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Yoga Sob o Sol da Tradição

Realidade
Uma Realid as
Sombras
ade Sem Sombr

Jayadvaita Das
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Yoga
Sob o Sol da Tradição

Uma Realidade Sem Sombras

Jayadvaita Das
Yoga Sob o Sol da Tradição – Uma Realidade Sem Sombras
Copyright © 2008 by Jayadvaita Das
Todos os direitos reservados.
isbn 10: 81-7223-541-0

Capa: Jayadvaita Das - Deidades de Radha Syamasundara - Vrndavana - Índia


Editoração Eletrônica: Jayadvaita Das
Revisão Gráfica: Jaya Devaki Dasi
Vedyah Editora Virtual : 9841-0060

Das, Jayadvaita, 1974 -

Yoga Sob o Sol da Tradição – Uma Realidade Sem Sombras


- Rio Yatra Mandir - Rio de Janeiro - RJ: Vedyah Editora Virtual, 2008

1.Yoga - Filosofia 2. Sistemas de Yoga - Ciência do Yoga 3. Meditação - Espiritualidade 4.Astanga-yoga -


Patanjali 5.Vaishnava - Hinduísmo. I. Das, Jayadvaita. II. Título.
05

Índices para catálogo sistemático:


1. Yoga e Meditação : Filosofia do Yoga : Astanga-yoga e Patanjali
2. Bhakti Yoga e Sistemas de Yoga : Vedanta Vaishnava
3. Meditação e Transcendência : Bhagavad-gita : Hinduísmo e Vaishnavismo
Atenção

Este livro está sendo disponibilizado dentro dos conceitos de uma Cul-
tura Livre. Divulgue-o, piratei-o e copie-o. Mas multiplique-o mantendo
os créditos em nome do autor.

Mesmo que você não se interesse pelos temas presentes neste livro,
leia-o, ele trará a você novos conceitos sobre a vida e a transformação
do mundo através do conhecimento milenar preservado pelos antigos
mestres e yoguis indianos e apresentados à sociedade moderna por Sua
Divina Graça Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

Este livro é uma compilação de textos publicados em blogs, fóruns de


discussão e livros publicados pelo próprio autor.

Os direitos autorais e a propriedade intelectual são de Jayadvaita Das,


porém ele distribui tais direitos para a propagação da consciência de
transformação, a Consciência de Krishna.

Leia sem preconceito, ou leia para desfazê-los.

Boa leitura!

O editor
Dedicatória

A todos que estiverem trilhando o caminho do autoconhecimento.


A todos que estiverem buscando por um conhecimento autêntico.
A todos que desejam encontrar uma Verdade imperecível e não
descartável.
A todos que ambicionam um restabelecimento de sua natureza
espiritual integral, destituída de dogmas religiosos e consciência
limitada por conceitos sectários e ortodoxos.
A todos que tem como objetivo alcançar a meta última da vida.
A todos que visam desenvolver seu real Amor por Deus.
A todos aqueles que acreditam que estas metas mencionadas po-
dem ser alcançadas através da verdadeira e pura prática do yoga.
A todos aqueles que estão dedicando suas vidas, energias, intelecto
e desejos para desenvolver e espalhar a Consciência de Krishna por
todo o mundo.
A todos os praticantes e seguidores dos princípios de bhakti-yoga.

Em especial ao meu mestre espiritual Hrdayananda Das Goswami e


a Srila Prabhupada.
Sri Nrsinhadeva Bhagavan
Sumário

A Necessidade do Conhecimento Espiritual........................................6


Asanas e seus Benefícios......................................................................9
Yoga e Ayurveda...................................................................................9
Asanas do Yoga..................................................................................13
Matsyasana.........................................................................................15
Chakrasana.........................................................................................15
Surya-namaskara (saudação ao Sol)...................................................16
Progresso no Caminho do Yoga.........................................................18
Ensaios Sobre a Filosofia e Teoria do Yoga Sob Prisma do Vedanta
Vaishnava...........................................................................................18
Ansiamos por algo pleno e ilimitado. Não faz sentido permanecermos
nesta plataforma limitada. Então, qual é a plataforma real do Yoga?.20
O propósito do Yoga..........................................................................20
Alcançando o Propósito do Yoga.......................................................21
Compreendendo o Propósito do Yoga...............................................22
Executando o Propósito do Yoga.......................................................23
Os Dois Tipos de Almas Que Praticam Yoga...................................24
Yoga na Prática...................................................................................27
Reconhecendo Um Yogi Por Sua Atitude.........................................29
Considerações Acerca da Espiritualidade na Prática do Yoga...........32
Pequeno Conceito Sobre Meditação.................................................32
Seriedade com a Filosofia do Yoga.....................................................35
Estabelecendo Bhakti-yoga no Ocidente: Quem é Srila Prabhupada?.36
Ateísmo como aversão.......................................................................40
Yoga não é Hedonismo!.....................................................................41
Hatha-yoga e a Essência Completa...................................................42
Situe-se..............................................................................................42
Conecte-se.........................................................................................43
Realize-se...........................................................................................46
Três Peneiras - Para bons humanos...................................................47
Yoga!...................................................................................................48
Evolução do Teismo – A Ciência do Yoga Revelada na Bhagavad-gita
49
Introdução..........................................................................................49
Diferenças nas quatro Vaishnava-sampradayas..................................59
Asthanga-yoga Como Ele É..............................................................62
Introdução..........................................................................................62
Introdução ao Astanga-Yoga de Patanjali..........................................66
Niyamas.............................................................................................82
Asana..................................................................................................99
Conceito Básico de Pranayama........................................................105
Pranayama........................................................................................106
Pranayama - Restabelecendo uma Visão Sobre o Campo............... 113
Pratyahara........................................................................................ 116
Dharana...........................................................................................121
Dhyana.............................................................................................127
Os três caminhos de Dhyana...........................................................131
Pureza na Meditação: Srimate Radharani.......................................133
Samadhi...........................................................................................138
Equívocos Filosóficos de Espiritualidade Aparente.........................149
Introdução........................................................................................149
Sankaracarya....................................................................................154
Aspectos de Advaita-vada – Filosofia Não-dual de Sankara...........157
Kumbh Mela Festival.......................................................................163
Estatística Mundial dos Praticante de Bhakti-yoga........................163
Paradoxo quântico: De onde vem a alma espiritual?........................164
Presos terão aula de Yoga.................................................................166
Yoga Fora de Forma.........................................................................167
Diário de um yogi............................................................................172
Diário de Um Yogi 2........................................................................173
Diário de Um Yogi 3........................................................................173
Diário de um Yogi 4.........................................................................174
Diário de um Yogi 5.........................................................................174
Diário de um Yogi 6.........................................................................175
Diário de Um Yogi 7........................................................................176
Apêndice..........................................................................................177
Yoga e Misericórdia..........................................................................177
Boicote ao almíscar/musk - a essência do sofrimento!....................180
Ontem foi meu aniversário..............................................................183
Sahaja member vaishnava................................................................185
Yoga’s Stages.....................................................................................216
The origins of the Science of Yoga...................................................217
The Vedic Conception of Sound in Four Features...........................221
Yoga New World..............................................................................233
“Aquele que Me vê em tudo e vê tudo em Mim jamais está perdido para
Mim, tão pouco estou Eu perdido para ele”
(Bhagavad-gita 6.30)
A Necessidade do Conhecimento Espiritual

Há uma necessidade de buscarmos por compreensão espiritual, pois so-


mos eternos, mas temos que conviver dentro de circunstâncias efêmeras;
temos todo potencial de conhecimento ilimitado dentro de nós, mas vi-
vemos imersos numa realidade que transborda ilusão e ignorância; somos
plenos de bem-aventurança, mas estamos sempre buscando por alguma
forma de prazer em coisas supérfluas e sem gosto que, ao contrário do
prazer, só nos traz ansiedade, lamentação e sofrimento. Esta é a pior e
mais profunda doença que ataca todas as entidades vivas condicionadas.
E todo sofrimento, ansiedade e frustração nasce desta doença. Sem um
controle dos sentidos, a doença material que infecta a alma condicionada
a arrasta durante vidas e vidas em diferentes corpos dentro desta esfera de
existência material.
Do ponto de vista filosófico, esta doença tem sua origem muito profunda
e se manifesta desde tempos imemoriais em todas as almas condiciona-
das. A falsa identificação que assumimos em relação a este corpo tempo-
rário é a causa da doença material. Estando numa condição ilusória não
podemos entender o que nos envolve. Passamos a pensar que somos um
corpo que possui uma alma, e, tendo vitalidade, força e saúde concedida
pela centelha espiritual dentro do corpo, buscamos os prazeres e a felici-
dade, tendo como parâmetros apenas nosso limitado corpo material. Esta
busca de gratificação dos sentidos através da exploração dos elementos da
natureza material se deve à luxúria. Isto é apresentado no Bhagavad-gita
(3.40):

indriyani mano buddhir


asyadhisthanam ucyate
etair vimohayaty esa
jñanam avrtya dehinam

“Os sentidos, a mente e a inteligência são os lugares que servem de assen-


to para a luxúria. Através deles, a luxúria confunde o ser vivo e obscurece
o verdadeiro conhecimento que ele possui.”

Luxúria é o insaciável desejo material. É desse incontrolável desejo de


satisfazer materialmente os sentidos e a mente que surge o falso ego, aha-
mkara, a falsa identificação que nos faz pensar em função de eu e meu. É
nesse momento que se inicia todo o problema da vida condicionada. A
causa de toda aflição material se origina dessa falsa identificação corpórea
que nos leva pensar que somos americanos, brasileiros, homens, mulheres,
rico ou pobre. Todas as designações referentes ao corpo são temporárias
e ilusórias. Mas, identificando-se com tais designações o ser vivo sofre
ou desfruta limitadamente dentro da plataforma material. Logo, é inútil
manter expectativas que dependerão do desempenho e funções do corpo
material falível.
Asanas e seus Benefícios

Yoga e Ayurveda

Yoga

O termo yoga provém da raiz yug (juntar, conectar). Essencialmente, a


palavra yoga descreve um conceito de união transcendental com a Di-
vina fonte última da existência, ou união do ser individual (atma) com o
Ser Supremo (paramatma). Na clássica obra Yoga Sutras Patanjali define
yoga como sendo “o controle das funções mentais”. Assim, yoga significa
o método ideal para se encontrar o verdadeiro equilíbrio entre a realidade
interna que possuímos e realidade externa em que vivemos.

A essência da vida é justamente entrar em contato com a Verdade Ab-


soluta, Deus. Este contato já existe desde tempos imemoriais, porém não
nos lembramos ou experimentamos diretamente este estado de consci-
ência que se baseia no Amor. Yoga visa, portanto, nos colocar de volta a
esta consciência original na qual podemos restabelecer nossa união com
o Supremo sem perdermos nossa individualidade eterna e nossa perso-
nalidade original, pois tanto o ser individual quanto o Ser Supremo são
eternamente seres individuais. Viver nesta consciência de unidade e dife-
rença simultânea é a grande arte de viver em meditação amorosa com o
Supremo: a essência do yoga.

No entanto, yoga tem sido praticado na Índia há milhares de anos, e é tra-


dicionalmente usado pelos adeptos da espiritualidade como um sistema
de desenvolvimento das qualidades transcendentais, de autoconhecimen-
to e purificação do corpo e da mente. Por este motivo, yoga também se
propõe ser um meio preventivo das doenças do corpo, mente e espírito.
Desta forma, iniciamos nossas práticas ainda ambicionando benefícios
físicos ou corpóreos (anna-maya kosha), mas com o passar do tempo e
com o acúmulo de experiências e insights vamos desenvolvendo níveis de
consciência mais refinados (prana-maya kosha).

Por este motivo o yoga tem um laço muito intimo com o tradicional sis-
tema da medicina ayurvedica, pois ela visa manter o corpo saudável para
que, com maior disposição e saúde, possa se aprofundar mais no caminho
da autorealização espiritual.

Ayurveda

Ayurveda, o termo sânscrito de “conhecimento da vida” ou “conhecimen-


to da longevidade” é um extenso sistema da medicina tradicional, oficial-
mente reconhecido, que efatiza a consciência do relacionamente entre o
corpo, a mente e o espirito, acrescentando-se um equilíbrio do envolvi-
mento interno e externo. Ayurveda visa restaurar a harmonia inata do ser
vivo individual, sua saúde física, mental e espiritual. Portando com isto,
um propósito especifico: auxiliar o ser individual na sua busca de perfei-
ção espiritual.

Isto justifica o fato do Ayurveda estar ao lado do yoga e se valer dele, pois
yoga é a raiz, ou tradição espiritual da qual emerge a ciência do Ayurveda.
Através do yoga prepara-se o corpo e a mente para a autorealizacao ou
união com o Ser Supremo. Com auxílio do Ayurveda alivia-se o caminho
do autoconhecimento por manter o corpo e a mente em estado de equi-
líbrio e balanço integral do ser. Yoga e ayurveda estão fortemente relacio-
nados a tal ponto de não ser possível imaginar um sem o outro. Usando
o conhecimento do ayurveda, um praticante de yoga pode executar seus
asanas, pranayamas e mantras specíficos de acordo com sua própria e úni-
ca constituição para manter sua saúde e com sua saúde sob controle ele
facilmente adquiri o controle mental.

Tendo uma saúde física e mental estável o yogi desenvloverá uma atitude
singular em sintonia com a vida, e tanto sua posição diante das situações
quanto seu comportamento diante do mundo será marca de sua matu-
ridade espiritual. Saberá como utilizar melhor sua vitalidade, desempe-
nhando-se com mais brilho em todas as atividades. Estará sempre em
sintonia com a vibração sutil sem deixar sua mente ser influenciada pelas
propostas externas dos sentidos materiais.

Unindo o aparato externo oferecido pelo ayurveda e a prática meditativa


do yoga eleva-se gradualmente a consciência do ser individual e entra-
se em numa plataforma onde o relacionamento amoroso e íntimo com
o Supremo (paramatma) se torna a única atividade realizada pela alma
espiritual (atma). E está é a meta mais elevada do processo de yoga e o
objetivo último da vida humana.

Asanas do Yoga

Os asanas do Yoga se dividem em dois grupos: as posições de meditação,


em que o praticante apenas se senta no chão com as pernas cruzadas, e as
culturais, que são todas as demais.

O primeiro grupo certamente é o mais antigo, pois temos vários sinetes


do vale do Indo que atestam sua presença naquele tempo. As primeiras
referências aos ásanas remontam às Upanishads tardias, posteriores ao
aparecimento do Hatha Yoga.

A primeira descrição de posturas de meditação aparece no Rig Veda, no


hino VII:103 onde os brahmánas, oficiantes dos sacrifícios, são compara-
dos com um grupo de rãs: “Fazem eco umas às outras com suas palavras,
como se aprendessem a lição do seu mestre.” Ora, esta comparação com
as rãs sugere uma posição sentada. Existem duas palavras em sânscrito
para rã: bhega e manduka. Coincidentemente, estes são os nomes de duas
posições para sentar.
O fato dos ásanas culturais não aparecerem representados em esculturas
de cerâmica ou sinetes de esteatite da cultura do Indus-Saraswatí nem
descritos no Rig Veda, não significa necessariamente que eles não exis-
tissem na época. Apenas achamos muito significativa a ausência destes
exercícios físicos nos mais de 4200 sinetes e esculturas desenterrados nos
sítios arqueológicos da extensíssima área ocupada por esta civilização.

Acreditamos que, se eles se usassem naquele tempo, os cronistas-esculto-


res que deixaram a vida inteira deste povo retratada na pedra não teriam
deixado passar a chance de representá-los, assim como fizeram com deu-
ses, yogis meditando, dançarinos, animais míticos ou reais, e até mesmo
cenas da vida cotidiana. O que aparece no Rig Veda, e que é muito mais
importante que os próprios ásanas, são as técnicas de pranayama, medi-
tação e mantra.

Os textos posteriores à era védica (entre os quais se inclui o Yoga Sútra


de Pátañjali), tampouco mencionam técnicas elaboradas que envolvam
trabalho físico. Será preciso que passem mais alguns milênios da aventura
espiritual hindu, até chegarmos, por volta do século IX da nossa era, à
descoberta do corpo como instrumento de transcendência. Isso acontece
com o surgimento do Hatha Yoga, cuja história se confunde com o mito.
Esta forma de Yoga se nutre das mesmas raízes ancestrais que propunham
a “conquista da imortalidade”, como afirmavam as Upanishads milênios
antes, perseguindo igual objetivo que as mais remotas experiências e prá-
ticas ascéticas da Índia vêdica.

O Hatha Yoga é um método de Yoga tântrico surgido no período me-


dieval (c. s. IX-XII), que almeja o despertamento da energia kundaliní
usando a força física extrema. Constitui um verdadeiro atalho através do
mais violento esforço que o corpo possa suportar. Dá muita importância
à prática de ásana, as posições físicas, ao pránáyáma, os respiratórios, e ao
shat karma, as purificações corporais.
Matsyasana

Alonga os músculos abdominais e do intestinos, aliviando problemas nes-


sa região. É muito útil para asma e bronquite, pois encoraja uma respi-
ração profunda. Promove melhor circulação dorsal aliviando dores nas
costas. Regula as funções das glândulas tiróide e timo. A prática de Shee-
tikari Pranayama nesta postura alivia problemas de garganta e melhora a
voz. A vitalidade e jovialidade é aumentada.

Chakrasana

Tonifica os músculos da cintura , das costas e do quadril. Corrige rigidez


nas costas e problemas posturais. O relaxamento e movimento de balanço
induz a um sentimento de leveza e pode ser usado para aliviar tensões
físicas e mentais a qualquer hora do dia.

Surya-namaskara (saudação ao Sol)

O surya-namaskara é geralmente executado no início das práticas de Ha-


tha-yoga e está totalmente vinculado a este. Nele, o praticante entra em
harmonia com o aspecto mantenedor do Ser Supremo (Surya-narayana)
e restabelece de maneira saudável seus centros de energia (chakras). Toda
a seqüência do Surya-namaskara deve ser feita num estado de atenção
interior, com consciência de cada movimento do corpo e da respiração,
numa atitude reverencial (namaskara).
O Surya-namaskara desenvolve a musculatura do corpo e promove o alon-
gamento não só da região periférica do corpo, mas também do tronco, o
que permite manter a coluna vertebral saudável e com boa mobilidade nas
diferentes articulações. Também massageia os órgãos internos e estimula
o sistema respiratório, endócrino e circulatório. Sua prática atua também
no corpo sutil, pois beneficia os chakras e a circulação da energia prânica.
Ela também aquece o corpo e produz um estado de paz mental.
Deve-se dar preferência pela prática matinal, em jejum ou duas horas
após a refeição. Por ser uma série estimulante, o Surya-namaskara não
deve ser feito imediatamente antes de dormir.
Podem-se encontrar diferentes variações na condução do Surya-na-
maskara, mas basicamente existe uma seqüência típica do Norte da Índia,
e outra do Sul. Mesmo assim, os cuidados com o corpo durante a postura
são de suma importância. Deve-se adequar a postura ao corpo e não o
contrario. É relevante dizer que toda prática de yoga tem como propósito
trabalhar a consciência interior e, portanto, deve-se praticar com total
consciência.
Progresso no Caminho do Yoga

Ensaios Sobre a Filosofia e Teoria do Yoga Sob Prisma do


Vedanta Vaishnava

Diante de tantas variedades que podemos encontrar hoje em dia torna-


se difícil definir se há algum propósito ou não na prática do Yoga. Cada
escola dará uma explicação que tenha haver com sua linha. Mas, então, há
ou não há?
Para tentar esclarecer este ponto levantado buscaremos apoio no Bhaga-
vad-gita. Nele encontramos toda a base do conhecimento essencial a res-
peito da filosofia do Yoga. No capítulo sete, verso quatorze, encontramos
que a energia material também é uma energia divina, pois ela pertence
ao Senhor Supremo. O verso todo diz: “Esta Minha energia divina, que
consiste nos três modos da natureza material, é muito difícil de ser supe-
rada. Mas, aqueles que se rendem a Mim podem facilmente superá-la.”
(Bg 7.14)
A idéia é justamente esta. Superar o enredamento material e viver a ple-
nitude de nossa verdadeira vida, livre de todo o condicionamento causado
pela identificação com a energia material ilusória. Este é o propósito do
Yoga. Independente do sistema de Yoga que você esteja seguindo, é im-
portante compreender este fator.
Mas, por que temos que sair desta situação cômoda da vida material?
É o que se pode perguntar logo de início. A verdade é que somos al-
mas espirituais eternas e estamos vivendo uma realidade temporária. Nela
nunca iremos realmente encontrar qualquer recanto de prazer ou mesmo
paz. Mesmo a dita felicidade material é apenas um pequeno alívio da
constante ansiedade em que vivemos. Isto é artificial. Viver em função
de prazeres efêmeros ou em busca de uma paz que não dure mais do que
quinze minutos é um desperdício de tempo e uma perda da preciosidade
instantânea que é a vida.
O que todos estão buscando é paz, prazer ou felicidade. E tudo isto já se
encontra dentro de nós mesmos, não temos que buscar fora, em algo que
desconhecemos. Temos, apenas, que iniciar esta volta a nós mesmos, um
retorno introspectivo de busca pela nossa essência. É por este motivo que
Krishna está dizendo neste verso que temos que transcender esta energia
material limitada.

Ansiamos por algo pleno e ilimitado. Não faz sentido permanecermos


nesta plataforma limitada. Então, qual é a plataforma real do Yoga?

O propósito do Yoga

Podemos imaginar uma valiosa escultura de metal que com o passar do


tempo fica oxidada e perde sua beleza e brilho. Uma pessoa profissional
na arte de restaurar obras preciosas pode, por meio de polimentos e lim-
peza, recuperar a escultura de metal dando de volta seu brilho original.
Isto se aplica ao ser vivo, à alma espiritual, que após ter passado por mi-
lhões de nascimentos, em diferentes corpos, perde seu brilho original, sua
consciência pura. Devido à força da energia material ilusória, ninguém
é capaz de recuperar sua natureza original sem o auxílio de um Guru, o
restaurador da alma “oxidada”.
Analogamente, o próprio antigo conhecimento sobre o processo de “polir”
a alma espiritual pode, com o tempo, acabar se “oxidando” e perder sua
eficácia no processo de recuperação da alma espiritual.
O processo de polimento é o Yoga e o método de como polir é o Vedanta.
Ou seja, com o tempo o Yoga acabou perdendo sua essência e tornou-se
um processo que, ao invés de “polir” e auxiliar a alma espiritual no seu
trajeto em busca da auto-realização, “oxida” ainda mais a mente e a cons-
ciência do ser vivo.
A tentativa humilde deste trabalho não é a de recuperar a tradição do
Yoga, mas mostrar que ela existe e que o Yoga que conhecemos popu-
larmente está distante desta tradição. Se este ajudar ao menos despertar
a consciência de busca pela tradição, acreditamos que algo de positivo já
tenha sido alcançado.
O mais importante não é tornar alguém um praticante de Yoga, mas,
torná-lo um verdadeiro yogi.
Alcançando o Propósito do Yoga
Devoção Amorosa por Deus

A devoção amorosa por Deus é considerada devoção superior. Ela é des-


crita como sendo totalmente livre de desejos materiais pessoais. Todos os
desejos devem visar a satisfação do Ser Supremo. Isto é devoção pura. O
yogi deve desenvolver este tipo de consciência. Tendo esta atitude, todas
as suas atividades tornam-se livres da cobertura material de atividades
fruitivas e especulação mental inútil.

Assim, no estágio avançado de yoga todas as atividades do corpo, da fala


e da mente são direcionadas para o prazer de Sri Krishna. Isto é apenas
uma pequena descrição dos sintomas que ocorrem quando se desenvolve
devoção pura por Deus.

A plataforma real do yoga é a plataforma da devoção amorosa pelo Senhor


Supremo. E isto sem nenhuma relação religiosa limitadora ou dogmática.
Yoga significa conectar-se com o Supremo e esta conexão é efetuada atra-
vés do desenvolvimento gradual da devoção amorosa pelo Senhor.

Compreendendo o Propósito do Yoga


Temor e Amor

Como desenvolver devoção pura? Certamente não por meio de obriga-


ções forçadas. Tudo que se torna obrigatório gera temor. Tudo que é feito
de maneira natural e espontânea gera amor.
Então, a devoção é o fruto natural de um relacionamento que o yogi deve
passar a desenvolver com Deus e ele surge da atitude de servir a Krishna
com mente, palavras e atividades.
O temor nos limita e nos torna escravos da mente aflita. Mas, o amor é o
que move, alimenta e nutre a determinação devocional do yogi que deseja
avançar no processo autêntico de yoga.
Yoga não é meramente aperfeiçoamento de posturas e respiração. Sem
devoção qualquer processo de yoga torna-se mero exercício físico, que
sem dúvida nenhuma tem seus benefícios a nível de corpo. No entanto,
yoga se refere ao nível mais profundo da consciência; yoga é a ciência que
nos leva a restabelecer nosso eterno relacionamento com o Supremo. Este
relacionamento nada mais é do que agir com a atitude de serviço devocio-
nal amoroso para a satisfação plena da Pessoa Suprema, Deus.

Executando o Propósito do Yoga


Usando as atividades como yoga

Na visão do Yoga existem dois tipos de atividades: 1) pravritti – atividades


movidas pela própria natureza do executor, por sua inclinação natural,
tendência, inclinação, propensão e habilidade em exucutar certo tipo de
atividade. Assim, ele pode utilizar suas atividades como um meio para o
Yoga; 2) nivritti – a cessação ou renúncia das atividades. Neste caso as ati-
vidades não são abandonadas, mas internalizadas e executadas como uma
oferenda ao Ser Supremo. Desse modo o yogi não se apega aos resultados
de suas atividades, pois elas são realizadas para o prazer do Senhor. Esta
conexão interior com Deus é o mais elevado estágio de Yoga.
Num sentido nivritti envolve pravritti, pois usando todas as suas habili-
dades para a satisfação da Personalidade de Deus alcança-se o desapego
natural pelos resultados ou frutos das atividades. Isto é servico devocional
amoroso ao Supremo. Esta deve ser a consciência do verdadeiro yogi –
consciência de Bhakti.
Os Dois Tipos de Almas Que Praticam Yoga

No Srimad Bhagavatam, clássico da literatura Védica, também conhecido


como Bhagavat Purana, encontramos duas definições de almas espirituais
que buscam pelo processo de Yoga. São eles: mahatma e duratma.
O termo mahatma já é conhecido. Mahatma significa uma grande alma,
alguém que possui uma consciência mais reflexiva e devotada. Podemos
entender o mahatma através de sua atitude no relacionamento com outras
pessoas. Ele é sempre misericordioso, pacífico, austero, vê todos os seres
relacionados com a Suprema Personalidade de Deus. Ele sempre se guia
pelas escrituras Védicas e pelo mestre espiritual. Mahatma é o verdadeiro
yogi. Sua consciência está sempre buscando por realização espiritual. Tal
grande alma tem toda chance de alcançar o objetivo último do Yoga, po-
rém, pelo Bhagavad-gita sabe-se que tal grande alma é muito rara de ser
encontrada. Após muitas encarnações é que uma alma aceita se submeter
a um processo sério e verdadeiro de auto-realização. Estas poucas almas,
com certeza, deixam seu falso ego de lado e dedicam-se inteiramente na
busca pela perfeição espiritual: o amor puro por Deus.
Por outro lado, o duratma, como o próprio termo ‘dura’ indica, é aque-
le que possui um coração duro, uma consciência aguda. O duratma está
sempre buscando por algum refúgio na matéria, pois sua prática de Yoga
é apenas corpórea, sem nenhuma realização espiritual. Toda sua meta no
processo de Yoga é meramente ganhar prestígio hedonista. Um duratma
não consegue ver além do véu ilusório da realidade e, por este motivo,
todos os seus esforços são feitos em busca de benefícios materiais, uni-
camente. Na mente de um duratma, Yoga e Espiritualidade são tópicos
separados e incompatíveis. Este é um grande equivoco que já contaminou
ao longo da História, a consciência de uma boa parte das pessoas (até
mesmo sinceras) que buscam pelo processo de Yoga.
Temos assim, uma breve idéia de toda atmosfera que envolve o Yoga atu-
almente.
Em essência, todos nós somos almas espirituais puras (nitya-siddhas), e,
portanto, todos têm o potencial para realizar o mais elevado estágio do
Yoga. Independente de classe social, faixa etária, raça ou nível intelectual
o Yoga é para toda e qualquer pessoa que queira realmente sair do ciclo de
sofrimento existente no mundo material.
O problema todo se resume no falso ego, na falsa identificação com as
designações corpóreas (sou brasileiro, homem, belo, rico, inteligente...).
Enquanto não se vence estas restrições arraigadas no interior da consciên-
cia, o yogi não pode fazer muito progresso seguro no caminho auspicioso
do Yoga. Envolvido pelo falso ego, o pseudo yogi permanece um duratma
por vidas e vidas e nuca aceita sua relação íntima com o Senhor Supremo.
Tal pessoa egoísta não respeita outros seres vivos como seres dignos do
direito de viver; nem respeita outras pessoas que, por sua ignorância, julga
serem menos importantes do que ele.
Com esta consciência limitada, o yogi duratma não encontra felicidade
em nenhuma circunstância, por mais que a procure. Isto se deve ao fato
de que por possuir uma consciência material, seu refúgio é sempre na
plataforma material, a qual Krishna define no Bhagavad-gita como sendo
duratyaya, muito dura ou difícil de ser superada. Observem que temos ai
a mesma raiz gramatical, ‘dura’.
A conclusão é que o yogi deve vencer sua identificação ilusória com o
corpo e ser um mahatma, vendo todos os seres em relação com a Pessoa
Suprema. Só assim pode-se alcançar a plenitude da comunhão devocional
amorosa com a Suprema Personalidade de Deus.

Yoga na Prática

Podemos entender que Yoga é uma prática que envolvendo o corpo, a


mente e as palavras. Isto é o que podemos chamar de cultivo ou aplicação
do processo de Yoga. É um processo interno e concentrado. Como Krish-
na diz no Gita, o yogi deve ter uma inteligência fixa e indesviável; em
outras palavras, uma inteligência determinada em seu objetivo real. Sem
o qual o processo de Yoga se torna difícil e lento.
Quando é executado com conhecimento filosófico de Bhakti, o yogi segue
o processo (anusilan) cultivando o conhecimento ou aplicando-o na sua
vida diária. Esta é a maneira de se alcançar a perfeição da Yoga, pois quan-
do se aplica ou vivencia na prática o processo de Yoga (pravrttyatmak), em
relação com Krishna, realiza-se perfeitamente o estágio mais elevado da
devoção amorosa (Bhakti).
Por este motivo seguir um caminho ou um processo (anusilan) adequa-
damente requer uma clara definição dos objetivos que se deseja através
do Yoga.
Por outro lado, a execução de qualquer processo de Yoga sem consciên-
cia spiritual, ou conhecimento de Bhakti, perde-se o ímpeto e o desejo
de executar as atividades com cosnciência devocional, com consciência
espiritual. É necessário entender que tudo na realidade tem uma íntima
relação com Deus, Krishna. Nada está sem relação com Ele.
Esta aceitação pode ser evidenciada quando o yogi aceita as instruções
autorizadas de um mestre espiritual fidedigno.
Na instância da realização interna, isto é, da contemplação atenta e cons-
ciente de sua realidade espiritual, o yogi sente dentro de si uma bem-
aventurança transcendental permanente. É desta realização interna que
se tem origem a verdadeira paz que, quando vivenciada com devoção,
desenvolve a essência da fé.
O verdadeiro yogi pode estar em qualquer ambiente, a qualquer harário,
nas mais inesperadas situações que nada poderá abalá-lo. Isto se deve à
atitude interna que o yogi assume. Uma atitude interna de serviço devo-
cional amoroso ao Senhor Krishna e aos Seus devotos. A palavra ‘Krishna’
é usada para se referir a ‘Suprema Personalidade de Deus’. Sem uma forma
de Deus não há como meditar nEle. Sem uma forma pessoal para onde
possamos direcionar nossa mente e inteligência não há como manter-
se concentrado no objetivo mais elevado do Yoga. É pura enganação. É
tentar enganar a própria mente com convenções limitadas da razão. Deus
em Sua forma pessoal está além da razão limitadora. Mas Ele só pode ser
completamente compreendido através da simples razão natural do amor
puro. E este amor é o que denominamos Bhakti.
Portanto, quando o yogi sente seu coração inundado de amor por Deus
podemos considerar que ele alcançou o estágio mais elevado do Yoga e
que em todas as suas atividades ele estará sempre consciente de Krishna,
de Sua presença em tudo e em todos. Assim, na prática, o yogi pode rea-
lizar a Verdade Absoluta.

