ]
(-1) . 1 +3 . 3 (-1) . 2 + 3 . 4 8 10 8 4
= =
4.1+2.3 4.2+2.4 16 10
1+0 2–2
A⋅B=
0+0 0+1
Portanto, A.B ≠ B.A, ou seja, para a multiplicação de
matrizes não vale a propriedade comutativa.
Da definição, temos que a matriz produto A.B só existe 1 0
A⋅B=
se o número de colunas de A for igual ao número de linhas 0 1
de B:
Amxp . Bpxn = (A.B)mxn
Agora, fazendo a multiplicação da matriz B pela matriz A,
tem-se:

A matriz produto terá o número de linhas de A (m) e o 1 1


8 –2
número de colunas de B(n): B= 8 4 A=
0 1
0 1
• Se A3 x 2 e B2 x 5, então (A.B)3 x 5
• Se A4 x 1 e B2 x 3, então não existe o produto 1 1 1 1
⋅8 + ⋅ 0 ⋅ ( -2 ) + ⋅1
• Se A4 x 2 e B2 x 1, então (A.B)4 x 1 B⋅A= 8 4 8 4
0.8+1.0 0.(-2)+1.1
Matriz inversa 8 0 -2 1
+ +
Dada uma matriz A, quadrada, de ordem n, se existir B⋅A= 8 8 8 4
0+0 0+1
uma matriz A’, de mesma ordem, tal que A.A’ = A’.A = In,
então A’ é matriz inversa de A. Representamos a matriz in- –2 + 2
versa por A-1. 1+0
B⋅A= 8
0+0 0+1
Vamos a um exercício resolvido de matriz inversa.
0
1
A matriz A = 8 –2 e B = 8 8
1
B⋅A=
1
4 são inversas.
0 1 0 1 0 1

1 0
B⋅A=
Resolução 0 1
Realizando a multiplicação da matriz A pela matriz B,
tem-se: Observa-se que A = B A = I, logo B é a matriz inversa
de A.

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27

Vamos a um exercício resolvido de matriz inversa.


1 1
8 –2
1 1 B= 8 4 A=
8 -2
A matriz A = eB= 8 4 são inversas
O 1 O 1
0 0
0 1
Resolução
1 •8+1 •0 1 • (–2) + 1 • 1
Realizando a multiplicação da matriz A pela matriz B
B • A= 8 4 8 4
tem-se:
O•8+1•0 O • (–2) +1 • 1
1 1
8• + (–2) • 0 8• + (–2) • 1
8 4 8 +O –2 + 1
A • B=
8 4 8 4
0•
1
+1•0 0•
1
+1•1
B • A=
8 4
O+0 O +1
8 +0 8
–2 –2 + 2
8 4 1+0
A • B= B • A= 8
0 +0 0
+1
8 4 O+0 O +1

1+ 0 2– 2
A • B= 1 0
0+ 0 0+ 1 B • A= 8
0 1
1 0
A • B= 1 0
0 1 B • A=
0 1
Agora fazendo a multiplicação da matriz B pela matriz A
tem-se: Observa-se que A • B = A = I, logo B é a matriz inversa
de A.

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 27 11/12/2023 12:02


28

Estatística Cada método de amostragem possui suas próprias


vantagens e desvantagens, e a escolha entre eles deve
Pesquisa estatística ser feita com base nos objetivos da pesquisa, recursos
Uma pesquisa estatística pode ser conduzida de disponíveis e rigor científico necessário para obter resul-
duas maneiras principais: censitária e amostral. A pes- tados confiáveis.
quisa censitária ocorre quando toda a população é in-
vestigada, o que frequentemente se torna inviável devido Coleta dos dados
a restrições de recursos financeiros e de tempo. Por Após a definição do tema, público-alvo e tipo de pes-
outro lado, a pesquisa amostral é mais simples de ser quisa, é o momento de estabelecer como os dados se-
realizada, pois demanda menos tempo e recursos, visto rão coletados. A determinação da coleta de dados requer
que é conduzida apenas com uma parte da população. compreensão das variáveis que serão analisadas: são qua-
Um exemplo de pesquisa censitária é o censo demográ- litativas ou quantitativas? Além disso, é necessário decidir
fico, que é realizado a cada 10 anos para coletar informa- qual método de coleta será utilizado. Será uma entrevista
ções detalhadas sobre toda a população. Por outro lado, pessoal, um questionário online, ou outra abordagem?
pesquisas eleitorais são exemplos de pesquisas amostrais, A escolha das perguntas a serem feitas também é
nas quais apenas uma parcela da população é questionada crucial. Essas perguntas podem ser de múltipla escolha,
para obter insights sobre as preferências eleitorais. permitindo opções pré-definidas, ou perguntas disser-
Cada abordagem tem suas vantagens e desvanta- tativas, que solicitam respostas mais elaboradas. Ade-
gens, e a escolha entre pesquisa censitária e amostral mais, é relevante determinar se os dados obtidos serão
depende dos objetivos da pesquisa, dos recursos dis- numéricos ou categóricos.
poníveis e das limitações impostas pelo contexto. Dados numéricos correspondem a respostas expres-
sas em números, as quais podem ser medidas ou quan-
Etapas de uma pesquisa estatística tificadas. Já dados categóricos são aqueles que preci-
Escolha do tema, do público-alvo e tipo de sam ser classificados em categorias ou grupos.
pesquisa. No exemplo anterior, referente à avaliação do atendi-
O primeiro passo para realizar uma pesquisa estatís- mento em uma loja, a variável poderia ser numérica caso
tica é a definição das informações a serem obtidas. O os participantes fossem solicitados a atribuir uma nota
processo começa com a escolha do tema, que se refere de avaliação. Em contrapartida, a variável poderia ser
ao assunto que se deseja investigar, avaliar ou pesqui- categórica se os participantes fossem solicitados a clas-
sar. Um exemplo desse processo seria a avaliação da sificar o atendimento como “excelente”, “bom” ou “ruim”.
qualidade de atendimento dos vendedores em uma loja. A forma como os dados são coletados e catego-
Após definir o tema, é necessário determinar o público- rizados influencia diretamente a análise e interpretação
-alvo da pesquisa. Nesse momento, também é importante dos resultados. Portanto, a definição criteriosa desses
decidir se a pesquisa será conduzida de forma amostral ou aspectos é fundamental para garantir a precisão e a re-
censitária. Tomando como exemplo o caso mencionado levância dos dados obtidos na pesquisa.
anteriormente, a pergunta seria: todos os clientes serão
entrevistados ou apenas uma amostra deles? Tratamento e análise dos dados
Quando se opta por uma pesquisa amostral, é funda- Após concluir a coleta de dados, chega o momento
mental escolher o tipo de amostragem a ser utilizado. No de processar e analisar as informações obtidas, utilizan-
caso da amostragem casual simples, as pessoas entrevis- do medidas de tendência central e dispersão. Para isso,
tadas são selecionadas aleatoriamente, por meio de sor- é essencial começar construindo tabelas de frequência
teio ou outro método que garanta que todos tenham igual relativa e absoluta. Em seguida, é possível calcular as
chance de serem escolhidos. A amostragem sistemática, medidas de tendência central, examinando os valores
por sua vez, exige uma organização que estabeleça uma dos dados. Depois disso, foca-se nas medidas de dis-
regra, ainda mantendo a aleatoriedade. O terceiro tipo de persão, que têm o propósito de avaliar a variação dos
amostragem é a estratificada, na qual as categorias são dados coletados na pesquisa.
pré-definidas e é crucial que todas as categorias estejam
representadas na pesquisa, evitando qualquer viés. Apresentação dos dados e conclusão
Voltando ao exemplo da avaliação da qualidade de
atendimento dos vendedores da loja, na amostragem Logo após a conclusão da coleta de dados, chega o
casual simples, é possível realizar um sorteio para se- momento de apresentar as informações à população ou
lecionar os clientes a serem entrevistados. No caso da ao público interessado. Geralmente, os dados são ex-
amostragem sistemática, a cada 5 clientes que entram postos por meio de tabelas e gráficos, e em alguns ca-
na loja, um é selecionado para a pesquisa. No cenário sos, podem ser utilizados infográficos, que são gráficos
de uma amostragem estratificada, os clientes podem ser que agregam informações visualmente. A escolha entre
divididos por sexo (masculino e feminino), e em seguida, tabelas, gráficos ou infográficos dependerá dos objetivos
50% de cada grupo são escolhidos para a pesquisa. da apresentação e do tipo de informação que se deseja
transmitir.

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Determinantes

C
omo já vimos, matriz quadrada é a que tem o mesmo número de linhas e de co-
lunas (ou seja, é do tipo n x n). Determinantes
A toda matriz quadrada está associado um número ao qual damos o nome de
determinante. Regra de Sarrus
Entre as várias aplicações dos determinantes na Matemática, temos:

• resolução de alguns tipos de sistema de equações lineares;


• cálculo da área de um triângulo situado no plano cartesiano, quando são conhecidas
as coordenadas dos seus vértices.
Determinante de 1ª ordem
Dada uma matriz quadrada de 1ª ordem M = [a11], o seu determinante é o número real a11:
detM = |a11| = a11

Observação: Representamos o determinante de uma matriz entre duas barras verti-


cais, que não têm o significado de módulo.

Por exemplo:
• M= [5] → detM = 5 ou |5| = 5
• M =[-3] → detM = -3 ou |3| = -3

Determinante de 2ª ordem
Dada a matriz M = [ a11 a12
a21 a22 ], de ordem 2, por definição o determinante associado a M,
determinante de 2ª ordem, é dado por:

det M =
[ a11
a21
a12
a22 ]
Portanto, o determinante de uma matriz
de ordem 2 é dado pela diferença entre o CURIOSIDADES
produto dos elementos da diagonal princi-
pal e o produto dos elementos da diagonal Menor complementar, Cofator e
secundária. Veja o exemplo a seguir. Teorema de Laplace. Esses temas
podem ser pesquisados em livros
de Ensino Médio, como os de José
Sendo M = [ ], temos detM = | | =
2 3
4 5
2 3
4 5 Roberto Bonjorno.
= 2.5 – 4.3 = 10 - 12 → detM = –2

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30

Regra de Sarrus Determinante de ordem n > 3


O cálculo do determinante de 3ª ordem pode ser feito Vimos que a regra de Sarrus é válida para o cálculo do
por meio de um dispositivo prático, denominado regra de determinante de uma matriz de ordem 3. Quando a matriz
Sarrus. é de ordem superior a 3, devemos empregar o Teorema de
Acompanhe como aplicamos essa regra para: Laplace para chegar a determinantes de ordem 3 e depois
aplicar a regra de Sarrus.

| |
a11 a12 a13
D = a21 a22 a23
a31 a32 a33 Propriedades dos determinantes
Os demais associados a matrizes quadradas de ordem
1º passo: Repetimos as duas primeiras colunas ao n apresentam as seguintes propriedades:
lado da terceira:
P1) Quando todos os elementos de uma fila (linha ou

| |
a11 a12 a13 a11 a12 coluna) são nulos, o determinante dessa matriz é nulo.
D = a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a32 a33 P2) Se duas filas de uma matriz são iguais, então seu
2º passo: Encontramos a soma do produto dos ele- determinante é nulo.
mentos da1 diagonal principal com os dois produtos obti-
dos pela multiplicação dos elementos das paralelas a essa P3) Se duas filas paralelas de uma matriz são proporcio-
diagonal (a soma deve ser precedida do sinal positivo): nais, então seu determinante é nulo.

| | |
a11 a12 a13 a11 a12
P4) Se os elementos de uma fila de uma matriz são
D = a21 a22 a23 a21 a22 combinações lineares dos elementos correspondentes de
filas paralelas, então seu determinante é nulo.
a 31 a32 a33 a31 a32
P5) Teorema de Jacobi: o determinante de uma matriz
+ (a11.a22.a33 + a12.a23.a31 + a13.a21.a32)
não se altera quando somamos aos elementos de uma fila
uma combinação linear dos elementos correspondentes de
3º passo: Encontramos a soma do produto dos ele- filas paralelas.
mentos da diagonal secundária com os dois produtos obti-
dos pela multiplicação dos elementos das paralelas a essa P6) O determinante de uma matriz e o de sua transposta
diagonal (a soma deve ser precedida do sinal negativo): são iguais.

| | |
a11 a12 a13 a11 a12 P7) Multiplicando por um número real todos os elemen-
tos de uma fila em uma matriz, o determinante dessa matriz
D = a21 a22 a23 a21 a22 fica multiplicado por esse número.
a 31 a32 a33 a31 a32
P8) Quando trocamos as posições de duas filas parale-
-(a13.a22.a31 + a11.a23.a32 + a12.a21.a33) las, o determinante de uma matriz muda de sinal.

P9) Quando, em uma matriz, os elementos acima ou


Assim: abaixo da diagonal principal são todos nulos, o determi-
nante é igual ao produto dos elementos dessa diagonal.

| | |
a11 a12 a13 a11 a12
P10) Quando, em uma matriz, os elementos acima ou
D = a21 a22 a23 a21 a22 abaixo da diagonal secundária são todos nulos, o deter-
a 31 a32 a33 a31 a32 minante é igual ao produto dos elementos dessa diagonal
multiplicado por -1.
- - - + + +

P11) Para A e B matrizes quadradas de mesma ordem n,


-(a13.a22.a31 + a11.a23.a32 + a12.a21.a33) det(AB) = detA.detB.
1
Como: A.A-1 = I , então detA-1 = detA
+(a11.a22.a33+ a12.a23.a31+ a13.a21.a32)
Observação: Se desenvolvermos esse determinante de P12) Se K ∈ IR, então det (K.A) = Kn. det (A),sendo n a
3ª ordem aplicando o Teorema de Laplace, encontraremos ordem da matriz.
o mesmo número real.

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31

Matrizes e determinantes (exercício)


{ {
| |
4b + 5d = 0 → b = -5
2 1 3
1. Encontre a solução da equação 4 –1 n – 1 = 12 3b + 4d = 1 d=4
n 0 n
Para achar o determinante de uma matriz 3x3, podemos [
Portanto, a matriz inversa de A e A-1 = 4 -5
–3 4 .]
utilizar a regra de Sarrus, que consiste em copiar as duas pri-
meiras colunas à direita da matriz e subtrair a soma dos produ-
tos da primeira diagonal pela soma dos produtos da segunda:

| |
2 1 3 2 1
4 –1 n – 1 4 –1 → (–2n + n(n–1) + 0) – (-3n + 0 + 4n) =12
n 0 n n 0
(–2n + n2 – n)- n = 12 → n2 – 4n – 12 = 0
4 ± √16 – 4.1.(–12) 4 ± √64
n= 2
→n =
2 PESQUISE MAIS
n=
4±8→ n=6
2 n = –2{ Criptografia

( )
As matrizes são muito utilizadas na criptografia para
2. Sendo A = 4 5 , determine a matriz inversa da manter sigilo e autenticidade de informações. Para
matriz A. 3 4 isso, são usados vários conceitos, como operação
Sabemos que uma matriz multiplicada pela sua inversa entre matrizes e métodos de resolução de sistemas
resulta na matriz identidade, ou seja: A·A–1 = I. lineares.

{
4a + 5c = 1
[ ][ ] [ ]
4 5 a b
.
3 4 c d
=
1 0
0 1
→ 4b + 5d = 0
3a + 4c = 0
3b + 4d = 1

Resolvendo os sistemas, temos:

{ 4a + 5c = 1 → a = 4
3a + 4c = 0 c = -3{

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32

Resolução de sistemas lineares 2x2 Multiplicando a primeira equação por (-2)

Para resolver um sistema de equações, existem vários


métodos, dos quais os mais conhecidos são: substituição,
comparação e adição.
Somando as duas equações:
Método da substituição:
O método da substituição consiste em isolar uma das
incógnitas e, em seguida, substituí-la na outra equação.

Exemplo:
Substituindo o valor encontrado em uma das duas
equações iniciais:
O primeiro passo é isolar uma das incógnitas em uma
equação

Isolando x na primeira equação tem-se: x = 12 – 5y

Substituindo o valor de x na outra equação: 2 (12 – 5y)


+ y = 15

Resolvendo a equação:

Agora substituindo y na outra equação:

Logo, a solução do sistema é:

Método da comparação:
O método consiste em isolar a mesma incógnita em am-
bas as equações e, em seguida, igualá-las.
Logo, a solução da equação é: (7,1)
Exemplo:
Método da adição:
Pelo método da adição, consiste em multiplicar todos
os termos de uma equação por um número real, de modo O primeiro passo é isolar a mesma incógnita nas duas
que, ao somar as duas equações lineares, uma das incóg- equações.
nitas se anule, resultando em zero.
Isolando o x:

Exemplo: Agora isolando o x na outra equação:

O primeiro passo é multiplicar uma equação por um nú-


mero.

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33

Agora igualando as equações: Agora substituindo o valor de y em uma das equações


do sistema:

Para resolver essa equação, é necessário separar a in-


cógnita y.

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 33 11/12/2023 12:02


Sistemas lineares

Sistema linear Equação linear é toda equação da forma:


a1x1 + a2x2 + a3x3 + ... + anxn = b
Matrizes e sistema Em que a1, a2, a3, ... , an são números reais, que recebem o nome de coeficientes
linear das incógnitas x1, x2, x3, ... , xn, e b é um número real chamado termo independen-
te (quando b=0, a equação recebe o nome de linear homogênea).
Probabilidade Veja alguns exemplos de equações lineares:
• 3x – 2y + 4z = 7
• –2x + 4z = 3t – y + 4
• x + y – 3z – t = 0 (homogênea)

As equações a seguir não são lineares:


• xy – 3z + t = 8 (por causa do xy)
• x2 – 4y = 3t – 4 (por causa do x2)

Sistema linear
Um conjunto de equações lineares é um sistema linear de m equações e n incógnitas:

{
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + …+ a1n xn = b1
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + …+ a2n xn = b2
.
.
.
am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + …+ amn xn = bm

A solução de um sistema linear é uma sequência de números reais ordenados (r1, r2,
r3,..., rn) que é, simultaneamente, solução de todas as equações do sistema.

Resolução de sistemas lineares 2x2


Para resolver um sistema de equações, existem vários métodos, dos quais os mais
conhecidos são: substituição, comparação e adição.

Método da substituição
O método da substituição consiste em isolar uma das incógnitas e, em seguida, subs-
tituí-la na outra equação.
Exemplo :
{
x + 5y = 12{
2x + y = 15

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35

O primeiro passo é isolar uma das incógnitas em uma 2


equação. 3 +y=4
Isolando x na primeira equação, tem-se: x = 12 – 5y 5
6+y=4
5
y=4–6
Substituindo o valor de x na outra equação: 2(12 - 5y)+
+ y = 15 5
4 ⋅5 – 6
Resolvendo a equação: y=
5
2(12 – 5y) + y = 15 20 – 6
y=
24 – 10y + y = 15 5
24 – 9y = 15 14
y=
–9y = 15 – 24 5
–9y = -9 2 14
y=1 Logo, a solução do sistema é: ( 5 , 5 )
Método da comparação
Agora substituindo y na outra equação: O método consiste em isolar a mesma incógnita em am-
x + 5 (1) = 12 bas as equações e, em seguida, igualá-las.
x + 5 = 12
x = 12 – 5
x=7 Exemplo : { x – 2y = 3
2x – 3y = 9 {
Logo, a solução da equação é: (7,1):
O primeiro passo é isolar a mesma incógnita nas duas
Método da adição equações.
O método da adição consiste em multiplicar todos os Isolando o x:
termos de uma equação por um número real, de modo x = 3 + 2y
que, ao somar as duas equações lineares, uma das incóg-
nitas se anule, resultando em zero. Agora, isolando o x na outra equação:

{ 3x + y = 4 2x = 9 + 3y
Exemplo :
{
x + 2y = 6 9 + 3y
x=
2

O primeiro passo é multiplicar uma equação por um número.


Multiplicando a primeira equação por (-2): Para resolver essa equação, é necessário separar a in-
cógnita y.

3x (-2) + y (-2) = 4 ⋅ (–2)


-6x – 2y = -8 (3 + 2 ) 2 = 9 + 3y
6 + 4y = 9 + 3y
6 + 4y - 3y = 9
Somando as duas equações: 4y – 3y = 9 – 6
4y – 3y = 9 – 6
(-6x -2y = -8) + ( x + 2y = 6) y=3
–5x + 0y = –2
–5x = –2 Agora, substituindo o valor de y em uma das equações
–2 2 do sistema:
x= =
–5 5 x - 2(3) = 3
x-6=3
Substituindo o valor encontrado em uma das duas equa- x=3+6
ções iniciais:
x=9

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36

Matrizes associadas a um sistema linear Sistemas equivalentes


A um sistema linear podemos associar as seguintes
matrizes: Dois sistemas são equivalentes quando possuem o
• Matriz incompleta: a matriz A formada pelos coeficien- mesmo conjunto solução.
tes das incógnitas do sistema. Por exemplo, dados os sistemas:
Em relação ao sistema:
{
S1 = x + y = 3 {
e S2 = x + y = 3

{2x + 3y - z = 0 2x + 3y = 8 x + 2y = 5
4x + y + z = 7 Verificamos que o par ordenado (x, y) = (1, 2) satisfaz
-2x + y + z = 4 ambos e é único. Logo, S1 e S2 são equivalentes: S1 ~ S2.
A matriz incompleta é:

[ ]
Propriedades
2 3 –1 a) Trocando de posição as equações de um sistema,
A= 4 1 1 obtemos outro sistema equivalente.
-2 1 1
• Matriz completa: matriz B que se obtém acrescentan- Ex.:

{ {
do à matriz incompleta uma última coluna formada pelos
x +y + 2z = 1(i) x – y = 3 (ii)
termos independentes das equações do sistema.
S1= x – y = 3 (ii) e S2 = y + z = 2 (iii)
Assim, para o mesmo sistema acima, a matriz completa é:
y + z = 2 (iii) x + y + 2z = 1(i)
2
B= 4
-2 [ 3 –1
1 1
1 1
0
7
4 ]    
S1 ~ S2
b) Multiplicando uma ou mais equações de um sistema
Sistemas homogêneos por um número K (K ∈ IR*), obtemos um sistema equiva-
Um sistema é homogêneo quando todos os termos in- lente ao anterior.
dependentes das equações são nulos:

{
Ex.:
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + …+ a1n xn = 0
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + …+ a2n xn = 0
. {
S1 = x + 2y = 3 (i) multiplicando a equação (ii) por 3
x – y = 0 (ii)
.
.
am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + …+ amn xn = 0
{
S2 = x + 2y = 3
3x – 3y = 0
S1 ~ S2
Veja um exemplo: c) Adicionando a uma das equações de um sistema o

{
produto de outra equação desse mesmo sistema por um nú-
3x – 2y + z = 0 mero k (k ∈ IR*), obtemos um sistema equivalente ao anterior.
–x + 4y – 3z = 0
√2x + 3y = 0 Ex.:

A sequência (0, 0, 0,...,0) é sempre solução de um sis- {


Dado S1 = x + 2y = 4 (i) , substituindo a equação (II)
x – y = 0 (ii)
tema homogêneo com n incógnitas e recebe o nome de pela soma do produto de (I) por -1 com (II), obtemos:
solução trivial. Quando existem, as demais soluções são
chamadas não triviais.
S1 =
{
–x – 2y = –4
x–y=1
{
S2 = x + 2y = 4
–3y = -3 –3y = -3
Classificação de um sistema quanto ao núme-
ro de soluções S1 ~ S2, pois (x, y) = (2,1) é solução de ambos os sistemas.
Um sistema linear pode ser:
a) possível e determinado (solução única); Sistemas escalonados
b) possível e indeterminado (infinitas soluções); Utilizamos a regra de Cramer para discutir e resolver sis-
c) impossível (não tem solução). temas lineares em que o número de equações (m) é igual
ao número de incógnitas (n). Quando m e n são maiores
Sistema normal que três, torna-se muito trabalhoso utilizar essa regra. Por
Um sistema é normal quando tem o mesmo número de isso, usamos a técnica do escalonamento, que facilita a
equações (m) e de incógnitas (n) e o determinante da ma- discussão e resolução de quaisquer sistemas lineares.
triz incompleta associada ao sistema é diferente de zero. Se Dizemos que um sistema, em que existe pelo menos um
m = n e det A ≠ 0, então o sistema é normal. coeficiente não nulo em cada equação, está escalonado se
o número de coeficientes nulos antes do primeiro coeficien-
te não nulo aumenta de equação para equação.

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37

   2º passo: Anulamos os coeficientes da 2a incógnita a


Para escalonar um sistema faremos um exemplo. partir da 3a equação:
Vamos então aplicar a técnica do escalonamento, con- • Trocamos a 3a equação pela soma da 2a equação,
siderando dois tipos de sistema: multiplicada por -1, com a 3a equação:

{ {
1. O número de equações é igual ao número de incóg-
nitas (m=n). x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 (i)
–7y – 3z = –2 ⇐ [(-1)] → –7y – 3z = –2 (ii)
Ex.: –7y – 5z = –8 –2z = –6 (iii)

{
2x - 3y - z = 4
Agora o sistema está escalonado e podemos resolvê-lo.
S1 = x + 2y + z = 3 –2z = –6 → z = 3
3x – y - 2z = 1
Substituindo z = 3 em (II):
–7y – 3(3) = –2 → –7y –9 = –2 → y = –1
1º passo: Anulamos todos os coeficientes da 1a incóg- Substituindo z = 3 e y = –1 em (I):
nita a partir da 2ª equação, aplicando as propriedades dos x + 2(–1) + 3 = 3 → x = 2
sistemas equivalentes.
• Trocamos de posição a 1ª equação com a 2ª equa- Então, x = 2 , y = –1 e z = 3
ção, de modo que o 1º coeficiente de x seja igual a 1:

{
x + 2y + z = 3
S1 = 2x – 3y – z = 4 DICA CULTURAL
3x – y – 2z = 1
• Trocamos a 2ª equação pela soma da 1ª equação, A Prova (2005), dirigido por John Madden
multiplicada por -2, com a 2a equação:

{ {
Catherine (Gwyneth Paltrow) é uma jovem atormen-
x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 tada pelos anos em que esteve cuidando de seu pai,
S_1= 2x – 3y – z = 4 ⇐ [(-2)] → –7y – 3z = –2 Robert (Anthony Hopkins), um gênio da matemática
3x – y – 2z = 1 3x – y – 2z = 1 que sofria de esclerose no fim da vida. Temendo en-
louquecer como seu pai, Catherine se afasta de todos
• Trocamos a 3ª equação pela soma da 1ª equação, e vive isolada em sua casa. Na véspera do seu aniver-
multiplicada por -3, com a 3ª equação: sário de 27 anos, reaparece em sua vida Claire (Hope

{ {
Davies), sua irmã, e Hal (Jake Gyllenhaal), um ex-aluno
x + 2y + z = 3 x + 2y + z = 3 de Robert. Hal deseja pesquisar nos 103 cadernos es-
–7y – 3z = –2 ⇐ [(-3)] → –7y – 3z = –2 critos por Robert em seus anos de esclerose, desejan-
3x – y – 2z = 1 –7y – 5z = –8 do encontrar algo que possa ter alguma lógica, mas
também se interessa por Catherine. Já Claire chega à
cidade desejando vender a casa da família e fazer com
que Catherine more com ela em Nova York.
Disponível em: https://www.adorocinema.com/
filmes/filme-53691/. Acesso em: 23 out. 2023.

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Probabilidade e análise combinatória

A
história da teoria das probabilidades teve início com os jogos de cartas, dados e
Distribuição de
roleta. Esse é o motivo da grande presença de exemplos de jogos de azar no es-
probalidades
tudo da probabilidade. A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance
de ocorrência de um número em um experimento aleatório.
Probalidade
condicional
Experimento aleatório
É aquele experimento que, quando repetido em iguais condições, pode fornecer resul-
Eventos tados diferentes, ou seja, são resultados que ocorrem ao acaso. Quando se fala de tempo
independentes
e possibilidades de ganho na loteria, a abordagem envolve cálculo de experimento aleatório.
Fatorial Espaço amostral
É o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório. A letra que
Possibilidades representa o espaço amostral é S.
combinatórias
Ex.:
Lançando uma moeda e um dado, simultaneamente, sendo S o espaço amostral, cons-
tituído pelos 12 elementos:
S = {K1, K2, K3, K4, K5, K6, R1, R2, R3, R4, R5, R6}, em que K representa cara e R
é coroa.

1. Escreva explicitamente os seguintes eventos:


A = {cara e um número par aparece}, B = {um número primo aparece}, C = {coroa e
um número ímpar aparecem}.

2. Idem, o evento em que:


a) A ou B ocorrem;
b) B e C ocorrem;
c) Somente B ocorre.

3. Quais dos eventos A, B e C são mutuamente exclusivos?

Resolução

1. Para obter A, escolhemos os elementos de S constituídos de um K e um número par:


A = {K2, K4, K6}.

Para obter B, escolhemos os pontos de S constituídos de números primos:


B = {K2, K3, K5, R2, R3, R5}.

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39

Para obter C, escolhemos os pontos de S constituídos Resolução


de um R e um número ímpar: Seja o espaço amostral S = 30 bolas, e considerarmos
os seguintes eventos:
C = {R1, R3, R5}. A: vermelha na primeira retirada e P(A) = 10
30 ( )
2. (a) A ou B = AUB = {K2, K4, K6, K3, K5, R2, R3, R5} B: azul na segunda retirada e P(B) =
Assim:
20
29 ( )
(b) B e C = B∩C = {R3, R5}
(c) Escolhemos os elementos de B que não estão em
A ou C; B ∩ AC ∩ CC = {K3, K5, R2} ( )( ) ( )
P(A e B) = P(A)·P(B|A) = 10 . 20 = 20
30 29 87
Eventos independentes
3. A e C são mutuamente exclusivos, porque A ∩ C = ∅.
Dizemos que E 1 e E 2 e ... E n-1, En são eventos inde-
Conceito de probabilidade pendentes quando a probabilidade de ocorrer um deles não
Se num fenômeno aleatório as possibilidades são igualmen- depende do fato de os outros terem ou não terem ocorrido.
te prováveis, então a probabilidade de ocorrer o evento A é:
Fórmula da probabilidade dos eventos
(número de casos favoráveis) independentes:
P(A) =
(número de casos possíveis) P(E1 e E2 e E3 ... e En-1 e En) = P(E1).P(E2).P(E3)...P(En)

Dizemos que um espaço amostral S (finito) é equiprová- Ex.:


vel quando seus eventos elementares têm probabilidades Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20
iguais de ocorrência. azuis. Se sortearmos 2 bolas, 1 de cada vez e repondo a
Num espaço amostral equiprovável S (finito), a probabili- sorteada na urna, qual será a probabilidade de a primeira
dade de ocorrência de um evento A é sempre: ser vermelha e a segunda ser azul?

(número de elementos de A) = n(A) Resolução


P(A) = Como os eventos são independentes, a probabilidade
(número de elementos de S) = n(S)
de sair vermelha na primeira retirada e azul na segunda re-
Propriedades importantes tirada é igual ao produto das probabilidades de cada con-
1. Se A e A’ são eventos complementares, então: dição, ou seja, P(A e B) = P(A).P(B). Ora, a probabilidade
P( A ) + P( A’ ) = 1. de sair vermelha na primeira retirada é (10 30)
e a de sair azul na
segunda retirada, (20 30) . Daí, usando a regra do produto, temos:
2. A probabilidade de um evento é sempre um número (10 )
30 30
.( 20
) = ( 2
9 ) .
entre Ø (probabilidade de evento impossível) e 1 (probabili- Observe que na segunda retirada são consideradas todas
dade do evento certo). as bolas, pois houve reposição. Assim,P(B|A) = P(B), porque
0 ≤ P (S) ≤ 1 o fato de sair bola vermelha na primeira retirada não influenciou
na segunda retirada, já que ela foi reposta na urna.
Probabilidade condicional
Antes da realização de um experimento, é necessário Probabilidade de ocorrer a união de eventos
que já se tenha alguma informação sobre o evento que se
deseja observar. Nesse caso, o espaço amostral se modifica Fórmula da probabilidade de ocorrer a união de eventos
e o evento tem a sua probabilidade de ocorrência alterada. P(E1 ou E2) = P(E1) + P(E2).P(E1 e E2)

Fórmula de probabilidade condicional De fato, se existirem elementos comuns a E1 e E2, esses


P(E1 e E2 e E3 e ...e En-1 e En) é igual a P(E1).P(E2/E1).P(E3/E1 eventos estarão computados no cálculo de P(E1) e P(E2). Para
e E2)...P(En/E1 e E2 e ...En-1). que sejam considerados uma vez só, subtraímos P(E1 e E2).
Fórmula de probabilidade de ocorrer a união de eventos
Onde P(E2/E1) é a probabilidade de ocorrer E2, condicio-
mutuamente exclusivos:
nada pelo fato de já ter ocorrido E1;
P(E1 ou E2 ou E3 ou ... ou En) = P(E1) + P(E2) + ... + P(En)
P(E3/E1 e E2) é a probabilidade ocorrer E3, condicionada
pelo fato de já terem ocorrido E1 e E2; Ex.:
P(Pn/E1 e E2e ...En-1) é a probabilidade de ocorrer En, Se dois dados, azul e branco, forem lançados, qual a
condicionada ao fato de já ter ocorrido E1 e E2...En-1. probabilidade de sair 5 no azul e 3 no branco?
Considerando os eventos:
Ex.:
Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20
azuis. Se ocorrer um sorteio de 2 bolas, uma de cada vez e
A: Tirar 5 no dado azul é P(A) = 1
6 ()
sem reposição, qual será a probabilidade de a primeira ser
vermelha e a segunda ser azul?
B: Tirar 3 no dado branco é P(B) = 1
6 ()

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40

Sendo S o espaço amostral de todos os possíveis resul- Primeiro, temos de saber que existem 26 letras. Segundo,
tados, temos: n(S)=6.6=36 possibilidades. para que o número formado seja par, teremos de limitar o
último algarismo a um número par. Depois, basta multiplicar.
6 () () ( ) ( )
Daí, temos: P(A ou B) = 1 + 1 - 1 = 11
6 36 36
26 x 26 x 26 = 17.576 → parte das letras
Ex.:
Se retirarmos aleatoriamente, sem ver, uma carta de um
10 x 10 x 10 x 5 = 5.000 → parte dos algarismos; note
maço de baralho com 52 cartas, qual é a probabilidade de
ser um 8 ou um Rei? que, na última casa, temos apenas 5 possibilidades, pois
Sendo S o espaço amostral de todos os resultados queremos um número par (0 , 2 , 4 , 6 , 8).
possíveis, temos: n(S) = 52 cartas. Considere os eventos:
Agora é só multiplicar as partes: 17.576 x 5.000 =
A: sair 8 é P(A) = 4
52 ( ) = 87.880.000
Resposta para a questão: Existem 87.880.000 placas,
B: sair um rei é P(B) = 4
52 ( ) em que a parte dos algarismos forma um número par.
Assim, P(A ou B) = ( 52
4
) + ( 524 ) – 0 = ( 528 ) = ( 264 ) = ( 132 )
Fatorial
Note que P(A e B) = 0, pois uma carta não pode ser 8
e Rei ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, dizemos que Definimos fatorial de um número n como o produto de
os eventos A e B são mutuamente exclusivos. todos os números naturais começando em n e decrescen-
do até 1. O fatorial de n é representado por n!.
Análise Combinatória
Fatorial de um número: n! = n.(n-1).(n-2) ... 3.2.1
A Análise Combinatória é alicerçada pelo Princípio Fun- Definições especiais:
damental de Contagem. Ele nos diz que sempre devemos 0! = 1
multiplicar os números de opções entre as escolhas que 1! = 1
podemos fazer.
Por exemplo, para montar um computador, temos 3 di- Ex.: Resolva a equação (x + 1)! = 56
ferentes tipos de monitor, 4 tipos de teclados, 2 tipos de (x - 1)!
impressora e 3 tipos de “CPU”. Para saber o número de (x + 1)! (x+1)(x)(x-1)!
diferentes possibilidades de computadores que podem ser = 56 → = 56 → (x+1)(x) = 56
(x - 1)! (x - 1)!
montados com essas peças, somente multiplicamos as -1 ± √225
→ x 2 + x = 56 → x 2 + x - 56 = 0 → x =
opções: 2

3 x 4 x 2 x 3 = 72
→x=
-1±15!
2
→ x=7 {
x = -8
Resposta: x = 7, pois não existe fatorial de um número
Então, existem 72 possibilidades de configurações diferentes. negativo.
Um problema que ocorre é quando aparece a palavra
“ou”, como na questão: Arranjo simples: é um agrupamento sem repetições
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou
Quantos pratos diferentes podem ser solicitados por um pela natureza dos elementos componentes.
cliente de restaurante, tendo disponível 3 tipos de arroz, 2
n!
de feijão, 3 de macarrão, 2 tipos de cerveja e 3 tipos de An,p =
(n - p)!
refrigerante, sendo que o cliente não pode pedir cerveja e
refrigerante ao mesmo tempo, e que ele obrigatoriamente Ex.: Quantos são os números compreendidos entre
tenha de escolher uma opção de cada alimento? 2.000 e 3.000 formados por algarismos distintos escolhi-
A resolução é simples: 3 x 2 x 3 = 18, somente pela dos entre 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9?
comida. Como o cliente não pode pedir cerveja e refrige-
rante juntos, não podemos multiplicar as opções de refri- Resposta: O número deve ter quatro algarismos (pois
gerante pelas opções de cerveja. O que devemos fazer está entre 2.000 e 3.000). Para o primeiro algarismo existe
aqui é apenas somar essas possibilidades: apenas uma possibilidade (2) e, para os outros três, ainda
(3 x 2 x 3) x (2 + 3) = 90 podem ser montados com as existem 8 números disponíveis, então:
comidas e bebidas disponíveis. 8! = 8! = 8.7.6.5! = 8.7.6 = 336 números
A8,3 =
(8 -3 )! 5! 5!
No sistema brasileiro de placas de carro, cada placa é
formada por três letras e quatro algarismos. Quantas pla-
cas, em que o número formado pelos algarismos seja par,
podem ser formadas?

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41

Permutação simples: É um caso particular de arranjo Obs.: m = 1 não é resposta porque não pode haver C1,3 .
simples. É o tipo de agrupamento ordenado no qual entram
todos os elementos. Ex. 2: Com 10 espécies de frutas, quantos tipos de
Pn = n! salada, contendo 6 espécies diferentes, podem ser feitos?
Ex.: Calcule de quantas maneiras podem ser dispostas 10!
4 damas e 4 cavalheiros, numa fila, de forma que não fi- C10,6 = = 10.9.8.7.6! = 5.040 = 5.040 =
6!.(10 - 6)! 6!.4! 4! 24
quem juntos dois cavalheiros e duas damas. = 210 tipos de saladas.
Resposta: Existem duas maneiras de fazer isso:

C - D - C - D - C - D - C - D ou D - C - D - C - D - C - D - C
Colocando um cavalheiro na primeira posição, temos DICA CULTURAL
como número total de maneiras:
• P4 · P4 = 4! · 4! = 24 · 24 = 576 maneiras. Quebrando a Banca (2008), dirigido por Robert
Luketic
Colocando uma dama na primeira posição temos também:
Ben Campbell (Jim Sturgees) é um jovem tímido e su-
• P4 · P4 = 4! · 4! = 24 · 24 = 576 maneiras. perdotado do MIT que, precisando pagar a faculdade,
busca a quantia necessária em jogos de cartas. Ele é
Portanto, o total é de 576 + 576 = 1.152 maneiras. chamado para integrar um grupo de alunos que, todo
fim de semana, parte para Las Vegas com identida-
Combinação simples: é o tipo de agrupamento em des falsas e o objetivo de ganhar muito dinheiro. O
que um grupo difere do outro apenas pela natureza dos grupo é liderado por Micky Rosa (Kevin Spacey), um
elementos componentes. professor de Matemática e gênio em Estatística, com
quem consegue montar um código infalível. Contan-
do cartas e usando um complexo sistema de sinais,
eles conseguem quebrar diversos cassinos. Até que,
n! encantado com o novo mundo que se apresenta e
Cn,p = p! (n - p)! também por sua colega Jill Taylor (Kate Bosworth),
Ben começa a extrapolar os próprios limites.

Ex. 1: Resolver a equação Cm,3 – Cm,2 = 0

m! m!
3! (m - 3)! - 2! (m - 2)! = 0

m.(m-1).(m-2).(m-3)! m.(m-1).(m-2)!
3! (m - 3)! - 2! (m - 2)! = 0

m.(m-1).(m-2) m.(m-1)
3! - 2! =0

m3 - 2m2 - m2 + 2m - m2 - m = 0
6 2
m3 - 3m2 + 2m - 3m2 + 3m = 0 → m3 - 6m2 + 5m = 0
6

m2 - 6m + 5 = 0 → m =
6 ± √16
2 {
→ m' = 5
m'' = 1

Resposta: m = 5

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Estatística

N
a Antiguidade, os povos já registravam o número de habitantes, nascimentos, óbitos.
Frequência absoluta,
frequência relativa e Na Idade Média, as informações eram tabuladas com finalidades tributárias e bélicas.
tabela de frequência No século XVI, surgiram as primeiras análises sistemáticas, as primeiras tabelas e os
números relativos. No século XVIII, teve origem a Estatística com feição científica é batizada
por Godofredo Achenwall. As tabelas ficaram mais completas, surgiram as primeiras repre-
Representação
gráfica sentações gráficas e os cálculos de probabilidades. A Estatística deixou de ser uma simples
tabulação de dados numéricos para se tornar “O estudo de como chegar à conclusão sobre
uma população, partindo da observação de partes dessa população (amostra)".
Medidas de tendência
central
A Estatística é uma área muito importante da Matemática e está presente em diversas
atividades humanas. Abaixo, alguns exemplos.
Medidas • Antes de lançar um novo produto no mercado, as indústrias costumam fazer
de dispersão pesquisas para verificar se existe um público consumidor para o novo produto.
• Pesquisas eleitorais para saber a aceitação de cada candidato.
Estatística • Pesquisas do desempenho de times de futebol, atletas ou então as condições que
e probabilidade um time tem para vencer um campeonato.
• A televisão utiliza para saber como está a audiência de seus programas e assim
Número binominal organizar sua programação.
• Para realizar uma pesquisa são necessárias muitas etapas, como escolher a amostra,
Lei binominal da
coletar os dados, organizar resumo e organização desses dados em tabela, gráficos
probabilidade
(Bernoulli)
e a interpretação desses resultados.

Termos de uma pesquisa estatística


Para realizar uma pesquisa que envolva um público pequeno, como saber qual é a
matéria favorita dos alunos de uma sala, o problema se resume em fazer uma pesquisa
com todos os alunos da classe.
No entanto, imagine a seguinte situação-problema: o gerente de uma fábrica de sa-
bonete pretende lançar um novo produto para
POPULAÇÃO (N) E AMOSTRA (n)
tomar banho. Nesse caso, não é possível fa-
zer uma pesquisa com toda a população para
saber se esse produto seria bem-aceito pelo n1 n2
mercado ou não.
Recorremos, então, ao que se chama de
amostra, que nada mais é do que uma parcela n3 n4
representativa da população que será examinada
com o propósito de tirarmos conclusões sobre
essa população (refere-se ao grupo total, ou seja, N
todos os indivíduos com uma mesma condição).

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43

Com frequência, aparece em pesquisas a quantidade Frequência absoluta, frequência


de pessoas que foram consultadas, a amostra. Abaixo, al- relativa e tabela de frequência
guns dos motivos para se utilizar uma amostra, e não a
população toda. A frequência absoluta, ou apenas frequência, de um
valor é o número de vezes que uma determinada variável
• Custo alto para se obter informação da população assume esse valor. Ao conjunto das frequências dos dife-
toda. rentes valores da variável dá-se o nome de distribuição da
frequência (ou apenas distribuição). Já a frequência relativa
• Tempo muito longo para se obter informação da é a porcentagem relativa à frequência. A tabela de frequên-
população toda. cias é uma forma de representação da frequência de cada
• Algumas vezes impossível, como no, estudo de valor distinto da variável.
poluição atmosférica.
• Algumas vezes logicamente impossível, como, em Ex.: Consideremos a seguinte tabela:
ensaios destrutivos.
Nome Sexo Nome Sexo
Uma amostra aleatória independente é uma amostra se-
Paula F Gonçalo M
lecionada de forma que:
Manuel M Pedro M
1 – todos os membros da população têm a mesma
o
Carla F Cristina F
chance de serem selecionados; Maria F Sofia F
2o – cada combinação possível de um dado número de
membros tem a mesma chance de ser selecionada. João M Susana F

Em princípio, a melhor forma de se obter uma amostra Temos:


aleatória de tamanho n é ter uma lista de todos os membros sexo masculino:
da população, dar a todos um número de 1 a N e, então, • frequência absoluta: 4
escolher aleatoriamente n números de 1 a N para definir a • frequência relativa: 4 em 10 = 40%
amostra. É claro que na prática isso não funciona, especial-
mente quando a população é infinita. sexo feminino:
Considera-se que o resultado de qualquer cálculo esta-
• frequência absoluta: 6
tístico realizado em um grupo de indivíduos (população ou
amostra) gera uma estatística. Quando a estatística é obti- • frequência relativa: 6 em 10 = 60%
da em uma população, denomina-se parâmetro. Quan-
do a estatística é obtida em uma amostra, denomina-se Assim, a tabela de frequências da variável sexo será:
estimativa (de parâmetro).
Variável Freq. absoluta Freq. relativa
Ex.: Uma concessionária de automóveis tem cadastra- (n) (%)
dos 3.500 clientes e fez uma pesquisa sobre a preferência M 4 40%
de compra em relação a cor (branca, vermelha ou azul),
preço, número de portas (duas ou quatro) e estado de con- F 6 60%
servação (novo ou usado). Foram consultados 210 clientes. Total 10 100%
Diante dessas informações, responda:
Representação gráfica
Qual é o universo estatístico e qual é a amostra dessa
pesquisa? Ao lermos jornais, revistas e sites de notícias, sempre
R: O universo estatístico é o conjunto formado pela totalidade podemos encontrar alguns gráficos. É por meio deles que
de clientes, ou seja, 3.500 clientes. A amostra é o conjunto as informações são passadas para melhor compreensão
formado pelos clientes consultados, ou seja, 210 clientes. dos dados.
A Estatística, parte da Matemática que cuida dos méto-
Quais são as variáveis? dos, das técnicas de coleta, do processamento, da apre-
R: As variáveis são cor, preço, número de portas e es- sentação e análise dos dados, tem nos gráficos o poder de
tado de conservação. transformar os dados em informações importantes para o
nosso conhecimento.
Quais são os possíveis valores da variável cor nessa Sendo o gráfico uma representação geométrica da re-
pesquisa? lação entre variáveis, diferentes tipos de gráfico são empre-
R: A variável cor tem os seguintes valores: branca, ver- gados em estatística, de acordo com o tipo de dados e a
melha e azul. finalidade a que ele se destina. Assim, podemos ter gráficos
de barras (ou colunas), de setores, de linhas, de áreas,
entre outros.

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44

Quando é necessária uma análise mais aprofundada dos Gráfico de barra


dados para a preparação de relatórios informativos, gráficos
mais complexos são usados, tais como histogramas, cur- 35
vas de frequência, distribuição normal, entre outros. 30
O importante é que, no dia a dia, entendamos bem as
25
informações que estão contidas nos gráficos, pois eles
estão cada vez mais presentes em todos os tipos de mí- 20
dia. Para isso, vamos rever alguns tipos mais usados e 15
destacar o que neles é importante para que conheçamos 10
melhor as informações que nos são apresentadas.
Sejam as velocidades orbitais dos planetas de nosso 5
sistema solar conforme mostra a tabela abaixo: 0

Mercúrio

Vênus

Terra

Marte

Júpiter

Saturno

Urano

Netuno

Plutão
Planeta Milhas/seg.
Mercúrio 29,7
Vênus 21,8
Terra 18,5
Gráfico linha
Marte 15,0
35
Júpiter 8,1
30
Saturno 6,0 25
Urano 4,2 20
Netuno 3,4 15
10
Plutão 1,4
5
0

Netuno
Mercúrio

Vênus

Terra

Marte

Júpiter

Saturno

Urano

Plutão
Vamos representar graficamente os dados:

Gráfico de setores

Gráfico de área
35
30
25
20
15
10
5
0
Mercúrio

Vênus

Terra

Marte

Júpiter

Saturno

Urano

Plutão
Netuno

Medidas de tendência central


Num grupo de pessoas, podemos estabelecer uma ida-
de que caracteriza todo aquele grupo. Em relação à tempe-
ratura de vários dias de um mês, podemos achar uma que
Mercúrio Marte Urano caracteriza a temperatura naquele mês. O mesmo ocorre
com a nota dos alunos em determinada prova.
Vênus Júpiter Netuno Em situações como essas, podemos obter uma medida da
tendência central dos vários números utilizados. As medidas
Terra Saturno Plutão de tendência central que iremos mostrar aqui são a média
aritmética, a média geométrica, a média harmônica, a me-
diana e a moda.

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45

Média aritmética (MA) Qual será a média de um aluno que obteve as seguintes
Média aritmética de dois ou mais termos é o resultado notas de Geografia: 5, 4, 3 e 2 nos respectivos bimestres?
da divisão da soma dos números dados pela quantidade de
números somados. Xp = (5.1) + (4,2) + (3.3) + (2.4) = 5 + 8 + 9 + 8 = 30 = 3
10 10 10
n

-
∑ xi Ex. 2: Foi organizado um churrasco para comemorar a
conclusão do Curso de Engenharia Mecânica. Compraram-
x= i=1
n -se as seguintes carnes com os respectivos preços:
Propriedades da média 10 kg de filé-mignon R$ 12,00 o kg
A soma algébrica dos desvios tomados em relação à 20 kg de linguiça R$ 7,00 o kg
10 kg de picanha R$ 16,00 o kg
-
média é nula. ∑( x - x ) = 0
i
Qual é o valor médio do kg de carne adquirida?
A soma algébrica dos quadrados dos desvios (em rela-
ção à média) é mínima: ∑(xi - x)2≤ ∑(xi - yi)2, onde x ≠ yi. Xp = (10x12,00) + (20x7,00) + (10x16,00) =
Somando ou subtraindo uma constante a todos valores 10 + 20 + 10
de uma variável, a média ficará acrescida ou subtraída des- 120,00 + 140,00 + 160,00 = 10,5
sa constante. 40

∑(xi + k) = ∑xi + ∑k = ∑xi + nk = x + k. Portanto, o custo médio da carne comprada é R$ 10,50.


n n n
Média geométrica XG
Multiplicando (ou dividindo) todos os valores de uma
variável por uma constante, a média ficará multiplicada ou É a raiz que tem por índice o número de elementos da
dividida por essa constante. série e por radicando o produto desses elementos.

∑kxi = k∑xi = kx XG = n√x1.x2… . .xn


n n
Ex. 1: Calcule a média aritmética entre os números 12, Ex.: 2, 4 e 5
4, 5, 7.

x = 12 + 4 + 5 + 7 = 28 = 7 XG = 3√2x4x5 = 3√40 ≅ 3,42


4 4
Observe o que foi feito: somamos os quatro números e Média harmônica (Xh)
dividimos pela quantidade de números. É o quociente entre o número de elementos da série (n)
e a soma dos seus inversos, admitindo-se todos os ele-
Ex. 2: O time de futebol do Cruzeiro de Minas Gerais fez
seis partidas amistosas, obtendo os seguintes resultados, mentos da série diferentes de zero.
4 x 2, 4 x 3, 2 x 5, 6 x 0, 5 x 3, 2 x 0. Qual é a média de n
gols marcados nesses amistosos? Xh =
1 + 1 + ... + 1
x1 x2 xn
x = 4 + 4 +2 + 6 + 5 + 2 = 23 = 3,8
6 6 Ex.: 2, 4 e 5
Portanto, a média de gols do Cruzeiro foi de 3,8 gols
por partida. Xh = 3 = 3 ≅ 3,6
1 + 1 + 1 19
Média aritmética ponderada 2 4 5 20
Média ponderada é uma média aritmética na qual será
Moda (Mo)
atribuído um peso a cada valor da série.
Moda de uma série é o dado que mais se repete ou que
∑ x⋅p i i
possui a maior frequência.
Xp = i = 1n
Ex.: Determinar a moda de idade de uma classe de alu-
∑p
i=1 i
nos em que a pesquisa tenha revelado as seguintes idades:

Ex. 1: Um professor de Geografia adotou os seguintes 18, 18, 19, 20, 21, 21, 22, 23, 23, 23, 24, 25, 26.
pesos para as notas bimestrais:
1º bimestre peso 1 3º bimestre peso 3 Como a moda é o valor que mais ocorre na pesquisa,
2º bimestre peso 2 4º bimestre peso 4 então a moda da série de idades é 23 anos.

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46

Mediana (Me) A propriedade do desvio-padrão é que, quanto mais


É o elemento que está exatamente no centro das infor- variabilidade houver entre os dados, maior será o desvio-
mações ordenadas. Para se obter a mediana de uma série, -padrão.
deveremos seguir os passos abaixo.

n
a) Se N for ímpar, a mediana é o termo de ordem P = N 2+ 1.
b) Se N for par, é a média aritmética dos termos de ∑( x i-
MA)2
ordem: DP = i=1
n-1

P1 = N e P2 = N + 1
2 2
Ex. 1: Determine o valor da mediana da série que é Ex.: Em um concurso, o critério de aprovação leva em
composta dos seguintes elementos: 56, 58, 62, 65 e 90. conta a média e o desvio-padrão após a realização de 3
N = 5 (ímpar), P = N 2+ 1 = 5 +2 1 = 3º elemento da série provas. Calcule a média e o desvio-padrão de um candida-
ordenada. to que, nas provas, obteve, respectivamente, 63 pontos,
Então, Me = 62. 56 pontos e 64 pontos.

Ex. 2: Pesquisa realizada a respeito de erros por folha, MA = 63 + 56 + 64 = 183 = 61


3 3
cometidos por digitadores, revelou as seguintes quantida-
des: 12, 12, 13, 13, 15, 16, 18, 20. Determinar a quanti-
dade mediana de falhas. Desvios: xi – MA
1ª prova: 63 – 61 = 2; 2ª prova: 56 – 61= -5; 3ª prova:
N = 8 (par), então P1 = 8 = 4º elemento e P2 = 8 +1 =
= 5º elemento. 2 2 64 – 61= 3

V = 2 + (-5) + 3 = 4 + 25 + 9 ≈ 12,67
2 2 2
Logo a mediana será: 3 3

Me = 13 + 15 = 28 = 14 DP = √V = √12,67 ≈ 3,56
2 2
Então, sua média é 61 e seu desvio-padrão é 3,56.

Medidas de dispersão Estatística e probabilidade


Em um conjunto de valores, muitas vezes queremos A Estatística é também utilizada para estimar a proba-
saber o quão dispersos são, ou seja, de que maneira se bilidade de ocorrência de determinados eventos, principal-
distanciam da média e da mediana. Para isso, utilizamos mente nos casos em que não pode ser calculada pela se-
algumas medidas de dispersão. guinte razão:

Variância evento
P=
Define-se a variância como a medida que se obtém amostra
somando os quadrados dos desvios das observações da
Quando se diz que a chance de um avião cair é uma em
amostra, relativamente à sua média, e dividindo-os pelo nú-
um milhão, significa que a frequência relativa é de cada um
mero de observações da amostra menos um.
em um milhão. Mas, se o número de decolagens aumentar,
essa probabilidade também pode mudar ou, com a tecno-

n

i=1
( xi - MA)2 logia, diminuir a frequência relativa.
v=
n- 1 Quanto maior for o número de experimentos, teremos
uma estimativa de probabilidade melhor usando a frequên-
Desvio-padrão cia relativa. É o que ocorre com uma moeda. Imagine que
Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, joguemos duas vezes uma moeda e nas duas ocorre de
a unidade em que se exprime não é a mesma que a dos sair coroa. No entanto, não podemos afirmar que a proba-
dados. Assim, para se obter uma medida da variabilidade bilidade de sair coroa é de 100%, pois o número de experi-
ou dispersão com as mesmas unidades que os dados, to- mentos que fizemos foi muito pequeno. Mas,se fizermos vá-
mamos a raiz quadrada da variância e obtemos o desvio- rias vezes o mesmo experimento, podemos chegar a uma
-padrão. frequência relativa próximo de 50%.
O desvio-padrão é uma medida que só pode assumir
valores não negativos e, quanto maior for, maior será a dis- Ex. 1: Um dado foi lançado 1.000 vezes, obtendo-se o
persão dos dados. seguinte resultado:

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47

Face Número de vezes Assim, se tivermos x bolinhas azuis e y bolinhas brancas,


as probabilidades teóricas serão:
1 157%
2 171% P(azul) = x P(branca) = y
10 10
3 160%
Igualando-se as probabilidades teóricas às respectivas
4 166% frequências relativas, temos:
5 171%
x = 0,307 → x = 3,07
6 175% 10
y = 0,693 → y = 6,93
a) Faça uma tabela de frequência relativa, expressando 10
os resultados em porcentagem. Como as quantidades x e y de bolinhas são números
Face Número de vezes Frequência relativa inteiros, então x = 3 e y = 7. Assim, a probabilidade de a
1 157 15,7 próxima bolinha no gargalo ser azul é 3 = 30%.
10
2 171 17,1
3 160 16,0
4 166 16,6 ATUALIDADES
5 171 17,1
6 175 17,5 Jogos

b) Em sua opinião, o dado é honesto?


Por meio do cálculo de probabilidade, vários jogos
podem ser compreendidos de forma mais ampla.
As frequências relativas são parecidas e com valores em Jogos de cartas, tabuleiro ou digitais, todos traba-
torno do resultado teórico (16,6%). Com 1.000 jogadas, o lham com conceitos de vitórias e derrotas que po-
resultado teórico esperado seria que saíssem cerca de 166 dem ser analisados e, com estatística, é possível
vezes cada face. Assim, podemos afirmar que aparente- planejar jogadas a partir de sistemas de tomada de
mente o dado é honesto. decisão.

Ex. 2: Em uma garrafa opaca fechada existem 10 boli-


nhas distribuídas entre as cores branca e azul. Não é pos- Número binomial
sível ver as bolinhas dentro da garrafa, exceto se virarmos a
O número de combinações de m elementos tomados p a
garrafa de cabeça para baixo, quando uma bolinha vai para
p, indicado antes por C (m,p) é chamado coeficiente bino-
o gargalo e a cor dela fica visível. Ao longo de vários dias, re-
petiu-se 2.000 vezes a seguinte operação: chacoalhava-se mial ou número binomial, denotado na literatura científica como:
e tombava-se a garrafa para então anotar a cor da bolinha
que se apresentava no gargalo. Os resultados obtidos fo-
()
C (m,p) = m =
p
m!
p! (m - p)!
ram os seguintes: Ex.: C (8,2) = 28

Cor da bolinha Número de vezes Teorema binomial


Se m é um número natural, para simplificar um pouco as
Azul 624
notações, escreveremos mp no lugar de C (m,p).
Branca 1.376
Então:
Na próxima vez em que for repetida esse operação, qual é (a+b)m = am + m1am-1b + m2am-2b2 + m3am-3b3+...+mmbm
a probabilidade de que a cor da bolinha do gargalo seja azul?
Alguns casos particulares com m = 2, 3, 4 e 5 são:
Como a quantidade de experimentos é grande, pode-
mos esperar que a frequência relativa seja aproximadamen-
(a+b)2 = a2 + 2ab + b2
te igual à probabilidade teórica.
(a+b)3 = a3 + 3 a2b + 3 ab2 + b3
(a+b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4 ab3 + b4
Número Frequência (a+b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5 ab4 + b5
Cor da bolinha
de vezes relativa
Azul 624 0,307 A demonstração segue pelo Princípio da Indução Ma-
Branca 1376 0,693 temática.

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48

Iremos considerar a Proposição P(m) de ordem m, dada por: a) Qual é a probabilidade de sair um número primo?
b) Qual é a probabilidade de sair um número maior que 6?
P(m): (a+b)m = am + m1am-1b + m2am-2b2 + m3am-3b3 + ... + c) Qual é a probabilidade de sair um número menor que 7?
+ m mb m d) Qual é a probabilidade de sair um número maior ou
igual a 3?
P(1) é verdadeira, pois (a+b)1 = a + b.
Resolução
Vamos considerar verdadeira a proposição P(k), com k > 1: O número de casos (resultados) possíveis (espaço
amostral) é o número de elementos do conjunto {1, 2, 3,
P(k): (a+b)k = ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk. 4, 5, 6}, isto é, 6.
para provar a propriedade P(k+1). a) Número natural primo é aquele que possui apenas dois
divisores: ele mesmo e o um. O número de casos favoráveis
Para que a proposição P(k+1) seja verdadeira, devemos é 3, pois é o número de elementos do conjunto dos primos
chegar à conclusão de que: {2, 3, 5}. Logo, a probabilidade é 3/6 = ½ = 0,5 = 50%.
b) O conjunto de resultados favoráveis é um conjunto
(a+b)k+1 = ak+1 + (k+1)1akb + (k+1)2ak-1b2 + ... + (k+1)(k+1)bk+1 vazio. Assim, a probabilidade é 0/6 = 0 = 0% (evento
impossível).
(a+b)k+1= (a+b).(a+b)k c) O conjunto de resultados favoráveis é um conjunto
de 6 elementos (todos os resultados possíveis). Então, a
= (a+b).[ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... +kkbk] probabilidade procurada é 6/6 = 1 = 100% (evento certo).
d) O conjunto de resultados favoráveis é o conjunto {3,
4, 5, 6}, com 4 elementos. A probabilidade vale 4/6 = 2/3 =
a.[ak + k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk] +
= = 0,666... = 66,6%.
+ b.[ak+k1ak-1b + k2ak-2b2 + k3ak-3b3 + ... + kkbk]

=
ak+1 + k1akb + k2ak-1b2 + k3ak-2b3 + ... + kkabk + Lei binomial da probabilidade (Bernoulli)
+ akb + k1ak-1b2 + k2ak-2b3 + k3ak-3b4 + ... + kkbk+1
Seja uma sequência de experimentos independentes,
ak+1 + [k1 + 1]akb + [k2 + k1]ak-1b2 + [k3 + k2]ak-2b3 + isto é, a probabilidade de um resultado independe do outro.
= + [k4 + k3]ak-3b4 + ... + [kk-1 + kk-2]a2bk-1 + Se em cada experimento puderem ocorrer dois resultados,
+ [kk + kk-1]abk + kkbk+1 um chamado de “sucesso” e o outro de “fracasso”, carac-
terizamos os experimentos como Bernoulli.
ak+1 + [k1 + k0]akb + [k2 + k1]ak-1b2 + [k3 + k2]ak-2b3 + Para esse tipo de experimento, onde: p = sucesso e
= + [k4 + k3]ak-3b4 + ... + [kk-1 + kk-2]a2bk-1 + q = fracasso
+ [kk + kk-1]abk + kkbk+1
Se tivermos os eventos:
Pelas propriedades das combinações, temos:
E1 : ocorre sucesso no experimento Xi, ou seja, p(Xi) = p
k1 + k0 = C(k,1) + C(k,0) = C(k+1,1) = (k+1)1 E2 : ocorre fracasso no experimento Xic, ou seja, p(Xic) = q
k2 + k1 = C(k,2) + C(k,1) = C(k+1,2) = (k+1)2 podemos, neste caso, empregar a lei binomial para o
k3 + k2 = C(k,3) + C(k,2) = C(k+1,3) = (k+1)3 cálculo da probabilidade, ou seja: pk = Cn,k . pk . qn-k
k4 + k3 = C(k,4) + C(k,3) = C(k+1,4) = (k+1)4
Ex.:
... ... ... ...
1) Numa cidade, 10% das pessoas possuem carro da
kk-1 + kk-2 = C(k,k-1) + C(k,k-2) = C(k+1,k-1) = (k+1)k-1
marca X. Se 30 pessoas são selecionadas ao acaso, com
kk + kk-1 = C(k,k) + C(k,k-1) = C(k+1,k) = (k+1)k
reposição, qual é a probabilidade de exatamente 5 pes-
E, assim, podemos escrever: soas possuírem carro da marca X ?
Considere: sucesso: a pessoa tem carro da marca X;
fracasso: a pessoa não tem carro da marca X.
(a+b)k+1 = ak+1+(k+1)1akb + (k+1)2ak-1b2 + (k+1)3ak-2b3 +
+ (k+1)4ak-3b4 +...+ (k+1)k-1a2bk-1 + Então
+(k+1)kabk + kkbk+1 p = 0,1; q = 0,9; n = 30
Aplicando a lei binomial, temos:
Esse é o resultado desejado. pk = C30,5. 0,15. 0,925 = 0,102

Ex.: Quando lançamos, ao acaso, um dado, há seis 2) Dois dados são lançados simultaneamente. Qual é a
possibilidades quanto à face que ficará voltada para cima: A probabilidade de se obter a soma dos pontos igual a 8 ou
probabilidade de sair o número 5 é de 1 em 6, ou seja, 1/6 = dois números iguais?
= 16,6%. A probabilidade de sair um número ímpar é de 3 O espaço amostral seria:
em 6, isto é, 3/6 = 1/2 = 50%.

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49

A = {(1,1),(1,2),(1,3),(1,4),(1,5),(1,6).....(6,1),(6,2),(6,3),
(6,4),(6,5),(6,6)} os eventos seriam:

E1: soma 8; n(E1) = 5 → p(E1) = 5/36


E2: números iguais; n(E2) = 6 → p(E2) = 1/6

Então:
p(E1, E2) = 5/36 + 1/6 - 1/36 = 5/18

3) Uma urna contém x bolas brancas e 3x bolas pretas e


3 bolas vermelhas. Uma bola é extraída ao acaso. Determi-
ne o menor valor possível de x a fim de que a probabilidade
de a bola ser sorteada ser preta seja maior que 70%.
Pelos dados, temos que:
3x / (4x + 3) > 0,7
resolvendo, temos que:
0,2x > 2,1, ou seja, x > 10,5.
Assim, x deve ser inteiro, logo x = 11.

4) Uma urna tem 3 bolas brancas e 2 pretas. Extrain-


do-se 2 bolas simultaneamente, calcule a probabilidade de
serem uma de cada cor.

O espaço amostral é: C5,2 = 10.


Como temos 2 bolas pretas e 3 brancas, o total de
ocorrências para uma de cada cor será: 2 x 3 = 6.
A probabilidade será então 6/10, ou seja, 3/5.

5) Se no problema anterior as bolas fossem retiradas


uma a uma com reposição, qual seria a nova probabilidade?
Nesse caso seriam eventos independentes. Logo, te-
mos de somar as suas probabilidades.

Então, teríamos
Se primeiro branca e depois preta: p(E1) = 3/5.2/5 =
= 6/25.
Se primeiro preta e depois branca: p(E2) = 2/5.3/5 =
= 6/25.

A probabilidade total seria então 12/25.

6) Uma moeda é lançada 8 vezes. Qual é a probabilidade


de observarmos, no máximo, 3 caras?

Então, temos
n = 8 (número de vezes)
p = 1/2 (probabilidade de dar cara)
q = 1/2 (probabilidade de não dar cara)

Usando a lei binomial, podemos ter:


p0 = C8,0.(1/2)0.(1/2)8 = 1/256
p1 = C8,1.(1/2)1.(1/2)7 = 8/256
p2 = C8,2.(1/2)2.(1/2)6 = 28/256
p3 = C8,3.(1/2)3.(1/2)5 = 56/256

Então:
p = 93 / 256 = 0,36

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50

Elementos primitivos Semirreta: é uma parte da reta, que possui início e não
possui fim.
Os elementos primitivos são conceitos básicos para
compreender a geometria; são elementos sem definição Semirreta com início em A, passando por B.
que são tomados como base para qualquer outro conceito
de geometria A f B

Pontos: representados sempre por letra maiúscula do


nosso alfabeto. Segmento de reta: é uma parte da reta que possui início
e fim, ou seja, é delimitada por dois pontos:
Pontos A, B, C e D Segmento de reta que tem início em C e termina em D

C D
6 g

5 Posição relativa entre retas


4
3 Duas retas podem ser paralelas, concorrentes ou coin-
2 cidentes.
1 Coincidentes: possuem infinitos pontos em comum, ou
seja, retas iguais.
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
-1 Concorrentes: possuem um único ponto em comum.
-2 Paralelas: não possuem nenhum ponto em comum.
-3
Ângulos
-4
Ângulo é definido como a região formada entre duas se-
-5 mirretas; ele é medido em graus, com o uso do transferidor
-6 ou esquadro e pode ser classificado em:
Ângulo agudo: mede menos que 90º.
Retas: representadas sempre por letra minúscula do Ângulo reto: igual a 90º.
nosso alfabeto, as retas são infinitas, ou seja, não têm início
Ângulo obtuso: maior que 90º.
e nem fim, e são sempre determinadas por dois pontos.
Ângulo raso: igual a 180º.
Reta f
Ângulos suplementares e complementares.
Dois ângulos são definidos como complementares se a
soma deles for igual a 90º e suplementares se sua soma
F for igual a 180º.

Polígonos
E
Polígonos são figuras planas formadas por segmentos
de retas consecutivos e não colineares; em outras palavras,
linhas poligonais simples e fechadas, ou seja, que não se
cruzam. Os lados dos polígonos são os segmentos de reta
que os compõem, os vértices são o encontro entre dois
lados e ângulo é a medida do encontro entre os segmentos
de reta.

Uma das classificações dos polígonos é quanto a seu


número de lados. Veja na tabela a seguir algumas classifica-
f ções de polígonos em relação a quantidade de lados.

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51

Polígono Quantidade de lados


Triângulo 3
Quadrilátero 4
Pentágono 5
Hexágono 6
Heptágono 7
Octógono 8
Eneágono 9

Outra classificação de polígonos é entre polígonos con- É possível observar na imagem que todas as extremi-
vexos e não convexos. Os polígonos convexos são aque- dades dos segmentos de retas estão dentro do polígono,
les em que se as extremidades dos segmentos de retas mas possuem pontos fora do polígono, logo esse polígono
traçados estão dentro do polígono, todos os seus pontos não é convexo.
também estão dentro do polígono. Outra classificação de polígonos são os polígonos regula-
res, que possuem os lados e os ângulos do mesmo tamanho.
A
Triângulos
D Os triângulos são polígonos que possuem três ângulos e três
H b
F lados e são classificados em equilátero, isósceles e escaleno.
c O triângulo equilátero é aquele que possui todos os la-
f h dos do mesmo tamanho e também todos os ângulos de
g mesma medida; já o triângulo isósceles possui dois lados
I C
G E do mesmo tamanho e o triângulo escaleno possui todos os
B lados com medidas diferentes.
a
Condição de existência de um triângulo: para um triân-
gulo existir, a medida de um dos lados deve ser sempre
É possível observar na imagem que todas as extremi- menor do que a soma dos outros dois lados, como no
dades dos segmentos de retas estão dentro do polígono e exemplo a seguir:
que todos os seus pontos também estão, logo esse polí-
gono é convexo.

Os polígonos não convexos são aqueles em que existe 7


pelo menos um segmento de reta cujas extremidades estão A 6
dentro do polígono, mas possuem pontos fora do polígono. 5
A c b 4
3
C f B C
a
2
F 1
I
a -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
g D
e d -1
h
c
-2
E H
J -3
C a < b+c
B -4
b b < a+c
c < a+b

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52

Quadriláteros Circunferência
Os quadriláteros são polígonos que possuem quatro Circunferência é uma linha fechada, na qual todos os
lados e quatro ângulos e são classificados em paralelogra- pontos estão à mesma distância de um ponto, que é cha-
mos e trapézios. mado centro.
Os paralelogramos são figuras que possuem dois pa-
res de lados paralelos, e os ângulos opostos têm medidas Poliedros
iguais; dentre os paralelogramos, existem os retângulos e O poliedro é composto pelos seguintes elementos:
os quadrados. Os trapézios são figuras que possuem um Faces: polígonos que formam a superfície;
par de lados paralelos. Existem quadriláteros que não são Arestas: encontro de duas faces
nem trapézios e nem paralelogramos. Vértices: vértices das faces dos poliedros

Pontos Notáveis de um triângulo Poliedros côncavos e convexos


Mediana: Segmento de reta em que possui uma das Poliedros côncavos são aqueles em que as retas que
extremidades no vértice do triângulo e outra extremidade no não são paralelas a nenhuma das faces intersectam suas
ponto médio do lado oposto a esse vértice. faces em no máximo 2 pontos; no caso de haver retas que
Baricentro: Ponto de encontro das três medianas. intersectam as faces em mais de dois pontos, chamamos
o poliedro de convexo.
Mediatriz: Reta perpendicular que passa pelo ponto
médio desse segmento.
Poliedros regulares
Circuncentro: Ponto de encontro das mediatrizes. São aqueles cujas faces são polígonos regulares e con-
Altura: Segmento que liga o vértice ao seu lado opos- gruentes entre si, e cujos vértices possuem o mesmo nú-
to, formando 90º com esse lado oposto. mero de arestas concorrentes. Acompanhem alguns polie-
Ortocentro: Encontro das três alturas do triângulo. dros regulares na tabela a seguir.
Bissetriz: Segmento de reta que une um vértice ao
seu lado oposto, dividindo o vértice em dois ângulos de Prismas
mesma medida. Prismas são figuras geométricas que possuem duas ba-
Incentro: Encontro das três bissetrizes do triângulo. ses paralelas e faces laterais que interligam essas bases.

Teorema de Pitágoras
O teorema de Pitágoras afirma que em todo triângulo
retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual à
soma dos quadrados das medidas dos catetos.

7
6
A 5
4
c b
3
Os elementos de um prisma são:
B C 2
α = 90º Bases: polígonos convexos paralelos.
a
1 Faces laterais: paralelogramos que ligam as bases.
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 Vértices: vértices das fases do prisma.
Arestas da base: lados dos polígonos da base.
-1
Arestas laterais: lados dos polígonos laterais.
-2
Altura: distância entre as duas bases.
-3
-4 Os prismas podem ser classificados como:
Retos: as arestas laterais formam 90º com a base.
Nesse caso c² = a² + b². Oblíquos: as arestas laterais são oblíquas à base.

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53

Pirâmides Bases: círculos paralelos.


Pirâmides são figuras geométricas que possuem uma Raio da base: raio do círculo da base (segmento que
base e um vértice. vai do centro à extremidade do círculo).
Eixo: reta que passa pelo centro das bases.
Vértice da pirâmides
Geratrizes: segmentos paralelos aos eixos com extre-
Apótema midades nos pontos das circunferências das bases.
Face lateral
Altura: distância entre as bases.
Aresta lateral
Altura Os cilindros podem ser classificados como:
Retos: as geratrizes formam 90º com a base.
Base
Oblíquos: geratrizes são oblíquas à base.

Cone
Aresta da base
O Cone também faz parte dos corpos redondos e sua
Os elementos de uma pirâmide são: forma pode ser associada a um funil ou casquinha de sor-
Base: polígono convexo contido em um plano; vete. Ele possui uma base circular e um ponto fora dela
Faces laterais: os triângulos. chamado de vértice.
Vértices: ponto da pirâmide que liga as faces laterais
a base.
Arestas da base: lados dos polígonos da base.
Arestas laterais: lados dos polígonos laterais.
Altura: distância entre o ponto e a base.

A pirâmide pode ser classificada de acordo com o polí-


gono de sua base:
Triangular: o polígono da base é um triângulo;
Quadrangular: o polígono da base é um quadrilátero;
Pentagonal: o polígono da base é um pentágono;

Cilindro Os elementos de um funil são:


O cilindro é um corpo redondo formado por duas bases Base: círculo contido em um plano.
paralelas e por segmentos de retas com as extremidades
nas bases circulares. Eixo: reta que liga o centro ao vértice.
Vértice: ponto que liga a geratriz à base.
Raio da base: raio do círculo (segmento que liga o
B centro a extremidade do círculo).
Geratrizes: segmentos paralelos aos eixos com ex-
tremidades no vértice do cone e nas extremidades da
circunferência.
Altura: distância entre as bases.

Os cones podem ser classificados como:


Retos: as geratrizes formam 90º com a base.
Oblíquos: geratrizes são oblíquas à base.
A

Os elementos de um cilindro são:

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54

[ ]
Glossário A = a11 a13 a13 . . . a1n
a21 a22 a23 . . . a2n
Análise combinatória: É um conjunto de procedi- a31 a32 a33 . . . a3n
mentos que possibilita a construção de grupos diferentes . . . . . . .
formados por um número finito de elementos de um con- . . . . . . .
junto sob certas circunstâncias. Arranjos, permutações ou
combinações são os três tipos principais de agrupamen- . . . . . . .
tos, sendo que eles podem ser simples ou com repetição. am1 am2 am3 . . . amn
Cologaritmo: Chamamos de cologaritmo um número
positivo b numa base a (a>0, a≠1) e indicamos cologa b o Permutação simples: É um caso particular de arranjo
logaritmo inverso desse número b na base a. simples. É o tipo de agrupamento ordenado em que en-
tram todos os elementos.
Combinações: Subconjuntos formados por 2 ou mais
elementos escolhidos entre os elementos de um conjunto Probabilidade: A teoria da probabilidade permite que
dado, em que a ordem dos seus elementos não os distin- se calcule a chance de ocorrência de um número em um
gue uns dos outros. Por exemplo, representa as combina- experimento aleatório. P (A) = número de casos favoráveis
número de casos possíveis
ções de 10 elementos 3 a 3.
Determinante: A toda matriz quadrada está associado Progressão aritmética: São denotadas por PA e são
um número ao qual damos o nome de determinante. Se A caracterizadas pelo fato de que, cada termo, a partir do
é uma matriz quadrada de ordem 3, definimos o determi- segundo, é obtido pela soma do anterior com um número
nante por: fixo r, denominado razão da PA
det (A) = a11a22a33 + a21a32a13 + a31a12a23 - a11a32a23 - PA = { a1, a2, a3, ..., an, ..., am-1, am } a2 = a1 + r, a3 =
a21a12a33 - a31a22a13 = a2 + r, ..., an = an-1 + r, ..., am = am-1 + r

Espaço amostral: É o conjunto de todos os resultados Progressão geométrica: São denotadas por PG e são
possíveis de um experimento aleatório. caracterizadas pelo fato de que a divisão do termo seguin-
te pelo termo anterior é um quociente q fixado.
Eventos independentes: Dizemos que E1 e E2 e ...En-1, PG = { a1, a2, a3, ..., an,...,am-1,am } a2 / a1 = a3/a2 =
En são eventos independentes quando a probabilidade de = a4/a3 =...= an / an-1 = q
ocorrer um deles não depende do fato de os outros terem
ou não ocorrido.
Sistema equivalente: Dois sistemas são equivalentes
Experimento aleatório: É aquele experimento que, quando possuem o mesmo conjunto solução.
quando repetido em iguais condições, pode fornecer
resultados diferentes, ou seja, são resultados explicados Sistema homogêneo: Um sistema é homogêneo quan-
ao acaso. do todos os termos independentes da equações são nulos.
Os sistemas podem ser:
Fatorial: Sendo n um número natural e diferente de 1,
definimos como fatorial a expressão: • Possível determinado = solução única.
n! = n(n – 1). (n – 2)...... 2 . 1 • Possível indeterminado = infinitas soluções.
Matriz: Uma matriz real (ou complexa) é uma função que, • Impossível = não tem solução.
a cada par ordenado (i, j) no conjunto Amn, associa um nú-
mero real (ou complexo). Uma forma comum e prática para
representar uma matriz definida na forma acima é por meio Sistema linear: Um conjunto de equações lineares da
forma:

{
de uma tabela contendo m×n números reais (ou comple-
xos). Identificaremos a matriz abaixo com a letra A. a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + ... + a2n xn = b2
.
.
.
am1 x1+ am2 x2+ am3 x3 + ... + amn xn= bm
É um sistema linear de m equações e n incógnitas. A solu-
ção de um sistema linear é a sequência de números reais
ordenados (r1, r2, r3,..., rn) que é, simultaneamente, solução
de todas as equações do sistema.

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55

Questões 2. (ENEM) José, Paulo e Antônio estão jogando dados


não viciados, nos quais, em cada uma das seis faces,
1. (ENEM) Jogar baralho é uma atividade que estimula o há um número de 1 a 6. Cada um deles jogará dois
raciocínio. Um jogo tradicional é a Paciência, que utiliza dados simultaneamente. José acredita que, após jogar
52 cartas. Inicialmente são formadas sete colunas com seus dados, os números das faces voltadas para cima
as cartas. A primeira coluna tem uma carta, a segunda lhe darão uma soma igual a 7. Já Paulo acredita que
tem duas cartas, a terceira tem três cartas, a quarta sua soma será igual a 4 e Antônio acredita que sua
tem quatro cartas, e assim sucessivamente até a séti- soma será igual a 8. Com essa escolha, quem tem a
ma coluna, a qual tem sete cartas, e o que sobra forma maior probabilidade de acertar sua respectiva soma é:
o monte, que são as cartas não utilizadas nas colunas. a) Antônio, já que sua soma é a maior de todas as
A quantidade de cartas que forma o monte é: escolhidas.
a) 21. b) José e Antônio, já que há 6 possibilidades tanto
para a escolha de José quanto para a escolha
b) 24. de Antônio, e há apenas 4 possibilidades para a
c) 26. escolha de Paulo.
d) 28. c) José e Antônio, já que há 3 possibilidades tanto
para a escolha de José quanto para a escolha
e) 31. de Antônio, e há apenas 2 possibilidades para a
escolha de Paulo.
d) José, já que há 6 possibilidades para formar sua
soma, 5 possibilidades para formar a soma de
Antônio e apenas 3 possibilidades para formar a
soma de Paulo.
e) Paulo, já que sua soma é a menor de todas.

Gabarito
1. A quantidade de cartas que forma o monte é 52 – (1 +
+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7) = 52 – 28 = 24.
2. Resolução
Para a soma dar 4 existem 3 possibilidade: (1; 3), (2; 2)
e (3; 1).
Para a soma dar 7 existem 6 possibilidades: (1; 6), (2; 5),
(3; 4), (4; 3), (5; 2) e (6; 1).

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Roteiro de Estudos
MATEMÁTICA
FUNÇÕES

Noção de função. Gráficos. Função par e função ímpar. Funções


crescentes e funções decrescentes. Máximos e mínimos.

Função módulo, funções lineares, funções afins e funções quadráticas.


Equações e inequações envolvendo estas funções.

Composição e inversão de funções.

Funções exponenciais e funções logarítmicas: propriedades fundamentais,


gráficos, equações e inequações envolvendo estas funções.

COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE

Problemas de contagem.

Arranjos, permutações e combinações.

Binômio de Newton.

Probabilidade
Noção e distribuição de probabilidades, probabilidade condicional e eventos independentes.

Noções de Estatística

Distribuição de frequência (média e mediana), medidas de dispersão (variância e desvio-padrão).

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57

SISTEMAS LINEARES E MATRIZES

Sistemas lineares
Resolução e discussão.

Matrizes
Adição, multiplicação e inversão de matrizes. Matrizes associadas a sistemas lineares.

Determinante
Propriedades de determinantes e aplicações em sistemas lineares. Regra de Cramer.

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58

Faça seus cálculos

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BIOLOGIA

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Introdução

F
oi pensando em como fazer você aproveitar melhor este livro que resolvemos ter
este papo inicial. Por que estudar Biologia? Pesquisa genética: Células-tronco,
genoma, clonagem. Essas são apenas algumas das inúmeras questões atuais e
polêmicas que fazem com que possamos entender melhor o que se passa no nosso
dia a dia, e que serão abordadas na obra “Grande Livro do Estudante”.
Diante da velocidade do avanço da ciência moderna, ter uma obra como esta em
sua biblioteca é de fundamental importância tanto para entender nosso cotidiano – e
uma notícia de jornal – quanto para se preparar para concursos, vestibulares e Enem.
Consultando qualquer glossário etimológico é possível encontrar a definição para
Biologia como o estudo da vida (do grego bios = vida e logos = estudo). A Biologia
é uma ciência linda e muito complexa e, ao contrário da Física e da Matemática (que
obedecem a leis imutáveis), seus fenômenos são cercados por exceções; mas mesmo
dentro de uma faixa de variações, seguem-se padrões que precisam ser considerados
e compreendidos. A Biologia abrange as características e os comportamentos tanto
dos organismos individuais quanto das espécies no seu conjunto, assim como as
interações entre eles e o meio. Esta ciência analisa a estrutura e a dinâmica funcional
comum a todos os seres vivos, com o objetivo de estabelecer as leis gerais que regem
a vida orgânica.
Desde a Pré-história, o ser humano observa o mundo à sua volta tentando enten-
dê-lo com uma curiosidade natural. Em busca de sobrevivência, o ser humano expe-
rimentou o contato com diferentes animais e plantas, absorvendo o comportamento
da fauna e compreendendo os períodos de frutificação dos vegetais que utilizava para
alimentação. Com o passar do tempo, o acúmulo dessas experiências proporcionou
formas de domesticar os animais, o que foi fundamental para deixar a condição de
nômade e tornar-se sedentário.
Muito se passou até que a Biologia, em um processo gradativo e lento da construção
do saber científico, se tornasse uma ciência consolidada. O acúmulo de conhecimentos
com a produção de novas tecnologias permitiu a descoberta de outros horizontes, como
a descoberta das células e de minúsculos organismos, após a invenção do microscópio.
Atualmente, a Biologia é uma ciência tão ampla que se divide em um largo espectro
de áreas distintas, mas todas voltadas ao seu foco central de interesse: O ser vivo em to-
das as suas dimensões – moléculas, células, organismos, populações e ecossistemas.
Em suas várias áreas de conhecimento, a Biologia tem contribuído para melhorar
a qualidade de vida do ser humano com a cura ou prevenção de doenças, produção
de alimentos e a preservação do ambiente e dos recursos naturais. Procure aprender
a Biologia de uma forma dinâmica; assim como a vida também é dinâmica, nossa rea-
lidade está em constante transformação.

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A célula

Citologia Citologia
A fronteira das células
Membrana

C
élulas são pequenos compartimentos vivos, normalmente constituídas por mem- plasmática
brana, citoplasma e núcleo. Consideradas as unidades da vida, as células são
a menor parte de um ser vivo na qual se reconhecem as características da vida. Esclarecendo o
Existem diversos tipos de células, com formatos, tamanhos e funções diferentes (específi- DNA
cas). Com exceção dos vírus, todos os seres vivos possuem uma organização celular. As
células mais complexas contam com diversas compartimentações internas que exercem, Núcleo celular:
cada uma, uma função específica para a vida celular. A essas células damos o nome de Estrutura e
eucariontes. As células mais simples como as de bactérias, que não possuem essas função
compartimentações, são denominadas procariontes.
Atualmente, é comum pensarmos em um país como sendo uma porção de terra Ácidos nucleicos
delimitada espacialmente das demais pela presença de uma fronteira. Vamos pensar no
caso do Brasil. Estamos cercados pelo mar em metade do nosso território e, na outra DNA
metade, fazemos fronteira terrestre com outros nove países da América do Sul. Em suas
fronteiras, todos os países instalam uma alfândega, que é uma repartição governamental RNA
de controle do movimento de entradas e saídas das pessoas e de mercadorias para o
exterior ou dele provenientes.
Com as células não é diferente. Cada uma delas tem uma “área de fronteira”, repre-
sentada pela membrana plasmática e, nesta área, as células também possuem o seu
“posto alfandegário”: As proteínas. Assim como nas aduanas das fronteiras entre os paí-
ses, essas proteínas são as responsáveis pelo reconhecimento de substâncias vindas de
dentro ou de fora da célula como, por exemplo, hormônios.
O trabalho realizado por uma célula é semelhante ao que acontece em uma fábrica,
como a de televisores, por exemplo. Através de portões, dá-se a entrada de diversos
tipos de peças destinadas às linhas de montagem. Para a fabricação e a montagem dos
aparelhos, são necessários energia e operários habilitados. É preciso, ainda, um setor de
embalagem para preparar a expedição do que é produzido e uma diretoria para comandar
todo o complexo fabril e manter o relacionamento com o mundo externo. Tudo dentro dos
limites representados pelo muro da fábrica.
A célula possui setores semelhantes aos de uma fábrica. Um limite celular, represen-
tado pela membrana plasmática, separa o conteúdo da célula, o citoplasma, do meio
externo. O citoplasma, constituído por organoides e hialoplasma (ou citosol), é um material
viscoso, que representa o setor produtivo. Um núcleo contendo o material genético repre-
senta “a diretoria” da célula.
Outra característica muito importante das células é sua capacidade de se dividir, po-
dendo cada uma originar outras duas. Esse processo é chamado de divisão celular.

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62

Membrana plasmática fórica polar hidrofílica (afinidade com a água) que fica sempre
voltada para o exterior da célula, onde se tem água. As cal-
De modo geral, as células são envolvidas por membra- das lipídicas apolares ficam na porção interior da membrana.
nas constituídas por uma dupla camada de fosfolipídios e Essa constituição garante uma maleabilidade à membrana,
proteínas que podem atravessar de um lado a outro. Esta que é denominada mosaico fluido. Algumas proteínas da
constituição da membrana é dada pela interação com as membrana celular estão associadas a glicídios, formando
moléculas de água tanto do meio interno quanto do meio as glicoproteínas. Além de revestir as células, a membrana
externo à célula. Os fosfolipídios possuem uma cabeça fos- também controla a entrada e a saída de substâncias.

Membrana externa

Lipoproteínas

Peptidoglicano

Espaço
periplásmico

Membrana
citoplasmática

Lipopolissacarídeos Porin Proteína

Gram-negativos Gram-positivos

Internamente, encontra-se o citoplasma, que é com- Esclarecendo o DNA


posto principalmente por água e proteínas. É no citoplasma
O DNA é uma fita dupla de nucleotídeos. Cada uma
que ocorre a maioria das reações bioquímicas necessárias dessas fitas duplas carrega milhares de informações.
à vida do organismo. Toda célula possui seu material gené- Na nossa espécie, temos 46 cromossomos ou 46 fitas
tico (DNA – ácido desoxirribonucleico), que traz registradas duplas de DNA, 23 provenientes do pai e 23 provenientes
todas as suas características estruturais e funcionais. da mãe. Após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide,

Célula

Cromossomo

Núcleo

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63

os pares de cromossomos que são iguais em tamanho, Nas células de organismos mais simples (procarióticos),
posição de centrômero, características e quantidade de in- onde não há compartimentações internas, esse material ge-
formações se unem, formando assim um zigoto, que con- nético fica disperso no citoplasma. Nas células mais com-
tém todas as informações necessárias para que um novo plexas (eucarióticos), todo o material genético é envolvido
indivíduo da mesma espécie comece a se desenvolver. por uma membrana (carioteca), constituindo, assim, o nú-
cleo celular.

No citoplasma da célula eucariótica, as membranas formam estruturas funcionais (organelas) que desempenham as
diferentes funções vitais dessa célula. São elas:

Organela Estrutura Função


É uma organela membranosa que
atua no transporte e síntese de Rede de vesículas com capacidade
Retículo endoplasmático substâncias e armazenamento de de intercomunicação que percorre
substâncias. Há duas formas de todo o citoplasma.
retículos, o R.E.L. e o R.E.R.

Síntese de lipídios e esteroides


Estruturas membranosas tubulares,
Retículo endoplasmático liso (R.E.L.) (hormônios sexuais); desintoxicação
sem ribossomos aderidos, portanto
da célula.
de superfície lisa.
Formado por sacos achatados,
Retículo endoplasmático rugoso chamado de rugoso devido à
Síntese proteica.
(R.E.R.) presença de ribossomos aderidos à
sua superfície externa.
Secreção, processamento e
modificação de proteínas que
chegam do R.E.R. formação do
Organela de membrana única,
Complexo de Golgi acrossomo do espermatozoide.
constituída por vesículas achatadas.
Células secretoras possuem o
Complexo de Golgi mais desenvolvido
que células não secretoras.
Estrutura liberada pelo complexo de Realiza funções como
Golgi que apresenta enzimas capazes digestão intracelular, importante em
Lisossomo
de digerir um grande número de células como os glóbulos brancos,
produtos orgânicos. que realizam fagocitose.

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64

Organela Estrutura Função


Respiração celular, extrai a energia
Formato esférico ou alongado, dupla dos alimentos que será armazenada
membrana lipoproteica; a membrana em moléculas de ATP (adenosina
Mitocôndria
interna é chamada de cristal mitocon- trifosfato), fornecendo a energia
drial. necessária para as reações químicas
celulares.
É responsável por dar origem a cílios
Organela de constituição proteica
e flagelos às células eucarióticas,
Centríolo e estruturas cilíndricas, geralmente
estando também relacionadas com a
encontradas aos pares.
divisão celular.
Organela também não membranosa
constituída basicamente por proteínas
Ribossomo e um tipo especial de ácido nucleico, Síntese de proteínas nas células.
o RNA ribossômico (RNAr); este é
formado por duas subunidades.
Organela constituída por duas unida-
des de membranas, por estruturas
Cloroplasto Responsável pela fotossíntese.
discoidais internas e moléculas de
clorofila.
Estrutura de armazenamento de líqui-
dos na célula, variando seu tamanho
Atua na célula vegetal, fazendo pres-
Vacúolo de acordo com o nível de hidratação.
são contrária à pressão osmótica.
Seu revestimento de membrana é
derivado do retículo endoplasmático.

Parede celular Principalmente celulose. Protege a célula vegetal.

Núcleo celular: estrutura e função Ainda dentro do núcleo é encontrada outra região que
aparece mais densamente corada, denominada nucléolo.
O núcleo é uma estrutura envolvida por uma membrana, a Essa região apresenta uma elevada atividade de síntese de
carioteca (karyon = núcleo; théke = invólucro). É onde ficam outro tipo de RNA que vai compor, juntamente com proteí-
guardadas as informações genéticas contidas no DNA, os nas, os ribossomos do citoplasma (RNAr).
cromossomos. Sua função é o controle total das atividades Esta aparência do núcleo ocorre sempre que a célula
celulares. A maioria das nossas células possui núcleo, porém está em sua atividade funcional, mas, quando ela vai se
algumas são isentas dessa estrutura, sendo chamadas de dividir para originar células-filhas, ocorrem alterações obser-
anucleadas, como, por exemplo, os glóbulos vermelhos. vadas principalmente no núcleo. O DNA, que antes estava
A maior parte das nossas células possui um único nú- disperso, sofre uma condensação mais acentuada, se eno-
cleo, mas podemos encontrar células musculares, que velando nas proteínas denominadas histonas.
contêm mais de um núcleo. Esse processo de enovelamento do DNA vai resultar na
O DNA encontrado disperso dentro do núcleo recebe o formação dos cromossomos.
nome de cromatina. No núcleo ainda é produzido, a partir do Alguns organismos não possuem carioteca e por isso não
DNA, outro tipo de molécula, o RNA (Ácido Ribonucleico). possuem estrutura nuclear, como é o caso das bactérias (cé-
Dentro do núcleo, encontramos algumas regiões onde lulas procariontes), mas não devemos esquecer que, mesmo
o DNA se encontra mais condensado e outras com DNA os organismos cujas células não têm núcleo, possuem material
menos condensado. A região mais condensada é consti- genético. Nesses casos, o DNA fica disperso no citoplasma.
tuída por DNA mais compactado e enovelado em proteínas
histônicas. Esta região recebe o nome de heterocromatina.
O DNA menos compactado representa a região que está Ácidos nucleicos
em maior atividade de produção de RNA, ou seja, maior Os ácidos nucleicos são moléculas grandes (macromo-
expressão dos genes e, por isso, o DNA se encontra mais léculas), formadas por nucleotídeos, com função estrutural,
disperso. A essa região é dado o nome de eucromatina. e têm vital importância nas atividades celulares.

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65

O nucleotídeo é formado por três substâncias: RNA


• bases nitrogenadas (adenina, guanina, timina, citosina A composição do RNA é muito semelhante à
ou uracila); do DNA (ácido desoxirribonucleico), contudo, apresenta al-
• um grupamento fosfato; gumas diferenças. O RNA também é formado por nucleo-
• um glicídio do grupo das pentoses. tídeos (Adenina, Guanina, Citosina e Uracila), porém, ao
Existem dois tipos de ácidos nucleicos, DNA (ácido de- contrário do DNA, ele é uma fita simples e não dupla, ou
soxirribonucleico) e RNA (ácido ribonucleico). seja, não existe a ligação entre os nucleotídeos. O açú-
car que compõe a estrutura do RNA é uma ribose e o do
DNA é a desoxirribose. A função dos dois também difere,
DNA O RNA participa, principalmente, da síntese de proteínas,
enquanto o DNA, como dito anteriormente, controla todo o
O DNA é considerado “a molécula da vida”. Sua estrutu-
funcionamento da célula.
ra é composta por uma fita dupla de nucleotídeos. Existem
quatro subunidades de nucleotídeos, e as duas cadeias
se unem por meio de pontes de hidrogênio entre as ba- Tipos de RNA
ses nitrogenadas dos nucleotídeos. As quatro bases nitro-
genadas contidas no DNA são: Adenina (A), Guanina (G),
Citosina (C) e Timina (T). Os dois filamentos que compõem
o DNA se enrolam, um sobre o outro, formando uma du-
pla hélice, podendo ter milhares de nucleotídeos. Essas
duas cadeias mantêm-se unidas por pontes de hidrogênio
entre os pares de bases A->T e C->G, formando sempre
uma cadeia complementar. Se tivermos uma cadeia com
a sequência de nucleotídeos AATCTGCAC, a cadeia com-
plementar será TTAGACGTG. As diferentes combinações mRNA tRNA rRNA
dessas substâncias formam os genes e também o conjun-
to de todos os genes forma o DNA.
No DNA estão contidas todas as características do ser
vivo, desde a espécie a que ele pertence até traços mais Madificação +Aminoácidos + Proteínas
individuais como formato dos olhos, cor de cabelo, tipo san- (processamento) ribossômicas
guíneo, quantidade de dedos nas mãos, hormônios a se-
rem sintetizados, enfim, todas as informações necessárias
para o funcionamento daquele organismo.

Adenina
As Citosina
quatro
bases Timina
Guanina ribossoma
DNA
em espiral

DNA

Dupla hélice
de DNA

RNA

Cromossomo

Esqueleto de açúcar (carboidrato) e fosfato

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Divisão celular

E
Ciclo celular xistem dois tipos de divisão celular que originam, cada um, um tipo de célula:
• Mitose: É o processo pelo qual uma célula diploide dá origem a duas outras células
Mitose diploides, idênticas à célula-mãe e entre si. Isso quer dizer que uma célula com certo
número de cromossomos (no caso humano, seriam 46) origina outras duas células
Meiose idênticas a essa, e, eventualmente, iguais entre si;
• Meiose: É caracterizada pela redução do número de cromossomos à metade nas
Fucionamento quatro células-filhas resultantes. A redução cromossômica é decorrente de uma única
dos genes duplicação cromossômica seguida por duas divisões nucleares sucessivas. Esse
processo é importante para a formação dos gametas (óvulos e espermatozoides).
Código genético,
aminoácidos Para que as células exerçam a sua função no corpo dos animais, elas devem con-
e proteínas ter todos os cromossomos, isto é, dois cromossomos de cada tipo: São as células
diploides. Com exceção das células de reprodução (gametas), todas as demais células
Energia na célula do nosso corpo são diploides. Porém, algumas possuem em seu núcleo apenas um
e respiração cromossomo de cada tipo. São as células haploides. Os gametas humanos – es-
celular permatozoides e óvulos – são haploides. Portanto, os gametas são células que não
exercem nenhuma função até encontrarem o gameta do outro sexo e completarem a
Fotossíntese sua carga genética.
Para que ocorram as divisões celulares, uma organela muito importante é o centrío-
Quimiossíntese lo, que vai definir os polos da célula e orientar a divisão celular por meio da formação
das fibras do fuso.

Ciclo celular
Uma célula não passa toda a sua vida em processo de divisão. Esse processo é
intercalado entre períodos de interfase e fases mitóticas ou períodos mitóticos, quando a
célula está se dividindo em processo de mitose ou meiose.

INTERFASE
A célula encontra-se em total atividade de síntese proteica.
G1
Não há processo de divisão celular nesta fase.

S Ocorre a duplicação do DNA.

A duplicação do DNA já aconteceu e


G2
há a duplicação dos centríolos.

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67

Mitose
Prófase
Cerca de Prometáfase
2 horas Metáfase
Anáfase
Telófase
G1
3a fase da
interfase G1
1a fase da
Duração interfase
Cerca de do ciclo
4 horas celular:
10 horas Cerca de
4 horas

2a fase da interfase, na
qual ocorre a duplicação
dos cromossomos
Interfase

Como são mantidas as características genéticas de o mesmo material genético. Esse DNA duplicado, quan-
uma célula-mãe para as células-filhas? do se condensa, forma os cromossomos também dupli-
Para manutenção das características genéticas, o cados, com duas cromátides cada um. Essas cromáti-
DNA passa por um processo de replicação semiconser- des irmãs, idênticas entre si, vão se separar na divisão
vativa, ou seja, antes de se dividir, cada cromossomo faz celular, onde as células-filhas vão receber cromossomos
uma cópia idêntica de si mesmo, garantindo que as cé- idênticos ao da célula-mãe, herdando suas característi-
lulas resultantes do processo de divisão celular recebam cas genéticas.

A T A T A T A A A T

C G C G G C G C G
C
G C G C C G C G C
A
A T A T A T A T

T A T A T A T A

1. Segmento de 2. As duas cadeias da molécula inicial se separam 3. Formam-se duas moléculas de DNA
molécula de DNA. e servem de molde para a formação de duas com sequências idênticas de nucleotídeos.
moléculas idênticas de DNA, pelo emparelhamen-
to de novos nucleotídeos, representados em azul.

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68

2. Prófase
1. Interfase 3. Prometáfase

4. Metáfase
5. Anáfase 6. Telófase

Com a duplicação do cromossomo na


Desenho do cromossomo duplicado fase S da interfase, cada cromossomo
na fase S da interfase é formado por duas cromátides irmãs
unidas pelo centrômero; nessa fase
Cromátides irmãs ocorre a condensação do cromossomo
Prófase
e a carioteca desaparece, extinguindo o
limite físico entre núcleo e citoplasma.
Com o fim da barreira da carioteca,
os fusos mitóticos que se estendem do
centríolo podem alcançar o centrômero,
permitindo o deslocamento dos cromos-
somos para a parte central da célula;
cada centríolo se encaminha para polos
Metáfase opostos da célula, e os cromossomos se
enfileiram ao centro, um abaixo do outro
Cromossomo Cromossomo (fase de melhor visualização do DNA).
simples duplicado
Inicia-se a separação das cromátides
irmãs. Os fios ou fusos que se
Disponível em: http://www.coladaweb.com/biologia/genetica/
estenderam do centríolo começam a
cromossomos. Acesso em: 3 out. 2023.
Anáfase recuar, forçando a separação das duas
cromátides e levando cada uma para
Mitose cada polo oposto da célula.
A mitose tem grande importância para os seres vivos Última fase da mitose. Os cromossomos
por possibilitar a multiplicação celular que leva ao cres- se descondensam, os fusos
cimento, reposição de células perdidas e, também, na mitóticos desaparecem, a carioteca
reprodução assexuada de alguns organismos. Embora a Telófase
se refaz e ocorre a citocinese, ou seja,
mitose seja um processo contínuo, para efeito de estudo a divisão do citoplasma.
e melhor entendimento, dividimos esse período em qua-
tro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Meiose mos ditos homólogos, ou seja, aqueles que são iguais en-
tre si e que, juntos, formam um par. Ao final temos células
A meiose é um processo característico importante na com metade da quantidade de cromossomos da célula-mãe.
formação dos gametas para os organismos que se repro- A segunda divisão meiótica é equacional, pois o número de
duzem sexuadamente, mantendo a quantidade de material cromossomos das células que sofrem a divisão é o mesmo
genético na fusão dos gametas e possibilitando diversidade nas células que se originam. Ela tem como objetivo a separa-
entre os organismos. Sua principal característica é a redução ção das cromátides irmãs.
pela metade do número de cromossomos da célula-mãe. Ao final das duas divisões, conseguimos quatro células
Este processo se passa em duas etapas: A primeira divisão filhas com 23 cromossomos cada uma, ou seja, metade das
meiótica é reducional. Ocorre a separação dos cromosso- informações antes contidas na célula-mãe.

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69

Meiose I (divisão reducional)


É a etapa mais longa e sua função é a separação dos cromossomos homólogos. Nessa etapa também ocorre o crossing
over, fenômeno essencial para a diversidade e fortalecimento das espécies.

Dividida em cinco subetapas. São elas:

Leptóteno: Início da condensação da cromatina.


Zigóteno: Maior grau de condensação, possibilitando individualizar os cromossomos com o início
de aproximação dos homólogos.
Paquíteno: Cromossomos homólogos pareados, formando as tétrades.
Prófase I
Diplóteno: Visualização dos quiasmas onde ocorre a recombinação de partes das cromátides
homólogas.
Diacinese: Desaparecimento da membrana nuclear (carioteca) e disposição dos cromossomos
entre as fibrilas do fuso mitótico.
Organização dos cromossomos na placa equatorial onde os homólogos se encontram, desta vez,
Metáfase I
pareados.
Separação dos cromossomos homólogos que migram para os polos da célula, orientados pelos
Anáfase I
centríolos.
Telófase I Reorganização do núcleo nos polos e divisão do citoplasma.

Meiose II
Ao final da Meiose I, duas células-filhas haploides se formarão, e dessas resultarão quatro células também haploides por
separação, agora, das cromátides irmãs.

Corresponde ao final da Telófase I, com o desaparecimento da membrana nuclear e formação dos


Prófase II
fusos mitóticos.
Posicionamento dos cromossomos na região equatorial da célula. Nesta etapa, eles não se encon-
Metáfase II
tram mais em pares.
Anáfase II Separação das cromátides irmãs e migração para os polos da célula.
Reconstituição dos núcleos e divisão citoplasmática (citocinese), com a formação de 4 células-fi-
Telófase II lhas haploides e geneticamente diferentes entre si devido à recombinação de partes dos cromos-
somos homólogos ocorrida na Prófase I (crossing over).

Quatro células filhas


contendo a metade
do número de
Mitose cromossomos da
célula mãe

Interfase
replicação do DNA Meiose I Meiose II

Ocorre a Ocorre a
separação dos separação
cromossomos das
homólogos cromátides
duplicados durante irmãs durante
a anáfase I a anáfase II

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70

DIFERENÇAS ENTRE MITOSE E MEIOSE


Mitose Meiose
Há somente uma divisão celular. Ocorrem duas divisões celulares.
Não há separação dos cromossomos homólogos. Ocorre separação dos cromossomos homólogos.
Separação das cromátides irmãs na anáfase. Separação das cromátides irmãs somente na anáfase II.
Ocorrência de eventuais recombinações entre os cromos- A ocorrência da recombinação é importante
somos pode causar danos genéticos e originar doenças por promover diversidade genética entre as
como o câncer. células-filhas (gametas) originadas.
Origina duas células-filhas idênticas à As quatro células-filhas originadas são haploides
célula-mãe e iguais entre si. e diferentes geneticamente entre si.

Funcionamento dos genes Código genético, aminoácidos e proteínas


A expressão de um gene corresponde à produção de As proteínas são as substâncias que fazem com que nosso
uma proteína com função estrutural (queratina), enzimática organismo funcione. Elas são sintetizadas a partir da junção dos
(enzimas), defesa (anticorpo) ou transporte (hemoglobina). aminoácidos. Existem, ao todo, 20 aminoácidos que codificam
As informações contidas no DNA, por meio da sequên- todas as proteínas de todas as espécies. Você deve estar se
perguntando como apenas 20 aminoácidos “fabricam” tantas
cia de bases nitrogenadas, são transcritas no RNAm. As
proteínas. Vamos pensar no nosso alfabeto. Nele, encontra-
duas fitas do DNA se separam e nesta região do gene é
mos 26 letras que formam milhares de palavras diferentes,
produzida uma molécula de fita única, composta também dependendo apenas da sequência em que essas letras são
por nucleotídeos que seguem igualmente a complemen- ordenadas. O mesmo ocorre com as proteínas, algumas che-
taridade das bases nitrogenadas. gam a ter 2.000 aminoácidos sequenciados.

No quadro a seguir, podemos observar os aminoácidos e sua sequência de bases nitrogenadas correspondente. A esta
sequência de três bases damos o nome de códon. Podemos então dizer que de cada códon obtemos um aminoácido.

Bases Bases Bases Bases


Aminoácidos Aminoácido Aminoácidos Aminoácidos
nitrogenadas nitrogenadas nitrogenadas nitrogenadas

Tirosina
Cisteína
fenilalanina (AAA) Serina (AGA) Tirosina (ATA) (ACA)
Cisteína
Fenilalanina (AAG) Serina (AGG) Final de (ATG) (ACG)
Final de
Leucina (AAT) Serina (AGT) tradução (ATT) (ACT)
tradução
Leucina (AAC) Serina (AGC) Final de (ATC) (ACC)
Triptofano
tradução
(GCA)
Leucina (GAA) Prolina (GGA) Histidina (GTA) Arginina
(GCG)
Leucina (GAG) Prolina (GGG) Histidina (GTG) Arginina
(GCT)
Leucina (GAT) Prolina (GGT) Glutamina (GTT) Arginina
(GCC)
Leucina (GAC) Prolina (GGC) Glutamina (GTC) Arginina

Isoleucina (TAA) Treonina (TGA) Aspargina (TTA) Serina (TCA)


Isoleucina (TAG) Treonina (TGG) Aspargina (TTG) Serina (TCG)
Isoleucina (TAT) Treonina (TGT) Lisina (TTT) Arginina (TCT)
Metionina (TAC) Treonina (TGC) Lisina (TTC) Arginina (TCC)

Valina (CAA) Alanina (CGA) Aspartato (CTA) Glicina (CCA)


Valina (CAG) Alanina (CGG) Aspartato (CTG) Glicina (CCG)
Valina (CAT) Alanina (CGT) Glutamato (CTT) Glicina (CCT)
Valina (CAC) Alanina (CGC) Glutamato (CTC) Glicina (CCC)

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Como funciona a síntese proteica? O RNA transportador (RNAt) leva os aminoácidos dis-
persos no citoplasma, provenientes da digestão, até os
Ocorre em duas etapas, a primeira chamada de trans- ribossomos. Numa das regiões do RNAt está o anticó-
crição e a segunda de tradução. Três tipos de RNA parti- don, uma sequência de três bases complementares ao
cipam desse processo: RNAm (mensageiro), RNAt (trans- códon de RNAm. A ativação dos aminoácidos é dada por
portador) e RNAr (ribossômico). enzimas específicas, que se unem ao RNA transportador,
formando o complexo aa-RNAt e dando origem ao anti-
1a etapa – Transcrição códon, um trio de códons complementar aos códons do
A mensagem contida no cístron (porção do DNA que RNAm. Para que esse processo ocorra é preciso haver
contém a informação genética necessária à síntese pro- energia, que é fornecida pelo ATP (adenosina trifosfato),
teica) é transcrita pelo RNA mensageiro (RNAm). Nesse conforme veremos adiante.
processo, as bases pareiam-se: A adenina do DNA se
liga à uracila do RNA, a timina do DNA com a adenina do 2 a etapa – Tradução
RNA, a citosina do DNA com a guanina do RNA, e assim Na fase de tradução, a mensagem contida no RNAm
sucessivamente, havendo a intervenção da enzima RNA- é decodificada e o ribossomo a utiliza para sintetizar a
-polimerase. A sequência de três bases nitrogenadas de proteína de acordo com a informação dada.
RNAm forma o códon, responsável pela codificação dos Os ribossomos são formados por duas subunidades. Na
aminoácidos. Dessa forma, a molécula de RNAm replica subunidade menor, ele faz ligação ao RNAm. Na subunidade
a mensagem do DNA e migra do núcleo para os ribos- maior há dois sítios (1 e 2) que podem se unir a duas molécu-
somos, atravessando os poros da membrana plasmática las de RNAt. Uma enzima presente na subunidade maior rea-
e formando um molde para a síntese proteica. Damos a liza a ligação peptídica entre os aminoácidos e o RNA trans-
essa etapa o nome de transcrição, pois RNA e DNA falam portador volta ao citoplasma para se unir a outro aminoácido.
a mesma língua: Nucleotídeos. E assim, o ribossomo vai percorrendo o RNAm e provocando
a ligação entre os aminoácidos.
Onde Qual Quem é usado O fim do processo se dá quando o ribossomo passa por
ocorre? função? como molde? um códon de terminação e nenhum RNAt entra no ribosso-
Síntese do mo, por não ter mais sequências complementares aos có-
Núcleo DNA dons de terminação. Então, o ribossomo se solta do RNAm
RNAm
e a proteína específica é formada e liberada do ribossomo.
Para formar uma proteína de 60 aminoácidos, por exem-
plo, é necessário 1 RNAm, 60 códons (cada um corresponde
Adenina P D
a um aminoácido), 180 bases nitrogenadas (cada sequência
P
P D de 3 bases dá origem a um aminoácido), 1 ribossomo e 60
Timina D
D
P P RNAt (cada RNAt transporta um aminoácido). Pode-se notar,
P P
Citosina D então, que se trata de um processo altamente complexo, já
P R
D P que há a intervenção de vários agentes. Damos a esta etapa
Guanina P D P
D P R
o nome de tradução, pois RNAm e proteína falam línguas dife-
P D
Uracila D
P P rentes: nucleotídeo e aminoácido.
D P R
P D
P D P
D P D R Quem é usado
P Onde ocorre? Qual função?
P = Fosfato P D
P
como molde?
P R
D
D = Desoxirribase D P Síntese de
R = Ribose Citoplasma RNAm
P R
proteína
D D P
P P Ribossomo em movimento
R
P
D D
P
Proteína
P
D D R Completa
D
P P Proteína
P
P D R em crescimento
D P P
P R
D P
R
D P
R
P P
D R D
P P
P D
D
P P
D D
P
D P
R
RNAm
P
P P D
R
D P P
P R D As duas
D P P subunidades
do ribossomo

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72

Energia na célula e respiração celular Etapa anaeróbica (não é utilizado oxigênio nesta etapa).
Praticamente toda atividade celular requer gasto de Ocorre no citoplasma.
energia, e esta é retirada de nutrientes como glicose e Função de 1a quebra da molécula de glicose resultando
armazenada em moléculas de ATP. Quando usamos a em duas moléculas de piruvato.
palavra respiração, voltada a mecanismos intracelulares,
Saldo final desta etapa = 2 piruvatos + 2 NADH + 2 ATPs
estamos nos referindo aos processos de síntese de ATP.
São dois os tipos de respiração:
Ciclo de Krebs: Ao final desta etapa, toda a mo-
• respiração aeróbica – com utilização de oxigênio; lécula de glicose tem que ter sido degradada. O ácido
• respiração anaeróbica – sem utilização de oxigênio. pirúvico, agora na mitocôndria, sofre uma transformação
originando gás carbônico e hidrogênio com a liberação
Respiração aeróbica de energia. O gás carbônico é liberado e o hidrogênio
se associa a transportadores (NADH2 ou FADH2), o que
A respiração aeróbica é um processo em que a célula acontece numa fase denominada ciclo de Krebs.
utiliza matéria orgânica (glicose, aminoácidos, ácido graxo
e outros) e oxigênio. Aqui, estudaremos a respiração con-
siderando a utilização da glicose como matéria orgânica a Etapa anaeróbica.
ser degradada. A respiração celular se resume na seguin- Ocorre na matriz mitocondrial.
te equação geral: Função de quebra total da glicose, liberação das
C6H12O 6 + 6O2 → 6CO2 + 12H2O + 38ATP moléculas de CO2 e formação de NADH
Este processo é realizado em três etapas: (moléculas transportadoras de hidrogênio).
• glicólise;
• ciclo de Krebs; Cadeia respiratória: Nesta fase, onde também
• cadeia respiratória. ocorre liberação de energia, o H2 desprende-se desses
transportadores, ligando-se ao oxigênio e produzindo mo-
léculas de água.
Glicólise: A função da glicólise é a primeira quebra da
glicose e a formação das duas moléculas de piruvato. No
processo de glicólise, que ocorre no citoplasma da célu- Etapa aeróbica (utiliza oxigênio).
la, há a quebra da molécula de glicose (C 6H12O6), com a Ocorre nas cristas mitocondriais.
formação de duas moléculas de ácido pirúvico (C3H 4O3) e Maior formação de ATP.
liberação de hidrogênio (H2) e energia que é armazenada
em moléculas de ATP.

Ácido láctico ou álcool etílico


Citoplasma

Fermentação
CO2 Mitocôndria

CO2 H 2O
ATP CO2 ATP

Ácido Ácido Hidrogênios


Glicose
Pirúvico acético

ATP Cadeia
respiratória
Ciclo de Krebs O2

Glicólise

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73

Respiração anaeróbica Alguns organismos, como os fungos, realizam outro


processo que não utiliza oxigênio nem substâncias que
Outras formas de produção de energia na célula tam-
contenham oxigênio em suas fórmulas.
bém são encontradas.
Este processo é denominado fermentação e consiste
Algumas bactérias apresentam respiração anaeróbica, na quebra da matéria orgânica em outra matéria orgânica
que não utiliza oxigênio, mas utiliza substâncias que apre- mais simples. Esses processos são menos eficientes na
sentam oxigênio em sua fórmula, como o nitrito (NO2) ou produção de energia do que a respiração aeróbica.
o nitrato (NO3).

Glicose
2
C6H12O6

Ácido láctico
C 3H 6O 3
Fermentação
Glicólise láctica

2
2
Etanol
Fermentação C 2H 6
alcoólica
Glicose
C 3H 4O 3

+ +2
2 ATP Dióxido de carbono
CO2

Fotossíntese duzir ATP e NADPH para que sejam utilizados na etapa


escura. Sem a ocorrência da etapa clara, não há possibi-
A fotossíntese é o processo pelo qual organismos vivos, lidade de acontecer a etapa escura; invariavelmente, uma
que possuem clorofila, produzem moléculas orgânicas a é consequência da outra.
partir de água (H2O) e gás carbônico (CO2). Esses organis- Etapa fotoquímica: A luz é absorvida pela clorofila,
mos são denominados autotróficos. Nas plantas, a fotossín- e essa energia é utilizada para a quebra da água. O final
tese ocorre nos cloroplastos, organelas que contêm clorofila, desse processo é a construção de ATP e liberação do hi-
capazes de captar energia luminosa para ativar a reação que drogênio para as moléculas de NADP, que serão utilizadas
dá início ao processo de produção da matéria orgânica. na etapa seguinte (etapa química).
A fotossíntese ocorre em duas etapas, denominadas É muito importante saber e lembrar que o oxigênio libe-
etapa clara ou etapa fotoquímica (só ocorre com a pre- rado pela fotossíntese ocorre na etapa clara, com a quebra
sença da luz), e etapa escura ou etapa química (ocorre da molécula da água (H2O ). Chamamos esse processo quí-
sem necessidade da luz). A função da etapa clara é pro- mico de fotólise.

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74

Etapa química: Nesta fase, utilizam-se os produtos da etapa fotoquímica (ATP e NADPH) que, somados ao CO2 fixado
pela planta na etapa escura, sintetizam a matéria orgânica da planta. Uma reação que já não depende mais da clorofila e da
energia luminosa. As moléculas de CO2 mais o hidrogênio, ligados aos NADPH, participam de um ciclo de reações químicas
bastante complexo chamado ciclo de Calvin, em que são formadas moléculas de água e carboidrato.

Luz
(fótons)
Cadeia transportadora
de elétrons
Cloroplasto
Clorofila

Fase
Fotoquímica
H 2O

ATP Pi + ADP
O2
NADPH + H+ NADP+
Fase
CO2
Química
Estroma

Quimiossíntese
Algumas bactérias são consideradas autotróficas, mesmo não possuindo clorofila. Esses organismos produzem matéria
orgânica utilizando energia química. Oxidam matéria inorgânica como gás sulfídrico (H2S), carbonato de ferro (FeCO3) e amônia
(HN3), retirando, de tal reação, energia para produção de glicose.
H2S + 1 O2 → H2O + S + energia

Com esta energia, será produzido, a partir de CO2 e H2O, aldeído fórmico (CH2O), que se polimeriza originando açúcares:
CO2 + H2O + energia → CH2O + O2

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Seres vivos

Classificação dos seres vivos Classificação

N
a nossa vida e em nossas atividades cotidianas, sempre procuramos classificar as dos seres vivos
coisas. Desde nossa casa e os objetos contidos nela até as mais refinadas tecno-
logias. A classificação é uma forma de organizar o conhecimento, as informações, Vírus
os objetos etc. O ramo da Biologia que classifica os seres vivos se chama Taxonomia.
Nesta classificação, a unidade básica é a espécie. Características
dos vírus
Espécies semelhantes agrupadas em gênero → gêneros semelhantes agrupados
em família → famílias agrupadas em ordem → ordens agrupadas em classe → classes
agrupadas em filos → filos agrupados em Reino.

Reino Animalia
Estrela
do mar Filo Chordata

Cobra Anfioxo Subfilo Vertebrado

Raposa Classe Mammalia


Raposa Raposa
Ordem Carnnivora
Tigre Cobra Cobra Raposa
Família Felis
Lobo Lobo
Tigre Gênero Felis
Tigre
Cavalo Tigre
Espécie Felis
Silvestre
Lobo Lobo
Coiote Coiote

Peixe Cachorro Peixe Coiote


Anfioxo Cavalo Homem
Urso
Cachorro Homem Cavalo
Cachorro
Homem Peixe Cachorro
Urso
Minhoca Urso
Ascidia Ascidia

Urso

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76

A Biologia utiliza um sistema de classificação para organi- Veja que os nomes científicos possuem terminações que
zar os seres vivos de acordo com suas características, se- seguem regras; percebemos também que as categorias “gê-
melhanças e diferenças, mesmo que estas sejam mínimas, nero” e “espécie” sempre são escritas em itálico. O gênero
como uma forma de agrupar a grande variedade de seres sempre será escrito com letra maiúscula e a espécie sempre
vivos presentes na Terra. será composta por duas palavras, a primeira é o nome gené-
Com a necessidade de tornar os nomes dos seres vivos rico, o mesmo do gênero, e a segunda é o nome específico,
universais, a Biologia padronizou seu sistema de classifica- que nunca aparecerá sozinho.
ção. Criado por Lineu em 1753, o sistema binomial consistia
em usar apenas duas palavras para designar uma espécie. Classificações básicas para se chegar aos reinos
Esse sistema é seguido até hoje no mundo inteiro. Isso signi- Como foi dito, os seres vivos foram classificados a partir
fica que um ser vivo tem o mesmo nome científico no mundo de suas semelhanças e diferenças e são divididos em cinco
todo, em qualquer língua, pois esses são escritos em latim, reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantas ou Metaphyta e Ani-
língua usada para a produção de qualquer conhecimento à mais ou Metazoa. Na concepção atual, é considerado ser
época em que o sistema foi criado. vivo aquele que:
Para facilitar a classificação, identificação e determinação
de um ser vivo, é necessário comparar suas características • tiver a célula como unidade básica;
com as características padrão das diversas categorias em • apresentar composição química complexa;
que ele poderá ser encaixado; estas são chamadas de ca- • apresentar ciclo vital, cuja duração varia de uma
tegorias taxonômicas. espécie para outra;
As categorias taxonômicas seguem uma seriação de-
• realizar um conjunto de reações de síntese e
crescente que vai do reino à espécie. São elas: Reino, filo, análise, que mantém suas funções, compondo
classe, ordem, família, gênero e espécie. Veja a seguir, a o metabolismo;
classificação do homem:
• for capaz de deixar descendentes portadores
do maior número de características semelhantes
Reino Animalia possível;
Filo Chordata • for capaz de sofrer mutações em seu material
hereditário (DNA/RNA), favorecendo a adaptação
Classe Mammalia
às condições ambientais.
Ordem Primates
Vírus
Família Hominidae
Os primeiros vírus foram descobertos em 1890, pois
Gênero Homo causavam a febre aftosa e uma doença vegetal chamada
Espécie Homo sapiens de mosaico do tabaco. Começou uma corrida para des-
cobrir e identificar outros tipos de vírus, os mecanismos

Vírus da vacina Paramixovirus Herpesvirus Arbovirus

Rhabdovirus Colifago Fago de cola Vírus


Adenovirus
(raiva) (bacteriófago) flexível da gripe

Polyomavirus Picornavirus Fago (phi) x174 Tubulovirus

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usados para sua reprodução e as doenças causadas por dois tipos: Lisogênico e Lítico. Os dois ciclos se iniciam no
eles. Contudo, a maioria dessas respostas só veio com o momento em que o vírus injeta seu material genético na
desenvolvimento do microscópio eletrônico e as descober- célula hospedeira.
tas das estruturas dos ácidos nucleicos.
Sabemos que os vírus são seres muito simples, situa-
dos na fronteira entre matéria bruta e matéria viva. Embora Ciclo Lítico Ciclo Lisogênico
o assunto seja até hoje controverso entre os cientistas, o O vírus injeta seu material O DNA viral passa a
vírus NÃO é considerado um ser vivo. genético na célula, mas comandar o metabolismo
não interfere em seu da célula infectada,
Características dos vírus funcionamento, e, em formando novos vírus;
cada divisão desta célula, ocorre a lise (rompimento)
Os vírus possuem material genético (DNA ou RNA) en-
o matéria viral é passado da célula, liberando esses
volvido por uma cápsula proteica, ausência de estrutura
adiante. novos vírus para que
celular, ausência de mecanismos enzimáticos, não têm infectem outras células.
metabolismo próprio e sua atividade vital depende de um
organismo vivo. São, portanto, parasitas intracelulares obri-
gatórios. São menores que as bactérias. Cada vírus infecta Viroses
apenas um tipo de célula, dependendo das proteínas que Muitas doenças são causadas por vírus, que são alta-
ele carrega. Podemos considerar quatro tipos de vírus:
mente mutáveis e recombinantes e, a cada dia, aparecem
• bacteriófagos (parasitam bactérias);
novas endemias ou epidemias – cada vez mais os vírus
• micófagos (parasitam fungos);
desenvolvem mecanismos de resistência a novos medica-
• vírus de animais;
mentos. O fato de não apresentarem metabolismo próprio
• vírus de plantas.
torna-os um grande desafio para a medicina, que tenta de-
senvolver medicamentos que impeçam sua multiplicação
Reprodução
no organismo sem causar a destruição das células parasi-
A reprodução dos vírus é totalmente dependente de tadas. Os antibióticos, muitas vezes eficazes para bactérias
uma célula hospedeira. Os vírus precisam das proteínas, e outros micro-organismos, são ineficazes para os vírus.
do complexo enzimático, dos compostos químicos, enfim, No quadro a seguir, apresentamos as principais viroses,
necessitam da vida de uma célula para se reproduzir. Os seu modo de transmissão, modo de infecção e medidas
ciclos reprodutivos dos vírus podem ser classificados em de controle.

Modo de
Doença Modo de infecção Medidas de controle
transmissão

O vírus ataca, normalmente, as


Pela saliva, conta-
glândulas salivares parótidas, mas pode
Caxumba to direto e objetos Há vacinas.
instalar-se, também, nos testículos,
contaminados.
ovários, pâncreas e cérebro.

O vírus penetra na corrente sanguínea


Pelas picadas de Não existem vacinas.
pela picada do artrópode portador
Encefalite viral mosquitos e carra- Devem-se destruir os
e atinge as células do cérebro,
patos. artrópodes vetores.
onde se reproduz.

Pela picada do mos-


Juntamente com a saliva do mosquito, o Vacinação com linhagem
quito Aedes aegypti,
vírus é introduzido na corrente sanguínea, de vírus atenuada –
que se contamina
Febre amarela dissemina-se pelo corpo e instala-se vírus vivos. O mosquito
ao picar um homem
no fígado, baço, rins, medula óssea e Aedes, vetor da doença,
ou outro mamífero
gânglios linfáticos. deve ser destruído.
contaminado.

O vírus ataca os tecidos das porções


Gripe Pela saliva. superiores dos tecidos respiratórios e Há vacinas.
raramente chega aos pulmões.

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Modo de
Doença Modo de infecção Medidas de controle
transmissão

Pela contamina-
ção da água e de
objetos por fezes de Adoção de medidas de
indivíduos conta- saneamento básico e
minados. Prova- fiscalização dos manipu-
velmente, moscas ladores dos alimentos.
Hepatite O vírus instala-se no fígado, onde se
infecciosa
transportam o vírus A injeção de gamaglo-
multiplica e destrói células hepáticas.
de fezes contamina- bulina, extraída de soro
das para alimentos, sanguíneo humano,
água e objetos, mas pode dar proteção
o modo de transmis- temporária.
são ainda não é bem
conhecido.

Supõe-se que o vírus penetre no organis-


mo pela boca, multiplicando-se, primeiro, Vacinação com vírus
na garganta e nos intestinos. Daí disse- virulento inativo – vacina
Poliomielite Incerto. mina-se, por meio do sangue, para todo Salk –
o corpo – se atingir células nervosas, ele ou com vírus vivo ate-
as destrói, o que causa a paralisia e o nuado – vacina Sabin.
atrofiamento de certas partes do corpo.

Vacinação dos cães e


Juntamente com a saliva do animal, o ví-
Pela mordida de vacinação da pessoa
rus penetra através do ferimento, atingin-
Raiva animais infectados, mordida por cão desco-
do o sistema nervoso, onde se multiplica
normalmente cães. nhecido ou com suspei-
e causa danos irreparáveis.
ta de portar a doença.

O vírus penetra pela mucosa das vias Vacinação com vírus


Sarampo Pela saliva. respiratórias, entra na corrente sanguí- vivo de linhagem ate-
nea e atinge várias partes do corpo. nuada.

Pela transfusão de Fiscalização rigorosa de


sangue de pessoa bancos de sangue para
contaminada, uso de evitar distribuição de
Síndrome O vírus ataca os linfócitos, as células sangue contaminado,
da instrumentos cirúrgi-
responsáveis pela defesa imunitária do esterilização rigorosa dos
Imunodeficiência cos e seringas con-
Adquirida – organismo, o qual se torna incapaz de instrumentos cirúrgicos,
taminadas, pelo ato não reutilização de agulhas
SIDA ou Aids defender-se de infecções oportunistas.
sexual com parceiros e seringas, uso de
contaminados: oral, preservativo – camisinha –
anal e vaginal. no ato sexual.

O vírus penetra pelas mucosas das vias


Vacinação de vírus vivo
Contato com pes- respiratórias, espalha-se por meio da
com linhagem atenuada
Varíola soas e/ou objetos corrente sanguínea e instala-se na pele e – uma linhagem que
infectados. mucosa, onde causa as ulcerações que ataca o gado bovino.
caracterizam a doença.

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Reino Monera

A
tualmente, o reino Monera é dividido em dois grandes grupos: As bactérias e as
cianobactérias. Cianobactérias

Características dos Monera Bactérias

O reino Monera compreende seres unicelulares, procariontes, que possuem um DNA


circular, citoplasma, membrana plasmática, ribossomos e parede celular. Neste reino estão
incluídas bactérias e cianobactérias. São organismos microscópicos que podem viver de
forma isolada ou em colônias.

Cianobactérias
Até pouco tempo, as cianobactérias eram consideradas algas azuis ou cianofíceas.
Na classificação atual, devido ao grande número de características semelhantes às das
bactérias, elas foram agrupadas no reino Monera.
As cianobactérias são procariontes fotossintetizantes com variados tipos de pigmentos,
como a clorofila a (cor verde), carotenoides, ficocianina (cor azul), ficoeritrina (cor vermelha)
etc. São seres fotossintetizantes e armazenam diversos compostos orgânicos, como os
lipídios, proteínas e uma forma de amido semelhante ao glicogênio.
Na água, constituem o fitoplâncton, importante nas cadeias alimentares marinhas e na
produção de oxigênio.
As espécies terrestres são encontradas em locais úmidos ou associadas a fungos,
formando os liquens.
A reprodução é assexuada, geralmente por divisão binária (a maioria), por esporos (Nos-
toc e Anabaena) ou por fragmentação (cianobactérias filamentosas).
Importâncias: Além do papel alimentício – lactobacilos, fermentação de queijos, vi-
nhos e iogurte etc., e ecológico – decomposição, despoluição de rios, captação de ni-
trogênio em colônias presentes nas raízes de algumas plantas etc., os monera possuem
grande importância no que se refere à saúde do homem e de outros organismos, pois
algumas espécies são parasitas.
As cianobactérias podem produzir e eliminar, no meio em que vivem, substâncias tóxi-
cas que podem nos levar à morte.

Bactérias
O grupo das bactérias é considerado o mais antigo e abundante do planeta. A maioria desses
seres tem diâmetro variando de 0,2 a 1,5 micrômetro, e comprimento de 1 a 6 micrômetros.
As bactérias não possuem organelas membranosas em seu citoplasma, porém as fun-
ções destas são realizadas por outras estruturas originárias de dobras e projeções das pare-
des internas: Os mesossomos. Estes aumentam a superfície e facilitam a ação enzimática.

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De acordo com a sua forma, as bactérias recebem no- aliada e possui importante papel no equilíbrio da vida em
mes distintos. Os bacilos têm forma de bastão; os espirilos nosso planeta como, por exemplo, as bactérias respon-
são alongados e espiralados; os vibriões têm forma de sáveis pela decomposição, fotossíntese (cianobactérias),
vírgula e os cocos são esféricos. As bactérias são comu- vida em simbiose com outros organismos, fermentação e
mente lembradas pelas doenças que podem causar nos
outros feitos. Uma bactéria muito utilizada para estudos e
organismos, porém só a minoria das bactérias é nociva
à saúde. Uma grande parte desses organismos é nossa experiências é a Escherichia coli.

Esporos bacterianos Estreptocopos Diplococos

Cocos

Estafilococos

Espirilos
Bactéria flagelada Bacilos

Algumas bactérias são móveis graças aos flagelos que possuem. Diante de condições ambientais desfavoráveis, as bac-
térias, principalmente os bacilos, podem se proteger formando esporos resistentes a agentes físicos e químicos indesejáveis.
As bactérias podem se reproduzir por cissiparidade, em que ocorre a duplicação do DNA, crescimento da célula bacteriana
e posterior bipartição – a célula se divide em duas. Quando a bipartição não ocorre completamente formam-se as colônias.

Tipos de bactérias

Doença Agente Via de transmissão Observação


Ingestão de alimentos contami-
A doença não é causada pela bactéria –
Clostridium nados com a substância tóxica
Botulismo uma vez que ela não sobrevive no corpo –,
botulinum liberada pela bactéria; geralmente
mas pela toxina que produz.
alimentos enlatados.

Contaminação pela ingestão de O germe causa uma grave infecção intestinal,


Cólera
asiática
Vibrio cholerae água ou alimentos contaminados a qual pode transmitir a doença ao feto,
por fezes. no caso de gravidez.

Bordetella per- A doença afeta principalmente crianças, mas a


Coqueluche Inalação do ar contaminado.
tussis* vacinação oferece controle eficaz.

Contaminação pela ingestão de


Disenteria
Shigella água ou alimentos contaminados É a mais grave das infecções disentéricas.
bacilar
por fezes.

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Doença Agente Via de transmissão Observação


A pessoa pode, mesmo após o desapareci-
mento da doença, portar alguns germes, ou
Contaminação pela ingestão seja, tornar-se um portador crônico. Suas fezes
Febre
tifoide
Salmonella typhi de água ou alimentos oferecem, constantemente, o perigo de conta-
contaminados por fezes. minação da população. O controle da doença
reside na identificação e fiscalização
dos portadores crônicos.
Os agentes causadores são germes que, ha-
Clostridium novyi;
bitualmente, estão presentes no solo. Normal-
Gangrena Clostridium per- Contaminação acidental através de
gasosa
mente não são parasitas e só causam
fringes; Clostri- ferimentos profundos.
a doença quando penetram
dium septicum
acidentalmente um ferimento.
Contaminação pela ingestão Qualquer espécie de Salmonella pode causar
Gastroente-
rites
Salmonella de água ou alimentos um ou outro tipo de infecção, erroneamente
contaminados por fezes. chamada de intoxicação alimentar.
Neisseria É uma doença venérea – a mãe portadora pode
Gonorreia Contato sexual.
gonorrhoeae infectar o feto no parto.
Ingestão de alimentos contamina- Os sintomas são provocados pelas toxinas
Intoxicação Micrococcus
dos com as toxinas produzidas presentes nos alimentos
alimentar pyogenes aureus
pelo desenvolvimento bacteriano. contaminados, não pelas bactérias.
Meningite Neisseria Os vermes chegam às meninges – onde se
epidêmica
Inalação de ar contaminado.
meningitidis instalam – levados pela corrente sanguínea.
Streptococcus
pneumoniae ou
Pneunomia Inalação de ar contaminado. A infecção localiza-se nos pulmões.
Diplococcus
pneumoniae
Treponema Doença venérea – a mãe portadora pode trans-
Sífilis Contato sexual.
pallidum mitir a doença ao feto durante a gravidez.
Os agentes causadores são germes que, ha-
bitualmente, estão presentes no solo. Normal-
Contaminação acidental através de
Tétano Clostridium tetani mente não são parasitas e só causam
ferimentos profundos.
a doença quando penetram
acidentalmente um ferimento.
Os germes atacam, normalmente, os pulmões,
Mycobacterium mas podem localizar-se em outros órgãos,
Tuberculose Inalação de ar contaminado.
tuberculosis como meninges – membranas que envolvem o
cérebro –, ossos, nervo óptico etc.

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Reino Protista

É
Protozoários composto por animais unicelulares, microscópicos e representam os organismos
mais primitivos do reino animal. Reúnem muitos heterótrofos, daí o nome “animais
Algas primitivos”, e autótrofos facultativos, ou seja, que podem realizar fotossíntese em caso
de escassez ou falta de alimento no ambiente em que vivem.
Os seres vivos que formam o reino Protista são os protozoários e as algas.
Os protozoários são divididos em quatro grupos de acordo com o tipo, presença ou
ausência de estruturas locomotoras, bem como processos de reprodução e mecanismos
de nutrição. Os quatro grupos são:

Possuem um ou mais flagelos, podem emitir ou não


Flagelados pseudópodes, reproduzem-se exclusivamente de forma
assexuada e possuem vida livre ou podem ser parasitas.

Possuem pseudópodes, nunca apresentam flagelos,


Ameboides reproduzem-se de forma assexuada, por cissiparidade, e de
forma sexuada. A maioria é de vida livre.

Possuem cílios ou tentáculos suctórios, reproduzem-se de


Ciliados forma sexuada por conjugação e de forma assexuada com
variações e têm, na sua maioria, vida livre, sendo poucos
os exemplos de parasitas.

Não possuem organelas locomotoras, reproduzem-se de forma sexuada


Esporozoários
por fecundação e de forma assexuada por esporulação; são exclusivamen-
te parasitas.

Ameba Paramécio Hidra

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Muitos protozoários são causadores de doenças, e entre os mais importantes, no Brasil, estão:

Agente
Patologia Modo de transmissão Profilaxia
etiológico

Infecção do sangue provocada por um protozoário


A prevenção consiste no
Malária Plasmodium do gênero Plasmodium, transmitido ao ser humano
combate ao mosquito.
pelas fêmeas dos mosquitos do gênero Anopheles.

A transmissão se dá por meio do barbeiro, que vive


em frestas de paredes de casas de pau a pique ou
sapé. O barbeiro é um inseto de hábitos noturnos,
pica o rosto e suga o sangue das pessoas quando A prevenção consiste
Doença de Trypanosoma estas estão dormindo, deixando suas fezes no combate ao inseto e
Chagas cruzi infectadas no local da picada. Não é a picada do construção de casas
inseto que transmite a moléstia; ao coçar o local, de alvenaria.
as pessoas facilitam a entrada dos protozoários,
que se reproduzem e passam para a corrente
sanguínea, instalando-se no coração do doente.

O hospedeiro intermediário é o Phlebotomees inter-


medius (mosquito palha). Após a picada,
Leishmaniose
Leishmania as leishmanias desenvolvem-se no tecido Combate ao
ou Úlcera de
Bauru braziliensis conjuntivo subepidérmico, levando a lesões mosquito.
cutâneas; a ulceração se manifesta na mucosa do
nariz, boca, faringe e laringe, levando à morte.

Nos três casos anteriores, o meio de contaminação


é passivo, ou seja, o indivíduo ingere os cistos,
Nos três casos,higiene
Giardia lamblia presentes no ambiente, por falta de higiene.
pessoal, tratamento
(Giardia); Enta- O indivíduo com amebíase tem febre, dores
de doentes, cuidado
moeba histolytica abdominais, diarreia, anorexia e fraqueza. Os doen-
Giardíase com os alimentos,
(Amebíase); tes com giardíase têm irritações intestinais, diarreia
saneamento básico e
Balantidium coli seguida de cólicas intestinais, perda
tratamento da água.
(Balantidiose) de peso e muito sono. O indivíduo com balantidio-
se tem febre, disenteria, úlceras intestinais,
abscesso hepáticos, pulmonares e cerebrais.

Algas
As algas unicelulares são isoladas e raramente podem Importância: Ecologicamente, a importância das al-
ser encontradas em colônias. Autótrofas, contêm os pig- gas, por si só, já seria suficiente para destacar esse grupo
mentos clorofila, xantofila e caroteno, todos fotossintetizan- de seres vivos dos demais. Elas são o principal alimento nos
tes. Por serem fotossintetizantes, as algas são imprescindí- ambientes aquáticos por serem produtores, o que as torna
veis na produção de oxigênio nos ecossistemas. São a base as responsáveis por quase todo oxigênio respirável presen-
da cadeia alimentar aquática, e algumas espécies servem te na atmosfera. Na economia, elas também são impor-
de alimento. As algas têm também grande importância co- tantes, campo em que são utilizados seus produtos (e a
mercial, sendo utilizadas em estabilizadores de creme dental própria alga, como a ágar-ágar) como meio de cultura em
e na fabricação de papel. Fazem parte do fitoplâncton de laboratórios, como medicamentos (fucus e outras algas),
águas doces e salgadas ou vivem em terra úmida. Podem como abrasivos, filtros e ladrilhos refratários como alimentos,
ser divididas em Euglenófitas, Pirrófitas, Crisófitas, Clorófitas, e muito mais. Sua reprodução é do tipo haplobionte.
Feófitas e Rodófitas.

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Reino Fungi

O
s fungos são organismos eucariontes aclorofilados, heterótrofos, que se alimen-
Fungo tam por absorção. Por apresentarem características de vegetais (parede celulósi-
ca) e de animais (glicogênio como substância de reserva), foram agrupados em
Reprodução um reino à parte.
Encontrados comumente em ambientes aquáticos e terrestres úmidos, dispersam-se
pelo ar sob a forma de microscópicos esporos. Podem ser saprofíticos (decompositores),
simbiontes (liquens) e parasitas (micoses).
A reprodução dos fungos pode ser assexuada e sexuada, ambos os processos com for-
mação de esporos. Popularmente são conhecidos por bolores, mofos, fermentos, lêvedos,
orelhas-de-pau, trufas e cogumelos. Alguns fungos têm ação patogênica, provocando doen-
ças em plantas e animais, como a ferrugem no cafeeiro e a micose no homem e em alguns
animais, além de outras infecções das mucosas humanas (Candida albican, causadora das
candidíases, dentre elas a popularmente conhecida como sapinho).
Importância: Nos ecossistemas, com as bactérias, formam o conjunto dos decom-
positores responsáveis pelo ciclo da matéria, decompondo matéria orgânica morta de
origem animal e vegetal. Além disso, fungos unicelulares como os lêvedos são utilizados
no processo de fabricação de bebidas alcoólicas (Saccharomyces cerevisiae) e pão. Fun-
gos do gênero Penicillium são utilizados na produção de queijos e penicilina (antibiótico).
Fungo

Bolor negro do pão Hifas do bolor em


desenvolvimento
Germinação
dos esporos

Esporos
liberados
Esporêngio

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85

Reprodução

Reprodução Esporângios Esporos


assexuada Zigósporo
Hifa(n) germina e,
por meiose,
origina
núcleos
haplóides

Esporo
sofre
mitose
Zigósporo

Reprodução
sexuada
Hifa (+)

Hifas
Fecundação

Hifa (-) Gametângios

Liquens
São organismos formados a partir da associação de fun- alces. Além disso, representam um papel fundamental na
gos e algas verdes ou cianofíceas (algas azuis). As algas decomposição de rochas e no processo de formação dos
ou cianofíceas realizam a fotossíntese, fornecendo alimento solos, pois, juntamente com as bactérias, são os primei-
para o fungo, e este fornece água e proteção para as al- ros organismos a se fixarem, criando condições favoráveis
gas e cianofíceas. Têm ampla distribuição nos mais variados à ocupação por outros organismos, como as briófitas, por
ambientes e substratos de fixação, podendo ser encontra- exemplo. São sensíveis à poluição e sua presença indica ín-
dos em rochas, troncos de árvores e no solo. dices baixos de poluição. Seu desaparecimento pode estar
Importância: Os liquens são produtores das cadeias ligado ao aumento de poluição no local. Portanto, os liquens
alimentares em regiões subpolares e polares, é alimento são indicadores ecológicos.
para muitos herbívoros como, por exemplo, as renas e os

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Reino Metazoa ou Reino Animal

É
Invertebrados
composto por organismos eucariontes, heterótrofos, multicelulares. Os animais uti-
lizam para reprodução tanto a forma sexuada quanto a assexuada (clonal), sendo
Vertebrados que esta última pode ser por brotamento, fissão, fragmentação ou partenogênese. A
diversidade desse grupo é muito grande quando comparada aos outros. Podemos dividir o
Reino Animal em dois grupos, vertebrados e invertebrados. Os vertebrados possuem colu-
na vertebral, que faz parte de seu esqueleto interno. O esqueleto é formado pelos ossos e
cartilagens. Já os animais invertebrados não possuem coluna vertebral, podem não possuir
esqueleto, ou este pode estar localizado em cima da pele, como é o caso dos insetos.