Reconhecendo Um Yogi Por Sua Atitude

Muito se tem ouvido falar sobre Yoga. Muitas publicações e debates; es-
colas, academias e até mesmo universidades. Mas pouco - ou praticamen-
te nada - se fala sobre como age um verdadeiro yogi.
Primeiro como já foi definido: Yoga é um processo científico milenar que
sendo praticado com seriedade e devoção, sob as orientações de um ins-
trutor que segue as escrituras de filosofia do Yoga, pode garantir a libera-
ção do praticante. Sabemos que não somos o corpo, mas uma alma espi-
ritual eterna que habita o corpo. Sair deste cárcere corpóreo é o desejo e
a meta da alma espiritual. Mas o que motivou o envolvimento desta alma
espiritual na energia material e seu conseqüente aprisionamento? Muito
simples: o desejo!
Quando corporificada, a alma – que possui desejos puros e espirituais –
não deixa de desejar. Mas, por estar envolvida e condicionada pela mente
e os sentidos do corpo, seus desejos se tornam desejos materiais, isto é,
impuros. Estando totalmente envolvida por tais desejos a alma utiliza o
corpo e suas facilidades para tentar satisfazer seus desejos que, em última
análise, são desejos de satisfação do próprio ego, seu eu pessoal.
Como encontramos nas escrituras, como o Bhagavad-gita, a atitude natu-
ral da alma espiritual é servir ao Ser Supremo e não a si própria.
Surge então, nossa primeira definição sobre a atitude de um yogi. A pró-
pria palavra ‘yogi’ significa ‘aquele que está conectado no serviço ao Su-
premo’. O yogi ocupa todo o seu tempo e atividade em dar prazer ao Ser
Supremo. Dentro de si mesmo, ele medita no Senhor e oferece mental-
mente tudo que está ao seu alcance ou tudo que está tendo alguma relação
com ele. Por exemplo: alguém que preparou uma refeição saborosa, sem
carne, peixes ou ovos pode oferecer esta preparação a Deus. Ou alguém
que trabalhe durante todo o seu dia pode dedicar todos os seus afazeres de
negócios, cada instante, ao Senhor Supremo meditando: ‘ó meu Senhor,
tudo que posso Te oferecer neste momento são estas atividades que estou
realizando, através das quais, por Sua graça, me concedes a vitalidade ne-
cessária para trabalhar e meditar em Ti’.
Isto é o mais importante: não nos esquecermos de Deus um minuto. Isto
é um verdadeiro yogi. E sendo assim, tudo que ele faz é em consciência
espiritual, vendo que Deus está lhe acompanhando a todo o momento
e que sua finalidade é servir com amor esta Pessoa Suprema que habita
nossos corações.
O contrário disto é chamado ‘bhogi’, ou ‘aquele que quer desfrutar sem
Deus’, sem lembrar que Ele existe e que tudo pertence a Ele. Sem esta
consciência, que é a consciência do yogi, a alma espiritual segue pela es-
curidão do mundo material na tentativa de assumir a posição de Deus:
querendo ser o desfrutador supremo. No Bhagavad-gita encontramos as
características que tornam o yogi reconhecível. É justamente na maneira
como se comporta, como fala e age que deixa claro que tal pessoa é um
yogi verdadeiro. Desse modo vemos que há duas atitudes que podem ser
tomadas pela alma espiritual: servir (yogi) ou desfrutar (bhogi). Nos dois
casos o que motiva a ação de servir ou a ação de explorar é o desejo.
O mesmo desejo que prende pode libertar. Depende de nossa atitude.
Considerações Acerca da Espiritualidade na Prática do
Yoga

Estamos passando por um momento em que vemos nitidamente os rumos


que cada estilo de yoga conduz. A tendência será de que cada instrutor
qualificado dará sua própria condução e criará seu estilo particular.

O resultado ainda é incerto, mas podemos aguardar para contstatar que


sem bases na tradição Vedanta do yoga nada terá vida longa. Será o mo-
mento de ver quem realmente foi um yogi e não apenas um praticante
especializado e habilitado em exercícios físicos.

Só podermos medir o avanço em yoga através da conduta integral de


quem realmente pratica. Os traços são espirituais.

Pequeno Conceito Sobre Meditação

Meditação é somente você ser a pessoa que você é. É estar em sintonia


com a Suprema Personalidade da Divindade, Krishna.

Você é dotado de um corpo, de sentidos e de uma mente, que tem me-


mórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de todos eles. Você é
uma pessoa, na visão física e espiritual. Uma pessoa (física) se torna uma
personalidade por causa dos medos, ansiedades e muitos outros proble-
mas. Raivas, invejas, inseguranças, tudo isso faz de uma pessoa uma per-
sonalidade. Tudo isso é criado por você mesmo. Na meditação você reduz
todas as situações a simples fatos. Quando você aceita as situações, elas se
tornam simples fatos para você. E a única realidade é sua realidade pessoal
como ser espiritual, com corpo espiritual e relacionando-se com o Ser
Espiritual Supremo, a Pessoa Suprema.

Quando rejeita as situações, você se torna uma personalidade no sentido


material e se esquece de sua natureza espiritual. O fato é que você é uma
pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objeto de seus
sentidos, está o mundo. Quando você apenas vê fatos, você é uma pessoa
que não exige nem necessita de coisa alguma. Quando você é uma pessoa
que exige ou necessita de alguma coisa, nesse momento está interagindo
com o mundo. Quando apenas aprecia o mundo, você é somente você
mesmo, e o mundo é como ele é. Você não está exercendo papéis. O pro-
blema é que cada papel acumula resíduos. Portanto, você tem que neu-
tralizar e remover esses resíduos, para você ser o que é e as coisas serem o
que elas são. No processo da meditação os resíduos devidos aos papéis são
neutralizados. Meditação é ser independente de papéis. Esse estado de
não fazer papéis não é desconhecido para você. Quando olha para as es-
trelas de noite no céu, que tipo de pessoa você é? É uma pessoa que exige
alguma coisa? É uma pessoa com raiva? “Que céu inútil!”. Você diz isso?
Você é uma pessoa que quer que o céu seja diferente? Se for, seu problema
é mais sério do que eu possa resolver (eu aceito minhas limitações...).

A vida material é feita de fatos. A vida espiritual é feita de devoção à Su-


prema Personalidade da Divindade. Dedicar-se a pensar nEle enquanto
executa seus deveres diários é meditação.

Se o céu e as estrelas não evocam em você uma pessoa exigente, então


você descobre que é uma pessoa não exigente e apreciativa. Você pode ser
essa pessoa em relação a qualquer situação, porque qualquer situação é um
fato tanto quanto o céu e as estrelas o são. Da mesma forma como você vê
o céu e as estrelas, deve ver as nuvens e a chuva, os vales e as montanhas, os
rios e os riachos, os lagos e as lagoas, uma árvore, um inseto ou uma flor.
Isso deve ser uma atitude muito natural de sua parte. Se você aprecia essa
bela pessoa, que é não exigente e apreciativa, você deve ser essa mesma
pessoa em relação às pessoas e às coisas que lhe incomodam.

Isso é o início da meditação. Isso põe as coisas como elas são e você como
você é. Vamos fazer isso agora.
Seriedade com a Filosofia do Yoga

Do mesmo modo que tivemos um trabalho acadêmico desmontando


todo o quebra-cabeça falacioso a respeito da Arqueologia e da Origem
Humana difundido pelos intelectuais dos últimos dois séculos, teremos
que apresentar também um trabalho consistente e preciso sobre a verda-
deira origem do Yoga e sua definitiva conclusão Vedanta, pois cada vez
mais me assusto por estar sempre encontrando textos de todos os níveis
apresentando disparates como sendo verdade absoluta quanto ao Yoga.

É uma loucura o que estão divulgando com relação ao Vedanta, Yoga-


sutra, Sankhya e demais temas relacionados com a filosofia original do
Yoga.

Estamos preparando o terreno literário para a defesa do patrimônio inte-


lectual do Yoga para a Humanidade.

Estabelecendo Bhakti-yoga no Ocidente: Quem é Srila


Prabhupada?

Sua Divina Graça A.C Bhaktivedanta Swami Prabhupada nasceu no ano


de 1896, em Calcutá, Índia. Ele encontrou-se pela primeira vez com seu
mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaj, em
Calcutá, no ano de 1922. Bhaktisiddhanta Sarasvati, um preeminente
erudito devocional e o fundador de sessenta e quatro Gaudiya Mathas
(institutos védicos), gostou desse jovem educado e convenceu-o a dedicar
sua vida a ensinar o conhecimento védico. Srila Prabhupada tornou-se
seu discípulo e onze anos mais tarde (1933) em Allahad tornou-se seu
discípulo em caráter formal. No primeiro encontro que tiveram em 1922,
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura pediu que Srila Prabhupada
difundisse o conhecimento védico em língua inglesa. Nos anos que se
seguiram, Srila Prabhupada escreveu um comentário sobre o Bhagavad-
gita, ajudou a Gaudiya Matha em seu trabalho e em 1944, sem a ajuda
de ninguém, deu início a uma revista quinzenal em inglês, redigindo-a,
datilografando os manuscritos e revisando as provas. Ele próprio distri-
buía individualmente os exemplares gratuitamente e lutava para manter a
publicação. Desde então, a revista chamada “Volta ao Supremo”, continua
sendo publicada ininterruptamente; agora no Ocidente seus discípulos
continuam a publica-lá em mais de trinta línguas. Reconhecendo a erudi-
ção filosófica e a devoção de Srila Prabhupada, a Sociedade Gaudiya Vais-
nava honrou-o em 1947 com o título “Bhaktivedanta”. Em 1950, aos 54
anos de idade, Srila Prabhupada retirou-se da vida de casado, adotando a
ordem de vida retirada (Vanaprastha), a fim de dedicar mais tempo a seus
estudos e escritos. Srila Prabhupada viajou para a cidade santa de Vrin-
davana, onde viveu de maneira humilde no templo medieval e histórico
de Radha-Damodara. Dedicou-se ali durante vários anos a estudar pro-
fundamente e a escrever. Aceitou a ordem de vida renunciada (Sannyasa)
em 1959.

Em Radha Damodara, Srila Prabhupada começou a trabalhar na obra


prima de sua vida: uma tradução em muitos volumes, com comentários,
dos dezoito mil versos do Srimad-Bhagavatam (Bhagavata-Purana). Es-
creveu também “Fácil Viagem a Outros Planetas”. Após publicar três
volumes do Bhagavatam, Srila Prabhupada foi para os Estados Unidos
em 1965, a fim de cumprir a missão de seu mestre espiritual. Desde essa
época, Sua Divina Graça escreveu mais de sessenta volumes de traduções,
comentários e estudos sumários autorizados sobre os clássicos filosóficos-
religiosos da Índia. Quando em 1965 chegou pela primeira vez à cidade
de Nova Iorque num navio de carga, Srila Prabhupada não tinha pratica-
mente um centavo. Foi só depois de quase um ano de muita dificuldade
que ele fundou a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna
em julho de 1966. Antes de seu desaparecimento no dia 14 de novembro
de 1977, ele orientou a Sociedade e viu-a desenvolver-se numa confede-
ração mundial com mais de cem Asramas, escolas, templos, institutos e
comunidades rurais.Em 1968, Srila Prabhupada criou Nova Vrndavana,
uma comunidade védica experimental nas colinas da Virgínia Ocidental.
Inspirados pelo êxito de Nova Vrndavana, que se tornou próspera comu-
nidade rural com mais de 168 alqueires, seus discípulos desde então têm
fundado diversas comunidades semelhantes em todo mundo.

Em 1972, Sua Divina Graça introduziu o sistema védico de educação


primária e secundária no Ocidente, ao fundar a primeira escola Gurukula
nos Estados Unidos. Desde então, sob sua supervisão seus discípulos têm
estabelecido escolas Gurukula no mundo inteiro, com o principal centro
educacional estabelecido em Vrndavana, Índia.Srila Prabhupada também
inspirou a construção de vários centros culturais internacionais na Índia.
O Centro em Sridhama Mayapura na Begala Ocidental é a área para
uma cidade espiritual planejada, um projeto ambicioso cuja construção
vai se estabelecer pela próxima década. Em Vrndavana, Índia, encontra-
se o magnífico templo de Krshna e Balarama, a Casa Internacional de
Hóspedes e o Monumento a Srila Prabhupada. Há também um grande
centro educacional em Bombaim. Há planos para se estabelecer outros
centros em uma dúzia de outros locais importantes do subcontinente in-
diano. No entanto, a contribuição mais significativa de Srila Prabhupada
são seus livros. Altamente respeitados pela comunidade acadêmica, dada
a sua autoridade, profundidade e clareza, esses livos são adotados como
livros didáticos normativos em numerosos cursos universitários. Os escri-
tos de Srila Prabhupada têm sido traduzidos para trinta e cinco línguas.
Estabelecida em 1972 exclusivamente para publicar as obras de Sua Di-
vina Graça, a “Bhaktivedanta Book Trust” tornou-se assim a maior edi-
tora mundial de livros no campo da religião e da filosofia indiana. Em
apenas doze anos, apesar de sua idade avançada, Srila Prabhupada viajou
pelo mundo quatorze vezes, dando conferências sobre a consciência de
Krishna e ajudando seus discípulos na administração da Sociedade e no
fomento de novos projetos.

Apesar de suas constantes viagens, Srila Prabhupada sempre escreveu


prolificamente, e suas obras constituem verdadeira biblioteca de filosofia,
religião e cultura védicas. “ Srila Prabhupada não foi apenas outro erudito,
guru, místico, professor de yoga ou instrutor de meditação oriental. Ele
foi a corporificação de toda uma cultura, a qual implantou no Ocidente.”
Ateísmo como aversão

S.S. Hrdayananda Das Gosvami mostra em seu livro “A morte do Ateís-


mo” que o ateísmo é uma forma de se aversionar a tudo e a todos. Ateísmo
como base da aversão. Ser aversionado a algo ou alaguem é estar aversio-
nado a Deus.

Identificar-se com a realidade material é como identificar-se com o per-


sonagem que assumimos num jogo dentro de uma realidade virtual, ao
tomar um tiro eu sofro da mesma forma sofremos com a realidade que se
choca com este corpo virtual.

Religião = religar - Experiência estética como uma experiência religiosa.

A mesma essência está na estética e está em tudo o que nos dá alguma


forma de satisfação. Qualquer fato externo pode nos dar uma idéia de
religar com nosso intimo - isto no contexto pós-moderno de religião.

Hegel questiona o estar no mundo de uma maneira global, macrocósmi-


ca e impessoal. Kiekgard questiona reduzindo toda análise ao indivíduo
em particular, são dois conceitos que marcam ainda hoje o que é religião
dentro do cânone secular.

A religião dentro do capitalismo. Tudo isto como dharma material e tem-


porário, referente ao corpo e karma. Sanatana-dharma: a realidade intrín-
seca da alma com Deus.

Yoga não é Hedonismo!

Yoga sem filosofia é puro hedonismo. Recentemente estive numa em Ita-


quatiaia e pude realizar que Yoga e surf não são em nada compativeis..., se
estamos querendo praticar yoga deveremos controlar o gozo dos sentidos.
E surf é total gozo dos sentidos baseado no corpo. Fuja de tal propagan-
da!

Não somos seres humanos buscando por experiências espirituais, mas se-
res espirituais vivendo experiências humanas.
Hatha-yoga e a Essência Completa

Situe-se

A palavra ‘yoga’ deriva da raiz sânscrita ‘yuj’ e significa conectar, unir ou


juntar (daí, resquícios fonéticos na Língua Portuguesa deram origem às
palavras ‘conjugar’, ‘conjugue’). Com este conceito, entendemos que yoga
é o processo que conduz à compreensão de nossa verdadeira essência e
identidade. Em outras palavras, conectar ou unir a consciência individu-
al externa à consciência individual original. Esse processo está inserido
numa tradição cultural e filosófica milenar e tem como objetivo conduzir
o praticante à auto-realização. Neste caminho incorpora-se e amplia-se a
percepção do mundo, do relacionamento sensível com este mundo e com
todos os seres que o habitam. Ao chegar a um estágio mais avançado de
percepção, elimina-se a sensação de estar incompleto no mundo, na vida
ou dentro de si mesmo.
Todos nós já tivemos alguma experiência parecida: aquela sensação de va-
zio e deslocamento do mundo; parece que nada faz sentido por mais que
tentemos nomear, sentir ou experimentar; todas as referências parecem
ter se dissolvido no tempo e a cada passo que damos sentimos como se
caíssemos num precipício.
Os mais otimistas dirão: “É só um momento, uma fase na vida, tudo vai
passar, não se preocupe.” Mas se você não procurar fazer algo sua vida
ganhará cada vez mais um horizonte denso, sombrio e nebuloso. Neste
momento, certifique-se de que você já está desenvolveu uma perspectiva
negativa diante da vida. É preciso tomar uma atitude enérgica. Imediata.
Em sânscrito o antônimo da palavra ‘yoga’ é ‘ayoga’ e seu significado é
claro: desconectado, desunido, incompleto. Neste estado perde-se qual-
quer referencial saudável ou seguro. A causa se deve à simples falta de
consciência interior, consciência do Ser, e as conseqüências são drásticas:
ansiedade, tensão, frustração, depressão, fobias e demais sintomas de um
quadro progressivamente degradante. Entretanto, os antigos sábios e yo-
gis sabiam como estabilizar internamente as influências sutis do mundo
fenomenal e as sublimes experiências místicas do mundo interior através
do sistema de yoga.

Conecte-se

Dentre os mais variados estilos e processos de yoga o Hatha-yoga é o


mais conhecido e popularizado no Ocidente, e isto o torna acessível a
qualquer pessoa interessada em conquistar seu equilíbrio físico e mental.
Hatha-yoga é um sistema introduzido por Swatmarama Yogi em meados
do século XV, na Índia. No final do século XIX esta modalidade de yoga
difundiu-se intensamente fora do Antigo Continente. Sua prática visa
especificamente saúde mental e física. Além disso, Hatha-yoga restabe-
lece toda vitalidade perdida na interação diária a que estamos envolvidos,
interação esta que consequentemente acarretara estresse, fadiga, angústia
e depressão.
O Hatha-yoga é um caminho holístico que inclui disciplinas éticas, exer-
cícios físicos de posturas, respiração controlada e prática de meditação.
Ela deriva de um importante tratado conhecido como Hatha Yoga Pra-
dipika, que é considerado um clássico do Hatha-yoga. Esta obra, compi-
lada por Swatamarama Yogi é baseada em textos mais antigos, tal como
Bhagavad-gita, Srimad-Bhagavatam e Yoga-sutra. Toda sua didática e
metodologia resultaram da própria experiência prática de Swatamarama
Yogi, que seguiu os preceitos estabelecidos pelas escrituras anteriores.
A palavra ‘há’ ‘tha’ nos dá uma idéia de energias opostas: positivo e nega-
tivo. Desse modo, o processo de Hatha-yoga busca o equilíbrio do corpo
e mente através de posturas físicas, controle respiratório, relaxamento e
meditação. No Ocidente, Hatha-yoga é visto como sinônimo de posturas
(asanas). E muitos são os benefícios das posturas do Hatha-yoga, tais
como desbloquear os campos energéticos do corpo sutil, o que diminui
as dores e mau funcionamento dos órgãos devido à retenção de energia
em determinadas áreas do organismo. Quando desbloqueada, esta energia
flui por todos os canais prânicos do corpo, e dá mais vitalidade, entusias-
mo e tranqüilidade mental.
Além dos asanas, outro importante veículo da prática de Hatha-yoga é
o processo de respiração controlada (pranayama). ‘Prana’ é a energia vi-
tal ou a força da vida e ‘yama’ significa regular ou controlar o prana. Em
outras palavras, pranayama visa utilizar e direcionar a força vital para a
meditação e elevação espiritual. Além disso, os pranayamas geram força
e uma infinidade de benefícios à saúde física e mental, e promove as con-
dições favoráveis à prática da meditação. A estrutura básica do pranaya-
ma consiste em exalar (rechaka), inalar (puraka) e reter o ar (kumbhaka).
As práticas mais avançadas de pranayama requerem a orientação de um
instrutor qualificado, pois, segundo alguns mestres do yoga tradicional, a
prática incorreta pode resultar em neurose, problemas adrenais e distúr-
bios de sanidade mental.
É de conhecimento geral que o Hatha-yoga, bem como qualquer siste-
ma autêntico de yoga, visa transcender a consciência corpórea, embora
no Hatha a metodologia utilizada baseia-se no fortalecimento do corpo
físico. O motivo é que para se desenvolver o autoconhecimento é preciso
se conhecer bem o corpo e seu funcionamento, bem como seus limites e
necessidades. Após esta etapa é possível se conhecer com mais detalhes a
mente e suas variadas manifestações de desejos e anseios. E, finalmente,
conhecer a própria essência eterna que mantém a vida no corpo temporá-
rio. Assim, o processo de Hatha-yoga faz um trabalho de conscientização
da realidade externa para a fonte interior do Ser.
Quanto à prática, os asanas devem ser praticados com consciência e con-
centração. O mesmo se aplica aos pranayamas, sempre respeite os limites
do corpo e busque alcançar relaxamento e consciência do momento pre-
sente.
Atualmente encontramos centenas de posturas, das mais simples às mais
complexas. Porém, originalmente, o Hatha-yoga era constituído de pou-
cas dezenas de asanas clássicos praticados por yogis em períodos históri-
cos remotos e registrados em escrituras como Srimad-Bhagavatam.

Realize-se

Atualmente o yoga já é aceito como uma arma eficaz contra os gran-


des males que arriscam afetar este século, os males da mente. Após saber
dos benefícios alcançados pela simples prática de posturas e respiração
controlada, procure um bom instrutor de yoga e inicie esta nova jornada
em sua vida. Permita-se transformar-se e progredir rumo a um horizonte
sempre em expansão. Viva a plenitude de seu Ser.

Três Peneiras - Para bons humanos

Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo


sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e per-
guntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? - Três
peneiras? - indagou o rapaz. - Sim! A primeira peneira é a VERDADE.
O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar,
a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve,
então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai con-
tar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do
próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar
ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar?Resolve
alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta? Arremata
Sócrates: - Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu
irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será
uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia
entre irmãos, colegas do planeta.

Yoga!

Yoga é o eterno relacionamento amoroso com a Suprema Divindade Ab-


soluta. Quando restabelecemos este relacionamente, então estamos em
Yoga. Fora isto, seremos apenas praticantes de asanas e pranayamas. Mas,
onde fica o auto-controle, a austeridade, o celibato e a meditação?
Não há yoga sem espiritualidade, introspecção ou Krishna.

Por um lado é muito bom vermos escolas de yoga por todo lado. Até no
shooping. Por outro, vemos que agora há uma febre de instrutores de yoga
que mais se parecem com “top-yogi-model”. Já viu algum?

Não gosto deste tipo de texto, mas há necessidade de brincar um pouco


com a banalidade, pois niguém está muito interessado em filosofia. Ape-
nas uma pequena pose, quero dizer, postura.

Vamos falar um pouco mais filosófico?


Evolução do Teismo – A Ciência do Yoga Revelada na
Bhagavad-gita

Este é um resumo do que foi estudado no Módulo I do Curso, tratando


sobre as principais filosofias do yoga.

Introdução

Yoga: caminho do auto-conhecimento; aham brahmasmi (eu sou espírito)


é essência do Yoga; sem filosofia o yoga é apenas exercício físico e ativida-
de corpórea; yoga é o restabelecimento da eterna relação entre o ser vivo e
o Ser Supremo; aspecto filosófico se faz relevante na prática do yoga.

Guru-parampara: Sucessão discipular que mantém genuíno o conheci-


mento transcendental. evam parampara-praptam imam rajarsayo viduh
(Bhagavad-gita 4.2)

1. Sri Krishna 17. Brahmanya Tirtha


2. Brahma 18. Vyasa Tirtha
3. Narada 19. Laksmipati
4. Vyasa 20. Madhavendra Puri
5. Madhvacarya 21. Isvara Puri
6. Padmanabha 22. Lord Caitanya
7. Nrhari 23. Rupa Goswami
8. Madhava 24. Raghunatha, Jiva
9. Aksobhya 25. Krsnadasa
10. Jayatirtha 26. Narottama
11. Jnanasindhu 27. Visvanatha
12. Dayanidhi 28. (Baladeva Vidyabhusana) Jagannatha
13. Vidyanidhi 29. Bhaktivinoda
14. Rajendra 30. Gaurakisora
5. Jayadharma 31. Bhaktisiddhanta Sarasvati
16. Purusottama 32. A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
(Guru-parampara Brahma-madhva sampradaya vaishnava)
Escrituras Reveladas (Srut-sastras / Smrti-sastras): os principais textos
da filosofia védica foram mantidos por milênios na tradição oral e são
denominados sruti-sastra, ou escrituras de ampla profundidade filosófica
dirigida à classe intelectual da sociedade humana. Porém, o srut-sastra
não inclui toda literatura védica, apenas os quatro vedas originais. Além
deste há os Puranas e Itihasas que compõem o quinto veda (smrti-sastra)
e possuem o mesmo conteúdo do sruti-sastra, mas ilustrado com extensas
narrativas históricas.

Cosmologia Védica: da Pessoa Suprema (param-purusha) se manifestam


três expansões de Vishnu. O primeiro deles, Maha Vishnu, antes de ini-
ciar sua atividade de arquitetar o universo, recebeu todo o conhecimento
transcendental diretamente do param-purusha, isto há mais de 155 qua-
trilhões de anos. Por isto, tal conhecimento é definido como apaurusheya,
não contaminado pela natureza material e humana.

Cinco Verdades Essenciais da Filosofia Védica (panca-tattva)

1) Isvara – Supremo Controlador, criador, mantenedor e destruidor de


toda manifestação.

2) Jivatma – ser vivo individual e parte integrante do Ser Supremo, Isva-


ra.

3) Prakrti – energia material criativa que compõe todo universo (terra,


fogo, ar, água e éter).

4) Kala – o tempo eterno e transcendental que tudo permeia.

5) Karma – ações e reações de atividades fruitivas

Seis Sistemas Filosóficos da Tradição Védica (Sad-darshana)

1) Nyaya (lógica) de Gautama – Isvara e Prakrti são idênticos; ambos são


criados pela mesma fonte; Isvara é matéria; toda análise é reducionista;
visa a negação completa da existência espiritual.

2) Vaisesika (teoria atomística) de Kanada – átomos são eternos e indi-


visíveis; tudo é gerado do átomo, a causa imediata; Isvara é somente o
destruidor; nunca são dissolvidos como a matéria; suas qualidades são
temporárias; qualidades surgem da transformação atômica da natureza; a
jiva se realiza em sua eternidade sem identidade ou qualidades inerentes.

3) Samkhya (discriminação e análise metafísica da matéria e espírito) de


Kapila – prakrti é a causa primordial da matéria; a criação ocorre sem a
presença de Isvara; ateísmo; seu propósito é reintegrar a jiva a prakrti.

4) Yoga (disciplinas da auto-realização) de Patañjali – tanto Isvara quan-


to jivatma são onipenetrante; prakrti é a independente causa original de
todas as causas; mukti ou liberação é a cessação da dor e sofrimento; sa-
mkhya e yoga possuem a mesma conclusão filosófica sobre Isvara e Prakr-
ti; ateísmo. Sua meta é a auto-realização do ser individual na energia im-
pessoal (brahmajyoti) de Isvara.

5) Karma-mimamsa (ciência das atividades fruitivas) de Jaimini - dhar-


ma e karma provêm de Isvara; as reações fruitivas provêm do karma; visa
benefícios materiais e elevação aos planos celestiais para desfrute senso-
rial mais refinado.

6) Vedanta (ciência da auto-realização) de Vyasa. Isvara é a causa original


de todas as causas; todas as expansões e manifestações estão subordinadas
a Ele; há igualdade qualitativa entre jiva e Isvara; ambos possuem indivi-
dualidades eternas; conduz ao restabelecimento do eterno relacionamento
da jiva com Isvara.

Três Linhas do Hinduismo

O Hinduismo é uma manifestação cultural e religiosa que tem como base


a trindade (trimurti) Vishnu, Brahma e Shiva. Da adoração a estas três
deidades é que surgiu o conceito hindu como conhecemos atualmente.
Cada adoração gerou sua própria linha de doutrina baseada nos Vedas.
São elas:

- Smarta-brahmanismo – adoração a Brahma, semideus da criação que


rege raja-guna (paixão).

- Shiva-shaktaismo - adoração a Shiva, semideus da destruição que rege


tama-guna (ignorância).

- Sri Vaishnavismo – adoração a Vishnu, a Divindade em sua categoria


de mantenedor que Se expande da Verdade Absoluta e rege sattva-guna
(bondade).

Sampradayas Vaishnavas

Sampradayas são escolas ou doutrinas filosóficas tradicionais. Todas têm


como referência as escrituras védicas, principalmente o Vedanta-sutra
e Upanisad, compostas por Badarayana Vyasa. Em todas elas tem-se a
Verdade Absoluta representada em três aspectos ontológicos: brahman
(aspecto impessoal parcial da Verdade), paramatma (aspecto localizado
e semi-parcial da Verdade) e bhagavam (aspecto pessoal e completo da
Verdade Absoluta). São conhecidas como Escolas Filosóficas do Vedanta
e são 5 as doutrinas:

Visistadvaita-sampradaya de Ramanuja (1017-1137 d.C.) - define a Ver-


dade Absoluta como monismo qualificado.

Dvaita-sampradaya de Madhvacarya (1239-1319 d.C.) – define a Verda-


de Absoluta como dualismo.

Dvaita-advaita-sampradaya de Nimbarka – define a Verdade Absoluta


como igualmente dual e monista.

Suddhadvaita-sampradaya de Visnusvami – define a Verdade Absoluta


como monismo puro.
Advaita-sampradaya de Sankara – define a Verdade Absoluta como mo-
nista.

As quatro primeiras são aceitas pelas autoridades como sendo autoriza-


das, pois apresentam Isvara dentro de conceitos pessoais de acordo com
o Vedanta original. A quinta escola, de Sankara não é considerada como
sendo autêntica dentro da tradição védica.

Precedentes Históricos

Predominância de filosofias materialistas (século III a.C.) Carvaka


(sankalpa, ou aceitação) e Budismo (vikalpa ou rejeição) – muitos sacer-
dotes hindus estavam se valendo das injunções védicas para justificar a
matança indiscriminada de vaca e outros animais, algo não aprovado para
esta Era atual (kali-yuga). Tendo como fonte a filosofia Karma-mimansa
desenvolve-se o budismo. Buddha surge para restabelecer ahimsa, a não-
violencia e estabelecer o conceito sunnyavada de niilismo, mas para isto
teve que negar a autoridade escritural dos Vedas. Criou-se uma grande
crise nos valores escriturais tradicionais e uma grande mudança no pen-
samento religioso oriental.

Séculos mais tarde tais filosofias entrariam em decadência e dariam lugar


à filosofia monista de Sankara (788 – 820 d.C.). Para atrair os intelectuais
da época a única estratégia foi apresentar um aspecto parcial da Verdade
Absoluta para que a validade dos Vedas fosse restabelecida. Surge a filo-
sofia Advaita-vedanta, monismo impessoal da Verdade Absoluta. Ocorre
com neste momento a maior crise hermenêutica da história da filosofia
da Índia. Tal crise marca profundamente os rumos da busca pela auto-
realização espiritual.

Advaita-sampradaya

Sankara restabeleceu a validade védica escritural, porém criou conflito de


interpretação do Vedanta em seis tópicos da filosofia. (1) a natureza e a
validade dos pramanas, (2) a natureza da consciência, (3) a natureza de
Brahman, (4) a natureza da jiva, (5) a relação entre Brahman e jiva (6) a
natureza da liberação última, moksa.

1 - Existem 4 pramanas ou meios de aquisição de conhecimento válido:

1) pratyaksa - percepção direta dos sentidos em contato com os objetos


dos sentidos. Ex: perceber uma corda como sendo uma cobra. Fonte de
conhecimento utilizado por Sankara.

2) anumana – inferência ou dedução. Ex: João é mortal por que ele é um


Homem e todo homem é mortal;

3) upamana – comparação. Ex: comparar um carro vermelho com uma


fruta vermelha. É usado como fonte de conhecimento do Budismo.

4) sabda – testemunho oral ou escrito. Ex: documentos de diferentes áreas


de conhecimento registrados e mantidos.

2- Natureza da Consciência

É de natureza espiritual e não diferenciada da Verdade Absoluta. Unidade


absoluta. O Brahman em contato com a energia ilusória ela se torna uma
jiva e quando liberada volta ao estado de Brahman.

3 – Natureza de Brahman

Brahman é a realidade última. É a essência de todos os seres e, portan-


to, não diferenciado. Sem considerar os três aspectos de Brahman: Vish-
nu como Alma Suprema (parabrhaman); jiva como alma subordinada à
Alma Suprema (jiva-brahman); Prakrti como natureza criativa (mahad-
brahman). Na visão Advaita-sampradaya Brahman é a única existência
que há. Tudo mais é ilusão.

4 - Natureza da jiva
Visão monista: jiva e Isvara não possuem diferenciação. Ambos são ple-
namente iguais, sem atributos, qualidades ou individualidade. Através do
conhecimento a jiva se torna Brahman.

5 – Relação entre jiva e Brahman

Jiva é Brahman quando está sob influência da ignorância ou ilusão. Jiva é


Isvara iludida por Sua prakrti. A jiva dentro da natureza é um reflexo do
Braman, como o brilho da lua na água.

6 – Natureza da Liberação

Quando sai da influência ilusória a jiva recobra sua eterna natureza de


Brahman, ou Deus. Quando a ilusão e a ignorância desaparecem não resta
mais nada; tudo é ilusão incluindo conhecimento e sabedoria, e só Brah-
man é real, logo tudo é Brahman. Tal unidade plena é o estado de libe-
ração onde a jiva retorna ao seu estado original em unidade com o Todo.
A liberação só é alcançada após a morte do corpo. Liberação é a cessação
eterna da individualidade da jiva.

Diferenças nas quatro Vaishnava-sampradayas

As 4 Vaishnava-sampradayas alegam que Vishnu é a causa última, mas


que Sua relação com a Criação é distinta.

Visistadvaita-sampradaya - Na Visistadvaita-sampradaya, o mundo ma-


terial é visto como o corpo de Vishnu, a Alma Suprema. Nela, Visnhu é a
meta útlima da auto-realização espiritual.

Dvaita-sampradaya - Mas a escola Dvaita não credita que a matéria este-


ja relacionada com Vishnu do mesmo modo que o corpo está relacionado
com a alma, por que Vishnu transcendental à matéria. O mundo material
é pleno de misérias, mas o Vedanta-sutra 1.1.12 define Bhagavan como
anandamaya (plenamente bem-aventurado), assim, como pode o mundo
material ser Seu corpo sendo pleno de misérias? A verdade, de acordo
com a escola Dvaita é que a material está sempre separada de Vishnu,
mas ela é eternamente dependente do Supremo. Por isto, veremos que na
Dvaita-sampradaya a matéria se torna ingrediente da causa do mundo. A
grande diferença é quanto à meta da auto-realização, que com Madhva, se
estabelece Radha-Krishna como a plenitude total da Verdade Absoluta,
Bhagavan.