Invertebrados Vertebrados ou cordados

Poríferos
Cnidários Peixes
Platelmintos Anfíbios
Nematelmintos Répteis
Moluscos Aves
Anelídeos Mamíferos
Artrópodes
Equinodermos

Invertebrados

Filos Características principais Classificação

Fixos, com poros, diblásticos,


Poríferos simetria radial ou assimétricos Calcária
sem órgãos, esqueleto com espículas, Hexactinélida
Esponjas células típicas: Dermospôngia
Coanócitos e pinacócitos.

Celenterados Pólipos e medusas, diblásticos,


ou Cnidários
células urticantes, simetria radial,
rede nervosa difusa; primeira vez que Hidrozoário
Água-viva ou aparece Cifozoário
medusa uma cavidade digestiva Antozoário
Anêmona e boca, sistema digestivo incompleto,
Caravela célula típica: Cnidoblasto.

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Filos Características principais Classificação


Primeiro grupo com massa de neurônios
Platelmintos em dois gânglios; sistema neural gan-
Turbelário
Planária glionar; vermes achatados com simetria
Tremetódio
Solitária bilateral; acelomados; primeiros metazoá-
Cestódio
Esquistossomo rios com sistema excretor;
excreção por células-flama.

Nematelmintos Digestão extracelular e trocas gasosas


por difusão; vermes cilíndricos; pseudo-
Lombrigas Anopla
celomados; sistema neural com um anel
Filária Enopla
nervoso e cordões nervosos;
Ancilóstomo excreção por túbulos laterais.
Anelídeos Primeiros com celoma: celomados;
Minhocas corpo vermiforme; Oligoqueta
Sanguessugas segmentação homônoma em forma de Poliqueta
Poliquetos mari- anéis; primeiro com sistema circulatório Hirudíneo
nhos fechado.

Moluscos Monoplacóforo
Corpo mole; Anfineuro
Caramujos massa muscular desenvolvida; Escafópode
Lesmas não segmentados: pé, massa visceral e Gastrópode
Polvo e Lula cabeça; com ou sem concha. Cefalópode
Ostra e Mariscos Pelecípode
Artrópodes
Onicóforos Exoesqueleto de quitina;
Onicóforo
Lacraia crescem por mudas ou ecdises;
Quilópode
Piolho-de-cobra excreção: tubos de Malpighi, glândulas
Diplópode
Camarão verdes ou glândulas coxais;
Crustáceo
Escorpião e ara- apêndices articulados;
Aracnídeo
nhas sistema neural ventral;
Insetos
Formigas e abe- respiração por traqueias.
lhas
Equinodermas
Todos são marinhos;
Lírio-do-mar simetria pentarradial; Crinoide
Estrelas-do-mar sistema ambulacrário: locomoção e respi- Asteroide
Ofiúros ou serpen- ração; com ou sem espinhos; Ofiuroide
tes-do-mar possuem 5 dentes calcários; Equinoide
Ouriço-do-mar e sistema neural circular em torno da boca, Holoturoide
Bolachas-de-praia de onde saem nervos radiais.
Pepino-do-mar
Cordados
Balanoglosso Hemicordado
Ascídia Urocordado
Anfioxo Cefalocordado
Notocorda presente (com exceção dos
Peixe-bruxa e Ciclostomado
hemicordados);
lampreia Condríctie
endas branquiais;
Tubarões Osteíctie
sistema neural dorsal;
Salmão Anfíbio
todos os sistemas presentes.
Sapos Réptil
Cobras Ave
Avestruz Mamífero
Vaca

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88

Verminoses
Os vermes são animais pertencentes a dois filos, Platelmintos e Nematelmintos. Nos dois grupos, encontram-se indiví-
duos de vida livre e parasitas, que causam doenças em vários outros grupos animais e vegetais.
Verminoses causadas por Platelmintos Verminoses causadas por Nematelmintos
As verminoses mais frequentes são: Esquistossomose As mais frequentes são: Amarelão ou opilação (Ancy-
(barriga d’água, causada pelo Schistosoma mansoni); te- lostoma duodenale; Necator americanus), ascaridíase (cau-
níase (causada pela tênia ou solitária – Taenia solium – do sada por lombrigas – Ascaris lumbricoides), enterobiose
porco e Taenia saginata – do boi), e cisticercose (causada ou oxiurose (Enterobius vermicularis), lariose ou elefantíase
pela Taenia solium). (Wuchereria bancrofti).

Agente Taenia solium e Agente


Ascaris lumbricoides
etiológico Taenia saginata etiológico

Definitivo: homem Hospedeiro Homem → ciclo monoxeno


Intermediários:
Hospedeiro
Taenia solium → porco
Formas
Taenia saginata → boi Ovo → larvas → vermes
evolutivas
adultos
do parasita
Formas evolutivas Ovo → cisticerco → verme
do parasita adulto
Forma
Ovo embrionado
Forma infectante Cisticerco infectante

Ingestão de carne com o


Mecanismo Ingestão de água ou alimentos
cisticerco: Mecanismo
de infecção contaminados pelos ovos:
Penetração passiva. de infecção
Penetração passiva.
Local do
Intestino Local do Tubo digestivo
parasitismo
parasitismo (intestino delgado).

Vertebrados
Répteis Aves Mamíferos

Eucariontes e pluricelulares

Epiderme impermeável
seca, pluriestratificada com
escamas epidérmicas, como
Epiderme pluriestratificada, Epiderme pluriestratificada
nas cobras e lagartos,
seca e sem glândulas, com com epiderme queratinizada
e placas córneas, como nos crocodilos
exceção da uropigiana, corpo e derme, com pelos,
e jacarés; nas tartarugas, se
coberto de penas, membros glândulas sudoríparas,
unem às placas ósseas
anteriores são asas e, como anexos mamárias e sebáceas,
formando a carapaça. Sem
do tegumento: Escamas córneas além de outros anexos como
glândulas e em muitos casos
nas patas, bico e garras. chifres, cornos e garras.
ocorrem mudas,com a
eliminação das camadas
superficiais da epiderme.

Interno e articulado. Interno e articulado.


Interno e articulado.
Cartilaginoso e ósseo, o Cartilaginoso e ósseo
Cartilaginoso e ósseo, há sete
esqueleto é totalmente (ossos pneumáticos). Os ossos
vértebras cervicais e cauda, com
ósseo e os músculos, são ocos e leves. O osso esterno
um número variável de vértebras.
bem desenvolvidos. está bem desenvolvido.

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89

Répteis Aves Mamíferos

Eucariontes e pluricelulares

Dupla e completa, com hemácias Dupla e completa. Os únicos com


Fechada, dupla e incompleta,
ovais e nucleadas. Coração hemácias anucleadas no sangue,
pois os dois ventrículos
com quatro cavidades, dois que vivem cerca de 120 dias e vão
não estão separados totalmente, com
átrios e dois ventrículos, sem para o baço, sendo produzidas
exceção dos jacarés e crocodilos.
comunicação entre estes. no interior dos ossos longos.

As trocas gasosas, independente


As trocas gasosas são realizadas
Todos, inclusive os aquáticos, realizam do hábitat do animal, são realizadas
por pulmões que não apresentam
suas trocas gasosas nos pulmões. As a nível de alvéolos pulmonares.
alvéolos, e sim capilares aéreos.
cobras e lagartos ápodes possuem Os movimentos respiratórios
Na base da traqueia encontra-se a
um dos pulmões atrofiados. Nestes são realizados pelo trabalho
siringe, órgão fonador.
não há diafragma, a respiração se do diafragma – músculo que
Nas aves canoras, a siringe
dá pelo movimento das costelas. divide o tórax e o abdome – e
é bem desenvolvida.
dos músculos intercostais.

Tubo digestivo completo, adaptado a


Tubo digestivo completo, com cloaca Tubo digestivo completo. O alimento
tipos distintos de alimentos. Presença
e glândulas venenosas. Alguns é ingerido pelo bico córneo.
de dentes (incisivos, caninos, pré-
possuem dentes (cobras, crocodilos A ausência de dentes nas aves
-molares e molares), alguns não
e jacarés), sendo que as cobras é compensada pela moela ou
possuem dentes – baleias e o
peçonhentas têm presas inoculadoras estômago mecânico, que tritura o
tamanduá. Possuem fígado, pâncreas
de veneno. Há glândulas salivares, alimento. Algumas com dilatação
e glândulas salivares (ausente nos
fígado e pâncreas, e o intestino do esôfago, o papo. Há um fígado,
aquáticos). Tubo digestivo termina no
termina na cloaca. Com exceção dos pâncreas e glândulas salivares,
ânus, não pela cloaca (com exceção
quelônios, todos são carnívoros. intestino termina em cloaca.
do ornitorrinco e da équidna).

Rins metanéfricos e o produto Metanefros e o produto


Metanefros e o produto de
de excreção é ácido úrico, não de excreção é a ureia, através
excreção é o ácido úrico.
possuem bexiga urinária. da uretra, bexiga e uretéres.

Cérebro mais desenvolvido que


O cérebro é mais desenvolvido
o dos anfíbios. Há terminações Bem desenvolvido, sendo
que o dos répteis, principalmente o
nervosas na pele; a audição o maior cérebro entre os vertebrados,
cerebelo, região que coordena os
(com ouvido interno e médio) e o com córtex, responsável pela
movimentos e o equilíbrio do corpo,
paladar são pouco desenvolvidos inteligência e memória. Doze pares
atendendo às manobras de voo.
em relação à visão e olfato. Doze de nervos cranianos.
Doze pares de nervos cranianos.
pares de nervos cranianos.

Dioicos. Quase todos são vivíparos,


Dioicos. Reprodução independente
Dioicos. O macho possui dois exceto o ornitorrinco e a équidna, que
da água. Os machos com hemipênis
testículos, de onde saem canais são ovíparos. O filhote se desenvolve
(órgão copulador inflável), que sai
deferentes, que desembocam na no útero, à custa de alimento retirado
da cloaca. Enquanto os peixes
cloaca; algumas espécies têm pênis. diretamente do sangue materno
e anfíbios apresentam somente
O aparelho feminino desenvolve- pela placenta, um anexo exclusivo
saco vitelínico, os répteis têm
se apenas no lado esquerdo. Os dessa classe. Os ornitorrincos e
três anexos: Âmnio, bolsa
óvulos recebem clara e casca équidnas não possuem mamilos, o
de água que o protege da
produzidas nas glândulas do leite das glândulas mamárias escorre
desidratação; alantoide, recebe
oviduto e são lançados para fora pela pele do abdome e é lambido
as excretas e retira o oxigênio do
pela cloaca. Ovos com casca e pelos filhotes. Nos marsupiais, os
ar; e o córion, que fornece uma
anexos embrionários. O período de filhotes nascem ainda prematuros
proteção adicional e colabora
incubação varia entre as espécies. e concluem seu desenvolvimento
com o alantoide na respiração.
no interior do marsúpio.

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Répteis Aves Mamíferos

Eucariontes e pluricelulares

Fecundação interna. Fecundação interna Fecundação interna

Desenvolvimento direto. Desenvolvimento direto. Desenvolvimento direto

Terrestres e alguns Terrestres, aquáticos e


Terrestres e aéreos.
com hábitos aquáticos. alados (morcego).

Contrações muscular (cobras), Asas de diferentes envergaduras Membrana interdigital nas espécies
membrana interdigital (quelônios e pés com duas a quatro falanges. aquáticas, membros com membrana
e crocodilianos aquáticos), pés Pernas de curtas a longas, de acordo nos morcegos e membros palmados,
colunares e plantares, quadrúpedes. como o comportamento, bípedes. quadrúpedes e bípedes.

Vida livre. Vida livre. Vida livre.

Troca de pele (não confundir com


Ossos pneumáticos. Fóssil mais Hemácias anucleadas. Os primeiros
exoesqueleto como nos insetos).
antigo de ave é o archaeopteryx. mamíferos podem ter se originado
Alguns são ovíparos, outros
Visão em cores, audição com ouvido antes das aves no triássico, de um
ovovivíparos (cobras e lagartos).
externo, médio e interno e equilíbrio grupo de répteis, os terápsidas.
Alguns dominaram a terra durante a
também são bem desenvolvidos. Os cuidados com a prole são os
era mesozoica, alguns chegaram a
As asas nas emas e avestruzes são maiores e mais duradouros de
ser enormes, como os dinossauros,
atrofiadas, e no pinguim elas são todos os vertebrados. Placenta
que se extinguiram no final dessa,
modificadas em forma de remo. e glândulas mamárias.
outros originaram aves e mamíferos.

Peixes Répteis

Aves Mamíferos

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Glossário Anticódon: Trinca de bases contida no RNA transportador


do aminoácido. O anticódon é complementar ao códon.
Abdome: Última porção do corpo de muitos animais.
Antocianina: Classe de pigmentos azuis, vermelhos e
Aborto: Expulsão de um embrião ou feto do útero antes de violeta das flores.
completar seu desenvolvimento.
Aorta: Artéria que leva sangue rico em oxigênio do coração
Ácido abscísico: Hormônio vegetal envolvido em dor- para o cérebro.
mência e resposta a estresse hídrico, por exemplo. Provoca
a queda da folha ou ramo. Artéria: Vaso sanguíneo que leva sangue do coração para
o corpo.
Ácido úrico: O principal produto nitrogenado final da ex-
creção de insetos, aves e répteis; um produto relativamente Arteriosclerose: Depósito de substâncias no interior das
insolúvel, pode ocorrer em mamíferos. artérias, que dificulta ou impede a circulação e ocasiona
problemas no coração.
Adaptação: Fenômeno de adequação das características
apresentadas por um organismo ao ambiente. Artrite: Inflamação das articulações.
Adiposo: Tecido que reserva gordura. Artrópode: Filo animal com animais com o corpo articulado.
Agnatha: Peixes sem mandíbulas. Ascósporo: Cápsula contendo esporos de fungos, fase
Agricultura orgânica: É aquela que não usa nenhum reprodutiva.
composto químico inorgânico em seu suporte e desenvolvi- ATP: Molécula de energia utilizada pela célula.
mento. Sem agrotóxicos e fertilizantes.
Auxina: Hormônio vegetal envolvido em vários aspectos
Aids: Síndrome da imunodeficiência adquirida. Causada de desenvolvimento e crescimento.
pelo HIV, deixa o indivíduo contaminado com deficiência em
seu sistema de defesa imunológica. Bentônico: É qualquer ser aquático que vive no fundo ou
que pouco se distancia deste.
Alantoide: Membrana extraembrionária de répteis, aves e
mamíferos. Bile: Suco digestivo produzido pelo fígado.
Albumina: Classe de proteína encontrada no tecido animal. Biocenose: Sinônimo de comunidade.
Alelo: Variação de um gene. Biogênese: Origem de um ser vivo a partir de outro.
Ambiência: Modernamente, o termo meio ambiente vem Biogeografia: O estudo da distribuição dos organismos
sendo substituído pelo termo ambiência. Ambiência é a re- no planeta Terra.
lação que existe entre a natureza (suscetível de poluição), o
homem (como núcleo familiar) e a estrutura política, social, Bioma: Biocenose em estágio clímax, com fisionomia rela-
cultural e econômica da sociedade. tivamente uniforme e persistente ao longo do tempo.
Ambiência horizontal: Ocupa toda a superfície da li- Biosfera: Conjunto de ecossistemas do planeta.
tosfera : zonas rural e urbana. Avança para os oceanos até Cadeia alimentar: Cada fragmento ou cada linha de
duzentas milhas náuticas. Também essa região pode ser
transferência em uma teia alimentar.
poluída pelo homem.
Câncer: Diversos tipos de doenças caracterizadas pela
Ambiência vertical: Atinge cerca de mil quilômetros acima
da litosfera e duzentos metros abaixo do nível médio dos ocea- divisão celular descontrolada.
nos e mares. Todo esse espaço pode ser poluído pelo homem. Carcinogênico: Substância como a nicotina, por exem-
Âmnio: Uma membrana extraembrionária que forma um plo, que causa o câncer ou acelera seu desenvolvimento.
saco fluídico que protege o embrião. Carioteca: Membrana que envolve o núcleo separando o
Androceu Porção masculina da flor, formada por estames. material genético do restante do citoplasma.
Anemia: Deficiência de hemoglobina ou glóbulos verme- Caroteno: Pigmento amarelo-alaranjado encontrado nas
lhos (hemácias). cenouras, mamões, batata-doce e outros, que pode ser
convertido em vitamina A pelo organismo.
Angiosperma: Grupo de plantas que possuem flores e
sementes no interior de frutos. Célula somática: Célula do corpo não envolvida com a
Anterídio: O gametângio masculino em certas plantas. reprodução sexual.

Antibiótico: Substância produzida por micro-organismos Circuncisão: Cirurgia de retirada do prepúcio.


que têm a capacidade de inibir o crescimento ou de destruir Cloaca: Cavidade característica de vertebrados menos
bactérias e outros organismos, por isso usado no tratamento derivados que recebe urina e produtos da digestão, além
de doenças infecciosas em humanos, animais e plantas. de servir como saída do sistema reprodutivo.

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Cóclea: A estrutura do ouvido interno dos mamíferos que Deuterostômio: Divisão de animais celomáticos que
contém receptores auditivos. incluem os equinodermatas e cordados, caracterizados
pela clivagem radial e desenvolvimento do ânus a partir
Códon: Trinca de bases contida no RNA mensageiro que do blastóporo.
determina um tipo específico de aminoácido que será adi-
cionado à cadeia polipeptídica a qual constituirá a proteína. Diapausa: Período de tempo de dormência ou de pupa, em
que a larva sofre metamorfose para transformar-se em adulto.
Colênquima: Células vegetais de sustentação.
Dicotiledônea: Angiospermas com sementes formadas
Comunidade: Conjunto de populações de diversas espé- por dois cotilédones.
cies que se relacionam.
Dimorfismo sexual: Diferenças em morfologia, colo-
Comunidade clímax: É a mais adequada às condições rações ou outras características entre os dois sexos da
do biótopo. É a comunidade amplamente desenvolvida e, mesma espécie.
teoricamente, em equilíbrio. Diploide: Organismo ou célula de constituição cromossô-
Comunidade pioneira: É a primeira que se forma em mica 2n.
um processo de ocupação de uma área desabitada, exem- DNA: Ácidos desoxirribonucléicos, constituídos por filamen-
plo: cianobactérias e liquens. to duplo em forma helicoidal.
Conífera: Um pinheiro (gimnosperma); possui formato de Doença autoimune: Doença na qual o corpo produz
cone. anticorpos contra suas próprias células ou tecidos.
Conservação: Usa a ambiência visando à sua melhoria Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST): Dife-
constante e à sua perpetuidade. rentes doenças que podem ser adquiridas pelo contato sexual.
Contracepção: Utilização de diferentes métodos para se Duodeno: Porção do sistema digestório, localizada após o
evitar a fecundação ou implantação do óvulo e consequente estômago, onde a bile é lançada.
gravidez. Ecdise: Troca de exoesqueleto, comum nos artrópodes.
Controle biológico: Controle de pragas sem o uso de Ecossistema: Sistema constituído pela biocenose e pelo
defensivos agrícolas (agrotóxicos). É realizado pela disse- ambiente físico (biótopo), com o qual interage.
minação de parasitos específicos e, mais raramente, com
Ecótono: Zona de transição entre duas biocenoses, rica
predadores de pragas agrícolas. Muitas vezes este é asso- em espécies de ambas.
ciado ao controle químico e físico.
Endosperma: Porção 3n das sementes das plantas com
Cordado: Filo de animais que possuem notocorda, uma substâncias nutritivas para o desenvolvimento do embrião
estrutura esquelética dorsal. em plântula.
Córion: Membrana extraembrionária em répteis, aves e Epiderme: Camada fina de células que recobre o corpo
mamíferos, nestes últimos ajudam na formação da placenta. de plantas e animais, com função de proteção.
Criacionismo: Ideia da origem de todos os organismos Epífita: Vegetais que se desenvolvem sobre outro vegetal,
vivos por criação divina e de forma imutável. usando este como suporte.
Cromossomo: Organização de cada filamento de DNA Esmegma: Substância que se acumula sob o prepúcio,
em estágio de condensação. podendo ocasionar infecções quando não se realiza higiene
diária e adequada nessa região.
Cruzamento teste: Cruzamento de um indivíduo com
fenótipo dominante com outro de fenótipo recessivo, a fim Especiação: Formação de uma espécie distinta a partir
de verificar o genótipo do dominante. de outra.
Espermatozoide: Célula reprodutiva masculina. Possui
Cutícula: Camada não celular que recobre as células e
motilidade própria por batimento de flagelo. Geralmente pro-
impede a perda de água.
duzidos em grande quantidade.
Decídua: Árvore ou conjunto que perde suas folhas no Estágio clímax: É a última fase de uma sucessão de séries.
outono, com rebrota na primavera.
Estrogênio: Hormônio sexual feminino produzido pelos
Degradação: Termo usado para indicar o grau de polui- ovários, que mantém as características secundárias femi-
ção de qualquer recurso natural. Porém, o termo mais ade- ninas, além do desenvolvimento, maturação e manutenção
quado seria deterioração. das estruturas e órgãos internos.
Deiscência: Fruto seco que se abre quando maduro libe- Etileno: Hormônio vegetal envolvido em vários aspectos
rando as sementes no ambiente. do desenvolvimento e crescimento vegetal.

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Eucarióticos: Organismos constituídos por células mais Haploide: Organismo ou célula contendo apenas meta-
complexas, com membranas internas, formando organelas de do lote cromossômico característico às células diploides
e núcleo diferenciado. dos organismos dessa espécie. Indivíduo ou célula n.
Eucromatina: Cromatina constituída por DNA em menor Hemoglobina: Substância presente no interior das hemá-
condensação e maior atividade de expressão gênica. cias que se liga aos gases respiratórios.
Euglenoide: Grupo de flagelados que possuem clorofila Hepático: Referente ao fígado.
e, por vezes, fotossintetizam.
Heterocromatina: Cromatina constituída por DNA mais
Eutrofização: Reprodução excessiva de algas em um condensado e com menor atividade de expressão gênica.
lago, devido ao excesso de nutrientes (nitrogênio e fósforo)
Heterozigoto: Indivíduo portador de alelos diferentes para
jogados na água, provenientes de lixo orgânico ou adubos
um dado gene, produzindo dois tipos de gametas.
químicos despejados pelo homem. As algas competem
com seres que vivem no lago. Hibridação: Cruzamento entre indivíduos de espécies di-
ferentes.
Exoesqueleto: Esqueleto externo.
Fenótipo: Característica apresentada pelo organismo em Hidrofilia: Atrai a água.
função da expressão dos genes e influência ambiental. Hidrofóbico: Repele a água.
Feromônio: Substância secretada por um indivíduo no Hifa: Um dos filamentos que compõem o micélio de
ambiente, que sinaliza algo para outros indivíduos da mes- um fungo.
ma espécie.
Hipotálamo: Parte do cérebro responsável pela tem-
Fertilização: A fusão dos gametas masculino e feminino. peratura corporal; regula a glândula pituitária, o sistema
Flagelo: Estrutura locomotora dos protozoários flagelados. autônomo, as respostas emocionais, o balanço de água
e o apetite.
Floema: Tecido vascular que conduz a seiva elaborada,
rica em glicose, das folhas para as raízes. Homozigoto: Indivíduo portador de alelos iguais para um
dado gene, produzindo gametas iguais.
Fosfolipídio: Molécula composta por uma cabeça fosfóri-
ca polar e uma calda bilipídica. Hormônios: Substância química produzida por uma glân-
dula ou célula especial, com atividade de promover altera-
Fóssil: Vestígio de organismo não mais vivente. ções ou desencadear reações em outras partes do corpo.
Gameta: Célula reprodutiva masculina ou feminina. Íris: Porção pigmentada do olho de um vertebrado.
Gametófito: O haploide, estágio produtor de gameta no Litosfera: Parte sólida, externa, que envolve as substân-
ciclo de vida de uma planta. cias líquidas e quentes do interior do planeta.
Gânglio: Massa de células nervosas encontradas no sis- Manto: Em moluscos, tecido que recobre a massa visceral
tema nervoso central. e que serve para formar a concha.
Gene: Segmento da molécula de DNA que é responsável Menarca: Primeira menstruação de uma mulher.
pela expressão de uma característica.
Meninge: As três membranas que envolvem o cérebro e
Genótipo: Constituição genética de um organismo. a medula espinhal: A dura-máter, a aracnoide e a pia-máter.
Germinação: O início do crescimento de sementes e Menstruação: Fenômeno de descamação do endo-
esporos. métrio com liberação de pequena quantidade de sangue.
Giberilina: Tecido vascular que conduz água e sais mine- Ocorre 14 dias após a ovulação, desde que o óvulo não
rais dissolvidos das raízes para as folhas. seja fecundado.
Glândula sebácea: Glândulas na pele que secreta sebo, Meristema: Uma área com processo mitótico, de cresci-
um material oleoso que lubrifica a superfície da pele. mento vegetal.
Glicoproteína: Associação entre uma proteína e uma Metástase: A passagem de uma doença, como o cân-
molécula de açúcar. cer, de um órgão para outro.
Glucagon: Hormônio pancreático que estimula a glicogenó- Mutações: Diversos tipos de alterações que podem ocor-
lise, a qual aumenta a concentração de glucose no sangue. rer no material genético, desde a alteração de uma única
base até a perda ou troca de partes do cromossomo.
Hábitat: Local característico onde são encontrados os in-
divíduos de certa população.

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Nectônico: São os seres que se deslocam ativamente no Reprodução sexuada: Forma de reprodução que envol-
meio aquático. ve dois indivíduos, onde há fusão de gametas ocasionando
diversidade genética.
Neodarwinismo: Teoria sintética da evolução. Associação
dos conhecimentos da genética às ideias evolucionistas. Ritmo circadiano: Ritmo interno que se aproxima a 24
horas; estes são seguidos por plantas, animais e alguns
Nicho ecológico: É o papel desempenhado pelos or-
ganismos de uma população em sua biocenose e no seu outros organismos.
ecossistema. RNA: Ácidos ribonucleicos, constituídos de filamento único.
Nível trófico: Cada elo da cadeia alimentar. Seleção natural: Fenômeno em que organismos menos
Nucleotídeo: Molécula composta por um ácido fosfórico, adaptados ao ambiente são eliminados da população, por
um açúcar e uma base nitrogenada. É o componente bási- baixa taxa de sobrevivência ou sucesso reprodutivo.
co dos ácidos nucleicos. Sêmen: Líquido viscoso que o organismo masculino libera
Organogênese: O desenvolvimento dos órgãos. na ejaculação. É constituído por substâncias secretadas por
glândulas como a próstata e vesícula seminal e contém os
Ovíparo: Que põe ovos. espermatozoides produzidos nos testículos.
Ovovivíparo: Tipo de desenvolvimento no qual os ovos Simbiose: Utilizada por alguns autores como sinônimo
são incubados dentro do corpo da mãe. de mutualismo e, por outros, como qualquer relação entre
Óvulo: Célula reprodutiva feminina. Geralmente rico em duas espécies.
citoplasma e com maior tamanho. Não tem motilidade pró-
Sucessão ecológica: É a sequência ordenada de modifica-
pria, sendo produzido em menor quantidade. Na espécie
humana, normalmente, há a liberação de um a cada perío- ções de uma biocenose, ou de substituição de uma por outra.
do fértil da mulher. Taxonomia: Parte da ciência que nomeia, descreve e
Palato: Porção horizontal que separa as cavidades nasal classifica organismos.
e oral. Teias alimentares: Transferência de matéria orgânica e
Papila: Pequena projeção ou elevação na língua. da energia nela contida de uma espécie a outra em uma
biocenose.
Plâncton: Micro-organismos encontrados na superfície da
água, que flutuam nas águas dos oceanos, rios e lagos. Testosterona: Hormônio esteroide sexual masculino se-
São a base das cadeias alimentares aquáticas. cretado pelos testículos.
Planctônico: Que vive na zona eufótica, região mais ilumi- Tradução: Processo de síntese de proteínas, aminoácido
nada dos biomas aquáticos. por aminoácido, seguindo o código informado pelo RNA.
Poluição: Qualquer tipo de transformação física, química ou Transcrição: Processo de síntese de uma molécula de
biológica – causada por atividade humana –, que sofre um RNA a partir do código do DNA.
recurso natural. Pode ser nociva à saúde do homem, à socie-
dade, aos animais ou aos recursos naturais renováveis. Unidade de espécie: Um organismo sozinho.
População: Conjunto de organismos da mesma espécie Unidade ecológica: Conjunto de organismos mais am-
que convivem em certa região em determinado período, biente (ambiência).
com ocorrência de reprodução sexuada e troca de genes.
Ureia: O principal composto nitrogenado excretado por ma-
Prepúcio: Pele que recobre a glande. míferos, um dos produtos finais do metabolismo de proteínas.
Preservação: É deixar a ambiência como ela se encontra: Vertebrado: Cordados que possuem coluna vertebral:
se poluída, continuará assim; se inexplorada, não será tocada. peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Procarióticos: Organismos constituídos por célula sim- Vesícula: Compartimento de uma membrana de forma cir-
ples, não apresentando organelas ou membranas internas. cular sem citoplasma.
Sem núcleo diferenciado.
Vitamina: Composto orgânico necessário em pequenas
Recombinação gênica: Troca recíproca entre partes quantidades para o funcionamento metabólico normal de
dos cromossomos de um mesmo par. um organismo, usualmente age como uma coenzima.
Reflorestamento: Reposição integral de uma floresta Vivíparo: Filhotes que se desenvolvem dentro do corpo
destruída, buscando suas características originais – o que,
na prática, é muito difícil. da mãe.

Replicação: Processo de duplicação da molécula de DNA. Xilema: Tecido vascular que conduz água e sais minerais
dissolvidos das raízes para as folhas.
Reprodução assexuada: Forma de reprodução sem
encontro de gametas, por divisão binária, fragmentação e Zigoto: Célula 2n que resulta da união de gametas em reprodu-
brotamento. ção sexual.

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Questões d) Sacos e vesículas achatadas, formadas por mem-


brana dupla em que a interna, cheia de grânulos,
1. As células que sintetizam grandes quantidades de emite para o interior prolongamentos em forma de
proteína apresentam nucléolo bastante desenvolvido. dobras.
Por quê? e) Membranas lisas delimitando vesículas e sacos
achatados, que se dispõem paralelamente.
2. (UNICAMP) Uma droga qualquer de efeito tóxico
(fenobarbital, por exemplo, que é um sedativo usado 5. De que maneira a célula age em relação à água oxi-
como medicamento) foi fornecida a ratos adultos por 5 genada, produto tóxico resultante da atividade celular?
dias consecutivos. O retículo endoplasmático (RE) de
hepatócitos (células do fígado), analisado durante 12
6. Quais são os quatro fatores básicos que determinam o
dias, apresentou os seguintes resultados:
tamanho de uma população?
Superfície de RE
(m2/100g de tecido)

40
7. Qual é a importância da resistência ambiental no cres-
cimento populacional?
30

8. Em uma comunidade, o predador pode ser regulador


20
quando:
10 a) Contribui para diminuir a densidade da população
de presas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Dias b) Determina a extinção das presas.
Dias de Dias após transcorridos
tratamento tratamento c) Contribui para a manutenção da densidade popula-
cional das presas.
O que sugerem os resultados obtidos? Por quê?
d) Mantém e contribui para elevar a taxa de densidade
populacional.
3. (UF-PA) Sobre as funções dos tipos de retículo endo-
e) Influi na progressiva extinção das presas.
plasmático, pode-se afirmar que:
a) O rugoso está relacionado com o processo de sín-
tese de esteroides. 9. O primeiro organismo transgênico foi obtido em 1981,
quando genes de coelho foram injetados em ovos de
b) O liso tem como função a síntese de proteínas. camundongos que se desenvolveram no útero de fê-
c) O liso é responsável pela formação do acrossomo meas dessa espécie. Os camundongos nascidos des-
ses ovos apresentaram hemoglobina de coelho em
dos espermatozoides.
suas hemácias porque:
d) 0 rugoso está ligado à síntese de proteína;
a) DNA do coelho injetado no ovo se incorporou a um
e) 0 liso é responsável pela síntese de poliolosídios. cromossomo e passou a conduzir a síntese de pro-
teínas nessa célula.

4. (UF-CE) O aspecto comum do Complexo de Golgi, b) RNA mensageiro do coelho injetado no ovo passou
a conduzir a síntese de proteínas nessa célula.
em células animais, deduzindo através de observações
ao microscópio eletrônico, é de: c) DNA do coelho injetado no ovo foi transcrito para o
RNA ribossômico que conduziu a síntese de proteí-
a) Vesículas formadas por dupla membrana, sendo nas nessa célula.
a interna sem granulações e com dobras voltadas
para o interior. d) DNA do coelho injetado no ovo se incorporou a
um cromossomo e foi transmitido de célula a célula
b) Membranas granulosas delimitando vesículas e sa- através de mitoses.
cos achatados, que dispõem paralelamente.
e) RNA mensageiro do coelho injetado no ovo se in-
c) Um complexo de membranas formando tubos anas- corporou a um cromossomo e foi transmitido de
tomosados, com dilatações em forma de disco. célula a célula através de mitoses.

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96

Gabarito 5. Os peroxissomos produzem a calatase, enzima que


transforma a água oxigenada em água e oxigênio.
1. Porque o nucléolo forma o RNA ribossômico, consti- 6. Taxas de natalidade, mortalidade, imigração e
tuinte fundamental dos ribossomos. emigração
2. Devido à sua função na destoxificação celular, o RE so- 7. Fator regulador do tamanho populacional.
fre hipertrofia. 8. c
3. d 9. d
4. e

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Roteiro de Estudos
BIOLOGIA
DIVISÃO CELULAR: MITOSE E MEIOSE

Diferenças entre mitose e meiose

Mitose Meiose

Há somente uma divisão celular. Ocorrem duas divisões celulares.

Não há separação dos cromossomos homólogos.


Ocorre separação dos cromossomos homólogos.

Separação das cromátides irmãs somente na anáfase da


Separação das cromátides irmãs na anáfase.
2a divisão.

Ocorrência de eventuais recombinações entre os A ocorrência da recombinação é importante por promover


cromossomos pode causar danos genéticos e originar diversidade genética entre as células-filhas (gametas)
doenças como o câncer. originadas.

Origina duas células-filhas idênticas à célula-mãe e As quatro células-filhas originadas são haploides e
igualmente entre si. diferentes geneticamente entre si.

TAXONOMIA: CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS


Espécies semelhantes agrupadas em gênero > gênero semelhantes agrupados em família
> famílias agrupadas em ordem > ordens agrupadas em classe > classes agrupadas em filo
> filos agrupados em Reino.
FUNGI
• Saprofítico
• Simbionte
REINOS •

Parasita
Liquen

MONERA
• Cianobactéria METAPHYTA (PLANTAS)
• Bactéria • Fanerógamas
• Criptógramas
PROTISTA
• Protozoários METAZOA (ANIMAIS)
• Algas • Vertebrados
• Invertebrados

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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FÍSICA

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Introdução

O
estudo da Física no mundo moderno e sua evolução propiciam muitos inven- Princípio da
tos que chegam até nós como facilidades do século XXI. O livro apresenta alavanca
temáticas de forma contextualizada para que você se prepare para concursos,
vestibulares e Enem, e entenda o funcionamento de máquinas que cotidianamente Posição e
facilitam a vida. velocidade média

Derivada, integral
Um homem contra um exército e aceleração
Por volta do ano 100 a.C., Roma era a maior potência militar da Terra. Estava em
guerra contra Cartago, destinada a vencer, com a destruição total da potência rival, e Movimento
iniciar uma série de conquistas militares que a levariam à formação do maior império que uniforme
o mundo já conheceu. Qualquer nação que tentou resistir ao poderio romano foi destruí-
Unidades de
da totalmente. E agora esse poderio havia sido lançado contra Siracusa, para castigar
medida
a pequena cidade grega por ter sido aliada de primeira hora dos cartagineses de Aníbal
Barca. Os habitantes de Siracusa, embora vivendo em solo italiano, eram gregos. As Leis de Newton
Os gregos criaram quase tudo que existe de admirável em nossa civilização. Foram
os maiores guerreiros de todos os tempos, os inventores dos esportes, da matemática,
do teatro e das artes cênicas. Atualmente, palavras relacionadas com arte, ciência e
tecnologia têm nomes gregos: Poesia, música, harmonia, arquitetura, telefone, xérox,
pedagogia, física, biologia, química etc. Todas essas coisas têm nomes gregos porque
começaram entre os gregos, que se distinguiram tanto pelas armas quanto pela inteligên-
cia e criatividade, conforme disse Camões.
Muitos adolescentes e jovens, interessados em aventuras, batalhas e guerras, gostariam
de saber qual seria o resultado de um encontro militar entre os invencíveis romanos e os

Alguns historiadores da ciência duvidam que Arquimedes realmente tenha construído sua arma
mais famosa, os espelhos ardentes. Para que os espelhos funcionassem, Arquimedes teria de alinhá-
-los com meio grau de precisão e há quem diga que ele não teria sido capaz de efetuar os cálculos
necessários para isso. Entretanto, a negação da existência dos espelhos não resiste a uma análise
cuidadosa. Quem leu os tratados de Arquimedes sobre engenharia naval e métodos de cálculos en-
tende que ele teria sido capaz de alinhar os espelhos. Além disso, se ele não construiu essa arma, de
onde os historiadores antigos tiraram a ideia da sua existência? Em todo caso, vejamos o que diz um
dos defensores da inexistência dos espelhos:
"[...] em 214 a.C., o general Marcelo cercou Siracusa. Arquimedes [...] garantiu a defesa da cida-
de e historiadores contam que, para destruir as galerias inimigas, ele concebeu e utilizou espelhos
ardentes. Esse relato, aceito inicialmente com desconfiança, tornou-se [...] objeto de vivas contesta-
ções.” (Thuilie, 1994).
Alguns cientistas tomaram uma posição intermediária no debate, afirmando que os espelhos te-
riam funcionado com um alinhamento imperfeito apenas porque os navios romanos eram vedados
com piche, material altamente inflável. Esse fato, porém, não tira o brilhantismo da ideia.

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104

bravos guerreiros gregos. De fato, as proezas militares dos Os romanos jamais enfrentaram os gregos. Admiravam de
gregos tornaram-se lendárias. Quem não se lembra dos 300 tal forma as realizações deles que se declararam protetores da
de Esparta, o pequeno grupo de guerreiros que, sob a lide- Grécia e adotaram os seus costumes. Os generais, impera-
rança do rei Leônidas, bloqueou o exército persa de 300 mil dores e estadistas de Roma falavam grego, estudavam com
homens por cinco dias, para que seus compatriotas pudes- professores gregos, e passavam as férias em Atenas.
sem celebrar os Jogos Olímpicos? Porém, no ano 100 a.C., o mundo presenciou um ata-
Todos os 300 guerreiros morreram, juntamente com seu que romano contra Siracusa, uma cidade grega, uma co-
rei, mas os persas não entraram na Grécia antes do término lônia fraca e desprotegida, pouco afeita a proezas militares.
dos Jogos Olímpicos e, quando entraram, já tinham perdido Seus cidadãos não eram guerreiros e estavam apavorados
20 mil homens. E agora que os jogos sagrados estavam ter- diante da aproximação da esquadra romana, com seus
minados, todos os gregos podiam pegar em armas (durante navios cheios de soldados impiedosos. Não havia solda-
os jogos, pegar em armas era crime, cuja punição podia ser dos em Siracusa para enfrentar as legiões romanas. A ci-
a morte), e o rei persa teria que enfrentar não 300 homens, dade seria simplesmente destruída, milhares de pessoas
mas 20 mil. No desfiladeiro de Termópilas, quando enfrentou seriam massacradas, e os sobreviventes, escravizados.
os 300 de Esparta, havia mil persas para cada grego. Agora Realmente, teríamos presenciado não uma batalha épica,
havia um grego para cada 15 persas. O resultado da batalha mas um simples massacre daqueles que os romanos es-
de Plateia, quando 20 mil gregos enfrentaram 300 mil per- tavam acostumados a fazer com mínima perda de homens
sas, foi a derrota total da Pérsia. e material. Entretanto, um dos habitantes de Siracusa era
Todo jovem que ama aventura, esportes e jogos compu- Arquimedes, o primeiro físico da história. Por isso, a huma-
tacionais de simulação de batalhas e de conquista imperial, nidade pôde assistir ao embate da inteligência grega contra
também já ouviu falar da batalha de Maratona, quando 4 as legiões romanas.
mil gregos de Atenas enfrentaram 100 mil persas e vence- Diz a lenda que, quando os navios romanos se aproxi-
ram.Você também deve lembrar de que, depois da vitória maram das muralhas de Siracusa, Arquimedes utilizou espe-
na batalha de Maratona, o corredor Pheidípedes foi avisar lhos distribuídos sobre um paraboloide para concentrar os
as mulheres atenienses que os gregos haviam derrotado o raios do sol contra os navios romanos.
inimigo. Tendo lutado um dia inteiro, Pheidípedes correu 42 Neste material, você vai aprender como um espelho em
quilômetros para levar a mensagem tranquilizadora. Mas o forma de parábola pode concentrar os raios do sol para
esforço foi demasiado para o soldado cansado e ferido. Ele atingir temperaturas altíssimas, capazes de queimar um
só conseguiu dizer: Vencemos! E morreu. navio, ou aquecer uma fornalha. No caso da batalha de
Em honra a ele, em todos os Jogos Olímpicos, a dis- Siracusa, os navios romanos foram incendiados pelos raios
tância de 42 quilômetros é percorrida novamente, em uma do sol concentrados pela arma do cientista grego que é
prova que não poderia ter outro nome: Maratona. Que considerado o primeiro físico.
interessante seria presenciar um encontro militar entre os Veja a imagem a seguir, esta é uma fornalha que usa os
gregos e os romanos! Quem venceria? A força física, a co- raios do sol para atingir temperaturas altíssimas.
ragem, o heroísmo dos gregos? Ou a organização, o treino
militar, e a disciplina dos romanos?

Fornalha solar.

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105

Essa fornalha tem a mesma configuração de espelhos


que, segundo os historiadores, foi utilizada por Arquimedes.
Depois de perder vários navios e soldados, vítimas de quei-
maduras graves, o general Marcelo, comandante dos ro-
manos, decidiu atacar à noite. Mas, para o azar de Marce-
lo, Arquimedes havia descoberto, alguns anos antes, como
multiplicar a força de um homem dezenas de vezes. Essa
descoberta de Arquimedes recebe o nome de princípio
da alavanca, e você vai aprender como ela funciona. Para
resumir, o princípio da alavanca permitiu a construção de
uma arma chamada garra de Arquimedes. Essa arma era
um braço robótico que, acionado por um punhado de ho-
mens dentro das muralhas de Siracusa, levantava os navios
romanos que se aproximavam das muralhas e os lançava Gangorra de Arquimedes.
contra as rochas, estraçalhando-os.
Arquimedes descobriu que alavancas e gangorras obe-
decem à seguinte lei:

d1 F1 = d2 . F2

Nesta formula, imagine que eu aumente o tamanho de


d2. Neste caso, posso usar uma força F2 menor para equi-
librar d1 · F1. Em outras palavras, o sábio de Siracusa po-
dia trocar distância por multiplicação de força. Ele também
percebeu que havia várias maneiras de fazer a troca. Por
exemplo, a imagem a seguir mostra uma arma em que o
soldado puxa uma alavanca que está presa por uma das
extremidades, conhecida como Palintonon.

Garra de Arquimedes.

Princípio da alavanca
Uma das armas que Arquimedes usou contra os romanos é
conhecida como garra de Arquimedes. Essa arma consiste em
uma garra que levantava o navio romano que tentasse se apro-
ximar das muralhas de Siracusa e o lançava contra a superfície
das águas ou contra as rochas, despedaçando-o. Arquimedes
descobriu um modo de multiplicar a força de homens e bois, e
o utilizou para operar a garra. A força multiplicada permitia que o
navio fosse levantado da superfície do mar.
Para construir sua garra, Arquimedes notou que, em uma
gangorra, uma pessoa mais leve, distante do apoio, pode
balançar uma pessoa mais pesada, porém mais próxima do
ponto de apoio. O sábio grego usou essa observação para
mover grandes pesos. Por exemplo, se ele quisesse levantar
uma enorme pedra, bastaria usar uma alavanca em forma de
gangorra. A pessoa que aplica a força ficaria distante do ponto
de apoio, e a pedra ficaria próxima dele.
Então, bastaria uma pequena força para que a pedra fos-
se movimentada.
Arquimedes descobriu que alavancas e gangorras obede-
cem à seguinte lei: Palintonon.

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106

Arquimedes ficou tão orgulhoso dessa descoberta que


pronunciou uma de suas frases famosas: “Dê-me um ponto
de apoio e uma alavanca e eu moverei o mundo”.
Essa afirmação foi feita muito antes da guerra contra
os romanos, quando ele ainda era era jovem. O rei na
época, Hieron, tinha grande admiração por Arquimedes,
mas não gostava de afirmações levianas. Por isso, cha-
mou Arquimedes e disse-lhe: “Meu rapaz, você anda di-
zendo por aí que é capaz de mover um peso tão grande
quanto a Terra. Não lhe peço tanto. Tenho um navio enca-
lhado na parte sul desta ilha. Quero ver se você consegue
arrastá-lo de volta para o mar”.
Parece que Arquimedes está em uma enrascada, não
Esquema de polias.
é mesmo? Alavancas servem para levantar objetos, mas
não para arrastá-los! Por outro lado, seria muito perigoso Os romanos acabaram vencendo a guerra contra Si-
decepcionar o rei. Arquimedes tinha de inventar um modo racusa, mas levaram três anos para penetrar em uma ci-
de trocar distância por uma força capaz de arrastar o navio. dade protegida por um único homem. E foram tomados
Vejamos como ele fez isso. de tamanha admiração pelos gregos que trataram bem os
vencidos, colocando Siracusa sob sua proteção. Cem anos
depois, o cônsul romano Cícero, uma espécie de presidente
da República romana, visitou a cidade, procurou o túmulo
de Arquimedes e mandou restaurá-lo. Esse mesmo Cícero
defendeu os habitantes de Siracusa contra um governante
corrupto que havia roubado várias obras de arte da cidade.

A Ciência grega é redescoberta


Após a queda do Império Romano, a Europa mergulhou
no que os historiadores chamam de Idade das trevas. Os
ESFORÇO
europeus esqueceram-se dos gregos, de sua Ciência, dos
CORRESPONDENTE esportes que, entre os gregos, mantinham a saúde do cor-
A 100 kg
po, da Filosofia, de tudo que fez a grandeza da civilização
grega. Evidentemente, na idade das trevas, a Física também
foi esquecida. Mas a parte oriental do Império Romano, na
região de Bizâncio, demorou muito mais a cair. Com impe-
radores gregos, essa região do Império sobreviveu durante
toda a Idade das trevas. Os gregos bizantinos ainda cultua-
vam a língua grega, embora tenham se esquecido da ciência
Polia composta. e da matemática de seus antepassados. De qualquer forma,
os bizantinos conservaram o conhecimento da língua grega
e preservaram os livros dos sábios do passado.
Observe na imagem que a corda está duplicada entre as Contudo, chegou um tempo em que os bizantinos fo-
duas polias, se você puxar a ponta solta por uma distância ram conquistados pelos turcos otomanos, e sua capital,
2 x D, as polias se aproximam de uma distância D. Como Constantinopla, caiu nas mãos dos inimigos. Com a queda
você está dando uma distância duas vezes maior do que a de Constantinopla, eruditos que conservavam os livros gre-
aproximação das polias, você obtém uma força duas vezes gos fugiram para Veneza, uma cidade italiana.
maior. Nesse caso, se o objeto sendo erguido tivesse 200 kg, Em Veneza, um homem chamado Aldus Manutius entu-
a força necessária seria para erguê-lo seria de 100 kg. siasmou-se de tal maneira pelos livros gregos, que apren-
Arquimedes descobriu como arrastar o navio. Ele deve- deu a língua grega, tomou os fugitivos sob sua proteção,
ria criar uma configuração de polias de modo que as cordas e publicou os livros dos cientistas, matemáticos e filósofos
ficassem dobradas várias vezes. Observe, na imagem, o es- gregos. Os europeus haviam recuperado a ciência grega.
quema de polias que é usado para multiplicar a força. Na Idade das trevas, os europeus eram muito mais atrasa-
Note que a corda é dobrada múltiplas vezes entre as dos do que vários outros povos, como chineses e árabes.
polias; com isso, obtém-se uma força muito maior. Em tempo Mas, com os livros gregos que Aldus Manutius começou a
de paz, essa multiplicação de força foi usada, inicialmente, publicar, a Europa tornou-se senhora do mundo.
para arrastar o navio de Hieron e também para mover grandes No caso da Física, vários cientistas aprenderam o que
pesos. Durante a guerra contra os romanos, as polias de os gregos tinham a ensinar e avançaram ainda mais o co-
Arquimedes foram utilizadas para mover as terríveis garras que nhecimento que receberam. Entre esses cientistas, estava
destroçavam os navios inimigos. Isaac Newton.

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Espaço (S) e variação de espaço (ΔS)


O espaço (ou posição) indica um local na trajetória onde
podemos encontrar um corpo. A variação de espaço é,
por definição, a diferença entre uma posição e outra que o
corpo tinha anteriormente.
Assim como a Geografia utiliza os pontos cardeais (nor-
te, sul etc.) e latitude e longitude para indicar alguma posi-
ção, a Física costuma trabalhar com a matemática e, por
isso, adota um sentido como positivo em uma trajetória.
Considere duas cidades, A e B, situadas próximas a
uma rodovia, como sugere a imagem:

+
Newton aprende grego e latim
s (km)
Latim clássico, um idioma que teve suas origens entre
os romanos, é talvez a língua mais difícil que existe. Ela é
estudada até hoje em todas as boas universidades do mun-
do, e há quem passe a vida toda tentando aprendê-la. Esse
idioma é, realmente, muito difícil. Mas depois da idade das A 10
trevas, na Europa, as pessoas gostavam de aprender latim
e, dessa forma, mostrar sua superioridade intelectual.
Um jovem inglês, chamado Isaac Newton, conseguiu -10
aprender latim tão bem que chegou a escrever um livro nesse 0
idioma. O título do livro: Philosophiae Naturalis Principia Mathe-
matica. Mas a inteligência de Newton era tão privilegiada que
ele não se contentou em escrever um livro em latim. Ele es-
creveu um livro em que avançou os conhecimentos de Física Costumamos adotar, arbitrariamente, um ponto O como
dos gregos a tal ponto que se tornou conhecido como o pai origem da trajetória e escolhemos um sentido como positi-
da Física moderna. Mas, antes de discutirmos o trabalho de vo. Assim, as abscissas possuem valores positivos a partir
Newton, vamos aprender alguns conceitos básicos de Física. de 0 em relação ao sentido adotado como positivo, e va-
lores negativos de 0 para o sentido oposto. Dessa forma,
Posição e velocidade média apesar de as cidades A e B distarem 10 km da origem,
A Física utiliza conceitos e definições que são diferentes podemos concluir que SA = − 10 km e SB = 10 km, ou
daqueles que costumamos usar no nosso cotidiano, como seja, as cidades não coincidem.
os de movimento e repouso. Pela definição de variação de espaço: ΔS = S – S0. Por
Suponha que você e um amigo estão sentados, um ao exemplo: Um móvel que vai de A para B sofreu uma variação
lado do outro, em uma viagem de ônibus que está passan- de espaço dada por: ΔS = SB – SA = 10 – (−10) = 20 km.
do por um posto da Polícia Federal. É claro que o ônibus Porém, um móvel que vai de B para A tem sua variação de
se move em relação ao posto e que você está parado (em espaço dada por: ΔS = SA − SB = − 10 – 10 = − 20 km.
repouso) em relação ao seu amigo. Mas e o posto policial? O sinal negativo indica que o móvel se deslocou no sentido
Ele está em movimento ou em repouso? decrescente dos espaços.
A resposta para essa pergunta é: Depende do referencial. Pela definição, se a posição inicial coincidir com a posição
Note que no texto sempre aparece o termo “em rela- final, a variação de espaço será nula para aquela trajetória. Ou
ção”, ou seja, os conceitos de movimento e repouso são seja, se um móvel vai de A para B e retorna ao ponto A, então:
relativos, dependem do referencial. ΔS = SA − SA = − 10 – (−10) = 0.
Por definição, dizemos que um corpo está em movimen- Para a Física, a distância percorrida é diferente de varia-
to quando sua posição varia no decorrer do tempo em rela- ção de espaço. Nesse último exemplo, a variação de espa-
ção a um referencial, e um corpo está em repouso quando ço é nula, porém a distância percorrida é de 20 km.
sua posição não varia em relação a um referencial.
Voltando à viagem de ônibus, de acordo com a defini-
ção, você está em repouso em relação ao seu amigo e am-
bos estão em movimento em relação ao posto policial, que
também está em movimento em relação ao ônibus, pois
a posição do posto varia em relação ao ônibus, enquanto
este se move em relação à estrada.

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108

Você, com certeza, sabe o que é velocidade. Por exem- A expressão ∆s deve ser lida como: Delta s,e indica a di-
plo, quando dizemos que um carro está se movendo a 80 ferença entre a posição final e a posição inicial. ∆ é uma letra
km/h, queremos dizer que ele percorre 80 quilomêtros em do alfabeto grego que indica variação. Os cientistas usam
uma hora. E se um carro leva duas horas para percorrer letras e palavras gregas em seus estudos, em homenagem
uma distância de 150 km, dizemos que sua velocidade mé- aos gregos por terem criado o método científico de estudar
dia é de: a natureza. A propósito, a palavra Física é grega e significa
coisas naturais; que é aquilo que estuda.
Vm = 150 km = 75 km/h.
2h Agora, você vai dar uma atividade para os guardas fa-
zerem, a fim de avaliar se eles prestaram atenção em suas
lições: Um carro passa pelo guarda postado no quilômetro
40 ao meio-dia em ponto. Duas horas depois, esse carro
Essa velocidade do carro no percurso é uma velocidade passa pelo guarda postado no quilômetro 200. Examinando
média, pois o carro pode ter se movido mais lentamente a fórmula 1, responda:
no início da viagem, devido ao tráfego na saída da cidade
de partida. Na parte central do percurso, ele pode ter cor- 1. Quanto valem so e s1?
rido mais, talvez até ultrapassado a velocidade permitida na
pista. Porém, ao notar a presença de radares, o motorista 2. Quanto valem t0 e t1?
deve ter desacelerado o veículo.
Entretanto, na média, a velocidade do carro foi realmen- Se o guarda respondeu que s0 = 40, s1 = 200, t0 = 12
te 75 km/h, em duas horas. Vamos imaginar que a pista e t1 = 14, ele respondeu ao primeiro quesito do exercício. A
que o carro está percorrendo tenha marcas de quilome- velocidade média é dada por:
tragem. Vamos supor também que, no quilômetro 50, um
guarda rodoviário perceba que o motorista esteja correndo Vm = 200 – 40 = 160 = 80 km/h.
muito. Então ele telefona para outro guarda, postado no 14 – 12 2
quilômetro 200, e informa que o motorista do carro de placa
EMC 2222 passou pelo quilômetro 50 às 2 horas da tarde.
O segundo guarda nota que o carro passou pelo quilôme-
tro 200 às 3 horas e meia da tarde. Então, a velocidade média
Para calcular velocidades, você utilizou distâncias e inter-
do carro entre o quilômetro 50 e o quilômetro 200 é dada por:
valos de tempo. No caso de carros, distâncias são medidas
Vm = 200km - 50km = 150km = 100km/h. em quilômetros (km). Intervalos de tempo são medidos em
3,5h -2h 1,5h horas. Em várias situações, contudo, medem-se distâncias
em m (metros) e tempo em s (segundos). Neste caso, a
velocidade será dada em m/s (metros por segundo). Nas
fórmulas, indique sempre as unidades, dividindo uma pela
As marcas de quilometragem fornecem a distância entre outra da mesma forma que você divide as correspondentes
a posição do marco até um ponto de referência. Por exem- quantidades.
plo, o quilômetro 50 pode ser a distância entre um marco
na via Anhanguera até a entrada da cidade de Campinas. Conversão de unidades
Esse ponto de referência é chamado de origem. Suponha Vamos imaginar que você queira saber (em m/s) qual
que uma turma de guardas rodoviários esteja recebendo a velocidade de um carro correndo a 80 km/h. Você sabe
treinamento de como calcular a velocidade média de mo- que um quilômetro tem 1.000 metros, e uma hora tem
toristas, usando o método que acabamos de discutir. Você 3.600 segundos. Então, basta substituir, em 80 km/h, as
vai explicar para os guardas, seus alunos, que s0 é a posi- ocorrências de km por 1.000 m e as ocorrências de h por
ção inicial do carro, ou seja, s0 é a distância entre o lugar em 3.600 s. Assim:
que está o primeiro guarda e a origem (entrada da cidade
de Campinas). No caso do exemplo, s0 = 50 km. Seja s1
a posição em que está o segundo guarda; no exemplo,
s1 = 200 km.
Vm = 80 = km = 80 1.000m = 22,2 m .
Finalmente, seja t0 a hora marcada pelo relógio no mo- h 3.600s s
mento em que o carro passa pelo primeiro guarda, e t1
o momento em que o carro passa pelo segundo guarda.
Neste caso, a velocidade média é dada pela fórmula:
Como vimos no cálculo anterior, para transformar km/h
1. V m = s 1– s 0 = Δ s para m/s basta dividir por 3,6 e para passar de m/s para
t1 – t0 Δt km/h basta multiplicar por 3,6. Por exemplo, uma velocida-
de de 72 km/h equivale a 20 m/s.

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109

Para isso, ele usou dois eixos perpendiculares: Em um dos


eixos, ele marcava a posição e, no outro, o tempo. Por essa
km 1 m razão, esses dois eixos perpendiculares são chamados hoje
1 = de “sistema cartesiano de coordenadas”. Vamos ver como
h 3,6 s marcar a velocidade de um objeto móvel em um sistema car-
tesiano. Sabemos que, para t = 2 (instante 2), a posição do
objeto móvel é 4m. Então traçamos uma reta pontilhada que
começa em t = 2 no eixo dos tempos e é paralela ao eixo das
posições. Em seguida, traçamos uma reta que começa em
: 3,6 s(t) = 4 no eixo das posições e segue paralela ao eixo dos
tempos. No local em que as duas retas se cruzam, marca-
mos um ponto. Esse ponto representa a posição do objeto
móvel no instante t = 2. Veja a imagem a seguir.
km/h m/s
X 3,6

Equação horária
Vamos representar a posição de um objeto móvel pela
letra s (primeira letra da palavra latina spatium, que significa es-
paço, posição, lugar). Em um corpo móvel, a posição depen-
de do tempo, ou seja, conforme o tempo passa, a posição Posições observadas em função do tempo.
pode mudar. Essa dependência é expressa por uma entidade
matemática chamada função e é representada por s(t), ou Ao traçar vários pontos que representam posições em
seja, s é uma variável que depende do tempo. diferentes instantes obtemos um gráfico como mostrado a
Vamos supor agora que um guarda que andava logo atrás seguir.
de você anotou a posição de seu carro, em função tempo, e
colocou esses dados numa tabela como apresentada a seguir.

Posição observada em função do tempo


Instante (s) Posição (m)
0 0
1 1
2 4
3 9
4 16
5 25
Gráfico de posição em função do tempo.

Vamos supor que queiramos usar esse gráfico para en-


Pela tabela, vemos que no instante t = 3s seu carro estava
contrar a posição do objeto móvel no instante t = 4s.
na posição s = 9m; no instante t = 5s seu carro estava na po-
A partir de t = 4s, no eixo do tempo, traçamos uma reta
sição s = 25m. Essa dependência do espaço com o tempo paralela ao eixo das posições até que essa reta encontre
pode ser representada por uma equação horária. o gráfico. Então, partindo do ponto em que a reta encontra
O filósofo francês René Descartes gostava de escrever em o gráfico, traçamos uma outra reta, desta vez paralela ao
latim e até mudou o seu nome para Cartesius; ele descobriu eixo dos tempos. Onde essa reta paralela ao eixo do tempo
um modo de representar uma equação horária s(t) na forma encontra o eixo das posições, você pode ler a posição que
de gráfico. o objeto móvel ocupa no instante t = 4s.

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110

Velocidade instantânea Esse valor limite para o qual tende a velocidade média
quando h tende a 0 é abreviado assim:
O supervisor dos guardas que você está treinando
chamou-os com uma reprimenda. Parece que um carro
cuja velocidade lhes pareceu dentro dos limites permitidos ds(t)
ultrapassou um carro da polícia de Limeira. Como a via- dt
tura policial estava a 120 km/h, o carro estava correndo
demais. Como os guardas não notaram isso? A hipótese E chama-se derivada de s(t) em relação a t. Então, re-
mais provável, sugeriu um dos guardas, é que o carro fez sumindo, temos:
parte do percurso em altas velocidades, desacelerando ao
se aproximar do segundo posto de fiscalização. Precisa- ds(t) = lim s ( t + h ) - s (t)
mos, então, calcular a velocidade instantânea do carro, ou dt h → 0 h
seja, a velocidade em um dado instante. Se a velocidade
instantânea ultrapassar os 120 km/h permitidos na rodovia, Os físicos dizem que a velocidade instantânea v(t) é igual
ele deve ser multado, não importa qual seja sua velocidade à derivada de s(t) em relação a t, que por sua vez é o limite
média. Antes de resolver o problema de achar a velocidade da velocidade média quando h (o intervalo de tempo) tende
instantânea de um ponto material, vamos ver como achar a 0. Tudo isso é escrito assim:
a velocidade média entre dois instantes, conhecendo a
equação horária. Suponhamos que o objeto móvel passe
pela posição s(t) no instante t, e pela posição s(t + h) no V (t) = ds(t) = hlim s ( t + h ) - s (t)
dt →0 h
instante t + h.
Então, pela equação 1, a velocidade média entre as po-
sições s(t + h) e s(t) é dada por: A equação 2 está dizendo que, para encontrar a veloci-
dade instantânea, devo dividir a distância s(t+h) – s(t) entre
duas posições muito próximas s(t+h) e s(t) pelo tempo h,
s ( t + h) − s ( t ) s ( t + h) − s ( t ) que o objeto móvel leva para percorrer a referida distância.
Vm = =
t +h− t h Isso faz sentido, não faz? Se o intervalo h entre os instan-
tes t + h e t for muito pequeno, vou obter a velocidade no
Nesta equação, h é o tempo transcorrido entre o ins- instante t.
tante em que o objeto móvel passa pela posição s(t) e o Agora, vamos ver como calcular a derivada de uma
instante em que passa por s(t + h). Pois bem, velocidade equação horária bem simples, a saber, s(t) = t2. A depen-
instantânea é o valor limite para o qual a velocidade média dência do espaço com o quadrado do tempo caracteriza
tende se h for se tornando cada vez menor. No caso do o movimento uniformemente acelerado. Então, temos que:
carro em excesso de velocidade, os dois guardas cal-
culariam a velocidade instantânea se ficassem cada vez s (t + h) = (t + h)2 = (t + h) · (t + h) = t2 + 2ht + h2
mais próximos um do outro. Neste caso, a diferença de
tempo h entre os cronômetros dos guardas tenderia a 0. s (t + h) – s (t) = t2 + 2ht + h2 – t2 = 2ht + h2 .
Os matemáticos dizem que a velocidade instantânea é Neste caso, s (t + h) – s (t) = t2 + 2ht + h2 – t2 = 2ht + h2.
o limite para o qual tende a velocidade média quando o Então:
intervalo de tempo h tende a 0, já que a velocidade média
é dada por: ds ( t ) s ( t + h) − s ( t )
V (t) = = lim =
dt h→ 0 h
2ht + h2
s ( t + h) − s ( t ) = lim = lim (2t + h) = 2t
Vm = h→ 0 h h→ 0
h

Os matemáticos escrevem limite da velocidade média A expressão: lim (2t + h) significa que queremos o limite
h→ 0
quando h tende a 0 da seguinte forma: de h tendendo a zero de (2t + h). Ora, quando h tende a
zero, essa expressão se torna 2t. Então a velocidade instan-
tânea da equação horária s(t) = t² é dada por:
s ( t + h) − s ( t )
V ( t ) = lim
h→ 0 h
ds ( t )
V (t) = = 2t
dt

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111

Em geral, a derivada de uma expressão do tipo atn é Ora, pela fórmula 3, temos que:
dada por:
ds 0 t 0
= s0 . 0 . t-1 = 0
dt
3. dat n
= ant (n−1)
dt Logo, a derivada de s0 = 0. Usando novamente a fór-
mula 3, e lembrando-se de que t = t1, podemos encontrar
a derivada de v0 x t, a saber:
CURIOSIDADES
dv 0 t1
= v0 . 1 . 1 = v 0
A derivada dt

De um ponto de vista geométrico, o conceito de 1


derivada está relacionado com o de tangência. A Finalmente, vamos encontrar a derivada de: γ t 2
Temos que: 2
noção de tangência é importante na vida diária,
todos desenvolvemos uma considerável intuição
a respeito. Ao nos apossarmos do conceito de 1 dt 2 1
derivada, estaremos em condições de dar maior γ = ⋅ γ ⋅ 2 ⋅ t2 = γ t
2 dt 2
precisão a esse nosso entendimento informal.
Do ponto de vista da dinâmica, a velocidade es- Logo, a velocidade instantânea do objeto móvel em um
calar (instantânea) é uma derivada. A aceleração instante t é dada por:
também é. Nestes dois últimos casos vê-se a de-
rivada como taxa de variação. Isto é, a medida da
evolução de uma grandeza quando uma outra, da ds 0 + v 0 t + 0,5γ t 2
v (t) = = v0 + γ t
qual ela depende, varia. A velocidade, por exem- dt
plo, é a taxa de variação do espaço com relação
ao tempo.
Placido Zoega Taboas CURIOSIDADES

Resumo
A derivada em relação ao tempo da equação horária for-
nece a velocidade instantânea:

ds ( t )
V (t) =
dt

Atividade

Qual a velocidade instantânea em função do tempo com


que um objeto móvel viaja se a equação horária é dada por:

1 Quando um atleta como Usain Bolt, considerado o


s ( t ) = s 0 + v 0 t + γ t2
2 homem mais rápido do mundo, corre a prova dos
100 metros rasos em um tempo de 9,58 segundos
(o atual recorde mundial), significa que a velocida-
onde s0, v0 e γ são constantes? de média dele foi 10,44 m/s ou 37,58 km/h. Con-
A velocidade instantânea é dada por: tudo, quando observamos a prova, vemos que, no
início, a velocidade do atleta é menor, e depois ela
vai aumentando até próximo da metade para en-
ds ( t ) dt 1 dt 2 tão diminuir um pouco no final. No caso de Usain
= v0 + γ Bolt, quando estabeleceu o recorde mundial (9,58
dt dt 2 dt segundos), ele chegou a atingir 43,9 km/h no meio
da prova.
Note que s0 = s0 t0

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112

Integral Sejam V0 e V as velocidades escalares instantâneas de


um móvel, respectivamente nos instantes de tempo to e t.
Se um físico tem uma função que fornece a posição do Assim:
objeto móvel em relação ao tempo e acha a sua derivada, ele
obtém a velocidade instantânea. A integral é uma operação que • ΔV = V – V0 é a variação da velocidade escalar
é o inverso da derivada. Portanto, se o físico tem a equação da instantânea;
velocidade e a integral, recupera a equação da posição. Seja, • Δt = t – t0 é o intervalo de tempo gasto para
por exemplo, a função v(t) = tn, que dá a velocidade de um o móvel, a partir V0 atingir a velocidade V.
ponto material (objeto móvel tão pequenino que pode ser consi- A aceleração escalar média é definida pela razão entre a
derado um ponto); vamos encontrar a função s(t), que forneça a variação da velocidade escalar instantânea e o correspon-
posição em relação ao tempo. Sabemos que: dente intervalo de tempo:

ds ( t )
4. = v ( t ) = tn
dt
A integral da velocidade é representada assim:

5. s ( t ) = ∫ v ( t ) dt No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade


de medida de velocidade é o metro por segundo (m/s) e
Consideremos que a integral da velocidade v(t) = tn seja dada por: a unidade de tempo é o segundo (s). Assim, a unidade de
medida de aceleração no SI é a razão entre o m/s e o s,
s ( t ) = ∫ v ( t ) dt = ∫ t n dt = at n+1 + c representada como m/s² (metro por segundo ao quadrado).
Fisicamente, qualquer variação no valor da velocidade
Mas já dissemos que a integral é o inverso da derivada. Logo, pode ser representada pela aceleração escalar, inclusive a
frenagem.
ds  t  d d n
  v  t  dt   t dt 

d at n1  c  v  t  tn
No exemplo da motocicleta, temos:
dt dt dt dt • V0 = 0;

d at n1  c   v  t   tn
• V = 72 km/h, que dividindo por 3,6 equivale a
V = 20 m/s;
dt
dt n1 dt 0 • ∆t = 5 s.
a c  v  t   tn
dt dt A integral da velocidade fornece a posição:
a n  1 t n11  c  0  t 0 1  a n  1 tn  v  t   tn
1 t n 1 6. s ( t ) = ∫ v ( t ) dt
portanto a   t dt 
n
n 1 n1
A derivada da posição fornece a velocidade:
Aceleração
Aceleração média ds ( t )
7. v (t) =
Considere uma motocicleta que vai do repouso (V = 0) dt
até atingir a velocidade de 72 km/h em 4 segundos. A velo-
cidade da motocicleta alterou-se, portanto há uma grandeza
física que chamamos de aceleração, uma medida da rapidez
com que a velocidade varia.

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113

A integral da aceleração fornece a velocidade. A acele- Significados da integral


ração fornece a taxa de variação da velocidade por unidade
de tempo e é representada pela letra grega γ. Conhecendo Observe o gráfico a seguir.
a aceleração, eis como encontrar a velocidade: 30

25
8. v ( t ) = ∫ γ ( t ) dt

20 R1 R2 R3 R4 x(y) = x2
A derivada da velocidade fornece a aceleração:
15

ds ( t )
9. γ (t) = 10
dt

5
Integrais de potências

0
t n +1 0 1 2 3 4 5 6
∫ t dt = n + 1 + v
n
10. x
Gráfico da função y(x) = x2.
γ
∫ γ t dt = c + 2 t
2
11. Como calcular a área debaixo da curva?
y ( x ) = x2
12. ∫v 0 dt = c + v 0 t

Entre as abscissas x = 2 e x = 4?
Observe que a fórmula 11 é apenas um caso particular im- Seja F ( x ) = ∫ γ ( x ) dx.Neste caso, a área é dada por F(4) –
portante da fórmula 10. O mesmo acontece com a fórmula 12.
F(2) e pode ser representada assim:
Derivadas de potências:

dt n
13. = nt n−1 4 x 3 4 43 23 64 − 8 56
dt Área = ∫ x 2 dx = = − = =
2 3 2 3 3 3 3
dt 2 Lembre-se que a integral fornece a área sob uma curva
14. = 2t e de que a integral da velocidade fornece a posição.
dt
dt dt1 Atividade
15. = = 1⋅ t1−1 = 1
dt dt Suponha que o examinador lhe dê um gráfico da veloci-
dade em função do tempo e lhe peça a posição do móvel
dc dt 0
16. =c = c ⋅ 0 ⋅ t 0 −1 = 0 no instante 15s. Como você efetuará esse cálculo? Basta
dt dt encontrar a área debaixo da curva da velocidade. No pre-
sente caso, essa área é a soma da área de um retângulo
As fórmulas 14, 15 e 16 são casos particulares de 13. de 10 × 15 e de um triângulo cuja base é de 15 s – 5 s =
10 s e cuja altura é de 30m/s – 10m/s = 20m/s.

Gráfico de velocidade em função do tempo.

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114

A área desse triângulo é de 0,5 ×10s × 20 m/s = 100m. Movimento uniformemente acelerado
Por outro lado, a área do retângulo é de 10m/s × 15s =
150m. A área total é de 250m. Portanto, transcorridos 15s, O movimento é acelerado quando a velocidade muda
o objeto móvel estará a 250m da origem. com o tempo. A taxa de mudança é chamada aceleração.
Outra maneira de resolver a atividade é escrever a equa- Seja um movimento com velocidade variável v ( t ) = v 0 + γ t
ção da velocidade em função do tempo e integrá-la. Entre os ,onde v0 é a velocidade inicial. Então, γ é a aceleração. As
instantes 5s e 15s, a velocidade é dada por: v(t) = 2t posições desse tipo de objeto móvel em diferentes instantes
Vejamos se essa equação é realmente válida. No instante são dadas pela fórmula:
5s, a equação diz que a velocidade é igual a:
1
17. s ( t ) = ∫ v ( t ) = ∫ v 0 + γ tdt = s 0 + v 0 t + γ t 2
2
v ( 5 ) = 2 ⋅ 5 = 10m/s
onde s0 é a posição inicial.

Dando uma olhada no gráfico, vemos que isto é, realmen- PESQUISE MAIS
te, verdade. No instante t = 15s, a equação fornece 30m/s
para a velocidade, o que confere com o gráfico. Logo, a Tacógrafo é um instrumento destinado a registrar
equação está correta. Vamos, então, calcular quanto o obje- movimentos ou velocidades.
to móvel percorre entre os instantes t = 5s e t = 15s: É um registrador instantâneo e inalterável de velo-
cidade, tempo e distância, que grava as informa-
ções em discos diagrama.
15 Por meio desses dados é possível obter infor-
Área = ∫ 2t dt = t 2 15
5 = 225 − 25 = 200m
5 mações tais como cumprimento de roteiros de
viagem, itinerários, horários de saída e chegada,
Agora, falta calcular quanto o corpo percorre entre os ins- respeito aos limites de velocidade, tempos de con-
dução e descanso, paradas não programadas e
tantes t = 0s e t = 5s. Neste caso, a velocidade é constante,
muitas outras.
e vale 10m/s. Então a distância percorrida é dada por:
A monitoração contínua do tempo de operação,
distância percorrida e velocidades desenvolvidas
5
permite uma avaliação detalhada da viagem ao fi-
Área = ∫ 10t = 10t 5
0 = 50 − 0 = 50m . nal de cada período.
0

E a distância percorrida total é igual a 250m, o mesmo


resultado de antes, como deveríamos esperar. Por que usar integrais e derivadas?
É relativamente fácil aprender integração e derivação.
Movimento uniforme Afinal, não é muito difícil aprender as fórmulas 13 e 10, que
O movimento uniforme tem velocidade constante. Por fornecem as derivadas e as integrais de potência. E, saben-
exemplo, um ponto material que sempre se move com ve- do essas fórmulas, você praticamente consegue resolver
locidade de 4m/s exibe um movimento uniforme. todos os problemas de Física.
Seja um ponto que se move uniformemente com ve- Ao utilizar o conceito de integração, é possível obter a
locidade v0. Neste caso, a posição do ponto é dada pela fórmula 17, que fornece a posição de um corpo móvel em
fórmula: movimento acelerado.
Usando derivadas, você consegue definir de manei-
s ( t ) = ∫ v 0 dt = v 0 t + s 0 , ra mais precisa conceitos como aceleração e velocidade
onde s0 fornece a posição inicial do ponto. Note que, se instantânea.
você derivar a posição, recupera a velocidade constante.
De fato:

ds  t  dv 0 t s 0
  v0  0  v0 .
dt dt

A derivada de s0 é 0, conforme a equação 16, e a deri-


vada de v0t é v0 pela equação 15.

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115

Unidades de medida Observe também que a aceleração é dada por:


O sistema de medida mais popular entre os físicos se cha- dv ( t )
y (t) =
ma MKS, pois mede distância em metros, massa em qui- dt
logramas e tempo em segundos. Ao escrever uma fórmula Ora, a unidade de dv(t) é m/s (unidade de velocidade) e
física, você deve se acostumar a incluir as unidades. Aliás, um a unidade de dt é s(segundo).
bom método de saber se a fórmula está certa é verificar se o
resultado tem as unidades corretas. Por exemplo, você sabe
que velocidade se mede em m/s e que distância se mede Resumindo as funções horárias
em m? Função horária de um movimento é uma relação matemá-
Considere o cálculo da distância percorrida entre os ins- tica entre grandezas escalares cinemáticas (Espaço, Velocida-
tantes t = 5s e t = 15s por um objeto móvel. A velocidade de e Aceleração) e o respectivo instante de tempo:
desse objeto é dada pelo último gráfico da página 108. Disse-
mos que a distância percorrida é igual à área da curva da ve- S = f(t), V = f(t) e γ = f(t).
locidade entre os instantes considerados. No caso, devemos Movimento uniforme
somar a área do triângulo cuja base tem 15s – 5s = 10s e
No movimento uniforme, a função horária dos espaços é
cuja altura tem 20m/s com a área do retângulo que fica abaixo
dela. Esta área não é bem área, pois deve ser medida em m, de primeiro grau:
que é unidade de distância. Veja como esta área é calculada,
usando e simplificando as unidades apropriadas:
V = ∆ S = S - S0 , fazendo t = 0, vem: o
∆t t - t0

0,5 ⋅ 10s ⋅ 20
m m
= 0,5 ⋅ 10 ⋅ 20 ⋅ s = 100m V = S - S0 S = S0 + V × t
s s t

em que as constantes do movimento são S0, que é a posição


Note que a unidade final simplificou-se para m (me- inicial (Posição em t = 0), e V, a velocidade escalar.
tros). Devemos somar a área do retângulo de lado igual a Trabalhar com uma função horária significa obter resulta-
15s – 5s = 10s e altura igual a 30m/s – 10m/s = 20m/s, ou seja, dos totalmente previsíveis. Dado um instante de tempo, po-
demos determinar a posição do móvel; ou, dada a posição
m do móvel, somos capazes de determinar o instante de tempo
10s ⋅ 10 = 100m correspondente.
s
Gráfico da função horária
Novamente, a unidade do deslocamento é m. O resultado Como a função horária é de primeiro grau (expoente de
final é a soma das duas áreas, ou seja, 200m. "t" é igual a um), todos os seus pontos estarão sobre uma
O método de incluir a unidade na fórmula também é útil mesma reta.
quando queremos efetuar mudanças de unidade. Por exem- Se o movimento for progressivo (V > 0), a função será cres-
plo, se tenho a velocidade em km/h, como obtenho m/s? cente com o tempo, e se o movimento for retrógrado (V < 0),
Seja 90 km/h a velocidade de um carro. Temos: a função será decrescente com o tempo.
Movimento progressivo V > 0: Movimento retrógrado V < 0:
km
v = 90 S(m) S(m)
h
S0

Mas 1 km = 1.000m e uma hora tem 3.600s. Substituindo S0


0 t(s)
km por 1.000m e h por 3.600s, temos: 0 t(s)

Vale salientar que a inclinação da reta é uma medida da


100
m velocidade escalar, de tal forma que:
km 1000m
v  90  90  4  25m/s
h 3.600s s Movimento progressivo: V = +tgθ Movimento retrógrado: V = –tgθ
S(m) S(m)

}
S S0
Cateto oposto

Cateto oposto

}
θ
S0 θ t
}

Cateto adjacente 0 t(s)


Cateto adjacente
S
0 t t(s)

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116

Função horária dos espaços calcular áreas. Então, ele resolveu não utilizar integrais em
A função horária dos espaços pode ser determinada pela seu famoso livro que, conforme você já sabe, foi escrito
área sob a curva: em latim. Ele também não usou fórmulas no livro. Sabe por
quê? Simplesmente porque cientistas gregos não utilizavam
V(m/s) fórmulas, eles expressavam os problemas por meio de fi-
guras geométricas. Se os gregos não usavam fórmulas,
Newton decidiu não usar também, para mostrar que ele
V
conseguiria fazer tudo que um grego fazia, ou seja, resolver
problemas difíceis sem usar fórmulas ou integrais.
Os gregos começavam seus livros fornecendo uma sé-
rie de definições, em que descreviam alguns objetos de es-
V0 tudo. Em seguida, eles listavam alguns axiomas, afirmações
que o leitor deve aceitar sem prova. Por exemplo, Euclides,
que dizem ter sido professor de Arquimedes, começa seu
famoso livro com várias definições, incluindo as seguintes:
0 t t(s)

1. Um ponto é um objeto que não tem partes.


Assim, pela área do trapézio: , temos: 2. Linha é um objeto que só tem comprimento.
3. Linha reta é uma linha que se estende niveladamente entre
seus pontos.

Depois de aproximadamente 20 definições, Euclides lista


seus famosos cinco axiomas, dos quais apresentamos os
três primeiros:

Gráficos da função S = f(t) 1. Dados dois pontos distintos, posso ligá-los por uma linha reta.
2. Dado um segmento de reta, posso estendê-lo.
Veja os gráficos a seguir:
3. Dado um ponto e um segmento de reta, sempre posso traçar
uma circunferência cujo centro seja o ponto dado e cujo raio
seja o segmento de reta.

Usando as definições e os axiomas, um cientista grego


demonstrava tudo o mais. Assim, Euclides demonstra que a
soma dos ângulos internos de um triângulo é sempre igual a
180º e que, em um triângulo retângulo de lados A, B e C, em
que o ângulo reto fica entre os lados A e B, temos a relação:

a 2 + b2 = c 2
Observe que o vértice da parábola indica o instante e a
posição em que o móvel muda de sentido, ou seja, o movi-
mento passa de progressivo para retrógrado ou vice-versa.
As leis de Newton
Newton foi considerado pelos ingleses o maior cientista
que já existiu, colocando-o acima de Arquimedes. Talvez
Newton seja considerado o maior herói da Inglaterra e foi
venerado como tal ainda em vida. Essa relação é o famoso Teorema de Pitágoras. Newton
Uma das descobertas de Newton foi o cálculo de inte- mudou seu nome para latim, passou a assinar Isaacus
grais, que facilitou muito a vida dos estudantes de Física. Newtonus. Com esse estranho nome, ele escreveu e assu-
Mas aqui temos um fato interessante. Arquimedes já havia miu a autoria de seu livro, cujo título, em latim, era Philosophiae
descoberto o cálculo de integrais, porém Newton não sabia Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos da Fi-
disto. Ele achava que Arquimedes não usava integrais para losofia Natural).

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117

O livro de Newton começa com um poema escrito por Definitio I


Edmund Halley, que, usando as descobertas de Newton, cal-
culou a órbita do Cometa Halley. Adivinhe em que língua Halley Quantitas materiae est mensura ejusdem orta ex illius
escreveu o poema? Acertou! Foi em latim mesmo. Segue tra- densitate et magnitudine conjunctim. (Quantidade de ma-
duzida uma parte do referido poema: téria é a sua medida, que se origina do tamanho e da
densidade conjuntamente).
Neste livro estão as regras Essa foi a definição de massa. A massa de um corpo
que regem o firmamento. depende de seu tamanho (quanto maior o corpo, mais
Eis os cálculos de Deus! massa ele tem) e de sua densidade. Um corpo pouco
Eis as leis a que o Criador denso, como um pedaço de isopor, tem menos massa
obedeceu quando fez, do que um corpo mais denso de mesmo tamanho, como
as fundações do universo. um pedaço de chumbo. A unidade de massa é medida
Aqui tu vais descobrir em kg (quilograma). A densidade é medida em kg/m3 (qui-
por onde caminha a Lua, logramas por metro cúbico). Newton não colocou a fór-
segredo que esta deusa mula da densidade porque gregos não usavam fórmulas,
nunca revela a ninguém. logo Newton também não usou fórmulas. Apesar disso,
E também aprenderás vamos definir densidade por meio da fórmula a seguir:
como e por que ela faz
dos céus refluir o mar,
massa
desnudando alvas areias, densidade =
traiçoeiras para nautas. volume

Definitio II
PESQUISE MAIS Quantitas motus est mensura ejusdem ortaex velocitate
et quantitate materiae conjunctim. (Quantidade de movimen-
to é a sua medida, originada conjuntamente da velocidade e
O livro Opticks, de Newton, publicado em 1704, tra-
ta da teoria da luz e cor e das investigações da
da quantidade de matéria).
cor em películas finas, anéis de interferência de Embora Newton não tenha usado fórmulas, vamos defi-
Newton e difração da luz. nir quantidade de movimento por meio de uma fórmula.
O trabalho importante de Newton foi em mecânica ce-
leste, que culminou com a Teoria da Gravitação Uni- qm = massa ⋅ velocidade
versal. Em 1666, Newton tinha versões preliminares
de suas três leis do movimento. Ele descobriu a lei da
força centrípeta sobre um corpo em órbita circular. Definitio III
Materiae vis insita est potentia resistendi, qua corpus
unumquodque, quantum in se est, perseverat in statu suo
Veja como Halley aponta, de maneira poética, as apli- vel quiescendi vel movendi uniformiter in directum. (Força
cações práticas das descobertas de Newton: Com a física de inércia da matéria é o poder de resistir, como qualquer
newtoniana, era possível prever as marés causadas pela lua,
corpo que, na medida em que não sofre interferência exter-
o que foi de grande importância para a navegação. Eis mais
na, persevera em seu estado de repouso ou de movimento
um trecho do poema:
uniforme em uma dada direção).
Newton fez com que mortais Essa definição é muito importante. Note que temos a
como nós fossem chamados impressão de que, se alguém aplica uma força sobre um
ao congresso, no qual deuses corpo e depois o abandona, o corpo move-se por alguns
votam as leis do universo! metros devido ao impulso, e depois para. Parece que os
Newton, que abriu o cofre corpos têm uma tendência a parar quando abandonados
onde a Verdade guardou aos seus próprios recursos.
seus tesouros e riquezas, Newton afirma que isso não é verdade. Se um corpo é
foi tanto amado das Musas, impulsionado e abandonado sem intervenção de nenhuma
que se aproximou dos deuses força, ele se moverá com movimento uniforme para sem-
mais do que qualquer mortal. pre. Mas então por que, se impulsionamos um corpo e o
abandonamos em seguida, ele se move por alguns metros
Depois desse lindo poema, Newton começa o livro com e acaba parando? Simplesmente devido a forças às quais
uma série de definições, tal como se fosse um cientista gre- não prestamos atenção, como o atrito e a resistência do ar.
go. Como curiosidade, vamos ver como ficaram as quatro
primeiras definições em latim. Claro que o texto em latim
será acompanhado da devida tradução.

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Definitio IV
Vis impressa est actio in corpus exercita, ad mutandum Newton ilustra essa lei com os seguintes exemplos: Uma
ejus statum vel quiescendi vel movendi uniformiter in directum. bala de canhão persevera em seu movimento, a não ser que
(Força impressa é uma ação exercida sobre um corpo, com seja retardada pela resistência do ar e impelida para baixo pela
a finalidade de mudar seu estado ou de repouso ou de mo- força da gravidade. Um pião, cujas partes estão coesas e impe-
vimento uniforme em uma dada direção). didas de realizar um movimento retilíneo, nunca para de rodar, a
Depois destas e de outras definições, Newton imita mais não ser que seja retardado pelo ar. Mas os grandes planetas e
uma vez os gregos: Ele lista suas famosas três leis. Veja a cometas conservam para sempre seus movimentos, sejam eles
seguir a primeira lei em latim traduzidas para o português. progressivos, sejam circulares, já que estão no espaço, onde
Lex I. Corpus omne perseverare in statu suo quiescen- não há resistência do ar. Newton acabou de lhe explicar, pre-
di vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus illud a zado leitor, por que a Terra gira sempre em torno do Sol, e por
viribus impressis cogitur statum suum mutare. (Todo corpo que a Lua gira eternamente em torno da Terra, sem nunca parar.
persevera em seu estado ou de repouso ou de movimento uni- Esses astros estão obedecendo à primeira lei de Newton!
forme em uma direção dada, a não ser que ele seja obrigado a
mudar seu estado por uma força impressa).

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Glossário
Alavancas e polias: Vimos que Arquimedes descobriu • A integral de uma potência é dada pela fórmu-
um modo simples de multiplicar força: Basta trocar distância x n+1 . No caso de uma constante a, o
∫ x dx = x
la: n
por multiplicação de força. Por exemplo, é mais fácil rolar
um objeto pesado por um plano inclinado do que levantá-lo n+1
tempo está elevado a potência zero. Então temos:
na vertical. Mas no plano inclinado, o objeto percorre uma
distância maior, para ser elevado da mesma altura. Houve, t 0 +1
∫ a dt = ∫ at dt = a ∫ t dt = a 0 + 1 + v 0 = at + v 0
0 0

aí, uma troca de distância por multiplicação de força. Vi-


mos também que polias fazem a mesma troca para obter Observe que, ao fazer uma integral, devemos acrescentar
multiplicação de força. Essa troca ainda é feita em vários uma constante ao resultado, chamada de constante de inte-
equipamentos e máquinas usadas em nosso dia a dia. Por gração. No caso de um corpo uniformemente acelerado, a
exemplo, o sistema de marchas de um carro ou de sua constante de integração é a velocidade inicial. A posição s de
bicicleta funciona graças a esse princípio descoberto pelo um corpo é dada pela integral da velocidade. No caso do corpo
sábio grego: Trocam distância por multiplicação de força. A com aceleração constante a, temos que a posição é dada por:
mesma coisa acontece com os macacos, como aqueles
usados para levantar carros em postos de gasolina. t1+1
s(t) = ∫ at + v 0 dt = a ∫ t dt + v 0 ∫ t 0 dt = a + s0+ v 0 t = s 0 +
1+ 1
Cinemática: A palavra cinemática significa, em grego, 1 2
v0t + at
coisas que se movimentam. Para não se esquecer disto, 2
lembre-se de cinema, outra palavra grega usada hoje em Essa fórmula fornece a posição de um corpo que tem
dia para indicar o sistema de imagens móveis mostradas aceleração constante a. Você deve ter notado que, com
nos filmes. Na Física, a cinemática estuda o movimento.
conhecimentos elementares de integral e derivada, as-
Algumas fórmulas da cinemática são:
sim como regras para derivar e integrar funções simples,
• Velocidade média = intervalo de espaço / intervalo de como é o caso de potência, você pode encontrar várias
fórmulas facilmente.
tempo: Vm = Δs
Δt Nas proximidades da superfície da Terra, um corpo que cai
ds está submetido a uma aceleração g aproximadamente igual
• Velocidade instantânea = v ( t ) = . A velocidade ins-
dt a 9,81 m/s2, que é chamada de aceleração da gravidade.
tantânea é a derivada do espaço em relação ao tempo.
Com frequência, usa-se o valor 10 m/s2 para representar
Importante saber a derivada de uma potência: dx = nx n−1 .
n
essa aceleração.
dx
dv ( t )
• Aceleração = i ( t ) = . A aceleração é a derivada Dinâmica: A dinâmica estuda o efeito de forças sobre o
dt movimento. A unidade de força é chamada Newton e abre-
da velocidade em relação ao tempo. Note que a velocidade
é a integral da aceleração em relação ao tempo. Vamos viada com um N. A base da dinâmica é a segunda lei de
imaginar um corpo com aceleração constante a. En- Newton. A Lei Fundamental da Dinâmica, então, estabelece
tão a velocidade desse corpo terá a seguinte evolução: que a força é proporcional à aceleração, sendo a constante
v(t)= ∫ adt=v0+at de proporcionalidade dada pela massa do corpo.

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Questões
1. (UFPE) O gráfico mostra a velocidade, em função do 2. (UFPE) O gráfico descreve a posição x, em função do
tempo, de um atleta que fez a corrida de 100m rasos tempo, de um pequeno inseto que se move ao longo
em 10s. Qual a distância percorrida, em m, nos primei- de um fio. Calcule a velocidade do inseto, em cm/s, no
ros 4,0 s? instante t = 5,0s.

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Gabarito
1. Na parte teórica deste material, você aprendeu que a 2. A velocidade é a derivada da curva no ponto. Sabemos
distância percorrida por um corpo móvel é a integral que a derivada fornece a tangente a uma curva. No
da velocidade em relação ao tempo, ou seja, a área caso, após o instante 4,0s, a curva torna-se uma reta.
debaixo do gráfico de velocidade versus tempo. A área Assim sendo, a tangente é dada por:
debaixo do gráfico da figura é dada por área total = área
do triângulo + área do retângulo = 0,5 · 4 · vf + 6 vf = 60 = 20cm/s.
8 vf = 100. Dessa equação, tiramos que vf = 100/8. V(t=5)= (100 – 40) =
(7,0 – 4,0) 3,0
A distância percorrida nos quatro primeiros segundos é
dada pela área do triângulo. Então, a distância é dada
por:
d = 0,5 · 4 · vf = 2 · vf ·100/8 = 100/4 = 25m.

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Roteiro de Estudos
FÍSICA
MECÂNICA
CINEMÁTICA Movimento circular e uniforme
Grandezas básicas Frequência e período
n° voltas 1
Velocidade escalar média f= f=
Δt T
Δs
Vm =
Δt Velocidade angular
Δϕ 2π
Aceleração escalar média ϖ= = = 2π f
Δt T
Δs
Am =
Δt Velocidade linear
Δs 2π R
Movimento uniforme v= = = 2π Rf
Δt T
Δs v = ϖR
v= s = s 0 + vt
Δt
Composição dos movimentos
Movimento uniformemente variado ur ur ur
V resultante = V relativa + V arrasto
at 2 ur ur
s = s0 + v 0 t + Vac = V A,B + V B,C
2
v = v 0 + at
Lançamento oblíquo
v 2 = v 20 + 2aΔs
Componentes da velocidade inicial (θ é o ângulo entre
Δs v + v 0
vm = = v0 e a horizontal).
Δt 2
V0 x = V0 ⋅ cosθ
Cinemática vetorial V0y = V0 ⋅ senθ
Velocidade vetorial média
r Movimento vertical (MUV)
r d
vm = g
Δt S y = Soy + v 0y ⋅ t − t 2
2
Aceleração centrípeta v y = v y0 − gt

v2 v 2y = v 20y − 2gΔS y
a cp =
R

Aceleração vetorial Movimento horizontal (MU)


  
a vetorial = a centrípeta + a tangencial ΔS x = Vx ⋅ t

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123

Faça seus cálculos

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124

Faça seus cálculos

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125

Faça seus cálculos

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126

Faça seus cálculos

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QUÍMICA

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Introdução

A
origem da Química é tão antiga quanto a humanidade. No início, as ativida-
A era dos metais des “pré-químicas” eram apenas observações do mundo em que se vivia, por
exemplo, o fogo transformando um pedaço de madeira em carvão (carboniza-
As primeiras teorias ção). Após esse período de observação, o homem começou a usar a Química em be-
nefício próprio. Estudando os restos de objetos e os costumes de antigas civilizações,
é possível concluir que há 5.000 anos a.C., na velha China e, mais recentemente,
Química moderna
nas civilizações primitivas de Assíria e Babilônia, se produziam diversos produtos de
cerâmica e extração de alguns metais. Há mais de 4.000 anos a fabricação de seda
e corantes para tingi-la já eram do conhecimento dos povos do Extremo Oriente e, há
mais de 3.000 anos, esses mesmos povos utilizavam a pólvora, fabricavam porcelana
e alguns vernizes, além de dominarem o curtimento de peles.
Em 3.000 a.C., a arte de fazer vidro estava florescendo no Egito, bem como a
técnica de manufatura de corantes, pigmentos, gemas artificiais, bebidas alcoólicas
como licores, vinhos e cervejas, cosméticos como cremes hidratantes e tintas para a
pele e produtos farmacêuticos, particularmente venenos e substâncias necessárias ao
embalsamamento de cadáveres, que era feito com natrão (carbonato de sódio hidrata-
do Na2CO3.10H2O). Os egípcios daquela época conheciam, entre outros produtos, a
soda, a potassa, o alúmen e o nitrato de potássio, com diferentes aplicações.
Das práticas de então, pela sua importância, merecem destaque as que permitiram
a obtenção de vários metais e ligas. Com o desenvolvimento da utilização dos materiais
metálicos, confunde-se, nos seus primórdios, a própria história da Química.

A era dos metais


O homem primitivo não conhecia os metais porque seus utensílios eram feitos de ma-
deira, pedra, osso e chifre. Provavelmente, o primeiro metal de que o homem teve conhe-
cimento foi o ouro (Au), pois foram encontrados adornos feitos desse material juntamente
com instrumentos de pedra. Esse ouro era encontrado em seu estado nativo nas areias
de alguns rios e deve ter chamado a atenção por sua cor e brilho.
O segundo metal a ser conhecido foi, provavelmente, o cobre (Cu), porque existem
objetos fundidos de cobre que datam de cerca de 3.400 anos a.C., encontrados em
ruínas do antigo Egito e da Mesopotâmia. Metais como o ouro, devido à sua escas-

Disciplina exigida nos vestibulares, concursos e Enem, a Química, neste material ela é apresen-
tada de maneira clara e objetiva, proporcionando ao leitor a compreensão de questões muitas vezes
complexas devido à forma com que são explicadas. Questões de exames tradicionais dos vestibula-
res de todo o país estão resolvidas e comentadas para que haja completo entendimento do assunto.

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129

sez, provavelmente tenham sido considerados apenas uma Os filósofos gregos levantaram uma importante questão:
mera curiosidade. No entanto, minérios de cobre eram mui- A matéria seria contínua ou descontínua? Se a matéria fosse
to abundantes, e o homem primitivo deve ter aprendido aci- contínua, qualquer pedaço dela podia ser fragmentado ilimi-
dentalmente que, se algumas pedras azuis bonitas fossem tadamente. No entanto, se fosse descontínua, então a divi-
aquecidas ao fogo, transformavam-se em cobre metálico. são poderia ocorrer somente até que os menores grânulos
Seguindo a linha do tempo, o terceiro metal a ser utiliza- indivisíveis fossem obtidos. Os primeiros partidários dessa
do deve ter sido o bronze (liga metálica de cobre e estanho), descontinuidade foram os filósofos gregos Leucipo, Epicuro
embora objetos de bronze encontrados em certos lugares e Demócrito, que viveram por volta de 400 a.C. Os filóso-
sejam da mesma época que os outros de cobre. O grande fos definiram os últimos grânulos indivisíveis de átomos (que
avanço se deu quando foi verificado que sempre que se significa indivisível). Assim, o conceito de que a matéria não
aquecia o minério de cobre se obtinha cobre metálico. Essa é indefinidamente subdivisível é conhecida como atomismo.
descoberta foi de grande importância para a história da hu-
manidade, pois o cobre era muito mole para a confecção O surgimento dos alquimistas
de armas e armaduras, mas o bronze não e, com isso, há
cerca de 3000 a.C. teve início a Idade do Bronze e a civili- A arte da khemeia floresceu nas civilizações egípcia e
zação primitiva se transformou. grega primitivas. Nessa época, as reações químicas eram
Depois de algum tempo, o cobre e o bronze deram lugar tão fascinantes e misteriosas que elas foram imaginadas
ao ferro e ao aço (liga metálica de ferro e carbono). Os me- como tendo ilações religiosas, místicas ou ocultas. Da apo-
tais foram de grande importância para a civilização primitiva sição do prefixo “al” (que significa “o”), tipicamente árabe, ao
e para a evolução da Química, pois a prática metalúrgica nome original khemeia, formou-se o nome alkimiya e, mais
propiciou uma riqueza de informações químicas. tarde, desta palavra derivou a palavra portuguesa Alquimia.
Aos quatro princípios ou propriedades essenciais da
matéria, de Aristóteles, e aos tantos outros elementos, a
As primeiras teorias Alquimia junta mais dois: A combustibilidade e a metalicida-
Em 600 a.C. os primórdios da teoria química surgiram. de que teriam como suporte, respectivamente, o enxofre e
Tales de Mileto, filósofo grego pré-socrático, propôs que o mercúrio.
deveria existir no universo um grande princípio de unidade Um dos maiores desafios defrontados pelos alquimistas
vinculando entre si todos os fenômenos e tornando-os ra- foi o da transmutação, isto é, qualquer espécie de matéria
cionalmente inteligíveis. Segundo o próprio Tales, “Por trás poderia ser obtida a partir desses elementos básicos, com-
de toda diversidade aparente nas coisas que nos cercam binando-os em diferentes proporções. Particularmente, a
existe um elemento primordial que entra na composição de partir do enxofre e do mercúrio, poder-se-ia obter qualquer
todas as coisas”, isto é, toda alteração química é meramen- outro metal. Transformar o chumbo abundante e barato em
te uma alteração no aspecto de uma substância fundamen- ouro raro e caro, na Idade Média, tornou-se a busca pela
tal ou elemento. Para Tales, esse elemento primordial seria Pedra filosofal.
a água, para Anaxímenes de Mileto, o ar; e, para Heráclito
de Éfeso, tudo resultaria do fogo.
Mais tarde, Empédocles, que viveu por volta de 450 a.C., pro- PESQUISE MAIS
pôs a existência de quatro elementos: Terra, ar, fogo e água. Uma
“prova” manifesta de que os quatro elementos são os citados es-
Embora os alquimistas nunca tenham alcançado seu
taria vinculada ao fato de que, ao queimar-se uma acha de lenha: objetivo principal, obter ouro a partir de outro metal,
eles contribuíram muito para o desenvolvimento da
• Surge fogo. Química, pois foram os alquimistas que desenvolveram
• A água ferve, borbulhando e chiando na extremidade os métodos experimentais. Também contribuíram para
o desenvolvimento da Astronomia, Matemática e Física.
da acha.
• A fumaça se eleva no ar e nele se dissipa, provando
assim ser da mesma natureza do ar.
• Surge como resíduo uma cinza terrosa. Harry Potter
O filme Harry Potter e a Pedra Filosofal conta uma história
Essa ideia foi ampliada pelo grande filósofo grego Aris-
de ficção da proteção da Pedra filosofal, em que o vilão da
tóteles de Stagira, que considerava que cada elemento
história busca a Pedra para produzir o elixir da vida. Algumas
resultava da combinação de duas das quatro qualidades
partes do filme se relacionam com contextos históricos da
fundamentais: Quente, frio, úmido e seco. A água seria o
Química, como a busca da Pedra filosofal, estudo alquímico
elemento que, presente na matéria, lhe conferia as proprie-
no qual a Pedra tem poderes de transformar metais em ouro
dades fria e úmida; o fogo seria o componente responsável
puro e produzir o elixir da longa vida, que imortaliza quem o
pela matéria ser quente e seca; a presença de ar na matéria
bebe. O filme é uma ótima forma de imaginar um pouco a
faria com que ela fosse quente e úmida, enquanto a de terra
época da Alquimia.
a tornaria seca e fria.

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Em razão do grande número de insucessos, pois nunca A Pedra filosofal: Embora a procura pela Pedra filo-
conseguiram transmutar um metal, os alquimistas se volta- sofal tenha sido uma busca mística e lendária, ela incentivou
ram para outra tarefa, a transformação dos metais ordinários os alquimistas a explorar diversas técnicas e processos,
em nobres por contato com a Pedra filosofal. Quanto a esta, contribuindo para o desenvolvimento de novas metodo-
sua obtenção deveria ser possível a partir dos mesmos ele- logias científicas. As contribuições dos alquimistas para o
mentos e mais um pouco de sal. desenvolvimento da Química moderna são incontestáveis.
O famoso alquimista árabe, conhecido como Gerber, Seus experimentos, descobertas e dispositivos tiveram um
viveu por volta do ano 800 d.C. Gerber fez muitos es- impacto direto na evolução dessa ciência, estabelecendo
forços para produzir o ouro; finalmente convenceu-se de os fundamentos para os estudos químicos que conduzimos
que se o mercúrio, que é um metal, e o enxofre, que é de na atualidade.
cor dourada, fossem misturados adequadamente, resul- O mapa mental a seguir resume a evolução da Química
taria o ouro. Os gregos pensavam que um pó coadjuvante ao longo das eras.
da transmutação deveria ser necessário para fazer o ouro,
e eles denominaram esse pó de xerion, palavra grega que
significa “seco”. Em árabe, al-aksir, da qual foi derivada a
palavra elixir.

Influência dos alquimistas na Química moderna


A Alquimia, foi uma prática ancestral precursora da
Química moderna para o desenvolvimento dessa ciência.
Ao longo dos séculos, os alquimistas fizeram descober-
tas e desenvolveram equipamentos que ainda exercem
influência na Química contemporânea.
Aparelho de destilação: Os alquimistas concebe-
ram o aparelho de destilação, que permitia a separação
de líquidos com diferentes pontos de ebulição. Essa téc-
nica é amplamente empregada até os dias atuais em pro-
cessos químicos e industriais.

Descoberta dos ácidos: Os alquimistas foram os


primeiros a isolar e estudar ácidos, como o ácido sulfúri-
co e o ácido nítrico. Essas descobertas foram essenciais A Química a serviço da Medicina
para o avanço da Química moderna e para a compreen- O Renascimento, período da história da Europa marca-
são das propriedades ácidas. do por transformações em muitas áreas da vida humana,
Transmutação: Os alquimistas buscavam converter que assinala o final da Idade Média e o início da Idade Mo-
metais comuns em ouro; embora não tenham alcançado derna, tinha como características fundamentais o racionalis-
êxito nesse intento, suas experiências contribuíram para o mo e a experimentação. Para o desenvolvimento científico
desenvolvimento da teoria atômica e para a compreensão esses foram atributos fundamentais; desenvolvendo, assim,
da estrutura dos elementos. as bases do método científico. Nesse período, certo nú-
mero de homens dedicara sua vida à coleta de dados e ao
O livro De Re Metallica: Publicado em 1556 por armazenamento criterioso de informações, as quais possi-
Georgius Agricola, esse livro detalhava as técnicas em- bilitaram posteriormente que fôssemos muito além da Alqui-
pregadas pelos alquimistas na extração e purificação de mia Medieval predominante na Idade Média.
metais. Constituiu uma fonte valiosa de conhecimento As forças da Alquimia sofreram uma mudança logo
para os químicos posteriores. após 1500, por meio do trabalho de um suíço, Phillipus
Descoberta dos elementos químicos: Os alqui- Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-
mistas realizaram experimentos que conduziram à identi- 1541). Ele é mais conhecido por seu pseudônimo Para-
ficação de vários elementos químicos, tais como fósforo, celso, que ele mesmo escolheu e que significa “melhor de
bismuto e zinco. Essas descobertas serviram de base Celso” (Celso foi um antigo romano que escreveu sobre
para a elaboração da tabela periódica moderna. medicamentos e as artes médicas).

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131

Foi Paracelso, médico e cirurgião, que criou a Latroquí- O início da Química moderna
mica, isto é, a Química a serviço da Medicina. Escreveu Durante o século XVII nasce o espírito científico, res-
Paracelso: “O objetivo da Química não reside na obtenção
ponsável pelo fim do longo reinado da Alquimia, e surgem
de ouro e prata, mas no preparo de medicamentos e na
os primeiros químicos. Destes, Van Helmont (1577-1644),
explicação dos processos que têm lugar nos organismos
Boyle (1627-1691) e Hooke (1635-1703), rompendo com
vivos”. Partindo do princípio da tria prima, de que todos os
seres são constituídos por três elementos em diferentes a tradição filosófica até então enraizada, passaram eles
proporções, sal (corpo), mercúrio (alma) e enxofre (espíri- mesmos a experimentar, a observar diretamente certos fe-
to), os quais eram, cada um, compostos de proporções nômenos e a reproduzi-los em condições que permitissem
variáveis dos quatro elementos de Aristóteles: Terra, ar, fogo sua melhor observação.
e água, acreditava-se que as moléstias provinham da falta Com os trabalhos experimentais desenvolvidos a partir
de um desses elementos da tria prima no organismo. Con- de então, foi sendo, aos poucos, reformulado o modo de
sequentemente, qualquer doença poderia ser curada por pensar em relação aos componentes da matéria. Em 1660
introdução no organismo do elemento faltante. o conceito experimental de elemento, introduzido por Robert
Paracelso utilizou métodos da Alquimia a fim de descobrir Boyle alterou a atitude mental dos pesquisadores quanto à
medicamentos que curariam enfermidades. Ele procurou a fenomenologia química. Boyle mostrou que o ar não era um
Pedra filosofal porque pensava que ela pudesse funcionar elemento, mas, uma mistura de gases.
como o “elixir da vida”, uma substância que prolongaria a Algo semelhante ao feito por Boyle em relação ao ar
vida e a saúde indefinidamente. Durante sua existência, Pa- foi conseguido por Henry Cavendish (1784) em relação à
racelso alcançou muita reputação por toda a Europa, como água, ao mostrar que esta não é um elemento e sim uma
manufaturador de drogas e médico. Muitos de seus medi- substância composta de hidrogênio e oxigênio. No que diz
camentos para as enfermidades parecem, pelos padrões respeito à terra, o fato de ser possível extrair dela metais
de hoje, ser drásticos e mesmo mortais. Por outro lado, ele como prata, ouro e cobre, prova que esta não poderia ser
aparentemente aprendeu (por tentativa e erro) que doses constituída por um único elemento. Quanto ao fogo, apenas
mínimas de substâncias venenosas eram algumas vezes no século XVIII Lavoisier mostrou que este em si não é uma
benéficas para a cura de certas doenças, um fato que hoje variedade de matéria, pois a combustão envolve uma rea-
é bem aceito na Medicina e na Farmácia.
ção do material combustível com o oxigênio.
Paracelso morreu em 1541, provavelmente vítima de
Abandonada a ideia da existência de quatro elementos,
autoenvenenamento acidental. O período entre os anos de
abandonou-se também a crença mitológica e cabalística de que
1500-1650 é conhecido como a era da Latroquímica ou
Química Médica. cada um desses elementos tinha seu espírito ou gênio guardião.
O período flogístico
SABER MAIS O interesse pelos gases, durante o século XVII e co-
meço do XVIII, conduziu a uma teoria importante, embora
Paracelso (1493-1541) errônea, a respeito da natureza dos fenômenos de com-
foi um médico, alqui- bustão, oxidação e redução. Foi a Teoria do Flogisto. Em
mista e filósofo suíço 1669, o alemão J. J. Becher (1635-1682) desenvolveu o
que exerceu grande in- conceito grego de que, quando ocorre uma combustão,
fluência na história da alguma coisa é liberada, e um outro alemão, G. E. Stahl
Química moderna. Ele (1659-1734), posteriormente, chamou essa “alguma coisa”
acreditava que a Quí-
de flogisto. Stahl acreditava que as substâncias combustí-
mica representava uma
ferramenta essencial veis fossem ricas em flogisto e a combustão fosse apenas a
para a medicina, defen- perda dessa substância misteriosa. Além disso, a corrosão
Paracelso. dendo veementemen- ou enferrujamento dos metais foi considerada uma perda
te o uso de substâncias químicas nos tratamentos lenta do flogisto pelo metal.
médicos. Além disso, Paracelso realizou descober-
tas de relevância, como a identificação do zinco e
do ácido sulfúrico. Sua abordagem experimental e
empírica à ciência exerceu influência sobre diversos
cientistas posteriores, incluindo figuras proeminen-
tes como Robert Boyle e Isaac Newton.
Suas ideias acerca da natureza das doenças e da
importância da higiene pessoal anteciparam práti-
cas médicas modernas. Em resumo, Paracelso é re-
conhecido como um dos pais da Química moderna,
e seu legado perdura na ciência até os dias atuais.

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132

Segundo Stahl, ao se queimar uma substância combus-


tível, ou ao ser calcinado um metal, o flogisto se despren- CURIOSIDADES
deria, deixando um resíduo terroso: A cal. A combustão
seria um processo de decomposição de uma substância
em flogisto e no correspondente resíduo terroso. Assim, na Antoine Laurent De Lavoisier
calcinação do ferro, ter-se-ia: (1743-1794) foi um reno-
mado químico francês,
Ferro → flogísto + cal ferrosa considerado o pai da
Uma substância que, como o carvão ou enxofre, deixa Química moderna. Ele
um resíduo terroso insignificante seria extremamente rica em realizou experimentos de
flogisto. Nessa linha de raciocínio, o flogisto também poderia grande relevância para a
ser adicionado a uma substância incombustível, como a cal, compreensão das reações
aquecendo-a em presença de carvão, que é muito rico em químicas e desenvolveu a

Lavoisier.
concepção de que a mas-
flogisto. Por exemplo:
sa é conservada durante
Cal ferrosa + flogísto (carvão) → ferro tais processos.
Lavoisier também inves-
Stahl nunca resolveu o problema de ganho de peso que tigou o ar e identificou o oxigênio, a que ele se
os materiais apresentam quando corroem. Alguns químicos referiu como o “gerador de ácidos”, explorou áci-
sugeriram que o flogisto tinha um peso negativo, porém isso dos e bases, além de introduzir os conceitos de
só causou problema quando se tentou explicar por que um oxidação e redução.
pedaço de madeira perde esse peso quando é queimado. Seu livro mais célebre, Tratado Elementar de Quí-
Por estranho que possa parecer, o fato de o ar ser in- mica, publicado em 1789, organizou o conheci-
dispensável ao processo da combustão era justificado com mento químico da época e estabeleceu uma nova
a suposição de que durante a combustão não se realiza maneira de nomear os elementos químicos.
O impacto de Lavoisier na Química moderna foi
apenas um desprendimento de flogisto, mas também uma
imenso. Sua abordagem científica rigorosa e a
combinação sua com o ar; não existindo o ar, a combustão ênfase em experimentos e observações siste-
deve cessar por inexistência de algo que possa ser combi- máticas estabeleceram os fundamentos para o
nado com o flogisto. método científico na Química. Suas descober-
A Teoria do Flogisto vigorou durante muito tempo, uma tas a respeito da conservação da massa e sua
vez que permitia explicar razoavelmente muitos fatos conhe- contribuição para a nomenclatura química foram
cidos na época, e só foi abandonada quando se percebeu elementos cruciais para o desenvolvimento sub-
sua artificialidade e nela se reconheceu um obstáculo sério sequente da ciência.
ao progresso da Química. Foram os trabalhos de Lavoisier, Lavoisier foi um visionário que revolucionou
na segunda metade do século XVIII, que levaram à atual nossa compreensão da química. Suas teorias e
interpretação da combustão (reação com o oxigênio) e de- experimentos estabeleceram os princípios fun-
damentais dessa ciência e sua influência perdu-
terminaram o abandono da Teoria de Stahl.
ra atualmente.
A Química moderna
Lavoisier se interessou pelo processo de combustão,
porém, diferentemente da maioria de seus predecessores, de peso. Essa generalização é uma versão prévia de
planejou seus experimentos, de modo que podia, com uma das leis estequiométricas, a Lei de Conservação
precisão, pesar ambos: Os combustíveis e seus produtos. das Massas, enunciada em 1744, cuja formulação veio
Lavoisier prosseguiu queimando tudo que pudesse ter em mostrar que as reações químicas obedecem as rela-
suas mãos, mesmo um diamante, e foi capaz de mostrar ções quantitativas definidas pela Química. Outras leis
que, quando uma substância se corrói em um recipiente conhecidas são a Lei das Proporções Definidas (1797)
fechado, o ganho de peso é compensado por uma per- por Proust, a Lei das Proporções Recíprocas de Richer
da correspondente, em peso, do ar no recipiente. Desse (1792), a Lei das Proporções Múltiplas de Dalton (1803)
modo, raciocinou que quando um metal se corrói, alguma e as Leis Volumétricas de Gay-Lussac (1809).
coisa do ar penetra ou se combina com o metal. Lavoisier Do ponto de vista doutrinário, foi uma importante contri-
também explicou que a aparente perda de peso que acom- buição para o desenvolvimento da Química como Ciência,
panha a combustão de uma substância, como a madeira, isto é, conjunto organizado e sistematizado de conhecimen-
resulta meramente do fato de os produtos de combustão tos adquiridos pela utilização do método científico. O método
serem gasosos. envolve, como sucessivas etapas, a coleta de dados a partir
O químico afirmou que, se os pesos de todas as da observação de experiências em laboratório, a generaliza-
substâncias envolvidas numa reação química são con- ção dos fatos observados com os enunciados das leis que os
siderados, não há no balanço final perda ou ganho regem, a formulação de teorias que os explicam, a verificação
da concordância entre os resultados que derivam da teoria

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133

e da prática, bem como a previsão da ocorrência de fatos


até então desconhecidos. O estabelecimento, entre 1803 e DICA CULTURAL
1808, da Teoria Atômica de Dalton, longe de constituir uma
mera especulação mental sobre a constituição da matéria,
permitiu uma explicação racional de fatos observados na ex- Perfume: A História de um Assassino
periência. Ao admitir que os átomos de um mesmo elemento Neste filme ambientado na França do século
tinham a mesma massa, Dalton possibilitou a justificação das XVIII, um aprendiz de perfumista com olfato extre-
Leis Estequiométricas estabelecidas alguns anos atrás. mamente aguçado descobre a técnica de extração
A Teoria Atômica de Dalton trouxe consigo um problema de essências, o que acaba por envolvê-lo em uma
que, por muito tempo, desafiou os químicos da primeira trama criminosa. É uma ótima maneira de entender
metade do século XIX: a determinação das massas relati- a Química e imaginar um pouco a história do seu
vas dos átomos, isto é, das massas atômicas. A solução desenvolvimento.
desse e de outros problemas, como a compatibilização en- Na segunda metade do século XIX, aparece Men-
tre a Teoria de Dalton e as Leis Estequiométricas de Gay- deleev com a Tabela Periódica, o que permitiu o estudo
-Lussac, exigiu a introdução do conceito de molécula e a das propriedades dos elementos químicos. Isso levou
formulação por Avogadro (1811) de sua célebre hipótese, aos primeiros indícios da estrutura complexa dos áto-
que, por sua vez, conduziu ao desenvolvimento da teoria mos. Já no final do século XIX, nasce a Físico-Quími-
atômico-molecular clássica. ca, que serve de ponte entre a Física e a Química, e
descobre-se a radioatividade, cujo conhecimento veio
Durante o século XIX, o progresso da Química foi im-
alterar profundamente muitas ideias sobre a estrutura da
pressionante. No seu início, desenvolveu-se, com caracte-
matéria e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvol-
rísticas peculiares, a Química orgânica. Esta tinha por objeto
vimento da atomística moderna.
o estudo das substâncias organizadas, isto é, das espécies Atualmente, a Química constitui uma Ciência extre-
químicas existentes e sintetizadas nos organismos vivos. mamente vasta que se ocupa das propriedades, cons-
Supunha-se, então, que tais substâncias, cujo constituinte tituição e transformações das numerosas espécies de
essencial é o carbono, não poderiam ser obtidas artificial- matéria, naturais e artificiais, existentes no Universo.
mente. Entretanto, a partir de 1828, iniciou-se a preparação
em laboratório de muitas dessas substâncias orgânicas e
de numerosas outras inexistentes na natureza.

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134

A evolução atômica

A
Modelos Química é a Ciência que investiga a matéria em sua formação, estrutura e trans-
atômicos
formações, bem como suas interações. Tudo o que ocupa um espaço é consi-
derado matéria, abrangendo desde as imagens mais grandiosas que o olho pode
Número perceber no mundo macroscópico até o universo invisível dos átomos.
atômico A palavra matéria tem origem etimológica no termo latino materia, que essencialmen-
te se refere àquilo do qual algo é composto. Apesar de esse tema ser o cerne do estudo
Número da Química, a exploração desse campo teve início há muitos séculos, nas investigações
de massa dos filósofos gregos.

Tabela Atomística na história antiga


periódica
Os gregos buscavam compreender a arché, ou seja, o elemento que estaria presente
Átomos, em todas as coisas do mundo: Tales de Mileto afirmava que esse elemento seria a água,
prótons e enquanto Anaxímenes determinava que seria o ar. De maneira audaciosa, Pitágoras afirmou
nêutrons que o elemento presente em todas as coisas seria o número.
Talvez nenhum dos filósofos gregos tenha se aproximado tanto da realidade quanto
Química Demócrito. Para ele, se a matéria pudesse ser dividida indefinidamente, não seria pos-
qualitativa sível formar nada. Portanto, a divisão da matéria não poderia ser infinita; ela deveria ser
constituída por algo que não pudesse ser mais fragmentado, algo que chamou de átomo
Misturas e (indivisível).
separações Dessa maneira, Demócrito afirmava que os átomos seriam sólidos e compactos, cada
um deles único e podendo combinar-se para formar uma diversidade de substâncias.
Esse conceito permaneceu inalterado até 1808, quando o inglês John Dalton conferiu a
ele um caráter científico.

O modelo atômico de Dalton


Segundo Dalton, cada átomo seria uma
partícula minúscula, massiva, indivisível, in-
destrutível, inalterável e eletricamente neu-
tra. Além disso, ele afirmava que átomos do
mesmo elemento químico seriam idênticos, e
esses átomos se uniriam para criar uma va-
riedade de substâncias. Dalton também pro-
punha que a combinação de átomos levaria à
formação de moléculas.
Esse modelo de Dalton é comumente conhecido como o modelo da bola de
bilhar. No entanto, o estudo do átomo estava apenas começando, e muitos outros
refinamentos foram introduzidos ao modelo original.

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135

A descoberta de partículas subatômicas Os raios anódicos demonstravam semelhanças com


os raios catódicos, mas se moviam em direção oposta.
O elétron Eles eram compostos de íons do gás remanescente do
Atualmente, temos um conhecimento completo so- experimento realizado na ampola de Crookes. Esse gás
bre a existência de partículas muito menores do que o residual, que havia perdido elétrons, consistia em íons
átomo. No entanto, até o século XIX, não se sabia nem com carga positiva, os quais eram atraídos para o polo
sequer que os átomos poderiam carregar uma carga negativo do dispositivo.
elétrica negativa. Assim, ao empregar gás hidrogênio na ampola de
Em 1854, Heinrich Geissler (1814-1879) demonstrou Goldstein, foi possível concluir que também existia uma par-
experimentalmente, por meio de um tubo de vidro selado tícula de carga positiva e menor que o átomo, porém que o
com eletrodos nas extremidades e preenchido com gás, constitui. O hidrogênio é o elemento com o átomo mais leve
que quando uma descarga elétrica era criada dentro desse conhecido, e quando passava pela ampola de Goldstein,
tubo, gerava luz, mas não produzia som. apresentava o menor desvio registrado no campo. Logo,
Em 1875, William Crookes (1832-1919) aprimorou a considerando que havia desvio e que este se dava em dire-
descoberta de Geissler ao usar o tubo de raios catódicos. ção oposta aos raios catódicos, era lógico inferir a existência
Essa ampola de vidro estava conectada a uma bomba de de uma partícula positiva que compunha o átomo.
vácuo, permitindo reduzir a pressão interna do vidro. Dentro Ainda é relevante observar que as partículas positivas,
do tubo, eletrodos ligados a uma bateria permitiam a passa- apesar de menores que os átomos, tinham uma massa
gem de corrente elétrica. À medida que a pressão diminuía, muito superior à das partículas negativas (são cerca de
o gás dentro do tubo começava a emitir luz. No entanto, se 1840 vezes mais pesadas).
a pressão fosse reduzida ainda mais — cerca de cem mil
vezes menor que a pressão ambiente —, a luz desaparecia,
deixando apenas uma mancha luminosa na extremidade
positiva do eletrodo. Esse tubo ficou conhecido como tubo
de raios catódicos.
A conclusão extraída desses experimentos foi que esses
raios catódicos eram compostos de partículas negativas
que desviavam em direção ao polo positivo, independente-
mente do tipo de gás presente. Assim, tornou-se evidente
que em toda matéria existe uma partícula negativa, que mais Ânodo
Ânodo
tarde seria chamada de elétron.
Esse foi o primeiro indício concreto da existência de par-
tículas menores do que o átomo. Com isso, a noção de
Demócrito, posteriormente elaborada por Dalton, de que os Cátodo
átomos eram indivisíveis, foi contestada. Esse conceito foi
refutado quando o cientista Thomson determinou a massa
dessas partículas negativas e descobriu que ela era menor
que a massa dos átomos, ou seja, mais leve que o átomo Disponível em: www.todamateria.com.br.
de hidrogênio. Acesso em: 5 out. 2023.

Portanto, foi revelado que mesmo o átomo é compos- O modelo de Thomson


to de partículas subatômicas. Hoje, é sabido que os raios
catódicos dentro do tubo de Crookes são formados por Diante dessa compreensão de que os átomos conti-
elétrons com alta energia cinética em direção ao cátodo (o nham subpartículas e não eram mais indivisíveis, o modelo
eletrodo negativo). Entretanto, ao colidirem com as paredes proposto por Dalton não podia mais ser sustentado.
de vidro da ampola, parte dessa energia cinética é converti- Portanto, em 1903, Joseph John Thomson (1856-
da em luz, resultando na emissão luminosa. 1940) introduziu um novo
modelo atômico. De acordo
O próton com suas ideias, o átomo
Em 1886, com o intuito de expandir os estudos condu- seria constituído por uma
zidos por Crookes, Eugene Goldstein (1850-1930) imple- espécie de “pasta positiva”
mentou uma série de modificações na ampola de Crookes. formada por prótons, e nela
Utilizando um cátodo (polo negativo) perfurado, que dividia o estariam embutidos elétrons,
tubo em duas câmaras distintas, ele conseguiu observar a permitindo assim que o áto-
formação de focos luminosos nos orifícios. Esses fenôme- mo tivesse uma carga elétri-
nos luminosos receberam o nome de raios anódicos ou ca neutra.
raios canais. Esse modelo foi apelida-
do de modelo do pudim
de passas.

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136

Para isso, em 1900, o cientista colocou uma amostra O cientista observou que a maioria das partículas alfa
de polônio em um bloco cilíndrico de chumbo, que tinha atravessava a folha de ouro sem desvio. Entretanto, algumas
somente uma abertura, assemelhando-se a um poço. O delas sofriam desvios acentuados, enquanto outras, ao co-
polônio, naturalmente emitia radiação que seria barrada pelo lidirem com a folha de ouro, retrocediam pelo mesmo cami-
chumbo, de modo que somente a radiação que escapasse nho pelo qual foram lançadas.
pela abertura do “poço” seria observada. Ao redor da saída Diante disso, Rutherford concluiu que os átomos não
do “poço”, ele posicionou placas eletrizadas, capazes de eram maciços, como afirmava Dalton, nem compostos ex-
criar um campo elétrico que pudesse desviar a trajetória da clusivamente de uma “pasta positiva” com elétrons aderidos,
radiação. Na frente, colocou um cartão fluorescente revesti- como proposto por Thomson. Em vez disso, ele sugeriu que
do com sulfeto de zinco (ZnS). os átomos apresentavam um espaço vazio em seu interior.
Rutherford (1871-1937) conseguiu notar que as emis- As conclusões de Rutherford foram as seguintes:
sões radioativas dividiam-se em três direções distintas. Ele • O átomo tinha um núcleo central com carga positiva, o
denominou alfa as emissões positivas, que deveriam ter qual repelia vigorosamente as partículas alfa (também
maior massa, pois desviavam-se menos e seguiam em dire- positivas) quando estas se aproximavam ou colidiam
ção ao polo negativo. com o núcleo.
Por outro lado, as partículas beta demonstravam com-
• Como a maioria das partículas alfa não sofria desvio,
portamento similar aos raios catódicos, e não havia dúvida
Rutherford inferiu que o tamanho do núcleo era muito
de que eram elétrons. Elas sofriam um desvio maior, porém,
menor do que o próprio átomo, e que o átomo continha
na direção oposta às partículas alfa, pois eram mais leves e
mais espaço vazio do que matéria preenchendo-o.
apresentavam carga negativa.
Além disso, havia emissões que não desviavam, chama- • O átomo de ouro não tinha apenas um núcleo
das de raios gama. Atualmente, sabemos que esses raios positivo, uma vez que a lâmina de ouro não se
não consistem em partículas, mas sim em ondas eletromag- mostrava eletricamente positiva. Isso levou Rutherford
néticas de comprimento menor que as dos raios-X. Eles têm a deduzir que deveria haver partículas negativas, ou
a capacidade de penetrar vários centímetros de chumbo — seja, elétrons, que equilibrassem a carga do átomo.
o que os torna especialmente perigosos. A radiação gama • Esses elétrons precisavam estar em constante
não sofre desvio, já que não tem carga nem massa. movimento, pois, do contrário, seriam atraídos para o
A conclusão a que se chegou por meio desses experi- núcleo do átomo. Portanto, Rutherford propôs que os
mentos foi a de que a radioatividade fornecia evidências da elétrons deviam girar em torno do núcleo em órbitas
divisibilidade do átomo. circulares, formando a chamada eletrosfera.
O modelo atômico de Rutherford assemelhava-se ao
Sistema Solar, com um núcleo central orbitado por elétrons,
O modelo atômico de Rutherford como ocorre entre o Sol e os planetas. Entretanto, uma
Rutherford apresentou um dos modelos atômicos questão permanecia: Dado que o núcleo atômico era positi-
mais reconhecidos. Para isso, aproveitando suas expe- vo, por que essas partículas próximas umas das outras não
riências com as partículas alfa, o cientista conduziu o se repeliam? A resposta a essa pergunta veio em 1932 com
seguinte experimento: o físico inglês Sir James Chadwick (1891-1974).
Chadwick realizou um experimento no qual uma placa de
polônio foi colocada adjacente a uma fina lâmina de berílio.
Na outra face do berílio, uma camada de parafina (composta
de hidrogênio e carbono) foi adicionada. Ficou evidente que
a parafina emitia prótons com alta energia, os quais eram
expelidos devido às colisões entre os átomos de hidrogênio
e uma substância até então desconhecida.
Essa substância desconhecida tinha uma massa prati-
camente igual à dos prótons, porém possuía carga elétrica
neutra. Ela recebeu o nome de nêutron. O nêutron, de certa
maneira, isola os prótons, evitando suas repulsões e a de-
sintegração do núcleo.

O polônio foi inserido em um bloco de chumbo que con- Modelo atômico de Rutherford e Bohr
tinha uma pequena abertura. A partir dessa abertura, partícu-
las alfa foram emitidas e bombardearam uma lâmina de ouro O modelo de Rutherford foi alvo de algumas críticas. De
extremamente fina. O objetivo de Rutherford era investigar se acordo com essa teoria, os elétrons orbitavam o núcleo,
essas partículas poderiam atravessar a lâmina e compreen- mas não levava em consideração a perda de energia.
der as interações entre as partículas alfa e o ouro. Ele cercou Contudo, a eletrodinâmica clássica ensina que, quando
a folha de ouro com um anteparo revestido de material fluo- elétrons mudam sua direção, sentido ou velocidade, eles
rescente, semelhante a um papel fotográfico, que indicaria a emitem radiação, o que resultaria na perda de energia dos
incidência das partículas alfa através de manchas luminosas. elétrons. À medida que essa energia fosse dissipada, para

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que o elétron continuasse em equilíbrio com o núcleo, seria Atualmente, já se conhecem outras inúmeras partículas
necessário reduzir o raio da órbita. Esse processo faria com presentes no átomo, entre elas os mésons e os neutri-
que o elétron adotasse uma trajetória em forma de espiral, nos; no entanto, essas outras partículas não têm interesse
inevitavelmente aproximando-se de seu núcleo, o que resul- químico. Pode-se dizer que o átomo é, do ponto de vista
taria na desestabilização do átomo. químico, formado apenas por prótons, nêutrons e elétrons.
Assim, em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-
1962) introduziu melhorias no modelo atômico de Ruther-
ford, aproveitando-se da teoria quântica desenvolvida por
Número atômico
Max Planck. Bohr argumentava que nem todas as leis da
Física clássica eram aplicáveis às partículas constituintes dos 1,00794
1
H
átomos, mas sim as da mecânica quântica. Número atômico
Bohr propôs que os elétrons moviam-se ao redor
do núcleo em órbitas definidas, chamadas órbitas esta-
cionárias, e que, durante esse movimento, não emitiam
energia. No entanto, esses elétrons poderiam fazer sal-
tos entre órbitas estacionárias quando absorvessem ou
perdessem energia. Quando um elétron absorvia energia, A carga positiva no núcleo é expressa em unidades que
saltava para uma órbita externa, e quando perdia, retor- são da magnitude da carga do elétron e é chamada de nú-
nava a uma órbita interna. Essas quantidades de energia mero atômico, representado pela letra Z. O número atômico
eram discretas e denominadas quanta. é igual à quantidade de prótons do átomo, isto é, a carga do
Quando um elétron retornava a uma órbita mais interna, núcleo do átomo.
emitia a energia na forma de luz ou outra radiação eletromag- Os prótons, elétrons e nêutrons de um determinado ele-
nética. A essa radiação dava-se o nome de fóton. mento são exatamente iguais aos de outros elementos, a
diferença está na quantidade que cada qual apresenta em
seu átomo, ou seja, o número de partículas que constituem
o átomo é o que o diferencia de outro átomo. O número
Disponível em: www.plural.com.br.

atômico está relacionado com a natureza de um elemento,


pois os átomos de um elemento, ou o próprio elemento,
podem ser identificados apenas pelo número atômico. Por
Acesso em: 5 out. 2023.

exemplo, cada átomo de ouro tem um número atômico


igual a 79 e cada átomo de carbono tem um número atô-
mico igual a seis.

1,00794
1 Massa atômica

Essas transições de energia aconteciam repetidamente,


gerando uma sequência de fótons que são ondas eletro-
magnéticas.
As camadas eletrônicas, também chamadas de níveis
eletrônicos, foram assim nomeadas para as órbitas internas Número de massa
H
e externas do átomo. Mais tarde, descobriu-se que todos os O núcleo de um átomo é constituído de dois tipos de
átomos conhecidos encaixam-se em no máximo sete cama- partículas componentes ou núcleons, que são os pró-
das eletrônicas (K, L, M, N, O, P, Q), e cada camada pode tons e os nêutrons. E, como praticamente toda massa do
conter um número máximo de elétrons. átomo se encontra no núcleo, considera-se que a massa
do elétron é desprezível; portanto, a massa do átomo é a
Foram atribuídos os seguintes valores para as cargas e soma algébrica do número de prótons e nêutrons. Chama-
massas relativas dos prótons, elétrons e nêutrons: mos este de número de massa e o representamos por A.
Como o átomo não tem carga elétrica, o número de
Carga elétrica prótons no núcleo deve ser igual ao número de elétrons na
Massa região extranuclear. Também, o número de prótons no nú-
Regiões Partículas Valor relativa
Natureza cleo deve ser igual ao número atômico. Portanto, podemos
relativo
dizer que o número de massa é:
Próton Positiva +1 1 A = Z + Nn
Núcleo A = número de massa
Nêutron Neutra 0 1
Z = número atômico
Eletrosfera Elétron Negativa -1 1/1.840 Nn= número de nêutrons

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138

Podemos citar alguns exemplos de número de massa:


47 Ag representa um átomo do elemento prata
O símbolo 108
(Z = 47) com número de massa igual a 108 (A =108), ou seja,
Hidrogênio: 1 próton e 0 nêutron, portanto A = 1 + um átomo com 47 prótons, 47 elétrons e 61 nêutrons.
0 = 1;
79 Au representa um átomo do elemento ouro
O símbolo 197
(Z = 79) com número de massa igual a 197 (A = 197), ou seja,
Oxigênio: 8 prótons e 8 nêutrons, portanto A = 8 + um átomo com 79 prótons, 79 elétrons e 118 nêutrons.
8 = 16;
Íons
Prata: 47 prótons e 61 nêutrons, portanto A = 47 +
Os átomos são eletricamente neutros, isso significa que
61 = 108;
não têm carga. Portanto, a quantidade de cargas positivas
é igual à quantidade de cargas negativas, ou seja, o nú-
Ouro: 79 prótons e 118 nêutrons, portanto A = 79 +
mero de prótons deve ser igual ao número de elétrons. A
118 = 197.
quantidade de prótons e elétrons de um átomo é igual e o
número atômico é igual ao número de prótons, no entan-
Os prótons, elétrons e nêutrons de um determinado ele-
to, não podemos afirmar que o número atômico seja igual
mento são iguais aos de outros elementos, a diferença está
ao número de elétrons, porque existem entidades deno-
na quantidade de prótons, elétrons e nêutrons que cada
minadas íons, que são eletricamente carregados, portanto
substância apresenta em seu átomo, ou seja, o número de
o número de prótons é diferente do número de elétrons e
partículas que constituem o átomo é o que o diferencia de
por isso o número atômico deve ser definido pelo número
outro átomo. É o número atômico que está relacionado com
de prótons e não pelo número de elétrons, embora nos
a natureza de um elemento, pois os átomos de um elemento,
átomos esses sejam iguais.
ou o próprio elemento, podem ser identificados apenas pelo
Assim, existe uma entidade formada por 47 prótons (Z = 47,
número atômico. Por exemplo, cada átomo de ouro apresen-
portanto prata), 46 elétrons e 61 nêutrons. Dizemos que esse íon
ta um número atômico igual a 79 e cada átomo de carbono
tem carga positiva porque possui mais prótons que elétrons e o
tem um número atômico igual a seis. Portanto, elemento quí-
valor da carga é determinado pela diferença entre o número de
mico é um conjunto de átomos de mesmo número atômico.
prótons e elétrons:
Os elementos químicos são representados por símbo-
Carga do íon = np – ne; em nosso exemplo: Carga do
los que são adotados internacionalmente. Como a Química
íon = 47 – 46 = +1.
é uma Ciência universal, seus símbolos também devem ser
Para representar esse íon, utilizamos a mesma notação
universais. Os símbolos dos elementos constam da inicial
do átomo com a carga indicada no índice superior, escrito
maiúscula dos seus nomes em latim ou, eventualmente,
à direita do respectivo símbolo, como representado a
em grego, seguida ou não de uma segunda letra minúscula
seguir: AZelementocarga. Portanto, para nosso exemplo,
do próprio nome. Os símbolos usados atualmente foram in-
troduzidos na Química em 1811, pelo químico sueco John temos: Ag+1.
Jacob Berzelius (1779-1848).
Isótopos, isóbaros e isótonos
A maioria dos símbolos derivados do latim se asseme-
lha à língua portuguesa por essa também ser derivada do O que caracteriza o elemento químico é o número atô-
latim, como o hidrogênio (H) e o oxigênio (O). No entanto, mico; sendo assim, átomos de um mesmo número atômi-
existem alguns elementos como a prata (Ag, derivado de co são átomos de um mesmo elemento químico. A maioria
Argentum), o ouro (Au, derivado de Aurum) e o chumbo dos elementos é formada por átomos com diferentes nú-
(Pb, derivado de Pumblo) que não se assemelham em meros de massa mas com o mesmo número atômico, são
nada à língua portuguesa. átomos de um mesmo elemento químico.
O símbolo de um elemento representa também o res- Consideremos o elemento hidrogênio, que tem número
pectivo átomo. Quando queremos indicar no próprio sím- atômico igual a 1. Todo e qualquer átomo de hidrogênio
bolo o número atômico e o número de massa, os valores tem Z = 1, mas são conhecidos átomos de hidrogênio com
de Z e de A são escritos como índices inferior e superior, A = 1, A = 2 e A = 3, representados por: 1H, 2 H e 3 H.
1 1 1
respectivamente, à esquerda do símbolo, utilizando a se- Como os três átomos de hidrogênio têm o mesmo nú-
guinte notação: AZsímbolo. mero atômico, apresentam também o mesmo número de
Portanto, o símbolo 11H representa um átomo do ele- prótons, com isso dizemos que esses átomos são isóto-
mento hidrogênio (Z = 1) com número de massa igual a 1 pos entre si.
(A = 1), ou seja, um átomo com 1 próton, 1 elétron e ne- Assim,1H representa um isótopo de hidrogênio com A = 1;
nhum nêutron. Esse é o único átomo que não tem nêutron. 2
H representa um isótopo de hidrogênio com A = 2; 17O repre-
O símbolo 168 O representa um átomo do elemento oxi- senta um isótopo do oxigênio com A = 17 e assim por diante.
gênio (Z = 8) com número de massa igual a 16 (A =16), ou Portanto, átomos com igual número atômico e diferentes núme-
seja, um átomo com 8 prótons, 8 elétrons e 8 nêutrons. ros de massa são isótopos de um mesmo elemento químico.
Os nomes dos isótopos são os próprios nomes dos
16
8 O 108
47 Ag 197
79 Au elementos acompanhados dos respectivos números de
massa. Somente os isótopos do hidrogênio têm nomes

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139

especiais. Os isótopos, por serem átomos, apresentam


mesmo número de elétrons, portanto estes se diferenciam SABER MAIS
apenas pelo número de nêutrons. Veja na tabela a seguir
o nome e número de prótons, elétrons e nêutrons dos
Dimitri Mendeleev (1834-1907)
isótopos de hidrogênio, do oxigênio e do cloro, tomados foi um renomado químico rus-
como exemplos a seguir. Observe que: o trítio é também so, celebrado por ter conce-
um hidrogênio pesado, porém, como é um isótopo raríssi- bido a tabela periódica dos
mo, quando falamos em hidrogênio pesado estamos nos elementos químicos. Seu tra-
referindo ao deutério. balho revolucionou a Química
e possibilitou aos cientistas a
Isótopos Nome Z A p e n organização e a previsão das
propriedades dos elementos
Prótio ou químicos.
H
1
1 Hidrogênio leve
1 1 1 1 0
Mendeleev percebeu que os
Deutério ou elementos químicos poderiam Mendeleev.
2
1 H Hidrogênio pesado
1 2 1 1 1
ser arranjados em uma matriz,
na qual os elementos com características similares
3
1 H Trítio ou Tritério 1 3 1 1 2 ocupariam a mesma coluna. Ele também deixou es-
paços vazios na tabela periódica para elementos que
16
8 O Oxigênio – 16 8 16 8 8 8 ainda não haviam sido descobertos, mas que ele pre-
viu existirem.
17
8 O Oxigênio – 17 8 17 8 8 9 O “ideal de Mendeleev” consistia em estruturar os
elementos químicos de forma a conferir à Química
18
8 O Oxigênio – 18 8 18 8 8 10 uma natureza abrangente e coesa. Dedicou sua vida
a essa visão, e sua tabela periódica é uma das con-
35
17 Cl Cloro – 35 17 35 17 17 18 quistas mais notáveis na história da ciência.
Mendeleev também realizou importantes descober-
37
17 Cl Cloro – 37 17 37 17 17 20 tas acerca das propriedades dos gases e desenvol-
veu um método para determinar o peso molecular de
compostos químicos.
Sua influência na química moderna é profunda. A
Isóbaros são átomos com diferentes números atô- tabela periódica de Mendeleev é empregada global-
micos e iguais números de massa como o 31H e o 32 He mente como uma ferramenta essencial para o ensi-
, pois ambos têm número de massa igual a 3. E isóto- no e a pesquisa em química, sendo considerada um
nos são átomos com diferentes números atômicos e de marco histórico na ciência. Seu trabalho abriu cami-
massa e igual número de nêutrons. Podemos citar como nho para outras descobertas fundamentais na Quími-
exemplo de átomos isótonos o 31H e o 42 He , pois ambos ca, como o estudo das ligações químicas e a com-
têm dois nêutrons. preensão da estrutura atômica dos elementos.

A Lei Periódica Ânios e cátions


O conceito de periodicidade química deve-se a dois quí- Embora os átomos sejam eletricamente neutros, eles
micos, o alemão Lothar Meyer e o russo Dimitri Ivanovich podem ganhar ou perder elétrons sem que seu núcleo
Mendeleev (1834-1907). Trabalhando independentemente, sofra alterações. Quando isso ocorre, o átomo se tornou
eles descobriram a Lei Periódica e publicaram tabelas pe- um íon, apresentando agora uma carga elétrica positiva
riódicas dos elementos. Meyer, em 1864, foi o primeiro a ou negativa.
publicar seus trabalhos, mas em 1869 estendeu suas tabe- Um átomo que ganha elétrons, formando um íon ne-
las para incluir mais de 50 elementos. Ele mostrou que se gativo, será chamado de ânion, enquanto um átomo que
representássemos graficamente várias propriedades como perde elétrons, resultando em um íon positivo, será deno-
volume molar, ponto de ebulição, dureza etc., em função minado cátion.
de seu peso atômico, uma curva periódica, repetitiva, era Os ânions são representados da seguinte maneira:
obtida em cada caso. No mesmo ano, Mendeleev publicou N-3, C l-, F -1. Os números acima do símbolo do elemento
os resultados de seu trabalho e incluiu sua própria versão da químico indicam a quantidade de elétrons que um ânion
tabela periódica. Em 1871, Mendeleev publicou sua versão ganhou. Por exemplo, o íon O-2 recebeu dois elétrons em
mais famosa da tabela periódica. sua eletrosfera.