Suddhadvaita-sampradaya - A suddhadvaita-sampradaya não apoia o


conceito de matéria como ingrediente da criação, pois a matéria não tem
função independente de Vishnu. Na verdade a material não é diferente de
Vishnu e ao mesmo tempo seu efeito não é diferente da causa. Este é o
motivo de uma aparente diferença, assim como não há diferença entre o
oceano (causa) e suas ondas (efeito).

Dvaitadvaita-sampradaya - A escola Dvaitadvaita estabelece que Vishnu


é a base da causa e efeito e que não há diferença entre Isvara e prakrti,
ou seja, Vishnu não é nem uno nem diferente da matéria. Ele é a base de
tudo.

A linha de união entre as Vaishnava-sampradayas

Caitanya-sampradaya – Conhecida como acintya-bheda-abheda-tattva-


sampradaya foi apresentada por Caitanya Mahaprabhu (1486 – 1534).
Caitanya estabelece a união entre as quatro sampradayas definindo a Ver-
dade Absoluta como sendo igual e diferente de tudo ao mesmo tempo. A
jiva é qualitativamente igual, mas distinta quantitativamente do Supremo
Isvara. Definiu que a meta máxima da vida o amor conjugal entre o Casal
Divino Radha-Krishna. No inicio do século XVIII Baladeva Vidyabhu-
sana escreve um comentário (Govinda-bhasya) ao Vedanta-sutra baseado
na filosofia de Caitanya e restabelece deste modo, a linhagem autêntica do
Vedanta dentro da tradição inserida na modernidade.
Asthanga-yoga Como Ele É

Introdução

Há milhares de anos, na antiga e avançada civilização Védica, tivemos a


presença de um grande sábio chamado Kapiladeva. Ele foi filho do yogi
Kardama Muni e Devahuti. Só encontramos referências sobre esta grande
personalidade na milenar escritura conhecida como Srimad-Bhagavatam,
ou Bhagavat-Purana. De acordo com estes documentos sagrados, que da-
tam de mais de cinco mil anos, Kapiladeva foi uma poderosa encarnação
de Deus. Seu principal propósito foi revelar à humanidade o conhecimen-
to sobre o processo de Yoga.
Quando seu pai deixou o lar e foi viver na floresta – que para nossa reali-
dade é algo muito distante, mas que naquele tempo fazia parte da cultura
Védica - sua mãe, Devahuti, ficou muito pesarosa e sem saber o que fazer.
Foi neste momento que Kapiladeva a instruiu sobre a meta última da
vida que pode ser alcançada pela prática preliminar de Yoga, a original
Asthanga-yoga, e pelo conhecimento da filosofia teísta de Sankhya.
A Filosofia Sankhya oferece uma compreensão sobre a natureza material
em todos os seus elementos e culmina na compreensão entre matéria e
transcendência, e na adoração e devoção ao Senhor Supremo. Esta filoso-
fia Sankhya tem total relação com a Filosofia Vedanta e sua conclusão está
em total concordância com os ensinamentos do Vedanta Vaishnava.
Com o passar do tempo teve inicio a atual era em que vivemos, chamada
Kali-yuga. Ela é uma era muito desfavorável aos princípios elevados da
humanidade, por ser repleta de desavenças, hipocrisia e deturpação.
Foi neste contexto que nasceu, aproximadamente 500 a.C., um outro Rshi
Kapila. Este, no caso, fora um grande impostor. Criador de uma filosofia
materialista e niilista ele mesmo acabou deturpando a autêntica Filosofia
Sankhya. Conceitos elevados sobre a criação do universo e dos seres vivos
foram postos numa visão grosseiramente materialista, através de argu-
mentos contraditórios e equivocados. Porém, sua sombra foi maior que
o brilho filosófico do verdadeiro Kapiladeva, o filho de Devahuti, e se
difundiu por muitas escolas.
Um pouco depois, por volta do século 3 a.C., nasce um outro reconhecido
filósofo e yogi, Patanjali. Alguns documentos dizem que ele nasceu 3000
a.C., mas não há nada fidedigno nestas informações, pois sua principal
obra, Yoga-sutra, só veio à luz 300 a.C. Ele foi, na verdade, o decodifi-
cador dos ensinamentos sobre Yoga deixados por Kapiladeva, o filho de
Devahuti, mas seus seguidores e comentadores valeram-se da Filosofia
Sankhya deixada pelo falso Kapila. Neste momento as águas foram di-
vididas e proliferou-se por todo planeta um processo de Yoga que não
coincide com sua Filosofia.
Na verdade, o Yoga-sutra, composto de 195 sutras ou aforismos, é mais
um tratado sobre a teoria do Yoga do que um tratado filosófico do Yoga.
Porém, mesmo no aspecto teórico há possibilidades de elucidar o proces-
so apresentado por Patanjali através da Filosofia Sankhya do verdadeiro
Kapiladeva, filho de Devahuti, que está em total concordância com o Ve-
danta.
Uma abordagem teórica do Yoga-sutra pela ótica do Vedanta pode ajudar
na compreensão do Yoga e favorecer o resgate da tradição teórica e filo-
sófica do Yoga.
Já houve muitos comentadores do Yoga-sutra. Cada qual em nada auxi-
liou na compreensão exata desta obra.
A Filosofia Sankhya do filho de Devahuti e o processo de Yoga são dois
sistemas aliados. Mas a Sankhya niilista do falso Kapila parte do conceito
de que o desfrutador (purusa) e natureza material (prakrti) são indistin-
tos. Tendo como base a idéia de que a entidade viva e a natureza material
são iguais, tais filosofias caem num sério erro quanto à compreensão da
origem do universo e do propósito último da vida humana.
Através do emprego de termos como Sankhya e Yoga especuladores filo-
sóficos, como o pseudo-Kapila e outros, assumiram uma posição de des-
taque nos tópicos sobre Yoga, deturpando Patanjali.
De maneira bem simples, Sankhya significa conhecimento e Yoga, aplica-
ção prática do conhecimento, ou seja, conhecimento a respeito da Verdade
Absoluta e meditação na forma transcendental desta Verdade Absoluta.
Por este motivo, de acordo com o que realmente é apresentado no Yoga-
sutra, é possível conciliar harmoniosamente Yoga e Vedanta no que diz
respeito à auto-realização espiritual. O Vedanta explana que a liberação
não é atingida apenas pela discriminação entre matéria e espírito - como
enfatiza a falsa Filosofia Sankhya - mas pelo conhecimento a respeito do
Senhor Supremo e rendição a Ele.
Recorrendo à Filosofia do verdadeiro Kapiladeva o yogi aspirante pode
compreender adequadamente o Asthanga-yoga. O próprio Kapiladeva, a
autoridade maior do Yoga, estabeleceu os oito estágios iniciais do Yoga,
a saber, yama, niyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana e
samadhi. Através destas práticas deve-se buscar pela Superalma, que é a
meta de todo Yoga. Existem pretensas práticas de Yoga nas quais se con-
centra a mente no vazio ou no impessoal, mas isto não é aprovado pelo
Vedanta e nem mesmo pelo Yoga-sutra.
Portanto, o sucesso no Yoga implica no libertar-se de todas as designações
materiais e situar-se na sua original posição constitucional.
Introdução ao Astanga-Yoga de Patanjali

Em seu Yoga-sutra (2.26-28), Patanjali apresenta o Astanga-


yoga como fora apresentado por Devahuti-putra Kapiladeva. Seu maior
trabalho foi facilitar e aproximar o Astanga para a vida real das pessoas
de sua época. Como está claro no Srimad-Bhagavatam (3.28.5), há total
sintonia do Yoga-sutra com as palavras de Kapiladeva:
“Deve-se observar silêncio, adquirir equilíbrio, praticando
diversas posturas sentadas, controlar os ares vitais, afastar os
sentidos dos objetos dos sentidos e, deste modo, concentrar a
mente no coração.”
Nota-se que neste verso há os seis primeiros degraus do Astan-
ga-yoga. Portanto, tendo como princípio os mesmos deixados por Kapi-
ladeva, Patanjali enfatiza várias vezes a questão mais importante do Yoga:
a rendição a Suprema Personalidade de Deus. E como veremos, ele focou
seu processo meditativo no aspecto pessoal do Senhor, ao contrário do
que pensam muitos dos seguidores e comentadores de sua obra.
Assim como Kapiladeva apresentou, Patanjali estruturou seu
Astanga-yoga em oito (astha) partes (angas):

1 - Yamas (regras);

 ahimsa (não violência)

 satya (veracidade)

 asteya (não roubar)

 brahmacarya (controle dos sentidos)

 aparigraha (não possessividade)

2 - Niyamas (regulações);

 sauca (pureza)

 santosa (satisfação)

 tapas (austeridade)

 svadhyaya (estudo das escrituras)

 isvara-pranidhana (rendição ao Senhor)

3 - Asana (posturas);

4 - Prananyama (controle respiratório);

 puraka (inalação)

 kumbhaka (retenção)

 rechaka (exalação)

5 - Pratyahara (restrição dos sentidos);

 brahman-pratyahara

 bhagavan-pratyahara
6 - Dharana (concentração);

7 - Dhyana (meditação);

8 - Samadhi (absorção espiritual)

 sabija- samadhi

 nibija- samadhi

Yama

Dentro do sistema de Astanga-yoga todas as oito etapas pro-


gressivas visam levar o praticante ao objetivo final que é o Samadhi. Para
isto, é necessário desenvolver o controle dos sentidos. O processo de As-
tanga-yoga exige autocontrole do começo ao fim. Por isso mesmo o nome
do primeiro degrau é Yama, que significa controle, ou regras regulativas
que ajudam o yogi a desenvolver o autocontrole. O Senhor Kapiladeva
declara no Srimad-Bhagavatam (3.27.6):
“É preciso tornar-se fiel, praticando o processo controlador
do sistema de Yoga, e elevar-se à plataforma do serviço devo-
cional amoroso puro, cantando e ouvindo sobre Mim.”
Neste sentido, Yama é composto de regras que auxiliam o con-
trole da mente e dos sentidos. Entretanto, este controle deve ser feito com
firme fé e devoção pura (sraddhayanvitah mayi bhavena satyena). Sem este
controle inicial, exercido pelo yogi que busca pela perfeição espiritual ou
auto-realização, não há como fazer o menor progresso. E ele é facilitado
através de Bhakti, ou bhavena. No Srimad-Bhagavatam (3.8.4), Kapilade-
va descreve Yama e já adianta algo sobre Niyama como se segue:
“Deve-se praticar a não-violência e a veracidade, evitar roubar
e contentar-se com a posse de apenas o que seja necessário
para a manutenção. Deve-se abster-se da vida sexual, praticar
austeridade, ser limpo, estudar os Vedas e adorar a forma da
Suprema Personalidade de Deus.”
Entre as oito etapas de Astanga-yoga Yama, juntamente com
Niyama, definem os primeiros passos do Yoga.

Alguns degraus intermediários são de grande importância e for-


mam o processo gradual de Yama. São eles:

1 - Ahimsa

Ahimsa literalmente significa não-violência. Tudo que possa fa-


vorecer a futura felicidade espiritual dos seres vivos em geral chama-se
ahimsa. Sem seguir este primeiro princípio não há como elevar a consci-
ência e, conseqüentemente, não dá para se falar de paz. Qualquer atitude
que possa prejudicar ou interromper o desenvolvimento vital dos seres
vivos é considerado violência.

Esta não-violência não se restringe apenas ao aspecto físico da


violência, mas à violência causada pelos pensamentos, pelas palavras e
pelas ações. Qualquer pensamento que tenha algum resquício de inveja,
luxúria, ira, cobiça, ilusão ou loucura é, em diferentes graus, fonte de vio-
lência. Toda a dificuldade para se encontrar a paz ou praticar a paz recai
neste mesmo ponto: a violência contra outras entidades vivas.

Alguém que cultive pelo menos um destes inimigos dentro de si


não pode ser um yogi. No Yoga-sutra (2.35), encontramos que:
“Estabelecendo-se intensamente em não-violência abandona-
se qualquer hostilidade.”
Também na fala o yogi deve ser muito sóbrio. Ele deve ser veraz,
agradável e causar entusiasmo com sua fala, evitando palavras agressivas.

A violência mais grosseira é justamente a causada pela matança


de animais. O yogi deve ver com igualdade todos os seres vivos como es-
clarece o Bhagavad-gita (6.10):
“Considera-se um yogi mais avançado aquele que vê os ben-
querentes honestos, os benfeitores afetuosos, os neutros, os
mediadores, os invejosos, os amigos e os inimigos, os piedosos
e os pecadores - todos com uma mente equânime.”
O verdadeiro yogi vê tudo em relação com a Verdade Absoluta
e assim passa a respeitar a todos. Violência não é apenas aquela realizada
por um assassino ou psicopata, mas por qualquer um que seja conivente
com a matança indiscriminada de seres vivos para a satisfação do paladar.
Qualquer ação que cause sofrimento a outro ser vivo é uma ação violenta
tanto para o executor quanto para a vítima. Qualquer tipo de violência é
sinal de um baixo nível de consciência, que impede o desenvolvimento
da misericórdia e da equanimidade. Um yogi está sempre atento para não
causar nenhum tipo de violência contra nenhuma espécie de entidade
viva. Não é por acaso que não-violência aparece em primeiro lugar nos
degraus de Yama. Ela é muito grosseira e está relacionada com o que há
de mais degradado. A forma humana destina-se à compreensão espiritual;
logo, qualquer ação que não promova ou impeça este propósito na certa
comete violência contra os seres humanos e demais seres vivos.

2 - Satya

A veracidade é compulsória a todo ser humano. Nenhuma so-


ciedade pode ser estabelecida sem pelo menos um pequeno grau de vera-
cidade. Deve-se ser veraz com os outros e consigo mesmo. O yogi só deve
falar o que pensa e fazer o que diz, e sua veracidade também deve estar
presente nos pensamentos, falas e ações. Patanjali no Yoga-sutra (2.36),
diz que:
“Estabelecendo-se em veracidade as conseqüências das ações
dependerão apenas das atividades que se realizarem.”
O yogi dever ser transparente em suas atividades externas e in-
ternas. Dentro do sistema social Védico existe a classe social mais elevada
formada por intelectuais, sacerdotes e professores (brahmanas) que são a
cabeça da sociedade autêntica. Tais brahmanas apresentam em suas per-
sonalidades e caráter a exemplar qualidade de serem verazes. De acordo
com a literatura Védica, na atual era em que vivemos (kali-yuga), por mais
incrível que possa parecer, só resta uma qualidade dos elevados valores
religiosos: a veracidade.

Krishna diz no Bhagavad-gita (10.4-5), que bhavanti bhava


bhutanam matta eva prthag-vidhah, ou seja, a veracidade e todas as boas
qualidades dos seres vivos surgem dEle.

A verdade deve ser apresentada independente de suas conseqü-


ências. Sem veracidade o yogi não pode fazer o menor avanço. Enganando
aos outros ou a si mesmo, como um pretenso yogi, ele pode causar sua
própria ruína por não ser transparente em seus relacionamentos. Transpa-
rência é sinônimo de simplicidade e um yogi vive de maneira simples. O
yogi não deve complicar sua vida e viver de maneira delirante sem saber
em que nível está sua consciência espiritual. E para se obter esta simplici-
dade é necessário veracidade.

Outro ponto importante é que o yogi deve ser verdadeiro com


seus desejos. Isto requer harmonia e sinceridade na atitude com o Senhor
Supremo. Esta sinceridade é definida no Srimad-Bhagavatam (8.16.22),
pela palavra satya-sankalpa :
“Que o Senhor fique satisfeito comigo e satisfaça todos os
meus sinceros desejos.”
É por isso que Krishna diz no Bhagavad-gita (7.16), que exis-
tem quatro tipo de pessoas que se aproximam dEle: o aflito, o desejoso de
riquezas, o inquisitivo e o que busca conhecer a Verdade Absoluta.

3 - Asteya

Neste caso, o verdadeiro yogi também se destaca por não querer


para si a posse de outrem. Com perfeito conhecimento de que existe um
Supremo Controlador, Desfrutador e Proprietário ele entende que tudo
pertence ao Paramatma, a Superalma. Quando o yogi compreende que
nada pode ser realmente seu - já que tudo tem uma existência temporária
neste mundo -, mas que tudo pertence ao Senhor Supremo, ele pratica a
verdadeira renúncia, utilizando tudo que possui para a satisfação do Se-
nhor. Não é necessário abrir mão de nada além do falso ego.

De acordo com a filosofia do Yoga, cada qual tem sua cota de-
terminada. Querer mais do que determina sua cota pode ser considerado
um crime, e um yogi não deve cair neste erro que gera inveja e cobiça. Por
isso, está dito no Sri Isopanisad (1), que:
“O Senhor controla e possui todas as coisas animadas e ina-
nimadas que estão dentro do Universo. Portanto, devem-se
aceitar apenas as coisas que lhe são necessárias, que foram
reservadas como sua cota, e não se devem aceitar outras coisas,
sabendo bem a quem pertence.”
Por este motivo o yogi deve ser auto-satisfeito e não alimentar o
desejo por objetos que possam desviá-lo da meta última da vida. Estando
satisfeito por considerar suficiente o que possui o yogi nunca estará envol-
vido pela ira ou luxúria, e nem se tornará escravo dos desejos insaciáveis
da mente, fatores que podem atar a alma por muitas vidas ainda no mun-
do material.

Assim, o yogi deve desenvolver certo desapego de tudo que pos-


sa atá-lo à vida material. No Bhagavad-gita (15.4) vemos que é necessário
deixar a associação daquilo que possa ser prejudicial à alma espiritual.
Asanga-sastrena: é preciso deixar todo o apego a tudo que pertence à ener-
gia material. A melhor maneira de realizar este desapego não é abando-
nando a associação com a energia material, mas usá-la no aprimoramento
espiritual. Seria como trocar a associação material pela espiritual. Saben-
do que tudo pertence ao Isvara Supremo, o yogi naturalmente desenvolve
uma relação espiritual com a energia material utilizando-a para a satis-
fação do Supremo. Isto é Asanga-sastrena, que pode ajudar a desenvolver
uma atitude livre da cobiça. Como se declara no Yoga-sutra (2.37):
“Estabelecendo-se firmemente em honesti-dade todas as
opulências necessárias se afloram.”
Porém, se não puder eliminar por completos estes desejos corro-
sivos da mente por meio de Asanga-sastrena, o yogi deve ao menos evitá-
los em seus pensamentos, fala e ações. Isto é facilitado quando se busca
levar uma vida pura em todos os aspectos. Através da associação com
aqueles que estão empenhados na prática do serviço devocional amoroso
ao Senhor pode-se tornar a vida mais pura e espiritualizada.

4 - Brahmacarya

Brahmacarya significa aquele que atua no nível de brahman. Em


todas as circunstâncias o yogi deve ser um brahmacary e sempre agir com
consciência de aham brahmasmi, ou seja, que “eu não sou este corpo”. A
atitude do yogi que segue brahmacarya deve basear-se neste princípio e
nunca no conceito corpóreo de desfrute dos sentidos materiais do corpo.

O aspecto da abstinência sexual é apenas o aspecto externo da


vida de brahmacarya. A meta não é meramente a vida celibatária, mas o
controle total dos sentidos. Para quem está seguindo as regulações neces-
sárias à vida espiritual sabe muito bem que o controle do impulso sexual
é muito difícil, pois o prazer alcançado no ato sexual é, do ponto de vista
material, muito forte. Assim, controlar os impulsos sexuais é conquistar
todos os outros sentidos.

Para o verdadeiro yogi, que se dedica com sinceridade e oferece


sua vida a Alma Suprema conhece um prazer muito superior a qualquer
prazer mundano e, por isso, ele não se entrega aos desejos sensuais dos
sentidos materiais, mas os ocupa para servir ao Paramatma.

Na ordem religiosa do sistema social Védico, brahmacarya é a


primeira fase e precede, sucessivamente, as fases de casado (grhasta), reti-
rado (vanaprasta) e renunciado (sannyasi). Em todos eles apenas na fase
de casado é que se tem acesso regulado à vida sexual, porém apenas para a
geração de filhos avançados em consciência espiritual, o que significa que
mesmo na vida de casado o yogi deve praticar celibato.

Tal restrição não deve ser vista como algo proibitivo ou sofrido,
mas como uma austeridade que faz parte do processo de se buscar pela
meta última da vida. A vida sexual contrária aos princípios religiosos aca-
ba com toda a energia vital que poderia ser usada para elevar a consciên-
cia e destrói a potência espiritual acumulada pelas atividades espirituais
diárias.

Para se manter fortalecido o brahmacary deve manter-se junto


do Guru e servi-lo por um bom tempo. O Guru ensina ao yogi discípulo
a controlar os sentidos e concentrar-se no objeto de sua busca transcen-
dental. Enfim, a prática de Brahmacarya capacita a memória a agir com
mais rapidez e aumenta a duração de vida, como se declara no Yoga-sutra
(2.38):
“Estabelecendo-se firmemente no controle dos órgãos geni-
tais facilmente desenvolve-se vigor.”
Não há vantagem em desfrutar dos sentidos materiais. Qualquer
animal vive nesta plataforma sensual, mas o ser humano tem a prerroga-
tiva de escolher entre a vida degradada ou civilizada. Sem esta alternativa
não faria sentido o livre arbítrio. Portanto, vida espiritual é simples para
as mentes simples, mas é difícil para as mentes complicadas. O melhor é
descomplicar a vida controlando os sentidos e usando-os para o avanço
espiritual. Imaginem quantas situações conflitantes, frustrações e desper-
dício de tempo e energia seriam evitados sem esta busca insólita por gozo
sensual dos sentidos.

5 - Aparigraha

Aparigraha, ou não-possessividade, é compreendido como al-


guém que seja despojado de posses materiais, não no sentido de não pos-
suir o mínimo necessário a sua manutenção básica, mas de não acumular
mais do que necessita. Aparigraha se assemelha um pouco a Asteya, em-
bora nesse o que prevalece é a inveja e a necessidade de assumir algo que
não lhe pertença. Já em Aparigraha há o forte impulso de acumular posses
desnecessárias.

Este sentimento de possessividade expressa a mais profunda in-


satisfação, insegurança, apego e cobiça. Por mais que alguém procure sa-
tisfazer sua tendência de Aparigraha nunca estará satisfeito, pois o desejo
nunca poderá ser saciado. Por isso, encontramos no Yoga-sutra (2.39):
“Estando livre de possessividade material torna-se clara a ra-
zão da existência.”
A razão da existência é justamente buscar pela auto-realização
espiritual, e nada mais (vedais ca sarvair aham eva vedyah). Quem está en-
volvido com a ganância acaba sempre comendo a mais do que a capacida-
de do estômago, dormindo mais do que o corpo requer e assume tamanho
hedonismo que passa a dedicar toda sua energia em saciar as mais fúteis
demandas corpóreas.

Devido à intensa identificação com o corpo material tal pessoa


acaba encontrando, em sua busca por desfrute, mais sofrimento do que
prazer.

Diante de todas estas anomalias, o yogi não perde seu tempo


procurando satisfazer-se com os produtos da ilusão, mas utiliza todo seu
tempo e energia em expandir sua consciência espiritual.

Aqui também se aplica a idéia de desapego, como citado por


Srila Rupa Gosvami em seu Bhakti-rasamrta-sindhu (2.255-256):
“Quando a pessoa não se apega a nada, mas ao mesmo tempo
tudo o que aceita ou possui usa em relação com Krishna, ela
está corretamente situada acima do sentido de posse. Por ou-
tro lado, aquele que rejeita tudo sem entender a relação destas
coisas com Krishna, não é completo em sua renúncia.”
Se o yogi tiver que conseguir algo que seja muito difícil, e ainda
assim colocar em risco sua vida diária de práticas espirituais, para difundir
o conhecimento espiritual às outras pessoas, ele aceita como uma perfeita
austeridade e age com verdadeira renúncia; mas, se for para satisfazer a
si próprio e seus anseios pessoais ele então abre mão de tal esforço inútil.
A idéia é que o yogi não fica em ansiedade e sempre utiliza sua vida no
progresso espiritual. Ele sabe que tudo está sob o controle do Paramatma
e assim dedica-se e esforça-se para cumprir seus deveres em harmonia
com o Senhor Supremo.
Niyamas

Os cinco subdegraus de Niyamas visam disciplinar os hábitos, definindo


personalidade e caráter. A palavra Niyama refere-se aos preceitos concer-
nentes às atividades que os seres humanos em geral não estariam incli-
nados a executar. Ou seja, no início deve-se fazer um esforço, mas gra-
dualmente estes preceitos tornam-se naturais. Ni significa ausência. Sem
esforço; algo que é natural para o ser vivo civilizado. Porém, devido ao
contato contaminado com o mundo material é necessário começar com
um pequeno esforço. As disciplinas de Niyama não são proibitivas, são
reguladoras.

Estas regulações tornam o yogi física, mental e espiritualmente


fortalecido. É importante compreender que estas regulações visam o bem
estar mental e espiritual do yogi. De acordo com as escrituras Védicas re-
gras e regulações existem para que o yogi possa sempre pensar no Senhor
Supremo dentro de seu coração e nunca se esquecer dEle. Seguir tais
prescrições de maneira mecânica ou desconsiderá-las está fora de cogita-
ção para o yogi sincero. Também no Bhakti-rasamrta-sindhu (1.2.101), se
declara que:
“Praticar serviço transcendental amoroso ao Senhor Hari,
mas ignorar os textos védicos autorizados, tais como os Upa-
nisads, Puranas e o Narada-pancaratra, é simples-mente uma
perturbação desnecessária na sociedade.”
Deve-se segui-las de maneira natural e com consciência de de-
senvolver o autocontrole.

Embora sejam ainda externas, e estejam ligadas ao âmbito de


moral e ética, tanto Yama quanto Niyama são de grande importância den-
tro do Astanga-yoga. Todos os outros angas dependem de uma boa base
nestes dois angas iniciais. Sem disciplina ninguém alcança seus objetivos.

1 - Sauca

No contexto da ciência do Yoga, Sauca refere-se à pureza física


e mental já que ambas ajudam a evitar doenças no corpo e na mente, res-
pectivamente. É muito simples aceitar o fato de que o yogi não é aquele
que deixa o cabelo crescer, não toma banho, não se alimenta ou não dor-
me. O yogi cuida melhor do seu corpo do que uma pessoa comum, pois ele
sabe a quem pertence seu corpo. Devido a um conceito errado sobre yoga,
muitas pessoas acham que para se tornar um yogi ela terá que abandonar
todos os seus cuidados com a saúde e simplesmente viver ao acaso. Esta
não é a idéia. Vida espiritual requer maiores responsabilidades.

A pureza mental, por sua vez, auxilia no avanço espiritual ao


possibilitar uma inteligência mais aguçada e dinamicamente fixa. O yogi
mantém sua mente tranqüila e livre de apego, medo e ira, devido à execu-
ção de atividades que a purificam. Com a mente estável e limpa de toda
poeira material ele pode ver constantemente a realidade do mundo numa
perspectiva positiva.

A pureza, ou limpeza física é fácil de entender e realizar, porém


a limpeza da mente requer algo mais intenso e profundo. A pureza da
mente depende de pensamentos espirituais, absorção mental em tópicos
transcendentais e discernimento apurado. Sem estes pré-requisitos, que
devem ser desenvolvidos ainda nos dois angas iniciais (Yama e Niyama),
não há como fazer progresso na auto-realização. A mente precisa de ocu-
pação constante e, ao contrário do que se pensa, o correto é ocupar a
mente e não tirar suas ocupações, ou, melhor dizendo, ocupar a mente
em atividades transcendentais e tirá-la das ocupações materiais. Este é
o grande segredo do sucesso no processo de Yoga. Patanjali diz no Yoga-
sutra (2.40):
“A pureza do próprio corpo e da mente é superior ao contato
indesejado - com outros corpos ou objetos materiais.”
E é por este motivo que se enfatiza muito o autocontrole. Ocu-
pando os sentidos, a mente e a inteligência no transcendental serviço
devocional amoroso ao Senhor Supremo pode-se purificá-los e, com a
mente pura, pode-se concentrar e meditar na forma transcendental do
Paramatma. E como podemos ocupar a mente e os sentidos no transcen-
dental serviço devocional amoroso ao Senhor? O próprio Senhor Kapila
explica no Srimad-Bhagavatam (3.28.33):
“Com devoção embebida em amor e afeição, o yogi deve me-
ditar no âmago de seu coração, na risada do Senhor Vishnu. A
risada dEle é tão cativante que se pode meditar nela facilmen-
te. Quando o Senhor Supremo ri, pode-se ver Seus pequenos
dentes, que parecem botões de jasmim matizados de rosa pelo
esplendor de Seus lábios. Uma vez que tenha devotado sua
mente a isto, o yogi já nem deseja ver qualquer outra coisa.”
Este é o processo de meditação mais correto que é praticado pe-
los verdadeiros yogis e que leva ao desenvolvimento natural do amor por
Deus. Sem chegar ao ponto de desenvolver amor puro pelo Senhor Su-
premo, qualquer processo de Yoga que descarte o trabalho de purificação
do praticante é mera perda de tempo, pois não o leva ao desenvolvimento
de amor puro pelo Senhor Supremo. O yogi não desperdiça sua valiosa
vida em algo que não lhe dará a fonte última de prazer, que só poderá ser
alcançada após ter desenvolvido pureza no coração. Tudo isto dependerá
de Sauca que o yogi deve desenvolver dentro de si mesmo.

2 - Santosa

Santosa pode ser entendida como contentamento, satisfação ou


entusiasmo. Com a mente limpa e calma pode-se encontrar satisfação em
todas as situações, e assim atua o yogi, sempre extraindo ouro do lixo. Em
tal estado de mente, mesmo um mendigo pode viver com a satisfação de
um grande rei.

Porém, o yogi mantém seu equilíbrio sem se exaltar e sem se


lamentar. Na verdade, sua satisfação não depende de fatores externos. Ele
vive este estado dentro de si, compreendendo que este é o seu verdadeiro
tesouro. E é este tesouro que alimenta sua firme convicção de investir na
vida espiritual.

Podemos perceber que mesmo uma experiência do passado que


tenha nos dado alguma sensação de prazer ou satisfação já não existe
mais como fator externo, mas a sensação ainda pode estar viva em nossa
memória. Aquela realidade já não tem mais existência física no contato
com nossos sentidos embora a satisfação possa ainda ser sentida como
uma lembrança do passado. Isto mostra que a satisfação é interior. Ela
nunca depende de algo externo. Quando experimentamos uma situação
compatível com algum desejo da mente sentimos internamente algo que
nos dê prazer. Mas quando o estímulo externo se esvai a satisfação, que
dependia de fator externo, também se acaba. Porém, esta satisfação está
constantemente presente dentro de cada um. Quando o yogi entra em
contato com sua essência espiritual real ele pode sentir plenamente esta
constante satisfação e prazer dentro de si. Isto é Santosa, a satisfação que
alimenta o desejo de querer vida espiritual.

Para isto é necessário provar o sabor sublime da transcendência,


como é apresentado no Bhagavad-gita (2.59):
“Interrompendo as ocupações materiais ao experimentar um
gosto superior, o yogi se fixa em consciência espiritual.”
Provando um nível superior de consciência, qualquer um que es-
teja desejoso por vida espiritual abandona naturalmente sua afeição pelos
objetos dos sentidos materiais. Isto se deve à rasa ou sabor espiritual que
nutre a alma, dando-lhe prazer e satisfação. Esta rasa, ou sabor é que dá o
prazer interior que o Senhor Krishna descreve no Bhagavad-gita (5.21):
“Tal pessoa liberada não se deixa atrair pelo prazer dos sen-
tidos materiais, mas está sempre em transe, gozando o prazer
interior. Desse modo, a pessoa auto-realizada sente felicidade
ilimitada, pois se concentra no eu.”
Esto verso confirma que a satisfação está dentro da alma es-
piritual, em associação com o Senhor Supremo, e não fora, nos objetos
materiais que só geram apego e sofrimento.

3 - Tapas

Tapas, ou a verdadeira austeridade, significa deixar de fazer o


que a mente gosta e deseja fazer para realizar aquilo que se deve fazer,
mesmo que seja contrário ao prazer da mente. Em outras palavras, aus-
teridade significa vencer os obstáculos e dificuldades pelas quais nossos
sentidos, mente e inteligência tem que passar.

De acordo com o Bhagavad-gita, existe austeridade do corpo, da


fala e da mente e todas devem visar à satisfação do Paramatma. Qualquer
tipo de austeridade que cause dor ou sofrimento nunca deve ser praticado
pelo yogi erudito. Praticar Tapas para engrandecimento pessoal ou político
(jejuns, mortificações, autoflagelação), não tem nenhum valor espiritual e
são contrárias às bases da filosofia Védica do Yoga.

A austeridade tem como objetivo auxiliar no avanço da consci-


ência espiritual do yogi, trabalhando seu desapego e fortalecendo sua de-
terminação espiritual. Toda austeridade praticada com base nas escrituras
favorece a vida espiritual e não há vida espiritual sem austeridade.

Muitas vezes, devido à influência ilusória de ter passado por


milhões de vidas em diferentes corpos, a alma condicionada sente mais
facilidade em ocupar-se nas atividades prejudiciais à sua vida espiritual e
vê a auto-entrega do yogi como algo muito penoso. Na verdade, fazer da
vida diária uma atividade sagrada nos leva à idéia de executarmos ofícios
sagrados - daí, sacro ofício. E de acordo com o Bhagavad-gita (17.14),
dedicar a vida integralmente à satisfação do Supremo é a austeridade mais
elevada.

E ainda neste verso encontramos que Sauca, Asteya, Brahmaca-


rya e Ahimsa constituem austeridades do corpo; Satyam, Svadhyaya e ser
agradável nas palavras constituem austeridade da fala (Bg 17.15); Santosa,
gravidade, autocontrole, simplicidade e purificação da existência são aus-
teridades da mente (Bg 17.16). Somente reconquistando estas qualidades
divinas é que podemos recuperar nossa consciência original. E fixo na
busca desta elevação espiritual é que o yogi sente a satisfação que resulta
da própria austeridade. Rasa-varjam raso ‘py asya param drst va nivartate.

4 - Svadhyaya

Svadyaya pode ser entendida como o estudo profundo sobre a


essência do ser vivo. Todos estão buscando por algo e muitas vezes não
se sabe nem mesmo o que é. Assim, uma pessoa comum passa toda a sua
vida sem inquirir sobre a Verdade Absoluta, que é a essência de toda a
busca e, assim, desperdiça toda a chance de poder compreender a si pró-
prio, compreender o mundo, compreender o Senhor Supremo e a relação
existente entre todos eles.

Entretanto, esta busca deve ser baseada em três fontes de conhe-


cimento autêntico. Sem estas fontes autorizadas qualquer estudo sobre
tópicos elevados não leva ao propósito último e verdadeiro.

As três fontes são:

- Pessoas santas ou seguidores das escrituras sagradas (sadhu)

- Mestre espiritual (guru)

- Escrituras sagradas (sastras)

As pessoas santas passam o conhecimento através de exemplos


práticos. Apenas o contato manso e humilde, com serviço sincero, presta-
do a estas almas elevadas já é suficiente para beneficiar o yogi sério. Eles
podem passar o conhecimento e, pelo próprio exemplo, estimular e ensi-
nar sobre a essência da vida.

O mestre espiritual também é uma pessoa santa e um represen-


tante autêntico do Senhor Supremo. Ele aceita discípulos e instrui sobre
a vida espiritual. Todo estudo feito sobre o tema transcendental deve ser
seguido por um Guru. Somente o Guru pode iluminar a inteligência do
discípulo ou yogi. Para isto ele deve se aproximar do mestre espiritual com
atitude correta, como apresentada no Bhagavad-gita (4.34):
“Tente aprender a verdade aproximando-se de um mestre es-
piritual. Faça-lhe perguntas com submissão e preste-lhe ser-
viço. As almas auto-realizadas podem lhe transmitir conheci-
mento porque são videntes da verdade.”
Todo exemplo dado pelo Guru é baseado nos mestres anteriores
(acaryas), e totalmente respaldado nas escrituras reveladas.

Por fim, as escrituras são as bases de todo conhecimento que


conduz aos estudos mais profundos da essência do ser individual (Jivat-
ma) e do Ser Supremo (Paramatma). Dentro da tradição do Yoga a forma
humana é tida como a mais adequada para se atravessar a existência no
mundo material e todo estudo (Svadhyaya) do Vedanta e prática do Yoga
tem como propósito seguir e satisfazer os desejos do Paramatma, a Pessoa
Suprema. Isto é confirmado também no Srimad-Bhagavatam (10.47.24):
“Também através de japa, estudo dos textos védicos e obser-
vância dos princípios reguladores alcança-se o transcendental
serviço devocional amoroso por Krishna, a Suprema Persona-
lidade de Deus.”
Nesta citação pode-se notar que tanto o cantar da japa (recita-
ção individual do Maha-mantra Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna
Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare),
quanto seguir os princípios reguladores - entre outros (votos, caridade,
austeridade e sacrifícios), são estabelecidos pelo Guru, pelas pessoas san-
tas e pelas escrituras reveladas. E todos estes auxiliam no progresso es-
piritual do yogi a sua meta suprema, krsne bhaktir, devoção amorosa pela
Suprema Personalidade de Deus.

5 - Isvara Pranidhana

Já nesta etapa do Astanga Yoga o praticante deve estar prepara-


do para abandonar sua ilusória identificação corpórea. Deixar o falso ego
e aceitar um Ser Supremo a quem temos que aceitar como superior ao
nosso insignificante ego grosseiro é algo muito difícil, mas extremamente
necessário para quem quer avançar no caminho do Yoga como ele real-
mente é. Patanjali em seu Yoga-sutra (1.23), enfatiza que:
“Entregar-se por completo à Suprema Personalidade de
Deus.”
Também é enfatizado o mesmo ponto no sutra 2.45:
“A perfeição do Samadhi é a rendição completa à Suprema
Personalidade de Deus.”
Entregar-se numa atitude de rendição ao Senhor Supremo é
muito difícil para quem ainda não tenha desenvolvido pelo menos uma
pequena centelha de amor pela Pessoa Suprema. Porém, para amá-Lo é
necessário conhecê-Lo, e para conhecê-Lo dependerá muito do estágio
anterior, Svadhyaya. Estudar as escrituras com uma pessoa autorizada e
conhecedora profunda das escrituras autorizadas, um Guru, será de fun-
damental importância para se chegar a este último estágio de Niyama.

Assim, este é o ultimo estágio para o yogi que deseja abandonar


os apegos materiais e proteger-se dos perigos da vida humana. Por este
motivo o Senhor Krishna instrui Arjuna já no final do Bhagavad-gita
(18.65):
“Abandone todas as suas ocupações materiais e simplesmente
renda-se a Mim. Eu o libertarei de todas as reações pecami-
nosas. Não tema.”
A verdadeira rendição depende de abandonarmos completa-
mente a falsa identificação corpórea e as atividades do ego material. Para
isto, utiliza-se tudo para o prazer do Supremo, com uma visão espiritual.
Desse modo, isvara pranidhana não significa algo externo ou mecânico,
mas um sentimento e atitude interna de entrega completa. Caso contrário
o yogi corre o risco de se refugiar, ou se render, à energia material ilusória.
Como Krishna declara no Bhagavad-gita (9.12):
“Aqueles que estão perplexos deixam-se atrair por opiniões
demoníacas e ateístas. Estando mergulhados nessa ilusão, suas
esperanças de liberação, suas atividades fruitivas e seu cultivo
de conhecimento são todos destroçados.”
Portanto, o yogi deve render-se ao Supremo refugiando-se na
potência espiritual do Senhor. Após esta rendição o yogi dedica todas
as suas atividades, pensamentos, sentimentos, desejos e inteligência ao
Senhor Supremo, e isto é a perfeição da vida. Após este teste o yogi pode
realmente ser considerado um verdadeiro yogi.

Embora já em Yama se faça necessário o cultivo de Bhakti, é


justamente neste momento do processo que o yogi desenvolve sua devo-
ção natural pela Superalma. A partir deste ponto, sem devoção, nenhum
progresso mais é possível. O que nos leva a concluir que Yama e Niyama
são disciplinas que ajudam a modelar o caráter do yogi para que ele possa
naturalmente sentir atração amorosa por Deus.

Nos próximos angas o yogi mantém e desenvolve gradualmente


sua devoção até o estágio último de Bhakti, culminando em prema-bhakti,
o transcendental amor puro pelo Senhor Supremo. A semente que foi
plantada em Yama e Niyama cresce nos próximos degraus até que a cons-
ciência do yogi se absorva na forma pessoal da Verdade Suprema - a meta
de todos os grandes yogis. Este é o objetivo mais elevado, como confirma
o Bhagavad-gita (12.6-7):
“Mas aqueles que Me adoram, abandonando todas as ativi-
dades por Mim e não se afastando de sua devoção por Mim,
ocupando-se em serviço devocional e sempre meditando em
Mim, tendo fixado suas mentes em Mim, ó filho de Prtha - a
eles Eu sou o pronto salvador do oceano de nascimentos e
mortes.”
E também (Bg. 9.34):
“Ocupe sua mente em pensar sempre em Mim, torne-se Meu
devoto, ofereça-Me reverências e Me adore. Estando absorto
por completo em Mim, com certeza você virá a Mim.”
Esta atitude de rendição é o que há de mais sublime para a
Jivatma, a alma espiritual individual, pois após milhões de nascimentos
ela pode reaver esta conexão esquecida por parte dela. E esta tendência
de se render é natural à alma espiritual. Portanto, o yogi rende-se a Pessoa
Suprema e não à Sua energia ilusória, Maya.

A própria Suprema Personalidade de Deus se autodefine no


Bhagavad-gita (15.18):
“Porque Sou transcendental, situado além do falível e do in-
falível, e porque Sou o maior, Sou celebrado tanto no mundo
quanto nos Vedas como a Pessoa Suprema.”
Uttamah significa aquele que está situado acima de qualquer
condicionamento material (Paramatma). Conectar-se ou render-se a esta
Pessoa Suprema significa restabelecer sua eterna relação com o Senhor
(Yoga), e ao mesmo tempo tornar-se também transcendental à influên-
cia do condicionamento material, alcançando a perfeição (nitya-siddha).
Mas, o que vem a ser rendição?

Rendição significa que em lugar de trabalhar para a satisfação


dos próprios desejos pessoais o yogi se ocupa por completo em agradar
ao Senhor diretamente, segundo Seus próprios desejos íntimos. Tendo os
mesmos interesses que o Senhor o yogi se situa em verdadeira rendição.
Não é difícil nem antinatural. É apenas uma questão de desejo. Isto é
confirmado no Srimad-Bhagavatam (3.29.33): akartuh sama-darsanat. Os
interesses do yogi são idênticos aos interesses da Suprema Personalidade
de Deus. Entretanto, esta igualdade de desejos não significa que o yogi se
torna uno com o Supremo, ou se torne Deus. A palavra akartuh indica
sem sentido de propriedade. Isto implica reciprocidade amorosa, Bhakti;
reciprocidade implica em individualidades separadas. Logo, akartuh sa-
ma-darsanat indica que o yogi quer satisfazer os desejos do Senhor. Como,
por exemplo, a mãe que quer servir seu amado filho.

No mesmo verso citado há o termo: mayi sannyasta-karmanah,


indicando que todas as atividades que o yogi realiza são dedicadas ao Se-
nhor. O Srimad-Bhagavatam (10.2.32), declara: aruhya krcchrena param
padam tatah patanty adho ‘nadrta-yusmad-anghrayah. Isto significa que se
o yogi abandona seu refúgio aos pés de lótus do Senhor Supremo e tenta
avançar espiritualmente, através de sua própria determinação, certamente
acabará caindo novamente na plataforma de atividades materiais, man-
tendo-se fiel a sua própria força falível.

Anadrta-yusmad-anghrayah indica aquele que abandonou o re-


fúgio Supremo. Verdadeira rendição nunca resulta em abandono. Ren-
der-se só tem significado quando ocorre inteiramente. Por isso, Krishna
afirma no Bhagavad-gita que Bhakti e fácil e agradável de ser praticada.
Não é nada complicado e não se necessita de muito esforço. Tudo que é
realizado de maneira forçada acaba sendo superficial. Crer num refúgio
material e render-se a ele requer muito esforço desnecessário, como enfa-
tiza os termos aruhya krcchrena.

Portanto, mesmo que pareça ser muito difícil render-se ao Se-


nhor Supremo, ainda assim, o yogi deve dedicar-se com afinco em de-
pender por completo da proteção da Superalma. Tentar viver de maneira
independente dentro do mundo material é uma atitude cega do falso ego.
Nesta etapa do Astanga-yoga, o que há de mais difícil é justamente aban-
donar o falso ego que, embora seja a causa de todo tipo de sofrimento, faz
a entidade viva condicionada pensar que conseguirá em algum momento
ser feliz sem se dedicar em satisfazer o Supremo. Renunciar ao falso ego
é na verdade a única renúncia. Sem deixar o falso ego ninguém consegue
progredir seguramente no caminho do Yoga.
Asana
Os Asanas, que são considerados posturas físicas ou mecânicas,
necessitam de Yama e Niyama. Sentar-se em postura sem Yama e Niyama
não passa de exercícios físicos e, portanto, não dará os benefícios deseja-
dos. Além disso, o real significado de Asana é “assento”. Mas que tipo de
assento seria este?

A alma espiritual está presa dentro do corpo material, porém,


em essência, ela possui uma natureza eterna e original que é prestar ser-
viço transcendental amoroso ao Senhor. Assim, o Asana visa facilitar a
alma espiritual de restabelecer sua eterna relação devocional com a Pessoa
Suprema. Desse modo, o conceito mais amplo e específico de Asana é a
alma espiritual posicionar-se, ou assentar-se, em sua posição constitucio-
nal eterna, sua natureza real. Em outras palavras, Asana é a atitude que
o yogi desenvolve diante da vida e da Verdade Absoluta. Ocupar-se em
atividades ilícitas - não seguindo Yama e Niyama - não permitem o yogi
situar-se em verdadeiro Asana (no sentido mais profundo da palavra);
mas, se ele está ocupando-se em dar prazer ao Senhor compreende-se que
ele está situado em Asana.
Arjuna pergunta para o Senhor Krishna kim asita vrajeta kim (Bg. 2.54),
“qual é a atitude de um sábio que está fixo na transcendência?”. O Senhor
Krishna responde (Bg. 2.61):
“Aquele que restringe seus sentidos, mantendo-os sob com-
pleto controle, e fixa sua consciência em Mim, é conhecido
como um homem de inteligência estável.”
Em qualquer situação, o verdadeiro yogi pode manter-se auto-
controlado simplesmente por estar com sua consciência fixa e ocupada
em glorificar e satisfazer o Supremo. Esta é a perfeição do Asana, que está
além do conceito físico ou externo que conhecemos, como meras postu-
ras. Inicialmente têm-se as práticas físicas dos Asanas que, juntamente
com os angas anteriores, auxiliam na conquista dos sentidos e da mente.
Somente após assumir total controle da mente é que se entra realmente
no Asana. Podemos definir o primeiro como Asana externo, enquanto que
a meta é o Asana interno, pois sem desenvolver-se no Asana não há como
interiorizar a consciência para os próximos degraus até Samadhi.
Um yogi avançado pode estar realizando diferentes tipos de ati-
vidades aparentemente materiais, mas internamente ele está conectado
com o Supremo e estabelecido em sua natureza original.

Meramente manter posturas mecânicas, por mais difíceis que


sejam – sem consciência de sua posição constitucional original -, não le-
vará o yogi ao Samadhi, a meta do Astanga Yoga. Por este motivo, é extre-
mamente necessário o estágio de Isvara-pranidhana, pois, sem ele torna-
se impossível para o yogi situar-se em sua posição constitucional eterna,
que é executar o transcendental serviço amoroso puro ao Senhor, ou seja,
estar em seu Asana. Do ponto de vista externo Asana é meramente pos-
tura, mas internamente ele é assento ou posição constitucional da alma
eterna, ou atitude de serviço devocional amoroso ao Senhor Supremo.

No Yoga-sutra (2.46), Patanjali diz:


“O Asana deve ser firme e confortável.”
Aquele que consegue manter sua mente sob controle é conside-
rado um sábio de mente estável, sthita-dhir munir ucyate (Bg.2.56). Assim
ele se mantém fixo em sua posição como servo do Senhor. Da mesma
forma, su-sukham kartum avyayam (Bg. 9.2): o conhecimento a respeito
do serviço transcendental amoroso ao Senhor “é eterno e agradável de ser
praticado”.

É um fato que os Asanas trazem uma infinidade de benefícios


físicos, o que pode auxiliar no processo de meditação, mas não leva direta-
mente à auto-realização espiritual. Estando com o corpo saudável e com
vitalidade (o que é oferecido como benefício físico pelos Asanas), a pessoa
pode ficar com a mente mais tranqüila e, com a mente calma e controla-
da, pode dedicar-se mais facilmente à meditação. Por isso, muitos Asanas
estão relacionados com meditação.

Quando se fala em meditação logo se pensa em posturas e vice-


versa. Mas, o verdadeiro yogi tem em consciência o conceito real do Asana:
situar-se em sua posição original como servo eterno do Paramatma.

No Srimad-Bhagavatam (10.87.42), encontramos a seguinte


passagem: asrutyatma-anusasanam. Segundo Srila Jiva Gosvami, o ter-
mo atmanusasanam significa tanto instruções que beneficiam as entida-
des viva, quanto instruções que revelam a relação da entidade viva com
o Senhor Supremo. Anusasanam se refere às instruções (SB 11.3.44), e
atma à alma. Logo, do ponto de vista filosófico, o Asana está intimamente
relacionado com a alma em sua constituição eterna.

O oposto de sua posição constitucional é nirasana, uma posição


artificial. Esta é a situação material da alma condicionada. Por exemplo, se
considerarmos o ser vivo como o corpo material, então, sua posição con-
dicional é servir às ilusões; mas, se considerarmos o ser vivo como alma
espiritual individual sua posição será a de servir ao Supremo Senhor Hari.
Desse modo, se, contrariando a natureza, o ser vivo como alma espiritual,
se ocupa em servir suas ilusões mentais, diremos que ele não está em seu
Asana, mas em nirasana - sem posição estável. Nessa condição o ser vivo
sofre os resultados da instabilidade mental e é arrastado pelas reações de
suas atividades.
A conclusão é que o Asana deve levar o yogi da concepção corpórea às
refinadas realizações sobre seu próprio eu e a Suprema Personalidade de
Deus. Para tanto, fica evidente a necessidade de uma profunda base filo-
sófica sobre o assunto. Porém, sem esta compreensão a respeito do Asana,
corre-se o perigo de permanecer apenas no conceito corpóreo do Astan-
ga-yoga. A idéia, como já foi várias vezes ressaltada, é chegar à plataforma
do incondicional amor puro pelo Senhor.

Conceito Básico de Pranayama

Primeiramente, se faz necessário esclarecer um ponto importante antes de


iniciarmos a prática de Pranayama: fazer de nossas atividades - incluindo
o Pranayama - um ofício sagrado, ou sacrifício a Suprema Personalidade
de Deus.
Isto porque todas as variações de Pranayama que existem possuem uma
única raiz que foi apresentada pelo Senhor Krishna no Bhagavad-gita
(4.29), e por Kapiladeva no Srimad-Bhagavatam (3.28.9). No Bhagavad-
gita (4.29), Krishna diz que estas atividades de Yoga fazem parte dos
processos de sacrifício que ajudam a purificar os seres vivos das reações
kármicas. É necessário ter esta consciência. Não estamos apenas fazen-
do alguns exercícios de respiração, estamos tentando avançar espiritual-
mente através de um rígido e prazeroso controle de nossa energia vital,
que pode ser facilmente controlada através de Bhakti-yoga. Mas, como a
mente e a consciência das pessoas em geral estão muito envolvidas com a
energia material, é muito útil e valioso o processo de Asthanga-yoga, ou
Pranayama. Entende-se que nem todos estão preparados para o processo
de Mantra-yoga (o cantar do Maha-mantra), por isso, o Pranayama vem
para facilitar e preparar o candidato à elevação espiritual.
Portanto, simplesmente tendo consciência de que durante esta prática en-
tramos em contato com nossa essência já estaremos fazendo um grande
avanço rumo à consciência original.

Pranayama
A palavra prana é derivada da raiz sânscrita -ana, animar ou
vibrar, e pra-, primeira unidade. Então, literalmente, prana significa a pri-
meira unidade de energia vital. Tudo que se move ou que vive expressa a
presença do prana.

Após praticar os Asanas o yogi capacita-se a adentrar os profun-


dos níveis da consciência, compreendendo o funcionamento do prana nas
funções do corpo material através do controle dos ares vitais; e elevando
a consciência interior à essência do próprio eu. Está técnica é conhecida
como Pranayama.
Pranayama não é apenas o controle da respiração, é o controle dos ares
vitais internos. E ainda, numa compreensão mais detida, Pranayama
significa usar toda a vitalidade para o prazer do Senhor Supremo. Toda
a vitalidade proveniente do Paramatma e manifesta através da Jivatma
deve ser utilizada para a satisfação do Supremo, por meio da prática do
transcendental serviço amoroso. Desperdiçar a vida em ilusões e futili-
dades é sinônimo de insanidade. Há uma meta única na vida humana.
Vedais ca sarvair eva vedyo. A meta última apresentada nos Vedas é com-
preender a Verdade Absoluta. O Senhor Krishna declara no Bhagavad-
gita (8.8):

“Aquele que, meditando em Mim como a Suprema Persona-


lidade de Deus, sempre ocupa sua mente em lembrar-se de
Mim e não se desvia do caminho, ó Partha, com certeza Me
alcança.”
O ar vital não deve ser desperdiçado de forma animalesca. Qual-
quer atividade sem consciência espiritual apenas absorve os ares vitais
deixando a entidade viva sem força ou determinação para a auto-reali-
zação. O yogi deve usar toda sua vitalidade para se concentrar, meditar e
servir ao Senhor, dentro de si. Assim, Pranayama é mais do que controle
dos ares vitais, é controle da vida em toda a sua amplitude e em todas as
circunstâncias. O Paramatma é o ar vital no corpo de todas as entidades
vivas (bhutva praninam deham asritah, Bg. 15.14), a Alma de todas as al-
mas. Após ver e compreender a verdadeira identidade do Senhor Krishna,
Arjuna oferece reverências (pranamya sirasa devam, Bg. 11.14), dedicando
toda sua vida ao Senhor.

Por isso, todo yogi que, ao chegar à hora de abandonar o atual


corpo, estiver com a mente resoluta devido à sua ocupação devocional e
pelo poder do yoga (yoga-balena), concentra seu ar vital entre as sobrance-
lhas e alcança a Suprema Personalidade de Deus (bhruvor madhye pranam
avesya samyak, Bg 8.10).

Por outro lado, segundo o conhecimento milenar da antiga cul-


tura Védica, todos os conflitos e problemas existentes são criados pela
própria mente. A respiração e a mente estão intimamente relacionadas. A
situação de uma determina a outra. Uma respiração agitada ou acelerada
tornará a mente intranqüila ao passo que uma respiração suave, pausada e
consciente resultará numa mente apaziguada. Nisto se baseia tanto nossa
saúde física quanto mental.

A técnica original do Pranayama é baseada em puraka, kumbhaka


e rechaka, ou seja, inalação, retenção do ar inalado, exalação, retenção do ar
exalado e novamente repetindo a seqüência. Esta mesma técnica é apre-
sentada no Bhagavad-gita (4.28; 8.19; 8.12) e no Srimad-Bhagavatam
(3.28.6; 3.28.9; 11.14.33).

A prática correta do Pranayama nos fornece a energia necessária


para que o corpo, a mente e a alma possam manter-se ligados até os últi-
mos degraus do Astanga-yoga. Através da respiração correta e conscien-
temente controlada pode-se passar da primeira fase dos oito degraus da
Yoga externa (bahiranga), e ir direto para os três últimos degraus da Yoga
interna (antaranga). Por este motivo, Pranayama é muito importante na
visão de Patanjali, e mesmo para a maior autoridade do Yoga, Devahuti-
putra Kapiladeva, como Ele expõe no Srimad-Bhagavatam (3.28.12), o
propósito específico do Pranayama:
“Aquele que pratica o processo de Pranayama pode erradicar
a contaminação de sua condição fisiológica e, concentrando
a mente, pode livrar-se de todas as atividades pecaminosas.
Controlando os sentidos, ele pode livrar-se do contato com
a matéria e, meditando na Suprema Personalidade de Deus,
pode livrar-se dos três modos do apego material.”
Neste verso as palavras pratyaharena samsargan são significati-
vas. Elas definem a importância do Pranayama dentro do Astanga. Assim,
pratyaharena samsargan se refere a interiorização dos sentidos e a retira-
da dos mesmos do contato com a matéria. Outra palavra importante é
dhyanenanisvaran gunan, que significa “meditar na Pessoa Suprema que
é o controlador dos três modos da natureza material”, e não em qualquer
objeto criado pela mente. Nota-se, portanto, que no degrau de Pranayama
já se encontram Pratyahara e Dhyana, além de Dharana. (dharanabhis).
Então, conclui-se que o controle dos ares vitais tem um propósito muito
mais elevado: trazer os sentidos para dentro (Bg 2.58), concentrar-se (Bg
2.61) e meditar (Bg 10.9).

Depois, no verso seguinte do Srimad-Bhagavatam (3.28.13),


Kapiladeva esclarece que, após ter purificado a mente por este processo
de Yoga (yada manah svam virajam yogena), deve-se meditar na forma da
Suprema Personalidade de Deus (bhagavato dhyayet).

Com a devotada prática de Pranayama pode-se livrar o eu do


maior problema da entidade viva: nascer e morrer. E, como a meta é al-
cançar a morada suprema, o Senhor Krishna garante no Bhagavad-gita
(8.10):
“Aquele que, ao chegar à hora da morte, fixar seu ar vital entre
as sobrancelhas e, pela força do Yoga, com a mente indesviá-
vel, ocupar-se em lembrar de Mim com devoção plena, com
certeza Me alcançará.”
A perfeição da vida humana pode ser alcançada quando se man-
tém a mente indesviável no transcendental serviço amoroso ao Senhor
(manasacalena bhaktya yukto), ocupando-a completamente em lembrar da
Pessoa Suprema (pranam avesya samyak as tam param purusam upaiti di-
vyam). Utilizando a vida de forma natural e consciente para a satisfação
do Senhor (bhaktya yukto), o yogi alcança o sucesso na prática do Pranaya-
ma, que é reconquistar sua consciência original (param purusam upaiti
divyam). A energia vital e a própria vida é uma dádiva divina dada para
o benefício dos seres vivos. É completamente ilógico utilizar esta mesma
energia para fins egoístas ou até mesmo animalescos. Assim, o propósito
do Pranayama é controlar a vida direcionando-a para o amor à Suprema
Personalidade de Deus, Krishna.

Superar e liberar-se do aprisionamento material é um dos obje-


tivos do Yoga. A sessão mais técnica do Pranayama descreve uma série de
canais sutis por onde circula toda energia vital do ser vivo corporificado.
Estes canais são chamados nadis e o principal deles é susumna. Tendo
como meta superar nascimentos e mortes, o Chandogya Upanisad (8.6.6),
diz:
“Há cento e um canais prânicos sutis que emanam do cora-
ção. Um destes, o susumna, estende-se até o topo da cabeça.
Elevando-se através deste canal, a pessoa transcende o nasci-
mento e a morte”.
No mesmo Chandogya Upanisad (8.6.9), se diz:
“Aqueles cuja visão ainda permanece obscurecida compreen-
dem apenas o Brahman impessoal, ao passo que outros com-
preendem o Senhor no coração. Mas quem de fato compreen-
deu o Brahman Supremo segue do coração ao topo da cabeça
onde se refugia no Senhor que ali se manifesta”.
Esta é a mais elevada realização alcançada pela meditação do
Pranayama. Viver intensamente a plenitude da alma é o objetivo do Yoga,
e tal plenitude leva ao êxtase do amor mais puro e elevado. E viver inten-
samente significa aplicar todo o tempo e energia na busca da auto-reali-
zação através do transcendental serviço devocional ao Senhor. Com esta
consciência pode-se fazer progresso em direção à meta do Pranayama.
Pranayama - Restabelecendo uma Visão Sobre o Campo

No clássico tratado Yoga-sutra, Patanjali define yoga como sendo o pro-


cesso de cessar (nirodha) a identificação com as alterações (vrtti) que
ocorrem na mente (citta). Alterações estas que não cessam tão facilmente.
Estas alterações geram as polaridades extremas que afetam as atividades
mentais, as quais refletirão no coportamento e atitude do indivíduo. Ve-
mos isto com freqüência. Por exemplo: num momento podemos estar
bem favoráveis as situações externas e aos fatos que ocorrem. Sentimos
tranqüilidade e certa sensação de paz - podemos estar de bem com a vida
-, mas de repente, por nada, perdemos a paciência por qualquer banalida-
de. Ou, num momento estamos com a mente em paz e serenidade, com
pensamentos lineares e saudáveis, mas no momento seguinte estamos ira-
dos ou movidos pela cegueira da razão. Mas o que está acontecendo? Que
fatores estão causando estas variações de temperamento e comportamen-
to? Serão apenas fatores externos ou algo que está dentro de nós sem que
saibamos? É por este motivo que Arjuna, na Bhagavad-gita, diz ser mais
fácil controlar o vento do que controlar os impulsos mentais. Mas o que é
cessar as alterações da mente? Será que implica numa abordagem epste-
mológica, psicológica, ontológica ou ética?Certamente que esta cessação
se refere a eliminar os altos e baixos gerados pela mente, mas não eliminar
a mente.
Portanto, do ponto de vista epstemológico, o que Patanjali apresenta é a
necessidade de se controlar ou transcender a mente e seus implsos naturais.
Temo então que a mente é o ponto de partida para a prática de yoga. O
controle mental é fundamental para se conquistar o propósito do yoga.Na
Bhagavad-gita (2.48) yoga é definida como equanimidade (samatvam).
Sama indica equilíbrio. Logo, deve-se manter o equilíbrio em todas as
circunstâncias da vida e isto é yoga (yoga-sthah). Desse modo, podemos
entender que não se faz necessária a negação da mente e suas atividades.
Uma vez que a mente tem três funções básicas de sentir, pensar e desejar é
inviável querer parar a mente ou anulá-la. O meio é ocupar ou direcionar
a mente para atividades que possam mantê-la sob equilíbrio e satisfação.
Tal método é o yoga. Retornamos ao mesmo ponto. Yoga é a cessação das
alterações mentais e a mente só pode permanecer equilibrada através da
ciência do yoga. Então, como cessar as atividades da mente se é por meio
dela que se chega a realização íntima do eu interior? Como já dissemos
não é cessando a mente, mas as atividades mentais que possam causar ou
estimular os registros e impressões que se alojaram nos arquivos de expe-
riências e vivências da mente. Voltando a definição de Patanjali devemos
procurar entender o que expressa o termo sânscrito cittah. Esta palavra
tem entre outros o significado de consciência ou força viva do ser. Cittah
pode ser entendido como a consciência que mantém o corpo vivo ou a
própria vida dos corpos dos seres vivos em todas as espécies. Esta mesma
consciência (cittah) será explanada neste trabalho sob o termo jivatma,
alma espiritual individual ou a consciência individual da entidade viva.
Assim ficará mais fácil exportmos o por que das alterações da mente.

Pratyahara

A maneira de proteger a mente, repelindo os objetos dos senti-


dos, é chamada Pratyahara. Este processo pode ser entendido como um
direcionamento dos sentidos da periferia externa para o interior, direcio-
nando os sentidos para o serviço amoroso ao Senhor e, assim, espiritua-
lizando-os.
Por meio de firme convicção e refinada inteligência, deve-se
lentamente cessar as atividades externas dos sentidos. Como é apresenta-
do no Bhagavad-gita (6.24):
“É necessário ocupar-se na prática de Yoga com fé e deter-
minação, e não se desviar do caminho. Deve-se, sem exceção,
abandonar todos os desejos materiais nascidos da especulação
mental, e desse modo controlar todos os sentidos por comple-
to, através da mente.”
Este verso confirma o conceito de Pratyahara nas palavras ka-
mams tyaktva sarvan asesatah. Kama são os desejos materiais que surgem
do contato dos sentidos com os objetos dos sentidos. Mas, tyaktva sar-
van significa retirar todos os sentidos destes objetos sensoriais. De acordo
com o dicionário Monier-Williams, o termo samkalpa significa aceitar
uma convicção mental. Então, sankalpa-prabhavan kamams se refere à de-
terminação que a mente assume diante dos desejos materiais que se ma-
nifestam. Podemos dizer que Yoga significa espiritualizar este samkalpa;
isto é, a mente sendo material tem atração pelo material e, desse modo,
sua convicção será contrária ao Pratyahara.

Por outro lado, se este mesmo samkalpa é espiritualmente dire-


cionado, com auxílio de uma inteligência resoluta, as convicções mentais
tornam-se espirituais. Este é o método autêntico do Yoga: espiritualizar
as tendências materiais da mente e dos sentidos.

Mas, como direcionar internamente os sentidos para que eles


sejam espiritualizados? A resposta é Bhakti. Krishna diz que “sempre que
a mente divague devido à sua natureza inconstante, deve-se coibi-la e
trazê-la sob o controle do eu.” O meio de se efetivar isto é manter a men-
te fixa no Senhor e, desse modo, “manter-se constantemente ocupado na
prática de Yoga”, observando a presença do Senhor em todas as entidades
vivas, em todas as situações e a todo o momento. Espiritualizar os senti-
dos significa purifica-los da contaminação material por meio do serviço
devocional.

O ponto é que além destes sentidos materiais que pertencem ao


corpo material, há os sentidos espirituais que pertencem à alma. A idéia
é que com a prática constante do Yoga (mesmo em seu aspecto mecâ-
nico), adquiri-se controle mental e passa-se a desenvolver as atividades
internas da alma com seus sentidos transcendentais. Estas atividades são
realizadas internamente para o prazer da Pessoa Suprema; e, como se
declara no Bhagavad-gita (6.27), o yogi alcança a perfeição da felicidade
transcendental (yoginam sukham uttamam). E sem dúvida alguma este co-
nhecimento autorizado auxilia a prática de Pratyahara.

Por este motivo, Pratyahara é considerado como o degrau que


serve de ponte entre a prática externa e interna do Yoga. É a partir dele
que o yogi trabalhará profundamente dentro de si mesmo sua busca par-
ticular pela Verdade Absoluta.

De acordo com a filosofia Vedanta, ou Sankhya, o mundo ma-


terial é formado de oito elementos: cinco grosseiros (terra, água, fogo, ar
e éter) e três sutis (mente, inteligência e falso ego). A mente se relaciona
com o mundo externo através dos cinco sentidos materiais (audição, visão,
tato, paladar e olfato). Dependendo da maneira como são usados os senti-
dos no contato com os objetos dos sentidos podem-se enredar ainda mais
nos grilhões das atividades materiais que resultam em apego, sofrimento
e lamentação.

No entanto, o yogi age como a tartaruga, que se esconde dentro


do casco quando percebe a presença de perigo (Bg. 2.58):
“Aquele que é capaz de retirar seus sentidos dos objetos dos
sentidos, assim como a tartaruga recolhe seus membros para
dentro do casco, está firmemente fixo em consciência perfei-
ta.”
O yogi está sempre muito esperto e é hábil em lidar com a ener-
gia material sem se envolver ilusoriamente com ela. Diante de qualquer
situação desfavorável o yogi interioriza sua consciência e aguarda a tem-
pestade ilusória diminuir sua força torrencial.