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140

Já os cátions têm sua representação da seguinte for- propriedades. Para perceber o significado disso, imagine
ma: Al +3, N a+, Mg +2. Diferentemente do que ocorre nos que tivéssemos feito a lista de todos os elementos nes-
ânions, o número acima do símbolo do elemento químico ta sequência e considerássemos suas propriedades. Um
representa a quantidade de elétrons que o cátion perdeu. conjunto de elementos que logo atrairia nossa atenção é o
Por exemplo, o íon Pb+4 perdeu quatro elétrons. dos gases nobres. Estes são gases à temperatura e pres-
são ordinárias e quimicamente pouco reativos. Os gases
Isoeletrônicos nobres (Família 8 A) são:
São os átomos e íons que têm o mesmo número de
elétrons na eletrosfera. Hélio (He, Z = 2) Criptônio (Kr, Z = 36)
Por exemplo, o átomo de neônio em seu estado fun- Neônio (Ne, Z = 10) Xenônio (Xe, Z = 54)
damental, ou seja, eletricamente neutro, apresenta a Argônio (Ar, Z = 18) Radônio (Ra, Z = 86)
mesma quantidade de elétrons e prótons, 10 de cada.
Em contrapartida, vejamos o cátion de Sódio Na+. O Então, nós encontramos periodicamente esses gases
átomo de sódio, em seu estado fundamental, tem 11 pró- nobres na nossa lista de elementos.
tons e 11 elétrons. Quando se torna Na+, contudo, perde Cada elemento imediatamente posterior a um gás nobre
um elétron, ficando com 10. é um metal, uma classe especial de metais extremamente
O átomo de neônio e o cátion de sódio Na + são, por- reativos, que reagem mesmo com a água. Esse conjunto
tanto, isoeletrônicos, uma vez que apresentam dez elétrons. de elementos que têm propriedades químicas semelhantes
são chamados metais alcalinos (Família 1 A). Ele são:
Tabela periódica de Mendeleev
Lítio (Li, Z = 3) Rubídio (Rb, Z = 37)
Com essa tabela, Mendeleev mostrou que deveriam
existir certos elementos que ainda não eram conhecidos Sódio (Na, Z = 11) Césio (Cs, Z = 55)
e que iriam preencher os espaços vazios de sua tabela Potássio ( K, Z = 19) Frâncio (Fr, Z = 87)
periódica. Ele não só previu a existência dos elementos
gálio e germânio, mas também estimou suas proprieda-
Cada elemento imediatamente anterior a cada gás nobre,
des com grande exatidão.
Nas tabelas, tanto de Meyer quanto de Mendeleev, os com exceção do hélio, é um elemento não metálico muito
elementos estavam em ordem crescente de número de reativo, chamado halogênio. Todos os halogênios têm proprie-
massa. Hoje, sabemos que a periodicidade é mais bem dades químicas semelhantes (Família 7 A). Os halogênios são:
mostrada se os elementos são colocados em ordem cres-
cente de número atômico. Essa alteração afeta muito pouco Flúor (F, Z = 9) Iodo (I, Z = 53)
a ordem dos elementos, pois o aumento do número atômico Cloro (Cl, Z = 17) Astato (At, Z = 85)
geralmente significa aumento do número de massa. Bromo (Br, Z = 35)
A Lei Periódica estabelece que, se os elementos são
ordenados de acordo com o aumento do número atômi-
co, pode-se observar a repetição periódica das suas

Tabela periódica de Mendeleev

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141

Considerando apenas essas três famílias de elementos (halo-


gênios, gases nobres e metais alcalinos), descobrimos que eles Subnível s p d f
põem em relevo a sequência dos elementos, exceto pelo fato
de que o hélio não é precedido por um halogênio. A sequência Número máximo
de elétrons
2 6 10 14
halogênio – gás nobre – metal repete-se periodicamente. Outras
famílias podem ser adicionadas a essa sequência.

O número de subníveis em cada nível de energia depende


A tabela periódica moderna do número máximo de elétrons que cabem em cada nível.
A tabela periódica moderna é baseada na Lei Periódica, em Assim, como no 1o nível cabem no máximo 2 elétrons, esse
que famílias de elementos com propriedades semelhantes apa- é constituído por apenas um subnível s, no qual cabem tam-
recem em colunas verticais. Essas colunas verticais são chama- bém, no máximo, 2 elétrons. O subnível s do 1o nível de ener-
das de grupos. Alguns grupos têm cinco ou seis elementos, são gia é representado por 1s.
os chamados principais, representativos ou grupo A. Eles são Como no 2o nível cabem no máximo 8 elétrons, é constituído
numerados de 1 a 7, usando números romanos seguidos da de um subnível s no qual cabem 2 elétrons, e um subnível p no
letra A. Também se incluem como elementos do grupo principal, qual cabem no máximo 6 elétrons. Dessa maneira, o 2o nível é
o grupo zero, também chamado de VIIIA, os gases nobres. Os formado de dois subníveis, representados por 2s e 2p, e assim
grupos pequenos são chamados de subgrupos ou grupos B. sucessivamente.
As linhas horizontais da tabela são os períodos, elas e são nu-
meradas de 1 a 7, usando números arábicos. Número
Nível de
máximo Subníveis Total de
energia
Construção da tabela periódica de conhecidos subníveis
(camada)
elétrons
Distribuição eletrônica
1o (K) 2 1s 1
Os elétrons são distribuídos em camadas ao redor do nú-
cleo, representadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, suces- 2 (L)
o
8 2s e 2p 2
sivamente, a partir do núcleo. Os elétrons de um átomo têm
diferentes energias e a sua localização na eletrosfera depende 3o (M) 18 3s, 3p e 3d 3
de suas energias. À medida que as camadas se afastam do 4 (N)
o
32 4s, 4p, 4d e 4f 4
núcleo, aumenta a energia dos elétrons nelas localizados. As
camadas da eletrosfera representam os níveis de energia da ele- 5 (O)
o
32 5s, 5p, 5d e 5f 4
trosfera. Assim, as camadas K, L, M, N, O, P e Q constituem
os 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o e 7o níveis de energia, respectivamente. 6o (P) 18 6s, 6p e 6d 3
O número máximo de elétrons em cada nível de energia é: 7 (Q)
o
2 7s 1

Nível de
1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o Existe um processo gráfico que permite colocar todos
energia
os subníveis de energia conhecidos em ordem crescente
Camada K L M N O P Q de energia. É o processo denominado Diagrama de Linus
Número máxi- Pauling, representado a seguir:
2 8 18 32 32 18 2
mo de elétrons

Energia crescente
Em cada camada ou nível de energia, os elétrons se
distribuem em subcamadas ou subníveis de energia, que
representamos pelas letras s, p, d e f em ordem crescente
de energia. O número máximo de elétrons que cabe em
cada subcamada ou subnível de energia é:

CURIOSIDADES Diagrama de
Linus Pauling
Tabela periódica é uma tabela de elementos compostos
em ordem crescente de número atômico que evidencia
a semelhança das propriedades dos elementos quími-
cos com configuração similar.

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142

PESQUISE MAIS
No estado fundamental, ou seja, no estado de menor energia do átomo, os elétrons se distribuem na eletrosfera, com-
pletando os subníveis de energia, em ordem crescente de energia, a partir de 1s, com o número máximo de elétrons
permitido em cada um deles. Assim, somente o subnível de maior energia de um átomo pode ficar com um número de
elétrons menor do que o máximo permitido.

Ligações químicas
H - 1s 1
As ligações químicas ocorrem entre átomos para que
3
Li - 1s 2 2s 1 estes possam se tornar estáveis. Para que os átomos se
11
Na - 1s 2 2s 2 2p 6 3s 1 unam, é necessário que compartilhem ou doem elétrons
19
K - 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 1 de suas camadas de valência. Isso pode ocorrer por meio
da ligação iônica, na qual átomos doam ou recebem elé-
trons, ou pela ligação covalente, em que os elétrons são
Nota-se que, na sequência dos elementos em ordem compartilhados. Além disso, há uma terceira forma de liga-
crescente de Z, periodicamente se repetem configurações ção química para átomos metálicos, chamada de ligação
eletrônicas semelhantes. Como os elementos com confi- metálica.
gurações eletrônicas são sempre semelhantes, conclui-se Classificamos as substâncias pelo tipo de ligação quími-
que, na sequência dos elementos em ordem crescente ca realizada. Compostos iônicos são formados por ligações
de Z, periodicamente se repetem elementos semelhantes. iônicas, moléculas são formadas por ligações covalentes e
Este é o fundamento da tabela periódica. metais por ligações metálicas. Essas ligações também dife-
Reunindo em colunas verticais os elementos com con- rem em termos de força: A ligação metálica é a mais forte,
figurações eletrônicas semelhantes e em ordem crescente seguida pela iônica e, por fim, pela covalente.
de número atômico, estarão reunidos os elementos que
apresentam propriedades semelhantes. Surge assim a ta- A regra do octeto
bela periódica, em que as colunas verticais são as famílias Além de combinar elementos e formar substâncias, as
e as horizontais são os períodos. ligações químicas entre os átomos ocorrem para conferir
Se reunirmos as colunas em que todos os elementos estabilidade a eles.
têm subnível de maior energia da distribuição eletrôni- E o que exatamente significa um átomo ser estável?
ca s e p, obteremos os elementos representativos. Se Existem várias regras desenvolvidas para explicar a esta-
reunirmos as colunas em que todos os elementos têm bilidade das espécies atômicas, e uma delas é conhecida
subnível de maior energia da distribuição eletrônica d, como a regra do octeto.
obtêm-se o bloco d da tabela periódica, que são chama- Proposta por Gilbert Lewis (1875-1946), essa teoria
dos de elementos de transição externa. E, se reunirmos afirma que a interação atômica ocorre para que cada ele-
todos os elementos que têm subnível de maior energia mento adquira a estabilidade de um gás nobre, ou seja,
da distribuição eletrônica, obtemos o bloco f da tabela tenha oito elétrons na camada de valência.
periódica, formado pelos elementos de transição interna.

Tabela periódica.

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143

Dessa maneira, para alcançar essa estabilidade, o ele- Os compostos químicos resultantes das ligações cova-
mento doa, recebe ou compartilha elétrons da sua camada lentes apresentam as seguintes características:
mais externa, formando ligações químicas. • Podem ser encontrados nos estados sólidos
Os gases nobres são os únicos átomos que já têm oito (exemplo: açúcar), líquido (exemplo: água)
elétrons em sua camada mais externa, por isso têm pouca ou gasoso (exemplo: gás oxigênio);
tendência a reagir com outros elementos.
• São muito comuns em substâncias orgânicas;
É importante lembrar que existem várias exceções à re-
gra do octeto, principalmente entre os elementos de tran- • Não conduzem eletricidade;
sição. No entanto, de maneira geral, essa teoria fornece • Apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.
uma base sólida para compreender o funcionamento das
ligações químicas. Ligação coordenada ou covalente dativa
Conhecida como ligação covalente coordenada, ligação
Os tipos de ligações químicas semipolar ou ligação dativa, ela é muito semelhante à liga-
Para alcançar a estabilidade e obter os oito elétrons na ção covalente convencional. A diferença entre as duas é
camada de valência, como previsto na regra do octeto, os que, na ligação dativa, somente um dos átomos é respon-
átomos estabelecem ligações entre si. sável por compartilhar elétrons. Esse tipo de ligação ocorre
Essas ligações químicas variam de acordo com a ne- artificialmente, e a substância resultante tem as mesmas
cessidade de doar, receber ou compartilhar elétrons de características de uma molécula formada por uma ligação
cada átomo. Sendo assim, existem quatro tipos principais covalente espontânea.
de ligações químicas.
Ligação metálica
Ligação iônica ou eletrovalente Esse tipo de ligação ocorre entre metais, abrangendo
Para alcançar a estabilidade proposta na teoria do oc- os elementos da família 1A (metais alcalinos), 2A (metais
teto, alguns átomos transferem seus elétrons para outros alcalino-terrosos) e os metais de transição (bloco B da
átomos. Essa configuração é chamada de ligação iônica e tabela periódica – grupos 3 ao 12), resultando no que é
pode ocorrer entre: conhecido como ligas metálicas.
Ametal + metal Nas ligações metálicas, ocorre a liberação de elétrons
que formam cátions (íons de carga positiva), conhecidos
Metal + hidrogênio
como elétrons livres, que, devido à sua maior distância
Nesse caso, o elemento que cede elétrons é chamado do núcleo do átomo, movem-se livremente, criando uma
de cátion e adquire uma carga positiva. Já o átomo que “nuvem” ou “mar” de elétrons.
recebe essas partículas negativas é denominado ânion, ad- Essa característica das ligações metálicas explica por
quirindo uma carga negativa. que os materiais metálicos são excelentes condutores elé-
Para que ocorra uma ligação iônica, os átomos envol- tricos e térmicos.
vidos devem apresentar tendências opostas. Portanto, um Além disso, as ligas metálicas resultantes desse tipo de
átomo deve ter a capacidade de perder elétrons, enquanto ligação têm alto ponto de fusão e ebulição, além de exibirem
o outro pode recebê-los. ductilidade, maleabilidade e brilho.
A ligação iônica produz compostos: São exemplos de ligas metálicas:
• Sólidos à temperatura ambiente; • Aço: Ferro (Fe) e carbono (C);
• Com dureza própria da substância; • Bronze: Cobre (Cu) + estanho (Sn);
• Com alto ponto de fusão e ebulição, nas condições • Latão: Cobre (Cu) + zinco (Zn);
ambiente;
• Ouro: Ouro (Au) + cobre (Cu) ou prata (Ag).
• Que formam retículos cristalinos, como o sal de
cozinha (NaCl);
Os metais geralmente se apresentam no estado sólido
• Que, quando dissolvidos em água ou fundidos, em temperatura ambiente, exceto pelo mercúrio, que é o
conduzem corrente elétrica. único metal líquido nessas condições.

Ligação molecular ou covalente


Química analítica quantitativa
As ligações químicas covalentes ocorrem quando áto-
mos de ametais compartilham elétrons entre si. Para isso, O ramo da Química que estuda amostras específicas,
formam-se pares eletrônicos que participam das eletrosfe- sejam naturais ou artificiais, por meio da aplicação de técni-
ras de ambos os átomos. cas, conceitos, procedimentos e diversos métodos, com o
“Pares eletrônicos” é a expressão utilizada para se referir propósito de analisar, caracterizar e identificar tanto a quan-
aos elétrons compartilhados pelos núcleos dos átomos nas tidade como a qualidade dos componentes de compostos
ligações covalentes. químicos, é conhecido como Química analítica.

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144

Esse ramo é focado nas medições e tornou-se funda- Dessa maneira, as soluções podem ser classificadas
mental em várias áreas do conhecimento, incluindo biologia, como saturadas (quando o coeficiente de solubilidade é
geologia, engenharia, física, medicina, farmacologia e outras. atingido), insaturadas ou supersaturadas. A saturação de
uma solução pode ser representada por meio de uma curva
Soluções químicas de solubilidade, como ilustrado a seguir:
Quando falamos de solução, não estamos nos referindo
a qualquer tipo de mistura genérica. Na Química, as mis-
turas podem ser heterogêneas, com duas ou mais fases
distintas (como na mistura de água e óleo), ou então ho-
mogêneas, nas quais, mesmo havendo a mistura de duas Supersaturada
ou mais substâncias, não é possível discernir a diferença de
fases entre os componentes, como é o caso da mistura de
água com açúcar.
No contexto da Química, soluções são misturas homo-
gêneas de duas ou mais substâncias, sendo uma delas
mais propensa a ser dissolvida (conhecida como soluto) e
a outra substância que dissolve o soluto – essa última é
chamada de solvente.
A classificação das soluções é feita com base no estado
físico do solvente:
• Soluções sólidas – onde o solvente encontra-se no
estado sólido. Isso ocorre, por exemplo, com o ouro Temos aqui a curva de solubilidade do nitrato de potás-
18 quilates e outras ligas metálicas. sio em água. Note que o coeficiente de solubilidade varia
• Soluções líquidas – onde o solvente está em estado com a alteração da temperatura; acima da linha do gráfi-
líquido, como é o caso do vinagre, que é uma solução co, todas as soluções tornam-se supersaturadas e, abaixo
de ácido acético em água. dessa linha, todas as soluções são insaturadas.
• Soluções gasosas – onde o solvente está no estado
gasoso. Um exemplo é o ar atmosférico, que é uma Solubilidade de gases em líquidos
mistura predominantemente de N2 e O2. Peixes não conseguem sobreviver bem em águas quen-
tes. Isso acontece porque, ao contrário do que ocorre com
Outra maneira de classificar as soluções é com base na os sólidos nos líquidos, o aumento da temperatura diminui
natureza do soluto: o grau de solubilidade dos gases. Dessa maneira, a quanti-
dade de oxigênio dissolvido na água diminui.
• Soluções iônicas – onde o soluto tem natureza iônica
e pode sofrer dissociação ou ionização, como ocorre
com o cloreto de sódio.
• Soluções moleculares – onde o soluto tem natureza
molecular e não pode ser dissociado ou ionizado,
como acontece com a glicose.

Soluções saturadas
Quando adicionamos um soluto gradualmente a um sol-
vente, como no caso de sal de cozinha em um copo de
água, podemos observar que, em certo ponto, a água não
conseguirá mais dissolver o sal. A partir desse ponto, todo
o sal adicionado começará a precipitar no fundo do copo.
Nessa situação, dizemos que a solução se tornou saturada.
O ponto de saturação varia dependendo do soluto, do sol-
vente e das condições de temperatura e pressão.
Cada solvente tem um coeficiente de solubilidade, que
representa a quantidade máxima de um soluto que pode Quanto à pressão, por sua vez, quando esta é aumentada,
ser dissolvida em uma dada quantidade de solvente, em o coeficiente de solubilidade tende a aumentar também, de
condições específicas de temperatura e pressão. acordo com a Lei de Henry, que estabelece que, em uma
Quando o coeficiente de solubilidade é quase nulo, temperatura constante, a solubilidade de um gás em um
como no caso do cloreto de prata em água, a substância líquido é diretamente proporcional à pressão do gás.
é considerada insolúvel. Se dois líquidos não se misturam,
eles são chamados de imiscíveis.

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145

uma substância pura (no caso da água destilada, sua densi-


) dade é de 1,0 g/cm³ a 4 ºC, e os pontos de fusão e ebulição
são 0 ºC e 100 ºC, respectivamente, ao nível do mar).
No entanto, se houver variações, estamos diante de
uma mistura. Se você aquecer a mistura de água com sal
para verificar o ponto de ebulição, perceberá que, durante a
mudança de estado líquido para gasoso, a temperatura não
permanece constante, ao contrário da água
destilada, que mantém os 100 ºC até que
todo o líquido se torne vapor.
Além disso, existem misturas nas quais
Tipos de misturas nem é preciso determinar suas propriedades
As misturas podem ser homogêneas, quando apresen- físicas para identificar que são misturas; basta
tam um aspecto uniforme, ou heterogêneas, quando têm observar, como é o caso da seguinte mistura
mais de uma fase. de água e óleo.
Isso indica que existem diferentes tipos de Mistura
misturas, que podem ser classificadas em ho- formada
mogêneas e heterogêneas.
por água
Misturas homogêneas e óleo.
São aquelas que apresentam um aspecto uniforme,
com uma única fase (monofásica). Exemplos:
• Soro fisiológico (0,9 g de cloreto de sódio em 100
mL de água);
• Álcool hidratado (etanol e água);
• Aço (liga metálica formada por 98,5% de ferro e 1,5%
de carbono).
Os exemplos anteriores mostram que as misturas
A maioria dos materiais encontrados na natureza, em homogêneas podem estar no estado sólido, líquido ou
nossa sociedade e em nosso corpo não é composta de gasoso. Essas misturas homogêneas são chamadas de
substâncias puras, mas por misturas de duas ou mais soluções, e elas não podem ser separadas por métodos
substâncias. físicos, apenas por técnicas químicas. Para separar o
álcool da água, por exemplo, é necessário realizar um
processo de destilação, pois a centrifugação ou filtração
Identificação das misturas não seriam eficazes. Além disso, é importante ressaltar
Apesar de nos referirmos, na maio- que elas devem ser homogêneas até mesmo ao serem
ria das vezes, à água mineral apenas observadas em um ultramicroscópio. A olho nu, o leite
como “água”, na realidade ela não con- e o sangue, por exemplo, podem parecer homogêneos,
siste apenas na substância pura H2O, mas no ultramicroscópio, são heterogêneos.
pois é o resultado de um processo em
que a água da chuva penetra no solo Misturas heterogêneas
e passa por diversas rochas. Como é São aquelas que apresentam mais de uma fase. Exem-
possível diferenciar uma substância de plos: Água e óleo, água e areia, gelo e água, granito, água e
uma mistura?
ferro, sal não dissolvido na água etc. Os componentes das
A água destilada mostrada ao lado
é uma substância pura que contém Água destilada misturas heterogêneas aparecem, na maioria dos casos, em
apenas H2O. utilizada em estados físicos diferentes e podem ser separados por mé-
Visualmente, ela é exatamente igual laboratório. todos físicos. Um exemplo ocorre quando fazemos café e
a uma mistura de água e sal; no entan- filtramos o sólido, separando-o do líquido. No entanto, isso
to, elas podem ser diferenciadas com base na definição de não ocorre sempre, como é mostrado no caso do óleo e da
mistura, que são materiais cujas propriedades físicas não água, que, apesar de ambos serem líquidos, não se mis-
são constantes, mas variam em uma determinada tempe- turam devido às diferentes polaridades de suas moléculas.
ratura e pressão. Exemplos:
Assim, basta medir as propriedades físicas, como os pon- • Água e óleo;
tos de fusão e ebulição e a densidade. Caso essas proprieda-
• Ouro e areia;
des se mantenham constantes e bem definidas, trata-se de
• Açúcar e farinha.

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146

Separação de misturas Filtração: Usa-se uma superfície porosa, ou filtro, que


Como raramente encontramos substâncias puras na retém a fase sólida e deixa passar a fase líquida. Exemplo:
natureza, são necessários processos de purificação das Coar café.
substâncias, que são os processos de separação dos
componentes, pois geralmente a natureza fornece mistura
e cabe ao homem separá-las para seu uso.

Misturas heterogêneas
Misturas sólido-sólido

Para separar misturas heterogêneas formadas por subs-


tâncias sólidas, podemos utilizar os seguintes processos:

Catação: Os fragmentos de um dos sólidos são cata-


dos com mão ou pinça. Exemplo: Escolher feijão.

Ventilação: A fase mais leve é separada por corrente


de ar. Exemplo: Separação dos grãos de arroz da casca.

Levigação: A fase mais leve é separada por corrente


de água. Exemplo: Separação do ouro da areia.

Flotação: Usa-se um líquido de densidade intermediá- Decantação: Sedimenta-se uma das fases (sólida)
ria em relação aos componentes da mistura, no qual eles devido à diferença de densidade entre as fases sólida e
não se dissolvam; o componente mais leve flutua no líquido líquida. Exemplo: Separar enxofre da água.
e o mais pesado sedimenta. Exemplo: Separar serragem da Centrifugação: É uma decantação acelerada, por
areia utilizando água; a serragem flutua e a areia sedimenta. meio do uso de uma centrífuga. Exemplo: Separar as fases
Dissolução fracionada: A mistura é colocada num sólida e líquida do sangue.
líquido que só dissolve um dos componentes; o compo- Tratamento de água: O tratamento de água é um
nente insolúvel é separado por filtração; por evaporação, processo indispensável para assegurar a qualidade e a se-
separa-se o componente dissolvido do respectivo líquido. gurança do nosso abastecimento hídrico. Ao longo desse
Exemplo: Separar o sal da areia utilizando água. processo, várias etapas são executadas para eliminar impu-
rezas e tornar a água adequada para o consumo.
Fusão fracionada: Por aquecimento, separam-se
componentes de diferentes pontos de fusão. Exemplo: Uma das primeiras etapas é a filtração, na qual a água
Separar areia do enxofre. é conduzida por um filtro que retém partículas maiores, tais
como areia e pedras. Em seguida, a decantação entra em
Cristalização fracionada: Todos os componentes cena, permitindo que a água repouse e propicie a deposi-
se dissolvem e, por evaporação do solvente, os compo- ção das partículas mais densas no fundo do reservatório.
nentes se cristalizam separadamente, à medida que seus
limites de solubilidade são atingidos. Exemplo: O salitre do Outro passo crucial é a cloração, que envolve a adição
Chile é o nitrato de sódio (NaNO3) natural, cuja impureza é de cloro à água. Esse procedimento tem como finalidade
o iodato de potássio (KlO3). Dissolvendo-se a mistura em eliminar bactérias e outros microrganismos prejudiciais à
água, após a evaporação, cristaliza-se primeiro o NaNO3, saúde. Trata-se de uma medida essencial para garantir a
separando-o do KlO3, que se mantém dissolvido na água. ausência de agentes patogênicos na água.

Peneiração ou tamização: Usa-se quando os Por fim, a osmose reversa é aplicada como um méto-
grãos dos sólidos têm diferentes tamanhos. Exemplo: Pe- do avançado de separação. Nesse processo, a água é
neirar areia para separá-la do pedregulho. conduzida por uma membrana semipermeável que retira
íons e outras impurezas indesejáveis. Esse método des-
Separação magnética: Um dos componentes deve taca-se pela eficiência na eliminação de sais e contami-
ser atraído pelo ímã. Exemplo: Separar limalha de ferro do nantes químicos.
enxofre.
Ao integrar essas etapas de tratamento, conseguimos
Misturas sólido-líquido obter água limpa e segura para o consumo humano. É fun-
Para separar misturas heterogêneas formadas por uma damental compreender cada uma dessas etapas e reco-
fase líquida e uma sólida, temos os seguintes processos: nhecer a importância do trabalho realizado pelas estações
de tratamento de água, que nos oferecem um recurso tão
essencial para nossa vida cotidiana.

00_EJA_ENSINO MEDIO II_book.indb 146 11/12/2023 12:03


147

O processo de filtração pode ser utilizado para se- Misturas homogêneas


parar as fases sólida e gasosa como separar a poeira do ar
com aspirador de pó. No processo de decantação, após a Para separar misturas homogêneas formadas por sólido
sedimentação do sólido, o líquido pode ser removido entor- e líquido, utilizamos a destilação, que pode ser “simples” ou “fra-
nando-se o frasco que contém a mistura ou, então, por meio cionada”. A destilação simples é um processo empregado para
de um sifão. Neste caso, o processo chama-se sifonação. separar líquidos com diferentes pontos de ebulição.

Nesse procedimento, a mistura é aquecida em um recipien-


te denominado balão de destilação. O líquido com o ponto de
ebulição mais baixo evapora primeiro, formando vapor. Esse va-
por ascende pelo tubo de destilação e adentra o condensador,
onde é resfriado e readquire o estado líquido. Essa substância
líquida é recolhida em um recipiente específico, chamado balão
receptor.

Alguns exemplos de destilação simples são:


• A separação do álcool etílico (etanol) da água em uma
destilaria, uma vez que o etanol tem um ponto de
ebulição inferior ao da água.
• A obtenção de água destilada a partir de uma solução
aquosa, visto que a água evapora primeiro e é
subsequentemente condensada.
• A extração de óleos essenciais de plantas durante a
produção de perfumes ou produtos aromáticos, em
O processo de decantação pode ser utilizado também que os óleos voláteis são vaporizados e coletados.
em misturas líquido-líquido. Nesse caso, a decantação é feita em Por outro lado, a destilação fracionada é um processo seme-
funil de bromo, também chamado de funil de decantação ou funil lhante à destilação simples, porém empregado quando há uma
de separação. Este é um balão com uma torneira na sua parte mistura de líquidos com pontos de ebulição próximos.
inferior, a qual permite o escoamento do líquido mais denso.
Nesse procedimento, a mistura é aquecida no balão de
destilação, e os vapores ascendem pelo tubo de destilação.
Entretanto, o tubo de destilação é dotado de uma coluna de
fracionamento, que contém múltiplas bandejas ou pratos. À me-
dida que os vapores sobem pela coluna, entram em contato
com as superfícies resfriadas das bandejas. Líquidos com pon-
tos de ebulição mais baixos condensam nas bandejas inferiores,
enquanto líquidos com pontos de ebulição mais elevados per-
manecem em forma de vapor e continuam a ascensão até as
bandejas superiores. Assim, ocorre uma separação gradual dos
componentes da mistura.

Alguns exemplos de destilação fracionada são:


• A separação dos componentes do petróleo, em que
diferentes frações como gasolina, diesel e querosene
são obtidas por meio da destilação fracionada do
petróleo bruto.
• A purificação do álcool etílico (etanol) para uso em
bebidas alcoólicas, em que a destilação fracionada
é empregada para eliminar impurezas e obter um
produto mais puro.
• A obtenção de gases industriais, como oxigênio e
nitrogênio, por meio da destilação fracionada do ar
líquido.
• A separação dos componentes de uma mistura de
compostos orgânicos, em que a destilação fracionada
é aplicada para separar compostos com pontos de
ebulição próximos.

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148

Estequiometria Líquido e líquido, utilizamos a destilação fracionada.


A estequiometria é o estudo das proporções das substân-
cias que reagem entre si e dos produtos formados em uma
reação química. Essa é uma ferramenta fundamental na Química Saída
e é usada para calcular as quantidades de reagentes e produtos de água
em uma reação química.
A estequiometria está fundamentada na Lei da Conserva- Balão de
ção da Massa, que estabelece que a massa total dos rea- destilação Condensador
gentes é igual à massa total dos produtos. Isso significa que
a quantidade de matéria não é criada nem destruída durante
uma reação química.
Para determinar as quantidades de reagentes ou produtos
Entrada
em uma reação química, é necessário conhecer as proporções
de água
relativas das substâncias que reagem. Essas proporções re-
lativas podem ser expressas em termos de moles, massas Mistura
ou volumes. a ser
A molaridade é uma medida da concentração de uma so- destilada Componente
lução, definida como o número de moles de soluto por litro (água e sal) já destilado
de solução que calcula a quantidade de soluto presente em Processo de destilação.
uma solução.
A densidade é uma medida da massa por unidade de vo- O sal fica dentro do balão de destilação, pelo condensa-
lume utilizada para calcular a massa do soluto contido nessa dor entra água como vapor e por fim sai como líquido. Para
solução. separar misturas homogêneas formadas por:
A concentração comum é outra medida da concentração
de uma solução, definida como a massa do soluto por litro de em que os líquidos destilam separadamente à medida que
solução que calcula a quantidade de soluto em uma solução. seus pontos de ebulição vão sendo atingidos. Exemplo: Se-
parar as frações do petróleo.
Aqui estão alguns exemplos de como a estequiometria pode
ser aplicada: Gás liquefeito
• Para calcular a quantidade de reagentes necessários de petróleo

Torre de fracionamento
para produzir uma quantidade específica de produtos. Petróleo
• Para determinar a quantidade de produtos que serão
gerados a partir de uma quantidade determinada de Gasolina
reagentes. Retorta
• Para avaliar a pureza de uma substância. Querosene
• Para regular a velocidade de uma reação química.
Óleo diesel
A estequiometria é uma ferramenta poderosa que se empre-
ga no estudo das reações químicas. Ela é essencial na Química
e encontra múltiplas aplicações em campos diversos, como a Óleo
combutível
indústria, a medicina e a pesquisa.
Processo de destilação fracionada.
Aqui estão alguns exemplos de diferentes tipos de concen-
trações:
• Molaridade: Uma solução aquosa com uma molaridade Gás e gás, utilizamos a liquefação fracionada: Resfria-
de 1,0 M tem 1,0 mol da substância dissolvida por litro -se gradativamente e os gases vão se liquefazendo à me-
de solução. dida que seus pontos de liquefação vão sendo atingidos.
Exemplo: Separação dos componentes do ar.
• Densidade: A densidade da água é 1,0 g/cm³, o que
significa que 1,0 cm³ de água tem uma massa de 1,0 g. Gás e líquido, a mistura é aquecida e, com a elevação
• Concentração comum: Uma solução de água com uma da temperatura, a solubilidade do gás diminui. A agitação e
concentração comum de 10,0 g/L contém 10,0 gramas a diminuição da pressão também expulsam o gás. Exem-
de água por litro de solução. plo: Separar a água do gás na água gaseificada ou no re-
frigerante. A saída do gás provoca a formação da espuma.
O sólido não destila. Exemplo: Separar a água do sal dissolvido. Gás e sólido com aquecimento, o gás se desprende
do sólido. O processo é também conhecido por destilação
seca. Exemplo: Separação do metanol, na forma gasosa, da
madeira. O metanol é um álcool usado como combustível.

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Funções da Química inorgânica

F
unção química é um conjunto de substâncias com propriedades químicas seme-
lhantes. As principais funções da Química inorgânica são: Ácidos, bases e sais. Ácidos

Ácidos Bases

Os ácidos são substâncias muito comuns em nossa vida; substâncias como o limão,
refrigerantes e vinagre, por exemplo, são ácidos. Do ponto de vista prático, os ácidos
apresentam as seguintes características:

• formam soluções aquosas condutoras de energia;


• mudam cores de algumas substâncias (nós as chamamos de soluções indicadoras
de ácido).

Os ácidos estão no nosso dia a dia e até dentro do nosso corpo. A bateria do carro
contém solução de ácido sulfúrico para que possa transmitir energia para os componen-
tes elétricos do carro. O ácido clorídrico (muriático) é usado para a limpeza de pisos e
azulejos, entre outros. Os acidentes causados por transportes de ácido são perigosos
não só às pessoas, mas também ao meio ambiente.

ATUALIDADES ATUALIDADES
Acidente entre carretas derrama ácido e interdi- Acidente com ácido sulfúrico em usina de açúcar
ta pista em Minas e álcool deixa trabalhadores feridos em Uberaba
O tempo, Minas Gerais, 26 maio 2023 às 13h01. G1, Triângulo e Alto Paranaíba, 15 fev. 2020 às 13h15.

“A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e o Corpo de “Sete pessoas ficaram feridas após acidente com
Bombeiros foram acionados na manhã desta sexta- ácido sulfúrico em uma usina de álcool e açúcar localiza-
-feira (26) para um acidente envolvendo duas carretas da na zona rural de Uberaba. Equipe fazia manutenção
na rodovia MGC-135, na altura de Curvelo, na região na base de um tanque de armazenamento vazio, com
Central do Estado. A batida resultou na liberação de um maçarico, quando houve uma explosão.
produto perigoso na via. De acordo com as informa-
ções iniciais da PMRv, a batida foi na altura do km 633. De acordo com o Corpo de Bombeiros, três vítimas
Uma carreta bateu na traseira de outra que estava car- sofreram lesões graves nos olhos. Os outros quatro fun-
regada com 16 mil litros de ácido sulfúrico. Em decor- cionários tiveram ferimentos com menor gravidade. [...]
rência do acidente, houve derramamento do ácido na Os bombeiros informaram também que uma equipe
margem da rodovia e a carreta que causou o acidente de emergências ambientais esteve no local, e constatou
ficou atravessada na rodovia.[...] que não houve contaminação do solo ou da água. [...]”.

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150

A definição de ácido de Arrhenius Fórmulas dos ácidos

Do ponto de vista teórico, Arrhenius definiu: Todos os ácidos são formados por H+ e por um átomo
ou conglomerado de átomos com carga negativa (ânion ou
“Ácidos são compostos que em solução liberam íons radical negativo).
H +”
H+ + Cl- HCl
O H+ é, nessa perspectiva, o responsável pelas proprie-
dades comuns a todos os ácidos, sendo chamado, por 2H+ + SO4-2 H2SO4
esse motivo, de radical funcional dos ácidos. Exemplos de
ácidos em solução aquosa: Observamos que a carga total de íons negativos deve
ser anulada pela carga de H+ de modo que o composto
HCl  H+ + Cl- fique eletricamente neutro.

HNO3  H+ + NO3- Podemos ter um pensamento genérico de que as car-


gas se “trocam”, assim podemos dizer que a carga do ânion
H2SO4  2H+ + SO4-2 (negativa) é trocada pela do cátion (positivo).

Por meio de pesquisas, sabemos que a definição de Para as fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, de-
Arrhenius não é completamente correta. Na verdade, em vemos citar que os hidrogênios ionizáveis sempre se ligam
solução aquosa, o cátion H+ se une a uma molécula de ao átomo central através de oxigênios e estes se ligam ao
água formando o H3O+, chamado de hidrônio ou hidroxônio: átomo central através de ligação covalente.

H ++ H 2O  H 3O + Quando o hidrogênio se liga diretamente ao átomo cen-


tral, ele não se ioniza. Um exemplo é o H3PO3, que é um
Assim sendo, as moléculas anteriores ficam assim: diácido, e o H3PO2, que é um monoácido.

HCl + HNO3  H3O+ + Cl- Nomenclatura dos ácidos

HNO3 + H2O  H3O + NO3- Hidrácidos

O nome é feito com terminação ‘‘ídrico’’:


H2SO4 + H2O  H3O + SO4-2
Ácido clorídrico: HCl
Classificação dos ácidos Ácido fluorídrico: HF
De acordo com o número de hidrogênios que se ionizam. Oxiácidos
• Monoácidos: Na ionização, a molécula produz Quando o elemento forma um oxiácido, usa-se a termi-
apenas 1H+ (HCl, HNO3 etc.); nação “ico”:

• Diácidos: Na ionização, a molécula produz 2H+ Ácido carbônico: H2CO3


(H2SO4, H2CO3 etc.);
Ácido bórico: H3BO3
• Triácidos: Na ionização, a molécula produz 3H +
Quando o elemento forma dois oxiácidos, a terminação
(H3PO4, H3BO3 etc.); ‘‘ico’’ é dada para os ácidos com maior nox e ‘‘oso’’ para o
de menor:
• Tetrácidos: Na ionização, a molécula produz 4H+
(H4P2O7, H4SiO4 etc). Ácido nítrico: HNO3

Os ácidos com dois ou mais hidrogênios ionizáveis são Ácido nitroso: HNO2
denominados poliácidos.
Quando o elemento forma três ou quatro oxiácidos:
De acordo com a presença ou não de oxigênio na mo-
lécula: Ácido perclórico: HClO4

Hidrácidos: Não contêm oxigênio (HCl, HBr, H2S etc.). Ácido clórico: HClO4

Ácido cloroso: HClO2


Oxiácidos: Contêm oxigênio (HNO3, H2SO4, H3PO4 etc.).
Ácido hipocloroso: HClO

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151

Bases Bases fracas: São aquelas cuja dissociação é inferior


a 5%. É o caso do hidróxido de amônio (NH4OH) e de me-
Antes da teoria de Arrhenius, as bases eram conceitua- tais em geral (excluindo os alcalinos e alcalino-terrosos).
das por uma série de propriedades comuns, como:
De acordo com a solubilidade em água:
• Terem sabor adstringente (sabor de banana “verde”);
• Tornarem a pele lisa e escorregadia; Solúveis: Hidróxidos dos metais alcalinos.
• Tornarem azul o papel róseo de tornassol; Pouco solúveis: Hidróxidos dos metais alcalino-terrosos.
• Conduzirem corrente elétrica.
Praticamente insolúveis: Todos os outros metais.
As bases são comuns em nosso cotidiano. Vários líqui-
dos de limpeza contêm hidróxido de sódio (NaOH), pre- Fórmulas das bases
sente para desentupir pia; o hidróxido de amônio (NH 4OH)
está presente em tintas capilares; o “leite de magnésia”, Os hidróxidos são formados por um radical positivo liga-
usado para combater acidez estomacal, contém hidróxido do a uma hidroxila. Exemplo:
de magnésio (Mg(OH)2). Na+ + OH- .NaOH
Outra utilização do hidróxido de sódio é na indústria de Ca+2 + OH-.Ca(OH)2
sabões e sabonetes.
Nomenclatura das bases
Depois de Arrhenius, foi possível entender que essas
propriedades comuns se devem ao íon negativo OH–, cha- A nomenclatura dos hidróxidos é muito simples, bas-
mado de hidroxila, que está presente em todas as bases. ta colocar a palavra ‘‘hidróxido’’ e, em seguida, o nome do
metal:
Os hidróxidos de metais são compostos iônicos e, por
isso, quando se dissolvem na água, há uma dissociação NaOH  hidróxido de sódio.
iônica que pode ser equacionada como:
água Quando o metal forma duas bases, a regra fica: “ico”
NaOH Na + OH para o número maior e ‘‘oso’’ para o número menor:
água
Ca(OH)2 Ca2 + 2OH Fe(OH)3  hidróxido férrico.
Portanto, bases são compostos que, em solução aquosa, Fe(OH)2  hidróxido ferroso.
liberam como íons negativos apenas a hidroxila (OH–).
Sais
Classificação da base: Segundo Arrhenius, sais são compostos resultan-
De acordo com o número de hidroxilas (OH ).– tes da neutralização entre ácido e base, formados pelo
ânion (íon negativo) do ácido e pelo cátion (íon positivo)
Monobases: Têm apenas uma hidroxila. Exemplo: NaOH. da base.

Dibases: Têm duas hidroxilas. Exemplo: Ca(OH)2 A reação de neutralização pode ser equacionada como:
ácido + base sal + água
Tribases: Têm três hidroxilas. Exemplo: Fe(OH)3
Como exemplo de reação de neutralização, temos a
Tetrabases: Têm quatro hidroxilas. Exemplo: Sn(OH)4 reação entre o ácido clorídrico (HCl) e o hidróxido de sódio
(NaOH) formando cloreto de sódio (NaCl) e água (H2O). Para
Não existem bases com mais que quatro hidroxilas por
essa reação, temos a seguinte equação:
molécula.
HCl + NaOH  NaCl + H2O
De acordo com o grau de dissociação: Podemos observar que o cátion da base (Na+) se liga ao
ânion do ácido (Cl–) formando o sal.
Bases fortes: São aquelas cujo grau de dissociação é
de quase 100%. É o caso dos hidróxidos formados por me- A reação entre ácido e base é chamada de neutraliza-
tais da família 1A (metais alcalinos). Exemplos: LiOH, NaOH, ção porque os íons que dão o caráter ácido (H+) ou básico
KOH e os da família 2A (alcalino-terrosos) como o Ca(OH)2. O (OH–) à substância reagem entre si formando água, que é
Mg(OH)2 é uma exceção à regra pois é uma base fraca. uma substância neutra, segundo a equação:
H++ OH– H 2O

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152

Em toda reação de neutralização ácido-base há forma- Os óxidos ácidos reagem com os óxidos básicos for-
ção de sal mais água, pois o cátion da base se liga ao ânion mando sais:
do ácido, formando o sal, e o cátion do ácido se liga ao
ânion da base, formando a água. SO3 + CaO → CaSO4
Existem também os óxidos anfóteros, ou seja, apre-
Nomenclatura dos sais
sentam simultaneamente caráter ácido e básico. Esses
Os sais são nomeados segundo o ácido que foi utilizado
óxidos são formados pelos elementos da parte central da
no processo de neutralização, exemplo:
tabela periódica:
HCl (ácido clorídrico) +
NaOH → NaCl (Cloreto de sódio) + H2O ZnO e Al2O3
HNO2 (ácido nitroso) + Os óxidos são muito comuns em nossa vida. O mais
KOH → KNO2 (Nitrito de potássio) + H2O comum é o dióxido de carbono (CO 2), que a maioria dos
seres vivos libera na respiração e é a principal causa do
H2SO4 (ácido sulfúrico) + efeito estufa. Outro gás importante é o monóxido de car-
2NaOH → Na2SO4 (Sulfato de sódio) + 2H2O bono (CO), um gás tóxico que se forma na queima incom-
pleta de combustíveis derivados de petróleo e é um dos
Óxidos principais poluentes da atmosfera. Podemos citar também
Óxido é todo composto constituído por dois elementos, o óxido de cálcio (CaO), também conhecido como cal
sendo um deles sempre o oxigênio, que é o mais eletrone- virgem ou viva, que é um dos óxidos de maior aplicação
gativo. Podemos citar como exemplos: e que não é encontrado na natureza, ele é utilizado para
a fabricação da cal hidratada ou extinta (Ca(OH)2), larga-
CO2 CO NO, SO2 mente usada na construção civil e para corrigir a acidez
do solo na agricultura.
Fe3O4 K2O Cl2O P2O5.
Nomenclatura dos óxidos
As chuvas ácidas se devem aos óxidos ácidos presen-
tes no ar atmosférico, por exemplo: A nomenclatura dos óxidos segue o mesmo padrão que
a da base, apenas trocando a palavra “hidróxido” por “óxido”:
SO3+H20 → H2SO4
Na2O → óxido de sódio.
Como o flúor é o único elemento mais eletronegativo que
o oxigênio, o OF2 não é considerado um óxido. CaO → óxido de cálcio.
Quando o elemento forma dois óxidos, dizemos:
Existem óxidos que apresentam caráter ácido, básico ou
neutro. Esse caráter é definido pela eletronegatividade dos Fe2O3 → óxido férrico.
elementos ligados ao oxigênio.
FeO → óxido ferroso.
Os óxidos formados por elementos muito eletronegati- Quando o elemento forma dois ou mais óxidos podemos
vos são, em sua maioria, óxidos ácidos, pois reagem com indicar com algarismo romano o seu número de oxidação:
a água produzindo ácidos:
Fe2O3 → óxido de ferro III.
SO3 + H2O → H2SO4
FeO → óxido de ferro II.
Cl2O7 + H2O → 2HClO4
Quando o elemento forma dois ou mais óxidos, pode-
N2O5 + H2O → 2HNO3 mos indicar o número de átomos de oxigênio na molécula
Os óxidos formados por elementos pouco eletrone- e o número de átomos do elemento, com o auxílio dos
gativos (metais alcalinos e alcalino-terrosos) são chama- prefixos “mono”, “di”, “tri” etc.:
dos de óxidos básicos, pois reagem com a água for-
Fe2O3 → trióxido de diferro.
mando bases:
CuO → monóxido de monocobre.
Na2O + H2O → 2NaOH
Cu2O → monóxido de dicobre.
CaO + H2O → Ca(OH)2
Os óxidos de alguns não metais não reagem com a Peróxidos
água, por isso são chamados de óxidos neutros:
Peróxidos são óxidos que reagem com água ou áci-
NO, N2O e CO. dos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2), exemplo:
água Na2O2 + H2O → 2NaOH + H2O2
HCl + NaOH NaCl + H2O

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153

A nomenclatura é feita com a palavra “Peróxido”:


Alcalinos Alcalino-terrosos
H2O2 → Peróxido de hidrogênio Fr > Cs > Rb > K > Na Ra > Ba > Sr > Ca > Mg
>
> Li > Be
Na2O2 → Peróxido de sódio
Reação de simples troca por deslocamento de
Reações de síntese ou de adição metais e não metais
A reação de síntese ocorre quando dois ou mais rea- Para que ocorra a reação AB + C → AC + B, é neces-
gentes dão origem a um único produto. Essa reação pode sário que C seja mais reativo que B; para que ocorra uma
ser representada, de maneira geral, por: A + B → AB reação AB + C → CB + A, é necessário que C seja mais
As reações de síntese mais comuns são as reações de reativo que A, como nos exemplos a seguir:
queima de substâncias simples como:
3CuSO4 + 2Al → Al2(SO4)3 + 3Cu (reatividade: Al > Cu)
A queima do gás hidrogênio: 2H2 + O2 → 2H2O
MgSO4 + Al → não há reação (reatividade: Al < Mg)
A queima do carvão: C + O2 → CO2
CaBr2 + F2 → CaF2 + Br2 (reatividade: F > Br)
Produção de ácido clorídrico: H2 + Cl2 → 2HCl
CaCl2 + I2 → não há reação (reatividade: I < Br)
Reações de decomposição ou análise A reatividade foi determinada por meio de experiências
e é representada em uma escala de reatividade química.
Como o próprio nome diz, a reação de decomposição é
o oposto da reação de adição. Um produto se decompõe Para os metais, temos: Reatividade decrescente
e dá origem a dois outros: Metais comuns
AB → A + B Al > Mn > Zn > Cr > Fe > Ni> Sn > Pb > H > Cu > Hg > Ag > Au
As reações de decomposição ocorrem principalmente Reatividade decrescente (maior reatividade, menor no-
por aquecimento, no entanto, podem ocorrer por eletrólise, breza)
fotólise ou por simples instabilidade da molécula. Podemos x
M(s) + xH+(aq) + H2(g)
2
citar como exemplo:
Reação laboratorial de
A decomposição por aquecimento do carbonato de cál- Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2
cio: Ca + CO3 → CaO + CO2
Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2
A decomposição por eletrólise do sal de cozinha (NaCl):
2NaCl + CO3 corrente elétrica 2Na + Cl2
Para não metais temos:
A decomposição por fotólise de um componente do fil- F > O > Cl > Br > I > S > C
me fotográfico, o brometo de prata: 2AgBr luz 2Ag + Br2
Reatividade Decrescente
A decomposição do ácido carbônico por instabilidade
da molécula: H2CO3 → CO2 + H2O Simples troca por reação e metais com ácidos di-
luídos
Reações de simples troca ou de deslocamento Os metais mais reativos que o hidrogênio o deslocam na
As reações de simples troca são as reações que se- maioria dos ácidos diluídos segundo a regra:
guem estas equações gerais: x
M( s ) + xH(+aq ) + H2 ( g )
2
AB + C → CB + A
AB + C → AC + B Como no exemplo a seguir:

No primeiro caso, dizemos que C deslocou A do com- Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2


posto AB; no segundo caso, que C deslocou B do com-
posto AB. Exemplo:

CuSO4 + Zn → ZnSO4 + Cu
CaCl2 + F2 → CaF2 + Cl2
Na primeira, dizemos que o Zn deslocou o Cu do CuSo4;
na segunda, que o F2 deslocou o Cl2 do CaCl2.

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154

Simples troca pela reação de metais com a água


Os metais alcalinos e alcalino-terrosos reagem com a CURIOSIDADES
água a frio, deslocando o hidrogênio.
2Na + 2H(OH) → 2NaOH + H2 2Na + 2H(OH).2NaOH + H2 (essa reação pode
ser vista acessando o seguinte link do YouTube:
2K + 2H(OH) → 2KOH + H2 https://www.youtube.com/watch?v=dz0c7RxYOZA).
Acesso em: 16 out. 2023.
Ca + 2H(OH) → Ca(OH)2 + H2

Reação de dupla troca

São reações que seguem a equação:

AB + CD → AD + CB PESQUISE MAIS
Por exemplo:
NaCl + AgNO3 → NaNO3 + AgCl Reação de Cu 2SO 4 + Zn → ZnSO 4 + Cu. Podemos ob-
servar que a parte mais escura da placa é o cobre em
CaF2 + H2SO4 → CaSO4 + 2HF forma metálica.

A reação de dupla troca ocorre quando AD e/ou CB for


menos solúvel, eletrólito mais fraco e mais volátil que AB
e/ou CD. Para sabermos se uma reação de dupla troca
ocorre ou não, precisamos conhecer:

• a solubilidade dos reagentes e dos possíveis produtos;


• a força dos reagentes e dos possíveis produtos;
• a volatilidade dos reagentes e dos possíveis produtos.

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155

Glossário Eletroquímica: Estuda as reações nas quais ocorre con-


versão de energia química em energia elétrica e vice-versa.
Ácido: É toda substância em solução aquosa que libera
Energia de ligação: É a energia necessária para romper
como íons positivos somente H+.
um mol de ligações, produzindo átomos no estado gasoso.
Alotropia: É o fenômeno de um mesmo elemento químico
Energia de reação: É a energia liberada ou absorvida
formar duas ou mais substâncias simples diferentes.
numa reação.
Ânions: São íons que têm carga negativa, ou seja, têm
mais elétrons que prótons. Entalpia: Energia total envolvida em um sistema químico.

Base: É toda substância em solução aquosa que libera Entalpia de combustão: É a variação de entalpia que
como íons negativos somente OH–. ocorre na combustão de um mol de substância, a 25 °C e
1 atm de pressão.
Calor de formação: É a quantidade de calor liberada ou
absorvida na síntese de um mol da substância a partir de Estequiometria: Parte da Química em que se investigam
seus elementos no estado padrão. as proporções dos elementos que se combinam ou dos
compostos que reagem.
Calor de neutralização: É a variação de entalpia de um
equivalente-grama de um ácido com um equivalente-grama Eletrólise: É a decomposição de uma substância usando
de uma base. corrente elétrica.
Catalisador: É uma substância que, quando adicionada Eletrólise ígnea: Eletrólise com material fundido, sem
a uma reação, aumenta a sua velocidade sem participar água.
desta.
Eletrólise em solução aquosa: A água provoca a dis-
Catálise: É uma reação na qual participa um catalisador. sociação dos compostos iônicos.
Cátions: São íons que têm carga positiva, ou seja, têm Fases: São as diferentes porções homogêneas limitadas
mais prótons que elétrons. por superfícies de separação, constituindo um sistema he-
Célula eletroquímica: Aparelho no qual ocorre uma terogêneo.
reação de oxidorredução que produz corrente elétrica. Fórmula mínima: É a fórmula que indica a proporção
Cinética química: É a parte da Química que estuda a entre os números de átomos de cada elemento participan-
velocidade das reações. te, pelos menores números inteiros possíveis.
Constante de Avogadro: É o número de átomos de 12C Fórmula molecular: Indica os números de átomos de
contidos em 0,012kg de 12C. Seu valor é: 6,02 · 1023 mol–1. cada elemento participante da molécula.
Coloides: Dispersões na quais o diâmetro da partícula Função química: É um conjunto de substâncias com
está compreendido entre 1 nm e 100 nm. propriedades químicas semelhantes.
Crioscopia: Estuda o abaixamento da temperatura de Gás ideal: É um modelo teórico que obedece às equa-
congelamento de um solvente quando nele se dissolve um ções dos gases perfeitos.
soluto não volátil.
Gás real: É o gás disponível na prática.
Densidade absoluta ou massa específica: É a rela-
ção entre a massa e o volume de uma amostra do elemento. Galvanoplastia: Recobrimento de objetos metálicos por
outros metais.
Dissociação iônica: É a separação dos íons de uma subs-
tância iônica, que ocorre quando esta se dissolve em água. Grupo funcional: É um átomo ou grupo de átomos res-
ponsável pelas propriedades químicas apresentadas pela
Ebulioscopia: Estuda a elevação da temperatura de ebu-
lição de um solvente quando nele se dissolve um soluto não molécula.
volátil. Hidrocarbonetos: São compostos orgânicos formados
Eletroafinidade: É a energia desenvolvida quando um exclusivamente por C e H.
elétron é adicionado a um átomo neutro isolado. Íons: São entidades químicas que têm número de prótons
Eletrólitos: São substâncias que dão soluções eletrolíti- diferente do número de elétrons.
cas ou iônicas. Ionização: É uma reação através da qual se formam íons
Eletronegatividade: É a propriedade que mede a ten- quando uma substância molecular se dissolve na água,
dência que o átomo tem para receber elétron. produzindo solução que conduza a corrente elétrica.
Eletropositividade: É a propriedade que mede a ten- Isóbaros: São átomos que têm o mesmo número de
dência que o átomo tem para ceder elétron. massa.

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Isoeletrônicos: São átomos que têm o mesmo número Peróxidos: São óxidos nos quais o nox do oxigênio é -1 e
de elétrons. que apresentam o grupo (O-O).
Isomeria: É o fenômeno em que dois ou mais compostos Polímero: Substância formada quando um grande núme-
químicos diferentes apresentam a mesma fórmula molecular ro de monômeros se une.
e fórmulas estruturais diferentes.
Polimerização: Reação que forma um polímero.
Isótonos: São átomos que têm o mesmo número de nêu-
trons. Ponto de ebulição: É a temperatura na qual a pressão
de vapor do líquido se iguala à pressão que existe sobre a
Isótopos: São átomos que têm o mesmo número atômi- superfície do líquido.
co.
Potencial de ionização: É a energia necessária para
Ligação covalente: Ocorre entre dois átomos quando retirar o elétron mais fracamente ligado ao núcleo de um
um par de elétrons é compartilhado por estes. átomo no estado gasoso isolado.
Ligação iônica: Ocorre quando os íons positivos e nega- Potencial de redução: É uma grandeza que mede a
tivos constituídos se atraem, formando um composto. facilidade de a espécie sofrer redução.
Ligação metálica: Ocorre quando temos um par de elé-
Potencial de oxidação: É uma grandeza que mede a
trons ligando um grande número de íons positivos.
facilidade de a espécie sofrer oxidação.
Massa atômica: É a massa de um átomo expressa em
Pressão: Resulta das colisões das moléculas contra as
unidade de massa atômica.
paredes do recipiente onde está contido.
Massa atômica de um elemento: É a média ponde-
Pressão máxima de vapor: É a pressão exercida pelo
rada das massas atômicas dos átomos de seus isótopos
constituintes. vapor em equilíbrio com seu líquido.

Massa molecular: É a massa da molécula de uma Propriedades coligativas: São propriedades que de-
substância expressa em unidades de massa atômica. pendem exclusivamente do número de partículas dispersas
em uma solução.
Massa molar: É a massa que contém 6,02 · 1023 mol–1
entidades representadas pela respectiva fórmula. Radicais: São grupamentos atômicos que têm uma ou
mais valências livres e que não podem ocorrer em liberdade.
Mistura: É todo material constituído por duas ou mais
substâncias puras, e, consequentemente, não apresentam Radioatividade: É o fenômeno da emissão de radiações
composição fixa, densidade, PF, PE e outras propriedades por núcleos instáveis.
constantes. Raio atômico: É a metade da distância entre os núcleos
Mistura azeotrópica: São misturas que apresentam PE de dois átomos vizinhos.
constante. Reação endotérmica: Ocorre quando há absorção de
Mistura eutética: São misturas que apresentam PF energia na forma de calor.
constantes.
Reação exotérmica: Ocorre quando há liberação de
Monômero: É toda substância de pequena massa mo- energia na forma de calor.
lecular cujas moléculas podem unir:se umas às outras por
Sais: São compostos formados por cátions provenientes
ligação covalente.
de bases e ânions provenientes de ácidos.
Não eletrólitos: São compostos que dão soluções não
eletrolíticas ou moleculares. Sistema: Porção limitada do universo, considerada como
um todo para efeito de estudo.
Número de oxidação: É um número associado à carga
de um elemento num íon ou uma molécula. Sistema heterogêneo: É aquele que não apresenta as
mesmas propriedades em qualquer parte de sua extensão
Óxido: É todo composto binário que contém oxigênio em que seja examinado.
como elemento mais eletronegativo.
Sistema homogêneo: É aquele que apresenta as mes-
Óxidos ácidos: São óxidos que apresentam caráter ácido. mas propriedades em qualquer parte de sua extensão em
Óxidos básicos: São óxidos que apresentam caráter básico. que seja examinado.
Óxidos anfóteros: São óxidos que apresentam simulta- Soluções eletrolíticas: São as que conduzem corrente
neamente caráter ácido e básico. elétrica.
Osmose: É a difusão de um líquido através de uma mem- Soluções não eletrolíticas: Não conduzem corrente
brana semipermeável. elétrica.

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Substância pura: É todo material que se caracteriza por Tonoscopia: Estuda o abaixamento da pressão máxima
apresentar composição fixa, densidade, PF, PE e outras de vapor de um solvente quando nele se dissolve um soluto
propriedades constantes. não volátil.
Superóxidos: São óxidos que apresentam o ânion (O2)–. Unidade de massa atômica (u): É a massa de 12 do
1

Temperatura: Grau de agitação molecular. átomo de carbono com número de massa igual a 12.
Transformação isotérmica: É uma transformação em Volume atômico: É o volume de um mol desse elemen-
que a pressão e o volume podem variar, no entanto, a tem- to, no estado sólido.
peratura permanece constante.
Volume molar: É o volume ocupado por um mol de mo-
Transformação isobárica: É uma transformação em léculas de substância.
que a temperatura e o volume podem variar, no entanto, a
pressão permanece constante. Volume molar de um gás: É a constante para todos os
Transformação isocórica: É uma transformação em gases a uma mesma pressão e temperatura. Nas CNTP, o
que a pressão e a temperatura podem variar, no entanto, o volume molar é igual a 22,4L.
volume permanece constante. Voltagem-padrão: Ocorre quando todas as concentra-
ções são 1mol/L, todas as pressões parciais dos gases
são 1atm e a temperatura é 25°C.

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Questões b) A massa do modelo atômico de Thomson é carac-


terizada pela carga positiva e as uvas passas são as
cargas negativas, e no modelo atômico de Rutherford
1. A história da Química começou com dois cientistas, Leu- os elétrons estão na eletrosfera.
cipo e Demócrito. Eles relacionaram os elementos ar,
fogo, terra e ar com os diferentes elementos químicos c) O modelo atômico de Thomson tem apenas car-
existentes. Essa relação pode acontecer porque: ga elétrica negativa e não tem carga positiva, já o
modelo atômico de Rutherford tem apenas carga
a) Os elementos químicos têm características diferen- elétrica positiva.
tes. d) Não há diferença entre os modelos atômicos de
b) Os elementos químicos têm características iguais. Thomson e Rutherford, o que se apresenta são ele-
mentos diferentes.
c) Os elementos químicos estão organizados na ta-
bela periódica de acordo com suas propriedades
semelhantes. 4. De acordo com o modelo atômico caracterizado como
Sistema Solar de Rutherford, o átomo tem:
d) Não é possível caracterizar os elementos pois a tabela
periódica está organizada de maneira aleatória. a) Carga negativa na eletrosfera e carga positiva no
núcleo.
2. A evolução do modelo atômico aconteceu durante os b) Carga negativa e neutra na eletrosfera e carga positiva
séculos XIX e XX. No total foram três modelos atômicos: no núcleo.
modelo atômico de Dalton, de Thomson, de Rutherford c) Carga negativa no núcleo e na eletrosfera.
e de Niels Bohr. Esses modelos foram denominados
como: d) Carga negativa na eletrosfera e carga neutra e
positiva no núcleo do átomo caracterizando maior
a) Bola de bilhar, sistema solar, pudim de passas. peso do átomo.
b) Pudim de passas, sistema solar, bola de bilhar.
5. Dado um elemento químico representado com 5 prótons,
c) Bola de bilhar, pudim de passas e sistema solar. 15 nêutrons e 5 elétrons, esse elemento tem:
d) Sistema solar, pudim de passas e bola de bilhar. a) Número atômico igual a 5 e número de massa
igual a 20.
3. Os modelos atômicos de Thomson e Rutherford têm b) Número atômico igual a 20 e número de massa
características semelhantes, pois em ambos os mode- igual a 5.
los atômicos há cargas positivas e negativas, portanto
escolha a alternativa que apresenta o que difere os mo- c) Número atômico igual a 15 e número de massa
delos atômicos. igual a 20.
a) No modelo atômico de Thomson, os elétrons estão re- d) Número atômico igual a 5 e número de massa
presentados na massa do átomo, e no modelo atômi- igual a 5.
co de Rutherford os elétrons ficam no núcleo do átomo.

Gabarito
1. c

2. c

3. b

4. d

5. a

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Roteiro de Estudos
QUÍMICA

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
• Evidências de transformações químicas. Interpretando
transformações químicas.
• Sistemas Gasosos.
• Lei dos gases.
• Equação geral dos gases ideais.
• Princípio de Avogadro.
• Conceito de molécula.
• Massa molar.
• Volume molar dos gases.
• Teoria cinética dos gases.
• Misturas gasosas.
• Modelo corpuscular da matéria.
• Modelo atômico de Dalton.
• Natureza elétrica da matéria: Modelo atômico de
Thomson.
• Modelo atômico de Rutherford.
• Modelo atômico de Rutherford-Bohr.
• Átomos e sua estrutura. Número atômico, número de
massa.
• Isótopos.
• Massa atômica.
• Elementos químicos.
• Tabela periódica.
• Reações químicas.

REPRESENTAÇÃO DAS
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
• Fórmulas químicas.
• Balanceamento de equações químicas.
• Aspectos quantitativos das transformações químicas
• Leis ponderais das reações químicas.
• Determinação de fórmulas químicas.
• Grandezas químicas: Massa, volume, mol, massa molar,
constante de Avogadro.
• Cálculos estequiométricos.

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160

MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS


• Propriedades de materiais.
• Estados físicos de materiais.
• Mudanças de estado.
• Misturas: tipos e métodos de separação.
• Substâncias químicas: classificação e características gerais.
• Metais e ligas metálicas.
• Ferro, cobre e alumínio.
• Ligações metálicas.
• Substâncias iônicas: Características e propriedades.
• Ligação iônica.
• Substâncias moleculares: Características e propriedades.
• Ligação covalente.
• Polaridade de moléculas.
• Forças intermoleculares.
• Relação entre estruturas, propriedade e aplicação das substâncias.

ÁGUA
• Ocorrência e importância na vida animal e vegetal.
• Ligação, estrutura e propriedades.
• Sistemas em Solução aquosa: Soluções verdadeiras, soluções coloidais e suspensões.
• Solubilidade.
• Concentração das soluções.
• Aspectos qualitativos das propriedades coligativas das soluções.
• Conceitos de ácidos.
• Conceitos de bases.
• Conceitos de sais.
• Classificação dos ácidos.
• Classificação dos sais.

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161

• Classificação dos óxidos.


• Propriedades dos ácidos. Misturas
• Nomenclatura dos sais. Saída
homogêneas
• Nomenclatura das bases. de água
• Nomenclatura dos óxidos.
• Principais propriedades dos ácidos e bases: Balão de
indicadores. destilação Condensador
• Condutibilidade elétrica.
• Reação com metais.
• Reação de neutralização.

TRANSFORMAÇÕES Entrada
QUÍMICAS E ENERGIA de água
• Transformações químicas e energia
calorífica. Mistura
• Calor de reação. a ser
• Entalpia. destilada Componente
• Equações termoquímicas. (água e sal) já destilado
• Lei de Hess.
• Transformações químicas e energia elétrica.
• Reação de oxirredução.
• Pilha.
• Eletrólise.
• Leis de Faraday.
• Transformações nucleares.
• Conceitos fundamentais da radioatividade.
• Reações de fissão e fusão nuclear.
• Desintegração radioativa e radioisótopos.

DINÂMICA DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS


• Transformações químicas e velocidade.
• Velocidade de reação.
• Energia de ativação.
• Fatores que alteram a velocidade de reação:
Concentração, pressão, temperatura e catalisador.

TRANSFORMAÇÃO
QUÍMICA E EQUILÍBRIO
• Caracterização do sistema em equilíbrio.
• Constante de equilíbrio.
• Produto iônico da água, equilíbrio ácido-base e pH.
• Solubilidade dos sais e hidrólise.
• Fatores que alteram o sistema em equilíbrio.
• Aplicação da velocidade e do equilíbrio químico no
cotidiano.

COMPOSTOS DE CARBONO
• Características gerais dos compostos orgânicos.
• Principais funções orgânicas.
• Estrutura e propriedades de hidrocarbonetos.

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162

• Estrutura e propriedades de compostos orgânicos oxigenados (ácidos carboxílicos, cetonas, aldeídos,


álcoois, fenóis, ésteres, éteres).
• Fermentação.
• Estrutura e propriedades de compostos orgânicos nitrogenados (aminas, amidas, nitrilas ou cianetos,
nitrocompostos ).
• Macromoléculas naturais e sintéticas.
• Noções básicas sobre polímeros.
• Amido, glicogênio e celulose.
• Borracha natural e sintética.
• Polietileno, poliestireno, PVC, Teflon, náilon.
• Óleos e gorduras, sabões e detergentes sintéticos.
• Proteínas e enzimas.

RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS,


A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE
• Química no cotidiano.
• Química na agricultura e na saúde.
• Química nos alimentos.
• Química e ambiente.
• Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados à obtenção ou produção de
substâncias químicas.
• Indústria química: Obtenção e utilização do cloro, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, amônia e ácido
nítrico.
• Poluição e tratamento de água.
• Poluição atmosférica.
• Contaminação e proteção do ambiente.

ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO


• Petróleo.
• Gás natural.
• Carvão.
• Madeira e hulha.
• Biomassa.
• Biocombustíveis.
• Impactos ambientais de combustíveis fósseis.
• Energia nuclear. Vantagens e desvantagens do uso de energia nuclear.
• Lixo atômico.

Hidrocarbonetos

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Boyle (1627-1638)

Gay-Lussac (1778-1850)

Charles (1746-1823)

Lavoisier (1743-1794)

Dalton (1766-1844)

Proust (1754-1826)

Antoine Lavoisier (1743-1794)

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164

Faça seus cálculos

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165

Faça seus cálculos

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166

Faça seus cálculos

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167

Faça seus cálculos

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GRAMÁTICA

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O poema de Carlos Drummond foi retirado de uma anto-


CURIOSIDADES logia (conjunto de textos).

Podemos dizer que antologia também é um exemplo


Aristarco de Samos (320 a.C.-250 a.C.) foi um dos de coletivo.
primeiros a reconhecer oito partes do discurso: Outros exemplos: bala – saraiva, saraivada
nome, verbo, particípio, pronome, artigo, advérbio, bandidos – horda
preposição e conjunção.
borboleta – boana, panapaná
canção – cancioneiro
deputado – câmara, assembleia
Classes gramaticais estado – (quando unidos em nação) federação, con-
Substantivo federação, república Obra de Mira Schendel.
Palavra que nomeia os seres, entidades, objetos, acon- filme – filmoteca, cinemateca
tecimentos, fatos, sentimentos e sensações. gravura – iconoteca
Observe as palavras deste poema: jornal – hemeroteca
“Casas entre bananeiras lei – código
médico – junta
mulheres entre laranjeiras ministro – (quando de um mesmo governo) ministério,
pomar amor cantar. (quando reunidos oficialmente) conselho
Um homem vai devagar. palavra – vocabulário, dicionário, léxico
Um cachorro vai devagar. partido (político) – coligação, aliança
planta – horta, viveiro, flora, herbário.
Um burro vai devagar.
quadro – pinacoteca
Devagar ... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus’’.
Carlos Drummond de Andrade, Cidadezinha qualquer.
Gênero
Os substantivos dividem-se em: Regras gerais:
• Substantivo comum: É aquele que designa Se termina com Fica assim
os seres, lugares ou objetos de uma espécie de
maneira genérica. Ex.: homem, cachorro, mu- o menino – menina
lheres, janelas.
e presidente – presidenta
• Substantivo próprio: É aquele que designa um
ser, coisa, lugar específico, determinado, individuali- Consoante (s, r etc.) polonês – polonesa, autor – autora
zando-o. Ex.: Deus, Carlos Drummond.
• Substantivo concreto: É aquele que designa se- Afegão – afegã, lapão – lapona,
ão
res, lugares e objetos que existem por si só ou apre- patrão – patroa
sentam-se em nossa imaginação como se existissem
por si. Ex.: homens, burros, mulheres. As palavras terminadas
em x não têm plural: ônix, cóccix
• Substantivo abstrato: É aquele que designa
prática de ações verbais, entidades, qualidades ou
sentimentos. Ex.: vida, devagar, amor. Os substantivos também são classificados quanto ao
gênero em:
Quanto à sua formação, podem ser:
• Sobrecomum: a criança, a vítima.
• Substantivo primitivo: Não se origina de outra pa- • Comum de dois gêneros: a jovem, o jovem; o
lavra existente na língua portuguesa. Ex.: laranja, ba-
nana. cliente, a cliente.
• Substantivo derivado: Provém de outra palavra da • Epiceno: a cobra (macho ou fêmea), o tubarão (ma-
língua portuguesa. Ex.: laranjeira, bananeira. cho ou fêmea).
• Substantivo simples: É formado por um único Os gêneros de algumas palavras são mera convenção
radical. Ex.: homem. da língua. Ex.: a vida / o mar.
No francês, a palavra mar é feminina.
• Substantivo composto: É o substantivo forma- La mer – la equivale ao artigo a.
do por dois ou mais radicais. Ex.: homem-aranha.
Alguns substantivos têm formas específicas para indicar
• Substantvo coletivo: É o substantivo que, mesmo gênero:
no singular, nomeia um conjunto de seres da mesma ator – atriz
espécie. Ex.: pomar – conjunto de árvores frutíferas. réu – ré
padre – madre
cão – cadela

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170

Número Pequeno almoço: É o desjejum, o café da manhã. E não


é apenas um copinho de leite ou um copo de Coca. É um
• Substantivo simples
pequeno almoço mesmo, pela manhã.”
Se termina em Fica assim • Sintético: Formado pela adição de sufixos (inho,
ão, eto, aço etc.) aos substantivos.
vogal carro – carros
l papel – papéis, funil – funis Narigão, almocinho e copinho são exemplos de substan-
tivos aumentativos e diminutivos sintéticos.
m atum – atuns Normal: almoço, nariz, copo.
n hífen – hifens
Observação:
radar – radares
r, z O diminutivo pode assumir o valor de ironia ou ternura,
capataz – capatazes
conforme o contexto ou entonação (fala).
o lápis – os lápis
s Ex.:
português – portugueses
Que gracinha! Você chegou atrasado de novo!
Que gracinha! (diante de algo ou alguém bonito)
Exceções: mal – males
cônsul – cônsules
real – reais
Adjetivo
caracter – caracteres É a palavra que modifica o substantivo, advérbio ou outro
Observação: adjetivo, exprimindo aparência, modo de ser ou qualidade.
Às palavras terminadas em ão acrescenta-se s. ‘‘Olegário diz:
Ex.: afegão (afegãos), mão (mãos). – Só como prato mineiro.
Algumas têm dois plurais: guardião (guardiães, guar-
diões), sacristão (sacristãos, sacristães), vilão (vilãos, vilões). Costa Leite diz:
Outras têm três: peão (peãos, peães, peões), anão – O meu prato é nordestino.
(anões, anãos, anães), ancião (anciãos, anciões, anciães). Neste cordel vamos ver
Quem vai entrar pelo cano,
Substantivo composto Olegário Alfredo é mineiro

• “Super” é um termo que não tem plural, sendo assim, só Poeta bom, veterano
homem vai para o plural: super-homens. E José Costa Leite,
Poeta paraibano.’’
Outras regras:
Olegário e Costa Leite, Discussão de Olegário Alfredo com
• Dois substantivos: homem-bomba = homens-bombas.
José Costa Leite.
• Quando há uma preposição: cana-de-açúcar =
canas-de-açúcar. Os termos em destaque são exemplos de adjetivo.