Pratyahara é também um divisor de águas, pois neste degrau o


yogi irá decidir que tipo de liberação ele buscará - impessoal ou pessoal.

O processo de interiorizar os sentidos ocupando-os no trans-


cendental serviço devocional amoroso ao Senhor é superior a qualquer
outro. É muito mais fácil controlar algo enquanto o ocupa. Por exemplo,
uma criança hiperativa que não pára nenhum instante pode ser acalmada
quando alguém lhe dá uma ocupação qualquer para distrair sua mente:
um brinquedo atrativo. Assim mesmo, é muito mais fácil interiorizar os
sentidos dando-lhes uma ocupação transcendental que também é atrativa.
Porém, para ocupar-se internamente deve haver alguém que receba os re-
sultados destas atividades. Mas, agir internamente para quem? Para onde
devemos direcionar tais atividades internas?

Não há como agir para uma energia impessoal. Dizer “eu amo
o céu, o vento e a noite” é um pouco estranho. Amar implica numa reci-
procidade pessoal. Então, agir internamente implica em agir para alguém,
e este alguém é a Suprema Personalidade de Deus, Paramatma. Agora,
querer interiorizar os sentidos em atividades impessoais ou inatividade é
muito mais difícil e frustrante. Esta é a diferença entre Bhagavan-Pra-
tyahara e Brahman-Pratyahara; servir à Pessoa Suprema ou fundir-se na
refulgência impessoal de Seu corpo transcendental.

No entanto, a filosofia Sankhya e o Vedanta nos instruem na


primeira alternativa, pois facilitará inclusive os últimos três degraus. É
neste momento que o yogi fará a escolha que definirá todo o seu percurso
espiritual. Ou manterá sua individualidade espiritual ou se fundirá na
refulgência espiritual do Senhor, perdendo sua personalidade e liberdade.
Sem devoção não há Yoga.

Dharana
Em seu Yoga-sutra (2.53), Patanjali define Dharana como a eta-
pa de preparação da mente para a meditação. Esta concentração deve ser
realizada internamente (dharanasu ca yogyata manasah). Assim, Dharana
significa concentração da mente num determinado objeto. Do mesmo
modo, no sutra 3.1 Patanjali define:
“Concentração é manter a mente num objeto determinado.”
Entretanto, a concentração requer alguns fatores: interesse,
atenção, prática e calma mental.
A força inicial que leva à concentração é dada pelo interesse ou desejo, e
este está ligado à atenção, ou à determinação de manter a mente focada
em algo. Estando determinado em chegar ao estágio de meditação o yogi
volta toda a sua atenção ao objeto de concentração. Neste ponto, após
constante prática, o yogi consegue manter a concentração fixa em algum
objeto. Segundo Patanjali, este objeto de meditação deverá ser mantido
até a fase final do Samadhi, alcançando a auto-realização (kaivalya), sem
abandonar o objeto de concentração. Da mesma forma, dentro da visão
do Vedanta, após alcançar o estágio último da liberação é que o yogi re-
almente intensifica seu relacionamento com o objeto de meditação. Isto
porque, o Vedanta apresenta três estágios de progresso espiritual para o
yogi. Na primeira, ele entra em contato com o processo que o levará à
Verdade Absoluta (sambandha), depois ele passa a executar o processo
para restabelecer seu eterno relacionamento com esta Verdade Absolu-
ta (abhideya) e por fim ele intensifica seu intercâmbio amoroso com o
Senhor Supremo (prayojana).

Em nenhum momento o Vedanta apresenta a idéia de que se


deve abandonar o objeto de concentração. Isto corrobora o que é apre-
sentado no Yoga-sutra de Patanjali, embora seguidores e comentadores de
sua obra apresentem o contrário. Se o próprio autor manteve-se de acordo
com o Vedanta não há o que discutir.

Para o yogi determinado, a meta é restabelecer seu relaciona-


mento com o Paramatma, ou, em outras palavras, desenvolver seu amor
pela Suprema Personalidade de Deus. Se o propósito da vida humana é o
amor puro pelo Senhor, logo Ele é o objeto de concentração e meditação
do yogi e este amor deve ser eternamente direcionado ao objeto amado.

Deixando de focar o objeto deixamos de direcionar o amor ao


objeto, e assim perde o sentido a busca pela liberação.

Num sentido, abandonar o objeto de meditação após alcançar a


liberação é um tipo de ilusão material e não verdadeira liberação. Pode-se
argumentar o fato de que continuamos a manter o “amor puro por Deus”
mesmo sem um foco, sem uma direção, ou “direcionar” este amor para
algo impessoal. Tudo bem, mas, analisando melhor o fato concluiremos
que não há lógica em tal argumento. Ninguém é capaz de direcionar sua
concentração, sua meditação ou seu amor para algo impessoal. No Bhaga-
vad-gita (12.5), encontramos que:
“Para aqueles cujas mentes estão apegadas ao aspecto impes-
soal e imanifesto do Supremo, o progresso é muito problemá-
tico. Progredir nesta disciplina é sempre difícil para aqueles
que estão em corpos materiais.”
Por este motivo, podemos dizer que não existe discordância en-
tre o original Yoga-sutra de Patanjali e a tradição filosófica do Vedanta.
O Vedanta explica claramente que o objeto da busca deve ser mantido
enquanto que a versão de muitos seguidores de Patanjali diz que deve ser
abandonado.
Toda concentração deve ser dirigida para o interior do próprio
eu individual (Jivatma), e não para algo externo. O que é externo pode
e deve ser abandonado no processo de concentração da mente na cons-
ciência interior. Conclui-se que não há vazio dentro da alma espiritual
individual. Há dentro do ser vivo individual uma ilimitada realidade es-
piritual que não pode ser negada. O yogi deve se concentrar dentro de si e
visualizar mentalmente os pés de lótus e a forma da Pessoa Suprema.

Resumidamente, Dharana significa abandonar a concentração


nos objetos externos dos sentidos e concentrar-se na satisfação do Senhor
através do serviço amoroso a Ele. O resultado é confirmado por Kapila-
deva no Srimad-Bhagavatam (3.33.8), quando Ele diz que concentrando
a mente no objeto de meditação (pratyak-srotasy atmani samvibhavyam),
que é a Suprema Personalidade de Deus (brahma param pumamsam),
supera-se os três modos da natureza material (dhvasta-guna-pravaham),
pela misericórdia dEle (sva-tejasa). O Brhad-aranayaka Upanisad (4.5.6),
descreve como situar-se em Dharana:
“É a Alma Suprema que se deve observar, é sobre Ele que se
deve ouvir, pensar e meditar com firme concentração.”
Em muitas escrituras autorizadas enfatiza-se o processo de
Bhakti para alcançar os últimos degraus de Astanga-yoga, como é apre-
sentado no Gopala-tapani Upanisad (Purva 15):
“Transcendental serviço devocional amoroso é o processo de
adorar o Senhor, e consiste em fixar a mente nEle e desinte-
ressar-se pelas designações materiais por completo.”
Para tanto, há três fatores importantes em Dharana: é neces-
sário o auxílio de um mestre espiritual que dê instruções; é necessário
acatar suas instruções e aplicá-las na vida com o objetivo de dissipar dú-
vidas e falsas concepções; e finalmente, é necessário determinadamente
concentrar-se na forma pessoal da Verdade Absoluta com total convicção.
Um mestre espiritual fidedigno instruirá seu discípulo a concentrar-se na
transcendental forma do Senhor Supremo e não em qualquer objeto cria-
do pela mente. Qualquer objeto criado para concentrar a mente deverá
ser abandonado no final. Porém, a concentração na forma da Superalma
não será abandonada em momento algum. Isto facilita a evolução natural
para o sétimo degrau.

Dhyana

Quando o yogi se mantém por longo período num estado men-


tal de concentração na Superalma, compreende-se que alcançou a medi-
tação. Meditação significa concentrar a mente e focar a consciência no
aspecto pessoal do Senhor. Não há possibilidade de meditação no vazio
ou no aspecto impessoal da Verdade Absoluta.
Segundo as escrituras, Dhyana está entre os processos neces-
sários para a auto-realização. É a etapa final do Astanga-yoga. Nela se
prepara a maior realização interior do yogi. Purusah purusam vrajet. A
entidade viva se encontrará com a Pessoa Suprema (SB 3.29.35) face a
face.
O Senhor Krishna diz no último capítulo do Bhagavad-gita
(18.51-53), que “tendo controlado a fala, o corpo e a mente, mantendo-se
sempre absorto em transe espiritual e abrigando-se no desapego” (yata-
vak-kaya-manasa dhyana-yoga nityam vairagyam samupasritah) - entre
outros fatores - “capacita-se para a auto-realização” (brahma-bhuyaya kal-
pate).
Os três últimos degraus – Pratyahara, Dharana e Dhyana - estão
intimamente ligados. A meditação depende da concentração e esta da
restrição dos sentidos. Os três caminham juntos e dependem, conseqüen-
temente, dos degraus anteriores. Ainda assim, não seria demais dizer que
elas precedem à absorção completa da consciência individual (Jivatma),
na Superconsciência (Paramatma). Patanjali diz no Yoga-sutra (3.2), que:

tatra pratyayaikatanata dhyanam

“A contínua contemplação (do objeto de concentração) é me-


ditação.”

O Vedanta apresenta o método de meditação de maneira bem


clara. Brahmeti paramatmeti bhagavan iti sabdyate. A meta é a Verdade
Absoluta (vedais ca sarvair aham eva vedyah), que possui três aspectos:
impessoal (brahman), localizado (paramatma) e pessoal (bhagavan). As-
sim, meditar no aspecto impessoal da Verdade Absoluta é muito difícil e
pouco garantido. Nele, podemos correr o risco de dispersar a concentra-
ção e sair da meditação.
Mesmo no Bhagavad-gita, como já foi visto, encontramos infor-
mações sobre as dificuldades de meditar no aspecto impessoal, na ener-
gia do Senhor Supremo. Portanto, os hábeis yogis meditam no aspecto
localizado da Verdade Absoluta que se encontra no coração do yogi e de
todos os demais seres vivos. Este é o motivo de interiorizar os sentidos e
concentrar-se no objeto da busca. E é neste objeto, agora presente de ma-
neira intensa dentro de seu coração, que o yogi irá colocar sua consciência
e manter-se em meditação. Isto é Dhyana, ou Bhakti.
Não é um processo simples, mas não deixa de ser fácil. Ainda
em Dhyana está presente o controle da mente, que agora é facilitado pela
própria meditação, como esclarece o Yoga-sutra (3.7):
tatra dhyana-jam anasayam
“Esta mente livre de impressões materiais resulta da medita-
ção.”

No Srimad-Bhagavatam (3.27.6), Kapiladeva diz que a meta


máxima do Yoga se aproxima quando o yogi fielmente executa devoção
amorosa pura (abhyasan sraddhayanvitah mayi bhavena satyena). E esta
execução é simplesmente ouvir e cantar as glórias da Suprema Personali-
dade de Deus (mat-katha-sravanena ca). Por se cantar e ouvir as glórias da
Pessoa Suprema Dhyana se torna muito simples e prática até mesmo para
uma criança que absorta por ouvir sobre o Senhor Hari medita nEle.
Kapiladeva define Dhyana (SB 3.28.19), quando diz que, imer-
so em serviço amoroso, o yogi visualiza o Senhor dentro de si (dhyayec
chuddha-bhavena cetasa). Em ambas as citações temos presente a palavra
bhavena que significa manter-se absorto meditando o amor ao Senhor
Supremo (Bg 10.8). Bhavena ainda não é a fase de amor puro pelo Se-
nhor, é a fase preliminar para este amor. Entretanto, para se desenvolver
este amor preliminar é necessária inabalável fé no processo de devoção do
Yoga.
O Bhagavad-gita (4.10), também confirma que se mantendo
refugiado no conhecimento a respeito da Verdade Absoluta alcança-se o
transcendental amor pelo Senhor (mad-bhavam agatah). E este sentimen-
to puro de amor é intrínseco ao ser vivo (hari-bhavanaya dhvasta). Bha-
vena vem da mesma raiz bhavah que significa natureza da alma espiritual.
Então, é da natureza do ser vivo servir ao Supremo com devoção amorosa
e isto confirma o propósito espiritual do Yoga.
O Srimad-Bhagavatam dispõe de um conhecimento profundo
sobre a Verdade Absoluta. Ele oferece informações precisas sobre os as-
pectos da Pessoa Suprema. Tais informações são fundamentais para o yogi
que almeja sucesso no processo de Yoga. Por exemplo, no terceiro canto,
capítulo vinte e oito, do verso doze a trinta e quatro, Kapiladeva descreve
a forma pessoal do Senhor para que Sua mãe, Devahuti, possa meditar
com devoção amorosa. Fora estas existem muitas outras descrições que
não se encontram em nenhuma outra escritura autorizada. Por isso, o
Srimad-Bhagavatam também é conhecido como Bhagavat-Purana. Ele é
um comentário sobre o Vedanta-sutra feito pelo próprio autor do Vedanta-
sutra, Srila Vyasadeva.
Assim, munido deste conhecimento sobre o Senhor e dedican-
do-se a serví-Lo, o yogi pode chegar ao estágio último do Astanga-yoga e,
superando a mente, conectar-se com a Superalma.
Kapiladeva diz no Srimad-Bhagavatam (3.28.11):

dhyanenanisvaran gunan

“Meditando na Suprema Personalidade de Deus, livra-se dos


três modos do apego material.”

De qualquer maneira, meditação não é simplesmente fechar os


olhos. Para o verdadeiro yogi, meditação pura é aquela que envolve todos
os sentidos, ações, pensamentos, mente e inteligência. E isto se torna fácil
quando se fixa a consciência no transcendental serviço amoroso ao Se-
nhor Supremo, que é a fonte última de tudo (aham savasya prabhavah),
como se confirma no Vedanta-sutra (1.2): janmady asya yatah. A Verdade
Absoluta é a fonte última de tudo. Esta compreensão leva ao verdadeiro
propósito do Yoga.

Os três caminhos de Dhyana

De acordo com as principais escrituras sobre yoga existem três caminhos


para se conduzir a prática da meditação. São eles: Karma-dhyana, Jñana-
dhyana e Bhakti-dhyana. Iremos neste trabalho apresentar cada uma des-
tas doutrinas clássicas que se ramificaram e se difundiram numa varieda-
de de escolas e estilos, mas que possui sua origem ainda presente.

As três linhas pertencem à mesma tradição literária do Vedanta.


Pureza na Meditação: Srimate Radharani
O esplendor corpóreo Dela, que zomba do relâmpago, flores campaka,
ouro e kunkuma, deve ser descrito. O néctar de Seu nome deve ser ouvi-
do.

Amarrado de forma perita, com uma linda flor na ponta, e a glória de suas
flores ali fazendo com que pareça uma nuvem escura de monção bordada
pela brilhante luz do luar, reluz com grande esplendor o cabelo trançado
de Radha, dos olhos de corça.
Ela porta uma jóia real inavaliável. Ela tem a marca de Kamadeva. Uma
linha graciosamente marca o repartido de Seu cabelo. Seu colar de pérolas
é esplêndido como uma linha de estrelas. Isso é uma torrente de néctar
jorrando da lua de Seu rosto?
Sua linda testa é como uma lua crescente e está decorada por mechas de
cabelo graciosamente encaracolado, desenhos coloridos, e maravilhosas
pinturas desenhadas com almíscar. A riqueza de Seus olhos sempre deixa
Krishna insaciado.
Ela é muito bela. Suas sobrancelhas curvas derrotam o arco sem corda de
Kamadeva. Isso é uma linha de abelhões imobilizados por terem bebido o
néctar que desejavam destes olhos de lótus?
Seus belos olhos reluzentes maquiados de khajal säo como dois peixes
saphari brilhando com o desejo de se divertir no oceano da beleza de Seu
amado. Ela encontra a marca de noz-de-betel de Seu amado.
Se um raio estacionário de relâmpago fosse decorado com estrelas, duas
bolhas de néctar colocadas abaixo dele, e tudo isso fosse colocado dentro
de uma flor de lótus, isto seria derrotado pelo esplêndido nariz de Radha
dos olhos de corça.

Samadhi

Samadhi é a absorção completa da consciência individual na Su-


perconsciência, ou a fase em que a mente absorve-se virtualmente em
pensamentos relacionados com a Pessoa Suprema. O termo Samadhi está
relacionado com a palavra samahitam, que significa “estado no qual todas
as questões são respondidas”, ou “estabelecido na posição original”. Além
disso, a raiz [dhi] significa “inteligência espiritual”; ou seja, neste estado de
Samadhi a mente atua fora do campo conceitual da linguagem e, portanto,
fica livre das alterações constantes que ocorrem no campo mundano da
mente – sentir, pensar e desejar materialmente.
Kapiladeva define Samadhi como sendo uma profunda concen-
tração da mente nas atividades transcendentais da Suprema Personali-
dade de Deus (vaikuntha-lilabhidhyanam samadhanam tathatmanah, SB
3.28.6). Isto quer dizer que simples meditação ainda não é a fase perfeita
do Astanga-yoga. Em meditação ainda ocorre atuação da mente para se
pensar nas glórias do Senhor, porém, tendo realmente se concentrado já
não se faz mais necessário a plataforma mental. A mente é útil na me-
ditação até o ponto de ter desenvolvido a afeição espontânea pelo trans-
cendental serviço devocional amoroso ao Senhor. Quando se desenvolve
esta espontaneidade ou apego espiritual por tópicos relacionados com o
Senhor, naturalmente torna-se desnecessário um lugar ou horário especí-
fico para meditar, pois as vinte e quatro horas do dia são utilizadas para se
meditar. Esta constante ocupação meditativa prática é o Samadhi.
Na verdade, o estágio de Samadhi está além dos conceitos de
sentir, pensar e desejar. Nele, o yogi mantém-se num relacionamento re-
cíproco muito intimo e elevado com a Verdade Absoluta. Em Samadhi
apenas a consciência original é que atua sentindo, pensando e desejando
espiritualmente. Antes de se alcançar este estágio de relacionamento com
o Paramatma, a Jivatma permanece completamente sem atividades reais.
Mas, para isto, todos os sentimentos, pensamentos e desejos que se mani-
festam neste estágio devem ser necessariamente puros. Qualquer mácula
material tira imediatamente o yogi do Samadhi. Srila Prabhupada define
Samadhi como a situação em que o yogi vê a Superalma dentro de si cons-
tantemente. Encontramos no Bhagavad-gita (2.44):

bhogaisvarya-prasaktanam
tayapahrta-cetasam
vyavasayatmika buddhih
samadhau na vidhiyate

“Nas mentes daqueles que estão muito apegados à gratificação


dos sentidos e à opulência material, e que se deixam confundir
por estas coisas, não ocorre a determinação resoluta de prestar
serviço devocional ao Senhor Supremo.”

As palavras samadhau na vidhiyate significam que não é possível


situar-se em Samadhi quem é bhogaisvarya-prasaktanam, ou seja, apegado
ao gozo dos sentidos e opulência material. Entretanto, o Samadhi também
promove a limpeza dos desejos materiais que restaram ainda que sutis no
coração do yogi, como confirma Patanjali no Yoga-sutra (2.2):

samadhi-bhavanarthah klesa-tanukara-narthas ca

“A intensa absorção da consciência na Pessoa Suprema cessa-


rá toda atração, identificação e atividades materiais.”

Porém, este Samadhi ainda não é o verdadeiro, pois somente


com o coração e a consciência pura é possível estabelecer-se em verda-
deiro Samadhi. Enquanto há desejos materiais não há possibilidades de
absorção completa nas atividades da Pessoa Suprema. Somente livre de
qualquer desejo material e especulação mental é que se penetra no nectá-
rio prazer do Samadhi, em contato direto com a Personalidade de Deus.
Isto é confirmado no Vedanta-sutra (1.12), onde se estabelece que anan-
damayo-‘bhyasat: “a Verdade Absoluta é a fonte de todo prazer e bem
aventurança”. Assim, todo prazer que as entidades vivas estão procurando
encontra-se na Verdade Absoluta, e somente fixando-se nEla é que se
alcança o verdadeiro Samadhi.
A palavra abhyasat significa “devido à repetição”, ou seja, o prazer
que se sente no contato com a Verdade Absoluta é ilimitado. Desse modo,
o yogi sente esta fonte de prazer emanando ilimitadamente e se afasta por
completo dos desejos de satisfação material pelo fato de eles já não mais
causarem prazer. O prazer referente ao contato com o Paramatma é abso-
luto e inigualável e, portanto, sobrepuja qualquer prazer material.
O Paramatma, ou a Verdade Absoluta, que é bem-aventurança
transcendental, está presente nos corações de todas as almas condiciona-
das que buscam por algum prazer e, desse modo, é mais sensato buscar por
este prazer em contato com o Senhor do que em contato com a matéria.
No Taittiriya Upanisad há a seguinte descrição verídica a respei-
to da Verdade Absoluta:

etam anandamayam atmanam


upasankramya iman lokan
kamani kama-rupy anusancarann
etat sama gayann aste
“Após deixar seu corpo material, aquele que compreende a
Pessoa Suprema (anandamaya) deixa este mundo material e
entra no mundo espiritual. Então, todos seus desejos se tor-
nam realizados, recebe uma forma espiritual de acordo com
seu próprio desejo, e dedica-se a glorificar ao Senhor.”

Este fato é corroborado pelo Bhagavad-gita (5.21):

bahya-sparsesv asaktatma
vindaty atmani yat sukham
as brahma-yoga-yuktatma
sukham aksayam asnute

“Tal pessoa liberada não se deixa atrair pelo prazer dos sen-
tidos materiais, mas está sempre em transe, gozando o prazer
interior. Desse modo, a pessoa auto-realizada sente felicidade
ilimitada, pois se concentra no Supremo.”

Neste verso, Samadhi é descrito nos termos sa brahma-yoga-


yuktatma. E naturalmente esta absorção dentro de si mesmo, fixo na
forma pessoal do Senhor, leva à felicidade ilimitada (sukham aksayam).
Assim, não há dúvida de que esta Pessoa Suprema seja anandamaya, pois
Ele também é descrito na seguinte declaração do Srimad-Bhagavatam
(10.87.17): “Ó Senhor, de todas as pessoas, Tu és o Supremo.” (purusha-
vidho ‘nvayo ‘tra).
Com relação a isso podemos observar que não é contraditório
ou ilógico dizer que o Senhor Supremo tem uma forma pessoal absolu-
ta, pois Ela é descrita pelas literaturas védicas. No Srimad-Bhagavatam
(12.13.1), se diz que a Suprema Personalidade de Deus (devaya tasmai)
é em quem (yam) os yogis perfeitos se absorvem em transe dentro de si
mesmo (dhyanavasthita-tad-gatena manasa pasyanti yam yogino). E a con-
clusão do Samadhi será render-se a esta Pessoa Suprema sem perder sua
identidade eterna. Patanjali diz no Yoga-sutra (2.45):

samadhi-siddhir isvara-pranidhanat
“A perfeição do Samadhi é a rendição completa à Pessoa Su-
prema.”

Rendição significa absorver-se por completo na Verdade Abso-


luta numa atitude de serviço amoroso, ocupando-se inteiramente na sa-
tisfação do Senhor. Portanto, a absorção, munida de conhecimento, nesta
forma suprema leva o yogi à liberação, como confirma o Bhagavad-gita
(4.9):

janma karma ca me divyam


evam yo vetti tattvatah
tyaktva deham punar janma
naiti mam eti so ‘rjuna

“Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu apa-


recimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer
neste mundo material, mas alcança Minha morada eterna.”
Isto significa que não ocorre em nenhum momento, como erro-
neamente se pensa, a dissolução da alma individual. O yogi entende que
o Samadhi é a promessa de sua verdadeira individualidade eterna. E esta
individualidade é mantida no eterno relacionamento restabelecido em
Samadhi com o Supremo. Também no Bhagavad-gita (2.53):

sruti-vipratianna te
yada sthasyati niscala
samadhav acala buddhis
tada yogam avapsyasi

“Quando sua mente deixar de perturbar-se pela linguagem


florida dos Vedas, e quando se fixar no transe da auto-realiza-
ção (Samadhi), você então terá atingido a consciência divina.”

A verdadeira reciprocidade é eterna, assim como o prazer e a


felicidade experimentada neste estado também é. Logo, entrar em ver-
dadeiro Samadhi é manter-se constantemente nele. Kapiladeva diz no
Srimad-Bhagavatam (3.28.36):

so ‘py etaya caramaya manaso nivrttya


tasmin mahimny avasitah sukha-duhkha-bahye
hetutvam apy asati kartari duhkhayor yat
svatman vidhatta upalabdha-paratma-kasthah

“Assim situada na fase transcendental mais elevada, a mente


pára com toda a reação material e situa-se em sua própria
glória, transcendental a todas as concepções materiais de feli-
cidade e aflição. Nessa altura, o yogi compreende a verdade de
sua relação com a Verdade Absoluta, a Pessoa Suprema. Ele
descobre que o prazer e a dor - bem como suas interações -
os quais ele atribuía a seu próprio eu, são, de fato, devidos ao
falso ego, que é produto da ignorância.”

Ter apenas uma leve sensação ou insight não é verdadeiro Sama-


dhi. Sem manter a consciência ocupada no transcendental serviço amoro-
so à Alma Suprema, em seu eterno relacionamento, não há como perma-
necer em Samadhi. Ainda no Bhagavad-gita (12.2):

mayy avesya mano ye mam


nitya-yukta upasate
sraddhaya parayopetas
te me yuktatama matah

“Aqueles que fixam suas mentes na Minha forma pessoal e


sempre se ocupam em Me adorar com fé transcendental, são
considerados por Mim como os mais perfeitos.”

Verdadeiro Samadhi não é a fusão impessoal na energia divina


do Senhor, mas manter sua individualidade espiritual eterna, podendo
assim executar o transcendental serviço devocional amoroso ao Senhor
Supremo. Isto também é corroborado pelo Bhagavad-gita (6.47):
yoginam api sarvesam
mad-gatenantar-atmana
sraddhavan bhajate yo mam
as me yuktatamo matah

“E de todos os yogis, aquele que tem muita fé e sempre se


refugia em Mim, pensa em Mim dentro de si mesmo e Me
presta transcendental serviço devocional amoroso - é o mais
intimamente unido a Mim em Yoga e é o mais elevado de
todos. Esta é a Minha opinião.”

Verdadeira união com o Supremo não é fundir-se nEle, mas es-


tar em harmonia com Seus desejos, pronto para realizar Seus planos para
o benefício de todos os seres vivos. Verdadeiro Yoga é Samadhi e Samadhi
é Bhakti-yoga. Em Samadhi o yogi pode compreender perfeitamente a si
próprio e ao Supremo percebendo com profundidade a relação eterna que
ambos possuem. Em Samadhi o yogi dirige todo o seu amor e sentimento
a Suprema Personalidade de Deus numa atitude de rendição devocional
completa. Em Samadhi alcança-se a perfeição da vida humana, pois se
recobra a sua original atividade no relacionamento puro com a Verdade
Absoluta.
Equívocos Filosóficos de Espiritualidade Aparente

Introdução

A palavra veda vem da raiz vidya que significa conhecimento completo.


Anta significa último, final ou meta. Vedanta, portanto, significa a meta
última do conhecimento transcendental. Tal meta é apresentada no Ve-
danta-sutra, a escritura compilada pelo próprio autor de todos os Vedas
– Srila Dvaipayana Vyasadeva - como o summun bonun da vida humana,
ou seja, compreender a Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan.

Após ter escrito o Vedanta-sutra, Srila Vyasadeva compilou o Srimad


Bhagavatam, o comentário autorizado do Vedanta-sutra. Quase dois mil
anos depois, Sankaracarya apresentou um comentário pessoal ao Vedan-
ta-sutra conhecido como Sariraka-bhasya, que apresenta a filosofia Ad-
vaita-vada. Para isto, Sankara argumentou que havia necessidade de um
comentário atual para o Vedanta-sutra. Durante muitos séculos este seu
comentário Sariraka-bhasya foi aceito como um comentário autêntico
do Vedanta-sutra. Mas, o mesmo comentário apresentou algumas dis-
crepâncias filosóficas em relação ao Vedanta-sutra original. Primeiro que
já havia o comentário autorizado escrito pelo próprio autor do Vedanta-
sutra. Segundo que sua exposição filosófica vai de encontro com a filosofia
Vaishnava.

Mesmo considerando fatores de atualização histórica do texto original –


o que é comum em comentários de textos históricos anteriores -, não po-
demos garantir a autenticidade filosófica da linhagem discipular iniciada
com o Vedanta-sutra, no comentário apresentado pela escola de Sankara.

A filosofia Vaishnava se fundamenta no dualismo personalístico, onde o


atman é diferente do Supremo, e o qual possui uma personalidade própria
e individual. A dualidade na filosofia Vaishnava é a de que existem duali-
dade e individualidade próprias tanto para a entidade viva (atma) quanto
para a Verdade Absoluta, Paramatma ou Parambrahman. Esta dualidade
mostra a variedade de relações que cada ser vivo possui com o Supremo.
Enquanto que a filosofia Advaita-vada é uma filosofia não-dual, indican-
do que não há diferença entre o Supremo, o ser vivo e a realidade. Em
outras palavras, tudo é uno.

Tal monismo não é apoiado em nenhum momento pelo texto original


do Vedanta-sutra. Para a filosofia Advaita-vada de Sankara tudo é Brah-
man e desse modo nem a entidade viva nem a Verdade Absolta possuem
personalidade ou individualidade, pois ambos se fundem numa realidade
amorfa e destituída de qualquer variedade, mesmo espiritual. Ora, temos
que esclarecer que estas definições de identidade e individualidade não
têm ralação com as categorias materiais destes mesmos aspectos. Estamos
nos referindo às categorias transcendentais da forma, do corpo e das qua-
lidades individuais da Pessoa Suprema.

Por isto, para a filosofia Advaita-vada, o Ser Supremo é um Ser em todos,


o que é contraditório, pois se o Ser Supremo fosse cada uma das entidades
vivas, certamente não haveria diversidade e Ele não ficaria iludido pela
energia material em circunstância alguma. Agora, é um fato que Ele está
presente em todos os seres vivos, indistintamente. Mas isto não justifica
que todos são o mesmo ser, ou que somos o Ser Supremo. Somos, sim,
partes integrantes dEle. Somos divinos, não deuses.

Para muitas pessoas, estas duas escolas servem como referências para se
colocarem diante da própria existência. Assim sendo, é de suma impor-
tância pensar a respeito do dualismo e do monismo para que tenhamos
condições de elaborar novas interpretações. Tomamos Caitanya Maha-
prabhu como representante da escola Vedanta Vaishnava e Sankara da
escola Advaita-vada.

Os seguidores de Caitanya Mahaprabhu dizem que na linha de pensa-


mento de Sankara não há nenhuma variedade, individualidade ou perso-
nalidade no Ser Supremo, divergindo de todas as escolas védicas autên-
ticas. Afirmam que Sankara reinterpretou ou rejeitou a maior parte do
smrti védico. Considerando atman e Brahman iguais e no mesmo nível,
contradisse enfaticamente os ensinamentos do Bhagavad-gita, Upanisha-
ds e dos Purunas.

Para os seguidores de Sankara os Vaishnavas estão em ilusão, ou estão


interpretando o Supremo com o auxílio do ego. Para eles, o personalismo
de Bhagavan é fruto da jiva ou atma, que é o eu inferior, transitório e re-
lativo. Mas, o fato é que Bhagavan não necessita da imaginação produtiva
da mente de uma alma condicionada para existir. Isto é enfaticamente
comprovado no Vedanta de maneira lógica.

Para tentar esclarecer e considerar fatos escriturais que comprovem ou


neguem tais contradições existentes, daremos uma breve descrição bio-
gráfica de Sankaracarya e dos principais filósofos Vaishnavas Madhva,
Ramanuja e Caitanya Mahaprabhu. Em seguida, fundamentado em am-
pla bibliografia, apresentaremos os pontos filosóficos das duas escolas.
Terminamos o trabalho com a necessidade de novas interpretações base-
adas nos pré-conceitos que adquirimos.

Nota. É importante destacar que durante nossas pesquisas, baseadas em


teses e textos acadêmicos, escrituras de diferentes escolas orientais e es-
tudos de intelectuais renomados foram encontrados as mais variadas es-
peculações quanto às origens, autor e datas cronológicas da presumível
compilação do Vedanta-sutra ou Brahma-sutra. Garantimos a autenti-
cidade das exposições e conclusões apresentadas neste trabalho. Além de
valermo-nos de vasta documentação acadêmica, livros, artigos, conferên-
cias, etc, baseamo-nos em trabalhos que são considerados autênticos como
documentos de uma tradição milenar mantida viva por uma linhagem de
mestres e discípulos (guru-parampara). Portanto, com objetivo de dar as
referências seguras para futuras pesquisas ou evidências, fazemos questão
de citar, antecipadamente, as obras de Srila Bhaktivedanta Swami Pra-
bhupada como sendo bases autorizadas para estudos aprofundados. Afora
qualquer discrepância especulativa que a contradiga, a referência exata do
autor e da compilação do Vedanta-sutra e demais obras:

Sri Krishna Dvaipayana Vyasadeva, considerado a encarnação literária do


Supremo.
Suas obras: os quatro Vedas, 108 Upanishads (incluindo Bhagavad-gita,
embora esteja entre os Puranas), Bhagavat-purana e Vedanta-sutra são do
século XXX a.C.