• Verbo + palavra (de outra classe gramatical):


quebra-pedra = quebra-pedras. Regra geral de flexão

• Verbo + verbo (repetidos): corre-corre = corres-cor- O adjetivo concorda com o substantivo em número e
gênero.
res ou corre-corres.
Ex.: escritor(a) brasileiro(a) – escritores brasileiros / escri-
• Onomatopeias: bem-te-vi = bem-te-vis. toras brasileiras.
Grau Adjetivo composto
Aumentativo e diminutivo Se o último termo for adjetivo, este vai para o plural.
São formados pelos seguintes processos: Luso-brasileiro = luso-brasileiros
• Analítico: Utilizam palavras como pequeno, muito e Casa amarelo-clara = casas amarelo-claras
grande junto aos substantivos. Se houver substantivos, os dois ficam invariáveis.
Mário Prata, em seu livro Schifaizfavoire, traz as seguintes Vestido rosa-chá = vestidos rosa-chá
definições de palavras usadas em Portugal: Tinta branco-marfim = tintas branco-marfim
“Penca: Gíria jovem para narigudo, nariz grande. Exceção: Surdo-mudo = surdos-mudos

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171

Grau Numeral
Comparativo
É a palavra que exprime quantidade, número de ordem,
• Superioridade: Ela é mais alta que ele. múltiplo ou fração.
• Inferioridade: Ele é menos alto que ela.
• Igualdade: Ela é tão alta quanto eu. Ex.: 2004; 1 trilhão; primeira; 1,035 trilhão; 2,6%; me-
tade.
Superlativo absoluto Os numerais dividem-se em:
Diz respeito a um único elemento e subdivide-se em • Cardinal: um, dez, mil etc.
duas categorias: • Ordinal: primeiro, quinquagésimo, milésimo etc.
• Analítico: O café estava muito amargo. • Multiplicativo: dobro, quíntuplo, décuplo etc.
• Sintético: O café estava amaríssimo. • Fracionário: metade, nono, um cinquenta avos.
Relativo
Há dois termos, dos quais um é escolhido como referên- Uso dos numerais:
cia para que se estabeleça uma comparação entre eles de: a) Grafam-se por extenso os numerais expressos num
• Superioridade: Machado de Assis foi o mais único vocábulo e em algarismos aqueles que exigem mais
competente contista dentre os demais escritores de uma palavra para serem veiculados.
de seu tempo. Ex.: Terceiro, 23º.
• Inferioridade: Ele é o menos capacitado dos
b) Não se emprega artigo antes do numeral.
funcionários.
Ex.: Todos quatro estudam francês. / Todas quatro filhas
Locução adjetiva: É a expressão que equivale a um dele estudam francês.
adjetivo. É formada por preposição mais substantivo.
Ex.: promessa de paz – promessas pacifistas Observações:
luta com armas – luta armada O pronome indefinido “todos” só se emprega de três
em diante.
Os termos “ambos” e “ambas” são usados no lugar de
Artigo “dois” e “duas” e só dispensam o artigo que ordinariamente
É o termo que acompanha e concorda com o substanti- os segue quando não acompanhados por substantivo. Ex.:
vo (ou elementos com valor de substantivo). Ambos os garotos são estudiosos. Professor e aluno, am-
bos aguardam a resposta do processo seletivo.
Classifica-se em definido e indefinido e se baseia no
critério semântico. c) Os algarismos romanos são usados, normalmente, na in-
dicação de séculos, reis, imperadores, papas, grandes divisões
• Definido: Concorda com o substantivo em gênero
das Forças Armadas, congressos, seminários, reuniões e outros
e número; corresponde ao pronome demonstrativo
acontecimentos repetidos periodicamente, dinastias, paginação
de 3ª pessoa. São eles: o, os, a, as.
de prefácio, numeração de livro, título, capítulos.
• Indefinido: Concorda com o substantivo em gê- Ex.: século XX, Luís XIV, João Paulo II, XV Bienal de São
nero e número; corresponde ao pronome indefinido. Paulo, Capítulo VI do Título VIII da Constituição Federal.
São eles: um, uns, uma, umas.
Gênero
Quando uma palavra é determinada por um artigo, passa Admite feminino: um (uma), dois (duas), duzentos (du-
a ter valor de substantivo. zentas), centenas acima de duzentos, quando não acompa-
Ex.: cantar – verbo o cantar – substantivo nhados de cardinais terminados em-ão.
Ex.: Duzentos milhões de pessoas.
Duzentas mil cabeças de gado.

Número
Admitem plural os cardinais terminados em-ão.
Ex.: 1 (um) milhão – 10 milhões.

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172

Pronome
algum,
Estou escrevendo isto numa terça-feira. Vou fazer nenhum,
uma viagem, pequena, mas que me obriga a deixar todo, outro,
esta matéria pronta. Como se sabe, não há nada que Indefinidos muito, pouco,
aterrorize mais um jornalista — salvo, em alguns casos, certo (e mais
(indeterminam
a gramática — do que escrever com antecedência as flexões
o ser a que se
sobre fatos que podem traí-lo, não acontecendo ou de gênero
referem) e número),
acontecendo ao contrário. alguém, nin-
Luis Fernando Verissimo. O Globo, 24 jun. 2005. guém, cada,
nada etc.
Os termos destacados acima são denominados
pronomes.
Pronome é o termo que substitui ou acompanha o Interrogativos
substantivo. (indicam o ele- que, quem,
mento sobre o (o, a) qual,
qual se quer uma (os, as) quais
Quadro dos pronomes informação)

Retos: eu,
tu, ele, nós, Relativos
vós, eles (substituem um
Oblíquos: nome que os que, onde,
me, mim, antecede, cujo (a, as,
comigo, nos, funcionando os)
conosco, como conector
Pessoais te, ti, entre as orações)
(designam as contigo, vos,
pessoas do convosco, Pronomes pessoais
discurso) o(s), a(s), Caso reto: Quando quisermos representar o sujeito por um
lhe(s), se, si, pronome, usamos o pronome do caso reto (eu, tu, ele etc.).
consigo Caso oblíquo: Os pronomes oblíquos tônicos (mim, ti
Tratamento: etc.) são usados como objetos, sempre após uma prepo-
Vossa sição (de mim, sem mim, por mim, para mim etc.).
Excelência,
Vossa Observações:
Senhoria etc. Depois de preposições (de, por, entre etc.) o correto é
usar a forma oblíqua do pronome pessoal.
meu(s), Ex.: contra mim e ti; sobre mim e ti; entre mim e ela.
minha(s),
nosso(s), “Era para eu fazer”: eu é sujeito de fazer e vem depois
Possessivos nossa(s) da preposição para.
(estão associa- teu(s), tua(s),
dos à ideia de vosso(s), A regra do sujeito tem precedência sobre a regra da pre-
posse) vossa(s) posição: “Ele deu o presente para mim”, mas “Era para eu
seu(s), sua(s), (sujeito) ganhar”; “Vocês não vão começar a festa sem mim”,
dele(s), dela(s) mas “Vocês não vão começar sem eu (sujeito) chegar”.

Pronomes demonstrativos
este(s), Os pronomes demonstrativos situam os elementos no con-
Demonstrativos esta(s), isto texto linguístico (no texto) e no tempo (em relação a quem fala).
(indicam posi- esse(s), O pronome “aqueles” indica que se está longe de quem
ção em relação essa(s), isso se fala.
às pessoas do aquele(s),
discurso) aquela(s),
aquilo Pronomes relativos
Aonde/onde
Usa-se onde apenas com referência a lugar.

Ex.: Onde você mora?

Usa-se aonde com verbos de movimento, que regem a


preposição a (ir, chegar, dirigir-se, levar).

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173

Ex.: Aonde você irá hoje? c) Do infinitivo impessoal:


Futuro do presente do indicativo.
Pronomes de tratamento Futuro do pretérito do indicativo.
O pronome “você”, em Portugal, é considerado um pro- Imperfeito do indicativo.
nome de tratamento formal. Gerúndio.
Particípio.
Locução pronominal
Ex.: Cada um, qualquer um, todo aquele que etc. Número

Verbo Singular
Plural
É a palavra que expressa um processo (ação, estado
e fenômeno natural), situando-o no tempo. Pessoa
Predicação 1a – eu, nós
2a – tu, vós (você, vocês)
Transitivo direto 3a – ele(s), ela(s)
Transitivo indireto
Ligação
Intransitivo
Formas nominais
Transitivo direto e indireto São chamados assim porque exercem também a função
de nome: particípio, gerúndio e infinitivo.
Conjugação • Particípio: Exprime uma ação concluída e exerce fun-
ção semelhante à dos adjetivos.
1a – a vogal temática em a. • Emprega-se a forma regular do particípio (terminada
2a – a vogal temática em e. em ado ou ido) na voz ativa, formando os tempos
3a – a vogal temática em i. compostos com os auxiliares ter ou haver.
Exceção:
• Já a forma irregular (tendo diversas terminações) é uti-
Verbo pôr – pertence à 2a conjugação.
lizada na voz passiva, ao lado dos auxiliares ser, estar
ou ficar.
Modos
• Gerúndio: Essa forma nominal pode e deve ser usa-
• Indicativo: Indica uma atitude real.
da para expressar uma ação em curso ou uma ação
• Subjuntivo: Indica uma atitude hipotética, duvidosa.
simultânea a outra, ou para exprimir a ideia de duração
• Imperativo: Indica uma ordem, um pedido.
indefinida. É usado com os auxiliares estar, andar, ir, vir.
Tempos Você já foi atacado pelo mal do gerundismo ou endorreia?

Presente Calma! Vou estar esclarecendo (esclarecerei) o que signi-


ficam estes termos: gerundismo ou endorreia é o uso abusi-
Pretérito vo e desnecessário do gerúndio, consequência da tradução
Futuro da estrutura inglesa ao pé da letra.
Quanto à formação dos tempos, estes se dividem em
Infelizmente, os gramáticos ainda não inventaram uma
primitivos e derivados. vacina. Mas existem medidas preventivas:
• Primitivos: • Não sair repetindo frases ou expressões que você
ouve nos meios de comunicação;
a) Presente do indicativo. • Estudar um pouco mais de gramática ou pelo me-
b) Pretérito perfeito do indicativo. nos consultá-la mais vezes.
c) Infinitivo impessoal. Com essas medidas, com certeza, essa epidemia será
controlada. A língua portuguesa agradece.
• Derivados:
a) Do presente do indicativo: • Infinitivo: Exprime o processo verbal propriamente dito.
Presente do subjuntivo. • Infinitivo impessoal (invariável; considera-se apenas
Imperativo afirmativo. o processo verbal).
Imperativo negativo.
• Infinitivo pessoal (flexionado; quando se atribui um
b) Do pretérito perfeito do indicativo:
agente ao processo verbal) é usado para enfatizar o
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
agente (sujeito) da ação expressa pelo verbo.
Pretérito imperfeito do subjuntivo.
Futuro do subjuntivo.

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CURIOSIDADES
Aqui vai a última flor do Lácio
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente
sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunica-
ção moderna, o gerundismo. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar
enviando pela Internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela
possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela cos-
tuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atin-
gindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja
caindo a ficha das pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo.
Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim, pode estar existindo uma
maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito. Até porque, caso contrário, todos nós
vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvin-
do frases assim o dia inteirinho. Sinceramente: nossa paciência está ficando a ponto de estar estourando.
O próximo “Eu vou estar transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma rea-
ção violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos.
As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem
do dia a dia.
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing.
Daí a estar pensando que “We’ll be sending it tomorrow” possa estar tendo o mesmo significado que “Nós vamos estar
mandando isso amanhã” acabou por estar sendo só um passo.
Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para
estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a
estar retornando ligações. A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais
coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo.
A primeira pessoa que inventou de estar falando “Eu vou tá pensando no seu caso” sem querer acabou por estar
escancarando uma porta para essa infelicidade linguística estar se instalando nas ruas e estar entrando em nossas
vidas. Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como “O que cê vai tá fazendo domin-
go?” ou “Quando que cê vai tá viajando pra praia?”, ou “Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar
em casa”.
Deus, o que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocan-
do no cérebro das novas gerações?
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram
estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o “a nível de”, o “enquanto”, o “pra se ter uma idéia”
e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?

FREIRE, Ricardo. Aqui vai a última flor do Lácio. O Estado de S. Paulo, 16 fev. 2021.

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Questões b) Transcrevendo o fragmento “No entanto, as crian-


ças podem ter sucesso ou fracassar devido a ca-
1. (Fuvest) CONVERSA NO ÔNIBUS racterísticas do próprio sistema escolar...”, substitua
Sentaram-se lado a lado um jovem publicitário e um o elemento articulador “No entanto” por dois outros
velhinho muito religioso. O rapaz falava animadamen- que apresentem o mesmo valor semântico.
te sobre sua profissão, mas notou que o assunto não c) Substitua o verbo “existir”, empregado em “Existiam
despertava o mesmo entusiasmo no parceiro. Justifi- tendências constantes de tentar explicar o sucesso ou
cou-se, quase desafiando, com o velho chavão: fracasso das crianças na escola...”, pelo verbo haver.
— A propaganda é a alma do negócio.
— Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou da-
4. (Fuvest) Estas duas estrofes encontram-se em “O
queles que acham que o sujeito dessa frase devia ser
samba da minha terra”, de Dorival Caymmi:
o negócio.
Quem não gosta de samba
a) A palavra alma tem o mesmo sentido para ambas
as personagens? Justifique. bom sujeito não é,
é ruim da cabeça
b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase na
versão que a ele pareceu mais coerente. ou doente do pé.
Eu nasci com o samba,
2. (Unicamp) Uma revista semanal brasileira trazia a se- no samba me criei,
guinte nota em sua seção A SEMANA: do danado do samba
nunca me separei.
O HOMEM DAS BEXIGAS
a) Reescreva a primeira estrofe, iniciando-a com a fra-
O britânico Ian Ashpole bateu no domingo 28 o
recorde de altitude em voo com bexigas: subiu 3.350 se afirmativa “Quem gosta de samba” e fazendo as
metros amarrado a 600 balões, superando sua marca adaptações necessárias para que se mantenha a
de 3 mil metros. Ian subiu de bexiga e voltou de pa- coerência do pensamento de Caymmi. Não utilize
ra-quedas. “Quando eu era criança, assisti a um filme formas negativas.
chamado Balão vermelho. Desde então me apaixonei b) Reescreva os dois primeiros versos da segunda
por esse esporte”, disse ele. estrofe, substituindo as formas nasci e me criei,
Istoé, 7 nov. 2001. respectivamente, pelas formas verbais correspon-
a) O título poderia ser considerado ambíguo, dado dentes de provir e conviver e fazendo as alterações
que a palavra “bexiga” tem vários sentidos em por- necessárias.
tuguês. Cite pelo menos dois desses sentidos.
b) Em que passagem do texto se desfaz a ambigui- 5. (Fuvest) Sobre o emprego do gerúndio em frases
dade do título? como “Nós vamos estar analisando os seus dados e
vamos estar dando um retorno assim que possível”, um
c) Dada a modalidade esportiva que Ian pratica, qual jornalista escreveu uma crônica intitulada “Em 2004,
poderia ser o tema do filme mencionado?
gerundismo zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho:
Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar
3. (Unifap) Existiam tendências constantes de se aguardando na linha, que eu vou estar transferindo a
tentar explicar o sucesso ou fracasso das crianças sua ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por si-
na escola com referência a fatores determinantes nal, ela não entende por que “eu vou estar transferindo”
externos, como o background social da criança ou a é errado e “ela está falando bonito” é certo.
inteligência individual.
No entanto, as crianças podem ter sucesso ou a) Você concorda com a afirmação do jornalista sobre
fracassar devido a características do próprio sistema o que é certo e o que é errado no emprego do ge-
escolar, como a língua usada nas escolas e nas salas rúndio? Justifique sucintamente sua resposta.
de aula. b) Identifique qual de seus vários sentidos assu-
(Marcos Bagno) me o sufixo empregado na formação da palavra
De acordo com o texto acima, responda às questões: “gerundismo”.
a) Segundo o autor, o que realmente leva as crianças c) Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo
ao sucesso ou ao fracasso na escola? com esse mesmo sentido.

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Gabarito 4. a) Quem gosta de samba/ bom sujeito é/ é são da


cabeça/ ou sadio do pé.
1. a) Sim. Para ambas, a palavra alma tem sentido de b) Eu provim do samba/ no samba convivi.
essência, condição primordial para a existência.
5. a) A expressão “vou estar transferindo” é considera-
b) O negócio é a alma da propaganda. da inadequada em relação à norma padrão da língua
2. a) Órgão do aparelho urinário; balão; varíola; bolha re- portuguesa.
sultante de queimadura ou infecção (sentido popular). O nome gerundismo designa, com efeito, a tendência
b) “subiu 3.350 metros amarrado a 600 balões”. a indicar o futuro simples por meio da construção IR +
ESTAR + GERÚNDIO.
c) O tema do filme mencionado poderia ser a prática Usa-se o futuro por meio do verbo IR (no presente) +
do balonismo. infinitivo: eu vou transferir. A construção IR + ESTAR +
3. a) Segundo o autor, o sistema escolar e a forma com GERÚNDIO é adequada quando usada no contexto em
que a língua portuguesa é ensinada na escola são os que se indica uma ação futura que será praticada simul-
responsáveis pelo fracasso ou sucesso dos alunos, taneamente a outra ação mencionada também no fu-
características do próprio sistema nas escolas e nas turo. Por ex.: ‘‘Amanhã, quando você estiver dormindo,
salas de aula. eu vou estar trabalhando.’’ Já a construção “Ela está
escrevendo” é habitualmente usada para indicar uma
b) Entretanto (todavia, por conseguinte, mas), as crian- ação simultânea ao ato da fala. O uso da locução ES-
ças podem ter sucesso ou fracassar devido a caracte- TAR (presente) + GERÚNDIO, em lugar da forma sim-
rísticas do próprio sistema escolar... ples do presente do indicativo, é considerado normal
c) Havia tendências constantes de tentar explicar o su- em nossa linguagem.
cesso ou fracasso das crianças na escola... b) O sufixo - ismo usado na construção da palavra
gerundismo veicula, neste caso, a ideia de tendência
viciosa.
c) O mesmo valor do sufixo verifica-se, também, por
exemplo, nas palavras consumismo, modismo.

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Roteiro de Estudos
GRAMÁTICA
Classes gramaticais
Substantivo
Substantivos são palavras que nomeiam seres, lugares, qualidades, sentimentos etc. Podem ser flexionados em
gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (diminutivo, normal, aumentativo). Exercem sempre a
função de núcleo das funções sintáticas onde estão inseridos (sujeito, objeto direto, objeto indireto e agente da passiva).
Exemplos: livro, sexta-feira, saleiro, Brasil, Laura, matilha, pobreza.

Adjetivo
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo atribuindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou
estado. Podem ser flexionados em gênero, número e grau (normal, comparativo, superlativo).
Exemplos: casa velha, blusa verde-escura, funcionário mal-educado.

Artigo
Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição dos mesmos. São
flexionados em gênero e número.
Exemplos: o aluno, uma formiga, uns dias.

Numeral
Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a ordenação de elementos numa
série. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero e número, outros são invariáveis.
Exemplos: Duas calças, primeiro lugar, metade da pizza, último bimestre.

Pronome
Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos. Os pronomes podem ser: pessoais, pos-
sessivos demonstrativos, interrogativos, relativos e indefinidos. Além dessa classificação principal, os pronomes também
podem ser classificados em pronomes adjetivos e pronomes substantivos.
Exemplos: minha prova, aquele cachorro, algum dinheiro, quem disse?, quanto custa?, que saudade!

Verbo
Verbos são palavras que indicam, principalmente, uma ação. Podem ser flexionados em número, pessoa (1a, 2a ou
3a), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), aspecto (incoativo, cursivo e conclu-
sivo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).
Exemplos: estudar, conhecer, partir, haver, ser.

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178

Anotações

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179

Anotações

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180

Anotações

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181

Anotações

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LITERATURA

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Modernismo

A
Semana da Arte Moderna em São Paulo (1922) serviu como ponto de partida para
o desenvolvimento do Modernismo no Brasil. Primeira fase modernista
Participaram desse evento: Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Menotti Del Picchia, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Segunda fase modernista
Victor Brecheret, Emiliano Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, entre outros.
Após a Semana, surgiram várias correntes que refletiam visões nacionalistas em intensida-
des e formas diferenciadas: Pau-Brasil e Movimento Antropofágico; nacionalismo crítico; Verde-
-Amarelismo, Bandeira e Anta – nacionalismo ufanista.
O Modernismo se divide em duas fases:
• Primeira fase – 1922 a 1930.
• Segunda fase – 1930 a 1945.

Primeira fase modernista


Essa fase ficou conhecida como heroica, pois rompeu com as estruturas do passado.
Retomou as origens do país por meio das cartas e relatos quinhentistas à procura do
estabelecimento de uma imagem de identidade brasileira.
Caracterizou-se por um nacionalismo crítico, pela procura de uma língua nacional e
pela paródia.
A poesia dessa fase se caracteriza pelo verso livre, fala popular, liberdade formal, poe-
ma-piada e irreverência.
Essa fase foi diretamente influenciada pelas estéticas e temáticas das vanguardas
europeias. O termo vanguarda vem do francês avant-garde e significa “estar à frente”.
No caso, as vanguardas referiam-se a movimentos artísticos que propunham ideias
novas, avançadas.
No processo de produção das obras brasileiras desse período, os autores faziam uso de
algumas concepções das vanguardas europeias, rearranjando-as no texto literário em prol do
estabelecimento de uma literatura que pudesse refletir uma imagem de identidade nacional.

As principais vanguardas europeias são descritas a seguir:

Futurismo (1909)
Trecho do Manifesto Futurista.
“Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito e à temeridade.
Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.
Tendo a Literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós
queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a
bofetada e o soco”.
Marinetti

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Liderado por Filippo Tommaso Marinetti, (1876-1944) o Futu- Tende a arruinar definitivamente todos os mecanismos
rismo exaltava a vida moderna, o movimento, cultuava a velocidade psíquicos e a substituir-se a eles na solução dos principais
e as máquinas. Propunha a destruição da sintaxe, o uso de sím- problemas da vida.”
bolos matemáticos e musicais e desprezava adjetivos e advérbios. André Breton

Cubismo (1907) Caracterizava-se pela busca do homem primitivo.


Por influência das teorias psicanalíticas de Freud, defen-
Desenvolveu-se, primeiramente, na pintura, valorizando
dia a libertação do inconsciente (sugerida no Dadaísmo) e
as formas geométricas, revelando os múltiplos ângulos dos
a valorização do sonho. Na arte dessa época, o sonho e o
objetos representados, sob a influência de Pablo Picasso e
inconsciente eram considerados componentes da realidade.
George Braque.
Propunha uma escrita automática que seria o registro de
Na literatura, liderado por Guillaume Apollinaire, o Cubis-
pensamento “puro”, vindo diretamente do inconsciente, sem
mo se caracterizava pela subjetivação e desintegração da
afetação pelo senso crítico da racionalidade.
realidade, sendo representada, às vezes, de forma caótica.
Os principais representantes do primeiro momento
O Cubismo se preocupava com a construção do texto,
modernista são:
valorizando o espaço em branco e o verso livre.
Considerava que a poesia deveria expressar uma realidade
Oswald de Andrade (1890-1954)
fracionada, por meio de planos sobrepostos e simultâneos.
"Zé Pereira chegou de caravela
Expressionismo (1910) E preguntou pro guarani da mata virgem
Liderado por Kasimir Edschmid, valorizava a persona- – Sois cristão?
lidade do artista, que deveria refletir em seu trabalho sua
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
individualidade.
A linguagem se caracterizava pelo uso intenso de metá- Teterê Tetê quizá Quizá Quecê!
foras e sintaxe complexa. Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Dadaísmo (1916)
Tomou a palavra e respondeu
Trecho do Manifesto Dadaísta:
– Sim pela graça de Deus
''Desprezo dadaísta
Todo produto do desprezo suscetível de tornar-se uma Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
negação da família é Dadá; protesto com os punhos cer- E fizeram o Carnaval"
rados de todo o seu ser uma ação destrutiva: Dadá; co- (Brasil)
nhecimento de todos os meios rejeitados até o presente
pelo sexo pudico do compromisso cômodo e da polidez:
Dadá; abolição da lógica, dança dos imponentes da cria-
ção: Dadá; (...)''
Tritan Tzara

O Dadaísmo foi o mais radical dos movimentos das


vanguardas europeias. Segundo Tzara, “Dadá não significa
nada” e “A obra não tem causa nem teoria”.
O Dadaísmo se caracterizava pelo improviso, desordem,
dúvida e o antidogmatismo. Negava o presente, o passado e
o futuro. Levava ao extremo a liberdade individual, a irraciona-
lidade, pregando a destruição de formas e valores artísticos.
Deu-se início à produção literária por meio da livre as-
sociação de palavras, abrindo caminho para a exploração
do inconsciente.
O humor, o acaso e a brincadeira são formas de criação
usados na pintura, escultura e literatura.

Surrealismo (1920)
Trecho do Manifesto Surrealista:
“O Surrealismo assenta na crença da realidade supe-
rior de certas formas de associação, negligenciadas até
aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo desinteressado
do pensamento.
Oswald de Andrade

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Mário de Andrade (1893-1945) A mudança mais significativa se deu no campo temático,


mais focado nessa fase em contraposição à forma, que era
“Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha
mais focada na primeira.
de suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém
A realidade passa a ser questionada com mais intensi-
no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes
dade; questiona-se, também, o papel do artista no mundo.
que de quando em quando na luta pra pegar um naco
Neste momento, a poesia adquire cunho social e intimis-
de irmã espedaçada, voavam aos cachos pra fora d’água
ta. A prosa também demonstra se preocupar com as ques-
metro a mais. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem
tões sociais da época. Trata-se, assim, de uma fase em que
no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que-
se produz uma literatura dita engajada (com o objetivo de
-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois
expor denúncias sociais), refletindo um conturbado momen-
de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova
to histórico e uma sociedade de engenho caracterizada pelo
e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque
patriarcalismo e pela economia agrícola que começa a sentir
aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do
os primeiros efeitos da crise econômica mundial da época.
tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus
Além disso, o regionalismo está muito presente nessa fase,
pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava
aparecendo em obras de caráter engajado.Os principais re-
branco louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume
presentantes do segundo momento modernista são:
dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um
filho da tribo retinta do Tapanhumas.”
Cecília Meireles (1901-1964)
(Macunaíma)
"Pus-me a cantar minha pena
Manuel Bandeira (1886-1968) Com uma palavra tão doce
“Andorinha lá fora está dizendo: De maneira tão serena
– Passei o dia à toa, à toa! Que até Deus pensou que fosse
Felicidade e não pena
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! (...)
Passei a vida à toa, à toa...” O mistério do meu canto
Deus não soube, tu não viste
(Andorinha)
Prodígio imenso do pranto
– todos perdidos de encanto
Segunda fase modernista Só eu morrendo de triste!"
Amadurecimento e aprofundamento das conquistas da (A doce canção)
fase anterior.
Graciliano Ramos (1892-1953)
"Nasceu em 1892, em Quebrângulo, Alagoas.
Casado duas vezes, tem sete filhos.
Altura 1,75.
Sapato no 41.
Colarinho no 39.
Prefere não andar.
Não gosta de vizinhos.
Detesta rádio, telefone e campainhas.
Tem horror a pessoas que falam alto.
Usa óculos. Meio calvo.
Não tem preferência por nenhuma comida
Não gosta de frutas, nem de doces.
Indiferente à música.
Sua leitura predileta: a Bíblia.
(...)
Refaz seus romances várias vezes.
Esteve preso duas vezes.
É-lhe indiferente estar preso ou solto.
Escreve à mão.
(...)
Espera morrer com 57 anos."
Manuel Bandeira (Autorretrato aos 56 anos)

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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


"E nada resta, mesmo o que escreves
E te forçou ao exílio das palavras,
Senão contentamento de escrever,
Enquanto o tempo, em suas formas breves
Ou longas, que sutil interpretavas,
Se evapora no fundo do teu ser? "
(Remissão)

Carlos Drummond de Andrade

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Pós-Modernismo

Geração pós-45
Geração pós-45
Concretismo
Após 1945, os autores retomam a preocupação com a forma.
Temas sociais como a exploração humana e questões políticas tiveram destaque Neoconcretismo
neste período.
Poesia-práxis
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Literatura marginal
''Esta folha branca
Me proscreve o sonho, Literatura de cordel
Me incita o verso
Nítido e preciso. Literatura de
consumo
Eu me refugio
Nesta praia pura Literatura clássica
Onde nada existe
Literatura infantil
Em que a noite pouse.

Como não há noite


Cessa toda fonte;
Como não há fonte
Cessa toda fuga;

Como não há fuga


Nada lembra o fluir
De meu tempo, ao vento
Que nele sopra o tempo.''
(Ledo Ivo)

João Guimarães Rosa (1908-1967)


"Quando escrevo, repito o que já
vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só
não é suficiente.

João Guimarães Rosa

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Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo


no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque
amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de
um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profunde-
zas são tranquilos e escuros como o sofrimento dos homens."

Clarice Lispector (1920-1977)


"Estou com saudades de mim. Ando pouco recolhida,
atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depres-
sa. Onde está eu?
Preciso fazer retiro espiritual e encontrar-me enfim – en-
fim, mas que medo – de mim mesma."
(É preciso parar)

Concretismo
O Concretismo rompeu com qualquer tipo de discurso
tradicional.
Retomou as experiências radicais de 1922, incorpo-
rando recursos tecnológicos e a influência dos meios de
comunicação.
Preconizou a substituição das estruturas tradicionais Ferreira Gullar
do verso por estruturas nominais, que se relacionam es-
pacialmente, no eixo horizontal e vertical. Há ainda o apro- Neoconcretismo
veitamento dos espaços em branco, ausência dos sinais Redirecionou as propostas da experiência concretista
de pontuação etc. para a poesia engajada ideologicamente na luta contra a re-
Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari pressão e a injustiça social.
foram os representantes desse movimento. O representante desse movimento é Ferreira Gullar.

Décio Pignatari (1927-2012) Ferreira Gullar (1930-2016)


"Um instante
"um Aqui me tenho
movi Como não me conheço
mento nem me quis
compondo sem começo
além nem fim
da aqui me tenho
nuvem sem mim
um nada lembro
campo nem sei
de
combate à luz presente
sou apenas um bicho
mira
transparente"
gem
ira
de Poesia-práxis
um Surgiu devido a uma ruptura polêmica e agressiva com
horizonte o grupo concretista, retomando o engajamento histórico e a
puro linguagem verbal.
num A palavra é considerada a matéria-prima do autor-práxis.
mo Tem como precursores Mário Chamie e Cassiano Ricardo.
mento Juntos pesquisaram novas estruturas para o poema.
vivo"

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Cassiano Ricardo Leite (1895-1974) Sem novos secretos dentes


"Sob o azul Nesta hora
sobre o azul Eu sou como eu sou
subazul Presente
subsol Desferrolhado indecente
subsolo." Feito um pedaço de mim
(Posições do corpo) Eu sou como eu sou
Vidente
Poema/processo
E vivo tranquilamente
Propôs a superação da palavra, ou seja, a substituição da
Todas as horas do fim"
palavra por imagens (pinturas, desenhos, colagens, fotos etc.).
Vladimir Dias Pino, Moacyr Cirne, Álvaro de Sá e Sebas- (Cogito)
tião de Carvalho foram seus representantes.
Ana Cristina César (1952-1983)
Literatura marginal "Olho muito tempo o corpo de um poema
Literatura produzida às margens das grandes produções Até perder de vista o que não seja corpo
artísticas, sendo, por isso, chamada de marginal. E sentir separado dentre os dentes
Surgiu na década de 1970 como forma de criticar a cen- Um filete de sangue
sura e a repressão da ditadura militar. Nas gengivas"
Para Heloísa Buarque de Hollanda e Carlos Alberto Pe-
reira, “a poesia marginal, literariamente falando, consiste no
estilo coloquial encontrado na maioria dos autores da gera- Literatura de cordel
ção mimeógrafo, caracterizada pelo emprego de um voca-
bulário baseado na gíria e no chulo e de uma sintaxe isenta A literatura de cordel consiste em histórias narradas
de regras de gramática, tal como no linguajar falado”. (apud em versos por cantadores sertanejos (repentistas) que se
Matoso, 1982, p. 32). apresentam em festas e feiras populares. Pelo canto, im-
A poesia marginal reivindicava uma ruptura com os valores provisado ou memorizado, contam histórias de homens
literários em voga, com conteúdo inconformista e antiliterário, famosos na região, os acontecimentos e as aventuras de
atingindo um público jovem, os quais passavam a ter um pro- caçadas. Enfrentam-se em disputas que duram horas ou
duto poético para os modelos propagados pela indústria cul- noites inteiras.
tural. A temática da poesia marginal era o registro confessional Muitos autores de cordel são semianalfabetos e ditam
e autobiográfico, a coloquialidade, a irreverência, o humor, suas composições a pessoas que os ajudam. As ilustrações
fortes registros de subjetivismo e a simplicidade sintática e vo- são simples e feitas com desenhos gravados em madeira,
cabular; por isso, foi considerada desqualificada. as chamadas xilogravuras.
Seus principais representantes foram: É uma literatura que reflete tradições e valores de uma
determinada região – histórias de amor, aventuras de gran-
Antônio Carlos de Brito, o Cacaso (1944-1987) des heróis, crenças populares e, mais recentemente, devido
ao êxodo rural, informa sobre a vida nos grandes centros ur-
"Quem de dentro de si não sai
banos. No início, os livretos eram impressos nas chamadas
Vai morrer sem amar ninguém"
folhetarias, tipografias bem rústicas, hoje substituídas por im-
pressoras mais modernas.
"A parte perguntou para a parte qual delas é menos parte
da parte que se descarte. Patativa do Assaré (1909-2002)
Pois pasmem: a parte respondeu para a parte que a par-
"Eu, Antônio Gonçalves da Silva, filho de Pedro Gonçal-
te que é mais – ou menos – parte é aquela que se reparte."
ves da Silva, e de Maria Pereira da Silva, nasci aqui a 5 de
março de 1909, no Sítio denominado Serra de Santana, que
Torquato Neto (1944-1972)
dista três léguas da cidade de Assaré.
"Eu sou como eu sou Com a idade de doze anos, frequentei uma escola muito
Pronome atrasada, na qual passei quatro meses, porém sem inter-
Pessoal intransferível romper muito o trabalho de agricultor."
Do homem que iniciei
Na medida do impossível
Eu sou como eu sou
Literatura de consumo
Agora "A missão da Literatura é fazer comunicar umas almas
Sem grandes segredos dantes com as outras, é dar-lhes um mais perfeito entendimento en-
tre elas, é ligá-las mais fortemente, reforçando desse modo

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190

a solidariedade humana, tornando os homens mais capazes mente simples e, às vezes, coloquial, por sua popularidade e
para a conquista do planeta e se entenderem melhor, no por seu rápido retorno financeiro. Fazem parte dela as obras
único intuito de sua felicidade.” com fins técnicos ou com fins de entretenimento. Essas obras
(Lima Barreto, Impressões de leitura) ganharam um tom pejorativo, sendo consideradas, muitas ve-
zes, como não literárias.
Literatura de consumo ou, segundo alguns críticos, lite- Classificam-se, de forma geral, os livros de autoajuda e
ratura Comestível, é caracterizada pela sua linguagem geral- técnicos como literatura de consumo.

Curiosidades
Quem não leu Harry Potter?
A série de livros da autora escocesa J. K. Rowling já vendeu mais de seiscentos milhões de exemplares em
todo o mundo.
Por trás do sucesso da saga Harry Potter, está Joanne K. Rowling.
Joanne Rowling (o K. significa Kathleen, nome de sua avó, e foi adotado como exigência da editora) nasceu em 31
de julho de 1965 na cidade de Chipping Sodbury, na Grã-Bretanha (o nome da cidade, ela diz, foi a razão pela qual
ela coleciona “palavras esquisitas” para seus livros).

O que é um clássico? tando, portanto, o não mercantil literário, o trabalho nobre


artesanal, o ofício tradicional, mesclado com as funções xa-
Como produzir um best-seller? mânicas de expressar o humano em transe de universaliza-
“A ideia de clássico implica em si alguma coisa que tem ção arquetipal (a tribo de que falou Mallarmé).” Não está des-
sequência e consistência, que forma conjunto e tradição, cartada a hipótese de uma obra literária tornar-se best-seller.
que se compõe, se transmite e perdura.” (Compagnon). Porém, isto se dará quase que por acaso ou dependendo
Pode-se considerar que uma obra literária tem como ob- da campanha publicitária do editor. Assim, um grande ro-
jetivo a transformação e exploração dos múltiplos sentidos mance pode em determinado tempo tornar-se o mais vendi-
da palavra e proporciona a reflexão e superação do ser hu- do em algum país ou em parte do mundo.
mano. As obras literárias não se restringem unicamente aos Os livros da saga Hunger Games (Jogos Vorazes) foram
textos já consagrados pela tradição literária. Não é porque traduzidos em mais de 25 línguas, e os direitos autorais já
uma obra é um best-seller que ela não seja necessariamente foram vendidos em mais de 30 países. O primeiro volume
literária. O que define um clássico é sua qualidade e não sua ficou na lista dos best-sellers do jornal New York Times por
vendagem. Obras, como Harry Potter e Jogos Vorazes, po- mais de cem semanas. Mais de 200 mil cópias foram ven-
dem ser consideradas como literárias, uma vez que manipu- didas, somente no Brasil. Para escrever a trilogia, a autora
lam as palavras e seus sentidos e trazem, para além de sua Suzanne Collins se inspirou em cenas da guerra no Iraque
superfície narrativa (a história em si), diversas questões que que eram transmitidas ao vivo pela TV, e em reality shows.
refletem a sociedade contemporânea, incitando a reflexão. O enredo foi baseado nos gladiadores romanos e no mito
Segundo Juan Liscano, em entrevista a Floriano Martins, grego de Teseu. A série é voltada para o público jovem-a-
no livro Escritura Conquistada: “Enquanto o best-seller, um dulto (YA books), cuja faixa etária vai da adolescência até
produto para o mercado, constitui hoje em dia a meta da os primeiros anos de maturidade. No entanto, devido ao
literatura, a poesia situa-se no extremo contrário, represen- sucesso do filme, surgiram vários fãs de outras idades.

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Literatura infantil José Bento Monteiro Lobato (1882-1948)


Até bem pouco tempo, em nosso século, a literatura In- Monteiro Lobato é um dos expoentes da literatura infan-
fantil era considerada um gênero secundário. A valorização tojuvenil brasileira. O Sítio do Pica-Pau Amarelo é a sua cria-
desse subgênero narrativo como formador de consciência ção mais conhecida.
dentro da vida cultural das sociedades é recente. Trecho do capítulo II de "D. Quixote das crianças" – con-
Para investir na relação entre a interpretação do texto lite- tado por Dona Benta –, em que Emília se faz de porta-voz
rário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras in- das crianças, exigindo que o clássico de Cervantes seja nar-
fantis que abordem questões de nosso tempo e problemas rado de um jeito fácil, que todos possam entender:
universais, inerentes ao ser humano. "E Dona Benta começou a ler:
Cumpre distinguir a literatura propriamente infantil da fic-
ção adaptada, esta última serve-se de produções célebres — Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lem-
da literatura geral, acomodando-as à feição da mentalidade brar-me, vivia, não há muito, um fidalgo dos de lança em
das crianças a fim de proporcionar-lhes o conhecimento de cabido, adarga antiga e galgo corredor.
tais obras e, sem dúvida, alargando-lhes o horizonte cultural — Ché! – exclamou Emília. — Se o livro inteiro é nessa
e enriquecendo-lhes o patrimônio cultural. perfeição de língua, até logo!
A literatura Infantil tem o seu ponto de partida, sob o as-
pecto de consagração universal, na França do século XVII. Vou brincar de esconder com o Quindim.
Com certeza você já leu esta história: Lança em cabido, adarga antiga, galgo corredor... Não
— "O que quer dizer cativar? entendo essas viscondadas, não...
— Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras? — Pois eu entendo – disse Pedrinho.— Lança em cabi-
— Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar? do quer dizer lança pendurada em cabido; galgo corredor é
cachorro magro que corre e adarga antiga é... é...
— É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
— Engasgou! – disse Emília. — Eu confesso que não
— Significa criar laços... entendo nada. Lança em cabido! Pois se lança é um pe-
— Criar laços? daço de pau com um chuço na ponta, pode ser “lança
atrás da porta”, “lança no canto”, mas “no cabido”, uma ova!
— Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim se-
Cabido é de pendurar coisas, e pedaço de pau a gente
não um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
encosta, não pendura. Sabem que mais, meus queridos
— E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens amigos? Vou brincar de esconder com o Quindim...
necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos
necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mun- — Meus filhos – disse Dona Benta –, esta obra está es-
do. E eu serei para ti a única no mundo... crita em alto estilo, rico de todas as perfeições e sutilezas de
forma, razão pela qual se tornou clássica. Mas como vocês
(...) ainda não têm a necessária cultura para compreender as
A raposa então se calou e considerou muito tempo o belezas da forma literária, em vez de ler vou contar a história
príncipe: com palavras minhas.
— Por favor, cativa-me! disse ela.
— Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho
tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
— A gente só conhece bem as coisas que cativou, dis-
se a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa
alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não
existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres uma amiga, cativa-me!
— Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas".
(Antoine de Saint-Exupéry, O pequeno príncipe.)

Monteiro Lobato

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— Isso! – exclamou Emília. — Com palavras suas e de Não sou feia que não possa casar,
tia Nastácia e minhas também, e de Narizinho, e de Pedri- Acho o Rio de Janeiro uma beleza e
nho, e de Rabicó. Os viscondes que falem arrevesado lá Ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
entre eles. Nós, que não somos viscondes nem viscondes- Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
sas, queremos estilo de clara de ovo, bem transparentinho, Inauguro linhagens, fundo reinos
que não dê trabalho para ser entendido. Comece.
– dor não é amargura.
E Dona Benta começou, da moda dela: Minha tristeza não tem pedigree,
— Em certa aldeia da Mancha, que é um pedaço da Já a minha vontade de alegria,
Espanha, vivia um fidalgo aí duns cinquenta anos, dos que Sua raiz vai ao meu mil avô.
têm lança atrás da porta, adarga antiga (isto é, escudo de Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
ouro) e cachorro magro no quintal, cachorro de caça.” Mulher é desdobrável. Eu sou."
(Com licença poética)
Outros autores brasileiros de literatura infantil
e juvenil Dalton Trevisan (1925-)

• Ana Maria Machado ''O pai telefona para casa:


— Alô?
• Ruth Rocha — ...
Reconhece o silêncio da tipinha. Você liga? Quem fala
• Ziraldo Alves Pinto é você.
— Alô, fofinha.
• Maria Dinorah
Nem um som. Criança não é, para ser chamada fofinha.
Cinco anos, já viu.
• Pedro Bandeira
— Oi, filha. Sabe que eu te amo?
— Eu também.
Outros autores/poetas de hoje 'Puxa, ela nunca disse que me amava'.
— Também o quê?
Paulo Leminski (1944-1989) — Eu também amo eu.''
(Crianças [seleção])
''O pauloleminski
é um cachorro louco Fernando Sabino (1923-2004)
que deve ser morto
a pau a pedra ''Ao chegar em casa, recebi o recado da empregada:
a fogo a pique
senão é bem capaz – Telefonou um moço para o senhor.
o filhodaputa – Deixou o nome?
de fazer chover – Disse que era o tal da televisão.
em nosso piquenique'' Tenho vários amigos na televisão. Só a TV Globo está
cheia deles. E os da Bandeirantes, da TV Educativa...
Nélida Piñon (1937-2022) No dia seguinte, a mesma coisa:
– O tal da televisão tornou a telefonar.
Jornalista, romancista, contista, professora, é carioca de
Vila Isabel. Eleita em 27 de julho de 1989 para a cadeira n.º – Se ligar de novo, pergunta o nome dele.
30, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda, foi recebi- Da terceira vez, perdi a paciência:
da em 3 de maio de 1990, pelo acadêmico Lêdo Ivo. – Eu não disse que era para perguntar o nome?
– Eu perguntei! – protestou ela. – Pois ele tornou a dizer
Adélia Prado (1935-) que era o tal da televisão.
Cheguei a pensar se não seria alguém que eu tivesse
''Quando nasci um anjo esbelto, chamado para consertar a televisão – que, aliás, estava em
Desses que tocam trombeta, anunciou: perfeitas condições.
Vai carregar bandeira.
Até que ele voltou a telefonar – só que desta vez eu
Cargo muito pesado pra mulher,
estava em casa:
Esta espécie ainda envergonhada.
– O tal da televisão está chamando o senhor no telefone.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
Sem precisar mentir. Fui atender. Era o meu amigo Dalton Trevisan.''
(O tal da televisão)

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Questões
1. (Unicamp – adaptada) – O texto abaixo, extraído de 3. (Unesp – adaptada)
Angústia, romance de Graciliano Ramos, descreve um Escrever
encontro entre três personagens. Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me
“Ao chegar à Rua do Macena recebi um choque tremen- lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade.
do. Foi a decepção maior que já experimentei. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
À janela da minha casa, caído para fora, vermelho, pa- Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas
pudo, Julião Tavares pregava os olhos em Marina, que, da escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num
casa vizinha, se derretia para ele, tão embebida que não conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e
percebeu a minha chegada. Empurrei a porta brutalmente, arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se
o coração estalando de raiva, e fiquei de pé diante de Julião livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Tavares, sentindo um desejo enorme de apertar-lhe as goe- Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil,
las. O homem perturbou-se, sorriu amarelo, esgueirou-se salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos
para o sofá, onde se abateu. que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar re-
— Tem negócio comigo? produzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimen-
A cólera engasgava-me. Julião Tavares começou a falar to que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é
e pouco a pouco serenou, mas não compreendi o que ele também abençoar uma vida que não foi abençoada.
disse. Canalha.” Que pena que só sei escrever quando espontaneamente
a) Quem é o narrador desta passagem? Que vínculos a “co isa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um
existem entre o narrador, Marina e Julião Tavares? verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.
Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.
b) Transcreva expressões do trecho acima nas quais
está caracterizada a reação emocional do narrador (Clarice Lispector, A descoberta do mundo, 1999)
à conversa que presencia.

2. (Fuvest) ''Mas não senti diferença


entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre com
a mesma chama mortiça.''

(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)]


Neste excerto, o retirante, já chegado à Zona da Mata,
reflete sobre suas experiências, reconhecendo uma diferen-
ça e uma semelhança entre as regiões que conhecera ao
longo de sua viagem.
Considerando o excerto no contexto da obra a que
pertence,
a) Explique sucintamente em que consistem a diferen-
ça e a semelhança reconhecidas pelo retirante.
b) Depois de chegar ao Recife, o retirante mudará
substancialmente o julgamento que expressa neste
excerto? Justifique brevemente sua resposta.

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Gabarito
1. a) O narrador desta passagem, como de todo o romance 3. Nos termos do texto, a maldição de escrever, que es-
Angústia, é Luís da Silva, trata-se de um narrador-perso- craviza “como um vício penoso do qual é impossível
nagem. Seus vínculos com Marina e Julião Tavares são, se livrar”, salva sua “vítima” do vazio da vida , no qual a
respectivamente, de amor e ódio. Marina era namorada “pessoa se sente inútil”; além disso, escrevendo, evita-
de Luís da Silva. Ela o substituiu por Julião, fato que gerou -se a perda resultante do tempo que passa, pois “salva
em Luís um misto de ódio, ciúme e ressentimento. o dia que se vive”. Tal salvação consiste em dar senti-
b) As expressões que caracterizam a condição emotiva do à vida e expressão ao que se sente e que, sem a
do narrador são, entre outras, as seguintes: “choque expressão por meio da escrita, permaneceria “apenas
tremendo”, “decepção maior”, “coração estalando de vago e sufocador”. Assim, paradoxalmente, escrever
raiva”, “desejo enorme de apertar-lhe as goelas”, “a có- escraviza, porque se impõe de forma inelutável, e li-
lera engasgava-me” e “canalha”. berta, porque, exprimindo e dando sentido ao que se
vive, livra a vida da maldição da perda. Portanto, porque
2. a) O retirante reconhece que as diferenças entre as re- suspende tal maldição, “escrever é também abençoar
giões inóspitas do Sertão (“caatinga”) e do Agreste e a uma vida que não foi abençoada”, já que originalmente
fértil e abundante Zona da Mata residem na geografia, condenada à perda, à morte.
no âmbito físico: a terra da Zona da Mata é “mais macia”.
Mas há semelhanças na organização social, que, nas
três regiões, faz a vida arder “sempre com a mesma
chama mortiça”. A metáfora da lamparina traduz essa
relação perfeitamente: a diferença é o exterior (“pavio”,
“lamparina”), que remete ao meio físico, e a semelhança
está no interior (“querosene”), que se associa à organi-
zação social.
b) Logo ao chegar ao Recife, objetivo último de sua pe-
regrinação, Severino ouve o diálogo pessimista de dois
coveiros. Isso reforça ainda mais sua sensação de de-
sespero diante da desigualdade social que impera tan-
to no meio rural do Sertão, do Agreste e da Zona da
Mata, quanto na cidade do Recife. Assim, o retirante
não muda substancialmente o julgamento que expres-
sa no excerto. Embora as cenas finais, do nascimento
da criança, apontem para uma visão de mundo menos
pessimista, em momento algum minimizam a crítica à
péssima distribuição de renda nordestina.

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Roteiro de Estudos
LITERATURA
FIGURAS DE LINGUAGEM
Aliteração
Repetição harmônica e ritmada de sons consonantais.
Exemplo: "Que a brisa do Brasil beija e balança" (Castro Alves).

Anacoluto
Frase cuja estrutura sintática é interrompida, sendo continuada de uma forma alter-
nativa, deixando solto o termo inicial da oração.
Exemplo: "Eu, porque sou mole, você fica abusando" (Rubem Braga).

Anáfora
Repetição de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos.
Exemplo: “É pau, é pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco, é um pouco
sozinho” (Tom Jobim).

Antítese
Aproximação de conceitos contrários pelo confronto de ideias opostas.
Exemplo: “Que vai, pisando a terra e olhando o céu” (Vinicius de Moraes).
Cecília Meireles
Apóstrofe
Invocação, interpelação ou chamamento de algo personificado ou de alguém.
Exemplo: “Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa / Uma boa média que
não seja requentada” (Noel Rosa).

Catacrese
Utilização de uma palavra fora do seu significado original por falta de outra palavra
que corresponda ao conceito que se pretende nomear.
Exemplo: “Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos).

Comparação
Aproximação entre dois ou mais elementos que apresentam uma característica
em comum.
Exemplo: “Meu coração tombou na vida / tal qual uma estrela ferida/pela flecha de
um caçador” (Cecília Meireles).
Monteiro Lobato
Elipse
Omissão de termos da oração sem que se prejudique seu entendimento.
Exemplo: “No mar, tanta tormenta e tanto dano" (Luís de Camões).

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Eufemismo
Utilização de palavras e expressões mais brandas e agradáveis, em subs-
tituição de outras mais chocantes e agressivas, sem alteração do conteúdo.
Exemplo: “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um
dia enfim... Descolorirá” (Vinicius de Moraes).

Gradação ou clímax
Encadeamento de ideias que pode seguir uma ordem crescente ou uma
ordem decrescente.
Exemplo: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada” (Monteiro Lobato).

Hipérbato
Inversão brusca da ordem dos termos de uma oração.
Exemplo: “Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco” (Gonçalves Dias).

Hipérbole
Recurso que aumenta a expressividade da mensagem. Gonçalves Dias
Exemplo: “Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do
metrô, eu iria a pé do Rio a Salvador...” (Roberto Frejat).

Ironia
Ocorre quando é dito, intencionalmente, o oposto do que se pretende transmitir. A ironia tem como objetivo a ridiculari-
zação e desvalorização de alguém ou de uma situação.
Exemplo: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado de Assis).

Metáfora
Comparação implícita entre dois elementos que apresen-
tam uma ou mais características em comum, sem que essa
característica esteja salientada. A comparação é feita de modo
subentendido, não há um termo comparativo explícito.
Exemplo: “Perdi-me dentro de mim / Porque eu era um
labirinto” (Mário de Sá Carneiro).

Metonímia
Substituição de palavras com sentidos próximos onde é
utilizada uma palavra em vez de outra, sendo que ambas par-
tilham uma relação de proximidade de sentido.
Exemplo: “Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda
os estudos de Czerny” (Murilo Mendes).

Mário de Sá Carneiro

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197

Onomatopeia
Recurso que aumenta a expressividade da mensagem. As onoma-
topeias reproduzem, na linguagem escrita, os sons existentes.
Exemplo: “Sino da paixão bate bão bão bão” (Manuel Bandeira).

Paradoxo
Associação de conceitos contraditórios na representação de uma
só ideia.
Exemplo: “Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo” (Carlos Drum-
mond de Andrade).

Pleonasmo
Uso excessivo de palavras na transmissão de uma ideia, ocorrendo
repetição e redundância.
Exemplo: “Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque).

Polissíndeto
Recurso utilizado na linguagem oral e escrita que aumenta a ex-
pressividade da mensagem através do uso excessivo e repetitivo de
conjunções entre palavras e orações.
Euclides da Cunha
Exemplo: “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a
sede; e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas..." (Euclides da Cunha).

Silepse
Estabelecer concordância não com as palavras que compõem a frase, mas com a ideia que se pretende transmitir ou
com termos subentendidos.
Exemplo: “Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele” (Almeida Garret).

Zeugma
Omissão de termos da oração sem que se prejudique o entendimento, pois o que se omite é um termo já mencionado.
Exemplo: “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca" (Raul Pompeia).

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198

Anotações

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199

Anotações

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200

Anotações

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REDAÇÃO

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202

Narração
— Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
Narrar é relatar fatos, contar como esses fatos aconte- E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do se-
ceram (ou acontecerão). Como todo fato ocorre em deter- gundo homem, e o encontraram, e o mataram, mas ele
minado tempo, em toda narração há sempre um começo, também não tinha o anel. E a donzela disse:
um meio e um fim. São requisitos básicos para que a nar-
— Então está com o terceiro!
ração esteja completa.
Observe a tirinha a seguir e relate o que está acontecendo. Pois se lembrava que havia um terceiro assaltante.
Que tipo de verbos e palavras você usou? E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do
terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas
não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trou-
xeram o homem para a aldeia, e o revistaram, e encon-
traram no seu bolso o anel de diamante da donzela,
para espanto dela.
— Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o
anel de seu dedo, e a deixou desfalecida — gritaram
os aldeões. Matem-no!
— Esperem! — gritou o homem, no momento em
que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. —
Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!
E apontou a donzela, diante do escândalo de
todos.
O homem contou que estava sentado à beira do
riacho, pescando, quando a donzela se aproximou
dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a don-
zela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse, pois
queria saber o que era amor. Mas como era um ho-
mem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela
devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido
no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera
o anel dizendo: “Já que meus encantos não o sedu-
zem, este anel comprará o seu amor.”. E ele sucumbi-
ra, pois era pobre, e a necessidade é algoz da honra.
Todos se viraram contra a donzela e gritaram: “Ra-
meira! Impura! Diaba!” —, e exigiram seu sacrifício. E
o próprio pai da donzela passou a forca para o seu
pescoço.
Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
— A sua mentira era maior que a minha. Eles ma-
taram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde
está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
— A verdade é que eu achei o anel na barriga de
um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal
Leia o texto a seguir: quer é violência e sexo, não histórias de pescador.
Luis Fernando Veríssimo, “A verdade”.

Uma donzela estava um dia sentada à beira de um


riacho, deixou a água do riacho passar por entre seus
dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de dia-
mante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do
pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por
um homem no bosque e que ele arrancara o anel de
Textos narrativos são constituídos de verbos indicando
diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um
ação, algumas descrições e de diálogos.
canteiro de margaridas. O pai e os irmãos da donzela fo-
ram atrás do assaltante e encontraram um homem dor-
mindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram
o anel de diamante. E a donzela disse:

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203

Elementos da narrativa
Volte ao texto “A verdade” e identifique os elementos PESQUISE MAIS
referentes à história:

Quem a conta? Operadores argumenta-


Quem faz parte da narrativa? tivos referem-se a con-
Onde e quando se passa? junções e alguns advér-
bios, responsáveis pela
Sobre o que fala? De que forma? argumentatividade, pela
instauração do sentido e
Ao responder a essas perguntas, você identificará os pela organização e pro-
elementos da narrativa. gressão textual. O livro
Texto e ar­ gumentação:
Veja: um estudo das conjun-
Personagem – A pergunta “Quem faz parte da narra- ções do Portu­guês expli-
tiva?” indica os personagens. ca o funcionamento dos
principais operadores
Os personagens (do latim persona , que significa argumentativos da lín-
“máscara de teatro”) fazem parte da história, são a base gua portuguesa no pro-
da narrativa. Podem ser divididos em principais, tam- cesso argumentativo, podendo auxiliar na redação
bém conhecidos como protagonistas (quando são o de textos em que esse processo se faz presente.
centro da narrativa), e secundários.
GUIMARÃES, Eduardo. Texto e argumentação: um
No texto “A verdade”: estudo das conjunções do português. Campinas:
A donzela e o pescador são os personagens principais. Pontes, 2001.
Os demais personagens são secundários.

Um personagem pode ser:


Linear ou plano – Apresenta as mesmas caracterís-
ticas no decorrer da narrativa.
As personagens principais das narrativas de José de No texto “A verdade”, o tempo é cronológico, a história
Alencar são exemplos de personagens lineares, ou seja, se passa na Idade Média, num ambiente (espaço) cam-
suas atitudes não causam surpresa ao leitor, são previsíveis. pestre (riacho, bosque) e com aldeias.
Redondo ou esférico – Personagem complexo cujas Narrador – Ao responder à pergunta “Quem a conta?”,
atitudes variam no decorrer da narrativa, surpreendendo o identificamos o foco narrativo, ou melhor, o tipo de narrador.
leitor. Os personagens principais das narrativas de Clarice Temos certos tipos de narrador, como:
Lispector, por exemplo, são caracterizados por sua com-
plexidade; desse modo, são imprevisíveis. • Narrador-personagem, narrador-protagonista
ou narrador em primeira pessoa: Aquele
que conta a própria história;
Observação:
Há personagens que não representam individualidades, • Narrador em terceira pessoa: Aquele que
mas sim tipos humanos, identificados antes pela profissão, conta a história em terceira pessoa;
pelo comportamento, pela classe social, enfim, por algum • Narrador onisciente: Aquele que não é
traço distintivo comum a todos os indivíduos dessa cate- personagem, não faz parte das ações contadas
goria. Nesses casos, temos personagens caricaturais. Os e conhece plenamente a realidade interna
personagens das obras de Gil Vicente representam tipos hu- da obra (tanto os eventos e ações externos
manos de seu tempo: a alcoviteira, o aristocrata, o judeu etc. quanto o interior dos personagens);

Espaço e tempo – Onde e quando se passa? • Narrador onisciente intruso: Aquele que
se posiciona diante da história, fazendo
Com essas perguntas, situamos o texto em determina- comentários em primeira pessoa;
do período e lugar.
Espaço é o lugar em que acontece a narrativa. • Narrador-câmera, narrador-observador ou
narrador-testemunha: Aquele que é personagem,
Tempo cronológico – Os fatos são apresentados de não faz parte das ações contadas, não
acordo com a ordem dos acontecimentos. conhece o interior dos personagens e só narra
Tempo psicológico – Interior, aquele que transcorre aquilo de que tem conhecimento prévio.
dentro dos personagens, marcado pela ação da memória,
das reflexões. No texto “A verdade” o narrador é de 3a pessoa.

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204

A narração e os tipos de discurso de tensão da trama resultante da convergência dos incidentes


Na narrativa, temos três tipos de discurso: anteriores) – desfecho (acontece de várias formas, podendo
ser feliz, triste, trágico, cômico, aberto ou inusitado).
Direto: A narrativa se desenrola com a fala direta dos No texto “A verdade” temos:
personagens.
• Evento cotidiano – A donzela passeia
pelo campo e para em um riacho;
“Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
• Surgimento de um problema – A
— A sua mentira era maior que a minha. Eles ma-
perda do anel de diamantes;
taram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde
está, afinal, a verdade? • Clímax – A recuperação do anel, a
O pescador deu de ombros e disse: mentira contada pelo pescador;
— A verdade é que eu achei o anel na barriga de • Desfecho – A condenação da donzela à morte;
um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal Podemos classificar o desfecho dessa história como
quer é violência e sexo, não histórias de pescador.” inusitado, uma vez que a condenação da donzela não era
um fato esperado.
Indireto: A narrativa é relatada por alguém que obser-
va os fatos. Texto jornalístico
O texto jornalístico é a narração sobre fatos reais. Obje-
“Uma donzela estava um dia sentada à beira de um tividade é a palavra-chave desse tipo de texto.
riacho, deixou a água do riacho passar por entre seus Um bom texto jornalístico deve responder às seguintes
dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de dia- questões sobre um fato:
mante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do
pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por O quê? (assunto)
um homem no bosque e que ele arrancara o anel de Quem? (personagens/pessoas envolvidas)
diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um Onde? (lugar)
canteiro de margaridas.” Quando? (tempo)
Como aconteceu?
Indireto livre: O narrador toma a palavra para reproduzir Por quê?
a fala de seus personagens. Nesse tipo de discurso, ocorre a
Veja um exemplo:
fusão da voz do narrador (em terceira pessoa) com a voz da
TJ absolve Sérgio Naya e engenheiro por desaba-
personagem (em primeira pessoa). Esse recurso é empregado
mento do Palace 2
para mostrar o universo interior dos personagens, seus pensa-
(Folha Online)
mentos e anseios. No romance Vidas Secas (1938), o escritor
Graciliano Ramos emprega esse recurso, como no trecho:
A 7a Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio ab-
solveu nesta terça-feira o ex-deputado Sérgio Naya e engenhei-
“Entristeceu. Considerar-se plantado em terra ro Sérgio Murilo Domingues do crime de responsabilidade pelo
alheia! Engano.” desabamento do edifício Palace 2, ocorrido em 22 de fevereiro
de 1998, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio). Oito pessoas
Observações: morreram. A decisão foi adotada por cinco votos a zero.
Há verbos que se caracterizam por introduzir a fala do A decisão manteve a sentença proferida em maio de
personagem, ou mesmo para explicar quem faz a afirma- 2001 pela 33a Vara Criminal e anulou o acórdão da 5a Câma-
ção registrada depois do travessão. Denominam-se verbos ra Criminal que, em dezembro de 2002, acatou parcialmente
de elocução ou verbos dicendi. Alguns exemplos são: falar, um recurso do Ministério Público e os condenou a dois anos
perguntar, responder, indagar, replicar, argumentar, pedir, e oito meses de prisão em regime semiaberto. A pena poderia
dizer, comentar, afirmar etc. No discurso indireto livre, não ser revertida em prestação de serviços comunitários e paga-
há verbos de elocução. mento de multa.
Segundo o TJ, os desembargadores concluíram que, ao
Enredo – Sobre o que fala? De que forma? apelar da sentença, os promotores desrespeitaram o Código
Com essas perguntas descobrimos o enredo da narrativa. de Processo Penal e alteraram a classificação do crime de
Vale ressaltar que o enredo não deve ser confundido desabamento doloso – ou seja, o imóvel teria sido feito para
com a história: o enredo refere-se ao conjunto de inciden- cair – para culposo – teria havido negligência, desatenção e
tes que constituem a narrativa e o modo como esse con- descaso.
junto se organiza. A relatora do processo, desembargadora Elizabeth Gre-
O enredo de uma narrativa clássica, como o de “A verda- gory, entendeu que a alteração não pode ocorrer em segunda
de”, apresenta a seguinte organização:Evento cotidiano – surgi- instância pois “ofende o princípio da correlação entre a denún-
mento de um problema (conflito da história) – clímax (ponto alto cia e a sentença” e impede o trabalho da defesa.

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205

Para ela, os laudos periciais também não permitem afir- Dissertar passa pelo encadeamento de causas e efei-
mar que os réus tenham “dado causa à queda do edifício”, tos; seu criador pode e deve oferecer exemplificações, bus-
ainda segundo o TJ. Um dos laudos apresentaria como car conclusões, mas não impor suas ideias, nem mesmo
causa do desabamento um erro de cálculo que foi atribuído se esforçar para convencer, a qualquer custo, seus inter-
ao projetista, enquanto o outro não demonstra convicção. locutores. Acima de tudo, ele precisa ter a consciência de
que vai tão somente propagar um novo saber.
Assunto – Tribunal decide que Naya não pode ser res- As obras dissertativas enquadram-se na categoria dos
ponsabilizado por queda do edifício Palace 2. escritos expositivos, ao lado dos textos científicos, dos pa-
Personagens/pessoas envolvidas – Sérgio Naya, receres, das produções didáticas, dos verbetes que com-
Sérgio Murilo Domingues, Tribunal de Justiça do Rio, de- põem as enciclopédias.
sembargadora Elizabeth Gregory.
Onde – Rio de Janeiro. As qualidades de um texto dissertativo
Quando – 10 de junho de 2005.
Como aconteceu? – Por 5 votos a 0, Naya e o enge- Concisão
nheiro Domingues foram absolvidos do crime de desaba- • Ir direto ao assunto;
mento do Edifício Palace 2, em fevereiro de 1998. • Não ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”;
Por quê? – Segundo os laudos, os acusados não se- • Eliminar informações desnecessárias.
riam responsáveis pela queda do prédio
Clareza
Dissertação • Dispor as ideias de forma que possam
Quantas vezes você já precisou defender suas ideias? ser entendidas pelo leitor rapidamente;
Para provar que seu time de futebol é o melhor, para conven- • Ser coerente, não se contradizer;
cer seus pais a deixarem você ir “àquela” festa ou fazer aquela • Não confundir o leitor;
viagem, provar para o(a) namorado(a) que não era você “na- • Evitar períodos longos e vocabulário
quele” dia, “naquele” bar, com “aquele(a)” garoto(a) etc.? rebuscado e vago.
O ato de argumentar é inerente ao ser humano. Esta-
mos o tempo todo, mesmo de forma inconsciente, impon- Correção
do nossas ideias e vontades. Neste exato momento, por • Utilizar a variedade padrão, evitando
exemplo, estou tentando convencê-lo(a) de que argumentar gírias, regionalismos, neologismos;
é algo natural. • Grafar as palavras corretamente. Se houver
Mas, se é algo natural, por que, às vezes, é tão compli- dúvida e não for possível consultar um
cado escrever um texto argumentativo? dicionário, substitua a palavra por outra;
Volto às questões: desconhecimento da estrutura de • Atenção para a flexão das palavras, concordância
texto e do assunto a ser tratado. entre os termos, regência de verbos e nomes,
Escrever também requer prática. colocação pronominal e pontuação.
Você já conhece a estrutura do texto descritivo e narrati-
vo. Agora, vamos estudar o texto dissertativo. Elegância
Dissertar é expor uma ideia de forma objetiva (predomí- • Texto bem apresentável: limpo,
nio da função referencial). sem rasuras e com letra legível;
Nesse tipo de texto, você poderá expor determinado • Conteúdo original, criativo.
assunto, pontuando seus vários aspectos sem aderir a ne-
nhum deles, ou escolher determinado aspecto de um as-
O texto dissertativo pode ser expositivo ou argumen-
sunto e defendê-lo. tativo. Em nenhuma das duas modalidades há lugar para
A esse último tipo de texto, damos o nome de argu- a opinião. Na expositiva, o estudante expõe um conceito,
mentativo. uma teoria e o seu ponto de vista sobre o assunto, além
A dissertação é um texto de natureza teórica que visa de expressar a visão alheia. Normalmente, ele revela sua
a expor minuciosamente um tema, desdobrando-o em essência, os precedentes, razões imediatas ou distantes,
todos os seus aspectos. Através dessa estruturação ló- efeitos ou exemplificações.
gica e ordenada das concepções iniciais, o autor propõe
reflexões, incrementa uma forma de pensar, defende um Tipos de argumento
ponto de vista, discorre sobre uma ideia, cria polêmicas, Um argumento pode ser baseado em:
propõe debates, insere raciocínios dos quais extrai con-
sequências, introduz questionamentos que abalam as Citação – Frase ou pensamento de autores, autorida-
certezas absolutas. des conhecidas ou não.

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206

Como o neocolonialismo nos colocou sob a órbita de in-


fluência dos EUA, muitos apreciam citar aquela nação como
exemplo a ser seguido. Talvez a proposta seja válida para al-
guns casos, mas, especificamente na esfera dos direitos hu-
manos, há muito pouco a aprender com os ianques.
Os EUA são a única nação do Primeiro Mundo em que
este crime medieval é praticado com o beneplácito do
aparelho judiciário. Mas a justiça norte-americana tem se
equivocado em diversos casos de pena de morte. Alguém
poderia contra-argumentar que o aparelho judiciário brasi-
leiro seria superior e não cometeria falhas.
Será? Somos todos humanos, sujeitos a falhas. Deve-
-se considerar, também, que para ser superior o aparelho
judiciário brasileiro teria que passar por inúmeras reformas,
sendo assim, a implantação da pena de morte entraria
em vigor no mesmo período das comemorações de 1000
anos do descobrimento do Brasil.

Senso comum – Têm-se como base os valores par-


tilhados pela maioria da sociedade.

Matar ou não matar: Eis a questão


Bob Dylan, em uma performance em Na discussão a respeito da conveniência ou não da
Vitoria-Gasteiz, no Azkena Rock Festival. instituição da pena de morte para punir delinquentes que
cometam delitos atrozes, há uma pergunta que necessita
ser feita aos que defendem o castigo capital: qual a rea-
“Quantas mortes ainda serão necessárias para que se ção adequada quando um crime hediondo é perpetrado
saiba que já se matou demais?” pelo próprio Estado?
Bob Dylan Sabemos todos que têm conhecimento da realidade
internacional, que em inúmeros países o nível de violação
dos direitos humanos chega às raias da insanidade. In-
O simplismo de considerar a defesa dos direitos huma- divíduos que nunca propugnaram pela violência são su-
nos como a defesa de direitos de criminosos tem de ser mariamente executados pelas forças de segurança, tão
desmascarado. Aqueles que defendem o direito à vida de só pela divulgação de suas ideias; políticos oposicionistas
todos, de todos sem exceção, não podem ser confundi- que jamais advogaram o uso da força são detidos, tortu-
dos com criminosos ou defensores de suas posturas. O rados e mortos sem qualquer julgamento; pessoas que
que almejamos mesmo é o fim da barbárie e do ódio. se destacam nas lutas pacíficas pela melhoria das condi-
O Estado brasileiro falha diante de seus cidadãos, do ções de vida de suas comunidades são sequestradas à
berço à sepultura. Más condições de educação e saúde, luz do dia e desaparecem para sempre.
de moradia, de sobrevida material mesmo, acabam por Na maioria absoluta dos casos a responsabilidade do
reduzir o ser humano à situação desesperadora de louco
Estado, conquanto notória, não é judicialmente apurada.
desviante em muitos casos. Há muita gente desesperada
Somente vez por outra, por descuido do poder ou pela
por providenciar sua sobrevivência e a dos seus, ainda que
alteração do quadro institucional de um país, a verdade
para isso tenha de romper com as normas sociais vigentes.
vem à tona e o crime oficial é aclarado. Mas, e aí, quando
Se o Estado brasileiro é o maior responsável pela elevação
o fato se torna público ou não mais pode ser ocultado, o
no índice de criminalidade, particularmente tendo em vis-
que fazer? Eliminar o funcionário “zeloso” que sob ordens
ta a brutal e dificilmente equiparável, em escala planetária,
praticou a atrocidade? Enforcar seus superiores? Decapi-
concentração de renda, o Estado brasileiro carece de con-
tar o governante? Destruir o Estado, para que não repita
dições morais para dizer “quem tem o direito à vida (asse-
gurado na Constituição, por sinal) e quem, por seus crimes, o ato? Ou nesses casos é suficiente indenizar a família da
deve ser apenado com a perda deste direito humano bási- vítima com trinta moedas e esquecer o passado, como
co”, até porque o juízo humano é falho, a pena de morte é normalmente se faz?
uma punição evidentemente irreversível e o “exemplo” deve Não há porquê matar o delinquente, seja ele o cida-
vir sempre de cima, jamais dos desesperados. Montar uma dão ou o Estado. Como afirmou corretamente Cesare
fábrica de desesperados e, para “solucionar”, montar uma Beccaria, famoso penalista italiano, não é a crueldade da
máquina de extermínio de desesperados não me parece pena que inibe o criminoso, mas sim a crença de que
racional. É coisa parecida à “Solução Final” dos nazistas. ela será infalivelmente aplicada. Confiando-se que todos

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os delitos serão punidos de forma honesta, a criminali- contra ou a favor da pena de morte, mas não sabem
dade – inclusive a do “colarinho-branco”, que indireta- justificar com exatidão a posição que assumem. Tive
mente ceifa mais vidas do que a marginal – diminuirá. um professor que dizia que é difícil saber com exatidão
A pena de morte, utilizada como meio de proteção se somos contra ou a favor da pena de morte, en-
da sociedade, é comprovadamente desnecessária; quanto não trabalharmos com a escória.
usada como método de vingança, é embrutecedora e Será justo que um Estado puna com a morte al-
reacionária. Um simples exame da história da pena ca- guém que cometeu um homicídio? Não estaríamos
pital demonstra o esforço que o homem vem fazendo voltando à velha máxima “olho por olho, dente por
há séculos para erradicá-la, seja através da diminuição dente”? Então não é crime se matarmos com a auto-
gradativa do número de delitos puníveis com a morte, rização do Estado?
seja através da tentativa de suavizar os progressos das Com a aplicação dessa pena, muitos inocentes já
execuções. foram sacrificados, não seria mais justo deixar um cul-
Do “olho por olho, dente por dente”, da Lei de Talião, pado solto que matar um inocente? Existem pessoas
saltamos para as fogueiras da Idade Média. Das mutila- que se posicionam contra isso, dizendo que é melhor
ções e torturas que precediam o enforcamento dos ple- um inocente preso que um bandido solto. Que mundo
beus franceses, alcançamos a guilhotina instituída pela re- é esse onde a vida passa a ter pouco valor?
volução burguesa de 1789. Do garrote vil espanhol, que Os EUA são campeões em aplicação de penas de
aos poucos quebrava a espinha dos condenados, atin- morte e, consequentemente, são o país que comete
gimos o pelotão de fuzilamento. Da cadeira elétrica que mais erros de justiça; só que, infelizmente, muitas ve-
descarrega dois mil volts sobre o corpo do sentenciado zes essa constatação chega tarde demais e o valor da
durante períodos alternados, chegamos à injeção letal indenização nunca serve para abrandar o sofrimento
aplicada aos norte-americanos penalizados com a morte. da família, pois o dinheiro nunca poderá trazer de vol-
A pena de morte tem progredido – se assim se pode ta o pai, filho, irmão ou amigo que se foi. Nos EUA,
dizer – não só no concernente às formas pelas quais ela pelo menos 360 pessoas condenadas à morte, entre
é posta em prática, mas também em relação à natureza 1900 e 1985, conseguiram provar a sua inocência,
dos delitos e ao tipo dos criminosos passíveis de con- só que para 25 a inocência foi provada tarde demais.
denação à morte. Se atualmente em algumas poucas Diante de tudo isso, surge um novo problema: nos
nações mulheres adúlteras ainda são apedrejadas até países em que não existe a prisão perpétua, como por
que a vida se lhes acabe, na maioria apenas homicidas exemplo, o Brasil, onde a pena máxima são 30 anos,
cruéis são levados ao patíbulo. Se no alvorecer do pri-
o que fazer com as pessoas que têm de ser liberta-
meiro milênio os cristãos eram jogados aos leões para
das, porque já cumpriram a sua pena, mas não têm
divertimento dos cidadãos de Roma, e se dava fim aos
condições de voltar ao convívio social, pois afirmam
desequilibrados mentais por serem julgados endemonia-
que se forem libertados continuarão a matar? Talvez
dos, hoje a maior parte dos ordenamentos penais exis-
a solução esteja em ocupar o preso durante o tempo
tentes no mundo veda a aplicação da pena de morte
em que ele estiver na prisão e ir enquadrando-o ao
a prisioneiros de consciência, a menores, a anciãos, a
convívio social aos poucos, arranjando trabalho fora
mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz, a pes-
das prisões para aqueles que estiverem com a pena
soas mentalmente enfermas.
quase no fim; mas esse trabalho não dará resultados
O empenho que o ser humano vem fazendo há cen-
tenas de anos para aprimorar o Direito, justificando sua se a sociedade não contribuir. Deveriam ser oferecidos
condição de animal inteligente, é comprovado claramente cursos profissionalizantes, ter uma biblioteca à dispo-
pela contínua e definitiva restrição que as normas legais sição e muitos outros programas, para que os presos
vigentes vêm fazendo à vingança pessoal ou estatal. tivessem o seu tempo e também a cabeça ocupada.
A Assembleia Nacional de Cuba aprovou a pena de
Carlos Alceu Machado, Direitos Humanos na Internet. morte (que é aplicada por fuzilamento) para os crimes de
narcotráfico e outros considerados graves (assassinatos,
Evidências – Pesquisas, dados estatísticos. violações, roubos violentos), depois que o presidente Fidel
Castro solicitou que os crimes no país fossem castigados
Pena de morte: A justiça no limite da racionalidade com mais severidade, porque os casos de delinquência
A pena de morte é um assunto que vem suscitan- estavam aumentando visivelmente, ameaçando deste
do grandes polêmicas não apenas entre os juristas, modo a segurança da sociedade socialista cubana.
envolve presidentes e até o papa. Essa polêmica já Os que são contrários à pena de morte argumentam
existe há séculos e nunca se chegou a uma unani- que a criminologia e as estatísticas provam que a existên-
midade e talvez nunca se chegue; mas, a partir do cia da pena de morte não reduz os crimes punidos com
século XIX, houve mais engajamento para que a pena essa pena, e geralmente os que sofrem com a aplica-
de morte fosse totalmente abolida de todos os orde- ção dela são os mais desfavorecidos, uma vez que não
namentos jurídicos. Muitas pessoas se posicionam possuem condições para arranjar um bom advogado e

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Se houvesse mais igualdade social, talvez os índi-


ces de criminalidade diminuíssem; claro que isso só
se verificaria a longo prazo, mas nos proporcionaria
resultados mais duradouros e definitivos.
Massinga Dias, Mwangole News.

Raciocínio lógico – Estabelece-se uma relação de


causa e consequência sobre determinado assunto.

Crime e castigo
Devemos ser contra a pena de morte por cinco ra-
zões: uma de ordem intrínseca, uma de ordem pragmáti-
ca, duas de ordem extrínseca e uma de ordem histórica.
A razão de ordem intrínseca é que uma pena irrepa-
rável só pode ser decretada por um tribunal infalível. Daí
ser logicamente compreensível que Deus, por definição
e que nos deu a vida, também nos pode dar a morte.
E, pelo contrário, seja ilógico que nós possamos le-
gitimamente suicidar ou condenar qualquer pessoa à
Para alguns, a pena de morte, utilizada como meio morte. Esta é sem dúvida irreparável. Toda sentença à
de proteção da sociedade, é ineficiente. morte é substancialmente incorrigível, quanto aos seus
efeitos. Por outro lado, todo juízo humano, individual ou
os advogados do Estado muitas vezes nem se preocu- coletivo, é falível. Pode errar. Se pronunciar uma pena-
lidade reparável, as consequências de sua sentença
pam em verificar se o seu cliente é realmente culpado ou
podem ser corrigidas. Mas se decretar uma pena ir-
não, e além do mais a pena de morte não soluciona os
reparável será impossível conter ou atenuar suas con-
problemas de segurança. Os que defendem a sua apli-
sequências. E seu resultado será uma injustiça mons-
cação argumentam que o criminoso é um degenerado
truosa, se houver erro judiciário. Por isso considero a
irrecuperável e que ficando preso para sempre só estaria
pena de morte, em si, logicamente inaceitável. E não
gastando dinheiro do Estado e que a melhor solução seria
há razões práticas que possam, em sã consciência,
matá-lo, poupando dinheiro dos contribuintes.
justificar erros doutrinários. Nem mesmo as razões do
Atualmente, existem 64 países que aboliram a pena
coração podem alterar a verdade intrínseca das razões
de morte e, incluindo aqueles que já não a aplicam há da inteligência. Podemos, quando muito, compreen-
mais de 10 anos, esse número sobe para 103, mas dê-las. Não sobrepô-las. Só há uma soberania abso-
esse número ainda é pequeno se formos verificar que, luta: a natureza das coisas. Como diz Etienne Gílson:
apesar de serem em número inferior, ainda existem “este é o tribunal supremo a que devemos recorrer em
muitos países que a aplicam, são 91 no total. nossas dissidias humanas”. A pena de morte atenta,
A pena de morte aumentou em alguns países, entre contra razões especulativas que derivam da natureza
eles a China (85%), Ucrânia, Rússia e Irã. Desde que essa das coisas. Primeira razão pela qual se deve rejeitá-la.
pena foi reintroduzida nos EUA em 1976, 1997 foi o ano A segunda razão é de ordem pragmática. A pena
mais trágico atingindo um recorde de 74 execuções. de morte, dizem os seus defensores – que os há e dos
A pena de morte é uma crueldade não apenas para o mais ilustres teólogos, filósofos, moralistas e estadis-
preso, mas também para sua família; além da aplicação da tas, tanto é difícil lidar com problemas de vida e morte
pena, o preso às vezes fica anos esperando que a execu- – é uma legítima defesa do indivíduo e da sociedade.
ção seja cumprida, o que acaba desgastando o preso e a Não se nega que possamos matar em legítima
sua família. Essa pena muitas vezes afeta também os funcio- defesa. E que seja até justificável a guerra justa, por
nários da prisão e os encarregados de cumprir a sentença. mais que a monstruosidade técnica dos modernos ar-
Até hoje não se conseguiu provar que a aplicação mamentos e a complexidade das causas que levam à
da pena de morte diminui os índices de criminalidade, guerra tornem dificílima a classificação de uma guerra
uma vez que se verifica que os países que a aplicam têm como justa ou injusta. Mas não é disso que estamos
porcentagens de crimes superiores às dos países que tratando. Na defesa individual nada de mais legítimo
a aboliram. O Canadá é um grande exemplo, o índice do que dar a morte a alguém para defender a nossa
de criminalidade em 1993 diminuiu em 27% depois que vida ou a daqueles cuja vida temos o dever de defen-
a pena de morte foi abolida, o que não se verificava nos der. Mas o que é duvidoso é que essa modalidade
anos em que a pena de morte ainda vigorava. de punição, oficializada na maioria ou pelo menos em

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numerosas nações, alcance realmente os fins a que se Edgar Hoover, e resumido no número 25 de agosto do
destina. Quais são esses fins? Suprimir consideravel- U. S. NewsWorld Report, pág. 6/32.
mente a criminalidade. Antes de tudo, pode haver uma “A probabilidade de que um americano seja vítima
remota analogia, mas nunca equiparação entre a morte de um crime este ano é de 1 para 50, o dobro do
que possamos provocar em legítima defesa e a que perigo que corria há nove anos passados. O crime em
provocamos pela aplicação desse tipo de penalidade. nosso país mais do que duplicou em volume – aumen-
Quando matamos em legítima defesa autêntica, tando de 122% – entre 1960 e 1968. Só em 1968
fazemo-lo involuntariamente. Quando matamos pela aumentou mais 17,5%. Nos primeiros três meses de
decretação de uma sentença fazemo-lo voluntaria- 1968 aumentou mais 10%. Os crimes estão crescen-
mente. O primeiro é um ato natural e imprevisto, pro- do 11 vezes mais depressa do que a população. En-
vocado pelo instinto de conservação. O outro é um quanto o número de crimes cresceu, nesse período,
ato pensado e friamente executado. O primeiro é con- 122%, a população só cresceu 11%. Assim é que a
secutivo a um ataque sofrido, a um crime cometido. atual proporção de crimes – o número de crimes gra-
O segundo antecipa a consequência que possa pro- ves por 100 mil habitantes – subiu 99%. O relatório
vir de deixar em vida um elemento reconhecidamente menciona um total de quase 4,5 milhões de crimes vá-
insociável. Só por analogia remota podemos falar em rios, no ano passado, incluindo 13.650 assassinatos,
legítima defesa social no caso da pena de morte. 31.600 estupros e 282.400 casos de assaltos a mão
Além disso, como íamos dizendo, nada de mais armada. Os assaltos a banco subiram 302% desde
contestável do que os resultados práticos da pena de 1960. Em 1968 as grandes cidades sofreram o maior
morte. Nenhum dos países onde impera a pena de mor- aumento de criminalidade, 18% em relação a 1967”.
te conseguiu, por meio dela, eliminar a criminalidade. Ou E por aí afora. E o curioso é que vários altos funcio-
mesmo reduzi-la. O único argumento empregável é uma nários da Educação, comentando o aumento de atos
hipótese: seria ainda pior sem ela. Mas acaso é legítimo de vandalismo, longe de patrocinarem o aumento das
dispor da vida alheia simplesmente na base de raciocí- penalidades, o que recomendaram é a organização
nios hipotéticos? Pode ser que sim. Pode ser que não. comunitária de defesa, das community residents, que
O fato positivo é que o crime entrou na história da hu- deu excelentes resultados em Rochester, Nova Iorque.
manidade desde que Caim matou Abel. Isto é, desde O que no caso nos interessa é a verificação de que
que o mal matou o bem. E a espécie humana se dividiu a pena de morte, em ação mais que secular nos Esta-
entre inocentes e culpados. Como meio de impedir a re- dos Unidos, não foi capaz até hoje sequer de manter o
petição desse crime original, consignado nas Sagradas mesmo nível de criminalidade. Já não falo em reduzi-la
Escrituras, todos os Estados, mais ou menos civilizados, ou suprimi-la, o que toca as raias da utopia.
adotaram essa punição. E o resultado? Será por esse motivo que a Inglaterra já suprimiu
A pena de morte não pode ser defendida, legitima- ou está por suprimir a pena de morte, reconhecendo
mente por motivos pragmáticos, porque não alcan- a sua ineficácia prática?
çou até hoje, em todas as nações que a aplicaram, Da Rússia não temos notícias. Conhecemos apenas
o resultado desejável. Tomemos para exemplo a mais a implacabilidade dos expurgos e o terrorismo cultural de
poderosa e bem organizada das nações modernas: que Kuznetsov nos deu, recentemente, o mais clamo-
os Estados Unidos. A pena de morte sempre existiu roso dos testemunhos. Há tempos, um repórter estran-
em sua legislação. A inflexibilidade dos seus juízes em geiro estranhou a pobreza das instalações judiciárias de
sua aplicação se tornou proverbial. E casos houve, Moscou. E um informante oficial explicou que assim era
como o de Sacco e Vanzetti, da nossa mocidade, porque em breve não seriam mais necessárias grandes
que abalaram a consciência da humanidade inteira, instalações de justiça, já que o crime desapareceria com
sem conseguir abrandar a implacabilidade da lei. a aplicação gradativa do sistema comunista.
A famosa sentença de Joseph de Maistre, em ou- Não que os defensores da pena de morte te-
tras palavras, que o carrasco é o companheiro inse- nham a seu respeito as mesmas utópicas ilusões
parável de uma sociedade bem organizada, foi sem- desses cândidos crentes nas virtudes miríficas do
pre levada ao pé da letra pela nação mais poderosa comunismo. Por ora, os regimes totalitários conti-
e bem organizada do mundo. Logicamente, ou antes, nuam a aplicar a pena de morte como sendo a mais
pragmaticamente, a criminalidade desse país deveria normal e eficaz das medicinas sociais.
decrescer na razão direta da aplicação de uma pena- Mas as estatísticas de uma nação realmente de-
lidade tão convincente e efetiva. mocrática como os Estados Unidos, onde os direitos
Ora, o que nos informam os documentos oficiais dos condenados pelos crimes mais hediondos, como
mais recentes é precisamente o oposto. Eis o que o do matador das enfermeiras de Chicago, são tão,
consta do último Uniform Crime Reports do Federal exasperadamente, respeitados. Essas estatísticas
Bureau of Investigation, o mais que famoso FBI, divul- nos demonstram positivamente que o argumento da
gado no dia 13 de agosto último, pelo seu diretor J. legítima defesa social é extremamente frágil.

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Em nenhum país do mundo a pena de morte impe- “João Gostoso era carregador de feira livre e morava
diu, e nem mesmo evitou o aumento de toda espécie no morro da Babilônia num barracão sem número.
de criminalidade. Eis por que não se aceita o argu- Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
mento pragmático em sua defesa. Bebeu
Tristão de Athayde Cantou
Dançou
Estrutura de uma dissertação Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado.”
Introdução – Apresentação do tema que irá ser ex-
posto ou defendido. Manuel Bandeira.
Desenvolvimento – Exposição e explicação das ideias
e dos pontos de vista e argumentação sobre o assunto. Um poema é caracterizado pelo seu tom lírico e sua preo-
Conclusão – Fechamento das ideias que foram dis- cupação com a disposição das palavras. No entanto, pode
assumir um tom narrativo, como no poema de Bandeira, supra-
cutidas ao longo do texto.
citado, que relata um fato: a morte de João Gostoso.
Observação:
Como já foi dito, não existem fórmulas mágicas para
Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos,
se aprender a escrever, mas existem estruturas e algumas
dissertativos ou injuntivos. Essa classificação se dá por
predominância de algumas características de determinado técnicas que podem ser úteis na elaboração de textos.
tipo de texto.
Veja a estrutura do texto dissertativo a seguir: Veja a seguir dois modelos de redação:

[...] “às vezes o amor acaba como se fosse melhor Modelo 1


nunca ter existido, mas pode acabar com doçura e es- Escreva um texto dissertativo, dando sua opinião sobre
perança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o corrupção.
amor; na vaidade; no álcool; de manhã, de tarde, de A. Introdução: Dê a sua opinião. Apresente os aspec-
noite; na floração da primavera; no abuso do verão; na tos gerais do tema.
dissonância do outono; no conforto do inverno; em to-
dos os lugares o amor acaba; a qualquer a qualquer B. Desenvolvimento: Justifique sua opinião. Neste pon-
hora o amor acaba; para recomeçar em todos os luga- to, você irá discutir o que foi apresentado na introdu-
res e a qualquer hora o amor acaba.” ção. Não há um número determinado de parágrafos.
C. Conclusão: Encerre sua discussão concluindo seu
Paulo Mendes Campos, O amor acaba. raciocínio, retomando a introdução.
A. Introdução
Ao abrir o jornal ou ligar a TV, o leitor/telespectador é bom-
Esse trecho é uma crônica. A crônica é um tipo de bardeado por notícias sobre corrupção e aberturas de CPIs.
texto que geralmente é caracterizado por uma linguagem
objetiva; no entanto, como no trecho citado, pode apre- B. Desenvolvimento
sentar características líricas. A cada político chamado para depor, novos nomes são
O contrário também acontece. acrescentados ao rol de corruptos. Estes denunciam partidá-
rios, revelando a superficialidade das relações entre os gover-
Veja o poema a seguir: nantes. Suas alianças duram enquanto podem se beneficiar.
Propagandas de vários partidos são veiculadas com
declarações de políticos e pessoas ligadas ao poder ju-
diciário, que se abstêm da ligação com os denunciados.
FICA A DICA Diante de tantas denúncias, resta saber se não são
os índices de corrupção que aumentaram ou se sempre
existiram e estão sendo descobertos agora.
Não se esqueça: Vários setores da sociedade têm feito manifestações
Saiba tirar proveito de seus erros. como forma de reação frente à desordem política.
A obediência às regras da gramática normativa é Não se tem previsão de quando tudo irá terminar, pois a
apenas um aspecto a ser considerado, não é tudo. cada político que depõe outros suspeitos são descobertos.
Leia bastante e sobre tudo. Pensando nas próximas eleições: Quem serão os can-
Para ser um bom escritor, é necessário ser um bom didatos que prometerão honestidade e ações que bene-
leitor. ficiarão a todos, mas que serão esquecidas no primeiro
Só escrevemos sobre aquilo que conhecemos. ano de mandato?
Não há verdades universais na dissertação. C. Conclusão
Não generalize suas opiniões. As mudanças devem começar com uma melhor escolha
dos candidatos pelos eleitores. Se não é possível conhe-

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cê-los antes de chegarem ao poder, pode-se, pelo menos, Observação:


não votar naqueles que já se sabe serem corruptos. É importante não confundir título com tema.
Análise da redação: Tema – É o assunto a ser tratado em seu texto.
Cada parágrafo apresenta ideias sem conexão com as Título – É o nome dado ao seu texto. É importante que
apresentadas anteriormente. Não há desenvolvimento, apro- seu título resuma o assunto que será tratado.
fundamento dos aspectos apresentados nos parágrafos. Dica importante:
Não se tem previsão de quando tudo irá terminar, pois a Ao escrever uma redação, é importante se colocar no
cada político que depõe outros suspeitos são descobertos. lugar do leitor, de forma a elucidar as possíveis dúvidas e
Pensando nas próximas eleições: Quem serão os candida- eliminar as ambiguidades do texto.
tos que prometerão honestidade e ações que beneficiarão a to-
dos, mas que serão esquecidas no primeiro ano de mandato?
“A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem
Outros problemas: sempre um quê de proibido: algo assim como essa ten-
CPI – Comissão Parlamentar de Inquéritos. Uma sigla, ao tação irresistível que leva os garotos a riscar a brancura
aparecer pela primeira vez num texto, deverá apresentar sua dos muros.”
significação. Estes – é um pronome demonstrativo que reto-
ma o termo mais próximo dentro de uma mesma oração ou Mário Quintana
período. Na frase, este retoma “corruptos” e não partidários,
como pretendia o autor do texto. Existem várias estruturas de textos. Veja alguns exemplos.
Perguntas feitas no decorrer do texto devem ser respondidas.
A estrutura mais comum:
Modelo 2 Primeiro parágrafo:
O sistema de cotas apoiado pelo governo e adotado – apresentação de pontos de vista sobre determinado
por algumas universidades federais visa a dar oportunida- assunto.
de para que a população negra possa ingressar no ensino Parágrafos seguintes:
superior e, a partir daí, promover a inclusão social. Entre- – apresentação dos pontos de vista apresentados na
tanto, existe um viés interessante contido nesta “oportu- introdução.
nidade” concedida aos afrodescendentes, que é o que Último parágrafo:
denominaremos de “estigma da incompetência”. – conclusão com a retomada de todos os pontos e
O “estigma da incompetência” poderá surgir como for- fechamento do raciocínio.
ma de desconfiança da qualidade do profissional formado
que foi beneficiado pelo sistema de cotas, uma vez que Estrutura I
este será considerado, possivelmente, menos capaz por EXEMPLO:
não ter competido com igualdade com os demais. DIREITOS PARA OS ANIMAIS DE PESQUISA?
A dúvida relacionada à competência do profissional
negro beneficiado pelas cotas se estenderá aos demais Um grupo de 500 pesquisadores britânicos assinou
profissionais da mesma raça que conseguiram se formar esta semana um documento em favor da utilização de
sem o benefício, o que contribuiria ainda mais para mani- animais em pesquisas científicas. O manifesto acontece
festações racistas que estigmatizam a população negra, em resposta à crescente articulação dos movimentos de
considerando-a incapaz e, portanto, inferior. defesa dos direitos dos animais pressionando autoridades
Propostas como o sistema de cotas apenas tangen- a proibir determinados testes. Com essa briga, cientistas e
ciam o problema da inclusão social dos negros, sem, ambientalistas trazem de volta uma discussão que já dura
contudo, abordar os aspectos sociais e históricos asso- décadas, sobre até que ponto é justificável o uso de ani-
ciados à marginalização ao resgate da dignidade e cida- mais em pesquisas científicas.
dania dessa fração da população. A grande questão da vez são as pesquisas genéticas
que utilizam animais para determinar a função de um gene.
Análise da redação: Para isso, os animais são geneticamente modificados
Faltou a explicação sobre o que é o sistema de cotas. para apresentarem um gene específico, cuja expressão
Generalização das consequências da adoção do sis- na idade adulta pode ser de todo tipo de doença, tumor
tema de cotas: ou degeneração. Os ambientalistas defendem que esse
tipo de estudo tem sido feito sem controle, submetendo os
animais, roedores na maioria das vezes, a um sofrimento
“A dúvida relacionada à competência do profissional desnecessário.
negro beneficiado pelas cotas se estenderá aos de- Do seu lado, os cientistas defendem que os animais são
mais profissionais da mesma raça que conseguiram se essenciais à descoberta de drogas e tratamentos, ao de-
formar sem o benefício, (...)” senvolvimento de procedimentos e às pesquisas de base,
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. Volume único. 2. ed. que permitem entender melhor o funcionamento do corpo.
São Paulo: Moderna, 2003. Há pouco mais de 15 anos, essa disputa levou a Ingla-
terra a restringir a pesquisa com animais vivos e a controlar

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esses procedimentos. Segundo o órgão responsável no No entanto, alguns especialistas afirmam que essa
país, 2,8 milhões de animais são utilizados todos os anos causa deve ser vista com cautela. Desestrutura familiar,
para pesquisas, sendo que mais de 60% desses recebem por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência
drogas para aliviar a dor ocasionada pelos estudos. Mesmo de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A de-
assim, os ambientalistas defendem que esses esforços são sestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto
insuficientes e que as condições a que esses animais estão e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em
submetidos devem ser discutidas. No Brasil a regulação é qualquer modelo familiar.
feita pela Sociedade Brasileira de Bioética, mas não há da- Também não é o desemprego. Mas o desemprego de
dos sobre a utilização de animas em laboratório. ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego,
Revista Galileu, 25 ago. 2005.
objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e
não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento
da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao in-
As relações de causa e consequência
gresso na criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou
Causa – motivo pelo qual surge o fato. o subemprego, mexe com a autoestima do jovem e o faz
Consequência – resultado da causa. pensar em outras formas de conseguir espaço na socie-
Primeiro parágrafo: dade, de ser, enfim, reconhecido.
– apresentação generalizada do problema, de seu ponto Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, rece-
de vista e argumentos. bendo um estímulo forte para o consumo, sem modelos
Parágrafos seguintes: próximos que se contraponham ao que o crime organi-
– desenvolvimento dos pontos de vista apresentados na zado oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um
introdução. grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio), um
Penúltimo parágrafo: indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.
– desenvolvimento e discussão das causas e conse- O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também
quências. fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas
Último parágrafo: de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de
– retomada do que foi discutido e o fechamento do raciocínio. conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
E, ainda, outro fator que infla o número de homicídios
Estrutura II no Brasil é a disseminação das armas de fogo, principal-
EXEMPLO: mente das armas leves. Discussões banais, como brigas
VIOLÊNCIA URBANA familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato
porque há uma arma de fogo envolvida.
Se a violência é urbana, pode-se concluir que uma de Luís Antonio Francisco de Souza
suas causas é o próprio espaço urbano? Os especialistas
na questão afirmam que sim: nas periferias das cidades, se- Assuntos polêmicos
jam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença Quando não se quer tomar posicionamento sobre um
do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais assunto, tem-se a possibilidade de pontuar os aspectos
facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas favoráveis e não favoráveis do assunto a ser discutido.
urbanas em que a infraestrutura urbana de equipamentos
e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elé- Primeiro parágrafo:
trica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos – apresentação da polêmica e colocações quanto à
culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou dificuldade de posicionamento devido à complexidade do
insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho. fato a ser tratado.
Esse e os demais fatores apontados pelos especialis- Segundo parágrafo:
tas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda – discussão dos aspectos favoráveis.
a América Latina, em intensidades diferentes. Não é a Terceiro parágrafo:
pobreza que causa a violência. Se assim fosse, áreas – discussão dos aspectos desfavoráveis.
extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, Quarto parágrafo:
como apresentam, índices de violência muito menores – fechamento do raciocínio com explicação dos dados
do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, apresentados.
Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o país estaria
completamente desestruturado, caso toda a população Estrutura III
de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza EXEMPLO:
começasse a cometer crimes. ABORTO
Outros dois fatores para o crescimento do crime são O aborto é, frequentemente, apresentado como um “direi-
a impessoalidade das relações nas grandes metrópoles to das mulheres”. No entanto, ao se dizer isso, se ignoram as
e a desestruturação familiar. Esta última é causa e tam- consequências desse ato. Mas que atitude tomar em casos
bém efeito. É causa porque, sem laços familiares fortes, de gravidez como resultado de um estupro?
a probabilidade de uma criança vir a cometer um crime O aborto pode ser visto como algo desejável para as mu-
na adolescência é maior. Mas a desestruturação de sua lheres, e como um benefício ao qual elas deveriam ter tanto
família pode ter sido iniciada pelo assassinato do pai ou da acesso quanto possível, ou seja, elas têm o direito de esco-
mãe, ou de ambos. lher se querem ou não ser mães.

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Estudos sobre mulheres que fizeram aborto (veja, por exem- fins eleitorais, difundida pelo ex-tesoureiro petista Delúbio
plo, o livro do Dr. David Reardon, “Aborted Women, Silent No Soares, interessa tanto ao PFL, que tem um de seus prin-
More”) mostram que o aborto não é uma questão de dar à mulher cipais quadros envolvidos — o deputado Roberto Brant
uma “escolha”. É, tragicamente, uma situação em que as mulhe- — quanto ao PSDB, cujo presidente nacional, senador
res sentiram que não tinham nenhuma escolha. Eduardo Azeredo, também está sendo acusado de ter se
Casos extremos, como o estupro, tornam o aborto possível, valido dos recursos do lobista Marcos Valério de Souza na
mesmo em lugares onde não é permitido por lei. O fato de ser ou eleição de Minas Gerais em 1998.
não legalizado não o torna certo. Mas a generalização quanto à Acordos entre PT e PMDB e partidos aliados, para a
permissão ou proibição deve ser pesada levando-se em conside- não convocação de personagens importantes nos even-
ração cada caso. Julgar ou permitir, simplesmente, não contribui tos, como o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, e Be-
em nada para quem aprova ou reprova o ato. nedita da Silva, de um lado, e a governadora Rosinha e
seu marido Garotinho, de outro, são feitos à luz do dia.
Primeiro parágrafo:
O deputado e ex-ministro José Dirceu, peça central para
– apresentação, generalizada, do tema, do ponto de vis-
ta e de seus pontos e argumentos. a apuração de todo o esquema de corrupção montado,
Parágrafos seguintes: ainda não foi convocado. A CPI dos Correios, a mais antiga
– desenvolvimento dos argumentos apresentados na das atualmente em funcionamento, já consumiu mais de
introdução. setenta dias, e nem chegou à metade das apurações.
Penúltimo parágrafo: A CPI do caso PC Farias, por exemplo, começou em
– retrospectiva histórica do problema. junho de 1992 e foi declarada encerrada três meses e
Último parágrafo: meio depois, tendo o relatório final sido votado em 90
– conclusão com fechamento do raciocínio. dias. Bastaram 40 reuniões no período, e 22 depoimen-
tos, para estabelecer a culpa do ex-presidente Fernando
Estrutura IV Collor de Mello. A CPI do Orçamento, que começou em
EXEMPLO: outubro de 1994, terminou três meses depois, com um
OPERAÇÃO ABAFA total de 111 reuniões, porque se reunia praticamente to-
Os sinais preocupantes de que os trabalhos das CPIs dos os dias, e não se limitava aos três dias da semana em
possam estar sendo deliberadamente boicotados e de que o Congresso normalmente funciona: terças, quartas e
que a disputa entre as comissões, mais do que refletir uma quintas-feiras. Ao fim da CPI, 68 pessoas foram ouvidas,
briga de egos entre senadores e deputados, possa ser o entre elas 33 deputados, ao contrário de agora, quando a
reflexo de uma manobra dos governistas para retardar a CPI dos Correios só ouviu Roberto Jefferson.
apuração dos escândalos, sem que a operação abafa seja Sem falar que a moderna tecnologia que está à dispo-
claramente identificada pela opinião pública, estão colo- sição dos senadores e deputados deveria facilitar o cruza-
cando em estado de alerta organizações como a Transpa- mento de dados e as investigações. Ao contrário, até hoje
rência Brasil, associada à Transparência Internacional, uma não conseguiram abrir nem mesmo os disquetes enviados
organização não governamental exclusivamente dedicada pelas companhias telefônicas com a quebra de sigilos de
a combater a corrupção no mundo. alguns dos envolvidos, com a desculpa esfarrapada de
São inúmeras as indicações de que está em curso ten- que eles não falam entre si.
tativa de acordo para preservar uma maioria de envolvidos O presidente da Transparência Brasil, Cláudio Weber
nos escândalos. Em Brasília, há indícios de que as cúpulas Abramo, enviou carta aos presidentes das CPIs expres-
partidárias tentam achar caminhos para amenizar punições. sando preocupação em dois níveis: a origem do dinheiro e
O deputado Roberto Jefferson, que será o primeiro a ser a alegação de que foi usado para fins eleitorais. Segundo
cassado, poderá ser o pretexto para um grande acordo. Abramo, “é implausível” que o dinheiro se origine de “em-
Se a acusação contra ele for de que não provou a prática presas privadas que prefeririam permanecer no anonima-
do mensalão, estará dado o caminho para que a alegação to”. O mais provável é que os recursos “tivessem corres-
de uso de caixa dois nas eleições prevaleça, em vez do pondido a subornos pagos pela obtenção de vantagens
desvio do dinheiro público, que ainda não foi desvendado. conseguidas em transações ilícitas com o Estado”, afirma
De fato, se pegarmos exemplos de outras CPIs, vere- a carta da Transparência Brasil, que diz que “levantar os ali-
mos que a manobra governista de dividir a apuração dos mentadores de propinodutos constituiria um dos principais
escândalos em três comissões está dando resultado, se deveres das comissões”.
não no acobertamento dos envolvidos, pelo menos na de- Quanto à alegação, que classifica de “fácil”, que o dinhei-
mora das apurações. Ao delimitar a apuração da primeira ro teria sido destinado a pagamento de dívidas eleitorais, “se-
CPI instalada, a dos Correios, a maioria governista forçou ria minimamente exigível que os indivíduos acusados apre-
a oposição a lutar pela instalação de outras comissões, o sentassem os nomes e CNPJs das empresas fornecedoras
que acabou dispersando as investigações. que teriam sido beneficiárias dos pagamentos em questão”,
Há diversos exemplos de acordos, explícitos ou tá- alega Abramo. Para a Transparência Brasil, “aceitar-se sem
citos, entre os partidos políticos, cada qual defendendo maiores questionamentos a desculpa das dívidas eleitorais
seu interesse. A tese do “dinheiro não contabilizado” para equivale a desistir de investigar a corrupção”.

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Equivaleria, também, lembra Abramo, aceitar “que cor- Paródia: Forma de apropriação que rompe, sutil ou
rupção com finalidade eleitoral seria menos grave do que abertamente, com o modelo retomado; imitação cômica
outras corrupções, com a inevitável consequência da ex- de certa composição (literária, musical etc.). Exemplo:
tensão, à totalidade dos políticos da pecha de corruptos Minha terra tem palmeiras,
— o que, decerto, seria inaceitável”. A carta termina aler- Onde canta o Sabiá;
tando que “nunca é demais frisar que os ilícitos” de que As aves, que aqui gorjeiam,
tratam as Comissões “não constituem simples “erros” ou Não gorjeiam como lá.
“falhas”, mas crimes”. Gonçalves Dias
A “operação abafa” em curso conta também com o silên- Minha terra não tem palmeira.
cio obsequioso da maioria dos intelectuais e com o colabora- E em vez de um mero sabiá,
cionismo partidário de notório cientista político que, vergonha Cantam aves invisíveis
profissional, usa seu pseudodistanciamento acadêmico para Nas palmeiras que não há.
abrigar, mesmo diante de todas as evidências, a patética tese Mário Quintana
da conspiração das elites contra o operário presidente.
Merval Pereira Referência ou alusão: Trata-se de mencionar elemen-
tos de outro texto (personagens, fatos, nomes) a fim de fazer
Itens recomendados para a redação de um alguma relação com o que se escreve.
bom texto dissertativo Exemplo: A mulher dele não tinha ambições nem vaida-
de, era uma Amélia. (Alusão à canção “Ai Que Saudades da
• Informatividade – Dê ao leitor uma Amélia”, de Ataulpho Alves/Mário Lago).
gama de informações pertinentes e
interessantes sobre o assunto tratado. Citação: É a transcrição de outro texto, sinalizada por aspas.
Exemplo: Aprendi, de Eleanor Roosevelt:
• Criticidade – Além de informar, deve-se “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza
formular ideias próprias. dos seus sonhos”, e de Carl Sandburg que “nada acon-
tece a menos que sonhemos antes”. FELLINUS, John. As
• Clareza e organização – Para convencer
mais belas frases do Mundo. São Paulo: Editora, 1998.
ou informar o seu leitor sobre o assunto, as
ideias de seu texto deverão estar dispostas Epígrafe: Constitui uma escrita introdutória de um tex-
de forma objetiva, clara e organizada. to, de modo a estabelecer alguma relação com esse texto.

• Criatividade – Procure atualizar seus Exemplo: O poema “Olhos Verdes”, de Gonçalves


Dias, tem a seguinte epígrafe:
conhecimentos para evitar o senso comum.
Eles verdes são:
Isso confere autenticidade a seu texto. E têm por usança,
• Coerência – As normas gramaticais devem Na cor esperança.
ser respeitadas; no entanto, o item mais E nas obras, não.
importante é a coerência de suas ideias. (Camões, Rimas.)

• Prática – O fato de praticar a leitura e a escrita Pastiche ou plágio: Imitação de outra obra. Na esté-
lhe dará a possibilidade de se expressar melhor. tica clássica, isso era intencional e não tinha sentido pejo-
rativo como tem hoje.
Intertextualidade: A intertextualidade é a influência Exemplo:
de um texto sobre outro ou a superposição de um texto Lázaro Ramos interpretou o malandro “Foguinho” na
a outro. novela “Cobras & Lagartos”.
Paráfrase: Reprodução de um texto com outras pa-
Em 2006, os cineastas Walter Salles e Daniela Thomas
lavras. O autor do texto posterior tem que deixar claras a
apontaram plágio na novela de João Emanuel Carneiro
fonte e a sua intenção. porque Foguinho seria cópia de um personagem do longa
Exemplo: “Linha de Passe”. (Folha Online)
“O emprego do s no Brasil afora é muito peculiar, e
quem sair à cata das várias formas em que é encontrado Tradução: Converter um texto escrito de uma língua
terminará com uma rica coleção.” para outra.
Roberto Pompeu de Toledo. Revista Veja, 14 de março de 2007. Exemplo: “Só havia comido o gosto fétido de seu pró-
prio hálito faminto, no que pareciam ter sido semanas, e,
Conforme disse Roberto Pompeu de Toledo, a utiliza- mesmo assim, nada.” (Trecho do livro A menina que rouba-
ção do apóstrofo seguido de s pelos brasileiros é típica e va livros, escrito pelo australiano Markus Zusak e traduzido
pode ser encontrada em diversos lugares. por Vera Ribeiro).

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Como fazer questões discursivas de provas? Progressão, informatividade e


situacionalidade (P.I.S.)
• Analisar/discutir: Expor as ideias, verificar
os fatos, questionar, argumentar a favor ou • Acrescentar novas informações
contra, manifestar um posicionamento. para que o texto progrida.
• Apresentar dados suficientes para
• Comparar: Confrontar fatos, ideias e a interpretação do texto.
processos, podendo apresentar vantagens e • Construir a redação de forma a não exigir
desvantagens, semelhanças e diferenças. do leitor informações externas ao texto.
• Criticar: Avaliar fatos, ideias e processos com • Utilizar a norma-padrão.
base em critérios de julgamento e análise crítica. • Utilizar vocabulário adequado.
• Definir: Conceituar objetivamente
Manual do Candidato – Universidade Federal de
fatos, ideias ou processos.
Uberlândia-MG (UFU)
• Descrever: Indicar as características
de um fato, ideia ou processo.
Foram divulgadas no site do Enem quatro “Redações
• Enumerar: Sequenciar fatos, ideias ou processos. Nota 10”, textos de estudantes que teriam cumprido o
• Esquematizar/esboçar: Sintetizar as que se espera de um estudante que esteja concluindo o
informações em tópicos e subtópicos, Ensino Médio. Veja uma delas:
enfatizando as relações entre os elementos.
• Explicar: Elucidar fatos, ideias e Quadro negro
processos; torná-los compreensíveis. Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e
• Interpretar: Buscar compreender as informações livros, para os governantes não poderia ser diferente. O
contidas no texto, analisando seu sentido. papel da leitura na formação de um indivíduo é de notó-
ria importância. Basta-nos observar a relevância da escrita
• Organizar: Elaborar uma estrutura (cronológica, de até mesmo na marcação histórica do homem, que desta-
importância etc.) de fatos, ideias ou processos. ca, por tal motivo, a pré-história.
• Selecionar: Escolher as informações de Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que
acordo com um critério preestabelecido. nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não dei-
• Sintetizar: Resumir, expor o xou seu legado através da escrita, dos seus livros, das
assunto de forma concisa. anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a
Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossi-
lizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito
A redação no vestibular e em devemos a esses escritos. Desta forma, iniciamos o nosso
outros concursos processo de transformação adquirindo tamanha produção
intelectual que nos é disponibilizada.
Em geral, as condições de nulidade da redação são:
• Fuga ao tema proposto;
• Não redigir o texto no gênero textual proposto;
• Não obedecer à proposta: discorra,
apresente, comente etc.;
• Ser contraditório.

Estruturação e argumentação
• Utilizar, na redação, as informações apresentadas
nos textos motivadores. (Atenção: As
informações não podem ser copiadas. É
necessário, no mínimo, parafraseá-las.)
• Dar um título à redação, de acordo
com o que foi desenvolvido.
• Redigir o texto, concentrando-se
na situação escolhida.
• Apresentar ideias consistentes.
• Utilizar argumentos relevantes para
o ponto de vista defendido. Monteiro Lobato, escritor.

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A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um


grande efeito colateral: a reflexão. A leitura é capaz de nos DICA CULTURAL
oferecer o poder de questionar, sendo a mesma frequente
em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa
visão do mundo ao redor não se modifique com essa ca- Rilke: cartas a um jovem poeta
pacidade adquirida. Paris, fevereiro de 1903. Rainer Ma-
Embora a questão e a dúvida sejam de extrema im- ria Rilke (1875-1926) recebe uma
portância a um ser pensante, precisam ter um curto carta de um jovem chamado Franz
prazo de validade. A necessidade de resposta nos é Kappus, que aspira tornar-se poeta
intrínseca e gera novas ideias, fechando, assim, um cír- e pede conselhos ao já famoso escri-
culo vicioso, o qual nos integra e nunca terminamos de tor. Tal missiva dá início a uma troca
transformar e sermos transformados. de correspondências nas quais Ril-
A leitura é a base para o desenvolvimento e a integra- ke responde aos questionamentos do rapaz e, muito
ção na sociedade e na vida, porquanto viver não é ape- mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que
nas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar. considerava os aspectos verdadeiros da vida. A cria-
ção artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo
Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e
e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da
construir o Brasil de Monteiro Lobato: quadro negro ape- crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e
nas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, auto- outras questões são abordadas pelo maior poeta de
res, repleto de transformação e de vida. língua alemã do século XX, em algumas das suas mais
belas páginas de prosa.
Rascunho
As ligações perigosas
Antes de fazer o rascunho, é interessante fazer um es-
quema sobre o assunto que você abordará no texto, prin- A obra retrata as relações de um grupo de
cipalmente no que se refere à argumentação. aristocratas por meio das cartas trocadas
O rascunho é uma redação provisória que permite a entre si, na época imediatamente anterior
reorganização das frases, substituição de palavras, elimina- à Revolução Francesa. Nobres ociosos e
ção de trechos repetitivos e ideias incoerentes. Você pode sem escrúpulos dedicam-se prazerosa-
usar abreviações e não precisa se preocupar com a letra. mente a destruir as reputações de seus
Leia várias vezes o rascunho como se você fosse um pares. O enredo tem como foco o Visconde de Valmont e
corretor, com criticidade. Faça todas as alterações neces- da Marquesa de Merteuil, que manipulam e humilham as
sárias. Na hora de passar a limpo, tenha atenção para a restantes personagens com intrigas e jogos de sedução.
apresentação de seu texto definitivo, não use abreviações, Esse livro é composto por troca de cartas entre os perso-
não faça rasuras e escreva com letra legível. nagens e, por isso, é chamado de “epistolar”.

Carlos e Mário: correspondência


Os dez erros mais graves
O livro procura reunir a corres-
Alguns erros revelam maior desconhecimento da língua pondência completa entre Carlos
que outros. Os dez abaixo estão nessa situação. Drummond de Andrade e Mário de
Andrade entre 1924 e 1945, ano do
1. Quando estiver voltado da Europa. Nunca confunda ti- falecimento de Mário.
ver e tivesse com estiver e estivesse. Assim: Quando
tiver voltado da Europa. Quando estiver satisfeito. Se
tivesse saído mais cedo. Se estivesse em condições.
2. Que seje feliz. O subjuntivo de ser e estar é seja e esteja:
Que seja feliz. Que esteja (e nunca esteje) alerta. 8. Fale alto porque ele houve mal. A confusão está se
3. Ele é de menor. O de não existe: Ele é menor. tornando muito comum. Assim: Fale alto porque ele
4. A gente fomos embora. Concordância normal: A gente ouve mal. Houve é forma de haver: Houve muita chuva
foi embora. E também: O pessoal chegou (e nunca che- esta semana.
garam). A turma falou. 9. Ela veio; mais você, não. O correto é mas, conjunção,
5. De forma que – Locuções desse tipo não têm s: De que indica ressalva, restrição: Ela veio; mas você, não.
forma que, de maneira que, de modo que etc. 10. Fale sem exitar. Escreva certo: hesitar. Veja outros erros
6. Fiquei fora de si. Os pronomes combinam entre si: Fiquei de grafia: areoporto (aeroporto), metereologia (meteoro-
fora de mim. Ele ficou fora de si. Ficamos fora de nós. logia), deiche (deixe), enchergar (enxergar), exiga (exija).
Ficaram fora de si. E nunca troque menos por menas. Menos, por ser um
7. Acredito de que. Não use o de antes de verbos que não advérbio, não varia em gênero. Assim: Aquela fruta é
são regidos por essa preposição: Acredito que, penso menos doce do que esta. Havia menos gente aqui hoje
que, julgo que, disse que, revelou que, creio que, espe- em relação a ontem.
ro que etc. Manual de Redação e Estilo do Jornal “O Estado de São Paulo”

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ATUALIDADES
A subjetividade no texto dissertativo
A dissertação é um texto por meio do qual se utilizam argumentos para defender um ponto de vista. Visa à
discussão de um problema, que deve ser tratado de forma objetiva. Essa objetividade pressupõe o predomínio do
raciocínio e da lógica. Daí ser recomendável apagar do texto dissertativo as marcas de subjetividade, que enfatizam
mais o enunciador do que a mensagem.
Geralmente se confunde a manifestação da subjetividade com o uso do eu. O problema não está no emprego da
primeira pessoa, mas na forma como o autor desenvolve o tema. Quando o eu tem o caráter de um testemunho, dá
veracidade à argumentação.
Dizer, por exemplo, “Senti na pele o descaso de nossos governantes com a educação” pode vir a se consti-
tuir num bom argumento para contestar o sistema educacional. A eficácia do texto dissertativo fica comprometida
quando o emissor apresenta uma visão emocional e impressionista da realidade. Em vez de julgar, refletir, discutir os
fatos, opta pelo achismo ou pela vagueza de expressão.
Entre os procedimentos que acentuam a subjetividade e comprometem o rigor do texto dissertativo, estão:
• A presença de expressões como acho, penso, suponho - Esses verbos devem ser evitados por dois motivos: não
trazem nenhuma informação nova e indicam falta de firmeza na manifestação das ideias. Em vez de “Acho que o
Brasil precisa de uma nova mentalidade política”, diga simplesmente: “O Brasil precisa de uma nova mentalidade
política”.
• O uso de hipérboles - O exagero é por excelência um traço emocional. Compromete a objetividade do discurso
por se constituir num juízo desmedido, que não caracteriza adequadamente pessoas, objetos e situações. Por
exemplo: “A dependência da opinião dos outros é algo trágico que muda a forma de pensar.” “Em meio ao vul-
cão de hormônios colocados em ebulição pelo processo de crescimento, os jovens se manifestam insatisfeitos.”
• O emprego de preciosismos - Entende-se por preciosismo o apelo a vocábulos e construções pouco usuais,
com o objetivo de impressionar o leitor. É o que se chama popularmente de falar (ou escrever) difícil. As cons-
truções preciosas tendem a conceder mais importância ao enunciador do que ao enunciado. Representam um
obstáculo à leitura, que se faz pela previsão gradativa das informações contidas no texto. Se uma palavra é des-
conhecida, não pode ser prevista e impede que se antecipe o significado não só dela como das que vêm depois.
Ex. de preciosismo: “Deveras questionamos o melhor tratamento que pode ser dado aos nossos filhos, o qual é
fundamental ao engendro de sua personalidade”. Quem escreve isso está mais interessado em aparecer do que
em dizer. Não se importa com ser ou não entendido.
• A linguagem figurada - Deve-se em princípio evitar esse tipo de linguagem. É preferível a denotação, que fa-
vorece a transparência das ideias. Mesmo porque o uso de figuras constitui atributo mais de escritor do que
de redator. Ninguém é avaliado no vestibular por sua “veia literária”, mas pela capacidade de desenvolver com
clareza, coerência e coesão um tema.
• Isto não significa que se devam proibir as tentativas de dar expressividade ao texto por meio de um ou ou-
tro desses recursos expressivos. É impossível escapar totalmente à figuração. O que se deve é retificar as
associações impróprias e mostrar ao estudante que a “imagem” precisa ter nexo. O estudante vai acabar se
convencendo de que, em vez de se aventurar por esse terreno incerto, é mais seguro usar o repertório que
a denotação lhe oferece.
• Escolhendo a denotação, ele será capaz de evitar “armadilhas” como estas:
- “Devemos sempre buscar as taças de aprovação saudáveis para o equilíbrio emocional”. (Aprovação não é
algo que seja medido por “taças”. Por que não dizer simplesmente “níveis”?)
- “A dependência da opinião dos outros é um buraco na armadura social do indivíduo, deixando-o fraco e vulne-
rável para o ataque de outras pessoas”. (A ideia de que a dependência fragiliza socialmente o indivíduo tornaria
o período mais claro.)
- “O meio ambiente é o cérebro do mundo, qualquer alteração na sua estrutura pode ocasionar danos que
afetarão todos os seus elos”. (Os atributos de reflexão e comando, próprios do cérebro, não se aplicam ao
meio ambiente.)
Chico Viana é professor de português e redação.
Disponível em: https://jornaldaparaiba.com.br/noticias/falou-e-disse-subjetividade-no-texto-dissertativo/. Acesso em: 27 out. 2023.

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Questões 2. (UFMG) Leia estes trechos e compare-os:


Mania de Peitão
1. (UFU) A computação está evoluindo rápido, e cada À noite ela é uma estrela
vez se acelera mais – isso é praticamente um consen- Ofusca o brilho da lua
so entre especialistas. Mas essa celeridade, defen- Não há beleza na Terra
dem alguns deles, pode nos fazer perder o controle Que se compare com a sua
sobre as máquinas. Mas o que o povo desconhece
O primeiro computador Macintosh, que completou 30 É que este tremendo ciclone
anos na semana passada, tinha memória 8,4 milhões de Musa da geração 2000
vezes menor e um processador que rodava em frequên- É armação de silicone
cia 163 milhões de vezes inferior em relação ao iPhone Mania de peitão,
5s, da mesma Apple. Adicione outros 30 anos e esta- Mania de peitão,
remos vivendo a “singularidade tecnológica”, o momento Mania de peitão,
em que computadores superarão o cérebro humano de É armação de silicone
tal forma que é impossível prever que rumo a civilização Seu Jorge/Bento Amorim
tomará, dizem futurólogos.
A chamada singularidade tecnológica é uma tese de- Ai Que Saudades da Amélia
fendida por acadêmicos, mais notadamente Raymond Nunca vi fazer tanta exigência
Kurzweil, desde 2012 um dos diretores de engenharia Nem fazer o que você me faz
do Google, empresa que está investindo agressivamen- Você não sabe o que é consciência
te em inteligência artificial. Autor de “The Singularity Is Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Near” (“A singularidade está próxima”, sem edição no Você só pensa em luxo e riqueza
Brasil), Kurzweil diz que poderíamos dominar a ciência a Tudo que você vê você quer
ponto de copiar o conteúdo de nosso cérebro (e com Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
isso nossa personalidade) para implantá-lo em super-hu- Aquilo sim é que era mulher
manos – e viver para sempre. Amélia não tinha a menor vaidade
Outro pregador da singularidade, Vernor Vinge questio- Amélia é que era mulher de verdade
na se a existência de seres humanos faria sentido se Ataulpho Alves/Mário Lago
todo ato, inclusive experiências sentimentais, pudesse
ser melhor replicado por máquinas. Evidencia-se, nesses trechos, uma crítica a certo perfil
Paul Allen, que fundou com Gates a Microsoft, escreveu de mulher. Redija um texto explicando qual é essa crítica
um artigo na “MIT Technology Review” argumentando que, e posicionando-se favorável ou contrariamente a ela, com
de fato, a evolução da parte física da computação (hardwa- argumentos que justifiquem seu ponto de vista.
re) pode ter crescimento exponencial indefinido, mas que
há gargalos no software. “Não bastaria rodar programas de
hoje mais rápido”, diz. “Criar esse tipo de coisa requer um
conhecimento científico prévio dos fundamentos da cog-
nição humana, área cuja superfície apenas arranhamos.”
GONZAGA, Yuri. Folha de S.Paulo, 3 fev. 2014 (adaptado).
Com base no texto, redija uma CARTA ARGUMENTATIVA
a Raymond Kurzweil argumentando contra a sua ideia de que
poderíamos dominar a ciência a ponto de copiar o conteúdo
de nosso cérebro (e com isso nossa personalidade) para im-
plantá-lo em super-humanos – e viver para sempre.

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Anotações

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Anotações

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221

Anotações

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ARTE

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Introdução

A
nossa maneira de olhar não depende apenas da capacidade física do olho de
As linguagens
perceber formas, cores, espaços e luzes. Tudo que é apreendido pelo nosso das artes
olhar passa pela percepção, pelos sentidos e também pelas referências pessoais plásticas e visuais
e culturais que adquirimos em nosso meio, formando, em nossa memória, um registro
visual que contém não só a aparência visível, mas também os conhecimentos sobre o que Forma e conteúdo
vimos. Ao ver uma obra de arte, nosso olhar está impregnado por referências históricas e
culturais, ou seja, o que enxergamos está relacionado à época e à cultura a que perten-
Arte Moderna
cemos. O mesmo acontece com o olhar do artista que, ao criar uma obra, expressa nela
e Arte
a visão de mundo de sua cultura e de seu tempo. Assim, para conhecer e compreender Contemporânea
as diversas formas de manifestações artísticas, é preciso ter um olhar sensível e aberto
para apreender imagens construídas a partir de referências culturais e períodos históricos
Movimentos
diferentes da cultura e do momento histórico em que vivemos.
artísticos

Podemos dizer que a Arte nasceu com a humanidade. Desde sempre, para expressar seus sentimentos,
o homem produz arte. E com sua evolução, as linguagens usadas para essa produção também evoluíram.
Na obra “Grande Livro do Estudante”, você perceberá bem essa caminhada, conhecendo artistas, obras e
movimentos artísticos, um rico material de consulta para auxiliar em seus exames e, também, no desenvol-
vimento de uma sensibilidade para esse universo fascinante.

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A experiência estética equilíbrio, da profundidade e da simetria ou assimetria que


direciona o olhar do espectador para perceber as caracte-
Assim como todas as outras experiências que temos em rísticas de cada um desses elementos visuais e percorrer a
nosso cotidiano, a experiência estética nos ajuda a conhe- imagem como um todo.
cer a realidade e a pensar sobre ela. Mas a experiência es-
tética se diferencia das outras experiências porque, através
dela, ultrapassamos a dimensão prática do mundo concre- As linguagens das artes plásticas e visuais
to e transcendemos a realidade. Isso significa que, quando Arte é uma linguagem simbólica através da qual o ho-
olhamos um objeto ou obra de arte, ouvimos uma música mem desenvolve a sua capacidade de criar, expressar, re-
ou assistimos a uma apresentação teatral, vivenciamos sen- presentar e comunicar fatos, objetos, pensamentos e sen-
sações, sentimentos e percepções que não encontramos timentos que existem na realidade, mas que se encontram
em outras experiências do dia a dia, mas que são igualmen- ausentes da forma como são e se apresentam naturalmen-
te importantes para a nossa formação humana porque nos te. Além dos meios tradicionais como o desenho, a pintura,
ajudam a conhecer e agir sobre nossa realidade. a gravura, a escultura e a arquitetura, as artes plásticas e
visuais incluem outros meios que surgiram com os avanços
A arte e seus contextos temporais tecnológicos e que também se utilizam da linguagem visual
para comunicar e expressar elementos da realidade concre-
Em cada contexto histórico o homem produz arte de ta e imaginada, como a fotografia, a moda, as artes gráficas,
acordo com os meios, materiais e tecnologias dos quais dis- o cinema, o vídeo, a televisão, a arte em computador, a
põe para representar a sua forma de ver e se relacionar com performance e outros. Para compreendermos as diversas
o mundo. Na pré-história, o homem se utilizou da pedra e apresentações das linguagens das artes plásticas e visuais,
do sangue dos animais para mostrar, através da pintura, a precisamos aprender como os elementos visuais (formas,
importância e a magia da caça em sua vida. Já o homem linhas, cores, texturas, volumes) se combinam em cada
contemporâneo utiliza os meios audiovisuais como a tele- meio visual e revelam os significados que percebemos.
visão, para marcar o ritmo das mudanças que vêm ocor-
rendo na sua relação com o tempo e o espaço em virtude
das transformações tecnológicas cada vez mais aceleradas. O desenho
Assim, percebemos que os meios e os recursos materiais, Representação de uma imagem caracterizada pela
plásticos e imaginativos que o homem utiliza para criar obras ênfase dada ao traço usando basicamente linhas, pon-
de arte são os mesmos que utiliza para criar os artefatos que tos e sombreados sobre uma superfície qualquer. Para
fazem parte do seu cotidiano e estão relacionados conforme desenhar podemos utilizar materiais tradicionais como
o contexto histórico e cultural em que vive e atua. lápis, giz, crayon, pastel, bico de pena e tinta sobre di-
ferentes tipos de papéis ou materiais como linhas de
Olhando as imagens costura, fios e arames. O desenho pode ser um primeiro
passo para a elaboração de um trabalho plástico visual,
O homem criou, ao longo da história da humanidade, vá- como o projeto ou planta baixa de uma casa, ou um
rios métodos para interpretar imagens, sendo que cada mé- trabalho acabado em si.
todo privilegiava aquilo que era valorizado pela cultura vigente
no momento. Alguns métodos centravam-se na capacidade
do homem de perceber os elementos visuais que compu- A pintura
nham a imagem, outros privilegiavam o tema retratado na
obra e havia ainda os métodos que valorizavam as relações Pintura é a técnica de aplicar
da obra com questões sociais e políticas do momento. Hoje, tintas sobre uma superfície, ge-
sabemos que, apesar de algumas referências culturais se- ralmente plana, representando
rem mais valorizadas do que outras, não existe uma forma figuras conhecidas ou imaginá-
única e correta de olhar imagens, pois todas as formas cultu- rias. Na pintura, o artista deve
rais são igualmente importantes. Assim, uma imagem pode saber trabalhar com as cores e
gerar vários significados que dependem dos aspectos que as tintas, pois estas são as ma-
são valorizados e escolhidos para se olhar a obra. térias fundamentais dessa forma
de expressão artística. Durante
Elementos de composição vários séculos, os pintores ma-
nipularam suas próprias tintas,
Quando criamos um trabalho plástico, ocupamos o misturando pigmentos com aglu-
espaço que delimita a obra com elementos da linguagem tinantes. Atualmente, as tintas
visual, dispondo esses elementos de maneira que compo- são industrializadas e o mercado
nham uma imagem. Ao utilizar os elementos de composi- disponibiliza diferentes tipos de Esboço de Egon Schiele
ção, o artista distribui e organiza os elementos visuais no tintas que oferecem várias possibilidades de tratamento
espaço da obra, estabelecendo uma harmonia entre esses e de efeitos da cor na superfície da tela ou de outros
elementos a partir do ritmo, da direção, do movimento, do suportes utilizados na pintura, como a madeira, o pa-

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pel ou até mesmo uma parede ou muro. Existem vários


processos e técnicas de pintura criados pelo homem a
partir da combinação de diferentes suportes e tipos de
tintas, entre elas estão a pintura em afresco, a têmpera,
a aquarela, as pinturas feitas com tintas guache, acrílica
ou a óleo, além da encáustica.

• O afresco é uma pintura feita sobre o reboco de


uma superfície ainda fresco, utilizando tintas com
pigmentos de origem vegetal.
• A têmpera é um tipo de tinta com a qual se

Afresco bizantino
conseguem efeitos de cores transparentes e Retrato Funerário. Pintura encáustica
foscas tanto sobre a superfície do papel como da sobre madeira do século II d.C.
tela ou da madeira. Obtida a partir da mistura de • A tinta a óleo se caracteriza pela mistura de
pigmentos com gema de ovo e diluentes como pigmentos a óleos secos de linhaça, amêndoas ou
água ou óleo, a têmpera é uma técnica utilizada papoula, e dissolvidos em terebentina. Por secar
desde a antiguidade e a Idade Média. lentamente, a tinta a óleo permite modificações e
misturas de cores durante a execução da pintura.
• A aquarela faz uso de corantes dissolvidos em
• A encáustica é um tipo de pintura que consiste na
água, resultando em cores suaves, transparentes
diluição dos pigmentos em cera derretida, que é
e luminosas em pintura que têm o papel como
aquecida no momento de ser utilizada e aplicada
suporte. na superfície do quadro com ou sem a adição de
• A tinta guache utiliza pigmentos misturados resinas e outros materiais aglutinantes.
com cola e goma e diluídos em água. A pintura
utilizando esse tipo de tinta se caracteriza pela A escultura
opacidade das cores e pela necessidade da cor É a técnica de representar figuras e organizar formas
branca para conseguir luzes e tons claros. em três dimensões, ou seja, largura, altura e profundidade.
• A tinta acrílica emprega pigmentos sintéticos Uma escultura pode estar totalmente envolvida pelo espaço
que a circunda ou se apresentar em relevo presa a uma
obtidos a partir do ácido acrílico e que são
superfície de fundo da qual se sobressai e sobre a qual foi
dissolvidos em água. A pintura com essa tinta executada. Os métodos tradicionais utilizados para criar um
permite trabalhar com cores brilhantes e luminosas, trabalho tridimensional são a modelagem e a escultura. Para
além de secagem rápida e acabamento liso e modelar, as mãos do artista vão transformando materiais
resistente. como a argila, o gesso ou a cera e construindo formas.

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Já para esculpir, o artista utiliza ferramentas que o ajudam A gravura


a retirar partes de material de um bloco de mármore ou de
madeira, deixando algumas superfícies desse material em É a arte da impressão de imagens por meio da grava-
evidência. A partir do século XX, outros materiais passaram ção em uma superfície. A gravura surgiu originalmente na
a ser utilizados na escultura, como o bronze, o concreto, Idade Média, como técnica que possibilitava a ilustração
barras de ferro, chapas de aço, arames, lata, latão, alumí- de textos bíblicos e a contemplação de cenas religiosas
nio, plástico e polietileno. Com a experimentação desses por várias pessoas. Existem vários meios e materiais que
novos materiais, as esculturas ganharam formas mais leves, podem ser utilizados para fazer uma gravura. Todos eles
contrastando com os volumes sólidos e pesados das es- partem do princípio da gravação, ou seja, da marcação
culturas tradicionais. de uma imagem em uma matriz, a partir da qual serão
tiradas as cópias da imagem criada. Essa matriz pode
ser de madeira, pedra, linóleo, tecido, chapa de zinco,
A cerâmica cobre ou aço. Dependendo do material da matriz e dos
É qualquer peça criada a partir da modelagem com ar- meios e materiais utilizados na gravação e impressão das
gila, em que o artista dá forma ao barro e constrói peças cópias, a gravura recebe uma denominação diferenciada:
utilizando movimentos sutis. Depois de passar por um pro- xilogravura = matriz de madeira e impressão em papel;
cesso gradativo de secagem, a peça modelada é levada ao serigrafia = matriz de tela de náilon e impressão em tecido
forno para ser cozida. As peças de cerâmica podem servir ou papel; litogravura = matriz de pedra e impressão em
como utensílios domésticos e ferramentas rudimentares, papel; gravura em metal = matriz de chapa de metal e
obras de arte ou como molde e fôrma para esculturas de impressão em papel.
bronze ou resina. A cerâmica é uma técnica antiga e encon-
trada facilmente em várias culturas, desde as mais primitivas A fotografia
até as contemporâneas, pois, além de ser um material fácil
de ser conseguido, a argila tem uma textura fina e maleável, É o registro químico dos raios de luz refletidos pelos ob-
que necessita não só das mãos do artista, mas de equipa- jetos colocados diante da câmera. Desde sua invenção, no
mentos bastante simples para ser modelada. começo do século XIX, acreditava-se que a fotografia teria o
poder de reproduzir automaticamente a aparência visual do

Escultura de
aranha de Louise
Bourgeois, em
frente ao Tate
Modern de Londres

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mundo, sendo utilizada como documento e como evidência


de fatos e situações reais. Mas hoje a fotografia é com-
preendida como mais um recurso expressivo que permite
construir imagens que remetem ou não à realidade, sendo
que o fotógrafo trabalha com os elementos expressivos da
fotografia, ou seja, o enquadramento, a iluminação, a deter-
minação do foco, a resolução da perspectiva da imagem e
o balanceamento das cores ou dos tons de cinza.

A instalação
Modalidade de produção artística que insere a obra
no espaço, com o auxílio de materiais variados, cons-
truindo um ambiente ou cena, cujo movimento se dá pela
relação entre objetos, construções, o ponto de vista e o
corpo do observador. Para a apreensão da obra é preci-
so percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou
simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas que o ar-
tista constrói por meio da disposição das peças, cores e
objetos. Os objetos dispostos no espaço, na relação que
estabelecem entre si e o observador, constroem novas
áreas espaciais, evidenciando aspectos arquitetônicos.
Na instalação, a ênfase é colocada na percepção, pensa-
da como experiência ou atividade que ajuda a produzir a
realidade descoberta.

A performance
Forma de arte que combina elementos do teatro, de
artes visuais e da música, em que o artista articula ele-
mentos das linguagens visuais, cênicas e musicais, desa-
fiando as classificações habituais e colocando em ques- galeria. As cenas, sons e cores que os vídeos produzem
tão a própria definição de arte. A performance sinaliza um expandem-se de modo geral sobre e ao redor das paredes
certo espírito das novas orientações da arte que tomam a da galeria, conferindo ao espaço um sentido de atividade:
cena artística nas décadas de 1960 e 1970, e se carac- o olho do espectador mira a tela e, além dela, as paredes,
terizam por trabalhos muito diferentes entre si, mas que relacionando as imagens que o envolvem. As imagens, em
têm em comum o objetivo de dirigir a criação artística às série, como num enredo ou projetadas simultaneamente,
coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana, con- almejam multiplicar as possibilidades de o trabalho artístico
siderando as relações entre arte e vida cotidiana, assim lidar com as coordenadas temporais.
como o rompimento das barreiras entre arte e não arte,
abrindo-se a novas experiências culturais.
Museus, bienais, salões, mostras e galerias
O vídeo São espaços destinados à exposição de obras de arte
e têm como objetivo apresentar e divulgar a produção ar-
A introdução do vídeo nas artes plásticas e visuais parte tística atual, assim como acervos e coleções pertencentes
da ideia de que o ponto de vista do observador é fun- a diversos contextos históricos e culturais. Os museus de
damental para a apreensão e produção da obra, sendo arte se caracterizam por serem espaços que contemplam
que as imagens projetadas ampliam as possibilidades de exemplares de manifestações artísticas dos mais diferentes
pensar a representação, além de transformarem as rela- períodos e possuírem um acervo de obras que ficam em
ções da obra de arte com o espaço físico. Colocado numa exposição permanente, além de exposições temporárias.
posição intermediária entre o espectador do cinema e o da As galerias são espaços que se destinam à exposição e
galeria, o observador/espectador da obra é convocado ao venda de produções de arte contemporânea. Os salões
movimento e à participação, dando novo sentido ao espa- são acontecimentos artísticos que têm como propósito
ço da galeria e às relações com a obra. Uma nova forma democratizar a participação dos artistas em exposições
de olhar está implicada nesse processo, distante da ilusão por meio de inscrição, seleção e premiação realizadas de
projetada pela tela cinematográfica e da observação da acordo com um regulamento, ao qual os candidatos obe-
obra tal como costuma ocorrer numa exposição de arte. O decem, inscrevendo suas obras para serem apreciadas e
campo de visão do espectador é alargado, transitando das classificadas por uma comissão julgadora. As obras são
imagens em movimento do vídeo ao espaço envolvente da

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MASP, São Paulo


divididas por modalidades e expostas publicamente após Gestualidade e geometrização
o resultado. Bienais são exposições de arte realizadas de O artista plástico pode organizar os elementos da lingua-
dois em dois anos, geralmente em um prédio de grandes gem visual de várias maneiras em sua obra, podendo cons-
dimensões e que abarca a participação de artistas nacio- truí-los por meio de gestos e movimentos que são realizados
nais e internacionais que são escolhidos por uma curadoria com maior liberdade ou movimentos precisos e contidos,
e de acordo com uma temática específica. estruturados com a ajuda de instrumentos. Tanto uma como
outra forma de construção plástica são igualmente expressi-
Figuração e abstração vas e permitem que o artista represente figuras e formas que
Ao se expressar plástica e visualmente, o artista pode podem ou não representar elementos do mundo visível. Ao
construir sua obra, direcionando-a para a figuração ou trabalhar com a gestualidade, o artista se preocupa mais em
para a abstração por meio da utilização dos elementos registrar seus movimentos e gestos na obra. Já na geome-
que a compõem. Na figuração, o artista representa seres trização, o artista está mais preocupado com a organização
e objetos em suas formas reconhecíveis para aqueles que dos elementos geométricos na composição da obra.
as olham. Essa é a forma que muitos artistas utilizaram até
Repetição e seriação
a metade do século XIX para criar obras de arte que imita-
vam a natureza. Já na abstração, que surgiu a partir das Existem inúmeras possibilidades de elementos visuais
últimas décadas do século XIX, o artista buscava expres- que o artista pode usar para criar trabalhos plásticos visuais.
sar o mundo interior, o mundo dos sentidos, e as relações A repetição e a seriação são alguns desses recursos. Na
concretas com os recursos plásticos pela decomposição repetição, um mesmo elemento visual aparece várias vezes
da figura, da simplificação da forma, de novos usos da na obra, sendo o elemento principal da composição. Já na
cor, do descarte da perspectiva ou da rejeição dos jogos seriação, o artista elege um elemento visual que aparece
convencionais de sombra e luz. Atualmente, sabemos numa série de obras, participando na composição de cada
que o artista pode trabalhar tanto com a figuração quanto uma de forma diferente ou similar. Esses recursos são im-
com a abstração, e ainda mesclar essas duas vertentes portantes porque ajudam o artista a explorar o seu poten-
numa mesma obra, pois não existe uma forma correta e cial criativo e desenvolver características próprias, além de
única de construir imagens. permitir que o espectador reconheça obras de um mesmo
artista ou pertencentes a um mesmo movimento.