Sankaracarya

Sankara (788-820 d.C.) nasceu numa família sul-indiana de brahmanas


ortodoxos em Kaladi, vilarejo do Malabar Ocidental, no Sul da Índia. Seu
nascimento ocorreu logo após o período em que viveu Buda. Na essência,
sua filosofia era um complemento metafísico para a ética budista, ou seja,
ambas não aceitam a existência pessoal de Deus. O filosofo Vaishnava
Satsvarupa Dasa Gosvami no livro ‘Introdução à Filosofia Védica’ afirma
que Sankara foi um Shivaísta, seguidor de Shiva.

Desde criança sentiu-se frustrado com o vazio proveniente dos livros e


resolveu fazer de sua vida um exemplo que pudesse reconduzir os homens
à senda da verdade. Aos dez anos já tinha lido e decorado todas as escri-
turas e também escrevera comentários sobre muitas delas. Quando ainda
era jovem, tornou-se um asceta e ao negar a pluralidade da alma espiritual
individual (atman), divergiu filosoficamente de todas as escolas védicas
ortodoxas. Travara discussões com renomados eruditos da época. Por essa
época, seu pai faleceu e o menino se viu às voltas com enigma da morte, o
que o levou a tentar decifrá-la. Renunciou tudo para buscar os significa-
dos da existência e, então, partiu em busca de um mestre.

Chegando ás margens do rio Narmanda, encontrou Gaudapada, célebre


filósofo e vidente que, segundo consta, havia alcançado a plataforma de
conhecimento. Sankara pediu ao velho sábio que se encarregasse de sua
iniciação, mas Gaudapada recusou-se a atendê-lo, pois, tinha voto de per-
manecer absorto na ‘união’ com Brahman. Enviou Sankara ao seu prin-
cipal discípulo, Govindapa. Foi ele quem iniciou e instruiu o menino na
meditação e no processo do yoga. Em pouco tempo, Sankara alcançou a
completa realização mística e começou ele próprio a transmitir os ensi-
namentos.
Em um determinado dia, encontrou-se com um chandala (membro da
mais baixa das castas, a dos intocáveis). O homem trazia consigo quatro
cachorros, que bloquearam o caminho de Sankara. O brahmana Sankara
ordenou ao chandala que saísse do seu caminho. O chandala retrucou di-
zendo: “Se há um só Deus, como pode haver muitas espécies de homens?”
Sankara encheu-se de vergonha e reverência, e prostrou-se diante do
chandala. Esse incidente inspirou um dos mais belos poemas de Sankara,
O Manisha-panchak.

A partir daí, Sankara começou a ensinar entre os eruditos, convertendo


primeiro os professores, depois os alunos destes. Um deles era o famoso
filósofo Mandan Misra que afirmava que a vida do chefe de família era
superior à do monge. Sankara resolveu discutir com ele e dirigiu-se à sua
casa. Ali chegando, encontrou as portas fechadas. Misra estava celebrando
uma cerimônia religiosa e não queria ser incomodado. Sankara, com o es-
pírito de adolescente, subiu numa árvore próxima e dali saltou para den-
tro do pátio. Misra percebeu-o no meio da multidão. Ele não gostava de
monges e perguntou sarcasticamente: “De onde vem essa cabeça raspada?”
“O senhor tem olhos para ver”, retrucou Sankara. “A cabeça raspada vem
do pescoço”. Misra ficou irritado, mas Sankara continuou a provocá-lo,
até que os dois concordaram em travar um debate a respeito dos méritos
relacionados à vida do monge e do chefe de família. Se Sankara perdesse
teria aceitar tornar-se chefe de família. Se Misra perdesse teria que aceitar
a vida monástica. O debate durou alguns dias. Bharati, a culta esposa de
Misra, serviu de árbitro. Então, Sankara conseguiu convencer Misra da
superioridade da vida monástica e Misra tornou-se seu discípulo. Foi ele
quem anotou os comentários de Sankara sobre o Vedanta-sutra.

Sankara terminou seus dias em Kedarnath, no Himalaia. Nos últimos


meses de vida ele compilou sua principal, mas menos difundida obra:
Bhaja Govindan, onde ele deixa claro sua realização final sobre a Verdade
Absoluta, Bhagavan. Porém, muitos de seus seguidores procuraram não
dar importância a esta obra pelo fato de estar contradizendo muitas das
explanações apresentadas por Sankara anteriormente. O fato é que nesta
obra, Sankara diz para todos adorarem Govinda, a Suprema Personalida-
de de Deus e não mais fundir-se em Brahman. Ao morrer, tinha apenas
32 anos. Durante esse breve período, fundou vários mosteiros e criou uma
dezena de ordens monásticas.

A produção literária de Sankara foi enorme. Além do Vedanta-sutra, te-


ceu comentários sobre os principais Upanishads e o Bhagavad-gita. Pro-
duziu duas importantes obras filosóficas, o Upadeshasahasri e o Viveka-
chudamani. Deixou vários poemas, hinos, orações e obras menores sobre
o Vedanta.

Aspectos de Advaita-vada – Filosofia Não-dual de Sankara

A especulação filosófica de Sankara sobre o Vedanta denota um conceito


ontológico não-dual ou monista, segundo a qual tudo é Brahman. Isto
leva a entender que a alma individual, o jivatma, é também Brahman. Para
Sankara, Brahman é uma essência absoluta imutável. Toda a diversidade
ou pluralidade é mera aparência sem fundamento real. Entretanto, a plu-
ralidade do mundo empírico não é absolutamente irreal ou não-existente.
É uma realidade aparente ou temporária e é somente por ser temporária
que ela é irreal ou inexistente. No Bhagavad-gita (2.16) Krishna diz que
o real é eterno e que o irreal é temporário. O real é a alma – potência es-
piritual tanto jivatma como Brahman – enquanto que o irreal é a matéria
temporária – potência inferior da energia. A premissa não é negar a exis-
tência da matéria firmando apenas a existência da alma, mas compreender
a existência da alma envolvida temporariamente pela energia material.
Todavia, Sankara procura negar a existência de pluralidade no Ser Abso-
luto, o que limita a averiguação mais detalhada desta relação entre espírito
e matéria. Deve-se haver um estudo minucioso da natureza de ambos
para se concluir algo apoiado pelo Vedanta. Mesmo Immanuel Kant que
sendo um idealista transcendental, era um realista empírico que não ne-
gava a realidade do mundo material. Em última análise a não-dualidade
é evidente, porém deve ser considerada a distinção de individualidade,
personalidade e identidade espirituais entre a alma individual e a alma
Suprema. Aham brahmasmi. Somos todos Brahman enquanto centelhas
espirituais, mas não somos Parambrahman. Brahman é a energia do Su-
premo em Seu aspecto impessoal e Parambrahman é a fonte desta ener-
gia, a Suprema Personalidade de Deus.

A existência de Brahman está presente em cada jivatma. Pois cada um é


consciente de sua existência própria. Segundo Sankara, o pelo fato deste
jivatma ser o Brahman a não-existência do ser está fora de cogitação.
Acaso o ser espiritual individual deixa de existir o Brahman também dei-
xaria de existir. Mas, para Sankara existir significa ser o Brahman, o que
sob a ótica do Vedanta é o mesmo que estar destituído de individualidade,
personalidade ou qualidades de jivatma. De acordo com o Vedanta estes
atributos são intrínsecos à alma espiritual (jivatma). Em outras palavras,
a alma nunca deixa de existir nem deixa de possuir tais atributos como
apregoa a filosofia de Sankara.

Agora, se aceitamos o fato de que este Brahman é impessoal logicamente


não haverá nenhuma condição aberta à investigação sobre Ele, pois como
se pode analisar uma fonte última de toda criação se Ela se apresenta
amorfa? Inicia-se o conflito contradiz ente da filosofia Advaita-vada. Os
seguidores desta filosofia argumentam que “este supremo Bahman cons-
titui a verdadeira natureza do Ser, enquanto a sua segunda natureza, isto
é, aquele aspecto de que as condições limitativas fictícias dependem não é
a sua natureza real – o corpo.” É esta dualidade que a filosofia de Sankara
quer anular, pois considera ela a causa de toda ignorância (avidya) – o cor-
po material. Porém, é esta dualidade que difere a filosofia Advaita-vada
da interpretação original do Vedanta que será apresentada pelos filósofos
que irão combater as conclusões de Sankara.

Na verdade, a dualidade existe em todas as conclusões filosóficas, mas a


abordagem ontológica desta dualidade não é analisada pela filosofia de
Sankara. Tendo “excluído” a existência de atributos à Verdade Absoluta,
Sankara comete o primeiro equívoco filosófico contrariando a exposição
categórica do Vedanta. Realmente há uma igualdade entre Brahman e
jivatma, entretanto esta igualdade não é absoluta. Ora, negando a existên-
cia de atributos ao Ser Supremo nega-se a existência de Suas potências e
energias dando a Ele apenas a infinitesimal característica de Se iludir com
Sua própria energia material e identificar-se como sendo um homem,
um cão, um pássaro. Há uma diferença fundamental entre jivatma e a
Verdade Absoluta, mas a análise de Sankara não é profunda a ponto de
não considerar pertinente o aspecto mais elevado desta mesma Verdade
Absoluta. Daremos mais adiante os diferentes aspectos desta Verdade. No
momento esclareceremos apenas que a igualdade entre a jivatma e Brah-
man se encontra nas qualidades espirituais. A jivatma é Brahman, divina
(divyam) mas não é Bhagavan, Deus.

Desse modo, ainda algumas questões ficam em aberto sem que a filosofia
de Sankara possa responder. Ele mesmo aceitou esta limitação em poder
responder às perguntas: como é que o mundo ilusório surge e se revela?
Como é que o perfeito imanifesto (o Ser Supremo) pode dar origem ao
imperfeito manifesto (natureza material)? Para ele, este continua a ser um
problema totalmente por resolver. Além disso, muitos dos seus pontos de
vista apresentam conclusões opostas. Num extremo, Brahman permanece
constante e inalterável enquanto que o mundo dos objetos dos sentidos
nasce e declina graças a um poder que lhe é inerente. No fundo soa como
uma filosofia infantil, que quer se rebelar contra a Verdade. Tal condição
argumentativa tem como referência a Leibniz, para quem existe um do-
mínio de potencialidades que, pelo seu próprio poder inerente, impele à
existência. Seria uma manifestação sem controle, ao acaso e desprovido
de inteligência superior? Qualquer visão mecanicista certamente está fora
desta categoria. Não há nada que esteja fora do controle supremo ou que
esteja atuando independente dEle.

Outro serio equívoco presente em Sankara é o de aceitar a existência


de um Deus pessoal que deva ser adorado, mas, segundo ele, melhor do
que aceitar este Deus pessoal é o conhecimento de Deus sem forma, que
surge apenas quando todos os desejos, mesmo o desejo de alcançar ou
compreender o Supremo. Por este motivo, seus seguidores dizem que “não
seria correto pensar que se trata de um panteísmo que considera Deus
e o mundo como a mesma coisa”. Isto é contraditório, pois mesmo não
aceitando a idéia panteísta de Deus aceitam um monismo que leva ao
mesmo fim. Tudo é Um, logo mesmo a natureza material deveria ser Uma
com o Supremo. Ou não? Conveniências à parte, concluem dizendo que,
“para Sankara, seria um erro esboçar que não existe nenhum Deus pessoal
e soberano do Universo, um criador inteligente do mundo, onipotente e
onisciente (...), porém, esse Deus existe, precisamente no mesmo sentido
em que existe um mundo de objetos físicos e almas finitas. Naturalmente
que o mundo é uma ilusão e, nesse sentido, o Deus pessoal é também uma
ilusão. Mas, desde que aceitemos que o mundo dos fenômenos é real, te-
mos de aceitar que Deus é real.” A conclusão equivocada desta filosofia é
que a energia é superior ao Criador, ou que o impessoal prevalece sobre a
personalidade. No fundo esta conclusão é de lógica materialista, pois par-
te da suposição de que a forma de Deus seja feita de elementos materiais
como as formas presentes neste mundo fenomenal.

Como podemos notar, esta filosofia é repleta de meandros que se contra-


dizem em cada nuance de raciocínio. Adiante daremos mais detalhes que
refutam estes e outros tópicos da filosofia Advaita-vada de Sankara.
Imprensa do Yoga

Kumbh Mela Festival

Festa religiosa na Índia deve receber 70 milhões de pessoas

Milhões de hindus já se reúnem na cidade de Allahabad, no norte da


Índia, onde a partir de hoje começa o Ardh Kumbh Mela, celebração
religiosa que ocorre a cada 12 anos. Devotos têm de enfrentar o frio para
se banhar na confluência dos rios Ganges, Jamuna e Saraswati para po-
derem se limpar dos seus pecados. O festival é um dos maiores encontros
do mundo. Milhões de pessoas são esperadas já no primeiro dia. Uma
verdadeira cidade de tendas foi montada nas imediações do local onde
ocorre o festival e a segurança é rigorosa, para evitar acidentes. Grupos
de homens santos, os Nagu Sadhus, passam cinzas nos seus corpos, usam
robes coloridos ou em muitas vezes lideram as procissões sem roupa em
direção às margens dos rios.

Estatística Mundial dos Praticante de Bhakti-yoga

Hoje existem mais de 2 bilhões de cristãos no planeta, divididos entre


católicos, protestantes, etc. Mais de 1 bilhão da população mundial é
composta por Hindus (Brasil + de 4.000), sendo que desses, mais de 600
milhões de pessoas estão no vaishnavismo praticando Bhakti-yoga.

http://en.wikipedia.org/wiki/Hinduism_by_country
http://en.wikipedia.org/wiki/Vaishnavism
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hindu%C3%ADsmo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vaishnava
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Hare_Krishna
Paradoxo quântico: De onde vem a alma espiritual?

Essa questão da alma ter vindo ou não ter vindo do mundo espiritual ao
mundo material é irrelevante. Ela é acintya (inconcebível) ou paradoxal.
Só pode ser contraditória. Ela veio e não veio! Tudo depende da consciên-
cia do observador. Do ponto de vista do mundo espiritual ela nunca veio
ao mundo material. Pois, como em Vaikuntha só há o presente, não pode
haver uma época que não estivesse nem uma em que não estará lá. Por lá o
tempo não existe com as dimensões conhecidas de passado e futuro. Só há
lá o tempo sempre presente. Quanto da perspectiva do mundo material, a
alma tem que ter vindo de algum lugar no passado e tera que ir para um
lugar no futuro. Se ela não tivesse vindo do mundo espiritual, ela não seria
eterna. Teria um começo.
(por Lokasaksi Prabhu)

Com relação a este tema, esta é sem dúvida a maior contribuição filosófica
teísta que a doutrina Vaishnava pode oferecer àqueles que tenham este
questionamento.
Sua Santidade Hrdayananda Das Goswami em seu livro Our Original
Position elucida este mesmo ponto, citando os Acaryas, dizendo que a
alma espiritual nunca sai do mundo espiritual, mas sua consciência (que
não é a alma e sim uma manifestação da alma)pode se envolver com uma
‘realidade’ externa (energia material) e se afastar de sua consciência origi-
nal. Embora a alma esteja no mundo espiritual a consciência dela (no caso
de uma alma condicionada) está na energia material.
Quando tive a oportunidade de fazer esta mesma pergunta a Lokasaksi
fiquei muito satisfeito por não estar, eu, especulando quanto à compreen-
são deste importante tópico.
Presos terão aula de Yoga
Jornal do Brasil. 9 de Outubro de 2006.

“Asana, Pranayama e Dhyana devem entrar em breve no vocabulário de


presos do sistema carcerário do Estado do Rio de Janeiro. Em sânscrito,
significam posturas psicofísicas, técnicas respiratórias e meditação, res-
pectivamente, e fazem parte do Yoga, técnica milenar que será imple-
mentada em presídios, instituições de detenção de menores, postos de
saúde, favelas e áreas públicas do Estado, conforme lei aprovada semana
passada.
A governadora Rosinha Matheus sancionou a lei 4.861, de autoria do
deputado estadual Carlos Minc, que autoriza a criação do Programa Es-
tadual de desenvolvimento da atividade de Yoga no Estado. Com a inicia-
tiva, o Rio será pioneiro no Brasil a usar a técnica hinduísta para combater
o estresse e promover o bem-estar físico e a paz interior. A idéia é oferecer
um serviço que amenize as tensões causadas pela violência e
o estresse, esclarece Minc. O Yoga proporciona consciência corporal, res-
peito e paz, e melhora a qualidade de vida das pessoas. O projeto de lei foi
motivado pela Federação de Yoga do Estado do Rio de janeiro. Presidente
da entidade, Orivaldo Gomes comemora a possibilidade de se popularizar
o Ioga. Hoje o Yoga está restrito à classe alta, mas a lei vai
deselitizá-lo. A violência começa em nós mesmos, e o Yoga ajuda a nos
harmonizar, e nos aproximar da nossa essência, disse ele.”

Yoga Fora de Forma

Na edição 425 da revista Época do dia 10 de Julho de 2006, tivemos, para


o prazer dos adeptos do yoga, uma reportagem sobre o assunto. Realmen-
te o yoga está em alta em todos os paises ocidentais. Isto, como sabemos,
demorou muito para ser efetivado. Porém, como bem demonstra a maté-
ria, a porta de entrada e os créditos de aceitação do yoga nos meios cien-
tíficos e acadêmicos do ocidente de devem primeiramente à abordagem
médica: a infindável busca da boa saúde.

Bem eu, pessoalmente como instrutor de yoga, já tive oportunidades a


mais de ler matérias publicadas em revistas semanais e outras dedicadas
ao assunto em especifico. Pasmem: nunca encontrei uma reportagem que
transmitisse informações ou dados mais precisos a um público iniciante.
Este é um sério problema que aflige os meios de comunicação quando
abordam um tema ou uma matéria pouco conhecida – a tendência é a
especulação baseada em dados pouco confiáveis. Infelizmente o mesmo
ocorreu na matéria da revista citada.

Não podemos negar informações interessantes e animadoras como, por


exemplo: são aproximadamente 15 milhões de praticantes só no conti-
nente americano, ou que o yoga praticado pelos Hare Krishnas é cha-
mado Bhakti-yoga, ou que as pesquisas para se comprovar a eficácia das
práticas de yoga tenham que ser financiadas por industrias farmacêuticas
– que não se interessam pelo incentivo por motivos óbvios -, e que a me-
todologia de pesquisa cientifica ocidental é limitada diante dos resultados
e experiências clínicas resultantes da prática de yoga. Mas, quando se trata
de bases históricas, bibliográficas ou filosóficas..., tudo fica muito confuso.
O pior é que apenas quem domina um pouco mais o assunto é que perce-
be o vazio que fica em algumas exposições pouco convincente.

O que me atraiu para o yoga não foi necessariamente a busca por melhor
saúde, beleza física ou exaltação do ego, mas a filosofia. E por mais incrível
que possa parecer, este tópico está se tornando o principal para muitos
que estão iniciando a prática de yoga. E suas razões são bem claras.

O yoga é considerado dentro da tradição do conhecimento Védico como a


ciência original e fonte de todas as outras ciências - incluindo as ciências
que conhecemos atualmente. Tal ciência conduz o praticante ao autoco-
nhecimento ou à auto-realização espiritual. Mas por interesses pessoais,
cada doutrina religiosa ou cientifica sempre procura mostrar o seu pró-
prio lado da moeda. Isto não ocorre diferente no yoga. Porém, existe uma
tradição original, uma linhagem que remonta desde o inicio do yoga na
humanidade. De acordo com esta tradição confiável, o yoga foi trazido
por uma encarnação da Divindade Suprema chamada Kapiladeva, isto há
milhares de anos.

Estranho é que em reportagens rápidas (e muitas vezes sensacionalistas)


nunca se encontra referências autorizadas ou fidedignas para se compro-
var tal abordagem. Mesmo nos círculos acadêmicos ocorrem especulações
presunçosas a respeito. Por isto, o que sempre me assusta ao ler tais artigos
é quanto às origens, tradições e escolas do yoga que são muitas vezes apre-
sentadas com certo preconceito do que não está em moda.

A nível de esclarecimento, gostaria de expor em palavras respeitosas que


não existe nenhuma evidência de que Patanjali seja uma encarnação de
Anata-shesha, a serpente que, segundo a reportagem, compõe a metade
do corpo do sábio. Mesmo com relação a Patanjali, ele realmente existiu
e ‘seu’ Yoga-sutra foi composto por ele. Estou realizando um trabalho de
tradução do Yoga-sutra de Patanjali e em minhas pesquisas tenho encon-
trado muitas versões explicitamente duvidosas e que são postas em circu-
lação para os leitores que querem conhecer em profundidade a tradição
do yoga.

Um dado importante a se ressaltar quando se refere ao Yoga-sutra é com-


preender que ele foi compilado por Patanjali quando este fez uma sínte-
se sucinta de uma obra literária anterior chamada Bhagavat-Purana ou
Srimad-Bhagavatam (PRABHUPADA, Bhaktivedanta Swami. Srimad
Bhagavatam, 12 Volumes, Ed. Bhaktivedanta Book Trust, 2a. Ed., São
Paulo, 1995). Esta obra remonta há mais de cinqüenta séculos e tem como
registro todas as evidências cientificas e históricas do yoga, incluído dados
sobre a encarnação de Kapiladeva. E isto contradiz o que foi apresentado
na matéria, que reduziu para o século xv a.C. a data de compilação das
primeiras obras da tradição hindu do yoga.

De forma alguma devemos desconsiderar as conclusões e estatísticas mé-


dicas apresentadas na matéria, mas devemos reconsiderar informações
referentes ao yoga como ele realmente é. Há duas perspectivas: uma é
olhar ocidentalmente o yoga como um medicamento poli esportivo, outro
é compreender o yoga com a lógica da visão oriental que, posso garantir
com vida e alma, é muito mais confiável. Um exemplo que ilustra bem
esta colocação é do filho que quer saber quem é seu pai. A fonte mais
indicada para conhecê-lo é sua mãe. Se ele pergunta a sua mãe “quem é
meu pai” será muito mais seguro encontrar seu pai do que perguntar a
qualquer outra pessoa ou basear-se em sua própria capacidade mental e
especulativa. Então, eu lhes pergunto: onde nasceu o yoga?
Diário de um yogi

Duas coisas interessantes eu realizei nestes dois últimos dias durante as lei-
turas do Bhagavat-gita. Primeiro: mais do que simplesmente praticar yoga,
eu tenho que ser um yogi. Segundo: já estamos acumulando tantas dívidas,
contas, cartões de crédito..., pra que acumular mais karma também. E para
evitar a melhor estratégia é ficar desapegado dos resultados de nossas ativi-
dades. Só assim podemos não acumular karma e ainda ser um yogi além de
praticar yoga. Entende? E é simples, basta entregar-se a Krishna.
Muitas vezes não sabemos como nos posicionarmos no mundo, diante das si-
tuações. O que faço agora? Como posso resolver esta situação? Em qualquer
caso temos que ver tudo relacionado com a Verdade Absoluta. O Supremo
controlador.
A melhor atitude de um yogi é a rendição - como Patanjali diz, Isvara pra-
nidhana va, temos que nos render ao Senhor Supremo - em outras palavras,
temos que cultivar bhakti, devoção amorosa pela Suprema Personalidade de
Deus. Esta é a verdadeira e única meta do Yoga. Assim, podemos resolver
qualquer problema inicialmente insuperável.
Tente, você verá que é prazeroso e real. O prazer da nossa relação com a Pes-
soa Suprema é tudo o que estamos procurando. Farei agora minha série de
Asthanga-yoga (Bhakti-yoga), concluindo com puja às Deidades de Krishna
e Balarama e terminando com duas horas de meditação no Maha-mantra
Hare Krishna.

Diário de Um Yogi 2

Yoga é atitude! Tenho que pensar: como estou encarando minha vida, a mim
mesmo, meus relacionamentos hoje? Como está sendo minha atitude dentro
deste mundo de ilusões? Vejo um perigo a cada passo, mas não posso parar.
Onde está minha consciência? Sim! Ela não pode ficar vagando por ai. Tenho
que fixá-la no meu objeto de meditação: em Krishna.
Tenho que ficar atento em onde estou levando minha mente para cami-
nhar...

Diário de Um Yogi 3

1. Worshop de Pranayama
Neste último final de semana realizei um Workshop de Pranayama com o
grupo de yoga do Nirvana - RJ. O grupo estava sendo guiado pelo intrutor
de yoga Paulo Di Stasi. Houve caminhadas, palestras sobre Bhagavad-gita e
muita prática de Hatha e Bhakti-yoga.
2. Estive pensando nas quase ilimitadas criações e propóstas que minha men-
te cria para mim. Mesmo estado me armando contra as investidas de minha
mente, ontem, enquanto estudava o Bhagavad-gita, me perguntei: por que
não tentar me libertar nesta vida? Por que querer manter apegos e identi-
ficações com este corpo e ego? Por que não fazer o melhor e dar o máximo
que eu puder para sair logo deste trilher e deixar uma bela história da minha
passagem por esta vida? Por que ainda penso em voltar para realizar o que
ainda não realizei, imaginando que seja normal a idéia de novamente ser
uma criança, iniciando uma nova página na minha jornada dentro do mundo
material? Por que mais ilusão? O que ainda me prende?
Conclui: tenho que ser completo em tudo que fizer. Plenamente, sem deixar
nada para tráz mal resolvido. A resposta é amar a raiz de todas as existências,
Krishna, e explodir de amor numa vida imensa. Por que insistir contra isto?
3. Em Junlho estarei lançando meu livro “Pranayama - Alcançando a Pleni-
tude Através da Respiração”.
4. Se você gosta de yoga e ficção, então visite meu http://hotelmolotov.blogs-
pot.com - é a união de filosofia e ficção do yoga. Uma novela hiperrealista.

Diário de um Yogi 4

Yoga sem bhakti acaba sendo apenas mera execução de posturas, sem um
fundamento ou propósito. Hatha-yoga sem condução de bhakti é uma forte
propulsora e geradora do falso ego. Somos almas espirituais envolvidas por
24 elementos materiais..., e penso que sou muita coisa!

Diário de um Yogi 5

Ontem comecei a escrever um novo livro de teoria e filosofia do yoga. Agora


trata-se de uma abordagem sobre Dhyana (meditação). Deverei estar com
ele pronto para Maio de 2007. O título: “Dhyana-yoga - Restabelecendo a
Consciência Original”.
Sim, virada de ano. Mas na verdade o que significa isto para a alma sem estar
ocupado em bhakti? Estamos com mais de cem pessoas hospedadas na pou-
sada. As caminhadas, banhos de áura e as aulas de Yoga estão lotadas. Hoje
ainda teremos prática de meditação.
Em certos momentos realizamos que a vida flui como um fio muito sutil que
nos conduz ao Supremo. Só precisamos estar conscientes disto, pois o cami-
nho existe dentro de nós. Precisamos lapidar com as ferramentas do conheci-
mento dadas pelo mestre espiritual e que estão presentes na Bhagavad-gita.

Diário de um Yogi 6

Equívocos sobre o Vedanta


É sabido a grande falácia apresentada pelos seguidores da filosofia mayavada
de Sankara que apresentou o conceito Advaita da filosofia Vedanta. O pior
são os pseudos estudiosos da filosofia Vedanta que não compreendem nada
sobre tópicos relevantes a respeito de Deus.
Na web encontramos todo tipo de epseculação. Hoje mesmo encontrei um
blog aberto apenas para postar o seguinte: “Origens da Filosofia Advaita A
filosofia Advaita Vedanta tem suas origens nas antigas escrituras da Índia,
chamadas Vedas.”
Mais nada. Ainda incompleto. Postei o seguinte:
Mas é apenas um pequeno e limitado aspecto do conhecimento filosófico
do Vedanta. Na verdade Advaita foi apresentada por Sankara que se apoiou
numa abordagem impessoal da Divindade Suprema, apresentando de maneira
irrelevante o conhecimento completo sobre Deus, pois negou a existência de
uma Personalidade Divina, ou seja, o aspecto Bhagavam. Em outras palavras,
os Vedas apresentam este aspecto do Supremo conhecido como Brahman,
mas enfatiza o aspecto da Suprema Divindade Personificada, Bhagavam.

Diário de Um Yogi 7

Yoga sem bhakti acaba sendo apenas mera execução de posturas, sem um
fundamento ou propósito. Hatha-yoga sem condução de bhakti é uma forte
propulsora e geradora do falso ego.
Somos almas espirituais envolvidas por 24 elementos materiais..., e penso
que sou muita coisa.
Apêndice

Yoga e Misericórdia

Pode paracer estranho em um blog de yoga estar sendo apresentado algo


deste tipo, mas é um assunto que envolve a todos, prinicipalmente aqueles
que estão envolvidos de alguma maneira com a prática, ensino ou cultivo
do yoga puro. Reflexões sobre este assunto pode nos ajudar a desenvolver
misericórdia que é a base da não violência (ahimsa). Não adianta estu-
darmos o Yoga-sutra e demais livros cultuados pela tradição canônica do
yoga ocidental se não levamos a sério a filosofia apresentada por estes
grandes sábios. Professores com dezenas de alunos e academias lotadas
de praticantes de yoga é a indicação de que estamos deixando encoberto
a verdadeira prática do yoga, que começa em casa e nos menores detalhes
da vida e do dia-dia.

É preciso seriedade de propósitos naqueles que estão responsáveis por


difundir e ensinar o yoga. Não devemos ser hipócritas e mascarar nossas
fraquezas e ilusões sob os ares de um santo ou mestre de yoga. Sejamos
realistas para averiguar se estamos no caminho correto e não nos deixa-
mos nos levar pela moda: aceitando a matança indiscriminada de animais
inocentes. Seu instrutor de yoga já lhe alertou sobre isto?

---

O Iogurte Paulista, empresa comprada pela Danone,...ambas usam Ge-


latina como lemos na composição....que é produto animal vinda até de
restos de açougues.
Essa lista anexa de empresas esta ‘errada’... no sentido de que usam pro-
dutos animais em suas formulações.

Empresas como Ox (boi em portugues) e outras dessa lista usam os ani-


mais como matéria prima... gorduras animais como tutano, placenta, co-
lágeno, etc ...perigos da linha estética...

Outro exemplo, a Herbalife (empresa da lista deles) contem produtos


animais como óleo de peixe, ostras em pó, ovos, etc, e informei tudo isso
ao PEA, mas nada foi feito...

abração;
PS. VEJA O SITE DA OX

Contém os ativos colágeno, vitamina E, queratina, aminoácidos da seda e


silicone ajudam a hidratar e restaurar a estrutura dos fios de cabelo. http://
www.oxcosmeticos.com.br/OX/Portugues/detLinha.php?codproduto_
linha=2&codproduto_categoria=1&codproduto=221

Linha de alto desempenho, com ativos que tratam e protegem os fios e


o couro cabeludo, além de ajudar a hidratar e aumentar o brilho, devido
a combinação do Tutano (potente proteína) com Queratina, Proteínas
da Seda e Trigo aliadas ao D-Pantenol. http://www.oxcosmeticos.com.
br/OX/Portugues/detLinha.php?codproduto_linha=8&codproduto_
categoria=1

A quantidade de empresas que não realizam testes em animais é surpre-


endente, o que nos propicia uma ida ao supermercado rica em opções de
compras!

Boicote ao almíscar/musk - a essência do sofrimento!

Almíscar

Perfume agradável, cheiroso... origem: sofrimento de animais!


Este simpático animal, o almiscareiro (Moschusmoschiferus), mamífero
da família dos cervídeos, originário da Ásia e da África, é provido de uma
glândula em seu ventre que secreta uma substância odorífera denomina-
da almíscar. Recente Investigação da organização WSPA revela maisuma
crueldade, similar à dos ursos da China, para produzir perfumes à basede
almíscar. O animal capturadofica até 15 anos na mesma posição, sendo
manipulado apenas para retirada do líquido que produz o perfume.

Informação

O ano de 1900 representou o auge no comércio do óleo de almíscar, quan-


do cerca de 1400kgdo óleo foram coletados, causando a morte de cerca
de 50000 animais. Atualmente, o comércio mundial do óleo de almíscar
natural é limitado a 300kg por ano, o que ainda representa a morte para
milhares de animais.
Divulguem: Muitos usam perfumes ou outros produtos que contém essa
substância sem saber da sua origem. Boicotar é o primeiro passo para aju-
dar. Não usem produtos que contenham almíscar natural. Utilize somente
produtos com almíscar artificial.

E, para quem gosta de perfumes exóticos, mas tem sensibilidade, aqui vai
um pedido de boicote aos perfumes e produtos adquiridos de forma cruel
das glândulas dos animais. É revoltante saber que o homem dotado de in-
teligência e, segundo muitos, de sensibilidade, não tenha a mínima com-
paixão quando se trata de obter lucro material. Mais uma vez, deparo-me
com o total desrespeito a natureza para satisfazer a vaidade humana. Ter
vaidade é muito natural, mas precisamos ter cuidado para que ela não seja
usada de forma vergonhosa e imoral, pois tenho certeza de que muita
gente não faz idéia da origem do que lhe é oferecido, pois se assim o fosse,
certamente estaríamos mais tranqüilos em relação aofuturo do planeta!

Almiscareiro

Na China, sabe-se dos horrores cometidos contra os ursos para a obtenção


de sua bílis para a produção de um medicamento “fictício” como também
do maltrato aos almiscareiros, mas infelizmente, em todos os países deste
planeta, a crueldade, principalmente no que tange a exploração de matéria
prima animal não é diferente. O Gato Bravo da Etiópia fornece um pro-
duto perfumado quando chicoteado ao redor deseus órgãos genitais, por
isso, são caçados e mantidos em fétidas gaiolas por anos.
O Almiscareiro, mamífero da família dos cervídeos, originários da Ásia
e da África, são também caçados e mantidos numa minúscula gaiola por
mais de 15 anos e, somente manuseados, de forma cruel,para a obtenção
do odor agradável que exala de seus órgãos genitais, o Almíscar, que é
matéria prima inclusive para outros produtos. Os castores da Rússia e do
Canadá, também foram presenteados pela natureza com um odor muito
agradável, o que lhes rende também muito sofrimento.
Existem quatro essências que provém de mamíferos e que devem ser ob-
servadas na composição dos perfumes, evitando-se assim, estar conivente
com a degradação humana em nome da ganância e vaidade que são: O
almíscar, o castóreo, o âmbar cinzento e o gato-de-algália ou gato bravo.
Não é justo, nem inteligente espalhar pelo corpo substâncias conseguidas
através do sofrimento e morte dos animais, é desumano, é bestial! “...
na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio
de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder”.
Gautma Budha

Chegará um dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais e,


então, um crime contra qualquer um deles será considerado um crime
contra a humanidade . Leonardo daVinci

Ontem foi meu aniversário...

Eu iria completar um mês de vida.


Pensei que você, Mamãe, fosse me dar uma festinha, como todas as
mães.
Pensei que você, Mamãe, fosse dar ao Papai o beijo que gostaria de dar em
mim... Porém, a festinha não foi alegre como eu esperava...
De fato, você foi à farmácia e comprou o meu presente. Pena que este
presente tenha causado a minha morte e você não chorou nem um pou-
quinho. Por que?
Porque logo no dia do meu aniversário, pensei que você fosse ficar feliz
com a minha chegada, mas você mamãe, não me deixou caminhar nem a
metade: você barrou o meu caminho.
Eu sabia, sim, que durante uns meses eu iria estragar a sua elegância, eu
seria um peso para a senhora, porém, eu havia prometido a mim mesmo
que ficaria bem apertadinho para não prejudicar.
Eu deixaria para crescer depois que nascesse para o mundo.
Por que me tiraste a vida?
Eu sabia que em seu ventre a escuridão seria grande. Todavia, a luz que
veria depois seria o bastante.
Eu iria conhecer o brilho do sol e das estrelas e, principalmente, conhecer
Você e Papai.
E também teria que ficar muda durante nove meses, entretanto, iria lhe
contar toda a minha felicidade de ter você como mãe.
Eu iria conversar muito com você quando estivesse triste, faria tudo para
brotar em seus lábios um sorriso e quando estivesse alegre, faria tudo para
que essa alegria durasse.
Sabe, eu planejei tanta coisa, mamãe... Queria crescer bastante e, depois
de jovem, lutar com todas as minhas forças para que a guerra e o ódio
acabassem e reinassem a paz no mundo.
Sim, eu queria tanta coisa, mas você não sentiu isto... VOCÊ ME AS-
SASSINOU!
Queria crescer, plantar no chão de minha existência, muitas rosas que o
perfume inebriassem os homens e os deixassem incapazes de fabricarem
máquinas que matam outros homens.
Engraçado... Eu pensei que os pais amassem seus filhos a ponto de lhes
dar a própria vida. Você não me deixou viver nem a vida que eu mal co-
meçara.
Olhe, este era o meu plano quando estava em seu ventre, mamãe.

Sahaja member vaishnava

Satyam, truthfulness, means that facts should be presented as they are


for the benefit of others. Facts should not be misrepresented. According
to social conventions, it is said that one can speak the truth only when
it is palatable to others. But that is not truthfulness. The truth should
be spoken in a straight and forward way, so that others will understand
actually what the facts are. If a man is mahesh dasa (12-28-05)sb 2.3.24
the bhava stage is manifested by eight transcendental symptoms, namely
inertness, perspiration, standing of hairs on end, failing in the voice,
trembling, paleness of the body, tears in the eyes and finally trance. The
nectar of devotion, a summary study of srila rupa gosvami’s bhakti-
rasamrta-sindhu, explains those symptoms and vividly describes other
transcendental developments, both in steady and accelerating manifesta-
tions. Srila visvanatha cakravarti thakura has very critically discussed all
these bhava displays in connection with some unscrupulous neophyte’s
imitating the above symptoms for cheap appreciation. Not only visvana-
tha cakravarti ,but also srila rupa gosvami treated them very critically.
Sometimes all the above eight symptoms of ecstasy are imitated by the
mundane devotees (prakrta-sahajiyas), but the pseudo symptoms are at
once detected when one sees the pseudodevotee addicted to so many
forbidden things. Even though decorated with the signs of a devotee,
a person addicted to smoking, drinking or illegitimate sex with women
cannot have all the above-mentioned ecstatic symptoms. But it is seen
that sometimes these symptoms are willfully imitated, and for this
reason srila visvanatha cakravarti accuses the imitators of being stone-
hearted men. They are sometimes even affected by the reflection of such
transcendental symptoms, yet if they still do not give up the forbidden
habits, then they are hopeless cases for transcendental realization.
Nod 28sometimes it is found that a nondevotee who has practically no
taste for krsna and who follows no rules or regulations can, by practice,
make a show of devotional symptoms, even crying in an assembly of
devotees. This shedding of tears is not actually an ecstatic loving expres-
sion, however. It is done simply by practice. Although there is no need
to describe these reflections of ecstatic love, rupa gosvami gives some
instances where there is no actual devotional service and such expres-
sions are manifested.
70-06-03 letter: makhanlalthe transcendental symptoms of ecstasy
certainly are auspicious, but they are not for advertising to others. One
should not advertise directly or indirectly that one is feeling like this.
They should be checked. Otherwise one will gradually become sahajiya
or one who takes spiritual advancement as something materially mani-
fest.
Nod 28 when there are manifestations of ecstatic symptoms in the body
of a nondevotee, these are called dried-up symptoms of ecstatic love.
The nondevotees are actually materialistic, but in contact with some
pure devotee, they sometimes may manifest some symptoms of ecstasy.
Devotional scholars call these dried-up symptoms.
Nod 28 rupa gosvami says that the impersonalists’ symptoms are simply
reflections of ecstatic love, not the real thing.
Antya 20.28 the prakrta-sahajiyas exhibit these symptoms to advertise
their so-called advancement in love of krsna, but instead of praising
the prakrta-sahajiyas for their symptoms of transcendental ecstasy, pure
devotees do not like to associate with them. It is not advisable to equate
the prakrta-sahajiyas with pure devotees. When one is actually advanced
in ecstatic love of krsna, he does not try to advertise himself. Instead, he
endeavors more and more to render service to the lord.
Nod 40one should not artificially try to establish some relationship.
In the premature stage it is sometimes found that a lusty, conditioned
person will artificially try to establish some relationship with krsna in
conjugal love. The result of this is that one becomes prakrta-sahajiya,
or one who takes everything very cheaply. Although such persons may
be very anxious to establish a relationship with krsna in conjugal love,
their conditioned life in the material world is still most abominable. A
person who has actually established his relationship with krsna can no
longer act on the material plane, and his personal character cannot be
criticized.
Sb 4.24.45-46 without serving krsna according to the vidhi-marga regu-
lative principles of the pancaratrika-vidhi, unscrupulous persons want
to jump immediately to the raga-marga principles. Such persons are
called sahajiya. There are also demons who enjoy depicting krsna and
his pastimes with the gopis, taking advantage of krsna by their licen-
tious character. These demons who print books and write lyrics on the
raga-marga principles are surely on the way to hell. Unfortunately, they
lead others down with them. Devotees in krsna consciousness should be
very careful to avoid such demons. One should strictly follow the vidhi-
marga regulative principles in the worship of laksmi-narayana, although
the lord is present in the temple as radha-krsna. Radha-krsna includes
laksmi-narayana; therefore when one worships the lord according to the
regulative principles, the lord accepts the service in the role of laksmi-
narayana. In the nectar of devotion full instructions are given about the
vidhi-marga worship of radha-krsna, or laksmi-narayana. Although
there are sixty-four kinds of offenses one can commit in vidhi-marga
worship, in raga-marga worship there is no consideration of such of-
fenses because the devotees on that platform are very much elevated,
and there is no question of offense. But if we do not follow the regula-
tive principles on the vidhi-marga platform and keep our eyes trained to
spot offenses, we will not make progress.
Nod 16 the siddha-pranali process is followed by a class of men who
are not very authorized and who have manufactured their own way of
devotional service. They imagine that they have become associates of
the lord simply by thinking of themselves like that. This external be-
havior is not at all according to the regulative principles. The so-called
siddha-pranali process is followed by the prakrta-sahajiya, a pseudosect
of so-called vaisnavas. In the opinion of rupa gosvami, such activities are
simply disturbances to the standard way of devotional service. Sri rupa
gosvami says that learned acaryas recommend that we follow the regula-
tive principles even after the development of spontaneous love for krsna.
74-04-29 letter: bhurijanathose who think they have already attained
such perfection and give up the regulative principles are called sahajiya,
or those who take things cheaply and simply imitate. This early rising,
holding classes, going out regularly for sankirtana, worshiping the deity
are the very substance of devotional life.
Madhya 4.147 sometimes a sahajiya presents himself as being void of
desires for reputation (pratistha) in order to become famous as a humble
man. Such people cannot actually attain the platform of celebrated
vaisnavas.
740815bg.vrn tapasya means to undergo voluntarily some inconve-
niences of this body. Because we are accustomed to enjoy bodily senses,
and tapasya means voluntarily to give up the idea of sense gratification.
That is tapasya. Tapasya. Just like ekadasi. Ekadasi, one day fasting, fort-
night. That is also tapasya. Or fasting in some other auspicious day. That
tapasya is good, even for health, and what to speak of advancing in krsna
consciousness. So we should accept this tapasya. The upavasa. There are
many prescribed days for fasting. We should observe. And the prelimi-
nary tapasya, no illicit sex, no gambling, no intoxication, no..., no meat-
eating... There may be some inconvenience, those who were accustomed
to this practice, but we’ll have to accept. Tapo divyam putraka yena
suddhyet sattvam. If we want to purify our existence... At the present
moment our existence is not purified, impure. Therefore we are suffering.
Just like when one’s physiological condition becomes infected, he suffers
from fever and other symptoms of disease, similarly, we are suffering in
this material world on account of this material body. If we want really
happiness, then we must accept tapasya. Tapasya is required. Without
tapasya, if you think that very easily... Or “without tapasya, i can get it
simply by imagination,” then you become sahajiya, to take things very
easily. No. Tapasya. Therefore krsna says that tapas casmi tapasvisu. That
acceptance of tapasya means that tapasya is itself krsna. You associate
with krsna.
730627sb.may so these are all symptoms of love for krsna. That is the
highest perfection of life, to shed tears for krsna. Yugayitam nimesena
caksusa pravrsayitam. Sri caitanya mahaprabhu taught us this method
of worship in separation, vipralambha-seva. Not that “oh, i have seen
yesterday. Last night, i have seen krsna. He was snatching my cloth.”
these are sahajiyas. Actually, our worship should be in separation. The
gosvamis also taught us like that. He radhe vraja-devike ca lalite he
nanda-suno kutah. They in the vrndavana remained authorized persons.
They were also searching after krsna. They never said that “we have got
krsna,” never said. He radhe vraja-devike ca lalite he nanda-suno kutah
sri-govardhana-kalpa-padapa-tale kalindi-vane kutah, ghosantav iti sar-
vato vraja-pure khedair maha-vihvalau. Simply khedair maha-vihvalau.
They were lamenting in separation. Vande rupa-sanatanau raghu-yugau
sri-jiva-gopalakau. So this is the process of caitanya mahaprabhu’s wor-
ship. Caitanya mahaprabhu was falling down on the water, “oh, i could
not see krsna.” when he was grhastha, he was simply consulting with
mother, “mother, i could not realize krsna. What shall i do? Where shall
i go?” mother said, “my dear son, why you are impatient? Everything
will be all right in due course.” caitanya mahaprabhu was giving indica-
tion that “i must leave home.” mother was also understanding that “this
boy wants to leave us.” that was another perplexed position. So that is
caitanya mahaprabhu’s teaching:
Yugayitam nimesenacaksusa pravrsayitamsunyayitam jagat sarvamgov-
inda-virahena megovinda-virahena: “in separation from govinda i am
thinking one moment as twelve years.” some of you or all of us have
got this experience. If we want something very, very eagerly, then every
moment becomes a long time. “oh, it is not yet received. It is not yet
received. It is not yet done.” yugayitam nimesena. Nimesa, a moment,
a twinkling of an eye, that is called nimesa. That appears to be twelve
years. The gopis could not tolerate even twinkling of eyes. They were
condemning the creator, “the creator does not know the art of creat-
ing. Why he has created this twinkling of eyes so that it is disturbing
us from seeing krsna.” seeing krsna, and the twinkling of eyes, that is
natural. So the gopis did not like it, that “why he has created this? He
does not know the art of creation.” this is love. Yugayi... Sri caitanya
mahaprabhu tasted the gopis’ feelings. Sri-caitanyakhyam prakatam ad-
huna tad-dvayam caikyam aptam. Radha krsna-pranaya-vikrtir hladini-
saktih. Krsna, when he wants to enjoy... He is the absolute supreme
person, spirit, absolute, the supreme spirit. So for spiritual enjoyment in
this material world great saintly persons, sages, they give up all mate-
rial enjoyment just to taste what is spiritual enjoyment, spiritual life.
Brahmanubhuti. They give up everything. Tapasa brahmacaryena. By
austerity, brahmacarya, yamena, niyamena, tyagena, satya-saucabhyam--
so many processes they adopt for tasting a little brahmanubhuti. It-
tham satam brahma-sukhanubhutya dasyam gatanam para-daivatena.
So sukadeva gosvami said that “here, the krsna, here is, playing with
the cowherds boys. Who is he?” ittham satam brahma-sukhanubhutya.
“the great sages, saintly persons, who are trying to taste the spiritual
realization, that is here. He is playing as cowherd boy.” dasyam gatanam
para-daivatena: “and those who are devotees, for them he is the supreme
personality of godhead.” mayasritanam nara-darakena: “and those who
are mayasrita, they are thinking, ‘this krsna is ordinary human child.’
“ sakam vijahruh krta-punya-punjah: “so with this boy, transcendental
krsna, cowherd boy, the other boys who are playing, they are not ordi-
nary men.” krta-punya-punjah. “they accumulated pious activities life
after life for many, many thousands and millions of lives. Now they have
got the opportunity to play with krsna.”
So this krsna consciousness movement is very serious and important.
Here are the sign, how they love krsna. One side, they are..., they cannot
check the tears coming out, “krsna is going away.” another side, “oh, if i
shed tears, then there may be inauspicity.” how much perplexity, this two
sides. Dilemma. Between the horns of scylla and charybdis. That is the
position. The lover, intense love creates such situation, as caitanya ma-
haprabhu exhibited.
Yugayitam nimesenacaksusa pravrsayitamsunyayitam jagat sarvamgov-
inda-virahena me”without seeing govinda, the whole world is vacant.”
this is love. “let me try to become krsna conscious. If it is done, all right.
If it is not done, i shall remain in my position. What is the loss?” not like
that. One must be so eager that without krsna consciousness, one should
become mad. One should become mad. That is sri caitanya mahaprab-
hu’s teaching, separation, not direct contact.
Direct contact is not possible. Neither that is the way of worshiping
by the method of sri caitanya mahaprabhu. That is sahajiya-vada. “i am
talking with krsna. Krsna is snatching my cloth.” there is a book, one
lady has written, his (her) experience, that krsna comes, he talks with
her and snatches her cloth. She has written openly. But this is not cait-
anya mahaprabhu’s way. There is one gentleman, mr. Raya, in poona, and
he has got also woman. Everyone must have a woman, parakiya. This is
sahajiya-vada. This is sahajiya-vada. Sri caitanya mahaprabhu never said,
“this is the parakiya-rasa: one should have one woman.” no. He observed
complete sannyasa life. Rather there was very, very severe, rigid restric-
tion about women. But now, these sahajiyas, they are going on in the
name of sri caitanya mahaprabhu: aula, baula, kartta-bhaja, neda, dara-
vesa, sani sahajiya, sakhibheki, like that, so many. They are apa-sampra-
daya. Real caitanya mahaprabhu sampradaya is that he should be feeling
like caitanya mahaprabhu, separation. Not sambhoga. Vipralambha.
Vipralambha-seva: “oh, i am so wretched, i could not serve krsna. How i
can see krsna? It is not possible.” in this way.
That is the teaching of sri caitanya mahaprabhu. “but even though i do
not see him, neither it is possible for me to see him...” means: “what
i am? I am insignificant person. Why krsna come and see me?” this is
right. “why shall i aspire after seeing krsna? What qualification i have
got?” this is bhajana. This is bhajana. Why should i be proud that “now i
shall see krsna”? What i am? That is the teaching of caitanya mahaprab-
hu. Aslisya
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va pada-ratam pinastu mam marma-hatam karotu va adar-
sanat. Adarsana. “without giving me audience, you kill me, you break my
heart; still, you are my lord, you are my worshipable lord, nobody else.”
this is love. This is love. (bengali:) asan krsna galai diba naiva beja tata(?).
Not like that. “krsna may not come. I may not see krsna for thousands
and thousands of lives. I may rot in the hellish condition of life for
many, many births. That doesn’t matter. Still, i cannot give up krsna
consciousness.” this is required. I may be sent to hell, heaven; it doesn’t
matter. What qualification i have got that i want to see back to home,
back to godhead?
It is not so easy thing. So why should i be sorry for that? I should be
happy even in the hell simply by thinking of krsna. That is wanted. That
is wanted. That is krsna consciousness. So here is the example. Tears by
force are coming out: “oh, krsna is going away.” at the same time, they
want to check: “there may not be any inauspicity for krsna.” they’re
thinking krsna, for krsna, not for personal self. “oh, i am now crying. I
have become very much fortunate. I am crying for krsna.” no. “my crying
will create inauspicity for krsna, i must check it.” this is krsna conscious-
ness.
Sb 4.29.14 even in such a sacred place as vrndavana, india, unintel-
ligent men pass off this rectal and genital business as spiritual activity.
Such people are called sahajiya. According to their philosophy, through
sexual indulgence one can elevate oneself to the spiritual platform. From
these verses of srimad-bhagavatam, however, we understand that the
desires for sexual satisfaction are meant for the arvak, the lowest among
men. To rectify these rascals and fools is very difficult. After all, the sex
desires of the common man are condemned in these verses. The word
durmada means “wrongly directed,” and nirrti means “sinful activity.”
although this clearly indicates that sex indulgence is abominable and
misdirected even from the ordinary point of view, the sahajiyas none-
theless pass themselves off as devotees conducting spiritual activities.
Adi introduction krsna’s embracing radharani or his dancing with the
cowherd girls in the rasa dance are generally not understood by ordinary
men because they consider these pastimes in the light of mundane lust.
They incorrectly think that krsna is like themselves and that he em-
braces the gopis just as an ordinary man embraces a young girl. Some
people thus become interested in krsna because they think that his
religion allows indulgence in sex. This is not krsna-bhakti, love of krsna,
but prakrta-sahajiya--materialistic lust. In order to avoid such errors,
we should understand what radha-krsna actually is. Radha and krsna
display their pastimes through krsna’s internal energy. The pleasure
potency of krsna’s internal energy is a most difficult subject matter, and
unless one understands what krsna is, one cannot understand it. Krsna
does not take any pleasure in this material world, but he has a pleasure
potency. Because we are part and parcel of krsna, the pleasure potency
is within us also, but we are trying to exhibit that pleasure potency in
matter. Krsna, however, does not make such a vain attempt. The object
of krsna’s pleasure potency is radharani; krsna exhibits his potency, or
energy as radharani and then engages in loving affairs with her. In other
words, krsna does not take pleasure in this external energy but exhibits
his internal energy, his pleasure potency, as radharani. Thus krsna mani-
fests himself as radharani in order to exhibit his internal pleasure po-
tency. Of the many extensions, expansions and incarnations of the lord,
this pleasure potency is the foremost and chief. It is not that radharani
is separate from krsna. Radharani is also krsna, for there is no differ-
ence between the energy and the energetic. Without energy, there is no
meaning to the energetic, and without the energetic, there is no energy.
Similarly, without radha there is no meaning to krsna, and without
krsna there is no meaning to radha. Because of this, the vaisnava phi-
losophy first of all pays obeisances to and worships the internal pleasure
potency of the supreme lord. Thus the lord and his potency are always
referred to as radha-krsna. Similarly, those who worship the name of
narayana first of all utter the name of laksmi, as laksmi-narayana. Simi-
larly, those who worship lord rama first of all utter the name of sita. In
any case--sita-rama, radha-krsna, laksmi-narayana—the potency always
comes first. Radha and krsna are one, and when krsna desires to enjoy
pleasure, he manifests himself as radharani. The spiritual exchange of
love between radha and krsna is the actual display of the internal plea-
sure potency of krsna. Although we speak of “when” krsna desires, just
when he did desire we cannot say. We only speak in this way because in
conditioned life we take it that everything has a beginning; however, in
the absolute, or spiritual, life there is neither beginning nor end. Yet in
order to understand that radha and krsna are one and that they also be-
come divided, the question “when?” automatically comes to mind. When
krsna desired to enjoy his pleasure potency, he manifested himself in the
separate form of radharani, and when he wanted to understand himself
through the agency of radha, he united with radharani, and that unifica-
tion is called lord caitanya.
Why did krsna assume the form of caitanya mahaprabhu? It is ex-
plained that krsna desired to know the glory of radha’s love. “why is she
so much in love with me?” krsna asked. “what is my special qualifica-
tion that attracts her so? And what is the actual way in which she loves
me?” it seems strange that krsna, as the supreme, should be attracted by
anyone’s love. We search after the love of a woman or a man because we
are imperfect and lack something. The love of a woman, that potency
and pleasure, is absent in man, and therefore a man wants a woman,
but this is not the case with krsna, who is full in himself. Thus krsna
expressed surprise: “why am i attracted by radharani? And when rad-
harani feels my love, what is she actually feeling?” in order to taste the
essence of that loving affair, krsna appeared just as the moon appears on
the horizon of the sea. Just as the moon was produced by the churning
of the sea, by the churning of spiritual love affairs the moon of caitanya
mahaprabhu appeared. Indeed, lord caitanya’s complexion was golden,
just like the moon. Although this is figurative language, it conveys the
meaning behind the appearance of caitanya mahaprabhu.
Madhya 8.204-205 some material sahajiyas who cannot actually under-
stand the pastimes of radha and krsna manufacture their own life-styles
without referring to authority. Such sahajiyas are called sakhi-bheki, and
sometimes they are called gaura-nagari. They believe that the material
body, which is fit to be eaten by jackals and dogs, is enjoyable for krsna.
Consequently they artificially decorate the material body to attract
krsna, thinking themselves sakhis. But krsna is never attracted by the
artificial grooming of the material body. As far as srimati radharani and
her gopis are concerned, their bodies, homes, dresses, ornaments, en-
deavors and activities are all spiritual.
Adi 4.108 those under the shelter of the lotus feet of sri caitanya ma-
haprabhu can understand that his mode of worship of the supreme lord
krsna in separation is the real worship of the lord. When the feelings
of separation become very intense, one attains the stage of meeting sri
krsna. So-called devotees like the sahajiyas cheaply imagine they are
meeting krsna in vrndavana. Such thinking may be useful, but actually
meeting krsna is possible through the attitude of separation taught by
sri caitanya mahaprabhu.
Adi 7.48 in the parampara system, the instructions taken from the bona
fide spiritual master must also be based on revealed vedic scriptures.
One who is in the line of disciplic succession cannot manufacture his
own way of behavior. There are many so-called followers of the vaisnava
cult in the line of caitanya mahaprabhu who do not scrupulously fol-
low the conclusions of the sastras, and therefore they are considered to
be apa-sampradaya, which means “outside of the sampradaya.” some of
these groups are known as aula, baula, kartabhaja, neda, daravesa, sani
sahajiya, sakhibheki, smarta, jata-gosani, ativadi, cudadhari and gau-
ranga-nagari. In order to follow strictly the disciplic succession of lord
caitanya mahaprabhu, one should not associate with these apasampra-
daya communities.
72-07-14 letter: bhavanandaone thing, on the invitation card you have
written all glories to our guru maharaja. This is impersonalism. As soon
as we offer obeisances to guru, the name should be there. We are strictly
personalists. The sahajiya’s, they write glories to guru. Why you are
learning this impersonalism, who has taught you? Daily i am offering
obeisances to my guru by vibrating his real name, srila bhaktisiddhanta
sarasvati, otherwise it is impersonal.
Madhya 1.34 the prakrta-sahajiyas do not consult the vedic literature,
and they are debauchees, woman-hunters and smokers of ganja. Some-
times they give a theatrical performance and cry for the lord with tears
in their eyes. Of course, all scriptural conclusions are washed off by
these tears. The prakrta-sahajiyas do not realize that they are violat-
ing the orders of sri caitanya mahaprabhu, who specifically said that
to understand vrndavana and the pastimes of vrndavana one must
have sufficient knowledge of the sastras (vedic scriptures). As stated in
srimad-bhagavatam (1.2.12), bhaktya sruta-grhitaya. This means that
devotional service is acquired from vedic knowledge. Tac chraddadha-
nah munayah. Devotees who are actually serious attain bhakti, scientific
devotional service, by hearing vedic scriptures (bhaktya sruta-grhitaya).
It is not that one should create something out of sentimentality, become
a sahajiya and advocate such concocted devotional service.
Adi 7.72 taking advantage of these verses, there are some sahajiyas who,
taking everything very cheaply, consider themselves elevated vaisnavas
but do not care even to touch the vedanta-sutra or vedanta philosophy.
A real vaisnava should, however, study vedanta philosophy, but if after
studying vedanta one does not adopt the chanting of the holy name
of the lord, he is no better than a mayavadi. Therefore, one should not
be a mayavadi, yet one should not be unaware of the subject matter of
vedanta philosophy. Indeed, caitanya mahaprabhu exhibited his knowl-
edge of vedanta in his discourses with prakasananda sarasvati. Thus it is
to be understood that a vaisnava should be completely conversant with
vedanta philosophy, yet he should not think that studying vedanta is all
in all and therefore be unattached to the chanting of the holy name. A
devotee must know the importance of simultaneously understanding
vedanta philosophy and chanting the holy names. If by studying ve-
danta one becomes an impersonalist, he has not been able to understand
vedanta. This is confirmed in the bhagavad-gita (15.15). Vedanta means
“the end of knowledge.” the ultimate end of knowledge is knowledge of
krsna, who is identical with his holy name. Cheap vaisnavas (sahajiyas)
do not care to study the vedanta philosophy as commented upon by the
four acaryas. In the gaudiya-sampradaya there is a vedanta commentary
called the govinda-bhasya, but the sahajiyas consider such commentar-
ies to be untouchable philosophical speculation, and they consider the
acaryas to be mixed devotees. Thus they clear their way to hell.
Adi 7.102 the vaisnavas are by far the greatest philosophers in the
world, and the greatest among them was srila jiva gosvami prabhu,
whose philosophy was again presented less than four hundred years
later by srila bhaktisiddhanta sarasvati thakura maharaja. Therefore one
must know very well that vaisnava philosophers are not sentimentalists
or cheap devotees like the sahajiyas. All the vaisnava acaryas were vastly
learned scholars who understood vedanta philosophy fully, for unless
one knows vedanta philosophy he cannot be an acarya.
Adi 7.168the panca-tattva is a very important factor in understand-
ing sri caitanya mahaprabhu. There are sahajiyas who, not knowing the
importance of the panca-tattva, concoct their own slogans, such as bhaja
nitai gaura, radhe syama, japa hare krsna hare rama or sri-krsna-caitanya
prabhu-nityananda hare krsna hare rama sri-radhe govinda. Such chants
may be good poetry, but they cannot help us to go forward in devotional
service. In such chants there are also many discrepancies, which need
not be discussed here. Strictly speaking, when chanting the names of the
panca-tattva, one should fully offer his obeisances: sri-krsna-caitanya
prabhu-nityananda sri-advaita gadadhara srivasadi-gaura-bhakta-vrnda.
By such chanting one is blessed with the competency to chant the hare
krsna maha-mantra without offense. When chanting the hare krsna
maha-mantra, one should also chant it fully: hare krsna, hare krsna,
krsna krsna, hare hare. Hare rama, hare rama, rama rama, hare hare. One
should not foolishly adopt any of the slogans concocted by imagina-
tive devotees. If one actually wants to derive the effects of chanting, one
must strictly follow the great acaryas. This is confirmed in the mahab-
harata: maha-jano yena gatah sa panthah. “the real path of progress is
that which is traversed by great acaryas and authorities.”
Adi 8.22 the prakrta-sahajiyas who chant nitai-gaura radhe syama have
very little knowledge of the bhagavata conclusion, and they hardly fol-
low the vaisnava rules and regulations, and yet because they chant bhaja
nitai-gaura, their chanting immediately invokes tears and other signs of
ecstasy. Although they do not know the principles of vaisnava philoso-
phy and are not very advanced in education, by these symptoms they
attract many men to become their followers. Their ecstatic tears will
of course help them in the long run, for as soon as they come in con-
tact with a pure devotee their lives will become successful. Even in the
beginning, however, because they are chanting the holy names of nitai-
gaura, their swift advancement on the path of love of godhead is very
prominently visible.
Madhya 1.208 “after initiation, the disciple’s name must be changed to
indicate that he is a servant of lord visnu. The disciple should also im-
mediately begin marking his body with tilaka (urdhva-pundra), especial-
ly his forehead. These are spiritual marks, symptoms of a perfect vaisna-
va.” this is a verse from the padma purana, uttara-khanda. A member of
the sahajiya-sampradaya does not change his name; therefore he cannot
be accepted as a gaudiya vaisnava. If a person does not change his name
after initiation, it is to be understood that he will continue in his bodily
conception of life.
Madhya 3.70 the word upakarana indicates a variety of foods, such as
dal, vegetables and other varieties of possible dishes that one can eat
very nicely with rice. It is not proper, however, for a sannyasi to eat such
palatable dishes. If he did so, he would not be able to control his senses.
Sri caitanya mahaprabhu did not encourage sannyasis to eat very palat-
able dishes, for the whole vaisnava cult is vairagya-vidya, as renounced
as possible. Caitanya mahaprabhu also advised raghunatha dasa gosvami
not to eat very palatable dishes, wear very nice garments or talk on mun-
dane subjects. These things are all prohibited for those in the renounced
order. A devotee does not accept anything to eat that is not first offered
to krsna. All the rich foods offered to krsna are given to the grhasthas,
the householders. There are many nice things offered to krsna--garlands,
bedsteads, nice ornaments, nice food and even nicely prepared pan, betel
nuts--but a humble vaisnava, thinking his body material and nasty, does
not accept such preparations for himself. He thinks that by accept-
ing such things he will offend the lotus feet of the lord. Those who are
sahajiyas cannot understand what sri caitanya mahaprabhu meant when
he asked advaita acarya to bring two separate leaves and give a small
quantity of the prasada to him.
Note: here is how the history is going to repeat itself. Caitanya ma-
haprabhu predicts how the spirit of his cult is going to be spoilt by the
sahajiyas. Madhya 1.271 sri caitanya mahaprabhu warned all his fol-
lowers not to become independent or impudent. Unfortunately, after
the disappearance of lord caitanya mahaprabhu, many apa-sampradayas
(so-called followers) invented many ways not approved by the acaryas.
Bhaktivinoda thakura has described them as the aula, baula, kartabhaja,
neda, daravesa, sani sahajiya, sakhibheki, smarta, jata-gosani, ativadi,
cudadhari and gauranga-nagari. The aula-sampradaya, baula-sampradaya
and others invented their own ways of understanding lord caitanya’s
philosophy, without following in the footsteps of the acaryas. Sri cait-
anya mahaprabhu himself indicates herein that all such attempts would
simply spoil the spirit of his cult.
Note: this is again predicted by srila prabhupada and bhaktisiddhanta
saraswati thakura. Again the history repeats itself. Also carefully notice
how prabhupada says “more dangerous”.
770124r2.bhu prabhupada: my guru maharaja used to say, “when our
men will be sahajiya, he will be more dangerous.”satsvarupa: our own
men.prabhupada: bhaktisiddhanta sarasvati thakura, he said that “when
our men will be sahajiya, oh, they’ll be more dangerous.” so our men are
becoming, some of them, sahajiyas. This very word he said, that “when
our men will be sahajiyas he’ll be more dangerous.”
Note: what was to follow was at the time of bhaktisiddhanta saraswati
thakura’s disappearance was a scheme to invent “acaryas” by nomination.
Prabhupada begs with humility for the devotees to see the sense. But
as history shows and as prabhupada predicts in the isopanisad 12 they
will not listen. The gbc disobeyed prabhupada and created a self made
guru system of nomination (voting) of 2/3 majority. They do not address
themselves as acaryas yet? But they want to be worshiped as good as god
the prerogative which is offered only to the acarya. Otherwise what is
the meaning of this so-called gurus photos on the altar and vyasa puja
for? This shows just how much they envied prabhupada because of the
position of acarya he held. The honest position of the ritvik allows them
to stem their lust for power.
Spl 74-04-28 rupanugaif guru maharaja could have seen someone who
was qualified at that time to be acarya he would have mentioned. Be-
cause on the night before he passed away he talked of so many things,
but never mentioned an acarya. His idea was acarya was not to be
nominated amongst the governing body. He said openly you make a
gbc and conduct the mission. So his idea was amongst the members
of gbc who would come out successful and self effulgent acarya would
be automatically selected. So sridhara maharaja and his two associ-
ate gentlemen unauthorizedly selected one acarya and later it proved a
failure. The result is now everyone is claiming to be acarya even though
they may be kanistha adhikari with no ability to preach. In some of the
camps the acarya is being changed three times a year. Therefore we may
not commit the same mistake in our iskcon camp. Actually amongst my
godbrothers no one is qualified to become acarya. So it is better not to
mix with my godbrothers very intimately because instead of inspiring
our students and disciples they may sometimes pollute them.
Note: most dangerous the spiritual master business----seeking custom-
ers.
760628bj.nv prabhupada: so-called gurus, they are so-called gurus. They
are not gurus. That is already explained. If one does not speak what
krsna speaks, he is not guru. If you accept so-called guru, that is your
misfortune. What can be done?pusta krsna: some of them will say some
things that krsna says, but they’ll take from other places also. What is
the position of such persons?prabhupada: he’s most dangerous. He’s
most dangerous. He is opportunist. He’s finding out customer, some-
thing here... According to the customer he is giving something, as the
customers will be pleased. So he is not guru.
Note: just see how this sahajiyas are competing with srila prabhupada
the acarya and heading for hell (they may not believe---but destiny will
unfold).
Iso 12 the lord states that as soon as one reaches him by devotional
service--which is the one and only way to approach the personality of
godhead--one attains complete freedom from the bondage of birth and
death. In other words, the path of salvation from the material clutches
fully depends on the principles of knowledge and detachment gained
from serving the lord. The pseudo religionists have neither knowledge
nor detachment from material affairs, for most of them want to live in
the golden shackles of material bondage under the shadow of philan-
thropic activities disguised as religious principles. By a false display of
religious sentiments, they present a show of devotional service while
indulging in all sorts of immoral activities. In this way they pass as
spiritual masters and devotees of god. Such violators of religious prin-
ciples have no respect for the authoritative acaryas, the holy teachers in
the strict disciplic succession. They ignore the vedic injunction acary-
opasana--”one must worship the acarya”--and krsna’s statement in the
bhagavad-gita (4.2) evam parampara-praptam, “this supreme science of
god is received through the disciplic succession.” instead, to mislead the
people in general they themselves become so-called acaryas, but they do
not even follow the principles of the acaryas. These rogues are the most
dangerous elements in human society. Because there is no religious gov-
ernment, they escape punishment by the law of the state. They cannot,
however, escape the law of the supreme, who has clearly declared in the
bhagavad-gita that envious demons in the garb of religious propagan-
dists shall be thrown into the darkest regions of hell (bg. 16.19-20). Sri
isopanisad confirms that these pseudo religionists are heading toward
the most obnoxious place in the universe after the completion of their
spiritual master business, which they conduct simply for sense gratifica-
tion.
Note: the bona fide guru is the acarya. The word bona fide means genu-
ine, sincere. There is no meaning to the word genuine if the so-called
gurus invented by the gbc fall down (which everyone knows they are
already fallen---having disobeyed prabhupada). What to speak of fall-
ing! By allowing homosex child rapes how fallen can one get? On top of
this they want to pretend to be acaryas---to be worshipped as good as
god---how audacious can one get!
Madhya 8.312 the process is maha-jano yena gatah sa panthah: one
has to strictly follow great personalities and acaryas. Acarya-van puruso
veda: one who has the favor of the acarya knows everything. This state-
ment made by kaviraja gosvami is very valuable for all pure devotees.
Sometimes the prakrta sahajiyas claim that they have heard the truth
from their guru. But one cannot have transcendental knowledge simply
by hearing from a guru who is not bona fide. The guru must be bona
fide, and he must have heard from his bona fide guru.
Nod 7 those who do not strictly follow the principles of revealed scrip-
tures are generally called sahajiyas--those who have imagined every-
thing to be cheap,who have their own concocted ideas, and who do
not follow the scriptural injunctions. Such persons are simply creating
disturbances in the discharge of devotional service.
Kb 29 one should not follow the men called sahajiya, the so-called
devotees who take everything very lightly.
Noi 5 this is the way to cultivate devotional service properly; there-
fore in this verse srila rupa gosvami has advised us how to treat various
devotees. We can see from practical experience that there are different
types of vaisnavas. The prakrta-sahajiyas generally chant the hare krsna
maha-mantra, yet they are attached to women, money and intoxication.
Although such persons may chant the holy name of the lord, they are
not yet properly purified. Such people should be respected within one’s
mind, but their association should be avoided.
Antya 6.278 srila bhaktisiddhanta sarasvati thakura suggests that people
who are materialistically inclined and sahajiyas, or so-called vaisnavas
who take everything very casually, are both visayi materialists. Eat-
ing food offered by them causes contamination, and as a result of such
contamination, even a serious devotee becomes like a materialistic man.
There are six kinds of association--giving charity, accepting charity, ac-
cepting food, offering food, talking confidentially and inquiring confi-
dentially. One should very carefully avoid associating with both the sa-
hajiyas, who are sometimes known as vaisnavas, and the non-vaisnavas,
or avaisnavas. Their association changes the transcendental devotional
service of lord krsna into sense gratification, and when sense gratifica-
tion enters the mind of a devotee, he is contaminated. The materialistic
person who aspires after sense gratification cannot properly think of
krsna.
Madhya 12.195 sangat sanjayate kamah (bg. 2.62). One develops his
consciousness according to society and association. As srila nityananda
prabhu admits, a devotee should be very careful when associating with
those who are not devotees. When asked by a householder devotee what
the behavior of a devotee should be, sri caitanya mahaprabhu immedi-
ately replied:
Asat-sanga-tyaga,----ei vaisnava-acara’stri-sangi’----eka asadhu, ‘kr-
snabhakta’ ara(cc. Madhya 22.87)a vaisnava, a devotee, should simply
discard intimate association with nondevotees. In his upadesamrta, srila
rupa gosvami has described the symptoms of intimate relationships in
this way:
Dadati pratigrhnatiguhyam akhyati prcchatibhunkte bhojayate caivasad-
vidham priti-laksanamthe words bhunkte bhojayate indicate that one
should eat with devotees. One should carefully avoid eating food offered
by nondevotees. Indeed, a devotee should be very strict in not accepting
food from a nondevotee, especially food prepared in restaurants or ho-
tels or on airplanes. Srila nityananda prabhu’s reference in this connec-
tion is meant to emphasize that one should avoid eating with mayavadis
and covert mayavadis like the sahajiya vaisnavas, who are materially
affected.
Note: here prabhupada uses the two contrasts one is the advanced devo-
tee (paramahamsa) and the other is debauchee (sahajiya). Interesting
also here you will also find the definition of uttama adhikari also he is
not deviated.
Madhya 22.153 ** an advanced devotee situated on the platform of
spontaneity is already very expert in sastric instruction, logic and argu-
ment. When he comes to the point of eternal love for krsna, no one
can deviate him from that position, neither by argument nor by sastric
evidence. An advanced devotee has realized his eternal relationship with
the lord, and consequently he does not accept the logic and arguments
of others.** such an advanced devotee has nothing to do with the saha-
jiyas, who manufacture their own way and commit sins by indulging in
illicit sex, intoxication and gambling, if not meat-eating. Sometimes the
sahajiyas imitate advanced devotees and live in their own whimsical way,
avoiding the principles set down in the revealed scriptures. Unless one
follows the six gosvamis-sri rupa, sanatana, raghunatha bhatta, sri jiva,
gopala bhatta and raghunatha dasa-one cannot be a bona fide spontane-
ous lover of krsna. In this connection, srila narottama dasa thakura says:
rupa-raghunatha-pade haibe akuti kabe hama bujhaba se yugala piriti.
The sahajiyas’ understanding of the love affairs between radha and krsna
is not bona fide because they do not follow the principles laid down by
the six gosvamis. Their illicit connection and their imitation of the dress
of rupa gosvami as well as their avoidance of the prescribed methods
of revealed scriptures will lead them to the lowest regions of hell. These
imitative sahajiyas are cheated and unfortunate. They are not equal to
advanced devotees (paramahamsas). Debauchees and paramahamsas are
not on the same level.
Note: uttama-adhikari is not deviated this is why he is bona fide. Also a
warning against sahajiya so-called spiritual master business men seeking
customers.
Bg 4.42a bona fide spiritual master is in the disciplic succession from
time eternal, and he does not deviate at all from the instructions of the
supreme lord as they were imparted millions of years ago to the sun-
god, from whom the instructions of bhagavad-gita have come down to
the earthly kingdom. One should, therefore, follow the path of bhaga-
vad-gita as it is expressed in the gita itself and beware of self-interested
people after personal aggrandizement who deviate others from the
actual path. The lord is definitely the supreme person, and his activities
are transcendental. One who understands this is a liberated person from
the very beginning of his study of the gita.
Note: as above madhya 22.153 now compare to the below to the defina-
tion of uttama adhikari. ** an advanced devotee situated on the platform
of spontaneity is already very expert in sastric instruction, logic and
argument. When he comes to the point of eternal love for krsna, no one
can deviate him from that position, neither by argument nor by sastric
evidence. An advanced devotee has realized his eternal relationship with
the lord, and consequently he does not accept the logic and arguments
of others.**
Madhya 16.74
Sastra-yuktye sunipuna, drdha-sraddha yanra’uttama-adhikari’ se taraye
samsara”if one is expert in vedic literature and has full faith in the
supreme lord, then he is an uttama-adhikari, a first-class vaisnava, a
topmost vaisnava who can deliver the whole world and turn everyone
to krsna consciousness.” (cc. Madhya 22.65) with great love and affec-
tion, the maha-bhagavata observes the supreme personality of godhead,
devotional service and the devotee. He observes nothing beyond krsna,
krsna consciousness and krsna’s devotees. The maha-bhagavata knows
that everyone is engaged in the lord’s service in different ways. He
therefore descends to the middle platform to elevate everyone to the
krsna conscious position.
Note: if anyone can at all convince these sahajiyas to give-up their
nonsense so-called spiritual master business ----that one person is srila
prabhupada ---that is also**if** they want to hear and heed his advice
otherwise they are doomed to their destiny.
Note: there are astounding parallels in the psychological thinking of the
gbc now. They also think the senior partner srila prabhupada is dead.
Hence, the spiritual master business.
741004sb.may just like one of our godbrothers, he’s thinking that “this
institution was started by me and bhaktisiddhanta sarasvati as partners.
Now the senior partner is dead. Therefore i am the sole proprietor. Who
are these godbrothers? Let them go away.” so this is maya, the same
maya dhrtarastra was thinking. And his brother-in-law, sakuni, was very
expert in conspiracy. So he was advising him, “yes, you are the propri-
etor.
Srila prabhupada ki jai!hare krishna hare krishna krishna krishna hare
hare/ hare rama hare rama rama rama hare hare
Yoga’s Stages