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Valores clássicos
Sempre que vemos uma imagem em que reconhece- DICA CULTURAL
mos as figuras e o lugar onde se situam, e as cores e a
luminosidade estão de acordo com a aparência real dos
objetos, transmitindo-nos harmonia e beleza, dizemos que “O Grito” é uma série de quatro pinturas do no-
essa imagem é uma obra de arte. Mesmo com todas as rueguês Edvard Munch, e a mais conhecida é do
mudanças que a arte sofreu, a partir do final do século XIX, ano de 1893. Hoje, ela é muito difundida atra-
transformando os padrões de beleza, o uso das cores e vés de memes da internet que, ao contrário de
expressar a angústia original, usam o humor e
das formas, ainda hoje valorizamos esses tipos de imagens
referências populares.
porque elas expressam os valores tradicionais da arte. En-
tre esses valores destacamos a perspectiva, a composição
organizada para colocar a figura mais importante no centro
do quadro, a representação das luzes e das sombras de
acordo com a realidade e o uso de temas ligados à religio-
sidade ou a cenas da mitologia.

Tradição e ruptura
Tradicionalmente, os artistas procuraram, com sua obra,
representar uma imagem fiel da realidade ou uma expres-
são plástica do que era percebido visualmente da realidade.
Para isso, ao longo da história da arte, os artistas buscaram
a fidelidade à aparência e à percepção da realidade, criando
na obra de arte a ilusão de que o quadro era uma janela
através da qual entrávamos em contato com a realidade.
Com a criação da fotografia, a pintura se libertou dessa ne-
cessidade de representar a realidade e os artistas voltaram
seus olhares para o interior de si mesmos, passando a pes-
quisar o mundo dos conceitos e a buscar a essência da
arte. O cubismo foi o movimento artístico que marcou essa
mudança no conceito tradicional de representação ao rom-
per com a unidade do ponto de vista e introduzir um leque
de possibilidades e formas de ver.

Arte Moderna e Arte Contemporânea


Impressionismo
Pode ser considerado o movimento mais revolu-
cionário ocorrido na história da pintura ocidental des-
de a Renascença até o final do século XIX. Movimento
genuinamente francês, apareceu em 1874 em Paris.
Rompendo os laços com o passado, possibilitou as pes-
quisas plásticas que fundamentariam a arte moderna. O
aparecimento da fotografia abre um novo espaço para o
artista que se desobriga de ser um mero copiador da reali-
“A Mesa Redonda”, pintura cubista de Georges Braque dade. São referências consideradas pelo grupo dos artistas

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ATUALIDADES
Em 1917, sob o pseudônimo de R. Mutt, Marcel Duchamp en-
viou para o Salão da Associação de Artistas Independentes
um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com
um título sugestivo de “Fonte”. Não era o primeiro ready-made
(apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para
o meio de arte); em 1913, Duchamp já havia se utilizado de
um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda
de bicicleta. Mas “Fonte” foi o primeiro enviado para uma ex-
posição.
A “Fonte” foi rejeitada. Essa curiosa faceta provocadora e brin-
calhona de Duchamp é algo que se destaca nas suas obras,
como quando comprou um postal com a Mona Lisa e lhe acres-
centou a lápis um bigode e uma pera acrescentado a seguinte
legenda L.H.O.O.Q, que significa “Ela tem calor no rabo”.

impressionistas: aversão pela arte acadêmica dos salões suas obras é sensível à realidade social da sociedade con-
oficiais; orientação figurativa; desinteresse pelo objeto e pre- temporânea. Artistas fundamentais: Munch, Kokoschka,
ferência pela paisagem e pela natureza morta; recusa aos Egon Schiele, Emil Nolde, entre outros.
processos tradicionais de ateliê como iluminação artificial
para os modelos, início da pintura pelo desenho, passando Cubismo
do claro e escuro para a cor; trabalhos executados ao ar Movimento iniciado na primeira década do século por
livre. São artistas importantes deste momento: Monet, Re- Pablo Picasso e Georges Braque, inspirados pela obra de
noir, Degas, Cézanne, Sisley, Pizarro. Paul Cézanne e pela escultura africana primitiva. O Cubismo
privilegia a percepção tridimensional e angulosa, buscando
Art Nouveau transpor para representação bidimensional a profundidade
Movimento de tendência essencialmente decorativa dos objetos, não através de um único ponto de vista, mas
que se estendeu com amplitude pela Europa a partir do sim de diversos pontos simultâneos. Isso é possível pela
final do século XIX. Desenvolveu-se nas artes aplicadas e superposição e pela justaposição das faces dianteiras e
arquitetura no sentido de conciliação entre arte, design e laterais, superiores e inferiores de objetos tridimensionais
indústria. Com forte apuro artesanal, caracterizou-se pelo em uma única superfície. Para tanto, o Cubismo se vale de
uso de materiais coloridos, cerâmicas, vitrais, madeiras exó- formas geométricas.
ticas, ferros, grades, construção dos elementos a partir de
formas orgânicas e relações com a natureza: folhas, galhos,
borboletas, libélulas etc.
As influências artísticas da Art Nouveau chegaram ao
Brasil no começo do século XX. Esse estilo artístico penetrou
no Brasil principalmente na pintura decorativa e na arquitetu-
ra. Inclusive, houve influência, embora pouco expressiva, da
Art Nouveau no movimento modernista brasileiro. Essas in-
fluências aparecem, principalmente, nas obras de John Graz
(artista decorador) e Antonio Gomide (pintor e desenhista).

Expressionismo
Primeiro movimento da pintura moderna, possui raízes
geográficas e raciais, e surgiu em Dresden, na Alemanha.
Os expressionistas fundamentam sua pintura em senti-
mentos caracterizados pela violência dramática, buscando
construí-la com autenticidade e força. Daí a recorrência na
deformação das imagens e a não aceitação das regras tra-
dicionais de composição e uso das cores. O conteúdo de Esculturas africanas primitivas

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Dadaísmo Suprematismo
O Dadaísmo ou Dadá surgiu em Zurique, na Suíça, durante Criado a partir do manifesto suprematista de Kasemir
a Primeira Guerra Mundial. Irritados com os horrores da guer- Malevitch, propunha a supremacia da sensibilidade na
ra e com a ineficiência das instituições e valores tradicionais arte. Ao escolher formas geométricas simples para subs-
da cultura (religião, ciência, moral, filosofia, arte), um grupo de tituir a representação dos objetos, propõe uma pintura
artistas e intelectuais fundou um movimento artístico e literário despojada de todas as informações do mundo natural,
capaz de expressar tal decepção. Seu princípio fundamental em que uma estética “pura” de comunicação universal
é o automatismo psíquico ou a exploração das manifestações pudesse chegar a todos. Uma de suas obras mais au-
do subconsciente. Suas exposições e manifestações literárias daciosas e que melhor exprime seus conceitos é “Branco
se caracterizam pela agressividade, irracionalismo e negativis- sobre Branco”, que hoje se encontra no Museu de Arte
mo. Na arte, adotou variados recursos técnicos, especial- Moderna de Nova York.
mente as colagens e a apropriação de objetos prontos do
cotidiano, os chamados ready-mades. Artistas importantes: Neoplasticismo
Marcel Duchamp, Francis Picabia, Man Ray e Hans Arp. Criado pelo holandês Piet Mondrian, foi inspirado no
Cubismo, levando-o a formas retangulares de extrema
Futurismo simplicidade utilizando apenas cores primárias mais o
Lançado em 1909 pelo poeta italiano Fillipo Marinetti, o branco e cinza claro como elementos luminosos. É a
Futurismo se propõe a festejar a beleza do movimento e da mais completa e rigorosa expressão do abstracionis-
velocidade, símbolos do futuro e da técnica. A ele se jun- mo geométrico. Estabelece relações de composição,
tam, entre outros, os pintores Carrá, Boccioni e Russolo, dimensão e proporção simples e gerais, possíveis de
ampliando o domínio do Futurismo não apenas para as artes serem aplicadas às demais artes, desde a arquitetura à
plásticas, mas também para a produção de objetos de uso paginação de um jornal. Tudo quanto seja acessório e
cotidiano como roupas, mobiliário, brinquedos, construídos não essencial e universal é eliminado, incluindo a linha
em conformidade com a estética futurista. Compuseram ain- curva que Mondrian considerava expressão do efêmero
da peças musicais em que seus princípios estéticos se ma- da vida orgânica.
terializam na colagem e superposição de diferentes sons e
ruídos de modernos aparatos técnicos e do ritmo alucinante Abstracionismo informal
das metrópoles. Nas imagens do Abstracionismo informal, formas e co-
res são criadas de maneira impulsiva, na liberdade das
Surrealismo emoções, com grande ênfase nos sentimentos. Evitam
Nascido em 1924, com o “Manifesto do Surrealismo” de imitar, copiar ou descrever aspectos da natureza. Nas
André Breton, o Surrealismo busca a transposição de ima- imagens abstratas, o mundo interior do artista, linhas, for-
gens do inconsciente e dos sonhos para a pintura e para mas e cores adquirem significados poéticos, em dimen-
a literatura. Seu importante precursor foi De Chirico, com sões quase musicais, pois não representam as qualida-
sua “pintura metafísica” de 1913. O Surrealismo resgata des materiais da realidade física, mas as realidades do
amplamente a figuratividade pictórica para com ela construir mundo imaginário do artista. Seu maior representante é o
os efeitos mágicos do mundo dos sonhos e sua antilógica, artista Wassily Kandisnky.
descortinados pelo psicanalista Sigmund Freud nas déca-
das anteriores. Alguns importantes artistas: Salvador Dalí, Abstracionismo geométrico
Max Ernst, Man Ray, Magritte. As imagens do Abstracionismo geométrico estão sub-
metidas à disciplina geométrica. Em lugar da expressão
Fovismo
através de estados emocionais, os artistas desse movimen-
No breve período de 1904 a 1907, Henri Matisse, to expressam estados ou valores intelectuais. A sublimação
André Derain, Maurice Vlaminck, entre outros, desen- da nova sensibilidade humana criada pela mecanização.
volveram um estilo de pintura que lhes valeu o apelido São tendências geradas a partir desse conceito o Neoplas-
de “Les Fauves” (As Feras). Sua evidente liberdade de ticismo e o Concretismo.
expressão, o uso de cores fortes e puras, do exagero
do desenho e da perspectiva, são características desse Expressionismo abstrato
importante movimento.
Esta denominação abrange diferentes obras de uma
geração ou grupo de artistas que teve como referência
Tachismo
a cidade de Nova York a partir dos anos 1940. Abriga
A denominação Tachismo vem da palavra francesa ta- artistas raramente abstratos e outros não precisamente ex-
che (mancha). Inspira-se nas manchas e erosões dos ve- pressionistas. O momento pós-guerra abre espaço para o
lhos muros, esses abstratos se expressam com pinceladas surgimento de uma produção artística nos Estados Unidos
geralmente largas, verdadeiras manchas, com o mínimo de sem precedentes, em que a construção de uma arte en-
elementos gráficos ou linhas. Obedecem frequentemente volvida na construção significativa de conteúdos plásticos
aos movimentos espontâneos da mão. é respaldada pelas descobertas de novos veículos, am-

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pliação de gêneros e assuntos, diante da clara exaustão


de recursos que sustentavam as funções tradicionais da DICA CULTURAL
pintura. Gesto e espontaneidade fundamentam as ações
pictóricas. São artistas fundamentais: Willem De Kooning,
Jackson Pollock, Barnett Newman, Mark Rothko, Clifford Roy Lichtenstein pintou usando a técnica de pon-
Still, Arshiley Gorky. tos benday, técnica muito popular na produção de
bandas desenhadas entre 1950 e 1960.
Op art “Blam” é uma pintura monumental que mostra um
avião a ser abatido no meio da guerra. O avião
Ou Arte Ótica, é fundada em pesquisas e experiências aparece virado ao contrário devido ao impacto do
dos fenômenos da percepção ótica. Propõe que a pin- míssil. As letras do título da obra aparecem em
tura seja produzida mecanicamente e em série para que negrito de cor vermelha, no meio do amarelo, pre-
possa ser consumida pelo povo e consiga expressar a di- to e vermelho da explosão.
nâmica, a velocidade e a multiplicidade da vida moderna. A palavra “Blam”, juntamente com a leitura da ex-
Suas composições se constituem de diferentes figuras plosão, realça e tenta fortificar o som e a força do
geométricas, engenhosamente combinadas, provocando ataque. A sombra do piloto, ao saltar do cockpit,
através de constantes excitações e acomodações reti- deixa o espectador num suspense em relação à
nianas, sensações de velocidade e sugestões de mo- sobrevivência do piloto.
vimento que se alteram com a mudança de posição do
espectador. Seu grande criador é o artista Victor Vasarely.
Pop art
Aparece nos Estados Unidos por volta de 1960 e al-
cança imediata repercussão internacional. Os artistas se
inspiram no cotidiano dos grandes centros norte-america-
nos, caracterizado pela presença e ação dominadoras da
tecnologia industrial. Utilizam colagens, montagens, ob-
jetos inusitados, objetos cotidianos, objetos industrializa-
dos, elementos fotográficos, pictóricos, escultóricos, ar-
quitetônicos, ao lado das novas tintas sintéticas industriais
e materiais de última geração. Adotam recursos expres-
sivos do cinema, da tv, dos meios de comunicação de
massa, da publicidade, dos quadrinhos. Apropriam-se de
automóveis a comestíveis enlatados, conseguindo transfi-
gurá-los de suas finalidades lógicas ou utilitárias. Impossí-
vel não considerar: Andy Warhol, Robert Rauschemberg,
Roy Lichtenstein, Claes Oldemburg, Jasper Johns, James
Rosenquist, David Hockney.

Body art
Tendência dos anos 1970 que consiste na utilização do
próprio corpo do artista ora como material artístico (o corpo
constitui a obra), ora como suporte para a criação da arte
(pintando, vestindo, despindo ou até ferindo ou queiman-
do o corpo em uma ação artística). As ações da Body art formas geométricas simples, unitárias, usadas de manei-
acontecem em performances com a presença do público ra independente ou em seriações e repetições. Principais
ou são realizadas sem sua presença e registradas em fil- expoentes: Donald Judd, Dan Flavin, Carl André, Robert
mes ou vídeos. Morris, Frank Stella.

Minimalismo Arte conceitual


Os minimalistas compartilham a crença de que uma Neste segmento, a ideia ou o conceito é o mais impor-
obra de arte deve ser completamente concebida pela men- tante aspecto da obra. Todo o planejamento e as decisões
te antes de sua execução. Desejavam desviar a arte para são tomadas a priori e a execução é uma questão superfi-
um rumo mais preciso, medido e sistemático, com total cial. A ideia torna-se a máquina que faz a arte. Afirma-se a
compromisso com a clareza, o rigor conceitual, a literali- partir dos anos 1960 na negação total do tradicional objeto
dade e a simplicidade. Os artistas optavam por materiais de arte de caráter permanente. Exige maior atenção e par-
industriais (ferro galvanizado, aço laminado, tubos fluores- ticipação mental por parte do espectador. Concepção e
centes, chapas de cobre, tintas industriais etc.) e preferiam significado têm precedência sobre a forma plástica, assim
como o pensamento sobre a experiência dos sentidos.

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Arte no Brasil

Barroco brasileiro
O Barroco brasileiro
Semana de
Forma-se a partir da junção de diversas tendências do estilo Barroco europeu que che- Arte Moderna
garam ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo os portugueses. Seu desen-
volvimento pleno se deu no século XVIII e estendeu-se até as duas primeiras décadas do Movimentos
século XIX. Os mestres portugueses se uniram aos filhos de europeus nascidos no Brasil artísticos
e seus descendentes caboclos e mulatos para realizar obras que misturavam elementos no Brasil
populares e eruditos. Podemos encontrar exemplos da arte barroca em vários estados
brasileiros, principalmente em espaços religiosos, como o Mosteiro de São Bento, no Rio Artistas
de Janeiro, e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador. brasileiros
Mas a expressão mais original do Barroco brasileiro se encontra na suavidade e harmonia modernos e
das formas circulares do estilo Rococó mineiro a partir de 1760, em que as obras barro- contemporâneos
cas retratam a espiritualidade e as condições materiais do povo da região, apresentando
figuras de virgens e anjos mulatos e esculturas de pedra-sabão e madeira pintada. Princi- Sugestões
pais artistas: Mestre Valentim (1745–1813), no Rio de Janeiro, Aleijadinho, em Ouro Preto, de filmes
e Manoel da Costa Ataíde (1762–1830).

Semana de Arte Moderna


As discussões em torno da necessidade
de renovação das artes, que surgiram em
meados da década de 1910 em textos de
revistas e em exposições, como a de Anita
Malfatti em 1917, deram origem à Semana
de Arte Moderna que aconteceu em
fevereiro de 1922, inserida nas festividades
em comemoração do centenário da
independência do Brasil. Incluindo artistas
plásticos, arquitetos, músicos e escritores, a
Semana foi a primeira manifestação coletiva
pública na história cultural brasileira a favor de
um espírito novo e moderno em oposição à
cultura e à arte conservadoras, predominantes
no país desde o século XIX. O principal
objetivo dos artistas envolvidos na Semana
era apresentar um novo caminho para a
produção artística nacional, produzindo uma
arte verdadeiramente brasileira que rompesse
Charge da época ironizando os modernistas. com os moldes importados da Europa.

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Entre os principais artistas que participaram da Semana estão: templam a utilização e apropriação de imagens e objetos do
Anita Malfatti (1889–1964), Di Cavalcanti (1897–1976), cotidiano, o mergulho em referências históricas e pessoais,
Vicente do Rego Monteiro (1899–1970), Victor Brecheret as paródias da arte e do circuito artístico, a crítica à ideia
(1894– 1955), Mário de Andrade (1893–1945), Menotti Del de autonomia da arte, o abandono de suportes tradicionais
Picchia (1892–1988), Oswald de Andrade (1890–1954), como a pintura e a escultura, a experimentação de manifes-
além de Manuel Bandeira (1884–1968) e Villa-Lobos (1887– tações híbridas, o descarte das heranças do Neoconcretis-
1959), entre outros. mo em busca de outras fontes que vão do barroco mineiro
à arte popular. Entre os principais artistas contemporâneos
O Concretismo no Brasil brasileiros estão: Marcos Coelho Benjamin, Nuno Ramos,
Leda Catunda, Mira Schendel, Luiz Áquila, Beatriz Milhazes,
Surgiu a partir do impacto das exposições das obras do Daniel Senise, Cildo Meireles, entre outros.
artista plástico suíço Max Bill (1908–1994), presente na de-
legação suíça na 1a Bienal Internacional de São Paulo, em
1951, abrindo as portas do país para as novas tendências
Artistas brasileiros modernos
construtivas que surgiam na Europa. Nos anos de 1950, e contemporâneos
o Brasil passava por modificações no meio social e cultural Tarsila do Amaral (1886-1973)
que alteravam a paisagem urbana. A criação de museus
de arte e de galerias dava condições para a experimenta-
ção concreta, com o anúncio das novas tendências não
figurativas, que tiveram início oficialmente em 1952 com a
exposição do Grupo Ruptura, em São Paulo. Esse grupo
propunha a renovação dos valores das artes visuais por
meio das pesquisas geométricas, pela proximidade entre
trabalho artístico e produção industrial. Em 1954, o Grupo
Frente, formado por artistas do Rio de Janeiro, prega a ex-
perimentação de todas as linguagens, ainda que no âmbito
não figurativo geométrico. Principais artistas: Luiz Sacilot-
to (1924–2003), Waldemar Cordeiro (1925–1973), Lygia
Clark (1920–1988), Lygia Pape (1927–2004), Hélio Oiticica
(1937–1980), Franz Weissmann (1911–2005), Abraham
Palatnik (1928).

O Neoconcretismo
O movimento neoconcreto surgiu como uma tentativa de
renovação da linguagem geométrica defendida pelo movi-
mento concreto e como consequência das divergências entre
os Grupos Frente do Rio de Janeiro e Ruptura de São Paulo,
que se explicitaram na Exposição Nacional de Arte Concreta
(São Paulo, 1956 e Rio de Janeiro, 1957). Em março de
1959, um grupo de artistas formado por Amílcar de Castro,
Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape,
Reynaldo Jardim e Theon Spanudis publicou o “Manifesto
Neoconcreto”, no qual defendiam a liberdade de experi-
mentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate
da subjetividade. A recuperação das possibilidades criado-
ras do artista – não mais considerado um inventor de pro-
tótipos industriais – e a incorporação efetiva do observador
– que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas –
Aluna de pintores importantes como Pedro Alexan-
apresentavam-se como tentativas de eliminar certo acento
técnico-científico presente no Concretismo. drino, no Brasil, e Fernand Léger, na França, de quem
absorveu a característica da síntese geométrica, Tarsila
foi pintora, escultora e desenhista. Ousada e irreveren-
Arte contemporânea te, participou do Movimento Modernista e do “Grupo dos
No Brasil, a Arte Contemporânea agrega artistas de vá- Cinco”, formado juntamente com Anita Malfatti, Menotti
rias gerações que têm em comum a preocupação de cons- del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Sua
truir uma relação mais próxima do público através do debate obra se divide em três fases: Pau-Brasil, Antropofágica
sobre a imagem na vida atual. A Arte Contemporânea bra-
sileira se caracteriza por uma série de tendências que con-

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e Social, que se caracterizam pe-


las formas circulares e a linha negra
que contorna as figuras, e também
pelos temas que remetem ao imagi-
nário popular e social brasileiro.
Anita Malfatti (1889-1964)
Pintora, desenhista, gravadora e
professora que recebeu os primeiros
ensinamentos artísticos de sua mãe
Betty Malfatti, estudando a seguir na
Alemanha e nos Estados Unidos. Em
1917, realizou uma mostra individual
em São Paulo, que recebeu severas
críticas de Monteiro Lobato, embora
tenha sido um dos acontecimentos
que no campo das artes plásticas
antecederam a Semana de Arte
Moderna de 1922. Após a Semana,
partiu em viagem de estudos para
a França, onde manteve contato
com mestres da pintura como
Léger, Matisse e Fujita. Ao retornar,
dedicou-se ao ensino do desenho “Tropical”, 1916, de Anita Malfatti
e da pintura, participando também em que a estrutura ordenada construída sobre um espaço
de várias exposições, salões e bienais de arte. A sua obra indeterminado é ressaltada pela têmpera. Da série das fa-
foi marcada pela vanguarda europeia e se caracteriza pelos chadas surgem as bandeirinhas de festa junina, que, mais
traços fortes e as cores usadas de modo expressivo. que um motivo popular, se tornam elementos compositivos
autônomos. Nos anos 1960 e 1970 suas composições
Candido Portinari (1903-1962) de bandeirinhas são intercaladas por mastros com grande
Foi um dos artistas brasileiros mais conhecidos de todos variação de cores e ritmo.
os tempos. Sua produção artística foi bastante vasta, tendo
experimentado diversas técnicas de representação através Lasar Segal (1889-1957)
da pintura, do desenho e da pintura mural, não se fixando Pintor, gravador, escultor, desenhista. Artista lituano que
em uma temática única que variou de temas religiosos a so- veio ao Brasil em 1912, encontrando aqui espaço para
ciais e históricos. Nascido no interior de São Paulo, conhe- expor suas pinturas e gravuras expressionistas de cará-
ceu a vida simples do homem do campo e dos imigrantes ter sombrio reforçado pelos tons escuros da paleta e pela
que viviam naquela região. Sua obra se caracteriza pelo rea- caracterização social e psicológica dos personagens, que
lismo com que retrata temáticas sociais como as condições apresentam uma deformação expressiva, com cabeça e
de vida dos imigrantes e dos trabalhadores brasileiros, as- olhos enormes. Voltando para a Europa, dedicou-se à es-
sociando-os ao uso inovador de cores sobrepostas através cultura e fez várias exposições, até que em 1932 fixou-se
de recortes e planos geometrizados. definitivamente em São Paulo, quando suas obras ganham
novas cores e temas como os negros. Suas obras abor-
Alfredo Volpi (1896-1988) dam temas universais como a condição humana, a violên-
Filho de imigrantes italianos, veio para o Brasil com pou- cia, a miséria e as injustiças sociais, expressando-os com
co mais de um ano de idade e instalou-se com a família no emoção, por meio da cor em sua pintura ou pelo jogo entre
Cambuci, tradicional bairro de São Paulo. Ainda criança, tra- linha e vazio em suas gravuras e desenhos.
balhou como marceneiro, entalhador e encadernador. Aos
16 anos, iniciou a carreira como aprendiz de decorador de Amílcar de Castro (1920-2002)
parede, pintando frisos, florões e painéis de residências. Na Escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógra-
mesma época, começou a pintar sobre madeira e telas. fo, professor, Amílcar de Castro participou ativamente do
Na década de 1930, passou a fazer parte do Grupo San- Movimento Neoconcreto Brasileiro. Em sua trajetória artísti-
ta Helena com vários artistas. Sua produção se caracteri- ca, o estudo do desenho vai se aprimorando gradativamen-
za por ser inicialmente figurativa, destacando-se paisagens te no sentido de projetar suas peças para posterior realiza-
marinhas executadas em Itanhaém, São Paulo, passando ção no espaço. Em sua escultura, em vez de adicionar ou
nos anos de 1940 para temas populares e religiosos, em subtrair matéria, Amílcar parte de um plano (circular, retan-
que sua pintura se afirma entre os planos das fachadas, gular, quadrado etc.) que é cortado e dobrado, formando
telhados e paisagem, e, a partir da década de 1950, as um objeto tridimensional articulado por intenso diálogo com
composições caminham gradativamente para a abstração o espaço. Sem fragmentar a matéria, a separação provo-

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cada pelos cortes e dobras mantém a unidade interna da do piso, objetos de uso cotidiano, pó de ferro, objetos de
escultura. A ausência da solda, o que lhe daria um caráter chumbo ou tecidos leves. Algumas de suas obras apre-
artificial, e a resistência do ferro à ação do homem, devido à sentam superfícies densamente trabalhadas enquanto ou-
espessura das placas, convivem com a presença do tempo tras possuem camadas de tinta quase etéreas. Sua pintura
que o encardido da ferrugem explicita. pode ser compreendida em termos de equilíbrio e peso, e
de presença e ausência de objetos, abrindo-se a um vasto
Beatriz Ferreira Milhazes (1960-) campo de experiências e evocações materiais e poéticas.
Pintora, gravadora, ilustradora e professora, iniciou-se
em artes plásticas ao ingressar na Escola de Artes Visuais
Cildo Meirelles (1948-)
do Parque Lage – EAV/Parque Lage, em 1980, onde mais
Pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador e es-
tarde passou a lecionar e coordenar atividades culturais.
cultor. Iniciou seus estudos de arte em Brasília, com Felix
Participou das exposições que caracterizam a Geração 80
– grupo de artistas que buscam retomar a pintura em con- Alejandro Barrenechea, em 1963, e frequentou por dois me-
traposição à vertente conceitual dos anos de 1970, e tem ses a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em
por característica a pesquisa de novas técnicas e materiais. 1967. É um dos fundadores da Unidade Experimental do
Suas pinturas se caracterizam pelo trabalho frequente com Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1969, na
formas circulares e ornamentais, que se sobrepõem preen- qual lecionou entre 1969 e 1970. Criou cenários e figurinos
chendo o fundo com motivos e cores que são transporta- para teatro e cinema de 1970 a 1974 e, em 1975, foi um
dos para a tela por meio de colagens sucessivas, realizadas dos diretores da revista de arte “Malasartes”. Seu trabalho
com precisão. O olhar do espectador é levado a percorrer se caracteriza pela diversidade de técnicas e suportes em-
todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e pregados – pintura, desenho, escultura, ambiente, instala-
cromática presente em seus quadros. Além da pintura, de- ção, performance, fotografia – conjugando-os em múltiplas
dica-se também à gravura e à ilustração. linguagens que discorrem sobre questões sociais e políticas.

Daniel Senise (1955-) Hélio Oiticica (1937-1980)


Pintor e gravador. Em 1980, ingressou como aluno Artista performático, pintor e escultor. Iniciou estudos de
na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/Parque pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Mo-
Lage, onde, entre 1986 e 1991, lecionou no Núcleo de derna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, em 1954. Escreveu,
Pintura. Participou da exposição “Como Vai Você Geração
nesse mesmo ano, seu primeiro texto sobre artes plásti-
80?” – que reuniu artistas de várias tendências artísticas,
cas, o que se tornaria um hábito em suas produções e
tendo como objetivo revalorizar a pintura, pesquisando no-
vas técnicas e materiais. Sua consagração aconteceu em reflexões artísticas. Participou do Grupo Frente em 1955 e
1985, ao ser apresentado, com outros artistas, na Grande 1956 e, em 1959, passou a integrar o Grupo Neoconcreto,
Tela da 18a Bienal Internacional de São Paulo. Suas obras abandonando os trabalhos bidimensionais e criando relevos
se caracterizam por estabelecerem uma relação direta com espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetrá-
a história da arte, com o universo das imagens e a manei- veis. Suas obras se destacam pelo caráter experimental e
ra como este é percebido. Incorpora à tela a rugosidade inovador. Seus experimentos, que pressupõem uma ativa

CURIOSIDADES
Você provavelmente já viu camisetas com a estampa ao lado.
A frase é de Hélio Oiticica, com a qual ele sintetizou uma sé-
rie de trabalhos que ficaram conhecidos como “Marginália”. A
Marginália ou Cultura Marginal passou a fazer parte do debate
cultural brasileiro a partir do final de 1968, durando até meados
da década de setenta. É nesse período que surgem o Cinema
Marginal, nos filmes pioneiros de Rogério Sganzerla e Ozualdo
Candeias, e a Imprensa Marginal, em jornais e revistas como “O
Pasquim”, “Flor do Mal”, “Presença ou Bondinho”. Na literatura
e na poesia, o tema da Marginália é associado aos trabalhos de
autores como José Agripino de Paula, Waly Salomão, Francisco
Alvim, Gramiro de Matos, Torquato Neto, Charles ou Chacal. No
campo musical, a ideia do artista marginal é substituída pelo
rótulo do músico maldito, e os principais nomes desse período
são Jards Macalé, Sérgio Sampaio, Jorge Mautner, Luiz Melo-
dia, Carlos Pinto e Lanny Gordin.

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Gilvan Samico
participação do público, são, em grande parte, acompa- um ateliê em Cata Branca, próximo ao Pico do Itabirito, Minas
nhados de elaborações teóricas, comumente com a pre- Gerais, e executou suas primeiras esculturas com troncos de
sença de textos, comentários e poemas. árvores mortas. Desde 1972 mantém ateliê em Nova Viçosa,
Gilvan Samico (1928-2013) no sul da Bahia, onde realiza esculturas que se caracterizam
Gravador, pintor, desenhista, professor. Iniciou-se na pin- pela intervenção em troncos e raízes, entendendo-os como
tura como autodidata. Em 1948, frequentou a Sociedade desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente
de Arte Moderna do Recife e, em 1952, fundou com ou- no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto,
tros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna e demonstram sua preocupação com os desmatamentos e
do Recife, que tinha como objetivo criar no Recife um amplo queimadas fotografadas durante suas viagens pelo Brasil. Ao
movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásti- longo de sua carreira, Krajcberg mantém-se fiel a uma concep-
cas, teatro e música, incentivando pesquisas sobre a cultura ção de arte relacionada diretamente à pesquisa e utilização de
popular e suas manifestações. Em 1957 foi para São Paulo, elementos da natureza. A paisagem brasileira, especialmente
onde teve aulas de gravura com Lívio Abramo, de quem her- a Floresta Amazônica, e a defesa do meio ambiente marcam
dou a preocupação em explorar as possibilidades formais da toda a sua obra.
madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas, pas-
sando a criar ritmos lineares, que se harmonizavam perfeita- Lygia Clark (1920-1988)
mente na estrutura geral de suas obras. Sua obra é marcada Pintora e escultora. Mudou-se para o Rio de Janeiro
pelo romanceiro popular da literatura de cordel e pela criativa em 1947, iniciando seu aprendizado artístico com Bur-
utilização da xilogravura, em que explora o branco com mui- le Marx. Entre 1950 e 1952, viveu em Paris, onde estu-
ta força expressiva. O espaço de suas gravuras é povoado dou com Fernand Léger. De volta para o Brasil, integrou
por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e o Grupo Frente, de artistas ligados ao Concretismo, sen-
narrativas populares, e também por muitos animais e seres do também uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto
fantásticos: leões, serpentes, dragões. em 1959. Em sua obra a pintura é gradualmente subs-
tituída pela experiência com objetos tridimensionais. Essa
Frans Krajcberg (1921-2017) experiência começou em 1960, quando realizou a série
Escultor, pintor, gravador, fotógrafo, esse artista polonês es- “Bichos”, em que constrói objetos metálicos geométricos
tudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado (atual que se articulam por meio de dobradiças e requerem a
S. Petersburgo). Após participar da Segunda Guerra Mundial, coparticipação do espectador. Nesse ano, lecionou artes
mudou-se para a Alemanha e ingressou na Academia de Belas plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos,
Artes de Stuttgart. Em 1948, emigrou para o Brasil, fixando-se e em 1968 dedicou-se à exploração sensorial em traba-
em São Paulo, onde, em 1951, participou da 1a Bienal Interna- lhos como “A Casa É o Corpo”. De 1970 a 1976 residiu
cional de São Paulo expondo duas pinturas. Em 1964, instalou em Paris, lecionando na Faculté d’Arts Plastiques St. Char-

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les, na Sorbonne, e realizando experiências corporais em na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) ocorrido
que estabelece relação entre os participantes e materiais naquele ano. Para compor suas obras, o artista emprega
diversos. Em 1976, retornou ao Brasil, dedicando-se ao diferentes suportes e materiais, e trabalha com gravura, pin-
estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial e tura, fotografia, instalação, poesia e vídeo.
dos objetos relacionais através de materiais como sacos
plásticos cheios de sementes, ar ou água; meias-calças Leda Catunda (1961-)
contendo bolas; pedras e conchas, com os quais esta- Formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando
belecia relações sensoriais por meio de sua textura, peso, Álvares Penteado em São Paulo, em 1984 realiza sua
tamanho, temperatura, sonoridade ou movimento. primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Repre-
sentante da chamada Geração 80, tem utilizado grande
Shirley Paes Leme (1955-) variedade de materiais e suportes em seus trabalhos.
Bacharel em Belas Artes pela Universidade Federal de Elementos de uso caseiro e popular, muitas vezes as-
Minas Gerais em 1978, esta artista plástica completou
seus estudos nos Estados Unidos nos anos 1980, reali-
zando também nesse período várias exposições no Brasil
e no exterior. O trabalho de Shirley Paes Leme caracte-
riza-se pela construção de objetos a partir de materiais
diretamente vinculados à natureza como galhos secos e
papel artesanal. As formas orgânicas dos galhos secos
ganham força pela ação de ordenar e amarrar com as
quais a artista constrói formas simples que instala no es-
paço, de modo que a obra interfere no ambiente como
grandes monumentos ecológicos.

Mira Schendel (1919-1988)


Ao mudar-se para São Paulo em 1953, faz sua pri-
meira exposição individual. Seu trabalho possui grande
caráter experimental. A partir de 1968 produz obras que
têm na transparência seu principal interesse, associando
também elementos de aspecto gráfico. Nos anos 1980,
produziu têmperas em grandes dimensões. Sua obra
busca uma síntese entre a razão altamente desenvolvida
e os refinados processos técnicos que a arte tende a
manifestar. Participou de diversas exposições e bienais
no Brasil e no mundo.

Marcos Coelho Benjamim (1952-) Leda Catunda


Durante sua infância, tem contato com ferramentas e
madeira na loja de vidros e molduras de seu pai, o que sociados ao universo feminino, dão sustentação à cons-
mais tarde seria referência para uma obra tendente ao tri- trução de sua obra. Podemos citar como exemplos o
dimensional. Seus objetos feitos com a recuperação de uso de colchas, rendas, toalhas, capachos, almofadas,
restos de materiais, particularmente os de madeira, trazem pelúcias, entre outros.
aspectos de uma geometria que transita tanto no universo Luiz Aquila (1943-)
das formas puras e precisas como pelo mundo incerto das
As pinturas de Áquila dialogam com os processos pic-
coisas cotidianas. Trabalha com as linguagens do objeto
tóricos em que a pintura jamais é uniformizada por gestos
e da instalação.
automáticos que preenchem um desenho previamente es-
tabelecido. Grandes massas de cor revezam-se ora com
Nuno Ramos (1960-)
espaços vazios, ora com os registros gráficos da linha,
Escultor, pintor, desenhista, cenógrafo, ensaísta, video- como que a formar uma rede de gestos sustentados pela
maker. Cursa Filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras cor vibrante e intensa.
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, de
1978 a 1982. Começa a pintar em 1983, quando fun- Hélio Siqueira (1950-)
da o ateliê Casa 7, com Paulo Monteiro (1961), Rodrigo
Artista em sintonia com a produção artística contem-
Andrade (1962), Carlito Carvalhosa (1961) e Fábio Miguez
porânea, suas criações desdobram-se entre o desenho, a
(1962). Realiza os primeiros trabalhos tridimensionais em
pintura, a cerâmica e o ensino da Arte. O conteúdo de sua
1986. Em 1992, em Porto Alegre, expõe pela primeira vez
obra abrange diálogos que unem pontos extremos entre o
a instalação 111, que se refere ao massacre dos presos

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Marcelo Grassmann
erudito e o popular, o civilizado e o primitivo, o sagrado e o dobramentos gerados pela pesquisa de materiais, estão
profano. Possuidor de uma energia criativa intensa, Hélio presentes em seus trabalhos. São palavras-chave em
Siqueira desenvolve importante trabalho no campo da ação seu processo de criação: acrílicos, laminados, laranjas,
cultural na cidade de Uberaba, MG, e região. tintas, fórmicas, esmaltes, utilitários, bugigangas, mó-
veis, adesivos, espelhados, transparentes.
Marcelo Grassmann (1925-2013)
Em 1943 ingressa no Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, estudando xilogravura. Três anos depois realiza sua Pablo Picasso (1881-1973)
primeira exposição individual no Rio de Janeiro, onde se fixa Pablo Picasso foi um dos maiores artistas do século XX.
em 1949. Em 1952, ganha o prêmio de viagem à Europa Desde a infância foi estimulado por seu pai a desenhar e
do Salão Nacional de Arte Moderna e estuda litografia na pintar. Com grande domínio técnico e formal, construiu sua
Academia de Artes Aplicadas em Viena, Áustria. Dentre as obra em séries. A partir da criação do Cubismo, confirma-se
exposições de que participou, destacam-se as Bienais de como a grande referência para a arte moderna ao romper
Veneza, de São Paulo, de Florença. Exímio desenhista e com a tradição na pintura e propor um novo sentido sobre a
gravador, sua obra apresenta figuras construídas a partir de arte e seu fazer. Durante toda a sua vida, usou a imaginação
um imaginário de aspecto medieval, recheado de persona- para experimentar imagens e linguagens. Além de grande
gens e animais grotescos. pintor, destacou-se como escultor, gravador, desenhista,
ceramista, cenógrafo e figurinista.
Hélio de Lima (1971-)
Artista e professor de Arte, sua produção abrange di- Salvador Dalí (1904-1989)
versas linguagens da Arte, com ênfase no desenho, em Viveu praticamente toda a sua vida transformando a
que elementos do universo cotidiano se reorganizam em realidade em magníficos sonhos. Surrealista de maior
aspectos e situações lúdicas, caracterizados por imagens
brincantes do imaginário do artista. Sua obra traz também popularidade internacional, interessou-se também pelo
a participação do espectador como elemento de sua finali- Cubismo, Futurismo e Pintura metafísica. Seus trabalhos
zação, podendo ser exemplificado pela construção de seus se encaminham para um Realismo fotográfico.
livros de artista e de seus desenhos para dormir.
Matisse (1869-1954)
Alexandre França (1967-)
Henri Matisse foi o grande artista do Fovismo. Sua pin-
Artista e educador, tem sua produção criativa desen- tura é repleta de energia cromática, uso de cores fortes e
volvida nas linguagens da pintura, desenho, objeto e ví- contrastantes e composições geradas por gestos livres e
deo. Suas imagens são povoadas pelo gesto expressivo
e pela cor intensa. Referências às ações do dia a dia,
aos universos da palavra CASA, assim como dos des-

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expressivos. A liberdade e a alegria de pintar um mundo sos procedimentos técnicos, incorporando processos de
repleto de possibilidades pictóricas foram as linhas mes- reprodução de imagens, utilizando transposição fotográfica
tras de sua produção criativa. e repetições em série.
Claude Monet (1840-1926) Edvard Munch (1863-1944)
Claude Monet foi um pintor obstinado em sua busca na Edvard Munch foi um pintor norueguês expressionista.
captura do momento presente, por mais passageiro que Transmite em suas obras uma grande tristeza e melancolia,
este fosse. No percorrer de sua trajetória, buscou pinceladas o que reflete sua vida marcada por grandes perdas e soli-
cada vez mais evasivas em termos de forma e ao mesmo dão. Sua obra mais conhecida é “O grito”, que exprime um
tempo cada vez mais realistas a respeito da cor e da luz. Sua aspecto de horror e dor com tanta veracidade que chega a
pesquisa pela luz é tão intensa que em alguns momentos ele incomodar a sua observação. O artista parece se interrogar
parece negar a figuração, aproximando-se da abstração. Foi a respeito do destino do homem.
o mais conhecido de todos os impressionistas.
Michelangelo (1475-1564)
Miró (1893-1983) Michelangelo Buonarroti foi um dos maiores gênios ar-
Suas imagens apelam à intuição do observador. Devem tísticos da Renascença italiana. Teve uma produção bas-
ser percebidas por sua musicalidade, aspectos líricos, à tante intensa, dedicando-se à arquitetura, à escultura e à
memória da infância. Miró mergulha no inconsciente e pinta pintura. Buscando a todo tempo superar as suas limita-
figuras que nos remetem aos ídolos pré-históricos, imagens ções, foi autor de obras-primas como a escultura “David” e
rupestres, assim como esquematiza as formas, transfor- os afrescos da Capela Sistina no Vaticano.
mando-as em signos de uma nova linguagem. Suas cores
são uma maneira de reinventar o mundo. Leonardo da Vinci (1452-1519)
Considerado o maior artista que a Renascença pro-
Andy Warhol (1928-1987)
duziu, Leonardo nunca se deixou limitar, estava sem-
Grande expoente da Pop Art, é um dos artistas que pre a buscar novas pesquisas e conquistas. Dedicou-
mais se detiveram na utilização dos elementos símbolos -se com precisão à pintura, retratando seres humanos,
da civilização de consumo norte-americana. Utilizou diver-

Andy Warhol

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(pintura de ação), em que o gesto rápido, instantâneo e


Rembrandt quase automático é associado aos drippings (pintura de
respingos, feita com furos nas latas de tinta ou sendo
estas arremessadas contra a tela).
Paul Klee (1879-1940)
É o artista que mais baseou seu trabalho no conceito
de formatividade. Para ele, a obra de arte se torna sujeito,
e traz elementos tanto de um espírito universal como da
interioridade do eu. Uma de suas mais importantes fontes
de inspiração é a música, de onde derivam os princípios
de harmonia e composição. O desenho é uma linguagem
presente em toda a sua vida e representa um percurso de
buscas, sensibilidade e criação.

Vincent van Gogh (1853-1890)


Vincent van Gogh foi um artista em busca constante de
sua paz interior. Sua pintura revela características do Impres-
sionismo, mas foi além da aparência externa das imagens.
Preocupou-se com as realidades internas e por isso pro-
curou transmiti-las. Essa preocupação percebe-se no estilo
expressionista. O artista desenvolveu características próprias
na pincelada carregada de tinta e com grande intensidade
de cores. O sentido da marca do pincel ficou registrado nas
telas, evidenciando seu caráter já expressionista.

Paul Gauguin (1848-1903)


Paul Gauguin foi um dos mais influentes artistas na for-
mação da pintura moderna. Autodidata de vocação tardia,
criou as referências de sua poética visual ao trocar a civili-
zação pela barbárie, indo morar nas distantes e selvagens
ilhas da Oceania. Sua pintura insistia no conceito de sínte-
se, de um conjunto harmonioso de formas e de cores. Ao
fixar e flagrar aspectos da natureza e humanidade simples,
Estátua de Rembrandt tornou-se capaz não de reproduzi-las, mas de sugerir o real
através de uma nova ordem na relação das cores.
paisagens e assuntos religiosos. Além de pintor, foi um
grande inventor, exemplo maior do Humanismo que flo- Robert Rauschenberg (1925-2008)
rescia naquele momento. Robert Rauschenberg dá à sua pintura o nome de
Rembrandt (1606-1669) combine-painting (pintura combinada), porque se combina
Rembrandt Harmensz Van Rijin teve uma vida marcada com coisas de verdade. Por exemplo: cadeiras, pneus de
por grandes momentos de alegria e riqueza, mas também carro, fotografias recortadas de jornais, animais empalhados
conheceu a falência e a solidão. Essas situações de sua etc. O ponto de partida do trabalho é uma pintura ação em
vida ampliaram sua capacidade criadora. Não desdenhou que o gesto se move em todas as direções, estabelecendo
retratar o indelicado ou o feio, o enfermo e o deformado, conexões com os objetos a ela incorporados.
as humildes criadas e os mendigos. Seus temas vão de
autorretratos a religiosos, passando por lições de anatomia Sugestões de filmes
e cenas cotidianas. Foi mestre no domínio do claro e escuro
Arquitetura da Destruição
predominante no estilo barroco.
(Peter Cohen, 1989, Suécia)
Jackson Pollock (1912-1956) O documentarista sueco Peter Cohen, durante quatro
anos, reuniu informações sobre Adolf Hitler para tentar es-
Jackson Pollock pode ser considerado um dos mais
tabelecer conexões entre a vida e a formação do tirano que
importantes representantes da pintura moderna norte-a-
mericana. Suas imagens criadas dentro de um abstra-
cionismo gráfico intenso e violento são carregadas de
gestualidade e dinamismo. As pinturas em enormes di-
mensões são os melhores exemplos da action painting

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chegou ao poder e promoveu um dos mais terríveis episó- York, abriu a galeria Art of This Century, que rapidamente
dios da história mundial. Como explicar a ascensão meteó- se tornou a sensação da cidade. Nesse período adquiriu
rica de um obscuro cabo do exército, chamado Adolf Hitler, grandes obras de vanguarda, apoiando significativamen-
à condição de chefe supremo da nação alemã? te os artistas, como foi o caso de Pollock. Além de exibir
Em “Arquitetura da Destruição”, Cohen resgata dados trabalhos abstratos e surrealistas, que trazia da Europa,
desde os tempos em que Hitler era morador de uma aldeia Peggy Guggenheim começou a procurar representantes
na Áustria, filho de um oficial da alfândega. Ainda estudante, americanos de tais movimentos. Mesclando trabalhos de
tentou a vida artística. Sonhava ser pintor ou arquiteto, mas grandes nomes a desconhecidos, ela ajudou a legitimar di-
o insucesso acabou levando-o à vida política. versos artistas, que logo formariam o núcleo nova-iorquino.
No documentário ficam bem evidentes as projeções do É através do marchand de arte Howard Putzel (But Cort)
já Führer traçando os planos arquitetônicos para a nova Ber- que Peggy conhece o trabalho de Pollock. A galerista apai-
lim, a nova Alemanha, que deveria ser a capital do mundo, xona-se pelo trabalho do artista e investe na sua carreira.
como fora Roma na antiguidade. É na galeria Art of This Century que ele realiza sua primeira
A obsessão pelas artes também teve papel relevante mostra individual e insere-se no mercado de arte, mas não
no III Reich. Hitler promoveu inúmeras exposições, cons-
agrada à crítica.
truiu museus, pois acreditava na arte como uma manifes-
Apesar de todos os fatos biográficos, o grande méri-
tação de superioridade de uma raça, considerando que a
dominação de uma cultura estabelecida como refinada ou to do filme é o enfoque no relacionamento do artista com
erudita (de acordo com os parâmetros da época) também a pintora Lee, que se torna sua mulher. Apaixonada pelo
forjava uma nação forte. homem e sua arte, Lee é quem dá suporte psicológico e
Diferentemente do que o imaginário popular cristalizou emocional ao pintor, que
sobre Hitler, ele chegou ao poder por refletir o pensamento tinha um sério problema
e os ideais do povo alemão, que sofria sanções após per- com o álcool. Em 1945
der a I Guerra Mundial. mudam-se para uma pe-
Com a derrota, o povo passou por privações, a Alema- quena fazenda em Long
nha perdeu parte do seu território e ficou sob intervenção da Island, e é aí que a cria-
Inglaterra e da França. Diante desse cenário, eis que surge ção de Pollock se torna
Hitler e o Partido Nacional-Socialista, com as soluções para extremamente frutífera.
evitar a ascensão comunista da Alemanha e resgatar a mo-
ral do povo germânico. “Quem quiser viver é constrangido Basquiat
a matar. Martelo ou bigorna. Minha intenção é preparar o (Julian Schnabel,
povo alemão para ser martelo”, disse Hitler.
1996, EUA)
Quando chega ao poder, em 1933, Hitler põe em práti-
Nesse filme a his-
ca seu plano para tornar o povo alemão um povo soberano.
Promoveu seu ódio aos judeus que, por não terem uma na- tória do jovem pintor
ção até então, eram considerados por ele “parasitas” den- americano, Jean-Michel
tro do Estado Alemão. Assim, exterminou seis milhões de Basquiat, é retratada
judeus. Também realizou pesquisas com seres humanos e, a partir de um período
para “purificar a raça alemã”, fez uma enorme eugenia (Ciên- pouco antes de atingir
Basquiat
cia que estuda as condições mais propícias à reprodução e a fama. Apesar de ser
ao melhoramento genético da espécie humana). de uma família de classe média alta, filho de um ex-ministro
Um filme obrigatório pelo seu inédito valor histórico e de estado do Haiti, o artista executava sua arte pelas ruas
por transformar em memória viva um episódio assombroso de Manhattan.
da humanidade. Renunciando à vida abastada, vivia errante pela metró-
pole na companhia do eterno amigo Al Diaz (interpretado
Pollock por Benício Del Toro), onde se misturavam às tendências
(Ed Harris, 2000, EUA) artísticas, tanto na música como em vídeo e artes plásticas.
O filme conta a história de Pollock (Ed Harris) a partir dos Basquiat foi criativo desde criança, e, influenciado pela
anos 40, quando a também pintora Lee Krasner (Marcia Gay mãe, uma apreciadora de artes, sempre inclinou seu talento
Harden) visita seu estúdio pela primeira vez. Na verdade, o para as artes visuais.
estúdio ficava num apartamento decadente em que o pintor Sua carreira decolou quando conheceu o crítico de arte
morava junto ao irmão e sua esposa grávida. As cenas de Rene Ricard, que o projetou para as galerias de renome.
“Long Island” foram rodadas na antiga propriedade de Pol- Mais tarde, conhecendo e se tornando amigo do renoma-
lock e na casa onde viveu. do artista Andy Warhol, um dos mentores da Pop Art (aqui
No filme, a herdeira e patrona do Cubismo, Expressio- vivido por David Bowie, numa atuação impecável), se con-
nismo e Surrealismo, Peggy Guggenheim, sobrinha de So- solidou como gênio das artes visuais.
lomon Guggenheim, que estabeleceu uma ligação crucial Todavia, os constantes problemas com drogas, e so-
entre os movimentos americanos e europeus, é interpreta- frendo de uma melancolia constante, até mesmo pela con-
da pela mulher do diretor, Amy Madigan. Exilada em Nova dição em que estava sua mãe, vivendo em um manicômio,
levaram o artista a uma vida decadente e curta.

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243

ATUALIDADES
Exposição de Ron Mueck na Pinacoteca de
São Paulo
Em 2015, o artista australiano Ron Mueck expôs
suas esculturas hiper-realistas. A origem de seu
trabalho remete ao fantástico universo do cine-
ma, o que talvez justifique o imediato fascínio que
suas obras conseguem atingir nos mais diferentes
nichos da cultura pós-moderna. Fabricando mario-
netes e bonecos para a televisão e para o cinema,
ele reuniu técnicas para iniciar suas reproduções
hiper-realistas que beiram a perfeição de fisiono-
mias humanas.

Com um elenco de excelentes atores coadjuvantes, como


Claire Forlane, Courtney Love, Dennis Hoper, Gary Oldman,
entre outros, o filme retrata com fidelidade a meteórica carreira Um filme fantástico que conta a trajetória de um dos
de um dos maiores gênios da arte contemporânea. maiores gênios da história da humanidade, Michelangelo.
Camille Claudel Interpretado de maneira brilhante por Charlton Heston, o fil-
(Bruno Nuytten, 1998, França) me narra um dos períodos mais conturbados da história,
A história da jovem aprendiz e amante do mestre das o Renascimento, em que a Igreja exercia seu poder sobre
esculturas Auguste Rodin é relatada nesse filme de manei- todas as coisas, inclusive a arte.
ra intensa e dramática. Interpretada pela excelente Isabella Michelangelo é designado, de maneira autoritária, pelo
Adjani, a história se passa em 1885, e conta os problemas Papa Julio II, a pintar o teto da Capela Sistina, em Roma.
enfrentados pela artista, tanto por insistir em se dedicar à Michelangelo, a princípio, recusa a proposta, por se con-
sua arte, contrariando a família burguesa e tradicional, como siderar um escultor, e não um pintor, mas cede diante a
por se relacionar com Rodin. pressão feita pela autoridade religiosa.
Seus conflitos só aumentam, na proporção em que Dedicando-se integralmente ao seu trabalho, que se
se envolve com Rodin, interpretado pelo talentoso Gerard torna uma obsessão para ele, passa o dia todo em cima
Depardieu. Ele, casado, consolidado como escultor do andaime, sem se alimentar, e raramente vê a luz do dia.
reconhecido mundialmente, não cede aos apelos da jovem, Seu tormento é tanto que chega a destruir a obra e fugir de
não querendo assumir seu relacionamento. Roma, porém a necessidade de criar o perturba, tanto que
Aos poucos Camille vai desenvolvendo uma paranoia retorna a Roma e reinicia seu trabalho de maneira angus-
generalizada, e acredita que todos estão contra ela, inclu- tiante e intensa.
sive o inspetor do ministério das belas-artes, que estava Esse filme é um drama de grandes proporções, que
disposto a ajudá-la. Para ela, todos estavam em conluio aborda a angústia do artista ante sua necessidade de criar
com Rodin para roubar sua arte. e os conflitos sociais que o rodeiam, muitas vezes atrapa-
O drama da talentosíssima escultora aumenta com a lhando seu processo criativo. Uma obra-prima.
morte de seu pai, que era a única pessoa que a apoiava
incondicionalmente. Isolada e perturbada com sua mania de Exposição de Salvador Dalí no Instituto Tomie
perseguição, acaba sofrendo com a intervenção daqueles Ohtake
que antes a ajudavam. Nessa exposição, inédita no Brasil, 218 peças de Dalí
A história contada no filme levanta questões pouco ex- foram exibidas. Elas apresentam um Dalí minucioso (chegou
ploradas no meio artístico, como, por exemplo, as obras de a pintar com pincéis de duas cerdas e auxílio de uma lupa)
Camille serem o início da escultura moderna no século XX. e sóbrio, que passou pelo Cubismo e pelo Impressionismo
O embasamento do filme se dá, uma vez que a sobrinha- antes de se encontrar no Surrealismo. Entre as 24 telas há
-neta de Camille Claudel foi a diretora de arte e consultora preciosidades como “A Memória da Mulher-Menina”, uma
do filme, ela que trabalhou durante vinte anos coletando in- das primeiras no estilo, na qual se nota o árido e aflitivo
formações e catalogando obras da artista. mundo dos sonhos do artista. A abrangência dos trabalhos
surge em belas gravuras pouco conhecidas que ilustram li-
Agonia e êxtase vros como “Alice no País das Maravilhas” ou fazem releituras
(Carol Reed, 1998, França) impossíveis de desenhos botânicos do século XVIII. Infeliz-
mente, pouco espaço foi dedicado ao seu lado marquetei-

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ro, tão criticado quanto divertido. A Sala Mae West reproduz


uma instalação inspirada na atriz americana e rende boas
Glossário
selfies, porque cria a ilusão de “entrar” na obra. Acervo: Coleção de obras de arte que pertencem a um
museu ou outro tipo de instituição que se preocupa com a
Exposição Interativa de Escher guarda e conservação de trabalhos artísticos, assim como
Foi a primeira vez que as obras do artista holandês Maurits das informações que permitem identificar essas obras.
Escher puderam ser vistas fora do ambiente de um museu. Aglutinante: Substância empregada na pintura para dar
Montada em uma estrutura retangular de 120 metros coesão aos pigmentos, de forma que se torne factível sua
quadrados, a mostra permitiu maior interação dos visitan- aplicação sobre a superfície a ser pintada. Utilizam-se, para
tes. Na parte externa será possível conhecer a famosa “Sala este efeito, substâncias tais como ceras, gomas, caseína,
da Relatividade”, que através de um truque de perspectiva gema de ovo, azeite etc.
aumenta ou diminui a altura do espectador, dependendo de
Água-forte: Procedimento utilizado na gravura em metal
onde ele se posiciona. que consiste no revestimento da chapa de metal com um
O espaço também apresentou a “Parede Ilusionista” e verniz de proteção, seguido da incisão do desenho que se
uma fotografia gigante da obra “Relatividade”. Na área inter- deseja obter, com estilete ou outra ferramenta de ponta me-
na estavam os quadros 3D e enigmas de Escher. tálica e do mergulho dessa placa numa solução de ácido.
Dessa forma, o desenho aparece onde o verniz foi retirado,
sem arranhar o metal, permitindo que este forme sulcos
Quero mais! onde a tinta será colocada e de onde sairá a cópia da ima-
A Arte de Educar: Cartilha de Arte e Educação para gem gravada.
professores do Ensino Fundamental e Médio elaborado pela
Aresta: O local onde duas linhas ou vértices se encontram.
Profa. Paula Belfort Mattos. São Paulo: Antonio Bellini – Edi-
tora & Cultura, 2003. Argila: Substância terrosa de consistência maleável
ABUJAMRA, Adriana. Traços travessos: histórias de e macia, bastante usada em modelagem e cerâmica
20 pintores. São Paulo: Geração Editorial, 2003. em geral.
ARRUDA, Jacqueline; VENTELLA, Roseli. Link da
Arte. São Paulo: Moderna, 2002. Arte aplicada: Aquela que, além da função estética, pos-
BRIOSCHI, Gabriela. Arte Hoje. São Paulo: FTD, 2003. sui também uma função utilitária, como é o caso da cerâmi-
ca, tapeçaria, design, ourivesaria e até da arquitetura, entre
Caixa de Cultura – Gravura – Ação Educacional – Itaú outras.
Cultural: Contém: 1 vídeo Aspectos da Cultura Brasileira –
Gravura e Gravadores, 1 Caderno do Professor, 11 pran- Artesanato: Manifestação popular, em que a criação de
chas de Imagens e Textos. objetos utilitários e decorativos é feita de forma manual,
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil 1950- um a um, sem o auxílio de máquinas ou equipamentos
2000: Movimentos e meios. São Paulo: Alameda, 2004. de produção. As formas artesanais se repetem, pois o
COSTA, Cristina. Questões de Arte. 2. ed. São Pau- processo técnico é passado de geração em geração,
sendo aos poucos absorvidas pelo povo. São exemplos
lo: Moderna, 2004. de artesanato brasileiro: a cestaria indígena, a cerâmica
Galeria – Revista de Arte, n. 12, 1988. nordestina, os teares mineiros, entre outros.
MATTAR, Denise (Org.). No tempo dos modernis-
tas: D. Olívia Penteado, a Senhora das Artes. São Paulo: Bico de pena: Desenho ou técnica de desenhar em
FAAP, 2002. que é utilizada uma caneta especial com pena metálica e
Pasta arte br – Rede Arte na Escola – Fundação Iochpe, tinta nanquim.
2003: Contém: 36 reproduções de obras de arte (12 pran- Cartum: Ilustração humorística que narra em poucos de-
chas frente e verso e 12 cartões). senhos uma anedota, valendo-se da arte da caricatura. Seu
Quark/TV Cultura/Arte na Escola (Contém: 3 fitas de principal objetivo, por meio da sátira, da ironia e do riso,
vídeo = FITA 1 – episódio 1, fotografia, abstração; FITA é levar o espectador a compreender de maneira crítica o
2 – anos 60: arte e vida, anos 70/80: ideia e matéria, comportamento humano.
objeto; FITA 3 – instalação e performance, vídeo, vídeo
do professor.) Chassi: Estrutura de madeira ou material rígido que serve
de suporte para telas de lona, MDF ou madeira.
Revista Bien’Art, ano I, n. 1, nov. 2004.
Revista Bien’Art, ano I, n. 2, dez. 2004. Cinema: Arte de compor e registrar, em películas espe-
ciais, através de câmeras cinematográficas, figuras e cenas
Revista Bien’Art, ano I, n. 3, jan. 2005. em movimento a partir de roteiros ou sequências.
Revista Bien’Art, ano I, n. 4, fev. 2005.
Composição: Relação ordenada entre as partes ou ele-
mentos de uma obra de arte.

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245

Cor: Sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão Maquete: Construção em escala reduzida de obras a se-
da visão. Pode ser percebida de duas maneiras: cor-luz e rem executadas.
cor-pigmento. O homem reage a ela subordinado às suas
condições físicas e influências culturais. Cor é relação. Máscaras: Reproduções, geralmente de feições huma-
nas ou animais, feitas de papel, papelão, palha, couro, bar-
Croqui: Esboço, plano, rascunho, desenho rápido de ob- ro, madeira etc. coloridas e ornamentadas, usadas em fes-
servação ou criação. tas populares, teatro e rituais de origem indígena e africana.

Curador: Pessoa responsável pela organização e planeja- Materialidade: Aspecto físico dos materiais que podem
mento de mostras e exposições de artes. ser percebidos tanto pelo tato como pela visão.

Desenho animado: Gênero cinematográfico no qual Móbile: Pequenas esculturas ou objetos leves que, sus-
cada desenho representa uma fração do movimento da fi- pensos no espaço por fios de maneira equilibrada e harmo-
gura ou cena e cuja filmagem utiliza a técnica do quadro niosas, movimentam-se facilmente.
a quadro. Quando é feita a projeção do filme, a imagem
adquire movimento através da apresentação sucessiva dos Moldura: Caixilho de madeira para proteção de quadros,
quadros filmados. estampas; ornato saliente em obras arquitetônicas.

Design: Projeto e desenvolvimento de bens que visam à Monocromia: Arte feita com uma única cor com variação
satisfação física e psicológica do homem. O mesmo que de tonalidades.
desenho industrial.
Monotipia: Reprodução de motivos pintados sobre uma
Diagramação: Planejamento e cálculo gráfico e artístico superfície lisa (vidro, metal, fórmica etc.) através da impres-
das páginas de livros, revistas ou qualquer outro impresso. são imediata, com a tinta ainda fresca, em papel ou outro
material.
Ecoline: Tinta líquida colorida que produz efeitos de trans-
parência semelhantes aos da aquarela. Nanquim: Tinta de origem chinesa usada em desenhos a
bico de pena, aguada e desenhos técnicos.
Entalhe: Arte de esculpir em madeira ou outro material,
através de cortes, formando figuras em relevo e matrizes Objeto: Termo que surgiu para designar obras de arte
para reprodução de estampas. contemporâneas, que são tridimensionais, mas não são
esculpidas ou modeladas como uma escultura.
Esfuminho: Bastão de papel mata-borrão usado para
suavizar os desenhos a grafite e carvão. Pastel: Bastão colorido, seco ou oleoso, utilizado no de-
senho e na pintura.
Figura: Forma exterior. Imagem, representação. Forma
imaginária que se dá aos seres metafísicos. Formato ou for- Policromia: Arte feita com várias cores.
ma positiva que ocupa espaço.
Ponta seca: Processo de gravação no qual o traço é feito
Forma: Aparência visual total de um desenho, tendo na na chapa com uma ponta aguçada, geralmente de aço,
figura seu principal elemento de identificação. Nela obser- utilizada como se fosse um lápis.
vam-se também aspectos de tamanho, cor ou textura.
Configuração visível de um conteúdo. Rafe: Esboço inicial ou planejamento gráfico de qualquer
trabalho a ser impresso.
Formato: Forma particular de uma superfície de desenho
ou pintura – retangular, circular ou triangular – proporções Relevo: Escultura na qual as formas sobressaem de uma
de uma superfície, como por exemplo: a relação entre o superfície tomada com base.
comprimento e a largura de uma superfície retangular. Simetria: Propriedades de uma ou mais figuras cujos
Goma: Cola batida a partir de resinas de origem vegetal. pontos são equidistantes de um eixo.

Grafismo: Ato ou maneira de se expressar através do Sobreposição: Ato de sobrepor as linhas, as cores, os
desenho ou pintura com tramas e rabiscos. tons, que passam uns sobre os outros.

Grafite: Carvão mineral cristalizado usado como matéria- Suporte: Corpos variados com propriedades diversas
-prima na confecção de lápis. Também chamado de grafita. que possuem capacidade de “segurar” sobre si os mais
variados agentes da ação criadora. São exemplos: a lona, o
Layout: Esboço mais bem acabado do que o rafe e que metal, o papel, a madeira, entre outros.
servirá de orientação para a arte-finall.
Linha de contorno: No desenho representa o limite de
uma forma ou grupo de formas.

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246

Questões
1. (CESGRANRIO) O início do século XX teve como a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justi-
marca o surgimento de movimentos vanguardistas fica a primeira.
como Fauvismo, o Cubismo, o Dadaísmo e o Surrea- b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda
lismo, dentre outros. Nesse contexto, analise suas ca- não justifica a primeira.
racterísticas a seguir.
c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.

I. O Fauvismo, com suas formas distorcidas, exa- d) a primeira afirmação é falsa e segunda é verdadeira.
geradas e de cores impactantes, dominou a Arte e) as duas afirmações são falsas.
alemã.
II. O Cubismo preocupava-se com a simultaneidade 4. O prazer estético está atrelado à subjetividade no jogo
e a fragmentação da forma. da criação. Ao artista é dado combinar sensações,
III. O Dadaísmo buscava subverter a autoridade e cul- imagens e representações livremente, atendendo a
tivar o absurdo. leis internas. O fazer do artista advém de potenciali-
IV. O Surrealismo apresentava, como temática, o mo- dades da memória, da percepção e da imaginação,
vimento e a tecnologia. numa fusão de brincadeira e seriedade, visto que fa-
tores estruturais são comuns ao jogo e à obra de
arte. Conclui-se, então, que o artista:
São corretas APENAS as características:
a) representa signos com prazer.
a) I e II.
b) expressa uma ideia a partir da ressignificação de
b) I e III. uma imagem.
c) II e III. c) realiza um movimento mimético diante do que lhe
d) I, II e III é apresentado.
e) II, III e IV. d) comunica sentimento.
e) apresenta uma ideia criativamente.
2. (CESGRANRIO) No início do século XX, com a Primei-
ra Guerra Mundial a Arte sofreria mudanças radicais. A 5. Na perspectiva da moderna estética visual, aprofun-
modernidade da Arte estaria nos temas e nas técnicas, dam-se as discussões sobre o texto imagético, a ma-
com ênfase nas máquinas, no movimento e na velocida- terialidade, os suportes, a tecnologia e os meios de
de. As rupturas técnicas deram-se com o(a): comunicação de massa. Arte e Ciência articulam-se
numa relação dialógica, apresentando novos códigos
a) ferro trabalhado, a joalheria, o vidro e a tipografia, de visualidade, que, entre outros, são:
influenciando as artes aplicadas e a decoração de a) cor, linha, forma, timbre, duração e espaço.
interiores.
b) espaço, tempo, enredo, cenário e personagem.
b) abandono do pincel e do cavalete, o uso de novos ma-
teriais e a busca de formas não figurativas. c) som, altura, ritmo, tempo, timbre e duração.

c) tendência ao verticalismo, em detrimento do horizonta- d) cor, luz, enquadramento, textura, perspectiva e espaço.
lismo, seguindo o princípio dinâmico da distribuição e e) movimento, espaço, forma, ritmo e equilíbrio.
equilíbrio de forças na arquitetura.
d) arquitetura concebida com estruturas elaboradas, de 6. A estética contemporânea apresenta em seu con-
altura elevadíssima, e o uso de vitrais refletindo a luz ex- texto uma sociedade que valoriza e preza o con-
terna no interior. sumo, na qual a mídia atua como intermediária no
processo de produção e apreciação de imagem.
3. (CESGRANRIO) A Arte Popular ressignificada con- das minorias.
tribui com poéticas expressivas, como: alegorias e a) hegemônica.
adereços, tapeçaria, tecelagem, rendas e bordados,
cestaria, cerâmica, gravura e escultura. b) de massa.
Foi categorizada como “arte menor”, alijada do pano- c) popular.
rama das Artes Visuais, ao longo da História da Arte. d) virtual.
A esse respeito, conclui-se que:

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7. A Linguagem da Arte possibilita a representação sim- Assinale a alternativa que preenche a coluna acima,
bólica de uma cultura. de cima para baixo, com o correto relacionamento entre o
PORQUE nome do artista e a obra de sua autoria.
O homem, como ser simbólico, utiliza sistemas de re- a) 4,5,4,1,1,5,2,3,5.
presentação para comunicar-se, expressar e produzir
conhecimento, refletindo sobre a sua maneira de estar b) 3,5,5,2,3,1,4,2,5.
no mundo. A esse respeito, conclui-se que:
c) 3,5,4,5,1,4,1,2,5.
a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justi-
fica a primeira. d) 1,3,4,1,3,1,2,5,5.
b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não e) 1,5,4,5,1,4,4,3,5.
justifica a primeira.
c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira
e) as duas afirmações são falsas.

8. A compreensão de que os artistas brasileiros dos


anos 1960 e 1970 modificaram as relações entre
obra e espectador funciona como baliza no desen-
volvimento de projetos que problematizam os espa-
ços e meios consagrados pela tradição. Na colu-
na abaixo são apresentados os nomes dos artistas
como expoentes dessas vanguardas e, na coluna
no alto, à direita, as obras de suas autorias.
1. Cildo Meireles
2. Lygia Pape
3. Antônio Manuel
4. Lygia Clark
5. Hélio Oiticica
( ) corpobra
( ) bólides
( ) bichos
( ) penetráveis
( ) inserção em circuitos ideológicos
( ) objetos relacionais
( ) cruzeiro do sul
( ) divisor
( ) parangolés

Gabarito
1. c 5. d
2. b 6. c
3. b 7. a
4. b 8. c

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Roteiro de Estudos
ARTE
LINGUAGENS DAS ARTES
PLÁSTICAS E VISUAIS
• Desenho • Fotografia
• Pintura • Instalação
• Escultura • Performance
• Cerâmica • Vídeo
• Gravura • Mostras

ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA


• Impressionismo Pop Art Impressionismo
• Art nouveau
• Expressionismo
• Cubismo
• Dadaísmo
• Futurismo
• Surrealismo
• Fovismo
• Tachismo
• Suprematismo
• Neoplasticismo
• Abstracionismo informal
• Abstracionismo geométrico Barroco brasileiro
• Expressionismo abstrato
• Op art
• Pop art ARTE NO BRASIL
• Body art • Barroco brasileiro
• Minimalismo • Semana de Arte Moderna
• Arte conceitual • Concretismo
• Neoconcretismo

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