After that the Supreme Truth has been clearly described according to the
direct descriptions (of the Vedic literature), (one may ask:)

“What may be said (abhidheya) about (the relationship between the Su-
preme Truth and the individual spirit souls) and what is the final goal
(prayojana) of that (relationship)? These two may be explained according
to the indirect descriptions (of the Vedic literature). Because it is the op-
posite of being averse to the Supreme, that relationship is one of turning
one’s face of the Lord and it is characterised by service to the Lord. From
that service knowledge of the Lord becomes manifested. The final goal
of that service is directly seeing the Lord and that is characterised by
the Lord’s making Himself visible within and without. When that hap-
pens one becomes free of all sufferings. Both are explained in an ancient
story.

Hearing “There is a treasure (hidden) in your house”, a poverty stricken


man searched for the treasure and eventually found it. These two things
are like that. This story is told to dispel weakness (of heart in the devo-
tees). Explaining that being unwilling to be aware of the perfect and be-
ginningless Supreme Truth is the cause of suffering, (the scriptures) teach
service to the Lord, which is the medicine to cure the disease (of material
life).

The bhakti-yogi is freedom of the material energy because is fixed in the


Supreme Lord.

The origins of the Science of Yoga

The origins of the text known as Brahma-samhita are lost in cosmic an-
tiquity. According to Vedic tradition, these “Hymns of Brahma” were re-
cited or sung countless millennia ago by the first created being in the
universe, just prior to the act of creation. The text surfaced and entered
calculable history early in the sixteenth century when it was discovered by
a pilgrim exploring the manuscript library of an ancient temple in what is
now Kerala state in South India. Prior to the introduction of the printing
press, texts like
Brahma-samhita existed only in manuscript form, painstakingly hand-
written by scribes and kept under brahminical custodianship in temples,
where often they were worshiped as sastra-Deity, or God incarnate in
holy scripture.

The pilgrim who rescued Brahma-samhita from obscurity was no ordi-


nary pilgrim, and His pilgrimage was not meant, as is the custom, for self-
purification but for world-purification. He was Sri Caitanya Mahaprab-
hu--saint, mystic, religious reformer, and full incarnation of the Supreme
Lord, Sri Krsna, descending into the present epoch for the salvation of all
souls. At the time of His discovery of the text, Sri Caitanya was touring
South India, preaching His message of love of Krsna and promulgating
the practice of sankirtana, congregational singing of the holy names of
God . Sri Caitanya commenced this tour shortly after becoming a monk
(sannyasi), at age twenty four, and the tour lasted approximately two years.
After a southward journey from Puri (in Orissa State) that carried Him
to holy places such as Sri Ranga-ksetra, Setubandha Ramesvara, and fi-
nally Kanyakumari (Cape Comorin), he turned northward and, traveling
along the bank of the Payasvini River in Travancore state, reaches the
temple of Adi-kesava, in Trivandrum district.

Sri Caitanya’s principal biographer, Krsnadasa Kaviraja Gosvami, writes


in Caitanya-caritamrta (Madhya-lila, Ch. 9) that upon beholding the holy
image of Adi-kesava (Krsna) in the temple, Caitanya was overwhelmed
with spiritual ecstasy, offered fervent prayers, and chanted and danced in
rapture, a wondrous sight that was received with astonished appreciation
by the devotees there.

After discussing esoteric spiritual matters among some highly advanced


devotees present, Sri Caitanya found “one chapter of the Brahma-samhi-
ta” (what we now have as Brahma-samhita is, according to tradition, only
one of a hundred chapters composing an epic work lost to humanity).
Upon discovering the manuscript, Sri Caitanya felt great ecstasy and fell
into an intense mystic rapture that overflowed onto the physical realm,
producing a profusion of tears, trembling and perspiration. (We would
search the literature of the world in vain to find a case in which the dis-
covery of a lost book inspired such unearthly exhilaration!) Intuiting the
Brahma-samhita to be a “most valuable jewel,” He employed a scribe in
hand-copying the manuscript and departed with the copy for His return
journey to the north.

Upon His return to Puri (Madhya-lila, Ch. 11), Sri Caitanya presented
Brahma-samhita to appreciative followers like Ramananda Raya and Va-
sudeva Datta, for whom Caitanya arranged copies to be made. As word
of the discovery of the text spread within the Vaisnava community, “each
and every Vaisnava” copied it. Gradually, Brahma-samhita was “broadcast
everywhere” and became one of the major texts of the Gaudiya-Vaisnava
canon. “There is no scripture equal to the Brahma-samhita as far as the fi-
nal spiritual conclusion is concerned,” exults Krsnadasa Kaviraja. “Indeed,
that scripture is the supreme revelation of the glories of Lord Govinda,
for it reveals the topmost knowledge about Him.

Since all conclusions are briefly presented in Brahma-samhita, it is essen-


tial among all the Vaisnava literatures.” (Madhya-lila 9.239-240).

Now, what of the text itself? What are its contents? A synopsis of the
Brahma-samhiti is provided by Srila Prabhupada, founder-acarya of the
Krsna consciousness movement, in his commentary to the Caytanya-
caritamrta. It is quoted here in full:

In [Brahma-samhita], the philosophical conclusion of acintya-bhed-


abheda-tattva (simultaneous oneness and difference) is presented. [It]
also presents methods of devotional service, the eighteen-syllable Vedic
hymn, discourses on the soul, the Supersoul and fruitive activity, an ex-
planation of kama-gayatri, kama-bija and the original Maha-Visnu, and a
specific description of the spiritual world, specifically Goloka Vrndavana.
Brahma-samhita also explains the demigod Ganesa, the Garbhodakasayi
Visnu, the origin of the Gayatri mantra, the form of Govinda and His
transcendental position and abode, the living entities, the highest goal,
the goddess Durga, the meaning of austerity, the five gross elements, love
at Godhead, impersonal Brahman, the initiation of Lord Brahma, and the
vision of transcendental love enabling one to see the Lord. The steps of
devotional service are also explained. The mind, yoga-nidra, the goddess
of fortune, devotional service in spontaneous ecstasy, incarnations begin-
ning with Lord Ramacandra. Deities, the conditioned soul and its du-
ties, the truth about Lord Visnu, prayers, Vedic hymns, Lord Siva, Vedic
literature personalism and impersonalism, good behavior and many other
subjects are also discussed. There is also a description of the sun and the
universal forms of the Lord. All these subjects are conclusively explained
in a nutshell in this Brahma-samhita. (Madhya-lila, Vol. 4, p. 37)

The Vedic Conception of Sound in Four Features

In the Vedantic traditions sound is considered one of the most impor-


tantprinciples of existence, as it is both the source of matter and the key
tobecome free from it. One who can thoroughly understand the four
stages of soundas explained in the Vedic texts can utilize this science to
become free from thebondage of matter.
When trying to understand the four levels of sound, we must first under-
standwhat is “sound” as defined in the scriptures. In the Srimad Bhaga-
vatam (3.26.33)we find an interesting definition for sound (shabda) as
follows:

arthashrayatvam shabdasyadrashtur lingatvam eva catan-matratvam ca


nabhasolakshanam kavayo viduh

“Persons who are learned and who have true knowledge define sound
as that whichconveys the idea of an object, indicates the presence of a
speaker andconstitutes the subtle form of ether.”
This may not be an absolute definition of sound, as there are various lev-
els ofsound to define, but it provides us with a solid foundation to begin
our studyof this topic. This definition, as given in Srimad Bhagavatam,
is veryinteresting in that it differs completely from western and modern
views ofdefining sound.
First, those who are learned and who have true knowledge define sound
as thatwhich conveys the idea of an object. Sound is not just the vibration
created bythe meeting of two objects. Sound is that which conveys the
idea of an object.The exact word used in this connection is “artha-ashra-
ya” or “the shelter of themeaning”. In the Vedic conception the aksharas
(letters) are bijas, or seeds ofexistence. The audible sound is categorized
into 50 alphabets of Sanskritstarting from “a” and ending with “ksha”.
Hence the alphabet is called”akshara”, which literally means “infallible”
or “supreme”. Akshara is also asynomyn for pranava (Om), the sum of all
syllables and source of all vedichymns. The Bhagavad Gita confirms this
as follows:
karma brahmodbhavam viddhibrahmakshara-samudbhavamtasmat sarva-
gatam brahmanityam yajne pratisthitam
“Regulated activities are prescribed in the Vedas, and the Vedas are di-
rectlymanifested from akshara, the sacred syllable Om. Consequently the
all-pervadingTranscendence (pranava or the syllable ‘Om’) is eternally
situated in acts ofsacrifice.”
Karma, or duty, is manifested from the Vedas. This manifestation is not
exactlydirect, for one is spiritual and the other is material. This is indi-
cated by theword udbhavam. On the other hand, the manifestation of the
vedas from thepranava (Om) is direct, and thus the word used to describe
it is sam-udbhavam, and not just udbhavam.
In the Tantras the aksharas are traced back to their material source level
whichis a particular deity of Shakti. Each of her stages of manifestation
are phasesin the evolution of the universe. Thus the aksharas are potent
sound, constitutionally connected to objects as sound (shabda) and its
meaning (artha).This is interesting in that it draws a distinction between
sound and noise.Noise, as distinct from sound, is not the artha-ashraya,
or the shelter ofmeaning.
Sri Baladeva Vidyabhushana in his commentary to Vedanta Sutra 1.3.28
says thatthe creation of all living entities proceeds from the remembrance
of their formand characteristics by Lord Brahma reciting the correspond-
ing words. From thiswe can begin to understand to potency of sound
and its meaning.The second aspect of Srimad Bhagavatam’s definition
of sound that is unique frommodern thought is that sound is defined as
“that which indicates the presence ofa speaker”. Thus sound must be a
product of consciousness. In this senses, soundis sometimes referred to as
vak, or speech, throughout the Vedic texts.In the tantra system the purva
mimamsaka’s theory of the eternality of shabda(sound) and artha (mean-
ing) is accepted. They go a little further to assert thatshabda and artha
are the embodiment of Shiva and Shakti as the universe itself.They name
their original source as shabdartha-brahman instead of a mere shabdab-
rahman.For, that is the source of both the objects and their descriptions.
Words and their meanings - what they denote in the objective world - are
thevariety of manifestations of shakti.
As sound is of the nature of the varnas (syllables) composing it, the tan-
traaffirmes that the creative force of the universe resides in all the let-
ters ofthe alphabet. The different letters symbolize the different functions
of thatcreative force, and their totality is designated as matrika or the
“mother inessence”.
Thus Tantra sees the mantras as not just a mere combination of whimsical
soundsbut as the subtle form of the presiding deity; and the real purpose
of one’smeditation through the mantra is to communicate with the deity
of thatparticular mantra.
Just as a sankalpa - a pure thought - has to pass through several stages
beforeit actually manifests as concrete creative force, the sound of a par-
ticularmantra also has to pass through several stages before it is fully ex-
perienced bythe listener in perfection. These stages are termed as para,
pashyanti, madhyamaand vaikhari.
Each level of sound corresponds to a level of existence, and one’s ex-
perience ofsound depends upon the refinement of one’s consciousness.
It takes a realized consciousness to experience the full range of sound,
thefull range of existence. The seers who can comprehend the four stages
of soundare known as Manishis.
The higher three forms of shabda are described in the Rig Veda as hidden
in”guha”, or within the self, whereas the forth is the external manifested
speech,known as laukika bhasha.
These four levels of sound correspond to four states of consciousness.
Pararepresents the transcendental consciousness. Pashyanti represents
theintellectual consciousness. Madhyama represents the mental con-
sciousness. AndVaikhari represents the physical consciousness. These
states of consciousnesscorrespond with the four states known technically
as jagrat, svapna, sushupti,and turiya - or the wakeful state, the dreaming
state, the dreamless state, andthe transcendental state.
Shabda-brahman in its absolute nature is called para. In manifestation
thesubtle is always the source of the gross, and thus from para-vak mani-
fests theother three forms of sound.
Though the manifestation of sound takes place from para-vak down to
vaikhari-vak(or fine to gross), in explaining these stages we will begin
from the externalvaikhari-vak, as that is the sound we all have most ex-
perience of.Vaikhari-vak is the grossest level of speech, and it is heard
through theexternal senses. When sound comes out through the mouth
as spoken syllables itis called as vaikhari.
Madhyama-vak is the intermediate unexpressed state of sound, whose
seat is inthe heart. The word Madhyama means “in between” or “the mid-
dle”. The middlesound is that sound which exists between the states of
sushupti and jagrat.Madhyama-vak refers to mental speech, as opposed
to external audible speech. Itis on this level that we normally experience
thought. Some hold that wakefulthought is still on the level of vaikhari.
In the manifestation process, after sound has attained the form of
pashyantivak,it goes further up to the heart and becomes coupled with
the assertiveintelligence, being charged with the syllables a, ka, cha, tha,
ta, etc. At thispoint it manifests itself in the form of vibratory nada rupa
madhyama-vak. Onlythose who are endowed with discriminative intel-
ligence can feel this.
On the levels of madhyama and vaikhari, there is a distinction between
the soundand the object. The object is perceived as something different
from the sound,and sound is connected to an object mostly by conven-
tion.
Pashyanti-vak is the second level of sound, and is less subtle than para-
vak.Pashyanti in Sanskrit means “that which can be seen or visualised”.
In the pashyanti stage sound possesses qualities such as color and form.
Yogiswho have inner vision can perceive these qualities in sound. On
this stage thedifferences between language do not exist, as this sound is
intuitive andsituated beyond rigidly defined concepts. On the stage of
pashyanti-vak, speechis intuitively connected to the object. There is near
oneness between the wordand the experience described.
Pashyanti-vak is the finest impulse of speech. The seat of pashyanti is in
thenavel or the Manipura Chakra. When sound goes up to the naval with
the bodilyair in vibratory form without any particular syllable (varna), yet
connectedwith the mind, it is known as pashyanti-vak.
Para-vak is the transcendent sound. Para means highest or farthest, and
in thisconnection it indicates that sound which is beyond the perception
of the senses.Para-vak is also known as “rava-shabda” - an unvibratory
condition of soundbeyond the reach of mind and intelligence (avyakta),
only to be realized bygreat souls, parama-jnanis.
On the stage of para-vak there is no distinction between the object and
thesound. The sound contains within it all the qualities of the object.
In terms of the universal cosmology, vaikhari, madhyama and pashyanti
correspondrespectively to bhuh, bhuvah, and svah. The para-shabda ulti-
mately correspondsto the Lord’s tri-pada-vibhuti.
Within the pashyanti-vak exists the nature’s iccha-shakti, or the power
of will.Within the madhyama-vak exists the nature’s jnana-shakti, or the
power ofknowledge. And within the vaikhari-vak exists the nature’s kri-
ya-shakti, orpower of action.
The pranava, or the syllable “om”, is the complete representation of the
fourstages of sound and their existential counterparts. The existential re-
alitiesare the physical (sthula) which is connected to the vaikhari-shabda,
the subtle(sukshma) which is connected to the madhyama-shabda, the
causal (karana) whichis connected with the pashyanti-shabda, and the
transcendental (para) which isrelated to the para-shabda. These four exis-
tential realities further correspondto the four states of consciousness.
The sthula sarira, or physical body, operates in the state of jagrat (wake-
fulstate). It is in this realm of consciousness, and through this body, that
thevaikhari-vak is manifested.
The sukshma-sarira, subtle or psychic body, operates in the state of svap-
na. Itis in this realm of consciousness, and through this body, that the
madhyama-vakis manifested.
The karana-sarira, or causal body, operates in the state of sushupti, or
deepsleep. It is in this realm of consciousness, and through this body, that
thepashyanti-vak is manifested.
The para-vak is manifested through the fourth state of consciousness,
known asturiya.
The sacred syllable “om” is composed of three matras, namely “a”, “u”,
and “m”.These three matras correspond respectively to bhuh, bhuvah and
svah; jagrat,svapna and sushupti; sukshma, sthula and karana; and vai-
khari, madhyama andpashyanti. Besides these three matras, the pranava
(“a-u-m”) is also composed ofa forth constituent, namely the a-matra or
anahata-dhvani - the non-syllable orunstruck sound. For our practical
understanding, this a-matra corresponds to thehumming sound after
one recites the “om” syllable. The a-matra represents thetransendence, the
turiya, the para-vak.
Thus the syllable om contains all elements of existence. It is the reservoir
ofall energies of the Supreme Lord, and for this reason Lord Krishna
states in the Gita:
om ity ekaksharam brahma
“The single syllable Om is the supreme combination of letters.”
Elsewhere the Lord states: yad aksharam veda-vido vadanti. “Those know-
ers of the Vedas recite Om (akshara).”Why do they do this? Because the
syllable om is the Supreme Lord and the potencyof all Vedic mantras:
pranava sarva vedeshu”Within all the Vedas, I am the symbol Om.”
Sri Chaitanya Mahaprabhu established the pranava as the maha-vakya
(the greateststatement) of the vedas, for within it exist all Vedic hymns
(and shabda). Theworld itself is a manifestation of this syllable. It is the
sound representationof the Abslute Truth. The vak is not a manifestation
of the material nature, for the Vedanta sutra2.4.4 states as follows:
tat-purvakatvad vacah

This indicates that the vak existed before the pradhana. Pradhana is the
root ofthe material manifestation - the three qualities non-differentiat-
ed in absoluteequilibrium. Yet prior to this is the vak. Thus the vak is
non-material.For this reason we find in the Vedanta Sutras the following
statement:anavriti shabdat
“Liberation by sound.”
Since sound is the non-material source of the material manifestation, it is
thekey by which we can become free from bondage. It is the thread-like
link betweenthe material and spiritual realms.
In describing the four phases of sound, sometimes the descriptions of one
willoverlap another, or sometimes an aspect of one will seem to be attrib-
uted toanother. For example sometimes pashyanti is described as “mental
sound”, whereasmadhyama will be described as “intellectual sound”. This
will require a deeperexplanation of the intricacies of these stages of sound
and their relationships.Such an explanation is not possible here at this
time.
To study these concepts in greater depth one may refer to the Nada-bind-
uUpanishad, Bhartrihari’s Vakyapadadiya, Prashna Upanishad, Mundaka
Upanishad,Mandukya Upanishad, Maitri Upanishad and Katha Upani-
shad, as well as theconcepts of shabda, vak, matrikas, hiranyagarbha, four
states of consciousness,etc., as found in the tantras and throughout the
upanishads. One should rememberthat in Vedic study one will not gener-
ally find a book on a particular topic(such as “vaikhari”, etc.) One must
study from numerous sources and assimilate anumber of apparently di-
verse concepts. These concepts must then be harmonizedinternally. This
constitutes the meditation and sacrifice of svadhyaya yajna.
For those who have assimilated these topics, they will find all this infor-
mationcontained in detail within nine technical verses of Srimad Bhaga-
vatam. One mustbe trained to see the inner meaning of words, for these
topics are discussed inesoteric and confidential manners:
paroksha-vada rishayahparoksham mama ca priyam

“The Vedic seers speak about these topics indirectly in esoteric terms, and
I ampleased by such confidential descriptions.”
When we see such words as pranah, manasa, sparsha-rupinah and chan-
dah-mayah asoccuring in verses 38 and 39, we should immediately un-
derstand the indirect andesoteric nature of the discussion, and thereby
conclude the direct meaning beinginferred by these words. We must learn
the transcendental code of the Vedas. Inreality everything is explained in
the Srimad Bhagavatam in full, but because wegenerally lack the proper
vision to understand the indirect and esotericdiscussions, we therefore
need to study and refer to other more directscriptures. Thus the commen-
taries of the Acharyas will help us to understandthese topics.
The science of sound, shabda-vijnana, as explained in the above men-
tioned versesof Srimad Bhagavatam, is also summarily explained in the
Pancharatrik text knownas Lakshmi-tantra as follows:
mulam adharam arabhya dvistkantam upeyusiudita aneka sahasra surya
vahnindu sannibhacakravat punar adharat santa pasyatha madhyamavai-
khari sthanam asadhya tatrasta sthanavartinivarnanam jananim bhutva
bhogya prasnoumi gouriva

“Seated in the area starting from the muladhara to the position of dvist-
kantawith effulgence equal to the rising of millions of suns, fires and
moons. Like awheel from the adhara becoming the sounds known as
santa, pashyai, madhyama.Reaching the posititon of vaikhari, there situ-
ated in eight places, viz., thethroat etc. Being the mother of all sounds I
bestow enjoyments like a cow.”

Yoga New World

Change the world - we like of peace... So, welcome to the yoga way.

I will examine only the physical components of Hatha Yoga. There are
many other important components that are traditionally emphasized in
Yogadiet, self control in many areas, meditation, etc.I will not address
them here. Due to space limitations, I will not expand on the bene ts of
each practice or on the details of the techniques. Most of what follows
should be taken to represent my opinion on the topic and should not be
blindly assumed to be true. If it makes sense to you, good. If not, trust
your own intuition, your teachers, or refer to the classics, in particular
Yoga Sutras and Hatha Yoga Pradipika.
Hatha Yoga is a collection of techniques, aimed at preparing the body for
the higher levels of Yoga. It is only a part of classical Ashtanga (eight-
limbed) Yoga as presented by Patanjali in the Yoga Sutras, the \bible”
of Yoga. Ashtanga yoga consists of eight mutually-dependent parts or \
limbs”:
(1) Yama (restrictions)
(2) Niyama (observances)
(3) Asana (posture)
(4) Pranayama (breath-control)
(5) Pratyahara (withdrawal from the senses)
(6) Dharana (concentration)
(7)Dhyana (meditation)
(8)Samadhi (or consummation of meditation)
All eorts in Yoga are supposed to be directed towards Samadhi.1
Hatha Yoga arose out of the expansion of steps 3 and 4. Within Ashtanga
Yoga, it seems that Asana simply indicated the attainment of a comfort-
able position for meditation, one that could be maintained for long peri-
ods of time with no eort.2 In Hatha Yoga, Asana was greatly expanded to
include the practice of postures for exibility, balance, strength, and endur-
ance.

Pranayama was also expanded.3 In addition to Asana and Pranayama,


two other \sub-steps” were introduced: Cleansing techniques and Mudras
and Bandhas, a collection of techniques generally used as aids in breath-
control.

The breath-control is for the control of the mind and sens. The goal of all
yoga is love devotion to Supreme Personalit of Godhead.

Om Tat Sat
Bibliografia

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Therapists.
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translated by Kusakratha dasa, ed. Network, 2001.
Sobre o Autor

Sacerdote, escritor, ilustrador e Instrutor de Bhakti e Hatha-yoga, autor do livro “Pra-


nayama – Alcançando a Plenitude Através da Respiração”. Jayadvaita Das pertence à
ordem monástica Bhrama Gaudiya Vaishnava Sampradaya. Foi professor do Instituto
Bhaktivedanta de Estudos Vaishnavas (IBEV). Com Chandramukha Swami dirigiu a
escola Vedanta Vaishnava Yoga (VVY) e juntos editaram o “GAP 108 – Estudo Di-
rigido da Bhagavad-gita”. Atualmente ministra cursos, aulas e workshop sobre Yoga,
Meditação e Filosofia Vedanta.
Links ouos
Desde onde me encontrar
primórdios da
civilização humana houve
jayadvaita.dasa@gmail.com
uma busca por conhecer
jayadvaita@harekrishnatemple.com
o criador. Muitas histó-
vrajabhumi@googlegroups.com
rias e mitologia surgiram
http://astangayoga.blogspot.com
desta busca. Os primei-
http://hotelmolotov.blogspot.com
ros yogis não buscaram
http://territorio-de-exilio.blogspot.com
no mundo externo, mas
http://vrajablog.blogspot.com
dentro de si mesmo. En-
http://www.myspace.com/jayadvaita
contraram um caminho
http://yogainvrajabhumi.wetpaint.com
que pudesse conduzir à
http://feeds.feedburner.com/YogaVedantaVaishnava
autorealização espiritu-
http://br.groups.yahoo.com/group/pranayama-forum
al, livre de qualquer fato
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14277089742519707294
forjado. Este processo
http://pt.krishna.com/main.php
é o yoga em seu estado
http://www.bhaktivedantacollege.com/
natural sob o Sol do co-
www.harekrishnarj.com.br
nhecimento
www.vraja.net
transcendental.

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